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1 Sugestões de melhorias ergonômicas em uma fabricação de artefatos de material plástico para uso pessoal e doméstico em uma empresa do Polo Industrial de Manaus com base nas ferramentas aplicadas Leandro de Melo Ferreira 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 [email protected] Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo – Faculdade Ávila Resumo A Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia, que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido nesta Norma dentro dos padrões técnicos exigidos pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego - SRTE. Além do aspecto legal, as análises ergonômicas contribuem na formação do diagnóstico especifico de cada posto e/ou função e as possíveis melhorias para cada situação. Palavras-chave: Ergonomia; Análise Ergonômica; Conforto e Segurança. 1. Introdução Muito se fala nos dias de hoje em qualidade de vida no trabalho, estudos são realizados a fim de encontrar uma forma equilibrada entre trabalho homem e satisfação, com o intuito de minimizar os desconfortos causados pelas diversas atividades profissionais que contribuem em muito na produtividade e qualidade dos serviços realizados. A satisfação do individuo na sua atividade laboral e fundamental para o seu bem estar tanto pessoal quanto social e está diretamente ligado ao sucesso de suas atribuições, isso implica diretamente no êxito de qualquer organização que deve ter como pilar principal o fator humano, ou seja, a valorização do homem como seu principal recurso. Segundo Vieira (1997), a cultura do trabalho de uma empresa deve ser focalizada na importância do homem, cuidando de sua saúde, qualidade de vida, e capacitação. Trabalhadores valorizados e satisfeitos produzem melhor e colaboram prazerosamente com o crescimento da empresa. Para DEJOURS (1994) a organização do trabalho provoca situações de trabalho que exercem pressões e são geradores de estresse, isto é, que provocam e interferem no equilíbrio psíquico e mental do trabalhador. O conjunto de normas que rege o estudo que contempla a adequação do trabalhador a sua atividade profissional de maneira confortável e produtiva é denominado de ergonomia. Ergonomia, segundo a Associação de Ergonomista de Língua Francesa (SELF), é "uma disciplina que agrupa conhecimentos da fisiologia, da psicologia e das ciências conexas aplicadas ao trabalho humano em vistas de uma melhor adaptação dos métodos, dos meios e do ambiente de trabalho ao homem". (Wisner, 1988). 1 Pós-graduando em Ergonomia: Produto e Processo 2 Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Aspectos Bioéticos e Juridicos da Saúde.

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Sugestões de melhorias ergonômicas em uma fabricação de artefatos de material plástico para uso pessoal e doméstico em uma empresa do

Polo Industrial de Manaus com base nas ferramentas aplicadas

Leandro de Melo Ferreira1 [email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia 2 [email protected]

Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo – Faculdade Ávila

Resumo A Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia, que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido nesta Norma dentro dos padrões técnicos exigidos pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego - SRTE. Além do aspecto legal, as análises ergonômicas contribuem na formação do diagnóstico especifico de cada posto e/ou função e as possíveis melhorias para cada situação. Palavras-chave: Ergonomia; Análise Ergonômica; Conforto e Segurança. 1. Introdução

Muito se fala nos dias de hoje em qualidade de vida no trabalho, estudos são realizados a fim de encontrar uma forma equilibrada entre trabalho homem e satisfação, com o intuito de minimizar os desconfortos causados pelas diversas atividades profissionais que contribuem em muito na produtividade e qualidade dos serviços realizados. A satisfação do individuo na sua atividade laboral e fundamental para o seu bem estar tanto pessoal quanto social e está diretamente ligado ao sucesso de suas atribuições, isso implica diretamente no êxito de qualquer organização que deve ter como pilar principal o fator humano, ou seja, a valorização do homem como seu principal recurso. Segundo Vieira (1997), a cultura do trabalho de uma empresa deve ser focalizada na importância do homem, cuidando de sua saúde, qualidade de vida, e capacitação. Trabalhadores valorizados e satisfeitos produzem melhor e colaboram prazerosamente com o crescimento da empresa. Para DEJOURS (1994) a organização do trabalho provoca situações de trabalho que exercem pressões e são geradores de estresse, isto é, que provocam e interferem no equilíbrio psíquico e mental do trabalhador. O conjunto de normas que rege o estudo que contempla a adequação do trabalhador a sua atividade profissional de maneira confortável e produtiva é denominado de ergonomia. Ergonomia, segundo a Associação de Ergonomista de Língua Francesa (SELF), é "uma disciplina que agrupa conhecimentos da fisiologia, da psicologia e das ciências conexas aplicadas ao trabalho humano em vistas de uma melhor adaptação dos métodos, dos meios e do ambiente de trabalho ao homem". (Wisner, 1988).

1 Pós-graduando em Ergonomia: Produto e Processo 2 Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Aspectos Bioéticos e Juridicos da Saúde.

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2. Metodologia A Metodologia utilizada para a formulação das análises ergonômicas, correspondem aos critérios estabelecidos pela legislação vigente, ou seja, NR – 17 criada a partir da portaria nº 3.751, de 23 de novembro de 1990, onde visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. As Análises Ergonômicas são estabelecidas através da aplicação de avaliações sedimentadas em critérios científicos que cumprem todos os itens exigidos pela Norma Regulamentadora. Ferramentas para formulação das análises Para a realização desta Análise Ergonômica do Trabalho (AET) foram empregados os seguintes métodos e equipamentos: Moore Garg: Estabelece fatores de repetição existentes no ambiente de Trabalho, assim como a intensidade do Esforço; Suzanne Rodgers: As ferramentas estabelecem fatores de posturas assumidas na realização a atividade Ocupacional – muito importante na visualização de padrões Biomecânicos; - Um levantamento bibliográfico abordando as noções e especificações teóricas e históricas sobre os temas relacionados a este estudo, com intuito de compreender os fatores que envolvem esta atividade; - Fotogrametria com o software Corel Draw 12®, utilizado para obtenção de medidas quantitativas dos ângulos criados pelas articulações do corpo durante a realização da tarefa (dados estimados). A escolha das ferramentas utilizadas será feita pelos profissionais de acordo com a sua observação, respeitando a natureza das atividades envolvidas em cada posto. 3. Resultados 3.1 Posto de Trabalho: Selar saco com colheres

Fonte: do autor

Foto 3.1: Posto de trabalho analisado

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3.2 Descrição Detalhada da Atividade - Colaborador pega o saco na esteira no lado esquerdo com a mão esquerda; - Realiza inspeção visual para verificar se as colheres ou pazinhas e os sacos estão atendendo

os padrões de qualidade da Empresa, não atender colocar o pacote em um marfinite posicionado a sua esquerda;

- Sendo aprovado posiciona o pacote na bancada seladora a sua frente segurando o saco com as duas mãos.

Método de Trabalho: - Posto inserido em sistema misto de esteira corrente com velocidade ajustável e dispositivo; - Trabalho em pé; - Apresenta atividades predominantemente de membros superiores; - Apresenta pouca variável de tempo ocioso; - Carga de trabalho efetiva de 9h (segunda à quinta-feira) e 8h (sexta-feira); - Há intervalo de uma hora para refeição; - Não há revezamento entre os postos de trabalho.

3.3 Organização do Trabalho (Dados Colher Sobremesa): - Produção por Turno: 1.000 pacotes/sacos (50 caixas); - Produção Horária: 111 pacotes/sacos; - Produção Minuto: 1,85 pacotes/sacos; - Ciclo de Trabalho: 32 segundos; - Ciclo de Trabalho Real: 7 segundos; - Taxa de Ocupação: 21,6%; - Há revezamento: Não; - Ferramenta Utilizada no Posto: Não há.

EPI`s Utilizados

Toca Oculos Luva Bota Mangote Protetor Auricular

Máscara Respiratória

X X Fonte: do autor

Tabela 3.1: EPI`s utilizados pelo colaborador do posto analisado

Altura da Esteira: 73 cm Altura do fundo da caixa de marfinite: 46 cm

Altura da Esteira de selagem dos sacos: 87 cm

Distancia entre o colaborador e a esteira na lateral: 60 cm

Distancia entre o colaborador e onde tem que selar os sacos: 20 cm

Fonte: do autor Tabela 3.2: Mensuração do Espaço Físico do Posto

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SEQUÊNCIA 1 COMENTÁRIOS

Pegar saco na esteira: Atividade predispõe movimento de flexão lateral de tronco acima de 15 graus e abdução do ombro acima de 45 graus.

SEQUÊNCIA 2 COMENTÁRIOS

Pegar material com falha para realizar o retrabalho: Atividade predispões flexão de tronco associada a flexão lateral e rotação de tronco.

SEQUÊNCIA 3 COMENTÁRIOS

Posicionado a embalagem na seladora a sua frente: Atividade predispõe desvios de punho associado a flexão de cervical.

Fonte: do autor Tabela 3.3: Registro fotográfico da sequencia das atividades analisadas e comentário

quanto aos movimentos e suas predisposições. 3.4 Verbalizações dos trabalhadores Os colaboradores relataram desconforto devido a alta temperatura que estão expostos, a velocidade de alguns processos dificultando o acompanhamento do mesmo, relataram que sentem desconforto no punho, no ombro esquerdo e na coluna região baixa.

3.5 Padrão Biomecânico:

Movimento Ocorrência Desvio dos Punhos Ao pegar saco da esteira; Ao posicionar saco na

seladora a sua frente. Abdução dos Ombros Ao pegar saco da esteira. Rotação Interna dos Braços Ao posicionar saco na seladora a sua frente. Rotações de Tronco Ao pegar saco do marfinite quando necessário. Rotação de Cervical Ao pegar saco da esteira. Flexão de Cervical Ao posicionar saco na seladora a sua frente. Inclinação lateral ou Flexão Ao pegar saco da esteira; Ao pegar saco do marfinite

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lateral de Tronco quando necessário. Tríplice flexão dos MMII Ao se deslocar para pegar embalagem do marfinite

posicionado a sua esquerda. Fonte: do autor

Tabela 3.4: Atividade Dinâmica dos segmentos demandados e qual foi o momento da ocorrencia

Movimento Estático Ocorrência Pernas Posição ortostática durante o desempenho da

atividade. Flexão dos dedos Ao manter a pega no saco até realizar a selagem.

Fonte: do autor Tabela 3.5: Atividade Estática dos segmentos demandados e qual foi o momento da

ocorrencia

Segmentos Movimentos Percentual de demanda

Punhos (E) 39 10 Punhos (D) 27 7

Mãos e Dedos (E) 52 14 Mãos e Dedos (D) 44 11

Ombros (E) 56 15 Ombros (D) 22 6 Cotovelo (E) 53 14 Cotovelo (D) 36 9

Pescoço 31 8 Tronco 23 6

TOTAL 383 100

Legenda: (E): Lado Esquerdo (D): Lado Direito

Fonte: do autor Tabela 3.6: Quantidade de movimento dos segmentos analisados durante processo operacional

a cada 2 minutos

Fonte: Resultado das ferramentas em anexo. Tabela 3.7: Conclusão quanto as Ferramentas Utilizadas

FERRAMENTA UTILIZADA RESULTADO

Sue Rodgers

Risco Ergonômico pouco significativo: Pescoço, Pernas, Pés e Dedos, Ombro direito, Braços, Tronco; Risco Ergonômico moderado: Mãos, Punhos e Dedos; Risco Ergonômico alto: Ombro Esquerdo.

Moore Garg Baixo Risco para repetitividade.

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Fonte: do Autor

Figura 3.1: Modelo Diagrama de Causa e Efeito – ISHIKAWA

SUGESTÕES DE MELHORIAS OBJETIVO

Dispositivo para controle de temperatura Eliminar e ou diminuir a fadiga e o desgaste energético acentuado

Aumentar a iluminação no posto de trabalho Evitar fadiga visual

Padronizar altura da esteira com dispositivo (seladora) Eliminar inclinação de tronco

Eliminar distancia entre dispositivo e esteira Eliminar desvios posturais

Eliminar quina viva Diminuir a compressão dos nervos e músculos ao apoiar-se no objeto

Treinar os colaboradores quanto aos movimentos e padrão operacional do posto Eliminar vícios posturais

Estabelecer padrão antropométrico do posto

Tornar a demanda de movimento menos imperiosa aos colaboradores

Programa de Ginástica Laboral Preparação das estruturas osteomusculares para o início da jornada de trabalho

Revezamento entre os postos a cada duas hora

Diversificar as atividades tentando trabalhar com demanda de grupos musculares

diferentes Pausas de 10 minutos a cada duas hora Recuperação das estruturas osteomusculares

Documentar plano de produção diário com as assinaturas dos responsáveis pelo

processo Controle das demandas das atividades

Fonte: do autor. Tabela 3.8: Sugestões de melhoria e seu principal objetivo

RISCO

ERGONÔMICO

MODERADO

Ambiente Ruidoso.

Sem padrão antropometrico no posto

Requer atenção quanto ao padrão de qualidade

Presença de vícios posturais.

Dispositivo com altura diferente da

esteira

Falta de padrão operacional bem definido

Variação de Alturas em todo o processo

Temperatura Elevada

Iluminação Baixa

Meio Ambiente Material Máquina

Medida Método Mão-de-Obra

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4. Citações e formatação das referências 4.1 Ergonomia Segundo Couto (2002) Ergonomia pode ser definida em 5 palavras: adaptação do trabalho às pessoas. De acordo com Grandjean (1968), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria é a sociedade no trabalho. O objetivo prático da ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (1968). Em mais palavras, Ergonomia pode ser definida como o trabalho interprofissional que, baseado num conjunto de ciências e tecnologias, procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de trabalho de forma confortável e produtiva, basicamente procurando adaptar o trabalho às pessoas. 4.1.1 Histórico Em 1857 Yastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reúnem, interessados em formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. No começo deste século, segundo Laville (apud Gonçalves, 1998), Juler Amar apresentou as bases da ergonomia do trabalho físico e estudou os diferentes tipos de contração muscular (dinâmica e estática), se interessando pelos problemas de fadiga no envelhecimento. Seu livro, O Motor Humano, que surgiu em 1914, foi a primeira obra de ergonomia descrevendo os métodos de avaliação e as técnicas experimentais, apresentando as bases fisiológicas do trabalho muscular e relacionando-as às atividades profissionais. Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no início da década de 50, na Inglaterra, a Ergonomics Research Society. Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane & Faverge, que se torna decisiva para a evolução da metodologia ergonômica. Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente do trabalho. De acordo com Laville (apud Gonçalves, 1998), o conteúdo da ergonomia como disciplina autônoma tem sua origem na Inglaterra. Na França, ela iniciou seu desenvolvimento nos setores de pesquisa e ensino público (Conservatório Nacional de Artes e Trabalho, Centro Nacional de Pesquisa Científica, Escola Prática de Autos Estudos), progressivamente atingindo os setores industriais (Régie Renault, Charbonnages de France), começando a penetrar no setor privado. 4.1.2 Abrangência e benefícios da ergonomia Para Silva Filho (1995), os ambientes que tiverem alastrado o conhecimento dos princípios ergonômicos junto ao seu corpo de trabalhadores, apresentarão melhores condições para que ali se processe uma gestão com melhor qualidade de vida no trabalho e consequentemente maior produtividade. Souza (apud Silva Filho, 1995), diz que a incorporação da ergonomia no projeto e gerenciamento das organizações é fundamental para que o trabalho seja realizado de forma mais satisfatória, segura e eficiente. 4.1.3 Classificação da ergonomia Para Laville (apud Gonçalves e Fidelis, 1998), a ergonomia pode ser classificada em três tipos conforme a época/situação em que é realizada.

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Ergonomia de Concepção é o estudo ergonômico que se realiza no decorrer de um projeto de um produto, serviço, maquinas e ambiente laboral. Saad (apud Vieira, 1997) complementa dizendo que a Ergonomia de Concepção é o estudo ergonômico de instrumentos e ambiente de trabalho antes de sua construção. Ergonomia Corretiva é a que modifica sistemas já existentes. Para Saad (apud Vieira, 1997), na Ergonomia Corretiva, o estudo ergonômico só é feito após a construção do instrumento e/ou ambiente de trabalho. Ergonomia de Conscientização esta pautada na conscientização do colaborador através do fornecimento de informações continuas no que se refere a minimização de riscos para sua saúde física e mental. De acordo com Saad (apud Vieira, 1997), a terceira classificação de Ergonomia Seletiva, onde seleciona-se o homem ideal e/ou a faixa de utilizadores ideal para uma máquina, atividade ou ambiente de trabalho já existente. 4.2 Organizações do Trabalho Devido a evolução da produção industrial e das empresas que sempre estiveram ligados diretamente com o desenvolvimento e às exigências de modificações nas formas do trabalho, e possível afirmar que a partir de 1780, com o início do período da Revolução Industrial, que surgiu uma forma mais organizada do trabalho, que rompeu em definitivo com as estruturas corporativistas da Idade Média, com o desenvolvimento técnico, com o aperfeiçoamento das máquinas e com a descoberta de novas tecnologias, e a substituição do tipo artesanal de produção por um tipo industrial. E como conseqüência das transformações ocorridas aconteceu um desenvolvimento acelerado da industrialização e conseqüentemente do trabalho assalariado. A organização do trabalho pode ser definida como a "especificação do conteúdo, métodos e inter-relações entre os cargos, de modo a satisfazer os requisitos organizacionais e tecnológicos, assim como os requisitos sociais e individuais do ocupante do cargo" (Davis, apud Bresciani, 1991). Para Gonçalves (1995), a organização do trabalho é o conjunto de dispositivos sociais e técnicos, que definem a repartição das tarefas num serviço, numa empresa e, mesmo no conjunto da sociedade. Segundo Dejours et al (1994, p.125), compreende-se como organização do trabalho,“a divisão do trabalho: divisão de tarefas entre os operadores, repartição, cadência e, enfim, o modo operatório prescrito; e por outro lado a divisão de homens: repartição das responsabilidades, hierarquia, comando, controle etc. A divisão das tarefas e o modo operatório incitam o sentido e o interesse do trabalho para o sujeito, enquanto a divisão de homens solicita sobretudo as relações entre pessoas e mobiliza os investimentos afetivos, o amor e o ódio, a amizade, a solidariedade, a confiança, etc”. Para Fleury apud Proença (1993), o surgimento de uma forma específica de organização do trabalho é resultante de condicionantes políticas, econômicas, tecnológicas e socioculturais. Enfatiza que a adoção e implantação dessa forma específica passa a influenciar essas condicionantes, num processo dinâmico. 4.3 Qualidade de vida no trabalho De acordo com Walton (1975, p.4) A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) que é o “atendimento de necessidades e aspirações humanas, calcado na idéia de humanização e responsabilidade social da empresa”. Para Hackmon e Oldham (apud Baron e Greeberg, 1989), um trabalho capaz de propiciar boa qualidade de vida no trabalho é aquele que tenha seis componentes a seguir relacionados:

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atendimento às necessidades higiênicas, identidade com a tarefa, ciclos completos, autoridade sobre o processo, criatividade sobre o processo e retro informação. Segundo, Vieira e Hanashiro (1990), conceituam qualidade de vida no trabalho como melhoria nas condições de trabalho com extensão a todas as funções de qualquer natureza e nível hierárquico, nas variáveis comportamentais, ambientais e organizacionais que venham, juntamente com políticas de Recursos Humanos condizentes, humanizarem o emprego, de forma a obter-se um resultado satisfatório, tanto para os empregados como para a organização. De acordo com Glina (2000), quando se deseja atuar em relação à qualidade de vida no trabalho existem três fatores a considerar: o trabalhador, a organização e a relação indivíduo/organização com seus conflitos, contradições e satisfações. 4.4 Condições Físicas (Ambientais) de Trabalho A temperatura, a umidade relativa do ar, a iluminação, o ruído e as substâncias químicas, são os fatores que mais ocasionam doenças ocupacionais e desconforto nos trabalhadores afetando a qualidade dos serviços. Gonçalves e Fidelis (1998, p.17), destacam que “boas condições de trabalho implicam maior eficiência para o trabalhador e podem até implicar em maior produtividade, quando se considera o desperdício de capacidade de trabalho implícito em condições que geram acidentes e doenças profissionais”. 4.4.1 Temperatura Iida (1993, p.232), afirma que “a temperatura e a umidade ambiental influem diretamente no desempenho do trabalho humano. Estudos realizados em laboratórios e na indústria comprovam essas influências, tanto sobre a produtividade como sobre os riscos de acidentes”. Para Laville (1977), durante o trabalho físico sob calor, constata-se que a capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a atividade mental se altera, apresentando perturbação da coordenação sensório-motora. Destaca o autor que a freqüência de erros e acidentes tende a aumentar pois o nível de vigilância diminui, principalmente a partir de 30°C. Complementa Saad (apud Vieira, 1997), afirmando que o homem que trabalha em ambientes de altas temperaturas sofre de fadiga, ocorrem erros de percepção e raciocínio e aparecem perturbações psicológicas que podem conduzir a esgotamentos e prostrações. Segundo Astete et al (1993, p.36), as principais doenças quando o trabalhador está trabalhando em locais com temperaturas elevadas, são: “exaustão do calor, decorrente de uma insuficiência de sangue na córtex cerebral, resultante da dilatação dos vasos sangüíneos em resposta ao calor. Uma baixa pressão arterial é o evento crítico resultante, devido, em parte, a uma inadequada saída de sangue do coração e, em parte, a uma vasodilatação que abrange uma extensa área do corpo; desidratação, em seu estágio inicial, a desidratação atua, principalmente, reduzindo o volume de sangue e promovendo a exaustão do calor. Mas, em casos extremos, produz distúrbios na função celular, provocando até a deterioração do organismo, ineficiência muscular, redução da secreção (especialmente das glândulas salivares), perda de apetite, dificuldade de engolir, acúmulo de ácido nos tecidos irão ocorrer com elevada intensidade. Uremia temporária, febre e morte ainda pode ocorrer; câimbras de calor, ocorrem espasmos musculares, seguindo-se uma redução do cloreto de sódio no sangue, de modo a atingir concentrações inferiores a um certo nível crítico. A alta perda de cloreto é facilitada pela intensa sudorese e falta de aclimatização; choque térmico, ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal, que põe em risco algum tecido vital que permanece em contínuo funcionamento. É devido a um distúrbio no mecanismo termo-regulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilíbrio térmico entre o indivíduo e o meio”.

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4.4.2 Iluminação Iida (1993, p.259), destaca que: “um bom sistema de iluminação, com o uso adequado de cores e a criação dos contrastes, pode produzir um ambiente de fábrica ou escritório agradável, onde as pessoas trabalham confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia e acidentes, e reproduzem com maior eficiência”. Para Santos (1993a), dizendo que uma boa iluminação aumenta a produtividade, gera um ambiente prazeroso e pode também salvar vidas. Astete et al (1993), afirma que as conseqüências de uma iluminação inadequada são notadas na segurança, implicando no aumento do número de acidentes; na produtividade, implicando num maior desperdício de material e pior qualidade do produto final e no bem-estar levando à fadiga visual e proporcionando um ambiente desagradável baixando o moral dos trabalhadores. Segundo Iida (1993, p.259), existem basicamente três tipos de sistemas de iluminação: “iluminação geral: se obtém pela colocação regular de luminárias em toda a área, garantindo-se, assim, um nível uniforme de iluminamento sobre o plano horizontal; iluminação localizada: concentra maior intensidade de iluminamento sobre a tarefa, em quanto o ambiente geral recebe menos luz; iluminação combinada: a iluminação geral é complementada com focos de luz localizadas sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral”. 4.4.3 Ruído Na Indústria um fator agravante é a exposição ao ruído. Para Verdussen (apud Vieira, 1997), nos afeta física e psicologicamente, causando lesões irreversíveis ou tornando o homem verdadeiramente neurótico. Para Montmollin (1990), o ruído excessivo contínuo constitui uma agressão àqueles que são vítimas, podendo torná-los surdos com o passar do tempo. Conforme Grandjean (1998), o ruído provoca perturbações da atenção, perturbações do sono e sensações de incômodos. Além disso, comenta autor, os ruídos prejudicam freqüentemente trabalhos mentais complexos, bem como determinadas produções com grandes exigências na destreza e na análise de informações. O ruído pode dificultar o aprendizado de determinadas capacidades. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância apresentados na Norma Regulamentadora Brasileira, N°.15, anexo n°.1 aprovados pela portaria n°. 3.214/78 do Ministério do Trabalho. O quadro 1 abaixo mostra os níveis de ruído permitidos e a duração de tempo para cada nível. Segundo a Norma Regulamentadora Brasileira – N°.15, anexo n°.1, não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB (A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

NPS dB (A) Máxima exposição diária permissível 85 08 horas 86 07 horas 87 06 horas 88 05 horas 89 04 horas e 30 minutos 90 04 horas 91 03 horas e 30 minutos 92 03 horas

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93 2 horas e 30 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos

Fonte: Manual de Segurança do Trabalho - NR 15 anexo n°. 1 - Portaria 3214/78 Tabela 4.9: Máxima exposição diária permissível

Considerando os vários efeitos do ruído sobre o trabalhador, é fácil concluir que um ambiente ruidoso, mesmo que dentro de limites considerados razoáveis, pode interferir nas condições de trabalho, lazer ou repouso. Nesse sentido faz-se necessário tomar medidas no sentido de reduzir, o máximo possível, o ruído nos ambientes de trabalho. Astete (1993), afirma que quando tecnicamente não é possível controlar o ruído na fonte ou na sua trajetória, é recomendável utilizar-se de equipamento de proteção individual, que consiste em tampões que podem ser do tipo de inserir ou tipo fone. 4.4.4 Substâncias químicas O contato direto com produtos químicos pode potencializar doenças ocupacionais. Sem contar com riscos eminentes de explosão. Para Dul e Weerdmeester (1995), certas substâncias podem causar mal-estar ou doenças quando inaladas, ingeridas ou em contato com a pele ou olhos. Os sintomas podem aparecer imediatamente ou após um período de maturação. É sabido que muitas substâncias são cancerígenas, provocam mutações genéticas e o nascimento de pessoas deficientes. Por isso, salienta ou autores, o organismo deve ser exposto o menos possível a esse tipo de substâncias. Com relação à absorção cutânea, destaca Soto et al (1991, p.8): “quando uma substância de uso industrial entra em contato com a pele, podem acontecer as seguintes situações: a pele e a gordura protetora podem atuar como uma barreira protetora efetiva; o agente pode agir na superfície da pele, provocando uma irritação primária; a substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar uma sensibilização. O agente pode penetrar através da pele, atingir o sangue e atuar como um tóxico generalizado”. 4.5 Condições Organizacionais de Trabalho 4.5.1 Trabalho em turnos O trabalho em turnos garante o pleno funcionamento de uma organização através de horários pré-fixados ou revezamento totalizando 24horas de atividade produtiva. Tal sistema de trabalho pode afetar a saúde dos colaboradores nele inseridos.

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Para Harrington (apud Regis Filho, 1998) o trabalho em turnos e noturno aumenta de fato o estresse dos trabalhadores. E o turno da noite surge como o maior responsável por níveis mais elevados de estresse. Segundo Fischer et al (1993), distúrbios gastrointestinais em geral, como azia e gastrite e, particularmente, ulceração péptica, estão associadas com o trabalho em turnos e noturno. Outra conseqüência do trabalho em turnos diz respeito à problemática que ele desencadeia na vida social dos trabalhadores. Koller (apud Regis Filho, 1998), afirma que entre trabalhadores em turnos e noturnos há uma degradação crescente e gradativa das relações sociais em família. 4.5.2 Jornada de trabalho No começo da revolução industrial a jornada de trabalho diária chegava a ter 16 horas de duração sem nenhum dia para descanso na semana muito menos férias. A evolução da indústria no que se refere ao avanço tecnológico e o aumento da produtividade a jornada de trabalho atual foi reduzida a 8 ou 9 horas de trabalho diárias 5 dias por semana e mais direito a férias anuais. Iida (1993), afirma que na visão da ergonomia, as jornadas de trabalho superiores a 8 a 9 horas diárias de trabalho não são produtivas. De acordo com Grandjean (1998), estudos durante e após a Segunda Guerra Mundial mostraram que a diminuição de 10 a 12 horas por dia para 8 horas diárias aumentava consideravelmente a produtividade. No que se refere às Horas extras afirma Grandjean (1998), trabalho em horas extras não só prejudica a produção/hora, como ainda traz um aumento de absenteísmo como conseqüência, acompanhado de acidentes e doenças. 4.5.3 Pausa do trabalho De acordo Grandjean (1998, p.175), “a introdução de pausas adia o surgimento das manifestações de fadiga e a queda da produção como conseqüência da fadiga, é reduzida”. O autor destaca ainda afirmando que “mesmo que nem todas as pesquisas tenham sido feitas segundo o rigor científico, foi mostrada uma tendência a que as pausas no trabalho aumentam o rendimento”. 4.6 Fatores Humanos no Trabalho O estudo da ergonomia contempla a obtenção de melhorias nas condições do trabalhador evitando transtornos físicos e psicológico para a saúde do trabalhador tornando assim sua atividade laboral mais prazerosa e produtiva. Fatores humanos como estresse, fadiga e motivação devem se levados em consideração. 4.6.1 Estresse O termo estresse advém da física, é definido como o grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida a um esforço. Hans Selye, em 1936, utilizou pela primeira vez o termo estresse, o que denominou um conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige um esforço para adaptação (Selye, 1965). Selye (1965) afirma que quando se submete um organismo a estímulos que ameaçam sua homeostase (seu equilíbrio orgânico), ele tende a reagir com um conjunto de respostas, que constituem uma síndrome, que é desencadeada independentemente da natureza do estímulo. De acordo com Corbin e Lindsey (1994), o estresse seria uma resposta não específica (adaptação generalizada) do corpo a qualquer demanda, com o intuito de manter o equilíbrio fisiológico. Segundo Rodrigues (1999), o estresse se refere ao estado psicológico que é gerado pelo julgamento de uma pessoa às demandas (exigências) que lhe são impostas.

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Distúrbios gastrointestinais, como azia e gastrite, não são comuns no indivíduo normal e, quando não há causa visível, servem de pano de fundo para doenças psicossomáticas, como o estresse (Regis Filho, 1998). Segundo Nashas (apud Alvarez, 1996), os sinais de alerta para os sintomas de estresse, podem ser classificados em dois tipos: Físicos: aumento da freqüência cardíaca, palidez, tensão muscular, alteração do sono, mudança de peso, alteração digestiva, queda de cabelo. Psicológicos: tendência para o autoritarismo, tendência a se sentir perseguido, aumento do consumo de cigarros, álcool, drogas, desmotivação, depressão, sensação de incompetência. Davis et al (1996, p.10), afirmam: “As pessoas que sofrem de distúrbios relacionados ao estresse tendem a demonstrar uma hiperatividade em determinado “sistema preferido”, como o esquelético-muscular, o cardiovascular ou o gastrointestinal. A perda de insulina durante a resposta de estresse pode contribuir para o início da diabete. O estresse suspende a renovação dos tecidos que, por sua vez, provoca descalcificação dos ossos, osteoporose e suscetibilidade a fraturas. Além disso, o estresse está relacionado a outras queixas como dores de cabeça, tensão muscular, fadiga e artrite”. 4.6.2 Fadiga A fadiga é uma capacidade de produção diminuída e uma perda de motivação para qualquer atividade (Grandjean, 1998). Segundo Levy et al (1998), fadiga é a impossibilidade de manter a força ao nível esperado, ou a debilidade para realizar performances rotineiras. Para Iida (1993), os fatores fisiológicos da fadiga estão relacionados com a intensidade e duração do trabalho físico e intelectual, os fatores psicológicos como a monotonia e falta de motivação, os fatores ambientais e sociais como a iluminação, ruídos, temperaturas e o relacionamento social com a chefia e os colegas de trabalho. A natureza e a extensão da fadiga dependem de numerosos fatores, como tipo, duração e intensidade do esforço, tipo e densidade das miofibrilas musculares, nível de aptidão física individual, motivação, alimentação e condições ambientais (Fitts, 1994). Ribeiro (apud Nogueira, 1979, p.484) lista como sintomatologia da fadiga psíquica as cefaléias, tonturas, anorexia, tremores das extremidades, adinamia, dificuldades em concentrar-se, crises de choro, alterações do sono, diminuição da libido e diminuição da eficiência para o trabalho, seja físico ou mental. 4.6.3 Motivação Para Bergamini (1997), a motivação é um impulso que vem de dentro, tendo suas fontes de energia no interior de cada pessoa. Segundo Holovko (1996), motivação é algo que vem de dentro das pessoas, não podendo ser imposta de fora. Quando despertada, manifesta-se como uma força, um impulso realizador de satisfazer as necessidades ou aspirações de cada um. De acordo com Velez e Martinez-Lugo (1995), a motivação é aquele aspecto da realidade pessoal que movimenta o ser humano, que imprime orientação e energia aos seus desejos e intenções para que o mesmo atue na direção de suas metas. Penna (apud Guasti, 1998), destaca: motivação ou impulso será o fator que desperta, mantém e dirige o comportamento para certo objetivo. Para Deci e Ryan (1996), a motivação intrínseca se refere ao processo de desenvolver uma atividade pelo prazer que ela mesma proporciona, isto é, desenvolver uma atividade pela recompensa inerente a essa mesma atividade. Segundo Bergamini (1998), a motivação intrínseca não sofre pacificamente a ação de nenhuma força ou pressão que não seja aquela oriunda do próprio mundo interior de cada um. Enfatiza ainda a autora, que somente a motivação intrínseca é compatível com certos procedimentos administrativos valorizados na atualidade como aqueles voltados à qualidade total.

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4.7 Bases Biomecânicas, Fisiológicas, Antropométricas e Dinamometria: Diversos princípios importante da ergonomia derivam-se de outras áreas do conhecimento como a biomecânica, fisiologia e antropometria. Esses conhecimentos são importantes para formular as recomendações sobre a postura e o movimento, (Dul, 2004). 4.7.1 Princípios de Biomecânica e Sua Aplicação em Ergonomia O ser humano, em diversos aspectos, pode ser comparado a uma máquina. E os músculos, ossos, tendões e ligamentos se constituem nos elementos capazes de fazer essa máquina realizar movimentos. Muito do conhecimento da Ergonomia Aplicada ao Trabalho advém do estudo da mecânica da máquina humana, (Couto, 2002). a) Principais características da biomecânica do ser humano - O ser humano tem pouca capacidade de desenvolver força física no trabalho. O sistema osteomuscular do ser humano o habilita a desenvolver movimentos de grande velocidade e de grande amplitude, porém contra pequenas resistências. Essa característica é uma decorrência direta do tipo de alavanca predominante no sistema osteomuscular, (Couto, 2002). - O ser humano é adaptado a fazer contrações musculares dinâmicas. Ao contrário, é mal adaptado a fazer contrações musculares estáticas, nas quais ocorre dor muscular intensa e fadiga precoce, devido ao acúmulo de ácido lático e outros metabólitos, (Couto, 2002). - Os músculos têm as seguintes propriedades: força, resistência, flexibilidade, velocidade, potência, agilidade, equilíbrio e coordenação. - Compatível com essas características, no aproveitamento racional do ser humano no trabalho, as seguintes regras devem ser aplicadas: - Nunca usar um esforço excessivo sobre o trabalhador de uma só vez. Procurar, ao contrário,

adapta-lo gradativamente ao esforço exigido na tarefa; - Praticar a ginástica de aquecimento e de alongamento ao início de jornadas de trabalho;

enfocar especialmente sobre aqueles movimentos que serão mais exigidos durante a atividade;

- Garantir a adaptação do automatismo dos movimentos de forma gradativa, especialmente em tarefas que exijam bastante desse automatismo, (Couto, 2002).

b) Principais Situações de Sobrecarga Biomecânica no Trabalho - Todas as situações em que o trabalhador tenha que exercer grande força física; - Todas as situações de esforço estático no trabalho; - Todas as situações de alavanca biomecanicamente desfavorável; - Todas as situações de desagregação do esforço muscular; - Todas as situações em que se inicia uma atividade física moderada ou intensa sem o aquecimento muscular e o alongamento do grupamento muscular envolvido; - Todas as situações em que se coloca um trabalhador novo sem devido tempo de adequação de seus músculos e ligamentos; - Todas as situações em que se coloca o trabalhador em atividade laborativa de alta repetitividade, sem dar o devido tempo para o prepara do automatismo; - Qualquer situação em que o trabalhador tenha que desempenhar a atividade de pé, parado na maior parte do tempo; - Qualquer situação em que o trabalhador tenha que ficar sentados durante toda a jornada; - Qualquer situação em que o trabalhador tenha que ficar em posição forçada. c) Recomendações de Ergonomia para Utilização Correta de Músculos e do Sistema Locomotor - Reduzir o esforço muscular na realização da tarefa; - O tronco deve estar na vertical; - Eliminar as demais situações de contração estática; - Fazer exercícios de aquecimento e de alongamento; - Instituir pausas;

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- Escolher a melhor postura (De pé, Sentado, Semi-sentado); - Adotar a flexibilidade postural; - Implementar rodízio de postos de trabalho. Quando não for possível, adotar pausas, (Couto, 2002). 4.7.2 Fisiologia A fisiologia pode estimar a demanda energética do coração e dos pulmões, exigida para um esforço muscular. Já vimos que a fadiga pode ocorrer com o esforço muscular contínuo e localizado. Ela pode ocorrer também com o esforço físico realizado durante longos período. O fator limitante neste caso é a energia que o coração e os pulmões podem fornecer ao músculos, para manter uma postura ou realizar movimentos. Alguns princípios fisiológicos que interessam à ergonomia são: - O gasto energético no trabalho é limitado; - Trabalhos pesados exigem pausas para recuperação, (Dul, 2004). 4.7.3 Antropometria A antropometria se refere à medição do tamanho e das proporções do corpo humano. Enquanto os arquitetos renascentistas viam as proporções da figura humana como uma confirmação de que certas razões matemáticas refletiam a harmonia de seu universo, os métodos de proporção antropométricos procuram não as relações abstratas ou simbólicas, mas aquelas funcionais. É um pressuposto da teoria de que as formas e os espaços arquitetônicos constituem ou receptáculos, ou extensões do corpo humano, devendo, portanto, ser determinados pelas dimensões deste. A dificuldade com relação à proporcionalidade antropométrica é a natureza dos dados exigidos para o seu uso. As medidas médias constituem apenas diretrizes que devem ser modificadas a fim de satisfazer as necessidades específicas do usuário. O uso de dimensões médias exige sempre precaução, uma vez que haverá sempre variações em relação à norma, devido à diferença entre o homem e a mulher, entre vários grupos etários, raciais e mesmo de um indivíduo para o outro. Influência do sexo Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não apenas em dimensões absolutas, mas também nas proporções dos diversos segmentos corporais. Os homens costumam ser mais altos, mas as mulheres com a mesma estatura do homem costumam ser mais gordas. Os homens têm braços mais compridos, devido principalmente ao maior comprimento do antebraço. As mulheres possuem mais tecido gorduroso em todas as idades, enquanto os homens possuem mais músculos esqueléticos. NORMA REGULAMENTADORA – NR-17 *Portaria n. 3.751, de 23 de novembro de 1990 do Ministério do Trabalho 17.1. ESTA NORMA REGULAMENTADORA VISA A ESTABELECER PARÂMETROS QUE PERMITAM A ADAPTAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO ÀS CARACTERÍSTICAS PSICOFISIOLÓGICAS DOS TRABALHADORES, DE MODO A PROPORCIONAR UM MÁXIMO DE CONFORTO, SEGURANÇA E DESEMPENHO EFICIENTE. 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

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17.2. LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA INDIVIDUAL DE MATERIAIS. 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18 (dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos. 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, devem receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens foram designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou sua segurança. 17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou sua segurança. 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou sua segurança. 17.3. MOBILIÁRIO DOS POSTOS DE TRABALHO. 17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais.

17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2 os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado. 17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto:

a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; c) borda frontal arredondada; d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.

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17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. 17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. 17.4. EQUIPAMENTOS DOS POSTOS DE TRABALHO. 17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve:

a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual; b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento.

17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte:

a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais; d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável.

17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as exigências previstas no subitem 17.4.3 observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho. 17.5. CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO. 17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenções constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto:

a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; b) índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus centígrados); c) velocidade do ar não-superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do ar não-inferior a 40 (quarenta) por cento.

17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacio-nadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não-superior a 60 dB. 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.

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17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. 17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. 17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso. 17.6. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. 17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo:

a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas.

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; b) devem ser incluídas pausas para descanso; c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigente na época anterior ao afastamento.

17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:

a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie; b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual;

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d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 (dez) minutos para cada 50 (cinqüenta) minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho; e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada progressivamente.

CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL - COFFITO D.O.U nº 32 – de 16/02/2004, Seção I, Pág. 66. RESOLUÇÃO N.º 259, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2003 (*) O Plenário do CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL – COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, em sua 114ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 17 e 18 de dezembro de 2003, na Secretaria Geral do COFFITO, situada na Rua Napoleão de Barros, 471 – Vila Clementino – São Paulo – SP, Considerando: - O disposto na Lei Federal nº 6.316, de 17/12/1975; - O disposto na Resolução CNE/CES nº 4, de 19/02/2002 que estabelece as Diretrizes Curriculares para formação profissional do Fisioterapeuta; - O disposto na Resolução COFFITO nº 80, de 09/05/1987; - A grande demanda de Fisioterapeutas atuando em empresas e/ou organizações detentoras de postos de trabalho, intervindo preventivamente e/ou terapeuticamente de maneira importante para a redução dos índices de doenças ocupacionais; - Que o Fisioterapeuta é qualificado e legalmente habilitado para contribuir com suas ações para a prevenção, promoção e restauração da saúde do trabalhador; Resolve: Art. 1º - São atribuições do Fisioterapeuta que presta assistência à saúde do trabalhador, independentemente do local em que atue: I – Promover ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, preventivas a intercorrência de processos cinesiopatológicos; II – Prescrever a prática de procedimentos cinesiológicos compensatórios as atividades laborais e do cotidiano, sempre que diagnosticar sua necessidade; III – Identificar, avaliar e observar os fatores ambientais que possam constituir risco à saúde funcional do trabalhador, em qualquer fase do processo produtivo, alertando a empresa sobre sua existência e possíveis conseqüências; IV – Realizar a análise biomecânica da atividade produtiva do trabalhador, considerando as diferentes exigências das tarefas nos seus esforços estáticos e dinâmicos, avaliando os seguintes aspectos: a) No Esforço Dinâmico - frequência, duração, amplitude e torque (força) exigido. b) No Esforço Estático – postura exigida, estimativa de duração da atividade específica e sua freqüência. V – Realizar, interpretar e elaborar laudos de exames biofotogramétricos, quando indicados para fins diagnósticos; VI – Analisar e qualificar as demandas observadas através de estudos ergonômicos aplicados, para assegurar a melhor interação entre o trabalhador e a sua atividade, considerando a capacidade humana e suas limitações, fundamentado na observação das condições biomecânicas, fisiológicas e cinesiológicas funcionais;

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VII – Elaborar relatório de análise ergonômica, estabelecer nexo causal para os distúrbios cinesiológicos funcionais e construir parecer técnico especializado em ergonomia. Art. 2º - O Fisioterapeuta no âmbito da sua atividade profissional está qualificado e habilitado para prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria especializada. Art. 3º - O Fisioterapeuta deverá contribuir para a promoção da harmonia e da qualidade assistencial no trabalho em equipe e a ele integrar-se, sem renunciar a sua independência ético/profissional. Art. 4º - O Fisioterapeuta deverá ser um ente profissional ativo nos processos de planejamento e implantação de programas destinados a educação do trabalhador nos temas referentes a acidente do trabalho, doença funcional/ocupacional e educação para a saúde. Art. 5º - Os casos omissos serão deliberados pelo Plenário do COFFITO. Art. 6º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. (*) Republicada por ter saído com incorreções, do original, no D.O.U de 12/02/2004, Seção 1, pág. 186. 5 Conclusão O trabalho apresentado demonstrou as condições ergonômicas para o desenvolvimento das atividades de selador de saco com colheres em uma fábrica do Polo Industrial de Manaus, foram aplicado as ferramentas Índice de Moore e Garg, Método Sue Rodgers, Diagrama de Ishikawa além de descrição biomecânica para auxiliar na elaboração de uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET), com o objetivo de atender as exigências da NR-17 e propor um rol de melhorias. Nosso intuito seria após as melhorias refazer a análise para verificar se tínhamos tido êxito ao aplicarmos as sugestões propostos com intuito de diminuir o estresse físico. Porém após 6 meses de ter concluído a primeira fase do estudo ao voltar para executar a segunda fase os administradores da empresa comunicaram que não teria como, por a empresa ter encerrados suas atividades. Com isso o trabalho ficou prejudicado para sua conclusão da eficácia das melhorias propostas. Referências ARROBA, T.; JAMES, K. Pressão no Trabalho: Stress – Um Guia de Sobrevivência. São Paulo: Mc Graw – Hill, 1989. ASTETE, M. W.; GIAMPAOLI, E.; ZIDAN, L. N. Riscos Físicos. São Paulo: Fundacentro, 1993. BARBOSA, Luís Guilherme. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - DORTs. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. BAÚ, Lucy Mara Silva. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação, Reabilitação. Curitiba: CLÃDOSILVA, 2002. BERGAMINI, C. W. Motivação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1997. BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas: Psicologia do comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 1998. CAMPOS, Vicente Falconi. O valor dos recursos humanos na era do conhecimento. 4ª ed. Belo Horizonte: DG, 1995. COUTO, H. A. Ergonomia Aplicada ao Trabalho: Manual Técnico da Máquina Humana. Belo Horizonte: Ergo, 1996. COUTO, Hudson de Araújo. Como Implementar Ergonomia na Empresa: A Prática dos Comitês de Ergonomia. Belo Horizonte: Ergo, 2002. COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho em 18 Lições. Belo Horizonte: Ergo, 2002. DAVIS, M.; ESHELMAN, E. R.; Mc KAY, M. Manual de Relaxamento e Redução do Stress. São Paulo: Sammus, 1996.

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DEJOURS, C.; ABDOUCHELLI, E.; JAYET, C. Psicodinâmica do Trabalho. São Paulo: Atlas, 1994. DELIBERATO, P.C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e aplicações. 1 ed. São Paulo: Manole, 2002. DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática. 2.ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2004. FLEURY, A. C. C.; VARGAS, N. Organização do Trabalho: Uma Abordagem Interdisciplinar – Sete Estudos Sobre a Realidade Brasileira. São Paulo: Atlas, 1994. FRANÇA, A. C. L.; RODRIGUES, A. L. Stress e Trabalho: Guia Básico com Abordagem Psicossomática. São Paulo: Atlas, 1997. GLINA, D. M. R. Qualidade de Vida no Trabalho. Revistra Cipa, v.21, n.244, p.76-79, 2000. GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem. 4.ed. Porto Alegre: Bookman, 1998. GRANDJEAN, Etienne; KROEMER, Karl H. E.; Manual de Ergonomia: Adapatando o Homem ao Trabalho. 5.ed. São Paulo: Bookman, 2005. HALL, Susan J. Biomecânica Básica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. HEBERT SÍZINO & XAVIER RENATO. Ortopedia e Traumatologia - Princípios e Prática. 3a Edição. São Paulo: Artmed, 2003. IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blücher, 1993. KISNER, C., COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 4 ed. São Paulo: Manole, 2005. KROEMER, Karl H. E.; GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. MAGEE, David J.. Avaliação Musculoesquelética. 4 ed. São Paulo: Manole, 2005. MICHAELIS: Moderno dicionário da língua portuguesa. 3ª ed. São Paulo, Cia. Melhoramentos, 1998. MIRSHAWKA, V. Manutenção Preditiva: Caminho para Zero Defeitos. São Paulo: Makron Books, 1991. PEGADO, P. Saúde e Produtividade. Revista Proteção, ano VII, n.44, p.52-57, Agosto 1995. ROSSI, M. A. A Socialização. Revista Proteção, v.11, n.79, p.56-57, Julho 1998. SELYE, H. Stress: Atenção da Vida. São Paulo: Ibrasa, 1965. SILVERSTEIN, B. A., FINE, L. J., & Armstrong, T.J. (1987). Occupacional factors and carpal tunnel syndrome. American Fournal of Industrial Medicine, 11(3), 343-358. WHITING, William C., ZERNICKE, Ronald F. Biomecânica da Lesão Musculoesquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. WISNER, A. Por Dentro do Trabalho – Ergonomia: Métodos e Técnicas. São Paulo: FTD/Oboré, 1987.

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ANEXO