Sujeito na infãncia: quando a visibilidade produz exclusão

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    grupo se d por serem estes os principais alvos tanto do aparato legislativo, punitivo

    quanto assistencialista no pas, ainda na atualidade, mostrando uma continuidade de

    valores que se instituem desde o confronto da igreja com a prtica abortiva, de infanticdio

    ou de expor.

    2. O"abandonado" no Brasil: Concepes, denominaes e tratamento conferidos

    infncia e adolescncia (pobre) no Brasil

    2.1 A roda dos Expostos, as novas condutas e suas contradies

    O abandono de crianas prpria sorte, o infanticdio, o aborto como meio de

    contracepo so prticas costumeiras em diversas sociedades, prticas nem sempre

    aceitas legalmente, mas, segundo Aris (1989), sempre "toleradas". Segundo o autor "O

    infanticdio era um crime severamente punido. No entanto, era praticado em segredo,

    correntemente, talvez, camuflado, sob a forma de um acidente: as crianas morriam

    asfixiadas naturalmente na cama dos pais, onde dormiam. No se fazia nada para

    conserv-las ou para salv-las."(Aris, 1989:17).

    A tentativa de controle sobre tais prticas, segundo Pedro (1998), tem tambm

    uma histria longnqua. Investigando a criminalizao de prticas como aborto e

    infanticdio no perodo de 1900 a 1996 em Florianpolis, atravs de processos jurdicos,

    registros policiais, jornais e entrevistas com pessoas idosas, a autora estuda a histria da

    persistncia de tais prticas j que, segundo a mesma "a histria destes esforos tambm

    a histria da persistncia de tais prticas e portanto, preciso acompanhar os caminhos

    percorridos pelas tentativas de controle destas prticas" (Pedro, 1998:01).Oliveira (1990), em tese de mestrado em Histria, estudando a assistncia dada aos

    "expostos" em Desterro, historiciza o abandono de crianas nesta cidade1 e prope que a

    1 Sobre a histria da criao e da prtica do uso da "Roda dos Expostos" em Desterro, vertambm Cabral, Osvaldo. Nossa Senhora do Desterro. Florianpolis: Lunardelli, 1979. Vol. 2.

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    criao da roda por parte das autoridades religiosas e mais tarde adotada pelo estado

    pretendia um remodelamento das condutas, chamando ateno para as prticas de

    infanticdio e aborto. Sua pesquisa abrange o perodo de 1828, desde a criao da roda dos

    expostos at 1887, quando esta foi extinta.Os registros histricos sobre o abandono na infncia parecem estar ento, conforme

    os historiadores acima sugerem, intimamente ligados a histria do tratamento dado ao

    abandonado e ao que abandona. Tal tratamento est vinculado, por sua vez, uma

    concepo de infncia que se altera com o passar dos anos.

    Um forte marco histrico do tratamento pblico aos abandonados no Brasil est

    ligado criao da roda dos expostos. Criada na Idade Mdia, na Itlia, a roda constitua-se

    num dispositivo onde se colocavam os bebs que se queriam abandonar. A roda tinha

    como principal caracterstica a de deixar o expositor annimo, j que sua forma cilndrica,

    dividida ao meio por uma divisria, se fixava no muro ou na janela da instituio, permitia

    que a criana fosse depositada na parte externa. Assim, o expositor girava a roda, puxava

    uma cordinha com uma sineta para avisar a vigilante ou rodeira que uma criana havia sido

    abandonada e ia embora.

    A roda foi instituda para garantir o anonimato do expositor, evitando-se, na ausnciadaquela instituio e na crena de todas as pocas, o mal maior, que seria o aborto e oinfanticdio. Alm disso, a roda poderia servir para defender a honra das famliascujas filhas teriam engravidado fora do casamento. Alguns autores esto convencidosde que a roda serviu tambm de subterfgio para se regular o tamanho das famlias,dado que na poca no haviam mtodos eficazes de controle de natalidade. (Marclio,1997: 72).

    Ou seja, segundo o autor, a roda viria ento servir a vrios fins. Lima e Venncio

    (1996) apontam ainda as seguintes causas que lavavam a procura da roda no Sculos XVIII

    a XIX: "pessoas pobres que no tinham recursos para criar seus filhos, por mulheres da

    elite que no podiam assumir um filho ilegtimo ou adulterino e, tambm, por senhores

    que abandonavam crianas escravas e alugavam suas mes como amas de leite"

    (1996:67).

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    No Brasil, a primeira roda criada foi em Salvador em 1726, trazendo os costumes

    de Portugal. A roda, como em Portugal, instalada numa instituio religiosa, com ajuda do

    rei, sendo que a partir de 1830 as provncias passam a ter que subvencionar as casas de

    assistncia a estes expostos.Em Desterro (Florianpolis) a roda foi criada em 1828, sendo as crianas expostas

    cuidadas primeiramente por famlias da comunidade e depois pela Irmandade do Senhor

    Bom Jesus dos Passos. O mais antigo registro sobre a prtica de expor, e sobre a existncia

    de procedimentos para assistir a estas crianas, no entanto, data de 1757 (Oliveira, 1990).

    As crianas eram deixadas nas portas das casas, de igrejas, e familiares se ocupavam da

    criao dos expostos. A roda vem institucionalizar tal prtica, determinando um local

    especializado para receber estas crianas.

    A roda de fato se instaurou apenas nas cidades que apresentavam caractersticas

    urbanas, onde o nmero de crianas abandonadas passava a ter grande visibilidade. No

    meio rural, no entanto, a prtica de expor ainda era feita maneira antiga.

    Se a roda nasce exatamente com o intuito de "sustar estes 'sacrifcios humanos' da

    parte dos genitores (evitar a morte deste frgil ser pelo aborto e infanticdio), criando assim

    novas prticas, ela favorece a exposio por propiciar condies para o anonimato dos

    genitores e sua criao no garante que todas as crianas ai recolhidas "vinguem". Grande

    nmero destas, por diversos motivos, acabavam morrendo. Venncio (1997) levanta

    nmeros e motivos da mortalidade infantil nas rodas.

    Em Salvador, durante o perodo de 1758 a 1762, o percentual de expostos mortoscom idade entre zero a sete anos foi de 646 em mil. Entre 1781 a 1790, a mortalidadeatingiu 687, e nos anos posteriores Independncia chegou a cifras ainda maiores. NoRio de Janeiro e demais cidade que conheceram o abandono de crianas, constata-se

    quadro semelhante ao de Salvador. (Venncio, 1997:212).

    O efeito da nova conduta de salvar as crianas da morte no se cumpria por inteiro.

    O que se cumpre a sensibilizao crescente criana como um ser que tem alma. Os

    autores Lima e Venncio (1996) atentam para o fato de que a lei do Ventre Livre pouco

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    trouxe de melhoria nas condies de vida da criana negra no Brasil e sim veio contribuir

    para o nmero de abandonos dos filhos de mulheres cativas, por parte dos senhores. Era

    comum os senhores deixarem as crianas negras na roda e depois alugarem as escravas

    como amas de leite.Sendo a pobreza um dos motivos freqentes de mes abandonarem seus filhos,

    muitas delas expunham inclusive com a inteno frustrada de reav-los mais tarde, j que a

    maioria das crianas no sobrevivia. Entre as mes que faziam por este motivo, era comum

    deixarem bilhetes com o nome que queriam que fosse dado criana, data de nascimento,

    como garantia de identific-los mais tarde e poder cri-los quando houvessem

    possibilidades.

    A historiadora Mriam Moreira Leite (1996) analisando os escritos de viajantes

    europeus sobre a prtica de expor e as condies das casas de assistncia aos expostos,

    salienta que os viajantes deixam claro as condies precrias, desumanas com que as

    crianas eram tratadas nas casas de expostos. Porm, a autora enfatiza sua surpresa ao ler

    anurios europeus sobre a situao de crianas abandonadas na Franca, Inglaterra, Blgica,

    Itlia, durante o Sculo XIX que as condies de tratamento destas crianas no

    diferenciavam muito das do Brasil na mesma poca. Mas era de l que vinha tambm a

    preocupao com as crianas expostas no sculo passado e esta, como bem salienta

    Philippe Aris, vem tona num momento em que a infncia comea a "tomar corpo", a ser

    notada enquanto um ser diferente do adulto2, passando a ser alvo de ateno especial,

    sendo cada vez mais institucionalizada.

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    Segundo Aris, a sociedade tradicional via mal a criana, e pior ainda o adolescente. "Adurao da infncia era reduzida a seu perodo mais frgil, enquanto o filhote do homem aindano conseguia bastar-se; a criana ento mal adquiria algum desembarao fsico, era logomisturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos." O autor nos lembra ainda que umperodo de "paparicao" era reservado a esta nos seus primeiros anos de vida, "enquanto e l aainda era coisinha engraadinha". Depois, era comum que passasse a viver em outra casa queno a de sua famlia." (1989:10).Da mesma forma, a noo de famlia toma novosdirecionamentos. Anteriormente no tinha a funo afetiva. Aris salienta que nesta pocahavia uma sociabilidade entre os grupos familiares. "As trocas afetivas e as comunicaessociais eram realizadas portanto fora da famlia, num "meio" muito denso e quente, composto de

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    A partir de um certo perodo, e, em todo caso, de uma forma definitiva e imperativa apartir do sculo XVII, uma mudana considervel alterou o estado. Isto quer dizer que acriana deixou de ser misturada aos adultos e apreender a vida diretamente, atravs docontato com estes. Comeou ento um longo processo de enclausuramento das

    crianas (como dos loucos, dos pobres e das prostitutas) que se estenderia at nossodias, ao qual se d o nome de escolarizao". (Aris, 1981:11)

    A crescente ateno que se passa a dar s crianas paradoxal. Se por um lado ela

    toma visibilidade, por outro muitas destas crianas, ao serem depositadas na roda, tornam-

    se invisveis comunidade j que, como explicita Leite (1996) e Venncio (1997) acolhida"

    pelas casas de caridade, morrem em grande nmero naqueles ambientes.

    A prtica ilegal e quase aberta do abandono e o fatalismo com que era aceita amortalidade infantil revelavam certa indiferena ao valor da criana at o inicio dosculo XIX, quando as escolas comearam a descobri-la e a classe mdica passou ainsistir na necessidade da criao dos filhos pelas mes, pois cada criana achada(depois de abandonada) era uma criana perdida. (Leite, 1996:99).

    Por ocasio da roda, as crianas expostas eram criadas por amas de leite at os trs

    anos de idade. Depois, se a ama concordasse, a Cmara pagava-lhe uma quantia para que a

    criana ficasse em sua guarda at os 7 anos, em alguns casos, at os 12. Oliveira (1990)

    salienta como estas crianas passam a ser alvo de interesse por parte de algumas famlias, j que, alm de receberem por elas, depois de uma certa idade passam a ser trabalhadores

    na casa, na lavoura, na lida com o gado, no cuidado dos mais velhos e das crianas da

    famlia. Chamados de "agregados", eram quase sempre serviais da casa que os "adotava".

    "A partir da, poder-se-ia explorar o trabalho da criana de forma remunerada, ou

    apenas em troca de casa e comida, como foi o caso mais comum". (Marclio, 1997:72).

    Estas eram ento, tratadas como "agregados" e poucos so os casos em que tais crianas,

    quando adultos, fazem parte da partilha das terras, ou so reconhecidos como filhos - so

    sim, serviais que muitas vezes no podem sentar-se mesa com a famlia.

    vizinhos, amigos, amos e criados, crianas e velhos, mulheres e homens, em que a inclinao sepodiam manifestar mais livremente." (1989:11)

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    2.2 Tratamento da criana: Do estado social ao estado penal

    Por incentivo de diversos especialistas (mdicos higienistas, juristas), a roda

    comea a ser desativada no Brasil a partir da metade do Sculo XIX. Apenas as maisimportantes estendem-se at o Sculo XX. Os juristas tiveram sua participao na

    abolio da roda pensando as novas leis para proteger os abandonados e tambm para

    resolver o problema que ora se apresentava - o do menor. De sujeito abandonado passa-se

    a perceber a criana sem assistncia familiar como menor infrator e do tratamento

    caridoso dado pela igreja e posteriormente tutelar pelo estado, passa-se cada vez mais a

    v-las como "seres tortos" a serem reformados por instituies judicirias.

    Por volta de 1924 criado e regulamentado por parte do Poder Judicirio o Juizado

    de Menores e de todas as instituies auxiliares. A criana e o adolescente passam a ter

    uma legislao especial, diferenciando a idade de responsabilidade penal do "menor" de 9

    para 14 anos inicialmente, chegando a 18 anos no Cdigo Penal de 1940. O Estado passa, a

    partir da, a assumir a responsabilidade legal pela tutela da criana rf e abandonada.

    quase na mesma poca que se comea a definir a poltica de adoo no pas. Em 1916

    passa-se a poder transferir a responsabilidade tutelar entre um adulto e outro3. A criana

    (no o menor) passa a ser considerada como algum a ser preparado para o futuro. "A nova

    cincia psicolgica consolidou a noo moderna de "infncia" enquanto fase crucial para

    o desenvolvimento da personalidade do adulto, necessitando de orientao especializada".

    (Fonseca, 1996:120).

    3 Fonseca (1996), questionando porque at ento o Governo no havia se manifestado sobre aquesto da adoo, deixando que o grande nmero de casos de enjeitados fossem resolvidosinformalmente ou deixando para o direito contratual, explica este fato histrico por umamarcada diferena entre os interesses do Estado moderno e da Igreja. Segundo a autora "O Estadomoderno no tinha os mesmo interesses da Igreja para colocar obstculos adoo, j que seupoder econmico residia em outras bases que no a do patrimnio de famlias sem herdeiros."Mas o Estado tambm defende seus interesse, e "aproveitava a responsabilidade de garantirdireitos individuais - neste caso o bem estar da criana -, para intervir na vida familiar e assimestreitar o controle sobre a vida dos sditos." (Fonseca, 1996:119).

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    O termo "situao irregular" passa a constar no Cdigo de Menores de 19274.

    Simes (1989) diz que infncia e delinqncia, na situao irregular, se referiam, na prtica,

    a uma relao direta com a tutela familiar e a apropriao ilegal de bens (roubo, trfico,

    furto, etc). Tanto ao abandonado quanto ao delinqente prescrevia-se a internao, o quepor vezes expunha crianas que houvessem sado temporariamente de casa situao de

    interno, dificultando o contato com os familiares. "O artigo 56 do Cdigo Mello Mattos

    estabelecia que, se no prazo de trinta dias, a contar da entrada em juzo, o menor fugitivo

    ou perdido, que estivesse em situao irregular, no fosse reclamado por quem de direito, o

    juiz, declarando-o abandonado, dar-lhe-ia o conveniente destino, isto , seria internado".

    (Silva, 1997:60).

    Neste perodo, que data a criao do atendimento criana e ao adolescente pelo

    Estado (1927) at a criao do ECA (Estatuto da Criana e do Adolescente) em 1990, o

    tratamento da infncia por parte do Estado recebeu srias crticas. Crianas e adolescentes

    so enclausurados em verdadeiras prises para "menores" (Alto, 1993; Rizinni, 1993). O

    prprio termo "menor" toma dimenses estigmatizantes dentro da poltica de atendimento.

    Irma Rizzini (1993) diz que na prtica jurdica a construo do "menor" tem os seguintes

    sentidos:

    Menor no apenas aquele indivduo que tem idade inferior a 18 ou 21 anos conformemandava a legislao em diferentes pocas. Menor aquele que, proveniente defamlia desorganizada, onde imperam os maus costumes, a prostituio, a vadiagem, afrouxido moral, e mais uma infinidade de caractersticas negativas, tem a sua condutamarcada pela amoralidade e pela falta de decoro, sua linguagem de baixo calo, suaaparncia descuidada, tem muitas doenas e pouca instruo, trabalha nas ruas parasobreviver e anda em bandos com companhias suspeitas. (Rizzini, 1993:96).

    4 O art 2 deste Cdigo dispe que est em "situao irregular" o menor: I - privado de condiesessenciais sua subsistncia, sade e instruo obrigatria, ainda que eventualmente, em razode: a) falta, ao ou omisso dos pais ou responsveis; b) manifesta impossibilidade dos pais ouresponsvel para prov-las; II - Vtima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelospais ou responsvel; III - Em perigo moral devido a: a) encontrar-se, de modo habitual , emambiente contrrio aos bons costumes; b) explorao em atividade contrria aos bons costumes; I V- privado de representao ou assistncia legal, pela falta eventual dos pais ou responsvel; V :com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptao familiar ou comunitria; VI - autor deinfrao penal.

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    A autora detecta, em anlise de documentos, artigos e relatrios, uma diferena na

    terminologia empregada pelo Juzo de Menores da Capital de SP para referir-se crianas

    das quais este se ocupa. Segundo a autora, "a diferena na terminologia empregada

    resultado de diferenas significativas na forma de se conceber o menor e acriana".(Rizzini, 1993: 94). Diversos autores tratam deste assunto, criticando como o

    termo vem em direo de um tratamento diferenciado da infncia pobre no pas5.

    Rizzini (1993) mostra ainda como as tcnicas e os saberes cientficos passam a ser

    usados para justificar as necessidades de reforma deste menor, resultando numa prtica

    excludente e discriminadora - colocando-os em recluso, sem direito defesa. Analisando

    vrios processos, a autora salienta a diferena entre os diagnsticos feitos na dcada de 20

    e os do final da dcada de 30, inicio de 40. "Observa-se um aumento na utilizao de

    termos psiquitricos e uma maior preocupao com a sade mental". (Rizzini, 1993:.87).

    O SAM (Servio de Assistncia ao Menor), criado em 1941, se guiava por tais preceitos.

    Na tentativa de uma elaborao terica sobre o "problema da criana" e a "ao

    social do Juzo de Menores", nos vrios instrumentos do Juzo de investigao do Menor,

    era priorizado o levantamento dos seus antecedentes morais e de sua famlia. (Rizzini,

    1993). Segundo Alvin e Valladares(1988),

    Por trs da idia do SAM esto presentes representaes amplamente aceitas ediscutida: a imagem da criana pobre enquanto abandonado fsica e moralmente; umaconcepo de infncia enquanto uma idade que exige cuidados e proteo especficos;as grandes cidades como locus de vadiagem, criminalidade e mendicncia; os espaos pblicos (ruas, praas, etc) como espaos da socializao da marginalidade. Por fim, aidia de que cabe a instituies especializadas a "recuperao" e a formao de umainfncia 'moralizada". Recuperando a "infncia desvalida", o Estado contribuiria para aformao de indivduos teis sociedade, futuros bons trabalhadores.(Alvin eValladares, 1988:08).

    A partir da criao do SAM, e com as mesmas idias como fundo - o controle

    social -, surgem diversas instituies pblicas privadas que se voltam para o atendimento

    crianas e jovens das camadas populares, porm privilegiando diferentes formas de

    atuao. Se incluem aqui a LBA (Legio Brasileira de Assistncia), SESI, SENAI (Servio

    5 Passeti (1994), Rizzini (1993)., Alvin e Valladares (1988)., Priory. (1996) .

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    Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC, SESC. Reformar e educar para o trabalho

    eram objetivos de tais instituies.

    Com as inmeras acusaes ao SAM enquanto "escola do crime", a partir demeados de 1960 formula-se uma poltica nacional de atendimento e com ela a criao da

    Fundao Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM). A nvel federal e as FEBEMs

    (Fundaes Estaduais do Bem Estar do Menor) a nvel estadual, que tinham como base a

    "reeducao do menor, no pautada exclusivamente na internao, mas no apoio famlia e

    comunidade". (Alvin, 1988:09).

    partir da reviso do Cdigo de Menores, Millitto e Silva (1995) citam as

    categorias criadas em 1970, que implicariam na internao do menor. a) situao irregular;

    b) famlia desestruturada; c) criana abandonada sem famlia (burguesa); d) criana carente

    (quando a famlia no pode proteger); e) menor de conduta anti-social (famlia no pode

    controlar os excessos da criana); f) menor infrator (praticava aes que implicavam

    envolvimento seu e de terceiros); g) deficientes fsicos e mentais; h) menor "perambulante"

    ( sem ofcio, expulso da escola, fugitivo do lar).

    Os autores chamam ateno para o fato que essa categorizao, que era feita

    inicialmente por assistentes sociais e depois por equipe multidisciplinar da prpria

    Funabem, implicariam "necessariamente o enquadramento da pobreza".(Militto e Silva

    1995:121). O internamento ainda era visto como o meio propcio reeducao,

    reestruturao, ressocializao dessa infncia desassistida. (Militto e Silva, 1995). Na

    prtica de tais instituies no ocorreram mudanas significativas nas concepes da

    infncia pobre. Continuavam sendo objetos de reforma e marginalizao. Continuaram as

    denncias de maus tratos crianas e adolescentes em tais instituies.

    no contexto da Funabem que surge o termo "meninos e meninas de rua", um

    termo que vem do entendimento principalmente de ONGs, buscando um termo que venha

    substituir o menor - um termo busca entender o que a criana na rua a partir da

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    realidade deles e do prprio pas. O "Movimento Nacional de Meninos e Meninas de

    Rua" surge neste contexto. Nas instituies de atendimento um novo termo substitui o

    "menor": juventude ou infncia em "situao de risco". Se define jovens e crianas em

    situao de risco como aqueles segmentos populacionais cujas caractersticas de vida -trabalho e profissionalizao, sade, habitao, escolarizao, lazer - os colocam entre as

    fronteiras de legalidade e da ilegalidade, em situao de dependncia face s instituies de

    amparo assistencial e de interveno legal". (Adorno, 1993:103).

    O conceito de infncia que se consolida pelo discurso da psicologia, da pedagogia,

    da medicina como algo a ser lapidado, elaborado, construdo para ser um futuro adulto bem

    formado, tem conseqncias curiosas. A criana, este ser frgil, comea a ficar cada vez

    mais visado pelas instituies e passa a ter o privado como lugar ideal na sociedade.

    Passam a ser protegidas dos "perigos do mundo". Com isso, tornam-se cada vez mais

    evidente aquelas que no seguem esta moral, desafiando por estarem fora do seu lugar.

    Alm de viverem nas ruas das cidades, soltas, esto fora da escola. Esto numa situao

    duplamente ilegal. Crianas cuja prtica familiar tem a rua como locus de sociabilidade, so

    vistas como delinqentes, bandidos em potencial. E aquilo que poderia ser a sua incluso,

    j que tomam visibilidade social, paradoxalmente ser o que as colocar em situao mais

    uma vez excludente, pois sua visibilidade s se dar pelo mau que possam fazer

    sociedade. O conceito menor notoriamente uma desqualificao destas crianas e

    adolescentes colocando-as numa condio de menor valor (menos pessoa) que outras

    crianas e logo, tm um lugar prescrito perante o poder pblico e a prpria sociedade civil

    (que a olha nas praas e ruas com olhos desconfiados, cheios de medo). O mito de bandido

    formula o lugar para estes, igualando inmeros jovens e crianas cuja origem a da favela, amigrante, a de uma famlia, que por diversos motivos, no tem condies ou no tm a

    prtica de mant-lo na escola e na casa.

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    2.3 Entre o estatuto de menor e o de Criana e adolescente: novos sujeitos,

    mesmos culpados

    A partir do ECA, em 1990, o Estatuto avana na discusso sobre a discriminaoimposta pelo uso do termo menor, ao substituir a noo do "menor em situao irregular"

    pela de "sujeito de direitos (Rizzini, 1993). Como vimos, com a extino da roda dos

    expostos, e a criao das Funabens Fucabens, FEBens, a criana pobre passa do status de

    abandonado, "coitadinho", para o de infrator. Somente com o ECA, que avana na

    discusso sobre a discriminao imposta pelo termo menor, que a criana pobre

    elevada ao estatutode criana ou adolescente. consenso que o ECA trouxe grandes mudanas na concepo e no tratamento da

    infncia e da adolescncia, colocando todas as crianas sob o mesmo cdigo. A lei j no

    olha para a infncia pobre diferenciando-a da infncia classe mdia, mdia-alta e alta. Todas

    agora so pessoas portadoras de direitos (cidads), que necessitam de ateno, alimento,

    boa escola, atendimento na sade. A prtica de atendimento tambm saiu das mos

    exclusivamente do Estado e passou a ser dividida com diversas organizaes civis. Com a

    descentralizao do atendimento, que se d a partir da instaurao dos Conselhos

    Tutelares Municipais e o Conselho de Direitos, os programas esto diretamente ligados

    poltica municipal e uma srie de novas instituies nacionais, municipais, estaduais, vo

    surgir para acompanhar a mudana estatutria, mudana esta ocasionada pelo avano na

    discusso dos direitos humanos infantis na sociedade brasileira. O Movimento de Meninas

    e Meninos de Rua (MNMM) fundamental na discusso e implantao do ECA no pas.

    Neste perodo, novas questes surgem na arena de nominaes e tratamentos

    infncia. A criana deve ser prioridade absoluta de todas as aes municipais, tomando oeixo central na discusso dos direitos. Cria-se um sistema de garantia de direitos baseado

    na Conveno Internacional sobre o direito da criana. Como sujeitos de direito, precisam

    de desenvolvimento, sobrevivncia e proteo, que se traduz, na prtica, liberdade,

    dignidade, integridade fsica, psquica e moral, educao, sade, entre outros. A doutrina

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    que inspira a criao do ECA a "Doutrina de Proteo Integral", que tem como princpio

    que as crianas, alm de todos os direitos dos adultos, tem uma srie de direitos prprios,

    por estarem em desenvolvimento fsico e mental. Cabe a famlia, ao estado e Sociedade a

    obrigao da garantia destes direitos. O Ministrio Pblico vai ganhar um papel dedestaque na defesa da criana e do adolescente, cabendo a este decises anteriormente

    tomadas pelo Juizado de Menores.

    Com a "prioridade absoluta" e o ECA, h uma grande mudana na forma como

    diversos setores da sociedade civil vo lidar com a infncia e a adolescncia e junto, novos

    conflitos e paradoxos se instauram. Se por um lado os novos sujeitos se apresentam como

    portadores de direitos, por outro h uma divulgao de um conceito universal de infncia

    todos os setores da sociedade, que gera conflitos evidentes entre as prticas j institudas.

    O retorno recente no Brasil da discusso sobre a idade penal, que entra novamente em foco

    por causa do assassinato de dois adolescentes classe mdia por outro adolescente, mostra

    que o tema do novo sujeito de direitos polmico e de nenhum modo se encerra com o

    ECA. Pesquisas divulgadas pela mdia mostram um desacordo entre o estatuto e a opinio

    pblica sobre a idade em que o novo sujeito pode assumir por seus atos perante a lei

    penal6. Neste debate, o termo menor vm facilmente tona, apesar de todo o esforo feito

    partir do ECA em incluir no discurso sobre a infncia e adolescncia a palavra "sujeito de

    direitos". H uma pergunta que no cala: e os deveres deste sujeito? A pergunta que quase

    no vem tona a que indaga sobre as condies desiguais que crianas e adolescentes e

    suas famlias vivem e na forma como so tratados pelo sistema judicirio neste pas.

    Tampouco se pergunta sobre a eficcia da priso neste pas para a recuperao de um

    adolescente.

    Outro tema importante para pensar a mudana que o ECA institui na sociedadebrasileira o trabalho infantil. A penalizao do trabalho infantil mexe com a estrutura da

    6 A discusso centra-se basicamente em dois eixos: quem defende a reduo da idade penal -alegando que se um adolescente pode votar, dirigir com 16 anos, ele pode tambm assumir seusatos perante a lei. O outro eixo de quem defende manter a idade penal para 18 anos e aampliao da permanncia do adolescente na escola.

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    sociedade brasileira, visibilizando desde prticas de crceres privados e trabalho infantil

    escravo, at conflitos com grupos cuja prtica de trabalho familiar uma das heranas que

    se deixa ao filho, ou ainda em comunidades onde a escola no constitui nem possibilidades

    de melhoria de vida nem uma forma de sociabilidade da infncia e adolescncia.Voltamos aqui questo central deste texto: mostrar quando a visibilidade constri

    excluso. O exemplo do trabalho infantil revelador, mostrando contradies que o novo

    estatuto aponta: Numa Conferncia Estadual da Infncia e Adolescncia realizada em 1997

    em Florianpolis, diversos agentes sociais da rea da infncia (professores, sociedade civil,

    servidores pblicos) propunham novas alternativas para garantir os direitos da criana.

    Uma senhora professora, moradora de uma rea rural, sugere ento a adaptao da escola

    realidade dos agricultores e seus filhos, que tem trabalhos sazonais. Sua proposta que a

    escola funcione de forma diferenciada das demais evitando a reprovao de inmeras

    crianas e adolescentes que participavam da colheita ou do plantio com os pais.

    Imediatamente ela foi avisada que se fizesse isto, estaria contra a lei: trabalho infantil

    proibido. Diante dos olhos arregaladas daquela senhora, que como todos ali parecia

    preocupada tanto com o direito de todas as crianas do Brasil, quanto com a situao das

    crianas que ela prpria acompanhava na sua comunidade rural, podemos refletir sobre

    como o estatuto da criana e do adolescente tem a mesma perspectiva discutida por

    Dumont (2000) quando aborda o individualismo como valor. A supremacia do ECA sobre

    as diversas realidades do pas, aplicando a lei para diferentes realidades, parece fazer parte

    da continuidade de um projeto moderno, que entende o indivduo como valor acima de

    tudo, - ou seja, o indivduo o termo englobante - e a criana definitivamente ganha o

    estatuto de indivduo. Assim, perante a lei, a famlia desta criana e adolescente que ajuda

    na colheita ilegal, pois desrespeita os direitos individuais de seus filhos.A pergunta que fazemos quais os processos que este tipo de legislao acarreta

    nas diferentes dinmicas dos grupos sociais? Como determinadas prticas de organizao

    social (familiar ou comunitria) acabam sofrendo sanes quando se aplica a lei a todas as

    situaes, indiscriminadamente?

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    Para pensar este novo sujeito das sociedades complexas, se que h alguma que

    seja simples, o ECA, trazendo o estatuto de sujeito infncia, se apoia em uma noo de

    infncia homognea e essencialista, (como fizeram as feministas e outros movimentos em

    prol dos direitos humanos) colocando abaixo do mesmo estatuto todas as variaes deprticas e concepes dos primeiros anos da vida7, criando novas situaes de excluso e

    principalmente de penalizao.

    Assim, quero destacar o entrave nas lutas pelos direitos humanos lembrando o

    paradoxo instaurado na legislao que reconhece a infncia e adolescncia como sujeito de

    direitos. Parece que na institucionalizao da novos cdigos de conduta, a mesma lei que

    "liberta" a que informa o sujeito que ele explorado. A proibio do trabalho infantil

    vem surpreendendo inmeras pessoas que descobriram-se, tardiamente, como

    trabalhadores infantis, e seus pais tambm tem sido tardiamente criminalizados.

    O tratamento infncia no Brasil parece ter caminhado do Estado social de

    abandonado a um crescente Estado penal da criana e do adolescente (quando o v como

    menor), e da famlia (quando a v, sob quaisquer circunstancias como negligente).

    A inteno deste texto no desvalorizar os movimentos que buscam um pas

    mais igualitrio e livre. Seus valores so, muitas vezes, valores que eu compartilho. Mas o

    que pretendo visualizar algumas continuidades e descontinuidades, paradoxos, inverses,

    os jogos de verdade que se instauram nesta arena sobre a infncia. Encerro citando Simmel,

    lembrando sua sugesto de que no nos cabe acusar ou perdoar, mas refletir sobre novos

    contextos e novas prticas e as contradies do mundo moderno e suas lutas por direitos.

    "Uma vez que tais foras da vida que se estenderam para o interior das razes e para o

    cume do todo da vida histrica a que ns, em nossa efmera existncia, como uma clula,

    7 bastante surpreendente vermos por exemplo, que nos grupos associados tecnologiareprodutiva, o estatuto do indivduo seja dado j ao embrio, to bem abordado por Tania Salem(1997) e que em algumas comunidades do Nordeste Brasileiro, com alto ndice de mortal idadeinfantil, algumas prticas, como o batismo tardio, parecem demonstrar que a criana s recebeeste mesmo estatuto quando se tem certeza que "vingou" - ou seja, quando a faml ia tem certezaque no far parte das estatsticas da mortalidade. Antes disto no h nome e no h o mesmoapego ao beb como se manifesta nos modelos propagados como moralmente corretos.

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    s pertencemos como uma parte, no nos cabe acusar ou perdoar, seno compreender".

    (Simell, 1979:25).

    ***

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