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1 SUJEITOS E CULTURAS GOVERNADAS: O NEGRO E O CARNAVAL EM SANTA CRUZ DO SUL MOZART LINHARES DA SILVA Pós-doutor em Estudos Culturais e Educação pela UFRGS, Professor Adjunto do Programa de Pós-graduação em Educação e do Departamento de História e Geografia da Universidade de Santa Cruz do Sul. [email protected] CAMILA FRANCISCA DA ROSA Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação PPGEdu da Universidade de Santa Cruz do Sul. [email protected] 1. INTRODUÇÃO A região de Santa Cruz do Sul é reconhecida como constituída majoritariamente por uma população descendente de imigrantes germânicos. Contudo, as pesquisas apontam que, de fato, há na região um universo étnico mais complexo e plural em que se destaca a presença da comunidade negra. Estudos da última década dão conta das manifestações culturais bem como dos processos de invisibilidade e visibilidade da população negra junto à comunidade regional, apontando para processos de segregação e discriminação (Ver: SILVA, 2007 e SKOLAUDE, 2008). No presente artigo propomos problematizar as relações entre a população negra e o poder público em Santa Cruz do Sul, tomando como nexo analítico o Carnaval, festa popular e profundamente arraigada à produção cultural dos sujeitos negros na região. Para tanto, lançamos mão de algumas ferramentas conceituais do filósofo Michel Foucault na perspectiva da governamentalidade biopolítica, nomeadamente a partir das estratégias dos dispositivos de segurança. Considerando que o Carnaval em Santa Cruz do Sul é um dos eventos mais significativos de manifestação pública da comunidade negra, ao elegê-lo como ponto de análise amplificamos a possibilidade de entender como o poder púbico recorre a mecanismos de controle que buscam neutralizar os conflitos raciais/sociais da região bem como anular a ideia

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SUJEITOS E CULTURAS GOVERNADAS: O NEGRO E O CARNAVAL EM SANTA

CRUZ DO SUL

MOZART LINHARES DA SILVA

Pós-doutor em Estudos Culturais e Educação pela UFRGS, Professor Adjunto do Programa

de Pós-graduação em Educação e do Departamento de História e Geografia da Universidade

de Santa Cruz do Sul.

[email protected]

CAMILA FRANCISCA DA ROSA

Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação – PPGEdu da Universidade de Santa

Cruz do Sul.

[email protected]

1. INTRODUÇÃO

A região de Santa Cruz do Sul é reconhecida como constituída majoritariamente por

uma população descendente de imigrantes germânicos. Contudo, as pesquisas apontam que, de

fato, há na região um universo étnico mais complexo e plural em que se destaca a presença da

comunidade negra. Estudos da última década dão conta das manifestações culturais bem como

dos processos de invisibilidade e visibilidade da população negra junto à comunidade regional,

apontando para processos de segregação e discriminação (Ver: SILVA, 2007 e SKOLAUDE,

2008).

No presente artigo propomos problematizar as relações entre a população negra e o

poder público em Santa Cruz do Sul, tomando como nexo analítico o Carnaval, festa popular e

profundamente arraigada à produção cultural dos sujeitos negros na região. Para tanto,

lançamos mão de algumas ferramentas conceituais do filósofo Michel Foucault na perspectiva

da governamentalidade biopolítica, nomeadamente a partir das estratégias dos dispositivos de

segurança.

Considerando que o Carnaval em Santa Cruz do Sul é um dos eventos mais

significativos de manifestação pública da comunidade negra, ao elegê-lo como ponto de análise

amplificamos a possibilidade de entender como o poder púbico recorre a mecanismos de

controle que buscam neutralizar os conflitos raciais/sociais da região bem como anular a ideia

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de preconceito/racismo existente, criando uma postura multiculturalista calcada nas bases da

diversidade e tolerância. Neste sentido, ao mobilizar estratégias de segurança, o poder público

age não somente para promover relações implicadas na não-conflitualidade, mas também na

regulação dos sujeitos.

Para realizarmos as problematizações e análises que propomos, lançamos mão de

entrevistas semiestruturadas realizadas com os membros das Escolas de Samba do município,

bem como reportagens e matérias publicadas a partir dos anos 2000 no Jornal Gazeta do Sul,

periódico de maior referência no município e região. Estas entrevistas e reportagens são

consideradas como corpus discursivo a partir dos quais procuramos circunscrever os

enunciados que apontam para as estratégias de governamento dos sujeitos, no caso, sujeitos

negros, a partir de suas relações com o poder público.

2. ENTRE CARNAVAIS: SUJEITOS E CULTURAS REGULADAS

“Eu sempre dizia pra eles, não me interessa o que tu é, me interessa

que por 45, 55 minutos, tu é um artista na avenida” (Entrevistado 01).

A historiografia regional, nomeadamente uma historiografia com contornos

oficialescos, exerce papel importante na construção das narrativas identitárias que procuram

legitimar o papel dos pioneiros germânicos no processo de estruturação da sociedade de Santa

Cruz do Sul. Estas narrativas, comumente, tomam o momento da chegada dos imigrantes como

marco/tempo zero da civilização regional, produzindo a invisibilidade étnico-cultural da

população negra na região. O mito de origem calcado nas narrativas germânicas da comunidade

coloca a população negra santa-cruzense na condição de não-pertencimento identitário ou

ainda, como outsiders.

Logo, a produção cultural dos sujeitos negros – como é o caso do Carnaval – é

notoriamente secundária diante da “cultura alemã” e de sua maior festa, a Oktoberfest. No

município, a maior festa popular do Brasil não é reconhecida como cultura local, o que tensiona

as relações entre o poder público e a comunidade negra. A partir destes tensionamentos, a

pesquisa, cujos resultados apresentamos neste artigo, problematiza as estratégias de

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governamento das manifestações da comunidade negra por parte do poder público, tomando

como demarcação temporal os anos 2000. Nestes anos, desfilaram na “avenida” santa-cruzense

dez Escolas de Samba, entre elas: Sociedade Cultural Beneficente Escola de Samba Imperatriz

do Sol (Bairro Faxinal Velho), Sociedade Cultural e Recreativa Unidos de Santa Cruz (Bairro

Senai/Pedreira), Grêmio Recreativo e Beneficente Escola de Samba SER Esperança (Bairro

Senai), Sociedade Cultura’e Recreativa Mocidade Imperial (Bairro Harmonia), Sociedade

Recreativa, Cultural e Beneficente 13 de Maio (Bairro Bom Jesus), Império da Torrano (Bairro

Menino Deus), Sociedade Cultural e Beneficente União (a única escola da região central),

Império da Zona Norte (Bairros Universitário, COHAB, Várzea e Navegantes), Academia de

Samba Bom Jesus (Bairro Bom Jesus) e Imperadores do Ritmo (Bairro Universitário). Vale

frisar que ambas estão constituídas majoritariamente nas regiões periféricas do município1 –

locais em que predominam as comunidades negras, já que a área central tende a preservar a

imagem germânica constituída a partir de suas narrativas.

Fica evidente, como veremos, que o Carnaval, para além de um evento festivo da

comunidade negra local, é uma importante estratégia de resistência – de se ‘fazer ouvir’ e

conquistar espaços mais amplos de visibilidade social e identitária. Não é sem sentido que os

sambas enredos, por vezes, destinaram-se a cantar a cultura, personalidades e a História negras.

Por exemplo: em 2002, a Escola 13 de Maio apresentou o enredo “De príncipe a escravo, de

um povo para um povo” e a Escola Império da Torrano apresentou o samba-enredo intitulado

“Dom Gílio, o 1º Bispo Negro”, uma homenagem ao Bispo que, enquanto padre negro e

residente no município, fortaleceu a comunidade negra através de grupos de promoção racial.

Ainda em 2002, a Agremiação Mocidade Imperial passa na avenida entoando o samba “Negro,

Cultura e Arte”. “Exaltação da Raça Negra” foi o samba-enredo da Escola Bom Jesus, em

2004. Já em 2009, a Agremiação Unidos de Santa Cruz, exalta a comunidade negra e o evento

1 Historicamente é importante salientar que as primeiras escolas de Samba também constituíram-se nos subúrbios

do Rio de Janeiro, pelos idos da década de 20, formadas, em suas maiorias, por afro-brasileiros. O Carnaval de

uma elite branca passava a conviver com um Carnaval mais popular e, sobretudo, com maior participação negra:

“Ao Carnaval burguês vinha juntar-se um outro Carnaval, cujos participantes eram, em sua maioria, afro-

brasileiros. As novas associações eram compostas pela fusão de pequenos vizinhos - vendedores ambulantes,

engraxates, trabalhadores ocasionais de diversos tipos; havia alguns brancos, porém os de cor escura eram

dominantes. Outras associações similares não tardaram em se formar. Os jornais da época incentivaram largamente

tais grupos, mostrando-os como participantes legítimos do Carnaval, chamando a atenção para o seu “exotismo”

que, no entanto, era também rotulado de “nacional” (QUEIROZ, 1992, p. 94).

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de maior representatividade, o próprio Carnaval, “Carnaval, a Magia do Samba”. Ou seja, o

Carnaval confere para essa comunidade modos de autorrepresentação e de consciência racial.

Assim, se concebemos o Carnaval como movimento de resistência da comunidade negra

temos de entender também as estratégias organizadas para governar esses sujeitos – ou seja,

como o poder público produz modos de regulação e controle dentro desses campos de lutas

identitárias. Uma vez que, como coloca Foucault, suscitada a possibilidade de resistência aquele

que domina tenta se manter com mais força, ou seja, criando um ciclo constante de relações de

poder e de jogos de forças – “a cada instante, se vai da rebelião à dominação, da dominação à

rebelião” (FOUCAULT, 2012, p. 227).

2.1 Quando nem sempre dá samba

Em função das narrativas identitáriás de cunho germânico que se perpetuam na

sociedade santa-cruzense não contemplarem a presença étnica dos negros, criou-se, nesta

mesma direção, estratégias para regular a realização de eventos em torno deste grupo, como é

o caso do Carnaval. Por exemplo, a partir do ano 2000 o evento passará a ocorrer em um espaço

fechado e limitado – o chamado Parque da Oktoberfest (local que abriga o grande evento

municipal de tradição alemã – a Oktoberfest). Assim, a festa que historicamente ocupa as ruas

estará reservada a um local controlado e limitado.

Essa transposição de lugares pode ser pensada a partir da metáfora A Casa e a Rua, do

antropólogo Roberto Da Matta. Em que a rua é o espaço do público, da liberdade, já a casa – o

espaço do limitado – “ao passo que casa remete a um universo controlado” (1980, p. 70). Tão

logo, o Carnaval santa-cruzense se manteve durante a década de 2000 (com exceção do ano de

2005) no espaço do privado, daquilo que pode ser controlado, desta forma, cabe entender que,

se caso o Carnaval estivesse no espaço da rua, isso significaria um grupo – negros – ocupando

um local que não lhe é comum – o centro de uma cidade identitariamente constituída sob o

germanismo. Para tanto, esse é um evento que rompe com a normalidade estabelecida e, assim,

precisa ser vigiado, controlado e, como uma das estratégias possíveis, transposto a um local

limitado.

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Há, portanto, implicada nesta relação entre comunidade negra e poder público uma

racionalidade calcada no dispositivo de segurança, isto é, em estratégias de prevenção,

gerenciamento de riscos, crises e vulnerabilidades sociais (FOUCAULT, 2008), neste caso, em

torno das tensões raciais.

A partir do ano de 2008, os desfiles de Carnaval no município passam a ocorrer fora da

data oficial do calendário brasileiro. O atraso é justificado pelo poder público como modo de

atrair a participação da região no evento, visto que as festividades em outros municípios já

teriam sido finalizadas. No entanto, diversas reportagens no jornal local tratam do atraso do

repasse financeiro da poder público municipal às entidades carnavalescas justamente no período

em que estas entidades precisariam estar se organizando para os desfiles.

“O repasse da verba solicitada à administração municipal ocorreu mais tarde do que

o esperado, deixando pouco tempo para a preparação das escolas de samba”

(GAZETA DO SUL, 01.02.2008, ano 64, nº 06, Caderno Especial, p. 01).

“Há muita coisa para ser feita. Tivemos a liberação do dinheiro no mês passado e

agora precisamos encontrar a melhor maneira de investir”, salientou na reportagem

um dos dirigentes da Associação das Entidades Carnavalescas (GAZETA DO SUL,

10.02.2009, ano 65, nº 14, p. 05).

A questão financeira, quando comparada aos investimentos no evento carro-chefe do

município, a Oktoberfest, também é apontada por aqueles que produzem o Carnaval local: “eles

gastam 110 mil em dez carros alegóricos pra Oktoberfest e eles querem dar 110 mil reais pro

Carnaval, pra gente poder vestir mil pessoas, pagar mão de obra, fazer em torno de uns 12 carros

alegóricos, então, olha a disparidade da coisa” (ENTREVISTADO nº 06). Ou ainda:

Eu fui chamado atenção de uma coordenação, porque no ano passado nós gastamos

três mil reais pra vestir a corte do carnaval, aí eu digo assim, vocês tão reclamando de

um gasto de 3 mil reais pra fazer quatro fantasias, enquanto que, outras cortes, uma

gasta três mil reais, é veludo batido, viajam o Brasil inteiro, é hotel cinco estrelas,

agora, três mil reais pra fazer quatro fantasias e estamos gastando muito, então vocês

querem ver nossa corte de trapo. (ENTREVISTADO Nº 03).

Essa tendência à desvalorização de tal produção cultural pode ser compreendida, pelo

que aponta Woodward (2000, p.14), ao fato de que “a identidade está vinculada também a

condições sociais e materiais. Se um grupo é simbolicamente marcado como o inimigo ou como

tabu, isso terá efeitos reais porque o grupo será socialmente excluído e terá desvantagens

materiais”.

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Como mencionado acima, no ano de 2005 os desfiles carnavalescos foram realizados

nas ruas centrais da cidade. Posteriormente, o Jornal Gazeta do Sul estampa a imagem

(FIGURA 1) do então prefeito, na manhã pós-desfile, juntamente com alguns membros de sua

administração, varrendo a rua “suja” após a passagem das Escolas de Samba.

Figura 1:

Fonte: Jornal Gazeta do Sul, 07.02.2005, ano 61, nº 11, p. 02.

Esta imagem, produzida pelo poder público, pode ser problematizada de acordo com o

ideal de limpeza e pureza que a cidade busca exaltar. Nesse caso, entendendo esta “limpeza”,

segundo Bauman (1998, p.15), a partir de uma visão de ordem2, em que a prioridade é manter

intocável o que é tido como natural e onde, o contrário disso, a sujeira, acarretaria na

“fragilidade da ordem”. Isto é, “o oposto da ‘pureza’ – o sujo, o imundo, os ‘agentes poluidores’

– são as coisas ‘fora do lugar’” (BAUMAN, 1998, p. 14). Entenda-se o Carnaval, ocupando as

ruas centrais da cidade, como um fato fora do padrão de pureza estabelecido e capaz de

comprometer a ordem fixada na sociedade santa-cruzense.

2 A pureza é uma visão das coisas colocadas em lugares diferentes do que elas ocupariam, se não fossem levadas

a se mudar para outro, impulsionadas, arrastadas ou incitadas; e é uma visão da ordem (BAUMAN, 1998, p. 14).

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O tópico da manutenção da “limpeza” é abordado durante a Entrevista de nº 02, onde a

pessoa ressalta isto como um motivo para colocar os desfiles dentro do parque: “Santa Cruz do

Sul é higienista, ela pensa que, as pessoas livres são perigosas, então, tudo que é livre é perigoso,

o Carnaval é perigoso, nós temos que controlar ele”. Nesse sentido, é válido ressaltar que, os

dispositivos de segurança não são postos a partir dos binarismos do permitido e do proibido,

mas sim, para “estabelecer os limites do aceitável, além dos quais a coisa não deve ir”

(FOUCAULT, 2008, p. 9). À vista disso, não interessa ao poder público municipal proibir a

realização dos eventos carnavalescos no município e criar condições de tensão racial. No

entanto, cabe a regulação destes sujeitos, via Carnaval – seja pelo espaço limitado e fechado ou

mesmo pelas condições de hierarquia cultural estabelecidas, em que o Carnaval se caracteriza

pela sua ordem de não pertencimento identitário.

2.2 Uma festa a tolerar, um grupo a regular

Uma das características do Carnaval, enquanto expressão da cultura popular, é a diluição

das relações sociais. Roberto Da Matta (1980) frisa que este período festivo representa uma

inversão na estrutura social e a ligação dos negros com a música e com a dança lhes conferem

uma superioridade quando se trata de produzir tal festividade. Esse elo entre negritude e

Carnaval está presente na fala de sujeitos envolvidos nas agremiações santa-cruzenses:

E o Carnaval é essa união dos povos, carnaval é isso, Carnaval pra mim é o encontro

de gente, de pessoas, é a hora que tu deixa de ser o engenheiro, o médico e tu ta aqui

tocando tamborim, formado lá em medicina e aqui do lado ta o gari, mas daí tu é igual,

tu não é o médico e nem o gari, tu é um ser humano só, carnaval tem essa força,

entende. (ENTREVISTADO nº 03).

Como frisamos acima, as agremiações carnavalescas estão localizadas nas áreas de

periferia do município, espaço que em suma reúne a população negra. Com tal característica já

entendemos que o Carnaval produzido nestes locais não compartilha das narrativas fundadoras

da identidade germânica. O Carnaval deve ser, desta forma, problematizado a partir da

armadilha dos enunciados da diversidade e da tolerância. Armadilhas, visto que estão envoltos

no discurso do politicamente correto, mas, no entanto, constituem a ideia de identidades fixas

e essencializadas.

Esse apontamento fundamenta-se, por exemplo, no trecho que segue:

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Falta Mistura I – Os desfiles de Carnaval em Santa Cruz, além de evidenciar o esforço

daqueles que gostam e acreditam nesse tipo de espetáculo, também é revelador sobre

quem são os santa-cruzenses. Milhares de pessoas que participam ou assistem aos

desfiles são negras ou mulatas. Reconhecida como uma cidade germânica, a Santinha

também tem parte expressiva de sua população formada por descendentes de

portugueses, espanhóis e africanos, aquele grupo que se costuma denominar

“brasileiro”. Falta Mistura II – Os esforços da Assemp para profissionalizar e

qualificar o Carnaval local já pôde ser sentido na primeira apresentação. A próxima

deverá ser no sábado e o resultado deve sair na quarta-feira. A Assemp tem muito pela

frente. Mas, sem dúvida, um dos maiores desafios é juntar estes dois lados da

comunidade formando, pelo menos durante esses quatro dias, um grupo só. Em outros

municípios da região, pretos, brancos, mulatos e outras cores quaisquer desfilam lado

a lado. Em Santa Cruz, excetuando-se casos pinçados lá e acolá, a maioria ainda

permanece em casa, vendo Carnaval pela TV. Quer dizer, gostam de Carnaval, mas

não aqui! Falta Mistura III – Ninguém pode ser obrigado, é claro, a admirar um

espetáculo ainda pequeno como o de Santa Cruz. É preciso levar em conta também

que o espírito germânico é menos afeito a explosões de alegria, manifestações

públicas de entusiasmo. Mas quem curte o embalo de um pandeiro, o som da cuíca e

por aí vai, teria participação garantida nas escolas locais. E seria um bom começo

(JORNAL GAZETA DO SUL, 09/03/2000, Ano 56, n. 37, p.02).

Desta publicação no Jornal Gazeta do Sul é possível extrair diversos pontos de análise

no que diz respeito às relações étnico-raciais estabelecidas. “Mostrar quem são os santa-

cruzenses”, essas palavras reafirmam a ideia de que Santa Cruz do Sul projeta uma imagem

muito amparada pelo seu centro urbano, onde prevalecem os descendentes de imigrantes

alemães e deixa invisibilizado/oculto nas periferias aqueles que não representam as

características étnicas propagadas pelo germanismo3. Deste modo, o Carnaval é o momento em

que essa Santa Cruz invisível ganha cor e forma nas ruas centrais da cidade.

Quando indagados sobre essa ocupação de locais públicos há por parte dos entrevistados

a constatação da diferença dos espaços habituais.

Além de, ser uma festa popular brasileira, que a maioria é negros que fazem, desde o

mestre-sala a porta-bandeira, todo mundo lá, a maioria do público é negro, quem

participa né, e é o pessoal dos bairros que vem pro centro, então, eu acho que é essa

coisa ainda que ta em Santa Cruz que ta meio resistente. Essa coisa ainda, da imagem4

(ENTREVISTADO nº 06).

A isso, Silva (2007, p. 95) chama a atenção, que “o ideal de pureza, de ordem, de

pertencimento étnico, de desconfiança em relação a tudo que vem de fora, (os forasteiros)

3 Ainda sobre a ocupação de lugares, vejamos: “a ordem social é mantida por meio de oposições binárias, tais

como a divisão entre ‘locais’ (insiders) e forasteiros (outsiders). A produção de categorias pelas quais os indivíduos

que transgridem são relegados ao status de ‘forasteiros’, de acordo com o sistema social vigente, garante um certo

controle social” (WOODWARD, 2000, p. 46). 4 Essa imagem a que se refere o Entrevistado, diz respeito, a construção da narrativa identitária germânica que se

perpetuou na sociedade santa-cruzense.

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tornaram-se elementos importantes de controle, normalização e estigmatização”. O evento

associado a identidade étnica negra precisa, então, a partir de uma ordem multicultural,

acontecer e ser tolerado, mas, no entanto, regulado através da dimensão com que recebe apoio

e pelos locais que ocupa, ou seja, por estratégias que não permitam desmobilizar as linhas

identitárias de normalidade estabelecidas com base no germanismo.

O texto do Jornal ainda vê como um desafio unir os dois grupos – brancos e negros – ou

seja, há posto na sociedade santa-cruzense os conceitos binários do “nós” e os “outros”. Nos

quais, segundo Woodward (2000), as diferenças são construídas negativamente, através da

exclusão ou marginalização do outro. Esta distinção é, de acordo com Bauman:

O ‘nós’ feito de inclusão, aceitação e confirmação é o domínio da segurança gratificante,

desligada (embora poucas vezes do modo tão seguro como se desejaria) do apavorante

deserto de um lá fora habitado por ‘eles’ – os estranhos, os adversários, os outros hostis,

construídos simultaneamente ao ‘nós’, no processo de auto-afirmação (BAUMAN, 2012,

p. 47).

A lógica da exclusão, provocada nessa relação, projeta o ideário de identidades fixas –

pois, se você é o “nós”, não pode ser o “outro”, e vice-versa. O que também suscita relações de

conflito, seja de gênero, raciais ou mesmo de classe: “essa demarcação de fronteiras, essa

separação e distinção, supõem e, ao mesmo tempo, afirmam e reafirmam relações de poder”

(SILVA, 2000, p. 82), definem identidades hegemônicas e marcam quem poderá ficar dentro e

quem deverá estar fora, marcando os estabelecidos e os outsiders, tomando a expressão de Elias

e Scotson. “Assim, a exclusão e a estigmatização dos outsiders pelo grupo estabelecido eram

armas poderosas para que este último preservasse sua identidade e afirmasse sua superioridade,

mantendo os outros firmemente em seu lugar” (ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 22).

Assim, o fato de o Carnaval causar tamanho diferencialismo na sociedade santa-

cruzense pode ser encontrado no espaço do periódico reservado para os leitores exporem suas

opiniões, onde é publicada a carta de um cidadão, o qual questiona o uso do dinheiro público

destinado ao Carnaval e não a um time local de basquete:

Gostaria de utilizar esse espaço para fazer uma colocação. Como a Prefeitura

conseguiu destinar mais R$ 100 mil para o Carnaval de Santa Cruz do Sul, um evento

que ocorre apenas uma vez no ano, e não tem a capacidade de honrar um compromisso

assumido diante da população em campanha política, de trazer de volta à cidade a

alegria de torcer para um time que tem nome, história e já foi motivo de muito orgulho

para a população de Santa Cruz? (JORNAL GAZETA DO SUL, 21 e 22/01/2006,

Ano 61, nº 309, p. 4).

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Nesta opinião, é notório que o autor de tal texto, não vê na festa, um evento de nome e

história dentro da comunidade santa-cruzense, muito menos algo que promova o orgulho dos

munícipes e mereça receber os recursos públicos para sua realização. Essa, pode-se dizer,

‘estranheza’ causada pelo Carnaval está imbricada em processos de subjetivação relacionados

à questão do pertencer. Como aponta D’Adesky (2001, p.41):

Sob esse ângulo, R. Ledrut observa que a identificação social do indivíduo está ligada

ao sentimento de pertencimento, que é um fator de identidade coletiva. Segundo ele,

a identificação social é um conjunto de processos pelos quais um indivíduo se define

socialmente, isto é, se reconhece como membro de um grupo e se reconhece nesse

grupo.

Desta forma, os santa-cruzenses não se veem como seres atuantes na festividade, ou

seja, não há o sentimento de pertença identitária e de autorepresentação quando se trata do

Carnaval. Por outro lado, as reivindicações dos carnavalescos são para que se consiga dar ao

Carnaval o mesmo respaldo, principalmente por parte do poder público, que já recebem outras

festividades, como salienta o Entrevistado nº 05:

Porque a gente vê assim, o Carnaval sempre é visto como algo secundário, sem

grandes importâncias, tu pode perceber que dois meses antes o carnavalesco, as

escolas, nem sabem os recursos que vão ter pra poder investir, então, como que vai

fazer algo de qualidade se não tem o orçamento, a Secretaria de Cultura que deveria

prestar toda essa política cultural, não faz né, porque o carnaval, a cultura aqui se

resume na Otober e, agora, o Enart.

Esse ‘estrangeirismo’ que caracteriza o Carnaval produzido na região de Santa Cruz do

Sul é salientado em constantes reportagens destinadas a divulgar o evento. Há uma recorrente

necessidade de relacionar a festividade símbolo da brasilidade com a festividade carro-chefe do

município ou com a cultura germânica, em contraponto ao que ocorre em todo o país em que

se destina os primeiros meses do ano às celebrações carnavalescas. Por exemplo,

A população de Santa Cruz do Sul, que nos últimos tempos estava acostumada com

as bandinhas e os grupos de danças típicas alemãs no centro da cidade, foi

surpreendida, sábado pela manhã, com muito samba, passistas e porta-bandeiras na

Praça Getúlio Vargas (JORNAL GAZETA DO SUL, 24/01/2000, Ano 55, nº 301).

Ou ainda: “o Parque da Oktoberfest esteve lotado na noite de sábado. Mas a festa da

alegria desta vez foi outra” (JORNAL GAZETA DO SUL, 23/02/2004, Ano 60, nº 25, p. 05)

e, também, “no lugar das tradicionais bandinhas, o Parque da Oktoberfest vai dar lugar ao

samba entre os dias 25 e 26, quando ocorrem os desfiles do Santafolia” (JORNAL GAZETA

DO SUL, 08/02/2006, Ano 62, nº 12, p. 03). Essas marcações identitárias estão diretamente

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relacionadas a hierarquização e o estabelecimento da identidade normal, padrão, aquela que é

“natural, desejável” (SILVA, 2000). Não sem sentido, que o espaço midiático regional

(re)produza esses modos de normalização e as condições de possibilidade para desestabilizar

as identidades eleitas como ‘ameaças’ à ordem no que se refere as questões étnico-raciais.

Este contexto é constituído sobre a égide da diversidade multicultural, em que cada

sujeito deve estar posicionado em identidades essencializadas, mas necessariamente assumindo

uma posição de respeito e tolerância ao outro. Tanto que, na próxima entrevista é notório que

quando se trata da relação Carnaval e poder público as dificuldades são calcadas sobre um linha

de inclusão-exclusão, quase imperceptível: “mas só que esse casamento ta difícil de acontecer,

é uma coisa bem complicada, há uma resistência, isso aí como tu já percebeu, há uma resistência

e é uma resistência muito, assim, ela é bem sutil” (Entrevistado nº 06). Essa sutileza, a que se

refere o entrevistado, potencializada historicamente pela democracia racial que constitui as

relações brasileiras, é também efeito do enunciado da tolerância com o outro.

O discurso que prima pela tolerância dilui modos de enfrentamentos identitários, não

permite questionamentos e age em prol do bem estar social – quer dizer, é um discurso cômodo

para o Estado e, no caso, poder público municipal. É, ao mesmo tempo, um discurso que dá as

condições de possibilidade à classificação e à hierarquização entre “nós” e os “outros”, de forma

que estes estejam imbricados numa ordem de normalidade. Aliás, a celebração da diversidade

brasileira, atinente ao contexto desta pesquisa, coloca-se enquanto estratégia de governamento,

pois desde a construção discursiva da chamada democracia racial, constituída principalamente

no governo getulista – quer dizer, uma lógica do não-racismo – produziu-se uma seguridade

das relações. Baseada no equilíbrio de antagonismos (para tomar a expressão de Gilberto

Freyre, 2006), “fazendo os elementos da realidade atuarem uns em relação aos outros”

(FOUCAULT, 2008, p. 62), a democracia racial fez, ainda, com que as diferenças raciais

fossem anuladas em prol da celebração da diversidade e da regulação de uma suposta “paz”

social. Ao anular o racismo anulava-se a possibilidade da existência racial na perspectiva da

diferença (ou seja, na perspectiva que problematiza as relações de poder que nos afetam, VER:

THOMA, 2004, p. 1).

A tolerância é, portanto, estratégica ao manter seguras as relações sobre o manto da

diversidade. Tolera-se a partir de uma lógica in/exclusiva, ou seja, um discurso de que todo

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devem ser incluídos, mas em gradientes diferentes, como no caso que este artigo trouxe, em

que o Carnaval ocorre, é presente no calendário festivo municipal, mas, no entanto, com menor

divulgação, com atraso, sem o aporte financeiro por parte do poder público, com estrutura

debilitada e em espaços que não lhe são tradicionais é, tão logo, também excluído.

É com a sutileza, referida acima, que essa linha entre inclusão e exclusão é tênue e que

a população negra, por meio de uma manifestação cultural, é governada e regulada e o corpo-

espécie da população imbricado em relações multiculturais de tolerância com o outro – este

outro que “coloca permanentemente em xeque” (SILVA, 2000, p.97) as identidades. A

condução do Carnaval pelo poder público, através das estratégias que vimos aqui, está

relacionada a um modo de governamento biopolítico, que através do dispositivo de segurança,

sustenta a ideia de não conflituidade étnico-racial, de inexistência do racismo por cor. O

Carnaval, que potencializa a presença da comunidade negra em contraste as narrativas de cunho

germânico prevalecentes em Santa Cruz do Sul, é desmobilizado pelo poder público a fim de

manter intactas as estruturas identitárias hierarquicamente construídas. Desta forma, os

dispostivos de segurança pela perspectiva da diversidade sucumbem às problematizações que

emergeriam caso as questões raciais fossem sustentadas pela perspectiva da diferença.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas palavras do sociólogo Zygmunt Bauman:

Todas as sociedades produzem estranhos. Mas cada espécie de sociedade produz de

sua própria espécie de estranhos e os produz de sua própria maneira, inimitável. Se os

estranhos são as pessoas que não se encaixam no mapa cognitivo, moral ou estético

do mundo – num desses mapas, em dois ou em todos três; se eles, portanto, por sua

simples presença, deixam turvo o que deve ser transparente [...] se, em outras palavras,

eles obscurecem e tornam tênues as linhas de fronteira que devem ser claramente

vistas; se, tendo feito tudo isso, geram a incerteza, que por sua vez dá origem ao mal-

estar de se sentir perdido – então cada sociedade produz estranhos (BAUMAN, 1998,

p. 27).

Ou seja, toda sociedade estabelece narrativas identitárias autorepresentativas. Em

compensação, institui mecanismos de diferenciação perante a outro, criando, como escreveu

Bauman, os estranhos. Em Santa Cruz do Sul, o mito germânico estabelecido no município fez

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das demais etnias, o que pode ser considerado, o “estranho no ninho”, inclusive e,

principalmente, a população negra.

Assim, regular as diferenças que formam uma mesma sociedade implica, por meio de

adoção das políticas multiculturais, em um governamento que age na globalidade, no corpo-

espécie da população – isto quer dizer, uma racionalidade biopolítica de governo, que distingue,

seleciona e hierarquiza. O Carnaval, expoente máximo da cultura negra santa-cruzense, é visto

como uma ferramenta para estabelecer, acima de tudo, um diferencialismo étnico.

O Carnaval em Santa Cruz do Sul está limitado a uma cultura de não-pertencimento,

sendo assimilado de “fora” para “dentro”. Nota-se, pela transposição do Carnaval para o parque

da Oktoberfest, sob a justificativa da qualidade de infraestrutura (mesmo não apresentando

relevantes mudanças), o que nos revela um aprisionamento/isolamento daquilo que não se faz

questão de propagar. Os atrasos na, já pequena, verba para as Agremiações, levando a

desestabilidade e, por vezes, ao atraso dos desfiles. Enfim, a qualidade inferior de recursos,

infraestrutura, organização e apoio do poder público e privado, recorreram nas comparações

que apontaram uma elevada disparidade entre o maior evento municipal, a Oktoberfest, e a

maior festa brasileira, o Carnaval, que coexistem numa mesma cidade.

Os negros residentes em Santa Cruz do Sul apropriam-se do Carnaval como modo de

expressão cultural. Através dele, estratégias para ganhar visibilidade. Assim, desestabilizar ou

investir no Carnaval implica numa relação direta com a cultura negra e sua comunidade.

Estigmatizar o Carnaval como um evento secundário, significa, também, uma forma de controle

do grupo que o produz.

4. REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

______. Ensaios sobre o conceito de cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

D’ADESKY, Jacques. Pluralismo Étnico e Multiculturalismo: racismos e anti-racismos no

Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2001.

ELIAS, Norbert; SCOTSON, John L. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações

de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

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FOUCAULT, Michel. Segurança, Território e População. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

_____. Ditos & Escritos IV: estratégia poder-saber. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da

economia patriarcal. 51. ed., São Paulo: Global, 2006.

MATTA, Roberto Da. Carnavais Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema

brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

QUEIROZ, Maria I. P. Carnaval Brasileiro: o vivido e o mito. São Paulo: Brasiliense, 1992.

SKOLAUDE, Mateus. Identidades rasuradas: o caso da comunidade afro-descendente de

Santa Cruz do Sul (1970-2000). Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008.

SILVA, Mozart Linhares da. Educação, etnicidade e preconceito no Brasil. Santa Cruz do Sul:

EDUNISC, 2007.

SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: (org.) SILVA,

Tomaz Tadeu. Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes,

2000.

THOMA, Adriana. Sobre a proposta de Educação Inclusiva: notas para ampliar o debate.

Revista Educação Especial, v. 23, 2004.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e cultural. In: SILVA,

Tomaz Tadeu (Org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis,

RJ: Vozes, 2000.

4.1 Fontes Primárias

GAZETA DO SUL, 24/01/2000, Ano 55, nº 301

GAZETA DO SUL, 09/03/2000, Ano 56, n. 37, p.02

GAZETA DO SUL, 23/02/2004, Ano 60, nº 25, p. 05

GAZETA DO SUL, 07.02.2005, ano 61, nº 11, p. 02.

GAZETA DO SUL, 08/02/2006, Ano 62, nº 12, p. 03

GAZETA DO SUL, 21 e 22/01/2006, Ano 61, nº 309, p. 4.

GAZETA DO SUL, 01.02.2008, ano 64, nº 06, Caderno Especial, p. 01.

GAZETA DO SUL, 10.02.2009, ano 65, nº 14, p. 05.

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4.2 Entrevistas

Entrevistado 01

Entrevistado 02

Entrevistado 03

Entrevistado 05

Entrevistado 06