30
outubro ’06 Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 666 E-Mail: [email protected] http//:www.sprc.pt Ficha Técnica Região Centro Informação Registo de Propriedade n.º 217964 Propriedade do Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço de Almeida Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Director — Mário Nogueira Chefe de Redacção — Luís Lobo Conselho de Redacção: Francisco Almeida, Graça Cardoso, Luís d’Almeida, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor Januário Grafismo e Ilustração — Tiago Madeira Composição e Paginação — SPRC Periodicidade — Mensal Tiragem — 15500 exemplares Impressão — Sociedade Tipográfica, SA Estrada Nacional nº 10, km 108,3 Porto Alto - 2135-114 Samora Correia Embalagem e Expedição — Almeida Pereira - Embaladora, Lda Centro Operador de Marketing Redacção e Administração — Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Fotografias — Arquivo SPRC, Cadernos Pedagógicos — Coordenação de Margarida Fonseca Registo de Publicação n.º 117965 Depósito Legal n.º 228/84 EXECUTIVOS DISTRITAIS Aveiro Rua de Angola, 42 - B Urbanização Forca Vouga • 3800-008 Aveiro Telef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165 E-Mail: [email protected] Castelo Branco R. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º 6200-118 Covilhã Telef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018 E-Mail: [email protected] Coimbra Praça da República, 28 — 1.º Apartado 1020 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668 E-Mail: [email protected] Guarda Rua Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300 Guarda Telef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041 E-Mail: [email protected] Leiria R. dos Mártires, 26 — r/c Drtº Apartado 1074 2400-186 Leiria Telef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126 E-Mail: [email protected] Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: [email protected] DELEGAÇÕES Castelo Branco R. Pedro Fonseca, 10 — L 6000-257 Castelo Branco Telef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077 E-mail: [email protected] Figueira da Foz R. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º 3080-084 Figueira da Foz Telef.: 233 424 005 Douro Sul Av. 5 de Outubro, 75 — 1.º Apartado 42 5100-065 Lamego Telef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457 E-mail: [email protected] Seia Lg. Marques da Silva Edifício Camelo, 2.º Esquerdo 6270-490 Seia Telef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498 Editorial O Compromisso Liberal pág. 5 Um Oceano de Coragem e Determinação SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 Sindicato dos Professores da Região Centro Se formos firmes, se estivermos determinados, se nos mantivermos unidos e se lutarmos, melhores serão as condições para os obrigarmos a ceder. E vão ter de ceder, tenho nisso uma grande confiança, porque a nossa acção e a nossa luta, neste momento, são já imparáveis. págs. 16 e 17 5 de Outubro Em destaque Proposta do M.E. é um embuste! A proposta do ME analisada pelo Coordenador do grupo negociador da FENPROF a partir da avaliação do desempenho págs. 6 e 7 Concursos e colocações Mais instabilidade docente e mais desemprego págs. 8 e 9 Ensino Especial Governo desinveste na educação dos alunos com NEE? pág. 11 Estudo A última proposta do governo para a segurança social é ainda pior para os trabalhadores e reformados do que a primeira págs. 13, 14 e 15 Actividade Distrital - Guarda Um distrito desgovernado num país à deriva pág. 19 Actividade Distrital - Aveiro Privatização da rede do 1.ºCiclo e Pré-Escolar é inconstitucional pág. 20 Opinião Equívocos na implementação de Bolonha pág. 25 Jornais Escolares pág. 28 Divulgação Cultural Música, Cinema Teatro… págs. 29, 30 e 31

SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: [email protected] DELEGAÇÕES

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

Sindicato dos Professores da RegiãoCentroRua Lourenço Almeida de Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660FAX: 239 851 666E-Mail: [email protected]//:www.sprc.ptFicha TécnicaRegião Centro InformaçãoRegisto de Propriedade n.º 217964Propriedade doSindicato dos Professores da RegiãoCentroRua Lourenço de Almeida Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraDirector — Mário NogueiraChefe de Redacção — Luís LoboConselho de Redacção:Francisco Almeida, Graça Cardoso, Luísd’Almeida, Nelson Delgado, Paulo Santos,Vitor JanuárioGrafismo e Ilustração — Tiago MadeiraComposição e Paginação — SPRCPeriodicidade — MensalTiragem — 15500 exemplaresImpressão — Sociedade Tipográfica, SAEstrada Nacional nº 10, km 108,3Porto Alto - 2135-114 Samora CorreiaEmbalagem e Expedição — AlmeidaPereira - Embaladora, LdaCentro Operador de MarketingRedacção e Administração — RuaLourenço Almeida de Azevedo, 21Fotografias — Arquivo SPRC,Cadernos Pedagógicos — Coordenaçãode Margarida FonsecaRegisto de Publicação n.º 117965Depósito Legal n.º 228/84

EXECUTIVOS DISTRITAISAveiroRua de Angola, 42 - BUrbanização Forca Vouga • 3800-008AveiroTelef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165E-Mail: [email protected] BrancoR. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º6200-118 CovilhãTelef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018E-Mail: [email protected]ça da República, 28 — 1.ºApartado 10203001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668E-Mail: [email protected] Vasco da Gama, 12 — 2.º6300 GuardaTelef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041E-Mail: [email protected]. dos Mártires, 26 — r/c DrtºApartado 10742400-186 LeiriaTelef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126E-Mail: [email protected] Alberto Sampaio, 39 — 1.ºApartado 22143510-030 ViseuTelef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138E-Mail: [email protected]

DELEGAÇÕESCastelo BrancoR. Pedro Fonseca, 10 — L6000-257 Castelo BrancoTelef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077E-mail: [email protected] da FozR. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º3080-084 Figueira da FozTelef.: 233 424 005Douro SulAv. 5 de Outubro, 75 — 1.ºApartado 425100-065 LamegoTelef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457E-mail: [email protected]. Marques da SilvaEdifício Camelo, 2.º Esquerdo6270-490 SeiaTelef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498

EditorialO Compromisso Liberalpág. 5

Um Oceano de Corageme Determinação

SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06

Sindicato dos Professoresda Região Centro

Se formos firmes, se estivermosdeterminados, se nos mantivermosunidos e se lutarmos, melhores serãoas condições para os obrigarmos aceder. E vão ter de ceder, tenho nissouma grande confiança, porque anossa acção e a nossa luta, nestemomento, são já imparáveis.

págs. 16 e 17

5 de Outubro

Em destaqueProposta do M.E.é um embuste!A proposta do ME analisadapelo Coordenador do gruponegociador da FENPROFa partir da avaliaçãodo desempenho págs. 6 e 7

Concursose colocaçõesMais instabilidade docentee mais desempregopágs. 8 e 9

Ensino EspecialGoverno desinvestena educação dos alunoscom NEE? pág. 11

EstudoA última propostado governo para asegurança social é aindapior para ostrabalhadorese reformados do que aprimeira págs. 13, 14 e 15

Actividade Distrital- GuardaUm distrito desgovernadonum país à derivapág. 19

Actividade Distrital- AveiroPrivatização da rededo 1.ºCiclo e Pré-Escolaré inconstitucional pág. 20

OpiniãoEquívocosna implementaçãode Bolonha pág. 25

JornaisEscolares pág. 28

Divulgação CulturalMúsica, CinemaTeatro… págs. 29, 30 e 31

Page 2: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

legislaçãoRCI3

’06 outubro

Actividade Sindical

Despacho nº 19212/2006 de 20 de Setembro– Créditos sindicais - número de dirigentespor associação sindical

Acumulações

Decreto-Lei nº 151/2006 de 2 de Agosto– Atribui aos reitores e presidentes dosInstitutos Politécnicos a competência paraautorizar acumulações de funções

ADSE

Portaria nº 701/2006 de 13 de Julho – Regulaa inscrição na ADSE como beneficiário familiarde pessoa que viva em união de facto com obeneficiário titular

Portaria nº 728/2006 de 24 de Julho –Adapta o regime especial de comparticipaçãoem medicamentos aos funcionários e agentesda Administração Pública - ADSE

Alunos

Portaria 699/2006 de 12 de Julho – Aprovaas tabelas comparativas entre o sistema deensino português e outros sistemas de ensinobem como tabelas de conversão

Despacho nº 15932/2006 de 28 de Julho –– Regulamenta a concessão de equivalênciasentre disciplinas e áreas de formação para oensino recorrente de nível secundário

Portaria nº 753/2006 de 2 de Agosto –Aprova o regulamento geral dos concursospara ingresso no ensino superior particular ecooperativo 2006/2007

Associativismo

Lei nº 29/2006 de 4 de Julho – Segundaalteração ao Dec-Lei nº 372/90 de 27 deNovembro que disciplina o regime deconstituição, os direitos e os deveres a queficam subordinadas as associações de paise encarregados de educação

Autarquias

Parecer nº 120/2005 de 7 de Agosto –Incompatibilidade – Impedimento–– EleitoLocal – Autarquia Local–– Junta de Freguesia– Acumulação de funções – Regime deexclusividade–– Cargo política – Perda demandato

Calendário Escolar

Despacho nº 15458/2006 de 18 de Julho– Calendário Escolar 2006/2007

Concursos

Decreto-Lei nº 165/2006 de 11 de Agosto– Regime Jurídico do Ensino de Portuguêsno Estrangeiro

Decreto-Regulamentar nº 13/2006 de 11 de

Agosto – Normas técnicas relativas aos con-cursos para o preenchimento dos lugares dedocentes de ensino português no estrangeiro

Contagem de tempo de serviço

Circular nº 3/2006 de 3 de Julho – avaliaçãode desempenho do pessoal docente

Diversos

Decreto-Lei nº 169/2005 de 17 de Agosto– Altera , estabelece regras de aplicação erevoga diversos regimes jurídicos constantesnos Decretos-Lei nºs 41/84, 259/98, 100/99.

Lei nº 46/2006 de 28 de Agosto – Previne eproíbe a discriminação, directa ou indirecta,em razão da deficiência sob todas as suasformas

Resolução do Conselho de Ministros nº120/2006 de 21 de Setembro – Aprova o 1ºPlano de acção para a integração daspessoas com deficiências ou incapacidadepara os anos 2006 a 2009

Educação

Resolução do Conselho de Ministrosnº86/2006 de 12 de Julho – Aprova o PlanoNacional de Leitura e cria a respectivacomissão

Despacho nº 15187/2006 de 14 de Julho –Regula o funcionamento dos Centros deReconhecimento Validação e Certificação deCompetências

Decreto Legislativo Regional nº 28/2006/A – Estatuto da Carreira Docente na regiãoAutónoma dos Açores

Despacho Normativo nº 7/2006 de 10 deAgosto – Regulamento do Programa Escolhas

Decreto Legislativo Regional nº35/2006/Ade 6 de Setembro – Altera o DecretoLegislativo Regional nº12/2005/A de 16 de Junho( Regime jurídico da criação, autonomia e gestãodas unidades orgânicas do sistema educativo)

Declaração de Rectificação nº 63/2006 de21 de Setembro– Rectifica o DecretoLegislativo Regional nº 28/2006/A de 8 deAgosto – Aprova o Estatuto da CarreiraDocente da Região Autónoma dos Açores

Pré-escolar, 1º 2º 3º CEB e Secundário

Informação nº 45/JM/SEE/2006 de 26 DEJunho – Estágio Pedagógico dos cursos deformação inicial de professores do 3º CEB eSecundário–– redução da componente lectivado orientador da escola

Despacho 13599/2006 de 28 de Junho –Estabelece regras e princípios orientadoresa observar na elaboração do horário semanalde trabalho do pessoal docente dos estabele-cimentos de educação pré-escolar e dosensinos básico e secundário

Informação nº32/JM/SEE/2006 de 9 deJulho – Distribuição de serviço após o termi-nus das actividades lectivas

Ofº Circ. nº 252 de 13 de Julho – Cons-tituição de turmas 2006/2007

Ofº Circ. nº 254 de 13 de Julho – Implemen-tação dos cursos EFA em agrupamentos/escolas da rede pública

Portaria nº 780/2006 de 9 de Agosto –Alteração da Portaria nº 550-B/2004 de 21de Maio – Regime de organização, funcio-namento e avaliação dos cursos artísticos denível secundário de educação nos domíniosdas ates visuais e dos áudio-visuais

Portaria nº 781/2006 de 9 de Agosto –Alteração da Portaria nº 550-E/2004 de 21de Maio que cria diversos cursos do ensinorecorrente, nível secundário e aprova osrespectivos planos de estudo.

Portaria nº 797/2006 de 10 de Agosto –Alteração da Portaria nº 550-C/2004 – regimede criação organização e gestão do currículobem como a avaliação e certificação dasaprendizagens dos cursos profissionais denível secundário

Lei nº 47/2006 de 28 de Agosto – Define oregime de avaliação, certificação e adopçãodos manuais escolares do ensino básico e doensino secundário, bem como os princípios eobjectivos a que deve obedecer o apoio sócio-educativo relativamente à aquisição e aoempréstimo de manuais escolares

Despacho nº 19575/2006 de 25 de Se-tembro - Programa do 1º CEB. Temposmínimos para a leccionação. Sua distribuição

Vencimentos

Ofício Circular nº 8/GGF/2006 de 27 deJunho – Gratificações de especialização ede itinerância – nº3 do artº1º do Dec-Lei nº232/87 de 11 de Junho

Ofício Circular nº 9/GGF/2006 de 28 deJunho–– Transição do regime de protecçãosocial dos funcionários e agentes da adminis-tração pública para o regime geral desegurança social dos trabalhadores por contade outrem – Dec-Lei nº 117/2006 de 20 deJunho – requisição de fundos do mês de Julho

Portaria nº 872/2006 de 30 de Agosto –Portaria de extensão do CCT entre a AEEP ea Fenprof , FNE e SINAPE

Lei nº 52/2006 de 1 de Setembro – Aprovaas grandes opções do plano 2005-2009

Portaria nº 900/2006 de 1 de Setembro –Portaria de extensão do CCT entre a CNIS ea FNE e FNSFP

Aviso (extracto) nº10497/2006 de 25 deSetembro – Pagamento de vencimentos esubsídios no ano económico 2007

Page 3: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI4

Resposta:1. Na verdade, a situação reportada

pela docente atravessou o país, abran-gendo, numa medida inusitada, muitascentenas de docentes que, à semelhançade anos anteriores e em cumprimento dosnormativos aplicáveis, foram opositoresao concurso para destacamento porcondições específicas, no malfadado anolectivo de 2003/2004.

2. Quanto a esta matéria, refiram-sealguns aspectos peculiares e, ao mesmotempo, lamentáveis, pelo efeito daí resultante:

3. Antes de mais, os docentes opositoresao concurso instruíram a candidatura,acompanhando-a de atestados ou relatóriosmédicos que ninguém pôs em causa naexacta medida em que preenchiam osrequisitos legalmente exigidos.

4. Tal candidatura foi conferida e con-firmada pelo órgão de gestão do respectivoagrupamento, não se conhecendo até hoje,a instauração de qualquer procedimentodisciplinar aos seus membros;

5. Na verdade, todos os requeri-mentos e documentos juntos peloscandidatos devem ser analisados pelosserviços, com o objectivo primordial deavaliar da sua conformidade com asnormas legais em vigor.

6. Ora, não tendo sido instauradoqualquer procedimento disciplinar eadmitindo-se que os órgãos de gestãocumpriram, naturalmente, a sua função,conclui-se que os serviços aceitaram comoválida toda e qualquer candidatura.

7. Por outro lado, a direcção regionalde educação não notificou por edital oscandidatos para dizerem o que enten-dessem sobre o conteúdo da decisão fi-nal provável, considerando-se queaceitavam tacitamente tal decisão seaquele conteúdo não fosse impugnado –cfr. N.º 6 do aviso de Concurso e art.º 34.º,n.º 3 do D. Lei n.º 35/2003.

8. Tal decisão provável nunca tevelugar, o que significa que a direcção re-gional sanou eventuais vícios existentes,validou a decisão final, ratificando-a nostermos dos n.ºs 4, 5 e 6 do art.º 34.º.

9. Não se compreende, assim, que aAdministração queira punir os candidatos,quando ela própria não deu cumprimentoà publicação do conteúdo da decisão fi-nal, validando, por inércia, todas ascandidaturas.

10. E já agora, que apreciaçãorigorosa pode considerar-se resultante dasubmissão a junta médica por partedesses docentes, naqueles casos con-cretos em que o referido exame teve lugarmais de um ano após a emissão doatestado médico correspondente,

11. E quando não ocorreu qualqueranálise, mesmo que mínima dos docu-mentos médicos comprovativos dadoença, que a docente levava consigo,quando a sua presença na junta médicanão ultrapassou cinco minutos, comoaconteceu a dezenas de candidatos?

12. Que credibilidade, nestes casos,merecerá o respectivo parecer?

13. Para além dos aspectos expendidos,a decisão de instauração do processodisciplinar a centenas e centenas de docentesomitiu esse outro aspecto também peculiar edemonstrativo da abordagem e do enfoquedesta matéria: quem não se lembra daverdadeira trapalhada que foi o concursode professores nesse primeiro ano deaplicação dessa legislação, com erros econfusões verdadeiramente caricatas ehilariantes?

14. Lamentavelmente, a Adminis-tração omitiu a sua própria responsa-bilidade em todo o processo e criou, deforma fácil um “bode expiatório”, mesmoque ao docente não seja atribuídaresponsabilidade, por inexistência de doloou negligência.

15. Pretende a docente ser informadaacerca do que se passa com tais processosdisciplinares e quando terminam.

16. A única informação disponível quese pode transmitir é a de que a instruçãodos processos disciplinares referidos foiinterrompida sine die, com fundamento emdois despachos da Inspectora Geral da IGE.

17. Sabe-se, assim, que os instrutoresdos processos disciplinares estão a apurarse, em 2004, no respectivo concelho,existiam ou não meios de tratamento ouapoio médico adequados à doença invo-cada, em estabelecimentos integrados noServiço Nacional de Saúde.

18. Na sequência do apurado, visandoharmonizar a actuação da IGE, haveráseguramente instruções concretas sobrea evolução dos processos disciplinares...

19. Seguro é que à Administração nãoserá imputada qualquer responsabi-lidade…

Processo Disciplinar

consultadoria jurídicaO consultor jurídico Mário Pedrosa

– Destacamento por condições específicasPergunta:Tal como aconteceu a largascentenas de professores eeducadores de infância, comreferência ao ano lectivo de2003/2004, estou acusada emprocesso disciplinar por tersido opositora ao concursopara colocação pordestacamento por condiçõesespecíficas, tendo indicado noboletim de concurso que eraportadora de doença oudeficiência nos termosconstantes da alínea b) do n.º 1do art.º 33.º do D. Lei n.º 35/2003de 27 de Fevereiro.Como obtive colocação emresultado desse concurso,entende a IGE que a minhadoença (confirmada) não exigiaa fixação em determinadalocalidade para efeitos detratamento ou apoio específicoe propõe a aplicação de umamulta, por ter violado o dever dezelo.O que se passa com estesprocessos disciplinares?Quando terminam? (docenteidentificada)

outubro ’06

Page 4: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI5editorial

A “Convenção’’ de em-presários do Conventodo Beato que se auto-denominou “Compro-misso Portugal” revelouuma classe empresa-rial incapaz de apre-sentar soluções queajudem a resolver oproblema da crise eco-nómica em que o paísse encontra.

Uma incapacidade manifestada jánoutras ocasiões, nomeadamente porsistematicamente defenderem soluçõesque passam pela redução dos activosdas empresas, por impedir a intervençãodo Estado em áreas sociais funda-mentais, por reduzir salários e poder decompra ou pelo investimento pratica-mente inexistente (salvo raras exce-pções) na inovação, na qualificação ounas tecnologias de ponta.

Quem conheceu já as conclusõesapontadas por essa ‘Convenção’ perce-beu, também, que as mudanças pro-postas representam mais uma decla-ração política, fundamentada no libe-ralismo mais feroz, de defesa de umamudança da estrutura social e econó-mica do país, do que uma preocupaçãoefectiva com a saída da crise. Todossabemos que os problemas económicosse resolvem a partir das empresas e nãoa partir do Estado. O Estado é promotorde políticas sociais que sustentam odesenvolvimento do país, designa-damente em torno das suas funçõesessenciais, porque desenvolvimento étambém saúde, educação, segurançasocial, defesa, segurança e adminis-tração do território.

Não se entende, pois, que se pre-conize desenvolvimento através depolíticas que defendam o enfraque-cimento do Estado. Esse enfraque-cimento faria com que o bem-estar decada cidadão dependesse da suacapacidade económica para o garantir.Ou seja, o que aqueles empresáriosdefenderam foi o fim do Estado social esolidário, deixando o caminho aberto

O Compromisso LiberalLuís Lobo, [email protected]

para o reforço do poder político do sec-tor empresarial, o que deixaria, comofacilmente se compreende, o país emmuito maus lençóis.

Outra proposta que tem tanto detraiçoeiro como de espantoso e negativoé a defesa do despedimento de 200.000trabalhadores da administração pública.Se excluirmos os trabalhadores dasaúde e da educação, cujo númeroninguém pode dizer que está para alémdas necessidades destes sectores,verificamos que esta proposta pratica-mente defende o despedimento de todosos restantes trabalhadores da admi-nistração pública. Ou seja, o que os‘beatos comprometidos’ pretendem nãoé mais do que o maior despedimentocolectivo conhecido e a consequenteprivatização da maior parte dos serviçospúblicos portugueses, com as conse-quências que adviriam de tal medida paraa quase totalidade dos portugueses.

Por último uma terceira nota sobreuma outra proposta deste ‘CompromissoPortugal’. Defenderam estes empre-sários, com o patrocínio político-parti-dário visível de Ribeiro e Castro eManuel Monteiro, que, para ajudar à

recuperação económica, se deveriareduzir a tributação sobre os lucros dasempresas, sobre o IRC, para cerca de50% do actualmente consagrado. Ouseja, passar dos actuais 23% para cercade 12%. É inequivocamente consensualque é fundamental garantir o equilíbriodas contas do Estado, o que passa pelaredução do défice até à sua anulação.Todos sabemos que as receitas do Estadopassam essencialmente pelos impostos. Éevidente que da redução da tributação doslucros das empresas resultaria o aumentoexponencial dos impostos sobre osrendimentos singulares (IRS) e dosimpostos indirectos (IVA, taxas mo-deradoras, etc.). Consolidar-se-ia, por estavia, mais um ataque ao direito de todosportugueses a melhores condições de vida,mais rendimento, mais poder de compra.

Correspondendo estas propostas auma alteração significativa às bases a àestrutura da sociedade a que todos osportugueses aspiram, o que os em-presários portugueses fizeram no Beatocom o seu Compromisso Liberal foi umadescarada declaração de guerra àConstituição da República. Espero quea paguem bem cara.

Page 5: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

em destaqueRCI6

Mário Nogueira,Coordenador do SPRC

Em marcha…

outubro ’06

Houve quem se sur-preendesse com a ex-traordinária MarchaNacional que, no seuDia Mundial, os Profes-sores e Educadoresrealizaram. Esses fo-ram os distraídos, queainda não se tinhamapercebido do que vaina alma dos docentesportugueses: uma pro-funda indignação e re-volta!

Estes sentimentos dos professoresnão são gratuitos. Eles cresceram a esteponto de ruptura, por um lado, devido aum discurso ministerial permanen-temente desvalorizador, ofensivo einjurioso dos profissionais docentes; poroutro, devido às propostas apresentadaspelo ME para revisão do Estatuto daCarreira Docente. Pelo caminho ficamainda outros factores, também impor-tantes, tais como a prepotência de umaequipa ministerial que substitui nego-

ciação por farsas negociais, a desor-ganização completa introduzida pelo MEnas escolas, com despachos e circu-lares que denotam ignorância absolutasobre o que é uma escola, o regimeplurianual de concursos que impôs epara o qual lhe faltou competência deconcretização...

Portanto, a Marcha teria de sernecessariamente grande, com milharese milhares a chegarem de todo o país ea fazerem-se ouvir, não apenas cá, masum pouco por todo o mundo, até ondeas imagens foram levadas pelos media.

Mas se a Marcha valeu por si, elanão foi um acto isolado ou um momentode explosão. Pelo contrário, a Marchamarcou apenas o início de um grandemovimento que está ainda a crescer. Ummovimento iniciado antes de 5 deOutubro, que teve o seu momento maisexpressivo naquele dia, e que vaicontinuar a crescer se o Governo deSócrates e o Ministério de LurdesRodrigues mantiverem esta posturaarrogante e continuarem a eleger osprofessores como inimigos de esti-mação.

Não perceber que o futuro do paísse constrói com uma aposta muito fortena Educação e que, nesse contexto, osprofessores e educadores são peçasfundamentais, é sofrer de uma das maisterríveis cegueiras. Se os governantesnão perceberem isso, continuarão adesrespeitar profissionais que merecem

ser respeitados; continuarão a serresponsáveis por um mal-estar pro-fissional que se reflecte negativamentenas escolas; continuarão a introduzirfocos de instabilidade nas escolas,impedindo que estas funcionem e seorganizem da melhor forma; estarão acomprometer o futuro do país!

Em vez de resolverem estes proble-mas, os governantes tentam calar osprofessores pela prepotência. Pro-movem o medo (de falar, de denunciar,de participar...), mas esta sua atitude,incompatível com o país democráticoque temos, não levará os docentes arenunciar à palavra e à luta.

É com esta convicção que sintonecessidade de citar António Nóvoa,actual Reitor da Universidade de Lisboa,pois entendo que as palavras queproferiu em Conferência realizada noRio de Janeiro, em 2003, são extraor-dinárias: “Os professores não são anjosnem demónios. São apenas pessoas (ejá não é pouco!). Mas pessoas quetrabalham para o crescimento e aformação de outras pessoas. O que émuito. São profissionais que não devemrenunciar à palavra porque só ela podelibertá-los de cumplicidades e aprisiona-mentos. É duro e difícil, mas só assimcada um pode reconciliar-se com a suaprofissão e dormir em paz consigomesmo”.

Obrigado pelas palavras e pelacoragem que transmitem.

Page 6: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI7

O discurso do Ministério da Educaçãosobre a revisão do Estatuto da CarreiraDocente (ECD) tem sido construído emtorno da avaliação e do mérito. As tónicassão: é necessária uma avaliação rigo-rosa; é necessário distinguir os melhorese premiar o seu mérito; os sindicatosdefendem a igualitarização. Secretáriosde Estado e Ministra repetem estasfrases até à exaustão para que pareçamessas as suas preocupações sobre acarreira docente.

Quem já leu o projecto de ECDapresentado pelo ME - infelizmente, háquem fale e escreva sobre o tema semo ler - sabe que, nele, a avaliação dodesempenho é um logro.

O modelo apresentado, em nome deuma alegada objectividade, assenta emquatro fichas: do próprio, do avaliadordirecto, da direcção da escola e dos pais.Tais fichas serão uniformizadas a nívelnacional por despacho da Ministra. Ositens previstos são os do senso comum:a assiduidade, o insucesso, o abandonoescolar, o serviço distribuído, a apre-ciação dos pais e pouco mais. Dentrodeste espírito, refere-se que cadadocente terá, pelo menos, três aulasobservadas, decididas pela direcção daescola. Admite-se criar uma comissãopara a avaliação, mas consultiva ou comfunções de validação.

Surge, ainda, outro tipo de avaliaçãoque servirá para decidir quem, poralegado mérito, será promovido a

Proposta do M.E.é um embuste!

Avaliação do desempenhodos professores:

categoria superior da carreira (asnormas reguladoras são remetidas paradiploma próprio).

Uma avaliação a sério - aquela queos Sindicatos defendem! - não pode serassim burocratizada, deverá ter umcarácter formativo. Tem de prever areflexão crítica, o debate e a discussãonos órgãos pedagógicos das escolas,designadamente nas suas estruturasintermédias, tem de ser da responsa-bilidade de uma comissão de avaliação,tem de ser continuada, tem de sercontextualizada, tem de fazer parte deum processo mais global de avaliaçãodas escolas e do próprio sistema. É essaa proposta da FENPROF entregue noME: uma avaliação exigente e séria. Ado ME, nem dos famigerados créditosde formação, tão criticados pela Ministra,se conseguiu libertar...

Assim, infere-se, o discurso merito-crático do ME não passa de um embuste.Um embuste com a intenção de disfarçaro objectivo maior da sua proposta: impediro normal desenvolvimento de carreira.

Nesse sentido, há dois aspectos noseu projecto que assumem uma impor-tância maior: a classificação de “Regular”e a fixação de vagas para acesso aos 3escalões de topo da carreira.

“Regular” é uma classificação posi-tiva, mas determinará a perda de anosde serviço na progressão, atrasando-ae tornando mais barato o exercício dadocência. Quem tiver “Regular”, segun-

do o ME, já terá uma bonificação: ovencimento. Para que sejam muitos os“regulares” (e os atrasos na progressão)esta será a classificação positiva commaior intervalo. Numa escala de 0 a 10,o Regular vai de 5 a 6.9. Os restantesintervalos serão de 1 valor (Bom, MuitoBom e Excelente). “Regular”, contudo,não será sinónimo de menos bom, poispode até ser-se excelente. Para o ME,um docente pode, num ano em que teveum desempenho extraordinariamentepositivo, ter “Regular”, bastando queadoeça, que recupere de acidente, queacompanhe um filho doente, que estejagrávida, que lhe morra um familiar, quese case e, por um destes motivos, entreoutros justificados, tenha de faltar 10 dias.Então, perderá anos de serviço e oMinistério da Educação poupará dinheiro.

Já o acesso aos três escalões supe-riores da carreira está condicionado àexistência de vagas. Com esses trêsescalões é criada uma categoria a que seacede por promoção, sendo as vagasdecididas anualmente pelo Governo. Oslimites previstos no projecto levarão a quecerca de 90% dos docentes nunca cheguea tais escalões. Poderão ser óptimosdocentes, reunir todas as condições paraa promoção e, até, obter aprovação noconcurso de acesso. Pelas regras pro-postas, 90% dos docentes ficará nacategoria inferior, tendo por topo umescalão que, actualmente, é intermédio.

Quanto às quotas para atribuição deExcelente e Muito Bom, de poucovalendo, servem, contudo, para quebrara unidade do corpo docente em cadaescola e para reforçar o poder de quemdecidirá em última instância: a direcção.

Esta é a proposta de avaliaçãoapresentada pelo ME. Pobre, sem rigorcientífico, sem carácter formativo, mascom um objectivo claro. Nela, o méritoé conversa. A esmagadora maioria dosmelhores será penalizada, uns quantos,de mérito duvidoso, encostar-se-ãoao(s) poder(es) e ganharão com isso.

O Ministério da Educação tentavender gato por lebre. Os professoresjá perceberam isso e estão a reagir, mas,infelizmente, o cidadão comum aindanão. Mas também ele de deve preo-cupar. Porque é pai ou encarregado deeducação de alunos que frequentam asescolas portugueses; porque é parteinteressada em que a escola públicacontribua, de forma decisiva, para odesenvolvimento do país. Por estasduas razões, deverá, também, contestarum mecanismo que não contribuirá paraelevar a qualidade do ensino, antesintroduzirá novos focos de conflito naescola e contribuirá para a desmotivaçãoe desmoralização dos docentes. Seráisto que faz falta à Educação?! | MN

Page 7: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI8

As colocações de professores noshorários das necessidades ditas resi-duais, de acordo com levantamentorealizado pelo SPRC e dos contactosestabelecidos com centenas de profes-sores, revelaram haver um númeroexcessivo e extraordinário de situaçõesque assinalam o agravamento dascondições de exercício da profissão eum aumento acentuado da instabilidadede emprego em muitos grupos dedocência.

Foi o que aconteceu, por exemplocom o 1.º ciclo do ensino básico e aeducação pré-escolar, onde haviamais de 1600 professores e edu-cadores dos quadros de zona peda-gógica por colocar, só na área daDREC (7326 em todo o país). Umdesajustado apuramento de vagas, mastambém o encerramento de escolas emmuitos concelhos da região centro estãona base do problema. Para além disto,que decorre dos objectivos de políticaeducativa do governo, houve erros noapuramento de vagas e na sua adopçãopara as colocações de 18 de Agosto.Centenas de professores, em toda aregião, não obtiveram colocação em

Mais instabilidade docentee mais desemprego

Má legislação, ilegalidadese incapacidade do M.E.

escola ou foram atirados para escolasmuito mais longe que o habitual, o queprovocará o agravamento das suascondições de vida e de exercício daprofissão. Havendo, no entanto, fortessuspeitas de que o erro terá residido naDGRHE e não nas escolas e agru-pamentos, o SPRC considerou que oprocesso de afectação foi irregular, peloque não se admite que haja prejuízosimputados aos professores que poderãoser irreparáveis.

Também nos outros níveis de ensinoa situação não foi melhor. Seja pelasituação já descrita de deficienteapuramento de vagas para os diversosgrupos de docência, seja pela aplicaçãodo actual diploma que estabelece osnovos grupos de recrutamento e que, talcomo a FENPROF cedo anunciou,estava a suscitar as maiores apreensõesperante a inexistência de vagas paracentenas de professores dos QZP,designadamente no grupo de Portuguêsdo ensino secundário. É que, ao con-trário de declarações do ME, atribuídasao secretário de estado adjunto e daeducação, centenas de professores dosquadros de escola que até este ano

tinham habilitação para Português eFrancês, neste nível de ensino, foramcompulsivamente integrados num grupono qual apenas podem leccionar Portu-guês, por imposição do aviso de aber-tura do Concurso e da legislação relativaaos grupos de recrutamento, a qual,como se sabe, é da responsabilidade doMinistério da Educação. Consequên-cias: cerca de 600 de professores dosquadros de zona pedagógica estavampor colocar neste grupo, enquanto node Francês, para o qual tambémpossuem habilitação, o M.E. viu-seobrigado, na altura, a contratar maisde 400. No início de Outubro aindahavia 161 professores de QZP, grupo300, por colocar. Uma vergonha! Épois aqui que a situação é mais grave,pois está em causa a estabilidadeprofissional de centenas de docentes.

Quanto às áreas tecnológicas, háescolas, que sempre puderam soli-citar a colocação de professores deacordo com as especialidades queeram necessárias e que se viram,agora, impedidas de o fazer, tambémpor força da aplicação da rees-truturação dos grupos de recru-

O mês de Agosto acabou,afinal, como tinha decorridotodo o ano lectivo. Com umMinistério da Educação e comuma ministra que desconside-ram permanentemente osprofessores e educadores,com um aparelho incompe-tente e irresponsável que nãocuida de fazer sem estragar.Um ano que nunca deveria terexistido.

concursos e colocações

Page 8: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

tamento com fusão de todas essasespecialidades num único grupo.Muitas escolas optaram por deixar esteshorários para preencher através dacontratação de professores, a nível deescola. As escolas que decidiramsolicitar a colocação de professores parao novo grupo de recrutamento verifi-caram, novamente, que, tal como nafase de colocação de professores dosquadros de escola, muitos deles erampossuidores de habilitações que nãoeram específicas para as necessidadesdos estabelecimentos de ensino, sendomesmo, em alguns casos, desade-quadas.

Mas estas não foram as únicasirregularidades verificadas. Para alémdas situações já descritas, há umnúmero ainda indeterminado de errosnas colocações de professores, osquais correspondem, em muitos casos,a ultrapassagens na graduação profis-sional ou à colocação em códigos deescolas para os quais os docentes nãotinham concorrido, ou mesmo a nãointegração na primeira fase de colo-cações de todos os horários existentese declarados pelas escolas.

Ministério não respeitapreferências dos candidatos

Entretanto, em 29 de Agosto, o SPRCdava a conhecer publicamente mais umasituação de inequívoca ilegalidade.

Neste caso, o Ministério da Edu-cação atropela a lei na afectação dedocentes, dentro dos Quadros de Zona

Pedagógica (QZP), a escolas comhorários inferiores a 12 horas. Estailegalidade abrange largas centenas deprofessores de diversos grupos dedocência, dos 2.º e 3.º ciclos e do ensinosecundário.

O quadro legal

De acordo com o disposto no ponto 2do artigo 51º do Decreto-Lei nº 20/2006, de31 de Janeiro, os professores que integramum determinado QZP são colocados, porordem de graduação, em horários:

a) completosb) entre 18 e 20 horasc) entre 12 e 17 horas

Esgotados esses horários, os profes-sores deveriam ser colocados em horárioscom menos de 12 horas “por ordemdecrescente de dimensão, de acordo comas preferências de escolas manifestadaspelo docente” (DL 20/2006).

A ilegalidade

O ME não respeitou, no entanto, estanorma, tendo adoptado um proce-dimento ilegal ao colocar os professorespor ordem crescente de código dasescolas e não de acordo com as prefe-rências manifestadas por estes.

Um exemplo:

Uma docente do grupo 520, cujonúmero dentro do seu QZP é o 2054, foicolocada na escola de código 330280

1. abandonem a sua política de retracção dos quadros de pessoal;

2. corrijam as ilegalidades que sistematicamente cometem;

3. recuem na sua pretensão de fazer vigorar este concurso por trêsanos;

4. aceitem a definição de condições ideais para o exercício da profissãodocente;

5. corrijam a tendência mantida por sucessivos governos de seremincapazes de prever as necessidades efectivas das escolas, anteci-padamente e com evidentes vantagens para o sistema educativo.

(preferência 71ª). O candidato seguinte(2055) ficou colocado na escola decódigo 344850, que era a 11ª prefe-rência da docente que estava à suafrente. Por outro lado, a 47ª preferênciada candidata 2054 (escola 346536) foiatribuída à candidata nº 2065. Os horáriosnestas três escolas eram de 11 horas.

De acordo com o levantamentoefectuado pelo SPRC, na sequência dasqueixas apresentadas por inúmerosprofessores, este procedimento ilegal foiadoptado em todos os casos em que oshorários a atribuir são inferiores a 12horas, contrariando a lei e lesandoinúmeros professores, sendo que oSPRC tem na sua posse listagens quecomprovam o erro detectado.

O SPRC e a FENPROF defenderam,obviamente, a correcção imediata destagrosseira ilegalidade, sendo que hádiversos docentes que, sentindo-selesados, decidiram avançar pela viajurídica para que a lei seja respeitada eque, por esse motivo, estão a serapoiados pelos services jurídicos doSindicato

Para o SPRC a situação é, pois,muito preocupante. Em causa está aqualidade do emprego na profissãodocente e a capacidade das escolas deprever e preencher, efectivamente, assuas necessidades de pessoal docente.Para além das evidentes consequênciaspara milhares de professores, deeducadores e das suas famílias, estáainda em causa o superior interesse doEstado e do país em matéria de quali-dade de ensino.

Exige-se, portanto, que do Ministérioda Educação e do Governo que:

Em causa está a qualidade do emprego naprofissão docente e a capacidade dasescolas de prever e preencher, efectiva-mente, as suas necessidades de pessoaldocente

Page 9: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

A FENPROF considerou, através deparecer enviado ao Ministério da Edu-cação, “muito negativo qualquerquadro legal que tenha por objectivoagravar a precariedade dos vínculoslaborais”. Esta afirmação decorreu daapresentação pela tutela de um projectode Decreto-Lei sobre contratos a termoresolutivo, à margem do que dispõe aLei nº 23/98, de 26 de Maio (sobrenegociação colectiva na AdministraçãoPública) que, no seu artigo 7º, admite

parecer da FENPROFRCI10

FENPROF considera reprovávelprojecto de Decreto-Lei sobrecontratos a “Termo Resolutivo”e contratação pelas escolas

que os processos nego-ciais se desencadeiemem qualquer altura doano mas “desde que aspartes contratantes nis-so acordem”. A Fede-ração considerou, porisso, que “ao decidir,unilateralmente, avan-çar com este processo,o ME agiu ao arrepio daLei” e que “ao não esta-belecer um calendárionegocial aprofundou ailegalidade.”

A FENPROF consi-derou, ainda, “politica-

mente reprovável que o ME, em plenafase de revisão do ECD, se proponharevogar, de forma avulsa e à margemdo processo global de revisão, artigosdo ECD como decorre do Artigo 17º,alínea 6), do projecto que apresenta”.Baseia esta afirmação no facto de uma“eventual revogação da figura decontrato administrativo e sua substi-tuição pelo designado contrato a termoresolutivo ser um dos aspectos quedeverá ser central na negociação

Apesar de não ser admissível qualquer alteração doquadro legal, até porque não estão respeitadas algumasprerrogativas da lei da negociação colectiva, há aspectosque, na especialidade, não recolheriam da FENPROF.

Por exemplo:• que a contratação, feita através do designado processo

de “contratação cíclica”, passasse a ter a figura de contratoindividual de trabalho, independentemente de ser esta(contrato a termo resolutivo) ou outra a modalidade a adoptar;

• que os docentes de “Técnicas Especiais” passassema submeter-se, também, a este tipo de figura contratual;

• que o período máximo de contratação seja de 3 meses,renovável por duas vezes. Antes deveria ser autorizada acontratação por períodos até 1 ano, de acordo com cadasituação concreta;

atinente ao processo de revisão doECD”.

Tendo em conta os prazos paradefinição de qualquer medida nestesentido, a Federação defendeu que, noano lectivo 2006/2007, se mantivesse oquadro legal em vigor.

A FENPROF colocou ainda outraquestão de resolução urgente e que estárelacionada com a forma como seprocessam muitos contratos celebradospara a realização de actividades extra-curriculares no 1.º ciclo. Indepen-dentemente das considerações que temfeito sobre a organização e funcio-namento da escola pública, o Secre-tariado Nacional “considera ser urgenteque o Governo, em particular o Minis-tério da Educação, negoceie e aproveum regime legal de contratação aplicávelaos docentes que são recrutados paraleccionar as disciplinas de Inglês no 1.ºCiclo ou quaisquer outras que venhama ser desenvolvidas no âmbito dasdesignadas actividades extra-curricu-lares.” E fá-lo, também em defesa daqualidade do serviço público de edu-cação.

• que a contratação cíclica termine no final do 1º período,nos casos em que se mantém a lista definitiva de ordenação decandidatos. O ponto 2 do Decreto-Lei 20/2006 não obriga a isso;

• que os contratos celebrados nunca possam vigorar paraalém do período de duração do “efectivo serviço lectivo”.Isto é, o docente poderá estar contratado todo o ano, mas oseu contrato é suspenso durante os períodos de interrupçãolectiva ou de férias. Esta é uma medida exclusivamenteeconomicista e completamente cega do ponto de vistaprofissional e humano.

• que os critérios a adoptar pelas escolas para efeito deselecção do pessoal docente não sejam os que sãoestabelecidos pelo Decreto-Lei 20/2006, de 31 de Janeiro.

Conclusão: o que afasta a FENPROF das propostasapresentadas pelo ME é muito profundo, razão por que odesacordo é evidente e global.

FENPROF rejeita contratos individuais de trabalho

Page 10: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

ensino especial RCI11

No ano lectivo de 2005/06, eram 3712os alunos com NEE em escolas deeducação especial, dos quais 66 eramIPSS e 49 eram CERCI. Agora o MEpretende convertê-las em Centros deRecursos dos agrupamentos.

Esta proposta de reorientação dosubsistema da educação especialparece ser uma coisa que, de facto, nãoé, ao pretender afirmar a filosofia daEscola Inclusiva como a respostaadequada e exclusiva às NEE de todosos alunos.

À primeira vista até poderia ser tidocomo um extraordinário avanço concep-tual, porém, o ME, em termos práticos,sempre mostrou pouco interesse pela

Escola Inclusiva, ao sonegar-lhe osmeios (em primeiro lugar os recursoshumanos, docentes e não docentes),fazendo frustrar muito do trabalhoeducativo junto dos alunos com NEE.

Chegados aqui é, então importantequestionar: Não estará, mais uma vez,o ME a pretender poupar na educaçãodos alunos abrangidos, procurando,contraditoriamente, fazer passar a ideiade um ousado vanguardismo em matériade Educação Especial?

Como pode o ME reorientar asescolas especiais para Centros deRecursos sem acautelar as condições naescola regular para essa total inclusão?Estará a pensar responsabilizar, mais

Governo desinvestena educação dos alunos com NEE?

uma vez, os professores pelo insucessoeducativo dos alunos, com reflexos nasua avaliação de desempenho?

Vão estas crianças e jovens, quetransitam da escola especial para aescola regular, ter os docentes necessá-rios, com formação e/ou experiênciaadequadas? Ou vai manter-se, como nopresente ano lectivo, a falta de docentesde Educação Especial e a distribuiçãodo trabalho de apoio a docentes semformação nem experiência?

Não podemos esquecer que o MEque anuncia, agora, esta reorientaçãoé o mesmo que cortou mais de 50% nosdocentes de Educação Especial, noúltimo concurso de professores; é o

Afirmando pretender acompanhar uma tendência geral na Europa ditadapelas orientações da Declaração de Salamanca, o que o ME visa, comesta reorientação, é canalizar para a escola do ensino regular os alunoscom NEE de carácter prolongado.

Manuel Rodrigues, Coordenador do Ens. Especial - SPRC

Sob o título "Reorientação das Escolas Especiais emCentros de Recursos", publicou recentemente a Direcção-Geral da Inovação e de Desenvolvimento Curricular umdocumento estratégico com o qual o ME pretendeproceder a uma "mudança profunda na organização efuncionamento da Educação Especial", no contexto dareforma (leia-se: contra-reforma) do sistema de ensinoem que o Governo/ME está empenhado.

Trata-se de reorientar as escolas especiais paracentros de recursos, assumidos como "estruturas de apoionuma perspectiva de prestação de serviços comple-mentares aos oferecidos pelas escolas de ensino público,que actua de forma integrada com a comunidade noâmbito da resposta educativa e social aos alunos comNEE de carácter prolongado", em três fases:

1ª fase (2006/2007): "Identificação e implementação,em cada DRE, dos estabelecimentos que servirão demodelo aos Centros de Recursos;"

2ª fase (2008/2009): "Estabelecimento de um planode formação em rede para os estabelecimentos deeducação especial que ainda não se tenham constituídocomo Centros de Recursos;"

3ª fase (2010/2013): "Reorientação de todos osestabelecimentos de educação especial em Centros deRecursos, identificando-se, com base nos critériosestabelecidos para a 1ª fase, as modalidades deintervenção que mais se adequam a cada situação emparticular."

Pretende-se destes Centros de Recursos a disponi-

bilização de técnicos(de formação diferen-ciada), de equipa-mentos e materiaisespecíficos, de trans-portes e instalações,no desenvolvimentode acções como:

a) "Identificação eavaliação das NEEdos alunos e planea-mento da respectivaresposta educativa(no contexto das es-truturas regulares deensino);"

b) "Promoção daqualidade da resposta educativa através do aconselhamento,orientação e formação dos diferentes intervenientes noprocesso educativo destes alunos;"

c) "Desenvolvimento de tecnologias de apoio eprodução de materiais adequados a diferentes tipos deproblemáticas dos alunos."

Ou seja, em nome de uma suposta melhor organizaçãoe gestão dos recursos existentes, pretende-se que asescolas especiais formalizem protocolos de cooperação"com um ou mais agrupamentos de escolas conforme adimensão geográfica", transformando-se, dessa forma, numcentro de recursos que apoiará esses agrupamentos.

Reorientação das Escolas Especiais em Centros de Recursos

Page 11: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI12 1º CEB

mesmo que tudo faz para reduzir oinvestimento na Escola Pública ou parafazer regredir à "Idade da Pedra" osdireitos dos docentes.

Não será, antes, uma nova habilidadepropagandística do ME/Governo para, soba capa de um pretenso avanço nademocratização da Escola, reduzir oinvestimento na Educação com o duploobjectivo de fazer cessar a despesa comas escolas especiais (designadamentedas IPSS e CERCI) que, no actual sistemaeducativo, constituem uma respostaeducativa complementar à escola regu-lar? Não será que está a declinar, por outrolado, nos Centros de Recursos, a respon-sabilidade pela disponibilização dostécnicos de diferentes especialidades(psicólogos, terapeutas da fala, técnicosde serviço social, fisioterapeutas, intér-pretes e formadores da Língua GestualPortuguesa, técnicos de mobilidade,técnicos de Braille, etc), que há muitofazem falta nas escolas?

Em causa estão os direitos depessoas, que deveriam merecer umaatitude de profundo respeito por partedo ME e uma especial resposta de apoiopor parte da Escola. Inadmissivelmente,age sobre eles de uma forma demasiadocruel para ser suportável.

Incontornável. Neste início do anolectivo, estão em funcionamento escolasdo 1º Ciclo do Ensino Básico que o ME,de modo autocrático, pretendia encerrar.

A denúncia e as lutas encetadas peloSPRC relativamente à política e aoprocesso de encerramento de escolasfoi, em muitos casos, determinante paradar visibilidade e sustentabilidade aoinconformismo e à resistência de muitaspopulações e, por outro lado, o bastantepara conseguir travar o encerramentocego de várias escolas do 1º ciclo doensino básico, na região centro (vercaixa). No entanto, continuamos semcompreender o comportamento discri-cionário da administração central e lo-cal do ME face à decisão de encerra-mento de inúmeros estabelecimentos,apesar dos protestos continuados daspopulações locais que, pelas maisdiversas razões, continuam a nãoaceitar a decisão e, muito menos asolução encontrada para os alunospoderem continuar a construir a suaaprendizagem. O descontentamentodas populações, o autismo do ME e osilêncio de muitos municípios foramalgumas das marcas negras que pauta-ram este conturbado inicio ano lectivo,bem patente na comunicação social.

De um total de 1500 EB1 com morteanunciada, cerca de duas centenas deescolas conseguiram resistir à lógica daeducação contábil. A região nortetotaliza mais de metade dos encerra-mentos de escolas: 884; a região centroconta 363 escolas fechadas, das 512inicialmente sinalizadas pela DREC; noAlentejo fecharam 60 estabelecimentos,entre 105 previstos. O Algarve foi a zonamenos atingida, com apenas 16 encerra-mentos. Assim, muitos estabeleci-mentos sinalizados pela tutela, por teremmenos de 20 alunos ou maus resul-

tados, acabaram por não fechar devidoà justa contestação dos pais e dascomunidades educativas; à falta dealternativas adequadas; dezenas decasos em que as escolas não fecharampor dificuldades logísticas ou atrasosnas obras das escolas de acolhimento.Este recuo que o ME foi obrigado a fazerno número de escolas a encerrar veioconfirmar que a política de reorde-namento da rede escolar não podeprosseguir sem: o indispensávelestabelecimento de consensos comas populações (um processo deste tipoexige diálogo, negociação e concertaçãocom as comunidades envolvidas); asalvaguarda de razoabilidade nasdeslocações das crianças na triplavertente: conforto/segurança, duraçãodos percursos e distâncias a percorrer;o desenvolvimento de um processoespecífico de negociação entre oGoverno e a FENPROF sobre todas asquestões profissionais decorrentes doreordenamento da rede escolar (aestabilidade profissional de milhares deprofessores, incentivos a fixação dosdocentes em zonas isoladas e desfavo-recidas, entre outros); a deslocação dascrianças para escolas de maior dimen-são que, de facto, correspondam a umaNova Escola de Qualidade.

Ainda no rescaldo da primeira fase deencerramento de escolas - de acordo comos elementos do ministério, cerca de 20%do parque escolar do 1.º ciclo desapareceeste ano lectivo – recordamos com grandepreocupação que é objectivo do actualGoverno encerrar 4500 EB1, até ao finalda actual legislatura.

Os professores, as populações e asautarquias sabem que podem contar coma total oposição do SPRC ao prosse-guimento de uma política de reordena-mento escolar despida de cidadania esubjugada a uma lógica contabilísticade todo incompatível com mais e melhoreducação. Lutar e resistir à autocraciavale sempre a pena!

Educação contábile o encerramentode escolasHelena Arcanjo,Coordenadora do 1º CEB

Exemplos de Escolas que afinal não encerraram

EB1 Fontainhas, Pombal; EB1 Lapa Furada, Batalha; EB1 Vale do Horto, Leiria;EB1 S. Isidro, Soure; EB1 Cabeça Redonda, Penela; EB1 Outil, Cantanhede;EB1 Casal do Lobo, Coimbra; EB1 Cabecinhos, Figueira da Foz; EB1 PortoGodinho, Figueira da Foz; EB1 Cambas, Oleiros.

Não será, antes, umanova habilidadepropagandística doME/Governo para, soba capa de umpretenso avanço nademocratização daEscola, reduzir oinvestimento naEducação com o duploobjectivo de fazercessar a despesa comas escolas especiais

Page 12: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI13

Durante muitos meses o governo deSócrates, em particular o seu ministrodo Trabalho e da Segurança Social,afirmou que não iria nem aumentar aidade de reforma nem introduzir um tectosalarial nos descontos para a SegurançaSocial (o chamado “plafonamento”), ouseja, que não iria promover os fundosde pensões privados à custa do desviode receitas da Segurança Social.

No entanto, no último documentoque apresentou, em 19 de Junho de2006, com o título “Análise da sustenta-bilidade de longo prazo da SegurançaSocial”, o governo dá o dito por não ditopois introduz mecanismos que levam,por um lado, ao aumento da idade dereforma e, por outro lado, à promoção defundos de pensões geridos por privados.E como isto já não fosse suficienterevelou que é sua intenção violar umprincipio fundamental de qualquer Estadode direito - a segurança jurídica - poispretende alterar, para pior e retroacti-vamente, o decreto-lei que regula ocálculo das pensões de reforma.

E, como se mostrará neste estudoatravés da análise objectiva do últimodocumento entregue pelo governo aosparceiros sociais, e já divulgado pelacomunicação social, tudo isso teria comoconsequência pensões ainda maisbaixas, perda continua do poder decompra das pensões, insegurança einstabilidade no futuro para os trabalha-dores e reformados.

Redução contínua e signgificativado valor das pensões

O valor das pensões em Portugalsão dos mais baixos de toda a UniãoEuropeia. De acordo com dados divul-gados pelo próprio governo, em 2005,cerca de 85% dos reformados do Re-gime Geral recebiam pensões infe-riores ao salário mínimo nacional.

Mesmo aqueles que se reformaram em2005, cerca de 74% foram com pen-sões inferiores também ao saláriomínimo nacional.

No entanto, este governo consideraque esta situação não é grave, nemdeve ser alterada rapidamente. A prová-lo estão as propostas que acabou deapresentar com um duplo objectivo, asaber: (1) Reduzir significativamente aspensões dos trabalhadores que sereformarem no futuro; (2) Reduzir opoder de compra das baixas pensõesde reforma que estão a ser pagas.

Para atingir aqueles dois objectivos,o governo pretende aprovar três medi-das. São elas: (1) Acelerar, com retro-actividade, a entrada em vigor da for-mula de cálculo das pensões com baseem toda a carreira contributiva; (2)Introduzir um “factor de sustentabilidadedos lucros” à custa da redução daspensões a que chama, eufemistica-mente, “factor de sustentabilidade”; (3)

estudo

Impor aumentos de pensões inferioresao aumento de preços verificado.

Como iremos mostrar a conjugaçãodestas três medidas (este governo nãofica satisfeito apenas com uma) deter-minaria reduções nas pensões dereforma muito significativas, podendo-semesmo dizer socialmente intoleráveis.

A aceleração da entrada em vigor dafórmula de cálculo da pensão com

base em toda a carreira contributivadeterminaria diminuição das pensões

Contrariamente ao que muitos di-ziam ou pensavam, o cálculo da pensãocom base em toda a carreira contributivadeterminará, no caso concreto portu-guês, que um número crescente detrabalhadores quando se reformaremreceberão pensões mais baixas.

Dados constantes do quadro se-guinte, que foram fornecidos pelo própriogoverno, mostram claramente isso.

A última proposta do gover-no para a segurança socialé ainda pior para os traba-lhadores e reformados doque a primeira

QUADRO I - Diminuição do valor da pensão que determinaria a entradaem vigor da formula de cálculo da pensão com base na média ponderada

Eugénio Rosa, Economista

’06 outubro

Page 13: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI14

Para compreender os dados doquadro anterior é preciso ter presente oseguinte. De acordo com o artº 13 doDecreto-Lei 35/2002, a pensão dereforma dos trabalhadores que sereformarem até 2017 será calculada detrês formas, a saber: (1) Com base nasremunerações dos 10 melhores anosdos últimos 15 anos anteriores à datada reforma, que é o sistema antigo; (2)Com base em toda a carreira contri-butiva; (3) Com base na aplicaçãoproporcional (média ponderada) de duaspensões referentes a dois períodos: umaté 31.12.2001, calculada com base naformula antiga (10 melhores dos últimos15); outra, referente ao período poste-rior a 31.12.2005, calculada com baseem toda a carreira contributiva. Portanto,a pensão é calculada destas três formase depois é escolhida a mais elevada.

Apesar da lei estabelecer que esteregime de transição vigoraria até 2017,e portanto existir um compromissoexpresso de um governo também PS deo cumprir, este governo pretende dar odito por não dito, e alterar esta lei,passando a vigorar, a partir de 1.1.2007,apenas uma formula de cálculo dapensão: a última, ou seja, com base naaplicação proporcional. E retroacti-vamente, ou seja, os períodos consi-derados não seriam “até 1.1.2007 eapós 1.1.2007”, mas sim “até 31.12.2001e após 31.12.2001. A aplicação da for-mula proporcional determinaria, comomostram os dados constantes do quadroI, por um lado, uma redução crescentedo valor da pensão (se tivesse sidoaplicado esta formula proporcional, em2003, a redução média teria sido de -0,5%, enquanto em 2005 seria já de -

1,4%, portanto quase o triplo) e, poroutro lado, que um número crescente detrabalhadores teria tal redução (em2003, seriam 37,4%, enquanto em 2005já seriam atingidos por redução dapensão 39,7% dos trabalhadores que sereformaram).

De acordo com dados tambémfornecidos pelo Ministério do Trabalhoe da Segurança Social, a redução dapensão, só devido a esta medida, seriacontinua indo de -1,1% no período2002-2006, e atingindo - 8% em 2020,e - 12% em 2030.

No entanto, o governo não ficasatisfeito apenas com esta redução, porisso tenciona aplicar outra medida, aque, enganadoramente pois tem omesmo objectivo, chama “factor desustentabilidade”

O factor de sustentabilidadedos lucros à custa da redução

das pensões

O que isso significa na prática este“factor de sustentabilidade do governo”?O seguinte: Depois de ser calculada ovalor da pensão da forma que seexplicou anteriormente, esse valor, járeduzido, seria ainda diminuído multi-plicando-o por uma percentagem que seobtém com base na seguinte divisão:“Esperança de Vida aos 65 anos em2006 a dividir pela Esperança de Vidaaos 65 anos no ano em que o tra-balhador se reformasse”.

Para tornar tudo isto mais claro,admita-se que o valor da pensão obtidofoi 450 euros. O governo afirma que aesperança de vida aos 65 anos aumen-taria um ano em cada 10 anos. Como aesperança de vida aos 65 anos, em2006, deverá rondar os 18 anos, daquia dez anos seria de 19 anos porqueaumentaria um ano; daqui a 20 seria de20 anos porque aumentaria dois anos,etc. E o valor do chamado “factor desustentabilidade do governo”, a multi-plicar pelos 450 euros, obtém-se divi-dindo a esperança de vida em 2006 -18 anos - sucessivamente por 19, 20 ,etc. Os resultados que se obtêm cons-tam do quadro seguinte:

QUADRO II - O valor do “factor de sustentabilidade do governo”

Todos os reformados com pensões su-periores a 1,5 Salário Mínimo Nacional opoder de compra das suas pensões nuncamais aumentaria, estando mesmo sujeita adiminuição pois o aumento seria sempre igualou inferior ao aumento de preços verificadono ano anterior

outubro ’06

Page 14: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI15

Portanto, um trabalhador que sereformasse em 2016, veria o valor dasua pensão de reforma diminuir em -5%devido à aplicação do factor de sustenta-bilidade do governo; se se reformasseem 2026, a redução já seria de -10%;em 2036 de -14%; em 2046 seria já de -18%, etc.. E isto admitindo que o go-verno não agravasse ainda mais estefactor, porque depois de introduzidoseria então fácil alterá-lo para pior.

Para se poder ficar com uma ideiamais clara das consequências daaplicação deste “factor de susten-tabilidade do governo” , que é melhorchamar “factor de sustentabilidade doslucros à custa da redução das pensões”porque este esforço que se está a exigiré apenas aos trabalhadores poupandoos patrões, apresenta-se no quadroseguinte os resultados da sua aplicaçãoa uma pensão de reforma de 450 euros.

O aumento da esperança de vida aos65 anos em quatro anos, determinaria queuma pensão de 450 euros ficasse re-duzida apenas a 386 euros. E como sesabe, o aumento da esperança de vida ébastante aleatório e, neste caso aindamais, porque ficaria dependente dasprevisões, muito falíveis, de uma chamada“comissão técnica independente”. Entre1998/99 e 2003/2004, a esperança de vidaaos 65 anos em Portugal aumentou,segundo o INE, nos homens de 15 para15,9 anos e, nas mulheres, de 18,5 para19,3 anos. Desta forma seria introduzidono sistema de Segurança Social públicaum factor aleatório o que determinaria, àsemelhança do que sucede com fundosde pensões que estão dependentes dosresultados da bolsa (neste caso a bolsaseria “o aumento da esperança de vidaaos 65 anos”), uma grande incerteza parao trabalhador sobre o valor da pensão quereceberia quando se reformasse.

O aumento das pensõesque para reformados não garantiriaa manutenção do poder de compra

da pensão

Mas o governo ainda não está

QUADRO III - Redução de uma pensão de reforma de 450 euros devidoà aplicação do “factor de sustentabilidade do governo”

satisfeito com a diminuição das pensõesque as duas medidas anteriores deter-minariam para os trabalhadores. Porisso, na sua proposta acrescentou maisuma medida, que é a seguinte: (1)Enquanto a taxa de crescimento eco-nómico (PIB) fosse inferior a 2% (para2006, está previsto um crescimento deapenas 1%), as pensões de reformaseriam aumentadas apenas o seguinte:(a) Pensões inferiores a 1,5 SalárioMínimo Nacional (SMN) o aumento seriaapenas igual à taxa de inflação do anoanterior; (b) Pensões superiores 1,5SMN, o aumento seria inferior à taxa deinflação em -0,5%, portanto perderiampoder de compra; (2) Quando a taxa decrescimento económico fosse igual ousuperior a 2%: (a) Pensões inferiores a1,5 SMN o aumento seria igual à taxade inflação do ano anterior mais 0,5%;(b) Pensões superiores a 1,5 SMN o

aumento seria apenas igual à taxa deinflação do ano anterior.

Em resumo, todos os reformadoscom pensões superiores a 1,5 SalárioMínimo Nacional o poder de compra dassuas pensões nunca mais aumentaria,estando mesmo sujeita a diminuiçãopois o aumento seria sempre igual ouinferior ao aumento de preços verificadono ano anterior. Os reformados compensões inferiores a 1,5 Salário MínimoNacional o poder de compra das suaspensões ou não aumentaria (cresceriamde acordo com a taxa de inflação do anoanterior) ou aumentaria de uma formainsignificante (taxa de inflação do anosanterior + 0,5%). No fundo, seria acondenação da esmagadora maioriados reformados a uma vida de miséria.

A solução que o governo defendepara a baixa das pensões: Que os

trabalhadores descontem paraFundos de Pensões geridos por

privados

As três medidas referidas anterior-mente aplicar-se-iam a todos os traba-lhadores e a todos os reformados fosse

qual fosse o valor das suas pensões dereforma. Portanto, são medidas que seaplicariam de uma forma indiscriminada atodos os reformados, sem ter mesmo emconta o valor das suas pensões. Tambémse aplicariam a todos os trabalhadores daAdministração Pública que entraram paraa função pública depois de 1993, e que sãojá mais de 300.000. É natural também queo governo procure aplicar aos restantestrabalhadores da Administração Pública, osque entraram antes de 1993, se nãoencontrar uma forte resistência.

Perante a baixa significativa daspensões que a conjugação destas trêsmedidas inevitavelmente determinaria ogoverno, sem qualquer despudor, acenacom a seguinte “solução salvadora”: “acriação de um novo regime complementarpúblico de contas individuais (ou seja, defundos de pensões), assente nos princípiosde contribuição definida (portanto, se-melhante aos PPR, sabe-se o que se paga,mas não se sabe o que se vai receber, tudodependendo da bolsa), a ser financiadopelas contribuições voluntárias dos

beneficiários da Segurança Social (ouseja, exclusivamente pelos traba-lhadores), devendo a sua gestão vir aser parcial ou totalmente contratualizadacom o sector privado”. É desta formaque o governo pretende fomentar odesenvolvimento dos fundos de pen-sões à custa dos trabalhadores, tantoreivindicados pelo grande capital e portoda a direita. Não é de estranhar que

os patrões tenham manifestado já e publi-camente a sua grande satisfação com aspropostas do governo.

Só a luta dos trabalhadores,e não fundamentalmente aconcertação social, poderáfazer retroceder este go-verno na aplicação destasmedidas que provocam asatisfação do grande capitale da direita à custa da redu-ção das pensões, ou seja, demais sacrifícios para os tra-balhadores e da manutençãoda miséria para a maioria dosreformados.

’06 outubro

Page 15: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

Page 16: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

É uma alegria imensa e intensa participar eter o privilégio de estar aqui hoje, neste DiaMundial do Professor, com tantos milhares emilhares de colegas, professores e educadores,que de forma determinada e decidida quiserammostrar ao governo, à equipa do Ministério daEducação e ao país que estão unidos na defesado seu estatuto profissional e de carreira, nadefesa da sua dignidade enquanto profissionaise cidadãos, na defesa da profissão de Professor.

E não o fazem por razões corporativas, masporque, enquanto profissionais conscientes eempenhados, sabem que a sua valorização,sabem que a sua dignificação e sabem que aestabilidade com que exercem a sua actividadesão condições indispensáveis para uma escolae para um ensino de qualidade. E, como tambémtodos sabemos, se tal acontecer, quem maisganhará serão as crianças e os jovens nossos

alunos, logo, será o pais que fica a ganhar.

(…) Se formos firmes, se estivermosdeterminados, se nos mantivermos unidos ese lutarmos, melhores serão as condições paraos obrigarmos a ceder. E vão ter de ceder, tenhonisso uma grande confiança, porque a nossa acçãoe a nossa luta, neste momento, são já imparáveis.Uma acção e uma luta que se reforçam nestaconvergência que soubemos construir e que nosune.

É esta unidade, é esta determinação, é estavontade de vencer – e a vitória, neste caso,consistirá na salvaguarda dos nossos direitos – queirá permitir que ultrapassemos de forma positivao momento difícil que vivemos.

Mário Nogueiraextracto de intervenção na Marcha

em nome do Grupo Negociador da FENPROF

Page 17: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

actividade distrital - GuardaRCI18

A Governadora Civil daGuarda é, no distrito, arepresentante do go-verno português. É, poresse motivo, um rostodas políticas decididasna capital e é respon-sável por fazer chegaras preocupações dosportugueses, cidadãosdesta região interior dopaís, ao governo.

E este é, logo em primeiro lugar, ummotivo para uma atenção redobrada,perante a dificuldades que todos os diasse colocam a quem quer trabalhar e, nocaso da Educação e dos Professores,quer garantir oportunidades de quali-dade educativa e formativa, a pensar nodesenvolvimento desta região e dassuas gentes.

Não é possível governar por controloremoto, nem é desejável que tal acon-teça. Conhecer a realidade do Portugalque temos é fundamental.

No Plenário de docentes realizadona Guarda, no dia 22 de Setembro, foipossível ouvir demasiadas queixas paraa ‘normalidade’ que foi tão propalada porMaria de Lurdes Rodrigues, em relaçãoà forma como este ano arrancou. Fica,então, claro que essa foi a face damentira gerada nos gabinetes da 5 deOutubro e gerida pelos responsáveispelo “marketing” do Ministério.

Sem ser possível transmitir oconjunto completo das situaçõesrelatadas, é, no entanto, fácil se-leccionar algumas questões que sãoextremamente graves:

1. O encerramento de escolas deu--se à margem de qualquerpreocupação com a qualidade

da oferta educativa e com a segurançadas crianças deslocadas. É inadmissívelque o resultado do encerramento deescolas seja o armazenamento semcondições de centenas de crianças, aomesmo tempo que o distrito vai per-dendo serviços públicos e o Estado seafasta cada vez mais dos cidadãos.Entretanto, a carga horária dos alunosaumentou de uma forma tão exageradacomo despida de sentido pedagógico.Os transportes de alunos em nadacorrespondem ao que foi anunciado pelaministra e o apoio social aos alunos estámuito longe de se parecer com oconteúdo das aexcessivas intervençõesdo lado do governo sobre esta matéria.

2. A colocação de professores estánum caos e o governo não quer resolvê-la e corrigi-la. Seria muito grave, mesmoum sinal de incompetência, não saberresolver o problema. Porém, o queacontece hoje no distrito e no país nãoé resultado de incompetência, mas simde algo mais grave: irresponsabilidadepolítica. Ou seja, o problema poderia re-solver-se mas a ministra não quisassumir que ele existia. Ultrapassagensde professores do quadro por quem nãolhes pertence ou de professores commaior graduação profissional, devido agralhas do modelo de concursos ou porinsuficiência da tipificação da origem dasvagas, aconteceu em larga escala. Oresultado é catastrófico com gravesconsequências para a economia famil-iar de dezenas de professores. Poderáagora a Ministra da educação dizer quenão é responsabilidade do ministério.Falso! Já se sabe hoje que a nãorecuperação de vagas decorreu de umerro de programaação informática, peloqual a primeira responsabilidade per-tence à ministra. Mas mesmo que a‘culpa’ coubesse aos órgãos de gestãonão é a ministra, também,

responsável pelo que os conselhosexecutivos (para mais em larga escala)fazem?

3. Veja-se o caso das colocações porconvite, à margem das regras de con-curso, por telefone, para a colocação emapoios educativos de professores semqualificação específica, enquanto que osque a têm ficaram a exercer funções noensino regular. Os convites feitos peloCAE da Guarda foram dirigidos aprofessores que até já tinham colo-cação, enquanto que há muitos, dosquadros, ainda a aguardá-la. Tudo feitoà margem da lei, contonando o pro-blema, sem preocupações com a trans-parência e a justiça do acto de colocarprofessores.

4. O despacho que contém asnormas para a organização curricular noprimeiro ciclo tem-se revelado catas-trófico e os resultados das apren-dizagens terão reflexos muito negativosjá este ano, mas com graves conse-quências, se tal não se corrigir, a médioe longo prazo. Espartilhar as áreascurriculares do 1.º ciclo em compar-timentações horárias, quando muitosprofessores leccionam 2, 3 ou 4 anosde escolaridade simultaneamente, é dequem não sabe o que é planificar paraesta diversidade de aprendizagenssimultâneas.

5. Tão grave é, ainda, o facto de, porforça de compromissos não educativose não pedagógicos com as autarquias eoutras entidades envolvidas nas acti-vidades extra-curriculares, que asmesmas se sobreponham e se im-ponham à organização das Áreas doCurrículo. Assim, é vulgar que activi-dades do currículo sejam interrompidas,para que actividades não curricularesfuncionem. Os alunos são afectados porestas decisões recentes do ME, já que

a descontinuidade das acti-vidades lectivas e o desa-

justamento dos momentos

Um distrito desgovernadonum país à deriva

Assuntos abordados na reunião com a Governadora Civil do Distrito da GuardaDOCUMENTO ENTREGUE AOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

outubro ’06

Page 18: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI29

Na sequência das tentativas de alguns órgãos de gestão das escolas deimpedir docentes das suas escolas e agrupamentos de participarem nosplenários que o SPRC realizou em 22 e 25 de Setembro e em 2 e 3 de Outubrosobre o processo de revisão do Estatuto da Carreira Docente, o SPRC envioua todos os delegados e dirigentes sindicais, com conhecimento aos ConselhosExecutivos, uma informação sobre a participação na actividade sindical.

Nessa missiva regista-se a inexistência de qualquer legislação que obriguequalquer professor que falte para participar em reuniões sindicais a, porexemplo, solicitar autorização ou comunicar previamente a ausência ao serviço,

compensar o dia no final do anoou mesmo entregar previamenteum plano de aula sendo que,nalguns casos, os docentes quenão quiseram fazê-lo foram mes-mo ameaçados com faltas injusti-ficadas.

Nada disto é verdadeiro, poisa lei sindical é clara sobre a quemcabe a responsabilidade de infor-

mar da realização das reuniões (às organizações sindicais) e dos prazos parao fazer, bem como em relação às obrigações dos trabalhadores nesta situação.

Mesmo a obrigatoriedade da entrega dos planos de aula, se se socorreda legislação em vigor, corresponde a uma leitura enviezada do legalmenteestipulado. Caso algum professor o faça (nada o impede), dependerá, apenas,da sua vontade e, em caso algum, pode colidir com a lei que o regula. E alegislação é clara quanto às faltas em que o docente é obrigado a deixar umplano de aula - sempre que carecem de autorização.

Quanto ao problema geral do desejo de impedir a participação dosprofessores de intervir na acção sindical, o Ministério da Educação, atravésde um Despacho do Secretário de Estado da Educação, tentou, de facto,impor restrições à participação em reuniões sindicais, mas o TribunalAdministrativo e Fiscal de Lisboa - 2 (Restelo) suspendeu o seu despacho.

Logo, para o SPRC essas “informações não correspondem a qualquerorientação conhecida da DREC ou do ME, correspondendo apenas a iniciativadaqueles órgãos de gestão”.

O SPRC entende, pois, que num “momento em que os professores eeducadores voltarão a ser chamados para se envolverem na actividade sindical”,terá de accionar os meios legais jurídicos e judiciais que impeçam estas atitudesanti-democráticas, independentemente da gravidade da situação.

Para o Sindicato dos Professores da Região Centro “constrangimentos àparticipação dos professores e educadores na actividade sindical” sãoinaceitáveis e, por esse motivo, “actuará sempre em conformidade com assituações que surjam”.

em que algumas actividades ocorrem (ex:educação física a meio de um dia escolar, sembalneários e sem intervalos) é desaconselhável doponto de vista pedagógico e de saúde pública. Oque diria um delegado de saúde de situações comoesta, se chamado a observar o que se passa emquase todas as escolas?. Também os professoressão muito afectados por estas medidas. Sendoobrigados a deslocar-se por vezes mais de umacentena de quilómetros diários, são ainda obrigadosa estender o seu horário por mais de 30 horas depermanência no estabelecimento. Como se sabeas escolas do 1.º ciclo não reúnem condiçõesmínimas de trabalho para que o professor realizeaí a sua componente não lectiva em aspectos taiscomo produção de materiais, planificação efundamentação das actividades, pesquisa erealização de fichas de trabalho, etc. Desta formao horário do professor é agravado, ultrapassandolargamente o legalmente estipulado.

6. A privatização do currículo já é extremamentegrave e escandalosa, porém a submissão da escolapública aos ditames dos interesses económicos queenvolvem muitas autarquias é ainda mais grave,sendo que tudo isto é acompanhado de umainadmissível exploração de mão-de-obra (os leilõesde pessoal qualificado para os períodos deenriquecimento curricular - qual mercado deescravos - são conhecidos pela comunicação so-cial) a qual resulta da procura de cada vez maioresmargens de lucro a partir dos subsídios obtidos dogoverno central.

7. Por último, é vergonhoso o atentado que estáser feito aos direitos sindicais dos professores. Amuitos professores foi exigido que solicitassemautorização aos órgãos de gestão para participaremneste plenário (ex: Agrupamentos S. Miguel eManteigas) sendo que, num dos casos, se exigiuque os professores em falta fossem substituídos(S. Miguel). No caso de Manteigas os professoresforam informados de que só seriam autorizados aparticipar em reuniões concelhias. Ora, estasatitudes de contornos fascizantes são lamentáveise inadmissíveis, primeiro porque não há qualquerlimitação legal à participação em reuniõesconvocadas por esta via e, em segundo lugar,porque um professor que participe numa reuniãosindical não pode ser substituído, pois tal subs-tituição impede aqueloutro de participar.

Estas são algumas das graves questões colocadaspelos professores. Para todas elas há soluções justase exequíveis. Não é aceitável um tão grandealheamento do governo perante a forma como abriueste ano e como está a lançá-lo para uma situação tãocaótica, aos olhos da comunidade educativa, e tãodesmotivadora, na perspectiva dos docentes.

Em jeito de comentário final, a aposta naqualidade, deveria começar pelos responsáveis doMinistério da Educação.

Guarda, 27 de Setembro de 2006

Professores devemunir-se para derrubaros obstáculos à sua acção

Participação dos docentesna actividade sindical

’06 outubro

RCI19

Constrangimentosà participaçãodos professorese educadoresna actividade sindicalsão inaceitáveis

Page 19: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI20 actividade distrital - Aveiro

”O predomínio,no sistema dos media,do económico sobreo informativo

Na verdade, compete ao Estadogarantir, particularmente no caso doensino básico, uma rede pública deestabelecimentos que garanta umaoferta adequada às necessidades daspopulações. Garantia essa que é dada,designadamente, através da apresen-tação de estudos que justifiquem a suaconstrução e através do financiamentoda sua construção. A partilha com o sec-tor privado da construção dos estabele-cimentos de educação e de ensinorevela uma grave inversão daqueleprincípio constitucional, tanto mais quepode vir a implicar, também, uma gestãopartilhada destes recursos educativos.

Para o Sindicato dos Professores daRegião Centro é inadmissível estecomportamento da Câmara Municipalde Aveiro, já que o Estado deve mantera sua total responsabilidade nestedomínio porque:

• é o único garante da igualdade deoportunidades e de acesso;

• estabelece padrões de qualidadee de segurança mais exigentes;

• garante o cumprimento de umcurrículo nacional e comum a todos osportugueses.

Para o Sindicato dos Professores daRegião Centro - Executivo Distrital deAveiro importa ainda saber quais osmotivos que levam a autarquia a pro-mover esta solução, devendo estarimplicados no processo de decisão osórgãos autárquicos e a comunidadeeducativa, principalmente quando severifica que, da evidente ausência deplaneamento, resultou a inexistência deconsagração em sede de Orçamento doEstado, PIDDAC ou de qualquer candi-datura a fundos comunitários para aobtenção das verbas necessárias àconstrução destes edifícios escolares.

A opção preconizada pelo CâmaraMunicipal de Aveiro deve ser fortementeponderada, pois qualquer solução quese assemelhe a um aluguer de espaçospode revelar-se perniciosa, quer noplano da adequada gestão dos dinheirospúblicos, quer quanto à reserva desses

Privatização da rededo 1.ºCiclo e Pré-Escolaré inconstitucional

Câmara de Aveiro subverte direitos dos munícipes

O anúncio público daCâmara Municipal deAveiro relativamente àsua pretensão de dotaro concelho com mais24 estabelecimentosde educação pré-esco-lar e 1.º ciclo através deparcerias público-pri-vadas representa umaviolação do constitucio-nalmente consagradopara estes níveis deeducação e de ensino.

mesmos espaços para os fins para queforam construídos, essencialmenteescolares e educativos.

O Executivo Distrital de Aveiro doSPRC exige, ainda, que os aveirensessejam informados de quais os projectosexistentes, da sua localização, poten-ciais parceiros e formas de finan-ciamento. Para que, em cada caso,possam estar envolvidos os órgãoslegalmente constituídos de adminis-tração escolar, no âmbito da direcção egestão dos agrupamentos de escolas,o SPRC irá colocar o problema a todosos professores e educadores com quemreunirá durante todo o primeiro períodolectivo, em todo o distrito, debatendonessa altura, para além desta maatéria,outros aspectos de ordem profissionale educativa.

O Executivo Distrital de Aveiro

Page 20: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI21

O último número daPROTESTE publicavaum estudo sobre a vio-lência nas escolas, ten-do escolhido para esseestudo os estabele-cimentos de ensinocom ensino secundárioou ensino profissional.Na região centro, são53 os estabelecimen-tos que respondem aoquestionário elaboradopela DECO, sendo quea sua distribuição foifeita voluntariamentepelos órgãos de gestãodas escolas. A recolhafoi depois realizadapela entidade promo-tora do estudo.

Trata-se de um estudo que abordaexclusivamente os índices declaradosde violência física e verbal, tomando porbase os testemunhos dos inquiridos.Não reflecte a estrutura social, nãoconsidera o enquadramento físico doestabelecimento, não estabelece com-parações com escolas idênticas com asmesmas características. Mesmo quandose procuram explicações para esta

caracterização das escolas dão-se comoúnicas soluções para minorar o proble-ma melhores infra-estruturas, pessoal(não se refere se se trata de qualificaçãoou número de activos) e organização.

Fala-se com demasiada leveza emíndices de insegurança e criminalidade,quando esse não é um problema daescola, é-lhe exterior, apesar de algunsdos comportamentos de referência,provavelmente, levarem a que algumasatitudes sejam mais traumatizantes queoutras.

Por exemplo, numa sociedade emque os papéis sociais das mulheres edos homens tendem a ser mais valori-zados nos homens, apesar de nãorevelarem, necessariamente, maisqualidades e qualificação, como sepodem impedir que estereótipos ma-chistas reproduzam nas escolas? Numasociedade em que as agressões verbaise físicas no seio da família são umaconstante ou em que as mulheres e ascrianças são violentadas sexualmentesem que a justiça tenha as mãos livrespara intervir, que se espera que a escolareproduza? Numa sociedade de famíliasdesestruturadas, onde grassa o desem-prego e o emprego precário e em queos índices de endividamento são dosmais elevados da união europeia, comose espera que a escola reaja? Numasociedade em que há muitas criançasque têm a sua primeira e única refeiçãoà hora de almoço na escola e queocupam os seus tempos livres tra-balhando e sendo exploradas, contri-buindo dessa forma para a economia

Estudo da PROTESTEsobre violência nas escolasDESCONTEXTUALIZADO

familiar, o que se espera que a escolacorrija? Numa sociedade em que temosum governo que prefere fechar escolasno interior, deslocando milhares dealunos para longe dos seus lares,obrigando-os a levantar-se à hora a quealguns dos donos das nossas vidasacabaram de pousar o seu copo vaziode whiskie num qualquer bar chic dagrande cidade, o que se espera daescolas e das reacções desses alunos?

Há, no entanto, um dado curioso, ofacto de 25% dos alunos e 40% dosprofessores inquiridos ternham referidoque o excessivo número de alunostambém contribui para o agravamentoda situação, no interior da escola.Aspecto importante se o compararmoscom o que é opção dos últimos governosao aumentarem constantemente onúmero de alunos por turma.

Este estudo sobre a violência maisdo que alertar para o problema daescola, mostra a realidade da nossasociedade, a cuja construção muitos as-sistem impávidos e serenos, até aoprimeiro dia em que passarão a ser elesas testemunhas activas da violência quesobre si acabará por se abater.

Sob pena de poder estar a ser injustocom o trabalho que me parece muitocorrecto do ponto de vista técnico (àDECO seria difícil pedir mais) há, noentanto, um ruidoso e violento silênciosobre este estudo que não me agradados responsáveis políticos do ME.Talvez porque se se sentiriam tentadosa culpabilizar os professores tambémpor mais esta situação...| LL

Este estudo sobre a violência mais do quealertar para o problema da escola, mostra arealidade da nossa sociedade, a cuja cons-trução muitos assistem impávidos e serenos,até ao primeiro dia em que passarão a sereles as testemunhas activas da violência quesobre si acabará por se abater.

opinião

Page 21: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI22 acção reivindicativa

EXTRACTOS DO DOCUMENTO

Situação do país exige estratégiade desenvolvimento que dê priori-dade ao sector produtivo e valo-rize a força de trabalho

O país afasta-se pelo 5º anoconsecutivo do nível de vida da UE

Pelo quinto ano consecutivo, ocrescimento do país será este ano infe-rior à média comunitária. E, a manterem-se as actuais previsões, o mesmo poderáocorrer em 2007, mesmo que se venhama concretizar sinais de recuperaçãoeconómica. A questão é que esta podeser insuficiente para inverter a presentefase de divergência face à evolução donível de vida médio comunitário.

O presente quadro é devido a váriosfactores, de natureza interna e externa.Estes não podem ser desvalorizados,sendo de realçar a forte subida do preçodo petróleo, a agudização da con-corrência internacional, as conse-quências no plano interno da integraçãono euro, as restrições provocadas porregras comunitárias, particularmente napolítica orçamental, e o alargamentocomunitário de 2004.

Mas enfatizar apenas o enquadra-mento externo constitui sobretudo ummodo de desresponsabilização quer doGoverno, face às opções de políticapública, quer do patronato, face à baixa

competitividade das empresas. Há muitoque se vem a constatar que os pontoscríticos do desenvolvimento de um paísestão ancorados em factores de natu-reza endógena, ou seja que apenas denós dependem, como por exemplo abaixa qualificação (dos trabalhadores edos empresários) ou a aposta nainvestigação e desenvolvimento.

Agravamento do desempregoreflecte debilidades acumuladas

no sector produtivo

(...) A ideia de que basta ao paísdesenvolver serviços porque é essa atendência de evolução do emprego nospaíses mais avançados é profunda-mente negativa porque nesses paísesos serviços estão apoiados em indús-trias fortes. (...) O sector empresarial doEstado foi quase destruído sem que opaís veja os resultados apregoados emtermos de dinamização económica. Atónica continua a ser posta na tecnologiae não em conceitos mais abrangentesabarcando também a inovação, oconhecimento, a qualificação, a partici-pação. (...)

Daí que o crescimento do desempregonão reflicta apenas a baixa do cicloeconómico que começou em 2001. Reflectetambém debilidades que se foram acu-mulando no sector produtivo. A suaexpressão só não é bem mais ampla porqueexistem importantes válvulas de escape,

desde logo a economia clandestina, masque têm pesados custos para o país.

A política económica continuacentrada na redução do défice público

(...) Só através da elevação daprodutividade se pode inverter a tendên-cia de redução da nossa capacidade defazer crescer a economia. (...)

Continuam a prevalecer ideiaserradas sobre o próprio conceito deprodutividade, ligando-a à flexibilidadedo mercado de trabalho com reduçãodos direitos dos trabalhadores. (...) E énesta linha que o actual Governoaprovou alterações à legislação dacontratação colectiva que mantêm acaducidade das convenções e insiste naflexibilidade do trabalho (agora sob orótulo da “flexisegurança”) no LivroVerde das Relações de Trabalho. Daíque nunca se atacassem a fundo osfactores-chave da eficiência económicaque estão ligados à capacidade deorganização e de gestão, à qualificaçãodo trabalho, à inovação, a serviçospúblicos desenvolvidos e eficazes.

(...) a política económica continuacentrada na redução do défice público.Tem sido esta a verdadeira prioridadegovernamental, com focalização nadiminuição da despesa pública, atravésde medidas restritivas incidindo sobre ostrabalhadores da Administração Pública,sobre o investimento público e sobre as

Propostas para o país ficA CGTP-IN aprovou um importante documento reivindicativo queemite um conjunto significativo de opiniões e que tem um elevadosentido estratégico para o país, o qual tem a designação “PolíticaReivindicativa 2007”. Trata-se, pois, de uma resposta para a saídade uma crise que encontra a sua principal causa numa política debaixos salários, de precariedade e de desresponsabilização doEstado para com os serviços públicos e do patronato para com otrabalho. Para a CGTP-IN é necessário que perante a situação emque o país se encontra se exija uma estratégia de desenvolvimentoque não pode, contudo, ser realizada contra os trabalhadores, massim que dè prioridade ao sector produtivo nacional.

CGTP-IN aprova documento estr a

Page 22: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

RCI23

políticas sociais. Esta situação conduziuà subalternização de políticas que sãocruciais para o desenvolvimento, mesmoquando se inserem em programas ouplanos ou programas oficiais, como é ocaso do Plano Tecnológico e do PlanoNacional de Emprego. Por outro lado, afocalização na redução da despesaretira ao Estado capacidade para umamaior intervenção nas áreas essenciaispara o desenvolvimento país, ao mesmotempo que perpetua injustiças fiscais.

Modernizar a Administração Públicanão passa por atacar os direitos

dos trabalhadores

A modernização passa necessaria-mente pela melhoria da sua capacidadede resposta às necessidades doscidadãos, que garanta os direitosconstitucionais e sociais da populaçãoe respeite os direitos e dignifique os seustrabalhadores. Mas as medidas adopta-das, designadamente os projectos

car a ganhar

É igualmente neste enqua-dramento que o Governo pretende,com o processo em curso de refor-ma da segurança social, a reduçãodas pensões. A aplicação conjugadadas principais medidas conduziria àdiminuição da taxa de substituiçãodas pensões (relação entre o valorda pensão e o salário) de 71% em2010 para 55% em 2050, o que setraduz numa perda significativa donível de vida de todos reformados.

A CGTP-IN considera que nãopode ser este o caminho. Ele não éeconomicamente sustentável por-que se baseia num cenário eco-nómico de médio e longo prazo deum fraco crescimento, o que repre-senta assumir a permanente diver-gência com o crescimento da UE. Asolução não pode passar nem pelaredução das pensões, como pre-tende o Governo, nem pela priva-tização da segurança social, comopropugna a direita.

A solução só pode passar peloreforço da segurança social públicaporque esta concretiza princípios deuniversalidade, de solidariedadeintergeracional, de redistribuição derendimentos e de justiça social, aque são alheios os sistemas priva-dos. Foi neste quadro que a CGTP-

legislativos sobre “Processos de reorga-nização dos serviços e racionalizaçãode efectivos” e o “Regime comum demobilidade entre serviços”, acompanha-dos pelas chamadas “Medidas especiaisno âmbito do regime da função pública”,contrariam esse objectivo.

Não é com o ataque generalizado aoemprego público, com o aumento daprecariedade, da instabilidade e dainsegurança e com a ameaça de des-pedimentos dos trabalhadores da

IN apresentou uma proposta alternativaque assegura o direito à segurança so-cial, garante o valor das pensões eaprofunda a diversificação das fontes definanciamento de forma a assegurar nomédio e longo prazo a sustentabilidadede um sistema público de segurança so-cial que realiza os objectivos consagradosna Constituição da República.

Desequilíbrios na repartição dosrendimentos e da riqueza agravam

desigualdades sociais

As principais opções de políticagovernamental estão a traduzir-se namanutenção e mesmo no agravamentodos desequilíbrios na distribuição dariqueza e dos rendimentos. As desigual-dades e as injustiças continuam amarcar o país. A distribuição da riquezae dos rendimentos é injusta, sendo Por-

tugal um dos países onde é maior odesnível entre os que ganham maise os que ganham menos e onde háum progressivo e escandalosoenriquecimento dos detentores dopoder económico. Apesar da saúdeeconómica do país não ser boa, averdade é que muitas empresas têmaumentado fortemente os seuslucros, como mostram os resultadosdas 500 maiores empresas.

Mas estas desigualdades não seconfinam aos rendimentos. Mostra-o apolítica fiscal. Mesmo que se reconheçaque há um esforço maior e maisresultados com o combate à fraude e àevasão fiscal, a verdade é que perma-necem desequilíbrios na repartição doesforço fiscal e que há poderososinstrumentos de fuga legal, como oprova a elevada dimensão de bene-fícios fiscais não aceitáveis, sendo ocaso mais gritante o da banca. Poroutros lado, a política de liberalizaçãoe de privatização de serviços públicos,que prossegue com o actual Governo,cria novas desigualdades, no acessode todos a serviços de qualidade quesão essenciais ao bem estar e queconstituem um elemento essencial domodelo social europeu.

IN “Política Reivindicativa 2007”.

atégico para os próximos anos

Reformar a segurança socialnão pode significar reduzir as pensões

Page 23: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI24

Administração Pública, com redução devencimentos e das pensões de aposen-tação e recusando o direito constitu-cional à negociação colectiva, que sedefende a modernização da Admi-nistração Pública. Não se defende umaAdministração Pública ao serviço doscidadãos, privatizando (externalizando)os serviços públicos, abrindo áreas denegócio com altas potencialidades delucro nomeadamente ao capital finan-ceiro, subordinando, assim, o Estado aopoder económico.

Um elevado volumede trabalhadores sem direitos

As desigualdades marcam também omercado de trabalho, como o espelha oaumento do desemprego e da suacomponente de longa duração, o elevadocontingente de trabalhadores com baixossalários, a precariedade de emprego e aeconomia clandestina. A realidade é quehá um imenso número de trabalhadoresque não vê, totalmente ou parcialmente,aplicados os seus direitos.

Mantemos uma posição terceiro-mundista quanto ao nível de economiaclandestina - entre 20% a 25% do

produto - o que é de todo inaceitável.O que tem pesadas consequênciasna vida do país, não só nos direitosdos trabalhadores, mas também anível económico, porque assim sepromove e perpetuam actividadescom fracas produtividades e sereduzem as receitas do Estado.

Temos também um elevado nívelde precariedade de emprego. Cercade um em cada cinco trabalhadorestem um vínculo não permanente detrabalho, o que coloca Portugal nogrupo de países com pior situaçãona União Europeia: Espanha, Por-tugal e Polónia. Trata-se de umarealidade que penaliza sobretudo ostrabalhadores pouco qualificados,jovens e mulheres. Os jovens conti-nuam vítimas de discriminaçãoquando o Código de Trabalho prevêque, pelo facto de procurarem oprimeiro emprego, possam ocuparempregos com contratos a termo,mesmo que estes tenham naturezapermanente.

Legislação de trabalhonão constitui um obstáculo

ao desenvolvimento

Promover o desenvolvimento dopaís, através de uma estratégia quepermita uma larga envolvência dostrabalhadores da população, cons-titui assim a grande prioridadenacional. Se o país falhar esteobjectivo, mantendo as actuaistendências de estagnação, o paístem como horizonte o declínio. Oaumento da produtividade constituia questão central, mas esta não éincompatível com os direitos dostrabalhadores. A existência de umamão-de-obra qualificada, bem remu-nerada e com direitos constitui umpoderoso incentivo para melhorar aeficiência produtiva e evoluir paraproduções de maior valor acres-centado.

Dizer que a legislação de tra-balho constitui um obstáculo, comopretende o patronato e os meiosneoliberais, não só não é verdadeirocomo representa um mero álibi dedesresponsabilização do patronatoe do Governo pelas perdas decompetitividade e pela fraca quali-dade dos serviços asseguradospelo Estado. O que é verdadeiro éque o actual Código de Trabalho,particularmente no que respeita àcontratação colectiva, é profun-damente prejudicial, pelo que a suarevisão em 2007 com um objectivode valorização do trabalho constituium aspecto central.

aposentados

As desigualdadesmarcam também omercado de trabalho,como o espelha oaumento dodesemprego e da suacomponente de longaduração, o elevadocontingente detrabalhadores combaixos salários, aprecariedade deemprego e aeconomia clandestina.

“Às “Terras do Demo”nos fomos”

Maria Conceição Tavares A. Dias

- Às oito horas em ponto ó Jorge?!- Leva “uma sandes” ó Iria senão morres de fome

até que o Dr. Fernando Paulo se canse de nosensinar a etimologia da palavra Aguiar.

- Olha a máquina fotográfica ó Rosa Maria. Nãose pode perder aquele momento em que o grupo se

Às “Terras do Demo” nos fomos,nós os professores que somos “osarquitectos, engenheiros,... doshomens de amanhã” ouvir o silên-cio daquelas “construções” degranito plantadas na Serra da Lapa

colocou na tribuna dos jurados de Paz lá nas terras deAguilar da Beira onde, da Torre do Relógio “mirávamos o“Cabicanca”, “onde os enchidos, o presunto, os torres-minhos, a bola de carne, o cabrito e as sobremesas fizeramem nós o resto duma “ida ao céu” em “ Terras do Demo”.

Às “Terras do Demo” nos fomos, nós os professoresque somos “os arquitectos, engenheiros,... dos homensde amanhã” ouvir o silêncio daquelas “construções” degranito plantadas na Serra da Lapa onde se ouvem osmelros, os estorninhos, os pardais, os pica-paus e as rolas.

Conta a lenda que foi numa dessas lapas que aSenhora apareceu à menina surda-muda, e de lá não quissair.

Foi bonito ouvir, ver e sentir, sempre solicitadospela douta sabedoria do dr. Fernando Paulo. Foi bo-nito deixarmo-nos envolver pelas histórias e “estórias”e pelo cheiro doce da flor da tília e do alecrim. (Foiconnosco o Bruno, de nove anos, que fez um ramo,por admiração e carinho, com folhas de tília, no pátioda Fundação Aquilino Ribeiro). O que nós apren-demos apenas em doze horas!

- Doze horas São?...?- Sim, Lourdes, porque não podemos esquecer

o que ganhámos e aprendemos desde que nosencontrámos na Praça da República, até que nosabraçámos num “Até à próxima”, no mesmo localonde o nosso motorista nos deixou.

- É verdade Eva José. Éramos quarenta profes-sores, e o motorista a quem estamos igualmente gratospelo cuidado, simpatia e profissionalismo com que nosconduziu e trouxe “a bom porto”.

Vale a pena estar e continuar sindicalizado, iraos Encontros Regionais de Professores Aposen-tados do S.P.R.C. e continuar, também assim, acontribuir para dignificar a carreira docente e a lutarpela Escola Pública.

outubro ’06

Page 24: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

A implementação da Declaração deBolonha, determinando profundasalterações no tecido do ensino superiore da investigação, implicaria uma refle-xão sobre diversas condicionantes queentretanto surgiram. Em primeiro lugare desde logo, qual o significado de umaDeclaração (1999) ter ganho uma forçadirectiva transformando-se paulatina esub-repticiamente num “Tratado”?. Emsegundo lugar, a articulação desta coma Declaração de Lisboa (2000) quepropõe como objectivo tornar a econo-mia europeia na mais competitiva domundo, tendo em conta os EUA e oJapão, até 2010. Por último, um conjuntode instituições, de natureza diversa,estão a convergir com acções decarácter claramente directivo e global,sobrepondo-se às soberanias nacionais.O governo Sócrates, ao solicitar à OCDEa avaliação do sistema nacional e àENQA ou a instituições dos EUA avalia-ções institucionais, reforça este compor-tamento. Sabendo que estas instituiçõespartilham a visão economicista da OMC,Banco Mundial e FMI, é legítima acrescente preocupação com a mercan-tilização do ensino superior que relegapara último lugar a educação para acidadania e hiper-valoriza a capacidadepara o desempenho “mecânico” eacrítico de uma função. Aliás, todo osistema de ensino tem vindo a centraros seus esforços nas competências, ouseja, na formação de mão-de-obraqualificada para o desempenho de umatarefa específica, embora seja incapazde contextualizar os seus conheci-mentos e procedimentos e de desen-volver a sua actividade de forma crítica ecriativa. A educação na cidadania éassim, progressivamente, substituídapela formação profissionalizante de baseestreita com o consequente empo-brecimento cultural e científico dapopulação estudantil e, num futuro muitopróximo, dos recursos humanos.

Neste contexto, a implementação daDeclaração de Bolonha não reduzapenas o tempo de permanência nosistema, segundo a fórmula 3+2, dos4+1 ou dos 5+0, mas introduz um méto-do pedagógico que exige meios huma-nos e financeiros mais elevados, atéporque o regime tutorial implica uma

relação de maior proximidade do que oensino magistral que acompanhou aexplosão da oferta, suportada por umaprocura até há bem pouco tempocrescente. Ora, o recente anúncio doMCTES de que todas as instituiçõespúblicas de Ensino Superior iriam sofrerum corte, em 2007, nos seus orça-mentos de funcionamento1, de, pelomenos, 5%, relativamente aos iniciais de2006, é incompatível com o modelopedagógico proposto, transferindo parao já sobrecarregado orçamento familiaro financiamento dos estudos superioresque, não tendo, em muitos casos, aelasticidade suficiente para acomodarmais um aumento da despesa, levaráao abandono dos estudos superiores.Sabendo-se da relação positiva entre onível de ensino e a produtividade, leia-se desempenho profissional, é evidenteque esta política educativa hipoteca o fu-turo e desvaloriza o ensino superior público,criando as condições para a privatizaçãodo ensino com, por um lado, o agravamentoda instabilidade2 ao nível do corpo docentee, por outro lado, a elitização do ensinosuperior de tão triste memória.

O ensino superior universitário epolitécnico tem vindo a ser, e em espe-cial nas duas últimas décadas, conside-rado como um dos motores do desen-volvimento regional. De facto, os eleva-dos investimentos envolvidos na cons-trução de infra-estruturas para o ensinoe a investigação, tal como a despesaefectuada pelos corpos docente ediscente e pelo pessoal auxiliar temimportantes efeitos multiplicadores naeconomias regionais.

A atracção/retenção de jovensestudantes e quadros qualificados quede outro modo sairiam para regiões maisdesenvolvidas, leia-se litoral, a par dosserviços de extensão (prestação deserviços à comunidade) são tambémoutputs centrais do sistema de ensinosuperior. A progressiva concentração, àboleia de Bolonha, do 2º ciclo nas univer-sidades que possuem centros de inves-tigação de “excelência” (3 a 4 no litoral)leva inevitavelmente à secundarizaçãodas universidades do interior (desde aUTAD à Univ. do Algarve) e dos institutospolitécnicos deixando-lhes o 1º ciclo e oscursos de especialização tecnológica e

retirando mais um elemento de dinami-zação das economias regionais. Nestecontexto, também o ensino superior nolitoral não está imune aos impactosnegativos desta política do Sr. MinistroMariano Gago já que a migração dealunos do 2º ciclo se irá acentuar paraalgumas universidades europeias que,neste momento recorrendo às TIC eoutros instrumentos, já iniciaram umapoderosa campanha de marketing juntodos alunos do secundário e superior. Oque se construiu com o esforço de muitose muitos docentes, investigadores,autarcas e uma plêiade de agentes (senão for mudada esta política) serádestruído, perdendo-se assim esta dimen-são do ensino superior e agravando-se,ainda mais, as assimetrias regionais.

É por todas estas razões que osinvestimentos na escola pública,desde a educação pré-escolar aoensino superior, devem ser avaliadoscomo despesas estratégicas e dedefesa da soberania nacional, sendo,logo, um investimento no futuro.

RCI25

Equívocos na implementaçãode Bolonha

1 Portugal continua a despender por aluno, noEnsino Superior, menos de 2/3 do que a média daOCDE (Education at a Glance, 2006).

2 Actualmente, no ensino superior público, háuma elevada percentagem de docentes comcontratos a prazo. No ensino politécnico, aprecariedade eleva-se a cerca de 75% do pessoaldocentes e, na sua maioria, com contratos cujavigência máxima é de 2 anos.

opinião

Fernandes de Matos, Dirigente do SPRC, UBI

A educação na cida-dania é assim, progres-sivamente, substituídapela formação profis-sionalizante de baseestreita com o conse-quente empobrecimen-to cultural e científicoda população estudantile, num futuro muitopróximo, dos recursoshumanos.

Page 25: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

tem a palavra

Nuno Ferreira Rilo*

RCI26

Uma falsa história sobre mérito

Que a ignorância da generalidade daopinião publicada nos nossos meios decomunicação social dominantes muitocanta a propósito da proposta socialista deRegime Legal da Carreira do PessoalDocente da Educação Pré-Escolar e dosEnsinos Básico e Secundário, já nóssabíamos.

A propósito das propostas governa-mentais sobre o Regime Legal da Carreirado Pessoal Docente da Educação Pré-Es-colar e dos Ensinos Básico e Secundário,alguns comentadores da nossa praça têmelogiado, mesmo cantado, o que dizem sera avaliação e promoção por mérito dosprofessores deste sector de ensino.

Nomeadamente Miguel Sousa Tavaresnum ponto sobre educação na sua crónicacom que inaugurou o novo formato doExpresso. Até acrescenta, mentindo, queos sindicatos eram contra sem conhe-cerem a proposta. Ora a proposta, já comduas versões, era conhecida e por issopodemos apreciá-la com objectividade.

O que ali se propõe não tem nada aver com avaliação e promoção de profes-sores por mérito. E por diversas razões. Aprimeira é que um sistema desses pressu-põe que uma vez verificado o mérito dealguém, isso implique a sua promoção. Poroutro lado, que o acesso à verificação oucertificação desse mérito seja objectiva esem condicionalismos administrativos.

Ora o que a proposta apresenta começapor violar completamente estas duascondições. De facto, os lugares de topo dacarreira são restritos a 10 a 20 por cento dosprofessores que apenas lá poderão, even-tualmente, chegar no fim da carreira

Também não se sabe sequer comoserão distribuídos pelas diversas disciplinasou grupos de disciplinas e que âmbito terri-torial terão. Ou usando uma linguagem queos professores universitários conhecem, osquadros de cada escola não são conhecidos,não é conhecida a sua distribuição pelasdisciplinas ou grupos de disciplinas nemsequem a definição de escola.

De facto, o que é proposto é inspiradono sistema de quadros das Universidadese Politécnicos onde também não existe umverdadeiro e inteiro sistema de promoçãopor mérito uma vez que o acesso aoslugares do quadro depende da existênciade vagas e estas, no geral, estão preen-chidas ou não estão disponíveis porestarem atribuídas a outras áreas cienti-ficas. Na verdade, os quadros assimconsiderados são instrumento de controloadministrativo e não de avaliação epromoção por mérito. E como os exemplostêm mostrado, nestes sistemas a genera-

lidade dos lugares é ocupado pela geraçãoque no momento em que é instituído está emcondições de ocupar as vagas e as geraçõesfuturas esperam, às vezes eternamente, queaquela geração saia do sistema.

No entanto, na carreira Universitária háalguns mecanismos de mérito absoluto.Por exemplo quando, cumpridos os prazosdeterminados, se obtém o Mestrado e sepassa a Assistente, se obtém o Douto-ramento e se transita para ProfessorAuxiliar ou com a Agregação se passa a Pro-fessor com Agregação com novo escalãoremuneratório e de forma automática.

Mas, talvez mais do que o sistema, aquestão central é a avaliação objectiva domérito. Lembremos que no Ensino Supe-rior embora ele apresente dificuldades, temuma base mais ou menos consensual.Pelo menos para os que consideram, comoo autor deste texto, que um docente doensino superior deve ser um investigadorque ensina. De facto estas carreiras, emmaior ou menor grau, assentam naobtenção de pós graduações e na avalia-ção do trabalho de investigação dosdocentes, seja ela básica, fundamental ouaplicada. E por isso também todos sabe-mos que uma critica a este sistema con-tinua a ser a dificuldade em avaliar odesempenho docente.

É verdade que neste aspecto o sistemapode ser melhorado e que tem havidopropostas, mesmo já de forma articulada,que este governo não quer considerar porrazões economicistas. De facto, estegoverno como não quer pagar o méritoconseguiu ser em 2005 o único da

comunidade que investiu menos por alunodo ensino superior do que por aluno dosecundário! Como se mostra no estudo deEugénio Rosa[1], no ano passado no nossopaís apenas se investiu, por aluno doensino superior, 55 por cento da médiacomunitária.

Mas voltando à questão principal,como se avaliará o mérito de um profes-sor do Ensino Pré-Escolar, Básico eSecundário? Será pacifico dizer-se quedeve estar centrada nos resultados daaprendizagem. Mas como avaliar osresultados da aprendizagem conseguidacom alunos tão diferentes e em condiçõesmateriais e meios igualmente diferentes?Com que tipo de avaliações e provas?

Para concluir, os docentes do ensino su-perior intervenientes nas questões da suacarreira, onde como dissemos esta não é aquestão central, não obstante alguma reflexãoe trabalho, ainda não resolveram esteaspecto, ou pelo menos não a conseguiramtraduzir nas suas carreira. Por isso talvez nãoseja aqui que este ministério deva encontrarexemplos e inspiração para a carreira do Pré-escolar, Básico e Secundário. Mas tambémnão é preciso ter muita imaginação para olharpara sistemas de outros países com quemsempre nos relacionámos culturalmente eanalisar criticamente as suas experiênciasneste sector.

*Professor Auxiliar da Fac. de Ciênciase Tecnologias da Univ. de Coimbra -

[email protected]

[1] Eugénio Rosa (Economista),O baixo nível de escolaridade e de

qualificação em Portugal, que é uma causaestrutural do atraso do país, não melhorou em

2005, http://www.resistir.info/portugal/escolaridade.html

Este governo conse-guiu ser em 2005 oúnico da comunidadeque investiu menospor aluno do ensinosuperior do que poraluno do secundário!

outubro ’06

A inevitável tentativa de submeter todosos assalariados a constrangimentos àmelhoria de condições de vida é a tentaçãoque, no passado, os regimes fascistasexecutavam sem qualquer pejo. Hoje,deveria ser mais difícil tais execuções porse oporem à democracia. No entanto, paraa ludibriarem, socorrem-se alguns demelhores expedientes do que outrosquando lhes “foge o pé” para a tirania. Ahabilidade é claramente ultrapassadasempre que o déspota já se escusa a darjustificações de enquadramento demo-

A prepotênciae a indignaçãoVítor Januário*

Page 26: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

A forma como funcionam as empresas portuguesasé o factor, a seguir ao difícil quadro macro-económicoque atravessa o país, que mais está a prejudicar acompetitividade nacional, em contraponto com classif-icações mais positivas nas áreas da saúde e ensinobásico, qualidade das infra-estruturas e instituiçõespúblicas, mostra o relatório anual ontem publicado peloFórum Económico Mundial (FEM).

Portugal perdeu este ano três lugares no índice glo-bal da competitividade calculado por esta entidade (umdos mais seguidos a nível mundial), passando a ocupar a34.ª posição entre 125 países. O factor negativo maismarcante na classificação portuguesa é o das condiçõesmacro-económicas, onde o baixo ritmo de crescimento, oelevado défice público e o avultado desequilíbrio dascontas externas, colocam o país como o 80.º pior nestacomponente. E em todos estes capítulos, a situaçãodeteriorou-se em 2005, ano de referência para a recolhados indicadores económicos quantitativos.

Logo a seguir, pela negativa, surgem não os custos decontexto ou a qualidade das instituições públicas muitas vezesreferidas nos meios empresariais, mas sim a forma como asempresas funcionam e definem as suas estratégias. Nacomponente de sofisticação dos negócios, que mede factorescomo o processo produtivo, a estratégia de marketing, acapacidade de delegação de competências e presença decadeias de valor acrescentado, Portugal não consegue melhorque a 43.ª posição.

Também na componente da qualidade das institui-ções, o FEM distingue entre as existentes no sectorpúblico e no sector privado, ficando estas últimas maisuma vez a perder. Ao nível das instituições públicas, Por-tugal consegue o 23.º lugar no ranking mundial,conseguindo ultrapassar vários países da Zona Euro. Masnas instituições privadas cai para o 31.º lugar.

Outro indicador que revela as debilidades relativasdo sector empresarial português é o indicador decompetitividade nos negócios, também apresentado, eonde Portugal fica na 28.ª posição entre 121 países. Esteindicador tem duas componentes. Enquanto no sub-índicerelativo à qualidade do ambiente de negócios, Portugalconsegue o 26.º lugar (o 11.º entre os países da UniãoEuropeia), no subíndice da sofisticação das operações eestratégia das empresas não ultrapassa o 40.º lugar (15.ºna UE). Isto parece querer indicar que , a forma como asempresas portuguesas funcionam não tira totalmentepartido das condições de negócio que o país oferece.

Apesar de ao nível das grandes componentessobressair uma visão mais negativa do funcionamentodo sector privado, em alguns indicadores específicos cujaresponsabilidade tem pertencido ao sector público, aposição portuguesa é extremamente negativa. Os casosmais evidentes são o ensino da matemática e da ciência,a legislação laboral e os custos da política agrícola.

DN, 27/09/2006

Privados prejudicamimagem da economiaportuguesa

RCI27

’06 outubro

crático, mas assume maior perversi-dade quando o mandante, em jeitodissimulado, consegue alcançar finali-dades que esconde com jeito seráficoe candura caritativa. Aceitar convivercom tais manhas é recusar assumir adignidade.

Neste presente, a tutela da Edu-cação parece ter sido tomada por umgrupo de iluminados narcisistas, jácapaz de ultrapassar o jogo maquia-vélico para se entregar ao desca-ramento da afronta à própria condiçãohumana. Esta atitude, que não se sub-sume na iníqua proposta de RegimeLegal da Carreira do Pessoal Docente,condensa neste as mais endemoninha-das medidas, reveladoras de umdesprezo tal pelo indivíduo que faz coraros mais despudorados da História. Defacto, a sr.ª ministra e os seus secretáriosde estado conseguiram abrir feridasprofundas em todo o sistema educativoe, obstinadamente, na classe docente.

O projecto do M.E. é claro e atése percebe a ideologia subjacente àsmedidas de desrespeito absoluto pelamulher / mãe e pelo homem/pai, querpor amesquinhar o papel social efamiliar que assumem, impedindo-osdo devido acompanhamento e apoioaos filhos ou parentes, quer por nãoaceitar o factor circunstancial, oimprevisto, melhor ainda, a condiçãohumana através de um regime defaltas só aceite por senhores feudais.Obviamente que estas incompreensõesapenas se aplicam aos outros, nestecaso, aos professores e educadores,visto que a sr.ª ministra vai poder chegaràs horas que entender sempre quenecessitar, excepto quando tiver indis-posições, precisar de socorrer um fa-miliar ou outras justificáveis, pois a sr.ªministra pertence à espécie humana.Além disso, a equipa do M.E. não teráque se preocupar com as inúteis horasde “substituição”, pois, seguindo actuaiscritérios, ainda veríamos a dr.ª Maria deLurdes a ocupar alunos do 7.º ano oudo 10.º por ausência temporária dedocente. Nós não desejaríamos isso,nem que a sr.ª, entretanto, fosseobrigada a ficar com horário zero, apesarde ser obrigada a trabalhar, pois correria

o risco de ingressar nos supranu-merários (não queríamos essa vin-gança, excepto se, para tomarem boaaprendizagem do inaceitável, apenaslhe fosse aplicada individualmente e aosseus inestimáveis secretários). Tambémnão seria nossa vontade que tivesse deleccionar num estabelecimento deensino a centenas de quilómetros da suaresidência durante quatro anos (nãoqueríamos tal vingança, excepto se,para tomarem boa aprendizagem doinaceitável, apenas lhe fosse aplicadaindividualmente e aos seus inestimáveissecretários). Entretanto, mesmo que davontade se fizesse acção, não preten-deríamos que a fúria dos encerramentosapanhasse as escolas de filhos ou netosdos srs. do M.E , embora sabendo quesempre haveria o colegiozinho, que épara quem pode, pois claro.

Legitimamente, poderíamos re-clamar que os srs. da 5 de Outubropassassem pelo período probatóriode todas as suas malfeitorias atéperceberem que é condenável exe-cutar exonerações a quem temlegítimas expectativas no exercício daactividade profissional, provandocapacidades e empenho”– a espadade Dâmocles sobre os professoresque ingressam nos Quadros revelaassumida prepotência. Todavia, estamedida não tem menos desfaçatezque a penalização sobre todos osoutros colegas sujeitos à desqualificaçãoabsoluta por não lhes ser permitidoalcançar o tal nível de bom.

O atrevimento da equipa da dr.ªLurdes e do Governo que o sustentaexige de todos os professores umaafirmação inequívoca de dignidadeprofissional através da luta pormerecidas condições de trabalho.Para isso, é, certamente, necessáriodisponibilidade para uma participaçãocoesa na mobilização e na acçãosindicais – no dia 5, lá estaremos; nodia 12, reencontrar-nos-emos, mas omomento que vivemos exigirá aindaque permaneçamos fortes e unidos,preparados para todas as formas de lutaque se seguirão até alcançarmos a justadignificação do nosso trabalho.

* Esc. Sec. Adolfo Portela, Águeda

(…) não pretenderíamos quea fúria dos encerramentosapanhasse as escolas defilhos ou netos dos srs. doM.E, embora sabendo quesempre haveria o colegio-zinho, que é para quempode, pois claro.

Page 27: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

RCI28

Entre Nós,nº 19Escola E. B. 2, 3 /S de VilarFormoso

O jornal da vossaescola nasceu em1993/94 e foifazendo o seucaminho. Umas

vezes com o vento a favor, outras vezescom as dificuldades inerentes a quemquer crescer e enfrentar as intempériespróprias da vida. Por isso, depois de uminterregno, o jornal continua e é verdadeo que dizem “Com tanta história não sepode deixar terminar”. Da nossa partevai um incentivo para aqueles quearregaçam as mangas e não não deixamque o jornal desapareça. As actividadeslevadas a efeito dentro e fora da escolaestão exaustivamente contempladas nojornal. Um abraço a todos os quecontinuam a fazer este “formoso” Entre

Nós.

CHAMA,3ª Série – XIIEscolaSecundária FreiHeitor Pinto -Covilhã

“Chama” dá contadas muitasactividadesrealizadas na

Escola, uma Escola que não pára, comose escreve na primeira página. O jornalpõe em destaque “Encontro deBibliotecas”, “visitas de estudo”,“Comemorações do 25 de Abril”,“Heitoríadas”, “Comemorações”,“Exposições”, “Palestras”, “Prémios” eainda outras actividades. Nota-se,também, pela leitura do jornal, oempenho que põem na preocupação deque todos os alunos tenham sucessoeducativo e se sintam bem dentro doespaço escolar. Parabéns aoscolaboradores e autores do jornal. Até aopróximo número.

O EGAS, nº 36Jornal doAgrupamento deEscolasde Avanca – Prof.Dr. Egas Moniz

“O Egas” relata asactividadesrealizadas naescola, tendo em

conta e de acordo com o Plano Anual deActividades e o Projecto Educativo.Assim, ficamos a saber de iniciativasimportantes como a“Semana Temática da Educação – AveiroDigital”, “Feirinha dos Mineiros”,

“Evocação do 25 de Abril”, “Dia daEuropa”, “Seminário Nacional –Educação e Cidadania”, “Dia Mundial daCriança”, “Dia do Ambiente”, “Entrevistaa Alice Vieira”, entre outras actividades.Também nos apraz registar aparticipação de outras escolas doAgrupamento além da Escola E.B. 2, 3.A primeira página do jornal estáapelativa e convida à leitura. Um bomano 2006/2007 e um abraço para aequipa de “O EGAS”.

Escola & Cª,Junho de 2006EscolaSecundáriaMartinho Árias -Soure

O último númerodo ano lectivo2005/2006 darevista Escola &

Cª está muito bem concebido. É umarevista que revela o que se passa naescola e na terra em que está inserida,mas vai mais além. Evidencia temáticasque dizem respeito a toda a gente emqualquer parte do mundo e fala depersonalidades com dimensão universal.Destacamos alguns temas que nosparecem importantes, como “Dia Mundialda Mulher”, “Perfis Femininos”, “Direitose Defesa do Consumidor”, “Efeméridesda Matemática”, “Toponímia das ruas deSoure”, “Violência Doméstica”, etc.Um abraço apertado para a equipa darevista. Boa sorte para a nova equipa.Até ao próximo número. Transcrevemosa citação que vem na vossa revista deAgostinho da Silva: “São meusdiscípulos, se alguns tenho, os queestão contra mim; porque essesguardaram na alma a força queverdadeiramente me anima e maisdesejaria transmitir-lhes: a de não seconformarem”.

A FISGA,Junho de 2006Jornal deAgrupamento deEscolas Inês deCastro

Parabéns. AFISGA saíu comnovo formato.Agora é jornal de

Agrupamento, o que quer dizer maistrabalho, mais responsabilidade, mastambém mais gente a participar. Noeditorial, a redacção fala de dificuldadessurgidas com mudanças que criaramalguma instabilidade, mas nasentrelinhas do texto já se nota a vontade,de no próximo ano, A FISGA retomar ocaminho normal. Um abraço reconhecidopara os alunos medalhados e o desejode sucesso para os alunos não

medalhados. A ideia das fotos dasescolas que constituem o agrupamento,na página 2, é bem conseguida. A leiturado jornal é insustentavelmente leve eagradável. A participação das escolas doagrupamento parece boa. Ainda estamoscom a boca doce do rebuçadito que éesta FISGA. Um abraço para a equipa,até ao próximo número. “Não sãotempos fáceis”. Força.

O Alvinho,nº 19Agrupamento deEscolas de SãoPedro de Alva

As outras escolasdo Agrupamentovão perdoar-nos,mas vamosdedicar mais

algumas palavras à Escola Básica 2/3 deSão Pedo de Alva pelos seus 10 anos deexistência. 10 anos é muito tempo, 10anos é pouco tempo. Mas, nestes 10anos, o tempo foi de trabalho, de luta, dealegria, de amor e de sonho. Habituámo-nos a receber e a ler o jornal amarelinhode São Pedro de Alva e os professoresdirigentes sindicais do SPRC costumamser bem recebidos e participam comalegria nas reuniões que regularmentetêm lugar na vossa Escola. Portanto,muito obrigado e muitos parabéns. Osdias em que comemoraram “Os 10 anos”estão bem relatados no jornal, as outrasescolas do Agrupamento participamadequadamente. Cantamos osparabéns, apagamos as velas ecomemos um bocadinho do bolo. Umabraço para a equipa do jornal. Até aonúmero 20.

O Pretexto,nº 32Escola Básica do2º e 3º Ciclos Dr.Pedrosa Veríssimo– Paião

A excelenteexposição de FridaKahlo, no CentroCultural de Belém,deve ter

encantado os alunos e os professores daEscola. Pintora mexicana de umatêmpera vibrante e de uma vontadeindomável. A sua vida e a sua obraconfundem-se. “O Pretexto” faz bem empromover o debate entre professoressobre o sistema educativo. Opiniõesinteressantes e controversas. EscolaViva... Escola Activa... onde se narramas actividades promovidas pela Escola.“Cidadania” e “Poder da Televisão” sãooutros temas tratados pelo jornal. Até aopróximo número. Um abraço para opessoal de “O Pretexto”.

jornais escolares

Page 28: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

TAGV — OUTUBRO

Para o TAGV Outubro éoarranque de um desenhoque deverá percorrer aprogramaação para atemporada de 2006-2007.

Música, Cinema, Dança e Teatro serãoas quatro disciplinas artísticasdominantes, como pode, aaliaaás, ler-se no prospecto que divulgaa aprogramação de Outubro.Saliente-se a programação educativaque integra , para além do cinema deanimação, oficinas de expressãodramática.

Dias 13 a 28Festival de Música de Coimbra 2006— 21.30 horas13 de Outubro: OrquestraMetropolitana de Lisboa | Obras deSchöenberg e Beethoven19 de Outubro: Orquestra SinfónicaJuvenil | Concerto comemorativo doAno Internacional de Mozart27 de Outubro: Recital de Canto ePiano | Obras de Schumann, Mozart eFernando Lopes-Graça28 de Outubro: Concerto a doispianos | Obras de Mozart, Mozart/Busoni e Rachmaninov | estreia daobra encomendada pelo Festival aocompositor Vasco MendonçaOrganização: Reitoria da UC, CâmaraMunicipal de Coimbra e AssociaçãoAdarte

PHYSICOMICTeatro

um íman para roubar anéis, colares epulseiras são algumas daspersonagens caricatas que podemosdescobrir em Physicomic…Co-produção: Encerrado para obras/Museu de Física da Universidade deCoimbra | dramaturgia e encenação:David Cruz | interpretação David Cruze Estela Lopes | consultoria científica:Doutora Helena Caldeira (Directora doMuseu de Física)

FESTA MUNDIAL DA ANIMAÇÃODatas : 27 Outubro — 10.30 | 28Outubro — 11.00Shshshsh sintonia incompleta(Portugal), de Mário Jorge NevesAu bout du monde(França), de Konstantin BronzitO banquete da rainha (Portugal), deJosé Miguel RibeiroLa grande migration (França), deIouri TcherenkovA menina gorda (Portugal), de Pedro LinoBonhommes (França/Bélgica), deCecília Marreiros MarumThe dog who was a cat inside (ReinoUnido), de Siri MelchiorLe Trop petit prince (França), deZoya Trofimovaorganização Casa da Animação, FilaK – Cineclube e TAGV

Mais informações sobre aprogramação em www.ci.uc.pt/tagv

Physicomic mostra-nos como a Físicase encontra presente em tudo aquiloque fazemos. O espectáculo,composto por uma dezena desketches de curta duração, apresenta-nos um conjunto de personagens donosso quotidiano, cujas acções tornamevidentes alguns dos princípios físicosmais básicos, com os quaisconvivemos diariamente. Operários daconstrução civil que tocaminstrumentos sui-generis tais como oserrote, o maartelo e o prego, ou tubosem pvc, um empregado de limpezaque passa a vida a fazer bolas desabão, equilibrismo com vassouras,música com copos de cristal, ou,ainda, um ladrão original que utiliza

(programação)

divulgação cultural RCI29

’06 outubro

Page 29: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

outubro ’06

DEBAIXO DA CIDADEAPA- ACTORES PRODUTORESASSOCIADOS / CENTRO CULTURALDE BELÉM

“É preciso chegar às coisas por baixo.São as coisas que te podem elevar.Não o contrário. Por baixo.”Esta encenação de Manuel Wiborg eCláudio da Silva elege o corpo comoespaço de representação. O corpo nude um homem em palco é desvendadopor partes, numa sequência deimagens provocada pela direcção defocos de luz. O espectáculo “Debaixoda Cidade - Alguns dólares sobreteatro e outras notas menores” nascedo texto com o mesmo nomepublicado no livro A Colher de SamuelBeckett, de Gonçalo M. Tavares.

Autor: Gonçalo M. TavaresEncenação: Cláudio da Silva eManuel WiborgLuz/ Direcção Técnica: Rui AlvesFotografia: Álvaro RosendoElenco: Manuel WiborgDirecção de Produção: ManuelWiborgAssistente de Produção: PatríciaFarinha MendesCo-Produção: Centro Cultural deBelém/ APA- Actores ProdutoresAssociadosM/1623, 24 e 25 de Outubro, 21h30 /Museu dos Transportes / Preços: 8

geral Sáb 17h00Paragem para festas 24, 25, 31 deDez e 1 e 2 de Jan.

O TEATRÃO NOUTROS LOCAISDA CIDADE

LER E FAZER - OFICINASDE LEITURA E TEATRO

Sessões de leitura de textosdramáticos por e para adolescentes,criando espaço de análise ediscussão.O texto dramático, ao contrário dotexto narrativo, propõe um trabalho apartir da acção e não do enredo. Aacção, por seu lado, como base daconstrução de um espectáculo temque ser trabalhada com opensamento, criando, no fundo, ummote, uma proposta de discussão como público. Assim sendo, o trabalhocom textos dramáticos para aadolescência pretende criarpossibilidades de discussão detemáticas neles contidas. Em cadasessão será dado a conhecer um textoe serão discutidas possibilidades detrabalho com o mesmo, possibilidadesde comunicação com o público.14 de Outubro, 4, 18 e 25 deNovembro, 9 de Dezembro, 10h30-12h30 / Livraria Almedina (Estádio) /Entrada LivreApoio à divulgação: Sindicato dosProfessores da Região Centro

O TEATRÃOprogramação (até Dezembro de 2006)

RCI30

CONTACTOS:O TeatrãoOficina Municipal do Teatro,Rua Pedro Nunes, Quinta da Nora3030-199 CoimbraTelef. 239 714 013 / Fax 239 724 490 /Telemóvel 914 617 [email protected] /www.oteatrao.blogspot.comMuseu dos Transportes, Rua daAlegria, 3000 Coimbra

OUTUBROeuros normal, 5 euros estudante, 3euros grupo

NOVEMBRO/DEZEMBRO

AS TRÊS RAINHAS MAGASO TEATRÃO

Imaginem que a história dos três ReisMagos não era bem a queconhecemos... Os Reis Magos têmRainhas e elas também querem ir aBelém. Como os camelos estavamesgotados tiveram de arranjaralternativa e, como não querem ir demãos a abanar, encontram unspresentes muito especiais para levarao Menino. Misturem muita música ealegria e pensem no resultado quedará!

Autor: Renata PallottiniAdaptação: Jorge Louraço FigueiraLuz/ Direcção Técnica: JonathanAzevedoConstrução e montagem Cenário:José BaltazarConcepção/ Confecção Figurinos:Fernanda TomásCenário: Contruido no âmbito doCurso de Cenografia promovido pelaESEC e orientado pelo Prof. José DiasBanda Sonora: Filipe da CostaApoio Corporal: Leonor BarataFotografia: Paulo AbrantesGrafismo: Sofia FrazãoElenco: Adriana Campos, Cláudiacarvalho, Inês Mourão, João CastroGomes, Manuela Neves, PedroLamas, Ricardo Brito, Rui Guerreiro,Sandra RibeiroDirecção de Produção: IsabelCraveiroProdução Executiva: MargaridaSousa, Ricardo BritoEspectáculo para crianças de todasas idadesTemporada de 9 de Novembroa 6 de JaneiroEspectáculos para escolas de Seg. aSex. (10h30 e 15h00) Público em

outubro ’06

Page 30: SUMÁRIORCI.OUTUBRO ’06 · Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: sprcviseu@mail.telepac.pt DELEGAÇÕES

’06 outubro

Teatro InstávelA Gargalhada

de Yorick

Uma versão de Hamle t , de Wi l l i amShakespeare, para dois actores; excertos dotexto original de William Shakespearecomtradução e cenas originais de André Gagoeum poema de Alexandre O’Neill

Encenação, Cenografia e Selecção Musical deAndré Gago | Máscaras de Renzo Antonello eNuno Pino Custódio | Figurinos de Ana Borgese André Gago| Fotografia e Design de RuiSoares Esteves | Cenário executado porRicardo Trindade | Operação de Luz e Somde Ricardo Trindade

Com André Gago e Joaquim NicolauDuração: 120 minutos, sem intervaloClassificação Etária: não aconselhável amenores de 12 anos

SINOPSEDurante cerca de 95 minutos, André Gago eJoaquim Nicolau abordam de uma forma origi-nal aquela que é a peça de teatro maisemblemática de toda a literatura ocidental.Involuntáriamente didáctico, o espectáculoacaba por familiarizar de uma forma extre-mamente eficaz o público com a trama e aessência da obra. Constitui, por isso, umestimulante exercício de descoberta para ogrande público e um agradável divertimento paraaquele que conhece em profundidade a peça.Combinando o cómico e o trágico (como, aliás,é recorrente em Shakespeare), este espectáculorepresenta também uma oportunidade rara paraouvir, em português, alguns dos solilóquios maisbelos da peça original:“Ser ou não Ser...”, “Que Reles e VelhacoEscravo...”, “Como Todas as OcasiõesParecem Dar Má Informação de Mim...”

Espectáculo para Escolas:Dia 27 de Novembro, 15h00, TAGVDia 28 de Novembro, 10h30, TAGVMarcação e Reservas - 239 855 630

"Quinta de Contos"no Ateneu de Coimbra, Sé Velha

às 22h00, dia 2 de Novembro,com o contador Thomas Bakk

e em 30 de Novembro, com PaulaCarballeira

“As Crianças” (The Children) e “Osque rastejam” (The Crawlers) são duaspeças de teatro em um acto, do poetanorte americano Russell Edson, escritasem 1973. Se não fossem trágicas, aspeças seriam de uma comicidadehilariante. “As Crianças” é um entreteni-mento cujos personagens são um pai euma mãe, com 80 e muitos anos, emconflito geracional com os seus filho efilha, solteiros, de 60 e tal. É sobre aprisão familiar e a revolta, o tempodesperdiçado e a luta de sexos, asverdades do casamento e o pó queassenta em quem não se mexe. “Os querastejam” é um divertimento acerca deum pai (homem de negócios), de umafilha (gorda, de 40 anos, com problemasde solidão sexual) e do seu pretendente(empregado do pai, pago por este parase casar com a sua filha, lambe-botas).É acerca das fronteiras entre a solidãoe a libido, entre a imbecilidade e asubserviência, entre o desejo de podere do útero materno.

Sobre o autor:Russell Edson, um dos mais impor-

tantes poetas norte-americanos vivos,

Camaleão-Associação Cultural

“As crianças & Os que rastejam” de Russel Edson

nasceu no Connecticut, em 1935, ondepresentemente reside com a sua mulherFrances.

Sem qualquer formação em escrita,Russell Edson tornou-se uma voz únicana poesia norte-americana do séculoXX. Em parte mágico, em parte contadorde estórias, as suas fábulas transcen-dem os sonhos.

Edson, que por brincadeira se cha-mou a si próprio “Little Mr. Prose Poem”(o Pequeno Sr. Poema em Prosa), é, semgrandes discussões, considerado o maiorescritor de poesia em prosa dos EstadosUnidos da América, tendo escritoexclusivamente nessa forma, mesmoantes de ela estar na moda.

Num estudo sobre o poema emprosa norte-americano, Michel Delvillesugere que uma das ‘receitas’ típicas deEdson para os seus poemas em prosaenvolve um moderno homem comumque subitamente cai numa realidadealternativa na qual perde o controlesobre si mesmo, por vezes até ao pontode ser irremediavelmente absorvido —quer figurativa quer literalmente — peloambiente próximo e, a maioria das vezes,doméstico do seu dia-a-dia… Fundindoe confundindo constantemente o banale o bizarro, Edson diverte-se em fazeruma situação aparentemente inócuapassar pelas mais improváveis e mis-teriosas metamorfoses… Em 1974recebeu o prémio Guggenheim.

’06 outubro

RCI31

Com: tradução e encenação de José Geraldo; An-drea Inocêncio - cenografia, adereços, figurinos eimagem; Adelaide Seabra - interpretação; FernandoTaborda - interpretação; Helena Faria - inter-pretação; Pedro Malacas - Interpretação e VictorTorres - Interpretação; Rui Capitão - Desenho deluz e som e Cláudia do Vale - Produção

Teatro do InatelDelegação de Coimbra 1,2,3,4,,8,9,10,11,15,16,17,22,23,24e 25 de Novembro