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SUMÁRIO

Palavras da professora-pesquisadora...................................... 294

Croqui do percurso............................................................... 296

Mapa Conceitual.................................................................. 303

Desempenho no percurso..................................................... 304

UNIDADE I: ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................................. 305

O que são conforto e organização?......................................... 305

Organização e ambiente escolar dentro dos parâmetros da educação infantil................................................................. 319

Ambiente escolar acessível a todas as crianças com base no princípio da inclusão............................................................ 333

UNIDADE II: INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO CONFORTO NA APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.............................................................................. 343

Desenvolvimento neuromotor da criança e características da aprendizagem..................................................................... 343

As infl uências do ambiente escolar na aprendizagem das crianças.. 356

Identifi cando espaços e recursos humanos que favorecem a aprendizagem das crianças................................................... 366

UNIDADE III: O CONFORTO AMBIENTAL NO DESEMPENHO DO PROFESSOR............................................................................... 374

Condições ambientais e pedagógicas do professor de creche...... 374

Condições ambientais e pedagógicas do professor de pré-escola 381

Condições ambientais e pedagógicas do professor que tem na escola crianças com defi ciência.............................................. 389

Trilhas do Aprendente, Vol. 8 - Organização e Conforto Ambiental294

Palavras da professora-pesquisadora

Caros aprendentes,

É com imenso prazer e alegria que lhes apresento o componente curricular Organização e Conforto Ambiental, integrante deste último marco. Senti-me também uma aprendente na construção desse conteúdo, e fi z de tudo para torná-lo interessante, agradável e proveitoso. Nessa reta fi nal do curso, muito já foi aprendido, e agora é hora de sedimentar os conhecimentos e aplicá-los na vida prática e profi ssional, sem, no entanto, perdermos de vista o entusiasmo e a dedicação na busca de novos conhecimentos, para, cada vez mais, aprimorarmos o saber e a prática.

Antes, porém, vamos aprender um pouco mais sobre esse tema que, certamente complementará seus conhecimentos e os

ajudará na sua formação como educadores críticos e atuais. Neste componente, vocês irão se deparar com temas novos e outros já estudados, mas, ao mesmo tempo, prazerosos e desafi antes.

Neste último marco, o componente curricular Organização e Conforto Ambiental é composto de 9 aulas, distribuídas em três unidades.

Na Unidade I, vocês estudarão a organização do ambiente de educação infantil, em cujo tema trabalharemos os conceitos dos elementos que constituem a sensação de prazer e conforto nos ambientes escolares e de trabalho. Verão também como devem estar organizados os ambientes educacionais infantis de acordo com o que preconizam os parâmetros de infraestrutura da educação infantil. E, fechando a primeira unidade, conheceremos e discutiremos sobre acessibilidade, o que é e como torná-la possível.

A Unidade II - Infl uência da organização do espaço e do conforto na aprendizagem e no desenvolvimento da criança – convida a um prazeroso estudo sobre o desenvolvimento motor da criança e as possíveis infl uências dos espaços de aprendizagem destinados àquelas com idade de 0 a 6 anos.

Na Unidade III - O conforto ambiental no desempenho do professor - iremos discutir e refl etir sobre as condições ambientais de uma escola de educação infantil, bem como, dialogar sobre a formação do educador de creche e pré-escola.

Espero que nosso componente curricular seja uma prazerosa e frutífera caminhada pela trilha do aprendizado, da alegria e do prazer, e que, durante todo o percurso (que na vida de um docente nunca acaba), sejam

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adquiridas as experiências fundamentais e necessárias para promoção de uma educação pautada no respeito à adversidade e no compromisso pessoal e profi ssional de tornar a educação infantil brasileira efi caz e comprometida com o desenvolvimento e aprendizado de todas as crianças, independente de suas condições sociais, étnicas, físicas, cognitivas e ambientais.

Parabéns!!!

Profª MEd Glorismar Gomes da Silva

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Croqui do PercursoUNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBACURSO DE PEDAGOGIA - MODALIDADE A DISTÂNCIA

ORGANIZAÇÃO E CONFORTO AMBIENTALProfessora-pesquisadora: Glorismar Gomes da Silva E-mail: [email protected]

MARCO VIII

Componente Curricular: Organização e Conforto Ambiental 45 horas/aula 03 créditos

Ementa: Conceito e defi nição de conforto ambiental e sua importância no contexto da educação geral e dos processos ensino-aprendizagem. Organização do ambiente nas escolas de educação infantil. Características do conforto ambiental no contexto escolar e dentro da sala de aula: ruído, temperatura, luminosidade. Implicações do conforto ambiental no desempenho do professor. Infl uência da organização do espaço e do conforto na aprendizagem e no desenvolvimento da criança.

Objetivo geral:Conhecer a relação entre a organização ambiental na escola de educação infantil e suas implicações no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças com idade de 0 a 6 anos.

Objetivos específi cos:- Apresentar as características básicas do ambiente escolar favorável para - Apresentar as características básicas do ambiente escolar favorável para uma escola de educação infantil;- Identifi car os elementos constitutivos de um ambiente escolar acessível a todas as crianças;- Entender a correlação entre ambiente e estímulos ao crescimento de crianças em idade pré-escolar;- Verifi car as infl uências da organização do espaço e do conforto na aprendizagem e no desenvolvimento da criança;- Entender as implicações do conforto ambiental no desempenho do professor.

Competências e habilidades a ser desenvolvidas:- Identifi car estruturas favoráveis a boa educação das crianças;- Identifi car recursos que favoreçam a aprendizagem e o desempenho de crianças; - Organizar e elaborar atividades educacionais de acordo com o conteúdo visto e aplicáveis na escola infantil;- Gerar novas ideias e conhecimentos aplicados á realidade da educação infantil;- Capacidade de leitura e interpretação de texto;- Capacidade de análise e síntese;- Elaborar hipertextos;- Estabelecer interações virtuais e desenvolver trabalhos em equipe.

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ETAPAS DO PERCURSO

UNIDADE I: ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE EDUCAÇÃO INFANTIL

– O que são conforto e organização?– Organização e ambiente escolar dentro dos parâmetros da educação infantil– Ambiente escolar acessível a todas as crianças com base no princípio da inclusão

UNIDADE II: INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO CONFORTO NA APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

– Desenvolvimento neuromotor da criança e características da aprendizagem – As infl uências do ambiente escolar na aprendizagem das crianças– Identifi cando espaços e recursos humanos que favorecem a aprendizagem das crianças

UNIDADE III: O CONFORTO AMBIENTAL NO DESEMPENHO DO PROFESSOR

– Condições ambientais e pedagógicas do professor de creche– Condições ambientais e pedagógicas do professor de pré-escola

– Condições ambientais e pedagógicas do professor que tem na escola crianças com defi ciência

Recursos técnico-pedagógicos: AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) com fóruns; sala de bate-papo; diário; disponibilidade de arquivos de textos e disponibilidade de arquivos com apresentações didáticas. Vídeo educativo (DVD), Trilhas do Aprendente (material didático impresso e digitalizado em CD), consultas a livros e consultas à web.

Desafi os: participação em fóruns de discussão e nos chats, produção textual, pesquisas, registros e exercícios escritos com base nas leituras, observações a Instituições de Educação Infantil e atividades em grupo.

Sistema de Posicionamento Global (GPS): as avaliações se darão pelo acesso e participação nos fóruns de discussão no Moodle, acesso a chats, registros e correção das respostas individuais dos desafi os expressos no material didático e construção de textos.

Metodologia: a metodologia considera os conhecimentos adquiridos durante o percurso já realizado, complementando com a realização de leituras propostas nos sites sugeridos. É fundamental que o aprendente visite regularmente o ambiente virtual do curso e frequente o Polo Municipal de Apoio Presencial para trocar ideias com seus colegas e com os mediadores presenciais, bem como, receber orientações, quando necessárias. Além disso, deve visitar escolas de educação infantil para inteirar-se da realidade das instituições e poder analisar as condições de acessibilidade que estas apresentam.

Trilhas do Aprendente, Vol. 8 - Organização e Conforto Ambiental298

REFERÊNCIAS

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LISTA DE SITES INDICADOS

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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILUNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CURSO DE PEDAGOGIA - MODALIDADE A DISTÂNCIAORGANIZAÇÃO E CONFORTO AMBIENTAL

PROFESSORA-PESQUISADORA: MEd Glorismar Gomes da Silva

DESEMPENHO NO PERCURSO

Aulas Desafi os Pontuação Desempenho obtido

Prazo de fi nalização

UNIDADE I

Aula 1 Produção textual(Des)conforto ambiental 3,0 3ª semana

Aula 2 Produção textual 3,0 4ª semana

Aula 3

Produção textualVisita técnica

Acessibilidade/Desenho Universal

4,0 5ª semana

Total de pontos na Unidade I 10,0

UNIDADE II

Aula 4 Produção textualAtividade on line 3,0 6ª semana

Aula 5 Produção textualInfraestrutura das escolas 3,0 7ª semana

Aula 6 Produção textualDois planos de atividades 4,0 8ª semana

Total de pontos na Unidade II 10,0

UNIDADE III

Aula 7 Produção textualCuidar/Educar 3,0 9ª semana

Aula 8 Produção textualPré-escola 3,0 10ª semana

Aula 9

Produção textualPesquisa

QuestionárioPlano pré-escola

4,0 11ª semana

Total de pontos na Unidade III 10,0

Avaliação presencial (prova escrita) 10,0

TOTAL DE PONTOS OBTIDOS NO PERCURSO

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UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 1 Aula 2 Aula 3

UNIDADE I ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE EDUCAÇÃO INFANTIL

AULA 1: O QUE SÃO CONFORTO E ORGANIZAÇÃO?

Inicialmente, vamos refl etir sobre os conceitos de conforto e organização na nossa vida diária. Imaginemos, primeiramente, um ambiente com o qual temos contato mais frequentemente: pode ser a própria casa, a casa de um parente ou amigo(a), do(a) namorado(a), o local de trabalho, o clube ou área de lazer que frequentamos etc.

Com esses locais em mente, iremos analisar o que consideramos a mbiente confortável e ambiente organizado, ou seja, vamos refl etir sobre:

• O que faz com que nos sintamos mais confortáveis num ambiente?

• Quais os contextos de nossa vida em que nos sentimos confortáveis?

• Que tipos de estímulos visuais e auditivos nos fazem sentir bem internamente e relaxados?

• Que tipo de música nos transporta para momentos agradáveis ou nos deixa tranquilos e relaxados?

• Quais cores nos deixam melhor, confortáveis ou que combinam mais com nosso jeito ou com nossa cor de pele?

• Que tipo de fi lme (romance, aventura, drama, documentário, biografi a etc.) nos deixa mais positivos diante da vida, nos estimula a fazer coisas boas ou nos faz sentir bem?

• Como são as salas de cinema que frequentamos: apresentam temperatura agradável, cadeiras confortáveis, som agradável, luminosidade adequada?

• Quais as coisas que consideramos mais interessantes para fazer e que nos fazem felizes: casa de parentes, de amigos, sair à noite (baladas), ir ao cinema, viajar, praticar esportes, estudar?

Depois dessas refl exões sobre o que consideramos ambientes agradáveis e confortáveis, direcionaremos nossa atenção agora para o conhecimento, segundo a literatura, de alguns conceitos de conforto e organização ambiental.

Trilhas do Aprendente, Vol. 8 - Organização e Conforto Ambiental306

UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 1 Aula 2 Aula 3

A descrição desses conceitos nos ajudará a entender melhor o percurso que faremos na Unidade I. Precisamos, portanto, conhecer alguns conceitos sobre os elementos que compõem os vários ambientes de uma escola, como, por exemplo, as salas de aula, o refeitório, a cozinha, os banheiros, o pátio, a sala dos professores, a sala da direção, a secretaria, o estacionamento, a área externa, os acessos à escola e dentro dela etc.

Nesse sentido, para que o prédio de uma escola de educação infantil acolha as crianças em condições ideais, é preciso construir ambientes com uma estrutura adequada, com organização, conforto e harmonia entre os ambientes, para que a escola ofereça as condições necessárias e de qualidade para o processo de desenvolvimento e de aprendizagem das crianças.

Curiosidade Feng Shui: Para saber como criar um ambiente positivo, harmonioso e cheio de boas energias, em sua casa ou ambiente de trabalho, acesse o site: <http://www.fengshui.com.br>.

Levando-se em conta esses elementos fundamentais de estrutura física, apresentaremos os conceitos de conforto e organização numa perspectiva de espaço físico, dentro da ótica da construção civil. Em Arquitetura e Urbanismo, o conceito de conforto ambiental

está ligado à questão básica de se proporcionar ao ser humano condições necessárias à habitabilidade e ao uso racional dos recursos, fazendo com que o produto arquitetônico corresponda, conceitual e fi sicamente, às necessidades e condicionantes do meio ambiente natural, social, cultural e econômico de cada sociedade. (NUNES et al., 2009)

Vivemos numa economia baseada no lucro de capital, na qual são valorizadas, dentre outros aspectos, as grandes construções. Nesse contexto de competitividade, as exigências do mercado são cada vez maiores. Exige-se das empresas e das instituições que elas aumentem a capacidade de adquirir novas tecnologias de produtos, processos e serviços. As escolas brasileiras hoje, por exemplo, precisam, urgentemente, equipar-se com computadores, TVs, DVDs e adquirir produtos existentes no mercado, que são criados para favorecer o processo ensino-aprendizagem (tais como: softwares, jogos educativos etc.). Da mesma forma, a aquisição de novas tecnologias gera a demanda de novos

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UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 1 Aula 2 Aula 3

processos de ensino-aprendizagem, o que implica que os docentes devem ser capacitados para atuar nesse novo ambiente.

Nos últimos trinta anos, a diversifi cação de produtos e serviços foi tão signifi cativa que foi necessário elaborar um documento que normatizasse a fabricação, a utilização de produtos e processos e a qualifi cação dos serviços. A normatização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente.

No Brasil, o órgão responsável pela normalização dos produtos e serviços é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que

é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fi ns lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização).

Normalização: Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva, com vistas a obter o grau ótimo de ordem em um dado contexto. Para saber mais, consulte: <http:www.abnt.org.br>.

A ABNT fi xa padrões de conduta ou ação, que serão considerados referências imprescindíveis para a elaboração de projetos ou planejamentos, com fi ns de garantir a qualidade dos produtos, das construções, dos serviços, da segurança das pessoas etc. A referida norma serve como modelo para determinadas edifi cações, serviços e condições ambientais aplicáveis à realidade da vida moderna.

Quando se trata de ambientes (clubes, escolas, associações, prédios públicos ou particulares), a ABNT estabelece regras que determinam características ambientais compatíveis com a atividade que se desenvolve nesse ou naquele ambiente.

Na vida cotidiana e em qualquer lugar de trabalho ou estudo, como somos constantemente bombardeados com informações advindas do meio ambiente, os diversos estímulos que nos rodeiam poderão alterar nosso

Trilhas do Aprendente, Vol. 8 - Organização e Conforto Ambiental308

UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 1 Aula 2 Aula 3

comportamento e o nosso rendimento. Dentre os fatores ambientais que podem alterar nosso comportamento e nosso desempenho, será priorizada a infl uência da temperatura, da iluminação e do barulho sobre a saúde, a performance e o conforto pessoais, uma vez que esses fatores são mais representativos nos estudos encontrados sobre o tema.

Portanto, nos ambientes, em geral, deve haver condições adequadas de luminosidade, refl exo, ruídos, temperatura, vento, aderência do piso, vibração, para que se produza uma boa e harmoniosa interação entre o homem e o ambiente. Nessa perspectiva, os fatores ambientais que aqui iremos enfatizar - a temperatura, a iluminação e os ruídos, em condições favoráveis e de acordo com as normas da ABNT -, são:

a) Condições térmicas

Refl ita sobre como a temperatura adequada nos proporciona sensação de bem-estar e, consequentemente, faz com que nos sintamos confortáveis, respondendo às seguintes perguntas:

• Quais são os ambientes que frequentamos que nos deixam mais confortáveis em termos de temperatura (a própria casa, nosso quarto, a escola, o local de trabalho, a casa da vizinha, do amigo etc.)?

• Esses ambientes têm ventilação própria ou precisam ter recursos como ventilador ou ar condicionado para se tornarem mais agradáveis?

• Qual a temperatura que nos traz mais conforto? (mais baixa, mais alta, intermediária).

• Você é uma pessoa que sente muito calor e, por isso, precisa se vestir com roupas leves?

• É uma pessoa muito friorenta e, por isso, em qualquer ambiente em que tenha ar condicionado, precisa estar vestida de mangas longas ou casaco?

Enfi m, façamos uma avaliação das condições de temperatura dos ambientes que nos deixam mais confortáveis e que nos dão condições de desempenhar nossas atividades sem muito desgaste ou esforço fi sco e mental.

Seguindo nossa caminhada, vamos, agora, refl etir sobre como nosso corpo reage termicamente quando presente em um ambiente sob determinada temperatura. Para esclarecer melhor essa relação, descreveremos os estudos de Coutinho (2005) sobre a interação térmica entre o homem e o meio ambiente.

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UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 1 Aula 2 Aula 3

TEXTO COMPLEMENTAR

Essa interação (térmica) acontece em função da capacidade homeotérmica do homem, que mantém sua temperatura interna em, aproximadamente, 37ºC, independentemente das condições de meio ambiente. Devidamente protegido, o corpo humano pode se expor à temperatura de 50 a 100ºC, por curtos períodos. Todavia, a variação da temperatura interna não pode ultrapassar 4ºC, sem que haja riscos de comprometimento da capacidade física e mental.

Nosso corpo recebe calor e tende a aumentar a sua temperatura interna ou cede calor, tendendo diminuí-la. Em vista disso, mecanismos autônomos agem no sentido de evitar qualquer variação dessa temperatura. A temperatura interna se refere à temperatura do sangue que vai do sistema nervoso central ao sistema termorregulador situado no <hipotálamo> do cérebro humano (COUTINHO, 2005 p. 113).

Hipotálamo é uma pequena região do cérebro responsável pelo ajustamento do organismo às variações externas e que controla a temperatura corporal, o apetite e o balanço de água no corpo, além de ser o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual.

Nós, como seres humanos, podemos responder, de várias formas, às variações térmicas, luminosas, sonoras e energéticas nos ambientes onde vivemos. Alterações comportamentais e fi siológicas variam de acordo com as condições térmicas ambientais. Assim, de maneira intuitiva, buscamos nosso bem-estar físico e emocional, para nos sentirmos mais confortáveis e capazes de melhorar nosso desempenho nas atividades que estejamos realizando.

Alguns estudos têm mostrado a direta infl uência das variáveis ambientais no rendimento das pessoas no trabalho e na escola. Alguns cientistas têm comprovado que o ambiente térmico infl uencia no aprendizado e que “manifestações fi siológicas, como dor de cabeça, fadiga, alteração sensorial, depressão intelectual, indiferença, sono, incoordenação motora e perda de memória têm surgido cada vez mais frequentemente” (BATIZ et al., 2009, p. 2).

De acordo com a American Society of Heating, Refrigeration and Ar Conditioning Engineers (ASHRAE), conforto térmico é defi nido como “a condição da mente na qual o indivíduo expressa satisfação com o ambiente térmico” (apud BATIZ et al., 2009, p. 2). Para Coutinho (2005), mesmo que a climatização do ambiente seja efi ciente, haverá pessoas que estarão sentindo calor ou frio, o que dá a ideia de que o conforto térmico se traduz numa sensação subjetiva.

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Essa ideia levou os pesquisadores a defi nirem conforto térmico como sendo “um estado de espírito que refl ete satisfação com as condições térmicas do ambiente no qual a pessoa se encontra” (COUTINHO, 2005, p. 175). Nesse sentido, calor e frio produzem desempenhos diferentes no corpo, especialmente entre atividades cognitivas e físicas. Portanto, os efeitos da temperatura sobre a saúde do ser humano terão como determinantes o calor e o frio.

• Calor: O aumento da incidência externa de calor no corpo humano pode resultar em dois possíveis danos à saúde: queimadura da pele (quando é sujeita a temperaturas acima de 45ºC por período prolongado de tempo) ou hipertermia, que é o aumento da metabolização e consequente sobrecarga do corpo resultante do aumento da temperatura interna (acima de 42°C).

Segundo Coutinho (2005), as principais doenças causadas por altas temperaturas são:

√ tontura e/ou desfalecimento;

√ desidratação;

√ doenças de pele;

√ distúrbios psiconeuróticos;

√ catarata.

• Frio: As baixas temperaturas afetam sensivelmente o corpo humano. O efeito mais conhecido é a hipotermia, que ocorre quando a temperatura interna fi ca abaixo de 35°C, momento em que a pessoa começa a fi car desorientada, a ter alucinações, a perder a consciência e ter arritmia cardíaca. Na tentativa de aumentar a temperatura interna, o corpo começa a tremer (até alcançar 30 a 33°C) e realiza a <vasoconstrição>.

é o processo de contração dos vasos sanguíneos, em consequência da contração do músculo liso presente na parede desses mesmos vasos. É o processo oposto à vasodilatação (Fonte: <http://www.pt.wikipedia.org>).

Continuando a análise das interferências térmicas no nosso dia a dia, apresentaremos algumas defi nições sobre as temperaturas ambientais e as condições térmicas compatíveis com os seres humanos, segundo o Comitê Brasileiro de Construção Civil e a Comissão de Estudo de Desempenho Térmico de Edifi cações.

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1

Para saber mais sobre esse assunto, acesse o site: <http//www.labee.ufsc.br/ conforto/index.html>.

Conforto térmico Neutralidade térmica Desconforto térmicoSatisfação psicofi siológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente.

Estado físico em que a densidade do fl uxo de calor entre o corpo humano e o ambiente é igual à taxa metabólica do corpo, e sua temperatura é mantida constante.

Aquecimento ou resfriamento de uma parte do corpo, que gera insatisfação no indivíduo.

Continuando nosso estudo, passaremos, agora, a refl etir sobre as infl uências da iluminação dos ambientes no nosso bem-estar pessoal e no desempenho de nossas atividades. 2

b) Condições de iluminação

Iniciaremos refl etindo sobre o que nos faz sentir confortáveis, agora sob o aspecto da iluminação, ou seja, como a luz e a claridade podem proporcionar um ambiente favorável, que nos proporcione bem-estar para o trabalho, para os estudos, para o lazer, enfi m, para o exercício de qualquer atividade que requeira mais esforço da nossa visão, como, por exemplo, ler, escrever, usar o computador, pintar, desenhar, costurar, jogar cartas etc.

Imagem 1: <http://4.bp.blogspot.com/_2lLjRxkwdoc/Ri8YPoLsByI/AAAAAAAAABk/yu5g1uopNtk/s320/bus_cartoon.gif>.

Imagem 2: <www.forum.autohoje.com>.

Imagem 1 ..................................................... Imagem 2..............

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Passaremos, então, a refl etir sobre como a iluminação dos ambientes com os quais convivemos está atendendo às nossas necessidades e favorecendo o desempenho de nossas funções ou ocupações. Portanto, vamos refl etir sobre:

• Minha casa tem iluminação natural? Ela é sufi ciente para desempenhar quaisquer atividades dentro dela?

• Na minha casa, meu local de estudo tem iluminação sufi ciente para que eu possa estudar sem grande esforço visual?

• Meu local de trabalho tem boa iluminação, para que eu possa exercer minha função adequadamente?

• Quais as cores que considero mais agradáveis para compor as paredes, o piso e o teto dos ambientes? (cores claras, escuras, coloridas etc).

Enfi m, estamos inseridos em ambientes bem iluminados naturalmente, que nos permitem explorar ou trafegar por eles, sem precisar de mais recursos, como luz artifi cial potente e lanternas?

Depois dessa refl exão, seguiremos com alguns conceitos sobre iluminação, luz e visão, para entendermos a relevância dessas condições na otimização das relações dos indivíduos com o ambiente que o cerca, pois a iluminação, assim como o ruído e a temperatura, compõe uma das variáveis do conforto ambiental interno, com grande importância nos projetos arquitetônicos, uma vez que quase todas as tarefas produtivas são visuais e requerem qualidade e quantidade de iluminação (SILVA et al., 2005).

Iluminação é um fenômeno físico resultante da exposição de uma fonte de luz num ambiente que pode absorver ou refl etir a luz tornando-se visível. De acordo com Laville (1997, p. 72), luz é a “parte das vibrações eletromagnéticas a que o olho humano é sensível. Tais vibrações são defi nidas por sua frequência (4-10 Hz a 8-10 Hz) ou seu comprimento (7.500 a 3.750 Aº)”.

Segundo Silva et al. (2005, p. 1), o conforto visual

está relacionado com o conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual, com o menor esforço, com menor risco de prejuízos à vista e com reduzidos riscos de acidentes (LAMBERTS, 1997), pois a inadequada iluminação pode causar acidentes e erros de trabalho, fadiga, cefaleia e irritabilidade ocular, os quais traduzirão em uma diminuição da atividade produtiva.

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Em função do exposto, os ambientes de trabalho e as escolas devem estar adequados às necessidades de conforto visual das pessoas que fazem uso do seu espaço, a fi m de evitar acidentes e danos à visão e, consequentemente, prejuízo em seu desempenho pessoal, uma vez que o funcionamento do sistema visual é muito complexo e depende do aparelho ótico, que é formado de várias estruturas transparentes (córnea, humor aquoso, cristalino e humor vítreo). Laville (1997, p. 73) refere que,

a partir de estímulos físicos identifi cáveis o aparelho visual permite a detecção e a integração de um número considerável de informações extremamente variáveis: detecção e identifi cação de um objeto, de sua forma, de suas dimensões, de sua cor, de seu lugar no ambiente, de seu movimento no espaço.

Nos últimos anos, tem renascido o interesse na promoção das boas práticas de projeto de iluminação natural, por razões de efi ciência energética e conforto visual. O uso otimizado da luz natural, em edifi cações usadas, principalmente, de dia, pode, pela substituição da luz artifi cial, produzir uma contribuição signifi cativa para a redução do consumo de energia elétrica, melhoria do conforto visual e bem-estar dos ocupantes.

A luz natural tem uma variabilidade e qualidades mais agradáveis e apreciadas que o ambiente proporcionado pela iluminação artifi cial. Aberturas, em geral, proporcionam aos ocupantes o contato visual com o mundo exterior e permitem também o relaxamento do sistema visual pela mudança das distâncias focais. A presença da luz natural pode garantir uma sensação de bem-estar e um relacionamento com o ambiente maior no qual estamos inseridos.

A boa iluminação é fator primordial em qualquer ambiente e, seguindo algumas normas, pode-se prover um espaço de conforto e de bem-estar. Para isso, é fundamental que, em seus espaços, haja iluminação natural, utilizando-se recursos e providências que podem ser simples. É possível melhorar o aproveitamento da luz e reduzir o consumo de energia, sem perder a qualidade e o conforto do ambiente.

As cores têm sido amplamente estudadas e vêm mostrando signifi cativas infl uências no conforto ambiental. As cores claras têm a propriedade de refl etir a luz e permitir que o ambiente retenha mais a que incide sobre elas. O site Engenharia & Projetos13dá várias dicas da relação das cores com o conforto

1: <http://www.enge.com.br>.

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ambiental e menciona:

Cor e textura de superfície têm, por assim dizer, uma existência própria e emitem energias físicas, que são até mensuráveis. O efeito pode ser quente ou frio, aproximativo ou retrocessivo em relação a nós, de tensão ou de repouso, ou mesmo repulsivo ou atraente.

O quadro abaixo mostra a relação das cores e sua infl uência sobre o estado de ânimo nas pessoas, em ambientes que apresentam pinturas com determinadas cores.

AmareloAmarelo Estimula a mente; ajuda na concentração; incentiva a conversação

AzulAzul Tem efeito tranquilizante e refrescante. Evita a insônia

Branco O excesso de claridade pode levar a um cansaço mental

Laranja Estimula; dá um ar social ao ambiente

Lilás É sedante; pode causar sensação de frustração

Rosa Aconchega; dá calor sem excitação

Verde Recompõe, equilibra. Tem efeito regenerador

Vermelho É excitante; pode deixar as pessoas agitadas e irritadiças4

Quadro 1: <http://www.enge.com.br/conforto_ambiental.html> Qu

Vimos, até aqui, os conceitos sobre temperatura e iluminação e suas infl uências no ambiente que nos circunda. Passaremos, agora, a conhecer

Imagem 3: <http://www.hotelcampobelo.com.br/img/parque-infantil/parque-infantil1.jpg>.

Imagem 3: Parque aberto com luz natural

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o ruído, ou acústica ambiental, e suas interferências na organização de um ambiente confortável e agradável.

c) Acústica e ruído

Continuando nossa refl exão acerca dos fatores ambientais que nos promovem conforto, trataremos, agora, dos barulhos e dos ruídos que ouvimos nos locais que frequentamos e, principalmente, quando precisamos de maior atenção e tranquilidade, como, por exemplo, no ambiente de trabalho, de estudo, no cinema, quando ouvimos a música que apreciamos etc. Portanto, vamos analisar essa condição ambiental que faz parte de nosso dia a dia, a partir das seguintes refl exões:

• Com que tipo de estímulo auditivo nos sentimos bem internamente e relaxados (música suave, os sons dos pássaros no campo, o som de uma cachoeira, o som de um instrumento)?

• Quais os ambientes que nos tranquilizam e nos promovem sentimento de paz (Igreja, cinema, praia deserta, nossa casa, nosso quarto etc)?

• Que tipo de música você gosta de ouvir - as barulhentas, as mais lentas? Em som mais alto ou mais baixo?

Enfi m, passaremos ao conceito de acústica que, segundo a física, trata-se das “oscilações e ondas ocorrentes em meios elásticos, e cujas frequências estão compreendidas entre 20 e 20.000 Hz. Essas oscilações e ondas são percebidas pelo ouvido como onda sonora”, ou seja, a acústica é o estudo das ondas sonoras, que são ondas mecânicas longitudinais e tridimensionais. As fontes sonoras são os instrumentos que geram as ondas sonoras. Muitos corpos podem servir como fontes sonoras, que precisam ser capazes de vibrar.

Frequência é o número de ciclos que as partículas materiais realizam em um determinado período de tempo. A faixa de frequência audível para o ouvido humano encontra-se entre 16 e 20.000 Hz (PIERANGELA, 2004).

Deter-nos-emos em algumas sensações sonoras mais relevantes para nosso estudo, quais sejam:

Oscilações mecânicas audíveis

a) Som

É qualquer oscilação mecânica que se propague em um meio elástico, desde que as frequências que a componham encontrem-se dentro da faixa de

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audiofrequências.

b) Tom

É qualquer oscilação mecânica audível, composta por uma única frequência. O tom corresponde ao fenômeno periódico de oscilação cuja forma de onda é representada por uma senoide. Na natureza, não se encontram tons puros.

c) Ruído

É o fenômeno audível, cujas frequências não podem ser discriminadas, porque diferem entre si por valores inferiores aos detectáveis pelo aparelho auditivo. Aparece em um analisador espectral como um espectro largo, quase contínuo em frequências. Como exemplos, temos: o ruído da chuva, o amassar do papel celofane etc.

d) Barulho

Reserva-se o nome de barulho, em geral, a todo som indesejável. Difere-se do ruído por apresentar um espectro de frequência, passível de ser analisado, o que permite os tratamentos acústicos adequados a cada caso.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre os temas acústica e ruído, visitem os sites: <http://www.setrem.com.br/ti/trabalhos/fi sica/Acustica_e_ondas_sonoras.htm> e <http://authenticamigos.planetaclix.pt/20030403_ultimas.html>.

Decibéis

A intensidade ou volume dos sons é medida em unidades chamadas decibéis, abreviadas para dB. Sessenta dB é a intensidade do som de uma conversa, e 120 dB, a de um avião a jato. Dependendo da intensidade do som a que uma pessoa fi ca exposta, sua audição pode sofrer sérios danos. Os ruídos, por exemplo, podem provocar lesões irreversíveis no aparelho auditivo, como surdez ou alterações reversíveis e fadiga auditiva (LAVILLE, 1977, p. 67).

Avaliação do som

Quando nos referimos ao som, o método de avaliação envolve medições do nível de pressão sonora equivalente em decibel, ponderados em “A”, comumente chamado dB(A), que é a unidade de medida que corresponde à menor diferençade intensidade captada pelo ouvido humano. Essa norma fi xa as condições exigíveis

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para avaliação da aceitabilidade do ruído ambiente num determinado recinto de uma edifi cação. O ruído caracteriza-se pelo barulho, estrondo, rumor contínuo e prolongado; é o som construído por grande número de vibrações acústicas.

Interferência do ruído

O ruído pode ser considerado um som não necessário e, portanto, indesejável para o cumprimento de uma determinada tarefa que requisite maior atenção auditiva. A interferência do ruído é maior em atividades mais complexas do que nas simples. Atividades repetitivas, sem pausas, também são afetadas. Para a saúde, o efeito mais relevante e previsível é a surdez. A defi nição de qual ruído é responsável pela perda da capacidade auditiva é muito difícil, pois o ser humano está, diariamente, exposto a ruídos no trânsito, no trabalho, em casa, enfi m, em todos os lugares.

A seguir, ilustraremos os tipos de ruídos e níveis de decibéis que poderão causar danos à saúde da audição e que podem provocar sua perda leve, moderada, severa e profunda:5

Qualidade do som Decibéis Tipo de ruído

muito baixo 0-20 farfalhar das folhas

baixo 20-40 conversação silenciosa

moderado 40-60 conversação normal

alto 60-80 ruído médio de fábrica ou trânsito

muito alto 80-100 apito de guarda e ruído de caminhão

ensurdecedor 100-120 ruído de discoteca e de avião decolando

Quadro 2: Tipos de ruídos e decibéis correspondentes

Grau de defi ciência Perda em dB

Normal 0-15

Leve 16-40

Moderado 41-55

Moderado severa 56-70

Severa 71-90

Profunda + 90

Quadro 3: Classifi cação das perdas auditivas de Davis - para crianças

Quadros 2 e 3: <http://www.ines.gov.br/ines_livros/4/4_005.HTM>.

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TEXTO COMPLEMENTAR

De acordo com o que foi visto sobre conforto ambiental, tivemos uma ideia dos elementos fundamentais que devem constituir um ambiente agradável e prazeroso. Percebemos que existem fatores naturais e/ou artifi ciais de iluminação, temperatura e som que, bem empregados e aliados à boa organização dos espaços físicos, favorecem o nosso bem-estar e nosso desempenho para o estudo e para o trabalho. Com base no exposto, transportaremos nossos estudos, na Aula 2, para o conhecimento sobre a organização da estrutura e do funcionamento do ambiente de educação infantil.

Individualmente, aponte e descreva três fatores (em, no máximo, duas páginas) que mais causam desconforto em seus ambientes de trabalho ou escolar. Caso seja necessário, visite uma escola de educação infantil para realizar este desafi o. Envie sua atividade por meio do Moodle.

Imagem 4: <http://www.brasilescola.com/upload/e/pair(1).jpg>.

Imagem 4

DESAFIO

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AULA 2: ORGANIZAÇÃO E AMBIENTE ESCOLAR DENTRO DOS PARÂMETROS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Nesta aula, estudaremos algumas características da organização dos espaços físicos da escola, de acordo com os parâmetros da educação infantil. Com base na aula anterior, vamos, inicialmente, refl etir sobre como deve ser esse ambiente e de que forma cada espaço da escola deve ser distribuído e organizado para que as crianças se desenvolvam e aprendam num ambiente agradável e de qualidade.

Primeiramente, vamos retomar o trabalho de refl exão de nossa realidade. Para isso, reportemo-nos a nossa infância, para lembrar onde morávamos, onde estudávamos e imaginar como era nossa escola e cada um dos seus ambientes, como esses espaços eram distribuídos e onde se localizavam. Então, devemos lembrar:

• Como era minha escola? Grande, pequena, com boa estrutura, perto de casa?

• Como era organizada minha sala?

• Que recursos e materiais havia na minha sala?

• Em que lugar da sala eu me sentava? Mais na frente, no meio, atrás?

• Algum detalhe faz-me lembrar de minha escola até hoje?

• Minha escola tinha bons espaços para brincadeiras?

• Era uma escola limpa, arejada, bem iluminada?

• Localizava-se numa rua tranquila, sem barulho?

• Existe até hoje? Foi reformada ou ampliada?

• Eu me sentia bem na minha escola?

Ambientes físicos escolares de qualidade são espaços educativos organizados, limpos, arejados, agradáveis, cuidados, com fl ores e árvores, móveis, equipamentos e materiais didáticos adequados à realidade da escola, com recursos que permitam a prestação de serviços de qualidade aos alunos, aos pais e à comunidade, além de boas condições de trabalho para professores, diretores e funcionários em geral... (DIMENSÃO 6, p. 51)

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Dentre as diretrizes da escola infantil, destaca-se a criação de um ambiente que concilie didática com atividades lúdicas, de forma a contribuir para o desenvolvimento das crianças. As instalações de creches e escolas de educação infantil precisam ser adequadas às exigências da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que reforçam a organização de ambientes planejados de fácil acesso, com estacionamento e segurança.

As instituições de Educação Infantil devem se preocupar em oferecer um ambiente escolar provido de estruturas adequadas, para que as crianças pequenas e suas famílias encontrem, nesse espaço escolar, um ambiente físico e humano, que propicie experiências e situações planejadas intencionalmente, de modo a democratizar o acesso de todos aos bens culturais e educacionais, que proporcionam uma qualidade de vida mais justa, equânime e feliz.

As Instituições de Educação Infantil devem, por meio de suas propostas pedagógicas e de seus regimentos, em clima de cooperação, proporcionar condições de funcionamento das estratégias educacionais, do espaço físico, do horário e do calendário, que possibilitem a adoção, a execução, a avaliação e o aperfeiçoamento das demais diretrizes. (LDBEN, art. 12 e 14)

Nesse sentido, as construções escolares devem seguir um programa de orientação das Secretarias de Educação, que têm de envolver planejamento, elaboração de projeto arquitetônico, detalhamento técnico, especifi cações de materiais e acabamento, levando-se em conta as características ambientais, as

Imagem 5: <http://www.lisboa.olx.pt>.

Imagem 5: Escola infantil no Brasil

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necessidades da comunidade e a proposta pedagógica.

A elaboração do projeto de uma escola infantil deve envolver a participação da comunidade educacional (crianças, professores, familiares e, nas unidades públicas de Educação Infantil, as administrações municipais). Para isso, é necessário formar uma equipe multiprofi ssional (professores, arquitetos, engenheiros, profi ssionais da educação e da saúde, administradores e representantes da comunidade), para que eles possam compartilhar os diferentes saberes e objetivos.

2

Para que haja qualidade nos ambientes de instituição da educação infantil, é fundamental que, no processo de elaboração do projeto, sejam considerados a diversidade geográfi ca da região, os recursos socioeconômicos, o contexto cultural, as condições geográfi cas e climáticas e se ofereçam condições às prefeituras para que criem uma rede de qualidade, adaptando esses critérios de acordo às suas especifi cações.

No espaço físico destinado à educação infantil, os ambientes devem ser construídos de forma que promovam as aventuras, as descobertas, a criatividade, os desafi os e as aprendizagens e que facilitem a interação criança-criança, criança-adulto e deles com o meio ambiente. O espaço lúdico infantil deve ser dinâmico, vivo, “brincável”, explorável, transformável e acessível para todos.

O documento preliminar referente às orientações de construção dos espaços que podem fazer parte de uma instituição de Educação Infantil para

Imagem 6: <http://www.nananenebauru.com.br>.

Imagem 6: Escola infantil

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crianças de 0 a 6 anos tem como objetivo, também, propiciar o cumprimento do preceito constitucional de descentralização administrativa, bem como a participação dos diversos atores da sociedade envolvidos com a educação infantil na formulação das políticas públicas voltadas para as crianças de 0 a 6 anos (BRASIL, 2006a).

Sabemos que todas as crianças, ao iniciar sua trajetória de vida, têm direito à saúde, ao amor, à aceitação, à segurança, à estimulação, ao apoio, à confi ança de sentir-se parte de uma família e de um ambiente de cuidados e de uma educação adequada e de qualidade.

Desde suas origens, as modalidades de educação das crianças eram criadas e organizadas para atender a objetivos e a camadas sociais diferenciadas: as creches concentravam-se predominantemente na educação da população de baixo poder econômico, enquanto as pré-escolas eram organizadas, principalmente, para os fi lhos das classes média e alta. (BRASIL, 2006a)

Em relação à infraestrutura das escolas, a Política Nacional de Educação Infantil (BRASIL, 2006a) recomenda que só se autorizem a construção e o funcionamento de instituições de Educação Infantil, públicas ou privadas, que atendam aos requisitos de infraestrutura, e que os prédios de Educação Infantil sejam adaptados conforme os padrões de infraestrutura estabelecidos. Assim, tal política estabelece como:

a) Objetivos: Garantir espaços físicos, equipamentos, brinquedos e materiais adequados nas instituições de Educação Infantil, considerando as necessidades educacionais especiais e a diversidade cultural.

b) Metas: Divulgar, permanentemente, padrões mínimos de infraestrutura para o funcionamento adequado das instituições de Educação Infantil públicas e privadas (creches e pré-escolas) que, respeitando as diversidades regionais, assegurem o atendimento das características das distintas faixas etárias e das necessidades do processo educativo, observando os seguintes aspectos:

• Espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário;

• Instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças;

• Instalações para preparo e/ou serviço de alimentação;

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• Ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da Educação Infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo;

• Mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos;

• Adequação às características das crianças com necessidades educacionais especiais.

A seguir, descreveremos como devem ser distribuídos os espaços físicos das instituições educacionais para crianças de zero a seis anos. Em termos de estrutura, os espaços devem ser planejados de acordo com o projeto pedagógico da instituição, levando-se em conta, também, os critérios relacionados anteriormente.

Portanto, a escola de educação infantil deve ter em sua estrutura ambientes que contemplem:

• Espaço para recepção;

• Salas para professores e para os serviços administrativo-pedagógicos e de apoio;

• Salas para atividades das crianças, com boa ventilação, iluminação, visão para o ambiente externo, com mobiliário e equipamentos adequados;

• Refeitório, instalações e equipamentos para o preparo de alimentos que atendam às exigências sanitárias;

• Instalações sanitárias completas;

• Berçário provido de berços individuais, de área livre para movimentação das crianças, de locais para amamentação e para higienização, com balcão e pia, e de espaço para o banho de sol das crianças;

• Área coberta para atividades externas, compatível com a capacidade de atendimento, por turno, da instituição.

Consultar arquiteto e decorador também pode ser questão de economia. Esses profi ssionais irão ajudar na fase de obras e na orientação de fatores importantes, como a ergonometria, fl uxo de operação, cores estimulantes e adequadas etc. Trata-se, pois, de cuidar para que a escola tenha um visual bem cuidado e adequado às necessidades das crianças, o que tornará o ambiente escolar agradável e propício ao bom desenvolvimento do processo educacional das mesmas.

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Ergonometria ou ergonomia é o conjunto de estudos que visam à organização metódica do trabalho em função do fi m proposto e das relações entre o homem e a máquina. Para saber mais, consulte o site do Inmetro: <www.inmetro.gov.br>.

Além da estrutura física, outros materiais contribuem para que a escola esteja de acordo com os requisitos básicos de funcionamento. Isso signifi ca que, numa escola infantil, devem estar presentes, e em pleno funcionamento, os seguintes equipamentos básicos:

• Freezers

• Fogões

• Geladeira

• Ar condicionado

• Equipamentos de som

• Televisão

• Computadores

• Móveis

• Brinquedos pedagógicos.

Os ambientes físicos da instituição de educação infantil devem refl etir uma concepção de educação e de cuidado, em que se respeitem as necessidades de desenvolvimento das crianças, em seus aspectos físico, afetivo, cognitivo e criativo. Para tanto, o prédio da escola deve ser estruturado com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que apontam para a construção de ambientes conforme descrição a seguir:

I. Espaço físico:

Os espaços internos devem ser limpos, bem iluminados e arejados, com visão ampla do exterior, seguros e aconchegantes, revelando a importância conferida às múltiplas necessidades das crianças e dos adultos que com elas trabalham; espaços externos bem cuidados, com jardim e áreas para brincadeiras e jogos, indicam a atenção ao contato com a natureza e à necessidade que as crianças têm de correr, pular, jogar bola, brincar com areia e água, dentre outras atividades.

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A aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa e de outros espaços da instituição e fora dela. A pracinha, o supermercado, a feira, o circo, o zoológico, a biblioteca, a padaria etc. são mais do que locais para simples passeio, posto que enriquecem e potencializam a aprendizagem.

Os espaços devem, ainda, proporcionar o registro e a divulgação dos projetos educativos desenvolvidos e das produções infantis. Desenhos, fotos, objetos em três dimensões, materiais escritos e imagens de manifestações da expressão infantil estimulam as trocas e novas iniciativas, demonstram resultados do trabalho realizado e constituem um acervo precioso da instituição.

II. Mobiliário:

O mobiliário deve ser planejado para o tamanho de bebês e de crianças pequenas: é preciso que os adultos refl itam sobre a altura da visão das crianças, sobre sua capacidade de alcançar e usar os diversos materiais, arrumando os espaços de forma a incentivar a autonomia infantil.

A segurança e a higiene são muito importantes, mas a preocupação com esses itens não deve impedir as explorações e iniciativas infantis. Os bebês e crianças pequenas precisam ter espaços adequados para se mover, brincar no chão, engatinhar, ensaiar os primeiros passos e explorar o ambiente.

A organização dos espaços e dos materiais se constitui um instrumento fundamental para a prática educativa com crianças pequenas. Isso implica que, para cada trabalho realizado com as crianças, deve-se planejar a forma mais adequada de organizar o mobiliário dentro da sala e introduzir materiais específi cos para a montagem de ambientes novos, ligados aos projetos em curso.

III. Materiais:

Os recursos materiais - mobiliário, espelhos, brinquedos, livros, lápis, papel, tintas, pincéis, tesouras, cola, massa de modelar, argila, jogos os mais diversos, blocos para construções, material de sucata, roupas e panos para brincar etc. - devem ser obrigatórios nas instituições de educação infantil, de forma cuidadosamente planejada.

As crianças devem ter ao seu alcance brinquedos adequados à sua idade, sempre que estiverem acordadas. Elas também precisam contar com estímulos visuais de cores e formas variadas, renovados periodicamente.

Para propor atividades interessantes e diversifi cadas às crianças, os professores precisam ter à disposição materiais, brinquedos e livros infantis em quantidade sufi ciente. É preciso atentar não só para a existência desses materiais

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na instituição, mas, principalmente, para o fato de eles estarem acessíveis às crianças e seu uso previsto nas atividades diárias. Além disso, a forma de apresentá-los às crianças, como são guardados e conservados, se podem ser substituídos quando danifi cados são aspectos relevantes para demonstrar a qualidade do trabalho de cuidar e educar desenvolvido na instituição.

Vimos, até aqui, as orientações para a organização dos espaços nas instituições de educação infantil para crianças de zero a seis anos. Dividiremos agora o estudo para os ambientes em instituições destinados às crianças de zero a um ano, uma vez que existem algumas particularidades inerentes a essa faixa etária, cuja atenção deve estar voltada para o cuidado e estimulação do pleno desenvolvimento da criança. Depois, descreveremos os ambientes educacionais destinados às crianças de um a seis anos.

• Espaço para crianças de zero a um ano

Recomenda-se que o espaço destinado às crianças dessa faixa etária esteja situado em local silencioso, preservado das áreas de grande movimentação e proporcione conforto térmico e acústico. Nessa faixa de idade, as crianças apresentam ritmos próprios, necessitam de espaços para engatinhar, rolar, ensaiar os primeiros passos, explorar materiais diversos, observar, brincar, tocar o outro, alimentar-se, tomar banho, repousar e dormir, para satisfazer às suas necessidades essenciais. É importante que as instituições ou creches estejam organizadas com espaços específi cos para cada atividade ou serviço.

a) Sala de repouso: é um espaço destinado ao repouso, onde há berços ou similares, e as crianças possam dormir com conforto e segurança. Recomenda-se que sua área permita o espaçamento de, no mínimo, 50 cm entre os berços, para facilitar a circulação dos adultos entre eles.

O piso deve ser liso, porém não escorregadio, e de fácil limpeza; as janelas devem assesurar abertura mínima de 1/5 da área do piso, permitindo a ventilação e a iluminação naturais; e as portas devem ter visores e ser largas, para promover a integração entre as salas de repouso e de atividades, para facilitar o cuidado com as crianças.

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b) Sala para atividades: Espaço destinado a atividades diversas, que deve ser organizado de forma estimulante, confortável, aconchegante e assegurar às crianças a realização de explorações e brincadeiras. É recomendável que a sala de atividades esteja localizada de maneira que facilite o acesso dos pais. Além disso, é importante considerar que o acesso das crianças às salas, muitas vezes, é feito no colo ou por meio de carrinhos de bebê. Portanto, nesse percurso, não é recomendável a existência de degraus ou outros obstáculos.

É importante organizar um local para o aleitamento materno, se possível, provido de cadeiras ou poltronas com encosto, confortáveis, visando estimular a amamentação, e cadeiras com bandeja ou carrinhos de bebê quando as crianças forem alimentadas pelos professores. O espaço deve comportar colchonetes amplos para as crianças engatinharem, almofadas e brinquedos de porte médio e grande.

c) Fraldário: Local para higienização das crianças, troca e guarda de fraldas e demais materiais de higiene, pré-lavagem de fraldas de pano e eliminação de fezes. A opção pela utilização de fraldas de pano ou fraldas descartáveis deve ser feita pelas famílias em parceria com a comunidade escolar.

d) Lactário: Local destinado à higienização, ao preparo e à distribuição das mamadeiras, onde se empregam técnicas de higiene alimentar, de forma que se ofereça às crianças uma dieta saudável, sem risco de contaminação. Esse local poderá ser implantado separadamente ou junto da cozinha da instituição. A escolha da localização do lactário, quando implantado separadamente, deverá

Imagem 7: <http://www.santoandre.olx.com.br>.

Imagem 7: Berçário

Trilhas do Aprendente, Vol. 8 - Organização e Conforto Ambiental328

UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 1 Aula 2 Aula 3

prever:

• o maior afastamento possível das áreas de lavanderia e banheiros;

• proximidade da sala de atividades, para facilitar o transporte de utensílios.

e) Solário (área livre e descoberta para banho de sol): Deve ter dimensões compatíveis com o número de crianças atendidas. Recomendam-se 1,50 m² por criança, orientação solar adequada e que esteja contíguo à sala de atividades, de uso exclusivo para essa faixa etária. O acesso a esse ambiente deverá permitir o trânsito de carrinhos de bebê, evitando-se desníveis que possam difi cultar essa circulação. Caso a instituição não possa contar com um solário específi co para as crianças de zero a um ano, elas devem ser levadas para o banho de sol nas áreas externas.

• Salas de atividades para crianças de um a seis anos

O espaço físico para a criança de um a seis anos deve ser visto como um suporte que possibilite e contribua para a vivência e a expressão das culturas infantis – jogos, brincadeiras, músicas, histórias que expressam a especifi cidade do olhar infantil. Assim, deve-se organizar um ambiente adequado à proposta pedagógica da instituição, que possibilite à criança a realização de explorações e brincadeiras, garantindo-lhe identidade, segurança, confi ança, interações socioeducativas e privacidade, promovendo oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento.4

a) Sala multiuso: Embora as salas de atividades sejam concebidas como espaços multiuso, prevendo-se a organização de cantos de leitura,

Imagem 8: <http://www.uberlandia.olx.com.br>.

Imagem 8: Escola infantil em Uberlândia

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

brincadeiras, jogos, dentre outros, ressaltamos a importância de se organizar um espaço destinado a atividades diferenciadas, planejadas de acordo com a proposta pedagógica da instituição, como alternativa para biblioteca, sala de televisão, vídeo ou DVD e som. É recomendável que tenha capacidade mínima para atendimento à maior turma da instituição.

b) Área administrativa: Essa área está organizada em subdivisões, quais sejam:

b.1) Recepção: espaço destinado a acolher os familiares e a comunidade. Deve ser planejado como um ambiente agradável, aconchegante, em que haja cadeiras e quadro de informes, espaço para entrada e saída das crianças, para lhes garantir segurança.

b.2) Secretaria: espaço de fl uxo e de arquivo de documentos, bem como de recepção dos que chegam à instituição. Deve contar, se possível, com: computador com impressora, mesa, cadeira, arquivos, telefone, quadro de chaves.

b.3) Almoxarifado: espaço para a guarda de material pedagógico e administrativo. Além desse espaço, as instituições devem prever ambientes para a guarda de brinquedos maiores, colchonetes, cenários, ornamentos, dentre outros.

b.4) Sala de professores: espaço de encontro, refl exão, formação, troca de experiências, planejamento individual e coletivo, momentos de privacidade para o professor. Deve contar, se possível, com equipamentos e mobiliários como: computador e impressora, mesa para reunião, cadeiras, armário individualizado e bancada para pequenos lanches.

b.5) Sala de direção e coordenação: na mesma linha de discussão sobre a sala dos professores, os dirigentes da instituição precisam, igualmente, de um espaço mais privado para seu trabalho, para realizar reuniões com pais e professores e outras atividades.

c) Banheiros: Os banheiros infantis devem ser implantados próximos às salas de atividades e não devem ter comunicação direta com a cozinha e com o refeitório. Sugerimos a seguinte relação do número de crianças por equipamento sanitário:

• 1 vaso sanitário para cada 20 crianças;

• 1 lavatório para cada 20 crianças;

Trilhas do Aprendente, Vol. 8 - Organização e Conforto Ambiental330

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

• 1 chuveiro para cada 20 crianças.

Devem ser previstos banheiros de uso exclusivo dos adultos, que podem acumular a função de vestiário e fi car próximos às áreas administrativas, de serviços e pátio coberto.

d) Pátio coberto: Deve ser condizente com a capacidade máxima de atendimento da instituição e dispor de bebedouros compatíveis com a altura das crianças. Quando possível, contemplar no projeto a construção de palco e quadros azulejados. Esse espaço deve ser planejado para utilização múltipla, como, por exemplo, festas e reuniões de pais.

e) Áreas necessárias ao serviço de alimentação: Defi ne-se como um serviço de alimentação aquele que engloba todas as atividades relacionadas ao preparo e à distribuição das refeições, incluindo atividades de recepção, estocagem de alimentos, limpeza de utensílios e registro de dados. Esse espaço possibilita, ainda, o desenvolvimento de atividades educativas para crianças e adultos.

A área de serviço de alimentação deve prever, sempre que possível, refeitório, cozinha e áreas de apoio, tais como: despensa geral, despensa fria, áreas de recebimento e pesagem de alimentos e cômodo de gás. Além de se constituir como um espaço para alimentação, o refeitório deve, ainda, possibilitar a socialização e a autonomia das crianças. Recomenda-se que seja articulado com a cozinha e tenha um móvel que viabilize diferentes organizações do ambiente. Deve seguir o dimensionamento de 1 m² por usuário e capacidade mínima de 1/3 do maior turno, uma vez que não é necessário nem recomendável que todas as crianças façam as refeições ao mesmo tempo.

f) Lavanderia: A lavanderia deve ter acesso independente da cozinha e ter: tanque; local para máquina de lavar; secadora, quando necessário e possível; varal; bancada para passar roupas; prateleiras e armários fechados, em alvenaria. Suas dimensões devem ser compatíveis com o número de crianças atendidas pela instituição. Deve ser prevista uma área, externa ou interna, para secagem de roupas.

g) Área de serviços gerais: Deve contemplar tanque; armário para guarda de vassouras, rodos e similares e depósito de material de limpeza. Sempre que a geração de resíduos sólidos da escola exceder 100 litros diários, essa área deve contemplar, também, depósito de lixo, situado em local desimpedido, de fácil acesso à coleta, isolado de áreas de maior circulação, sem ligação direta com as dependências, tais como cozinha, despensa, salas de

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

atividades, pátio coberto e refeitório.

h) Área externa: Recomenda-se que corresponda a, no mínimo, 20% do total da área construída e seja adequada para atividades de lazer e físicas, realização de eventos e festas da escola e da comunidade. Contemplar, sempre que possível, duchas com torneiras acessíveis às crianças, quadros azulejados com torneira para atividades com tinta lavável, brinquedos de parque, pisos variados, como, por exemplo, grama, terra e cimento. Se possível, deve contemplar anfi teatro, casa em miniatura, bancos, brinquedos, como escorregador, trepa-trepa, balanços, túneis etc. Deve ser ensolarada e sombreada e ter área verde, com local para pomar, horta e jardim.

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Além das orientações de construção e organização do espaço infantil, os parâmetros básicos de infraestrutura fazem, ainda, algumas recomendações:

• que a capacidade máxima das instituições de Educação Infantil seja referenciada no atendimento a 150 crianças, em regime de horário integral ou por turno, considerando-se as especifi cidades do atendimento;

• que o terreno propicie, preferencialmente, o desenvolvimento da edifi cação em um único pavimento;

• que a área mínima de todas as salas para crianças de zero a seis anos contemple 1,50 m² por criança atendida, considerando-se a importância da organização dos ambientes educativos e a qualidade do trabalho;

Imagem 9: <http://www.hbc.g12.br>.

Imagem 9: Área externa

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

• que o berçário e as salas de atividades sejam voltados para o nascente;

• que, em todos os espaços utilizados pelas crianças, os acessórios e os equipamentos - como maçanetas, quadros, pias, torneiras, saboneteiras, porta-toalhas e cabides - sejam colocados ao alcance delas para sua maior autonomia;

• que os interruptores tenham protetores contra descarga elétrica;

• que o piso seja liso (mas não escorregadio), de fácil conservação, manutenção e limpeza, confortável termicamente, de acordo com as condições climáticas regionais;

• que as paredes sejam revestidas com material de fácil limpeza e manutenção, de cores claras e alegres;

• que as janelas tenham abertura mínima de 1/5 da área do piso, para permitir a ventilação e a iluminação naturais e garantindo visibilidade para o ambiente externo, com peitoril de acordo com a altura das crianças, para garantir-lhes a segurança.

Para complementar esta aula, leia o trabalho sobre ambiente físico escolar no site:<http://www.educarede.org.br/educa/img_conteudo/dimensao6.pdf>.

Descreva, em duas ou três páginas, como era sua escola (no ensino básico infantil), em termos de estrutura física, espaços, recursos, materiais e equipamentos. Caso não tenha passado por uma escola infantil, converse com alguém que tenha tido essa experiência. Envie sua atividade por meio do Moodle.

DESAFIO

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

AULA 3: AMBIENTE ESCOLAR ACESSÍVEL A TODAS AS CRIANÇAS COM BASE NO PRINCÍPIO DA INCLUSÃO

Quando se fala em acessibilidade, logo imaginamos nos ambientes (prédios públicos e privados, escolas, universidades, bancos, lojas, escritórios, shoppings etc.) com acessos adaptados para as pessoas com defi ciência - rampas para pessoas que usam cadeira de rodas, piso sinalizador para cegos, avisos luminosos para os surdos, e por aí vai...

Vivemos numa sociedade onde quase nada está acessível às pessoas com defi ciência. Basta nos lembrarmos da arquitetura das cidades brasileiras e, principalmente, de nossas escolas. Porém, a acessibilidade não se resume à questão arquitetônica, passa também por transformações pessoais e atitudinais e de adaptações curriculares.

• Discutindo acessibilidade

O termo acessibilidade vem do Lat. accessibilitate, s.f. qualidade de ser acessível que, por sua vez, signifi ca “a que se pode chegar facilmente; que fi ca ao alcance”. Signifi ca possibilidade de acesso (ONU), processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade.

Entendemos que a acessibilidade deve ser considerada em todos os níveis, o que signifi ca dizer que a possibilidade de acesso não deve se restringir a quem tem alguma necessidade especial, mas a todas as pessoas que devem ser incluídas na sociedade da informação e do conhecimento, tenham ou não alguma defi ciência.

Ao caminhar pela rua, vemos que nenhum ser humano é igual ao outro, porquanto há pessoas baixas, altas, gordas, idosas, com difi culdades de se locomover, de enxergar, dentre outras características. Portanto, nos perguntamos: as ruas, os meios de transporte, os prédios públicos e privados, as áreas de lazer etc. estão adequados e planejados para que todas as pessoas transitem e usufruam desses locais com autonomia e segurança?

Quando nos referíamos à questão de acessibilidade das pessoas com defi ciência, comumente nos deparávamos com o termo “eliminação de barreiras arquitetônicas”, o que, na prática, seriam as construções de rampas ao lado das escadas ou no lugar delas. A construção de rampas é fundamental, mas a acessibilidade é muito mais que isso - “signifi ca conseguir a equiparação de oportunidades em todas as esferas da vida. Isso porque essas condições estão

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

relacionadas ao AMBIENTE, e não, às características da PESSOA” (GIL, 2006).

A ilustração seguinte mostra como as rampas podem ser utilizadas por qualquer pessoa, sejam elas defi cientes ou não, uma vez que as necessidades humanas independem de suas limitações. Portanto, recomenda-se que os produtos, os ambientes, os equipamentos e os meios de comunicação sejam projetados sob o ponto de vista da acessibilidade, sem que haja, necessariamente, adaptações, e que benefi ciem pessoas de todas as idades e capacidades.1

Nesse sentido, é preciso que a política de acessibilidade entre os diversos setores governamentais seja estruturada, posto que, para se considerar uma escola inclusiva, além de sua edifi cação, também o entorno deverá estar adequado para que todos os alunos tenham acesso à escola. Deve-se priorizar, também, o trabalho de conscientização dos professores - principalmente aqueles que não têm alunos com necessidades especiais em sala de aula - sobre as adaptações e os recursos físicos, arquitetônicos e pedagógicos necessários para que estejam adequadamente equipados, quando surgirem esses alunos diferentes.

• Relembrando algumas questões sobre inclusão

Desde 1990, a inclusão social vem sendo amplamente discutida, e uma das grandes metas a ser atingida é “sensibilizar a sociedade para o direito de ir e vir das pessoas portadoras de necessidades especiais” (JESUS, 2006). A partir de então, algumas leis foram promulgadas, no sentido de garantir o acesso e a utilização dos espaços pelas pessoas com defi ciência.

Imagem 10: <http://www.bengalalegal.com>.

Imagem 10

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Sobre o processo de inclusão, revisem, neste marco, o componente curricular Educação Inclusiva.

A última revisão da norma que regulamenta todos os aspectos de acessibilidade no Brasil ocorreu em 2004. Porém, o sentido de acesso é muito mais abrangente, visto que não se refere a um grupo isolado ou à margem da sociedade (por ex., os defi cientes). A defesa da acessibilidade vem, aos poucos, em direção a um mundo acessível para todos, no qual projetos de produtos e ambientes contemplem toda a diversidade humana - crianças, adultos altos e baixos, anões, idosos, gestantes, obesos, pessoas com defi ciência ou com mobilidade reduzida -, enfi m, um caminho para uma sociedade mais acessível, mais humana e cidadã.

Em função disso, naquele mesmo ano, foi publicado o Decreto Federal nº 5.296, contemplando o conceito de Desenho Universal que, grosso modo, signifi ca “traços ou riscados que criam acessos para o universo”. Essa ideia de desenho apareceu depois da revolução industrial, quando os processos produtivos eram massifi cados, iguais para todos, principalmente nas construções de imóveis.

Portanto, desenho universal não é um desenho especial criado para pessoas com defi ciência, mas um

processo de criar os produtos que são acessíveis para todas as pessoas, independente de suas características pessoais, idade, ou habilidades. Os produtos universais acomodam uma escala larga de preferências e de habilidades individuais ou sensoriais dos usuários. A meta é que qualquer ambiente ou produto poderá ser alcançado, manipulado e usado, independentemente do tamanho do corpo do indivíduo, sua postura ou sua mobilidade. (GABRILLI, S/D p. 10)

Uma escola acessível para todos deve assegurar o acolhimento dos aprendentes, responder às necessidades de cada um e oportunizar a participação e a aprendizagem das crianças. Nesse sentido, é fundamental, também, que o ambiente escolar esteja adequado para receber as crianças com suas características físicas de tamanho, peso, habilidades diferentes, a fi m de que se sintam incluídas e adaptadas, o que, certamente, haverá de melhorar a qualidade de aprendizagem e a qualidade de vida.

Um ambiente com acessibilidade atende, diferentemente, a uma variedade de necessidades dos usuários, o que os torna autônomos e

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independentes. Autonomia é a capacidade do indivíduo de desfrutar dos espaços e dos elementos espontaneamente, segundo sua vontade. A independência é a capacidade de usufruir dos ambientes, sem precisar de ajuda (PRADO, 2003).

Para se chegar a uma sociedade inclusiva e atingir uma acessibilidade plena, é imprescindível que qualquer objeto, ou espaço desenvolvido, contenha o conceito de desenho universal.

Para saber mais sobre desenho universal, acesse os sites: <http://www.vereadoramaragabrilli.com.br/fi les/universal_web.pdf> e <http://www.acessobrasil.org.br>.

• Apresentando uma escola acessível2

É visto que, paulatinamente, a inclusão escolar tem sido discutida no meio educacional, e os professores, os gestores de escolas e o poder o público têm se esforçado para promover a aprendizagem dos aprendentes e construir (fazer) escolas cada vez mais acessíveis, seja em relação ao aumento do número de matrículas, seja em relação aos espaços e às instalações apropriadas.

A foto, a seguir, retrata como deve ser organizada uma sala de aula inclusiva, onde os educandos podem circular, participar e aprender com conforto e segurança.

Imagem 11: Alexandre Jubran e Luiz Iria. Revista Escola, dez. 2005. p. 56 e 57.

Imagem 11

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A imagem 11 apresenta uma sala de aula com ambiente de características inclusivas, onde o mobiliário, os materiais, o piso, a parede, o telhado, a porta e as janelas estão de acordo com um ambiente acolhedor, confortável e seguro, o que colabora para o aprendizado das crianças. Vamos, então, descrever os elementos mais importantes que compõem a sala de aula inclusiva:

a) Materiais: os materiais que não podem faltar numa sala de aula devem estar distribuídos de forma que favoreçam a uma livre movimentação e estimulem as crianças a participarem efetivamente das atividades e da aprendizagem.

a.1) Posição das mesas: As mesas bem posicionadas garantem a todos o acesso à mesa do professor, à lousa, à estante e ao mural.

a.2) Mesas e cadeiras: Devem ser claras, opacas e com quinas arredondadas. Para quem tem baixa visão, a mesa preta ajuda na localização.

a.3) Cadeira regulável (professor): Giratória e com rodinhas, deixa a coluna reta ao se observar a classe.

a.4) Lousa branca: Dispensa o giz e evita alergias. Deve fi car a 60 cm do chão para que todos a utilizem.

a.5) Estante baixa: Facilita o acesso das crianças e de pessoas com defi ciência física aos materiais.

a.6) Mural: Deve fi car onde as crianças possam vê-lo e utilizá-lo para expor fotos, recados etc.

b) Estrutura e acabamentos: O prédio da escola deve primar por instalações apropriadas e adequadas às crianças e a sua faixa etária, bem como às suas necessidades e/ou limitações físicas e intelectuais.

b.1) Paredes de tijolo: Com isolamento térmico adequado, devido à cerâmica e ao ar retido no seu interior.

b.2) Paredes de madeira: Essa opção pede uma placa intermediária, revestida de alumínio para refl etir o calor.

b.3) Pintura: Feita com cores claras nas paredes internas e externas, relaxa os olhos e refl ete o calor.

b.4) Piso: Antiderrapante, claro e opaco, pois superfícies brilhantes causam ofuscamento.

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

b.5) Forro: Reduz a passagem das ondas de calor em coberturas de laje ou de telha.

b.6) Fileiras de luminárias: Devem fi car paralelas às janelas, com acionamento independente para iluminar onde há menos luz.

b.7) Aberturas: Servem de escape para o ar, que entra pela janela da parede oposta, esquenta e sobe.

b.8) Persianas: Evitam a luz direta e regulam a luminosidade do ambiente.

b.9) Toldo: Ameniza o calor e a incidência de luz. Outra opção é a sombra das árvores.

b.10) Faixa escura (rodapé): Mostra os limites entre chão e parede, evitando acidentes de pessoas com defi ciência visual.

b.11) Espuma (parede): Absorve o som, diminui o nível de ruído e facilita a compreensão do que é dito.

Organizar uma sala de aula não é tão difícil. Com lousa, mesas e cadeiras, materiais didáticos, professor e aprendentes, elementos básicos que não devem faltar numa sala de aula adequada e com empenho, poderemos transformar qualquer sala de aula num ambiente seguro, confortável e acessível para todas as crianças.

Com base no que já vimos até aqui, vamos pensar em como são as salas de aula das escolas públicas de sua cidade. Você já parou para observar?

• O piso escolhido evita acidentes?

• Os móveis têm cantos arredondados?

• As crianças com difi culdades de locomoção ou com defi ciência física se locomovem com facilidade?

A escola inclusiva e acessível a todos favorece o processo de ensino e aprendizagem dos educandos. Porém, precisamos de alguns recursos materiais para tornar as salas de aula cada vez mais inclusivas.

Continuando nosso estudo, apresentaremos, a seguir, uma gravura que mostra em detalhes a posição correta como se deve sentar numa cadeira em sala e alguns recursos que favorecem o desempenho e a locomoção dentro e fora da escola.

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

1. Postura correta: A primeira fi gura mostra a postura correta de uma aprendente sentada numa cadeira em sala de aula e as posições e as dimensões adequadas da mesa e da cadeira.3

1.a) Encosto da cadeira: Mantém a coluna da criança reta, em angulação de 90º em relação às pernas.

1.b) Assento: Não pode ser muito comprido, para evitar que a criança encurve a coluna ao se apoiar no encosto.

1.c) Altura da mesa: É igual à do cotovelo, para dar apoio aos braços. Mesas baixas ou altas causam vícios de postura.

1.d) Apoio dos pés: As pernas da criança não podem fi car suspensas, e os joelhos devem ter angulação de 90º.

2. Organização das mesas: O desenho das formas de organizar ou distribuir as mesas em salas mostra como cada disposição favorece as atividades em sala, conforme a situação.

2.1 O primeiro desenho mostra duas mesas juntas, ou duplas, distribuídas em fi leiras de forma retangular.

2.2 A segunda maneira de distribuir as mesas é em círculo.

2.3 A terceira maneira de organizar as mesas está distribuída em

Imagem 12: Revista Escola, dez. 2005. pág. 58 e 59.

Imagem 12

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

forma de X.

Em qualquer das três formas de distribuição de mesas e cadeiras, as crianças trabalham bem em duplas, em círculo ou em grupos, conforme a atividade. Os três modelos propiciam interação, autonomia e cooperação e permitem a circulação dos que têm defi ciência física.

3. Sinalização especial: Essa sinalização é feita utilizando-se blocos de borracha ou cimento, presos ao chão, com desenhos diferentes (retas, pontos ou círculo), cada um sinalizando uma situação específi ca.

3.a) Piso sinalizador: Bloco emborrachado com um círculo: indica pontos em que a pessoa deve tomar a decisão sobre mudar ou não de direção.

3.b) Piso guia: Blocos com retas; quando invertidos, sinalizam porta à frente. Suas ranhuras orientam pessoas com defi ciência visual.

3.c) Piso alerta: Blocos com vários pontinhos, indicam a presença de obstáculos, como rampas e escadas, evitando acidentes graves.

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Imagem 13: <http://www.arq.ufsc.br>.

Imagem 13

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

4. Portas: As portas devem ser largas o sufi ciente para a passagem de cadeiras de rodas; na parte superior, deve haver uma pequena janela de vidro e placas de sinalização, que devem ser brancas, com letras grandes, pretas e sem serifa, para identifi car o lugar (sala), usando também braile e símbolos.

5. Boa acústica: Sabemos que, para se ter uma boa acústica, é conveniente que as paredes das salas sejam reforçadas com material apropriado, para evitar ruídos externos que possam interferir na boa comunicação dentro da sala. O desenho (imagem 12) nos mostra as duas formas de construção de paredes que podem favorecer ou não a passagem dos sons para dentro das salas.

5.1) Parede lisa: Sem materiais de absorção, as ondas sonoras batem e voltam quase com a mesma intensidade. O som se amplifi ca e fi ca incompreensível.

5.2) Parede com espuma: O material absorve as ondas sonoras, que retornam com pouca intensidade. Assim, os aprendentes compreendem a voz em tom ameno.

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Até aqui, tivemos uma vasta noção de como deve ser planejada uma escola inclusiva, que seja acessível a todos, independentemente de suas

Imagem 14: <http://minasempauta.fi les.wordpress.com/2010/04/2904_governo-anastasia-fapemig-apoiou-pesquisa-que-criou-carteira-escolar-inclusiva.jpg>.

Imagem 14

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Aula 1 Aula 2 Aula 3

necessidades especiais, momentâneas ou permanentes. Afi nal, é próprio da natureza humana assumir múltiplas características, como altura, cor da pele e dos olhos, além de apresentar uma diversifi cada forma de cultura e costumes, como, por exemplo, os índios e os ciganos. Apesar das diferenças que caracterizam os seres humanos, vivemos numa sociedade “construída” e planejada para o homem “normal” ou perfeito.

Embora ainda existam essas concepções de homem ideal, perfeito, estamos vivendo um momento de conscientização e de sensibilização da sociedade frente às pessoas com defi ciência, às idosas e a outros grupos considerados minoritários. É fato que as escolas, as empresas e o comércio cada vez mais admitem pessoas com defi ciência, mostrando que esse segmento da sociedade, também, participa ativamente da sociedade de consumo, do mundo do trabalho.

O conceito de acessibilidade abrange muito mais que espaços físicos planejados e escolas acessíveis para os aprendentes com defi ciência. Envolve, essencialmente, “o acesso aos bens sociais, culturais e econômicos, à educação, à saúde, ao trabalho, à tecnologia...”, garantindo qualidade de vida para todos. Porém, para que tenhamos uma sociedade inclusiva, é necessário que os espaços das escolas, dos shoppings, dos cinemas, dos teatros, das igrejas, das empresas, da informática etc. sejam acessíveis.

Finalizando esta etapa do nosso percurso, objetivamos, com esta Unidade, que você adquira os conhecimentos básicos fundamentais para utilizá-los no seu dia a dia, na sua prática como professor, não só para quebrar preconceitos atitudinais, mas também para sugerir e promover um ambiente planejado, adequado e acessível a todos, sem distinção, com suas características próprias, quer apresentem necessidades especiais ou não.

Visite uma escola de educação infantil e descreva o ambiente com base na acessibilidade e nos princípios do desenho universal. Construa, em até uma lauda, sua resposta e encaminhe-a por meio do Moodle.

DESAFIO

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UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

Aula 4 Aula 5 Aula 6

UNIDADE IIINFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E

DO CONFORTO NA APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

AULA 4: DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR DA CRIANÇA E CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM

Nesta Unidade, continuaremos a estudar a relação entre a organização do ambiente infantil e o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Porém, priorizaremos o seu desenvolvimento neuromotor e sua relação com o meio ambiente. Aprenderemos que a motricidade da criança acontece em conformidade com o meio, ou seja, numa relação de dependência um do outro. Ela usa seu corpo e seu movimento para interagir e se comunicar com o meio.

Devemos ter em mente que o desenvolvimento humano é multifacetado, isto é, além das mudanças motoras, durante a infância, ocorrem também mudanças intelectuais, sociais e emocionais, que estão em constante interação, um processo em que cada uma delas infl uencia todas as outras e, por sua vez, é infl uenciada por todas as outras.

A literatura sobre o desenvolvimento infantil é muito extensa. São inúmeros os autores de relevância histórica, cujas teorias são reconhecidas. Vocês já estudaram, por exemplo, em marcos anteriores, nos componentes curriculares de Psicologia Educacional II, Educação e Saúde I, autores como Piaget, Vygotsky, Wallon, dentre outros.

O quadro seguinte mostra um resumo do pensamento de alguns estudiosos, na perspectiva da Psicologia, sobre aprendizagem e o desenvolvimento humano.

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Aula 4 Aula 5 Aula 6

Aprendizagem X Desenvolvimento

Jean Rousseau 1712 - 1778

Lev S. Vygotsky 1896 - 1934

Henri Wallon 1879 - 1962

Jean W. Piaget 1896 - 1980

Burrhus Skinner1904 - 1990

Inatista Sociointeracionismo Interacionismo Interacionismo Ambientalismo

“A pessoa já nasce (é criada) com as características que a fazem única. Durante sua vida, o aprendizado não trará mudanças signifi cativas, apenas aperfeiçoará o que já traz consigo”.

“Interação dos dois fatores (indivíduo e meio) na construção do indivíduo, mas, mais que isso, salienta a importância do outro - e, portanto, do aprendizado - nesse processo de apropriação dos conhecimentos e do mundo”.

Estuda, em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nos diferentes momentos do desenvolvimento, os vínculos entre cada um e suas implicações com o todo representado pela personalidade.

“A interação entre o indivíduo e o meio (físico, social, histórico e cultural) é que constrói as características do sujeito, aspectos esses fundamentais para a compreensão do desenvolvimento humano”. “A aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento”

“A criança nasce como um papel em branco, e através de sua vivência e experiência no ambiente, é que vão formando suas características. A aprendizagem passa a ter, então, papel fundamental, pois a criança desenvolve-se à medida que aprende”.

Para compreender o desenvolvimento motor, você precisa entender que o comportamento humano compreende os domínios cognitivo, afetivo, motor e físico, que estão interagindo constantemente. Para compreender o desenvolvimento motor, é necessário conhecer esses domínios, pois eles afetam profundamente o comportamento motor e vice-versa, que é infl uenciado pelo desenvolvimento motor. As conexões entre todos esses domínios aprimoram o domínio motor e resultam diretamente em aprimoramento do desenvolvimento intelectual e social. Portanto, por essas razões, é sobremaneira importante que os especialistas - pediatras, fi sioterapeutas, educadores físicos e profi ssionais da educação infantil, como será o seu caso, quando concluir seu curso - conheçam o desenvolvimento motor da criança.

Com base nisso, pergunto: Por que você deve estudar o desenvolvimento motor? Como esse conhecimento o(a) ajudará a lidar com as crianças em sala de aula ou a conhecer melhor suas necessidades de aprender, levando-se em conta a fase de desenvolvimento em que elas se encontram? Vamos, então, conhecer alguns conceitos de desenvolvimento humano e, mais especifi camente, o desenvolvimento motor da criança.

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UNIDADE IIUNIDADE I UNIDADE III

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Os seres humanos passam por dois processos, que os acompanham pela vida: o crescimento e o desenvolvimento. Em relação ao seu desenvolvimento, é importante compreender o sentido do termo maturação (amadurecimento).

TEXTO COMPLEMENTAR

Maturação: esse termo é, frequentemente, empregado como sinônimo de crescimento, mas os dois termos não signifi cam exatamente a mesma coisa. Por exemplo, quando um aprendente diz: “eu realmente cresci durante o curso do último semestre”, ele pode estar querendo dizer que se ‘desenvolveu’ ou ‘amadureceu’; dessa forma pode usar esses mesmos termos para justifi car que houve uma mudança positiva, signifi cativa durante o curso que fez.

Para melhor compreender as características que envolvem o desenvolvimento humano, começamos por diferenciar o que seja desenvolvimento (motor), crescimento e maturação. Tais defi nições são fundamentais, pois servem como base a partir da qual podemos elaborar adequadamente os programas educacionais para crianças.

1. Desenvolvimento:

• “É a capacidade de adquirir novas habilidades e de desenvolver tarefas cada vez mais complexas. Abrange as dimensões psicológica, neurológica e motora, sendo por isso chamado de desenvolvimento neuropsicomotor” (FILHO, 2002).

• “São mudanças que todos os seres humanos enfrentam durante as várias fases de suas vidas. Essas mudanças resultam do aumento da idade assim como das experiências dos indivíduos em suas vidas, do potencial genético e das interações de todos os três fatores em qualquer momento específi co. Portanto, o desenvolvimento é um processo interacional que resulta em mudanças no comportamento no transcorrer das várias fases da vida” (PAYNE & LARRY, 2007, p. 6).

1.1. Desenvolvimento motor:

• É defi nido como as mudanças que ocorrem em nossa capacidade de nos movimentarmos, assim como em nosso movimento em geral, à medida que prosseguimos pelas diferentes fases da vida.

• “Mudança de comportamento motor que refl ete a interação do organismo que está amadurecendo com seu meio ambiente”.

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• “O processo sequencial, contínuo e relacionado à idade pelo qual um indivíduo progride do movimento simples, desorganizado e desajeitado para a execução de habilidades motoras complexas e altamente organizadas e, fi nalmente, para o ajuste das habilidades que acompanham o envelhecimento” (PAYNE & LARRY, 2007, p. 2).

A ilustração a seguir mostra uma sequência de aquisições motoras, de acordo com a idade da criança.1

Imagem 15: Bee (1986. p. 98).

Imagem 15: Etapas do desenvolvimento da criança de zero a um ano de idade, que mostram seu refl exo de marcha, a fi rmeza da cabeça, a fase em que fi ca de pé e anda

com apoio e a em que anda sem ajuda.

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2. Crescimento:2

Filho (2002) afi rma que crescimento é o aumento do corpo físico por aumento das células, em tamanho ou número. O crescimento varia conforme o órgão ou tecido do organismo em estrutura. Começa com a fecundação e vai até o fi nal da adolescência. A altura média de um recém-nascido de ‘tempo certo’ é de cerca de 50 cm... O peso de nascimento é de 3 kg em média...”

Imagem 16: Bee (1986, p. 99).

Imagem 16: Etapas do desenvolvimento da criança de um ano e meio a cinco anos de idade, que mostram as habilidades mais complexas, como pegar

objeto no chão, apoiar-se nas pontas dos pés, equilibrar-se numa perna só, descer escadas e saltar com os pés.

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3. Maturação:

“São as alterações funcionais qualitativas que ocorrem com a idade... referem-se às mudanças organizacionais na função dos órgãos e tecidos. O comportamento do indivíduo é modifi cado subsequentemente como resultado dessas mudanças qualitativas. Um exemplo de maturação é a organização neurológica do cérebro durante a segunda infância. Praticamente todas as partes anatômicas estão presentes desde o começo da segunda infância, porém uma mudança qualitativa na função cerebral continua ocorrendo, permitindo que as crianças alcancem níveis mais altos de capacidade cognitiva” (PAYNE & LARRY, 2007, p. 6).

Percebe-se, mediante os conceitos de crescimento e de maturação, que esses aspectos estão entrelaçados porque, à medida que o corpo cresce, as funções são aprimoradas. Portanto, podemos deduzir que o crescimento e a maturação são aspectos correlatos do processo de desenvolvimento humano, em que o crescimento é um aspecto estrutural, e a maturação lida com as modifi cações funcionais do desenvolvimento.

Imagem 17: Bee (1986. p. 17).

Imagem 17: Mudanças de proporções (crescimento) corporais em adolescentes de mesma idade.

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Antes de descrever as etapas motoras da criança, vamos entender como acontece a maturação do sistema nervoso e conhecer algumas características do desenvolvimento motor. A fi gura abaixo mostra o processo de maturação do recém-nascido, que também ocorre, paralelamente, no sistema nervoso central:

Sentidos do desenvolvimento

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Explicando:

Céfalo-caudal: Trata-se do sentido do desenvolvimento que começa do ponto mais alto do corpo (cabeça) para sua parte inferior (os pés), ou de cima para baixo.

Exemplo - No bebê, desenvolve primeiro o sustento cefálico (segura a cabeça), depois, os membros superiores (braços), em seguida, o tronco, o quadril, os membros inferiores (pernas e pés) e, por fi m, a marcha (anda).

Próximo-distal: Dos pontos próximos do centro do corpo aos pontos próximos da periferia, ou mais afastados do centro do corpo, ou seja, do topo da cabeça para as extremidades. O desenvolvimento, em termos de movimento, é mais signifi cativo nos membros superiores, começando pelos ombros, cotovelos, punho e dedos.

Exemplo - Na preensão ou segurar (agarrar) objetos com as mãos, inicialmente, o braço do lactente é controlado pelos músculos responsáveis pela movimentação do ombro. Gradualmente, observa-se também o domínio sobre o cotovelo, permitindo maior exatidão dos movimentos. Finalmente, o controle sobre punho e, a seguir, sobre os dedos, encerrando a progressão da função de preensão.

Nos membros inferiores, o controle muscular inicia-se pelo quadril (sentar), depois, os joelhos (fi car de joelho ou na posição de quatro) e, por fi m, tornozelos e pés (fi car de pé ou andar).

Movimentos globais para movimentos fi nos: Os movimentos globais ou amplos são os que se utilizam de grandes grupos musculares e de grandes articulações, como, por exemplo, os músculos da coxa, que produzem um conjunto de movimentos como rastejar, sentar, engatinhar e caminhar.

Os movimentos fi nos ou refi nados são os governados pelos pequenos grupos musculares, como os dos antebraços, das mãos e dos dedos, que são essenciais para a produção de movimentos, como mover objetos com a mão, comer com colher, desenhar, costurar, datilografar ou tocar um instrumento musical.

Movimentos refi nados: são movimentos em que empregamos pequenos grupos musculares, essenciais para a produção dos movimentos dos dedos e das mãos.

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Imagem 18 e 19: Flehming (1994, p. 228 e 277).

imagem 18: Movimentos globais, por ex. engatinhar.

Imagem 19: Movimentos fi nos, por ex., utilizando as mãos.

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Sentido ventral para dorsal: Ventral signifi ca a parte anterior ou da frente do corpo; dorsal é a parte de trás.5

Exemplo: Quando a criança começa a se sentar, ganha, primeiro, equilíbrio para a frente; depois, para os lados e, por último, para trás.

Além do sentido do amadurecimento do ser humano, ele apresenta outras características também importantes. Vamos conhecer alguns delas:

• O desenvolvimento acontece de forma global, ou seja, os aspectos físicos, cognitivos e afetivos ocorrem simultaneamente;

• É contínuo, gradativo, não existe demarcação entre um estágio e outro;

Imagens 20 e 21: Flehmnig (1994, p. 146 e 147).

Imagem 20: Sentido ventral ou decúbito ventral.

Imagem 21: Sentido dorsal ou decúbito dorsal.

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• É ordenado, pois todos os bebês passarão pela mesma sequência normal;

• Cada etapa é pré-requisito para a seguinte, amadurecendo uma etapa para, depois, sobrevir outra. Por exemplo, a criança só é capaz de fi car sentada depois de segurar (equilibrar) a cabeça;

• Toda aquisição (de um movimento ou postura) implica reorganização, e não há acumulação de experiências, mas, sim, modifi cações para evoluir;

• Cada criança tem seu ritmo próprio de desenvolvimento, e as diferenças individuais vão depender das infl uências ou dos estímulos que recebe.

Vimos, então, algumas peculiaridades que envolvem o processo do desenvolvimento humano, que, como percebemos, recebe infl uências da maturação do sistema nervoso, do crescimento do organismo, do meio ambiente e da hereditariedade, o que promove uma harmoniosa interação (e aprendizagem) da criança em desenvolvimento com o meio ambiente que a cerca.

Não precisamos ser especialistas para perceber o desenvolvimento motor das crianças, desde o nascimento até a adolescência, pois, para os pais e os professores, essa é a parte mais visível do desenvolvimento físico. Para um entendimento mais detalhado de como isso ocorre, passaremos a descrever os estágios ou fases mais importantes do desenvolvimento das crianças, que são inerentes ao seu comportamento motor. O quadro, a seguir, mostra as principais evoluções motoras da criança de zero a seis anos. É bom lembrar que as faixas de idade e as correspondentes aquisições motoras são estimativas, quer dizer, são etapas motoras esperadas para cada faixa etária.

Desenvolvimento motor nos primeiros anos de vida

MESES PRINCIPAIS ATIVIDADES MOTORAS ATIVIDADES MOTORAS REFINADAS

1-2Controle parcial da cabeça;Bom controle da cabeça, levanta o queixo quando de bruços.

Mãos fechadas; Membros em fl exão.

3-4

Levanta o tórax da cama, apoiando-se nos cotovelos;Tem refl exos primitivos menos proeminentes;Senta-se com apoio.

Abre as mãos;Alcança objetos, empurra a coberta;Mãos vão para a linha média do corpo.

5-6

Rola sobre a barriga para as costas;Mantém a cabeça ereta;Resposta anterior apropriada.

Transfere objetos de uma mão para a outra;Segura a mamadeira;Aperta as palmas das mãos.

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MESES PRINCIPAIS ATIVIDADES MOTORAS ATIVIDADES MOTORAS REFINADAS

7-8Pula quando está em pé;Senta-se sem apoio.

Come bolacha sozinha;Entende o que se pede.

9-10Engatinha;Fica de pé apoiando-se.

Brinca com ursinho;Bata palmas.

11-12 Persegue os brinquedos ao seu redor;Levanta-se sozinha;Dá os primeiros passos.

Aperta como uma “pinça”;Atira e encaixa objetos;Come com colher.

15-18Sobe escadas;Caminha com pés separados para maior equilíbrio.

Rabisca com lápis;Bebe no copo sozinha.

2-3 anos

Chuta bola;Participa das AVDs;Controle vesical noturno;Marcha seguramente;Salta com os dois pés.

Explora intencionalmente os objetos;Abre porta;Parafuseia com as mãos;Desenha mal fi gura humana.

4-5 anos

Fica sobre um pé;Salta num pé;Sobe e desce escadas alternando os pés;Pula corda;Lateralidade defi nida;Maturidade do esquema corporal e orientação espacial.

Agarra bola com uma mão;Faz fi gura humana;A visão se desenvolve;Reconhece números.

6 anos

Maturação neurológica – “Prontidão” (a criança é considerada pronta para a aprendizagem);Refi namento da motricidade global/fi na: da fala (articulação), da linguagem (códigos linguísticos), da sociabilidade;Alfabetização -->Escolaridade.

Nesta aula, você aprendeu que o desenvolvimento motor segue etapas ou estágios bem defi nidos desde o nascimento até a primeira infância. Assim, compreender as mudanças motoras que experimentamos com a idade e as inerentes mudanças intelectuais, sociais e emocionais nos permite compreender melhor a nós mesmos e ao mundo onde vivemos e nos ajudará a aprimorar nosso desempenho em relação aos movimentos e às atitudes corporais, o que trará muitos benefícios para a nossa saúde, para o trabalho e a vida social.

Conhecer o desenvolvimento motor permite também que você compreenda a maneira como as pessoas desenvolvem normalmente suas habilidades motoras, no transcorrer de suas vidas, e identifi que problemas

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nas crianças cujas etapas de desenvolvimento não seguem normalmente. Por exemplo, quando não apresenta determinada habilidade motora compatível ou esperada para sua idade. De posse desse conhecimento, o professor pode informar à família e buscar ajuda e orientação de outros profi ssionais. Isso também nos dá subsídios para planejar e programar atividades motoras, educacionais de acordo com as fases das crianças, considerando as características de desenvolvimento de cada uma, suas experiências, a organização dos espaços e a distribuição de material nos ambientes de sala de aula e na escola, com o objetivo de que a criança, em fase de escolarização, desempenhe melhor suas habilidades físicas, cognitivas e afetivas.

Concluindo os estudos desta aula, veja alguns conceitos que facilitam a compreensão desse assunto:

Refl exos: São reações automáticas desencadeadas por estímulos que provocam respostas motoras imaturas.

Refl exo plantar: Resposta ao toque na base dos dedos do pé, tendo como resposta os dedos em garra.

Refl exos primitivos: São os refl exos mais imaturos, em termos de desenvolvimento neurológico.

Preensão: Ato de segurar, agarrar ou apanhar.

AVD: Atividade de vida diária.

Sistema nervoso: responsável por monitorar e coordenar a atividade dos músculos e a movimentação dos órgãos; constrói e fi naliza estímulos dos sentidos e inicia ações de um ser humano (ou outro animal).

Hereditariedade: transmissão dos caracteres físicos ou morais de uma pessoa aos seus descendentes.

Por que é importante conhecer o desenvolvimento motor? Dê, pelo menos, três exemplos de como essa informação pode ser utilizada na prática. Envie sua resposta por meio do Moodle.

DESAFIO

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AULA 5: AS INFLUÊNCIAS DO AMBIENTE ESCOLAR NA APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS

São muitas as pesquisas sobre os efeitos das infl uências ambientais na aprendizagem das crianças. Por exemplo: alguns estudos abordam a questão da pobreza ou classe social, família, etnia e alimentação como fatores determinantes para o desenvolvimento da aprendizagem.

Vimos, na aula anterior, que o desenvolvimento motor caminha junto com o desenvolvimento das outras áreas (psicológica, neurológica, afetiva, cognitiva e emocional), atuando como processos prioritários e fundamentais para a aprendizagem. Nesse sentido, a teoria de Vygotsky, citada por Cecília apud Enumo et al. (2003, p. 14), considera que:

O desenvolvimento ou a maturação são vistos como uma precondição do aprendizado, mas nunca como resultado dele. O aprendizado forma uma superestrutura sobre o desenvolvimento, deixando este último essencialmente inalterado.

Consideramos importante levantar as teorias de Vygotsky sobre aprendizagem, pois isso nos dá clareza da sua posição e entendimento sobre as concepções de desenvolvimento e aprendizado. Esse autor apresenta aspectos importantes de sua hipótese quando propõe que

... o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança. Desse ponto de vista, aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especifi camente humanas. (idem, p. 17)

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Considerando o que foi estudado até agora e tomando como base as teorias de Vygotsky, no que se refere à inter-relação entre aprendizado e desenvolvimento e sua afi rmativa de que “o desenvolvimento se segue ao aprendizado” (idem, p. 18), podemos dizer que todo o processo que as crianças vivenciam decorre das relações conjuntas e sequenciadas dos estágios de desenvolvimento com elas próprias, com as pessoas que as cercam (pais, irmãos, professores), com o ambiente (casa, escola etc.) e com a sociedade em que vivem.

Tais fatores evidenciam as várias características inerentes a cada um de nós, e a criança, especifi camente, traz consigo infi nitas possibilidades de desenvolvimento, de interação com o meio e de aprendizagem, dependendo dos estímulos e das oportunidades que lhe são oferecidos. Sobre aprendizagem, dispomos de um vasto material no Trilhas do Aprendente, em seus volumes 2 e 3. Portanto, nesta aula, procuramos levantar algumas questões que norteiam as condições do ambiente escolar e suas implicações na aprendizagem da criança.

Com os conteúdos vistos até aqui sobre os ambientes escolares infantis e levando-se em consideração as recomendações de órgãos governamentais sobre as construções dos edifícios destinados a Unidades de Educação Infantil, o documento do MEC, referente aos Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil, determina que,

Imagem 22: <http://www.diganaoaerotizacaoinfantil>.

Imagem 22

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já na etapa de programação, sejam definidas e incorporadas metas para se alcançar uma “qualidade ambiental” do futuro edifício. Dentre essas metas estão incluídos fatores como saúde e qualidade do ar interior, conforto térmico, conforto visual, conforto acústico, segurança, proteção ao meio ambiente, eficiência energética, efi ciência dos recursos hídricos, utilização de materiais construtivos não poluentes e característicos da região, além da consideração do edifício como uma ferramenta de desenvolvimento das múltiplas dimensões humanas. (BRASIL, 2006c, p. 17)

Com base no que foi visto na Unidade I, o conforto ambiental envolve aspectos relacionados à harmonia do espaço físico, sua edifi cação, às características do local, às condições do terreno, às instalações de iluminação, à ventilação e à insolação adequadas. No entanto, as condições de conforto podem ser particularizadas a cada ser humano, ou seja, cada indivíduo responde ou reage diferentemente às ações diversas do meio ambiente. O mesmo ambiente pode ser confortável para um grupo de pessoas, mas, ao mesmo tempo, pode não ser para uma pessoa especifi camente, em função de uma iluminação baixa ou um ar ambiente muito refrigerado, por exemplo.

No âmbito da educação infantil, segundo o referido documento do MEC, o conforto ambiental “passa pela valorização desse ambiente pela criança pequena, na medida em que a vivência na creche ou pré-escola traduza sentimentos como: segurança, conforto, bem-estar, aconchego, reconhecimento e orientação”. Assim, cada pessoa (ou criança) “percebe” o ambiente diferentemente, utilizando-se dos seus próprios sentidos: “o paladar, o olfato, a sensibilidade da pele e a audição, que, atrelados à percepção cinestésica (movimento e direção) da visão e do tato, enriquecem a apreensão do caráter espacial e geométrico do mundo”.

As sensações de conforto vivenciadas no ambiente de Educação Infantil (calor ou frio, silêncio ou barulho, visualmente feio ou bonito, ar puro ou ar poluído etc.) poderão interferir diretamente no processo educativo da criança. “A vivência e a experiência nestes ambientes estarão impregnando a criança com impressões, sentimentos e transformações determinantes de seu presente e futuro”, dando um caráter modifi cador do ambiente em seu desenvolvimento (idem).

Apesar de os frequentes estudos na área de educação infantil abordarem os efeitos ambientais, os recursos materiais, pedagógicos e humanos sobre a aprendizagem das crianças e da existência de políticas educacionais, que

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os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para as Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006c) apresentam, os quais contêm concepções, reforma e adaptação dos espaços onde se realiza a Educação Infantil, grande parte dos espaços destinados às creches e às escolas que atendem às crianças de zero a seis anos não estão preparados para essa fi nalidade.23

Essas ilustrações mostram edifi cações visivelmente sem planejamento ou estruturas que atendam às necessidades básicas para o pleno desenvolvimento das crianças. Podemos perceber que são prédios “aproveitados”, que não atendem às exigências da política educacional sobre a infraestrutura para instituições de educação infantil.

Imagem 23: <http://www.jornalspnorte.com.br/imgNoticias/2009/Jun/19/GABPIZA_gd.jpg>.

Imagem 24: <http://images.quebarato.com.br/photos/big/8/5/2E4485_1.jpg>.

Imagem 23

Imagem 24

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A partir de então, vamos levantar alguns aspectos do (não) conforto ambiental que podem contribuir desfavoravelmente para o processo de educação das crianças, se não forem cumpridas as normas que preconizam o documento dos Parâmetros Básicos de Infraestrutura para as Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006c).

Fator térmico

De acordo com Leucz (2001), as temperaturas do ambiente variam de acordo com a atividade desempenhada nele. Nas tarefas mais intelectuais, a infl uência é menos evidente. Porém, pode-se constatar uma perda signifi cativa da atenção quando o indivíduo se encontra submetido a uma temperatura acima do conforto térmico. Temperaturas elevadas trazem prejuízos para o homem e afetam sua saúde, provocando desequilíbrio hemodinâmico por causa da perda de água e de sal, distúrbios no sistema circulatório, convulsões e até cãibras. Também fazem aumentar a possibilidade de acidentes em tarefas nas quais se exige atenção e que afetam a produtividade.

Vivemos num país de clima tropical. Em grande parte do território brasileiro, são comuns temperatura e umidade elevadas na maior parte do ano. Aliado a esse fato e considerando que a maioria do público que frenquenta as instituições de educação infantil é composto de crianças providas de grandes atividades físicas e pelo fato de serem ainda pequenas, há

um equilíbrio hemodinâmico corporal bastante sensível. Isto é, a criança sofre os efeitos das variações de temperatura com muita intensidade, uma vez que seu corpo pequeno perde a quantidade ideal de líquido com bastante facilidade. Portanto, pode-se dizer que essas variações bruscas em seu equilíbrio podem vir a provocar sensações de desagrado, insegurança e desafeto em relação ao ambiente vivenciado. (BLOWER & AZEVEDO, S/D, p. 5)

Elemento acústico

Estudos comprovam as possíveis interferências dos ruídos e da poluição sonora na saúde física e psicológica dos seres humanos. Nas escolas infantis, devemos observar os ruídos internos e externos que estão intimamente ligados à localização, à orientação do prédio, à organização espacial da edifi cação, aos

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materiais de acabamento dos ambientes e suas organizações espaciais.

O ruído intenso e ininterrupto causa tensão nervosa e reduz as resistências físicas do homem, inibindo a concentração mental. Como fator físico de dano causado pelos ruídos está a perda da audição e, dentre os efeitos psicológicos, a irritabilidade exagerada. (LOPES & FREGONESI, 2006, p. 3)

Os autores acrescentam que os efeitos nocivos do ruído, seja em casa, na escola, no trabalho ou nas atividades de entretenimento, conseguem interferir na atividade humana, porquanto provocam difi culdades de atenção e concentração e podem causar estresse nervoso e alteração do sono. Devemos levar em conta os efeitos dos ruídos dentro da própria escola e destacar o barulho emitido pelas crianças nessa fase escolar, dos professores em atividades, do pátio, quando das atividades de recreação, e do ginásio de esportes, aliados à eventual disposição espacial do prédio e aos materiais de acabamento utilizados. A depender da localização da Instituição Infantil, a poluição sonora externa pode ser uma constante, pois há os ruídos do trânsito, das indústrias ou de aglomerações de edifícios do entorno, ruídos esporádicos de obras próximas etc. Esses eventos ruidosos, provocados por fatores internos e/ou externos à escola infantil, são elementos que poderão interferir na percepção e na compreensão adequadas dos sons e da fala e que vão infl uenciar na formação da criança, ao longo do seu desenvolvimento, difi cultar a criação de laços afetivos e, consequentemente, o processo de ensino e aprendizagem. Alguns ruídos considerados poluição sonora são aqueles intensos, ininterruptos, constantes e frequentes,

estímulos com os quais o ouvido humano nunca se acostumará, como por exemplo: ruídos industriais, do trânsito e de atividades públicas, além de outros ruídos esporádicos, como sirenes, equipamentos de obras e atividades recreativas com aglomerações humanas. (BLOWER & AZEVEDO, S/D, p. 6)

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Aspecto visual4

Na Unidade I, você estudou a relação da luminosidade ou quantidade de luz no desempenho de determinadas tarefas, a boa iluminação como aspecto fundamental para a promoção do bem-estar e do conforto ambiental, viu que a iluminação natural produz maior conforto visual, além de reduzir os gastos energéticos, e a importância da cores para o conforto do ambiente. Tais aspectos poderão favorecer ou não a construção de um ambiente adequado ao desenvolvimento e ao aprendizado das crianças.

Sobre os aspectos do conforto ambiental na Educação Infantil e de acordo com Blower e Azevedo (idem, p. 7-8),

é clara a importância do sentido da visão para a concentração nas atividades e na interatividade, subsídios indispensáveis ao desenvolvimento intelectual da criança pequena. Porém as salas de atividades com excessos de ilustrações, enfeites e gravuras penduradas nas paredes ou cores berrantes promovem uma estimulação visual excessiva, podendo levar a criança à distração, causar poluição visual, difi cultando a identifi cação dos valores estéticos pessoais, impedindo a apropriação do ambiente e consequente construção de apego ou de desprezo ao “lugar”.

Imagem 25: <http://img524.imageshack.us/img524/6794/barulho3.jpg>.

Imagem 25

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Qualidade do ar5

Você estudou, também, que o conforto e/ou desconforto térmico estão diretamente relacionados ao desgaste físico e mental, menor ou maior, que possamos empreender na realização das atividades. Portanto, os efeitos da temperatura sobre a saúde do ser humano provocam diferenças no desempenho das atividades físicas e cognitivas. A esse respeito, Blower & Azevedo (idem, p, 7-8) comentam o seguinte:

“Assim como no conforto térmico, é a ventilação que vai contribuir para a melhoria da qualidade do ar, uma vez que permite a renovação do mesmo. A ventilação pode estar presente de forma natural ou artifi cial (através de aparelhos de ventilação, exaustão ou refrigeração). Considerando a natureza da edificação abordada, a ventilação natural é mais apropriada e benéfica ao conforto e à saúde da criança pequena.

A falta de ventilação natural, ou seja, onde não há a circulação de ar por aberturas, o ar aquecido sobe, por ser mais leve que o ar frio e por não ter alternativa de escape. Forma-se, então, uma camada de ar quente, viciado, não renovado, desagradável e desaconselhado para a saúde.Detendo-se nos aspectos da qual idade do ar, especifi camente em relação à criança pequena, pode-se dizer que os malefícios causados pelo ar viciado ou poluído são grandes e importantes, não só em relação à sua saúde

Imagem 26: <http://www.freewebs.com/osnossospeterpan/es.bmp>.

Imagem 26

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física quanto à mental. As crianças são mais vulneráveis e, durante o seu desenvolvimento, são expostas a diferentes agentes poluidores. Na fase de 0 a 6 anos, são mais susceptíveis à poeira ao nível do solo, não só pela estatura, como também pelo fato de se arrastarem, sentarem no chão e caírem mais que os mais velhos”. (p. 8-9)

Considerando os aspectos estruturais e naturais aqui abordados, é importante ressaltar que um ambiente de Educação Infantil tem características próprias, como espaço físico coletivo, que atende, quase sempre, a crianças em fase de desenvolvimento e de crescimento e que ainda trazem consigo diferenças socioculturais e históricas que interferem na forma como a criança percebe o ambiente.

Nesse sentido, o papel da Educação Infantil é, inevitavelmente, o de promover um ambiente adequado, onde os aspectos emocionais, cognitivos, afetivos e motores sejam vivenciados de forma desejável, que contribuam para o desenvolvimento da criança, e que seja um espaço de aprendizado, lugar de interação, com o qual a criança se identifi que e que lhe garanta segurança, equilíbrio, orientação e bem-estar.6

Imagem 27: <http://3.bp.blogspot.com/_KSGCoakIDdE/SGrjuqnsciI/AAAAAAAAAEc/Kn2tgRQ8y5M/s1600/01_imagem_I_congresso.jpg>.

Imagem 27

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Os aspectos aqui discutidos levam a entender que o processo interativo entre o ambiente e o indivíduo é determinante para o processo educacional, razão por que é importante uma abordagem multiprofi ssional na construção do conhecimento, principalmente nos espaços de educação infantil. Tomando por base os Parâmetros de Infraestrutura dos espaços infantis, veremos que o espaço adequado é aquele que promove descobertas, criatividade, aventuras e aprendizagem, onde a criança se sinta segura para desenvolver suas habilidades nos aspectos psicomotor, cognitivo, afetivo e social.

A partir do que já foi exposto, faça uma refl exão sobre as seguintes indagações:

• Como uma criança desenvolverá sua coordenação motora ampla se não há espaços onde ela tenha a oportunidade de estar ao ar livre, correr, pular, subir e descer?

• Como aprenderá sobre o meio ambiente, se sua visão de mundo está restrita a sua sala de aula?

• Como fará descobertas se não há espaço para investigar?

• Como entenderá o diferente/as diversidades se tudo o que vê é igual todos os dias?

• Como aprenderá se o ambiente em que está inserida não lhe oferece segurança, conforto e bem-estar?

Você já conhecia os detalhes estruturais de uma Instituição de Educação Infantil? Depois do exposto, faça uma comparação com o que você aprendeu, em termos de estrutura e de organização de uma escola infantil, e a realidade de uma escola, a ser escolhida por você.

Sua atividade deverá ser construída em, no máximo, uma lauda e, posteriormente, enviada por meio do Moodle.

DESAFIO

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AULA 6: IDENTIFICANDO ESPAÇOS E RECURSOS HUMANOS QUE FAVORECEM A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS

Nas aulas anteriores desta Unidade, você estudou o desenvolvimento (especifi camente o motor) da criança e a construção do espaço educacional favorável ao aprendizado. Aprendeu que os espaços deverão ser organizados de acordo com a faixa etária da criança, para lhe proporcionar estímulos cognitivos e motores, dentro de um ambiente acolhedor e prazeroso, o que torna o espaço físico indispensável ao estabelecimento das relações das crianças com elas próprias, com o outro e com o mundo.

A importância do espaço físico e da organização da escola é considerada no trabalho de Frison (2008, p. 16), que afi rma:

A estruturação do espaço físico, a forma como os materiais estão dispostos e organizados infl uenciam os processos de ensino e de aprendizagem e auxiliam a construção da autonomia, da estabilidade e da segurança emocional da criança. Para bem desenvolver sua identidade, é fundamental que ela sinta-se protegida e esteja inserida em um universo estável, conhecido e acolhedor. Os espaços são concebidos como componentes ativos do processo educacional e neles estão refl etidas as concepções de educação assumidas pelo educador e pela escola.

Vimos que a criança é um ser único, com características próprias e peculiares de desenvolvimento. Porém, esse desenvolvimento acontece, em todos os aspectos, simultaneamente, de forma dinâmica e com a participação de fatores como o meio ambiente (espaço físico), hereditariedade, estímulos recebidos (família, escola etc.), que estão diretamente relacionados com as aquisições e a evolução dos estágios de desenvolvimento global da criança. Portanto, o meio físico onde a criança se encontra cresce e se desenvolve, e os espaços a ela oferecidos (creche, escola, de lazer), além das relações com os pais, parentes, professores, são fundamentais, porquanto infl uenciam diretamente no seu desenvolvimento e aprendizagem. A esse respeito, o documento do Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 21-22) comenta que

“as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em

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cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, signifi cação e ressignifi cação.

O educador deve, no entanto, estar ciente de seu papel, no processo de ensino e aprendizagem, como alguém mais experiente, que também aprende e contribui para que o educando aprenda de forma mais lúdica, pois respeita sua cultura, sua liberdade, individualidade, interação com os pares e que se divirta aprendendo. Portanto, o espaço físico e o professor devem estar estruturados e organizados de forma a promover uma educação que atenda aos anseios e às necessidades das crianças. Sobre esse aspecto, o Referencial Curricular (1998, vol. 1, p. 23) deixa claro que

educar signifi ca, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confi ança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.

É importante ressaltar que, se os espaços da escola forem devidamente organizados, para que as crianças se sintam desafi adas e estimuladas a aprender nos aspectos cognitivo, social e motor, de forma que possam andar, correr, saltar, subir e descer, ou seja, desempenhar atividades que promovam o conhecimento e o controle do próprio corpo, o conhecimento do ambiente externo, identifi cando o cheiro das fl ores, de alimentos sendo preparados, o barulho da chuva, dos cantos dos pássaros, a brisa do vento, o calor do sol, enfi m, um ambiente rico e variado onde também se estimulam os sentidos, certamente sua aprendizagem e seu desenvolvimento serão signifi cativos, pois, segundo, ainda, o Referencial Curricular (idem, p. 39-40),

Podemos dizer que a qualidade da aprendizagem e do desenvolvimento da criança de zero a seis anos fi ca condicionada à estruturação dos espaços físicos, conforme descrito nos Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006a), e à organização dos recursos materiais, dos objetos variados e acessíveis e de profi ssionais qualifi cados e experientes que atuam como mediadores dessa relação que envolve o ambiente, os recursos,

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as crianças e a aprendizagem.

No que diz respeito à organização dos materiais e dos objetos lúdicos e pedagógicos, o papel do educador é fundamental na distribuição e na seleção desses recursos, de forma a propiciar situações de aprendizagem que articulem os recursos às capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança. É também responsável por garantir um ambiente rico e prazeroso. Para isso, deve ampliar as descobertas e as ações de cada criança, considerando essas atividades como um meio de organizar o processo de conhecimento e de trocas de saberes.

Nesse sentido, o trabalho de pesquisa sobre organização de tempo e de espaço na Educação Infantil, realizado pela professora Lourdes Frison (2008, p. 171), revelou:

A organização do espaço através de temas caracterizadores tem sido uma prática bem sucedida em algumas escolas. Tendo-se plena consciência de que se trata de uma lista com muitas escolhas, pode-se pensar em organizar “cantos”: casa de bonecas, fantasia, jogos e brinquedos, biblioteca, tecelagem, matemática, imprensa, estamparia, dobraduras, experiências. Pode-se constituir o canto da garagem (com carrinhos, guaritas e placas de trânsito); do escritório de trabalho (com telefone, máquina de escrever, calculadora); do cabeleireiro (espelho, pinturas, perucas, adornos); do supermercado (carrinhos, mercadorias, cédulas de dinheiro); de música e dança (diversos instrumentos se percussão e sopro). É possível, pois, dispor de variados espaços com diversidade de materiais, brinquedos e instrumentos. A organização dos “cantinhos” na sala de aula infl uencia a qualidade pedagógica do trabalho, facilita encontros, estimula trocas entre as crianças, garante-lhes a possibilidade de pensar e demonstrar suas próprias convicções. Dependendo da idade das crianças, o colchão ou colchonete permite que elas possam fi car deitadas e engatinhar para deslocar-se livremente.

A pesquisa identifi cou, ainda, que cada espaço, quando bem organizado e estruturado, instiga a criança a explorar e a manipular os objetos disponíveis, e isso aumenta sua capacidade criativa e imaginativa. Os cantos, organizados por temas, estimulam as crianças a optarem por espaços de sua preferência, e isso promove a autonomia, a tomada de decisões e a interação entre elas.

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Constatou-se também que as atividades coletivas são igualmente importantes para o desenvolvimento relacional, pois a convivência em grupo propicia o aprendizado de participação e cooperação decorrentes dessa interação. “As atividades podem ser concretizadas através de ofi cinas de integração, de brincadeiras livres ou dirigidas, de unidades didáticas ou de atividades para reforçar a aprendizagem concreta” (FRISON, 2008, p. 172).

O educador como elemento favorável da aprendizagem

O educador, em conjunto com a equipe de educação infantil, tem função primordial no planejamento das atividades. Portanto é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas brincadeiras e nas estratégias de aprendizagem oferecidas pelas instituições, por meio de intervenção direta do professor, levando-se sempre em consideração que o meio físico é um fator determinante para estimular e motivar a aprendizagem. 1

Em sua pesquisa, Frison (2008, p. 172) evidencia:

O espaço físico é um elemento importante: quando estruturado oportuniza aprendizagens e interações entre as crianças. Sua organização, ao tornar-se parte integrante do planejamento, passa a constituir-se como recurso, como estratégia do professor. A proposta pedagógica, na Educação Infantil, precisa ser pensada em parceria com as crianças, permitindo que elas aprendam a refl etir, tomar decisões, dizer do que gostam ou o que não querem fazer.

Imagem 28: <http://www.epocanegocios.globo.com/>.

Imagem 28

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O professor, como adulto e profi ssional qualifi cado, tem a função de mediador da aprendizagem das crianças. Utilizando-se de brincadeiras organizadas e dirigidas, deve, também, escutar as crianças na elaboração das atividades, com o objetivo de construir o conhecimento. Para isso, o Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30) recomenda que

o professor deve conhecer e considerar as singularidades das crianças de diferentes idades, assim como a diversidade de hábitos, costumes, valores, crenças, etnias etc. das crianças com as quais trabalha respeitando suas diferenças e ampliando suas pautas de socialização. Nessa perspectiva, o professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

O documento do MEC estabelece, ainda, que o papel do professor, na Instituição Infantil, é peça essencial para a parceria da construção do processo de ensino e aprendizagem das crianças em situações de interação social ou atividades individuais.

Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. (idem, p. 30)

Enfi m, para que os objetivos sejam alcançados, é imprescindível que o professor considere o Referencial Curricular para a Educação Infantil (idem, p. 30), tendo em vista os seguintes aspectos:

• a interação com crianças da mesma idade e de idades diferentes em situações diversas como fator de promoção da aprendizagem e do desenvolvimento e da capacidade de relacionar-se;

• os conhecimentos prévios de qualquer natureza, que as crianças já detenham sobre o assunto, já que aprendem por meio de uma construção interna, ao relacionar suas ideias com as novas informações de que dispõem e com as interações que estabelecem;

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• a individualidade e a diversidade;

• o grau de desafi o que as atividades apresentam e o fato de que devam ser signifi cativas e apresentadas de maneira integrada para as crianças e o mais próximo possível das práticas sociais reais;

• a resolução de problemas como forma de aprendizagem.

Tais aspectos da aprendizagem, aliados às atividades planejadas para a sala de aula e o espaço físico externo a ela, devem ser explorados ao máximo. Nesse sentido, educador e professor devem conhecer e considerar as singularidades das crianças de diferentes idades, assim como a diversidade de hábitos, costumes, valores, crenças e etnias.

Algumas atividades e sugestões de organização do espaço estão no trabalho de Frison (2008, p. 172). Para ter acesso a ele, é recomendável que você entre no site <htpp://www1.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo12.pdf> e leia todo o artigo.

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A seguir, apresentamos algumas atividades e seus respectivos objetivos:

Imagem 29: <http://blogdajulieta.com.br>.

Imagem 29

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Artes-plásticas, dramatizações, pois trabalham - de forma lúdica - conceitos, vocabulário, histórias infantis, que auxiliam o desenvolvimento da linguagem, da criatividade.

Atividades gráfi cas, em que podem ser estimulados desenhos, colagem, pinturas, que promovem o desenvolvimento cognitivo, motor e social.

É essencial adequar e organizar o espaço de forma a atender às necessidades de higiene, limpeza, conforto, alimentação e sono da criança.

Os espaços em que a criança habita precisam ser cuidadosamente limpos, confortáveis, agradáveis, seguros, sem elementos que provoquem risco.

Ao lidar com água, areia, pneus, pedrinhas, garrafas, tampinhas e copinhos, a criança compreende conceitos de quantidade, volume, peso, temperatura; conhece as propriedades de fl utuação e de resistência; realiza atividades que exigem motricidade fi na, como misturar, remover, encher e esvaziar.

No espaço externo, é preciso haver balanços, escorregadores, gangorras, piscina de bolinhas, cama elástica.

Ambientes com fl ores, terra, areia e água estimulam para a realização de um trabalho mais espontâneo e deixam a criança mais tranquila.

A criança necessita fazer investidas pessoais sobre o ambiente físico, por isso, deixá-la atuar livremente é de suma importância.

Atividades livres e espontâneas estimulam a criança a desenvolver habilidades e competências.

Sabemos quão importantes são a organização do espaço e o planejamento pedagógico das atividades em Educação Infantil para o desenvolvimento global da criança, uma vez que desenvolvem as potencialidades e promovem novas habilidades nos aspectos motor, cognitivo e afetivo.

O professor tem um papel fundamental nesse processo, pois é ele quem planeja e organiza as atividades e os espaços, com o objetivo de desenvolver integralmente a criança, buscando construir conhecimentos com autonomia, dentro de um ambiente que favoreça o bem-estar, que estimule a criança a interagir com o outro e com o ambiente, na perspectiva de aprender com diversão e alegria.

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1. Leia os artigos sugeridos disponíveis no link <htpp://www1.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo12.pdf>, revise o componente Curricular Ludicidade e Desenvolvimento da Criança I, do Marco III, e realize a seguinte atividade:

2. Baseado no que você estudou até agora, elabore dois planos de atividades, um para atividade individual e outro em grupo. Os planos devem conter a faixa etária das crianças, os objetivos das atividades, as justifi cativas, o espaço, os materiais ou recursos utilizados e a descrição das atividades, que devem ser elaboradas de acordo com a sua realidade.

O texto deverá ser postado no Moodle.

DESAFIOS

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UNIDADE IIIO CONFORTO AMBIENTAL NO DESEMPENHO DO PROFESSOR

AULA 7: CONDIÇÕES AMBIENTAIS E PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR DE CRECHE

Nesta última Unidade, vamos direcionar os estudos para a formação do educador como professor de creche e pré-escola, numa perspectiva do cuidar e educar. Vocês já estudaram, em marcos anteriores (nos volumes 2 e 4 do Trilhas do Aprendente), sobre o binômio cuidar e educar em Educação Infantil, respectivamente. Aprenderam que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e a Política Nacional de Educação Infantil (BRASIL, 2006b), além de estabelecerem a estrutura e o funcionamento das creches e pré-escolas, atribuem direito às crianças de cidadania, de uma “educação sustentada por uma base científi ca cada vez mais ampla e alicerçada em uma diversifi cada experiência pedagógica” (idem, p. 7).

Vamos, então, abordar os recursos humanos e materiais que o professor de Educação Infantil tem disponível no ambiente escolar para poder realizar, de forma satisfatória, a sua função de educador de crianças, seja ele professor de creche ou de pré-escola. Nessa perspectiva, as instituições de Educação Infantil têm função importante no sentido de oferecer condições físicas, recursos materiais e humanos voltados para o trabalho de cuidar e educar, compromissados com o desenvolvimento integral da criança nos aspectos afetivo, cognitivo, intelectual, motor e social.

O reconhecimento e a importância dados à Educação Infantil, a partir da LDB em vigor, evidenciaram a valorização do papel do profi ssional que atua com crianças de zero a seis anos, cujo trabalho pedagógico adquire reconhecimento no âmbito do sistema educacional, que passa a exigir do professor

um patamar de habilitação derivado das responsabilidades sociais e educativas que se espera dele. Dessa maneira, a formação de docentes para atuar na Educação Infantil, segundo o art. 62 da LDB, deverá ser realizada em “nível superior, admitindo-se, como formação mínima, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (idem, p. 11)

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Historicamente, vem se exigindo muito do profi ssional de educação infantil, em relação à sua formação e atuação, em função das transformações sociais e das mudanças de concepções acerca de criança/infância e de educação infantil que vêm ocorrendo ao longo do tempo.

Revisar o componente curricular: Estágio Supervisionado em Magistério da Educação Infantil I, no Trilhas do Aprendente vol. 2.

Assim, percebemos que a trajetória do professor de educação infantil vem, cada vez mais, experimentando mudanças pedagógicas, visando atender às propostas de Política de Formação do Profi ssional de Educação Infantil exigidas pelas novas tendências pedagógicas que caracterizam o atendimento à Educação Infantil, no Brasil, cuja proposta procura atender às necessidades de desenvolvimento das crianças nessa faixa etária.

Nesse sentido, o ambiente educacional, como um todo, está inserido nas atuais concepções de Educação Infantil, o que torna o ambiente fator determinante para o ideal de aprendizagem e desempenho escolar das crianças. Portanto, a forma como crianças e professores se sentem e se dispõem a realizar as tarefas é determinada pelo ambiente, que deve ser planejado de forma a atender às necessidades físicas e cognitivas desses indivíduos.

Os professores, tanto quanto os alunos, precisam de ambientes acolhedores e adequados para desempenhar suas atividades didático-pedagógicas e para dar o melhor de si. Entretanto, se o ambiente de trabalho como a creche, por exemplo, tem uma estrutura física que apresenta paredes sujas e arrebentadas, móveis estragados, janelas e portas que mal abrem (ou fecham), problemas de instalações elétricas, precária iluminação e ventilação, cria uma imagem de desconforto ambiental e pouco estímulo ou desprazer para o trabalho.

Se imaginarmos uma escola nessas condições - o que não é difícil de encontrar (veja foto) - qual será o nível de aprendizagem dos alunos e de satisfação do professor ao trabalhar num ambiente desprovido de qualquer infraestrutura e sem recursos materiais e humanos? Você tem alguma dúvida de que o ambiente escolar é determinante para o bom desempenho de crianças e professores? O que dizer de uma “escola infantil” que nem nome tem?

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Se o ambiente de trabalho é determinante para o bom desempenho profi ssional, nele deve haver, também, um clima amistoso e favorável, para que as relações de trabalho aconteçam de maneira que as pessoas envolvidas (crianças, professores, gestores etc.) se sintam bem e não haja relações desgastantes e sentimentos ruins.

Como vimos, o papel das instituições infantis (creches e pré-escolas) é de educar e cuidar das crianças, de acordo com a faixa de idade correspondente. Para isso, o compromisso das instituições é de promover o desenvolvimento integral dessas crianças, com atendimento de qualidade e respeitando os seus direitos fundamentais. Isso só será possível mediante a existência de condições e recursos materiais e humanos voltados para o cuidado e a educação desse público.

Cuidar e educar são ações intrínsecas e de responsabilidade da família, dos professores e dos médicos. Todos têm de saber que só se cuida educando e só se educa cuidando.(Miguel, 2010, p. 6)

Imagem 30: <http://2.bp.blogspot.com/_Sm1BW7uDHWQ/SS_YmnQKLjI/AAAAAAAAACo/9OP7ENoMCOw/s400/escola+sem+nome+2.JPG>.

Imagem 30: Escola do município de Senador José Porfírio, interior do Pará

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Assim, ao longo da história educacional, mediante transformações sociais, a educação infantil vem se confi gurando como um espaço destinado ao acolhimento e ao desenvolvimento de atividades próprias dessa faixa etária, com características educacionais e profi ssionais qualifi cados para o desempenho das funções de educar e cuidar.2

A proposta das creches de cuidarem de crianças e educá-las deverá oferecer um cenário educacional de forma a atender às necessidades das crianças de zero a três anos, tendo como referência a Política Nacional de Educação Infantil (BRASIL, 2006b), que, em relação a esse aspecto, sugere o atendimento baseado no predomínio dos cuidados no que diz respeito à saúde, à higiene e à alimentação.

Portanto, além desses cuidados, as instituições infantis e o profi ssional que vai lidar diretamente com as crianças deverão conhecer suas necessidades, considerando a faixa etária em que se encontram, porquanto é nessa fase da vida que elas mais precisam de estímulos sensoriais e motores, inerentes ao seu pleno desenvolvimento, e de se interar com o meio, com adultos, com outras crianças e com objetos, o que resulta em reações psicomotoras e sociais favoráveis.

Imagem 31: Lévy (1989).

Imagem 31

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Assim, os estudiosos caracterizaram alguns aspectos do desenvolvimento infantil demonstrando a importância da função de pais e educadores nessa etapa decisiva da vida das crianças, Miguel (2010, p. 5) resume assim as necessidades das crianças de zero a três anos:

De 0 a 1 ano: precisam de:

• Proteção para perigos físicos;

• Cuidados de saúde adequados;

• Adultos com os quais desenvolvam apego;

• Adultos que entendam e respondam aos seus sinais;

• Coisas para olhar, tocar, escutar, cheirar e provar;

• Oportunidades para explorar o mundo;

• Estimulação adequada para o desenvolvimento da linguagem.

De 1 a 3 anos: precisam de todas as condições acima e de:

• Apoio na aquisição de novas habilidades motoras, de linguagem e pensamento;

• Oportunidade para desenvolver alguma independência;

• Ajuda para aprender a controlar seu próprio comportamento;

• Oportunidades para começar a aprender a cuidar de si própria;

• Oportunidades diárias para brincar com uma variedade de objetos.3

Imagem 32: Lévy (1989).

Imagem 32

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É imprescindível conhecer o processo histórico das instituições educacionais infantis, que se mostram dinâmicas e estão em constante evolução, como vocês puderam constatar no volume 2 do Trilhas do Aprendente. Devemos nos lembrar também das questões relativas à infraestrutura, como as descritas nos Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006a) que, como vimos, têm papel fundamental no desempenho das atividades de crianças e professores. No entanto, na prática, ainda percebemos certa fragmentação das ações do cuidar/educar. E isso é preocupante, pois, para que se tenha uma educação infantil de qualidade, é preciso formar as pessoas envolvidas na área. Ao poder público compete a articulação de políticas públicas de atendimento à infância que respeite os direitos fundamentais das crianças e encaminhe os profi ssionais para a formação adequada.

Ressalta-se, no entanto, que não bastam as mudanças formais para se unifi car o atendimento educacional em nível de creche e pré-escola, mas também de mudanças internas, de concepção de atendimento e de políticas de atendimento, por meio das quais se valorizem a formação profi ssional e, sobretudo, o direito e a capacidade da criança em se desenvolver em sua plenitude. Portanto, o atendimento assistencialista desempenhado nas creches, em que se priorizam os cuidados básicos de higiene, alimentação e sono, deve ser visto muito mais além do simples aspecto do cuidar e passar a ser fundamentado também no aspecto de educar, cujo processo envolve estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e, principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo, pois a criança é um ser rico em conhecimento, cultura, criatividade e está em constante desenvolvimento.

Estudamos, em aulas anteriores, que as crianças passam por etapas/evoluções psicomotoras que são fundamentais para seu desenvolvimento. O “percurso motor” que a criança de zero a seis anos precisa percorrer, para seu pleno desenvolvimento, crescimento e aprendizagem, está intimamente relacionado ao ambiente em que vive e aos estímulos necessários oferecidos a ela. Portanto, as creches e as pré-escolas devem estar devidamente estruturadas e organizadas de modo que possam favorecer adequada exploração física aos pequenos a fi m de que eles possam se expressar e interagir com o meio e com seus pares.

É na interação com o meio onde a criança irá aprender e conhecer a si própria, o ambiente e suas diversas características, dentre elas: formas, espaços, cores, tamanhos, altura, dimensões, texturas, peso etc. É também onde ela aprenderá a manter relações com outras pessoas. Portanto, um educador comprometido com a pedagogia da infância é fundamental nesse processo, que

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deve enriquecer o desenvolvimento infantil por meio de brincadeiras, jogos e atividades dirigidas, no sentido de motivar e despertar nas crianças suas capacidades, interesses e aprendizagens.

Com base nas diferenças entre cuidar e educar, de que maneira você poderia transformar uma atividade de cuidado numa atividade educativa? Descreva um exemplo dessa transformação em, pelo menos, duas laudas. Poste seu texto no Moodle até a data determinada por seu(sua) professor(a).

DESAFIO

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AULA 8: CONDIÇÕES AMBIENTAIS E PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR DE PRÉ-ESCOLA

Continuando o percurso pelos espaços e recursos que cercam os ambientes de creches e pré-escolas, veremos, nesta aula, as condições dos ambientes de pré-escola e os recursos adequados para o bom desempenho do professor. Vocês já estudaram sobre o cuidar e educar na aula anterior e, também, em marcos anteriores. Vamos refl etir um pouco sobre as diferenças ambientais e pedagógicas entre a creche e a pré-escola.

Vocês viram que o trabalho nas creches se caracterizava pelo modelo assistencialista de cuidar da higiene e da saúde das crianças, conforme mostra a trajetória histórica da educação infantil. No entanto, a função das instituições de educação infantil nada mais é do que realizar uma prática em que as duas ações (cuidar e educar) estejam interligadas e associadas, o que constitui o principio básico da educação infantil para crianças de zero a seis anos.

Assim, ao longo do tempo, a educação infantil, por meio, principalmente, da pré-escola, vem assumindo o papel de construir um espaço educacional apropriado, onde ocorram as práticas de preparação da criança para a aprendizagem formal. Isso signifi ca que a criança, a partir de 3 a 4 anos de idade, seria preparada para o ensino fundamental, cabendo à pré-escola desenvolver essa função.

O professor passa, então, a ser o agente indispensável no contexto da educação infantil, porquanto sua formação e suas competências são condições básicas para contribuir com o processo de aquisição do desenvolvimento individual da criança, dando a ela a possibilidade de desenvolver a criatividade, o pensar, a autonomia e a segurança para, também, seu futuro ingresso no ensino fundamental.

Portanto, a partir dos três anos de idade (além das condições citadas na aula anterior (7): necessidades de 0 a 1 e de 1 a 3 anos), as crianças necessitam de condições de desenvolvimento que requerem uma gama de experiências, sejam elas motoras, físicas ou pessoais. Vejam, a seguir, a continuação do resumo das necessidades das crianças, agora na faixa de três a seis anos, segundo Miguel (2010, p. 5).

• Oportunidades para desenvolver habilidades motoras fi nas;

• Encorajamento para exercitar a linguagem, através da fala, da leitura e do canto;

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• Atividades que desenvolvam um senso de competência positivo;

• Oportunidades para aprender a cooperar, ajudar, compartilhar;

• Experimentação com habilidades de escrita e de leitura.

Tendo em vista as necessidades das crianças de três a seis anos, dentro do espaço da pré-escola, além de profi ssional qualifi cado, compromissado com a sua prática, a escola precisa estar equipada com recursos e materiais pedagógicos, ambientes adequados e acessíveis para atender às diversas características de desenvolvimento individual e de aprendizagem de cada criança, ou seja, espaços e recursos que lhes deem a oportunidade de aprender, aprimorar e ampliar suas habilidades motoras ampla e fi na e suas relações humanas. Isso contribui para a formação de um indivíduo pleno, saudável e inserido em seu meio social.

Na pré-escola, a criança já tem passado por algumas etapas motoras básicas (andar, correr, saltar, subir, descer, pular, pegar, rabiscar, desenhar etc.), ou seja, já conhece mais o seu corpo e suas possibilidades de movimento e apresenta desenvoltura para se comunicar, por isso é importante que as brincadeiras, os jogos e as atividades ao ar livre, no parque, por exemplo, sejam mantidas para que a criança aprimore e consolide suas habilidades motoras e suas interações corpo/meio/pessoas.

O quadro que segue mostra o que ainda se constata na realidade. Trata-se de uma síntese das diferenças institucionais e dos profi ssionais que atuam em creches e pré-escolas, revelando que muito caminho ainda se tem a percorrer para que haja a consolidação e a integração das ações de cuidar e educar no sistema de ensino infantil.

CRECHE PRÉ-ESCOLA

Período integral

Seleciona a demanda (renda familiar e mãe trabalhar fora)

Funciona 11 a 12 meses ao ano

Fazem-se atividades de cuidado (ligadas ao corpo)

Promove mais interação com a família

Período parcial

Não há seleção (priorizam-se os mais velhos)

Acompanha o calendário escolar

As atividades são de cunho escolar (geralmente em sala de aula)

Interage menos com a família

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MONITOR(A) PROFESSOR(A)

Leigo(a)

Jornada de até 40 h semanais

Não tem plano de carreira

Salário menor

Menor status

Trabalha 11 meses/ano

Trabalho ligado ao corpo (cuida-se dos pequenos)

Habilitado(a)

Jornada de 20 h semanais

Em geral, tem plano de carreira

Salário maior

Maior status

Segue o calendário escolar

Trabalho ligado à mente (escolariza os maiores)

Partindo dessa realidade, que aponta as diferenças de funções dos “profi ssionais” que atuam em creches e pré-escolas, em relação às atividades desenvolvidas, à formação profi ssional, à jornada de trabalho, à remuneração, à habilitação para função, ao ambiente de trabalho, à interação com as famílias, enfi m, a todos os parâmetros que regem a educação infantil, como você acha que o professor do ensino infantil se sente diante dessa situação? O seu desempenho nas atividades como educador fi ca ameaçado?

Seguindo nessa direção, promover maiores investimentos na formação do educador, planejar e construir ambientes organizados e acessíveis em creches e pré-escolas são ações essenciais que contribuem para o desenvolvimento profi ssional e favorecem para que haja uma prática em que não basta o educador gostar de crianças, ele precisa conhecê-las e ter as condições básicas de trabalho para desempenhar sua função de educador. Para tanto, os investimentos e o compromisso do governo com essa população infantil são imprescindíveis, porém, em muitos casos, algum investimento bastaria para construir uma estrutura adequada para atender às necessidades das crianças. A foto a seguir representa um bom exemplo de uma realidade de pré-escola brasileira, em que de pouco se precisa para realizar o trabalho de educar e cuidar de crianças sem precisar de grandes e sofi sticadas construções.

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“As pré-escolas e creches não precisam ser sofi sticadas, no entanto, é necessário que elas sejam limpas, que estejam em bom estado de conservação física, que tenham os recursos necessários para o trabalho dos educadores e funcionários e que sejam de fácil acesso”. (MACHADO, artigo 1, 2007)1

As atividades realizadas pelas crianças da pré-escola requerem do educador conhecimentos e competências para organizar os espaços físicos e materiais, a fi m de promover contatos com pessoas e objetos, para que possam ocorrer a exploração, o aprendizado e as trocas de saberes e afetos entre adultos e crianças. Cmo já visto anteriormente, o conhecimento na área de desenvolvimento motor servirá de base para a elaboração das atividades que trabalham os movimentos corporais globais, sejam estes amplos e/ou mais fi nos (refi nados), de acordo com a idade em que a criança se encontra.

Assim, com base nesse conhecimento sobre o desenvolvimento humano e nas necessidades motoras inerentes às crianças de zero a seis anos, as escolas infantis terão de oferecer espaços adequados para que o educador possa desenvolver seu plano pedagógico baseado, também, na exploração e na ampliação das habilidades físicas/motoras das crianças com as quais trabalha. Portanto, as creches e as pré-escolas onde os espaços sejam apropriados para que crianças e educadores realizem suas atividades com tranquilidade e

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conforto terão maiores condições de fazer com que os profi ssionais se sintam satisfeitos e realizados profi ssional e pessoalmente.

Os espaços das escolas deverão ser organizados de maneira que crianças e educadores possam ter fácil acesso a eles. Os professores devem ter sua sala ou ambiente de trabalho, onde possam elaborar suas atividades pedagógicas com entusiasmo e conforto. O ambiente do professor deve ser um lugar de trabalho agradável, aconchegante e organizado, com os materiais necessários e sufi cientes para realizar as atividades que planejam.

Os professores deverão ter condições satisfatórias e tempo para discutir e planejar suas atividades, trocar ideias com os colegas, compartilhar experiências, pensamentos e frustrações, num ambiente harmonioso e acolhedor, onde as relações humanas sejam baseadas no profi ssionalismo, no coleguismo e na ética. Nesse sentido, a política de trabalho da pré-escola deve contemplar uma prática baseada na humanização e no respeito ao profi ssional, oferecendo-lhe apoio e orientação pedagógica sempre que necessário.2

Nos ambientes da pré-escola, assim como os professores, as crianças também devem se sentir confortáveis e estimuladas, e precisam de espaços onde possam aprender brincando, aprender a organizar seu material, de forma a prepará-las para o futuro aprender (alfabetização).

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Observe a ilustração. Você poderia identifi car quais habilidades motoras ou movimentos físicos as crianças estão desenvolvendo para pendurar suas mochilas e casacos nos cabides? Imagine, por exemplo, que, para um simples movimento de levantar um braço (ou os dois) para alcançar o cabide, é necessário que a criança tenha força e coordenação sufi cientes. 3

Agora, com base no que você já estudou sobre desenvolvimento motor, refl ita: Como a criança adquire essa habilidade?

Vamos entender como isso acontece:

A fase do engatinhar (mãos e joelhos no chão), que a criança adquire na faixa dos sete aos dez meses de idade, proporciona-lhe força nos braços e nas pernas, pois ela precisa dessas forças para sustentar o peso de seu corpo, e de coordenação, quando se desloca e precisa fazer movimentos amplos e coordenados (movimentos cruzados: braço direito, perna esquerda e vice-versa) de braços e pernas para movimentar-se engatinhando. Esse movimento ou exercício que a criança aprende e repete por muitos anos lhe dá a base de força e coordenação de que precisa para realizar movimentos mais elaborados e voluntários, como: pendurar uma mochila, pegar objetos do chão, desenhar etc.

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Veja, agora, numa atividade simples de lavar as mãos e enxugá-las. Quais habilidades motoras você acha que uma criança precisa ter? Por quais etapas ou fases do desenvolvimento motor ela precisa passar (experimentar) para atingir um nível de comportamento motor que lhe permita realizar tal atividade? Você já pensou nisso? Então, certamente, saberá que a criança precisa passar por todas as etapas de seu desenvolvimento motor. 4

Desde bebê, quando a criança segura objetos na mão e centraliza-os na linha média do seu corpo, por exemplo, quando segura a mamadeira para se alimentar, ela está adquirido (treinando) comportamentos motores que servirão de base para os movimentos que requeiram a centralização das mãos, como é o caso de lavar as mãos, enxugá-las etc. Na aquisição ou treino do engatinhar, por exemplo, ela também adquire força e mobilidade nos braços, que lhe dão a possibilidade de dobrar e esticar os braços e mantê-los numa determinada posição que permita realizar essa e outras atividades.

Considerando o que foi visto até aqui, faça as seguintes refl exões:

• Você percebe quão importante e fundamental é para a criança vivenciar e experimentar todas as fases do seu desenvolvimento motor?

• Que é nessa faixa de idade (zero a seis anos) em que precisa adquirir e aprimorar suas habilidades motoras?

• Que o ambiente da pré-escola precisa estar preparado e organizado para que a criança explore e vivencie sua motricidade?

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• Que o educador precisar estar habilitado e capacitado para contribuir de maneira lúdica, mas também, pedagógica para a evolução das aquisições motoras e de aprendizagens das crianças?

• Que o desenvolvimento motor infantil é fundamental para o pleno desenvolvimento da aprendizagem e, consequentemente, do sucesso escolar?

De acordo com sua experiência na pré-escola (enquanto estudante ou docente), comente (entre 10 e 15 linhas) sobre as condições ambientais de uma instituição infantil e a atividade pedagógica do(a) educador(a) nela desenvolvida.

Caso não tenha passado por uma pré-escola ou não seja docente deste nível de ensino, converse com um(a) professor(a) de educação infantil sobre o assunto.

Sua atividade deverá ser encaminhada por meio do Moodle.

DESAFIO

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AULA 9: CONDIÇÕES AMBIENTAIS E PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR QUE TEM NA ESCOLA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA

Caros aprendentes!

Chegamos à reta fi nal do nosso componente curricular. Nas aulas anteriores desta Unidade, tratamos das condições ambientais e pedagógicas do professor de creche e pré-escola. Agora, vamos direcionar nosso estudo para uma situação em que, na escola, haja crianças com defi ciência.

As aulas anteriores destacam que os ambientes escolares devem estar planejados e organizados de forma a possibilitar o acesso de todas as crianças, com ou sem defi ciência. Isso implica dizer que as escolas devem considerar os princípios da inclusão e da acessibilidade, nas atividades pedagógicas e nas construções dos espaços educacionais destinados às crianças e cumprir com o que estabelecem os documentos ofi ciais, quando dizem que “as escolas devem se ajustar a todas as crianças independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras”. (UNESCO, 1994, p. 6)

Neste ponto do curso, você já deve ter aprendido sobre alguns conceitos ligados à área da educação infantil, dentre eles, o de inclusão. Porém vamos relembrar o conceito de crianças com necessidades especiais (NEE), de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº. 9.394/96), apud Raymundo et al. (S/D):

São aquelas que, por alguma espécie de limitação, requerem certas modifi cações ou adaptações no programa educacional, a fi m de que possam atingir seu potencial máximo. Essas limitações podem decorrer de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis.

É preciso, no entanto, ter em mente que também estão incluídas nesse contexto as crianças sem defi ciência, para as quais a escola precisa ter condições ambientais e humanas de acolher, respeitar as diferenças e garantir seus direitos.

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Você também aprendeu que o atual perfi l do docente que atua na área infantil requer dele novas competências e sensibilidade para penetrar no universo educacional infantil, reconhecer e apoiar as diferenças individuais e promover o respeito e a valorização da aprendizagem de cada um. Nesse sentido, vale aqui refl etir sobre a frase do educador português José Pacheco, segundo o qual, “não há crianças defi cientes, há pedagogia inefi ciente”.1

Pensar numa escola inclusiva e numa pedagogia acessível a todas as crianças é, também, pensar num mundo com mais harmonia e justiça social, onde todos sejam respeitados e acolhidos num espaço de democracia e de liberdade.

Convido você, agora, para refl etir sobre uma proposta de inversão de situações em relação à “normalidade”. Imaginemos uma realidade totalmente diferente, para a qual não estivéssemos preparados. Então:

• O que aconteceria se os livros todos fossem em braile?

• Se ao invés de escadas tivéssemos apenas rampas?

• Já imaginaram se a comunicação se efetivasse apenas por meio da linguagem de sinais?

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• Se quase todas as vagas dos estacionamentos fossem destinadas às pessoas com defi ciência?2

O que faríamos diante de situações como essas? Teríamos respaldo e incentivos do poder público para adquirir novos conhecimentos e aprender novas práticas? Estaríamos dispostos a aprender e a conviver com novas situações?

Continuando esse raciocínio, refl ita mais um pouco sobre as seguintes questões:

• Já pensou sobre de que maneira você poderia, na sua prática pessoal e profi ssional, contribuir para a efetivação de uma escola acessível e democrática?

• Já pensou em uma escola que ofereça condições básicas de acesso e recursos materiais para atender à demanda e às difi culdades individuais das crianças?

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Não é difícil constatar que muitos espaços destinados às escolas infantis são, muitas vezes, casas adaptadas ou reformadas para essa fi nalidade. Portanto, fi cam a desejar ambientes mais planejados e organizados para atender às crianças, em suas necessidades de cuidado e de educação. Os ajustes são feitos, quase sempre, sem pensar no mínimo de conforto e de organização. Então, por exemplo, podemos encontrar escolas onde o berçário funciona no terraço, quase ao ar livre, ou em salas com precária iluminação e ventilação; o acesso às salas, às vezes, tem um ou dois degraus; o quintal serve como área de lazer etc.4

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E o que dizer dos espaços destinados aos professores nas escolas infantis? Há uma preocupação em se construir e planejar um ambiente ou sala destinada para eles? Em seu ambiente de trabalho, eles dispõem de uma sala onde possam planejar suas atividades, trocar ideias com colegas ou descansar um pouco?

1. Considerando a realidade atual, foi aplicado um questionário com duas professoras de uma pré-escola particular da cidade de João Pessoa. As perguntas foram, basicamente, sobre o espaço físico da escola, acessibilidade e sua satisfação com o trabalho. As duas professoras são graduadas em pedagogia. Uma tem 39 anos (Profª. A), e a outra tem 41 (Profª. B). Sua sala tem uma média de 12 a 15 alunos, na faixa de idade entre dois e seis anos. Veja, a seguir, o questionário aplicado às professoras e responda-o. Caso você não seja professor(a), faça uma entrevista com um docente. Em seguida, você deve acessar o Moodle e procurar o questionário respondido pelas professoras e fazer um comparativo com as suas respostas.

Questionário para Professor(a) de Educação Infantil

Qual a sua formação profi ssional? Idade: Sexo:

Há quanto tempo está formado(a)? Quantos anos está em sala de aula?

Creche ( ) Pré-escola ( )

Quantos alunos há em sua sala?

Qual a faixa etária das crianças?

Como você avalia o espaço físico da escola?

Como você considera seu ambiente de trabalho?

Existe uma sala para os professores na escola? Como é esse ambiente? Descreva-o.

Você acha os recursos materiais disponíveis satisfatórios? Explique.

Você se sente desgastado(a) ou cansado(a) ao fi m do dia? Por quê?

Realiza alguma atividade física regular ou se prepara fi sicamente para ministrar aula? Como?

Como se sente emocionalmente em relação ao seu trabalho? (as atividades da escola)

Tem na escola alguma criança com necessidades educacionais especiais ou crianças com defi ciência?

DESAFIOS

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Já atuou com alguma criança com defi ciência ou com NEE? Comente sua experiência.

O que você considera importante e necessário para uma escola, em termos físicos/ambientais, para receber uma criança com defi ciência? Explique e dê um exemplo.

Você se considera capacitado(a) para atuar com crianças com defi ciência? Sim ( ) Não ( ). Por quê?

O que você acha que um professor(a) deve ter (ou fazer) para se tornar apto(a) a trabalhar com crianças com defi ciência?

Depois dessa atividade, acesse novamente o Moodle, veja e analise as respostas dos(as) professores(as) à luz do que foi estudado nesta Unidade. Refl ita e compare com as propostas para educação infantil que você viu nesta Unidade.

2. Elabore um pequeno plano (uma lauda) para uma pré-escola, tendo em mente a seguinte questão: Essencialmente, o que uma BOA pré-escola deve ter, em termos administrativos, ambientais e humanos? Poste-o no Moodle.