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1 Documento 1/26 001.3.54.O Sessão Ordinária - CD 05/02/2013-15:22 Publ.: DCD - 06/02/2013 - 440 ARTUR BRUNO-PT -CE CÂMARA DOS DEPUTADOS PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO EXPEDIENTE DISCURSO Sumário Urgente realização da reforma político-eleitoral no Brasil. O SR. ARTUR BRUNO (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 2010, durante a nossa campanha, quase todos os Parlamentares assumiram o compromisso com seus eleitores de aprovarem nesta Casa a reforma político- eleitoral. No primeiro ano, em 2011, a Mesa Diretora compôs uma Comissão Especial que escolheu como Relator o Deputado Henrique Fontana, do PT do Rio Grande do Sul, que fez até agora um belíssimo trabalho. Em 2012, houve uma tentativa de votação, aqui no Plenário desta Casa, dos pontos que foram elencados e até muitos deles consensuados pela Comissão, mas lamentavelmente nós não tivemos condição de votá- los. Nós já estamos, colegas Parlamentares, em 2013. No ano que vem, 2014, teremos eleições estaduais e federais. Portanto, muitos de nós, se não todos nós, estaremos bastante consumidos pelas eleições vindouras, e a nossa tentativa poderá não ocorrer. E a sociedade brasileira, mais uma vez, ficará frustrada com uma nova legislatura que se colocou com esse objetivo, mas que não conseguiu cumprir. Como justificar para a sociedade brasileira que nós não queremos realizar a reforma política? É preciso destacar que o Relator Henrique Fontana elencou pontos fundamentais, com os quais concordo, mas, evidentemente, no debate poderão ser modificados pelos colegas Parlamentares. Uma questão fulcral é o financiamento público de campanha. Todos nós, todos os dias, acompanhamos o noticiário, municipal, estadual ou nacional. Todos os dias neste País há denúncias novas de financiamento ilegal, de improbidade administrativa, de desvio de recursos, de caixa dois. E a grande causa é a forma como as campanhas são financiadas. Penso que nós deveríamos nos deter sobre o financiamento público de campanha. A segunda questão é como fazer uma reforma eleitoral e política que, ao mesmo tempo, fortaleça os partidos políticos com as suas

Sumário - Portal da Câmara dos Deputados · Documento 2/26 028.3.54.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 11/03/2013-15:57 Publ.: DCD - 12/03/2013 - 4259 ALBERTO FILHO-PMDB -MA

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Documento 1/26

001.3.54.O Sessão Ordinária - CD 05/02/2013-15:22

Publ.: DCD - 06/02/2013 -

440 ARTUR BRUNO-PT -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS PEQUENO EXPEDIENTE

PEQUENO EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Urgente realização da reforma político-eleitoral no Brasil.

O SR. ARTUR BRUNO (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 2010, durante a nossa campanha, quase todos os Parlamentares assumiram o compromisso com seus eleitores de aprovarem nesta Casa a reforma político-eleitoral.

No primeiro ano, em 2011, a Mesa Diretora compôs uma Comissão Especial que escolheu como Relator o Deputado Henrique Fontana, do PT do Rio Grande do Sul, que fez até agora um belíssimo trabalho. Em 2012, houve uma tentativa de votação, aqui no Plenário desta Casa, dos pontos que foram elencados e até muitos deles consensuados pela Comissão, mas lamentavelmente nós não tivemos condição de votá-los.

Nós já estamos, colegas Parlamentares, em 2013. No ano que vem, 2014, teremos eleições estaduais e federais. Portanto, muitos de nós, se não todos nós, estaremos bastante consumidos pelas eleições vindouras, e a nossa tentativa poderá não ocorrer. E a sociedade brasileira, mais uma vez, ficará frustrada com uma nova legislatura que se colocou com esse objetivo, mas que não conseguiu cumprir. Como justificar para a sociedade brasileira que nós não queremos realizar a reforma política?

É preciso destacar que o Relator Henrique Fontana elencou pontos fundamentais, com os quais concordo, mas, evidentemente, no debate poderão ser modificados pelos colegas Parlamentares. Uma questão fulcral é o financiamento público de campanha. Todos nós, todos os dias, acompanhamos o noticiário, municipal, estadual ou nacional. Todos os dias neste País há denúncias novas de financiamento ilegal, de improbidade administrativa, de desvio de recursos, de caixa dois. E a grande causa é a forma como as campanhas são financiadas. Penso que nós deveríamos nos deter sobre o financiamento público de campanha.

A segunda questão é como fazer uma reforma eleitoral e política que, ao mesmo tempo, fortaleça os partidos políticos com as suas

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propostas, com o seu programa e que também faça valer a vontade do eleitor. Dessa forma, o Relator propôs uma votação com uma lista mista, onde se votaria no partido ou na lista escolhida e, ao mesmo tempo, nós mantivéssemos a cultura política brasileira de o eleitor também poder votar no seu candidato de predileção.

Também a Comissão tem pensado, e o Reator traz mecanismos de fortalecimento da democracia direta. O Brasil é uma democracia, mas é uma democracia que não cumpre o que está na Constituição, quando diz que o poder emana do povo e que é exercido de forma indireta através dos seus representantes, mas também de forma direita, de acordo com a Constituição.

A Constituição prevê plebiscitos, referendos. Na história brasileira, só utilizamos três vezes esses mecanismos de democracia direta, enquanto na Europa, nos Estados Unidos e até em países com uma cultura democrática menor do que a nossa há plebiscitos e referendos a cada eleição que ocorre no país. Portanto, penso que nós temos que facilitar a utilização dos instrumentos de democracia direta.

Traz-se também a ideia, com a qual concordo, da proibição de coligação proporcional. Vereadores, Deputados Estaduais e Federais têm que ser eleitos pelos seus partidos, pela votação proporcional de suas agremiações partidárias. E, lamentavelmente, hoje nós temos mais de 30 partidos neste País que, penso, não têm trabalhado para fazer evoluir o nosso espírito democrático.

Para concluir, Sr. Presidente, eu gostaria também de destacar que o Relator Henrique Fontana atende à bancada feminina e também à bancada masculina, porque muitos de nós defendemos o aumento da participação das mulheres nas eleições e na ocupação de cargos no Legislativo, nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Legislativas ou aqui na Câmara dos Deputados. Esse princípio do aumento da participação feminina tem que ser defendido e deliberado por esta Casa na reforma política.

Finalmente, nós não podemos continuar tendo eleições de 2 em 2 anos. Não é bom para o eleitor, não é bom para os candidatos e, sobretudo, não é o melhor para a sociedade brasileira. Temos que pensar em um ano no qual possamos ter eleições municipais, estaduais e federais. Evidentemente, podemos até colocá-las em datas diferenciadas, mas dentro do mesmo ano.

Portanto, colegas Parlamentares, esse debate o Brasil está fazendo, um debate ansiado por boa parte da população brasileira, e esta Casa não pode dar as costas para o que boa parte da sociedade brasileira exige de nós, uma reforma político-eleitoral.

Peço a cada Parlamentar desta Casa que, em suas bancadas, requeira

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que a reforma política seja uma prioridade na agenda, na pauta de votação nas nossas sessões. Penso que não dá mais, não há desculpa, não há motivo para nós deixarmos a reforma político-eleitoral para a próxima legislatura. É isso que o Brasil exige de todos nós.

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Publ.: DCD - 12/03/2013 -

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CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Desafios administrativos impostos ao Prefeito José Alberto Veloso, do

Município de Bacabal, Estado do Maranhão. Compromissos assumidos pelo

orador com Municípios maranhenses. Imediata realização da reforma política.

Contrariedade às propostas de exclusão de aborto da lista de crimes e à

regulamentação da prática da eutanásia, constantes no Projeto de Lei nº 236, de

2012, do Senado Federal, sobre a reforma do Código Penal. Solicitação ao

Líder do PMDB, Deputado Eduardo Cunha, de indicação de peemedebista para

a reapresentação, perante a Comissão de Finanças e Tributação, de parecer a

favor do Projeto de Lei nº 478, de 2007, sobre a criação do Estatuto do

Nascituro.

O SR. ALBERTO FILHO (PMDB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muita alegria que, pela terceira vez, em 2 anos de mandato, assomo à tribuna, no Grande Expediente, período no qual são disponibilizados 25 minutos para conversarmos com nossos eleitores dos nossos Estados e também debatermos assuntos de interesse de âmbito não apenas do nosso Estado, o Maranhão, mas também nacional.

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Inicialmente, saúdo o povo brasileiro, particularmente os maranhenses, que porventura, neste momento, estão nos assistindo pela TV Câmara, importante veículo de comunicação da Casa, que, espero, seja, cada vez mais, democratizado, para que todos os Deputados e Deputadas tenham espaço garantido para levar ao povo brasileiro suas ações, seu trabalho, no Parlamento brasileiro.

Aproveito a oportunidade para agradecer às emissoras do meu Município de Bacabal, que estão, neste momento, ao vivo, transmitindo nosso pronunciamento direto da Câmara dos Deputados.

Sr. Presidente, nas eleições municipais, do ano passado, obtivemos uma vitória muito importante na nossa cidade natal de Bacabal. Elegemos o atual Prefeito, Zé Alberto, meu pai, um homem sério, digno desse mandato, firme e, acima de tudo, um homem do bem que decidiu ser prefeito daquele Município não porque alimentou essa possibilidade ao longo de sua vida. Na verdade, Zé Alberto tornou-se prefeito da cidade de Bacabal porque entendeu que estava na hora de mudar a forma de fazer política naquela cidade central do Estado do Maranhão, cujo objetivo agora é trabalhar para melhorar a vida dos bacabalenses que, ainda hoje, em sua maioria, lutam por construir uma vida melhor, mais digna e mais humana.

Como Deputado Federal, Sr. Presidente Luiz Couto, um dos grandes desafios que tenho é exatamente ajudar Zé Alberto a fazer uma gestão municipal para atender ao objetivo de possibilitar uma vida melhor para a população de Bacabal. Empreenderei, portanto, todos os esforços possíveis para ajudar a minha cidade, neste momento novo de sua trajetória política. Também quero aqui firmar meu compromisso com os demais 23 Municípios do Maranhão, cujos prefeitos saíram vitoriosos e fazem parte da nossa base eleitoral, bem como as demais lideranças de outros Municípios que, no conjunto, formam a minha base eleitoral no Estado do Maranhão. Todos podem ter certeza de que terão, no meu mandato, toda a atenção especial e necessária para que possam realizar uma gestão pública que dê respostas aos principais desafios que estão postos no momento, em seus Municípios.

Sr. Presidente, feitas essas considerações iniciais, digamos, de cunho pessoal, porque entendi oportunas neste momento, passo agora a tratar de tema muito importante que há muito tempo vem patinando no âmbito do Congresso Nacional. Trata-se da reforma política.

Fala-se nessa reforma, no mínimo, há uma década, sem que efetivamente saia do âmbito das discussões para vir para as decisões em plenário.

É do conhecimento de todos nós que estamos longe de alcançar um consenso sobre todos os pontos importantes de uma verdadeira reforma do sistema político eleitoral brasileiro, mas é igualmente do

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conhecimento de todos que se deve buscar a definição pelo voto da maioria deste Parlamento, pelo menos, de uma reforma possível, já que uma reforma ampla parece não ser possível no horizonte desta Legislatura.

Quero aqui, portanto, expressar o que entendo de definitivo, ainda este ano, com possibilidade de valer para as eleições gerais já do ano que vem, de 2014.

Inicio falando do financiamento público exclusivo de campanha. Não há outro caminho melhor do que esse, frente à problemática existente em torno do financiamento livre de campanhas em que o peso do poder econômico retira a natureza realmente democrática dos pleitos eleitorais. Todos nós sabemos que os resultados eleitorais, hoje, no Brasil são diretamente vinculados à quantidade de dinheiro que se tem para investir, seja oriundo de recursos próprios ou advindos da arrecadação de pessoa física ou jurídica. O fato é que hoje o peso do poder econômico numa campanha é o que define as eleições e não o debate em torno de proposições programáticas para o País, para o Estado ou para determinado Município no momento das eleições majoritárias e proporcionais.

Com o financiamento público de campanha nos livraremos desse dilema que tanto incomoda o País a cada eleição. Entendo que só faz sentido falar em financiamento público de campanha compreendendo que se estabelecerá um fundo único para receber os aportes de recursos do Orçamento Geral da União e também das pessoas físicas e jurídicas.

O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite, nobre Deputado?

O SR. ALBERTO FILHO - Pois não, Deputado Mauro Benevides.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Alberto Filho, cumprimento-o pelo pronunciamento que faz no Grande Expediente da sessão de hoje, defendendo a reforma política naquele seu lineamento que objetiva estabelecer parâmetros éticos para que cumpramos o nosso dever de representantes do povo. Eu diria a V.Exa., sem que isso signifique qualquer incredulidade em relação ao êxito desta campanha em favor da reforma política, que participei de 3 Comissões. A primeira tinha como Relator o então Deputado João Almeida, da Bahia; a segunda, o Deputado Ronaldo Caiado, do Democratas do Goiás; e agora, representando também o PMDB nessa Comissão o Relator é o nobre Deputado Henrique Fontana. Diria a V.Exa. que, se houver um malogro nessa nossa investida, ficaremos pessimamente situados diante da opinião pública do País. V.Exa. está exatamente em seu discurso defendendo prioritariamente o financiamento público de campanha, fundamental para termos condições de escoimar a interferência do poder econômico, sem o que descaracterizará a manifestação da

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soberania popular. V.Exa. terá o nosso apoio, não apenas para esse item mas para todo aquele elenco de alterações que o Relator Henrique Fontana se propõe a fazer em seu parecer. Pelo que sei, as Lideranças já combinaram, já acertaram e até definiram um calendário para 2 ou 3 de abril, a fim de que possamos votar essa matéria. Queira Deus que se cumpra esse roteiro de trabalho. Acredito que nesse momento a Câmara dos Deputados terá o apoio de V.Exa. que agora, neste Grande Expediente, aborda o tema e o meu próprio apoio já demonstrado inequivocamente nas oportunidades por mim referenciadas há poucos instantes. Cumprimento V.Exa. pelo discurso que faz.

O SR. ALBERTO FILHO - Eu agradeço o aparte, nobre Deputado Mauro Benevides, nosso decano nesta Casa, que certamente enriquece o nosso discurso, pois é uma forma de cobrar do Presidente desta Casa, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, a discussão logo desse tema no plenário desta Casa.

Sr. Presidente, há que se esclarecer ao povo brasileiro de que, uma vez aprovado o financiamento público de campanha, o repasse será feito para os partidos e não para um candidato em particular.

Nessa linha de raciocínio estou de acordo com o que o Deputado Henrique Fontana vem defendendo no debate que se estabeleceu nesta Casa, cujos aspectos incorporo a este meu pronunciamento, a saber:

"...As campanhas serão financiadas exclusivamente com recursos do fundo único, sendo vedada a contribuição de pessoas jurídicas e físicas diretamente a partidos ou candidatos. Também fica vedada a utilização de recursos próprios de candidatos".

Além disso, o referido Deputado gaúcho assevera:

"O montante dos recursos públicos destinados ao fundo de financiamento das campanhas será proposto pela Justiça Eleitoral, podendo o Congresso Nacional ajustá-lo por ocasião da feitura do Orçamento anual".

E mais:

"Os gastos de campanha serão realizados exclusivamente pelos partidos políticos a partir de contas bancárias abertas especificamente para registro de movimentações financeiras relativas a campanhas eleitorais. Não serão distribuídos recursos diretamente aos candidatos. Assim, apenas os partidos e os comitês financeiros de campanha prestarão contas à Justiça Eleitoral".

Outro aspecto importante que decorre dessa proposta de

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financiamento público das campanhas eleitorais é que:

"a prestação de contas de campanha assumirá significativa importância, e poderá ser acompanhada por toda a sociedade brasileira pela Internet, além de que se deve estabelecer severas punições de natureza administrativa, eleitoral e criminal nos casos de comprovados desvios de recursos ou arrecadação ilícita como o famoso caixa 2, por exemplo."

Em suma, esses são os principais pontos do financiamento público de campanha. Dessa forma, daremos um passo imenso para tornar nossos pleitos eleitorais cada vez mais transparentes e democráticos, levando o nosso povo a ter gosto pela participação política direta na vida do nosso País.

Outro ponto que considero importante para a reforma política é o fim das coligações proporcionais. Se quisermos tornar a disputa eleitoral mais transparente, mais democrática, faz-se necessário acabar com as coligações proporcionais, permitindo-as somente para os cargos majoritários, a saber: Presidente, Governador e Prefeito. A disputa em torno dos cargos de Senador, Deputado Federal, Estadual e Vereador serão restritos a cada partido, não permitindo mais a coligação de partidos para estes cargos, e, desta forma, obrigará os partidos a trabalharem por sua afirmação perante o eleitorado e não ficar na dependência da votação do partido coligado para eleger seus representantes.

Neste ponto, Sr. Presidente, devemos avançar no que diz respeito à questão do voto em lista. Aqui também estou de acordo com as propostas do Deputado Relator da reforma política, Deputado Henrique Fontana, que tem expressado publicamente. Primeiro, o sistema eleitoral que ele propõe mantém o critério da proporcionalidade de votos obtidos em relação ao número de cadeiras em disputa.

Segundo, o partido apresentará aos eleitores uma lista preordenada de candidatos, elaborada em conformidade com regras que fortalecem a democracia interna nos partidos.

Como no sistema atual, o eleitor disporá de um voto: no candidato de sua preferência ou na legenda partidária. Como o tamanho dos partidos nos Parlamentos dependerá do somatório dos votos nominais e dos votos de legenda, a adoção da lista flexível será neutra em relação às dimensões das bancadas partidárias. Por sua vez, o número de cadeiras conquistadas pelos partidos ou coligações será calculado por meio do sistema das maiores médias;

Depois do cálculo do número de cadeiras conquistadas pelos partidos, trata-se de definir quem são os eleitos dentro do partido. A nova versão do projeto estabelece um mecanismo no qual o eleitor decide o peso e

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a importância que gostaria de conferir à lista partidária, por meio da lista flexível. O eleitor terá total autonomia para decidir sobre a importância que deseja conferir ao partido ou ao candidato individual de sua preferência: se todos os eleitores votarem nominalmente nos candidatos, o sistema funciona como uma lista aberta; se todos os eleitores votarem na legenda, o sistema funciona como uma lista fechada tradicional.

Dependendo das estratégias do partido e das preferências dos eleitores, haverá diferenças na composição dos votos dos partidos. E nesse sistema não haverá cláusula de exclusão: todos os partidos participarão da disputa de todas as cadeiras na circunscrição eleitoral.

Outro ponto que queremos abordar sobre a reforma política é o fim da suplência de Senador da República.

Ainda com relação à reforma política precisa-se acabar com o instituto da Suplência de Senador na forma que existe hoje. É preciso encontrar outro caminho para a posse no cargo de Senador. Penso que seria melhor a convocação do segundo mais votado, o que atenderia igualmente à vontade popular. O que não se pode mais admitir é que assumam a suplência pessoas que não receberam um voto sequer e, portanto, são nomes completamente desconhecidos do eleitorado. Isso é um absurdo e tem que acabar. Qualquer outra proposta é melhor do que a manutenção do que existe hoje em relação ao preenchimento da vacância do cargo de Senador em razão de renúncia, morte ou perda de mandato.

Manutenção do voto obrigatório.

Sr. Presidente, sei que existem Deputados e Senadores que advogam o fim do voto obrigatório. Sou absolutamente contra. Não temos ainda amadurecimento político suficiente para isso, correndo o risco de o País ver-se diante de impasses políticos por falta de legitimidade do resultado das eleições. Há quem advogue experiência de outros países que já tem isso implantado. Mas lembremos que trata-se de nações com um alto índice de consciência política onde as eleições são mais um espaço de participação do povo nos destinos de sua nação. Pode ser, Sr. Presidente, que no futuro isso seja possível, quando tivermos uma democracia consolidada e um sistema político-eleitoral moderno em que o peso do poder econômico não seja determinante para a eleição dos governantes e representantes do povo nos Parlamentos nos 3 níveis de governo, municipal, estadual e federal.

Sr. Presidente, eram essas as considerações que tinha a fazer sobre o tema da reforma política, uma modesta contribuição da minha parte ao debate sobre esse tema, que passa a fazer parte da agenda da Câmara dos Deputados, uma vez que o nosso Presidente Henrique Eduardo Alves, do PMDB, assumiu um compromisso público de levar

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ao plenário desta Casa, ainda neste semestre, essa questão tão importante para o aprimoramento da democracia brasileira.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde o início do meu mandato que sou Secretário Executivo da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Contra o Aborto, aqui no Congresso Nacional. Esta Frente tem a adesão de 220 Parlamentares, dentre eles 12 Senadores da República. Portanto, é uma Frente que reúne um percentual significativo do Congresso Nacional.

Preocupa-me, neste momento, o Projeto de Lei do Senado Federal, nº 236, de 2012, que trata da reforma do Código Penal Brasileiro. Este projeto de lei, que tem o Senador Pedro Taques como Relator na Subcomissão de Segurança Pública da Comissão de Constituição e Justiça, tem recebido inúmeras críticas de setores importantes da sociedade brasileira, dentre eles, a própria Ordem dos Advogados do Brasil e juristas renomados. Este projeto de lei trata de vários temas polêmicos que não podem ser aprovados sem um amplo debate com a sociedade brasileira e não só com determinados setores, ainda que legítimos e com capacidade para manifestar suas opiniões.

Dentre os temas polêmicos quero ressaltar aqui dois deles. O primeiro refere-se à descriminalização do aborto, proposta que já foi derrotada por esta Casa nas duas Comissões de Mérito - Comissão de Seguridade Social e de Constituição e Justiça e de Cidadania, onde tramitou o Projeto de Lei 1.135/1991.

Esse resultado, Sr. Presidente, correspondeu aos anseios populares manifestados nas diversas mobilizações de rua realizadas pelo Movimento Nacional da Cidadania pela Vida (Brasil Sem Aborto) em todo o País.

Para ilustrar o pensamento do povo brasileiro, destacamos a pesquisa DataFolha realizada em 20 de outubro de 2010, na qual 71% dos entrevistados afirmam que a legislação sobre o aborto deve ficar como está, contra 11% que defendem a ampliação das hipóteses em que a prática é permitida e 7% que apoiam a descriminalização. Além disso, a pesquisa mostra que essa opinião contrária à mudança do Código nesse aspecto vem crescendo nos últimos anos.

Então, Sr. Presidente, vejamos agora o que afirma o art. 128 do referido projeto de lei de reforma do Código Penal, atualmente em tramitação no Senado Federal.

Sobre a exclusão do crime de aborto, diz o artigo:

"Art. 128. Não há crime se:

I - se houver risco à vida ou à saúde da gestante.

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II - a gravidez resulta de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida;

III - comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por dois médicos.

IV - por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação, quando o médico constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade.

§ 1º Nos casos dos incisos II e III, e da segunda parte do inciso I, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro."

Poderíamos tecer inúmeras críticas a cada um dos pontos apresentados. Entretanto, optamos por trazer alguns argumentos que fazem referência à prática do aborto em si, e aos argumentos que têm sido usados pelos que desejam a sua descriminalização.

Os defensores da descriminalização do aborto tratam este assunto como um problema de saúde pública, o que levaria à redução de mortes maternas. Entretanto, temos que considerar:

1. não existe aborto sem morte, pois o aborto é, por essência, a eliminação da vida de uma criança em gestação. Para negar isso, fazem-se malabarismos que tentam mostrar que não se trata (ainda) de um ser humano. A tese é insustentável, e por isso os defensores do dito "direito ao aborto" têm pavor das imagens desses pequenos bebês de poucos centímetros, mas já totalmente formados, movendo-se em vídeos na Internet ou estraçalhados pelos instrumentos usados no aborto. Estas últimas imagens também eu não gosto de ver, mas constituem um eficaz choque de realidade. Qualquer criança identifica ali um semelhante. E, certamente, é a ciência (e não a religião) que demonstra que ele é um ser vivo, em desenvolvimento, dependente da mãe para sua nutrição, mas totalmente diferenciado dela. Tem a sua própria carga genética, irrepetível, estabelecida na sua concepção. Já está definido, nesse momento, se é menino ou menina, a cor dos olhos e dos cabelos, e até tendências de temperamento;

2. as mortes maternas em decorrência do aborto estão muito abaixo dos números que geralmente são apresentados no debate. Recentemente, a ONU disse que seriam 200 mil por ano, no Brasil. O próprio Ministro da Saúde veio a público negar esses números. O site do DataSUS permite-nos ver os dados reais, que, no ano de 2010 apresentou, foram os seguintes: faleceram 486.045 mulheres; os óbitos de mulheres em idade fértil, por todas as causas, somam 66.323. Destes, os devidos a gravidez, parto ou aborto foram 1.161.

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Restringindo-nos apenas a aborto, temos 83 mortes. Portanto, o aborto corresponde a 7% das mortes maternas, 0,1% das mortes de mulheres em idade fértil, e 0,017% das mortes de mulheres em geral;

3. a legalização do aborto não favorece a saúde da mulher, e isso também pode ser demonstrado com estudos científicos. A longo prazo, o aborto é, para a mulher que o realiza, fator de morbidade e mortalidade. Em artigo publicado em setembro de 2011 pelo Jornal Britânico de Psiquiatria, importante publicação científica internacional na área de Psiquiatria, ficou evidenciado o risco de doenças mentais em 81% maior nas mulheres que realizaram aborto legal em seus países, em comparação com as que nunca fizeram aborto. O artigo mostra ainda que 10% desses problemas mentais podem ser diretamente atribuídos ao aborto, que há apenas 34% mais ansiedade, 37% mais depressão, 110% mais alcoolismo, 220% mais uso de maconha e155% mais suicídios.

Então, Sr. Presidente, esta reforma do Código Penal que tramita no Senado Federal propõe mudanças também em outros temas polêmicos, como a Eutanásia, que, no atual Código Penal, é tipificado como crime.

O que diz o PLS 236, de 2012?

"Art. 122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, imputável e maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável em razão de doença grave:

Pena - Detenção, de dois a quatro anos.

§ 1º O juiz deixará de aplicar a pena avaliando as circunstâncias do caso, bem como a relação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente com a vítima."

Sr. Presidente, embora, nesta proposta de reforma do Código Penal, em tese a eutanásia seja proibida, deixar para o juiz a possibilidade de não puni-la abre perigosíssimas possibilidades para a realização desse crime. Os filhos podem ter estreitos laços de afeição, mas são também os herdeiros diretos do doente. Valham como exemplo os tristes casos de assassinato dos pais pelos filhos, ou a seu mando, que temos visto nos últimos anos.

O atual Código de Ética Médica, recentemente reformulado, diz:

"É vedado ao médico:

Art. 66 - Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal."

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A mudança proposta, portanto, não atende a desejo da classe médica, nem da população brasileira, que consideram antiética a eutanásia em qualquer caso. Vale lembrar, nesse contexto, o caso da médica Virgínia Soares, que coordenava a UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, Paraná, que comandava um esquema de eutanásia naquele hospital. Ou seja, ela matava os pacientes para liberar a Unidade de Tratamento Intensivo. Este caso chocou a opinião pública brasileira, o que aponta para que o Relator do PLS 236/2012 mantenha o que está disposto no atual Código Penal Brasileiro.

Por fim, Sr. Presidente, quero chamar a atenção de todos que neste momento acompanham este nosso pronunciamento pela TV Câmara para o fato importante que tramita, nesta Casa: o Projeto de Lei nº 478/2007, denominado de Estatuto do Nascituro. Esse projeto já foi aprovado pela Comissão de Seguridade Social e Família, e hoje tramita na Comissão de Finanças e Tributação, cujo novo Relator será designado em breve. Quero aqui, solicitar ao nobre Deputado Eduardo Cunha, Líder do PMDB, que foi o Relator do Estatuto do Nascituro, nessa Comissão, na sessão legislativa do ano passado, cujo parecer foi pela adequação financeira e orçamentária, que empreenda todos os esforços como Líder do PMDB para que seja designado um Parlamentar do nosso partido, o PMDB, naquela Comissão que possa reapresentar o seu parecer nos termos apresentados pelo nobre Líder peemedebista.

Sr. Presidente, quero aqui agradecer a V.Exa. pela oportunidade; agradecer ao povo brasileiro que nos acompanha pela TV Câmara e dizer que, aqui desta Casa, nós, Deputados Federais, iremos fazer o Parlamento brasileiro cada dia mais funcionar democraticamente em prol do desenvolvimento do nosso povo brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Muito obrigado, Deputado Alberto Filho.

Documento 3/26

028.3.54.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD

11/03/2013-16:33

Publ.: DCD -

12/03/2013 - 4265 MAURO BENEVIDES-PMDB -CE

CÂMARA DOS COMUNICAÇÕES COMUNICAÇÃO

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DEPUTADOS PARLAMENTARES PARLAMENTAR DISCURSO

Sumário

Imediata realização da reforma política.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o Sr. Presidente, o nobre Deputado Luiz Couto, ilustre representante da Paraíba nesta Casa e uma das figuras mais expressivas no Congresso Nacional, pelo brilhante trabalho que exercita neste plenário e na Comissão de Constituição e Justiça, representando a sua facção e, sobretudo, defendendo ali aquilo que possa significar obediência aos princípios da constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa. Essas prerrogativas fundamentais são exigidas para que as proposições tramitem naquele órgão técnico e, em determinados casos, ou em quase todos, sejam analisadas pelo Plenário da Casa.

Saúdo os demais Srs. Deputados e as Sras. Deputadas.

Saúdo especialmente o Sr. Deputado Alberto Filho, que acaba de proferir grande discurso sobre reforma política, temática que eu me disponho a focalizar neste instante, até porque esta Casa se acha na iminência de decidir, dentro de 15 dias, sobre assunto de inquestionável relevância para os destinos do País.

Digo eu, então, Sr. Presidente, que, após a formação das Comissões Permanentes, a Câmara já tem condições regimentais de garantir celeridade ao projeto de reforma política, cujo parecer já se acha elaborado pelo Deputado Henrique Fontana, com as sugestões que passarão a integrar a legislação respectiva, como anseiam Deputados e Senadores.

Após várias tentativas na anterior Legislatura, agora nada há mais que alegar, porque, em dezembro passado, todas as Lideranças pronunciaram-se a favor da importante iniciativa, embora ainda com discordâncias pontuais, como no caso da vedação de coligações no pleito proporcional, o que ensejou imediata reação das pequenas siglas, cuja sobrevivência tornar-se-ia precária, embora nas refregas majoritárias não haja ocorrido quaisquer alterações, preservando-se a norma vigorante.

No que concerne às listas preordenadas, como modalidade de evitar-se a despersonalização do voto, a proposição que se vai discutir aponta para o sistema belga como a fórmula ideal, sobrestando, dessa forma, protestos que se vinham escutando em relação à proposta inicial.

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Mais uma vez, entendo do meu dever, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores das galerias, reenfatizar que a deliberação terá que ocorrer, impreterivelmente, até 4 de outubro, em face do princípio da anterioridade, previsto em nossa Carta Magna.

Se desejamos que as novas normas passem a viger na pugna de outubro vindouro, é indispensável, é fundamental, é inarredável mesmo que se respeite o texto da Carta Magna, que nos cabe observar rigorosamente.

Se, em tempo razoável, chegamos a acolher a sugestão da ficha limpa, em 2010, não seria agora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que deixaríamos de complementar aquela salutar iniciativa, com alterações que tenham também por inspiração princípios éticos inafastáveis, como reclamam os segmentos conscientizados da sociedade civil organizada, através de órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil, por sua direção nacional.

Devemos, dessa forma, assegurar, desde agora, preferência regimental para essa polêmica matéria, dando lugar a que a discussão e a votação ocorram sem mais quaisquer protelações. Do contrário, a opinião pública repudiará a nossa negligência, a nossa desídia, Sr. Presidente. Ela não comporta intoleráveis adiamentos, como se registram em outras ocasiões, de maneira injustificável.

Há poucos instantes, quando o nobre Deputado do Maranhão, que representa nesta Casa o grande Município de Bacabal, discorria sobre a reforma política, levantei, num aparte com que deslustrei seu discurso, a tese de que, em oportunidades anteriores, esta Casa já havia feito a tentativa, por meio de dois projetos. No primeiro, em legislatura anterior, foi Relator o nobre Deputado João Almeida, da Bahia. Todos os seus esforços resultaram, infrutiferamente, numa negligência que alcançou o próprio Plenário, criando aquela indignação por parte de organismos políticos e, sobretudo, dos segmentos conscientizados da sociedade civil organizada.

Na Legislatura passada, o mesmo esforço foi despendido, e foi despendido realmente com vigor, com tenacidade, com persistência, para que chegássemos ao deslinde de uma questão que não pode continuar se arrastando indefinidamente pelo plenário, pelas Comissões, criando, enfim, desânimo para aqueles que acreditam nos representantes do povo com assento nesta Casa.

Eu ainda me lembro, Sr. Presidente, de que o então dirigente desta Casa, o nobre Deputado Arlindo Chinaglia, ouviu todas as Lideranças partidárias, que firmaram um requerimento de urgência para que a matéria fosse inserida na Ordem do Dia. O então Presidente Arlindo Chinaglia, em sintonia com todos os partidos, quer os da Oposição, quer os da base aliada, entendeu de pinçar uma das matérias

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polêmicas do projeto elaborado, para submetê-lo ao crivo decisivo e soberano do Plenário da Câmara dos Deputados. Refiro-me ao importante artigo que dizia respeito às listas preordenadas.

Havia praticamente a unanimidade. Nenhuma discrepância pública se apresentava naquele momento, Sr. Presidente. Os Líderes, harmoniosamente - Oposição e Governo -, deram-se as mãos para que construíssemos uma reforma política como vinha sendo exigida ardentemente por todos os segmentos da sociedade civil organizada.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, posso dizer, com desprazer para mim próprio, para a minha consciência, para o empenho, para o desejo persistente que assumi nesta Casa, com a tenacidade que me tornava até sacerdote dessa pregação, que tudo fiz para que viabilizássemos aquela iniciativa. Mas não, o Plenário rejeitou a lista preordenada. A partir daquele momento, dissiparam-se as esperanças que podiam remanescer ainda para garantir a aprovação da reforma política.

O Presidente Arlindo Chinaglia, então, com a sua sapiência, entendeu que, se não votássemos aquela proposição, se prosseguíssemos naquele feito, nós terminaríamos por enfrentar novos obstáculos intransponíveis, que invalidariam o esforço levado a cabo para que dotássemos o País de uma reforma política que, se não fosse a melhor, seria aquela que mais se ajustaria à conjuntura partidária do País. Não houve reforma política, nem em legislatura anterior, nem na passada.

Hoje, Sr. Presidente Luiz Couto, Sras. e Srs. Deputados, por maior que seja o empenho dos nossos Líderes, ainda remanesce no meu espírito a dúvida atroz de que não venhamos a ter, como tão ardorosamente desejamos, uma reforma compatível com a realidade do nosso País.

Eu diria mais, Sr. Presidente, nestes minutos ainda restantes do meu próprio tempo, diria que, no Governo que tantas vezes condenamos, no Governo que se instaurou no País a partir de 1965, no Governo do Presidente Castelo Branco, eles assumiram, naquela ocasião, o compromisso de promover uma reformulação da legislação eleitoral. E o que aconteceu? Mobilizaram juristas que assessoravam o então Chefe da Nação, o Ministro da Justiça e outras figuras preeminentes naquele momento no País e ofereceram ao Congresso Nacional três documentos básicos: o Estatuto dos Partidos, a Lei de Inelegibilidades e o Código Eleitoral.

Esses três documentos básicos, transformados em lei, representaram, naquele momento, o pensamento político das forças do arbítrio que se alçaram ao poder. Eu diria, portanto, que aquela experiência - eu não me negaria a destacá-la neste momento - foi válida, foi um roteiro para orientar as forças partidárias. Mas, lamentavelmente, depois de fluir

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esse tempo tão expressivo, nós nos mantivemos aqui virtualmente inertes, Sr. Presidente, sem capacidade de aglutinar pensamentos que se somassem e que se transformassem, então, na maioria desta Casa Legislativa.

Hoje, no momento em que ocupo este espaço de comunicações parlamentares, diria que resta realmente uma fagueira esperança, uma tênue esperança de que, já no mês de abril, cumpramos aquele compromisso de votar a reforma política, sim, e não permitir mais que qualquer procrastinação que desprestigie o Congresso Nacional nos atinja frontalmente e traga aquele sentimento de desânimo e de decepção diante dos segmentos conscientizados da sociedade civil.

É mais um apelo veemente. Diria mesmo, Sr. Presidente, que é um apelo candente que, do fundo d'alma, transmito neste momento, para que nós, como dizia há poucos instantes ao Deputado Zezéu Ribeiro, afinal nos unamos aqui homogeneamente. Vamos discutir as controvérsias, vamos buscar soluções alternativas, mas jamais desperdicemos esta grande oportunidade de legar ao País uma reforma eleitoral que vá ao encontro daquelas aspirações éticas que norteiam hoje o comportamento do eleitorado brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado. Sras. e Srs. Deputados.

O SR. PRESIDENTE (Alberto Filho) - Parabenizo o nobre Deputado Mauro Benevides, que, sempre com muita sapiência, discute temas relevantes nesta Casa e no Congresso Nacional.

Eu só tenho a agradecer o reforço deste tema tão importante: a reforma política. Eu tenho certeza de que, pelo compromisso assumido pelo nosso Presidente Henrique Eduardo Alves, ainda neste primeiro semestre esse tema vai ser discutido no plenário da Casa.

Documento 4/26

040.3.54.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

21/03/2013-09:10

Publ.: DCD - 22/03/2013

- 6228 CHICO LOPES-PCDOB -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES COMUNICAÇÕES DISCURSO

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Sumário

Manutenção de coligações partidárias no processo de reforma política.

O SR. CHICO LOPES (PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero fazer aqui um apelo aos partidos grandes desta Casa: que não votem, na reforma política, a perda do direito a fazer coligação.

Se isso não é proibido, qual motivo os partidos têm para proibir uma coisa que não é proibida?

Há partidos que pensam que são grandes e que nunca vão desaparecer. Estamos tendo um exemplo nesta Casa de um partido que já foi o maior da América Latina, do Ocidente, e que está com dificuldades porque a política no Brasil, por falta de partido que assuma a sua ideologia, cria dificuldades quando muda o Governo e quando muda o sistema.

Então, faço esse apelo a todos os partidos que têm essa ideia, porque há lugar no interior do Brasil onde não se faz nem um vereador com coligação, imaginem ele sozinho!

Documento 5/26

049.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

01/04/2013-14:06

Publ.: DCD - 02/04/2013

- 7344 ONOFRE SANTO AGOSTINI-PSD -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Reformulação do sistema político-eleitoral brasileiro.

O SR. ONOFRE SANTO AGOSTINI (PSD-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nos próximos dias 9 e 10 de abril, o Congresso Nacional vai se debruçar sobre a reforma política, a reforma eleitoral.

Segundo o Relator da reforma política, o ilustre Deputado Henrique

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Fontana, a matéria está em condições de ser apreciada pelo Congresso Nacional. Eu acho que é um momento histórico para o Congresso Nacional. O povo brasileiro não suporta mais o sistema eleitoral, não suporta mais a situação política que o Brasil vive. É corrupção de um lado, é confusão de outro, e o povo não aceita mais esse quadro com eleição a cada 2 anos. É um absurdo isso! E o Sr. Relator da matéria propõe que as eleições sejam, coincidentemente, num só período. Esse é um dos pontos da reforma em que eu acho que o nosso Relator tem toda razão.

Financiamento público também é um assunto de muita importância que o Relator propõe. Assim como o fim das coligações partidárias é outro ponto que o Sr. Relator tem trazido a contento.

Por isso, nós temos a certeza, Deputados, de que, nos dias 9 e 10, o Congresso Nacional ou a Câmara dos Deputados vai se debruçar para votar a reforma política, a reforma eleitoral. Não dá mais para adiar. O Brasil inteiro está atento a essa reforma política eleitoral. Tenho certeza de que o Relator, Deputado Henrique Fontana, tem feito um grande trabalho.

Portanto, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que, por gentileza, determine a publicação, nos Anais desta Casa, deste nosso pronunciamento que diz respeito à votação, pelo Congresso Nacional, da reforma política e da reforma eleitoral. Dessa forma, acredito que, de uma vez por todas, possamos modificar a situação política do Brasil.

Os brasileiros estão atentos, angustiados e ansiosos, e esta Casa precisa dar o exemplo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - O povo de Santa Catarina ficará feliz com a publicação do pronunciamento de V.Exa.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, passamos por um pleito eleitoral de grandes proporções sem que as principais distorções de nossa legislação eleitoral tenham sido previamente sanadas. Sou, por isso, praticamente obrigado a vir a esta tribuna para reafirmar a importância da reforma política.

Sei, é claro, que o aprimoramento do quadro legal que regula as eleições não é uma tarefa fácil. Além das dificuldades técnicas inerentes à tramitação legislativa de uma matéria de grande complexidade e amplitude, sobressaem as dificuldades políticas para

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formar maioria em uma área da legislação que afeta diretamente os interesses das agremiações partidárias e dos próprios Parlamentares. Todos estão conscientes de que um erro de avaliação aqui pode ter implicações perigosas para a manutenção do espaço político no futuro.

De qualquer maneira, tenho muita confiança na possibilidade de introduzirmos, ainda nesta legislatura, modificações importantes em nosso regime de representação política. Três razões me levam a ter essa confiança.

A primeira razão é que o Congresso Nacional se mostrou capaz, em décadas anteriores, de aprimorar o quadro legal que rege as eleições e o funcionamento dos partidos políticos. A Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, conhecida como Lei dos Partidos Políticos, produziu, na esteira das determinações da Constituição Federal de 1988, condições qualitativamente superiores para o exercício da liberdade de organização partidária entre nós, enquanto a Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, chamada Lei das Eleições, produziu uma base legal estável para a realização de pleitos eleitorais no Brasil. Não há, portanto, nenhuma razão para supor que inovações e avanços sejam impossíveis na legislação eleitoral e partidária.

A segunda razão para se confiar em que logo teremos avanços nessa área decorre da experiência que o conjunto dos Parlamentares vem acumulando em sucessivas disputas eleitorais. Não creio que exista um sequer entre nós que hoje não esteja convencido da necessidade de aprimorar as normas eleitorais. Afinal, cada pleito é uma lição a mais de que algo não está funcionando bem em nossas disputas eleitorais e partidárias.

A convicção de que a representação política não está em situação de total descalabro no Brasil é a terceira razão por que acredito que conseguiremos introduzir, em prazo relativamente curto, aperfeiçoamentos em nosso processo eleitoral. Não precisamos recomeçar a construção do regime representativo desde as bases. Algumas mudanças relativamente pontuais serão suficientes para reparar os problemas mais significativos das eleições brasileiras. Basta que nos concentremos nas soluções adequadas a esses problemas para que rapidamente se forme na Casa sólida maioria para tomar as decisões imprescindíveis nesses assuntos. Se essas decisões não vierem logo, no entanto, as distorções seguirão se acumulando e, aí sim, poderemos chegar rapidamente a uma situação de desgoverno absoluto.

Minha intenção é tratar, neste pronunciamento, das três inovações que considero mais importantes para produzirmos um salto de qualidade nos processos pelos quais a população do País escolhe seus representantes políticos. São elas: a proibição das coligações eleitorais em eleições proporcionais; a fixação das datas das eleições de

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maneira a fazer com que os mandatos eletivos comecem e terminem no mesmo período nos planos municipal, estadual e federal; e a adoção do financiamento público de campanhas.

Permita-me, Sr. Presidente, tratar desses três temas sucessivamente, para apontar os elementos mais importantes de cada um deles. Note-se, contudo, que o tratamento em separado não significa que eu não pense neles como iniciativas que apontam no mesmo sentido. Cada medida proposta é importante e benéfica em si mesma, mas é a soma delas que levará ao resultado final desejado.

Registro desde já minha intenção de terminar meu pronunciamento com uma referência ao tema das pesquisas eleitorais. À primeira vista, o tema nem parece dos mais relevantes. No entanto, a experiência recente mostra que as pesquisas são decisivas, no pior sentido, para definir o desenrolar dos processos eleitorais.

Começo pela proibição das coligações entre partidos nas eleições proporcionais. Trata-se, com toda certeza, de questão absolutamente madura para ser votada em plenário. Ao longo dos últimos 20 anos, pelo menos, nunca se ouviu falar de reforma política sem que as coligações fossem discutidas e, principalmente, denunciadas como um elemento espúrio do sistema eleitoral proporcional brasileiro. Tenho a convicção de que a regra atual permanece vigente apenas por fatores conjunturais, que impediram, em vários momentos, e pelos mais variados motivos, que fosse votada a extinção das coligações.

Trata-se de uma proposta relativamente simples, mas que, quando aprovada, terá efeitos positivos de grande magnitude sobre os processos eleitorais. Afinal, nosso principal problema nessa área segue sendo a incapacidade do sistema partidário brasileiro de proporcionar aos eleitores um leque de alternativas claras e consistentes na hora de votar. As coligações partidárias nas eleições proporcionais têm aumentado significativamente as ambiguidades do quadro com que se defronta o eleitor em cada pleito. A superação dessas ambiguidades será uma contribuição importante da mudança da norma que rege as coligações.

Ademais, como decorrência da clareza do quadro apresentado aos eleitores, também os resultados eleitorais serão muito mais claros. Cada partido finalmente elegerá candidatos em número compatível com os votos por ele obtidos. Aliás, é até difícil entender por que aceitamos que isso ainda não aconteça. Qual o sentido de um sistema eleitoral que distorce os resultados das eleições a tal ponto que muitos partidos obtêm lugares nas casas legislativas em proporção que não corresponde à dos votos recebidos?

Enfim, essa é a prioridade número um da reforma política. Uma mudança legal fácil de realizar, pois não exige emenda constitucional

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ou projeto de lei de complexa redação. Mas com efeitos positivos intensos.

Passo, agora, à segunda inovação legal que está a exigir nossa atenção imediata. Refiro-me à coincidência de eleições e mandatos nos planos municipal, estadual e nacional. O primeiro elemento a salientar é que, do ponto de vista da redação legislativa, essa mudança na legislação também é de fácil execução. Existem na Casa dezenas ou centenas de proposições que fornecem redações satisfatórias para a mudança da Constituição Federal destinada a fazer coincidir as eleições.

A única dificuldade real para a aprovação da proposta reside justamente no fato de que ela exige emenda constitucional para ser implantada. Isso implica, obviamente, na necessidade de uma maioria qualificada para sua aprovação - e maioria que se sustente por dois turnos de votação, tanto na Câmara como no Senado. O que nos dá segurança de que isso não impedirá a pronta aprovação da medida é a percepção de que estamos tratando de proposta que também já amadureceu na Casa.

Cada vez se ouvem menos vozes de oposição à coincidência de mandatos. Todos nos convencemos, na prática, de que tanto os Governos Municipais como os Estaduais perdem em solidez programática por terem de deparar-se, no meio dos mandatos dos governantes, com eleições que, embora realizadas em outras instâncias, afetam inevitavelmente sua capacidade de governar. É simplesmente impossível para um Prefeito não levar em consideração a eleição do Governador de seu Estado, pois ela é importante para o futuro de seu próprio Governo. E o mesmo acontece com os Governadores. Eles não podem deixar de se empenhar nas campanhas municipais, pois elas serão decisivas para determinar sua força política na segunda metade do mandato.

A coincidência dos mandatos de Prefeitos e Vereadores com os mandatos estaduais e federais dará maior estabilidade à administração pública em todos os níveis. Cada governante se sentirá à vontade para implantar o programa com que se apresentou ao eleitorado do começo ao fim, sem interferências espúrias no meio dos mandatos. Não se trata, por isso, de uma medida que produzirá consequências positivas sobre a representação política aos poucos. Imediatamente após sua adoção, já começaremos a sentir os efeitos sobre a administração dos Municípios, dos Estados e do País.

A terceira inovação a que precisamos nos dedicar imediatamente diz respeito ao financiamento das campanhas eleitorais. Do ponto de vista da redação das novas regras, essa é a proposta mais complexa das três que vim defender na tribuna. No entanto, ela é também a mais importante para o futuro de nosso regime representativo. Se há uma

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coisa que a experiência recente mostrou de maneira indiscutível é que a política está sendo asfixiada pelo dinheiro. É preciso, de um lado, garantir uma fonte alternativa de recursos para as campanhas eleitorais, que não pode submeter-se aos caprichos dos grandes financiadores privados; de outro lado, é preciso pura e simplesmente reduzir os gastos de campanha.

O financiamento público de campanhas resolve simultaneamente os dois problemas. O montante total dos gastos será definido pela própria lei que destine os recursos para as campanhas. Com o montante bem definido desde o início do processo eleitoral, ficará muito mais fácil controlar se algum candidato ou partido está gastando mais do que lhe cabe. Não há, ademais, nenhuma razão para se destinar uma quantidade exagerada de recursos às campanhas. Atualmente, os partidos e candidatos são estimulados a buscar sempre mais dinheiro, pois é isso que fazem seus adversários. Ele não pode ficar para trás. Se o adversário não puder buscar maiores recursos do que os que lhes são oficialmente destinados, a única preocupação de cada campanha será fazer o melhor uso dos recursos de que já dispõe desde o começo.

Por outro lado, ao cortar o vínculo com os financiadores privados de campanhas, o financiamento público criará um ambiente muito mais propício à administração voltada para os interesses e valores gerais da população. Em lugar de se preocupar preferencialmente com as demandas de grupos específicos, capazes de destinar recursos em grande quantidade para as campanhas, os governantes poderão concentrar suas atenções nas políticas de amplo significado social. Nesse caso, os efeitos benéficos sobre a gestão da coisa pública serão ainda mais imediatos e intensos que os da coincidência das eleições. Precisamos, pois, voltar toda nossa atenção para a rápida criação de consenso ao redor de uma proposta consistente de financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais.

Como já disse, Sr. Presidente, não quero terminar minha intervenção sem uma referência às pesquisas eleitorais. As eleições municipais do último outubro mostraram mais uma vez que as exigências legais em vigor para a elaboração e divulgação de pesquisas de intenção de votos não impedem seu uso abusivo, permitindo ou mesmo favorecendo a manipulação do processo eleitoral. Está cada vez mais claro que somente a proibição da divulgação de pesquisas nos meses anteriores ao pleito pode protegê-lo de influências espúrias.

É hora de superarmos uma interpretação equivocada do direito constitucional à informação. Direito à informação não é liberdade para se beneficiar da capacidade de produzir dados favoráveis a seus próprios interesses. Para o cidadão, a preservação do direito à informação consiste, no caso do processo eleitoral, justamente na proibição da realização e divulgação de pesquisas eleitorais. A

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informação consistente e verídica a que tem direito o cidadão é aquela obtida por meio da apuração dos votos.

As pesquisas eleitorais caminham em sentido contrário ao do financiamento público das campanhas, pois significam, exatamente, o predomínio da influência dos grandes financiadores privados no processo eleitoral.

Obrigado.

Documento 6/26

064.3.54.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/04/2013-10:28

Publ.: DCD - 12/04/2013 -

9721 ROSANE FERREIRA-PV -PR

CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA PELA ORDEM DISCURSO

Sumário

Realização da reforma política. Defesa de unificação do calendário eleitoral

brasileiro; do financiamento público de campanhas eleitorais e da proibição de

coligações partidárias nas eleições proporcionais. Dificuldades enfrentadas no

processo de alocação de recursos de emendas orçamentárias para os

Municípios brasileiros.

A SRA. ROSANE FERREIRA (Bloco/PV-PR. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente. Falarei muito rapidamente.

Assisti durante a semana, nesta Casa, a debates acalorados com relação à proposta de se iniciar uma reforma política e foi com profundo desapontamento que ouvi muitos discursos contra a concomitância de eleições, matéria que sempre defendi, desde o dia em que cheguei a esta Casa.

Hoje eu não tenho a menor dúvida, Deputado Júlio Campos, que me dá a responsabilidade e o prazer de ser ouvida por V.Exa. - eu não tenho nenhuma dúvida! -, de que estabelecer eleições gerais, eleger juntos de Prefeito a Presidente da República, de Vereadores a Senadores, vai ser o grande passo que daremos para ajustar este País rumo ao desenvolvimento.

No ano passado esta Casa parou, embora houvesse eleições municipais. Mais de 80 Deputadas e Deputados eram candidatos. Havia ainda os outros - quase 500 - envolvidos, de uma forma ou de

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outra, com as eleições. Eu mesma estive, no meu Estado, ajudando a eleger Vereadores e Prefeitos do Partido Verde. E as matérias aqui estacionaram. No ano que vem vai acontecer a mesma coisa, mas por conta dos nossos pleitos.

Neste momento, nós temos Prefeitos novos que chegaram, que estão ajustando as contas, que estão tomando pé da situação. Nós queremos ajudá-los, nós queremos levar as emendas, mas eles ainda nem tomaram pé dos seus Municípios, e nós ficamos impedidos. Sem contar as muitas emendas parlamentares que nós perdemos - perdemos! - porque Prefeitos não reeleitos deixaram as contas desacertadas para seus sucessores.

Quantas emendas V.Exas. perderam? Quantas emendas não foram publicadas nas últimas semanas, nesta Casa, porque o Prefeito não tinha mais interesse em ajudar o seu Município por não ter sido reeleito ou por não ter reelegido seu sucessor?

Nós precisamos ajustar. Nós precisamos caminhar todos juntos. Não precisa ser no mesmo dia, isso vai ser confuso. Podemos ajustar; pode haver uma diferença de 45 dias: fazemos primeiro as eleições para Deputados, Senadores, Presidente da República e, 45 dias depois, elegemos os representantes dos Municípios.

Mas o importante é que possamos ajustar orçamentos e que possamos administrar este País como um todo.

O teor do meu pronunciamento é nesse sentido. São três páginas que vou dar como lidas, Sr. Presidente, e que mostram pari passu as dificuldades que nossos gabinetes passam para fazer com que os recursos cheguem lá onde os senhores moram, cheguem lá nas cidades; as dificuldades que temos para levar um pouco de dignidade para as nossas cidades.

Eu não tenho dúvida de que, se pudermos trabalhar todos juntos, será muito mais fácil.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, mais uma vez a tentativa de iniciar uma reforma política entra na agenda de discussões da Câmara Federal e, lamentavelmente, não encontra terreno para prosperar.

Entre todas as propostas elencadas pela Comissão Especial

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constituída para debater a reforma política, da qual participei ativamente nos seminários, debates e discussões, destaco a que trata da concomitância das eleições, a meu ver, fundamental para aprimorar a democracia brasileira.

A experiência que vivenciei nesta virada de ano, com a execução das emendas orçamentárias coincidindo com a eleição e posse de novos Prefeitos, serviu para reforçar ainda mais a minha convicção acerca da necessidade da concomitância das eleições, que sempre defendi nesta Casa.

A mudança dos Prefeitos, em 1º de janeiro, infelizmente, causou prejuízos a milhares de brasileiros, que poderiam ter-se beneficiado das benfeitorias proporcionadas por emendas orçamentárias ou demandas voluntárias. Esses recursos não chegarão aos Municípios porque os Prefeitos que encerraram seus mandatos não cumpriram todas as exigências do processo. E os novos que assumiram, na maioria dos casos, ainda não dominam os meandros da máquina administrativa o suficiente para assegurar a aplicação dos recursos.

Bem sabemos que a emenda orçamentária é um instrumento valioso de que nós, Parlamentares, dispomos para melhorar a vida das pessoas. Com a apresentação dessas emendas ao Orçamento da União é desencadeado um processo que demanda tempo, mão de obra e recursos materiais e financeiros até o dinheiro chegar ao Município.

Sancionada a Lei Orçamentária, no ano seguinte à apresentação das nossas emendas, os Parlamentares comunicam aos Ministros quais cidades, Estado ou entidades filantrópicas - por exemplo, uma Santa Casa - serão beneficiados com os recursos financeiros, que vão se transformar em hospitais, ginásios esportivos, pavimentação de ruas, saneamento e outras ações.

Na sequência, solicitamos aos gestores que apresentem os projetos, que, hoje, com a informatização, são cadastrados na Internet, via Portal de Convênios do Governo Federal - SICONV, ou nos portais do MEC e do Ministério da Saúde. Diariamente, depois de cadastradas e enviadas as propostas, nossa assessoria realiza um levantamento para verificar se há pedido do Ministério de correções, adequações ou juntada de documentação. Quando há necessidade de ajustes, os encarregados dos projetos nas Prefeituras são comunicados.

Esse procedimento é repetido inúmeras vezes, até que sejam aprovados, dentro dos Ministérios, os projetos. Concomitantemente, ocorre a nossa peregrinação aos Ministérios, à Secretaria de Relações Institucionais e à Casa Civil da Presidência da República para assegurar junto ao Governo Federal que nossas indicações sejam executadas.

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Repete-se uma tradição no País, que não é boa, de acúmulo de trabalho no mês de dezembro, no limite do prazo para determinados procedimentos. Envolvem-se os Ministérios, a Caixa Econômica Federal, a Imprensa Oficial, as Prefeituras, os Governos Estaduais, as instituições filantrópicas e os gabinetes parlamentares. Os Ministérios têm que dar conta da tarefa, em nível nacional, com data estabelecida em normas, para a conclusão de parte do trâmite. Excepcionalmente, o trabalho avança janeiro, a exemplo deste ano de 2013, cujos convênios ou contratos puderam ser publicados até o dia 18.

Esse é um processo que se fragiliza em um País tão grande, com milhares de Municípios e, consequentemente, uma infinidade de demandas. Diante dessa realidade, nossas indicações estão sujeitas a prejuízos, mesmo quando o processo está correto. Em algumas situações, não há tempo para o registro de empenho. Em outras, há falhas no processo do convênio e publicação.

Neste mês de março, houve a publicação de um convênio devido a uma falha nos órgãos envolvidos. O Ministério alegou não ter formalizado o convênio devido à inadimplência da Prefeitura. Porém, a Prefeitura estava em dia com todas as contas, bem como com o recolhimento de impostos e com publicações, o que levou ao procedimento intempestivo.

Quando há troca de Prefeitos, o prejuízo é ainda maior, pois toda uma engrenagem é rompida. Quebra-se um vínculo de pessoas - da equipe do Prefeito, da equipe dos Parlamentares e dos técnicos nos Ministérios - envolvidas no processo.

Registro várias situações ocorridas em Municípios onde houve renovação de gestores: houve Prefeitos que não quiseram deixar para os sucessores os recursos, não assinando os contratos e convênios. Outros, simplesmente, via ofício, devolveram ao Parlamentar a emenda. Como essas ocorrências aconteceram nos últimos dias de dezembro, não houve mais tempo para o redirecionamento dos recursos, pois isso implicaria a apresentação, análise e aprovação de proposta, bem como empenho e demais procedimentos.

Houve casos em que, para a execução da emenda, havia a necessidade de pequenos ajustes nos projetos, que não puderam ser realizados porque não havia mais funcionários habilitados na Prefeitura. Em muitas situações, uma pequena correção no projeto ou uma providência teria assegurado uma benfeitoria para o Município. Ministérios, Caixa Econômica Federal e gabinetes parlamentares fazem contato com a Prefeitura para cobrar a providência. Quando há alguém para atender ao telefone, não há ninguém para fazer os reparos.

Outro impedimento para a execução de nossas emendas é a situação

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de inadimplência das Prefeituras ao final de algumas gestões. Impostos deixam de ser recolhidos; relatórios, de ser publicados. Novamente, perda do dinheiro.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma situação que merece observação é a ausência de uma equipe de transição nos Municípios - salvo exceções, claro. Vários Prefeitos têm chegado ao mandato sem conhecimento da situação do Município. Não sabem de suas contas. Desconhecem os recursos assegurados, necessitando de providências a serem tomadas de imediato.

Além do mais, no atual sistema, com eleições ocorrendo de 2 em 2 anos, durante os 90 dias que antecedem a eleição a legislação impede que os gestores recebam recursos financeiros, exceto quando as obras já tiverem sido iniciadas. Ou seja, por 90 dias, a cada 2 anos, há o impedimento de repasse financeiro, o que representa um atraso enorme para a conclusão das obras, muitas vezes essenciais para nossas cidades, nossos Estados e para o País.

Esses danos ao nosso desenvolvimento não mais existirão caso tenhamos eleições acontecendo ao mesmo tempo. Os Parlamentares, em Brasília e nos Estados, assumiriam junto com os Prefeitos e também com o Presidente da República, com Governadores e com Vereadores, naturalmente. Deputados e Prefeitos trabalhariam em conjunto, desde o início de seus mandatos, levantando as necessidades da localidade. Buscariam recursos via emenda orçamentária ou demanda voluntária, cujo processo é o mesmo. Haveria tempo, no primeiro ano do mandato dos Prefeitos, para um reconhecimento do trabalho, que envolve, entre outras frentes, o treinamento de pessoal para apresentação de projetos e a intimidade com os diversos portais do Governo Federal na Internet, bem como o conhecimento das ações disponíveis em cada Ministério e o controle de contas.

A concomitância de mandatos propiciaria ainda um entrosamento das equipes dos Prefeitos e Deputados, com a tendência de se fortalecer ano a ano, gerando, portanto, fluidez nos diversos processos.

Por essas razões, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, é que precisamos aprovar uma reforma política de verdade, iniciando com eleições gerais para todos os cargos, financiamento público de campanha e fim das coligações para as eleições proporcionais, entre outras medidas.

Somente desta forma daremos à sociedade a resposta que ela tanto nos cobra: um Parlamento comprometido com os interesses da população, com transparência e ética na prática política.

Peço que o presente pronunciamento seja divulgado no programa A

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Voz do Brasil.

Documento 7/26

189.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

01/07/2013-15:21

Publ.: DCD - 02/07/2013 -

27299 RICARDO BERZOINI-PT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Apoio às recentes manifestações de trabalhadores e estudantes no País.

Repúdio à infiltração, em mobilizações populares, de indivíduos com o

objetivo de desestabilização de instituições públicas. Atuação da Casa em

consonância com as demandas sociais. Realização da reforma política.

Reexame do rito de tramitação de proposições na Câmara dos Deputados e no

Senado Federal. Acerto do posicionamento da Presidenta Dilma Rousseff a

favor da convocação de plebiscito sobre a reforma política. Revisão da política

tributária brasileira e do pacto federativo. Incoerência entre o discurso do

Poder Judiciário e decisões intestinas da instituição.

O SR. RICARDO BERZOINI (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Luiz Couto, que dirige a sessão com competência e qualidade, meus cumprimentos.

Também é um prazer falar diante do Senador e Deputado Mauro Benevides, que foi Presidente do Congresso Nacional à época de outra grande mobilização.

Deputado Benevides, V.Exa. foi Presidente do Congresso quando aconteceu outra grande mobilização, relacionada ao impeachment do então Presidente Collor. À época, eu era sindicalista e vinha ao Senado Federal entregar um conjunto de denúncias de irregularidades que ocorriam no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. Certamente sua experiência só qualifica esta Casa no debate político.

Sr. Presidente, Deputada Benedita, Deputado Mauro Benevides, a mobilização popular que tomou conta das ruas do Brasil nas últimas semanas, como eu disse desta tribuna há 2 semanas, é bem-vinda. A

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percepção do cidadão de que pode interferir na política por meio de manifestação democrática é algo extraordinário e que só me alegra, porque essa é a essência do Partido dos Trabalhadores. Mas é, antes de tudo, a essência da democracia a necessidade de fazer de cada homem e de cada mulher agentes de sua história, participantes do processo político de seu país, para construírem efetivamente uma democracia, para que não se reduza ao ato de votar, seja essencialmente o campo para se participar de sindicatos, de associações, até mesmo participar de reuniões de condomínio, de que muita gente se omite, e depois reclama, quando recebe a ata em seu apartamento ou em sua casa.

A participação revela o desejo de um povo de construir um futuro muito melhor do que o que existe. E é preciso, neste momento, haver serenidade para se fazer a interpretação. É verdade que largos setores das ruas têm compromisso e desejo de democracia, mas é preciso perceber que alguns entraram na mobilização para tentar fazer a apologia da não democracia, a apologia da desestabilização das instituições, tentando criticar o Congresso Nacional, como se o Congresso Nacional não fizesse nada.

Eu sei que, muitas vezes, as publicações do nosso País, a mídia eletrônica e a mídia impressa passam só o lado negativo do Congresso Nacional. Eu tive a paciência, Deputada Benedita, de fazer uma consulta sobre quais foram as leis aprovadas nos últimos 3 anos nesta Casa. E fiquei não surpreendido, pois sou membro desta Casa, mas feliz, por confirmar aquela que era a minha percepção. Esta Casa produz cotidianamente trabalho de qualidade e legisla com compromisso nacional na maioria dos casos. É claro que, como qualquer entidade, qualquer instituição, qualquer conjunto de homens e mulheres, às vezes erra, às vezes retrocede em questões fundamentais para o nosso País. Mas esta Casa trabalha muito.

No entanto, há uma percepção da população de que o sistema político brasileiro não a representa de maneira adequada. Alguns dizem: "Não nos representam". Não sou daqueles que acreditam nisso. Eu acho que esta Casa representa a sociedade brasileira.

Mas, entre representar tudo e não representar nada, há uma grande distância, há muitas nuances, há diversas possibilidades. Muitas vezes esta Casa é muito lenta, muito burocrática. O nosso Regimento Interno é um regimento para quem gosta de burocracia. Possibilita inúmeros requerimentos para se fazer uma obstrução de fachada, obstrução que não impede a maioria de governar, mas que dificulta o processamento de matérias importantes que poderiam, naquele espaço de tempo, estar sendo examinadas pelos Deputados. Quantas vezes ficamos aqui de madrugada? Ficamos até 2 horas da manhã, 3 horas da manhã, 4 horas da manhã, votando temas importantes, mas é um tempo exagerado, que nos acaba consumindo em termos de energia e de

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paciência quanto à apreciação de outras relevantes matérias.

Nesse sentido, Sra. Presidente, Deputado Mauro Benevides, nós temos hoje que nos debruçar sobre uma reforma política que não se esgote nos temas centrais que são colocados a cada tentativa. Eu sou defensor do financiamento público de campanha, mas admito o financiamento de pessoa física, com valores moderados, com valores módicos. Eu sou defensor do voto em lista, mas admito um sistema como o distrital misto, que possibilita o voto nominal junto com o fortalecimento dos programas partidários. Eu sou a favor do fim das coligações proporcionais, mas admito que haja a qualificação das coligações proporcionais. Sou a favor principalmente de que expandamos esse leque, para discutirmos outras questões importantes. Por exemplo, faz sentido, no século XXI, haver mandato de 8 anos para Senador? Conferir a um cidadão 8 anos para permanecer no cargo sem que se faça a checagem da sua representatividade política?

O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, Deputado Ricardo Berzoini?

O SR. RICARDO BERZOINI - Deputado Mauro Benevides, é um imenso prazer ouvi-lo.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Berzoini, V.Exa. tece considerações em torno da reforma política, mostrando aqui e ali o seu pensamento sobre temas que têm sido abordados seguidamente nesta Casa, sem que tenhamos conseguido apresentar um projeto perfeito e acabado, em condições de ser assimilado pelos Deputados. Veja V.Exa. que houve uma comissão na Legislatura anterior à última, e o Relator foi o Deputado João Almeida, da Bahia. Elaboramos um projeto, aprovado com a discrepância de 2 ou 3 votos. Na Legislatura passada chegamos a aprontar outro projeto, cuja aceitação, a meu entendimento, poderia ser até indiscrepante neste plenário. Mas, quando o Presidente Arlindo Chinaglia selecionou uma das matérias - talvez a mais polêmica, a da lista preordenada - e a submeteu, com o apoio de todas as Lideranças, à decisão deste Plenário, V.Exa., que aqui já estava, sentiu que a votação resultou surpreendentemente desfavorável àquela matéria, por 32 votos. Os Líderes ficaram atônitos, porque eles haviam assinado o requerimento de urgência, mas houve como que uma incompreensão relativamente ao tema que havia sido delineado no projeto do Deputado Ronaldo Caiado. Portanto, V.Exa. veja que, quando se pensa, em determinado momento, que há uma aceitação indiscrepante, aqui e ali surgem vozes discordantes, porque essa temática é complexa. Vamos ver se encontramos nas próximas horas, independente até mesmo da consulta plebiscitária, algo que possa significar consensualmente o pensamento deste Plenário, na heterogeneidade de suas bancadas. Cumprimento V.Exa. pela abordagem oportuna da reforma política, que está no cotidiano das

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nossas discussões.

O SR. RICARDO BERZOINI - V.Exa. tem razão, Deputado Mauro Benevides, muitas vezes a dificuldade de se encontrar um denominador comum quanto a esse tema chega a desanimar aqueles que estão trabalhando para que ele seja bem-sucedido.

No entanto, eu diria - tenho dito isso já há algum tempo, há alguns meses, e não apenas agora, quando ocorrem essas manifestações - que não existe tema mais importante do que o estabelecimento do financiamento de campanha, que afaste o capital privado, os interesses empresariais do financiamento das campanhas. Nós sabemos que as campanhas recentes, lamentavelmente, têm-se transformado em caríssimas campanhas em que há pouca transparência nos gastos, já que cada candidato pode gastar da maneira que bem desejar o dinheiro arrecadado; há pouca transparência sobre a arrecadação, já que os doadores podem doar ao partido, e o partido faz o repasse para cada candidato; há principalmente a sensação geral de que nós somos, de certa forma tal qual um time de futebol ou um piloto de Fórmula 1, patrocinados por grandes organizações e de que com elas teríamos compromissos inconfessáveis perante o povo brasileiro.

Eu acredito que a maioria dos Parlamentares desta Casa e do Senado não tem esse tipo de comportamento, mas a imagem fica, Presidente Benedita, porque, quando surge denúncia da participação de empreiteira num processo irregular, verifica-se, em primeiro lugar, quais foram os Parlamentares que receberam doações daquela empreiteira. Mesmo que não tenham nada a ver com aquele assunto, mesmo que não tenham passado sequer perto da obra, fica a imagem de que aqueles Deputados têm algum tipo de atuação a favor da suposta irregularidade.

Mais do que isso, é importante para o povo brasileiro saber que as campanhas eleitorais não serão um festival de gastos escandalosos, gastos opulentos, gastos que muitas vezes ferem a sensibilidade do eleitor, que vê muitos carros de som na rua, muito material luxuoso, muita gente contratada para fazer campanha.

Aliás, a contratação de cabos eleitorais, Presidenta Benedita, hoje está flertando com a compra de voto. Pelo número de cabos eleitorais que são contratados em muitas campanhas, as pessoas dizem: "Na verdade, isso não é contratação de cabo eleitoral, isso é compra de voto". Não quero entrar no mérito, se é verdade ou não, quero entrar no âmago do assunto, que é discutir como se faz campanha eleitoral num país como o Brasil, numa democracia recente que se constrói a cada dia.

Como este Plenário delibera sobre os temas mais importantes do País - marco regulatório da infraestrutura em vários níveis, tributação sobre

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empresas, contratos relacionados a gastos públicos -, é óbvio que, se não tivermos o cuidado de pensar em como descontaminar a relação entre representantes do povo e empresários, este Parlamento, o conjunto da política brasileira (refiro-me também aos Prefeitos, aos Governadores, ao Presidente da República) ficará cada vez mais sujeito a interpretações que ferem a nossa dignidade e a nossa capacidade de bem representar o povo brasileiro.

Considero importante avançar em outros temas. No que se refere à questão do Senado Federal, hoje ninguém mais admite que possam existir mandatos de 8 anos. Em 8 anos muda a conjuntura, em 8 anos muda a tecnologia, em 8 anos muda a percepção do povo. E uma pessoa que se elegeu 8 anos atrás vota em nome do povo.

Temos que acabar imediatamente com a figura do suplente de Senador, que virou, em muitos casos, uma espécie de financiador da campanha, com a expectativa de exercer o mandato por 6 meses, por 8 meses, por 1 ano.

Nós temos que acabar urgentemente com a lentidão na tramitação das propostas legislativas. Na Câmara e no Senado, há bons projetos que precisam ser aplicados com urgência. Ficam à espera, no entanto, durante 1 ano, 2 anos, 3 anos, como o Estatuto do Idoso, que aguardou mais de 10 anos para ser aprovado, em parte porque o Governo anterior ao do Presidente Lula não queria que fosse aprovado, em parte porque a obstrução, em vez de ser exceção, virou regra. A Minoria - digo isto com tranquilidade, porque entrei nesta Casa como Minoria e assim fiquei por 4 anos - vira Maioria e impede que se faça aquilo que foi aprovado pelas urnas.

Estou convencido, portanto, de que esse tema da reforma política é fundamental.

A Presidenta Dilma acertou quando propôs a convocação de um plebiscito. Sabemos que há uma dificuldade operacional, vamos ter que pensar num prazo para podermos promover a discussão popular e depois a tradução em lei, nesta Casa e no Senado, daquilo que for aprovado pelo povo. Talvez tenhamos que fazer uma emenda à Constituição relacionada, nesse processo, à desconsideração plena da antecedência de 1 ano para a aplicação das leis.

Mas, de qualquer maneira, a Presidenta acertou, porque, por ocasião de manifestação nas ruas, ela propôs que o povo continuasse se manifestando, propôs que o povo compareça para decidir em relação às questões que forem aprovadas por esta Casa quanto a um plebiscito. Assim vão declarar se querem dinheiro privado ou não nas campanhas eleitorais; se querem que haja voto em lista, distrital, distrital misto, distritão ou a forma atual; se querem continuar com coligações partidárias proporcionais, que são absolutamente

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oportunistas, ou se querem um processo, por exemplo, de federação de partidos, que tenham que permanecer, durante toda a legislatura, irmanados de maneira orgânica, para que possamos ter um sistema político que preserve efetivamente e preze os seus compromissos com o voto do eleitor.

Ouço o aparte do Deputado Luiz Couto, para que S.Exa. possa participar deste debate.

O Sr. Luiz Couto - Deputado Berzoini, em primeiro lugar, quero parabenizá-lo pelo pronunciamento. V.Exa. destaca a importância da reforma política e também a responsabilidade do próprio Congresso Nacional pela sua não aprovação. Teve três oportunidades para votar uma reforma política, que ainda não era a reforma política que nós queríamos. V.Exa. cita uma série de elementos importantes para a reforma política, como a questão do Senado, a redução de 4 ou 5 anos para todos, acabando com a reeleição, estabelecendo período de 5 anos para o mandato, sem reeleição. É possível fazer isso aqui. Mas também é importante V.Exa. ter complementado aquilo que o Deputado Henrique Fontana, no Pequeno Expediente, disse sobre a proposta do plebiscito. Acho que há outros elementos que podem constar na questão do plebiscito, e V.Exa. já apresenta quais seriam esses elementos. Parabéns pelo pronunciamento. Tenho certeza de que esta Casa tem que fazer isso sim. A pressão popular é fundamental. No momento em que houve pressão popular aqui, em apenas 1 dia votamos três projetos que não seriam votados se não tivesse havido essa pressão. Parabéns a V.Exa. pelo pronunciamento.

O SR. RICARDO BERZOINI - Obrigado, Deputado Luiz Couto.

Ainda em relação à reforma política, quero abordar o tema da participação das mulheres no Parlamento. Nesta Casa, no Senado Federal, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais, com raras exceções, há sub-representação feminina. E essa não é uma questão menor. As mulheres têm pontos de vista a respeito de questões de representação que merecem uma proteção sob o aspecto da Lei Eleitoral, para que possamos superar um desequilíbrio que tem raízes históricas.

Há igualmente um desequilíbrio em relação aos negros, que também são sub-representados nesta Casa, nas Assembleias e nas Câmaras, e em relação aos jovens. Evidentemente, o poder econômico e o poder político se concentram naqueles que são brancos, naqueles que são homens e naqueles que são não tão jovens.

Essa é uma questão fundamental, que tem de ser observada de maneira madura pela sociedade brasileira. O Parlamento tem que ter mais diversidade, tem que ter maior capacidade de representação dos diversos segmentos do povo.

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No momento, talvez ainda não tenhamos amadurecido a representação de cotas étnico-raciais, como o PT já aprovou, pelos seus diretórios nacional, estaduais e municipais, mas creio que já há maturidade suficiente para votarmos a questão da representação das mulheres. E essa é uma questão muito cara ao Partido dos Trabalhadores, porque, desde a sua fundação, o Partido dos Trabalhadores vem defendendo que a mulher tem que ter não apenas um incentivo, mas regras de acesso privilegiadas para a participação na política. Não se trata de privilégio, mas de compensação à discriminação de que sempre foram objeto no País, que há pouco mais de 60 anos estabeleceu o direito de voto da mulher, e ainda tem uma postura preconceituosa em relação a várias questões femininas.

Ouço o aparte do Deputado Bohn Gass, com muita alegria.

O Sr. Bohn Gass - Deputado Berzoini, agradeço a concessão do aparte e o parabenizo pelo pronunciamento. Sobre este ponto, o da participação da mulher, nós avançamos, no sentido de estabelecer na legislação que deve haver ao menos 30% de candidaturas femininas. Talvez seja uma boa sugestão, Deputado Berzoini, incluirmos no plebiscito - o grande tema que queremos debater com a sociedade - que a população se manifeste a respeito disso. Há necessidade não apenas de percentual de candidaturas de mulheres, mas de efetiva representação feminina. Refiro-me à eleição propriamente dita. Eu acho que esse é um tema fundamental. A lei avançou quanto a percentual de candidatas, mas ela deve avançar, no caso das mulheres, relativamente à composição mínima, nesta Casa e em todos os outros Parlamentos.

O SR. RICARDO BERZOINI - Sem dúvida, Deputado Bohn Gass, esse é um tema fundamental.

Eu queria avançar dizendo que as ruas certamente não estão se manifestando apenas por uma reforma política. O povo brasileiro em geral, inclusive aquele que não foi às ruas, não está se manifestando apenas por uma reforma política. E o Governo da Presidenta Dilma e o Parlamento têm que tomar o cuidado de não passar a ideia de que somente essa questão poderia minimizar a insatisfação de parcelas do povo brasileiro.

Eu chamo a atenção para isso porque nós estamos concluindo 10 anos - já se inicia o 11º ano - de um Governo que realizou muito em termos de geração de empregos, em termos de ampliação da renda dos trabalhadores, em termos de investimentos em infraestrutura. Mas o nosso País estava muito atrasado em muitas questões, e hoje a população percebeu que pode ter emprego e renda, não aceita mais ir a um posto de saúde e ser tratada com desdém pelos funcionários. Ou os funcionários não aceitam mais trabalhar de maneira absurda, por falta de servidores em número suficiente para cumprir a obrigação com

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o povo. Hoje o professor não aceita mais ganhar um salário de fome, assim como os pais e os alunos não aceitam mais uma educação de baixa qualidade.

Agora, para discutir esse assunto, Deputado, nós não poderemos certamente ficar na superfície dos meios de comunicação. Então, temos que fazer o aprofundamento. Consideremos a estrutura tributária. Vejamos o caso dos Estados Unidos. Eu poderia citar como exemplo a Europa, mas a socialdemocracia está presente em vários países europeus e se poderia dizer que essa proposta é esquerdista. Não. Os Estados Unidos da América tributam mais a alta renda. Não é a renda salarial, não, que também é tributada, é a renda da especulação financeira, é a renda dos grandes empresários, é a propriedade - não a propriedade pequena, uma casa para morar, duas ou três casas para alugar -, a grande propriedade especulativa e a grande propriedade não especulativa, a que é extremamente elevada em relação à média da sociedade. Tributa principalmente os lucros que passam da média.

No Brasil, nós temos quatro faixas de tributação para o Imposto de Renda Pessoa Física, mas temos apenas duas faixas de tributação para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica. A progressividade é mínima. Então, setores com lucros altíssimos não têm tributação correspondente, até porque podem deduzir inúmeras despesas, como parte de despesas operacionais, não têm essa tributação.

Não haverá dinheiro para a saúde, não haverá dinheiro para a educação, por mais que se combata a corrupção, por mais que se cortem despesas de atividades-meio de Estado, não haverá dinheiro em quantidade suficiente se o Brasil não tiver uma política tributária mais justa.

É preciso discutir também a reforma do pacto federativo, porque o Brasil é uma Federação muito desequilibrada em termos de densidade populacional e em termos de renda per capita. Precisamos fazer uma revisão do pacto federativo, rediscuti-lo com clareza, para que o eleitor possa cobrar do Governo Federal o que é do Governo Federal, do Governo Estadual o que é do Governo Estadual, dos Municípios o que é das pequenas comunidades, para que possamos saber exatamente quem está falhando e quem está acertando.

Hoje, o sistema político brasileiro é de difícil visibilidade para o eleitor, para o contribuinte, para aquele que precisa julgar se deve votar em A, B ou C. O sistema político brasileiro precisa ter maior nitidez, para que o cidadão comum possa avaliar quais são as propostas, quais são os candidatos, quais são os eleitos, quais são aqueles que traem a confiança do povo e aqueles que merecem a confiança da população.

Ouço o aparte do Deputado Paes Landim, que pode contribuir muito,

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com sua experiência, para o nosso debate.

O Sr. Paes Landim - Eminente colega, eu não alcancei todo o seu discurso, somente metade dele, com cujos termos genericamente concordo. Quero apenas dizer a V.Exa., um dos maiores Parlamentares desta Casa, do respeito que tenho por V.Exa., sobretudo porque, quando foi Ministro do Trabalho e da Previdência Social no Governo do Presidente Lula, V.Exa. recebia os Parlamentares com lhaneza, mesmo dizendo, na maioria das vezes: "Não, não é possível resolver". Ressalto a sua lhaneza e a sua rapidez ao nos conceder audiências. Foi um grande Ministro, competente, muito lhano, muito educado com seus colegas. Hoje, às vezes, meu caro Deputado, há colegas do partido de V.Exa. a quem há 3 meses peço audiência, e não consigo. Fico imaginando por que não há novos velhos líderes neste Governo? V.Exa. é competente e leal ao PT. Talvez uma das mais fortes convicções doutrinárias no partido seja a de V.Exa. Por isso deveria estar nas grandes Secretarias de Estado. Parabenizo V.Exa. pelo pronunciamento. Em vez de discordarmos de V.Exa., devemos respeitá-lo pelo seu passado, pela sua postura política, pelas suas convicções, mas, acima de tudo, pela lhaneza com que trata os contrários. Muito obrigado, meu caro Deputado Berzoini, pela atenção.

O SR. RICARDO BERZOINI - Obrigado, Deputado Paes Landim. Se isto serve de consolo, quero dizer que eu, que sou ex-Presidente do Partido dos Trabalhadores e ex-Ministro, também aguardo audiências há 3 meses com alguns Ministros do meu partido e de outros partidos. Sei que quem está no Poder Executivo precisa, muitas vezes, lembrar-se da importância do Parlamento e da representatividade que tem o Parlamento.

Eu tenho, de fato, a alegria de, quando voltei para esta Casa, assim que saí do Ministério para assumir a direção do meu partido, ter sido recebido pelos colegas, inclusive da Oposição, de braços abertos. Foi o reconhecimento de que nós tínhamos mantido diálogo saudável e, principalmente, a transparência nos Ministérios em que atuamos.

Para concluir, porque meu tempo está se esgotando, eu queria dizer que este é um momento muito importante para o País, um momento muito importante para a democracia. O que pudermos fazer daqui para frente para valorizar a participação popular, o que entendermos ser necessário para isso nós faremos.

Nesse sentido, eu acho que não é só o Poder Executivo e o Poder Legislativo que estão sendo questionados. Eu ouvi pronunciamento do Deputado Edinho Bez, que disse que recentemente houve decisão do Conselho Nacional de Justiça - eu tinha tomado ciência dessa notícia pela Internet -, que aprovou o pagamento retroativo de auxílio-alimentação desde 2004, o que atinge mais de 100 milhões de reais.

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Eu percebo, nesse tipo de decisão, a falta de sintonia total com a população. Esta Casa, às vezes, exagera na maneira de proceder na questão administrativa. Eu acho que o Poder Judiciário também precisa de uma supervisão mais adequada. Há muito discurso moralista que vem do Poder Judiciário e, às vezes, pouca atenção à moral, para que haja um tratamento adequado das questões administrativas no Poder Judiciário. Esse é um exemplo claro que não pode ser contestado. A resistência do Poder Judiciário quando tramitou aqui a proposta relativa à Emenda Constitucional nº 45, para que o Conselho Nacional de Justiça tivesse mais representação da sociedade, é um exemplo disso.

Eu acho que esta Casa precisa encontrar mecanismos para favorecer maior participação popular. Ela é a mais aberta de todas, é aquela em que as pessoas vêm protestar, fazer barulho, contestar, e dar apoio também. Apesar disso, ela precisa encontrar mecanismos mais eficazes nesse sentido, como, por exemplo, facilitar a apresentação de projetos de iniciativa popular; incluir as propostas de emenda constitucional entre aquelas proposições que podem ser de iniciativa popular; tratar algumas questões com maior atenção ao que pensa a opinião pública.

Fundamentalmente o Poder Judiciário e o Poder Executivo precisam estar mais sensíveis ao que diz a população. Esta Casa recebe milhares de pessoas por semana para tratar dos mais variados assuntos.

Quero reiterar o meu apoio à Presidenta Dilma Rousseff, que propôs um plebiscito para ouvir a voz do povo sobre os temas da reforma política.

Proponho que esta Casa se debruce sobre isso e que possa elaborar um conjunto de perguntas que permitam ao povo se manifestar com fácil entendimento, principalmente com objetividade.

O povo brasileiro cobra maior participação política. Que bom! É por isso que nós podemos avançar mais e superar alguns obstáculos que paralisam a nossa democracia.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

Documento 8/26

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199.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

08/07/2013-16:33

Publ.: DCD - 09/07/2013 -

29516 VALMIR ASSUNÇÃO-PT -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM DISCURSO

Sumário

Desoneração do transporte público. Importância da transparência na elaboração

de planilhas de custos do setor. Lançamento, pela Presidenta Dilma Rousseff,

do Pacto Nacional pela Saúde - Mais Hospitais e Unidades de Saúde, Mais

Médicos e Mais Formação. Realização da 36ª Romaria da Terra e das Águas

sob o tema "Que sociedade temos, que sociedade queremos?", no Município de

Bom Jesus da Lapa, Estado da Bahia. Lançamento pela Presidenta da

República do Plano Safra do Semiárido, em Salvador. Aquisição, pelo Governo

Federal, de retroescavadeiras e motoniveladoras para municipalidades baianas,

bem como de ônibus escolares no âmbito do Programa Caminho da Escola.

Homenagem póstuma ao motorista Railton Oliveira Santos. Apoio à realização

de plebiscito sobre a reforma política, proposto pela Presidente Dilma

Rousseff. Necessidade de ações do Governo Federal em prol das áreas de

educação, saúde, segurança pública e mobilidade urbana.

O SR. VALMIR ASSUNÇÃO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última quarta-feira, eu fiz dois pronunciamentos. Como já estávamos no final da sessão, eles não foram registrados. Por isso, quero registrá-los neste momento. Um deles trata da redução da tarifa de transporte público - metrôs, trens e ônibus.

Outro assunto que quero abordar é sobre a questão da vinda dos médicos estrangeiros - cubanos -, para ajudar a população brasileira. Essa foi uma decisão importante que a Presidente Dilma tomou. E eu acredito que assim possamos, cada vez mais, melhorar a saúde no País.

Quero aproveitar também para registrar que no último final de semana realizou-se a Romaria da Terra e das Águas, em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, que acontece todos os anos. Vale dizer que a participação dos movimentos sociais nessa Romaria é muito importante.

E outro assunto que trago diz respeito ao lançamento do Plano Safra do Semiárido na Bahia, que aconteceu na última quinta-feira, com a presença da nossa Presidente Dilma Rousseff, do nosso Governador Jaques Wagner, do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Foi um anúncio importante, da Presidente e também dos Ministros, este do lançamento do Plano Safra específico para a região do Semiárido, região esta que vem sofrendo com uma seca terrível.

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Mas o Governo Federal e os Governos Estaduais têm tomado providências para minorar o sofrimento daquela população. Faço, portanto, o registro dessa importante ação do nosso Governo.

Por último, Sr. Presidente, quero registrar uma tragédia que aconteceu em minha cidade, Itamaraju, quando um ônibus de transporte público perdeu o freio em uma ladeira muito grande chamada Canequinho. Dentro do ônibus estavam 40 pessoas, mas, a atitude do motorista transformou-o em herói. Ele fez com que justamente seu lado do ônibus batesse em uma calçada, e, dentre as 40 pessoas, apenas ele faleceu.

Esse motorista poderia, numa atitude irresponsável, ter ceifado a vida de 30 ou 40 pessoas que estavam dentro do ônibus, ou de outras que estavam ao longo da calçada, mas ele preferiu sacrificar sua vida em prol de tantos outros cidadãos e cidadãs de Itamaraju.

Itamaraju, que fica no extremo sul da Bahia, está de luto, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a redução das tarifas dos transportes públicos - trens, ônibus e metrô - foi o mote das principais reivindicações feitas Brasil afora por estudantes e trabalhadores. A questão da mobilidade urbana é um dos grandes problemas enfrentados pelas cidades brasileiras, e o custo tarifário faz parte desse conjunto de reivindicações de quem vive nas capitais e regiões metropolitanas e gastam boa parte do orçamento familiar nos transportes, quer seja se deslocando para escolas e universidades, quer seja nos deslocamentos para o trabalho.

O Governo Federal já fez parte das tarefas, desonerando impostos federais como o PIS e a COFINS. Esta Casa também vem fazendo a sua parte, com a aprovação, nesta quarta-feira, do projeto de lei que reduz a zero as alíquotas de contribuições do PIS/PASEP e da COFINS, que incidem sobre o custo das tarifas dos transportes públicos municipais rodoviários, metroviários e ferroviários.

Contudo, Sras. e Srs. Deputados, é preciso fazer mais: abrir a caixa-preta, como bem destacou o Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do sistema de transportes públicos. São verdadeiros carteis que dominam o setor há vários anos e que determinam as políticas que são implantadas.

É preciso que as prefeituras adotem projetos de infraestruturas que viabilizem a mobilidade urbana e assumam posições transparentes de

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como são feitos os cálculos que determinam o valor das tarifas, de como as empresas são selecionadas para operar o sistema, quais as margens de lucros dos empresários, quais as prioridades que devem ser implantadas. A partir dessas medidas, a população pode acompanhar a forma como os recursos públicos são aplicados e saber que setores podem proporcionar a diminuição dos custos que acabam recaindo sobre a população.

Em uma cidade como Salvador, terceira maior cidade do Brasil e administrada há décadas pelo mesmo grupo político, o maior desafio é resolver a questão da mobilidade urbana. Possui um dos piores sistemas de transportes públicos do País. Depois de 12 anos de iniciado o metrô, com grande investimento de recursos federais, sequer foi terminada a primeira etapa da obra. Foi preciso, no início deste ano, que o Governador Jaques Wagner tomasse para si a responsabilidade de dar continuidade às obras do metrô para que a população soteropolitana pudesse ser beneficiada com mais essa opção de transportes.

Por fim, Sras. e Srs. Deputados, é preciso que, a exemplo do que já fez o Governo Federal, desonerando impostos para reduzir custos, prefeituras e empresários façam a sua parte, tornando transparentes as planilhas de custos e mostrando para a população, como os recursos têm sido aplicados e quais os projetos que podem ser implantados em benefício da população.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já colocando em prática algumas das políticas dos pontos pactuados com as reivindicações populares, a Presidenta Dilma Rousseff anuncia hoje o Programa Mais Médicos. O programa, elaborado pelos Ministérios da Saúde e da Educação, traz como uma contribuição importante os editais para o chamamento de médicos para atuar nas áreas mais carentes do País, além de prever a abertura de mais vagas de graduação em Medicina e na Residência Médica. Serão aplicados o valor em reais de 7,4 bilhões, sendo que, para o ano que vem, serão aportados mais 5,5 bilhões de reais ao programa.

Com esse pacote, deverá aumentar o número de médicos no País. Hoje, são 1,8 médicos para cada grupo de mil habitantes, sendo um dos índices mais baixos da América Latina. Isso é menos que na Argentina, que tem 3,2 a cada mil e na Venezuela, que tem 1,9 médicos a cada mil.

De acordo com o programa, a convocação será priorizada aos brasileiros, mas, se houver sobra de vagas, serão abertas a estrangeiros, ou brasileiros formados no exterior. Segundo a própria Presidente Dilma, serão abertos dois editais: um para selecionar os Municípios que querem receber profissionais e outro para que os profissionais brasileiros possam se inscrever e escolher a cidade para

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onde querem ir. Caso as vagas disponíveis não sejam preenchidas por médicos brasileiros, o Governo vai autorizar a contratação de estrangeiros.

Aqui, nesta discussão, quero chamar a atenção para as áreas mais distantes do Norte e Nordeste do nosso País, cuja necessidade de profissionais de saúde é urgente. E falo porque, ainda que muitas prefeituras tentem contratar estes profissionais, muitos com salários altíssimos, a procura pela atuação no interior do País é muito pequena. A vinda de médicos estrangeiros não pode ser encarada como um ataque aos médicos brasileiros. Deve ser encarada como uma contribuição muito bem-vinda.

A Presidente ainda explicou que, entre os estrangeiros, serão contratados apenas médicos "bem formados, experientes, que falem e entendam" nossa língua. Eles deverão trabalhar exclusivamente nos postos de saúde, fazendo o atendimento básico da população, por pelo menos 3 anos. Eles serão supervisionados pelas universidades públicas no trabalho, que também os avaliarão, por 3 semanas, antes do início das atividades.

A contratação de médicos estrangeiros, inclusive, já é prática de muitos países em que reconhecemos o seu sistema de saúde. Falo de países como a Inglaterra, em que 37% dos médicos que trabalham lá se formaram no exterior, ou mesmo os Estados Unidos, onde 25% dos médicos que trabalham lá fizeram os seus cursos em outros países. No Brasil, apenas 1,79% dos médicos são estrangeiros.

Ou seja, ninguém está propondo a substituição dos médicos brasileiros por estrangeiros, mas, sim, sanar uma necessidade urgente. Médicos e profissionais de saúde que tenham o princípio da prevenção, do método saúde da família, próximos às comunidades, que criem relação com as comunidades. Há países que têm muito a contribuir e compartilhar com esses princípios, e Cuba está entre eles. Não esqueçamos ainda que há muitos profissionais formados em Medicina cujo processo de reconhecimento é moroso e que o Governo precisar dar uma rápida resposta, inclusive com metas de interiorização da saúde pública.

Essa é uma medida emergencial e devemos nos preocupar com o avanço da saúde no País, porque os mais pobres têm pressa no acesso a esse direito fundamental.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nos dias 5 a 7 de julho, aconteceu no Município de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, a 36° Romaria da Terra e das Águas. Com o tema "Que sociedade temos, que sociedade queremos?", cerca de 8 mil pessoas participaram das atividades realizadas pelas Dioceses de Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Irecê, Arquidiocese de Vitória da Conquista, Santuário do

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Bom Jesus e Comissão Pastoral da Terra - CPT.

A abertura, no dia 5, reuniu os romeiros e romeiras na Esplanada do Santuário de Bom Jesus. Também participaram de plenárias temáticas, como a Política agrícola e agrária, Água, Juventude, Quilombo, Reforma Agrária. Neste ano, o tema da infância também foi incluído no conjunto dos debates populares.

Quero parabenizar as Dioceses pela organização da Romaria da Terra e das Águas em Bom Jesus da Lapa, citar e parabenizar Idelbrando, do PT, pela articulação e ajuda para a realização da Romaria. Desde o ano de 1976 que a Romaria acontece. Naquele ano, realizou-se a Proto-Romaria da Terra ao Bom Jesus da Lapa, por parte de cerca 300 trabalhadores e trabalhadoras da região de Itaetê e Nova Redenção, da região de Ruy Barbosa. A partir de então, a Romaria, na beira do Rio São Francisco, é um momento de reacender não só a fé dos romeiros e romeiras, como também é um momento de educação e formação política dos cidadãos e cidadãs, ao provocar a reflexão coletiva acerca da luta por direitos e justiça social.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última quinta-feira, a Presidenta Dilma Rousseff esteve em Salvador para o lançamento do Plano Safra Semiárido. Serão 7 bilhões de reais em crédito para a lavoura na região, sendo 4 bilhões de reais exclusivamente para a agricultura familiar. Os juros, com taxas melhores que as praticadas em outras regiões, variam de 1% a 3% ao ano. Para investimento, os juros são de 1% a 1,5% ao ano. A Presidenta ainda anunciou medidas que visam à renegociação das dívidas dos agricultores, como a suspensão de prazos de cobrança de dívidas de plantadores inadimplentes e desconto para liquidar operações de crédito rural.

Já o microcrédito rural tem taxa de 0,5% ao ano, com rebate de 40%. Para compras públicas da agricultura familiar na região será destinado 1,3 bilhão de reais, sendo reais 700 milhões pelo Programa de Aquisição de Alimentos - PAA e 600 milhões de reais pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE.

Além disso, a Presidente Dilma fez a entrega de 323 máquinas retroescavadeiras e motoniveladoras a 269 Municípios baianos, além de ônibus escolares do Programa Caminho da Escola. Também foi comemorada a emissão de 1 milhão de documentos civis e trabalhistas expedidos nos mutirões do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural.

Essas medidas são importantes. A Bahia, por exemplo, é o maior Estado em número de pequenos agricultores no País. A região do Semiárido, que conviveu com uma das piores secas das últimas décadas, precisa de uma atenção maior do poder público e investimentos para a agricultura no Semiárido e também acesso à

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água.

O Plano Safra está estruturado em ações de recuperação e fortalecimento de cultivos alimentares regionais da pecuária leiteira e de pequenas criações. Também há o estímulo à industrialização para diversificar e agregar valor na produção e estímulo à agricultura irrigada no Semiárido. O plano busca ainda desenvolver sistemas produtivos com reserva de água e reserva de alimentos para animais.

Senhoras e senhores, a seca faz parte do cotidiano do sertanejo, do agricultor que está no Semiárido. E a região é rica e cheia de potencialidades. Precisamos garantir a segurança produtiva e adaptar a produção à realidade da região, o que já é previsto no próprio Plano Safra Semiárido.

É a primeira vez que o Plano Safra se volta para o Semiárido nordestino. Uma ação fundamental para os trabalhadores rurais da região.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aqui venho também trazer uma notícia muito triste. Na última sexta, em Itamaraju, no extremo sul da Bahia, cidade em que nasci, aconteceu um acidente com um ônibus da Viação Itamaraju, que trafegava no centro comercial da cidade e fazia o itinerário Várzea Alegre-Liberdade.

O acidente ocorreu por volta as 17h30min, quando o ônibus perdeu o freio ao passar pela ladeira do Canequinho. O motorista do ônibus, que morreu no acidente, ainda tentou desviar de vários veículos, mas o ônibus parou somente quando colidiu em uma passarela de uma loja localizada na Baixa Fria, centro da Cidade Baixa.

Eu conheci o motorista desse ônibus. Railton Oliveira Santos, de 55 anos de idade, foi um herói ao conduzir este ônibus. Ele foi o único que morreu, e podemos, sim, dizer que salvou a vida dos mais de 30 passageiros que estavam no veículo. Railton, filiado ao PT e membro do Sindicato dos Rodoviários, deu a sua vida, tentando evitar uma tragédia pior.

A polícia técnica da Policia Civil da cidade de Teixeira de Freitas já se encontra na cidade realizando a perícia no local. De acordo com os peritos o laudo ficará pronto em 30 dias. Foram mais de 30 feridos, muitos ainda em estado grave.

Deixo a minha solidariedade a todas as vítimas e, principalmente, à família do Railton. Itamaraju está de luto neste momento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, terça-feira passada, 2 de julho, esta Casa recebeu a mensagem da Presidente Dilma Rousseff acerca da necessidade do plebiscito sobre a reforma política. Neste momento,

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em que o povo exige maior participação nas instâncias democráticas, sem dúvida, o plebiscito é um instrumento que cabe perfeitamente no momento e que deveria ser mais utilizado para os grandes temas de debate neste País.

Aqui quero concordar com as questões propostas pela Presidente, no que tange às eleições. Aqui já faço a defesa do financiamento público de campanha, do voto em lista, do fim das coligações, das cotas para negros, da paridade entre homens e mulheres, com 50% de candidaturas de mulheres, da fidelidade programática e partidária, medidas democráticas, fundamentais para uma mudança radical no cenário eleitoral brasileiro e também que permitem um maior controle social de toda a população sobre os eleitos, sem que o poder econômico seja o balizador principal da disputa política, isto sim, fonte maior da corrupção que tanto combatemos.

Mas também é preciso dizer que a reforma política deve ser mais ampla que a reforma eleitoral. Ora, precisamos pensar o papel de algumas instituições de poder, justamente para ampliar a participação popular. Medidas como a diminuição do número de assinaturas de projetos de iniciativa popular, com tramitação diferenciada, mecanismos que facilitem as coletas, o estabelecimento de caráter deliberativo nas conferências populares, mecanismos que garantam o acesso da juventude às instituições políticas, garantindo renovação geracional, o fim do voto secreto no Parlamento são debates importantes que temos que encarar, e o momento é propício ao debate.

Precisamos pensar o sistema político como um todo, fortalecendo a democracia direta, com equilíbrio de poderes com a democracia representativa. Precisamos trazer o povo, de fato, ao poder.

No que tange à gestão do Estado, o Governo também precisa incidir em quatro áreas fundamentais. Falo da mobilidade urbana, da educação, da saúde e da segurança pública.

Os serviços essenciais precisam chegar a toda população brasileira, com a mesma efetividade que conseguimos construir os estádios da Copa e distribuir o Bolsa Família, fundamental instrumento de transferência de renda. A qualidade destes serviços essenciais precisa avançar. Se temos bons programas e boas políticas, a ponta da população precisa sentir o esforço e a efetividade do Estado em seu funcionamento.

A nossa contribuição, neste momento, que supera a simples pauta político-eleitoral, hoje tratada pelo Governo e pelo Congresso Nacional, vai no sentido de aprofundar a efetividade das medidas governamentais que atendam aos clamores mais imediatos do povo brasileiro, garantindo o atendimento satisfatório dos serviços públicos de saúde, educação, segurança e mobilidade urbana.

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Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que determine a divulgação destes pronunciamentos no programa A Voz do Brasil e demais meios de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

Documento 9/26

207.3.54.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/07/2013-11:18

Publ.: DCD - 12/07/2013 -

31029 EDUARDO SCIARRA-PSD -PR

CÂMARA DOS DEPUTADOS ABERTURA LÍDER DISCURSO

Sumário

Definição da agenda de trabalho do PSD com relação à reforma política.

Avanço da aprovação pelo Congresso Nacional de projeto de resolução sobre

as regras de apreciação de vetos presidenciais. Prejuízos causados pela

paralisação das atividades do Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes - DNIT. Realização de reunião da Cúpula do Mercado Comum do

Sul - MERCOSUL, em Montevidéu, Uruguai. Considerações sobre o

posicionamento do Governo brasileiro com relação ao Paraguai.

O SR. EDUARDO SCIARRA (PSD-PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Eu peço compreensão aos nossos companheiros. Eu vou ser bastante breve.

Eu quero dizer que nós tivemos, ontem, na reunião da bancada do PSD, a definição de um tema para discutir na reforma política, como um tema já do partido. Nós definimos que vamos fazer um seminário no mês de setembro para discutir internamente, nas bancadas na Câmara e no Senado e também com os Deputados Estaduais, Prefeitos e Vereadores, o tema da reforma política. Mas já definimos também que vamos levar para a discussão desse grupo de trabalho, constituído pelo Presidente Henrique Alves, o tema do fim das

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coligações nas eleições proporcionais.

Eu queria também ressaltar aqui que o Congresso Nacional ontem deu um passo importante no resgate da sua independência e autonomia ao aprovar, em uma reunião de Líderes da Câmara e do Senado, a discussão e apreciação dos vetos no prazo de 30 dias após eles acontecerem. Há a prerrogativa que a Presidente da República tem de apor os vetos, e tem também que ser respeitada a prerrogativa do Congresso Nacional de analisar esses vetos.

Então, foi fundamental esse trabalho. Nós já vamos nos reunir, a partir de agosto, às terceiras terças-feiras de cada mês, e reunir o Congresso Nacional para apreciar os vetos.

Eu queria falar também aqui de um assunto que está nos preocupando sobremaneira, que é a greve do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o que não só traz prejuízo para os trabalhadores, para os engenheiros do DNIT, como também para o andamento das obras e das licitações, fundamentais para a melhoria da infraestrutura do nosso País. Inclusive, as medições não estão ocorrendo, as empresas não estão recebendo. Algumas das obras vão ter solução de continuidade. Isso é muito ruim para o nosso País. Então, é importante que o Governo tenha dedicação a esse assunto, para resolver o quanto antes uma matéria que tem travado mais um pouco o desenvolvimento do nosso País.

Por último, Sr. Presidente, para não me alongar e dar espaço a todos aqui que querem se manifestar, quero falar da reunião que vamos ter entre os membros do Mercado Comum do Sul. Essa reunião será realizado no dia 14, próximo domingo, em Montevidéu. Nela deve-se escolher, inclusive, o Presidente do MERCOSUL, o País que vai presidir o MERCOSUL no próximo período.

Nós poderíamos, nessa reunião, analisar a suspensão, enfim, do Paraguai no MERCOSUL, o que, no meu modo de entender, foi um grande equívoco. Eu vou deixar aqui um pronunciamento dado como lido, onde eu coloco claramente o equívoco que foi essa política com relação ao Paraguai.

Inicialmente, a revisão do Tratado de Itaipu, quando existia um alinhamento ideológico do Governo brasileiro com o Governo paraguaio, com o então Presidente Fernando Lugo, os Deputados da Comissão de Relações Exteriores discutiram essa matéria com bastante propriedade. Acabou-se fazendo, enfim, uma concessão ao Paraguai, no que diz respeito ao Tratado de Itaipu, numa condição lesiva ao povo brasileiro.

Posteriormente, houve uma posição também do Governo com relação à saída do Presidente Lugo do Governo, que se deu dentro da

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normalidade da legislação do Paraguai, da Suprema Corte, do Congresso Nacional. Houve um questionamento e um pretexto para a suspensão do Paraguai do MERCOSUL.

Agora, o Presidente eleito, o novo Presidente do Paraguai, vai tomar posse no dia 15 do próximo mês e, no próximo domingo, será anunciado que a Venezuela será o País que irá presidir o MERCOSUL. Sabemos que uma das pendências do Paraguai com o MERCOSUL era, sem dúvida, a entrada da Venezuela, que se deu nesse período em que o Paraguai estava suspenso.

Estamos preocupados, porque é um bloco econômico que se cria na América Latina, com o Pacto Andino, com os países do Pacífico, envolvendo Chile, Peru, Colômbia, México, que, sem dúvida alguma, estão crescendo, que estão se desenvolvendo, que poderão ter trocas importantes com o nosso País, e corremos o risco de perder o Paraguai, um parceiro importante, que faz divisa com o nosso País, inclusive com negociações com relação ao combate ao tráfico de drogas e tantas matérias importantes, inclusive com relações comerciais.

Nós poderemos afugentar de vez o Paraguai do MERCOSUL, o que poderia ser muito ruim para o nosso País. Nós temos que deixar a ideologia de lado neste momento e, sem dúvida, tratar dos interesses maiores do povo brasileiro.

Deixo, então, este pronunciamento dado como lido,. para que fique registrado nos Anais da Câmara.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Amauri Teixeira) - Eu peço desculpas a V.Exa. O Regimento nós temos que mudar, se dele discordamos. Mas V.Exa. tem o direito de falar assegurado incontestemente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna levantar um debate de extrema importância para os brasileiros, para os paranaenses em especial: o relacionamento com o Paraguai.

Lamentavelmente a respeitada e secular tradição da diplomacia brasileira foi abandonada no caso paraguaio. Em lugar da defesa dos legítimos interesses do País e da autodeterminação dos povos (art. IV da Constituição Federal), o que parece nortear a nossa política externa é uma "solidariedade" baseada na afinidade ideológica, como se a relação entre povos e nações não fosse assunto de Estado,

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permanente, estável, e sim de governos, passageiros e efêmeros.

Como exemplo disso temos dois fatos: o primeiro deles foi aceitar a revisão do Tratado de Itaipu, promessa de campanha do ex-Presidente Lugo, com o objetivo claro de reforçar a sua posição política e consolidar o seu Governo. A Usina de Itaipu é um monumento não só à excelência da engenharia brasileira, mas também à sabedoria dos diplomatas e à vontade madura de integração dos nossos povos. Especialistas em energia e juristas renomados não se cansam de elogiar o tratado original. A sua revisão foi lesiva aos interesses brasileiros e em nada melhorou a percepção que os paraguaios têm dos brasileiros.

O segundo equívoco lastimável foi a reação de extrema hostilidade, incompreensão e postura soberba do Governo brasileiro em relação ao processo político que culminou com o afastamento do ex-Presidente Lugo pelo Senado e pela Corte Suprema daquele País. Não foi correta a forma como o Governo brasileiro pressionou o Paraguai, contestando a legislação do País, em uma tentativa de dizer a eles como deve ocorrer seu processo de impeachment. Interessante que o próprio ex-Presidente Lugo acatou prontamente a decisão da Suprema Corte.

A suspensão do Paraguai das atividades e reuniões do MERCOSUL foi mais um ato de hostilidade desnecessário e que complicou ainda mais a sensível relação com o país vizinho. Felizmente, pelo menos houve bom senso entre as partes e as interferências políticas sobre o fluxo de comércio e investimentos entre os dois países foram minimizadas. Mas o ressentimento político cresceu ainda mais com a admissão da Venezuela como membro pleno do MERCOSUL, numa afronta à posição contrária paraguaia. Aliás, a esperteza de se aproveitar da ausência do Paraguai no MERCOSUL e admitir a Venezuela pelas "portas do fundo" não é uma atitude elogiável dos países que compõem o MERCOSUL. Os paraguaios não se esquecem de que a Venezuela ensaiou uma intervenção militar, frustrada felizmente, no país, em apoio ao ex-Presidente Lugo.

Nossos interesses comuns pedem maior aproximação e melhores estratégias nas relações com o país vizinho. Com a eleição de Horácio Cartes para Presidente do Paraguai, temos a oportunidade de recompor a nossa relação, a começar pela sua reintegração ao MERCOSUL e à UNASUL. E o Brasil, como um dos membros fundadores e país de extrema influência política nos acordos de cooperação, deve liderar esse movimento. Não podemos continuar a cometer erros, dando-lhes mais motivos de criar dificuldades comerciais conosco. Pelo contrário, este é momento certo de fazer um gesto forte de aproximação política e, na prática, incrementar as ações de cooperação e trabalho conjunto, pois é de interesse de todos que o Paraguai continue como membro efetivo do MERCOSUL e não se sinta isolado, a ponto de querer aderir a outros tratados econômicos, como a

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Comunidade Andina de Nações ou a recém-criada Aliança do Pacífico, bloco regional que abrange Chile, Peru, Colômbia e México. Por outro lado, o Paraguai vive um período de extraordinário crescimento econômico e de atração de investimentos, em razão da excelente disponibilidade de energia e de recursos naturais e de baixos tributos, e o Brasil deve ser o parceiro preferencial e contribuir para o desenvolvimento daquele país.

As relações entre os nossos países seguem se aprofundando e a economia de fronteira se expandindo, aumentando o comércio, as trocas financeiras, a sinergia produtiva e a imigração.

Uma visão rápida sobre a história comum e os interesses compartilhados na região comprovam que é hora de o Brasil propor ao Paraguai elevar a novo patamar de maturidade, serenidade e condições igualitárias as relações entre nossos países. É tempo de estudar conjuntamente um projeto estruturado de integração com o Paraguai, seja através de financiamentos de obras de infraestrutura, seja estimulando a pesquisa e o desenvolvimento com a EMBRAPA e tantas outras formas de cooperação.

O primeiro exemplo dessa história comum, Sr. Presidente, é a Hidrelétrica de Itaipu. Com 20 unidades geradoras, a usina fornece 17,3% da energia consumida no Brasil e abastece 72,5% do consumo paraguaio. Por ser um país pouco industrializado, o Paraguai consome um percentual baixo da energia produzida e, apesar de ter direito a 50% da energia gerada pela usina, eles consomem apenas 5% da produção, repassando o restante para o Brasil. Pela importância de Itaipu em nosso abastecimento energético, os tratados referentes à hidrelétrica, que negociam os valores dos repasses da sobra de consumo paraguaia, afetam diretamente a economia brasileira. Por esse motivo, é vital mantermos boas relações políticas com o Paraguai.

Outro componente da relação Brasil-Paraguai é a existência de comunidades de produtores brasileiros lá residentes. Estima-se que haja cerca de 400 mil brasileiros ou descendentes morando no país. A situação não formalizada de parte dessas pessoas potencializa o já crítico tema de acesso a terras no Paraguai e causa, constantemente, embates entre esses brasileiros e grupos sem-terra paraguaios.

Uma terceira preocupação é a relação comercial que mantemos com o Paraguai e nossa importância geográfica para esse país. Como eles não dispõem de uma indústria diversificada capaz de fornecer componentes eletrônicos, produtos químicos, embalagens, aços e resinas especiais, esses produtos têm que ser importados. Dada a localização do Paraguai, mesmo os produtos de outros países precisam entrar pelos portos brasileiros e dependem da logística oferecida e controlada por grupos do Brasil.

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Nos últimos anos, os investimentos de empresas brasileiras no país vizinho têm crescido exponencialmente. Além daqueles no campo da soja e de outros grãos, o setor de frigorífico já é majoritariamente controlado por grupos brasileiros, e os investimentos no setor financeiro caminham no mesmo sentido.

A presença da PETROBRAS naquele país também pode ser destacada. Somente em 2012, exportamos um valor equivalente a 2,6 bilhões de dólares, e, em contrapartida, importamos um valor de 988 milhões de dólares. Uma relação claramente favorável aos nossos empresários.

Por último, mas não menos importante, gostaria de lembrar outra questão estratégica para nós na relação com o Paraguai: a proteção da extensão fronteiriça, devido ao comércio ilícito entre os dois países. Estima-se que o contrabando de produtos movimente cerca de 2 bilhões de dólares ao ano, quase o valor movimentado pelo comercio legal. Essa interação, antes de ser um problema paraguaio, é um problema brasileiro. O narcotráfico, o contrabando de armas e de cigarros afetam diretamente nossa população. É uma questão de segurança pública nacional combater essas práticas, e o apoio do Paraguai é primordial nessas ações.

Nossos interesses comuns pedem maior aproximação e melhores estratégias nas relações com o país vizinho. E isso começa pela reintegração imediata do Paraguai ao MERCOSUL. Ao forçar uma interpretação de ruptura da ordem democrática no episódio do impeachment paraguaio e ter aprovado a entrada da Venezuela no Mercosul, durante uma suspensão imposta e a contragosto do Paraguai, o Brasil manchou sua imagem de sobriedade na condução dos temas regionais politicamente sensíveis. Como maiores parceiros do Paraguai na América do Sul, acabaremos pagando sozinhos pelos custos dessa sequência de decisões, correndo enorme risco de prejudicar nossos interesses estratégicos na região.

Caso isso ocorra, o Brasil terá uma perda diplomática imensurável, pondo uma pá de cal em cerca de 140 anos de aproximação histórica.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

Documento 10/26

217.3.54.O Sessão Não Deliberativa de 05/08/2013-17:48

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Debates - CD

Publ.: DCD - 06/08/2013 -

32421 IZALCI-PSDB -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Apresentação de proposta de emenda à Constituição acerca da filiação

provisória em novos partidos políticos e o estabelecimento de prazo para

filiações mínimas nas atuais agremiações partidárias. Realização da reforma

partidária como pré-requisito para a reforma política. Pontos defendidos pelo

PSDB no processo de reformulação do sistema político-eleitoral.

O SR. IZALCI (PSDB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, falou-se muito nos últimos dias e hoje no plenário sobre a reforma política, necessária, importante e que faz parte, inclusive, da pauta de reivindicações da sociedade.

Mas, Sr. Presidente, não dá para falar em reforma política sem tratar da reforma partidária. Democracia exige partidos fortes.

Acontece que a nossa legislação hoje, Sr. Presidente, enfraqueceu muito a questão partidária. A constituição de partidos hoje é uma coisa muito simbólica, virou praticamente até negócio. O que aconteceu? Inclusive apresentei agora uma Proposta de Emenda Constitucional.

A Constituição, no seu art. 17, Sr. Presidente, estabelece a questão do caráter nacional para se constituir um partido político. Quando foi feita a Constituição, o art. 17, ficou para uma lei infraconstitucional regulamentar a constituição partidária. E na constituição partidária hoje não se exigem filiações. O que se exige hoje na Constituição e na legislação infraconstitucional é apenas apoiamento. Hoje, para se constituir um partido, as pessoas vão para a rodoviária, vão para o shopping e pagam, inclusive, para assinar o apoio. Hoje, os partidos não têm mais ideologia, não têm programa.

Então, apresentei agora uma PEC, uma Emenda Constitucional, primeiro, introduzindo dois parágrafos no art. 17 da Constituição. O §5º diz o seguinte:

"O caráter nacional dos partidos políticos é verificado mediante a filiação provisória de eleitores."

Nós estamos criando aqui a figura da filiação provisória dos eleitores. Ou seja, quando o partido estiver constituído, essas filiações provisórias passam a ser definitivas.

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Em 2012, havia 140 milhões e 646 mil eleitores. Acontece, Sr. Presidente, que hoje, em 2013, os partidos políticos no Brasil só têm 14 milhões de filiações. Ou seja, não chega a 10% o número de filiados aos partidos políticos no País - nem 10% dos eleitores!

O que acontece? Existem hoje 30 partidos constituídos e mais 3 em fase final de constituição, que são o PROS, o Solidariedade e a Rede. Vamos para 33 partidos. Basta o apoiamento, a assinatura de qualquer um. As pessoas não se interessam em saber qual é o estatuto e o programa do partido.

Essa PEC que estou apresentando, Sr. Presidente, cria a figura da filiação provisória e estabelece, no art. 6º, que a filiação provisória de que trata o § 5º será feita na aquisição da personalidade jurídica, quer dizer, depois de constituído o partido no cartório, depois de constituído o estatuto e registrado no TSE. A partir do momento em que o partido cumprir as exigências legais, as filiações provisórias passam a ser definitivas.

Estou apresentando, ainda, Sr. Presidente, para que os partidos atuais também tenham um número de filiações. É inadmissível existirem partidos políticos hoje, Sr. Presidente, com o número mínimo de filiação. Como exemplo, cito o Distrito Federal mesmo. Existem hoje quase 2 milhões de eleitores no DF e apenas 140 mil filiados. Existem partidos políticos aqui, Sr. Presidente, no caso do PCO - Partido da Causa Operária, com 31 filiados no Distrito Federal. Só para constituir a Executiva, os Diretórios e as Zonais, teria que ter, no mínimo, 350. O partido tem 31 filiados.

No Amazonas, Estado de V.Exa., Deputado Átila Lins, por exemplo, o PP, que é um grande partido, com mais de 40 Deputados, segundo informações que tenho do TSE, tem 182 filiados - 182 filiados no Amazonas! O PCO tem 185 no Amazonas. Vamos pegar outro partido: o PSTU tem 108. Não dá nem para constituir a zonal nos Municípios. Então, que partido é esse?

Nós ficamos discutindo se vamos fazer a reforma política e alguém diz que tem de haver financiamento público de campanha, o que eu acho correto. Agora, financiamento público de campanha só combina com lista fechada. Como é que nós vamos criar lista fechada com os partidos que têm dono? A maioria dos partidos aqui, Sr. Presidente, tem dono, quando não têm laranja. Eles mandam, dão canetada, desconstituem tudo e constituem as provisórias.

O que nós também estamos propondo numa lei complementar aqui? Além de criar a figura da filiação provisória e depois de constituídas as filiações definitivas, que tenha final também a questão das provisórias. Há partidos que funcionam com executivas zonais provisórias desde a constituição. Não dá! Deve-se estabelecer um prazo. É preciso haver

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democracia.

O Sr. Átila Lins - V.Exa. me permite um aparte, Deputado?

O SR. IZALCI - Pois não, Deputado Átila.

O Sr. Átila Lins - Deputado Izalci, V.Exa. tem razão. Por exemplo, quando se fala em financiamento público, a minha restrição é exatamente não bater financiamento público sem lista fechada. A minha questão é a seguinte: dá para fazer financiamento público sem lista fechada? V.Exa. falou muito bem, vai haver uma lista fechada em que a cúpula partidária vai eleger os Deputados que vão compor esta Casa, porque não se sabe quem vai ser o primeiro da lista. Será o Presidente do partido? O segundo da lista será o Secretário-Geral do partido? O terceiro da lista será o Tesoureiro do partido? Então, o povo não sabe quem serão os Deputados na lista fechada, porque, depois, os partidos vão dizer: "Que lista é essa?" Dessa forma, eu acho até que poderíamos tentar criar um mecanismo com metade do financiamento público para os partidos poderem preparar programas partidários, uma série de despesas, e o financiamento privado para atender aos candidatos de um modo geral. Agora, com uma legislação mais rígida, para que o candidato possa prestar contas da doação que receber dentro de normas rígidas de fiscalização. Poderíamos fazer com que isso diminuísse um pouco essa grande incógnita que há nos financiamentos público e privado das campanhas políticas.

O SR. IZALCI - Deputado Átila Lins, agradeço o aparte a V.Exa., o qual incorporo ao meu pronunciamento, mas o que nós precisamos é atacar o todo. Não dá para fazer como o Governo faz: a cada dia lança um programa diferente, sem consistência, sem um planejamento. Nós precisamos atacar a questão global.

Então, não dá para falar em financiamento público de campanha, não dá para falar em reforma política sem alterar a questão da reforma partidária. Como é que nós vamos falar aqui? Eu particularmente sou contra as contribuições de pessoa jurídica - sou contra mesmo. Ninguém, nenhuma empresa deste País contribui com financiamento de campanha sem pensar no retorno. Ninguém dá 1 milhão, 10 milhões em uma campanha, sem querer pegar de volta depois o recurso. Então, sou contrário realmente à contribuição de pessoa jurídica.

Para ter o financiamento público de campanha, lista fechada. Agora, lista fechada não combina com o sistema partidário de hoje. Nós temos aí presidentes ou laranjas que estão presidindo o partido há anos. Eu mesmo já fui vítima disso. Saí do PR, em 2011, porque era o Presidente aqui e, numa canetada, desconstituíram o diretório sem me comunicar, fiquei sabendo no dia seguinte.

Então, isso é inadmissível. Nós temos que ter um regime democrático.

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Primeiro, fim da reeleição ad aeternum. Temos que limitar a reeleição, no máximo uma reeleição para os diretórios, para a executiva. Da mesma forma, não dá para continuar criando partido apenas com apoio, com assinatura. As pessoas assinam e não sabem nem o que estão assinando. Nós temos aqui presidentes que estão há 20 anos, 15 anos, 30 anos como donos do partido.

Agora, feita a reforma política, a reforma partidária com o fim de apoiamento, com o fim da questão da reeleição ad aeternum, com o fim do funcionamento das zonais e diretórios provisórios - há muitos partidos funcionando com a executiva provisória há muitos anos -, feito isso, nós vamos, então, fortalecer os partidos. Aí, sim, a partido forte os eleitores vão se filiar, mas conhecendo a ideologia, o programa e o estatuto do partido, como é que ele participa. Aí, sim, não dá para ser o sistema de hoje.

Por isso nós temos esse número irrisório de filiações, o Brasil não chega a 14 milhões de filiações. São 140 mil filiações no Distrito Federal. Os grandes partidos aqui têm 16 mil, 13 mil, 10 mil, 14 mil filiações. Por exemplo, o PMDB do Distrito Federal, que é o maior, tem 22 mil filiados; o Democratas tem 16 mil; o Partido dos Trabalhadores aqui no Distrito Federal, 8 mil - pelo menos de acordo com o TSE. Isso, num volume hoje de quase 2 milhões de eleitores.

Nós precisamos primeiro fortalecer essa questão da reforma partidária, que é pré-requisito para a reforma eleitoral.

Concedo o aparte ao Deputado Ricardo Berzoini.

O Sr. Ricardo Berzoini - Deputado Izalci, quero dizer que nesse pronunciamento de V.Exa. há vários pontos de contato com o que eu penso e com o que o Partido dos Trabalhadores pensa. Eu acho que nós só faremos a reforma política se tivermos a grandeza de dialogar entre partidos da base e da Oposição em torno de uma pauta comum. E qual é a pauta comum? Dar mais autenticidade e maior representatividade à política. E quero dizer que concordo completamente com V.Exa. no que se refere à democratização da vida partidária. Os partidos precisam ter vida real, vida representativa. As filiações têm que ser filiações de verdade, de gente que aderiu a um partido e tem alguma relação orgânica com ele. Participar periodicamente de alguma reunião, receber informativos, dialogar pela Internet, contribuir financeiramente com o partido, isso é uma coisa que não se fala, mesmo que seja uma contribuição módica, de 2 reais por semestre, de 5 reais por ano. É uma contribuição para demonstrar que ele está de fato aderindo, não foi só cadastrado por alguém para participar do partido. E certamente sobre uma das questões fundamentais V.Exa. falou. Não é admissível que dirigentes partidários se perpetuem no exercício da direção. Isso vale para partidos, que é um tipo de associação especial. Eu creio que nós deveríamos ter a

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coragem de estabelecer no Código Civil a limitação temporal do exercício de mandatos e associações em geral, inclusive as associações partidárias e sindicais, para acabar com essa história do dono do partido, do dono do sindicato, do dono da associação. Então, neste sentido, nós, PT e PSDB, podemos dialogar com tranquilidade, para buscar, com a reforma partidária, alcançar também a viabilidade de uma reforma político-eleitoral, que possa de fato conferir aquilo que é fundamental: a representatividade real. Parabéns pelo seu pronunciamento!

O SR. IZALCI - Muito obrigado.

Incorporo o aparte de V.Exa. ao meu pronunciamento.

Sr. Presidente, é evidente que, nessa questão da reforma política, é difícil manter um consenso, mas o PSDB, em discussão, fechou seis pontos no entendimento dessa reforma possível e rápida. Primeiro, a proposta consenso do PSDB: fim da reeleição, aumentando o mandato para 5 anos, para Governador, Prefeito, Presidente da República, para o Executivo de modo geral.

Foi proposto, também, e é consenso, que se façam eleições para eleger Governador, Prefeito, Deputados Estaduais e Vereadores. Isso seria unificado: Governador juntamente com Deputados Estaduais e Vereadores; Presidente da República com Deputado Federal e Senador, no ano seguinte.

Outro ponto que o PSDB defende e é consenso: o voto distrital misto. Esse modelo é fundamental. Nós temos que dividir o Estado em distritos. Aqui mesmo, no Distrito Federal, há várias regiões administrativas - são 31. Nós temos 24 Deputados Distritais. Precisamos dividir esses distritos para que a eleição seja majoritária: o representante daquele distrito, daquela região administrativa. Por exemplo, a Ceilândia, o maior reduto eleitoral, hoje, do DF, até pouco tempo não tinha um representante na Câmara. Durante muitos anos não teve um representante. Consequentemente, todos sabem que, na hora de votar o Orçamento e definir as prioridades, os Parlamentares dão prioridade para onde foram votados.

Quando não se tem um Parlamentar representando aquele distrito, este acaba sendo prejudicado. Então, é importante o voto distrital misto, evidentemente com parte definida nessa lista pelo partido. E volto a dizer: seja no voto, seja na questão da reforma partidária ou do financiamento público de campanha, não dá para trabalhar com lista sem definir, de fato, essa questão da reforma partidária.

O PSDB também defende o fim das coligações proporcionais. Realmente é inadmissível, em uma coligação de vários partidos, um Deputado ter 1 milhão ou 2 milhões de votos e que acaba elegendo um

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monte de Deputados outros, de partidos que não têm praticamente voto nenhum.

Nós já tivemos Deputados Federais aqui eleitos com 300 ou 400 votos. Na gestão passada, aqui tivemos, inclusive, um Deputado de São Paulo que morava em Brasília e foi eleito com 289 votos, exatamente por essa distorção. Então, o PSDB defende o fim das coligações proporcionais.

E afirmo mais uma vez: fazendo a reforma partidária, os votos serão mais conscientes, de acordo, inclusive, com o programa do partido, de acordo com a ideologia do partido, que hoje não há mais. Hoje, a criação de partidos, falando o nome digital, virou copiar e colar, "ctrl+C e ctrl+V": vai-se no estatuto de um partido e se cria um outro exatamente igual. Registra-se em um cartório, envia-se uma turma para a rodoviária para pegar assinatura e está lá o novo partido.

Então, o fim das coligações proporcionais também fortalece a questão partidária.

O PSDB defende ainda a mudança da suplência para Senador, passando para um suplente, em vez de dois. E mesmo assim, esse suplente só ocupa temporariamente: se houver realmente uma vacância definitiva, como morte ou renúncia, na próxima eleição haverá a substituição desse suplente. Não dá para ficar como hoje: há uma renúncia ou uma morte no primeiro ano, quem nunca participou de eleição, não tem voto nenhum, fica lá no Senado por 7 anos, dos 8 anos de mandato. O PSDB defende também que o suplente não pode ter ligação até o terceiro grau com o titular, o que é o normal. Hoje nós temos, inclusive, Parlamentares - pai Senador, filho Senador, etc. - que também não têm voto. Então, precisamos dar legitimidade para os Senadores também suplentes.

O PSDB defende a cláusula de desempenho. Realmente, não podemos ficarmos a vida toda com partidos que não têm voto algum, que não têm representatividade alguma e que só são usados na hora da eleição para discutir a questão do tempo de televisão, do fundo partidário, essas questões que nós conhecemos. Para indicar aqui liderança de bancada, fundo partidário, tempo de televisão, é preciso ter realmente um mínimo de desempenho na votação de Deputado Federal.

O PSDB ainda fechou questão quanto à mudança de regra para a concessão de tempo de tevê da propaganda eleitoral na eleição majoritária. O PSDB defende que o tempo de televisão seja apenas do partido do candidato e do seu vice, exatamente para não acontecer o que acontece hoje: de mais 30 partidos, 10 ou 12 na prática negociam tempo de televisão.

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O PSDB defende que na eleição majoritária o tempo de televisão seja computado apenas ao partido do candidato e do vice.

Evidentemente, tudo isso não é possível para a eleição de 2014, porque a reforma que o PSDB defende não pode ser feita agora, em setembro e outubro. A questão do plebiscito, isso tudo foi conversa fiada para tirar o foco das discussões da rua e jogar aqui no colo do Congresso. Isso é o que o Executivo faz sempre: joga a responsabilidade para o Congresso Nacional. Só que dessa vez a coisa não repercutiu da forma como o Executivo pensava. O índice de rejeição, de queda foi muito maior exatamente no Poder Executivo.

Sr. Presidente, peço o apoio dos colegas principalmente para essa emenda constitucional, porque vejo que é um pré-requisito. Não adianta falarmos em financiamento público, em lista fechada, nessas questões que estão sendo discutidas agora da reforma política sem antes discutir o fundamental, porque não se faz política sem partido. E os partidos precisam ser fortalecidos. Nós precisamos de um número menor de partidos, mas que sejam claros em sua ideologia, no seu programa, para que não aconteça o que tem acontecido hoje, que há de fato partidos que não têm nenhum programa.

Para concluir a minha fala, Sr. Presidente, para ficar muito claro o objetivo dessa PEC, vamos pegar aqui alguns partidos, no âmbito do Brasil. O Partido Comunista Brasileiro - PCB tem hoje 15.500 filiados no Brasil todo. Nós, que temos mais de 5 mil Municípios, não dá 3 filiados por Município. Agora, imaginem o PCO! O PCO tem 2.560 filiados no Brasil, ou seja, não dá um filiado por Município. O PEN, que é um partido novo - e deve-se considerar por ser um partido novo -, tem hoje 247 filiados. É óbvio que deve agora aumentar um pouco mais. O PPL tem 14 mil filiados. O PSTU tem 13 mil filiados no Brasil. E nos grandes partidos isso também é ainda praticamente irrelevante. O DEM, por exemplo, tem 7% de filiados. O PDT tem 1 milhão e 151 mil, o que é muito pouco ainda, quando se fala em Brasil, porque temos hoje quase 150 milhões de eleitores e filiados, 14.544.206.

Por isso o motivo maior da minha proposta de emenda constitucional é fazer com que os novos partidos tenham filiações provisórias e os partidos atuais tenham um prazo para chegar a um número mínimo de filiações a fim de se consolidarem realmente nos próximos 5 anos.

Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Laercio Oliveira) - Cumprimento o querido e nobre Deputado Izalci pela sua disposição, falando de um tema tão importante para o País hoje, que é a reforma política. Apresentou a posição sempre lúcida e objetiva do Partido da Social Democracia Brasileira.

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Deputado Izalci, receba os meus cumprimentos pela sua disposição neste momento.

Documento 11/26

223.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

08/08/2013-15:18

Publ.: DCD - 09/08/2013 -

33111 PROFESSOR SETIMO-PMDB -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Necessidade de agilidade na aprovação pelo Senado Federal do novo Plano

Nacional de Educação - PNE. Apelo ao Governo Federal de continuidade das

negociações com os servidores grevistas do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes - DNIT. Defesa de aprovação pela Casa do

projeto de lei sobre a regulamentação das atribuições e competências das

Guardas Municipais. Realização de grandes investimentos na rede hospitalar

maranhense pelo Governo do Estado do Maranhão. Necessidade de realização

da reforma política. Defesa de extinção de coligações partidárias. Apoio à

adoção do voto distrital, o chamado "distritão", à coincidência de eleições e à

extinção do instituto da reeleição. Legitimidade da eleição da Governadora do

Estado do Maranhão, Roseana Sarney.

O SR. PROFESSOR SETIMO (PMDB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste momento, iniciando a minha fala, quero fazer um painel de alguns temas que estão sendo tratados nesta Casa e dos quais vou falar.

Vou falar do PNE, o Plano Nacional de Educação; vou falar um pouco da reforma política; vou falar de um projeto de lei importante que se encontra nesta Casa, que trata da regulamentação da competência das Guardas Municipais; e também vou falar do momento de paralisação dos servidores do DNIT, que está causando acima de tudo um grande prejuízo para a Nação.

Eu também ouvi atentamente, Sr. Presidente, o Deputado Simplício Araújo. Tenho ouvido, todas as vezes, as críticas do Deputado Simplício aos governantes do Maranhão. Simplesmente pelo fato de fazer oposição no Estado do Maranhão é que o Deputado Simplício

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tem levantado aqui essa bandeira.

Mas, Sr. Presidente, o Plano Nacional de Educação, durante praticamente 2 anos, foi debatido nesta Casa, na Comissão de Educação e na Comissão Especial destinada a elaborar um plano nacional para que o País não possa parar quando se falar em educação. Porque nos últimos anos a sociedade brasileira tem clamado, Sr. Presidente, pela qualidade do ensino. Como fazer qualidade de ensino, Deputado Mauro Benevides, como falar em Plano Nacional de Educação para melhorar os índices do processo educacional brasileiro, se o Brasil deixou de ter um plano em 2010, quanto terminou a vigência do plano decenal da educação brasileira? Já passamos por 2011, já passamos por 2012, vamos passar pelo ano de 2013, mas, neste ano, agora ano segundo semestre, Deputado Mauro, é essencial, é importante que o Senado Federal aprove o Plano Nacional de Educação. Porque esta Casa, Deputado, já fez a sua parte. Já aprovamos o Plano Nacional de Educação, que agora está no Senado. Mas nós não podemos demorar, porque o Brasil está sem um Plano Nacional de Educação desde 2011.

Deputado Mauro, o Governo Federal não tem um plano nacional para tratar de um tema tão importante, para melhorar a educação brasileira. Nós não temos um Plano Nacional de Educação há 3 anos e corremos o risco de não aprová-lo neste ano, agora no segundo semente. E 2014 é um ano eleitoral. O Brasil vai completar 5 anos sem um Plano Nacional de Educação.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Professor Setimo, V.Exa. me permite uma intervenção?

O SR. PROFESSOR SETIMO - Concedo o aparte ao Deputado Mauro Benevides.

O Sr. Mauro Benevides - Neste momento em que V.Exa. faz esta abordagem, com a sua autoridade de membro da Comissão de Educação desta Casa, a que eu pertenço também, eu não me dispensaria de enaltecer o trabalho que V.Exa. ali desenvolveu sobretudo na elaboração do Plano. Não foram poucas as vezes em que V.Exa., do seu microfone, apontou falhas e apresentou emendas para corrigi-las. E muitas das emendas de V.Exa. - eu ofereço o meu testemunho espontâneo neste instante - estão lá inseridas no projeto que este Plenário aprovou e que aguarda a manifestação soberana da outra Casa do Parlamento. Então, V.Exa. pode ocupar essa tribuna com a mais absoluta autoridade, sobretudo falando sobre esse tema, porque o conhece em profundidade, não só na sua condição de mestre, mas também e sobretudo porque, em relação a essa temática, V.Exa. se entregou de corpo e alma, sendo um dos primeiros a chegar quando estava pautada a matéria na Ordem do Dia daquela Comissão, fazendo-o sempre com veemência e sobretudo com perfeito

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conhecimento de causa. Ninguém nesta Casa - não sei - teria mais autoridade do que V.Exa., que foi um partícipe saliente daquele debate, para trazê-lo a este Grande Expediente da sessão de hoje. Eu gostaria que V.Exa. tivesse sido sorteado para fazer um pronunciamento dessa natureza talvez num dia de maior afluência dos nossos eminentes colegas, mas V.Exa. o faz neste instante para todos nós que estamos aqui. Reconhecemos, com o meu testemunho, que V.Exa. tem sido um pregoeiro da causa educacional brasileira. Meus cumprimentos a V.Exa.

O SR. PROFESSOR SETIMO - Muito obrigado, Deputado Mauro Benevides.

Sr. Presidente, essa preocupação não deve ser só minha, deste Deputado. Essa preocupação deve ser desta Casa, do Congresso. E cada região do Estado brasileiro precisa elaborar seu plano regional de educação. Ora, como é que o Estado do Maranhão, o Estado do Piauí, o Estado do Ceará, qualquer Estado brasileiro vai elaborar o seu plano estadual, se nós não temos o Plano Nacional? E pergunto: como é que um gestor municipal pode se organizar, como é que pode organizar a sua política educacional, sem um plano nacional, sem um plano regional, companheiro Chiquinho? Nós temos que pensar nos Prefeitos. O gestor municipal precisa elaborar agora o seu plano municipal de educação, mas, se ele não tiver as diretrizes determinadas pelo Plano Nacional, não vai elaborar.

Como é que vamos pensar em melhorar a qualidade de ensino do País, se nós não temos o eixo a ser percorrido?

Concedo o aparte ao companheiro Deputado Chico Lopes.

O Sr. Chico Lopes - Obrigado, Deputado. Estou no exercício do segundo mandato - e V.Exa. também, se não me engano - e sempre observo a sua fala sobre educação, mostrando que foi professor de sala de aula e mostrando que estuda a educação. Apesar de termos avançado muito em termos de quantidade de colégios, em termos de quantidade de faculdades, a nossa educação é clandestina ainda, porque o Plano Nacional de Educação já devia estar em execução há 2 ou 3 anos. Infelizmente, isso não está acontecendo. Quando falamos nessa luta por mais verbas para a educação, sobre a qual há unanimidade nesta Casa - não há ninguém contra isso -, é porque achamos que o dinheiro que vai para a educação é um investimento. Mas V.Exa. tem razão quando diz: "Se não aprovamos o plano nacional, como podemos ter um plano estadual? Se não aproveitamos o plano estadual, como teremos o plano municipal?" Apesar de termos tido um grande Ministro da Educação, o hoje Prefeito de São Paulo, e apesar de o atual Ministro também ser um bom conhecedor da educação, está demorando a finalização do Plano Nacional de Educação. Queria pedir o apoio de V.Exa. ao requerimento que estou

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fazendo à Comissão Especial para convidar representantes do Tribunal de Contas e do Conselho Federal de Educação, para sabermos onde entra o Tribunal de Contas, com essa capacidade de fazer a avaliação da educação. A que ele queira fazer avaliação dos investimentos, das verbas etc. e tal não tenho nada contra, mas nós educadores não vamos fazer avaliação de bens econômicos de uma escola. Nós fazemos avaliação de bens intelectuais: se aprendeu ou se não aprendeu. Até nisso há pessoas querendo se meter, numa coisa que não conhecem. E não nos metemos lá. Já temos problemas suficientes na educação e ainda vamos arrumar mais esse? Quero parabenizar V.Exa. pelo discurso, uma peça respeitosa com a qual quer ajudar o Governo no sentido de acelerar a aprovação do Plano Nacional de Educação. Parabéns, Deputado Professor Setimo. Tenho o prazer de ser professor e de ser Deputado junto com V.Exa.

O SR. PROFESSOR SETIMO - Muito obrigado, companheiro Chico.

Sr. Presidente, continuando a minha fala, quero dizer da nossa preocupação com a demora na aplicação do Plano. Na hora de iniciar a implantação do Plano, após a aprovação pelo Senado e o retorno a esta Casa, nós deveremos pensar que o Plano Nacional de Educação é um plano decenal e que, até o final da vigência do Plano, vão ser aplicados em torno de 10% do PIB. Antes, até 2010, não se aplicavam nem 5% do PIB. Hoje nós estamos caminhando, embora sem a orientação do Plano, para 6%, 7% do PIB. Mas, nos últimos 5 anos da aplicação do Plano Nacional, nós deveremos atingir 10% do PIB.

Sabemos que o Plano é muito importante porque ele vai tratar da avaliação e vai tratar acima de tudo do processo de aprendizagem do aluno, desde a implantação da creche até a formação superior e a valorização do professor. Nós vamos aí traçar metas e diretrizes para melhorar o ensino fundamental. Mas só vamos melhorar o ensino fundamental se, em todo o Brasil, implantarmos a construção das creches. O Governo Lula iniciou bem, quando olhou para a periferia deste País e começou a construir as creches. Em seguida, a Presidenta Dilma Rousseff deu continuidade a isso, com um programa que prevê a construção de mais creches no Brasil.

Só podemos melhorar a qualidade do ensino médio se melhorarmos o ensino fundamental. Só vamos melhorar o ensino fundamental através da implantação das creches. Com as creches, sim, o processo de aprendizagem vai melhorar. Aí, teremos o ensino fundamental, o ensino médio e o ensino superior com qualidade. É isso o que nós queremos, Sr. Presidente.

O Plano Nacional é uma necessidade para a sociedade brasileira. Não podemos mais esperar, estamos perdendo tempo. E com educação não se brinca. O processo educacional consiste em trabalhar a mente da criança e a mente da juventude. É um processo de crescimento.

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Temos que iniciar a educação lá na creche, para que possamos atingir a qualidade de vida do cidadão brasileiro.

Sr. Presidente, eu peço a esta Casa que não demore mais. Vamos cobrar do Senado o retorno do Plano Nacional, para que possamos avançar, aprovar aqui e implantar o Plano Nacional o mais brevemente possível.

Concedo um aparte ao companheiro Deputado Federal Chiquinho Escórcio, também do Maranhão.

O Sr. Francisco Escórcio - Deputado Professor Setimo, V.Exa. aborda um tema que é reclamado hoje pelo Brasil inteiro. Todos nós estamos vendo que a solução do que às vezes não tem equilíbrio está exatamente assentada numa coisa chamada "educação". E V.Exa., como professor zeloso que é, lá do meu querido Estado do Maranhão, sabe que nós temos uma dificuldade grande com esses índices, de todas as direções. E não seria diferente no campo da educação. Nós temos uma população pobre, e essa população pode exatamente modificar a sua qualidade de vida, o seu padrão de vida como um todo, através da educação. Eu venho neste momento hipotecar solidariedade a V.Exa., dizendo que V.Exa., na tarde de hoje, mexe não só com o Maranhão, mas também com o Brasil, porque todos os brasileiros torcem por uma educação de qualidade neste País. Muito obrigado.

O SR. PROFESSOR SETIMO - Muito obrigado, Deputado.

Sr. Presidente, eu gostaria de falar muito mais sobre esse tema educacional, mas, como citei no início, preciso falar também sobre a greve dos servidores do DNIT, que não pode mais continuar. O Governo Federal tem que abrir as portas e dar continuidade à negociação, chegar a um ponto comum, de acordo, para fazer com que os servidores do DNIT retornem ao trabalho.

Veja, Sr. Presidente: não há questões maiores. O que os servidores do DNIT estão querendo é uma equiparação salarial com os servidores da ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres. A lei que criou o DNIT é a mesma que criou a ANTT. Trata-se de valorização salarial. Como é que, embora a mesma lei as tenha criado, numa instituição os servidores têm o salário valorizado, e na outra os servidores não têm? Os servidores do DNIT estão com a razão. Eles querem uma equiparação salarial, para ter o mesmo valor do servidor da ANTT. Então, é simples.

E um órgão como o DNIT, que movimenta milhões em recursos, não pode ficar parado, se não o País vai parar. No ano passado, sabemos, o DNIT executou mais de 12 bilhões de reais. Doze bilhões! Hoje, o DNIT já tem em execução mais de 13 bilhões em obras. E vejam que a ANTT é uma instituição reguladora, e o DNIT é uma instituição

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executora. Então, essa paralisação não pode continuar, se não vai parar o País, principalmente com relação às BRs, às pontes, às grandes obras.

Por isso, daqui nós fazemos um apelo ao Governo Federal para que entre em entendimento com a direção dos grevistas do DNIT, para que possamos avançar e construir mais BRs. Os servidores do DNIT merecem ser valorizados igualmente aos servidores da ANTT, Sr. Presidente.

Neste momento, Sr. Presidente, eu não poderia também deixar de falar aqui sobre as Guardas Municipais. Nós sabemos da luta das Guardas Municipais, ao longo do tempo, por uma lei que regulamente suas atividades. Não existem normas. As Guardas Municipais vivem à mercê do gestor público nos Municípios. Então, nós temos que regulamentar, que determinar as competências de cada Guarda Municipal. Acima de tudo, a Guarda Municipal, que foi criada através de lei e é composta através da realização de concurso público, deve estar inserida no sistema de segurança nacional, da segurança pública do País. A Guarda Municipal é semelhante à Polícia Militar, à Polícia Civil, a toda instituição policial que dá segurança a este País.

Então, devemos valorizar as Guardas Municipais com o projeto de lei. Queremos pautar na próxima semana e aprovar esse projeto de lei, para valorizar o guarda municipal brasileiro.

O Sr. Sarney Filho - V.Exa. me permite um aparte, nobre Deputado?

O SR. PROFESSOR SETIMO - Concedo o aparte ao Deputado Federal Sarney Filho.

O Sr. Sarney Filho - Deputado Professor Setimo, queria me congratular com V.Exa. pelos dois temas que aborda na tarde de hoje. Primeiro, o tema da educação, tão necessária, tão libertadora das cabeças e também da economia das pessoas. E V.Exa., agora, fala sobre o DNIT, sobre a segurança nas estradas. A segurança também é um problema. Para nós que somos do Maranhão o problema não é só a questão da educação, mas também o fato de o Estado ser historicamente pobre, de o Estado sempre ter estado entre os últimos Estados. Mas, ao longo dos últimos anos, o Maranhão tem avançado - tem avançado -, apesar do último Índice de Desenvolvimento Humano apresentado sobre os últimos 10 anos. Desses 10 anos, durante 8 anos o Maranhão foi governado pela Oposição. Essa Oposição que tanto ataca, não a gestão, mas a pessoa de José Sarney, é responsável pelo fato de o Maranhão não ter crescido tanto quanto devia. O último IDH é relativo aos últimos 10 anos. Mas V.Exa. aborda, de maneira muito séria e estrutural, a questão da segurança nas estradas e a questão da educação. Tem a nossa solidariedade, tem o nosso aplauso e tem a nossa preocupação. Estaremos juntos na

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defesa da melhoria da educação e também de uma solução para a greve dos funcionários do DNIT. Pode contar com a minha pessoa, como Deputado Federal, mas também com o meu partido, o Partido Verde, que irá se juntar a V.Exa., na defesa dessa bandeira.

O SR. PROFESSOR SETIMO - Muito obrigado, Deputado Sarney Filho.

Sr. Presidente, continuando a minha fala, nos termos aqui destacados, eu ainda quero colocar no meu painel o sistema de saúde do Maranhão.

Eu conheço o sistema de saúde do Maranhão, principalmente o da minha cidade de Timon, e quero dizer que o Deputado Federal e companheiro Simplício Araújo, com as suas palavras, ditas em voz alta, gritando, fez-me lembrar de um dito da sabedoria popular. Para convencer alguém, para convencer um Estado ou um país, através da fala, não é preciso gritar, é preciso ter argumentos, é preciso saber argumentar. Com a voz calma e macia é que se convence e se passa a palavra de credibilidade.

Queremos dizer que o Maranhão saiu na frente com relação à questão da saúde: o Maranhão está construindo a maior rede hospitalar do Brasil, equivalente a 80 hospitais, entre UPAs e hospitais para atendimento de casos de alta complexidade. E não é só a construção. Nós já temos, aproximadamente, mais de 50 hospitais, o espaço da saúde, funcionando no Maranhão. Várias UPAs, vários hospitais, tanto em São Luís quanto em várias cidades do Maranhão.

E não é só construir. A Governadora Roseana Sarney, além da construção, também está equipando os hospitais. Falou aqui verdadeiramente o Deputado Simplício que a Governadora, através de receita própria do Estado do Maranhão, já investiu mais de 1 bilhão de reais na saúde, na construção de hospitais, já investiu mais de 300 milhões em equipamentos. Construir hospital é muito fácil, mas, se ele não for equipado e não prestar bom atendimento, de nada serve como espaço hospitalar. E a Governadora do Maranhão está aplicando mais de 1 bilhão na construção de uma rede hospitalar no Maranhão; está investindo mais de 400 milhões em equipamento hospitalar. Então, ela saiu na frente. Hoje o País está clamando por redes hospitalares, médicos e equipamentos, e o Maranhão saiu na frente, com recursos próprios.

O Ministro Alexandre Padilha esteve no Maranhão e lá está participando desse processo, do plano de saúde do Maranhão. Liberou 60 milhões e vai liberar mais 60 milhões. Vai ser a parte do Governo Federal. Mas toda essa rede hospitalar construída no Maranhão é um esforço do Deputado Estadual Ricardo Murad e da Governadora Roseana Sarney. Não se pode negar.

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O Maranhão saiu na frente, e acreditamos que até o final do ano toda a rede hospitalar do Maranhão estará funcionando. Acreditamos que o investimento feito na área de saúde do Maranhão foi para promover avanços e dar qualidade de vida à população do Estado.

Eu cito o exemplo da minha cidade, Deputado Sarney Filho. Há 6 anos, 8 anos, 10 anos, a cidade de Timon era um local de passagem de ambulâncias para todas as cidades do Maranhão. Por toda aquela região de Codó, Barra do Corda, Pedreiras passavam mais de 40 ambulâncias por dia para a cidade de Teresina, Capital do Piauí. E elas passavam pela cidade de Timon. Quarenta ambulâncias. Hoje, esse número diminuiu. Quem passar hoje um dia ali, no pé da ponte de Timon, vai ver que não chegam a passar cinco ambulâncias por dia, e só para casos de alta complexidade.

O Maranhão avançou. Está boa a área de saúde do Maranhão? Não está. Vamos avançar mais, para que possamos chegar ao ponto ideal, que atenda ao cidadão brasileiro.

Encerrando esse tema, eu gostaria de tratar também de um tema pelo qual a sociedade está clamando, Sr. Presidente, colegas Deputadas e Deputados, da reforma política.

A reforma política, Sr. Presidente, é necessária. Nós devemos fazê-la, e agora; devemos aprová-la este ano. Se não é para valer no próximo ano, que possa valer para 2016, para 2020, para 2022, mas devemos ter agora a iniciativa de fazer a reforma, de acabar com as coligações, se não nós nunca vamos poder ter neste País partidos fortes, ter fidelidade partidária. Acabando com as coligações, automaticamente, vamos partir para o voto distrital ou o "distritão", elegendo aqueles mais votados.

Não pode, nesta Casa, um Deputado, muitas vezes com 15 mil votos, com 20 mil votos, representar a Nação. Muitas vezes os Deputados que estão na legenda chegam a obter 60 mil votos, 70 mil votos, mas não se elegem. Os Deputados são aqueles que foram eleitos pela sociedade. É o voto. Quem tiver mais votos é eleito. Então, o "distritão" é uma saída.

A coincidência de eleições é uma economia para o País. De 2 em 2 anos, não há país que aguente os gastos com as eleições. Para coincidirem os mandatos, nós devemos fazer eleição a cada 6 anos e acabar com a reeleição. Um mandato de 6 anos, sem reeleição, é suficiente para que qualquer gestor - federal ou estadual - possa se estabelecer.

Sr. Presidente, encerrando as minhas palavras, quero dizer que conheço o Maranhão muito bem. E, quanto a essa propaganda, a esse marketing feito ultimamente, de que vai ser cassado o mandato da

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Governadora do Maranhão porque o Procurador-Geral da República deu um parecer pela cassação de seu mandato, a Governadora está tranquila, porque nas eleições no Maranhão não houve fraude, não houve abuso do poder econômico nem abuso político. No passado, sim, houve. No Maranhão, houve um período em que o mar da corrupção ali predominou. E a eleição de Roseana foi uma resposta, uma demonstração de que o povo tinha mudado, de que o povo não gostou, porque a corrupção no Maranhão virou lama e água.

Hoje, a Governadora Roseana está legitimada pelo voto popular. E acima de tudo deve ser respeitada a vontade do povo. Se querem derrotar no Maranhão o grupo do PMDB, o grupo de Roseana Sarney, vão para as urnas no próximo ano, quando haverá eleição.Será a hora de disputar o Governo. No tapetão, não! Acabou essa moda de tapetão. Mandato se conquista no voto. Roseana conquistou o mandato de Governadora do Maranhão no voto.

Querem comparar a cassação do mandato de Jackson Lago com a cassação do mandato de Roseana. É totalmente diferente. Jackson Lago teve o mandato cassado porque assinava convênios em pleno comício, nas praças; em plena campanha eleitoral, nas praças, ele assinava convênios eleitorais. Aí, sim, foi abuso político, foi abuso do poder econômico, Sr. Presidente. Roseana não assinou nenhum convênio. Todos os convênios foram assinados dentro do prazo, dentro da legalidade.

Por isso, a Governadora está tranquila porque sabe que vai se manter no cargo. Aos maranhenses digo que a Governadora Roseana vai ficar até o último dia do seu mandato, porque confia na Justiça.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para ressaltar a importância de se agilizar a aprovação, no Senado, do Plano Nacional de Educação (PNE). Esta Casa, após 18 meses de tramitação, aprovou com louvor metas exigidas pela sociedade para a nossa educação, e agora chegou a vez do Senado.

Outro ponto muito importante é a Reforma Política. O povo nas ruas clama por esses dois processos.

O PNE aqui aprovado estabeleceu 20 metas educacionais que o País deverá atingir no prazo de 10 anos, a partir da sanção da Presidente Dilma, mas lembro a todos que o PNE está no Congresso desde 2010, para vigorar de 2011 a 2020. Como a tramitação ainda não foi

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concluída, só deverá valer de 2014 a 2023.

Portanto, senhores, peço agilidade na análise. A nossa sociedade já esperou demais. Temos que pôr em prática as metas, já.

O Plano reúne os principais objetivos que precisam ser alcançados para superarmos o grande déficit educacional do País, como a erradicação do analfabetismo, a superação das desigualdades, a melhoria da qualidade do ensino e a valorização dos profissionais da educação. Serão investidos, no prazo de 10 anos, até 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação, o que significa que ampliaremos os recursos para a educação dos atuais 5,1% do PIB para 7%, no prazo de 5 anos, até atingir os 10%, ao fim de vigência do Plano. É uma grande conquista social. Esse projeto foi pensado para o benefício intelectual, desde o nascimento das crianças até a formação de doutores.

Com o aumento do investimento na educação pública, iremos ampliar o número das vagas em creches, instituições essas que acredito serem fundamentais para uma educação de qualidade.

Equipararemos a remuneração dos professores com a de outros profissionais com formação superior. Quem ensina e educa deve ser reconhecido como peça fundamental para a nossa evolução técnica, científica e socioeconômica.

Temos a meta de erradicar ou pelo menos de diminuir em 50% o analfabetismo e a de aumentar a oferta do ensino em tempo integral em pelo menos 50% nas escolas públicas, além de diminuir a evasão escolar. Também estimularemos a formação educacional de professores, para que reflitam no aprendizado dos alunos.

O esforço de implementação do PNE deve ser um dos principais objetivos neste semestre, uma vez que os avanços na educação foram insuficientes nos últimos anos frente ao direito de todas as crianças e de todos os jovens a uma educação de qualidade que os prepare para uma vida autônoma, digna e com oportunidades para o seu pleno desenvolvimento.

É certo que nos últimos 10 anos melhoramos a nossa qualidade de vida, conforme pesquisa divulgada pelas Nações Unidas, mas não devemos esquecer que a sociedade também clama por uma reforma política. A reforma política tem que ser feita e é fundamental para o nosso crescimento político. Temos que adequar nosso sistema eleitoral às necessidades que se apresentam. As mudanças devem permitir maior transparência na utilização de recursos, além de tornar a disputa entre candidatos mais igualitária e com menos despesas. Já é hora.

Temos aqui várias propostas, desde a coincidência de mandatos, que,

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na minha opinião, seria de grande valia ao processo eleitoral, pela economia de tempo e recursos que proporcionaria, até o fim da proporcionalidade, de forma a garantir a eleição dos mais votados e a fidelidade partidária, mas ainda há divergência entre nós, quando se trata de voto distrital, voto em lista e de financiamento público de campanha.

Senhores, lembro ainda de outro projeto que precisa avançar nesta Casa, o Projeto de Lei nº 1.332, de 2003, que dispõe sobre as competências comuns das Guardas Municipais. Temos que regulamentar e disciplinar a manutenção das Guardas Civis Municipais como órgãos de segurança pública em todo o território nacional. As nossas cidades necessitam de mais segurança.

Portanto, senhores, este é o momento. É o momento da ruptura de paradigmas, é a hora de avançarmos na política reconhecendo que precisamos nos adequar às mudanças exigidas pela sociedade.

Por isso, venho a esta tribuna para lembrar a importância desses grandes projetos pendentes: o PNE, a reforma política e a regulamentação das Guardas Municipais.

Agradeço a atenção dos senhores e parabenizo esta Casa por aprovar este importante projeto de educação para o nosso futuro.

E louvo o Estatuto da Juventude, sancionado pela Presidente Dilma na segunda-feira, dia 5 de agosto. O Estatuto faz com que os direitos já previstos em lei, como educação, trabalho, saúde e cultura, sejam aprofundados para atender às necessidades específicas dos jovens, respeitando as suas trajetórias e diversidade. O Estatuto é um grande passo para a nossa democracia. A juventude e a sociedade merecem construir uma história baseada em direitos.

Era o que tinha a dizer, Sras. e Srs. Deputados.

Documento 12/26

226.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

12/08/2013-15:42

Publ.: DCD - 13/08/2013 -

33324 DALVA FIGUEIREDO-PT -AP

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE

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DISCURSO

Sumário

Realização da reforma política. Posicionamento do Partido dos Trabalhadores

favorável às propostas de adoção do financiamento público de campanhas

eleitorais, da fidelidade partidária e do voto proporcional misto, de extinção

das coligações partidárias, de unificação de eleições municipais e nacionais, de

ampliação da participação popular na política. Importância do Programa Mais

Médicos. Início das obras de reforma e ampliação do Hospital Estadual de

Clínicas Dr. Alberto Lima, em Macapá, Estado do Amapá. Retomada das obras

de construção do Hospital Metropolitano de Macapá, no Estado. Expectativa

de votação em segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição nº 111, de

2011, sobre a constituição, por servidores públicos oriundos dos ex-Territórios

do Amapá e de Roraima, de quadro em extinção da administração federal.

Aumento dos investimentos federais no Estado do Amapá, nas áreas de

transporte, saneamento básico, saúde e educação. Defesa de delegação das

obras de pavimentação do trecho sul da BR-156 ao Governo Estadual.

Necessidade de pavimentação da BR-210. Luta da oradora pela inclusão no

Programa de Aceleração do Crescimento das obras de pavimentação da BR-

210, a Perimetral Norte. Empenho da oradora para a construção de escolas para

comunidades indígenas.

A SRA. DALVA FIGUEIREDO (PT-AP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para mim, é uma grande honra poder vir aqui, hoje, falar por 25 minutos para as cidadãs e os cidadãos brasileiros, em especial para os do Estado do Amapá, Estado que tenho grande orgulho de representar nesta Casa.

Quero abordar inicialmente o tema da reforma política. Nas manifestações que aconteceram no nosso País durante a Copa das Confederações e nos dias que se seguiram à vinda do Papa ao Brasil, pudemos observar o quanto a sociedade brasileira criticou os políticos e os órgãos de representação popular, como o Congresso Nacional. Os partidos políticos, de um modo geral, ficaram a distância, não participaram, não se envolveram nas manifestações. E esse fato me trouxe bastante preocupação, porque todos nós sabemos que uns dos pilares da democracia são os partidos políticos e as instituições públicas, que precisam ser fortalecidas.

É por isso que o Partido dos Trabalhadores tem colocado para a sociedade e tem debatido na Câmara dos Deputados a necessidade de realização de uma reforma política que fortaleça o sistema político brasileiro e que construa, com essas modificações, um novo desenho para os partidos políticos. Portanto, aqui na Câmara, nós estamos discutindo o tema numa Comissão Especial instituída pelo Presidente Henrique Eduardo Alves. E, através da última pesquisa feita pelo IBOPE, nós observamos que 85% das pessoas entrevistadas querem a reforma política e que 78% delas são contra o financiamento privado de

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campanhas eleitorais. Esses 85% são favoráveis a que a reforma política já passe a valer para as eleições de 2014.

Quero aproveitar a oportunidade para cumprimentar as pessoas que estão aqui visitando a Câmara, nesta segunda-feira.

O Sr. Mauro Benevides - Se V.Exa. me permite, queria fazer uma breve intervenção no seu pronunciamento, Deputada Dalva Figueiredo. Quero juntar à argumentação que V.Exa. vem expendendo o meu apoio firme e decidido. Há poucos instantes, ocupando o Pequeno Expediente desta Casa, fiz considerações com esse objetivo que V.Exa. agora secunda, com base inclusive em pesquisa do IBOPE. E diria a V.Exa. que, na manhã de hoje, neste mesmo plenário, o Presidente Nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, postulou exatamente o acolhimento de um projeto de reforma política que enquadre os nossos regramentos numa linha ética realmente fundamental para os rumos democráticos do País. Então, no momento em que V.Exa., usando o Grande Expediente, enfatiza essa tese como absolutamente legítima, eu quero levar ao seu discurso este meu aparte, reconhecidamente solidário. V.Exa. está realmente no caminho certo, e nós vamos acompanhá-la nesta trajetória, para que a reforma, de uma esperança, se transforme em esplêndida realidade. Cumprimentos a V.Exa.

A SRA. DALVA FIGUEIREDO - Muito obrigada. Fico muito honrada com o seu aparte, Deputado Mauro Benevides.

E os números, Sr. Presidente, confirmam a defesa que a Presidenta Dilma Rousseff fez, em resposta às manifestações ocorridas em junho, da necessidade de um debate sobre a reforma política, com participação popular. E, na época, a Presidenta da República propôs a realização de um plebiscito ou mesmo de uma Constituinte exclusiva, para que nós Parlamentares pudéssemos nos dedicar apenas ao debate da reforma política.

Quanto ao financiamento de campanhas eleitorais, ainda com base nos dados da pesquisa feita pelo IBOPE, 78% dos entrevistados se posicionaram contra a participação de empresas nas campanhas. A medida faz parte também de um projeto de iniciativa popular sobre a reforma política apresentado pelo meu partido, o Partido dos Trabalhadores. Noventa por cento das pessoas também pediram punições rigorosas à prática de caixa dois.

A pesquisa também quis saber qual seria o melhor modelo para eleger os Deputados, ficando 56% dos entrevistados a favor de mudanças e pela instituição do voto em lista e propostas de candidatos, contra 38% favoráveis à maneira atual, no nome do candidato.

Enfim, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores que estão nas

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galerias, que nos assistem, a proposta do Partido dos Trabalhadores se embasa no financiamento público de campanhas eleitorais, na fidelidade partidária e no fim das coligações proporcionais, entre outros pontos.

Quero ressaltar que a fidelidade partidária é um princípio fundamental da regra democrática. Considero esse um dos pontos mais importantes da reforma política e sei que o seu debate é complexo, que está sendo feito na Casa há muito tempo, mas que está na hora de irmos a fundo e tomarmos uma decisão, e adotarmos uma posição quanto à reforma política, para que nós possamos de fato fortalecer cada vez mais o sistema político, os partidos políticos e a disputa eleitoral.

O Sr. Izalci - Deputada Dalva Figueiredo, V.Exa. me permite um aparte?

A SRA. DALVA FIGUEIREDO - Pois não.

O Sr. Izalci - Primeiro, quero parabenizar V.Exa. pela escolha do tema. Essa questão da reforma política é muito importante. Mas eu gostaria de aproveitar a abordagem desse tema para citar outra questão - e fiz recentemente um discurso sobre isto: a reforma partidária. No Brasil, hoje, nós não temos representatividade nos partidos. Menos de 10% dos eleitores são filiados a partidos políticos. E grande parte deles tem dono. Há partidos que funcionam há 15 anos, 20 anos com o mesmo diretório, sem eleição. Então, são donos ou laranjas. É inadmissível fazer uma reforma política, seja com lista fechada, seja com financiamento público de campanhas, sem o pré-requisito da reforma partidária, para que possamos dar realmente legitimidade aos partidos. Hoje, os partidos não têm ideologia, não têm programa. Então, parabenizo V.Exa. Precisamos, sim, nos debruçar sobre isso e aprovar essa reforma política, mas, antes, precisamos fazer a reforma partidária. Parabéns pelo pronunciamento.

A SRA. DALVA FIGUEIREDO - Muito obrigada, Deputado Izalci. Com certeza precisamos fortalecer os partidos, torná-los cada vez mais representantes do pensamento da sociedade.

O Partido dos Trabalhadores defende também a unificação de eleições municipais e nacionais, o voto proporcional misto, para fortalecer os partidos - dois votos: um na lista e outro nominal.

Eu quero também ressaltar que o meu partido sempre defendeu a participação popular direta. Nós queremos cada vez mais fortalecer o Partido dos Trabalhadores, tanto que, em novembro, através de eleição direta, nós renovaremos os nossos diretórios partidários, no Município, no Estado e em âmbito nacional.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se havia alguma dúvida em

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relação à direção que devemos tomar, para nós, as manifestações de massa que vêm ocorrendo nos últimos dias acabaram com toda e qualquer incerteza. Nós precisamos, urgentemente, de uma reforma política. É preciso que o Congresso Nacional se incline a ouvir o que as ruas estão dizendo. É das ruas e das praças que vem a insistente exigência de uma reforma política para valer, que valorize o voto do cidadão e que fortaleça o sistema representativo.

O segundo assunto de que quero tratar, Sr. Presidente, é o Programa Mais Médicos, um programa que faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, que prevê investimentos em infraestrutura de hospitais e unidades de saúde e que pretende levar mais médicos para regiões em que há escassez ou não existam esses profissionais.

O meu Estado, por exemplo, é uma dessas regiões. Em 2002, nós tentamos trazer 32 médicos cubanos para atenderem à população das áreas ribeirinhas do Amapá e, infelizmente, nós não conseguimos. Os médicos chegaram, fizeram treinamento, mas tiveram que ir embora por conta da radicalidade de alguns segmentos da sociedade, que não compreendem - e desde aquela época não compreendiam - e tentam ainda hoje nos impedir de contratar médicos para atuar na atenção básica, nas periferias das grandes cidades e no interior do Brasil.

Hoje, o Brasil possui 1,8 médicos por mil habitantes. Esse índice é menor do que o da Argentina, do Uruguai, de Portugal e da Espanha.

Como não se faz saúde, Sr. Presidente, apenas com profissionais, o Ministério da Saúde está investindo 15 bilhões de reais, até 2014, em infraestrutura de hospitais e Unidades Básicas de Saúde. Desses, 2 bilhões e 800 milhões de reais foram destinados a obras em 16 mil Unidades de Saúde e para a compra de equipamentos para 5 mil Unidades; 3 bilhões e 200 milhões de reais, para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos.

O Amapá, por exemplo, Sr. Presidente, teve a adesão de 94% das Prefeituras. O Estado foi o segundo com maior percentual de adesão da Região Norte, ficando atrás apenas do Amazonas. Juntas, as 15 cidades solicitaram 127 profissionais, que atuarão exclusivamente na atenção básica.

Além de levar mais médicos para essas áreas, o Ministério investirá, no Amapá, na expansão e na melhoria da rede pública de saúde. Desse montante de 15 bilhões de reais, já foram investidos 11 milhões e 400 mil reais em obras nas Unidades de Saúde e 7 milhões de reais na compra de equipamentos. Também foram aplicados, na construção de cinco UPAs, 6 milhões e 600 mil reais.

A criação desse programa é importante porque sabemos o quanto é

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difícil contratar médicos e dar-lhes condições de trabalho e infraestrutura adequada nas áreas distantes dos grandes centros do País.

Sr. Presidente, nós do Amapá em breve estaremos entregando à população o HCAL, o Hospital Estadual de Clínicas Alberto Lima, para o qual destinei 11 milhões de reais em emendas; o Hospital Metropolitano, cujas obras se encontram paradas, mas a nova gestão, do Prefeito Clécio Luís, está retomando as obras; e estamos permanentemente trabalhando para que, no HCAL, o hospital de especialidades, nós possamos melhorar cada vez mais a UNACON, a unidade de tratamento de câncer; e estamos também trabalhando para implantar uma clínica de Radiologia no Estado.

Então, com essas nossas ações, com certeza, obteremos melhorias, ao longo dos próximos 2 anos, no atendimento à saúde da população do Estado do Amapá, seja no âmbito estadual, seja na capital.

Também quero falar, Sr. Presidente, sobre um assunto de que já tratei diversas vezes, ou seja, da Proposta de Emenda à Constituição nº 111, que prevê a incorporação de servidores oriundos dos ex-Territórios nos quadros da União.

Neste momento, eu quero me dirigir aos servidores civis, aos policiais e bombeiros militares do Amapá, para informar a todas as categorias que estamos em processo de negociação da PEC 111 com o Ministério do Planejamento, para definir o valor do impacto orçamentário que será necessário para custear o enquadramento dos servidores nas carreiras da União.

Nós trouxemos a Brasília o Secretário de Estado da Administração do Amapá, Agnaldo Balieiro, o Secretário de Administração do Município de Macapá, Paulo Lemos, e a Secretária da Gestão Estratégica e Administração do Estado de Roraima, Gerlane Baccarin, que nos entregaram pessoalmente um documento com o número provável de servidores que poderão optar pelo quadro da União, com a aprovação da PEC 111.

Nos últimos dias, o Deputado Luciano Castro e eu estivemos em contato com o Dr. Carlos Augusto, da Secretária-Executiva do Ministério do Planejamento, que nos informou que em 2 semanas apresentará esse cálculo, já deixando, portanto, em condições as bancadas do Amapá e de Roraima para, junto ao Governo Federal, encerrarem as discussões e aprovarem em segundo turno, aqui em plenário, a PEC 111, que será enviada ao Senado.

Quero também destacar, Sr. Presidente, que tanto o Governo do Presidente Lula investiu quanto o Governo da Presidenta Dilma tem investido consideravelmente no Estado do Amapá. Nos últimos anos,

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nós avançamos em relação aos investimentos federais.

Para as obras de pavimentação da BR-156, trecho norte, a bancada federal do Amapá conseguiu destinar recursos da ordem de 240 milhões de reais. No ano passado foram liberados 60 milhões reais, em uma única parcela, para essa obra que, desde 1976, não recebia um volume tão grande de recursos.

Agora, para as obras no trecho sul, na fronteira com o Pará - o Trecho Norte fica na fronteira com a Guiana Francesa -, nós estamos trabalhando para que os recursos sejam liberados.

E eu quero daqui fazer mais uma vez um apelo ao Ministério dos Transportes no sentido de que delegue essa obra do trecho sul para o Governo do Amapá, que já executa a obra no trecho norte. Nada mais justo do que o Governo, que se habilitou, que se recompôs, que organizou e está organizando suas finanças, que tirou o Estado da inadimplência, que está executando os recursos do PAC em habitação, saúde e saneamento básico, possa também conduzir a grande obra do trecho sul. Portanto, quero daqui reiterar esse pedido do Governo do Amapá e dos outros colegas de bancada.

Quero também ressaltar que nós temos, em nosso Estado, a BR-210, a Perimetral Norte, que corta o Parque do Tumucumaque. O Estado do Amapá foi o que mais cedeu terras, o que mais destinou terras para a preservação - área de quilombola, área indígena. Então, nada mais justo, Deputado Mauro Benevides, que nós tenhamos a contrapartida. Essa estrada de chão que nos leva até as aldeias indígenas, que nos levará a outros países e a outros Estados da Amazônia, ainda não foi asfaltada. E o povo daquela região bem merece isso.

Quero ressaltar também, Sr. Presidente, a implantação do Campus Binacional de Oiapoque da Universidade Federal do Amapá. Os recursos já estão garantidos no Orçamento Geral da União que vão permitir a implantação da Universidade Binacional na fronteira do Oiapoque com a Guiana Francesa, onde há uma ponte que ainda vai ser inaugurada, faltando apenas a definição de alguns serviços no entorno, como os serviços alfandegários. No lado francês, já está pronto, e a promessa que nós temos é de que até dezembro esses serviços estarão concluídos e de que a ponte será inaugurada.

Quero ressaltar também que, do Programa Luz para Todos, há previsão de serem aplicados 120 milhões de reais no Amapá. Nós temos constantemente dialogado e negociado com a ELETRONORTE e com a Companhia de Eletricidade do Amapá, para que esse programa avance no nosso Estado. E tem avançado, apesar das dificuldades, das limitações. Temos que comemorar uma conquista: em breve, será feita a interligação do Distrito do Bailique, uma comunidade onde moram 10 mil pessoas, que fica muito distante - a cerca de 8

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horas de barco -, com energia elétrica por 24 horas, por meio de cabos submarinos.

Eu quero também falar, Sr. Presidente, de um assunto importante para o nosso Estado, que é o saneamento básico. O Amapá é um Estado que sofre e tem sofrido nos últimos anos com a falta de investimentos em saneamento básico. Nos últimos anos, de 2007 até agora, o Governo Federal alocou 120 milhões de reais, pela FUNASA, e mais 45 milhões de reais, pelo Ministério das Cidades.

Eu quero compartilhar esse mérito da nossa bancada, que lutou muito, junto com o Governo do Amapá. Em 2011, como coordenadora da bancada, pude trabalhar junto ao Governo Federal no sentido da liberação de 59 milhões de reais para Macapá e demais Municípios, por meio da FUNASA, para a ampliação da rede de água tratada, e de 134 milhões, por meio do Ministério das Cidades.

Quero também ressaltar, Sr. Presidente, a expansão da Universidade Federal do Amapá para o interior do Estado. Como Deputada, trabalhei muito por isso. Nesta semana, irei à Laranjal do Jari comemorar a liberação de 2 milhões de reais para o campus da UNIFAP no Município, bem como a construção de campus em Tartarugalzinho, Calçoene e Cutias. E foi como coordenadora da bancada que apresentei emenda para o Campus Binacional de Oiapoque, em parceria com a França. Todas essas obras já estão em andamento.

E comemoro muito o fato de que, no campus de Macapá, uma emenda de minha autoria permitiu a construção e a inauguração do restaurante universitário, que foi entregue aos acadêmicos da UNIFAP.

Eu quero também destacar a implantação do Instituto Federal do Amapá em Macapá, Laranjal do Jari, Santana, Porto Grande e Oiapoque.

Sr. Presidente, em 1998, eu trabalhava como pedagoga na Secretaria de Educação do Estado e participei da elaboração de um projeto de implantação do Instituto Federal do Amapá. E nós não conseguirmos porque uma portaria do Governo Fernando Henrique Cardoso proibiu a construção. Mas hoje, Sr. Presidente, temos que comemorar. Desde o Governo do Presidente Lula até agora foram implantados campus do IFAP, repito, em Macapá, Laranjal do Jari, Santana, Porto Grande e Oiapoque. Esses campus oferecem educação profissional e tecnológica. O Instituto começou a funcionar há pouco tempo, mas já é muito grande a procura por vagas, tamanha a importância da educação profissional para o nosso Estado.

Quero também saudar os povos indígenas do meu Estado, Sr. Presidente. Cerca de 10 milhões de reais foram destinados para comunidades indígenas durante o meu mandato. Eu articulei junto ao

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Ministério da Educação a liberação de 5 milhões para a construção de escolas e destinei, por meio de emendas individuais, 1,8 milhão de reais para a construção do Centro de Formação Indígena, que já foi inaugurado. E, numa parceria com a UNIFAP e o IFAP, os jovens indígenas poderão ter acesso a cursos superiores e a cursos técnicos.

Sr. Presidente, quero dizer que me sinto muito honrada por falar, hoje, para o Brasil, para os meus colegas Parlamentares e, em especial, para o Amapá do quanto tenho trabalhado junto ao Governo Federal e das mudanças que houve, em termos de investimentos federais, no Estado do Amapá.

E quero comemorar mais uma conquista: destinei 650 mil reais em emendas para o RURAP, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá, com os quais foi possível comprar carros, mobiliário, equipamentos e reformar os escritórios, para os extensionistas poderem chegar até as áreas indígenas, os castanheiros do Rio Jari, à fronteira com o Estado do Pará.

Também quero comemorar a construção de Praças da Juventude, através das minhas emendas individuais. No Município de Santana, foram inauguradas pelo nosso companheiro Nogueira, do Partido dos Trabalhadores, Prefeito reeleito. Em Laranjal do Jari, os jovens têm à disposição esse equipamento, em que podem praticar esportes.

Sr. Presidente, eu quero encerrar dizendo que tenho a imensa confiança, que tenho a imensa esperança em que nós vamos conseguir avançar nas políticas públicas de inclusão social, em que vamos conseguir, verdadeiramente, trabalhar para que haja avanços no atendimento à população nas áreas de saúde e educação, em que vamos continuar garantindo os empregos de que a nossa juventude, de que a nossa sociedade precisa. Acima de tudo, continuarei honrando a confiança que o povo do Amapá depositou em mim para dois mandatos aqui na Câmara dos Deputados, tendo sido a terceira Deputada mais votada do meu Estado. Isso muito me honra. Eu quero daqui agradecer essa confiança e o carinho das pessoas que me encontram nas ruas dos Municípios do Amapá.

Na quinta-feira eu vou estar em Laranjal de Jari, prestando contas, como estou fazendo agora, aqui, e assumindo novos compromissos.

Muito obrigada e boa tarde. (Palmas.)

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA

Sr. Presidente; Sras. e Srs. Deputados; senhoras e senhores aqui presentes; crianças, jovens, senhoras e senhores e pessoas com

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deficiência que me ouvem, veem e/ou leem pela Rádio Câmara e pela TV Câmara, pela Internet, pelas redes sociais e pela Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS; em particular, ilustres cidadãs e cidadãos do Estado do Amapá, que tenho grande orgulho de representar aqui nesta Casa, inicialmente, agradeço à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pela concessão deste espaço no Grande Expediente.

Durante vinte e cinco minutos vou abordar temas de interesse nacional e de meu Estado, o Amapá. Falarei sobre questões amapaenses, emendas parlamentares para programas do Estado, o Programa Mais Médicos e o projeto de reforma política.

O primeiro tema de que tratarei será o da reforma política.

O atual sistema de representação e intermediação política está desgastado. As "Marchas das Mídias Sociais" vieram aguçar essa percepção.

Os partidos políticos todos ficaram à margem das emocionantes manifestações de cidadania que empolgaram todo o País. Esse fato traz preocupações, pois todos sabemos que nenhum país democrático sobrevive sem partidos e instituições fortes. A reforma política que o Partido dos Trabalhadores sugere visa, justamente, arejar, fortalecer e atualizar o sistema político brasileiro. E, entre essas modificações, está o redesenho dos partidos políticos.

Senhoras e senhores, cidadãos brasileiros, há uma proposta de reforma política atualmente em gestação aqui na Câmara dos Deputados que vem sendo conduzida por uma Comissão Especial instituída pelo Presidente Henrique Alves. Ela conta com amplo apoio popular, ratificado por pesquisa recente do IBOPE: 85% querem a reforma política e 78% são contra o financiamento privado nas campanhas. Esses 85% são favoráveis à Reforma política para valer já nas eleições de 2014.

Os números confirmam defesa feita pela Presidenta Dilma Rousseff, que, em resposta às manifestações ocorridas em junho, sugeriu o debate sobre a reforma política com participação popular. Na época, Dilma propôs uma discussão sobre o plebiscito ou mesmo a realização de uma Constituinte exclusiva, para que os Parlamentares se dedicassem apenas à reforma política.

Quanto ao financiamento de campanhas, 78% dos entrevistados se posicionaram contra a participação de empresas nas campanhas. A medida faz parte também do projeto de iniciativa popular da reforma política proposto pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Noventa por cento pediram punições mais rigorosas contra a prática de "caixa-dois".

A pesquisa quis saber, também, qual o melhor modelo para eleger

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Deputados, ficando 56% a favor de mudanças e pela instituição do voto em lista (lista e propostas de candidatos), contra 38% favoráveis à maneira atual, no nome do candidato. Entre os temas prioritários de propostas, os entrevistados elegeram saúde em primeiro lugar, seguido por educação e controle de gastos do Governo.

Sras. e Srs. Deputados, a proposta do Partido dos Trabalhadores para a reforma política está baseada nos seguintes pontos:

Financiamento público de campanhas

Atualmente, o financiamento das campanhas é misto, composto em parte por recursos do Fundo Partidário e em parte por capital privado proveniente de doações. O argumento utilizado nas discussões para a adoção de um financiamento integralmente público é o de que dessa forma os políticos deixariam de depender do poder financeiro de grandes empresas para se eleger.

De acordo com a proposta, o Governo Federal reservaria um fundo a ser distribuído aos partidos de acordo com a proporção das representações no Congresso Nacional.

Fidelidade partidária e fim das coligações proporcionais

Estes dois itens, como fica evidente, tratam de duas regras que estão totalmente relacionadas com a adoção do voto em lista e proporcional. Senão vejamos:

A ideia da proporcionalidade é a de garantir a representação real de todas as forças políticas da sociedade em um pleito eleitoral. Quando acontece coligação entre partidos no âmbito proporcional, ou seja, na eleição dos Parlamentares, essa representação fica enviesada, criando problemas para a própria democracia. Muitas vezes, candidatos com características político-ideológicas muito diferentes se elegem por conta da performance de outros candidatos individualmente. Para garantir a manutenção e a possibilidade de crescimento dos partidos menores, com perfil programático definido, defendo a viabilidade de formação de federações partidárias, com prazo de funcionamento mínimo de três anos. Com o fim das coligações, os partidos ficam impedidos de se unirem para disputar eleições proporcionais para Vereador, Deputado Estadual e Deputado Federal.

Essa medida é proposta porque, com as coligações, quando um eleitor vota em determinado candidato de um partido, pode acabar elegendo indiretamente outro candidato, muitas vezes desconhecido e de outro partido.

A proposição de fim das coligações proporcionais encontra resistência por parte dos partidos menores, que alegam dificuldade para montar

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chapa de Vereadores capaz de ultrapassar a barreira do quociente eleitoral, ou seja, a quantidade mínima de votos necessária para a eleição.

Já a fidelidade partidária é um princípio fundamental da regra democrática, já que o partido, neste novo contexto, seria o depositário da representação, e não o Parlamentar, individualmente. Esse debate é complexo, vem de longe e está relacionado com o princípio da representação. Está em jogo nesta regra a ideia de uma delegação ampla e aberta ou de uma delegação específica, que permite um controle rigoroso dos eleitores. Se não de todos, pelo menos de uma gama de eleitores politizados que participaram internamente da definição da lista.

O princípio da fidelidade partidária fortalece o partido como o instrumento de mediação entre a política e o Estado e, ao mesmo tempo, garante aos eleitores mecanismos de controle da delegação do mandatário. Ao aproximar o eleitor do eleito, através da mediação do partido, cujo objetivo é sempre o de ampliar a sua representação e a dos seus filiados, a obrigação da fidelidade estabelece vínculos orgânicos entre os Deputados e os eleitores, sejam eles filiados ao partido ou não.

Unificação de eleições municipais e nacionais

Atualmente, o Brasil tem eleições a cada dois anos, ora em âmbito municipal, ora em âmbito nacional. A nova proposta quer instituir eleições a cada quatro anos, unificando todos os pleitos. Uma das possibilidades apresentadas é a de que Prefeitos tomem posse no dia 5 de janeiro; Governadores, no dia 10 de janeiro; e o Presidente da República assumiria o mandato no dia 15 de janeiro. Para ajustar o calendário eleitoral, Vereadores e Prefeitos eleitos em 2016 ficariam seis anos no cargo, para que todas as eleições coincidissem em 2022. Uma das justificativas para essa mudança é a de diminuir os gastos com eleições no País. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o gasto bruto verificado nas eleições municipais de 2012 foi de R$ 395,2 milhões.

Voto proporcional misto para fortalecer os partidos

Dois votos: um na lista e outro nominal

A ideia do voto em lista coloca em discussão, na verdade, dois temas que estão relacionados: o da oposição entre voto proporcional e voto majoritário e o da questão da lista pré-ordenada pelos partidos ou da lista aberta. Existem experiências de democracias modernas que funcionam com os dois sistemas.

No Brasil, o voto é proporcional e uninominal. Quer dizer, o eleitor vota

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em um candidato que compõe uma lista apresentada pelo partido, e o seu voto conta para a composição do espaço que o partido vai conquistar com a soma total dos seus votos. Esse sistema é positivo, por um lado, já que garante a representação plural de todos os pensamentos políticos no Parlamento, através do critério de composição proporcional da representação, e negativo, por outro, já que o voto uninominal personaliza a escolha e, portanto, não ajuda a consolidar a relação do eleitor com o partido, que é o instrumento próprio de mediação entre o cidadão e o Estado.

A proporcionalidade na eleição dos Parlamentares é um elemento-chave para a democracia. O voto distrital deixa, muitas vezes, fora da representação a maioria da população. Por exemplo, neste sistema, se concorrem três candidatos, cada um representando um partido, o candidato A pode fazer 35%, o B, 33%, e o C, 32%. Neste caso, 65% da população não estariam representados no Parlamento, pois em cada distrito apenas são considerados os votos do candidato mais votado. Os demais votos seriam perdidos. Um exemplo dessa distorção causada pelo voto majoritário é o do sistema inglês, onde o Partido Liberal, nos últimos 50 anos, tem recebido em torno de 15% a 25% dos votos, e suas cadeiras efetivas no Parlamento oscilam apenas entre 4% e 5%.

Além disso, com a instituição desse sistema distrital, o Brasil seria retalhado em 513 pedaços, e cada um deles elegeria um representante. Isso geraria uma tendência forte de ação dos Parlamentares muito focada nas questões dos distritos, e não nos grandes temas de interesse nacional. É o fenômeno apelidado de "paroquialização da política".

Mas, se é verdade que o sistema proporcional é vital para garantir uma democracia plural, o voto em lista é decisivo para fortalecer os partidos e construir uma nova política no Brasil, baseada na disputa de ideias e fundada na adesão a programas políticos.

Hoje, mais de 80% dos eleitores esquecem em quem votaram poucos meses após o pleito eleitoral. Ocorre que o sistema de votos uninominal engendra uma relação pouco orgânica entre o eleitor e o candidato, o que gera uma verdadeira alienação do eleitor. Como não sabe em quem depositou o seu voto, não saberá de quem cobrar a representação. A própria ideia da representação fica diluída em uma relação personalista e individual que não permite a constituição de formas de incidência do cidadão na sua própria representação. O efeito secundário disso é um afastamento do eleitor do próprio Poder Legislativo, já que ele não se reconhece ali, enxergando os políticos longe dos interesses reais da população.

A lista que sugerimos deverá ser constituída com o voto secreto de todos os filiados. Esse mecanismo irá reforçar as estruturas partidárias,

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agregando filiados interessados em participar da composição das listas eleitorais e permitindo aos eleitores uma clara diferenciação programática para o seu voto. Na lista preordenada também será garantida a indicação, a cada três candidatos, de um de sexo diferente, ou seja, dois homens e uma mulher ou duas mulheres e um homem.

Por outro lado, além do voto no partido, é possível manter a possibilidade de o eleitor escolher o Parlamentar de sua preferência, o que aumenta a possibilidade de construir maioria para aprovação no Congresso Nacional. Trata-se de um sistema que garante ao eleitor um voto duplo: primeiro escolhendo o partido de sua preferência, votando na lista, e, a seguir, votando no candidato preferido. Se um partido eleger oito Deputados, por exemplo, metade será composta pelos quatro primeiros da lista, e os outros quatro serão os que receberem mais votos na votação nominal.

Participação direta da população

Por último, mas não menos importante, vou defender a ampliação da participação direta da população na política brasileira. Devemos permitir, por exemplo, que essa participação se dê não só por meio da coleta física de assinaturas nas ruas, em apoio a uma proposta, mas também através da apresentação de projetos de lei e emendas constitucionais de iniciativa popular com o apoio das redes sociais e da Internet.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, senhoras e senhores, se havia alguma dúvida sobre a direção que devemos tomar, as manifestações de massa que vêm ocorrendo acabaram com toda e qualquer incerteza!

É preciso que o Congresso Nacional se incline a ouvir o que as ruas estão dizendo. E das ruas e das praças vem o pedido insistente de uma reforma política para valer, que valorize o voto do cidadão e que fortaleça o sistema representativo. Sem isso, corremos o risco - perigoso para o regime demográfico e a ordem jurídica vigente - de dissociar as ações que vêm sendo implementadas pelos poderes constituídos dos verdadeiros e urgentes anseios da população.

O segundo assunto de que vou tratar é o Programa Mais Médicos. O Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, que prevê investimento em infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez ou não existem profissionais.

Com a convocação de médicos para atuar na atenção básica, em periferias de grandes cidades e Municípios do interior do País, o Governo Federal garantirá mais médicos para o Brasil e mais saúde

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para você.

As vagas serão oferecidas, prioritariamente, a médicos brasileiros interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais. No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros, com a intenção de resolver esse problema que é emergencial para a população. Os Municípios não podem esperar seis, sete ou oito anos para receberem médicos para atender à população brasileira.

Hoje, o Brasil possui 1,8 médicos por mil habitantes. Esse índice é menor do que o de outros países, como Argentina (3,2), Uruguai (3,7), Portugal (3,9) e Espanha (4). Além da carência dos profissionais, o Brasil sofre com uma distribuição desigual de médicos nas regiões - 22 Estados possuem número de médicos abaixo da média nacional.

Como não se faz saúde apenas com profissionais, o Ministério está investindo R$ 15 bilhões, até 2014, em infraestrutura de hospitais e unidades de saúde. Desses, R$ 2,8 bilhões foram destinados para obras em 16 mil Unidades Básicas de Saúde e para a compra de equipamentos para 5 mil unidades; R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para 2,5 mil hospitais; além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

Além disso, estão previstos ainda investimentos pelos Ministérios da Saúde e da Educação. Os recursos novos compreendem R$ 5,5 bilhões para a construção de 6 mil UBS, reforma e ampliação de 11,8 mil unidades e para a construção de 225 UPAs, e R$ 2 bilhões em 14 hospitais universitários.

O Amapá teve a adesão de 94% das Prefeituras do Estado no programa. O Amapá foi o segundo com maior percentual de adesão na Região Norte, atrás apenas do Amazonas. Juntas, as 15 cidades solicitaram 127 profissionais, que atuarão exclusivamente na atenção básica.

Além de levar mais médicos às áreas que mais precisam, o Ministério da Saúde investirá 15 bilhões na expansão e na melhoria da rede pública de saúde até 2014. Desse montante, no Amapá, já foram investidos R$ 11,4 milhões, para obras em unidades de saúde, e 7 milhões para compra de equipamentos. Também foram aplicados 6,6 milhões para a construção de cinco UPAs.

A criação de um programa para levar médicos para regiões carentes é apenas uma vertente de uma série de medidas estruturantes para aprimorar a formação médica e diminuir a carência de profissionais médicos no País.

Uma mudança na formação dos estudantes de Medicina vai aproximar

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ainda mais os novos médicos à realidade de saúde do País. A partir de 1º janeiro de 2015, os alunos que ingressarem na graduação deverão atuar por um período de dois anos em unidades básicas e na urgência e emergência do SUS.

O chamado "2º ciclo de Medicina" vai permitir ao estudante trabalhar em contato direto com a população. O modelo brasileiro será inspirado no que já acontece em países como Inglaterra e Suécia, onde os alunos precisam passar por um período de treinamento em serviço, com um registro provisório, para depois exercer a profissão com o registro definitivo. A medida valerá para os alunos da rede pública e privada e não dispensa o estágio obrigatório, em regime de internato, que continuará sendo desenvolvido no 1º ciclo, com carga horária total de 7.200 horas.

As instituições de ensino terão de oferecer acompanhamento e supervisão na atuação do aluno. Como haverá recursos federais para garantir a supervisão, os estudantes de escolas particulares deverão isentos do pagamento de mensalidade. O estudante só receberá o diploma de médico após terminar os dois anos do 2º ciclo. Os profissionais receberão uma bolsa, paga pelo Ministério da Saúde, e um CRM provisório para trabalhar nas atividades de atenção básica e de urgência e emergência, que depois poderá ser aproveitado como uma etapa das residências.

Em parceria com o Ministério da Educação, serão abertas 11,5 mil vagas nos cursos de Medicina no País até 2017 e 12 mil vagas para formação de especialistas até 2020. Desse total, 2.415 novas vagas de graduação já foram criadas e serão implantadas até o fim de 2014, com foco nas áreas que mais precisam de profissionais e que possuem a estrutura adequada para a formação médica.

Outra medida importante do Programa "Mais Médicos" é a mudança na lógica de abertura dos cursos de Medicina de universidades privadas. Até hoje, essas instituições apresentavam um projeto para o Ministério da Educação, e, se aprovado, o curso era aberto. A mudança é que agora o Governo Federal faz um chamamento público com foco nas regiões prioritárias do SUS, e, em resposta, as universidades apresentam propostas. Se aprovadas pelo MEC, os cursos de Medicina podem ser abertos.

Também é requisito para abertura de um novo curso a existência de pelo menos três Programas de Residência Médica em especialidades consideradas prioritárias no SUS - Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia/Obstetrícia, Pediatria e Medicina de Família e Comunidade. Com essa medida, a expectativa é a de formar mais especialistas nessas localidades, minimizando a dificuldade na contratação de especialistas.

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Serão avaliadas, ainda , a proporção de vagas em cursos de Medicina por habitante e a distância em relação ao município com curso de Medicina mais próximo.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, senhoras e senhores, o Programa Mais Médicos vai revolucionar o sistema de saúde pública no País. A Saúde, juntamente com a Educação, são os maiores gargalos de nosso desenvolvimento pleno. A Educação Brasileira está sendo muito bem encaminhada mediante ações e programas que propiciarão ao País um elevado salto de qualidade. Faltava um conjunto de ações para melhorar a saúde da população brasileira. E ele vem justamente agora, pelo oportuno lançamento do Programa Mais Educação. O programa irá democratizar o acesso à saúde básica a milhões de pessoas em todos os Estados brasileiros. Com isso, teremos garantido uma melhor qualidade e expectativa de vida para nossa população, resgatando uma dívida histórica que se arrasta há séculos.

Pela aprovação da PEC 111

Quero me dirigir aos servidores civis, policiais e bombeiros militares do Amapá para informar a todas as categorias que estamos em processo de negociação da PEC 111 com o Ministério do Planejamento, para definir o valor do impacto orçamentário, que será necessário para custear o enquadramento dos servidores que serão incluídos no Quadro Federal.

Conseguimos atender às solicitações do Ministério quanto ao número de servidores admitidos no período de 1988 a 1993. O Secretário de Administração do estado do Amapá, Agnaldo Balieiro, o Secretário de Administração do Município de Macapá, Paulo Lemos, e a Secretária de Gestão Estratégica e Administração do Estado de Roraima, Gerlane Baccarin, estiveram em Brasília, no inicio de julho, e entregaram pessoalmente ao Planejamento um documento com o número provável de servidores que poderão optar pelo quadro da União, com a aprovação da PEC 111.

Estamos aguardando o processamento dos números pela área técnica do Ministério. O Dr. Carlos Augusto, da Secretaria-Executiva, conversou comigo há uns quinze dias atrás e me informou que o cálculo do impacto orçamentário está bastante adiantado e que nos próximos dias ele chamará minha assessoria e a do Relator, Deputado Luciano Castro, para dialogar sobre a despesa do Governo com os servidores que serão enquadrados no quadro federal.

O compromisso firmado com as bancadas do Amapá e de Roraima é de que esse novo estudo vai encerrar a discussão sobre a despesa que o Governo Federal terá com o enquadramento dos servidores que fizerem opção, conforme estabelece a PEC 111. O passo seguinte será

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fecharmos o acordo para a votação e a aprovação da PEC, em segundo turno, nesta Casa.

Estamos confiantes em que iremos chegar a um bom acordo para a votação, porque os servidores aguardam ansiosos, e a aprovação dessa Proposição é de grande importância para os Estados do Amapá e de Roraima.

Aproveito esta oportunidade para solicitar aos Líderes de partido e aos meus colegas Parlamentares que votemos em segundo turno a PEC 111. Ela foi votada em primeiro turno em maio deste ano, e precisamos aprová-la também em segundo turno. Vamos ajudar os Estados do extremo Norte, e essa Proposta vem resolver várias pendências de servidores que aguardam há anos essa solução definitiva. Vamos votar favoravelmente à PEC 111!!!

Investimentos federais

Sr. Presidente, os investimentos federais cresceram em todos os municípios brasileiros nos Governos do Presidente Lula e da Presidenta Dilma. Como Parlamentar do Amapá e do PT, coloquei meu mandato à disposição para colaborar com o Governo do Estado e as Prefeituras em Brasília, Distrito Federal, na captação desses investimentos.

Tanto é que nos últimos anos procurei atuar na liberação de recursos das mais diversas formas, seja acompanhando os projetos apresentados pelas prefeituras, alocando emendas ao Orçamento ou ainda mobilizando as Prefeituras e o Governo do Estado para projetos do PAC e da programação ministerial. Quero aqui prestar contas disso tudo povo do Amapá.

BR-156 - Trecho Norte

Primeiro, quero registrar o esforço do Governo Federal em levar o desenvolvimento aos rincões desse Brasil. Cito as obras da BR-156 no Trecho Norte, que estão na fase de conclusão.

A atuação conjunta da Bancada Federal assegurou os recursos para o Governo do Estado, da ordem de R$ 240 milhões, para essa pavimentação. No final do ano passado foram liberados de uma só vez R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), em uma única parcela.

Essa obra data de 1976, e nunca houve antes do Governo do Presidente e da Presidente Dilma um aporte tão significativo de recursos financeiros.

BR-156 - Trecho Sul

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Também tenho trabalhado para que sejam iniciadas as obras da BR-156 - Trecho Sul (Macapá-Laranjal do Jari).

Tive o privilégio, como coordenadora da Bancada, de aprovar emenda ao PPA no valor de 500 milhões, a qual viabilizou a inclusão dessa obra no PAC em 2013.

O Decreto foi publicado no Diário Oficial da União no último dia 22 de maio. Faltam agora somente a conclusão do Projeto Executivo pelo DNIT e a conclusão dos licenciamentos ambientais para o início das obras.

Faço apelo ao Ministério dos Transportes para que acelere a assinatura do Termo de Delegação da obra ao Governo do Estado do Amapá.

BR-210 - Perimetral Norte

Umas das nossas maiores batalhas nos últimos anos em Brasília tem sido pela pavimentação da BR-210.

Também quando fui coordenadora da Bancada Federal consegui aprovar uma emenda ao PPA para essa obra, no valor de R$ 500 milhões de reais. Agora estamos lutando pela sua inclusão no PAC, o que garantirá a sua plena execução.

Campus Binacional em Oiapoque

Estão garantidos no Orçamento Geral da União os recursos para a implantação do campus da Universidade Binacional. Essa ação faz parte de um acordo assinado entre o Brasil e França. As obras importam um volume de recursos da ordem de R$ 4.734, 824,88, captados junto ao Ministério da Educação (MEC). Para o próximo ano alocarei os recursos dos equipamentos.

Programa Luz Para Todos

A última fase do Programa Luz para Todos no Amapá está em fase de licitação. Ao todos serão plicados 120 milhões de reais pelo Governo Federal no Amapá. Tenho cobrado constantemente da ELETRONORTE e da CEA que o programa avance em nosso Estado. Uma conquista importante foi a interligação do Distrito de Bailique, com energia 24 horas, por meio de cabos submarinos.

Reforma e ampliação do Hospital Dr. Alberto Lima

Sr. Presidente, também quero festejar o início das obras de reforma e ampliação do Hospital das Clínicas Dr. Alberto Lima (HCAL), na Capital

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do meu Estado.

Fruto de emenda de minha autoria, foi assinado um convênio entre o Governo do Estado do Amapá e o Ministério da Saúde em 31 de dezembro de 2007, o que assegurou recursos para serviços de reforma e ampliação da mais importante unidade hospitalar da rede saúde do meu Estado.

O valor de repasse do Ministério da Saúde é de R$ 11.922.808,00, tendo a contrapartida de R$ 1.331.543,22 por parte do Governo do Estado. O valor do convênio é de R$ 13.254.351,22.

Já foram liberadas a primeira e a segunda parcelas, no valor de R$ 2.384.561,60 cada uma. Já está creditado na conta do Governo do Estado do Amapá o valor de R$ 4.769.123,20.

Ampliações

Os recursos serão investidos nas obras de reforma e ampliação de diversos setores do hospital, como o centro cirúrgico; o setor de imagem para exames de alta tecnologia, como ressonâncias e ultrassonografias; o setor de Psiquiatria; no Centro de Doenças Transmissíveis (CDT); em mais ambulatórios, cozinhas, farmácias, reforma e ampliação da UTI; construção de alojamento de residentes e ainda a implantação do serviço de Oncologia.

Aumento de leitos

Com os recursos será possível ampliar o número de leitos do hospital, reformar e ampliar o centro cirúrgico, equipando uma sala para que sejam realizados procedimentos como transplantes.

Unidade de tratamento de câncer com radioterapia

Outra novidade é implantação da UNACON (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia), que terá os serviços de radioterapia e quimioterapia, além de laboratório de quimioterápicos.

Também será implantado um bloco específico para Residência Médica, que implicará um centro de referência contendo Salas Administrativas, Salas de Aula, Biblioteca, Alojamentos. A medida fortalecerá as pesquisas e a formação de profissionais em saúde, além de ser uma unidade de apoio para o recente curso de Medicina da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).

Hospital Metropolitano de Macapá

Também vi a necessidade de melhorar a atenção básica e a média complexidade na rede municipal da Capital do meu Estado.

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Para isso transformamos o antigo Hospital do Câncer em Hospital Regional e levamos o tratamento de câncer para o HCAL.

Essa medida vai fazer Macapá ganhar um hospital de referência nas especialidades médicas, reorganizando o Sistema Único de Saúde e fortalecendo a atenção básica.

Já existem 6 milhões de reais na conta da PMM. E destinei esse ano emenda de bancada no valor de 18 milhões, para a conclusão das obras para aquisição dos equipamentos.

Saneamento básico

Também tenho percorrido Brasília atrás de recursos para o saneamento básico. Entre 2007 e 2010, o Governo Federal alocou cerca de 120 milhões de reais pela FUNASA e mais 45 milhões pelo Ministério das Cidades. Isso foi mérito de nossa Bancada Federal.

Como coordenadora da Bancada, em 2011 consegui aprovar para os pequenos municípios 59 milhões, por meio da FUNASA, e mais 134 milhões pelo Ministério das Cidades, para a ampliação da rede de água em Macapá.

Vários municípios terão a universalização da água nas zonas urbanas.

Expansão da UNIFAP para o interior do Estado

Com emendas de minha autoria, teremos campus da UNIFAP em Laranjal, Tartarugalzinho, Calçoene e Cutias. Também articulei como coordenadora de Bancada a emenda para o campus binacional, com a França, em Oiapoque. Todas essas obras já estão em andamento. E, no campus de Macapá, com emenda de minha autoria, foi inaugurado o Restaurante Universitário, que foi entregue aos acadêmicos.

Campus do IFAP em Macapá, Laranjal, Santana, Porto Grande e Oiapoque

Atuei junto ao MEC para que o Amapá fosse contemplado no Programa de Expansão da Educação Profissional e Tecnológica. Com isso foi implantado o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP). Tivemos campus inicialmente em Macapá e Laranjal do Jari. Agora estão em fase de licitação os campus de Santana, Porto Grande e Oiapoque.

Pavimentação

Também me esforcei em alocar recursos para a pavimentação de nossos municípios. Além de mobilizá-los para apresentação de pleitos

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no PAC Pavimentação.

Durante meu mandato foram mais de 5 milhões de reais em emendas, sendo 3 milhões para o bairro Provedor, em Santana; 1 milhão para a Revitalização da Claudomiro de Moraes, em Macapá; e cerca de 1 milhão para a urbanização do Bairro Mirilândia, em Laranjal do Jari. Neste e no próximo ano pretendo colocar mais recursos para os demais municípios.

Povos indígenas

Os povos indígenas estão entre as bandeiras do meu mandato. Foram cerca de 10 milhões de reais durante meu mandato.

Articulei junto ao MEC mais de 5 milhões para construção de escolas. Destinei 1,8 milhão para um Centro de Formação Indígena; mais 500 mil para um Centro Comunitário; 250 mil para uma casa de farinha; e mais 600 mil para equipamentos nas aldeias, além de outros recursos.

Desenvolvimento rural

O setor produtivo também recebeu atenção. Articulei caminhões, veículos, retroescavadeira, motoniveladoras para todos os municípios.

Destinei emendas para reformas dos escritórios do RURAP no valor de 650 mil; recursos para capacitação e compra de equipamentos e mobiliários no valor de 1,8 milhão. Além de recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Esporte e lazer

Promover espaços públicos foi um compromisso cumprido. Com emendas, foram construídas a Praça da Fonte Nova, em Santana, a Praça da Juventude, em Laranjal, um estádio em Cutias, um Campo de Futebol em Serra do Navio, e 10 municípios receberam recursos para as academias da saúde. Também este ano destinarei 1 milhão de reais para a Praça da Juventude de Porto Grande.

Atenção à saúde

Para a saúde tenho destinado boa parte das minhas emendas e da minha atuação nos Ministérios. Consegui 7 milhões para reformas, ampliações de Unidades Básicas de Saúde em todos os municípios. Também coloquei emendas para equipamentos. Outra articulação foi a implantação de Unidades de Pronto Atendimento em Macapá, Laranjal do Jari e Oiapoque. As obras estão em fase de licitação.

Educação básica

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Além do ensino superior, também atuei na liberação de recursos para a educação básica. Articulei junto ao MEC a inclusão dos municípios no Proinfância, para construção de creches.

Conseguimos 3,5 milhões para reformas de escolas estaduais em Macapá, além da construção de escolas em Serra do Navio e Laranjal do Jari.

Outra iniciativa foi conseguir recursos para equipamentos, projetores, mobiliários e ônibus escolares para as redes municipais de ensino.

Encerramento

Finalizo, Sr. Presidente, agradecendo a Deus por me dar forças nesta caminhada aqui no Congresso Nacional. Agradeço a confiança em mim depositada pelo povo do meu Estado. Retribuo o carinho e o companheirismo dos meus colegas desta Casa, da Bancada do PT, da Bancada do Amapá. Também agradeço as inúmeras contribuições recebidas por entidades de classe, igrejas, associações civis e outras instituições da sociedade.

Documento 13/26

226.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

12/08/2013-16:15

Publ.: DCD - 13/08/2013 -

33335 ONOFRE SANTO AGOSTINI-PSD -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM DISCURSO

Sumário

Reforma política como ponto de partida para as mudanças estruturais no País.

Elogio à proposta reformista apresentada pelo Deputado Henrique Fontana em

seu relatório sobre a matéria. Apoio ao financiamento público de campanhas

eleitorais. Mais investimentos governamentais nos setores de saúde e

segurança pública.

O SR. ONOFRE SANTO AGOSTINI (PSD-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero dizer ao Deputado Francisco Escórcio que realmente o Maranhão é bonito, como todo o Brasil é bonito. O Ceará é bonito, o Amapá é

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bonito e Santa Catarina também é. Tenha a certeza V.Exa. de que as praias mais bonitas do Brasil estão lá no meu Estado de Santa Catarina, sem menosprezo a nenhuma das outras praias. Mas eu tenho certeza absoluta, e assino embaixo, acerca do que V.Exa. disse: realmente, o Maranhão é muito bonito! E, além de bonito, o povo é extraordinário, como é o povo do Ceará e de todo o Brasil.

Eu me inscrevi, Deputado Francisco - e já falei de reforma tributária - para dizer que a mais importante de todas as reformas é a reforma política. Realmente, a reforma política é urgente. Teremos que fazê-la. Não há mais quem suporte a situação em que se encontra atualmente!

Eu sou um dos que foram contra o chamado plebiscito, porque eu entendia que não dava mais tempo. Mas eu acho que nós temos que fazer alguma coisa, Deputado. Muitos criticam o financiamento público. Mas é a salvação da lavoura, Deputado! Acaba-se com essa história de caixa dois! O financiamento público é a forma mais correta da distribuição de recursos. Muitos dizem assim: "Vamos deixar de pôr dinheiro para a saúde, para a educação, para pôr em eleição?!" Mas o fundo partidário também é de dinheiro público.

Sr. Presidente, Deputado Luiz Couto, por isso nós defendemos a reforma política quanto antes. E isso é fácil. Na minha opinião, não é preciso fazer plebiscito nenhum. Vamos votar o relatório do Deputado Henrique Fontana, que eu acho que vai contemplar a ideia da reforma política, e que traz os pontos-chaves da reforma política: financiamento público, fim das coligações, coincidência de mandatos e outros assuntos constantes no relatório muito bem elaborado pelo ilustre Deputado gaúcho Henrique Fontana.

Eu acho que a reforma política está aí; não é preciso fazer abaixo-assinados. Não é preciso nada! A reforma política, como constante no relatório do Deputado Henrique Fontana, vai contemplar a ansiedade do povo brasileiro de que ela seja feita rapidamente.

Se quiserem ainda para a próxima eleição, é preciso que agora em agosto, setembro, comecemos a discutir a reforma eleitoral e política. Não tenha dúvida, Deputado. Dá tempo, sim, de discutir e votar o relatório do Deputado Henrique Fontana. Assim estarão resolvidos todos os problemas. Tenho certeza absoluta de que essa reforma vem ao encontro do clamor popular, do que o povo está pedindo, votando-se, portanto, a reforma política, constante no relatório do Deputado Henrique Fontana. Tenho certeza absoluta de que, se votarmos essa reforma, vamos ao encontro do clamor das ruas. O povo tem pedido, tem solicitado. O que o povo quer? Recursos para a saúde, para minimizarmos o problema da saúde pública.

Vimos, ainda hoje, uma reportagem sobre a situação dramática que vivem os hospitais no Estado do Rio Grande do Norte. Mas não é só no

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Rio Grande do Norte, não. Em qualquer parte do País a saúde, não só pública, como a privada, está um desastre total. É preciso fazer alguma coisa.

E a educação? É preciso melhorar a situação dos professores, das escolas, dos alunos. De segurança pública nem é preciso falar. É um desastre! Em Santa Catarina, graças a Deus, temos a melhor polícia - tanto a civil, como a militar -, que tem feito um trabalho muito grande. Mas a violência, Deputado Mauro Benevides, acontece no Brasil inteiro; aliás, no mundo inteiro.

Portanto, investimento na segurança pública é de suma importância para minimizarmos o sofrimento do povo.

Vou repetir: a grande solução para as demais reformas depende exclusivamente da reforma política. O ponto-chave é a reforma política. Daí, sim, virão as outras reformas.

Muito obrigado.

Documento 14/26

231.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

15/08/2013-15:18

Publ.: DCD - 16/08/2013 -

34145 IZALCI-PSDB -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Realização da reforma partidária como pré-requisito para a reforma política.

Apresentação de proposta de emenda à Constituição acerca da exigência de

filiação provisória para a criação de novo partido.

O SR. IZALCI (PSDB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, são diversos os temas de que nós vamos tratar hoje, mas no Pequeno Expediente eu não posso deixar de comentar, de reforçar, se possível em todas as sessões, a questão da

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reforma partidária.

Isso a que nós estamos assistindo neste País já há algum tempo, essa questão da corrupção generalizada, tem muito a ver com o sistema eleitoral, principalmente com o sistema de financiamento de campanha. Fala-se aqui nessa reforma política em todo momento, discutindo-se essa questão do financiamento público de campanha, o fim das coligações, o voto em lista, a lista fechada, como eles dizem, a coincidência de eleições. Fala-se em muitas coisas. São centenas de propostas de mudança, na questão da reforma política. Mas o pré-requisito para se fazer a reforma política chama-se reforma partidária, e vou falar, se possível, todos os dias sobre isso.

Por que é que eu digo que a reforma partidária é fundamental? Porque ela é que vai reforçar os partidos, é ela. Para terem legitimidade, para terem realmente ideologia, participação efetiva, os partidos precisam realmente de filiações. Hoje nós não temos, os partidos não têm filiados, porque basta um apoio, uma assinatura de qualquer jeito, sem saber para quê, para se formar um partido neste País. Já temos 30; na semana que vem possivelmente teremos 31, em breve 32, e as pessoas não sabem, o eleitor não sabe qual é a ideologia do partido, o programa do partido. Mas não é só o eleitor, não; os candidatos também!

Agora chegou a hora de conversarmos com os pré-candidatos a Deputado Distrital e também a Deputado Estadual. As pessoas não querem saber qual é a ideologia do partido, qual é o programa do partido; o que as pessoas querem saber é se serão eleitas ou não, e a única coisa que fazem é o cálculo do quociente eleitoral: "não, eu vou para aquele partido, porque aquele partido não tem nenhum Deputado; ninguém teve mais do que 5 mil votos, 10 mil votos; então, eu vou para esse partido", e pronto! E aí elege-se por um partido de que ele próprio não sabe sequer o programa.

Nós temos partidos aqui, partidos tradicionais, com 10 anos, 15 anos, 20 anos de formação, de que o presidente é mesmo! Então, há a ditadura partidária. Os partidos, em sua grande maioria, têm donos. E, quando não é dono o presidente, é um laranja do dono, e numa canetada ele muda tudo que quer, na hora em que quer. E os partidos funcionam com diretórios provisórios, executivas provisórias!

Então, Sr. Presidente, nós precisamos imediatamente trabalhar na reforma partidária para depois falar em reforma política. Vamos falar em reforma partidária como pré-requisito da reforma política.

Apresentei aqui uma PEC para que a exigência para a criação de novos partidos não seja mais simplesmente o apoio, a assinatura que numa rodoviária dessas por R$ 1,00 se consegue. Todo o mundo assina. Tem de haver a filiação provisória. Constituído o partido, a

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filiação passa a ser definitiva.

É preciso proibir, Sr. Presidente, o funcionamento de partidos com executivas provisórias. Elas têm de ter prazo de funcionamento.

É preciso proibir a reeleição ad aeternum; no máximo deve haver uma reeleição para a presidência, para a executiva e para os diretórios.

Aí, sim, teremos partidos democráticos. Fortalecem-se os partidos, cria-se ideologia nos partidos; criam-se, portanto, partidos consistentes.

E depois, aí, sim, nós vamos discutir essa questão de financiamento público de campanha, de coligações, porque, da forma como está, o modelo é indecente. Não podemos admitir.

Eu não sei por que é que não se trata desse assunto aqui. Não sei se os presidentes de partidos pressionam os Deputados para não discutirem essa matéria, mas é um assunto relevante para a reforma política neste País.

Portanto, Sr. Presidente, eu conclamo aqui todos os pares para apoiarem essa PEC, essa emenda que estou propondo, essa reforma, via emenda à Constituição, para que nós possamos inclusive exigir isso dos partidos atuais. Vamos dar 5 anos a eles, para que eles também tenham o número de filiados que se exige para a abertura de um novo partido. Aí, sim, nós teremos muitos militantes partidários, mas não por questões de interesse, e sim por acreditarem na ideologia do partido, por acreditarem no programa do partido.

Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado. E peço a V.Exa. que se divulgue esta fala nos meios de comunicação da Casa, em especial em A Voz do Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Onofre Santo Agostini) - O pedido de V.Exa. vai ser deferido, haja vista, Deputado, que é de suma importância o que V.Exa. propõe, e eu e o Deputado Francisco já comungamos do seu pensamento. Vamos ver se o Deputado Bonifácio de Andrada, que é um grande jurista, também concorda com a ideia de V.Exa. A PEC eu vou assinar, mas da ideia de V.Exa. eu já comungo.

Documento 15/26

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243.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

26/08/2013-17:18

Publ.: DCD -

27/08/2013 - 36267 WEVERTON ROCHA-PDT -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR DISCURSO

Sumário

Realização de debates sobre as reformas política e eleitoral durante o 5º

Congresso Nacional do PDT, realizado em Brasília, Distrito Federal. Anúncio

da participação do Presidente do partido, Carlos Lupi, em encontro com

correligionários em São Luís e no Município de Pedreiras, Estado do

Maranhão. Defesa da aliança do PDT com o Governo Dilma Rousseff.

Aprovação pela Casa do projeto de lei sobre a destinação de recursos de

royalties de petróleo para a educação. Compromisso do Ministro-Chefe da

Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira

Franco, de reabertura do aeroporto do Município de Balsas. Congratulações ao

Prefeito Joãozinho do Dimaizão, do Município de Itaipava do Grajaú, pelas

ações em prol da saúde e da educação.

O SR. WEVERTON ROCHA (PDT-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, telespectadores da TV Câmara, neste final de semana nós realizamos o 5º Congresso Nacional do nosso partido, aqui em Brasília, onde tivemos a oportunidade de receber os companheiros de todos os Estados do Brasil e daqui do DF. Então, os nossos Parlamentares, de forma majoritária, participaram do encontro, como também os nossos Senadores.

Queria parabenizar o Presidente Nacional do nosso partido, Carlos Lupi, pela condução dos trabalhos, ao lado do nosso Secretário Nacional do Partido, Manoel Dias, que está licenciado das suas funções, porque hoje ocupa a função de Ministro do Trabalho e Emprego. De forma bastante democrática e dinâmica, eles conseguiram conduzir dois dias de debates de trabalhos aqui em Brasília, onde pudemos discutir vários temas importantes do nosso País. E o mais importante, Sr. Presidente, ouvir o partido e sintonizar com as vozes das ruas.

Neste Congresso, tive oportunidade de coordenar a Mesa de reforma política e organização partidária. Na medida em que ouvíamos vários companheiros, Deputados, Vereadores, Lideranças partidárias das suas cidades, dos seus Estados, íamos percebendo o quanto é importante aprofundar o tema reforma política no nosso País e não apenas reforma eleitoral.

O que está sendo proposto de forma rápida para o ano que vem é uma

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reforma eleitoral que sabemos que não vai passar. E não passa por um simples motivo: como ela é imediatista, logo para o ano que vem, dificilmente os interesses desta Casa, dos partidos, vão conseguir convergir para que se consiga, Deputado Amauri, montar um consenso logo para o ano que vem. Mas o importante, na hora de discutir a reforma política, é que ela passe não na eleição, volto a repetir, do ano que vem, mas, sim, nas próximas eleições.

Que não seja de forma imediata, para que isso possa ser construído com mais mãos, e se possa discutir tanto os temas mais simples quanto os mais complexos, desde a liberação de propagandas nas campanhas eleitorais até a questão das coligações. Nós sabemos que são temas que precisam ser aprofundados, como, por exemplo, a questão das pesquisas eleitorais, porque é uma questão eleitoral e precisa ser discutida.

No Brasil, existem casos de vários Municípios que foram prejudicados devido às pesquisas falsas, pesquisas erradas que foram divulgadas e influenciaram, de última hora, eleitores. A prova disso foi na capital do Ceará, Fortaleza. Nós soubemos lá que, de última hora, a pesquisa anunciada antes da eleição prejudicou o nosso candidato do PDT. Se a pesquisa tivesse saído como saiu o resultado das urnas, sem dúvida nenhuma, a gente teria condições de ir para o segundo turno e, quem sabe, até discutir de forma concreta a vitória naquela cidade.

Eu só estou dando aqui um exemplo, porque sabemos que, infelizmente, ainda há muito no Brasil a cultura do voto útil: "Eu vou votar no candidato que vai ganhar ou no que está disputando." Os que não têm chance geralmente perdem essa oportunidade por conta da discussão do voto útil.

Então, é importante se tirar que, nesse Congresso, nós discutimos vários pontos. O relator da nossa Mesa foi o Deputado Miro Teixeira, que é o representante do partido, na Comissão que foi criada na Casa para discutir reforma política. E o Deputado Miro Teixeira é muito claro quando diz que essa Comissão foi criada para não resolver nada, porque, na hora em que se cria uma Comissão - volto a dizer - aqui para discutir o que passa diretamente pelos interesses desta Casa, dos Parlamentares, principalmente na questão da eleição, sabemos que acaba travando e a Comissão acaba sendo prejudicada.

Então, nesse sentido, gostaria de dizer que foi produtivo o nosso encontro, porque, primeiro, se tem hoje uma clareza real do que o partido e os companheiros estão pensando. Dentro dessa clareza, vem um processo unitário e forte de apoio à reestruturação partidária, à nossa nucleação partidária. Estamos em vários encontros organizados pelo Brasil e, no nosso Estado do Maranhão, já temos uma agenda muito forte agora para este mês de setembro. No dia 7 de setembro, por exemplo, Sr. Presidente, na cidade de Pedreiras, no Maranhão, nós

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vamos fazer o encontro regional do nosso partido. Lá nós vamos reunir quase 30 Municípios, para que a gente possa discutir o partido, a pauta e a agenda atual.

Nessa agenda, já está confirmada a presença do nosso Presidente Nacional do partido, Carlos Lupi, e do nosso Ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, que vão estar na cidade de Pedreiras discutindo junto com todos os companheiros e com a nossa mais nova filiada, a Sra. Socorro Leite, que vai comandar esse trabalho lá em Pedreiras.

Logo no dia 14, nós vamos nos reunir em São Luís, na Assembleia Legislativa de São Luís, para realizar a nossa convenção estadual. Essa convenção foi construída e, ao longo de vários meses, nós vimos dialogando fortemente com todas as forças do nosso Estado, que compõem o nosso partido. Vamos ter uma grande chapa de unidade dentro da convenção e eu tenho certeza de que o partido sairá mais forte para as eleições de 2014.

Em São Luís e no Maranhão, o PDT vem num debate muito forte para que possamos unir as oposições e conseguir vencer o processo eleitoral, que nós sabemos que é tão importante para a libertação do nosso Estado.

Dentro do Maranhão, o PDT vem reafirmando o apoio à candidatura do pré-candidato Flávio Dino, que é o líder hoje das oposições. E eu tenho certeza de que ele, junto com todos os partidos do campo, vai ajudar a enfrentar esse palanque das desigualdades e esse grupo que sabemos como joga, como trabalha.

Então você, amigo do Estado e do Brasil, nos ajude a disseminar que os partidos estão todos unidos para, junto com o companheiro Flávio Dino, podermos fazer a grande luta e travar a grande batalha do Maranhão.

E, no plano nacional, temos várias propostas que vão ser levadas ainda para outro encontro que será marcado pela Direção Nacional. Mas temos certeza de que o partido tem feito a sua parte na bancada de apoio ao Governo da Presidente Dilma; tem feito a sua parte em ajudar a conduzir os trabalhos nesta Casa.

E acreditamos que esta aliança - e isso é importante que a Presidente Dilma e o PT entendam - não é uma aliança eleitoral. O PDT lá atrás foi o primeiro partido a lançar o apoio a Presidente Dilma, antes mesmo do próprio PT. Então hoje nós temos a clareza de que esta Mesa precisa ser reforçada, e nós temos a certeza de que a nossa Direção Nacional vai orientar da melhor maneira para podermos realizar as eleições do ano que vem em consonância com as ruas, com propostas concretas para que possamos de verdade, Sr. Presidente, ajudar a encontrar

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soluções, de forma rápida e objetiva.

Uma dessas foi agora na semana retrasada, quando esta Casa finalmente aprovou os royalties para a educação: uma proposta conjunta, com o consenso de todos os Líderes desta Casa, encabeçada pelo Relator, o nosso Líder André Figueiredo, que foca com todos os olhares e com força a questão educacional. Sabemos que através da educação nós poderemos construir soluções a médio e longo prazo para o nosso País.

E, por último, eu gostaria de cumprimentar o Sr. Ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, que recebeu o Prefeito de Balsas, Rochinha, com sete Vereadores do Município, para tratar sobre a pista do aeroporto de Balsas, que é a principal cidade do Brasil na questão da soja, Sr. Presidente.

Em Balsas o aeroporto está fechado, a pista está interditada, e o Ministro Moreira Franco atendeu muito bem esses representantes da cidade, com a minha presença. E a sua assessoria já deu o retorno, comunicando que no prazo de 15 dias a ANAC irá fazer, no Município de Balsas, nova vistoria e já tratar da liberação daquela pista.

Então parabéns, Ministro Moreira Franco, pela condução que V.Exa. tem dado no seu Ministério, junto a quem lhe procura com as demandas da cidade.

E parabéns ao Prefeito Joãozinho do Dimaizão, de Itaipava do Grajaú. Fiquei muito feliz em visitá-lo, em visitar o hospital da cidade e ver as senhoras com as suas criancinhas nascendo dentro do Município. Fazia tempo que não nasciam crianças dentro de Itaipava do Grajau, e hoje já estão nascendo. Além disso, o aumento de quase 20% que ele deu para os professores de Itaipava também é uma amostra de que, valorizando o nosso profissional da educação, valoriza-se também o nosso futuro.

Então, Prefeito Joãozinho do Dimaizão, de Itaipava do Grajaú, e todo o seu grupo político, quero dizer-lhes que o nosso mandato está à disposição de vocês e de todo o povo do Maranhão para construirmos um grande trabalho.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 16/26

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274.3.54.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

12/09/2013-10:33

Publ.: DCD - 13/09/2013 -

40335 FÁTIMA BEZERRA-PT -RN

CÂMARA DOS DEPUTADOS BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM DISCURSO

Sumário

Encaminhamento de projeto de lei de iniciativa popular e do Manifesto Por

Eleições Limpas e Democráticas ao Presidente Henrique Eduardo Alves pelo

movimento Coalização Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas.

Artigo Lei dos Royalties: um Gesto de Significado Histórico, de autoria da

oradora, publicado no Novo Jornal, do Estado do Rio Grande do Norte, a

respeito da importância da sanção pela Presidenta Dilma Rousseff da lei sobre

a destinação de recursos de royalties de petróleo da camada pré-sal para os

setores de educação e saúde. Apelo ao Governo do Estado do Rio Grande do

Norte no sentido do atendimento das reivindicações dos policiais civis e

servidores do Instituto Técnico-Científico de Polícia - ITEP em greve.

Solidariedade aos funcionários do Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes - DNIT, em greve em todo o País. Apelo ao Governo Federal no

sentido da abertura de negociações com a categoria.

A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, eu quero aqui fazer um registro acerca de um ato realizado nesta semana, ato esse muito importante.

Refiro-me exatamente ao ato organizado pelo Movimento Coalizão Democrática para a entrega de um projeto de lei de iniciativa popular que teve assinatura de mais de 43 entidades, tendo à frente a CNBB, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a OAB, a União Nacional dos Estudantes e a UBES, entre outras, além, Sr. Presidente, da adesão já de aproximadamente 120 Parlamentares, entre os quais eu me incluo.

Naquele momento, o Movimento Coalizão Democrática, em prol da reforma política e de eleições limpas, entregou ao Presidente da Casa, Deputado Henrique Eduardo, o projeto de lei de iniciativa popular e um manifesto em prol do fortalecimento dos mecanismos de democracia direta e também pela paridade nas eleições.

Nessa proposta, Sr. Presidente, que está sendo encampada pela Coalizão Democrática, proposta essa que vem sendo amplamente debatida, discutida, é importante aqui ressaltar a participação da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Política, presidida nesta Casa pela Deputada Luiza Erundina.

Pois bem, esse projeto de lei de iniciativa popular tem como tema

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central, como alvo, exatamente o quê? A alteração da estrutura do sistema político do Brasil, propondo, entre outras coisas: o financiamento democrático de campanhas, que inclui a utilização dos recursos do Fundo Partidário e de doações de pessoas físicas; o sistema de votação em dois turnos; a fidelidade partidária; e o fim das coligações proporcionais.

Eu quero dizer, Sr. Presidente, que eu fico muito feliz ao ver a sociedade, depois do movimento das Diretas Já, unificando-se em torno exatamente dessa luta tão importante, tão essencial, para essa reforma, que é a mais importante de todas, exatamente a questão da reforma política.

Quero ainda, Sr. Presidente, pedir que seja registrado nos Anais da Casa um artigo de minha autoria publicado no Novo Jornal, na edição de hoje, cujo título é "Lei dos Royalties: um Gesto de Significado Histórico". Nele, refiro-me à solenidade desta semana, quando a Presidenta Dilma sancionou a Lei dos Royalties para a educação. Esse artigo, que publico hoje no jornal lá do meu Estado, expressa exatamente o significado disso para a educação e para o País.

Quero ainda, Sr. Presidente, brevemente, para concluir, primeiro, mais uma vez deixar aqui meu abraço de solidariedade à Polícia Civil e aos servidores do ITEP, que estão em greve lá no meu Estado há mais de 30 dias. Agora, às 11h30, vai haver uma nova audiência. Falei há pouco com o Secretário de Segurança do meu Estado, e renovo aqui meu apelo, a minha confiança, no sentido de que essa reunião de hoje realmente traga resultados concretos, do ponto de vista de pôr fim ao conflito, atendendo às justas reivindicações dos policiais civis e dos servidores do ITEP lá do meu Estado.

E também deixo aqui a minha solidariedade aos servidores do DNIT, não só do meu Estado, mas de todo o País, que estão em greve, fazendo um apelo ao Governo Federal no sentido de que negocie, porque os servidores do DNIT exercem hoje um papel muito estratégico, muito importante, na questão do desenvolvimento nacional, porque, afinal de contas, são eles que cuidam de obras muito importantes para a infraestrutura do País.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais um passo foi dado para a reforma política nesta semana. Na terça-feira, o projeto de lei de iniciativa popular para a reforma política e eleições limpas, que teve assinatura de mais de 43 entidades, tendo à frente Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral - MCCE, a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB,

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a União Nacional dos Estudantes - UNE e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES, entre outras, além da adesão de aproximadamente 120 Parlamentares, foi entregue, em ato organizado pelo Movimento Coalização Democrática, ao Presidente da Casa, assim como foi entregue também o manifesto em prol do fortalecimento dos mecanismos de democracia direta e pela paridade nas eleições.

Esse projeto de lei de iniciativa popular visa à alteração da estrutura do sistema político do Brasil, propondo, entre outras coisas, o financiamento democrático de campanhas - que inclui a utilização de recursos do Fundo Partidário e de doações de pessoas físicas -, o sistema de votação em dois turnos, a fidelidade partidária e o fim das coligações proporcionais.

Sr. Presidente, essa retomada da mobilização social em prol da reforma politica e por eleições limpas faz reacender-se a discussão o tema central da questão: o financiamento privado das campanhas eleitorais. Temos a clareza de que, para termos eleições limpas e justas, precisamos abolir o financiamento privado das eleições, com vistas a combater a influência do sistema econômico nas eleições.

É maravilhoso ver que a mesma sociedade que lutou pelas Diretas Já e pela Lei da Ficha Limpa agora se mobiliza em prol das eleições limpas. Ressalto que é essencial a pressão popular sobre o Congresso Nacional, já que, sem essa iniciativa, o Legislativo não dará um passo para realizar a reforma política.

Para finalizar, Sr. Presidente, peço que seja publicado nos Anais da Casa o Manifesto Por Eleições Limpas e Democráticas, e que seja divulgado pelos veículos da Casa e em A Voz do Brasil este meu pronunciamento.

Muito obrigada.

MANIFESTO A QUE SE REFERE A ORADORA

Por Eleições Limpas e Democráticas

O atual sistema político brasileiro está viciado. Abre caminho para a corrupção eleitoral e para uma representação política que, em muitos casos, não atende às aspirações do povo brasileiro. Com isso, distorce a vontade popular, limitando o alcance de uma verdadeira democracia política.

As manifestações que o povo brasileiro, em particular a juventude, vem realizando são uma demonstração cabal da aspiração de liquidar com a corrupção e aprofundar o processo democrático no País.

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A Lei da Ficha Limpa cumpriu importante papel ao atacar as consequências da corrupção eleitoral. Agora é necessário enfrentar suas causas e adotar um sistema eleitoral que assegure o aprofundamento da democracia.

Uma grave distorção do processo democrático está no sistema eleitoral. As eleições são feitas em torno de indivíduos, e não de partidos e de propostas que expressem os interesses da maioria da sociedade. O eleitor vota, na maioria dos casos, sem conhecer as propostas do candidato. E elege-se aquele que tiver mais dinheiro. Com isso, o processo eleitoral fica rebaixado. Não se colocam em pauta as propostas de solução dos problemas de interesse da sociedade.

Torna-se necessária a adoção de um sistema eleitoral em que as eleições se façam em torno de projetos, e não em torno de indivíduos. Além do mais, não há como proibir as doações empresariais, outra de nossas bandeiras, sem alterar o atual sistema eleitoral.

Propomos a adoção de um sistema eleitoral em que o voto seja dado a um partido e ao seu programa. E que a eleição de Parlamentares se dê em dois turnos, assegurando-se eleitor a palavra final sobre os eleitos. No primeiro, o eleitor votaria no partido e na sua lista de candidatos, formada em processo democrático, com a participação de todos os filiados. No primeiro turno seria definido o número de Parlamentares que cada partido elegeu, sem se definirem ainda quais. No segundo, os eleitores escolheriam o candidato de sua preferência. Essa escolha seria feita em torno do dobro das vagas obtidas por partido no primeiro turno. Assim, se um partido obteve cinco cadeiras, no segundo turno a votação seria entre os dez primeiros colocados da lista partidária.

Com isso, o primeiro turno garantiria a opção em torno de um determinado projeto para o País, Estado ou Município, e o segundo permitiria a escolha do candidato da preferência do eleitor.

Dispomos de dados que demonstram que isso reduzirá o custo das eleições para a Justiça Eleitoral, pois hoje o que mais impacta esse valor é o número excessivo de candidatos.

A questão que mais distorce a vontade da maioria da população é o financiamento privado de campanha. Ele permite ao poder econômico influenciar o processo político, privilegiando candidatos que representam interesses de uma minoria em prejuízo dos candidatos que visam aos interesses da maioria do povo brasileiro.

O real montante das doações privadas para as campanhas eleitorais não aparece. Constitui-se de volumosas doações não declaradas que se prestam a formação do chamado "caixa dois", causa principal da corrupção eleitoral. Uma análise desse financiamento dito privado

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evidencia que de privado tem apenas o nome. Os políticos que dele se beneficiam muitas vezes retribuem aos seus financiadores com recursos públicos através do superfaturamento de obras e de contratos privilegiados. Essa prática acarreta saques aos recursos públicos, de regra muito maiores do que a doação realizada.

Os candidatos que assim se elegem traem compromissos com seus eleitores, pois defendem os interesses de quem os financiou, causando justa indignação da sociedade.

Para acabar com essa distorção do processo eleitoral e com a corrupção eleitoral é que propomos o financiamento democrático de campanha.

Por fim, o projeto ampliará a liberdade de expressão dos cidadãos e da imprensa, hoje cerceada por leis retrógradas, que permitem até que internautas sejam multados por haverem emitido opiniões de natureza crítica.

A reforma política democrática, com o financiamento democrático de campanha, a eleição parlamentar em dois turnos e a liberdade de expressão plena sobre a política, representa o caminho para aprofundar a democracia, garantindo a ampliação da representação política da maioria da sociedade, valorizando o papel do eleitor e contribuindo para o fim da corrupção eleitoral.

Sim à reforma política democrática!

Sim à ampliação da representação popular nas instâncias de poder!

Não ao financiamento de campanha por empresários!

Não à compra de votos e de Parlamentares!

ARTIGO A QUE SE REFERE A ORADORA

Lei dos Royalties: um gesto de significado histórico

A Presidenta Dilma Rousseff, que desde o início levantou a bandeira dos 100% dos recursos para educação, sancionou sem vetos, nesta segunda-feira, em solenidade carregada de simbolismo, a lei que assegura a destinação de 75% do total de recursos de royalties de petróleo extraídos do pré e do pós-sal para investimentos em educação, além de igualmente 75% dos 50% dos recursos que comporão o fundo soberano compartilhados com a saúde. As áreas da educação e da saúde vão receber na próxima década um total de R$ 112,25 bilhões.

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Em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, da qual eu participei, a Presidenta disse que a união das "forças políticas, sociais e econômicas" em torno dessa lei permitirá ao Brasil fazer "muito mais" nessas duas áreas.

A previsão é de que já em 2013 ocorra um aporte de R$ 770 milhões, aumentando em 2014 para R$ 1,81 bilhão e chegando em 2022 a quase R$ 20 bilhões. O texto também prevê que 50% dos recursos do Fundo Social do pré-sal sejam destinados para a saúde e para a educação, até que sejam atingidas as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). O projeto de lei que cria o novo PNE, em tramitação no Senado, inclui uma meta de 10% do PIB para o setor.

Trata-se de uma extraordinária conquista social alcançada pela conjunção de esforços dos movimentos sociais (UNE, UNDIME, CNTE, Campanha Nacional pelo Direito à Educação etc.), Parlamento, aliados e até adversários.

Quero aqui, na condição de coordenadora do núcleo de educação da bancada do PT, registrar o empenho da nossa bancada. Esse será certamente um dos maiores legados que o Governo Democrático e Popular liderado pelo PT deixará para gerações futuras, para a construção de uma Nação justa, solidária e soberana, na medida em que o conhecimento, a educação propriamente, será resultante de uma política de governo que decidiu transformar a oportunidade histórica natural advinda das descobertas de reservas petrolíferas no pré-sal, com tecnologia brasileira, pela querida PETROBRAS, com esse volume de recursos, que possibilitará um salto em paralelo nos níveis de investimentos no âmbito da implementação do PNE nesta próxima década, alavancando um processo irreversível de redução das desigualdades sociais.

Ao ressaltar a relevância dos recursos que serão injetados, Dilma Rousseff, que teve ousadia e visão de estadista para assegurar que essa riqueza natural do povo brasileiro se transforme em direitos sociais, pontuou os desafios que o País terá que vencer para prestar serviços públicos de qualidade em educação e saúde. "A educação é cara, é onerosa para os orçamentos públicos, mas não se pode economizar com ela, pois a sua ausência é a vitória da ignorância, que é muito mais cara para a sociedade".

Aquilo que era um sonho se tornou realidade. Esse foi um dia histórico para a educação brasileira. Depois da Constituição de 1988, essa é a maior destinação de recursos para a educação. Essas novas receitas, oriundas dessa riqueza extraordinária do povo brasileiro, irão agora para as salas de aula, para as creches, para as escolas em tempo integral e para a valorização dos professores, que tanto lutam por salários dignos e condições de trabalho.

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Agora, trata-se de o Senado aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE) sem retrocesso, garantindo 10% do PIB para educação, para que tenhamos uma nova década de conquistas e avanços para a educação brasileira, com a universalização e a ampliação do acesso ao ensino e a valorização do magistério.

Documento 17/26

303.3.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

03/10/2013-16:21

Publ.: DCD - 04/10/2013 -

44845 IZALCI-PSDB -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMO LÍDER DISCURSO

Sumário

Sugestão do orador para a reforma do sistema político brasileiro.

O SR. IZALCI (PSDB-DF e como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero nesta tarde comentar um pouco sobre a questão da reforma política.

Esta semana nós tentamos votar aqui uma minirreforma, que não pode ser considerada reforma política, mas uma alteração na legislação eleitoral, mudanças para simplificar algumas coisas, como, por exemplo, a questão da desfiliação automática.

O que tem acontecido hoje, Sr. Presidente? Esta semana, principalmente, a coisa mais difícil é você encontrar alguém do partido para pedir a desfiliação, porque para você se filiar a um novo partido tem que primeiro se desfilar daquele ao qual você está filiado, senão dá dupla filiação. Isso estava, anteontem e ontem, na mudança que estava sendo proposta pelo projeto do Senado. Acabou havendo obstrução, o Partido dos Trabalhadores não quis votar, o PMDB insistiu na votação, e acabamos não votando.

Simplificaria e reduziria parte dos custos da campanha. Também proíbe outdoors, o envelopamento do carro todo, as placas imensas nas residências, inclusive nas propriedades privadas. De fato reduzia o custo.

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Mas deixa isso para lá. Vamos ver aqui a questão que está sendo debatida em um grupo no sentido de mudar - estão falando agora - em 2018. Aí tudo bem, tem mais chance de passar, porque só vai prevalecer, só vai começar a funcionar a partir de 2018.

O que já foi aprovado pelo grupo de trabalho constituído para isso? Foi aprovado, e tem o meu total apoio, primeiro, o fim das coligações proporcionais. Isso é fundamental, o partido tem que ter identidade. Não dá para você coligar esses partidos sem nenhuma identificação, sem ideologia ou com ideologias completamente diferentes. Coligam apenas para o coeficiente eleitoral. Então, isso tem que acabar. Partido tem que ter programa, tem que ter estatuto. Aí sim, ele vai, dentro da sua ideologia e do seu programa, trabalhar com seus candidatos, para evitar o que aconteceu agora.

Lembro-me muito bem quando o Enéas foi candidato por São Paulo e obteve a maior votação do País. Acabou trazendo com ele, para a Câmara Federal, um candidato de São Paulo que morava em Brasília com 200 votos - um Deputado Federal com 200 votos e vários com 50 mil votos, 60 mil votos. Eu mesmo tive 67 mil votos na época e fiquei suplente. Então, temos que acabar com essas distorções.

Portanto, o fim das coligações proporcionais em princípio já foi discutido e aprovado por esse grupo de trabalho que está estudando isso. Outra questão aprovada por esse grupo é a cláusula de desempenho, que também é importante. Não dá mais para ter essas fábricas de partidos. São 33 partidos agora, se passar o da Marina hoje, que eu espero que passe inclusive, já que passaram outros. Espero que passe até para melhorar a democracia. Ela apresentou as assinaturas. O que está sendo questionado é a certidão confirmando se aquelas assinaturas são válidas, só isso. Acho que é uma questão que pode ser aprovada, e essa exigência de apresentação de certidão pode ser feita posteriormente. Mas nós não podemos, já que temos tantos partidos e aprovamos dois recentemente, deixar de aprovar também a Rede, da Marina.

Venho batendo já há algum tempo que é pré-requisito da reforma política a reforma partidária. A cláusula de desempenho ajuda um pouco, mas o que nós temos que eliminar de vez é a fábrica de partidos.

Hoje, no jornal, veja o que diz o Secretário-Geral do partido que foi aprovado agora, e eu sei disso. Ele diz que pagou 2 reais por cada assinatura para a constituição do partido. Gastou em torno de 3 milhões para criar esse partido. Como é que eles fazem? Exatamente isto: vão à rodoviária e, para cada assinatura coletada, dão 2 reais. As pessoas que assinam nem sequer sabem o que estão assinando. Prova disso é que esta semana, nas filiações partidárias, ninguém perguntou qual é o programa do Solidariedade, qual é o programa do

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PROS. Ninguémperguntou. As pessoas fazem simplesmente o cálculo matemático: se realmente indo para aquele partido ele consegue se eleger. Apesar de que esses partidos não têm nem ideologia, não têm nem programa. É copiou, colou. Eles vão à Internet e copiam tudo. Se você for ler os estatutos dos partidos, perceberá que são todos iguais.

Então, temos que acabar com isso. Está aí a PEC que apresentei. A PEC diz assim: "Para criar partidos novos, tem que ter filiações provisórias". Você vai ver a diferença entre pegar assinatura de qualquer jeito e pegar filiações provisórias. Após a constituição do partido, essas provisórias passam a ser definitivas. E quem vai filiar vai querer saber qual é o programa do partido, qual é a ideologia, qual é o estatuto, como é a forma de eleição. Assim, você começa a fortalecer os partidos.

Mas não é só isso que propus. A proposta também passa pelo fim das reeleições partidárias. Esses partidos não podem continuar com dono. A maioria dos partidos ou praticamente todos têm dono. Uma canetada e está resolvido. Aqueles que ainda têm certa democracia, um pouco, ainda assim têm o cacique que resolve.

Então, temos que proibir a reeleição ad eternum para as executivas nacionais, regionais e diretórios. Isso fortalecerá e democratizará os partidos. Depois, tem uma proposta de mudança que fiz também de proibir os partidos funcionarem com diretórios provisórios. Porque nós temos partidos com 20 anos funcionando como provisório até hoje. Temos partidos cujo número de filiados sequer consegue compor uma chapa, porque não têm número suficiente para compor uma chapa do diretório.

Então, Sr. Presidente, qualquer reforma política passa pela reforma partidária. Depois que você tiver um partido forte, um estatuto com o fim da reeleição, com o fim da manutenção das provisórias, você vai ter um partido mais democrático, você poderá discutir, por exemplo, a lista fechada, aquela que o PT defende.

Agora, falar em lista fechada com os donos de partidos, quem é que vai botar a ordem nesses partidos? O dono. Então, não cabe nesse momento, sob hipótese nenhuma, ter agora lista fechada. Só podemos aceitar lista fechada quando os partidos forem democráticos, tiverem uma participação democrática. Por que eu estou dizendo isso? Porque nesse grupo também já foi aprovado o fim da reeleição, que é importantíssimo. Também defendo o fim da reeleição. Não dá mais para eleger um Governador ou um Prefeito que, no dia em que ele toma posse, já começa a trabalhar para a reeleição e não está nem aí para fazer uma boa administração, porque, se ele fizer o que tem que ser feito, pode comprometer a sua reeleição.

Por isso, neste País, não se faz aqui o que temos que fazer, as

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grandes reformas: a reforma tributária, a reforma previdenciária e o pacto federativo. Todas as reformas que nós temos que fazer têm que ter uma decisão política, e essa decisão não é tomada, porque quem pode fazer fica com medo de tomar uma decisão e depois não ter o voto para se reeleger.

Temos, então, que acabar definitivamente com a reeleição. Joga-se, sim, o que está também aprovado na Comissão, para 5 anos. Outra coisa que já foi aprovado também é a coincidência de mandatos, fechando 2018 e começando, então, a coincidência de mandatos. São 5 anos para todo mundo: Senador, Deputado, Governador, Prefeito, todo mundo.

O que não está fechado ainda? São os dois pontos polêmicos, que são exatamente o financiamento de campanha e a questão do sistema eleitoral. O que está no sistema eleitoral e no financiamento de campanha? No sistema eleitoral nós temos o distritão, defendido pelo PMDB. O PMDB defende que tem que ser o voto distritão: os mais votados se elegem, pronto, é o distritão. Já o PSDB, por exemplo, defende o voto distrital misto. Outros partidos defendem a manutenção do sistema que está aí. O PT defende a lista fechada preordenada. Então, é o que eu acabei de falar: lista fechada só com partido democrático. Não dá para ficar do jeito que está.

Agora, quanto ao financiamento de campanha, há aqueles que defendem o financiamento público de campanha exclusivo, que é o que está proposto pelo PT também, pelo Henrique Fontana - financiamento público de campanha exclusivo. E do jeito que está, se não for lista fechada, é incompatível; e para ser lista fechada, deve-se fazer uma reforma partidária. O outro é o modelo misto, privado e público; e um terceiro, exclusivamente privado. E há proposta que, mesmo sendo de financiamento privado, estabelece que não haja financiamento por empresas, apenas por pessoas físicas.

Então, esses são os dois temas mais polêmicos que ainda temos que debater para chegar a uma conclusão. Mas eu particularmente acho que não se podem votar essas matérias se não definirmos, primeiro, a questão da reforma partidária, que é fundamental e urgente.

O que está acontecendo, Sr. Presidente, e nós não podemos continuar assim, é esse leilão, é essa venda, é essa troca comercial do voto e também dos próprios candidatos. Por exemplo, ingressaram agora no PROS, além de alguns Deputados, o Governador Cid e Ciro Gomes; foram para o PROS. A Dilma já lhes garantiu o Ministério da Integração.

Então, as pessoas usam os cargos públicos, os Ministérios, a estrutura pública como se fosse uma coisa privada e querem trocar como uma moeda de troca: "Olha, você vai me apoiar na eleição de 2014, e eu

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vou te dar um Ministério." Alguns falam assim: "Eu quero, mas tem que ser com porteira fechada." O que é porteira fechada? É a autoridade de poder nomear de cabo a rabo. Para quê? Para fazerem o que fazem.

Então, há que se acabar com isso. Hoje mesmo há uma denúncia de vários jornais, do nosso amigo, Deputado Fraga. Está aqui, no jornal, o que ele disse: "Estou nauseado com a dimensão tomada pela mercantilização do processo partidário. Houve uma época em se pagava para entrar no partido. Hoje se cobra, e muito, para preencher uma ficha de filiação." Então, está uma confusão danada. O cara para entrar no partido faz uma série de exigências. Agora estão formando grupos. Vai o grupo todo. Nós queremos isso, isso, isso e isso. Virou negócio. Aliás, já era negócio há muito tempo, só que agora escancarou, escancarou! E aí vendem tudo, entregam tudo: "Quer um Ministério? Quer uma Secretaria?" Não, pegam os contratos, pegam tudo. Virou uma dificuldade muito grande.

Sinceramente, se o Congresso Nacional não criar vergonha na cara e tratar isso com seriedade, este País não vai para a frente, Deputado Luiz Couto.

A gente fica desanimado de continuar na vida pública da forma como está. Está muito escancarado. As coisas que deveriam ser sérias viraram negócios. Não dá. Realmente, precisamos fazer uma reforma completa, uma reforma partidária e, para isso, todos nós temos que assumir, como prioridade, essa questão.

Era isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Obrigado, Deputado Izalci. Concordo plenamente que precisamos de uma profunda e consistente reforma política em nosso País.

Documento 18/26

188.4.54.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD

01/07/2014-18:28

Publ.: DCD - 02/07/2014 -

100 IVAN VALENTE-PSOL -SP

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CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA COMO LÍDER DISCURSO

Sumário

Natureza racista do espancamento de professor negro durante prática de

esportes. Motivos espúrios das coligações partidárias no Brasil. Urgente

realização da reforma política. Apoio ao financiamento público de campanhas

eleitorais.

O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho, aqui, nas minhas mãos, uma denúncia que está agora no site de O Globo, que diz o seguinte: "Professor 'dá uma aula' de Revolução Francesa para não ser linchado". Novamente, o País que diz que não tem racismo mostra não só que o racismo existe, como a violência, que é encampada dentro da sociedade.

O professor foi acusado por um dono de bar que tinha acabado de ser assaltado por três pessoas. Ele, que estava correndo - ele corre 10 quilômetros por dia - com um fone de ouvido, foi acusado de ser um dos ladrões. Não lhe deram nenhuma chance de se explicar e partiram para o espancamento imediato, por dezenas de pessoas. Ele foi salvo por dois bombeiros que passavam por ali e que disseram para ele: "Prove que você é professor". Ele dizia: "Eu sou professor". Eles disseram: "Fale alguma coisa da Revolução Francesa". E ele começou a falar sobre a Revolução Francesa.

Os bombeiros o recolheram e o levaram para a delegacia. Ele ainda ficou 2 dias preso. Um boletim de ocorrência havia sido feito pelo dono do bar, acusando-o de ladrão. E, agora, ele vai processar não só o dono do bar, como os espancadores, que são incentivados por figuras públicas, inclusive âncoras de televisão.

Quando nós denunciamos, desta tribuna, o espancamento e o linchamento, no Rio de Janeiro, de um jovem, uma âncora de televisão, da SBT, Rachel Sheherazade, incentivou a população a fazer aquilo. E ela está sendo processada na Procuradoria-Geral da República por isso.

Este é o resultado do estímulo à violência, este é o resultado do racismo no Brasil: um professor mulato, negro, que estava praticando esportes, é confundido com assaltante. Volto àquela máxima, que há no Brasil, da escravidão de 300 anos: "Um negro andando é suspeito, correndo é culpado". Isso é o preconceito e o racismo.

É essa a denúncia que nós queremos fazer aqui, para que sejam tomadas todas as providencias para a punição exemplar pelo que

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ocorreu, Sr. Presidente.

Eu queria aproveitar este tempo para também dizer - e não poderia deixar de dizê-lo - da orgia que foi o processo de fechamento de coligações e disputa de tempo de TV entre partidos políticos no nosso País, coberto de traições, de trocas, de compras, que vai resultar, posteriormente, numa política de governabilidade, seja nos Estados, seja na Nação, que é a política antipovo, a política empresarial, a política do poder econômico, a política do poder pelo poder.

Então, nós queríamos desta tribuna denunciar que, na maioria dos Estados brasileiros, não se faz aliança por afinidade programática, política ou por coerência, fazem-se alianças para ganhar e comprar tempo de televisão, para ganhar dinheiro para a campanha, para eleger Deputados em chapas espúrias e coligações proporcionais, para que, depois, nós tenhamos essa vergonhosa governabilidade.

É preciso sim uma reforma política no nosso País que acabe com essa pouca vergonha que desestimula o povo brasileiro a escolher os seus representantes, que desmoraliza a política e que é praticada pelos chefes da política, pelo comando dos partidos políticos.

Por isso, Sr. Presidente, financiamento público exclusivo de campanha! Fim das coligações proporcionais! Nós temos que liquidar com isso, porque, no mínimo, uma coligação tem que ter alguma afinidade, alguma história, alguma trajetória política comum.

Nós assistimos por aí a uma grande orgia partidária, que chamaram de bacanal no Rio de Janeiro. Mas, depois, tudo se esquece. O dinheiro da campanha entra e, aí, a reforma política vai sendo postergada, porque este Congresso não corta na própria carne. E o poder econômico vai viger novamente e a governabilidade que sustenta governos municipais, estaduais e federais, comprada, que resultou nos mensalões, que resulta nos mensalinhos nas Câmaras Municipais, vai continuar.

Por isso, Sr. Presidente, a proposta do PSOL para a sociedade brasileira é denunciar esta maracutaia política, é ter um projeto de mudança social e de transformação, com protagonismo popular, com coerência programática, é acabar com as coligações proporcionais espúrias no nosso País e é pelo fim do poder econômico nas eleições.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marquezelli) - Muito bem, Deputado.

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Documento 19/26

217.4.54.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

02/09/2014-19:40

Publ.: DCD -

03/09/2014 - 35 LUCI CHOINACKI-PT -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Solicitação aos militantes do PT de empenho na campanha pela reeleição da

Presidenta Dilma Rousseff. Valorização dos profissionais de artesanato e

estímulo à reciclagem de lixo no País como bandeiras na campanha eleitoral da

oradora.

A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nessas poucas horas que temos aqui nesta Casa, eu acredito que todos nós temos muita vontade de falar. Mas eu vou falar da emoção de estar fazendo campanha na rua, de conversar com o povo e falar dos direitos que esse povo nunca teve no País, mas que com o Presidente Lula e com a Presidente Dilma está tendo.

Quando você conversa com as pessoas e começa a lembrar do desastre da inflação que se viveu naqueles governos passados, do desemprego, da fome que rondava a mesa de milhões de mães brasileiras, a luz e a esperança são outras. Por isso, quero falar aos nossos filiados do PT, às lideranças, àqueles que acreditam que estão em um projeto de democracia que tem coerência, firmeza política, relações internacionais, respeito no mundo, que façam campanha pela Presidente Dilma, e a façam com amor, porque estarão defendendo o que é mais importante, que interessa não só para o Brasil, mas também o mundo, que é a democracia que nós estamos construindo.

E vou dizer mais: estou na rua fazendo campanha e estou vendo quantas coisas o nosso Governo fez, e o nosso mandato também. Eu estou muito feliz de ir às ruas para fazer campanha, porque conversa com eleitor é um momento especial. E eu tenho falado sobre a nossa pauta de campanha, que a gente começa com uma e termina com outra, essa bem grande, porque a gente vê que é preciso fazer muito mais coisas.

E quero dizer que assumi bandeiras importantes na minha história política, junto com os Parlamentares, junto com os movimentos sociais; que conquistamos a aposentadoria para as agricultoras e agricultores, que conquistamos o salário-maternidade para as donas de casa. E,

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agora, coloquei na pauta também o reconhecimento do trabalho das artesãs no Brasil, do artesanato que é feito com as mãos, com a inteligência, sabedoria e criatividade. Precisamos respeitá-lo e valorizá-lo! Porque senti o abandono, principalmente em Santa Catarina, do apoio logístico para o artesanato. Isso está na minha pauta, e eu falei para as mulheres que eu viria à Câmara para falar disso, e que nós iríamos dar continuidade a esse trabalho.

As pessoas que trabalham na coleta de lixo são tratadas, muitas vezes, como nem gente fossem, porque quem faz o lixo não se preocupa em recolher, em reciclar, muito menos em separar.

Eu coloquei na pauta, a pedido de lideranças de movimentos sociais, que olhem o descaso com que muitas vezes esses são tratados. Porque hoje nós podemos fazer do lixo riqueza; podemos gerar mais empregos, desmatar menos no Brasil, reciclar, sem fazer incineração para agradar a meia dúzia de ricos. E fazer disso um trabalho importante, porque, se nós queremos cuidar do planeta, vamos cuidar primeiramente da nossa casa, do nosso meio. Só podemos diminuir as catástrofes no mundo se fizermos a nossa parte na nossa casa.

Quero deixar um abraço carinhoso a todos e dizer que estamos firmes e corajosas. Com amor, fé e esperança, nós sabemos que venceremos!

Muito obrigada.

Documento 20/26

226.4.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

08/10/2014-17:27

Publ.: DCD - 09/10/2014 -

53 PROFESSOR SETIMO-PMDB -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

PELA ORDEM DISCURSO

Sumário

Críticas ao sistema eleitoral do País e à influência do poder econômico nas

eleições. Defesa de realização da reforma política, com foco na adoção do voto

majoritário ou distrital e no fim das coligações partidárias.

O SR. PROFESSOR SETIMO (PMDB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, demais companheiros, li hoje, numa notícia de um dos jornais do nosso País, uma informação do DIAP, segundo a qual a maioria dos Deputados eleitos para esta Casa eram considerados Deputados da elite, com alto poder econômico.

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Estamos vendo, Sr. Presidente, que, daqui mais algum tempo, nós não teremos mais representação popular nesta Casa, porque o sistema eleitoral é cruel, é podre, é imoral!

Nós, que não conseguimos a reeleição, assim como aqueles que conseguiram a reeleição, vivemos mais uma experiência que prova que este sistema está superado. É necessário fazer a reforma política, que é muito difícil fazer nesta Casa, porque nela predomina a vontade de cada partido, e não a vontade do povo.

Não realizamos a reforma política, mas há dois pontos fundamentais que devem ser reformados: o primeiro é colocar o voto majoritário ou o voto distrital, para acabar com a metade da corrupção no período eleitoral, e o outro ponto é acabar com as coligações. Não podemos ter aqui Deputados que são eleitos com 20 ou 30 mil votos, não tendo a representação do quociente eleitoral.

Nesta eleição, todos nós sabemos que o poder econômico prevaleceu, a compra de votos prevaleceu. As lideranças que têm representação popular a cada dia estão desaparecendo. Então, a reforma política é urgente e necessária, porque o poder econômico, a compra de votos prevaleceu nesta eleição, mais do que em qualquer outro período. Como exemplo, nós temos muitas lideranças com representação popular.

Coloco aqui o meu Estado do Maranhão: poucas lideranças ali reeleitas tiveram representação popular. Para a maioria dos Deputados eleitos no Brasil, principalmente no Maranhão, foi o poder econômico financeiro que lhes deu a eleição através da compra do voto.

Então, precisamos fazer a reforma política com urgência.

O SR. PRESIDENTE (Fernando Ferro) - Muito obrigado, Deputado Professor Setimo.

Documento 21/26

236.4.54.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 29/10/2014-17:24

Publ.: DCD - 30/10/2014 - 66 SILVIO COSTA-PSC -PE

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM DISCURSO

Page 115: Sumário - Portal da Câmara dos Deputados · Documento 2/26 028.3.54.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 11/03/2013-15:57 Publ.: DCD - 12/03/2013 - 4259 ALBERTO FILHO-PMDB -MA

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Sumário

Proposta de limitação de matérias para viabilização da reforma política.

O SR. SILVIO COSTA (PSC-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O competente Deputado Esperidião Amin, referência desta Casa, sabe que esta questão da reforma política, evidentemente, é muito difícil de ocorrer aqui nesta Casa.

Eu quero fazer uma proposta. Basta a gente resolver, Deputado Esperidião, três assuntos: proibir coligação na promocional, que já é um avanço; restabelecer a cláusula de desempenho, para ter voz aqui tem que ter pelo menos 5 Parlamentares; e estabelecer que só terá direito a fundo partidário - e V.Exa. tem razão - o partido político que tiver representação parlamentar. Isso já é um avanço.

Isso aqui nos une. Acaba com a coligação...

(O microfone é desligado.)

O SR. SILVIO COSTA - Deputado Esperidião Amin, olhe para mim, por favor.

Eu queria propor isto: vamos acabar com a coligação na proporcional, que já é um avanço; vamos restabelecer a cláusula de desempenho, que é outro avanço; e vamos dizer o seguinte: "Só terá direito a fundo partidário o partido que tiver representação parlamentar." Pronto! Se nós fizermos isso, já será um grande avanço. Se formos discutir voto distrital, financiamento público, a reforma não sairá nunca.

Era isso o que tinha a dizer.

Documento 22/26

249.4.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

10/11/2014-15:33

Publ.: DCD - 11/11/2014

- 22 BONIFÁCIO DE ANDRADA-PSDB -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE DISCURSO

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Sumário

Agradecimento ao povo mineiro pela reeleição do orador. Ponderações sobre o

papel dos partidos políticos na democracia brasileira e principais pontos da

reforma política.

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA (PSDB-MG. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste instante em que assomo à tribuna após as eleições, é do meu dever, em primeiro lugar, agradecer ao povo mineiro, que pela décima vez me conduz a esta Casa, esperando assim cumprir com os meus deveres, com as minhas obrigações cívicas perante aquela gente, perante aquele Estado e perante o País.

Em segundo lugar, quero dizer a V.Exa. que, pertencendo ao PSDB, tendo votado em Aécio Neves e participado ativamente da sua campanha à Presidência da República, de Pimenta da Veiga ao Governo de Minas e de Antônio Anastasia para o Senado da República, cumpri, no meu entender, com os meus compromissos políticos, e aqui novamente estou para, juntamente com meus colegas, debater as grandes questões nacionais.

Indiscutivelmente, Sr. Presidente, vivemos uma nova fase, uma nova época política, que tem aspectos novos, sobretudo no campo tecnológico. Hoje direi que a TV já foi superada, como tinha sido superado o rádio, pelas chamadas redes sociais eletrônicas, que se espalham pelo País e permitem certos tipos de coordenação e de articulação política até então desconhecidas.

A reforma política é o tema que reaparece na palavra dos Líderes e no interesse de todo o País. Essa reforma política, no entanto, é algo que a Nação exige para os novos tempos, para a nova época que se inicia. E direi que essa reforma política, indiscutivelmente, tem como fundamento maior um elemento principal, para que se possa desenvolver, dois aspectos que, no nosso entender, são fundamentais. Primeiro, a questão dos partidos e, logo em seguida, a questão eleitoral.

A questão dos partidos é muito importante, porque hoje assistimos no País a partidos fragilizados, fracos, ao contrário do nosso passado, e ainda o sistema eleitoral, que vem desde 1946, é um sistema que se desgastou e a Nação inteira está assistindo a eleições um tanto complexas, sobretudo dominadas pela influência do poder econômico e pela presença de técnicas até então desconhecidas.

Os partidos políticos, Sr. Presidente, precisam realmente ser revitalizados. A tradição brasileira dos partidos políticos é uma tradição

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que nos aponta para momentos de alta expressão histórica.

No Império, tivemos dois grandes partidos fortes que, de fato, aguentaram a evolução política do nosso País, logo após a Independência até a República: o Partido Liberal e o Partido Conservador. O Partido Liberal com expressivas figuras, como Zacarias de Góis, como Joaquim Nabuco. E o Partido Conservador, tendo, inclusive, a militância política de Duque de Caxias. Como - aliás, curioso - o General Osório, no Rio Grande do Sul, que pertencia ao Partido Liberal. Ao lado de Caxias, tivemos o Visconde de Rio Branco e a figura de Sinimbu, um dos líderes liberais valorosos no final da Monarquia. Mas era uma fase em que os partidos realmente tinham valor. E o Imperador guiava a sua política de acordo com os contatos com essas lideranças partidárias que, durante o Império, conseguiram manter para o País uma estabilidade e vencer uma guerra contra o Paraguai, dando demonstrações, assim, de que a Nação alcançou, naquela fase, o equilíbrio político necessário à evolução de nosso povo.

Todavia, a Monarquia não iria permanecer. Com a República, vivemos uma nova fase, a republicana. Os partidos se enfraqueceram do ponto de vista nacional, surgindo os partidos estaduais, mas todos vinculados ao ideal republicano. Assim, vamos ter o Partido Republicano Baiano, o Partido Republicano Paraibano, o Partido Republicano Mineiro, o PRM antigo, o Partido Republicano Cearense e outros. O País era um conjunto de partidos estaduais, que, na realidade, se articulavam nacionalmente para eleger o Presidente da República e influíam decisivamente na eleição dos Presidentes dos respectivos Estados, porque assim eram os nomes, na primeira República, que tinham os governadores. Mas eram partidos que, de fato, influíam na vida do País.

E, apesar de as eleições na República serem muito mais deficientes que no tempo do Império, pois no final da Monarquia houve um pleito que derrotou um Ministro de Estado, o sistema se manteve com variadas crises.

É que durante toda a República, infelizmente, assistimos às chamadas atas falsas, eleições fraudulentas, que propiciaram crises e mais crises, resultando, mais tarde, na Revolução de 1930, abrindo para o País uma nova época.

Essa outra época tem como figura realmente decisiva a de Getúlio Vargas, que traz para o Brasil uma nova orientação política, fruto das suas ideias de político do Rio Grande do Sul, vinculado ao pensamento positivista de Augusto Comte. E, por isso, logicamente, com tendências autoritárias e com tendências ditatoriais, que alcançaram de 1937 a 1945.

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Interessante que, na fase de 1930 a 1937, os partidos existiam, mas vinculados às tradições da Primeira República, agora já em um patamar de maior liberdade, porque as atas falsas desaparecem e o sistema eleitoral se aprimora, sobretudo com a influência de líderes de diversas partes do País, que propiciaram outro ambiente nacional.

Aliás, a Constituinte de 1934, que nos deu a Carta daquela época, segundo muitos, é o conjunto dos homens públicos mais ilustres que o Brasil conseguiu nas diversas épocas em que teve Assembleia Constituinte, mas não foi dada aos partidos políticos a devida importância. E esses partidos, então, nessa fase de 1930 a 1937, ficaram, de fato, um tanto enfraquecidos, apesar da tentativa da chamada UDB de Armando Sales e da Frente Nacionalista de José Américo.

Com a queda de Vargas, em 1945, o ditador, em termos ditatoriais, foi muito mais forte politicamente do que no tempo dos governos militares. O ditador Getúlio Vargas nomeava os interventores, dirigentes de cada Estado diretamente, sem qualquer espécie de reunião, de indicação das Assembleias Estaduais, porque essas na prática, não existiam.

Por sua vez, os interventores nomeavam todos os Prefeitos e, não havendo Câmaras Municipais, a organização política praticamente se resumia ao Presidente da República, aos interventores, que eram os chefes dos Governos Estaduais, e aos Prefeitos, chefes dos Governos Municipais. E nenhuma outra entidade política participava dessa estrutura. O povo ficava plenamente afastado, sem haver qualquer espécie de eleição.

Os partidos não existiam, mas, no subsolo, indiscutivelmente, estava crescendo dentro do País uma grande oposição a Vargas. Iam surgindo, assim, grupos políticos que, mais tarde, em 1946, após a queda de Vargas, iam reaparecer. É a fase, Sr. Presidente, dos partidos mais fortes que o Brasil teve: o PSD, a UDN, o PTB e o PR.

Esses partidos dominaram o País de 1946 até 1964. Através deles, tivemos uma consciência partidária que, indiscutivelmente, era muito forte em toda a Nação.

Quem era pessedista em Minas Gerais encontrava correligionários na Paraíba, no Rio Grande do Sul. Se um homem do PSD do Rio Grande do Sul fosse visitar a Paraíba, havia sempre uma identidade muito grande, uma conversa muito próxima. Através desses partidos, de 1946 a 1964, havia correntes de opinião que tinham representação em todos os cantos da Nação. Existia de fato um pensamento partidário, uma ação partidária.

Com o movimento dos militares, em 1964, inicia-se uma nova fase, que traz de fato, logo no início, em relação aos partidos, algo muito curioso.

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O Presidente Castelo Branco era, indiscutivelmente, um poderoso líder dentro e fora das Forças Armadas. Ele é que coordenou a criação da ARENA. Mas, indiscutivelmente, foi ele também que incentivou o aparecimento do MDB, fruto do Presidente Castelo Branco, que achava que tinha de haver uma oposição no País.

Um general amigo dele, no Acre, organizou o MDB. Aos poucos, o MDB foi crescendo e se transformando nessa grande organização partidária que até hoje está presente na vida do País com o nome de PMDB.

Durante os Governos militares, os partidos existiam, embora muito limitados em sua ação, sofrendo as diversas normas impostas pelo Governo, que tinham aspectos autoritários bem efetivos. Embora nessa fase autoritária existissem politicamente, ao contrário dos tempos de Getúlio Vargas, que impedia qualquer ação partidária. Na fase de Vargas, a imprensa não tinha nenhuma liberdade, assim como os meios de comunicação. Já na fase dos Governos militares, havia alguma possibilidade de os meios de comunicação se pronunciarem.

Com a Constituição de 1988, no entanto, ocorreu no País, depois das diversas crises partidárias dentro da ARENA e um pouco no PMDB, um novo estado de coisas, realmente pernicioso para a vida nacional. Os partidos desapareceram, Sr. Presidente, e ficaram, na prática, só as siglas.

Diria que o único partido que tem alguma estrutura e que pode em parte se aproximar das antigas agremiações partidárias de 1946 é o PT. O PT é, de fato, aquele que tem maiores condições de presença organizatória entre nós. Infelizmente, os demais partidos, inclusive o meu, não têm a organização nem a capacidade de ação que o PT possui. Aliás, nas últimas eleições para a Presidência da República ficou indiscutivelmente demonstrado que a presença do PT foi fundamental para o desenvolvimento da campanha e para o alcance da vitória da sua candidata, a Presidenta Dilma.

Vivemos hoje no País uma crise política séria no tocante aos partidos políticos. Precisamos buscar soluções legais e, mais do que isso, soluções políticas. E temos que incentivar certas técnicas para que os partidos venham a se fortalecer. Por exemplo, sou favorável às coligações. À primeira vista, as coligações enfraquecem os partidos, mas hoje a tendência é de se transformarem num instrumento de aproximação de grupos políticos com ideais ou comportamentos semelhantes. Vejo nas coligações algo que pode representar um passo, no futuro, em favor da reunificação de grupos políticos de tendências semelhantes.

Temos também que ter em mente a importância dos meios de comunicação. Os partidos políticos, sem meios de comunicação,

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dificilmente poderão alcançar a firmeza das suas posições e das suas atuações políticas nas diversas dimensões da vida brasileira.

Com essa situação dos partidos políticos, também diria a V.Exa. que é muito grave o que nós estamos vivendo com o nosso sistema eleitoral. Com o atual sistema eleitoral, o País não alcançará, no futuro, a estabilidade, como a democracia não se fortalecerá. Com o atual sistema eleitoral, a tendência cada vez maior é de o poder econômico dominar totalmente o processo político. É a força dos Governos e, ao lado deles, a influência do poder econômico. O poder econômico, nas últimas eleições, se revelou um elemento básico no jogo político, predominando no desenvolver das campanhas.

Precisamos buscar outras soluções legais para os pleitos eleitorais. Conhecemos os vários sistemas eleitorais que podem substituir o atual em nosso país. O Brasil conheceu, no Império, um sistema distrital com outro nome: eram os círculos eleitorais. Esse sistema vigorou durante certo tempo. Por ele não se elegia apenas um representante, como o distrital na Inglaterra e nos Estados Unidos. Três representantes eram eleitos nos círculos eleitorais brasileiros, o que, aliás, me parece muito mais justificado do que um distrito eleitoral com um representante.

Um distrito eleitoral com um representante é um perigo, porque corre o risco de a metade da população ficar sem representação, com permanentes conflitos entre os grupos partidários ali existentes. Se um Deputado, em um distrito com 2 milhões de eleitores, for eleito com 200 votos de diferença, a metade da população fica sem representação. E começa, então, aquele mal estar dentro do distrito. Por quê? Um grupo começa a dizer que o outro grupo não tem representação política.

A se manter o sistema distrital, como já aconteceu na Coreia e, durante o Império, no Brasil, devemos possuir mais de um representante no distrito eleitoral. Do contrário, parcela da população ficará sem representação e vítima de conflitos cada vez maiores dentro da sua própria área de atuação.

Ao lado do sistema distrital, temos hoje o sistema que está entre nós prevalecendo: o sistema proporcional do voto uninominal. Não é um sistema de lista. É o sistema proporcional do voto uninominal. Na prática, vota-se em um candidato, e não no partido.

No sistema de lista, a convenção de um partido se reúne, elege uma lista, dá preferência às principais figuras do partido nessa lista e assim disputa o pleito eleitoral. Terminadas as eleições, se o partido conseguiu, através de seus votos, três, quatro ou cinco lugares, ou cadeiras parlamentares, esses três, quatro ou cinco lugares serão os primeiros da lista, indicados pela convenção partidária. Quer dizer, a campanha é entre os partidos. Os partidos, com isso, se fortalecem muito, porque o eleitor vai votar no partido, sabendo que, votando

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nesse partido, vai votar na possibilidade de certos candidatos serem eleitos para a Câmara Municipal, para a Assembleia Estadual ou para a Câmara dos Deputados.

O sistema de lista, a meu ver, realmente possui importância, porque fortalece os partidos políticos. Fortalece os partidos políticos e, naturalmente, as grandes lideranças dentro do partido vão crescendo, aparecendo, se firmando e dominando a área partidária, através de convenções que devem se desdobrar de uma forma realmente democrática.

Todavia, existem algumas outras soluções dentro do voto de lista. Eu acho que uma solução que deveríamos pensar no tocante ao voto de lista para que os pequenos partidos não se sintam atingidos, porque eles acham que perdem muito com tal sistema, é admitir o sistema de lista dentro das coligações. Uma coligação de vários partidos poderia organizar a lista de representantes das diversas agremiações, sendo assim uma lista polipartidária.

Terminadas as eleições, se a coligação fizer diversos Deputados, tudo será de acordo com os entendimentos partidários havidos anteriormente, em que se forma a lista com o acordo das agremiações.

Então, os pequenos partidos, que temem o sistema de lista puro, o sistema de lista eleitoral, a chamada lista fechada, terão meios de finalmente participar do sistema de lista, mas através de um entendimento entre as variadas correntes partidárias. Acho, Sr. Presidente, que este é um caminho que podemos e devemos estudar: o sistema de lista fechada dentro da coligação. Mas também julgo que devemos dar liberdade para o partido disputar sozinho, se quiser, com a sua lista, ou fazer coligações com outras agremiações.

O sistema de lista pode ser estudado, mas, como mencionei, poderíamos chegar a outra solução: dar direito ao partido de disputar a eleição da forma que ele quiser, obedecido o sistema proporcional. Se ele achar que deve disputar a eleição no sistema proporcional uninominal, disputar no sistema proporcional, com lista, isso fica a cargo de cada partido. O partido poderia, inclusive - se quisesse -, estabelecer essa técnica em nível estadual ou municipal.

Sr. Presidente, as últimas eleições nos revelaram dificuldades perigosas no campo da influência econômica e financeira. E, às vezes, a influência financeira é tão perniciosa que fomenta traições em que determinados candidatos se articulam com poderosos cabos eleitorais, assumindo certos compromissos, transferindo grandes quantias para fazerem a sua campanha - aliás, é preciso dinheiro para fazer campanha eleitoral -, mas na hora de votar esses cabos eleitorais poderosos não votam nos candidatos com os quais estavam compromissados. Aí há um verdadeiro protesto, há um verdadeiro mal

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estar: é a traição que o poder econômico costuma imoralmente favorecer.

Isso tudo, Sr. Presidente, existe, infelizmente. Há que ser superado. Daqui a pouco, apenas candidatos sustentados por fortes grupos econômicos ou pessoas que tenham realmente muito poder financeiro poderão disputar as eleições. As Câmaras de um modo geral ficarão inteiramente dominadas pelo capital poderoso. Os representantes da classe média e os representantes dos setores populares ficarão inteiramente fora da representação política. Essa é uma ocorrência gravíssima, que precisamos superar. O sistema de lista com essas modalidades poderá facilitar uma nova presença de fortalecimento dos partidos e de eleição para os diversos postos da vida pública no País, nos Estados e nos Municípios.

Temo que o poder econômico, nas próximas eleições municipais, venha nominar e navegar em todos os mares das disputas políticas. É um assunto que me parece muito sério. E devo dizer a V.Exa., Sr. Presidente, que esse problema, tempos atrás, foi bem focalizado pelo PT. O Partido dos Trabalhadores trouxe para esta Casa uma proposta de sistema de lista fechada, com a qual votei, ao lado de um grupo de colegas do meu partido, mas não conseguimos a aprovação.

De modo que devemos procurar no sistema de listas, na eleição proporcional, a solução para a nossa problemática política, que é muito séria. Necessitamos assim, neste País, conseguir que as instituições alcancem um equilíbrio melhor na área eleitoral para fortalecermos a democracia.

E diria mais: essa situação negativa influi, inclusive, na relação dos Poderes. A crise que existe hoje no Brasil, nas relações dos Poderes, decorre muito das deficiências da escolha da representação popular. E esta Casa viveu neste último mandato momentos que me parecem tristes em relação à representação parlamentar e em relação ao próprio funcionamento desta Instituição.

O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, nobre Deputado?

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA - Concedo o aparte a V.Exa., nobre Deputado Mauro Benevides, figura emérita do povo cearense.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Bonifácio de Andrada, estava eu no meu gabinete e imediatamente me desloquei para o plenário a fim de assistir à parte final do pronunciamento de V.Exa., brilhante, como sempre, numa retrospectiva daqueles fatos históricos que V.Exa. vivenciou de perto, que eu acompanhei lá do meu Estado, e V.Exa. aqui de Minas Gerais, mais perto de Brasília, e já aqui presente nesta Casa, e esse aspecto de reforma política a que V.Exa. se reportou. E

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eu diria a V.Exa. ...

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA - A Revolução de 1930 provocou no Ceará um episódio político muito interessante, quando justamente houve aquela mudança de Governo naquele Estado.

O Sr. Mauro Benevides - Mas é uma relembrança que V.Exa. faz, vinculando o Ceará a esse seu pronunciamento. Eu diria a V.Exa. que, no curso do seu pronunciamento, essa referência está direcionada para a reforma política. Realmente, não temos mais condições de procrastinar a reforma política, sob pena de este Congresso passar o recibo de total incompetência para discutir tema de tal relevância. Mas a generosidade do Presidente permitirá que V.Exa. se delongue, pelo menos, por mais uns 60 segundos. Eu quero cumprimentar V.Exa. e dizer que os temas trazidos a esta Casa por V.Exa. são daqueles que exigem aqui plenário cheio para discutirmos com mais tempo matérias da maior relevância como essa que V.Exa. traz hoje à discussão nesta Casa. Muito obrigado pelo aparte que V.Exa. me concede.

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA - Muito obrigado a V.Exa., eminente Deputado.

Vou terminar as minhas palavras trazendo a esta Casa as nossas homenagens, com a certeza de que, na fase que se vai iniciar no próximo ano, cumprirá realmente com seu dever, e o País conseguirá as melhores soluções que todos desejamos. Muito obrigado a V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Muito obrigado, Deputado Bonifácio de Andrada. Quero parabenizá-lo pelo seu pronunciamento. V.Exa. trata da necessidade de que os partidos tenham uma base temática em todo o País, e não, como V.Exa. citou, os partidos que nós tínhamos antes do golpe de estado, que tinham uma posição em todos os locais. O PSD tinha a sua visão, a UDN a sua, ou seja, eram defensores daquela proposta. Infelizmente, nós perdemos isso. Os partidos se tornam reféns, muitas vezes, do poder econômico.

Daí a proposta que V.Exa. faz de uma reforma política, que todos nós defendemos aqui. Ela tem que se dar. Não podemos deixar que fique apenas na promessa. É preciso fazê-la.

Quero parabenizá-lo pelo pronunciamento. V.Exa. vem de Minas Gerais trazendo notícias boas e propostas que podem nos ajudar a enfrentar a crise mencionada por V.Exa., existente neste momento em decorrência da falta de representatividade no Parlamento. Ou seja, muitas vezes, nós ficamos reclamando do Executivo e do Judiciário, quando nós somos os grandes responsáveis pela crise por que estamos passando. Parabéns e muito obrigado.

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Documento 23/26

265.4.54.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 19/11/2014-14:40

Publ.: DCD - 20/11/2014 - 38 CARLOS MANATO-SD -ES

CÂMARA DOS DEPUTADOS PEQUENO EXPEDIENTE PELA ORDEM DISCURSO

Sumário

Agradecimento ao eleitor do Estado do Espírito Santo pela recondução do

orador à Câmara dos Deputados. Apoio à realização da reforma política.

Defesa de alteração no sistema de punição do menor infrator.

O SR. CARLOS MANATO (SD-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a partir do dia 1º de fevereiro de 2015, eu darei início ao meu quarto mandato, que vou exercer com muito orgulho. Agradeço aos 67.631 eleitores do meu amado e querido Espírito Santo que me concederam essa honra.

Nós vamos ter, Sr. Presidente, alguns desafios muito grandes. Um dos primeiros desafios é dar um jeito de fazermos a reforma política. Não dá, Sr. Presidente, para continuar com a política do jeito que está. Precisamos de uma reforma.

Vou citar aqui cinco pontos dessa reforma política. O primeiro ponto é o instituto da reeleição. A reeleição é danosa, a reeleição é corrupta. A partir do momento em que o Chefe do Executivo - prefeito, governador ou presidente - assume o mandato, já está levando vantagem. A partir do momento em que ele começa a trabalhar para a sua reeleição, passa a fazer concessões que não são democráticas nem republicanas, passa a encher a máquina administrativa de gente e passa a trabalhar pensando no próximo mandato. E isso atrapalha a administração. Além do mais, um mandato de 4 anos é pouco tempo, Sr. Presidente. Eu defendo o fim da reeleição e um mandato de 5 anos para o Executivo.

Defendo também que os mandatos sejam coincidentes. Nós não podemos ter eleição de 2 em 2 anos, porque essas eleições custam bilhões de reais aos nossos cofres e ao contribuinte. Não há uma eleição que custe menos de 1 bilhão de reais. Além disso, o País para

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a cada 2 anos, pensando no período eleitoral. Nesta Casa mesmo, nós paramos. Eu estou aqui há 12 anos e vejo que, todo ano que tem eleição, nós paramos por 3 ou 4 meses. E quantos projetos nós deixamos de votar porque poderiam beneficiar A, B ou C?

Sr. Presidente, eu também defendo a coincidência de mandatos, porque isso vai diminuir imensamente o número de candidatos. Com a coincidência de mandatos, ou se é candidato a Prefeito, ou a Deputado, ou a Vereador, ou a Governador. Não há esse negócio de ser candidato a outro cargo sem perder o mandato. Esse é o segundo ponto que defendo.

O terceiro ponto que eu defendo, Sr. Presidente, é o fim das coligações proporcionais. É muito injusto o fato de que as pessoas eleitas não sejam aquelas que realmente tiveram mais votos. Quantas vezes as mais votadas ficam de fora por não terem coligação? Além do mais, partidos pequenos e sem representatividade juntam-se para fazer um só partido. Então defendemos que as coligações sejam feitas só para cargos majoritários.

Defendemos também que haja financiamento público; que se diminua o dinheiro externo; que as pessoas, físicas ou jurídicas, possam doar de forma transparente; e que sejamos mais claros com toda a sociedade.

Então, Sr. Presidente, são esses os pontos que estamos defendendo aqui, para que sejam discutidos a fundo no nosso próximo mandato. E nós podemos ter um referendo da população a respeito dos pontos que vamos discutir aqui neste Congresso.

Também vamos lutar muito para que se decida, de uma vez por todas, sobre a maioridade penal. Sabemos que é quase impossível aprovar a redução da maioridade penal, mas defendemos um projeto inédito e diferente que estabelece que aqueles menores que cometerem crimes simples sejam penalizados de acordo com o ECA, mas aqueles que cometerem crimes hediondos sejam emancipados na mesma hora e cumpram a pena como se fossem maiores de idade. Então nós vamos até as últimas consequências, nesta Casa, para que o menor, ao cometer um crime hediondo, seja emancipado e cumpra a pena como se fosse maior.

Muito obrigado, Presidente.

Documento 24/26

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299.4.54.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD

18/12/2014-17:51

Publ.: DCD - 05/02/2015

- 126 PAES LANDIM-PTB -PI

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE GRANDE EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Reflexões do Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, José Antonio Dias

Toffoli, sobre o relatório e voto do Ministro Gilmar Mendes exarado no

processo de prestação de contas da campanha eleitoral da Presidenta Dilma

Rousseff. Necessidade de reforma do sistema proporcional e de reavaliação do

financiamento de campanhas eleitorais.

O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na sessão de terça-feira da semana passada, no Tribunal Superior Eleitoral, após a leitura do relatório e voto do nobre Ministro Gilmar Mendes sobre a apreciação das contas da campanha eleitoral da Sra. Presidente Dilma Rousseff e após o voto dos demais Ministros que compõem aquela Corte, o Presidente, Ministro José Antonio Dias Toffoli, resolveu emitir a sua opinião sobre o relatório do Ministro Gilmar Mendes.

A intervenção do Ministro Toffoli foi rica de reflexões. Por esta razão eu não poderia deixar de comentar alguns dos seus enunciados e de pedir a transcrição deles nos Anais desta Casa. Quero deixar bem claro que minha assessora, a advogada Gláucia, hoje pela manhã, através do sistema de áudio da Internet, transcreveu-o para mim sem a preocupação da correção necessária, até porque o Sr. Ministro também não corrigiu o texto ainda. Ele falou de improviso.

Disse o Ministro Toffoli, com muita propriedade e muita justiça:

"Em primeiro lugar gostaria de cumprimentar, parabenizar o Ministro relator, o Ministro Gilmar Mendes, pelo profundo voto que trouxe com uma análise pormenorizada dos elementos, e a ele foram destacados: o relatório da EPA" - que é a assessoria daquele colendo Tribunal -, "os relatórios também produzidos pelos demais técnicos que atuaram no acompanhamento destas contas. E como sói acontecer, o Ministro Gilmar Mendes historicamente é um formulador, e S.Exa., ao analisar, ao se deparar com este árduo trabalho que não foi um sorteio, isto não é sorte, isso (risos), não vamos usar aquela palavra chata, mas é trabalho, não é sorte receber um processo com duzentos e setenta volumes para relatar em duas semanas...

E S.Exa., com a dedicação que tem, S.Exa. se debruçou, como S.Exa.

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faz no Supremo Tribunal Federal, como já fez na passagem neste Tribunal, como já fez na passagem que teve junto à Advocacia-Geral da União, junto ao Palácio do Planalto, S.Exa. não só analisa, como dá conta do recado, mas S.Exa. formula para a história e para o futuro. E das formulações de S.Exa. já surgiu uma Suprema Corte no nosso país, diferente da que existia no passado, com vários outros instrumentos para as análises de declaração de constitucionalidade e inconstitucionalidade, sem falar nas legislações que S.Exa., através do trabalho de formulação, deixou em nosso país. Mais uma vez S.Exa. demonstra uma imensa capacidade de trabalho, e os meus respeitos pessoais, e os meus respeitos em nome da Corte à capacidade de trabalho e à inteligência de S.Exa."

Sr. Presidente, no decorrer do seu voto, o Ministro Toffoli diz o seguinte:

"Mas gostaria de fazer alguns registros a respeito do financiamento de campanha eleitoral e de financiamento de partidos políticos. Em primeiro lugar o registro que faço e que tenho dito é que falar em financiamento de campanha e financiamento de partido é diminuir o tema. Na verdade, se trata de quem financia a democracia no Brasil, quem financia a democracia no mundo. Nós temos que discutir isso de maneira extremamente séria.

Na semana passada estive na sede da OCDE em um encontro, em uma convenção organizada pela OCDE, que reúne os vinte e oito países da Europa e alguns países da América, e do qual o Brasil é considerado um parceiro estratégico, embora não a integre diretamente, mas é um parceiro estratégico, e a OCDE, juntamente com a OEA (Organização dos Estados Americanos), promoveu relevante encontro na semana passada, cuja denominação era exatamente a captura da democracia pelo interesse econômico, e lá se discutiu amplamente e se debateu amplamente com várias visões.

Estavam lá presentes não só representantes de organismos eleitorais, mas também representantes da academia, representantes de financiadores de campanha eleitoral, como, por exemplo, falou lá o representante de relações internacionais da Coca-Cola Company, falando do lado daquele que financia; Organizações Não Governamentais e uma série de outras instituições, também algumas estatais e outras paraestatais, fazendo uma grande história a respeito do financiamento da democracia, aí se vai desde países que estão indo na linha de proibir o financiamento por parte das pessoas jurídicas das empresas, como o representante da Espanha lá notou que a partir do ano que vem a legislação recém-aprovada na Espanha proíbe o financiamento e a participação de pessoas jurídicas, tal qual já ocorre na França por exemplo.

Por outro lado" - e isso é importante, essa anotação do eminente,

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jovem e dinâmico Ministro Toffoli - "a representante da Federal Election Commission dos Estados Unidos da América" - e a América não tem tribunal eleitoral, como ocorre na maioria dos países do mundo inteiro - "mencionava que, embora o mundo ache que as eleições nos EUA são muito caras, na verdade as eleições nos EUA não custavam mais, pelo contrário, todas as despesas que ocorrem ao longo de um processo eleitoral nos Estados Unidos, nas palavras dela, eram metade do que a nação gasta no dia de halloween."

Mais adiante, Srs. Deputados, o Ministro Toffoli, depois de várias outras considerações, diz assim:

"Veja que na campanha dos candidatos eleitos à presidência e à vice-presidência os maiores gastos foram com programas de rádio e televisão, mais de setenta milhões de reais gastos, ou seja, um quinto dos gastos são diretamente relacionados ao programa de rádio e televisão, com altos gastos na produção deste tipo de publicidade, até porque a legislação tem permitido aquilo que nós falamos aqui durante o debate eleitoral, de pirotecnias. Poderia se baratear isso com menos tempo, poderia se baratear vedando as pirotecnias e ouvindo exatamente o candidato, a candidata e suas propostas."

Vejam bem, o Presidente Toffoli aqui discute com propriedade que a maneira de se reduzir gastos é reduzir o tempo de campanha.

Outras considerações são importantes, Sr. Presidente.

Uma forma para diminuir gastos para a campanha presidencial seria, citando o exemplo da França, estabelecer um teto de gastos. Mas lá os valores ainda estão muito abaixo dos que foram gastos pelas duas candidaturas que chegaram ao segundo turno.

"O próprio fundo público da FEC norte-americana hoje está em quase cem milhões de dólares, o que daria em torno de duzentos e cinquenta milhões de reais. Daria próximo daquilo que gastou a candidatura de Aécio, mas a candidatura Dilma já estaria muito além, porque aqui há uma diferença muito grande entre trezentos e cinquenta e duzentos e vinte e três milhões. São cento e vinte e sete milhões de reais de diferença, proporcionalmente e quantitativamente uma diferença bastante alta, e isso agregado à reeleição também leva evidentemente a um efeito multiplicador."

E diz mais em outro texto:

"Nós tivemos aqui nas duas principais campanhas à Presidência da República uma concentração de 579 milhões de reais. Há de se pôr um teto de limites de gasto não só na campanha presidencial, mas em todas as campanhas em nosso país, para que se tenha uma possibilidade mínima de equanimidade."

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Sr. Presidente, é todo rico de reflexão o voto exarado pelo Sr. Ministro Dias Toffoli, já passadas as 22 horas da terça-feira passada, no dia 9 de dezembro, no Tribunal Superior Eleitoral.

"O Ministro Gilmar Mendes trás uma sugestão da prestação mensal, aperfeiçoando duas prestações já parciais que existem. Eu iria até além para um futuro não tão imediato, e talvez já possamos falar da necessidade de uma prestação de contas on-line, uma prestação de contas em que as despesas, os haveres sejam imediatamente disponibilizados em páginas na Internet para qualquer cidadão brasileiro, qualquer eleitor poder ir lá e verificar se o candidato que ele pensa votar, se esse candidato está sendo financiado por este ou por aquele setor da sociedade."

A seguir, diz o Ministro Toffoli:

"Nos EUA o candidato que opta por pegar o fundo público pode arrecadar privadamente, só que ele arrecada privadamente um por um, então, se ele tem um fundo público que é cerca de 95 milhões de dólares, hoje, ele pode arrecadar mais 95 milhões de dólares na iniciativa privada, lá não há uma doação direta por parte das pessoas jurídicas, mas há os PACS e os Super-PACS, que são uma maneira de doação indireta, algo um tanto quanto complexo, mas, no fundo público, se nós verificarmos, a campanha da Dilma Rousseff gastou mais que o fundo público para uma campanha presidencial nos EUA, que tem mais eleitores, o dobro de eleitores que o Brasil."

Mas diz também S.Exa.:

"O fato é que no Brasil, hoje, nas campanhas presidenciais não parece haver caixa dois, ou seja, nós temos as campanhas realizadas e apresentadas com números que chocam quando comparados com outros países, até grandes países do ponto de vista econômico, mas que demonstram que as campanhas eleitorais e os doadores têm procurado, no que diz respeito às campanhas presidenciais, estar cumprindo exatamente as regras do jogo, estar atuando de uma maneira dentro da prestação de contas."

Mais adiante, Sr. Presidente, ele diz:

"Como alguém, ministro Gilmar, alguma pessoa jurídica que pega empréstimo de bilhões junto a um banco público a juros subsidiados baseados na TJLP para promover emprego, para promover o desenvolvimento econômico social da nação, parte destes bilhões vira aplicação em uma eleição, uma campanha eleitoral? Dentro da legislação brasileira não há vedação a esta doação por parte de quem está a juros subsidiados alavancado em um banco público de desenvolvimento econômico social. Não haveria ilegalidade se fosse dentro do percentual sobre o faturamento de dois por cento sobre o

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faturamento do ano anterior.

Mas é um escândalo do ponto de vista moral, do ponto de vista ético, algo que devemos pugnar é algo que o Congresso Nacional deve avaliar e mesmo o Poder Judiciário tem que surpreender, mas no futuro evoluir, respeitando-se o artigo 16, uma eventual análise futura, mas evoluir no sentido de se fazer realmente uma análise se isso não se enquadra no abuso do poder econômico, até porque, muito embora esta empresa tenha doado para ambos os candidatos que foram ao segundo turno, ela doou 25% a mais comparativamente para aquela candidatura que está na situação em relação à candidatura de oposição."

E foi muito enfático, Presidente, o Sr. Ministro Toffoli:

"Eu não vou aborrecer a Corte, citando alguns números desta doação e também aqui não é nenhum juízo de valor em relação a esta empresa doadora, mas é um fato de nós aceitarmos isto como se fosse normal. Isso não pode, não deve ser aceito como normal, uma empresa que está alavancada para fazer geração de empregos e desenvolvimento econômico social sair doando, ao longo das eleições gerais de 2014, trezentos e cinquenta e três milhões de reais, isso é abuso do poder econômico, isso é tentativa de compra do Parlamento. Por que essa empresa sozinha pode fazer quantos parlamentares..."

Há ainda mais, Sr. Presidente. Ele fala sobre a reforma política, relativamente ao financiamento da democracia, financiamento de partidos e das campanhas eleitorais. S.Exa. diz que tem outros argumentos e anotações importantes na OCDE que espera, em breve, levar ao conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral e, consequentemente, dos interessados na reflexão sobre os custos das campanhas políticas no Brasil e no mundo.

E, concluindo o seu belo voto, o Ministro Toffoli assim diz:

"Enfim, dentro da classificação técnica, para que o relator e a Corte como um todo, ao invés de se debruçarem em 270 volumes, pudessem se debruçar em umas duas dezenas de itens, apenas facilitando o trabalho, e é a Corte que vai analisar e fazer o juízo definitivo sobre a dimensão dessas irregularidades, sobre aquilo que houve do ponto de vista de tais inconsistências, se elas procedem ou não, mas a assessoria técnica do Ministro Gilmar agiu como deveria agir. Não há inconsistência naquilo que a assessoria técnica fez, ela trouxe e apontou as suas dúvidas com toda dedicação, boa-fé e lealdade a esta Corte, e o relator veio e fez as suas análises, e todos nós pudemos fazer as nossas análises."

Sr. Presidente, o Ministro Toffoli enfatizou aqui o tema sobre gastos e financiamento público, e o Presidente da OAB, na semana passada,

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escreveu um artigo em O Globo também criticando o financiamento público.

O sociólogo diplomado pela Universidade Católica do Rio de Janeiro, Ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, também veio criticar o financiamento público. Esse é o nó górdio, no meu entender, da problemática política do nosso País.

O problema do nosso País é o problema da representação proporcional. É justo que um país de dimensões continentais como o nosso tenha seus representantes do Parlamento eleitos pelo regime proporcional? Esses custos de campanha exagerados são exatamente em função das eleições proporcionais.

No sistema distrital ou no sistema misto para as eleições parlamentares os custos são menores, porque o candidato é conhecido no distrito em que ele é votado. O distrito jamais iria votar num cidadão que ele não conhece.

Agora, eu tenho, no meu Estado do Piauí, de Parnaíba a Corrente, do extremo norte a Cristalândia, no extremo sul - aliás, fui o mais votado, com muita honra, em Parnaíba e também no extremo sul, o mais votado nessas duas cidades -, uma distância de 1.500 quilômetros. O candidato proporcional tem que visitar o Estado todo, o que aumenta os custos. Se ele é votado só no seu distrito, os custos são menores.

Uma eleição é tão importante e fundamental que se pode até exigir o recall. Quer dizer, pode ser chamado à responsabilidade aquele representante que não corresponder realmente à sua comunidade. E ela poderia até exigir a sua saída do Parlamento. Mas o custo de campanha é em razão da representação proporcional. Quem não quer atacar esse problema está exatamente fugindo da realidade do País.

E esse sistema de representação proporcional vem desde a Revolução de 30. O grande Sobral Pinto, em 1932, já lamentava que a elite política do Brasil ainda não atentava seriamente para a dramaticidade do processo eleitoral.

E, como dizia também o meu saudoso professor Pedro Calmon, que foi reitor da saudosa Universidade do Brasil, professor de Direito Constitucional da tão gloriosa Faculdade Nacional de Direito, que os militares acabaram no final da década de 60...

Calmon disse, com muita propriedade, comentando as eleições brasileiras, que efetivamente era difícil ter um sistema que não fosse viciado, porque ele já vem desde as suas origens. Mas, vejam bem, dizia o nosso querido Pedro Calmon, em 1957: "De que vale a minuciosa organização protetora do direito de voto, se, nas províncias e no sertão, campeia o 'coronelismo' antigo, a prepotência domina os

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impulsos cívicos". O mais importante é que ele dizia o seguinte: "Como hão de ser límpidas as águas que correm de fonte impura?"

Sr. Presidente, esse é o nó górdio, repito, da política brasileira. O sistema proporcional tem que ser redimensionado e reavaliado. Com o sistema distrital, têm-se custos de campanha muito menores, porque o cidadão que é estranho ao distrito jamais terá coragem de se candidatar no distrito. E o cidadão que não tem vinculação com distrito nenhum se candidata pelo Estado como um todo, no sistema proporcional, e, se ele é um candidato rico de recursos, tem todas as condições de se eleger Parlamentar.

Agora, é evidente, Sr. Presidente, quando se fala em financiamento público: quem vai fiscalizar se alguém não está usando outro financiamento que não seja o público? Qual estrutura da Justiça Federal ou da Justiça Eleitoral para isso? Precisamos aumentar realmente a presença da Justiça Federal, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Receita Federal na fiscalização do pleito eleitoral.

A própria Justiça tem que trabalhar mais em regime full time. É a tese do Ministro Marco Aurélio de se ter a Justiça Eleitoral permanente, igual aos demais tribunais do País, funcionando diariamente. Assim, realmente haverá condições de se fiscalizar um projeto de financiamento público que leve os cidadãos do nosso País a financiarem as campanhas de milhares e milhares de candidatos.

Sr. Presidente, cito o exemplo da eleição passada, em 2010, no meu Estado, até porque, de 2014, nós não temos os dados definitivos. Em 2010, a campanha mais modesta, modéstia à parte, foi a minha, entre os Deputados eleitos. Eu não tinha um carro no interior do Estado, não tinha um cavalete em Teresina, não tinha um anúncio qualquer em nenhuma cidade do Estado. No entanto, quando veio a apuração dos gastos de campanha, a minha, rigorosamente toda resultante de doações eleitorais, foi a mais cara do Estado. Nós sabemos que isso foi uma ficção, porque a Justiça Eleitoral não tem condições de fiscalizar realmente os gastos de campanha de quem quer que seja, a não ser formalidades, se ouviu aqui ou acolá na prestação de contas.

Somente com uma profunda estruturação da Justiça Eleitoral e sua fiscalização é que se poderia pensar... O Presidente Toffoli tem toda razão em se espantar com os números vultosos de gastos de campanhas eleitorais, das empresas, das pessoas jurídicas deste País. Ele vai prestar uma grande contribuição ao País levando este debate para o núcleo, o centro da reforma política, exatamente analisando a problemática do financiamento privado e de seus custos elevados, e só assim é que se vai repensar seriamente na representação política de nosso País.

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Sr. Presidente, para concluir, queria dizer tanto ao Ministro Moreira Franco quanto ao Presidente da OAB que o problema da representação é uma questão discutida há dezenas e dezenas de anos em nosso País, desde o livro do nosso saudoso Vítor Nunes Leal, Coronelismo, Enxada e Voto, embora escrito num contexto de predominância do coronelismo rural. E hoje temos o coronelismo eletrônico. Não podemos esquecer essa inovação dos tempos modernos, mas vejam a preocupação de Vítor Leal para encontrar um meio-termo que realmente dê legitimidade à representação política em nosso País.

Eram essas as considerações que eu queria fazer nesta tarde, a respeito da locução de improviso do nobre Ministro Dias Toffoli. Há poucos dias, no Instituto de Direito Público de Brasília, numa bela conferência sobre a reforma eleitoral, ele fez reflexões da maior importância, que eu trouxe aqui ao conhecimento desta Casa.

Muito obrigado, Presidente.

Documento 25/26

002.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

03/02/2015-19:06

Publ.: DCD -

04/02/2015 - 210 MARCUS PESTANA-PSDB -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA ENCAMINHAMENTO DE VOTAÇÃO DISCURSO

Sumário

O SR. MARCUS PESTANA (Bloco/PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu não queria, de forma ingênua, contribuir para o processo protelatório de obstrução liderado pelo PT. Mas é necessário colocar alguns pingos nos is. Caro amigo, Deputado Henrique Fontana, V.Exa. sabe que eu tenho isenção para fazer isso.

Esta é uma agenda prioritária há mais de 1 década. O sistema político brasileiro, o sistema partidário eleitoral se esgotou: 70% da população, 2 anos depois, não sabe dizer o nome do Deputado em quem votou; as regras do financiamento precisam de aprimoramento; os partidos não são fortalecidos, pelo contrário, é um sistema anárquico que divide os partidos e não alimenta a solidariedade partidária, porque você

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compete com um companheiro e não com um adversário, na lógica absurda que não existe em parte nenhuma do mundo.

Existem três sistemas clássicos: sistema distrital puro, misto e lista fechada. O Brasil tem uma engenharia que é uma verdadeira jabuticaba, só existe aqui. Esgotou-se! Mal ou bem, viemos até aqui com ele. Ulysses e Tancredo nos entregaram a democracia. Mal ou bem, chegamos aqui. Não vamos cuspir no prato em que comemos, mas agora é hora de mudar.

Instalaram-se dois procedimentos em 2011. Um se deu no Senado, foi sumário, durou 2 meses e acabou em nada, foi desfigurado, e o Senado esqueceu o assunto. Nós tivemos uma Comissão Especial que trabalhou 2 anos, cujo Relator era exatamente Henrique Fontana. Não foi possível construir o consenso, sequer votamos o relatório, e o processo foi arquivado no final de 2012.

Com as mobilizações de rua de junho de 2013 surgiu o tema novamente da reforma política. Ninguém na rua pediu reforma política. Este é um tema instrumental um tanto árido para a população. É obrigação nossa, institucional, modernizar. Mas não é um tema popular, vamos dizer claramente. É um meio, não é o fim.

Mas surgiram, entre outras coisas - uma coisa captada do Podemos, dos indignados espanhóis - os cartazes Vocês não nos representam. No fim daquele ciclo de manifestações de rua, a Presidente Dilma propôs uma Constituinte exclusiva, e foi combatida por todos os lados. Como ter um poder constituinte com a democracia e as instituições funcionando democraticamente? Não cabe uma Constituinte numa democracia que está fortalecida e institucionalizada. Ela passou a defender o plebiscito, que não é viável. O referendo é viável. Para um tema dessa complexidade, não é viável. Estudo esse tema há 15, 17 anos.

Aí o Presidente Henrique Eduardo Alves, numa sábia decisão, em reposta às ruas, nomeou um grupo de trabalho que trabalhou 4 meses sem holofotes, sem vaidades. Eram 15 Deputados e um coordenador: Deputada Luiza Erundina, representando a bancada feminina; Deputado Esperidião Amin; Deputado Guilherme Campos, representando o PSD; Ministro Ricardo Berzoini, representando o PT; Deputado Daniel Almeida, representando o PCdoB; Deputado Marcelo Castro, o PMDB. Chegamos à formulação de uma PEC. Coordenada pelo Deputado Cândido Vaccarezza, do PT, teve a participação na votação do relatório do Ministro Berzoini.

É uma tempestade em copo d'água. Quem não quer discutir o mérito é quem não quer deixar instalar a Comissão Especial, não é só financiamento. Eu acho que o PT tem um complexo de culpa freudiano, pois tem fixação no tema do financiamento, por causa do mensalão e

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do petrolão. (Palmas.)

Há muito mais coisa em jogo: a emenda fala em cláusula de desempenho progressiva de 3%, em 2018, de 4%, em 2022 e de 5%, atingindo o patamar alemão, em 2026, em voto facultativo; acaba com as coligações proporcionais, permitindo federações nacionais de partido; promove a coincidência de mandato; muda as regras de financiamento; acaba com a reeleição; regionaliza o voto proporcional.

Este sistema nosso é maluco. São Paulo teve mil candidatos a Deputado Federal, disputando 34 milhões de votos. O eleitor tem qualidade? Ele consegue comparar os mil candidatos? Ele vai ter contato no máximo com 20 ou 30, através de um santinho, uma palestra, um comício ou, quiçá, pela televisão.

O que estamos votando hoje é só o início da conversa. Quem não quer debater é que está obstruindo. A PEC pode ser virada pelo avesso. Nós vamos ter audiências públicas, Relator, Presidente, e contraditório. É uma cascata essa conversa de que nós estamos botando goela abaixo.

O povo brasileiro exige a melhoria da democracia, com uma verdadeira reforma política.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 26/26

008.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD

10/02/2015-16:56

Publ.: DCD - 11/02/2015 -

165 JOSÉ NUNES-PSD -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA DISCURSO ENCAMINHADO DISCURSO

Sumário

Defesa de reforma política com a implantação do voto em lista partidária

fechada, do financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais e do fim

das coligações proporcionais.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO À MESA PARA

PUBLICAÇÃO

O SR. JOSÉ NUNES (PSD-BA. Pronunciamento encaminhado pelo orador.) -

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para defender três

pontos fundamentais para a realização de uma reforma política consistente com

os propósitos do efetivo aperfeiçoamento da política brasileira: o voto em listas

partidárias fechadas, o financiamento público exclusivo das campanhas

eleitorais e o fim das coligações nas eleições proporcionais.

Como deve ser do conhecimento de todos, o sistema proporcional com lista

aberta de candidatos tem sido criticado por dificultar a formulação partidária de

propostas de campanha e por estimular a competição entre candidatos do

mesmo partido ou coligação. Por essa razão, se desejarmos aprofundar o

caráter partidário das campanhas e incrementar o compromisso dos candidatos

com propostas elaboradas de maneira coletiva, devemos adotar as listas

partidárias fechadas nas eleições proporcionais.

Segundo esse modelo, o partido elabora em convenção partidária, com a

participação de todos os filiados, uma lista na qual os candidatos são

registrados de maneira ordenada. A ordem da lista expressará a posição do

partido a respeito da importância relativa ocupada pelos candidatos na vida

partidária, sua história e compromisso com as bandeiras da agremiação.

Nesse sistema, como o eleitor não vota em nomes, mas na legenda partidária de

sua preferência, não haverá competição entre candidatos do mesmo partido nas

campanhas eleitorais, que deverão assumir o seu caráter efetivamente

programático e partidário. O sistema eleitoral continua sendo proporcional,

sendo que o primeiro cálculo estabelecerá o número de cadeiras conquistadas

pelo partido. A definição dos candidatos eleitos segue a ordem de registro dos

candidatos na lista partidária, isto é, se o partido conquistar cinco cadeiras,

estarão eleitos os cinco primeiros nomes registrados na lista partidária fechada,

sendo os demais suplentes na ordem em que foram registrados.

Em sintonia com o fortalecimento do caráter partidário das campanhas

eleitorais e o fim da competição entre candidatos do mesmo partido, também

defendemos o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. Não

podemos mais conviver com um modelo de financiamento no qual o acesso aos

recursos privados tem sido o principal fator na competição eleitoral em nosso

sistema de voto em campanhas individuais cada vez mais caras.

Não é preciso ser um especialista no financiamento das campanhas para

perceber que no nosso modelo de competição eleitoral quem gasta mais em

busca da visibilidade diante do eleitor tem muito mais chances de ser bem-sucedido em uma campanha eleitoral. Significa dizer que o sistema político

está sendo majoritariamente ocupado por segmentos que, por seus contatos

com os financiadores das campanhas, dispõem do aporte de fartos recursos

financeiros para custear propagandas individuais cada vez mais caras.

Além da desigualdade decorrente do acesso diferenciado aos recursos

financeiros das empresas, podemos afirmar que é uma ilusão acreditar que os

financiadores privados doam recursos por puro altruísmo. Como sabem que os

candidatos dependem dos recursos financeiros para obter visibilidade por meio

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de campanhas cada vez mais caras, os financiadores se colocam na confortável

posição de cobradores dos candidatos na defesa dos interesses dos grupos

econômicos dos quais fazem parte.

É por essa razão que o aporte de recursos públicos nas campanhas eleitorais

deve ser considerado como um investimento na qualidade de nossa

democracia. Considerando-se que com a adoção das listas partidárias fechadas

não haverá campanhas individuais, como no modelo atual, o dinheiro público

será facilmente fiscalizado pela Justiça Eleitoral. Em vez de milhares de contas

individuais, como no sistema vigente, a Justiça Eleitoral irá se debruçar apenas

nas contas apresentadas pelos partidos políticos, que apresentarão os gastos

coletivos com a campanha da lista partidária fechada.

Além disso, devemos lembrar que, com a adoção da lista partidária fechada, as

campanhas terão seus custos reduzidos, pois, em vez de se concentrarem nas

propostas individuais dos candidatos, terão como parâmetro as propostas

coletivas.

Por essa razão, além da facilidade na sua fiscalização, as campanhas com

caráter partidário serão muito mais baratas do que as vigentes no modelo atual.

Finalmente, somos defensores da tese da proibição das coligações nas eleições

proporcionais. Entendemos que as coligações e o mecanismo de transferência

de votos vigentes dificultam a operacionalidade e a lógica partidária do

sistema. Como as coligações são, muitas vezes, formadas sem maiores

cuidados quanto aos compromissos programáticos, o eleitor, ao votar em um

candidato, pode ajudar a eleger outro candidato sem qualquer compromisso

com o pensamento daquele que depositou o voto.

Ademais, o sistema proporcional funcionará muito melhor sem as coligações.

As diferentes posições programáticas dos partidos ficarão muito mais claras e

transparentes se, em conjunto com a adoção da lista partidária preordenada e o

financiamento público de campanhas, vedarmos as coligações nas eleições

proporcionais.

Em síntese, Sras. e Srs. Deputados, as listas partidárias preordenadas, o

financiamento público de campanhas e o fim das coligações nas eleições

proporcionais formam um conjunto de propostas que, interligadas, contribuirão

decisivamente para o aperfeiçoamento da democracia representativa brasileira.

Para aqueles que se preocupam com a qualidade da nossa democracia, não

podemos mais aceitar a continuidade de um sistema cada vez mais caro e com

baixa inteligibilidade para o eleitor. É preciso transformá-lo de modo a

fortalecer o caráter partidário e programático das campanhas, afastar a

influência nociva do poder econômico e impedir que alianças oportunistas

desvirtuem o sentido mais profundo da representação política nas eleições

proporcionais.

Muito obrigado.

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