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Estudos Culturais e Filosóficos do Superman Luís Paulo Piassi, Vitor Martins Menezes Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP) [email protected] INTRODUÇÃO Os Super-Heróis são personagens do gênero da Ficção que estão claramente presentes na cultura pop. Esses personagens são amplamente encontrados em filmes, desenhos, seriados e principalmente nas Histórias em Quadrinhos. AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS As Histórias em Quadrinhos (HQ’s) também conhecidas como “Bandas Desenhadas” e como “Gibis” – são, sem dúvidas, uma das formas de linguagem mais influente e presente da cultura pop. Pelo fato de possuir uma mídia barata e de grande alcance, o impacto cultural dos quadrinhos foi imediato e duradouro. As HQ’s foram, e ainda continuam sendo, ferramenta de grande importância na construção do imaginário coletivo dos povos ocidentais e orientais (PATATI E BRAGA, 2006). OS SUPER-HERÓIS NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS As HQ’s que envolvem Super-Heróis, de certa forma, não deixam de abortar claramente temas da Ficção-Cientifica gênero que nasceu como uma narrativa literária, mas com o passar do tempo se expandiu para outros meios como filmes, seriados, games e até mesmo as Histórias em Quadrinhos (ARAGÃO, 2012). Na maioria das vezes, as melhores HQ’s de super-heróis, mesmo que o público não perceba, abordam temas que cercam a vida dos seres humanos, exemplo: os nossos medos. (MORRIS; MORRIS, 2009). Já no inicio, e até os dias atuais, as publicações das HQ’s de Ficção-Científica também abordam temas que extrapolam os limites da tecnologia, como por exemplo: robôs altamente tecnológicos, viagens espaciais, entre outros mais (NASCIMENTO, 2013). Além de abordarem perguntas para reflexão, como: O que você faria se descobrisse que possui superpoderes ? Ou seja, seria preciso grandes responsabilidades se isso viesse a acontecer (MORRIS; MORRIS, 2009). Um dos personagens mais conhecidos das HQ’s é o Superman, que possui uma vasta ideia filosófica; que será tratado no próximo ponto. O SUPERMAN NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS De inicio, vale ressaltar, que os primeiros esboços, feitos por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1933, do Superman, eram diferentes dos que somos acostumados a ver nos dias atuais. O Superman não era um herói, mas sim um vilão que ganhou poderes de um cientista louco. Já no ano de 1934 tudo mudou e o personagem foi recriado, e se tornou

Superman e a Filosofia

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Trabalho sobre a Filosofia por detrás de um dos ícones das histórias em quadrinhos: Superman. Reflexões sobre o medo e a sociedade são abordados nesse breve trabalho apresentado no Simpósio Internacional de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo (SIICUSP).

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Page 1: Superman e a Filosofia

Estudos Culturais e Filosóficos do Superman

Luís Paulo Piassi, Vitor Martins Menezes Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP)

[email protected]

INTRODUÇÃO

Os Super-Heróis são personagens do gênero da Ficção que estão claramente

presentes na cultura pop. Esses personagens são amplamente encontrados em filmes,

desenhos, seriados e principalmente nas Histórias em Quadrinhos.

AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

As Histórias em Quadrinhos (HQ’s) – também conhecidas como “Bandas

Desenhadas” e como “Gibis” – são, sem dúvidas, uma das formas de linguagem mais

influente e presente da cultura pop. Pelo fato de possuir uma mídia barata e de grande

alcance, o impacto cultural dos quadrinhos foi imediato e duradouro. As HQ’s foram, e

ainda continuam sendo, ferramenta de grande importância na construção do imaginário

coletivo dos povos ocidentais e orientais (PATATI E BRAGA, 2006).

OS SUPER-HERÓIS NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

As HQ’s que envolvem Super-Heróis, de certa forma, não deixam de abortar

claramente temas da Ficção-Cientifica – gênero que nasceu como uma narrativa

literária, mas com o passar do tempo se expandiu para outros meios como filmes,

seriados, games e até mesmo as Histórias em Quadrinhos (ARAGÃO, 2012).

Na maioria das vezes, as melhores HQ’s de super-heróis, mesmo que o público

não perceba, abordam temas que cercam a vida dos seres humanos, exemplo: os nossos

medos. (MORRIS; MORRIS, 2009). Já no inicio, e até os dias atuais, as publicações das

HQ’s de Ficção-Científica também abordam temas que extrapolam os limites da

tecnologia, como por exemplo: robôs altamente tecnológicos, viagens espaciais, entre

outros mais (NASCIMENTO, 2013). Além de abordarem perguntas para reflexão,

como: O que você faria se descobrisse que possui superpoderes ? Ou seja, seria preciso

grandes responsabilidades se isso viesse a acontecer (MORRIS; MORRIS, 2009).

Um dos personagens mais conhecidos das HQ’s é o Superman, que possui uma

vasta ideia filosófica; que será tratado no próximo ponto.

O SUPERMAN NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

De inicio, vale ressaltar, que os primeiros esboços, feitos por Jerry Siegel e Joe

Shuster em 1933, do Superman, eram diferentes dos que somos acostumados a ver nos

dias atuais. O Superman não era um herói, mas sim um vilão que ganhou poderes de um

cientista louco. Já no ano de 1934 tudo mudou e o personagem foi recriado, e se tornou

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o herói, que nasceu em Krypton, e ainda bebê chegou a Terra (MUNDO DOS SUPER

HERÓIS, 2006).

Superman, sem dúvidas foi uma criação que serviu fortemente para confortar a

sociedade, que em diversas épocas de lançamentos de seus HQ’s passavam por

momentos difíceis, como por exemplo: a Segunda Guerra Mundial. E por ser um

excelente exemplo de grande super herói, – por ter as definições de tal, como ser forte,

bonito, inteligente, etc. – acabava por de certa forma, mostrando para a sociedade que

ela poderia ter algo no qual eles poderiam se confortar e acreditar. Além de poderem se

inspirar nele para tomarem algumas atitudes boas.

Segundo Mark Waid, o Superman se tornou uma instituição cultural. Além de

ser um epítome do altruísmo. Que na maioria das vezes, coloca as necessidades das

outras pessoas em primeiro lugar. Mas ao analisar isso, surge uma pergunta: “Será

mesmo que ele coloca as necessidades dos outros em primeiro lugar ?” (MORRIS,

MORRIS, 2009).

Mesmo sendo um excelente exemplo de heroísmo altruísta, por incrível que

pareça, o Superman não age da forma que age colocando as outras pessoas em primeiro

lugar. Ele consegue ser esse excelente exemplo de herói altruísta agindo em seu próprio

interesse. Ele ajuda quem está em perigo porque sente um forte dever moral; age dessa

forma pois os seus instintos naturais e a sua formação no interior dos EUA fazem com

que ele haja em prol desses atos de moralidade (MORRIS; MORRIS, 2009).

É claramente possível de se perceber que Superman é um herói, afinal, ser um

herói não é apenas se fantasiar em um belo collant ou ter poderes. Mas ser um herói,

segundo Jeph Loeb e Tom Morris, é também, pertencer a um ativismo altruísta e se

dedicar ao que é bom. Além de ser capaz de realizar diversos sacrifícios para que

determinada coisa venha a acontecer. (MORRIS; MORRIS, 2009).

O Superman precisa realizar diversos sacrifícios para seguir sua jornada. Como

por exemplo: deixar a casa de seus pais, a cidade onde cresceu e a garota com quem

tinha um vínculo especial. E para realizar tais sacrifícios é preciso ter uma certa

habilidade, que acaba por ser uma virtude esquecida por grande parte da sociedade

atual. Pois apenas se vê o sacrifício pelo seu lado negativo; e nunca se vê que se

realizarmos determinado sacrifício poderemos ter uma “recompensa”. O sacrifício, de

certa forma, é um pagamento adiantado ou custo muito alto para que determinado coisa

venha a se realizar (MORRIS; MORRIS, 2009).

Além de tudo, o Superman precisa exercer uma autodisciplina sobre si mesmo,

para usar de maneira eficaz e moderada sua força. E se por um acaso, nós seres

humanos obtivéssemos esses poderes, mais dúvidas teríamos, como por exemplo:

“Como vou usar essa força ?”, “E se alguém descobrisse que eu tenho esse determinado

poder ?”. Várias dúvidas, provavelmente, surgiriam em nossa mente. E seria mais do

que necessário sabermos lidarmos com elas, para que determinado poder, seja ele qual

for, fosse usado da melhor maneira possível. Afinal, grandes filósofos afirmam que os

seres humanos são criaturas de hábitos; logo precisaríamos ter uma excelente

autodisciplina para não entramos em uma rotina de uso excessivo da força em todas as

situações (MORRIS; MORRIS, 2009).

Retomando o ponto em que o Superman age em beneficio aos outros para que

ele mesmo se sinta bem, podemos dizer que ele age dessa forma por sentir a necessidade

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de pertencer a um local/sociedade. O desejo de pertencer, de fazer parte, é um aspecto

fundamental para o ser humano. Os psicólogos dizem que sentimos essa grande

necessidade de pertencer pelo motivo vital de nosso bem-estar; que é uma necessidade

que fica atrás apenas de nossas necessidades fisiológicas, e para as necessidades de

seguranças. Necessidades essas que podem ser “burladas” facilmente pelo Superman

(MORRIS; MORRIS, 2009).

Mesmo que não tenha nascido no Planeta Terra, o Superman passou grande parte

de sua vida nela. E acabou por adquirir gostos e hábitos dos seres humanos. Tanto que

podemos notar claramente que ele possui uma necessidade de pertencer pelo motivo de

que ele não viaja pelo espaço a fora, mas sim se “disfarça” de Clark Kent, como um

jornalista, para que possa fazer parte de uma sociedade a qual ele tanto adora, a dos

seres humanos. Logo podemos deduzir que ele realmente é um excelente exemplo de

herói altruísta, mas agindo assim por interesse próprio; pois não vemos Kal-El “dando

as costas” para a sua herança alienígena, muito pelo contrário: ele só se sente “ele

mesmo”, quando ele usa e coloca em prática os seus “poderes”. E fazendo isso, todos,

inclusive os humanos, saem ganhando (MORRIS; MORRIS, 2009).

O grande Filósofo Aristóteles, pretendia descobrir a razão/raiz da felicidade, e

para isso ele começou a explorar o que é viver com excelência. E é dessa forma,

vivendo com excelência, que o Superman vive (MORRIS; MORRIS, 2009).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAGÃO JUNIOR, Octavio Carvalho. Visões Do Pretérito: a Ficção Científica nos

quadrinhos brasileiros no século 20. São Paulo, 2012.

MORRIS, Matt; MORRIS, Tom. Super-Heróis e a Filosofia: Verdade, Justiça e o

Caminho Socrático. 1ª Edição. São Paulo: Madras, 2009.

NASCIMENTO JUNIOR, Francisco de Assis. Quarteto Fantástico: ensaio de física,

histórias em quadrinhos, ficção científica e satisfação cultural. Dissertação

(Mestrado). São Paulo, 2013.

PATATI, Carlos; BRAGA, Flávio. Almanaque Dos Quadrinhos: 100 Anos De Uma

Mídia Popular. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

Super Dossiê (1) – Superman nos quadrinhos. Mundo dos Super Heróis, São Paulo, v.

1, n. 1, agosto 2006.