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Suplemento de Educação · ção das escolas públicas são crianças de fa- ... nos próximos dez anos, caindo de 58 milhões para 51 milhões. É um fator estra- ... colorida colcha

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Suplemento de Educação02Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Editorial

A força do diálogoão há qualquer outro campo mais fértil do que ocampo da Educação para o exercício do diálogo edo entendimento. Todos os que gravitam em torno

desse ofício sabem o quanto é fundamental buscar as con-vergências, diante da pluralidade de ideias e diante da mul-tiplicidade de propostas, quando o tema central é o debateem torno da busca de soluções para os intrincados proble-mas da nossa realidade socioeducacional.Em muitas situações, a radicalidade não tem sido umaboa bússola quando se tenta concentrar esforços para osavanços, ainda que graduais, no campo da educação. Issogera confrontos. Gera incompreensões. Gera retrocessos.Gera prejuízos para todos.Não há nada que possa substituir o diálogo bem intencio-nado, as propostas transparentes, o debate plural, a con-versa franca quando se tratar do debate educacional e isso,certamente, envolve fundamentalmente as questões rela-cionadas com o magistério.O que estamos assistindo, no Rio de Janeiro, é o exemplodo que não deveria estar acontecendo. Se houve o diálogo,como sustentam as autoridades, foi um diálogo que nãoproduziu os efeitos desejados, diante da reação dos profes-sores inconformados com um plano que, segundo eles, nãoatende aos seus anseios.O plano tem aspectos positivos. Em muitos deles, apresentaalguns avanços. Talvez, o que tenha faltado foi uma concen-tração de energias de ambos os lados à busca das convergên-cias possíveis, ao encontro dos entendimentos desejados.Da forma como está colocada a situação, que inevitavelmen-te, ganha contornos de interesses políticos (e até partidári-os), saem perdendo todos e, principalmente, a sociedade que,perplexa, assiste a cenas que escapam a sua compreensão.Se o plano representa os avanços salariais apontados, seabre uma perspectiva nova para a carreira do magistério,como é que ele é rejeitado por uma expressiva parcela doprofessorado? Teria faltado uma melhor compreensão? Oaspecto tecnocrático teria se superposto à capacidade dia-logal e aos ajustes que encontrassem um ponto de equilí-brio entre as divergências?Qualquer que seja a resposta, o momento exige serenida-de. Exige a volta ao diálogo. Exige desarmamento de espí-ritos. Exige uma lição, que é a própria essência da ativida-de educacional: a lição do entendimento, como forma desíntese diante da pluralidade de propostas e de ideias. Seisso não for feito, então os horizontes dos avanços deseja-dos, seguramente, vão se estreitar.É preciso ser retomado o diálogo. Nada é mais forte do que ele,quando não há intenções equívocas, nem objetivos oblíquos.

Prioridades da Educação

Diante de uma realidade marcada por uma profundadesigualdade social, algumas perguntas ficam no ar: quais asperspectivas para o ensino do país? Como educar nossosjovens? qual o papel e os limites da formação para o trabalhono contexto da inclusão social? Que ações devem sertomadas para aproveitarmos, com vistas ao desenvolvimento, amaior geração de jovens de nossa história? O professorArnaldo Niskier responde a estas e outras inquietantes questõesN

* ARNALDO NISKIER

lguns números vêm chamandoa nossa atenção, levando-nos auma reflexão mais aprofunda-da sobre o cenário da educação

no Brasil, atualmente.Temos hoje 60 milhões de alunos fre-

quentando as escolas brasileiras, em to-dos os níveis. Cerca de 33% da população,o que representa uma quantidade expres-siva. O ensino cresceu muito, nos últimosanos, sobretudo no fundamental. Mas quaissão as perspectivas para o futuro? Comose trabalha a questão da qualidade?

Nas atuais circunstâncias, 70% da popula-ção das escolas públicas são crianças de fa-mílias de baixa renda. Um em cada 10 brasi-leiros com mais de 15 anos ainda não sabeler e escrever. Temos 1,8 milhão de jovensde 15 a 17 anos de idade fora da escola.

A questão do ensino técnico sobressai cadavez mais por sua importância no conjuntoda política de educação, despontando comouma alternativa segura de aprimoramentodo sistema de educação como um todo. Aum ano e meio da data limite para o cum-primento da meta do Pronatec (ProgramaNacional de Acesso ao Ensino Técnico),dados indicam que metade das 2,5 milhõesde vagas em cursos técnicos já saíram do pa-pel. Desde 2011, o governo federal tem in-vestido em diversas fontes para ampliar arede de ensino técnico, preparando, pela pri-meira vez, a realização de uma seleção uni-ficada para escolas técnicas públicas e pri-vadas em todo o país, na qual 239.792 vagasforam ofertadas este ano.

O setor de serviços vem ganhando espa-

ço na contratação de jovens. Na última dé-cada, segundo o IBGE, a parcela de brasi-leiros de 16 a 24 anos que trabalhava naindústria caiu de 18,5% para 16% nas seismaiores Regiões Metropolitanas do país, ea participação deles no comércio perma-neceu estável em 25,4%. Com o mercadode trabalho aquecido, é natural que mui-tos jovens prefiram uma oportunidade detrabalho mais perto de sua realidade e bus-quem ocupação nos serviços. Segundo o Se-nai, de 2013 a 2015 o Brasil deverá formar5,5 milhões de trabalhadores em nível téc-nico e em áreas de média qualificação, paraatuarem em profissões industriais.

Na visão do economista Marcelo Neri,ministro interino da Secretaria de Assun-tos Estratégicos (SAE) e presidente do Ins-tituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea), até os 17 anos o ideal é que o jovemesteja apenas estudando, para ter uma in-serção de maior qualidade no mercado detrabalho e na vida adulta, admitindo mes-mo que, nesse item, o país desperdiça a opor-tunidade de preparar esses jovens e apro-veitar essa força de trablaho para aumen-tar o crescimento econômico nacional.

Nosso país, ainda com imensos vaziosterritoriais, perde substância demográfica nasua população dos 7 aos 14 anos de idade.Há uma diminuição clara nas taxas de na-talidade. Estima-se que nossa população até17 anos vá encolher em 7 milhões de habi-tantes, nos próximos dez anos, caindo de 58milhões para 51 milhões. É um fator estra-tégico de grande relevo para os que proje-tam o futuro da educação brasileira. Preci-samos de mais escolas e/ou mais e melho-res professores?

O Brasil tem 197.468 escolas de ensinobásico. Destas, 129.579 (65,62%) não têmbibliotecas, o que significa um total de15.000.000 de alunos sem bibliotecas. Masestá na lei que, a partir de 2020, todas asescolas, públicas e particulares, deverão teruma biblioteca. A meta é alcançar, no mí-nimo, um livro por aluno matriculado.

Melhorar a educação brasileira, de ummodo geral, pode ser uma utopia? Depen-de, naturalmente, da existência de uma po-lítica séria, no setor, conduzida por pes-soas competentes e desinteressadas de pro-veito pessoal ou político. A boa escola dei-xará de ser uma utopia quando esse qua-dro se modificar.

A pergunta que ficou igualmente no arreferiu-se à consolidação das nossas leis edu-cacionais. A LDB tornou-se uma bonita ecolorida colcha de retalhos. Só um gêniopode guardar de cabeça tantas e tão diversi-ficadas normas, com um pormenor que deveser mencionado: virou moda, como se fezno natimorto Plano Nacional de Educação,estabelecer metas exuberantes, para o futu-ro, como se tem feito sistematicamente coma erradicação do analfabetismo. Se não ocor-rer o que se prevê, a quem caberá a culpa?Os autores da façanha estarão longe.

Fala-se muito em gastos com a educa-ção, expressão que deve ser condenada.Gasto é sinônimo de desperdício. Enten-demos a educação como investimento. As-sim ela deve ser compreendida.

* Membro da Academia Brasileira de Letras,presidente do CIEE/RJ e doutor em Educação

pela Universidade do Estado do Rio deJaneiro (Uerj)

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Suplemento de Educação03Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Expansão do ensino superior em baixaDocente do Departamento de Educação da UFF, José Raymundo Romêo afirma que a dinâmica

recente do ensino superior, com as recentes fusões e incorporações, pode trazer riscos para opaís. Ele também acredita que a expansão no setor público deveria seguir outras diretrizes

DÉBORA THOMÉ[email protected]

eitor da UniversidadeFederal Fluminense (UFF)por duas vezes (1982-1986e 1990-1994), ex-secretáriode Ciência e Tecnologia de

Niterói, sua cidade natal, e ex-reitor daUniversidade Gama Filho (UGF), oprofessor José Raymundo Romêo estápreocupado com a capacitação eformação de pessoal para que o país dêconta do seu desenvolvimento.Engenheiro e físico, o educadorreconhece que, pelos números daeconomia brasileira nos últimos anos, éevidente que o país entrou num novopatamar de desenvolvimento. Masacredita que manter um ritmo decrescimento médio de 5% do ProdutoInterno Bruto (PIB) implica em sanarum dos problemas que vem sendosentidos dia a dia pelas empresas eindústrias: a falta de pessoal preparado ecapacitado para segurar a onda deexpansão dos negócios.

“Todo este desenvolvimento acontececom base no conhecimento, que temque sair das instituições de ensino,sobretudo, das universidades de porte.Temos menos de 7 milhões, dados de2010, de estudantes universitários emum país de 200 milhões de habitantes.É um indicador lamentável”, disseRomêo, que entre 2001 a 2007 foimembro do Conselho da Universidadedas Nações Unidas.

Esse cenário de vitalidade dosmercados e o baixo número deprofissionais disponíveis traz para todosuma grande preocupação, que passa, nasua opinião, pelos bancos acadêmicos.Para Romêo, a forma de equacionar estegargalo é um investimento forte naqualificação de pessoas em todos osníveis, mesmo o secundário e o técnico -teorias que ele já defendia na época emque ocupava o cargo de secretário naPrefeitura de Niterói. Outra delasenvolve o processo de interiorização dasuniversidades, que permite odesenvolvimento de cidades comvocações específicas. “Considero esseprocesso fundamental, pois no passado asuniversidades cometeram o equívoco dese concentrar nas grandes cidades”, disseo professor que, nos seus dois mandatos,fez a Federal Fluminense chegar a cidadesdo interior do Rio de Janeiro, como BomJesus, Miracema, Itaperuna, Macaé, Angrados Reis e Nova Iguaçu.

“Aprendi com um professor, que dizia‘sempre que você ouvir alguém gritandoalguma coisa como se fosse dono daverdade, ouça, porque certamente essapessoa não é dona da verdade, mas édona de uma parte da verdade. E setodos são ouvidos você pode chegar commais eficácia, mais eficiência, àquilo queé mais próximo da verdade’, e é isso queainda falta ao nosso país.”

José Raymundo Romêo defendecontrole externo das mantenedoras deinstituições de ensino superior

FOLHA DIRIGIDA — NOS ÚLTIMOSANOS, NO SETOR PRIVADO, A EX-PANSÃO DO ENSINO SUPERIOR TEMATENDIDO ÀS NECESSIDADES DOPAÍS? OU O CRESCIMENTO MAIOROCORRE NOS CURSOS QUE TRA-ZEM MAIOR RENTABILIDADE PARAAS INSTITUIÇÕES?José Raymundo Romêo — Aquino Brasil, num período muitocurto, criaram-se muitas institui-ções particulares. O que aconteceufoi uma expansão muito forte darede particular sem qualidade. Averdade é que a educação superi-or passou a ser vista como um gran-de negócio. Quero deixar registra-do que não sou contra o ensinoparticular. Inclusive, nos EstadosUnidos, temos grandes universi-dades, importantes no mundotodo, que são da iniciativa priva-da. Mas, como reflexo disso, hojetemos cerca de 80% de estudan-tes na rede particular e o restantena rede pública. Normalmente, sãoinstituições que visam ao lucro, in-felizmente. Foi um crescimentosem uma política definida, que de-veria ter sido discutida. Mas haviauma necessidade de expandir. Ogoverno facilitou. E continuamossem uma avaliação criteriosa daqualidade, porque a que temos hojese baseia em critérios numéricos:quantos doutores, quantos livrosa biblioteca tem. Nunca se foi ava-liado, dentro da universidade, o am-biente. Se é um ambiente de apren-dizado, de pesquisa, se o aluno éincentivado a pensar.

O ENSINO SUPERIOR PRIVADO VIVEUMA NOVA FASE DE EXPANSÃO, APARTIR DA CRIAÇÃO DE INSTITUI-ÇÕES QUE FORMAM GRANDES CON-GLOMERADOS. ESTA TENDÊNCIA DECONCENTRAÇÃO EM UM SETOR TÃOESTRATÉGICO PODE TRAZER PRO-BLEMAS PARA O PAÍS?Esse é outro ponto que, se vocêprocurar, ensejou aqui no Brasil eem alguns poucos países da Amé-rica Latina. Não são fusões; sãoaquisições. São instituições que, nomeu entender, não têm os requi-sitos para ser universitárias. Con-sidero que essa expansão do ensi-no superior já está trazendo pro-blemas para o país.

JÁ É O MOMENTO DE O GOVERNOFEDERAL ESTABELECER RESTRI-ÇÕES ÀS FUSÕES NO SEGMENTO DAEDUCAÇÃO SUPERIOR? OU É O MER-CADO QUE TEM DE REGULAR?Hoje já está mais controlada, maso que vimos foi uma expansãosem planejamento, uma expan-são que dá ao ensino superiorbrasileiro um impacto negativo.É um dos piores quadros do en-sino superior no mundo.

AS MATRÍCULAS NO ENSINO A DIS-TÂNCIA NO BRASIL CRESCERAM DEPOUCO MAIS DE 30 MIL, EM 2000,PARA QUASE 1 MILHÃO DE ALUNOS.

E A MAIORIA DELAS ESTÁ NA EDUCA-ÇÃO SUPERIOR PRIVADA. COMO VÊESSE FENÔMENO?A educação a distância é um ins-trumento que tem que ser muitobem usado, e que é fundamentalpara a educação superior no Bra-sil. É uma expansão que deve exis-tir. Esta modalidade permite levaro conhecimento a locais onde aexpansão física das redes públicae particular foi falha; mas isso deveser feito seriamante, com muitocritério. Não pode deixar virarmercado para gerar dinheiro. Edu-

cação não é commodity. Se for, élamentável.

OS ÚLTIMOS ANOS TAMBÉM MARCA-RAM UMA FORTE EXPANSÃO NASMATRÍCULAS DO SETOR PÚBLICO,NO ENSINO SUPERIOR. O PROCES-SO, PORÉM, É MUITO CRITICADO,PELO FATO DE AS CONDIÇÕES DEENSINO NÃO TEREM MELHORADODE FORMA PROPORCIONAL. O PRO-CESSO DE EXPANSÃO FOI MAL CON-DUZIDO, NAS FEDERAIS?Durante muito tempo, principal-mente durante os governos mili-tares, houve uma retenção dasmatrículas na educação superior.Praticamente não houve expansãoda educação superior brasileiranessa época. Só existia universida-des públicas e umas poucas e muitoboas particulares, como a PUC-Rioe a Gama Filho, mas a grande con-centração era de universidadespúblicas. No governo FernandoHenrique Cardoso, o ministro daEducação Paulo Renato Souza deuum grande apoio à expansão dasuniversidades particulares. A po-lítica do governo FHC foi de expan-dir o ensino superior, mas comênfase no particular. Como a ex-pansão foi feita sem critérios, vocêainda verifica uma grande concen-tração de instituições no Sudeste.O Centro-Oeste, o Norte ficamcompletamente esvaziados. Comonão havia critério, a concentraçãotambém ficou nos cursos de Direi-to, Administração, os cursos maisbaratos, porque não há necessidadede se montar laboratórios, porexemplo. O que está acontecendoagora? O país está descobrindo quenão tem médicos. Essa expansãofoi insuficiente, foi feita sem cri-tério e não se baseou em nenhumestudo. E o país tem pessoas extre-mamente qualificadas para formu-lar modelos de educação. Um ab-surdo. Nós chegamos a um quadroem que temos menos de 7 mi-lhões, dados de 2010, de estudan-tes universitários em um país de200 milhões de habitantes. É umindicador lamentável.

SÓ ESTE ANO, O GOVERNO FEDERALCRIOU QUATRO NOVAS UNIVERSIDA-DES. ENQUANTO ISSO, ALGUMASPROFESSORES E ALUNOS DAS INSTI-TUIÇÕES FEDERAIS RECLAMAM DASCONDIÇÕES DE ENSINO, COMO FICOUEVIDENTE NA GREVE REALIZADA NOANO PASSADO. O MEC DEVERIA SEPREOCUPAR COM NOVAS INSTITUI-ÇÕES, ENQUANTO AS ATUAIS AINDATÊM PROBLEMAS?Na minha opinião deve-se inves-tir na expansão dos campi. Comofoi criado recentemente pelos ins-titutos federais de tecnologia, emCampos, que está em 36 municí-pios. Essa Universidade da Amé-rica Latina, em Foz do Iguaçu... Porque não trazer esses cérebros dospaíses vizinhos e colocá-los nasnossas universidades Federais? A

melhor integração é ficar junto.Agora, vão isolar essas pessoas emuma universidade nova, na fron-teira do país, em Foz do Iguaçu.Outra é da África, que é a mes-ma coisa. Quando fui reitor daUFF, recebi mais de 700 univer-sitários de Cabo Verde. Hoje sãodiretores de empresas, do gover-no. Não é preciso isolá-los paraque eles tragam a experiênciadeles para cá e levem conheci-mento para seus países.

NA SUA OPINIÃO, QUE ASPECTOSDEVERIAM SERVIR COMO DIRETRIZESPARA O PROCESSO DE EXPANSÃODAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS?Uma dispersão dos campi univer-sitários públicos, como foi feito em1820, por aí, na Universidade daCalifórnia, e que fez parte de umprojeto para o desenvolvimentodos Estados Unidos. Foram cria-dos, em vários estados da federa-ção americana, grandes universi-dades que existem até hoje, e ci-dades foram criadas em seu entor-no, tudo voltado para o desenvol-vimento local. O que foi muitobem feito, aqui no Brasil, em SantaRita do Sapucaí, com uma univer-sidade privada, que foi criada paradesenvolver a região, no interiorde Minas Gerais. Era isso que ogoverno federal deveria fazer quan-do fala de expansão. Instalação decampi com critério, estudos, levan-tamentos e objetivo de desenvol-vimento regional. Por outro lado,eu acho que deveria ser criada umauniversidade de formação de pro-fessores de alta qualidade.

E PARA AS AS PARTICULARES, O QUEPRECISA SER FEITO PARA DAR CON-TINUIDADE À EXPANSÃO?Seria importante, via judiciário,criar um controle externo da man-tenedoras. Isso é polêmico, porqueenvolve até verba para campanhaspolíticas de deputados e senadoresvia mantenedoras. Mas é um ca-minho de controlar a qualidade.Controle mesmo: controle fiscal,controle acadêmico e conselhoque zelasse por aquilo que é umaclausula pétrea das universidades,a autonomia universitária, que éconstitucional aqui no Brasil.

O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃOESTABELECE UMA META DE 30% DEJOVENS DE 17 A 25 ANOS COM ENSI-NO SUPERIOR COMPLETO ATÉ 2022.COM O RITMO DE EXPANSÃO ATUAL,ACREDITA QUE É POSSÍVEL ATINGIRESTA META?É perfeitamente possível atingiressa meta. Agora, depende doque você quer fazer com ela. Éestatística? Se quiser estatísticaestá perfeito. Até politicamentepode servir. Já fizeram isso como ensino fundamental, 99% es-tão na escola, e isso serviu doquê? Está aí a educação toda pa-rada no Rio de Janeiro.

A política dogoverno FHC foi deexpandir o ensinosuperior, mas comênfase no particular.Como a expansãofoi feita semcritérios, ainda severifica uma grandeconcentração deinstituições noSudeste. O Centro-Oeste, o Norteficamcompletamenteesvaziados. Comonão havia critério, aconcentraçãotambém ficou noscursos de Direito,Administração, oscursos mais baratos,porque não hánecessidade de semontarlaboratórios, porexemplo.

”JOSÉ RAYMUNDO ROMÊO

ZENITE

MACH

ADO

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Suplemento de Educação04Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Uma categoria em busca de valorizaçãoEm seu dia a dia, professores das redes pública e privada enfrentam vários obstáculos para colocar

em prática a missão de formar as novas gerações. Os baixos salários, condições de trabalho inadequadas,falta de autonomia pedagógica e ausência de investimentos são apenas alguns dos problemas

recente paralisação dos professores da rede públi-ca no Rio de Janeiro colocou em evidência os pro-blemas que os profissionais de Educação, do esta-do e do município, vêm enfrentando há anos. Deacordo com a presidente da União dos ProfessoresPúblicos no Estado do Rio de Janeiro (Uppes), Te-resinha Machado, nos últimos anos, a situação doprofessor no Rio de Janeiro e, em geral, no Brasil,é bastante aflitiva. Os salários baixos e a falta de in-fraestrutura nas escolas são os principais problemasapontados pela sindicalista.

“As escolas carecem de material humano de apoioe as estruturas dos prédios escolares estão inadequa-das para atividades acadêmicas. Os baixos saláriosque são pagos hoje aos professores não lhes permi-te alcançar níveis mais elevados, através do aper-feiçoamento, como cursos e acesso aos bens cultu-rais. Naturalmente, tudo isso tem influência naatuação desses profissionais que têm de estar emconstante atualização dos conhecimentos.”

Outro grande problema enfrentado pelos profes-sores é a desvalorização profissional, por parte dogoverno e pelos gestores de educação, que esperamque o ensino melhore sem ações estruturantes e sema devida atenção aos inúmeros problemas que pre-cisam ser sanados de forma urgente.

“É preciso ouvir os profissionais que exercem a fun-ção docente em sala de aula, pois são os que viven-ciam as experiências e conhecem a realidade do dia-a-dia do trabalho escolar. Recentemente, o governadorconfessou que não ouviu como deveria os servido-res. Acima de tudo, é necessário majorar o piso sa-larial do magistério para atrair jovens talentosos paraa profissão. Hoje, eles não demonstram interesse poressa carreira, devido aos baixos salários e às péssi-mas condições de trabalho. Os governantes preci-sam levar a sério a questão educacional, investindona área e empregando, com seriedade, as verbas des-tinadas à educação.”

Teresinha Machado também conta que os profis-sionais de educação são constantemente atingidospor doenças, causadas principalmente pelo exces-so de trabalho, pelo estresse pelo qual são subme-tidos diariamente e pela falta de motivação e in-centivo em seu cotidiano.

“Constatamos, entre os professores, uma série dedoenças como nódulos nas cordas vocais, rouqui-dão, perdas auditivas, lesão por esforço repetitivo(LER), alergias e outras enfermidades, como a sín-drome de Burnout, que se caracteriza pelo stress quepode ocasionar uma série de situações que levamao desinteresse, ao cansaço, ao mal estar e, ainda, adoenças mais graves, pela baixa imunidade.”

ROBERTA [email protected]

Muitas dificuldades tambémnas instituições particulares

Mas não são apenas os profes-sores da rede pública que enfren-tam problemas. No ensino priva-do, também há muitas carências.Em entrevista a FOLHA DIRIGIDA,o presidente do Sindicato dos Pro-fessores do Município do Rio eRegião (Sinpro-Rio), WanderleyQuêdo, conta que os principais pro-blemas de hoje são o desrespeitoà legislação trabalhista, a falta devalorização dos professores en-quanto trabalhadores, e principal-mente, o descaso com obrigaçõessalariais como o depósito de Fun-do de Garantia, do INSS, e o atra-so constante nos pagamentos, quevem levando os profissionais darede privada a muitas paralisações.

Ele também destaca as perse-guições que os docentes sofremnas escolas. Ele citou, entre os casoscomuns, a exposição a horários detrabalho absurdos em campi dife-renciados, o tratamento desrespei-toso que o docente recebe de ou-tros atores dentro do cenário da co-munidade escolar e a falta de pro-teção. “O assédio moral se dá de

várias formas, num tratamento des-respeitoso de chefias imediatas”,diz o sindicalista.

Questionando sobre as seme-lhanças entre os problemas enfren-tados na rede pública e na redeparticular, Wanderley explica que osdois casos tem suas especificidades.

“Os professores da rede priva-da enfrentam atrasos salariais,precarização da sala de aula, muitosalunos em sala e a visão mercan-tilista da educação. Os professo-res da rede pública enfrentam pro-blemas como falta de plano decargos e salários, um plano decarreira bem definido, a questãodo piso nacional, entre outros.”

A falta de estabilidade da redeprivada, acaba intimidando osprofessores a se unirem e lutarempelos seus direitos. Wanderley afir-ma que é fundamental que os pro-fessores da rede particular estejamorganizados no seus locais de tra-balho, que estejam junto do sin-dicato, porque se não for dessa for-ma, a fragilidade e a vulnerabili-dade serão maiores.

“Fazer movimentos trabalhis-ta na rede privada é mais compli-cado que no setor público, porqueo professor da rede privada, nãotendo estabilidade, mesmo ten-do o direito de greve garantido naconstituição brasileira, não o faz,pois muitas instituições costu-mam revidar com demissões.”

As consequências de todo estedescaso com os professores, pú-blicos e privados, e com a Educa-ção, são bastante negativas e afe-tam a todos os envolvidos, tantoprofessores, como alunos e atémesmo a comunidade.

Para o presidente do Sinrpo-Rio, é grave que o professor nãotenha acesso a instrumentos mí-nimos e básicos para que possadar uma boa aula, como um pro-jetor, mesas e cadeiras adequadasem sala de aula, laboratórios,materiais de mídia, biblioteca eoutros recursos. “As más condiçõesde trabalho geram problemas nãosó para os professores mas para oensino de maneira geral. A edu-cação inteira sofre”, finaliza.“ ”WANDERLEY QUÊDO

A

Os professores da rede privada enfrentam atrasossalariais, precarização da sala de aula, muitos alunos

em sala e a visão mercantilista da educação.

Este ano, já foramrealizados diversosatos de professoresda rede pública deensino, na defesapor melhorescondições salariaise de trabalho

Em nota, secretário de educaçãodestaca benefícios concedidos à categoria

Por outro lado, a Secretaria Estadu-al de Educação (Seeduc) garante que,desde 2011, vem implementando di-versas ações que visam à valorizaçãodos servidores. Por meio de nota ofici-al, a assessoria de imprensa da Secreta-ria informou que, em junho, foi con-cedido reajuste salarial de 8% para osprofessores e servidores. O aumento fi-cou acima do reajuste do piso nacio-nal da categoria, de 7,9%, e acima dainflação, que foi de 5,8%.

“No Estado do Rio, o docente rece-be, por 30 horas semanais, R$ 2.028,enquanto o piso nacional para os ma-gistério é de R$ 1.567 para 40 horas porsemana. O Estado do Rio não só pagaacima do piso nacional como tem omaior salário entre os entes federati-

vos. No Rio, o docente de 40h sema-nais que menos recebe tem vencimen-to de R$ 2.704.”

De acordo com a nota, além das me-lhorias salariais, foi criado um pacotede benefícios para a categoria, que in-clui bonificação por resultados, auxí-lio-transporte, auxílio-qualificação, au-xílio-alimentação e auxílio-formação.

“Em julho, a Seeduc pagou a bonifi-cação por resultados aos servidores de387 escolas da rede estadual que atin-giram as metas estipuladas pelo gover-no. Esse quantitativo representou 30%da rede. Os valores, que poderiamchegar a três salários-base, foram re-passados para 24 mil matrículas. O in-vestimento total foi de R$60 milhões.”

A Seeduc inaugurou também, no iní-

cio do ano letivo de 2013, seis novasescolas, gerando cerca de 15 mil vagas,todas de ensino médio. Já no início de2014, a previsão é que mais 13 unida-des, entre novas e totalmente reforma-das e/ou ampliadas, sejam entregues.

“A rede estadual evoluiu, com núme-ros ratificados pelo Ministério da Edu-cação e com resultados acima dos de-mais estados brasileiros, o que com-prova que o setor está sendo tratadocom respeito e atenção pelo governo.Saiu da 26º para a 15ª posição no Ideb,teve o melhor Enem das redes estadu-ais em 2012, a maior evolução do paísna taxa de rendimento e foi o Estadoque teve a maior diminuição na defa-sagem idade-série, caindo de 61%, em2010, para 43%, em 2012.”

Mobilização dosprofessores este ano

tem mostrado queos profissionais de

educação da ...

... rede pública nãoestão satisfeitos com otratamento que têmrecebido da parte doPoder Executivo

Suplemento de Educação05Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Leitura acessível a todas as classesPelo Programa Mais Leitura, mantido pela Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro com

apoio de mais de 40 editoras, livros são vendidos a R$2 ou R$3. Mais de 1 milhão de obras, de váriosgêneros, já foram compradas por cerca de 250 mil pessoas, em quase dois anos

Seja nos pontos fixos (acima), nas agências móveis montadasem Unidades de Polícia Pacificadora (acima e à direita) ou nocaminhão utilizado pela versão itinerante (à esquerda), quepercorrerá todos os municípios do Estado do Rio, o ProgramaMais Leitura traz oportunidades aos amantes dos livros de com-prarem obras, dos mais diversos gêneros, a R$2 ou R$3. O alcancedo projeto, que já possui mais de 1 milhão de livros vendidos,mostra que valem a pena ações capazes de baratear o custo final,para os consumidores, das obras literárias no país

marca diária dequatro mil livrosvendidos apontao sucesso doMais Leitura —programa social

desenvolvido pela ImprensaOficial do Estado do Rio de Ja-neiro, em parceria com edito-ras, que oferece livros de todosos gêneros e para todos os gos-tos, a preços populares, entreR$2 e R$4. Criado em 2011, jácomercializou mais de um mi-lhão de exemplares, levandocultura e conhecimento a vá-rias regiões do estado.

Inicialmente, foram lança-dos os pontos fixos, instaladosnos Poupa Tempo do ShoppingGrande Rio, em São João deMeriti; do Bangu Shopping, emBangu; e do Shopping SãoGonçalo, em São Gonçalo. Nomês passado, foi inauguradomais um ponto, no Bay Ma-rket, em Niterói. Há, ainda,uma unidade itinerante —carreta que percorre vários mu-nicípios do estado do Rio deJaneiro —, e um estande des-montável, que atravessa comu-nidades pacificadas.

Com a colaboração de maisde 40 editoras que abastecem asestantes das unidades móveis edas agências fixas com livrostécnicos, clássicos da literatura,romances policiais, economia,história, biografias, autoajuda,entre outros gêneros, mais de250 mil cidadãos fluminensesforam atendidos pelo projeto.Esta oferta diversificada de títu-los conta com o apoio do Sin-dicato Nacional dos Editores deLivros (Snel).

Dados da Imprensa Oficialmostram que os mais procu-rados são os livros infantis, res-ponsáveis por 30% do total devendas. Já o público varia con-forme o local. As agências fi-xas costumam reunir profes-sores, estudantes e pais de alu-nos. As unidades itinerantes,que levam os estandes aos mu-nicípios do interior, costu-mam mobilizar toda a cidadeem que chegam. E nas comu-nidades pacificadas, o públi-

Unidade itinerantepercorre o interiorA versão itinerante do progra-

ma Mais Leitura iniciou as suasatividades em agosto deste ano.Nesse formato, os livros são le-vados a vários municípios doestado do Rio de Janeiro em umacarreta climatizada, com capa-cidade para transportar até dezmil exemplares. Personalizadacom as logomarcas do projetoMais Leitura e do Governo doEstado do Rio de Janeiro, o veí-culo expande-se e se transformaem uma “loja móvel”, com ex-positores, computadores, balcãoe acesso aos portadores de ne-cessidades especiais.

co é bastante diverso.Idealizado pelo governador

Sérgio Cabral, o ProgramaMais Leitura resume sua essên-cia no slogan: “Dentro de umlivro, a gente encontra maisque histórias. Encontra cida-dania”. Na última Bienal doLivro do Rio, realizada de 29de agosto a 8 de setembro, oMais Leitura esteve presenteno Pavilhão Verde, onde dis-ponibilizou centenas de títu-los, ofertados ao preço fixo deR$2,50. No maior evento lite-rário realizado no país, o pro-grama ofertou 44 mil livros,atendendo um público demais de dez mil pessoas.

A primeira parada do MaisLeitura itinerante foi em Man-guinhos, onde 2.100 mil visi-tantes levaram 3,2 mil exem-plares, número consideradoum sucesso pela organizaçãodo projeto. Já na cidade de Vas-souras, por onde a carreta tam-bém passou, foram vendidosmais de seis mil obras.

A unidade móvel já visitou CaboFrio, Búzios, Arraial do Cabo, Igua-ba Grande e Araruama. A presen-ça dos livros gera uma verdadeirafesta, mobilizando os moradoresdas cidades. Até o dia 16 de outu-bro, o Mais Leitura estará em Sa-quarema, no Terminal Rodoviáriode Bacaxá. E, neste mês, suas pró-

ximas paradas serão Maricá, RioBonito e Itaboraí. A meta do pro-grama é percorrer todos os 92 mu-nicípios do estado.

Pontos de vendatambém nas UPPsAs comunidades pacificadas

também são alvo de atenção doMais Leitura. Manguinhos, Ro-cinha e Morro do Adeus são al-gumas das localidades que járeceberam o estande do progra-ma, que comporta mais de 400títulos. A unidade móvel perma-nece alguns dias e oferece aosmoradores livros de todos osgêneros a preços populares.

Geralmente, as unidades fi-

cam próximas às sedes das Uni-dades Pacificadoras de Polícia(UPPs), despertando o interessede jovens, adultos e idosos. Atéo dia 18, o Mais Leitura estaráinstalado na comunidade daBaiana, no Complexo do Alemão.Ainda nessa região da cidade, oestande estará na Fazendinha, de21 a 25 de outubro; e na comu-nidade do Itararé, de 28 de outu-bro a 1º de novembro. O percur-so será encerrado no Morro doAlemão, onde a unidade móvelfará seu atendimentos nos dias4, 5, 6, 7 e 8 de novembro.

Diretor-presidente da ImprensaOficial do Estado do Rio de Janeiro,Haroldo Zager explica, de forma clarae objetiva, os propósitos do Mais Lei-tura, iniciativa que está transforman-do a relação de milhares de cidadãosfluminenses com a leitura.

O que antes parecia uma reali-dade distante — o universo dos li-vros, a magia de literatura e os mis-térios do conhecimento — agoraestá cada vez mais próximo da po-pulação, inclusive das comunida-des pacificadas.

FOLHA DIRIGIDA - CFOLHA DIRIGIDA - CFOLHA DIRIGIDA - CFOLHA DIRIGIDA - CFOLHA DIRIGIDA - COMOOMOOMOOMOOMO SURGIUSURGIUSURGIUSURGIUSURGIU AAAAA IDEIAIDEIAIDEIAIDEIAIDEIADEDEDEDEDE CRIARCRIARCRIARCRIARCRIAR ESSEESSEESSEESSEESSE PROGRAMAPROGRAMAPROGRAMAPROGRAMAPROGRAMA?????Haroldo Zager - O governador SérgioCabral manifestou a vontade de criarum programa de venda de livros a pre-ço populares e incumbiu a ImprensaOficial desta tarefa.

O MO MO MO MO MAISAISAISAISAIS L L L L LEITURAEITURAEITURAEITURAEITURA COMEÇOUCOMEÇOUCOMEÇOUCOMEÇOUCOMEÇOU EMEMEMEMEM 2011. 2011. 2011. 2011. 2011.QQQQQUALUALUALUALUAL BALANÇOBALANÇOBALANÇOBALANÇOBALANÇO PODEPODEPODEPODEPODE SERSERSERSERSER FEITOFEITOFEITOFEITOFEITO DESSESDESSESDESSESDESSESDESSESDOISDOISDOISDOISDOIS ANOSANOSANOSANOSANOS?????É um balanço extremamente positi-vo: atingimos a marca de mais de ummilhão de livros consumidos pela po-pulação desde a criação do projetoMais Leitura, atendendo 250 mil ci-dadãos. Na Bienal do Livro, realiza-da em agosto, atingimos 44 mil livros,atendendo um público de mais de dezmil pessoas.

HHHHHÁÁÁÁÁ AAAAA PREVISÃOPREVISÃOPREVISÃOPREVISÃOPREVISÃO DEDEDEDEDE ABERTURAABERTURAABERTURAABERTURAABERTURA DEDEDEDEDE MAISMAISMAISMAISMAISPONTOSPONTOSPONTOSPONTOSPONTOS FIXOSFIXOSFIXOSFIXOSFIXOS?????Em setembro último inauguramosmais uma unidade Mais Leitura, noBay Market de Niterói, ao lado da es-tação das barcas. Esta iniciativa con-tou com o apoio da Administração doshopping que nos cedeu uma loja.Nesta unidade estão sendo vendidosmais de 700 livros por dia.

CCCCCOMOOMOOMOOMOOMO ÉÉÉÉÉ FEITOFEITOFEITOFEITOFEITO OOOOO ROTEIROROTEIROROTEIROROTEIROROTEIRO DOSDOSDOSDOSDOS LOCAISLOCAISLOCAISLOCAISLOCAIS PORPORPORPORPORONDEONDEONDEONDEONDE OOOOO CAMINHÃOCAMINHÃOCAMINHÃOCAMINHÃOCAMINHÃO PPPPPASSAASSAASSAASSAASSA?????A carreta Mais Leitura está percorren-do todos os municípios do Rio deJaneiro, e em um mês e meio já visi-tou a toda a Região dos Lagos. Conta-

Haroldo Zager: “temos livros para todos os gostos”mos sempre com o apoio das Prefei-turas. Estamos vendendo uma médiade 1,2 mil livros por dia.

HHHHHÁÁÁÁÁ DIVULGAÇÃODIVULGAÇÃODIVULGAÇÃODIVULGAÇÃODIVULGAÇÃO PRÉVIAPRÉVIAPRÉVIAPRÉVIAPRÉVIA NASNASNASNASNAS COMUNIDACOMUNIDACOMUNIDACOMUNIDACOMUNIDA-----DESDESDESDESDES, , , , , INFORMANDOINFORMANDOINFORMANDOINFORMANDOINFORMANDO EEEEE CONVIDANDOCONVIDANDOCONVIDANDOCONVIDANDOCONVIDANDO AAAAA POPOPOPOPO-----PULAÇÃOPULAÇÃOPULAÇÃOPULAÇÃOPULAÇÃO AAAAA PPPPPARARARARARTICIPTICIPTICIPTICIPTICIPARARARARAR?????Dentro do projeto da carreta temos umcarro de som que percorre o municí-pio e alguns municípios vizinhos. Ea parceria com os municípios tambémproporciona uma divulgação nas es-colas municipais. Os professores le-vam os alunos para visitar a carreta.Usamos ainda as mídias locais, comorádios e pequenos jornais.

CCCCCOMOOMOOMOOMOOMO ÉÉÉÉÉ FEITFEITFEITFEITFEITAAAAA AAAAA ESCOLHAESCOLHAESCOLHAESCOLHAESCOLHA DOSDOSDOSDOSDOS TÍTULTÍTULTÍTULTÍTULTÍTULOSOSOSOSOS AAAAASEREMSEREMSEREMSEREMSEREM OFEROFEROFEROFEROFERTTTTTADOSADOSADOSADOSADOS NONONONONO M M M M MAISAISAISAISAIS L L L L LEITURAEITURAEITURAEITURAEITURA?????Dentro da parceria com as editoras, elasnos disponibilizam uma lista com seusestoques técnicos. A Imprensa Oficialnão faz restrição de gênero literário.Disponibilizamos para a população li-vros didáticos, literatura nacional e es-trangeira, infantis, auto-ajuda etc. En-fim, temos livros para todos os gostos.Um dado importante é que 30% doslivros vendidos são infantis.

QQQQQUALUALUALUALUAL ÉÉÉÉÉ, , , , , HOJEHOJEHOJEHOJEHOJE, , , , , AAAAA QUANTIDADEQUANTIDADEQUANTIDADEQUANTIDADEQUANTIDADE DEDEDEDEDE LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS ÀÀÀÀÀDISPOSIÇÃODISPOSIÇÃODISPOSIÇÃODISPOSIÇÃODISPOSIÇÃO DODODODODO PÚBLICOPÚBLICOPÚBLICOPÚBLICOPÚBLICO?????Temos em torno de um milhão de li-vros em nosso estoque e continuamosadquirindo das editoras. Com as novasações da carreta e da unidade desmon-tável que agora está percorrendo as áre-as pacificadas, nossa projeção é quechegaremos a 700 mil livros por ano.

CCCCCOMOOMOOMOOMOOMO ÉÉÉÉÉ AAAAA ADESÃOADESÃOADESÃOADESÃOADESÃO ENTREENTREENTREENTREENTRE OSOSOSOSOS JOVENSJOVENSJOVENSJOVENSJOVENS?????MMMMMUITOSUITOSUITOSUITOSUITOS DEMONSTRAMDEMONSTRAMDEMONSTRAMDEMONSTRAMDEMONSTRAM INTERESSEINTERESSEINTERESSEINTERESSEINTERESSE EMEMEMEMEMCOMPRARCOMPRARCOMPRARCOMPRARCOMPRAR OSOSOSOSOS LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS?????Este público de até 25 anos, na sua mai-oria estudantes, representa o maior per-centual de consumidores no projeto.

HHHHHÁÁÁÁÁ PERSPECTIVPERSPECTIVPERSPECTIVPERSPECTIVPERSPECTIVAAAAA DODODODODO SURSURSURSURSURGIMENTGIMENTGIMENTGIMENTGIMENTOOOOO DEDEDEDEDE NONONONONO-----VVVVVASASASASAS PPPPPARARARARARCERIASCERIASCERIASCERIASCERIAS COMCOMCOMCOMCOM OUTRASOUTRASOUTRASOUTRASOUTRAS EMPRESASEMPRESASEMPRESASEMPRESASEMPRESASEEEEE INSTITUIÇÕESINSTITUIÇÕESINSTITUIÇÕESINSTITUIÇÕESINSTITUIÇÕES?????O projeto está aberto a todas as edi-toras que cada vez mais reconhecemo fundamental trabalho de cidadaniaque está sendo realizado.

Uma biblioteca em casaAbrir, em sua casa, uma biblioteca. E compartilhar com ami-

gos e parentes o prazer da leitura. Esse é o sonho que a analistade sistemas Kelly Peçanha começou a concretizar com visitasregulares às agências do Programa Mais Leitura. Ela compravalivros regularmente no Shopping São Gonçalo e, a partir de ou-tubro, passou a frequentar o Bay Market.

“Em duas semanas, já comprei mais de dez livros nesse pontode Niterói, que oferece títulos diferentes dos que são vendidosem São Gonçalo. Já tenho mais de 50 livros”, revelou a analista desistemas. Estudante do MBA Administração Estratégica, Kelly Pe-çanha busca títulos na área de gestão. Ela tem se interessado, tam-bém, pelo trabalho de escritoras. "Tenho lido muitos livros escri-tos por mulheres, que mostram a visão feminina das lutas por umlugar no mercado de trabalho e também relatos sobre relaciona-mentos afetivos na época da internet." Kelly Peçanha já comprou mais de 50 livros nas agências do Programa

A

Presente para os amigosPara Carin Rodrigues, estudante de Gestão Ambiental, o Mais

Leitura surgiu por acaso. Moradora da São Gonçalo, ela foiacompanhada da tia, Maria Lúcia Rodrigues de Azevedo, a umcentro médico no shopping Bay Market. Foi então, que sedeparou com a nova agência do Mais Leitura. Antes mesmode fazer seu tratamento, foi dar uma olhada nos livros. E, felizcom o material exposto nas estantes, levou uma série de títu-los. Na cesta repleta, uma diversidade de gêneros. “Achei o MaisLeitura o máximo. Dá vontade de sair falando para todo mun-do. Vou levar cinco livros pagando menos do que pagaria ape-nas por um exemplar em outro lugar. Tenho uma irmã quegosta muito de ler e estou levando um livro para ela. Tambémcomprei outros para mim e para dar de presente. Assim, in-centivo outras pessoas a desenvolver o hábito pela leitura”,disse a estudante de Gestão Ambiental.Carin, ao lado da tia, ficou surpresa com os preços nas agências

SERVIÇOwww.facebook.com/Projetomaisleitura

ENTREVISTA

Investimento no saberQuem também enxergou no Mais Leitura uma oportunida-

de para ampliar seu acesso ao universo das letras foi José Se-bastião de Farias Filho. Morador de Niterói e estudante de Direitoda UFF, ele, que ia com regularidade à agência de São Gonçalo,comemorou a abertura de um novo ponto do Mais Leitura, emsua cidade. “Agora ficou pertinho. Saio da UFF e venho diretopara cá, buscar novos títulos”, revela Sebastião, que já adqui-riu mais de 100 livros nas estantes do Mais Leitura.

Empolgado, o estudante costuma levar muitos títulos cada vezque visita uma agência. Como há o limite de dez unidades porpessoa, passou a ir com a mãe. “Encaro a compra de livros comoum investimento. Economizo algum dinheiro e, geralmente, levouns 20 livros. Eu levo dez e minha mãe pega outros dez. Essasvisitas despertaram em minha mãe o interesse pela leitura. Detanto me acompanhar, ela começou a se interessar também.” Sebastião aproveita para comprar livros de que precisa na faculdade

FOTOS: DALIANE CASTANHO

IMPREN

SA OFICIAL

IMPRENSA OFICIAL ANDRÉ GOMES MELO

Informe Publicitário

Em sua 9ª edição, o Congresso Riode Educação, realizado nos dias 4 e 5de outubro, mais uma vez foi um su-cesso. Os professores que participa-ram das palestras e oficinas voltadas,primordialmente, para a atualizaçãoprofissional dos docentes, puderamentender melhor a respeito do quede mais importante e contemporâneoexiste na área educacional.

Assuntos como esportes, tecnolo-gia, novas mídias e bullying, porexemplo, foram debatidos durante osdois dias de eventos. “A diretoria ana-lisa diversos temas, várias propostas,mas sempre optamos por fazer algoatual para a carreira profissional dosnossos professores”, salienta o presi-dente do Sinepe Rio Victor Notrica.

Ao longo da extensa programaçãodo 9° Congresso Rio de Educação,também ocorreu uma homenagemà educadora Terezinha Saraiva. Elafoi agraciada com a Medalha EdíliaCoelho Garcia, concedida pelo SinepeRio a figuras que se destacam na lutapor uma educação de qualidade.Outro destaque da programação foia entrega dos prêmios para os ven-cedores do Concurso de Redação.

Passaram pelo Hotel Sofitel, emCopacabana, no evento promovidopelo Sinepe Rio, além de professorese educadores, jornalistas, escritores eaté esportistas, como o velejador LarsGrael. De acordo com Victor Notrica,todas ações do evento foram volta-das, exclusivamente, para a valoriza-ção desse profissional.

“O Lars Grael, por exemplo, éuma pessoa de grande prestígio, cujapalestra foi de grande estímulo paraos professores, na questão de supe-ração de dificuldades. O Congressofalou sobre esporte, tecnologia, den-tre outros temas, mas o fundamen-tal é trabalhar a relação da escolacom a família, o professor e o aluno,sempre provocando o estímulo aoprofessor.”

No segundo dia do evento, houvepalestras sobre gestão escolar, coti-diano das creches, o papel da impren-sa na valorização do magistério, den-tre outras. O 9° Congresso Rio deEducação 2013 terminou, mas assimcomo em suas outras edições, deixou

O Rio de Janeiro sediará, em 2014e 2016, dois dos maiores eventos es-portivos do planeta: a Copa do Mun-do, junto com outras capitais, e aOlimpíada. Com a visibilidade globalque os dois eventos terão, o Sindica-to de Estabelecimentos de Ensino doRio (Sinepe Rio) decidiu levantar dis-cussões sobre os esportes no Concur-so de Redação 2013.

Participaram do concurso, alunosdo 8° e 9° anos do ensino fundamen-tal e das três séries do ensino médio,matriculados nas escolas afiliadas aoSindicato.

Por meio de textos dissertativos, oconcuso tem, como principal objeti-vo, estimular a discussão em torno dolegado que a Copa do Mundo e osJogos Olímpicos deixarão para as ge-rações futuras e observar a posiçãodos estudantes sobre o tema.

Cada escola pôde inscrever até três

Congresso Rio fazsucesso entre educadores

redações por série, um total de 15textos por instituição de ensino. Otema deste ano era “2014 – 2016: OBrasil dos Esportes”. A partir disso,os alunos foram orientados a esco-lher um dos subtemas propostos pe-los patrocinadores do concurso edesenvolvê-lo conforme as estraté-gias do Colégio e de suas ideias.

O Concurso de Redação vem sen-do feito em paralelo com o Congres-so do Sinepe Rio. Este ano, a premia-ção aconteceu dia 4 de outubro, noHotel Sofitel, durante o 9° CongressoRio de Educação. Foram selecionadas15 redações, três por série. Além dis-so, mais 35 textos de destaque foramescolhidos para publicação no livro fi-nal. Para os três primeiros colocados,no entanto, a entrega da premiaçãofoi mais do que especial, pois eles re-ceberam seus respectivos prêmios dasmãos do velejador Lars Grael.

Concurso de redação incentivaleitura e escrita entre jovens Emoção na homenagem

a Terezinha Saraiva

Um dos momentos mais emo-cionantes do Congresso Rio deEducação, realizado nos dias 4 e5 de outubro, foi a entrega daMedalha Edília Coelho Garcia àprofessora Terezinha Saraiva,uma das personalidades mais es-timadas do meio educacional.

Em seu discurso, a educadoraressaltou que tratava-se de ummomento muito especial, tantopelo reconhecimento do SinepeRio ao seu trabalho como pelofato de ela e a professora Edíliaterem sido companheiras de lon-ga data, na luta por uma educa-ção de qualidade para o país.

“Dividimos momentos deimensa alegria, quer na vida pro-fissional, quer na área pessoal. Es-tivemos lado a lado. Na alegria ena dor. Fomos amigas pessoais ealiadas profissionais”, destacou ahomenageada.

A Medalha Edí l ia CoelhoGarcia foi criada no ano passadoe tem como objetivo dar visibili-dade à contribuição de figuras dedestaque na área educacional.Primeira a receber a comenda, aprofessora Terezinha Saraiva foi,também, a primeira mulher aocupar a secretaria de Educaçãoe Cultura do extinto Estado da

Guanabara. Foi, ainda, a primei-ra secretária municipal de Educa-ção do Rio de Janeiro e integrouos Conselhos Estadual e Federalde Educação.

Terezinha Saraiva atuou, tam-bém, na vanguarda da educaçãoa distância na diretoria de Tecno-logia Educacional da TVE do Riode Janeiro, entre outras atribui-ções. "É, certamente, com gran-de emoção e uma honra maiorque recebo a Medalha Edília Co-elho Garcia, que faz reviver a ad-mirável educadora, mulher e ami-ga, que nos deixou em 14 de ja-neiro de 2012", declarou.

de mensagem a importância de va-lorizar o profissional de educação.

“Acredito que uma das principaiscontribuições que o Congresso trou-xe aos professores e às escolas esteano foi a questão da atualização. Tra-balhamos temas muito atuais. Todosos anos, no entanto, temos tido sem-pre oficinas sobre o bullying, assuntocada vez de maior interesse por par-te dos educadores. Esse é um eventoque valoriza o trabalho do professor,não visando apenas se o aluno vai ounão passar no vestibular. Focamos notrabalho e no respeito ao professor”,pontua Victor Notrica.

Um dos mais importantes eventos do estado, o Congresso Rio de Educação, realizado em outubro, contou com a presença de figuras de destaque da área educacional

Edgar Flexa Ribeiro e Victor Notrica entregam medalha a Terezinha Saraiva

Patrícia Lins e Silva falou sobre o tema A Escola do Futuro

Educadora recebeu a Medalha Edília Garcia

Velejador Lars Grael foi um dos palestrantes do Congresso Rio

Vencedores do concurso de redação do Sinepe Rio foram homenageados

Em seus 81 anos de história, o Sin-dicato de Estabelecimentos de Ensi-no do Rio de Janeiro (Sinepe Rio) se-gue na luta e na defesa dos estabe-lecimentos de ensino de educaçãobásica da rede privada do municípiodo Rio de Janeiro. O sindicato atuaem áreas de coordenação cultural,política e econômica, e, ainda, nadefesa da valorização dos profissio-nais do magistério. Desde 2002, oSindicato ainda se empenha na lutacontra as chamadas escolas ilegais.Todo esse trabalho em favor da edu-cação no Brasil, se deve ao fato doSindicato acreditar na importânciaque as instituições da rede privadatêm para a educação.

De acordo com um dos diretoresdo Sinepe Rio, o professor PedroPaulo Bragança Pimentel, as esco-las da rede privada devem ser vis-tas como aliada das escolas da redepública que, juntas, lutam em prolda educação. “A escola particular,hoje, realmente presta um serviçoà educação no país, à nação. Preci-samos entender a escola particularcomo uma parceira no desafio delevar nosso país a indicadores de umpaís desenvolvido. Penso que deve-ria haver uma parceria maior entre

“O papel do professoré absurdamente impor-tante, principalmente, navida de uma criança. Ascrianças têm o professorcomo uma referência,pois é ele o responsávelpor passar conhecimen-tos, não apenas pedagó-

gicos, mas também conhecimentos que irãoinfluenciar no dia a dia da criança. O profes-sor faz parte da formação acadêmica e daformação de vida de seus alunos. O profes-sor também tem a função de transmitir valo-res e educação que vai além da escola.A criança se espelha no seu professor”.

Marina Alexandra Garcez L. Barreto

“Acredito que hoje o professor tenha uma im-portância bem maior do que a que ele tinha anti-gamente. Hoje as famílias têm uma outra realida-de. Uma sociedade onde o pai e a mãe trabalham,diferente do tempo onde as mães ficavam em casae acompanhavam o estudo dos filhos. Com isso, oprofessor acaba, de certa forma, procurando supriressa carência ou essa falta de tempo que o alunotem com seus familiares e entes queridos. O pro-

fessor precisa, cada vez mais, ser especialista em assuntos e temasque nao são especificamente da disciplina em que está lecionando,pois ele acaba sendo um conselheiro em relacionamentos e proble-mas e comportamento da juventude, por exemplo. Não tem comofechar os olhos para esses assuntos. O professor se torna um profis-sional com maior competência em outras áreas do crescimento deseus alunos, e não só na parte acadêmica”.

Pedro Paulo Bragança Pimentel

“O professor, não apenashoje, mas sempre, foi a figuramais importante dentro de umainstituição de ensino. O profes-sor é fundamental, principal-mente para educação infantil,onde ele se apresenta como oconstrutor de todo o conheci-mento que a criança levará para

a vida. Hoje, mesmo com toda a tecnologia, o pro-fessor ainda consegue ser imprescindível. Claro queo professor precisa sempre estar atualizado. É fun-damental que o docente se prepare para ser maisdo que um transmissor de conhecimento. Ele pre-cisa ser um educador. Precisa ter todo um carinhocom sua profissão”.

Albano Parente

“O professor émola mestra dodesenvolvimentode um povo quequer ser bem su-cedido. A educa-ção é tudo de umpaís. O professordeve ser valoriza-

do ao máximo considerando quesuas atribuições são as mais impor-tantes de um governo, de um Esta-do. Nós temos sempre de nos reve-renciar ao desenvolvimento e tecno-logia de um país, pois isso só se dágraças aos professores”.

Marcio Cardia

“Eu diria uma frase que traduz exatamenteo que eu sinto: o professor é o profissional demaior efeito multiplicador em qualquer socie-dade do mundo. Tenho esperança de um diachegarmos ao tempo do Império Japonês emque o imperador diz aos professores: vocês sãoos únicos que não precisam fazer reverênciaao falar comigo. Espero que um dia, no Brasil,o professor tenha essa consideração, esse res-

peito, porque o que nós somos hoje se deve ao fato de que, umdia, tivemos um professor”.

João Pessoa de Albuquerque

"Nenhum país sensato limita seu olho a jul-gar o professor. Quando um país julga o magis-tério está julgando a si mesmo. Se eu, comopaís, digo que meu professor não é bom quan-to eu queria que fosse, então é porque o paísnão é tão bom quanto pensava que era. Eu,Estado, não posso sair de cena e dizer que meuprofessor não é bom, não dá. Se o professorestá longe de ser ideal, significa que o país está

longe de ser ideal. O magistério será tão bom, tão capaz, tãocompetente, quanto seu país quiser que ele seja”.

Edgar Flexa Ribeiro

“Eu acho que o professor é fundamental desdesempre. Desde a Idade Média o professor é umafigura preponderante. Sócrates e Platão, por exem-plo, eram também, na verdade, professores. A artede ensinar é um dom muito especial. O que eu vejohoje, infelizmente, é que as pessoas que estão abra-çando o magistério o fazem por falta de opção enão pelo dom de ensinar. O verdadeiro professorpensa, prioritariamente, no seu aluno, e não em

salário ou carreira. Há necessidade de boa remuneração? Claro! Mas oprofessor é, acima de tudo, um transformador do ser humano”.

Newton Santiago

Qual o papel do magistério para a melhoria da qualidade da educação no país?

Setor privado tem papel decisivo para aqualidade da educação no país

público e privado para que o paísganhasse, para que a educação ti-vesse um salto de qualidade”.

A pluralidade de propostas peda-gógicas oferecidas pelas escolas par-ticulares garante um diferencial con-siderável à rede privada de ensino. Talliberdade legitima a importância des-sas instituições, principalmente aospais dos alunos.

“Para o pai, essa liberdade é ex-cepcional, pois ele escolhe aquelaescola que melhor se adequa ao com-portamento ou ao conhecimento demundo que quer passar ao seu filho.Existem escolas ligadas à cultura, por

Em 1932, sob o impacto da cha-mada Reforma de Campos, do go-verno Getúlio Vargas, integrantes daentão Associação de Educadores Bra-sileiros se reúnem e fundam o Sindi-cato dos Proprietários de Estabeleci-mentos de Instrução. A partir deentão, a primeira preocupação donovo sindicato seria com as questõessociais.

Ao longo de sua história, no en-tanto, a entidade vem lutando assi-duamente pela sobrevivência das es-colas e pelos interesses dos educado-res, ao discutir, por exemplo, acordosalarial para professores, férias remu-neradas e isenção de taxas de imó-veis ocupados pelos educandários.Em 1966, o Sindicato dos Estabeleci-mentos de Ensino do Rio de Janeiro(Sinepe Rio) entra em cena.

Atual presidente do Sinepe Rio,Victor Notrica relembra momentospelos quais o Sindicato passou emsuas oito décadas de história. O edu-cador salienta um período de dificul-dades, mas garante que o Sindicatoconseguiu sobreviver a todas as tur-

Mais de oito décadasdedicadas à educação

bulências pelas quais passou.“As ações do Sindicato sempre

estiveram muito concentradas nasrelações intersindicais - sindicato deprofessores, sindicato de auxiliares -,isso dentro de toda uma movimenta-ção política muito intensa no país.Tivemos anos onde as coisas estavamrealmente muito difíceis, professores,famílias e diretores estavam insatis-feitos. Na época das negociações, asassembleias eram movimentadíssimase algumas até com excessos.Lotavam-se auditórios do ColégioZaccaria, do Colegio São Bento. Eramsituações extremamente difíceis, masmeus colegas que me antecederamna presidência realmente consegui-ram fazer com que o sindicato sobre-vivesse.”

Após 81 anos de existência, oSinepe Rio segue atuando com a fi-nalidade de coordenação cultural, po-lítica e econômica, e na defesa da ca-tegoria econômica dos estabeleci-mentos de educação básica de ensi-no privado do município do Rio deJaneiro. Desde 2002, a entidade está,

também, na luta contra o funciona-mento das chamadas escolas ilegais.

De acordo com Victor Notrica, umdos momentos marcantes do Sindi-cato, foi, justamente, essa mudançade postura que permitiu um núme-ro maior de contribuições aos edu-cadores. “Foi a gestão do saudosoprofessor José Antônio Teixeira, iní-cio do século XXI, que ampliou anossa ação, através de eventos, con-gressos, e serviços. Foi implantadono sindicato, na época, assessoria(jurídica e pedagógica), além de es-paço para eventos. Essa mudança deenfoque foi um fato marcante, poiso sindicato deixou de se limitar a serum instrumento de negociação sa-larial. Continuamos a fazer isso, masnao é primordial.”

Todos estes serviços prestados con-tinuam contribuindo não só com amelhoria da educação no país como,também, com a valorização dos pro-fessores. “Nos últimos 13 anos, o Sin-dicato foi ganhando ainda mais des-taque na categoria, se valorizando emuma ação de respeito aos professo-

Foi a gestão dosaudoso professor

José AntônioTeixeira, início doséculo XXI, que

ampliou a ação dosindicato, através deeventos, congressos,

e serviços.

Sempre na luta pelos direitosdos Estabelecimentos de EnsinoBásico da rede privada do Rio deJaneiro, o Sinepe Rio é muitomais do que apenas um media-dor de interesses econômicos,políticos e sociais. O Sindicato,que tem como principal lema avalorização do educador, se de-dica a defender, nas mais dife-rentes esferas, o papel estraté-gico dos professores.

De acordo com o vice-presi-dente da Federação Nacional dasEscolas Particulares (Fenep), Ed-gar Flexa Ribeiro, o Sindicato, asescolas e os professores mantêm,entre si, uma relação de respeitomútuo, um sempre reconhecen-do o trabalho do outro. Para ele,no entanto, o que falta é mos-trar à sociedade a importância devalorizar o educador.

“O convívio do Sindicato nasescolas e com os professores temsido altamente civilizado. Temosembates sim, mas estamos bem.Uma coisa é verdade, nós nosrespeitamos. Acho que não devehaver dúvida sobre a importân-

Uma relação harmoniosacom os professores

exemplo. Há instituições evangélicas,judias, católicas. A escola particular éplural e é muito bom dar às famíliasessa escolha”, salienta Pedro PauloBragança Pimentel.

As dificuldades da rede privadatambém são nítidas. Alta carga tribu-tária e leis que facilitam a inadimplên-cia são exemplos dos desafios demanter em funcionamento uma ins-tituição de ensino. “O governo temde saber que é importante o investi-mento tanto em escola pública quan-to na particular. Menos carga tribu-tária, leis mais flexíveis”, diz PedroPaulo.

cia da escola. Lamento que a eli-te brasileira não tenha pela es-cola a consideração que deveriater. As autoridades têm obriga-ção de falar sobre isso. Mostrarpara as pessoas a importância domagistério”.

O professor Edgar Flexa Ribei-ro faz um adendo e exemplificaos caminhos de respeito e de re-conhecimento que devem ser de-monstrados aos educador. “To-das as funções sociais que preci-samos reconhecer de imediato,sem discutir, são fardadas. Poli-cial, bombeiro e soldado, porexemplo, são profissionais reco-nhecidos por todos. Mas vocênão precisa parar no trânsito por-que um sujeito de camiseta lhepede. O professor é uma enor-me autoridade em qualquer paíscivilizado, mas ele não tem far-da”, salienta.

Enquanto o Brasil se convencede que o magistério precisa, devee quer ser respeitado, o SinepeRio permanece na luta por umasociedade que contemple seusprofessores como eles merecem.

res e funcionários. Nesse período nãohouve um dia de greve nas escolasparticulares. Temos a nossa diretoria,do sindicato dos professores e do sin-dicato de auxiliares que, através dacomissão paritária, chegam a acordosque, evidentemente, não agradam a

totalidade, isso nunca vai acontecerpois faz parte da democracia, mastemos tido paz ao longo desses 13anos. No entanto, nosso grande de-safio é fazer com que a sociedade va-lorize a educação”, ressalta VictorNotrica.

Notrica destacou atuação do Sinepe Rio

Escola Particular:liberdade e democracia começam aqui.

www.sineperio.org.br

Suplemento de Educação08Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

As limitações estruturais do ProUniSociólogo Wilson Mesquita de Almeida reconhece os avanços alcançados a partir do ProUni mas

salienta que o fato de a maior parte dos beneficiados estar matriculada em cursos ministrados porinstituições mal avaliadas pelo MEC limita as possibilidades de ascensão social dos beneficiados

O setor privado lucrativo está passando por ummomento de concentração nunca antes visto.

Agora é o momento dos oligopólios, dacartelização do setor. O jogo se dá na Bolsa deValores, com grandes fundos de investimento e

grandes grupos educacionais. Trocando emmiúdos: a lógica das ações, de resultado

trimestral, passa a ditar as regras. O problemaé que educação não gera resultado no curto

prazo. Essa lógica econômica não dá bem comqualidade de ensino. É como água com óleo.

Osociólogo Wilson

Mesquita de Almei-da é autor da pesqui-sa “Ampliação doacesso ao ensino su-perior privado lucra-

tivo brasileiro: um estudo socioló-gico com bolsistas do Prouni na ci-dade de São Paulo”, um dos pou-cos a respeito de estudantes que in-gressaram em universidades priva-das por intermédio do ProgramaUniversidade para Todos (ProUni).

O especialista, que tem comolinha de pesquisa a compreensãodos impasses e desafios do acessoe da fruição do ensino superiorpelos estudantes com desvantagenssociais no Brasil, chegou a um re-sultado que contesta a visão doProUni como instrumento de in-clusão social. Para ele, a iniciati-va contribui muito mais para aexpansão das matrículas no setorprivado do que para, efetivamen-te, possibilitar oportunidades deascensão social para a maioria dosque, por meio das bolsas de estu-dos, ingressam nas universidades.

O pesquisador já havia trabalha-do temática semelhante, quandodiscutiu como se dava o acesso e apermanência de estudantes de fa-mílias de baixo poder aquisitivo naUniversidade de São Paulo (USP),em um período no qual os progra-mas de inclusão de alunos de bai-xa renda no ensino superior brasi-leiro, como cotas, por exemplo,ainda estavam em estágio inicial eeram direcionados para o ingressonas universidades públicas. Ao es-tudar o caso do ProUni, seu objeti-vo foi verificar os resultados de umainiciativa que, em princípio, tinhacomo proposta gerar inclusão paraum público com mesmo perfil so-cioeconômico, que busca acesso àuniversidade, mas com o diferen-cial de ter como base o ensino su-perior privado.

Porém, este aspecto foi deci-sivo para suas conclusões. Paraele, a falta de qualidade no se-tor privado limita, de forma dra-mática, as possibilidades de efe-tiva ascensão social para os be-neficiados. “O problema não éum programa de bolsas para es-tudantes de baixa renda nas uni-versidades particulares. O pro-blema principal é a maioria dasinstituições participantes, decunho lucrativo, sem preocupa-ção com o ensino”, destacou Wil-son Mesquita de Almeida.

FOLHA DIRIGIDA - UMA DAS CON-CLUSÕES A QUE O SENHOR CHEGOUÉ DE QUE O PROUNI RESULTOU MUI-TO MAIS EM UM PROGRAMA DE AJU-DA FINANCEIRA A INSTITUIÇÕES PRI-VADAS DO QUE À ASCENSÃO SOCIALPARA JOVENS DE BAIXA RENDA. PORQUE O SENHOR DEFENDE ISTO?Wilson Mesquita de Almeida -A partir dos fins da década de1990 e início dos anos 2000,devido ao aumento, sem crité-rio, de vagas nas instituições pri-vadas iniciado no governo deFernando Henrique Cardoso,houve uma saturação, levandoà evasão que, junto com a altainadimplência (lembremos quehouve desemprego crescentenesse período no Brasil) desem-bocaram em uma crise no setorprivado de ensino superior lu-crativo. É justamente aqui que

EM SEGUNDO PLANO?Inclusão social vem a reboque,é mais efeito do que causa. Ofato é que sem o ProUni e o Fies,muitas instituições já teriamfalido há muito tempo. Nesseinstante, o dinheiro do Estadobrasileiro é santo e muito bemvindo. Palavras como produti-vidade, competição, investirrecursos próprios, fazer reestru-turação administrativa para sermais eficiente, dentre inúmerasoutras ações, nem pensar. É ovelho discurso: quando o Esta-do é bom para mim, para meusinteresses, tudo bem, maravi-lha. Quando ele não o é, elepassa a ser “mal”, “burocrático”,“intervencionista” e segue o blá-blá-blá que já estamos cansadosde ouvir dos empresários do en-sino. Em sua grande maioria,empresário no exterior corre ris-co, ainda que calculado, comobem ensina a economia. Que-brou? Segue a vida, tenta recu-perar mediante reestruturação,etc. Aqui, grande parte só quero bônus. O ônus fica para a so-ciedade. Assim fica muito fácilnão?O SENHOR ACREDITA QUE SE, EM VEZDE DAR ISENÇÃO DE IMPOSTOS PARAINSTITUIÇÕES PRIVADAS, O GOVERNOTIVESSE RECEBIDO OS RECURSOS EINVESTIDO PARA MELHORAR INSTITUI-ÇÕES PÚBLICAS, O GASTO TERIA SIDOMELHOR PARA O PAÍS? POR QUÊ?Sim, pois há um fato bem con-creto, incontestável: as contínuasavaliações apontam que partesubstantiva das instituições-destino dos bolsistas do ProU-ni possui qualidade medíocre.Por quê? Minha hipótese é queestão voltadas estritamente paraobter lucro com a educação, bemao contrário do que ocorre no resto

são oriundos das universidadespúblicas mais conceituadas. Ouo Brasil mexe nisso ou, cada vezmais, a situação ficará mais per-versa. Ou seja, sem ensino su-perior bem estruturado, não háensino básico de qualidade. Háfalas que dizem ser preciso in-vestir mais em educação bási-ca e menos na superior. Isso éfalso. Todo o ensino público,nos vários níveis, precisa ter in-vestimentos maciços. No Bra-sil, não se leva a sério a ques-tão das licenciaturas (funda-mental para um resgate da qua-lidade da educação básica pú-blica, a qual atende a maioriados brasileiros) nem os cursostecnológicos, os quais poderi-am constituir uma alternativade fato ao diploma de ensinosuperior tradicional.

QUAIS OS ASPECTOS MAIS PROBLE-MÁTICOS EM RELAÇÃO AO PROUNI?POR QUAIS APERFEIÇOAMENTOS ELEPRECISARIA PASSAR?O problema não é um programade bolsas para estudantes de baixarenda nas universidades particu-lares. O problema principal é amaioria das instituições partici-pantes, de cunho lucrativo, sempreocupação com o ensino. Logo,visando a uma maior eficácia, oProUni precisaria ficar restrito so-mente às instituições sérias, pre-ocupadas em prover educação dequalidade. Isso aponta para o con-trole sério e rigoroso, que aindainfelizmente não temos, dessasuniversidades privadas lucrativas.Seria preciso desenvolver meca-nismos mais efetivos de contro-le estatal e social para evitarmuitos descaminhos conformeapontados pela imprensa, pelo re-latório de uma auditoria feitapelo Tribunal de Contas da União(TCU) e por outras pesquisas fei-tas no Brasil: fraudes diversascomo alunos que não se enqua-dram nos critérios do programa -fizeram universidades e agora sãobolsistas, alunos matriculados eminstituições públicas, alunos oriun-dos de universidades privadas,que possuem renda acima do li-mite estipulado, essas e outras si-tuações proibidas pela lei -, uni-versidades que não cumprem opercentual de vagas destinado aoprograma e, no entanto recebembenefícios fiscais, universidadesque usam bolsas do ProUni paraalunos que não passaram peloprocesso requerido, falta de bol-sas em alguns cursos e carreiras,dentre outros. Isso precisa ser fis-calizado com rigor, sem passar amão na cabeça como faz o MEC.Outro ponto, inclusive ressalta-do por muitos dos pesquisados,é o fato de muitas universidadesparticipantes não tratarem o bol-sista do ProUni como um verda-deiro aluno de fato, não levar emconta suas peculiaridades. Na tesehá depoimentos a respeito sobreisso. Outro aspecto é que a con-trapartida em troca das isençõesdos impostos é um número bembaixo: a cada nove pagantes, tem-se uma bolsa.

O SENHOR VÊ PONTOS POSITIVOS NOPROUNI? QUAIS?O ProUni possibilitou que certaparcela de estudantes oriundosdos segmentos de mais baixarenda e da escola pública pu-desse chegar ao ensino superi-or privado. Cabe reconhecer esseimportante papel social, poisesse segmento de alunos, dadasas suas características socioeco-nômicas, está marcado por doistipos de entraves quando bus-ca ter acesso à universidade. Umdeles é uma restrição competi-tiva quando disputa o vestibu-lar das instituições públicas,pois, em sua maioria, por terempoucas vagas e serem universi-dades com ensino “gratuito” ede qualidade, possuem umaalta competição, sobretudo noscursos mais concorridos, o queacaba afastando a maioria dosestudantes da rede pública bra-sileira de educação básica que,nos dias atuais, infelizmente,não estão preparados minima-mente para uma competiçãomais equilibrada com certossegmentos da alta classe médiabrasileira. Junto a isso, há umarestrição financeira, pois essetipo de estudante, mesmo tra-balhando e recebendo salários,não conseguiria pagar as men-salidades do curso escolhido edar conta das obrigações desustento próprio e da família,como muitas trajetórias pesqui-sadas apontam: além de susten-tar a si próprio, são provedoresou contribuem, com sua renda,para o orçamento familiar.

surge o ProUni, trocando isen-ções fiscais pelas bolsas estu-dantis distribuídas. Logo, omotivo principal do ProUni foiservir como resposta a uma si-tuação financeira crônica enfren-tada pelas universidades lucra-tivas no início dos anos 2000.A grande expansão provocouum problema grave de merca-

do para estas instituições: o altonúmero de inadimplência e aevasão dos alunos levaram asempresas de ensino superiorprivado à estagnação. Foi comoresposta a essa crise que o ProU-ni foi desenhado.

ENTÃO, NA SUA FORMA DE VER, O OB-JETIVO DE INCLUSÃO SOCIAL ESTAVA

WILSON MESQUITA DE ALMEIDA

do mundo, onde tais instituições,que possuem dono e herdeiros,existem, mas são inexpressivas.Para conseguir margens maioresde rentabilidade, faz-se necessá-rio reduzir investimentos justa-mente no mais importante: naqualidade do professor e em umaseleção mínima do estudante,elementos distantes dos empre-sários do ensino, que pouco in-vestem em profissionais comdoutorado, mais qualificados, efazem pseudovestibulares comovemos há muito tempo.

COMO O SENHOR ACHA QUE ESTEQUADRO FICARÁ, A PARTIR DA ATUALTENDÊNCIA DE CONCENTRAÇÃO DOSEGMENTO DE EDUCAÇÃO SUPERIORPRIVADA?A situação tende a piorar nocenário atual. O setor privadolucrativo está passando por ummomento de concentração nun-ca antes visto. Agora é o momen-to dos oligopólios, da carteli-zação do setor. O jogo se dá naBolsa de Valores, com grandesfundos de investimento e gran-des grupos educacionais. Tro-cando em miúdos: a lógica dasações, de resultado trimestral,passa a ditar as regras. O proble-ma é que educação não gera re-sultado no curto prazo. Essa ló-gica econômica não dá bemcom qualidade de ensino. Écomo água com óleo. É impor-tante dizer que há universida-des privadas bem avaliadas eessas, geralmente, são as que nãopossuem caráter lucrativo paracom a educação. É só analisarminuciosamente as avaliaçõespublicadas pelo INEP, desde aépoca do governo FHC até hoje,para constatar tal fato.

QUAL SERIA A ALTERNATIVA MAIS VI-ÁVEL DE ESTRUTURAÇÃO DO ENSINOSUPERIOR NO PAÍS?A alternativa concreta, viável emais sólida seria fazer o que euchamo de um modelo públicodiversificado e amplo, pois omodelo público de ensino su-perior atual, centrado nas uni-versidades públicas, ainda émuito restrito, não tendo mui-tas vagas e, o mais importante,sendo pouco permeável aos es-tudantes de baixa renda. Só parase ter uma ideia clara a respei-to: a rede federal antes do go-verno Lula, em muitas carreiras,não tinha curso noturno ou ti-nha em quantidade ínfima. Umabsurdo. Um modelo públicodiversificado e amplo possibi-litaria, com investimento e qua-lidade, outras opções na educa-ção superior pública como cur-sos tecnológicos, mais escolastécnicas, dentre outros formatosalternativos que poderiam nãosó ampliar o número de vagas,como atender, de forma maiscompleta, os vários interessesdos estudantes de baixa renda.Ter um sistema de ensino supe-rior composto por universida-des públicas com um leque mai-or de opções de cursos e univer-sidades privadas não-lucrativasseria bem mais adequado e pro-dutivo. O Brasil possui ambas,mas elas são minoria, justamen-te porque se elas fossem maio-ria não haveria espaço para essesetor voltado estritamente parao lucro, sem preocupação mai-or em ofertar educação de qua-lidade. Nos países mais desen-volvidos, o modelo público di-versificado é o dominante. Me-xer nisso é contrariar muitos in-teresses e mudar o desenho dosistema de ensino superior bra-sileiro, tanto na sua parte pri-vada quanto na sua parte públi-ca. Ao fazê-lo, penso, estaríamosbem mais próximos de ter umensino superior mais democrá-tico, tanto quantitativa quantoqualitativamente.

AO QUE PARECE, O SENHOR CONSTA-TOU QUE A MAIORIA DOS ALUNOSATENDIDOS PELO PROUNI ESTÁ NASLICENCIATURAS E NOS CURSOS SUPE-RIORES DE TECNOLOGIA, JUSTAMEN-TE AQUELES CUJA OFERTA TEM CRES-CIDO DE MANEIRA MAIS RÁPIDA NOPAÍS. COMO O SENHOR ANALISA ESTEDADO?O caso das licenciaturas é críti-co, perverso, pois é aqui que seencontra um dos cânceres daeducação brasileira. Sabe deonde provém a maioria dos pro-fessores que vão dar aula, pre-cariamente, na escola pública?Do ensino superior privado lu-crativo. Pronto, o ciclo viciosoestá formado. Enquanto isso, osprofessores de um punhado decolégios particulares frequenta-dos pelos filhos da alta classemédia das capitais brasileiras

Suplemento de Educação09Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

O gargalo do ensino médio no BrasilEspecialistas analisam os obstáculos daquela que é a etapa mais problemática do

sistema educacional brasileiro: o ensino médio. Eles ressaltam que é preciso rever o currículo, asmetodologias pedagógicas e a infraestrutura disponível nas escolas, entre outros pontos

uem se debruça sobre oensino médio brasileirose depara com uma esta-tística que parece sinteti-zar, de forma clara, a de-sastrosa situação destaetapa da educação: a taxade evasão escolar. Um es-

tudo recente, feito pela Fundação Sis-tema Estadual de Análise de Dados (Se-ade), com base em informações da Pes-quisa Nacional por Amostra de Domi-cílios do IBGE, revela que apenas me-tade dos jovens com idade entre 15 anose 17 anos está matriculada no ensinomédio, e que entre 1999 e 2011, a taxade evasão nesta faixa mais que dobrou,saltando de 7,2% para 16,2%. Aindaque o número absoluto de alunos ve-nha aumentando, segundo o Ministé-rio da Educação (MEC), dados de eva-são como esses chamam a atenção paraa dificuldade de enfrentamento da cri-se do ensino médio. “A despeito das re-formas, os resultados das avaliações na-cionais continuam surpreendendo ne-gativamente os responsáveis pela con-dução da política educacional brasilei-ra”, resume o estudo.

Currículo inchado, com disciplinas de-mais para tempo de menos, ausência deum programa de ensino técnico integra-do a essa etapa escolar, baixa remunera-ção dos professores e, fundamentalmen-te, inadequação do ensino médio à vida,às expectativas e às necessidades dos jo-vens compõem o retrato das dificuldades.O ensino médio e as dificuldades que en-frenta têm sido tema frequente de apre-sentações e estudos do sociólogo SimonSchwartzman, presidente do Instituto deEstudos do Trabalho e Sociedade (IETS),no Rio de Janeiro. Na sua opinião, umapeculiaridade do Brasil, na comparaçãocom outros países da América Latina, Eu-ropa e com os Estados Unidos, é o fato deo sistema de ensino médio brasileiro serpraticamente um só. “Há um setor de en-

sino profissional ou técnico muito peque-no, e isso não dá alternativas para os estu-dantes que queiram seguir diferentes ca-minhos. A necessidade de um sistema di-versificado tem a ver com os interesses di-versificados das pessoas, e também como fato de que a educação básica é muitodesigual, e que nem todas as pessoas têmcondições de fazer o mesmo tipo de cur-so médio”, exemplifica o sociólogo.

Schwartzman dá exemplos. Primei-ro, aponta o modelo britânico, ondehá o A-level. O aluno escolhe três te-mas e trabalha neles; ele se preparadurante todo o ensino médio naque-les conteúdos que escolheu - por exem-plo, matemática, química e inglês. Du-rante o curso do segmento, o aluno vaise aprofundar, lendo e discutindo, etem a possibilidade de ganhar com-petência. O ensino médio americano,

Q

na opinião do sociólogo, também édesigual. “Há coisas boas e coisas ru-ins. O britânico é melhor. O sistemafrancês também é bom, embora, parao meu gosto, seja um pouco rígido. Onosso é uma tentativa ruim de copiaro sistema francês. Se a cópia fosse boa,o aluno teria uma boa iniciação à ci-ência, receberia boa educação de bonsprofessores de matemática, de física”,disse o pesquisador, ressaltando queé necessário dar opções ao aluno, alémde condições de se aprofundar em áreasmais delimitadas. “A Lei de Diretrizese Bases inclui essa concepção de daralternativas. Mas, na prática brasilei-ra, o que vem acontecendo é colocarmais matérias obrigatórias, como fi-losofia e sociologia, o que vai matan-do a ideia da flexibilidade.”

Para Bertha do Valle, professora da

Críticas ao currículo e à formação fragmentadaO currículo é um dos maiores proble-

mas do ensino médio. Reformado em1998 e 2012, mas ainda inchado por 13disciplinas obrigatórias, além de cincocomplementares a serem ministradas emconjunto com as demais, ele tem sidoconsiderado excessivamente extenso paraos três anos de ensino médio. Recente-mente, ganhou força a ideia de dividir asdisciplinas em grandes áreas de interes-se. Trata-se de uma contribuição vinda doExame Nacional do Ensino Médio(Enem), que surgiu com a única funçãode avaliar essa etapa educacional, mas quehoje acumula a tarefa de selecionar alu-nos para universidades federais do País.

“É preciso lembrar que as escolas nãopodem olvidar as determinações legaisimpostas pela LDB e as diretrizes curri-culares nacionais previstas nos Parece-res do Conselho Nacional de Educaçãoe Resoluções do MEC. Não se trata pro-priamente de suprimir ou de acrescen-tar este ou aquele conteúdo. O que pre-cisa é que, atentos aos ditames legais,os projetos político-pedagógicos dasescolas levem em conta que a fragmen-tação do saber, onde cada disciplina temseu plano de trabalho isolado dos de-mais, não facilita a aprendizagem”, disseBertha do Valle.

Na opinião da educadora, o modelocurricular tradicional, a multidiscipli-naridade, onde não há preocupação deinterligar os conteúdos das várias dis-ciplinas, é uma forma ineficaz de trans-

ferência de conhecimentos, mesmo queum assunto esteja sendo estudado aomesmo tempo, por disciplinas diferen-tes. Bertha ainda explica que, por outrolado, na interdisciplinaridade é estabe-lecida uma interação entre as discipli-nas, o que promove uma aprendizagemestruturada e rica, conceitos organiza-dos em torno de unidades globais, deestruturas conceituais e metodológicascompartilhadas. “Uma forma correta desuperar a fragmentação do saber, insti-tuída no currículo formal”, resume aeducadora.

O fracasso do ensino médio - que,aqui, pode ser também traduzido pelaevasão -, para Schwartzman, reflete a in-capacidade da escola em dar ao alunouma educação significativa. Seja porcolocar um programa inacessível, sejapelo fato de o programa estar desliga-do do mundo real do estudante. “Porum lado, a escola não motiva; por ou-tro, existem pressões, como a necessi-dade de trabalhar. O tempo vai passan-do, ela vai ficando mais aguda: aos 13,14 anos, essa pressão não é tão impor-tante como aos 18”, ressalta o sociólo-go, que chama atenção para outras ra-zões que culminam no abandono docurso. Uma delas, na sua opinião, é ofato de boa parte do ensino médio seroferecida à noite. “Quando o aluno tra-balha, é uma necessidade, mas às ve-zes o problema não é do aluno, é daescola cujo prédio durante o dia está

ocupado com o ensino fundamental.Nos cursos noturnos, o aluno está maiscansado. Chega mais tarde e sai maiscedo; há um esvaziamento da escola.Cada vez mais, ela é um ritual a ser com-pletado para ter um papel, que às ve-zes fica inacessível. Isso gera uma situ-ação de desalento.”

Recentemente, a convite da ComissãoEspecial para Reformulação do EnsinoMédio (Ceensi) da Câmara de Deputa-dos, Schwartzman participou de uma au-diência pública onde foram apresenta-das algumas propostas sobre como oensino médio brasileiro deveria ser re-formulado. Os pontos principais destaproposta são diversificar, permitindoque os estudantes escolham as áreas aque queriam se dedicar; fazer com queo ensino técnico de nível médio sejauma opção (e não, como é hoje, umaformação subsidiaria ao ensino médiotradicional); aprofundar, dando condi-ções para que os estudantes dediquemmais tempo a duas ou três áreas de es-tudo, no lugar do currículo extenso e pe-sado que existe hoje; e alterar o Enem,que deve deixar de ser uma prova úni-ca de todas as áreas e ser substituído poruma variedade de avaliações e certifi-cações técnicas e profissionais confor-me as opções dos alunos.

“A proposta inclui, ainda, a necessi-dade de manter e aprofundar as com-petências no uso do português, do raci-ocínio lógico e matemático e da língua

inglesa, tanto quanto possível de for-ma integrada com as áreas de estudoescolhidas. Esta reformulação, que re-quer mudanças na legislação, não resol-veria outros problemas que afetam a edu-cação brasileira como um todo, comoa má formação e carência de professo-res em determinadas disciplinas, esco-las com instalações precárias, cursos no-turnos e problemas de mau gerencia-mento. Mas permitiria que fossem bus-cados novos caminhos e que a educa-ção secundária brasileira deixasse de sera anomalia que é por sua concepçãoequivocada”, disse o sociólogo. Já paraBertha do Valle, a solução para melho-rar o atual cenário do ensino médio passapela valorização dos professores.

“A profissão, que até os anos 1960 e1970 ainda era vista como honrosa e demuita importância social, foi perden-do, aos poucos, dadas as condições sa-lariais e de trabalho, o prestígio quetinha nas gerações passadas. Hoje, to-dos os professores precisam acumularduas matrículas na rede pública e ain-da trabalhar na rede privada para ter mí-nimas condições de vida cultural e so-cial. E muitos professores, que gostari-am de continuar na profissão, fazem con-cursos para outras carreiras, em buscade melhores salários. Além disso, temosdeficiências de formação em algumasáreas como Física, Química, Música, oque torna deficientes os currículos devárias escolas”, disse a educadora.

Enem trouxe desafio ainda maior para as escolasA Comissão de Educação, Cultura e Es-

porte do Senado Federal já aprovou umprojeto de lei que torna obrigatória a reali-zação do Exame Nacional do Ensino Mé-dio (Enem) por todos os estudantes con-cluintes dessa etapa da educação básica. Se-gundo o projeto, proposto pelo senador Ani-bal Diniz (PT-AC), o exame deve se tornarobrigatório de forma progressiva. A justifi-cativa apresentada na proposta é que oEnem merece ser valorizado como instru-mento de avaliação de ensino, de induçãode mudanças curriculares e de seleção decandidatos aos cursos de educação superi-or, devido às qualidades pedagógicas daprova e pelo fato de a mesma constituir umapolítica de Estado.

Dessa maneira, a comissão consideraque a participação no exame “deve cons-tituir um percurso necessário dos alunos,ao se tornar um componente curricularobrigatório do ensino médio”. Para aedição de 2013, a ser realizada nos dias26 e 27 de outubro, o Enem recebeu7.173.574 inscrições, número recorde emtodas as edições anteriores. De acordocom o ministro da Educação, AloizioMercadante, atualmente a prova já seencontra mais próxima da universaliza-ção, uma vez que quase 90% dos estu-dantes concluintes do ensino médio se

inscreveram - a previsão de concluintes,em 2013, é de 1,8 milhão de alunos, edesse total, 1,6 milhão se inscreverampara o Enem.

Mas será que o ensino médio tende amelhorar com o Enem? Há educadoresque consideram a abordagem do exa-me superficial, enquanto outros ressal-tam que, pelo tipo de questões propos-tas, pelo contrário, o exame obriga oaluno a refletir e a pensar interdiscipli-narmente. Bertha do Valle, no segundogrupo, diz ter absoluta confiança naimportância do Enem, pois o exame temcomo objetivo subsidiar as políticaspúblicas para a educação básica e nãopode ser visto simplesmente como umapossibilidade de acesso democrático àeducação superior. A educadora aindalembrou que o exame proporcionaàqueles que estão fora da escola, opor-tunidade de aferir seus conhecimentose obter o certificado de conclusão daeducação básica, e que o programa, porser nacional, só inclui temas comuns atodo o país. “O que tem ocorrido atéagora, é que desde 1998, quando foramdivulgadas as primeiras resoluções doMEC sobre diretrizes e parâmetros cur-riculares, que o ensino médio deveriaser organizado em áreas de conhecimen-

to, mas isto não foi concretizado pelosprojetos pedagógicos das escolas.”

Já Victor Notrica, com seus 58 anos demagistério, os quatro últimos acumulan-do a presidência do Sindicato dos Esta-belecimentos de Ensino do Rio de Janeiro(Sinepe-Rio), acha que o ensino decaiupor conta do Enem. Uma das justificati-vas para essa linha de pensamento é jus-tamente o fato de o exame ter se torna-do o caminho mais curto para o acessoà universidade, o que ele considera cru-el. “Adestrar um aluno para que ele façauma prova de 180 questões mais umaredação que decidirão se ele pode ou nãocursar Medicina no Rio de Janeiro ou naBahia, isso não se faz”, ressalta. Notricaacredita que o processo precisa ser mui-to mais delicado, e que tanto as univer-sidades quanto os alunos precisam terde volta o direito de identificar e ade-quar seus perfis, como aconteceu de 1988até a Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), por exemplo, ter de aderirao exame. O que considera um retrocesso.

“O Enem passou de uma avaliaçãoextremamente útil do ensino médio dopaís para o instrumento que nos últimosanos substitui os exames vestibularespara acesso à maioria das universidadespúblicas. Os alunos são submetidos a

uma prova elaborada pelo MEC, semqualquer discriminação regional ou dotipo de instituição frequentada. Se osresultados são considerados insatisfató-rios ou insuficientes, a deficiência nãoé do aluno. Enquanto a sociedade e opoder público não reconhecerem que opulmão da Educação, ao lado da famí-lia, é o professor, pouco avançaremos.”

Ainda segundo Notrica, os “rankings”atrelados às notas do Enem confirmamas acentuadas diferenças de desempenhoentre alunos egressos da rede privada epública em todos os estados da federa-ção. “As vagas oferecidas a alunos cotis-tas, cujo desempenho na prova é, de modogeral, inferior ao dos classificados pelomérito, atenuam os efeitos das diferen-ças, assim como os programas de apoiofinanceiro do governo, como o Prouni eoutros”, disse o educador, frisando queo caráter nacional do exame implica naelaboração de uma prova que abordaconteúdos da base nacional comum semconsiderar a parte diversificada exigidapelas características regionais e locais dasociedade, da cultura e da economia. “Oque implica na superficialidade da pro-va e, certamente, no engessamento daproposta poedagógica da escola”, resu-me Victor Notrica.

GARGALO EDUCACIONAL➩ ➩ ➩ ➩ ➩ Dos dez milhões de brasileiros na faixados 15 aos 17 anos, metade está ma-triculada no ensino médio

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ Cerca de 3,1 milhões (29,5%) dejovens estão retidos no ensino fun-damental

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ 1,7 milhão (16,3%) abandonaram aescola; desses, 61,7% nem trabalhamnem estudam

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ 659 mil (6,2%) dos que deixaram aescola trabalham

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ Entre 1999 e 2011, mais que dobrou(de 7,4% para 16,2%) a proporção deevasão no ensino médioFonte: PNAD 2011

CURRÍCULO INCHADOHá 13 disciplinas obrigatórias, além deconteúdos complementares obrigatóri-os, no ensino médio brasileiro

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ LINGUAGENS

1. Língua Portuguesa

2. Língua materna para população in-dígena

3. Língua estrangeira

4. Artes cênicas, plásticas e musicais

5. Educação Física

6. Matemática

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ CIÊNCIAS DA NATUREZA

7. Biologia

8. Física

9. Química

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ CIÊNCIAS HUMANAS10. História

11. Geografia

12. Filosofia

13. Sociologia

➩ ➩ ➩ ➩ ➩ CONTEÚDO COMPLEMENTARES

1. Educação alimentar e nutricional

2. Respeito e valorização do idoso

3. Educação ambiental

4. Educação para o trânsito

5. Educação em direitos humanos

6. Língua espanhola

FONTE: Diretrizes Curriculares parao Ensino Médio, Ministério da Educa-ção (Conselho Nacional de Educação/Camara de Educação Básica)

Universidade do Estado do Rio de Ja-neiro (Uerj) e vice-presidente da Asso-ciação Nacional pela Formação dos Pro-fissionais da Educação (Anfope), o de-sempenho dos alunos no ensino médioreflete as deficiências do ensino funda-mental da maioria dos sistemas educa-cionais brasileiros. “O que se espera doensino médio é que consolide e apro-funde os conhecimentos adquiridos noensino fundamental, dando prossegui-mento aos estudos. Afinal, esta é a úl-tima etapa da Educação Básica, portan-to, é o término da base educacional quese espera para todos os brasileiros.” Aeducadora ainda destaca que a maioriadas escolas está longe das tecnologiascom que os jovens convivem nos espa-ços extra-muros. “As salas de aula ain-da reproduzem o cenário de muitos anosatrás: carteiras enfileiradas, professores

à frente, quadro, giz, alguns murais (mui-tas vezes desatualizados), falta de la-boratórios de informática, de ciênciasou, quando existem, estão inadequados,sem manutenção. As salas de leitura de-veriam ser mais visitadas pelos alunos”,disse a educadora.

Bertha do Valle lembra que o percen-tual de alunos que ingressa no ensinomédio com 15 anos é bem baixo, poispoucos brasileiros completam os noveanos do ensino fundamental na idadecerta. Diz, ainda, que em algumas esco-las, as salas de aula ficam superlotadasdevido ao grande número de alunos porturma, principalmente na primeira sé-rie do ensino médio, porque depois aevasão faz com que este quantitativo di-minua. “A maioria está fora da faixa etáriaideal, ou porque ingressou mais tarde naescola, ou porque repetiu algum anodurante a trajetória escolar. Isto faz comque os interesses destes jovens não es-tejam relacionados com o que lhes é ofe-recido pela escola, já estão com autoes-tima baixa, com pouca perspectiva de umfuturo relacionado aos estudos, já estãopretendendo trabalhar, ter seus recursos.As escolas não oferecem orientação pro-fissional, nem mesmo informação pro-fissional. Muitos nem sabem o que que-rem para o futuro.”

As deficiências que trouxeram do en-sino fundamental, na opinião da profes-sora, dificultam a aprendizagem dos con-teúdos dessa etapa de ensino. “Quandoconseguem um trabalho, torna-se difí-cil conciliar os horários das duas tarefase a escola acaba ficando em segundo pla-no”, disse Bertha do Valle, ressaltandoque quando um jovem abandona a es-cola, perdem todos, e que a exclusão pelaeducação cria um abismo social e inibeo surgimento de um cidadão com umaparticipação social mais efetiva. E aí, perdetambém o Brasil. “O mercado de traba-lho está muito exigente em relação aoensino médio. As consequências doabandono no ensino são severas para ocrescimento econômico”, completouSimon Schwartzman.

Um dosproblemasdo ensinomédio é oextensocurrículotrabalhadonas salasde aula

DÉBORA THOMÉ[email protected]

ZENITE MACHADO

Suplemento de Educação10Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Educação profissional no rumo erradoEspecialistas fazem uma análise crítica das políticas voltadas para a educação profissional,

segmento que reúne mais de 1 milhão de matrículas em todo o país. Eles ressaltam problemas noscurrículos, no direcionamento da formação e na concentração da oferta, entre outros aspectos

OALESSANDRA [email protected]

s dados mais recentes doMinistério da Educação(MEC) indicam a presençade 1.063.655 estudantes naeducação profissional emtodo o Brasil. Contudo, es-

ses números ainda são insuficientes parasuprir a demanda de técnicos do país, es-pecialmente nos setores estratégicos parao crescimento, como o de petróleo e gásou o mercado de turismo e eventos.

Preocupado com essa demanda, o Go-verno Federal ampliou, na última déca-da, a Rede Federal de Educação Profissi-onal, Científica e Tecnológica, presenteem todos os estados brasileiros, com maisde 350 unidades em funcionamento, ofe-recendo cursos de formação inicial econtinuada, técnicos, superiores de tec-nologia, licenciaturas e programas depós-graduação.

Em 2011, o MEC lançou o ProgramaNacional de Acesso ao Ensino Técnicoe Emprego (Pronatec), medida que am-pliou substancialmente a oferta de cur-sos de educação profissional e tecnoló-gica. E, em maio deste ano, a medida foiestendida à rede privada de ensino que,segundo o MEC, atende 607.336 estudan-tes em todo o país.

Desse modo, o governo passou a ofer-tar bolsas de estudo para cursos de edu-cação profissional técnica em instituiçõesprivadas de ensino superior. Até então, so-mente escolas das redes federal, munici-pais e estaduais de ensino e dos serviçosnacionais de aprendizagem podiam sevincular ao programa.

Segundo o MEC, até o final do ano pas-sado, o Pronatec havia atendido mais de 2,5milhões de brasileiros; a meta, segundo oórgão, é oferecer cursos técnicos e de for-mação inicial e continuada a oito milhõesde estudantes e trabalhadores até 2014.

ESPECIALISTA CRITICADIRETRIZ DO PRONATEC

No entanto, especialistas alertam queo país ainda precisa enfrentar uma sériede desafios para que a oferta de cursos aten-da às reais demandas nacionais. E, nessecontexto, um dos pontos cruciais é dotarde pessoas qualificadas setores de servi-ços sociais, como as áreas de saúde pú-blica e saneamento, por exemplo.

Diretor da Escola Politécnica de SaúdeJoaquim Venâncio (Epsjv), o professorPaulo César de Castro Ribeiro reconhe-ce que a rede federal de educação profis-sional cresceu nos últimos anos, porém,chama atenção para o expressivo cresci-mento do setor privado, cuja rede já émaior do que a do setor público.

Nesse sentido, o educador tece críticasao Pronatec não apenas pelo fato de di-recionar, a partir desse ano, recursos pú-blicos para instituições privadas de ensi-no, como também pelos parâmetros ado-tados para escolha dos cursos e áreas daeducação profissional contempladas pe-los incentivos públicos.

“Ao mesmo tempo em que as políticasbuscam atender interesses do mercado,áreas como a do Sistema Único de Saú-de (SUS), por exemplo, são pouco privi-legiadas. Há poucas escolas públicas quecapacitam pessoal para o SUS; há mui-tas na rede privada, oferecendo formaçãode menor complexidade. Áreas como ade Hemoterapia e Análises Clínicas aca-bam tendo muito pouca inserção. O Pro-natec precisa buscar o equilíbrio entre asdemandas para o crescimento econômicoe o interesse social”, acrescenta o diretorda Espjv.

De acordo com Paulo César de CastroRibeiro, o país precisa discutir qual é omodelo de crescimento adequado e ana-lisar quais seriam os cursos técnicos ne-cessários na construção desse projeto denação. Caso contrário, os recursos pú-blicos ficarão concentrados em contem-plar os interesses do mercado. “Nemsempre o interesse do mercado corres-ponde ao interesse da população”, sali-enta o especialista.

Outra discussão necessária no campo daeducação profissional, observa o professor,diz respeito à complexidade da formaçãooferecida aos técnicos. Para o especialista,ao concluir seu curso, o técnico deve ter con-dições de desempenhar a sua profissão bemcomo de escolher se irá, ou não, dar pros-seguimento aos seus estudos.

“Temos historicamente a desvaloriza-ção da educação profissional no país. Aformação mais qualificada e com maisstatus é a universitária. A formação téc-nica deve ser encarada não como algo quecompete com o ensino superior. Ela deveser vista como uma etapa da formação.Por isso, defendemos uma formação maisgeral, que não fique restrita ao passo apasso para o desempenho de determina-da função”, completa Paulo César de Cas-tro Ribeiro.

Educação profissional em números

Paulo César de Castro Ribeiro se diz preocupado com ocrescimento da educação profissional no setor privado

Educador propõe que ensinotécnico seja equivalente ao médio

Ao fazer uma análise da história da educaçãoprofissional no país, Roberto Boclin, presiden-te do CEE/RJ, destaca que essa modalidade deensino sempre foi considerada preconceituo-samente uma educação de segunda categoria.“Em um modelo de educação básica extrema-mente conservador e burguês, voltado para pro-fissões universitárias, nunca foi dada a devidaimportância ao ensino técnico, que ainda sofreesse ranço de estar amarrado ao ensino médio.Considero isso um absurdo”, revela o educador.

Para Roberto Boclin, o ensino técnico é umavertente que deve ser independente do ensi-no médio. “Devemos ter todas as condiçõespara formar um técnico e, se amanhã ou de-pois esse técnico quiser fazer o curso superi-or, ele poderá fazer. Mas o objetivo do ensi-no técnico deve ser formar um técnico e nãoassociar a sua formação a um grupo que pla-neja o ensino superior. São conotações com-pletamente distintas”, pondera o docente.

De acordo com o presidente do CEE/RJ, asdisciplinas de educação básica do ensino mé-dio não são as disciplinas de educação bási-ca do ensino técnico. “A Física, a Química,a Matemática e até mesmo o Português nãosão os mesmos no ensino médio e no ensi-no técnico. Os currículos são diferenciados.”

Por isso, uma das principais críticas do pre-sidente do CEE/RJ é com relação ao ensinomédio integrado, que oferece a formação téc-nica integrante à formação em nível médio,geralmente em quatro anos. Esses cursos, quetotalizam 298.545 em todo Brasil, tem a suaoferta concentrada no setor público. Os da-dos do MEC indicam que há 104.957 alunosem escolas federais, 158.369 estudantes em

instituições estaduais, outros 10.105 em es-colas municipais e um grupo de 25.114 ins-critos em instituições privadas.

“O Pronatec tem seus pontos positivos. Masa oferta do ensino integrado é um absurdo.E nós já tivemos, na época de Gustavo Capa-nema, a educação profissional adequada aoensino técnico. Esse modelo foi derrubado,tragicamente, em 1971” informou Boclin.

A oferta de um ensino técnico equivalente aoensino médio, logo após a conclusão do ensi-no fundamental, sugere o presidente do CEE/RJ, contribuiria para reduzir os elevados índi-ces de evasão escolar . “Os jovens que estão noensino médio correspondem a 50% da popu-lação em idade de frequentar o ensino médio.De cada 100 alunos que ingressam no 1º anodo fundamental, dez concluem o ensino mé-dio. Ora, depois de concluir o ensino médio, osjovens ainda precisam fazer o ensino técnico.”

Especialista defende formaçãotécnica em universidades

A distribuição por áreas profis-sionais, segundo dados oficiais doMinistério da Educação (MEC),evidencia o descompasso entre aoferta de cursos e as demandas dosetor produtivo. A área de Ambi-ente, Saúde e Segurança encabe-ça a lista com 313.604 matrícu-las em todo o país. Em seguida,vem as áreas de Controle e Pro-cessos Industriais e de Gestão eNegócios com 268.510 e 249.092matrículas, respectivamente. Noentanto, setores como Turismo,Hospitalidade e Lazer e ProduçãoAlimentícia, por exemplo, regis-tram 25.171 e 18.590 matrículasem todo o país.

Para Paulo Alcantara Gomes,presidente da Rede de Tecnologiae Inovação do Rio de Janeiro (Re-detec), diretor do Centro Regionalde Expertise (RCE) da Universidadedas Nações Unidas e presidente daCâmara Conjunta de Ensino Su-perior e Educação Profissional doConselho Estadual de Educação doRio de Janeiro (CEE/RJ), o desequi-líbrio entre a oferta de cursos e asdemandas do setor produtivo sedevem a dois fatores principais: asdeficiências da formação de nívelmédio no país e o elevado custopara a implantação de cursos téc-nicos que exigem uma infraestru-tura mais sofisticada.

Neste contexto, o presidente daRedetec defende a reformulaçãoda estrutura curricular do ensinomédio. “Não se trata apenas deexpandir as oferta de cursos téc-nicos. É preciso formar no ensi-no médio para o trabalho. Só atin-giremos realmente uma relaçãoequilibrada entre oferta e deman-da dos postos de trabalho quan-do conseguirmos estrutura de en-sino médio que forme para a uni-versidade e também para o traba-lho. E, ao mesmo tempo, criemecanismos que sejam capazesde facilitar essa ligação entre oscursos médios e os cursos profis-sionalizantes”, explica.

Outro fator decisivo para alavan-car a educação profissional no país,argumenta o diretor do CentroRegional de Expertise (RCE) daUniversidade das Nações Unidas,é a participação de universidadespúblicas e privadas na formaçãode nível técnico. Na avaliação dointegrante do CEE/RJ, tais institui-ções podem contribuir para redu-zir a elevada distorção existente en-tre a oferta de cursos — concen-trada em áreas profissionais ondehá pouca demanda no mercadode trabalho — e as necessidadesdo setor produtivo, impulsionadaspelo crescimento econômico.

“Cursos abundantes como Ad-ministração, Contabilidade e En-fermagem, por exemplo, formamalunos que ficam sem empregopois não há postos suficientespara todos. Ao passo que, em ou-tros setores onde há demanda depessoal, faltam escolas técnicas.Os cursos técnicos em Solda, emAutomação, por exemplo, sãomuito caros. E com isso, fica difí-cil montar laboratórios. Essa dis-torções podem ser resolvidas pe-las universidades, que dispõem delaboratórios que podem formaresses técnicos, com qualidade. Acolaboração pode vir de univer-sidades públicas e privadas”, com-pleta Paulo Alcantara Gomes.

Formação profissional ganhou impulso noBrasil, a partir de políticas como o Pronatec

RobertoBoclindefendeformaçãotécnicadissociadado ensinomédio

Paulo Alcantara: “é preciso formarno ensino médio para o trabalho.”

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Suplemento de Educação11Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Os desafios para a rede estadualSecretário estadual de educação do Rio de Janeiro, Wilson Risolia faz um balanço de sua

gestão. Nesta entrevista, ele destacou avanços como a redução nos índices de distorção idade-série ea melhoria nos indicadores de fluxo. Mas, lembra que a taxa de aprovação ainda é baixa

fato de não ser educador, para Wilson Risolia, nunca o im-pediu de comandar a educação do Estado. Graduado em Eco-nomia, pós-graduado em Engenharia Econômica e Didáticapara o Ensino Superior, e em Desenvolvimento Econômicopelo Instituto di Studi Per Lo Sviluppo Economico, em Nápoli,na Itália, Risolia ainda tem um MBA em Finanças no currícu-lo. Na sua opinião, ser um bom administrador é ter capaci-dade de agregar esforços, e isso fica mais fácil quando se temuma equipe talentosa, o que afirma ter encontrado na Secre-taria de Estado de Educação (Seeduc) do Rio de Janeiro.

“A economia é uma ciência humana e abre um enormeleque de possibilidades. Trabalhei minha vida toda nomercado financeiro, mas tinha uma base teórica de gestãopública muito sólida. Independentemente da área, quan-do temos pessoas que somam valores, as chances de darcerto são grandes. Não ficamos com um viés eminente degestão e contenção de despesas ou puramente pedagógico.Conseguimos aliar tudo o que é importante, cada um comsua contribuição”, disse Risolia, que antes de assumir a pastada Educação no Estado do Rio de Janeiro, trabalhou na CaixaEconômica Federal, em diversas funções, e também foi diretor-presidente do RioPrevidência.

Uma prova disso é que há três anos, quando assumiu asecretaria com a missão de tirar o Rio de Janeiro do penúl-timo lugar do ranking do Ideb (Índice de Desenvolvimen-to da Educação Básica), posição amargada na divulgaçãodo levantamento feito em 2009, muitos consideraram odesafio praticamente impossível. O resultado do Ideb 2011elevou a rede estadual do Rio de Janeiro para a 15ª coloca-ção no ensino médio brasileiro, subindo 11 posições à custade do planejamento e investimento em vários projetos, alémda implementação de melhorias, inclusive de infraestrutu-ra. O objetivo é avançar ainda mais.

“Foi um avanço enorme, mas ainda não é suficiente”, resumeo secretário Wilson Risolia diante dos índices positivos dedesempenho da rede no Ideb, no Enem (Exame Nacionaldo Ensino Médio) e até mesmo nos levantamentos do Censo2012. “Tudo isso é verdade, são dados do Ministério da Edu-cação. Mas ainda estamos entre os piores em taxa de apro-vação. É cedo para comemorar”, ponderou Risolia, que fezum breve balanço de sua gestão nesta entrevista.

O

FOLHA DIRIGIDA — A REDE ESTADUALDO RIO DE JANEIRO SUBIU, EM APENASUM ANO, 11 POSIÇÕES NO RANKING DOÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDU-CAÇÃO BÁSICA(IDEB) DE 2011, SAINDODA 26ª PARA A 15ª COLOCAÇÃO NO EN-SINO MÉDIO. O QUE FOI FUNDAMENTALPARA ESTE RESULTADO?Wilson Risolia — O planejamentoestratégico da Secretaria, implemen-tado em 2011, foi aceito pela maio-ria da rede. Todos perceberam quehá avanços e todos entenderam queo Rio de Janeiro na merecia estar naposição que estava. Focamos em be-nefícios para os docentes e correçõesde rumo para os estudantes. E con-tratamos mais professores. Dos 87mil concursados que entraram emtodo o Estado desde 2007, 48% sãoda carreira do magistério.

DUAS ENTRE AS CINCO MELHORES ESCO-LAS E O MELHOR ENEM DO BRASIL SÃO DAREDE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO.QUAIS PROGRAMAS PODEM SER DESTA-CADOS COMO DIRETAMENTE LIGADOS AESSA MELHORIA?O Currículo Mínimo, que permiteque todas as 1.322 escolas da redetenham o mesmo conteúdo. Ou seja,o mínimo será dado. O ‘a mais’, ficaa cargo dos professores. E esse Cur-rículo foi elaborado por docentes daprópria rede. O Reforço Escolar éoutro programa a ser destacado.Atualmente, são 250 mil alunos fa-zendo reforço. Isso representa umquarto da rede.

OUTRA GRANDE CONQUISTA FOI O MAIORCRESCIMENTO NA TAXA DE RENDIMENTONO CENSO 2012. A REDE ESTADUAL DORIO TAMBÉM APRESENTOU CONTINUIDA-DE NA QUEDA DAS TAXAS DE DISTORÇÃOIDADE-SÉRIE (ALUNOS QUE ESTÃO PELOMENOS DOIS ANOS ATRASADOS). A RE-DUÇÃO DE 2007 PARA 2012 FICOU ACI-MA DA QUEDA DE TODO O BRASIL (DE17,3 PONTOS PERCENTUAIS PARA 11,8).DE 2011 PARA 2012, O RIO DE JANEIROAPRESENTOU A MAIOR QUEDA DA TAXANO ENSINO MÉDIO E A QUINTA MAIORNOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMEN-TAL. COMO O SENHOR ANALISA ESTESINDICADORES?É um avanço enorme. Mas não su-ficiente. Ainda temos grande dificul-dades nas séries de transição. Osalunos precisam reter mais o conteú-do. Matemática ainda é um grandedesafio, e em todo o país.

DESDE 2011, A SECRETARIA DE ESTADODE EDUCAÇÃO VEM IMPLEMENTANDO DI-VERSAS AÇÕES QUE VISAM À VALORIZA-ÇÃO DOS SERVIDORES. DÁ PARA FAZERUM RESUMO DOS BENEFÍCIOS E O QUEISSO SIGNIFICA EM GANHOS PARA OSPROFESSORES?Quando assumimos, planejamos,além dos reajustes anuais, quitar oNova Escola e criar novos benefíci-os. Criamos os auxílios qualifica-ção, transporte, alimentação e for-mação continuada com bolsa. Aindanão acabou. Haverá novidades para2014. Atualmente, o salário inicialdo magistério no Rio de Janeiro é

de R$ 2.028 por 30 horas semanais,mas auxílio transporte (varia entreR$ 60 e R$ 110) e auxílio alimen-tação (R$ 160). A maioria dosconcursos realizados é para essa cargahorária semanal. A hora/aula noEstado do Rio é R$ 16,90. Para seter uma ideia, a hora/aula nacio-nal é de R$ 9,70. Um professor de40 semanais no Estado que menosrecebe, tem vencimento de R$ 2.704.O piso nacional para 40 horas se-manais é de R$ 1.567. O do Rio,portanto, é R$ 1.200 a mais. E háo pagamento de bônus. Em doisanos, 722 escolas receberam bônuspor desempenho (2011 e 2012).Foram R$ 100 milhões investidosem cerca de 40 mil servidores queatingiram metas pré-estabelecidas.

NO INÍCIO DESTE ANO TAMBÉM FORAMANUNCIADOS NOVOS BENEFÍCIOS, BÔNUSE O REAJUSTE SALARIAL DOS PROFESSO-RES, COISA INÉDITA ATÉ ENTÃO. DIANTEDISSO, COMO A SECRETARIA ENCARAESSA GREVE DA CATEGORIA?A greve não teve grande adesão. Onúmero máximo de paralisações foide 834 servidores. De qualquer for-ma, é lamentável, pois deixa alunossem aulas. Uma pena. Tentamosnegociar, recebemos o sindicato cincovezes, mas o que eles pedem sãopontos impossíveis.

NO INÍCIO DO ANO LETIVO DE 2013, ASEEDUC INAUGUROU SEIS NOVAS ESCO-LAS, GERANDO CERCA DE 15 MIL VAGAS,

TODAS DE ENSINO MÉDIO. A PREVISÃO ÉQUE MAIS DEZ UNIDADES SEJAM INAUGU-RADAS ATÉ JANEIRO DE 2014. O QUE MAISVEM POR AÍ?Em 2014, serão 13 novas escolasou reformadas com ampliação. Te-remos três bilíngues, de Inglês, Fran-cês e Espanhol. E uma em parceriacom a Fundação Xuxa Meneghel ea Embratel.

TAMBÉM HOUVE UM AUMENTO DE MAISDE SEIS PONTOS PERCENTUAIS NA TAXADE APROVAÇÃO DO ENSINO MÉDIO, QUEFEZ COM QUE A REDE ESTADUAL FLUMI-NENSE, QUE APRESENTAVA EM 2011 A25ª TAXA DE APROVAÇÃO ENTRE OS ES-TADOS BRASILEIROS, PASSASSE PARA A13ª POSIÇÃO E SE APROXIMASSE DAMÉDIA DO BRASIL...Fomos o melhor Enem em 2012 entreas redes estaduais. Fomos a melhortaxa de rendimento de 2012 (melho-rou a aprovação, diminuiu a repro-vação e diminuiu o abandono) -atualmente, de cada 100 alunos,aprova 79. Em 2011, de cada 100,aprovava 73. E em 2010, de cada100, aprovava 67. E a defasagemidade-série (alunos que estavam maisde dois anos fora da série certa) em2010 era de 61%, atualmente caiupara 43%. Tudo isso é verdade, sãodados do Ministério da Educação.Mas ainda estamos entre os pioresem taxa de aprovação. O que elevounossa taxa foi a diminuição do aban-dono. Mesmo assim, é cedo para co-memorarmos. Estamos no caminho.

Em 2014, serão 13 novas escolas oureformadas com ampliação. Teremostrês bilíngues, de Inglês, Francês eEspanhol. E uma em parceria com a

Fundação Xuxa Meneghel e a Embratel.

”WILSON RISOLIA

As qualidades de um bom professor* TEREZINHA SARAIVA

ara falar sobre asqualidades de umbom professor, evo-co milhares deles quecomigo trabalharam.O papel desempe-

nhado pelo bom professor re-quer a permanente aquisição denovas habilidades e competên-cias, o que exige aperfeiçoamentocontínuo, além de uma sólida ecompetente formação básica.As tarefas por ele desenvolvidasexigem que ele conheça com pro-fundidade o conteúdo das dis-ciplinas; passe pelo treinamen-to em técnicas de sensibilização;aprenda técnicas de ensino ver-bais e não-verbais; seja capaz dediagnosticar, orientar e avaliar aaprendizagem; aprenda a traba-lhar com e em grupos; crie, sele-cione e avalie materiais e meiosde comunicação; trabalhe comoagente de mudanças.Além disto, o bom professor deveser capaz de entender seu traba-

lho como parte da prática socialglobal. Para tanto, ele precisaadquirir um conhecimento te-órico que lhe permita pensar eagir sobre o real histórico e do-minar os meios operacionais: osaber e o saber fazer didáticos.É necessário que o professor en-tenda a educação como práticasocial e o magistério como pro-fissão a serviço desta prática, de-senvolvendo-a por meio de duasgrandes vertentes: a interpesso-al, que ocorre na relação estrei-ta professor-aluno, e a media-dora, que se concretiza na cons-trução coletiva do conhecimen-to, em que professor e alunossão sujeitos ativos do processoensino-aprendizagem.Para tanto, é necessário uma vi-são crítica e prospectiva que lhepermita, ao mesmo tempo, mo-vimentar-se dentro de sua pro-fissão e olhar o mundo alémdela, como um horizonte demúltiplas possibilidades.O professor não pode cair emsua profissão como uma pedra

no poço, mas nele deve mergu-lhar como numa corrente queo levará sempre adiante, exer-cendo criteriosamente sua pro-fissão, aperfeiçoando-a e aper-feiçoando-se.Para que isto ocorra é precisoque, além do entendimento deque a educação é uma práticasocial que exige dele competên-cia técnica, profissional, sociale política, o professor tenhauma sólida base de educaçãogeral, capaz de situá-lo em re-lação a si mesmo e ao mundoem que vive.Essa base que lhe dará a com-petência técnica será alcançadaa partir dos conhecimentos nocampo das linguagens, da ma-temática e das artes, como for-ma de comunicação social e deexpressão individual; dos estu-dos sociais e das ciências, comométodo de pensar e explicar omundo em processo de cons-tante transformação.Espera-se, também, do profes-sor, que procure conhecer seus

alunos e que os compreendacomo seres cuja aprendizagemdepende, em grande parte, desua ambiência cultural.O bom professor transforma asala de aula em espaço de inte-gração de histórias e conheci-mentos humanos. Ele se cons-titui, em verdade, em mais doque um professor. O bom pro-fessor é um educador, que pre-serva sua consciência crítica paramelhor firmar sua visão demundo, a fim de orientar seusalunos para a busca dos cami-nhos certos e seguros na traves-sia desta desafiadora aventuraque é a vida. Nessa travessia, oconhecimento, os valores mo-rais e éticos, o discernimento sãofundamentais.Somente proporcionando a seusalunos a vivência, no sentido deprocurar conhecer bem cadafato, de poder analisar posições,de refletir sobre possíveis cau-sas, de decidir sobre a melhormaneira de agir, é que os bonsprofessores estarão levando seus

alunos a desenvolverem seuespírito crítico.Dificilmente, alguém alcançarárealização como pessoa, se nãotiver formado espírito crítico so-bre si mesmo, sobre a realida-de que o cerca, permitindo-lhesaber o que quer, como quer eporque quer, proporcionando-lhe conceitos seguros, válidoscomo ponto de referência, porserem resultantes de um espí-rito crítico bem formado.Este é o caminho. Um caminhoque amplia a importância daproposta educacional oferecidapela escola, que acrescenta aopapel do bom professor, alémdo de orientador e facilitadorda aprendizagem, o de promo-tor da educação integral de seusalunos.A estas qualidades há que sersomado o amor pela profissãoe pelas crianças e adolescentesque lhes são entregues paraserem educados.

*Educadora

Dominar o conteúdo da disciplina que ensina e a didática para transmitiros conceitos de forma a facilitar o aprendizado do aluno é apenas uma dosatributos de um do bom professor. A educadora Terezinha Saraiva elenca,neste artigo, várias outras como perspicácia para despertar o espíritocrítico, a busca por fazer da sala de aula um ambiente de integração e acapacidade de aprender com seus próprios erros e acertos

Suplemento de Educação14Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

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Suplemento de Educação15Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

RENATO [email protected]

A cada dia, a oferta de umaeducação de qualidade ébuscada, seja por gover-nos, no âmbito das polí-ticas públicas, seja indi-vidualmente, por profes-sores, seja por institui-

ções públicas e privadas de ensino. E,na medida em que se caminha paraatingir esta meta, novos desafios sur-gem para por à prova a capacidade e aqualificação dos educadores.A boa notícia é que, com os novos de-safios, surgem também descobertascapazes de contribuir para a maioreficácia do trabalho pedagógico. E aciência tem trazido, a cada dia, no-vos caminhos para facilitar o processode aprendizagem.Um dos campos mais férteis de desco-bertas capazes de impactar positiva-mente no ensino tem sido o da Neu-rociência. Impulsionada pelos avançosdas pequisas relacionadas ao funciona-mento do cérebro humano, este cam-po de estudos traz respostas fundamen-tais para questões como os aspectos queinfluenciam no aprendizado, a relaçãoentre as estruturas cerebrais e a cons-trução do conhecimento, entre outras.“As atuais tecnologias que possibilitamconhecer o funcionamento do cérebroem atividade permitiram constatar al-gumas funções realizadas pelo mesmoque respaldam a criação de estratégiasque facilitam o processo de aprendiza-gem”, disse o psicólogo, master coache trainer com certificação internacio-nal em Programação Neurolinguística,professor José Zaib Antonio.Nesta entrevista, o educador, que tam-bém é fundador e presidente do Insti-tuto de Neurociências e PsicologiaAplicada (Inep) e da Escola Brasileirade Coaching Educacional (EBCE), abor-da temas como as contribuições daNeurociência para a educação, o impac-to de descobertas científicas para apren-dizagem, práticas pedagógicas eficazesno processo de ensino, importância doambiente de estudos para um bom ren-dimento educacional do estudantes,entre outros assuntos.

FFFFFOLHA DIRIGIDOLHA DIRIGIDOLHA DIRIGIDOLHA DIRIGIDOLHA DIRIGIDA — QA — QA — QA — QA — QUUUUUAISAISAISAISAIS ASASASASAS PRINCIPPRINCIPPRINCIPPRINCIPPRINCIPAISAISAISAISAISCONTRIBUIÇÕESCONTRIBUIÇÕESCONTRIBUIÇÕESCONTRIBUIÇÕESCONTRIBUIÇÕES QUEQUEQUEQUEQUE AAAAA NEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIA TEMTEMTEMTEMTEMTRAZIDOTRAZIDOTRAZIDOTRAZIDOTRAZIDO PPPPPARAARAARAARAARA AAAAA EDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃO?????José Zaib Antonio — As descobertas fei-tas pela neurociência trouxeram diver-sas contribuições à área de Educação,especialmente no campo da aprendi-zagem e cognição. As atuais tecnolo-gias que possibilitam conhecer o fun-cionamento do cérebro em atividadepermitiram constatar algumas funçõesrealizadas pelo mesmo que respaldama criação de estratégias que facilitamo processo de aprendizagem tão impor-

tante para a educação.

PPPPPODEODEODEODEODE NOSNOSNOSNOSNOS CITCITCITCITCITARARARARAR ALALALALALGUMASGUMASGUMASGUMASGUMAS DESDESDESDESDESTTTTTASASASASAS CONTRICONTRICONTRICONTRICONTRI-----BUIÇÕESBUIÇÕESBUIÇÕESBUIÇÕESBUIÇÕES?????Para se transformar em aprendizado efe-tivo, a informação precisa criar conexõesentre os neurônios dos diversos loboscerebrais, cada um especializado emfunções específicas. Como bem disse afonoaudióloga e psicopedagoga TelmaPantano, que faz pós-doutorado na áreade Neuropsiquiatria, no Hospital das Clí-nicas da Universidade de São Paulo(USP) e é coautora do livro Neurociên-cia Aplicada à Aprendizagem, as infor-mações com poucas conexões e armaze-nadas em poucos lugares são logo des-cartadas pelo cérebro. Muito emboraalgumas pessoas possam nascer commaior predisposição para aprender edesenvolver determinados tipos de sa-ber, a lição que a neurociência ensinaacerca da memória é que ela se educa coma prática. Ou seja, é preciso usá-la e de-senvolvê-la, porque ela é fundamentalao raciocínio, que depende das informa-ções guardadas no cérebro e das associ-ações feitas com elas. Não é possívelentender de política, por exemplo, se océrebro não tem guardado dentro deledados históricos, econômicos, geográficosetc. Isso significa dizer que, para as neu-rociências, a chave do aprendizado e doconhecimento é o desenvolvimento dasconexões das informações. Quanto maioro número de conexões, maior o apren-dizado. Como exemplo, podemos citarque a “decoreba” não é mesmo a melhorestratégia de aprendizagem. É que elaativa poucas conexões entre os neurônios,e o princípio básico da produção dememória e conhecimento é associativoe distributivo.

QQQQQUEUEUEUEUE PRPRPRPRPROBLEMASOBLEMASOBLEMASOBLEMASOBLEMAS PODEPODEPODEPODEPODE GERARGERARGERARGERARGERAR AAAAA FFFFFALALALALALTTTTTAAAAA DEDEDEDEDEESESESESESTÍMULTÍMULTÍMULTÍMULTÍMULOSOSOSOSOS ADEQUADEQUADEQUADEQUADEQUADOSADOSADOSADOSADOS AAAAAOOOOO DESENVDESENVDESENVDESENVDESENVOLOLOLOLOLVIMENVIMENVIMENVIMENVIMEN-----TOTOTOTOTO DODODODODO CÉREBROCÉREBROCÉREBROCÉREBROCÉREBRO EEEEE DODODODODO RACIOCÍNIORACIOCÍNIORACIOCÍNIORACIOCÍNIORACIOCÍNIO?????Uma criança pouco estimulada à refle-xão pode ter problemas na adolescên-cia, quando o cérebro passa por grandestransformações. Uma delas ocorre nocórtex (camada mais superficial do lobo)parietal, responsável pela sensoriedadecorporal. Como bem diz Telma Panta-no, ‘é nessa fase da vida, compreendidaaproximadamente entre 11 e 20 anos, queessa área do cérebro atinge o ápice doseu amadurecimento. Não é à toa que amaioria dos atletas chega ao auge nesseperíodo’. É, contudo, a transformação queocorre no lobo pré-frontal a responsávelpela maioria das atitudes que os adul-tos classificam como “aborrescentes”.Nessa fase da vida, essa região do cére-bro, ligada à reflexão e ao raciocínioabstrato, passa por um processo de mi-elinização - formação de uma camadade gordura que envolve os axônios e queaumenta a condução dos impulsos elé-tricos do cérebro, tornando o raciocíniomuito mais rápido. Ainda segundo Tel-ma Pantano, ‘essa mudança gera, alémde impulsividade, uma certa sensaçãode onipresença, como se só ele enten-desse o que se passa com ele. Eles que-rem vivenciar tudo, e se não forameducados, quando crianças, para a re-flexão, a possibilidade de fazerembesteira aumenta muito nessa idade,como também observa Telma Panta-no, voltando a bater na tecla da im-portância de ensinar a fazer pergun-tas. Afinal, se não souberem se per-guntar sobre as consequências de seusatos, quais condições terão de refle-tir sobre eles?

OOOOOSSSSS ESTUDOSESTUDOSESTUDOSESTUDOSESTUDOS DADADADADA NEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIANEUROCIÊNCIA JÁJÁJÁJÁJÁ PERMIPERMIPERMIPERMIPERMI-----TEMTEMTEMTEMTEM IDENTIFICARIDENTIFICARIDENTIFICARIDENTIFICARIDENTIFICAR ESESESESESTRATRATRATRATRATÉGIASTÉGIASTÉGIASTÉGIASTÉGIAS PEDPEDPEDPEDPEDAAAAAGÓGICASGÓGICASGÓGICASGÓGICASGÓGICASQUEQUEQUEQUEQUE SEJAMSEJAMSEJAMSEJAMSEJAM MAISMAISMAISMAISMAIS EFICIENTESEFICIENTESEFICIENTESEFICIENTESEFICIENTES? P? P? P? P? PODEODEODEODEODE NOSNOSNOSNOSNOSCITCITCITCITCITARARARARAR ALALALALALGUMASGUMASGUMASGUMASGUMAS EEEEE OOOOO PORQUÊPORQUÊPORQUÊPORQUÊPORQUÊ?????Podemos dizer que a Andragogia no seuconceito e prática é uma excelente estra-tégia pedagógica utilizada para promovera aprendizagem de adultos, pois atravésda utilização de perguntas, relatos de ex-periências, compartilhamento de cases,promove a participação, gerando motiva-ção, já que valoriza o conhecimento exis-tente no indivíduo e estimula a busca denovas informações para ampliar a cons-trução do conhecimento. Naturalmentereforça as sinapses construídas e estimulaa criação de novas. Mais uma vez citan-do Telma Pantano, o cérebro precisa de mo-tivos para desenvolver conexões e associ-ações com as informações que recebe. Porisso, a motivação é ferramenta indispen-sável ao aprendizado. “Boa parte das cri-anças que chegam ao meu consultório comproblemas de aprendizagem não sabesequer por que tem que aprender a ler eescrever. Para eu conseguir que aprendam,tenho que dar a elas motivos convincen-tes, ou seja, criar motivação. Só consigo issose dou à aprendizagem significados quefaçam algum sentido a elas”, disse.

IIIIISTOSTOSTOSTOSTO FUNCIONAFUNCIONAFUNCIONAFUNCIONAFUNCIONA COMCOMCOMCOMCOM QUALQUERQUALQUERQUALQUERQUALQUERQUALQUER CRIANÇACRIANÇACRIANÇACRIANÇACRIANÇA?????Muitas vezes são necessárias motivaçõesespecíficas para cada tipo de criança, jáque nem todas têm as mesmas caracte-rísticas. Isso porque há várias áreas docérebro em funcionamento - as respon-sáveis pela parte cognitiva, física, mo-tora, das relações interpessoais etc. - ecada criança traz consigo aptidões pró-prias, muito embora todas elas possamser desenvolvidas com a educação. Comotambém explica Telma Pantano, “o fatoé que as neurociências já constataram quenão existe ninguém superdotado emtudo. Uma criança pode não ir tão bemna aprendizagem formal, mas pode serótima nas relações interpessoais e vice-versa. É claro que as motivações dessascrianças com aptidões distintas podemser bastante diferentes uma da outra.” Emotivar, na avaliação dela, precisa ser umponto mais forte nas escolas, de formageral. Telma considera necessário ummaior estímulo à curiosidade. “A curio-sidade é um dos fundamentos da inte-ligência. Seu papel é preponderante nãosó porque instaura o interesse e a moti-vação, mas também porque prepara o cé-rebro para o raciocínio e para receber ainformação que dará as respostas àque-la curiosidade”, explicou. Ela sugere,inclusive, que as escolas não se atenhamapenas a ensinar o aluno a dar respos-tas, mas também a fazer perguntas, arefletir sobre o que gostaria de saber esobre as consequências de suas atitudes.

CCCCCOMOOMOOMOOMOOMO DEVEDEVEDEVEDEVEDEVE OCORREROCORREROCORREROCORREROCORRER ESTEESTEESTEESTEESTE PROCESSOPROCESSOPROCESSOPROCESSOPROCESSO DEDEDEDEDEESTÍMULOESTÍMULOESTÍMULOESTÍMULOESTÍMULO ÀÀÀÀÀ MEMÓRIAMEMÓRIAMEMÓRIAMEMÓRIAMEMÓRIA?????Pesquisas efetuadas nesse sentido levamem conta a natureza plástica do cérebro.A plasticidade cerebral é a capacidadeadaptativa do Sistema Nervoso Central,a habilidade que o cérebro tem de reor-ganizar seus circuitos neurais de modoque grupos de neurônios assumam asfunções de outros que perderam sua ca-pacidade funcional, por qualquer razão(lesões, por exemplo), restabelecendoredes neurais. E isso acontece ao longoda existência humana. As sinapses, liga-ções entre os neurônios, são alteradascom o aprendizado. Novas sinapses sãoformadas e antigas são fortalecidas, é achamada plasticidade sináptica, ocorren-

do em praticamente todas as regiões ce-rebrais, a cada nova experiência do su-jeito. Isso torna possível variadas possi-bilidades de respostas ao meio que o cir-cunda. Posto isto, procedimentos peda-gógicos atentos a tais fenômenos intrín-secos à natureza do órgão estarão alinha-dos às sugestões da ciência. Como exem-plos, podemos citar recomendações aosmestres para que trabalhem com exigên-cias que motivem o uso da memória comestratégias coerentes.

CCCCCIENTISIENTISIENTISIENTISIENTISTTTTTASASASASAS JÁJÁJÁJÁJÁ CONSCONSCONSCONSCONSTTTTTAAAAATTTTTARAMARAMARAMARAMARAM QUEQUEQUEQUEQUE AAAAA PRÁTICAPRÁTICAPRÁTICAPRÁTICAPRÁTICACONTRIBUICONTRIBUICONTRIBUICONTRIBUICONTRIBUI DEDEDEDEDE FFFFFORMAORMAORMAORMAORMA DECISIVDECISIVDECISIVDECISIVDECISIVAAAAA PPPPPARAARAARAARAARA AAAAAAPRENDIZAGEMAPRENDIZAGEMAPRENDIZAGEMAPRENDIZAGEMAPRENDIZAGEM? À ? À ? À ? À ? À LUZLUZLUZLUZLUZ DODODODODO FUNCIONAMENFUNCIONAMENFUNCIONAMENFUNCIONAMENFUNCIONAMEN-----TOTOTOTOTO DASDASDASDASDAS ESTRUTURASESTRUTURASESTRUTURASESTRUTURASESTRUTURAS CEREBRAISCEREBRAISCEREBRAISCEREBRAISCEREBRAIS, , , , , QUALQUALQUALQUALQUAL AAAAAEXPLICAÇÃOEXPLICAÇÃOEXPLICAÇÃOEXPLICAÇÃOEXPLICAÇÃO PPPPPARAARAARAARAARA ISISISISISTTTTTOOOOO?????Sim é correta a afirmação de que “se euouço eu lembro, se eu vejo eu sei, dei-xe-me fazer e eu aprendo”. Nada substi-tui a prática. Estamos falando aqui dememória. O processo é complexo e en-volve sofisticadas reações eletroquími-cas no interior da rede neural. Neurôni-os conectam-se a neurônios liberandoneurotransmissores nas sinapses, que sãoos espaços onde ocorrem as interligações.As memórias são construídas a partir deestímulos sensoriais e, num processo deassociação, armazenada para recupera-ção futura. Ocorre que, cada um dos sen-tidos, estimula sua rede neural para for-mar a memória do evento, desse modo,quanto mais estímulos, melhor e maisforte fica a rede neural envolvida noaprendizado. Portanto, sugere-se que,para melhor retenção estimule-se omaior número de sentidos em dado con-texto, e também o córtex sensório-mo-tor, com atividades que envolvam ocorpo, de alguma forma. Escrever, pin-tar, desenhar, usar lápis, caneta e papel,e dinâmicas de movimento, por exem-plo, atende ao proposto. A prática nadamais é do que a experimentação de es-tratégias que quando realizadas criamsinapses, que quando repetidas, refor-çam a aprendizagem.

PPPPPOROROROROR QUEQUEQUEQUEQUE?????O cérebro de quem pratica atividadefísica regularmente funciona melhor.Os atletas e os profissionais de educa-ção física dizem isso há muito tempo.Pela primeira vez, porém, os cientis-tas conseguiram reunir um conjunto deevidências para sustentar a afirmaçãoque antes parecia ser apenas um recursopara manter os alunos estimulados.Com a ajuda de imagens de ressonân-cia magnética, os pesquisadores con-seguiram determinar o que acontece nocérebro de quem malha. Concluíramque fazer exercício uma hora por dia,pelo menos três vezes por semana,estimula a produção de neurônios efavorece a aprendizagem. Em outraspalavras: quem se exercita fica maisesperto. Cientistas da UniversidadeColúmbia e do Instituto de PesquisasSalk, nos Estados Unidos, submeteramum grupo de voluntários a essa rotinade malhação durante três meses. Con-cluíram que a prática dobrou o fluxode sangue no cérebro e provocou onascimento de novas células no hipo-campo, a área relacionada com a me-mória e com a capacidade de aprendi-zagem. Ganhar neurônios não neces-sariamente significa um acréscimo deinteligência. O alargamento do hipo-campo aumenta a capacidade de assi-milar informações. Para que essa van-tagem seja transformada em conheci-mento intelectual, é preciso estudar.

José Zaib Antoniodestacou o papeldo professor paraum ambiente deestudo propício aestimular aaprendizagem

A Neurociência como aliada do ensinoPresidente do Instituto de Neurociências e Psicologia Aplicada (Inep) e da Escola Brasileira de Coaching

Educacional (EBCE), o professor José Zaib Antonio apresenta alguns dos diversos avanços que as descobertasrelacionadas ao funcionamento do cérebro têm trazido para o processo de ensino/aprendizagem

“O cérebro de quempratica atividade física

regularmentefunciona melhor. Os

atletas e osprofissionais de

educação física dizemisso há muito tempo.

Pela primeira vez,porém, os cientistasconseguiram reunir

um conjunto deevidências para

sustentar a afirmaçãoque antes parecia serapenas um recurso

para manter os alunosestimulados.

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MMMMMUITUITUITUITUITASASASASAS VEZESVEZESVEZESVEZESVEZES, , , , , HÁHÁHÁHÁHÁ UMAUMAUMAUMAUMA GRANDEGRANDEGRANDEGRANDEGRANDE PREOCUPREOCUPREOCUPREOCUPREOCU-----PPPPPAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO COMCOMCOMCOMCOM OOOOO CURRÍCULCURRÍCULCURRÍCULCURRÍCULCURRÍCULOOOOO, , , , , OUOUOUOUOU SEJSEJSEJSEJSEJAAAAA, , , , , AAAAA QUQUQUQUQUANANANANAN-----TIDADETIDADETIDADETIDADETIDADE DEDEDEDEDE CONTEÚDOSCONTEÚDOSCONTEÚDOSCONTEÚDOSCONTEÚDOS AAAAA SEREMSEREMSEREMSEREMSEREM ENSINAENSINAENSINAENSINAENSINA-----DOSDOSDOSDOSDOS AAAAAOSOSOSOSOS ESESESESESTUDTUDTUDTUDTUDANTESANTESANTESANTESANTES. D. D. D. D. DEVERIAEVERIAEVERIAEVERIAEVERIA HAHAHAHAHAVERVERVERVERVER UMAUMAUMAUMAUMAPREOCUPPREOCUPPREOCUPPREOCUPPREOCUPAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO MAIORMAIORMAIORMAIORMAIOR, , , , , TTTTTAMBÉMAMBÉMAMBÉMAMBÉMAMBÉM, , , , , COMCOMCOMCOMCOM AAAAAFORMAFORMAFORMAFORMAFORMA COMOCOMOCOMOCOMOCOMO ESSEESSEESSEESSEESSE CONTEÚDOCONTEÚDOCONTEÚDOCONTEÚDOCONTEÚDO ÉÉÉÉÉ ENSINAENSINAENSINAENSINAENSINA-----DODODODODO? O ? O ? O ? O ? O QUEQUEQUEQUEQUE OSOSOSOSOS ESTUDOSESTUDOSESTUDOSESTUDOSESTUDOS CIENTÍFICOSCIENTÍFICOSCIENTÍFICOSCIENTÍFICOSCIENTÍFICOS EMEMEMEMEMEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃOEDUCAÇÃO JÁJÁJÁJÁJÁ DESCOBRIRAMDESCOBRIRAMDESCOBRIRAMDESCOBRIRAMDESCOBRIRAM, , , , , PORPORPORPORPOR EXEMEXEMEXEMEXEMEXEM-----PLOPLOPLOPLOPLO, , , , , AAAAA RESPEITORESPEITORESPEITORESPEITORESPEITO DODODODODO AMBIENTEAMBIENTEAMBIENTEAMBIENTEAMBIENTE FÍSICOFÍSICOFÍSICOFÍSICOFÍSICO MAISMAISMAISMAISMAISADEQUADEQUADEQUADEQUADEQUADOADOADOADOADO PPPPPARAARAARAARAARA SESESESESE ENSINARENSINARENSINARENSINARENSINAR.....Os tempos mudam, e as novas geraçõesclamam por formatos diferentes de ensi-no devido à peculiaridade do contextosocial e das exigências ambientais. Semdúvida alguma o ambiente físico guardagrande proporção dentro do processo en-sino-aprendizagem. Ambientes estimulan-tes, saudáveis, onde o bom humor estásempre presente, proporcionam o envol-vimento dos estudantes nas atividadesescolares fazendo-os perceberem que sãoagentes ativos no processo e não meramen-te espectadores. O bom estado de humorparticipa como um possível estimuladorda compreensão de temas áridos no dia adia da escola. O papel do professor é de-terminante na configuração de um ambi-ente que propicie o clima de bem-estar,alegria e motivação para a aprendizagem.A sala de aula que faça uso do humor, longede críticas e preconceitos, para suscitar es-tados positivos nos aprendizes, Ativará oSistema de Recompensa e estará se valen-do de uma técnica de ensino capaz de gerarmotivação para que a aprendizagem ocorracom foco, atenção, e memória.

“Embora algumaspessoas possam nascer

com maior predisposiçãopara aprender e

desenvolverdeterminados tipos desaber, a lição que aneurociência ensina

acerca da memória é queela se educa com a

prática. Ou seja, é precisousá-la e desenvolvê-la,

porque ela é fundamentalao raciocínio, que

depende das informaçõesguardadas no cérebro edas associações feitas

com elas.

AG

ABRIEL SALLES

Suplemento de Educação16Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Violência escolar: ‘vale-tudo’ na educaçãoPesquisas mostram que a violência no ambiente escolar é um problema que atinge em cheio os

professores, seja da rede pública ou particular, por meio de casos de desrespeito que se multiplicam e sematerializam em histórias dramáticas. Omissão dos gestores e falta de investimentos agravam quadro

Fonte: Pesquisa Violência nas Escolas o olhar dos professores (Apeoesp)

5

5

5

6

10

39

Furto

Discriminação

Agressão física

Bullying

Assédio moral

Agressão verbal

Casos de agressão mais relatados por professores (%)

A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS EM NÚMEROS

Fonte: Pesquisa Violência nas Escolas o olhar dos professores (Apeoesp)

24

44

65

29

47

55

Fundamental I Fundamental II Médio

Vítimas de agressão, por sexo e segmento (%)

homens Mulheres

LÍVIA [email protected]

sala de aula, que era para serum ambiente de estudo, emmuitos casos se assemelhaa um ringue. Esse é o re-trato das escolas brasilei-ras onde a violência con-tra professores faz parte

do cotidiano. Os docentes são, em mui-tos casos, as vítimas e os estudantesos agressores.

Segundo pesquisa divulgada peloSindicato dos Professores do EnsinoOficial de São Paulo (Apeoesp) emmaio deste ano, 44% dos professoresda rede estadual paulista já sofreramalgum tipo de violência na escola. Aagressão verbal é a forma mais comumde ataque, tendo atingido 39% dosdocentes, seguida de assédio moral(10%), bullying (6%) e agressão físi-ca (5%). O estudo mostra ainda quequem mais sofre violência escolar sãoos professores do sexo masculino quelecionam no ensino médio: 65% de-les foram agredidos de alguma forma.

“Os professores são mais direta econstantemente atingidos porque li-dam mais tempo com os estudantesnas salas de aula, mas há muitos ca-sos de agressões contra diretores, fun-cionários e outros profissionais. É pre-ciso dizer também que os estudantestambém são atingidos por colegas”,afirmou a presidente da Apeoesp, MariaIzabel Azevedo Noronha.

Segundo dados, quatro entre dez pro-fessores já vivenciaram algum tipo deviolência dentro da unidade escolar.Muitas vezes estes profissionais solici-tam licenças médicas, transferência paraoutras unidades escolares ou abandonama profissão. Este tipo de situação provo-ca insegurança em todo o corpo docen-te e na comunidade escolar, resultandoem um ambiente propício a mais ocor-rências violentas, ocasionando em pre-juízos ao processo educativo.

“Na pesquisa, os professores consi-deram que os alunos são os principaisautores, mas também as principais ví-timas da violência nas escolas. Todo oambiente escolar é atingido pelas si-tuações de violência. No momento, es-tamos desenvolvendo mais três pesqui-sas. Duas sobre violência (o olhar dospais e os olhar dos estudantes) e outrasobre qualidade do ensino”, explicoua presidente da Apeoesp.

Os professores e pesquisadores na áreasão unânimes em afirmar que o cerneda indisciplina está na falta de educa-ção em casa, prejudicando o processoensino-aprendizagem. O estudante nãoassimila regras básicas de convivênciasocial, acha que tudo é permitido, in-viabilizando a aula. Os pais ou respon-sáveis transferem à escola o papel deeducar seus filhos, não apenas no quese refere à transmissão do conhecimento.“Os professores apontaram na pesqui-sa que consideram as indisciplinas dosalunos, a falta de respeito, a desvalori-zação da sua própria profissão, a faltade interesse dos alunos pelos estudos,presença de drogas e álcool e a falta departicipação da família, entre outros,também como formas de violência”, ex-plicou Maria Izabel Azevedo.

A pesquisa concluiu que a solução parao problema da violência nas escolasenvolve uma aliança estratégica entreprofessores, pais, estudantes, o poderpúblico e a sociedade. E que é precisodesenvolver dentro de cada escola pro-jetos de esclarecimento, prevenção ecombate à violência, mas que para te-rem sucesso precisam do apoio das fa-mílias e da comunidade.

Desvalorização da carreirado professor agrava o quadroJá no Grande Rio, uma pesquisa rea-

lizada em 65 escolas públicas e parti-culares, sendo 13 do Rio de Janeiro, 43de Niterói, sete de São Gonçalo e duasde Itaboraí, por 150 alunos da Facul-dade de Educação da Universidade Fe-deral Fluminense (UFF) e coordenadapela professora Marília Etienne Arre-guy, revela também dados alarmantes:68% das instituições analisadas apre-sentam alguma forma de violência e85% não têm psicólogos. Maus-tratos,

brigas entre colegas e conflitos comprofessores foram as ocorrências maiscomuns. O estudo “Relações entre Psi-cologia e Educação- mapeamento daspráticas” foi desenvolvido entre 2010e o final de 2011.

“A principal forma de violência é afalta de reconhecimento. Tendemos apensá-la, em geral, como um fator con-creto e visível, mas há outras formas, aprincípio invisíveis, porém muito maisgraves. A pior forma de violência estáligada à manutenção de um estado das‘coisas como elas são’, como se não fossepossível mudar, melhorar e criar novassociabilidades”, afirma Marília Etien-ne Arreguy, enfatizando a violência sim-bólica, acerca das diferenças entre clas-ses sociais, a que estão expostos os pro-fessores. “É necessário observar, portanto,as formas silenciosas e instituídas daviolência na nossa sociedade, que hi-pervaloriza aspectos estéticos e finan-ceiros de uma minoria de ricos reuni-dos numa ilha (de caras) e que atribuisalários sem o mínimo parâmetro deequivalência entre diferentes profissões(ex.: modelos, jogadores de futebol, ju-diciários X professores, empregados as-salariados, profissionais de limpeza,etc.), estabelecendo uma diferença abis-sal entre pessoas, como se uns fossemintrinsecamente melhores que os ou-tros. Todas as profissões são importan-tes. A educação é o que funda toda cul-tura”, afirmou.

Segundo a pesquisadora, cada vez maiso professor é desvalorizado, e isso ine-vitavelmente é refletido em sala de aula.Para ela, o problema da falta de autori-dade dos educadores está ligado à deca-dência do modelo tradicional de ordeme autoridade, que foi abalado nas últi-mas décadas. “Quando o professor nãosabe mais ao certo qual é o seu poder,os alunos percebem. Diante da falta deidentificação com uma figura que deve-ria ser um modelo, ademais, ao seremsubmetidos a uma figura falha e comautoestima em baixa, as crianças e jovensse ressentem e podem “atacar’ seu pro-fessores, verbal e fisicamente, afora odesprezo e desinteresse em suas aulas,o que é muito pior”, explicou.

Falta de profissionaisde apoio dificulta soluçãoDe acordo com Marília Arreguy, a pes-

quisa mostra que há diferenças nas for-mas relatadas de violência quando secomparam instituições federais, esta-duais e municipais, havendo mais pre-cariedades, em geral, nas duas últimas,o que gera mais situações objetivas deviolência. “Muitos professores parecemter medo de falar sobre (os casos de vi-olência que sofrem), por receio de per-derem seus contratos ‘precários’ quandonão são concursados. Atualmente, es-tamos avaliando a presença ou não depoliciais militares nas escolas e a opi-nião dos professores é muito díspar emrelação a isso. Ainda pretendemos es-tudar mais esse fenômeno antes dedivulgar dados”, disse.

A pesquisadora lamentou a ausênciade profissionais de psicologia e de as-sistência social dentro das escolas, so-bretudo nas públicas, e concluiu que aviolência crescente nessas instituições deensino é acentuada pela falta de apoioaos alunos, na sua maioria, pobres.

“O que vimos como um fator muitoamplo (e sinal de uma violência objeti-va do sistema contra o ensino), no estu-do divulgado em 2012, foi a escassez,senão absoluta ausência de psicólogose assistentes sociais nas escolas públi-cas, o que é muito grave, quando se tra-ta de uma cultura tão empobrecida e,diríamos, do ponto de vista psicológi-co, machucada e humilhada como é anossa. O descaso com a pobreza e osgraves desníveis sociais que estrutura-ram desde sempre a sociedade brasileiraproduzem marcas profundas nos sujei-tos, sendo fonte de sofrimento, confli-to e atuação agressiva nas crianças, prin-cipalmente, dos adolescentes, que pas-sam a ser um sintoma encarnado de umadoença social muito maior. A figura dedestino dessa revolta, muitas vezes, éo professor, que está na linha de frenteda educação, já que muitos pais, atual-mente, não têm tempo para dar aten-ção aos seus filhos”, afirmou.

Segundo Marilia Etienne, muitos têmmedo de relatar agressões que sofreram

Maria Isabel: muitos professores entramde licença médica por causa da violência

GABRIEL SALLES

DIVU

LGAÇÃO

Professores relatam histórias dramáticasJá virou rotina a violência contra pro-

fessores, mas muitos dos casos não sãoregistrados. Professora das escolas mu-nicipais Olegário Mariano e RobertoSilveira, Valquíria Cordeiro conta quenos primeiros anos de magistério en-frentou uma série de pequenas agres-sões por parte dos alunos.

“Um dos casos de agressão que sofri,sendo este moral, foi por parte um gru-po de alunos do 7º ano do ensino fun-damental. A situação aconteceu apósuma guerra de bolinhas de papel, boaparte direcionada a minha pessoa. En-tão, resolvi dar aula em voz baixa, fa-zendo com que um grupo pequeno che-gasse mais próximo para ouvir. Os alu-nos que fizeram a agressão com boli-nhas ficaram em silêncio por um tem-po, mas depois voltaram a dificultar aaula. Ao fim do dia fui convidada acomparecer a direção da escola paraesclarecer um vídeo que os alunos fi-zeram, no qual eles me denunciavampor não dar aula. A reação da direçãofoi chamar os pais e destruir o vídeo,alegando que a ação das crianças era cri-me”, afirmou, acrescentando que esco-la era de classe média alta na BaixadaFluminense. E relata outro problema deagressão verbal, que aconteceu numaescola da rede estadual do Rio.

“Um aluno do 9º ano do ensino fun-damental, após ser chamado a atençãopelo comportamento inadequado emsala, sentou–se e começou a dizer coi-sas do tipo: ‘depois acorda com boca cheiade formigas e não sabe por quê!’, entreoutras frases de ameaças, faladas demaneira não direta’”, explicou. Segun-do Valquíria, a situação de agressão di-reta e indireta é constante dentro dassalas de aula, por alunos de várias fai-xas de idade. Ela afirma já ter sido acu-sada de agressão por um aluno de 6 anos,que cursava o 1º ano do ensino funda-mental. “Ele alegou que por desobedi-ência às minhas ordens, eu o peguei pelacamisa e o obriguei a entrar na fila comas demais crianças. Mas que depois deter visto o rasgo na camisa eu mandeique ele mesmo costurasse”, afirmou,explicando que não encostou na crian-ça e que ele estava se arrastando no chão.

“Ele criou toda uma história, que a mãeacreditou, para se livrar de algo que eletinha feito”, finalizou.

A professora Julia Lopes também re-latou um caso de violência sofrido porela durante a aplicação de uma provana rede pública. “Os alunos estavam fa-lando e eu pedindo para que não falas-sem. Um aluno então comentou a res-posta de uma das questões e eu tirei aprova dele. Nesse momento ele retru-cou que outras pessoas também esta-vam falando e proferiu um palavrãocontra a minha pessoa. O encaminheipara a direção da escola”, afirmou. Aprofessora conta que depois disso, doisalunos começaram a falar e atrapalhara prova, e ela pediu que se calassem.

“Esses mesmos alunos começaram aprovocar uma aluna da sala dizendo quea matariam e jogariam para os cães co-merem, em tom de brincadeira, mas éóbvio que isso não é brincadeira que se

faça. Pedi repetidas vezes que parasseme dessem o direito dos demais concluí-rem as suas avaliações”, diz a professo-ra, lembrando que, em seguida, come-çou a chorar por ser xingada.

“Então um dos meninos começou a rire a dizer que eu gostava de sofrer, euestava feliz em passar por aquilo porqueeu era professora deles. ‘Ela está gostandodisso’, ‘Ela gosta de sofrer’, ‘Vai dar aulaem outra escola, porque aqui a senhoravai ser tratada assim’”, explicou. JúliaLopes conta que após duas semanas, amãe do aluno veio falar com ela e disseque o filho não era assim, que ele setornou uma pessoa agressiva para sedefender das agressões dos colegas. “Eume senti humilhada por um rapaz de 14anos, enquanto estava tentando ensinar.A sensação que fica é de que é difícilseguir adiante. O aluno que me humi-lhou foi transferido de turma e o outrosaiu da escola”, concluiu.

ProfessoraValquírialembra comtristeza dosdias em quesofreu com odesrespeitopor parte deestudantes

ARQUIVO

PESSOAL

A

Suplemento de Educação18Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Para a advogada e pesquisadora Lidia Galindo, o preconceito e a intolerância estão no âmago das práticas de assédio moral nas instituições de ensino

DIVU

LGAÇÃO

FOLHA LADO — A SENHORA ES-CREVEU, EM 2006, O ESTUDO “AS-SÉDIO MORAL NAS INSTITUIÇÕESDE ENSINO”. COMO SURGIU A MO-TIVAÇÃO PARA REALIZAR ESTAPESQUISA?lado Pereira Gallindo — Ao lon-go da minha caminhada de escutano consultório como psicóloga eno convívio entre amigos e fami-liares, ouvi histórias carregadasde sofrimento que remontam aacontecimentos na fase escolar.Histórias com viés muito seme-lhantes e que chamam a atençãopor sua reprodução, passível deser constatada geração após ge-ração, e em muito se assemelhan-do a um traço cultural. Nos anosnoventa amadureci o desejo detornar público o quanto os abu-sos e agressões ocorridas nas ins-tituições de ensino são respon-sáveis por traumas e angústiassignificativas, repercutindo navida emocional, social e econô-mica das vítimas, muitas vezespor toda a vida. O caminho quevisualizei para auxiliar nesse pro-pósito foi o curso de Direito queconcluí em meados de 2007 coma apresentação do trabalho deconclusão de curso, em outubrode 2006, sob o título “AssédioMoral nas Instituições de Ensino”publicado em 2009 Revista Ci-ência Jurídica, Ano XXIII, Núme-ro 149, Set/Out de 2009, p.163-256. Edições Ciência Jurídica:Belo Horizonte, MG. Recordo-medo sentimento de estranheza jun-to aos colegas e docentes quan-do revelei que queria pesquisaro tema assédio moral nas insti-tuições de ensino.

POR QUE A SENHORA ACREDITAQUE HOUVE ESTE ESTRANHAMEN-TO?Alguns ouviram de forma des-confiada, deduzindo erronea-mente que a intenção vincula-va-se a uma atitude de protes-to pelo protesto e no bojo umapitada de crítica aos professo-res, coordenadores e demaispessoas envolvidas no proces-so educacional. Causou-me es-tranheza a estranheza suscitadapelo tema. Até então, eu nãotinha noção que se tratava de umtema pouco estudado, o queficou claro quando iniciei a bus-ca por literatura sobre o assédiomoral. Recordei-me então deum encontro que ocorreu emuma sala de espera de um hos-

pital na cidade de São Paulo.Sentei-me ao lado de uma se-nhora que estudava sua disser-tação de mestrado e que iriadefendê-la nos dias seguintes,em maio de 2000, sob o título“Uma Jornada de Humilhações”,publicada em 2001: “Violência,Saúde e Trabalho - Uma jorna-da de humilhações”. Este encon-tro marcou-me pelo fato de terme deparado com uma pessoacapaz de dialogar com intimi-dade sobre o assédio moral epelo incentivo para continuarcom o meu projeto. Naquelemomento eu tive plena convic-ção que estava diante de maisuma estudiosa sobre o assédiomoral. Tempos depois fui per-ceber que o destino me presen-teara quando reservou um lugarao lado daquela que viria a sera expoente do assédio moral noBrasil e por quem guardo sin-gular apreço: a doutora Marga-rida Barreto. Durante o meuprocesso de pesquisa, ficou ní-tido que era preciso fazer do tra-balho de conclusão de curso uminstrumento para divulgar o as-sédio moral nas instituições deensino. Era preciso esclarecer eafirmar que ele existe, é real, nãoé uma brincadeira e não faz partede um comportamento sadio.Pode-se dizer que o final do sé-culo XX revelou o tema do as-sédio moral, iniciando-se peloambiente laboral e em seguidaàs outras instituições.

DE QUE FORMA O ASSÉDIO MORALPODE INTERFERIR NO TRABALHOPEDAGÓGICO E NA QUALIDADE DEVIDA DOS PROFESSORES?Respondo com o exemplo. Cer-ta vez, acompanhei uma profes-sora depois de um pedido de aju-da, após um encontro com pro-fessores onde discutimos o temado bullying. Ela me relatou a suaangústia diante de uma determi-nada classe: a 6ª série. Seus alu-nos tinham entre 12 e 15 anos.No dia da aula ela sentia enjoos,vomitava, sentia muito medo epor vezes saia correndo para suacasa deixando a classe abando-nada. Classe sem professor, tra-balho pedagógico não realizado.A vida para essa professora pare-cia não fazer mais sentido den-tro e fora da escola ao se sentirum quase nada e experimentar oque denominava pânico e triste-za profunda.

O ASSÉDIO MORAL É CRIME? SEFOR, É UM CRIME DIFÍCIL DE SERTIPIFICADO?O Código Penal Brasileiro no seuartigo 1º. Inciso XXXIX estabele-ce que não há crime sem lei an-terior que o defina, nem pena semprévia cominação legal. De cer-to o assédio moral/bullying nãoé um tipo penal, entretanto ascondutas que o caracterizam sãotipificadas no Código Penal Bra-sileiro como por exemplo, Maus-tratos (Art. 136); Calúnia (Art.138); Difamação (Art. 139); In-júria (Art. 140); Constrangimentoilegal (Art. 146); Ameaça (Art.147); Divulgação de segredo (Art.153); Furto (Art. 155); Extorsão(Art. 158) e Dano (Art. 163). Ascondutas do assédio moral/bullying estão tipificadas noCódigo Penal e, portanto, estamosdiante de condutas criminosas.

SE UM PROFESSOR QUISER LE-VAR À JUSTIÇA A DENÚNCIA DE UMASSÉDIO MORAL QUE TENHA SO-FRIDO, O QUE ELE PRECISA FA-ZER? QUE TIPO DE PROVAS É IM-PORTANTE QUE ELE PROCUREREUNIR?Ele precisa colecionar todos os ti-pos de provas possíveis para de-monstrar o alegado, como porexemplo, atestados médicos,advertências de superiores, mu-dança de função, carga horária,testemunhas, vídeos produzidospor câmara de segurança, bilhe-tes ou cartas ameaçadoras, men-sagens eletrônicas, interações emredes sociais e outros. A prova nomundo jurídico é de importân-cia fundamental e sem ela a pos-tulação pode ser inócua.

A SENHORA TAMBÉM FALA DO AS-SÉDIO MORAL ENTRE ESTUDAN-TES. DE QUE FORMA ELE OCOR-RE?As três caracterizações têm o ob-jetivo de ressaltar a complexida-de do fenômeno. O fator comumentre todas as manifestações éque o assédio está vinculado auma percepção de força e poderdo assediador/ofensor sobre oassediado/vítima. As formascomo ocorre o assédio se multi-plicam e se recriam com criativi-dade e velocidade tais que nosdeixam atônitos.

A SUA PESQUISA FOI FEITA NOINÍCIO DA DÉCADA PASSADA. DES-DE ENTÃO, CONSEGUE OBSERVARALGUMA MELHORIA NO QUADRO

DO ASSÉDIO MORAL NAS ESCO-LAS? OU OS PROFESSORES ES-TÃO AINDA MAIS EXPOSTOS? HOU-VE ALGUMA NOVIDADE DE LÁ PRACÁ?É importante conhecer para diag-nosticar e tratar o assédio moral.Nesse sentido, a produção literá-ria e legislativa foram fundamen-

tais para o processo de conscienti-zação, prevenção e combate ao as-sédio moral nas instituições deensino. São inúmeros os projetosnesse sentido. As escolas estãomuito mais atentas e com progra-mas que envolvem não só os alu-nos mais também os pais. Temosos tribunais julgando casos de as-sédio moral/bullying, condenan-do escolas e alunos e pais de alu-nos. No meu blog, encontram-sealguns julgados. No meu trabalhode conclusão do 4º Curso de Es-pecialização em Direito Público naEscola Superior do Ministério Pú-blico de São Paulo sob o título“Bullying - Sedimentação do Fenô-meno Social e Análise Crítica Fren-te ao Direito” (2011) eu faço umretrospecto do assédio moral nasinstituições de ensino/bullying.

QUAL O BALANÇO QUE A SENHO-RA FAZ, NESTA RETROSPECTIVA?Por exemplo, em 2002, HenriqueCarivaldo de Miranda Neto de-fendeu sua Dissertação de Mes-trado na Unit – Centro Universi-tário do Triângulo, Uberlândia,em Minas Gerais, sob o título“Assédio Moral: Constrangimentoe Humilhação em Instituições deEnsino Superior”; em 2004, cri-ação do projeto bullying pela CiaAtores de Mar; em 2006, visan-do à conclusão do curso de Di-reito produzimos a monografiasob o título “Assédio Moral nasInstituições de Ensino”. A partirde 2008 observamos um aumen-to significativo de publicações eproduções legislativas. Em 2009,foi realizada pela Fundação Ins-tituto de Pesquisas Econômicas(Fipe), em convênio com o Ins-tituto Nacional de Estudos e Pes-quisas Educacionais Anísio Tei-xeira (Inep/MEC), pesquisa sobrepreconceito e discriminação emcontexto escolar. “A pesquisaabrangeu 18.599 respondentesem 501 escolas de 27 Estados, in-cluindo estudantes, professores,diretores, demais profissionais deeducação e pais ou responsáveis”.Também em 2009, foi realizadoo Simpósio da Comissão do Jo-vem Advogado da OAB/SP, Co-ordenadoria de Direito Educaci-onal, que abordou o tema do as-sédio moral nas instituições deensino. Em outubro de 2009, oMinistério Público do Estado doMato Grosso realizou audiênciapública para discutir a questão dobullying nos estabelecimentos deensino devido às constantes re-clamações sobre atos de violên-

cia física e psicológica praticadospelos próprios alunos nas esco-las municipais e por ter sido pro-curado por diversas mães para re-clamar que seus filhos vêm so-frendo atos de violência (física epsicológica) por parte de outroscolegas e que as escolas não es-tão adotando as providênciasnecessárias para combater o pro-blema. Em 2010 foi publicadopela Casa do Psicólogo o livro“Bullying – razão instrumental epreconceito” escrito por DeborahChristina Antunes, uma obra in-dispensável para quem se dedi-ca ao tema do assédio moral nasinstituições de ensino. Em 2012,demonstrei no meu trabalho deconclusão de Master in BusinessAdministration em Gestão e Di-reito Educacional pela EscolaPaulista de Direito (EPD), sob otítulo “O Gestor e o Direito Edu-cacional Frente ao Bullying”, quea produção legislativa sobre obullying que se iniciou em 2008com a lei do Município de JoãoPessoa, na Paraíba. Em 2009 fo-ram produzidas 13 leis, em 2010,33 leis e em 2011, 19 leis. A pro-dução legislativa de 2010 para2011 diminuiu, mas ainda assimé maior do que nos anos de 2008e 2009.

QUE AÇÕES O PODER PÚBLICO OUOUTRAS INSTITUIÇÕES DA SOCIE-DADE PODERIAM COLOCAR EMPRÁTICA PARA O COMBATE AOASSÉDIO MORAL NAS INSTITUI-ÇÕES DE ENSINO?Se por um lado temos a inicia-tiva de criminalizar o bullying,por outro é louvável a criaçãode leis que têm como objetivoa conscientização, a prevençãoe o combate ao assédio moral/bullying lançando mão dosmétodos alternativos de solu-ção de conflitos. Isso demons-tra que, de certa forma, a socie-dade anseia e tem esperançaque seja possível educar o indi-víduo para que ele exerça a suacidadania plena e que cultiveuma sociedade fundamentadano diálogo, na tolerância e naconvivência pacífica. Eu pensoque o exemplo é a melhor ma-neira de se educar, e nesse sen-tido, não há melhor ação por par-te do poder público, das insti-tuições de ensino, das comuni-dades e da família de serem mo-delos positivos. É preciso ter emmente que o preconceito e a in-tolerância estão no âmago daspráticas de assédio moral.

“Se por um ladotemos a iniciativade criminalizar obullying, poroutro é louvável acriação de leisque têm comoobjetivo aconscientização,a prevenção e ocombate aoassédio moral/bullyinglançando mãodos métodosalternativos desolução deconflitos. Issodemonstra que,de certa forma, asociedade anseiae tem esperançaque seja possíveleducar oindivíduo paraque ele exerça asua cidadaniaplena e quecultive umasociedadefundamentada nodiálogo”

Assédio moral: um drama silenciosoA advogada Lidia Pereira Gallindo, que também é psicóloga, apresenta, nesta entrevista, as

principais formas de promoção do assédio moral nas instituições educacionais e como o professor podedefender-se delas, principalmente, por meio da Justiça. Para ela, é preciso fortalecer cultura de paz

VINÍCIUS CORRÊ[email protected]

“““““CerCerCerCerCerta vta vta vta vta vez, acomez, acomez, acomez, acomez, acompanhei uma prpanhei uma prpanhei uma prpanhei uma prpanhei uma profofofofofessora depois de um pedido de ajuda, após um encontressora depois de um pedido de ajuda, após um encontressora depois de um pedido de ajuda, após um encontressora depois de um pedido de ajuda, após um encontressora depois de um pedido de ajuda, após um encontrooooocom professores onde discutimos o tema do bullying. Ela me relatou a sua angústia diantecom professores onde discutimos o tema do bullying. Ela me relatou a sua angústia diantecom professores onde discutimos o tema do bullying. Ela me relatou a sua angústia diantecom professores onde discutimos o tema do bullying. Ela me relatou a sua angústia diantecom professores onde discutimos o tema do bullying. Ela me relatou a sua angústia diantede uma determinada classe: a 6ª série. Seus alunos tinham entre 12 e 15 anos. No dia dade uma determinada classe: a 6ª série. Seus alunos tinham entre 12 e 15 anos. No dia dade uma determinada classe: a 6ª série. Seus alunos tinham entre 12 e 15 anos. No dia dade uma determinada classe: a 6ª série. Seus alunos tinham entre 12 e 15 anos. No dia dade uma determinada classe: a 6ª série. Seus alunos tinham entre 12 e 15 anos. No dia daaula ela sentia enjoos, vomitava, sentia muito medo e por vezes saia correndo para sua casaaula ela sentia enjoos, vomitava, sentia muito medo e por vezes saia correndo para sua casaaula ela sentia enjoos, vomitava, sentia muito medo e por vezes saia correndo para sua casaaula ela sentia enjoos, vomitava, sentia muito medo e por vezes saia correndo para sua casaaula ela sentia enjoos, vomitava, sentia muito medo e por vezes saia correndo para sua casadeixando a classe abandonada... A vida para essa professora parecia não fazer mais sentido”deixando a classe abandonada... A vida para essa professora parecia não fazer mais sentido”deixando a classe abandonada... A vida para essa professora parecia não fazer mais sentido”deixando a classe abandonada... A vida para essa professora parecia não fazer mais sentido”deixando a classe abandonada... A vida para essa professora parecia não fazer mais sentido”

ormada em Direito e Psicologia, Lidia Pereira Ga-lindo tornou-se uma das poucas pesquisadoras de umtema que aflige muitos profissionais, nas mais dife-rentes áreas: o assédio moral. No caso de quem atuana área de educação, a linha de pesquisa dela é ain-da mais importante: ela estuda o problema com foco

específico nas instituições de ensino.Em sua linha de pesquisa, ela vê como fenômenos da mesma na-

tureza, o assédio moral e o bullying. Para a especialista, praticamentenão há diferença entre eles, embora estes fenômenos. Um dos as-pectos que ela aborda do tema, por exemplo, é como as persegui-ções sistemáticas feitas no ambiente de trabalho, geralmente pro-tagonizadas por pessoas de em posição superior na hierarquia pro-fissional, podem influenciar na prática do professor, em sala de aula.

Segundo ela, o assédio moral pode ir muito além de desestabili-zar emocionalmente o profissional de educação, prejudicando otrabalho com os conteúdos pedagógicos em sala. O profissional pode,com o tempo, sofrer com males como depressão e síndrome dopânico, entre outros. De acordo com a especialista, é fundamentalque os educadores entendam que assédio moral é crime e que deveser denunciado às autoridades.

“De certo o assédio moral/bullying não é um tipo penal, entretantoas condutas que o caracterizam são tipificadas no Código Penal Brasi-leiro como por exemplo, Maus-tratos (Art. 136); Calúnia (Art. 138);Difamação (Art. 139); Injúria (Art. 140); Constrangimento ilegal (Art.146); Ameaça (Art. 147); Divulgação de segredo (Art. 153); Furto (Art.155); Extorsão (Art. 158) e Dano (Art. 163). As condutas do assédiomoral/bullying estão tipificadas no Código Penal e, portanto, estamosdiante de condutas criminosas”, destacou Lidia Galindo.

A ideia de estudar o assédio moral surgiu em seu consultório dePsicologia, quando ouvia vários relatos de perseguição, humilhaçãoe desrespeito, sofridos por seus pacientes. O resultado deste esforçoveio em 2006, quando fez seu trabalho de conclusão de curso emDireito, intitulado “Assédio Moral nas Instituições de Ensino”. Seuobjetivo com o trabalho era evidenciar que este é um problema quefaz parte da realidade das instituições educacionais de diferentes níveis.

Nesta entrevista, Lidia Galindo fala das motivações que teve paraenveredar-se nos estudos desta área, destaca o impacto do proble-ma na vida dos professores que são vítimas dele, explica como oprofissional pode provar que sofre perseguição, entre outros temas.

F

Suplemento de Educação19Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Novidades à vista na rede públicaSecretaria Estadual de Educação anunciou que pretende criar mais 10 mil vagas no ensino

médio, para o próximo ano. Expectativa é de 13 novas escolas, algumas com ensino integral. Várias unidadestambém passaram por obras e reformas. Novo concurso deve ser realizado ainda este ano

Secretaria de Esta-do de Educaçãoentregará, no iní-cio do ano letivode 2014, 13 esco-las novas ou que

tenham passado por reformasgerais com ampliação. O inves-timento em infraestrutura re-presenta a criação de mais dedez mil novas vagas diurnas narede estadual de ensino. Para-lelamente, até julho deste ano,cerca de 250 unidades escola-res já passaram por algum tipode obra, tendo sido aplicadosmais de R$ 100 milhões. Dototal, sete unidades são total-mente novas (em CampoGrande, Pavuna, Bonsucesso,Bangu, Méier, Pedra de Guara-tiba e Queimados), e serão en-tregues já no início de 2014.Além disso, até o fim do ano,serão concluídas as obras de re-forma e ampliação das demaisseis instituições.

“Nós temos carência de va-gas no período diurno, e esta-mos trabalhando para melho-rar esse quadro. Teremos, pelomenos, quatro escolas em ho-rário integral, três delas bilín-gues, e ainda a Dupla Escola. Esteé o ensino que acreditamos queo Brasil deve buscar”, disse osecretário de Estado de Educa-ção, Wilson Risolia.

Das unidades, três contarãocom o Ensino Médio Integra-do, que é uma modalidade deensino que une formação geral(conteúdos de Educação Bási-ca) à formação técnica. Have-rá, ainda, o Ensino Médio regu-lar com ênfase em Língua Es-panhola, Inglesa e Francesa nasseguintes instituições: Ciep 449Leonel de Moura Brizola, em

Niterói; Ciep 117 Carlos Drum-mond de Andrade, em NovaIguaçu; e CE João Cabral deMelo Neto, no Rio de Janeiro.Além disso, outras quatro esco-las receberão aulas em turnointegral, como CE Hebe Camar-go, em Pedra de Guaratiba, queintegrará o programa DuplaEscola. O projeto é uma parce-ria entre a Fundação XuxaMeneghel e a Embratel, onde

os alunos contarão com cursosprofissionalizantes, além deoficinas de capacitação.

“Além de trabalhar o ensinoconvencional da matriz curri-cular, essas escolas pressupõemo intercâmbio de professores ealunos. Nossos professores vãodar aula de Português em umaescola pública na França, e osdeles farão algumas atividadesconosco. Esta é uma forma de

valorizar e também qualificarnossa categoria”, disse Risolia.

Além das escolas novas, re-formas gerais e ampliações; em2011, um total de 431 unidadespassaram por algum tipo deobra; em 2012, esse númerochegou a 423. Nos dois anos, osinvestimentos chegaram a R$260 milhões. Com as novas va-gas, também haverá oportuni-dades de emprego. No caso das

escolas bilíngues, será realiza-do um processo interno, entreprofessores que já ensinam osidiomas. Após a aprovação, to-dos passarão por um treinamen-to. Da mesma forma, o processoseletivo do Dupla Escola tam-bém será feito internamente.Com relação às vagas regulares,serão convocados candidatosaprovados em concursos de2009 e 2011.

Além disso, ainda neste se-mestre será divulgado o editalde um novo concurso para Se-educ. Região Serrana - O sub-secretário de Infraestrutura daSecretaria de Estado de Educa-ção, Zaqueu Ribeiro, e o chefede Gabinete da pasta, SérgioMendes, participaram de umaaudiência pública na Assem-bleia Legislativa do Rio (Alerj),no início de setembro, paraesclarecer dúvidas apresentadaspreviamente pela Comissão deEducação da Casa sobre oacompanhamento, o contro-le e a atestação das obras reali-zadas nas escolas atingidas pelatragédia ocorrida na RegiãoSerrana, em 2011.

“A Seeduc realiza reuniõessistemáticas com a Empresa deObras Públicas do Estado doRio de Janeiro (Emop). Inclu-sive, na nossa ata, é possível vera discussão sobre cada umadelas”, disse Sérgio Mendes, naocasião, ressaltando que a em-presa visitou as escolas e tra-çou um perfil de cada uma apartir de 25 variáveis, comosituação elétrica, hidráulica etelhado, entre outras.

Na audiência, os representan-tes da Seeduc estavam munidosdo Índice Geral de Infraestru-tura das escolas, da relação detodas as intervenções físicas re-alizadas, da planilha de moni-toramento do órgão em relaçãoà Emop e dos atos administra-tivos que deliberam sobre a des-centralização de tarefas para aempresa. Além disso, ZaqueuRibeiro anunciou que, em2014, será dada uma atençãoainda maior a algumas escolasque, por meio do estudo, ain-da carecem de melhorias.

A

Incentivo à qualificação eatualização dos gestores

Durante o Encontro deGestores, que aconteceu noinício de outubro, a psicó-loga Sandra Betti, com es-pecialização em RecursosHumanos pela HarvardUniversity (Liderança eEstilos Gerenciais), e emRecursos Humanos Estra-tégico, pela Michigan Uni-versity, ministrou a pales-tra ‘Liderança Transforma-dora’ e discutiu temas,como liderança, inovação,motivação profissional egestão empresarial aos in-teressados em alcançar su-cesso no mercado de traba-lho. “Queremos que cadapessoa dê o seu melhor.Um bom líder deseja umaequipe capacitada e o suces-so dos seus profissionais”,destacou Sandra.

O encontro contou coma participação de gestoresdas 14 Regionais Adminis-trativas e Pedagógicas,além da Diretoria Especi-al de Unidades EscolaresPrisionais e Socioeducati-vas (Diesp). Além dos ges-tores, também participamo superintendente de De-senvolvimento de Pessoasda Seeduc, Antoine Lousao,e o subsecretário de Gestãode Pessoas, Luiz Carlos Be-cker. A diretora ClaudiaRegina Rodrigues Bastos,do Colégio Estadual Augus-to Cezário Diaz André, emSão Gonçalo, disse que oencontro foi muito impor-tante para adquirir conhe-cimentos e, assim, repas-sar para a sua equipe peda-gógica. “Eu escolhi partici-par justamente porque otema me atraiu. Agora, pre-tendo passar tudo para osmeus professores. Temmuita coisa importanteaqui e que a gente podeaproveitar dentro do nos-so ambiente de trabalho.”

Em agosto, a Secretaria deEstado de Educação reali-zou o Seminário Interna-cional de Gestão Escolar,que contou com a presen-ça do vice-diretor da Talent

Unlimited High School(Nova York), Pierre Orbe,e fez parte do programaBrasil-Estados Unidos deintercâmbio de diretoresescolares. Na ocasião, Pier-re Orbe visitou algumas es-colas da rede: CE ChequerJorge, em Itaperuna; CEChico Anysio, no Andaraí;e CE José Leite Lopes - Nave(Tijuca). Segundo ele, essefoi o ponto principal doprograma de intercâmbio.“É bom estar com pessoasque entendem e conhecemos desafios de estar à fren-te de uma escola. Essa tro-ca de experiências foi muitoválida. Pude perceber quetemos alguns pontos seme-lhantes, como a paixãopelo ensino e o espírito deliderança. Na visita ao CEChequer Jorge aprendi queo envolvimento dos paisna rotina escolar é funda-mental e dá resultado. Essaé uma das iniciativas quepretendo levar para a mi-nha escola”, disse o dire-tor.

Desde 2011, a Seeduc re-aliza, ao atender a um pe-dido antigo dos educadores,processos seletivos até en-tão inéditos para funçõespedagógicas estratégicas.Com isso, crescem as chan-ces para que mais professo-res ocupem cargos estraté-gicos na área pedagógica,e qualificação e talento fa-zem a diferença no resulta-do final. Para isso, a própriaSecretaria de Estado deEducação do Rio de Janei-ro, em parceria com a Fe-deração das Indústrias doEstado do Rio de Janeiro(Firjan), oferece vagas parao curso de Pós-Graduaçãoem Gestão Empreendedo-ra em Educação, na Univer-sidade Federal Fluminensedo Rio de Janeiro (UFF). Ocurso de especialização,destinado aos DiretoresGerais e Diretores Adjuntosda rede estadual de ensino,ofereceu 240 vagas e teráinício em 2014.

Aperfeiçoamento para professores: cursospresenciais e na modalidade a distância

Desde o ano passado que osservidores da Educação con-tam com um espaço destina-do à disseminação do conhe-cimento: a Escola de Aperfei-çoamento dos Servidores deEducação do Estado do Rio deJaneiro, que fica na Rua Ama-ral, 30, no bairro da Tijuca. Aedificação - que foi residênciado educador Gama Filho -conta com quatro salas de aula,incluindo uma sala multimí-dia, e três salas de trabalho,além de um auditório e de umabiblioteca. O investimentotoral foi de cerca de R$ 1 mi-lhão. Na Escola de Aperfeiço-amento, os servidores podemse aprimorar por meio de cur-sos específicos - como os deGestão de Pessoas, Orçamen-to, Conexão Educação, Capa-citação na Gestão Integrada daEscola, Instrução Processual eProcedimentos em Publica-ção Oficial, Atualização emGestão Integrada da Escola,além de treinamento sobreNoções de Planejamento

Orçamentário. O leque au-menta a cada semestre, comprevisão de novos cursos paraa área pedagógica, como for-mação continuada para pro-fessores, diretores e demaisfuncionários, entre outros.

“Foi muito importante paranós a criação dessa escola.Com ela, estamos valorizan-do a carreira de nossos servi-dores e deixando um legadopara a categoria. Agradecemosa todos os servidores que se en-volveram e se empenharam”,disse Wilson Risolia, secretá-rio de Educação do Estado doRio de Janeiro.

O Governo do Estado anun-ciou, em junho deste ano, acriação de 6,7 mil vagas emcursos de qualificação, queoferecerão aos docentes umabolsa-auxílio no valor de R$300. Além das 2,7 mil vagasnos cursos voltados para pro-fessores do ensino regular,que ministram aulas de Por-tuguês, Matemática, História,Ciências, Biologia, Física, Quí-mica, Geografia e Sociologia.O processo de qualificação in-

tegra o programa de FormaçãoContinuada, com carga horá-ria de 180 horas, distribuídasao longo de 11 meses. Os cur-sos são compostos por aulas adistância, com encontro pre-sencial uma vez por mês. Paraparticipar dos cursos, os pro-fessores precisam estar lecio-nando na turma e na discipli-na escolhidas no momento dainscrição.

Professora de Língua Portu-guesa e Literatura Brasileira noColégio Estadual Nilo Peça-nha, em São Gonçalo, Mariadas Graças Cêia, de 57 anos,terminou o curso de formaçãocontinuada e, em seguida, ini-ciou a especialização em Lei-tura e Produção Textual, naUniversidade Federal Flumi-nense (UFF). Satisfeita, já dis-se que sua próxima meta é ummestrado. “A troca de experi-ências, na minha área, é muitoimportante. Isso tudo dá umasacudida na gente”, disseMaria das Graças, que faz parteda rede estadual há sete anose dá aulas para o 1º ano do En-sino Médio.

No segundo semestre desteano, mais três mil vagas fo-

ram abertas em cursos paraprofessores que atuam na Edu-cação de Jovens e Adultos, emil oportunidades para cursosdo programa Gestar (Gestãoda Aprendizagem Escola), re-alizado em parceria com oMinistério da Educação.“Além de auxiliar o planeja-mento de aulas e permitir atroca de experiências entre osdocentes, os cursos de quali-ficação têm impacto direto noresultado dos alunos, pois osprofessores vão poder aplicarem sala de aula técnicas apren-didas nos cursos de qualifica-ção e receber um feedback di-reto dos estudantes”, disse osuperintendente de Desenvol-vimento de Pessoas da Secre-taria de Educação, AntoineLousao.

Com o objetivo de aprimo-rar a formação dos professo-res da rede pública de ensino,a secretaria de Educação criououtro benefício, o Auxílio-qualificação, concedido aosprofessores regentes de turmaque participam dos cursos deformação continuada, em par-ceria com o Consórcio Cederj.O investimento é de cerca de

R$ 30 milhões com o bônus.O benefício, que vinha sendopago no fim do ano, em 2013foi antecipado para o mês demaio. Além disso, a Seeducmantém parcerias com insti-tuições de ensino, como aUnigranrio, que ofereceu, emjulho, cinco vagas no curso deMestrado Profissional emEnsino de Ciências na Educa-ção Básica, voltado para pro-fessores em exercício nos En-sinos Fundamental e Médioque atuam nas áreas de Biolo-gia, Física, Química e Mate-mática.

Teve início em agosto, oprograma de formação conti-nuada para professores de Lín-gua Portuguesa e Matemáticadas séries finais do EnsinoFundamental, cujo objetivo éa formação de Professores For-madores-tutores por meio damelhoria do processo de en-sino-aprendizagem dessesprofissionais no próprio localde trabalho. As aulas são mi-nistradas no Programa GestarII para Professores Formado-res-tutores, do Centro Federalde Educação Tecnológica Cel-so Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), em parceria com o Minis-tério da Educação (MEC) e aSecretaria de Estado de Edu-cação (Seeduc). Em setembro,foram abertas oportunidadesna Formação para professoresESL (English as a Second Lan-guage) de Língua Estrangeira– Inglês. Ministrada pelo Spe-cialist in English for Especi-fic Purposes, David Kertzner,o curso, com 150 vagas, abor-da tópicos específicos, comdestaque o Ensino ESP (En-glish for Especific Purposes)em contextos profissionais,que propiciará a disseminaçãodo conhecimento na condu-ção dos processos pedagógi-cos. Também foram ofereci-das mil bolsas de estudos deaté 50% do valor integral doscursos de pós-graduação nasáreas de Administração Públi-ca e Educação - válidos paraservidores, terceirizados e seusrespectivos dependentes - noscursos a distância da WPós.

Cederj e Secretaria de Educação desenvolvemprograma para qualificar trabalho dos professores em sala de aula

ALESSAND

RA COELH

O

18%

82%

Matrículas na Educação a Distância (Brasil - 2011)

Rede Pública

Rede Privada

23%

77%

Polos de Educação a Distância (Brasil - 2011)

Rede Pública

Rede Privada

Suplemento de Educação20Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

A distância como aliada na superaçãoEducação a distância já alcança 13% do total de matrículas no país, a maioria em instituições

privadas. Por trás dos números relativos a este crescimento, estão histórias de muitos brasileiros que,sem condições de frequentar cursos presenciais, apostam na formação na modalidade da EAD

olores Affonso, 37anos, é deficientevisual. Ela sofre daDoença de Stargar-dt - doença heredi-tária recessiva, que

consiste na degeneração da re-tina e na progressiva perda daacuidade visual em diversosníveis. “Sou de uma famíliacom seis filhas, sendo que trêspossuem essa doença, só queem estágios diferentes. Ela co-meçou a se propagar quandotinha 7 anos, evoluindo gra-dativamente. Hoje, tenhomenos de 5% da visão nor-mal, ainda vejo alguns vultos,mas só consigo ler com fonteaumentada”, comenta.

Com dificuldades financei-ras na infância, a carioca Do-lores, que hoje mora em NovaFriburgo, na Região Serrana,lembra que dificilmente con-seguiria conquistar seus obje-tivos através do ensino conven-cional. “As escolas, desde oensino fundamental até a uni-versidade, sempre foram caren-tes em estrutura, não só paraquem é cego, mas tambémpara aqueles que possuem ou-tras deficiências. A maioria dasinstituições não possui mate-riais específicos e apresentaproblemas como a falta de ram-pas para cadeirantes e banhei-ros adaptados, por exemplo”.

A forma encontrada para se-guir seus estudos mesmo semenxergar foi a Educação a Dis-tância (EAD). Segundo Dolo-res, embora também tenha en-contrado algumas barreiras nocaminho, como a falta de ma-teriais como os de áudio-descri-ção, a EAD a proporcionou umaestrutura de ensino que dificil-

mente seria encontrada na mo-dalidade presencial. Para a ca-rioca, que concluiu a graduaçãoem Administração em Marke-ting no instituto UVB, parcei-ro da Universidade AnhembiMorumbi, e o MBA em Marke-ting na FGV Online - ambosatravés da EAD -, essa modali-dade possui característicasmuito importantes que atraemgrupos específicos de pessoas.

“A EAD é fundamental paraquem vive fora dos grandescentros, já que a grande maio-ria dos municípios não possuiuniversidades e o deslocamentonem sempre é possível. O se-gundo ponto é a flexibilidade,no meu caso, por exemplo, quejá possuía um negócio próprio,seria muito difícil adequar meuhorário às necessidades das uni-versidades presenciais. E paraquem possui deficiência, sejaela qual for, o ensino a distân-cia proporciona conteúdos ain-da não presentes no ensino pre-sencial”, ressalta.

Hoje, Dolores possui umaempresa de consultoria e trei-namento na área de RecursosHumanos, ministrando cursose palestras pelo Brasil. Recen-temente, fez outra pós-gradu-ação a distância voltada para amelhoria da acessibilidade dasinstituições de ensino. “Estouatualmente envolvida em umprojeto com a FGV para queeles tornem seu ambienteacessível para outros deficien-tes. Também já estou fazendominha terceira especializaçãoa distância nas FaculdadesDom Bosco, com foco em Edu-cação Especial, para me capa-citar e formar outros profissi-onais para que possam atenderalunos com deficiência em salade aula”, completa.

PAULO [email protected]

32%

13%

55%

Cursos a distância por tipo de instituição (Brasil - 2011)

Federal Estadual e municipal Privada

Dolores, que é deficiente visual, diz que EAD foi fundamental par se formar

D

ARQUIVO

PESSOAL

Educação a distância em números

Suplemento de Educação21Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

A única saída onde não há universidadesssim como a

deficiente visualDoloresAffonso, oestudante

Francisco Goes dosSantos Filho, 42 anos,também encontroubarreiras pela frente.Neste caso, no entanto, adificuldade era outra: adistância. Francisco é deTabatinga, cidadelocalizada na selvaamazônica, a 1.105quilômetros da capitalManaus, à margemesquerda do RioSolimões, fazendofronteira com a Colômbiae o Perú.

Devido sua localizaçãogeográfica, a economia dacidade provém quase queexclusivamente daprodução agrícola. “Nãohá estradas que unamTabatinga à Manaus. Aviagem fluvial dura cercade três dias e, no trechocontrário, cerca de setedias. Por sua localizaçãodesfavorável, não hámuitas empresas maioresou fábricas interessadasem investir nessa região.”

Outro problema, explicao amazonense, era aestrutura educacional domunicípio. “O municípionão possuía escola denível superior, quemquisesse fazer a graduaçãodeveria se deslocar para acapital, inexistindoqualquer política decrédito educativo ouincentivo financeiro daadministração pública.Como ficava impossívelpara nós, menosfavorecidos, muitosoptavam pelo cursoprofissionalizante, tanto éque hoje tenho o cursode Técnico emContabilidade e Auxiliarde Enfermagem em meucurrículo”.

A saída encontrada porele também foi o ensinoa distância. “Na época, jáestava trabalhando emManicoré, onde vivoatualmente, distante333km do pólo Manaus.Dentre outros desafios, oacesso à internet nomunicípio era muitodeficiente, os sinais eramvia rádio e viviam caindo.Os meus deslocamentospara os encontrospresenciais eram feitos delancha, com tempoaproximado de 14 horase de barco, que duravatrês dias de viajem. Nãoseria possível fazer issotodos os dias”, comenta.

Hoje, ele possui CursoSuperior de Tecnologia emProcessos Gerenciais(Graduação Tecnológica)do FGV Online e, emboracontinue morando em umlugar distante comoManicoré, pretendeprosseguir com suasespecializações. “Já estoucursando especialização naárea da Administração emSaúde, espero ainda fazerMestrado, Doutorado eassim por diante. Não hálimites para quemdescobre o diferencial daEducação, seja a distânciaou presencial”, afirmaFrancisco.

A

Morador de umacidade que fica a1.105 quilômetrosde Manaus, noAmazonas, quenão possuiuniversidades,Francisco Goes sóteve oportunidadede fazer um cursosuperior noformato a distância

O desafio de superaras barreiras da distância

Carlos Eduardo Bielschowsky, presidente do Cederj: “a EAD atinge uma população mais carente”

ZENITE

MACH

ADO

ARQUIVO

PESSOAL

Na opinião do presiden-te do Centro de Educaçãoa Distância do Estado doRio de Janeiro (Cederj),Carlos Eduardo Bielscho-wsky, esses exemplos mos-tram como a modalidadea distância democratiza oacesso à educação no Bra-sil. Além disso, afirma oprofessor, a EAD é aindamais positiva quando di-recionada para a popula-ção carente.

“Nós temos dados ine-quívocos que mostram nãosomente na educação su-perior, mas também noensino técnico, de jovens-adultos, e no ensino pro-fissional, que a EAD atin-ge uma população maiscarente. Se você comparara renda da família de alu-nos de graduação presen-ciais à de alunos a distân-cia, você tem muito maisgente com renda baixa.

Outro dado é em relação àescolaridade dos pais, temmuito mais aluno do ensi-no a distância com pais quenão completaram nem oensino médio”, comenta.

Diante desse quadro, expli-ca Bielschowsky, o caminhoda modalidade a distância éalcançar cada vez mais a po-pulação de regiões distantes.Entretanto, pondera o profes-sor, são necessárias algumasressalvas. “A problemática doensino médio e fundamental,independente da modalida-de, é diferente da problemá-tica no curso de graduação.Além disso, o público da EADé mais velho, logo, é neces-sário também vencer a bar-reira da tecnologia”, defen-de o professor.

De acordo com o profes-sor, o Cederj vem promoven-do uma capacitação do alu-no em diferentes pontos deaprendizado: da autonomia

nos estudos, o desenvol-vimento de habilidadescognitivas que eles não têmna escola regular, até o co-nhecimento das ferramen-tas de estudo online.

“Um curso de graduaçãojá é muito denso e, no casodo ensino a distância, temo problema da tecnologia.O que nós fizemos para ul-trapassar essa barreira, foicolocar disciplinas maisleves no início. Emboraatrase um pouco o curso,esse método, acompanha-do de uma metodologia queensine a prática do estudoa distância e ao mesmotempo a utilização da in-ternet, tem trazido grandesavanços. De início, o pro-cesso é quase sempre pre-sencial e aos poucos o alu-no vai se acostumando e semovimentando de manei-ra independente no espa-ço digital”, explica.

Panorama favorável paraexpansão da EAD no país

“Hoje, já podemos dizer que aEAD é uma realidade educacional.”Essa é a opinião de Stavros Xan-thopoylos, vice-diretor do Institu-to de Desenvolvimento Educaci-onal da Fundação Getúlio Vargas(IDE/FGV). Na opinião do espe-cialista, a EAD pode promovermelhorias ainda maiores do queas já conquistadas.

“Além de ser mais barato e teruma efetividade tão boa quantoo ensino presencial, a EAD ain-da possui maior acessibilidade.Além disso, é instrumento paraaqueles que querem recuperar otempo de estudo perdido. Outroponto é em relação a utilizaçãodessa metodologia para capaci-tar e qualificar professores que porsua vez pudessem ensinar e ala-vancar a educação do país. Tenhocerteza absoluta de que estamossubutilizando isso. Ou seja, a EADpode ser utilizada para inúmerosfins”, defende o professor.

Segundo dados do Censo daEducação Superior de 2012, divul-gados em setembro pelo Ministé-rio da Educação (MEC), a educa-ção a distância cresceu mais que aeducação presencial de 2011 a 2012.Em um ano, houve um aumentode 12,2% nas matrículas da EAD,enquanto o ensino presencial teveum crescimento de 3,1%. Outrodado relevante é o número de ma-trículas em instituições privadas.Segundo o censo, as matrículas na

rede particular correspondem a83,7% do total, sendo que 72,1%é oferecido por universidades.Apesar do crescimento, o ensinoa distância ainda representa15,8% das matrículas.

Embora os números mostrema evolução da educação a distân-cia no país, Stavros ainda vê algu-mas dificuldades para o desenvol-vimento da modalidade. “Achoque o grande problema é umamaior cultura digital. O acultura-mento também faz parte do pro-cesso, e isso depende de cada lo-calidade. Em algumas regiões, mes-mo em centros urbanos, as pessoastêm restrições à EAD por falta decultura da informação. Esse pro-blema, associado à falta da educa-ção digital, faz com que as pesso-as tenham mais dificuldade ou nãose adequem ao modelo”, explica.

Apesar disso, Stavros garante quea modalidade não encontrará bar-reiras para crescer ainda mais.“Acredito que o que ainda não caiuem termos de barreira é a língua,essa é a ultima fronteira. Então,quando eu puder, por exemplo, falarem português e a outra pessoa pu-der ouvir em qualquer outra lín-gua, aí realmente nós vamos estarem uma singularidade fantásticapara o desenvolvimento educaci-onal. Creio que em quatro ou cincoanos nós já vamos possuir ferra-mentas que possibilitem ultrapas-sar essa barreira”, prevê.

Segundo Stavros Xanthopoylos, a EAD ainda possui maior acessibilidade

-

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

Rede Privada Rede pública

815.003

177.924 127.853 23.699

Matrículas X Concluintes (Brasil - 2011)

Matrículas Concluintes

Educação a distância em números

117

81

64

45 43

0

20

40

60

80

100

120

140

Carreiras com maior quantidade de cursos (Brasil - 2011)

Distribuição do total de matrículas por organização acadêmica Rede Total Universidades Centros Universitários Faculdades IF e Cefet

Pública 177.924 159.315 - - 18.609 Federal 105.850 87.241 - - 18.609 Estadual 71.152 71.152 - - -

Municipal 922 922 - - - Privada 815.003 539.503 146.157 129.343 - Brasil 992.927 698.818 146.157 129.343 18.609

Carreiras com maior número de matrículas (Brasil - 2011) Carreira Matrículas

Pedagogia 281.548 Administração 140.210 Serviço social 80.650

Empreendedorismo 53.546 Ciências contábeis 49.298

Gestão de pessoal / recursos humanos 47.310 Administração pública 38.171

Formação de professor de língua/literatura vernácula (português) 24.511 Formação de professor de matemática 22.335

Gestão ambiental 20.623 Gestão logística 20.574

Formação de professor de história 18.436 Formação de professor de biologia 15.912

Marketing e propaganda 14.828 Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Tecnólogo) 12.895

Suplemento de Educação22Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Quando a criatividade é o melhor recursoEm tempos de supervalorização do uso de tecnologias como tablets, smartphones, netbooks,

equipamentos de multimídia e outros utensílios para tornar aulas mais interessantes, professores mostramque, com imaginação e carisma, também é possível mobilizar os alunos para o aprendizado

Silvio Predis, professor do Curso Miguel Couto e do pH, ficou conhecido por ensinar Química ao som do funk Para o professor Pachecão, que realiza palestras por todo o Brasil, música contribui para facilitar a aprendizagem

FOTOS: DIVULGAÇÃO

inovação e a cri-atividade podemfazer a diferençana sala de aula,composta poralunos que estão

cada vez mais rodeados portodo tipo de tecnologia e porredes sociais que podem seracessadas a qualquer mo-mento, em qualquer lugar.E, para prender a atenção dosestudantes e transformar umaaula em algo agradável e mo-tivador, recursos inovadorese criativos são utilizados pe-los professores.

A diversão e a música sãoduas dessas ferramentas, quetêm o objetivo de deixar osalunos interessados e, conse-quentemente, obterem umbom resultado nas avaliações.O educador que vibra comas conquistas das turmas, sepreocupa com as provas decada estudante, busca ativi-dades dinâmicas e inventa au-las que fujam do tipo conven-cional é um artista que temnas mãos o poder de ensinar.

Um dos precursores em uti-lizar a música como instru-mento de trabalho foi JoséInácio da Silva Pereira, co-nhecido como professor Pa-checão, que implementouessa ferramenta nas suas au-las na década de 80. Ele atu-almente é professor de Físi-ca no curso pré-vestibularRuy Barbosa, em Belo Hori-zonte, Minas Gerais, e é pa-lestrante motivacional.

Segundo ele, o mais impor-tante para um educador é es-treitar a relação com o alunoe ser mais do que professor.“Temos que ser tudo, pai,conselheiro, vidente, amigo,dançarino, uma porção decoisas, é preciso se colocar nolugar do aluno. Eu vou fazerqualquer coisa para o alunosair dali sabendo, vou cantar,plantar bananeira, o que for.”

Para Pachecão, a música en-tra como um facilitador aoestudante. “Os alunos, no fun-do, querem aprender, masnão querem sentir dor. Oaprendizado é doloroso,porque a pessoa tem que sededicar, suar a camisa, sen-tar na cadeira, pegar os livrose investir naquilo. O profes-sor está do lado, mostra o ca-minho e, com isso, pode fa-zer com que o aluno se apai-xone pela matéria e comecea vê-la de uma forma possí-vel de entender. O professortem que instigar o cara aaprender”, explicou.

Silvio Predis, professor doscursos pH e Miguel Couto, noRio de Janeiro, ficou conhe-cido por criar letras de funkenvolvendo conceitos deQuímica, matéria que ensina.Ele também acredita que amúsica ajuda no aprendiza-

do. Para ele, é uma ferramentaque relaxa e, ao mesmo tem-po, é produtiva. “Além dequerer explorar o conteúdode forma mais maciça, eutambém me preocupo com aparte emocional do aluno,porque sempre há um desgas-te e isso compromete o resul-tado lá na frente. E o profes-sor tem que fornecer conteú-do e uma atenção diferenci-ada para que o aluno conti-nue motivado e com o obje-tivo na cabeça. A música surgecom isso e de forma bemnatural”, destacou.

Para ele, o mérito da mú-sica é que ela é a responsá-vel por romper a barreira queexiste entre aluno e profes-sor/matéria. “Há muitos alu-nos que vão para aulas deQuímica, Física ou Matemá-tica já pré-condicionados aterem uma aversão a essas dis-ciplinas. A captação dele émenor por causa disso. Masquando o coração está aber-to, o aluno ouve melhor oque o professor fala e o re-torno é melhor”, disse.

No entanto, Silvio lembraque o foco da aula não deveser a música e sim o conteúdo.“Primeiro é explicação, depoisexercício e, por último, a mú-sica. A música não cabe sem-pre, é apenas um auxiliar aotrabalho. Se a música se encai-xar de maneira produtiva, óti-mo, o que não pode aconte-cer é pensar que o aluno só vaiaprender se eu cantar. Existemassuntos que não têm música.”

Pachecão também pensa as-sim e considera que as can-ções aparecem como um ins-trumento incentivador ao es-tudo e criador de um ambi-ente agradável e relaxante. “Sóa música não ensina nada paraninguém, ela cria um ambi-ente propício a ensinar eaprender, gostoso, descontra-ído e inspirador, que ajuda afugir do estresse. Ela faz comque aluno comece a ver amatéria com bons olhos. Issofacilita o processo de apren-dizado. As pessoas acham queeu ensino através da música,mas não é nada disso. Umamúsica não consegue tradu-zir o conhecimento”, contou.

Ele ainda lembra que as aulasdiferentes e inovadoras não sãouma unanimidade. “Sempre temquem não goste. Eu digo que éum aluno que não precisa, quejá domina a matéria. Às vezes eupasso uma semana ou duas semcantar. É uma aula alto astral, eufico brincando com o aluno. Nãoquero dar uma aula tensa. Temque saber dosar. Se em todas asaulas eu levar o violão, acaba ba-nalizando, o aluno vai achar en-tediante, porque seria sempre amesma coisa. Tudo em excessonão é legal, tem que ser na me-dida certa. Dosar de uma formacom que agrade todos os tiposde estudantes”, frisou.

MARIA GABRIELA [email protected]

Aulas de História em ritmo de rockChristian Machado, voca-

lista da banda Pré-Históricae professor de História doColégio Castelo e do Sesi, emBlumenau, Santa Catarina,também viu na música umamaneira de ajudar o aluno afazer as ligações necessáriaspara entender a disciplina.“A música nunca vai expli-car tudo, ela atua como umaforma do aluno conseguirentender melhor o assuntoe lembrar dele. Além disso,desestressa, fica mais fácil desegurar a pressão das avalia-ções”, explicou ele, que estána banda desde a sua forma-ção, em 2010.

Segundo Christian, hojeem dia o que falta é o alunoquerer ir à aula para apren-der alguma matéria e, paracriar esse interesse, o educa-dor precisa ter criatividade einovação. “É muito bom cri-ar uma simpatia com o alu-no, porque assim deixa de seraquela aula chata, que dá von-tade de dormir”, destacou.

A banda, formada por maisquatro integrantes (o baixis-ta Gabriel Day, o guitarrista-base Paulo Germano, o gui-tarrista solo Alessandro DalSanto e o baterista RicardoBordignon), toca em escolase festivais de música, além dedar palestras. A Pré-Históri-ca tem letras e arranjos pró-prios, com um estilo rock pe-dagógico, que ainda misturablues e heavy metal.

Christian conta que a ban-da começou porque ele que-ria fazer algo novo e que ain-

da ajudasse outros professores.“Queria fazer um projeto quenão fosse só para mim, mastambém servisse de instrumen-to para outros professores.Muita gente diz que semprequis tocar e cantar em sala deaula, mas não sabe e por issonão faz, então o nosso CD podeentrar aí, para ajudar tambémesse professor.”

Já o estilo que deixou SilvioPredis conhecido, principal-mente na internet, é outro: ofunk. E, segundo ele, as letras,tanto para o batidão quantopara outros ritmos, aparecemsem que ele precise fazer esfor-ço, desde a primeira vez quecantou. “Eu sou apaixonadopor música. Quando você pas-sa o dia todo dando uma aula,repetindo aquele assunto, ficatudo na cabeça. E a melodia queeu escuto quando estou no car-ro, indo trabalhar também ficana cabeça. Então junta aquiloque eu falo e aquilo que euouço durante o dia e fica umamistura que acaba dando cer-to. Uma paródia, que eu aca-bo complementando depois.Desde a primeira vez que com-pus foi natural.”

A primeira vez de Pachecãofoi diferente e aconteceu quan-do ele ainda era monitor deMatemática. “Comecei por ne-cessidade. Um professor de Fí-sica faltou e o diretor me man-dou substituí-lo. Fiquei sem sa-ber o que fazer e acabei subin-do na mesa e cantei uma mú-sica. Aí um menino falou quetoda vez que eu voltasse era paraeu cantar e então eu inventei

umas bobagens e umas brinca-deiras. Foi uma necessidade quevirou um produto, porque hojeeu vivo disso”, contou.

Pachecão afirma que, acimade tudo, o educador deve saberda sua responsabilidade e de-monstrar interesse aos alunose, assim, acaba se inspirandopara criar coisas novas. “O pro-fessor tem que saber que elepode mudar a vida do alunocompletamente. O objetivodeve ser para contribuir perma-nentemente com o aprendiza-do dos meninos. Ao longo dacaminhada, fui fazendo algunstestes e vendo as respostas daturma. Então, quando eu faziauma brincadeira e a resposta erapositiva, eu sabia que aquilo eralegal e podia continuar. A mo-çada responde quando você ostoca. Se o professor sentir quea coisa rolou para todos, que foiuma catarse, é porque realmen-te funcionou.”

Já a principal estratégia deChristian, da banda Pré-Histó-rica, é a originalidade. “Eu sem-pre digo que a única coisa queeu faço direito na vida é escre-ver música. Sempre fui músi-co, tive bandas e para mim é na-tural. Eu resolvo falar sobre umassunto, junto os fatos, vejocomo isso pode encaixar, comopode ser um música-chiclete,que fique na cabeça, para o alu-no poder aprender para a pro-va. E eu gosto de ressaltar quequando a melodia e a letra sãopróprias não dá pra confundircom a música original, o quepode acontecer com as paródi-as, por exemplo”, declarou.

Silvio e Pachecão relatamque, além da música, eles seutilizam da interatividade eda participação da turma eque, assim, eles podem verum resultado positivo. “A in-teração é o tempo todo. Oquadro que eu monto é ex-tremamente participativo, oaluno vai preenchendo juntocomigo. A aula só tem sen-tido quando a turma estáparticipando”, disse o pro-fessor de Química.

“É uma zona muito gran-de na sala, chega a atrapalharoutras aulas. O cursinho teveque fazer uma sala acústicapara mim. Mas, para isso, elestiveram que analisar com osalunos para ver se valia apena toda essa estrutura. Eisso foi possível por causa dosresultados dos simulados e asatisfação dos alunos”, seorgulha Pachecão.

Ele acredita que o alunoatual, rodeado por tecnolo-gia e redes sociais, exige umprofessor diferente, mais an-tenado. “Acho que professorterá que desenvolver esselado artístico, porque haveráa exigência de uma aulaagradável e com alguma ino-vação relacionada à apresen-tação, em um pen drive, te-lão, animação, por exem-plo. Com certeza a sala deaula e o novo tipo de alunoexige um professor que te-nha algo a mais, que estejavoltado para o relaciona-mento com os alunos e queleve experiências para a salade aula”, completou.

Para o professor Christian Machado, que ensina História do Colégio Castelo e do Sesi, em Santa Catarina, música ajuda a aprender e a aliviar a tensão

A

Suplemento de Educação23Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Novo paradigma para o ensino na EJAEm 35 cidades do Estado do Rio, a Secretaria de Estado de Educação adota o programa Nova

EJA, que propõe formação do ensino médio em dois anos (em vez de três semestres, prazo adotadoem muitas instituições). Currículo trabalha Português, Matemática e Ciências Humanas e da Natureza

Neste ano, a Secretaria de Esta-do de Educação lançou o progra-ma Nova EJA, destinando a alu-nos matriculados no ensino mé-dio na rede estadual com 18 anosou mais. Ao todo, 503 unidadesescolares foram contempladas coma medida, presente nas diversasregiões do Estado.

Trata-se da Educação de Jovense Adultos (EJA) voltada para o en-sino médio, com metodologia, ma-terial didático e currículo diferen-ciados. A grande novidade é a du-ração das aulas: a carga horáriadiária foi reduzida para se adequaràs necessidades do público de jo-vens e adultos. Os encontros sãopresenciais, de segunda a sexta-fei-ra, com duração de três horas e vinteminutos. Contudo, o tempo de con-clusão do ensino médio nessa mo-dalidade passa para dois anos (di-vididos em quatro módulos, umpor semestre) e não apenas três pe-ríodos, como ocorre normalmen-te no ensino supletivo.

Dois destes módulos envolvemdisciplinas com ênfase em Ciênci-as Humanas e os outros dois comênfase em disciplinas das Ciênci-as da Natureza. Cada módulo temum número reduzido de discipli-nas: mínimo de cinco e máximode sete. Em todas as etapas, o alu-no tem Língua Portuguesa e Ma-temática. Somente no primeiro se-mestre de 2013, 38 mil alunosforam beneficiados. Ao final dedois anos, a medida atingirá umuniverso de 150 mil estudantes.

O programa Nova EJA terá umprofessor por disciplina, comoocorre no ensino regular. Por isso,o programa capacita os docentes

que nele atuam. Esta formação éconcomitante à atuação nas tur-mas. No primeiro semestre desteano foram formados os professo-res do Nova EJA alocados nas dis-ciplinas de Língua Portuguesa, Ma-temática, História, Geografia, Fi-losofia e Sociologia.

Ao participar da capacitação, o

docente recebe uma bolsa auxíliono valor de R$300, paga em cotastrimestrais, como ajuda de custopara as atividades propostas. A qua-lificação do magistério acontece deforma semipresencial, em parceriacom o Cederj. A instituição pro-duz material didático específicopara a EJA do ensino médio e

material de apoio para os profes-sores, em diversas mídias.

O Programa Nova EJA é oferecidonos seguintes municípios: Rio deJaneiro, Angra dos Reis, Duque deCaxias, Nova Iguaçu, Macaé, Nite-rói, São Gonçalo, Belford Roxo, SãoJoão de Meriti, Itaboraí, Petrópolis,Maricá, Valença, Queimados, Ara-

ruama, Guapimirim, Mesquita,Magé, Duas Barras, Quatis, Laje doMuriaé, Casimiro de Abreu, Comen-dador Levy Gasparian, Rio Claro,São Sebastião do Alto, São José deUbá, Trajano de Moraes, Sapucaia,Sumidouro, Bom Jardim, Porto Real,Carapebus, Quissamã, Cambuci eRio das Flores.

Saerj orienta ações para a rede estadual

Secretaria de Educação se pauta nos dados das avaliações aplicadas junto aos alunos para estruturar suas ações na rede estadual

Criado em 2008, o Sistema deAvaliação da Educação do Esta-do do Rio de Janeiro (Saerj) fazuma análise do desempenho dosalunos da rede pública do Rio deJaneiro nas áreas de Língua Por-tuguesa e Matemática. As provassão aplicadas em turmas do 5º edo 9º ano do ensino fundamen-tal, da terceira série do ensinomédio, das fases equivalentes daEducação de Jovens e Adultos(EJA), do 4º ano do Ensino Nor-mal e para os concluintes do Pro-grama Autonomia.

O Saerj, realizado anualmente,abrange dois programas de avali-ação: o Programa de Avaliação Di-agnóstica do Desempenho Esco-lar e o Programa de AvaliaçãoExterna. Embora com perspectivasdiferentes, os resultados dessas ava-liações são complementares e, paraque possam fazer a diferença naqualidade da educação oferecida,devem ser integrados ao cotidia-

no do trabalho escolar.Por meio destas análises, a Secreta-

ria de Estado de Educação (Seeduc)acompanha o padrão de qualidadedo ensino, utilizando os dados cole-tados para aprimorar as políticaspúblicas do setor. Avaliação em lar-ga escola, o Saerj revela informaçõesimportantes para o planejamento demedidas em todos os níveis do siste-ma de ensino que funcionam comosubsídio para ações destinadas agarantir o direito do estudante a umaeducação de qualidade.

De modo concomitante, a See-duc também instituiu o Sistema deAvaliação Bimestral, mais conhe-cido como Saerjinho. Trata-se deuma avaliação bimestral aplicadacom o objetivo de melhorar o de-sempenho dos estudantes ao lon-go do ano letivo.

Essas avaliações são organizadasde acordo com a Matriz de Referên-cia do Saerjinho, contemplando,além dos pré-requisitos necessários

para os anos/séries avaliados, ascompetências e habilidades pre-vistas para cada bimestre.

Todos os alunos de 5º e 9ºanos do ensino fundamental edas séries do ensino médio par-ticipam bimestralmente da pro-va. Assim, tanto a Seeduc quan-to professores e alunos podemsaber de maneira mais precisaonde estão as maiores dúvidase utilizar os resultados como fer-ramenta para pedagógica.

Além de ajudarem os educado-res a elaborar estratégias pedagó-gicas para melhor alcançar asmetas das escolas no final do ano,os modelos de avaliação aplica-dos pela Seeduc rendem prêmiosaos estudantes. Neste ano, porexemplo, a Secretaria de Estadode Educação entregou dez miltablets como premiação dos alu-nos da rede estadual de ensino quemais se destacaram nos resulta-dos de 2012 do Saerj.

Pesquisapara melhorar aaprendizagem

Descobrir quais são os dados nãocognitivos que interferem na apren-dizagem dos alunos da rede esta-dual de ensino e, com esses dados,apontar caminhos para atender àsdemandas dos estudantes e aprimo-rar a qualidade do ensino públicofluminense. Pautado nesses objeti-vos, o Instituto Ayrton Senna rea-liza uma pesquisa, em escolas ad-ministradas pela Secretaria de Es-tado de Educação.

A pesquisa é feita por amostra-gem em 397 escolas, vinculadas aosmais diversos modelos oferecidosna rede — Dupla Escola, Regular,Normal e Superação – Médio Ino-vador). Participam da análise alu-nos da primeira e da segunda séri-es do ensino médio, que respon-dem aos questionários. A iniciati-va busca verificar quais fatores não-cognitivos impactam a qualidadeda educação, além daqueles jáabordados nas avaliações externas.

Com a cooperação de diretores re-gionais pedagógicos, coordenado-res de ensino e coordenadores deacompanhamento e avaliação daSecretaria de Educação, integrantesdo Instituto Ayrton Senna, a partirdos dados coletados, medirão a in-terferência de um conjunto de fato-res associados à aprendizagem, liga-dos aos aspectos socioemocionais enão-cognitivos dos estudantes. Combase nesses dados, a Seeduc preten-de desenvolver uma série de açõespara melhorar o desempenho dos es-tudantes e, assim, aprimorar a qua-lidade do ensino nas escolas estadu-ais do Rio de Janeiro.

O Instituto Ayrton Senna, tam-bém em parceria com a Seeduc, jáproduz atividades diferenciadas noColégio Estadual Chico Anysio, pormeio de uma proposta educacio-nal diferenciada, voltada para a for-mação plena do aluno com focono desenvolvimento de uma cul-tura para o trabalho e de compe-tências fundamentais para o exer-cício de qualquer profissão.

Um dos maioressalários entre todosos estados

Ao longo deste ano, a Secretaria deEstado de Educação (Seeduc) amplioua rede de benefícios oferecidos a pro-fessores e funcionários técnico-admi-nistrativos da rede estadual de ensino.Além de reajustar os salários da cate-goria, o órgão passou a oferecer novosbenefícios sociais aos servidores, comoos auxílios alimentação, transporte equalificação.

Em 2013, a Seeduc concedeu 8% dereajuste, índice acima da inflação(5,8%) e acima do reajuste do pisonacional da categoria (7,9%) para 75mil professores, 15 mil servidores ad-ministrativos e 57 mil inativos.

A remuneração dos docentes é com-posta por vencimento-base, triênio portempo de serviço e enquadramento porformação, além de 12% entre níveisda carreira a cada seis anos. Com o re-ajuste de 7%, no Estado do Rio a hora/aula passa a valer R$16,74. Com o au-mento, o Rio de Janeiro permaneceentre os estados que pagam acima dopiso nacional, fixado em R$1.567 para40 horas semanais. Atualmente, ahora/aula nacional, para uma jorna-da de 40 horas, é de R$9,79.

Já os benefícios concedidos pelo ór-gão envolvem a bonificação por re-sultados, pagos aos servidores de 387escolas da rede estadual que atingi-ram as metas estipuladas pelo Gover-no. Esse quantitativo representou30% da rede. Os valores, que pode-riam chegar a três salários-base, fo-ram repassados para 24 mil matrí-culas (19 mil professores – já quealguns contam com mais de umamatrícula), totalizando um investi-mento de R$60 milhões.

A Seeduc também concede auxílio-transporte, que é proporcional à car-ga horária trabalhada, com valores va-riam de R$57,60 a R$110,40/mês; e au-xílio-qualificação, pago anualmenteaos professores regentes de turma, novalor de R$500. Esses recursos servempara adquirir bens pedagógico-cultu-rais. Além disso, há o auxílio-alimen-tação, no valor de R$160 mensais; e oauxílio-formação, voltado para os do-centes regentes de turma que partici-pam dos cursos de formação continu-ada, em parceria com o ConsórcioCederj (tanto a bolsa, no valor deR$300 mensais, quanto o curso sãopagos pela Seeduc).

Novo formatoparaeducação dejovens eadultos buscadinamizar aexperiênciapedagógica

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Suplemento de Educação26Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Os reptos emergentes da universidade* CANDIDO MENDES

A atual perspectiva doensino superior parteda dominância incisi-va do setor privadodesde o governo Cos-ta e Silva, e, no seu

âmbito, pela expansão aceleradada universidade comercial frenteà filantrópica. O importante é aescala dessa prestação, que hojechega a universidades com 1,5milhão de alunos contra umamédia que mal atinge os 10 milestudantes. Significativamente,ainda, no concurso desse capitaldesponta, ao lado do investidorexterno, o de fundos de pensãode universidades americanas, a co-meçar pela de Stanford. Vem essecapital de par com programáti-cas e currículos, além de visõesditas internacionais da sua pos-sível excelência.

Deparamos dois óbices consti-tucionais nessa expansão. De sa-ída, o imperativo do pluralismoda oferta, explicitamente determi-nado pelo artigo 206, III, da

Carta, no empenho da garantiada diferença na formação univer-sitária. E, da mesma forma - ain-da que, finalmente, não se tenhaexplicitado na Carta Maior a pre-sença do capital estrangeiro naatividade educacional -, admitiu-se, como um consenso objetivo,que esse capital não poderia avan-çar dos 30% do concurso dessesfundos.

Querendo eliminar ou reduzir aomínimo essa participação, aí es-tão projetos como o do deputadoIvan Valente. De toda forma, oimpacto maior desse reflexo é aimpossibilidade de que as mante-nedoras do ensino superior seconstituam como sociedades anô-nimas, tal como é a larga maioriadessas organizações. Tornar-se-iaimpossível o controle efetivo doque seja o comando desse ensino.As sociedades por cotas de respon-sabilidade limitada parecem ser ofuturo normal na organização daestrutura dessas atividades. Há quesublinhar, na presente perspecti-va, a perenidade de expectativasde um ensino público das univer-

sidades filantrópicas. Tal, exata-mente, a entender-se que a educa-ção, pela Carta, ainda não se te-nha transformado num serviçopúblico da provisão de uma ne-cessidade básica de nosso estadode bem-estar.

E como fica o auxílio governa-mental ao setor? Anunciada hámais de triênio, a proposta de co-operação do BNDES não teve ne-nhuma sequência, dado o círcu-lo vicioso que o trava. Exigindoo CND (Certidão Negativa de Dé-bitos), de saída fica inabilitadalarguíssima maioria das filantró-picas, já normalmente afastadasdo mercado financeiro pelo défi-cit na sua liquidez. E este, justa-mente, pela permanência da cha-mada “lei do calote”, vinda dogoverno Collor, que instala ainexigibilidade de pagamentos doestudantado no curso de um se-mestre de ensino. A larga margem,hoje, de auxílios públicos, a par-tir do FIES, não supre a faltacontumaz dos pagamentos, numaespécie de “cultura da inadimplên-cia”, que se instalou no nosso

estudantado e, curiosamente, apartir das classes mais favoreci-das. O alunado das classes C e D,ao contrário, vai ao mais escru-puloso rigor contratual.

Doutra parte, a política públi-ca do ensino superior não atentaà necessária ênfase de que essa edu-cação envolve, ao mesmo tempo,o ensino, a pesquisa e a extensão.E é desnecessário evidenciar oquanto a larga maioria das uni-versidades comerciais não dá, aodesenvolver do conhecimento, umlaboratório, no avanço da criati-vidade da inovação do conhecer.E, sobretudo, também não se deuconta, na nossa educação, daimportância da orientação voca-cional. E da trazida do estudan-tado às reais oportunidades domercado e das especializações queo nosso desenvolvimento reclama.

Permanece o velho vezo semi-colonial do status sobre a opera-cionalidade e vigência do conhe-cer, do saber-fazer e da nossa mo-dernidade. A dominância, porexemplo, da opção pelo Direitonesses grupos é expressiva na per-

manência desse viés, das condi-ções de subemprego, senão demarginalidade, e de um mercadodessas escolhas obsoletas. A visãode uma política pública de ensi-no superior dá-se conta, cada vezmais, da diacronia que se acen-tuará entre metas de um planonacional de educação e as acele-rações intrínsecas que o própriodesenvolvimento do país determi-nará. Sobretudo, na expansão quedeverão apresentar as atividadesde pós-graduação e expansão, nospossíveis exponenciais que ganha-rão as ofertas do complexo eco-nômico do país. Ou no crescimen-to do enorme setor das organiza-ções não comerciais, diante doincremento do nosso welfare e datoma de consciência do empenhodireto da cidadania, fora das di-nâmicas clássicas, ainda coman-dadas por um status quo, dianteda economia de mercado.

* Membro do Conselho das NaçõesUnidas para a Aliança das Civilizações,da Academia Brasileira de Letras e da

Comissão Brasileira Justiça e Paz

Nestes artigo, o professor Candido Mendes faz uma análise do quadro doensino superior. Ele manifesta preocupação com a tendência de formaçãode grupos educacionais, que constituem conglomerados universitários demassa, alguns com mais de 1,5 milhão de estudantes. E levanta a questãosobre que impacto a atuação destas instituições, algumas financiadascom capital externo, pode ter na formação educacional dos brasileiros

A

Suplemento de Educação27Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Lições do mundo para as universidadesÀ luz do funcionamento dos sistemas de ensino superior dos Estados Unidos e dos principais

países europeus, o professor Edson Nunes aborda os aspectos que os tornam bem sucedidos e apontaas dificuldades para que a formação universitária brasileira se oriente pelas mesmas diretrizes

omente no ano passado, o número de matrículas no ensino superior do Brasil cresceu 4,4%. Segundo o mais recenteCenso da Educação Superior, 7.261.801 brasileiros foram matriculados no segmento, incluindo cursos de pós-gradu-ação e sequenciais. Em dez anos, o total de ingressantes cresceu 91,9%. No entanto, o país precisa discutir, com seri-edade, as políticas públicas para o setor, definindo o que deve ser ensino aos cidadãos do futuro. Quem faz o alerta éEdson Nunes, professor e pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da Universidade Cândido Mendes (Ucam).

Ph.D. em Ciência Política pela UC-Berkeley, o educador observa que, no Brasil, quem define boa parte das polí-ticas do ensino superior é o Congresso Nacional, onde são elaboradas leis que regulamentam profissões, vinculan-do o exercício profissional à determinada titulação. Desse modo, as corporações profissionais acabam definindo osconteúdos a serem abordados nas universidades e não os acadêmicos ou o MEC.

Para o educador, ex-presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), a formação universitária deve ser fo-cada na aquisição de habilidades e competências necessárias às demandas do mundo moderno e não se concentrarno conteúdo do exercício profissional. “O MEC, além de não comandar aquilo que as universidades devem ensinar,ainda chama as corporações profissionais para dar palpite naquilo que elas não entendem”, diz Edson Nunes, queé mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e, nesta entrevista,fala sobre a dinâmica da formação universitária no Brasil à luz do funcionamento dos sistemas de ensino superiordos Estados Unidos e dos principais países Europeus.

ALESSANDRA [email protected]

S

FOLHA DIRIGIDA - EM LINHAS GERAIS, QUAISSÃO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMADE ENSINO SUPERIOR NOS ESTADOS UNIDOS?Edson Nunes - O sistema norte-america-no é muito diversificado: tem universida-des públicas e particulares; tem faculda-des isoladas, chamadas de “Liberal Arts Co-lleges”, que no padrão brasileiro seriamconsideradas quase como universidades.E há os “Community Colleges”, que sãoas faculdades locais, das regiões. Há esta-dos que têm um “Community College” de200 em 200 milhas, de forma que o jo-vem não precisa se deslocar mais do que100 ou 200km de casa para estudar. Ge-ralmente, essas são faculdades de dois anos,voltadas para o treinamento vocacional eque formam profissionais para a econo-mia regional. Esses “Community Colle-ges” possuem estruturas gigantescas, comlaboratórios e equipamentos modernos,parecem universidades nossas.

ESTAS INSTITUIÇÕES OFERECEM A CHAMADA GRA-DUAÇÃO TECNOLÓGICA, “CURSOS SUPERIORESDE TECNOLOGIA”, VOLTADOS PARA AS DEMANDASDO MERCADO REGIONAL?Isso. São cursos de dois anos, cujo diplo-ma não é do bacharel, mas sim de “asso-ciado”. Essas faculdades são muito bara-tas e oferecem também uma formaçãomais genérica. Muitos fazem o curso dedois anos para se preparar para, em segui-da, fazer o bacharelado de quatro anos emuma universidade. Esses cursos têm fina-lidade dupla: formam mão de obra locale preparam os alunos para uma carreiraacadêmica. Quase metade do ensino su-perior norte-americano é de pessoas cur-sando faculdades de até dois anos. A van-tagem é que o sistema oferece muitasoportunidades de transferência: o créditoé do aluno, não é da escola. Como se tratade um diploma de associado — que nãocarrega um título profissional como noBrasil — o aluno carrega seus crédito etermina os estudos em outras instituições.E o sistema americano possui, ainda, asuniversidades públicas, que representama maioria das suas universidades.

COMO FUNCIONAM ESSAS INSTITUIÇÕES?O ensino superior norte-americano é ma-joritariamente público. E as universidadessão todas estaduais. O governo federal nãocuida de educação superior; cuida dos fun-damentos. Há estados com sistemas so-fisticadíssimos. Na Califórnia, por exem-plo, há três sistemas superpostos. A dife-

rença é que as universidades públicasnorte-americanas cobram mensalidades.As pessoas pagam anuidades para estudar,sendo que os alunos que moram do esta-do pagam menos do que aqueles que vêmde fora. Isto porque as famílias dos alu-nos que são do estado onde as universi-dades funcionam já pagam o imposto derenda — nos EUA há imposto de rendaestadual — e toda a carga tributária dalocalidade. E o sistema também possui asuniversidades privadas.

COMO AS UNIVERSIDADES PRIVADAS ESTÃO INSE-RIDAS NO ENSINO SUPERIOR DOS EUA?São instituições como Harvard, Stanford,Aiou — universidades poderosíssimas. Vi-vem de doações e têm fundos de investi-mentos de bilhões de dólares. Emboravivam de fundos de investimentos, derecursos da bolsa de valores para o seu fi-nanciamento, elas funcionam exatamen-te como uma instituição pública ou semi-pública, com valores universitários e nãode mercado. Mantêm sua autonomia uni-versitária, vida acadêmica, carreira docente.

O SENHOR PODE EXPLICAR COMO É A OFERTA DECURSOS NOS “COLLEGGE OF LIBERAL ARTS”?Essas instituições não formam profissio-nais para profissão alguma. Os EstadosUnidos escolheram, no seu primeiro ci-clo, o treinamento. O bacharel não temprofissão. É bacharel de Artes, de Ciênci-as, mas não há uma habilitação específi-ca. A profissão, nos EUA, vem no segun-do ciclo: no mestrado ou na pós-gradua-ção. Os “Liberal Arts” são consideradosinstituições de elite porque formam pes-soas para viver uma vida vasta, com bem-estar. Seus alunos aprendem Literatura,Línguas, Ciência, Matemática, MétodosComputacionais, Lógica. O estudante seprepara para o mundo genérico, no qualnão se precisa ter profissão. E, há, ainda,residualmente nos EUA, as faculdades comfinalidade mercantil.

O QUE SÃO AS FACULDADES COM FINALIDADEMERCANTIL?São instituições com fins lucrativos: ape-nas 9% dos alunos norte-americanos es-tudam nessas instituições.

COMO O SENHOR RESUME O SISTEMA NORTE-AMERICANO DE ENSINO SUPERIOR?O sistema norte-americano, quando vis-to de fora, não tem finalidade lucrativa,em geral; a maior parte dos custos é apoi-

ada pelo setor público. E mesmo as insti-tuições privadas funcionam sem a inten-ção de lucro, sem a intenção comercial. Aeducação com finalidade lucrativa é umanovidade nos EUA; é algo que surgiu háalgumas décadas. O sistema dos EUA co-piou, em parte, o sistema alemão, calca-do em grandes universidades de pesqui-sa. Nos EUA não há estudo de graça, to-dos pagam. Mas há um sistema de finan-ciamento poderoso, subsidiado pelo go-verno. E o endividamento nos EUA é ca-valar: as pessoas pegam dinheiro para fa-zer graduação e pós-graduação e ficam anospagando as contas.

QUAIS AS DIFERENÇAS MAIS SIGNIFICATIVASENTRE O SISTEMA DE ENSINO SUPERIORNORTE-AMERICANO EM RELAÇÃO AO EXIS-TENTE NO BRASIL?Não dá para adotar o modelo norte-ame-ricano no Brasil. Lá, não há profissão noprimeiro ciclo educacional. Eles entende-ram que nas sociedades contemporâneasa maior parte das atividades está no setorde serviços. No Brasil, 70% da economiaestá nesse setor. São vendedores, adminis-tradores de pequenas empresas, de hos-pitais, de instituições de ensino ou decorretoras imobiliárias... O que as pesso-as fazem, em sua maioria, numa econo-mia capitalista moderna é participar do setorterciário, em atividades de gestão.

QUAIS AS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARAEXERCER UMA ATIVIDADE DEGESTÃO?Falar muito bem a sua língua; saber fa-zer contas; saber se nortear nas localida-des; entender de métodos computacio-nais aplicados; se possível, falar uma se-gunda língua; escrever muito bem e sa-ber fazer uma apresentação com come-ço, meio e fim; saber se comportar empúblico; e conhecer bem a história do seupaís e da humanidade. As atividades dosetor comercial moderno não requeremnenhuma profissão. Só que, no Brasil,inventaram que administrador é umaprofissão. Se fizermos um levantamen-to, veremos que boa parte de advogados,bibliotecários, engenheiros e jornalistas,por exemplo, trabalham como adminis-tradores. A rigor, os EUA entenderam quenão é preciso ter uma definição profis-sional aos 18 anos, especialmente quan-do a expectativa de vida é 90 anos. Quan-do a regulamentação das profissões ga-nhou força no Brasil, nas décadas de 1950e 1960, as pessoas viviam 60 anos. Hoje,

se um jovem escolhe mal a sua profis-são, vai passar 60 anos infernizado poruma escolha infeliz? Nos EUA, somen-te as profissões que colocam em risco avida ou o patrimônio das pessoas sãoexercidas exclusivamente por profissio-nais credenciados: médicos, engenhei-ros, advogados e atividades correlatas.Mas, nesses casos, geralmente quem re-gula são as entidades de classe.

E DE QUE FORMA TAL CONCEPÇÃO REPERCUTE NAFORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA?Lá, o bacharelado dura quatro anos é feitopor áreas de conhecimento — exceto nasinstituições com finalidade lucrativa, queestão largando de mão essa sofisticaçãoelitista, de certo ponto de vista, segundoa qual se prepara a pessoa para vida e nãopara o mercado de trabalho. As universi-dades com finalidades lucrativas parecemmuito com as brasileiras: se dedicam a ati-vidades vocacionadas. Ensinam “BusinessAdministration” em geral: formam conta-dores, contabilistas, administradores deempresas, administradores de sistemas. Es-sas instituições com finalidade lucrativase afastam do ideal norte-americano de quea universidade é um campo de formaçãogeral de conhecimento.

E POR QUE ESSE SISTEMA NÃO PODE SER APLI-CADO NO BRASIL?Porque aqui andamos de cabeça para bai-xo. O MEC pensa que faz a política edu-cacional. Essa é uma fantasia de uma noi-te de verão. Hoje, quem faz a política edu-cacional é o Congresso Nacional. Temosprofissões de administrador, contador, en-fermeiro, assistente social e várias outras.Há uma briga pelos monopólios feita noCongresso Nacional que vota uma lei e de-termina que administrador é quem faz ocurso de Administração. O MEC, além denão comandar aquilo que as universida-des devem ensinar, ainda chama as corpo-rações profissionais para dar palpite na-quilo que elas não entendem. Essas cor-porações profissionais não entendem deensino, entendem de interesse profissio-nal. Chamaram os advogados para daropinião sobre os cursos de Direito. E aOrdem dos Advogados do Brasil (OAB) éuma das corporações com a menor taxade qualificação acadêmica do Brasil. As maisbaixas taxas de doutores estão entre os ad-vogados; as mais baixas taxas de mestresestão entre os advogados. E são exatamenteesses profissionais sem qualificação e semexperiência acadêmica que o MEC chamapara discutir. Eles querem colocar maismatérias; redefinir o termo de contrataçãode professores de 40 horas (porque osadvogados precisam trabalhar nos escri-tórios); querem definir que os advogadosno núcleo de práticas jurídicas devem ga-nhar alguma remuneração. As pautas dis-cutidas em muitas das reuniões com a OABsão interesses corporativos. Não há nadade errado. Eles estão aí para isso. Só quenão deveriam dar palpites no ensino.

MAS A OAB FAZ O EXAME DA ORDEM E OS ALU-NOS NÃO PASSAM?Esse é outro problema que não tem nadaa ver com a universidade. A vantagem dedeixar os dois sistemas separados é quecada um deles pode fazer o que bem en-tender. O que não pode é um advogadoque passou cinco anos na Faculdade de

Direito, entrar em uma comissão da OABe começar a dar ordens ao MEC e às uni-versidades sobre o que deve ser ensinado.É por isso que o sistema norte-americanonão pode ser aplicado aqui. Quem dirigeo sistema são os PhDs, os autores, pesso-as com produção científica e acadêmica.Isso pertence ao mundo da universidade.O mundo da profissão é outra coisa. Elespodem caminhar de modo paralelo. Masquando se coloca um sistema dentro dooutro, não há perigo de dar certo.

E QUAIS SERIAM AS CONSEQUÊNCIAS DESSEPROCESSO?Hoje, um jovem com vinte e poucos anosjá é médico, antes de saber ler e escrevercom cuidado. Hoje, os médicos leem ape-nas livros técnicos, os engenheiros também;os advogados leem os códigos. Isso é ummodo de se formar ignorantes. Não se podeimaginar que uma pessoa de 22, 23 anos,já leu toda a literatura que precisava ler;leu toda a história que precisava ler; já leutoda a poesia que precisava ler; já tem osconhecimentos científicos suficientes parasaber como o mundo funciona.

POR QUÊ?Os estudantes no segundo ano do ensinomédio já começam a afunilar seus conhe-cimentos. Eles decidem que querem ser en-genheiros e, ao invés de ampliarem sua for-mação cultural, estreitam a margem, dire-cionando seus esforços para o vestibular epara áreas afins da profissão escolhida. Asgerações futuras começam a ser desprepa-radas já no ensino médio e esse processocontinua na universidade brasileira.

QUAIS FATORES PREJUDICAM A FORMAÇÃO UNI-VERSITÁRIA EM NOSSO PAÍS?Metade dos universitários norte-america-nos estudam em tempo integral. Assimcomo os europeus são estudantes em tem-po integral. Em geral, a carga horária detrabalho discente vai de 1.500 a 1.800horas/ano de trabalho. O ensino é volta-do para o que o aluno faz e não para o queele ouve na sala de aula. No Brasil, a rea-lidade é outra. Aqui temos 200 dias leti-vos e mais de 50% dos cursos são minis-trados à noite. Cerca de dois terços dosestudantes brasileiros trabalham. Normal-mente, os cursos noturnos têm aulas de40 minutos, com três aulas por noite e seisdisciplinas por semestre. Isso significa queos estudantes ficam, por ano, 400 horassentados na universidade, ouvindo os pro-fessores. E, segundo dados do Exame Na-cional de Desempenho de Estudantes (Ena-de), o estudante brasileiro, em geral, es-tuda de uma a três horas, por semana, forada universidade. No Brasil, ser universitá-rio é confundido com ouvir aula. O estu-dante brasileiro estuda, nas universidades,400 horas/ano. Se ele estudar uma horapor dia, a mais, em casa, ganhará mais 200horas. Nesse caso, teríamos uma forma-ção com 600 horas por ano, o que equiva-le a um terço de um ano letivo norte-ame-ricano ou europeu. Como formar pessoascom densidade em 400 ou 500 horas deaulas, ouvindo um sujeito falando boba-gem, à noite, quando o universitário já estácansado de um dia inteiro de trabalho? NoBrasil, ensina-se profissões, quando osalunos deveriam aprender Literatura, His-tória, Ciência, Métodos Quantitativos,Lógica, Línguas, conhecimentos para pre-parar o jovem para o mundo, para exercerqualquer profissão.

E COM RELAÇÃOAOS PRINCIPAIS PAÍSES EURO-PEUS? QUAIS AS CARACTERÍSTICAS COMUNSENTRE OS SISTEMAS DE ENSINO SUPERIOR?O modelo europeu passa por uma transi-ção profunda desde 1999, a partir do Pro-cesso de Bolonha. Comparada com os EUAe o Brasil, a Europa é um continente peque-no, cheio de países miúdos, com diplomase títulos diferentes. A partir de 1999, coma discussão da unificação da Europa, elesresolveram unificar os títulos e as compe-tências acadêmicas no continente, criandoo Pacto de Bolonha. Essa é uma tentativade criar um ciclo universitário homogêneopara Europa inteira. Hoje, há 47 países en-volvidos nesse processo. O modelo de Bo-lonha compreende um primeiro ciclo, comtrês anos, que confere o diploma de bacha-rel. A profissão vem somente com o segundociclo, que são os de dois anos de mestrado.Há também o ciclo do doutorado que duratrês anos. A ideia é de que o primeiro cicloconfira uma formação, que é setorizada nasáreas de Ciências, Artes, Serviços e outrasmais. A profissão viria no mestrado. E paraaqueles que vão para o mundo acadêmi-co, existe o doutorado. A Europa tambémtinha uma visão profissionalizante. Copi-amos nosso modelo da França e de Portu-gal. Mas a França, que agora revê esse mo-delo, tinha um motivo para agir desta for-ma: seu curso de ensino médio era muitobom, muito robusto. A ideia é que os alu-nos, ao final deste ciclo, já estariam pron-tos para escolher as profissões. Há um exa-me, o Baccalauréat, que avalia os estudan-tes após a conclusão do ensino médio. OsEUA descobriram que seu ensino médioera muito ruim e, então, criaram esse pri-meiro ciclo universitário para qualificaros egressos do ensino médio e deixar aescolha da profissão para mais adiante.E o Brasil fez o pior dos dois mundos: temum ensino médio muito ruim e escolheuum modelo da profissionalização precoce— esse é o modelo da “universidade na-poleônica” cujo objetivo não era formarcientistas e sim profissionais.

Segundo Edson Nunes, , , , , Ph.D. em Ciência Política pela UC-Berkeley, apenas 9% dos alunos norte-americanos estudam em instituições com fins lucrativos

Os EUA entenderam que não épreciso ter uma definiçãoprofissional aos 18 anos,especialmente quando aexpectativa de vida é 90 anos.Quando a regulamentação dasprofissões ganhou força noBrasil, nas décadas de 1950 e1960, as pessoas viviam 60anos. Hoje, se um jovemescolhe mal a sua profissão, vaipassar 60 anos infernizado poruma escolha infeliz?

”EDSON NUNES

ZENITE

MACH

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Suplemento de Educação28Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

A força da mobilização dos estudantesO ano de 2013 foi marcante e demonstrou que os jovens brasileiros, ao contrário do que muitos

defendiam, estão longe de apresentar desinteresse pelos rumos do país. Os milhares que saíram as ruas deixaramum recado claro: querem, entre outras coisas, uma educação de qualidade em todos os níveis

unho de 2013. Ao li-gar a TV, milhões debrasileiros ficaramperplexos ao perce-berem que algo gran-dioso estava para

acontecer. A notícia se espa-lhava por todos os veículos.Estudantes, trabalhadores semobilizavam em todas aspartes do país. Sabia-se queum tal ‘Gigante’ havia acor-dado! O despertador? O novovalor do transporte público,para mais - é claro! - havia sidoanunciado pouco antes.

Fazia tempo que os jovensnão se mobilizavam com tantaveemência em prol de um ob-jetivo - Um, não, vários! Aúltima lembrança que os bra-sileiros mantinham acerca demanifestações de massa ficouno ano de 1992, quando es-tudantes tomaram as ruas como objetivo de promover im-peachment do então presidentedo Brasil, Fernando Collor deMelo. “Quando fui para a ruapretendia ser uma daquelaspersonagens retratadas nos li-vros de História que meus fi-lhos e netos terão acesso nofuturo, mas ainda não temosuma transformação tão signi-ficativa quanto a de 90. Ain-da precisamos de serviçosjustos de transporte, da refor-ma política e da verba parasaúde e educação fora dopapel”, conta a estudante deRelações Públicas da Univer-sidade do Estado do Rio deJaneiro, Marina Reis, de 22anos.

Há tempos ensaiava-se algodo tipo, mas parecia faltar o“estopim”. E o ponta pé inici-al foi dado. Mas as reivindi-cações, literalmente, não selimitavam aos 20 centavos queseriam agregados ao preço dapassagem - já tão alto, se com-parado a outros países e, prin-cipalmente, devido à precari-edade do setor. Reforma polí-tica, educação, saúde. Mudan-ças! O desejo, em geral, erapor mudanças.

“A grande massa é movidapela indignação com a situa-ção política do país, mas exis-tem causas específicas comoa desmilitarização da PM,mais verba pra saúde e edu-ção, diminuir a margem delucro dos empresários do trans-porte. Esses gestores, no Bra-sil, arcam com pequena par-tes dos custos, cerca de 10%,enquanto o usuário paga cercade 70%. Temos exemplos deoutros países onde esse custoé dividido igualmente entre go-verno, empresa e usuário”,destaca Leonardo CasteloBranco, estudante do curso deMarketing da UniversidadeVeiga de Almeida.

Os jovens se tornaram pro-tagonistas das manifestações.De ‘cara’ limpa, pintada oucom os rostos cobertos, a mai-oria queria mostrar sua indig-nação com o quadro políticodo Brasil. Mas seria esta umamobilização passageira? “Vol-tarei as ruas quantas vezes forpreciso, desde que os protes-tos tenham foco e objetivos tra-çados”, revela Leonardo. “Achoque a quantidade de pessoasmobilizadas tende a diminuir,mas que alguns movimentoscom objetivo definido conti-nuem aparecendo”, comple-ta Bruna Alves da Cruz..

Para a estudante MarinaReis, a situação continua in-sustentável e, com isso, é pra-ticamente impossível se man-ter indiferente às manifesta-ções. “Todos nós ficamos in-dignados com a injustiça.Existe muita coisa errada noBrasil, mas quando lutamossozinhos, logo ficamos desmo-tivados, e nossos ideais são

logo massacrados por ‘forma-dores de opinião’ que nosreduzem a ‘baderneiros’. Quan-do percebi que assim como eu,existia gente disposta a ir àsruas demostrar o que sentimos,o que pensamos e o que que-remos, não pensei duas vezes!Pra mim foi uma obrigaçãocivil.”

PARA ESTUDANTES,AS REDES SOCIAIS TIVERAMPAPEL ESSENCIAL

Os estudantes estavam sem-pre muito bem informados so-bre os locais e horários ondeos manifestantes estariam con-centrados. A mídia, no entanto,retratava o fato durante o acon-tecimento. Dificilmente avisossobre a pré-manifestações eramdados, logo, esta ferramentanão parecia ser a “pioneira”de informações.

O boca a boca funcionavamuito bem na década de 90,quando os estudantes em ge-ral estavam menos ‘acomoda-dos’ e mais incomodados como Brasil que teriam pela fren-te, caso não houvesse uma lutadiária contra o sistema políti-co. Mas o cenário mudou. Eo Facebook e Twitter, por exem-plo? Não há como isentá-losde certa responsabilidade.Perfis especializados em pro-mover encontros, informaçõesem tempo real foram criados:um pouco tudo nas tais redessociais. E o campo não pode-ria ser mais fértil! O Brasil éum dos líderes no ranking deacesso a essas páginas. E, ali-ás, aonde mais a juventudepoderia estar tão interligadasenão nestas aldeias globais?“As redes sociais tiveram pa-pel fundamental na organiza-ção e iniciativa das manifes-tações”, relata Bruna Alves daCruz, estudante de CiênciaPolítica da UniRio.

Mas há controvérsias! Ape-sar das gigantescas possibili-dades em tornar um post outweet viral, alguns estudantesafirmam que o terreno estrei-ta uma linha tênue entre ainfluência política e midiáti-ca. “É uma faca de dois gu-mes. É bom pra atrair o gran-de povo, mas prolifera umaideia que nem sempre são osfocos do movimento. O idealé levar o leigo à rua e depoiseles buscarem mais informa-ções, serem doutrinados. Essaé a importância dos partidos”,afirma Leonardo.

Assim como a internet é de-nominada como “terra de nin-guém”, as passeatas eram, noinício, praticamente apartidá-rias. Entre a multidão, via-sebandeiras de partidos de esquer-da e movimentos sociais, em-bora não representassem amaioria dos manifestantes. Ini-cialmente. “Esses movimentostiveram muita influência departidos de esquerda, que co-meçaram a ir às ruas com 2 mil,5 mil pessoas. Quando massi-ficou, eles perderam a força, quepra mim foi o grande proble-ma. Sem partido não há poli-tica, é anarquia ou ditadura, ospartidos são as bases de educa-ção política da população, achoque todos deveriam estudarmais as ideologias do partidoinvés de só olhar o que a mídiamostra sobre os políticos cor-ruptos. Ainda há salvação”, sa-lienta Leonardo. Marina com-plementa: “Muitos líderes po-líticos estão envolvidos nosmovimentos. O engajamentoem situações como essas são atémesmo muito comuns, masacredito que uma ação demo-crática deve acolher a todos.Também é muito importantetomarmos cuidado com o dis-cursos partidários e se eles es-tão realmente a nosso favor ouapenas aproveitando a situaçãopara o próprio benefício.”

THALITA [email protected]

JEm junho, milharesde jovens em todoo país foram àsruas cobrar maisinvestimentos emáreas comoEducação e Saúde

Estudantescobrarammesmaprioridadecom osestádios domundial paracom aeducação

Juventude apoia mobilizaçõese espera mudanças para o país

Uma pesquisa realizada emagosto deste ano pelo Institu-to Brasileiro de Opinião Públi-ca e estatística (Ibope) revelouque 84% dos brasileiros eramfavoráveis às manifestações nopaís. Nesta mesma pesquisa,também foi constatado que85% da população deseja re-forma política. A insatisfaçãoé reflexo do descaso e, princi-palmente, do cenário políticoatual, onde escândalos de cor-rupção se multiplicam e revol-tam os mais diferentes setoresda sociedade.

Os jovens, entretanto, fazemquestão de se posicionar comoprotagonistas tomados pelo de-sejo de mudança. Em outro re-corte da pesquisa que conside-ra a idade, os jovens são os prin-

cipais apoiadores da causa: 90%dos que têm entre 16 e 24 anosapoiam os protestos. “Gosto daforma de governo (república de-mocrática), mas é necessário fa-zer valer o voto, não acho legal aentrada de suplentes e cotas par-tidárias em bancadas. Precisamosde governantes que garantam asdecisões políticas, as sentenças doSTF que pressionassem parlamen-tares tanto nas medidas importan-tes (cadê a proposta da ReformaPolítica?) quanto ao cumprimentoda lei (cadê a prisão dos conde-nados?)”, cobra Marina Reis.

No caso específico das manifes-tações, a estudante destaca o posi-cionamento das principais esferasgovernamentais. “Dilma tomou asações mínimas necessárias, fez umpronunciamento imediato da pre-

sidente demostrando alguma con-sideração com o movimento; Eduar-do Paes mostrou-se ameaçador di-zendo que o congelamento do va-lor da passagem iria influenciar emoutras verbas (Será que ele quer en-cerrar sua carreira política ou contacom a memória curta do povo?). Masnão existe palavras para comentaro posicionamento de Cabral”, dis-se a estudantes, sobre o fato de ogovernador ter evitado dar declara-ções na época dos protestos.

Leonardo Castelo Branco é en-fático: para o estudante, apesar dasmovimentações em todo o país,pouca coisa mudou! É precisocontinuar lutando. “Eles estãobrincando com o povo, tentandocamuflar e ludibriar a populaçãonovamente, não fizeram nada deconcreto ate agora além de man-

dar reduzir a passagem de for-ma ridícula, sem tirar um cen-tavo dos empresários. Esperoque não estejam mais no coman-do nas próximas eleições.”

Mas se há um sentimento emcomum que os impulsionem naluta para um país mais justo ehonesto, este chama-se “espe-rança.” Apesar do cenário des-favorável, os jovens seguemmantendo as expectativas deum futuro melhor tão acesaquanto a vontade de aplaudiras mudanças que eles ajudarama conquistar. “Educação e so-nhos me representam! ‘Nadadeve parecer impossível demudar’: essa frase de BertoldBrecht traduz o que sinto e quetodo brasileiro deveria pensarsobre isso”, destaca Leonardo.

Jovens criticam políticanas entidades estudantis

Alguns estudantes receberamuma injeção de ânimo para par-ticipar dessas mobilizaçõesdentro da própria universida-de. As entidades estudantis, decerta forma, colaboraram paraque um número ainda maior demanifestantes tomassem asruas. “É de suma importânciaas atividades dos grêmios es-colares, centros e diretórios aca-dêmicos nas universidades. Alié um berçário político. Ajudaa suprir a falta de um partido…É uma orientação política vá-lida que seria um ótimo canalpara algo mais estruturado”,salienta o estudante LeonardoCastelo Branco.

Mas as intenções dos diretóri-os centrais de universidadesnem sempre agradam. Para al-guns estudantes, o engajamen-to, por vezes, traz intenções po-líticas em suas decisões. “Pri-meiramente deveriam abster-sede qualquer posicionamentopartidário, e quando digo posi-cionamento político, não merefiro ao não exercício único epessoal, mas sim o não envol-vimento como classe. ConheçoDiretórios Centrais Estudantis(DCE’s) de inteira militância deum só partido, e que fazem cam-panha. Essas entidades e dire-tórios deveriam se importarmuito mais com os direitos doestudante, não com os seus res-pectivos relacionamentos polí-ticos”, critica Marina.

A estudante acrescenta que,por experiência própria, não acre-dita que as entidades, de fato, re-

presentem os anseios estudan-tis. “Ingressei no ensino públi-co no antigo segundo grau e, desdeentão, passei e passo por grevesdas quais me perguntava: ondeestava a União Nacional dosEstudantes (UNE)? Ah sim, elaaparecia na hora de obrigar osuniversitários a pagar pela car-teirinha de estudante a fim de terdireito a meia passagem. Achoque os jovens procuram gruposque possam estar inteirados,mais próximos, quero dizer”.

Para Leonardo, é necessárioatentar-se ao fato dessas entida-des se fazerem presentes emmomentos importantes para osjovens e, principalmente, enten-der suas lutas em prol da edu-cação. “Muitos não percebemmas as unidades estudantis es-tão presente em grande nume-ro nos protestos. DCE´s, grêmi-os, da UFRJ, UERJ, UVA, UFF, co-légio Pedro II, Cefet, estão sem-pre presentes nos atos”

“Acho que eles se mobilizamdentro dos partidos para tentaralguma coisa, mas isso muitasvezes não aparece. Acredito que,por essas entidades como aUnião Estadual dos Estudantesdo Rio de Janeiro (UEE-RJ), UNEserem ligadas a partidos polí-ticos, como PC do B, algumaspessoas não se sentem repre-sentadas, mas a UEE-RJ luta aanos pelo passe livre estudan-til no Rio de Janeiro e pelo Es-tatuto da Juventude (que trami-tou por 10 anos até ser aprova-do esse ano)”, salienta a estu-dante Bruna Alves da Cruz.

Quando fui para a rua pretendia ser umadaquelas personagens retratadas nos livrosde História que meus filhos e netos terãoacesso no futuro, mas ainda não temos umatransformação tão significativa quanto a de90. Ainda precisamos de serviços justos detransporte, da reforma política e da verbapara saúde e educação fora do papel

”MARINA REIS

FOTO

S: GABRIEL SALLES

ARQUIVO

Suplemento de Educação29Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

O aluno como vítima de preconceitoDoutor em Política Social pela UFF, o advogado Carlos Alberto Lima de Almeida

é autor de um estudo no qual fica evidente que o preconceito ainda está muito presentenas escolas, principalmente, onde estão os alunos de maior poder aquisitivo

m novembro desteano, o advogado espe-cializado em DireitoEducacional CarlosAlberto Lima de Al-meida lançará o livro“Educação escolar e ra-

cismo: a Lei 10.639/2003 entrepráticas e representações”. A obra,resultado de sua tese defendidano curso de doutorado em Polí-tica Social da Universidade Fe-deral Fluminense (UFF), eviden-cia, em números, a existência dopreconceito nas escolas.

No estudo, feito com 213 alu-nos de cinco escolas particularesescolhidas de forma aleatória, dacidade de Niterói, 86,9% dos par-ticipantes afirmaram acreditarque as práticas de preconceito decor são uma realidade no país.Além disso, segundo Carlos Al-berto Lima de Almeida, mais deum terço responderam que jápresenciaram ou tomaram co-nhecimento de alguma situaçãode racismo na escola. Para o es-pecialista, tratam-se de indica-dores que devem incentivar umareflexão maior em torno do pro-blema, por parte dos educado-res, principalmente em funçãodos desdobramentos que práti-cas desta natureza trazem jun-to aos estudantes.

“O impacto de práticas de pre-conceito pode trazer para o de-sempenho e o desenvolvimen-to das relações sociais de um alunoa sensação de menos valia e ainvisibilidade social, entre outrosaspectos”, destacou o doutor emPolíticas Sociais pela UFF que,nesta entrevista, fala sobre seuestudo, a presença do preconcei-to nas escolas, o avanço dobullying no ambiente educaci-onal e sobre como as escolas po-dem amenizar o impacto sobreos estudantes.

“Em relação às vítimas de pre-conceito, as escolas podem terações de acolhimento, afetivas,que auxiliem o aluno a recuperara autoestima e o sentido de maisvalia. Também são necessáriasações formativas e informativasquanto aos direitos dos alunos,tendo como norte o princípio dadignidade da pessoa humana”,salienta o professor Carlos Alber-to Lima de Almeida.

RENATO [email protected]

E

po para sua execução, entre outrospossíveis elementos, era justificá-vel a necessidade da opção por umprocedimento em que se tivesse mai-or controle e cujas técnicas empre-gadas pudessem permitir a seleçãodas amostras adequadas aos propó-sitos da investigação que se preten-dia realizar. Considerando esse con-junto de informações extraídas dadoutrina e as observações do meuorientador, professor André Bran-dão, justifiquei a opção da realiza-ção da pesquisa de campo a partirde uma amostra intencional con-siderando dados estatísticos rela-cionados ao município de Niterói,no Estado do Rio de Janeiro, que éuma cidade apontada como tendosignificativa parcela de sua popu-lação inserida na classe A, com per-centual não alcançado por nenhu-ma outra cidade do país. Quandosão consideradas as classes A e B,juntas, Niterói aparece novamentena liderança da riqueza no país, com42,9% de sua população total si-tuada dentro dessas duas faixas derenda. A pesquisa, portanto, foi con-centrada no bairro de Icaraí. Osquestionários foram aplicados e asentrevistas foram realizadas no mêsde julho do ano de 2012.

A PARTIR DO ESTUDO, É POSSÍVELCONCLUIR QUE O PRECONCEITO FAZPARTE DO COTIDIANO DOS ESTUDANTES,DE MANEIRA GERAL? POR QUE?Sim, entendo que o preconceitofaz parte do cotidiano dos estu-dantes. Objetivamente, comoforma de contribuição para a re-flexão dos pais e dos profissio-nais da educação, guarda relaçãocom o expressivo número de alu-nos, na perspectiva da amostra,que se declararam racistas. O con-fronto das duas indagações repre-sentadas pelas perguntas - “Emsua opinião existe racismo noBrasil?” e “Você se considera ra-cista?” – permitiu a constataçãode que o problema do racismo,ao menos no discurso, não estáem cada um de nós, mas sem-pre no outro ou na ideia abstra-ta de sociedade. A conclusão éque as respostas dos alunosapontam para variados tipos deinsultos raciais que precisamreceber tratamento adequado porparte dos profissionais da educa-ção. Porém, ressalvo que as respos-tas dos alunos me permitiram con-cluir que a maior parte dessas si-tuações não chega ao conhecimen-to, nem tão pouco é percebida pelosprofissionais da educação.

NA SUA OPINIÃO, QUE IMPACTO ASPRÁTICAS DE PRECONCEITO PODEMTRAZER PARA O DESEMPENHO E O DE-SENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES SOCI-AIS DE UM ALUNO?O nosso país, apesar de todos osavanços da legislação e nas po-líticas de promoção da igualda-de racial, ainda é marcado pelodenominado mito da democra-cia racial, sintetizado pela dis-tância entre o discurso e a práti-ca dos preconceitos, da discrimi-nação entre brancos e negros. Maseu acredito, pela vivência profis-sional na advocacia voltada paraa área educacional, que muitosgestores e proprietários de ins-tituições de ensino são refratá-rios a reflexões que envolvam aresponsabilidade social das es-colas. Para esses, especialmen-te, recomendo leituras de textosque tenham sido influenciadospelas ideias do filósofo francêsPierre Bourdieu, que realizouuma investigação sociológica doconhecimento que detectou umjogo de dominação e reproduçãode valores, o que permite con-textualizar a escola e o seu pa-pel na reprodução das desigual-dades sociais. O impacto de prá-ticas de preconceito pode trazerpara o desempenho e o desen-volvimento das relações sociaisde um aluno a sensação de me-nos valia e a invisibilidade so-cial, entre outros aspectos.

QUE TIPO DE AÇÕES DE APOIO UMAESCOLA PODERIA REALIZAR EM PROL DOESTUDANTE VÍTIMA DE PRECONCEITO?Em relação às vítimas de precon-ceito, as escolas podem ter açõesde acolhimento, afetivas, queauxiliem o aluno a recuperar aautoestima e o sentido de maisvalia. Também são necessáriasações formativas e informativasquanto aos direitos dos alunos,tendo como norte o princípio dadignidade da pessoa humana. Enão podemos esquecer que as si-tuações envolvendo crianças de-safiam medidas de proteção tan-to em relação ao ofensor quantoem relação à vítima, pois são se-res humanos em fase de forma-ção e sujeitos de direitos.

COMO AS ESCOLAS PODERIAM LI-DAR, DE MANEIRA GERAL, COM AQUESTÃO DO PRECONCEITO? QUETIPO DE PRÁTICAS PODERIAM SERADOTADAS PARA EVITAR A OCORRÊN-CIA DESTE TIPO DE PROBLEMA?Inicialmente, quero destacar que

74,6% da amostra envolvendoos alunos não percebeu algumaatividade educacional para evi-tar situações de racismo na es-cola. Tenho a percepção, conso-lidada ao longo dos anos por in-termédio do exercício da advo-cacia no setor educacional, quea verificação da identidade daescola pode auxiliar para evitarconflitos se parte da hipótese deque os pais também têm um pro-jeto de educação para os seus fi-lhos. Se a Lei 10.639/2003 for in-corporada apenas formalmentenão ocorrerá a desejada mudan-ça que justificou a propositurado Projeto de Lei e sua posteri-or aprovação pelo legislador or-dinário. Nem tão pouco as dire-trizes traçadas no Parecer CNE/CP nº 3/2004 e na ResoluçãoCNE/CP nº 01/2004 serão de fatoapropriadas como compromis-so da equipe de profissionais decada escola. Como explicadoneste trabalho, o desafio de con-tribuição a ser vencido implicana adoção de pedagogias de com-bate ao racismo e a discrimina-ções, elaboradas com o objeti-vo de educação das relações ét-nico-raciais positivas, que têmcomo objetivo fortalecer entre osnegros e despertar entre os bran-cos a consciência negra. A esco-la deve, portanto, criar um am-biente favorável aos negros paraa obtenção de conhecimento, se-gurança, acolhimento, enfim,valorização de sua história, tra-dições, costumes. Ou seja, porintermédio da vida escolar, deveser-lhes desenvolvida uma novapercepção, sobretudo no recor-te dos relacionamentos interpes-soais, com expresso reconheci-mento por parte do Estado, dasociedade e da escola, da dívi-da social que têm em relação aosegmento negro da população.Trata-se de uma tomada de po-sição explícita contra o racismoe a discriminação racial nos di-ferentes níveis de ensino daeducação brasileira.

EM SUA PESQUISA, OS ALUNOS FALA-RAM SOBRE PRECONCEITO SOFRIDOPOR PARTE DE PROFESSORES? QUAN-DO VEM DO PROFESSOR OU DA DIREÇÃO,O IMPACTO DO PRECONCEITO É MAISDEVASTADOR? POR QUE?Minha recordação em relação àssituações de racismo presenciadaspor alunos, apenas uma delas in-dicava que o preconceito haviapartido de uma professora, queteria mandado o aluno de voltapara a senzala. Esse tipo de in-sulto racial revela o preconceitopor hierarquia social. Embora eunão tenha conduzido a pesquisapara investigar se o impacto daofensa é mais devastador quan-do o ofensor é um profissionalda educação, me sinto confortá-vel para afirmar que sim. Nesses20 anos de advocacia especializa-da na área educacional, em quetenho atendido e auxiliado naresolução de conflitos de interesseenvolvendo escolas, profissionaisda educação, alunos e seus fami-liares, percebo significativa frus-tração quando se identifica falhapor parte dos profissionais daeducação. Porém, dos 80 casos deinsultos raciais identificados napesquisa apenas um tinha comoofensor, expressamente identifi-cado, uma professora. Logo, en-tendo que é fundamental ter cui-dado com as generalizações.

OS CASOS DE BULLYING, NOTICIADOSCOM FREQUÊNCIA CADA VEZMAIOR, SÃOA PROVA DE QUE AS ESCOLAS AINDANÃO SABEM LIDAR COMA QUESTÃO DOPRECONCEITO. POR QUE O BULLYING ÉTÃO RECORRENTE, A SEU VER?Em relação ao tema bullying pen-so que talvez esteja ocorrendo certomodismo em relação ao empre-go da palavra. Há convergência nosentido que a palavra bullyingexpressa, nas relações travadasentre os estudantes, uma situaçãoque se caracteriza por agressõesintencionais, verbais ou físicas,feitas de maneira repetitiva, porum ou mais alunos contra um oumais colegas. A meu ver muitas

situações isoladas, pontuais, sãotratadas como bullying, em regrapor pais que ouviram falar no as-sunto sem, contudo, aprofunda-rem seu conhecimento sobre otema. Ao fato, também temos quereconhecer a dificuldade de mui-tos profissionais da educação emdar conta de situações que envol-vam o preconceito. A sociedadeprecisa ter como foco a promo-ção do bem de todos, sem pre-conceitos de origem, raça, sexo,cor, idade e quaisquer outras for-mas de discriminação. Neste sen-tido, o princípio da dignidade dapessoa humana precisa ser maisvalorizado pelas famílias e pe-las instituições de ensino, comações conjuntas que auxiliem aconstruir uma sociedade livre,justa e solidária. Os fundamen-tos e os objetivos fundamentaisprevistos na Constituição Brasi-leira ainda desafiam uma leitu-ra atenta e ações concretas, mes-mo após 25 anos da promulga-ção da nossa Lei Maior.

COMO OS PAIS PODEM E DEVEM AGIR,CASO DESCONFIEM QUE O FILHO FOIVÍTIMA DE PRECONCEITO? CASO QUEI-RAM BUSCAR REPARAÇÃO JUDICIAL, OQUE PODEM FAZER?Inicialmente os pais podem dia-logar com o filho para identificara real situação existente. Em se-guida buscar o diálogo com os pro-fissionais da escola, visando apuraro que efetivamente ocorreu. Naeventualidade de entender que defato ocorreu preconceito e o de-sejo for de buscar uma reparaçãojudicial, a primeira providênciaserá consultar um advogado desua confiança ou um defensor pú-blico, caso não tenha condiçõesde arcar com as custas de um pro-cesso e honorários do profissio-nal. Na medida do possível, pen-so que os pais devem buscar umprofissional com efetiva práticana área educacional e vivência emsituações de conflito de interes-se entre escolas, professores, di-retores, pais e alunos.

Carlos Alberto: “o preconceito faz parte do cotidiano dos estudantes.”

FOLHA DIRIGIDA - O SENHOR REA-LIZOU, RECENTEMENTE, UM ESTUDOSOBRE PRECONCEITO NAS ESCOLAS.PODE NOS FALAR, EM LINHAS GERAIS,QUAIS AS DIRETRIZES E A METODOLO-GIA ADOTADA NELE?Carlos Alberto Lima de Almeida —A pesquisa teve como objetivosgerais contribuir para a produção deconhecimentos relativos à operaçãodo racismo na sociedade brasilei-ra, em especial no campo da polí-tica de educação; e verificar as es-tratégias que os profissionais da edu-cação, tais como professores, coor-denadores e diretores de instituiçõesde ensino vêm utilizando para en-frentar o problema. Considerandoas dimensões do país, os custos paraa realização de uma pesquisa, o tem-

DIVU

LGAÇÃO

Suplemento de Educação30Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

A força do ensino técnico integradoGovernos têm procurado, cada vez mais, investir em instituições que promovem formação

em nível médio, junto com a qualificação para o exercício de uma atividade profissional. Na rede estadualde ensino, por exemplo, foram criadas, nos últimos anos, várias unidades com este perfil

ara diversificar as oportunidades de formação dos estudantes do estado do Rio de Janeiro, a Secretariade Educação oferece vários modelos de formação no ensino médio. O objetivo é tornar o ensino cadavez mais atraente para os jovens e dar conta da formação dos cidadãos do futuro que vivem na unidadeda federação com maior aporte de investimentos do país, atualmente.

Por meio de um processo seletivo, que privilegia os estudantes das redes públicas, os jovens podemdisputar uma vaga nas principais instituições que integram o programa Dupla Escola.

Algumas delas oferecem o ensino médio integrado à formação profissional. Outras, um modelo ensinomédio experimental. E, existem, também, as escolas com formação intercultural, uma novidade do estadodo Rio de Janeiro que estende aos jovens da rede pública a oportunidade de obter uma formação comproficiência em uma segunda língua.

Veja qual a formação oferecida em algumas das principais instituições vinculadas à Seeduc. Esses cursostiveram seus currículos elaborados de modo a responder positivamente às demandas de crescimento noestado do Rio de Janeiro.

Alunos do curso técnico de panificação do Nata, em São Gonçalo, colocam, literalmente, a mão na massa durante a realização das atividades práticas

P

Colégio EstadualJosé Leite Lopes

Técnico em Multimídia

Perfil do curso: Cabe ao técni-co em multimídia desenvolver acomunicação visual em meioseletrônicos, organizar e prepa-rar arquivos digitais que podemcompor telas para sistemas decomunicação para diferentes fi-nalidades. É habilitado, ainda,para aplicar técnicas de trata-mento de imagens estáticas eem movimento que complemen-tam estruturas de navegação emmídias digitais e para executaratualização de sites, portais epáginas de web em língua es-trangeira: português e espanhol.

Técnico em Roteiros para mí-dias digitais

Perfil do curso: Cabe ao profis-sional técnico em roteiro paramídias digitais atuar como desen-volvedor de roteiros e projetosde produção em diferentes mí-dias digitais, com perspectiva deinteratividade e convergência demídias e linguagens, nas áreasde comunicação e informática.

Técnico em Programação deJogos Digitais

Perfil do curso: O técnico emprogramação de jogos digitaiscompõe equipes multidisciplina-res na construção dos jogos di-gitais. Utiliza técnicas e progra-mas de computadores especiali-zados de tratamento de imagense sons. Desenvolvem recursos,ambientes, objetos e modelos aser utilizados nos jogos digitais.Implementa recursos que possi-bilitem a interatividade dos joga-dores com o programa de com-putador. Integra os diversos re-cursos na construção do jogo.

Colégio EstadualComendador Valentimdos Santos Diniz

Técnico em Leite e Derivados

Perfil do curso: Cabe ao técni-co em leite e derivados atuarprofissionalmente nas áreas in-dustriais e de varejo e desem-penhar de forma competentesuas atividades. Deve apresen-tar conhecimentos científicos,teóricos e práticos na área de be-neficiamento de leite e derivados,além de competências e habili-dades nos controles e processosde varejo neste setor. Deve sem-pre atualizar-se com relação anovas tecnologias, tendências demercado, normas e legislaçõesvigentes e atuar de acordo comas mesmas. Deve ser um profis-sional de bom senso, dedicado,idôneo, dinâmico, ético e cida-dão. Estar sempre atento tam-bém às questões ambientais econtribuir para evitar a poluiçãoe degradação do meio ambien-te. Deve primar pelo crescimentosustentável, respeito à naturezae valorização da vida.

Técnico em Panificação

Perfil do curso: Cabe ao técni-co em panificação, produzir pães,massas, pizzas e salgados, demaneira artesanal ou de formaindustrializada, para consumoimediato ou vendas em centrosde compras. Organiza a área detrabalho e matéria-prima nasproduções de padaria. Executapráticas de manipulação de ali-mentos. Opera equipamentos emaquinário. Apoia o controle deestoque, custos e consumo.

Colégio EstadualErich Walter Heine

Técnico em Administração

Perfil do curso: Cabe ao técni-co em administração, executaras funções de apoio administra-tivo: protocolo e arquivo, confec-ção e expedição de documen-tos administrativos e controle deestoques. Opera sistemas deinformações gerenciais de pes-soal e material. Utiliza ferramen-

tas da informática básica, comosuporte ás operações organiza-cionais.

Centro InterescolarEstadual Miécimoda Silva

Técnico em Administração

Perfil do curso: Cabe ao técni-co em administração, executar asfunções de apoio administrativo:protocolo e arquivo, confecção eexpedição de documentos admi-nistrativos e controle de estoques.Opera sistemas de informaçõesgerenciais de pessoal e materi-al. Utiliza ferramentas da informá-tica básica, como suporte ás ope-rações organizacionais.

Técnico em Edificações

Perfil do curso: O técnico emedificações desenvolve e execu-ta projetos de edificações con-forme normas técnicas de segu-rança e de acordo com a legis-

lação específica. Planeja a exe-cução e elabora orçamento deobras. Presta assistência técni-ca no estudo e desenvolvimen-to de projetos e pesquisas tec-nológicas na área de edifica-ções. Orienta e coordena a exe-cução de serviços de manuten-ção de equipamentos e de ins-talações em edificações. Orien-ta na assistência técnica para acompra, venda e utilização deprodutos e equipamentos espe-cializados.

Técnico em Informática

Perfil do curso: Cabe ao técni-co em informática, desenvolverprogramas de computador, se-guindo especificidades e para-digmas da lógica de programa-ção e das linguagens de progra-mação. Utiliza ambientes dedesenvolvimento de sistemas,sistemas operacionais e bancode dados. Realiza testes de pro-gramas de computador, manten-do registros que possibilitem

análises e refinamento dos re-sultados. Executa manutençãode programas de computadoresimplantados.

Colégio EstadualHispano Brasileiro JoãoCabral de Melo Neto

Ensino médio intercultural Bra-sil-Espanha

Perfil do curso: O ensino mé-dio intercultural Brasil-Espanhaapresenta uma proposta inova-dora que pretende colaborar naconsolidação de um conceitodiferenciado de educação. Tra-ta-se de Ensino Médio Regular,de formação geral não profissi-onalizante, que será oferecidoem horário integral e propostacurricular integrada. Inclui a for-mação plena de um aluno-cida-dão e promove, ao longo dos trêsanos de duração do curso, açõesque tenham por objetivo espe-cífico desenvolver a proficiênciana língua espanhola. Desta for-

ma, estão garantidas ações pe-dagógicas formais e não formaisque possam contribuir no apren-dizado da língua, valorizando as-pectos culturais e a intercultura-lidade.

Ciep 449 Leonelde Moura Brizola

Ensino médio intercultural Bra-sil-França

Perfil do curso: O ensino mé-dio intercultural Brasil-Françaapresenta uma proposta inova-dora que pretende colaborar naconsolidação de um conceito di-ferenciado de educação. Trata-se de Ensino Médio Regular, deformação geral não profissiona-lizante, que será oferecido emhorário integral e proposta cur-ricular integrada. Inclui a forma-ção plena de um aluno-cidadãoe promove, ao longo dos trêsanos de duração do curso,ações que tenham por objetivoespecífico desenvolver a profi-

ciência na língua francesa. Des-ta forma, estão garantidas açõespedagógicas formais e não for-mais que possam contribuir noaprendizado da língua, valori-zando aspectos culturais e a in-terculturalidade.

Ciep 117 CarlosDrumond de Andrade

Ensino médio intercultural Bra-sil-Estados Unidos

Perfil do curso: O ensino médiointercultural Brasil-Estados Uni-dos apresenta uma propostainovadora que pretende colabo-rar na consolidação de um con-ceito diferenciado de educação.Trata-se de Ensino Médio Regu-lar, de formação geral não pro-fissionalizante, que será ofere-cido em horário integral e pro-posta curricular integrada. Incluia formação plena de um aluno-cidadão e promove, ao longodos três anos de duração docurso, ações que tenham porobjetivo específico desenvolvera proficiência na língua inglesa.Desta forma, estão garantidasações pedagógicas formais enão formais que possam contri-buir no aprendizado da língua,valorizando aspectos culturais ea interculturalidade.

Colégio EstadualChico Anysio

Ensino médio experimental

Perfil do curso: O curso apre-senta uma proposta educacionaldiferenciada, com vista à forma-ção plena do aluno. OfereceEnsino Médio em horário integral,de formação geral, não profissi-onalizante, mas com atividadesformadoras no contraturno total-mente direcionadas à constru-ção do cidadão. A formação parao trabalho será uma das dimen-sões do currículo e entendidacomo o desenvolvimento de umacultura para o trabalho e de com-petências fundamentais para oexercício de qualquer profissão.O currículo será estruturado emquatro dimensões: o trabalho, oconvívio, a aprendizagem aolongo da vida e, como dimensãocentral, a formação para a auto-nomia (Identidade e projeto devida). A educação a ser desen-volvida no C.E. Chico Anysiogarantirá ao educando proces-so formativo de excelência emproposta pedagógica inovado-ra.

Colégio EstadualCírculo Operário

Técnico em Metrologia

Perfil do curso: O técnico emmetrologia é profissional capaci-tado para atuar no desenvolvi-mento da produção industrialbásica, com atuação nas áreasde Metrologia, Normalização eQualidade Industrial, de acordocom as tendências tecnológicasatuais e em consonância com ademanda dos setores produtivos.

Técnico em Biotecnologia

Perfil do curso: O técnico emBiotecnologia oferece apoio téc-nico a laboratórios de diversossetores da ciência e indústria,atendendo à crescente deman-da do mercado no setor da bio-tecnologia.

Colégio EstadualHebe Camargo

Técnico em Telecomunicações

Perfil do curso: O curso técnicoem Telecomunicações tem porobjetivo formar profissionais téc-nicos de nível médio aptos parao exercício de atividades técnicasna área de Telecomunicaçõesque sejam autônomos e críticos,aptos a exercerem sua cidadania,de forma integral, tanto na vidasocial como na vida profissional;bem como resolver problemascom consciência cidadã e espí-rito de colaboração e trabalho emequipe com conhecimento e res-peito às normas de segurança epreservação ambiental.

Escolas bilíngues na rede públicaO Rio de Janeiro saiu, mais

uma vez, na vanguarda doensino. A Secretaria de Esta-do de Educação lançará, a par-tir do ano letivo de 2014, umnovo modelo de ensino mé-dio: o ensino médio intercul-tural. Realizado dentro doprograma Dupla Escola, omodelo inovador vai ofere-cer aos estudantes da redepública a proficiência em in-glês, espanhol e francês.

Os alunos destas unidadesestudarão em horário inte-gral. Além do ensino médioregular, terão o ensino inten-sivo da segunda língua, bemcomo contato com atividadesculturais diversificadas. O ob-jetivo dos gestores é que, aofinal do ensino médio, os jo-vens tenham fluência na se-gunda língua, estando me-lhor capacitados para respon-der às demandas do merca-do da unidade da federaçãoque mais recebe investimen-tos de empresas estrangeiras,e que abrigará jogos da Copado Mundo, em 2014; e asOlimpíadas, em 2016.

O Ciep 449 Leonel de Mou-

ra Brizola, localizado em Nite-rói, oferecerá língua francesa. Oensino médio intercultural Bra-sil-França é fruto de parceria como Ministério da Educação daFrança e a Academia de Créeéil,uma espécie de Secretaria de Es-tado na França. Ao longo dos trêsanos de formação, serão desen-volvidas ações pedagógicas for-mais e não formais que possamcontribuir no aprendizado da lín-gua, valorizando aspectos cultu-rais e a interculturalidade.

Já o ensino de Inglês será mi-nistrado no Ciep 117 Carlos Dru-mond de Andrade, localizadoem Nova Iguaçu. A unidade iráoferecer o ensino médio inter-cultural Brasil-Estados Unidos.Com horário integral, o currícu-lo prevê a formação plena de umaluno- cidadão e o desenvolvi-mento da proficiência na línguainglesa. Nesse caso, a parceria éfeita com o Consulado dos Es-tados Unidos, com apoio da Su-perintendência de Escolas Públi-cas do Condado de Prince Geor-ge, em Maryland (EUA).

Quem se interessar em apren-der o espanhol deverá ingressarno Colégio Estadual Hispano

Brasileiro João Cabral de MeloNeto, localizado no Méier, no Riode Janeiro. A oferta de ensinomédio intercultural Brasil-Espa-nha será fruto de convênio fir-mado entre a Seeduc, o Minis-tério da Educação, Cultura e Es-portes da Espanha e o InstitutoCervantes que atuarão, em con-junto, para promover a valoriza-ção de aspectos culturais e a in-terculturalidade.

A Secretaria de Educação infor-mou, também, que pretende ofe-recer o ensino médio intercultu-ral Brasil-China, com ensino demandarim, com a colaboração doInstituto Confucius. No entan-to, sua proposta pedagógica ain-da está em desenvolvimento.

Ensino de turco - Alunos doEnsino Médio Integrado à Edu-cação Profissional com Habi-litação em Hospedagem, minis-trado pelo Colégio Estadual In-fante Dom Henrique, em Co-pacabana, terão formação emvárias línguas estrangeiras. Elesaprenderão espanhol, turco emandarim na unidade da redeestadual de ensino. O cursotem foco no setor de hospeda-gem e faz parte do Projeto de

Línguas Estrangeiras do pro-grama Dupla Escola.

A ação diferenciada é pos-sível por meio de parcerias fir-madas com entidades e insti-tuições de ensino de línguaestrangeira. O Instituto Cultu-ral Brasil Argentina ministra-rá as aulas de espanhol; o Cen-tro Cultural Brasil Turquiaapresentará o turco aos jovens;e o Instituto Confucius vai ofe-recer a formação de mandarim.

As aulas serão realizadasduas vezes por semana, con-tando com modernos recur-sos de som e imagem, alémde material didático impres-so e digital. As parcerias vi-sam, também, ampliar o con-tato dos alunos com a cultu-ra desses países.

Além de aprimorar a qua-lidade do ensino oferecido,a medida busca facilitar a in-serção desses estudantes nomercado de trabalho, desen-volvendo novas habilidadese competências. Todos os cur-sos terão períodos de avali-ação de aprendizagem paraviabilizar ajustes que se fa-çam necessários.

CLARICE CASTRO

Suplemento de Educação31Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Ensino mais atrativo com a qualificaçãoformação cidadãse conjuga com acapacitação pro-fissional em uni-dades que inte-

gram o Programa Dupla Es-cola. Desenvolvida pela Se-cretaria de Estado de Edu-cação do Rio de Janeiro (Se-educ) desde 2008, a açãovem provocando mudançasna vida de milhares de jo-vens em diversos municípi-os do estado.

A proposta é transformarescola convencional em umespaço atrativo para os es-tudantes, atendendo aosanseios dos cidadãos e àsdemandas das empresas queacreditam no potencial eco-nômico da região em que ainstituição está localizada.Nas unidades que integramo programa, a jornada édupla. No contraturno, osalunos recebem formaçãoprofissional ou várias ativi-dades diferenciadas, vincu-ladas a programas especiais,visando enriquecer a forma-ção escolar.

Com um currículo inova-dor, em jornada ampliadae com foco na formação ge-ral, as disciplinas são inte-gradas de forma a oferecerum processo educacionalem que o jovem perceba autilidade e a necessidade doconhecimento para o exer-cício de qualquer profissão.

Em algumas unidades, aformação profissional ocor-re por meio de parcerias coma iniciativa privada. O mo-delo inovador começou a ex-periência do Instituto OiFuturo, que introduziu ummodelo de educação integralvoltada para o desenvolvi-mento de novas habilidadescom formação profissional.O Colégio Estadual José Lei-te Lopes abrigou então o Nú-cleo Avançado em Educação(Nave) — programa volta-do para a pesquisa e o de-senvolvimento de soluçõeseducacionais que usa as tec-nologias da informação e dacomunicação no ensino mé-dio, com o intuito de capa-citar os estudantes para pro-fissões na área digital.

Com uma proposta peda-gógica inovadora, o mode-lo une em um mesmo currí-culo as disciplinas da basecomum e aquelas da educa-ção profissional que, nessecaso, estão voltadas princi-palmente para indústria cri-ativa de jogos eletrônicos.

O mesmo modelo de en-sino médio integrado à for-mação profissional deu ori-gem a outra unidade deexcelência da rede, o Colé-gio Estadual ComendadorValentim dos Santos Diniz,onde funciona o NúcleoAvançado de Educação emTecnologia de Alimentos eGestão de Cooperativismo(Nata), que realiza suas ati-vidades em parceria com oGrupo Pão de Açúcar.

Localizado em São Gon-çalo, o Nata está inserido nasdependências do antigocomplexo industrial da Co-operativa Central de Produ-tores de Leite (CCPL). Inau-gurado em 2009, ofereceensino médio integral comlaboratórios físico-químicos,de microbiologia, de emba-lagens e usinas piloto de leitee laticínios.

Outra parceria vitoriosa en-tre a Secretaria de Educaçãoe a iniciativa privada é Co-légio Estadual Erich WalterHeine, inaugurado em 2011,numa parceria com a empresaThyssenkrupp CSA. Nestecaso, o diferencial do cursotécnico de Administração éo foco no desenvolvimentosustentável.

A

Unidades no Rio e emdiversas cidades do EstadoO ensino médio integrado

é igualmente adotado emoutras unidades onde não háparceria e a iniciativa é exclu-sivamente pública. Nessa ca-tegoria, a rede conta com oCentro Interescolar Miécimoda Silva, em Campo Gran-de, onde os alunos podemoptar por cursos de Adminis-tração, Edificações ou Infor-mática. O Colégio EstadualPedro II, em Petrópolis, pro-porciona cursos de produçãode Áudio e Vídeo e o Colé-gio Estadual Agrícola ReiAlberto I, também na regiãoSerrana (Nova Friburgo),oferece curso de Administra-ção. O Colégio EstadualAgrícola Barão de Langsdor-ff, em Magé, atende aos alu-nos da região com curso deAgropecuária e o ColégioEstadual Infante Dom Hen-rique, em Copacabana, ori-enta os estudantes interessa-dos na atividade hoteleira,com curso de Hospedagem.

Vale lembrar que para cadauma dessas unidades, a See-duc desenvolveu uma estru-tura curricular adequada à me-todologia de integração daformação profissional ao cur-rículo do ensino médio. Por-tanto, o estudante conclui oensino médio, mas tambémrecebe a certificação da for-mação profissional.

Segundo a Seeduc, a mai-or parte dos alunos forma-dos por essas escolas no anopassado estão em universi-dades e/ou no mercado detrabalho. A inovação curri-cular também está presenteno Colégio Estadual Chico

Anysio, cuja proposta é oensino médio experimental.Em parceria com o InstitutoAyrton Senna, o Ibmec e aSecretaria de Esporte e Lazerdo Estado do Rio de Janei-ro, a unidade oferece forma-ção em mercado e negóciose a prática esportiva em lutaolímpica e esgrima.

EXPECTATIVA DE NOVASPARCERIAS PARA 2014

Neste ano, a Secretaria deEstado de Educação assinouconvênios com 11 novosparceiros do programaDupla Escola nas áreas deVocação Profissional (Tele-comunicação, Saúde e Bio-tecnologia, Cozinha e Ser-viço, Tecnologia) e Idiomas(Francês, Inglês, Espanhol,Mandarim e Turco).

Entre os novos parceirosestão a Microsoft; Libra Ter-minais S.A. e Multitermi-nais; Ministério da Educa-ção, Cultura e Esportes daEspanha e Instituto Cervan-tes; Pontifícia UniversidadeCatólica (PUC) e InstitutoConfucius; Consulado Ge-ral da França; InstitutoCultural Brasil Argentina/Consulado Geral da Repú-blica Argentina; Axis Biotec/Cryoprax/CriobiologiaLtda; Centro Cultural BrasilTurquia (CCBT); Superinten-dência das Escolas Públicasde Prince George; FundaçãoAssistencial Xuxa Meneghele Embratel; e Nissan.

Em 2012, o programaDupla Escola recebeu o prê-mio Barão de Mauá comoinovação. Colégio Estadual Chico Anysio desenvolve parcerias com o Instituto Ayrton Senna e com o Ibmec

Alunos do Nave recebem capacitaçãoprofissional para atuar no mercado degames e de novas tecnologias.Instituição é referência na área digital

Colégio Estadual Erich Walter Heine: proposta pedagógica focada na sustentabilidade Interação entre professores e alunos dá o tom nas unidades onde existe o Dupla Escola

FOTO

S: CLARICE CASTRO E SALVAD

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FANO

Suplemento de Educação33Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Sinais de ineficiência na avaliação do MECÍndice Geral de Cursos, indicador criado pelo MEC para estabalecer a qualidade das instituições

de ensino superior pelo país, ainda divide educadores. De um lado, estão aqueles que consideramos critérios adequados. De outro, reitores questionam a eficácia da metodologia empregada

Essa avaliação não reflete a reali-dade. Eu já falei isso em diversasoportunidades. O maior percentual éem cima da nota do aluno, quando ofoco deveria ser bem distribuído. Nãohá obrigação dos alunos compare-ceram ao Enade. E se uma quanti-dade deles assina a prova e entregaem branco, os alunos não são preju-dicados, mas a instituição é. O pesodessa nota deveria ser pequeno,deveria se avaliar a história dessecurso, conversar com os alunos, comos professores, avaliar a estrutura etambém, obviamente, o quadro do-cente. A avaliação é muito superfici-al. Há casos em que a comissão nemaparece na faculdade. E aí depois saiuma ata. Isso está completamenteequivocado. Não se pode pegar umcurso reconhecido como excelenteno Brasil, se basear no boicote dosalunos, e dar nota 2 ou 3, quando, naverdade, todos sabem que o curso émuito bom. Então, alguma coisa estáerrada. É um erro que vem se prolon-gando e a Secretaria de Regulaçãodo MEC simplesmente lava as mãos.E há um outro problema. A avaliaçãocoloca no mesmo cesto instituiçõesde dimensões diferentes. A univer-sidade que tem 30 cursos sendoavaliados tem que ficar em um blococom instituições que tenham umamédia de 25 a 30 cursos. Não podecolocar no mesmo pacote uma fa-culdade que tenha um ou dois cur-sos. Isso não está correto. E quandoum curso cai em uma avaliação menor,para recuperar isso é uma burocra-cia. Eu como reitor estou 100% des-contente com essa Secretaria deRegulação do MEC. É necessárioexistir a avaliação, mas ela tem queser feita acatando-se as sugestõesdas pessoas que estão na linha defrente, que são os coordenadores decursos, os diretores de unidade e osreitores. Se não houver essa harmo-nia fica muito difícil.

Acho que a avaliação deveria sebasear no sistema da pós-gradua-ção, que já é consolidado, que to-dos respeitam, tem grande credibi-lidade. Mas entendo que, em esca-la, a pós-graduação é um décimo dagraduação no Brasil, se não formenos. No caso da pós, também sefaz a entrevista com o aluno, masnão tem o peso que existe na gra-duação, em que 60% da avaliaçãoé baseada no desempenho dos alu-nos no Enade ou nas informaçõesque eles prestam. E como o examenão avalia o desempenho individualdo aluno, ele vai fazer a prova atécom má vontade. Há muitos cursosque fazem boicote e às vezes a pro-va é aplicada em locais inadequados.Além disso, antes faziam a prova osingressantes e os concluintes. Des-de a última avaliação, os ingressan-tes não fazem, é aproveitada a notado Enem. E há uma porcentagem naelaboração do IGC, em que é com-parado justamente o desempenho doaluno que ingressou com o do alunoconcluinte. Estão comparando doistestes que foram feitos para circuns-tâncias diferentes. Os alunos quefazem o Enem dão tudo o que po-dem, fazem o melhor possível. E natentativa de fazer um sistema únicopara atender a diversidade e a quan-tidade de cursos de graduação quese tem hoje no país, pecamos pornão agradar nem as universidadesgrandes, nem as instituições meno-res. Um fator positivo é que o siste-ma está sendo frequentemente ava-liado, no âmbito do governo federal etambém das universidades, que en-viam críticas, participam de reuni-ões. É um sistema ainda em cons-trução, e isso é bom. Por outro ladoé muito difícil, com as diferenças queexistem entre os estados, as univer-sidades, os sistemas de ensino pú-blico e privado, fazer um sistema paraavaliar essa diversidade.

O sistema reflete uma forma res-trita de avaliar o que é qualidade,baseado em aspectos tais como ti-tulação de professores, regime detrabalho docente, infraestrutura eprojeto pedagógico, além da provado Enade. Mas se entendermos qua-lidade como valor percebido pelo alu-no e pela sociedade, faltam outroscritérios importantes no atual sis-tema de avaliação, como a empre-gabilidade dos formandos, a inclu-são social em regiões carentes, oalargamento do horizonte culturaldos estudantes, entre outros. E oscritérios usados são baseados emuniversidades públicas. No entan-to, há que se considerar a impor-tância social das pequenas e mé-dias instituições particulares, querepresentam quase 80% do total deinstituições no Brasil. Sem dúvida,criou-se no Brasil uma cultura deavaliação, que veio para ficar. Asinstituições possuem instrumentosclaros, mesmo que discutíveis, epodem organizar seu planejamen-to de longo prazo. E a sociedadeganhou mais transparência na re-gulação e supervisão do ensinosuperior. Isso é muito positivo. Fal-ta apenas ajustar o modelo para quese considere as característicasregionais e se valorize mais a au-toavaliação, que está prevista noSinaes, mas nem sempre é consi-derada importante no resultado. De-vemos questionar também a divul-gação de conceitos provisórios,como tem sido feito pelo MEC. Acultura da avaliação não deve ser acultura do ranking. É importante quea sociedade tenha acesso às infor-mações sobre as instituições de en-sino superior, mas é fundamentaltambém que os conceitos sejam di-vulgados apenas depois de cumpri-das todas as etapas da avaliação,incluindo as visitas in loco, o queinfelizmente não tem ocorrido.

Do ponto de vista da aferição daqualidade do ensino superior, o cer-to seria que cada unidade de ensinofosse avaliada separadamente, nãoem conjunto como está sendo feitoa partir do sistema adotado peloMinistério da Educação. Que essaavaliação se efetivasse no âmbitoda casa de ensino, levando-se emconta todo o conteúdo ministrado.Aí seria uma coisa racional. Elesredigem a coisa dentro da universi-dade e não levam em consideraçãose é uma faculdade de um curso, dedois cursos ou de dez. Aí se com-para uma faculdade como a nossa,que tem apenas dois cursos e 600alunos com outras de dimensõesmaiores. E colocam tudo no mes-mo nível. Deveria haver uma dife-renciação. O que fica de positivo éque no momento em que a faculda-de é avaliada há um estímulo paraprosseguir no seu ensino. Há umaprimoramento natural. Mas é pre-ciso que seja uma avaliação crite-riosa. Se for uma avaliação super-ficial e geral, infelizmente, não iráproduzir estímulo algum. Se for umaavaliação justa, a instituição vai reuniro seu corpo docente e mostrar anecessidade do aprimoramento. Sóque essa avaliação está sendo ela-borada arbitrariamente. Na legisla-ção, está prevista a valorização doaluno, a capacidade que ele adqui-riu, se ele aprendeu ou não. Essaque é uma avaliação criteriosa. Oensino deve ser direcionado para oaprendizado. O aluno aprendeu, éválido. Não restam dúvidas de quetodo processo de avaliação é neces-sário para o aprimoramento do en-sino, desde que a sua aplicação sejacoerente com as normas determi-nadas pela Constituição. E o gran-de objetivo da educação nacional,pelos princípios constitucionais, seresume no pleno desenvolvimentoda pessoas humana.

O Sinaes é um avanço gigantescopara a melhoria da qualidade do en-sino superior. Com ele, há uma pres-tação de contas à sociedade e tam-bém às instituições que são avalia-das, já que todo o processo permitecorreções, ajustes, recursos, avali-ação dos avaliadores por parte dosreitores etc. Percebe-se, inclusive,um interesse de outros países nestesistema. Seria uma utopia entendê-lo como algo imune a problemas,distorções, incompletude. Uma dascriticas ao sistema é a falta de regis-tro do desempenho do aluno no Ena-de em seu histórico escolar. De fato,muitos alunos realizam esta avalia-ção sem a responsabilidade neces-sária, o que acaba comprometendoa nota de sua instituição. Isso mere-ceria uma atenção especial, já queparte da nota do curso é fornecidapelo resultado do Enade. Além dis-so, há que se analisar se o curso éde uma universidade, centro univer-sitário ou faculdade. Outra crítica équanto à imensa participação doEstado no processo, o que em mui-tos casos dificulta a expansão e am-pliação do acesso ao ensino superi-or em função da alta regulação. En-tretanto, devemos reconhecer que osetor avançou muito pouco enquan-to o Estado não entrou no processo.O sistema trouxe, entre outros, o es-tímulo ao aperfeiçoamento constan-te, a gestão profissional, a valoriza-ção do profissional de educação. Masacredito que seria necessária ainda acriação de um sistema de acredita-ção não estatal, a certificação ISOdas instituições, a observação dascaracterísticas regionais na avaliação.O sistema deve vislumbrar o que diznosso querido irmão lusófono Boaven-tura Santos. Quando a diferença nostorna inferior diante de um sistema,temos o direito à igualdade, mas quandoa igualdade nos descaracteriza, te-mos o direito à diferença.

nstituído há quase dez anos, o Sis-tema Nacional de Avaliação daEducação Superior (Sinaes) tempor objetivo, de acordo com a Lei10.861/2004, assegurar a avalia-ção das instituições de ensino su-perior, dos cursos de graduação edo desempenho acadêmico de seusestudantes, com a finalidade, en-tre outras, de melhorar a qualida-de do ensino. Porém, representan-tes das instituições avaliadas di-vergem sobre a efetividade do sis-

tema no alcance dessas metas.E uma das principais críticas estárelacionada ao peso que é dado aodesempenho do aluno na compo-sição do Índice Geral de Cursos(IGC), que em última análise é atradução, para a sociedade, do tra-balho de avaliação realizado. Issoporque o rendimento do estudan-te é medido por meio do Exame Na-cional de Desempenho de Estudan-tes (Enade), alvo de boicote dosgraduandos, motivado sobretudo

pela irrelevância da nota da provapara aqueles que prestam o exame,segundo os especialistas.A legislação que trata do Sinaestambém fala no aprofundamentodos compromissos sociais das ins-tituições de ensino superior, pormeio inclusive do respeito à diver-sidade. Mas no que tange à aten-ção às diferenças entre os diversostipos de instituição, os cinco diri-gentes universitários ouvidos pelaFOLHA DIRIGIDA são unânimes

em afirmar que o sistema é falho.A necessidade de se avaliar, comfins de aprimoramento, os cursose instituições de ensino, porém, édestacada por todos os entrevista-dos, que, no entanto, apontam ca-minhos que deveriam ser seguidos,muitos deles já sinalizados ao Mi-nistério da Educação (MEC), parafazer com que o sistema colocadoem prática a consiga retratar, o maispróximo possível, a realidade daeducação superior no país.

IANDERSON BORGES

[email protected]

Reitor da UniversidadeFederal Fluminense (UFF)

Roberto SallesReitor do Centro Universitário

Carioca (UniCarioca)

Celso NiskierPró-reitora de Graduação da Univer-

sidade Federal do Rio de Janeiro

Angela RochaDiretor da Faculdade de

Reabilitação da Asce (Frasce)

Libórni SiqueiraPró-reitor de

Ensino da Unisuam

Carlos Figueiredo

MARCO FERNANDES - COODCOM/UFRJ

Suplemento de Educação34Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

O futuro do movimento estudantilO educador João Pessoa de Albuquerque, que esteve à frente da UNE na década de 60, cobra mais

independência por parte da representação dos estudantes. Vic Barros, atual presidente da UNE, diz queentidade tem, sim, atuação crítica frente ao governo, mas que também sabe reconhecer os avanços

m junho deste ano,o Brasil passou poralgo que há muitotempo não se via:multidões de pessoas

protestando em todos os can-tos do país. Desde os caras pin-tadas, nome pelo qual ficouconhecida a mobilização es-tudantil brasileira realizada em1992 que teve como objetivoprincipal o impeachment doentão presidente FernandoCollor de Melo, as entidadesrepresentativas do estudantestentam, sem sucesso, a ida dosjovens, em massa, para as ruas.

O diferencial das recentesmanifestações foi o caráter ho-rizontal. Ou seja, não foramconvocadas ou organizadaspor sindicatos, entidades oumovimentos sociais, mas sur-giram de forma espontâneapela população, que se mo-bilizou, principalmente, atra-vés das redes sociais. Para seter uma ideia da proporçãoque os atos tomaram, apenasno dia 20 de junho mais de 1milhão de pessoas participa-ram dos protestos. Ao todo,388 cidades tiveram manifes-tações, incluindo 22 capitais.Só no Rio de Janeiro, calcula-se que 300 mil manifestantestomaram a Avenida Presiden-te Vargas, uma das principaisvias do Centro da cidade.

Tais características levantaramum questionamento sobre arepresentatividade de algumasentidades, entre elas a UniãoNacional do Estudantes(UNE), por não conseguiremmobilizar tanta gente em tor-no de sua pauta de reivindi-cações. De acordo com JoãoPessoa de Albuquerque, quepresidiu a entidade entre 1953e 1954, o principal problemaé a falta de uma postura total-mente independente do go-verno. “O que me parece, nosdias de hoje, é que a UNE édirigida por militantes do PCdo B e tem, ao que tudo indi-ca, certa ligação política como PT. Isso, talvez, iniba umaatuação mais agressiva do mo-vimento e faz com que nãoconsiga levar às ruas o queoutras instituições conse-guem”, comentou.

Porém, de acordo com VicBarros, presidente da UNEeleita neste ano com 69% dosvotos, a entidade mantémuma postura de total autono-mia frente a qualquer gover-no, partido, empresa ou rei-toria. “Nossa relação hojecom o governo é de diálogoe de pressão permanente pormudanças positivas para opaís. Portanto, reconhecerque existem avanços no Bra-sil não nos atrela a nenhumgoverno, pelo contrário, se-guimos fazendo as críticas queconsideramos justas na atualconjuntura política e na rea-lidade que o Brasil vivenciahoje em dia”, garantiu.

Nas entrevistas a seguir, a atu-al e o ex-presidente aindaderam suas opiniões sobre aforma de organização e atua-ção do movimento estudan-til e sua pauta de reivindica-ções nos dias de hoje. Elestambém falaram sobre o pa-pel da internet e das redessociais, que tiveram caráter de-cisivo na difusão de informa-ções durante os protestos, naforma de fazer política e mo-bilizar a população para bri-gar por suas reivindicações.

ETHIAGO LOPES

[email protected]

FOLHA DIRIGIDA — LEVANDO-SE EMCONSIDERAÇÃO AS MANIFESTAÇÕES DE JU-NHO, QUE LEVARAM MULTIDÕES ÀS RUAS ENÃO FORAM ORGANIZADAS POR ENTIDADESREPRESENTATIVAS OU DE CLASSE, O QUEFICA DE INDICAÇÃO PARA O MOVIMENTO ES-TUDANTIL?João Pessoa de Albuquerque - Quan-do fui presidente da UNE, nós tínha-mos uma posição extremamente in-dependente com relação ao governo.Não existia ligação política com oPoder Executivo, que, na época, erao Getúlio Vargas. Fiz notas públicasmuito independentes e inconforma-das com alguns comportamentos.Cheguei a comandar três greves na-cionais contra a corrupção. No dia 21de abril de 1954, realizamos uma ma-nifestação estudantil em todos os es-tados do Brasil. Convidamos líderessociais e políticos para mostrar queo movimento estudantil estava incon-formado com o grau de corrupçãoque ocorria em algumas esferas go-vernamentais. Foi muito bonito,porque todos os cantos do país aca-taram o pedido da UNE. Estou exem-plificando para mostrar como a UNEdaquele tempo era absolutamente in-dependente. Não havia nenhum vín-culo com o poder público. É umaopinião pessoal minha, mas o que meparece, nos dias de hoje, é que a UNEé dirigida por militantes do PC do Be tem, ao que tudo indica, certa liga-ção política com o PT. Isso, talvez, ini-ba uma atuação mais agressiva do mo-vimento e faz com que não consigalevar para as ruas o que outras insti-tuições conseguem. Mas existe umaeleição, que, consequentemente, é oúnico caminho para mudar os rumos.Se a atual diretoria da UNE continu-ar sendo a maioria, a entidade temque seguir essa vontade, pois faz partedo processo democrático.

APESAR DA INDEPENDÊNCIA, É PRECISOESTABELECER ALGUMAS PONTES E ACOR-DOS PARA DIÁLOGO. NA SUA OPINIÃO, COMODEVE SER A RELAÇÃO ENTRE A ENTIDADEESTUDANTIL E O GOVERNO?A entidade estudantil não pode serchapa branca. Todas as entidades re-presentativas de categorias precisamter, por natureza, independência. Es-sas entidades, por definição, não po-dem estar ligadas politicamente aopoder público. É fundamental quesaibam preservar sua autonomia,pois as classes que elas representam,sejam quais forem, querem exata-mente isso: instituições que prezempela independência de suas ações enão sejam pautadas por ligaçõespolíticas e governamentais.

DENTRO DESSE CONTEXTO DAS GRANDESMANIFESTAÇÕES E DOS ATOS ORGANIZA-DOS PELO MOVIMENTO ESTUDANTIL, O SE-NHOR ACREDITA QUE É A HORA DE A UNEREPENSAR SUA ORGANIZAÇÃO, SUAS POSI-ÇÕES E FORMAS DE MOBILIZAÇÃO E ATUA-ÇÃO?Não tenho dúvidas que sim, é preci-so. Acho que a UNE deveria ser mui-to mais politicamente mobilizado-ra e independente. Posso dizer comconhecimento de causa que, no meutempo, tínhamos total desvinculaçãocom o governo. Fui autor de notas ex-tremamente duras contra o governoda época. Estou transmitindo minhaexperiencia pessoal, como presidenteda UNE, foram três greves nacionais,teve o grande grito que demos em to-dos os estados brasileiros contra oque acontecia nos órgãos governa-mentais que tinham a corrupçãocomo marca.

NA SUA OPINIÃO, AS MOBILIZAÇÕES DA

UNE FICAM MUITO RESTRITAS AOS ESTU-DANTES? NÃO SERIA INTERESSANTE RE-DISCUTIR A PAUTA DE REIVINDICAÇÕES E IN-CORPORAR, DE FORMA MAIS AMPLA, QUES-TÕES MAIS LIGADAS AO DIA A DIA DOS ES-TUDANTES E ATÉ MESMO TENTAR ATRAIROUTROS SETORES DA SOCIEDADE PARA ALUTA PELA EDUCAÇÃO?Como nós todos sabemos, a educa-ção brasileira é extremamente vulne-rável. Darcy Ribeiro já dizia que te-mos um dos piores sistemas de edu-cação do mundo. Para que uma en-tidade do setor possa dizer isso comtodas as letras, precisa de autonomia.Se tem ligações políticas com o go-verno, fica muito difícil expressar deforma clara, por exemplo, essa frasede Darcy Ribeiro e criticar a falta deprioridade dada à educação. A auto-nomia e a independência são, de fato,as grandes molas impulsionadoraspara que uma entidade seja capaz demobilizar grandes massas.

MUITOS DOS PROBLEMAS APONTADOS NASMANIFESTAÇÕES, COMO CUSTO BENEFÍCIODOS TRANSPORTES PÚBLICOS, SITUAÇÃOPRECÁRIA DA SAÚDE E EDUCAÇÃO, ENTREOUTROS, EXISTEM HÁ MUITO TEMPO NOPAÍS. POR QUE SÓ AGORA A JUVENTUDE SEMOBILIZOU E FOI ÀS RUAS EM MASSA LUTARPOR TAIS MELHORIAS?Existe uma coisa chamada de a gotad’água. Isso aconteceu exatamentequando decidiram aumentar o pre-ço da tarifa do transporte público. Ouseja, há muito tempo existe uma in-satisfação geral com as condições pre-cárias do transporte. Quando auto-rizaram e anunciaram o reajuste dapassagem, a sociedade acabou explo-dindo.

AS REDES SOCIAIS MOSTRARAM UM PAPELDECISIVO NAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO,SENDO UM DOS PRINCIPAIS MEIOS PARA ADIFUSÃO DE INFORMAÇÕES. NA SUA OPI-NIÃO, QUAL É A IMPORTÂNCIA DESTAS FER-RAMENTAS?Sem dúvidas, foi muito importante.No meu tempo não havia, mas hoje,com certeza, as chamadas redes so-ciais são fundamentais. A evoluçãoda tecnologia e da informática criouuma ferramenta capaz de mobilizarum país inteiro. Até mesmo onde nãohá tanta liberdade, como na China,por exemplo, as redes se movimen-tam e viram alvos da vigilância dogoverno. É uma arma de mobiliza-ção poderosa, porque chega não sóaos quatro cantos do país, mas simao mundo inteiro.

ESSA FERRAMENTA, QUE POSSIBILITOU OSURGIMENTO DE UMA NOVA FORMA DE SEEXPRESSAR E DE CADA UM TER SEU PRÓ-PRIO CANAL PARA DIVULGAR INFORMAÇÕESOU PENSAMENTOS, JÁ MUDOU A FORMA DEFAZER POLÍTICA E AGLUTINAR PESSOAL EMTORNO DE UMA CAUSA?É evidente que facilita muito. As pes-soas recebem, cada um em seu do-micílio, uma convocação para algumato e até mesmo estímulos para par-ticipar. É uma grande arma não só decomunicação, mas também de mo-tivação e mobilização. Nos dias dehoje, tem cada vez mais força. No meutempo, isso não existia. Sabíamos dascoisas através da imprensa, das no-tas, circulares e telegramas, mas tam-bém conseguíamos ter organização.As greves eram decretadas mesmosem toda essa sofisticação na infor-mática. Então, não significa que nãopode haver mobilização sem ela, poisa gente luta com as armas disponí-veis em cada época. Mas, sem dúvi-das, é mais uma ferramenta que fa-cilita a organização, a troca de idei-as e a convocação.

“Entidade estudantil nãopode ser chapa branca”

FOLHA DIRIGIDA — CONSIDERANDO-SEAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO, QUE LEVARAMMULTIDÕES ÀS RUAS E NÃO FORAM ORGANIZA-DAS POR ENTIDADES REPRESENTATIVAS OU DECLASSE, O QUE FICA DE INDICAÇÃO PARA OMOVIMENTO ESTUDANTIL?Vic Barros - Acho importante ressaltarque o movimento estudantil brasileironunca saiu das ruas. Importantes con-quistas que tivemos, especialmente emeducação, neste período, como o Progra-ma Universidade para Todos (ProUni),a expansão de vagas nas universidadesfederais e a lei de reserva de vagas, sãotodas fruto de muita mobilização dosestudantes. Agora, é claro que há muitotempo o país não via um volume tãogrande de gente nas ruas. Acho que todoesse avanço no ciclo de lutas das mani-festações nos proporciona muitas refle-xões sobre o Brasil e seus movimentossociais. Participamos dos atos commuito entusiasmo, desde o primeiro, emSão Paulo. Se não e engano, fomos a únicaentidade presente em manifestações nos27 estados do país. Então, a UNE tevesua participação. O que nos cabe agoraé, em primeiro lugar, seguir no rumo dosprotestos para que a agenda de lutas nãoarrefeça, porque multidões nas ruas rei-vindicando causas justas e progressistasé bom para o Brasil e fortalece a demo-cracia. Em segundo lugar, é que as res-postas para as mobilizações, por partedos governos em todas as esferas, forammuito limitadas. Então, precisamos con-quistar mais consequências positivas.Com esse ambiente de mobilizaçãonacional, já conseguimos reduzir o va-lor do trasporte público em várias cida-des, passe livre em alguns lugares do RioGrande do Sul e Goiânia, o Estatuto daJuventude, os royalties do petróleo paraa educação. Acho que todas essas con-quistas são consequências dessas mani-festações e se deram através das redes.

QUAIS AS PERSPECTIVAS PARA A MOBILIZA-ÇÃO ESTUDANTIL DEPOIS DESSA ONDA DEPROTESTOS, JÁ QUE HÁ MUITOS ANOS NÃOVÍAMOS TANTA GENTE NAS RUAS?Nós, estudantes, estamos mobilizadosem torno de três causas: a reforma po-lítica e democrática; a defesa da edu-cação pública de qualidade, que hojese reflete principalmente em torno doPlano Nacional de Educação (PNE), emtramitação no Congresso Nacional hámais de dois anos e meio, o que é umabsurdo para um projeto de lei tãoimportante para o país; 10% do PIB paraa educação; e agora vamos promoveruma grande ofensiva contra o aumen-to de mensalidades e a mercantiliza-ção das universidades privadas. O finaldo ano, geralmente, é um período emque as instituições decidem, sem ne-nhum tipo de diálogo com os estudan-tes e a comunidade acadêmica, o au-mento da mensalidade. Estamos lan-çando a campanha “Educação não é mer-cadoria”, que vai tomar o conjunto dasuniversidades privadas para que con-sigamos ter uma instituição que se voltepara o sonho dos estudantes e os desa-fios que o Brasil apresenta.

A UNE CONSIDERA REVER A PAUTA DE REI-VINDICAÇÕES E INCORPORAR, DE FORMA MAISAMPLA, QUESTÕES MAIS LIGADAS AO DIA A DIADOS ESTUDANTES E ATÉ TENTAR ATRAIR OU-TROS SETORES DA SOCIEDADE PARA A LUTAPELA EDUCAÇÃO?A pauta educacional é feita em conjuntocom os professores da rede pública eprivada. No final das contas, estudan-tes e educadores estão juntos na luta poruma educação de qualidade. A reivin-dicação por uma reforma política reú-ne a UNE, a Ordem dos Advogados doBrasil (OAB), a Central Única dos Tra-balhadores (CUT) e outras entidades.É claro que a agenda de mobilizações

não é uniforme em todos o país, po-rém, no final do ano, teremos atos nasfaculdades e passeatas nas ruas em to-das as regiões para que consigamoschamar a atenção para estas questõestão importantes para o aprofundamentoda democracia e superação da visão mer-cadológica na educação, que ainda pre-valece no país, infelizmente.

MUITOS DOS PROBLEMAS APONTADOS NASMANIFESTAÇÕES, COMO O CUSTO BENEFÍCIODOS TRANSPORTES PÚBLICOS, SITUAÇÃOPRECÁRIA DA SAÚDE E EDUCAÇÃO, ENTREOUTROS, EXISTEM HÁ MUITO TEMPO NO PAÍS.POR QUE SÓ AGORA A JUVENTUDE SE MOBI-LIZOU EM FOI ÀS RUAS EM MASSA LUTAR PORTAIS MELHORIAS?Não existe uma resposta única. O trans-porte sempre mobilizou os estudantesbrasileiros, há décadas. Em especial, abruta e injustificável repressão que asmanifestações de São Paulo e outrascidades sofreram pela polícia gerou umsentimento de solidariedade no povobrasileiro e despertou as pessoas paraoutras causas além do transporte, comocorrupção e por educação e saúde dequalidade. O Brasil avançou muito nosúltimos anos, especialmente quandofalamos de educação, mas acredito queas maiores conquistas do povo aindaestão por vir. Sobre a questão do trans-porte público, em especial, penso o se-guinte: no Brasil, educação e saúde pú-blica, com todas as dificuldades e li-mitações, são gratuitas. Entretanto, otransporte, algo essencial para a popu-lação, principalmente, nas grandes emédias cidades, não apenas é pagocomo também de péssima qualidade.O passe livre estudantil é algo que estápresente há muitos anos na agenda daUNE. As conquistas recentes no RioGrande do Sul e em Goiânia tiveramo apoio e a marca da UNE, que estevenas ruas desde o começo. Seguimosexigindo a abertura das planilhas decustos do transporte em todas as cida-des, porque o custo não pode recairsobre a população. A responsabilida-de deve ser do governo e dos empre-sários, que controlam essa caixa pretaque é o transporte público.

AS REDES SOCIAIS MOSTRARAM UM PAPELDECISIVO NAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO,SENDO O PRINCIPAL MEIO PARA A DIFUSÃO DEINFORMAÇÕES. NA SUA OPINIÃO, QUAL É AIMPORTÂNCIA DESTA FERRAMENTA?Antigamente, eram os panfletos. Hoje,é tudo virtual. A internet aproximoumais as pessoas. É um espaço plural edemocrático que permite o diálogo dejovens de diferentes opiniões, perfis elugares do mundo. Então, podem in-teragir e compartilhar preocupações ereflexões sobre os problemas da nossasociedade. A internet se consolidou, ese consolida cada vez mais, como umespaço de muitas ideias. A UNE utili-za essa ferramenta de mobilização, poistem cumprido um papel importante deproporcionar espaços plurais e diversi-ficados de diálogo entre aqueles quelutam e sonham com um Brasil melhor.

ALGUMAS PESSOAS COSTUMAM CRITICAR AUNE POR MANTER RELAÇÕES MUITO PRÓXI-MAS COM O GOVERNO ATUALMENTE. COMO VÊESSA POSIÇÃO?A UNE mantém uma postura de autono-mia em relação a qualquer partido, qual-quer empresa, qualquer reitoria ou qual-quer governo. Nossa relação hoje com ogoverno é de diálogo e de pressão per-manente por mudanças positivas para opaís. Reconhecer que existem avanços noBrasil não nos atrela a nenhum governo,pelo contrário, seguimos fazendo as crí-ticas que consideramos justas na atualconjuntura política e na realidade que oBrasil vivencia hoje em dia.

“O movimento estudantilnunca saiu das ruas”

João Pessoa de Albuquerque: “a UNE deveria ser muito mais politicamente mobilizadora” Segundo Vic Barros, várias conquistas na educação vêm da mobilização dos estudantes

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DIVU

LGAÇÃO

Suplemento de Educação35Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Sucesso onde não faltam obstáculosSem muitos recursos de infraestrutura e instalado em uma comunidade pobre, que ainda convive com a

violência e com o tráfico, o Ciep 1° de Maio, em Antares, Zona Oeste do Rio, coleciona alguns dos melhoresindicadores da cidade. Aposta é na parceria com as famílias e no aproveitamento de oportunidades geradas

VINÍCIUS CORRÊ[email protected]

A educação pública no Brasil continua a enfrentar antigos problemas aindasem solução em muitas das escolas. Questões como carência na formação dosprofessores, baixa remuneração, infraestrutura inadequada nos colégios, eleva-dos índices de reprovação e evasão, problemas de gestão, entre muitos outros,colocam o sistema educacional brasileiro ainda abaixo da média da América La-tina, mesmo com um avanço no último Índice de Desenvolvimento HumanoMunicipal (IDHM), que saltou de 0,493 para 0,727, mostrando uma significantemelhora nos últimos anos.

Contudo, mesmo diante de todos esses problemas, há colégios da rede públicaque conseguem enfrentar as dificuldades do seu dia a dia e promover um ensinode qualidade. É o caso, por exemplo, do Centro Integrado de Educação Pública(Ciep) 1º de Maio, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Localizado no bairro de Santa Cruz na favela de Antares, uma comunidade ca-rente e não pacificada, o Ciep 1º de Maio consegue superar a violência do tráficoe os problemas da educação pública brasileira colocando em prática o lema doseu projeto político pedagógico: “o ser humano em primeiro lugar”.

De acordo com o diretor do colégio, Ocimar Nascimento, essa batalha se vencecom a busca de uma educação de qualidade com ênfase na cidadania e na in-clusão social. Com tal proposta o Ciep atingiu níveis de repetência igual a zeroe evasão abaixo de 1% em 2012, segundo o professor. Ficou em 1º lugar no Índicede Desenvolvimento da Educação (IDE-Rio) de 2009 e 2010 e foi 6º colocadona classificação geral no ano passado. Na prova Alfabetiza-Rio 2012 alcançou aprimeira colocação.

Para Ocimar Nascimento, o segredo é um trabalho realizado a partir da parce-ria entre escola, comunidade e os programas sociais e o envolvimento e dedica-ção de todos na proposta pedagógica do colégio.

Ocimar Nascimento, diretor do Ciep 1° de Maio: “a infraestrutura da escola poderia ser melhor”

FOLHA DIRIGIDA - O CIEP 1º DE MAIOALCANÇOU A PRIMEIRA COLOCAÇÃO NO IDE-RIO DAS EDIÇÕES DE 2009 E 2010, E EM2012 FICOU EM 6º NA CLASSIFICAÇÃO GERALE EM 3º EM SUA CRE. ALÉM DISSO, FICOU EM1º LUGAR NA PROVA ALFABETIZA-RIO 2012.O QUE TEM SIDO FUNDAMENTAL PARA A ES-COLA ALCANÇAR OS RESULTADOS DOS ÚLTI-MOS ANOS?Ocimar Nascimento - Integração de to-dos os segmentos da unidade escolar:Realização de simulados, monitora-mento da frequência, parceria com acomunidade, além dos programas quecontemplam as Escolas do Amanhã:Programa Saúde na Escola, ProgramaMais Educação, o trabalho dos esta-giários e dos voluntários (no reforçoescolar).

COMO FUNCIONA A PROVA ALFABETIZARIO E COMO A ESCOLA PARTICIPOU? ORESULTADO DESSA PROVA CONTRIBUIU

PARA O IDE-RIO?O Alfabetiza Rio avalia o rendimen-to das crianças do 1º ano. A provaocorre normalmente em outubro eserve de base para todas as ações queserão desenvolvidas nos anos poste-riores, além de avaliar o aluno ao longodo ano. Contribui na medida em queconsolida a alfabetização, além degerar uma base para o seu desenvol-vimento escolar.

COMO É A INFRAESTRUTURA DA ESCOLA EQUAL O PAPEL QUE ELA TEM PARA O TRABA-LHO REALIZADO?A infraestrutura da escola poderia sermelhor, mas temos trabalhado muitoem parceria com a nossa Coordenado-ria Regional de Educação (CRE) e a Se-cretaria Municipal de Educação (SME)para modificar este quadro. Existeminvestimentos em vários setores da es-cola como portão, salas de aulas, com-

pra de materiais de consumo, etc.

QUAL O PAPEL DOS PROFESSORES E DAEQUIPE DE GESTÃO PARA OS BONS ÍNDICESALCANÇADOS?O corpo docente é fundamental, poiscabe à gestão buscar recursos que se-rão investidos no pedagógico. A de-dicação, o compromisso e a identifi-cação com a proposta pedagógica daunidade geram os resultados obtidos.

UMA DAS RAZÕES PARA OS RESULTADOS OB-TIDOS NOS ÚLTIMOS ANOS FOI O AUMENTO NANOTA DA PROVA BRASIL EM PORTUGUÊS EMATEMÁTICA. QUE ESTRATÉGIAS E PRÁTI-CAS PEDAGÓGICAS FORAM FUNDAMENTAISPARA ESTE AUMENTO?O trabalho é constante, mas destaca-mos o reforço escolar, o acompanha-mento da frequência, a parceria como Conselho Escola Comunidade(CEC), a realização de simulados se-manais, e as reuniões periódicas comos responsáveis.

QUAIS OS ÍNDICES DE EVASÃO E REPETÊN-CIA NA ESCOLA? SE FOREM BAIXOS, QUAISAS MAIORES RAZÕES?

Em 2012 a repetência foi zero e a eva-são abaixo de 1%. Isso se deve ao acom-panhamento semanal da frequência es-colar: Os responsáveis são convocadose comparecem para apresentar justifi-cativas e assinar termo de compromissopara garantir a frequência do aluno sobsua responsabilidade.

A REGIÃO EM QUE FICA A ESCOLA AINDA NÃOÉ PACIFICADA. QUE DESAFIOS ISTO TRAZ?O desafio é que, a despeito da não pa-cificação, temos de garantir uma edu-cação de qualidade, com ênfase na ci-dadania e na inclusão social. Mas, en-frentamos dificuldades. Quando háoperação policial nas comunidades deentorno, há um impedimento paraque nossos alunos e professores che-guem à unidade escolar.

COMO A ESCOLA LIDA COM A QUESTÃO DA VI-OLÊNCIA JUNTO A SEUS ALUNOS? HÁ PRO-JETOS VOLTADOS PARA ESTA TEMÁTICA?Oferecemos aos nossos alunos umambiente de serenidade e paz: traba-lhamos a cultura da “Não Violência”e valores como tolerância, solidarie-dade, amizade, cooperação, respeito,cidadania e outros. Temos ainda o Pro-jeto Cultura da Paz.

COMO PROCURAM INCENTIVAR A PARTICIPA-ÇÃO DOS PAIS? PERCEBEM UM INTERESSEDAS FAMÍLIAS PELA ESCOLA E O ESTUDO DOSFILHOS?Temos a prática de integrar a comunida-de ao cotidiano escolar através do Cafécom o Diretor, realizado quinzenalmenteou de conversarmos com os pais e res-ponsáveis sobre questões que impactamno andamento da escola, recebendo su-gestões e críticas. Temos observado umcrescente interesse dos pais e responsá-veis pela vida escolar de seus filhos, apóso atrelamento da percepção dos progra-mas sociais (Bolsa Família e Cartão Fa-mília Carioca) à frequência escolar.

QUE LIÇÕES O CIEP 1º DE MAIO DEIXA PARAAS DEMAIS ESCOLAS?Trabalhem, trabalhem muito, façamuma avaliação diagnóstica criteriosa desuas escolas, identifiquem as forças,oportunidades, fraquezas e ameaças,olhem somente para sua realidade.

Em 2012 a repetênciafoi zero e a evasãoabaixo de 1%. Isso sedeve aoacompanhamentosemanal da frequênciaescolar: Os responsáveissão convocados ecomparecem paraapresentar justificativas eassinar termo decompromisso paragarantir a frequência doaluno sob suaresponsabilidade.

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PESSOAL

A sala de aula do futuro* MARY RANGEL

ara se pensar no futu-ro, é preciso observaras tendências que seanunciam no presen-te. É importante tam-bém considerar que a

linha do tempo não se interrom-pe e, desse modo, o presente, comohoje se configura, decorre da his-tória do passado, assim como ofuturo decorrerá da continuidadedessa história. Em síntese, as açõese decisões do presente são respon-sáveis pelo futuro que elas cons-troem e anunciam.

E o que se tem no presente? Aresposta aponta o ambiente virtualna sociedade, refletindo na escola ena sala de aula; e ainda aponta acrise ética, de valores, a crise ecoló-gica, a socioeconômica, a política,a do trabalho, da família, das rela-ções internacionais, além de outrasque tensionam os tempos contem-porâneos acrescentando múltiplose variados apelos à qualidade soci-al e pedagógica da educação que,

embora não dê conta dos proble-mas sociais, pode trazer contribui-ções no âmbito de sua proposta crí-tica e contextualizada de formaçãohumana. E assim, os apelos sociaiscontinuam chegando, com esperan-ça, à escola, e nela, à sala de aula.

O sentido de família também érecorrente às contribuições socioe-ducacionais, reconhecendo-se oquanto está suscetível à desestrutu-ração e à ameaça à confiança mú-tua que sustenta as relações. A edu-cação, como se assinalou antes, nãotem alcance suficiente para dar con-ta da dimensão dos fatores implica-dos nesse problema, mas pode in-vestir nos princípios que realçam aimportância da família, que mesmoestando sujeita a desacordos e con-flitos, ainda mantém-se como um am-biente de conforto e segurança a serpreservado, procurando-se superaras dificuldades e possíveis desaven-ças (que fazem parte da rotina coti-diana), através do amor, cuja forçaé capaz de manter e consolidar a união.

Feitas essas considerações sobrealgumas das circunstâncias do pre-

sente que anunciam o futuro, reto-ma-se a questão do ambiente vir-tual e, nele, o uso de recursos tec-nológicos nos processos e práticaseducacionais. A sala de aula dofuturo estará, então, crescentemente,utilizando esses recursos, o que de-manda o cuidado com a fragiliza-ção do conhecimento (embora seagilizem e ampliem as formas deacesso às suas fontes pelos cami-nhos da internet), assim comodemanda o cuidado com os valo-res, que não podem se submeter àmesma fragilização, a ponto deserem desconstruídos os limiteséticos das condutas, necessários àscomunicações e interações nosdiálogos e espaços virtuais.

Nessa mesma perspectiva de cui-dados éticos, valorativos, inclui-seo uso de sites e serviços online queoferecem textos de estudo, evitando-se que os downloads se transformemem cópias e leituras descritivas, ali-geiradas, passíveis de absorção erepetição de ideias com pouco sen-so crítico, admitindo-se, inclusive, ouso dos textos sem referências às suas

fontes. Nesse cenário, pode tambémocorrer que sejam inibidas a produ-ção textual, a criação, a criativida-de, a condição de autoria dos alu-nos. A educação com tecnologia traz,portanto, muitos desafios.

A sociedade contemporânea, ca-racterizada pela informatização,globalização e pesquisa, traz aindaà escola e à sala de aula a necessi-dade de acompanhar a evolução doconhecimento, e nela, as mudan-ças que requerem atualização dosconteúdos, além de recomendaremaos docentes que sejam também pes-quisadores (o que significa seremprodutores de conhecimento), e queestimulem e orientem seus alunosnesse sentido. O que se vislumbra,portanto, na sala de aula do futu-ro, é a relação entre ensino, apren-dizagem e pesquisa.

A esse conjunto de elementos aserem refletidos, adiciona-se a aten-ção à diversidade, que é própria domundo plural, e à convivência pau-tada no respeito à alteridade e aosdireitos humanos a serem garanti-dos, pois garanti-los é premissa e

requisito da vida cidadã. Vive-se,portanto, uma época de ênfase nainclusão, orientada por princípiosde emancipação social, que é pro-jeto e projeção de uma sociedadesaudável, igualitária.

E o professor, então, investirána valorização da alteridade e suaspossibilidades de ampliar asaprendizagens no convívio comas diferenças, de modo que orespeito e a solidariedade sejamrealçados na construção do pre-sente que se projeta no futuro. Éo que se deseja e espera dos pro-cessos pedagógicos, das práticaseducativas e do conhecimentosistematizado e reconstruído nocotidiano da sala de aula.

* Mary Rangel é doutora em Educação pelaUFRJ. Pós-doutorado na área de PsicologiaSocial, pela PUC/SP. Professora Titular deDidática da UFF. Titular da área de Ensino-

Aprendizagem da UERJ. Lançou, em parceriacom Wendel Freire, os livros “Educação com

tecnologia” e “Ensino-aprendizagem ecomunicação”, ambos pela Wak. É também

ouvidora do Colégio La Salle Abel eCoordenadora do Centro Universitário La

Salle RJ (UniLasalle)

No exercício de vislumbrar a sala de aula daqui algumas décadas, logosurge a tentação imaginá-la dotada de toda parafernália tecnológicamultimídia possível. Para Mary Rangel, os ambientes educacionais, nofuturo próximo, terão sim equipamentos modernos. Mas, se caracterização,principalmente, por serem espaços que buscam valorizar a ética, aprodução do conhecimento, a boa relação professor/aluno e a diversidade

Suplemento de Educação38Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

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FOLHA DIRIGIDA OS PROFESSO-RES, DE MANEIRA GERAL, JÁ DO-MINAM O USO PEDAGÓGICO DATECNOLOGIA, NO ENSINO?Wendel Freire – Vivemos um tem-po de frequentes atualizações dosdispositivos técnicos de produção,armazenamento e transmissão deinformação. Se as tecnologias es-tão em constante transformação,é impossível pensar em dominá-las, pois o tempo dedicado a issotiraria o educador de seu foco. Apergunta se refere ao domínio douso pedagógico da tecnologia, masainda assim, a cada renovação, hánovas possibilidades e conforma-ções, portanto, novos objetivos eproblemas. A grande maioria dosque se dispõem a utilizar disposi-tivos tecnológicos em sala de aulatêm boa vontade, pouco conheci-mento instrumental e nenhuma

clareza de como alcançar o que que-rem com eles. Muitas vezes não háclareza nem mesmo do que se queralcançar. Não dominar não é o pro-blema. Mas não levantar questõesbásicas e fundamentais ao se apro-ximar de uma nova tecnologia e,ainda assim, adotá-la, isto sim éum grande problema.

MUITAS ESCOLAS ATÉ TÊM EQUI-PAMENTOS, MAS ELES SÃO MALAPROVEITADOS. COMO PREPA-RAR O PROFESSOR PARA O USODESTES UTENSÍLIOS?A primeira razão que vem à ca-beça como justificativa para o fra-casso na implementação de umatecnologia educacional é sempreo mau uso do professor. Em mui-tas escolas públicas há computa-dores e não há acesso à internet,em outras há acesso e computa-dores e o que falta é tomada. Nãoquero dizer com isso que os pro-fessores nunca são os responsá-veis diretos pela subutilização de

equipamentos. Mas nos pergun-tamos sobre as razões que leva-ram o professor a não se empe-nhar? Será uma resistência a umasolução cuja elaboração não tevenenhuma participação sua? Mui-tas vezes, diante da complexidadeescolar e da celeridade com queas análises são feitas, simplifica-ções não nos deixam agir e pla-nejar devidamente.

SÓ PREPARAR O PROFESSORBASTA? QUE OUTROS ASPECTOSSÃO NECESSÁRIOS? É PRECISOHAVER PROFISSIONAIS PARA DARSUPORTE?Todos aqueles que colaboramcom o cotidiano escolar precisamde um aperfeiçoamento contínuo.Precisamos ser versões melhoresde nós mesmos a cada dia. Acre-dito que a gestão democrática sejaessencial para que o melhor datecnologia e do profissional ve-nha à superfície. E o que há de

melhor na tecnologia, especifica-mente aquelas que acessam asredes? Podemos destacar o traba-lho colaborativo, que pode serpercebido nas aplicações do tipo“wiki”, e o diálogo aberto, nota-do nos diversos canais que pos-sibilitam não apenas ouvir e ler,mas dizer e escrever. Colaboraçãoe diálogo são aspectos do novomodelo comunicacional quedevem ser explorados, inspiran-do o modelo de ensino-aprendi-zagem. Colaboração e diálogosão elementos centrais para umanova forma de ensinar e apren-der, para uma nova maneira deconstruir conhecimento. Em pelomenos duas passagens, a Lei deDiretrizes e Bases (LDB) fala di-retamente sobre a participaçãocomo elemento da gestão esco-lar. Muitas instituições cumpremessa diretriz parcialmente, comuma representação fingida; des-se jeito, não contribuem de fatopara nenhuma democracia. O su-

porte moral das coordenações edas direções antecede o suportetécnico em importância. O am-biente escolar sem autoritarismo,sem pensamento único e sem in-tolerância pode render excelen-tes frutos.

O GOVERNO FEDERAL, ESTE ANO,ANUNCIOU QUE DISTRIBUIRÁ TA-BLETS PARA OS PROFESSORES.COMO VÊ ESTA MEDIDA? ELA ÉADEQUADA OU TENDE A NÃO TERRESULTADOS, FRENTE À FALTADE QUALIFICAÇÃO DOS DOCEN-TES?Penso que a compra de dispositi-vos digitais pelo governo deveria seracompanhada de um propósitoconstruído por educadores em salade aula, não por educadores de ga-binete. Notebooks e tablets podemfazer parte de uma inovação desdeque sua entrada no ambiente esco-lar não seja resultado de um mo-nólogo, de uma imposição. Para queuma tecnologia ajude a produzirbons resultados, pedagogicamen-te falando, sua necessidade preci-sa ser percebida e elaborada pela co-munidade escolar. As compras pa-recem um bom negócio muito maispara as empresas do que para as es-colas. Gestores da educação públi-ca precisam se afastar de negóciosaparentemente bons para negoci-arem com os professores a sua va-lorização. Uma carreira digna e atra-ente, isto sim, seria o melhor ne-gócio e o mais urgente.

ACHA QUE A FALTA DE INVESTI-MENTO NA PRODUÇÃO DE MATERI-AL DIDÁTICO DIGITAL É UM DOSFATORES QUE DIFICULTA A IN-SERÇÃO DO USO DA TECNOLOGIANA SALA DE AULA? POR QUÊ?Não penso que a dificuldade passetanto por essa questão. Ter umdispositivo de acesso à internet jáé extremamente favorável ao en-sino de qualquer disciplina. Ocelular, o tablet e o notebook nãosão telas plenas, mas são telasprenhes. Elas dão acesso a ummundo de informações em diver-sos formatos. As perguntas quefazemos é que precisam de riquezae clareza. Não estou dizendo comisso que o material didático nãotem um papel importante no pro-cesso. Penso que o professor deveser formado para ser mais que umsujeito que segue o material di-dático, dá aulas e preenche asburocracias escolares. O planeja-mento, a seleção de recursos e orecorte de textos são cruciais para

que o professor seja autor do pro-cesso. Para isso, é necessária umaformação que prepare o docentepara tomar as rédeas e uma garan-tia de tempo para planejar e reu-nir ideias e experiências.

A TECNOLOGIA, A EXEMPLO DOQUE MUITOS DEFENDEM, É A SAÍ-DA PARA DINAMIZAR E TORNAR OENSINO MAIS INTERESSANTE? OUOS RECURSOS MODERNOS NÃOTÊM ESTE PODER?Os recursos não têm em si poderalgum de mudança, o que eles apre-sentam – e isso é de fato extrema-mente significativo – é um poten-cial realmente grande de cumprirtodas as promessas anunciadas:dinamização didática, ampliaçãodo diálogo, estímulo à pesquisa, aopensamento e à produção de tex-tos em vários formatos, entre ou-tras. É na apropriação e ressignifi-cação desse potencial que reside opoder de reformulação. Muitosanunciam que estamos entrando emuma educação em rede. E muitosdesses anúncios vêm carregados deum olhar puramente comercial. Aadoção de tecnologia pura e sim-ples traz uma renovação pobre aouniverso escolar. Uma nova dinâ-mica efetivamente promissora re-quer o uso de tecnologia com cur-rículo multirreferencial, de tecno-logia com questionamento do for-mato da sala de aula, de tecnolo-gia com valorização do professor.E a comunidade escolar que tivercomo norte a transformação destasociedade em uma menos desigualirá buscar fazer essas associações tãonecessárias para que não entremosde cabeça na rede como peixes de-sorientados.

OS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PRO-FESSORES, HOJE EM DIA, PREPA-RAM PARA O USO DE TECNOLOGIASEM SALA DE AULA? POR QUÊ?Penso que, em sua maioria, os cur-sos de formação de professores nãolevam os seus alunos à exploraçãoconsistente dos fundamentos teó-ricos necessários à prática. Não ofe-recem aos futuros professores mo-mentos para vivenciar a metodolo-gia de ensino de maneira efetiva,para que eles possam voltar à teo-ria compreendendo os caminhosadotados e os porquês de cada es-colha. Isso acontece, talvez, pelo en-contro de fatores que à primeira vistanão estabelecem contato direto coma questão, como a desvalorizaçãoda profissão e a mercantilização daeducação. Quanto aos estágios,

muitas vezes eles são superficiaise em poucas acontecem de modosatisfatório.

O QUE PRECISARIA MUDAR NOSCURSOS DE FORMAÇÃO DE PRO-FESSORES PARA QUE O DOCENTESAÍSSE PARA O MERCADO COMCAPACIDADE DE UTILIZAR BEM ATECNOLOGIA NO PROCESSO DEENSINO?Seria muito positivo se as licen-ciaturas contassem com umementário mais robusto, no quese refere à didática, e com labo-ratórios de ensino que os colo-cassem em situação prática deaula, utilizando de quadros depregas e retroprojetores a compu-tadores e telas interativas.

QUAL O PAPEL QUE AS REDES SO-CIAIS PODEM TER NO ENSINO?Diante do grande tempo que osjovens gastam nas redes sociais,o professor pode lançar propos-tas que roubem, no bom senti-do, parte deste tempo de manei-ra produtiva. Seja fomentando apesquisa ou o debate a partir dacriação de um grupo, seja com-

partilhando arquivos ou linkspara todo tipo de texto, seja dis-ponibilizando um plantão tira-dúvidas em um chat, o professorpode atuar ampliando a sala deaula. As redes sociais podem ain-da inspirar novas plataformas deinteração e ensino-aprendizagemnos ambientes de educação a dis-tância, tornando-o mais sociávele amigável, ajudando a diminuiro grande índice de evasão atual.

MUITOS PROFESSORES, MESMOSEM UTILIZAR DE RECURSOSAVANÇADOS DE TECNOLOGIA, DE-SENVOLVEM UM GRANDE TRABA-LHO JUNTO AOS ALUNOS. QUAL OSEGREDO DESTES PROFISSIO-NAIS, NA SUA OPINIÃO?Ensinar deve ser parte de aprender,

“As transformações e acelerações forjadasem nosso tempo darão origem, em futuronão muito distante, a um sistema complexode ensino. Ele seria a mescla de momentospresenciais com momentos mediados porambientes virtuais. A educação a distânciadeixaria de ser um sistema complementar epassaria a integrar um sistema commelhores respostas.”

s novas tecnologias da informação surgiram comouma revolução na forma de comunicar. Com isso,a aceleração e o crescimento no fluxo de informa-ções se tornou inevitável. Utilizados, a princípio,como entretenimento de massa, os aparelhos tec-nológicos ganham agora uma nova função: au-

xiliar o processo de ensino-aprendizagem.Foi de forma irreversível que celulares e tablets entraram

pela porta da frente das salas de aula. Companheiros inse-paráveis dos estudantes, os dispositivos móveis obrigaramos professores a repensar sua relevância para a educação.Mas será que os docentes estão preparados para dominar ouso pedagógico da tecnologia?

Datashows, por exemplo, já foram inseridos em diversasinstituições como mais uma interface da aprendizagem; o GovernoFederal anunciou a distribuição de tablets para professores darede pública, porém, ainda é preciso treinar aqueles que irãoutilizar dessas novas ferramentas.

Há escolas que possuem equipamentos, no entanto, eles sãomal aproveitados. Há, ainda, instituições que sequer foram atu-alizadas com a nova metodologia de ensino. E há, sobretudo, afalta de investimento na produção de material didático digital.

Não há dúvida de que a tecnologia é realmente uma ali-ada da educação, mas, infelizmente, ainda falta um longocaminho a ser percorrido para tornar a escola um espaço deensino mais dialógico e participativo, utilizando de velhase novas tecnologias.

Wendel Freire é mestre e doutorando em Educação pelaUniversidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do ensinomédio do Colégio La Salle Abel. Organizador do livro “Tecno-logia e Educação - as mídias na prática docente” (Editora WAK),o especialista fala, nesta entrevista, sobre a relação do profes-sor com as novas tecnologias.

Ele ressalta que um dos problemas é falta de infraestruturaem muitas escolas para o uso dos equipamentos de multi-mídia. Outro problema, destaca o educador, é que muitosprofessores ainda não dominam as formas de utilização dosrecursos tecnológicos, da internet e das redes sociais paraaperfeiçoar o ensino.

“A adoção de tecnologia pura e simples traz uma renovaçãopobre ao universo escolar. Uma nova dinâmica efetivamentepromissora requer o uso de tecnologia com currículo multir-referencial, de tecnologia com questionamento do formato dasala de aula, de tecnologia com valorização do professor. E acomunidade escolar que tiver como norte a transformação destasociedade em uma menos desigual irá buscar fazer essas asso-ciações tão necessárias para que não entremos de cabeça narede como peixes desorientados”, salienta Wendel Freire.

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PESSOAL

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do mesmo modo que teoria e prá-tica são indissociáveis. A arte deensinar exige sensibilidade, mui-to trabalho e pesquisa. Se pensar-mos na arte de ensinar-aprendernesses termos, podemos afirmarque ela está presente nas práticasdesses professores que, indepen-dente das tecnologias disponíveis,são questionadores e inquietos.Seu questionamento e sua inqui-etação instigam os alunos a fazerinferências, a observar o mundocom curiosidade, enfim, a pensarcom coragem. Professores que têmclareza metodológica acompanha-da de auto-observação e auto-crí-tica e vontade de fazer dar certoagregada à propensão a trabalharem equipe, têm grandes chancesde serem bem sucedidos.

COMO O SENHOR IMAGINA A RE-LAÇÃO DO PROFESSOR COM ATECNOLOGIA DAQUI A UMA DÉCA-DA? O QUADRO TENDE A MELHO-RAR OU AS DIFICULDADES EN-FRENTADAS HOJE TENDEM A PER-MANECER?As transformações e aceleraçõesforjadas em nosso tempo darão

origem, em um futuro não mui-to distante, a um sistema com-plexo de ensino. Ele seria a mes-cla de momentos presenciais commomentos mediados por ambi-entes virtuais. A educação a dis-tância deixaria de ser um siste-ma complementar, como temsido, e passaria a integrar um sis-tema de ensino com melhoresrespostas às necessidades e urgên-cias contemporâneas. Mas, tiran-do a ingenuidade, entre o quepenso que será e o que desejo queseja há uma diferença enorme.Como não sonhar e desejar umfuturo mais ajustado? Não sonhare desejar pode ser paralisador.Quero, junto com outros colegaseducadores, assumir um papelprotagonista nesta mudança.

WendelFreire: eminúmeroscasos,fracasso nouso dastecnologiasnão é culpado professor

“Em muitas escolas públicas hácomputadores e não há acesso à internet,em outras há acesso e computadores e oque falta é tomada. Não quero dizer comisso que os professores nunca são osresponsáveis diretos pela subutilização deequipamentos. Mas nos perguntamossobre as razões que levaram o professor anão se empenhar?”

Suplemento de Educação39Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

O professor ainda distante da tecnologiaAutor do livro Educação e Tecnologia, o mestre em educação pela UFF Wendel Freire

diz que os professores ainda não conseguem usar, de forma plena, os recursos tecnológicos.Mas, lembra que nem toda a responsabilidade sobre isto pode ser jogada no magistério

A

Suplemento de Educação40Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Inovações para professores despreparadosDiante de uma geração de alunos cada vez mais familiarizados com recursos de multimídia,

especialistas ressaltam a necessidade de professores adaptarem as práticas pedagógicas ao uso de tablets,smartphones e notebooks. O principal desafio, no entanto, é qualificar os profissionais

Uso da internetfaz parte do dia adia de boa partedos alunos no país

Mírian Pauradefende maisinvestimentoem qualificação

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental em escolas em que os alunos têm acesso direto a computadores (notebooks, PC, palm, tablets) da escola na sala de aula

Rede Privada Rede Pública Total

39,4

17,6

21,3

Acesso a dispositivos móveis em sala de aula (%)

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por região, em escolas em que os alunos têm acesso direto a computadores (notebooks, PC, palm, tablets) da escola na sala de aula

18,1

14,9

27,5

9,6

31,7

29,6

26,5

47,1

26,3

43,9

16,9

12,7

22,0

7,6

29,6

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Acesso a dispositivos móveis em aula, por região (%) Total Rede Privada Rede Pública

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por região, em escolas que informaram possuir sala para os recursos de mídia/comunicação

50,8 51,6

67,2 57,8

52,9

81,5 88,7 86,5 87,5

82,3

47,4 44,7

61,9 54,2

47,7

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Escolas que têm salas com recursos de multimídia, por região (%)

Total Rede Privada Rede Pública

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental em escolas que informaram possuir sala para os recursos de mídia/comunicação

Rede Privada Rede Pública Total

86,6

53,9 59,5

Escolas que têm salas com recursos de multimídia (%)

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por região, nas escolas emque os alunos têm acesso à Internet através de equipamentos da escola

78,1 82,7 81,8

98,1

81,9 94,7

87,6 91,2 100

92,7

76,4 81,9 79,2

97,9

79,9

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Acesso à Internet por meio de equipamentos da escola (%)

Total Rede Privada Rede Pública

.

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental nas escolas em queos alunos têm acesso à Internet através de equipamentos da escola

Rede Privada Rede Pública Total

91,6

82,7 84,2

Acesso à Internet por meio de equipamentos da escola (%)

RENATO [email protected]

martphones, ta-blets, notebooks eoutras tecnologiassão, há algum tem-po, aparelhos queos jovens usam no

seu dia a dia para se divertir,buscar informação, se comu-nicar com amigos, entre outrasatividades. E esta utilização cadavez mais frequente tem feito comque especialistas defendam a in-corporação destes dispositivosao processo pedagógico das es-colas. No debate quanto ao usodas tecnologias no ambiente es-colar, em geral, um dos proble-mas apontados é o fato de osalunos não terem acesso a estesequipamentos.Um levantamento do Institu-to Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) mostra, noentanto, que em alguns aspec-tos, as escolas são até bemdotadas em relação a recursostecnológicos. Pela PesquisaNacional de Saúde do Escolar(Pense), foi constatado, porexemplo, que 88,3% dos alu-nos do 9º ano do ensino fun-damental, no país, estudam emunidades escolares com labo-ratório de informática.Alguns indicadores, no entanto,ainda estão aquém do muitoseducadores gostariam. Só em21,3% das escolas, dispositivosmóveis como tabelts, smar-tphones, notebooks, netbooks,entre outros, são utilizados. Paraa professora do Departamen-to de Educação da Universi-dade do Estado do Rio de Ja-neiro (Uerj) Mírian Paura, istoreflete a dificuldade que osprofessores têm de fazer uso pe-dagógico dessas ferramentas.“Acredito que os jovens domi-nem mais esta área da informá-tica que os mais velhos e, no casodos professores - de um modogeral - eles têm que buscar porsi próprios uma atualização des-ses recursos para empreendereme utilizarem todo o material quea informática pode oferecer a to-dos os alunos”, afirma a educa-dora, para quem, o maior pro-blema não está no custo de aqui-sição dos equipamentos ou derealização de cursos e, nem mes-mo na disponibilidade de tem-po para fazê-los. “Temos é queestimular os nossos professoresa caminharem neste momentocom os recursos que a nova tec-nologia nos impõe.”Um dos aspectos que pode es-tar contribuindo para que dis-positivos móveis sejam usadosde forma ainda restrita no pro-cesso educacional é o volumede atividades que compete aosprofessores, como defende Fer-nando Mota, presidente da As-sociação Brasileira de Tecnolo-

S

gia Educacional (ABT). “A gran-de dificuldade dos docentes é otempo. Exige-se um conteúdomuito grande em cada discipli-na, muitas avaliações desconec-tadas da prática, pouco tempopara a necessária formação emuito pouco tempo de prática

através das mídias digitais. OsLaboratórios são poucos paraum número muito grande de alu-nos”, analisa Fernando Mota,que também é diretor de Ensi-no Superior da Fundação deApoio à Escola Técnica (Faetec).Para ele, é necessário rever a or-

ganização do trabalho docenteem sala de aula. “Para que a uti-lização destas ferramentas naspráticas pedagógicas, será neces-sário formar os docentes, darespaço para que eles pratiquem,aplicando as mídias junto aosconteúdos das suas disciplinas.”

Educadores cobram proposta pedagógicaO fato de os dados da

Pesquisa Nacional de Saú-de do Escolar referirem-seao 9º ano está longe de seruma limitação. A existên-cia de escolas que atuamem apenas um segmento sóé comum na educação in-fantil. Isto significa que amaior parte dos colégiosque têm turmas de 9º anotambém têm todo o ensi-no fundamental ou o en-sino médio, o que traz aperspectiva de que os da-dos sejam válidos para amaior parte dos estudan-tes brasileiros.

Por isso, também preocu-pa a quantidade de esco-las dotadas de recursos demultimídia. Em todo o país,cerca de 60% das unidadespossuem equipamentosdesta natureza. Mas, nesteindicador, é grande a dis-tância que separa o ensi-no privado (com 86,6%)do ensino público (com

53,9%). Para FernandoMota, além do problema demuitas escolas não terem aces-so a estes utensílios, nas quetêm esta infraestrutura, a uti-lização pedagógica deles dei-xa a desejar.

“Estas mídias não são bemaproveitadas. Falta prepara-ção dos professores para uti-lizarem adequadamente estesrecursos, falta tempo paraadequarem estas mídias a seusplanejamentos e falta vonta-de política de incorporaçãodeste tipo de aprendizagemaos Projetos Políticos Pedagó-gicos da Escolas, principal-mente escolas públicas”, sali-entou o presidente da ABT.

Os dados por região emgeral mostram que o Nordestetem os piores indicadoresquanto ao uso das tecnolo-gias nas escolas. Os melho-res resultados ficam nas regi-ões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, dependendo do indi-cador. Porém, mesmo o aces-

so maior à tecnologia não temsido capaz de alavancar aqualidade do ensino nestasregiões. Para o professor Fer-nando Mota, não é de se es-tranhar que, no cenário atu-al, mesmo colégios dotadosde toda a estrutura para usode novas tecnologias no en-sino não observem melhori-as significativas no processode ensino/aprendizagem.

“Falta-nos um projeto po-lítico pedagógico onde osrecursos tecnológicos não es-tarão presentes como novida-de ou algo que deve estarpresente nas escolas, mas simcomo um núcleo, um cam-po necessário e indispensávelà escola de hoje, que precisaestar consoante com o tem-po que vivemos. Temos queagilizar, o mais rápido pos-sível, a presença das tecnolo-gias nas escolas para ajudare estimular o favorecimentode uma educação de quali-dade”, destacou o educador.

As diferenças relativas aouso das tecnologias nas es-colas entre as regiões sãomarcantes. Enquanto cercade 14% dos estudantes doNordeste afirmaram teremacesso a dispositivos móveisem sala de aula, nas escolasem que estão matriculados,no Centro-Oeste, região commelhor panorama neste sen-tido, o acesso chega a 31%das escolas, ou seja, maisque o dobro.

Quanto à utilização de re-cursos de multimídia, a RegiãoNorte tem o pior indicador:50,8% dos estudantes afirma-ram que, em suas escolas,existe este tipo de equipamen-to. No Sudeste, onde o indi-cador é mais alto, 67,2% dosjovens disseram estudar emunidades com esta tecnologia.A professora Mírian Paura con-corda com Fernando Mota, noque se refere à falta de umprojeto político pedagógico.E salienta que, além disso, falta

real interesse, da parte dosdirigentes educacionais, emadotar propostas de ensinoque priorizem o uso de re-cursos capazes de explorardiversas mídias no proces-so de ensino/aprendizagem.

“As dificuldades são inú-meras e a principal delas éa falta de vontade políticapara aceitar nos ProjetosPedagógicos este novo tipode metodologia. Importan-te ressaltar que os discen-tes já aceitam, as dificul-dades são encontradas nasgestões e na falta de pre-paro e tempo dos docen-tes. Precisamos viver umnovo tempo nos ProjetosPedagógicos, incorporar asmídias digitais, as redes so-ciais aos processos de en-sino nas escolas. Precisa-mos viver um tempo mo-derno e dinâmico nas es-colas, tanto particularesquanto públicas”, destacoua educadora.

Para Fernando Mota, presidente da ABT, laboratórios de informática são mal trabalhados

Suplemento de Educação41Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Informática presente na maioria das escolasO indicador refere-se ao percentual de alunos, por região, frequentando o 9º ano do ensino fundamental em escolas que informaram possuir sala ou laboratório de informática para uso dos alunos

80,2 81,9 92,7 92,8

84,0

71,4 75,7

88,5 96,9

84,9 81,2 83,0 93,9 92,3

83,8

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Escolas com laboratório de Informática, por região (%)

Total Rede Privada Rede Pública

O indicador refere-se ao percentual de alunos frequentando o 9º ano do ensino fundamental em escolasque informaram possuir sala ou laboratório de informática para uso dos alunos

Rede Privada Rede Pública Total

85,3 88,9 88,3

Escolas com laboratório de Informática (%)

cenário da educação nopaís aponta que, um dosaspectos que chamama atenção é o fato de oacesso à informática, ao

contrário do que muitos pensam, seruma realidade na maior parte dasescolas. Segundo a Pesquisa Nacio-nal de Saúde do Escolar, 88,3% dosestudantes afirmaram que, nos colé-gios em que estudam, há espaços destetipo. E a diferença entre as redes públicae privada não é significativa. Enquan-to os laboratórios estão presentes em88,9% das unidades públicas, elesfazem parte da infraestrutura de de85,3% das instituições privadas.Até mesmo, no que se refere às regi-ões, não há diferenciação significati-va da quantidade alunos que estudamem escolas que possuem laboratóri-os de informática. Na Região Norte,onde o indicador é mais precário,81,2% dos alunos estão em colégioscom salas que usam computadores.Os destaques vão para as regiões Sule Sudeste, onde estes índices são de92,3% e de 93,9%, respectivamente.

Os dados reforçam as opiniões dosespecialistas: o problema da utilizaçãodas tecnologias em sala de aula nãoestá no acesso a recursos, mas na faltade uma organização adequada paraa utilização deles com fins pedagógi-cos. É o que salienta, o professor Fer-nando Mota, presidente da ABT. “Oslaboratórios existentes são muito mauaproveitados. Não existe na maioriadeles um Plano Pedagógico para suautilização. O número de alunos exce-de em muito o número de computa-dores e geralmente não existe um apro-veitamento pedagógico na utilizaçãodas ferramentas disponíveis na esco-la”, destaca o especialista. Para ele, istonão significa que não valha a pena in-corporar os recursos tecnológicos noprocesso de ensino/aprendizagem.“Os alunos já se apropriaram da lin-guagem digital, precisamos fazê-lachegar de forma objetiva ao dia adia das salas de aula. Os computa-dores, tablets, precisam estar nas salas,os alunos precisam estar conectadosa eles e trabalhando em rede, incor-porando estes procedimentos ao

OARQUIVO

envolvimento com o conhecimentodos conteúdos propostos nos planosde cursos”, comentou o educador.Ao analisar os dados sobre presençade laboratórios de informática emescolas, a professora Mírian Pauraressalta que ficou surpresa e, ainda,otimista em relação ao quadro apre-sentado pela pesquisa do IBGE, umavez que o computador tornou-se, como passar dos anos, um requisito bá-sico na vida dos brasileiros.“De forma cada vez mais acelerada,estamos caminhando para viver um“mundo mais rápido”, em quase to-dos os sentidos e o domínio das redessociais faz parte desse novo contexto. Éinteressante notar que às vezes a Escolafica muito aquém, nesta área da infor-mática, do conhecimento que o alunotraz para escola, seja pelos celulares, sejapelos Iphones, seja pelos computado-res e outros dispositivos. A utilidade éilimitada, e eu diria necessária, para quepossamos viver e conviver em ummundo em que a tecnologia está pre-sente em todos os sentidos e em todosos lugares”, ressalta a educadora.

tato com seus alunos além da salade aula através dessas infovias.Tudo isso que a sociedade exigeprecisa vir acompanhado de umaremuneração que estimule o pro-fissional a querer tornar-se me-lhor. Na verdade elas devem es-tar juntas. Nós não podemos re-munerar com salários maiores quea média, aquelas pessoas que nãoquerem saber de atualização eestudo continuado e carecem decidadania a ponto de não levar emconta o compromisso social quecada profissão requer.

A A A A A SEUSEUSEUSEUSEU VERVERVERVERVER, , , , , QUALQUALQUALQUALQUAL DEVERÁDEVERÁDEVERÁDEVERÁDEVERÁ SERSERSERSERSER AAAAA PRINPRINPRINPRINPRIN-----CIPCIPCIPCIPCIPALALALALAL HABILIDHABILIDHABILIDHABILIDHABILIDADEADEADEADEADE DEDEDEDEDE UMUMUMUMUM PRPRPRPRPROFESOFESOFESOFESOFES-----SORSORSORSORSOR, , , , , DAQUIDAQUIDAQUIDAQUIDAQUI AAAAA ALGUMASALGUMASALGUMASALGUMASALGUMAS DÉCADASDÉCADASDÉCADASDÉCADASDÉCADAS?????A única coisa que posso vislum-brar é que devemos estar prepa-rados para o imprevisível. Nós játemos experiências de alfabeti-zação através de tablets, os celu-lares atingem 4.000.000.000 deaparelhos no mundo, o Brasil ini-ciou os estudos sobre o impactoda idade de 120 anos nas contasda Previdência Social e o mun-do estuda o impacto de 150 anos

sobre esses mesmos sistemas. Ananotecnologia permite estudosmais precisos sobre doenças, suasprevenções e consequente aumen-to do tempo de vida. O uso decélulas tronco recuperam órgãos,os mais variados. A partir dessasconsiderações já existentes pode-mos pensar nas qualidades des-te profissional. Estar atento às tra-duções imediatas que são feitasatravés de um celular pode-seprever que a comunicação entreprofessor e aluno, médico e pa-ciente, sofrerão mudanças impor-tantes. Não se pode concebermais um profissional de pontafalando apenas a Língua Portu-guesa. Creio que estar “antena-do” e com mentalidade prontapara conviver com o imprevisí-vel são comportamentos neces-sários a serem esperados dequalquer um. Nada pode ser des-cartado como objeto do apren-dizado. Portanto, hoje, consul-tar o site: www.ted.com e assis-tir palestras feitas em todo omundo ajudará ao profissionala aprender sem sair de casa.

O O O O O QUEQUEQUEQUEQUE DEVEDEVEDEVEDEVEDEVE MUDARMUDARMUDARMUDARMUDAR NANANANANA FORMAFORMAFORMAFORMAFORMA-----ÇÃOÇÃOÇÃOÇÃOÇÃO, , , , , PPPPPARAARAARAARAARA OSOSOSOSOS DOCENTESDOCENTESDOCENTESDOCENTESDOCENTES ADADADADADAPAPAPAPAP-----TEMTEMTEMTEMTEM-----SESESESESE AAAAA ALUNOSALUNOSALUNOSALUNOSALUNOS CADACADACADACADACADA VEZVEZVEZVEZVEZ MAISMAISMAISMAISMAISCONECTCONECTCONECTCONECTCONECTADOSADOSADOSADOSADOS?????Nas faculdades precisamos demenos teoria e mais prática. Oprofessor precisa saber aplicarseus conhecimentos na prepa-ração de aulas, aplicação de me-todologias em aulas práticas, sa-ber organizar e acompanhar oandamento de um projeto, tra-balhar com sites educativos,aprender a lidar com lousas di-gitais e usar computadores comturmas de alunos. As faculdadesprecisam ensinar aos seus futu-ros pedagogos a pesquisar paraministrar conteúdos onde hárecursos e onde eles não exis-tem. É importante desenvolverestudos de neuropedagogia paraque o profissional saiba comoo cérebro humano aprende e, apartir daí, ministrar aulas.

OOOOOSSSSS PRPRPRPRPROFESSORESOFESSORESOFESSORESOFESSORESOFESSORES TENDEMTENDEMTENDEMTENDEMTENDEM AAAAA AAAAATUTUTUTUTUARARARARARDEDEDEDEDE MANEIRAMANEIRAMANEIRAMANEIRAMANEIRA INTERDISCIPLINARINTERDISCIPLINARINTERDISCIPLINARINTERDISCIPLINARINTERDISCIPLINAR, , , , , AOAOAOAOAOCONTRÁRIOCONTRÁRIOCONTRÁRIOCONTRÁRIOCONTRÁRIO DDDDDAAAAA FRAFRAFRAFRAFRAGMENTGMENTGMENTGMENTGMENTAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO QUEQUEQUEQUEQUEPREDOMINAPREDOMINAPREDOMINAPREDOMINAPREDOMINA AAAAATUTUTUTUTUALMENTEALMENTEALMENTEALMENTEALMENTE?????Falar segmentação é reafirmar oatraso. Já se levantavam contra issoPascal e Giuseppe Vico, se quiser-mos rememorar o passado da or-ganização das ciências. Atualmen-te, as teorias morrinianas sobre acomplexidade, a interdisciplinari-dade e transdisciplinaridade deve-riam ocupar a maior parte do tra-balho do professor que se preparapara ingressar na escola. As univer-sidades precisam trabalhar dessemesmo modo. É necessário frisareste atraso acadêmico diante daautonomia universitária. Se umainstituição de ensino usa sua au-tonomia para perpetuar o atraso,presta um desserviço à comunida-de. Estas avaliações não são feitase seriam mais importantes que osexames aplicados pelo MEC.

E E E E E AAAAA ESCOLAESCOLAESCOLAESCOLAESCOLA DODODODODO FUTUROFUTUROFUTUROFUTUROFUTURO: : : : : COMOCOMOCOMOCOMOCOMO OOOOO SESESESESE-----NHORNHORNHORNHORNHOR AAAAA IMAGINAIMAGINAIMAGINAIMAGINAIMAGINA?????A pergunta em si já vem com umviés cartesiano. Não há que sepa-rar formação humana e reflexão

critica da tecnologia. O importan-te é conjugar todos esses elemen-tos para formarmos pessoas que,com sua atualização e competên-cia, tenham a consciência de quenão podemos continuar a treinar“monstrinhos” e preparar desem-pregados. A visão cartesiana é quefaz pensar nessas separações. Defato temos que voltar um pouco àvisão xamânica de que “tudo estáligado a tudo”. As disciplinas nãose encerram em si mesmas, estãointerligadas, saltam de uma paraoutra, como o pesquisador de umcarrapicho, em si, dentro da botâ-nica, chegou ao velcro, já dentro daindústria têxtil e de calçados. Issoé que se chama de transdisciplina-ridade. As experiências em váriospaíses, podendo-se citar a Escolada Ponte, em Portugal e uma es-cola particular, das mais famosasde Dallas, no Texas, trabalham comgrupos de alunos em salões ondeos professores são assessores. Al-guns trabalham com grupos etári-os de três anos cronológicos e osalunos saem desses cursos saben-do fazer projetos, pensar soluções,financiar gastos e sobreviver. Comoestamos, se ele não ingressa noensino superior ou nos cursos téc-nicos ele nada sabe fazer e será umilustre desempregado.

QQQQQUEUEUEUEUE ASPECTOSASPECTOSASPECTOSASPECTOSASPECTOS UMUMUMUMUM PROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSOR DEDEDEDEDE-----VERÁVERÁVERÁVERÁVERÁ MANTERMANTERMANTERMANTERMANTER, , , , , INDEPENDENTEINDEPENDENTEINDEPENDENTEINDEPENDENTEINDEPENDENTE DASDASDASDASDASMUDANÇASMUDANÇASMUDANÇASMUDANÇASMUDANÇAS PEDAGÓGICASPEDAGÓGICASPEDAGÓGICASPEDAGÓGICASPEDAGÓGICAS EEEEE SOCIAISSOCIAISSOCIAISSOCIAISSOCIAISQUEQUEQUEQUEQUE DEVERÃODEVERÃODEVERÃODEVERÃODEVERÃO OCORREROCORREROCORREROCORREROCORRER, , , , , NASNASNASNASNAS PRÓPRÓPRÓPRÓPRÓ-----XIMASXIMASXIMASXIMASXIMAS DÉCADASDÉCADASDÉCADASDÉCADASDÉCADAS?????Necessitaremos de professores commuito bom humor e, para tanto,o ambiente geral deve mudar paraacolher este profissional que me-rece um especial respeito na soci-edade. É essencial que ele saiba,entre outras coisas, voltar-se parao uso de tecnologias sem perdera capacidade de humanizar; queconsiga ser criativo, permitir aosalunos que questionem e pen-sem; e que seja capaz de ensinara trabalhar de modo individuale em grupo porque nenhuma em-presa, hoje, toma decisões porconta de uma só pessoa.

Hamilton Werneck: “O professor não pode mais viver sem computador.”

m profissional que saiba lidar com a tecnologia demaneira a fazer dela um instrumento de aprendiza-gem. Esta talvez seja a primeira imagem que vem àmente ao se pensar sobre o professor nas próximasdécadas. Isto não deixa de estar certo. Mas, o profes-sor do futuro precisará ir além disso, na visão do pe-dagogo, escritor e palestrante, Hamilton Werneck.

Autor de livros como “Professor, Acredite em Si Mes-mo” e “Como Encantar Alunos da Matrícula ao Diploma”, ambos daeditora WAK, o educador entende, por exemplo, que além de saberlidar com os instrumentos tecnológicos, os docentes precisam ter ca-pacidade de organização e planejamento cada vez maiores.

Outra característica que ele entende que o professor precisará ter, daquia algum tempo, é a de trabalhar com os conteúdos pedagógicos de for-ma integrada. A proposta cartesiana, que se caracteriza por um traba-lho mais fragmentado, tende a perder espaço. “De fato temos que vol-tar um pouco à visão xamânica de que ‘tudo está ligado a tudo’. As dis-ciplinas não se encerram em si mesmas, estão interligadas.”

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FOLHA DIRIGIDA - FOLHA DIRIGIDA - FOLHA DIRIGIDA - FOLHA DIRIGIDA - FOLHA DIRIGIDA - QUALQUALQUALQUALQUAL OOOOO PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL DODODODODOPROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSOR DODODODODO FUTUROFUTUROFUTUROFUTUROFUTURO?????Hamilton Werneck - Não podemosfalar mais do professor do futuro,devemos considerar este profissi-onal no presente. A escola, o desen-volvimento e as pessoas não podemmais continuar aguardando estamorosidade mental de muitos pro-fissionais que não querem aceitara mudança paradigmática exigin-do uma readaptação de nossasmentes e procedimentos. O perfil,hoje, é de um profissional da edu-cação voltado para a inovação, cri-atividade, visão do mundo comple-xo e, não mais, cartesiano, interes-sado em aprender continuamente.

O O O O O PROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSOR DEDEDEDEDE HOJEHOJEHOJEHOJEHOJE ESTÁESTÁESTÁESTÁESTÁ MUITOMUITOMUITOMUITOMUITOLONGELONGELONGELONGELONGE DESSEDESSEDESSEDESSEDESSE PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL? P? P? P? P? POROROROROR QUÊQUÊQUÊQUÊQUÊ?????Sim, está longe desse perfil. Encon-tro pelo Brasil, em todas as regiões,muitos professores aguardando umretorno ao passado, afirmando quetêm uma relação histórica com omimeógrafo a álcool e sem perce-ber que o celular que têm nas mãosfaz a maior conexão, até inespera-da, entre o computador e a televi-são. Ou seja, em relação a uma dasmais potentes ferramentas do mo-mento, os professores somente ausam para falar e passar algumamensagem. Não a aproveitam parapesquisar e aprender. A distânciamaior está na resistência à mudança,

à busca de novas metodologias quefacilitem o aprendizado. Como oBrasil apresenta configurações deescolas muito diferentes, onde al-gumas possuem ferramentas mo-dernas e, outras, não, os professo-res necessitam estar preparados paratrabalhar usando o seu próprio cor-po, permitindo estabelecer umambiente inforrico, apesar das ca-rências de tecnologias.

QQQQQUEUEUEUEUE RELAÇÃORELAÇÃORELAÇÃORELAÇÃORELAÇÃO OOOOO PROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSORPROFESSOR DODODODODO FUFUFUFUFU-----TUROTUROTUROTUROTURO TERÁTERÁTERÁTERÁTERÁ COMCOMCOMCOMCOM ASASASASAS TECNOLOGIASTECNOLOGIASTECNOLOGIASTECNOLOGIASTECNOLOGIAS?????Volto a insistir que esta relaçãodeve ser para hoje, talvez, ontem!O professor não pode mais viversem computador, sem estar plu-gado à internet e sem acesso aportais com informações sobretecnologia, didática e soluçõespedagógicas para os problemas desala de aula. As universidadesprecisam preparar estes professo-res e ter em suas aulas e progra-mas conteúdos que contemplemo contato com novas tecnologias.Uma faculdade de educação vol-tada para o “cuspe e giz” trará qua-se nenhuma contribuição com asmudanças que a sociedade brasi-leira requer. Ela poderá ser lucra-tiva, mas não será transformado-ra. Estará fadada a cessar suas ati-vidades acadêmicas. Este profis-sional não pode mais estar alheioaos sites sociais e necessita ter con-

U

Suplemento de Educação42Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

O professor de um futuro que já chegouPara Hamilton Werneck, autor de livros que têm o magistério como tema, o

professor do futuro é aquele que, além de lidar com a tecnologia, saberá humanizar oensino. Mas, ele alerta que é deste professor que a educação precisa nos dias de hoje

Suplemento de Educação43Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Alunos descobrem a sétima artePelo programa Cinema para Todos, realizado pela Secretaria Estadual de Educação em

parceria com a Secretaria Estadual de Cultura, já foram distribuídos mais de 1,3 milhão de ingressospara que alunos da rede estadual de ensino assistissem aos melhores filmes brasileiros em cartaz

Programa entra em sua terceira edição e já conta com 65 salas de cinemaconveniadas em todo o estado, beneficiando moradores de 27 municípios

Márcia Costam suas três edi-ções, o CinemaPara Todos já le-vou às salas decinema cerca de

1,3 milhão de espectadoresde mais de mil escolas da redeestadual. O objetivo é demo-cratizar o acesso à sétima arte.Alunos do 9º ano dos ensi-nos Fundamental, Médio e dosegmento de Jovens Adultospodem utilizar os ingressosem qualquer dia e horário,nas 65 salas de cinema con-veniadas em todo o estado,para todos os filmes brasilei-ros em cartaz. “O programacontribui para a difusão docinema brasileiro, proporci-onando acesso aos filmesnacionais”, disse a secretáriade Cultura, Adriana Rattes.Para o secretário de Educa-ção, Wilson Risolia, o Cine-ma para Todos amplia os ho-rizontes dos jovens. “Permi-tir o acesso a bens pedagógi-co-culturais faz a diferença nacompreensão do mundo.”

O programa atua em duasfrentes: organizando sessõesexclusivas para escolas e pro-movendo a distribuição devales-ingresso gratuitos, quepodem ser utilizados em qual-quer dia e hora nas 65 salas decinema conveniadas em todoo estado, para todos os filmesbrasileiros em cartaz, inclusi-ve finais de semana e feriados,sem obrigação de uniforme ouapresentação de caderneta es-colar. Os vales-ingresso podemser trocados por alunos do 9ºano do Ensino Fundamental,do Ensino Médio e da Educa-ção de Jovens Adultos (EJA),seguindo a classificação indi-cativa de cada filme. Os 27 mu-

nicípios beneficiados pelo Ci-nema Para Todos são: Angrados Reis, Araruama, Barra Man-sa, Barra do Piraí, Bom Jesusdo Itabapoana, Búzios, Cam-pos dos Goytacazes, Duque deCaxias, Itaguaí, Itaperuna, Ma-caé, Nilópolis, Niterói, NovaFriburgo, Nova Iguaçu, Para-cambi, Petrópolis, Resende, Riodas Ostras, Rio de Janeiro, SãoGonçalo, São João de Meriti,Teresópolis, Três Rios, Valença,Vassouras e Volta Redonda.

Agora, além de encontrospedagógicos, pré-estreias e ses-sões exclusivas com atores ediretores aclamados, o pro-grama promove ainda ofici-nas de videointeratividade. Ainiciativa propõe a produçãode filmes com ferramentas queestão ao alcance da comuni-dade escolar. Os vídeos pro-duzidos figuraram em even-tos conceituados como o Fes-tival do Rio e a Mostra deCinema de São Paulo.

“Estamos sempre articulan-do todas as possibilidades dedemocratizar o audiovisual narede. O público jovem ainda

está muito distante do cinema,que compete com outros tiposde entretenimento, como ga-mes e internet. Durante as ofi-cias de videointeratividade, asescolas passam duas semanasaprendendo técnicas de pro-dução, edição e finalização devídeos, a fim de viabilizar aaproximação do mundo cine-matográfico e estreitar a rela-ção entre a educação formale a cidadania”, disse Júlia Levy,superintendente de Audiovi-sual da Secretaria de Cultura.

Videointeratividade - Esteano, já foram realizadas seisnovas Oficinas Videointera-tividade. Os colégios estadu-ais Barão de Macaúbas e Jo-henir Viegas Henrique Viegas,localizados nos municípiosde São Fidélis e Itaocara, re-ceberam as duas primeiras.Em junho, foram realizadasoutras quatro oficinas: noCIEP Brizolão 396 Luis Pei-xoto (Queimados), no Colé-gio Estadual Domires Macha-do (São Francisco de Itaba-poana), no Colégio Estadu-al São José (Cachoeiras de

Macacu) e no CAIC 1003Dona Darcy Vargas, de Bel-ford Roxo. Realizadas nasescolas da rede estadual de en-sino, as Oficinas Videointe-ratividade tiveram grandedestaque em 2012 e já bene-ficiaram mais de mil alunos,de mais de 142 escolas dediferentes regiões do estado.Durante as oficinas, de 40horas/aula, os alunos produ-zem curtas-metragem docu-mentais, que automaticamen-te são inscritos no concursodo programa. A votação paraescolher o melhor curta pro-duzido nas oficinas é on-line.

As oficinas são ministradaspor um profissional da áreaaudiovisual, com o suportede três monitores (ex-alunosdas Oficinas VideoInterativi-dade e de projetos parceirosde educação audiovisual).Para a produção dos vídeos,cada grupo recebe uma câme-ra fotográfica digital simples;uma filmadora handycam;um microfone semi-profissi-onal; e um notebook paraedição do vídeo. A utilizaçãode celulares e câmeras digi-tais próprias é recomendadaa fim de que reconheçam e seapropriem de suas ferramen-tas de comunicação cotidi-anas como recursos para aexpressão audiovisual. So-mando dez aulas, cada ofi-cina conta com dois turnosde 4 horas. A primeira se-mana é dedicada à parte te-órica e, a segunda, à pro-dução do vídeo. Os alunose educadores que participa-rem de mais de 80% dasaulas receberão um certifi-cado do programa CinemaPara Todos.

O Programa Cinema ParaTodos inaugurou, em agos-to, seu Circuito de Cineclu-bes. A primeira sessão acon-teceu no Colégio EstadualPadre Carlos Leôncio daSilva, na Ilha do Governa-dor, que pertence ao Depar-tamento de Ações Socioedu-cativas (Degase) e atendeadolescentes que estão cum-prindo medida socioeduca-tiva em regime de interna-ção provisória. Os filmes se-lecionados integram o acer-vo inicial dos cineclubes.Para viabilizar o projeto, aescola recebeu equipamen-tos de áudio e vídeo e noveprofessores foram capacita-dos ao participar da Ofici-na de Capacitação Cineclu-bista, na qual foram abor-dados desafios e questõesimportantes para a manu-tenção de um cineclubedentro da escola.

O Circuito de Cineclubesé uma das novidades da ter-ceira edição do Cinema ParaTodos. O principal objeti-vo da atividade é oferecernovos espaços de exibiçãoaudiovisual em escolas darede pública estadual deensino. A ação permitiráampliar o universo de mu-nicípios atendidos e propor-cionar a alunos e educado-res uma experiência únicade envolvimento com as maisdiversas produções audio-visuais, além de fortalecera atividade cineclubista.

“O Cinema Para Todos temcontribuído bastante paraa difusão do cinema brasi-leiro no Rio de Janeiro, pro-porcionando aos alunos darede estadual acesso a todosos filmes nacionais assim queeles entram em cartaz, expon-do-os à diversidade de esti-los, temas e universos quecompõem a produção na-cional. Com o Circuito deCineclubes, o programaalcança um novo patamar,estimulando entre os alunosa atividade cineclubista, umuniverso pelo qual tenhoparticular carinho, poisparticipei, eu mesma, decineclubes, nos meus tem-pos de estudante. Sei bem oquanto são importantes naformação cultural de umjovem”, disse a Secretária deEstado de Cultura, AdrianaRattes. Por meio de proces-so de seleção específico,foram escolhidas 30 esco-las estaduais para a implan-

tação de cineclubes. Cadauma delas receberá um kitde equipamentos de áudioe vídeo, acervo de filmescom direitos de exibiçãoliberados e uma oficina decapacitação. Além do pro-jeto CineMagia, do Dega-se, outros dez cineclubes jáestão prontos e 19 estão emfase de implantação no Es-tado do Rio de Janeiro. Ameta é alcançar mais 200mil espectadores entre alu-nos e educadores da rede.As sessões cineclubistas, queserão realizadas semanal-mente, ainda poderão seestender a toda comunida-de aos fins de semana.

Em 2012, a procura peloCircuito de Cineclubes doCinema Para Todos foi gran-de. Dos 92 municípios doEstado do Rio de Janeiro,64 apresentaram projetos,totalizando 168 escolasinscritas. A seleção contem-plou sete municípios da Re-gião Metropolitana; três doNoroeste Fluminense; seis daregião Norte Fluminense;cinco municípios do Cen-tro Sul; dois do Médio Pa-raíba; e dois da BaixadaLitorânea. “Como tivemosmuitas inscrições, usamoscomo critério de desempa-te as escolas que estão amuitos quilômetros de umcinema. Priorizamos loca-lidades que não possuem ne-nhuma sala de exibição,como Cachoeira de Maca-cu, Engenheiro Paulo deFrontin, Rio Claro, Seropé-dica e Itaocara”, disse asuperintendente de Audio-visual da Secretaria de Cul-tura, Julia Levy.

Além da distribuição ge-ográfica, outro objetivo daimplantação dos cineclubesé atender localidades em quea oferta de atividades liga-das à difusão audiovisual éescassa e a relação especta-dores/salas de cinema, alta.Sendo assim, a seleção in-cluiu municípios altamen-te populosos que não pos-suem salas de cinema, comoBelford Roxo (469.332habitantes) e Queimados(137.962 habitantes) e tam-bém aqueles que possuemcinemas, mas que apresen-tam alta densidade demo-gráfica, como Rio de Janei-ro (6.320.446 habitantes),São Gonçalo (999.728) ea cidade de Duque de Caxi-as (855.048).

‘Circuito de Cineclubes’e projeto ‘CineMagia’ampliam ação da educaçãoaudiovisual no estado

Meta é alcançar mais 200 mil espectadores, entre alunos e professores,incluindo os estudantes das escolas da rede pertencentes ao Degase

ROGÉRIO SANTANA

Alunos e professores marcarampresença na Bienal do Livro 2013

Espaço das secretarias de Educação e Cultura na Bienalreceberam a visita de muitos alunos e professores da rede

MARCELO HORN

Alunos e professores darede estadual em visita à Bi-enal do Livro, realizada emdois fins de semana, no fimde agosto e início de setem-bro, participaram de váriasatividades, muitas delas or-ganizadas pelas secretarias deestado de Educação e deCultura em seu estande na Fei-ra. O espaço recebeu oficinasde histórias em quadrinhos,lançamento de livro, apresen-tação de um projeto de leitu-ra realizado pelos alunos, en-tre outras ações. Entre os vá-rios professores que lança-ram seus livros na Bienalestava Jorge Nascimentocom o seu ”Será que o so-nho pode acabar?”. Autorde mais de 15 obras escritaspara o teatro e dirigidas parao público infantil e infan-to-juvenil – entre elas “OMundo Agora é Nosso!”,“Criança, Cadê o Teu Sor-riso?”, “Alice no País das Ma-ravilhas - O Roubo do Co-ração de Cristal” e “Os Me-

adultos. O espaço ofereceuatividades interativas e aoportunidade de conhecerautores e artistas de diferentesestilos e de várias regiões doestado. Os alunos tambémpuderam ler livros digitaisno estande das secretarias,onde e-readers ficaram à dis-posição, além de monitorese recepcionistas para orien-tar quem ainda não estives-se familiarizado com essesequipamentos. Os conteú-dos, em sua maioria, eramde literatura nacional. Di-versos alunos da rede foramconferir as inúmeras atra-ções do evento e saíram delá com muitos livros e his-tórias para contar. Para osalunos do C.E. Vieira Fazen-da, de Barra de Guaratiba,os preços dos livros foramo ponto forte da Bienal.“Vimos muitos livros bara-tos, alguns custavam apenasR$ 3. Todos nós compra-mos”, disse o aluno Patrickde Lima, da 2ª série do E.M.

Além de ler livros digitais no estande, os alunos darede puderam comprar muitos títulos a preços acessíveis

ninos Prodígios” - Jorgeconta que a peça relata ahistória de Lília, uma atriznegra, guerreira e apaixo-nada pela vida.

“É uma peça que retratade uma forma direta o dia adia de atores e atrizes quevivem da arte de represen-tar. O teatro, o cinema e atelevisão são instrumentosde trabalho para o atordemonstrar o seu talento ecrescer profissionalmente.Contudo, para que ele pos-sa garantir uma continuida-de nessas instituições não énada fácil. A estabilidadeprofissional, a fama e osaplausos são conquistas di-árias e não permanentes”,disse o autor, completandoque o livro foi inspirado emuma experiência vivida peloex-senador da República Ab-dias do Nascimento, que fun-dou o Teatro Experimentaldo Negro (TEN), onde vá-rios atores iniciaram a suavida artística, como Ruth de

Souza e Léa Garcia. Profes-sor de Biologia do C.E. Pre-sidente João Goulart, em Ja-carepaguá, Sergio GuedesJunior também lançou seuprimeiro livro, “Clima, oeterno desafio”, no estandeAppai da Bienal. A ideia dolivro surgiu antes mesmo deele cursar a faculdade de Bi-ologia, mas ele preferiu es-tudar sobre o tema antes delançar a obra: “Antes eu quiscursar a faculdade, crescerprofissionalmente, fazerminha pós-graduação emGestão e Planejamento Am-biental, ou seja, estudarmuito sobre o assunto parapoder, finalmente, lançaresse livro, que pode ser lidotanto pelos alunos do Ensi-no Médio quanto por qual-quer pessoa que se interessepelo aquecimento global”.

Neste ano, o estande dassecretarias de estado de Cul-tura e de Educação contoucom uma programação vol-tada para crianças, jovens e

MARCELO HORN

E

acesso dos brasi-leiros à informá-tica cresce cadavez mais e esseconhecimento setorna básico para

qualquer profissional. Combase nisso, ser um ‘incluídodigital’ no século XXI é de ex-trema importância para alcan-çar o sucesso na profissão e‘sobreviver’ no mercado de tra-balho. Não é por acaso que,atualmente, as escolas buscamproporcionar aos seus alunos,muitas vezes, desde a infân-cia, o acesso ao computadore à internet, ferramentas quepodem ser fundamentais parao sucesso profissional.Uma pesquisa do Centro deEstudos sobre as Tecnologi-as da Informação e da Co-municação (Cetic), realiza-da em 2012, sobre Educação,mostra como anda o acessoà informática pelos jovens.De cada 100 estudantes bra-sileiros, de ambos os sexos,95 já utilizaram computa-dor. Já quando o assunto éuso da internet, de cada 100pessoas, um total de 55 játiveram acesso. SegundoAlexandre Barbosa, gerenteda Cetic, uma parte do estu-do que chama a atenção écom relação às atividades re-alizadas pelos professores, de-monstrando que há carênciana utilização do computa-dor como ferramenta peda-gógica.“O comportamento dos pro-fessores, tanto em escolaspúblicas, quanto nas privadas,

é parecido. Os docentes ain-da usam a tecnologia de for-ma instrumental, ensinandocomo utilizar a ferramenta,sendo que é desnecessário,porque os alunos já sabemutilizá-la. O mais importanteseria usar o computador comoinstrumento pedagógico”,explica o especialista.No estudo, fica evidente queo acesso à informática aindavaria de forma significativa,de acordo com o poder aqui-sitivo da população. Enquan-to, em 2012, 98% dos domi-cílios na classe A tinham com-putador, este indicador é deapenas 9% na classe D. A boanotícia é que, nas menoresesferas de renda, o crescimen-to tem sido mais rápido. Naclasse D, o índice triplicou de2008 a 2012. Na classe C,

Disponibilizar acesso à Informática em locais públicos é um dos desafiospara promover, efetivamente, a inclusão digital, na opinião de especialistas

GUSTAVO [email protected]

passou de 25% para 44%.Outro indicador que mostraa necessidade de maiores in-vestimentos em inclusão digi-tal é a forma como os brasi-leiros acessam a internet. Hácinco anos, a diferença entrea taxa dos que usavam a redeem pontos pagos e em casa erade apenas seis pontos percen-tuais. Em 2012, a utilizaçãona residência era praticamenteo dobro dos locais pagos (74%contra 19%). Como o com-putador é ainda artigo de luxonas famílias mais pobres,imagina-se que este avanço nouso residencial tenha sidomaior nos estratos de maiorpoder aquisitivo. Por outrolado, o acesso gratuito, emlocais públicos, ficou pratica-mente estagnado ao longodesse período.

ARQUIVO

Suplemento de Educação44Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

A Informática distante dos mais pobresCada vez mais, fala-se da necessidade do uso da informática em favor do ensino. Mas, como fazer

do computador uma ferramenta pedagógica se menos de 10% entre os mais pobres têm o acesso aoequipamento em casa e à internet em pontos gratuitos ainda estão longe de serem realidade?

O95 94 93

99 98

70 77 76

80 84

25 32 34

42 44

3 5 5 7 9

0

20

40

60

80

100

2008 2009 2010 2011 2012

Domicílios com computador por classe (%)

Classe A

Classe B

Classe C

Classe D/E

58

66 68 69 67

31

20

13

11 7

1 3 10

17 21

0

10

20

30

40

50

60

70

80

2008 2009 2010 2011 2012

Tipo de conexão à internet por domicílio (%)

Banda Larga

Acesso Discado

Conexão Móvel

42

48

56

68 74

48

45 35 27

19

4 4 4 6 4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

2008 2009 2010 2011 2012

Local de acesso individual à internet (%)

Em casa

Centro de acesso pago

Centro de acesso gratuito

o Brasil, o núme-ro de brasileirosque possuemcomputadoresem casa quasedobrou em qua-

tro anos. De 2008 a 2012, pas-sou de 25% para 46%. Tam-bém cresceu de forma acentu-ada o número de usuários deinternet: de 34% para 49%.Mas, outros números mostramalguns desafios. As formas deacesso mais usadas, banda lar-ga e conexão móvel, são restri-tivas às camadas mais pobresda população. Além de as clas-ses C e D serem as que têm menosbrasileiros com equipamentosde informática em casa, estesgrupos estão mais situados emregiões onde a tecnologia, muitasvezes, não está disponível. Nãopor acaso, o acesso à internetnas áreas rurais é cerca de umterço do registrado nos aglome-rados urbanos.

Dados do Cetic também de-monstram que 59% dos bra-sileiros usam a internet parafins educacionais. Pesquisas es-colares são as atividades maiscomuns. Muitos também aces-sam a rede para buscar infor-mações sobre cursos, informar-se sobre disponibilidade delivros nas bibliotecas das ins-tituições ou fazer downloadsde materiais a serem adotadosnas aulas. Um total de 13%fazem cursos online.

Alexandre Barbosa vê algunsaspectos capazes de trazer umcerto otimismo quanto ao usoda informática para fins edu-cacionais. Ele destaca, por exem-plo, o aumento da utilizaçãodo computador na sala de aula.“Desde 2010, está crescendo de

Uso de dispositivos móveis, como os notebooks, cresce no país. Porém, ainda está restrito às classes A e B

ARQUIVO

AlexandreBarbosa:computadoré cada vezmais usadonas aulas

forma relevante o uso do com-putador e da internet na salade aula, e caindo o acesso nolaboratório, o que é interessante,porque o ‘palco’ da escola é asala de aula.”

De acordo com o especialis-ta, ainda há carência de com-putadores disponíveis e de umaboa banda larga, mas o gran-de desafio atualmente é tornara informática uma grande fer-ramenta de ensino. “As esco-las, bem ou mal, têm compu-tadores e internet. Porém, a es-trutura não é suficiente, por-que não há computadores paratodos os alunos e a banda lar-ga não tem muita velocidade.No entanto, o grande desafio,atualmente, é justamente o usopedagógico dessa ferramenta.”

Para CelsoPansera,professoresainda têmrelaçãocomplexacom atecnologia

O presidente da Funda-ção de Apoio à EscolaTécnica do Rio de Janei-ro (Faetec/RJ), Celso Pan-sera, explica qual é o per-fil desses alunos, que jáchegam às escolas inclu-ídos digitalmente. Paraele, a principal caracterís-tica desses alunos é ovolume de informaçõesque recebem, para o beme para o mal. “Se antiga-mente, para descobrir osinônimo de uma pala-vra, era necessário ter umdicionário em casa, hojeem dia é só acessar o Goo-gle para encontrá-lo. Eisso vale para pesquisastambém. O que deve-sefazer é ensinar esses alu-nos a filtrarem o que re-cebem de informação.”

Celso Pansera acredi-

Alunos do século XXI recebem um grande volume de informaçõesta que, no longo prazo, atecnologia pode se tornaruma grande ferramenta pe-dagógica. “Já se utiliza dessamaneira, mas a infraestru-tura das escolas ainda atra-palha. O caminho é a cria-ção de salas de aulas comestrutura suficiente para tra-balhar multimídia e o am-biente virtual”, assinala.

A Faetec possui dois pro-jetos que possibilitam o aces-so à informática: “Faetec Di-gital” e “Rio Estado Digi-tal”. No primeiro, há cercade 80 telecentros no Esta-do do Rio de Janeiro, comcomputadores. Já no segun-do, a fundação disponibi-liza a rede wi-fi, oferecen-do internet.

O presidente da fundaçãoanalisa também a situaçãodos professores que atual-

mente devem ser incluídosdigitais. Para ele, o proble-ma não é a falta de acesso,uma vez que a maioria dosprofessores usam a internetcom regularidade e têm noe-mail uma ferramenta decomunicação importante.O problema, afirma o espe-cialista, é que este uso nãose traduziu em novidadespara a sala de aula.

“Os docentes, em geral,têm uma relação complexacom as tecnologias, porqueé muito difícil sair do fichá-rio e ir para o software. Masisso se resolve com a novageração de professores. Amedida em que os concur-sos acontecem, isso vai seresolvendo. Para aquelesque já estão no mercado detrabalho, o caminho é a re-alização de um programa

massivo de atualização”,analisa.

Celso Pansera explicaque deve haver uma es-tratégia para tornar ocomputador uma impor-tante ferramenta pedagó-gica. Investir na infraes-trutura das escolas é ape-nas uma das soluções.“Só comprar computa-dor não resolve. Devehaver uma estratégia. Emsala de aula é necessárioum ambiente propício aouso do computador,profissionais adequadospara isso e conteúdo pe-dagógico disponível.Não adianta disponibi-lizar um instrumento seele não tem utilidade. Ou-tro problema é o acessoà ‘banda larga’, que ain-da é muito ruim.”

Conhecimento essencialno mercado de trabalho

Se na educação ter acesso àinformática é fundamental, nomercado de trabalho não é di-ferente. De acordo com João Ri-cardo Moderno, presidente daAcademia Brasileira de Filoso-fia, é grande a importância deum profissional do século XXIter conhecimentos básicos re-lativos ao uso do computador.

“As chances de sucesso dimi-nuem a cada dia, não só nas ati-vidades diretamente dependen-tes de conhecimento mais apro-fundado, como também nas ta-refas outrora menos exigentes,como caixa de loja ou porteirode prédio. A educação informá-tica tem valor em si mesma ecomo instrumento de todos osoutros conhecimentos.”

O especialista destaca que nãodá para medir qual o nível deconhecimento em informáticanecessário. Este parâmetro depen-de do tipo de trabalho do profis-sional, que deve sempre se atua-lizar para se manter no mercado.

“A exigência de conhecimentoem informática está diretamen-te ligada às atividades do profis-sional, que não é mais quemdecide o que é importante eminformática. É o trabalho que vaiditar o que ele precisa saber. Eesse saber, pela própria dinâmi-ca do avanço tecnológico, jamaisfica estático. Essa é uma situa-ção nova. No passado, um saberpraticamente ficava estagnado,com pequenas e simples varia-ções. Hoje não.”

Segundo João Ricardo Moder-no, o domínio das redes sociaistambém é de grande valia. Eleressalta que, a partir da utiliza-ção cada vez mais frequente do

Moderno: “a informática é o manualde sobrevivência na sociedade”

Suplemento de Educação45Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Internet é mais usada para pesquisa

N

34 39 41

46 49

0

20

40

60

2008 2009 2010 2011 2012

Usuários de Internet no Brasil (%)

Fonte: Comitê Gestor da Internet no Brasil)

28

36 39

47 51

8 12 12

15 15

0

10

20

30

40

50

60

2008 2009 2010 2011 2012

Domicílios com computador por localidade (%)

Urbana

Rural

95 93 88

77 70

10

14

23

41 50

2 4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2008 2009 2010 2011 2012

Tipo de computador presente no domicílio (%)

Computador de mesa (PC)

Notebook

Tablet

25 32

35

43 46

0

20

40

60

2008 2009 2010 2011 2012

Domicílios com computador no Brasil (%)

52

20 19 17 13

0

10

20

30

40

50

60

Pesquisas e projetos escolares

Informações sobre cursos

Busca por livros em bibliotecas

Download de material de

estudo

Fazer cursos online

Uso educacional da Internet (%)

Facebook, twitter, instagram eoutras redes do tipo, o círculosocial se amplia de tal forma queinúmeras oportunidades seabrem. “Estamos ainda na infân-cia das redes sociais. Novas re-voluções virão. O ser humanodo futuro viverá a vida real e avirtual, dialeticamente concili-ando as duas”, assinala.

O presidente da AcademiaBrasileira de Filosofia frisa ain-da que o conhecimento da in-formática é mais um atributo doprofissional eficiente. E nos diasatuais, é impossível sobreviverno mercado de trabalho sem serbom no que se faz.

“É preciso conhecer informá-tica geral e aplicada a sua área.O mundo profissional exige asua adesão voluntária ou invo-luntariamente. Você não temsaída. A informática é o manu-al de sobrevivência na socieda-de. Tudo será informatizado nofuturo”, relata.

RENATO [email protected]

DIVU

LGAÇÃO

Jovens e crianças muito ligados com as tecnologias, que não são disciplinados e que são marcados pelo

consumismo e o individualismo, entre outras características. Este é o perfil da geração Y, que surgiu a partirdos anos 80 e, entre outras coisas, começou a chamar a atenção para o anacronismo de certas práticas edu-cacionais no país.

Com a geração Z, a das crianças e jovens atuais, que sucedeu a Y, o envolvimento com a tecnologia e oindividualismo foram intensificados. Entre suas principais características, estão a busca por informação eentretenimento em fontes variadas, facilidade ainda maior de lidar com as inovações tecnológicas e a falta

de interesse em se aprofundarem no que buscam. E, mais uma vez, os educadores são desafiados a colocar emprática estratégias de ensino capazes de envolver e cativar um estudante com perfil tão complexo.

Para a doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Ro), Andrea Ramal,tornar o processo educacional mais interessante para a Geração Z exige ação em pelo menos três frentes. Na opiniãodela, o currículo deveria ser organizado por redes de saberes e não por sequenciação de conteúdos, como acontecehoje em dia. Ela defende que é preciso também introduzir a tecnologia no ambiente escolar, estimulando a apren-dizagem a partir da cooperação, e realizar um trabalho integrado com as famílias e voltado para valores humanos.“Uma educação que ajude cada jovem a descobrir-se como agente histórico, ser político e social, cidadão engajadoem transformações que promovam o bem estar de toda a comunidade”, ressalta a educadora, que, nesta entrevista,aborda temas como metodologias pedagógicas mais apropriadas para a Geração Z, o papel dos professores e dospais na educação dos jovens de hoje, a importância que as redes sociais podem ter para a aprendizagem e, ainda,sobre quais aspectos a educação tradicional ainda tem espaço no ensino dos novos tempos. Para Andrea Ramal,várias características clássicas precisariam ser mantidas, em especial, o viés humano. “A educação tradicional prezavapela formação em valores, como o respeito pelos demais, o cuidado pelo espaço público, a responsabilidade comos compromissos assumidos”, completa Andrea Ramal.

FOLHA DIRIGIDA — QUAIS AS PRINCI-PAIS CARACTERÍSTICAS DO QUE OS ESPE-CIALISTAS CHAMAM DE GERAÇÃO Y?Andrea Ramal — A chamada geraçãoY é constituída pelos jovens que nas-ceram entre os anos 1980 e 2000. Deforma geral, têm estreita ligação comas tecnologias. Não gostam de disci-plina, respeitam pouco a autoridade.Em muitos casos são individualistas,imediatistas, consumistas. No mun-do do trabalho, são pouco estáveis,saem facilmente de um emprego aoutro em função de objetivos pesso-ais. A geração Z, das crianças que nas-ceram depois da virada do milênio,mantém muitas dessas características.Eles “zapeiam” sem parar por canaisde TV, games, celulares, tablets e re-des. Buscam novidades, sem necessa-riamente se aprofundar no que encon-tram. Esta relação fragmentada com otempo e a informação - abrir muitasjanelas e buscar novidades, sem seaprofundar em nenhuma - vale paraos relacionamentos e o estudo. Sãovorazes consumidores de tecnologiasnovas. São crianças muitas vezes dis-persivas e rejeitam atividades que exi-jam concentração.

AS METODOLOGIAS DE ENSINO EMPRE-GADAS, HOJE EM DIA, NA MAIOR PARTEDAS ESCOLAS, ESTÃO DE ACORDO COM OQUE ESTES ESTUDANTES ESPERAM DE UMPROCESSO DE ENSINO?De uma forma geral, diria que ainda não,embora haja muitas escolas e muitosprofessores envolvidos nesta discussão,procurando adaptar as formas de ensi-nar aos novos modos de aprender.

O QUE PRECISARIA MUDAR, NAS METODO-LOGIAS PEDAGÓGICAS, PARA TORNAR OPROCESSO EDUCACIONAL MAIS INTERES-SANTE PARA ESTA GERAÇÃO Z?Creio que três pontos devem mudar.Primeiro: o currículo da escola precisaser mais hipertextual. Em vez de con-teúdos isolados e distantes da realida-de, organizar o conhecimento em redesde saberes, numa lógica não-conteudistae não-linear, por meio de estratégias di-dáticas que rompam com os modelosformais de sequenciação de conteúdos.Segundo, a aprendizagem deve passara acontecer em redes cooperativas. Issoimplica incorporar as tecnologias comoambientes de aprendizagem. Mas nãosó com tablets ou laboratórios de infor-mática. No contexto da cibercultura, épreciso refundar a escola, a sala de aulae as formas de aprender e ensinar. Ter-ceiro: a escola precisa trabalhar integran-do mais a família, num currículo queinclua a formação em valores. Umaeducação que ajude cada jovem a des-cobrir-se como agente histórico, serpolítico e social, cidadão engajado emtransformações que promovam o bemestar de toda a comunidade.

QUAL O PERFIL DO PROFESSOR CAPAZ DEENCANTAR E DESPERTAR O INTERESSEPELO APRENDIZADO NESTA GERAÇÃO Z?É um professor que integra três papeis.Primeiro: é um arquiteto cognitivo, traçaas estratégias e os métodos mais adequa-dos para que o aluno chegue à constru-ção ativa do conhecimento. Como o alu-no, ele também precisa se apropriar comsegurança e destreza de todos os recursostecnológicos, transformando sua sala deaula num ambiente de aprendizageminterativo e conectado com o mundo. Alémdisso, ele é um dinamizador da inteligên-cia coletiva, que ajuda grupos de estudan-tes a darem novo significado do link (laço)entre saberes, disciplinas e também en-tre pessoas. Motiva os jovens a trabalharem cooperação - mas não só no mundovirtual - e a estabelecer diálogos e parce-rias produtivas, numa síntese multidi-mensional e polifônica, com respeito entresi e “educando uns aos outros em comu-nhão”, como imaginou Paulo Freire muitoantes da internet. Por fim, precisa ser umeducador: estimular a consciência crítica,atuar na formação ética.

OS PAIS, POR TEREM VINDO DE UMA GE-RAÇÃO ANTERIOR, GERALMENTE TÊM DI-FICULDADES EM LIDAR COM AS CRIANÇASE ADOLESCENTES DESTA GERAÇÃO Z?Sim, pois o abismo entre esta geração ea anterior é imenso. Estas crianças, co-nectadas na web e desconectadas domundo real, multifacetadas em perfis deredes sociais, rodeados de amigos e se-guidores no mundo virtual, têm ao mes-mo tempo habilidades pouco desenvol-vidas no âmbito presencial. Alguns aschamam de “geração silenciosa”, porqueestão sempre com fones nos ouvidos,falam e escutam pouco, desconectando-se de tudo - inclusive da família. Por issonão adianta manter o velho modelo de

podem ser usadas a favor das pessoas,os riscos que elas têm. O aluno precisaser estimulado a pesquisar com auto-nomia intelectual, em percursos própri-os, orientados por educadores. Mas, paratudo isso, faltam pesquisas que orien-tem a ação. Novos estudos sobre moti-vação e cognição, que mostrem comofunciona a mente dos sujeitos da ciber-cultura, como se aprende quando fala-mos de um conhecimento não linear,hipertextual e multimidiático.

ATUALMENTE, A MAIOR PARTE DOS JO-VENS FAZ USO DAS REDES SOCIAIS. TAL-VEZ, ESTE SEJA O AMBIENTE COM O QUALMUITOS DELES MAIS SE ENVOLVAM HOJEEM DIA. É POSSÍVEL TIRAR PROVEITODELAS PARA TORNAR MAIS INTERESSAN-TE O PROCESSO DE ENSINO?Sim, pois aprender também envolveinteragir e hoje a interação tambémacontece através de redes virtuais. Nãohá que dizer “desligue tudo, a aula vaicomeçar”. É preciso conhecer um poucomais o mundo das crianças e jovensde hoje, recriar os modos pelos quaisconversamos com eles, e dar-nos aoportunidade de descobrir e reinven-tar, juntos, novas experiências e prá-ticas de aprendizagem.

É INDISCUTÍVEL A NECESSIDADE DE MO-DERNIZAR AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.MAS, HÁ PROCEDIMENTOS E DIRETRIZESMAIS TRADICIONAIS DO ENSINO QUE, APE-SAR DESTA NECESSIDADE, DEVEM PERMA-NECER? QUAIS?Muitos precisam permanecer. A educa-ção tradicional prezava pela formação emvalores, como o respeito pelos demais,o cuidado pelo espaço público, a respon-sabilidade com os compromissos assu-midos. Na educação clássica havia grandegosto pelos desafios intelectuais, vivi-dos em jogos e competições saudáveisentre os alunos. Ensinava-se teatro,música e outras artes e humanidades.Tudo isso, se incorporado com práticasatualizadas para a pedagogia de hoje,pode ser bem interessante para a forma-ção integral de crianças e jovens.

COM O PASSAR DAS ÚLTIMAS DÉCADAS,OS PAIS, DE MODO GERAL, AFASTARAM-SE DA EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS, PRIN-CIPALMENTE EM RAZÃO DAS DEMANDASPROFISSIONAIS. MAS, PERCEBE-SE UMMOVIMENTO CADA VEZ MAIOR NO SENTI-DO DE CONSCIENTIZAR AS FAMÍLIAS DAIMPORTÂNCIA QUE TÊM PARA A EDUCA-ÇÃO DE SEUS FILHOS. ACREDITA EM UMAREVERSÃO DESTE QUADRO? OU SEJA: ÉPOSSÍVEL QUE A GERAÇÃO ATUAL, QUEFORMARÁ OS PAIS DA PRÓXIMA, SE APRO-XIME MAIS DA EDUCAÇÃO DE SEUS FI-LHOS?É possível, até porque existe mais cons-ciência das famílias sobre o fato de que,quanto mais elas participam e acompa-nham o estudo dos filhos, melhores sãoos seus resultados. No entanto, na práti-ca essa participação ainda é pequena. Hoje,não só os pais, mas também as mães tra-balham fora. E num mundo do trabalhocada vez mais competitivo e demandan-te, pais e mães vivem sem tempo, cansa-dos e estressados. Muitas vezes os paisacabam, então, delegando quase queunicamente à escola a responsabilidadede educar. Por outro lado, a escola enfrentatambém as suas limitações, num mun-do repleto de tecnologias e redes sociais,violência, consumo desordenado, drogas,bullying e outros. Para encarar esses de-safios e zelar pelo futuro da criança, afamília precisa se alinhar com a escola,dividindo papeis e uma reforçando o tra-balho da outra. A família e a escola pre-cisam se entender como uma única equipee trabalhar integrada num projeto comum:educar a criança desenvolvendo suas com-petências e preparando-a para viver beme feliz na sociedade de hoje e de amanhã.

A SEU VER, QUAL A PRINCIPAL CARACTE-RÍSTICA DA ESCOLA DAS PRÓXIMAS GE-RAÇÕES? POR QUÊ?A escola das próximas gerações precisaser a escola que construa uma nova for-ma de pensar o planeta. Nosso atualmodelo de produção e consumo estáesgotado. É um modelo gerou infelici-dade e frustração, reforçou as desigual-dades, contaminou o meio ambiente.A escola precisa se reconstruir a partirdo conceito de desenvolvimento susten-tável, que supõe satisfazer as necessi-dades das gerações de hoje sem com-prometer a qualidade de vida das gera-ções futuras. O novo cidadão precisarápensar fora da caixa para construir essenovo modelo social, baseado em sus-tentabilidade e equidade. Cabe à esco-la formar essas novas mentes, não sóconectadas e interativas, mas sobretu-do inteligentes e sensíveis.

Suplemento de Educação46Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Ensino para uma geração conectadaUma das marcas da Geração Z, nascida a partir do início do milênio, é reunir crianças e

jovens muito ligados à tecnologia e que buscam informações em vez de conhecimento. Para Andrea Ramal,um ensino pautado só nas tecnologias não basta para atender aos anseios destes estudantes

Andrea Ramal: “o aluno precisa ser estimulado a pesquisar com autonomia intelectual, em percursos próprios, orientados por educadores.”

educação inalterado, esperando que ascrianças se adaptem. Para educar hoje, épreciso assumir que o contexto mudou,que as crianças se relacionam e apren-dem de outras maneiras. Isso não é algopara lamentar. Estas crianças estão chei-as de energia e são capazes de se envol-ver em projetos que valham a pena.Desejam ser acolhidos e compreendidose trazem em si um mundo de potencia-lidades. Cabe aos pais e educadores o

desafio de ajudá-las a desenvolver ascompetências e valores para viver bem.

UMA DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICASDESTA GERAÇÃO É O CONTATO MAISPRÓXIMO COM A TECNOLOGIA. O QUEPRECISARÁ MUDAR NO ENSINO, NO FUTU-RO PRÓXIMO, PARA LIDAR COM ESTUDAN-TES QUE, CADA VEZ MAIS CEDO, DOMINAMO USO DE RECURSOS MULTIMÍDIA?Há que incorporar os recursos tecnoló-

gicos na escola, como ambientes deaprendizagem. A sala de aula tambémprecisa se tornar mais interativa, umlugar onde todos possam se expressare aprender em redes de cooperação. Nãoé mais necessário armazenar dados:computadores fazem isso. A tarefa éestimular o pensamento crítico, a cria-tividade, a capacidade de atribuir sen-tidos. Ajudar as crianças a refletir sobreas tecnologias: para que servem, como

“““““NNNNNão adianta manter o velho modelo de educação inalterado, esperando que as crianças se adaptem. Para educarão adianta manter o velho modelo de educação inalterado, esperando que as crianças se adaptem. Para educarão adianta manter o velho modelo de educação inalterado, esperando que as crianças se adaptem. Para educarão adianta manter o velho modelo de educação inalterado, esperando que as crianças se adaptem. Para educarão adianta manter o velho modelo de educação inalterado, esperando que as crianças se adaptem. Para educarhoje, é preciso assumir que o contexto mudou, que as crianças se relacionam e aprendem de outras maneiras.hoje, é preciso assumir que o contexto mudou, que as crianças se relacionam e aprendem de outras maneiras.hoje, é preciso assumir que o contexto mudou, que as crianças se relacionam e aprendem de outras maneiras.hoje, é preciso assumir que o contexto mudou, que as crianças se relacionam e aprendem de outras maneiras.hoje, é preciso assumir que o contexto mudou, que as crianças se relacionam e aprendem de outras maneiras.Isso não é algo para lamentarIsso não é algo para lamentarIsso não é algo para lamentarIsso não é algo para lamentarIsso não é algo para lamentar. Estas crianças estão cheias de energia e são capazes de se en. Estas crianças estão cheias de energia e são capazes de se en. Estas crianças estão cheias de energia e são capazes de se en. Estas crianças estão cheias de energia e são capazes de se en. Estas crianças estão cheias de energia e são capazes de se envvvvvolvolvolvolvolver em prer em prer em prer em prer em projeojeojeojeojetttttosososososque valham a pena. Desejam ser acolhidos e compreendidos e trazem em si um mundo de potencialidades. Cabeque valham a pena. Desejam ser acolhidos e compreendidos e trazem em si um mundo de potencialidades. Cabeque valham a pena. Desejam ser acolhidos e compreendidos e trazem em si um mundo de potencialidades. Cabeque valham a pena. Desejam ser acolhidos e compreendidos e trazem em si um mundo de potencialidades. Cabeque valham a pena. Desejam ser acolhidos e compreendidos e trazem em si um mundo de potencialidades. Cabeaos pais e educadores o desafio de ajudá-las a desenvolver as competências e valores para viver bem.aos pais e educadores o desafio de ajudá-las a desenvolver as competências e valores para viver bem.aos pais e educadores o desafio de ajudá-las a desenvolver as competências e valores para viver bem.aos pais e educadores o desafio de ajudá-las a desenvolver as competências e valores para viver bem.aos pais e educadores o desafio de ajudá-las a desenvolver as competências e valores para viver bem.”””””

Suplemento de Educação47Suplemento Especial / Folha Dirigida Outubro de 2013

Distorção idade-série em quedaIndicadores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro apresentam tendência de queda

da distorção idade-série. Programas especificamente voltados para alunos com maior grau dedefasagem são responsáveis pelo avanço. Indicadores de aprovação também melhoraram

Os dados divul-gados pelo Ins-tituto Nacionalde Estudos ePesquisas Edu-cacionais Aní-

sio Teixeira (Inep), em junho,revelaram que a rede estadu-al do Rio de Janeiro apresen-tou continuidade na quedadas taxas de distorção idade-série (alunos que estão pelomenos dois anos atrasados).A redução de 2007 para 2012ficou acima da queda de todoo Brasil (de 17,3 pontos per-centuais para 11,8).

De 2011 para 2012, o Riode Janeiro apresentou a mai-or queda da taxa no EnsinoMédio e a quinta maior nosanos finais do Ensino Funda-mental. O Estado do Rio tam-bém apresentou o maior cres-cimento na taxa de rendimentono Censo 2012. O resultado,

que congrega dados referen-tes à aprovação, reprovaçãoe abandono, aponta que o Riode Janeiro teve o melhor índi-ce de crescimento no indica-dor de fluxo escolar do país.Os dados levam em conside-ração os anos finais do Ensi-no Fundamental e os três anosdo Ensino Médio.

O Programa Autonomiaestá entre as principais açõesda Seeduc que contribuem paraa redução das taxas de distor-ção idade-série. O projeto aten-de alunos com idades entre 13e 17 anos, que queiram con-cluir o Ensino Fundamental;e entre 17 e 20 anos, que te-nham a meta de fazer o Ensi-no Médio em menos tempo.O objetivo do programa é pro-porcionar a conclusão dosestudos, aliando recursos tec-nológicos a uma metodolo-gia de excelência. Em 2012, o

programa Autonomia aten-deu 24.223 alunos. A previ-são para 2013 é oferecer aoportunidade para 36 mil es-tudantes dos ensinos Funda-mental e Médio. Com a con-tinuidade dos estudos, o alu-no tem a possibilidade deacesso ao emprego e renda eà inserção nos diferentes espa-ços da vida social.

O aumento de mais de seispontos percentuais na taxa deaprovação do Ensino Médiofez com que a rede estadualfluminense, que apresentava,em 2011, a 25ª taxa de apro-vação entre os estados brasi-leiros, passasse para a 13ªposição e se aproximasse damédia do Brasil. Em 2007, oRio de Janeiro estava quase dezpontos percentuais da médiabrasileira. Em 2012, essa di-ferença caiu para menos de trêspontos percentuais.

Outra evolução inferida éa diminuição da taxa deabandono. Para entender aevolução da rede pública es-tadual neste indicador, é im-portante analisar as taxas derendimento escolar - aprova-ção, abandono e reprovação.A soma das taxas deve serigual a 100%, pois um alu-no matriculado em um anoletivo, ao final, pode seraprovado, reprovado ou terabandonado a escola. Des-ta forma, se a taxa de apro-vação subiu, enquanto a dereprovação caiu, assim comoa de abandono.

As taxas de reprovação e deabandono no Ensino Médiotiveram a segunda melhoramais significativa entre as uni-dades da federação. Entre osreprovados, a rede estadualdo Rio de Janeiro apresentouuma queda de 3,8 pontos per-

centuais, e entre os que aban-donaram a queda foi de 2,8.A taxa de abandono foi a queapresentou maior queda. Issosignifica que os alunos estãoabandonando menos na redeestadual do Rio de Janeiro;consequentemente, há a di-minuição da evasão escolar.Uma política que incentivaa permanência dos alunos narede é o Programa RendaMelhor Jovem, realizado emparceria com a Secretaria deEducação, que oferece incen-tivo financeiro para que o jo-vem se mantenha no fluxo re-gular de ensino e conclua oEnsino Médio. No primeiroano, o aluno recebe uma bolsano valor de R$700, que podechegar até R$1.200 no tercei-ro ano. Os alunos com me-lhor desempenho no Enemainda recebem o incentivo novalor de R$500.

Pesquisa revela expectativasdos jovens da rede pública

A Secretaria de Estado de Educaçãodo Rio de Janeiro encomendou umapesquisa ao Instituto Mapear, paraidentificar as percepções e expectati-vas dos alunos da rede. Do total de en-trevistados - uma amostragem de 4mil alunos -, 67% consideram o en-sino público estadual de qualidade.Para 13%, o ensino é excelente, en-quanto que para 54% é bom. Apenas4% a avaliaram negativamente. Deacordo com a pesquisa, o sistema deavaliação diagnóstica, implementadopela Seeduc, é um dos principais mo-tivadores para o fortalecimento daprática pedagógica. Dos alunos ouvi-dos, 90% afirmam ter conhecimen-to de que avaliações como Saerj eSaerjinho foram criadas para cumpriresse papel.

Dos responsáveis ouvidos (1.200),63% afirmaram ter conhecimento deque esses exames são aplicados a cadadois meses, ou a cada seis meses. Ograu de conhecimento chega a 75%junto aos responsáveis do interior,contra 59% nas demais regiões. Deum modo geral, os que sabem dasprovas têm consciência quanto aoobjetivo de avaliar a qualidade doensino em cada escola: 53% do totalde responsáveis. Diante da explicaçãode que o objetivo é avaliar a qualida-de do ensino e de que a aferição dodesempenho de cada unidade ocor-re a partir da média obtida pelos alu-

nos, 92% se mostram favoráveis àaplicação dos exames.

Ainda de acordo com a pesquisa,85% dos alunos estariam dispostos acursar o Ensino Médio Integrado(com curso de capacitação profissio-nal). No interior, os interessados che-gam a 90%. Esta modalidade ofereceaos estudantes da rede pública esta-dual um ensino diferenciado, privi-legiando a qualificação profissionaldestes para o mercado de trabalho.

Quanto aos cursos que exercemmaior atratividade, a pesquisa revelaque dois atraem mais de 20% dos alu-nos de todas as regiões: Montagem emanutenção de computadores e pro-fissionalizante de Administração. Umpouco abaixo da preferência, mas aindacom índices superiores a 20%, nacapital e na periferia, destacam-se oscursos de Técnico em Enfermagem eTurismo e Hotelaria.

De um conjunto de possíveis me-didas a serem implementadas, as duasque mais se destacam se referem àprofissionalização: 51% têm expecta-tivas por cursos profissionalizantes e47% pelo estabelecimento de convê-nios de estágios entre as escolas e asempresas. Assim como os alunos, apesquisa mostra que os responsáveistambém priorizam iniciativas quedeem um direcionamento profissio-nal. Outra medida bem avaliada foia orientação vocacional.

Escolas contempladas com bônuscomemoram resultado alcançado

A Secretaria de Estado de Educa-ção pagou a Bonificação por Resul-tados aos servidores de 387 esco-las da rede estadual que atingiramas metas estipuladas pelo Governodo Rio de Janeiro. Esse quantitati-vo representa 30% da rede. Os va-lores, que chegaram a três salári-os-base, foram repassados para 24mil matrículas (19 mil professores– já que alguns contam com maisde uma matrícula). O investimentototal foi de R$ 60 milhões.

Este ano, foram contemplados osprofessores efetivos da Seeduc; Di-retoria Especial de Unidades Esco-lares Prisionais e Socioeducativas(Diesp); unidades escolares de Edu-cação Básica de Ensino Fundamen-tal, Ensino Médio, Médio Integra-do à Educação Técnica de NívelMédio e Educação de Jovens e Adul-tos presencial; os professores doPrograma de Aceleração de Estu-dos; e a Equipe de Acompanhamen-to e Avaliação da Inspeção Escolar.

As unidades que cumpriram asmetas pré-estipuladas pela Seeduccomemoraram muito a notícia deque seriam contempladas com obônus. Neste ano, a medida bene-ficiou servidores de 387 escolas darede estadual, o que representa30% da rede e um investimento deR$60 milhões.

Segundo o diretor do C.E. Igná-cio Azevedo do Amaral, LeonardoGabaglia, esse resultado foi frutode um ano de trabalho intenso naunidade escolar. “Os resultados doSaerjinho foram extremamente im-portantes, pois nos deram um pa-

râmetro de como a escola estava ca-minhando. Além disso, os profes-sores incentivaram muito a leitu-ra e foram feitas atividades extra-curriculares para estimular nossosalunos.”

Para o cálculo do bônus, são con-siderados o Indicador de Desem-penho (ID – nota na prova Saerj)e o Indicador de Fluxo Escolar (IF- aprovação/reprovação/evasão deacordo com índice do Censo Esco-lar do Ministério da Educação),atribuindo-se pesos diferenciadosde acordo com o cargo/função exer-cido, conforme prevê a resolução.A medida visa a promover a melho-ria no processo de ensino e apren-

dizagem do Sistema Educacionaldo Estado do Rio, além de valori-zar os profissionais da Educação egarantir a eficiência do ensinoprestado nas unidades escolares darede.

Para ter direito à bonificação, asunidades tiveram que, além de al-cançar as metas pré-estipuladas,cumprir o Currículo Mínimo esta-belecido pelo estado; participar dasavaliações da Secretaria; e lançaras notas dos alunos no sistema Co-nexão Educação dentro dos prazosestabelecidos. Os professores tam-bém tiveram que cumprir a exigên-cia individual de frequência míni-ma de 70% durante o ano letivo.

Servidores de 387 escolas de toda a rede estadual atingiram meta estabelecida efizeram jus a bônus que significou um investimento de R$ 60 milhões para o pagamento

Imagem de formatura de alunos no Programa Autonomia, voltado para Educação de Jovens e Adultos: esta é uma das ações que contribuiu para redução da distorção idade-série

SALVADO

R SCOFFAN

O

Atuação de destaque nas áreasde educação, cultura e cidadania

Projetos geramdesenvolvimentohumano einclusão social

om uma trajetória de 42 anos,a Fundação Cesgranrio desen-volve projetos em um vastocampo de atuação. Ela é mais

conhecida pela expertise na realização deconcursos públicos, tanto que, nos últi-mos anos, foi responsável por alguns dosmaiores processos seletivos do país. A ins-tituição também se notabiliza pela pro-moção das mais importantes avaliaçõesbrasileiras em larga escala, entre elas, oExame Nacional do Ensino Médio(Enem) e o Exame Nacional de Avalia-ção de Estudantes (Enade). No camposocial, a Fundação está à frente do Pro-jeto Apostando no Futuro, que levaações de educação, cultura e prepara-ção para o mercado de trabalho, entreoutras vertentes, a moradores de qua-tro comunidades. Mais recentemente,passou a atuar com maior ênfase na áreacultural, incentivando os novos artis-tas de diferentes gêneros. São ações quecontribuem para o desenvolvimentoeducacional e pessoal de cada um dosbeneficiados e para o fortalecimento dacidadania, como é possível ver nas pá-ginas deste caderno especial.

C

INFORME PUBLICITÁRIO

Avaliação da Fundação Bradesco

Revista Ensaio

Projeto Apostando no FuturoExposição “Novos Talentos da Pintura”

Prêmio Cesgranrio de Teatro

2 CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

CCCCCONHECIMENTOONHECIMENTOONHECIMENTOONHECIMENTOONHECIMENTO

A equipe da Revista Ensaio, uma das mais importantes do país, utilizadacomo referência de pesquisa em 205 cursos de pós-graduação e que possui o nível

mais alto de classificação da Capes, preparou uma edição especial para aVII Reunião da Abave. A publicação abordou a evolução dos estudos em avaliação

EVOLUÇÃO DAS AVALIAÇÕES NA

REVISTA ENSAIO

C om o tema“A evoluçãodos estudossobre a ava-liação edu-

cacional”, a revista En-saio: Avaliação e Políti-cas Públicas em Educa-ção lançou a sua 78ªedição durante a VII Reu-nião da Associação Bra-sileira de Avaliação Edu-cacional (Abave).

Por tratar de um temaque também estava em dis-cussão no encontro daAbave, a professora Fáti-ma Cunha, editora daRevista Ensaio, junto comAlberto de Mello e Souza,editor associado, e Sara Ro-zinda Passos, assistenteeditorial, montaram umtrabalho para ser apresen-tado no evento, abordan-do a evolução dos concei-tos de avaliação em lar-ga escala, que o periódi-co publicado pela Funda-ção Cesgranrio acompa-nhou durante os seus 20anos de existência.

A organização destaedição foi feita pelo pro-

Participação destacada na VII Reunião da ABAVE

Nilma Fontanive recebe homenagem na abertura do Congresso da ABAVENa abertura da VII Reunião

da ABAVE, a professora Nil-ma Fontanive, coordenado-ra de Avaliação em Larga Es-cala da Fundação Cesgranrio,recebeu uma homenagempor relevante contribuição àavaliação educacional. NilmaFontanive recebeu a placa dehomenagem das mãos doprofessor Ruben Klein, que fe-licitou sua parceira de longosanos de trabalho.

“É tradição da ABAVE ho-menagear em cada reuniãonacional uma pessoa de re-nome, que tenha dado uma

Fátima Cunha, editora da Revista Ensaio, coordenou a edição especial

Ruben Klein abordou, no Congresso da ABAVE, os avanços da avaliação

A Associação Brasileira deAvaliação Educacional (ABA-VE), que completa 10 anos em2013, realizou sua VII Reuniãoentre os dias 7 e 9 de agosto, con-tando mais uma vez com a par-ticipação da Fundação Cesgran-rio, que vem apoiando o even-to. Na abertura, o professor Ru-ben Klein, especialista em ava-liação educacional da Cesgran-rio e presidente da ABAVE, fa-lou sobre o avanço da educa-ção no país e os índices alcan-çados nos últimos anos, comoa elevação na taxa de conclusãodos anos iniciais, assim comoas quedas das taxas de repetên-cia. Em seguida, abordou a im-portância do tema do encontro,“Avaliação e Currículo”.

“Para uma educação de qua-lidade, é preciso definir o quea população necessita apren-der e avaliar se isso está real-mente ocorrendo. Há duas di-mensões neste processo. Primei-ro, há a avaliação da aprendi-zagem de cada aluno feita naescola ou por avaliação exter-na, processo que busca verifi-car se os alunos aprenderam oque foi ensinado. Depois, aavaliação do ensino, das esco-las, dos sistemas, feita poravaliações externas e autoava-liações, que buscam verificara eficácia das opções curricu- Cesgranrio enviou uma equipe de profissionais a Brasília, especialmente para atuarem no Congresso da ABAVE

lares e institucionais tomadas”.A presença da Cesgranrio na

reunião da ABAVE foi maior esteano, com a montagem de umestande, apresentação de traba-lhos científicos, por vários espe-cialistas da instituição, e parti-cipação em mesas-redondas eminicursos. Ao todo, foram maisde 400 inscritos na reunião, coma presença de 350 pessoas.

Além de pesquisadores bra-sileiros, o evento da ABAVEcontou com dois convidadosinternacionais para as confe-rências, como Barry McGaw,professor e pesquisador da Uni-versidade de Melbourne e Pre-sidente do Departamento deCurrículo, Avaliação e Divul-gação da Austrália, que discu-tiu a relação entre avaliação ecurrículo, dando exemplos doseu país; e David Dill, profes-sor emérito de política públi-ca na Universidade da Caroli-na do Norte, que discutiu a edu-cação superior. Em cada mesa-redonda, tinha pelo menos umconvidado internacional.

A reunião da ABAVE visouincentivar a produção científi-ca na área de avaliação, promo-vendo a capacitação e o aper-feiçoamento, com foco no estu-do e na prática da avaliação edu-cacional, no qual a Cesgranrioassume um papel fundamental.

contribuição marcante para odesenvolvimento e consolida-ção da avaliação educacional.Nesta reunião, a homenagea-da foi a Professora Nilma Fon-tanive, minha parceira na ava-liação e no SAEB/Prova Bra-sil desde 1994”.

O último homenageadopela ABAVE, antes de NilmaFontanive, foi o professor JoséFrancisco Soares, hoje mem-bro do Conselho Nacional deEducação. Mantendo a tradi-ção do último homenageadosaudar o novo, o professor JoséSoares fez um discurso ressal-

tando a trajetória profissionalda professora Nilma, incluin-do sua atuação na Cesgranrio.

A professora foi a primeiramulher a receber a homena-gem da ABAVE. Junto com Ru-ben Klein e Sergio Costa Ribei-ro, Nilma desenvolveu a apli-cação da Teoria de Resposta aoItem (TRI) no Brasil, dentro daCesgranrio. A teoria foi utili-zada primeiramente no Saebe, desde então, é aplicada emvários exames.

“É uma honra ser homena-geada por uma associação quereconheceu a importância do

meu trabalho no cenário deavaliação no país. Trabalhocom avaliação há muitosanos. Fui professora da Uni-versidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ) por 22 anose, nesse período, sempre es-tive presente nas comissõesde vestibular e sempre gos-tei de trabalhar com ques-tões de avaliação. Fui repre-sentante da Universidade nacomissão de vestibular daCesgranrio em 1975. Esse foio meu primeiro contato coma Fundação”, comentou ahomenageada.

Profissionais da Revista Ensaio falaram sobre a importância da publicação, que é referência na área

mestrados e doutorados, se-cretarias de educação e con-selhos de educação.

Criada em 1993, a revistacompleta 20 anos, com pu-blicações de conteúdos espe-cializados em avaliação epolíticas públicas. Para co-memorar as duas décadas deexistência, a Fundação Ces-granrio lançará uma ediçãoespecial em dezembro, denúmero 81, discutindo a te-mática da convivência esco-lar, organizada pelos profes-sores Álvaro Chrispino, edi-tor associado da revista, eCandido Gomes.

De acordo com Sara Ro-zinda Passos, a Revista En-saio assume uma grande im-portância para os estudan-tes de mestrado e doutora-do, pois os artigos nela pu-blicados trazem aquilo queestá acontecendo no mun-do acadêmico atualmente,e serve para gerar novas dis-cussões e novas pesquisas.De 1993 até 2013, a Ensaiopublicou ao todo 606 arti-gos, em sua maioria sobreo tema da avaliação insti-tucional.

fessor Ruben Klein, que se-lecionou os trabalhos quediscutiam as motivaçõesquanto ao uso da avaliação

em larga escala e à sua evo-lução, assim como os resul-tados mais significativosobtidos com este estudo.

O grande valor da RevistaEnsaio pode ser percebidopelos 205 cursos de pós-gra-duação (entre os cursos de

mestrado e doutorado noBrasil) que a utilizam. Paraser aprovado nesses cursos,o pós-graduando necessitadesenvolver pesquisas, mui-tas das quais são transforma-das em artigos a serem pu-blicadas em revistas acadê-micas como a Ensaio. A pu-blicação foi classificada noestrato Qualis A1, critériomáximo na avaliação da Co-ordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Su-perior (Capes), e é conside-rada a terceira publicaçãoeducacional indexada nabase do SciELO - ScientificEletronic Library Online.

Para alcançar essa classi-ficação, o periódico buscatrazer publicações de pes-quisas, refletindo a produ-ção acadêmica que abran-ge os estudos propostos nosartigos no campo da avali-ação educacional e nas po-líticas públicas.

Outro fator de grande im-portância da Ensaio é a suatiragem trimestral de três milexemplares, distribuídos gra-tuitamente para universida-des, bibliotecas, cursos de

3CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

CCCCCONCURSOSONCURSOSONCURSOSONCURSOSONCURSOS

Ao longo das

últimas quatro décadas, a

Fundação Cesgranrio

tornou-se referência em

todo país, quando o

assunto é concurso público.

Ao longo deste período,

participaram de concursos

que foram organizados

pela instituição quase 18

milhões de inscritos.

A Fundação é escolhida,

com frequência, pelos

mais importantes órgãos

públicos do país, o que,

sem dúvida, é um reflexo

da qualidade e da

eficiência de seu trabalho

Só nos últimosdois anos, a

Cesgranrio realizouum total de...

... 15 concursos, nosquais inscreveram-se mais de doismilhões de pessoas

A Fundação Cesgranrio comple-tou, no dia 12 de outubro, 42 anos,dedicando-se a favorecer com seutrabalho e suas pesquisas a melho-ria da qualidade do ensino no paíse a democratizar, cada vez mais, oacesso de todos aos vários níveisda educação. Igualmente vem ba-talhando pela empregabilidade epela seleção dos melhores para asnecessidades profissionais do Brasil.

Com expetise reconhecida até in-ternacionalmente, vem a Cesgran-rio se dedicando às avaliações demassa e à análise socioeconômi-ca e cultural dos alunos que a elasse submetem para que o planeja-mento da educação brasileira sefundamente em dados precisos, quepermitam metas factíveis de seremalcançadas. Essa expertise nos per-mitiu a abraçar projetos experimen-tais de aplicação de testes de mas-sa “on-line”, com uso de compu-tadores (tablets) na avaliação dealunos e professores. Já alcança-mos essa tecnologia para aplica-ção e correção desses testes.

No entanto, para que se possapensar em várias avaliações na-cionais por ano fiscal (exemplo,

vários Enems), calcadas na adoçãoda Teoria da Resposta ao Item (TRI),precisamos, no entanto, cuidar daqualidade docente. Estamos plei-teando junto ao Ministério da Edu-cação (MEC) a criação da Facul-dade Cesgranrio, com ênfase em“Gestão de Avaliação” e “Gestão deRecursos Humanos”, ambos na mo-dalidade de tecnólogos, assim comoa abertura de cursos de licenciatu-ra inovadores, que permitam aosseus egressos a aquisição de sóli-dos conhecimentos e práticas pe-dagógicas antenadas com a tecno-logia hoje disponível e seu prová-vel desenvolvimento.

Pensamos também em criar emnível intermediário e em nível supe-rior cursos para os profissionais deteatro: atores com especialização emmusicais, cenógrafos, coreógrafos,diretores, iluminadores, técnicos desom etc.

Como forma de motivar alunosde nível médio e de nível superior,nossas ações em prol da cultura têmsido uma constante.

Os festejos do centenário de Nel-son Rodrigues e de Vinicius de Mora-es, os concursos de poesias, com pre-miação dos mesmos em tarde de au-tógrafos na Academia Brasileira de

Letras, e de pintura, com coletiva nossalões da Fundação; os cursos gra-tuitos de formação de atores para TV;e a produção de peças criadas pelosalunos são algumas dessas estratégi-as bem sucedidas. Coleções de víde-os sobre música popular brasileira,sobre música clássica, sobre pinturabrasileira e internacional são proje-tos hoje em andamento.

A cultura é o catalizador da edu-cação de qualidade. É nisso queacreditamos e para isso estamoslutando. Estúdios de som e de TVmodernos e bem equipados foraminstalados em nosso campus. Ví-deos de ensino, ludicamente pro-duzidos para áreas, como Física,Química e Biologia, se encontramem andamento.

Projetos sociais, como “Apostan-do no Futuro”, destinados a quatrocomunidades carentes do entorno denosso campus, abordando desde aeducação e a cultura à profissionali-zação e à empregabilidade, estão sendodesenvolvidos com qualidade e su-cesso pela Fundação Cesgranrio.

E vamos em frente, acreditando quepodemos e queremos ajudar a edu-cação brasileira.

Sempre em busca da educação de qualidade

SINÔNIMO DE EFICIÊNCIA EM

CONCURSOSm seus mais de 40 anosde história, a FundaçãoCesgranrio já avalioumais de 70 milhões decandidatos, dos quais

quase 18 milhões em concursos.Cada vez mais aperfeiçoando seutrabalho, a eficácia e a transpa-rência se mantêm como tradiçãonos processos seletivos que a ins-tituição realiza, mostrando totalconfiança por parte não só doscandidatos, mas dos órgãos pú-blicos que a contratam.

Só para se ter uma ideia da qua-lidade do trabalho realizado pelaCesgranrio, nos últimos doisanos, nos 15 concursos públicosrealizados pela Fundação, foramaplicadas provas para mais de doismilhões de pessoas, um núme-ro que só uma instituição comexperiência, tradição e profissi-onalismo é capaz de alcançar.

Prova disso, foi o último con-curso realizado para a Caixa Eco-nômica Federal (CEF), em 2012,que teve o recorde de participan-tes, contabilizando ao todo maisde um milhão de inscritos. Ago-ra em 2013, a Cesgranrio já rea-lizou importantes concursos pú-blicos, como o do Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Econô-mico e Social (BNDES), clientecativo já há alguns anos, que con-tou com 137.188 inscritos.

Outro processo seletivo que hábastante tempo é aplicado pelaCesgranrio é o da BR Distribui-dora, o último tendo 46.608 ins-critos. Além desses, a Fundaçãorealizou os concursos do Bancoda Amazônia (Basa), totalizan-do 59.088 inscritos, e o da Liqui-gás, com 24.758 inscritos.

A Cesgranrio é responsável portodas as etapas dos concursos

públicos que realiza, desde oprocesso de elaboração das pro-vas até a divulgação dos resul-tados. Conta com profissionaiscapacitados e os mais moder-nos equipamentos que garan-tem a qualidade e o sucesso deseu trabalho.

Para Álvaro Freitas, coordena-dor de concursos da Cesgranrio,isso só é possível porque a Fun-dação trabalha há anos para fa-zer o que há de melhor. “São 40anos de expertise em avaliaçãoe seleção de candidatos. Não exis-te ninguém no país hoje que te-nha mais experiência que a Ces-granrio nesse quesito”.

O ano de 2013 fechará para aCesgranrio com um balanço mui-to positivo em concursos públi-cos, assim como também nasgrandes avaliações educacionaisdo país que a instituição aplica.

* CARLOS ALBERTO SERPA

* Presidente da Fundação Cesgranrio

Artigo

ECoordenador de concursos daFundação Cesgranrio, ÁlvaroFreitas destaca os fatores quesão responsáveis pelo sucessoda instituição na área deconcursos públicos. Um dosprincipais, afirma, é o investi-mento feito na qualificação etreinamento dos profissionaisque atuam na aplicação dasprovas nos processos seletivos

4 CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

CCCCCULULULULULTURATURATURATURATURA

Estúdio de audiovisual trazequipamentos de última geração

Pais de alunos vão pelaprimeira vez ao teatro

Estúdio deaudiovisualpermitirá aprodução deprogramasde altaqualidade

Buscando incentivar nãosó a produção cultural, mastambém oferecer a oportu-nidade de contato com asartes a quem nunca viveu aexperiência de assistir auma peça teatral, o CentroCultural Cesgranrio lançouo projeto Formação de Pla-teia. No início do mês deagosto, iniciou-se a primei-ra atividade do projeto, emque pais de alunos que mo-ram na comunidade de Pau-la Ramos, no Rio Compri-do, onde está localizada aFundação Cesgranrio, fo-ram convidados para assis-tir à peça “RJ: juventude in-terrompida”, uma releituramoderna de uma peça deWilliam Shakespeare.

Leandro Bellini, secretá-rio executivo de cultura daCesgranrio, ressalta que aequipe do Centro Culturalcolheu depoimentos dospais antes de entrarem noteatro, relatando o senti-mento naquele momento,e no final da apresentação,contando como foi passarpor aquela experiência.

“Para eles, era um ambi-ente completamente dife-rente, a maioria nunca ha-

Equipado com tecnologia audiovisual de últimageração, o novo estúdio do Centro Cultural Cesgran-rio foi inaugurado recentemente. Coordenado peloator e diretor de arte Alexandre Machafer, o estú-dio agora possibilitará uma produção contínua deprogramas audiovisuais com uma qualidade ím-par. O estúdio faz parte do núcleo audiovisual, umdos braços do Centro Cultural. Este núcleo contaainda com modernos equipamentos de uma ilhade edição de imagens e sons. Vários programas vêmsendo produzidos desde a inauguração do estúdio:programas para a UTV – canal universitário, progra-mas destinados às escolas públicas, programas jor-nalísticos, entre outros.

Um dos projetos oriundos da inauguração do estú-dio foi a criação de um curso para atores com foco nocinema e na TV: a Oficina de Atores Cesgranrio. Lean-dro Bellini, responsável pelo Centro Cultural, conta

que o objetivo das mais de 220 horas/aulas da ofici-na foi oferecer uma boa noção de como é atuar dian-te de uma câmera, seja na televisão ou no cinema.

“A atuação no audiovisual possui uma linguagemdiferente, muito específica, que pouca gente tem aces-so. Os poucos cursos oferecidos no Rio de Janeiro, sãocaros e o Centro Cultural possibilitou que 20 atorestivessem acesso a isso gratuitamente. Eles foram se-lecionados num processo que teve mais de dez can-didatos por vaga. O curso contou com uma equipecom fonoaudiólogo, dando aula de interpretação vocaldentro da linguagem da televisão, professor de atua-ção para TV e professor de noção corporal dentro dalinguagem televisiva”.

Uma segunda edição do mesmo curso está previstapara 2014, quando haverá um novo processo seletivo.Além disso, é intenção da Cesgranrio criar futuramen-te uma faculdade de teatro com foco em musical.

Carlos Alberto Serpa, ao lado de Cristiane Torloni, uma das estrelas que estiveram na festa de lançamento do Prêmio Cesgranrio de Teatro Leandro Bellini: Cesgranrio busca incentivar a cultura nas diferentes formas de manifestação

Tarcício Meira e Gloria Menezes foram homenageados pela contribuição no campo das artes

Concursodestaca belezada poesia

Sempre com o objetivo de fo-mentar a divulgação do traba-lho de novos artistas, o CentroCultural da Fundação Cesgran-rio lançou, no dia 24 de abril,o livro “Novos Talentos daPoesia” com os 54 poemasescolhidos no I Prêmio Literá-rio Cesgranrio. O prefácio é deAlberto da Costa e Silva, poe-ta e membro da Academia Bra-sileira de Letras (ABL). O even-to de lançamento com a tardede autógrafos ocorreu na pró-pria ABL e contou com a parti-cipação da atriz e poetiza Eli-sa Lucinda, que recitou algunspoemas publicados no livro.

Os poemas dos 300 partici-pantes, exclusivamente dos en-sino médio e superior do Es-tado do Rio, passaram pelocrivo das professoras TerezinhaSaraiva, Thereza Penna Firmee Maria Lourdes Aguiar Freire,da Cesgranrio, que escolheram120 textos na primeira etapado concurso. Em um segundomomento, dois renomados no-mes da literatura brasileira, opoeta e crítico literário Ivan Jun-queira e o escritor e jornalistaArnaldo Niskier, ambos da ABL,julgaram os trabalhos e elege-ram os 54 melhores.

De acordo com Leandro Be-llini, secretário executivo doCentro Cultural, foram distribu-ídos, gratuitamente, 20 exem-plares para cada um dos vence-dores e três mil exemplares dolivro para escolas públicas, paraas instituições de ensino dos alu-nos premiados e bibliotecas.

Assim como as demais artes,a Fundação Cesgranrio não po-deria ter deixado de lado a li-teratura. Com o sucesso do pro-jeto, o próximo passo já estádado. Com inscrições previstaspara até o dia 15 de novembro,o Centro Cultural promove o IIPrêmio Literário Cesgranrio, nacategoria de contos. Em home-nagem ao centenário de Vini-cius de Moraes, o secretário exe-cutivo disse que a ideia foi lan-çar seis famosas frases do poe-tinha, como “...mas que seja in-finito enquanto dure.”, “Quemde dentro de si não sai, vai morrersem amar ninguém”, “O sofri-mento é o intervalo entre duasfelicidades”, entre outras, emfunção das quais os alunos dosensinos médio e superior de-vem elaborar um conto.

Os 30 premiados constarãoem um livro a ser publicado pelaCesgranrio. Uma comissão jul-gadora selecionará 60 trabalhosna primeira fase. Na segundafase, serão escolhidos os 30 me-lhores contos que vão comporos livros, que, assim como noconcurso de poesia, serão dis-tribuídos, de forma gratuita, paraescolas públicas e bibliotecas.

via pisado dentro de um te-atro. Gravamos os depoi-mentos deles na chegada etambém quando eles saí-ram. Os depoimentos fo-ram tão bons e surpreen-dentes que nós faremos umprograma para o canal uni-versitário - UTV e para a nos-sa web TV, mostrando o im-pacto que essa experiênciateve na vida dessas pessoas”.

Paralelamente a esse pro-jeto, o Centro Cultural estáem contato com as Secreta-rias Municipal e Estadual deEducação para trabalhar oestímulo do aprendizadonas áreas de história e lite-ratura através do teatro.“Queremos proporcionarum instrumento lúdico deapoio ao aprendizado da li-teratura e da história em salade aula. O teatro pode seruma grande ferramenta noprocesso de aprendizado”,afirma Leandro Bellini.

A iniciativa ainda está emandamento, mas quandotudo estiver pronto, estu-dantes de várias escolas darede pública de ensino pode-rão compreender melhor osepisódios históricos e traba-lhos literários.

Incentivo para oteatro brasileiro

riado pelo Centro Cultural Ces-granrio com a proposta de valo-rizar os profissionais que produ-zem teatro no Rio de Janeiro, oPrêmio Cesgranrio de Teatro visa

premiar as melhores peças apresentadas anu-almente na cidade do Rio de Janeiro.Serão 12 categorias contempladas com o prê-mio oferecido pela Fundação: melhor ator,melhor atriz, melhor texto nacional inédito,melhor direção, melhor espetáculo musical,melhor ator em espetáculo musical, melhor atrizem espetáculo musical e categoria especial. Odestaque vai para o valor da premiação: o totalde R$ 300 mil, R$ 25 mil por categoria. É o maiorvalor já oferecido por um prêmio de teatro noRio de Janeiro. Além disso, será o primeiro a con-templar a categoria de musicais.Para compor o corpo de jurados, foram con-vidados sete críticos especializados em peçasteatrais. Barbara Heliodora, Carolina Virguez,Daniel Schenker, Mirna Rubim, Lionel Fischer,Macksen Luiz e Tânia Brandão apreciaram eavaliaram as peças que estavam em cartaz noprimeiro semestre, já tendo indicado os clas-sificados nesta seleção inicial. A próxima eta-pa será o julgamento das peças que estreiamno segundo semestre, cujos indicados serãoconhecidos no dia 10 de dezembro.A cerimônia de premiação está marcada para o

dia 21 de janeiro de 2014, no Copacabana Pa-lace. Durante o evento, os jurados se reunirãopara eleger dentre os indicados de cada semes-tre o vencedor de cada categoria. Ainda na ceri-mônia, o ator Milton Gonçalves será o home-nageado da noite, recebendo depoimentos emvídeo de amigos da profissão como FernandaMontenegro, Nelson Xavier e Flavio Migliaccio.De acordo com Leandro Bellini, secretário exe-cutivo de cultura da Fundação Cesgranrio, umdos objetivos do Centro Cultural é o estímuloà produção artística no país. “Nosso Centro Cul-tural tem uma vocação muito importante den-tro do cenário cultural brasileiro que é a de fo-mentar a produção das mais variadas expres-sões artísticas, entre elas o teatro. Se fazer teatroem nosso país é algo difícil, sobreviver deste ofícioé algo desafiador. As incertezas são constantes

na vida desses profissionais que chegam a tra-balhar por quase dois anos em uma produçãopara ficarem poucos meses em cartaz. São pes-soas que merecem um reconhecimento à alturade seus esforços e foi por isso que decidimospela criação de um prêmio que desse o devidovalor a esses artistas, criadores, técnicos e pro-dutores. O Prêmio Cesgranrio de Teatro faz jusao talento e aos esforços de cada um deles”,comentou Leandro Bellini.O Prêmio foi lançado em novembro do ano pas-sado com uma festa para a classe artística e paraa imprensa no Cinema Roxy, em Copacabana,com homenagem a dois grandes nomes do tea-tro e da dramaturgia brasileira, Glória Menezes eTarcísio Meira. O evento foi apresentado pela atrizChristiane Torloni. O troféu foi confeccionadoem aço inox pelo artista plástico Yutaka Toyota.

C

5CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

AAAAARTESRTESRTESRTESRTES

Primeira edição doNovos Talentos daPintura recebeuem torno de600 obras

O Centro Cultural Cesgranrio promoveu esteano um importante concurso com o objetivode revelar novos talentos nas artes plásticas.Em sua primeira edição, o Prêmio Cesgran-rio Novos Talentos da Pintura ofereceu uma

premiação em dinheiro aos três primeiros colocados, alémde uma exposição das 16 obras selecionadas, que estão ex-postas na sede da Fundação Cesgranrio desde o dia 18 desetembro e ficarão à mostra até o dia 31 de outubro.Foram recebidas quase 600 obras, sendo que cada parti-cipante pode enviar de três a cinco quadros. Qualquer pessoapoderia participar da seleção desde que cumprisse o úni-co requisito, o de não ter realizado exposição individualde suas obras, o que descaracterizaria o artista como umnovo talento.Passada pela primeira etapa, em que uma comissão jul-gadora avaliou e selecionou, a partir de fotografias, as 16melhores obras, a premiação seguiu com a exposição dosquadros para que Max Perlingeiro, Sergio Gonçalves eWalter Rezende, três grandes especialistas da pintura,pudessem definir as três melhores obras. O primeirocolocado foi o quadro “Usina”, de Rui Costa Marques, querecebeu como prêmio R$ 10 mil. Na segunda colocação,com um prêmio de R$ 7 mil, ficou a pintora Georgia Lobocom a obra “Através”, e em terceiro, a estudante de belasartes, Helena Carneiro, com o quadro “Kitsyne”, recebendoR$ 4 mil.Na noite de premiação, o presidente da Fundação Cesgran-rio, Carlos Alberto Serpa, parabenizou a qualidade das obrascriadas pelos novos talentos e falou da importância de va-lorizar esses artistas e do compromisso que a instituiçãotem com a cultura.“A Cesgranrio quer servir de veículo para abrir oportuni-dade às pessoas que têm talento e querem dedicar esse ta-lento ao desenvolvimento da cultura brasileira”, disse opresidente, que falou ainda da importância da Fundaçãoabraçar a cultura comentando sobre os demais projetos doseu Centro Cultural.O professor Serpa também ressaltou que o concurso foiapenas mais um passo para o desenvolvimento de umaeducação de alto nível e para uma formação profissional,por meio da valorização da cultura. Após o discurso, o pre-sidente entregou os prêmios aos três vencedores do Prê-mio Cesgranrio Novos Talentos da Pintura.Ruy Costa Marques, o vencedor do concurso, que envioucinco trabalhos e teve três obras suas selecionadas para aexposição, contou que pinta desde a adolescência, mas quenunca tomou a arte como profissão. “Eu pinto para mim,é quase que uma necessidade, quase algo compulsivo deter que fazer e concluir o trabalho. É um grande prestígioser selecionado em um concurso como esse e participarde uma exposição em uma instituição como a Cesgranrio”.Divulgando seu trabalho apenas para os amigos no Face-book e nas paredes do seu restaurante na Barra da Tijuca,Georgia Logo soube do Prêmio por uma amiga e decidiu seinscrever. Conquistando a segunda colocação, ela conta queficou muito feliz e que é um momento muito importanteem sua vida. “Essa premiação foi muito incentivadora. Porcausa do concurso, tenho pintado bastante. Criei um site eestou planejando agora uma exposição individual para aprimeira semana de dezembro”.Quase concluindo o curso de pintura da faculdade de Be-las Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)e vendo o concurso como uma grande oportunidade parater reconhecimento no meio artístico, Helena Carneiro,terceira colocada na premiação, conta que não esperava seruma das vencedoras e que foi uma sensação incrível estarentre os três melhores. “Foi muito interessante ter essaresposta, porque muitas vezes pintamos e desenhamos paranós mesmos, e não temos a opinião do outro. Com esseprêmio, vemos o retorno do nosso trabalho. Sem dúvida, éum incentivo para continuar trabalhando”.Para Roberto Padula, produtor cultural do Centro Cultu-ral, o desenvolvimento pleno do cidadão se dá a partir dapromoção da cultura, e é com essa visão que a FundaçãoCesgranrio pretende levar para todo o Estado do Rio deJaneiro e também para o resto do país o fomento destaatividade.“Toda iniciativa de fomento à cultura, como é feito aquina Fundação, é um trabalho belíssimo. O Centro Culturalvai sempre promover concursos de novos talentos nos vá-rios campos das artes.”

Prêmio estimulatalentos da pintura

Centro Cultural tem projeto paratrabalhar música clássica nas escolas

Em fase de elaboração, o projeto MúsicaClássica nas Escolas é mais uma iniciativado Centro Cultural Cesgranrio que visa pro-mover a arte entre os jovens estudantes. Pro-posta por Carol Murta Ribeiro, uma das maisreconhecidas pianistas clássicas do país, aação pretende fazer com que alunos da redepública de ensino tenham acesso à músicaclássica e sua história.

A ideia é levar tal projeto às escolas que jápossuam uma programação cultural-artísti-ca, utilizando uma linguagem atual e didáti-ca para que o jovem possa entender e ter in-teresse pela história da música clássica e dosimportantes compositores de cada estilo.

Serão produzidos livretos contando a his-tória dos músicos e dos períodos em queviveram, relacionando-os a autores de ou-tras artes, da mesma época. Junto com oslivretos, acompanhará um CD contendoas músicas de cada um dos três expoentesde cada fase, divididos em quatro fascícu-los: Os Barrocos, Os Clássicos, Os Român-

ticos e Os Modernos.A musicista explica que, no final de cada

livro, haverá endereços de sites relacionadosa cada um dos compositores tratados nos fas-cículos, assim como uma pequena bibliografiapara pesquisa, facilitando a busca do alunopelo conhecimento do assunto tratado.

O projeto deve iniciar em 2014 com alu-nos que já desenvolvem algum trabalhocom música. Os professores poderão am-pliar o conteúdo passado a eles com omaterial desenvolvido pela Cesgranrio.Em um segundo momento, a proposta éampliar o trabalho para as demais esco-las. Os livretos com os CDs serão doadospela Fundação às escolas públicas em par-ceria com as secretarias de educação.

Para Carol Murta Ribeiro, a falta de opor-tunidade é o maior responsável pelo desco-nhecimento desses jovens sobre música clás-sica. “O jovem não vai a um concerto demúsica clássica por falta de oportunidade. OProjeto Aquarius atraía grande público.”

História da MPB para enriquecer aformação de alunos do ensino médio

Não existe educação sem cultura. Comeste pensamento, a Fundação Cesgranriopretende tornar as aulas das escolas da redepública estadual de ensino mais atrativaspara os alunos matriculados nas turmas deensino médio.

A fundação pretende colocar este objetivoem prática por meio do projeto “Música Po-pular Brasileira nas Escolas”, concebidooriginalmente pelo Instituto Cultural Cra-vo Albin (ICCA), e agora encampado pelaFundação, que tenta viabilizar sua reali-zação já para 2014.

A ideia é estimular o processo educati-vo através da música como mais uma al-ternativa para o desenvolvimento dos jo-vens, despertar o interesse pelas raízes dacultura popular e, ainda, diminuir as ta-xas de evasão escolar. Segundo RicardoCravo Albin, conselheiro de cultura daCesgranrio e presidente do ICCA, conhe-cer a história da música ajuda a compre-ender alguns aspectos da cultura brasilei-

ra, como poesia, história, miscigenação,confirmação da liberdade individual e aalegria da população.

“Queremos prender os estudantes e fa-zer com que se interessem de tal forma queprovoque um conjunto positivo de estímu-los de aprendizado, evitando a evasão nasescolas”, explicou.

O projeto chegou a ser realizado na redeem 2009. Porém, três anos mais tarde, aofinal do ciclo de alunos que ingressaramno 1º ano do ensino médio e se formaramno 3º, não foi renovado. A partir de agora,com o apoio da Cesgranrio, a expectativaé captar recursos e estabelecer contatospara viabilizar a volta do programa. Deacordo com o projeto, os alunos das esco-las contempladas devem receber seis pas-tas com livretos, cartazes, DVDs e CDs queremetem aos gêneros de samba, choro, mú-sica regional e bossa nova, além de a festi-vais de música e à introdução à músicapopular brasileira.

Cesgranrioexpõe, até o finalde outubro, asmelhores obrasproduzidas naedição de 2013

Prêmio Novos Talentostem como objetivo

levar ao grandepúblico o trabalho depintores, que nunca

realizaram exposiçãoindividual

Estudante de Pintura na UFRJ, HelenaCarneiro ficou com a terceira colocação

Segunda colocada, Georgia Logo diz quepremiação recebida é muito incentivadora

Rui Costa Marques foi o vencedor da primeiraedição do Prêmio Novos Talentos da Pintura

O

Foram distribuídosR$21 mil em prêmios

para os autoresdos melhores

quadros

6 CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

AAAAAVVVVVALIAÇÕESALIAÇÕESALIAÇÕESALIAÇÕESALIAÇÕES

Sucesso na realização doEnem 2012 Fundação Cesgranrio mobiliza uma grande

equipe, com profissionais de várias áreas, para cuidarda aplicação da maior prova do Brasil

pesar de contarcom know-how e lo-

gística, desenvol-vidos ao longo demais de 40 anos,

estrutura avançada e equipa-mentos de alta geração, a Fun-dação Cesgranrio vem se de-parando com um grande de-safio: o aumento contínuo nonúmero de inscritos nas ava-liações em larga escala.

Neste ano de 2013, o Exa-me Nacional do Ensino Mé-dio (Enem), do qual a Ces-granrio participa em consór-cio com o Centro de Seleçãoe de Eventos da Universidadede Brasília (Cespe/UNB) naaplicação das provas da ava-liação, teve um recorde noquantitativo de inscritos. Fo-ram mais de sete milhões emtodo o país, o que representa-rá mais de 14 milhões de tes-tes aplicados em dois dias.Com isso, aumentou tambéma demanda de profissionais notrabalho de aplicação.

A Cesgranrio é responsávelpor fazer a aplicação do Enemem 13 estados, dentre eles SãoPaulo e Rio de Janeiro. NoEnem 2012, que teve mais decinco milhões de inscritos,3.028.219 candidatos tive-ram a prova aplicada pelaFundação. Nesse trabalho, es-tiveram envolvidos 763 re-presentantes regionais, 5.305coordenadores de local e 216mil aplicadores, distribuídospor 763 municípios. Para umtotal de 6.056.438 de pro-vas corrigidas, foi necessáriaa atuação de 400 profissio-nais, entre funcionários e pres-tadores de serviço.

Para esta demanda, o con-sórcio escolhe, treina e capa-cita todos os aplicadores sobsua responsabilidade. São oitohoras por dia de treinamentopresencial realizado alguns diasantes do Enem, desde os coor-denadores até os assistentes.

O trabalho da Fundação co-meça com o recebimento da

Para ter sucessoem avaliações emlarga escala, como oEnem, a FundaçãoCesgranrio investena realizaçãotreinamentos coma sua equipe

A

A Fundação Cesgranrioaplicará, no dia 24 de novem-bro, pela nona vez, o ExameNacional de Desempenho deEstudantes (Enade) para195.525 discentes. Ao con-trário dos anos anteriores, oEnade, desde 2009, vem sen-do aplicado censitariamen-te aos concluintes dos cursosde Ensino Superior.

Em 2013, serão avaliadosos cursos que conferem di-plomas de bacharelado emAgronomia, Biomedicina,Educação Física, Enferma-gem, Farmácia, Fisioterapia,Fonoaudiologia, Medicina,Medicina Veterinária, Nutri-ção, Odontologia, ServiçoSocial e Zootecnia; e dos queconferem diploma de tecnó-logo em Agronegócio, Ges-tão Hospitalar, Gestão Am-biental e Radiologia.

O Enade, instituído em2003, integra o Sistema Na-cional de Avaliação da Edu-

Enade avalia Cursos de Saúde, Ciências Agrárias e Serviço Social em 2013

Ana Carolina Letichevsky

Desde que foi implemen-tado no Brasil, em 1995, oSistema de Avaliação da Edu-cação Básica (Saeb), que avaliaa educação básica no Brasil,conta com a Fundação Ces-granrio para sua aplicação.Atualmente, o exame é apli-cado em consórcio com oCespe/UNB e o Centro de Po-líticas Públicas e Avaliação daEducação (Caed). A últimaavaliação teve mais de 5 mi-lhões de testes aplicados.

Composto por três avalia-ções em larga escala, a Avalia-ção Nacional de Educação Bá-sica (Aneb), a Avaliação Naci-onal do Rendimento Escolar(Anresc/Prova Brasil) e a recém-criada Avaliação Nacional daAlfabetização (ANA), o Saeb,assim como o Enem, tem re-cebido um grande aumento naquantidade de participantes. OExame Nacional de Desempe-nho de Estudantes (Enade),que faz parte do Sistema Na-cional de Avaliação da Edu-cação Superior (Sinaes), é apli-cado exclusivamente pela Ces-granrio desde 2004, e antes,de 1995 a 2003, quando se cha-mava Exame Nacional deCursos - Provão. De acordocom Álvaro Freitas, a grandedificuldade é realizar todo essetrabalho em pouquíssimotempo. “A tendência é cada vezmais aumentar a demanda.”

Referêncianacional emavaliações

cação Superior, visando afe-rir o rendimento dos estudan-tes dos cursos de graduaçãoquanto a um conjunto de ha-bilidades, competências e con-teúdos programáticos, previ-amente estabelecidos em di-retrizes específicas de cada cur-so. As provas são elaboradaspelo INEP com o apoio téc-nico de comissões compostaspor especialistas de notório sa-ber das diversas áreas de co-nhecimento avaliadas - as Co-missões Assessoras de Área ea Comissão Assessora da For-mação Geral.

As provas, constituídas por40 questões, sendo 35 ques-tões objetivas, duas questõesdiscursivas de Formação Ge-ral e três discursivas de Conhe-cimentos Específicos, serãoaplicadas em 838 municípi-os, distribuídos em todo o país.Entre as mudanças desta edi-ção do Enade, consta a obri-gatoriedade do estudante per-

manecer, ao menos, uma horana sala de provas.

Na fase de correção das pro-vas, cabe à Fundação Cesgran-rio a correção dos itens de múl-tipla escolha da parte de For-mação Geral e da parte doComponente Específico por

meio de leitura óptica e, tam-bém, a composição das Ban-cas de Correção para correçãodos itens discursivos das pro-vas por áreas avaliadas peloEnade 2013.

Segundo a Superintenden-te Acadêmica da Cesgranrio,

Ana Carolina Letichevsky, paradar mais agilidade e aumen-tar a rapidez dos resultados,os técnicos da Fundação Ces-granrio desenvolveram um sis-tema que possibilita a corre-ção de redações e provas dis-cursivas através da internet, demodo seguro, efetivo e rápi-do, utilizando-se do Sistemade Correção Online - SCO.

Para a correção das questõesdiscursivas por meio do SCO,as respostas dos alunos são di-gitalizadas e preparadas parauma correção segura e não iden-tificável. O processo tem iníciocom uma correção amostral dasquestões discursivas, após estaetapa, que dura em torno deum mês, inicia-se a correção de-finitiva, quando as provas cor-rigidas na fase amostral são re-corrigidas normalmente.

A correção definitiva é rea-lizada pela Banca de Corre-ção nomeada pela FundaçãoCesgranrio, após se reunirem

com os coordenadores paradiscussão dos padrões de res-posta e dos critérios de pon-tuação e treinamento parao uso do Sistema de Corre-ção Online (SCO). Com otreinamento inicial e o acom-panhamento de todo o pro-cesso de correções pelo co-ordenador de cada banca epor profissionais da Funda-ção Cesgranrio para, porexemplo, verificar a ocorrên-cia de discrepância no usodos critérios, busca-se tornara correção equilibrada, ho-mogênea e justa.

Finalizada a correção dosmais de quase um milhão dedocumentos (cinco questõesdiscursivas por aluno) e doprocessamento das questõesobjetivas, serão gerados re-latórios com os resultados eanálises de cada área avali-ada, de cada curso e de cadainstituição de Ensino Supe-rior participantes.

Medida de segudança que garante a lisura do exame

base de inscritos no Exame. Apartir daí, seleciona os locaisde prova, distribui os alunos porestes locais, gera os arquivospara impressão, como lista depresença, entre outros, e efetuao envelopamento das provasdentro da gráfica, assim comocontrola a aplicação durante aprova. Depois do exame, rece-be dos Correios o material parafazer a leitura dos cartões-res-posta e a digitalização da reda-ção para futura correção pelasbancas examinadoras.

“Um maior número de ins-critos envolve maior númerode profissionais e de equipa-mentos. Então, é necessário in-vestir para garantir o bom de-sempenho do trabalho”, dizÁlvaro Freitas, coordenadorde concursos da Cesgranrio.

Além de fazer a aquisiçãode novos equipamentos, a Ces-granrio conta também comuma grande estrutura física,ampliando seu espaço para ou-tros prédios do campus.

7CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

Parceria para avaliar estudantes

de todo o Brasil

Avaliações da Cesgranrio permitem ao Instituto atestar eficácia de programas

PROGRAMA ACOMPANHA RENDIMENTO DE ALUNOS DA REDE PÚBLICA DO RS

Parceria entre aCesgranrio e aFundaçãoBradesco permiteavaliação dodesempenhoescolar de 12 milestudantes

s ações da Cesgranrio seespalham pelos quatro

cantos do país. Uma de-las é a avaliação dosalunos da Fundação

Bradesco, que mantém escolas dis-tribuídas por todo o território bra-sileiro. A Fundação é, assim, respon-sável por avaliar cerca de 12 mil es-tudantes dos 3º, 5° e 9° anos doensino fundamental e do 3º ano doensino médio.

O projeto tem como característicaa elaboração e aplicação de provasde Língua Portuguesa, Matemática,Ciências, Física, Química e Biologia.Além de analisar a aprendizagem dosalunos, também é concebido um ques-tionário com itens que contemplamsexo, idade, atividades extracurricu-lares e demais projetos desenvolvi-dos nas escolas. Todas as questõessão retiradas do banco de itens, queconta com 1.608 questões originaise pré-testadas, elaboradas pelos con-sultores da Cesgranrio seguindo osconteúdos, competências e habilida-des apresentadas na proposta curri-cular da Fundação Bradesco.

Para o cálculo das proficiências emLíngua Portuguesa e Matemática, éutilizada a escala do Sistema deAvaliação da Educação Básica (Saeb/Prova Brasil) e, nas demais discipli-nas, escalas próprias da FundaçãoBradesco. “Nós fazemos as avalia-ções e entregamos os resultados ge-ral e detalhado por turma e por alu-no. Promovemos um seminário comos dirigentes e, às vezes, também comos diretores das escolas. Também so-

licitamos um trabalho com os pro-fessores, promovendo oficinas paraensiná-los a criar um banco de ava-liações formativas”, disse a coorde-nadora de avaliação em larga esca-la da Cesgranrio, Nilma Fontanive,lembrando da oficina de elaboraçãode itens para os professores e coor-denadores das áreas curriculares, queteve carga horária total de 20 horaspresenciais e 20 horas na modalida-de a distância.

Segundo Nilma Fontanive, a Fun-dação Bradesco não restringe seutrabalho ao campo da avaliação,mas também atua apoiando as es-colas com bases nos resultados apre-

sentados pela Fundação Cesgran-rio. Por exemplo, um dos pro-blemas identificados nas avali-ações foi que as escolas do Nor-te e Nordeste apresentaram de-sempenhos diferentes daquelesdas localizadas no Sul e Sudes-te, mesmo contando com a mes-ma estrutura e metodologia.

“A partir daí, a Fundação Bra-desco desenvolveu mecanismos deapoio e controle e vimos que umasérie de medidas tomadas vãoimpactar em um desempenho maishomogêneo entre as Regiões Bra-sileiras, nas próximas avaliações”,destaca Nilma Fontanive.

Segundo Nilma Fontanive, a partir dos dados, a Cesgranrio elabora várias orientações

No Rio Grande do Sul, aFundação Cesgranrio reali-za uma série de avaliações deimpacto das ações de inter-venção promovidas pelo Ins-tituto Unibanco em escolasde ensino médio da redepública. O projeto, chama-do de Jovem de Futuro, acon-tece desde 2008 e chega aoseu último ano de realiza-ção. A ideia consiste, basica-mente, em dar um aportetécnico e financeiro às esco-las em troca do cumprimen-to de algumas metas.

As unidades de ensinoselecionadas recebem umadeterminada quantia, deacordo com o número dealunos matriculados, quepode ser aplicada da ma-neira que a direção acharmais adequada, seja na re-muneração de professores

da Fundação.Ao todo, foram avaliados, a

cada ano, aproximadamente,4.500 alunos. Cada ciclo de

A

ou em infraestrutura. Cabe àCesgranrio elaborar e aplicaras avaliações e, após, apresen-tar os resultados.

“Os objetivos são sempre li-gados à melhoria do desempe-nho dos alunos e à diminuiçãoda repetência e da evasão. Tí-nhamos um conjunto de esco-las participando do projeto emais um grupo de escolas decontrole. Nessas escolas, nãohavia qualquer interferência doprojeto do Instituto Unibanco,mas os alunos dessas escolastambém respondiam as provaspara que pudéssemos compa-rar os resultados e verificar oefeito, ou seja, se o projeto tra-zia melhorias no desempenhodos alunos e reduzia a repetên-cia e a evasão. Concluímos queos ganhos existem”, contouNilma Fontanive, coordenado-ra de avaliação em larga escala

avaliação começava no 1º anodo ensino médio, e os alunoseram acompanhados até o 3ºano. Porém, este nem sempre

é um trabalho simples, já quemuitos acabam largando os es-tudos ou repetindo de ano, oque obrigou uma busca dos quese afastaram para que pudes-sem fazer as provas.

“Orientamos o InstitutoUnibanco, que conta com umvasto banco de dados, a procu-rar aqueles que saíram da es-cola e não fizeram as avalia-ções. O desempenho de todosos alunos está sendo medidoa cada série com provas equi-valentes, permitindo compa-rar os desempenhos e dizer oquanto cada um avançou”,explicou a coordenadora.

Ao final de cada ano, a Ces-granrio divulga os resultadosatravés de relatórios pedagógi-cos, com as médias de profici-ências, a comparação com anosanteriores e análises de exem-plos das questões com as suas es-

tatísticas, como índice de di-ficuldade e proporção de res-postas por alternativa, alémde um relatório com o signi-ficado dos erros cometidospelos alunos. O InstitutoUnibanco ainda recebe umbanco de dados completopara estudos e cruzamento devariáveis. Também é enviadopara cada escola o desempe-nho de cada turma através deboletins de desempenho.

“Quando fazemos a devo-lução de resultados, vamos àescola, reunimos diretores eprofessores para apresentar-mos um seminário de discus-são dos resultados. Isso é im-portantíssimo e os participan-tes gostam bastante dessesencontros, pois é uma opor-tunidade de troca de percep-ções e experiências”, garan-tiu Nilma Fontanive.

Uma nova frente deatuação no Ensino Superior

Professor Roberto Boclin destacou o amplo mercado que existe na área de Avaliação

Reconhecida pelo seu trabalho emorganização de concursos e avaliaçõesem escala nacional, como o Exame Na-cional do Ensino Médio (Enem), ExameNacional de Desempenho de Estudan-tes (Enade) e o SAEB, entre outros degrande repercussão, a Fundação Cesgran-rio possui forte ligação com a educação.Ao completar 42 anos, a instituição pre-tende estreitar ainda mais esses laços coma criação da Faculdade Cesgranrio.

Ainda em fase de credenciamento noMinistério da Educação (MEC), a ins-tituição oferecerá, inicialmente, cursosde graduação tecnológica em Gestão daAvaliação e Gestão de Recursos Huma-nos. Ambos já estão na Secretaria deRegulação e Supervisão da EducaçãoSuperior (Seres), unidade do Ministé-rio responsável pela regulação e super-visão de Instituições de Ensino Supe-rior (IES), públicas e privadas, e de cur-sos superiores de graduação.

A expectativa é de que o projeto sejaaprovado ainda neste ano para que, nocomeço de 2014, seja realizado o pro-cesso seletivo. ”A ideia surgiu a partirda importância que a Fundação tem naárea da educação. Dentro desse contex-to, é fundamental ter uma faculdade in-tegradora de todas essas ações acadêmi-cas voltadas para o ensino superior”,disse o professor Roberto Boclin, futu-ro diretor da faculdade.

Os cursos, que terão duração de doisanos, devem começar em fevereiro efuncionarão de 18h30m às 22h, comturmas de, em média, 45 alunos.

Para atender às determinações doMEC e proporcionar boas condições de

estudo para os futuros graduandos, aFundação investiu em infraestrutura,alugando salas de aula, laboratório deinformática, secretaria e uma sala deprofessores no Colégio Sion, localiza-do no Cosme Velho, mesmo bairroonde fica a sede do Mestrado Profissi-onal em Avaliação, local onde tambémfuncionará a parte gerencial e adminis-trativa da Faculdade Cesgranrio.

A ideia é de que tão logo a criação daFaculdade seja autorizada, serão ofere-cidos cursos de pós-graduação lato-sensue de extensão. Segundo Boclin, muitaspessoas já têm procurado a Cesgranriopara saber sobre os cursos de graduação.O mercado de trabalho, de acordo comele, é promissor e pode render bons fru-tos em ambos os casos. Em Gestão deRH, por exemplo, existem oportunida-des em empresas de diferentes segmen-tos, envolvendo trabalhos em planeja-mento e treinamento de pessoal, entreoutros. “É uma ótima chance para aspessoas, que já trabalham na área e nãotêm o nível superior, adquirirem essaformação. E também para os jovens queestão saindo do ensino médio e queremuma profissão imediata”, aconselhou.

Já em avaliação, a vocação da Cesgran-rio, o mercado é inovador, mas há de-manda por profissionais do setor. A ra-zão, de acordo com o especialista, é que,desde 2004, o MEC vem implantandoalguns procedimentos na avaliação dosensinos médio e superior, o que está aju-dando a criar uma cultura de avaliação.“A expansão resultou em um mercadocrescente com necessidade de trabalha-dores capacitados”, garantiu.

Formação superior em TeatroCom grande atuação em ações cultu-

rais, a Fundação Cesgranrio notou gran-de carência de formação profissional naárea, principalmente no teatro. Pensan-do nisso, e com planos de expansão paraa Faculdade, a instituição já trabalha naelaboração de um curso de tecnólogovoltado para a capacitação de profissio-nais na área de produção teatral.

“O curso de graduação tecnológicaem teatro, ainda em fase de preparação,do ponto de vista acadêmico, é umaação pioneira. Mas, ainda estamos emfase de produção e a proposta não estádefinitivamente concluída. Temos umgrupo de especialistas trabalhando naelaboração do curso. Tão logo a facul-dade seja criada e a proposta esteja pron-ta, certamente, vamos entrar com opedido de autorização para inserir ocurso na instituição”, contou RobertoBoclin, revelando as perspectivas para

o crescimento da instituição de ensi-no. “Quando tivermos uma lista mai-or de cursos, tentaremos transformarem um centro universitário”, concluiu.

O curso será para a formação daque-les profissionais que estão por trás dascortinas, nos bastidores, e são fundamen-tais para um espetáculo teatral aconte-cer, como cenógrafos, o pessoal que cuidado som, da iluminação, eletricidade,entre outros. Além da graduação, exis-tem planos para a abertura de uma es-cola técnica de teatro, funcionando comoum nível intermediário de formação.“Existem diferentes graus de conheci-mento e há uma demanda pelo técni-co, por aquele profissional, por exem-plo, que ajuda na construção do cená-rio. A televisão também é um mercadoextraordinário e esses profissionais aindapodem trabalhar em cinema e até mes-mo em eventos”, contou Boclin.

Programa de avaliação realizado pela Cesgranrio permite à Fundação Bradesco não só ter

um parâmetro do nível de aprendizado dos estudantes. O projeto possibilita, ainda, qualificação

dos professores e orientação para os diretores das unidades, que recebem relatórios

detalhados por turma ou individuais, sobre o rendimento dos alunos beneficiados pela instituição

8 CADERNO ESPECIALCADERNO ESPECIAL

IIIIINCLUSÃONCLUSÃONCLUSÃONCLUSÃONCLUSÃO

Sucesso também naárea de inclusão social

eferência nacional em ava-liação e com trabalho degrande destaque nos seto-res da educação e cultura,a Cesgranrio tem impor-

tante atuação na área da responsabilidadesocial. Por meio do Projeto “Apostando noFuturo”, a instituição beneficia, com ativi-dades educacionais, esportivas, de empre-gabilidade, profissionalizantes, culturais,de saúde e de lazer, moradores de quatrocomunidades, na região do Rio Comprido:Paula Ramos, Vila Santa Alexandrina, Par-que André Rebouças e Escadaria.Um dos diferenciais do projeto é sua me-todologia inovadora, que coloca os mora-dores como protagonistas. Elaborado a partirda Análise Situacional, realizada em 2003,pela Cesgranrio, com a finalidade de levantardados sobre as comunidades atendidas, osinteresses e as necessidades de sua popu-lação, além das áreas consideradas priori-tárias, o “Apostando no Futuro” oferecedezenas de atividades e está em constantediálogo com os moradores da região paraidentificar os ganhos sociais conquistados.A última avaliação, chamada de “Apostan-do no Futuro na visão de seus integrantes”,ocorreu no final de 2012 e teve como obje-tivo geral conhecer a opinião dos partici-pantes. Segundo Terezinha Saraiva, coorde-nadora geral do projeto, houve avanço emtodas as áreas, com destaque para o Refor-ço Escolar, a Qualificação Profissional e oencaminhamento dos jovens para o mer-cado de trabalho.“Este estudo, que utilizou as técnicas deGrupos Focais e Histórias de Vida, confir-mou e revelou os ganhos sociais conquis-tados, como, por exemplo, a disponibili-dade de contribuírem com esse tipo deavaliação; as modificações de comporta-mento e a importância por eles dada aoprojeto. Nas histórias de vida obtivemosinformações valiosas que permitiram umconhecimento mais profundo da clientelaalvo, possibilitando-nos, assim, melhoratendê-la”, explicou.No Reforço Escolar, entre as 80 crianças eadolescentes, de 6 a 14 anos, que partici-param, apenas um não conseguiu ser apro-vado, nas escolas que frequentavam em2012. A atividade é desenvolvida peloCentro de Estudos e Atendimento SãoDomingos Sávio, sob a orientação da Co-ordenação Geral e Supervisão da Coor-denadoria de Programas Sociais da Ces-granrio. O Reforço Escolar é realizado deforma integrada com o trabalho nas es-colas que os alunos frequentam. Na qua-lificação profissional e no encaminhamen-to de jovens para a inclusão no mercadode trabalho, feito pelo Projeto, em con-junto com o Senac-Rio, unidade Copaca-bana, e com o Centro de Integração Es-cola-Empresa (CIEE), já conseguimoscolocar 26 jovens trabalhando, sendo trêscomo recepcionistas, nos Hotéis Copa-cabana Palace, Hotel Debret e Hotel NovoMundo, oito como Jovens Aprendizes, naFundação Cesgranrio, 11 na Empresa Bob’sde Copacabana e quatro jovens aprendi-zes na Administradora Lowndes S.A..Os benefícios gerados pelo “Apostando noFuturo” na vida das pessoas beneficiadastambém levaram a um melhor comporta-mento dos participantes. Entre os ganhos,a Coordenadora citou maior desenvoltura

para expor suas ideias ou dar suas opini-ões, ampliação do horizonte cultural dosjovens e adultos que participam de passei-os turísticos, culturais e históricos, idas aoteatro, visitas e excursões, além das sessõessemanais oferecidas pelo Cine Apostandono Futuro, às quartas-feiras, no auditóriodo Instituto de Aplicação Fernando Rodri-

gues da Silveira (Cap-Uerj). “O comporta-mento dos jovens encaminhados pelo pro-jeto em situação de treinamento e de tra-balho é digno de elogios por parte das ins-tituições que os recebem. Também nota-mos a aquisição de hábitos de higiene, maiorcuidado com a saúde e interesse pelas ati-vidades esportivas e culturais.”

Cine “Apostando no Futuro” anima e leva cultura a crianças e adolescentes do Projeto

Um dos objetivos é incentivar a leitura por meio de práticas como contação de histórias

Fundação avalia programassociais de outras instituições

Atuação sempre atenta aosinteresses dos beneficiários

Reforço Escolar contribui para o melhor rendimento dos estudantes em sala de aula

Em dez anos de existência, o Pro-jeto “Apostando no Futuro” passoupor 19 avaliações, aplicadas pelastécnicas, Professora Thereza Pen-na Firme, no início, e nos últimosanos, pela assessora da Coordena-doria de Programas Sociais, Profes-sora Rosa Torte Cunha.

Antes do início do Programa“Apostando no Futuro”, a Cesgran-rio promoveu avaliações de proje-tos sociais, entre os quais mais sedestacaram dez projetos de educa-ção de crianças e jovens em cir-cunstâncias especialmente difíceis,patrocinado pelo Banco Interame-ricano de Desenvolvimento (BID),e uma Avaliação Situacional noMorro dos Cabritos, encomenda-da pela instituição Avsi, pertencenteao Vaticano. As iniciais, pela Pro-fessora Thereza Penna Firme. E aúltima pelas Professoras Ana Caro-lina Letichevsky e Vanessa Garcia.

A importância da avaliação comoforma de monitoramento constan-te dos resultados das ações sociais,segundo a professora Thereza Pen-na Firme, se dá pelo seu poder deampliar o alcance dos resultados etorná-los cada vez mais relevantes eeficientes para aqueles que dele usu-fruem, caso seja feita da maneiracorreta e bem utilizada.

“A avaliação tem o imenso poten-

cial de incentivar o desenvolvimen-to pleno de um projeto, programa,instituição, sistema ou indivíduo.Seu propósito deverá ser essencial-mente o de julgar o mérito ou qua-lidade interna do projeto no seufuncionamento e a relevância ou oimpacto, em relação a seus benefi-ciados”, comentou.

Para isso, entretanto, é exigido éti-ca e sensibilidade nas relações hu-manas, respeito às características,condições e aspirações do contex-to, no que se refere aos seus aspec-tos físicos, sociais, políticos e ide-ológicos, além da competência téc-nica e a habilidade de conduzir aavaliação até sua culminância, noaproveitamento pleno dos resulta-dos. Tudo isso, de acordo com a pro-fessora Thereza Penna Firme, écontemplado pela Cesgranrio e suaequipe de avaliação.

“Vários projetos foram avaliados e,de um modo geral, o retorno por partedos clientes foi sumamente favorável.Nossas equipes se diversificam emprofissionais que possuem conheci-mento do conteúdo pertinente e daavaliação, no que se refere aos com-ponentes teóricos e metodológicos. Aexperiência prática e, sobretudo, a for-mação ética são características impres-cindíveis na atuação”, garante a pro-fessora Thereza Penna Firme.

Através do “Apostando no Futu-ro”, a Fundação Cesgranrio atendequatro comunidades de baixa ren-da, situadas no entorno de sua sede,no bairro do Rio Comprido: PaulaRamos, Vila Santa Alexandrina, Par-que André Rebouças e Escadaria.Com permanente supervisão, peri-ódicas avaliações e gestão partici-pativa, da qual participam represen-tantes das instituições que desen-volvem as atividades e representan-tes da Associação de Moradores, oprojeto tem a intenção de ter a par-ticipação dos moradores, em todasas etapas do Projeto.

Após dez anos de realização, aCesgranrio está promovendo umnovo estudo para reunir informaçõesque atualizem e ampliem os dadoscoletadas na primeira análise, em2003. “Dez anos se passaram. Preci-samos atualizar os dados sobre osquais trabalhamos. Conhecer, sobre-tudo, sob o ponto de vista dos mo-radores, quais são as atuais áreasprioritárias. Isso servirá de base parao ajustamento do projeto à atual re-alidade educacional, socioeconômi-ca e cultural das comunidades”, ex-plicou Terezinha Saraiva.

A primeira Análise Situacionalaconteceu durante o segundo semes-tre de 2003. Foram três meses dereuniões com a Associação de Mo-radores e lideranças locais, que apon-

taram as seguintes prioridades: docu-mentação civil; atendimento a crian-ças de 2 a 5 anos; atividades esporti-vas, culturais e de lazer para todas asidades; atendimento preventivo a cri-anças e adolescentes de 6 a 14 anos,mantendo-os ocupados para afastá-los dos fatores de vulnerabilidade;qualificação profissional para jovens;e disseminação de informações deinteresse da comunidade.

O projeto oferece uma grande vari-edade de atividades para pessoas detodas as idades. A Cesgranrio aindadisponibiliza orientação às famílias,complementação alimentar, visitas alocais históricos, culturais, turísticos,festas familiares e comunitárias. Nosesportes, os beneficiários podem pra-ticar modalidades como futebol so-ciety, futsal, basquete, voleibol, han-debol, recreação, natação, ginástica ehidroginástica para adultos e idosos.

Na parte cultural, são oferecidasoficinas de artesanato para jovens,coral, orquestra de violão, dança ur-bana, cinema, além do Jornal “O Pro-gresso”, feito para disseminar infor-mações de interesse dos moradores.Este jornal é editado pelo Grupo Fo-lha Dirigida, parceiro voluntário daCesgranrio, no Projeto, com periodi-cidade trimestral e tiragem de 800exemplares. É distribuído pela Asso-ciação de Moradores em todas as ca-sas das quatro comunidades.

As oficinas voltadas para o Grupo de Mães estão entre as atividades mais frequentadas

Participantes do “Apostando no Futuro” foram contratados como jovens aprendizes pela Cesgranrio

Entre as diversas linhas de ação do“Projeto Apostando no Futuro”, mantido desde2003 pela Fundação Cesgranrio,estão a inclusão digital (acima) e a realizaçãode oficinas de artesanato para as mães sequalificarem profissionalmente e gerarem renda(à direita). Balanço do Projeto é mais doque positivo, segundo a coordenadora geral,Terezinha Saraiva (acima e à direita)

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