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O Supremo Tribunal Federal concluiu na quinta-feira (17) o julgamento da Adin 4650, declarando a inconstitucionalidade da doação de empresas a campanhas eleitorais. O placar foi de 8 votos a três pela inconstitucionalidade. A decisão do STF dá à presidente Dilma Rousseff a justificativa para vetar o destaque da reforma política, aprovada no Congresso no começo de setembro, que permite empresas financiarem campanhas eleitorais. A ação que contestou as contribuições empresariais no financiamento eleitoral foi movida em 2013, com o argumento de que a interferência do poder econômico desequilibra a disputa eleitoral. Apesar da vedação a doações empresariais, três ministros – Teori Zavascki, Gilmar Mendes e Celso de Mello – votaram a favor da autorização para contribuições eleitorais por parte de pessoas jurídicas, mas submetidas a novas restrições. Segundo eles, as empresas não poderiam doar se tivessem contratos com administração pública, destinar recursos a partidos e candidatos concorrentes entre si ou ter contratos com o poder público até o fim do mandato do político para cuja campanha doou. As ministras Rosa Weber e Carmen Lúcia votaram contra o financiamento. Para o ministro Ricardo Lewandowski, presidente da Corte, a proibição já vale para as eleições municipais de 2016, “salvo alteração legislativa significativa”. Discute-se no Senado a possibilidade do Ministério Público participar de acordo de leniência, mecanismo de negociação previsto na Lei 12.846/2013. Trata da responsabilidade administrativa e civil de empresas ou cidadãos pela prática de atos lesivos ao poder público. A adesão do MP à celebração desses acertos, hoje restrita a órgãos da administração pública, foi sugerida em projeto de lei do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Como sofreu alterações por um substitutivo do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o PLS 105/2015 deverá ser submetido a turno suplementar de votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e, em seguida, irá para a Câmara dos Deputados. Supremo proíbe doação eleitoral de empresas Leniência: Senado analisa presença de MP em acordo Nesta Edição SHIS – QL 12 – Conjunto 9 – Casa 18 – Lago Sul – Brasília-DF – CEP: 71630-295 (61) 3248-4968 / Fax: (61) 3367-2305 | [email protected] | www.arkoadvice.com.br ANO XI 479 Brasília-DF, 22 de setembro de 2015 Elaborado por Murillo de Aragão (OAB/DF 5.105), Daniel Lledó (OAB/DF 14.491) e Eduardo Toledo (OAB/DF 44.181) Colaboradores: Rodrigo Suares (OAB/DF 20.653) e Nathalia Pedrosa (OAB/DF 33.717) AGENDA, DECISÕES E INFORMAÇÕES JURÍDICAS CARTA 2 Judiciário Janot é reconduzido ao cargo de procurador-geral 4 Legislativo Impeachment: pedido de Bicudo chega à Câmara 6 Entrevista Perondi afirma que ressurreição da CPMF não passará 7 Murillo de Aragão Financiamento de campanha terá novos capítulos

Supremo proíbe doação eleitoral de empresas · na Lei 12.846/2013. Trata da responsabilidade administrativa e civil de empresas ou cidadãos pela prática de atos lesivos ao poder

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Page 1: Supremo proíbe doação eleitoral de empresas · na Lei 12.846/2013. Trata da responsabilidade administrativa e civil de empresas ou cidadãos pela prática de atos lesivos ao poder

O Supremo Tribunal Federal concluiu na quinta-feira (17) o julgamento da Adin 4650, declarando a inconstitucionalidade da doação de empresas a campanhas eleitorais. O placar foi de 8 votos a três pela inconstitucionalidade. A decisão do STF dá à presidente Dilma Rousseff a justifi cativa para vetar o destaque da reforma política, aprovada no Congresso no começo de setembro, que permite empresas fi nanciarem campanhas eleitorais. A ação que contestou as contribuições empresariais no fi nanciamento eleitoral foi movida em 2013, com o argumento de que a interferência do poder econômico desequilibra a disputa eleitoral. Apesar da vedação a doações empresariais, três ministros

– Teori Zavascki, Gilmar Mendes e Celso de Mello – votaram a favor da autorização para contribuições eleitorais por parte de pessoas jurídicas, mas submetidas a novas restrições. Segundo eles, as empresas não poderiam doar se tivessem contratos com administração pública, destinar recursos a partidos e candidatos concorrentes entre si ou ter contratos com o poder público até o fi m do mandato do político para cuja campanha doou. As ministras Rosa Weber e Carmen Lúcia votaram contra o fi nanciamento. Para o ministro Ricardo Lewandowski, presidente da Corte, a proibição já vale para as eleições municipais de 2016, “salvo alteração legislativa signifi cativa”.

Discute-se no Senado a possibilidade do Ministério Público participar de acordo de leniência, mecanismo de negociação previsto na Lei 12.846/2013. Trata da responsabilidade administrativa e civil de empresas ou cidadãos pela prática de atos lesivos ao poder público. A adesão do MP à celebração desses acertos, hoje restrita a órgãos da administração pública, foi sugerida em projeto de lei do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Como sofreu alterações por um substitutivo do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o PLS 105/2015 deverá ser submetido a turno suplementar de votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e, em seguida, irá para a Câmara dos Deputados.

Supremo proíbe doação eleitoral de empresas

Leniência: Senado analisapresença de MP em acordo

Nesta Edição

SHIS – QL 12 – Conjunto 9 – Casa 18 – Lago Sul – Brasília-DF – CEP: 71630-295(61) 3248-4968 / Fax: (61) 3367-2305 | [email protected] | www.arkoadvice.com.br

ANO XI – Nº 479

Brasília-DF, 22 de setembro de 2015

Elaborado por Murillo de Aragão (OAB/DF 5.105), Daniel Lledó (OAB/DF 14.491) e Eduardo Toledo (OAB/DF 44.181)Colaboradores: Rodrigo Suares (OAB/DF 20.653) e Nathalia Pedrosa (OAB/DF 33.717)

AGENDA, DECISÕES E INFORMAÇÕES JURÍDICAS

CARTA

2 JudiciárioJanot é reconduzido ao cargo de procurador-geral

4 LegislativoImpeachment: pedido de Bicudo chega à Câmara

6 EntrevistaPerondi afi rma que ressurreição da CPMF não passará

7 Murillo de AragãoFinanciamento de campanha terá novos capítulos

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CARTA JurídicaANO XI – Nº 479Brasília-DF, 22 de setembro de 2015

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JUD

ICIÁ

RIO Chefe do Ministério Público reitera compromissos

assumidos no primeiro mandatoSTF

O STF recusou apreciação de mandado de segurança no qual o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) contestava ato do Tribunal de Contas da União (TCU) que postergou a apresentação de parecer ao Congresso Nacional sobre as contas da presidente Dilma Rousseff. O tribunal concedeu à presidente prazo extra de 30 dias para se prenunciar sobre os indícios de irregularidades relativas ao ano de 2014 (“pedaladas fi scais”). O STF afi rmou que o

mandado de segurança foi impetrado para assegurar a competência do Congresso Nacional de apreciar as contas prestadas anualmente pelo presidente da República. O deputado não tem legitimidade para tanto, já que não é o titular do direito invocado. Anteriormente, o Supremo já havia decidido que o parlamentar individualmente não tem legitimidade para impetrar mandado de segurança em defesa de prerrogativa da Casa Legislativa à qual pertence.

Parlamentar não representa o Legislativo

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi reconduzido ao cargo, na última quinta-feira (17), pela presidente Dilma Rousseff para cumprir mais dois anos de mandato. Janot ressaltou a importância do fortalecimento das relações institucionais. Disse também que um Ministério Público forte e independente é fundamental e que a sociedade brasileira está amadurecida para entender que, no estado de direito, as instituições devem existir de forma

harmônica. O procurador se emocionou ao agradecer à sua família pela “paciência, abnegação e estímulo” durante o período à frente da PGR. Janot elogiou a presidente Dilma e os senadores por terem acatado a indicação de seu nome para o cargo e reiterou os compromissos assumidos durante o primeiro mandato. O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, compareceu à solenidade, juntamente com a ministra Cármen Lúcia e o ministro Edson Fachin.

Janot é reconduzido ao cargo de procurador

O Supremo Tribunal Federal negou pedido do estado do Rio Grande do Sul para que fossem restabelecidos repasses constitucionais da União ao estado. A ação também visava impedir o bloqueio de valores das contas estaduais, em decorrência do contrato de refi nanciamento de sua dívida pública mobiliária. O contrato foi fi rmado no âmbito do Programa de Apoio à Reestruturação e Ajuste Fiscal dos Estados (Lei 9.496/97), mas, de acordo com o

governo estadual, a falta de cláusula que permita o reequilíbrio econômico-fi nanceiro do ajuste se agravou em razão da ocorrência de “condições desfavoráveis” aos entes federados, sobretudo considerando-se o longo prazo de vigência do contrato. Para o tribunal, as garantias da União em caso de inadimplência dos estados foram voluntariamente contratadas pelos entes públicos, inclusive com anuência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Tribunal nega liminar a governo gaúcho

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O STJ negou recurso em que a Fazenda Nacional pedia a aplicação da pena de perda de mercadorias no caso de importação com preços subfaturados. Seguindo precedentes da segunda turma, a primeira turma do tribunal decidiu que nesse tipo de infração tributária deve ser aplicada apenas a multa administrativa prevista no parágrafo único do artigo 88 da Medida Provisória n. 2.158-35/01 e no parágrafo único do artigo 108 do Decreto-Lei 37/66. No recurso interposto contra

decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a Fazenda Nacional insistiu em que o subfaturamento seria sufi ciente para determinar a perda da mercadoria, pena prevista no artigo 105, do Decreto-Lei 37/66, e que a multa estabelecida na MP não afasta a possibilidade de aplicação de outras punições. No caso, o preço informado na declaração de importação de rodas de aço para caminhões foi 21% menor que os valores praticados em importações similares.

Subfaturamento não gera perda do bem

“O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos diante da ausência de prévia comunicação.” A tese foi fixada pelo STJ em julgamento de recurso relatado pelo ministro Raul Araújo. A decisão vai orientar as demais instâncias da Justiça

sobre como proceder em casos idênticos, evitando que recursos que sustentem posições contrárias cheguem ao STJ. No caso representativo da controvérsia, uma correntista, após ter tido um cheque recusado por falta de fundos no Banco ABN Amro Real S/A e ser inscrita no CCF, moveu ação contra o Banco do Brasil. Segundo ela, por ser responsável pelo gerenciamento do cadastro, o BB deveria tê-la comunicado previamente sobre a inscrição, o que não ocorreu.

Cheque sem fundos: aviso não cabe ao BB

A redução de 100% da multa em caso de pagamento à vista do parcelamento de que trata a Lei 11.941/09, o chamado Novo Refi s, não implica a exclusão dos juros moratórios incidentes sobre ela. A posição foi reafi rmada pela segunda turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que atendeu a recurso da Fazenda Nacional. O Novo Refi s garantiu ao contribuinte redução de 100% das multas de mora e de ofício, 40% das

multas isoladas, 45% dos juros de mora e 100% do valor do encargo legal. O caso julgado era de um contribuinte do Ceará que efetuou o pagamento dos débitos. Algum tempo depois, a Receita Federal lhe negou a certidão negativa. O órgão alegou que ainda havia débito inscrito em dívida ativa, relativo aos juros moratórios sobre a multa. Isto é, para a Receita, a multa foi dispensada, mas os juros dela decorrentes, não.

Novo Refis não isenta juros de mora

JUD

ICIÁ

RIO Responsabilidade do banco limita-se

a gerir cadastro de emitentes infratoresSTJ

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JUD

ICIÁ

RIO

/ L

EGIS

LATI

VO Tramitam na Justiça do Trabalho mais de

60 processos contra a empresaTST

Falta Cunha explicar como será tramitação de eventual pedido de impeachmentCâmara

O Tribunal Superior do Trabalho julgou improcedente recurso de ex-sócio de uma metalúrgica contra a penhora de imóvel no qual reside com a família. Para o TST, fi caram constatadas tentativas de fraude à execução, situação em que é afastada a impenhorabilidade do bem de família. Uma primeira análise do caso demonstrou que, de fato, o imóvel era utilizado como moradia pelo ex-sócio e sua família. No entanto, uma investigação mais aprofundada

afastou a residência da proteção legal assegurada pela Lei 8.009/90, que dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família. Isso porque tramitam na Justiça do Trabalho mais de 60 processos em fase de execução contra a empresa, seus sócios e ex-sócios. O total das dívidas já ultrapassa os R$ 5 milhões. Intimadas para quitar o débito, as partes têm silenciado e difi cultado o pagamento, inclusive, por meio de fraudes realizadas pelo ex-sócio.

TST afasta impenhorabilidade de imóvel familiar

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afi rmou que só decidirá sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, recebido na última quinta-feira (17), após resolver questão de ordem apresentada pela oposição. O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), quer saber ofi cialmente como será a tramitação, na Câmara, de um pedido de impeachment — requisitos para aceitação, recursos, prazos,

emendas e rito de tramitação. Cunha não deu prazo para a resposta. Um pedido de impeachment feito pelo ex-petista Hélio Bicudo é uma revisão de outro que ele já havia apresentado há duas semanas, devolvido por Cunha para que fossem feitas alterações formais. O documento conta com a assinatura do jurista Miguel Reale Junior, de representantes de movimentos sociais e da advogada Janaina Paschoal, que já assinava a primeira versão.

Impeachment: pedido de Bicudo chega à Casa

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LEG

ISLA

TIVO Serra apontou 12 itens estranhos ao mérito

e sobre os quais não houve debateSenado

O Senado aprovou o Projeto de Lei de Conversão 11/2015 – originado da Medida Provisória 675/2015 – que eleva de 15% para 20% a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras, e de 15% para 17% a alíquota paga pelas cooperativas de crédito. A cobrança é valida até 31 de dezembro de 2018, retornando ao patamar de 15% a partir de 2019. A matéria será encaminhada à sanção

presidencial. Relatora da medida, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a adequação da tributação incidente sobre o setor fi nanceiro é compatível com a capacidade produtiva do setor, que obteve lucros acima de 40% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2014. A proposta do governo foi criticada por alguns senadores. José Serra (PSDB-SP) apontou a existência de pelo menos 12 itens estranhos ao mérito da matéria e sobre os quais não houve debate.

Senado aumenta alíquota da CSLL

A Advocacia Murillo de Aragão conta com advogados especializados em atuação no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com grande experiência e vivência na recente fase de maior mudança na estrutura e funcionamento do Poder Judiciário brasileiro. Nesses tribunais, a advocacia deve ser diferenciada, principalmente no que diz respeito às competências recursais. Tanto o STF quanto o STJ estão voltados para a uniformização da jurisprudência e interpretação do texto constitucional e da legislação federal. Trabalhamos essencialmente com premissas que minimizam as chances de recursos e reclamações, evitando que ações originárias sejam tratadas como protelatórias ou sem importância.

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ENTR

EVIS

TA

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), especialista em políticas públicas de saúde, crítica a volta da CPMF e diz que que rombo do défi cit para os próximos três anos é de R$ 250 bilhões.

O que o sr. acha da ressurreição da CPMF? Primeiro ponto: sob o ponto de vista de um tributo arrecadatório, é ótimo. Arrecada muito e facilmente. Segundo ponto: o buraco fi scal do Brasil é dramático, de acordo com o economista Samuel Pessoa, e tantos outros que estudam o assunto. Eu sou curioso. Sou um médico que adora macroeconomia. O Brasil vai precisar para fechar os próximos três anos de no mínimo 250 bilhões de reais, o que é um ajuste fi scal sem precedente na história da economia no mundo. Quase impraticável! Daí o governo, que age como barata tonta, às vezes acha que o ajuste fi scal deve ser pequeno, e em algum momento acha que deve ser forte... mas neste momento, o ajuste fi scal é um suspiro.

E para resolver esse suspiro de ajuste fi scal, o governo vem com a CPMF, que em absoluto não resolve esse dramático buraco fi scal do Brasil. Eu considero essa medida cínica, ilusória, remendo. É mais cínica ainda quando o governo afi rma que esse dinheiro irá pagar os aposentados. Eu e o Jatene fomos traídos pelo outro governo e por esse governo, porque a CPMF nunca foi para a saúde. O governo fazia substituição de fonte. Ele fechava uma fonte que alimentava a saúde e substituía pela CPMF parcialmente. Então, esse governo não tem moral nenhuma de propor uma CPMF para a Previdência. Porque, pelo histórico, ela não irá para a Previdência.

O Congresso aprovará a CPMF?Não passa. Governo barata tonta e fraco não tem condições políticas de aprovar uma medida dessa. Os governadores não têm peso como tinham antigamente para fazer a cabeça dos parlamentares. Independentemente da forma que a medida será apresentada, seja por PEC ou por Lei Complementar. Claro que por PEC é pior e mais difícil por conta do quórum, que é mais alto.

Qual seria a melhor solução?A mais correta seria a PEC. Acontece que a CPMF é um tributo que já nasce moribundo. Primeiro porque o “pai” está séptico, que é o governo. E segundo porque já nasce com dúvidas constitucionais. Não se pode criar uma contribuição que incide sobre a mesma base de cálculo de outro tributo. O governo está num “mato sem cachorro”. A CPMF é inconstitucional, pois gera bitributação. Incide na mesma base de cálculo do IOF.

“Nova CPMF não passa no Congresso”

Deputado da oposição argumenta que CPMF como medida fi scal é ilusóriaDep. Darcísio Perondi

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COLU

NA Supremo Tribunal Federal proíbe doações

de empresas para campanhas eleitoraisMurillo de Aragão

Por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a contribuição empresarial para campanhas eleitorais. Pela lei eleitoral (Lei 9504/97), somente pessoas físicas podem doar, e num valor limitado à dez por cento dos rendimentos brutos recebidos no ano anterior à eleição.

A presidente Dilma Rousseff tem sobre a mesa texto de lei que legaliza a doação empresarial e ela quase seguramente o vetará, em obediência à decisão da Suprema Corte. Se não o fi zer, nova ação será apresentada ao STF com resultado já esperado. Na opinião do ministro Luiz Fux, “essa nova lei já nasce com o germe da inconstitucionalidade”. Bela polêmica.

Em agosto, a Câmara aprovou proposta de emenda à Constituição também com o objetivo de manter a doação de empresas para campanhas eleitorais. O placar foi bastante dilatado (por 317 votos a favor, 162 contra e uma abstenção). Mas no Senado, o texto encontra resistência e ainda está pendente de análise.

Não é a primeira vez que o Congresso tenta, por meio de uma mudança na Constituição, contornar uma decisão da Suprema Corte. Em 2002, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo instituíram a verticalização, que condicionava as coligações nos estados às alianças negociadas no plano federal.

Consultado pelo deputado federal Miro Teixeira (PDT-PROS), ao interpretar a Constituição o TSE entendeu que o princípio pelo qual os partidos se organizam impedia que as

alianças feitas nos estados (para o cargo de governador) contrariassem coligações nacionais (para o cargo de presidente da República).Em fevereiro de 2006, a Câmara aprovou uma PEC que determinava o fi m daquela regra. A mudança foi aprovada a menos de um ano das eleições, o que fez com que a verticalização só tenha sido eliminada a partir das eleições de 2010.

No caso das doações empresariais, há dúvidas se o Supremo voltará atrás no seu entendimento mesmo em caso de mudança na Constituição. De acordo com o presidente da Corte, Ricardo Lewandowsky, existem precedentes em que o Supremo considerou inconstitucionais emendas que confl itam com cláusulas pétreas. Para ele, é o caso das doações. Os ministros se basearam em grandes princípios democráticos, republicanos, e na isonomia entre os cidadãos, explicou. Há quem discorde.

Para a eleição do próximo ano, não há como reformar a decisão do Supremo. Mas parte do Congresso tentará isso para a eleição de 2018. O assunto não está totalmente encerrado.

Financiamento de campanha terá novos capítulos

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PERF

IL Segundo mais votado da lista tríplice é o mais novo ministro do STJ Marcelo Navarro

No último dia 2, o plenário do Senado aprovou por 65 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção o nome do desembargador Marcelo Navarro, indicado pela presidente Dilma Rousseff para exercer cargo de ministro no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo mais votado da lista tríplice do tribunal, ele foi indicado para vaga de Ari Pargendler, que se aposentou em setembro de 2014.

Ao ser sabatinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que aprovou seu nome por unanimidade, Navarro disse que considera a delação premiada muito útil no combate ao crime organizado. Mas destacou: ela deve ser acompanhada de provas “robustas” para sustentar a condenação.

O relator dos pedidos de liberdade da Operação Lava-Jato no STJ, desembargador Newton Trisotto, ocupou temporariamente a vaga para a qual Marcelo Navarro foi indicado. Trisotto vinha negando liminar (decisão provisória) em todos os pedidos sobre o caso que chegavam à Corte.

Navarro pode vir a ser, portanto, o novo relator dos habeas corpus do caso no STJ, a depender de discussão interna sobre o assunto. Há ainda outras vagas abertas e se Trisotto ocupar uma delas poderá manter consigo os processos que estão sob sua relatoria. Na sabatina da CCJ, Navarro negou ter qualquer relação com o executivo Marcelo Odebrecht ou qualquer outra pessoa envolvida na Lava-Jato.

A lista encaminhada pelo STJ à presidente Dilma, além de Navarro que obteve 20 votos, continha os nomes do desembargador Joel Ilan Paciornik, do TRF-4 (Porto Alegre), em primeiro lugar com 21 votos recebidos; e do desembargador Fernando Quadros, também do TRF-4, em terceiro lugar, com 18 votos.

Atualmente Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, 52, natural de Natal (RN), é juiz federal e presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede no Recife, e atende os estados de Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Pernambuco. Já foi procurador da República antes de chegar a desembargador do TRF-5, em dezembro de 2003, na vaga destinada ao Ministério Público Federal (MPF).

Dedicou mais de 12 anos à carreira de procurador da República em seu estado, entre fevereiro de 1991 e dezembro de 2003. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tem mestrado e doutorado em Direito pela PUC-SP. No magistério, é professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Direito, respectivamente, da UFRN e Uni-RN.

Primeiro processo pode ser sobre a Lava-Jato

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Judiciário

SETEMBRO

24QUINTA

STF julga a aplicabilidade do prazo de desincompatibilização de seis meses às eleições suplementares, previsto no artigo 14, § 7º, da Constituição Federal.

Legislativo

SETEMBRO

22TERÇA

O Congresso se reúne, a partir das 11h, para analisar vetos presidenciais.

A comissão especial que analisa o novo Código de Mineração reúne-se para discutir e votar o relatório do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).

SETEMBRO

23QUARTA

A comissão mista sobre a Medida Provisória 677/15 (indústrias eletrointensivas) analisa parecer do relator, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). A MP autoriza a Chesf participar do Fundo de Energia do Nordeste como provedor de recursos para a empreendimentos.

Executivo

SETEMBRO

22TERÇA

IBGE divulga prévia da infl ação de setembro (IPCA-15).

SETEMBRO

29TERÇA

Divulgação do IGP-M de setembro.

Agenda da semana

DE

22 A

29

DE

SETE

MBRO

DE

2015