“SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUÇÕES”

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    1/45

    1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISEscola de Engenharia

    Departamento de Materiais de ConstruoCurso de Especializao em Construo Civil

    SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    Construes para um futuro melhor Reaproveitamento da gua

    Autor: Andr Luiz Genelh Fernandes

    Orientador: Prof. Jos Cludio Nogueira Vieira

    Belo Horizonte, Junho de 2009.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    2/45

    2

    Andr Luiz Genelh Fernandes

    SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    Construes para um futuro melhor Reaproveitamento da gua

    Monografia apresentada ao curso de Especializao de Construo Civil da Universidade

    Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obteno do titulo de Especializao

    em Construo Civil.

    nfase: Gesto e Avaliao nas Construes

    Orientador: Jos Cludio Nogueira Vieira

    Belo Horizonte, Junho de 2009.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    3/45

    3

    SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................................... 082 OBJETIVO ............................................................................................................................ 09

    3 REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................................. 10

    3.1 Construes Sustentveis....................................................................................................10

    3.1.1 A obra sustentvel ........................................................................................................... 11

    3.1.2 Escolha dos materiais ...................................................................................................... 12

    3.1.3 Tipos de Construes Sustentveis.................................................................................. 13

    3.1.4 Diretrizes Projetuais ........................................................................................................ 13

    3.2. Sustentabilidade nas cidades ............................................................................................. 18

    3.3 Recurso Natural da gua ..................................................................................................... 20

    3.4 Uso da gua ........................................................................................................................ 24

    3.4.1 Preliminar ........................................................................................................................ 24

    3.4.2 Usos e padres ................................................................................................................. 26

    3.4.2.1 Classificao de corpos de gua doce........................................................................... 27

    3.4.2.2 Classificao de corpos de gua doce .......................................................................... 28

    3.5 O reuso da gua de chuva ................................................................................................... 29

    3.5.1 Vantagens ........................................................................................................................ 30

    3.5.2 Aplicaes ...................................................................................................................... 31

    3.5.3 Caractersticas Tcnicas ................................................................................................. 32

    3.6 Estudo de Caso ................................................................................................................... 34

    3.6.1 Anlise ............................................................................................................................. 40

    4 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................ 44

    REFERENCIAS ....................................................................................................................... 45

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    4/45

    4

    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1: Mdia anual do potencial solar brasileiro ............................................................. 18

    FIGURA 2: Distribuio da gua no planeta Terra .................................................................. 20

    FIGURA 3: Ciclo hidrolgico .................................................................................................. 22

    FIGURA 4: Reaproveitamento da gua.................................................................................... 31

    FIGURA 5: Instalao para reaproveitamento da gua ............................................................ 32

    FIGURA 6:Captao da gua ................................................................................................... 33

    FIGURA 7: Instalao do ralo como filtro ............................................................................... 34

    FIGURA 8: Tubulao na laje .................................................................................................. 34

    FIGURA 9: Acesso ao reservatrio .......................................................................................... 35

    FIGURA 10: Alapo para inspesao do reservatrio ............................................................... 35

    FIGURA 11: Bomba do sistema de irrigao ........................................................................... 36

    FIGURA 12: Painel de controle do sistema de irrigao ......................................................... 36

    FIGURA 13: Reservatrios superiores ..................................................................................... 37

    FIGURA 14: Posicionamento da tubulao nos reservatrios ................................................. 37

    FIGURA 15: Reservatrios ...................................................................................................... 38

    FIGURA 16: Posicionamento da tubulao ............................................................................ 38

    FIGURA 17: Reservatrio para uso dos coletores solares ...................................................... 39

    FIGURA 18: Irrigao do jardim ............................................................................................. 39

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    5/45

    5

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1: Distribuio da disponibilidade hdrica mundial ................................................. 22

    TABELA 2: Disponibilidade hdrica brasileira ........................................................................ 24

    TABELA 3: Consumo de guaper capita ............................................................................... 25

    TABELA 4: Principais parmetros de qualidade da gua ........................................................ 26

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    6/45

    6

    LISTA DE NOTAES, ABREVIATURAS

    IBAMA = Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    LUX = Unidade de iluminncia

    NBR = Denominao de norma da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT);

    ONU = Organizao das Naes Unidas

    PVC = Policloreto de vinil

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    7/45

    7

    RESUMO

    O presente trabalho tem como foco a sustentabilidade nas construes. O tema despertouinteresse por parte do autor, uma vez que o mesmo pretende adotar esses procedimentos em

    seus empreendimentos. Foi apresentado uma breve histria da sustentabilidade e tambm as

    diretrizes a serem consideradas para uma construo. A Construo Sustentvel faz uso de

    materiais e de solues tecnolgicas visando o bom aproveitamento, conforto e a economia de

    recursos finitos (gua e energia eltrica), a reduo da poluio e a melhoria da qualidade do

    ar no ambiente interno de seus moradores e usurios. Esse tipo de interao, o uso de

    materiais com baixo impacto ambiental e bom aproveitamento das construes gera o quepodemos chamar de uma construo sustentvel. Mesmo quando emprega produtos ou

    processos artesanais, o faz conscientemente, buscando o sucesso ambiental integral da obra.

    Para exemplificar melhor foi apresentado um estudo de caso da reutilizao de gua na

    construo civil, abordando a utilizao de projetos que visam construes com menos

    consumo de gua e seu reaproveitamento.

    Palavras-chaves: Sustentabilidade das construes; reaproveitamento de gua; Preservao.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    8/45

    8

    1 INTRODUO

    O homem vem explorando o planeta h anos e nunca se preocupou com preservaodo meio ambiente. Usa os recursos disponveis no planeta e no se preocupou em preservar o

    local onde ele vive para as geraes futuras. Essa viso, totalmente ultrapassada, comeou a

    mudar na dcada de 80 e foi criado um novo conceito de desenvolvimento sustentvel,

    mudando a viso da Arquitetura moderna. Passou ento a haver uma interao do homem com

    o Meio Ambiente. O mundo est beira de um colapso ambiental, vrios exemplos, de fato, j

    podem ser observados em diversos locais do planeta. Uma resposta para essa questo seria

    uma uniformidade na forma de pensar os problemas mundiais.

    A construo civil tem grande participao na sustentabilidade. Grande parte da

    energia produzida no planeta est diretamente relacionada com o processo construtivo. Uma

    obra sustentvel leva em conta o processo na qual o projeto concebido, quem vai usar os

    ambientes, quanto tempo ter sua vida til e se, depois desse tempo todo, ela poder servir

    para outros propsitos ou no. Tudo o que diz respeito aos materiais empregados nela devem

    levar em conta a necessidade, o desperdcio, a energia gasta no processo at ser implantado na

    construo e, depois, se esses materiais podem ser reaproveitados. A auto-suficincia daedificao deve ser levada em considerao. Muitas vezes, alguma parcela da energia pode ser

    gerada no prprio lugar e a gua pode ser reaproveitada, fazendo com que no longo prazo se

    obtenha uma grande economia de energia e gua. Em um contexto mais amplo, proporcionar

    a sua prpria energia faz com que o edifcio colabore com a sustentabilidade.

    A gua faz parte do nosso planeta. Ela essencial para a vida de todo ser vegetal,

    animal ou humano e sem ela no poderia conceber a atmosfera, o clima, a vegetao ou a

    agricultura. Porm os meios naturais de transformao da gua potvel so muito limitados elentos. Por isso a utilizao e manipulao da gua devem ser feito com racionalidade. Com

    isso surgiu ento captao da gua de chuva como ferramenta de gesto da gua. O reuso da

    gua faz parte da Estratgia global para a Administrao da Qualidade da gua, proposta pelo

    Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente e pela Organizao Mundial da Sade

    (OMS, 2005).

    O reuso da gua tem principal finalidade evitar que as indstrias ou grandes

    condomnios residenciais e comerciais continuem consumindo gua limpa em atividades que

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    9/45

    9

    seu uso dispensvel, preservando assim gua potvel para a utilizao mais nobre e com isso

    com menos impacto na natureza.

    A utilizao de gua tratada, principalmente em regies com grande concentrao

    populacional, afeta diretamente os mananciais existentes. O crescimento das atividades

    econmicas e a manuteno das condies de qualidade de vida da populao dependem da

    conscientizao de como usaremos nossos recursos hdricos de maneira racional. Portanto,

    so necessrios investimentos em desenvolvimento tecnolgico e na busca de solues

    alternativas para a ampliao de oferta de gua, e tambm so necessrias aes para a

    eficiente gesto da demanda, reduzindo os ndices de perdas e desperdcios.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    10/45

    10

    2 OBJETIVO

    O conceito de Construo Sustentvel vem ganhando grande importncia em todo omundo em funo dos enormes benefcios que ele oferece. Uma Construo Sustentvel

    aquela que ambientalmente responsvel, lucrativa e um lugar saudvel para viver e

    trabalhar. A indstria da construo civil enfrenta hoje o desafio de incorporar aos seus

    produtos as tcnicas descritas como ecolgicas e de preservao do clima na Terra. Existem

    inmeras opes construtivas as quais podem variar desde o emprego de fontes de energias

    alternativas at a seleo de materiais fabricados com resduos urbanos, todas incorporando os

    ditames da bioarquitetura, isto , voltadas para a preservao da qualidade de vida no nosso

    planeta. A questo central nesta discusso permanece. Como avaliar se no final os efeitos

    globais almejados foi obtido quando so selecionadas estas alternativas de projeto?

    O objetivo desse trabalho consiste em fazer uma abordagem sobre o tema da

    Sustentabilidade das Construes e o que pode ser feito para melhorar o impacto da

    construo civil. Execuo de projetos de construo que visam mais economia na sua

    utilizao e conservao.

    Para melhor entendimento, no decorrer desse trabalho, ser apresentado um estudo dareutilizao de gua na construo civil, abordando a utilizao de projetos que visam

    construes com menos consumo de gua e seu reaproveitamento.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    11/45

    11

    3 REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 Construes Sustentveis

    Construo Sustentvel um sistema construtivo que promove intervenes sobre o

    meio ambiente, adaptando-o para suas necessidades de uso, produo e consumo humano,

    sem esgotar os recursos naturais, preservando-os para as geraes futuras.

    A Construo Sustentvel faz uso de materiais e de solues tecnolgicas visando o

    bom aproveitamento, conforto e a economia de recursos finitos (gua e energia eltrica), a

    reduo da poluio e a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno de seus moradores e

    usurios. Esse tipo de interao, o uso de materiais com baixo impacto ambiental e bom

    aproveitamento das construes gera o que podemos chamar de uma construo sustentvel.

    Mesmo quando emprega produtos ou processos artesanais, o faz conscientemente, buscando o

    sucesso ambiental integral da obra.

    3.1.1 A obra sustentvel

    A sustentabilidade de uma obra avaliada pela sua capacidade de responder aos

    desafios ambientais de sua sociedade, sendo ela mesma um modelo de soluo. Um bom

    modelo de Casa Sustentvel deve usar: a) recursos naturais passivos e de design para

    promover conforto e integrao na habitao; b) materiais que no comprometam o meio

    ambiente e a sade de seus ocupantes e que contribuam para tornar seu estilo de vida

    cotidiano mais sustentvel (por exemplo, o usurio de embalagens descartveis deveria usarprodutos reciclados a partir dos materiais que, em algum momento, ele mesmo usou); c)

    resolver ou atenuar os problemas e necessidades gerados pela sua implantao (consumo de

    gua e energia); d) prover sade e bem-estar aos seus ocupantes e moradores e preservar ou

    melhorar o meio ambiente.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    12/45

    12

    3.1.2 Escolha dos materiais

    Os materiais usados na Construo Sustentvel deveriam, em princpio, obedecer acritrios de preservao, recuperao e responsabilidade ambiental. Isso significa que, ao se

    iniciar uma construo, importante considerar os tipos de materiais que esto de acordo com

    o local (como sua geografia, ecossistema, histria, etc.) e que podem contribuir para conservar

    e melhorar o meio ambiente onde ser inserida. Materiais que guardam relao direta com o

    estilo de vida do local e do usurio devem ser avaliados. Por exemplo, se o morador reside e

    trabalha em uma rea urbana, possivelmente comprar alimentos envolvidos por embalagens

    plsticas descartveis; muito provvel tambm que utilize um automvel para se deslocar dacasa para o escritrio e vice-versa.

    Deve-se lembrar que toda Construo Sustentvel saudvel. Esse tipo de obra

    caracteriza-se pelo uso de materiais e tecnologias biocompatveis, que melhoram a condio

    de vida do morador ou, no mnimo, no agridem o meio ambiente em seu processo de

    obteno e fabricao, nem durante a aplicao e em sua vida til. importante evitar

    tambm materiais que reconhecidamente esto envolvidos com graves problemas ambientais,

    e sobre os quais hoje h consenso entre todas as entidades srias que trabalham comConstruo Sustentvel e Bioconstruo no mundo, caso do PVC (policloreto de vinil) e o

    alumnio. Outros produtos, considerados aceitveis na ausncia de outras opes, devem ser

    usados de maneira bastante criteriosa principalmente no interior de casa, como compensados e

    OSBs (colados com cola base de formaldedo). O mesmo vale para madeiras de

    reflorestamento tratadas por autoclave (sistema CCA, CCB ou CCC), as quais so imunizadas

    com um veneno base de arsnico e cromo - este tipo de madeira, segundo a EPA norte-

    americana e os prprios fabricantes daquele pas, j no pode mais ser usada em reas

    pblicas desde 30 de dezembro de 2003.

    As empresas, os governos e as ONGs no so as nicas responsveis pelos materiais

    de construo e pelo estado atual do meio ambiente. O consumidor, ao optar por um produto

    A, B ou C, tambm co-responsvel por todo o processo, j que para ele que se destinam

    todos os produtos e, por extenso, as construes. Ele o "target" do mercado e, com uma

    nova conscincia, pode ajudar a alterar as regras do mercado.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    13/45

    13

    3.1.3 Tipos de Construes Sustentveis

    Os principais tipos de Construo Sustentvel resumem-se, praticamente, a doismodelos: construes coordenadas por profissionais da rea e com o uso de ecomateriais e

    tecnologias sustentveis modernos, fabricados em escala, dentro das normas e padres

    vigentes para o mercado; e sistemas de autoconstruo (que incluem diversas linhas e

    diretrizes), que podem ou no ser coordenados por profissionais (e por isso so chamados de

    autoconstruo). Inclui grande dose de criatividade, vontade pessoal do proprietrio e

    responsvel pela obra e o uso de solues ecolgicas pontuais.

    3.1.4 Diretrizes Projetuais

    O projeto arquitetnico deve levar em consideraes diversas variveis para sua

    proposio, tais como: as condies climticas do local, buscando o aproveitamento dos

    condicionantes naturais e assim melhor eficincia energtica, materiais e mo-de-obra locais,

    e o conhecimento do lote e seu entorno.

    Implantao

    Deve-se incentivar o aumento da taxa de permeabilidade, tornando o ambiente de

    implantao com maior rea de absoro.

    A implantao deve priorizar manter o desnvel original do lote, para que no sedespenda energia e gastos com a movimentao de terra.

    A implantao deve ser coerente com o entorno, devendo faz-lo de forma

    integradora.

    Para climas quentes, deve-se utilizar brises mveis ou fixos, ou at mesmo vegetao

    como forma de proteo radiao solar. Os brises mveis, localizados externamente,

    so mais eficientes do que os fixos ao se tratar do controle da radiao solar, contudo,

    apresentam custos iniciais e de manuteno mais elevados.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    14/45

    14

    Orientao e Insolao

    Deve-se levar em considerao a latitude e longitude do local, quanta sombra resultade obstculos que existem entre a edificao e o local, bem como o clima do local.

    Pode-se perceber a influencia da localizao no projeto quando analisamos, por

    exemplo, o fato da fachada norte recebe sol o ano todo no hemisfrio sul, j no

    hemisfrio norte, a fachada sul que recebe insolao.

    Deve-se analisar a intensidade do sol no local, a posio relativa do sol, quanto do

    calor do sol a edificao necessitar ou no, bem como qual a capacidade de

    armazenagem que a edificao deve ter em relao ao ganho solar disponvel no localpara suprir suas necessidades, tudo em relao a diferentes pocas do ano.

    Fachadas

    Deve-se analisar a melhor relao entre ganho de calor e rea envidraada, o que est

    diretamente relacionado com o clima local.

    As cores das fachadas e das coberturas influenciam diretamente o conforto trmico.

    Considere que as cores claras no absorvem tanto calor como as mais escuras, uma

    fachada branca absorve s 25% do calor do sol, enquanto que a mesma fachada na cor

    preta pode absorver at 90% de calor.

    Paredes

    Utilizar materiais locais, alm de se analisar a melhor soluo para o clima. Para

    climas quentes e secos, h a necessidade de paredes grossa, ou com capacidade de

    reter calor. J em climas frios, v-se a importncia da entrada do calor, porem devendo

    manter dentro na residncia.

    Cobertura

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    15/45

    15

    Deve-se levar em considerao a relao entre a durabilidade do material e sua

    resistncia gua, ou mesmo a umidade.

    Utilizar materiais alternativos como o teto jardim, alm dos materiais reciclados comotelhas feitas a partir de caixas TetraPak, feitas a partir de tubo de pasta de dentes

    triturados, ambos os casos tem comprovada garantia e eficincia, alm de custo baixo.

    Deve-se observar o material mais prximo ao local de implantao, evitando o gasto

    de energia no transporte.

    Deve ter uma gua da cobertura direcionada para a face norte, no caso do hemisfrio

    sul, se possvel, para que possam ser instalados coletores solares trmicos e/ou painis

    solares fotovolticos. Isto inclui que o clculo da estrutura da cobertura deve prever apossibilidade de peso extra com a instalao de coletores de chuva, se o sistema for

    utilizado.

    Abertura

    A altura das janelas dever considerar os limites de alcance visual, exceto em locaisonde deva prevalecer a segurana e a privacidade.

    As aberturas devem estar adequadas ao sentido dos ventos locais e iluminao natural.

    Devem-se utilizar vidros adequados ao clima.

    As janelas deveram ficar na altura das mesas e devem ser altas, para atingir pontos

    mais profundos.

    Iluminao

    O projeto deve levar em conta a idade dos usurios, sendo diferente para cada

    ambiente.

    Para adequao do projeto deve-se analisar a NBR 5413.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    16/45

    16

    Como no caso de uma pessoa com 25 anos a cozinha deve fornecer cerca de 100 lux

    no modo geral, j no caso do local, so necessrios 200 lux. Isto demonstra a

    necessidade de se supera. Esses valores alteram de acordo principalmente por causa da

    idade.

    Para o caso da iluminao lateral, dever-se- evitar que as aberturas localizem-se por

    toda extenso do ambiente e que objetos que necessitem de ateno, como a televiso,

    encontre - se at o canto da parede.

    As condies climticas agem sobre a iluminao natural de interiores.

    A geometria dos ambientes dever ter pouca profundidade para ser mais bem

    iluminada. Dever-se- verificar o ngulo de incidncia da luz. Aberturas simtricas e

    localizadas em paredes opostas, para que assim, ocorra uma melhor distribuio de

    iluminncia.

    Natureza dos vidros por onde penetra a luz dever estar adequado s condies de

    conforto trmico e luminosidade interna.

    Superfcies claras so excelentes refletoras e no direcionam o calor para dentro do

    ambiente. A cor utilizada no forro considerada o elemento mais responsvel pelos

    nveis de iluminncia de um ambiente, se comparado s cores das paredes e do piso.

    Dever-se- optar por lmpadas de baixo consumo e procurar usar iluminao

    localizada, colocando luz s onde seja de fato necessrio. Priorizar lmpadas

    fluorescentes compactas, pois elas tm o mesmo potencial de iluminao de lmpadas

    incandescentes e das lmpadas fluorescentes, mas consomem menos energia.

    Conforto Trmico

    Dever-se- manter uma temperatura constante no interior do edifcio, de forma a evitar

    perdas de calor no Inverno e ganhos de calor no Vero, no caso dos projetos para a

    rea sul-americana.

    Ventilao

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    17/45

    17

    Dever-se- levar em considerao alguns fatores como a velocidade e direo alm das

    variaes dirias sazonais do vento.

    Proporcionar a ventilao cruzada, aproveitando os ventos para resfriamento erenovao do ar interno atravs de aberturas laterais opostas, porque o ar quase nunca

    est mesma temperatura nestas. Os caixilhos devem ter dispositivos que permitam

    ventilao ou ento deve existir um sistema de renovao mecnica de ar.

    Promover ventilao vertical, que a retirada do ar quente localizado nas partes mais

    elevadas do interior da edificao, gerando um fluxo de ar ascendente por diferenas

    de presso. Dispositivos como lanternins, aberturas no telhado, exaustores elicos ou

    aberturas zenitais so utilizados para tal fim. Pode-se combinar o fator iluminaonatural ao fazer uso de aberturas zenitais, uma vez que podem ser locadas em pontos

    estratgicos que ofeream ventilao e iluminao simultaneamente.

    O projeto deve posicionar a edificao de modo a aproveitar as brisas de vero, alm

    de empregar recursos aplicveis forma do edifcio. Tal estudo da forma e da

    orientao da obra tambm explora a iluminao natural e favorecem ganhos ou

    perdas de calor.

    Rudos

    O som pode ser ouvido de diferentes formas, com a rea estritamente residencial

    urbana, a rea mista, predominantemente residencial, e sem corredores de transito.

    Para realizar o projeto deve se analisar a ABNT - NBR 10151- 1987

    Eficincia Energtica

    Coletores solares trmicos: Captam a energia do Sol e a transformam em calor,

    poupando at 70% da energia necessria para o aquecimento de gua.

    Painis solares fotovolticos: Por meio do efeito fotovoltico a energia do Sol convertida em energia eltrica. Podem ser utilizados inclusive em locais isolados, com

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    18/45

    18

    ou sem rede eltrica ou como sistemas ligados rede. Devem-se observar quais

    aparelhos eletrodomsticos sero utilizados para melhor escolha dos painis solares

    fotovoltaicos. Para poder quantificar o sistema preciso estimar a mdia de consumo,

    como tambm analisar as caractersticas locais de insolao e climas em que o sol

    predominante, como exemplificado na figura abaixo:

    FIGURA 1 - Mdia anual do potencial solar brasileiro (em MJ/m/dia)FONTE: CRESEB/CEPEL

    No que diz respeito ao consumo de energia, usar-se- os aparelhos mais eficientes

    disponveis no mercado.

    A flexibilidade dos painis possibilita seu uso em muitos produtos de edificaes, tais

    como telhas solares, cortinas de vidro e painis decorativos.

    3.2 Sustentabilidade nas cidades

    A sustentabilidade nas cidades brasileiras significa enfrentar vrias questes

    desafiadoras, como a concentrao de renda e a enorme desigualdade econmica e social, o

    saneamento ambiental, o dficit habitacional e a situao de risco de grandes assentamentos,

    alm da degradao dos meios construdo e natural e dos acentuados problemas de mobilidadee acessibilidade.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    19/45

    19

    Os grandes problemas enfrentados nas cidades esto relacionados aos seguintes itens:

    Desenvolvimento econmico, que inclui habitao acessvel, segurana pblica,

    proteo do meio ambiente e mobilidade;

    Incluso social, reconciliando interesses para identificar e alcanar valores e objetivos

    comuns;

    Previso de objetivos em longo prazo (preservao para as geraes futuras);

    Qualidade pela preservao da diversidade e no a quantidade.

    Agenda 21 o mais importante compromisso scio-ambiental em favor da

    sustentabilidade firmado na RIO-92. A Agenda 21 estabeleceu o desafio do milnio seguintecomo uma ferramenta de planejamento estratgico que visa implementar um novo modelo de

    desenvolvimento scio-econmico e ambiental, construdo, orientado a melhorar e resguardar

    a qualidade de vida das geraes futuras. Um grande avano da Agenda 21 sua elaborao

    como processo amplamente participativo para construo de consensos e cenrios de futuro.

    Prope padres mnimos aceitos pelos seus signatrios para harmonizar as questes scio-

    econmicas e ambientais, com a assinatura de compromissos em regime de co-

    responsabilidade entre os diversos atores sociais, concretizados em um Plano de

    Desenvolvimento Sustentvel ou similar.

    O captulo 28 da Agenda 21, que pede maior ateno com as cidades, j que estas so

    fundamentais para a implementao das polticas propostas no documento. Muitos dos

    problemas e das solues listados na Agenda 21 tm razes em atividades locais, assim, as

    autoridades locais e seus planos de governo so um fator-chave para fazer o desenvolvimento

    sustentvel acontecer. O envolvimento dos moradores e outros setores da sociedade

    organizada junto ao governo local condio indispensvel para lidar com os desafios bsicosdo desenvolvimento, tais como moradia, desemprego, lixo, gua e poluio do ar, para citar

    apenas alguns e pode mobilizar novos recursos para a soluo destes problemas e criar uma

    cultura participativa, transparente, responsvel e comprometida com processos permanentes

    de sensibilizao e capacitao.

    O objetivo maior da Agenda 21 Local servir de subsdio elaborao e

    implementao de polticas pblicas, orientadas para o desenvolvimento sustentvel. Os

    processos em andamento mostram que a Agenda 21, alm de ser um instrumento de promoo

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    20/45

    20

    do desenvolvimento sustentvel, tambm um poderoso instrumento de gesto democrtica

    das cidades e validao social das propostas do Estatuto da Cidade e seus Planos Diretores.

    3.3 Recurso Natural da gua

    Disponibilidade no Planeta:

    A gua um dos recursos natural mais abundante no planeta, com um volume total

    estimado em 1.386 milhes km3. Esse gigantesco volume est distribudo da seguinte forma:

    97,5% de toda gua na Terra esto nos mares e oceanos, 1,7% nas geleiras e calotas polares,

    0,7% est nos aqferos subterrneos, menos que 0,01% formam os rios, lagos e reservatrios

    e, ainda, uma porcentagem nfima da gua est distribuda em forma de vapor na atmosfera

    (SHIKLOMANOV, 1999).

    FIGURA 2 Distribuio da gua no planeta Terra

    Mas, infelizmente, essa abundncia de gua no nosso planeta no corresponde igual,nem sequer prxima abundncia de gua para consumo humano. Enquanto processos de

    dessalinizao da gua do mar ainda forem extremamente dispendiosos, a gua doce

    permanecer como a nica parcela de real possibilidade de uso e consumo. Representando

    apenas 2,5% da totalidade de gua no mundo, a gua doce est dividida, segundo

    SHIKLOMANOV (1999), em: 68,9% nas calotas polares e geleiras, 29,9% em gua

    subterrnea, 0,3% em gua superficial e 0,9% em outras formas.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    21/45

    21

    Apesar da possibilidade fsica de uso, ainda existe mais uma limitao: a totalidade de

    gua doce no mundo no economicamente vivel a explorao. Na prtica, somente as

    guas superficiais e uma parcela das guas subterrneas so utilizadas como mananciais, o

    que reduz, ainda mais, a disponibilidade de recursos hdricos no planeta. Assim, apenas

    0,006% da gua doce do mundo, cerca de 21.200 km3, so de fcil acesso, escoando em

    corpos de gua. Ainda, deve-se lembrar que os valores e porcentagens apresentados

    anteriormente demonstram apenas uma distribuio estatstica, uma vez que a gua no um

    elemento esttico na natureza; ela est sempre em transformaes e movimento.

    O processo de circulao da gua no planeta chama-se ciclo hidrolgico e pode ser

    resumidamente explicado da seguinte forma: o calor da radiao solar faz com que a gua dos

    rios, lagos e oceanos evaporem e nas plantas, ocorra transpirao. A gua, em forma de

    vapor, acumula-se na atmosfera at que precipita sobre a superfcie terrestre e os oceanos.

    Ento a gua de chuva que cai sobre a terra infiltra abastecendo os lenis freticos ou escorre

    formando os rios, que, eventualmente, acabam por desaguar em lagos ou nos oceanos,

    voltando a evaporar. Todo o processo est esquematizado na Figura 3.

    O ciclo hidrolgico proporciona a reposio e a renovao do fluxo da gua nos rios,

    lagos e aqferos subterrneos, fontes essenciais para abastecimento de gua doce no mundo.

    Mas o processo influenciado por fatores climticos, geolgicos e outros relativos ao uso do

    solo, tornando a distribuio das chuvas desigual pelo globo terrestre e, tambm, irregular ao

    longo do ano. Como o caso da ndia, onde 90% das precipitaes so concentradas na

    estao das mones, que ocorre de junho a setembro, restando pouqussima chuva para os

    outros oito meses do ano.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    22/45

    22

    FIGURA 3 Ciclo hidrolgico

    A distribuio da gua mostra-se ainda mais injusta quando analisada em comparao

    com a distribuio populacional do mundo, uma vez que a populao tambm est distribuda

    de forma bastante heterognea pelos continentes e, no necessariamente, de acordo com a

    disponibilidade hdrica. A ltima coluna da Tabela 1 representa a disponibilidade hdricapercapita, ou seja, a quantidade de gua disponvel para cada habitante da regio considerada.

    Pode ser verificada uma variao de 700%, por exemplo, entre a disponibilidade hdrica de

    um norte americano e um habitante de uma ilha no Caribe, apesar da proximidade espacial

    dessas duas regies.

    Continente / Regio Volume anual (Km ) % da disponibilidade

    hdrica mundial

    por habitante no ano

    de 2003 (m3)Mundo 43659 100,00% 6900frica 3939 9,02% 4600sia 11594 26,56% 3000Amrica Latina 13477 30,87% 26700Caribe 93 0,21% 2400

    Amrica do Norte 6253 14,32% 19300Oceania 1703 3,90% 54800Europa 6603 15,12% 9100

    Disponibilidade hdrica

    TABELA 1 Distribuio da disponibilidade hdrica mundial

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    23/45

    23

    Disponibilidade no Brasil:

    O Brasil o pas que apresenta maior disponibilidade de gua, sendo a vazo mdiaanual dos rios em territrio nacional estimada em 180 mil metros cbicos por segundo,

    representando 12% dos recursos hdricos mundiais.

    Se forem consideradas as vazes oriundas dos pases vizinhos, que ingressam no

    Brasil transportado por rios como Amazonas, Uruguai e Paraguai, essa vazo mdia totalizam

    18% da disponibilidade hdrica mundial. A vantagem quantitativa no representa uma

    segurana de abastecimento populao, uma vez que a distribuio dos mananciais

    bastante heterognea.

    A grande extenso territorial do pas permite que ocorram diferentes regimes

    climatolgicos e hidrolgicos, o que pode ser exemplificado com a abundncia do rio

    Amazonas, o maior em descarga fluvial no mundo, em contrapartida tem-se o semi-rido

    nordestino, com srios problemas de secas e estiagens.

    H uma grande diversidade de situaes no Brasil. As regies norte e centro-oeste

    possuem abundncia de gua, com 89% da potencialidade das guas superficiais do pas, mas

    nestas regies vivem apenas 14,5% dos brasileiros, que possuem uma demanda hdrica de

    9,2% do total nacional. Enquanto isso, os restantes 11% do potencial hdrico esto espalhados

    nas regies nordeste, sul e sudeste, onde esto localizados 85,5% da populao e 90,8% da

    demanda de gua do pas (IBAMA, 2002). Alm das guas superficiais, deve ser comentada

    a questo das guas subterrneas, que tambm possuem enormes volumes e grande potencial

    de utilizao no Brasil. As reservas permanentes de gua subterrnea so de 112.000 km3

    (IBAMA, 2002) e estudos da UNESCO estimam a existncia em territrio nacional de cerca

    de 10% dos 250 milhes de poos em operao no mundo (REBOUAS, 2004).

    Segundo REBOUAS (2004), a contribuio dos fluxos subterrneos ao escoamento

    bsico dos rios do Brasil de 3.144 km3/ano, o que representa 60% da vazo dos rios. Se

    fossem utilizados apenas 25% dessa taxa de recarga, a oferta de gua seria superior a 4.000

    m3/anoper capita (considerando a populao brasileira de 170 milhes de habitantes - IBGE,

    2000). Tal oferta superior faixa de 1000 a 2000 m3/ano per capita recomendada pelas

    Naes Unidas para garantir o conforto moderno e o desenvolvimento sustentvel.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    24/45

    24

    Bacia Hidrogrfica Descarga mdia (m3/s)

    Amazonas 209.000

    Paran (inclusive Iguau) 11.000Paraguai 1.290

    Uruguai 4.150

    So Francisco 2.850

    Paraba do Sul/Guandu 900 TABELA 2 Disponibilidade hdrica brasileira

    3.4Uso da gua

    3.4.1 Preliminar

    No corpo humano a gua constitui mais da metade do peso. Mas o homem tambm

    utiliza a gua em diversas atividades, de vrias formas, atendendo a inmeras necessidades. A

    gua essencial em todos os setores da sociedade, na vida domstica, no lazer e no bem-estar

    do ser humano.

    Entre os muitos usos da gua podem ser citados os usos consultivos: abastecimento

    domstico e industrial, irrigao e dessedentao de animais; e os no consultivos:

    preservao da flora e da fauna, recreao e lazer, pescam, harmonia paisagstica, gerao de

    energia eltrica, navegao e diluio de despejos (MOTA, 1997). Essas vrias formas de

    aproveitamento da gua apresentam caractersticas bem distintas, com diferentes padres de

    qualidade.

    Considerando as principais utilizaes da gua doce no mundo, os usos da gua podem

    ser resumidos em trs preponderantes: para a agricultura, no cultivo das plantas e produo de

    alimentos; para a indstria, como insumo na produo; e para o abastecimento domstico, que

    inclui as necessidades do homem no consumo prprio e higiene.

    A quantidade total de gua utilizada em um pas dividida pela sua populao

    chamado consumo per capita. Esse valor, assim como a distribuio pelos seus diferentes

    usos, varia significativamente em funo do clima, cultura e costumes da regio, grau de

    desenvolvimento do pas, polticas econmicas e sociais, informao e conscientizao da

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    25/45

    25

    populao, classe social e renda familiar, forma e preo do faturamento e, obviamente, da

    disponibilidade hdrica. Regies com grande disponibilidade no temem a falta de gua para o

    abastecimento e, assim, costumam possuir consumos per capita maiores que regies que j

    possuem seus suprimentos limitados. Na Tabela abaixo, possvel visualizar os consumos per

    capita dos diferentes continentes.

    Regio/Continente Consumo de gua

    (m3/per capita/ano)

    Mundo 633

    Europa 581

    Amrica do Norte 1.663

    Amrica Central e Caribe 603

    Amrica do Sul 474

    sia (excluindo Oriente Mdio) 631

    Oriente Mdio e Norte da frica 807

    frica Subsaariana 173

    Oceania 900

    TABELA 3 Consumo de guaper capita

    A renda, o ndice de urbanizao e o desenvolvimento apresentam uma relao direta

    com o aumento do consumoper capita. Os pases ricos industrializados costumam consumir

    mais porque agregam em seus produtos agrcolas ou industrializados a gua utilizada nos

    processamentos, mas, tambm, possuem o consumo domstico maior que o de pases de renda

    mdia e baixa (RIBEIRO, 2006). A utilizao das reservas em diversos pases mostra como o

    uso de gua entre os pases desigual. Por exemplo, os Estados Unidos possuem um consumoanualper capita de 1647 m3, enquanto o consumo de um brasileiro de apenas 336 m3 ou de

    um sul-africano de 348 m3.

    As previses alertam para um aumento significativo no uso e consumo da gua nas

    prximas dcadas. Alm do aumento da populao mundial, espera-se um aumento de

    consumo de gua per capita graas urbanizao e industrializao de pases ainda em

    desenvolvimento. E o receio que se mantido o alto padro de consumo de gua observado

    no estilo de vida moderno nos pases desenvolvidos, em vrias regies do mundo asustentabilidade da gua ser impossvel.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    26/45

    26

    3.4.2 Usos e padres

    A gua para ser utilizada no meio antrpico precisa ter certa qualidade e essaqualidade determinada por parmetros fsicos, qumicos e biolgicos apresentados na tabela

    4. Alm de garantir a qualidade requerida, esses parmetros tambm servem para evitar que

    guas de melhor qualidade sejam utilizadas em usos menos nobres. Ou seja, que se use gua

    com qualidade superior necessria, desperdiando, assim, a gua de boa qualidade. Esse

    conceito foi formulado em 1958 pelo Conselho Econmico e Social das Naes Unidas: "a

    no ser que exista grande disponibilidade, nenhuma gua de boa qualidade deve ser utilizada

    para usos que toleram guas de qualidade inferior".

    Fsicos cor, turbidez, sabor, odor e temperatura

    Qumicos pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e mangans,

    cloretos, nitrognio, fsforo, matria orgnica,

    oxignio dissolvido, micropoluentes inorgnicos e

    micropoluentes orgnicos

    Biolgicos organismos indicadores (coliformes totais, coliformes

    fecais, estreptococos fecais), algas e bactrias TABELA 4 - Principais parmetros de qualidade da gua

    3.4.2.1Classificao de corpos de gua doce

    Classe Especial, guas destinadas: Ao abastecimento para consumo humano, com

    desinfeco; preservao do equilbrio natural das comunidades aquticas; e

    preservao dos ambientes aquticos em unidades de conservao de proteointegral.

    Classe 1, guas destinadas: Ao abastecimento para consumo humano, aps tratamento

    simplificado; proteo das comunidades aquticas; recreao de contato primrio,

    tais como natao, esqui aqutico e mergulho; irrigao de hortalias que so

    consumidas cruas e de frutas que desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas

    cruas sem remoo de pelcula; e proteo das comunidades aquticas em terras

    indgenas.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    27/45

    27

    Classe 2, guas destinadas: Ao abastecimento para consumo humano, aps tratamento

    convencional; proteo das comunidades aquticas; recreao de contato primrio,

    tais como natao, esqui aqutico e mergulho; irrigao de hortalias, plantas

    frutferas e de parques, jardins, campos de esportes e lazer, com os quais o pblico

    possa vir a ter contato direto; e aqicultura e atividade de pesca.

    Classe 3, guas destinadas: Ao abastecimento para consumo humano, aps tratamento

    convencional ou avanado; irrigao de culturas arbreas, cerealferas e forrageiras;

    pesca amadora; recreao de contato secundrio; e dessedentao de animais.

    Classe 4, guas destinadas: navegao; e harmonia paisagstica. Igualmente, a

    gua de reso tambm pode ser classificada segundo padres de qualidade e usospreponderantes. Um exemplo de classificao a sugesto no regulamentada da

    ANA que divide as guas de reso em 4 classes referentes ao uso previsto, nvel de

    contato com o usurio e, conseqentemente, qualidade requerida. Cada classe

    apresenta uma lista de parmetros a serem observados para garantir a qualidade e a

    segurana na utilizao da gua de reso.

    3.4.2.2Classificao de gua de reuso em edificaes

    gua de Reuso Classe 1: Descarga de bacias sanitrias; fontes ornamentais

    (chafarizes, espelhos de gua etc.); lavagem de pisos, roupas e veculos

    gua de Reuso Classe 2: Usos na construo: lavagem de agregado; preparao de

    concreto; compactao de solo e controle de poeira

    gua de Reuso Classe 3 : Irrigao de reas verdes e rega de jardins gua de Reuso

    Classe 4 resfriamento de equipamentos de ar condicionado

    Ainda no mbito legal, o Ministrio da Sade estabelece os procedimentos e

    responsabilidades relativos ao controle e vigilncia da qualidade da gua para consumo

    humano e seu padro de portabilidade. Toda gua de abastecimento destinado ao consumo

    humano precisa ser potvel, ou seja, obedecer ao padro de portabilidade apresentado no

    documento supracitado atravs de Tabelas com os valores mximos permitidos para diversos

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    28/45

    28

    parmetros microbiolgicos, fsicos, qumicos e radioativos, de tal forma a no oferecer risco

    sade humana.

    3.5O reuso da gua de chuva

    O relatrio anual das Naes Unidas faz terrveis projees para o futuro da

    humanidade. A ONU prev que em 2050 mais de 45% da populao mundial no poder

    contar com a poro mnima individual de gua para necessidades bsicas. Segundo dados

    estatsticos existem hoje 1,1 bilhes de pessoas praticamente sem acesso gua doce. Estas

    mesmas estatsticas projetam o caos em pouco mais de 40 anos, quando a populao atingir a

    cifra de 10 bilhes de indivduos. A partir destes dados projeta-se que a prxima guerra

    mundial ser pela gua e no pelo petrleo.

    Os dados que so utilizados pela mdia mundial so: De toda a gua disponvel na

    terra 97,6% est concentrada nos oceanos. A gua fresca corresponde aos 2,4% restantes.

    Destes 2,4% somente 0,31% no esto concentrados nos plos na forma de gelo. Resumindo:

    de toda a gua na superfcie da terra menos de 0,02% est disponvel em rios e lagos na forma

    de gua fresca pronta para consumo.

    Esses dados mostram a importncia do reuso da gua de chuva e o tanto que

    poderemos economizar reutilizando a gua da chuva. Hoje j temos muitos projetos visando o

    reaproveitamento da gua de chuva nas construes.

    O reaproveitamento da gua de chuva para abastecer certas reas da residncia gera

    economia e contribui para a preservao do recurso j to escasso em boa parte do mundo.

    uma ao de responsabilidade social, j adotada por boa parte das construtoras e por cidadoscomuns na Europa, mas que, infelizmente, ainda rara no Brasil.

    O reuso da gua uma tendncia internacional irreversvel no mercado da construo

    civil e que chegar ao pas. No sabemos ainda em quanto tempo, j que isso depende da

    conscientizao da sociedade e tambm do desenvolvimento de sistemas mais eficientes. Em

    So Paulo j existem empresas especializadas na concepo e execuo de sistemas de reuso

    de gua e que a idia j alcana alguns grandes empreendedores.

    Entre as medidas que podem disseminar o reuso da gua de chuva, podemos cita asleis municipais j implementadas em So Paulo e Curitiba. As duas prevem o uso obrigatrio

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    29/45

    29

    dos sistemas de reaproveitamento de gua de chuva nos imveis novos, mas tm motivos

    diferentes. Em So Paulo, a lei tem a finalidade de diminuir os danos com as enchentes,

    retirando do ambiente boa parte da gua acumulada com as chuvas. J em

    Curitiba, a idia incentivar o uso racional dos recursos naturais.

    A gua captada em reservatrios nos perodos de chuva, depois de passar por um

    tratamento primrio, pode ser usada para irrigao de jardins, lavaes de piso e nas descargas

    de banheiros.

    Para a instalao de um sistema eficiente de reaproveitamento de gua de chuva vrios

    fatores so importantes. Primeiro, preciso fazer um estudo do clima da regio onde o imvel

    est localizado, para a identificao do volume pluviomtrico registrado no local, o que vaiinfluir no dimensionamento do sistema. Depois, preciso ter cuidado com os materiais e

    manuteno da rede hidrulica do sistema, que sempre dever ter uma comunicao com a

    rede de gua tratada da concessionria local, para que o abastecimento da casa no seja

    afetado nos tempos de seca.

    3.5.1 Vantagens:

    Reduo do consumo de gua da rede pblica e do custo de fornecimento da mesma;

    Evita a utilizao de gua potvel onde esta no necessria, como por exemplo, na

    descarga de vasos sanitrios, irrigao de jardins e lavagem de pisos;

    Os investimentos de tempo, ateno e dinheiro so mnimos para adotar a captao de

    gua pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento ocorre a

    partir e 2 anos e meio; Faz sentido ecolgica e financeiramente no desperdiar um recurso natural escasso

    em toda a cidade, e disponvel em abundncia no nosso telhado;

    Ajuda a conter as enchentes, represando parte da gua que teria de ser drenada para

    galerias e rios (algo atualmente exigido na cidade de So Paulo pela lei das

    "piscininhas, para construes comrea impermeabilizada superior a 500m2);

    Encoraja a conservao de gua, a auto-suficincia e uma postura ativa perante os

    problemas ambientais da cidade;

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    30/45

    30

    A instalao do sistema, que modular, pode ser realizada tanto em obras em

    andamento como em construes finalizadas.

    3.5.2 Aplicaes:

    A gua de chuva pode ser utilizada em vasos sanitrios, lavagem de pisos, irrigao de

    jardins e reas verdes, lavagem de veculos e ferramentas, mquinas de lavar roupa,

    abastecimento de piscinas e diversos processos industriais.

    Residncia:

    O sistema pode ser aplicado tanto em residncias em construo - pode ser feito um

    sistema paralelo ao da gua da rua - e incluir o uso em descarga de banheiros, lavagem de

    roupa e torneiras externas, como em casas j construdas. Onde no se quer ou no for

    possvel mexer nas instalaes existentes, possvel aproveitar a gua de chuva para jardins,

    piscina, limpeza de caladas, lavar carros, entre outros usos.

    Indstria, instalaes comerciais e rurais, clubes.

    Em reas de maior porte, aproveitar a gua de chuva unir os benefcios ecolgicos

    aos econmicos. A gua pode ser usada para resfriar equipamentos e mquinas, em servios

    de limpeza, para descarga de banheiros, no reservatrio contra incndio, irrigao de reas

    verdes. Nos dias de chuva intensa, as cisternas podem funcionar como "buffers" (reas de

    conteno), diminuindo ou at evitando alagamentos e a sobrecarga da rede pluvial.

    Condomnios

    Em condomnios, a gua de chuva armazenada significa uma economia expressiva no

    gasto de gua nas reas comuns. Ela pode ser utilizada lavagem das caladas, do playground,

    de carros, na irrigao dos canteiros e jardins, no abastecimento da piscina, na reserva paracaso de incndio e at mesmo em banheiros das reas comuns ou casa do vigia.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    31/45

    31

    3.5.3 Caractersticas tcnicas

    Para cada necessidade feito um estudo e dimensionamento correto para a melhorsoluo. Devem ser considerados os seguintes pontos: local de instalao do sistema, rea de

    projeo do telhado, nmero de descidas, capacidade de armazenamento de gua de chuva e

    consumo previsto para esta gua.

    A gua coletada no telhado. Resultado: ela vem cheia de poluentes para os

    reservatrios. No vero, o aproveitamento bem mais fcil porque h chuvas intensas e elas

    provocam uma lavagem desses poluentes. A gua da chuva pode apresentar coliformes fecais

    e totais, que so fezes de animais, ferrugem e outros poluentes. Seria adequado ter umdispositivo para remoo de material grosseiro: folhas, detritos, para no entupir as

    tubulaes. Depois, remover as partculas mais finas.

    O sistema prev a utilizao do telhado e calhas como captadores da gua de chuva,

    que dirigida para um filtro autolimpante e levada para uma cisterna ou tanque subterrneo.

    Para essa finalidade, lanamos um modelo exclusivo de cisterna que forma com o filtro um

    conjunto eficiente e simples de instalar, mesmo sob a terra. Para evitar que a sedimentao do

    fundo da cisterna se misture com a gua, esta canalizada at o fundo, onde por meio de um"freio d'gua" ela brota sem causar ondulaes. Estocada ao abrigo da luz e do calor, a gua se

    mantm livre de bactrias e algas. Outra parte do sistema cuida de sugar a gua armazenada

    de pontos logo abaixo da superfcie, para no movimentar eventuais resduos.

    FIGURA 4: Reaproveitamento da gua

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    32/45

    32

    FIGURA 5: Instalao para reaproveitamento da gua

    3.6 Estudo de caso

    Para exemplificar os princpios apresentados nesta pesquisa foi realizado um estudo de

    caso de uma residncia construda no ano de 2007, localizada no Condomnio Vale dos

    Cristais, com 600m e capacidade para 6 (seis) habitantes.

    A coleta da gua da chuva foi um dos requisitos impostos pelos proprietrios durante a

    concepo do projeto, o que permitiu que o sistema fosse integrado edificao e calculado

    de acordo com as suas necessidades reais, as quais abrangem o jardim de aproximadamente

    1.000m e 6 (seis) instalaes sanitrias.

    Para tanto, foi construdo um reservatrio inferior com capacidade para 50.000 litros,

    que aproveitou parte da estrutura inferior da casa permitindo grande economia na estruturao

    do sistema. Alm deste, tambm foi instalado um reservatrio superior com capacidade para

    2.000 litros, para atendimento exclusivo dos vasos sanitrios.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    33/45

    33

    O sistema muito simples e se resume coleta da gua da chuva atravs das calhas e

    rufos do telhado, que se encaminham diretamente para o reservatrio superior, de onde segue

    para os vasos sanitrios. Existem ainda os ralos instalados nas lajes impermeabilizadas que, ao

    coletarem a gua, j servem como filtro para as impurezas maiores como as folhas. Esta gua

    fica armazenada no reservatrio inferior, podendo atender tanto o sistema de irrigao quanto

    reabastecendo o reservatrio superior atravs de uma bomba de recalque. Convm lembrar

    ainda que ambos os reservatrios possuam alimentao da rede pblica para complementar o

    abastecimento da gua da chuva em pocas de baixa pluviosidade.

    A tubulao utilizada foi mesma que se utiliza normalmente para a coleta pluvial e o

    abastecimento de gua, variando de 75 a 100 mm na captao de 50 a 40 mm na distribuio.

    Foi implantado ainda um sistema de irrigao inteligente, dotado de sensores externos que

    detectam o percentual de gua no ar, evitando assim que a rega do jardim ocorra durante os

    dias chuvosos. O sistema encontra-se programado para realizar duas regas ao dia, abrangendo

    os 04 setores do jardim e consumindo cerca de 2.400 litros de gua por ciclo.

    FIGURA 6: Captao da guaFONTE: Silveira (2007)

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    34/45

    34

    FIGURA 7:Instalao de ralos como filtroFONTE: Silveira (2007)

    FIGURA 8: Tubulao na lajeFONTE: Silveira (2007)

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    35/45

    35

    FIGURA 9: Acesso ao reservatrio inferiorFONTE: Silveira,2007

    FIGURA 10:Alapo para inspeo do reservatrioFONTE: Silveira,2007

    SENSOR DE UMIDADE: EVITAQUE O SISTEMA DE

    IRRIGAO FUNCIONEDURANTE OS PERODOS DE

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    36/45

    36

    FIGURA 11: Bomba do sistema de irrigao

    FONTE: Silveira, 2007

    FIGURA 12: Painel de controle do sistema de irrigaoFONTE: Silveira, 2007

    BOMBA DE RECALQUE QUEENVIA A GUA AT A CAIXAD`GUA SUPERIOR.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    37/45

    37

    FIGURA 13: Reservatrios superioresFONTE: Silveira, 2007

    FIGURA 14: Posicionamento da tubulao nos reservatriosFONTE: Silveira, 2007

    TUBULAOPROVENIENTE DACALHA. =75

    EXTRAVASOR

    =100 mm.

    TUBULAO DEDISTRIBUIO DEGUA. =50

    TUBULAO DEDISTRIBUIO DEGUA DA COPASA.

    =40

    TUBULAO PROVENIENTEDA CALHA. =75 mm

    EXTRAVASOR QUE DIRECIONAA GUA AT O RESERVATRIOINFERIOR. =100 mm

    TUBULAO DEDISTRIBUIO DE GUA DA

    =

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    38/45

    38

    FIGURA 15: ReservatriosFONTE: Silveira, 2007

    FIGURA 16: Posicionamento da tubulaoFONTE: Silveira, 2007

    REGISTRO DE GUA DA COPASANA CAIXA DE COLETA DE GUAPLUVIAL.

    LADRO DA CAIXA DE GUA FRIAQUE ALIMENTA OS COLETORESSOLARES.

    ENTRADA DE GUA DA COPASA PARATORNEIRA LOCALIZADA NA PARTEEXTERNA DA CASA.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    39/45

    39

    FIGURA 17 Reservatrio para uso dos coletores solaresFONTE: Silveira, 2007

    FIGURA 18: Irrigao do jardimFONTE: Silveira, 2007

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    40/45

    40

    3.6.1 Anlise

    O reaproveitamento da gua da chuva em residncias, alm de ser ecologicamentecorreto, pode ainda ser muito interessante economicamente.

    Em casos como o apresentado, onde h uma rea significativa de irrigao, o

    investimento se torna financeiramente vivel em um menor tempo, uma vez que este uso no

    demanda nenhum tipo de tratamento gua coletada, evitando maiores despesas.

    Os investimentos feitos no mbito estrutural foram irrisrios, visto que o sistema

    aproveitou a prpria estrutura da residncia para ser implantado.

    Quanto esfera hidrulica, os custos tambm no foram significativos j que

    independentemente da instalao de um sistema deste tipo, a residncia deve encaminhar a

    gua pluvial rede pblica coletora, demandando a utilizao de grande quantidade de

    tubulaes. O custo adicional veio da instalao do reservatrio superior, no valor

    aproximado de R$12.000,00 (doze mil reais), e a bomba de recalque, que envia a gua do

    reservatrio inferior para o superior em caso de necessidade.

    Para se avaliar, ento, o custo benefcio do sistema, necessrio considerar apluviometria anual, a rea de captao e a demanda do recurso.

    O ano de 2007 e incio do ano de 2008 apresentaram ndices pluviomtricos muito

    baixos em relao mdia dos anos anteriores. Desta forma foram coletados apenas 50m de

    gua no perodo de chuvas.

    Isto significa que o sistema no atuou em seu estado pleno, ficando os reservatrios,

    na maior parte do tempo, com pouca gua, levando a um consumo de gua da COPASA

    muito alto e gerao de custos extras que poderiam ser evitados.

    Apenas durante duas semanas, quando ocorreram chuvas prolongadas, o reservatrio

    superior conseguiu se manter em seu estado pleno, garantindo uma economia de cerca de

    8.000 litros.

    Estima-se que a economia gerada ao final de 1 (um) ano de funcionamento do sistema

    seja de R$ 1.000,00 (hum mil reais), o que far com que o retorno do investimento ocorra

    somente em aproximadamente 15 anos.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    41/45

    41

    Passa-se ento ao questionamento da eficincia do sistema e busca de alternativas

    para potencializ-lo. A partir do momento em que ele se torna eficiente somente com a

    incidncia de chuvas alternadas, quando a gua captada em um perodo utilizada no outro,

    conclui-se que ele no ser til em reas de baixa pluviosidade ou regies com perodos de

    chuvas curtos. Alm disto, deve-se considerar que mesmo em perodos de chuvas

    prolongadas, uma vez cheio o reservatrio, todo o restante da chuva no ser coletado,

    restringindo a capacidade de coleta ao tamanho do reservatrio.

    Uma sugesto para solucionar esta deficincia conjugao com o sistema de poo

    artesiano que apesar de apresentar alto custo inicial aproximadamente R$20.000,00

    garante fornecimento de gua durante todo o ano.

    O estudo de caso apresentado neste trabalho ilustra o reaproveitamento da gua da

    chuva em uma residncia, demonstrando que alm de ser ecologicamente correto, o sistema

    pode ainda ser muito interessante economicamente. Em casos como o ilustrado, onde h uma

    rea significativa de irrigao, o investimento se torna financeiramente vivel em um menor

    prazo, uma vez que este uso no demanda nenhum tipo de tratamento gua coletada,

    evitando maiores despesas.

    A captao da gua da chuva uma prtica muito difundida em pases como naAustrlia e a Alemanha, aonde novos sistemas vm sendo desenvolvidos, permitindo a

    captao de gua de boa qualidade de maneira simples e bastante eficiente em termos de

    custo-benefcio. A utilizao de gua de chuva traz vrias vantagens:

    Reduo do consumo de gua da rede pblica e do custo de fornecimento da

    mesma;

    Evita a utilizao de gua potvel onde esta no necessria, como por exemplo,

    na descarga de vasos sanitrios, irrigao de jardins, lavagem de pisos, etc;

    Os investimentos de tempo, ateno e dinheiro so mnimos para adotar a captao

    de gua pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento ocorre

    a partir de (2,5) dois anos e meio;

    Faz sentido ecolgica e financeiramente no desperdiar um recurso natural

    escasso em toda a cidade, e disponvel em abundncia em todos os telhados;

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    42/45

    42

    Ajuda a conter as enchentes, represando parte da gua que teria de ser drenada para

    galerias e rios;

    Encoraja a conservao de gua, a auto-suficincia e uma postura ativa perante osproblemas ambientais da cidade.

    Algumas cidades brasileiras j transformaram em lei a captao da gua pluvial. A lei

    municipal de Curitiba-Paran n. 10785 de 18 de setembro de 2003 diz que1:

    "Cria no Municpio de Curitiba, o Programa de Conservao e Uso Racional da gua

    nas Edificaes - PURAE."

    Art. 1. O Programa de Conservao e Uso Racional da gua nas Edificaes

    PURAE tem como objetivo instituir medidas que induzam conservao, uso racional e

    utilizao de fontes alternativas para captao de gua nas novas edificaes, bem como a

    conscientizao dos usurios sobre a importncia da conservao da gua.

    Art. 7. A gua das chuvas ser captada na cobertura das edificaes e encaminhada

    a uma cisterna ou tanque, para ser utilizada em atividades que no requeiram o uso de gua

    tratada, proveniente da Rede Pblica de Abastecimento, tais como:

    rega de jardins e hortas,lavagem de roupa;

    lavagem de veculos;

    lavagem de vidros, caladas e pisos.

    Art. 8. As guas Servidas sero direcionadas, atravs de encanamento prprio, a

    reservatrio destinado a abastecer as descargas dos vasos sanitrios e, apenas aps tal

    utilizao, ser descarregada na rede pblica de esgotos.

    Estabelece normas para a conteno de enchentes e destinao de guas pluviais.

    Artigo 1 - obrigatrio a implantao de sistema para a captao e reteno de

    guas pluviais, coletadas por telhados, coberturas, terraos e pavimentos descobertos, em

    lotes, edificados ou no, que tenham rea impermeabilizada superior a 500m2 (quinhentos

    metros quadrados)...

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    43/45

    43

    Existe ainda a norma NBR-15.527, gua de chuva Aproveitamento de coberturas

    em reas urbanas para fins no potveis Requisitos, instituda em setembro de 2007 pela

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), que prev, entre outras coisas, os

    requisitos para o aproveitamento da gua pluvial coletada em coberturas de reas urbanas e

    aplica-se a usos no potveis em que as guas podem ser utilizadas aps o tratamento

    adequado.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    44/45

    44

    4. CONSIDERAES FINAIS

    Ao final do trabalho possvel avaliar que o reaproveitamento de gua e o uso de guade chuva podem ser uma boa alternativa para minimizar um grande problema que a populao

    pode vir a ter de passar, que a falta de gua para as suas necessidades.

    O Brasil um pas com grandes reservas de gua, o problema est na utilizao de

    gua tratada. Essa gua est cada vez mais escassa, tem ainda o problema de falta de gua em

    algumas cidades muito populosa em poca de seca. Podemos concluir que o reaproveitamento

    da gua, no somente a pluvial, mas tambm das guas servidas, representa uma alternativa

    eficiente e econmica no combate ao desperdcio.

    Como o aumento da demanda pela gua segue seu curso, natural que alternativas

    para seu uso sejam previstas. Nossa contribuio, no mbito da presente proposta, foi projetar

    a ampliao do uso da gua reciclada, expectativa de que, com a comprovao das vantagens

    de seu aproveitamento, tal recurso torne-se uma prtica mais comum, a ponto de as novas

    construes j serem projetadas com a previso do mesmo.

  • 8/8/2019 SUSTENTABILIDADE DAS CONSTRUES

    45/45

    45

    REFERNCIAS BIBLIOGRGICAS

    ARAJO, Mrcio Augusto. A moderna Construo Sustentvel. Artigo publicado em11/02/2005.

    ENGENHARIA. Disponvel em < http://www.sitengenharia.com.br/>. Acesso em maro

    2009.

    FERNANDES, Andr Luiz. Reaproveitamento da gua de chuva. Trabalho acadmico.Belo Horizonte, 2008

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE). Disponvel em . Acesso em Fev/Maio 2009.

    INSTITUTO BRASILEIRO DO MEI AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAISRENOVVEIS (IBAMA). Disponvel em< http://www.ibama.gov.br/patrimonio/> . Acessoem Abril 2009.

    MANETTI, Penlope Duse. Casa Sustentvel: Uma alternativa possvel.

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE. Agncia Nacional de guas. Disponvel em . Acesso em Fev/Maro/Abril 2009.

    MOTA, S. Introduo engenharia ambiental. Rio de Janeiro: ABES, 1997ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS (ONU). Disponvel em< http://www.onu-brasil.org.br/>. Acesso em Abril/Maio 2009.

    REBOUAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. guas doces no Brasil: Capitalecolgico, uso e conservao. Escrituras ed., So Paulo 1999.

    REVISTA TCHNE. Disponvel em < http://www.revistatechne.com.br/index.asp>. Acesso

    em 25 de Maio de 2009.

    SHIKLOMANOV, I. A. 1999. International Hydrological Programme IHP IV/UNESCO, 1998. In: guas doces no Brasil: Capital ecolgico, uso e conservao.Escrituras ed., Rebouas, A. C. et al., 1999