T. Austin Sparks - Visão espiritual

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  • 8/2/2019 T. Austin Sparks - Viso espiritual

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    E-book digitalizado e enviado por: Carlos DinizCom exclusividade para:

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    Sumrio

    Prefcio Edio em Portugus

    Prefcio da Editora dos Clssicos

    Um Testemunho sobre esta Obra

    Captulo 1O Homem Cujos Olhos So Abertos

    Captulo 2O Resultado da Viso Espiritual

    Captulo 3Vendo ao Senhor e Vendo a Ns Mesmos

    Captulo 4O Homem que Recebe Viso Espiritual

    Captulo 5A Causa e a Base da Cegueira

    Captulo 6Buscar a Glria de Cristo como o Filho de Deus

    Captulo 7Ver a Glria de Cristo Como Filho do Homem

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    Prefcio Edio em Portugus

    Assim como A. W. Tozer, T. Austin-Sparks tem sido considerado um dosprofetas de maior projeo da Igreja do sculo XX. Suas obras em ingls soaltamente estimadas na Inglaterra e nas outras regies de lngua inglesa do mundo

    e tm sido acolhidas com abundante louvor por muitos lderes cristos bemconhecidos, incluindo Watchman Nee, da China, e Bakht Singh, da ndia. Por isso,devemos nossa gratido aos responsveis pela publicao desta traduo emportugus.

    O prprio valor intrnseco desta obra assegura que ela ser recebida comapreo. Herdeiro de G. Campbell Morgan e Jessie Penn-Lewis quando jovem, eaprendendo aos ps dessas pessoas, o sr. Sparks tem profundo conhecimento daPalavra de Deus e um discernimento espiritual singular, unidos aos dons deconsiderao original e de vigorosa expresso. Como algum que percebeu o valordas obras de Sparks quando as li pela primeira vez, em ingls, h muitos anos,estou especialmente contente em v-las disponveis em portugus a um amplo

    crculo de leitores, e cordialmente as recomendo a todos os santos de lnguaportuguesa.

    Christian ChenFlushing, NY, abril de 2000

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    Prefcio da Editora dos Clssicos

    Esta obra nos revela, de forma clara e singular, que no terreno da vidaespiritual com Deus existem as seguintes classes de pessoas: os que nasceram

    cegos e nunca viram (Jo 9); os que receberam viso, porm incompleta (Mc 8);aqueles que tm viso real e ntida, mas ainda carecem do esprito de sabedoria ede revelao para atingir uma esfera mais ampla e completa no propsito de Deus(Ef 1); e os que viram e avanaram com Deus, mas, devido ao orgulho, perderam aviso espiritual, porm com um fator adicional: eles pensam que vem, mas estocegos para sua prpria cegueira. Esta foi a tragdia da igreja em Laodicia (Ap 3).

    T. Austin-Sparks desvenda a causa da doena do nosso tempo, da Igreja e doministrio, o resultado da perda da viso espiritual, e que somente a viso governao incio da vida crist e seu crescimento e que ela o segredo para o ministrioabundante.

    "Onde est a voz de autoridade hoje? (...) Estamos desfalecendo

    terrivelmente em cada rea da vida, pela ausncia da voz de autoridade. A igrejaest desfalecendo pela ausncia da voz de autoridade, ausncia daquele tomproftico: 'Assim diz o Senhor!'. O mundo est desfalecendo pela ausncia deautoridade, e essa autoridade est com aqueles que viram."

    Uma obra imperdvel que ajudou muitos a conhecerem melhor ao Senhor eainda surpreende a todos que a lem!

    So Paulo, 05 de abril de 2006

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    Um Testemunho sobre esta Obra

    Em meados dos anos 90 um irmo que eu no conhecia me ligou dizendoque, tendo buscado as obras de Sparks em portugus ou espanhol, havia recebido

    informaes de pases da Europa de que eu as estava publicando. Fiquei surpreso,pois eu no estava fazendo isso.Atravs desse irmo, o Senhor abriu as portas para me relacionar com

    irmos que viviam em Deventer, Holanda, e vinham sendo usados pelo Senhorpara publicar as mensagens de Sparks em ingls e em espanhol, atravs da revistaThe Golden Candlestick, El Candelero de Oro, pela Stichting Godss Akker (Fundaoo Campo de Deus).

    Por esse tempo, tambm recebi do irmo Dlcio Meireles a traduo de Nose Escandalize com o Senhor, de Sparks, com um bilhete que dizia: "Fui tocado peloSenhor para traduzir esta obra, mas entrego ao irmo para public-la".

    Em maio de 1996 eu havia liberado uma srie de mensagens sobre Vinho

    Novo em Odres Novos A Relao entre o Avano da Revelao da Palavra e as'Estruturas" da Igreja e da Obra numa conferncia entre nossos colegas deministrio no mbito da obra em alguns lugares no Brasil. Como vrios irmosdesejaram ter por escrito as mensagens faladas, embora no fosse minha intenoescrever um livro, tomei a liberdade de produzi-lo para servir aos irmos maisprximos. Quando eu j estava por volta da pgina 58, e tambm me preparavapara ministrar a Palavra em outra conferncia, me chegou s mos a mensagemViso Celestial em espanhol.

    Quando comecei a ler, estando ainda nas pginas iniciais, a presena deDeus se manifestou de forma muito forte e percebi que Sua uno me dizia que eudeveria publicar esta obra de Sparks. Foi uma experincia muito singular, pois

    entendi que Deus levantou o ministrio de Sparks de forma especial e que suasmensagens deveriam ser publicadas para Seu povo de lngua portuguesa, quehavia brechas no mbito da obra de Deus, que o ministrio de Sparks eranecessrio para complementar e enriquecer Sua Igreja. Assim, eu me sentia"perseguido por Sparks" e aceitei o forte encargo de publicar suas obras.

    Em maio de 1999 o Senhor me levou Holanda para ter comunhopessoalmente com os irmos que publicavam Sparks e neste tempo iniciamosjuntos a publicao gratuita da revista O Chamamento Celestial, onde, nos trsprimeiros volumes, publicamos integralmente esta obra Viso Espiritual emportugus. Entretanto, somente agora, passados alguns anos, me sinto plenamenterealizado com a publicao integral desta obra em forma de livro e, assim, poder

    alcanar um pblico bem mais amplo.Em abril de 2000 publicamos a primeira obra de Sparks em portugus em

    forma de livro, O Testemunho do Senhor e a Necessidade do Mundo, que oprimeiro volume desta Srie Riquezas de Cristo. Nela voc encontrar umapequena biografia de Sparks, que vale a pena ser lida. O prefcio verso emportugus foi feito por Christian Chen, a quem muito agradecemos no Senhor porsua sempre presente colaborao, e est inserido nesta obra.

    Finalmente, s nos resta agradecer a Deus por Sua maravilhosa graa ecuidado em nos guiar na publicao desta rica contribuio ao Corpo de Cristo.

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    Estamos diante de uma obra especial, de um rico ministrio que tem sido usadopara abenoar e transformar muitos dos servos do Senhor ao redor do mundo. Quepossamos l-la em orao e em esprito para tocarmos em sua uno e riquezasespirituais por trs das letras.

    Ao Senhor toda glria!Unicamente pelos interesses de Cristo,

    Gerson LimaSo Paulo, 29 de maro de 2006.Captulo 1

    O Homem Cujos Olhos So Abertos

    "Ento, o Senhor abriu os olhos a Balao, ele viu o Anjo do Senhor, queestava no caminho, com a sua espada desembainhada na mo; pelo que inclinou acabea e prostrou-se com o rosto em terra" (Nm 22:31).

    "Proferiu a sua palavra e disse: Palavra de Balao, filho de Beor, palavra dohomem de olhos abertos; palavra daquele que ouve os ditos de Deus, o que tem aviso do Todo-Poderoso e prostra-se, porm de olhos abertos..." (Nm 24:3, 4).

    "E foram para Jerico. Quando ele saa de Jerico, juntamente com os discpulose numerosa multido, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado beira do caminho... Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faa? Respondeu ocego: Mestre, que eu torne a ver. Ento, Jesus lhe disse: Vai, a tua f te salvou. Eimediatamente tornou a ver e seguia Jesus estrada afora" (Mc 10:46, 51, 52).

    "Jesus, tomando o cego pela mo, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhesaliva aos olhos e impondo-lhe as mos, perguntou-lhe: Vs alguma coisa? Este,recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como rvores os vejo,andando. Ento, novamente lhe ps as mos nos olhos, e ele, passando a verclaramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito" (Mc 8:23-25).

    "Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascena... dizendo-lhe: Vai,

    lava-te no tanque de Silo (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltouvendo... Ele retrucou: Se pecador, no sei; uma coisa sei: eu era cego e agoravejo" (Jo 9:1, 7, 25).

    "...para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glria, vos concedaesprito de sabedoria e de revelao no pleno conhecimento dele, iluminados osolhos do vosso corao, para saberdes qual a esperana do seu chamamento,qual a riqueza da glria da sua herana nos santos..." (Ef 1:17, 18).

    "Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para teenriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que no seja manifestaa vergonha da tua nudez, e colrio para ungires os olhos, a fim de que vejas" (Ap3:18).

    ".. .para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e dapotestade de Satans para Deus, a fim de que recebam eles remisso de pecados eherana entre os que so santificados pela f em mim" (At 26:18).

    Creio que a frase usada por Balao se encaixa muito bem no incio da nossapresente meditao: "O homem cujos olhos so abertos".

    A CAUSA DA DOENA DO NOSSO TEMPO

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    Quando contemplamos o estado de coisas no mundo hoje, ficamosprofundamente impressionados e oprimidos com a prevalecente doena dacegueira espiritual. Ela a causa da doena do nosso tempo. No estaramos muitoerrados se dissssemos que a maior parte dos problemas, se no todos, que omundo est sofrendo tem sua origem naquela raiz: a cegueira1. As multides estocegas; no h dvida sobre isso. Num dia em que se imagina ser um dia de

    inigualvel iluminao, as multides esto cegas. Os lderes esto cegos; guiascegos guiando outros cegos. Mas numa grande escala, o mesmo verdadeiro comrespeito ao povo de Deus. Falando de modo geral, os cristos hoje so muito cegos.

    UM EXAME GERAL DO TERRENO DA CEGUEIRA ESPIRITUAL

    As passagens que lemos cobrem de modo geral uma grande parte, se no foro todo, do terreno da cegueira espiritual. Elas comeam com aqueles que nuncaviram, que nasceram cegos.

    Depois h aqueles que receberam viso, mas no esto vendo muito, isto ,no claramente "homens andando como rvores" , mas chegam a ver maisperfeitamente mediante uma posterior obra da graa.

    Depois h aqueles que tm viso real e ntida, mas para quem uma esferaampla do pensamento e propsito divino ainda aguarda uma obra mais completado Esprito Santo.

    ".. .para .. .que vos conceda esprito de sabedoria e de revelao no plenoconhecimento dele, iluminados os olhos do vosso corao, para saberdes qual aesperana do seu chamamento, qual a riqueza da glria da sua herana nos santose qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos..." (Ef 1:17-19).

    Estas palavras so dirigidas a pessoas que tm viso, mas para as quais estaampla esfera de significado divino aguarda que conheam uma obra mais plena doEsprito Santo, na questo da viso espiritual.

    Em seguida esto aqueles que viram e seguiram, mas perderam a visoespiritual que uma vez possuram e agora esto cegos, mas com um fator adicional:eles pensam que vem e esto cegos para sua prpria cegueira. Esta foi a tragdiade Laodicia.

    Depois vm aquelas duas classes representadas por Balao e Saulo de Tarso.Balao, cegado pelo lucro, ou pela possibilidade de lucro. Esse, creio eu, osignificado no Novo Testamento para a expresso "seguir o caminho de Balao". E

    ficar to tomado com a questo do ganho e da perda, a ponto de ficar cego para osgrandes projetos e propsitos de Deus, no vendo o prprio Senhor no caminho e,por meio dessa cegueira, chegando perto de ser ferido no trajeto. A declarao aqui muito definida. Balao no viu o Senhor at o Senhor lhe abrir os olhos; ento eleviu o Senhor. "O Anjo do Senhor", como est no texto. Eu no tenho muita dvidade que seja o prprio Senhor. Ento ele viu.

    1Escrito em 1942, Segunda Guerra Mundial.

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    Mais tarde ele fez aquela dupla declarao sobre o assunto: "O homem deolhos abertos" e "prostra-se, porm de olhos abertos". Tal Balao, um homemcegado por consideraes de um carter pessoal, de uma natureza pessoal, decomo as coisas o afetariam. E como tais consideraes cegam onde as questesespirituais esto envolvidas!

    Se voc ou eu estacionarmos nesta questo, estaremos em mui grande

    perigo. Se apenas por um momento permitirmos ser influenciados por tais questescomo: De que modo isso me afetar? Quanto isso me custar? O que vou ganhar ouperder com isso?, este o momento em que as trevas podem tomar posse dosnossos coraes e a seguimos no caminho de Balao.

    Bem, por outro lado temos Saulo de Tarso. No h dvidas quanto suacegueira. Sua cegueira era seu zelo religioso, seu zelo por Deus, seu zelo pelatradio, seu zelo por sua religio histrica, seu zelo pelo estabelecido e aceito nomundo religioso. Era um zelo cego, sobre o qual mais tarde precisou falar: "Naverdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome deJesus, o Nazareno..." (At 26:9). "A mim me parecia" que "eu devia". Que reviravoltatremenda aconteceu quando ele descobriu que as coisas que ele pensava e

    apaixonadamente pensava que devia fazer, a fim de agradar a Deus e satisfazersua prpria conscincia, eram totalmente opostas a Deus e ao caminho do bem eda verdade. Certamente Saulo permanece como uma advertncia constante paratodos ns de que o zelo por alguma coisa no prova necessariamente que certacoisa correta e que estamos no caminho certo. Nosso prprio zelo em si mesmopode ser algo que cega e nossa devoo pela tradio a nossa cegueira.

    Creio que os olhos tm um lugar muito amplo na vida de Paulo. Quando seusolhos foram abertos espiritualmente, seus olhos foram cegados naturalmente, epodemos usar isso como uma metfora. A utilizao dos olhos religiosos naturaisextremamente fortes pode ser apenas uma indicao de quo cegos somos, e podeser que, quando tais olhos naturais religiosos forem cegados, veremos algo, e s

    quando isso acontecer que veremos algo.Para muitas pessoas o que as impede de ver o fato de verem demais nadireo errada. Elas esto vendo com sentidos naturais, faculdades naturais darazo, intelecto e . do conhecimento; tudo isso est no caminho.

    Paulo se levanta para nos dizer que, algumas vezes, para vermos emrealidade, necessrio ficarmos cegos. evidente que isso deixou sua marca nele,assim como o dedo do Senhor deixou Sua marca em Jac, para o resto de sua vida.Paulo esteve na Galcia e mais tarde escreveu sua carta a eles: "Pois vos doutestemunho de que, se possvel fora, tereis arrancado os prprios olhos para mosdar" (4:15). Ele est dizendo que eles notaram sua aflio, estavam conscientesdaquela marca que se estendeu desde o caminho de Damasco e sentiram por ele

    tanto que, se fosse possvel, teriam arrancado os olhos para dar a ele.Mas maravilhoso que a comisso que Paulo recebeu quando foinaturalmente cegado no caminho de Damasco foi toda sobre os olhos. Ele ficoucego e outros o levaram pela mo para Damasco. Mas o Senhor nesta hora lhedisse: ".. .para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres dastrevas para a luz e da potestade de Satans para Deus..." (At 26:17, 18).

    Estas passagens trazem suas prprias mensagens a ns, mas elas cobrem oterreno de forma bem geral em relao viso espiritual. Existem, naturalmente,

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    muitos detalhes, mas no procuraremos examin-los no momento. Prosseguiremoscom esta considerao geral.

    A VISO ESPIRITUAL SEMPRE UM MILAGRE

    Depois de cobrirmos todo o terreno de modo geral, voltamos para observar

    uma caracterstica particular e peculiar em cada caso, que : a viso espiritual sempre um milagre. Este fato leva com ele todo o significado da vinda do Filho deDeus a este mundo. A prpria justificativa para a vinda do Senhor Jesus Cristo aeste mundo encontrada naquilo que est estabelecido na Palavra de Deus, pois uma questo resolvida para o prprio Deus que o homem agora nasce cego: "Euvim como luz para o mundo" (Jo 12:46); "Eu sou a luz do mundo" (9:5). Essadeclarao, como voc sabe, foi feita exatamente naquela parte do Evangelho deJoo onde o Senhor Jesus est lidando com a cegueira. "Enquanto estou no mundo,sou a luz do mundo" (9:5) e Ele ilustrou isso lidando com o homem que nasceucego.

    De modo que a viso espiritual sempre um milagre do cu. Isso significa

    que aquele que v espiritualmente tem um milagre logo no fundamento da suavida. Toda a sua vida espiritual brota de um milagre, e o milagre de receber aviso nos olhos que nunca viram. E exatamente aqui que a vida espiritual comea,onde a vida crist tem seu incio: no ver.

    E qualquer que prega deve ter este milagre em sua histria. O que pregadepende totalmente desse milagre se repetir no caso de todos aqueles que oouvem. Nesse aspecto ele totalmente impotente e tolo. Talvez seja aqui que, numsentido, descobrimos "a loucura da pregao".

    Um homem pode ter visto e pode estar pregando o que ele viu, mas nenhumdos que o ouvem viu ou v o que ele viu. Assim ele est dizendo aos cegos:"Vejam!". E eles no vem. Ele depende inteiramente do Esprito de Deus vir e

    realizar um milagre nesse momento e nesse lugar. A menos que este milagre sejarealizado, sua pregao v no tocante ao resultado desejado.No sei o que voc diz quando chega a uma reunio e curva sua cabea para

    orar, mas fao uma sugesto. Ali pode estar sendo apresentado aquilo que veio deum milagre naquele que est pregando ou ensinando e voc pode perder tudo. Asugesto que voc pea sempre ao Esprito Santo para operar aquele milagre emvoc novamente nesta hora, para que possa ver.

    Vamos prosseguir um pouco mais. Cada parte de uma nova viso uma obrado cu. No algo feito plenamente de uma vez por todas. E possvelprosseguirmos vendo e vendo, e vendo ainda mais plenamente, mas com cadanovo fragmento da verdade, esta obra que no est em nosso poder deve ser

    realizada. A vida espiritual no um milagre apenas em seu comeo; um milagrecontnuo nesse sentido at o final. E isso que brota das passagens que lemos.Um homem pode ter tido um toque, e, embora fosse cego antes, sem nada

    ver, agora ele v. Entretanto ele v apenas um pouco, tanto na medida quanto naextenso, e, por isso, v imperfeitamente. Ainda existe certa quantidade dedistoro a respeito da sua viso. Outro toque do cu necessrio, a fim de que elepossa ver todas as coisas correta e perfeitamente. Mas mesmo assim no o fim,pois aqueles que esto vendo as coisas correta e perfeitamente, dentro daquelamedida, ainda tm possibilidades de Deus de ver tais vastas extenses. Mas ainda

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    se necessita de um esprito de sabedoria e de revelao para realiz-lo. Por todo ocaminho isso algo do cu. E quem o conseguiria de outro modo? Porque no apermanncia constante desse elemento milagroso que d verdadeira vidaespiritual seu real valor?

    O RESULTADO DA PERDA DA VISO ESPIRITUAL

    Agora chegamos quela palavra final. Perder a viso espiritual perder acaracterstica sobrenatural da vida espiritual, e isso produz a situao de Laodicia.Se voc buscar entrar no mago dessa questo, esse estado de coisasrepresentado por Laodicia, nem quente nem frio, o estado que leva o Senhor adizer: "Vomitar-te-ei da minha boca", e se voc disser: "Por que assim? O queest por trs disso?", s uma coisa responde: a caracterstica sobrenatural foiperdida e desceu para a terra; algo religioso, mas saiu do seu lugar celestial. Eento, podemos ver, vem a reao correspondente aos vencedores em Laodicia:"Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono". Voc desceu bastante emseu caminho para a terra e perdeu sua caracterstica celestial. Todavia, para os

    vencedores no meio de tais condies h um lugar acima, mostrando opensamento do Senhor contra esta condio. Perder a viso espiritual perder acaracterstica sobrenatural da vida espiritual. Quando isso termina, no importaquo religioso voc seja, o Senhor tem apenas uma palavra a dizer: compre colrio;essa a sua necessidade.

    A NECESSIDADE DO NOSSO TEMPO

    Isso nos traz necessidade do nosso tempo, a necessidade que naturalmente de toda hora, de todo dia, de toda era.

    Mas estamos mais e mais conscientes dessa necessidade em nossa poca.

    Num sentido, podemos dizer que nunca houve um tempo em que houvesse umanecessidade maior de pessoas que pudessem e possam dizer: "Eu vejo!". Essa anecessidade desse momento. Grande e terrvel essa necessidade, e antes que elaseja satisfeita no haver qualquer esperana. A esperana se prende nisto: quepessoas sejam levantadas neste mundo, neste mundo negro de confuso, caos,tragdia e contradio, pessoas que possam dizer: "Eu vejo!". Se hoje se levantasseum homem que tivesse posio para exercer influncia e ser levado emconsiderao, um homem que viu, que nova esperana surgiria com ele! Que novaperspectiva! Essa a necessidade; se ela ser satisfeita de forma pblica, nacionalou internacional, eu no sei. Mas ela precisa ser satisfeita de forma espiritual porpessoas desta terra que estejam nesta posio e possam dizer: "Eu vejo!".

    O cristianismo se tornou amplamente uma tradio. A verdade foi dividida emverdades e colocada num Livro Dourado, o Livro Dourado da Doutrina Evanglica,uma coisa fixa e cercada. Estas so as doutrinas evanglicas. Elas estabelecem oslimites do cristianismo evanglico em pregao e ensino. Sim, so apresentadasem muitas e variadas formas. So servidas com piadas e ilustraes interessantese atrativas e com originalidade e singularidade estudadas, de tal forma que asantigas verdades no sejam to patentes. Tm alguma chance de serementendidas por causa das roupagens com que so vestidas. Depende tambm dahabilidade e personalidade do pregador ou mestre. As pessoas dizem: "Gosto do

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    seu estilo, da sua maneira, do seu modo de dizer as coisas!" e depende muitodisso. Todavia, quando todos esses farrapos so despidos, junto com as histrias,as piadas, as ilustraes, a personalidade e habilidade do pregador ou mestre,quando tudo tirado voc simplesmente ganha de novo as velhas coisas. Algunsde ns tambm viemos e superamos o ltimo pregador na maneira de apresent-las para que estas coisas ganhem alguma aceitao e causem alguma impresso.

    No creio que isso seja uma crtica negativa, porque isso apenas a realidade.Ningum vai imaginar que estou pedindo para mudar ou desfazer das antigasverdades.

    Mas o que estou tentando alcanar isto: no so novas verdades, nem amudana da verdade e sim que haja aqueles que, ao apresentar a verdade, possamser reconhecidos por aqueles que ouvem como homens que viram. Nisso est todaa diferena. No so homens que leram, estudaram e prepararam, mas homensque viram, a respeito dos quais existe o que encontramos em Joo 9, o elemento deassombro: "Se pecador, no sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo". E vocsabe se uma pessoa viu ou no, de onde veio e como veio. Esta a necessidade:aquele algo, aquele algo indefinido, que resulta em assombro e que voc tem que

    dizer: "Aquele homem viu algo, aquela mulher viu algo!". esse fator do "ver" quefaz toda a diferena.Sim, algo bem maior do que voc e eu tenhamos desfrutado. Permita-me

    dizer-lhe de imediato que todo o inferno se une contra isso, e o homem cujos olhosforam abertos vai enfrentar o inferno. Este homem em Joo 9 teve que encar-lo deimediato. Eles o lanaram fora e at seus pais temeram ficar do lado dele, porcausa do preo. "Ele tem idade; perguntai-o." "Sim, este nosso filho, mas nopressionem demais e no nos envolvam nisso; ide a ele, esclarecei tudo com ele edeixem-nos em paz." Eles viram um sinal de perigo e estavam tentando evitar aquesto. Existe um preo para ver e pode custar tudo, por causa do grande valorde ver o Senhor e por ser oposto a Satans, o deus dessa era, que cegou as mentes

    dos no-crentes. Nisso a obra do diabo desfeita. "Envio-te para lhes abrires osolhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satans para Deus."Satans no vai aceitar isso, nem no incio nem em qualquer medida. Ter visoespiritual algo tremendo. Mas que grande necessidade hoje de homens emulheres que possam permanecer espiritualmente na posio em que ficou estehomem e dizer: "Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo". E algo grande estarnessa posio. Quanto eu no sei, mas uma coisa eu sei: eu vejo! Isso algo queno acontecia antes. Tal experincia produz um impacto, uma certeza. Vida e luzsempre andam juntas na Palavra de Deus. Se um homem realmente v, existe vidae elevao. Se ele est dando a voc algo de segunda mo, algo estudado, lido,trabalhado, no existe vida nisso, a no ser talvez um falso e temporrio interesse

    e fascinao passageira. Mas no existe vida real que faz as pessoas viverem.De modo que no se trata de pedir para mudar a verdade ou de ter novasverdades, mas sim da viso espiritual na verdade. "O Senhor ainda tem mais luz everdade para brotar da Sua Palavra", o que realmente verdade. Permita-medesfazer daquela coisa que nos tem sido imputada, se que posso. No buscamosnova revelao, tampouco dizemos, sugerimos ou damos a entender que voc podeter algo fora da Palavra de Deus. Todavia, afirmamos que existem muitssimascoisas que no vimos na Palavra de Deus, mas podemos ver. Certamente todosconcordam com isso e s isso mesmo: ver, e quanto mais voc v, realmente v,

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    mais esmagado voc se sente com respeito coisa toda, porque voc sabe quechegou divisa da terra de grandes distncias, que est alm do poder daexperincia de um perodo de vida to curto.

    Agora, para concluir, deixe-me repetir que, em cada estgio, desde o incioat a consumao, a vida espiritual deve ter este segredo nela: eu vejo! Logo noprincpio, quando nascemos de novo, esta deveria ser a expresso ou

    pronunciamento espontneo na vida. Nossa vida crist deve comear ali. Mas portodo o caminho at a consumao final deve ser assim, o resultado desse milagre,de tal forma que voc e eu sejamos mantidos nesta atmosfera de assombro, o fatorassombro repetido muitas vezes, tornando cada nova ocasio como se fosse algoque nunca tivssemos visto.

    Mas posso dizer tambm que geralmente uma nova manifestao do Espritodessa forma vem depois do escurecimento de tudo o que aconteceu antes. Pareceque o Senhor tem que torn-lo necessrio, a fim de chegarmos ao ponto de clamar:"A menos que o Senhor mostre, a menos que o Senhor revele, a menos que oSenhor faa algo novo, tudo o que dantes aconteceu como nada. Nada disso mesalvar agora!". Assim Ele nos conduz a um lugar escuro, um perodo escuro.

    Sentimos que aquilo que aconteceu antes perdeu o poder que tinha para nos tornaralegres e triunfantes. Essa a maneira de o Senhor nos manter avanando. Se nosfosse permitido continuar satisfeitos com o que alcanamos em qualquer estgio, eno sentssemos a necessidade absoluta de algo que nunca tivemos, ser queprosseguiramos? Certamente que no! Para nos manter prosseguindo o Senhortem que introduzir aquelas experincias em que absolutamente necessrio quevejamos o Senhor e O conheamos de uma maneira nova. Isso deve ser assim portodo o nosso caminho at o fim. Pode ser uma srie de crises de ver e vernovamente e novamente ver, medida que o Senhor abre nossos olhos e sejamoscapacitados a dizer como nunca dissemos antes: "Eu vejo!". De modo que no onosso estudo, nosso aprendizado, nosso conhecimento de livros, mas sim um

    esprito de sabedoria e de revelao no conhecimento dEle, os olhos do coraoiluminados. E esse "ver" que manifesta o tom de autoridade to necessrio. Esse o elemento, a caracterstica exigida hoje. No apenas o ver pelo fato de ver, massim a introduo de um novo tom de autoridade.

    Onde est a voz de autoridade hoje? Onde esto aqueles que esto falandocom autoridade? Estamos desfalecendo terrivelmente em cada rea da vida, pelaausncia da voz de autoridade. A igreja est desfalecendo pela ausncia da voz deautoridade, ausncia daquele tom proftico: "Assim diz o Senhor!". O mundo estdesfalecendo pela ausncia de autoridade, e essa autoridade est com aqueles queviram. Existe mais autoridade no homem nascido cego que v, em seu testemunho uma coisa eu sei: eu era cego, mas agora vejo -, do que em todo o Israel com

    toda a sua tradio e conhecimento. E no seria isso que tinha tanto peso arespeito do Senhor Jesus? Pois "ele as ensinava como quem tem autoridade e nocomo os escribas" (Mt 7:29). Isso bastante hostil. Os escribas eram asautoridades; se algum quisesse uma interpretao da lei, ele ia aos escribas. Sequisesse saber qual era a posio autorizada, ele ia aos escribas. Mas Ele falavacom algum que tinha autoridade e no como os escribas. De onde vinha talautoridade? Simplesmente porque em todas as coisas Ele podia dizer: "Eu sei!".No o que tenho lido, o que me foi contado, o que estudei, mas sim isto: "Eu sei!Eu vi!".

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    Que o Senhor faa de cada um de ns pessoas cujos olhos foram abertos.

    Captulo 2O Resultado da Viso Espiritual

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    "Proferiu a sua palavra e disse: Palavra de Balao, filho de Beor, palavra dohomem de olhos abertos; palavra daquele que ouve os ditos de Deus, o que tem aviso do Todo-Poderoso e prostra-se, porm de olhos abertos..." (Nm 24:3,4).

    "E foram para Jerico. Quando ele saa de Jerico, juntamente com os discpulose numerosa multido, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado beira do caminho... Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faa? Respondeu o

    cego: Mestre, que eu torne a ver. Ento, Jesus lhe disse: Vai, a tua f te salvou. Eimediatamente tornou a ver e seguia Jesus estrada afora" (Mc 10:46, 51,52)."Jesus, tomando o cego pela mo, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe

    saliva aos olhos e impondo-lhe as mos, perguntou-lhe: Vs alguma coisa? Este,recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como rvores os vejo,andando. Ento, novamente lhe ps as mos nos olhos, e ele, passando a verclaramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito" (Mc 8:23-25).

    "Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascena... dizendo-lhe: Vai,lava-te no tanque de Silo (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltouvendo... Ele retrucou: Se pecador, no sei; uma coisa sei: eu era cego e agoravejo" (Jo 9:1, 7, 25).

    "...para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glria, vos concedaesprito de sabedoria e de revelao no pleno conhecimento dele, iluminados osolhos do vosso corao, para saberdes qual a esperana do seu chamamento,qual a riqueza da glria da sua herana nos santos e qual a suprema grandeza doseu poder para com os que cremos, segundo a eficcia da fora do seu poder" (Ef1:17-19).

    ".. .pois dizes: Estou rico e abastado e no preciso de coisa alguma, e nemsabes que tu s infeliz, sim, miservel, pobre, cego e nu" (Ap 3:17).

    "... livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhesabrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanspara Deus, a fim de que recebam eles remisso de pecados e herana entre os que

    so santificados pela f em mim" (At 26:17, 18).

    Logo no incio da nossa meditao anterior estivemos falando da causa dadoena do nosso tempo, que a cegueira espiritual. Tomamos aquelas passagensque lemos e observamos como elas, de forma geral, cobrem todo o terreno dacegueira e da viso espiritual. Depois passamos a falar sobre o fator comum nestescasos que : a viso espiritual sempre um milagre.

    Ningum tem verdadeira viso espiritual por natureza. Ela algo que vem docu como uma ao direta de Deus; uma faculdade que no est aquinaturalmente, mas tem que ser criada. De modo que a prpria justificao para avinda de Cristo do cu a este mundo achada neste fato: o homem nasce cego e

    precisa de um visitante do cu para lhe dar viso.Por fim, vimos que perder a viso espiritual perder o elemento sobrenaturalna vida crist; este era o problema de Laodicia. Prosseguimos vendo que a grandenecessidade da poca de cristos que realmente possam dizer: Eu vejo! Penseem voc nascendo cego e vivendo talvez at a maturidade sem ter visto nada nemningum e, de repente, seus olhos so abertos para ver tudo e todos. O sentimentode assombro estaria ali. O mundo seria um mundo maravilhoso.

    Imagino que quando aquele homem em Joo 9 foi para casa, ele diziaconstantemente: "E maravilhoso ver as pessoas e todas estas coisas!".

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    A Carta aos Glatas pode ser resumida assim: o cristo no algum que fazisso e aquilo e deixa de fazer isso e aquilo por serem coisas proibidas. O cristo no algum governado pelas coisas exteriores de um modo de vida, uma ordem, umsistema legalstico que diz: "Voc deve e voc no deve". O cristo est includonesta declarao: "... aprouve [a Deus] revelar seu Filho em mim..." (Gl 1:15, 16).Esta apenas outra forma de dizer: "Ele abriu meus olhos para ver a Jesus", pois as

    duas coisas so idnticas.A estrada de Damasco o lugar. "Quem s, Senhor? Eu sou Jesus de Nazar.""Aprouve [a Deus] revelar seu Filho em mim." Isso uma e a mesma coisa. Ver deforma interior: isso faz um cristo! "Deus... resplandeceu em nosso corao, parailuminao do conhecimento da glria de Deus, na face de Cristo" (II Co 4:6). "Emnosso corao." Cristo, assim comunicado e revelado no interior, o que faz umcristo. O cristo far ou no far certas coisas no pela anunciao de certas leiscrists, muito menos pelas judaicas, mas conforme a direo interior do EspritoSanto,, por Cristo no corao. E isso que faz um cristo e nisso lanado ofundamento para todo o resto, at a consumao, porque ser apenas isso deforma crescente. Assim o fundamento deve ser conforme a superestrutura. Tudo

    faz parte de uma pea. E ver e ver a Cristo.Esta uma declarao ousada sobre a qual muito mais poderia ser dito. Mas um desafio. Temos que nos perguntar: sobre qual fundamento descansa a nossavida crist? E sobre algo exterior, algo que lemos, algo que nos foi contado, algoque nos foi ordenado, algo que nos amedrontou ou emocionou, ou tem como baseisto: "Aprouve [a Deus} revelar seu Filho em mim"? Quando eu O vi, vi que pecadoreu sou e tambm vi que Salvador Ele . Isso aconteceu porque eu O vi!

    Sei como isso elementar para uma conferncia de cristos, mas s vezes bom examinar nossos fundamentos. Nunca samos desses fundamentos. Novamos crescer e nos tornar to maravilhosos a ponto de deixar tudo para trs. Tudofaz parte de uma pea s. No quero dizer que permanecemos nesse estgio

    elementar toda nossa vida, mas levamos o carter dos nossos fundamentos at ofim. A graa que lanou o fundamento trar a pedra de arremate com aclamaesde "graa, graa!". Tudo ser isto: a graa de Deus abrindo nossos olhos. No voume deter mais nesse ponto.

    A VISO GOVERNA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

    Vamos passar para o crescimento. Como o incio pelo ver, assim tambm o crescimento. O crescimento espiritual vem atravs do ver. Desejo que voc pensenisso. Temos que ver se desejamos crescer. O que crescimento espiritual?Responda cuidadosamente em seu corao. Penso que algumas pessoas imaginam

    que o crescimento espiritual adquirir cada vez mais verdades. No, nonecessariamente. Voc pode crescer em tal conhecimento medida que cresce,mas no apenas isso. O que crescimento? E ser conformado na imagem do Filhode Deus. Este o fim e nessa direo que estamos nos movendo de formaprogressiva, firme e consistente.

    Crescimento pleno, maturidade espiritual sermos feitos conforme a imagemdo Filho de Deus. Isso crescimento. Ento, se for assim, Paulo nos diz: "E todosns, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glria do Senhor,

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    somos transformados, de glria em glria, na sua prpria imagem, como peloSenhor, o Esprito" (II Co 3:18). Somos conformados pelo ver e crescemos pelo ver.

    O MINISTRIO DO ESPRITO SANTO

    Ora, o que foi dito anteriormente contm um princpio precioso e profundo.

    Como podemos ilustr-lo? Penso que com o prprio texto que foi citado. A ltimafrase nos d a chave: "Como pelo Senhor, o Esprito".Espero no estar fazendo uso de uma ilustrao muito trivial ao tentar ajudar

    neste aspecto, quando me volto para Elizer, servo de Abrao, Isaque e Rebeca,aquele romance clssico do Antigo Testamento. Voc se lembra do dia em queAbrao, ficando velho, chamou seu mordomo fiel, Elizer, e lhe disse: "Pe a mopor baixo da minha coxa, para que eu te faa jurar pelo Senhor, Deus do cu e daterra, que no tomaras esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre osquais habito; mas irs minha parentela e da tomaras esposa para Isaque, meufilho" (Gn 24:2-4). E ele jurou.

    Ento Eliezr saiu, como voc sabe, com os camelos para o distante pas do

    outro lado do deserto, orando enquanto ia, para que o Senhor prosperasse seucaminho e lhe desse um sinal. O sinal foi dado junto ao poo. Rebeca correspondeuao sinal de Eliezr e depois de estar um pouco com a famlia enfrentou o desafio demaneira muito clara e decidiu ir com ele. Pelo caminho ele apresentou os seustesouros, coisas da casa do seu senhor, coisas do filho do seu senhor e as mostroua ela, ocupando-a todo o tempo com o filho do seu senhor e com as coisas queindicavam que filho ele era, quais eram os seus bens e em que tipo de situao elaestava entrando. Isso perdurou por todo o deserto, at alcanarem o outro lado echegarem regio da casa de Abrao. Isaque estava no campo meditando; eleslevantaram os olhos e viram, e o servo disse: "L est ele! Aquele de quem estivelhe falando todo o tempo; o dono de tudo o que estive lhe mostrando. L est ele!".

    E Rebeca desceu do camelo.Voc acha que ela se sentiu estranha, como se tivesse vindo de um pasdistante? Creio que o efeito do ministrio de Elizer foi fazer com que ela sesentisse bem em casa, fazer com que ela sentisse como se conhecesse o homemcom quem ia se casar. Ela no sentiu nenhuma estranheza, aflio ou qualquerelemento estranho sobre isso. Podemos dizer que os dois, Isaque e Rebeca,simplesmente se amalgamaram? Foi a consumao do processo.

    "Como pelo Senhor, o Esprito." O Senhor Jesus disse: ".. .quando vier, porm,o Esprito da verdade... no falar por si mesmo, mas dir tudo o que tiver ouvido...porque h de receber do que meu e vo-lo h de anunciar" (Jo 16:13, 14). OEsprito, o servo fiel da casa do Pai, veio atravs do deserto para encontrar uma

    noiva para o Filho, da Sua prpria parentela. Sim, existe lugar para assombro aqui."Visto, pois, que os filhos tm participao comum de carne e sangue, destestambm ele, igualmente, participou. .." (Hb 2:14); "Pois, tanto o que santifica comoos que so santificados, todos vm de um s" (Hb 2:11).

    O Esprito veio para adquirir esta noiva agora, que seja uma com Ele, Suacarne e Seu osso. Mas o Esprito deseja estar nos ocupando todo o tempo com oSenhor Jesus, mostrando-nos Suas coisas. Com que fim? Para que no sejamoscomo estranhos quando O encontrarmos; para no sentirmos que somos de um tipoe Ele de outro, mas para que seja exatamente assim: "Este o ltimo passo dos

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    muitos anteriores que conduziram a ele, e cada passo tem feito com que estaunidade seja mais perfeita e esta harmonia mais completa".

    No final, sem qualquer grande crise, simplesmente entremos. Temosprosseguido o tempo todo, e este o ltimo passo. Isso conformidade Suaimagem; isso crescimento espiritual: chegar a conhecer o Senhor, tornar-se comoEle, chegando a estar perfeitamente vontade com Ele, de modo a no haver

    choque, nem estranheza, nem discrdia, nem distncia. Unio com nosso SenhorJesus, sendo aprofundada todo o tempo at a consumao: isso crescimentoespiritual. Como voc v, algo interior novamente e simplesmente odesenvolvimento daquela iniciao, daquele incio. Vimos e estamos vendo, evendo e vendo, e enquanto estamos vendo somos transformados.

    Isso verdade a respeito de tudo o que voc pensa que v? Temos que fazerum teste de tudo o que pensamos que vemos e conhecemos, por meio do seuefeito em nossas vidas. Voc e eu podemos ter uma quantidade enorme do quepensamos ser conhecimento espiritual. Temos todas as doutrinas, todas asverdades, podemos recitar as principais doutrinas evanglicas; mas qual oresultado? No ver, amado, no sentido espiritual, se no somos transformados.

    Esta a tragdia de muitos que tm todas essas coisas, mas so to pequenos, todbeis, to desagradveis, to cruis, to legalistas.Sim, ver ser transformado, e se isso no acontecer no ver. Seria muito

    melhor se fssemos despojados de tudo isso e levados exatamente ao ponto ondevemos apenas aquele pouquinho que faz grande diferena. Devemos ser bemhonestos com Deus sobre isso. No prefervel ter apenas um pouquinho de visoespiritual que tenha cem por cento de eficcia, do que uma montanha deconhecimento com noventa por cento que no serve para nada?

    Devemos pedir ao Senhor que nos livre de avanar alm da vida espiritual,quero dizer, avanar no aspecto do conhecimento, uma espcie de conhecimentoque presume conhecer. Voc sabe o que quero dizer. O ver real, diz Paulo, ser

    transformado, e ser transformado uma questo de ver, como pelo Senhor, oEsprito. Portanto, devemos orar para ver.Alguns de ns conhecamos nossa Bblia, nosso Novo Testamento,

    conhecamos Romanos, Efsios; isto , pensvamos que conhecamos. Podamosat mesmo dar aulas de Bblia e desses livros e sobre as verdades neles contidas, eassim fizemos por muitos anos. Ento um dia ns vimos, e as pessoas viram quetnhamos visto e disseram: o que aconteceu com este ministro? Ele no estdizendo nada diferente do que sempre disse, mas h uma diferena; ele viu algo! Eisso.

    A VISO GOVERNA O MINISTRIO

    E naturalmente isso nos leva ao prximo ponto, embora seja numa brevepalavra. O que verdadeiro com respeito ao incio da vida crist, o que verdadeiro com respeito ao verdadeiro crescimento, tambm verdadeiro comrespeito questo do ministrio. Mas no pense que estou falando de qualquerclasse especial de pessoas chamadas de "ministros". Ministrio, como j foi ditoantes neste estudo, uma questo de utilidade espiritual. Qualquer ministrio queno seja um assunto de utilidade espiritual no ministrio verdadeiro, e qualquerque for espiritualmente til um ministro de Cristo. De modo que estamos todos no

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    ministrio, no plano de Deus. Visto ser assim, todos somos afetados, todos somosgovernados por esta mesma lei. Ser til espiritualmente uma questo de ver.

    Sabemos que a Segunda Carta aos Corntios a que mais trata sobre oministrio no Novo Testamento. "Pelo que, tendo este ministrio..." (4:1) - e o que este ministrio? Bem, "ele mesmo [Deus] resplandeceu em nosso corao..." (4:6).

    E do nosso conhecimento que Paulo tem Moiss, o ministro de Deus, no fundo

    da sua mente enquanto escreve esta parte da sua carta. E por esta designao queconhecemos Moiss: o servo de Deus; e Paulo est se referindo a ele cumprindoseu ministrio, seu servio, lendo a lei e colocando um vu sobre seu rosto porcausa da glria que impedia que o povo olhasse para ele. E aquela glria erapassageira.

    Agora Paulo diz que, no ministrio a ns confiado, Deus resplandeceu nonosso interior e no precisamos de um vu. Em Cristo o vu tirado; e o que vocdeve ver em ns Cristo e Cristo deve ser ministrado atravs de ns conforme Ele visto, e ns somos os veculos para manifestar a Cristo. Isso utilidade espiritual;isso ministrio: manifestar a Cristo. E "temos, porm, este tesouro em vasos debarro, para que a excelncia do poder seja de Deus e no de ns" (4:7). "Em tudo

    somos atribulados..." - e ento segue uma lista de coisas que nos rebaixam. Mas naverdade ele est dizendo: E Cristo!Se somos rebaixados, perseguidos, menosprezados, abatidos, levando

    sempre em nosso corpo o morrer do Senhor Jesus, isso apenas a maneira de Deusmanifestar a Cristo. Se somos perseguidos e menosprezados, abatidos e a graa doSenhor Jesus suficiente, e voc v a graa do Senhor Jesus sendo manifestadanaquele sofrimento e provao, ento voc diz: Este um Cristo maravilhoso! Vocv a Cristo, e por nossos sofrimentos Cristo ministrado. Isso utilidade espiritual.

    De quem voc mais recebeu ajuda? Eu sei quem mais me ajudou. No foiningum no plpito. Foi algum que passou por sofrimento intenso e terrveldurante muitos anos e em quem a graa de Deus foi suficiente. Eu pude dizer: "Se

    eu passar por sofrimento como este, ento meu cristianismo ser precioso e valera pena ter um Cristo como o meu". Isso muito me ajudou e isso que quero ver.No pregue para mim; viva e isso ser de maior ajuda para mim. E realmente

    uma inspirao para mim e deveria ser para ns ver que em nossa provao eadversidade que os outros podem ver o Senhor e serem mais ajudados. O modocomo passamos pela provao o que mais vai ajudar os outros, muito mais doque aquilo que possamos lhes dizer.

    Que o Senhor possa nos cobrir quando dizemos algo assim, pois conhecemosnossa fragilidade e como falhamos para com Ele quando estamos debaixo da prova.Mas isso que Paulo est dizendo aqui sobre o ministrio. "Temos, porm, estetesouro em vasos de barro... Em tudo somos atribulados... perplexos... abatidos...

    levando sempre no corpo o morrer de Jesus." Mas com Paulo o fim de todas ascoisas era: "E glorificavam a Deus a meu respeito" (Gl 1:24). O que voc quer almdisso? Isso ministrio. Se voc e eu pudermos dizer que em qualquer ocasio novivemos em vo. Teremos sido de utilidade se isso puder ser dito: "E glorificavam aDeus a meu respeito".

    Mas o importante o ver. Ns, para sermos espiritualmente teis, temos quever, a fim de que outros possam ter base para ver. Falo dessa forma porquepodemos ver e passar o que vemos; podemos ser cartas vivas, mas os outrospodem no estar vendo. Mas existe a base para que eles vejam, e se forem

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    honestos de corao e sem preconceitos, realmente abertos para o Senhor, Elepermitir que vejam aquilo que o Senhor nos revelou e que Ele est buscandorevelar atravs de ns. Ele deve ter cartas vivas, homens e mulheres nos quais Elepossa ser lido. Isso ministrio.

    De modo que o ministrio dado e o ministrio recebido tudo uma questodessa obra divina da graa abrindo nossos olhos. Tudo isso constitui um grande

    apelo aos nossos coraes para buscarmos o Senhor no sentido de termos nossosolhos abertos. Se somos srios para com o Senhor, nunca tarde demais paratermos viso espiritual, a despeito de quo cegos tenhamos sido e por quantotempo. Mas no se esquea de que isso uma questo de sermos honestos paracom Deus.

    O Senhor Jesus disse uma coisa maravilhosa a Natanael. Ele estavaperigosamente perto daquela dupla cegueira. No momento em que se permitiu darexpresso a um preconceito popular, ele chegou perto da zona de perigo. Ele disse:"De Nazar pode sair alguma coisa boa?". Esse um preconceito popular. Umpreconceito popular tem impedido que homens e mulheres conheam os propsitosplenos de Deus. Os preconceitos podem tomar muitas formas. Tenhamos cuidado.

    Mas Natanael foi salvo. O Senhor Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digoque vereis o cu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho doHomem" (Jo 1:51). Quando Ele disse "vereis" quis dizer no dia do Esprito. "Comopelo Senhor, o Esprito", Natanael iria ver. Ele estava em perigo, mas escapou. Sevoc est em perigo por causa do seu preconceito, tenha cuidado. Abandone seupreconceito, tenha o corao aberto. Seja um israelita em quem no haja Jac, semengano, com o corao aberto ao Senhor, e voc ver!

    Captulo 3Vendo ao Senhor e Vendo a Ns Mesmos

    "Todo o povo de Jud tomou a Uzias, que era de dezesseis anos, e oconstituiu rei em lugar de Amazias, seu pai. Ele edificou a Elate e a restituiu a Jud,depois que o rei descansou com seus pais. Uzias tinha dezesseis anos quandocomeou a reinar e cinqenta e dois anos reinou em Jerusalm. Era o nome de suame Jecolias, de Jerusalm. Ele fez o que era reto perante o SENHOR, segundo tudoo que fizera Amazias, seu pai. Props-se buscar a Deus nos dias de Zacarias, que

    era sbio nas vises de Deus; nos dias em que buscou ao SENHOR, Deus o fezprosperar" (II Cr 26:1-5).

    "Mas, havendo-se j fortificado, exaltou-se o seu corao para a sua prpriaruna, e cometeu transgresses contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou notemplo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso. Porm o sacerdoteAzarias entrou aps ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maiorfirmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, no compete queimarincenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Aro, que soconsagrados para este mister; sai do santurio, porque transgrediste; nem ser

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    isso para honra tua da parte do SENHOR Deus. Ento, Uzias se indignou; tinha oincensrio na mo para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra ossacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na Casa do SENHOR,junto ao altar do incenso. Ento, o sumo sacerdote Azarias e todos os sacerdotesvoltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e apressadamente olanaram fora; at ele mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o ferira.

    Assim, ficou leproso o rei Uzias at ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso,numa casa separada, porque foi excludo da Casa do SENHOR; e Joto, seu filho,tinha a seu cargo a casa do rei, julgando o povo da terra" (II Cr 26:16-21).

    "Descansou Uzias com seus pais, e, com seus pais, o sepultaram no campodo sepulcro que era dos reis; porque disseram: Ele leproso. E Joto, seu filho,reinou em seu lugar" (II Cr 26:23).

    "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto esublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam porcima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria osseus ps e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo,santo o SENHOR dos Exrcitos; toda a terra est cheia da sua glria. As bases do

    limiar se moveram voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaa. Ento,disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lbios impuros, habitono meio de um povo de impuros lbios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dosExrcitos! Ento, um dos serafins voou para mim, trazendo na mo uma brasa viva,que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eisque ela tocou os teus lbios; a tua iniqidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem h de ir porns? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Ento, disse ele: Vai e dize a estepovo: Ouvi, ouvi e no entendais; vede, vede, mas no percebais. Torna insensvelo corao deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que novenha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o corao,

    e se converta, e seja salvo" (Is 6:1-10).

    Esta uma histria impressionante e gira ao re-dor do assunto que temostrazido diante de ns desta vez, que : Viso Espiritual. "Eu vi o Senhor"; "meusolhos viram..."; e tudo gira ao redor disso.

    O que resulta de todo o incidente que o rei Uzias era espiritual emoralmente uma representao de Israel e dos profetas de Israel, numa grandemedida. Esse o significado da dupla declarao de Isaas, o profeta: "Sou umhomem de lbios impuros, e sou o vosso profeta; e habito no meio de um povo deimpuros lbios". E isso, como podemos ver claramente, relaciona-se com Uzias;pois voc sabe que o leproso tinha que colocar um vu sobre o lbio superior e

    clamar por onde fosse: "Impuro". O significado das palavras "sou homem de lbiosimpuros, habito no meio de um povo de impuros lbios" exatamente que todossomos leprosos.

    De fato Isaas est dizendo: "O que era verdade acerca de Uzias verdadecom relao a todos ns, profeta e povo. Vocs no reconhecem isso e eu tambmno reconhecia at que eu vi o Senhor. Todos ficamos terrvel e profundamenteimpressionados com o que aconteceu com Uzias.

    Temos vivido numa atmosfera carregada com o horror daquela coisa; temoscochichado dizendo que coisa horrvel foi aquela, que coisa m Uzias fez e que

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    terrvel que o nosso rei tenha tido tal resultado e um fim como aquele; que coisahorrvel a lepra. Temos dito coisas duras sobre Uzias e concebido muitospensamentos, quo srio foi seu caso, mas eu cheguei a ver que estamos todos namesma situao. Eu mesmo que tenho pregado a vocs (e no se esquea de quecinco captulos de profecia precederam este sexto captulo de Isaas). Tenhochegado a ver que no sou melhor do que Uzias. Vocs, com todos os seus ritos e

    cerimnias, freqncia ao Templo, oferecimento dos sacrifcios, usando seus lbiosna adorao, esto na mesma situao de Uzias; todos somos leprosos. Vocspodem no reconhecer isso, mas eu cheguei a ver. E como cheguei a ver? Eu vi o.Senhor!" "Meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exrcitos." "Eu vi o Senhorassentado sobre um alto e sublime trono." E impressionante quando pensamosnisso.

    O que vamos fazer com isso? Quem sabe faramos bem em sair s escondidase ficar quietos com isso por algum tempo; pense nisso.

    Vamos esclarecer algo imediatamente: existe um pensamento popular quealgum concebeu e que muitos de ns aprendemos, que foi essa viso que fez deIsaas um profeta ou pregador. Ouvimos isso e talvez tenhamos dito isso. Oh, no!

    Se o livro de Isaas inspirado e governado por Deus, por que isso deveriaacontecer muito depois de ele j ter profetizado tanto? Contemple os primeiroscinco captulos de profecia. Que coisas tremendas encontramos neles.

    No, no foi isso que fez dele um profeta, um pregador. Deus estava tratandocom o homem, no com um profeta. Deus estava tratando com um povo, no comum ofcio. Ele estava tratando com o que somos em Seu prprio ponto de vista. Demodo que no podemos simplesmente transferir isso para uma classe de pessoaschamadas de profetas ou pregadores, como se alguns de ns no estivssemosenvolvidos por no sermos dessa classe; somos pessoas comuns que no aspiramser profetas ou pregadores. No isso. O Senhor est tratando com pessoas aqui eprocurando deixar claro para elas como Ele as v em si mesmas, mesmo que

    tenham estado pregando muito; o que elas so, aos olhos dEle, em si mesmas. Maiscedo ou mais tarde essa realidade ter que vir sobre ns para proteger tudo eassegurar Seu propsito.

    O QUE DEUS EST BUSCANDO

    O que Deus est buscando? Se voc puder ver, se voc tiver seus olhosabertos para ver o que Deus est buscando, ento compreender Seu mtodo e porque Ele emprega esse mtodo.

    O captulo 5 do livro de Isaas deixa claro o que Deus est buscando. Ele estem busca de pessoas que satisfaam Seu prprio corao. Elas so chamadas de

    remanescente. Elas so chamadas assim por serem simplesmente umremanescente.Ele sabe muito bem que nem todos sero conformados ao Seu pensamento.

    Ele previu a histria do Seu povo at os dias da vinda do Seu Filho e o que elesfariam com Ele. Ele conhece seus coraes. E por isso que Ele diz a Isaas as coisasterrveis que vai fazer: engordar o corao desse povo, fechar seus ouvidos e olhos.Ele conhece. Todavia alguns respondero; mas sero apenas um remanescente.

    Esse remanescente mencionado especificamente no fim do captulo 6nestas palavras: "Mas, se ainda ficar a dcima parte dela, tornar a ser destruda.

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    Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco,assim a santa semente o seu toco" (Is 6:13).

    No tronco que foi cortado (e observe que o que precede o corte da rvore),Israel seria cortado pelas naes que Deus iria chamar para cortar Israel, usando-ascomo instrumentos de juzo para cortar Israel, e isso eles iriam fazer. Mas o troncopermanecer, e nele haver uma dcima parte, um remanescente, uma semente

    santa quando a rvore inteira tiver sido tratada.Deus est buscando uma companhia dentre a companhia geral do Seu povoque h de satisfazer Seu corao, e para assegurar esse remanescente Eleapodera-se de Isaas e trata com ele nesse sentido e concede-lhe essa viso.

    Amado, para Deus alcanar Seu alvo, ns temos que ser completamentedesiludidos e ter nossos olhos abertos para ver claramente o que somos em nsmesmos aos olhos dEle. Que terrvel revelao! Qualquer coisa em que hajasuspeita ou indicao de auto-satisfao, auto-complacncia, de termos alcanadoou de estarmos satisfeitos com nossa atual condio nos desqualificar paraparticiparmos do remanescente ou de sermos de alguma forma instrumentos narealizao do alvo e do propsito de Deus.

    Por isso, depois de esse homem (Isaas) ter sado para falar das amplas reasdos juzos soberanos de Deus nos cinco primeiros captulos, repentinamente Deus odetm. Uma crise acontece em sua prpria vida e ministrio. Deus abre seus olhose o leva a ver em profundidade o que ele , o que o povo, aos Seus olhos. Isaas eo povo a quem ele havia julgado, condenado e transmitido aquelas veementespalavras sobre o terrvel acontecimento com Uzia, receberam a revelao de queeles eram igualmente maus; no havia diferena. Aos olhos de Deus todos eramimpuros com o vu sobre o lbio superior e exortados a clamar: "Imundo, imundo".

    A LEPRA DA VIDA DO EU

    E o que era essa lepra? Dizemos, naturalmente, que o pecado. Sim, opecado; mas o que isso? Vamos dar uma olhada em Uzias e ver o que significavaa lepra e o que ela indicava no caso de Uzias."Ele fez o que era reto perante oSenhor, segundo tudo o que fizera Amazias, seu pai" (II Cr 26:4), e enquanto andounos caminhos do Senhor, o Senhor o prosperou.

    Um homem abenoado do Senhor, andando na luz do Senhor e conhecedordo favor do Senhor, e, junto com isso, aquela coisa arraigada que est no coraode todo homem, sempre pronta para se levantar e usurpar as prprias bnos deDeus para ele mesmo, para fazer um nome para si mesmo, posio para si mesmo,para atrair grandeza, glria, poder, influncia e satisfao, para lhe dar reputao eposio. E isso!

    O que lepra? O que essa coisa que uma abominao para Deus? Esimplesmente a vida egocntrica que est em todos ns, que sempre se intrometenas coisas de Deus e busca transform-las em crdito e vantagem pessoal. OSenhor abenoa e achamos que nos tornamos algum no secreto do nosso corao,porque o Senhor abenoou. Esquecemos que as prprias bnos que recebemosvieram a ns pela graa e misericrdia de Deus, e secretamente comeamos apensar que deve haver algo em ns que nos faz merecedores delas.

    a nossa capacidade, nossa inteligncia, algo em ns mesmos. Passamos afalar sobre nossas bnos, nosso sucesso. E aquela coisa l no fundo, o grmen da

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    lepra em todos ns, a vida do ego em suas variadas formas que produz o orgulho,mesmo o orgulho espiritual, e leva-nos, como Uzias, a interferir nas coisas santascom nossa prpria energia, fora, afirmao e suficincia. Sim, a lepra a raiz doego, do egosmo, a despeito de como se manifesta.

    Nele, no ego que outro ramo de coisas as quais no temos tempo deexaminar agora -, jaz todo o perigo de bno e prosperidade. Quo necessrio

    sermos crucificados no meio das nossas bnos! Quo necessrio que Deusassegure Suas bnos sobre ns, revelando-nos constantemente a ns mesmosque tudo pela graa, e se Ele nos tem dado algum tipo de bno, algum tipo desucesso ou de prosperidade, no por haver algo em ns aos Seus olhos, adespeito do que os homens pensem. Seja o que for que possamos ser diante doshomens, aos olhos de Deus no somos melhores do que os leprosos, e o queimporta no como prosseguimos entre os homens e sim como prosseguimos comDeus. Podemos at alcanar alguma posio importante neste mundo, mas aquesto se alcanamos ou no com Deus.

    Talvez isso no se aplique maior parte de ns, porque no estamosbastante conscientes de termos recebido bno e prosperidade e de possuirmos

    muito do que nos orgulhar. A maior parte de ns conhece o oposto: vazio ehumilhao. Todavia, entremos no mago da questo. Ali mesmo, no maisprofundo, existe um desejo ardente em ns que pertence ao ego; existe umarebelio que a rebelio da vida do ego.

    Uzias apresentado aqui a fim de mostrar que esta a coisa no povo e noprofeta que torna impossvel a Deus alcanar Seu alvo. Ela tem que ser tratada eexposta. No algo que se possa passar por cima; precisa ser tirada para fora etemos que v-la.

    A REALIZAO DO ALVO DO SENHOR: O FRUTO DA VISO DO SENHOR

    Passo imediatamente a esse ponto, que trata de o Senhor atingir o alvo noqual Seu corao est, isto , um povo, mesmo que seja apenas um dcimo, umremanescente, um povo que atende ao desejo do Seu prprio corao e O satisfazno pleno propsito da Sua vontade.

    A fim de que Ele alcance isso deve haver aquela condio de ver, e o quedeve ser visto, que far todo o resto: o Senhor. Ver o Senhor, como est claro nessetexto, ver a santidade, e quando vemos a santidade vemos a lepra onde nuncateramos suspeitado, seja em ns ou nos outros. Quando vemos o Senhor, vemos oreal estado de coisas em ns e ao nosso redor, at mesmo no povo de Deus. Ver oSenhor a necessidade a fim de podermos estar no caminho que conduz quelealvo em direo ao qual Ele avana.

    "Eu vi o Senhor"; "meus olhos viram". Qual o resultado? Uma revelao dens a ns mesmos e da condio espiritual ao nosso redor. Quando vemos o Senhorns clamamos: "Estou perdido!". Se considerarmos essa palavra "perdido" veremosque ela significa apenas isso: "Sou digno de morte". Esse exatamente osignificado da palavra hebraica: digno de morte, sou digno de morte! Voc e euveremos a necessidade da unio com Cristo na morte, se nossos olhos foremabertos para vermos o Senhor, para vermos que no existe nada mais para isso; o nico caminho.

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    No se trata apenas de palavras e idias. O que desejo que vejamos isto:que a obra do Esprito de Deus em ns, pela qual nossos olhos so abertos paravermos o Senhor, resultar no sentimento de que a nica coisa que resta para ns morrer e chegar ao fim.

    Voc j chegou a esse ponto? Satans naturalmente h de operar nesseterreno, como tem feito com tantas pessoas, procurando lev-las a destruir tudo, a

    trabalhar sobre algo que o Esprito de Deus est realizando e convertendo-o paraseu prprio crdito e criando uma tragdia.Conservemos o nvel espiritual e reconheamos que o Senhor vai operar em

    ns para Sua prpria glria e para possibilidades gloriosas, levando-nos ao lugaronde sentimos profunda e terrivelmente que a melhor coisa em ns deve morrer.Assim Ele conseguir em ns uma concordncia com Sua prpria mente sobre ns.Estou acabado! O Senhor poderia muito bem ter dito: "E voc est assim mesmo!Eu o sabia todo o tempo. Tenho tido dificuldade em fazer voc conhecer isso. Vocest acabado".

    Quando voc chega a esse lugar, ento pode comear. Enquanto estivermosl, interferindo todo o tempo, ocupando o lugar como Uzias, entrando no Templo,

    na casa, no santurio, ocupados, ativos, ns em ns mesmos, o que somos,enquanto enchemos o Templo, o Senhor nada pode fazer.Ele diz: "Preste ateno, voc vai ter que sair e ter que vir ao lugar onde

    voc se apressar em sair de sua prpria vontade por ver que voc um leproso".Isso foi dito a respeito de Uzias: "At ele mesmo se deu pressa em sair". Pelomenos ele reconhece que esse no um lugar para ele. Quando o Senhor nos levaa esse lugar - "Estou acabado e no h lugar para mim!" , ento Ele pode darincio ao lado positivo. Ele tem o caminho aberto. Esta viso algo terrvel, emboraseja muitssimo necessria e o resultado algo muito glorioso. Ento veio ochamamento.

    A RAZO PARA A NECESSIDADE DE TAL EXPERINCIA

    Vou acrescentar apenas uma coisa. Voc v quo necessrio foi aconteceralgo assim com Isaas? O que ele ia fazer? Pregar um grande avivamento? Ia sair edizer ao povo: "Tudo est bem; o Senhor vai fazer grandes coisas: animem-se, poisum grande dia est para nascer"? No! Vai e torna insensvel o corao desse povo,endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos!

    Esse no um tipo de obra muito prazerosa. Qual o seu significado? OSenhor conhecia a condio do corao do povo. Ele sabia muito bem o que elesno iam querer ver em realidade. Se eles quisessem ver, eles tomariam atitudescompletamente diferentes. Livrar-se-iam de todos os preconceitos, suspeitas e

    crticas e se empenhariam em perguntar. Mostrariam sinais de fome e anseio;entregar-se-iam investigao e no seriam convencidos facilmente pelosjulgamentos e crticas dos outros. Mas Ele sabia que em seus coraes eles noqueriam ver, no queriam ouvir coisa alguma do que se poderia dizer a eles. Maistarde esse profeta vai dizer: "Quem creu em nossa pregao?" (Is 53:1). O Senhorsabia, e o julgamento sempre vem de acordo com o corao do povo. Se voc noquer, perder a capacidade de querer. Se voc no ver, perder a capacidade dever. Se voc no quer ouvir, perder a capacidade de ouvir. 0 julgamento orgnico, e no mecnico. Ele vem conforme sua vida.

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    Voc semeia uma semente de inclinao ou rejeio e ceifar uma colheitade incapacidade, e um dos resultados de um ministrio de revelao manifestar ainclinao ou rejeio das pessoas para o prprio julgamento delas, e vocdescobrir que um ministrio de revelao e vida apenas torna algumas pessoasmais endurecidas. O Senhor sabe disso.

    Prosseguir com um ministrio desse tipo no algo confortvel. Voc ter

    que ser uma pessoa crucificada para fazer isso. No pode ter interesses pessoais.Se voc busca reputao, popularidade, sucesso, seguidores, ento melhor noseguir este caminho, no ver muito e no ter percepo dessas coisas. melhorvoc colocar vendas nos olhos e ser um otimista incorrigvel.

    Se voc vai seguir o caminho do propsito do Senhor, de um povo que vairealmente responder ao Seu propsito, certamente ser um caminho aberto entreuma multido que no quer este caminho e vai lhe dizer que no deseja estecaminho; voc ir segui-lo sozinho. Podem pensar que tm razo, mas o fato queno esto famintos e desesperados a ponto de investigarem e informarem-sediretamente. Facilmente se desviam diante da sua menor crtica, posio e do seuministrio, e voc tem que prosseguir com uns poucos, um punhado que quer

    avanar. E o preo da viso, o preo de se poder ver.Isaas tinha que ser um homem crucificado a fim de cumprir tal ministrio. Sevoc e eu quisermos ocupar uma posio com Deus, temos que ser crucificadospara aquilo que havia em Uzias: um forte desejo pela posio. Insatisfeito com oreinado, ele busca tambm o sacerdcio. Era mais do que isso: insatisfeito com abno de Deus, deve ter tambm o lugar de Deus. Que contraste isso! De umlado o rei Uzias e do outro "meus olhos viram o Rei".

    Voc pode seguir isso? E uma busca, tremendo, mas o caminho do desejoe propsito pleno do Senhor. E um caminho solitrio e de alto preo, e o resultado manifestar o que Deus v no corao do Seu povo. A fim de fazer isso cujosignificado que vamos sofrer por causa da nossa revelao, viso, pelo ver; temos

    que pagar um alto preo por isso - temos que estar bem crucificados e chegar aolugar onde dizemos: "Bem, estou acabado, mereo a morte; no h nada a fazerseno que devo sair!". O Senhor diz: "Est timo, isso que Eu quero - que vocsaia; Eu quis que Uzias sasse para que eu pudesse encher o Templo!". Uzias oEu; o homem como ele , e Deus no ocupa Sua casa com o homem; Ele deveench-la.

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    Captulo 4O Homem que Recebe Viso Espiritual

    "Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispe-te e vai para o lado do Sul,no caminho que desce de Jerusalm a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou efoi. Eis que um etope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etopes, o qualera superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalm, estavade volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaas. Ento, disse oEsprito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o. Correndo Filipe, ouviu-o

    ler o profeta Isaas e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu:Como poderei entender, se algum no me explicar? E convidou Filipe a subir e asentar-se junto a ele. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foilevado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seutosquiador, assim ele no abriu a boca. Na sua humilhao, lhe negaram justia;quem lhe poder descrever a gerao? Porque da terra a sua vida tirada. Ento, oeunuco disse a Filipe: Peo-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala desi mesmo ou de algum outro? Ento, Filipe explicou; e, comeando por estapassagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus. Seguindo eles caminho fora,chegando a certo lugar onde havia gua, disse o eunuco: Eis aqui gua; queimpede que seja eu batizado? Filipe respondeu: lcito, se crs de todo o corao.

    E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo o Filho de Deus. Ento, mandouparar o carro, ambos desceram gua, e Filipe batizou o eunuco. Quando saramda gua, o Esprito do Senhor arrebatou a Filipe, no o vendo mais o eunuco; e estefoi seguindo o seu caminho, cheio de jbilo. Mas Filipe veio a achar-se em Azoto; e,passando alm, evangelizava todas as cidades at chegar a Cesaria" (At 8.26-40).

    Nesse simples mas instrutivo incidente temos trs partes: o etope, o Esprito

    Santo e o instrumento humano, que Filipe. O incidente se encaixa dentro daesfera da nossa atual meditao a respeito da viso espiritual.

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    O ETOPE

    1 Algum que busca e se confessa cegoQuando observamos este etope, logo vemos um cego que busca. Embora

    religioso e se movendo no crculo da antiga e bem estabelecida tradio religiosa,

    tendo estado em Jerusalm, no Templo, no prprio quartel-general, ainda est cegoe continua um cego que busca. Isso fica bem claro pelas perguntas feitas a Filipesobre as Escrituras. "Como poderei entender, se algum no me explicar?... Dequem . fala esse profeta? De si mesmo ou de outro?" O etope , sem dvida, umhomem sem viso espiritual; seus olhos do corao no foram iluminados. Mas oque esperanoso sobre ele ser manifestamente um homem cego.

    2 - Algum que busca e humildeEle era um homem importante neste mundo, um homem de considervel

    responsabilidade, influncia e posio; e por causa da sua posio ele poderia terobstrudo um pouco as coisas. Quando desafiado sobre o que lia, ele poderia ter

    fugido do ponto ou do centro da questo e dar um tipo de resposta evasiva, semcompromisso.Sabemos como atuam as pessoas que no gostam de ser vistas como

    ignorantes, principalmente se so consideradas com alguma reputao, que tmuma posio para manter. Este homem, com tudo o que era entre os homens nestaterra, era manifestamente um homem cego. Sem qualquer proteo ou fuga, eleresponde pergunta de forma direta, honesta e franca. "Se entendo o que leio?Como poderei se algum no me explicar?" Ento, nessa abertura, ele buscou maisinformao, explicao e iluminao. "De quem fala o profeta?"

    Isso muito simples, eu sei, mas fundamental. E fundamental paraqualquer tipo de entendimento espiritual. bsico para todo conhecimento

    espiritual e governa cada degrau de progresso nas coisas espirituais. A humildadedesse grande homem a chave para toda a histria. Ele no procura dar aimpresso de conhecer o que no conhece, de levar outros a pensar que eleentende quando no entende. Ele comea direto do lugar onde realmente estava.Ele sabia em seu corao que no entendia e no deu outra impresso, pelocontrrio, deixou ser conhecido exatamente onde estava, e isso proporcionou aoSenhor um caminho plenamente aberto.

    Quem sabe no foi isso que o Senhor tinha visto havia muito tempo e foi abase da Sua contnua atuao? Ele sabia que tinha um homem em trevas em buscada luz, mas era perfeitamente honesto e humilde, e portanto podia Se moversoberanamente de formas maravilhosas sobre distncias considerveis e dar

    passos importantes.Estes foram passos importantes tomados pelo Senhor a fim de encontraraquela vida. Observe o que um corao nessas condies torna possvel da partedo Senhor, o quanto o Senhor est preparado para realizar quando encontra umcorao como este. Ele era um homem cego buscando a luz, mas manifestamentecego; por isso no demora muito para se tornar um buscador iluminado. O Senhorno deixa tal homem nas trevas; Ele lhe deu a luz que buscava.

    E no podemos dizer que o Senhor lhe deu muito mais do que ele buscava?Creio que no estaremos acrescentando nada histria se dissermos que, ao

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    seguir seu caminho regozijando, ele sentiu que havia recebido muito mais do queaquilo que havia se proposto a alcanar.

    E sempre assim. Quando o Senhor faz uma coisa, Ele a faz adequadamente.Como disse Spurgeon: "Meu clice transborda, e o pires tambm!". Quando oSenhor faz uma coisa, Ele a faz bem. O homem seguiu com um clice cheio etransbordante, um buscador iluminado. Ele viera para ver o que todos os lderes

    religiosos dos seus dias no estavam vendo e no tinham condies de mostrar aele.

    3 Um buscador que levou Deus a srioEntretanto, a iluminao que ele recebeu trouxe um novo desafio, como

    sempre acontece. Cada medida de nova luz vinda do Senhor traz com ela um novodesafio, um desafio a alguma obedincia prtica.

    Notemos um detalhe muito interessante e proveitoso dessa histria. Isaas 53trouxe Cristo luz, e Filipe anunciou a Jesus naquela Escritura e o fato seguintecom o qual nos deparamos : "Eis aqui gua; que impede que seja eu batizado?".Voc deve preencher algo aqui, caso queira ver como isso surge em Isaas 53.

    Deixo isso com voc. No v adiante; pense nisso. Tudo o que vou dizer que arevelao que chegou quele homem, a iluminao dos seus olhos, trouxe umdesafio para obedincia, e esse buscador iluminado no foi desobediente visocelestial, mas prontamente enfrentou o desafio, pronto para correr o caminho domandamento do Senhor, sem hesitao em obedecer luz que havia recebido.

    No tocante ao fato em si mesmo, tudo muito simples, mas isso a essnciadas coisas. Vemos um homem passando das trevas para a luz, da busca para umconhecimento arrebatador em seu corao; um homem titubeante transformadoem algum de posio firme; de corao desapontado em algum que segue seucaminho regozijando. E as duas coisas que tornaram isso possvel foram: 1) Umahumildade plena que no se preocupa absolutamente que sua ignorncia se torne

    conhecida e a ausncia de uma atitude fingida de saber mais do que aquilo queconhece; e 2) Sua pronta obedincia luz que recebeu. Temos que dizer destehomem: "Eis um corao honesto". E assim que Deus trata com pessoashonestas. Elas recebem luz e recebem alegria.

    Antes de deixarmos o etope, precisamos dizer que ele um homem que levaa srio as coisas. Gosto dele por sua determinao em conhecer e fazer. Ele vaidireto ao alvo. O efeito debilitante do clima etope no roubou dele sua energiaespiritual. Ele se elevou acima disso e levou Deus a srio. Nenhum elemento debarganha, desculpa ou algo desse tipo encontrado nele. Ele simplesmentedeterminou conhecer, se pudesse ser conhecido, e a fazer o que tivesse que serfeito quando fosse iluminado.

    Ao homem que est resolvido a conhecer e a agir desse modo Deus vai Semostrar da mesma forma. Deus para ns o que somos para Ele; Deus no ficarem dvida com ningum. Se voc e eu levarmos Deus a srio e nos dispusermospara tudo aquilo que Ele quer que tenhamos e conheamos, e no dermosimportncia a ns mesmos, mas descermos para o nvel onde real everdadeiramente estamos, com toda a humildade, e decidirmos fazer qualquercoisa que o Senhor nos mostrar, atravs da Sua graa, sem qualquer hesitao,descobriremos que, a longo prazo, Deus no ficar em dvida conosco, mas nossatisfar plenamente.

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    A histria desse homem recebeu um registro imortal. Ela aparece nos Atos doEsprito Santo, e quando voc pergunta: "Por que este homem foi includo noregistro e sua histria transmitida de era em era, at chegar a esse tempo?", aresposta o que dissemos: ele era um homem que levou Deus a srio, foi aberto aoSenhor, honesto em seu corao, humilde em esprito e obediente luz quepossua.

    O ESPRITO SANTO

    1 - A Base que Ele ExigeA segunda parte na histria o Esprito Santo, e necessrio apenas uma

    breve palavra. Na realidade Ele a primeira parte no assunto todo, mas eu Omenciono em segundo lugar aqui porque talvez seja mais til examinar o incidentenesta ordem.

    O Esprito Santo tinha conscincia de tal homem, e Ele sempre temconscincia de tal homem. Existe um aspecto no qual o etope deve aparecer antesdo Esprito Santo. Voc entende o que quero dizer com isso. Antes de o Esprito

    Santo poder realizar Sua obra, Ele deve ter algo sobre o que operar que satisfaaSuas exigncias; e o Esprito Santo tinha conhecimento deste homem, de sua buscae do seu corao; e o Esprito Santo sempre tem conscincia de tais pessoas e sabeonde elas esto.

    2 - Como Ele E ImpedidoExiste uma histria enorme relacionada com tal declarao. Se ns apenas a

    conhecssemos, uma poro de problemas seria resolvida por tal entendimento. Aest a grande pergunta que sempre nos confronta: por que alguns saltam para aluz e prosseguem e outros no, mas ficam sempre atrs e parece que nunca maisconseguem ver?

    Ser que h uma escolha da parte de Deus, uma espcie de eleitos entre oseleitos que Ele tem? Ele tem favoritos? Penso que no. Creio que grande parte daresposta est aqui, a saber: Deus tem que tratar com aquilo que Ele encontra,sejam pessoas que O levam a srio ou no, se Ele tem um caminho claro ou no, seo terreno j est ocupado ou no por aquilo que um obstculo para Ele.

    No creio que as pessoas possam vir a falhar em receber toda a luz que oSenhor quer que tenham se elas realmente levarem Deus a srio. O Esprito Santonos conhece. Ele olha direto para os nossos coraes e sabe se levamos a srio. Elev exatamente aquilo que O limita e quo longe pode ir.

    O Senhor no vai coagir ningum. Se estamos voltados para ns mesmos,ocupados conosco, girando ao nosso redor, centralizados em ns, ento o Esprito

    Santo no tem chance. Temos que chegar ao fim de ns mesmos. Esta adificuldade de muitas pessoas: estabeleceram uma obsesso consigo mesmas e otempo todo andam em crculos e voltam ao mesmo ponto onde comearam. Tudogira em torno delas, e o resultado esgotamento. Em pouco tempo tero umchoque terrvel que envolve tudo o que supostamente defendem e representampelo Senhor, e tudo cair com elas.

    O Esprito Santo no tem um caminho livre. Temos que sair do caminho, noque diz respeito a essa ocupao do ego, se desejamos prosseguir reto e adiante.Ele sabe exatamente onde estamos, se estamos amarrados por coisas, coisas

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    religiosas, tradies etc. Amarrados de tal forma que no estamos abertos para oSenhor e sem perspectiva de receber qualquer outra luz d'Ele. J temos tudo ouento o povo com o qual estamos associados j tem tudo, e somos parte disso!Voc sabe o que quero dizer.

    O Esprito Santo no pode fazer muito com aqueles que esto numa talposio, e Ele sabe. Sua atitude : "E intil; no posso fazer muito aqui; esto muito

    amarrados". Entretanto, se estivermos preparados para abandonar tudo na gua2

    ,ento o Senhor pode avanar e conseguir um caminho livre.O Esprito Santo sabe. Ele conhece voc e a mim. Ele nos conhece muito mais

    do que ns mesmos nos conhecemos. Podemos ter pensado que levvamos a srioas coisas e oramos muito por um longo tempo, clamando ao Senhor para fazeralgo, mas o Esprito Santo sabe muito bem que ainda no chegamos ao fim de nsmesmos e dos nossos interesses. Algo mais deve ser feito a fim de nos levar aodesespero, antes que Ele possa realizar o que deseja. Mas Ele sabe: eis a questo.

    Ele conhecia aquele homem e sabia que no precisava fazer muito paracomear com ele visando alcanar um caminho livre. Ele aproveitou a oportunidadeapresentada e pde agir soberanamente; e assim fez para satisfazer esta

    necessidade.3 - O Instrumento HumanoA terceira parte o instrumento humano, Filipe, o meio pelo qual, por um

    lado, o cego que busca teria seus olhos abertos e, por outro lado, o Esprito Santopoderia realizar Sua obra. Todos queremos estar naquela posio em que, por umlado, homens e mulheres realmente honestos, genunos e srios podem encontrar oque buscam atravs da nossa instrumentalidade, caso seja da vontade de Deus, e,por outro lado, o Esprito Santo possa encontrar em ns um vaso para usar ondehouver necessidade. Certamente no h nada que desejamos mais do que isso,apenas ser como Filipe era.

    Entretanto, mesmo no caso de Filipe, no se tratava de ele ser uma espciede mecanismo automtico, que funcionava com seu querer ou no. Havia coisassobre Filipe que constituram o terreno para o Senhor. Eram questes simples, etodavia no como as tais que so fceis na vida prtica e na realizao.

    Filipe estava disposio do Esprito Santo sem qualquer dvida, e se vocobservar ver que isso significava algo em seu caso. Ele estava ali em Samaria.Muitos se voltavam para o Senhor, uma grande obra da graa estava acontecendo,to grande que os apstolos tiveram que ser enviados de Jerusalm para tratar coma situao; e Filipe era o principal instrumento naquela obra.

    Um homem pode ter grandes questionamentos quando est totalmenteenvolvido em algo assim, e o Senhor repentinamente lhe diz: "Agora, Filipe, quero

    que deixes tudo isso e desa para o lugar que est deserto. No vou te dizer porqu, nem o que estou para fazer. Digo apenas: v para o deserto". Ele poderia terdito: "Mas, Senhor, e a obra aqui? Senhor, contemple esta porta enorme deoportunidade; veja o que estou fazendo e no que estou envolvido! O queacontecer aqui se eu a deixar?".

    Muitas perguntas como essas podem ter se levantado. Ele poderia ter tidosrias reservas e coloc-las no caminho do Senhor, mas nada disso lemos a seu

    2Como fez o eunuco (N. do E.).

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    A Causa e a Base da Cegueira

    "E, se o ministrio da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu deglria, a ponto de os filhos de Israel no poderem fitar a face de Moiss, por causada glria do seu rosto, ainda que desvanecente, como no ser de maior glria oministrio do Esprito! Porque, se o ministrio da condenao foi glria, em muito

    maior proporo ser glorioso o ministrio da justia. Porquanto, na verdade, oque, outrora, foi glorificado, neste respeito, j no resplandece, diante da atualsobre-excelente glria. Porque, se o que se desvanecia teve sua glria, muito maisglria tem o que permanente. Tendo, pois, tal esperana, servimo-nos de muitaousadia no falar. E no somos como Moiss, que punha vu sobre a face, para queos filhos de Israel no atentassem na terminao do que se desvanecia. Mas ossentidos deles se embotaram. Pois at ao dia de hoje, quando fazem a leitura daantiga aliana, o mesmo vu permanece, no lhes sendo revelado que, em Cristo, removido. Mas at hoje, quando lido Moiss, o vu est posto sobre o coraodeles. Quando, porm, algum deles se converte ao Senhor, o vu lhe retirado.Ora, o Senhor o Esprito; e, onde est o Esprito do Senhor, a h liberdade. E

    todos ns, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glria doSenhor, somos transformados, de glria em glria, na sua prpria imagem, comopelo Senhor, o Esprito" (II Co 3:7-18).

    "Pelo que, tendo este ministrio, segundo a misericrdia que nos foi feita,no desfalecemos; pelo contrrio, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, seocultam, no andando com astcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nosrecomendamos conscincia de todo homem, na presena de Deus, pelamanifestao da verdade. Mas, se o nosso evangelho ainda est encoberto, paraos que se perdem que est encoberto, nos quais o deus deste sculo cegou oentendimento dos incrdulos, para que lhes no resplandea a luz do evangelho daglria de Cristo, o qual a imagem de Deus. Porque no nos pregamos a ns

    mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a ns mesmos como vossos servos, poramor de Jesus. Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecer a luz, ele mesmoresplandeceu em nosso corao, para iluminao do conhecimento da glria deDeus, na face de Cristo" (II Co 4:1-6).

    Temos tratado com a questo da viso espiritual. Na Escritura que lemostemos outra poro relacionada com este mesmo assunto da cegueira e da viso.

    Primeiro temos o fato da cegueira: "O deus deste sculo cegou"; depois vema causa3: "O deus deste sculo"; e por fim o alvo, que : "Para que lhes noresplandea a luz do evangelho da glria de Cristo, o qual a imagem de Deus".Vamos consider-los nesta mesma ordem.

    O FATO DA CEGUEIRA

    Observe que um paralelo traado entre Israel nos dias de Moiss e os no-crentes nos dias de Paulo. Em ambos os casos dito que existe um vu no coraodeles, sobre suas mentes, um vu que fecha, que exclui e cuja natureza de

    3O agente (N. do E.).

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    cegueira total. Alm do mais, existe um elemento de juzo e condenao na formaem que o apstolo fala dele.

    Mesmo em relao a Israel reunido porta da tenda da congregao quandoMoiss lia a Lei, ele diz na verdade que, enquanto Moiss colocava o vu sobre orosto, no era porque a glria no podia ser contemplada, mas por causa do estadoda mente deles, do corao e de uma condio interior neles. Se a condio interior

    fosse outra, o vu no teria sido necessrio; eles poderiam ter contemplado a glriae habitado na luz. Entretanto, o vu era um smbolo exterior representando umacondio interior, ocultando a glria de Deus.

    Nunca foi o desejo do Senhor ocultar Sua glria, mas sim manifest-la e que ohomem nela habitasse e desfrutasse dela sem haver necessidade de um vu entreEle e o homem. Os vus entre Deus e o homem sempre provam que a condioexigida por Ele no foi encontrada.

    O PODER CEGADOR DA INCREDULIDADE

    Desse modo, o vu deve representar algo que est sob condenao e juzo:

    as trevas, a cegueira, o ocultar, o esconder a glria de Deus e aquela condiointerior no caso de Israel no tempo de Moiss, e daqueles em igual condio nosdias de Paulo, e de todos os que se acham na mesma situao. Essa condiointerior que atua como um vu, como sabemos to bem por tudo o que dito sobreIsrael, a incredulidade incorrigvel. Foi a incredulidade incorrigvel de Israel quecegou a nao, mas dizer isso no ajuda em nada. a declarao de um fato, umfato opressivo.

    Conhecemos nossos coraes suficientemente bem para saber que existeuma incredulidade incorrigvel em todos ns, e queremos entender por que talincredulidade est ali, qual sua natureza e desse modo descobrir como o vupode ser removido. Em outras palavras: como a incredulidade pode ser tratada, a

    fim de podermos contemplar a glria do Senhor e habitar na luz eterna.

    A LUZ NA BASE DA RESSURREIO

    Consideremos novamente para ver o que o Senhor sempre esteve e sempreest buscando fazer no caso de Israel. Podemos dizer assim: Deus est sempretentando traz-los para o corao, para o esprito, para a vida, para ocupar a baseda ressurreio.

    Isso fica claro pela Pscoa no Egito, quando o primognito em cada lar noEgito foi morto naquela noite terrvel. Mas Israel no estava isento, comosuperficialmente se supe. A idia popular e superficial que os primognitos em

    Israel no foram mortos, apenas os do Egito morreram. Mas os primognitos emtodo o Israel foram mortos. A diferena era que os do Egito foram realmente mortose os de Israel de forma substitutiva.

    Quando o cordeiro era morto em cada lar de Israel, para cada famlia, ocordeiro representativamente sofria o mesmo julgamento dos primognitos noEgito, e Israel, representativamente, passava da morte para a vida. Naquelecordeiro Israel foi levado atravs da morte para o terreno da ressurreio. Para oEgito no havia terreno da ressurreio; para Israel havia. Essa a diferena.

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    Assim, todos morreram; uns em realidad