22
O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO 1 Prof. Me. MARCOS ANTONIO CHAVES RICARTE 2 Resumo: Acompanhar os avanços da tecnologia, junto com entendimentos administrativos, financeiros de controle de custos, identificá-los de forma que a empresa possa tomar decisões, torna-se indispensável, ainda mais se tratando de um contexto de crise econômica em que vivemos. É preciso ter disciplina, qualidade, fazer análise dos procedimentos financeiros, identificar o problema o quanto antes, pois estes são fatores que levam a empresa a manter o controle de custos. Em se tratando de empresas de serviços, em especial na área de educação, estes fatores são também essenciais. Descrever o modelo de sistema de custos adotado por uma escola de idiomas localizada em Sobral-Ce, bem como as dificuldades de implantá-lo, é o objetivo deste estudo de caso. A metodologia da pesquisa é de abordagem descritiva, qualitativa e bibliográfica. A análise dos resultados foi realizada a partir das respostas dos entrevistados e comparados à luz dos autores. Os resultados indicaram que a empresa pesquisada possui um sistema de custos, que é de fundamental importância, pois, com tal sistema, consegue controlar suas receitas e despesas. Afere-se que este trabalho responde aos objetivos. Palavraschave: Gestão de Custos. Sistemas de custeio. Controle. THE COSTING IN LANGUAGE TEACHING INSTITUTIONS: A CASE STUDY IN A LANGUAGE SCHOOL IN THE MUNICIPAL DISTRICT OF SOBRAL-CE Abstract: To follow the advances of the technology along with administrative understandings, cost control financial, identify them so that the company can make decisions become indispensable, even more the case of dealing with an economic crisis context we live in. It takes discipline, as soon as possible, because these are factors that lead the company to keep track of costs. When it comes to the business service, particularly in education area, 1 Graduada em Administração pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). Aluna da pós-graduação do curso de Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria Fiscal, das Faculdades INTA. E-mail: [email protected] 2 Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em Logística Empresarial pela Universidade Federal do Ceará (UFC); em Docência e Gestão do Ensino Superior pela FANOR, e em Educação a Distância pela Universidade Dom Bosco. Mestre em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). E-mail: [email protected]

T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS:

UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO

MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE

OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1

Prof. Me. MARCOS ANTONIO CHAVES RICARTE2

Resumo: Acompanhar os avanços da tecnologia, junto com entendimentos administrativos, financeiros de controle

de custos, identificá-los de forma que a empresa possa tomar decisões, torna-se indispensável, ainda mais se

tratando de um contexto de crise econômica em que vivemos. É preciso ter disciplina, qualidade, fazer análise dos

procedimentos financeiros, identificar o problema o quanto antes, pois estes são fatores que levam a empresa a

manter o controle de custos. Em se tratando de empresas de serviços, em especial na área de educação, estes fatores

são também essenciais. Descrever o modelo de sistema de custos adotado por uma escola de idiomas localizada

em Sobral-Ce, bem como as dificuldades de implantá-lo, é o objetivo deste estudo de caso. A metodologia da

pesquisa é de abordagem descritiva, qualitativa e bibliográfica. A análise dos resultados foi realizada a partir das

respostas dos entrevistados e comparados à luz dos autores. Os resultados indicaram que a empresa pesquisada

possui um sistema de custos, que é de fundamental importância, pois, com tal sistema, consegue controlar suas

receitas e despesas. Afere-se que este trabalho responde aos objetivos.

Palavras–chave: Gestão de Custos. Sistemas de custeio. Controle.

THE COSTING IN LANGUAGE TEACHING INSTITUTIONS: A

CASE STUDY IN A LANGUAGE SCHOOL IN THE

MUNICIPAL DISTRICT OF SOBRAL-CE

Abstract: To follow the advances of the technology along with administrative understandings, cost control

financial, identify them so that the company can make decisions become indispensable, even more the case of

dealing with an economic crisis context we live in. It takes discipline, as soon as possible, because these are factors

that lead the company to keep track of costs. When it comes to the business service, particularly in education area,

1 Graduada em Administração pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). Aluna da pós-graduação do curso de Gestão

Financeira, Controladoria e Auditoria Fiscal, das Faculdades INTA. E-mail: [email protected] 2 Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em

Logística Empresarial pela Universidade Federal do Ceará (UFC); em Docência e Gestão do Ensino Superior pela

FANOR, e em Educação a Distância pela Universidade Dom Bosco. Mestre em Administração de Empresas pela

Universidade de Fortaleza (UNIFOR). E-mail: [email protected]

Page 2: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

2

these factors are also essential. Therefore, the aim of this case study is to describe the cost system model adopted

by a language school situated in Sobral-Ce, as well as the difficulties of implementing it. The research methodology

is a descriptive, qualitative and bibliography approach. The analysis of the results was carried out from the

interviewees’ answers and compared according to the authors. The results indicated that the investigated company

has a cost system, which is very important, because with such a system is possible to control its income and

expenses. It is gauged that this work responds to the objectives.

Key-works: Cost Management. Costing System. Control.

INTRODUÇÃO

É de grande importância a necessidade do conhecimento dos custos para uma empresa,

pois através disso os gestores podem criar mecanismos para controlar, avaliar e analisar tudo

que está acontecendo e tomar as decisões corretas. Sendo assim, a partir das decisões tomadas,

estes gestores poderão obter melhorias, tornando a empresa mais competitiva. Por isso se faz

necessário um controle de custos, para que haja uma melhor apuração dos dados contábeis para

que venha facilitar o desenvolvimento, a fim de ajudar a instituição a atingir seus objetivos.

A gestão de custos é de fundamental importância para as empresas na busca de melhores

resultados, inserção em novos mercados, desenvolvimento de novos produtos, expansão e até

mesmo simplesmente continuarem ativas.

Sabemos que é de fundamental importância manter um controle de custos, evitando

assim gastos inapropriados para a empresa, será preciso ter disciplina, qualidade, fazer análise

dos procedimentos financeiros, detalhá-los em registros, planilhas e observar as futuras

oportunidades de investimentos para que a empresa cresça de forma sustentável. Sendo assim,

como isso contribui para o melhoramento da empresa?

Quando se toma a decisão da utilização das informações de custo, é possível obter um

quadro rentável para a empresa. Já a ausência de informações pode afetar a estabilidade

econômico-financeira e o crescimento desta. A contabilidade de custos contribuirá na melhor

tomada de decisão já que fornece dados para o estabelecimento de padrões, auxilia na

montagem do orçamento e seu acompanhamento, além das informações que disponibiliza sobre

preço de vendas, compras, produção.

Page 3: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

3

Para se ter uma empresa de qualidade, eficaz, é necessário também acompanhar as

tecnologias, que podem interferir em seu funcionamento ou até mesmo prejudicá-lo. Com

entendimentos administrativos, financeiros e controle de custos é possível fazer que a empresa

esteja preparada e consiga identificar os custos, bem como seus pontos fortes e fracos além de

suas oportunidades e ameaças, para as melhores tomadas de decisões.

Na área educacional é essencial que o gestor tenha esses cálculos de custos por aluno,

para que saibam controlar seus gastos, e que estes não sejam excessivos a ponto de se tornarem

uma ameaça para a empresa.

O presente trabalho tem como objetivo geral descrever o modelo de sistema de custos

adotado por uma escola de idiomas localizada em Sobral-Ce, bem como as dificuldades de

implantá-lo.

É de fundamental importância para a empresa obter um controle, algo que dê suporte

em suas tomadas de decisões. É preciso saber diferenciar o que são gastos, investimento,

desembolso, perda, despesa, custos. Tendo em vista que as empresas têm atuado cada vez mais

em um ambiente altamente competitivo e com extrema necessidade de informações precisas e

úteis, sendo indispensáveis. Visando ao bom desempenho, as empresas buscam um alto nível

de excelência e cada vez mais estas informações geradas pela área de custo devem estar aptas

a atender às necessidades da organização.

Portanto, é necessário que os gestores tenham consciência, disciplina, para saber quanto

estão gastando e em que estão gastando, e precisam estar informados para evitar sérios

problemas de cunho financeiro ou só buscar soluções quando já estiverem passando por graves

dificuldades.

CUSTOS

Custos referem-se ao valor dos fatores de produção consumidos por uma firma para

produzir ou distribuir produtos ou serviços. (OLIVEIRA et al, 2007). Marques (2010) refere-

Page 4: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

4

se a custos como gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e

serviços, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da empresa.

Custo também pode ser considerado como gasto, só que é reconhecido como um custo

no momento da utilização de bens e serviços, para fabricação de um produto ou execução de

um serviço.

A aceitação por parte da empresa de que os custos têm sua origem no uso dos recursos

colocados à disposição da produção, visando atingir a produção planejada, evidencia que a

ocorrência de custos não deverá ser encarada negativamente pela empresa, mas sim que esses

custos estarão presentes sempre que haja atividade econômica e produção (POMPERMAYER,

1999).

Filomena (2004) coloca algumas distorções nas informações sobre custos em um grande

número de organizações. A informação de custo promove uma melhor gestão dos custos, o que,

como consequência, exerce influência na lucratividade da empresa. A maioria das empresas

detecta este tipo de problema somente depois de sua competitividade e lucratividade terem se

deteriorado.

Todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas quando da entrega

dos bens ou serviços produzidos. Muitos gastos são automaticamente transformados em

despesas, outros passam primeiro pela fase de custos e outros ainda passam por investimento,

custo e despesa (MARTINS, 2009).

A partir das citações acima, é possível perceber que todos com suas diferentes maneiras

de pensar, mantêm a mesma opinião em relação a custos, em uma empresa todos precisam ser

cientes em relação a melhorias, de maneira que possam contribuir para o crescimento da

empresa. Aprofundando ainda mais sobre o conceito de custos, o próximo tópico trata dos

sistemas existentes.

Page 5: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

5

SISTEMAS DE CUSTEIO

Os sistemas de custeio são base para o bom funcionamento e eficácia dos programas de

qualidade, pois através destes constata-se que os processos produtivos (ou de realização dos

serviços), ao serem melhorados, não comprometem a viabilidade econômica do

empreendimento.

Fernandes e Slomski (2011) afirmam ainda que, de fato, a qualidade é quantificável;

que as empresas só poderão conhecer os seus custos da qualidade e ambiental se a evolução do

seu padrão efetivamente os mensurar. Mensurar para quantificar. Quantificar para avaliar a

relevância e direcionar as ações dos gestores. E a mensuração dos custos da qualidade é uma

ferramenta com alto poder decisório no processo de gestão empresarial.

Para Ferreira (2007) o sistema de custos é composto por um princípio geral e métodos

de custeio. O princípio está relacionado à definição das informações mais adequadas às

necessidades da empresa.

O sistema de custo em uma empresa nos traz formas para verificar e analisar como está

o nosso dia a dia, como podemos competir no mercado, como podemos demonstrar, onde

estamos ganhando ou estamos perdendo na fabricação ou mesmo na comercialização de

determinado produto (MARQUES, 2009).

Existem, segundo a literatura, quatro tipos de sistemas de custos. O primeiro é o custeio

por absorção. Este método apropria todos os custos, sejam eles fixos ou variáveis, à produção

de determinado período. São excluídas as despesas não ligadas à produção (FERREIRA, 2007).

Para Marques (2010), consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou

variáveis) à produção no período, assim, é o método que obedece aos princípios fundamentais

de contabilidade, não sendo considerado como um princípio em si, mas uma metodologia

decorrente da aplicação desses princípios e desta forma o método é válido para a apresentação

da demonstração de resultado, balanço patrimonial e para o pagamento do imposto de renda.

O segundo é o custeio variável ou direto, este método apropria somente os custos

variáveis à produção de determinado período. Os custos fixos são considerados débitos de conta

Page 6: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

6

de resultados. O método de custeio variável prevê uma apropriação de custo de caráter gerencial

(FERREIRA, 2007).

Para Marques (2010), partindo do princípio de que os custos da produção são, em geral,

apurados mensalmente e de que os gastos imputados aos custos devem ser aqueles efetivamente

incorridos e registrados contabilmente, esse sistema de apuração de custos depende de um

adequado suporte do sistema contábil, na forma de um plano de contas que separe, já no estágio

de registro dos gastos, os custos variáveis e os custos fixos de produção, com adequado rigor.

O terceiro é o custeio padrão. Neste método os custos são apropriados por uma

estimativa do que deveriam ser e não pelo seu valor real. O custo-padrão é estabelecido pela

empresa como meta para seus produtos, considerando suas características, quantidade e preços

dos insumos (FERREIRA, 2007).

Para Marques (2010), é o custo cientificamente predeterminado para a produção de uma

única unidade, ou um número de unidades do produto, durante um período específico no futuro

imediato. É o custo planejado de um produto, segundo condições de operação correntes e/ou

preventivas.

O quarto é o custeio baseado em atividades, conhecido como ABC (Activity-Based

Costing). É uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções

provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos. Pode ser aplicado, também, aos custos

diretos, principalmente à mão de obra direta (MARTINS, 2003).

Para Révillion e Badejo (2011), o método ABC, com sua abordagem de direcionadores

de custos, é capaz de auxiliar o gestor a decidir sobre questões estratégicas da empresa, pois,

na medida em que surgem as mudanças no ambiente competitivo, alguns direcionadores se

mostram mais importantes do que outros, e as alterações se fazem mais evidentes. Os tomadores

de decisão necessitam de informações organizadas, que reúnam, de forma sistêmica, dados

relacionados às questões técnicas de qualidade dos produtos e a seu impacto nos custos de

produção.

Page 7: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

7

Para Fernandes e Slomski (2011), a implantação de um sistema de custos demanda

estudos e levantamentos cujo resultado somente será útil se o trabalho for efetuado com critérios

bem definidos e com a visão de que nenhum sistema resolverá todos os problemas da

organização de imediato, mas, ao contrário, após sua implantação, deverá desenvolver-se e

aprimorar-se continuamente. Portanto, no momento de se definir a implantação de um sistema

de custos, a questão da relação custo-benefício de informações deve ser levada em conta, pois

não é raro encontrarem-se inúmeros demonstrativos com números e dados que nunca são

utilizados.

É de fundamental importância que a empresa se preocupe em utilizar um sistema de

custos adequado a seu empreendimento, não necessariamente o mais perfeito, mas o que melhor

se adéque às suas necessidades, para melhor tomada de decisão. Agora que os sistemas de

custos foram descritos, detalha-se a seguir a sua aplicação na área de serviços.

O CUSTEIO APLICADO AOS SERVIÇOS

Entender como os produtos e serviços são custeados é de fundamental importância para

os gerentes, pois a maneira como são determinados pode causar sérias consequências sobre os

lucros divulgados e sobre a melhor tomada de decisão.

Para Leão (2004), os custos em serviços tratam-se do conjunto de recursos qualificados

e quantificados com precisão, com vistas a caracterizar o serviço, detalhando todos os insumos

a serem empregados na sua obtenção.

O autor ressalta ainda que a elaboração do orçamento para definir o preço a ser

contratado, baseia-se nos dados do projeto do serviço, que deve conter os seguintes itens:

Definição do custo – define os insumos que entram no orçamento como custo

mensal ou por hora.

Definição do preço – define se o serviço é remunerado de acordo com o preço

global ou preço unitário. (No preço global, o serviço é remunerado pelo preço

Page 8: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

8

total, com medição mensal ou no final da execução; no preço unitário, pelo preço

de uma unidade com medição da quantidade dessa unidade).

Mão de obra – qualifica e quantifica os integrantes da equipe que executará o

serviço.

Benefícios – relaciona os benefícios que recebem os integrantes da mão de obra,

(refeição, vale-transporte, seguro, assistência médica, treinamento específico,

exame médico e outros).

Veículos – relaciona os veículos que serão utilizados durante a execução do

serviço e define para cada um deles os quilômetros rodados (inclui custos com

pedágio, carga e descarga).

Ferramentas e equipamentos – relaciona e quantifica as ferramentas e os

equipamentos a serem utilizados pela equipe que executará o serviço, incluindo

o fardamento da mão de obra.

Materiais de consumo – relaciona e quantifica os materiais a serem consumidos

ou aplicados no serviço.

Para Freitas (2013), entender a estratégia da empresa é definir como os serviços irão

entregar valor para o negócio através da identificação de oportunidades de atendimento da

estratégia a um custo justificável, garantindo a manutenção do relacionamento entre os clientes

e o provedor de serviços. Se os serviços são meios de oferecermos algo de valor para um cliente,

é imprescindível que haja um planejamento em seus recursos para garantir a entrega dos

serviços para os clientes.

Um sistema de custeio gerencial deve fornecer dados de custo para ajudar os gerentes a

planejarem, controlarem e tomarem decisões. No entanto, exigências de relatórios financeiros

externos e declarações de impostos geralmente influenciam bastante como os custos são

acumulados e resumidos nos relatórios gerenciais (GARRISON, NOREEN E BREWER, 2013).

Para Magalhães e Pinheiro (2007), o objetivo do custeio é possibilitar a tomada de

medidas e decisões no sentido de o produto ser planejado, desenhado, distribuído,

Page 9: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

9

comercializado, usado, mantido e descartado, para promover vantagem competitiva em longo

prazo à organização.

Para Chaves (2008), é de fundamental importância fazer a análise dos controles internos

e evidenciar as informações contábeis frente à tomada de decisão, por isso a contabilidade

contribuirá para o crescimento e permanência das organizações, além de cumprir o papel de

transformar dados em informações claras e transparentes, fornecendo aos administradores e

investidores, através de relatórios, alternativas para a melhor tomada de decisão.

Segundo Andrade e Amboni (2010), o controle contribui para a manutenção e melhoria

da posição competitiva e a consecução das estratégias, planos, programas e operações,

consentâneos com as necessidades identificadas no contexto interno e interno.

A partir de agora veremos a educação de línguas no Brasil.

A EDUCAÇÃO DE LÍNGUAS NO BRASIL

Desde o século XIX o sistema educacional brasileiro vem sendo submetido a sucessivas

reformas nas quais o ensino de língua inglesa tem sido ora negligenciado, ora tratado

indevidamente, chegando a ser até mesmo excluído da grade curricular obrigatória pelas Leis

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) promulgadas em 1961 e 1971 (SANTOS,

2011).

Segundo Day (2012), a crescente importância atribuída ao ensino e à aprendizagem de

línguas estrangeiras é proporcional ao crescimento que se vivencia, nos dias atuais, nas relações

interpessoais entre os povos.

O ensino de língua estrangeira, segundo Leffa (2005), tem sido abordado nas últimas

décadas a partir de duas perspectivas: uma que é preferencialmente metodológica, cujas

discussões gravitam em torno do universo da sala de aula e onde se incluem questões que se

estendem desde a formação e atuação do professor até temas relativos à construção da

identidade do aprendente; e outra, preferencialmente política, que se ocupa de temáticas

Page 10: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

10

relativas à escolha da língua estrangeira, ao impacto da hegemonia de uma língua sobre outra,

às relações de força estabelecidas entre línguas dentro de um mesmo território etc.

Atualmente, o ensino de língua inglesa no Brasil é oferecido em contextos diversos:

universidades, faculdades, escolas públicas e particulares de ensino fundamental e médio,

escolas de idiomas e internet (SANTOS, 2011).

O SEGMENTO EM NÚMEROS

O Brasil participou de mais uma edição em 2015 do Índice de Proficiência em Inglês,

da EF (Education First), empresa de educação internacional especializada em intercâmbio. É

realizado anualmente um levantamento que mede o domínio de gramática, vocabulário, leitura

e compreensão de quem não tem inglês como língua nativa. Foram analisados dados colhidos

em 2014 com 910 mil adultos de 70 países. A pontuação do Brasil foi de 51,05, ou seja,

enquadra-se em uma categoria baixa (MORENO,2015).

O brasileiro tendo uma renda melhor produz resultados, fazendo investimento em sua

educação. A nova classe média já consegue ter acesso a cursos particulares de inglês, já que nas

escolas tradicionais não se tem um ensino de idiomas que ofereça ao aluno recursos para pleno

desenvolvimento das habilidades linguísticas (MORENO, 2015).

Em Sobral, existem oito escolas de idiomas ativas, e algumas, além do inglês, ensinam

também o espanhol e português. São elas Yázigi, Internexus, Will Idiomas, Palácio de Ciências

e Línguas Estrangeiras, NUCLE, CIE, CNA, SENAC, FISK. E hoje já existem vários

professores dando aulas particulares de idiomas estrangeiros (SALES, 2010).

A OPERACIONALIDADE DO SETOR

No Brasil, temos visto a necessidade de as pessoas cada vez mais cedo buscarem

melhorias, já que esta conscientização sobre seu papel na sociedade, incluindo o âmbito

profissional, vai direcioná-las para o conhecimento de outras línguas, superando desafios para

Page 11: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

11

seu crescimento. O aprendizado de outra língua permite melhores oportunidades, interação

entre outros povos e culturas, refletindo-se até mesmo no seu nível acadêmico.

O ensino de língua estrangeira no Brasil sempre foi discriminatório. Nosso sistema de

ensino fundamental e médio, tanto público como particular, tem mostrado uma incapacidade de

proporcionar um bom ensino de língua estrangeira. Por isso, tantos recorrem aos cursos de

idiomas. O acesso ao conhecimento torna-se, cada vez mais, uma das maiores exigências no

campo da cidadania (KEZEN, 2012).

Hoje existe uma diversidade de cursos particulares fornecendo de maneira prática aulas

que visam ao melhor aproveitamento do aprendiz de idiomas, do seu interesse de maneira

prática, com habilidades na escrita, na oralidade, na leitura e na compreensão textual, de

maneira que essas habilidades fiquem niveladas a tal ponto que eles não sintam dificuldades

em alguma dessas habilidades, mas se mantenham nivelados. Muitos se sentem frustrados, mas

quando começam a entender, veem, com satisfação, o seu crescimento no estudo de outra

língua. Quando começam a ter uma consciência do seu nível na prática, isso se torna muito

mais gratificante e os faz ficar ainda mais confiantes.

O CUSTEIO NA ÁREA EDUCACIONAL

O CUSTO APLICADO ÀS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

De acordo com Silva, Morgan e Costa (2004), a determinação de custos em uma

instituição de ensino, por meio da contabilidade de custos é complexa, pois é necessário que os

custos sejam alocados. Isto ocorre porque muitas unidades das universidades, tanto acadêmicas

quanto administrativas e de prestação de serviço possuem custos em comuns, ou seja, são

unidades com multiprodutos, formadas a partir de insumos comuns.

Para o cálculo do custo do ensino em uma instituição de ensino, é necessário

desenvolver modelo que aproprie os custos das atividades de ensino, pesquisa e extensão, de

modo que possa ser utilizado como indicador na avaliação do desempenho das universidades.

Page 12: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

12

Conhecer o custo por aluno, nos departamentos e nos cursos oferecidos, é de grande

importância, pois informa o gasto de cada órgão da instituição em relação ao orçamento, bem

como os cursos com possibilidade de expansão sem acarretar gastos excessivos para a

instituição (MAGALHÃES et al, 2007).

Os sistemas de custos devem retratar os processos produtivos que os geram, para atender

às necessidades de informações de uma organização. Os processos produtivos em instituições

de ensino não são simples, nem muito bem definidos. A complexidade das instituições gera boa

parte das dificuldades para o estabelecimento de sistemas que retratem suas estruturas de custos,

conforme ressalta Marinho (1998).

A definição sobre os componentes do custo de ensino e a maneira de determiná-los, é

relevante para a sociedade que deseja saber se os recursos aplicados nas universidades estão lhe

trazendo algum benefício, assim como para a própria instituição, que deseja melhorar a

eficiência na utilização dos seus recursos. Além disso, as informações sobre os custos são

ferramentas, que contribuem para o controle e para a tomada de decisão nas instituições,

constituindo-se, também, em fonte de informação para a elaboração do orçamento

(MAGALHÃES et al, 2007).

O CUSTEIO EM EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS DE

LÍNGUAS

Existem sistemas de custeio que geram informações que contribuem para o controle e

medição dos custos, melhoria e avaliação da produtividade dentre outras vantagens que sirvam

como ferramenta administrativa no processo de tomada de decisões, planejamento e controle

(KRAEMER, 1995).

O produto, enquanto serviço, possui maior complexidade em atribuição de preço, uma

vez que se tem que mensurar a qualidade, a disponibilidade, a agilidade e necessidade do

serviço, em que a maior matéria prima é o tempo. No entanto quando se trata de determinação

de custos empregados na produção de serviços, conceitualmente o custeio é idêntico à técnica

Page 13: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

13

empregada a produtos, pois as empresas de serviços funcionam como fábricas com a

particularidade que precisam para determinar os custos do serviço e não de um produto

(MAUAD; PAMPLONA, 2002). Sobre a formação do preço, Ribeiro (2011) afirma que, ao fixar o preço de venda o

empresário espera que esse, valor além de recuperar o que foi gasto entre custos e despesas,

ainda gere lucros. Dentre os elementos que influenciam na decisão da formação de preço o

custo é de suma importância, merecendo uma maior atenção do gestor empresarial, pois é a

partir daí que se pode identificar quanto deverá ter de lucro em um determinado produto ou

serviço.

ESTUDO DE CASO

METODOLOGIA

O presente trabalho se trata de uma pesquisa descritiva, descrevendo o modelo de

sistema de custos adotado por uma escola de idiomas localizada em Sobral-Ce, bem como as

dificuldades de implantá-lo.

Os dados, por ocorrerem em seu habitat natural, precisam ser coletados e registrados

ordenadamente para seu estudo propriamente dito. Com caráter exploratório, trabalha sobre

dados ou fatos colhidos da própria realidade (RAMPAZZO, 2005).

Baseado ainda em pesquisa qualitativa, que segundo Neves (1996), compreende um

conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os

componentes de um sistema complexo de significados. Tendo por objetivo traduzir e expressar

o sentido dos fenômenos do mundo social, reduzindo a distância entre o indicador e o indicado,

entre teoria e dados, entre contexto e ação.

Para utilização deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas, para obtenção

de maiores informações e fundamentação teórica. Foi realizado um estudo de campo, e os dados

foram obtidos por meio de entrevista com as diretoras da escola objeto de estudo.

Page 14: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

14

A aplicação da entrevista foi realizada no Centro de Ensino FISK, localizado no

município de Sobral, no Estado do Ceará, com duas diretoras, sendo assim a pesquisa

caracteriza-se como semiestruturada, pois segundo Martins (2001), é aquela que parte de certas

perguntas básicas, apoiadas em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa e que, em seguida,

oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida

que se recebem as respostas do entrevistado.

A entrevista foi aplicada em maio de 2016, com 5 perguntas abertas, que foram

elaboradas a partir de fundamentação teórica. A análise dos resultados da entrevista foi

realizada e comparada a luz dos teóricos, utilizando-se a análise do discurso.

Os dados primários são aqueles levantados e trabalhados diretamente pelo pesquisador,

sem qualquer intermediação de outros indivíduos, extraídos de entrevistas, de documentos

oficiais ou não oficiais, dados, estatísticos, entre outros. Já os dados secundários, por derivarem

de estudos e análises já realizados por intermediários entre pesquisador e o objeto de

investigação, são fontes secundárias livro de toda espécie, artigos, entre outros (GUSTIN;

DIAS, 2006).

Sendo assim, nesta pesquisa, os dados primários foram coletados por meio de aplicação

de entrevista, junto aos diretores da instituição de ensino e responsáveis pelo controle

financeiro. Já os dados secundários foram obtidos através de pesquisa bibliográfica – livros,

artigos, entre outras publicações sobre o assunto, assim como informações da própria

instituição. As perguntas elaboradas para a entrevista com as diretoras foram baseadas

conforme os tópicos abordados no presente trabalho.

O ENSINO DE LÍNGUAS EM SOBRAL

Sobral, na primeira metade do século XX, era passagem obrigatória nas exportações de

produtos cearenses a partir do porto de Camocim.

Sobre a história do ensino de Inglês, compreendendo o intervalo de tempo que vai de

1958 a 2009, registramos, então, 51 anos de pura magia e encantamento que envolve o ensino

Page 15: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

15

de idiomas. Exatamente em 1º de fevereiro de 1986, alojada em uma das salas do então Colégio

Sobralense, surge uma franquia do Yázigi em Sobral. Contemplava um público diversificado

(SALES,2010).

Chegando à década de 90, aos 15 de dezembro de 1993, da parceria entre dois

apaixonados pela língua inglesa, professor Cavalcante Neto e professor Sérgio Carneiro, nasce

em Sobral, o Curso de Inglês Lincoln, e, mais tarde, mais precisamente no ano de 1997, passaria

a chamar-se Will Idiomas, com a proposta de ampliar o ensino de línguas, por sua vez,

abrangendo também o ensino de língua espanhola. Em 1995/96, surge o CCAA (Casa de

Cultura Anglo Americana) em Sobral, com o objetivo de envolver os alunos na aprendizagem

do Inglês e dos itens culturais inerentes. No ano 2000, é a vez do Palácio de Ciências e Línguas

Estrangeiras se apresentar aos sobralenses. Em 2004, surge mais uma escola de idiomas em

Sobral, agora registramos a criação do NUCLE (Núcleo de Línguas Estrangeiras da

Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA). Em 2005, foi a vez do CELIS (Centro de

Línguas do Colégio Sobralense). O CELIS surgiu de um projeto do professor José Palmeiras

(SALES, 2010).

No primeiro semestre de 2009, registrava-se, então, a existência de cinco escolas de

idiomas que funcionavam regularmente em Sobral. Sendo duas de cunho particular e duas

vinculadas a órgãos públicos. Organizadas por ordem de surgimento: Yázigi, Internexus, Will

Idiomas, Palácio de Ciências e Línguas Estrangeiras e NUCLE. Em seguida CIE, CNA,

SENAC, FISK. E hoje já existem vários professores dando aulas particulares. (SALES,2010).

CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A história da Fisk Idiomas, começa com Richard H. Fisk, um americano nascido em

Tunbridge, Vermont, que se apaixonou pelo Brasil em uma visita realizada em 1950.

Richard Fisk criou um método próprio, com base na solução das dificuldades específicas

que os brasileiros apresentam ao aprender inglês. O sucesso do método Fisk gerou um

crescimento vertiginoso, ampliando a escola para uma rede com mais de 1.000 unidades, muitas

Page 16: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

16

delas franquias, espalhadas pela América do Norte e Sul, África e Ásia. A Fisk foi fundada em

1958, tornando-se referência no ensino de idiomas no País. Oferecendo hoje diversos modelos

de cursos como: Curso de Inglês, Curso de Espanhol, Curso de Informática e Curso de

Português para brasileiros (FISK, 2016).

Há exatamente 16 anos consecutivos ganhando o selo de Excelência em Franchising, a

empresa possui hoje 28 lojas próprias, 816 franqueadas e 108 escolas no exterior. Para ser um

franqueado o investimento inicial varia entre R$ 73.500,00 a R$ 414.000,00. E um capital de

giro entre R$ 10.000 a R$ 80.000,00. Ou seja, um investimento total de R$ 83.500,00 a R$

494.000,00. Obtendo um faturamento médio mensal de aproximadamente R$ 35.000,00, com

um retorno variando entre 12 a 24 meses (Portal do Franchising, 2016).

A unidade FISK em Sobral foi inaugurada em 21 de julho de 2014. Sendo duas diretoras,

e um total de onze funcionários, incluindo professores, recepcionistas, serviços gerais e

porteiro. A escola tem curso de inglês, espanhol e português para brasileiros (para aqueles que

buscam melhorar a língua portuguesa ou prestar um concurso). A escola conta hoje com um

total de 230 alunos distribuídos em 36 turmas, variando de segunda a sábado, e turmas VIPs,

que são aulas particulares individuais, envolvendo apenas um aluno e um professor. Na

entrevista realizada, as diretoras preferiram não falar sobre o investimento realizado na

empresa, nem tão pouco sobre seu faturamento mensal ou anual.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir, serão apresentados os resultados por perguntas.

Pergunta 1: Qual tipo de custeio sua empresa utiliza e como é feito?

Respostas:

Diretora A: utilizam o ABC, e é feito de modo a gerenciar os custos, tendo como enfoque

os recursos e as atividades geradoras de custos. Para a diretora B, utilizam o ABC, já que

possuem uma grande quantidade de custos indiretos, diversificação em produtos, processos e

clientes.

Page 17: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

17

Pergunta 2: Se estes sabem quais as dificuldades existentes na utilização deste método

de custeio?

Respostas:

A diretora A: afirmou que tendo em vista oferecerem serviços variáveis, são muitos

dados a serem apurados, tornando o acompanhamento e revisão destes dados mais minuciosos

e constantes. A diretora B diz que são muitos dados, alguns de difícil extração e há uma

necessidade de revisão e acompanhamento constante.

Para Neto (2012), o custeio ABC tinha ido longe demais na expectativa e na imagem

que vinha recebendo das empresas de consultorias especializadas, classificando-o como uma

panaceia, isto é, um remédio para todos os males. Esse modelo procura apurar os custos de

atividades e o relacionamento com os produtos.

Pergunta 3: Como é realizado o controle de custos na empresa?

Respostas:

Segundo a diretora A, é por meio de um sistema integralizado e disponibilizado pela

franqueadora SGF; aplicativos financeiros como o Zeropaper; e planilhas. Já a diretora B diz

que é através de planilhas e sistema SGF. Ainda, segundo esta, o Zeropaper é muito bom, pois

mês a mês é possível ver a diferença das despesas variáveis e como se encontra a receita, tendo

em vista que oferecem serviços e há desistência de alguns alunos.

Segundo Martins (2009), a empresa tem controle dos seus custos e despesas quando

conhece os que estão sendo incorridos, verifica se estão dentro do que era esperado, analisa as

divergências e toma medidas para correção de tais desvios. O desconhecimento do custo ou

controle de custos impacta seriamente na tomada de decisão, nas negociações e

consequentemente, em grandes perdas financeiras.

Pergunta 4: Como este controle de custos pode auxiliar na melhor tomada de decisão?

Respostas:

A diretora A diz que permitindo a evidência de custos de forma mais precisa, tornando-

se eficaz para a gestão econômica da empresa. Auxiliando também na previsão de despesas de

Page 18: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

18

acordo com cada mês, haja vista trabalharem com serviço variável. Já a diretora B diz que

auxilia muito, pois quando percebem no meio do semestre a queda de receita por conta de

desistência e inadimplências, precisam tomar medidas para reduzir gastos variáveis e até

mesmo fixos, além de ver a possibilidade de possíveis renegociações de débitos, se for

verificado que a receita não cobrirá as despesas.

Para Chaves (2008), são grandes as razões que levam uma empresa a implantar um

sistema de controle interno, capaz de gerar informações claras e objetivas para a tomada de

decisão, tendo em vista as grandes mudanças no mundo dos negócios onde decisões são

tomadas a todo momento.

Pergunta 5: Existe algum método de controle interno que auxilia a gestão e como

funciona?

Respostas:

Para a diretora A, existe, a franqueadora disponibiliza de cursos e recursos para que os

franqueados tenham uma gestão mais acurada. A diretora B, por sua vez, disse que existe,

recebem orientações com a equipe de financeiro da fundação. Fazem um curso em São Paulo e

eles ensinam como calcular o ponto de equilíbrio, o que fazer para reduzir custos, incluindo

alguns fixos etc. Há um sistema próprio da franquia, o SGF, que as auxilia no controle de

receitas e despesas. Além de precisar conhecer as leis da cidade para evitarem problemas com

a Receita.

Para Andrade e Amboni (2010), o controle interno como ferramenta de controle

compreende o plano de organização e o conjunto coordenado dos métodos e medidas adotados

pela organização para salvaguardar seu patrimônio, conferir exatidão e fidelidade dos dados

contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a obediência às diretrizes traçadas pela

administração da companhia.

Page 19: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

19

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo buscou analisar se a empresa de idiomas em Sobral utiliza alguma metodologia

de custo, além de conhecer qual sistema a empresa está utilizando, elencar dificuldades

existentes para com o sistema de custos.

Neste trabalho foi mostrado um pouco sobre os tipos de custeios e como funciona cada

um deles. É importante para a empresa ter um sistema que a ajude a controlar suas receitas e

despesas, para que ela pratique uma melhor tomada de decisão.

Observou-se que é de fundamental importância para a empresa um sistema de custos,

pois o sistema contribui para que haja um melhor monitoramento, controle e uma eficaz tomada

de decisão, contribuindo assim, para o crescimento da empresa.

Os entrevistados foram questionados sobre quais as dificuldades existentes na utilização

deste método de custeio, já que elas utilizam o ABC, por oferecerem serviços variáveis, são

muitos dados a serem apurados e alguns de difícil extração, tornando o acompanhamento e

revisão destes dados mais minuciosos e constantes.

A realização do controle de custos na empresa é feita por meio de um sistema

integralizado e disponibilizado pela franqueadora, SGF; aplicativos financeiros como o

Zeropaper e planilhas.

O controle de custos pode auxiliar na melhor tomada de decisão, permitindo a evidência

de custos de forma mais precisa, tornando-se eficaz para a gestão econômica da empresa.

Auxiliando também na previsão de despesas de acordo com cada mês, haja vista trabalharem

com serviço variável e quando percebem no meio do semestre a queda de receita por conta de

desistência e inadimplências, precisam tomar medidas para reduzir gastos variáveis e até

mesmo fixos, além de ver a possibilidade de possíveis renegociações de débitos, se for

verificado que a receita não cobrirá as despesas.

O método de controle interno que auxilia a gestão funciona por intermédio da

franqueadora que disponibiliza de cursos e recursos para que os franqueados tenham uma gestão

mais acurada. Disponibilizando orientações com a equipe do financeiro da fundação, eles

Page 20: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

20

ensinam como calcular o ponto de equilíbrio, o que fazer para reduzir custos, incluindo alguns

fixo etc. Há um sistema próprio da franquia, o SGF, que as auxilia no controle de receitas e

despesas. Além de precisar conhecer as leis da cidade para evitarem problemas com a Receita.

As respostas reforçam o que os autores, como Martins, Marques, Ferreira, entre outros

citam, conforme analisado durante este trabalho.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi cumprido, pois foi visto que o modelo

utilizado pela escola é o Custeio ABC, assim como as dificuldades que as diretoras encontram

por serem muitos dados e muitas informações a serem apurados, tornando o acompanhamento

e revisão destes mais confiáveis.

Este trabalho não alcançou uma abrangência ampla, não trabalhou, por exemplo, com

várias escolas de idiomas, mas limitou-se a analisar apenas uma. Sendo assim, recomendam-se

novos estudos mais aprofundados na área de ensino em escolas de idiomas.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de.; AMBONI, Nério. Estratégias de gestão: processos e funções do

administrador. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

CHAVES, Jair A. A importância dos controles internos e evidenciação das informações contábeis frente à

tomada de decisão. Ed. Clube de Autores: São Paulo, 2008.

DAY, Kelly. Ensino de língua estrangeira no Brasil: entre a escolha obrigatória e a obrigatoriedade voluntária. Rio

de Janeiro: Revista Escrita, 2012. Disponível em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20850/20850.PDF

FISK. Disponível em: http://www.fisk.com.br/sobre/nossa-historia. Acessado em 29 de maio de 2016.

FREITAS. Arcos André dos Santos. Fundamentos do gerenciamento de serviços de TI. 2. ed. Rio de Janeiro:

Brasport, 2013.

FERNANDES, Julio César de Campos; SLOMSKI, Valmor. A gestão de custos no contexto da qualidade no

serviço público: um estudo entre organizações brasileiras. São Paulo, 2011.

FERREIRA, José Ângelo. Custos industriais: uma ênfase gerencial. São Paulo: Editora STS, 2007.

FILOMENA, Tiago Pascoal.; QUEIROZ, Timóteo Ramos.; BATALHA, Mário Otávio. Aprimoramento do

sistema de custos de uma empresa do setor metal-mecânico. In: XXIV Encontro Nacional de Engenharia de

Produção. Anais... Florianópolis: SC, 2004.

Page 21: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

21

GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W.; BREWER, Peter C. Contabilidade Gerencial. 14. ed. São Paulo:

AMGH Editora Ltda, 2013.

GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)Pensando a pesquisa jurídica: teoria e

prática. 2. ed. ver., ampl. e atual. Pela BBR 14.724 e atual, pela ANBT 30/12/05. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.

KRAEMER, T. H. Discussão de um sistema de custeio adaptado às exigências da nova competição global.

Dissertação (Mestrado e Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Porto

Alegre, 1995. Acessado em: 20 de maio de 2016.

KEZEN, Sandra. O ensino de língua estrangeira no Brasil. Rio de Janeiro,2012. Disponível em:

https://docs.ufpr.br/~marizalmeida/celem05 /ensino_les_br.doc. Acessado em: 20 de maio de 2016.

LEÃO, Nildo Silva. Custos e orçamentos na prestação de serviços. São Paulo: Nobel, 2004.

LEFFA, Vilson J. Linguística Aplicada e Contemporaneidade. Campinas, SP: Pontes, 2005.

MARTINS, Maria CeziraFantini Nogueira. Humanização das relações assistenciais: a formação do

profissional de saúde. Casa do Psicólogo: São Paulo, 2001.

MARTINS. Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. Editora Atlas. São Paulo. 2009.

MAGALHÃES, Elizete Aparecida de et al. Apuração do custo por aluno do ensino de graduação da

Universidade Federal de Viçosa. Rio de Janeiro, XXXI Encontro da ANPAD, 2007. Disponível em:

http://www.anpad.org.br/admin/pdf/CON-B1361.pdf. Acessado em: 26 de maio de 2016.

MAGALHÃES, Ivan Luizio; PINHEIRO, Walfrido Brito. Gerenciamento de Serviços de TI na prática: Uma

abordagem com base na ITIL. São Paulo: Novatec Editora, 2007.

MARQUES, Wagner Luiz. Implantação de custos, o sucesso para as empresas. Paraná,2009. Disponível em:

https://books.google.com.br/books?id=uABh_gwifgC&printsec=frontcover

&dq=custeio+por+absor%C3%7%C3%A3o&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwjN7P7i1_3MAhVGDZAKHR2C

BpcQ6AEIMDAC#v=onepage&q=custeio%20por%20absor%C3%A7%C3%A3o&f=false. Acessado em: 28 de

maio de 2016.

MARQUES, Wagner Luiz. Formação de preço de vendas para micro e pequena empresa, utilizando análise

de custos e método de tempos e movimentos. 1. ed. Paraná:Vera Cruz, 2010.

MARINHO, Alexandre. O aporte de recursos públicos para as instituições federais de ensino superior. Revista de

Administração Pública, Rio de Janeiro, jul/ago. 1998.

MAUAD, Luiz Guilherme Azevedo; PAMPLONA, Edson de Oliveira. O custeio ABC em empresas de serviços:

características observadas na implantação em uma do setor. São Paulo: IX congresso brasileiro de custos,

outubro de 2002. Disponível em: http://www.iepg.unifei.edu.br/edson/download /Artguilacongbra

02.pdf.Acessado em: 25 de maio de 2016.

MORENO, Ana Carolina. Brasil cai três posições em índice de proficiência em inglês e sai do top quarenta.

São Paulo: G1, 04 de novembro de 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/11/brasil-

cai-tres-posicoes-em-indice-deproficienc ia-em-ingles-e-sai-do-top-40.html. Acessado em: 15 de maio de 2016.

Page 22: T C L T I L S M D S CE · O CUSTEIO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE IDIOMAS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE OZELÁDIA PARENTE ARAÚJO1 Prof

22

NETO, Oscar Guimarães. Análise de custos. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2012.

NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. São Paulo, 1996.

OLIVEIRA, Elyrouse Cavalcante, et al. Utilização da gestão de custos para tomada de decisão: um estudo em

hotéis de porto de galinhas no município de Ipojuca-PE. Pernambuco, 2007.

POMPERMAYER, Cleonice Bastos. Sistemas de gestão de custos: Dificuldades na implantação. Rev. FAE.

Curitiba, 1999.

PORTAL DO FRANCHISING. Disponível em: http://www.portaldofranchising.com.br. Acesso em 29 de maio

de 2016.

RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica. São Paulo, 2005.

RÉVILLION, Jean Philippe Palma; BADEJO, Marcelo Silveira. Gestão e planejamento de unidades

agroindustriais. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2011

RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

SALES, Francisco Antônio Freire de. Origens históricas do ensino de língua inglesa em Sobral-Ceará: de 1958

à atualidade. Sobral, 25 de janeiro de 2010. Disponível em:

http://professorfranciscofreire.blogspot.com.br/2010/01/or igens-historicas-do-ensino-de-lingua.html. Acesso em

29 de maio de 2016.

SANTOS, Eliana Santos de Souza e. O ensino da língua inglesa no Brasil. Bahia: Babel, 2011. Disponível

em:www.revistas.uneb.br/index.php/babel/article/dowload/9 9/166. Acessado em: 29 de maio de 2016.

SILVA, C. A. T.; MORGAN, B. F.; COSTA, P. S. Apuração do custo de ensino por aluno: aplicação a uma

Instituição Federal de Ensino. 2004. Disponível

em:http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad /2004_POP2161. pdf. Acesso em: 19 maio

de 2016.