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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS TATIANE CANALI ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS CONDICIONANTES RECOMENDADOS PELO CONSELHO GESTOR DA APA CORUMBATAÍ DURANTE O PROCESSO DE LICENCIAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS DO PAC São Carlos 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

TATIANE CANALI

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS CONDICIONANTES RECOMENDADOS

PELO CONSELHO GESTOR DA APA CORUMBATAÍ DURANTE O

PROCESSO DE LICENCIAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS DO PAC

São Carlos

2014

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TATIANE CANALI

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS CONDICIONANTES RECOMENDADOS

PELO CONSELHO GESTOR DA APA CORUMBATAÍ DURANTE O

PROCESSO DE LICENCIAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS DO PAC

Aluna: Tatiane Canali

Orientador: Prof. Dr. Victor Eduardo Lima Ranieri

Trabalho de Graduação apresentado a

Escola de Engenharia de São Carlos da

Universidade de São Paulo para a obtenção

do título de Engenheira Ambiental.

São Carlos

2014

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Dedico esse trabalho aos

meus pais e irmãos que são a

base e a razão de tudo.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer imensamente,

Aos meus pais que me apoiaram em todo o meu caminho, me incentivando e

fazendo tudo que era preciso para me ajudarem na realização de todos os meus sonhos.

Aos meus irmãos, Di e Jé, por todos os abraços, beijos, apertões, carinhos,

ciúmes, beijos no olho, dormidas amontoadas, mensagem carinhosas, desabafos enfim

por serem os melhores irmãos que Deus poderia me dar.

Ao meu orientador Victor Eduardo Lima Ranieri pela amizade, orientação e

prontidão para me auxiliar.

À Luciana Bongiovanni Martins Schenk pela inspiração e amizade.

Aos Professores e Funcionários da Engenharia Ambiental.

À Elisa, Mo, Ve e Lina pela amizade e cumplicidade de tanto tempo. Por

estarem sempre comigo, ao meu lado não importa a distância física que nos separava.

À Rep disfarça e ao Pró, minha casa, meu aconchego, meu jardim! Obrigada por

todos os ensinamentos de coletividade, por todas as festas e por todos os cafunés Vocês

coloriram e encheram de vida meus dias em São Carlos.

À Amb 09, por ser essa sala tão diversa, tão intensa e assim tão especial. Vocês

renovaram minhas ideias, ampliaram os meus horizontes e me fizeram perceber como

existe tanta gente especial nesse mundo.

Ao Popó, que estava ao meu lado com sua bolinha durante a elaboração de cada

uma dessas páginas.

Ao NAPRA, por todo o ensinamento, por todo o choro de indignação e

felicidade, por dois anos de muito trabalho e muita felicidade. E principalmente pelas

pessoas incríveis que conheci que sem nenhuma dúvida me mudaram muito e que quero

carregar na minha rede para sempre!

À Poropopó, por todo samba, toda roda de violão deliciosa, todas as festas,

Mussolinis, cervejas, sonecas, enfim por serem também a nossa casa.

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“Gosto das cores, das flores,

das estrelas, do verde das

árvores, gosto de observar. A

beleza da vida se esconde

por ali, e por mais uma

infinidade de lugares, basta

saber, e principalmente,

basta querer enxergar.”

Clarice Lispector

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RESUMO

CANALI, T. Análise da aplicação dos condicionantes recomendados pelo conselho

gestor da APA Corumbataí durante o processo de licenciamento dos

empreendimentos do PAC. 2014. 85p. Monografia (Trabalho de Graduação em

Engenharia Ambiental) – Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São

Carlos, São Carlos, 2014.

As unidades de conservação são de suma importância para a conservação da

biodiversidade e de atributos ambientais no mundo todo. No Brasil, estas áreas são

geridas por um Conselho Gestor que por lei pode se manifestar em relação aos

empreendimentos que causam impacto em seu território e entorno. O Conselho Gestor

de Unidades de Conservação é um órgão colegiado formado por representantes do poder

público, universidades e sociedade civil organizada, portanto a consulta à este órgão

representa a consulta a diversos setores da sociedade. No presente trabalho, foi

analisado o atendimento aos condicionantes emitidos pelo Conselho Gestor da Área de

Proteção Ambiental (APA) Corumbataí–Botucatu–Tejupá nos processos de

licenciamento de três empreendimentos do Programa de aceleração do crescimento

(PAC) que impactam a APA sendo eles: a Duplicação de um trecho ferroviário entre os

pátios de Itirapina e Perequê, a implantação de uma Linha de Transmissão de energia

entre Araraquara e Taubaté e a implantação do Terminal Intermodal em Itirapina. Os

processos de licenciamento foram analisados segundo metodologia descrita por

Creswell, onde a partir de análise documental qualitativa gerou-se dados quantitativos e

portanto, passíveis de comparação com outros autores. A análise foi feita para cada um

dos condicionantes, dos três empreendimentos quanto ao atendimento ou não por parte

do órgão licenciador e do empreendedor. Assim obteve-se: a caracterização dos

empreendimentos, suas áreas de abrangência, os impactos gerados na APA Corumbataí,

os trâmites dos processos de licenciamento entre o órgão licenciador e o empreendedor,

a caracterização da consulta ao Conselho, os condicionantes para cada um dos

empreendimentos e por fim a representatividade do atendimento aos condicionantes por

parte do órgão licenciador e do empreendedor. A partir dessa análise conclui-se que

houve baixo atendimento aos condicionantes, e portanto o Conselho não teve influência

significativa no aprimoramento socioambiental dos projetos, assim como é relatado na

literatura internacional.

Palavras-chave: Conselho Gestor. Área de Proteção Ambiental Corumbataí.

Participação pública. Licenciamento. Condicionantes.

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ABSTRACT

CANALI, T. Analysis of application of the conditions recommended by the

management council of APA Corumbataí during the licensing process for enterprises of

PAC. 2014. 85p. Monograph – Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de

São Carlos, São Carlos, 2014.

Protected areas are important for the biodiversity conservation and

environmental variables all around the world. In Brazil, these areas are managed by a

Management Council, which by law can manifest about the enterprises that impact the

territory and the surroundings. In this case, the attendance of the conditions

recommended by the management council of Environmental Protect Area (APA)

Corumbataí- Botucatu – Tejupá during the licensing process for three enterprises of

“Programa de Aceleração do Crescimento” (PAC) which affect the territory of APA,

that are: The Duplication of a railway section between patios in Itirapina and

Perequê;The implementation of a power transmission line between Araraquara and

Taubaté; and deploying Intermodal Terminal in Itirapina. The Management Council of

Protected areas is a collegiate body comprising by public power, universities and

organized civil society, so the consultation to them represents a consultation of different

sectors of the society. The licensing processes were analyzed by methodologydescribed

by Creswell, which from qualitative document analysis generated some quantitative

dates and therefore subject to comparison with other authors data. The analysis was

taken for each one of the conditions of the three enterprises about the application by the

licensing agency and the enterprising. So the research obtained the enterprises

characterization, the procedures licensing processes between the licensing agency and

the entrepreneur, the characterization of consulting the Council, the conditions for each

of the projects and finally the representation of compliance with conditions by the

licensing agency and the entrepreneur. From this analysis is possible to conclude that

there was low compliance with the conditions, and therefore the Council had no

significant influence on environmental improvement projects, as is reported in the

international literature.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: QUADRO SÍNTESE DE DESCRIÇÃO DA DUPLICAÇÃO DA FERROVIA ................. 34

QUADRO 2: CONDICIONANTES APRESENTADOS PELO CONSELHO GESTOR À DUPLICAÇÃO

DA FERROVIA ................................................................................................................... 47

QUADRO 3: QUADRO SÍNTESE DE DESCRIÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA LINHA DE

TRANSMISSÃO DE ENERGIA .............................................................................................. 48

QUADRO 4: LEVANTAMENTO DOS CONDICIONANTES PEDIDOS PELO CONSELHO GESTOR À

LINHA DE TRANSMISSÃO ARARAQUARA-TAUBATÉ ......................................................... 49

QUADRO 5: ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO GESTOR À

IMPLANTAÇÃO DA LINHA DE TRAMISSÃO 500 KV ARARAQUARA – TAUBATÉ ................. 57

QUADRO 6: QUADRO SÍNTESE DE DESCRIÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO TERMINAL

INTERMODAL. .................................................................................................................. 59

QUADRO 7: LEVANTAMENTO DOS CONDICIONANTES PEDIDOS PELO CONSELHO GESTOR AO

TERMINAL INTERMODAL DE ITIRAPINA ........................................................................... 62

QUADRO 8: ADOÇÃO OU JUSTIFICATIVA DE NÃO ADOÇÃO PELO EMPREENDEDOR AOS

CONDICIONANTES DO CONSELHO GESTOR ....................................................................... 70

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CORUMBATAÍ

E PIRACICABA .................................................................................................................. 27

FIGURA 2: ESTRATÉGIA DE TRIANGULAÇÃO .................................................................... 32

FIGURA 3: MAPA DA LOCALIZAÇÃO DA DUPLICAÇÃO DA FERROVIA ................................ 35

FIGURA 4: VISTA SUPERIOR DA REGIÃO ATRAVESSADA PELA LINHA DE TRANSMISSÃO.... 51

FIGURA 5: PERFIL DO TRAÇADO CONTEMPLANDO A EXISTÊNCIA DA VEGETAÇÃO E USO DE

ESTRUTURAS ALTEADAS .................................................................................................. 52

FIGURA 6: PERFIL DO TRAÇADO CONTEMPLANDO A EXISTÊNCIA DA VEGETAÇÃO E USO DE

ESTRUTURAS ALTEADAS .................................................................................................. 53

FIGURA 7: VISTA SUPERIOR DA REGIÃO ATRAVESSADA PELA LINHA DE TRANSMISSÃO.... 54

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: ANÁLISE DO ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO À

DUPLICAÇÃO DA FERROVIA ............................................................................................. 39

TABELA 2: SÍNTESE DO ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO DA

DUPLICAÇÃO DA FERROVIA. ............................................................................................. 44

TABELA 3: SÍNTESE DO ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO PELA

CETESB DA LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA. ....................................................... 58

TABELA 4: SÍNTESE DO ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO PELO

EMPREENDEDOR DA LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA. ............................................. 58

TABELA 5: ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO GESTOR À IMPLANTAÇÃO

DO TERMINAL INTERMODAL DE ITIRAPINA ...................................................................... 72

TABELA 6: SÍNTESE DO ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO PELA

CETESB DO TERMINAL INTERMODAL DE ITIRAPINA. ..................................................... 77

TABELA 7: SÍNTESE DO ATENDIMENTO AOS CONDICIONANTES DO CONSELHO PELO

EMPREENDEDOR DO TERMINAL INTERMODAL DE ITIRAPINA. ........................................... 77

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONGEARA – Conselho Gestor da APA Municipal de Campinas

CONSEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente

EA – Estudo Ambiental

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

FUNAI - Fundação para Conservação e Proteção Florestal do Estado de São Paulo

IAIA – International Association for Impact assessment

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IE –Departamento de Avaliação Ambiental de empreendimentos da CETESB

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IPHAN - Fundação Cultural Palmares; e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional

IUCN – International Union for conservation of nature

LI – Licença de Instalação

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

MMA – Ministério do Meio Ambiente

NBR – Norma daAssociação Brasileira de Normas Técnicas

ONG - Organização não Governamental

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

RAP – Relatório Ambiental Preliminar

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

SBF – Secretaria de biodiversidade e florestas

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SMA – Secretaria de Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC – Unidade de Conservação

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 19

2.1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL ................................................................................................................ 19

2.2. PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................................ 20

2.3. TOMADA DE DECISÃO ............................................................................................................................ 23

3. OBJETIVO ............................................................................................................... 25

4. METODOLOGIA .................................................................................................... 26

4.1. ÁREA DE ESTUDO .................................................................................................................................. 26

4.2. SELEÇÃO DOS CASOS DE ANÁLISE.......................................................................................................... 29

4.3. LEVANTAMENTO DE DADOS .................................................................................................................. 30

4.4. ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................................. 32

5. RESULTADOS ......................................................................................................... 33

5.1. DUPLICAÇÃO DA FERROVIA ................................................................................................................... 33

Análise da documentação referente ao processo de licenciamento da Duplicação da Ferrovia entre

os municípios de Itirapina e Cubatão ........................................................................................................... 36

Impactos do empreendimento na APA e levantamento dos condicionantes ................................................. 44

5.2. LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ARARAQUARA – TAUBATÉ ......................................................... 47

Impactos do empreendimento na APA e levantamento dos condicionantes ................................................. 48

Análise da documentação referente ao processo de licenciamento da implantação da Linha de

Transmissão 500 kV Araraquara II - Taubaté da COPEL ........................................................................... 50

5.3. TERMINAL INTERMODAL ....................................................................................................................... 59

Impactos do empreendimento na APA e levantamento dos condicionantes ................................................. 59

Análise da documentação referente ao processo de licenciamento da implantação do Terminal

intermodal de Itirapina – SP ........................................................................................................................ 62

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 78

7. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 82

ANEXO A - PEDIDO DE VISTAS AOS PROCESSOS DA CETESB ............................. 87

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1. INTRODUÇÃO

A constatação da degradação dos recursos ambientais pelas sociedades humanas

levou à preocupação com a conservação de determinados atributos ambientais

essenciais à qualidade de vida. Nesse contexto foram criadas em vários países áreas

protegidas a fim de garantir a conservação destes atributos como, por exemplo,

biodiversidade, paisagens e valores socioculturais. A primeira experiência de Parque

Nacional aconteceu nos Estados unidos, com o Parque de Yellowstone em 1872

(MORSELO,2006).

No Brasil, a lei que regulamenta as unidades de conservação é o Sistema Nacional

de Unidades de Conservação (SNUC) que estabelece como definição de unidade de

conservação (BRASIL, 2000):

[...] unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,

legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e

limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam

garantias adequadas de proteção.

Segundo o World Database on Protected Areas, apud Ranieri (2013), em 2010 12%

da superfície do planeta pertencia a alguma área protegida, com graus de restrições às

atividades humanas diversos, esta porcentagem estava dividida em 162 mil áreas

protegidas. No Brasil cerca de 18% doterritório está sob a proteção de alguma forma de

unidade de conservação (RANIERI et al., 2011) as quais estão divididas em dois

gruposdefinidos pelo SNUC, sendo elas as unidades de proteção integral e as de uso

sustentável, que têm por definição (BRASIL, 2000):

[...]Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se

em dois grupos, com características específicas:

I - Unidades de Proteção Integral;

II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a

natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais,

com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar

a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos

naturais.

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O objeto de estudo desse trabalho é uma unidade de conservação de uso sustentável

denominada Área de Proteção Ambiental (APA), enquadrada pelo SNUC como

(BRASIL, 2000):

[...]Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo

grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos

ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-

estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a

diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Essa categoria equivale ao conceito de Paisagem Protegida da International Union

For Conservation of Nature(IUCN), que é bastante comum na Europa, onde a paisagem

é resultado de processo de alteração do ambiente pelo ser humano durante um longo

período de tempo.

A Área de Proteção Ambiental, como em todas as outras Unidades de Conservação

(UC) exceto as RPPNs, é gerida por conselho gestor que é formado por representantes

de diversos setores sociais como poder público dos municípios ou estados envolvidos,

universidades e organizações da sociedade civil. Uma das atribuições do Conselho

Gestor é analisar os pedidos de licenciamento de empreendimentos potencialmente

causadores de impacto ambiental no território da UC. Podendo se manifestar pedindo

esclarecimentos ou ainda recomendando alterações ou condicionantes ao projeto. Como

estabelece o Decreto nº4.340/2002 em seu artigo 20, parágrafo VIII: “Compete ao

conselho de unidade de conservação: [...]VIII- manifestar-se sobre obra ou atividade

potencialmente causadora de impacto na unidade de conservação, em sua zona de

amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos; e [...]”. (BRASIL, 2002)

Sendo o conselho gestor uma entidade representativa dos interesses dos setores

sociais pertencentes à unidade de conservação, é de se esperar que os condicionantes

propostos por esse colegiado a empreendimentos de potencial impacto sobre a unidade,

sejam acatados pelos órgãos licenciadores e pelos empreendedores legitimando a

participação pública nos processos decisórios. O papel do conselho na busca em garantir

a proteção dos aspectos ambientais pelos quais a unidade foi criada se perde se a

consulta durante o processo de licenciamento for apenas uma formalidade burocrática.

O Estudo de caso do presente trabalho envolve os empreendimentos do PAC que

impactam a Área de Proteção Ambiental Corumbataí – Botucatu – Tejupá, denominada

neste trabalho como APA Corumbataí cujo Conselho gestor é partilhado com a Área de

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Proteção Ambiental Piracicaba. Este órgão será denominado neste trabalho somente

como „Conselho‟.

A importância e motivação de se estudar o processo de licenciamento de

empreendimentos que causam impacto em unidades de conservação se deve ao fato de

que o licenciamento ambiental de empreendimento é o principal mecanismo de

avaliação de impacto no Brasil (SÁNCHEZ, 2008) e a criação de Áreas Protegidas a

principal estratégia de conservação da biodiversidade (MILANO, 2001). Assim,

confrontar a legislação e a prática destes dois instrumentos, resulta em uma amostra da

eficácia de cada um deles no cenário brasileiro.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Segundo Sanchez (2008), a avaliação de impacto ambiental teve origem no

cenário ambiental internacional com a criação da legislação de política nacional de meio

ambiente dos Estados Unidos em 1969. Atualmente a definição sintética do termo

adotada pela International Association for Impact Assessment – IAIA é “avaliação de

impacto é o processo de identificar as consequências futuras de uma ação presente ou

proposta”.

No Brasil, o principal mecanismo de avaliação de impacto ambiental é o

Licenciamento Ambiental, que atesta a viabilidade ambiental de empreendimentos, não

há portanto uma avaliação de impacto de planos e programas.

O licenciamento foi incorporado à legislação como um dos instrumentos da

Política Nacional de Meio Ambiente na década de 80. No âmbito federal, as exigências

para a emissão de licença são expressas na Lei nº6.938/81, art 1:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e

atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerando efetiva ou

potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de

causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão

Estadual competente, integrante do Sistema Nacional de Meio - SISNAMA, e

do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis

– IBAMA, em caráter supletivo sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

O decreto nº99.274/90 regulamentou a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de

Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, e dá outras providências:

O Poder público, no exercício de sua competência de controle, expedirá

as seguintes licenças:

1 - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da

atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de

localização, instalação e operação, observados os planos estaduais ou federais

de uso do solo.

2 - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de

acordo com as especificações constantes do Projeto executivo aprovado; e

3 - Licença de operação (LO), autorizando, após as verificações

necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus

equipamentos de controle da poluição, de acordo com o previsto na Licença

Prévia e de Instalação.

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Foi publicada então a Resolução CONAMA nº237, de 19 de dezembro de

1997, que representou um importante instrumento regulador do licenciamento no Brasil.

Esta resolução buscou definir o papel do IBAMA no licenciamento Ambiental como

sendo o responsável pelo licenciamento de “empreendimentos e atividades de

significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional”. Nesta mesma

resolução é definido o termo “Estudos Ambientais”:

“[...] São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais

relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma

atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da

licença requerida, tais como: Relatório Ambiental, Plano e Projeto de

controle ambiental, Relatório ambiental preliminar, Diagnóstico ambiental,

Plano de manejo, Plano de Recuperação de área degradada e análise

preliminar de risco.”

2.2. PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Participação pública é um conceito que vem sendo discutido e que apresenta

uma série de definições na bibliografia mundial. Alguns autores defendem que o termo

só deveria ser utilizado se justificado através do envolvimento ativo do público

envolvido e quando os tomadores de decisão são realmente influenciados pelo

envolvidos no processo de participação pública (BISHOP; DAVIS1, 2002apud

O´FAIRCHEALLAIGH, 2010).

Arnstein (1996), define que a participação pública tem oito degraus, que

variam de acordo com o poder que é atribuído para um grupo de pessoas. Os dois

primeiros degraus, que correspondem a não-participação são a Manipulação e a Terapia,

os três próximos, que correspondem à níveis de concessão mínima de poder são a

Informação, Consulta e Pacificação. Já aqueles que correspondem aos níveis de poder

cidadão são a Parceria, Delegação de Poder e Controle Cidadão.

Segundo Sanchez (2008) outro marco de referência da participação pública no

mundo, foi a Convenção de Aarhus, que foi firmada em 1998 e entrou em vigor

somente em 2001 pelos países signatários (países europeus, Ásia Central, e os

1BISHOP, P; DAVIS, G. Mapping public participation in policy choices. Australian Journal of Public

Administration, v. 61, n. 1, p. 14-29, 2002.

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pertencentes à antiga União Soviética) e influenciou a discussão também em outras

partes do mundo. Essa convenção teve três bases principais (i) acesso à informação, (ii)

participação no processo decisório e (iii) acesso à justiça.

Segundo Momtaz e Gladstone (2008, p. 223) o objetivo da participação pública

é compartilhar informações, envolver a comunidade, levantar as aspirações e

considerações da comunidade e fornecer a ela, a capacidade de influenciar na tomada de

decisão.

Segundo Fischer (2000), a Consulta pública pode contribuir de diversas formas,

dentre elas, colaborar com o levantamento de temas que só podem ser conhecidos pelos

moradores locais, assim a participação pública pode ajudar os tomadores de decisão a

adequar o projeto à circunstâncias locais. Com essa contribuição a decisão técnica pode

ser mais robusta e melhor compreendida. Ainda sobre os benefícios da participação

pública, O´Faircheallaigh (2010) aponta também que esta pode fornecer informações

que não estão acessíveis a pessoas de fora, o popularmente conhecido como

conhecimento local, e também demonstrar que o proponente do projeto está aberto às

contestações locais.

Já World Bank (1999) aponta como benefícios da participação pública: (i) a

redução do número de conflitos e dos prazos de aprovação se traduz em maior

lucratividade para os investidores, (ii) os governos melhoram os processos decisórios e

demonstram maior transparência e responsabilidade; (iii) órgãos públicos e ONG‟s

ganham credibilidade e melhor compreensão de sua missão; (iv) o público afetado pode

influenciar o projeto e reduzir impactos adversos, maximizar benefícios e assegurar que

receba compensação apropriada; (v) há maiores possibilidades de que grupos

vulneráveis recebam atenção especial, que questões de equidade sejam levadas em conta

e que as necessidades dos pobres tenham prioridade; (vi) os planos de gestão ambiental

são mais efetivos.

Ainda sobre os benefícios da participação pública na tomada de decisão a

Agência de Avaliação Ambiental do Canadá estabeleceu uma lista de benefícios que a

participação pública pode trazer:

Possibilitar a contribuição de pessoas interessadas no planejamento de

projetos que irão afetá-los;

Permitir aos proponentes do projeto e aos órgãos governamentais

melhor entendimento do local e das preocupações e prioridades dos

moradores locais;

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Redução potencial dos efeitos ambientais negativos através da

identificação pelo conhecimento da comunidade que deve ser aplicado

na avaliação ambiental;

A construção de uma boa confiança pública no processo de avaliação

ambiental e nas decisões tomadas (Canadian Environmental Assesment

Agency, 2008).

Além dos benefícios ao empreendimento, há de se pontuar que a participação

pública é essencial para o desenvolvimento das capacidades individuais (BARTON2,

2002, p. 102–103 apud O´FAIRCHEALLAIGH 2010). O aprendizado organizacional e

também social é bastante significativo nos trâmites da consulta pública para avaliação

de empreendimentos. Estes ambientes geram oportunidade de tentar resolver juntos

problemas que afetam a coletividade e também exercitam a habilidade de entender

outros pontos de vista para a tomada de uma decisão coletiva, de maneira democrática

(FITZPATRICK3, 2006 apud O´FAIRCHEALLAIGH, 2010).

No que tange à participação pública nos processos de licenciamento brasileiros,

a Resolução CONAMA 001/86 determina em âmbito Federal que o RIMA deve ser

acessível a quem manifestar interesse ou tiver relação direta com o projeto. Já o

CONSEMA, Conselho Estadual de meio ambiente do Estado de São Paulo, através da

Resolução 42/94 da SMA estabelece que qualquer interessado no projeto pode solicitar

audiência pública, ser ouvido pelas câmaras técnicas do CONSEMA, e ainda

manifestar-se por escrito após o pedido de licença.

A Lei Federal nº10.650 de 16 de abril de 2003, dispõe sobre o direito à

informação ambiental. Esta lei estabelece que qualquer cidadão brasileiro tem o direito

de acesso à informação sem necessitar justificar as razões pela qual tem interesse em

realizar a consulta, com algumas exceções em relação à propriedade intelectual e à

segurança pública.

2 BARTON, B. Underlying concepts and theoretical issues in public participation in resources

development. In: ZILLMAN, D; LUCAS, A; PRING, G (Eds.). Human rights in natural resources

development: public participation in the sustainable development of mining and energy resources.

Oxford: Oxford University Press, 2002. p. 77-119. 3 FITZPATRICK, P. In it together: organizational learning through participation in impact assessment.

Journal of Environmental Assessment Policy and Management, v. 8, n. 2, p. 157–182, 2006.

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2.3. TOMADA DE DECISÃO

A consulta pública só é efetiva quando a população envolvida pode influenciar

na tomada de decisão do projeto. Além disso, uma das chaves para a tomada de decisão

ser legitima é a imparcialidade (ROSANVALLON, 2011). Quando a consulta pública é

realizada somente para cumprir uma exigência da legislação nos processos de

licenciamento, os benefícios serão nulos ou muito reduzidos (SÁNCHEZ, 2008).

Se a tomada de decisão exclui alguns cidadão do processo, garantirá o aumento

da alienação pública e reduzirá sua legitimidade. A democracia parte do princípio de

que qualquer pessoa que é afetada por uma decisão precisa ter a oportunidade de

contribuir com a tomada de decisão. (SALOMONS;HOBERG, 2013).

Os tomadores de decisão deveriam não somente querer obter tipos específicos

de informação das pessoas potencialmente afetadas, mas também criar um ambiente em

que o projeto possa ser contestado como um todo, desde as informações básicas até os

impactos esperados. Mas normalmente, os proponentes desejam que seus projetos sejam

aprovados como foram concebidos anteriormente, diminuindo os impactos negativos

que serão gerados e supervalorizando os benefícios econômicos advindos da

implantação do empreendimento (DOELLE;SINCLAIR4, 2006, p. 190apud

O´FAIRCHEALLAIGH, 2010; MOMTAZ;GLADSTONE5, 2008 apud

O´FAIRCHEALLAIGH, 2010).

No Brasil, a tomada de decisão sobre a licença ambiental de um

empreendimento cabe ao órgão ambiental (Federal, Estadual ou Municipal) componente

do SISNAMA. Essa decisão pode ser tomada pelo órgão ambiental, ou no casos de

alguns Estados, pode passar pela aprovação de órgãos colegiados, buscando aprovação

da sociedade civil. No entanto o processo decisório tem de ter critérios de escolha

claros, sejam eles técnicos ou políticos, para que o interesse público possa prevalecer

sobre o privado. (SÁNCHEZ, 2008).

4DOELLE, M.; SINCLAIR, A. J. Time for a new approach to public participation in EA: promoting

cooperation and consensus for sustainability. Environmental Impact Assessment Review, v. 26, n. 2, p.

185-205, 2006. 5 MOMTAZ, S; GLADSTONE, W. Ban on commercial fishing in the estuarinewaters of New South

Wales, Australia: community consultation and social impacts. Environmental Impact Assessment

Review, v. 28, n. 2, p. 214-225, 2008

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Wallace, Barborak e MacFarland (2005), discorrem sobre os Conselhos

interinstitucionais e procedimentos para colaboração multijurisdicional a partir do

estudo de caso de quinze unidades de conservação em seis países mesoamericanos

(México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá). Nas diretrizes para o

planejamento das UC‟s nestes países, quase sempre têm como obrigatória a participação

dos interessados, reuniões abertas e análises dos planos interinstitucionais. No México,

a criação de Conselhos Consultivos locais permanente para as UC‟s é obrigatória por

lei.

Em Honduras, estão sendo estabelecidos Conselhos consultivos para muitas

UC´s e na Costa Rica esta pratica tem se tornado bastante comum. Segundo os autores,

estes órgãos permitem que as unidades tenham um papel de liderança em questões

intermunicipais de ocupação do solo, mesmo onde os governos locais falham. Em

vários casos, os conselhos criaram maneiras de consulta que podem evoluir para

aumentar a legitimidade de poder de decisão referente ao uso do solo.

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3. OBJETIVO

Analisar o efetivo atendimento aos condicionantes do Conselho gestor da Área de

Proteção Ambiental Corumbataí – Botucatu - Tejupá ao aprimoramento socioambiental

dos projetos vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) propostos

nesta unidade de Conservação.

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4. METODOLOGIA

4.1. ÁREA DE ESTUDO

A APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá foi criada por meio do Decreto Estadual de

criação nº 20.960 de 1983, esse decreto considera como motivação para a sua criação:

“(...) que as áreas objeto deste decreto apresentam um conjunto de condições

ambientais que ainda preservam elementos significativos da flora e da fauna;

que as “cuestas” nelas contidas constituem-se num importante divisor de

águas, nascendo em suas encostas muitos rios e várias fontes hidrotermais de

importância econômica e medicinal; que estas áreas ainda não foram

atingidas pelas indústrias, prevalecendo nelas as atividades do setor primário

e terciário; que o conjunto paisagísticos por elas formado, além dos seus

valores ambientais intrínsecos, constitui-se em anfiteatros naturais de grande

beleza cênica; que o estágio adiantado dos estudos desenvolvidos pelas

Universidades da região, pela comunidade local e por diversos técnicos da

Secretaria Especial e do Meio Ambiente, do Ministério do Interior,

possibilitam o início dos trabalhos normativos na área.”

O principal atributo motivador da criação desta unidade foi a Proteção às cuestas.

Sua existência possibilitou historicamente a conservação de significativos fragmentos

da biota nativa, bem como a contínua e abundante produção hídrica de boa qualidade

para a sociedade que se beneficia deste patrimônio. As cuestas são integralmente

compostas de cabeceiras de drenagem de importantes bacias hidrográficas estaduais.

A unidade está localizada no interior do Estado de São Paulo e faz parte dos

municípios de Analândia, Barra Bonita, Brotas, Charqueada, Corumbataí, Dois

Córregos, Ipeúna, Itirapina, Mineiros do Tietê, Rio Claro, Santa Maria da Serra, São

Carlos, São Manuel, São Pedro e Torrinha, como mostra a Figura 1:.

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Figura 1: Mapa de localização das Áreas de Proteção Ambiental Corumbataí e Piracicaba

Fonte: Fundação Florestal (2007)

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Como se pode observar na Figura 1, os territórios das APAs Corumbataí e

Piracicaba são parcialmente sobrepostos, abarcando em conjunto cerca de 323.000

hectares. Por este fato, elas tem sua gestão compartilhada, tendo um único Conselho

Gestor; objeto de estudo do presente trabalho, e um único Gestor.

Por terem esta característica específica de serem geridos pelo mesmo Conselho

Gestor, as duas unidades de conservação também terão um único Plano de Manejo, que

até a finalização deste trabalho não havia sido aprovado.

A composição, o papel e a forma de criação do Conselho gestor, foi determinada

pelo Decreto Estadual n º48.149/2003 que diz:

“Art. 1º - A criação e o funcionamento dos Conselhos das Áreas de

Proteção Ambiental - APAs no Estado de São Paulo observarão as regras

estabelecidas por este decreto.

(...)

Art. 3º - O Conselho Gestor de Área de Proteção Ambiental no Estado de

São Paulo tem caráter consultivo e como objetivo promover o gerenciamento

participativo e integrado da área, bem como implementaras políticas e

diretrizes nacionais, estaduais e municipais de proteção do Meio Ambiente e

do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Art. 4º - O Conselho Gestor de Área de Proteção Ambiental terá as seguintes

atribuições:

I - elaborar o seu regimento interno, no prazo de 90 dias, contados a

partir da data de sua instalação;

II - acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de

Manejo da Área de Proteção Ambiental, quando couber, garantindo o seu

caráter participativo;

III - buscar a integração da unidade de conservação com as demais

unidades e espaços territoriais especialmente protegidos e com o seu entorno;

IV - promover a articulação dos órgãos públicos, organizações não-

governamentais, população residente e iniciativa privada, para a

concretização dos planos, programas e ações de proteção, recuperação e

melhoria dos recursos ambientais existentes na APA;

V - manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de

impacto na área de sua atuação;

VI - acompanhar a aplicação dos recursos financeiros decorrentes de

compensação ambiental na respectiva unidade;

VII - avaliar os documentos e deliberar sobreas propostas encaminhadas

por suas Câmaras Técnicas.

Art. 5º - O Conselho Gestor de Área de Proteção Ambiental será

composto por representantes:

I - dos Municípios abrangidos pela APA;

II - dos órgãos e entidades da Administração Estadual;

III - da sociedade civil, devendo contemplar, quando couber, a

comunidade científica e organizações não-governamentais ambientalistas

com atuação comprovada na região da unidade, população residente e do

entorno, população tradicional, proprietários de imóveis no interior da

unidade, trabalhadores e setor privado atuantes na região e representantes dos

Comitês de Bacia Hidrográfica.” (SÃO PAULO, 2003)

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No caso em Estudo, o Conselho Gestor é formado por representantes das

prefeituras dos municípios pertencentes às APAs, universidades e organizações da

sociedade civil e as reuniões são abertas ao público.

4.2. SELEÇÃO DOS CASOS DE ANÁLISE

Os empreendimentos escolhidos para análise foram os empreendimentos que

impactam os atributos protegidos pela Área de Proteção Ambiental estudada e que

fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal.

Por ser esse programa um grande impulsionador de obras em todo o território brasileiro

e portanto representar uma amostra dos processos de licenciamento que estão em

andamento no país.

Aguiar (2011) sobrepôs áreas de unidades de conservação federal com os

empreendimentos do PAC. Os gestores de diversas unidades foram consultados e a

sobreposição foi confirmada em 29 unidades, a maioria delas na região do corredor

ecológico de biodiversidade da Serra do Mar, área considerada de “Extrema

Importância Biológica” pela secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do

Ministério do Meio Ambiente(MMA).

Segundo o Decreto Federal nº6.025 de 22 de janeiro de 2007 art. 1 o programa é

“Constituído de medidas de estímulo ao investimento privado, ampliação do

investimento público em infraestrutura e voltadas à melhoria da qualidade do

gasto público e ao controle da expansão dos gastos correntes no âmbito da

Administração Pública.” (BRASIL, 2007)

E um dos princípios norteadores do programa, segundo o mesmo decreto é a

busca pelo desenvolvimento sustentável.

Portanto, optou-se por analisar a contribuição do Conselho na melhoria de

projetos que pertencem a um programa do Governo Federal que impulsiona obras em

todo o território nacional, e portanto influenciam na dinâmica de muitas Unidades de

Conservação no país, como uma amostra do que ocorre no Brasil.

Além do mais, os empreendimentos selecionados referem-se à obras de setores de

base da economia, sendo dois deles de transporte e armazenamento e um de energia

elétrica.

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4.3. LEVANTAMENTO DE DADOS

Para a análise do atendimento aos condicionantes pedidos pelo Conselho Gestor,

foi necessário o estudo detalhado de cada um dos processos de licenciamento estudados,

para entender quais os órgãos participantes do processo e como cada um deles

contribuem para o processo decisório da emissão da licença. Com essa visão global,

realizou-se uma análise do atendimento de cada um dos condicionantes para que o

levantamento do atendimento ou não por parte do empreendedor e do órgão licenciador

fosse o mais fidedigna possível, visto a complexidade desses processos.

O levantamento de dados se inicia com o contato com o Conselho Gestor a partir

da participação em reuniões ordinárias. Através desse contato inicial foram

disponibilizados à pesquisa, documentos digitais referentes à gestão da APA, tais como

atas de reunião dos conselheiros, deliberações, estudos, mapas de localização, estudos

ambientais, decretos e normas específicas.

Através da leitura das atas das reuniões do Conselho foi possível o levantamento

das discussões acerca do licenciamento de cada um dos empreendimentos para a melhor

compreensão da problemática envolvida no impacto a algum atributo protegido por essa

unidade. Assim, buscou-se nas deliberações deste Conselho o levantamento e listagem

dos condicionantes pedidos para cada caso, como é exposto no item “Resultados”. Além

disso, obteve-se o detalhamento de como foi o contato do Conselho com o

empreendedor e órgão licenciador.

Os mapas fornecidos pelo Conselho ao trabalho foram de grande valia para a

localização dos empreendimentos e seus impactos no território protegido por essa

unidade. As Normas, Decretos, Leis e Resoluções pertinentes às temáticas abordadas

garantiram um embasamento jurídico ao mesmo, por esse motivo as principais

contribuições desses documentos serão descritas sucintamente a seguir.

O Decreto Estadual de criação da APA Corumbataí nº 20.960 de 1983 forneceu

informações sobre os objetivos de criação desta unidade e seus atributos protegidos. O

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000), detalhou os objetivos

fins das Áreas de Proteção Ambiental, além dos objetivos, papéis e composição do

Conselho gestor.

A Resolução CONAMA 428/2010 que “Dispõe, no âmbito do licenciamento

ambiental sobre a autorização do órgão responsável pela administração da Unidade de

Conservação (UC), de que trata o § 3º do artigo 36 da Lei nº 9.985 de 18 de julho de

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2000, bem como sobre a ciência do órgão responsável pela administração da UC no

caso de licenciamento ambiental de empreendimentos não sujeitos a EIA-RIMA e dá

outras providências” (BRASIL, 2010), auxiliou a pesquisa sobre a clareza da

obrigatoriedade da consulta ao Conselho Gestor de UC.

Paralelamente à análise dos documentos fornecidos pelo Conselho foram

levantados todos os documentos dos processos de licenciamento dos três

empreendimentos. Esses documentos são públicos e estão disponíveis segundo lei de

acesso a informação (BRASIL, 2003).

No caso do empreendimento licenciado pelo IBAMA, o processo foi consultado

no site do órgão (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS, 2014) e no caso dos processos licenciados

pela CETESB a consulta foi realizada na agência ambiental de São Paulo, perante

prévio agendamento através de documentação enviada que se encontra no Anexo 1.

A partir da análise dos documentos dos processos de licenciamento foi possível

levantamento do atendimento aos condicionantes do Conselho. Para a análise mais

fidedigna dos condicionantes solicitados, foram criadas três classes de atendimento pelo

órgão licenciador sendo elas:

Não contemplado, onde os condicionantes não foram solicitados ao

empreendedor;

Contemplado, que correspondem aos condicionantes impostos pelo órgão

licenciador com o objetivo de atender aos emitidos pelo Conselho;

Contemplado parcialmente, que engloba os condicionantes que foram

citados nos documentos analisados, sem diferenciar aqueles que foram

minimamente daqueles que foram quase totalmente contemplados.

Em um segundo momento, foram analisados os condicionantes que foram

realmente atendidos pelos empreendedores e para isso se criou três classes para análise:

sim, não e está no prazo. As duas primeiras opções analisam o atendimento ou não ao

condicionante e a terceira classe caso haja algum condicionante que ainda não foi

atendido mas o empreendedor ainda possui prazo para o cumprir. Como não houve

nenhum condicionante que não foi atendido pelo empreendedor por ainda estar no

prazo, a terceira classificação foi suprimida.

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4.4. ANÁLISE DOS DADOS

A metodologia utilizada para esse trabalho é conhecida como método misto,

que foi originado em 1959 com os estudos de Campbell e Fisk. Essa metodologia

combina os métodos qualitativos e quantitativos, onde análises documentais (dados

qualitativos) são elaborados juntamente com análises estatísticas (dados quantitativos)

para assim reforçar a análise e validade do estudo apresentado (CRESWELL, 2010).

A estratégia utilizada foi a triangulação, onde em uma mesma etapa do trabalho

são realizados os levantamentos qualitativos e quantitativos. A análise dos documentos

foi feita com o auxílio do preenchimento de um quadro que detalha qualitativamente o

atendimento aos condicionantes de acordo com as classes propostas no item anterior.

Classificado o atendimento a cada um dos condicionantes, buscou-se a quantificação

desse parâmetro em número e porcentagens, a fim de se ter um dado comparativo entre

os empreendimentos analisados durante esse trabalho e também com outros autores.

A Figura 2abaixo ilustra a estratégia de triangulação:

Figura 2: Estratégia de triangulação

Fonte: adaptado de Creswell (2010).

Coleta de dados qualitativos

Análise

qualitativa

Análise

quantitativa

Resultados dos dados integrados

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5. RESULTADOS

Para cada um dos empreendimentos selecionados para esse trabalho, foram

coletados dados de atendimento aos condicionantes durante o processo de

licenciamento, como descrito na metodologia. Neste item são apresentados os

resultados obtidos organizados por empreendimento. Para cada um deles é apresentado

um quadro síntese com a tipologia, o empreendedor e o órgão licenciador, seguidos de

uma caracterização breve do empreendimento, legislação específica aplicável à

tipologia, descrição da análise documental e então os resultados qualitativos e

quantitativos atribuídos ao atendimento dos condicionantes pedidos pelo Conselho

gestor da APA Corumbataí – Piracicaba em cada um dos processos de licenciamento.

5.1. DUPLICAÇÃO DA FERROVIA

O primeiro empreendimento em análise é a duplicação de um trecho ferroviário

entre os pátios de Itirapina e Perequê, interceptando 24 municípios localizados no

Estado de São Paulo. O Quadro 1 abaixo faz uma síntese das principais características

do empreendimento e de seu licenciamento.

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Quadro 1: Quadro síntese de descrição da Duplicação da ferrovia

Para melhor ilustrar o empreendimento, o mapa apresentado pelo empreendedor

no Estudo Ambiental para mostrar o traçado do empreendimento dentro das APA‟s

Corumbataí e Piracicaba está demonstrado na Figura 3:

Duplicação da ferrovia

Tipologia Ferrovia

Empreendedor ALL - América Latina Logística Malha Paulista S.A

Órgão licenciador IBAMA

Municípios atingidos Itirapina, Rio Claro, Ipeúna, Santa Gertrudes, Cordeirópolis,

Americana, Nova Odessa, Sumaré, Hortolândia, Campinas,

Indaiatuba, Salto, Itú, Alumínio, Mairinque, São Roque,

Cotia, Itapecerica da Serra, São lourenço da Serra, Embu-

guaçu, São Paulo, Praia Grande, São Vicente e Cubatão

Tamanho 317 Km

UC‟s atingidas APAs (Corumbataí-Botucatu-Tejupá, Piracicaba-Juqueri-

mirim, Cabreúva, Itupararanga, Marinha Litoral Centro,

Capivari-Monos, de Americana, de Campinas, RPPNs

(Fazenda Curucutu, Carbocloro), Floresta Estadual Edmundo

Navarro de Andrade, Estação Ecológica Itirapina, Parques

Estaduais (ARA, Várzea do Embu-guaçu, Serra do Mar,

Xixová-Japuí), Parque Natural Municipal Cratera de Colônia,

Reserva Florestal Morro Grande, Estação experimental de

Itirapina, Parque Estadual Ecológico Guarapiranga, APRM

Guarapiranga e APRM Represa Billing.

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Figura 3: Mapa da localização da duplicação da ferrovia

Fonte: Adaptado do Estudo Ambiental do processo de licenciamento (2010).

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Análise da documentação referente ao processo de licenciamento da Duplicação da

Ferrovia entre os municípios de Itirapina e Cubatão

No dia 07 de julho de 2010foi emitida uma solicitação de licença prévia por

parte do empreendedor junto ao IBAMA. Neste mesmo dia, o IBAMA emitiu uma nota

técnica reavaliando a necessidade de solicitação de EIA/RIMA para o empreendimento,

ficando definido pela elaboração de Estudo ambiental com vias à emissão de Licença

Prévia – LP, sem especificar qual tipo de Estudo Ambiental.

A minuta do termo de referência do estudo ambiental foi encaminhada aos

seguintes órgãos: Fundação para Conservação e Proteção Florestal do Estado de São

Paulo; FUNAI; CETESB; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –

ICMBio; Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA; Fundação

Cultural Palmares; e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

Também foram solicitadas as manifestações de todas as prefeituras cujos municípios

são interceptados pelos trechos a serem duplicados.

No dia 16 de novembro do mesmo ano foi apresentado ao órgão licenciador um

Estudo Ambiental com a descrição do empreendimento, assim como a descrição dos

aspectos ambientais, sociais e econômicos que o envolviam.

Em 10/12/2010 foi solicitado parecer jurídico da ALL à Procuradoria Federal

especializada junto ao IBAMA sobre: (1) A possibilidade de aceitação tácita (aprovação

das conclusões e sugestões) do Estudo Ambiental em caso de não recebimento das

manifestações dos gestores das Unidades de Conservação no prazo previsto na Instrução

Normativa nº 184/2008 do IBAMA; (2) A obrigatoriedade da inclusão de todas as

solicitações das Unidades de Conservação e de seus gestores nas condicionantes da

eventual Licença Prévia – LP, inclusive aquelas que a equipe técnica do IBAMA,

quando da análise do Estudo Ambiental, julgar não relacionadas aos impactos do

empreendimento.

Em 06/01/2011 foi protocolada a Carta nº 02/GPI/2011 da ALL (reiterada em

11/01/2011 pela Carta nº 05/GPI/2011), por meio da qual a empresa questiona a

aplicabilidade imediata da Resolução CONAMA nº 428, de 17/12/2010, que trata das

autorizações de Unidades de Conservação no caso de empreendimentos não sujeitos à

elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto

Ambiental – EIA/RIMA.

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Em 20/01/2011 foi encaminhado à ALL o Ofício nº 057/2011 –

DILIC/IBAMA, informando da aplicabilidade imediata da Resolução CONAMA nº

428/2010, não sendo mais necessárias anuências dos Órgãos Gestores das Unidades de

Conservação impactadas, já que o empreendimento não está sujeito à elaboração de

EIA/RIMA.

Segundo a Resolução CONAMA nº428/2010:

“Art. 1º: O licenciamento de empreendimentos de significativo impacto

ambiental que possam afetar Unidade de Conservação (UC) específica ou sua

Zona de Amortecimento (ZA), assim considerados pelo órgão ambiental

licenciador, com fundamento em Estudo de Impacto Ambiental e respectivo

Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), só poderá ser concedido após

autorização do órgão responsável pela administração da UC ou, no caso das

Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), pelo órgão responsável

pela sua criação.” (BRASIL, 2010)

Portanto, segundo o entendimento do empreendedor e do IBAMA o

empreendimento não estaria sujeito à elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e

respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), não necessitando de

autorização do órgão responsável pela administração da UC (no caso a Fundação para

Conservação e Proteção Florestal do Estado de São Paulo) para a emissão da licença.

O Parecer técnico do IBAMA sobre a análise do Estudo Ambiental- EA da

“duplicação do trecho Itirapina/SP – Cubatão” é emitido no dia 14 de julho de 2011

com complementação do mesmo no dia 28 de novembro do mesmo ano.

A licença prévia foi emitida pelo IBAMA no dia 1 de dezembro de 2011. No

dia 06 de fevereiro do ano seguinte, o empreendedor solicitou a licença de instalação do

sub trecho Campinas – Embu-guaçu, retirando o trecho Itirapina-Campinas sob

alegação que o trecho não é prioridade no momento. Portanto, a partir do pedido da

licença de instalação o empreendimento não faz parte do escopo do presente trabalho,

por não exercer impacto sobre a Unidade de Conservação estudada. Até a data de

finalização do presente trabalho, o empreendedor não solicitou a licença de instalação

do trecho próximo à APA- Corumbataí.

Em virtude do empreendimento ter sido licenciado somente até a fase de LP e

pelo entendimento do IBAMA de não haver obrigatoriedade do órgão gestor da UC ser

consultado, considerou-se que este caso se diferenciou dos outros dois analisados no

presente trabalho. Ainda assim, optou-se por realizar sua análise, uma vez que o

Conselho da APA manifestou-se e propôs alterações no empreendimento. Como não há

referência no site do IBAMA de que o documento com as condicionantes do Conselho

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tenha sido incorporado ao processo de licenciamento, considerou-se, no presente

trabalho, que todas as condicionantes propostas não foram atendidas.

A Tabela 1abaixo sintetiza a análise documental do empreendimento.

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Tabela 1: Análise do atendimento aos condicionantes do Conselho à Duplicação da ferrovia

Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pelo IBAMA

Atendimento

pelos

empreendedores

(Não se aplica

neste

empreendimento)

Observações

NC* CP** C*** Sim Não

1. Que seja realizado estudo ambiental e seus impactos no trecho de 7 Km entre a área

urbana da cidade de Itirapina e o Terminal de Açúcar da Cosan X

2. Que sejam integralmente considerados os instrumentos legais de criação das duas

APAS em questão. X

3. Que sejam incorporados ao Estudo e aos projetos todas as restrições existentes nos

referidos instrumentos de criação. X

4. Que sejam adotadas medidas de controle de erosão necessárias considerando a vazão

das áreas de contribuição a montante no evento pluvial extremo dos últimos 100 anos, de

forma a minimizar o escoamento superficial difuso e principalmente concentrado;

ampliando a capacidade de infiltração das águas no solos, otimizando a área com

cobertura vegetal nativa, implantando poços de infiltração, curvas de nível e/ou bacias de

contenção em toda área de operação do empreendimento.

X

5. Recuperação e adoção de todas as medidas apresentadas na condicionante 3 a

montante das ravinas produzidas pelo escoamento superficial concentrado originado na

área de operação da Ferrovia, bem como a recuperação e adequação ambiental e do solo

das ravinas que aparecem na figura 4 da Ficha de Identificação de Passivos nº 4 (pg.5 das

Fichas de Identificação de Passivos do Estudo Ambiental) e que foram constatadas pelo

Grupo de Trabalho do Conselho em campo;

X

6.Que sejam planialtimetradas e remapeadas, em escala 1:10.000 e com base no que é

definido pelo Código Florestal, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) da AID

dentro dos territórios das APAs, uma vez que o EIA se restringiu ao mapeamento na

escala 1:50.000 das Áreas de Preservação Permanentes (APPs), abarcando inclusive as

X

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pelo IBAMA

Atendimento

pelos

empreendedores

(Não se aplica

neste

empreendimento)

Observações

NC* CP** C*** Sim Não

APPs dos cursos d‟água intermitentes;

7. Que seja feita restauração ecológica das Áreas de Preservação Permanentes (APPs),

mapeadas conforme a condicionante 5, que cruzem a via ou que iniciem dentro da área

de operação e/ou lindeiras aos cortes e aterros, abarcando todas as nascentes e todos os

cursos d‟água até o fim do segmento de drenagem que tem sua APP nas condições aqui

descritas na dimensão de pelo menos um hectare da ferrovia, tanto para jusante como

para montante;

X

8. Que seja feita restauração ecológica de uma faixa de cinco metros de largura, ao longo

dos dois lados da Ferrovia por todo o trecho dos territórios das APAs Corumbataí e

Piracicaba; X

9. Que a emissão da Licença de Instalação seja precedida da apresentação do Projeto de

restauração ecológica, nos termos da Resolução SMA 08/08, bem como suas

atualizações e anuência do proprietário ou responsável pela área. X

10. Que a emissão da Licença de Operação seja precedida do início da implantação de

10% da área total de restauração ecológica, constando como uma das exigências da

Licença de Instalação; X

11.Que seja realizado levantamento de fauna em fragmentos de vegetação nativa das

fisionomias da Mata Atlântica dentro dos Territórios das APAs Corumbataí e Piracicaba

e na área de influência do Empreendimento. Priorizando o levantamento de primatas, já

que consultas locais indicam presença de Macaco-Prego (Cebus nigritus – quase

ameaçado de extinção) e – Muriqui ou Mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides – em

perigo de extinção);

X

Não há priorização

de primatas.

12. Que seja estudada e implantada as travessias de fauna necessárias para o trânsito de X

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pelo IBAMA

Atendimento

pelos

empreendedores

(Não se aplica

neste

empreendimento)

Observações

NC* CP** C*** Sim Não

animais silvestres entre fragmentos existentes e restaurados e os trilhos da Ferrovia

visando a travessia de primatas e anuros; 13. Que sejam mantidas brigadas de incêndio devidamente equipada em cada um dos três

municípios das APAs Corumbataí e Piracicaba cruzados pelo Empreendimento; X

14. Que seja implantado e mantido cercamentos entre a faixa da Ferrovia e as

propriedades lindeiras que tenham criação de animais domésticos e que as cercas sejam

adequadas/apropriadas às características de cada criação; X

15. Que a capina na área de operação da Ferrovia seja feita por roçadeira e que a os

restos da poda sejam removidos no momento da capina, encaminhados para

compostagem e o composto seja disponibilizado para os pequenos agricultores lindeiros

à Ferrovia;

X

16. Que todo resíduo sólido reciclável ou reutilizável tenha a adequada destinação,

segundo legislação vigente; X

17. Que sejam implantados limitadores de altura em todas as travessias de estradas sob a

Ferrovia dentro dos Territórios das APAs Corumbataí e Piracicaba; X

18. Que sejam implantadas placas em todo entroncamento da Ferrovia com estradas e

rodovias, nos dois sentidos das vias, trazendo informações sobre as APAs e de acordo

com as normas e orientações de comunicação conforme o tipo de via, seguindo as

normas da ARTESP e com conteúdo previamente aprovado pelo Conselho Gestor;

X

19. Que seja implantado em todas as estruturas construídas da ALL dentro das APAs um

mural com informações sobre as APAs Corumbataí e Piracicaba, seus atributos

protegidos e comportamentos recomendados para os cidadãos auxiliarem na conservação

e recuperação ambiental, com conteúdo previamente aprovado pelo Conselho Gestor;

X

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pelo IBAMA

Atendimento

pelos

empreendedores

(Não se aplica

neste

empreendimento)

Observações

NC* CP** C*** Sim Não

20.Que seja elaborado e distribuído um folder informativo para todos os parceiros e

funcionários do Empreendedor que atuem na área de operação da Ferrovia nos territórios

das APAs. Com linguagem adequada, contendo todas as normas vigentes das APAs que

se relacionam às atividades, bem como as demais normas que se relacionem com a

conservação dos atributos protegidos pelas APAs (APPs, Reservas Legais, riscos de

queimadas, etc.); com conteúdo aprovado pelo Conselho Gestor;

X

21. Que sejam realizados curso e atualizações anuais sobre as restrições e atributos

protegidos pelas APAs para todos os colaboradores do Empreendimento que atuam em

seus territórios, com conteúdo aprovado pelo Conselho Gestor. X

22. Manter e/ou apoiar permanentemente projetos de educação ambiental em cada um

dos três municípios com conteúdo previamente aprovado pelo Conselho Gestor das

APAs; X

O conteúdo do

programa de

educação ambiental

não necessita de

aprovação do

Conselho gestor 23. Que as composições não aguardem estacionadas e ligadas na área urbana do

município de Itirapina e não comprometam as travessias de veículos. X

Recomendações

1. Que seja fomentada a utilização do Sistema Agroflorestal (SAF) como técnica de

restauração ecológica, seguindo o estabelecido na Resolução SMA 44/2008; X

2. Que a mão-de-obra utilizada nos trabalhos de restauração ecológica e/ou restauração

da cobertura vegetal nativa seja de trabalhadores rurais locais (de Itirapina, Ipeúna e Rio

Claro ou de municípios circunvizinhos) e que esta receba a devida formação e

X

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pelo IBAMA

Atendimento

pelos

empreendedores

(Não se aplica

neste

empreendimento)

Observações

NC* CP** C*** Sim Não

capacitação para a boa execução dos trabalhos de restauração ecológica;

3. Que sejam considerados as pendências administrativas (licenciamentos, autos de

infração e termos de ajustamento de conduta), civis e criminais (Ministério Público e

Juízo de Direito) que envolvam restauração ecológica nas microbacias e sub-bacias

hidrográficas diretamente impactadas pelo empreendimento, de forma a haver

complementaridade entre estes, garantindo o maior número possível de conexões de

fragmentos e a ampliação da extensão de cobertura de vegetação nativa ecologicamente

restaurada;

X

4. Que seja implantada uma segunda travessia de veículos na cidade de Itirapina e, que

em ambas as travessias sejam implantados e mantidos todos os instrumentos de

segurança necessários; X

5. Que no trecho urbano de Itirapina os trilhos sejam deslocados para apenas um dos

lados da estação de Itirapina, que será centro cultural municipal e atualmente está ilhada

pelos trilhos; X

6. Que seja estudada a possibilidade de criação de uma Reserva Particular do Patrimônio

Natural da Proponente em território das APAs Corumbataí e Piracicaba; X

7. Que seja considerada a possibilidade de apoio à proprietários de áreas naturais para a

implantação e/ou gestão de Reservas Particulares do Patrimônio Natural dentro do

território das APAs; X

8. Que seja considerada a possibilidade de apoio à implantação do Plano de Manejo das

APAs Corumbataí e Piracicaba com recursos oriundos da Compensação Ambiental. X

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Feita a análise qualitativa do atendimento aos condicionantes, buscou-se

quantificar o atendimento aos condicionantes para que se torne possível a comparação

entre os empreendimentos analisados por esse trabalho e também por outros autores.

Dos 23 condicionantes pedidos pelo Conselho Gestor, 100% não foram

contemplados pelo órgão licenciador. Como é sintetizado na Tabela 2.

Tabela 2: Síntese do atendimento aos condicionantes do Conselho da

duplicação da ferrovia.

Condicionantes pedidos pelo órgão licenciador

Contemplados 0%

Contemplados parcialmente 0%

Não contemplados 100%

Impactos do empreendimento na APA e levantamento dos condicionantes

Através do contato com o Conselho gestor da APA Corumbataí e Piracicaba foi

tomado conhecimento sobre uma deliberação deste Conselho emitida no dia 18 de

fevereiro de 2011 sobre a duplicação da Malha ferroviária, trecho Itirapina - Cubatão. A

consulta foi encaminhada pelo órgão gestor para a manifestação acerca da viabilidade

ambiental do empreendimento que foi proposto para implantação no perímetro da APA

conforme projeto apresentado pelo empreendedor.

Em reunião extraordinária do Conselho, o empreendedor apresentou o

empreendimento, assim como o seu Estudo Ambiental e o Conselho teve a oportunidade

de questionar acerca dos impactos que seriam gerados na unidade. Após esse encontro

foi formado um grupo de trabalho, que analisou o Estudo ambiental e encaminhou uma

deliberação com observações sobre a análise do empreendimento.

Segundo o Estudo Ambiental (EA), a duplicação não geraria grandes impactos

uma vez que o segundo trilho seria implantado na área de servidão do trilho já existente.

O trecho que passaria pela APA seria de aproximadamente 38 Km, a começar no

Terminal de Açúcar da COSAN, no município de Itirapina. Há de se destacar que entre

os 38Km do projeto proposto que se situam dentro da APA há 7 Km que ligam a

ferrovia ao terminal que não foram diferenciados dos demais no Estudo Ambiental, esse

trecho seria implantado próximo a área urbana e geraria alguns transtornos para a

população.

Segundo deliberação do conselho, os 38 Km a serem duplicados se encontram

integralmente dentro da área de afloramento do aquífero Guarani e em área de

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manancial hídrico de abastecimento público. Ainda no trecho que intercepta a unidade

de conservação foram identificados 10 passivos ambientais (maioria de material de

operação descartado) e 29 processos erosivos originados da presença da ferrovia.

O Estudo Ambiental apresentou apenas um ponto de pesquisa de fauna dentro

das APA‟s Corumbataí e Piracicaba, representando somente o bioma Cerrado e nenhum

ponto de Mata Atlântica, portanto foi considerado nesse ponto incompleto. Não foram

encontradas, no Estudo Ambiental, referências aos instrumentos normativos das APA´s.

Considerando as incompletudes do Estudo e com o objetivo de perpetuar a

existência e características dos atributos ambientais motivadores da criação das

unidades de conservação, e ainda sem deixar de levar em conta a importância do

empreendimento para a logística de cargas dentro do estado de São Paulo, o grupo de

trabalho do Conselho elaborou uma lista de 23 condicionantes e 8 recomendações ao

empreendimento, a fim de garantir a não cumulatividade e a minimização dos impactos

ambientais negativos inerentes à obra.

Segundo o grupo de trabalho o empreendimento seria exequível dentro das

APAs desde que fossem adotados os condicionantes e consideradas as recomendações

que são apresentados no Quadro 2:

Documento: deliberação do Conselho gestor das APAS Corumbataí e Piracicaba

nº01/2011.

Condicionantes: 1. Que seja realizado estudo ambiental e seus impactos no trecho de 7 Km entre a área urbana

da cidade de Itirapina e o Terminal de Açúcar da Cosan 2. Que sejam integralmente considerados os instrumentos legais de criação das duas APAS em

questão. 3. Que sejam incorporados ao Estudo e aos projetos todas as restrições existentes nos referidos

instrumentos de criação. 4. Que sejam adotadas medidas de controle de erosão necessárias considerando a vazão das

áreas de contribuição a montante no evento pluvial extremo dos últimos 100 anos, de forma a

minimizar o escoamento superficial difuso e principalmente concentrado; ampliando a

capacidade de infiltração das águas nos solos, otimizando a área com cobertura vegetal nativa,

implantando poços de infiltração, curvas de nível e/ou bacias de contenção em toda área de

operação do empreendimento. 5. Recuperação e adoção de todas as medidas apresentadas na condicionante 3 a montante das

ravinas produzidas pelo escoamento superficial concentrado originado na área de operação da

Ferrovia, bem como a recuperação e adequação ambiental e do solo das ravinas que aparecem

na figura 4 da Ficha de Identificação de Passivos nº 4 (pg.5 das Fichas de Identificação de

Passivos do Estudo Ambiental) e que foram constatadas pelo Grupo de Trabalho do Conselho

em campo;

6.Que sejam planialtimetradas e remapeadas, em escala 1:10.000 e com base no que é definido

pelo Código Florestal, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) da AID dentro dos

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Documento: deliberação do Conselho gestor das APAS Corumbataí e Piracicaba

nº01/2011.

territórios das APAs, uma vez que o EIA se restringiu ao mapeamento na escala 1:50.000 das

Áreas de Preservação Permanentes (APPs), abarcando inclusive as APPs dos cursos d‟água

intermitentes; 7. Que seja feita restauração ecológica das Áreas de Preservação Permanentes (APPs),

mapeadas conforme a condicionante 5, que cruzem a via ou que iniciem dentro da área de

operação e/ou lindeiras aos cortes e aterros, abarcando todas as nascentes e todos os cursos

d‟água até o fim do segmento de drenagem que tem sua APP nas condições aqui descritas na

dimensão de pelo menos um hectare da ferrovia, tanto para jusante como para montante;

8. Que seja feita restauração ecológica de uma faixa de cinco metros de largura, ao longo dos

dois lados da Ferrovia por todo o trecho dos territórios das APAs Corumbataí e Piracicaba; 9. Que a emissão da Licença de Instalação seja precedida da apresentação do Projeto de

restauração ecológica, nos termos da Resolução SMA 08/08, bem como suas atualizações e

anuência do proprietário ou responsável pela área. 10. Que a emissão da Licença de Operação seja precedida do início da implantação de 10% da

área total de restauração ecológica, constando como uma das exigências da Licença de

Instalação; 11.Que seja realizado levantamento de fauna em fragmentos de vegetação nativa das

fisionomias da Mata Atlântica dentro dos Territórios das APAs Corumbataí e Piracicaba e na

área de influência do Empreendimento. Priorizando o levantamento de primatas, já que

consultas locais indicam presença de Macaco-Prego (Cebus nigritus – quase ameaçado de

extinção) e – Muriqui ou Mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides – em perigo de extinção); 12. Que seja estudada e implantada as travessias de fauna necessárias para o trânsito de animais

silvestres entre fragmentos existentes e restaurados e os trilhos da Ferrovia visando a travessia

de primatas e anuros;

13. Que sejam mantidas brigadas de incêndio devidamente equipada em cada um dos três

municípios das APAs Corumbataí e Piracicaba cruzados pelo Empreendimento; 14. Que seja implantado e mantido cercamentos entre a faixa da Ferrovia e as propriedades

lindeiras que tenham criação de animais domésticos e que as cercas sejam

adequadas/apropriadas às características de cada criação; 15. Que a capina na área de operação da Ferrovia seja feita por roçadeira e que a os restos da

poda sejam removidos no momento da capina, encaminhados para compostagem e o composto

seja disponibilizado para os pequenos agricultores lindeiros à Ferrovia; 16. Que todo resíduo sólido reciclável ou reutilizável tenha a adequada destinação, segundo

legislação vigente; 17. Que sejam implantados limitadores de altura em todas as travessias de estradas sob a

Ferrovia dentro dos Territórios das APAs Corumbataí e Piracicaba; 18. Que sejam implantadas placas em todo entroncamento da Ferrovia com estradas e rodovias,

nos dois sentidos das vias, trazendo informações sobre as APAs e de acordo com as normas e

orientações de comunicação conforme o tipo de via, seguindo as normas da ARTESP e com

conteúdo previamente aprovado pelo Conselho Gestor; 19. Que seja implantado em todas as estruturas construídas da ALL dentro das APAs um mural

com informações sobre as APAs Corumbataí e Piracicaba, seus atributos protegidos e

comportamentos recomendados para os cidadãos auxiliarem na conservação e recuperação

ambiental, com conteúdo previamente aprovado pelo Conselho Gestor; 20.Que seja elaborado e distribuído um folder informativo para todos os parceiros e

funcionários do Empreendedor que atuem na área de operação da Ferrovia nos territórios das

APAs. Com linguagem adequada, contendo todas as normas vigentes das APAs que se

relacionam às atividades, bem como as demais normas que se relacionem com a conservação

dos atributos protegidos pelas APAs (APPs, Reservas Legais, riscos de queimadas, etc.); com

conteúdo aprovado pelo Conselho Gestor;

21. Que sejam realizados curso e atualizações anuais sobre as restrições e atributos protegidos

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Documento: deliberação do Conselho gestor das APAS Corumbataí e Piracicaba

nº01/2011.

pelas APAs para todos os colaboradores do Empreendimento que atuam em seus territórios,

com conteúdo aprovado pelo Conselho Gestor.

22. Manter e/ou apoiar permanentemente projetos de educação ambiental em cada um dos três

municípios com conteúdo previamente aprovado pelo Conselho Gestor das APAs; 23. Que as composições não aguardem estacionadas e ligadas na área urbana do município de

Itirapina e não comprometam as travessias de veículos.

Recomendações: 1. Que seja fomentada a utilização do Sistema Agroflorestal (SAF) como técnica de restauração

ecológica, seguindo o estabelecido na Resolução SMA 44/2008;

2. Que a mão-de-obra utilizada nos trabalhos de restauração ecológica e/ou restauração da

cobertura vegetal nativa seja de trabalhadores rurais locais (de Itirapina, Ipeúna e Rio Claro ou

de municípios circunvizinhos) e que esta receba a devida formação e capacitação para a boa

execução dos trabalhos de restauração ecológica;

3. Que sejam considerados as pendências administrativas (licenciamentos, autos de infração e

termos de ajustamento de conduta), civis e criminais (Ministério Público e Juízo de Direito) que

envolvam restauração ecológica nas microbacias e sub-bacias hidrográficas diretamente

impactadas pelo empreendimento, de forma a haver complementaridade entre estes, garantindo

o maior número possível de conexões de fragmentos e a ampliação da extensão de cobertura de

vegetação nativa ecologicamente restaurada;

4. Que seja implantada uma segunda travessia de veículos na cidade de Itirapina e, que em

ambas as travessias sejam implantados e mantidos todos os instrumentos de segurança

necessários;

5. Que no trecho urbano de Itirapina os trilhos sejam deslocados para apenas um dos lados da

estação de Itirapina, que será centro cultural municipal e atualmente está ilhada pelos trilhos;

6. Que seja estudada a possibilidade de criação de uma Reserva Particular do Patrimônio

Natural da Proponente em território das APAs Corumbataí e Piracicaba; 7. Que seja considerada a possibilidade de apoio à proprietários de áreas naturais para a

implantação e/ou gestão de Reservas Particulares do Patrimônio Natural dentro do território das

APAs;

8. Que seja considerada a possibilidade de apoio à implantação do Plano de Manejo das APAs

Corumbataí e Piracicaba com recursos oriundos da Compensação Ambiental.

Quadro 2: Condicionantes apresentados pelo Conselho Gestor à Duplicação da ferrovia

Fonte: Adaptado de Deliberação do Conselho gestor das APAS Corumbataí e Piracicaba

n º01/11.

5.2. LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ARARAQUARA – TAUBATÉ

O empreendimento em análise é a implantação de uma linha de transmissão de

energia 500 KV entre a sub estação Araraquara II e a cidade de Taubaté. Este

empreendimento tem como objetivo escoar a energia elétrica produzida nas Usinas

Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira, próximas à Porto Velho, capital

do Estado de Rondônia.

O Quadro 3abaixo faz uma síntese das principais características do

empreendimento e de seu licenciamento.

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Quadro 3: Quadro síntese de descrição da Implantação da Linha de

Transmissão de energia

Impactos do empreendimento na APA e levantamento dos condicionantes

A Fundação Florestal foi consultada por ser órgão gestor de quatro unidades de

conservação impactadas pelo empreendimento sendo elas: (1) APA Corumbataí/

Botucatu/ Tejupá, (2) APA Piracicaba / Juqueri-Mirim, (3) APA Sistema Cantareira e

(4) Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade. Somente o Conselho Gestor das

APA‟s Corumbataí e Piracicaba manifestou-se por meio da Carta do Conselho Gesto

nº11/2011.

O contato entre empreendedor e conselheiros se deu a partir da apresentação do

empreendedor na reunião ordinária do Conselho, a partir da qual foi montado um Grupo

de Trabalho com o objetivo de analisar o EIA-RIMA disponibilizado e realizar visitas

de campo nos locais indicados pelo empreendedor. A partir destas atividades foi

elaborada a Carta nº11/2011encaminhada à CETESB, com a indicação dos

condicionantes pedidos.

Linha de transmissão de energia

Tipologia Linha de Transmissão de energia

Empreendedor COPEL

Órgão licenciador CETESB

Municípios atingidos Amparo, Analândia, Araras, Artur Nogueira Atibaia, Boa

Esperança do Sul, Bragança Paulista, Caçapava, Campinas,

Cordeirópolis, Corumbataí, Cosmópolis, Holambra, Ibaté,

Igaratá, Itirapina, Jaguariúna, Limeira, Morungaba, Paulínia,

Pedreira, Piracicaba, Ribeirão Bonito, Rio Claro, São Carlos,

São José dos Campos, Taubaté

Tamanho 335 Km

UC‟a atingidas APA (Corumbataí-Botucatu-Tejupá, municipal de

Campinas, Piracicaba/ Juqueri-Mirim, Sistema Cantareira,

Serra do Palmital, Mananciais do Rio Paraíba do Sul), Área

de Relevante Interesse Ecológico – ARIE Matão de

Cosmópolis, Refúgio de Vida Silvestre da Mata da Represa,

Parque Natural Municipal de Petronila Markowicz , Floresta

Estadual Edmundo Navarro de Andrade e as RPPNs

(Estância Jatobá, Fazenda Serrinha, Parque das nascentes e

Parque dos Pássaros.Além das zonas de amortecimento da

Área de Relevante Interesse Ecológico Matão de Cosmópolis

e do Parque Natural Augusto Ruschi.

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O principal pedido do conselho na carta referenciada foi a adoção da Alternativa

Locacional 1, a qual não cruzaria as áreas mais escarpadas da região protegida pelas

unidades. Soma-se à argumentação o fato de que as cuestas são zonas de Vida Silvestre,

protegidas pelo Código Florestal vigente à época, onde não é permitida nenhuma

atividade potencialmente poluidora e também o fato de que o empreendimento cruzaria

17 cursos hídricos que fazem parte de um importante manancial hídrico regional.

Tendo apresentado seus argumentos, o Conselho propõe uma alternativa de

Traçado no trecho que atravessa as unidades de Conservação, apresentada em mapa

anexo à carta em escala 1:75000.

Na proposta apresentada pelo conselho o empreendimento deixaria de cruzar 11

Km para cruzar 3 Km e não cruzaria nenhum corpo d´água, ao invés dos 17 da proposta

do empreendedor. Outro aspecto positivo da proposta apresentado pelo conselho é que a

linha de transmissão deixaria de subir e descer as cuestas por nove vezes, para descer

apenas uma.

A seguir são descritos alguns condicionantes solicitados pelo Conselho gestor

por meio da Carta nº11/2011, os quais estão relacionados no Quadro 4:

Documento: Carta do Conselho gestor das APAS Corumbataí e Piracicaba nº11/2011.

Condicionantes:

1. Que a alternativa locacional 1 seja retomada, evitando assim os impactos nos

atributos das APAS Corumbataí e Piracicaba, ou a comprovação da inviabilidade de

tal alteração.

2. No caso da manutenção da opção locacional apresentada no EIA, que seja adotado

o traçado apresentado pelo conselho gestor, nas proximidades da Washigton Luiz,

conforme mapa 1 e 2.

3. Que sejam integralmente considerados os instrumentos legais das duas APAS em

questão.

4. Que sejam incorporados ao Estudo todas as restrições existentes nos referidos

instrumentos de criação.

Quadro 4: Levantamento dos condicionantes pedidos pelo Conselho Gestor à

Linha de Transmissão Araraquara-Taubaté

Fonte: Adaptado de Carta do Conselho Gestor nº11/2011

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Análise da documentação referente ao processo de licenciamento da implantação

da Linha de Transmissão 500 kV Araraquara II - Taubaté da COPEL

O processo de licenciamento se deu na Agência CETESB de São Paulo. No

parecer técnico que a CETESB emitiu tratando da análise ambiental do empreendimento

foram analisados diversos documentos, entre eles o EIA/ RIMA elaborado pelo

empreendedor e a Carta do Conselho das APA‟s Corumbataí e Piracicaba nº11/2011.

Neste documento a CETESB solicita como condicionante para a Licença prévia que o

empreendedor avalie os condicionantes pedidos pelo conselho.

Em resposta ao pedido do órgão ambiental, o empreendedor anexou ao

processo o Relatório Técnico nº60100-3006-010 DV-19, argumentando sobre a

manutenção do traçado original do empreendimento, temática dos dois primeiros

condicionantes detalhados no Quadro 4.

No relatório o empreendedor justifica o traçado escolhido, fornecendo à

CETESB os critérios de projeto utilizados para buscar a rota mais atrativa considerando

os aspectos envolvidos tais como: vegetação, acessos existentes, passagens por áreas

com ocupação humana, declividade acentuada, presença de corpos d´água, travessias e

paralelismo com linhas de transmissão existentes.

A concepção do projeto levou em consideração a utilização de estruturas

alteadas a fim de transpor os obstáculos enfrentados pela linha de transmissão,

principalmente fragmentos de vegetação nativa, nascentes e matas ciliares. Uma das

premissas do projeto foi a de respeitar uma distância mínima sobre a vegetação nos

casos em que foi possível aliar a preservação ambiental com os critérios técnicos.

Como justificativa para o traçado da COPEL, esta discorre sobre a

impossibilidade de realizar a travessia sobre linhas pré-existentes no município de

Araraquara, pois a Norma NBR 5422 impõe uma distância mínima entre as linhas,

impossibilitando assim a Alternativa 1 apresentada nos estudos de alternativas do EIA e

que foi solicitada pelo conselho gestor da APA.

Assim o traçado obrigatoriamente necessitaria passar pelos municípios São

Carlos, Itirapina, Analândia, Corumbataí, Rio Claro e Araras. Optou-se então por

posicioná-la na região de paralelismo com as linhas de transmissão existentes na área,

como se pode observar Figura 4.

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Figura 4: Vista superior da região atravessada pela linha de transmissão

Fonte: Relatório Técnico nº60100-3006-010 DV-19, COPEL 2013

Ainda no referido relatório, o empreendedor ilustra Figura 5o perfil da região em

que a linha de transmissão passará pelas Cuestas da APA, demonstrando que a futura

linha passaria no mínimo 7 metros acima da vegetação existente, não sendo necessária a

abertura da faixa de segurança de 60 metros tal qual ocorreu no passado na construção

das linhas já existentes dentro do território da APA.

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Figura 5: Perfil do traçado contemplando a existência da vegetação e uso de

estruturas alteadas

Fonte: Relatório Técnico nº60100-3006-010 DV-19, COPEL 2013

Nesta metodologia seria necessário a supressão de vegetação na área de

implantação das estruturas e supressão temporária para a abertura de uma faixa de

aproximadamente 5 metros para lançamento dos cabos da linha.

Quanto à travessia sobre os cursos d´água, o empreendedor relata que as

estruturas foram alocadas no projeto para minimizar os possíveis impactos na APP, mas

não detalha quais foram as premissas utilizadas, relatando que graças à topografia da

região a linha de transmissão não afetará a APP, conforme demonstrado na Figura 6.

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Figura 6: Perfil do traçado contemplando a existência da vegetação e uso de

estruturas alteadas

Fonte: Relatório Técnico nº60100-3006-010 DV-19, COPEL 2013

A implantação da linha de transmissão se daria próxima às linhas de transmissão

já existentes, assim os acessos existentes poderiam ser usados, diminuindo a área a ser

desmatada para a abertura de novos acessos.

O empreendedor inclui ainda à sua argumentação que o traçado proposto

apresenta um baixo impacto social uma vez que o principal uso do solo do traçado da

linha de transmissão são pastagens, seguidas por cana de açúcar e já ocupadas por

empreendimentos de transmissão. Assim a atividade pastoril não seria restringida pela

presença da linha de transmissão e as áreas de cana-de-açúcar são passíveis de

indenização.

Quanto ao impacto visual, o empreendedor argumenta que seria de difícil

remediação, sendo minimizado através da implementação de um trajeto paralelo a

empreendimentos existentes.

Tendo apresentado o traçado proposto pelo empreendedor o relatório

caracteriza as condicionantes do conselho, primeiramente justificando que a alternativa

1 proposta pelo empreendedor no estudo locacional do EIA é inviável pois passa por

aeródromos nos municípios de Araraquara e São Carlos.

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Então a alternativa proposta pelo conselho foi analisada inicialmente com um

mapa, mostrado na Figura 7, que sobrepõe as alternativas do conselho e do

empreendedor e também as linhas de transmissão existentes.

Figura 7: Vista superior da região atravessada pela linha de transmissão

Fonte: Adaptado do Relatório Técnico nº60100-3006-010 DV-19, COPEL

2013

A proposta do conselho caracteriza-se pelo desvio das Cuestas, atributo

protegido pela Unidade de Conservação em questão. O empreendedor relata que a

alternativa do conselho transpassa a área de várzea do Ribeirão do Feijão em uma

localidade de maior extensão que o traçado proposto pela COPEL, alocando um maior

número de estruturas nesta várzea aumentando assim o impacto por movimentação de

equipamentos e veículos nestes locais. No relatório não são identificadas as fragilidades

ambientais dos pontos de ambas as propostas.

Outro impacto da alternativa do conselho, segundo o empreendedor, seria no

trecho em que a proposta segue paralela à Rodovia SP-310. Nesta região a linha

passaria por algumas residências e para desviar destes locais seria necessário desviar ao

norte o que criaria ângulos inviáveis por gerar esforços mecânicos que as estruturas não

suportariam. O desvio ao sul também seria inexequível, pois atingiria 20 residências,

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uma indústria e um aeródromo, o que geraria um custo impraticável, além de não

possibilitar a diminuição do impacto ambiental.

O empreendedor ressalta ainda que a presença de linhas de transmissão em

áreas de relevo acidentado é favorável à instalação da mesma, pois propicia vãos mais

longos com menor número de estruturas, propiciando a preservação da vegetação

existente de forma considerável.

Portanto, em suma, as justificativas para a manutenção do traçado proposto

pelo empreendedor foram:

O traçado proposto preserva a vegetação existente excetuando-se as

bases das torres e a supressão temporária para passagem dos cabos,

devido aos vão mais longos entre as torres propiciados pelo relevo mais

acidentado;

Escolha de paralelismo com outros empreendimentos de transmissão de

energia, com a utilização de acessos existentes;

Baixo impacto social devido a passagem por áreas recobertas

basicamente por pastagens e cultivo de cana de açúcar.

Em relação à alternativa de traçado proposta pelo Conselho Gestor, o

empreendedor informou que tal alternativa implicaria em:

Aumento do impacto social, com a remoção de diversas residências,

indústria e um aeródromo;

Limitações técnicas do esforço mecânico das estruturas necessárias para

a implantação de vértices sucessivos;

Aumento significativo do custo do empreendimento com indenizações e

estruturas mais pesadas;

Aumento do número de estruturas e de intervenções na várzea do

Ribeirão do Feijão.

A CESTESB recebe o Relatório técnico do empreendedor no dia 13/04/2012 não

adiciona como exigência a comprovação do atendimento às condicionantes deste

conselho.

Então no dia 24/08/2012, a CETESB emite a Licença Prévia do empreendimento

considerando que trata-se de obra de utilidade pública e que os impactos ambientais que

serão causados poderão ser mitigados com a devida implementação dos programas

ambientais. Assim a equipe do IE (Departamento de avaliação ambiental de

empreendimentos da CETESB) concluiu que o empreendimento é ambientalmente

viável, submetendo ao CONSEMA para a verificação do interesse na apreciação e

deliberação sobre a emissão da Licença Prévia.

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A CETESB anexou à Licença Prévia condicionantes para a obtenção da

Licença Ambiental de Instalação. Entre eles está o condicionante “1.13 : Comprovar, no

que couber, atendimento às condicionantes da Correspondência s/n, emitida em

23/11/11 pelo Conselho Gestor da APA de Campinas – CONGEAPA.”(Licença prévia

– Instalação da Linha de transmissão de energia). No entanto não há nenhuma exigência

referindo se aos condicionantes do Conselho Gestor unificado da APA Corumbataí e

Piracicaba, o que nos remete à aceitação, por parte da CETESB, da justificativa técnica

do empreendedor para a manutenção do traçado.

Tendo analisado toda a documentação do presente processo de licenciamento,

elaborou-se o Quadro 6 com a análise do atendimento ou não dos condicionantes

pedidos pelo Conselho, com os procedimentos descritos na metodologia

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pelo CETESB

Atendimento

pelos

empreendedores

Observações

NC* CP** C*** Sim Não

1. Que a alternativa locacional 1 seja retomada, evitando

assim os impactos nos atributos das APAS Corumbataí e

Piracicaba, ou a comprovação da inviabilidade de tal

alteração.

X

X

Justificativa pelo não

atendimento por parte da

COPEL no RT - nº

6010030006-010

2. No caso da manutenção da opção locacional apresentada

no EIA, que seja adotado o traçado apresentado pelo

conselho gestor, nas proximidades da Washigton Luiz,

conforme mapa 1 e 2.

X

X

3. Que sejam integralmente considerados os instrumentos

legais das duas APAS em questão

X

X

4. Que sejam incorporados ao Estudo todas as restrições

existentes nos referidos instrumentos de criação.

X

X

Quadro 5: Atendimento aos condicionantes do Conselho Gestor à implantação da Linha de Transmissão 500 kV Araraquara – Taubaté

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Como podemos perceber no Quadro 6, os condicionantes pedidos pelo

Conselho foram analisados pela CETESB que solicitou ao empreendedor que avaliasse

a viabilidade de implementação destes. O empreendedor apresentou justificativa pela

manutenção do traçado original e não implementou os condicionantes e o processo de

licenciamento prosseguiu sem o atendimento aos condicionantes.

Vale ressaltar aqui, que os condicionantes de número 3 e 4 são difíceis de

mensurar uma vez que são bastante amplos e generalistas, por esse motivo foi

considerado que foi contemplado parcialmente pela CETESB, uma vez que ela solicitou

ao empreendedor que avaliasse todos os condicionantes, e não contemplado pelo

empreendedor pois não há menção no relatório técnico direcionado a esses

condicionantes do Conselho.

Feita a análise qualitativa do atendimento aos condicionantes, buscou-se

quantificar o atendimento aos condicionantes para que se torne possível a comparação

entre os empreendimentos analisados por esse trabalho e também por outros autores.

Dos 4 condicionantes pedidos pelo Conselho Gestor, 100% foram

contemplados parcialmente pelo órgão licenciador. Já o empreendedor não contemplou

nenhum condicionante. Esta análise é sintetizada na Tabela 3 e na Tabela 4:

Tabela 3: Síntese do atendimento aos condicionantes do Conselho pela

CETESB da Linha de Transmissão de energia.

Condicionantes atendidos pelo órgão licenciador

Contemplados 0%

Contemplados parcialmente 100%

Não contemplados 0%

Tabela 4: Síntese do atendimento aos condicionantes do Conselho pelo

empreendedor da Linha de Transmissão de energia.

Condicionantes atendidos pelo empreendedor

Sim 0%

Não 100%

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5.3. TERMINAL INTERMODAL

O empreendimento em questão é a implantação de um Terminal Intermodal no

município de Itirapina para armazenamento e escoamento de produtos agrícolas por

transporte rodoviário e ferroviário interligados neste terminal.

O Quadro 6abaixo faz uma síntese das principais características do

empreendimento e de seu licenciamento.

Quadro 6: Quadro síntese de descrição da Implantação do Terminal

Intermodal.

Impactos do empreendimento na APA e levantamento dos condicionantes

O empreendedor apresentou a proposta do empreendimento em reunião

ordinária do Conselho, durante a qual foram questionados alguns pontos do Relatório

Ambiental Preliminar – RAP. Assim, formou-se um Grupo de Trabalho que analisou

detalhadamente a documentação e elaborou a Deliberação (nº02/2010), segundo a qual,

o RAP desconsiderou os instrumentos normativos da APA. Este documento contém

também as condicionantes ao empreendimento expressas no Quadro 7:

Terminal Intermodal

Tipologia Armazenamento e distribuição de produtos agrícolas

Empreendedor COSAN

Órgão licenciador CETESB

Municípios

atingidos

Itirapina

Tamanho 215 ha

UC’s atingidas APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá

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Condicionantes e recomendações do Conselho Gestor ao Terminal Intermodal de

Itirapina.

Condicionantes:

1. Que sejam adotadas medidas de controle de erosão necessárias considerando,

principalmente, os eventos pluviais extremos, de forma a minimizar o escoamento

superficial – difuso e concentrado - e ampliar a capacidade de infiltração das águas nos

solos, tais como: otimização da área com cobertura vegetal nativa, poços de infiltração,

curvas de nível e/ou bacias de contenção em toda área de operação do Empreendimento;

2. Que toda a água captada pelos telhados dos armazéns graneleiros e demais áreas

impermeabilizadas do Empreendimento seja reservada em reservatórios hídricos,

evitando assim a ampliação da vazão hídrica superficial nos eventos pluviais e logo

após deles;

3. Que seja otimizada a utilização da água pluvial armazenada nos procedimentos

operacionais do terminal, minimizando a utilização da água subterrânea;

4. Que o restante da água pluvial armazenada e não utilizada na operação do terminal,

seja conduzida para um sistema de infiltração de água no solo, garantido a infiltração

difusa, de forma a não gerar processos erosivos subsuperficiais por concentração de

fluxo hídrico subterrâneo, tal como uma rede de canos subterrânea abaixo das áreas

impermeabilizadas que libere água por gotejamento, ou algo semelhante;

5. Que a ponte do acesso rodoviário sobre o Córrego das Cobras seja construída de

modo a não haver impacto construtivo na APP;

6. Que todas as vias de acesso de veículos e estacionamentos sejam permeáveis;

7. Que todo resíduo sólido reciclável ou reutilizável tenha a adequada destinação;

8. Que seja objeto de restauração ecológica toda a propriedade do Empreendimento

livre de construção e operação, compatibilizando a conservação dos solos, a infiltração

das águas e a otimização da estabilidade climática local, com as necessidades de

segurança da operação do Terminal;

9. Que seja garantida a conexão da biodiversidade ligando o ponto mais ao norte da área

do Empreendimento com a Ferrovia (em uma faixa de pelo menos 50m), passando pela

Área de Preservação Permanente (APP) do Córrego das Cobras e Reserva Legal

Proposta e passando por fim por toda faixa sul da propriedade até o contato novamente

com a ampliando ao máximo a largura desta faixa;

10. Que seja estudada e implantada as travessias de fauna necessárias para o trânsito de

animais silvestres entre fragmentos existentes e restaurados e os trilhos da Ferrovia e

entre um lado e outro da ponte que cruzará sobre a APP do Córrego das Cobras;

11. Seja feita restauração ecológica em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) de

propriedades localizadas prioritariamente à jusante do Terminal em área igual a 20,4ha,

correspondente a mesma área Construída para instalação das estruturas do terminal,

dentro do território do Perímetro Corumbataí, seguindo a seguinte composição de

prioridade segundo critérios fundiários, ambientais e geográficos:

Critérios fundiários: Critérios ambientais e geográficos:

1ª Áreas públicas estaduais no município

de Itirapina e dentro da APA, caso

esgotada esta possibilidade e ainda faltar

área para restauração

1ª Nascentes e APPs segundo hierarquia de

drenagem, com diminuição da prioridade de

montante para jusante

2ª Áreas públicas municipais no município

de Itirapina e dentro da APA, caso

esgotada esta possibilidade e ainda faltar

2ª APPs, em ordem decrescente de

prioridade, nas microbacias dos Córregos

das Cobras e Lajeadinho e depois nas

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Condicionantes e recomendações do Conselho Gestor ao Terminal Intermodal de

Itirapina.

área para restauração; demais APPs da Bacia do Ribeirão Feijão,

e, por fim, nas demais áreas da bacia do

Jacaré-Guaçu, dentro do território da APA;

3ª Áreas de preservação permanente de

proprietários privados no município de

Itirapina e dentro da APA

3ª Conexão dos fragmentos da biota nativa,

seguindo a priorização do Projeto Biota

(FAPESP)

12. Seja elaborado e distribuído um folder informativo para todos os parceiros do

Empreendedor que produzem cana-de-açúcar dentro dos territórios das APAs

Corumbataí- Botucatu-Tejupá – Perímetro Corumbataí e Piracicaba Juqueri-Mirim –

Área I, informando e explicando, em linguagem adequada, todas as normas vigentes das

APAs que se relacionam às atividades agrícolas, bem como as demais normas que se

relacionem com a conservação dos atributos protegidos pelas APAs (APPs, Reservas

Legais, correta utilização de agroquímicos, etc.); com conteúdo aprovado pelo Conselho

Gestor;

13. Que seja implantado na área do empreendimento um mural com informações sobre

as APAs, seus atributos protegidos e comportamentos recomendados para os cidadãos

auxiliarem na conservação e recuperação ambiental.

14. Que seja colocada na área do empreendimento e junto à Rodovia Washington Luiz

uma placa informando que o transeunte passa por uma Área de Proteção Ambiental;

isso em acordo com a Concessionária da rodovia, seguindo as normas da ARTESP e

com conteúdo aprovado pelo Conselho Gestor;

15. Que a emissão da Licença de Instalação seja precedida da apresentação do Projeto

de restauração ecológica, nos termos da Resolução SMA 08/08, e anuência do

proprietário ou responsável pela área;

16. Que a emissão da Licença de Operação seja precedida da implantação de 10% da

área total de restauração ecológica, constando como uma das exigências da Licença de

Instalação.

Recomendações:

1. Que seja considerada a utilização do Sistema Agroflorestal (SAF) como técnica de

restauração ecológica, seguindo o estabelecido na Resolução SMA 44/2008;

2. Que a mão-de-obra utilizada nos trabalhos de restauração ecológica e/ou restauração

da cobertura vegetal nativa seja de trabalhadores rurais locais (de Itirapina ou de

municípios circunvizinhos) e que esta receba a devida formação e capacitação para a

boa execução dos trabalhos de restauração ecológica;

3. Que os mesmos trabalhadores citados no item acima recebam capacitação sobre

Sistemas Agroflorestais, sobre associativismo e cooperativismo, haja vista a grande

quantidade de trabalhadores que ficarão desempregados com o fim da queima da cana

4. Que sejam considerados as pendências administrativas (licenciamentos, autos de

infração e termos de ajustamento de conduta), civis e criminais (Ministério Público e

Juízo de Direito) que envolvam restauração ecológica nas microbacias e sub-bacias

hidrográficas diretamente impactadas pelo empreendimento, de forma a haver

complementaridade entre estes, garantindo o maior número possível de conexões de

fragmentos e a ampliação da extensão de cobertura de vegetação nativa ecologicamente

restaurada;

5. Que sejam utilizados os registros do Banco de Áreas da Secretaria de Estado do Meio

Ambiente para a escolha das áreas a serem restauradas ecologicamente;

6. Que a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) não tenha tratamento convencional,

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Condicionantes e recomendações do Conselho Gestor ao Terminal Intermodal de

Itirapina.

mas que seja implantado algum sistema alternativo e inovador, como o Sistema de

Wetland;

7. Que seja estudada a possibilidade de criação de uma Reserva Particular do

Patrimônio Natural da proponente em território das APAs Corumbataí e Piracicaba,

preferencialmente nas áreas restauradas devido à implantação do empreendimento;

8. Que seja considerada a possibilidade de apoio à proprietários de áreas naturais para a

implantação e/ou gestão de Reservas Particulares do Patrimônio Natural dentro do

território das APAs;

9. Que seja considerada a possibilidade de apoio à implantação do Plano de Manejo das

APAs Corumbataí e Piracicaba com recursos oriundos da Compensação Ambiental.

Quadro 7: Levantamento dos condicionantes pedidos pelo Conselho Gestor ao

Terminal Intermodal de Itirapina

Fonte: Deliberação do conselho gestor das APAS Corumbataí e Piracicaba nº

02/2010

Análise da documentação referente ao processo de licenciamento da implantação

do Terminal intermodal de Itirapina – SP

O processo de licenciamento se deu na Agência CETESB de São Paulo. A

CETESB condicionou a emissão da licença prévia à aprovação do Conselho Gestor da

APA Corumbataí, uma vez que o empreendimento se instalará no território desta.

Assim, o empreendedor realizou uma apresentação técnica do empreendimento para o

Conselho Gestor Unificado.

A Fundação Florestal, órgão gestor da referida Unidade de Conservação se

manifestou favorável à Deliberação do Conselho através do Despacho DAT 058/2010,

com um acréscimo no condicionante de número 14 (sendo necessário duas placas, uma

para cada sentido da Rodovia, e não uma como solicitou o conselho) e com ressalvas

para os condicionantes de número 8, 9, 10 e 11, transcritos a seguir:

“Que seja feita restauração ecológica de, no mínimo, 40,8ha (quarenta hectares e

oito décimos), correspondente ao dobro da área Construída para a instalação das

estruturas do terminal, dentro de território da APA Perímetro Corumbataí, de acordo

com as seguintes prioridades:

a) Em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) do imóvel de 215,06ha de

propriedade da COSAN;

b) Em área do citado imóvel para assegurar conexão da biodiversidade ligando

o ponto mais ao norte da área do empreendimento com a Ferrovia (em uma

faixa de pelo menos 50 metros), passando pela Área de Preservação

Permanente (APP) do córrego das Cobras, a Reserva Legal Proposta,

passando por fim, por toda faixa sul da propriedade até o contato novamente

com a ferrovia;

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c) Em área do citado imóvel, se necessária a travessia da fauna silvestre, em

especial entre um lado e outro da ponte rodoviária que cruzará sobre a APP

do Córrego da Cobras;

d) Em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) de propriedades localizadas

prioritariamente à jusante do Terminal, conforme critérios fundiários,

ambientais e geográficos descritos.” (Despacho DAT 058/2010)

Depois de anexado a deliberação do conselho juntamente com a confirmação por

parte da Fundação Florestal ao processo, o empreendedor apresenta um parecer jurídico

respondendo ao questionamento do Conselho Gestor em relação ao parágrafo 2°, artigo

7° da Resolução SMA de 11 de novembro de 1987, que foi a resolução que

regulamentou a criação da APA.

Tal parágrafo da resolução é citado na deliberação do Conselho uma vez que

trata da locação de empreendimentos com significativo impacto ambiental dentro do

território da APA Corumbataí, como retrata o trecho da deliberação transcrito a seguir.

No entanto a localização do empreendimento não é citada nas condicionantes do

Conselho.

“O artigo 7º estabelece que, excetuando as Zonas de Vida Silvestre,

os projetos industriais e agroindustriais à serem aprovados deverão seguir

inúmeras exigências, das quais destacamos a apresentada no § 2º:

“Na Área de Proteção Ambiental de Corumbataí, Botucatu e Tejupá,

somente serão permitidas, pelos órgãos competentes do SISEMA, a

instalação de indústrias em distritos ou zonas industriais delimitadas em lei.”.

(Art. 7º § 2ºRes. SMA-SP s/n de 11/03/1987)

. O Artigo 10º estabelece que, para garantir a proteção das

características culturais, ecológicas e paisagísticas, poderá ficar vedada ou

restrita – em determinadas áreas - a implantação de estabelecimentos

industriais (Art. 10º Res. SMA-SPs/n de 11/03/1987). O Artigo 11º

estabelece que:

“Quaisquer indústrias potencialmente poluidoras, bem como as

construções ou estruturas que armazenem substâncias capazes de causar

poluição hídrica, a juízo dos órgãos e entidades competentes do SISEMA,

devem ficar localizadas a uma distância de 200 (duzentos) metros das

coleções hídricas ou curso d‟água mais próximos.”

(Deliberação do Conselho Gestor unificado n°02/2010)”.

O parecer jurídico que pretende responder ao questionamento do Conselho se

inicia questionando a efetividade das APA‟s na conservação da Biodiversidade, uma

vez que é uma categoria de unidade de conservação de uso sustentável e que seria criada

no Brasil, primeiramente com o objetivo de aumentar os índices de área protegida e não

realmente contribuir para a preservação da biodiversidade.

O questionamento presentado é discutido na literatura. Souza et AL (2011)

coloca que muitas vezes a criação de APA‟s em território nacional é para enganar a

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opinião pública, uma vez que há a criação de unidade de conservação, aumentando o

número de hectares protegidos sem desapropriação de terras, e muitas vezes sem

modificação no uso e ocupação do local.

No entanto a maior contribuição das APA‟s é justamente a organização do

território para a minimização dos impactos causados na área, portanto é papel do

Conselho a emissão dos condicionantes ao empreendimento.

Ainda no mesmo parecer jurídico, é questionada a necessidade de criação de

uma zona de uso predominantemente industrial, tal qual solicitado na deliberação com

base na resolução SMA/87 descrita anteriormente. Os argumentos apresentados pelo

empreendedor no decorrer do parecer jurídico são: (1) que essa criação iria incentivar a

atividade industrial e assim aumentar o impacto ambiental na área, (2) o município de

Itirapina não é obrigado a elaborar o Plano Diretor, pois tem população menor a 20.000,

população a partir da qual os municípios são obrigados a elaborá-lo e (3) que a atividade

do terminal não se caracteriza por atividade industrial. Assim o Parecer jurídico conclui:

“Em suma, vislumbramos três razões pelas quais entendemos

ilegal a exigência de criação de uma zona ou distrito industrial, pelo

Município de Itirapina, que abrangesse o empreendimento objeto desse

estudo, a saber:

I) O empreendimento não possui natureza industrial e não emite poluentes, a

não ser o esgoto doméstico que será tratado dentro do próprio imóvel e lixo

que será recolhido e transportado pela própria empreendedora, o que

evidentemente não caracteriza um uso industrial;

II) O art. 7°, parágrafo 2° do regulamento da APA Corumbataí, Botucatu e

Tejupá dirige-se a locais de maior concentração urbana, onde exista lei de

uso e ocupação do solo anterior ao empreendimento industrial que se queira

edificar. Não se aplica à toda evidência, ao pequeno Município de Itirapina

que não está obrigado a ordenar seu território através do Plano Diretor,

regime jurídico esse albergado pela Constituição Federal e Lei Federal que

não é modificado por um simples Regulamento da APA;

III) A exigência, em face de teses hídricas ainda não pacificadas na

jurisprudência pátria, ao menos potencialmente traz menor, e não maior

proteção ao meio ambiente, ante o risco de não mais se sustentar a exigência

legal de respeito às Áreas de Preservação Permanente e a Área de Reserva

Legal, nos termos do Código Florestal.

Por tais razões, entendemos ilegal e equivocada a exigência

formulada.” (Parecer Jurídico, COSAN)

A questão locacional do terminal não é tratada novamente no processo de

licenciamento.

Em 30/12/2012, a CETESB emitiu o parecer técnico da análise da solicitação da

Licença Prévia, no qual teve como exigência para a emissão da LI a emissão de um

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Relatório Consolidado junto à Fundação Florestal para atendimento da Deliberação do

Conselho Gestor.

O empreendedor anexa então uma solicitação de esclarecimento sobre o

despacho DAT, emitido pela Fundação Florestal, onde propõe que ao invés da

restauração ecológica ser realizada conforme recomendado pelo órgão gestor, seja feita

da seguinte forma:

“Restauração Ecológica 01 – Toda faixa da área de Preservação

permanente (APP) existente no imóvel da empresa, totalizando 2,3ha.

Restauração Ecológica 02 – Área de Reserva Legal, totalizando

43,012ha. Contempla 20% da área do imóvel e está interligada a APP.

Restauração Ecológica 03 – Área de Compensação Ecológica,

totalizando 20,4ha.

Corresponde a restauração de área equivalente a área a ser

construída do terminal.

Quanto a faixa de 50 metros mencionada no Despacho DAT

058/2010, esclarecemos que encontramos resistência técnica-construtiva para

recuo desta faixa (sentido norte do empreendimento até a ferrovia), podendo

inviabilizar o projeto como um todo.” (Despacho DAT 058/2010)

Em contrapartida o empreendedor declara que poderá realocar o traçado da

“Pêra” para permitir que a área de reserva legal atinja a divisa da propriedade.

Tendo o empreendedor apresentado as justificativas descritas é emitida a

Licença de Instalação e como condicionante para o pedido de Licença de Operação é

solicitado um relatório conclusivo contemplando o balanço das medidas implementadas

em atendimento à deliberação do Conselho e o despacho DAT da Fundação Florestal.

Em atendimento à solicitação da CETESB, o empreendedor esclarece e/ou justifica

quanto à adoção de cada um dos condicionantes e recomendações da Deliberação do

Conselho, estas informações estão descritas no Quadro 8.

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Condicionante Adoção ou justificativa

1.Que sejam adotadas medidas de controle de erosão necessárias

considerando, principalmente, os eventos pluviais extremos, de

forma a minimizar o escoamento superficial – difuso e

concentrado - e ampliar a capacidade de infiltração das águas nos

solos, tais como: otimização da área com cobertura vegetal nativa,

poços de infiltração, curvas de nível e/ou bacias de contenção em

toda área de operação do Empreendimento

As medidas de controle de erosão estão apresentadas no Programa de

Controle da Dinâmica Superficial. Elenca os procedimentos para os

sistemas de drenagens provisórios, bem como para o empreendimento

em operação.

2. Que toda a água captada pelos telhados dos armazéns

graneleiros e demais áreas impermeabilizadas do

Empreendimento seja reservada em reservatórios hídricos,

evitando assim a ampliação da vazão hídrica superficial nos

eventos pluviais e logo após deles;

É tratado no item 4.5 como água de reuso e seu tratamento e

destinação estão indicados nos projetos de drenagem, sendo que

haverá um reservatório específico para tal finalidade.

3. Que seja otimizada a utilização da água pluvial armazenada nos

procedimentos operacionais do terminal, minimizando a utilização

da água subterrânea;

A água de reuso captada dos telhados dos armazéns será destinado a

reaproveitamento dentro das próprias instalações do Terminal, o que

minimiza a necessidade da utilização das águas captadas pelo pólo

tubular profundo.

4. Que o restante da água pluvial armazenada e não utilizada na

operação do terminal, seja conduzida para um sistema de

infiltração de água no solo, garantido a infiltração difusa, de

forma a não gerar processos erosivos subsuperficiais por

concentração de fluxo hídrico subterrâneo, tal como uma rede de

canos subterrânea abaixo das áreas impermeabilizadas que libere

água por gotejamento, ou algo semelhante;

Faz parte do Programa de Restauração Ecológica juntamente com os

sistemas de drenagens a indicação da utilização das águas de reuso, e

a destinação da águas captadas e não reutilizadas, sendo que será

possível a formação de uma bacia para infiltração difusa ao fluxo

hídrico subterrâneo, com o controle e tratamento que se fizerem

necessários para tal infiltração.

5. Que a ponte do acesso rodoviário sobre o Córrego das Cobras

seja construída de modo a não haver impacto construtivo na APP;

O Projeto Básico para a construção desta travessia foi aprovado pelo

DAEE e submetido à apreciação da Agência Ambiental de São

Carlos. Com a descrição de um aterro com aduelas que possibilitem

mantenham a vazão, sendo facilitado também a passagem de animais.

6. Que todas as vias de acesso de veículos e estacionamentos sejam

permeáveis;

O trecho entre a rodovia e a portaria principal terá aproximadamente

750 metros e será implantado com pista dupla, com largura de 10

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67

Condicionante Adoção ou justificativa

metros cada uma e canteiro central. Sua pavimentação será à base de

uma enzima estabilizadora chama XZYME, que proporcionará maior

infiltração de águas pluviais, logo, o aumento do percentual de

permeabilidade corresponde às áreas de construções do terminal.

7. Que todo resíduo sólido reciclável ou reutilizável tenha a

adequada destinação;

Todos os resíduos gerados durante a fase de implantação do

Terminal, bem como aqueles gerados em decorrência de sua

operação, estão descritos e indicados no item 4.4 deste relatório.

8. Que seja objeto de restauração ecológica toda a propriedade do

Empreendimento livre de construção e operação,

compatibilizando a conservação dos solos, a infiltração das águas e

a otimização da estabilidade climática local, com as necessidades

de segurança da operação do Terminal;

Proposta de substituição destas áreas de restauração ecológica por

outras (descritas no texto).

9. Que seja garantida a conexão da biodiversidade ligando o ponto

mais ao norte da área do Empreendimento com a Ferrovia (em

uma faixa de pelo menos 50m), passando pela Área de Preservação

Permanente (APP) do Córrego das Cobras e Reserva Legal

Proposta e passando por fim por toda faixa sul da propriedade até

o contato novamente com a ampliando ao máximo a largura desta

faixa;

10. Que seja estudada e implantada as travessias de fauna

necessárias para o trânsito de animais silvestres entre fragmentos

existentes e restaurados e os trilhos da Ferrovia e entre um lado e

outro da ponte que cruzará sobre a APP do Córrego das Cobras;

11. Seja feita restauração ecológica em Áreas de Preservação

Permanentes (APPs) de propriedades localizadas prioritariamente

à jusante do Terminal em área igual a 20,4ha, correspondente a

mesma área Construída para instalação das estruturas do

terminal, dentro do território do Perímetro Corumbataí, seguindo

a seguinte composição de prioridade segundo critérios fundiários,

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68

Condicionante Adoção ou justificativa

ambientais e geográficos:

12. Seja elaborado e distribuído um folder informativo para todos

os parceiros do Empreendedor que produzem cana-de-açúcar

dentro dos territórios das APAs Corumbataí- Botucatu-Tejupá –

Perímetro Corumbataí e Piracicaba Juqueri-Mirim – Área I,

informando e explicando, em linguagem adequada, todas as

normas vigentes das APAs que se relacionam às atividades

agrícolas, bem como as demais normas que se relacionem com a

conservação dos atributos protegidos pelas APAs (APPs, Reservas

Legais, correta utilização de agroquímicos, etc.); com conteúdo

aprovado pelo Conselho Gestor;

O programa de comunicação sócio-ambiental, bem como o de

educação ambiental e segurança têm por finalidade a orientação,

conscientização sobre questões de segurança e meio ambiente, pela

qual estará incluso a orientação sobre as áreas de preservação

ambiental (APA‟s), podendo ser estendidos a fornecedores e

parceiros, por meio de manuais ou folders informativos. Estas

demandas serão encaminhadas aos respectivos responsáveis dentro da

empresa, com o apoio do Departamento de Comunicação Corporativa

da COSAN.

13. Que seja implantado na área do empreendimento um mural

com informações sobre as APAs, seus atributos protegidos e

comportamentos recomendados para os cidadãos auxiliarem na

conservação e recuperação ambiental.

Caberá ao departamento de QSSMA – Qualidade, Saúde, Segurança e

Meio Ambiente a conscientização e a disseminação destes atributos.

14. Que seja colocada na área do empreendimento e junto à

Rodovia Washington Luiz uma placa informando que o

transeunte passa por uma Área de Proteção Ambiental; isso em

acordo com a Concessionária da rodovia, seguindo as normas da

ARTESP e com conteúdo aprovado pelo Conselho Gestor;

Será de responsabilidade da COSAN a implantação de duas placas

informativas, devidamente aprovadas pela ARTESP, com localização

e dimensionamento por ela indicada, de modo a atender o conteúdo

indicado pelo Conselho Gestor.

15. Que a emissão da Licença de Instalação seja precedida da

apresentação do Projeto de restauração ecológica, nos termos da

Resolução SMA 08/08, e anuência do proprietário ou responsável

pela área; O projeto de restauração ecológica será submetido à aprovação pela

CETESB – Agência Ambiental de São Carlos. 16. Que a emissão da Licença de Operação seja precedida da

implantação de 10% da área total de restauração ecológica,

constando como uma das exigências da Licença de Instalação.

Recomendações:

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69

Condicionante Adoção ou justificativa

1. Que seja considerada a utilização do Sistema Agroflorestal

(SAF) como técnica de restauração ecológica, seguindo o

estabelecido na Resolução SMA 44/2008;

Esta recomendação será objeto de análise e estudo por parte do

engenheiro agrônomo, profissional contratado que está elaborando o

programa de restauração ecológica.

2. Que a mão-de-obra utilizada nos trabalhos de restauração

ecológica e/ou restauração da cobertura vegetal nativa seja de

trabalhadores rurais locais (de Itirapina ou de municípios

circunvizinhos) e que esta receba a devida formação e capacitação

para a boa execução dos trabalhos de restauração ecológica;

As recomendações 2 e 3 serão objeto parceria juntamente com o

projeto social já existente no município chamado “Flor da Idade, Flor

da Cidade” que conta com o apoio da Prefeitura Municipal de

Itirapina.

3. Que os mesmos trabalhadores citados no item acima recebam

capacitação sobre Sistemas Agroflorestais, sobre associativismo e

cooperativismo, haja vista a grande quantidade de trabalhadores

que ficarão desempregados com o fim da queima da cana

4. Que sejam considerados as pendências administrativas

(licenciamentos, autos de infração e termos de ajustamento de

conduta), civis e criminais (Ministério Público e Juízo de Direito)

que envolvam restauração ecológica nas microbacias e sub-bacias

hidrográficas diretamente impactadas pelo empreendimento, de

forma a haver complementaridade entre estes, garantindo o maior

número possível de conexões de fragmentos e a ampliação da

extensão de cobertura de vegetação nativa ecologicamente

restaurada;

Esta recomendação será objeto de análise e estudo juntamente com as

efetivas áreas de restauração ecológica.

5. Que sejam utilizados os registros do Banco de Áreas da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente para a escolha das áreas a

serem restauradas ecologicamente;

Esta recomendação será objeto de análise e estudo por parte do

engenheiro agrônomo, profissional contratado que está elaborando o

programa de restauração ecológica.

6. Que a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) não tenha

tratamento convencional, mas que seja implantado algum sistema

alternativo e inovador, como o Sistema de Wetland;

Esta recomendação foi analisada pelo departamento de engenharia e

concluiu-se que o volume gerado em razão ao modelo do sistema,

não há viabilidade, principalmente porque o referido sistema realiza o

tratamento por meio de decantação a céu aberto utilizando-se de uma

zona de raízes, não indicada para o empreendimento.

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70

Condicionante Adoção ou justificativa

7. Que seja estudada a possibilidade de criação de uma Reserva

Particular do Patrimônio Natural da proponente em território das

APAs Corumbataí e Piracicaba, preferencialmente nas áreas

restauradas devido à implantação do empreendimento;

Esta recomendação será objeto de análise e estudo juntamente com as

efetivas áreas de restauração ecológicas.

8. Que seja considerada a possibilidade de apoio à proprietários de

áreas naturais para a implantação e/ou gestão de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural dentro do território das

APAs;

A COSAN não dispõe de corpo técnico para a finalidade específica, e

se a APA desejar a divulgação do modelo aplicado na área do

empreendimento, poderá primeiramente consultar a empresa.

9. Que seja considerada a possibilidade de apoio à implantação do

Plano de Manejo das APAs Corumbataí e Piracicaba com recursos

oriundos da Compensação Ambiental.

Esta recomendação será objeto de análise e estudo juntamente com as

efetivas áreas de restauração ecológicas.

Quadro 8: Adoção ou justificativa de não adoção pelo empreendedor aos condicionantes do Conselho Gestor

Fonte: Adaptado de Solicitação de Licença de Instalação do Terminal Intermodal de Itirapina (2011)

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71

Assim é emitida a Licença de Operação do empreendimento. Tendo analisado

toda a documentação do presente processo de licenciamento, elaborou-se a Tabela 5

com a análise do atendimento ou não dos condicionantes pedidos pelo Conselho, a

partir dos procedimentos descritos na metodologia.

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Tabela 5: Atendimento aos condicionantes do Conselho Gestor à implantação do Terminal Intermodal de Itirapina

Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pela CETESB Atendimento pelos empreendedores

NC* CP** C*** Sim Não Observações

Condicionantes:

1. Que sejam adotadas medidas de controle de erosão necessárias

considerando, principalmente, os eventos pluviais extremos, de forma a

minimizar o escoamento superficial – difuso e concentrado - e ampliar a

capacidade de infiltração das águas nos solos, tais como: otimização da área

com cobertura vegetal nativa, poços de infiltração, curvas de nível e/ou

bacias de contenção em toda área de operação do Empreendimento; X X

2. Que toda a água captada pelos telhados dos armazéns graneleiros e

demais áreas impermeabilizadas do Empreendimento seja reservada em

reservatórios hídricos, evitando assim a ampliação da vazão hídrica

superficial nos eventos pluviais e logo após deles; X X

3. Que seja otimizada a utilização da água pluvial armazenada nos

procedimentos operacionais do terminal, minimizando a utilização da água

subterrânea; X X

4. Que o restante da água pluvial armazenada e não utilizada na operação do

terminal, seja conduzida para um sistema de infiltração de água no solo,

garantido a infiltração difusa, de forma a não gerar processos erosivos

subsuperficiais por concentração de fluxo hídrico subterrâneo, tal como uma

rede de canos subterrânea abaixo das áreas impermeabilizadas que libere

água por gotejamento, ou algo semelhante; X X

5. Que a ponte do acesso rodoviário sobre o Córrego das Cobras seja

construída de modo a não haver impacto construtivo na APP; X X

6. Que todas as vias de acesso de veículos e estacionamentos sejam

permeáveis; X X

7. Que todo resíduo sólido reciclável ou reutilizável tenha a adequada

destinação; X X

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73

Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pela CETESB Atendimento pelos empreendedores

NC* CP** C*** Sim Não Observações

8. Que seja objeto de restauração ecológica toda a propriedade do

Empreendimento livre de construção e operação, compatibilizando a

conservação dos solos, a infiltração das águas e a otimização da estabilidade

climática local, com as necessidades de segurança da operação do Terminal; X

X

9. Que seja garantida a conexão da biodiversidade ligando o ponto mais ao

norte da área do Empreendimento com a Ferrovia (em uma faixa de pelo

menos 50m), passando pela Área de Preservação Permanente (APP) do

Córrego das Cobras e Reserva Legal Proposta e passando por fim por toda

faixa sul da propriedade até o contato novamente com a ampliando ao

máximo a largura desta faixa; X X

10. Que seja estudada e implantada as travessias de fauna necessárias para o

trânsito de animais silvestres entre fragmentos existentes e restaurados e os

trilhos da Ferrovia e entre um lado e outro da ponte que cruzará sobre a APP

do Córrego das Cobras; X X

11. Seja feita restauração ecológica em Áreas de Preservação Permanentes

(APPs) de propriedades localizadas prioritariamente à jusante do Terminal

em área igual a 20,4ha, correspondente a mesma área Construída para

instalação das estruturas do terminal, dentro do território do Perímetro

Corumbataí, seguindo a seguinte composição de prioridade segundo

critérios fundiários, ambientais e geográficos: X X

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pela CETESB Atendimento pelos empreendedores

NC* CP** C*** Sim Não Observações

12. Seja elaborado e distribuído um folder informativo para todos os

parceiros do Empreendedor que produzem cana-de-açúcar dentro dos

territórios das APAs Corumbataí- Botucatu-Tejupá – Perímetro Corumbataí

e Piracicaba Juqueri-Mirim – Área I, informando e explicando, em

linguagem adequada, todas as normas vigentes das APAs que se relacionam

às atividades agrícolas, bem como as demais normas que se relacionem com

a conservação dos atributos protegidos pelas APAs (APPs, Reservas Legais,

correta utilização de agroquímicos, etc.); com conteúdo aprovado pelo

Conselho Gestor; X X

A demanda foi encaminhada para o

setor responsável da empresa, não

sendo possível avaliar a sua

implantação neste trabalho.

13. Que seja implantado na área do empreendimento um mural com

informações sobre as APAs, seus atributos protegidos e comportamentos

recomendados para os cidadãos auxiliarem na conservação e recuperação

ambiental. X X

A demanda foi encaminhada para o

setor responsável da empresa, não

sendo possível avaliar a sua

implantação neste trabalho.

14. Que seja colocada na área do empreendimento e junto à Rodovia

Washington Luiz uma placa informando que o transeunte passa por uma

Área de Proteção Ambiental; isso em acordo com a Concessionária da

rodovia, seguindo as normas da ARTESP e com conteúdo aprovado pelo

Conselho Gestor; X X

15. Que a emissão da Licença de Instalação seja precedida da apresentação

do Projeto de restauração ecológica, nos termos da Resolução SMA 08/08, e

anuência do proprietário ou responsável pela área; X X

O projeto de restauração ecológica

será submetido à aprovação pela

CETESB – Agência Ambiental de

São Carlos. Não sendo possível

avaliar a sua implantação neste

trabalho.

16. Que a emissão da Licença de Operação seja precedida da implantação de

10% da área total de restauração ecológica, constando como uma das

exigências da Licença de Instalação. X X

Recomendações:

1. Que seja considerada a utilização do Sistema Agroflorestal (SAF) como

técnica de restauração ecológica, seguindo o estabelecido na Resolução

SMA 44/2008; X X

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75

Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pela CETESB Atendimento pelos empreendedores

NC* CP** C*** Sim Não Observações

2. Que a mão-de-obra utilizada nos trabalhos de restauração ecológica e/ou

restauração da cobertura vegetal nativa seja de trabalhadores rurais locais

(de Itirapina ou de municípios circunvizinhos) e que esta receba a devida

formação e capacitação para a boa execução dos trabalhos de restauração

ecológica; X X

Projeto em parceria com o projeto

“Flor da Idade, Flor da Cidade” que

conta com o apoio da Prefeitura

Municipal de Itirapina. Não sendo

possível avaliar a sua implantação

neste trabalho.

3. Que os mesmos trabalhadores citados no item acima recebam capacitação

sobre Sistemas Agroflorestais, sobre associativismo e cooperativismo, haja

vista a grande quantidade de trabalhadores que ficarão desempregados com

o fim da queima da cana X X

4. Que sejam considerados as pendências administrativas (licenciamentos,

autos de infração e termos de ajustamento de conduta), civis e criminais

(Ministério Público e Juízo de Direito) que envolvam restauração ecológica

nas microbacias e sub-bacias hidrográficas diretamente impactadas pelo

empreendimento, de forma a haver complementaridade entre estes,

garantindo o maior número possível de conexões de fragmentos e a

ampliação da extensão de cobertura de vegetação nativa ecologicamente

restaurada; X X

Será objeto de análise e estudo

juntamente com as efetivas áreas de

restauração ecológica. Não sendo

possível avaliar a sua implantação

neste trabalho.

5. Que sejam utilizados os registros do Banco de Áreas da Secretaria de

Estado do Meio Ambiente para a escolha das áreas a serem restauradas

ecologicamente; X X

Será analisado pelo Engenheiro

agrônomo. Não sendo possível

avaliar a sua implantação neste

trabalho.

6. Que a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) não tenha tratamento

convencional, mas que seja implantado algum sistema alternativo e

inovador, como o Sistema de Wetland; X X Inviabilidade técnica.

7. Que seja estudada a possibilidade de criação de uma Reserva Particular

do Patrimônio Natural da proponente em território das APAs Corumbataí e

Piracicaba, preferencialmente nas áreas restauradas devido à implantação do

empreendimento; X X

Será objeto de análise e estudo

juntamente com as efetivas áreas de

restauração ecológica. Não sendo

possível avaliar a sua implantação

neste trabalho.

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Condicionantes Conselho APA

Condicionante pedido

pela CETESB Atendimento pelos empreendedores

NC* CP** C*** Sim Não Observações

8. Que seja considerada a possibilidade de apoio à proprietários de áreas

naturais para a implantação e/ou gestão de Reservas Particulares do

Patrimônio Natural dentro do território das APAs; X X

9. Que seja considerada a possibilidade de apoio à implantação do Plano de

Manejo das APAs Corumbataí e Piracicaba com recursos oriundos da

Compensação Ambiental.

X X

Será objeto de análise e estudo

juntamente com as efetivas áreas de

restauração ecológica. Não sendo

possível avaliar a sua implantação

neste trabalho.

(*): Não contemplado; (**) Contemplado parcialmente; (***) Contemplado.

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Feita a análise qualitativa do atendimento aos condicionantes, buscou-se

quantificar o atendimento aos condicionantes para que se torne possível a comparação

entre os empreendimentos analisados por esse trabalho e também por outros autores.

Dos 16 condicionantes pedidos pelo Conselho Gestor, nenhum foi não

contemplado, 7 foram contemplados, e 9 foram contemplados parcialmente pelo órgão

licenciador. Já pelo empreendedor 7 condicionantes foram contemplados e 9 não

contemplados. Esta análise é sintetizada na Tabela 6 e na Tabela 7:

Tabela 6: Síntese do atendimento aos condicionantes do Conselho pela

CETESB do Terminal Intermodal de Itirapina.

Condicionantes atendidos pelo órgão licenciador

Contemplados 43,75%

Contemplados parcialmente 56,25%

Não contemplados 0%

Tabela 7: Síntese do atendimento aos condicionantes do Conselho pelo

empreendedor do Terminal Intermodal de Itirapina.

Condicionantes atendidos pelo empreendedor

Sim 43,75%

Não 56,25%

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6. DISCUSSÃO

Como pode-se observar nos dados apresentados, os condicionantes do

Conselho Gestor não foram atendidos pelo IBAMA no licenciamento da duplicação da

ferrovia, e foi contemplado parcialmente pela CETESB nos outros dois

empreendimentos. Nota-se que em nenhum dos casos porém, a licença deixou de ser

emitida com o não atendimento aos condicionantes. O único caso que apresentou

atendimento de 43,75% dos condicionantes por parte do empreendedor foi o Terminal

Intermodal operado pela COSAN.

É importante destacar ainda que os condicionante que foram atendidos neste

caso foram os condicionantes mais simples de serem atendidos ou que já faziam parte

de algum programa do projeto. Como por exemplo o condicionante de número 14, que

solicitava a colocação de uma placa na rodovia Washington Luís, que é de fácil

atendimento ou o condicionante de número 3 que é para utilização de água pluvial no

processo do terminal, que já fazia parte do projeto original do empreendedor.

A partir destes dados é possível afirmar que nos casos em estudo a

manifestação do Conselho pouco ou nada alterou os projetos em licenciamento. O

Conselho Gestor é um órgão colegiado que representa diversos setores da sociedade que

estão envolvidos nas unidades de conservação. Portanto, a Consulta a esse órgão

representa a oportunidade de consulta pública a diversos setores da sociedade.

Além da importância da consulta, é importante destacar também que este

Conselho Gestor é composto por órgãos das prefeituras dos municípios que fazem parte

das APAs, sociedade civil organizada e representantes de universidades brasileiras, tais

como UNESP, UFSCAR e USP. Portanto, é razoável concluir que o Conselho Gestor de

que trata esse trabalho é tecnicamente qualificado para a análise dos impactos dos

empreendimentos e definição de respectivos condicionantes para sua minimização.

Como apontado na revisão bibliográfica, segundo Momtaz e Gladtone (2008,

p. 223) o objetivo da consulta pública é compartilhar informações, envolvendo a

comunidade para levantar demandas e considerações desta, fornecendo à essa a

capacidade de influenciar na tomada de decisão. Esse objetivo da consulta pública não

foi alcançado nos casos analisados, uma vez que os condicionantes do Conselho foram

atendidos minimamente.

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Assim pode-se classificar a Consulta ao Conselho, segundo a Escada de

participação proposta por Airsten (1996), como uma participação em que há a

concessão de poder mínimo.

A consulta pública pode contribuir de diversas formas para a melhoria de

projetos (FISCHER, 2000; O´FAIRCHEALLAIGH, 2010), portanto a consulta não

sendo efetiva pode não ter sido positiva para o empreendimento, além de não garantir a

proteção aos atributos protegidos pelas APA, tal qual objetivava o Conselho.

Chavez, 2008 ilustra um caso de participação social no planejamento de uma

usina Hidrelétrica no México, que ocorreu durante o planejamento da obra e se estendeu

durante o seu funcionamento. O sucesso deste caso é atribuído a construção coletiva do

projeto que contribuiu para melhor identificação dos impactos e de suas mitigações,

além do levantamento de áreas para o desenvolvimento local e sustentabilidade

ambiental. O autor aponta que a participação pública é algo que deve ser aprendido

tanto pelos empreendedores, quanto pelos órgão ambientais e comunidade.

Wallace,Barborak e MacFarland (2005), coletaram dados de quinze unidades de

conservação em seis países mesoamericanos (México, Guatemala, Honduras,

Nicarágua, Costa Rica e Panamá) com o objetivo de determinar as melhores práticas

decisórias de ocupação do solo utilizadas por governos, ONGs e comunidades dentro e

no entorno de UC‟s. Todos os países estudados possuem leis que requerem EIA‟s para

determinados empreendimentos e cita-se como uma ocorrência comum à esses país a

manipulação do processo decisório, com a colaboração do público limitada. Estes casos

se assemelham aos casos estudados uma vez que a Consulta pública realizada sobre o

impacto em Unidades de Conservação pouco alterou a tomada de decisão sobre os

projetos. Os autores ainda complementam que no México e na Guatemala os conselhos

gestores de UC‟s tem poder de veto à projetos desenvolvimentistas em Zonas de

Amortecimento (ao contrário do caso brasileiro onde o Conselho é apenas consultivo)

mas que geralmente esse poder não é exercido. E que em dez das quinze unidades de

conservação o Conselho consultivo é utilizado como um mecanismo para reduzir as

ameaças às UC, tal como pretende o Conselho estudado neste trabalho.

Aguiar (2011) sobrepôs áreas de unidades de conservação federal no Brasil

com os empreendimentos do PAC. Os gestores de diversas unidades foram consultados

para responder a três questões sobre o impacto da obra na unidade. Segundo a autora, a

maioria dos gestores teve dificuldade em reconhecer os impactos causados pelo

empreendimento, o que demonstra que a consulta aos gestores ou não ocorreu ou foi

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superficial. Há de se pontuar aqui que a composição do conselho é bastante diversa, e

que portanto mesmo o gestor não tendo conhecimento, algum Conselheiro poderia ter,

mas de qualquer forma a informação não foi amplamente discutida.

Os casos estudados neste trabalho não confirmam os dados levantados por

Aguiar (2011), uma vez que o Conselho se reuniu, discutiu e emitiu condicionantes para

cada um dos empreendimentos e mesmo assim não houve incorporação dos

condicionantes por parte do empreendedor.

Segundo SNUC (2000), um dos principais objetivos de uma APA é:

“disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos

naturais”. Portanto a partir dos dados apresentados neste trabalho, questiona-se a

efetividade desta unidade uma vez que as contribuições feitas ao empreendimento para

o aprimoramento socioambiental dos mesmos não foram implementadas.

Essa reflexão leva ao questionamento de que seria interessante o Conselho

Gestor de APAs deixar de ser de caráter consultivo e passar a ser deliberativo. Essa

discussão vem sendo levantada pela academia mas não é de simples entendimento e

aplicação.

Eça (2013) analisou o processo deliberativo do Conselho da APA EMBU-

VERDE, que possui parte de suas atribuições de caráter deliberativo frente às questões

de uso e ocupação do solo. Este poder foi concedido pela prefeitura no momento de

criação da unidade. O autor ressalta que o caráter deliberativo atraiu diversos setores da

sociedade para participar das discussões do conselho, no entanto surgiu o

questionamento sobre a extensão do poder deliberativo do Conselho, uma vez que as

decisões deste órgão foram ignoradas pelas demais arenas municipais de gestão e

decisão em episódios recorrentes. O autor atribui esse quadro à falta de informação

(principalmente sobre empreendimentos causadores de impacto na APA) e de suporte

técnico-legal aos conselheiros. A conclusão foi que neste processo a atuação do

Conselho aumentou a transparência e controle das atividades do poder público mas

pouco interferiu e contribuiu no processo de elaboração de políticas públicas,

principalmente no que diz respeito aos projetos e às políticas para uso e ocupação do

solo.

Portanto, a mudança do caráter consultivo para deliberativo pode garantir ao

Conselho maior respaldo legal de suas decisões. No entanto, é um processo bastante

complexo do ponto de vista de inclusão deste órgão como parte do processo decisório

do poder público e de representação perante à sociedade.

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7. CONCLUSÃO

Com o exposto na discussão conclui-se que dentre os condicionantes pedidos

pelo Conselho aos empreendimentos analisados, nenhum foi atendido pelo IBAMA,

salvo às especificidades do processo descritas, e todos foram contemplados

parcialmente pela CETESB, ou seja, foram solicitados ao empreendedor mas o

atendimento não foi critério decisivo na emissão licença.

No que se refere ao atendimento por parte dos empreendedores, somente um

dos empreendimentos, o Terminal Intermodal, atendeu a alguns dos condicionantes

solicitados. No entanto, os condicionantes atendidos foram aqueles de mais simples

execução ou que já estavam contemplados pelo projeto original.

Sendo o Conselho um órgão colegiado representante de diversos setores da

sociedade, de universidades e do poder público dos municípios cujos territórios

pertencem às APAs, as consultas analisadas representam a Consulta a todos estes

setores.

Assim, a Consulta à estes órgãos não foi satisfatória uma vez que não cumpriu

com seus objetivos pois o Conselho pouco influenciou na concepção final do projeto

dos empreendimentos.

Portanto, é possível afirmar que o papel do Conselho de contribuir ao

aprimoramento socioambiental dos projetos estudados não foi concretizado apesar do

Conselho ter se reunido, discutido e emitido condicionantes para todos os

empreendimentos, o que confirma as conclusões de outros autores mencionados neste

trabalho.

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Lista de Anexos

ANEXO 1: PEDIDO DE VISTAS AOS PROCESSOS DA CETESB ...................................................... 87

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ANEXO A - PEDIDO DE VISTAS AOS PROCESSOS DA CETESB