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Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo / Rua Marques, 19 – Humaitá – 2535-2434 www.sapereira.com.br / [email protected] Turma da Pimenta / TBT Educação Infantil Relatório do Primeiro Semestre de 2007 1 "Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: "veja!" – e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. O seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. Vivemos para ter e dar alegria. O milagre da educação acontece quando vemos um mundo que nunca se havia visto." Rubem Alves. E ssa Turma de crianças encantadoras nos surpreendeu, logo no começo do semestre, por seu entrosamento e harmonia. Os alunos antigos acolheram os novos, que não só se adaptaram rapidamente, como rapidamente se familiarizaram com a nova rotina. A turma se constituiu como grupo logo nos primeiros dias de aula. Cada um, com seu jeito de ser, contribuiu para que nossas tardes fossem recheadas de muitos momentos de alegria, amizade e descobertas. A curiosidade e a disponibilidade para conhecer e enxergar o novo são características muito marcantes desse grupo, assim como a vontade de compartilhar experiências e opiniões com os amigos e professores. A disposição para ouvir e respeitar o outro foi fundamental para que a identidade dessa turma tenha se constituído e se fortalecido ao longo dos meses tão naturalmente. Nossas crianças são muito companheiras e solidárias, todos se ajudam e brincam unidos pelo interesse comum e pelo carinho que nutrem uns pelos outros. A relação entre os alunos e seus professores é recheada de cumplicidade, respeito e muito afeto. Dançamos e cantamos ao som de marchinhas de carnaval e dos sambas da Sá Pereira em um salão repleto de confete e serpentina. Nesse clima de festa os laços de amizade foram se estabelecendo e o período de adaptação foi tranqüilo. No retorno do carnaval, após algumas conversas sobre o Projeto Institucional "As Américas", entramos em contato com mapas, com o globo terrestre e o livro do Unicef "Crianças como Você", que nos ajudaram a escolher que caminho tomaríamos. O destino foi escolhido e lá fomos nós rumo ao México. Turma Antonio Nery Abrantes Aurora Cerqueira Werneck Vianna Clara Villas Bôas Costa Ribeiro Gabriel Vila Maior Teixeira Guilherme Rohen de Queiroz C Leal Ian Magalhães Moura Duarte Isabela Dobal Amim Joana Tostes da Cunha e Menezes João Pedro Bonfatti de Andrade João Ribeiro Beti Júlia Moreira Aguiar de Brito Maria Isabel Duarte Soares Gatti Maria Luisa Lopes Cheuiche Marina Terry Wettreich Pedro Holanda Daibert Souza Lima Rafael Caldeira Euler Braga Tomy Yamagata Vinícius Carneiro de Faria Professores e Auxiliares de Turma Flavia Gonçalves Jean Philippe T Conilh de Beyssac Ricardo Santos de Andrade Roberta Porto da Silva

tbt 1 2007cidade do México. No filme "Você já foi a Bahia?", de Walt Disney, tivemos a oportunidade de conhecer alguns aspectos típicos da cultura mexicana, de forma divertida

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Page 1: tbt 1 2007cidade do México. No filme "Você já foi a Bahia?", de Walt Disney, tivemos a oportunidade de conhecer alguns aspectos típicos da cultura mexicana, de forma divertida

Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo / Rua Marques, 19 – Humaitá – 2535-2434 www.sapereira.com.br / [email protected]

Turma da Pimenta / TBT Educação Infantil Relatório do Primeiro Semestre de 2007 1

"Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: "veja!" – e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. O seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. Vivemos para ter e dar alegria. O milagre da educação acontece quando vemos um mundo que nunca se havia visto."

Rubem Alves.

E ssa Turma de crianças encantadoras nos surpreendeu, logo no começo do semestre, por seu entrosamento e harmonia. Os alunos antigos acolheram os novos, que não só se adaptaram rapidamente, como rapidamente se

familiarizaram com a nova rotina. A turma se constituiu como grupo logo nos primeiros dias de aula. Cada um, com seu jeito de ser, contribuiu para que nossas tardes fossem recheadas de muitos momentos de alegria, amizade e descobertas. A curiosidade e a disponibilidade para conhecer e enxergar o novo são características muito marcantes desse grupo, assim como a vontade de compartilhar experiências e opiniões com os amigos e professores. A disposição para ouvir e respeitar o outro foi fundamental para que a identidade dessa turma tenha se constituído e se fortalecido ao longo dos meses tão naturalmente.

Nossas crianças são muito companheiras e solidárias, todos se ajudam e brincam unidos pelo interesse comum e pelo carinho que nutrem uns pelos outros. A relação entre os alunos e seus professores é recheada de cumplicidade, respeito e muito afeto.

Dançamos e cantamos ao som de marchinhas de carnaval e dos sambas da Sá Pereira em um salão repleto de confete e serpentina. Nesse clima de festa os laços de amizade foram se estabelecendo e o período de adaptação foi tranqüilo.

No retorno do carnaval, após algumas conversas sobre o Projeto Institucional "As Américas", entramos em contato com mapas, com o globo terrestre e o livro do Unicef "Crianças como Você", que nos ajudaram a escolher que caminho tomaríamos. O destino foi escolhido e lá fomos nós rumo ao México.

Turma

Antonio Nery Abrantes Aurora Cerqueira Werneck Vianna

Clara Villas Bôas Costa Ribeiro Gabriel Vila Maior Teixeira

Guilherme Rohen de Queiroz C Leal Ian Magalhães Moura Duarte

Isabela Dobal Amim Joana Tostes da Cunha e Menezes

João Pedro Bonfatti de Andrade João Ribeiro Beti

Júlia Moreira Aguiar de Brito Maria Isabel Duarte Soares Gatti

Maria Luisa Lopes Cheuiche Marina Terry Wettreich

Pedro Holanda Daibert Souza Lima Rafael Caldeira Euler Braga

Tomy Yamagata Vinícius Carneiro de Faria

Professores e

Auxiliares de Turma

Flavia Gonçalves Jean Philippe T Conilh de Beyssac

Ricardo Santos de Andrade Roberta Porto da Silva

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Um objeto misterioso enviado por Omar, o amigo mexicano que conhecemos no livro "Crianças como você", despertou a curiosidade de todos. Um sombreiro enrolado em um pano vermelho deu asas à imaginação da criançada que foi desafiada a descobrir que objeto era aquele através do tato. Muitas hipóteses foram levantadas, de navio a vulcão, até que uma criança falou: "É um sombreiro!!!".

Eles sabiam que era um chapéu mexicano, então conversamos sobre sua utilização, por que ele tinha abas tão grandes e aos poucos fomos nos aproximando do nosso destino.

Em seguida fizemos um panorama geral sobre a cultura desse povo e descobrimos, entre outras coisas, a importância da Pimenta em sua culinária. Quando chegou o momento de escolhermos um nome para a turma, em uma votação prá lá de democrática, Turma da Pimenta venceu. A partir daí, a identidade desse grupo, que já era bastante unido, se fortaleceu ainda mais. Ganhamos dois pés de pimenta, dos quais cuidamos com muito carinho. Também pudemos observar suas semelhanças e diferenças, exercitando o olhar e a observação. Cada criança pintou sua pimenteira, sem o compromisso de retratar a realidade, mas de experimentar a mistura das cores elaborando trabalhos alegres e criativos.

Nossas primeiras pesquisas foram sobre os sabores e cores do México através de sua rica culinária e também da sua bandeira, que trás em seu brasão a lenda da fundação da cidade do México. No filme "Você já foi a Bahia?", de Walt Disney, tivemos a oportunidade de conhecer alguns aspectos típicos da cultura mexicana, de forma divertida e engraçada.

As comidas típicas nos permitiram conhecer, não só cores e sabores, mas também sua importância para os antigos moradores da Terra do Sol, os Astecas. Compreendemos que o povo mexicano era muito festeiro e que costumava cantar e dançar para agradecer aos deuses pelas colheitas e também pelas demais fases da plantação.

Alimentos como abacate, melancia, milho, pimenta, sapoti, chocolate e nachos estiveram muito presentes no nosso dia a dia, através de pinturas de artistas mexicanos como Frida Khalo, Rufino Tamoyo, Marian Sempre e Diego Rivera. E também serviram como inspiração para pinturas e desenhos e em deliciosos momentos de degustação. Saboreamos o milho no dia da visita do Baixinho, vendedor de milho, apreciamos o pé de milho que Jade nos trouxe e ainda na obra de Diego Rivera, "Fiesta Del Maiz", que nos rendeu trabalhos de Artes bastante originais. Usamos a palha do milho em uma bela composição com anilina e cola e em outra experimentação pintamos com o sabugo em lugar do pincel.

Maria Luisa nos trouxe um abacate que foi manuseado, cheirado a apalpado, mas muitas

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crianças não sabiam que fruta era aquela. Então, nossa amiga falou que era um abacate e nos contou que os mexicanos o utilizam principalmente como salada, ou seja, salgado. Realizamos desenhos de observação e também preparamos a famosa guacamole e o nosso creme de abacate. Para algumas crianças o paladar da salada de abacate causou estranheza, mas para nossa surpresa outras não só gostaram como não conseguiam parar de comer. O importante é que foi uma experiência significativa, pois todos ajudaram no preparo, colocando a mão na massa, e experimentando a novidade que foi servida com nachos, como é lá no México.

Viajamos até Cancun. Luciana, auxiliar da Turma da Onça, nos trouxe fotos, transparências e mapas da paradisíaca praia mexicana e nos contou sobre sua viagem, deixando uma pontinha de vontade, em cada um, de embarcar para as terras, ou melhor, para as águas onde vive Omar. Inspirados pelas cores desse belo mar, realizamos pinturas com diversos tons de verde e azul, que foram feitos junto com as crianças, misturando diferentes proporções de guache até encontrarmos cores parecidas com as apreciadas nas fotos.

Nosso primeiro passeio foi à Praia de Dentro, no forte da Urca. Sentimos o cheirinho de maresia, a areia entrar nos dedos, o vento soprando e apreciamos o encontro da pedra com o mar, além de muita brincadeira e banho de chuveirão. Na volta, aproveitamos para comparar a cor dos mares daqui e de lá. E percebemos que as águas salgadas podem ter diferentes tonalidades, dependendo da profundidade, do entorno, de como está o tempo, o vento, etc.

Danças, músicas, brincadeiras e histórias mexicanas também nos ajudaram a conhecer um pouquinho mais desse país tão encantador. A Turma da Pimenta é muito receptiva e adora uma novidade. Foi com muito entusiasmo que brincaram de Gallina Ciega, Mar y Terra, Gato y Ráton, dançaram e improvisaram movimentos inspirados nas danças mexicanas "La danza de los viejitos" e "Los sembradores", além de cantarem músicas infantis da cultura mexicana como "Muñeco pimpão" e "Pojitos".

A Festa Pedagógica aconteceu com muita tranqüilidade e prazer. Foi parte de um processo construído, a cada dia, respeitando o ritmo e personalidade de cada um. Escolhemos, com as crianças, como seria a apresentação e eles nos sugeriram mostrar as danças que vinham executando de forma descontraída e divertida nas aulas de Expressão Corporal. No

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dia do tão esperado encontro com as famílias, a alegria tomou conta de todos. Compartilhar um pouco das descobertas e experiências, vividas ao longo do semestre, com os pais, é motivo de muita vibração para nossos pequenos.

Passada a festa, paramos para respirar e investigar, mais uma vez, qual era o desejo

que vibrava nos corações das nossas meninas e meninos que desta vez, por unanimidade, escolheram conhecer os animais da fauna mexicana. Como faltava pouco para a Festa Junina elegemos, dentre os muitos bichos interessantes que conhecemos através de fotos e vídeos encontrados na Internet, o Jaguar. A primeira grande descoberta foi constatar que Onça e Jaguar são o mesmo bicho. Só muda o nome. Marcamos um encontro com a Turma da Onça que nos deu uma aula sobre o animal. Foi muito bacana trocar informações, ouvir e contar curiosidades a respeito do nosso já tão querido Jaguar. Uma lenda Asteca também nos ajudou a conhecer melhor esse grande felino. Realizamos alguns trabalhos de artes brincando com as cores e formas da onça. Após apreciarmos duas máscaras mexicanas de Jaguar, fizemos as nossas com argila, tinta e muita criatividade.

O passeio ao zoológico veio para saciar o enorme desejo de encontrar com o bichano, olho no olho. E nosso protetor, como intitularam o amigo-felino, não nos decepcionou. A Onça passeou, pulou e brincou enquanto admirávamos sua beleza e força incomparáveis.

Chegou, então, o tempo de São João, Santo Antonio e São Pedro. Com muita história e cantoria, entramos no ritmo da quadrilha. Dançando e brincando, pintando e colando, esquentamos nossos corações ao redor da fogueira. Mais uma vez a Turma de Pimenta se divertiu a valer!

É com a certeza de que este curioso e adorável grupo cresceu muito em suas relações e conquistou autonomia e uma maior disponibilidade para ouvir o outro que nos despedimos. Com o coração já cheio de saudades desejamos boas férias para todos!

Música _________________________________________________________

P assado o calor do carnaval, a criançada foi conhecer um país quente, cuja cultura exalta o sol. O México. Mas também a terra dos imensos sombreros, ideais para nos refrescarmos ao som da música latina. A sonoridade diferente de um outro

idioma muitas vezes produzia espanto e diversão. Como conhecemos pouco nossos vizinhos! Trouxemos uma típica canção infantil mexicana, que fala sobre o boneco Pin Pón. "Pin Pón es um muñeco / De trapo y de cartón / Se lava su carita com água y com jabón". Cléa, professora da TCM, nos ensinou outra muito bacaninha, sobre os pojitos, quer dizer, pintinhos. "Los pojitos hacen / Pio, pio, pio / Quando tienem hambre / Quando tienem frio".

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E como as crianças não foram as únicas criaturas que ficaram maravilhadas com todos aqueles doces e balas da Piñata, podemos dizer que uma Cucaracha chegou para a festa também. Clássico da música latina, esse bicho resiste a altas temperaturas. Principalmente quando a capa do violão vira a fantasia de barata perfeita. Quem não quer se metamorfosear de vez em quando? "La Cucaracha, ya no puede caminar". La Bamba chegou logo em seguida para bailar a turma.

Nesse ponto, demos continuidade ao trabalho com os instrumentos, iniciado no carnaval, buscando conhecer alguns de origem latina, com seus timbres diferenciados, mas parecidos com outros já conhecidos por nós, como o Guiro, instrumento de cabaça parecido com o reco-reco de bambu. As campanas, similar do cowbell, primo do nosso agogô. Algumas maracas também sacudiram as nossas performances. Mas quando o assunto foi as bruxas do México, coisa ficou boa. Além de contarmos e recontarmos histórias sonorizadas num clima de arrepiar, pudemos, como faziam os xamãns dos povos antigos, nos transformar também em diversos bichos. Com a brincadeira do Sol posso ir, quantos passos de coiote, lagarto e vôos de águia nós não demos? Mas um antigo rock tocado pelo Tutti-Fruit e interpretado por Rita Lee foi, sem dúvida, um dos pontos altos do repertório. "Jo no creo em brujas / Pero que las hai las hai". Cantar numa outra língua é um divertido desafio. "Ela Não sabe a letra / Vou ensinar a letra / Pé de bucho / bochecha / Pé de cana / Caneta / No forró de Manezita / Pimenta, pitanga, pipoca e pita". Paralelo ao projeto, pudemos, também, construir um teatro de sombra com uma caixa de papelão, para contar a história Pepe, Diego e Guadalupe. Esses três irmãos do interior do país nos mostraram um pouco da infância, do jeito simples de viver, trazendo mais uma oportunidade de experimentarmos nosso repertório recém adquirido.

Nesse momento aproveitamos para contar algumas histórias musicadas sobre as festas de São João, seu boizinho encantado, Pai Francisco e Catirina. E, é claro muita quadrilha!

Expressão Corporal _________________________________________________________ "Sem os analisar, a criança imita com desembaraço os movimentos observados nos outros, e isso lhe facilita numerosas aquisições; seu gesto delicado e diferenciado lhe acompanha e sublinha a palavra, seus sentimentos se exprimem sem inibição alguma, em seus pulos alegres como em seus trejeitos, ou em suas investidas metediças. Está inteira em seu gesto e belisca, bate ou põe a língua com o mesmo desembaraço com que salta atrás da bola".

Paul Ostherrieth

I niciamos em roda, nos apresentando, falando sobre a aula, sobre o corpo. Fomos acordando-o devagarzinho, com cuidado, aquecendo-o e preparando-o para os estímulos que estavam por vir. Brincamos de nomear e movimentar as partes do nosso

corpo, dissociando os membros e trabalhando a movimentação livre. Organizados em um trenzinho, andamos, pulamos, corremos, agachamos todos juntos, de uma só vez. Tínhamos que nos movimentar como um grupo para que o trem pudesse chegar ao seu destino, o que só conseguimos na terceira tentativa.

Com o Carnaval se aproximando, escolhemos as nossas fantasias no baú da escola. Fantasiados, dançamos ao som do samba, das marchinhas, do frevo e fizemos várias poses carnavalescas provocando muitas risadas.

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Trabalhando o ritmo, demos musicalidade aos nossos nomes, criando movimentos para eles. Também ouvimos trilhas dos espetáculos do Grupo Corpo e foi estimulante notar a reação das crianças que rapidamente começaram a se movimentar tentando obedecer ao estímulo sonoro. A turma foi dividida em dois grupos: um criava e o outro observava. Desse modo, puderam acompanhar a experimentação do outro. Estabeleceu-se com isso dois pontos de vista: o de produtor e o de espectador.

Na agitação peculiar das crianças, tentamos estabelecer a observação e a escuta como prioridade. Brincamos de manipular o corpo do outro. Em roda, uma criança se colocava como estátua, enquanto as outras, uma a uma, manipulavam cuidadosamente seu corpo, colocando-a em posições inusitadas. Observar tal manipulação, ter cuidado ao tocar, permitir o toque do outro, mesmo que muitas vezes, com aquela risada nervosa, envergonhada, nos fortalece como grupo, cria intimidade aproximando os que estão distantes.

Ao nos aproximarmos do projeto da Turma, tentamos resgatar elementos de duas danças mexicanas: "La Danza de los Viejitos" e "Los Sembradores". A primeira é uma antiga tradição mexicana, com origem anterior à chegada dos espanhóis, que é usualmente interpretada por jovens que imitam, de forma engraçada, pessoas idosas com dificuldade de se movimentar, encurvadas em uma bengala. Estes jovens mexicanos usam trajes de camponeses e máscaras de feições idosas, sorridentes e sem dentes. Como tínhamos apenas a descrição da dança, sem fontes audio-visuais que pudessem nos inspirar, a turma criou sua própria versão dos velhinhos, com bengalas, panos coloridos e muita risada. A segunda é tida como uma interpretação artística de um dos mais importantes elementos da cultura mexicana: trabalhar com a terra, plantar e colher, a alegria de trabalhar em comunidade e a beleza da simplicidade. As crianças improvisaram, munidas dessas informações, e dançaram arando, semeando e irrigando a terra.

Com os materiais (bambolês, túnel, colchonetes, pernas de baldes, bolão) criamos diferentes percursos onde, além de trabalhar as habilidades motoras, desenvolvemos o equilíbrio, a atenção, a concentração, a noção espacial.

Em meio a tantas experimentações, tantas conquistas e tantos desejos, encerramos o primeiro semestre, sedentos pelas novidades que estão por vir.