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1 TC QMB João Paulo de Carvalho Corrêa O CERIMONIAL MILITAR CONDUZIDO PELA SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO E SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA ORGANIZACIONAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO Salvador 2019

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TC QMB João Paulo de Carvalho Corrêa

O CERIMONIAL MILITAR CONDUZIDO PELA SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO E SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA ORGANIZACIONAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Salvador 2019

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TC QMB JOÃO PAULO DE CARVALHO CORRÊA O CERIMONIAL MILITAR CONDUZIDO PELA SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO E SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA ORGANIZACIONAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Formação Complementar do Exército / Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG como requisito parcial para a obtenção do Grau Especialização de Gestão em Administração Pública.

Orientador: Prof. Me. Leticia Veiga Vasques

Salvador 2019

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TC QMB JOÃO PAULO DE CARVALHO CORRÊA

O CERIMONIAL MILITAR CONDUZIDO PELA SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO E SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA ORGANIZACIONAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Formação Complementar do Exército / Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG como requisito parcial para a obtenção do Grau Especialização de Gestão em Administração Pública.

Aprovado em ______/_____________/________

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

_____________________________ Profa. Ma. Leticia Veiga Vasques

UNIS

____________________________________________ Profa. Ma.Alessa M. Oliveira Denegal – Membro 1

UNIS

_________________________________________ Profa. Dra.Thayra Ferreira Ribeiro – Membro 2

UNIS

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O CERIMONIAL MILITAR CONDUZIDO PELA SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO E SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA ORGANIZACIONAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

João Paulo de Carvalho Corrêa1

Leticia Veiga Vasques2

RESUMO

Este trabalho de pesquisa estuda como o cerimonial militar conduzido pela Secretaria-Geral do Exército (SGEx) influencia na cultura organizacional do Exército Brasileiro (EB). Tal abordagem se faz necessária para destacar a importância do trabalho realizado pela SGEx na condução do cerimonial militar do EB. O objetivo é estabelecer uma ligação entre o cerimonial militar e a cultura organizacional do EB. Esta tarefa será conseguida a partir da revisão bibliográfica e pesquisa das normas e procedimentos adotados pela SGEx relativos ao cerimonial militar e do estudo das características institucionais e missão, da profissão militar, de especialidades e estrutura organizacional do EB. Ao final do trabalho será estabelecida a relação entre o cerimonial militar e a cultura organizacional do EB por meio de exemplos práticos de cerimônias conduzidas pela SGEx na guarnição de Brasília.

Palavras-chave: Cerimonial Militar. Comportamento Organizacional. Secretaria-Geral do Exército. Exército Brasileiro.

ABSTRACT

This research study studies how the Military Ceremonial conducted by the General Secretariat of the Army (SGEx) influences the organizational culture of the Brazilian Army (EB). Such an approach is necessary to highlight the importance of the work carried out by SGEx in the conduct of the Military Ceremonial of the EB. The objective is to establish a link between the Military Ceremonial and the EB Organizational Culture. This task will be achieved through the bibliographic review and detailed research of the norms and procedures adopted by SGEx regarding the Military Ceremonial and of the study of the institutional characteristics and mission, of the military profession, specialties and organizational structure of the EB. At the end of the work will be established the relationship between the Military Ceremonial and the Organizational culture of the EB through practical examples of ceremonies conducted by SGEx in the Brasília garrison.

Keywords: Military Ceremonial. Organizational behavior. General Secretariat of the Army. Brazilian army.

1 Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras. Pós-graduando em Administração Pública pelo Centro Universitário do Sul de Minas, UNIS - MG. E-mail: [email protected]. 2 Orientadora. Mestra em Letras pela UNICOR. Professora do Centro Universitário do Sul de Minas/UNIS-MG. E-

mail: [email protected].

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil valoriza sua memória cívica, cada etapa de sua história foi moldada por

atos corajosos de personagens comprometidos com a nação, na busca de um país

livre, democrático, justo e pacífico.

Neste contexto, observa-se que as Forças Armadas não vivem de forma isolada

e desempenham diversas funções sociais e, portanto, sofrem uma interação cultural na

sociedade que estão inseridas. Por outro lado, elas apresentam algumas características

específicas que as diferenciam de outras instituições.

O cerimonial militar apresenta algumas especificidades que identificam uma forte

cultura organizacional nas Forças Armadas e em seus membros. Para garantir essa

cultura organizacional coesa, o EB vale-se do seu cerimonial militar. Os ritos, os

protocolos e as práticas materializam todo o contexto de evidenciar o simbolismo e o

reconhecimento de fatos e acontecimentos.

Este trabalho de pesquisa estuda como o cerimonial militar conduzido pela SGEx

influencia na cultura organizacional do EB. Tal abordagem se faz necessária para

destacar o trabalho realizado pela 3ªseção da SGEx, na condução do cerimonial militar.

É importante ressaltar também a estreita ligação entre o cerimonial militar e a cultura

organizacional do EB.

O objetivo deste estudo é apresentar o trabalho realizado pela SGEx na

condução do cerimonial militar. Este propósito será conseguido a partir de uma revisão

bibliográfica, na qual serão utilizadas informações retiradas de pesquisas anteriores

publicadas em livros, revistas, manuais e artigos científicos, monografias, dissertações,

teses, entre outros. Desta forma, será possível por meio de exemplos práticos, delimitar

o estudo sobre cerimonial militar e sua ligação com a cultura organizacional do EB.

2 O CERIMONIAL NO EXÉRCITO BRASILEIRO

O vade-mécum n°07 – Prática de Cerimonial e Protocolo define que: “a prática

de cerimonial e protocolo se constitui num conjunto de regras e preceitos que devem

reger atos solenes ou não, nos quais se exige um certo grau de formalidade” (BRASIL,

2018).

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O termo cerimonial vem do latim caerimõniale – conjunto de ritos religiosos.

Considerando que a bibliografia existente diverge bastante quanto ao entendimento das

palavras “cerimonial”, “protocolo” e “etiqueta”, o EB buscou defini-las para uma

padronização de conhecimentos referentes ao assunto (BRASIL, 2001, p.7):

Cerimonial é o conjunto de formalidades (regras e normas) a serem seguidas na organização de uma cerimônia oficial, em especial, definindo a sua sequência lógica e regulando os diversos atos que a compõem. Protocolo é o instrumento de suporte ao cerimonial, em que são estabelecidas regras de conduta, a serem seguidas, com o propósito de ordenar e evitar constrangimento entre autoridades que participam da cerimônia. Trata, em especial, da precedência das autoridades; das formas de tratamento; das honras militares; do posicionamento de bandeiras; e do dispositivo das autoridades nos palanques, nas mesas de honra e de refeição formal, por ocasião dos eventos oficiais. Etiqueta é um conjunto de normas de procedimentos, característicos da boa educação, polidez, cortesia e hospitalidade, no relacionamento entre pessoas ou grupos, por ocasião de solenidades, eventos sociais, ou mesmo no cotidiano.

Da mesma forma, estabelece que: “A base do protocolo é a precedência que é

basicamente o estabelecimento de uma ordem hierárquica de disposição de

autoridades, de instituições, de bandeiras, de honras, ou de grupos sociais” (BRASIL,

2001, p.15).

Atualmente, no Brasil, a precedência está definida pelo Decreto nº 70.274, de 09

Mar 72, sendo necessário ser atualizado permanente, pois suas disposições são

adaptadas, às vezes oficiosamente, para acomodar situações individuais e institucionais

de autoridades ou pessoas, haja vista a constante reformulação ou criação de cargos e

funções, especialmente, no Poder Executivo.

O Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e cerimonial militar

das Forças Armadas descreve em seu Art. 139 que: “o cerimonial militar tem por

objetivo dar a maior solenidade possível a determinados atos na vida militar ou

nacional, cuja alta significação convém ser ressaltada” (BRASIL, 2009, p.34).

Também, o Art. 140 define que: “as cerimônias militares contribuem para

desenvolver, entre superiores e subordinados, o espírito de corpo, a camaradagem e a

confiança, virtudes castrenses que constituem apanágio dos membros das Forças

Armadas” (BRASIL, 2009, p.34).

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A ideia de uniformidade das cerimônias militares ocorre devido a padronização

dos uniformes e de uma boa execução da Ordem Unida3. Desde o início dos tempos,

quando o homem se preparava para combater, ainda com armas rústicas e formações

incipientes, já estava presente a Ordem Unida, disciplinando homens e padronizando

procedimentos, movimentos e formas de combate.

O EB destacou a importância da Ordem Unida no Manual referente ao assunto,

definindo bem os seus objetivos:

proporcionar aos homens e às unidades, os meios de se apresentarem e de se deslocarem em perfeita ordem, em todas as circunstâncias estranhas ao combate; desenvolver o sentimento de coesão e os reflexos de obediência, como fatores preponderantes na formação do soldado; constituir uma verdadeira escola de disciplina; treinar oficiais e graduados no comando de tropa; possibilitar, consequentemente, que a tropa se apresente em público, quer nas paradas, quer nos simples deslocamentos de serviço, com aspecto enérgico e marcial (BRASIL, 2000, p.1-2).

O Manual de Ordem Unida descreve que o resultado desses objetivos é a

disciplina, uns dos pilares do EB. “A disciplina, no sentido militar, é o predomínio da

ordem e da obediência, resultante de uma educação apropriada” (BRASIL, 2000, p.1-3).

O mesmo Manual de Ordem Unida revela que a instrução militar, particularmente

a Ordem Unida, busca a eficácia no combate e diz que: “no combate moderno, somente

tropas bem disciplinadas exercendo, um esforço coletivo e combinado, podem vencer.

Sem disciplina, uma unidade é incapaz de um esforço organizado e duradouro”

(BRASIL, 2000, p.1-3).

Destaca ainda, que as atividades que exijam exatidão e coordenação mental e

física colaboram para o desenvolvimento da disciplina. “Estes exercícios criam reflexos

de obediência e estimulam os sentimentos de vigor da corporação de tal modo que toda

a unidade se impulsiona, conjuntamente, como se fosse um só homem” (BRASIL, 2000,

p.1-3).

3 A Ordem Unida se caracteriza por uma disposição individual e consciente altamente motivada, para a obtenção de determinados padrões coletivos de uniformidade, sincronização e garbo militar. Deve ser considerada, por todos os participantes – instrutores e instruendos, comandantes e executantes – como um significativo esforço para demonstrar a própria disciplina militar, isto é, a situação de ordem e obediência que se estabelece voluntariamente entre militares, em vista da necessidade de eficiência na guerra (BRASIL, 2000, p.1-2).

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Com estas definições, verifica-se que o EB busca valorizar o cerimonial e as

cerimônias militares para desenvolver uma imagem ligada aos pilares da hierarquia e

disciplina e com isso fortalecer sua cultura organizacional.

Em uma visão mais ampla sobre cerimonial, inclusive o militar, faz-se necessário

tratar o evento em que se está inserido o cerimonial de maneira sistêmica, abordando

os seguintes itens: confecção de uma Ordem de Serviço regulando o evento e

distribuindo missões, confecção e emissão de convites, reuniões preparatórias,

treinamentos e ensaios. Para esta coordenação o EB conta com a SGEx.

2.1 A SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO

Criada em 16 de fevereiro de 1938 com a denominação de Secretaria-Geral do

Ministério da Guerra, quase trinta anos mais tarde, no ano de 1967, receberia a

denominação que ostenta até os dias atuais: SGEx. Transferida para a capital Federal

no ano de 1972, a SGEx têm como missão síntese assessorar o Comandante do

Exército, tendo como princípios o cumprimento das missões, enquadrando a concessão

de honrarias, a heráldica, a medalhística, a musicologia e parcela do histórico da

instituição (BRASIL, 2018).

Responsável pela condução, padronização e regulamentação do cerimonial

militar, no âmbito do EB, a SGEx é um Órgão de Assistência Direta e Imediata do

Comandante da Força (OADI).

Nos dias atuais, possui as seguintes missões: preparar e secretariar as Reuniões

do Alto Comando do Exército (RACE); conduzir os processos de concessão das

medalhas sob sua responsabilidade; organizar, publicar e divulgar os Boletins do

Exército; assessorar o Comandante do Exército no que se refere à normatização do uso

de Uniformes e regular o cerimonial militar do Exército, em âmbito nacional (BRASIL,

2018).

Avaliando as missões anteriormente elencadas, pode-se verificar que o trabalho

da SGEx é caracterizado pela constante exposição da figura institucional EB perante

autoridades não somente do alto escalão militar, como também do escalão

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governamental, servindo, dentre outros, de canal de comunicação social e, também, de

ligações institucionais.

Especificamente para cumprir a missão de regular o cerimonial militar do

Exército, em âmbito nacional a SGEx possui em sua estrutura a 3ª Seção de Gabinete

(SG/3). Pode-se destacar algumas competências da SG/3 ligadas ao cerimonial militar,

tais como: planejar, organizar, coordenar e executar, na Guarnição de Brasília, as

solenidades do Dia do Exército, Dia do Soldado, Dia da Bandeira; de Imposição da

Ordem do Mérito Militar, da Entrega de Bastão de Comando, da Carta Patente e

Apostila de Carta Patente, da Entrega de Espada de General aos Oficiais-Generais

recém-promovidos, de Despedida do Serviço Ativo dos Oficiais-Generais do Alto

Comando do Exército; do Dia da Família Militar (BRASIL, 2018).

Planeja ainda, as atividades relativas às reuniões da Comissão de Cerimonial

Militar do Exército (CCMEx), orienta o cerimonial militar do Exército, organiza e conduz

as reuniões da CCMEx bem como, elaborar e manter atualizados os “vade-mécum” de

cerimonial militar, elabora e mantém atualizada a lista de autoridades (banco de dados),

de acordo com as determinações do Secretário-Geral; prepara e expede convites para

cerimônias, de acordo com as determinações do Secretário-Geral e as normas de

Cerimonial Público; apoia os órgãos do Quartel General do Exército (QGEx) suas

cerimônias e solenidades quando determinado (BRASIL, 2018).

A CCMEx é uma comissão de caráter permanente composta por um

representante do Estado-Maior do Exército, do Comando de Operações Terrestres, da

SGEx, do Gabinete do Comandante do Exército, do Batalhão da Guarda Presidencial,

do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas e do 12º Grupo de Artilharia de Campanha.

Sua missão é pesquisar, estudar e propor ao Comandante do Exército as modificações

que se fizerem necessárias no cerimonial militar, assim como orientar a sua execução,

visando aprimorar e padronizar procedimentos no âmbito do Exército.

A Comissão se reúne para discutir sobre as propostas de modificação do

cerimonial, que uma vez aprovada, o Secretário-Geral apresenta ao Comandante do

Exército que toma a decisão de modificação ou não. A CCMEx realiza três reuniões

anuais previstas ou quando surgir demanda oriunda dos Comandos Militares de Área.

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Desta forma, a SGEx mantém o cerimonial militar do EB ajustado as novas

demandas e o preserva, mantendo o que já está normatizado, na busca de uma

uniformidade em todo Brasil.

3 MATERIAL E MÉTODO

Conforme salientou-se na introdução, pretende-se estabelecer a ligação entre o

cerimonial militar e a cultura organizacional do EB.

O procedimento de pesquisa utilizada é a bibliográfica e documental. Afinal, é

preciso conhecer o estado da arte, ou seja, conhecer o que já se escreveu sobre o

tema. Com isso, busca-se um aprofundamento teórico sobre o conhecimento relativo ao

cerimonial militar e a cultura organizacional do EB.

De acordo com Lakatos e Marconi (1991, p. 90), a pesquisa bibliográfica possui

duas finalidades: “restringir a amplitude dos dados a serem estudados e definir os

principais aspectos de uma investigação, precisando, portanto, os tipos de dados que

devem ser abstraídos da realidade, como objeto de análise”.

Segundo Minayo (2016) a pesquisa qualitativa responde a questões muito

particulares. Ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações,

das crenças, dos valores e das atitudes, o que é entendido como parte da realidade

social. O universo da produção humana é o objeto da pesquisa qualitativa dificilmente

traduzida por números e indicadores qualitativos.

O tipo de pesquisa quanto aos objetivos é exploratória, que Segundo Gil (2002)

têm como objetivo principal a descoberta de ideias e intuições. Seu planejamento é,

portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados

aspectos relativos ao fato estudado.

Quanto à natureza, a pesquisa é qualitativa que possui caráter exploratório. O

foco está na compreensão do fenômeno causado pelo cerimonial militar na cultura

organizacional do EB, por meio de aspectos subjetivos, motivações não explícitas, ou

mesmo não conscientes que ocorrem de forma espontânea.

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4 A TRADIÇÃO, CULTURA E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

A tradição é por definição um hábito ratificado pela prática histórica, ou seja, um

ato contínuo transmitido e validado culturalmente. Hobsbawm e Ranger (1997)

definiram um conceito particular do termo e o chamaram de “tradição inventada”. Tal

ideia seria “um conjunto de práticas, de natureza ritual ou simbólica, com regras tácitas

ou abertamente aceitas que desenvolvem valores e normas por intermédio de

repetições, implicando uma relação com o passado” (HOBSBAWN e RANGER, 1997,

p.6).

Em uma primeira abordagem pode parecer que o termo atribuiria a determinada

tradição uma conotação “falsa”, pois o ato de “inventar” de acordo com o dicionário é

“criar na imaginação” e, portanto, poderia não ser algo verídico. Por outro lado, vemos

que os autores não tinham essa intenção quando dizem:

(...) por “tradição inventada” entende-se um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas: tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade com relação ao passado (HOBSBAWM e RANGER, 1997, p.9).

A tradição, segundo a visão dos autores, é uma “ponte que liga o presente com

o passado com a intenção de influenciar valores e comportamentos” do grupo. A sua

criação ou invenção ocorre em determinado momento histórico e, posteriormente, ela é

repetida constantemente normalmente de uma maneira fixa e invariável (HOBSBAWM e

RANGER, 1997, p.10-11).

O segundo traço da “tradição” é o fato dela possuir uma “função simbólica e

ritualística”. O intuito é “formalizar e ritualizar o passado”. A origem pode ser centrada

em uma única pessoa ou estar mesclada com “costumes” que em determinado

momento foram oficializados (HOBSBAWM e RANGER, 1997, p.12-14).

O General Bouchacourt, chefe militar francês que participou da Primeira Guerra

Mundial (1914-1918), destaca a importância de “criar tradições” no meio militar ao

referir-se a legião estrangeira dizendo: “É necessário encontrar e explorar, ou então

criar tradições, particularidades de apresentação, de denominação, de conduta. O

essencial é que ela se distinga e que qualquer um, vendo-a, diga com segurança: Estes

que avançam são legionários!” (BOUCHACOURT, 1951, p.26, grifo nosso).

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O autor Castro (2002) realizou um estudo sobre tradições focalizando o Exército

Brasileiro. O livro “A invenção do Exército” utiliza o conceito consagrado por Hobsbawm

e Ranger, mas teve uma interpretação particular.

Na sua pesquisa, o autor brasileiro descreveu o surgimento do culto a Caxias

como patrono do Exército Brasileiro, as comemorações da vitória sobre a Intentona

Comunista de 1935 e o dia do Exército. Ele considerou que as tradições normalmente

não são fixas e são reinventadas, com significados distintos ou não, no decorrer do

tempo através de um processo repetitivo de seus ritos e símbolos.

A partir da visão de Castro (2002) torna-se importante não só identificar como

as tradições surgiram, mas também acompanhar seu trajeto durante o tempo histórico.

Ele declarou que existe uma “tradição da invenção” e que os símbolos e rituais são

permanentemente atualizados em diferentes contextos históricos, descordando em

parte no tocante a invariabilidade das “tradições inventadas”.

No Brasil um estudo importante sobre os militares foi realizado por Castro

(1990). Ele fez uma pesquisa antropológica pioneira no país, nos últimos anos da

década de 1980, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), local onde são

formados os oficiais combatentes do EB. Na AMAN permaneceu por vários meses

tendo observado a rotina, hábitos, costumes e tradições dos militares e entrevistou

diversos cadetes para compreender o que ele denominou de o “espírito militar”.

Esse “espírito militar”, em certa medida, influência todo Exército Brasileiro. Os

cadetes da AMAN, que no futuro serão oficiais combatentes de carreira, no final do

curso são transferidos por todo o país somando esse “espírito militar” jovial ao já

existente em cada Organização Militar.

O EB é uma grande organização e segundo Silva (2018), as organizações de

maneira geral são instituições sociais que têm a sua história e desenvolvem sua própria

cultura. O trabalho coloca as pessoas em relação umas com as outras, e estas com a

sociedade.

Os autores Cohen e Fink foram precisos na definição de cultura:

Cultura é uma palavra-âncora que sintetiza a forma como as coisas são feitas de modo geral, o clima vigente, noções gerais (às vezes explícitas, mas frequentemente apenas entendidas e tidas como naturais) sobre como os membros da organização agem e sentem, o que é recompensado e assim por diante. A expressão cultura organizacional se refere aqui à cultura da

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organização mais ampla da qual o grupo estudado é parte (COHEN; FINK, 2003, p. 72).

Partindo do princípio que definir de cultura é bastante complexo, se faz

necessário apontar as contribuições de Schein (2001), considerado um importante autor

sobre o tema e muito referenciado nos estudos sobre o assunto. Claramente, o autor se

preocupa em ir além dos comportamentos observáveis, privilegia a aprendizagem do

grupo e assume que a cultura tem funções específicas. Para Schein, a cultura

organizacional é:

o modelo dos pressupostos básicos, que determinado grupo tem inventado, descoberto ou desenvolvido no processo de aprendizagem para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que os pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, são ensinados aos demais membros da organização como a maneira correta para se perceber, se pensar e sentir-se em relação àqueles problemas (SCHEIN 2001, p. 3-4).

Complementando, Cohen e Fink (2003) abordaram a cultura organizacional em

pequenos grupos e em toda a organização:

Deve-se pensar o que a cultura organizacional é em termos do contexto social ou ambiente em que o grupo de trabalhadores se situa. Outra forma de pensar a cultura organizacional é que, da mesma forma que pequenos grupos desenvolvem normas de comportamento, as organizações maiores tendem a desenvolver normas gerais que se aplicam a todos os seus integrantes, independentemente de sua posição (COHEN; FINK, 2003, p. 73).

Cohen e Fink, colocam os traços culturais regionalizados ligados diretamente

na cultura organizacional:

Além disso, as culturas da região ou país em que se situa a organização podem moldar crenças dentro da organização. Por exemplo, um grupo de estudos na faculdade desenvolverá seu sistema emergente alicerçado, em parte, na cultura da universidade como um todo e também, provavelmente, na cultura da região ou país de onde vem a maioria de seus integrantes (COHEN; FINK, 2003, p. 72).

Freitas (2007) estabeleceu elementos da cultura organizacional para facilitar o

seu entendimento. “A descrição dos elementos que constituem a cultura organizacional,

a forma como eles funcionam e as mudanças comportamentais que eles provocam são

maneiras de dar ao assunto um tratamento mais concreto e possibilitar o seu

reconhecimento mais facilmente” (FREITAS, 2007, p. 15).

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A grande maioria dos autores da área descrevem elementos que a constituem.

São eles: valores; crenças e pressupostos; ritos, rituais e cerimônias; sagas e heróis;

estórias; tabus.

Os valores representam uma predeterminação consciente da ação e dos

elementos que os reforçam, indicando de forma direta as motivações para a tomada de

decisões. Para Schein (2001, p. 32), “Os valores afetam nossas decisões e ações.

Embora quase sempre não tenhamos plena clareza disto, todas as decisões humanas

estão sendo baseadas em valores”. Quanto mais as organizações conseguem difundir

e compartilhar esses valores, mais fortes e bem-sucedidas elas serão.

Utilizar crenças e pressupostos é expressar aquilo que é tido como verdade na

organização. A partir do momento que são aceitos como verdades, passam a ser

inquestionáveis. As crenças são tidas como “verdades concebidas” que são passadas

aos novos membros de um grupo ou organização.

Freitas (2007, p. 51) descreve: “Nas organizações, há crenças profundamente

arraigadas acerca da forma pela qual o trabalho deve ser organizado, a forma como a

autoridade deve ser exercida, as pessoas recompensadas e controladas”.

Os ritos, rituais e cerimônias são componentes importantes da cultura

organizacional e estão associados às atividades elaboradoras e planejadas que

compõem os eventos existentes nas organizações. Fazem parte de sequências

repetidas e que ajudam a expressar os valores das organizações.

Existe um entendimento que as pessoas necessitam de modelos e heróis, pois

as mudanças que deram certo sempre estão relacionadas com mitos provenientes de

histórias heróicas. Segundo Carvalho e Ronchi (2005, p. 77): “os heróis personificam os

valores e condensam a força da organização”. Para Freitas (2007) existe uma relação

quase direta entre as organizações que alcançam o sucesso e seus heróis, pois eles

são os disseminadores dos pressupostos das mesmas.

O mito ajuda a desvendar a cultura de um determinado grupo social, pois é a

expressão que interpreta o elo entre o presente e o passado, visando a estabelecer um

padrão comportamental. Os valores de uma organização são reforçados pelos

exemplos que seus mitos.

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A cultura organizacional deve ser compreendida como uma importante

ferramenta de gestão e mobilização dos subordinados, ela pode mobilizar a equipe para

objetivos comuns e, portanto, deve ser respeitada e valorizada pelas lideranças

organizacionais.

O comportamento organizacional, ou seja, como cada um dos indivíduos de

uma organização se comporta no cotidiano, de forma isolada e conjunta é cada vez

mais estudado pelos pesquisadores da área motivacional, uma vez que já se sabe que

há impactos significativos em variáveis como: produtividade, absenteísmo, satisfação

entre outras.

4.1 CARACTERÍSTICAS INSTITUCIONAIS DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Atualmente, a instituição EB está prevista na Constituição Federativa do Brasil

de 1988 (CF/88) em seu Art.142 que define:

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (BRASIL, 1988, p.62)

Dessa definição, depreende-se que o EB é uma instituição nacional, regular de

caráter permanente, organizada com base na hierarquia e disciplina. Uma instituição

que está em constante evolução e que busca a preservação dos mais fortes

sentimentos de orgulho por seu País e de amor por sua gente, sua existência nos

remete a defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de

qualquer destes, da lei e da ordem.

De acordo com o Estatuto dos Militares em seu Art. 14, a hierarquia e a

disciplina é a base institucional das Forças Armadas. A autoridade junto a

responsabilidade crescem com o grau hierárquico. Nos parágrafos seguintes, o mesmo

Estatuto buscou defini-las:

§ 1º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade.

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§ 2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo. § 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados (BRASIL, 1980, p.3)

Conhecer a cultura organizacional do EB significa entender suas características

institucionais e missão, a profissão militar, as especialidades e estrutura organizacional

e sua visão de futuro.

O enunciado sobre a missão do EB é expresso sinteticamente, pela finalidade,

para facilitar a sua compreensão por todos integrantes da instituição. Em síntese, a

missão consiste em: “Defender a pátria, garantir os poderes constitucionais, a lei e a

ordem. Apoiar a política exterior do país. Cumprir atribuições subsidiárias”(BRASIL,

2014, p. 3-3).

O EB é uma instituição nacional permanente e regular, fundamenta-se na

hierarquia, na disciplina e no culto de suas tradições. Na base desse sistema está o

elemento humano, o qual a própria instituição trata como: “a força da nossa Força”.

Esse elemento humano em última análise, é o profissional da guerra que têm a

responsabilidade pelo planejamento e condução das operações em combate.

A profissão militar possui características especiais, tais como: risco de vida,

sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia, dedicação exclusiva,

disponibilidade permanente, mobilidade geográfica, vigor físico, restrições a direitos

trabalhistas, formação específica e aperfeiçoamento constate, vínculo com a profissão,

proibição de participar de atividades políticas e de sindicalizar-se e de participar de

greves. Todas estas exigências da profissão não ficam restritas à pessoa do militar, mas

afetam, também, a vida de sua família.(BRASIL, 2018)

As Instituições Militares possuem referenciais fixos, fundamentos imutáveis e

universais. O Estatuto dos Militares apresenta claramente as obrigações e os deveres

militares. A profundidade da profissão militar é tão específica que todo cidadão, após

ingressar em uma das Forças Armadas mediante incorporação, matrícula ou nomeação,

presta o compromisso de honra. Neste ato solene, ele afirma a sua aceitação

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consciente das obrigações e dos deveres militares e manifesta a sua firme disposição

de bem cumpri-los, até mesmo com o “sacrifício da própria vida”.

Dentro das obrigações militares estão os valores e a ética. Segundo o art. 27 do

Estatuto dos Militares, são manifestações essenciais do valor militar: “o patriotismo, o

civismo e o culto das tradições históricas, a fé na missão do Exército, o amor à

profissão, o espírito de corpo e o aprimoramento técnico-profissional”. São os valores

militares, que influenciam, de forma consciente ou inconsciente, o comportamento e, em

particular, a conduta pessoal de cada integrante da instituição.

Além dos deveres, todo militar está ligado diretamente aos preceitos da Ética

Militar que é definida como o conjunto de regras ou padrões que levam o militar a agir

de acordo com o sentimento do dever, com a honra pessoal, com o pundonor militar e

com o decoro da classe. Está ligada a conduta moral esperada de um militar.

Da mesma forma, este cidadão está sujeito aos deveres militares que emanam

do conjunto de vínculos morais e jurídicos que ligam o militar à Pátria e à Instituição.

Existem os deveres moral e legal. Dever moral é caracterizado por ser voluntariamente

assumido, havendo ou não imposição legal para o seu cumprimento. Já o dever legal é

o imposto por leis, regulamentos, normas, manuais, diretrizes, ordens, etc.

O art.31 do Estatuto dos Militares estabelece os deveres militares: “dedicação e

fidelidade à Pátria, culto dos símbolos nacionais, probidade e lealdade, disciplina e

respeito à hierarquia, rigoroso cumprimento dos deveres e ordens, trato do subordinado

com dignidade”.

O profissional militar desde o início de sua formação se guia pelo exemplo. A

história militar brasileira apresenta diversos ícones cuja experiência pessoal e

profissional servem de inspiração para o desempenho de suas atividades. Dentre

esses, destaca-se a figura do Marechal Luiz Alves de Lima e Silva – o Duque de Caxias

– Patrono do Exército Brasileiro.

Caxias caracterizou-se pelo culto dos valores militares, pelo estrito cumprimento

do dever e pelo exercício incondicional da ética. Seu valor foi reconhecido por

superiores, pares, subordinados e adversários. A história o reverencia como “o

Pacificador”, pelo espírito de justiça e conciliação com que marcou suas decisões.

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O EB possui um vasto número de especializações que abrangem os mais

diversos campos de atividade relacionados ao combate, ao apoio ao combate, ao apoio

logístico e à administração. Dado o nível de capacitação exigida, dentro das várias

competências requeridas pela instituição, na maioria dos casos, a especialização do

militar orienta toda a sua carreira.

Os militares são distribuídos pelas principais especializações, em torno de

funcionalidades e competências específicas, que definem as Armas, Quadros ou

Serviços a que pertencem. Depositárias diretas das “tradições” do Exército, essas

especializações conferem a tão necessária identidade e espírito de corpo aos militares

que as integram.

Em geral, a opção pela Arma, Quadro ou Serviço é feita pelo militar no início de

sua carreira. Brasil (2014) delimitou as especialidades da seguinte forma:

As Armas dividem-se em dois grupos: "as Armas Base – Infantaria e Cavalaria; e as Armas de Apoio ao Combate – Artilharia, Engenharia e Comunicações. Os Quadros compreendem o de Engenheiros Militares, o de Material Bélico, Complementar de Oficiais, nas áreas gerais da administração (Administração, Direito, Informática, Letras, Comunicação Social, dentre outras) e Auxiliar de Oficiais. Já nos Serviços, fazem parte o de Intendência, o de Saúde (médicos, dentistas e farmacêuticos) e o de Assistência Religiosa (BRASIL, 2014, p. 5-1).

Brasil (2014, p. 6-1) descreve:

O cumprimento das missões constitucionais o EB exige a sua organização em uma estrutura hierarquizada e complexa. Esta estrutura visa a permitir, aos seus chefes militares, realizarem o planejamento necessário à geração de capacidades requeridas ao emprego dos meios da Força Terrestre

4…

A organização do Comando do Exército é denominada Organização Básica do

Exército, e possui a seguinte estrutura:

a) Órgão de Direção Geral (ODG).

b) Órgãos de Assessoramento Superior (OAS);

c) Órgãos de Assistência Direta e Imediata ao Comandante do Exército (OADI);

d) Órgãos de Direção Setorial (ODS);

e) Força Terrestre (F Ter); e

f) Entidades Vinculadas.

4 Instrumento de ação do Comando do Exército, é estruturada, em tempo de paz, para o cumprimento de missões

operacionais terrestres, em Comando Militar de Área, subordinados diretamente ao Comandante do Exército, que constituem o mais alto escalão de enquadramento das organizações militares.

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Toda instituição necessita estabelecer uma visão de futuro com clareza para

mostrar aos seus integrantes, e no caso do EB, até mesmo para a sociedade o seu

estado desejável projetado em um momento futuro.

Segundo Brasil (2014), a visão de futuro do EB é bem definida em:

Ser uma Instituição compromissada, de forma exclusiva e perene, com o Brasil, o Estado, a Constituição e a sociedade nacional, do modo a continuar merecendo confiança e apreço. Ser um Exército reconhecido internacionalmente por seu profissionalismo, competência institucional e capacidade de dissuasão; e respeitado na comunidade global pelo poder militar terrestre apto a respaldar as decisões do Estado, que coopera para a paz mundial e fomenta a integração regional. Ser constituído por pessoal altamente qualificado, motivado e coeso, que professa valores morais e éticos, que identificam, historicamente, o soldado brasileiro, e tem orgulho de servir com dignidade à Instituição e ao Brasil (BRASIL, 2014, p. 7-5).

A Visão de Futuro do Exército é um grande desafio e um caminho que orienta a

marcha da Instituição e que pretende servir de motivação a todas as ações individuais e

coletivas empregadas no cumprimento de sua missão.

5 CERIMONIAL E CULTURA NO EXÉRCITO BRASILEIRO

Um aspecto que chama a atenção é a ligação entre o cerimonial e a cultura

organizacional no EB. O cerimonial do EB apesar de ser constituído num conjunto de

regras e preceitos que regem atos solenes ou não, nos quais se exige um certo grau de

formalidade, deve ser entendido como algo de maior magnitude. Sua definição não

pode ser somente entendida como um simples conjunto de regras destinadas a regular

cerimônias, é muito mais que isso. Ele preserva a memória dos acontecimentos,

reverencia os homens e seus feitos, assim como os princípios aos quais devemos a

nossa essência nacional.

A tradição faz parte do cotidiano militar, sempre estabelecendo uma relação

com o passado. Um grande exemplo de tradição é a cerimônia de entrega do espadim5

ao cadete do primeiro ano da AMAN.

Ostentar o espadim que faz parte do uniforme de gala do cadete é uma tradição

que liga o passado ao presente durante toda a sua formação acadêmica. A conquista

5 Réplica em tamanho reduzido da espada do Marechal Luiz Alves de Lima e Silva – o Duque de Caxias – Patrono do Exército Brasileiro.

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por seus méritos, pelo direito de usar uma réplica em escala reduzida da invicta espada

Caxias, desenvolve valores que ficam eternizados na carreira do militar.

O Espadim, portanto é muito mais que uma arma, é símbolo de conquista, de

realização, de honra e de dignidade que valoriza e dá importância aos futuros líderes da

Instituição EB.

Com igual simbologia, quando o cadete se forma, é nomeado Aspirante-a-oficial

e recebe a espada de oficial. Décadas depois, se for promovido por escolha ao círculo

dos Oficiais-Generais, recebe uma réplica, em mesma escala, da espada de Caxias.

Observa-se que esses três momentos da carreia do militar são marcados por

uma ligação muito forte com o mito de Caxias. Silva (2018) destacou a importância do

mito em uma organização:

O mito ajuda a desvendar a cultura de um determinado grupo social, pois é a expressão que interpreta o elo entre o presente e o passado, visando a estabelecer um padrão de comportamento aceitável. Os mitos referem-se a estórias que tenham consistência e que reforçam os valores da organização e podem ser sustentadas pelos fatos ocorridos (SILVA, 2018, p. 17).

A cerimônia de promoção de Oficial-General é de responsabilidade da SGEx e

é composta pela imposição da Ordem do Mérito Militar (OMM), pela entrega do Bastão

de Comando6, da Carta Patente, da réplica da Espada de Caxias aos Oficiais-Generais

recém-promovidos.

A solenidade de entrega da Espada de General obedece a um cerimonial que

simboliza a importância da investidura do oficial como chefe militar, enfatizando os

vínculos que o unem ao passado e ao futuro da instituição.

A espada de general é um símbolo que envolve o compromisso e a tradição. O

compromisso é tácito, firmado pessoalmente pelo general e assinala a sua posição

hierárquica no mais alto círculo de oficiais do EB. A tradição perenizou o uso da espada

pelos militares, em especial, a espada de general, réplica da espada de campanha do

Marechal luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.

Durante a cerimônia, quem conduz a espada a ser entregue ao general é um

cadete da AMAN que porta em seu uniforme histórico o espadim, reprodução em escala

6 O Bastão, como símbolo de autoridade e autoridade e insígnia de comando, vem de tempos remotos – tinham-no os reis, assim como os grandes capitães. Em campanha, as batalhas só se iniciavam quando o monarca ou General-em-chefe fazia o sinal com o bastão.

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reduzida da gloriosa espada do Duque de Caxias. No momento da entrega da espada

ao general, evoca-se a renovação dos ideais uma vez assumidos na AMAN e a

preservação das tradições do EB.

Em um outro momento marcado por uma simbologia, os Oficiais-Generais

promovidos recebem, pela primeira vez, as honras previstas no cerimonial castrense,

que assinalam as suas presenças nas Organizações Militares. Estas honras são

prestadas apenas pelos Cadetes, marcando o início da trajetória militar, na condição de

cadetes, dos novos oficiais-generais e o seu ingresso no mais alto círculo da hierarquia

militar, como General do Exército de Caxias. Os Cadetes e os Generais estão portando

a réplica da Espada de Caxias.

Com estes cerimoniais de entrega de espadim e espadas, o EB busca valorizar

seus recursos humanos e estabelecer este elo entre o presente e passado reforçando

os valores que são a essência da instituição.

Cabe um destaque especial para duas datas de extrema importância para o EB.

São elas o Dia do Exército e Dia do Soldado. Ambas ocorrem praticamente em todas as

Organizações Militares do País e obedecem uma sequência de ações padronizadas.

São elas: a chegada das autoridades, a apresentação da tropa, a leitura da finalidade

da formatura, o canto da canção do exército, a leitura da ordem do dia do Comandante

do Exército, a entrega de condecorações e o desfile da tropa.

O Dia do Exército ocorre no dia 19 abril, data da vitória na primeira Batalha de

Guararapes no ano de 1648. Naquela oportunidade, o sentimento de Nação fez brotar a

sinergia necessária para derrotar os invasores estrangeiros, em maior número e

armados. O sentimento de Pátria foi consolidado pela união das raças e convergência

de ideais. Em solo nordestino, foi plantada a raiz do Brasil de hoje, com negros,

brancos, índios e mestiços, irmanados e ombreados para expulsar o invasor.

A formatura do Dia do Exército, em Brasília é um grande evento sob a

coordenação da SGEx. Normalmente, é presidida pelo Presidente da República e é

marcada pela tradição. As tropas se posicionam em forma utilizando seus uniformes

históricos. O ponto alto da cerimônia é a entrega da Medalha Exército Brasileiro (MEB)

e a OMM.

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A OMM é a mais alta distinção honorífica do EB. Criada por decreto de julho de

1934, foi inspirada na Ordem do Mérito de São Bento de Aviz, herdada de Portugal, que

vigorou até fevereiro de 1891. Destina-se a premiar militares da Força Terrestre que

tenham prestado notáveis serviços ao país ou tenham se destacado no exercício de sua

profissão, personalidades civis e militares, brasileiras ou estrangeiras, que prestaram

relevantes serviços ao exército, bem como Organizações Militares e instituições civis

nacionais ou estrangeiras, que se tornaram credoras de homenagem especial.

A MEB foi instituída pela Portaria do Comandante do Exército, número 219, de

14 de março de 2016. Destinada a distinguir cidadãos e instituições civis, brasileiras ou

estrangeiras, integrantes da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira e das forças

auxiliares que tenham praticado ação destacada ou serviço relevante em prol do

interesse e do bom nome do EB.

Também sob a coordenação da SGEx, o Dia do Soldado é uma data

comemorativa brasileira cujo dia é 25 de agosto. A data homenageia o dia do

nascimento de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, no dia 25 de agosto de

1803. Todo militar, independente de posto ou graduação é um soldado de Caxias. Mais

uma vez pode-se observar a figura do mito realizando um papel fundamental entre o

cerimonial e a cultura no EB.

Também é presidida pelo Presidente da República e busca-se uma

demonstração de força com um efetivo de aproximadamente mil militares do Comando

Militar do Planalto. Estes militares entram em forma usando uniforme operacional,

mochila, equipamento e armamento. Além da tropa a pé, faz parte da formatura o

desfile motorizado e a cavalo. As viaturas de desfile são uma parcela do que o EB

possui de mais moderno, como por exemplo as Viaturas Blindadas sobre Rodas de

Transporte de Pessoal chamada de “Guarani”. Durante a formatura é realizada a

entrega da Medalha do Pacificador e a MEB.

A Medalha do Pacificador foi mandada cunhar em agosto de 1953, por ocasião

da comemoração do sesquicentenário do nascimento do Duque de Caxias. Atualmente

é conferida a: militares do exército que, em tempo de paz, tenham se distinguido por

suas atitudes, dedicação, abnegação e capacidade profissional, bem como aqueles que

tenham contribuído para elevar o prestígio do EB junto às Forças Armadas de nações

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amigas; militares e civis estrangeiros que tenham prestado assinalados serviços ao

Exército ou contribuído para a consolidação e desenvolvimento dos laços de amizade

entre o Exército de seus países e o do Brasil; militares da Marinha, da Aeronáutica, das

forças auxiliares, instituições e civis brasileiros que tenham se tornado credores de

homenagem especial do Exército, por relevantes serviços prestados.

Observa-se que os eventos do Dia do Exército e o Dia do Soldado, em Brasília,

são coordenados pelas SGEx e reforçam a cultura organizacional do EB. O Dia do

Exército é marcado pela tradição pelo uso dos uniformes históricos e o Dia do Soldado

pela demonstração de força com um grande número de militares e viaturas em forma,

que passam a mensagem do “braço forte”.

Apesar de passarem mensagens diferentes, ambas cerimônias militares são

caracterizadas uma grande preocupação com os detalhes. Os movimentos de ordem

unida são executados no mais alto nível e passam a impressão aos espectadores de

uniformidade e disciplina. Para os militares que estão em forma, fica a ideia de uma

dedicação individual para uma conquista coletiva de uma execução dos movimentos no

mais alto nível.

Com a entrega das condecorações, o EB busca valorizar e reconhecer o

trabalho realizado pelo seu público interno e busca uma maior aproximação dos

militares e civis de outras instituições.

Diante de tantas características ligadas a construção de uma forte cultura

organizacional no EB, observa-se que nas cerimônias militares citadas, sob a

coordenação da SGEx, inúmeros componentes são trabalhados, como por exemplo: a

tradição, os valores, a cultura, os mitos, o espírito militar, a ordem unida, entre outros. O

somatório de todos estes exemplos, reforçam ainda mais a cultura organizacional do EB

permitindo que a instituição obtenha um dos maiores índices de credibilidade junto a

sociedade brasileira.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomando a pergunta inicial foi possível estabelecer uma ligação entre o

cerimonial militar e a cultura organizacional do EB. Observa-se que em uma cerimônia

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militar os pilares da disciplina e hierarquia, tão essenciais para a cultura organizacional

do EB, são praticados na sua essência.

O militar quando está em forma ocupa a sua posição conforme a sua hierarquia.

Um exemplo típico: o comandante de pelotão apresenta sua tropa para o comandante

de companhia, que apresenta ao comandante do Batalhão. Após a fase de

apresentação, todos estão em forma para que a cerimônia prossiga. A partir deste

momento, a tropa obedece aos comandos e executam todos os movimentos de ordem

unida, de forma conjunta, em uma forte demonstração de disciplina.

Partindo da premissa que o cerimonial militar ocorre em um evento, que pode ser

simples, como uma formatura semanal de uma Organização Militar ou até mesmo de

grande importância, como formaturas em que participa o Presidente da República, a

busca pela excelência, necessita de uma padronização de procedimentos, ações e

práticas. Especificamente na Guarnição de Brasília, grandes eventos como o Dia do

Exército e Dia do Soldado são exemplos que, além de reforçar a cultura organizacional

do EB, dão uma maior visibilidade da instituição. Em resumo, estes eventos reforçam a

ideia de confiança e credibilidade junto à sociedade.

Ficou claro que os militares de maneira geral compartilham e cultuam, com justo

orgulho, memórias e costumes, por meio dos quais se identificam e se caracterizam.

Tais aspectos comportamentais consolidados e agregados a crenças, rituais, cerimônias

e heróis, integram um conjunto amplo conhecido como “tradições militares”. Essas, por

sua vez, são delimitadas e conduzidas pela ética e pelos valores militares.

Diuturnamente, o EB exterioriza o respeito aos seus heróis e à sua memória. Em

todas as cerimônias, destaca homens, datas e feitos, exteriorizando-os como exemplos

para deixar claro seus valores, tanto para o seu público interno quanto para a sociedade

presente.

Para manter-se entre as entidades de maior prestígio em âmbito nacional, o EB,

desde a Batalha de Guararapes, vem construindo sua história, participando dos

episódios nacionais e internacionais e conquistando o respeito e a admiração do povo

brasileiro ao cultuar, raízes e tradições, por mais de três séculos.

Este trabalho requer um maior aprofundamento quanto ao cerimonial militar, pois

são inúmeras as padronizações de procedimentos nas mais diversas situações. Neste

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artigo, somente foram colocadas algumas cerimônias para o estabelecimento da ligação

entre o cerimonial militar conduzido pela SGEx com a cultura organizacional do EB.

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