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FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE BOM DESPACHO ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA CECÍLIA CRISTINA PAIVA DENISE PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES DIEGO GONTIJO DE SOUZA IGOR VINÍCIUS PEREIRA LEONARDO RESENDE CERULI ESTUDO DE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO, ATERRO CONTROLADO E ATERRO SANITÁRIO. BOM DESPACHO 2012

TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

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Page 1: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE BOM DESPACHO

ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

CECÍLIA CRISTINA PAIVA

DENISE PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES

DIEGO GONTIJO DE SOUZA

IGOR VINÍCIUS PEREIRA

LEONARDO RESENDE CERULI

ESTUDO DE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO, ATERRO

CONTROLADO E ATERRO SANITÁRIO.

BOM DESPACHO

2012

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ESTUDO DE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO, ATERRO

CONTROLADO E ATERRO SANITÁRIO.

CECÍLIA CRISTINA PAIVA

DENISE PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES

DIEGO GONTIJO DE SOUZA

IGOR VINÍCIUS PEREIRA

LEONARDO RESENDE CERULI

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CECÍLIA CRISTINA PAIVA

DENISE PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES

DIEGO GONTIJO DE SOUZA

IGOR VINÍCIUS PEREIRA

LEONARDO RESENDE CERULI

ESTUDO DE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO, ATERRO

CONTROLADO E ATERRO SANITÁRIO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Bom Despacho.

Orientador: Professor Me. Carlos Frederico Muchon

BOM DESPACHO

2012

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CECÍLIA CRISTINA PAIVA

DENISE PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES

DIEGO GONTIJO DE SOUZA

IGOR VINÍCIUS PEREIRA

LEONARDO RESENDE CERULI

ESTUDO DE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO, ATERRO

CONTROLADO E ATERRO SANITÁRIO.

Trabalho de Conclusão de curso submetido à banca examinadora designada pelo

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade Presidente

Antônio Carlos , como parte dos requisitos necessários a obtenção do Grau Bacharel

em Engenharia Ambiental e Sanitária.

Aprovada em: ____/_____/________

Por:

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Dedicamos este trabalho a todos Engenheiros Ambientais e estudantes do curso.

Pelo esforço, competência e eficiência pela luta por um mundo melhor.

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Agradeço a Deus, sempre presente. A família pela força e pela cobrança. Aos

professores por darem as chaves para a abertura da sabedoria.

Page 7: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

“Se em algum dia de sua vida lhe disserem que você não é ninguém, alcance seus objetivos, tenha sabedoria, persistência, perca noites de sono, seja alpinista, chegue ao topo e mostre aos outros do que você é capaz... Mas repensando, o que seria da inteligência humana se não houvesse desafios?”

(Diego Gontijo de Souza)

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RESUMO

A questão da disposição dos resíduos sólidos afeta toda a sociedade, visto que

todos são responsáveis pela geração do lixo, daí a importância de procurar

alternativas para solucionar ou pelo menos minimizar esta questão, agredindo o

menos possível ao meio ambiente. A dificuldade enfrentada é administrar o

desenvolvimento e o crescimento das cidades e da população com a

sustentabilidade e a preservação. Hoje existem algumas formas de destinação final,

porém na maioria das vezes a solução usada é a que necessita menores

investimentos e menores esforços. É necessário mudar esta realidade, pois, com

uma destinação correta dos resíduos todos saem ganhando, principalmente o meio

ambiente.

Palavras chave: Sustentabilidade, desenvolvimento, sociedade.

Page 9: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

ABSTRACT

The issue of solid waste disposal affects the entire society, since everyone is

responsible for the generation of waste, hence the importance of seeking alternatives

to solve or at least minimize this problem, attacking as little as possible to the

environment. The major problem faced is managing the development and growth of

cities and population sustainability and preservation. Today we have some forms of

disposal, but most often used is the solution that requires less investment and less

effort. This needs to change as soon as possible, because with a correct destination

everyone wins, especially the environment.

Keywords: Sustainability, developing society.

Page 10: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...................................................................................................................... ..14

2 OBJETIVOS.......................................................................................................................... ..15

2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................................ ..15

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 15

3 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................. ..16

3.1 Tipos de Resíduos ...............................................................................................................16

3.2 Lixão......................................................................................................................................18

3.2.1 Principais Problemas no Lixão........................................................................................... 19

3.3 Aterro Controlado.................................................................................................................. 22

3.4 Aterro Sanitário..................................................................................................................... 24

3.5. Reciclagem.......................................................................................................................... 37

3.5.1 Modelos Reciclagem.........................................................................................................37

3.5.2 Importância da Reciclagem............................................................................................... 37

3.6 Coleta seletiva ......................................................................................................................38

3.7 Compostagem.......................................................................................................................39

3.8 Nova política nacional de Resíduos Sólidos........................................................................ 40

3.9 Programa Minas sem lixão ...................................................................................................41

3.10 A Educação Ambiental e os resíduos sólids ......................................................................46

4 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................... 48

5.1 Comentários gerais sobre a lei 12.305/2010 feito pelos acadêmicos...................................48

5.2 – Comparativo entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário............................................49

5.3 – A Educação Ambiental e o problema estudado.................................................................57

5.4 – Disposições Finais.............................................................................................................58

6 CONCLUSÕES....................................................................................................................... 61

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................................62

Page 11: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Classificação dos resíduos sólidos urbanos segundo sua origem... 15

FIGURA 02 Chorume...............................................................................................18

FIGURA 03 Animais no lixão de Bom Despacho ....................................................18

FIGURA 04 Trabalho nos lixões ..............................................................................19

FIGURA 05: Crianças no Lixão................................................................................19

FIGURA 06: Esquema representativo poluição no lixão..........................................20

FIGURA 07: Exemplo de aterro controlado da cidade de Araporã..........................21

FIGURA 08: Limites do Aterro Controlado .............................................................22

FIGURA 09: Aterro em valas....................................................................................24

FIGURA 10: Aterro em Trincheiras...........................................................................25

FIGURA 11: Aterro em Encostas..............................................................................25

FIGURA 12: Aterro em Área ....................................................................................26

FIGURA 13 : Principais máquinas utilizadas na operação de aterros sanitários....27

FIGURA 14: Aterro Sanitário após o seu fechamento..............................................34

FIGURA 15: Proposta de agrupamento de cidades no centro oeste de MG...........44

FIGURA 16: Problemas do Lixão.............................................................................49

FIGURA 17: Descarte de Resíduos Infectantes no lixão de Bom Despacho..........51

FIGURA 18: Lixo exposto no lixão de Bom Despacho ............................................51

FIGURA 19: Córrego próximo ao lixão de Bom Despacho .....................................51

FIGURA 20: Exposição do lixo no lixão de Bom Despacho.....................................52

FIGURA 21: Disposição do lixo em valas no lixão de Bom Despacho.....................52

FIGURA 22: Catadores no lixão de Bom Despacho.................................................52

FIGURA 23: Drenagem pluvial..................................................................................53

FIGURA 24: Isolamento da área e identificação.......................................................53

FIGURA 25: Resíduos de Serviço de Saúde .........................................................53

FIGURA 26: Local para disposição de carcaças......................................................53

FIGURA 27: Drenagem no Aterro Sanitário ............................................................55

FIGURA 28: Tratamento dos lixiviados....................................................................55

FIGURA 29: Proteção das águas subterrâneas ......................................................55

FIGURA 30: Proteção das águas superficiais. ........................................................55

Page 12: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Classificação dos resíduos ..............................................................17

Tabela 02: Sistemas de proteção ambiental no aterro sanitário ...................... 29

Tabela 03 : Questionário de Características Locais – Ordem Sanitária ........... 31

Tabela 04:Questionário de Infraestrutura Implantada – Ordem Ambiental ....... 32

Tabela 05 :Questionário de Condições Operacionais - Ordem Operacional..... 33

Tabela 06: Compostagem ............................................................................... 39

Tabela 07: Situação Tratamento e/ou Disposição Final dos RSU em MG .........41

Page 13: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAF Autorização Ambiental de Funcionamento

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental

DN Deliberação Normativa

EIA Estudo de Impacto Ambiental

FCEI Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento

FEAM Fundação Estadual de Meio Ambiente

GIRSU Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos

GRSU Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEF Instituto Estadual de Florestas

IGA Instituto de Geociências Aplicadas

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

ISO International Organization for Standardization

NBR Norma Brasileira Registrada

RSS Resíduo Sólido de Saúde

RSU Resíduo Sólido Urbano

Page 14: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores problemas das cidades brasileiras e do mundo, sem dúvida é

a disposição de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Esses resíduos quando

eliminados inadequadamente, poluem e contaminam os recursos naturais.

O crescimento populacional desenfreado, e o aumento do consumismo

capitalista, faz com que gerem mais resíduos. Os produtos e bens descartáveis tem

um ciclo de vida curto. Além dos avanços tecnológicos das ultimas décadas que

influenciam para a rápida substituição destes bens.

Atualmente no Brasil, os resíduos sólidos urbanos têm como disposição final

principalmente em lixões, aterros controlados e aterros sanitários. Cada um destes

apresentam suas particularidades, pós e contras, conforme serão analisados a

seguir.

Apesar dos aterros e lixões serem áreas de despejo e descarte de resíduos

considerados sem utilidade para alguns, podem ser fontes geradoras de lucro e

empregos. E como são administradas estas estações de disposição de lixo, que na

maioria das vezes são tratadas com desprezo pelas autoridades competentes. Com

isso os municípios deixam de gerar renda, deixam de minimizar os seus gastos e

ainda contribuem para que uma parcela de população viva a margem da sociedade,

sem o mínimo de dignidade, sem condições ideais de trabalho e de vida.

O principal desafio para a implantação de um projeto adequado e sustentável

são os altos gastos em investimentos e projetos para a construção de uma rede de

disposição de resíduos ideal. Desta forma a Administração pública muitas vezes

negligencia o problema. Levando em consideração que uma praça, uma rua

asfaltada, casas populares, distribuição de cestas básicas, eventos populistas como

eventos e shows, rendem mais votos. Desta forma a implementação de técnicas

viáveis de disposição e gerenciamento de resíduos são deixadas de lado. E

infelizmente essa é a realidade em grande parte do Brasil.

É necessário, uma ação conjunta onde o papel de cada um como cidadão

seja levada em consideração. E só assim poderemos ter um mundo melhor...

Page 15: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Fazer uma análise comparativa entre as três formas mais usadas para disposição de

resíduos sólidos urbanos: lixão, aterro controlado e aterro sanitário.

2.2 Objetivos Específicos

• Discutir as formas de disposição e controle de resíduos utilizando o Lixão; o Aterro

Controlado e o Aterro Sanitário;

• Verificar qual a melhor forma de disposição entre as três formas apresentadas.

Page 16: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

3 REFERENCIAL

3.1 Tipos de Resíduos

Existem grandes diferenças entre lixo e resíduo sólido. Segundo Pontes e

Cardoso (2006, p.02): A diferença fundamento entre Lixo e Resíduo Sólido é que o

lixo não possui qualquer tipo de valor, devendo ser descartado. E o Resíduo pode

possuir valor econômico agregado, podendo ser aproveitado dentro de um processo

produtivo adequado. Esta comparação pode ser levada em consideração se o lixo

for considerado como um material sem nenhuma utilidade, o que ocorria há décadas

atrás.

Segundo a Norma Brasileira (NBR 10.004:2004),resíduos sólidos ou semi -

sólidos são:

Aqueles que resultam da atividade da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Considera-se também resíduo sólido os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água ou exijam, para isso, soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT 2004).

Os resíduos podem ser classificados também segundo a sua origem.

Conforme é disposto na FIGURA 01: Classificação dos resíduos sólidos urbanos

segundo sua origem

Fonte: FIG 1 (SCHALCH apud NASCIMENTO, 2007, p.36)

Page 17: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

A NBR 10.004 de 2004 propõe uma classificação para os resíduos sólidos

mais voltada as questões gerenciais destes materiais, classificando-os nas seguintes

classes:

TABELA 01: Classificação dos resíduos:

Resíduos Descrição

Classe I

(Materiais perigosos)

Característica de toxicidade,

inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, radioatividade,

patogenicidade, que podem

apresentar riscos à saúde

pública ou efeitos adversos ao

meio ambiente .

Classe II

(Resíduos não inertes)

São resíduos tem como

propriedades: inflamabilidade,

corrosividade, reatividade,

toxicidade, ou patogenicidade

Classe III

(Resíduos inertes)

Materiais que não se

solubilizam ou que não tem

qualquer componente

solubilizado em concentrações

superiores aos padrões

estabelecidos pela (NBR 10.006

– Solubilização de Resíduos)

Fonte: Adaptado da ABNT (citado por PONTES; CARDOSO, 2006, p.02-03)

“Uma outra forma para se classificar os resíduos sólidos é através do grau

de degradabilidade dos resíduos sólidos:

a) Facilmente degradáveis: matéria orgânica presente nos resíduos sólidos

de origem urbana;

b) Moderadamente degradáveis: papéis, papelões e materiais celulósicos;

c) Dificilmente degradáveis: são pedaços de panos, retalhos, aparas e

serragens de couro borracha e madeira;

d) Não degradáveis: vidros, metais, plásticos, pedras, solo, entre outros.”

(BIDONE & PIVONELLI,1999. apud NASCIMENTO 2007, p.37).

Page 18: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

“Existe ainda uma classificação baseada nas características físicas do RSU: teor

de umidade, distribuição do tamanho das partículas e identificação das diferentes

categorias de materiais contidos em uma amostra representativa (composição

gravimétrica ou volumétrica. (KINOCHENMUS,1998 apud NASCIMENTO

2007,p.37)”

3.2 Lixão

Conforme definido por Nascimento, Lixão:

É uma forma de disposição final dos RSU, na qual estes são lançados sobre o solo, sem qualquer medida de proteção ao meio ambiente ou a saúde pública. Não existem controles sobre tipo, volume ou grau de periculosidade dos resíduos depositados. Os resíduos são simplesmente lançados sobre o solo natural sem receber qualquer tipo de tratamento mecânico para a redução de seu volume. Esta forma de disposição facilita a proliferação de inúmeros vetores (moscas, ratos, mosquitos), geração de maus odores e principalmente a contaminação do solo e das águas subterrâneas e superficiais, pela infiltração dos líquidos gerados pela decomposição dos RSU. (NASCIMENTO 2007,p.40).

3.2.1 Principais problemas no lixão:

De acordo com a NBR 8849/1985 apud (LANZA V.C.V, CARVALHO A. L de

2006) Chorume é o líquido produzido pela decomposição de substâncias contidas

nos resíduos sólidos, de cor escura, mau cheiro e elevada DBO (Demanda

Bioquímica de Oxigênio). Este líquido é de grande poder poluente, e ao infiltrar-se

no solo pode contaminar os lençóis freáticos, e ao ser levado pelas águas da chuva

também pode contaminar os rios e outros cursos d’água, como também contaminar

o solo. Conforme pode ser observado na (FIG.02).

Outro grande problema do lixão é os animais vetores de doença. Moscas e

mosquitos e baratas podem trazer diversos tipos de doenças, os ratos podem trazer

a leptospirose, entre outros. Nos lixões também é comum a criação de animais

domésticos, como cachorros, gatos, cavalos; há famílias que moram no lixão e criam

porcos, e estes animais se alimentam dos resíduos que podem ser contaminados, e

ao contato desses animais com outras pessoas pode se transmitir uma série de

doenças e enfermidades. Conforme pode ser observado na (FIG. 03).

Page 19: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Figura 02: Chorume

(Fonte: http://www.saojoaodelreitransparente.com.br/works/view/670)

Figura 03: Animais no lixão de Bom Despacho

Fonte: Acervo do autor tirada em abril de 2010

A questão social dos lixões é de grande preocupação, pois os catadores do

lixão mesmo integrados na economia global estão bem longe dos geradores de

resíduos. Estes trabalhadores na maioria das vezes vivem a margem da sociedade

de forma a trabalhar sem os equipamentos de proteção adequados e ficando

expostos a perigos, resíduos contaminantes. E o pior é o alto nível de crianças

trabalhando no lixão fato que preocupa tanto o governo de Minas Gerais que já está

fazendo um trabalho junto com a Fundação João Pinheiro para reverter este quadro.

Fonte: Jornal Agência Minas 25/01/2012.

Page 20: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Pode-se observar a condição de trabalho de catadores em lixões em meio a

urubus e diversos tipos de resíduos conforme figura 4; e também se observar o

trabalho infantil no lixão conforme mostra figura 5.

Figura 04: Trabalho no lixão

(Fonte: http://ajudarepossivel.blogspot.com.br/2011/03 lixo extraordinario02.html)

Figura 05: Crianças no Lixão

(Fonte: http://ajudarepossivel.blogspot.com.br/2011/07/as-criancas-do-lixao.html)

Os lixões também possuem um ciclo de poluição ascendente e descendente,

ascendente visto que os lixos geram gases atmosféricos ou ainda a queima de lixo

gera gás carbônico, descendente visto que o lixo gera o chorume que infiltra no solo

Page 21: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

ou é levado pela chuva contaminando o solo e os lençóis freáticos e rios. Conforme

pode ser observado na (FIG.06.)

FIGURA 06: Esquema representativo poluição no lixão

(Fonte: http://geoconceicao.blogspot.com.br/)

3.3 Aterro Controlado

Segundo a NBR 8419/1992 da ABNT apud (LANZA V.C.V, CARVALHO A. L

de 2006):

O aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos

urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à

segurança, minimizando os impactos ambientais. Esse método utiliza

princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com

uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.

Segundo Penido (2012)

Os aterros controlados são técnicas de disposição final de resíduos sólidos urbanos, com uso do solo onde são acumulados e ao longo da jornada diária e recobertos com materiais inertes, podendo ser utilizado o próprio solo e ou resíduos de construção civil, são ações primárias para minimizar os impactos gerados para o descarte de lixo urbano. Em relação ao lixão é uma técnica mais apropriada, pois não ficam expostos, evitando o contato de animais que podem ser vetores de diversas doenças, além da dispersão pela ação do vento onde pode provocar entupimento de bueiros, podendo ocasionar enchentes, e também poluição do solo, corpos hídricos e circunvizinhos.

Page 22: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Os aterros controlados em geral produzem poluição localizada, pois não possuem impermeabilização de base, podendo acarretar a percolação do chorume no próprio solo e lençol freático onde não contam com sistemas de tratamento ou recirculação, já a dispersão dos gases gerados pela decomposição do material são emitidos à atmosfera sem nenhum tipo de tratamento adequado.

Na Figura 07 é um exemplo de aterro controlado em operação, onde as

maquinas estão aterrando os resíduos de forma a garantir que não sejam

espalhados.

FIGURA 07: Exemplo de aterro controlado da cidade de Araporã

(Fonte: http://www.arapora.mg.gov.br/noticias.php?id=543)

Segundo cartilha do programa Minas sem Lixões, vejamos algumas medidas

para a implantação de aterros controlados:

• Excluir áreas erodidas, cársticas ou de preservação permanente;

• Priorizar áreas com solo de baixa permeabilidade; • Priorizar áreas com declividade média inferior a 30%; • Excluir locais sujeitos a eventos de inundação; • Obedecer a distância mínima de 300 metros de coleção hídrica*; • Obedecer a distância mínima de 500 metros de núcleos populacionais; • Obedecer a distância mínima de 100 metros de rodovias e estradas, a partir da faixa de domínio. * A distância entre 200 e 300m pode ser aceita pelo Órgão Ambiental, desde que não exista alternativa e seja apresentada justificativa técnica. (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010.13.p)

Page 23: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Segue abaixo FIG. 08, que mostra as medidas distanciais que devem ser

observadas para a construção do aterro controlado, de modo a dar mas segurança

aos recursos hídricos, e a população em geral.

FIGURA 08:Limites do Aterro Controlado

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 14.p)

3.4 Aterro Sanitário

Segundo a NBR 8.419/1992 apud (LANZA V.C.V, CARVALHO A. L de 2006),

“aterro sanitário é uma técnica de disposição de RSU no solo sem causar danos a

saúde pública devido sua segurança, minimizando os impactos ambientais. No

aterro se usa princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos a menor

área possível e reduzir ao menor volume”. Pode-se observar que com esta forma de

disposição se diminuirá a área a ser usada na disposição, e ainda pelas proteções e

métodos de engenharia utilizados, será uma forma que oferecerá mais segurança à

população em geral.

Conforme classificou MAGALHÃES 2008, aterro sanitário é:

Page 24: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

O método de destinação final que reúne as maiores vantagens, considerando-se a redução dos impactos ocasionados pelo descarte dos RSU. Apresenta características como: subdivisão da área de aterro em células para descarte de resíduos de serviços de saúde, por exemplo; disposição dos resíduos no solo previamente impermeabilizado, impossibilitando o contato dos líquidos residuais (água das chuvas e chorume) com o lençol freático; tratamento dos líquidos percolados (estabilização para a biodegradação da matéria orgânica contida no chorume); drenos superficiais para a coleta da água das chuvas; drenos de fundo para a coleta do chorume e para a dispersão do metano; coletores dos líquidos residuais em direção as lagoas de estabilização e confinamento do lixo em camadas cobertas com solo. Há ainda a possibilidade de recolhimento dos gases oriundos do processo de decomposição do lixo para posterior utilização como fonte energética, através de drenos verticais. Fonte: (MAGALHÃES, 2008, D.N., 21-22p.)

Conforme define a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da

Bahia:

O Aterro Sanitário é um equipamento projetado para receber e tratar o lixo produzido pelos habitantes de uma cidade, com base em estudos de engenharia, para reduzir ao máximo os impactos causados ao meio ambiente. Atualmente é uma das técnicas mais seguras e de mais baixo custo.

Preferencialmente deve possuir uma vida útil superior a 10 anos, prevendo-se ainda o seu monitoramento por alguns anos após o seu fechamento. No processo de decomposição dos resíduos sólidos, ocorre a liberação de gases e líquidos (chorume ou percolado) muito poluentes, o que leva um projeto de aterro sanitário a exigir cuidados como impermeabilização do solo, implantação de sistemas de drenagem eficazes, entre outros, evitando uma possível contaminação da água, do solo e do ar.

(Fonte: http://www.conder.ba.gov.br/manual_aterro.pdf 9.p)

Os aterros sanitários podem ser construídos como o método de rampa, de

trincheira e de área. Segundo José Dantas de Lima na definição dos métodos de

construção dos aterros:

O método de rampa utiliza terrenos com declive, onde os resíduos vão sendo depositados e compactados, seguindo a declividade existente, com o recobrimento necessário no final de cada etapa de trabalho prosseguindo até que as células em construção atinjam o topo do declive da parte superior e lateral. Esta construção continua até que os diversos patamares ocupem toda a área projetada. As rampas aos poucos preenchem as células e as mesmas complementam os patamares, os quais por sua vez consolidam o maciço projetado sobre a área do aterro. Os patamares superpostos, construídos em áreas planas, consolida um aterro tipo pirâmide.

No método de trincheira as mesmas, são colocadas com dois a três metros de profundidade, chegando em alguns casos até cinco metros, dependendo da profundidade do lençol freático. O material escavado serve para cobertura do próprio aterro. Os resíduos precisam ser

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compactados para que seja aumentada a vida útil do aterro (LIMA apud OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R. 2009 6-7.p.)

Abaixo FIG. 09 ilustrando o aterro no método de aterro operando em valas,

escavação com profundidade limitada e largura variável, confinada em todos os

lados, oportunizando operação não mecanizada:

FIGURA 09: Aterro em valas

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 36.p)

Abaixo FIG. 10, do método de aterro sanitário em trincheiras, escavação sem limitação de profundidade e largura, que se caracteriza por confinamento em três lados e operação mecanizada:

FIGURA 10: Aterro em Trincheiras

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010..p)

Abaixo figura ilustrativa do método, aterro em encostas caracterizado pelo

uso de taludes pré existentes, usualmente implantado em áreas de ondulações ou

depressões naturais e encostas de morros.:

Page 26: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

FIGURA 11: Aterro em Encostas

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 38.p)

A FIG 11 ilustrativa do método, aterro em área caracterizado pela disposição

em áreas planas acima da cota do terreno natural:

FIGURA 12: Aterro em Área

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 39.p)

O CREA PR através de seu manual ainda dispõe sobre a equipe

multidisciplinar que deve estar trabalhando na construção de um aterro sanitário:

A construção de um aterro sanitário requer a participação de uma equipe de

pessoas que devem estar bem treinadas e compenetradas de suas funções

específicas. O estabelecimento de tarefas e funções de cada um dos

componentes das equipes encarregadas da construção, operação e

manutenção do aterro é de fundamental importância, tendo em vista a

Page 27: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

preservação ambiental da área onde o aterro será implantado. A condução

técnica deverá estar sob a orientação de um profissional da área da

Engenharia Civil, Sanitária ou Ambiental, com experiência adequada

para dirigir e supervisionar todas as tarefas inerentes à obra. Dependendo

do corte do aterro, auxiliares técnicos: topógrafo, desenhista, projetista,

cadista e laboratorista para estudo de solos, deverão dar suporte técnico ao

Engenheiro responsável. Supervisores, capatazes, operadores de

equipamento e pessoal devidamente capacitado deverão compor a equipe.

(OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R. 2009 7.p.)

Principais máquinas a serem usadas no aterro sanitário:

FIG 13: Principais máquinas utilizadas na operação de aterros sanitários.

Fonte: (FIOCRUZ, 2001 apud OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R. 2009.10p.)

O programa Minas sem lixões enumera de forma ilustrativa os principais

sistemas de proteção ambiental que devem contar no projeto de um aterro sanitário,

sendo este programa referência e ferramenta de ajuda para a problemática da

disposição final Resíduos Sólidos Urbanos em todo estado de Minas Gerais.

Tabela 02: Sistemas de proteção ambiental no aterro sanitário

Page 28: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

impermeabilização de base e laterais

recobrimento diário de rejeitos

cobertura final das plataformas

coleta, drenagem e tratamento dos

líquidos percolados

coleta e tratamento dos gases

drenagem superficial

Monitoramento

(Fonte:http://www.minassemlixoes.org.br/gestao-municipal/sistemas-de-destinacao-final/)

O programa Minas sem lixões enumera também os critérios de projeto e

operação para os aterros sanitários:

Quando for adotado aterro em valas:

• Separação entre as bordas de, no mínimo, 1m.

• Profundidade de escavação limitada a 3m, observadas as

Page 29: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

condições de estabilidade dos taludes e nível do freático.

•Largura variável, recomendando‐se que não seja superior a

5m (para não dificultar cobertura dos resíduos).

•Drenagem superficial (drenos escavados no solo).

•Recobrimento final de terra com 1m de espessura.

(SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 49.p)

Quando for adotado aterro em trincheiras:

• Profundidade de escavação condicionada à estabilidade dos

taludes e ao nível do freático.

• Quando não indicada a impermeabilização complementar,

devem ser executados o revolvimento e a recompactação, em

pelo menos três camadas, de um horizonte mínimo de 0,60m

do solo local na base do aterro, mantendo‐se, no mínimo, o

coeficiente de permeabilidade do solo natural.

• Drenagem superficial.

• Recobrimento final de terra com 1m de espessura.

(SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J.50.p)

Quando for adotado aterro em encosta ou em área:

• Conformação dos taludes definida por estudo de

estabilidade.

• Altura das camadas de até 5m.

• Quando não indicada a impermeabilização complementar,

devem ser executados o revolvimento e a recompactação, em

pelo menos três camadas, de um horizonte mínimo de 0,60m

do solo local na base do aterro, mantendo‐se, no mínimo, o

coeficiente de permeabilidade do solo natural.

•Drenagem superficial.

• Recobrimento final de terra com 1m de espessura.

(SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 51.p)

Page 30: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

O programa ainda defende Monitoramento de águas subterrâneas: 1 poço a

montante e 3 a jusante do empreendimento, não alinhados com o sentido de

fluxo subterrâneo das águas.

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, desenvolveu um questionário, enfocando os três macroconjuntos, onde é calculado o Índice de qualidade de um Aterro Sanitário – IQR, a partir do qual a condição local de disposição é avaliada e classificada em adequada,controlada ou inadequada.

A partir da somatória dos pontos atribuídos a cada questionário, pode-se chegar a um índice qualidade das condições do aterro sanitário, definido pela expressão matemática: IQR=(Subtotal 1+Subtotal 2+Subtotal 3)/13

Onde:

• 0 < IQR < 6,0 – Expressa condições inadequadas para o aterro sanitário.

• 6,0 < IQR < 8,0 – Expressa condições controladas para o aterro sanitário.

• 8,0 < IQR < 10,0 – Expressa condições adequadas para o aterro sanitário.. (OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R 27.p)

Seguem abaixo os questionários:

Tabela 03 : Questionário de Características Locais – Ordem Sanitária

(Fonte: CTESB 1998 apud OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R 28.p)

Tabela 04:Questionário de Infraestrutura Implantada – Ordem Ambiental

Page 31: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

(Fonte: CTESB 1998 apud OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R 29.p)

Tabela 05 :Questionário de Condições Operacionais - Ordem Operacional

Page 32: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

(Fonte: CTESB 1998 apud OBLADEN N.L; OBLADEM N.T.R; BARROS K.R 30.p)

Page 33: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Segundo cartilha da empresa BGE plano de encerramento do Aterro

Sanitário deve constar:

O monitoramento do comportamento mecânico e da qualidade ambiental de um aterro sanitário após encerradas as atividades de disposição de resíduos constitui medida essencial para que a área utilizada possa ser recuperada dentro de padrões adequados de segurança e de qualidade ambiental. A metodologia, critérios e indicadores do monitoramento devem estar definidos e estabelecidos em um plano de monitoramento que deve ser parte integrante de um Projeto de Encerramento do Aterro.

(JORGE F.N de; BAPTISTI E. de; GONÇALVES A. 2004. 19.p)

Esta mesma cartilha enumera os dados que devem estar no Projeto de

Fechamento do aterro:

O Projeto de Encerramento deve conter os planos de recuperação ambiental e eventual aproveitamento sequencial da área utilizada, sendo específico para cada aterro, considerando as particularidades do compartimento ambiental e as condições de sua implantação e operação. No Projeto de Encerramento do Aterro devem estar descritas as diretrizes e procedimentos para a sua conservação e manutenção até que todo o maciço tenha se estabilizado, incluindo se neste aspecto as atividades bioquímicas, com a geração de percolados e gases. Os mecanismos e procedimentos para se atingir esse objetivo devem estar consolidados em um programa integrado de monitoramento e controle geotécnico e ambiental do aterro.

BORELLA (2004) afirma que “faz parte de um ‘Plano de Encerramento de Aterros’ o estabelecimento de rotinas de inspeções e manutenção, bem como a sistemática de reparação de danos eventualmente notados”.

Ao acompanhar e registrar de forma sistemática e periódica o comportamento mecânico do aterro e as suas condições de qualidade ambiental, os resultados do monitoramento permitem identificar alterações no padrão de desempenho previsto e propor, em tempo hábil, medidas preventivas e corretivas.

Os resultados do monitoramento, realizado em base contínua, de forma sistemática e periódica, são utilizados para orientar os trabalhos de conservação e manutenção do aterro, contribuindo para evitar a formação de processos de degradação. O Projeto de Encerramento deve conter os planos de recuperação ambiental e eventual aproveitamento seqüencial da área utilizada, sendo específico para cada aterro, considerando as particularidades do compartimento ambiental e as condições de sua implantação e operação.

(JORGE F.N de; BAPTISTI E. de; GONÇALVES A. 2004. 2.p)

A cartilha ainda dispõe sobre a importância da Auditoria ambiental:

Antes do início do monitoramento pós-encerramento deve ser feita uma auditoria ambiental para se caracterizar as condições de qualidade ambiental da área utilizada pelo aterro e seu entorno, e se identificar

Page 34: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

eventuais alterações em relação aos padrões de referência de qualidade ambiental adotados, bem como investigar a presença e extensão de possíveis plumas de contaminação. Os resultados deste levantamento permitem estabelecer níveis de referência e a indicação de parâmetros de análise mais específicos a ser incorporados ao Plano de Monitoramento. (JORGE F.N de; BAPTISTI E. de; GONÇALVES A. 2004. 19-20.p)

Percebe-se que o Aterro Sanitário deve ser bem monitorado e seguir as

regras de manutenção, operação. O plano de funcionamento do Aterro Sanitário

deve ser feito antes de sua instalação e deve seguir até seu fechamento. Desta

forma será constantemente avaliado e assim se evitará acidentes e surpresas. E no

encerramento do empreendimento se terá uma visão geral dos benefícios e dos

impactos totais gerados. Desta forma o plano de fechamento do aterro será mais

eficaz e se terão menores impactos.

FIGURA 14: Aterro Sanitário após o seu fechamento

Fonte:http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/10139/material/Aterro%20Sanit%C3%A1rio.pdf

Page 35: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

3.5 Reciclagem

Conforme define (ENGEP 2006):

A reciclagem é um processo que vem ganhando espaço considerável e cuja função prioritária é promover a recuperação de materiais tidos como resíduo sólido, transformando-os em matérias primas a serem utilizados em processos de reprocessamento. O ciclo descarte, recuperação e processamento secundário ou reprocessamento de material reciclável, também denominado “reciclagem”. Para Calderoni apud Baptista, (2001), este termo pode ser estendido como um processo através do qual qualquer produto ou material, que tenha servido para os propósitos originais a qual foi concebido, pode ser considerado como uma matéria prima secundária para a produção de novos produtos e, portanto passível de ser separado do lixo e reintroduzido num novo processo produtivo igual ou semelhante ao anterior.

No Brasil, a reciclagem industrial já vem sendo praticada há mais de meio século, haja vista que, segundo relatam Aizen&Pechman apud Baptista (2001), a recuperação de materiais contidos no lixo já era realizada na cidade do Rio de Janeiro, desde o século XIX.

(Fonte: PONTES J.R.M; CARDOSO P.A. 2006. 3-4.p)

3.5.1 Modelos de Reciclagem.

A (ENGEP 2006) define os três principais modelos de reciclagem usados:

Atualmente são 3 os modelos de reciclagem adotados regularmente no mundo:

Reciclagem Mecânica: Aquela que possui um ou vários processos operacionais (lavagem, trituração, moagem, aglomeração, aglutinação, extrusão, granulamento, fundição, outros), visando o reaproveitamento de um determinado resíduo sólido para produção de bens de consumo (produtos secundários).

Reciclagem Química: Aquela que decorre do processo tecnológico realizado a partir da conversão do resíduo sólido em matérias primas primárias. Este processo já vem sendo utilizado para a conversão de plásticos em matérias primas petroquímicas (gasolina, querosene, óleo diesel, outros) a partir de reações químicas específicas.

Reciclagem Energética: Aquela realizada com o objetivo de recuperar parte da energia calorífica contida nos constituintes dos resíduos sólidos considerados como combustíveis e/ou putrescíveis.

(PONTES J.R.M; CARDOSO P.A. 2006. 4.p)

Page 36: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

3.5.2 Importância da Reciclagem:

A ENGEP em sua cartilha também dispõe sobre a importância da reciclagem

conforme segue abaixo:

Para um processo incipiente no mundo, há duas décadas atrás, a reciclagem vem ganhando espaço considerável e, em alguns casos, começa a tornar-se obrigatória, como descreve Sena apud Baptista (2001) “O lixo que não puder ser reutilizado deverá ser disposto de uma maneira que os riscos para o meio ambiente sejam aceitáveis.”

Em relação ao nível de reciclagem, Fialho apud Baptista (2001), considera que apenas aspectos meramente econômicos conduzem a soluções que não são ótimas do ponto de vista ambiental. Segundo o autor, o mercado sozinho não conseguirá fazer com que a reciclagem se transforme num instrumento ambiental de gerenciamento de resíduos sólidos. É necessária uma disciplina de todo o processo e isto passa pelo auxílio do poder legislativo.

Com relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos, que é de competência do município, Ruberg&Philippi apud Batista (2001), acreditam que as administrações municipais devem aprimorar o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos municipais tratando-os com tecnologia compatível à realidade local. Este ponto de vista assume grande importância se for levado em consideração que, num futuro não distante, a reciclagem poderá ser um instrumento obrigatório a ser adotado por todo Serviço de Limpeza Urbano, e já vem sendo utilizado como instrumento de gestão ambiental por empresas e governos, no gerenciamento dos resíduos sólidos.

Com relação ao reaproveitamento de alguns componentes que compõem o lixo urbano, Sarchs apud Baptista (2001), levanta duas questões que são particularmente interessantes: a primeira refere-se à definição do que é resíduo propriamente dito e do que é componente reaproveitável; A segunda está relacionada à característica ilimitada que o processo de produção assume ao se considerar que os componentes residuais de um determinado processo produtivo ou de consumo, possam ser tratados como insumos de novos processos.

Na opinião de Ultramari apud Baptista (2001), um excelente exemplo de projeto voltado para a sustentabilidade do ambiente urbano são os programas de coleta seletiva que atuam como serviço alternativo à coleta regular do lixo. Por outro lado, a coleta seletiva não deixa de ser considerado um processo de minimização de resíduos, quando proporciona redução de demanda por áreas de aterramento.

(PONTES J.R.M; CARDOSO P.A. 2006 4-5.p)

A reciclagem se mostra com uma das melhores formas de destinação aos

resíduos. Visto que com ela se tem aproveitamento de matéria-prima, de água, de

energia e ainda se tem geração de renda.

Page 37: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

3.6 Coleta Seletiva:

Conforme definiu Santos 2006:

Segundo a definição do CEMPRE, (1999) coleta seletiva consiste no recolhimento de materiais recicláveis (papéis, vidros, metais e orgânicos) separados previamente pela fonte geradora, sendo posteriormente vendidos a indústrias recicladoras ou aos sucateiros.

A análise qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos gerados no município é de suma importância para estruturação do projeto de coleta que pode ser realizada das seguintes formas: porta – a – porta , em postos de entrega voluntária, em postos de troca ou por catadores Vilhena(1999).

A construção de um galpão de triagem, para receber, separar (caso estejam misturados), prensar ou picar, enfardar, embalar os materiais coletados também é necessária.

O beneficiamento destes materiais antes de sua comercialização pode agregar valor a estes produtos.

Para obter sucesso na coleta seletiva é preciso existir além de investimentos, a conscientização da população.

De acordo com Benetti(2000), as bases da coleta seletiva focalizam-se nos seguintes pontos: • tecnologia na coleta e reciclagem • mercado para absorção esperada • conscientização para motivação do público alvo (SANTOS R.C etc al= e outros. 2006. 12.p)

A coleta seletiva é então uma ferramenta para separação dos resíduos de

acordo com suas características que facilita sua triagem. Desta forma se pode ter

resíduos mais limpos e proveitosos para a reciclagem, visto que eles não se

contaminarão misturados a resíduos hospitalares ou a resíduos orgânicos. Assim na

reciclagem os resíduos terão maior valor econômico agregado.

3.7 – Compostagem:

Conforme definiu Santos 2006:

A compostagem é uma técnica praticada pelos agricultores e jardineiros ao longo dos séculos. Restos de vegetais, estrume, restos de cozinha e outros tipos de resíduos orgânicos são amontoados em pilhas em local conveniente e deixados decompondo-se até estarem prontos para serem devolvidos ao solo ou até que o agricultor necessite melhorar a fertilidade do solo. Pode ser definida como um processo biológico aeróbico e controlado de tratamento e estabilização de resíduos orgânicos para a produção de húmus (Pereira Neto, 1996). Ainda segundo este autor o processo de compostagem é desenvolvido por uma população diversificada de microrganismos e envolve necessariamente duas fases distintas, sendo a primeira de degradação ativa (necessariamente termofílica) e a segunda de maturação ou cura. Na fase de degradação ativa, a temperatura deve ser

Page 38: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

controlada a valores termofílicos, na faixa de 45 a 65 graus Celsius. Já na fase de maturação ou cura, na qual ocorre a humificação da matéria orgânica previamente estabilizada na primeira fase, a temperatura do processo deve permanecer na faixa mesofílica, ou seja,menor que 45 graus Celsius. A compostagem de baixo custo envolve processos simplificados e é feita em pátios onde o material a ser compostado é disposto em montes de forma cônica, denominados “pilhas de compostagem” , ou em montes de forma prismática, com seção reta aproximadamente triangular, denominados “leiras de compostagem”. O vocabulário inglês “compost”, segundo Kiehl (1985), deu origem a palavra composto para indicar o fertilizante e aos termos compostar e compostagem para indicar a ação ou ato de preparar o adubo. Pessoas que trabalham ou comercializam o composto vêm empregando a denominação composto orgânico para este fertilizante, a expressão apesar de redundante, vem se popularizando por ser uma técnica idealizada para se obter mais rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da matéria orgânica. Na natureza, essa estabilização ou humificação se dá em prazo indeterminado, ocorrendo de acordo com as condições em que ela se encontra.

De acordo com o autor a obtenção da compostagem consiste, em linhas gerais, no seguinte: a) utilizar matérias-primas que contenham um balanço em relação carbono/nitrogênio favorável ao metabolismo dos organismos que vão efetuar sua biodigestão; b) facilitar a digestão dessa matéria-prima dispondo-a em local adequado, de acordo com o tipo de fermentação desejada, se aeróbia ou anaeróbia, controlando a umidade, a aeração, a temperatura e os demais fatores, conforme cada caso requer. (SANTOS R.C etc al= e outros. 2006 16-17.p)

TABELA 06: Processo de Compostagem

http://www.afgconsultores.com.br/arquivo/19.htm

Page 39: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Os resíduos orgânicos sem a destinação correta, onde a compostagem é a

mais indicada, irão gerar mau cheiro, presença de animais e ainda podem ajudar na

produção de chorume e outros contaminantes. Com a compostagem o resíduo

orgânico que seria um problema na disposição, ele será transformado em adubo e

além de ajudar na agricultura, produção de alimentos e recuperação de áreas ele

será também uma boa fonte de renda.

3.8- Nova política nacional de Resíduos Sólidos:

A nova lei 12.305/2010 veio para alterar a antiga lei 9605/1998, onde se

dispõe a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos.

3.9 – Programa Minas sem Lixões

O programa foi criado em 2003 pela Fundação Estadual do Meio Ambiente

(Feam), para apoias os munícipios mineiros para que seja feita a gestão correta na

questão dos resíduos sólidos urbanos.

Ações feitas pelo programa para mobilização dos gestores municipais,

conforme consta no site:

- visitas técnicas para verificar a situação dos locais de disposição final dos resíduos sólidos urbanos; - capacitação de agentes públicos; - promoção de encontros técnicos; - produção de material técnico didático; - fomento à criação de redes e arranjos de gestão compartilhada de resíduos sólidos urbanos. Metas até 2011: - Erradicação dos lixões em 80% dos municípios mineiros; - Regularização ambiental de sistemas tecnicamente adequados de tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos, como os aterros sanitários e usinas de triagem e compostagem de lixo, que atendam, no mínimo, a 60% da população urbana de Minas Gerais. (Fonte:http://www.minassemlixoes.org.br/conheca-o-programa/quemsomos)

O programa defende a Gestão integrada de resíduos sólidos definindo-a

como:

O conjunto articulado de ações políticas, normativas, operacionais, financeiras, de educação ambiental e de planejamento desenvolvidas e aplicadas aos processos de geração, segregação, coleta, manuseio, acondicionamento, transporte, armazenamento, recuperação, tratamento, aproveitamento energético e destinação final dos resíduos sólidos. É a maneira de conceber, implementar e administrar os sistemas de limpeza

Page 40: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

pública, considerando a participação de representantes dos diferentes segmentos da sociedade local.

Dispondo que é dever do poder público municipal elaborar e programar a

Política de Gestão de Resíduos através de um documento que contenha no mínimo:

- informações sobre a origem, a caracterização e o volume de resíduos sólidos gerados, bem como os prazos para a destinação; - procedimentos a serem adotados na segregação, na coleta, na classificação, no acondicionamento, no armazenamento, no transporte, no tratamento e na destinação final licenciada, conforme a classificação dos resíduos sólidos, indicando-se os locais e as condições em que essas atividades serão executadas; - ações preventivas e corretivas a serem praticadas no caso de situações de manuseio incorreto ou acidentes; - forma de operacionalização das exigências relativas à gestão de resíduos sólidos, bem como as intervenções necessárias e as possibilidades reais de implementação de tais exigências; - modalidades de manuseio que correspondam às particularidades dos resíduos sólidos e dos materiais que os constituem, inclusive no que se refere aos resíduos provenientes dos serviços de saúde, com vistas à proteção da saúde pública e do meio ambiente; - procedimentos a serem adotados pelos prestadores de serviços e as respectivas formas de controle; - indicadores de desempenho operacional e ambiental; - formas de participação da sociedade no processo de implementação, fiscalização e controle social do Plano; - ações ou os instrumentos que poderão ser utilizados para promover a inserção das organizações produtivas de catadores de materiais recicláveis e de outros operadores de resíduos sólidos na coleta, no beneficiamento e na comercialização desses materiais.

(Fonte:http://www.minassemlixoes.org.br/gestao-municipal/gestao-integrada-de-residuos/)

O programa ainda mostra a situação de tratamento e disposição dos

resíduos sólidos urbanos no estado conforme tabela abaixo:

TABELA 07: Situação Tratamento e/ou Disposição Final dos Resíduos Sólidos

Urbanos Minas Gerais 2011

Page 41: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Fonte: http://www.feam.br/images/stories/minas_sem_lixoes/2012/mapa_maior.jpg

De acordo com a tabela, podemos observar que 55,24% da população

urbana já tem uma disposição final de resíduos sólidos adequada. Já é um começo,

mas não foi cumprida a meta para 2010 que era até o final do ano ter 60% da

população urbana atendida.

Em atenção à nova Política Nacional de Resíduos Sólidos o estado de Minas

Gerais criou a Política Estadual de Resíduos com a lei 18.301/2009.

Deveres e compromissos para erradicação dos lixões:

Conforme consta no site do programa minas sem lixões:

O poder público municipal é responsável pela organização e pelo gerenciamento dos sistemas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, devendo ser observada a seguinte ordem de prioridade:

Ou seja, somente depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação, os rejeitos devem ter uma disposição final ambientalmente adequada, em conformidade com as diretrizes das políticas nacional e estadual de resíduos sólidos (Lei Federal 12.305/10 e Lei Estadual 18.031/09):

- proteger e melhorar a qualidade do meio ambiente e preservar a saúde pública;

Page 42: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

- sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância de sua participação na gestão de resíduos sólidos;

- gerar benefícios sociais, econômicos e ambientais;

- estimular soluções intermunicipais e regionais para a gestão integrada dos resíduos sólidos;

- estimular a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e processos ambientalmente adequados para a gestão dos resíduos sólidos.

(Fonte: http://www.minassemlixoes.org.br/gestao-municipal/o-municipio/)

Disposição Final

O programa Minas sem Lixões dispõe em seu site as diretrizes para

disposição final:

Município que possui depósito de lixo a céu aberto está descumprindo a legislação ambiental. Em Minas Gerais, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) publicou as Deliberações Normativas 52/01, 118/08, 119/08 e 126/08, que estabelecem as diretrizes para o tratamento e a disposição final adequada dos resíduos sólidos urbanos no Estado.

Os municípios com população urbana superior a 20 mil habitantes devem, obrigatoriamente, implantar sistemas tecnicamente adequados de disposição final de resíduos sólidos urbanos, passíveis de regularização ambiental.

Até que esses sistemas estejam em operação, as Prefeituras devem seguir os seguintes critérios estabelecidos na DN Copam 118/08, para a seleção da área e implantação e operação do depósito de lixo (aterro controlado):

Sobre a localização:

- não poderá ocorrer, em nenhuma hipótese, em áreas erodidas, em especial em voçorocas, em áreas cársticas ou em Áreas de Preservação Permanente (APP);

- solo deve ser de baixa permeabilidade e com declividade média inferior a 30%;

- área não sujeita a eventos de inundação, situada a uma distância mínima de 300 metros de cursos d’água ou qualquer coleção hídrica;

- área situada a uma distância mínima de 500 metros de núcleos populacionais;

- distância mínima de 100 metros de rodovias e estradas, a partir da faixa de domínio estabelecida pelos órgãos competentes.

Sobre os procedimentos: - implantar sistema de drenagem pluvial em todo o terreno, de modo a minimizar o ingresso das águas de chuva na massa de lixo aterrado e encaminhamento das águas coletadas para lançamento em estruturas de dissipação e sedimentação; - recobrir o lixo com terra, de acordo com a frequência abaixo: - municípios com população urbana inferior a 5 mil habitantes: mínimo uma

Page 43: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

vez por semana - municípios com população urbana entre 5 mil e 10 mil habitantes: mínimo duas vezes por semana - municípios com população urbana entre 10 mil e 30 mil habitantes: mínimo três vezes por semana - municípios com população urbana acima de 30 mil habitantes: recobrimento diário - manter em boas condições de acesso à área do depósito de lixo; - isolar a área do depósito de lixo com cerca, preferencialmente complementada por arbustos ou árvores, e possuir portão na entrada, de forma a dificultar o acesso de pessoas e animais, além de placa de identificação e placa de proibição de entrada e permanência de pessoas estranhas; - proibir a permanência de pessoas no local para fins de catação de materiais recicláveis, recomendando-se que a Prefeitura Municipal crie alternativas adequadas sob os aspectos técnicos, sanitários e ambientais para a realização das atividades de triagem de materiais, de forma a propiciar a manutenção de renda para as pessoas que sobrevivem dessa atividade, prioritariamente, pela implantação de programa de coleta seletiva em parceria com os catadores; - proibir a disposição de pneumáticos e baterias; - proibir o uso de fogo.

Essas medidas não são passíveis de regularização ambiental e também devem ser implementadas pelos municípios com população urbana inferior a 20 mil habitantes.

Ainda de acordo com a DN Copam 118/08, as Prefeituras devem encaminhar para a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) o Relatório Técnico Anual de Operação do Depósito de Lixo, assinado pelo técnico responsável pela supervisão do depósito de lixo, até o dia 31 de agosto de cada ano.

Também é exigido o envio do Formulário de Cadastro de Responsável Técnico, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), emitida pelo conselho de classe competente.

Fonte:(http://www.minassemlixoes.org.br/gestao-municipal/o-municipio/)

O programa Minas sem lixões defende o consorciamento entre municípios

vizinhos para que seja feita a gestão correta dos resíduos sólidos. Levando em

conta que ao se fazer agrupamentos e juntar mais cidades para resolver o problema

se diminui a problemática da questão de recursos para bancar o projeto; uma cidade

do agrupamento que talvez tenha mais terrenos desocupados enquanto outra já

possui mais recursos mas não se dispõe de terreno. Desta forma unem-se forças

para que seja resolvidos os problemas. Segue abaixo o mapa que FIG. 15, mostra

essa forma de agrupamento para região centro-oeste de Minas.

Page 44: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Conforme pode ser observado no mapa, a Cidade de Bom Despacho está

agrupada com as cidades: Araújos, Perdigão, Leandro Ferreira, Pitangui, Onça do

Pitangui e Conceição do Pará; observado que todas essas cidades estão em más

condições hoje na disposição final dos RSU. Já a cidade de Nova Serrana encontra-

se isolada e sozinha neste agrupamento, devido a sua alta carga industrial no setor

de fabricação de sapatos. Porém Nova Serrana já tem dificuldades no que tange à

questões territoriais, e provavelmente ela entrará com alguma cidade do

agrupamento de Bom Despacho devido a esse problema. Lagoa da Prata por já

estar evoluída nessa questão se agrega com as cidades de Moema e Japaraíba,

visto que são vizinhas e facilita o acesso e parceria.

Figura 15: Proposta de agrupamento de cidades no centro oeste de MG

Fonte:(http://www.feam.br/images/stories/arquivos/minassemlixoes/regionalizacao/proposta%20de%2

0agrupamentos.pdf)

Page 45: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Enfim o programa Minas sem Lixões veio como forma de auxílio para os

municípios do estado, contribuindo significativamente para a resolução do problema.

Fazendo com que num futuro bem próximo o estado não tenha tanta destinação

incorreta de resíduos como forma de lixões e vazadouros.

3.10 A Educação Ambiental e os resíduos sólidos

“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida

e sua sustentabilidade.”

Art. 1o da Lei no 9.795 de abril de 1999

Page 46: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

4 METODOLOGIA

A pesquisa que se procede é uma análise comparativa, evidenciando as três

principais formas de disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU) utilizados em

nosso país.

Primeiramente foi feito um levantamento bibliográfico a fim de serem sejam

coletados alguns dados. Logo após, consultou-se à cartilhas, leis, notícias de jornal,

mapas, fotos e páginas eletrônicas de interesse científico que revelaram dados

sobre a questão dos resíduos sólidos urbanos em escala nacional e especificamente

em Minas Gerais.

Foi feita uma visita no Lixão de Bom Despacho, e também um levantamento

de dados com a Prefeitura Municipal junto ao Secretário de meio ambiente Sr.

Eustáquio Dornelas Penido.

Foram realizadas diversas reuniões entre o grupo de estudo em bibliotecas,

reuniões na universidade e também na residência de membros do grupo, onde foram

analisados dados, e discutidas várias questões em relação ao aterro controlado de

Bom Despacho, o qual se encontra em situação um pouco melhor em relação ao

que era a alguns anos atrás, quando os resíduos ficavam expostos sem cobertura

de terra ou outro material impedindo assim o contato de pessoas e animais com o

lixo, diminuindo o impacto da poluição visual, e do ar .

Page 47: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Brasil vem nas últimas décadas passando por um grande processo de

crescimento industrial, urbano e populacional. Problemas como saúde pública,

saneamento básico, disposição de lixo, vêm aumentando cada vez mais.

Diante dessa realidade, foi aprovada em agosto e regulamentada em

dezembro de 2010 a Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS) abaixo segue comentários da lei:

5.1 Análise da lei 12.305/2010:

Sem dúvidas, a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos foi um marco

para a área ambiental no país. Após tramitar por mais de 21 anos no legislativo, foi

aprovada em 2010. Seus princípios e objetivos prometem mudar a realidade do país

em curto prazo, modificando a forma de como o poder público, empresas e

consumidores tratam a questão do lixo.

Pontos interessantes são tratados na nova lei tais como a logística reversa,

onde embalagens e outros produtos retornam a produção industrial após o descarte

pelo consumidor. A responsabilidade compartilhada se permeia entre os diversos

elos produtivos e de consumo, desde a fabricação até o destino final. Os municípios

ganharam a obrigação de banir os lixões e implantar sistemas de coleta seletiva nas

residências. A lei reforça o papel das cooperativas de catadores para a gestão do

lixo dando apoio financeiro e facilidades para os munícipios gerirem sobre o assunto.

A lei proíbe também as famílias de catadores morarem nos aterros ou criarem

animais que desta forma se evitará vetores de doenças como também irá

proporcionar melhores condições de vida para o trabalhador.

O princípio poluidor pagador – protetor recebedor, também mostra um

incentivo mais para as empresas preocuparem e se integrarem nas políticas

ambientais. Dando ainda as empresas já adequadas maiores facilidades e incentivos

ficais e também para se expandirem. Pois segundo o Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (IPEA) o país perde cerca de 8 bilhões de reais por ano

Page 48: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

enterrando ou incinerando resíduos que podem ser reaproveitados, isto sem contar

os prejuízos ambientais.

Outra preocupação maior é a do consumo consciente, que deve vir das

bases educacionais dando enfoque a Educação Ambiental. A lei abre uma brecha

que deve ser sem dúvida mais explorada no ensino no país. Quando se coloca a

educação ambiental de forma prática para crianças. Por exemplo, incitando em

projetos de reciclagem ou de plantação de alimentos em hortas; com certeza ajuda

na formação básica da pessoa como também influencia de forma geral na

sociedade, pois a criança ao aprender algo de forma dinâmica na escola; tem prazer

em passar isso para sua família e amigos.

A lei também para municípios menores onde ficaria difícil o investimento

para criação de um projeto completo de aterro sanitário e coleta, permite a

colaboração entre municípios vizinhos. Onde uma cidade maior e industrializada

poderia por exemplo se consorciar com uma cidade menor vizinha em troca do

terreno, e fazer o projeto do aterro na outra cidade, onde uma contribui com o

investimento e outra com o terreno. Ou quando se tem duas cidades menores

vizinhas as duas podem se juntar e fazer o investimento juntas.

5.2 – Comparativo entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário:

O lixão é uma forma de disposição de resíduos totalmente inadequada e

inaceitável. Os pontos positivos são: maior facilidade para se dispor o lixo, baixo

custo de investimento, baixo custo de operação e baixo custo de manutenção.

Porém os pontos negativos são tantos que sendo levados em consideração pode se

dizer que o lixão é uma das piores formas de disposição de lixo.

Dentre os pontos negativos podemos destacar:

Contaminação do solo, do ar e das águas;

Os catadores, como questão social dos trabalhadores sem nenhuma

segurança e de crianças trabalhando no lixão;

Os animais e vetores de doenças;

A questão dos resíduos infectantes, tóxicos, radioativos e perigosos

não dispostos corretamente;

A inutilização de grandes áreas;

Page 49: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

O alto custo de reparação dos danos;

O comprometimento de áreas próximas à núcleos populacionais;

A perda efetiva de valorização econômica dos resíduos;

Resíduos levados pelos ventos e chuvas;

Entre outras.

Figura que exemplifica os problemas dos lixões:

FIGURA 16: Problemas do Lixão

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010 8.p)

O Aterro Controlado conforme elucidado no referencial do presente trabalho,

nada mais é do que um lixão reformado. Onde são usados alguns recursos de

engenharia onde o lixo é apenas coberto principalmente com solo ou resíduo de

construção civil. Os pontos positivos do aterro controlado quando bem projetado

sobre o lixão:

Page 50: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

os resíduos são recobertos e não ficam dispostos a intempéries como

a ação da água e do vento que pode carrear esse resíduo a rios,

águas e para locais próximos;

A poluição visual que é diminuída, e há diminuição do mau cheiro;

Se respeita as distâncias mínimas do centro urbano, de rodovias e

estradas, de corpos d’água;

Se tem o isolamento e área deve ser cercada e de preferencia isolado

com cerca viva;

O local para disposição dos resíduos de saúde deve ser separado e

devidamente identificado;

Se proíbe a permanência de animais e pessoas não autorizadas;

Deve se ter um Responsável Técnico para acompanhar a operação e

devem ser feitos relatórios anuais da evolução da disposição

O principal ponto negativo do aterro controlado é a não impermeabilização

do solo antes de colocar o lixo. Porque dessa forma o chorume pode atingir os

lençóis freáticos e contaminá-los. De lixão para aterro controlado já se tem uma

grande melhoria em questões de engenharia e melhor controle. Mas ainda não é a

forma de disposição ideal, porém entre uma cidade de pequeno porte que não

possui de recursos para se fazer e manter um aterro sanitário, é bem melhor manter

como forma de disposição final o aterro controlado que o lixão.

Anteriormente foi feito um estudo de caso do lixão de Bom Despacho, que a

prefeitura afirma ser um aterro controlado. Onde foram realizadas visitas in loco e

pode-se observar conforme algumas fotos tiradas no lixão de Bom Despacho em

2010. Onde nessa visita foram detectados como maiores problemas: a disposição

incorreta de resíduos hospitalares; a presença de animais no lixão; a disposição dos

RSU no solo sem nenhum recobrimento ou controle; presença de catadores; mau

cheiro; localizado a menos de 100 metros de núcleo populacional; presença de um

corpo d’água superficial próximo ao empreendimento; dentro outros.

Fotos abaixo:

Page 51: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Figura 17: Descarte de Resíduos Infectantes no lixão de Bom Despacho

Fonte: Acervo do autor tiradas em 01/10/2010 Figura 18: Lixo esposto no lixão de Bom Despacho

Fonte: Acervo do autor tiradas em 01/10/2010 Figura 19: Córrego próximo ao lixão de Bom Despacho e presença de animais

Fonte: Acervo do autor tiradas em 01/10/2010

Page 52: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Neste ano de 2012 foi feita outra visita no lixão de Bom Despacho, onde já

podemos observar algumas melhorias:

Figura 20: Exposição do lixo no lixão de Bom Despacho

Fonte: Acervo do autor tiradas em 15/05/2012 Figura 21: Disposição do lixo em valas no lixão de Bom Despacho

Fonte: Acervo do autor tiradas em 15/05/2012 Figura 22: Catadores no lixão de Bom Despacho

Fonte: Acervo do autor tiradas em 15/05/2012

Page 53: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Foi observado um menor impacto visual e diminuição do mau cheiro no

lixão. A disposição do lixo em valas foi a maior melhoria observada. Porém a

presença de catadores morando no local, presença urubus; são as maiores

preocupações encontradas.

Outras medidas para se usar aterros controlados em vez de lixões:

Figura 23: Drenagem pluvial Figura 24: Isolamento da área e identificação

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 21-22p.)

Figura 25: Resíduos de Serviço de Saúde Figura 26: Local para disposição de carcaças

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 22-23p.)

As principais melhorias da transição lixão para aterro controlado são: a

drenagem pluvial através das canaletas, a disposição do lixo em valas, a isolação do

local, a identificação do local e da disposição de RSS (Resíduos de Serviço de

Saúde) em local separado e identificado, e a não presença de catadores e animais.

Page 54: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

O Aterro Sanitário, das formas de disposição estudadas é o que apresenta

as melhores tecnologias e usos da engenharia para disposição. Dentre seus pontos

negativos podem-se destacar:

A questão burocrática para licenciamento e início de funcionamento;

O alto custo de investimento na elaboração, execução e manutenção do projeto;

Dentre os pontos positivos do aterro sanitário podem-se destacar:

Compactação e impermebialização do solo afim de evitar contaminação do solo e

dos lençóis freáticos;

Tratamento do chorume e outros líquidos tóxicos;

Não acesso a catadores, animais e pessoas não autorizadas;

Não disposição de resíduos hospitalares, tóxicos, perigosos ou radioativos;

Pouca ou nenhuma presença de urubus e outros animais vetores;

Distância mínima respeitada entre núcleos populacionais, rios e mananciais e

rodovias.

Estudo das condições topográficas e do solo a fim de evitar carreamento de

partículas, erosão, desmoronamento e contaminação;

Isolação visual da vizinhança;

Drenagem de águas pluviais;

Controle de recebimento de cargas;

Sistemas de drenagem de gases, afim de aproveitamento energético ou de não

contaminação da atmosfera com o gás metano e sulfídrico que são muito mais

poluentes que o gás carbônico, pois ao queimar esses gases estes são

transformados em gás carbônico;

Monitoramento das águas subterrâneas;

A não ocorrência de lixo descoberto

Entre muitos outros pontos positivos

Principais mudanças da transição aterro controlado para aterro sanitário, de acordo

com figuras ilustrativas abaixo:

Page 55: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Figura 27: Drenagem no Aterro Sanitário Figura 28: Tratamento dos lixiviados

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 46p.)

Figura 29:Proteção das águas subterrâneas Figura 30: Proteção das águas superficiais

Fonte: (SABINO E.; LIMA E.; PIMENTA J. 2010. 52p.)

As principais diferenças entre o aterro controlado e o aterro sanitário é a

drenagem e revestimento do solo para se evitar a percolação de líquidos tóxicos

para o lençol freático; o tratamento dos líquidos lixiviados, que é feito na maioria das

vezes com lagoas de estabilização; os testes feitos nos corpos d’água superficiais

em rios e córregos próximos ao local do empreendimento; e os testes feito nos

poços de águas subterrânea próximos ao aterro.

Logo se pode observar que dentro da temática desse trabalho nas três

formas de disposição finais estudadas que são as mais usadas em nosso país.

Pode-se observar que o lixão sem dúvida é a pior e mais impactante das formas de

disposição. O aterro controlado é uma forma melhor de disposição que o lixão,

Page 56: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

sendo menos impactante e tendo algumas vantagens que o lixão conforme foi

abordado. Logo, dentre as três formas estudadas o Aterro Sanitário é a melhor e

mais viável forma de disposição final de resíduos; pois conforme demonstrado com

ele se tem uma melhor proteção para o solo e para os corpos d’água; se tem um

melhor controle de trabalhadores; não se tem o problema dos animais vetores; e

pode se ter melhor controle para a disposição de resíduos, evolução e melhorias.

5.3 – A Educação Ambiental e o problema estudado:

A educação é a base de qualquer processo, de qualquer conhecimento e de

qualquer método. Sem a base sólida da educação nada é possível. A raiz para

desenvolvimento de qualquer grupo, cidade ou nação sem dúvidas é a educação.

A Educação Ambiental é extremamente importante em qualquer lugar, mas,

se relacionada à saúde e ao bem estar da população, sempre tem que haver uma

preocupação maior, com essa problemática causada pelos Lixões, as pessoas

relacionadas a esse meio teriam que ter uma forma de aprender a Educação

Ambiental, através de conversas, leituras, incentivos, dentre outras coisas. A partir

das observações realizadas, sugere-se neste primeiro momento instituir a prática da

educação ambiental na gestão do lixo, com possibilidade de se estabelecer a coleta

seletiva dos resíduos ali depositados, contribuindo para diminuir a quantidade de

detritos despejados no solo, bem como a intensificação da fiscalização por parte dos

órgãos competentes para coibir a disposição irregular dos lixos. Outra proposição

para atenuar os impactos é à criação Cooperativas de catadores, que atenta para a

responsabilidade dos Municípios com a Gestão dos Resíduos Sólidos, visto que os

“lixões” são problemas de saúde pública. Esse gerenciamento tem como objetivo

não apenas implantar o aterro sanitário, mas também direcionar esforços para a

redução e reutilização dos resíduos, através da coleta seletiva e do fortalecimento de

cooperativas e associações.

Page 57: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Sem a Educação Ambiental não é possível nem começar a resolução da

problemática da disposição de resíduos sólidos. Começa-se no fato de que sem a

conscientização e educação das pessoas, não existe coleta seletiva, não existe

separação dos resíduos secos dos úmidos. Enfim a Educação Ambiental é o começo

da resolução do problema estudado. É o meio, pois sem ela todo investimento é

gasto atoa porque não funcionarão os projetos. E é o fim, pois ela se incumbirá de

manter o ciclo do processo e sua continuidade.

5.4 – Disposições Finais:

Um dos maiores problemas observados na temática é a questão política.

Infelizmente o Brasil ainda é um país com certas culturas que o faz ser

subdesenvolvido. O famoso jeitinho brasileiro, o famoso político que rouba mais faz.

O famoso político que deu cesta básica; sacos de cimento, etc. A primeira e principal

forma para se resolver este e qualquer problema é a conscientização, é a educação

de boa qualidade e bem ministrada. Porque só assim poderão se ter cidadãos com

identidade crítica para lutarem contra as mazelas sociais.

Pois explorando a moral de Piaget, precisamos de pessoas com

“autonomia: legitimação das regras. O respeito a regras é gerado por meio de

acordos mútuos, onde o próprio indivíduo conhece a regra, e sabe porquê ela deve

ser respeitada ou não e tem consciência crítica para avalia-la. Isto é a última fase do

desenvolvimento da moral”. Pois enquanto tivermos a maioria da população em

anomia (vivendo apenas para fazerem as necessidades básicas e aquilo que lhe dá

prazer). Não chegaremos a lugar nenhum, pois não adiantam ter regras, leis,

delegações de poder quando a maior parte da população não consegue entender e

aplica-los. E a quebra desse paradigma é sem dúvida o primeiro passo para a

resolução desse problema e de muitos outros.

Assim com a consciência crítica, cada brasileiro saberá cobrar um bom meio

em se viver, uma boa saúde, uma boa educação, uma sociedade mais justa e a

preservação ambiental. Pois trabalhamos cinco meses por ano para pagar impostos,

e estes devem ser aplicados ao bem comum e não para se encher bolsos alheios.

Page 58: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

Quebrando o paradigma da politicagem o que resta e se fazer um projeto

bem feito, começando no levantamento de dados de cada município do que é

gerado de lixo. Depois vem a conscientização da população, como separar o lixo e

fazer a coleta seletiva. Logo após a implementação de uma usina de separação e

triagem do lixo para reciclagem e o cadastramento dos catadores. E com isso se

desenvolver o resto do projeto.

Dentre o tema estudado percebe-se o aterro sanitário como melhor forma de

disposição final dos resíduos sólidos urbanos. Porém há outras formas que em

conjunto com o aterro se pode ter uma forma mais eficiente para os RSU. Devemos

lembrar que tudo se começa com a conscientização ambiental.

Um exemplo interessante para se minimizar o problema dos RSU é a

aplicação dos três R’s: (Reduzir, Reutilizar e Reciclar).

Reduzir: Se começa com o consumo consciente, não esperdiçar. Dar

conscientização as pessoas em geral para comprarem somente aquilo que

realmente necessitem. Comprar produtos que economizem e não utilizem tantas

embalagens; dar preferencia a bens duráveis de melhor qualidade que não

precisarão ser trocados constantemente.

Reutilizar: É não pegar um bem que não serve mais para você por exemplo

uma roupa, e jogar fora; podendo doar este bem para outra pessoa que possa

reutiliza-lo e aumentar o ciclo de vida do produto. Desta forma economizando

matérias primas, e praticando a solidariedade.

Reciclar: É usar os processos artesanais ou industriais para se reaproveitar

um resíduo que iria para o lixo. Estimular o artesanato com resíduos, estimular a

coleta seletiva, e desta forma diminuir a quantidade de resíduos a serem dispostos e

economizar matéria prima e energia.

A melhor forma de disposição final dos RSU é a não disposição! Quando se

usa os 3 R’s se tem uma grande diminuição dos resíduos a serem dispostos em

aterros, ou outras formas. Desta forma podemos concluir que com o consumo

consciente, com a reutilização e solidariedade e com a reciclagem, é possível sim ter

uma forma eficiente para a problemática dos RSU. E isto são formas simples,

possíveis de ser implantadas em qualquer cidade, e até em meio rural. Está é

exemplo de que ações simples podem sim melhorar muita coisa no nosso mundo, e

Page 59: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

que precisamos agir sim como irmãos que dividem uma mesma casa, que é o nosso

planeta. E agir de forma conjunta para poder se ter a cada dia um lugar melhor de se

viver.

6 CONCLUSÕES:

Com a elaboração deste estudo comparativo, foi observado o quanto o Brasil

está carente de soluções para a questão do lixo, o fato de que hoje em muitas

Page 60: TCC Análise Comparativa entre Lixão Aterro Controlado e Aterro Sanitária

regiões, a maior parte dos resíduos gerados vão parar em lixões. Percebe-se que se

precisa mudar muito para vislumbrar um futuro melhor para esta questão. Sendo

este um problema global, pois à medida que a população cresce acaba gerando

mais resíduo, por isso o consumo consciente é de grande importância.

Dentre as três alternativas de disposição estudadas, constatamos que os

aterros sanitários apresentam-se como a melhor opção. Tanto no âmbito ambiental

quanto social, evitando a degradação do meio ambiente, e dando melhores

condições de vida à população. Além disso, os aterros sanitários contam com rígidas

normas para implantação, como o monitoramento e a proteção ambiental, para

garantir que não haverá contaminação e degradação.

É imprescindível, através da Educação Ambiental, mudar a forma de

pensamento das pessoas. Incentivar a coleta seletiva, a reciclagem. Incentivar o

consumo consciente e o não desperdício. Como também, se precisa de pessoas

com visão ambiental crítica, para cobrar dos administradores do dinheiro público as

melhores soluções para o problema. Pois sem cobrança, este problema será

negligenciado. Com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Brasil

deu um grande passo, para que num futuro próximo, se possa conseguir a extinção

dos Lixões. Com o empenho e boa vontade dos governantes, e com a cobrança da

população, em breve se terá um meio melhor de se viver, de forma sustentável.

Deve-se ressaltar a importância do Engenheiro Ambiental, como ferramenta

para se resolver este problema. Pois através de sua formação, ele irá liderar

projetos, associações, cooperativas, para que a maior parte do lixo seja reciclada ou

reaproveitada. Pois deve se ter a concepção de que o lixo é um problema sim. Mas

como Engenheiros e revolvedores de problemas, mostrar o contrário. Que o lixo é

um problema que quando bem gerido pode ser transformado em riqueza. Em

riqueza de preservação ambiental, em riqueza econômica e em riqueza social...

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