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APLICAO DO PROGRAMA SIMAPRO NA AVALIAO
DOS CICLOS DE VIDA DOS MATERIAIS DA CONSTRUO
CIVIL: ESTUDO DE CASO PARA UM CONJUNTO
HABITACIONAL
Joo Gabriel Gonalves de Lassio
Projeto de Graduao apresentado ao Curso
de Engenhar ia Civil da Escola Pol itcnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessr ios
obteno do t tulo de Engenheiro .
Orientador:
Assed Naked Haddad
Rio de Janeiro
Agosto, 2013
ii
APLICAO DO PROGRAMA SIMAPRO NA AVALIAO
DOS CICLOS DE VIDA DOS MATERIAIS DA CONSTRUO
CIVIL: ESTUDO DE CASO PARA UM CONJUNTO
HABITACIONAL
Joo Gabriel Gonalves de Lassio
PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
Prof. Assed Naked Haddad, D. Sc.
Prof . Carlos Alberto Pereira Soares, D. Sc.
Prof . Crist ine Kowal Chinell i , D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
AGOSTO de 2013
iii
Lassio, Joo Gabriel Gonalves de
Apl icao do Programa SimaPro na Aval iao
dos Ciclos de Vida dos Mater iais da Construo
Civi l: Estudo de Caso para um Conjunto
Habitacional/ Joo Gabriel Gonalves de Lassio
Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Pol itcnica, 2013.
XIII , 96p.: i l . : 29,7 cm
Orientador: Assed Naked Haddad
Projeto de Graduao UFRJ/ POLI /
Engenhar ia Civi l, 2013.
Referncias Bibl iogrf icas: p. 87 90.
1. Aval iao do cic lo de vida. 2. Materiais de
Construo. 3. Impactos Ambientais. I . Haddad,
Assed Naked. I I . Universidade Federal do Rio de
Janeiro, UFRJ, Curso de Engenhar ia Civi l. I I I . Ttulo .
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo.
Aos meus pais e minha irm, pela conf iana e apoio dedicados.
Ao meu professor or ientador, Assed Naked Haddad, pelo apoio, incent ivo e
conf iana durante este trabalho.
professora Oflia de Queiroz Fernandes Arajo , do Inst ituto de Qumica,
por me ceder l icena do sof tware SimaPro, essencial a este trabalho.
Ao professor Otto Correia Rotunno, pela preocupao e dedicao aos seus
alunos do Programa de Educao Tutorial, do qual eu f iz parte.
s amizades que foram estabelecidas neste perodo , pelo companheir ismo.
A todos que contr ibu ram de alguma forma para esta real izao.
v
Resumo do Projeto de Graduao apresentado Escola Pol itcnica/UFRJ
como parte dos requisitos necessr ios para a obteno do grau de
Engenheiro Civi l.
APLICAO DO PROGRAMA SIMAPRO NA AVALIAO DOS CICLOS DE VIDA DOS
MATERIAIS DA CONSTRUO CIVIL: ESTUDO DE CASO PARA UM CONJUNTO
HABITACIONAL
Joo Gabr iel Gonalves de Lassio
Agosto/2013
Orientador: Assed Naked Haddad
Curso: Engenhar ia Civil
No presente trabalho foram aval iados os impactos ambientais dos mater iais
ao, cermica, cimento e madeira de uma edif icao constr uda no municpio
de So Gonalo, estado do Rio de Janeiro, atravs da metodologia de
Avaliao do Ciclo de Vida (ACV) , visando o auxl io na tomada de decises
tanto de cunho privado quanto pblico e a promoo do pensamento do cic lo
de vida direcionado ao setor da construo civi l. Assim, seguindo as
recomendaes das normas ISO 14040 e ISO 14044, aplicou-se a
metodologia de ACV com a ut i l izao de bancos de dados disponveis e do
sof tware SimaPro. Os resultados apresentaram um considervel consumo de
energias no renovveis , a intensif icao do aquecimento global e a
toxic idade sade humana. Alm disso, mostrou uma necessidade de ao
mediante a cadeia de produo do ao, cimento e principalmente dos
materiais cermicos.
Palavras-chave: Aval iao do cic lo de vida. Mater iais de construo.
Impactos. Construo civi l.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a part ial
fulf i l lment of the requirements for the degree of Engineer.
IMPLEMENTATION OF THE SIMAPRO PROGRAM IN LIFE CYCLE ASSESSMENT OF
THE BUILDING MATERIALS: CASE OF STUDY FOR A HOUSING
Joo Gabr iel Gonalves de Lassio
August/2013
Advisor: Assed Naked Haddad
Course: Civi l Engineering
In the present work, the environmental impacts of building materials used in
the construct ion of a housing project in the city of So Gonalo, state of Rio
de Janeiro, have been assessed through the methodology of Life Cycle
Assessment (LCA) in order to not only to assist the decision-making of
private and publ ic nature, but also to promote l ife cycle thinking in the
construct ion industry. Based on the guidel ines set by ISO 14040 and ISO
14044, the LCA methodology has been applied with available databases and
SimaPro program. The results show a considerable consumption of non -
renewable energy, intensif icat ion of global warming and toxic ity to human
health. Moreover, this study exposes a necessity of act ion on the chain of
product ion of steel, cement and ceramic materials mainly.
Keywords: Life Cycle Assessment. Bui lding Materials. Environmental
Impacts. Civi l Construct ion.
vii
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. ix
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. xi
1. INTRODUO ..............................................................................................................14
1.1. Apresentao .........................................................................................................14
1.2. Objetivos da Pesquisa ............................................................................................15
1.2.1. Objetivos Gerais ..............................................................................................15
1.2.2. Objetivos Especficos ......................................................................................15
1.3. Justificativa do trabalho ..........................................................................................16
1.4. Estrutura do Trabalho .............................................................................................16
2. REVISO DA LITERATURA ........................................................................................18
2.1. O desenvolvimento sustentvel ..............................................................................18
2.2. A sustentabilidade no setor da Construo Civil .....................................................20
2.3. Ferramentas de avaliao ambiental no setor da construo civil ..........................21
3. AVALIAO DO CICLO DE VIDA ...............................................................................22
3.1. Definio ................................................................................................................22
3.2. Histrico .................................................................................................................23
3.3. Metodologia............................................................................................................24
3.4. Ferramentas utilizadas na ACV ..............................................................................24
3.5. Avaliao do Ciclo de Vida na Construo Civil .....................................................25
4. METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................27
5. EDIFICAO ESTUDADA ...........................................................................................28
6. RESULTADOS E DISCUSSES ..................................................................................31
6.1. A avaliao do ciclo de vida dos materiais da edificao estudada ........................31
6.1.1. Definio dos objetivos e do escopo ...............................................................31
6.2. Objetivo da Anlise ................................................................................................31
6.3. Domnio de Aplicao ............................................................................................32
6.3.1. Sistema a ser estudado ...................................................................................32
6.3.2. Fronteiras do ciclo de vida...............................................................................34
6.3.3. Base de Dados ................................................................................................48
6.4. Inventrio do Ciclo de Vida .....................................................................................49
6.5. Coleta de dados .....................................................................................................51
6.5.1. Quantificao dos materiais ............................................................................51
6.5.2. Modelagem do ciclo de vida ............................................................................69
6.6. Avaliao dos Impactos .........................................................................................76
viii
6.6.1. Categorias de impactos ...................................................................................77
6.6.2. Indicadores de categoria de impacto ...............................................................77
6.6.3. Clculo dos resultados ....................................................................................78
6.7. Interpretao dos Resultados .................................................................................82
7. CONCLUSES .............................................................................................................85
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................87
ANEXO A .............................................................................................................................91
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura de uma ACV (Fonte: ISO 14040, 2006).................................................24
Figura 2 - Planta de Situao, sem escala. ..........................................................................28
Figura 3 Planta de fachada, sem escala. ...........................................................................29
Figura 4 Corte transversal, sem escala. ............................................................................29
Figura 5 - Plantas baixas do primeiro e segundo pavimentos da unidade 5, sem escala. .....30
Figura 6 - Planta de Situao, sem escala. ..........................................................................32
Figura 7 - Fronteira do Sistema ............................................................................................34
Figura 8 - Fluxos nas etapas do ciclo de vida (Fonte: Module de sensibilisation lco-
conception, ADEME/MATE, 2001)........................................................................................50
Figura 9 - Esquema das fundaes ......................................................................................55
Figura 10- Esquema ilustrativo para obteno da inclinao I (%) e da rea projetada A (m).
(Fonte: TCPO 13 Edio) .................................................................................................57
Figura 11 - Modelagem da extrao de minrio de ferro e carbono ......................................69
Figura 12 - Modelagem da extrao da argila ......................................................................70
Figura 13 - Modelagem da extrao do calcrio ...................................................................70
Figura 14 - Modelagem da extrao da madeira ..................................................................70
Figura 15 - Modelagem da fabricao do ao .......................................................................71
Figura 16 - Modelagem da fabricao da cermica ..............................................................71
Figura 17 - Modelagem da fabricao do cimento ................................................................72
Figura 18 - Modelagem da fabricao dos elementos de madeira ........................................72
Figura 19 - Modelagem do transporte e distribuio dos ciclos de vida dos materiais ..........73
Figura 20 - Modelagem do descarte em aterro .....................................................................73
x
Figura 21 - Modelagem da reciclagem .................................................................................74
Figura 22 - Esquema da rede de contribuio dos impactos ambientais associados ao ciclo
dos materiais de construo considerado, mtodo Impact2002+, visualizao corte de 1% 75
Figura 23 - Elementos da fase de Avaliao dos impactos (Fonte: ISO 14040, 2006) ..........76
Figura 24 - Classificao dos fluxos do inventrio nas categorias de impactos mid-points e
end-points. (Fonte: Adaptado de JRC, 2010) .......................................................................78
Figura 25 - Comparao dos ciclos de vida dos materiais selecionados, mtodo CML 2,
caracterizao ......................................................................................................................79
Figura 26 - Comparao dos ciclos de vida dos materiais selecionados, mtodo Eco-
indicator 99, caracterizao ..................................................................................................80
Figura 27 - Comparao dos ciclos de vida dos materiais selecionados, mtodo
Impact2002+, caracterizao ...............................................................................................80
Figura 28 - Comparao dos ciclos de vida dos materiais selecionados, mtodo
Impact2002+, normalizao .................................................................................................81
Figura 29 - Comparao dos ciclos de vida dos materiais selecionados, mtodo
Impact2002+, ponderao ....................................................................................................81
Figura 30 - Comparao dos ciclos de vida dos materiais selecionados, mtodo
Impact2002+, pontuao nica.............................................................................................82
Figura 31 - Composio da edificao pelos materiais estudados em kg .............................83
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composio dos Resduos de Construo Civil de algumas cidades brasileiras .33
Tabela 2 - Diviso dos subsistemas da edificao em estudo com seus materiais associados
.............................................................................................................................................33
Tabela 3 - Usos das madeiras na construo civil (adaptado de IPT, 2003) .........................37
Tabela 4 - Madeira empregada nos sistemas da edificao .................................................38
Tabela 5 - Tabela de fornecedores de concreto considerados na cidade de So Gonalo ...40
Tabela 6 - Tabela de fornecedores de materiais cermicos e argamassa considerados na
cidade de So Gonalo ........................................................................................................40
Tabela 7 - Tabela de fornecedores de ao considerados na cidade de So Gonalo ...........40
Tabela 8 - Tabela de fornecedores de madeira considerados na cidade de So Gonalo ....41
Tabela 9 - Distncia final a ser consideradas na distribuio dos materiais de construo ..41
Tabela 10 - Classificao dos resduos da Construo Civil (Resoluo n302, CONAMA). 42
Tabela 11 - Destinao final dos resduos da Construo Civil (Resoluo n302, CONAMA).
.............................................................................................................................................42
Tabela 12 - Destinao dos resduos da Construo Civil (adaptado de SindusCon-SP,
2012). ...................................................................................................................................43
Tabela 13 - Distribuio dos resduos no seu fim de vida .....................................................44
Tabela 14 - Distncias at a destinao final dos materiais de construo ..........................44
Tabela 15 - Equipamentos para transporte de Resduos da Construo Civil (Fonte:
Sinduscon-SP, 2012)............................................................................................................45
Tabela 16 - Veculos utilizados no transporte dos resduos de construo civil ....................45
Tabela 17 - Deslocamentos para a distribuio e transporte do ao .....................................46
Tabela 18 - Deslocamentos para a distribuio e transporte da cermica ............................46
Tabela 19 - Deslocamentos para a distribuio e transporte do cimento ..............................46
Tabela 20 - Deslocamentos para a distribuio e transporte da madeira Peroba .................47
xii
Tabela 21 - Deslocamentos para a distribuio e transporte da madeira Pinheiro-do-paran
.............................................................................................................................................47
Tabela 22 - Especificaes dos materiais adotados .............................................................49
Tabela 23- Quantidade total de cimento utilizado para execuo das alvenarias .................53
Tabela 24- Tabela de demanda usual de servios para execuo de estrutura de concreto
armado (Fonte: TCPO - 13 Edio) ....................................................................................53
Tabela 25- Clculo das reas totais construdas ..................................................................54
Tabela 26- Demanda de servios para execuo da estrutura de concreto armado .............54
Tabela 27- Clculo do volume total dos blocos.....................................................................55
Tabela 28- Clculo do volume total das vigas ......................................................................55
Tabela 29- Clculo da inclinao I(%) e da rea projetada A (m). .......................................57
Tabela 30- Tabela para obteno do fator de correo para o clculo de telhas cermicas.
(Fonte: TCPO - 13 Edio) ..................................................................................................58
Tabela 31- Estimativo para estrutura de madeira para telha cermica. (Fonte: TCPO - 13
Edio) .................................................................................................................................59
Tabela 32- Estimativa para piso cermico (Fonte: TCPO 13 Edio) ...............................60
Tabela 33- Clculo da rea de piso ......................................................................................60
Tabela 34- Estimativa para rodap cermico (Fonte: TCPO 13 Edio) ..........................61
Tabela 35- Clculo do comprimento de rodap ....................................................................61
Tabela 36- Estimativa para azulejos (Fonte: TCPO 13 Edio) ........................................62
Tabela 37- Portas externas definidas em projeto ..................................................................63
Tabela 38- Estimativa de insumos para porta externa de madeira (Fonte: TCPO - 13
Edio) .................................................................................................................................63
Tabela 39- Clculo do volume dos elementos componentes das portas externas ................64
Tabela 40- Quantidades totais de materiais utilizados na execuo das portas externas .....64
Tabela 41- Tipos e quantidades de portas internas definidas em projeto .............................64
Tabela 42- Estimativa de insumos para porta interna de Madeira (Fonte: TCPO - 13 Edio)
.............................................................................................................................................65
xiii
Tabela 43- Clculo do volume dos elementos componentes das portas internas .................65
Tabela 44- Quantidades totais de materiais utilizados na execuo das portas internas ......66
Tabela 45- Tipos e quantidades das diferentes janelas definidas em projeto .......................66
Tabela 46- Clculo do volume dos elementos componentes das janelas .............................66
Tabela 47- Quantidades totais de materiais utilizados na execuo das janelas ..................67
Tabela 48- Quantidade de materiais para execuo das esquadrias ....................................67
Tabela 49- Tabela resumo das quantidades finais em kg dos materiais por subsistema ......68
Tabela 50- Tabela resumo das quantidades finais em kg dos materiais ...............................68
Tabela 51 - Clculo das reas das paredes .........................................................................91
Tabela 52 - Clculo da rea total de emboo .......................................................................93
Tabela 53 - Clculo da rea total de reboco .........................................................................94
Tabela 54 - Clculo da rea total de azulejo .........................................................................96
1. INTRODUO
1.1. APRESENTAO
A construo civil responsvel por vrios reflexos, ao local e regio onde se instala
a obra, causados por suas atividades direta ou indiretamente. Desde a fabricao do
cimento e o transporte de materiais at a formao de um lago por uma barragem ou
alterao de uma rea por terraplanagem. Esses reflexos so de cunho ambiental, social e
at mesmo econmico (SPADOTTO et al., 2011).
Entretanto, os reflexos ambientais do setor da construo civil tm preocupado de
maneira cada vez mais notria a sociedade. De fato, os impactos ambientais se
intensificaram conforme o crescimento da demanda pelo setor construtivo, que acompanhou
as duas imensas ondas de populaes que incharam o tecido urbano de diversas cidades
do mundo, a primeira entre os sculos XVIII e XIX e a segunda, recente e muito maior, que
tomou impulso em meados do sculo XX e ainda no se abateu.
Assim, a indstria da construo se consolidou como uma das que mais se consome
insumos e energia. Efetivamente, ao longo do seu ciclo de vida, as construes so
responsveis, no mundo, por 40% das emisses de CO2, por 40% do consumo de recursos
naturais e por 40% dos resduos gerados, e, devido a isso, por vezes denominada como a
indstria dos 40% (ENTREPRISES & CONSTRUCTION DURABLE, 2007).
No Brasil, a construo civil vem alcanando altos ndices de crescimento
impulsionados no apenas pelo aumento do emprego formal e da renda per capita, mas
tambm por fortes incentivos governamentais, como polticas fiscais e programas de
concesso de subsdios. A maior parte destes investimentos tem sido direcionada s
habitaes populares, afim de que se minimize o dficit habitacional brasileiro.
Essa forte expanso do nmero de habitaes traz consigo um significante
crescimento do consumo de materiais. Segundo a ABRAMAT (Associao Brasileira da
Indstria de Materiais de Construo), em 2011 o PIB da indstria de materiais e
equipamentos cresceu 4,3% acima da inflao do setor. Alm disso, a indstria de materiais
apresentou a segunda maior contribuio do PIB da cadeia da construo, ficando apenas
atrs da atividade da construo civil em si.
O crescimento da demanda por materiais de construo reflete diretamente no
aumento do consumo de matrias-primas e energia, mais precisamente durante as fases de
extrao, transformao e transporte. Alm disso, deve-se levar em conta a consequente
15
expanso da produo de resduos, tanto devido a desperdcio de materiais quanto a
demolies. Segundo Santiago (2008), o volume de resduos de construo e demolio
(RCD) equivale a mais da metade dos resduos slidos urbanos, e a maior parte deles
depositada irregularmente sem qualquer forma de segregao. Sabe-se que a grande a
maioria proveniente do subsetor habitacional.
Dessa maneira, constata-se cada vez mais a necessidade de reduo dos impactos
ambientais na busca da sustentabilidade na construo civil. Para tal, importante
aperfeioar as cadeias produtivas dos materiais de construo e buscar materiais
sustentveis: de origem de fontes renovveis, no poluentes, no txicos sade, que
sejam durveis e/ou reutilizveis e de custo acessvel ao mercado consumidor (CONDEIXA,
2013).
Em outras palavras, para que o setor alinhe seu sucesso de crescimento s
responsabilidades junto sociedade, faz-se necessrio adequar o contexto de
desenvolvimento sustentvel s prticas do ramo (COSTA, 2012).
1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1. Objetivos Gerais
O objetivo principal desta monografia avaliar os impactos ambientais dos materiais
de construo mais essenciais no subsetor de edificaes habitacionais: o ao, o cimento, a
cermica e a madeira. Dessa forma, prope-se a aplicao do conceito de sustentabilidade
sobre suas cadeias de suprimentos e dos seus ciclos de vida, de maneira a auxiliar na
tomada de deciso ambiental e contribuir com a gesto da vida til de uma edificao.
1.2.2. Objetivos Especficos
Os objetivos especficos, que complementam o alcance do objetivo geral, esto
listados a seguir:
a) Aplicar a metodologia de avaliao do ciclo de vida (ACV) de maneira concreta a
uma situao real;
b) Promover o pensamento do Ciclo de vida no subsetor de edificaes;
c) Analisar o ciclo de vida dos quatro materiais: ao, cermica, cimento e madeira;
16
d) Utilizar a metodologia de avaliao do ciclo de vida (ACV) na avaliao dos
impactos de cada material;
e) Servir como ferramenta de auxlio para futuras tomadas de decises tanto de
cunho privado quando pblico.
1.3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
O estudo fundamenta-se no aprimoramento simultneo da gesto da qualidade e
ambiental da indstria da construo civil, atravs do mpeto investimento nos processos,
tecnologias e procedimentos que dele fazem parte, constantemente inserido na esfera
sustentvel. Deve-se tambm considerar a manuteno da associao do local com o
global, em outras palavras, o setor no pode mais ignorar a influncia que uma construo
pontual tem sobre o meio ambiente.
Dessa forma, a metodologia de avaliao do ciclo de vida (ACV) se destaca como a
abordagem analtica ideal, por ser a mais completa e interessante ao avaliar os impactos
desde a extrao das matrias-primas at a destinao final do produto, contemplando toda
a cadeia produtiva de materiais utilizados na indstria da construo.
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta monografia est dividida em sete captulos, sendo eles: introduo, reviso da
literatura, a avaliao do ciclo de vida, metodologia da pesquisa, edificao estudada,
resultados e discusso e concluses.
Este primeiro captulo introdutrio apresenta o tema estudado, abordando questes
relacionadas aos objetivos, s justificativas e estruturao do trabalho.
No captulo 2, apresentada a reviso bibliogrfica, a qual forneceu fundamentao
terica sobre os temas relacionados com a pesquisa, tais como sustentabilidade,
desenvolvimento sustentvel, a sustentabilidade na construo civil e uma introduo sobre
a metodologia da ACV.
No captulo 3, possvel se aprofundar sobre a ACV, discorrendo sobre suas
definies, aplicaes, conceitos, histrico, metodologia, ferramentas e sua aplicao no
setor da construo civil.
No captulo 4, descreve-se a metodologia empregada para a avaliao ambiental dos
impactos de cada material selecionado para o estudo.
17
No captulo 5, a edificao que ser o objeto de estudo deste trabalho apresentada
e devidamente descrita.
No capitulo 6, apresentado os resultados obtidos com a utilizao da metodologia
de ACV com consequentes anlises e discusses. Todo o processo atendeu as
recomendaes do quadro normativo.
No captulo 7, so apresentadas as concluses do estudo, avaliando se os objetivos
foram atingidos e apontando tambm sugestes para trabalhos futuros.
Em seguida, so listadas as referncias bibliogrficas utilizadas para o
desenvolvimento deste trabalho.
E finalmente, para complementao e suporte ao estudo, disponibilizado
documentos no Anexo A.
18
2. REVISO DA LITERATURA
Neste captulo sero evidenciados os conceitos e algumas questes que
caracterizam o tema sustentabilidade, bem como um breve histrico do conceito de
desenvolvimento sustentvel. Alm disso, o conceito ser relacionado com a indstria da
construo civil, com a exposio de particularidades, aplicaes e ferramentas. Finalmente,
a metodologia de ACV ser apresentada como uma ferramenta de gesto da
sustentabilidade, introduzindo um posterior e aprofundado estudo sobre a mesma.
2.1. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL
A demanda da sociedade atual por solues que priorizem a conservao do meio
ambiente e mantenha a explorao dos recursos do planeta de forma a no torn-la
exaurvel, refora a necessidade de um estudo profundo que crie metodologias que
possibilitem aes imediatas e cenrios avaliados. A preocupao com a agilidade desses
estudos teve carter de urgncia atravs da observao mundial nas mudanas e
contaminaes do meio ambiente por mtodos imprprio se inconscientes devido falta de
planejamento quanto explorao, ao uso e ao descarte. Surge ento o tema
sustentabilidade, uma soluo para as questes polticas, sociais e culturais, norteando de
maneira mais benfica utilizao dos recursos naturais, minimizando ao mximo o impacto
ambiental que afeta a sociedade de forma economia e social e cultural (COSTA, 2012).
A expresso desenvolvimento sustentvel surgiu oficialmente em 1987, no relatrio
Our common future, da primeira ministra e mdica norueguesa Gro Harlem Brundtland, na
Comisso das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Neste
documento o conceito de desenvolvimento sustentvel definido como o desenvolvimento
que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras geraes de
atender suas prprias necessidades. Desde ento, este tema ganhou o mundo, estando
cada vez mais presente em todos os setores.
De acordo com Ferreira (2009), esta definio aberta de sustentabilidade vem sendo
substituda por conceitos mais objetivos e abrangentes, vinculados s dimenses ambiental,
econmica e social e so diretamente influenciados pelos aspectos poltico e cultural.
Apenas como critrio informativo, descrever-se- a seguir uma cronologia dos fatos
mais significativos relacionados preocupao com o meio ambiente e o desenvolvimento
sustentvel.
19
1972: Em Estocolmo; pela primeira vez as Naes Unidas se reuniram para discutir
sobre os impactos ambientais causados pela forte industrializao dos pases
desenvolvidos. Nesta conferencia nasceu a UNEP (United Nations Environment);
1987: O termo desenvolvimento sustentvel surge oficialmente no relatrio Our
common future da primeira ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland;
1992: Cpula da Terra - Rio de Janeiro; pela primeira vez reuniram-se as instncias
nacionais (164 naes e mais 100 chefes de estados) pelo tema desenvolvimento
sustentvel. Cada pas redigiu uma Agenda 21 (ou como se melhorar o equilbrio do
planeta nos prximos 10anos, para que o sculo 21 seja o sculo do
desenvolvimento sustentvel). Diferentemente das outras conferncias, o debate
poltico excluiu as esferas governamentais e, no s alertou, mas tambm, mobiliza a
opinio pblica: a partir de agora cada um tem um papel a desempenhar em busca
de um melhor desenvolvimento da humanidade;
2012: Rio+20 Rio de Janeiro; Aps 20 anos da Cpula da Terra, os pases
voltaram a se reunir em prol da constrio de uma economia verde com vista no
desenvolvimento sustentvel considerando a retirada de pessoas da situao de
pobreza e o auxilio aos pases em desenvolvimento seguirem o caminho verde. Alm
disso, foi tambm pautado a melhoria de coordenao internacional para o
desenvolvimento sustentvel. Mais especificamente, tiveram-se como objetivos
especficos ampliao do uso de energias renovveis e a transformao das
cidades em mais eficientes e habitveis.
Essas estratgias e dimenses da sustentabilidade devem ser adotadas atravs de
todos os setores da sociedade, com o esforo conjunto e interligado. O setor da construo
civil, sendo responsvel em suprir a estrutura de funcionamento de praticamente todas as
atividades de desenvolvimento social, econmico e cultural, responsvel por significativos
impactos ambientais. Assim sendo, a busca por produtos que sejam compatveis com cada
uma destas dimenses de sustentabilidade requer esforo no conhecimento dos processos
produtivos dos mesmos, do contexto cultural e social na qual esto inseridos e da
capacidade natural do ecossistema local. Desta forma pode-se garantir o desenvolvimento
deste setor apoiado na qualidade de vida e do ambiente natural para as geraes atuais e
futuras (GRIGOLETTI, 2001).
20
2.2. A SUSTENTABILIDADE NO SETOR DA CONSTRUO CIVIL
A construo sustentvel uma questo cada vez mais essencial para empresas,
sejam quais forem suas atuaes no setor da construo civil (ENTREPRISES &
CONSTRUCTION DURABLE, 2007). De fato, esta recente percepo tem recebido
crescente ateno devido a uma srie de questes de peso no setor, tais como a
descoberta de novos riscos sanitrios tanto para os trabalhadores quanto para os usurios,
legislaes cada vez mais restritas, surgimento de rgos certificadores e as j
comprovadas vantagens que a eco concepo traz consigo.
Aplicado s construes, o desenvolvimento sustentvel abrange um vasto leque de
aspectos relacionados com a escolha de materiais, mtodos construtivos, uso e operao e
a demolio das edificaes. Essencialmente, este conceito tem o enfoque sobrea reduo
das emisses de CO2, o consumo de energia e o esgotamento progressivo dos recursos
naturais pela indstria da construo.
Se por um lado, o setor da construo civil se apresenta como um vilo para o meio
ambiente e um consequente desafio para o desenvolvimento sustentvel, sendo
responsvel por um tero do consumo de recursos naturais, incluindo 12% de todo o uso de
gua doce, e pela produo de at 40% de resduos slidos (CONDEIXA, 2013).Por outro,
importante observar que o setor est se posicionando como um ator fundamental no auxlio
s solues dos desafios ambientais. Isso porque, ele vem despertando consigo uma forte
conscincia em prol do engajamento global pela reduo dos impactos sobre o meio
ambiente.
No entanto, apesar de a conscincia ambiental estar cada vez mais presente no
setor da construo civil, ela tem sido tradicionalmente limitada a reflexes pontuais e em
curto prazo, em outras palavras, a viso global dos impactos sobre o meio ambiente no
frequentemente levada em conta.
Conforme Grigoletti (2001), imprescindvel ao desenvolvimento sustentvel do
setor da construo civil a avaliao ambiental dos materiais de construo. Este assunto
apresenta um vasto campo para pesquisa, levando-se em conta a vida til completa dos
materiais, ou seja, que avalie seu desempenho ambiental desde a produo dos materiais a
serem utilizados at sua disposio final, ao trmino da vida til da edificao, e um
conjunto amplo de materiais disponveis no mercado.
21
2.3. FERRAMENTAS DE AVALIAO AMBIENTAL NO SETOR DA
CONSTRUO CIVIL
Diferentes mtodos de avaliao ambiental tm sido desenvolvidos ao longo dos
ltimos anos. Esses mtodos so baseados, na maioria das vezes, em contribuies
tericas Ecologia Industrial. Esta disciplina corresponde a uma cincia multidisciplinar que
visa otimizao da utilizao de energia, de recursos e de capital dentro de um sistema
tcnico pela reduo de seus impactos ambientais (LASVAUX, 2010).
Entretanto, grande parte dessas recentes ferramentas se caracteriza por se limitar a
abordagens monocritrios. Em outras palavras, os impactos ambientais avaliados por essas
ferramentas se resumem a uma nica dimenso. Por exemplo, no desenvolvimento de
concretos alternativos, de um lado, pode-se garantir uma reduo de emisso de dixido de
carbono, mas de outro, pode-se registrar impactos ambientais mais elevados sobre outros
aspectos.
No caso de uma edificao, a escolha de um material, por exemplo, pode ser
prefervel durante a sua fase de construo, contudo, o mesmo material pode causar
problemas durante a fase de demolio e no seu manejo final, ou seja, os rejeitos
produzidos podem globalmente causar mais impactos negativos sobre o meio ambiente.
Dessa forma, faz-se necessrio a aplicao de conceitos que possibilitem essa
considerao mais global, no caso, denominada como abordagens de mltiplos critrios.
Neste contexto, a avaliao do ciclo de vida (AVC) a ferramenta mais bem
sucedida dentre as ferramentas disponveis. Sua prtica e sua difuso atual contribuem para
que a mesma se caracterize como um instrumento cada vez mais eficiente e reconhecido,
pois avalia os impactos desde a extrao das matrias-primas at a destinao final do
produto, proporcionando o conhecimento a cerca de suas diferentes fases.
O conhecimento sobre as diferenas nas fases de um produto ou servio
disponibiliza dados sobre seus componentes, materiais constituintes e processos
transformadores. A partir da organizao dessas informaes possvel conhecer e avaliar
o seu valor e seus impactos ao longo da cadeia produtiva a que pertence. De forma ampla,
essa observao pode ter cunho pluridimensional e aplicabilidade para melhorias, como a
conservao do meio-ambiente, j que os elos produtivos se originam na explorao do
mesmo e finalizam na destinao do rejeito do processo (COSTA, 2012).
22
3. A AVALIAO DO CICLO DE VIDA
3.1. DEFINIO
A conscientizao acerca da importncia da proteo do meio ambiente e dos
possveis impactos associados aos produtos disponveis no mercado consumidor aumentou
o interesse pelo desenvolvimento de mtodos destinados melhor compreender e remediar
estes impactos. Uma destas tcnicas disponvel e em desenvolvimento a Avaliao do
Ciclo de Vida (ACV).
Segundo a norma (ISO 14040, 2006), uma caracterstica essencial da metodologia
da Avaliao do Ciclo de Vida e que pode ser utilizada como sua definio mais global a
seguinte:
A ACV examina de maneira sistmica os aspectos e os
impactos ambientais dos sistemas de produtos, desde a
aquisio de matrias-primas at a eliminao final, conforme o
objetivo e o campo de estudo estipulados.
Como complementao, pode-se dizer que a Avaliao do Clico de Vida quantifica
tanto globalmente quanto exaustivamente que possvel os efeitos potenciais de um produto
sobre o meio ambiente. Sua abordagem consiste simultaneamente na quantificao dos
fluxos de materiais e energias ligadas s operaes ou atividades realizadas e na traduo
destes dados em um nmero reduzido de indicadores, medindo seus impactos sobre o meio
ambiente.
A avaliao e interpretao aplicada de seus resultados podem ser direcionadas na
identificao de possveis melhorias em relao ao desempenho ambiental dos produtos
nas diferentes etapas dos seus ciclos de vida, na informao aos fabricantes e aos
organismos governamentais e no governamentais e ainda na escolha de indicadores de
performances ambientais dos produtos.
Dessa forma, evidencia-se que as aplicaes de uma Avaliao do Ciclo de Vida se
estendem em diversas esferas, como no mbito empresarial, comunitrio ou ainda em
organismos certificadores. No caso de empresas privadas, os objetivos podem ser
caracterizados pela obteno de selos ecolgicos e certificaes, marketing empresarial,
atendimento s legislaes, comparao de cenrios, materiais e produtos entre outros. J
para o coletivo, esta metodologia pode ser utilizada como um auxlio nas polticas de
emisses de poluentes e nos fluxos de resduos. E finalmente, ela pode tambm
desempenhar um papel importante na definio de critrios de um selo ecolgico.
23
3.2. HISTRICO
A utilizao da ACV como ferramenta de gesto ambiental se iniciou na dcada de
1960 sob diferentes formas e com uma variedade de nomes. Especialmente na literatura da
dcada de 1990, possvel encontrar algumas semelhanas entre termos utilizados, tipos e
nveis de estudos. Desde ento, o termo avaliao do ciclo de vida tem sido adotado para
denominar os estudos voltados para o ciclo de vida ambiental (KHASREEN et al., 2009).
De fato, no incio dos anos 90 surgiu a necessidade de estudos de impactos
ambientais com abordagens de mltiplos critrios, tais como consumo de matrias-primas e
energia, poluio atmosfrica e na gua e a produo de resduos, levando em conta o
conjunto de etapas do ciclo de vida de um produto, ou seja, desde a fabricao eliminao
final, passando tambm pela fase de utilizao.
Entretanto, a maior parte desses estudos era focada nas esferas de eficincia
energtica, consumo de matrias-primas e na destinao final dos resduos.
A primeira aplicao de uma ACV em sua atual compreenso ambiental foi em um
estudo realizado pela Coca-Cola para quantificar os efeitos sobre o meio ambiente das
embalagens desde o bero at o tmulo. Na poca, a nfase voltou-se principalmente pela
reduo de resduos slidos, ao invs de emisses ou consumo de energia (KHASREEN et
al., 2009).
Hoje em dia, a avaliao inclui todo o ciclo de via do produto, processo ou atividade,
abrangendo a extrao e processamento de matrias-primas; a transformao, o transporte,
e a distribuio, o uso, a reutilizao, a manuteno; a reciclagem e a disposio final.
(GAMA, 2010).Esta definio foi posteriormente consolidada na srie de normas ISO
14 040, as quais at o ano de 2006 eram representadas pela lista a seguir:
ISO 14040. Life Cycle Assessment. Principles and Framework. (1997).
ISO 14041. Life Cycle Assessment. Goal and Scope Definition and Inventory
Analysis.
ISO 14042. Life Cycle Assessment. Life Cycle Impact Assessment. (2000).
ISO 14043. Life Cycle Assessment. Life Cycle Interpretation. (2000).
ISO/TR 14047. Life Cycle Impact Assessment. Examples of Application of SO
14042.(2000).
ISO/TS 14048. Life Cycle Assessment. Data Documentation Format. (2001).
ISO/TR 14049. Life Cycle Assessment. Examples of Application of SO 14041 for goal
and scope definition and inventory analysis.
24
Segundo FINKBEINER et al. (2006), a partir de 2006, as normas de ISO14040, ISO
14041, ISO 14042 e ISO 14043 foram compiladas nas normas ISO14040 (2006) e 14044
(2006).
3.3. METODOLOGIA
A metodologia de uma ACV a mais eficaz e com a maior credibilidade para a
avaliao dos impactos ambientais de um produto ou de uma atividade. A abordagem
adotada rigorosamente descrita e leva em considerao todos os consumos e rejeitos do
objeto de estudo. A estrutura metodolgica de uma analise do ciclo de vida regida pela
srie de normas internacionais ISO 14040, que definiu quatro fases principais para o estudo
de ACV, as quais se interligam de alguma maneira, conforme Figura 1.
Cada fase ser devidamente conceituada e explicada durante o desenvolvimento do
estudo.
3.4. FERRAMENTAS UTILIZADAS NA ACV
Esto disponveis diversas ferramentas de apoio, dois dos softwares mais utilizados
para aplicao de uma ACV so o SimaPro LCA, software utilizado no desenvolvimento
deste trabalho e desenvolvido pela PRConsultants, e o GaBi da empresa PE International.
Estrutura da Anlise do Ciclo de Vida
Definio dos
objetivos e do
Campo de
Estudo
Inventrio
Avaliao dos
Impactos
Interpretao
Aplicaes Diretas :
Desenvolvimento e
melhoria do produto
Planjemento
Estratgico
Poltica Pblica
Marketing
Outros
Figura 1 - Estrutura de uma ACV (Fonte: ISO 14040, 2006)
25
O SimaPro permite a modelagem de produtos e sistemas a partir de uma perspectiva
de ciclo de vida. Esta ferramenta pode ser utilizada para clculo da pegada de carbono,
design de produto e design ecolgico, declaraes de produtos ambientais, Impacto
ambiental de produtos ou servios, Relatrios ambientais e determinao de indicadores de
desempenho (PR, 2013).
3.5. AVALIAO DO CICLO DE VIDA NA CONSTRUO CIVIL
Segundo a Energy Conservation in Buildings and Community Systems, o mtodo da
ACV pode ser diretamente aplicada no setor de construo produtos do setor, edificaes
individuais e conjuntos de edificaes. No entanto, as edificaes so sistemas
excepcionais e possuem muitas caractersticas que tornam a aplicao padro da
metodologia de ACV complexa.
Os motivos pelos quais o setor se torna de difcil avaliao tambm so
mencionados pelo grupo, e esto listadas a seguir:
a) A expectativa de vida de um edifcio longo e desconhecido, isso se torna um fator
de impreciso nas consideraes a serem feitas. Por exemplo, as fontes de energia
ou a eficincia energtica de um edifcio pode se alterar, comprometendo as
previses de impactos ambientais;
b) As construes esto em locais especficos, e, por isso, muitos dos impactos so
locais algo que normalmente no considerado em uma ACV;
c) As construes e seus componentes e/ou produtos so heterogneos em sua
composio. Dessa forma, uma quantidade maior de dados necessria e os
processos de fabricao podem variar consideravelmente de um lugar para o outro;
d) O ciclo de vida de edificaes inclui fases especficas construo, uso e
demolio com consequncias variveis sobre o meio ambiente. Por exemplo, na
fase de utilizao, o comportamento dos usurios e operadores de servios tem
uma influncia significativa no consumo de energia;
e) Uma edificao altamente multifuncional, o que torna difcil a definio de uma
unidade funcional adequada;
26
f) Uma edificao cria um ambiente de vida interna, que pode ser analisada em
termos de sade e conforto. Para manter um ambiente interno de boa qualidade a
construo necessita de energia (aquecimento, ventilao, iluminao, etc.) e
materiais. H, portanto, fortes ligaes entre os impactos ambientais e a qualidade
do conforto, do ar interno, da sade e produtividade;
g) Como as edificaes esto intimamente integradas com outros elementos
construdos no meio ambiente, como infraestruturas urbanas, estradas, instalaes
sanitrias entre outros, pode ser altamente enganoso realizar uma ACV de uma
edificao isolada.
Estes fatores apenas apoiam e reforam a ideia apresentada por Khasreen et al.
(2009), a qual indica que, embora a ACV seja amplamente utilizada no setor da construo
civil desde 1990, e seja uma ferramenta importante na anlise de edificaes, ela menos
desenvolvida do que em outras indstrias.
Entretanto, segundo Soares et al. (2006), apesar das questes explicitadas, a
aplicao da ACV na avaliao ambiental de sistemas e elementos construtivos possibilita
uma anlise mais detalhada e crtica da etapa de especificao de materiais e a promoo
de melhorias ambientais, e muitas vezes econmicas, nas diversas etapas do ciclo de vida
do sistema considerado.
A ACV de uma edificao necessita, inicialmente, um nmero significativo de dados
(fluxos ou indicadores) para modelar corretamente um estudo de caso. Estas anlises tm
sido facilitadas nos ltimos anos para os no-especialistas, com um grande nmero de
ferramentas de ACV especficas para as construes (LASVAUX, 2010).
27
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
Estabeleceu-se a relao entre a metodologia de ACV e o setor da construo civil,
abrangendo pesquisas qualitativas e quantitativas na avaliao dos impactos ambientais dos
materiais de construo. Para isso, selecionou-se uma edificao real para a aplicabilidade
da metodologia em questo.
O estudo foi dividido em duas partes. A primeira, e j decorrida, contemplou uma
reviso literria para fundamentao do referencial terico no que diz respeito ACV por
meio de artigos, teses, revistas e livros de estudos e debates recentes. Alm disso, foram
tambm examinados estudos de casos para observao da real aplicabilidade da
metodologia de uma ACV.
A segunda parte se caracterizou pela prtica da metodologia de uma ACV, a qual se
comps, em primeiro lugar, pelo levantamento das quantidades e consideraes bsicas
dos insumos mais essenciais necessrios edificao em estudo, tais como o ao, a
cermica, o cimento e a madeira, atravs do projeto da mesma e recomendaes tcnicas.
Em seguida, modelizou-se a ACV no software SimaPro, de acordo com as
exigncias normativas, obtendo-se posteriormente os resultados para interpretao,
anlises e sugestes.
28
Figura 2 - Planta de Situao, sem escala.
5. A EDIFICAO ESTUDADA
Como objeto de estudo selecionou-se um conjunto habitacional composto por cinco
unidades unifamiliares direcionados para a classe mdia baixa, cada um com dois
pavimentos que se localiza na Rua Mutuapira, lote 136, na cidade de So Gonalo, Rio de
Janeiro. Para a sua concepo, empregou-se o predominante mtodo tradicional de
construo, com estrutura em concreto armado e vedao em tijolo cermico.
O terreno se situa no encontro de duas ruas e possui uma rea total de 309,00 m
com uma rea de construo de 280,03 m, gerando uma taxa de ocupao de 42,38%.
29
Cada unidade residencial dispe de uma sala, cozinha, rea de servio, banheiro,
dois quartos, garagem e um quintal do fundo totalizando uma rea total construda em torno
de 56 m em mdia, conforme representao da planta baixa na Figura 5.
Figura 3 Planta de fachada, sem escala.
Figura 4 Corte transversal, sem escala.
30
Figura 5 - Plantas baixas do primeiro e segundo pavimentos da unidade 5, sem escala.
31
6. RESULTADOS E DISCUSSO
Os materiais selecionados da edificao estudada (ao, cermica, concreto e
madeira) foram avaliados sobre o contexto da metodologia de avaliao de ciclo de vida.
Dessa maneira, definiram-se os objetivos e o escopo da anlise, delimitaram-se as
fronteiras do estudo, identificaram-se os impactos e, finalmente, por meio do inventrio do
ciclo de vida, os impactos finais foram avaliados.
Todas as fases da metodologia de uma ACV previstas no quadro normativo foram
consideradas, com suas respectivas definies, elucidaes e aplicao sobre o estudo de
caso.
Os resultados da anlise foram apresentados por meio de grficos gerados pelo
software SimaPro, baseados nos inventrios de cada material considerado na construo.
Para uma melhor compreenso dos conceitos e consideraes explorados, fez-se o uso
tabelas, esquemas e fluxogramas de processos.
6.1. A AVALIAO DO CICLO DE VIDA DOS MATERIAIS DA EDIFICAO
ESTUDADA
6.1.1. Definio dos objetivos e do escopo
Nesta primeira fase de uma Avaliao de Ciclo de Vida, determinam-se
principalmente os objetivos do estudo, a limitao das fronteiras do sistema estudado e a
base de dados utilizada, conforme a norma (ISO 14040, 2006). Alm disso, o objetivo e o
escopo devem ser claramente definidos e compatveis com a aplicao (ISO 14044, 2009).
Dessa maneira, pode-se dividir esta fase nos seguintes tpicos:
Objetivo da Anlise;
Domnio de aplicao;
Fronteiras do Sistema;
Base de dados;
6.2. OBJETIVO DA ANLISE
Esta anlise tem como objetivo quantificar os fluxos de materiais e de energia para
as fronteiras do sistema de uma edificao. Por conseguinte, mensurar estes dados a fim de
32
se obter os impactos sobre o meio ambiente. Notar-se-, contudo, certa impreciso dos
resultados face aos meios limitados diante da complexidade do estudo.
Ainda, nesta anlise recebero uma ateno especial os impactos que
frequentemente se associam atividade de construo, mais precisamente ao subsetor de
habitaes, o qual utiliza uma excessiva quantidade de recursos no renovveis,
correspondendo quase 50% do total consumido por toda a indstria da construo.
Alm disso, a emisso significativa no apenas de CO2, mas tambm de outros
gases poluentes como o SO2, implica diretamente em danos ao meio ambiente, como a
intensificao do efeito estufa e a acidificao das chuvas, respectivamente. O aquecimento
global tambm uma consequncia direta das emisses destes gases. Finalmente, a
destinao final dos resduos corrobora igualmente para este cenrio negativo, atravs de
partculas destrutivas de oznio liberadas no ar.
Considerando que a preocupao ambiental, principalmente no Brasil, uma
disciplina recente, essencial a difuso de estudos nesta esfera. Dessa forma, objetiva-se
tambm atingir um nmero significativo de pessoas interessadas no apenas pela
sustentabilidade, mas tambm pela eco concepo, na construo civil ou no,
comunicando sobre os resultados quantitativos e as possibilidades de aperfeioamento de
sistemas de produtos. De maneira mais geral, os resultados a serem apresentados podero
igualmente ser compartilhados a todos os indivduos e organismos interessados no assunto.
6.3. DOMNIO DE APLICAO
6.3.1. Sistema a ser estudado
De acordo com a norma (ISO 14040, 2006), a avaliao do ciclo de vida modela o
ciclo de vida de um produto sobre a forma de um sistema de produtos que desempenham
uma ou mais funes definidas. Dessa forma, se tomou o cuidado de definir e considerar os
diferentes subsistemas vinculados a edificao selecionada, a qual foi devidamente descrita
no captulo anterior.
O estudo se concentrar em torno das fundaes, da estrutura, das vedaes
verticais, dos revestimentos, das esquadrias e da cobertura. Para simplificao do
levantamento de insumos e da realizao da anlise em curso foram selecionados os
principais materiais utilizados no mtodo tradicional de construo no Brasil, e que tambm
se caracterizam como a maior parte dos resduos gerados pela atividade da construo civil.
33
Na Tabela 1 podem-se observar os resultados de estudos para algumas cidades
brasileiras, os quais apresentam uma maior participao dos materiais provenientes do
cimento, como concreto e argamassas, na composio dos resduos da construo civil.
Tabela 1 - Composio dos Resduos de Construo Civil de algumas cidades brasileiras
Cidade de
Origem
Material
Concreto e
argamassa
Solo e
areia Cermica Rochas Ferro Gesso Outros
So Paulo 33,0 32,0 30,0 - - - 5,0
Salvador 53,0 22,0 14,0 5,0 - - 6,0
Florianpolis 37,0 15,0 12,0 - - - 36,0
Recife4 44,0 23,0 19,0 3,0 - - 11,0
Rio de
Janeiro5 51,2 - 13,7 29,2 1,2 1,7 3,0
Brito Filho (1999 apud JOHN, 200); Projeto Entulho Bom (2001); Xavier et tal, (2000); 4Projeto Entulho Limpo
(2004 apud CARNEIRO, 2005); 5COMLURB (2002 apud NUNES, 2004).
Realmente, segundo Mariano (2008), a composio dos resduos da construo civil
brasileira em uma obra , basicamente, constituda por argamassa, concreto e blocos de
concreto, alm de madeiras, plsticos, papel e papelo. Dessa forma, os materiais
selecionados foram o cimento, a cermica, o ao e a madeira.
Os materiais associados aos seus respectivos sistemas e que sero levados em
considerao podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2 - Diviso dos subsistemas da edificao em estudo com seus materiais associados
Sistema da edificao Caractersticas Materiais
Fundao Estrutura de Concreto
Armado
Cimento
Ao
Estrutura Estrutura de Concreto
Armado
Cimento
Ao
Madeira
34
Sistema da edificao Caractersticas Materiais
Vedaes Verticais
Blocos cermicos
assentados com
argamassa
Cimento
Cermica
Revestimento
Azulejos, pisos e rodaps
assentados com
argamassa
Cimento
Cermica
Esquadrias Portas e janelas em
madeira
Cimento
Ao
Madeira
Cobertura
Telhado com duas guas
em telhas cermicas e
estrutura em madeira
Ao
Madeira
Cermica
6.3.2. Fronteiras do ciclo de vida
A fronteira do sistema determina quais processos elementares devem ser includos
na ACV. A seleo da fronteira do sistema deve ser consistente com o objetivo do estudo.
Alm disso, os critrios utilizados na determinao da fronteira do sistema devem ser
identificados e explicados (ISO 14044, 2009). Em outras palavras, nesta etapa definem-se
os processos elementares a serem includos no sistema (ISO 14040, 2006).
As fronteiras devem especificar sobre quais etapas do ciclo de vida ser realizada a
anlise (COSTA, 2012), desde a aquisio de matrias-primas at a sua eliminao final.
Figura 7 - Fronteira do Sistema
35
Dessa forma, a fronteira estabelecida para o sistema em estudo foi delimitada a partir
da extrao de matrias-primas, passando pela fabricao, distribuio e eliminao final. O
detalhamento das fronteiras de cada material poder ser observado nas sees a seguir.
Apesar do significativo perodo de tempo e dos impactos devidos, principalmente, ao
uso de energia e da gua, a fase de utilizao das edificaes foi excluda da anlise. Por
um lado, as consideraes pertinentes ao uso da gua e energia no se relacionam com os
materiais estudados, e por outro, as possveis reformas e manutenes da edificao ficam
a cargo do usurio e da necessidade do cenrio. Dessa forma, optou-se mais uma vez pela
simplificao da anlise ao invs da adoo de hipteses para a estimativa do consumo de
insumos e dos impactos sobre o meio ambiente nessa etapa.
6.3.2.1.Extrao das matrias-primas
6.3.2.1.1.Ao
O ao uma liga de natureza relativamente complexa e sua definio no simples,
visto que, a rigor os aos comerciais no so ligas binrias: de fato, apesar dos seus
principais elementos de liga serem o ferro e o carbono, eles contm sempre outros
elementos secundrios, presentes devido aos processos de fabricao (CHIAVERINI, 1996).
Pode-se citar como elementos residuais decorrentes dos processos de fabricao o silcio, o
mangans, o fsforo e o enxofre (PFEIL; PFEIL, 2010).
Dado que os elementos principais do ao so o ferro e o carbono, considerou-se que
as matrias-primas para a sua fabricao sero extradas no mesmo local de extrao do
minrio de ferro.
De acordo com o BNDES, a produo de minrio de ferro no Brasil ocorre nos
estados de Minas Gerais, Par e Mato Grosso do Sul. Observando-se no apenas a
proximidade do estado de Minas Gerais com o local da edificao, mas tambm que o
estado possui a principal rea produtora de minrio de ferro no pas, sua regio do
Quadriltero Ferrfero foi considerada como o local de extrao das matrias-primas.
O Quadriltero Ferrfero se localiza a poucos quilmetros a leste da capital Belo
Horizonte e seus vrtices situam-se nas cidades de Sabar, Santa Brbara, Mariana e
Congonhas do Campo.
6.3.2.1.2.Cimento
Segundo a ABCP, o Cimento Portland composto de clnquer e de adies. O
clnquer o principal componente e est presente em todos os tipos de Cimento Portland e
36
tem como matrias-primas o calcrio e a argila, ambos obtidos de jazidas em geral. A
adio de outros componentes pode variar de um tipo de cimento para o outro e so
principalmente eles que definem os diferentes tipos de cimento.
importante observar que o processo natural de fabricao do clnquer, chamado de
calcificao, responsvel por significativas emisses de dixido de carbono (CO2), o qual
contribui para o aquecimento global, como j explicitado anteriormente.
De acordo com o DRM-RJ, no estado do Rio de Janeiro, as maiores reservas e
produo de calcrio para cimento so encontradas no municpio de Cantagalo. De fato, l
se podem encontrar grandes empresas produtoras de calcrio como, Holcim Brasil, Cimento
Rio Branco SA e Companhia Cimento Portland Itau.
Dessa forma, foi levado em considerao que as matrias-primas do Cimento
Portland sejam extradas no municpio de Cantagalo juntamente com o calcrio.
6.3.2.1.3.Cermica
Segundo a Associao Brasileira de Cermica (ABC), os materiais com colorao
avermelhada largamente empregados na construo civil, como blocos cermicos, telhas e
revestimentos cermicos possuem argila em sua composio e que devido a este fator
apresentam cor avermelhada.
Conforme o Ministrio de Minas e Energia (MME), os principais arranjos produtivos
mneros-cermicos do estado do Rio de Janeiro so Campo dos Goytacazes, Trs Rios e
Itabora. Dessa forma, o municpio de Itabora foi escolhido como local de extrao da argila
ao se observar a sua proximidade com a cidade de So Gonalo.
6.3.2.1.4.Madeira
So inmeros os usos da madeira na construo civil, desde os elementos
estruturais, passando por painis de revestimentos externos e internos, pisos e forros at
esquadrias.
Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT), para atender esses usos na
construo civil os principais centros demandantes de madeira serrada, localizados nas
Regies Sul e Sudeste, se abasteceram durante dcadas com o pinheiro-do-paran
(Araucaria angustifolia) e a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron), explorados nas
florestas nativas dessas regies (INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS). No
entanto, o consumo desenfreado dessas reservas tem provocado substituio dessas
espcies por outras nem sempre adequadas ao uso pretendido.
37
Na Tabela 3, observam-se indicaes quanto ao uso das madeiras na construo
civil.
Tabela 3 - Usos das madeiras na construo civil (adaptado de IPT, 2003)
Tipo de Construo Descrio Indicaes de madeira
Construo civil pesada
interna
Peas de madeira serrada
na forma de vigas,
caibros, pranchas e
tbuas utilizadas em
estruturas de cobertura.
Peroba-rosa era
tradicionalmente empregada.
Construo civil leve externa
Peas de madeira serrada
na forma de tbuas e
pontaletes empregados
em usos temporrios
(andaimes, escoramentos
e formas para concreto) e
s ripas e caibros utilizadas
e partes secundrias de
estruturas de cobertura.
Pinheiro-do-Paran era
tradicionalmente empregada
Construo civil leve interna
decorativa
Peas de madeira serrada
e beneficiada, como
forros, painis, lambris e
guarnies, onde a
madeira apresenta cor e
desenhos considerados
decorativos.
Construo civil leve interna
de utilidade geral Idem anterior.
Construo civil leve, em
esquadrias
Peas de madeira serrada
e beneficiada, como
portas, venezianas,
caixilhos.
Pinheiro-do-Paran
referncia para estes usos.
Construo civil assoalhos
domsticos
Peas de madeira serrada
e beneficiada (tbuas
corridas, tacos, taces e
parquetes).
38
Apesar da indicao de busca de espcies alternativas s madeiras Pinheiro-do-
Paran e Peroba Rosa, as mesmas foram selecionadas como as madeiras a serem
empregadas nos sistemas de estruturas, esquadrias e cobertura da edificao, conforme
Tabela 4. Esta escolha justifica-se no apenas por elas ainda serem especificadas para
alguns usos, mas tambm, pela ocorrncia de reas de reflorestamentos destas espcies.
Alm disso, ressalta-se tambm a facilidade ao acesso de informaes sobre ambas as
espcies, bem como a presena das mesmas na base de dados utilizada.
Tabela 4 - Madeira empregada nos sistemas da edificao
Sistema Aplicao Madeira
Estrutura Formas Pinheiro-do-Paran
Esquadrias Portas e janelas Pinheiro-do-Paran
Cobertura Estrutura do telhado Peroba-Rosa
Ainda segundo o IPT, a Peroba-Rosa pode ser encontrada no estado de Minas
Gerais, mais precisamente na Serra da Mantiqueira. J a espcie Pinheiro-do-Paran pode
ser encontrada nas Regies Sul e Sudeste do pas, no entanto, devido a sua maior
concentrao no estado do Paran, considerou-se a sua regio norte como local de
extrao desta espcie, mais precisamente s proximidades do municpio de Maring.
6.3.2.2.Fabricao
Para a fase de fabricao, considerou-se que alguns materiais sero fabricados no
mesmo local de extrao, tais como o cimento e os revestimentos cermicos. Esta deciso
no apenas levou em considerao a simplificao da anlise como tambm a realidade da
indstria de insumos da construo civil, visto que a grande maioria das fbricas localiza-se
junto ou prxima ao local de extrao das matrias-primas. Como exemplificao, podem-se
citar as indstrias de cimento que formam um grande complexo reunindo em um mesmo
local a extrao da matria-prima e a fbrica de cimento (NETO, 2007).
6.3.2.2.1.Ao
De acordo com o Instituto Ao Brasil, no estado do Rio de Janeiro, esto em
operao as siderrgicas Cosigua/Gerdau (Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro) que
produz aos longos para a construo civil, tanto para os mercados internos e externos;
CSN que se localiza em Volta Redonda que produz folhas e laminados tambm para os
mercados internos e externos. CSA que se localiza em Santa Cruz, Zona Oeste da cidade
do Rio de Janeiro, com produo destinada apenas para o mercado externo; Siderrgica
Barra Mansa (Votorantim Siderurgia) que fabrica ao para atender as demandas do
39
mercado interno de construo civil; e finalmente uma recente siderrgica em Resende,
tambm da Votorantim Siderurgia, fabricando aos longos para a construo civil nacional.
Dessa forma, levando em conta no apenas proximidade da fbrica com os locais
de extrao e da localizao da edificao, mas tambm a orientao da produo, a
siderurgia Cosigua/Gerdau em Santa Cruz, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi
escolhida como local de produo dos materiais em ao.
6.3.2.2.2.Cimento
Como j explicitado anteriormente, o cimento ser fabricado no mesmo local da
extrao de suas matrias-primas, no municpio de Cantagalo.
6.3.2.2.3.Cermica
Da mesma maneira como o ocorrido com o cimento, considerou-se como local de
fabricao dos materiais cermicos o mesmo local de extrao de suas matrias-primas, no
municpio de Itabora.
6.3.2.2.4.Madeira
Segundo Asner et al. (2006), a extrao convencional de madeira ocorre
predominantemente em reas com distncias de at 25 km entre floresta e rodovias
existentes. Assim, considerou-se para ambas as espcies, uma distncia de 25 km a ser
percorrida entre a extrao e a serraria, onde ocorre o desdobramento da madeira.
Para facilitao do estudo, considerou-se que o acabamento das peas estruturais e
formas e a fabricao e montagem das esquadrias sero realizados junto s serrarias.
6.3.2.3.Distribuio
Nesta etapa, estimaram-se os deslocamentos entre as etapas de distribuio e a
montagem dos materiais de construo. Inicialmente, privilegiou-se a hiptese na qual os
fornecedores se localizam na cidade de So Gonalo, nas proximidades da construo a ser
edificada. Em seguida, o clculo do deslocamento necessrio consistiu na escolha de trs
fornecedores de materiais cujas distncias at o local da construo foi retirada a mdia, a
fim de obter uma melhor estimativa.
A obteno das distncias entre os locais de distribuio dos materiais at o local da
construo foi atravs da utilizao do recurso Google Maps, no qual foi selecionada a
mdia das distncias dos possveis trajetos para um veculo particular. Dessa forma, foi
40
possvel obter um valor mdio aproximado para a distncia dos fornecedores ao local da
construo.
6.3.2.3.1.Concreto
Tabela 5 - Tabela de fornecedores de concreto considerados na cidade de So Gonalo
Fornecedor Endereo Distncia
Supermix Concreto S/A Est. Ania, s/n, Colubande, So Gonalo, RJ 8,8 Km
Concreto Redimix Brasil Est. Carioca, 201, Rocha, So Gonalo, RJ 6,6 Km
Concrelago Concreto LTDA Av. Presidente Roosevelt, 1520, Vista Alegre, So
Gonalo, RJ 13,8 Km
6.3.2.3.2.Materiais cermicos e argamassa
Tabela 6 - Tabela de fornecedores de materiais cermicos e argamassa considerados na cidade de So Gonalo
Fornecedor Endereo Distncia
SJ Material de Construo R. Gov. Agamenon Magalhes, 101, Boa Vista, So
Gonalo, RJ 5,4 Km
Barraco do Construtor Est. do Pacheco, 402, loja 2, Pacheco, So Gonalo,
RJ 7,8 Km
C & C Casa e Construo R. Oliveira Botelho, 349, Neves, So Gonalo, RJ 12,8 Km
6.3.2.3.3.Ao
Tabela 7 - Tabela de fornecedores de ao considerados na cidade de So Gonalo
Fornecedor Endereo Distncia
Gerdau Comercial de Aos S/A R. So Gonalo, 196, Neves, So Gonalo, RJ 12,2 Km
C & C Casa e Construo R. Oliveira Botelho, 349, Neves, So Gonalo, RJ 12,8 Km
Ferromar Comrcio de Ferro e
Ao Av. So Miguel, So Miguel, So Gonalo, RJ 2,2 Km
41
6.3.2.3.4.Estruturas, esquadrias e formas em madeira
Tabela 8 - Tabela de fornecedores de madeira considerados na cidade de So Gonalo
Fornecedor Endereo Distncia
R15 Madeireira R. Clodomiro Antunes da Costa, loja 1, Arsenal, So
Gonalo, RJ 11,1 Km
BMV Atacado das Madeiras Av. Presidente Roosevelt, 188, Vista Alegre, So
Gonalo, RJ 13,6 Km
Real Madeiras Av. So Paulo, 270, Trindade, So Gonalo, RJ 1,4 Km
6.3.2.3.5.Distncias finais
Tabela 9 - Distncia final a ser consideradas na distribuio dos materiais de construo
Materiais Distncia mdia aproximada
Ao, argamassa, blocos cermicos, concreto, lajotas
cermicas e peas em madeira 10 Km
6.3.2.4.Fim de vida
H diversas possibilidades para a destinao final dos resduos no fim de vida de
uma edificao, cada um com diferentes impactos sobre o meio ambiente, custos e emprego
tecnolgico. Segundo Costa (2012), as decises tomadas na fase de fim de vida de uma
edificao podem inferir diretamente na gerao de resduos e danos ao meio-ambiente,
como o desperdcio de recursos naturais.
As edificaes so responsveis por uma importante produo de resduos, em sua
maioria inerte e no txica. Estes resduos apresentam problemas de eliminao e
geralmente so absorvidos por terrenos baldios ou aterros, consequentemente provocam
interferncias no uso do solo e geram emisses na gua e no solo (ROUVREAU et al,
2010).
No Brasil, no existe um padro de atividades nas demolies, apenas
recomendaes de segurana e usos de equipamentos.
42
Tabela 10 - Classificao dos resduos da Construo Civil (Resoluo n302, CONAMA).
Classes Resduos
A
So os resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como:
a) de construo, demolio, reformas e reparos de pavimentao e de outras
obras de infra estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construo, demolio, reformas e reparos de edificaes: componentes
cermicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricao e/ou demolio de peas pr-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
B So os resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos,
papel/papelo, metais, vidros, madeiras e outros;
C
So os resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicaes economicamente viveis que permitam a sua reciclagem/recuperao,
tais como os produtos oriundos do gesso;
D
So os resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como: tintas,
solventes, leos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolies,
reformas e reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e outros.
Tabela 11 - Destinao final dos resduos da Construo Civil (Resoluo n302, CONAMA).
Classes Resduos
A
Devero ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados
a reas de aterro de resduos da construo civil, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilizao ou reciclagem futura;
B
Devero ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a reas de
armazenamento temporrio, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilizao
ou reciclagem futura;
C Devero ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as
normas tcnicas especificas.
D Devero ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas tcnicas especificas.
Dessa forma, segundo a resoluo n307/2002 (e atualizaes) do CONAMA, os
materiais cimento e cermica esto classificados como resduos da construo civil de
classe A, os quais devem ser reciclados ou destinados a aterros especficos para resduos
da construo civil. J o ao e a madeira se classificam como classe B entre os resduos de
43
construo civil, e devero ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a reas de
armazenamento temporrio para posterior reaproveitamento.
Por um lado, ns sabemos, entretanto, que na prtica a maior parte dos resduos da
construo civil no Brasil tem sua destinao final em aterros especficos ou no. De fato,
segundo Gonalves (2012), apenas 1% dos entulhos reciclado no Brasil, e a grande
maioria tem sua destinao final em aterros e terrenos baldios.
Por outro, devemos considerar tambm a efetiva reutilizao de alguns materiais e
produtos quando da demolio de uma edificao, principalmente ao se tratar de esquadrias
e outros elementos em madeira. Este processo muito se d atravs da comercializao das
peas usadas.
Com isso, faz-se necessria uma considerao mais realista para o fim de vida dos
materiais estudados, na qual sero tambm levados em conta aterros industriais para os
resduos de construo civil de classe B, conforme indicao do SindusCon disponvel na
Tabela 12.
Tabela 12 - Destinao dos resduos da Construo Civil (adaptado de SindusCon-SP, 2012).
Destinao Classe A Classe B
Reutilizao no prprio
canteiro Reutilizao no prprio canteiro
Reciclagem no prprio
canteiro Reciclagem no prprio canteiro
Pontos de entrega Apenas pequenos volumes
reas de transbordo e
triagem rea de Transbordo e triagem
reas de reciclagem Usinas de reciclagem de
resduos classe A
Aterros de resduos Aterros de resduos classe A
Aterros para resduos
industriais
Quando no houver outra
alternativa local
Outros fornecedores Resduos de embalagens
reaproveitveis
Sucateiros/ Cooperativas/
Grupos de coleta seletiva Resduos reciclveis
Responsabilidade
compartilhada Logstica reversa
44
De posse dos dados supracitados, estipulou-se a seguinte distribuio dos resduos:
Tabela 13 - Distribuio dos resduos no seu fim de vida
Classe Material Quantidade Destinao Final
Classes A Cimento e cermica 25% Usina de Reciclagem
75% Aterro Sanitrio
Classe B Ao e madeira 50% Usina de Reciclagem
50% Aterro Sanitrio
Sabendo-se que prximo cidade de So Gonalo existe uma usina de reciclagem
para resduos slidos, localizada na Estrada Porfrio Ernesto Mendona, em Rio Bonito,
considerou-se que os resduos a serem reciclados sero para l encaminhados. Enquanto
que os resduos a serem aterrados sero encaminhados para um aterro localizado na
prpria cidade de So Gonalo, no bairro de Anai Pequeno.
Tabela 14 - Distncias at a destinao final dos materiais de construo
Material Destinao Final Endereo Distncia
Classes A e B Usina de Reciclagem Est. Porfrio Ernesto Mendona, Rio Bonito , RJ 55 Km
Classes A e B Aterro Sanitrio Anai Pequeno, So Gonalo, RJ 12 Km
6.3.2.4.1.Transporte dos resduos
O transporte de resduos pode ser realizado pelo construtor ou por uma empresa da
rea de coleta de resduos. Recomenda-se que seja contratada uma empresa especializada
para manejar o resduo de forma segura e no poluidora. As escolhas para os destinos dos
resduos interferem na produo de CO2, atravs do transporte, devido s distncias
percorridas (COSTA, 2012).
Seguindo as recomendaes do Sinduscon-SP (2012) que esto ilustradas na
Tabela 15, selecionou-se os veculos a serem utilizados no transporte de resduos que se
encontram na Tabela 16.
45
Tabela 15 - Equipamentos para transporte de Resduos da Construo Civil (Fonte: Sinduscon-SP, 2012)
Veculos e equipamentos Tipos de resduos a serem transportados
Caminho com equipamento poliguindaste
ou caminho com caamba basculante,
coberto com lona.
Blocos de concreto, blocos e outros
componentes cermicos, argamassas,
concreto, tijolos e assemelhados; gesso
(revestimento, placas acartonadas e
artefatos); telas de fachada e de proteo;
solo.
Caminho com equipamento poliguindaste,
caminho com caamba basculante ou
caminho com carroceria de madeira,
coberto com lona.
Madeira
Caminho, caminhonete ou outro veculo de
carga (desde que os bags sejam retirados
fechados para impedir mistura com outros
resduos e disperso durante o transporte).
Papelo (sacos e caixas de embalagens dos
insumos utilizados durante a obra) e papel;
serragem e EPS (poliestireno expandido,
exemplo: isopor).
Caminho preferencialmente equipado com
guindaste para elevao de cargas pesadas
ou outro veculo de carga.
Metal
Caminhes ou outros veculos de carga
cobertos.
Material, instrumentos e embalagens
contaminados por resduos perigosos
(exemplos: pincis, panos, estopas,
embalagens, etc.).
Tabela 16 - Veculos utilizados no transporte dos resduos de construo civil
Classe Material Veculo
Classe A Cermica
Caminho com equipamento poliguindaste Cimento
Classe B Ao Caminho com guindaste
Madeira Caminho com equipamento poliguindaste
46
6.3.2.4.2.Deslocamentos para a distribuio e transporte
a) Ao
Tabela 17 - Deslocamentos para a distribuio e transporte do ao
Etapa Origem Destino Distncia
Extrao Minas Gerais Rio de Janeiro 540 km
Fabricao Rio de Janeiro So Gonalo 100 km
Distribuio So Gonalo So Gonalo 10 km
Fim de vida So Gonalo Rio Bonito 55 km
So Gonalo 12 km
b) Cermica
Tabela 18 - Deslocamentos para a distribuio e transporte da cermica
Etapa Origem Destino Distncia
Extrao Itabora Itabora 0 km
Fabricao Itabora So Gonalo 24 km
Distribuio So Gonalo So Gonalo 10 km
Fim de vida So Gonalo Rio Bonito 55 km
So Gonalo 12 km
c) Cimento
Tabela 19 - Deslocamentos para a distribuio e transporte do cimento
Etapa Origem Destino Distncia
Extrao Cantagalo Cantagalo 0 km
Fabricao Cantagalo So Gonalo 180 km
Distribuio So Gonalo So Gonalo 10 km
Fim de vida So Gonalo Rio Bonito 55 km
So Gonalo 12 km
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d) Madeira Peroba-Rosa
Tabela 20 - Deslocamentos para a distribuio e transporte da madeira Peroba
Etapa Origem Destino Distncia
Extrao Serra da Mantiqueira Serra da Mantiqueira 25 km
Fabricao Serra da Mantiqueira So Gonalo 345 km
Distribuio So Gonalo So Gonalo 10 km
Fim de vida So Gonalo Rio Bonito 55 km
So Gonalo 12 km
e) Madeira Pinheiro-do-paran
Tabela 21 - Deslocamentos para a distribuio e transporte da madeira Pinheiro-do-paran
Etapa Origem Destino Distncia
Extrao Paran Paran 25 km
Fabricao Paran So Gonalo 1.230 km
Distribuio So Gonalo So Gonalo 10 km
Fim de vida So Gonalo Rio Bonito 55 km
So Gonalo 12 km
6.3.2.5.Limitaes da fronteira do sistema
Nesta seo sero feitas algumas consideraes em relao s limitaes da
fronteira do sistema. Alm disso, ressalta-se que ser tambm feita uma reviso das
limitaes e consideraes j definidas nos itens anteriores afim de melhor explicit-las.
Na fase de fabricao, considerou-se como o local de sua realizao o mesmo local
que se d a extrao das matrias-primas. Alm disso, foram levados em conta os fluxos de
energia e de material necessrios para a produo de cada componente em estudo. Os
processos de fabricao foram utilizados diretamente a partir do banco de dados Ecoinvent
ou Idemat 2001.
No que diz respeito fase de distribuio, considerou-se uma mdia das distncias
dos fornecedores existentes nas proximidades do local da construo para o clculo dos
impactos gerados pelo transporte nesta etapa.
A etapa de uso e operao da edificao, bem como reformas e manutenes foram
excludas da avaliao do ciclo de vida essencialmente por razes de simplificao.
48
Finalmente, na etapa de fim de vida, foram levados em conta apenas os cenrios nos
quais os resduos so destinados a aterros sanitrios e processados por reciclagem.
No foram levados em conta os processos de infraestrutura, ou seja, a construo de
fbricas, nem a fabricao de equipamentos e veculos necessrios para a produo,
operao e transportes dos materiais, respectivamente.
6.3.3. Base de Dados
Para a viabilizao da avaliao do ciclo de vida foi utilizada a base de dados do
Ecoinvent, considerado um lder mundial no fornecimento de inventrio de ciclo de vida.
Como complemento, utilizou-se tambm a base de dados Idemat 2001.
6.3.3.1.Qualidade dos dados
Segundo a norma (ISO 14040, 2006), as exigncias relativas qualidade dos dados
especificam em termos gerais as caractersticas dos dados necessrias ao estudo. Alm
disso, as descries da qualidade dos dados so importantes para compreender a confiana
e interpretar corretamente os resultados do estudo.
A qualidade dos dados est baseada essencialmente em trs critrios: os fatores
temporais e geogrficos (domnio espao-temporal) e o fator ligado s diferentes tecnologias
utilizadas nos processos do ciclo de vida.
Neste contexto, destaca-se principalmente o fato das bases de dados serem de
origem estrangeira e consequentemente retratarem a realidade europeia. Alm disso, a
tecnologia da construo civil propriamente dita no pas em grande parte artesanal,
diferentemente do que ocorre nos pases de referncia.
Dessa forma, buscaram-se adequar os processos constituintes dos inventrios
modelados sempre que possvel, tais como deslocamentos necessrios e o tipo de energia
empregada, algumas vezes nuclear. Isso juntamente com a confiabilidade das informaes
justifica a utilizao das referidas bases de dados, mesmo que inseridas em outro cenrio.
6.3.3.2.Insero dos dados
Faz-se necessria uma correspondncia adequada entre os materiais selecionados
para o estudo e os materiais fornecidos pela base de dados, em ateno ao
comprometimento dos resultados quantitativos de impactos gerados. Dessa forma, foi feita
uma adaptao entre os materiais e seus processos aos cenrios j definidos. Na Tabela
22, podem-se ser verificados os materiais adotados.
49
Tabela 22 - Especificaes dos materiais adotados
Material Correspondncia
Ao Reinforcing steel, at plant/RER U
Cermica Ceramics I
Cimento Portland calcareous cement, at plant/CH U
Madeira Pinheiro-do-Paran Paranapine I
Peroba-Rosa Peroba I
Ainda neste contexto, para o transporte dos insumos na estrada foi considerado o
caminho Transport, lorry> 28, fleetaverage/RER U, e dentro da cidade, o caminho
Transport, lorry> 16, fleetaverage/RER U. No que diz respeito fonte de energia empregada
nos processos de produo e transformao dos materiais, o perfil energtico europeu foi
substitudo pela Electricity, mdium voltage, production BR, at grid/BR U, a qual leva em
conta a produo de energia no Brasil.
6.4. INVENTRIO DO CICLO DE VIDA
A segunda fase de uma avaliao de ciclo de vida a fase do inventrio do ciclo de
vida (ICV), na qual ocorre a identificao dos fluxos no elementares e a quantificao dos
fluxos elementares. Estes se diferenciam pelo fato de serem entradas e sadas de
processos existentes nas diferentes etapas do ciclo de vida, entre os agentes e ocorridas no
meio ambiente, conforme Figura 8.
De acordo com a norma (ISO 14040, 2006), esta fase cataloga os dados de entrada
e sada reportados ao sistema estudado. O inventrio implica na coleta de dados
necessrios para alcanar os objetivos do estudo.
50
Figura 8 - Fluxos nas etapas do ciclo de vida (Fonte: Module de sensibilisation lco-conception, ADEME/MATE, 2001)
As informaes resultantes da anlise de inventrio do ciclo de vida do subsdios
para o aprimoramento do processo produtivo, criando oportunidades de melhoria de