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As Novas Cantoras do Brasil 1 | Página As Novas Cantoras do Brasil Uma biografia de Karina Buhr, Tulipa Ruiz e Roberta Sá Projeto de Pesquisa do Projeto Experimental apresentado como exigência para a obtenção parcial do título de Bacharel em Jornalismo do Curso de Comunicação Social da Universidade Paulista.

TCC - Capítulo II do livro "As novas cantoras do Brasil"

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Capítulo II do Trabalho de conclusão de curso, livro "As novas cantoras do Brasil". Uma biografia de Karina Buhr, Tulipa Ruiz e Roberta Sá. Apresentado em dezembro/2012, aprovado pela banca examinadora, nota 9,5

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As Novas Cantoras do Brasil

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As Novas Cantoras

do Brasil

Uma biografia de Karina Buhr, Tulipa Ruiz e

Roberta Sá

Projeto de Pesquisa do Projeto Experimental apresentado como exigência para

a obtenção parcial do título de Bacharel em Jornalismo do Curso de

Comunicação Social da Universidade Paulista.

As Novas Cantoras do Brasil

2 | P á g i n a

As Novas Cantoras

do Brasil

Uma biografia de Karina Buhr, Tulipa Ruiz e

Roberta Sá

Aline Peralta

Iara Vasques

Renata Rocha

As Novas Cantoras do Brasil

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“Vida que cai em mim

Bem vinda seja

Nessa tarde que passa mansa

E despreocupada comigo”

Bem Vindas – Karina Buhr

Capítulo II

****

Bem Vinda Seja...

Karina Buhr nasceu em Salvador, é filha de pai baiano e mãe

pernambucana. Aos 8 anos, com a separação dos pais, foi morar em Recife e

atualmente reside em São Paulo. É cantora, compositora, ilustradora e atriz.

Não veio de uma família de músicos. Apenas seu avô materno – vindo da

Alemanha para Recife em 1935, com 18 anos – tocava órgão em uma igreja na

época que chegou ao Brasil, tempos difíceis que antecediam a Segunda

Guerra Mundial.

Quando o avô veio para o país como seminarista, tinha vontade de se

tornar padre, mas ao conhecer a avó de Karina – uma corista da igreja – se

apaixonou e desistiu da batina, dando início da família Buhr.

Karina tem mais dois irmãos, Priscilla e Alexandre Buhr. Karina e Alexandre

nasceram em Salvador do primeiro casamento de sua mãe, já Priscilla veio

depois, quando eles já tinham voltado para Recife, de outra união.

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Segundo Priscilla, seus irmãos sempre se deram bem e brincavam o tempo

todo. “Karina sempre foi ligada à arte, ouvia música, dançava e eu ficava

imitando. Lembro que eu gostava muito ficar dançando com ela, pegava seus

vestidos, me maquiava e ficava horas brincando de ser Karina, temos um

bocado de fotos assim” conta.

Karina sempre gostou de música, mas a princípio apenas por diversão.

Quando pequena, esperava todo mudo sair de casa, só para ligar o som no

último volume e ficar dançando e cantando na sala.

Priscilla conta que foi nessa época em que Karina começou a fazer seus

desenhos, feitos apenas com grafite, os achava muito bonitos e pegava

escondido alguns para colorir: “No começo Karina se „arretava‟, mas no final

das contas acabava achando bonitinho” brinca.

As irmãs Buhr cresceram, os gostos foram mudando e as duas tomaram

rumos diferentes: Priscilla se interessou por Jornalismo e Fotografia, já Karina

continuou com música, começando a tocar em maracatus em Recife e Olinda.

“Minha irmã sempre foi artista, desde pequena. Nossa mãe sempre nos

estimulou e ela começou a se destacar”, revela Pricilla.

O pai queria que fosse juíza, Karina queria entrar para algum bloco da

cidade. Tentou cursar uma faculdade, entre suas opções incluíam Direito,

Letras e até Artes Plásticas, mas não fez nenhuma. Entrou em um

conservatório para aprender bateria, mas seu professor insistia na ideia de que

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ela deveria ter escolhido algo mais feminino, como o balé, mas Karina não lhe

deu ouvidos.

Desde cedo conviveu com esse paradigma, de ser mulher e que querer

fazer algo que até então era considerado “coisa de homem”. Em entrevista ao

jornalista Bruno Torturra, à Revista TPM de abril de 2012, Karina explica: “É um

pensamento pesado, arraigado, de que mulher é pra namorar, casar, dançar

balé... mas não é igual”.

Aos 16 anos, teve seu primeiro contato efetivo com a música, no início dos

anos 90, época de ebulição musical de Pernambuco, com o surgimento

Mangue Beat, importante movimento que surgiu em Recife, quando duas

influentes bandas da época, Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre

S/A resolveram misturar música pop internacional (rap, música eletrônica e o

rock neopsicodélico) ao regionalismo da música de pernambucana, como o

coco, a ciranda, o maracatu e o caboclinho.

Segundo o jornalista José Flávio Jr, a cidade de Pernambuco, de certa

forma, é a São Paulo do Nordeste e há muita gente interessada em música de

vanguarda, escrevendo e lendo sobre música. “O resultado disso é uma cena

cerebral, em um local com vocação para o baile, para a festa, mas em meio a

essa mistura acabam surgindo artistas híbridos, como Chico Science & Nação

Zumbi, que possuíam discurso próprio e também apelo para fazer dançar”, diz.

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Enquanto Karina se envolvia cada vez mais com música, fazendo parte de

algumas bandas da cidade, Priscilla se dedicava ao jornalismo, e a paixão por

cinema e logo pela fotografia.

Quando Priscilla resolveu fazer seu primeiro curso de fotografia teve total

apoio e incentivo da irmã, tanto que sua primeira câmera foi um presente dela:

“Karina estava gravando o segundo disco com o Comadre Fulozinha quando

me presenteou com uma Praktica, da antiga Alemanha Oriental, que tinha sido

do pai dela e foi com essa câmera que aprendi a fotografar”.

O primeiro trabalho de Priscilla como fotógrafa profissional não poderia ser

diferente, tinha que ser relacionado à irmã: “Karina precisava de fotos de

divulgação para o disco do Comadre, e me instigou a fazer as fotos. Eu estava

bem no começo, cheia de inseguranças, mas ela me apoiou, me deu uma

super força e eu consegui fazer as fotos”, conta.

Esse momento foi sem dúvida um divisor de águas para ambas, Karina

continuou com o Comadre Fulozinha e Priscilla se dedicou de vez à fotografia e

até hoje as duas mantém a parceria: “Temos uma ligação muito forte e sempre

que posso fotografo seus shows e é uma reação de troca muito bonita, eu amo

fotografá-la!”, finaliza.