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Tcc engenharia de Energia, avaliação de vantagens de micro e minigeração utilizando energia fotovoltaica.
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DANNIEL ROBERTO MODESTO PIZATTOFÁBIO BARCELLAR DE OLIVEIRA
JOSÉ FLÁVIO TEIXEIRA
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
Brasília – DF
2014
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
*Danniel Roberto Modesto Pizatto**Fábio Barcellar de Oliveira***José Flávio Teixeira
Artigo apresentado ao final do curso, como parte dos requisitos para obtenção do título de Pós-Graduação em Engenharia de Energia, pela RTG.
Orientador: Profª. Alline Braga Guimarães
Aprovado em 30/05/2014
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
PROF. ESPEC. ALLINE BRAGA GUIMARÃES.
RESUMO
A consciência da importância da utilização de fontes renováveis desponta em diversos países, com destaque para a energia solar fotovoltaica, que diariamente incide sobre a superfície da terra mais energia vinda do sol do que a demanda total de todos os habitantes de nosso planeta em todo um ano. Dentre as diversas aplicações da energia solar, a geração direta de eletricidade através do efeito fotovoltaico se apresenta como uma das mais variáveis formas de geração direta de eletricidade. Portanto através do efeito fotovoltaico, células solares convertem diretamente a energia do sol em energia elétrica de forma estática, silenciosa, não-poluente e renovável. Este artigo descreve uma das mais recentes e promissoras aplicações da tecnologia fotovoltaica: a integração de painéis solares ao entorno construído, de forma descentralizada e com interligação da instalação geradora à rede elétrica.Uma característica fundamental de sistemas fotovoltaicos instalados no meio urbano é principalmente a possibilidade de interligação à rede elétrica pública, dispensando assim os bancos de baterias necessários em sistemas do tipo autônomo e os elevados custos e manutenção decorrentes.Estes sistemas são instalados de tal maneira que, quando o gerador solar fornece mais energia do que a necessária para o atendimento da instalação consumidora, o excesso é injetado na rede elétrica: a instalação consumidora acumula um crédito energético (o relógio contador típico é bidirecional e neste caso anda para trás). Por outro lado, quando o sistema solar gera menos energia do que a demandada pela instalação consumidora, o déficit é suprido pela rede elétrica.
Palavras-Chave: 1.Energia Solar. 2.Fotovoltaica. 3.Paineis Solares
____________*Daniel Roberto Modesto Pizatto – Graduado em Engenharia Elétrica – UNIP**Fábio Barcellar de Oliveira – Graduado em Engenharia Elétrica – UNIP***José Flávio Teixeira – Graduado em Engenharia Elétrica – UNIP e Processamento de Dados –UCB.
ABSTRACT
Awareness of the importance of using renewable sources emerges in several countries, especially solar photovoltaic, daily focuses on the earth's surface more energy coming from the sun than the total demand of all inhabitants of our planet in an entire year.Among the various applications of solar energy, the direct generation of electricity through the photovoltaic effect is presented as one of the most variable forms of direct generation of electricity.Therefore, through the photovoltaic effect, solar cells directly convert the sun's energy into electricity static, silent, non- polluting and renewable way. This article describes one of the most recent and promising applications of PV technology: integration of solar panels to the built environment in a decentralized fashion and interconnection of the generating plant to the power grid.A key feature of installed PV systems in the urban environment is mainly the possibility of interconnection to the public power grid , thus eliminating banks of batteries needed in standalone type systems and the high cost and maintenance arising .These systems are installed in such a way that when the solar generator provides more energy than needed to meet the consumer's installation, the excess is injected into the grid: a consumer accumulates an energy credit facility (the typical clock counter is bidirectional and this case walking backwards). On the other hand, when the solar system generates less power than demanded by consuming installation, the deficit is supplied by mains.
Keywords: 1.Solar Energy. 2. Photovoltaic 3. Solar Panels
5
1. INTRODUÇÃO
O consumo de energia elétrica em todo o mundo é crescente e a
necessidade de ampliar os sistemas de geração é uma necessidade sempre
iminente. Para vencer tal desafio não basta somente ampliar ou construir novas
unidades de geração utilizando insumos e métodos tradicionais como as de
carvão, de derivados de petróleo, de fissão nuclear e outros. É preciso gerar
energia, porém para que não se agrave as condições climáticas globais, essa
deve ser de uma fonte limpa e renovável. As fontes de energia limpa mais
utilizadas são a do sol (energia solar fotovoltaica e energia termo solar), dos
ventos (energia eólica), dos rios (energia hidráulica), dos mares e oceanos
(energia mare motriz e energia das ondas), do calor terrestre (energia
geotérmica) e da matéria orgânica (biomassa).
A energia solar fotovoltaica possui um grande potencial, principalmente
quando instalada em residências conectadas à rede de distribuição. A
quantidade de sistemas fotovoltaicos instalados no mundo já supera 100 GW,
com maior participação da Europa, e apenas em 2012 foram instalados 29 GW
(REN21, 2013).
Fonte – REN21 – Renewable Energy Policy Network for the 21st CenturyDisponível em: <http://www.ren21.net/>. Acesso em: 21 abr 2014 Gráfico 1.2 – Capacidade de Energia Sola Fotovoltaica no Mundo, 1995-2012
6
Fonte – REN21 – Renewable Energy Policy Network for the 21st CenturyDisponível em: <http://www.ren21.net/>. Acesso em: 21 abr 2014 Gráfico 1.3 – Os dez maiores países com Energia Fotovoltaica Instalada.
O custo de instalação tem sido reduzido pela maior consolidação da
indústria, e nota-se uma crescente utilização de painéis fotovoltaicos em
telhados de casas ou integrados à edificação.
Fonte – Energia PuraDisponível em: <https://www.energiapura.com>. Acesso em: 21 abr 2014 Figura 1.1 – Casas com painéis fotovoltaicos integrados à edificação na Alemanha.
2. SITUAÇÃO ENERGÉTICA MUNDIAL
7
A demanda global por energia renovável continuou a aumentar durante
2011 e 2012, o fornecimento de cerca de 19% do consumo mundial de energia
final em 2011, com um pouco menos da metade da biomassa tradicional. A
energia térmica útil a partir de fontes renováveis modernas foram responsáveis
por um valor estimado de 4,1% do consumo total da energia final; hidrelétricas
representam cerca de 3,7%; e cerca de 1,9% foi fornecido pelas energias
eólica, solar, geotérmica e biomassa e dos biocombustíveis.
Fonte – REN21 – Renewable Energy Policy Network for the 21st CenturyDisponível em: <http://www.ren21.net/>. Acesso em: 21 abr 2014 Gráfico 2.1 – Energias renováveis instaladas no mundo, 2011.
A capacidade de energia renovável total mundial excedeu 1,470 GW em
2012, um aumento de cerca de 8,5% a partir de 2011. A energia hidrelétrica
subiu 3% para cerca de 990 GW enquanto outras fontes renováveis cresceram
21,5% ultrapassando 480 GW. Globalmente, a energia eólica representou
cerca de 39% da capacidade de energia renovável adicionada em 2012,
seguida pela energia hidrelétrica e da energia solar fotovoltaica, cada uma
sendo responsável por cerca de 26%.
Energias renováveis compõem pouco mais da metade do total de
adições líquidas a capacidade de geração elétrica a partir de todas as fontes
em 2012. No final do ano, elas correspondem a mais de 26% da capacidade de
geração global e forneceram uma estimativa de 21,7% da eletricidade global,
com 16,5% da eletricidade fornecida por energia hidrelétrica. Consumidores
industriais, comerciais e residenciais são cada vez mais produtores de energias
renováveis em um número crescente de países.
8
Fonte – REN21 – Renewable Energy Policy Network for the 21st CenturyDisponível em: <http://www.ren21.net/>. Acesso em: 21 abr 2014 Gráfico 2.2 – Energia renovável responsável pela produção mundial de eletricidade, 2012.
A maioria das tecnologias de energia renovável continuou a ver a
expansão na produção e demanda mundial durante 2012. No entanto, os
ambientes políticos incertos e o apoio em declínio afetaram o clima de
investimento em uma série de mercados estabelecidos, retardando a
aceleração na Europa, China e Índia.
As energias fotovoltaica e eólica onshore experimentaram reduções de
preços continuadas devido às economias de escala e avanços tecnológicos, e
também devido a um excedente de produção de módulos e turbinas.
Combinado com a crise econômica internacional e as tensões em curso no
comércio internacional, estes desenvolvimentos criaram novos desafios para
algumas indústrias renováveis, e particularmente para os fabricantes de
equipamentos, levando a consolidação da indústria. No entanto, eles também
abriram novas oportunidades e impulsionou empresas para explorarem novos
mercados. Energias renováveis estão se tornando mais acessíveis para uma
ampla gama de consumidores nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
Energias renováveis estão pegando velocidade em toda a Ásia, América
Latina, Oriente Médio e África, com novos investimentos em todas as
tecnologias. A região do Oriente Médio e Norte da África e África do Sul, em
particular, testemunharam o lançamento de novas metas ambiciosas em 2012,
bem como o surgimento de quadros políticos e fontes renováveis em
9
implantação. Mercados, fabricação e investimento deslocados cada vez mais
para os países em desenvolvimento durante 2012.
Os principais países responsáveis por reforçar as capacidades de
energias renováveis no final do ano foram China, Estados Unidos, Brasil,
Canadá e Alemanha; os principais países de capacidade não-hídrica foram
China, Estados Unidos, e Alemanha, seguidos pela Espanha, Itália e Índia. As
nações BRICS foram responsáveis por 36% da capacidade de energia
renovável mundial total e quase 27% dos não-hidro utilizando fontes
renováveis. A UE tinha mais capacidade não-hídrica no final de 2012, com
aproximadamente 44% do total global.
Muitos cenários conservadores mostram ações futuras de energia
renovável na faixa de 15-20% a nível global. Mas tais visões tornam-se cada
vez mais insustentáveis, dada a dinâmica de crescimento dos mercados nos
últimos dez anos e a evolução das tecnologias e a redução de custos visto nos
últimos anos. Muitos cenários "moderados" mostram ações de longo prazo na
faixa de 30-45%, e esta faixa é cada vez mais confiável em muitos países.
Além disso, muitas projeções de alta de energias renováveis mostram ações de
longo prazo na faixa de 50-95 %, e as projeções também estão crescendo mais
confiáveis e tornando-se integradas.
As projeções para a capacidade de energia renovável até 2030 a partir
de uma variedade de cenários mostram que a capacidade de energia eólica
deve aumentar entre 4 e 12 vezes, a energia solar fotovoltaica, entre 7 e 25
vezes, a CSP entre 20 vezes e 350 vezes, biomassa entre 3 e 5 vezes,
geotérmica entre 4 e 15 vezes, e hidro entre 30 % e 80 % (todos baseados em
real 2,011 GW de capacidade) (REN21, 2013).
3. SITUAÇÃO ENERGÉTICA BRASILEIRA
A matriz energética brasileira é a mais renovável do mundo. O Brasil
apresenta uma matriz de geração elétrica de origem predominantemente
renovável, sendo que a geração hidráulica responde por 70,1% da oferta
interna. Somando as importações, que essencialmente também são de origem
renovável, pode-se afirmar que 85% da eletricidade no Brasil é originada de
fontes renováveis. Do lado do consumo, o setor residencial apresentou
10
crescimento de 2,1%. O setor industrial registrou uma ligeira alta de 0,3% no
consumo elétrico em relação ao ano anterior. Os demais setores – público,
agropecuário, comercial e transportes – quando analisados em bloco
apresentaram variação positiva de 6,9% em relação ao ano anterior.
O setor energético cresceu 12,7%. Em 2012, com acréscimo de
aproximadamente 3,8 GW, a capacidade instalada das centrais de geração de
energia elétrica do Brasil alcançou 120.973 MW, na soma das centrais de
serviço público e autoprodutoras. Deste total, o acréscimo em centrais
hidráulicas correspondeu a 47,8%, ao passo que centrais térmicas
responderam por 40,0% da capacidade adicionada. A potência das usinas
eólicas atingiram 1.894 MW, o que proporcionou uma geração que
praticamente dobrou a fatia desta fonte na matriz elétrica nacional, o que
representa de aumento do grid nacional em 12,2%.
O aumento de 3,8% do consumo final de eletricidade de acordo com o
relatório do ano de 2013 da Empresa de Pesquisa Energética - EPE, foi puxado
pelas famílias e pelo setor de serviços, com aumento da geração térmica
convencional, especialmente das usinas movidas a gás natural, cuja
participação na matriz cresceu de 4,4% para 7,9%. Como decorrência houve
aumento das perdas na transformação (o rendimento da planta térmica na
conversão para eletricidade é bastante inferior ao da usina hidrelétrica).
Emissões.
Apesar do aumento da geração térmica, o setor elétrico brasileiro emitiu,
em média, apenas 82 kgCO2 para produzir 1 MWh. É um índice ainda muito
baixo quando se estabelecem comparações internacionais. Por exemplo, os
setores elétricos americano e chinês emitem, respectivamente, 7 e 11 vezes
mais. Por fim, cabe ressaltar que a base das informações aqui apresentadas
são os dados disponibilizados por diferentes instituições, que foram
complementados por estimativas realizadas a partir de indicadores setoriais, de
modo a compor o panorama geral de oferta e consumo de energia no Brasil no
ano de 2012.
4. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
11
De acordo com o INEE, Instituto Nacional de Eficiência Energética,
Geração Distribuída (GD) é uma expressão usada para designar a geração
elétrica realizada junto ou próxima dos consumidores, independente da
potência, tecnologia e fonte de energia.
Ao adotar a geração distribuída, é possível minimizar as perdas de
transmissão que ocorrem entre as grandes usinas geradoras e os centros de
carga. Segundo a Public Utility Comission of Texas (2001), as perdas de
transmissão representam entre 4 e 7% da energia transmitida.
Consequentemente, consegue-se maior eficiência energética (INEE, 2001)
A GD é uma tendência mundial devido à redução dos custos das
tecnologias de geração de menor escala, ao recente conceito de smartgrids e
também por causa das restrições ambientais impostas às fontes convencionais
extremamente emissoras de gases de efeito estufa (Cruz, José Cardoso,
2013). As formas de geração podem ser as mais diversas, desde micro centrais
hidrelétricas, pequenos aerogeradores, painéis fotovoltaicos, etc.
Na Alemanha, por meio de legislações especificas, foram incentivadas
conexões à rede de pequenos e micro geradores de energia ao sistema. Este é
considerado um dos maiores casos de sucesso mundial de geração distribuída
(MME, 2009).
No Brasil a resolução 482/2012 da ANEEL estimula os consumidores à
geração distribuída de energia elétrica a partir de fontes renováveis, o que
pode trazer ganhos significativos ao Sistema Elétrico Brasileiro à medida que
alcance maiores proporções. Para efeitos de diferenciação, a microgeração
distribuída refere-se a uma central geradora de energia elétrica, com potência
instalada menor ou igual a 100 quilowatts (kW), enquanto que a minigeração
distribuída diz respeito às centrais geradoras com potência instalada superior a
100 kW e menor ou igual a 1 megawatt (MW) (Cadernos Temáticos ANEEL,
Micro e Minigeração Distribuída, 2014).
Uma importante inovação trazida pela Resolução Normativa nº 482/2012
é o Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Esse sistema permite que a
energia excedente gerada pela unidade consumidora com micro ou
minigeração seja injetada na rede da distribuidora, a qual funcionará como uma
bateria, armazenando esse excedente até o momento em que a unidade
consumidora necessite de energia proveniente da distribuidora. Dessa forma, a
12
energia elétrica gerada por essas unidades consumidoras é cedida à
distribuidora local, sendo posteriormente compensada com o consumo de
energia elétrica dessa mesma unidade consumidora (ou de outra unidade
consumidora de mesma titularidade) (Cadernos Temáticos ANEEL, Micro e
Minigeração Distribuída, 2014).
Abaixo encontra-se um exemplo do faturamento de uma unidade
consumidora hipotética, comparando as faturas com GD e sem GD.
Fonte – Cadernos Temáticos ANEEL, Micro e Minigeração Distribuída - 2014Tabela 4.1 – Comparativo de faturas com ou sem Geração Distribuída.
5 – GERAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA
Existem diversas formas de aproveitamento da energia solar para
geração de eletricidade ou redução do seu consumo, podendo citar entre elas:
Iluminação natural de ambientes, reduzindo a necessidade de
iluminação artificial;
Aquecimento de água, em substituição ao chuveiro elétrico. Apesar de
não gerar eletricidade, contribui para a redução de grande parcela de
energia de uma unidade consumidora residencial;
13
Aquecimento de fluidos, que geram vapor e movimentam turbinas para
geração de energia elétrica; e
Geração direta de eletricidade pelo efeito fotoelétrico.
Este trabalho aborda o aproveitamento do potencial solar relacionado à
geração direta de eletricidade por meio de painéis fotovoltaicos nos quais a
potência gerada é função da incidência solar. A energia solar fotovoltaica (FV)
possui benefícios adicionais quando associada à geração distribuída, os quais
foram apresentados no tópico anterior.
5.1 – TIPOS DE INSTALAÇÃO
Os sistemas fotovoltaicos possuem flexibilidade para diversos tipos de
aplicações. Podem ser identificadas quatro configurações, dependendo de sua
finalidade. (IEA-PVPS, 2008):
Sistemas isolados domésticos: Provê eletricidade para residências e
vilarejos que não são atendidos pelo sistema elétrico convencional.
Normalmente a eletricidade é utilizada para pequenas cargas, de até 1
kW;
Sistemas isolados não-domésticos: Fornecem energia para sistemas
autônomos isolados, tais como estações de bombeamento, repetidoras
de telecomunicações e sistemas de navegação;
Sistemas conectados à rede de forma distribuída: Nesta configuração, a
energia gerada pode ser utilizada pela própria unidade consumidora ou
exportada para a rede de distribuição, após passar por um medidor de
energia bidirecional. As potências comumente encontradas nestas
configurações variam entre 2 e 5 kW;
Sistemas conectados à rede de forma centralizada: Este tipo de
instalação atua como uma usina tradicional, requerendo grandes áreas
para instalações de elevada potência, e por isso sua instalação é viável
apenas distante dos centros de carga.
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Fonte – Roos, Carolyn, 2009Figura 5.1 – Exemplo de geração fotovoltaica conectada à rede
5.2 – COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA
5.2.1 – CÉLULAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICOS
Os sistemas fotovoltaicos funcionam captando a energia luminosa do sol
e convertendo-a em eletricidade de baixa tensão e corrente. O seu princípio de
funcionamento é o mesmo de uma junção PN de um semicondutor, como um
diodo, posicionado próximo à superfície exposta ao sol (Patel, Mukund, 1999).
Os módulos solares são constituídos de várias células interligadas em
série e em seguida em paralelo. Estas células podem ser monocristalinas,
policristalinas ou amorfas. Algumas tecnologias de fabricação combinam dois
tipos de cristal.
O conjunto de painéis fornece, a depender a aplicação, 275V a 600V e
cada módulo provê entre 100W e 300W, dependendo das condições de
incidência solar.
A indústria tem oferecido diversas formas de montagem de painéis
solares, desde as tradicionais placas que podem ser instaladas sobre o telhado
quanto materiais de duplo propósito, tais como telhas com módulos solares
embutidos. Estes materiais, apesar de mais caros, tendem a reduzir o custo
final da instalação (Roos, Carolyn, 2009).
15
Fonte – Run Green PowerDisponível em: <http://www.rungreenpower.com/>. Acesso em: 21 abr 2014 Figura 5.2 – Painéis instalados sobre o telhado.
Fonte – Run Green PowerDisponível em: <http://www.areafranceram.com/>. Acesso em: 21 abr 2014 Figura 5.3 – Telhas com módulos solares.
5.2.2 – BANCOS DE BATERIA
Para aplicações onde é necessário armazenar energia, quando não há
incidência solar prolongada ou para alimentar cargas críticas, é preciso um
banco de baterias. As baterias comumente utilizadas em sistemas fotovoltaicos
são do tipo chumbo-ácido, seladas ou não.
O impacto da instalação de um banco de baterias reflete-se na
implantação e na manutenção, visto que sua durabilidade é inferior aos demais
componentes do sistema. A eficiência do sistema também é afetada, na ordem
de 10%, uma vez que parte da energia gerada nos painéis é perdida no
processo de recarga e flutuação.
16
5.2.2 – INVERSOR DE CORRENTE
Em sistemas conectados à rede, devem ser incluídos inversores de
corrente para compatibilização com a corrente alternada presente nas redes de
distribuição.
A corrente contínua que entra em um inversor é convertida em corrente
alternada de 50 ou 60 Hz, dependendo da localidade. A conversão é feita
utilizando o método PWM (Pulse Width Modulation).
Os inversores desempenham importante papel na eficiência da
instalação, que tipicamente verificada em instalações varia de 88% a 92%.
Para uma instalação conectada à rede, o inversor também deve
ser compatível com este tipo de topologia, tanto para garantir o paralelismo das
fontes, quanto para prover rápida desconexão da rede em caso de falta, não
expondo ao risco o pessoal de manutenção da concessionária.
Fonte – SMA Solar TechnologyDisponível em: <http://www.sma-portugal.com/>. Acesso em: 21 abr 2014 Figura 5.4 – Inversores de corrente.
Atualmente os inversores possuem uma série de recursos de
monitoramento dos parâmetros de geração e operação, tanto por meio de
interface homem-máquina, quanto interfaces de rede que permitem o
compartilhamento das informações via internet, como exemplo o site PV-Output
(http://www.pv-output.org).
5.2.3 – MEDIDORES
17
Para a correta contabilização da energia exportada para a rede da
concessionária, é necessária a instalação de um medidor de energia
bidirecional. Normalmente são utilizados medidores eletrônicos, porém
algumas concessionárias em países como Estados Unidos e Austrália utilizam
dois medidores eletromecânicos, um em cada sentido.
No Brasil, de acordo com a Resolução nº 482/2012 da ANEEL, os
custos relativos às adequações do sistema de medição necessárias para
implantação do sistema de compensação de energia elétrica são de
responsabilidade do acessante, devendo ser ressarcidos à distribuidora
acessada. Após a adequação do sistema de medição, contudo, será da
distribuidora a responsabilidade pela sua operação e manutenção, inclusive de
eventuais custos de substituição ou adequação.
5.2.3 – DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
Os principais dispositivos de proteção encontrados em uma instalação
Fotovoltaica são:
Supressor de surto na linha de alimentação DC;
Dispositivo de sobrecorrente dos painéis;
Dispositivo de seccionamento da alimentação DC;
Dispositivo de seccionamento da interconexão com a rede pública.
As concessionárias brasileiras já possuem normas de instalação de
sistemas de geração própria. Nestas normas, é dada ênfase ao seccionamento
da interconexão com a rede pública, obrigando que seja em local visível, de
fácil acesso e sinalizada.
18
Fonte – CEMIG CT 09/2013Figura 5.5 – Chave seccionadora.
CONCLUSÕES
No futuro, a solução para o problema da energia terá que passar não só
pela exploração de um método perfeito mas também pela procura de um
equilíbrio entre os diferentes métodos aplicados a diferentes realidades, tendo
em vista que a cada ano que passa, o mundo aumenta seu consumo de
energia. A tendência é que a utilização de energia seja incrementada ainda
mais, visando fornecer maior conforto e melhor qualidade de vida à população.
A consciência de que fontes renováveis de energia devem ter seu uso
intensificado está deixando de ser um ideal para se tornar realidade em
diversos países do mundo, que já adotaram metas para tornar suas matrizes
energéticas menos poluentes.
Em vista deste cenário, pode-se concluir que o nosso país deve investir
o quanto antes na energia solar, focando na pesquisa, no mercado consumidor
e na indústria relacionada à produção de sistemas fotovoltaicos. Os incentivos
devem ser feitos principalmente, e primeiramente, na estrutura tarifárias e nas
linhas de créditos nacionais, que são inadequadas para atender às
necessidades que possam estar interessadas em investir na geração
distribuída por células fotovoltaicas.
19
Por fim, espera-se que este artigo contribua para a disseminação da
energia solar fotovoltaica como geração distribuída no Brasil e no mundo, e o
mais importante que procurar novas formas de obter energia, de a aproveitar
ou armazenar, é sem dúvida conseguir reduzir os seus gastos, de maneira
acelerada, em direção ao desenvolvimento sustentável.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cadernos Temáticos ANEEL, Micro e Minigeração Distribuída – 2014.
Comunicado Técnico 09/2013 - Informações complementares à ND 5.30: requisitos para conexão de Acessantes ao sistema de distribuição Cemig – Conexão em baixa tensão.
CRUZ, José Luiz Cardoso, Geração distribuída, O Setor Elétrico. Disponível em http://www.osetoreletrico.com.br/web/component/content/article/57-artigos-e materias/1121-geracao-distribuida.html
Ministério de Minas e Energia – Relatorio do Grupo de trabalho de geração distribuída com sistemas fotovoltaicos, GT GDSF – 2009. Disponível em http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/mmegtsf.pdf
NELSON, Mike, Solar Electric System Design, Operation and Installation, Washington State University – 2009.
PATEL, Mukund, Wind and Solar power Systems – 1999.
Renewables Global Status Report, Renewable Energy Policy Network for the 21st Century – 2013. Disponível em http://www.ren21.net/gsr.