110
13 INTRODUÇÃO Embora a geração de resíduos oriundos das atividades humanas faça parte da própria história do homem, é a partir da segunda metade do século XX, com os novos padrões de consumo da sociedade industrial, que isso vem crescendo, em ritmo superior à capacidade de absorção pela natureza. Aliado a isso, o avanço tecnológico das últimas décadas, se, por um lado, possibilitou conquistas surpreendentes no campo das ciências, por outro, contribuiu para o aumento da diversidade de produtos com componentes e materiais de difícil degradação e maior toxicidade. Nos últimos 10 anos, a população brasileira cresceu 16,8%, enquanto que a geração de resíduos cresceu 48% (Fonte: IBGE, 1989/2000). Isso pode ser visto no aumento da produção (velocidade de geração) e concepção dos produtos (alto grau de descartabilidade dos bens consumidos), como também nas características "não degradáveis" dos resíduos gerados. Além disso, aumenta a cada dia a diversidade de produtos com componentes e materiais de difícil degradação e maior toxicidade. O descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais capazes de colocar em risco e comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.

TCC FINAL Bem Feito

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  • 13

    INTRODUO

    Embora a gerao de resduos oriundos das atividades humanas faa parte da

    prpria histria do homem, a partir da segunda metade do sculo XX, com os

    novos padres de consumo da sociedade industrial, que isso vem crescendo, em

    ritmo superior capacidade de absoro pela natureza.

    Aliado a isso, o avano tecnolgico das ltimas dcadas, se, por um lado,

    possibilitou conquistas surpreendentes no campo das cincias, por outro, contribuiu

    para o aumento da diversidade de produtos com componentes e materiais de difcil

    degradao e maior toxicidade.

    Nos ltimos 10 anos, a populao brasileira cresceu 16,8%, enquanto que a

    gerao de resduos cresceu 48% (Fonte: IBGE, 1989/2000).

    Isso pode ser visto no aumento da produo (velocidade de gerao) e

    concepo dos produtos (alto grau de descartabilidade dos bens consumidos), como

    tambm nas caractersticas "no degradveis" dos resduos gerados.

    Alm disso, aumenta a cada dia a diversidade de produtos com componentes

    e materiais de difcil degradao e maior toxicidade.

    O descarte inadequado de resduos tem produzido passivos ambientais

    capazes de colocar em risco e comprometer os recursos naturais e a qualidade de

    vida das atuais e futuras geraes.

  • 14

    Entre esses, situam-se aqueles criados pelo descarte inadequado de resduos

    que criaram, e ainda criam enormes passivos ambientais, colocando em risco os

    recursos naturais e a qualidade de vida das presentes e futuras geraes.

    A disposio inadequada desses resduos decorrentes da ao de agentes

    fsicos, qumicos ou biolgicos, cria condies ambientais potencialmente perigosas

    que modificam esses agentes e propiciam sua disseminao no ambiente, o que

    afeta, conseqentemente, a sade humana.

    o paradoxo do desenvolvimento cientifico e tecnolgico gerando conflitos

    com os quais se depara o homem ps-moderno diante dos graves problemas

    sanitrios e ambientais advindos de sua prpria criatividade.

    Os principais impactos ambientais causados pelo homem so: poluio da

    gua, do ar e do solo. A poluio do solo consiste no lanamento ou aplicao no

    mesmo de substncias lquido slido ou semi-slido, alterando as suas

    caractersticas naturais.

    As principais fontes de poluio do solo so: produtos qumicos, resduos

    slidos e efluentes lquidos (esgotos domsticos e industriais, dejetos de animais).

    Fonte: Livro Introduo a engenharia ambiental 2 edio pgs. 141-146.

    Os resduos slidos so neste incio de sculo, um dos principais problemas

    ambientais vividos pelo ser humano, eles tm ocupado um lugar de destaque nas

    preocupaes dos ambientalistas, entidades federais, governamentais, municipais e

    organizaes em geral.

    A palavra resduo derivada do latim residiu cujo significado aquilo que resta

    de qualquer coisa, sendo adjetivada de slido para diferenciar dos restos lquidos

    lanados com os esgotos domsticos e das emisses das chamins atmosfera.

    Os resduos slidos podem ser classificados quanto origem em:

    Domiciliar: Originado da vida diria das residncias, constitudo por restos

    de alimentos (tais como cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados,

    jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higinico, fraldas

    descartveis e uma grande diversidade de outros itens. Pode conter alguns resduos

    txicos.

  • 15

    Comercial: originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de

    servios, tais como supermercados, estabelecimentos bancrios, lojas, bares,

    restaurantes, etc.

    Servios Pblicos: Originados dos servios de limpeza urbana,

    incluindo todos os resduos de varrio das vias pblicas, limpeza de praias,

    galerias, crregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc.,

    constitudo por restos de vegetais diversos, embalagens, etc.

    Hospitalar: Descartados por hospitais, farmcias, clnicas veterinrias

    (algodo, seringas, agulhas, restos de remdios, luvas, curativos, sangue

    coagulado, rgos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em

    testes, resina sinttica, filmes fotogrficos de raios X). Em funo de suas

    caractersticas, merece um cuidado especial em seu acondicionamento,

    manipulao e disposio final. Deve ser incinerado e os resduos levados para

    aterro sanitrio.

    Portos, Aeroportos, Terminais Rodovirios e Ferrovirios: Resduos

    spticos, ou seja, que contm ou potencialmente podem conter germes patognicos.

    Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que

    podem hospedar doenas provenientes de outras cidades, estados e pases.

    Industrial: Originado nas atividades dos diversos ramos da indstria,

    tais como: o metalrgico, o qumico, o petroqumico, o de papelaria, da indstria

    alimentcia, etc. O lixo industrial bastante variado, podendo ser representado por

    cinzas, lodos, leos, resduos alcalinos ou cidos, plsticos, papel, madeira, fibras,

    borracha, metal, escrias, vidros, cermicas. Nesta categoria, inclui-se grande

    quantidade de lixo txico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo

    seu potencial de envenenamento.

    Radioativo: Resduos provenientes da atividade nuclear (resduos de

    atividades com urnio, csio, trio, radnio, cobalto), que devem ser manuseados

    apenas com equipamentos e tcnicos adequados.

    Seu gerenciamento de competncia exclusiva da CNEN- Comisso Nacional

    de Energia Nuclear

  • 16

    Agrcola: Resduos slidos das atividades agrcolas e pecurias, como

    embalagens de adubos, defensivos agrcolas, rao, restos de colheita, etc. O lixo

    proveniente de pesticidas considerado txico e necessita de tratamento especial.

    Entulho: Resduos da construo civil: demolies e restos de obras,

    solos de escavaes. O entulho geralmente um material inerte, passvel de

    reaproveitamento. Fonte: Ambiente Brasil.

    Os diversos tipos de resduos slidos existentes causam grande preocupao

    dos servios.

    As atividades cotidianas dos diversos servios que se prestam em um

    estabelecimento de sade produzem uma aprecivel quantidade de resduos,

    apresentando um potencial de risco em trs nveis: na sade ocupacional de quem

    manipula este resduo, na taxa de infeco hospitalar e no meio ambiente, portanto

    um perigo para a comunidade hospitalar e comunidade em geral.

    At a dcada de 80, os resduos considerados perigosos, incluam aqueles

    provenientes de Hospitais. A denominao lixo hospitalar tornou-se comumente

    utilizada mesmo quando os resduos no eram gerados em unidades hospitalares.

    Atualmente este termo foi substitudo por resduos slidos dos servios de

    sade que engloba os resduos produzidos por todos os tipos de estabelecimentos

    prestadores de servios de sade- hospitais, ambulatrios, consultrios mdicos e

    odontolgicos, laboratrios, farmcias, clinicas veterinrias, entre outros.

    Apesar dos resduos dos servios de sade ser em quantidades menores que o

    domestico o seu potencial infeccioso e de periculosidade maior, uma vez que

    muitos so resultados de contatos diretos com diferentes tipos de doenas.

    A gravidade deste resduo proporcional quantidade de lixo produzido. Um

    hospital com 156 leitos, 600 cirurgias/ms, 1,5 mil internaes/ms e 10 mil

    atendimentos/ms, por exemplo, (normal para os padres existentes), descarta em

    mdia nove toneladas de resduos infectantes/ms.

  • 17

    A Tabela 1 mostra o tempo de sobrevivncia de micro-0rganismos no lixo.

    Tabela 1: sobrevivncia dos microorganismos.

    .

    Fonte: (A SITUAO, 2001, P.23).

    Estes organismos quando em contato com o homem, so responsveis por

    doenas respiratrias, epidrmicas, intestinais, como: clera, tifo, leptospirose,

    poliomielite, entre outras.

    Reconhece-se a importncia desses resduos como fator de transmisso de

    doenas, por constiturem um ambiente adequado a sobrevivncia e proliferao de

    vetores biolgicos e mecnicos.

    A populao mais diretamente exposta aquela que utiliza os lixes, para a

    prpria sobrevivncia, como os catadores de materiais reciclveis, bem como

    daqueles residentes ao redor da rea de deposito e os trabalhadores de limpeza

    urbana.

    ORGANISMO TEMPO DE

    VIDA (dias)

    Salmonella Typhi 29 70

    Entamoeba Histolytica 8 12

    Ascaris Lumbricoides 2000 2500

    Leptospira Interrogans 15 43

    Polio Vrus 20 170

    Bacilo Tuberculose 150 180

    Larva e Vermes 25 40

  • 18

    CAPITULO I

    RESDUOS SLIDOS DOS SERVIOS DE SADE

    1 HISTRICO

    1.1-Histricos dos resduos slidos de servios de sade no mundo

    A preocupao com o destino dos resduos slidos dos servios de sade vem

    de longa data. Em 1891, foi instalado o primeiro incinerador para tratamento destes

    resduos nos Estados Unidos.

    No inicio do sculo XX a ateno estava voltada para a relao entre os

    resduos hospitalares e a possibilidade de contrao de doenas (GENATIOS

    1979). Na dcada de 30 comea a ser dada importncia aos problemas produzidos

    pelos resduos slidos em hospitais e a busca de solues para eles.

    Na dcada de 40, saem publicaes sobre a utilizao da incinerao como

    mtodo de tratamento, sua importncia e as desvantagens.

    Na dcada de 50, h a preocupao com a necessidade de manejo apropriado

    dos recursos hospitalares.

  • 19

    A incinerao comea a ser utilizada e tambm o controle radiativo. Em 1952 a

    Organizao Mundial de Sade elaborou um documento sobre o saneamento,

    destinado a eliminar os riscos do ambiente natural, sobretudo os resultantes da vida

    comum, e criar e promover nele condies s timas para a sade segundo Martins

    (1975).

    Na dcada de 60 enfatizada a problemtica desse tipo de resduos bem

    como as possveis solues atravs de publicaes tratando dos seguintes temas:

    controle adequado que evite a disperso de doenas infecciosas, necessidade de

    mecanizao dos servios, acondicionamento em sacos plsticos, transporte atravs

    de ductos e problemas decorrentes, equipamentos utilizados na reduo do volume

    e controle de lquidos decorrentes dessas operaes.

    Utilizao de incineradores e os problemas da poluio atmosfrica, tratamento

    dos resduos provenientes de indivduos com doenas contagiosas e os problemas

    originados da utilizao de materiais radioativos.

    Dcada de 70: abordagens dos problemas decorrentes principalmente da

    utilizao crescente de materiais descartveis, do uso generalizado de material

    radiativo e da contaminao atmosfrica.

    Dcada de 80: identificado o marco da guinada sobre os resduos de servio

    de sade, e a considerao dos mesmos perigosos, portanto sujeitos a um

    gerenciamento diferente do domiciliar.

    A ocorrncia no vero de 1988 de seringas, agulhas, bolsas de sangue usadas,

    material de curativos, etc., nas regies costeiras dos estados de New Jersey e

    Novas York, nos Estados Unidos, fez com que o congresso americano aprovasse o

    Medical Waste Tracking act, alterando a legislao de 1976 e introduzindo no

    RCRA-Resouce Conservation and Recovery Act, o item resduos infecciosos que

    passaram ento a integrar o grupo de resduos a serem regulados e controlados.

    Da dcada de 70 at os dias atuais segundo Akutsu (1992), os principais

    acontecimentos e preocupaes podem ser resumidos na seguinte seqncia:

    ateno para os problemas ambientais de forma geral, preocupao com os nveis

    de infeco hospitalar e dos resduos resultantes, preocupao com a AIDS, e o

    descarte dos materiais utilizados no tratamento dos portadores.

  • 20

    1.2-Histricos dos resduos dos servios de sade no Brasil

    A preocupao com os resduos slidos de maneira geral inicia-se no Brasil em

    meados do sculo XIX, quando o Imperador Dom Pedro II deu a primeira concesso

    para a coleta de resduos slidos da capital da provncia do Rio de Janeiro.

    Da data da concesso at a dcada de cinqenta do sculo XX, no houve

    nenhuma grande mudana na forma de manejar os resduos slidos: coleta,

    tratamento e disposio final, salvo a inaugurao em 1871 do incinerador que

    queimava parte dos resduos slidos gerados na comarca de Manaus.

    O grande marco legal com respeito gerao e disposio final dos resduos

    slidos foi publicao da LEI FEDERAL N 2.312, de 3 de setembro de 1954.

    Dispes sobre as normas gerais sobre defesa e proteo da sade. Chamado

    Cdigo Nacional de Sade (Brasil, 1954).

    Esta lei tinha entre suas diretrizes: que a coleta o transporte e o destino final do

    lixo deveriam processar-se em condies que no trouxessem inconvenientes

    sade e ao bem estar pblico (artigo 12).

    Em 1961, foi promulgado o Decreto n 49.974-A/61 - Cdigo Nacional de

    Sade confirmando no seu artigo de n 40 a regulamentao, sob a denominao de

    Cdigo Nacional de Sade, a Lei n 2.312, de 3 de setembro de 1954, de Normas

    Gerais Sobre Defesa e Proteo da Sade.

    Em Estocolmo - Sucia, no perodo de 5 a 16 de junho de 1972 ocorreu

    reunio de 113 pases para participarem da Conferncia das Naes Unidas sobre o

    Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferncia de

    Estocolmo. Foi Presidida pelo canadense Maurice Strong.

    Essa Conferncia extremamente importante, pois, foi o primeiro grande

    encontro internacional, com representantes de diversas naes, para a discusso

    dos problemas ambientais e nela se consolidou e discutiu a relao entre

    desenvolvimento e meio ambiente.

    A Conferncia, apesar de atribulada, gerou um documento histrico, com 24

    artigos (infelizmente, com poucos compromissos efetivos) assinados pelos pases

    participantes e teve como um de seus principais desdobramentos a criao do

  • 21

    Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a primeira agncia

    ambiental global.

    Nesse sentido, a posio brasileira na Conferncia de Estocolmo foi

    tristemente exemplar, ao declarar que o pas abria as suas portas para a instalao

    das indstrias poluidoras que tanto incomodavam a populao dos pases do Norte.

    Deixava clara a idia de que o Brasil preferia promover o crescimento econmico a

    qualquer custo a se dedicar a polticas ambientais.

    No final da dcada de 70 foi baixada a Portaria Minter n 53, de 1 de Maro de

    1979 do Ministrio do Interior, que dispe sobre o controle dos resduos slidos,

    proveniente de todas as atividades humanas, como forma de prevenir a poluio do

    solo, do ar e das guas (Brasil, 1979).

    Essa portaria veio orientar o controle dos resduos slidos no Pas de natureza

    industrial, domiciliar, de servios de sade, entre outros, gerados pelas diversas

    atividades humanas.

    Em 1981 foi promulgada a LEI N 6.938, DE 31 DE AGOSTO que estabeleceu

    a Poltica Nacional do Meio Ambiente Dispondo sobre a Poltica Nacional do Meio

    Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d outras

    providncias.

    Esta mesma lei disposta em seu item I do artigo 2 que responsabilidade do

    Poder Pblico a manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o meio ambiente

    como patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em

    vista o uso coletivo.

    A Lei n 6938 introduziu tambm o principio do poluidor-pagador no Direito

    Brasileiro qualificando como poluidor aquele que diretamente provoca, pode

    provocar ou contribuir para a degradao ambiental, alguns conceitos ambientais

    para fins de aplicabilidade legal como:

  • 22

    Meio Ambiente

    Conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e

    biolgica, que permitem abrigar e reger a vida em todas suas formas. (Conceito

    extrado da Lei 6.938/81 da Poltica Nacional do Meio Ambiente).

    O conceito legal no abrange amplamente todos os bens jurdicos tutelados, se

    restringindo ao meio ambiente natural.

    Degradao da qualidade ambiental

    Alterao adversa das caractersticas do meio ambiente. (Conceito extrado

    da Lei 6.938/81 da Poltica Nacional do Meio Ambiente).

    Poluio

    Degradao da qualidade ambiental resultantes de atividades que ou

    indiretamente: prejudiquem sade, a segurana e o bem estar da populao; criem

    condies adversas s atividades sociais e econmicas; afetem desfavoravelmente

    a biota; afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente; lacem

    matrias ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos.

    (Conceito extrado da Lei 6.938/81 da Poltica Nacional do Meio Ambiente) Biota:

    so as diversas espcies que vivem na mesma regio.

    Poluidor

    Pessoa fsica ou jurdica de direito pblico ou privado, responsvel, direta ou

    indiretamente, por atividade causadora de degradao ambiental. (Conceito extrado

    da Lei 6.938/81 da Poltica Nacional do Meio Ambiente).

    Recursos Ambientais

    A atmosfera, as guas interiores, superficiais e subterrneas, os esturios, o

    mar territorial, o solo, subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Conceito

    extrado da Lei 6.938/81 da Poltica Nacional do Meio Ambiente.

    No final da dcada de 80, mais precisamente em 1987 surgiu o conceito de

    desenvolvimento sustentvel, que o desenvolvimento capaz de suprir as

    necessidades da gerao atual, sem comprometer a capacidade de atender as

  • 23

    necessidades das futuras geraes. o desenvolvimento que no esgota os

    recursos para o futuro.

    Essa definio surgiu na Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento, criada pelas Naes Unidas para discutir e propor meios de

    harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econmico e a conservao

    ambiental.

    Este conceito de desenvolvimento passou a ser promovido em fruns

    ambientais em todo o Planeta. Tambm nesta poca surgiu o princpio conhecido

    como 3R, pautado na reduo, reutilizao e reciclagem dos resduos, devendo ser

    obedecida esta hierarquia nos planos de gerenciamento dos resduos slidos.

    Tal abordagem teve reconhecimento aps a conferncia das Naes Unidas

    sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento (ECO 92), realizada no Rio de Janeiro.

    A Conferncia do Rio consagrou o conceito de desenvolvimento sustentvel e

    contribuiu para a mais ampla conscientizao de que os danos ao meio ambiente

    eram majoritariamente de responsabilidade dos pases desenvolvidos. Reconheceu-

    se, ao mesmo tempo, a necessidade de os pases em desenvolvimento receberem

    apoio financeiro e tecnolgico para avanarem na direo do desenvolvimento

    sustentvel.

    Naquele momento, a posio dos pases em desenvolvimento tornou-se mais

    bem estruturada e o ambiente poltico internacional favoreceu a aceitao pelos

    pases desenvolvidos de princpios como o das responsabilidades comuns, mas

    diferenciadas. A mudana de percepo com relao complexidade do tema deu-

    se de forma muito clara nas negociaes diplomticas, apesar de seu impacto ter

    sido menor do ponto de vista da opinio pblica.

    A ECO-92 frutificou a elaborao dos seguintes documentos oficiais:

    A Carta da Terra;

    Trs convenes (Biodiversidade, Desertificao e Mudanas

    climticas);

    Uma declarao de princpios sobre florestas;

    A Declarao do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento; e

  • 24

    A Agenda 21 (base para que cada pas elabore seu plano de

    preservao do meio ambiente).

    Com a promulgao da Constituio Federal (CF) em 1988, a questo dos

    resduos slidos passou a ser matria constitucional em diversos dos seus artigos

    direcionados ao meio ambiente e a sade ambiental.

    No artigo 23 verifica-se que da competncia da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal e dos Municpios protegerem o meio ambiente e combater a poluio

    em qualquer de suas formas.

    2 CONCEITO DE RESDUOS DE SERVIO DE SADE

    A Resoluo CONAMA n 005, em conformidade com a NBR n 10.004 da

    Associao brasileira de Normas Tcnicas ABTN definiu em seu artigo 1 os

    resduos slidos como aqueles que resultam de atividades da comunidade de

    origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de

    varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de

    tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de

    poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel

    seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos dgua, ou exijam para isso

    solues tcnicas e economicamente inviveis, em face melhor tecnologia

    disponvel. (FONTE: Boletim Informativo Ambiental n 01, abril/2003).

    Os resduos de servios de sade so geralmente considerados apenas

    aqueles provenientes de hospitais, clnicas mdicas e outros grandes geradores.

    Tanto que os resduos de servios de sade so muitas vezes chamados de "lixo

    hospitalar". Entretanto, resduos de natureza semelhante so produzidos por

    geradores bastante variados, incluindo farmcias, clnicas odontolgicas e

    veterinrias, assistncia domiciliar, necrotrios, instituies de cuidado para idosos,

  • 25

    hemocentros, laboratrios clnicos e de pesquisa, instituies de ensino na rea da

    sade, entre outros, segundo Barata (1959).

    Os resduos de sade so definidos conforme a Resoluo CONAMA 283/2001

    como aqueles provenientes de qualquer unidade que execute atividades de

    natureza mdico-assistencial humana ou animal; aqueles provenientes de centros

    de pesquisa, desenvolvimento ou experimentao na rea de farmacologia e sade;

    medicamentos e imunoterpicos vencidos ou deteriorados; aqueles provenientes de

    necrotrios, funerrias e servios de medicina legal; e aqueles provenientes de

    barreiras sanitrias.

    3 - CLASSIFICAES DOS RESIDUOS SLIDOS DE SERVIO DE

    SADE

    Os resduos foram divididos em grupos para melhor controle, portanto

    importante antes de comear a criar o plano de gerenciamento saber quais so os

    resduos que a unidade de sade produz colocar cada um deles em seu devido

    grupo, desta maneira fica mais fcil sabermos qual ser o procedimento a ser

    tomado com determinado resduo X. Depois desta fase sero quantificados em

    termos de gerao por grupo e designar qual ser seu destino, quem coleta, quando

    coleta, como ir coletar, descrever o procedimento em funo do grupo e para onde

    ser transportado.

    3.1 Classificao dos resduos de servios de sade segundo a Resoluo

    n. 306 da ANVISA (Agencia Nacional de Vigilncia Sanitria).

    3.1.1 - Grupo A

    Resduos com a possvel presena de agentes biolgicos que, por suas

    caractersticas de maior virulncia ou concentrao, podem apresentar risco de

    infeco.

  • 26

    3.1.1.1- Grupo A1 Resduos que necessitam de tratamento especfico.

    Culturas e estoques de microrganismos; descarte de vacinas de

    microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para

    transferncia, inoculao ou mistura de culturas. Bolsas transfusionais contendo

    sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminao ou por m conservao,

    ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. Sobras

    de amostras de laboratrio contendo sangue ou lquidos corpreos, recipientes e

    materiais resultantes do processo de assistncia sade, contendo sangue ou

    lquidos corpreos na forma livre.

    Conduta:

    Acondicionar para tratamento em sacos brancos leitosos revestidos por

    sacos vermelhos.

    Tratamento processo que garanta Nvel III de Inativao Microbiana e

    desestruturao das caractersticas fsicas.

    Acondicionamento para descarte: sacos brancos leitosos.

    3.1.2 - Grupo A2 Carcaas, peas anatmicas, vsceras e outros resduos

    provenientes de animais submetidos a processos de experimentao com

    inoculao de microorganismos, bem como suas forraes, e os cadveres de

    animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevncia

    epidemiolgica e com risco de disseminao, que foram submetidos ou no a estudo

    antomo patolgico ou confirmao diagnstica.

    3.1.3 - Grupo A3 resduos que necessitam de tratamento especfico.

    Peas anatmicas (membros) do ser humano; produto de fecundao sem

    sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25

    centmetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que no tenham valor

    cientfico ou legal e no tenha havido requisio pelo pacientes ou familiares.

  • 27

    Conduta:

    Acondicionar em sacos brancos leitosos revestidos por sacos

    vermelhos identificados com o smbolo de risco biolgico e a inscrio Pea

    Anatmica/Produto de Fecundao e encaminhar ao necrotrio.

    Comunicar o Servio Social (cada unidade de sade define) para

    preenchimento do formulrio de autorizao para encaminhamento ao Cemitrio

    Municipal.

    3.1.4 - Grupo A4 resduos que no necessitam de tratamento.

    Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.

    Filtros de ar e gases aspirados de rea contaminada; membrana filtrante de

    equipamento mdico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.

    Sobras de amostras de laboratrio e seus recipientes contendo fezes, urina e

    secrees. Resduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspirao, lipoescultura

    ou outro procedimento de cirurgia plstica que gere este tipo de resduo. Recipientes

    e materiais resultantes do processo de assistncia sade, que no contenha

    sangue ou lquidos corpreos na forma livre. Peas anatmicas (rgos e tecidos) e

    outros resduos provenientes de procedimentos cirrgicos ou de estudos antomo

    patolgicos ou de confirmao diagnstica. Bolsas transfusionais vazias ou com

    volumes residuais ps-transfuso.

    Conduta:

    Acondicionamento para descarte sem necessidade de tratamento: lixeiras

    brancas identificadas com o smbolo de risco biolgico revestidas com sacos

    brancos leitosos.

    3.2 - Grupo B

    Resduos contendo substncias qumicas que podem apresentar risco sade

    pblica ou ao meio ambiente.

    Resduos perigosos: antimicrobianos, hormnios sintticos, quimioterpicos e

    materiais descartveis por eles contaminados. Medicamentos vencidos,

    contaminados, interditados, parcialmente utilizados e demais medicamentos

  • 28

    imprprios para consumo. Objetos perfuro-cortantes contaminados com

    quimioterpico ou outro produto qumico perigoso.

    Mercrio e outros resduos de metais pesados. Saneantes e domissanitrios.

    Lquidos reveladores e fixadores de filmes (centro de imagem). Efluentes de

    equipamentos automatizados utilizados em anlises clnicas. Quaisquer resduos do

    GRUPO D, comuns, com risco de estarem contaminados por agente qumico. Os

    resduos do grupo B devem ser acondicionados em embalagens rgidas, com tampa

    rosqueada ou na prpria embalagem de origem, devidamente identificadas com o

    smbolo de substncia qumica e a identificao da substncia nelas contidas.

    3.3 - Grupo C

    Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

    radionucldeos e para os quais a reutilizao imprpria ou no esta prevista. So

    enquadrados neste grupo, todos os resduos dos grupos A, B e D contaminados com

    radionucldeos, provenientes de laboratrio de anlises clnicas, servios de

    medicina nuclear e radioterapia.

    Estes resduos quando gerados, devem ser identificados com o smbolo

    internacional de substncia radioativa, separados de acordo com a natureza fsica

    do material, do elemento radioativos presente e o tempo de decaimento necessrio

    para atingir o limite de eliminao, de acordo com a NE 605 da Comisso Nacional

    de Energia Nuclear (CNEN).

    Devido as suas caractersticas de periculosidade, aconselhvel que os

    resduos sejam manejados por pessoal capacitado.

    3.4 - Grupo D

    Resduos que no apresentam risco biolgico, qumico ou radiolgico sade

    ou ao meio ambiente. Suas caractersticas so similares s dos resduos

    domiciliares.

    Papel de uso sanitrio e fralda, absorventes higinicos. Peas descartveis de

    vesturio. Resto alimentar de pacientes. Material utilizado em anti-sepsia e

    hemostasia de venclises puno. Equipo de soro e outros similares no

  • 29

    classificados como A1 ou A4. Resduos de gesso provenientes de assistncia

    sade. Sobras de alimentos e do preparo de alimentos. Resto alimentar de refeitrio.

    Resduos provenientes das reas administrativas. Resduos de varrio, flores,

    podas de jardins.

    Os resduos do grupo D no reciclveis e/ou orgnicos devem ser

    acondicionados nas lixeiras, e as cinzas devidamente identificadas, revestidas com

    sacos de lixo preto ou cinza.

    Os resduos reciclveis devem ser acondicionados nas lixeiras coloridas,

    identificadas.

    3.5 - Grupo E

    Materiais que so perfuro - cortantes ou escarificantes: objetos e instrumentos

    contendo cantos, bordas, pontas ou protuberncias rgidas e agudas, capazes de

    cortar ou perfurar.

    Lminas de barbear, agulhas, escalpes brocas, limas endodnticas, pontas

    diamantadas, lminas de bisturi, tubos capilares, lancetas, ampolas de vidro,

    micropipetas, lminas e lamnulas, esptulas. Todos os utenslios de vidro

    quebrados no laboratrio (pipetas, tubos, de coleta sangnea e placas de Petri) e

    outros similares.

    Devem ser descartados separadamente em recipientes rgidos, resistentes

    punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados, sendo

    expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu

    reaproveitamento.

    Os perfuro cortantes, uma vez colocados em seus recipientes, no devem ser

    removidos por razo alguma.

    importante observar o limite mximo permitido para o preenchimento de cada

    recipiente, para evitar acidentes.

    As agulhas descartveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas,

    quando descartveis, sendo proibido reencap-las ou proceder a sua retirada

    manualmente (ANVISA, 2004).

  • 30

    As figuras abaixo mostram a simbologia dos grupos dos RSS:

    Fig. 1: Resduos Biolgico (grupo A) Fig. 2: Resduos Qumico (grupo B)

    Fig. 3: Resduo Radioativo (grupo C) Fig. 4: Resduo Comum (grupo D)

    Fig.5: Resduo Perfuro-cortante (grupo E)

  • 31

    4 Classificao da OPAS (Organizao Pan Americanas da Sade, 1997)

    4.1- Classificao OPAS I

    4.1.1 Resduos infecciosos:

    a) materiais provenientes das salas de isolamento dos pacientes

    b) materiais biolgicos

    c) sangue humano e hemoderivados

    d) resduos anatmicos patolgicos e cirrgicos

    e) resduos perfuro-cortantes

    f) resduos de animais

    4.1.2 Resduos especiais:

    a) resduos qumicos perigosos

    b) resduos farmacuticos

    c) resduos radioativos

    4.2 Resduos comuns

    4.2.1 - Classificao OPAS II

    a) Resduos infecciosos

    So aqueles gerados durante as diferentes etapas do atendimento de sade

    (diagnstico, tratamento, imunizaes, pesquisas, etc.) que contm agentes

    patognicos. Representam diferentes nveis de perigo potencial conforme o grau de

    exposio aos agentes infecciosos que provocam as doenas.

  • 32

    4.2.2 - Classificao OPAS III

    a) materiais provenientes das salas de isolamento dos pacientes

    Resduos biolgicos, excrementos, exsudados ou restos de materiais

    provenientes de salas de isolamento de pacientes com doenas altamente

    transmissveis. Incluem-se os animais isolados, assim como qualquer tipo de

    material que tenha estado em contato com os pacientes dessas salas.

    4.2.3 - Classificao OPAS IV

    b) materiais biolgicos

    Culturas; amostras armazenadas de agentes infecciosos; meios de cultura;

    placas de Petri; instrumentos usados para manipular; misturar ou inocular

    microorganismos; vacinas vencidas ou inutilizadas; filtros de reas altamente

    contaminadas; etc.

    4.2.4 - Classificao OPAS V

    c) sangue humano e hemoderivados

    Sangue de pacientes; bolsas de sangue com prazo de utilizao vencido ou

    sorologia positiva; amostras de sangue para anlises; soro; plasma e outros

    subprodutos. Tambm se incluem os materiais encharcados ou saturados com

    sangue; materiais como os anteriores mesmo que secos, inclusive plasma, soro e

    outros, assim como os recipientes que os contm, como os sacos plsticos, tubos

    intravenosos, etc.

    4.3 Regulamentao dos resduos de servios de sade

    4.3.1 - Legislaes federais

    O Ministrio de Estado do Interior, acolhendo proposta do Secretrio do Meio

    Ambiente, no uso de suas atribuies que lhe confere o artigo 40, do Decreto n.

    73.030, de 30 de outubro de 1973;

  • 33

    PORTARIA MINTER N 53 DE 0l DE MARO DE 1979

    Estabelece normas aos projetos especficos de tratamento e disposio de

    resduos slidos.

    RESOLUO CONAMA N 6 DE 19 DE SETEMBRO DE 1991

    Desobriga a incinerao ou qualquer outro tratamento de queima dos resduos

    slidos provenientes dos estabelecimentos de sade, portos e aeroportos.

    RESOLUO CONAMA N0 5 DE O5 DE AGOSTO DE 1993

    Dispe sobre o plano de gerenciamento, tratamento e destinao final de

    resduos slidos de servios de sade, portos, aeroportos, terminais rodovirios e

    ferrovirios

    PORTARIA N 1884, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1994

    Aprova as Normas para projetos fsicos de estabelecimentos assistenciais de

    sade

    RESOLUO N 606, DE 24 DE MARO DE 1994

    Conceitua e estabelece condies para o funcionamento de estabelecimentos

    mdicos veterinrios.

    PORTARIA N 543, DE 29 DE OUTUBRO DE 1997

    Aprova a relao de aparelhos, instrumentos e acessrios usados em

    medicina, odontologia etc.

    4.3.2 - Legislaes Estaduais

    DECRETO N 8.468, DE 8 DE SETEMBRO DE 1976

    Aprova o regulamento da lei n0 997, de 31 de maio de 1976, que dispe sobre

    a preveno e o controle da poluio do meio ambiente

  • 34

    RESOLUO SS-169 DE 19 DE JUNHO DE 1996

    Aprova Normas tcnicas que disciplina as exigncias para o funcionamento de

    estabelecimentos que realizam procedimentos mdicos-cirrgicos ambulatoriais no

    mbito do Estado de So Paulo.

    PORTARIA CONJUNTA SS/SMA/SJDC -1 DE 29 DE JUNHO DE 1998

    Aprova as Diretrizes Bsicas e Regulamento Tcnico para apresentao e

    aprovao do Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos de Servios de Sade.

    Resoluo - RDC n 351, de 20 de dezembro de 2002

    Para fins da Gesto de Resduos Slidos em Portos, Aeroportos e Fronteiras

    definem-se como de risco sanitrio as reas endmicas e epidmicas de

    clera como segue.

    Resoluo - RDC n 342, de 13 de dezembro de 2002

    Instituir e aprovar o Termo de Referncia, em anexo, para elaborao dos

    Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos

    Resoluo - RDC n 33, de 25 de fevereiro de 2003

    Dispe sobre o Regulamento Tcnico ara o gerenciamento de resduos de

    servios de sade.

    Decreto n 4.581, de 27 de janeiro de 2003, Publicado no DOU de 28.1.2003

    Promulga a Emenda ao Anexo I e Adoo dos Anexos VIII e IX Conveno

    de Basilia sobre o Controle do Movimento Fronteirio de Resduos Perigosos e seu

    Depsito.

    Resoluo - RDC n 02, de 8 de janeiro de 2003

    Aprovar o Regulamento Tcnico, para fiscalizao e controle sanitrio em

    aeroportos e aeronaves, anexo a esta Resoluo

  • 35

    Portarias n 699, de 26 de dezembro de 2002

    Cria Grupo de Trabalho para a Gesto de Resduos Slidos - GT/GRS, a ser

    constitudo pelos tcnicos abaixo relacionados, para, sob a coordenao do

    primeiro, propor rotinas e procedimentos de controle e fiscalizao sanitria no

    mbito da gesto de resduos slidos, bem como assessorar os grupos de trabalho

    das Coordenaes de Vigilncia Sanitria em Portos, Aeroportos e Fronteiras nos

    Estados

    Portarias n 700, de 26 de dezembro de 2002(*)

    Cria Grupo de Trabalho para Gesto de Resduos Slidos, no mbito das

    Coordenaes de Vigilncia Sanitria de Portos, Aeroportos e Fronteiras nos

    Estados-CVSPAF

    Resoluo - RDC n 351, de 20 de dezembro de 2002

    Para fins da Gesto de Resduos Slidos em Portos, Aeroportos e Fronteiras

    definem-se como de risco sanitrio as reas endmicas e epidmicas de Clera, e

    as com evidncia de circulao do Vibrio cholerae patognico

    Resoluo - RDC n 345, de 16 de dezembro de 2002 (PDF)

    Aprovar, conforme anexo I, o Regulamento Tcnico para a Autorizao de

    Funcionamento de empresas interessadas em prestar servios de interesse da

    sade pblica em veculos terrestres que operem transportes coletivos internacional

    de passageiros, embarcaes, aeronaves, terminais aquavirios, portos

    organizados, aeroportos, postos de fronteira e recintos alfandegados.

    Resoluo - RDC n 342, de 13 de dezembro de 2002

    Instituir e aprovar o Termo de Referncia, em anexo, para elaborao dos

    Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos a serem apresentados a Anvisa para

    anlise e aprovao

  • 36

    Resoluo - RDC n 341, de 13 de dezembro de 2002

    Fica estabelecido o prazo at 30 de junho de 2003, para que os Portos de

    Controle Sanitrio apresentem o Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos.

    GMC/RES/30 /2001, de 13 de junho de 2002

    Critrios para a Gesto Sanitria de Resduos Slidos em Portos, Aeroportos,

    Terminais Internacionais de Carga e Passageiros e Pontos de Fronteiras no

    MERCOSUL.

    Decreto n 4.136, de 20 de fevereiro de 2002, Publicado no DOU de 21.2.2002

    Dispe sobre a especificao das sanes aplicveis s infraes s regras de

    preveno, controle e fiscalizao da poluio causada por lanamento de leo e

    outras substncias nocivas ou perigosas em guas sob jurisdio nacional, prevista

    na Lei n 9.966, de 28 de abril de 2000, e d outras providncias

    Resoluo - RDC n 217, de 21 de novembro de 2001

    Aprovar o Regulamento Tcnico, Anexo a esta Resoluo, com vistas

    promoo da vigilncia sanitria nos Portos de Controle Sanitrio instalados no

    territrio nacional, embarcaes que operem transportes de cargas e ou viajantes

    nesses locais, e com vistas promoo da vigilncia epidemiolgica e do controle

    de vetores dessas reas e dos meios de transporte que nelas circulam.

    Resoluo CONAMA n 283, de 12 de julho de 2001

    "Dispe sobre o tratamento e a destinao final dos resduos dos servios de

    sade" - Data da legislao: 12/7/2001 - Publicao DOU: 1/10/2001.

    GMC/RES/21 /2001, de 13 de junho de 2001

    Pauta Negociadora do SGT n 11 Sade.

    Instruo Normativa n 26, do Secretrio de Defesa Agropecuria do Ministrio

    da Agricultura e do Abastecimento, de 12 de junho de 2001

  • 37

    Manual de Procedimentos Operacionais da Vigilncia Agropecuria

    Internacional, a serem utilizado na fiscalizao e inspeo do trnsito internacional

    de produtos agropecurios, nos aeroportos internacionais, portos estruturados,

    postos de fronteira e aduanas especiais. Publicada no DOU de 2/6/01

    Lei n 9.974, de 06 de junho de 2000, Publicada no DOU de 7.6.2000

    Altera a Lei n 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispe sobre a pesquisa, a

    experimentao, a produo, a embalagem e rotulagem, o transporte, o

    armazenamento, a comercializao, a propaganda comercial, a utilizao, a

    importao, a exportao, o destino final dos resduos e embalagens, o registro, a

    classificao, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos, seus

    componentes e afins, e d outras providncias. Mensagem de Veto n780

    Lei n 9.966, de 28 de abril de 2000, Publicada no DOU de 29.4.2000

    Dispe sobre a preveno, o controle e a fiscalizao da poluio causada por

    lanamento de leo e outras substncias nocivas ou perigosas em guas sob

    jurisdio nacional e d outras providncias. Mensagem de Veto n 571

    Decreto n 3.029, de 16 de abril de 1999

    Aprova o Regulamento da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, e d outras

    providncias. (Alguns artigos tiveram redao alterada pelo Decreto 3.571 de

    21/8/2000).

    Lei n 9.782, de 26 de janeiro de 1999

    Define o Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, cria a Agncia Nacional de

    Vigilncia Sanitria, e d outras providncias.

    ATENO: Tem dispositivos alterados pela Medida Provisria n 2.190/01.

    GMC/RES/151 /1996, de 13 de dezembro de 1996

    Cria o Subgrupo de Trabalho n 11 Sade.

    Portaria n 113, de 22 de novembro de 1993

  • 38

    Plano de Limpeza e Desinfeco - PLD

    Resoluo CONAMA n 5, de 5 de agosto de 1993

    "Estabelece definies, classificao e procedimentos mnimos para o

    gerenciamento de resduos slidos oriundos de servios de sade, portos e

    aeroportos, terminais ferrovirios e rodovirios" - Data da legislao: 5/8/1993

    Publicao DOU: 31/8/1993

    Decreto n 875, de 19 de julho de 1993

    Publicado no DOU de 20.7.93

    Promulga o texto da Conveno sobre o Controle de Movimentos

    Transfronteirios de Resduos Perigosos e seu Depsito

    Portaria n 31/SNVS, de 27 de abril de 1993

    Baixa normas tcnicas a serem adotadas no exerccio da vigilncia sanitria no

    pas quanto aos Meios de transportes procedentes de reas de ocorrncia de casos

    de clera e d outras Providncias

    Resoluo CONAMA n 5, de 5 de dezembro de 1991

    Dispe sobre adoo aes corretivas, de tratamento e de disposio final de

    cargas deterioradas, contaminadas ou fora das especificaes ou abandonadas -

    Data da legislao: 22/8/1991 Publicao DOU: 20/9/1991.

    Resoluo CONAMA n 6, de 19 de setembro de 1991

    Dispe sobre a incinerao de resduos slidos provenientes de estabelecimentos

    de sade, portos e aeroportos" - Data da legislao: 19/9/1991 - Publicao DOU:

    30/10/1991

    Decreto n 87, de 15 de abril de 1991

    Simplifica as exigncias sanitrias para ingresso e permanncia de

    estrangeiros no Pas, altera o Decreto n 86.715, de 10 de dezembro de 1981, e d

    outras providncias.

  • 39

    4.3.3 - Listagem de normas tcnicas referentes a resduos de servios de

    sade

    4.3.3.1 TERMINOLOGIA

    NBR 12.807

    Resduos de servios de sade terminologia

    4.3.3.2 CLASSIFICAO

    NBR 12.808

    Resduos de servios de sade - classificao

    NBR 10.004

    Resduos slidos - classificao

    4.3.3.3 SIMBOLOGIA

    NBR 7.500

    Smbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de material

    4.3.3.4 ACONDICIONAMENTO

    NBR 9.190

    Sacos plsticos para acondicionamento de lixo - classificao

    NBR 9.191

    Sacos plsticos para acondicionamento - especificao

    NBR 9.195

    Sacos plsticos para acondicionamento - mtodos de ensaio

    NBR 9.196

  • 40

    Determinao de resistncia a presso do ar

    NBR 9.197

    Saco plstico para acondicionamento de lixo - determinao de resistncia ao

    impacto de esfera.

    NBR 13.055

    Saco plstico para acondicionamento - determinao da capacidade

    volumtrica.

    NBR 13.056

    Filmes plsticos para sacos para acondicionamento - verificao de

    transparncia.

    NBR 13.853

    Coletores para resduos de servios de sade, perfurantes e cortantes -

    requisitos e mtodos de ensaio.

    4.3.3.5 - Mnuseio intra estabelecimento

    NBR 12.809

    Resduos de servios de sade - manuseio

    4.3.3.6 - Coleta e transporte

    NBR 7.501

    Transporte de Produtos Perigosos e terminologia

    NBR 7.503

    Ficha de Emergncia para Transporte de Produtos Perigosos - caractersticas e

    dimenses

  • 41

    NBR 7.504

    Envelope para Transporte de Produtos Perigosos - caractersticas e dimenses

    NBR 8.285

    Preenchimento da ficha de emergncia para o transporte de Produtos

    Perigosos

    NBR 8.286

    Emprego de Sinalizao nas Unidades de Transporte e de Rtulos nas

    Embalagens de Produtos Perigosos

    NBR9. 734

    Conjunto de Equipamento de Proteo Individual para Avaliao de

    Emergncia e Fuga no Transporte Rodovirio de produtos Perigosos

    NBR 9.735

    Conjunto de Equipamentos para Emergncia no Transporte Rodovirio de

    Produtos Perigosos

    NBR 12.710

    Proteo Contra Incndio por Extintores no Transporte Rodovirio de Produtos

    Perigosos

    NBR 13.095

    Instalao e Fixao de Extintores de Incndio para Carga no Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos

  • 42

    4.3.3.7 Tratamento

    E15. 011 CETESB

    Sistema para Incinerao de Resduos de Servios de Sade, Portos e

    Aeroportos

    4.3.3.8 - Mtodo de anlises

    NBR 10.005

    Lixiviao de resduos

    NBR 10.006

    Solubilizao de Resduos

    NBR 10.007

    Amostragem de Resduos.

  • 43

    CAPITULO II

    RISCOS

    1 CONCEITO DE RISCO

    Os grandes acidentes de origem tecnolgica envolvendo substncias qumicas,

    ocorridos nas dcadas de 70 e 80, motivaram os rgos governamentais a promover

    diversos programas para o gerenciamento de riscos impostos por atividades

    industriais e demais atividades antrpicas.

    Assim, as tcnicas para a identificao de perigos e estimativa dos efeitos no

    homem e no meio ambiente decorrente de incndios, exploses e liberaes de

    substncias txicas, j amplamente utilizadas nas reas aeronutica, militar e

    espacial, foram gradativamente adaptadas e aperfeioadas e passaram a ser

    incorporadas como ferramentas para o gerenciamento de riscos em atividades

    industriais, em particular nas indstrias qumica petroqumica e nas demais

    atividades realizadas pelo homem dentre elas o gerenciamento dos servios de

    sade.

    Risco: o potencial de realizao de conseqncias adversas indesejadas

    para a sade ou vida humana, para o ambiente ou para bens materiais.

  • 44

    Tendo em conta o fator risco presente em qualquer organizao deve-se fazer

    uso de procedimentos que conduziro a implementao de aes no sentido de

    prevenir, minimizar as conseqncias danosas dos mesmos.

    Para isso importante a percepo e o conhecimento dos possveis danos que

    proporciona determinado risco ao homem e ao meio ambiente.

    2 CLASSIFICAO DOS RISCOS

    Os riscos do ambiente de trabalho so classificados segundo a portaria

    3.214/78 do Ministrio do Trabalho e Emprego pelas suas normas

    regulamentadoras-NR de Medicina e Segurana do trabalho. A seguir so

    enumerados os principais riscos existentes:

    A. Risco fsico:

    So gerados por mquinas e condies fsicos caractersticas do local de

    trabalho, que podem causar danos sade do trabalhador.

    Os agentes fsicos causadores em potencial de doenas ocupacionais so:

    Rudo, Vibraes, Temperaturas extremas (calor e frio), Presses anormais

    Radiaes ionizantes (raios x, raios alfa, raios beta, raios gama) Radiaes no-

    ionizantes (infravermelha,...), Umidade Nvel de iluminamento. (NR-09 e NR 15).

    B. Riscos Qumicos:

    So os agentes ambientais causadores em potencial de doenas profissionais

    devido sua ao qumica sobre o organismo dos trabalhadores. Podem ser

    encontrados tanto na forma slida, como lquida ou gasosa.

    Alm do grande nmero de materiais e substncias tradicionalmente utilizadas

    ou manufaturadas no meio industrial, uma variedade enorme de novos agentes

    qumicos em potencial vai sendo encontrados, devido quantidade sempre

    crescente de novos processos e compostos desenvolvidos.

    Eles podem ser classificados de diversas formas, segundo suas caractersticas

    txicas, estado fsico, etc. Conforme foi observado, os agentes qumicos so

    encontrados em forma slida, lquida e gasosa.

  • 45

    Os agentes qumicos, quando se encontram em suspenso ou disperso no ar

    atmosfrico, so chamados de contaminantes atmosfricos.

    Estes podem ser classificados em: Aerodispersides, Gases, Vapores e

    Aerodispersides (NR-09 e NR 15).

    C. Riscos Biolgicos:

    So microorganismos causadores de doenas com os quais pode o trabalhador

    entrar em contato, no exerccio de diversas atividades profissionais.

    Vrus, bactrias, parasitas, fungos e bacilos so exemplos de microorganismos

    aos quais freqentemente ficam expostos mdicos, enfermeiros, funcionrios de

    hospitais, sanatrios e laboratrios de anlises biolgicas, lixeiros, aougueiros,

    lavradores, tratadores de animais, trabalhadores de curtume e de estaes de

    tratamento de esgoto, etc. (NR-09).

    D. Riscos Ergonmicos:

    So aqueles relacionados com fatores fisiolgicos e psicolgicos inerentes

    execuo das atividades profissionais. Estes fatores podem produzir alteraes no

    organismo e estado emocional dos trabalhadores, comprometendo a sua sade,

    segurana e produtividade.

    Exemplos: movimentos repetitivos, levantamento e transporte manual de

    pesos, movimentos viciosos, trabalho de p, esforo fsico intenso, postura

    inadequada, controle rgido de produtividade, desconforto acstico, desconforto

    trmico, mobilirio inadequado, etc.(NR-17).

    E. Riscos de acidentes:

    Os riscos mecnicos ou de acidentes ocorrem em funo das condies fsicas

    (do ambiente fsico de trabalho) e tecnolgicas imprprias, capazes de colocar em

    perigo a integridade fsica do trabalhador

  • 46

    3- GERENCIAMENTO DE RISCOS

    Internacionalmente, o termo gerenciamento de riscos utilizado para

    caracterizar o processo de identificao, avaliao e controle de riscos. Assim, de

    modo geral, o gerenciamento de riscos pode ser definido como sendo a formulao

    e a implantao de medidas e procedimentos, tcnicos e administrativos, que tm

    por objetivo prevenir, reduzir e controlar os riscos, bem como manter uma instalao

    operando dentro de padres de segurana considerados tolerveis ao longo de sua

    vida til.

    Devero ser adotadas metodologias estruturadas e sistemticas de

    identificao e avaliao dos riscos. Essa prtica ser fundamentada no programa

    de preveno de riscos ambientais (PPRA), que subsidia o programa de controle

    Mdico e sade Ocupacional (PCMSO).

    3.1 Reduo do risco

    Considerando que o risco uma funo da freqncia de ocorrncia dos

    possveis acidentes e dos danos (conseqncias) gerados por esses eventos

    indesejados, a reduo dos riscos numa instalao ou atividade perigosa pode ser

    conseguida por meio da implementao de medidas que visem tanto reduzir as

    freqncias de ocorrncia dos acidentes (aes preventivas), como as suas

    respectivas conseqncias (aes de proteo), conforme apresentado na Figura 6.

    Figura 6- processo de reduo de riscos.

  • 47

    3.2 Programas de Gerenciamento de Risco

    Alm das medidas para a reduo dos riscos, o gerenciamento de riscos de

    uma instalao deve contemplar tambm aes que visem mant-la operando, ao

    longo do tempo, dentro de padres de segurana considerados aceitveis ou

    tolerveis.

    Assim, toda e qualquer empresa ou organizao que desenvolva atividades

    que possam acarretar acidentes maiores deve estabelecer um Programa de

    Gerenciamento de Risco (PGR), o qual tem por objetivo prover uma sistemtica

    voltada para o estabelecimento de orientaes gerais de gesto, com vistas

    preveno de acidentes

    Segundo o estabelecido na norma CETESB P4. 261Manual de orientao

    para a elaborao de estudo de anlise de riscos, o escopo do PGR dever conter:

    - informaes de segurana de processo;

    - reviso dos riscos de processos;

    - gerenciamento de modificaes;

    - manuteno e garantia da integridade de sistemas crticos;

    - procedimentos operacionais;

    - capacitao de recursos humanos;

    - investigao de incidentes: Plano de ao de emergncia (PAE);

    - auditorias. Plano de Ao de Emergncia (PAE).

    Tanto para os empreendimentos de mdio e grande porte como para os de

    pequeno porte o PAE deve contemplar os seguintes aspectos:- estrutura do plano; -

    descrio das instalaes envolvidas; - cenrios acidentais considerados; - rea de

  • 48

    abrangncia e limitaes do plano; - estrutura organizacional, contemplando as

    atribuies e responsabilidades dos envolvidos;

    - fluxograma de acionamento;

    - aes de resposta s situaes emergenciais compatveis com os cenrios

    acidentais considerados, de acordo com os impactos esperados e avaliados no

    estudo de anlise de riscos, considerando procedimentos de avaliao, controle

    emergencial (combate a incndios, isolamento, evacuao, controle de vazamentos,

    etc.) e aes de recuperao;

    - recursos humanos e materiais;

    - divulgao, implantao, integrao com outras instituies e manuteno do

    plano; tipos e cronogramas de exerccios tericos e prticos, de acordo com os

    diferentes cenrios acidentais estimados;

    - documentos anexos: plantas de localizao da instalao e layout, incluindo a

    vizinhana sob risco, listas de acionamento (internas e externas), listas de

    equipamentos, sistemas de comunicao e alternativos de energia eltrica,

    relatrios, etc.

    O PAE deve se basear nos resultados obtidos no estudo de anlise e avaliao

    de risco.

    3.3 - Controles dos riscos ambientais

    Envolve a adoo de medidas necessrias e suficientes para a eliminao ou

    reduo dos riscos ambientais.

    Devem ser adotadas medidas de controle quando forem identificados os riscos

    potenciais na fase de antecipao. Quando forem constatados riscos evidentes a

    sade na fase de reconhecimento.

  • 49

    Quando os resultados das avaliaes quantitativas forem superiores aos

    valores limites previstos na NR-15 ou na ACGIH (american conference of

    governmental industrial hygienists), e, quando, atravs do controle mdico da sade,

    ficar caracterizado o nexo causal entre danos observados na sade e dos

    trabalhadores e a situao de trabalho a que eles ficam expostos.

    Devero ainda ser propostas medidas necessrias e suficientes para a

    eliminao, minimizao ou controle dos riscos ambientais sempre que for verificada

    uma ou mais das seguintes situaes:

    - riscos potenciais na fase de antecipao

    - quando forem constatados riscos evidentes a sade na fase de

    reconhecimento,

    - quando os resultados das avaliaes quantitativas forem superiores aos

    valores limites previstos na NR-15 ou na ACGIH (american conference of

    governmental industrial hygienists).

    - quando, aps a avaliao quantitativa dos agentes, for constatada exposio

    acima dos nveis de ao, quais sejam: para agentes qumicos, metade dos limites

    de tolerncia; para rudo, a dose de 0,5.

    - finalmente quando, atravs do controle mdico da sade, ficar caracterizado

    o nexo causal entre danos observados na sade dos trabalhadores e a situao de

    trabalho a que eles ficam expostos.

    Medidas de controle a serem consideradas:

    - substituio do agente agressivo;

    - mudana ou alterao do processo ou operao;

    - enclausuramento da fonte;

    - segregao do processo ou operao;

    - modificao de projetos;

  • 50

    - limitao do tempo de exposio;

    - utilizao de equipamento de proteo individual;

    - medidas de controle coletivo.

    - medidas de carter administrativo ou de organizao do trabalho.

    - imunizao do ambiente de trabalho de maneira a evitar um possvel contgio

    por agente biolgico, de forma a garantir a menor possibilidade de as pessoas

    serem infectadas aps contato acidental por agentes patognicos.

  • 51

    CAPITULO III

    RISCOS E RSS

    1 Classificao dos RSS em relao aos riscos

    As atividades dos servios de sade geram os mais variados tipos de resduos,

    variando esses conforme o processo pelo qual gerado o resduo, implicando desta

    forma em resduos com caractersticas especficas.

    Devido as suas especificidades os RSS constituem uma categoria nica dos

    resduos slidos, especialmente em razo da presena dos resduos com risco

    biolgico.

    Com o passar do tempo se observou que a composio dos resduos gerados

    nos estabelecimentos hospitalares se tornam mais complexos e em muitos casos

    mais perigosos para a sade humana bem como para o meio ambiente.

    Tendo em vista a preveno e tratamento adequado desses mesmos resduos

    com potencial de risco muito elevado a RDC ANVISA n 306/04 e a Resoluo

  • 52

    CONAMA n 358/05 classificam os RSS segundo grupos distintos de risco que

    exigem formas de manejo especficas.

    Os grupos so:

    Grupo A - resduos com a possvel presena de agentes biolgicos

    que, por suas caractersticas, podem apresentar risco de infeco;

    Grupo B - resduos qumicos;

    Grupo C - rejeitos radioativos;

    Grupo D - resduos comuns;

    Grupo E - materiais perfuro-cortantes

    Segundo investigao realizada pelo Programa Regional de resduos Slidos

    Hospitalares, na Amrica Central, as principais deficincias identificadas nas

    prticas de manejo dos RSS so:

    A falta de segregao dos resduos biolgicos, ou sua execuo inadequada,

    aumenta a quantidade de resduos contaminados. Os resduos comuns, ao entrarem

    em contato com os contaminados, so contagiados, aumentando o risco para o

    pessoal que os manuseia e para a populao em geral;

    A falta de segregao adequada dos resduos perfuro-cortantes causa direta

    do maior nmero de acidentes;

    A prtica de lanar os RSS em vazadouros junto com os resduos urbanos cria

    um grave risco para a sade dos catadores de lixo, para a sade pblica em geral e

    para o meio ambiente.

    A mesma investigao resume os principais problemas gerados pelo manejo

    inadequado dos RSS da seguinte maneira:

    Leses infecciosas provocadas por objetos perfuro-cortantes no pessoal de

    limpeza hospitalar e no que maneja resduos slidos;

    Riscos de infeco fora dos hospitais para o pessoal que maneja resduos

    slidos, os recuperadores de materiais do lixo e a populao em geral;

  • 53

    Infeces hospitalares devido ao manejo inadequado de resduos, entre outras

    causas.

    Estas mesmas concluses so confirmadas pelo estudo Desechos Peligrosos

    y Salud en Amrica Latina e el Caribe publicado pelo CEPIS em 1994.

    Cada estabelecimento de sade, de acordo com sua dimenso e

    complexidade, est organizado em diferentes servios para desenvolver atividades

    especficas. Todos os servios geram diferentes quantidades e tipos de resduos.

    De todos os RSS gerados por um estabelecimento de sade, s uma pequena

    parte merece cuidados especiais. De acordo com estudos realizados na Amrica

    Central, a quantidade de resduos

    que merece ateno especial representa aproximadamente 40% do total dos

    RSS gerados (GUA de capacitacin, 1996). Nos Estados Unidos, calcula-se que

    esta frao varia entre 10% e 15%, segundo diferentes autores.

    Conclui-se ento que a maioria dos RSS gerados no representa maior risco

    para a sade do que os resduos domsticos e que a realidade da Amrica Central

    que no se realiza segregao adequada dos RSS.

    O gerenciamento dos RSS implica em cuidados devido contaminao

    biolgica, qumica e radioativa de parte desses resduos. So necessrios a

    segregao e o acondicionamento na fonte e no momento de sua gerao.

    Os benefcios que traro sade pblica e ao meio ambiente valero todo o

    empenho para a implantao do Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios

    de Sade.

    Quanto ao manejo externo, existe um risco inerente atividade de coleta de

    resduos slidos, por parte dos trabalhadores do servio de limpeza pblica, como

    quedas, ferimentos e cortes, devido logstica de funcionamento da coleta. Tais

    leses, quando em contato com os RSS, tm o potencial de contaminao

    aumentado.

  • 54

    Entre as principais enfermidades ocasionadas pelo manejo incorreto dos RSS

    contaminados podemos mencionar: hepatite B e C, AIDS, tuberculose e febre tifide.

    A hepatite viral uma infeco de repercusso sistmica, que afeta

    principalmente o fgado, causada pelo vrus hepatotropos, que tem uma afinidade

    especial pela clula heptica.

    Identificou-se vrios agentes virais denominados A, B, C, D, E, F e G, mas a

    nvel infeccioso, os mais freqentes so B e C.

    A infeco pelo agente da hepatite B pode ocasionar casos graves, como a

    hepatite fulminante, com destruio massiva do fgado, desenvolvimento clnico de

    coma heptico e morte, neste caso, em aproximadamente 80% dos infectados. A

    cirrose pode ser desenvolvida em 5% a 10% dos infectados.

    Trata-se de uma enfermidade muito disseminada no mundo, calculando-se a

    presena de mais de 200 milhes de portadores. Existem vacinas disponveis para a

    imunizao ativa desta enfermidade.

    O agente da hepatite C um vrus altamente persistente e de difcil tratamento,

    esta enfermidade se caracteriza por sintomas mnimos ou ausentes. Em um alto

    percentual (50% a 60%), produz uma infeco crnica que, em aproximadamente

    metade dos casos, causa uma cirrose com evoluo lenta, associada s vezes com

    carcinoma heptico.

    determinada atravs de uma anlise especfica de sangue, No existe vacina

    at o momento.

    2-Minimizao dos riscos associados aos RSS

    O manejo seguro dos RSS requer a aplicao e o cuidado de todos, desde o

    mdico e a enfermeira, que so geradores de resduos ao utilizar equipamentos e

    materiais descartveis;

    O pessoal de limpeza, que se encarrega de colocar sacos plsticos, recipientes

    limpos e coleta o lixo; os mecnicos e tcnicos, que do manuteno nos meios de

    transportes e nos equipamentos; at os encarregados do transporte externo e da

    planta de tratamento.

  • 55

    Se algum destes empregados se descuida ou no d a devida importncia a

    sua tarefa, altera-se o bom funcionamento do sistema e se agravam os riscos.

    Tendo em vista os possveis riscos dos RSS devem ser aplicadas formas de

    minimizao dos mesmos em estabelecimentos de sade:

    a) Por meio de segregao evitando a contaminao de resduos comuns;

    b) Uso de equipamentos de proteo individual e coletiva adequado a

    cada atividade;

    c) A capacitao dos quadros do estabelecimento de sade;

    d) Projeto das instalaes dos estabelecimentos de sade visando

    minimizao do trajeto dos resduos no interior do estabelecimento;

    e) Planejamento de roteiros e horrios das diversas atividades do

    estabelecimento de sade para evitar a realizao simultnea de atividades

    incompatveis que possam agravar o risco de contaminao;

    f) Identificao atravs de smbolos, cores e expresses dos recipientes

    e locais que contm resduos perigosos;

    g) Proteo dos locais de armazenamento dos RSS instalando telas ou

    grades;

    h) Elaborao e utilizao de procedimentos de trabalho que busquem

    minimizar a ocorrncia de incidentes envolvendo os resduos;

    i) Definio de procedimentos alternativos de conteno no caso de

    situaes emergenciais;

    j) Realizao de auditorias peridicas a fim de verificar se os

    procedimentos vm sendo seguidos e se as instalaes do estabelecimento

    encontram-se em condies de segurana satisfatria;

    k) Mapeamento dos possveis riscos, por rea ou local do

    estabelecimento e indicao por meio de smbolos, croquis do estabelecimento ou

    outra forma adequada, facilmente compreensvel e acessvel a todos no

    estabelecimento;

    l) Utilizar a educao em sade ambiental como forma de

    conscientizao para os riscos envolvidos nas atividades do estabelecimento;

  • 56

    m) Buscar a participao de todos os quadros de trabalho do

    estabelecimento de sade na identificao dos riscos e na gerao de idias para

    determinar formas de minimiz-los.

  • 57

    CAPITULO IV

    GERENCIAMENTO DOS RESDUOS SLIDOS DE SERVIOS

    DE SADE EM HOSPITAIS

    1- Conceito de hospital

    Conceitua-se hospital, independentemente da sua denominao, como

    "todo estabelecimento dedicado assistncia mdica, de carter estatal ou

    privado, de alta ou baixa complexidade, com ou sem fins lucrativos".

    Vale destacar a definio de hospital proposta pela Organizao Pan-

    Americana de Sade (OPAS): so todos os estabelecimentos com pelo

    menos 5 leitos, para internao de pacientes, que garantem um atendimento

    bsico de diagnstico e tratamento, com equipe clnica organizada e com

    prova de admisso e assistncia permanente prestada por mdicos.

    Alm disso, considera-se a existncia de servio de enfermagem e

    atendimento teraputico direto ao paciente, durante 24horas, com a

    disponibilidade de servios de laboratrio e radiologia, servio de cirurgia e/ou

    parto, bem como registros mdicos organizados para a rpida observao e

    acompanhamento dos casos.

  • 58

    1.1- Funes do hospital:

    Os hospitais so componentes de uma rede de servios de ateno

    sade, associados geograficamente, seja por uma organizao planejada ou

    como conseqncia de uma organizao espontnea dos elementos

    assistenciais existentes.

    Este conjunto, que abrange a totalidade da oferta de servios

    disponveis em um territrio, denomina-se "Sistema Local de Sade".

    No contexto de um sistema local de sade, os hospitais desempenham

    um papel indispensvel, valendo-se destacar alguns aspectos:

    Oferecer assistncia mdica continuada;

    Oferecer assistncia mdica integrada;

    Concentrar grande capacidade de recursos de diagnstico e

    tratamento para, no menor tempo possvel reintegrar o paciente ao seu

    meio;

    Constituir um nvel intermedirio dentro de uma rede de servios de

    complexidade crescente;

    Promover a sade e prevenir as doenas sempre que o

    estabelecimento pertencer a uma rede que garanta a disponibilidade

    de todos os recursos para resolver cada caso;

    Abranger determinada rea;

    Avaliar os resultados de suas aes sobre a populao da rea de

    influncia.

    O atendimento ao ser humano como misso principal do hospital

    O desenvolvimento de Programas de Garantia da Qualidade uma

    necessidade em termos de eficincia e uma obrigao do ponto de vista tico

    e moral.

    Toda instituio hospitalar dada a sua misso essencial a favor do ser

    humano, deve preocupar-se com a melhoria permanente, de tal forma que

    consiga uma integrao harmnica das reas mdica, tecnolgica,

    administrativa, econmica, assistencial e, se for o caso, das reas docentes e

    de pesquisa.

    Ao contrrio de outros empreendimentos, a matria-prima bsica do

    hospital o doente, e cabe a eles reintegr-lo sociedade em condies de

    retomar, tanto quanto possvel, as funes que desempenhava anteriormente.

  • 59

    Assim, o conceito de "pessoa humana" encontra-se intimamente

    associado existncia dessas instituies, que s adquirem pleno sentido

    quando so concebidas em razo e a servio das pessoas.

    As pessoas devem ser recebidas, tratadas, compreendidas e aceitas

    no s como ser finito, mas tambm com o seu destino transcendente. Elas

    encerram uma riqueza incalculvel, valores e tesouros ocultos que nem

    sempre aparecem ante o olho clnico do profissional de sade.

    2 - ETAPAS

    2.1 - Gerao.

    A grande gerao de resduos slidos de um estabelecimento de sade

    determinada pela complexidade e pela freqncia dos servios que

    proporciona e pela eficincia que alcanam os responsveis pelos servios no

    desenvolvimento de suas tarefas, assim como pela tecnologia utilizada.

    Portanto, no fcil fazer generalizaes quanto aos indicadores de

    gerao de resduos, como mostra o quadro abaixo:

    Quadro 1: composio mdia dos RSS.

    Fonte: Manual de gerenciamento de resduos de servios de sade pg. 32.

  • 60

    Quadro 2: tipos de resduos gerados em um estabelecimento de sade.

    Fonte:adaptao do gua de capacitacin-Gestion y Manejo de desechos slidos hospitalarios

    (1996).

  • 61

    2.2- Manejo

    O manejo dos RSS entendido como a ao de gerenciar os resduos em

    seus aspectos intra e extra-estabelecimento, desde a gerao at a disposio final,

    incluindo as seguintes etapas:

    2.3 - Segregao

    A NBR 12807/93 define a segregao como operao de separao de

    resduos no momento da gerao, em funo de uma classificao previamente

    adotada para estes resduos.

    2.4- Acondicionamento

    Consiste no ato de embalar os resduos segregados, em sacos ou recipientes

    que evitem vazamentos e resistam s aes de punctura e ruptura. A capacidade

    dos recipientes de acondicionamento deve ser compatvel com a gerao diria de

    cada tipo de resduo.

    A identificao um conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos

    resduos contidos nos sacos e recipientes fornecendo informaes ao correto

    manejo dos RSS.

    Quadro 3: Acondicionamento.

    TIPO ACONDICIONAMENTO

    Resduo

    comum

    Saco plstico de tipo I segundo NBR 9190 (ABNT) de

    Cor preta

    Resduo

    infectante

    Saco plstico duplo tipo II segundo NBR 9190 com

    capacidade volumtrica somente at a metade da

    capacidade de fechamento.

    Material

    perfuro-

    cortantes

    Recipiente com tampa e ensacados segundo descrio

    contida na norma sobre resduos infectantes (NBR 9190).

    Resduos

    especiais

    Embalados de forma segura, compatvel com as

    caractersticas fsico-qumicas.

    Fonte: (So Paulo, 2003, p 10)

  • 62

    2.5 - Coleta Interna

    Consiste no transporte dos resduos dos pontos de gerao at o local

    destinado ao armazenamento temporrio ou a apresentao para coleta externa.

    Seguem princpios especficos que visam proteger profissionais e pacientes do

    material infectante. A coleta interna a realizada dentro da unidade, consiste no

    recolhimento dos resduos, acondicionamento nos sacos e seus transportes at o

    local de armazenamento.

    Quadro 4: Transporte

    TIPO TRANSPORTE

    Resduo comum Lixo domiciliar

    Resduo infectante Lixo sptico

    Material perfuro-

    cortantes

    Lixo sptico

    Resduos especiais Lixo sptico ou especial, conforme as

    caractersticas fsico-qumicas

    Fonte: (So Paulo, 2003, p.11)

    2.6 - Armazenamento temporrio

    Consiste na guarda temporria dos recipientes contendo os resduos j

    acondicionados em local prximo aos pontos de gerao, visando oficializar a coleta

    dentro do estabelecimento, e otimizar o translado entre o ponto destinado a

    apresentao para coleta externa. No poder ser realizado armazenamento

    temporrio com disposio direta dos sacos sobre o piso.

    2.7 - Tratamento

    Consiste na aplicao de mtodo, tcnica ou processo que modifique as

    caractersticas biolgicas dos RSS, que leve a reduo ou eliminao do risco de

    causar doena. O tratamento pode ser aplicado no prprio estabelecimento gerador

    ou em outro estabelecimento, observados nestes casos, as condies de segurana,

    transporte entre o estabelecimento gerado e o local do tratamento.

    Os sistemas para tratamento de resduos de servio de sade devem ser

    objetos de licenciamento ambiental, por rgos do meio ambiente e passiveis de

  • 63

    fiscalizao de controle pelos rgos de vigilncia sanitria e meio ambiente.

    Segundo Schneider (2000), o tratamento desses resduos junto fonte geradora a

    condio de segurana quanto aos riscos potenciais apresentados pelos mesmos,

    alm de atender ao princpio da responsabilidade do gerador, conforme determina a

    legislao.

    Considera-se como tratamento adequado para resduos de servio de sade

    qualquer processo que garanta a esterilizao dos mesmos antes de serem

    dispostos ao solo (CONAMA, 1993). So Paulo (1997 b) menciona que formas de

    disposio final para este resduo devem ser aquelas que por si s ou associados a

    um determinado tratamento prvio impeam a disseminao de agentes patognicos

    ou de qualquer forma de contaminao.

    Na falta de um sistema municipal de disposio final, o estabelecimento

    gerador dos resduos ficar responsvel por ela, bem como pelo eventual tratamento

    a que for submetido o resduo. Qualquer processo de tratamento de resduo

    infectante poder ser constantemente monitorado por meio de indicadores que,

    utilizados em testes peridicos, garantam a segurana dos resultados. A vigilncia e

    o controle exercidos por rgos do governo que realizam tratamento do prprio

    resduo.

    No h uma forma nica para tratamento de todos os resduos infectantes e a

    melhor soluo dever ser o resultado da combinao entre vrios locais como

    quantidade e distribuio de servios de sade. Existem vrios procedimentos de

    tratamento dos RSS. Esses tratamentos so associados aos diferentes grupos de

    resduos conforme apresentados na tabela abaixo.

    Quadro 5: Tratamento adequado a cada grupo de RSS

    GRUPO DOS RSS

    TRATAMENTO GRUPO A -

    Riscos biolgicos

    GRUPO B -

    Riscos Qumicos

    GRUPO C-

    Riscos

    Radioativos

    Incinerao X X

    Autoclave X

    Tratamento

    qumico

    X

  • 64

    Microondas X

    Ionizao X

    Decaimento X

    Fonte: (Ministrio da sade, 2002, p.32)

    No caso de resduos que possuam caractersticas que os enquadrem em

    mais de um grupo, o tratamento deve compatibilizar as exigncias de cada grupo.

    Resduos com riscos contaminados com rejeitos radioativos, por exemplo, devero

    ser tratados, inicialmente, como rejeitos radioativos e, posteriormente aps o tempo

    de decaimento, como resduos com risco biolgico. Resduos com risco biolgicos

    contaminados com resduos de risco qumico devem ser tratados como resduos

    com risco qumico.

    2.7.1 - Tratamento do grupo A

    Todos os tratamentos de resduos do grupo A tm como objetivo a reduo

    dos agentes biolgicos. Esse processo pode atingir diferentes nveis.

    Os tratamentos podem ser assim apresentados:

    a) Desinfeco, que pode ser realizada pelos seguintes mtodos:

    autoclave, microondas, tratamento qumico, radiao ionizante.

    b) Destruio trmica, que pode ser realizada pelos seguintes

    mtodos: incinerao, pirlise, plasma.

    Autoclave:

    Na autoclave a desinfeco realizada por meio da exposio dos resduos a

    vapor de gua com temperaturas entre 105 C e 150 C, sob determinadas condies

    de presso, no interior de uma cmera estanque, onde previamente extrado todo

    o ar presente. Em uma autoclave os resduos os resduos so aquecidos pelo

    contacto com o vapor e pela conduo trmica.

    Uma vez garantida exposio da massa de resduos ao vapor aquecido, a

    eficcia do tratamento por autoclave fica condicionada a temperatura, a eficcia e ao

    perodo de exposio, sendo condies habituais de funcionamento, temperaturas

    acima de 11 C e perodos de exposio acima de 60 minutos (MINISTERIO DA

    SAUDE, 2002, P.32). Em virtude desses dois fatores, deve-se prestar ateno na

    carga da autoclave, pois volumes maiores necessitam de um perodo de exposio

    mais prolongado. A autoclave mais indicada para resduos de baixa densidade,

    nos quais a penetrao do vapor facilitada. Para resduos de alta densidade, como

  • 65

    peas anatmicas e fetos indicada a utilizao de outros mtodos, pois os tempos

    de exposio tornam-se muito longos, alem de continuarem reconhecveis aps o

    tratamento.

    Alm da manuteno peridica, com a verificao de aspectos tcnicos do

    equipamento, devem ser utilizados indicadores qumicos e biolgicos para validao

    da eficcia do tratamento. Depois de realizado o tratamento, os resduos so

    acondicionados e encaminhados para um sistema de disposio final de resduos

    licenciado pelo rgo ambiental. O pessoal responsvel pela operao da autoclave

    deve estar capacitado para tal e, ao fazer uso de equipamentos de proteo, deve

    adotar prticas que evitem a exposio a riscos, como uso de equipamento de

    proteo individual.

    O tratamento por autoclave apresenta as seguintes vantagens: facilidade de

    operao, baixo custo operacional, com manuteno simples e barata.

    Como desvantagens, citamos: gerao de odores desagradveis e aerossis,

    baixa ou nenhuma reduo do volume dos resduos tratados, necessidade de

    aquisio de recipiente termo-resistente de alto custo e no adequado para resduos

    anatmicos.

    Microondas:

    Os sistemas se baseiam na ao do calor produzido pelos geradores de

    radiao eletromagntica de alta freqncia, cuja principal diferena em relao aos

    outros mtodos a melhor capacidade de penetrao da radiao e melhor

    uniformidade da conduo da energia trmica. O sistema mais comumente

    encontrado para tratamento de resduos por microondas constitudo por uma

    entrada de carga, onde os resduos so depositados de forma manual ou mecnica

    e seguem para o triturador que, por sua vez, desmembra os resduos ate que

    adquiram a forma granulada.

    Os resduos so umedecidos com vapor para umidificar e avanar para a

    cmera de desinfeco, onde esto instalados vrios emissores de radiao

    eletromagntica de alta freqncia, na faixa dos gigahertz, para aquecer a carga

    com temperatura entre 95 C e 100 C. A radiao eletromagntica atua sobre as

    molculas de gua presente nos resduos, fazendo que vibrem em alta velocidade, o

    que gera calor. A umidificao e triturao prvia dos resduos so formas de

    acelerar o processo. O tempo de exposio depende do equipamento e da

  • 66

    composio do resduo. Na cmera existe um dispositivo para remover os resduos,

    garantindo que toda a massa receba a radiao de maneira uniforme.

    As vantagens da desinfeco por microondas so: operao contnua,

    descaracterizao e reduo de volume quando utilizada triturao.

    As desvantagens so: custo operacional alto em relao aos demais

    mtodos, capacidade de operao limitada de 80 kg/dia, risco de emisso de

    aerossis, vapores txicos e radiao.

    Tratamento Qumico:

    O tratamento qumico se baseia na ao de produtos qumicos, associados a

    outros fatores temperatura, triturao, controle de ph, e visa eliminao dos

    microorganismos.

    Existem basicamente, duas possibilidades de tratamento qumico que so: o

    tratamento qumico local, e sistemas de tratamento qumico.

    O tratamento qumico local destina-se a desinfeco de resduos na gerao,

    no entanto tem aplicao limitada devido a sua baixa eficcia e dificuldades

    operacionais, inclusive exposio dos operadores a riscos qumicos e biolgicos.

    Esse processo, quando aplicado a perfuro-cortantes, s eficaz se todas as partes

    do resduo forem devidamente expostas ao produto qumico utilizado.

    As vantagens do tratamento qumico so: custo operacional baixo, baixo

    investimento inicial para o caso do tratamento local, possibilidade de realizao na

    gerao, para o tratamento local.

    Incinerao:

    Incinerao um processo de oxidao a altas temperaturas, com

    decomposio dos resduos, transformando-os em cinzas e efluentes gasosos.

    Normalmente, o excesso de oxignio empregado na incinerao de 10% a 15%

    acima das necessidades de queima dos resduos. Na incinerao, ocorre grande

    reduo no volume e massa dos resduos tratados, restando cerca de 10% do

    volume inicial.

    Os incineradores para tratamento dos RSS, que podem ser encontrados com

    diferentes configuraes e capacidades, so compostos de pelo menos duas

    cmeras de combusto primria e secundria. Na primria, os resduos so

    queimados em temperatura em torno de 800 C at a combusto completa dos

    resduos. Os gases gerados na primeira etapa permanecem na cmera secundria

    por um curto perodo, onde se combinam com o ar externo e realizada a queima

  • 67

    completa dos gases, a fim de se evitar a gerao de substncias nocivas. Os gases

    da combusto secundria devem passar por uma seqncia de tratamento antes da

    eliminao na atmosfera lavagem qumica, ciclones ou precipitadores

    eletrostticos, filtros, entre outros.

    Na incinerao, destruda a maioria dos resduos slidos perigosos,

    incluindo os farmacuticos e os qumicos orgnicos, no sendo aplicvel aos rejeitos

    radioativos, aos recipientes pressurizados e aos vidros. Todo sistema de incinerao

    deve prever o destino adequado para cinzas e escrias, assim como outros resduos

    provenientes do tratamento dos resduos gasosos devendo ser encaminhados,

    portanto, para o aterro de resduos perigosos, classe I, ou vala sptica, no caso de

    serem incinerados os RSS.

    Vantagens do tratamento dos RSS atravs da incinerao: alta eficincia na

    destruio, reduo de volume (de 80% a 95%) dos resduos tratados,

    especialmente vantajosos para o tratamento dos resduos anatomopatolgicos,

    devido ao alto nvel de descaracterizao dos resduos.

    As desvantagens podem ser: custo operacional e de manuteno elevado,

    principalmente em funo do sistema de tratamento de gases, necessidade de

    manuteno constante, riscos de contaminao do ar por dioxinas e outros

    compostos perigosos presentes nos efluentes gasosos, custo elevado de

    monitoramento das emisses gasosas, e no indicada caso no exista volume de

    resduos suficiente para a utilizao do incinerador de forma contnua.

    O tratamento por incinerao no deve ser confundido com queima de

    resduos. A simples queima a cu aberto ou em equipamentos precrios, no

    apresenta condies adequadas para a degradao trmica e desinfeco:

    temperatura, tempo de residncia, tratamento dos gases gerados, entre outros.

    2.7.2 - Tratamento dos resduos do grupo B

    Um estabelecimento de sade, diariamente utiliza um grande numero de

    produtos qumicos, como por exemplo, solventes (lcool etlico), detergentes

    (alquilbenzeno sulfanatos), medicamentos (quimioterpicos), metais (mercrio),

    entre outros.

  • 68

    Quadro 6: Classe de substancias qumicas residuais em certas unidades dos

    estabelecimentos de sade

    PRODUTO QUMICO E LOCAL DE GERAO

    Cozinha

    Lavanderia

    Limpeza

    L

    aboratrio

    R

    adiologia

    Sanitrios

    Detergente

    s

    Detergente

    s

    Detergentes

    M

    Metais

    M

    Metais

    Desinfetantes

    leos

    leos

    Desinfetante

    s

    S

    Solues

    Q

    Qumicas

    Detergentes

    G

    Graxas

    G

    Graxas

    Oxidantes

    R

    Reagentes

    Q

    Qumicos

    Medicamento

    s

    Fonte: (MINISTRIO DA SADE, 2002, p.35)

    Os resduos com riscos qumicos (grupo B) devero ser submetidos a

    tratamento e disposio final especficos, de acordo com as caractersticas de

    toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigncias do

    rgo ambiental competente. ( CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE,

    1993, p.65)

    2.7.3 - Tratamento dos resduos do grupo C

    O tratamento dos rejeitos radioativos gerados nos estabelecimentos de sade

    com servio de medicina nuclear devem ser realizados de acordo com o que

    determina a Norma CNEN NE 6.05 gerencia de rejeitos radioativos em instalaes

    radiativas. O nico tratamento capaz de eliminar as caractersticas de periculosidade

  • 69

    o armazenamento para decaimento de sua radioatividade. O tempo necessrio

    para o decaimento varia de acordo com a meia vida de cada elemento radioativo.

    Depois da segregao, os resduos slidos contaminados, de acordo com o

    radionucldeos e seus respectivos meios de vida, devem ser acondicionados em

    recipientes blindados com chumbo e revestidos com saco plstico. No rtulo devem

    estar contidas as informaes relativas aos resduos, tais como a procedncia, o tipo

    e a data de gerao. Cuidados especiais devem ser tomados para que no se

    misturem radionucldeos diferentes. Deve-se evitar, tambm, que haja contaminao

    de grandes quantidades de material, como caixas de papelo, embalagens, entre

    outros.

    Aps o acondicionamento, os rejeitos radioativos devem ser encaminhados

    para decaimento em depsito construdo de acordo com as especificaes do plano

    de Radioproteo, documento exigido pelo CNEN, para o licenciamento das

    instalaes. Passado o tempo estipulado para o decaimento da radioatividade do

    rejeito, deve ser feito o monitoramento para verificar se o nvel de radiao atingiu o

    limite de liberao.

    2.7.4 - Tratamento dos resduos do grupo D

    O resduo de servio de sade do grupo D, comuns, tem caracterstica similar

    as dos resduos domiciliares. Como no so considerados resduos perigosos, no

    so exigidos sistemas de tratamento especifico. A valorizao dos resduos comuns

    gerados no estabelecimento depende da forma de segregao para este grupo no

    PGRSS. Para que se viabilize a valorizao dos resduos, fundamental que se

    realize a separao dos diferentes tipos de resduos comuns, o que deve ser feito no

    momento de gerao.

    3 - Programa de reciclagem

    A reciclagem reduz consideravelmente o volume de resduos encaminhados

    para o tratamento e disposio final. Por isso a reciclagem proporcionada pela

    segregao e coleta dos resduos muito importante no processo de gerenciamento

    dos RSS. As principais fontes de cada tipo so:

    a) Papel: papel branco, papel colorido, papelo e papel misturado no sujo

  • 70

    (b) Metal: ao leve (latas), ao pesado (barras), miudezas (arame, prego,

    tampinhas)

    c) Plstico: PVC (tubos, canos, embalagens), PET (garrafas), PEAD (sacos de

    leite, embalagens de sucos, bombonas, frascos de produto de limpeza), PEBD

    (sacos de arroz, sacolas, embalagens de bolachas), PP (embalagens de iogurtes,

    potes de margarinas sacos de rfia)

    d) Vidro: garrafas, copos, frascos (remdios, produtos de limpeza), potes (molho,

    condimentos)

    e) Outros: louas, porcelana, celofanes, retalhos de tecidos, isopor espuma,

    borracha.

    3.1 - Armazenamento Externo:

    Consiste na guarda dos recipientes de resduos at a realizao da coleta

    externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veculos coletores. No

    local de armazenamento