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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO Carmo Canova APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA NR-10 EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS EM ELETRICIDADE Chapecó – SC, 2007

TCC NR-10

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  • UNIVERSIDADE COMUNITRIA REGIONAL DE CHAPEC CURSO DE PS-GRADUAO (LATO SENSU) EM ENGENHARIA DE

    SEGURANA NO TRABALHO

    Carmo Canova

    APLICAO DA NORMA REGULAMENTADORA NR-10 EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIOS EM ELETRICIDADE

    Chapec SC, 2007

  • CARMO CANOVA

    APLICAO DA NORMA REGULAMENTADORA NR-10 EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIOS EM ELETRICIDADE

    Monografia apresentada ao Curso de Ps-graduao latu sensu em Engenharia de Segurana do Trabalho da Universidade Comunitria Regional de Chapec como requisito para obteno do ttulo de Engenheiro de Segurana do Trabalho.

    Orientador (a): Mauro Thompsen Passos

    Chapec SC, mar. 2007

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus que meu deu fora, sade, coragem e esteve

    de uma forma ou outra presente nas horas mais difceis.

    Agradeo aos dirigentes e funcionrios da empresa EletroWatt pela

    colaborao, dedicao, espontaneidade e participao para que este trabalho se

    realizasse.

    A todos os colegas e professores do curso que de uma forma geral me

    ajudaram, e principalmente ao Prof. Mauro Campos pela participao e pacincia na realizao deste trabalho, e principalmente pelo conhecimento transmitido.

  • RESUMO

    APLICAO DA NORMA REGULAMENTADORA NR-10 EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIOS EM ELETRICIDADE. Carmo Canova. Mauro Passos Thompsen (ORIENTADOR). (Universidade Comunitria Regional de Chapec UNOCHAPEC).

    O Dirio Oficial da Unio publicou em dezembro de 2004 a Portaria No. 598 de 07/12/04, assinada pelo Ministro do Trabalho, alterando a NR-10 Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade. A nova Norma estabelece procedimentos regulamentares relacionados segurana, sade e condies gerais para os trabalhadores que atuam com energia eltrica em todos os ambientes de trabalho, abrangendo desde a construo civil, atividades comerciais, industriais, rurais e at mesmo domsticas. Desde a publicao do novo texto da norma NR-10 em dezembro de 2004, a norma causou um impacto direto em empresas e prestadores de servios em eletricidade, o novo texto deixa muitas interrogaes em diversos itens da norma sendo necessrio uma boa interpretao e tambm auxilio de pessoas que tenham um maior entendimento da norma para identificar o que de fato que se deve ser realizado e se este se aplica ou no em muitas situaes a realidade da empresa. O presente trabalho tem por objetivo aplicar a norma regulamentadora numero 10 (NR-10) em uma empresa prestadora de servios em instalaes eltricas no ramo de construo de redes de transmisso e distribuio de energia eltrica, desenvolvendo junto a empresa a documentao exigida pela norma referente a procedimentos operacionais, elaborao da ordem de servio para realizao de trabalhos em eletricidade ou em suas proximidades, implantar o mtodo de anlise preliminar de risco (APR) antes da execuo de obras, criar um check-list para programao e planejamento das obras, verificao de ferramentas e EPIs necessrios. Tambm, busca-se atravs deste trabalho a elaborao e realizao do curso bsico exigido pela norma, para a autorizao dos trabalhadores intervir em instalaes eltricas e servios com eletricidade. E por fim auxiliar os dirigentes da empresa na elabora do pronturio das instalaes eltricas, tambm, exigido pelo novo texto da norma. Palavras-chave: NR-10, Segurana do Trabalho, Servios em Instalaes Eltricas, Pronturio de instalaes, Procedimentos Operacionais.

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Classificao dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza e a padronizao das cores correspondentes. .........................33 Quadro 2: Modelo: formulrio de APP.......................................................................38 Quadro 3: Exemplo de modelo de planilha para implementao de FMEA. .............40

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Vara de manobra seccionvel. ...................................................................42 Figura 2: Aterramento provisrio de AT (Alta Tenso). .............................................42 Figura 3: Cone e fita de sinalizao. .........................................................................43 Figura 4: Manta isolante, com fixao por velcro. .....................................................43 Figura 5: Cobertura Isolante......................................................................................44 Figura 6: Caminho utilizado para realizao de montagens de rede areas de distribuio. ...............................................................................................................51 Figura 7: Equipe de redes areas de distribuio trabalhando. ................................52 Figura 8: Camionete utilizada pela equipe de montagens de baixa tenso. .............53 Figura 9: Equipe de montagem de baixa tenso instalando cabos para alimentao de uma cabine...........................................................................................................54 Figura 10: Funcionrio realizando treinamento de combate a incndio. ...................66 Figura 11: Funcionrio da empresa eletrowatt realizando treinamento em combate a incndio. ....................................................................................................................67 Figura 12: Funcionrios realizando imobilizao no treinamento de primeiros socorros.....................................................................................................................67 Figura 13: Henrique ministrando o treinamento em primeiros socorros. ...................68 Figura 14: Henrique ministrando o treinamento em primeiros socorros. ...................68

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .........................................................................................................8 1.1 Tema ...................................................................................................................10 1.2 Identificao do problema ...................................................................................11 1.3 Justificativa..........................................................................................................11 1.4 Objetivos .............................................................................................................12 1.4.1 Geral.................................................................................................................12 1.4.2 Especficos .......................................................................................................13 1.5 Limitaes do estudo ..........................................................................................13 1.6 Organizao da monografia ................................................................................14 1.6.1 Tipo de pesquisa ..............................................................................................15 1.6.2 Universo ...........................................................................................................15 1.6.3 Sujeitos da pesquisa ........................................................................................15 2 REVISO BIBLIOGRFICA..................................................................................16 2.1 A corrente eltrica no corpo humano ..................................................................16 2.2 Os perigos da eletricidade...................................................................................17 2.3 A segurana em servios com eletricidade e as normas tcnicas brasileiras da ABNT.........................................................................................................................21 2.3.1 NBR 5410.........................................................................................................21 2.3.1.1 Separao eltrica.........................................................................................25 2.3.2 NBR 14039.......................................................................................................27 2.4 Riscos com eletricidade.......................................................................................28 2.4.1 Riscos de origem eltrica .................................................................................30 2.4.2 Riscos de queda...............................................................................................30 2.4.3 Riscos no transporte e com equipamentos ......................................................30 2.4.4 Riscos de ataques de insetos...........................................................................31 2.4.5 Riscos de animais peonhentos/domsticos....................................................31 2.4.6 Riscos ocupacionais.........................................................................................32 2.4.7 Riscos ergonmicos .........................................................................................34 2.5 Tcnicas de anlise de riscos .............................................................................35 2.5.1 Anlise preliminar de riscos APR ou APP .....................................................37 2.5.2 Hazard and operability studies HAZOP.........................................................38 2.5.3 Anlise de modos e efeitos de falhas FMEA ou AMFE .................................39 2.5.4 rvore de falhas AAF ....................................................................................40 2.6 Medidas de proteo...........................................................................................41

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    2.6.1 Equipamentos de proteo coletiva EPC ......................................................41 2.6.2 Equipamentos de proteo individual (EPI)......................................................44 2.7 Ferramentas ........................................................................................................46

    3 APRESENTAO DA EMPRESA ........................................................................49 3.1 Estrutura atual da empresa .................................................................................50 3.2 Dados atuais da empresa....................................................................................55

    4 AUTORIZAO DOS TRABALHADORES...........................................................58 4.1 Introduo ...........................................................................................................58 4.2 Elaborao e realizao do curso bsico............................................................61

    5 ELABORAO DE DOCUMENTOS .....................................................................71 5.1 POPs procedimentos operacionais padro .....................................................71 5.2 Termo de responsabilidade do uso de adornos ..................................................76 5.3 Elaborao de ordens de servio ........................................................................77 5.4 Check-lista para execuo de servios ...............................................................78 5.5 APR anlise preliminar de riscos......................................................................78

    6 EQUIPAMENTOS DE PROTEO COLETIVA E INDIVIDUAL ...........................80 6.1 Equipamentos de proteo coletiva ....................................................................80 6.2 Equipamentos de proteo individual..................................................................83

    7 PRONTURIO DA INSTALAO.........................................................................86 8 CONCLUSO ........................................................................................................88 9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................91 ANEXOS ...................................................................................................................93

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    1 INTRODUO

    Poucas atividades so to perigosas, e demandam tantos cuidados quanto o

    trabalho em instalaes eltricas. Mas uma nova regulamentao, a Norma

    Regulamentadora nmero 10, do Ministrio do Trabalho e Emprego, atravs da

    Portaria 598 publicada no Dirio Oficial no dia 7 de dezembro de 2004, trouxe mais

    segurana aos trabalhadores do setor eltrico. Esta norma foi criada aps dois anos

    de muitas discusses por uma comisso tripartite constituda por representantes do

    Ministrio do Trabalho e Emprego, trabalhadores e empresas, com o objetivo de garantir condies mnimas de segurana daqueles que trabalham em instalaes

    eltricas, em suas diversas etapas, incluindo projeto, execuo, operao, manuteno, reforma e ampliao, abrangendo empresas terceirizadas, pblicas e

    privadas, inclusive quem trabalha em suas proximidade.

    O texto de atualizao da NR-10 (Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade), publicado no Dirio Oficial em 08/12/2004, alterando a redao anterior, aprovada em 1978, trouxe avanos, pesquisas e muitas discusses. A

    norma dispe sobre as diretrizes bsicas para a implementao de medidas de

    controle e sistemas preventivos, destinados a garantir a Sade e Segurana dos

    trabalhadores que interajam em instalaes eltricas e servios com eletricidade e

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    quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades. A reviso da norma vem

    gerando muitas dvidas entre trabalhadores, empregadores e profissionais do SST.

    O engenheiro eletricista e de Segurana no Trabalho, membro da CPNSEE

    (Comisso Permanente Nacional sobre Segurana em Energia Eltrica) e da CTPP (Comisso Tripartite Paritria Permanente) na elaborao da norma, Aguinaldo Bizzo, concorda que como a norma define diretrizes bsicas quanto s aes e

    obrigaes, sem definir o como fazer, tem criado muitos questionamentos. uma cultura em nosso pas termos modelos bsicos de aplicao, e isso no possvel

    com a NR-10, visto que ela est embasada num sistema de gesto, cuja aplicabilidade depende de caractersticas de cada empresa, sentencia.

    Os dados da Fundao Coge (Fundao Comit de Gesto Empresarial), rgo que congrega as empresas geradoras, distribuidoras e transmissoras de

    energia eltrica do pas, mostram que, das 68 empresas que enviaram suas

    estatsticas, foram 1.901 trabalhadores acidentados, sendo 962 com afastamento,

    no ano passado. Este setor, que j congregou mais de 100 mil trabalhadores em 1999, hoje conta com cerca de 95 mil trabalhadores atuando na rea. Os acidentes, conseqentemente, tambm diminuram, dando a falsa impresso de aumento de

    segurana no setor: no ano de 2000 foram 2.250 acidentes e, em 2004, 1.972. Os

    especialistas afirmam, porm, que os nmeros so graves, e provavelmente ainda

    mais expressivos se levarmos em considerao que praticamente todos os

    segmentos industriais lidam com energia eltrica.

    A importncia da reviso da Norma Regulamentadora reside na sua

    propagao, j que a NR-10 existe desde 1974, e pouca gente nas empresas tem conhecimento do seu contedo. Mas hoje, todos sabem da sua existncia e da importncia da norma, e isso um fato extremamente positivo. Embora em vigor

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    desde o final de 2004, alguns prazos de implementao da NR foram estendidos,

    devido s dificuldades de interpretao que as empresas vm encontrando.

    Segundo consultores os itens que vm gerando mais dvidas so os itens: 10.8

    sobre a capacitao dos profissionais, o anexo II referente aos treinamentos, item

    10.2.4 que estabelece o pronturio de instalaes eltricas e o item 10.2.9 sobre

    vestimentas de proteo.

    Desta forma, surgiu o interesse em adotar uma empresa prestadora de

    servios em instalaes eltricas no ramo de construo de redes de transmisso e

    distribuio e energia eltrica para aplicao da norma regulamentadora NR10 em

    suas dependncias. Ajudando esta empresa a esclarecer suas dvidas quanto ao novo texto da norma NR-10 e elaborar a documentao necessria exigida pela

    NR10, fornecer treinamento em segurana com eletricidade para seus trabalhadores

    conforme exigncia do item 10.8.8 da norma e anexo III, formalizar todos os

    procedimentos operacionais e tambm zelar pela manuteno da segurana de seus

    trabalhadores.

    1.1 TEMA

    Aplicar a norma regulamentadora nmero 10 (NR-10) do Ministrio do Trabalho e Emprego em uma empresa prestadora de servios em montagem, manuteno,

    contruo de redes de transmisso e distribuio de energia eltrica.

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    1.2 IDENTIFICAO DO PROBLEMA

    Aps a reformulao e publicao do novo texto da norma regulamentadora

    numero 10 (NR10), os dirigentes de empresas prestadores de servios em eletricidade ficaram bastante confusos em relao interpretao de alguns itens do

    novo texto, itens estes referentes a procedimentos padronizados de trabalho,

    tcnicas de anlise de riscos, treinamentos referentes aos riscos decorrentes do

    emprego de eletricidade, vestimentas, trabalhos a dois, entre outros.

    A fim de subsidiar os dirigentes de empresas prestadoras de servio em

    eletricidade com relao ao novo texto da norma NR-10, e contribuir para o melhor

    entendimento e anlise dos dirigentes em relao aos itens da norma, e tambm

    com o objetivo de selar pelo patrimnio da empresa e a segurana de seus funcionrios tornando a prtica diria dos trabalhos mais segura, assim que surgiu

    o interesse em realizar este trabalho aplicado em uma empresa prestadora de

    servios em eletricidade.

    1.3 JUSTIFICATIVA

    Observando o cenrio atual na cidade de Chapec-SC, pde-se notar a

    existncia de inmeras empresas terceirizadas que prestam servios no setor

    eltrico, tanto montagens industriais como trabalhos de manuteno e montagem de

    redes de distribuio. A NR10 uma norma recentemente revisada, com mudanas

    bruscas no seu texto, muitas das quais exigem algum investimento das empresas, e

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    estabelece prazos que at final de 2006 esto todos vencidos j cabveis de multa pelos fiscais do Ministrio do Trabalho e Emprego. Atravs da realizao de um

    check-list da norma NR10 pode-se concluir que todas as empresas tm

    conhecimento da norma NR10, mas que muitas delas no esto procurando auxilio

    para interpretao e aplicao da mesma em suas empresas.

    Algumas empresas pblicas e privadas e concessionrias de energia eltrica j esto exigindo que empresas prestadoras de servios tenham implantado a NR10

    em suas empresas, para poderem trabalhar em suas dependncias assegurando-se

    assim de que tero trabalhadores com formao tcnica e instrudos quanto aos

    riscos e perigos do emprego da energia eltrica, reduzindo assim os nmeros de

    acidentes com terceiros em suas dependncias, e tornando a prtica diria do

    trabalho mais segura.

    1.4 OBJETIVOS

    1.4.1 Geral

    O presente trabalho tem como objetivo geral aplicar a norma NR10 nas dependncias de uma empresa prestadora de servios em instalaes eltricas no

    ramo de construo de redes de transmisso e distribuio de energia eltrica,

    procurando elaborar os principais documentos exigidos pela norma NR10 referente

    procedimentos de trabalho e anlise preliminar de risco. Fornecer os treinamentos

    referentes ao Anexo II (Curso Bsico de Segurana em Eletricidade) da norma, para

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    autorizao dos trabalhadores, e organizar o pronturio da empresa.

    1.4.2 Especficos

    elaborar uma lista de procedimentos operacionais das atividades

    desenvolvidas pela empresa;

    elaborar os procedimentos operacionais para todas as atividades

    desenvolvidas pela empresa, conforme lista de procedimentos;

    capacitar e autorizar os trabalhadores para interveno em instalaes

    eltricas, atravs do treinamento referente ao anexo II da norma;

    fornecer o treinamento referente ao anexo II (Curso Bsico de Segurana em Eletricidade) da norma NR10;

    desenvolver um mtodo da anlise preliminar de riscos (APR), nas equipes de montagem de redes para ser realizado sempre antes de desenvolver

    seus trabalhos;

    elaborar o pronturio da empresa;

    1.5 LIMITAES DO ESTUDO

    A principal dificuldade encontrada para realizao deste trabalho foi a

    disponibilidade de tempo para acompanhamento das equipes de montagem de

    redes de distribuio de energia eltrica, devido ao fato de ter que se observar in-

    loco as equipes trabalhando para desenvolver os procedimentos operacionais

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    padro da empresa, sendo que a maioria dos servios prestados pela empresa so

    em municpios distantes.

    Outra dificuldade foi o numero limitado de referncias bibliogrficas sobre o

    assunto, de procedimentos operacionais, sendo estes uma novidade da norma e

    tambm estes procedimentos so documentos internos de empresas cada um tem

    um padro.

    1.6 ORGANIZAO DA MONOGRAFIA

    O desenvolvimento do trabalho inicia com uma reunio com os dirigentes da

    empresa para um levantamento dos dados da empresa com relao ao novo texto

    da norma, verificando com os mesmos como a empresa esta em relao a norma.

    Primeiramente decidiu-se priorizar o treinamento de segurana referente ao anexo II

    da norma, para a autorizao dos trabalhadores. Paralelamente ao treinamento,

    decidiu-se descrever uma lista de procedimentos operacionais das atividades

    desenvolvidas pela empresa, para posterior acompanhamento in-loco das equipes e

    elaborao dos procedimentos operacionais, juntamente com os demais documentos de analise preliminar de riscos e ordens de servio para os

    trabalhadores.

    Com o acompanhamento in-loco das atividades desenvolvidas pelos

    trabalhadores foi-se realizando anotaes para elaborao dos procedimentos

    operacionais, e num ultimo momento organizar todos estes documentos em um

    nico arquivo que compe o pronturio da empresa.

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    1.6.1 Tipo de pesquisa

    Os tipos de pesquisas utilizados para o desenvolvimento do trabalho foram

    pesquisas de campo, com o acompanhamento das equipes de montagem na

    realizao das suas atividades, pesquisa de ao atravs da elaborao dos

    documentos necessrios referentes norma e tambm a realizao do curso bsico

    para segurana em instalaes e servios com eletricidade, para a autorizao dos

    trabalhadores.

    1.6.2 Universo

    Este trabalho se aplica a todas as empresas prestadoras de servios em

    instalao de redes de transmisso e distribuio de energia eltrica.

    1.6.3 Sujeitos da pesquisa

    Ser analisada nesta pesquisa uma empresa prestadora de servios em

    eletricidade no ramo de construo de redes de transmisso e distribuio de

    energia eltrica.

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 A CORRENTE ELTRICA NO CORPO HUMANO

    O aumento substancial das aplicaes e da utilizao de energia eltrica nas

    ultimas dcadas levou pesquisadores de diversos pases a realizar minuciosos

    estudos sobre os perigos que a corrente eltrica pode causar ao passar pelo corpo

    humano.

    As pesquisas sobre o assunto comearam em 1930, com os estudos pioneiros

    de H. Freiberger e L.P. Ferris, aos quais se seguiram os de C.P. Dalziel, W.B.

    Kouwenhoven, W.R. Lee, P. Osypka, H. Antoni entre outros. Com o objetivo de avaliar o grau de periculosidade da corrente eltrica, esses estudiosos realizaram

    experincias com animais (bezerros, porcos, carneiros, ces e gatos), seres humanos e cadveres.

    O documento internacional, considerado orientao bsica no que diz respeito

    proteo contra choques eltricos em instalaes eltricas, a publicao n 479

    da IEC (Effects of current passing through the human body), que consolida os estudos realizados sobre o assunto. Esse trabalho foi publicado pela primeira vez

    em 1974, preparado por um grupo selecionado de estudiosos com base em uma

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    longa pesquisa na literatura e na avaliao das respostas a um questionrio

    preparado. A norma brasileira NBR 6533, de 1981 (Estabelecimento de segurana aos efeitos da corrente eltrica percorrendo o corpo humano) se baseou integralmente naquela publicao.

    Ao passar pelo corpo humano a corrente eltrica danifica os tecidos e lesa os

    tecidos nervosos e cerebral, provoca cogulos nos vasos sanguneos e pode

    paralisas a respirao e os msculos cardacos. A corrente eltrica pode matar

    imediatamente ou pode colocar a pessoa inconsciente, a corrente faz os msculos

    se contrarem a 60 ciclos por segundo, que a freqncia da corrente alternada.A

    sensibilidade do organismo a passagem de corrente eltrica inicia em um ponto

    conhecido como Limiar de Sensao e que ocorre com uma intensidade de corrente

    de 1mA para corrente alternada e 5mA para corrente contnua. Pesquisadores

    definiram 3 tipos de efeitos manifestados pelo corpo humano quando da presena

    de eletricidade de acordo com Cotrim (2003).

    limiar de sensao (percepo);

    limiar de no largar;

    limiar de fibrilao ventricular.

    2.2 OS PERIGOS DA ELETRICIDADE

    De acordo com Kindermann (2000), qualquer atividade biolgica, seja glandular, nervosa ou muscular, estimulada ou controlada por impulsos de corrente

    eltrica. Se essa fisiolgica interna somar-se a uma outra corrente de origem

    externa, devido a um contato eltrico, ocorrer no organismo humano uma alterao

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    das funes vitais normais que, dependendo da durao da corrente eltrica, pode

    levar o indivduo morte.

    Os principais efeitos que uma corrente eltrica (externa) produz no corpo humano so tetanizao, parada respiratria, queimadura e fibrilao ventricular.

    A tetanizao um fenmeno decorrente da contrao muscular produzida por

    uma corrente eltrica. Verifica-se que sob a ao de um estmulo, devido a uma

    diferena de potencial eltrico em uma fibra muscular, o msculo se contrai e, em

    seguida, retorna ao estado de repouso. Se houver um segundo estmulo antes do

    repouso os dois efeitos podero somar-se. Diversos estmulos simultneos

    produzem contraes repetidas do msculo, de modo progressivo; a chamada

    contrao tetnica. Quando a freqncia dos estmulos ultrapassa certo limite, o

    msculo levado contratao completa e permanente nessa condio at que

    cessem os estmulos, retornando lentamente ao estado de repouso.

    O mesmo fenmeno descrito de modo simplificado para uma fibra elementar

    nervo-muscular ocorre de maneira muito mais complexa no corpo humano que

    atravessado por uma corrente eltrica. As freqncias usuais de 50 e 60 Hz so

    suficientes para produzir uma tetanizao completa dependendo da intensidade da

    corrente eltrica. Uma pessoa em contato com uma pea sob tenso pode ficar

    agarrada a ela no perodo em que durar a diferena de potencial, que, dependendo

    da durao, pode levar inconscincia e at morte. importante observar que o fenmeno mais perigoso se considerar que a resistncia eltrica do corpo humano

    diminui com a intensidade da tenso eltrica.

    Para valores elevados de corrente, a excitao muscular pode ser

    suficientemente violenta de modo a provocar uma exploso de contrao muscular,

    levando uma pessoa a se movimentar muitas vezes, a fim de libertar-se do choque

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    eltrico. Dependendo das condies pode ser lanada a uma certa distncia.

    Defini-se o limiar de largar como a corrente mxima que uma pessoa pode

    suportar ao segurar um condutor energizado. Ela pode larg-lo usando os msculos

    voluntariamente estimulados. Em outras palavras, o limiar de largar o valor mximo

    que uma pessoa, tendo mo um objeto energizado, pode ainda larg-lo. Estudos mostram que para essa grandeza, em corrente alternada de 50 e 60 Hz, os valores

    se situam entre 6 e 14 mA (mil-amperes 10-3) em mulheres (mdia de 10 mA) e entre 9 e 23 mA em homens (mdia de 16 mA).

    Correntes inferiores ao limiar de largar, mas com pouca intensidade, muito

    embora no produzam, no caso geral, alteraes graves no organismo, podem dar

    origem a contraes musculares violentas e indiretamente causar acidentes, como

    quedas, ferimentos causados por partes mveis de mquinas ou movimentos

    bruscos que levam a outros riscos.

    Correntes superiores ao limite de largar, mas com pouca intensidade, podem

    causar uma parada respiratria se a corrente for de longa durao. Essas correntes

    produzem sinais de asfixia na pessoa, graas contrao de msculos ligados

    respirao e/ou paralisia dos centros nervosos que comandam a funo

    respiratria. Se a corrente permanecer, a pessoa perde a conscincia e morre por

    asfixia.

    A passagem da corrente eltrica pelo corpo humano acompanhada do

    desenvolvimento de calor por efeito Joule, podendo produzir queimaduras. A

    situao torna-se mais crtica nos pontos de entrada e sada da corrente, uma vez

    que:

    a pele apresenta uma elevada resistncia eltrica, enquanto os tecidos

    internos apresentam resistncia baixa;

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    resistncia de contato entre a pele e as partes sob tenso soma-se a

    resistncia da pele;

    a densidade de corrente alta nos pontos de entrada e sada da corrente,

    principalmente se as reas de contato forem pequenas.

    Quanto maior a densidade de corrente e mais longo o tempo qual a corrente

    permanece mais graves so as queimaduras produzidas. Nas altas tenses, em que

    h o predomnio dos efeitos trmicos da corrente, o calor produz a destruio de

    tecidos superficiais e profundos, bem como o rompimento de artrias com

    conseqente hemorragia e destruio dos centros nervosos.

    O fenmeno fisiolgico mais grave que pode ocorrer quando a corrente eltrica

    passa pelo corpo humano a fibrilao ventricular do corao. Trata-se de um

    fenmeno complexo e geralmente fatal.

    Sabe-se que o msculo cardaco (miocrdio) se contrai ritmicamente de 60 a 90 vezes por minuto e sustenta, como se fosse uma bomba, a circulao sangunea

    nos vasos. A contrao da fibra muscular estimulada por impulsos eltricos

    provenientes do ndulo sinoatrial, situado na parte superior trio direito, e um

    gerador biolgico de impulsos eltricos que comanda o corao. Por meio de tecidos

    especficos de conduo, os impulsos de comando provenientes do ndulo sinoatrial

    so transmitidos s fibras musculares da parede do ventrculo do corao.

    Se atividade eltrica fisiolgica normal acrescenta-se uma corrente eltrica

    de origem externa e muitas vezes maior que a corrente biolgica, fcil imaginar o

    que sucede com o equilbrio eltrico do corpo. As fibras do corao passam a

    receber sinais eltricos excessivos e irregulares e as fibras ventriculares ficam

    superestimuladas de maneira catica e passam a contrair-se desordenadamente,

    uma independente da outra, de modo que o corao no possa mais exercer sua

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    funo. a fibrilao ventricular, responsvel por tantas mortes decorrentes da acidentes eltricos, na qual as fibras musculares do ventrculo vibram

    desordenadamente estagnando o sangue dentro do corao. Dessa maneira no h

    irrigao sangunea pelo corpo, a presso arterial cai a zero e a pessoa desmaia e

    fica em estado de morte aparente. A fibrilao ventricular acompanhada da parada

    respiratria da vtima.

    O fenmeno da fibrilao ventricular irreversvel. No entanto, sabe-se hoje que uma carga eltrica violenta pode, desde que adequadamente aplicada, reverter

    o processo de fibrilao. Isso feito com um desfibrilador eltrico, que utiliza dois

    eletrodos aplicados ao trax que provocam uma descarga eltrica na regio cardaca

    do paciente. Mesmo assim, para efeitos prticos, a fibrilao considerada fatal,

    pois dificilmente se tem disposio pessoas especializadas e equipamento

    necessrio para prestar socorro vtima em tempo hbil. Observe que, cessada a

    atividade cardaca normal, a partir de trs minutos comeam a ocorrer leses

    irreparveis no tecido cerebral.

    2.3 A SEGURANA EM SERVIOS COM ELETRICIDADE E AS NORMAS TCNICAS BRASILEIRAS DA ABNT

    2.3.1 NBR 5410

    A NBR 5410 (ABNT 2004), estabelece as condies que as instalaes eltricas de baixa tenso devem satisfazer a fim de garantir a segurana de pessoas

  • 22

    e animais, o funcionamento adequado da instalao e a conservao dos bens.

    Esta Norma aplica-se principalmente s instalaes eltricas de edificao,

    residencial, comercial, pblico, industrial, de servios, agropecurio, hortigranjeiro, etc.

    A exemplo de outras normas atuais, a NBR 5410 d grande importncia

    proteo contra choques eltricos, o que plenamente justificvel, tendo em vista a quantidade de equipamentos eltricos utilizados pela populao.

    Com efeito, se nas instalaes eltricas de qualquer local no forem adotadas

    medidas apropriadas de segurana e proteo, sero altos os riscos de ferimentos

    ou at mesmo de morte por eletroplesso. O perigo pode existir tanto para o

    eletricista que, por acidente, toca em uma barra energizada de uma subestao ou

    de um quadro de distribuio, como para o operrio que toca na carcaa

    acidentalmente energizada de um motor eltrico e, ainda, para dona de casa que

    encosta a mo na caixa metlica de uma mquina de lavar roupa ou de uma

    geladeira, colocada sob tenso por uma falha de isolamento.

    muito importante observar que para uma pessoa o perigo no esta simplesmente em tocar um elemento energizado, seja uma parte viva (contato direto) ou uma massa sob tenso (contato direto), e sim, em tocar simultaneamente um outro elemento que possui um potencial diferente do primeiro. Ou seja , o perigo proveniente da diferena de potencial. Como regra geral deve-se levar em

    considerao que pessoas esto sempre em contato com um elemento do prdio,

    por exemplo, piso ou parede, que esteja com um potencial bem definido, em geral o da terra, e, portanto, qualquer contato com outro elemento que esteja em um potencial diferente pode ser perigoso (NBR5410 ABNT 2004).

    Os contatos diretos, em sua maior parte, so devidos a desconhecimento,

  • 23

    negligncia ou imprudncia das pessoas e, por isso, so mais raros. Os contatos

    indiretos, por sua vez, so mais freqentes e imprevisveis e representam maior

    perigo. A eles a norma d, como no podia deixar de ser, maior importncia.

    A NBR 5410 apresenta, para a proteo contra choques eltricos, trs grupos

    de medidas:

    medidas de proteo contra contatos diretos e indiretos;

    medidas de proteo contra contatos diretos;

    medidas de proteo contra contatos indiretos.

    A proteo contra contatos diretos e indiretos tem como base o uso de extra-

    baixas tenses e pode ser realizada por:

    extra-baixa tenso de segurana;

    extra-baixa tenso funcional.

    A proteo contra contatos diretos, garantida pela quantidade dos

    componentes e da instalao e por determinadas disposies fsicas dos

    componentes, que podem ser utilizados para:

    isolao das partes vivas;

    barreiras ou invlucros de proteo;

    obstculos;

    colocao fora do alcance das pessoas;

    dispositivo de proteo corrente diferencial-residual.

    A proteo contra contatos indiretos, prevista por meio de medidas que

    podem ser divididas em dois grupos: as que no utilizam o condutor de proteo e

    as medidas de proteo por seccionamento automtico da alimentao, nas quais o

    condutos de proteo desempenha um papel de grande importncia. No primeiro

    caso, a proteo garantida basicamente pela qualidade da instalao; so elas:

  • 24

    emprego de equipamentos classe II ou aplicao de isolao equivalente;

    proteo em locais no-condutores;

    ligaes eqipotenciais de locais no-aterradas;

    separao eltrica.

    Os mtodos previstos pela NBR 5410 para a proteo contra choques eltricos

    podem ser divididos em dois grupos: proteo passiva e proteo ativa.

    A proteo passiva consiste na limitao da corrente eltrica que pode

    atravessar o corpo humano ou em impedir o acesso de pessoas a partes vivas. So

    medidas que no levam sem conta a interrupo de circuitos com falta.

    A proteo ativa consiste na utilizao de mtodos e dispositivos que

    proporcionam o seccionamento (abertura) automtica de um circuito, sempre que houver faltas que possam trazer perigo para o operador ou usurio.

    As medidas de proteo por seccionamento (abertura) automtica da alimentao no dependem da qualidade da instalao. De acordo com essas

    medidas, um dispositivo de proteo deve fazer o seccionamento de um circuito

    quando ocorrer uma falta para terra, impedindo que essa situao resulte em perigo

    para as pessoas. Sua aplicao exige a coordenao entre o esquema de

    aterramento e as caractersticas dos dispositivos de proteo, levando em

    considerao os seguintes esquemas:

    esquema TN;

    esquema TT;

    esquema IT.

    A NBR 5410 recomenda que a todos os componentes da instalao sejam aplicadas medidas de proteo contra contatos diretos. J, a proteo contra

    contatos indiretos aplicada a todas as instalaes medidas que estejam

  • 25

    relacionadas com o seccionamento automtico da alimentao (medidas ativas), exceto as partes da instalao que devem ter obrigatoriamente uma das medidas

    complementares passivas de proteo, como o caso dos locais com banheiras e

    chuveiros. Essas medidas so tambm vlidas, quando for impraticvel ou

    indesejvel a proteo por seccionamento automtico (NBR5410 ABNT 2004). Para a seleo das medidas de proteo contra choques eltricos (por contato

    direto e indireto), a NBR 5410 recomenda que sejam especialmente observadas as seguintes condies de influncias externas:

    BA competncia das pessoas;

    BB resistncia eltrica do corpo humano;

    BC contato das pessoas com o potencial da terra.

    A NBR 5410 (2004) considera que, preferencialmente, a proteo contra contato indireto deva ser estabelecida a partir da relao entre tenso de contato e

    tempo mximo de durao respectivo. Assim, surgindo na instalao uma dada

    tenso de contato, conseqncia de falha na isolao de um equipamento, a

    alimentao do circuito envolvido deve ser interrompida em um dado tempo mximo

    pelo seccionamento automtico da alimentao.

    2.3.1.1 Separao eltrica

    Uma das medidas de proteo contra choques eltricos previstas na NBR 5410

    (2004), a chamada separao eltrica. Ao contrrio da proteo por seccionamento automtico da alimentao, ela no se presta a uso generalizado.

    Pela prpria natureza, uma medida de aplicao mais pontual. Isso no impediu

  • 26

    que ela despertasse, uma certa confuso entre os profissionais de instalaes.

    Alegam-se conflitos entre as disposies da medida e a prtica de instalaes.

    O questionamento comea com a lembrana de que a medida proteo por

    separao eltrica, tal como apresentada pela NBR 5410/2004, se traduz pelo uso

    de um transformador de separao cujo circuito secundrio isolado (nenhum condutor vivo aterrado, inclusive neutro).

    Lembra ainda que pelas disposies da norma a(s) massa(s) do(s) equipamento(s) alimentado(s) no deve(m) ser aterrada(s) e nem ligada(s) a massas de outros circuitos e/ou a elementos condutivos estranhos instalao embora o

    documento exija que as massas do circuito separado (portanto, quando a fonte de separao alimenta mais de um equipamento) sejam interligadas por um condutor PE prprio, de equipotencializao.

    Exemplo de instalaes que possuem separao eltrica so salas cirrgicas

    de hospitais, em que o sistema tambm isolado, usando-se igualmente um

    transformador de separao, mas todos os equipamentos por ele alimentados tm

    suas massas aterradas.

    A separao eltrica, como mencionado, uma medida de aplicao limitada.

    A proteo contra choques (contra contatos indiretos) que ela proporciona repousa:

    numa separao, entre o circuito separado e outros circuitos, incluindo o

    circuito primrio que o alimenta, equivalente na prtica dupla isolao;

    na isolao entre o circuito separado e a terra; e, ainda, na ausncia de

    contato entre a(s) massa(s) do circuito separado, de um lado, e a terra, outras massas (de outros circuitos) e/ou elementos condutivos, de outro.

    O circuito separado constitui um sistema eltrico ilhado. A segurana contra

  • 27

    choques que ele oferece baseia-se na preservao dessas condies.

    Os transformadores de separao utilizados na alimentao de salas cirrgicas

    tambm se destinam a criar um sistema isolado. Mas no por ser o transformador

    de separao que seu emprego significa necessariamente proteo por separao

    eltrica (NBR5410 ABNT 2004).

    2.3.2 NBR 14039

    Esta Norma estabelece um sistema para o projeto e execuo de instalaes eltricas de mdia tenso, com tenso nominal de 1,0kV a 36,2 kV, freqncia

    industrial, de modo a garantir segurana e continuidade de servio (NBR14039 ABNT 2003).

    Esta Norma aplica-se a partir de instalaes alimentadas pelo concessionrio,

    o que corresponde ao ponto de entrega definido atravs da legislao vigente

    emanada da Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL). Esta Norma tambm se aplica as instalaes alimentadas por fonte prpria de energia em mdia tenso.

    Esta Norma abrange as instalaes de gerao, distribuio e utilizao de

    energia eltrica, sem prejuzo das disposies particulares relativas aos locais e condies especiais de utilizao constantes nas respectivas normas. As instalaes

    especiais tais como martimas, de trao eltrica, de usinas, pedreiras, luminosas

    com gases (nenio e semelhantes), devem obedecer, alm desta Norma, s normas especficas aplicveis em cada caso.

    As prescries desta Norma constituem as exigncias mnimas a que devem

    obedecer as instalaes eltricas s quais se refere, para que no venham, por suas

  • 28

    deficincias, prejudicar e perturbar as instalaes vizinhas ou causar danos a pessoas e animais e conservao dos bens e do meio ambiente.

    Os componentes da instalao so considerados apenas no que concerne

    sua seleo e s suas condies de instalao. Isto igualmente vlido para

    conjuntos pr-fabricados de componentes que tenham sido submetidos aos ensaios de tipo aplicveis.

    A aplicao da Norma NBR 14039 no dispensa o respeito aos regulamentos

    de rgos pblicos aos quais a instalao deva satisfazer. Em particular, no trecho

    entre o ponto de entrega e a origem da instalao, pode ser necessrio, alm das

    prescries desta Norma, o atendimento das normas e/ou padres do

    concessionrio quanto conformidade dos valores de graduao (sobre correntes temporizadas e instantneas de fase/neutro) e capacidade de interrupo da potncia de curto-circuito.

    A NBR 14039 aplica-se na construo e manuteno das instalaes eltricas

    de mdia tenso de 1,0 a 36,2 kV a partir do ponto de entrega definido pela

    legislao vigente incluindo as instalaes de gerao, distribuio de energia

    eltrica. Devem considerar a relao com as instalaes vizinhas a fim de evitar

    danos s pessoas, animais e meio ambiente.

    2.4 RISCOS COM ELETRICIDADE

    Os riscos segurana e sade dos trabalhadores no setor de energia eltrica

    so, via de regra elevados, podendo levar a leses de grande gravidade e so

    especficos a cada tipo de atividade. Contudo, o maior risco segurana e sade

  • 29

    dos trabalhadores o de origem eltrica.

    A eletricidade constitui-se um agente de alto potencial de risco ao homem.

    Mesmo em baixas tenses ela representa perigo integridade fsica e sade do

    trabalhador. Sua ao mais nociva a ocorrncia do choque eltrico com

    conseqncias diretas e indiretas (quedas, batidas, queimaduras indiretas e outras). Tambm apresenta risco devido possibilidade de ocorrncias de curtos-circuitos ou

    mau funcionamento do sistema eltrico originando grandes incndios e exploses.

    importante lembrar que o fato da linha estar seccionada no elimina o risco eltrico, tampouco pode-se prescindir das medidas de controle coletivas e individuais

    necessrias, j que a energizao acidental pode ocorrer devido a erros de manobra, contato acidental com outros circuitos energizados, tenses induzidas por

    linhas adjacentes ou que cruzam a rede, descargas atmosfricas mesmo que distantes dos locais de trabalho, fontes de alimentao de terceiros.

    Segundo Lima (2006), os riscos decorrentes do emprego da energia eltrica so os seguintes:

    riscos de origem eltrica;

    riscos de queda;

    riscos no transporte e com equipamentos;

    riscos de ataque de insetos;

    riscos de ataques de animais peonhentos/domsticos;

    riscos ocupacionais;

    riscos ergonmicos.

  • 30

    2.4.1 Riscos de origem eltrica

    Os principais riscos de origem eltrica conforme Lima (2006) so:

    choque eltrico;

    campo eltrico;

    campo eletro-magntico.

    2.4.2 Riscos de queda

    As quedas constituem uma das principais causas de acidentes no setor

    eltrico, ocorrem em conseqncia de choques eltricos, de utilizao inadequada

    de equipamentos de elevao (escadas, cestas, plataformas), falta ou uso inadequado de EPI, falta de treinamento dos trabalhadores, falta de delimitao e de

    sinalizao do canteiro do servio e ataque de insetos.

    2.4.3 Riscos no transporte e com equipamentos

    Neste item abordaremos riscos de acidentes envolvendo transporte de

    trabalhadores e o deslocamento com veculos de servio, bem como a utilizao de

    equipamentos.

    Veculos a caminho dos locais de trabalho em campo. comum o

  • 31

    deslocamento dirio dos trabalhadores at os efetivos pontos de prestao de

    servios. Esses deslocamentos expem os trabalhadores aos riscos caractersticos

    das vias de transporte.

    Veculos e equipamentos para elevao de cargas e cestas areas. Nos

    servios de construo e manuteno em linhas e redes eltricas nos quais so

    utilizados cestas areas e plataformas, alm de elevao de cargas (equipamentos, postes) necessria a aproximao dos veculos junto s estruturas (postes, torres) e do guindauto (Grua) junto das linhas ou cabos. Nestas operaes podem acontecer acidentes graves, exigindo cuidados especiais que vo desde a

    manuteno preventiva e corretiva do equipamento, o correto posicionamento do

    veculo, adequado travamento e fixao, at a operao precisa do equipamento.

    2.4.4 Riscos de ataques de insetos

    Na execuo de servios em torres, postes, subestaes, leitura de medidores,

    servios de poda de rvores e outros podem ocorrer ataques de insetos, tais como

    abelhas e formigas.

    2.4.5 Riscos de animais peonhentos/domsticos

    Ocorre sobretudo, nas atividades externas de construo, superviso e

    manuteno em redes eltricas.

  • 32

    O empregado deve atentar possibilidade de picadas de animais peonhentos

    como, por exemplo, cobras venenosas, aranhas, escorpies e mordidas de ces.

    2.4.6 Riscos ocupacionais

    Consideram-se riscos ocupacionais, os agentes existentes nos ambientes de

    trabalho, capazes de causar danos sade do empregado. No quadro abaixo de

    acordo com a NR15 podemos observar os principais riscos ocupacionais divididos

    em grupos e com suas respectivas cores.

  • 33

    Quadro 1: Classificao dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza e a padronizao das cores correspondentes.

    Fonte: POLOTO 2005.

    Rudo

    Presente em vrios locais tais como, usinas de gerao de energia eltrica,

    devido ao movimento de turbinas e geradores, subestaes, redes de distribuio,

    necessitando de laudo tcnico especfico para sua caracterizao.

    Radiao solar

    Os trabalhos em instalaes eltricas ou servios com eletricidade quando

    realizados em reas abertas podem tambm expor os trabalhadores radiao solar.

  • 34

    Como conseqncias podem ocorrer queimaduras, leses nos olhos e at

    cncer de pele, provocadas pela radiao solar.

    Calor

    Presente nas atividades desempenhadas em espaos confinados, como por

    exemplo, temos: subestaes, cmaras subterrneas, usinas (devido deficincia de circulao de ar e temperaturas elevadas).

    2.4.7 Riscos ergonmicos

    Os riscos ergonmicos so significativos nas atividades do setor eltrico

    relacionados aos fatores:

    Biomecnicos: posturas inadequadas de trabalho provocadas pela exigncia

    de ngulos e posies inadequadas dos membros superiores e inferiores para

    realizao das tarefas, principalmente em altura, sobre postes e apoios

    inadequados, levando a intensas solicitaes musculares, levantamento e transporte

    de carga, etc.

    Organizacionais: presso psicolgica para atendimento a emergncias ou a

    situaes com perodos de tempo rigidamente estabelecidos, realizao rotineira de

    horas extras, trabalho por produo, presses da populao com falta do

    fornecimento de energia eltrica.

  • 35

    Psicossociais: elevada exigncia cognitiva necessria ao exerccio das

    atividades associada constante convivncia com o risco de vida devido presena

    do risco eltrico e tambm do risco de queda (neste caso, sobretudo para atividades em linhas de transmisso, executadas em grandes alturas).

    Ambientais: conforme teoria, risco ambiental compreende os fsicos, qumicos

    e biolgicos; esta terminologia fica inadequada, deve-se separar os riscos

    provenientes de causas naturais (raios, chuva, terremotos, ciclones, ventanias, inundaes, etc.).

    2.5 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS

    fundamental que antes de iniciar uma atividade tenhamos a elaborao de uma anlise de riscos. Esta anlise deve ser efetuada com a participao de todos

    os envolvidos.

    A anlise de riscos segundo Campos (2006), a avaliao qualitativa e/ou quantitativa dos riscos apresentados por uma instalao ou atividade. O

    entendimento dos conceitos de risco e perigo so necessrio para a elaborao de

    uma tcnica de anlise de riscos, onde:

    Perigo: Propriedade ou condio inerente de uma substncia ou atividade

    capaz de causar danos a pessoas, a propriedade e ao meio-ambiente.

    Risco: O risco devido a uma determinada atividade pode ser entendido como o

  • 36

    potencial de ocorrncia de conseqncias indesejadas decorrentes da realizao da atividade considerada.

    As tcnicas de anlise de risco visam identificar aspectos de risco a segurana,

    sade e meio ambiente, relativos s suas atividades, estabelecendo aes

    sistemticas de controle, monitoramento e preveno de seus efeitos.

    Trata-se de uma tcnica de anlise prvia de riscos que tem como objetivo antecipar a previso da ocorrncia danosa para as pessoas, processos,

    equipamentos e meio ambiente. elaborada atravs do estudo, questionamento, levantamento, detalhamento, criatividade, anlise crtica e autocrtica, com

    conseqente estabelecimento de precaues tcnicas necessrias para a execuo

    das tarefas (etapas de cada operao), de forma que o trabalhador tenha sempre o controle das circunstncias, por maiores que forem os riscos.

    A Anlise Preliminar de Risco uma viso tcnica antecipada do trabalho a ser

    executado, que permite a identificao dos riscos envolvidos em cada passo da

    tarefa, e ainda propicia condio para evit-los ou conviver com eles em segurana.

    Por se tratar de uma tcnica aplicvel todas as atividades, uma grande

    virtude da aplicao desta tcnica de Anlise Preliminar de Risco o fato de

    promover e estimular o trabalho em equipe e a responsabilidade solidria.

    A seguir sero apresentadas s ferramentas consideradas mais importantes

    por Campos (2006), e as suas principais caractersticas e variaes. O conhecimento da sua aplicabilidade por parte do profissional de eltrica almeja fornecer subsdios necessrios ao correto levantamento de riscos e perigos da

    atividade quotidiana de trabalho.

  • 37

    2.5.1 Anlise preliminar de riscos APR ou APP

    Busca identificar os eventos perigosos em uma instalao de forma estruturada

    para identificar a priori os riscos potenciais. Esta metodologia procura examinar as

    maneiras pelas quais as energias podem ser liberadas de forma descontrolada;

    levantando para cada um dos perigos identificados, as suas causas, os mtodos de

    deteco disponveis, e seus efeitos nos trabalhadores, a populao vizinha e ao

    meio ambiente. As bsicas de uma APR so:

    a) Rever problemas conhecidos: Revisar experincias passadas (eventos similares) na busca de identificao de riscos no sistema estudado.

    b) Revisar misso: Revisar objetivos, funes, procedimentos, e o ambiente onde ser realizada a operao.

    c) Determinao dos riscos principais: Quais so os riscos potenciais para causar perdas direta ou indiretamente a funo, leses, danos a

    equipamentos, etc.

    d) Determinar os riscos iniciais e contribuintes: Cada risco principal ser esmiuado para determinar sua origem.

    e) Meios de controle e eliminao do risco: Procurar os meios mais eficientes disponveis para segurana da operao.

    f) Mtodo de restrio de danos: Avaliar os mtodos para restrio dos danos.

    g) Indicar os agentes executantes: Indicar claramente quem o responsvel pelas aes corretivas.

  • 38

    Quadro 2: Modelo: Formulrio de APP. Perigo Causa Deteco e

    e controle Efeito Freqncia Severidade Valor de

    Risco Recomendaes

    Fonte: SOUZA 2006.

    2.5.2 Hazard and operability studies HAZOP

    O HAZOP o estudo que identifica os problemas de perigo e operabilidade,

    por meio do exame dos possveis desvios das condies normais de operao, suas

    causas e conseqncias. No processo de identificao dos problemas a soluo for

    aparente esta pode ser considerada como parte do produto do HAZOP, contudo no

    se devem buscar solues que no so aparentes, pois esta no a finalidade do

    HAZOP. Esta metodologia tem maior aplicabilidade em atividades de processo

    contnuo, podendo ser adaptada para processos de bateladas.

    O HAZOP baseado na experincia de diversos especialistas, com diferentes

    focos e tem natureza qualitativa. Os fatores de sucesso do HAZOP so:

    a) confiabilidade dos dados reunidos para sua elaborao; b) viso e interao do grupo com o sistema em anlise; c) habilidade do grupo em visualizar os desvios; d) habilidade do grupo em selecionar os casos mais graves. As etapas bsicas de execuo do HAZOP so:

    a) definio dos propsitos, objetivos e escopo; b) seleo do grupo; c) preparo do estudo;

  • 39

    d) execuo; e) reviso; f) registro dos resultados finais.

    2.5.3 Anlise de modos e efeitos de falhas FMEA ou AMFE

    A FMEA (Failure Modes and Effect Analysis) uma ferramenta de anlise para prognstico de problemas, podendo ser aplicada em projetos, processos ou servios. So dois os tipos bsicos de FMEA existentes: A FMEA de projeto DFMEA (Design Failure Modes and Effect Analysis) e a FMEA de processo (process Failure Modes and Effect Analysis). Derivados destes dois tipos de FMEA surgiram diversas verses, entretanto, para que o mtodo de anlise de falhas possa ser chamado de

    FMEA e garantir a sua eficcia ou sucesso necessrio que este apresente os cinco

    elementos bsicos:

    a) Selecionar o projeto com maior potencial de retorno de qualidade e confiabilidade para organizao e para o cliente.

    b) Pergunta essenciais a responder: Como pode falhar?

    Porque falha?

    O que acontece quando falha?

    a) Implementar um sistema para identificar os modos de falha mais importantes, a fim de melhor-los.

    b) Priorizar os modos de falhas potenciais que sero tratados em primeiro lugar.

    c) Acompanhamento, com ferramentas de suporte a qualidade e a

  • 40

    confiabilidade.

    O quadro 3 apresenta o modelo de um formulrio bsico de FMEA.

    Quadro 3: Exemplo de modelo de planilha para implementao de FMEA.

    FMEA Anlise de Efeitos e Modos de Falha

    Cabealho 1

    Funes 2

    Mo

    dos

    de Fa

    lha

    3 Efeitos 4 Se

    ver

    idad

    e 5

    Causas 6

    Oco

    rrn

    cia

    7

    Con

    tro

    les

    8

    Det

    ec

    o 9

    A

    es

    Rec

    om

    enda

    das

    10

    Status

    11

    Fonte: SOUZA 2006.

    2.5.4 rvore de falhas AAF

    A rvore de falhas uma ferramenta grfica utilizada para avaliao profunda

    de uma nica falha ou modo de falha. O modo de falha escolhido para aplicao

    deste recurso deve ter alta severidade e/ou alta probabilidade de ocorrncia.

    Escolhido este modo de falha ele passar a ser chamado de Evento Principal,

    e este ter abaixo dele as causas que o geraram, chamadas Causas Bsicas. O

    quadro 3, ilustra a aparncia de uma tpica rvore de falhas. Esta lgica pode ser

    usada para estimar a probabilidade de ocorrncia de modo de falha ou de uma

  • 41

    causa no FMEA.

    Organograma: Aparncia tpica de uma rvore de falha.

    Fonte: SOUZA 2006.

    2.6 MEDIDAS DE PROTEO

    2.6.1 Equipamentos de proteo coletiva EPC

    Na execuo de servios em instalaes eltricas e em suas proximidades

    devem ser previstos e adotados prioritariamente equipamentos de proteo coletiva.

    Os EPCs so dispositivos, sistemas, fixos ou mveis de abrangncia coletiva,

    destinados a preservar a integridade fsica e a sade dos trabalhadores, usurios e

    terceiros, so aqueles que neutralizam o risco na prpria fonte (FERREIRA, 2005). Abaixo so citados alguns dos principais equipamentos de proteo que

    constituem protees coletivas para atividades realizadas nos setores em questo,

    Evento Principal

    Causa

    Causa

    Causa Causa

    Causa

    Causa

    Causa Causa

  • 42

    sobretudo no setor eltrico.

    Os Equipamentos de Proteo Coletiva (EPC) especficos das atividades ligados a eletricidade so mostrados abaixo.

    Figura 1: Vara de manobra seccionvel.

    Figura 2: Aterramento provisrio de AT (Alta Tenso).

    detector de tenso;

  • 43

    equipamentos de isolao de reas (cones, fitas, bandeiras, entre outros).

    Figura 3: Cone e fita de sinalizao. Fonte: POLOTO 2005.

    Mantas, coberturas e tapetes de borracha Utilizados na cobertura de

    equipamentos energizados, sua aplicao simples e segura algumas

    mantas permitem fixao por meio de velcro.

    Figura 4: Manta isolante, com fixao por velcro. Fonte: POLOTO 2005.

  • 44

    Figura 5: Cobertura isolante. Fonte: POLOTO 2005.

    Cordas e sacolas para iar materiais, ferramentas e sacola para transporte

    de lmpadas Todos os objetos que forem passados ao eletricista, de baixo para cima da estrutura, ou de cima para o solo, deve ser feito com o

    auxlio do conjunto de iamento, os objetos no devem ser lanados para os demais membros da equipe.

    2.6.2 Equipamentos de proteo individual (EPI)

    Os equipamentos de proteo individual EPIs devem ser fornecidos pela

    empresa gratuitamente e em condies adequadas de uso e higiene, como

    preconiza a NR 06, nos seguintes casos:

    a) sempre que as medidas de proteo coletiva forem tecnicamente inviveis ou no oferecem completa proteo contra os riscos de acidentes do

    trabalho e/ou de doenas profissionais e do trabalho;

    b) enquanto as medidas de proteo coletiva estiverem sendo implantadas;

  • 45

    c) para atender a situaes de emergncia. Alm de fornecer o EPI a empresa responsvel por fornecer treinamento

    adequado quanto a sua utilizao, o treinamento deve abranger pelo menos os

    seguintes itens:

    quando o EPI necessrio;

    qual EPI necessrio;

    como usar corretamente o EPI;

    as limitaes do EPI;

    cuidados a serem dispensados ao EPI, manuteno e o limite de vida til.

    Os EPIs bsicos utilizados nas atividades envolvendo servios em eletricidade

    so:

    luvas de borracha;

    botas com solado de borracha; caso exista necessidade de biqueira esta

    dever ser de material no condutor de eletricidade;

    capacete;

    culos de proteo (proteo para projeo de objetos);

    mangas de borracha;

    luvas de vaqueta.

    A NR-06 no explcita, quanto ao tipo de proteo contra arcos eltricos,

    contudo estabelece que deve ser fornecido um EPI que proteja os trabalhadores contra agentes trmicos provenientes do arco eltrico da cabea, face, membros

    superiores e inferiores, ou seja o corpo inteiro. Os trabalhadores expostos ao arco podem sofrer queimaduras de 2 e 3

    graus, que em 80% dos casos so fatais, em conseqncia do uniforme de trabalho

    no ser apropriado para a proteo.

  • 46

    Em 1987 foi confeccionada a primeira roupa para a proteo contra arcos

    eltricos, uma capa ou, sobretudo, at os tornozelos, com capuz e protetor facial

    incorporado com proteo UV. Nos anos 90 foram anos de grandes avanos em

    questo de normas de segurana eltrica, com o desenvolvimento de produtos de

    segurana melhores e mais confiveis.

    Nos Estados Unidos e na Europa, em funo da necessidade e obrigatoriedade

    legal para proteo contra os efeitos trmicos do arco eltrico, foram desenvolvidos

    normas para verificar o desempenho dos tecidos e vestimentas utilizados como

    EPIs. A partir da normalizao introduzido um novo componente ao EPI do

    eletricista, as mantas de supresso de arcos perifricos. Com isso os trabalhadores

    podiam criar barreiras de conteno em equipamentos perifricos, dando-lhes

    proteo extra contra arcos eltricos em equipamentos prximos ao local de

    trabalho.

    No Brasil a NR-10 deixou a cargo da NR-06 (Equipamentos de Proteo Individual) a responsabilidade de regular os critrios referentes aos EPIs para proteo de arco eltrico. Na ausncia desta regulamentao recomenda-se adotar

    norma internacional IEC, que base da normalizao Brasileira. Ressalta-se que

    qualquer EPI, importado ou nacional devem possuir o CA (Certificado de Aprovao).

    2.7 FERRAMENTAS

    Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes destinados a servios

    com eletricidade (BIZZO, 2006), devem ser submetidos a testes eltricos ou ensaios

  • 47

    de laboratrio peridicos, obedecendo s especificaes do fabricante, os

    procedimentos da empresa ou na ausncia destes, adota-se periodicidade de um

    ano. Estas determinaes esto contidas no item 10.7.8.

    Para as ferramentas utilizadas nos servios com eletricidade fundamental

    que os fabricantes garantam a sua utilizao segura em uma determinada tenso.

    Aos trabalhadores e a empresa imperativo que estas condies sejam mantidas, ou seja, manter a condio adequada de funcionamento de um dispositivo significa saber utiliz-lo e fornecer manuteno adequada aos equipamentos. Para que o

    funcionrio disponha deste conhecimento imperativo fornecer treinamento focado

    para estas necessidades.

    Segundo Bizzo (2006), o treinamento de segurana previsto na NR 10, pode no ter espao suficiente para fornecer tanta informao, contudo neste treinamento

    deve dar condies suficientes para que os trabalhadores tenham conhecimento

    para identificar situaes de risco que demandem uma determinada informao para

    que os trabalhos sejam realizados a contento e com segurana. Os trabalhadores devem ter conscincia dos fatores que afetam o isolamento

    eltrico dos materiais isolantes e quais so os fatores que determinam a alterao

    de suas caractersticas. As propriedades dos isolamentos variam de acordo com as

    condies fsicas de seu uso, por exemplo:

    variaes de temperatura;

    tenso aplicada;

    umidade;

    impurezas na composio;

    estrutura do material;

    estado fsico.

  • 48

    Os materiais classificados como isolantes no so isolantes perfeitos, ao

    contrrio, existe uma corrente eltrica que circula pelo isolante, chamada de corrente

    transversal, que de pequeno valor se respeitadas as condies de operao do

    material. Juntamente, com a corrente transversal surge a chamada corrente de

    polarizao, que surge devido tenso aplicada ao isolante.

    Um ponto fundamental da caracterstica de um isolante que: O material

    considerado isolante eltrico at um determinado nvel de tenso. A partir de um

    valor limite de tenso para o qual ele foi projetado ele deixa de ser isolante e passa a conduzir. Como por exemplo, o ar, um material isolante, contudo o aumento da

    tenso para um determinado valor e mantivermos a distncia de separao, em um

    determinado valor de tenso o ar vai conduzir eletricidade, vai formar um arco

    voltaico.

  • 49

    3 APRESENTAO DA EMPRESA

    Dentre tantas empresas prestadoras de servios em eletricidade instaladas em

    Chapec SC, uma das empresas que se props a colaborar com o projeto de implantao da NR-10 em suas instalaes, e demonstrou grande interesse e

    disponibilidade foi a empresa EletroWatt Montagens Eltricas Ltda., esta empresa foi

    escolhida tambm pelo ramo de atividade onde predomina-se principalmente a

    construo e manuteno de redes areas e subterrneas de distribuio de energia

    eltrica, sendo este um dos ramos da engenharia eltrica que tenho maior afinidade.

    A empresa EletroWatt Montagens Eltricas Ltda., esta instalada em Chapec

    SC na Rua Visconde de Cairu, 401-D, a empresa teve inicio de suas atividades em

    22 janeiro de 1999, esta registrada segundo suas atividades e a NR-04 sob o cdigo CNAE 45.31-4-02, fundada pelo Eng Carlos Luiz Benazzi Diretor, Edelar Roque

    Bussolotto scio, Lorena Pereira da Silva scia e Geraldo Stuani scio.

    O ramo de atividade da empresa compreende: servios de instalaes eltricas

    em mdia e baixa tenso, montagens eletromecnicas, redes de distribuio de

    energia eltrica areas e subterrneas, projeto e estudos de viabilidade na rea energtica, empreiteira de mo de obra na construo civil, locao de veculos e

    equipamentos e comercio de materiais eltricos em geral.

  • 50

    Entre seus principais clientes esto:

    Prefeitura Municipal de Chapec;

    Prefeitura Municipal de Xaxim;

    Prefeitura Municipal de Guatambu;

    Prefeitura Municipal de Ipuau;

    Prefeitura Municipal de Coronel Freitas;

    Prefeitura Municipal de Cordilheira Alta;

    Construtora Queiroz Galvo S.A;

    Construtora Gomes Loureno S.A;

    SADIA S/A Chapec e Concrdia;

    Consrcio Quebra-Queixo;

    Cia. Tcnica de Engenharia Eltrica (ALUSA);

    CELESC;

    Rio Grande Energia (RGE);

    Companhia Estadual de Energia Eltrica (CEEE). A empresa EletroWatt no realiza trabalhos com linha viva (energizada), devido

    ao fato de no possuir equipamentos para realizao de tais trabalhos e tambm por

    ser de alto custo e padronizado.

    3.1 ESTRUTURA ATUAL DA EMPRESA

    A empresa atualmente conta com um numero de 36 funcionrios sendo estes

    divididos e organizados em equipes, as equipes so divididas em: montagem de

  • 51

    redes areas de distribuio e instalao e montagem de redes de baixa tenso, a

    empresa atualmente possui cinco equipes de montagem de redes areas de

    distribuio e uma equipe de montagem de rede de baixa tenso. Cada equipe de

    redes areas de distribuio possui um caminho equipado com cabine dupla ou

    sobrecabine, com capacidade de 8 toneladas, dotado de guindauto e carroceria com

    dimenses para acomodao de materiais, equipamentos e ferramentas de forma

    prtica e segura, o guindauto deve ter capacidade de iamento de transformadores e

    postes, com lana telescpica ou similar como mostra a figura 6.

    Figura 6: Caminho utilizado para realizao de montagens de rede areas de distribuio.

    As equipes de redes areas de distribuio so compostas em mdia por seis

    trabalhadores sendo estes, um encarregado de turma e motorista, quatro eletricistas

    profissionais e trs auxiliares de eletricista.

    Geralmente o encarregado da turma o motorista do caminho, este alm de

    comandar e coordenar a equipe, tambm auxilia na montagem e instalao das

  • 52

    redes, os eletricistas profissionais so os encarregados da montagem das estruturas

    nos postes, e os auxiliares de eletricista fazem a abertura dos buracos para os

    postes e auxiliam na busca de materiais e ferramentas para os eletricistas

    profissionais que esto realizando a montagem no topo dos postes, a figura 7 mostra

    uma equipe de rede area de distribuio trabalhando.

    Figura 7: Equipe de redes areas de distribuio trabalhando.

    A equipe de montagem de redes de baixa tenso equipada com camionete

    tipo pick-up com carga mnima de 750Kg, equipado com escada para alcance no

    sistema de baixa tenso, possui carroceria resistente com armrio para ferramentas

    e equipamentos, como mostra a figura 8.

  • 53

    Figura 8: Camionete utilizada pela equipe de montagens de baixa tenso.

    A equipe de montagem de redes de baixa tenso composta por seis

    trabalhadores sendo este um encarregado da turma e cinco eletricistas profissionais.

    A equipe de redes de baixa tenso responsvel pela passagem dos cabos do

    transformador at a cabine de medio, tambm realiza a construo e instalao

    interna das cabines de medio e tambm auxilia a equipe de redes areas em

    algumas tarefas, a figura 9 mostra a equipe de montagem de baixa tenso

    trabalhando.

  • 54

    Figura 9: Equipe de montagem de baixa tenso instalando cabos para alimentao de uma cabine.

    Alm das equipes de montagens a empresa tambm possui um setor de

    engenharia na qual so realizados projetos de redes de distribuio, loteamentos, iluminao pblica entre outros, esta engenharia composta por um desenhista

    projetista, um engenheiro eletricista responsvel pelos projetos, um tcnico oramentista e um tcnico de execuo e coordenador de todas as equipes. A

    empresa tambm possui um setor de recursos humanos responsvel pela

    contratao de funcionrios e organizao de treinamentos, junto ao setor de recursos humanos esta o setor financeiro da empresa responsvel pela parte

    econmica da empresa.

  • 55

    3.2 DADOS ATUAIS DA EMPRESA

    De primeiro momento foi realizado um check da empresa juntamente com os principais supervisores de turma, o diretor da empresa e o pessoal dos recursos

    humanos, verificando itens mais crticos da NR-10. Na oportunidade foram

    verificados itens gerais, itens de documentao, de segurana na montagem,

    construo e manuteno de redes e situao de emergncia. Nos itens gerais

    conseguiu-se verificar que os principais dirigentes da empresa tinham conhecimento

    da norma e sabiam da importncia, alguns j haviam lido rapidamente, mas como a NR-10 esta bastante complexa deixando duvidas quanto ao entendimento e

    interpretao de alguns itens, estas pessoas no conseguiram entender muito bem.

    A empresa at o presente momento ainda no havia buscado auxilio de pessoas

    especializadas, e tambm no tinha conhecimento dos prazos para cumprimento

    dos itens.

    Em relao documentao verificou-se, que a empresa no costuma aplicar

    tcnicas de anlise de risco antes da realizao das intervenes em instalaes e

    montagem de redes, tambm foi observado que a empresa possui uma ficha de

    entrega de EPIs, mas nesta no consta se todos os EPIs possuem CA (certificado de aprovao). Tambm, analisou-se um dos principais itens da norma que discorre sobre todos os funcionrios possurem certificado de concluso de curso especifico

    para o setor eltrico, e tambm se todos possuem ou j esto sendo treinados em relao ao item 10.8 da NR-10 que exige em seu anexo II o curso bsico em

    instalaes e servios com eletricidade, itens estes que a empresa ainda no possui.

    Analisou-se tambm em relao ao item 10.2.9.3 da NR-10 que discorre sobre a

  • 56

    proibio de adornos pessoais no exerccio do trabalho, a empresa no havia

    proibido seus funcionrios a utilizao de adornos como correntes, pulseiras, relgio

    etc. A empresa tambm no tinha conhecimento e no possua ordens de servio

    especificas para a realizao dos trabalhos contendo no mnimo local, data e

    referncia aos procedimentos operacionais, sendo que tambm no possui POs

    (procedimentos operacionais) para as atividades dos funcionrios. Analisando a empresa em relao a segurana na montagem, construo e

    manuteno de rede, observou-se que a empresa possui um dos trabalhadores

    indicado para exercer a superviso e conduo dos trabalhos item exigido pela

    norma, atualmente estes supervisores ainda no so pessoas autorizadas, pois

    segundo a NR-10 para se ter autorizao o trabalhador necessita possuir curso

    especifico no setor eltrico, ou uma capacitao assinada por um profissional

    legalmente habilitado e ainda o curso bsico constante do anexo II da norma,

    tambm no era realizada avaliao prvia e pelo grupo das atividades e aes a

    serem desenvolvidas em obras.

    Em situaes de emergncia ou em caso de algum acidente durante a

    execuo dos trabalhos, a empresa no possui um plano de emergncia para

    atendimento em caso de algum dos trabalhadores do grupo sofrer um acidente, mas

    todos os supervisores de turma sabem para que devem ligar em caso de uma

    situao de acidente. Verificou-se que nas equipes quase todos os trabalhadores

    no esto aptos a realizar resgate e prestar primeiros-socorros a acidentados, e

    tambm nem todos os trabalhadores esto apto a manusear e operar equipamentos

    de combate a incndio no conseguindo identificar o tipo e a classe do extintor a ser

    utilizado nos diversos tipos de incndio.

    Aps a verificao de como a empresa estava em relao norma procurou-se

  • 57

    elaborar um cronograma de ao para dar inicio aos trabalhos, comeando pelas

    aes mais importantes e os itens que esto com o prazo mais curto sendo que os

    prazos para cumprimento da NR-10 se esgotam todos ao final de dezembro de

    2006.

    Abaixo se pode observar o cronograma com os itens e os prazos que foram

    combinados em conjunto com os dirigentes da empresa EletroWatt.

    Datas Tarefa

    08/06 09/06 10/06 11/06 12/06 01/07 02/07 03/07 04/07

    Autorizao dos trabalhadores (Treinamentos).

    X X X X X X

    Elaborao dos procedimentos operacionais.

    X X X X X X X X

    Elaborao do Termo de responsabilidade de uso de adornos.

    X X

    Criao da ordem de servio para servios em eletricidade.

    X X

    Desenvolvimento do check-list para execuo de obras.

    X X X X

    Realizao de ensaios em EPIs e EPCs.

    X X X X X X

    Elaborao do Pronturio da empresa.

    X X X X X X X

  • 58

    4 AUTORIZAO DOS TRABALHADORES

    4.1 INTRODUO

    A NR-10 no item 10.8.8:

    Os trabalhadores autorizados a intervir em instalaes eltricas devem possuir treinamento especifico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia eltrica e as principais medidas de preveno de acidentes em instalaes eltricas, de acordo com o estabelecido no anexo II.

    O anexo II est composto por dois mdulos, um bsico e um complementar. O

    mdulo bsico estabelece um currculo mnimo e menciona os assuntos que devero

    ser abordados de forma a preparar os trabalhadores em geral, para as atividades

    envolvendo o risco eltrico. As abordagens buscam esclarecer os mecanismos da

    eletricidade sobre o organismo, as medidas de proteo disponveis e suas

    condies de aplicao. No se trata de uma capacitao profissional para as

    atividades, mas sim na preveno de acidentes de natureza eltrica, de anlise e

    antecipao do risco, com desenvolvimento de metodologias seguras, noes de

    responsabilidades civil e criminal, conhecimento de normas e regulamentos

    aplicveis, preveno e combate a incndio e primeiros socorros. um contedo de

  • 59

    natureza multiprofissional e que prev uma carga horria mnima de 40 horas. O

    mdulo complementar, com outras 40 horas, sugere um currculo mais elstico

    permitindo que alguns assuntos sejam dirigidos especificamente para a natureza das atividades a serem desenvolvidas, sendo destinado a trabalhadores envolvidos com

    instalaes eltricas do Sistema Eltrico de Potncia ou aqueles que atuem nas

    suas proximidades.

    Em seu item 10.8.8.1,

    A empresa conceder autorizao na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliao e aproveitamento satisfatrio dos cursos constantes do anexo II desta NR, a NR-10 refora a obrigatoriedade dos cursos constantes no anexo II, e que a empresa s poder autorizar um trabalhador a intervir em instalaes eltricas mediante a realizao dos cursos constantes em seu anexo II, e tambm fica absolutamente claro que a autorizao da empresa, e que o critrio adotado para o aproveitamento satisfatrio tambm da empresa que, em contrapartida por essa autoridade e suas conseqncias.

    Sendo assim a NR-10 estabelece a obrigatoriedade de um treinamento

    especifico referente ao item 10.8.8 seu anexo III estabelece o treinamento bsico e o

    complementar, que devem ser oferecidos pelas empresas a todos os seus

    colaboradores que interajam com o sistema eltrico. Porm, este item tem causado bastante polmica em relao aos profissionais que devem realizar somente um dos

    cursos ou os dois, segundo o engenheiro eletricista e de Segurana do Trabalho,

    Joaquim Gomes Pereira, Devero receber o treinamento bsico os ajudantes de eletricistas, tcnicos eletrnicos, tecnlogos em eletricidade, entre outros, e tambm

    os que trabalham nas proximidades das instalaes eltricas, tais como antenistas,

    trabalhadores de iluminao pblica, mecnicos, pintores, que trabalham em zonas

    de risco. O tambm engenheiro eletricista e de Segurana do Trabalho, Joo Jos

    Barrico de Souza explica a quem se destina o curso bsico. Devero fazer o

  • 60

    treinamento de segurana bsico todos os trabalhadores envolvidos com instalaes

    eltricas ou que exeram suas atividades nas reas de risco ou controladas.

    O engenheiro eletricista e de Segurana do Trabalho, Aguinaldo Bizzo enfatiza

    que a definio do SEP que tambm tem gerado dvidas est na NBR 5460

    (Sistema Eltrico de Potncia) e no glossrio da NR-10. Muitos consideram que basta a empresa possuir alimentao em alta tenso que a mesma deve ser

    considera como SEP e, dessa forma, fazer os dois treinamentos. Essa interpretao

    tem sido feita por profissionais e instituies que visam lucrar com os cursos, alerta.

    Quando a energia eltrica utilizada no processo industrial interno caracteriza-se

    como consumo.

    A NR-10 em seu item 10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos

    a manusear e operar equipamentos de preveno e combate a incndio existente

    nas instalaes eltricas, menciona que todo profissional para instalar, construir,

    operar, inspecionar ou reparar instalaes eltricas, deve estar apto a manusear

    equipamentos de combate a incndio utilizados nessas instalaes, alm de estar

    apto a manusear equipamentos de combate a incndio o profissional deve saber

    reconhecer a classe de extintor a ser utilizada nos diversos tipos de incndio para

    que o mesmo no venha a agravar a situao e causar danos ainda maiores.

    No item 10.12.2 Os trabalhadores devem estar aptos a executar o regate e

    prestar primeiros-socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimao

    cardiorrespiratria. Neste item a NR-10 enfatiza o domnio das tcnicas de socorro,

    remoo e transporte de pessoas acidentadas e a prvia disponibilizao de

    equipamentos e de conhecimento aos trabalhadores para suas aplicaes em caso

    de acidente, estas tcnicas so obrigatrias e de extrema importncia para a vida.

    Sabemos que a probabilidade de reanimao da vtima em um acidente cai

  • 61

    vertiginosamente com o passar do tempo aps a parada cardiorrespiratria. Sendo

    assim a desobstruo das vias respiratrias e a aplicao de tcnicas de

    reanimao cardiorrespiratrias e tambm aplicao de mtodos adequados de

    resgate podem significar a diferena entre a vida e a morte de um trabalhador na

    ocorrncia de acidentes com eletricidade, ficando, portanto a obrigatoriedade de

    atribuies e treinamentos aos trabalhadores.

    O treinamento em segurana com eletricidade, se torna obrigatrio para a

    empresa conceder autorizao ao trabalhador conforme consta no item 10.8.81 A

    empresa conceder autorizao na forma desta NR aos trabalhadores capacitados

    ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliao

    e aproveitamento satisfatrio dos cursos constantes do anexo II desta NR., desta

    forma fica absolutamente claro que a autorizao da empresa, e que o critrio

    adotado para o aproveitamento satisfatrio, tambm da empresa, e que

    contrapartida por essa autoridade em decidir, recebe a responsabilidade por

    autorizar e suas conseqncias.

    4.2 ELABORAO E REALIZAO DO CURSO BSICO

    Para elaborao do curso exigido pela norma tomou-se como base o anexo II

    da NR-10, onde possui o cronograma do curso bsico de segurana em instalaes

    e servios com eletricidade, e que contm uma carga horria mnima de 40 horas,

    inclusive os itens que devem ser abordados no treinamento como segue abaixo,

    este curso de carter obrigatrio para todo o trabalhador que realize servios com

    eletricidade ou trabalhe em suas proximidades, sendo necessrio tambm para a

  • 62

    empresa conceder autorizao para o eletricista intervir em instalaes eltricas.

    Itens do curso de segurana em instalaes e servios com eletricidade com

    carga horria de 40 horas:

    1. Introduo segurana com eletricidade.

    2. Riscos em instalaes e servios com eletricidade:

    a) o choque eltrico, mecanismos e efeitos; b) arcos eltricos; queimaduras e quedas; c) campos eletromagnticos.

    3. Tcnicas de anlise de risco.

    4. Medidas de controle do risco eltrico:

    a) desenergizao; b) aterramento funcional (TN/TT/IT); de proteo; temporrio. c) equipotencializao; d) seccionamento automtico da alimentao; e) dispositivos de corrente de fuga; f) extra baixa tenso; g) barreiras e invlucros; h) bloqueios e impedimentos; i) obstculos e anteparos; j) isolamento das partes vivas; k) isolao dupla ou reforada; l) colocao fora de alcance; m) separao eltrica.

    5. Normas tcnicas brasileiras NBR da ABNT: NBR-5410, NBR-14039 e

    outras.

  • 63

    6. Regulamentaes do MTE:

    a) NRs; b) NR-10 (Segurana em instalaes e servios com eletricidade); c) qualificao; habilitao capacitao e autorizao.

    7. Equipamentos de proteo coletiva.

    8. Equipamentos de proteo individual.

    9. Rotinas de trabalho Procedimentos:

    a) instalaes desenergizadas; b) liberao para servios; c) sinalizao; d) inspeo de reas, servios, ferramental e equipamento.

    10. Documentao de instalaes eltricas.

    11. Riscos adicionais:

    a) altura; b) ambientes confinados; c) reas classificadas; d) umidade; e) condies atmosfricas.

    12. Proteo e combate a incndio.

    a) noes bsicas; b) medidas preventivas; c) mtodos de extino; d) prtica.

    13. Acidentes de origem eltrica:

    a) causas diretas e indiretas;

  • 64

    b) discusso de casos. 14. Primeiros socorros:

    a) noes sobre leses; b) priorizao do atendimento; c) aplicao de respirao artificial; d) massagem cardaca; e) tcnicas para remoo; f) prtica.

    15. Responsabilidades.

    O contedo do curso no tem o objetivo de fornecer subsdios tcnicos de instalaes eltricas, nem visa a fornecer elementos de capacitao para trabalhos

    com eletricidade, mas apenas as informaes dirigidas diretamente segurana dos

    trabalhadores e dos usurios, fazendo com que os mesmos sejam mais crticos e consigam avaliar melhor situaes e condies de risco a sua integridade e a de

    outras pessoas.

    O treinamento foi organizado em quatro mdulos divididos conforme a

    competncia dos instrutores, como segue:

    Mdulo Segurana com Eletricidade (instrutor Carmo Canova);

    Mdulo Segurana no Trabalho (instrutor Carmo Canova);

    Mdulo Combate a Incndio (instrutor Henrique Nakalski);

    Mdulo Primeiros Socorros (instrutor Henrique Nakalski). No mdulo segurana com eletricidade foram abordados os itens 1, 2, 4, 9 e

    10, no mdulo segurana no trabalho foram abordados os itens 3, 5, 6, 7, 8, 11, 13,

    e 15, para o mdulo combate a incndio foi abordado o item 12, e para o mdulo

    primeiros socorros foi abordado o item 14, todos constantes do anexo II da norma

  • 65

    NR-10.

    Devido a disponibilidade para realizao do treinamento, ficou acertado com a

    empresa que a realizao da parte do treinamento que compete ao Carmo Canova

    seria aos sbados de manh e se possvel tarde, dependendo tambm da

    disponibilidade das equipes, pois nem sempre foi possvel juntar todas as equipes de montagem com seus 34 trabalhadores, devido ao fato da empresa possuir

    inmeras obras fora de Chapec e tambm da realizao de algumas obras nos

    finais de semana, pois durante a semana se torna impossvel realizar o desligamento

    das redes de energia eltrica para a realizao dos servios. Para atingir a meta de

    treinar todos os funcionrios da empresa o treinamento foi se realizando aos poucos,

    quando disponibilizvamos de alguma equipe que no fosse trabalhar no final de

    semana, a empresa convocava os funcionrios para o comparecimento ao

    treinamento, foram precisos vrios finais de semana para que todos os funcionrios

    da empresa pudessem ser treinados e para que se cumprisse as 40 horas exigidas

    pelo anexo II da NR-10.

    Para a realizao dos treinamentos a empresa disponibilizou uma sala com

    tamanho bom e numero suficiente de acentos para todos os funcionrios, inclusive a

    sala ficou como sala de reunies e tambm para alguma orientao aos

    funcionrios, podendo tambm servir para discusso de projetos e obras e futuramente a sala ser utilizada para reunies da CIPA, pois a empresa vem

    crescendo bastante e logo ser obrigada a implantar a CIPA em suas dependncias,

    devido ao numero de funcionrios e conforme quadro da NR-05.

    O treinamento de primeiros socorros e combate a incndio que foi ministrado

    pelo Sr. Henrique Nakalski (sargento do batalho de bombeiros), foi o primeiro a ser realizado, a empresa conseguiu organizar uma data onde todos os funcionrios

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    estivessem presentes para a realizao do treinamento, para que o mesmo no

    precisasse ser realizado novamente, devido a disponibilidade do Sr. Henrique, e

    fazendo assim com que o mdulo de primeiros socorros e o de combate a incndio

    fosse passado para todos os funcionrios, ficando pendente apenas a parte do

    treinamento que compete ao Carmo Canova. Abaixo pode-se observar nas figuras

    10; 11; 12 e 13 trabalhadores da empresa EletroWatt realizando o treinamento

    ministrados pelo Sr. Henrique, e a figura 14 refere-se ao treinamento ministrado pelo

    Sr. Carmo.

    Figura 10: Funcionrio realizando treinamento de combate a incndio.

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    Figura 11: Funcionrio da empresa EletroWatt realizando treinamento em combate a incndio.

    Figura 12: Funcionrios realizando imobilizao no treinamento de pri