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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA PAULO AFONSO SILVEIRA MAIA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS MINERAIS E SUAS APLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL NA REGIÃO DO BAIXO JAGUARIBE-CE MOSSORÓ – RN 2013

TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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Page 1: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

PAULO AFONSO SILVEIRA MAIA

EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS MINERAIS E SUAS APLICAÇÕES NA

CONSTRUÇÃO CIVIL NA REGIÃO DO BAIXO JAGUARIBE-CE

MOSSORÓ – RN

2013

Page 2: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

PAULO AFONSO SILVEIRA MAIA

EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS MINERAIS E SUAS APLICAÇÕES NA

CONSTRUÇÃO CIVIL NA REGIÃO DO BAIXO JAGUARIBE- CE

Monografia apresentada a Universidade

Federal Rural do Semi-Árido –

UFERSA, Departamento de Ciências

Ambientais e Tecnológicas para a

obtenção do título de Bacharel em

Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. D.Sc. Marcelo Tavares

Gurgel – UFERSA.

MOSSORÓ - RN

2013

Page 3: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA

Bibliotecária:

Vanes0073a de Oliveira

Pessoa

CRB15/453

M217e Maia, Paulo Afonso Silveira.

Exploração dos recursos minerais e suas aplicações na construção civil na região do Baixo Jaguaribe-CE. / Paulo Afonso Silveira Maia. -- Mossoró, 2013.

49 f.: il.

Monografia (Graduação em Ciência e tecnologia) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

Orientador: Marcelo Tavares Gurgel.

1. Materiais. 2. Extração. 3. Utilização. 4. Construção Civil . I.Título.

CDD: 620.11

Page 4: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final
Page 5: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de viver essa vida, por ele ter

me mostrado o melhor caminho da vida, por ter me dado inteligência, paciência e força para

conseguir vencer as dificuldades encontradas durante toda essa caminhada, não deixando

desistir de realizar esse meu sonho. Que o senhor Deus não deixe de iluminar o meu caminho

por toda minha vida.

A minha mãe, Irani Silveira Cunha que não está aqui presente, mas sei que me deu e me dar

muita força para baralha e persevera e nunca ter desistido com todos os obstáculos que

encontrei. Ao meu pai, Afonso Nunes Maia que sempre esteve ao meu lado me apoiando, me

dando força coragem para sempre batalha não importando o tamanho do obstáculo. Tenho

certeza que sem o seu apoio eu não conseguiria.

A todos os colegas da que me ajudaram e me apoiaram nos momentos de dificuldade.

Agradeço muito a UFERSA pela essa grande oportunidade que me fez crescer, que sem ela

não estaria aqui escrevendo essa tese de conclusão de curso.

E um agradecimento especial ao meu professor e orientador Marcelo Tavares Gurgel, pela

ajuda, e por toda a dedicação para que esse trabalho saísse da melhor maneira possível.

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“Escolhe um trabalho de que gostes, e não

terás que trabalhar nem um dia na tua vida.”

Confúcio.

Page 7: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

RESUMO

A grande quantidade e diversidade e por consequência a facilidade de extração dos

recursos minerais que são utilizados na construção civil oriundos da região do Baixo

Jaguaribe Cearense, fez com que as construções na região se desenvolvessem com uma

velocidade acelerada. Nesse contexto o presente estudo objetivou fazer um levantamento dos

recursos minerais e das formas de explorações utilizados na construção civil na Região do

Baixo Jaguaribe do estado do Ceará. Para isso, foram levantadas informações na literatura e

aplicados questionários com os mineradores do referido local no período de de 04/02/2013 a

25/03/2013. De tal modo, o trabalho consiste em estudar a exploração dos recursos minerais

utilizados na construção civil que são explorados na Região do Baixo do Jaguaribe,

descrevendo todo o processo de exploração destes minerais e sua utilização na construção.

Palavras-chave: Materiais. Extração. Utilização na Construção Civil

Page 8: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

ABSTRACT

The large amount and diversity for convenience and ease of extraction of mineral

resources that are used in construction from the region of Lower Jaguaribe Cearense, caused

the buildings in the area were developed with an accelerated speed. In this context, the present

study aimed to survey the mineral resources and forms of farms used in construction in the

Lower Region Jaguaribe the state of Ceará. For this information have been raised in the

literature and applied questionnaires with the miners of that place in the period from

04/02/2013 to 25/03/2013. In this way, the work is to study the mineral resources used in

construction that are explored in the Region of Lower Jaguaribe, describing the whole process

of exploitation of these minerals and their use in construction.

Keywords: Materials. Extraction. Use in Construction

Page 9: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização dos distritos mineiros do Estado do Ceará. ......................................... 17

Figura 2 - Localização Doda Região do Baixo Jaguaribe - CE ............................................................ 27

Figura 3 - Pá manual ............................................................................................................................. 29

Figura 4 - Pá carregadeira ..................................................................................................................... 29

Figura 5 - Compressor Pneumática ....................................................................................................... 30

Figura 6 - Jazida de Arisco .................................................................................................................... 31

Figura 7 - Jazida de areia grossa do rio ................................................................................................. 32

Figura 8 - Extração Mecanizada ............................................................................................................ 32

Figura 9 - Extração Manual ................................................................................................................... 33

Figura 10 - Jazida de rocha granítica .................................................................................................... 34

Figura 11 - Paralelepípedo de Rocha Granítica..................................................................................... 34

Figura 12 - Meio fio feito de rocha Granítica ....................................................................................... 35

Figura 13 - Separação da rocha que esta na superfície. ......................................................................... 35

Figura 14 - Jazida de rocha calcaria de pequena escala ........................................................................ 37

Figura 15 - Caminhão de grande porte (Caminhão no truck) ................................................................ 38

Figura 16 - Caminhão de pequeno porte (Caminhão no toco) .............................................................. 39

Figura 17 - Carregamento manual de rocha calcária ............................................................................. 40

Figura 18 - Estoque de areia e arisco .................................................................................................... 41

Figura 19 - Estoque de arisco ................................................................................................................ 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Produção de Bens Minerais .................................................................................................. 18

Tabela 2 - Principais Utilizações dos Agregados .................................................................................. 24

Tabela 3 - Produção de areia no Brasil.................................................................................................. 26

Tabela 4 - Produçaõ de brita no Brasil .................................................................................................. 26

Page 11: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

LISTA DE ABREVEATUAS E SIGLAS

DNPM: Departamento Nacional de Produção Mineral

RBJ: Região do Baixo do Jaguaribe

PMB: Produção Mineral Brasileira

CPRM: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

NBR: Norma Brasileira de Regulamentação

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

IBAMA: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

SEMACE: Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará

PIB: Produto Interno Bruto

ASTM: American Society for Testing and Materials

SISNAMA: Sistema Nacional de Meio Ambiente

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

Page 12: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 13

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 15

2.1 RECURSOS MINERAIS DO BRASIL .................................................................... 15

2.2 RECURSOS MINERAIS DO CEARÁ ..................................................................... 16

2.3 MINERAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................ 19

2.4 METODOS DE EXTRAÇÃO OU LAVRA ............................................................. 20

2.4.1 Rochas................................................................................................................. 20

2.4.2 Areias .................................................................................................................. 21

2.4.3 Arisco (Areia Branca ou da Caatinga) ............................................................ 22

2.4.4 Licenciamento Ambiental ................................................................................. 22

2.5 UTILIZAÇÃO DOS MINERAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................... 23

2.6 IMPORTÂNCIA DOS MINERAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL ....................... 25

3 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 29

4.1 PROCESSO DE EXTRAÇÃO OU LAVRA ............................................................ 29

4.1.1 Extração do arisco ............................................................................................. 30

4.1.2 Extração da areia ............................................................................................... 31

4.1.3 Extração da rocha granítica ............................................................................. 33

4.1.4 Extração da rocha calcária ............................................................................... 36

4.2 PROCESSO DE TRANSPORTE .............................................................................. 38

4.3 PROCESSO DE ESTOCAGEM ............................................................................... 40

4.3.1 Areia e arisco ..................................................................................................... 41

4.3.2 Rochas graníticas e calcárias ............................................................................ 42

4.4 UTILIZAÇÃO DOS MINERAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL PROVENIENTES DA REGIÃO DO BAIXO JAGUARIBE (RBJ) ................................................................................... 43

4.5 IMPORTÂNCIAS DESSES MINERAIS PARA A REGIÃO DO BAIXO JAGUARIBE (RBJ) .............................................................................................................................. 43

4.6 DIFICULDADES EMFRENTADAS PELOS MINERADORES ............................ 44

4.7 QUESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................ 44

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 47

ANEXO A ............................................................................................................................................. 49

Page 13: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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1 INTRODUÇÃO

Os minerais são substância no estado sólido que existem na natureza e que são

utilizados para satisfazer as necessidades dos seres humanos, esses minerais estão dispostos

ao longo da superfície terrestre, mas não distribuídos uniformemente na superfície da terra. Os

minerais foram distribuídos naturalmente de modo não uniforme na superfície terrestre,

podendo ter ou não possibilidade de encontrar uma região com uma maior quantidade de

minerais.

A exploração dos recursos minerais começou a milhares de anos, mas em pequena

quantidade e poucos minerais descobertos. Assim com o passar dos anos e os avanços da

sociedade, o desenvolvimento tecnológico e com o crescimento populacional foram

aumentando as necessidades de mais recursos minerais fazendo com que se descobrissem

novas jazidas, e assim, fazendo com que tivesse um crescimento na exploração desses

recursos da natureza. O crescimento populacional é o principal fator que fez aumentar a

necessidade por recursos minerais, assim teve um grande crescimento da extração dos

mesmos para satisfazer as necessidades do homem, pois os recursos minerais estão em toda

parte e em tudo que os seres humanos precisam para satisfazer suas necessidades.

A construção civil foi crescendo proporcionalmente com o crescimento da população,

fazendo com que os minerais ligados as atividades da construção passassem a ser um dos

recursos minerais mas consumidos no mundo. Os minerais utilizados na construção civil são

chamados de agregados, onde são materiais granulares, sem forma e volume definidos, de

dimensões e propriedades adequadas para o uso em obras de engenharia civil

(PARAGUASSU, 1996), onde esses minerais podem ser utilizados na construção na forma

natural ou artificial.

Segundo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a exploração dos

minerais é classificadas em metálicas, não metálicas, gemas, diamante e energéticos, onde em

2007 cerca de 90% das minas do país se dedicavam a exploração de minerais não metálicos e

80% do total dessas minas exploram minerais usados na construção civil.

A Região do Baixo Jaguaribe (RBJ) esta localizada no Estado do Ceará e são

compostas por sete cidades, que são Limoeiro do Norte, Russas, Quixeré, Jaguaruana,

Aracati, Morada Nova e São João do Jaguaribe, onde cada uma dessas cidades tem o seu

potencial diferenciado na exploração e utilização dos recursos minerais não metálicos.

Page 14: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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Na cidade de Limoeiro do Norte está localizada a Carbomil Quimica SA que é a maior

indústria de exploração de rocha calcária e fabricação de cal para a construção civil de toda a

região. Nesta cidade encontram-se ainda jazidas de areia para o uso na construção e de rocha

ígnea que são usadas na fabricação de paralelepípedos e meio fio para serem utilizadas no

calçamento de ruas e essa mesma rocha também pode ser usado na fabricação da brita de

rocha granítica.

Vale salientar que as cidades de Russas e Jaguaruana também são polos industriais

cerâmicos, pois tem grandes jazidas de argilas em Russas existe a produção de pedra

portuguesa. A cidade de Morada Nova tem grandes jazidas de rocha ígnea granítica, tendo

extração para fabricação de paralelepípedo e meio fio para a construção de calçamentos. Já as

cidades de Aracati, Quixeré e São João do Jaguaribe não se destacam em extração de minerais

para construção civil.

A RBJ é uma região rica em recursos minerais, mas em sua história não contem

nenhum trabalho científico que retrate esses minerais encontrados na região e como os

mesmos são explorados. Portanto, o trabalho irá consistir em fazer um levantamento dos

minerais encontrados na RBJ e seus modos de exploração, transporte e estocagem,

considerando a utilização na construção civil e as dificuldades enfrentadas pelos miradores.

O trabalha irá contribuir para a região na economia, pois nele estarão contidas

informações sobre a diversidade dos recursos minerais encontrados na região, sua utilização

na construção civil, os meios de extração utilizados pelos minerados e as dificuldades

encontradas na região.

Neste estudo objetivou-se fazer um levantamento dos recursos minerais e das formas

de exploração utilizados para a construção civil na RBJ do estado do Ceará.

Page 15: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 RECURSOS MINERAIS DO BRASIL

O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial e tem a sexta maior

produção de mineração do mundo. O setor brasileiro de mineração tem enorme potencial

geológico, sendo que a maioria do país ainda não foi explorada, segundo Miguel Antônio

Cedraz Nery, diretor geral do Departamento Nacional e Produção Mineral (DNPM).

A produção mineral Brasileira teve uma grade evolução a partir do ano 2000, devido a

uma maior demanda de minérios provocado pelo elevado crescimento mundial que

impulsionou o valor de PMB (Produção Mineral Brasileira). No período de 2001 a 2011 a

PMB teve um crescimento de 550%. Com o processo de urbanização mundial e o crescimento

das economias emergentes, estima-se que a PMB continuará crescendo entre 10% e 15% nos

próximos três anos. (JONES, 2012)

No Brasil os recursos minerais são significativos e abrangem uma produção de 72

substâncias minerais, das quais 23 são metálicas, 45 não metálicas e 4 energéticas, onde os

nãos metálicos são os minerais utilizados na construção civil. Que tem como origem a

estimativa de 3354 minas, das quais 159 minas são de grande porte, 837 são de médio porte e

2358 minas são de pequeno porte, onde destas minas cerca de 3146 minas exporão minerais

não metálicos. As minas que tem uma maior extração mineral são as de areia, brita e cascalho,

argila, calcário, rochas ornamentais. Segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção

Mineira) o Brasil tem a sexta maior produção de mineração do mundo e ate agora apenas 30%

do seu território foi sistematicamente explorado através de mapeamento geológico.

(PINHEIRO, 2011)

O país destaca-se na produção de amianto, bauxita, cobre, cromo, estanho, ferro,

grafita, manganês, níquel, ouro, potássio, rocha fosfática, zinco. A produção de minério de

ferro, de grande importância econômica, alcança 187,9 milhões de t, com um crescimento de

7,8% em relação ao ano anterior, resultando em maior volume exportado (8,2%). Sete grandes

empresas respondem por 94% da produção nacional de ferro: Cia. Vale do Rio Doce;

Minerações Brasileiras Reunidas S.A.; Mineração da Trindade; Ferteco Mineração S.A.;

Samarco Mineração S.A.; Cia Siderúrgica Nacional; e Itaminas Comércio de Minérios S.A.

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Existem no Brasil cerca de 1,4 mil empresas mineradoras ativas que extraem

aproximadamente 80 substâncias minerais, sendo que 65,5% se concentram na Região

Sudeste. No estado de São Paulo está o maior número de minas, seguido de Minas Gerais e do

Rio de Janeiro. Atualmente, a maior parte das indústrias minerais do país é parcial ou

inteiramente de propriedade de investidores privados. (Grupo Escolar, 2008)

2.2 RECURSOS MINERAIS DO CEARÁ

A mineração no Estado do Ceará começou como em outras regiões do Brasil, nos

primórdios da nossa colonização. O volume retirado era sempre muito pequeno, sendo os

métodos de extração bastante rudimentares. Na época, a principal demanda voltava-se para

argilas, areias e cascalhos utilizados na construção civil. Até o século XIX, a mineração do

Estado do Ceará exibia um quadro de desenvolvimento e de emprego de novas tecnologias

bastante tímido. Os diversos materiais de construção eram principalmente retirados de

aluviões e, quando de afloramentos rochosos, eram separados por cunhas, acompanhando

fraturas e amarroados com ponteiras e marretas e, quando necessário, perfurados e detonados

com pólvoras caseiras.

Atualmente, essa atividade de mineração utiliza métodos mais modernos e recebe a

denominação de lavra, com tecnologias avançadas, como é o caso das rochas ornamentais.

Onde desde o início do século XIX, destaca-se a exploração dos calcários das regiões do

Apodi e de Sobral/Coreaú, além da magnesita de Iguatu e a gipsita da Chapada do Araripe.

Nas décadas de 30 e 40, foram estudados diversos depósitos de diatomita nas proximidades de

Fortaleza e viabilizados como jazidas. Neste período foi implantada a Diatomita Industrial

Ltda., com a finalidade de exportar esses depósitos.

A atividade de mineração nos pegmatitos do Ceará foi intensificada, no período de

1942 a 1945, em razão da segunda guerra mundial, como também a exploração do mineral

rutílo, principalmente nos municípios de Independência, Crateús, Quixeramobim, Itapiúna,

Quixadá e outros nos arredores. (HOLLANDA VIDAL, CASTELO BRANCO SALES, et al.,

2005)

Na Figura 1 tem-se impresso a representação das caracterizações dos 10 distritos

mineiros do Estado do Ceará de acordo do o Departamento Nacional de Produção Mineral.

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DISTRITOS MINEIROS DO ESTADO DO CEARÁ: (1) Grande Fortaleza, (2) Baixo

Jaguaribe – Apodi, (3) Chapada do Araripe, (4) Iguatu – Aurora, (5) Novo Oriente – Tauá, (6)

Quixadá – Pedra Branca, (7) Sobral – Camocim, (8) Itapipoca – Santa Quitéria, (9) Canindé –

Tamboril e (10) Campos Sales – Antonina do Norte.

Figura 1 - Mapa de localização dos distritos mineiros do

Estado do Ceará.

Fonte: DNPM (2000)

CONFORME VASCONCELOS (2009) o coordenador da Companhia de Pesquisa de

Recursos Minerais (CPRM), o Ceara é um estado com grande potencial na exploração de

minerais não metálicos, que são os minerais de uso industrial, como calcário, areia, argila,

granito e rochas. No caso específico de rochas ornamentais, o Estado fica em segundo lugar

entre os produtores do Nordeste, com aproximadamente, 2% de toda a produção brasileira.

Perdendo apenas para a Bahia, na região de Santa Quitéria, há uma boa quantidade de

empregos gerados por empresas como Granistone, que explora granito ornamental. Os

minerais explorados no Ceará são os de uso na construção civil como argilas, diatomito,

areias e cascalhos, além de calcários, magnesita, gipsita, rochas ornamentais, fosfato e urânio,

Page 18: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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gemas e minerais de pegmatitos e minérios de ferro, cromo e minerais do grupo da platina.

Dados disponíveis sobre o setor estão defasados: em 2006, a mineração rendeu, em

exportação, US$ 12,5 bilhões ao Estado. A estimativa era de que o setor empregava 3.816

pessoas.

Na Tabela a seguir encontra-se a produção de minerais por ano no Estado do Ceara.

Tabela 1 - Produção de Bens Minerais

Produção de Bens Minerais

Água Mineral 205.061.000 L

Areia 7.964.105 T

Areia Industrial 141.088 T

Argilas Comuns 1.362.900 T

Rochas 2.832.694 T

Magnesita 98.214 T

Mica 1.188 T

Minério de Ferro 62.098 T

Rochas Britadas/

Cascalho

5.634.554 T

Rochas Ornamentais 92.391 T

Fonte: Anuário Mineral Brasileiro-AMB 2010 (ano

Base 2009)

O Estado do Ceará merece destaque, a Jazida de fosfato e urânio localizada no

município de Santa Quitéria, as imensas jazidas de calcário, várias em produção na Chapada

do Apódi, no Cariri e a oeste de Sobral, produzindo-se cimento e de alta pureza para indústria

química em geral. No Sertão cearense existem grandes e valiosas jazidas de rochas graníticas,

Page 19: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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areias, gnáissica e outras que vêm sendo lavradas para produção de rochas ornamentais,

comercializadas nos mercados interno e externo. Outros bens minerais estão sendo produzidos

oferecendo oportunidade de trabalho para muitos cearenses e proporcionando a produção e

comercialização de produtos indispensáveis para a construção civil, a indústria em geral e a

agropecuária.

2.3 MINERAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os minerais são substâncias formadas pela decomposição das rochas, solos e

sedimentos, onde essa decomposição acorre pela ação do intemperismo que operam na crosta

terrestre. O mineral é um sólido homogêneo e natural que tem uma composição química

definida e um arranjo atômico altamente ordenado (HURLBUT, 1999).

Os recursos minerais são expressivos e abrangem uma produção de 72 substâncias

minerais, das quais 23 são metálicas, 45 não metálicas e 4 energéticas (PINHEIRO, 2011).

Segundo o DNPM no ano de 2010 no Brasil existiam 3354 minas nas quais 3146 minas entre

pequenas e média operam em extração de matérias não metálicos.

Os minerais utilizados na construção civil recebem o nome de agregados, onde esses

agregados são fundamentais para a construção. Esses agregados são materiais granulares, sem

forma e volume definidos, de dimensões e propriedades estabelecidas para uso em obras de

engenharia civil, tais como, a pedra britada, cascalho e as areias naturais ou obtidas por

moagem de rocha, além das argilas e dos substitutivos como resíduos inertes reciclados,

escórias de aciaria, produtos industriais, entre outros. Os agregados são abundantes no Brasil

e no mundo (SERNA, 2009).

Os minerais podem ser classificados em metálicos e não metálicos, onde os não

metálicos são os que a construção civil utiliza em suas obras, podendo usa-los diretamente na

construção na sua forma natural ou artificial, como matéria prima para algum outro produto

que é empregado na mesma. Onde os minerais não metálicos são minerais que não apresenta

em sua composição propriedades metálica (FREITAS, 2010). Os materiais não metálicos que

são empregados na construção civil são as areias, rochas que podem ser calcaria ou granítica,

argila, cascalhos, seixo rolado onde cada uma desses materiais tem sua aplicação na

construção.

Page 20: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

20

Os minerais naturais são os que se encontram de forma particulada na natureza (areia,

cascalho ou pedregulho) e os artificiais são aqueles produzidos por algum processo industrial,

como as pedras britadas, areias artificiais, escórias de alto-forno e argilas expandidas, entre

outros (SERNA, 2009).

A norma NBR 7211 (ABNT, 2005) dividem os agregados em duas classes, sendo o

miúdo e o graúdo. Os agregados miúdos ou areias sendo areias naturais ou artificiais cujo seus

grãos segundo a ABNT passam na peneira ABNT 4,8mm e fica retido na peneira ABNT

0,075mm. E já os agregados graúdo que são os pedregulhos ou britas cujo seus grãos passam

por uma peneira ABNT de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT 4,8mm

(ALBUQUERQUE, 1994).

2.4 METODOS DE EXTRAÇÃO OU LAVRA

2.4.1 Rochas

As rochas, mas utilizadas na construção civil são a sedimentar calcária ou rocha ígnea

granítica que sua exploração ocorre a céu aberto. Para a rocha granítica primeiramente é feito

uma limpeza do maciço rochoso (retirada de vegetação e solo) para que se inicie a execução

do plano de fogo para o desmonte primário (perfuração e detonação por explosivos), seguido

do desmonte secundário (fogacho e/ou rompedores hidráulicos), que pode ou não ser

necessário, do carregamento e do transporte dos fragmentos de rocha para locais junto às

instalações de britagem, denominadas praças de alimentação, para armazenagem temporária e

alimentação dos britadores em horários específicos ou diretamente para os britadores

primários. Nas áreas em que não há unidades de britagem, o material oriundo do desmonte é

processado de forma manual e nas dimensões de pedra de mão, é carregado e transportado

diretamente para venda, ou ainda são trabalhadas manualmente para fabricação de

paralelepípedos e meio - fio para pavimentação Os principais equipamentos e insumos

utilizados nas operações de lavra são: tratores; escavadeiras; pás-carregadeiras; perfuratrizes

pneumáticas ou marteletes manuais, caminhões (fora-de-estrada ou urbanos adaptados);

explosivos e acessórios de detonação (CAVALCANTI, 2012).

A extração de um maciço rochoso pode ser na forma bancada ou em paredão, mas

apenas o de bancada é utilizado na RBJ. A extração rochas graníticas em bancadas necessita

Page 21: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

21

de uma área maior para construção de vias de acesso aos diferentes níveis de avanço do

desmonte. Possibilita o uso de equipamentos pneumáticos para perfuração e a utilização de

uma pequena quantidade de explosivos para fazer o desprendimento do bloco de rocha e todo

processo de desmonte é manual, sendo utilizados marrão, pixotes e alavancas.

Para a extração de rochas calcárias na RBJ não são utilizados tecnologias em seu

processo. Todas as etapas da exploração acontecem manualmente, sendo utilizado apenas

marrão, alavancas, picaretas e pá, onde a pá é utilizada para fazer a retirado do solo que esta

cobrindo a rocha e após essa limpeza a rocha é quebrada.

2.4.2 Areias

Areias são sedimentos clásticos formados por fragmentos de rochas preexistentes, com

grãos com dimensões que variam entre 0,06 e 2,00mm segundo (ABNT, 2005). Os grãos

frequentemente são de quartzo, mas também podem conter outros minerais. Os processos de

fragmentação e transporte do sedimento podem estar relacionados a meio aquoso ou eólico,

sendo as características físicas dos grãos, como tamanho, arredondamento e esfericidade

relacionados ao meio no qual as partículas foram transportadas e a distância percorrida.

Segundo a NBR 6502 as areias são classificadas de acordo com o diâmetro em: areia fina

(0,06 a 0,2 mm), areia média (0,2 a 0,6 mm) e areia grossa (0,6 a 2,0 mm). Na escala

granulométrica da ASTM, as areia apresentam dimensões variando de 0,075 a 4,75 mm,

sendo classificadas pelo diâmetro em: areia fina (0,075 a 0,42 mm), areia média (0,42 a 2,0

mm) e areia grossa (2,0 a 4,75 mm) (SOARES ET AL, 2006).

As areias podem apresentar variadas especificações e usos tais como: na indústria da

construção civil como agregado miúdo; moldes de fundição; matéria prima na indústria de

transformação (vidros, siderúrgica, abrasivos, cerâmica, química, refratários, cimento e

outros); no tratamento de águas e esgotos.

O método de extração de areia desenvolvido na RBJ é apenas desmonte mecânico,

onde método é utilizado quando os rios secam nos períodos de estiagem.

O desmonte mecânico é realizado nos leitos secos ou parcialmente secos dos rios

durante os períodos de estiagem e nas planícies aluviais terciárias, em que são formadas cavas

Page 22: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

22

para extração de areia fina. Este método de lavra é recomendado para depósitos não coesos

em locais secos (não inundados) e com boa sustentação para os equipamentos pesados. Onde

um dos processos do desmonte é a escavação direta do material com escavadeiras ou pá

carregadeiras. O carregamento tanto pode ser direto nos caminhões quanto pode ser forma de

pilhas de estocagem para o carregamento posterior em caminhões e transporte do material

para venda (CAVALCANTI, 2012).

2.4.3 Arisco (Areia Branca ou da Caatinga)

O arisco é um argilomineral fino que este localizado no sertão, que na RBJ recebe o

nome de areia da caatinga, que ganho esse nome por está na região da caatinga onde esse

material é muito utilizado na construção civil, principalmente na fase acabamento reboco e de

alvenaria.

Para extração dessa material da natureza são utilizados equipamentos pesados como

retro-esvadeiras e pá-carregadeiras, onde essas máquinas fazem o desmatamento e a

escavação, ou seja, afrouxamento e o carregamento dos caminhos. O arisco está na natureza

na forma de camadas na região da caatinga onde esta coberta pela mata da caatinga em

algumas jazidas, nestas é necessário que haja uma liberação para o desmatamento da área,

após o desmatamento o processo de extração é o mesmo tendo ou não a mata cobrindo a

região onde está localizada a areia, que consiste em escavar o material e fazer os

carregamentos.

2.4.4 Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer

empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e

possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de

decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte do processo.

Page 23: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

23

Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo

Ibama, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). O

Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infra-estrutura que

envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na

plataforma continental.

As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão expressas na

Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. Além dessas, recentemente

foi publicado a Lei Complementar nº 140/2011, que discorre sobre a competência estadual e

federal para o licenciamento, tendo como fundamento a localização do empreendimento.

A Diretoria de Licenciamento Ambiental é o órgão do Ibama responsável pela

execução do licenciamento em nível federal. A Diretoria vem realizando esforços na

qualificação, organização e automação dos procedimentos de licenciamento ambiental, e para

tanto, disponibiliza aos empreendedores módulos eletrônicos de trabalho e ao público em

geral, inúmeras informações sobre as características dos empreendimentos, bem como a

situação do andamento do processo.

Pretende-se que o sistema informatizado agilize os trabalhos e as comunicações

inerentes ao processo de licenciamento e permita maior visibilidade e transparência para os

processos de licenciamento em tramitação no Ibama (IBAMA, 2013).

2.5 UTILIZAÇÃO DOS MINERAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os minerais são muitos utilizados na construção civil, onde na (Tabela 2) consta as

várias utilizações dos minerais na construção civil.

Page 24: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

24

Tabela 2 - Principais Utilizações dos Agregados

Principais Utilizações dos Agregados

Areia Artificial e

Areia Natural

Assentamento de bloquetes, tubulações em geral,

tanques, emboço, podendo entrar na composição de

concreto e asfalto.

Pedrisco Confecção de pavimentação asfáltica, lajotas,

bloquetes, Inter travados, lajes, jateamento de túneis

e acabamentos em geral.

Brita 1 Intensivamente na fabricação de concreto, com

inúmeras aplicações, como na construção de pontes,

edificações e grandes lajes.

Brita 2 Fabricação de concreto que exija maior resistência,

principalmente em formas pesadas.

Brita 3 Também denominada pedra de lastro utilizada nas

ferrovias.

Brita 4 Produto destinado a obras de drenagem, como por

exemplo, drenos sépticos e fossas.

Rachão, pedra

de mão ou pedra

marroada

Fabricação de muros de contenção e bases.

Brita graduada Em base e sub-base, pisos, pátios, galpões e estradas.

Fonte: Agregados para Construção Civil, DNPM

Page 25: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

25

2.6 IMPORTÂNCIA DOS MINERAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

Com o crescimento da construção civil também teve um crescimento da extração de

minerais que são utilizados na construção fazendo com que o Produto Interno Bruto (PIB) tive

um crescimento sucessivo no decorrer dos últimos anos.

Os bens tem uma grande importância para sociedade, pois esta em todas as fases da

evolução da humanidade, onde esses minerais são utilizados para dar melhor qualidade de

vida nos seres humanos. Assim a construção civil é um dos quais se utiliza a maior

diversidade de minerais e maiores quantidades de materiais não metálicos que na engenharia

civil são chamados de agregados

Esse setor da mineração estabelece um forte relacionamento com os centros urbano,

porque são eles os maiores consumidores de minerais e por esse motivo as operações de lavra

ocorrem próximas às cidades. Na região do baixo Jaguaribe existem em torno de 30 jazidas de

materiais, englobando todos os tipos de minerais. Fazendo com que a região seja beneficiada

por ter uma grande diversidade de minerais.

Na região do Baixo Jaguaribe há uma exploração muito grande de areias, argilas,

rochas, cascalhos, que tem uma grande importância para o crescimento da sociedade. Pois

todo o processo de exploração, ou seja, suas operações de lavras, utilização e aplicação que

pode ser de forma direta na construção ou na produção de outro material que seja utilizado na

construção, ou seja, esse material pode ser utilização como matéria prima para outro material

da construção civil geram empregos e rendas para toda a região.

O setor da exploração de minerais para construção civil é o setor que comporta os

maiores números de empresas e trabalhadores e o único a existir em todos os estados

Brasileiros. E as reservas nacionais de minerais para construção civil podem ser consideradas

abundantes, mas que seu acesso pode ser interferido pela legislação ambiental. Segundo

(DNPM, 2010) toda a produção de minerais para construção civil tiveram crescimento

significativos da produção areia e brita, demonstrado nas tabelas 3 e4.

Page 26: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

26

Tabela 3 - Produção de areia no Brasil

Brasil

Produção de Areia (e)

2007 2008 2009 2010

106T 106R$ 106T 106R$ 106T 106R$ 106T 106R$

229,4 1.774,8 272,4 2.791,7 266,9 3.023,7 286,8 3921,1

Fonte: DNPM-Anuário Mineral Brasileiro. (e) Estimativa através do consumo de cimento e

cimento Asfáltico de Petróleo

Tabela 4 - Produçaõ de brita no Brasil

Brasil

Produção de brita (e)

2007 2008 2009 2010

106T 106R$ 106T 106R$ 106T 106R$ 106T 106R$

185,2 3.157,8 227,9 4.459,8 231,2 5.294,6 254,8 6.518,0

Fonte: DNPM-Anuário Mineral Brasileiro. (e) Estimativa através do consumo de cimento e

cimento Asfáltico de Petróleo.

Page 27: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

27

3 METODOLOGIA

A Região do Baixo Jaguaribe (RBJ) está localizada em uma pequena área do semi-

árido do Ceará compreendendo os municípios de Limoeiro do Norte, Morada Nova, Russas,

Jaguaruana, Aracati, São João do Jaguaribe e Quexeré. A RBJ tem uma área de 9.950,989

km2 que corresponde aproximadamente a 6,8% do território do estado do Ceará.

(WIKIPEDIA, 2006). Na (Figura 2) verifica-se a localização da RBJ no mapa do estado do

Ceara.

Figura 2 - Localização Doda Região do Baixo Jaguaribe - CE

Fonte: Wikimedia (2006)

Page 28: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

28

Nesta pesquisa foi utilizado o método descritivo e exploratório. Onde se consistiu

como descritivo pelo motivo de o objetivo primordial ser a descrição e interpretação de

informações obtidas na literatura e na coleta de dados em campo. Para isso, foram coletadas

informações sobre os recursos minerais explorados, análise dos métodos de extração,

utilização e transporte dos minerais, a importância desses recursos minerais para a região e as

dificuldades enfrentadas pelos mineradores. Exploratório por proporcionar maior

familiaridade entre os problemas enfrentados pelos mineradores e utilização de entrevistas

para levantamento de informaçoes e coleta de dados.

No período de 04/02/2013 a 25/03/2013 foram realizadas visitas técnicas, e à

aplicação de um questionário (ver anexo) junto aos mineradores. Na RBJ a quantidade de

mineradores se aproxima de 30, sendo que foram entrevistados 10 mineradores, estando estes

envolvidos na mineração de areia grossa e fina, arisco, rocha granítica e rocha calcária de

pequeno, médio porte e um de grande porte. O questionário foi composto por 14 perguntas do

tipo subjetiva aplicados aos minerados. Também se tirou fotos nos locais de aplicação do

questionário, visando compreensão do processo de exploração.

Os resultados foram analisados com base nas respostas obtidas com a aplicação do

questionário, na análise da bibliografia consultada e nas observações das imagens fotográficas

retiradas nos locais de visitas.

Page 29: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PROCESSO DE EXTRAÇÃO OU LAVRA

No geral, verificou-se que o processo de extração ou lavra de areia, arisco e rochas é a

de lavra a céu aberto. Podendo a extração ser realizado em pequena ou em grande escala. Em

pequena escala é utilizado pás manual (Figura 3) observando-se processo rudimentar e em

grande escala a utilização de maquinários pesados como retroescavadeira ou pá carregadeira

(Figura 4) e compressores pneumáticos para perfuração (Figura 5).

Figura 3 - Pá manual

Fonte: Solostocks (2013)

Figura 4 - Pá carregadeira

Fonte: Avareterra (2013)

Page 30: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

30

Figura 5 - Compressor Pneumática

Fonte: Rollinmaq (2013)

4.1.1 Extração do arisco

A jazida de arisco (Figura 6) está localizada na zona rural da cidade de Limoeiro do

Norte no Ceará a uma distância de dez quilômetros do centro da cidade e vem sendo

explorada há cinco anos. Nessa jazida, o minerador de médio porte do arisco divulgou que a

atividade inicia-se com a busca da área desejada, onde se deve encontrar grande disposição do

material. É feita uma análise no arisco, que consiste em determinar com ensaios feitos em

laboratórios o teor de sais existentes. Como esse material é utilizado na construção na fase

alvenaria e reboco, não deve constatar teor de sais elevado, porque aumenta a possibilidade de

se forma salitro nas construções. Os consumidores avaliam o produto de acordo a sua cor e a

sua granulometria, ocorrendo que cada consumidor tem uma avaliação para o produto. Após

ser selecionada a jazida, é feito o desmatamento, também com retroescavadeira ou pá

carregadeira para em seguida o material ser escavado e retirado.

Page 31: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

31

Figura 6 - Jazida de Arisco

Fonte: MAIA (2013)

Os mineradores do arisco de pequeno porte informarão que não são proprietários da

jazida. Eles comprar o material de um proprietário para fazer a extração. Sendo que a extração

é feita sem maquinários pesados, sendo utilizada apenas pá e pessoas para fazer a escavação.

4.1.2 Extração da areia

A jazida de areia do rio (Figura 7), como é conhecida na RBJ está localizada na

cidade de Limoeiro do Norte no leito do rio BANABUIÚ na zona rural. Os mineradores de

médio porte informaram que não se faz nenhum teste para saber a qualidade da areia. Apenas

realiza-se a extração da areia mais limpa possível, ou seja, areia sem torrões de argila. Os

consumidores avaliam a areia de acordo com a quantidade de torrões de argila presente na

areia, chegando ao ponto da areia rejeitada pelo consumidor. Essa areia está depositada sobre

a superfície do solo nos leitos dos rios.

Page 32: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

32

Figura 7 - Jazida de areia grossa do rio

Fonte: MAIA (2013)

Na maioria das empresas da Região do Baixo Jaguaribe (RBJ) a extração e o

carregamento são mecanizados (Figura 8), mas alguns trabalhadores autônomos de pequeno

porte ainda faz todo o processo manual (Figura 9).

Figura 8 - Extração Mecanizada

Fonte: MAIA (2013)

Page 33: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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Figura 9 - Extração Manual

Fonte: MAIA (2013)

A areia é extraída de leito de rios, várzeas, depósitos lacustres, mantos de

decomposição de rochas, pegmatitos e arenitos decompostos. Vale salientar que no Brasil,

90% da areia são produzidos em leito de rios. (VALVERDE, 2001).

4.1.3 Extração da rocha granítica

A jazida de rocha granítica esta localizada em uma comunidade chamada de Bixopá,

na cidade de Limoeiro do Norte, onde a extração dessa rocha e comercializada em toda a RBJ.

A extração da rocha granítica na região é realizada por apenas mineradores de pequeno porte.

Os entrevistados, explicaram que a jazida desse mineral também é a céu aberto

(Figura 10), e que quase todo o processo de extração é manual. São utilizados apenas

compressores pneumáticos para fazer perfurações nas rochas as quais não se consegue ser

feitas manualmente. A rocha é extraída para fabricação de paralelepípedo (Figura 11) e meio -

fio (Figura 12), sendo empregados na construção de pavimentação de ruas. O que sobra desse

processo pode ser utilizada para a fabricação de brita.

Page 34: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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Figura 10 - Jazida de rocha granítica

Fonte: MAIA (2013)

Figura 11 - Paralelepípedo de Rocha Granítica

Fonte: MAIA (2013)

Page 35: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

35

Figura 12 - Meio fio feito de rocha Granítica

Fonte: MAIA (2013)

Observou-se que várias perfurações horizontais são feitas na rocha natural, para

serem colocados os materiais explosivos. Esse processo é conhecido como fogo de alevante e

o papel de descolar a o bloco de rocha, separando a rocha que esta na superfície com a que

está no interior do solo (Figura 13).

Figura 13 - Separação da rocha que esta na superfície.

Fonte: MAIA (2013)

Page 36: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

36

O processo a segue quando os homens começam a fazer pequenas perfurações na

rocha com a utilização de pinos, marrões e as técnicas conhecidas pelos mineradores. Assim

vão quebrando os grandes blocos de rocha em blocos menores ate chegar ao produto final,

que são os paralelepípedos com dimensões de 20 cm de comprimento, 15 cm de altura e 15

cm de largura e ao meio fio que normalmente tem 500 cm de comprimento, 40 cm de altura e

15 cm de largura. Os consumidores informaram que esse tipo de rocha é avaliado como o

melhor tipo de rocha encontrada na região, pois tem uma grande resistência.

4.1.4 Extração da rocha calcária

A exploração de rocha calcária na região é feita em várias jazidas, localizadas na

chapada do Apodi, abrangendo principalmente as cidades de Russas, Limoeiro do norte e

Tabuleiro do Norte. A partir da localização da jazida é feito a limpeza do local onde será feita

a extração, pois as camadas de rocha são coberta por camadas de solo, que são retiradas para

iniciar a exploração. Após a limpeza começa-se a fazer a quebra da rocha em dimensões

menores, com marrões. As rochas são separadas pela sua espessura.

No geral, o processo de extração da rocha calcária é feito em grande e pequena

escala. Na jazida de pequeno porte (Figura 14) todo o processo é manual, sem nenhuma

utilização de tecnologias na extração, onde essa rocha esta disponível naturalmente na forma

de camadas, já que é rocha sedimentar. A extração se inicia com a localização da jazida, onde

não é feita nenhuma análise, pois a extração é apenas superficial, chegando a uma

profundidade máxima de um metro.

Page 37: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

37

Figura 14 - Jazida de rocha calcaria de pequena escala

Fonte: MAIA (2013)

A extração da rocha calcária realizada por empresa de grande porte na região

acontece também na chapada do Apodi, na comunidade de Carbomil. A empresa Carbomil

Química S/A é a maior exploradora de rocha calcaria da região, visando à fabricação da cal e

outros produtos. Nessa empresa a exploração inicia-se com análise da área que consiste em

verificar a quantidade de rocha existente no solo. Com a quantidade de rocha existente

determina se a jazida será viável ou não. Assim é feito perfurações nas rochas onde serão

aplicados explosivos, para que a rocha passe a ter dimensões menores.

Para os consumidores este tipo de rocha não é de melhor qualidade em comparação a

rocha granítica, mas é mais utilizada por apresentar maior rendimento e ter um valor menor

no mercado.

Page 38: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

38

4.2 PROCESSO DE TRANSPORTE

O transporte dos minerais na RBJ é diferenciado em relação ao porte dos caminhões

utilizados para transporte dos minerais e as necessidades, sendo essas necessidades,

vinculadas a quantidade do material a ser transportado e o tipo de entrega.

No geral, o transporte dos minerais para construção civil é feitos através de caminhões

normalmente caçamba podendo ser de grande (Figura 15) e pequeno porte (Figura 16).Onde

os caminhões de pequeno porte são conhecidos como caminhões toco, que só tem um eixo na

parte de traz e os caminhões de grande porte são caminhões truk que tem dois eixos.

Figura 15 - Caminhão de grande porte (Caminhão truk - com dois eixos)

Fonte: MAIA (2013)

Page 39: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

39

Figura 16 - Caminhão de pequeno porte (Caminhão toco – com um eixo )

Fonte: MAIA (2013)

O transporte da areia e do arisco que estão dispostos na natureza e não precisa de

nenhum processo industrial para ser extraídos, são transportados por caminhões de grande

porte até o local de estocagem de um distribuidor. Esses caminhões transportam uma maior

quantidade de material com menores custos. Os caminhões de pequeno porte são utilizados

para fazer a distribuição dos materiais nas obras, ou seja, fazer as entregas nos centros

urbanos, pois têm uma menor dimensão que facilita a locomoção e a chegada ao local

desejado pelo consumidor. Foi citado pelo minerador que o maior custo envolvido nos

minerais é o transporte, fazendo com que as areias tenham um alto valor no mercado.

As rochas graníticas na forma de paralelepípedo e de meio fio também são

transportadas por caminhões de pequeno e médio porte, mas os de pequeno porte são mais

utilizados. Como o carregamento é manual, os caminhões de grande porte tem maior

dificuldade para fazer o carregamento por serem mais altos. O transporte desse mineral na

maioria das vezes é feito em caminhões de pequeno porte, mas sendo utilizado caminhões de

grande porte quando a encomenda é em grande quantidade e o destino a ser transportado o

matérial é distante.

Para as rochas calcárias, o seu transporte também é feito por caminhões. Onde os

mineradores de pequeno porte utilizam os caminhões pequenos, pelo motivo do carregamento

ser manual (Figura 17). O processo de carregamento em grandes caminhões é complicado

Page 40: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

40

pelo fato das pedras serem pesadas e por esses caminhões serem mais altos, como comentado

anteriormente.

Assim, empresas de grande porte como a citada anteriormente, fazem o transporte

utilizando caminhões grandes, pelo fato desses possibilitarem maior eficiência no transporte.

Figura 17 - Carregamento manual de rocha calcária

Fonte: MAIA (2013)

4.3 PROCESSO DE ESTOCAGEM

A prática de estocagem dos minerais a céu aberto é comum desde a antiguidade, que

chegam ao local de estoque pelos caminhões onde é despejado e feito empilhamento do

maneral com maquinas pá carregadeiras ou retroescavadeiras para ocupar menos espaço. A

estocagem desses materiais para construção normalmente é próximo aos centros urbanos, pois

proporciona maior facilidade para a distribuição dos materiais nas obras localizadas nos

centros urbanos.

Page 41: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

41

4.3.1 Areia e arisco

A estocagem dos minerais na RBJ é de forma simples, sem dificuldades explica o

minerador de areia e arisco.

De acordo com os mineradores de médio porte os minerais são extraídos das jazidas

por máquinas pesadas como retroescavadeira. Esses equipamentos também são utilizados

para fazer o carregamento dos caminhões que transportam o material até o local de

estocagem. Tal material é despejado e em seguida com auxílio de outra máquina é levantado,

formando uma pilha, para que o material ocupe menos espaço (Figura 18 e 19).

Já os mineradores de pequeno porte explicaram que eles não estocam o material, pois

como trabalham com o processo de carregamento manual, os custos de carregamento ficam

muito elevados, tornando inviável fazer estocagem do material.

Figura 18 - Estoque de areia e arisco

Fonte: MAIA (2013)

Page 42: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

42

Figura 19 - Estoque de arisco

Fonte: MAIA (2013)

4.3.2 Rochas graníticas e calcárias

Os mineradores de rochas graníticas e calcárias de pequeno porte explicaram que

normalmente não fazem estoque do material. Isso se deve ao fato de todo o processo ser

manual e não conseguem extrair quantidade de mineral que seja superior que a demanda da

região. É feito o estoque apenas enquanto o comprador não chega, pois toda quantidade de

mineral extraída em um dia é vendida no dia seguinte. Vale salientar que enquanto o material

não é vendido, o mesmo é estocado, formando montes sem nenhuma ordenação.

Já o minerador de grande porte (Carbomil Quimica S/A) respondeu que a estocagem

da rocha calcária é de grande importância, pois no período de chuva as jazidas são

preenchidas com água provocando sua interdição. A estocagem é feita em um local de fácil

acesso e que não se obstrua nesse período. Assim, uma grande quantidade do mineral é

depositada no local determinado formando pilhas, com emprego de máquinas pesadas. Não

foi permitido ser retiradas fotos do estoque de rocha calcária da Carbomil Quimica S/A.

Page 43: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

43

4.4 UTILIZAÇÃO DOS MINERAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL PROVENIENTES DA

REGIÃO DO BAIXO JAGUARIBE (RBJ)

As areias são de grande importância na construção civil, pois são utilizadas em

inúmeras atividades. A areia do rio como é conhecida na RBJ é extraída principalmente para

serem utilizadas na edificações. São utilizadas nas construções para fabricação de argamassas

e concretos onde são aplicados na fase estrutural das construções, de acabamento e para fazer

o aterro dos cachões das obras (Baldrames), na fabricação de pré-moldados e para aterros de

obras de pavimentação com paralelepípedos e asfáltica.

No caso do arisco ou areia da caatinga como é conhecida na região é empregado em

construções na fase de assentamento de tijolos das alvenarias de vedação, nos acabamento de

rebocos e às vezes em aterros.

As rochas granítas extraídas na região são aplicados principalmente para obras de

calçamentos, onde o retraço da rocha que sobra dos paralelepípedos e meio - fio.

A rocha calcária extraída por exploradores de pequeno porte na RBJ são utilizadas

para construção dos cachões das obras e para pisos de garagens por ter forma de laminas. A

empresa de grande porte utiliza a rocha calcária para fabricação da cal e de brita e outros

produtos, e a cal é utilizada na região para fazer a argamassa de reboco. Os produtos desta

empresa têm inúmeros campos de atuação, sendo o mercado principal em indústrias de

argamassas, elastômeros, sabão, etc.

4.5 IMPORTÂNCIAS DESSES MINERAIS PARA A REGIÃO DO BAIXO

JAGUARIBE (RBJ)

Os minerais da RBJ tem grande importância na economia da região, pois como são

empregados na construção civil geram grande número de emprego direto e indiretamente

durante todo o ano. Como a maioria dos materiais é extraída manualmente, fornecem emprego

e renda para a região.

Na entrevista a empresa de mineração Carbomil Química AS. O entrevistado

ressaltou que é uma das empresas da região que oferece mais emprego em qualquer que seja a

área de atuação, ficando apenas obras das agroindústrias que existem na região. E não só na

Page 44: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

44

economia, mas também para oferecer melhor qualidade de vida em relação à moradia de toda

população para sociedade.

4.6 DIFICULDADES EMFRENTADAS PELOS MINERADORES

No geral, os mineradores de pequeno porte informaram que não tinham muita

dificuldade em relação à extração. Tendo como principal dificuldade o período chuvoso,

quando ficavam sem trabalhar por não ter acesso aos locais das jazidas, e por ser de pequeno

porte não conseguem fazer estoque durante o ano para atender a necessidade nesse período.

Ressaltaram também que às vezes compram o minério para revender a médios empresários

que fazem estoque no decorrer do ano, para nos períodos de falta ter o produto para vender

por um preço mais elevado.

Com relação aos mineradores de médio porte, ressaltaram que a maior dificuldade

enfrentada estava relacionada ao meio ambiente, por terem muitas dificuldades para

conseguirem as liberações de extração dos minérios e para renová-las. Explicaram que tal

burocracia era devido não terem informações suficientes sobre o assunto, e requerer um custo

relativamente grande para obter essas licenças de exploração.

Já o entrevistado da empresa de grande porte informou que a dificuldade estava

relacionada à mão de obra qualificada e a mão de obra bruta. Falou ainda que mesmo tendo

muitas máquinas e equipamentos para extração mineral é preciso pessoas para trabalhar

nesses equipamentos com qualificação profissional.

4.7 QUESTÃO AMBIENTAL

Os mineradores de pequeno e médio porte de areia, rocha calcária e granítica

informaram que até hoje não notaram nenhuma alteração ambiental no período de tempo em

que eles estão fazendo a extração, podendo ser pelo motivo da extração desses minerais serem

em pequena quantidade afirmou um deles.

Já os minerados de rocha granítica ressaltaram que a sua exploração fazia benefícios à

comunidade local, pois a extração da rocha é feita também no leito do açude existente na

comunidade fazendo com que aumentasse as dimensões do leito do açude.

Page 45: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

45

Quanto ao minerador de médio porte de arisco utilizado para alvenaria e reboco, este

afirmou que sua extração causava sim danos ao meio ambiente, pois era preciso desmatar para

se poder extrair, mas ressaltou que sua jazida era licenciada pelo Departamento Nacional de

Produção Mineral (DNPM), pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará

(SEMACE) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA). Afirmou ainda que

estava nos padrões especificados por esses órgãos.

O entrevistado da mineradora de rocha calcária de grande porte não quis dar

informações sobre o assunto.

Em relação aos danos ao meio ambiente os mineradores informaram que esta sendo

feito reflorestamento, e reserva de matéria orgânica e matérias não utilizadas nas construções

para a reconstrução da areia explorada.

Page 46: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No geral a exploração dos minerais para construção civil na Região do Baixo do

Jaguaribe é rudimentar e de pequeno porte, pois são poucas as tecnologias utilizadas.

A maioria dos exploradores utiliza no processo de extração o trabalho manual

tornando a exploração em pequenas proporções.

A região tem um grande potencial de mineral que são aplicados na construção civil,

mas não são totalmente explorados pelo motivo de todo processo de exploração ser manual.

Assim se fosse utilizados tecnologias na fase de extração, todo potencial da região seria

utilizado fazendo com que atendesse as necessidades da própria região e as regiões vizinhas.

Portanto há necessidade de mais investimento para aquisição maquinário e mão-de-

obra qualificada na região visando resolver os problemas enfrentados pelos mineradores.

Os mineradores de pequeno porte desconsideram a questão ambiental, enquanto os de

médio porte estão preocupados com os impactos ambientais gerados pela mineração.

Page 47: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

47

REFERÊNCIAS

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CAVALCANTI, V. M. M. A INDÚSTRIA DE AGREGADOS PARA CONSTRUÇÃO

CIVIL . [S.l.]: [s.n.], 2012.

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Brasil Escola, 2010.

GRUPO Escolar. grupoescolar, 2008. Disponivel em:

<http://www.grupoescolar.com/pesquisa/mineracao-no-brasil.html>. Acesso em: 7 Março

2013.

HOLLANDA VIDAL, F. W. et al. ROCHAS E MINERAIS INDUSTRIAIS DO ESTADO

DO CEARÁ. Funcap. Fortaleza. 2005.

HURLBUT, K. &. Manual de minerais. [S.l.]: [s.n.], 1999.

PARAGUASSU, A.B. 1996. Materiais inconsolidados e rochosos na construção civil ;

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PINHEIRO, J. C. D. F. A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA MINERAÇÃO NO

BRASIL . Departamento Nacional de Produção Mineral. [S.l.]. 2011.

SERNA, H. A. D. L. Agregados para Construção Civil. [S.l.]: [s.n.], 2009.

VALVERDE, F. M. Balanço Mineral 2001. DNPM, 2001. Disponivel em:

<http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/balancomineral2001/agregados.pdf>.

Acesso em: 19 Fevereiro 2013.

Page 48: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

48

VASCONCELOS, M. Diariodonordeste. Mapeamento mineral no CE, 2009. Disponivel

em: <http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=673588>. Acesso em: 28

fevereiro 2013.

WIKIPEDIA. wikipedia, 2010. Disponivel em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1>. Acesso em: 5 março 2013.

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,

2013.

Page 49: TCC Paulo Afonso Silveira Maia-Final

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO TÉCNICO

1. Nome da empresa?

2. Localização da jazida?

3. Há quantos anos essa jazida esta sendo utilizada.

4. Como essas jazidas são descobertas?

5. Existe algum estudo para saber a qualidade do material?

6. Como o material esta disponível na natureza?

7. Como se da à extração do material?

8. Como é feito o transporte desse material?

9. Como os consumidores avaliam o material?

10. Qual a maior dificuldade que vocês encontram para realizar esse trabalho?

11. Já foi detectada alguma alteração ambiental consequente do processo?

12. O que é feito para amenizar compensando os danos à natureza?

13. Cite as aplicações conhecidas do material explorado.

14. Existe mais alguma informação relevante não contemplada?