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Universidade São Judas Tadeu Campus Mooca
Engenharia de Produção
GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO DE PROJETOS DE COMUNICAÇÃO DIGITAL
Alessandra Geraldo de Sousa Pamela Santiago
Rodrigo Mendonça da Fonseca Wellington Ferreira da Silva
São Paulo
2014
Alessandra Geraldo de Sousa Pamela Santiago
Rodrigo Mendonça da Fonseca Wellington Ferreira da Silva
GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO DE PROJETOS DE COMUNICAÇÃO DIGITAL
Monografia apresentada como exigência para obtenção do grau de Bacharelado em Engenharia de Produção da Universidade São Judas Tadeu.
Orientador: Prof. MSc. André Luiz Dias
Ribeiro
São Paulo
2014
Agradeço acima de tudo a Deus pela sua infinita bondade e misericórdia por ter me proporcionado à realização de um sonho, ingressar e concluir a Faculdade de Engenharia de Produção, além de todos os meus familiares e amigos que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até o fim desta etapa da minha vida. A comunidade da Igreja Evangélica Brasileira, pois foi nesse meio que aprendi o valor da minha fé. Ao meu Grupo de TCC, pois com disciplina e dedicação realizamos este trabalho com sucesso, e a todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos a mim, fazendo esta vida valer cada vez mais a pena. (Alessandra de Sousa)
Agradeço primeiramente a DEUS, por ter cumprido o desejo do meu coração de ingressar numa universidade e me formar. Não posso esquecer de meus familiares e amigos que sempre me deram força para continuar nos momentos mais difíceis. Agradeço também ao grupo pela dedicação empenhada neste TCC. (Pamela Santiago)
Para Telma Bauer, a primeira na cena do crime. (Rodrigo Fonseca)
Dedico este trabalho a todos que tiveram real participação na minha formação acadêmica. A Deus, que dentro do meu entendimento está acima de todas as coisas visíveis e invisíveis e me proporcionou o dom da vida; aos meus pais Maria Célia e Antonio Lucio, que me educaram e não mediram esforços para que eu tivesse a oportunidade de engraçar na Universidade; a minha querida esposa Renata, que sempre esteve ao meu lado me apoiando em todos os momentos; aos meus sogros Marinalda de Castro e Edson Felix, que me acolheram como parte de sua família e contribuíram à minha formação; a minha grande amiga Tamara Radis, que me ajudou como fazem os grandes amigos; ao meu grupo de trabalho, Alessandra Sousa, Pamela Santiago e Rodrigo Mendonça, que dedicaram-se ao máximo para que este trabalho fosse concluído com sucesso; ao nosso orientador Professor André Luiz Dias Ribeiro, que sanou as dúvidas e conduziu da melhor forma o nosso trabalho; enfim, dedico também a todo corpo docente da Engenharia de Produção da Universidade São Judas Tadeu, que nos instruíram à formação de profissionais capacitados. (Wellington Ferreira)
AGRADECIMENTOS
Ao nosso orientador, professor MSc. André Luiz Dias Ribeiro, pelo empenho dedicado à elaboração deste trabalho.
Aos nossos professores, Dr. Fernando Mori, Me. Bernardo Goisman, Me. Ivo
Costa e Me. Marcos Aurélio Martão, obrigado por todas as horas gastas tirando dúvidas no corredor.
Agradecemos de maneira geral а todos os professores por nos proporcionar о
conhecimento não apenas racional, mas а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а nós, nãо somente pоr terem nos ensinado, mаs por terem nos feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs nossos eternos agradecimentos.
A esta universidade, direção е administração qυе oportunizaram а janela qυе
hoje vislumbramos υm horizonte superior, eivado pеlа mais acendrada confiança nо mérito е ética aqui presentes.
"Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você conhece a si mesmo, mas não o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas." - Sun Tzu
RESUMO
De acordo com o Project Management Institute (2013), um portfólio é uma coleção de projetos ou programas que são agrupados para facilitar o gerenciamento eficaz do trabalho e atender os objetivos estratégicos da organização. Dessa forma, o gerenciamento de portfólio se concentra em garantir que os projetos e programas sejam analisados a fim de priorizar a alocação de recursos, que o portfólio seja consistente e esteja alinhado às estratégias organizacionais.
Os objetivos do gerenciamento de portfólio são alcançados através de seu desmembramento em diversos processos que tratam de áreas de conhecimento específicas. Conforme o PMI (2013), esses processos são responsáveis por identificar, categorizar, avaliar, selecionar, priorizar, balancear e autorizar todos os componentes dentro do próprio portfólio. Esses processos são executados de forma sequencial e cíclica, visando garantir que os componentes do portfólio sempre estejam alinhados com os objetivos e estratégias da organização, sejam considerados viáveis, possuam um nível de risco aceitável, agreguem valor, se relacionem com os outros componentes do portfólio e sempre possuam recursos disponíveis.
A forma de implementação, execução e interação desses processos varia conforme a atividade fim da organização. Visando reduzir a complexidade dos processos e maximizar seus resultados, diversos modelos de gerenciamento de portfólio foram desenvolvidos, todos baseados nas mesmas premissas, mas com focos específicos para determinados ramos de negócio. Apesar de possuírem a mesma essência, cada modelo aborda a questão por um prisma único, maximizando os resultados dentro de um ramo de negócio específico.
No decorrer deste Trabalho de Conclusão de Curso, será executada uma revisão bibliográfica de três modelos distintos de gerenciamento de portfólio de projetos, sendo o primeiro o modelo de Castro & Carvalho, o segundo de Harold Kerzner e o terceiro de Norberto de Oliveira Almeida. Cada modelo será analisado através de quatro dimensões específicas do assunto: critérios de decisão, classificação de projetos, gerenciamento de recursos e controle de portfólio. Na sequência, os modelos e suas dimensões serão comparados entre si, ressaltando seus pontos em comum e evidenciando suas diferenças.
A revisão bibliográfica e a análise comparativa fornecerão subsídios para estabelecer um conjunto de melhores práticas que possa ser aplicado na empresa objeto deste trabalho. Esse conjunto deverá ao mesmo tempo em que respeita as normas da empresa em questão, aprimorar seu conjunto de processos e ferramentas de gerenciamento de portfólio de projetos. O objetivo dessas mudanças é aumentar o alinhamento de seus projetos e programas com o seu planejamento estratégico, maximizando suas oportunidades e reduzindo seus riscos.
Palavras-chave: Gerenciamento, Gestão, Portfólio, PMO, PMI, GPP, Planejamento Estratégico, Projetos, Programas
ABSTRACT
According to PMI (2013), a portfolio is a collection of projects or programs that are grouped in order to facilitate the effective management of the work and also in order to achieve the strategic objectives of the corporation. Thereby, the portfolio management focuses in ensuring that the projects and programs are analyzed in order to prioritize the resources allocation and that the portfolio is consistent and aligned with the organization strategies.
The objectives of the portfolio management are achieved by breaking it up into a series of processes that deals with specific areas of expertise. According to PMI (2013), these processes are responsible for identifying, categorizing, evaluating, selecting, prioritizing, balancing and authorizing all the components within the portfolio itself.
These processes are run in a cyclic and sequential manner in order to assure that the portfolio components are always aligned with the objectives and strategies of the corporation, are considered viable, have an acceptable risk level, add value, relate to other components of the portfolio and always have available resources.
The manner of implementation, execution and interaction of these processes varies according to the corporation target activity. Many models of portfolio management were developed in order to reduce the processes complexity and to maximize their results. All of them were based on the same premises, but with specific focuses for some lines of business. Although they have the same core, each model deals with the issue in a unique way, maximizing the results within a specific line of business.
Three distinct models of portfolio management projects will be bibliographically reviewed through this paper. The first model is from Castro & Carvalho, the second is from Harold Kerzner and the third is from Norberto de Oliveira Almeida. Each model will be analyzed according to the four specific dimensions of the subject: Decision criteria, project classification, resources management and portfolio control. Further, the models and its dimensions will be compared against each other, highlighting the common points and evincing the differences.
The bibliographic review and the comparative analysis will give subsidies in order to establish a set of best practices which could be applied on the corporation object of this study. While respecting the policies of the corporation, this set of best practices should improve its set of processes and portfolio management projects tools. The purpose of these changes is to increase the alignment of the projects and programs with the company’s strategic planning, maximizing the opportunities and reducing risks.
Keywords: Management, Portfolio, PMO, PMI, PPM, Strategic Planning, Projects, Programs
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fluxograma do modelo atual. .................................................................... 27
Figura 2 - Quadro conceitual para análise de GPP. .................................................. 32
Figura 3 - Restrição tríplice. ...................................................................................... 40
Figura 4 - Novo conceito de gerenciamento de projetos. .......................................... 41
Figura 5 - Alinhamento dos projetos à estratégia da organização. ............................ 42
Figura 6 - Processo de GPP. .................................................................................... 46
Figura 7 - Modelo do Diagrama de PE para P&D. ..................................................... 47
Figura 8 - Mortalidade das ideias para novos produtos. ............................................ 49
Figura 9 - Lista de verificação para três projetos. ...................................................... 53
Figura 10 - Modelo de escala para projetos .............................................................. 54
Figura 11 - Modelo de critérios para projetos ............................................................ 54
Figura 12 - Conceito de rolling wave. ........................................................................ 56
Figura 13 - Existência de processo para monitoramento do portfólio. ....................... 58
Figura 14 - Ilustração de um Portfólio. ...................................................................... 60
Figura 15 - Pilares do Gerenciamento Profissional de Projetos. ............................... 60
Figura 16 - O contexto organizacional do GPP. ........................................................ 71
Figura 17 - Processo de GPP – Ilustração de Alto Nível. .......................................... 72
Figura 18 - Modelo proposto para alinhar o GP à estratégia. .................................... 82
Figura 19 - Fluxograma do modelo proposto. ............................................................ 95
Figura 20 –Visão geral do modelo proposto. ............................................................. 97
Figura 21 - Classificação de projetos. ....................................................................... 98
Figura 22 - Método de Análise Hierárquica. ............................................................ 101
Figura 23 – Valores globais de referência. .............................................................. 102
Figura 24 - Seleção de projetos. ............................................................................. 103
Figura 25 - Equilíbrio de portfólio. ........................................................................... 108
Figura 26 – Gráfico de bolhas. ................................................................................ 109
Figura 27 - Gerenciamento de recursos. ................................................................. 111
Figura 28 - Matriz de alocação de recursos ............................................................ 113
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Critérios de sucesso identificados pelos respondentes. ........................... 64
LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Quadro comparativo de Projeto, Programa e Portfólio ............................ 16
Quadro 2 - Modelos de GPP ..................................................................................... 19
Quadro 3 - Tipos de comunicação ............................................................................ 24
Quadro 4 - Matriz de problemas x impactos x prioridades ........................................ 29
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens dos métodos. .............................................. 37
Quadro 6 - Estudo de Exequibilidade e Análise de Custo/Benefício ......................... 50
Quadro 7 - Estimativa de custo/hora: ........................................................................ 51
Quadro 8 - Peso dos critérios .................................................................................... 53
Quadro 9 - Escore de critérios ................................................................................... 53
Quadro 10 – Dimensões de sucesso ........................................................................ 66
Quadro 11 - Elementos da estratégia de projetos. .................................................... 67
Quadro 12 - Do gerenciamento de projetos à liderança estratégia de projetos......... 69
Quadro 13 - Resumo das recomendações de medidas de sucesso ......................... 75
Quadro 14 - Métricas de Sucesso. ............................................................................ 77
Quadro 15 - Métricas de Sucesso relacionadas à organização, às pessoas e ao produto. ..................................................................................................................... 79
Quadro 16 - Métricas de Sucesso por Dimensão ...................................................... 79
Quadro 17 - Modelo proposto de Medição de Sucesso e métricas. .......................... 81
Quadro 18 - Comparativo de dimensões de modelos de GPP .................................. 89
Quadro 19 - Escala Fundamental de Saaty............................................................. 100
Quadro 20 - Representação matricial do Modelo de Escore. .................................. 105
LISTA DE ABREVIATURAS
MBA Master of Business Administration
NBR Norma Brasileira Regulamentada
GPP Gestão de Portfólio de Projetos
GE Gestão Estratégica
GP Gerente de Projeto
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PE Planejamento Estratégico
PMI Project Management Institute
PPA Plano e Projetos Agregados
ROI Return Of Investment
SMS Short Message Service
SOW Statement Of Work
TI Tecnologia da Informação
TMP Teoria Moderna de Portfólio
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
1.1 Tema ................................................................................................................ 15
1.2 Problematização .............................................................................................. 15
1.3 Justificativa....................................................................................................... 19
1.4 Objetivos .......................................................................................................... 20
1.4.1 Gerais ........................................................................................................ 20
1.4.2 Específicos ................................................................................................ 20
1.5 Delimitação do estudo ...................................................................................... 21
1.6 Metodologia da pesquisa ................................................................................. 21
1.7 Estrutura do trabalho ........................................................................................ 22
2 CARACTERIZAÇÃO .............................................................................................. 23
2.1 Empresa ........................................................................................................... 23
2.2 Estrutura .......................................................................................................... 23
2.3 Metodologia...................................................................................................... 25
2.4 Ferramentas ..................................................................................................... 27
2.5 Problemas e Impactos ..................................................................................... 28
3 MODELOS DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO ........................................... 30
3.1 Modelo de Castro e Carvalho........................................................................... 30
3.1.1 Informações históricas ............................................................................... 30
3.1.2 Definição e contexto .................................................................................. 30
3.1.3 Descrição e estrutura ................................................................................. 31
3.1.3.1 Critérios de decisão ............................................................................. 33
3.1.3.2 Definição dos recursos disponíveis ..................................................... 34
3.1.3.3 Classificação dos projetos ................................................................... 35
3.1.3.3.1 Avaliação dos projetos ................................................................................ 36
3.1.3.3.2 Seleção e priorização dos projetos .............................................................. 37
3.1.3.4 Alocação dos recursos ........................................................................ 38
3.1.3.5 Controle do portfólio ............................................................................ 39
3.2 Modelo Harold Kerzner .................................................................................... 39
3.2.1 Informações históricas ............................................................................... 39
3.2.2 Definição e contexto .................................................................................. 41
3.2.2.1 A gestão de portfólio de projetos e alta administração ........................ 41
3.2.2.2 As principais dificuldades na tomada de decisão e seleção de projetos no ambiente organizacional ............................................................................. 45
3.2.2.3 As dimensões no gerenciamento de portfólio ...................................... 45
3.2.3 Descrição e estrutura ................................................................................. 46
3.2.3.1 Identificação de Projetos ..................................................................... 46
3.2.3.2 Avaliação Preliminar ............................................................................ 49
3.2.3.3 Seleção Estratégica de Projetos .......................................................... 52
3.2.3.4 Programação Estratégica .................................................................... 55
3.2.3.5 Análise portfolio ................................................................................... 55
3.3 Modelo Norberto de Oliveira Almeida .............................................................. 56
3.3.1 Informações históricas ............................................................................... 56
3.3.2 Definição e contexto .................................................................................. 57
3.3.2.1 Gerenciamento profissional de projetos .............................................. 60
3.3.3 Descrição e estrutura ................................................................................. 62
3.3.3.1 Alinhando o Gerenciamento de Projeto à Estratégia da Empresa ....... 67
3.3.3.2 Definição de sucesso em projetos ....................................................... 62
3.3.3.3 Definindo Métricas em Projetos ........................................................... 74
3.3.3.4 Metodologia do Modelo Proposto ........................................................ 80
4 ANÁLISE COMPARATIVA ..................................................................................... 85
4.1 Comparativo de dimensões.............................................................................. 85
4.1.1 Critérios de decisão ................................................................................... 85
4.1.2 Classificação de projetos ........................................................................... 85
4.1.3 Gerenciamento de recursos ....................................................................... 87
4.1.4 Controle de portfólio ................................................................................... 88
4.2 Quadro comparativo ......................................................................................... 89
5 MODELO PROPOSTO........................................................................................... 94
5.1 Classificação de projetos ................................................................................. 97
5.1.1 Classificação de projetos - Entradas .......................................................... 98
5.1.1.1 Ativos de processos organizacionais ................................................... 98
5.1.1.2 Fatores ambientais da empresa .......................................................... 98
5.1.1.3 Matriz de pesos relativos ..................................................................... 99
5.1.1.4 Plano de negócios ............................................................................... 99
5.1.2 Classificação de projetos - Ferramentas e técnicas................................... 99
5.1.2.1 Processo analítico hierárquico ........................................................... 100
5.1.3 Classificação de projetos - Saídas ........................................................... 103
5.1.3.1 Lista de projetos ordenada por prioridade ......................................... 103
5.2 Seleção de projetos ....................................................................................... 103
5.2.1 Seleção de projetos - Entradas ................................................................ 103
5.2.1.1 Ativos de processos organizacionais ................................................. 104
5.2.1.2 Fatores ambientais da empresa ........................................................ 104
5.2.1.3 Lista de projetos ordenada por prioridade ......................................... 104
5.2.1.4 Matriz de pesos ................................................................................. 104
5.2.2 Seleção de projetos - Ferramentas e técnicas ......................................... 105
5.2.2.1 Modelo de escore .............................................................................. 105
5.2.2.2 Opinião especializada........................................................................ 106
5.2.3 Seleção de projetos - Saídas ................................................................... 107
5.2.3.1 Avaliação de critérios de portfólio ...................................................... 107
5.3 Equilíbrio de portfólio ..................................................................................... 107
5.3.1 Equilíbrio de portfólio - Entradas .............................................................. 108
5.3.1.1 Ativos de processos organizacionais ................................................. 108
5.3.1.2 Avaliação de critérios de portfólio ...................................................... 108
5.3.1.3 Fatores ambientais da empresa ........................................................ 108
5.3.2 Equilíbrio de portfólio - Ferramentas e técnicas ....................................... 109
5.3.2.1 Gráfico de bolhas .............................................................................. 109
5.3.2.2 Opinião especializada........................................................................ 110
5.3.3 Equilíbrio de portfólio - Saídas ................................................................. 110
5.3.3.1 Avaliação do equilíbrio dos projetos com o portfólio .......................... 111
5.4 Gerenciamento de recursos ........................................................................... 111
5.4.1 Gerenciamento de recursos - Entradas ................................................... 111
5.4.1.1 Ativos de processos organizacionais ................................................. 111
5.4.1.2 Fatores ambientais da empresa ........................................................ 112
5.4.1.3 Informações de projetos .................................................................... 112
5.4.1.4 Informações de recursos ................................................................... 112
5.4.2 Gerenciamento de recursos - Ferramentas e técnicas ............................ 113
5.4.2.1 Comitê executivo ............................................................................... 113
5.4.2.2 Matriz de alocação recursos X projetos ............................................. 113
5.4.2.3 Opinião especializada........................................................................ 114
5.4.3 Gerenciamento de recursos - Saídas ...................................................... 114
5.4.3.1 Alinhamento da quantidade e qualidade de recursos com o portfólio de projetos .......................................................................................................... 114
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 115
6.1 Conclusões .................................................................................................... 115
6.2 Sugestões para trabalhos futuros .................................................................. 117
7 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 118
8 APÊNDICES ......................................................................................................... 121
8.1 Apêndice A ..................................................................................................... 121
8.2 Apêndice B ..................................................................................................... 121
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 123
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema
O tema deste trabalho é uma proposta de modelo conceitual de Gerenciamento
de Portfólio de Projetos (GPP) consolidado da literatura. Este modelo deverá se
basear em processos que façam uso das melhoras práticas do mercado e em
ferramentas e técnicas que suportem os processos de tomada de decisão. Ele deve
necessariamente garantir o correto alinhamento do conjunto de projetos e programas
de uma empresa do ramo financeiro com o seu Planejamento Estratégico (PE), no
que tange a área de comunicação digital.
1.2 Problematização
A seleção de projetos e programas é uma peça chave nas organizações, sejam
elas do primeiro, segundo ou terceiro setor. Na teoria, os projetos e programas que
são selecionados para implantação devem:
- serem consistentes com os objetivos estratégicos da organização;
- gerarem valor financeiro e retorno sobre o investimento;
- não disputarem recursos com a produção e não restringirem sua capacidade;
- produzirem resultados que sejam aceitos pelos usuários e clientes da
organização.
(Wheeler, Doug; Trigunarsyah, Bambang, 2010).
Dentro deste contexto, a existência de um PE bem definido e devidamente
suportado por processos internos, ferramentas e técnicas; é crucial para que as
organizações atinjam seus objetivos.
Enquanto no plano dos negócios, o PE é o processo de elaborar e implementar
decisões a respeito do futuro da organização (ANPAD, 2010), para a Gestão de
Projetos, o PE é:
16
"O desenvolvimento de uma metodologia-padrão que se possa utilizar
repetidamente com alta probabilidade de atingir os objetivos do projeto."
(KERZNER, 2006)
O GPP deve necessariamente estar alinhado ao PE da empresa, provendo
processos, ferramentas e técnicas que possibilitem o aproveitamento das
oportunidades do presente, ao mesmo tempo em que suportam os objetivos de longo
prazo da organização. Conforme RUGGERI (2011), a utilização de ferramentas e
técnicas ligadas ao GP alinhadas às necessidades do PE é um passo inevitável, e o
surgimento do GPP torna-se natural em organizações que baseiam suas ações em
projetos.
Cria-se então uma dinâmica envolvendo os processos de gerenciamento de
projetos e programas com o GPP, cada qual limitado a uma visão específica do todo
e monitorado sob um conjunto específico de métricas. De forma geral, as diferenças
conceituais entre projeto, programa e portfólio podem ser representadas conforme o
quadro 1.
Dimensão Projetos Programas Portfólio
Escopo
Projetos possuem
objetivos definidos. O
escopo é elaborado
de forma progressiva
através do ciclo de
vida do projeto.
Programas possuem
um escopo de maior
amplitude e
provisionam
benefícios mais
significativos.
Portfólios possuem um escopo
de negócio que varia conforme
os objetivos estratégicos da
organização.
Mudanças
Gerentes de projeto
preveem que
mudanças ocorram e
definem processos
para que as
mudanças ocorram
de forma estruturada
e documentada.
Gerentes de
programa precisam
administrar mudanças
internas e/ou externas
ao programa e
estarem preparados
para elas.
Gerentes de portfólio
monitoram de forma contínua
mudanças no ambiente.
Planejamento
Gerentes de projeto
elaboram de forma
progressiva planos
detalhados a partir de
informações
Gerentes de
programa
desenvolvem o plano
de programa geral e
criam planos de alto
Gerentes de portfólio criam e
mantêm os processos
necessários e as comunicações
relativas ao portfólio agregado.
17
gerenciais de alto
nível durante o ciclo
de vida do projeto.
nível para guiar o
planejamento
detalhado a nível de
componentes.
Gerenciamento
Gerentes de projeto
gerenciam o time de
projeto de modo a
alcançar os objetivos
do mesmo.
Gerentes de
programa gerenciam
o grupo de programas
e os gerentes de
projeto. Eles
provisionam visão e
liderança em termos
gerais.
Gerentes de portfólio podem
gerenciar ou coordenar o grupo
de GPP.
Sucesso
O sucesso é
mesurado através
das qualidades do
produto e do projeto,
da aderência ao
cronograma, da
conformidade com a
planilha de custos e
do nível de satisfação
do cliente.
O sucesso é
mensurado através do
grau que o programa
satisfaz as
necessidades e
benefícios para o qual
foi criado.
O sucesso é mensurado em
termos da performance
agregada dos componentes do
projeto.
Monitoração
Gerentes de projeto
monitoram e
controlam o trabalho
de produção dos
produtos, serviços ou
resultados esperados
do projeto.
Gerentes de
programa monitoram
o progresso dos
componentes do
programa para
garantir que os
objetivos gerais,
cronogramas,
orçamentos e
benefícios do
programa sejam
atingidos.
Gerentes de portfólio
monitoram a performance
agregada e os indicadores de
valor.
Quadro 1 - Quadro comparativo de Projeto, Programa e Portfólio (Project
Management Institute, 2013)
Assim, o GPP surge como uma forma de coordenar o conjunto de projetos
e programas de uma organização, garantindo uma coerência entre os mesmos e o PE
da organização.
18
Diversos são os modelos de GPP utilizados pelo mercado, cada qual se
valendo de um conjunto de processos, ferramentas e técnicas. Apesar de tratarem do
mesmo assunto, os modelos diferem entre si por focarem em pontos específicos de
determinado tipos de negócio.
Dessa forma, uma empresa deverá optar por um modelo que melhor se adeque
aos indicadores mercadológicos e sociológicos da área que atua, valendo-se de
técnicas quantitativas e/ou qualitativas, métodos numéricos ou não numéricos; e
ferramentas especificamente configuradas para tratar de contextos específicos.
Assim, a escolha de um modelo por uma organização deve envolver diversos
aspectos, desde as características do próprio negócio, até contextos ambientais e
culturais (PMI, 2013).
Os principais modelos adotados pelo mercado estão representados e
conceitualmente resumidos no quadro 2.
Modelo Ideia norteadora
Archer and
Ghasemzadeh
A GPP é um conjunto de projetos que são desenvolvidos sob a
administração de uma unidade organizacional.
Castro e
Carvalho
Os projetos devem ser priorizados de acordo com sua importância e
contribuição para a estratégia organizacional.
Cooper et al. É preciso selecionar novos projetos com o objetivo de maximizar o valor
agregado ao portfólio de acordo com as metas estratégicas.
De Maio et al. Relevância é a rentabilidade esperada do projeto e está relacionada com a
importância estratégica do produto, do rendimento e custo esperado.
Kerzner O processo de seleção de projetos inclui a determinação da adequação e da
priorização em termos de estratégia.
Moraes e
Laurindo
Deve-se avaliar, continuamente se os projetos apresentam alinhamento
estratégico desejado, os riscos aceitáveis e o desempenho esperado.
Padovani,
Carvalho &
Muscat
A metodologia da GPP abrange diferentes fases de decisão, para que os
projetos que agreguem valor às empresas sejam selecionados e priorizados.
PMI O objetivo final de ligação da GPP com a estratégia é estabelecer um plano
equilibrado e executável que irá auxiliar a organização atingir seus objetivos.
Rabechini et
al
A GPP permite um exame detalhado das dimensões estratégicas que devem
nortear o balanceamento da carteira, permitindo a adequada priorização dos
19
projetos, bem como criar mecanismos de controle e descarte de projetos.
Rocha et all Um portfólio de projetos quando alinhado com as estratégias da empresa,
contribui para o alcance de suas metas e objetivos estratégicos.
Quadro 2 - Modelos de GPP (ANPAD, 2010)
1.3 Justificativa
Conforme PMI (2013), a aplicação de processos gerenciais envolvendo o PE é
essencial na execução da estratégia, incluindo as técnicas, práticas e ferramentas de
GPP, pois ele disponibiliza meios capazes de avaliar a eficiência e eficácia dos
projetos e programas da empresa; e garantir seu alinhamento com o PE da mesma.
A busca da excelência operacional é um processo contínuo, impulsionado por
fatores econômicos, sociológicos e mercadológicos. Suas maiores ferramentas são
as próprias forças e fraquezas dos processos que pretende aprimorar.
O aumento da eficácia operacional de uma empresa é uma condição sine qua
non e só pode ser obtida através da implantação de mudanças na maneira como as
diversas áreas de uma empresa operam e se relacionam. Objetivando encontrar um
equilíbrio entre os riscos e as oportunidades, essas mudanças precisam ser
cuidadosamente concebidas, planejadas, aprovadas, executadas e monitoradas.
Dentro deste contexto, os diversos modelos de GPP adotados pelo mercado
se apresentam como uma maneira comprovada de avaliar novos projetos e
programas. Apesar de semelhantes entre si, os modelos se diferem no tipo de
abordagem do assunto, baseando-se em conceitos direcionados a determinadas
áreas de negócio.
Diante desta realidade, justifica-se o estudo sobre o tema GPP. No caso de
uma empresa do setor financeiro, busca-se com este trabalho melhorar os processos,
ferramentas e técnicas utilizados na seleção de projetos e programas que envolvam
comunicação digital através da criação de um modelo que forneça uma visão holística
de todo o portfólio de projetos e programas; e garanta seu correto alinhamento com o
PE da empresa objeto deste estudo.
20
Espera-se a partir deste estudo uma contribuição para melhorar a atuação
desta empresa na área em que atua, minimizando os riscos e maximizando as
oportunidades geradas pelo seu portfólio de projetos e programas.
1.4 Objetivos
No intuito de direcionar corretamente este estudo, serão estabelecidos 2 tipos
de objetivos: gerais e específicos.
1.4.1 Gerais
O objetivo geral deste trabalho é propor um novo modelo conceitual de GPP,
que possa ser utilizado pela empresa objeto deste estudo no intuito de melhorar sua
posição no mercado financeiro através do correto alinhamento de seu conjunto de
projetos e programas com o seu PE. Este novo modelo deverá utilizar as melhores
práticas de GPP adotadas pelo mercado para definir os papéis e responsabilidades
das áreas envolvidas dentro da empresa e a forma como se relacionam entre si. O
novo modelo também deverá definir um conjunto de ferramentas e técnicas que
deverão ser utilizadas nos processos de tomada de decisão, tornando-os mais
apurados e objetivos.
1.4.2 Específicos
Para o alcance do objetivo geral, faz-se necessário o estabelecimento de
alguns objetivos específicos:
- Identificar as áreas envolvidas nos assuntos relacionados com o GPP da
empresa;
- Mapear a metodologia utilizada pelas áreas envolvidas na implantação de
novos projetos e programas;
- Mapear as ferramentas atualmente utilizadas para GPP;
21
- Identificar os fatores de decisão utilizados para definir a ordem de prioridade
dos projetos e programas;
- Definir um conjunto de melhores práticas baseado nos modelos de GPP
avaliados, que melhor se adapte à empresa objeto deste estudo;
- Definir um conjunto de ferramentas e técnicas estatísticas e/ou
determinísticas que suportem o processo de tomada de decisão e garantam o correto
alinhamento dos projetos e programas escolhidos com o PE da empresa.
1.5 Delimitação do estudo
As conclusões e observações analisadas neste estudo de caso são válidas
apenas para a empresa em questão, pois a soma de seus fatores culturais, ambientais
e mercadológicos a torna única e, consequentemente, necessita de modelos únicos,
perfeitamente moldados à sua própria necessidade.
1.6 Metodologia da pesquisa
No intuito de garantir que os projetos e programas contidos no GPP da empresa
estejam de acordo com o PE da mesma e respeitem as restrições existentes, as áreas
envolvidas necessitam de modelos e ferramentas que permitam maximizar a
probabilidade de ocorrência de eventos positivos e reduzir ao mínimo os riscos
negativos.
Este objetivo será alcançado através da melhoria de seus métodos e processos
no que tange o GPP, permitindo um maior alinhamento dos projetos e programas com
o PE da empresa e um aumento na taxa de sucesso de seus projetos e programas.
Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa poderá ser classificada como
um estudo de caso, pois fará um estudo de um objeto específico de maneira que
permita seu amplo e detalhado conhecimento.
Levando-se em conta os objetivos expostos, este estudo pode ser classificado
como exploratório.
22
O estudo de caso utilizará dados históricos dos projetos já implementados e
coletará informações sobre os processos da empresa através de reuniões pontuais
com as áreas envolvidas.
1.7 Estrutura do trabalho
O presente estudo foi organizado em oito capítulos, sendo que o primeiro
capítulo descreve o tema, a problematização do tema, a justificativa, os objetivos
gerais e específicos do trabalho, a delimitação do estudo e a metodologia da pesquisa.
O segundo capítulo traz a caracterização da empresa, sua história, estrutura,
metodologia e ferramentas.
O terceiro capítulo aborda a revisão bibliográfica no intuito de buscar
informações necessárias para esclarecer e justificar o problema em estudo e para
orientar e fundamentar os procedimentos metodológicos utilizados.
O quarto capítulo realiza uma análise comparativa entre os modelos abordados
na revisão bibliográfica, focando em quatro dimensões específicas do assunto em
questão.
O quinto capítulo propõe um novo modelo de processos, utilizando-se de
ferramentas e técnicas, que poderá ser utilizado pela empresa no intuito de melhorar
seus processos de tomada de decisão no que tange seu conjunto de projetos e
programas.
O sexto capítulo apresenta as considerações finais, apresentando as
conclusões do presente trabalho e as sugestões para trabalhos futuros.
O sétimo capítulo apresenta as referências bibliográficas consultadas.
Por último, o oitavo capítulo traz uma lista de apêndices que foram utilizados
como base para este trabalho.
23
2 CARACTERIZAÇÃO
2.1 Empresa
A empresa objeto do nosso estudo de caso é uma multinacional do ramo
financeiro, com mais de 200 anos de mercado, operando em mais de 90 países, com
ativos totais avaliados em mais de USD$2,6 trilhões. A empresa está a mais de 90
anos no mercado brasileiro, atuando no segundo setor, atendendo as áreas de
Consumer, Corporate, Cartões de crédito e empréstimos pessoais.
No intuito de maximizar suas oportunidades estratégicas no setor de
comunicações digitais, possui uma área dedicada para este tipo de assunto, chamada
de Digital Marketing Operations. Esta área possui 3 objetivos específicos:
- Reduzir custos;
- Aumentar a segurança e a eficiência operacional;
- Melhorar o relacionamento digital com o cliente.
Adicionalmente, possui 2 programas internos de digitalização de informação
para as áreas de Consumer e Corporate, respectivamente denominados "Paper Free"
e "Go Green".
O objetivo do processo de digitalização da informação é oferecer aos clientes
a opção de acessar e receber suas informações financeiras através de canais de
comunicação digitais, como e-mail e Short Message Service (SMS).
2.2 Estrutura
A área de Digital Marketing Operations é responsável por uma plataforma
global de comunicação digital. Essa plataforma é capaz de receber dados financeiros
dos clientes, formatá-los em modelos previamente aprovados e enviar tais
informações via e-mail ou SMS.
Dessa forma, as diversas áreas de negócio da América Latina podem solicitar
24
a criação de serviços digitais que ofereçam aos seus clientes formas alternativas de
receber suas informações.
Essas informações podem ser classificadas e divididas conforme a natureza
dos dados que contêm, representadas no quadro 3.
Tipo de Informação Descrição Exemplo
Mandatória Comunicações regulamentadas
por lei. Informe anual de rendimentos.
Campanhas
Publicitárias Propagandas, informativos.
Novos produtos, novas facilidades, et
cetera.
Consultas /
Informações
Pedidos de informação e
consultas aos sistemas.
Cliente solicita informações sobre um
produto, extratos, boletos, et cetera.
Alerta Avisos sobre movimentações
financeiras. Saque em caixa automático.
Confirmação Confirmações sobre
movimentações financeiras.
Autorização para realizar uma
transferência.
Quadro 3 - Tipos de comunicação
A disponibilização dessas informações em formato digital agrega valor ao
serviço prestado, pois oferece aos clientes um canal de acesso rápido e seguro.
Adicionalmente, o cliente pode decidir se receberá as informações apenas em formato
impresso, apenas em formato digital ou em ambos os formatos. Vale a pena destacar
que certos tipos de informação mandatória precisam ser enviadas em formato
impresso, na medida em que existem leis específicas que assim determinam.
Pelo lado da empresa, este canal de comunicação com o cliente cria 3 tipos de
oportunidades:
1º – Redução com custos de impressão e postagem;
2º – Criação de um canal de comunicação rápido e dinâmico com seus clientes;
3º – Possível redução do impacto ambiental causado pelos aspectos do
processo de impressão.
A redução dos custos de impressão e postagem ocorre na medida em que os
clientes da empresa decidem deixar de receber comunicações impressas e optam por
25
receber tais informações em formato digital. Enquanto que os custos de impressão e
postagem ultrapassam o valor de R$1,00 por comunicação, os custos de envio da
mesma informação por e-mail ficam abaixo de R$0,01.
A criação de um canal de comunicação rápido e seguro com os clientes
proporciona diversas oportunidades estratégicas e de redução de custos. Citando
números do mercado brasileiro, segundo a pesquisa "TIC Domicílios 2013", sobre o
uso de tecnologias de informação e comunicação no Brasil, executada pelo Centro de
Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.BR), o Brasil
já possui mais de 85,9 milhões de usuários conectados na internet, com aumentos
percentuais expressivos em todas as classes sociais e faixas etárias. Esta realidade
amplia as fronteiras atuais, possibilitando aos clientes além de receberem suas
informações financeiras, também receberem avisos instantâneos com mensagens de
alerta sobre saques em caixas automáticos, uso de cartões de débito e/ou crédito,
limites de saque e/ou crédito, et cetera.
Por fim, a redução no volume de informações enviadas em formato impresso
possibilita uma redução no impacto ambiental gerado pelas operações da instituição
financeira em questão. Porém, esta oportunidade só poderá ser atingida na medida
em que a redução do impacto gerado pela atividade de impressão e envio superar o
impacto gerado pela própria plataforma de comunicação digital em si. Para tal,
deverão ser levados em conta todos os aspectos e impactos ambientais causados por
ambos os processos.
2.3 Metodologia
A área de Digital Marketing Operations utiliza uma metodologia própria para
receber, decidir, priorizar e implantar os diversos pedidos gerados pelas unidades de
negócio da América Latina.
O processo começa com a criação de um pedido dentro de uma ferramenta de
gerenciamento de demanda. O pedido é criado pela unidade de negócios, responsável
pelo produto/serviço que deverá ser disponibilizado em formato digital, diretamente
dentro de uma ferramenta global de gerenciamento de demanda.
26
Esse pedido, modelado como um plano de negócios, contêm todos os detalhes
do produto/serviço que deverá ser criado dentro da plataforma digital. Esses detalhes
necessariamente contêm informações sobre a criticidade do produto/serviço, a
quantidade estimada de clientes, o país de origem, a unidade de negócios, o volume
de informações atual e a redução de custo esperada com o projeto.
Os pedidos existentes são periodicamente avaliados por um comitê
denominado internamente como “Digital Executive Committee”. Esse comitê tem
como responsabilidade analisar todos os casos inseridos na ferramenta de
gerenciamento de demanda e submetê-los ao processo de aprovação. Esse processo
possui três rodadas de aprovação, sendo que em cada uma delas serão analisados
fatores específicos para determinar se o plano de negócios será rejeitado ou enviado
para a rodada seguinte.
Na primeira rodada, avaliam-se fatores relativos à região onde o caso foi
gerado. São avaliados o potencial de negócios da região, os benefícios esperados e
a área de negócios que o caso atenderá. Com base nesses fatores, os membros do
comitê decidem de forma unânime se o projeto será enviado para a rodada seguinte
ou rejeitado.
Na segunda rodada, são avaliados os esforços necessário para a
implementação do caso e a data pretendida de entrega do novo serviço/produto.
Assim, são avaliadas se a plataforma e o grupo responsável pelos projetos possuem
recursos suficientes para suportar esta nova demanda e entregar o projeto na data
solicitada. Caso exista capacidade suficiente e a data de entrega seja factível, o caso
é enviado para uma última rodada de aprovação.
Nesta última rodada, o caso é avaliado por um grupo composto pelos diretores
das áreas diretamente envolvidas no processo, tanto do grupo de negócios quanto do
grupo de operações. Esse grupo avalia se os objetivos do projeto estão alinhados com
o PE da organização e decidem de forma unânime pela aprovação ou rejeição do
plano de negócios.
Caso o caso seja aprovado, o plano de negócios vira um projeto, com escopo
e data de implantação definidos. Esse projeto é encaminhado para um grupo de
projetos responsável por todos os projetos de comunicação digital da instituição. Esse
27
grupo trabalha de forma direta com as áreas de suporte de aplicação e infraestrutura
responsáveis pela plataforma global de comunicação digital.
Os processos atuais podem ser representados de forma gráfica conforme
detalhado na figura 1.
Figura 1 - Fluxograma do modelo atual
2.4 Ferramentas
Todas as áreas envolvidas no processo fazem uso de um software corporativo
utilizado para criação e acompanhamento dos pedidos. Os pedidos são criados e
28
passam por um fluxo de aprovação dentro de um módulo de gerenciamento de
demanda. O uso deste módulo é limitado e restrito a documentar os pedidos e cuidar
do fluxo de aprovação.
Os pedidos são criados de acordo com um modelo previamente aprovado pelas
partes envolvidas. Este modelo contempla fatores importantes para a área de negócio,
dentre eles:
- retorno sobre o investimento;
- valor presente líquido;
- redução de custos;
- taxa de adoção pelos clientes do novo produto/serviço;
- redução esperada no número de mensagens impressas;
- volume esperado de mensagens.
Essas informações são previamente aferidas pelas áreas de negócios através
de pesquisas de mercado, condições econômicas e informações históricas.
Adicionalmente, existe uma planilha eletrônica destinada a criar estimativas do
número de árvores poupadas por conta da redução no uso de papel decorrente dos
projetos implantados. Esta planilha utiliza as informações alimentadas pelo grupo de
negócios sobre a redução esperada no número de mensagens impressas para
calcular a redução na quantidade de papel utilizada pelos processos da organização
e, consequentemente, determinar o número correspondente de árvores que serão
“poupadas” pelo projeto.
2.5 Problemas e Impactos
O modelo atual possui diversas deficiências, sendo a maior parte delas
decorrentes da metodologia utilizada no processo de seleção e aprovação de projetos.
Esta metodologia faz uso de ferramentas subjetivas e técnicas com baixa ou nenhuma
eficácia.
29
O processo é executado através de três rodadas de seleção e aprovação dos
planos criados pelas áreas de negócios envolvidas. Cada rodada trata de um conjunto
de fatores específicos, previamente determinados pela área de Digital Marketing
Operations. Estes fatores são definidos de forma pontual e unilateral, carecendo de
acordo e aprovação prévia de todas as partes envolvidas. O processo de seleção e
aprovação também carece de um embasamento sólido, sendo apoiado em fatores por
vezes subjetivos e/ou com pouca relevância para o mercado. Adicionalmente, não é
feita uma avaliação holística dos objetivos dos projetos, levando à execução de
projetos com objetivos iguais ou mesmo conflitantes e também não há um processo
cíclico e periódico de avaliação tanto dos fatores quanto dos métodos utilizados.
Esses problemas geram resultados distorcidos e/ou com baixa confiabilidade,
pois não levam em conta as variações do mercado atual ou mesmo oportunidades
futuras. Esses resultados produzem impactos diretos e indiretos na organização. De
forma direta, podemos citar problemas na definição do escopo, priorização incorreta
dos planos de negócios, falta de equilíbrio entre os projetos do portfólio, perda de
prazos acordados e o retrabalho gerado pelas falhas já citadas. De forma indireta,
verificam-se atrasos nos cronogramas dos projetos, perdas de oportunidades
estratégicas, falta de alinhamento dos projetos com o PE da organização, baixa
eficiência operacional e baixo desempenho das equipes.
Os efeitos desses problemas e seus respectivos impactos podem ser
classificados em relação ao nível de sua influência a organização. A criticidade desses
eventos pode variar de média a alta, conforme o quadro 4.
Problema Impacto direto Impacto indireto Criticidade
Avaliação unilateral Escopo incorreto Atrasos nas datas de entrega Média
Seleção subjetiva Priorização incorreta Perda de oportunidades
estratégicas Alta
Projetos com objetivos
conflitantes
Falta de equilíbrio
entre os projetos
Falta de alinhamento com o
planejamento estratégico Alta
Não há processos de
melhoria contínua
Problemas
recorrentes
Baixo desempenho das
equipes Média
Quadro 4 – Matriz de problemas x impactos x prioridades
30
3 MODELOS DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO
3.1 Modelo de Castro e Carvalho
3.1.1 Informações históricas
O tema portfólios de projetos, porta-fólio, portofólio, portfólio como alguns
autores também denotam como carteira originou-se na década de 50, apresentando-
se no âmbito de negócios. Teve sua alavancada nas décadas de 80, 90 com o
aparecimento de suas bases para o GPP (CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010),
segundo autores.
Ao longo das últimas décadas, as áreas de conhecimento – gestão de projetos
e gestão de portfólio - começam a se integrar, criando o que se denomina na literatura
de GPP de projetos, ou simplesmente a sigla GPP.
O GPP tornou–se importante para o sucesso das estratégias das organizações
ao longo prazo, bem como de seus objetivos e metas, adotado pelos tomadores de
decisão e altos executivos que devem validar os investimentos relevantes. Contudo,
as técnicas estudadas são novas nas organizações, e seus resultados não são
testados continuamente. Ainda não há um consenso sobre a importância do GPP
pelos executivos (CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010), citado pelos autores.
3.1.2 Definição e contexto
O GPP é uma prática que pode ser definida como a aplicação de
conhecimentos e habilidades ao conjunto de projetos de uma organização, que visa
atender ou exceder as expectativas da alta direção, com seus respectivos
investimentos alinhados aos objetivos estratégicos da empresa. Para isso, há
necessidade de equilíbrio entre o esquema tático e estratégico utilizado nas políticas
de prioridades dos projetos. O portfólio é um conjunto de programas ou projetos que
dá uma gestão eficaz a estes empreendimentos como forma de atender os objetivos
estratégicos de negócios da organização. Estes projetos não necessariamente devem
31
ser interdependentes ou estarem diretamente relacionados.
No contexto brasileiro, Dr. Isak Kruglianskas foi um dos pioneiros que analisou
os tipos de técnicas de portfólio na gestão de projetos, objetivando assim estruturar
os projetos em um contexto harmônico, verificando a limitação dos recursos
disponíveis e o alinhamento dos projetos com os objetivos das empresas.
Um dos objetivos do GPP é maximizar o valor dos itens do projeto, através de
uma análise detalhada de projetos e programas que possam ser incluídos ao projeto,
ou mesmo da exclusão dos que não estão de acordo com os objetivos estratégicos
do portfólio. Outro objetivo é obter um equilíbrio adequado do portfólio, incluindo
investimentos incrementais, além da maximização e uso eficiente dos recursos. De
forma geral, as empresas implantam o GPP para maximizar o valor dos projetos em
relação aos objetivos da organização, tais como: rentabilidade dos projetos; riscos
associados aos projetos (alto/baixo); tempo de duração (curto/longo); importância dos
clientes (estratégia/financeira); e alinhamento com as estratégias de negócios. Dessa
forma, o GPP ao invés de só levar em conta opções de acordo com as necessidades
do momento, oferece benefícios para tomadas de decisão baseadas em informações
estratégicas e prioridades, além da redução dos desperdícios causados por alocações
ineficientes de recursos ou duplicação de esforços em projetos similares, provendo
um processo racional e concreto para justificativa das decisões sobre o projeto.
Podendo também ser um repositório de informações sobre projetos, facilitando o
acompanhamento e a auditoria do andamento e dos resultados do projeto.
O GPP vem crescendo e cada vez mais as organizações observam seu valor
para o sucesso da estratégia organizacional, contudo segundo Rabechini Jr.,
Maximiano e Martins, devido à complexidade do GPP, isso faz com que poucas
organizações tenham acesso as suas práticas e consequentemente a sua alta
capacidade.
3.1.3 Descrição e estrutura
Segundo Castro & Carvalho as atividades de GPP estão concentradas no nível
tático, uma vez que visam identificar as ações que devem ser realizadas pela empresa
para alcançar os objetivos e metas estratégicos, conforme apresentado na Figura 2.
32
Figura 2 - Quadro conceitual para análise de GPP
(CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010)
No entanto, há uma forte relação com o nível estratégico, no qual são definidos
os objetivos e metas, e com o nível operacional, onde os projetos são de fato
executados.
Destaca-se que as atividades de desenvolvimento da estratégia, propostas de
projetos, metodologia e atividades ligadas ao desenvolvimento de projetos não foram
consideradas como parte do processo de GPP, não sendo por isso menos
importantes. O GPP relaciona-se com o desenvolvimento da estratégia por meio do
processo de definição de critérios, classificação dos projetos, definição dos recursos
e controle de portfólio. Já as propostas de projetos estão relacionadas ao GPP no
momento em que precisam ser submetidas à avaliação.
Elas são registradas e passam a fazer parte da base de projetos em
avaliação. O desenvolvimento da metodologia alinha-se com todos os processos, uma
vez que se considera fundamental a utilização de uma metodologia adequada à
realidade da organização e a cada um dos processos. As atividades de
33
desenvolvimento de projetos começam a ser aplicadas a partir do momento em que
os recursos começam a ser alocados no projeto, fazendo parte do nível operacional.
Os projetos devem ser monitorados e encaminhados para revisão sempre que
se desviarem dos parâmetros estabelecidos nos processos de seleção e priorização.
Dessa forma, essas práticas se relacionam com as de GPP por meio dos processos
alocação de recursos e controle de portfólio, segundo os autores.
Neste modelo, Castro & Carvalho realizam um levantamento literário, onde
fazem uma análise comparativa dos principais modelos que se destacam no tema,
realizando uma investigação das principais práticas de GPP adotadas, seu estágio de
implementação e a relação entre as práticas e os resultados obtidos.
Inicialmente são tratadas as cinco dimensões que aparecem com maior
frequência nestes modelos de GPP: critérios de decisão, definição dos recursos
disponíveis, classificação dos projetos, alocação dos recursos e controle do portfólio.
3.1.3.1 Critérios de decisão
Em geral, os executivos das organizações não conseguem utilizar de maneira
adequada os modelos de GPP, pois muitos destes modelos apresentam informações
em excesso, o que sobrecarrega em demasia estes tomadores de decisão. Por isso,
há uma necessidade de definir claramente os critérios que serão utilizados. Segundo
comentários dos autores, Combe designa que existe um desafio por parte das
organizações em difundir a estratégia, tanto de crescimento como de melhoria
contínua, da forma mais clara possível, para permitir que os critérios de priorização
dos projetos sejam bem assimilados pelos gerentes e patrocinadores de projetos.
Ainda segundo os autores, Cooper, Edgett e Kleinschmidt, definem que para
minimizar os conflitos entre as decisões de portões (gates) e as revisões de portfólio,
é necessário integrá-las de forma harmônica, visto que na primeira ocorrem decisões
em tempo real e individual de cada projeto, enquanto que na segunda são decisões
tomadas periodicamente, considerando-se todos os projetos.
Muitos são os critérios para tomada de decisão e vários autores abordam o
tema (CARVALHO, M. M.; 2006). Porém, há uma significativa variação no elenco de
34
critérios adotados de acordo com o tipo de organização e o tipo de projeto. Segundo
Castro & Carvalho, para Hamilton, três critérios de decisão são principais:
- Rentabilidade do produto: desdobrados em termos de design para manufatura
e mercado; baixa intensidade de mão de obra; capital e custo de material; e curto time
to market;
- Satisfação do cliente: atender aos requisitos ou ir além das necessidades de
seus clientes, preço competitivo, segurança e facilidade na instalação; e
funcionamento do produto;
- Gama de produtos: analisar o mercado e seus concorrentes, garantir a
aceitabilidade do produto, incluindo desafios com o meio ambiente e sua estética.
Já Jolly, para os autores, considera que 32 critérios estão disponíveis para os
projetos de tecnologia, dos quais 16 são relacionados à competitividade e 16 à
atratividade. Para Jolly, os critérios mais importantes relativos à competitividade são:
desenvolvimentos de competências de equipes, distâncias entre a tecnologia e os
negócios centrais (core business) da empresa, time to market em relação à
concorrência, capacidade de financiamento, pesquisa aplicada, e a reação de
mercado ao design proposto pela empresa. Agora, os mais importantes para
atratividade são: impacto da tecnologia sobre questões concorrenciais, o volume de
mercado aberto proporcionado pela tecnologia, a extensão de aplicações fornecidas
abertas pela tecnologia, o gap de desempenho vis-à-vis, alternativas tecnológicas e
intensidade competitiva.
3.1.3.2 Definição dos recursos disponíveis
Nem sempre aquilo que uma empresa deseja fazer é o que ela pode fazer. Por
isso, os executivos e os gerentes responsáveis pelo GPP devem conhecer as
restrições das organizações e indicar necessidades de ampliação da capacidade e
redução de algumas restrições. No geral, a maior dificuldade encontra-se na
disponibilidade e qualidade dos recursos necessários.
Os gerentes não pensam em termos de seus pontos fortes e fracos, visando
mais o que eles têm de fazer e não o que conseguem realmente. Contudo, segundo
35
os autores, não faz parte do GPP definir e gerenciar atividades necessárias para
adequar a capacidade organizacional (CARVALHO, M. M.; 2006).
3.1.3.3 Classificação dos projetos
As formas de classificação variam muito entre os autores. Castro & Carvalho
ressaltam a opiniões de vários deles, como Archibald, Archer e Ghasemzadeh; para
eles as principais classes são:
- Projetos comerciais e governamentais realizados sob contrato;
- Projetos de P&D de produtos, engenharia e marketing;
- Projetos de desenvolvimentos e construção de capital facilities (ex. construção
de grandes prédios);
- Projetos de sistemas de informação;
- Projetos de gerenciamento (ex. reengenharia);
- Projetos de manutenção.
Já Wheelvright e Clark propõem cinco diferentes tipos, pois seus estudos estão
concentrados no desenvolvimento de produtos e processos:
- Projetos derivativos;
- Projetos de plataforma;
- Projetos de ruptura;
- Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);
- Projetos de aliança e parceria.
Além disso, em estudos mais recentes, os autores nos mostram opiniões como
de Shenhar, que propõe que esta classificação seja com base na incerteza
tecnológica. Para Cooper, Edgett e Kleinschmidt, todos os projetos competem pelos
mesmos recursos, independentemente de seu tipo de classificação, assim todos
projetos deverão estar em um único portfólio, para que estes conflitos entre os projetos
36
sejam minimizados durante a implementação. Já Dye e Pennypacker compreendem
que apenas projetos semelhantes devem ser comparados e, para isso, deverá haver
uma definição da quantidade de recursos a ser alocada em cada categoria
(CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010).
Os autores reforçam que uma metodologia mais adequada para uma classe
específica, não necessariamente é a mesma para outras classes. Por isso, relatam
que para Archer e Ghasemzadeh, cada organização deve considerar a metodologia
mais adequada e que melhor se adapta, ou seja, onde são considerados os atributos
mais importantes para a decisão de seleção.
3.1.3.3.1 Avaliação dos projetos
Para se avaliar os projetos, os seguintes atributos devem ser considerados:
retorno econômico, análise de risco, técnicas de análise de custo – benefício e
pesquisa de mercado. Cada técnica é utilizada conforme a necessidade da
organização e da fase dos projetos, contudo deve-se haver um conjunto comum
mínimo de técnicas para que os projetos possam ser comparados, assim eliminando
aqueles que não atendam aos requisitos básicos antes mesmo que o estágio de
seleção tenha início (CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010).
Segundo Castro & Carvalho, para McFarlan três dimensões são importantes
para a análise do risco de cada projeto: o tamanho dos projetos, a experiência com a
tecnologia que será utilizada e a estrutura do projeto. Agora, na avaliação de projetos
em andamento deve-se considerar possíveis replanejamentos do projeto bem como
seu custo de paralisar ou cancelar o projeto antes de sua finalização.
Outro ponto importante e que os autores ressaltam com as opiniões de Jeffery
e Leliveld é o uso do ROI (Return of Investiment ou Retorno sobre o Investimento),
pois mostram que pouco mais da metade das organizações utilizam–no como critério
de avaliação e priorização dos projetos, o que significa um número baixo,
considerando-se a importância desta análise de uma seleção adequada de
investimentos. Para piorar, apenas 25% das empresas medem o ROI alcançado, após
a efetividade dos projetos. E para Cooper, Edgett e Kleinschmidt, as organizações
utilizam diversos métodos, dos quais os mais “usados” estão no quadro 5.
37
Métodos Vantagens Desvantagens
Abordagens
estratégicas
Método com o melhor desempenho,
apresentando as seguintes
vantagens: alinhamento com a
estratégia, projetos de alto valor são
selecionados, gastos refletem a
estratégia, o método se ajusta ao
estilo de decisão, é bem
compreendido e fácil de utilizar.
Este método não é bem utilizado na
análise individual de projetos, nem
permite um bom balanceamento entre os
projetos.
Financeiro Apesar de ser o mais popular, não
há nenhuma vantagem evidente
deste método.
Apesar de ser o mais popular, é o
método com o maior número de
desvantagens: não oferece
balanceamento, não promove a utilização
das janelas de oportunidade de mercado,
não são compreendidos pelos gerentes,
não consideram os elementos de tomada
de decisão, entre outros.
Pontuação Excelente no ajuste ao estilo de
decisão e na seleção de projetos de
alto valor. Também apresenta bons
resultados no alinhamento à
estratégia.
Não é fácil de utilizar e não restringe a
quantidade à capacidade da
organização.
Diagrama de
bolhas
Apesar da pouca utilização, mostra
bom alinhamento estratégico,
efetividade, facilidade na utilização e
seleciona projetos de alto valor.
Não restringe a quantidade à capacidade
da organização, é lento e os gastos não
refletem a estratégia.
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens dos métodos (CARVALHO; CASTRO, 2010)
3.1.3.3.2 Seleção e priorização dos projetos
Os projetos devem ser priorizados de acordo com sua importância e
contribuição para a estratégia da organização, de forma comparativa aos demais
projetos, tanto os que estão sendo avaliados como aqueles que estão em andamento.
A prioridade de cada projeto pode mudar a cada nova avaliação, de modo que reflita
as mudanças no ambiente.
A seleção do portfólio envolve a comparação simultânea de um número de
projetos em uma dimensão específica para obter a sequência desejada dos projetos.
38
(CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010).
Esta é uma avaliação e decisão feita em comitê para que se reflita o interesse
das várias áreas da organização; e são atividades de extrema importância, visto que
há mais projetos identificados do que capacidade para implementá-los como
observado na maioria das vezes nestas organizações, citado por Castro & Carvalho.
Apesar da importância desta dimensão, verificou-se pouco progresso na
obtenção de um framework que considere simultaneamente todos os diferentes
critérios (CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010).
3.1.3.4 Alocação dos recursos
Hoje, a alocação de recursos passou a ser uma prática comum, no qual vários
projetos compartilham os mesmos recursos, alocados pelas áreas funcionais e demais
partes interessadas. Por um lado, esta prática é favorável, pois auxilia no jogo político
e ameniza os conflitos com a alocação destes recursos, contudo segundo autores, em
organizações com dezenas e centenas de projetos se torna complexo para os
executivos nas tomadas de decisão de cada projeto. Algumas empresas criam
comitês específicos para a alocação de recursos, outras alocam um gerente com a
jurisdição sobre todos os projetos (CARVALHO, M. M.; CASTRO, H. G., 2010).
Ao invés de aumentar a ênfase em planejamento, relatórios de progresso e
reuniões de acompanhamento, segundo Castro & Carvalho, recomendam que todo o
sistema organizacional de gestão deverá ser revisto desde sua raiz. Além da
necessidade de se ter conexão entre a estratégia e a alocação de recursos nos
projetos. Enquanto os recursos não são efetivamente alocados, a estratégia é apenas
um conjunto de palavras em um documento.
A maioria dos recursos deverá ser focada em mercados, produtos e tecnologias
se a estratégia é focar em certos mercados, produtos ou tecnologias (CARVALHO, M.
M.; 2006).
39
3.1.3.5 Controle do portfólio
Segundo os autores, para Dye e Pennypacker, a gestão de múltiplos projetos
é complexa, pois muitos destes projetos apresentam características que os
diferenciam: pequenos e grandes, estratégicos e operacionais, técnicos e não
técnicos, o que aumenta consideravelmente o potencial risco de seu insucesso.
Assim, neste ambiente os executivos não conseguem acompanhar de perto todos os
projetos e precisam delegar a gestão de projetos para os níveis inferiores,
demandando atenção redobrada dos gerentes, quanto aos recursos disponíveis e ao
uso de ferramentas apropriadas de controle de projetos.
No padrão de GPP proposto pelo PMI (2006), mencionado por Castro &
Carvalho, um dos grupos de processos refere-se ao controle do portfólio envolvendo
a revisão e publicação dos resultados do portfólio e mudança estratégica. O processo
de revisão e publicação dos resultados é responsável por coletar os indicadores de
desempenho, publicá-los e revisar o portfólio em uma periodicidade definida,
garantindo assim o alinhamento com a estratégia organizacional e a utilização
adequada dos recursos. Já o processo de mudança estratégica tem como objetivo
adequar o portfólio de projetos às mudanças na estratégia organizacional.
Porém, Cooper, Edgett e Kleinschmidt, propõem etapas, onde é necessário
ajustar o esquema de portões a partir da avaliação de projetos, na revisão de portfólio,
contudo não detalham esse processo como referido pelos autores.
Para Archer e Ghasemzadeh, o ajuste de portfólio identifica desvios no
planejamento e execução de projetos e propõe revisões de portfólio para acomodar
estes desvios, o que se assemelha ao que é proposto por Rabechini Jr., Maximiamo
e Martins, mencionado por Castro & Carvalho.
3.2 Modelo Harold Kerzner
3.2.1 Informações históricas
A gestão de projetos surgiu como uma disciplina nos Estados unidos e seu
percussor foi Henry Gantt, especialista em técnicas de planejamento e controle, que
40
utilizou o gráfico de barras como uma ferramenta de gerência do projeto, associado
às teorias de Frederick Winslow Taylor da administração científica. A era moderna da
gestão de projetos surgiu nos meados da década de 50, onde acontecia a guerra fria,
que por sua vez, foi a grande propulsora neste período.
A gestão de projetos possui 3 grandes fases marcantes:
1º - Entre 1961 e 1990 – Gerenciamento de projetos tradicionais;
2º - A partir de 1990 – Gerenciamento de projetos modernos, marcados pelo
guia de gerenciamento de projetos do Project Management Institute – PMI (1996,
2000, 2004, 2008, 2013);
3º - Com foco na organização e não no projeto, no final da década de 90,
sobrepõe-se a segunda, com ênfase no alinhamento dos projetos à estratégia e
alocação eficaz dos recursos, destacando assim o GPP.
A figura 3 mostra a restrição tríplice adotada nas primeiras edições da gestão
de projetos e os três fatores que levavam a qualidade do mesmo: prazo, custo e
escopo.
Figura 3 - Restrição tríplice
41
Com o passar dos anos, notou-se que somente estes fatores não eram
suficientes e então foram estabelecidos mais alguns que podem ser vistos na figura
4.
Figura 4 - Novo conceito de gerenciamento de projetos
3.2.2 Definição e contexto
Portfólio, portofólio ou porta-fólio, é uma lista de trabalhos de um profissional
ou empresa. O portfólio é uma coleção de todo o trabalho em andamento na
organização relacionado com o alcance dos objetivos do negócio.
3.2.2.1 A gestão de portfólio de projetos e alta administração
O GPP é um processo dinâmico que permite uma avaliação robusta dos
projetos, com o intuito de classificar, selecionar e priorizar para gerar um mix de
projetos adequado de acordo com os critérios, prioridades e com a estratégia da
organização.
42
Este conceito está detalhado na figura 5.
Figura 5 - Alinhamento dos projetos
a estratégia da organização
De acordo com o PMI (2008), as organizações devem ponderar diversos
aspectos ao adotarem um modelo para GPP, obedecendo às características do
negócio e ao cenário ambiental e cultural.
Definidos estes parâmetros, o primeiro passo é o engajamento da alta
administração e dos principais envolvidos. O comprometimento da organização é
fundamental, segundo Stouffer e Rachlin (KERZNER, 2006), que comentam o papel
da alta administração em um ambiente de TI em órgãos governamentais.
O GPP necessita de uma visão estratégica empresarial que abranja a
organização como um todo. Logo, as decisões de investimentos de TI devem ser
tomadas em nível de projeto e portfólio. Segundo KERZNER (2006), os gerentes de
projetos e de portfólio devem fazer as seguintes perguntas:
- Em nível de projeto: Há segurança e possibilidade de novos projetos ou os já
existentes alcançar os objetivos da organização dentro dos parâmetros de custo,
prazo, capacidade técnica e desempenho?
- Em nível de portfólio: O investimento em um determinado projeto ou
combinação de projetos é desejável em relação a outro projeto ou combinação de
projetos?
Após os questionamentos, as autoridades da organização, os gerentes de
43
projetos e portfólio e os principais envolvidos devem coletar informações e determinar
a dimensão, o escopo e a composição do portfólio de investimentos em TI. Caso
ocorram mudanças, as mesmas devem ser claramente comunicadas e aprovadas por
autoridades com poder de decisão e consideradas sob a perspectiva de toda
organização.
A alta administração é basicamente responsável por definir e
comunicar claramente as metas e os objetivos de portfólio de projetos, bem
como os critérios e as condições considerados para a seleção de projetos que
constarão do portfólio.
(KERZNER, 2006)
Isso inclui:
- Definição adequada e comunicação abrangente de metas e objetivos de
projetos de TI;
- Articulação clara das expectativas da organização e da administração quanto
aos benefícios buscados e as taxas de retorno a serem atingidas;
- Identificação e definição dos tipos de riscos que podem afetar o desempenho
do portfólio de TI, o que a organização que está fazendo para evitar e abordar os
riscos; e sua tolerância para a exposição aos riscos em andamento;
- Estabelecimento e obtenção de consenso e aplicação coerente de um
conjunto de critérios que serão usados entre projetos e iniciativas concorrentes em TI.
Outra ação muito importante neste processo é realizar avaliação de
desempenho periódicas do portfólio para identificar reais necessidades de ajustes, de
modo que, os recursos importantes não sejam alocados em projetos que não atendam
a visão estratégica. Segundo KERZNER (2006), os critérios e dados a serem
coletados e analisados podem ser:
- Mensurações financeiras e padrões, tais como: retorno sobre o investimento,
análise de custo e benefícios, aumento de lucratividade, redução de custos e dentre
outras;
- Alinhamento estratégico, definido através da missão da organização;
44
- Impacto sobre o cliente (usuário) definido em medidas de desempenho;
- Impacto da tecnologia, definido pelo desempenho e resultado da arquitetura
definida;
- Prazos e operações;
- Técnicas básicas de gestão de projetos;
- Gestão de riscos: Apurar os riscos, controlar e evitar a existência dos mesmos;
- Fonte de coleta de dados confiáveis e eficazes, como por exemplo,
contabilidade, finanças e gestão de projetos;
Segundo Stouffer e Rachlin (KERZNER, 2006), uma das melhores práticas
para projetos de TI foi a consideração dos principais interessados, tanto internos
quanto externos:
Também segundo KERZNER (2006), o crescimento do engajamento
empresarial no GPP inclui:
- Reconhecimento de que os programas empresariais são fundamentais para
os principais interessados e melhoria deste relacionamento ao longo do ciclo de vida;
- Estabelecimento de acordos quanto a serviços relacionados com
responsabilidade (recompensas e punições);
- Transmissão das responsabilidades para programas empresariais e
envolvimento nos principais grupos encarregados das decisões.
Com base nas afirmações acima, é notório que o comprometimento dos
interessados no início do GPP garante a execução de práticas coerentes e tomadas
de decisões efetivas. A participação dos principais envolvidos oferece capacidade de
sustentação dos processos, caso também ocorram mudanças repentinas. Com este
tipo de abordagem e objetividade, é possível obter um processo de GPP com critérios
definidos e sistemas de apoio a decisão, o que assegura que todos tenham interesse
no processo e o mesmo seja justo.
45
3.2.2.2 As principais dificuldades na tomada de decisão e seleção de projetos
no ambiente organizacional
Um dos principais problemas na tomada de decisão no GPP é a falta de
informação suficiente e coerente para avaliação dos possíveis projetos, o que leva a
outro tipo de dificuldade: a falta de abordagem sistêmica à seleção e avaliação dos
projetos. Segundo Kerzner, critérios de consenso e métodos para avaliar cada projeto
potencial em relação aos mesmos são essenciais para uma tomada de decisão.
Embora a maioria das empresas estabeleça metas e objetivos, geralmente eles não
são suficientemente detalhados para critérios de decisão. As decisões do GPP são
confundidas por fatores comportamentais ou organizacionais e acabam tratados com
uma natureza subjetiva e pouco criteriosa.
3.2.2.3 As dimensões no gerenciamento de portfólio
O GPP é construído através de dimensões padronizadas estabelecidas de
acordo com o alinhamento estratégico da organização e, isto pode variar de acordo
com o tipo de negócio, missão e valores da instituição. Porém, é notório que as
dimensões são muito parecidas em determinadas literaturas, mudando somente a sua
nomenclatura e obtendo o mesmo fim.
Dentre elas destacam-se:
- Classificação e seleção de projetos;
- Avaliação preliminar;
- Programação estratégica;
- Alocação de recursos;
- Controle do Portfólio.
Todas estas dimensões tem o objetivo fim de maximizar o valor do mix de
projetos para organização e alinhá-los estritamente ao PE, evitando desperdícios e
atuação em projetos desnecessários e menos rentáveis para a organização.
46
3.2.3 Descrição e estrutura
De acordo com Harold Kerzner, o processo de GPP é tratado em quatro
passos, conforme retratado na figura 6.
Figura 6 - Processo de GPP (KERZNER, 2006)
3.2.3.1 Identificação de Projetos
Este processo é necessário para realizar um levantamento de todas as ideias
possíveis para um determinado projeto, ou seja, considerado como uma “chuva de
ideias” (denominado com brainstorming). É neste momento que é possível aproveitar
estas ideias da melhor maneira possível, aumentando as chances de sucesso do
produto. Além disso, esta identificação pode ser feita através de outros métodos, tais
como: pesquisa de mercado, pesquisa de clientes, pesquisa de fornecedores e
literatura, a fim de que todas as informações sejam devidamente listadas. É previsível
que nesta fase do projeto o número de ideias potenciais sejam grandes e se faz
necessário o uso de sistemas de classificação para este contexto. Neste caso podem-
se destacar três tipos:
1º - Classificar os projetos em duas categorias principais, como por exemplo,
47
sobrevivência e crescimento. Logo, as fontes e tipos de investimento poderão ser
diferenciados;
2º - De acordo com a Figura 7, o modelo estratégico de P&D é utilizado com
uma abordagem para projetos de desenvolvimento de novos produtos e serviços,
avaliando os ambientes micro e macroeconômico e suas forças competitivas para o
investimento em uma determinada linha de produtos, sejam eles novos ou já
existentes. Desta forma, é possível classificar eles como:
- Projetos Ofensivos: Este tipo de projeto tem por finalidade captar novos
mercados ou expandir market share e exige cada vez mais o desenvolvimento
contínuo de produtos ou serviços;
- Projetos Defensivos: Este tipo de projeto tem por finalidade garantir a duração
do portfólio de produtos ou serviços já existentes, ou seja, novas funcionalidades ou
melhorias.
Figura 7 - Modelo do Diagrama de PE de P&D (KERZNER, 2006)
Os projetos defensivos tendem a ser mais fáceis de administrar e possuem
maior probabilidade de sucesso para a organização. A partir deste momento, é
possível avaliá-los e selecioná-los de forma estratégica e executá-los efetivamente;
48
3º - O terceiro tipo de modalidade de classificação de projetos seria:
- Projetos de Inovação técnica radical;
- Projetos da próxima geração;
- Novos membros da família de produtos / serviços;
- Projetos de melhoria / aperfeiçoamento;
Neste tipo de classificação, é válido ressaltar que o mais difícil de ser
administrado são os projetos de inovação, já que são mais onerosos e que
apresentam maiores riscos. Conforme mencionado anteriormente, se faz mandatório
que os projetos estejam alinhados com a alta administração para evitar o
comprometimento desnecessário dos recursos da organização. Conforme Allen e
Hamilton (KERZNER, 2006), existe um tempo para o processo de evolução de novos
produtos até a existência comercial. Isto inclui desde objetivos da organização, metas
e planos de crescimento até o produto bem sucedido.
Segundo KERZNER (2006), esse processo foi desmembrado em seis estágios
sequenciais administráveis e muito claros:
- Exploração: Busca de Ideias para produtos para atingir os objetivos da
empresa;
- Triagem: Rápida análise para determinação das ideias pertinentes que
merecem um estudo mais detalhado;
- Análise de negócios: Expansão de ideia, através da análise criativa, para
recomendações em termos de negócios concretos, incluindo as características do
produto, análise financeira, análise de risco, avaliação de mercado e programa para o
produto;
- Desenvolvimento: Transformação da ideia até então no papel em um produto
que possa ser demonstrado e produzido. Esse estágio focaliza-se em P&D e na
capacidade inventiva da empresa. Quando problemas inesperados surgem, novas
soluções e compensações são buscadas. Em muitos casos, os obstáculos são tão
grandes que não se consegue encontrar uma solução e o trabalho é abandonado ou
postergado;
49
- Testagem: Experimentos técnicos e comerciais necessários para confirmar as
avaliações técnicas e empresarias iniciais;
- Comercialização: Lançamento do produto com produção em grande escala
de venda, comprometimento da reputação e dos recursos da empresa.
Figura 8 - Mortalidade das ideias para
novos produtos (KERZNER, 2006)
Conforme o gráfico da Figura 8, à medida que o tempo transcorre no processo
de novos produtos, há um declínio na curva de ideias e finalmente mantêm-se
somente ideias razoáveis para o produto bem sucedido. Com isto, percebe-se que o
processo fica oneroso à medida que avança e, conclui-se que a maior parte dos gastos
concentra-se nos últimos estágios, tais como: desenvolvimento, teste e
comercialização. Vale a pena ressaltar que se faz necessária uma avaliação financeira
e empresarial para eliminar projetos de potencial limitado.
3.2.3.2 Avaliação Preliminar
A avaliação preliminar é basicamente uma análise econômica- financeira de
um projeto e ela pode ser dividida em duas etapas:
50
1º - Estudo de Exequibilidade;
2º - Análise de Custo / Benefício.
A finalidade do estudo de exequibilidade é verificar se o projeto é satisfatório
nos termos custos, segurança, comercialização e tecnologia. A organização pode
utilizar o apoio de consultores ou especialistas externos para este tipo de estudo.
Neste momento não é obrigatório a presença de um gerente de projeto, já que o
mesmo pode não ter o conhecimento técnico ou empresarial para contribuir.
Caso o projeto seja exequível e esteja alinhado ao PE da organização, ele
será agregado à lista de portfólio e, logo em seguida, será realizada a análise de
custo/benefício com a finalidade de entender os impactos dos benefícios, sejam eles
financeiros ou não.
-
Estudo de Exequibilidade Análise Custo/Benefício
Pergunta básica
Podemos fazer?
Devemos fazer?
Fase do Ciclo de Vida
Pré-conceitual
Conceitual
Seleção do gerente de projetos
Ainda não
Talvez
Análise
Qualitativa
• Técnica
• Custos
• Qualidade
• Segurança
• Legal
• Econômica
Quantitativa
• VPL
• DCF
• TIR
• RSI
• Suposições
• Realidade
Critérios de Decisão
Adequação Estratégica
Benefícios > Custos
Quadro 6 - Estudo de Exequibilidade e Análise de
Custo/Benefício (KERZNER, 2006)
Nesta etapa do processo, é necessário um grande número de informações para
a realização deste tipo de avaliação, e inevitavelmente pode tornar-se oneroso. É
esperado que neste momento, as estimativas de custo e benefícios sejam definidas e
51
classificadas da seguinte forma:
- Benefícios Tangíveis: Os recursos financeiros são razoavelmente
quantificados e mensurados;
- Benefícios Intangíveis: São mensuráveis, porém sem valor monetário e
podem ser identificados de forma subjetiva.
Já os custos são mais difíceis de mensurar e quantificar, porém devem ser
examinados os custos mínimos para efeito de comparação com benefícios.
Estes podem ser:
- Custos Operacionais;
- Custos futuros ou esperados;
- Custos intangíveis.
Outra estimativa que pode ser feita no processo de avaliação preliminar é a
estimativa de custo/hora, conforme o quadro sete.
Método
Utilizado
Tipo genérico
Relacionamento
WBS
Precisão
Tempo de
preparação
Paramétrico
Estimativa
Inicial
De cima para baixo
25% a +75%
Dias
Analogia
Orçamento
De cima para baixo
10% a +
25%
Semanas
Engenharia Definitivo
Debaixo para cima
5% a + 10%
Meses
Quadro 7 - Estimativa de custo/hora (KERZNER, 2006)
É importante ressaltar que na avaliação preliminar tudo deve ser devidamente
documentado, expondo claramente as informações mensuradas, tais como: restrições
e suposições relacionadas ao projeto.
52
3.2.3.3 Seleção Estratégica de Projetos
Basicamente a seleção estratégica é a determinação da adequação e
priorização dos projetos. Neste momento, se faz necessária a participação da alta
administração, pois os projetos impactarão diretamente no PE. A seleção de projetos
deve ser bem-sucedida. Para isto é necessário um bom sistema de informações,
considerado atualmente como uma grande carência dentro das organizações. São as
informações que dão poder de decisão para objetivos e nisto podemos citar:
necessidade do cliente e mercado; avaliações econômicas e seleção dos projetos.
Outra dificuldade é a delegação de tarefas ao setor de marketing, como por exemplo,
busca de oportunidades e inteligência comercial. Geralmente este setor possui uma
ideologia de busca de rentabilidade imediata e não analisa outras atividades que tem
implicações no longo prazo. Além de não possuir pessoas treinadas para comunicar-
se, como por exemplo, com P&D dos clientes e fornecedores.
Para a determinação de critérios de decisão, geralmente as empresas podem
ser: objetivas, subjetivas, quantitativas, qualitativas ou até mesmo, intuitivas. Os
critérios podem ser baseados conforme abaixo:
- Tecnologia semelhante;
- Marketing semelhante;
- Adequação a filosofia ou imagem da empresa;
- Adequação ao planejamento de longo prazo da empresa;
- Adequação as metas.
Os critérios de avaliação devem fazer total sentido para a organização.
Geralmente os executivos de seleção de projeto procuram auxílio de opiniões
especializadas antes de prosseguir. Para conseguir a informação mais rapidamente é
recomendável transformar os critérios em métodos de classificação.
53
Os mais comuns são mostrados a seguir nos quadros 8 e 9; e na figura 9.
Critérios
Lucratividade
Obtenção de
patentes
Capacidade de
Comercialização
Capacidade de
produção
Peso dos
Critérios
4 3 2 1
Quadro 8 - Peso dos critérios (KERZNER, 2006)
Projetos
Escore de
Critérios 1
Escore de
Critérios 2
Escore de
Critérios 3
Escore de
Critérios 4
Escore de
Projetos Total
Projeto
D
10 6 4 3 69
Projeto
E
5 10 10 5 75
Projeto
F
3 7 7 10 63
Quadro 9 - Escore de critérios (KERZNER, 2006)
Escore total = ∑ (escore do critério x peso do critério)
*Escala: 10 = excelente; 1= inaceitável
Figura 9 - Lista de verificação para três projetos (KERZNER, 2006)
54
Figura 10 - Modelo de escala para projetos (KERZNER, 2006)
Figura 11 - Modelo de critérios para
projetos (KERZNER, 2006)
O processo de priorização de projetos é bastante complicado, visto que, é
necessário alinhar as principais expectativas dos interessados, como por exemplo,
55
rentabilidade e fluxo de caixa. Vale a pena ressaltar que é de grande valia considerar
os aspectos macro e microeconômicos, forças ambientais e necessidades dos
clientes. Há um balanceamento na adoção dos fatores na seleção e priorização dos
projetos. Existem casos que não devem ser tão agressivos, pois podem tornar-se
desastrosos. No entanto, no ramo industrial é necessário que assumam uma postura
agressiva para o combate da obsolescência e isto exige forte embasamento técnico.
3.2.3.4 Programação Estratégica
Atualmente é muito comum que as organizações se comprometam com
projetos que não possuem total disponibilidade de recursos e isto fatalmente acarreta
problemas de produtividade baixa, menores lucros e potencialização de conflitos
intermináveis no ambiente corporativo. Uma boa gestão da programação estratégica
direciona os projetos para recursos disponíveis e altamente qualificados. Para este
tipo de atividade, é necessário empregar tipos de planejamento, como por exemplo, o
planejamento agregado, que permite que a organização identifique o
comprometimento excessivo de recursos e evitando desperdício de tempo em projetos
sobre as quais a organização não possui capacidade adequada. Outro ponto a ser
citado é que, geralmente os projetos com mais recursos são avaliados somente numa
relação risco/compensação, o que não é tão eficiente quanto parece, pois o tempo de
retorno para atingir benefícios não é levado em consideração. Vale a pena ressaltar
também que o nível de tolerância para o risco é aplicado ao portfólio e não a um
projeto isolado, pois esta análise possibilita a distribuição eficiente dos recursos, de
modo que o risco do portfólio seja reduzido.
3.2.3.5 Análise de portfólio
Esta fase norteia os principais gerentes de projetos na avaliação da situação
do seu portfólio, nomeados como:
- Alto risco: Grandes quantidades de recursos são exigidas para cada projeto.
Isto caracteriza empresas que assumiram grandes projetos altamente lucrativos;
- Lucrativo: São adotados geralmente por organizações conservadoras que
56
assumem projetos de baixo risco e recursos de baixa qualidade;
- Equilibrado: Estes projetos são administrados em cada fase do ciclo de vida
do projeto, onde a qualidade dos níveis de recursos é administrada eficientemente.
Este cenário possibilita atingir as expectativas da alta administração.
Figura 12 - Conceito de rolling wave (KERZNER, 2006)
Ao ocorrer mudanças de escopo durante o projeto, é necessário realizar novas
estimativas das expectativas de forma oportuna. Para este tipo de atividade utiliza-se
o conceito de rolling wave (figura 12), ou seja, à medida que o processo de
conhecimento no projeto avança, é possível realizar estimativas precisas e melhorar
o planejamento, alinhando o projeto as expectativas iniciais.
3.3 Modelo Norberto de Oliveira Almeida
3.3.1 Informações históricas
Em 1952, Harry Markowitz apresentou a Teoria Moderna de Portfólio (TMP),
criada inicialmente para auxiliar na tomada de decisões voltadas para o setor
financeiro. O principal objetivo da TMP é, dentro das limitações de opções,
57
proporcionar o máximo retorno e um risco mínimo. Este risco é o principal conceito
na TMP: ele é determinado pela variância ou desvio padrão (σ) dos valores históricos
de retorno do ativo coletados ao longo do tempo, permitindo tanto a realização de uma
avaliação da viabilidade em torno de um valor médio esperado para um ativo como o
cálculo do desvio padrão (risco) de uma séria histórica de retornos de um ativo.
A partir desta teoria, McFarian apresentou as bases do atual GPP para projetos
de Tecnologia da Informação (TI). McFarian observou que portfólios não balanceados
em termos de risco sofriam descontinuidade nas operações ou deixavam lacunas a
serem ocupadas pela concorrência.
Wheelwrigth and Clark introduziu um método mais organizado de controle de
gestão, denominado Plano de Projetos Agregados (PPA). O PPA proporciona às
empresas a possibilidade de colocar seus projetos atuais e futuros em um contexto
certo. Como os orçamentos e os recursos para desenvolvimento dos projetos são
definidos e limitados, este método pode ser utilizado pelas organizações para tomar
conhecimento de todos os seus projetos em execuções e também dos futuros.
O tema foi crescendo ao longo do tempo e ganhando espaço nos setores
organizacionais. Hoje as empresas que utilizam as técnicas de portfólio descrevem
um sucesso na gestão de projetos, desenvolvem critérios para avaliar ganho, perdas
e risco, assim como obter a melhor tomada de decisão para aumentar a rentabilidade
do negócio.
3.3.2 Definição e contexto
O crescimento do gerenciamento de projetos tem sido expressivo na última
década. As cobranças cada vez mais exigentes do mercado, o avanço tecnológico e
a restrita disponibilidade de recursos qualificados coagem as empresas a uma busca
sempre maior por inovação, competitividade e alcance de resultados mais
significativos.
Com isso, as empresas têm disponibilizado cada vez mais recursos no GPP
com o intuito de aperfeiçoar e aplicar os recursos, já que, de forma geral e direta,
projetos são criados para se alcançar benefícios à organização, ou seja, trazer
58
retornos de seus investimentos.
O Estudo de Benchmarking do Project Management Institute (PMI),
desenvolvido no Brasil desde 2003 e cujos resultados de 2009 contou com a
participação de 300 empresas de 12 setores, identificou a necessidade recorrente nas
empresas de se aplicar um sistema de melhoria contínua em gerenciamento de
projetos, programa e portfólio, ou seja, não há um método que verifique se os
benefícios e retornos estratégicos empresariais estão sendo atingidos e, mais ainda,
como fundamentar através dos resultados destes horizontes aos objetivos das
empresas.
Figura 13 - Existência de processo para monitoramento
do portfólio (ALMEIDA, 2011)
A figura 13, resultado do estudo mencionado, demostra claramente que 82%
das empresas não possuem um processo estruturado de monitoramento de portfólio.
Portanto, há evidente deficiência em se avaliar os benefícios e retornos estratégicos
das empresas e se há cumprimento efetivo dos objetivos da gestão aplica ao portfólio,
programas e projetos.
A fim de sanar esta situação-problema foi estabelecido o modelo de GPP
apresentado nesse capítulo. Conceitos como: o que é o sucesso de um projeto, quais
as métricas para se medir este sucesso e o alcance dos objetivos, devem estar muito
bem fundamentados para se assegurar que o gerenciamento aplicado pelas empresas
59
dará real suporte para que estas atinjam seus objetivos.
Diante disso, o principal objetivo do presente modelo é alinhar o gerenciamento
de projetos à estratégia da empresa e estabelecer o que é tido como sucesso pela
mesma e quais as métricas para atingi-lo. As etapas inerentes a este modelo
consistem em:
- Identificar o que se consiste em sucesso nos projetos da empresa;
- Identificar o alinhamento entre o gerenciamento de projetos e estratégia da
empresa;
- Identificar métricas capazes de avaliar o desempenho dos projetos;
- Estruturar um procedimento sistêmico e direto de definição de sucesso e suas
métricas em projetos e alinhamento do gerenciamento destes à estratégia da
empresa.
Antes de dar continuidade ao presente trabalho, é importante fundamentar
alguns conceitos que serão persistentemente citados: projeto, programa, portfólio,
gerenciamento profissional de projetos e governança. Com isso, segue-se:
- Projeto: é temporário, com um início e fim estabelecidos; é estabelecido para
criar um produto, serviço ou resultado; é desenvolvido em fases; Outra definição para
projeto é dada por KERZNER (2006). Para ele, projeto é um empreendimento com
objetivo bem definido, que consome recursos e opera sob pressões de prazo, custo e
qualidade.
- Programa: é um conjunto de projetos relacionados entre si que visam a
obtenção de benefícios e controles que não seriam possíveis ser gerenciados
individualmente; pode ser temporário ou não, ou seja, ter ou não início e fim
estabelecidos, mas a maioria os tem como em projetos; Programas podem incluir
elementos de trabalho relacionados fora do escopo dos projetos que fazem parte do
programa (PMI, 2013).
- Portfólio: é um conjunto de projetos e/ou programas e outros trabalhos que
objetivam o gerenciamento eficaz para se alcançar os objetivos estratégicos da
empresa; não é temporário como projetos e programas; pode conter, por exemplo,
60
projetos e programas que não possuem qualquer relação entre si, sendo apenas um
panorama dos componentes que refletem os objetivos estratégicos da empresa, mas
um cuidado deve ser tomado, ou seja, deve-se analisar por que está sendo realizado
o portfólio, daí a importância de se alinhar os projetos à estratégia da empresa.
Figura 14 - Ilustração de um
Portfólio (ALMEIDA, 2011)
3.3.2.1 Gerenciamento profissional de projetos
Gerenciamento profissional de projetos é analisar o PE das empresas e utilizar
profissionalmente a prática de gerenciamento de projetos a fim de se atingir os
objetivos estabelecidos de negócio.
Figura 15 - Pilares do Gerenciamento
Profissional de Projetos (ALMEIDA, 2011)
Conforme a figura 15, esse processo deve se basear nos seguintes pilares:
61
- Pessoas capacitadas: é indispensável ter colaboradores devidamente
qualificados, seja a nível comportamental (comunicação, liderança, motivação de
equipes, resolução de conflitos, entre outros) ou tecnicamente (treinamentos, MBAs,
formações específicas em áreas como qualidade, aquisições, entre outras);
- Metodologia: para se garantir a aplicação devida do gerenciamento de
projetos nas empresas é imprescindível estabelecer sistematicamente um processo e
procedimentos, efetivando a melhoria contínua desse gerenciamento e assegurando
a maturidade para se alcançar níveis mais exigentes e compensatórios;
- Tecnologia: ferramentas automatizadas são fundamentais para se coletar,
distribuir e armazenar informações cruciais à tomada de decisão, que muitas vezes
deve ser rápida e efetiva em situações de grande competitividade;
- Governança: é crucial para assegurar poder, priorização, definição de
objetivos, fortalecimento de diretrizes e suporte às práticas de gerenciamento de
projetos. Ela funciona como guia de escolha e execução das atividades empresariais,
pois estabelece hierarquia de poder, regras de conduta e protocolos necessários para
gerenciar tais atividades ao alcance dos objetivos estratégicos. Especificamente
quanto a portfólio, a Governança do Portfólio de Projetos gerencia, seleciona e destina
os recursos das empresas da maneira mais efetiva que se encontra. Algumas
responsabilidades inerentes ao comitê de governança são:
- aprovar ou não novos projetos;
- implantar projetos aprovados;
- tirar de operação projetos implantados;
- interromper projetos;
- estabelecer prioridades;
- solicitar análises detalhadas;
- destinar ou realocar recursos de acordo com as prioridades;
- decidir estrategicamente sobre os recursos;
- comunicar decisões.
62
3.3.3 Descrição e estrutura
Conforme mencionado anteriormente, identificar o sucesso nos projetos, o
alinhamento entre o gerenciamento de projetos e métricas para avaliação do
desempenho destes e, por fim, estruturar um procedimento sistêmico e direto de
gestão de todos esses passos são as etapas principais do modelo abordado.
Essas etapas serão a partir de agora estudadas e detalhadas para uma melhor
visualização e entendimento do GPP proposto.
Em suma, o estudo se desenvolverá na seguinte ordem de abordagem,
trazendo inclusive modelos para satisfatória compreensão:
- Definição de Sucesso em Projetos: Conceito de sucesso e formas de definição
do mesmo em projetos;
- Alinhamento entre Gerenciamento de Projetos e Estratégia da Empresa:
Descrição do alinhamento do gerenciamento de projetos aos princípios estratégicos
de gestão da empresa;
- Definição de Métricas em Projetos: Conceitos de métricas em projetos e
formas de definição das principais métricas identificadas nos projetos;
- Metodologia do Modelo Proposto: Abordagem do modelo proposto de
definição de sucesso, alinhamento entre gerenciamento de projetos e estratégia da
empresa e definição de métricas para projetos, bem como abordagem ainda quanto
ao alcance dos objetivos.
3.3.3.1 Definição de sucesso em projetos
Diferente do exigido atualmente, inclusive por exigências cada vez maiores por
resultados e competitividade, autores mais tradicionais comumente abordam como
sucesso o alcance de algo planejado no prazo e no custo programado.
Este tipo de conceito se mostra uma inverdade em diversas situações. É
possível que um projeto executado no prazo e custo programado se torne um grande
fracasso de negócio, bem como um projeto que sofreu atrasos ou excedeu o custo
63
previsto, adiante, se torne um tremendo sucesso aos negócios de interesse da
empresa. Apenas um consenso existe entre os conceitos tradicionais e os atuais: o
sucesso de todo projetos está sempre ligado à estratégia da empresa.
A interação entre o sucesso do projeto e a estratégia da empresa é
constantemente estudada por diversos autores e, geralmente, mostra que o sucesso
de um projeto se difere conforme estratégia da empresa.
Outro estudo realizado por Baccarini e Collins, sugere que o sucesso do projeto
se divide entre o sucesso do produto e sucesso do gerenciamento de projetos, da
seguinte forma:
- Sucesso do Gerenciamento de Projeto (processo do projeto):
- Encontrar objetivos de tempo, custo e qualidade;
- Qualidade do processo de gerenciamento do projeto;
- Satisfazer os colaboradores (equipe e patrocinadores) durante o
processo de gerenciamento de projetos.
- Sucesso do Produto (efeitos do produto final do projeto):
- Definir metas dos objetivos estratégicos da empresa;
- Satisfazer às necessidades dos usuários;
- Satisfazer aos interessados no produto (clientes).
Um destaque importante destacado por Baccarini e Collins é diferenciar
critérios de sucesso de fatores de sucesso, pois critérios são usados para medir o
sucesso e fatores de sucesso facilitam o alcance do mesmo.
64
A tabela 1 mostra os critérios de sucesso identificados pelos 150 gerentes
australianos entrevistados:
Critério de Sucesso do Projeto Nº. de
respostas
%
Identificado
Sucesso do
Produto
Sucesso do
GP
Tempo 127 84,7 - X
Custo 117 78,0 - X
Qualidade / Atendeu à
Especificação
83 55,3 - X
Satisfação do cliente 61 40,7 X -
Cooperação 34 22,7 - X
Objetivos Organizacionais 33 22,0 X -
Satisfação das Partes
Interessadas
28 18,7 X X
Processo de Gerenciamento de
Projeto
27 18,0 - X
Lucro 23 15,3 - X
Alto Padrão de Trabalho 22 14,7 X X
Alcançar o Esforço 22 14,7 - X
Membros da equipe satisfeitos 22 14,7 - X
Eficiência no custo do produto 18 12,0 - -
Riscos Gerenciados 17 11,3 X X
Mudanças e Gerenciamento de
Mudanças
17 11,3 - X
Trabalho Repetido 14 9,3 - X
Cumprimento de padrões 11 7,3 - X
Segurança 11 7,3 - X
Recolhimento do Projeto 11 7,3 - X
Satisfazer as necessidades do
usuário
9 6,0 X -
Aceite da comunidade 8 5,3 X -
Desenvolvimento Pessoal 8 5,3 X X
Relacionamento Contínuo 7 4,7 - X
Ambiental 5 3,3 - X
Tabela 1 - Critérios de sucesso identificados pelos respondentes (ALMEIDA, 2011)
65
Analisando a tabela 1 é possível destacar três principais pontos:
- A notória predominância dos critérios tempo, custo e qualidade, o que indica
uma lacuna que torna incompletos os objetivos de gerenciamento dos projetos, ou
seja, há uma necessidade aparente dos gerentes de projetos (GP) entenderem que o
sucesso destes vai além de tempo, custo e qualidade;
- É indispensável ter como um dos principais critérios de sucesso o critério de
produto, fazendo com que este alcance sempre as expectativas dos clientes, inclusive
disto parte a necessidade de um rigoroso processo de gerenciamento de qualidade, a
fim de esmiuçar tais expectativas dos clientes;
- Há evidente relação entre o sucesso do gerenciamento de projetos e sucesso
do produto, ou seja, é imprescindível um monitoramento constante da equipe de
gerenciamento do projeto quanto ao seu desempenho, através de indicadores de
tempo, custo e qualidade, analisando como tal desempenho tem afetado no sucesso
do produto.
A maioria das empresas possuem suas próprias medidas de sucesso. Porém,
a longo prazo, estas medidas não são indicadores suficientes para dimensionar o
sucesso. Nos últimos anos, muitos conceitos e ferramentas têm sido implementados
nas empresas para tentar ligar decisões estratégicas ao sucesso, em contra ponto, a
literatura não tem avançado no mesmo ritmo para ligar gerenciamento de projetos ao
sucesso dos mesmos.
O estudo realizado por Shenhar entre outros autores, em mais de 70 empresas
e mais de 140 projetos, determinou 4 dimensões para o sucesso. Em 2007, Dvir e
Shenhar atualizaram estas dimensões, chegando em cinco delas, conforme detalhado
a seguir e demonstrado no quadro 10:
- Eficiência do projeto: visa resultados em curto prazo, ou seja, verifica se o
projeto foi completado de acordo com o plano;
- Impactos para o cliente: representa as principais tardes interessadas, às quais
a percepção crítica para avaliação do sucesso do projeto;
- Impacto no time: demonstra como os projetos interferem nos membros da
equipe do projeto;
66
- Sucesso direto e nos negócios: demonstra o impacto direto e imediato do
projeto na empresa, ou seja, vendas, lucros, fluxo de caixa, entre outros fatores
financeiros;
- Preparação para o futuro: visa resultados no longo prazo, como nova linha de
produtos, novo setor de atuação no mercado, nova tecnologia, entre outros avanços
representativos à empresa.
Dimensão do Sucesso Medida
Eficiência do projeto
A - Alcançar o objetivo de prazo
B - Alcançar o objetivo de custos
C - Rendimento
D - Outras eficiências
Impacto no cliente
A - Alcançar o desempenho funcional e os requisitos
B - Benefícios para o cliente
C - Extensão do uso do produto
D - Satisfação do cliente e fidelidade
E - Reconhecimento da marca
Impacto no time
A - Satisfação do time
B - Moral do time
C - Desenvolvimento das habilidades
D - Crescimento profissional
E - Retenção do time
F - Sem estresse e excesso de trabalho
Sucesso direto e do
negócio
A - Vendas
B - Lucros
C - Fatias de mercado
D - Retorno sobre o investimento
E - Retorno sobre o patrimônio
F - Fluxo de caixa
G - Qualidade de serviço
H - Tempo de ciclo de vida
I - Medidas organizacionais
J - Aprovações regulatórias
67
Preparar para o futuro
A - Criar um novo mercado
B - Criar uma nova linha de produtos
C - Desenvolver uma nova tecnologia
D - Criar nova competência
E - Criar nova capacidade organizacional
Quadro 10 - Dimensões de sucesso (ALMEIDA, 2011)
Contudo, a definição geral de sucesso, considerando todos os assuntos
abordados, principalmente o conceito de dimensões e medidas de sucesso, é pensar
de forma mais atual e completa no que é sucesso para um determinado projeto.
3.3.3.2 Alinhando o Gerenciamento de Projeto à Estratégia da Empresa
Antes de qualquer abordagem, é importante deixar claro alguns conceitos:
− Gerenciamento Estratégico e Estratégia de Projetos:
Considerando que estratégia está ligada ao alcance de resultados de forma
eficaz, é conveniente trazer esta visão ao gerenciamento de projetos. Desta forma,
gerenciamento estratégico é o conjunto de decisões que determina o desenvolvimento
da companhia no longo prazo e engloba também a elaboração da estratégia, a
implementação, a avaliação e o controle, sendo que a estratégia é implantada por
programas, projetos, orçamentos e procedimentos, e envolve ainda mobilizar a
organização de sua situação atual para um patamar estratégico futuro, com novos
produtos e mercado.
O quadro a seguir traz seis elementos da estratégia de projetos:
Elemento da Estratégia
do Projeto Pergunta Detalhe
Objetivo Por que nós fazemos isto?
Quem é o Cliente/usuário?
Qual é a necessidade dele?
Como resolvemos esta
necessidade?
Qual é a oportunidade de
negócio?
68
Definição do produto O que é o produto?
O que estamos produzindo?
Requisitos funcionais
Especificações técnicas
Vantagem
competitiva/valor
Como isto é bom?
Por que isto é melhor?
Por que o cliente compraria?
Qual o valor para nós?
Como os clientes/usuários
terão vantagem sobre:
- Competidores?
- Produtos anteriores?
- Custos/Eficiência do produto?
- Como nós nos
beneficiaremos?
Perspectiva de negócio
O que nós esperamos?
Como avaliar o sucesso?
Dimensões do sucesso
especificadas
Plano de Negócios
Definição do projeto
Como faremos isto?
O que é o projeto?
Escopo do projeto (Statement
of Work – SOW)
Tipo de projeto – Classificação
Recursos – tempo, $ etc.
Foco estratégico
Como nos comportaremos?
O que fazer para alcançar o
melhor?
Como criar uma busca firme da
vantagem competitiva/valor
Guias para comportamento
Políticas de levantamento e
alavancagem da(s):
- Competências da empresa
- Expertise profissional
- Sinergia interna
- Alianças externas
Quadro 11 - Elementos da estratégia de projetos (ALMEIDA, 2011)
− Alinhamento Estratégico:
Segundo Randall e Graham, o crescimento de uma empresa geralmente é
resultado de projetos de sucesso que geram novos produtos, serviços ou
procedimentos. Em contraponto, um comum descontentamento é que tais projetos se
estruturem desalinhados à estratégia da empresa, somando-se negativamente a falta
de consciência por parte das pessoas quanto ao total de projetos e escopos geridos
pela empresa.
Por isso, é indispensável o trabalho em equipe e o apoio da alta gerência, inter-
relacionando, alinhando e priorizando os projetos ao alcance de objetivos comuns.
Alguns aspectos são auxiliadores na seleção de projetos:
69
− Identificar líderes ao processo de seleção, os quais serão responsáveis por
listar todos os projetos em desenvolvimento ou propostos pela empresa, esclarecendo
os objetivos de cada um conforme a visão da mesma;
− Tal liderança organizará ainda os projetos listados em categorias, a fim de
facilitar a seleção, sendo essas categorias algo como segmento de mercado, melhoria
operacional, redução de custo, ações de sustentabilidade, etc.;
− Determinar critérios de avaliação como, por exemplo, uma escala de
pontuação;
− Coletar dados dos projetos, estimando tempo e recursos para cada projeto
através de experiências de projetos passados, projeções estatísticas ou simulações;
− Identificar a capacidade de recursos dentro e fora da organização que estarão
disponíveis para executar os projetos;
− Comparar recursos estimados com a real disponibilidade de recursos,
alocando-os conforme a prioridade de cada projeto.
Enfim, concluídas as estas etapas o time de líderes eleito é capaz de decidir
quais projetos executar e iniciar as etapas de gerenciamento de projetos, passando
pelas fases de iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle; e
encerramento.
As diferenças de abordagem entre o gerenciamento de projetos tradicional e o
gerenciamento de projetos alinhado à estratégia da empresa aqui proposto, são
apresentados no quadro a seguir:
Gerenciamento de projeto Liderança Estratégica de projetos
Paradigma básico
Projetos são uma coleção de
atividades que necessitam ser
executados no prazo, orçamento e
requisitos.
Projetos são processos estratégicos
organizacionais que são iniciados
para alcançar os objetivos de
negócios.
Foco Eficiência Eficácia e Eficiência.
Perspectiva Operacional Estratégico, Organizacional e
Humano.
Papel do gerente Obter o trabalho feito, no tempo,
orçamento e de acordo com as
Obter os resultados negócio
ganhando mercado.
70
especificações.
Estilo de
Gerenciamento do
Projeto
Um estilo se adequa para todos os
projetos. Estilo adaptativo.
Definição do
Projeto
Escopo do Projeto (SOW)
O que necessita ser feito?
Produto, vantagem competitiva,
estratégia, escopo.
Planejamento Atividade, cronograma e
orçamento.
Resultados finais, dimensões do
sucesso, atividades.
Revisão do Projeto Processos, Status, Marcos
importantes, Orçamento.
Necessidades dos clientes,
estratégias, dimensões do sucesso,
status.
Lado Humano Times de projeto, resolução de
conflitos.
Liderança, Visão, Espirito,
Significado, Motivação.
Quadro 12 - Do gerenciamento de projetos à liderança estratégia de projetos (ALMEIDA, 2011)
Um modelo mental interessante criado por Shenhar, mostra como a liderança
pode visualizar de forma simples seus passos para um gerenciamento satisfatório de
projetos estratégicos. Este modelo incluir cinco grandes componentes:
− Estratégia: como fazer para alcançar a maior vantagem competitiva e o
melhor valor dos resultados do projeto;
− Espírito e visão: o espírito e visão da empresa devem ser traduzidos no
projeto, baseando-se em energia, excitação e entusiasmo, pois estabelecer uma
atmosfera correta e positiva pode motivar toda a equipe;
− Organização: estruturar o projeto, construindo e desenvolvendo a equipe;
− Processos: definir uma sistemática detalhada a ser seguida, firmando os
passos a serem dados;
− Ferramentas: devem ser escolhidas para servir aos líderes, ajudando-os a
planejar, executar e controlar o projeto.
Após todos os conceitos abordados, é notório que a estratégia empresarial
nada mais é que o resultado do ciclo de PE, onde a visão e a missão da empresa são
traduzidas em um plano estratégico, o qual é influenciado pela dinâmica do mercado,
clientes, parceiros, regulamentos governamentais, etc.
71
A relação entre os setores estratégico e tático, e destes com o setor operacional
pode ser verificada na figura 16.
Figura 16 - O contexto organizacional do GPP (ALMEIDA, 2011)
O alinhamento do gerenciamento de projetos, programas e portfólios com a
estratégia das empresas é muitas vezes negligenciado. Embora existam algumas
ações contra isto, o alinhamento não é monitorado e controlado de forma adequada
durante a execução dos trabalhos para assegurar o alcance dos resultados
esperados.
O objetivo final do gerenciamento de projetos à estratégia das empresas é
determinar um plano de execução que auxiliará as mesmas a alcançarem seus
objetivos.
72
A figura a seguir mostra de forma sucinta os processos de GPP.
Figura 17 - Processo de GPP – Ilustração de Alto Nível (ALMEIDA, 2011)
O foco do modelo proposto é mostrar especificamente o Grupo de Processo de
Alinhamento. Os processos sugeridos pelo PMI para este grupo são:
- Identificar Componentes: Este processo tem como intenção criar uma lista de
informações sobre os componentes em execução e os novos que serão gerenciados
pela GPP;
- Categorizar Componentes: Estabelece as categorias dos projetos com base
no PE para a devida avaliação, seleção, priorização e balanceamento;
- Avaliar Componentes: Consiste em captar informações para avaliar os
componentes com o propósito de compará-los e facilitar o processo de seleção, sendo
que estas informações podem ser qualitativas ou quantitativas e vir de diversas fontes
da empresa;
73
- Selecionar Componentes: É necessário para estruturar um conjunto de
componentes a serem seguidos conforme as necessidades identificadas na avaliação
e nos critérios de seleção;
- Priorizar Componentes: Elencar os componentes em cada categoria
estratégica ou de orçamento como, por exemplo, inovação, redução de custos,
manutenção e crescimento. Outras categorias são tempo de investimento (curto,
médio ou longo), perfil de risco versus retorno e foco organizacional conforme os
critérios estabelecidos;
- Balancear o Portfólio: Elaborar um dossiê de componentes do portfólio com o
maior potencial capaz de suportar as iniciativas estratégicas da organização e atingir
os objetivos estratégicos. Esse processo trará os benefícios iniciais do gerenciamento
do portfólio e habilidade de planejar e destinar recursos como ativos fixos, financeiros,
tecnologia da informação e recursos humanos conforme a direção estratégica que
torne o mais eficaz possível o retorno do portfólio dentro dos riscos aceitáveis pela
empresa;
- Comunicar o Ajuste do Portfólio: Para satisfazer as necessidades das partes
interessadas é necessário comunicar os ajustes do portfólio, resolvendo as
pendências e assegurando que o portfólio continue alinhado aos objetivos propostos;
- Autorizar os Componentes: Destinar os recursos necessários para
executarem os componentes selecionados e formalizar a comunicação das decisões
sobre o portfólio;
- Rever e Reportar a Performance do Portfólio: Coletar e comunicar os
indicadores desfavoráveis aos critérios definido para alcance do sucesso, ou seja,
este acompanhamento da performance garante o alinhamento com a estratégia da
empresa e destinação efetivas dos recursos dispostos;
- Monitorar as Mudanças na Estratégia de Negócios: Aqui a meta deste
processo é assegurar o gerenciamento do portfólio às mudanças na estratégia do
negócio, as quais caso ocorram não requerem que também haja mudança no portfólio.
No entanto, mudanças drásticas no cenário de negócios podem resultar em uma nova
visão estratégica de possível impacto no portfólio. Exemplos disto são os ataques
aéreos de 11 de setembro de 2001 que afetaram significativamente as companhias
74
aéreas e a crise financeira de 2008 que atingiu diversas empresas no mundo inteiro.
Enfim, foi possível compreender a importância do alinhamento de projetos às
estratégias da empresa através da abordagem de conceitos, ferramentas, modelos e
processos específicos ao alcance devido do alinhamento, sendo este eficaz e
caracterizado à missão da empresa.
3.3.3.3 Definindo Métricas em Projetos
A diferença entre fatores críticos de sucesso e métricas é essencial de ser
compreendida.
Fatores críticos de processo são pontos necessários ao sucesso, ou seja,
aumentam a probabilidade de alcance deste. Existem diversos estudos presentes na
literatura que auxiliam na identificação desses pontos qualitativamente e
quantitativamente presente nos projetos tidos como exemplos de sucesso.
Já métricas constituem em sistemas de mensuração do alcance do sucesso,
ou seja, estas demonstram a efetividade dos resultados produzidos. Com isso,
compreende-se que é fundamental antes de se implementar um programa de métricas
definir claramente quais são os critérios de sucesso à empresa, conforme já discutido
anteriormente.
Como comumente sabido, métrica é qualquer medida utilizada para avaliar
determinada performance. São coletados indicadores capazes de proporcionarem tal
medida nos pontos chaves e em todas as fases de gerenciamento de projetos,
programas e portfólios. Um procedimento de elaboração de um programa de métrica
é constituído basicamente pelos seguintes questionamentos:
- Que informações coletar?
- Como obter as informações?
- Quais são os métodos para processar e analisar a informação?
- Como e quando reportar os resultados?
Segundo Levin e Rad, métricas jamais podem ser tidas para prever ou
75
comparar resultados. Métricas de gerenciamento de projetos devem ser ferramentas
no processo, servindo para focar no processo de melhoria e progresso.
Conforme mencionado anteriormente, nos dias atuais é comum a falta de
definição dessas métricas para avaliação de projetos, principalmente após a
implantação dos mesmos. Novos trabalhos são iniciados em cima de outros projetos
sem qualquer análise de pós-implantação dos anteriores, correndo riscos de desfocar
das reais necessidades da empresa.
A falta de análise pós-implantação descapacita os líderes e gerentes de
projetos direcionarem os mesmos ao sucesso da empresa. Anbari, entre outros,
também afirmam a importância de uma análise pós-implantação, pois esta serve para
aprendizagem e contínua melhoria das empresas, garantindo sucesso dos projetos e
competitividade no mercado.
O amadurecimento das empresas no gerenciamento de projetos é altamente
dependente da criação de um programa eficaz de métricas para a tomada de
decisões. Alguns autores argumentam que tais métricas devem ser espelhadas na
natureza da empresa e na estratégia da mesma.
O quadro 13 traz as métricas sugeridas por Griffin e Page.
Tipo do Projeto Combinação de Métricas Categorias de
empresas
Combinação de
Métricas
Inovação para o
mundo
- Aceite do cliente;
- Satisfação do cliente;
- Vantagem competitiva;
- Objetivos de lucro
alcançados ROI ou IRR.
Empresas
Inovadoras
(Exploradoras)
- Percentual de lucro
dos novos produtos
menor que alguns
anos atrás;
- O grau pelo qual
novos produtos de hoje
trazem oportunidades
futuras;
- Percentual de vendas
hoje menor do que
alguns anos atrás.
Inovação para a
empresa
- Fatia de mercado;
- Vantagem competitiva;
- Objetivos de lucro
alcançados;
Empresas
analisadoras
- Grau pelo qual os
novos produtos
alcançam os objetivos
estratégicos;
76
- Satisfação do cliente ou
objetivos de receita.
- Programa de
desenvolvimento do
retorno sobre o
investimento (ROI);
- Percentual de lucro
nos novos produtos
menor que alguns
anos atrás;
- Taxa de falha e
sucesso.
Melhoria dos
produtos
- Satisfação do cliente;
- Vantagem competitiva;
- Objetivos de lucro
alcançados;
- Objetivos de fatia de
mercado ou objetivos de
aumento de receita.
Empresas
defensoras
- Programa de
desenvolvimento do
retorno sobre o
investimento (ROI);
- Grau pelo qual novos
produtos alcançam os
objetivos estratégicos.
Adições para as
linhas de produtos
existentes
- Vantagem competitiva;
- Objetivos de lucro
alcançados;
- Objetivos de fatia de
mercado ou objetivos de
aumento de receita;
- Aceite do cliente ou
satisfação do cliente ou
receita.
Empresas
Respondedoras
- Programa de
desenvolvimento do
retorno sobre o
investimento (ROI);
- Taxa de sucessos
falhas;
- Grau pelo qual novos
produtos alcançam os
objetivos estratégicos;
- Avaliação subjetiva
do sucesso do
programa.
Reposicionamento
- Aceite do cliente;
- Vantagem competitiva;
- Objetivos de lucro
alcançados;
- Satisfação do cliente ou
objetivos de fatia de
mercado.
Redução de custos
- Objetivo de margem;
- Satisfação do cliente e
aceite do cliente;
77
- Objetivo de receita ou
especificações de
performance alcançadas
ou especificações de
qualidade alcançadas.
Quadro 13 - Resumo das recomendações de medidas de sucesso (ALMEIDA, 2011)
O quadro 14 foi fornecido pelo artigo de Willard e traz três categorias de
sucessos e suas métricas.
Categoria Métrica
Gerenciamento do projeto
- Tempo do Projeto;
- Custo do Projeto;
- Acurácia do Projeto;
- Solicitações de mudança;
- Qualidade;
- Segurança (se aplicável).
Sucesso do Projeto
- Benefícios para a organização;
- Satisfação das partes interessadas;
- Satisfação dos usuários;
- Problemas resolvidos;
- Melhoria do processo/procedimentos.
Sucesso do Negócio
- Redução/Eliminação de custos;
- Retorno sobre o investimento (ROI);
- Retorno da expectativa;
- Vantagem competitiva;
- Melhoria da eficiência operacional;
- Oportunidades no futuro;
- Aumento ou melhoria da competência principal;
- Aumento de produtividade;
- Redução da papelada de trabalho;
- Redução dos processos manuais;
- Relatórios e processos em tempo real;
- Melhoria dos serviços aos clientes;
- Melhoria do gerenciamento de recursos;
- Suporte ao crescimento dos negócios;
- Construção de ligações externas;
78
- Aumento da flexibilidade;
- Autorização/Licenciamento.
Quadro 14 - Métricas de Sucesso (ALMEIDA, 2011)
White e Patton também identificaram algumas principais métricas ao
gerenciamento de projetos e execução de planos estratégicos:
- Número de projetos completados por ano;
- Percentual de custo, cronograma e performance por ano;
- Número de mudanças autorizadas durante a implantação do projeto por fases;
- Número de cancelamento por fase;
- Modificação do gerente de projeto dentro da fase;
- Modificação do time dentro da fase;
- Número de projetos ativos (taxa mensal);
- Número de projetos em espera (pegos mensalmente);
- Número de execuções do processo por mês (exemplo, pular um processo);
- Número de mudanças do processo por ano.
Para Levin e Rad, as métricas foram divididas em três principais classes:
1 - Métricas relacionadas aos produtos: são mais familiares e melhor
caracterizam o sucesso do produto, quantificam custos, prazos, qualidade e demais
critérios que detectam as necessidades dos clientes;
2 - Métricas relacionadas às pessoas: são ligadas ao sucesso dos membros do
projeto e caracterizam o satisfatório inter-relacionamento e são para avaliação da
confiança, colaboração, competência, comunicação e gerenciamento de conflitos;
3 - Métricas relacionadas à empresa: são vinculadas aos principais assuntos
da empresa e aos seus objetivos estratégicos. Servem para alinhar as operações e
projetos aos objetivos estratégicos a fim de conscientizar a todos ao alcance da
79
missão estratégica.
O quadro a seguir traz as três classes abordadas por Levin e Rad:
Métricas relacionadas à
organização
Métricas relacionadas às
pessoas
Métricas relacionadas ao
produto
- Alinhamento estratégico;
- Medidas Financeiras;
- Impacto no Cliente;
- Potenciais Receitas;
- Potenciais Benefícios;
- Impacto Operacional;
- Impacto no crescimento;
- Risco de mercado.
- Trabalho em Time;
- Motivação;
- Moral do Time;
- Utilização do Time;
- Gestão do conhecimento.
- Custo;
- Data de entrega;
- Risco do projeto;
- Atributos do entregável;
- Qualidade do entregável.
Quadro 15 - Métricas de Sucesso relacionadas à organização,
às pessoas e ao produto (ALMEIDA, 2011)
Como visto, é bastante diferente entre os autores o conjunto de métricas
proposto. Griffin e Page sugerem métricas de acordo com o tipo de projeto e categoria
da empresa. Willard propõe três classes de métricas para o sucesso do projeto. Já
White e Patton abordam dez métricas contra três de Levin e Rad.
Um consenso é certo entre os autores: a importância de estabelecer um
conjunto consistente de métricas, com indicadores que garantam a melhoria contínua
e possibilitem ao decorrer do tempo maturidade no gerenciamento de projetos e o
sucesso desejado.
O autor do método aqui abordado, ALMEIDA (2011), com base nos principais
autores, criou um quadro com conjunto de métricas que servem para avaliação do
alcance do sucesso nos projetos.
Dimensão Métrica
Eficiência
- Prazo do Projeto;
- Custo do Projeto;
- Número de solicitações de Mudanças Aprovadas;
- Outras Eficiências.
Impacto no Cliente - Melhoria na Performance do Cliente;
- Satisfação do Cliente;
80
- Alcance dos Requisitos e Especificações do Cliente;
- Uso do Produto pelo Cliente;
- Retorno do Cliente;
- Problema Resolvido.
Impacto no time
- Satisfação do Time do Projeto;
- Comprometimento do Time do Projeto;
- Moral e Energia do Time do Projeto;
- Exaustão do Time do projeto;
- Crescimento do Time do projeto;
- Retenção do Time do projeto.
Sucesso Direto na
Organização e nos Negócios
- Aumento no Volume das Vendas;
- Aumento da Lucratividade;
- Retorno sobre o Investimento;
- Fatia de Mercado;
- Valor para as Partes Interessadas;
- Melhoria Organizacional;
- Redução/Eliminação dos Custos.
Preparação para o Futuro
- Contribuição para Projetos Futuros;
- Lançamento de Novos Produtos;
- Obtenção de Novos Mercados;
- Criação de Novas Tecnologias;
- Criação de Novos Processos de Negócios;
- Criação de Novas Capacidades Gerenciais;
- Contribuição Social;
- Sustentabilidade.
Quadro 16 - Métricas de Sucesso por dimensão (ALMEIDA, 2011)
3.3.3.4 Metodologia do Modelo Proposto
Através de uma análise profunda de um referencial teórico consistente e da
grande experiência do autor, foi proposto um modelo de GPP para definição de
sucesso em projeto, alinhando o gerenciamento de projetos à estratégia das
organizações e a definição de métricas. O quadro 17 representa esse modelo básico
que pode ser bastante útil para as organizações na adaptação de seus modelos. Por
dimensão foram colocados de dois a três itens que são considerados importantes para
que o modelo possa ser implementado de forma gradativa, mas que podem ser
alterados de acordo com as características das organizações e de seus projetos.
81
Dimensão Medida Métrica
Eficiência do Projeto
O projeto foi completado no
prazo estimado, ou antes? Prazo do Projeto
O projeto foi completado dentro
ou abaixo do orçamento? Custo do Projeto
Impacto no
Cliente/Usuário
O cliente ficou satisfeito? Satisfação do Cliente
O cliente voltará para futuros
trabalhos/compras? Retorno do Cliente
O produto alcançou os
requisitos do cliente?
Alcance dos requisitos e
especificação do cliente
Impacto no Time
O time do projeto estava
altamente comprometido com o
trabalho?
Comprometimento do time do
projeto
O time do projeto estava com
energia? Moral e Energia do Time
Sucesso Direto da
Organização e dos
Negócios
O projeto foi um sucesso de
Negócio em Termos
Financeiros?
Valor Presente Líquido ou outro
índice financeiro mais adequado
para a empresa
O projeto teve um Retorno de
Investimento Positivo? Retorno sobre o Investimento
Preparar para o Futuro
O resultado do projeto
contribuirá para novos projetos?
Contribuição para Projetos Futuros
Sustentabilidade
Contribuição Social
O projeto desenvolverá novas
capacidades
Criação de Novas Capacidades
Gerenciais
Quadro 17 - Modelo proposto de Medição de Sucesso e métricas (ALMEIDA, 2011)
82
Este conceito está retratado na figura 18.
Figura 18 - Modelo proposto para alinhar
o GPP à estratégia (ALMEIDA, 2011)
Descrição das etapas dos processos propostos na figura acima:
- Elaborar Plano Estratégico: Neste processo se cria um plano estratégico para
a empresa. Se a empresa já tiver esse processo, é importante que seja feita a
definição de objetivos e categorias, definir critérios de performance e de capacidade;
- Identificar Projetos: Criar uma relação atualizada dos projetos em execução e
83
dos novos que serão gerenciados através da GPP;
- Definir Sucesso em Projetos: Definir claramente o que é sucesso para este
ou aquele projeto, definindo seus meios de medição. É normal que se tenha diferentes
definições de sucesso para diferentes tipos de projetos;
- Categorizar Projetos: Para categorizar os projetos é aconselhável que se
tenha como base o PE para posterior avaliação, priorização e balanceamento;
- Avaliar Projetos: Este é o processo de coleta de informações, que podem ser
quantitativas ou qualitativas e podem vir de diferentes fontes da organização, para
avaliar os projetos e compará-los para facilitar a seleção;
- Selecionar Projetos: Neste processo, projetos podem ser selecionados,
rejeitados ou ficar à espera de mais informações. É importante construir um conjunto
valioso de projetos que serão executados, respeitando as recomendações de
avaliação e os critérios de seleção;
- Priorizar Projetos: Neste processo é importante classificar os projetos dentro
de cada categoria, orçamento, tempo de investimento, perfil de risco x retorno e foco
organizacional de acordo com os critérios estabelecidos. Outra ferramenta que pode
ser utilizada para a priorização de projetos é o Processo Hierárquico Analítico;
- Balancear o Portfólio: Criar um mix de projetos do portfólio com potencial para
suportar as iniciativas estratégicas da organização e atingir os objetivos estratégicos.
Este processo é importante para suportar os benefícios gerados pelo gerenciamento
do portfólio e a habilidade de planejar e alocar os recursos, maximizar os retornos de
acordo com o perfil de risco de cada organização;
- Definir Métricas: A função deste processo é definir as métricas para avaliar se
o projeto alcançou o objetivo pelo qual foi implementado e deve estar diretamente
relacionado com a definição de sucesso em projetos. É importante especificar os
métodos de coletas das métricas, a fórmula e ser utilizada, as metas parciais e finais
e a responsabilidade pela coleta de divulgação;
- Autorizar os Projetos: Este processo necessita de formalidade, pois se trata
de alocação dos recursos necessários para a execução dos projetos e as decisões do
balanceamento do portfólio;
84
- Rever e Reportar o Desempenho do Portfólio: neste processo acontece uma
coleta de indicadores de performance contra os critérios estabelecidos para o sucesso
e uma revisão do portfólio para garantir o alinhamento de ambos com a estratégia da
organização e o uso correto dos recursos;
- Monitorar as Mudanças na Estratégia de Negócios: É importante para auxiliar
o gerenciamento do portfólio nas mudanças estratégicas de negócios. Algumas
mudanças podem não impactar o portfólio, porém se as mudanças forem significativas
no ambiente de negócio o portfólio pode sofrer impacto.
O Objetivo desta revisão foi apresentar um modelo básico de GPP para definir
o sucesso e suas métricas alinhando o gerenciamento de projetos à estratégia da
empresa. Este modelo deve ser adaptado às necessidades de cada organização,
podendo-se ampliar ou reduzir as métricas com o intuito de criar um método
compatível com suas estratégias, cultura e maturidade.
85
4 ANÁLISE COMPARATIVA
4.1 Comparativo de dimensões
4.1.1 Critérios de decisão
Em geral, os executivos das organizações não conseguem utilizar de maneira
adequada os modelos de GPP, visto que estes modelos apresentam muitas
informações, o que sobrecarrega em demasia estes tomadores de decisão. Por isso,
há uma necessidade de definir claramente os critérios que serão utilizados, porém há
uma significativa variação no elenco de critérios adotados de acordo com o tipo de
organização e o tipo de projeto. Para Hamilton, segundo Castro & Carvalho, três
critérios de decisão são principais: rentabilidade do produto, satisfação do cliente e
gama de produtos.
Segundo Harold Kerzner, a definição de critérios de decisão deve estar atrelada
ao PE, a um forte embasamento técnico e principalmente ao ambiente macro
econômico, como por exemplo, necessidades do consumidor, situação econômica do
mercado e dentre outras. Os critérios necessitam fazer total sentido para a seleção de
projetos e como exemplos de critérios que podem ser utilizados temos: lucro,
comercialização do produto ou capacidade produtiva.
Já o estudo realizado por Norberto de Oliveira Almeida deixa bem claro que os
principais critérios de decisão para determinar o sucesso do projeto são tempo, custo
e qualidade. Contudo, esses critérios não são suficientes para tornar os objetivos dos
gerentes de projetos completo. O sucesso do produto que está diretamente
relacionado com a satisfação do cliente e das partes interessadas também contribui
para garantir um aproveitamento positivo do GPP.
4.1.2 Classificação de projetos
As formas de classificação variam muito entre os autores. Castro & Carvalho
ressaltam a opiniões de vários deles, como Archibald, Archer e Ghasemzadeh. Para
eles, as principais classes são:
86
- Projetos comerciais e governamentais realizados sob contrato;
- Projetos de P&D de produtos, engenharia e marketing;
- Projetos de desenvolvimentos e construção de capital facilities (ex. construção
de grandes prédios);
- Projetos de sistemas de informação;
- Projetos de gerenciamento (ex. reengenharia); e projetos de manutenção.
Já Wheelvright e Clark, propõem cinco diferentes tipos, pois seus estudos
estão concentrados no desenvolvimento de produtos e processos:
- Projetos derivativos;
- Projetos de plataforma;
- Projetos de ruptura;
- Projetos de P&D;
- Projetos de aliança e parceria.
Os autores reforçam ainda que uma metodologia mais adequada para uma
classe específica, não necessariamente é a mesma para outras classes. Por isso,
relatam que para Archer e Ghasemzadeh, cada organização deve considerar a
metodologia mais adequada e que melhor se adapta, ou seja, onde são considerados
os atributos mais importantes para a decisão de seleção.
Segundo Kerzner, basicamente a classificação de projetos é dada por 3 tipos:
sobrevivência e crescimento, PE em P&D (ofensivos e defensivos) e projetos de
inovação. É notório que a empresa se adeque àquele modelo que chega mais próximo
do seu perfil organizacional. Uma das formas de seleção de projetos é dada por
avaliação preliminar que define: estudo de exequibilidade e análise de custo/benefício,
e a partir destes estudos é possível entender se o projeto é exequível em termos de
custo, segurança, comercialização e principalmente, o retorno sobre o investimento.
As principais ferramentas propostas pelo autor são: Escore de critérios, Check list e
Modelo de escala para projetos.
87
Segundo Norberto de Oliveira Almeida a classificação dos projetos é composta
por eficiência, impacto no cliente, impacto no time, sucesso direto na organização e
nos negócios, preparação para o futuro. Esta classificação se deu após avaliar as
necessidades estratégicas das organizações alinhadas aos tipos de classificações
criados por diversos autores como Griffinn e Pege, Willard, White e Patton, Levin e
Rad mesclando diferentes combinações de métricas conforme a necessidade de cada
empresa.
4.1.3 Gerenciamento de recursos
Nem sempre aquilo que uma empresa deseja fazer é o que ela pode fazer. Por
isso, os executivos e os gerentes responsáveis pelo GPP devem conhecer as
restrições das organizações e indicar necessidades de ampliação da capacidade e
redução de algumas restrições. No geral, a maior dificuldade encontra-se na
disponibilidade e qualidade dos recursos necessários. Os gerentes não pensam em
termos de seus pontos fortes e fracos, visando mais o que eles têm de fazer e não o
que conseguem realmente.
Contudo, segundo os autores não faz parte do GPP definir e gerenciar
atividades necessárias para adequar a capacidade organizacional (CARVALHO, M.
M.; CASTRO, H. G., 2010). E por outro lado, hoje, a alocação de recursos passou a
ser uma prática comum, no qual vários projetos compartilham os mesmos recursos,
alocados pelas áreas funcionais e demais parte interessadas. Por um lado, esta
prática é favorável, pois auxilia no jogo político e ameniza os conflitos com a alocação
destes recursos, contudo segundo autores em organizações com dezenas e centenas
de projetos se torna complexo para os executivos as tomadas de decisão de cada
projeto. Algumas empresas criam comitês específicos para a alocação de recursos,
outras alocam um gerente com a jurisdição sobre todos os projetos.
Segundo Kerzner, é necessário comprometer-se somente com os projetos que
possam ser atendidos efetivamente pelos recursos, evitando queda de produtividade
e lucro. Uma boa ferramenta é adotar um planejamento agregado, onde é possível
visualizar o comprometimento excessivo de recursos e atuar preventivamente para
solucionar ou abandonar projetos não lucrativos. Outro ponto importante é o nível de
88
tolerância para o risco, sendo importante distribuí-los de forma eficaz e reduzir a
incidência de problemas gerados pelos mesmos.
Segundo Norberto de Oliveira Almeida, o gerenciamento de recursos acontece
dentro da Governança do Portfólio de Projetos que dentre outras responsabilidades
seleciona e destina os recursos da empresa de maneira mais efetiva que se encontra;
dentro deste contexto, as responsabilidades direcionadas ao comitê de governança
são:
- destinar ou realocar recursos de acordo com as prioridades; ou seja,
identificar a capacidade de recursos dentro e fora da organização para a realização
do projeto, coletar dados do projeto, informações históricas e realizar simulações para
estimar recursos suficientes para a realização do projeto;
- decidir estrategicamente sobre os recursos; comparar os recursos estimados
com a real disponibilidade para alocá-lo com base na prioridade do projeto.
4.1.4 Controle de portfólio
Segundo CASTRO & CARVALHO (2010), para Dye e Pennypacker, a gestão
de múltiplos projetos é complexa, pois muitos destes projetos apresentam
características que os diferenciam: pequenos e grandes, estratégicos e operacionais,
técnicos e não técnicos. Isso aumenta consideravelmente o potencial risco de seu
insucesso. Assim, neste ambiente os gerentes não conseguem acompanhar de perto
todos os projetos e precisam delegar a gestão de projetos para os níveis inferiores,
demandando atenção redobrada destes gerentes, quanto aos recursos disponíveis e
ao uso de ferramentas apropriadas de controle de projetos.
Segundo Kerzner, um GPP eficiente e equilibrado é acompanhado em cada
fase do seu ciclo de vida e há uma gestão completa da qualidade dos níveis de
recursos. É recomendável a aplicação do conceito de rolling wave que nada mais é
do que, reavaliar o portfólio à medida que ocorrer avanços no projeto e mais
conhecimento for adquirido, se faz necessário planejar detalhadamente e realizar uma
série de estimativas mais precisas e conseguir o alinhamento mais próximo ao PE.
Segundo Norberto de Oliveira Almeida no estudo realizado, aponta que a maior
89
parte das empresas avaliadas não possui controle de portfólio, ou a tem parcialmente
não apresentando um controle estratégico dos benefícios gerados. Para minimizar ou
sanar essa necessidade, foi proposto o modelo de GPP que tem como objetivo
alcançar o sucesso no projeto com eficiência e qualidade. O principal foco do estudo
é alinhar o gerenciamento dos projetos às estratégias das empresas propondo
métricas para atingi-las. Essas métricas são definidas como:
- identificas as necessidades para se alcançar o objetivo da organização;
- identificar a melhor forma de alinhar o gerenciamento de projetos com a
estratégia da organização;
- encontrar os meios de medições para avaliar a execução dos projetos;
- criar um modelo de GPP para atingir as metas definindo sucesso e suas
métricas em projetos, alinhado o gerenciamento de projetos à estratégia da empresa.
4.2 Quadro comparativo
Castro & Carvalho Harold Kerzner Norberto de Oliveira
Almeida
Identificar
Componentes
Atividades do GPP
concentradas no nível
tático, visando
identificar as ações
que devem ser
realizadas pela
empresa para alcançar
os objetivos e metas
estratégicos.
A identificação de
componentes é feita
através de brainstorming,
pesquisa de mercado,
pesquisa de clientes,
pesquisa de fornecedores
e pesquisa na literatura.
Este processo tem como
intenção criar uma lista
de informações sobre os
componentes em
execução e os novos
que serão gerenciados
pela GPP;
Categorizar
Componentes
O desenvolvimento
estratégico relaciona-
se com o GPP e é
categorizado por meio
do processo de
definição de critérios,
classificação dos
projetos, definição dos
A categorização de
projetos pode acontecer
por 3 métodos de
classificação de projetos:
Sobrevivência e
Crescimento, Modelo de
PE de P&D e Projetos de
Inovação.
Estabelece as
categorias dos projetos
com base no PE para a
devida avaliação,
seleção, priorização e
balanceamento.
90
recursos e controle de
portfólio.
Avaliar
Componentes
São avaliadas as
propostas de projetos,
considerando-se os
atributos: retorno
econômico, análise de
risco, técnicas de
análise de custo -
benefício e pesquisa
de mercado. Cada
técnica é utilizada
conforme a
necessidade da
organização, devendo
haver um conjunto
mínimo de técnicas
para que os projetos
possam ser
comparados.
Os componentes são
avaliados de duas formas:
Estudo de Exequibilidade
(O projeto é exequível?) e
Análise de
Custo/Benefício (Retorno
sobre investimento).
Consiste em captar
informações para avaliar
os componentes com o
propósito de compará-
los e facilitar o processo
de seleção, sendo que
estas informações
podem ser qualitativas
ou quantitativas e vir de
diversas fontes da
empresa.
Selecionar
Componentes
A seleção do portfólio
envolve a comparação
simultânea de um
número de projetos em
uma dimensão
específica para obter a
sequência desejada
dos projetos. Esta é
uma avaliação feita em
Comitê para que se
reflita o interesse das
várias áreas da
organização.
Os componentes são
selecionados baseados no
PE e nesta etapa é
imprescindível o
envolvimento da alta
administração. É
necessária uma sinergia
da organização para o
estabelecimento de
critérios para a seleção.
É necessário para
estruturar um conjunto
de componentes a
serem seguidos
conforme as
necessidades
identificadas na
avaliação e nos critérios
de seleção.
Identificar
Riscos do
Portfólio
Os projetos devem ser
monitorados e
encaminhados para
revisão sempre que se
desviarem dos
parâmetros
estabelecidos nos
A identificação de riscos
no portfólio pode ser feita
pelo planejamento
agregado que tem por
atividade fim verificar o
comprometimento
excessivo dos recursos.
Coletar informações
para a identificação e
correção de riscos
estruturais, genéricos ou
de componentes na
GPP.
91
processos de seleção
e priorização.
Analisar
Riscos do
Portfólio
Três dimensões são
importantes para esta
análise: o tamanho dos
projetos, a experiência
com a tecnologia que
será utilizada e a
estrutura do projeto.
Agora, na avaliação de
projetos em
andamento deve-se
considerar possíveis
replanejamentos do
projeto bem como seu
custo de paralisá-lo ou
cancelá-lo antes de
sua finalização.
Entender o nível de
tolerância da organização
para o risco do portfólio.
Os responsáveis pelas
decisões devem distribuir
os recursos de forma
eficiente para que o risco
seja evitado ou atenuado.
Através das informações
coletadas, fazer uma
análise profunda para
estabelecer um critério
de priorização das
respostas aos riscos
encontrados.
Priorizar
Componentes
Os projetos devem ser
priorizados de acordo
com sua importância e
contribuição para a
estratégia da
organização. A
prioridade de cada
projeto pode mudar a
cada nova avaliação,
de modo que reflita as
mudanças no
ambiente.
A partir dos critérios de
seleção selecionados
podem ser construídos
modelos de classificação
para este tipo de
priorização. Neste caso, o
autor cita três tipos
básicos para este fim:
Modelos de Score, Lista
de Verificação para
projetos e modelo de
escala para um projeto.
Os critérios estabelecidos
podem ser exemplificados
como: Lucratividade,
Capacidade de
Comercialização,
Capacidade de Produção
e Custo.
Elencar os componentes
em cada categoria
estratégica ou de
orçamento como, por
exemplo, inovação,
redução de custos,
manutenção e
crescimento. Outras
categorias são tempo de
investimento (curto,
médio ou longo), perfil
de risco versus retorno e
foco organizacional
conforme os critérios
estabelecidos.
Desenvolver
resposta aos
riscos do
-
O desenvolvimento de
resposta ao risco não é
bem explícito, mas o autor
Coletar e comunicar os
indicadores
desfavoráveis aos
92
portfólio deixa claro que o GPP
deve estar atrelado ao
gerenciamento de
mudanças e comunicação
expressiva com a alta
administração.
critérios definido para
alcance do sucesso, ou
seja, este
acompanhamento do
desempenho garante o
alinhamento com a
estratégia da empresa e
destinação efetivas dos
recursos dispostos.
Balancear
portfólio -
O balanceamento de
projetos não está
explícito, porém o autor
demonstra os casos mais
típicos de um portfólio de
alto, médio e baixo risco.
Elaborar um dossiê de
componentes do
portfólio com o maior
potencial capaz de
suportar as iniciativas
estratégicas da
organização e atingir os
objetivos estratégicos.
Esse processo trará os
benefícios iniciais do
gerenciamento do
portfólio e habilidade de
planejar e destinar
recursos como ativos
fixos, financeiros,
tecnologia da
informação e recursos
humanos conforme a
direção estratégica que
torne o mais eficaz
possível retorno do
portfólio dentro dos
riscos aceitáveis pela
empresa.
Comunicar
ajustes do
Portfólio
-
Caso sejam feitas
mudanças de escopo,
periodicamente devem ser
feitas novas estimativas.
O autor sugere conceito
de rolling wave, ou seja, à
medida que há um avanço
Para satisfazer as
necessidades das partes
interessadas é
necessário comunicar os
ajustes do portfólio,
resolvendo as
pendências e
93
no projeto, há mais
conhecimento e
consequentemente, é
possível realizar
estimativas e
planejamento mais
detalhados.
assegurando que o
portfólio continue
alinhado aos objetivos
propostos.
Autorizar
Componentes - -
Destinar os recursos
necessários para
executarem os
componentes
selecionados e
formalizar a
comunicação das
decisões sobre o
portfólio.
Quadro 18 - Comparativo de dimensões de modelos de GPP
94
5 MODELO PROPOSTO
Baseado nos três modelos de GPP citados será desenvolvido um conjunto de
melhores práticas de GPP que melhor se adapte às características e cultura da
empresa em questão. Este modelo deve contemplar os seguintes processos:
- Classificação de projetos;
- Seleção de projetos;
- Equilíbrio de portfólio;
- Gerenciamento de recursos.
Cada processo será suportado por um conjunto de ferramentas específicas,
designadas para prover um caráter determinístico ao processo em questão:
- AHP - Métodos de Apoio Multicritério à Decisão;
- Modelo de Score;
- Gráfico de bolhas;
- Matriz de alocação de recursos;
Adicionalmente, cada processo também será suportado por uma ou mais
técnicas, no intuito de direcionar da forma mais adequada possível a execução do
processo e garantir que seus resultados sejam efetivos:
- Opinião especializada;
- Comitê executivo.
A representação esquemática da relação entre o modelo proposto e as áreas
de negócios e de projetos, bem como as relações dos processos entre si, é
representada pelo fluxograma abaixo:
95
Figura 19 - Fluxograma do modelo proposto
Holisticamente, o processo poderia ser dividido da seguinte maneira:
1 – O grupo de negócios cria um plano de negócios, baseando-se em
formulários e modelos previamente acordados e aprovados por todas as partes
envolvidas e por consultores externos provendo opiniões especializadas. Estes
modelos devem conter indicadores que sejam importantes tanto para o grupo de
negócios quanto paras os grupos Digital Marketing Operations e de projetos. Estes
indicadores devem refletir fatores relevantes ao mercado, a sociedade, ao segmento
que a empresa atua e estarem alinhados ao planejamento estratégico da organização;
96
2 – O grupo de Digital Marketing Operations recebe os planos de negócios das
diversas áreas de negócios da América Latina e os prioriza seguindo uma matriz
ponderada de pesos previamente acordada e aprovada pelas áreas envolvidas;
3 – Na sequência, o grupo de Digital Marketing Operations avalia
individualmente cada plano de negócio, avaliando seu nível de alinhamento em
relação ao PE da organização, utilizando-se para tal de uma matriz ponderada
baseada em fatores previamente avaliados, acordados e aprovados pelas áreas
envolvidas e por consultores provendo opiniões especializadas. Também será
avaliado se o plano de negócios tem caráter mandatório, ou seja, de implantação
obrigatória definida por lei;
4 – Todos os planos de negócios são representados em um único gráfico,
concatenando informações relativas à probabilidade de sucesso dos mesmos, do
valor presente líquido de cada um e de seu respectivo nível de risco. Este processo
visa alinhar o conjunto de projetos da organização com plano de produtos e serviços
do grupo de negócios e também com o PE definido pela alta direção. Novamente, será
avaliado se algum dos planos de negócios possui caráter mandatório;
5 – Por fim, as necessidades de recursos dos planos de negócios são
representadas matricialmente, objetivando-se explicitar quaisquer necessidades de
redução, estabilidade ou aumento dos mesmos em função do portfólio da
organização;
6 – Após ser processado pelos 4 grupos, o plano de negócios será rejeitado e
reenviado ao grupo de negócios para reformulação; ou será aprovado e enviado para
o grupo de projetos para planejamento e execução.
97
Dessa forma, a árvore de processos do modelo proposto poderá ser explicitada
da seguinte maneira:
Figura 20 – Visão geral do modelo proposto
Na sequência, serão detalhados os conjuntos de entrada, ferramentas e
técnicas; e saídas de cada um dos quatro processos.
5.1 Classificação de projetos
O processo de classificação de projetos utiliza as informações contidas no
plano de negócios alimentado pelo grupo de negócios na ferramenta de
gerenciamento de demanda. Elas são definidas a partir da determinação de categorias
alinhadas ao PE. Estas categorias são agrupadas conforme sua relevância para o
negócio e classificadas, por exemplo, como: sobrevivência e crescimento; modelo de
PE em P&D; projeto de pesquisa; projeto de engenharia; projeto de marketing; e
projeto comercial, entre outros.
98
Ele deve produzir uma lista de todos os projetos pendentes de avaliação do
grupo de Digital Marketing Operations, ordenados de acordo com as prioridades
previamente estabelecidas pelo grupo de negócios.
Figura 21 - Classificação de projetos
5.1.1 Classificação de projetos – Entradas
5.1.1.1 Ativos de processos organizacionais
Conforme descrito no apêndice A, os ativos de processos organizacionais que
podem influenciar o processo Classificação de projetos incluem, mas não estão
limitados, a:
- Processos organizacionais padronizados, políticas e definições de processos,
- Informações históricas e base de conhecimento de lições aprendidas.
5.1.1.2 Fatores ambientais da empresa
Conforme descrito no apêndice B, os fatores ambientais da empresa que
podem influenciar o processo Classificação de projetos incluem, mas não estão
limitados, a:
- Padrões governamentais, padrões industriais ou regulamentos;
- Estrutura e cultura organizacionais;
99
- Condições do mercado.
5.1.1.3 Matriz de pesos relativos
A matriz de pesos deve ser determinada pelo grupo de negócios de acordo com
critérios que estejam alinhados aos objetivos da organização.
5.1.1.4 Plano de negócios
Conforme o PMI:
O business case, ou documento semelhante, descreve as informações
necessárias do ponto de vista de negócios, para determinar se o projeto justifica ou
não o seu investimento. Ele é comumente utilizado no processo decisório pelos
gerentes ou executivos acima do nível do projeto. Normalmente, a necessidade de
negócios e a análise de custo benefício estão contidas no business case para justificar
o projeto e estabelecer os seus limites, e tal análise é normalmente executada por um
analista de negócios usando diversas informações das partes interessadas. O
patrocinador necessita concordar com o escopo e as limitações do business case.
(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, INC., 2013, p.69)
Assim, o plano de negócios é um pedido desenvolvido pela área de negócios e
encaminhado para a área de Digital Marketing Operations. Este documento contempla
todos os detalhes do produto/serviço que deverá ser criado dentro da plataforma
digital. Esses detalhes necessariamente contêm informações sobre a criticidade do
produto/serviço, a quantidade de clientes, o país de origem, a unidade de negócios, o
volume de informações atual e a redução de custo esperada com o projeto.
5.1.2 Classificação de projetos - Ferramentas e técnicas
No processo de Classificação de projetos, será utilizada a ferramenta Análise
hierárquica, com o objetivo de priorizar os planos de negócio segundo os critérios
previamente definidos pelas áreas de negócio.
100
5.1.2.1 Processo analítico hierárquico
Sendo um dos primeiros métodos de apoio multicritério à decisão, o Método de
Análise Hierárquica é amplamente utilizado em todo o mundo. Inicialmente proposto
por Thomas Saaty em meados da década de 70, ele consiste na decomposição de
um problema discreto em uma estrutura hierárquica descendente. O processo inicia
pelo objetivo global, passando para os critérios, subcritérios e alternativas em níveis
sucessivos (Ribeiro et all, 2007), propiciando uma avaliação mais precisa no processo
de decisão.
Na sequência, é criado um modelo de comparação, utilizando-se dos critérios
previamente estabelecidos, comparando-os um a um através do critério de avaliação
do julgador, criando uma matriz de pesos relativos. Ao fazer as comparações, o
julgador pode usar dados concretos sobre os elementos ou pode usar seu julgamento
sobre o significado relativo ou a importância dos elementos. Isso permite que o
processo compare, de maneira racional e consistente, elementos distintos e
incomensuráveis, sendo esta a grande vantagem deste método em relação aos
demais.
O modelo de comparação é criado utilizando-se da Escala Fundamental de
Saaty, onde os critérios de comparação são definidos.
Intensidade
da
importância
Definição Explicação
1 Igual importância
As duas atividades contribuem igualmente para o
objetivo.
3
Importância pequena
de uma sobre a
outra
A experiência e o juízo favorecem uma atividade em
relação à outra.
5 Importância grande
ou essencial
A experiência e o juízo favorecem fortemente uma
atividade em relação à outra.
7 Importância muito
grande ou
Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação
à outra. Pode ser demonstrada na prática.
101
demonstrada
9 Importância absoluta
A evidência favorece uma atividade em relação à outra,
com o mais alto grau de segurança.
2, 4, 6, 8 Valores
intermediários
Quando se procura uma condição de compromisso entre
duas definições.
Quadro 19 - Escala Fundamental de Saaty (Ribeiro et all, 2007)
O primeiro item da hierarquia será sintetizado pelo objetivo, enquanto os níveis
inferiores serão representados por critérios de decisão que tenham impacto no
mesmo. Os elementos de um mesmo nível hierárquico deverão possuir as seguintes
características:
- Possuir o mesmo grau de importância no processo de decisão;
- Serem mutuamente excludentes entre si;
- Quando comparados entre si, satisfazer a condição de igualdade.
O último nível da hierarquia deverá necessariamente ser composto das
alternativas possíveis e consideradas.
Figura 22 - Método de Análise Hierárquica
Segundo GOMES et al (2004), “depois de construir a hierarquia, cada decisor
deve fazer uma comparação, par a par, de cada elemento em um nível hierárquico
102
dado, criando-se uma matriz de decisão quadrada. Nessa matriz, o decisor
representará, a partir de uma escala predefinida, sua preferência entre os elementos
comparados, sob o enfoque de um elemento do nível imediatamente superior”.
Na sequência, os resultados gerados são avaliados de acordo com sua
consistência, utilizando-se de ferramentas matemáticas para calcular o índice e a
razão da consistência. Esses resultados deverão ser comparados com uma relação
previamente calculada de acordo com o tamanho da matriz quadrada gerada no passo
anterior. Assim, poderá ser determinado o nível de coerência dos julgamentos
realizados.
Por fim, é realizado o produto entre as matrizes de peso e de valores dos
critérios, gerando valores globais de referência para cada um dos critérios
estabelecidos de acordo com os pesos relativos previamente definidos.
Figura 23 – Valores globais de referência
Em termos gerais, o processo pode ser sintetizado nos seguintes passos:
- Identificação das alternativas e atributos significantes;
- Definição da significância relativa entre os atributos;
- Análise pareada entre todos os atributos definidos;
- Atribuição pareada de valores a todos os atributos definidos;
Prioridade
Saving
Custo
Penetração
Adoption
Volume
Impacto
103
- Avaliação da coerência dos julgamentos;
- Cálculo dos valores globais de preferência para cada uma das alternativas.
5.1.3 Classificação de projetos – Saídas
5.1.3.1 Lista de projetos ordenada por prioridade
Os planos de negócios são ordenados e priorizados segundo seu grau de
importância para o negócio, de acordo com a planilha previamente acordada de pesos
relativos, considerando-se o somatório dos valores ponderados gerados pela
ferramenta do processo analítico hierárquico.
5.2 Seleção de projetos
A seleção de projetos envolve a comparação global de uma quantidade de
projetos em dimensões específicas para obter uma ordem desejada de priorização
dos mesmos de acordo com a sua importância e contribuição para a estratégia da
organização. Esta decisão é realizada em comitê para que se reflita o interesse das
diversas áreas da organização.
Figura 24 - Seleção de projetos
5.2.1 Seleção de projetos - Entradas
104
5.2.1.1 Ativos de processos organizacionais
Conforme descrito no apêndice A, os ativos de processos organizacionais que
podem influenciar o processo Seleção de projetos incluem, mas não estão limitados,
a:
- Processos organizacionais padronizados, políticas e definições de processos,
- Informações históricas e base de conhecimento de lições aprendidas.
5.2.1.2 Fatores ambientais da empresa
Conforme descrito no apêndice B, os fatores ambientais da empresa que
podem influenciar o processo Seleção de projetos incluem, mas não estão limitados,
a:
- Padrões governamentais, padrões industriais ou regulamentos;
- Estrutura e cultura organizacionais;
- Condições do mercado.
5.2.1.3 Lista de projetos ordenada por prioridade
Os projetos são ordenados segundo o grau de importância do negócio,
considerando todos os critérios estabelecidos no processo anterior, classificação de
projetos.
5.2.1.4 Matriz de pesos
A matriz de pesos deve ser determinada pelo grupo de negócios de acordo com
critérios previamente definidos e acordados pelas áreas envolvidas e devidamente
alinhados aos objetivos estratégicos da organização.
105
5.2.2 Seleção de projetos - Ferramentas e técnicas
5.2.2.1 Modelo de escore
Conforme KERZNER (2006), o modelo de escore é um método utilizado para
se avaliar de forma ponderada a importância de alguns fatores essenciais para a
seleção do portfólio de acordo com critérios previamente estabelecidos. Esse
processo visa estabelecer um índice que indique o nível de alinhamento do projeto
com o PE da empresa.
Segundo ALMEIDA (2011), podem ser utilizados 4 fatores no processo, sendo
eles:
- Nível de alinhamento estratégico;
- Probabilidade de sucesso de projeto;
- Nível de impacto no cliente;
- Nível de risco atrelado ao projeto.
Cada fator deverá ser previamente avaliado e receber um atributo numérico,
variando de 1 a 10, que indique seu peso dentro do processo de avaliação. O peso de
cada fator deverá ser reavaliado de forma periódica através de reuniões com os
responsáveis pelo processo Seleção de portfólio, devidamente suportados por
especialistas provendo opiniões especializadas.
Essas informações deverão ser apresentadas matricialmente da seguinte
forma:
Fator Alinhamento Estratégico Sucesso Impacto no Cliente Risco
Peso A B C D
Nota W X Y Z
Quadro 20 - Representação matricial do Modelo de Escore (KERZNER, 2006)
O índice ponderado do projeto será gerado através da razão entre o produto
106
dos pesos e as notas; e o somatório das notas multiplicado por 10, podendo ser
representado da seguinte forma:
I = (AxW+BxX + CxY + DxZ) / 10x(A+B+C+D)
Dessa forma, o índice poderá variar de >0 a 1, determinando o nível de
alinhamento com o PE da organização e podendo posteriormente ser enquadrado em
classificações previamente estabelecidas. Essa classificação indicaria o nível de
importância do projeto para a organização e seria levada em conta nas fases de
seleção, planejamento e execução do projeto, priorizando datas e recursos para a
execução do mesmo.
Uma forma possível de classificação seria enquadrar todos os projetos em 3
classes: não estratégico, estratégico e crítico. Cada qual sendo associada a uma
variação numérica do índice.
Índice:
- Não Estratégico: I < a
- Estratégico: a <= I <= b
- Crítico: I > b
Os limites a e b seriam reavaliados de forma periódica da mesma forma que a
avaliação de pesos previamente explicitada foi realizada. Isso permitiria a correta
classificação dos projetos levando em conta quaisquer alterações mercadológicas
e/ou sociológicas que venham a ocorrer.
5.2.2.2 Opinião especializada
Durante o processo Seleção de projetos, a opinião especializada é usada para:
- Adequar o processo para atender sua função;
- Determinar recursos e níveis de habilidades necessárias para executar o
processo;
- Avaliar se a matriz de pesos previamente definida atende as necessidades do
107
processo;
- Avaliar se o processo está sendo executado de forma correta;
- Avaliar se os objetivos do processo estão sendo atendidos pela ferramenta
proposta.
5.2.3 Seleção de projetos – Saídas
5.2.3.1 Avaliação de critérios de portfólio
Planos de negócios avaliados de acordo com os critérios pré estabelecidos
pelas áreas envolvidas para a seleção do portfólio. Os planos são classificados
através de um índice e definidos como: Não Estratégico, Estratégico e Crítico,
seguindo os critérios definidos na ferramenta Modelo de Score. Dentro da
organização, esta classificação indica o nível de importância do projeto em relação ao
Planejamento Estratégico (PE) da organização. Esta informação será levada em conta
nas fases de planejamento e execução do projeto, priorizando datas e recursos para
o mesmo.
5.3 Equilíbrio de portfólio
É a comparação dos projetos existentes no portfólio em relação ao plano
estratégico de projetos. Nesta etapa, a organização tem uma visualização estratégica
que definirá quais os tipos de projetos que deverão ser atuados, ou seja, projetos de
baixo, médio, alto risco ou até mesmo um mix destes projetos.
108
Figura 25 - Equilíbrio de portfólio
5.3.1 Equilíbrio de portfólio – Entradas
5.3.1.1 Ativos de processos organizacionais
Conforme descrito no apêndice A, os ativos de processos organizacionais que
podem influenciar o processo Equilíbrio de portfólio incluem, mas não estão limitados,
a:
- Processos organizacionais padronizados, políticas e definições de processos,
- Informações históricas e base de conhecimento de lições aprendidas.
5.3.1.2 Avaliação de critérios de portfólio
5.3.1.3 Fatores ambientais da empresa
Conforme descrito no apêndice B, os fatores ambientais da empresa que
podem influenciar o processo Equilíbrio de portfólio incluem, mas não estão limitados,
a:
- Padrões governamentais, padrões industriais ou regulamentos;
- Estrutura e cultura organizacionais;
- Condições do mercado.
109
5.3.2 Equilíbrio de portfólio - Ferramentas e técnicas
5.3.2.1 Gráfico de bolhas
O gráfico de bolhas é uma variação de um gráfico de dispersão, no qual os
pontos de dados são substituídos por bolhas e uma dimensão adicional dos dados é
representada pelo tamanho das bolhas. Dessa forma, é possível representar 3
informações em um simples gráfico cartesiano de 2 dimensões.
Segundo COOPER et all (2002), esta ferramenta possibilita equilibrar o portfólio
com projetos que atendam todas as áreas previamente estabelecidas no PE da
organização.
Para tal, foram utilizados os seguintes critérios de decisão:
- valor presente líquido (abscissa);
- probabilidade de sucesso (ordenada);
- risco (tamanho da bolha).
Este modelo está detalhado na figura 26.
Figura 26 – Gráfico de bolhas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 20000 40000 60000 80000 100000
Pro
bab
ilid
ade
de
Suce
sso
(%
)
Valor Present Líquido ($)
Gráfico de Bolhas
110
Dessa forma, é possível representar de forma gráfica como está o
balanceamento do portfólio de projetos, retratado pelas relações verificadas entre:
- alto e baixo retorno financeiro;
- chance de sucesso;
- alto e baixo risco.
O alinhamento com o PE será determinado pelo quadrante em que o projeto se
posicionar e pelo tamanho da bolha no gráfico. Os quadrantes de interesse do negócio
serão definidos através das condições mercadológicas e/ou sociológicas
contabilizadas no PE e aprovadas pelo consultor responsável pela opinião
especializada.
Conforme COOPER et all (2002), a verificação do alinhamento estratégico dos
projetos deve necessariamente ser realizada por meio da comparação do portfólio de
projetos com o plano estratégico de produtos, que é de onde surgiram as ideias de
produtos.
5.3.2.2 Opinião especializada
Durante o processo Equilíbrio de portfólio, a opinião especializada é usada
para:
- Adequar o processo para atender sua função;
- Determinar recursos e níveis de habilidades necessárias para executar os
processos;
- Determinar qual a relação entre os fatores avaliados que atende as
expectativas do grupo de negócios no que tange o PE;
- Avaliar se o processo está sendo executado de forma correta;
- Avaliar se os objetivos do processo estão sendo atendidos pela ferramenta
proposta.
5.3.3 Equilíbrio de portfólio – Saídas
111
5.3.3.1 Avaliação do equilíbrio dos projetos com o portfólio
Balanceamento de projetos com base nas informações de retorno de
investimento, grau de risco e chance de sucesso, que possibilita o equilíbrio do
portfólio com projetos que atendam todos os envolvidos da organização, conforme o
PE.
5.4 Gerenciamento de recursos
Nem sempre aquilo que uma empresa deseja fazer é o que ela pode fazer. Por
isso, os executivos e os gerentes responsáveis pelo GPP devem conhecer a
capacidade e as restrições das organizações e indicar necessidades de redução,
estabilidade ou ampliação da capacidade e avaliar de forma periódica as restrições
da própria organização. De maneira geral, a maior dificuldade encontra-se na
disponibilidade, qualidade e experiência dos recursos necessários.
Figura 27 - Gerenciamento de recursos
5.4.1 Gerenciamento de recursos – Entradas
5.4.1.1 Ativos de processos organizacionais
Conforme descrito no apêndice A, os ativos de processos organizacionais que
112
podem influenciar o processo Gerenciamento de recursos, incluem, mas não estão
limitados, a:
- Processos organizacionais padronizados, políticas e definições de processos,
- Informações históricas e base de conhecimento de lições aprendidas.
5.4.1.2 Fatores ambientais da empresa
Conforme descrito no apêndice B, os fatores ambientais da empresa que
podem influenciar o processo Gerenciamento de recursos incluem, mas não estão
limitados, a:
- Padrões governamentais, padrões industriais ou regulamentos;
- Estrutura e cultura organizacionais;
- Condições do mercado.
5.4.1.3 Informações de projetos
Para o correto embasamento da tomada de decisão no processo de
gerenciamento de recursos, são necessárias diversas informações intrínsecas dos
projetos. Estas devem contemplar as necessidades do cliente, os recursos estimados,
as principais partes interessadas, custos, cronograma, restrições e premissas.
5.4.1.4 Informações de recursos
O processo de alocação de recursos tem por objetivo maximizar o
aproveitamento dos recursos da organização, através de técnicas de
compartilhamento dos mesmos. O processo é definido por um comitê executivo, que
define os critérios para utilização e compartilhamento dos recursos, levando em conta
a prioridade e o índice de alinhamento estratégico dos projetos avaliados. O processo
visa identificar a capacidade de recursos dentro e fora da organização, definir
parâmetros de coleta de dados, armazenar informações históricas, realizar
113
simulações e gerar estimativas para definição do ponto ótimo na relação entre a
demanda dos projetos e a quantidade de recursos da organização.
5.4.2 Gerenciamento de recursos - Ferramentas e técnicas
5.4.2.1 Comitê executivo
O comitê executivo deverá ser composto pelos membros seniores da equipe
de Digital Marketing Operations para definir premissas e as restrições relativas aos
recursos de projetos. Essas informações deverão ser utilizadas pelos gerentes de
projeto e de programa durante a alocação de recursos nas atividades dos
cronogramas.
5.4.2.2 Matriz de alocação recursos X projetos
A matriz de alocação de recursos deverá associar as informações sobre a
alocação de recursos de todos projetos, oferecendo uma maneira fácil e rápida de
verificar o nível de utilização dos recursos e avaliar a necessidade de redução ou
aumento dos mesmos.
Figura 28 – Matriz de alocação de recursos
0
20
40
60
80
100
120
140
jan
/13
fev/
13
mar
/13
abr/
13
mai
/13
jun
/13
jul/
13
ago
/13
set/
13
ou
t/1
3
no
v/1
3
de
z/1
3
jan
/14
fev/
14
mar
/14
abr/
14
mai
/14
jun
/14
jul/
14
ago
/14
set/
14
ou
t/1
4
no
v/1
4
de
z/1
4
Alocação de Recursos
Recurso A Recurso B Recurso C Recurso D
Recurso E Recurso F Recurso G
114
Conforme detalhado na figura 28, a matriz deverá conter informações sobre
a quantidade e disponibilidade dos recursos assinalados para o grupo de projetos.
A mesma também deverá especificar a qualificação e senioridade dos recursos
humanos envolvidos nos projetos.
5.4.2.3 Opinião especializada
Durante o processo Gerenciamento de recursos, a opinião especializada é
usada para:
- Adequar o processo para atender sua função;
- Determinar recursos e níveis de habilidades necessárias para executar os
processos;
- Determinar se a alocação e quantidade de recursos está compatível com o
portfólio da organização;
- Avaliar se o processo está sendo executado de forma correta;
- Avaliar se os objetivos do processo estão sendo atendidos pela ferramenta
proposta.
5.4.3 Gerenciamento de recursos – Saídas
5.4.3.1 Alinhamento da quantidade e qualidade de recursos com o portfólio de
projetos
O Alinhamento do Gerenciamento de Recursos possibilita o comprometimento
adequado com relação ao portfólio. Dessa forma, é possível direcionar mão de obra
qualificada para cada tipo de projeto, evitando problemas de programação, queda de
produtividade e impacto direto no custo.
115
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1 Conclusões
A concorrência monopolista enfrentada pelas empresas na comercialização e
distribuição de seus produtos e serviços demanda um aumento constante de eficiência
de sua área operacional; controles cada vez mais adequados e refinados de sua área
tática; e de planejamentos cada vez mais elaboradas de sua área estratégica.
No caso de organizações que desenvolvem ações utilizando práticas de
mercado, o uso de técnicas de gerenciamento de projetos na implementação dessas
mudanças é quase que uma consequência natural. Porém, a garantia de que esse
conjunto de projetos esteja alinhado ao PE da organização só pode ser alcançada
através do uso de ferramentas e técnicas especificamente desenvolvidas para esta
finalidade, agrupadas sob o termo GPP.
Adicionalmente, as condições de cada ramo de negócio são únicas, refletindo
as características sociológicas e mercadológicas oriundas do próprio meio onde as
organizações atuam. Estas singularidades requerem a definição de modelos
específicos de GPP, que tratem de forma direta e objetiva dos fatores mais
importantes de um tipo específico de mercado.
Dentro deste aspecto, a correta modelagem do conjunto de ferramentas e
técnicas que irá suportar os processos de GPP pode ser considerada tão importante
quanto os próprios processos de GPP, pois, se na falta de um modelo de GPP a
organização corre o risco de programar mudanças que não estejam alinhadas com o
seu PE, a utilização de um modelo errado de GPP pode levar a organização a se
concentrar em fatores que são indiferentes para a sua área de negócio e, portanto,
não agregam nenhum valor às suas operações.
Durante a análise dos processos de GPP utilizadas pela área Digital Marketing
Operations da empresa objeto deste estudo, foi verificado que apesar da mesma fazer
uso de algumas técnicas de GPP, diversos processos relativos a projetos possuem
peso nos processos de decisão do portfólio. Isso leva a conclusões baseadas em
análise subjetivas, que não contemplam todos os fatores importantes para o negócio
116
e não estão devidamente suportadas por ferramentas e técnicas adequadas de GPP.
Esses eventos podem levar a uma classificação errada da prioridade dos projetos, a
uma falta de balanceamento do portfólio, a uma falta de alinhamento com o PE, a
perda de prazos e aumento de custos por falta de recursos e/ou falta de capacidade
técnica dos recursos existentes.
Por último e mais importante, os processos não são respaldados por avaliações
periódicas de sua eficiência e eficácia. O uso de ferramentas e técnicas de melhoria
contínua é um dos meios mais eficientes de garantir que os processos evoluam de
forma constante, corrigindo suas falhas e se alinhando continuamente às variações
dos fatores internos e externos.
No sentido de sanar estes problemas e aumentar o risco positivo de ocorrência
de eventos benéficos para a organização, criamos um modelo conceitual de GPP,
suportado por ferramentas e técnicas em uso no mercado e fundamentado na revisão
bibliográfica realizada. Este novo modelo conceitual, propõe quatro processos
consecutivos para avaliação, priorização, posicionamento e adequação dos planos de
negócio recebidos. Estes processos estão organizados de acordo com práticas de
mercado, cada qual separado em três tópicos: entradas; ferramentas e técnicas; e
saídas.
Este novo modelo se baseia em ferramentas quantitativas e qualitativas; e em
técnicas numéricas e não numéricas, para gerar informações confiáveis e relevantes,
extraídas diretamente da massa de dados alimentada pelos grupos de negócios.
Dessa forma, será possível priorizar os planos de negócios segundo o que
realmente é importante para a organização como um todo e naquele momento
específico. Também será possível medir o nível de alinhamento de cada plano de
negócio com o planejamento estratégico da organização e avaliar de forma holística
o portfólio da organização, garantindo o alinhamento esperado entre o binômio curto
prazo x longo prazo.
O conjunto de ferramentas e técnicas também possui dispositivos de melhoria
contínua, destinados a realizar uma avaliação periódica tanto do funcionamento do
processo em si, quanto dos parâmetros por ele utilizados, objetivando uma constante
adequação ao universo de mudanças decorrentes tanto de fatores internos quanto
117
externos.
Acreditamos que este novo modelo vai agregar valor ao funcionamento da área
em questão, na medida em que o mesmo está baseado em processos baseados em
fluxos de melhoria contínua e fundamentados em práticas consagradas pelo mercado.
6.2 Sugestões para trabalhos futuros
Sendo este estudo limitado por normas e prazos estritamente acadêmicos, não
foi possível proceder com a implantação do modelo proposto na empresa objeto do
mesmo. Assim, como sugestão para processos futuros, se faz necessário proceder
com a coleta de métricas de desempenho do modelo atual, para posterior
implementação do modelo conceitual proposto. Dessa forma, será possível aferir de
forma direta todas as melhorias geradas pelo novo modelo, assim como quaisquer
eventuais falhas a serem corrigidas do mesmo, pois antes de tudo, este não é um
trabalho que simplesmente propõe um novo modelo, mas um estudo que propõe
melhores práticas aplicadas de forma dinâmica, que permitem correções, atualizações
e mudanças.
118
7 BIBLIOGRAFIA
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set. 2014.
121
8 APÊNDICES
8.1 Apêndice A
Ativos de Processos Organizacionais
Segundo o PMI, um Ativo de Processos pode ser definido da seguinte forma:
Ativos de processos organizacionais são os planos, processos, políticas,
procedimentos e as bases de conhecimento específicas da organização e por
ela usados. Eles incluem qualquer artefato, prática ou conhecimento de
qualquer ou todas as organizações envolvidas no projeto que possam ser
usados para executar ou administrar o projeto. Os ativos de processos
organizacionais também incluem as bases de conhecimento da organização,
como lições aprendidas e informações históricas. Eles podem incluir
cronogramas finalizados, dados sobre riscos e dados de valor agregado.
(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013, p.69)
Dessa forma, os ativos de processos organizacionais podem ser descritos
como todas as referências utilizadas nas diversas fases da gestão de projetos que
podem ser controladas pela empresa. Eles são utilizados como entradas de diversos
processos que envolvam atividades de planejamento e podem ser atualizados
diretamente pelas equipes de projeto, conforme for necessário.
8.2 Apêndice B
Fatores ambientais da empresa
Segundo o PMI, os fatores ambientais da empresa podem ser definidos das
seguinte forma:
Fatores ambientais da empresa se referem às condições fora do controle
da equipe do projeto que influenciam, restringem ou direcionam o projeto. Os
fatores ambientais da empresa são considerados como entradas na maioria
dos processos podem aumentar ou restringir as opções de gerenciamento de
122
projetos e podem ter uma influência positiva ou negativa no resultado.
(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013, p.70)
Dessa forma, os fatores ambientais da empresa podem variar em tipo e
natureza, incluindo, mas não se limitando, a:
- Cultura, estrutura e governança organizacional;
- Distribuição geográfica de instalações e recursos;
- Normas governamentais ou do setor;
- Infraestrutura;
- Recursos humanos existentes;
- Sistemas de autorização de trabalho da empresa;
- Condições do mercado;
- Tolerância a risco das partes interessadas;
- Clima político;
- Canais de comunicação estabelecidos da organização.
123
REFERÊNCIAS
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