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“TCHAU” Conto de Lygia Bojunga Análise de Alfredina Nery

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“TCHAU”Conto de Lygia Bojunga

Análise de Alfredina Nery

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TEMA

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Separação dos pais: tema recorrente na literatura infantil e juvenil a partir da década de 70 do século XX, como em “O dia de ver

meu pai”, de Vivina de Assis Viana, primeiro livro para crianças e jovens a tocar no assunto.

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O título “Tchau” tematiza a despedida como não definitiva.

A separação em “Tchau” é vista, substancialmente, sob a perspectiva feminina:

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• tristeza e sentimentos contraditórios de Rebeca, uma garotinha em meio à separação dos pais;

•em relação à mãe, dor e hesitação, a princípio, mas

decisão firme de ir embora, na contramão da idéia de

separação como destruição dos filhos.

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ENREDO

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Capítulos curtos, que vão pontuando momentos importantes da construção da história, em direção ao desfecho.

Dois títulos de capítulos são metonímicos:

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• O buquê = que representa o homem amado pela mãe de Rebeca;

• A mala = parte da mãe que ficou com a família. Rebeca agarra-se à mala,

e por ela ter ficado, é possível que a mãe volte.

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Três títulos de capítulos sinalizam tanto o espaço físico da narrativa quanto o ambiente psicológico:

• Na beira do mar = a mãe conta para Rebeca que está apaixonada por outro homem;

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• No sofá da sala = escondida atrás do sofá, Rebeca “participa” da discussão dos pais. É o fato na perspectiva de Rebeca;

• Na mesa do botequim = Rebeca encontra o pai e promete a ele que vai pedir para mãe não ir embora.

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Capítulo final:

• O pai volta tarde e encontra um bilhete no travesseiro = título extenso para o menor capítulo do conto. É o bilhete de Rebeca para o pai em que escreve que “Não deu para eu cumprir a promessa. A Mãe foi embora mesmo”.

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Assim, ela não pôde “honrar seu nome”, ou seja, ser aquela que une. No entanto,

simbolicamente, arrasta a mala da mãe para baixo da cama do pai.

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NARRADOR

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Narração em 3ª pessoa, mas com algumas singularidades da obra:

•a narração tende para uma perspectiva feminina: Rebeca ou a mãe. O último capítulo, como é um bilhete de Rebeca para o pai, acaba por se constituir em narração em 1ª pessoa;

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• intenso uso do discurso indireto livre, em que fala

do narrador e fala de personagem se misturam. Em especial, na escolha de usar a referência “Mãe” e “Pai”, que dá às falas de Rebeca um encadeamento muito peculiar, em termos de discurso indireto livre.

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PERSONAGENS

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Nomeados: Rebeca (do hebraico: aquela que une) e seu irmãozinho, Donatelo (do italiano: presente).

Não nomeados: o Pai e a Mãe, escolhas que instituem Rebeca, a personagem, também como narradora, o que se explicita no capítulo final: seu bilhete ao pai, que encerra o conto.

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A construção da personagem Rebeca

Inversão dos papéis familiares: é Rebeca, com tão pouca idade, quem se torna a interlocutora da mãe. É Rebeca também quem acolhe o pai em sua dor.

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Rebeca é também o “espelho” da mãe, mas de forma invertida. Num trecho (no capítulo “Na mesa do botequim”), o pai se dá conta do quanto ela se parece com a mãe. Em outro (no capítulo “A mala”), as duas fazem os mesmos gestos, em sentidos contrários.

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Rebeca, ao longo da história, vai dando sinais de que está procurando saber o que está acontecendo em sua família, alternando sentimentos de dor, de compreensão e de esperança.

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TEMPO/ESPAÇO

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Não há indicação de tempo na narrativa, mas abundante referência ao espaço urbano e doméstico, até mesmo pelos títulos de alguns capítulos: “Na beira do mar“, “No sofá da sala“, “Na mesa do botequim“.

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LINGUAGEM

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Frases e períodos curtos, em um estilo cinematográfico: cenas rápidas e pungentes de sentimentos contraditórios.

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Linguagem coloquial:

• mistura de 2ª e 3ª pessoa verbal, tu e você:

“Deixa, comigo, pai, eu te prometo que eu não deixo a

mãe dizer tchau pra gente“

(p. 33).

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•uso de pronome pessoal como objeto:

“... e puxou a mala com toda a força, querendo arrancar ela da mão de Rebeca” (p.

37).

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No discurso direto, uso de recursos gráficos para transcrever a fala da personagem e dar maior expressividade ao texto escrito:

“— ELE NÃO QUER!! (...)” (p. 29).

“— Ôôôooooo filhinha, o que que você tá fazendo aqui? (...)” (p. 30)

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Uso intenso de discurso indireto livre:

“Parou em frente do botequim

da esquina: ué: não era o Pai sentado bem lá no fundo?“ (p. 30).

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Uso de onomatopéias que contribuem para a expressividade das cenas:

“Viu tudo de rabo de olho e foi riscando forte, mais

forte, mais tlá! A ponta do lápis quebrou outra vez” (p. 35).