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TEATRO TEATRO definição, história e definição, história e reflexões reflexões rsn rsn 2007/08 2007/08

Teatro - definição, história e reflexões

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Page 1: Teatro - definição, história e reflexões

TEATRO TEATRO – – definição, história e reflexõesdefinição, história e reflexões

rsnrsn2007/082007/08

Page 2: Teatro - definição, história e reflexões

UM POVO SEM TEATRO PERDE A ALMAUM POVO SEM TEATRO PERDE A ALMA

““Subi ao palco, pela primeira vez em finais Subi ao palco, pela primeira vez em finais dos meados dos anos oitenta, o suor dos meados dos anos oitenta, o suor corria-me por entre os dedos. As pernas corria-me por entre os dedos. As pernas tremiam e uma sensação de tontura tremiam e uma sensação de tontura

enevoava-me os olhos. enevoava-me os olhos. As luzes As luzes acenderam-se e a magia acenderam-se e a magia aconteceu. aconteceu.

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UM POVO SEM TEATRO PERDE A ALMAUM POVO SEM TEATRO PERDE A ALMA

Fui mulher de cabaret parisiense Fui mulher de cabaret parisiense durante a II Guerra Mundial cantando durante a II Guerra Mundial cantando e declamando poesia para a e declamando poesia para a resistência. Vesti a roupa simples de resistência. Vesti a roupa simples de vendedeira recordando um cenário vendedeira recordando um cenário de revista à portuguesa censurada de revista à portuguesa censurada pela Pide. pela Pide.

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UM POVO SEM TEATRO PERDE A ALMAUM POVO SEM TEATRO PERDE A ALMA

Fui viúva perdida num canto da Fui viúva perdida num canto da ilha e uma criada assassina, ilha e uma criada assassina, símbolo do poder, numa peça de símbolo do poder, numa peça de Genet. “ - Genet. “ - Lília BernardesLília Bernardes

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O QUE É O TEATRO?O QUE É O TEATRO?

O Teatro é uma história que se vive. Esta O Teatro é uma história que se vive. Esta vivida com todos os sentidos. vivida com todos os sentidos. Não é um Não é um suceder de imagens como o cinema.suceder de imagens como o cinema. Mas antes uma construção. Encarnei Mas antes uma construção. Encarnei personagens, materializei angústias, personagens, materializei angústias, presenciei interiores. presenciei interiores.

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DEFINIÇÃO DE TEATRO…DEFINIÇÃO DE TEATRO…

«Tudo é permitido no Teatro», disse «Tudo é permitido no Teatro», disse Ionesco (...) Não só permitido mas Ionesco (...) Não só permitido mas recomendado para representar os recomendado para representar os acessórios, fazer viver os objectos, animar acessórios, fazer viver os objectos, animar os décors, concretizar os símbolos». os décors, concretizar os símbolos».

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OUTRA DEFINIÇÃO…OUTRA DEFINIÇÃO…

Convido-os ao Teatro com uma frase de Convido-os ao Teatro com uma frase de Sartre:Sartre:

«O teatro é de tal maneira a coisa «O teatro é de tal maneira a coisa pública, uma coisa do público, que uma pública, uma coisa do público, que uma peça escapa ao seu autor desde que o peça escapa ao seu autor desde que o público está na sala». público está na sala».

O pano vai abrir... O pano vai abrir...

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O QUE SE VÊO QUE SE VÊ

Do grego «theatron», Do grego «theatron», teatro é «o que se teatro é «o que se vê». vê».

É a expressão da É a expressão da vida social, uma força vida social, uma força actuante sobre a actuante sobre a comunidade que lhe comunidade que lhe inspira os temas e inspira os temas e conflitos que procura conflitos que procura reproduzir. reproduzir.

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O QUE SE VÊO QUE SE VÊ

O teatro terá surgido O teatro terá surgido com o fogo, partir do com o fogo, partir do momento em que o momento em que o Homem, à volta de Homem, à volta de uma fogueira, uma fogueira, projectou os seus projectou os seus movimentos numa movimentos numa «tela», parede «tela», parede côncava de qualquer côncava de qualquer caverna. caverna.

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DAS MÁSCARAS AO SACRIFÍCIODAS MÁSCARAS AO SACRIFÍCIO

““Perdidos no meio da floresta os membros Perdidos no meio da floresta os membros de determinado clã executam, de determinado clã executam, periodicamente, ritos de purificação.periodicamente, ritos de purificação.

Apesar de todos os membros Apesar de todos os membros participarem, de entre eles destaca-se o participarem, de entre eles destaca-se o feiticeiro a quem compete ordenar o ritual.feiticeiro a quem compete ordenar o ritual.

O feiticeiro é o interlocutor das forças O feiticeiro é o interlocutor das forças ocultas e misteriosas, cujas manifestações ocultas e misteriosas, cujas manifestações o homem não consegue explicar o homem não consegue explicar racionalmente. (...)”racionalmente. (...)”

José Oliveira Barata. José Oliveira Barata.

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DAS MÁSCARAS AO SACRIFÍCIODAS MÁSCARAS AO SACRIFÍCIO

O feiticeiro O feiticeiro socorre-se de socorre-se de máscaras, gritos, máscaras, gritos, evocações, evocações, silêncios, silêncios, culminando, por culminando, por vezes, com um vezes, com um sacrifício. sacrifício.

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SOB O TECTO DE ATENASSOB O TECTO DE ATENAS

O estabelecimento de O estabelecimento de fronteiras físicas, o fronteiras físicas, o surgimento da cidade, surgimento da cidade, acaba por conferir ao acaba por conferir ao teatro, enquanto teatro, enquanto manifestação social, um manifestação social, um lugar físico, o próprio lugar físico, o próprio edifício, assegurando-lhe edifício, assegurando-lhe uma íntima ligação com o uma íntima ligação com o poder instituído, colocando poder instituído, colocando os festivais de teatro em os festivais de teatro em conjugada relação do conjugada relação do poder político.poder político.

(Imagem, ao lado: ruínas de um teatro grego.) (Imagem, ao lado: ruínas de um teatro grego.)

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SOB O TECTO DE ATENASSOB O TECTO DE ATENAS

Não surpreende, pois, ver na Não surpreende, pois, ver na Grécia, após as Grécia, após as transformações sociais, transformações sociais, económicas e políticas, que económicas e políticas, que possibilitam o aparecimento possibilitam o aparecimento da polis, sob o tecto de da polis, sob o tecto de Atenas, surgiu o edifício Atenas, surgiu o edifício teatral grego, construído teatral grego, construído próximo dos templos próximo dos templos religiosos, inserido na religiosos, inserido na arquitectura da cidade, arquitectura da cidade, por por forma a que ao cidadão, forma a que ao cidadão, religião e teatro se lhe religião e teatro se lhe apresentam como apresentam como manifestações da cidade as manifestações da cidade as quais participaquais participa. .

(Imagem ao lado: teatro da acrópole, em Atenas.)(Imagem ao lado: teatro da acrópole, em Atenas.)

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SOB O TECTO DE ATENASSOB O TECTO DE ATENAS

A cidade assinala a ruptura. No espaço e no A cidade assinala a ruptura. No espaço e no tempo. Há uma separação entre os que nela tempo. Há uma separação entre os que nela vivem e participam das novas relações de vivem e participam das novas relações de produção e sociais que se começam a produção e sociais que se começam a institucionalizar; e os outros, aqueles que, fora da institucionalizar; e os outros, aqueles que, fora da protecção das muralhas ou dos castelos protecção das muralhas ou dos castelos senhoriais, continuam a pertencer ao domínio senhoriais, continuam a pertencer ao domínio social. social.

A cidade confere ao homem estabilidade, A cidade confere ao homem estabilidade, organizaçãoorganização. O destino está nas suas próprias . O destino está nas suas próprias mãos e não ao sabor do mais forte e poderoso. mãos e não ao sabor do mais forte e poderoso. Assim se compreende a vasta produção dramática grega.

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SOB O TECTO DE ATENASSOB O TECTO DE ATENAS

Aristóteles é o Aristóteles é o teórico que, a nível teórico que, a nível da polis grega, da polis grega, mais agudamente mais agudamente intuiu qual a intuiu qual a função da tragédia função da tragédia e da comédia. e da comédia.

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SOB O TECTO DE ATENASSOB O TECTO DE ATENAS

As definições de mimésis de As definições de mimésis de Aristóteles (imitação da realidade) ou Aristóteles (imitação da realidade) ou de catarsis (purificação das paixões) de catarsis (purificação das paixões) vão ultrapassar de longe o estrito vão ultrapassar de longe o estrito significado da polis grega para significado da polis grega para chegarem aos nossos dias como chegarem aos nossos dias como ponto de referência obrigatório ponto de referência obrigatório sempre que se fala de novas sempre que se fala de novas perspectivas da estética rural.perspectivas da estética rural.

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SOB O TECTO DE ATENASSOB O TECTO DE ATENAS

A «Poética» (obra de A «Poética» (obra de Aristóteles) estabelece Aristóteles) estabelece e codifica uma espécie e codifica uma espécie de balanço da de balanço da experiência teatral experiência teatral anterior, não anterior, não enjeitando propor uma enjeitando propor uma teoria própria e teoria própria e ousada se pensarmos ousada se pensarmos nas suas nas suas repercussões. repercussões.

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TEATRO EM PORTUGALTEATRO EM PORTUGAL

LISBOA, PORTO E FUNCHALLISBOA, PORTO E FUNCHAL

A Ópera aparece A Ópera aparece em Portugal pela em Portugal pela primeira vez em primeira vez em 1682. Em 1735 é 1682. Em 1735 é inaugurado o Teatro inaugurado o Teatro da Trindade, em da Trindade, em Lisboa, seguindo-se Lisboa, seguindo-se a Ópera do Tejo a Ópera do Tejo (1755) e que (1755) e que desmoronou com o desmoronou com o terramoto.terramoto.

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TEATRO EM PORTUGALTEATRO EM PORTUGAL

No Porto, em 1762, abre as portas o Teatro No Porto, em 1762, abre as portas o Teatro da Guarda enquanto Lisboa acende as luzes da Guarda enquanto Lisboa acende as luzes do Teatro do Salitre. do Teatro do Salitre.

O Porto volta à cena no palco do São João O Porto volta à cena no palco do São João (1789). (1789).

Em 1793, Lisboa era proprietária do lugar Em 1793, Lisboa era proprietária do lugar de honra da Ópera – o TEATRO SÂO de honra da Ópera – o TEATRO SÂO CARLOS – mas o Funchal, três anos antes CARLOS – mas o Funchal, três anos antes (1790) inaugurara um dos melhores teatros (1790) inaugurara um dos melhores teatros do país – o TEATRO GRANDE – edificado do país – o TEATRO GRANDE – edificado junto ao Palácio de São Lourenço, ocupando junto ao Palácio de São Lourenço, ocupando grande parte do Largo da Restauração. grande parte do Largo da Restauração.

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TEATRO EM PORTUGALTEATRO EM PORTUGAL

A actividade teatral, no A actividade teatral, no Funchal, era enorme. Funchal, era enorme.

Ao longo das décadas surge Ao longo das décadas surge um grande número de casas um grande número de casas de espectáculo como “A de espectáculo como “A Comédia Velha”, o “Teatro do Comédia Velha”, o “Teatro do Bom Gosto”, o “Prazer Bom Gosto”, o “Prazer Regenerado”, a “Sociedade Regenerado”, a “Sociedade Dramática Concórdia”, o Dramática Concórdia”, o grupo “Tália e Marte”, o grupo “Tália e Marte”, o “Teatro Esperança”, o “Teatro “Teatro Esperança”, o “Teatro Circo”, o “Pavilhão Paris”, Circo”, o “Pavilhão Paris”, entre outros.entre outros.

Quase todos foram demolidos Quase todos foram demolidos pela abertura de ruas ou pela abertura de ruas ou encerrados por questões encerrados por questões política, exemplo do Teatro política, exemplo do Teatro Grande, numa época marcada Grande, numa época marcada por tumultos entre por tumultos entre constitucionais e absolutistas. constitucionais e absolutistas.

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TEATRO EM PORTUGALTEATRO EM PORTUGAL

DE "MARIA PIA" A "BALTAZAR DIAS"DE "MARIA PIA" A "BALTAZAR DIAS"

O Teatro D. Maria Pia, foi inaugurado a 11 de O Teatro D. Maria Pia, foi inaugurado a 11 de Março de 1888. Março de 1888.

Em 1910, a Câmara Municipal do Funchal muda-Em 1910, a Câmara Municipal do Funchal muda-lhe o nome para Manoel Arriaga, ex-deputado lhe o nome para Manoel Arriaga, ex-deputado pela Madeira, e na altura presidente da pela Madeira, e na altura presidente da República. Manoel Arriaga recusa a homenagemRepública. Manoel Arriaga recusa a homenagem

O Teatro passa a chamar-se Funchalense. O Teatro passa a chamar-se Funchalense. Com a morte do governante, voltam a baptizá-lo Com a morte do governante, voltam a baptizá-lo

de Manoel Arriaga. de Manoel Arriaga. Só nos anos 30, por deliberação da autarquia é Só nos anos 30, por deliberação da autarquia é

chamado Baltazar Dias, em homenagem ao poeta chamado Baltazar Dias, em homenagem ao poeta madeirense. madeirense.

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REFLEXÕESREFLEXÕES

«A Tragédia é a imitação «A Tragédia é a imitação da acção, elevada e da acção, elevada e completa, dotada de completa, dotada de extensão, numa linguagem extensão, numa linguagem temperada, com formas temperada, com formas diferentes em cada parte, diferentes em cada parte, que se serve da acção e que se serve da acção e não da narração, e que, não da narração, e que, por meio da comiseração e por meio da comiseração e do temor, provoca a do temor, provoca a purificação de tais purificação de tais paixões.», paixões.»,

Aristóteles, Poética, 1449 b) Aristóteles, Poética, 1449 b)

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REFLEXÕESREFLEXÕES

«Na minha primeira peça «Na minha primeira peça «A Cantora Careca» que «A Cantora Careca» que pretendia ser logo à pretendia ser logo à partida, uma paródia do partida, uma paródia do teatro e, teatro e, consequentemente, uma consequentemente, uma paródia a um certo tipo de paródia a um certo tipo de comportamento humano, comportamento humano, foi aí que à medida que foi aí que à medida que mergulhei no banal, até às mergulhei no banal, até às suas últimas suas últimas consequências, utilizando consequências, utilizando os clichés mais gastos da os clichés mais gastos da linguagem de todos os dias, linguagem de todos os dias, procurei atingir a expressão procurei atingir a expressão estranha em que me parece estranha em que me parece banhar-se toda a nossa banhar-se toda a nossa existência.»existência.»

Ionesco Ionesco