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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA Técnicas Multilineares em Reconhecimento Facial Dissertação de Mestrado Emanuel Dário Rodrigues Sena FORTALEZA –CEARÁ NOVEMBRO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA

Técnicas Multilineares em

Reconhecimento Facial

Dissertação de Mestrado

Emanuel Dário Rodrigues Sena

FORTALEZA – CEARÁ

NOVEMBRO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA

Técnicas Multilineares em

Reconhecimento Facial

Autor

Emanuel Dário Rodrigues Sena

Orientador

Prof. Dr. André Lima Férrer de Almeida

Dissertação apresentada à

Coordenação do Programa de

Pós-graduação em Engenharia de

Teleinformática da Universidade

Federal do Ceará como parte dos

requisitos para obtenção do grau

de Mestre em Engenharia de

Teleinformática.

FORTALEZA – CEARÁ

NOVEMBRO 2014

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Resumo

Nesta dissertação o problema de reconhecimento facial é investigado do

ponto de vista da álgebra multilinear, mais especificamente por meio de

decomposições tensoriais fazendo uso das wavelets de Gabor. A extração

de características ocorre em dois estágios: primeiramente as wavelets de

Gabor são aplicadas de maneira holística na seleção de características; em

segundo as imagens faciais são modeladas como um tensor de ordem superior

de acordo com o fatores multimodais presentes. Com isso aplicamos a

decomposição tensorial Higher Order Singular Value Decomposition (HOSVD)

para separar os fatores que influenciam na formação das imagens. O

método de reconhecimento facial proposto possui uma alta taxa de acerto e

estabilidade quando há variação nos diversos fatores multimodais, tais como,

posição facial, condição de iluminação e expressão facial. Propomos ainda

uma maneira sistemática para realização da validação cruzada em modelos

tensoriais para estimação da taxa de erro em sistemas de reconhecimento

facial que exploram a natureza multilinear do conjunto de imagens. Através do

particionamento aleatório dos dados organizado como um tensor, a validação

cruzada modo-n proporciona a criação de folds extraindo subtensores no modo

desejado, caracterizando um método estratificado e susceptível a repetições da

validação cruzada com diferentes particionamentos.

Palavras-Chave: Reconhecimento Facial, Wavelets de Gabor, Álgebra

Multilinear, Decomposições Tensoriais, Validação Cruzada.

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Abstract

In this dissertation, the face recognition problem is investigated from

the standpoint of multilinear algebra, more specifically the tensor

decomposition, and by making use of Gabor wavelets. The feature extraction

occurs in two stages: first the Gabor wavelets are applied holistically in

feature selection; Secondly facial images are modeled as a higher-order

tensor according to the multimodal factors present. Then, the HOSVD is

applied to separate the multimodal factors of the images. The proposed facial

recognition approach exhibits higher average success rate and stability when

there is variation in the various multimodal factors such as facial position,

lighting condition and facial expression. We also propose a systematic way

to perform cross-validation on tensor models to estimate the error rate in

face recognition systems that explore the nature of the multimodal ensemble.

Through the random partitioning of data organized as a tensor, the mode-n

cross-validation provides folds as subtensors extracted of the desired mode,

featuring a stratified method and susceptible to repetition of cross-validation

with different partitioning.

Key-words: Face Recognition, Gabor Wavelets, Multilinear Algebra, Tensor

Decomposition, Cross-Validation

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...aos meus pais.

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Agradecimentos

Primeiro de tudo, gostaria de agradecer a Deus. Aos meus pais, Lídia

Honório e Manoel Sena, pelo suporte, amor, carinho, sem os quais eu nunca

teria chegado aonde cheguei. A minha companheira Aninha pelo amor e

dedicação.

Ao Professor Dr. André Lima Férrer de Almeida, pelos conselhos, por

acreditar no meu potencial e ter me orientado e apoiado durante esses dois

anos de mestrado.

Aos meus amigos e companheiros do Grupo de Telecomunicações Sem Fio

- GTEL, Paulo Gomes, Wilker Lima, Juan Medeiros, Gilderlan Araújo, Jordan

Paiva e Ítalo Victor. Por último, mas não menos importante, meus amigos leais

que me ajudaram com sua amizade: Tiago Bastos, Françoes Pereira e Allan

Torres.

E por fim agradeço a CAPES, pelo apoio financeiro concedido.

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Sumário

Lista de Figuras vii

Lista de Tabelas ix

1 Introdução 1

1.1 Contexto do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.4 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Álgebra Multilinear 5

2.1 Conceitos Importantes de Álgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 Álgebra Multilinear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.2.1 Decomposições Tensoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 Reconhecimento Facial 14

3.1 Reconhecimento de Padrões em Estatística . . . . . . . . . . . . . 14

3.1.1 O modelo básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.2 Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares . . . . . 16

3.2.1 EigenFaces . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2.2 TensorFaces . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4 Reconhecimento Facial com Wavelets de Gabor via Álgebra

Multilinear 24

4.1 Wavelets . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.1.1 Transformada Wavelet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

4.2 Wavelets de Gabor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4.3 Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial . . . . . . . . 29

4.3.1 Representação de uma imagem nas Wavelets de Gabor . . 30

v

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5 Validação Cruzada Modo-n 34

5.1 Validação Cruzada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.2 Validação Cruzada Modo-n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

5.3 Validação cruzada com fusão de modos . . . . . . . . . . . . . . . 41

6 Avaliação de Desempenho 44

6.1 Simulações e Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

6.1.1 Experimentos no Weizmann Face Image Database . . . . . 46

6.1.2 Experimentos no Extended Yale Face Image Database . . . 54

7 Conclusões e Perspectivas 57

Referências Bibliográficas 58

vi

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Lista de Figuras

2.1 Representação ilustrativa de um tensor de ordem 3. . . . . . . . . 9

2.2 Exemplos de fibras (linhas, colunas e tubos) e fatias de um tensor

de ordem 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.3 Matriciação de um tensor de ordem 3 nos modo-1, modo-2 e

modo-3, respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.1 Modelo básico de classificação de um padrão. . . . . . . . . . . . . 15

3.2 Modelo tensorial de ordem 4, onde cada coluna representa um

padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.1 Eixos principais da gaussiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.2 Wavelets de Gabor com 5 escalas e 8 rotações. Fonte própria. . . . 30

5.1 O tensor total é particionado no modo-n para formar os folds. . . 39

5.2 Fusão do modo-i com o modo-j formando um novo modo-ij. . . . 42

6.1 Imagens de um indivíduo em uma dada condição de iluminação,

expressão facial e nas posições −34o,−17o, 0o,+17o,+34o,

respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

6.2 "Autofaces" relativas as múltiplas projeções Uv,Ui e Ue.

Especificamente, 5 posições faciais, 3 condições de iluminação,

1 expressão facial de um único indivíduo. . . . . . . . . . . . . . . 47

6.3 Taxa de erro e estimativa da distribuição do desvio, resultantes

de 8500 repetições do 10-fold VC no modo híbrido pos-ilum de

dimensão 15, sem ruído. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

6.4 Representação pictográfica da estrutura interna do modelo

tensorial com fusão nos modos posição e iluminação. . . . . . . . 48

6.5 Taxa de erro e estimativa da distribuição do desvio, resultantes

de 100 repetições do 10-fold VC no modo híbrido pos-ilum de

dimensão 15, considerando cenários com ruído. . . . . . . . . . . . 49

vii

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6.6 Tempo médio de cada validação cruzada em 8500 repetições do

10-fold VC no modo pos-ilum de dimensão 15 . . . . . . . . . . . . . 50

6.7 Representação pictográfica da mudança da estrutura interna do

modelo tensorial com fusão nos modos posição e expressão. . . . 51

6.8 Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 10-fold VC no

modo pos-exp de dimensão 15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

6.9 Representação pictográfica da estrutura interna do modelo

tensorial com fusão nos modos iluminação e expressão. . . . . . . 52

6.10Resultados da taxa de erro para 1000 repetições do 5-fold VC no

modo ilum-exp de dimensão 9, sem ruído. . . . . . . . . . . . . . . 53

6.11Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 5-fold VC no

modo ilum-exp de dimensão 9, considerando cenários com ruído. 53

6.12Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 5-fold VC no

modo posição facial de dimensão 9 para a base Extended Yale

Face Image, considerando cenários com ruído. . . . . . . . . . . . 54

6.13Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 10-fold VC no

modo iluminação de dimensão 15 para a base Extended Yale Face

Image, considerando cenários com ruído. . . . . . . . . . . . . . . 55

6.14Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 5-fold VC no

modo iluminação de dimensão 15 para a base Extended Yale Face

Image, considerando cenários com ruído. . . . . . . . . . . . . . . 55

viii

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Lista de Tabelas

6.1 Número de partições para 5-fold VC estratificado com n amostras 45

6.2 Tempo total em segundos da HOSVD nos modelos TenWav e

TensorFaces . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

ix

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Lista de Acrônimos

LI Linearmente Independentes

CL Combinações Lineares

SVD Decomposição em Valores Singulares

LRA Low Rank Approximation

HOSVD Higher Order Singular Value Decomposition

VC Validação Cruzada

LBO Leave-bar-out

EM Expectation Maximization

PCA Análise de Componentes Principais

FCI Fixed Confidence Interval

TSE Two Step Estimation

CANDECOMP Canonical Decomposition

PARAFAC Parallel Factor Analysis

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Lista de Publicações

Congresso

Reconhecimento Facial usando Wavelets de Gabor via Álgebra Multilinear.

Aceito no XXXI Simpósio Brasileiro de Telecomunicações - SBrT2013,

1-4 de Setembro de 2013, Fortaleza, CE

Em preparação, diretamente relacionados a dissertação

About Cross-Validation on Tensor Models Applied to Face Recognition

Em preparação, continuação direta da dissertação

Repeated Holdout on Tensor Models, a TensorVoice perspective

xi

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Notação

No decorrer deste trabalho a seguinte notação será utilizada:

x Escalares

x Vetores

X Matrizes

X Tensores

x · y Produto interno entre x e y

x y Produto externo entre x e y

C Conjunto dos valores complexos

CI1 Vetor de dimensão I com valores complexos

CI1×I2 Matriz de dimensão I1 × I2 com valores complexos

CI1×I2×···×IN Tensor de dimensão I1 × I2 × · · · × IN com valores complexos

A∗ Conjugado de A

A⊤ Transposto de A

AH Conjugado transposto de A

A† Pseudo-inversa de Moore-Penrose de A

‖·‖F Norma de Frobenius da Matriz ou Tensor

IN Matriz identidade de dimensão N

xi1,i2 (i1, i2)-ésimo elemento de X ∈ CI1×I2

xi1,i2 , . . . , iN (i1, i2, . . . , iN)-ésimo elemento de X ∈ CI1×I2 × · · · × INXi1· (X·i2) i1-ésima linha (i2-ésima coluna) de X ∈ CI1×I2

×n Produto modo-n

[X](n) Matriciação modo-n de X

A⊗B Produto de Kronecker entre as matrizes A e B

vec (X) Operador vetorização. Converte X em um vetor coluna x

empilhando suas colunas

diag (x) Forma uma matriz diagonal a partir do vetor x

xii

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Capítulo 1

Introdução

1.1 Contexto do Problema

Imagens são sinais na qual sua formação depende da junção de múltiplos

fatores relacionados, tais como: estrutura da cena, iluminação, posição

dos objetos e no caso de imagens faciais a expressão facial, caracterizando

assim uma natureza multimodal [1]. Ao longo das últimas décadas, diversos

algoritmos para reconhecimento facial foram produzidos, explorando ao

máximo a riqueza de informação contida nos múltiplos domínios. Devido

a essa natureza multimodal, os fatores constituintes se misturam. Fato

imperceptível aos seres humanos devido a nossa percepção ser tolerante

aos diversos componentes que formam a imagem, tornando-se um sistema

robusto a essas variações. O mesmo não é verdade para sistemas

computacionais de reconhecimento facial. Em reconhecimento facial os

métodos lineares, por exemplo, EigenFaces [2], mostraram-se ferramentas

robustas quando há variação apenas da identidade do indivíduo no conjunto

de imagens e são fixados a posição facial, condições de iluminação e

expressão.

A álgebra multilinear é uma parte da matemática que estende a álgebra

linear, em que os espaços vetoriais são generalizados no conceito de

espaços tensoriais através do produto tensorial [3]. O interesse em álgebra

multilinear tem se expandido para diversas áreas do conhecimento, incluindo

o processamento de imagens para o reconhecimento de padrões e visão

computacional. Um ramo da álgebra multilinear são as decomposições

tensoriais [4, 5], em especial a HOSVD que faz uso da Decomposição em

Valores Singulares (SVD) para seu cálculo [6], oferecendo uma maneira

natural para a análise da estrutura multimodal de um conjunto de imagens,

conceito primeiramente introduzido por M. Alex O. Vasilescu e Demetri

Terzopoulos no método TensorFaces [7,8].

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1.2. Objetivos 2

O TensorFaces apresenta uma deficiência no estágio de validação devido

à estrutura interna, onde todas as imagens são justapostas em uma única

entidade, a saber o tensor de dados ou tensor de imagens faciais. Em

geral o modelo TensorFaces apresenta um bom desempenho [9], mas é

necessário uma maneira sistemática a fim de estimarmos a verdadeira

taxa de erro. A validação cruzada é um método eficiente e popular para

estimação da taxa de erro em reconhecimento de padrões. Essa estrutura

interna proporciona uma alta dependência na maneira como as imagens são

organizadas. Ficando inviável a criação de folds da maneira tradicional para

a validação, selecionando amostras aleatórias de uma distribuição uniforme

dos dados.

1.2 Objetivos

Objetivos Gerais

Objetivamos o estudo e aprimoramento de técnicas multilineares aplicadas

ao problema de reconhecimento facial em um conjunto multimodal de imagens

faciais.

Objetivos Específicos

O aperfeiçoamento do algoritmo multilinear TensorFaces, através da

introdução de uma análise multiescala, em específico usando-se wavelets

de Gabor.

A construção de uma maneira sistemática para validação de modelos

tensoriais, para reconhecimento facial e algoritmos multilineares na

classificação de padrões em geral.

1.3 Contribuições

A contribuição geral dessa dissertação é

O enriquecimento da teoria de reconhecimento de padrões em modelos

tensoriais.

Nossas contribuições técnicas principais são as seguintes:

Propomos modificações no método TensorFaces em que as wavelets

de Gabor são utilizadas na extração de características, formando um

novo conjunto de dados a ser explorado pela modelagem tensorial. O

modelo tensorial aqui tratado leva em consideração aspectos relativos à

formação da imagem, ou seja, fatores multimodais. Nesta abordagem,

a HOSVD é aplicada sobre o tensor de dados transformado pelas

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1.4. Estrutura da Dissertação 3

wavelets de Gabor, visando a separação dos diversos fatores multimodais.

Através desse método híbrido de extração de características, é possível

extrair a maior quantidade de informação possível do tensor de imagens

multimodais [10], separando-se seus fatores multilineares constituintes

(posição facial, iluminação e expressão facial) através da HOSVD.

Propomos uma solução para o problema de validação em modelos

tensoriais denominada validação cruzada com k folds no modo-n. O

algoritmo é baseado em uma dimensão específica do modelo tensorial. O

método consiste em escolher de uma forma pré-definida uma dimensão

(por exemplo, o espaço vetorial com maior dimensionalidade) e realizar a

criação de folds nesse modo. Em certos modelos essa maior dimensão

pode ter um valor pequeno, causando problemas na repetição da

validação cruzada (poucas partições). Como solução, propomos a fusão

de modos no tensor considerado, que ao mesmo tempo aumenta a

dimensionalidade de um modo e diminui a complexidade do sistema

através do uso de tensores de ordens reduzidas.

1.4 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação foi desenvolvida com base em referências bibliográficas,

compostas por livros, artigos publicados em anais de eventos nacionais,

internacionais, em periódicos dedicados a reconhecimento facial, álgebra

multilinear e afins. Os resultados numéricos foram obtidos a partir de

simulações computacionais realizadas com apoio do software MATLAB R©. Os

campos de pesquisa que serão abordados são:

Álgebra Multilinear

• Decomposições Tensoriais

Reconhecimento de Padrões

• Reconhecimento Facial

• Validação

Wavelets

• Wavelets de Gabor

Esta dissertação está organizada de acordo com a seguinte estrutura:

Capítulo 2 - Neste capítulo será apresentada a fundamentação teórica da

álgebra multilinear utilizada no decorrer desse trabalho. São revisados

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1.4. Estrutura da Dissertação 4

alguns conceitos de álgebra linear, além de uma revisão sobre álgebra

multilinear e decomposições tensoriais. Serão apresentados conceitos

fundamentais, formalismo matemático, notações e operações envolvendo

tensores.

Capítulo 3 - Neste capítulo é apresentada uma revisão sobre métodos

lineares e multilineares para reconhecimento facial. Os métodos

TensorFaces e EigenFaces são ainda apresentados e discutidos neste

capítulo.

Capítulo 4 - Neste capítulo, são introduzidas as wavelets de Gabor em

conjunto com modelos tensoriais. Derivamos a família de wavelets de

Gabor a partir do filtro de Gabor. Realizamos a imersão das mesmas em

um modelo tensorial.

Capítulo 5 - Neste capítulo introduzimos o método de validação cruzada com

k folds no modo-n de um modelo tensorial. Em seguida, realizamos

a derivação teórica do procedimento e sua melhoria através da fusão

modo-n.

Capítulo 6 - Neste capítulo são apresentadas simulações numéricas com os

métodos propostos e conclusões específicas a respeito de cada método.

Capítulo 7 - Neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais. Além

disso, algumas perspectivas de continuidade desta pesquisa são

brevemente discutidas.

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Capítulo 2

Álgebra Multilinear

2.1 Conceitos Importantes de Álgebra Linear

Nessa dissertação Fn denotará o espaço n-dimensional sobre o corpo F = R

ou C.

Definição 1 (Produto Externo) Definimos o produto externo de dois vetores

u = [u1, u2, . . . , um]⊤ ∈ Fm e v = [v1, v2, . . . , vn]

⊤ ∈ Fn, como:

u v = uv⊤ =

u1v1 u1v2 . . . u1vn

u2v1 u2v2 . . . u2vn

· · · · · · . . . · · ·umv1 umv2 . . . umvn

, (2.1)

que em forma escalar fica [u v]ij = uivj para i = 1, 2, . . . , m e j = 1, 2, . . . , n.

Definição 2 (Produto de Hadamard) Seja A,B ∈ Fm×n, definimos o produto

de Hadamard como

A ∗B =

a11b11 a12b12 . . . a1nb1n

a21b21 a22b22 . . . a2nb2n

· · · · · · . . . · · ·am1bm1 am2bm2 . . . amnbmn

, (2.2)

que em forma escalar fica [A ∗B]ij = aijbij.

Definição 3 (Produto de Kronecker) O produto de Kronecker de duas

matrizes A ∈ Fm×n e B ∈ Fp×q denotado por A ⊗ B ∈ Fmp×nq é definido como:

5

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2.1. Conceitos Importantes de Álgebra Linear 6

A⊗B =

a11B a12B . . . a1nB

a21B a22B . . . a2nB

· · · · · · . . . · · ·am1B am2B . . . amnB

, (2.3)

o termo aijB produz um bloco na matriz A ⊗B bem localizado e que em forma

escalar fica [A⊗B](i−1)p+1:ip, (j−1)q+1:jq = aijB.

Definição 4 (Rank de uma matriz) O rank de uma matriz A ∈ Fm×n denotado

por r(A) é o número máximo de colunas (ou linhas) Linearmente Independentes

(LI).

Definição 5 (Matriz rank-1) Uma matriz A é dita rank-1, i.e., r(A) = 1 se a

mesma for composta pelo produto externo de dois vetores u = [u1, u2, . . . , um]⊤ e

v = [v1, v2, . . . , vn]⊤:

A = u v =

u1v1 u1v2 . . . u1vn

u2v1 u2v2 . . . u2vn

· · · · · · . . . · · ·umv1 umv2 . . . umvn

(2.4)

Definição 6 (Soma Direta) Se U e V são espaços vetoriais (sobre o mesmo

corpo), sua soma direta é o espaço vetorial W , denotado por U ⊕ V , no qual

seus elementos são os pares ordenados [x,y]⊤ com x ∈ U e y ∈ V , com as

operações lineares abaixo bem definidas

α1

[

x1

y1

]

+ α2

[

x2

y2

]

=

[

α1x1 + α2x2

α1y1 + α2y2

]

(2.5)

em que x1,x2 ∈ U , y1,y2 ∈ V e [x1,y1]⊤, [x1,y1]

⊤ ∈ W = U ⊕ V . O espaço dos

vetores [x, 0]⊤ é um subespaço de W isomorfo a U , similarmente y ∈ V pode

ser identificado como os vetores [0,y]⊤ ∈ W . Então, para todos os propósitos

podemos considerar U e V como subespaços de W , o que nos leva ao seguinte:

Teorema 1 Seja U e V espaços vetoriais. A dimensão da soma direta de U e V

é a soma de suas dimensões.

Prova 1 A prova pode ser encontrada na pág. 30 de [11].

Teorema 2 (SVD) Seja A ∈ Fm×n com rank r(A) = R. Então existem matrizes

U1 ∈ Fm×r,U2 ∈ Fn×r e S ∈ Fr×r tal que U1U⊤1 = U2U

⊤2 = Ir, ou seja, U1 e

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2.2. Álgebra Multilinear 7

U2 são matrizes ortogonais e S é uma matriz diagonal de valores singulares

S = diag(σ21, σ

22, . . . , σ

2R). Assim, A pode ser escrita como,

A = U1SU⊤2 (2.6)

Prova 2 A prova pode ser encontrada na pág. 19 de [12].

Em matemática aplicada, a aproximação de baixo rank (do inglês, Low

Rank Approximation (LRA)) é um problema de minimização em que a função

custo mede o quanto podemos aproximar uma matriz A por outra A de rank

menor.

Teorema 3 (Teorema de Eckart-Young) Seja A ∈ Rm×n com rank r(A) = R ≤p = minm,n, e seja

A = USV ⊤ =

R∑

i=1

σiuiv⊤i (2.7)

sua decomposição em valores singulares. Defina,

Ak = UkSkV⊤k =

k∑

i=1

σiuiv⊤i (2.8)

então A = Ak é a aproximação ótima de A com função custo

minr(A)=k

‖A− A‖F = ‖A−Ak‖F (2.9)

Em que ‖A‖F =√∑

ij a2ij é a norma de Frobenius.

Prova 3 A prova pode ser encontrada em [13].

2.2 Álgebra Multilinear

Nesta seção será realizada uma revisão sobre álgebra multilinear e

decomposições tensoriais. Serão apresentados conceitos fundamentais,

formalismo matemático, notações e operações envolvendo tensores. Na

maioria das definições focamos no uso de coordenadas devido a natureza

numérica do problema proposto.

Definição 7 (Produto Tensorial de Vetores) Seja u um vetor com m

coordenadas e v um vetor com n coordenadas, a saber ui e vjrespectivamente. O produto tensorial de u e v denotado por u • v, é um

vetor com mn coordenadas dadas por uivj.

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2.2. Álgebra Multilinear 8

Observe que o produto externo (1) e o produto de Kronecker (3) são

produtos tensoriais.

Definição 8 (Produto Tensorial de Espaços Vetoriais) Suponha que um

produto tensorial u • v esteja bem definido para u ∈ U ⊂ Fm e v ∈ V ⊂ Fn.

O produto tensorial de U • V é definido como o espaço vetorial de todas as

Combinações Lineares (CL) dos vetores da forma x • y onde x ∈ U e y ∈ V .

Como exemplo, seja o espaço vetorial das matrizes A ∈ Fm×n e B ∈ Fp×q,

respectivamente. Então o conjunto de todas as CL das matrizes do tipo A⊗B ∈Fmp×nq é um espaço vetorial. Dito isso, podemos observar que dados dois

produtos tensoriais entre U e V , a saber, U •1 V e U •2 V , existe um único

isomorfismo L [14–16]. Desse modo, nos restringiremos aos produtos externo

(1) e o de Kronecker (3). A álgebra multilinear também é fundamentada no

conceito de transformação multilinear, que definimos de acordo com [17].

Definição 9 (Transformação Multilinear) Uma transformação

ψ : U1 × U2 × . . .× UN 7−→ U

é multilinear se for linear em cada variável, i.e., para todo ui, v ∈ Ui, i = 1, . . . , N

e para todo α ∈ F temos

ψ(u1,u2, . . . ,ui + v, . . . ,uN ) = ψ(u1,u2, . . . ,ui, . . . ,uN ) + ψ(u1,u2, . . . ,v, . . . ,uN ) (2.10a)

ψ(u1,u2, . . . , αui, . . . ,uN ) = αψ(u1,u2, . . . ,ui, . . . ,uN ) (2.10b)

Iremos definir tensores de ordem superior da mesma forma em que foram

propostos em [3,18–20].

Definição 10 (Tensor de ordem N ) Seja U1, U2, . . . , UN espaços vetoriais de

dimensões I1, I2, . . . , IN respectivamente. Considere N vetores u1 ∈ U1,u2 ∈U2, . . . ,uN ∈ UN . Denotamos por u1 u2 ... uN a transformação multilinear

sobre U1 × U2 × . . .× UN , definida por

(u1 u2 ... uN)(x1,x2, . . . ,xN) = 〈u1,x1〉1〈u2,x2〉2 . . . 〈uN ,xN〉N (2.11)

onde 〈ui,xi〉i é o produto interno de ui com um vetor arbitrário xi ∈ Ui.

O espaço gerado por todos os elementos u1 u2 ... uN é chamado de

espaço tensorial sobre U1 × U2 × . . .× UN . Um elemento desse espaço tensorial

é chamado de tensor de ordem N . Assim, um tensor A ∈ FI1 × I2 × ...× IN pode

ser visto como um array multidimensional associado a um produto tensorial

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2.2. Álgebra Multilinear 9

Figura 2.1: Representação ilustrativa de um tensor de ordem 3.

de N espaços vetoriais [3] em que seus componentes ou entradas ai1i2...iN são

acessados através de seus índices.

A ordem do tensor corresponde ao número de dimensões do mesmo, e cada

dimensão está associada a um índice. Pela definição acima, observamos que

escalares, vetores e matrizes também são tensores de ordem zero, um e dois

respectivamente. A Figura 2.1 representa um tensor de terceira ordem. Cada

elemento do tensor é acessado por três índices i, j e k. Incorporado ao conceito

de tensor temos a seguinte definição:

Definição 11 Seja A de ordem N , um subtensor B = Ain=α de ordem N −1 é obtido quando fixamos o índice n em α. De uma maneira mais geral um

subtensor é obtido quando um subconjunto de índices são fixados.

Uma fibra de um tensor é um fragmento unidimensional de um tensor

obtido a partir da fixação de seus índices exceto por um. Uma fatia (slice)

de um tensor é uma seção bidimensional de um tensor, obtida fixando

seus índices exceto dois (ver Figura 2.2). A operação de matriciação ou

desdobramento (do inglês, unfolding ou matricization) de tensores em matrizes

foi proposta por [6,21], de modo que as fibras de uma determinada dimensão

serão as colunas da matriz resultante.

A matriciação de um tensor A ∈ FI1 × I2 × ...× IN é definida como em [22]:

Seja N = 1, 2, . . . , N o conjunto de modos presentes no tensor A e IN =

I1, I2, . . . , IN o conjunto dos tamanhos de cada modo. Considere os dois

conjuntos ordenados R = r1, r2, . . . , rL e C = c1, c2, . . . , cM uma partição

de N, a matriciação (unfolding) de um tensor pode ser definida como um

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2.2. Álgebra Multilinear 10

Figura 2.2: Exemplos de fibras (linhas, colunas e tubos) e fatias de um tensor deordem 3.

Figura 2.3: Matriciação de um tensor de ordem 3 nos modo-1, modo-2 e modo-3,respectivamente.

remodelamento (reshape) de A tal que

A(R×C) ∈ FJ×K em que J =∏

n∈R

In e K =∏

n∈C

In (2.12)

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2.2. Álgebra Multilinear 11

Dito isso, definimos a matriciação modo-n como:

Definição 12 (matriciação modo-n) Seja R = r1 uma parte de N com um

único elemento r1 = n e C = c1, c2, . . . , cn−1, então as fibras do modo-n são as

colunas de A(R×C) (veja Figura 2.3). A forma matriciada A(n) é definida como

A(n) ≡ A(R×C), R = n e C = 1, . . . , n− 1, n+ 1, . . . , N (2.13)

Definição 13 (produto modo-n) O produto modo-n de um tensor A ∈FI1 × I2 × ...× IN com uma matriz B ∈ CJn × In, denotado por C = A ×n B é definido

como:

[A ×n B]i1i2...jn...iN =In∑

in=1

[A]i1i2...in...iN [B]jnin (2.14)

que pode ser expresso em forma matricial como

C(n) = BA(n) (2.15)

Seja C ∈ RJm × Im, note que as seguintes propriedades seguem diretamente da

definição

A ×n B ×m C = A ×m C ×n B (2.16)

2.2.1 Decomposições Tensoriais

O conceito de decomposição tensorial surgiu em 1927 através dos trabalhos

de Hitchcock [23,24] e Cattell em 1944 [25]. Posteriormente, esses conceitos

tiveram maior desenvolvimento no contexto da Psicometria com o modelo

desenvolvido por Carroll & Chang [26] denominado Canonical Decomposition

(CANDECOMP) e com Harshman [27], que de forma independente propôs um

modelo semelhante, denominado Parallel Factor Analysis (PARAFAC). Mais

recentemente L. De Lathauwer propôs um modelo de decomposição tensorial

que estende o conceito de SVD para tensores de ordem superior [6].

Revisitando a SVD

Formulemos a SVD na forma de produto modo-n, a fim de facilitar o

entendimento da HOSVD. Aqui tomaremos F = C, pois é o caso mais geral.

Teorema 4 (SVD) Qualquer matriz A ∈ CI1×I2 pode ser escrita como o produto

A = U1SVH2 = S ×1 U1 ×2 U2 (2.17)

em que

i. U1 = (u(1)1 ,u

(1)2 , . . . ,u

(1)I1) é uma matriz unitária.

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2.2. Álgebra Multilinear 12

ii. U2 = (u(2)1 ,u

(2)2 , . . . ,u

(2)I2)(= V H

2 ) é uma matriz unitária.

iii. S ∈ CI1×I2 é uma matriz com as seguintes propriedades:

1. pseudo-diagonalidade

S = diagσ1, σ2, . . . , σminI1,I2

2. ordenação

σ1 ≥ σ2 ≥ . . . ≥ σminI1,I2 ≥ 0

Os valores σi são os autovalores de A e os vetores u(1)i e u

(2)i são

respectivamente o i-ésimo autovetor a esquerda e o i-ésimo autovetor a

direita.

HOSVD

No contexto das decomposições tensoriais a HOSVD é uma extensão

natural da SVD que ortogonaliza N espaços vetoriais V1, V2, . . . VN relacionados

ao espaço tensorial que A ∈ CI1 × I2 × ...× IN pertence. Com a HOSVD somos

capazes de expressar o tensor A como N produtos modo-n de cada base dos

espaços Vi. Mais precisamente temos o seguinte teorema:

Teorema 5 (HOSVD) Qualquer tensor A ∈ CI1 × I2 × ...× IN pode ser escrito como

o produto

A = Z ×1 U1 ×2 U2 . . . ×N UN (2.18)

em que

i. Un = (u(n)1 ,u

(n)2 , . . . ,u

(n)In

) é uma matriz unitária.

ii. S ∈ CI1 × I2 × ...× IN em que os subtensores Sin=α obtidos fixando o índice n

em α possui as seguintes propriedades:

1. ortogonalidade: dois subtensores Sin=α e Sin=β são ortogonais para

todo n, α e β tal que α 6= β:

〈Sin=α,Sin=β〉 = 0 quando α 6= β

2. ordenação

‖Sin=1‖ ≥ ‖Sin=2‖ ≥ . . . ≥ ‖Sin=In‖

para todos os possíveis valores de n.

A norma de Frobenius σ(n)i = ‖Sin=i‖ são os autovalores singulares do

modo-n de A. Os vetores u(n)i são autovetores modo-n.

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2.2. Álgebra Multilinear 13

A representação matricial da HOSVD pode ser obtida da Equação (2.18)

como:

An = UnS(n)(Un+1 ⊗Un+2 ⊗ . . .⊗UN ⊗U1 ⊗U2 ⊗ . . .⊗Un−1)H (2.19)

Na decomposição (2.18) o tensor Z ∈ CI1 × I2 × ...× IN é conhecido como core

tensor ou tensor núcleo, os coeficientes de Z governam as iterações entre as

bases Ui. A matriz Ui é a base do espaço coluna de A(i) [6,28]. O tensor núcleo

Z e as matrizes UiNi=1 podem ser calculadas de acordo com o Algoritmo 2.1.

Se considerarmos uma partição A = a1, a2, . . . , aP e B = b1, b2, . . . , bQ do

conjunto N então podemos definir a HOSVD reduzida de A restrita aos modos

de A, ver Algoritmo 2.2:

A = T ×a1 Ua1 ×a2 Ua2 . . . ×aPUaP

(2.20)

em que

T = Z ×b1 Ub1 ×b2 Ub2 . . . ×bQUbQ

(2.21)

Algoritmo 2.1 Higher Order Singular Value Decomposition1: procedure HOSVD(A)2: N ← ordem de D3: for i = 1, 2, . . . , N do4: Ui ← autovetores a esquerda de A(i)

5: end for6: Z ← A ×1 UT

1 ×2 UT2 . . . ×N UT

N

7: return Z, UiNi=1 ⊲ Tensor núcleo e matrizes Ui.8: end procedure

Algoritmo 2.2 HOSVD reduzida1: procedure REDUCEDHOSVD(A, A)2: for i ∈ A do3: Ui ← autovetores a esquerda de A(i)

4: end for5: T ← A ×1 UT

1 ×2 UT2 . . . ×P UT

P

6: return T , UiPi=1

7: end procedure

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Capítulo 3

Reconhecimento Facial

3.1 Reconhecimento de Padrões em Estatística

Essa seção tem por objetivo introduzir alguns dois principais conceitos

relacionados ao Reconhecimento de Padrões em Estatística, e em última

instância a extração de características. Definimos reconhecimento de padrões

de uma maneira informal como:

Área de pesquisa que tem por objetivo a classificação de objetos (padrões)

em um número de categorias ou classes [29].

O ato de observar os dados brutos e tomar uma ação baseada na

categoria de um padrão [30].

Existem diversos tipos de padrões, por exemplo: padrões visuais, padrões

temporais e padrões lógicos, que originam diversas abordagens [31]:

Classificação estatística;

Template Matching ("Casamento de Modelos");

Reconhecimento Sintático ou Estrutural;

Reconhecimento de Padrões via Redes Neurais.

Dado um padrão, sua classificação pode ocorrer de duas formas: supervised

classification (classificação supervisionada) e unsupervised classification

(classificação não supervisionada) ou clusterização.

3.1.1 O modelo básico

Vamos usar o termo padrão para denotar uma entidade, objeto, processo

ou evento, que é representado como um vetor de dados p-dimensional

x = (x1, . . . , xp)⊤ de medições cujos componentes xi são medições das

características dessa entidade ou objeto. A característica ou atributo

14

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3.1. Reconhecimento de Padrões em Estatística 15

Figura 3.1: Modelo básico de classificação de um padrão.

por sua vez são dados extraídos de uma amostra por meio de medida

e/ou processamento. Em geral são organizadas na forma de um vetor de

características, a saber x. A classe de um padrão é o conjunto de padrões

que possuem características em comum, na discriminação assumimos que

existem C grupos ou classes, denotado ω1,ω2, . . . ,ωC e associada a cada padrão

x existe uma variável categórica z que denota a associação de classe ou grupo;

isto é, se z = i então o padrão pertence ωi, i ∈ 1, . . . , C [32]. O nosso objetivo é

realizar a classificação, ou seja, atribuir classes para as amostras, baseado

em suas características.

Extração de características

Extração de características é uma transformação dos dados originais

(usando todas as variáveis) para um conjunto de dados com um número

reduzido de variáveis. Todas as variáveis disponíveis são utilizadas e os dados

são transformados (usando uma transformação linear ou não-linear) para um

espaço de dimensão reduzida. Assim, o objetivo é substituir as variáveis

originais por um conjunto menor de variáveis subjacentes [32]. Há várias

razões para a realização de extração de características:

para reduzir a redundância;

para produzir uma representação de baixa dimensão;

para fornecer um conjunto relevante de características para um

classificador.

Classificação

Os classificadores são utilizados para classificar ou descrever padrões ou

objetos a partir de um conjunto de propriedades ou características. Para isso

supomos que temos um conjunto de padrões de classe conhecida (xj, zj), j =1, ..., n, o conjunto de treinamento que usamos para projetar o classificador,

para configurar os parâmetros internos. Aprender, construir um modelo a

partir de um conjunto de treinamento é um processo de indução, enquanto

que aplicar esse modelo em padrões de classe desconhecidas é um processo

de dedução [32].

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 16

3.2 Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares

O reconhecimento facial é uma atividade que os seres humanos realizam

rotineiramente e sem esforço em suas vidas diárias. Em um sistema de

reconhecimento facial é esperado que se identifique faces presentes nas

imagens e vídeos automaticamente.

Imagens faciais estão diretamente relacionadas com sinais visuais

(luz refletindo na superfície da face) que depois de normalizadas são

dimensionadas para um tamanho fixo m × n, onde essa matriz de pixel pode

ser redimensionada e representada como um ponto no espaço de dimensão

mn, o espaço das imagens [33], motivando as seguintes definições:

Definição 14 (Espaço das imagens) Considere uma imagem como uma matriz

A ∈ Rm× n, ao aplicarmos a operação de vetorização na matriz A obtemos

um vetor a ∈ Rmn definido no espaço euclidiano mn-dimensional denominado

espaço das imagens [2].

Definição 15 (Espaço das faces) O espaço das faces m × n é um subespaço

do espaço das imagens m× n, que é definido como o lugar geométrico específico,

formado pelo padrão que as faces possuem (olhos, boca, nariz e etc.).

Definindo assim esses dois espaços, podemos tratar imagens como padrões

em um espaço vetorial, onde cada imagem será um ponto. Se uma imagem

facial é um ponto nesse espaço de imagens, uma coleção de p faces representa

p pontos nesse espaço, que podem ser considerados como amostras em uma

distribuição de probabilidades [34]. Podemos supor que todas as imagens

faciais definem um subespaço dentro do espaço das imagens. O que nos leva

a indagar:

i. Qual o tamanho do espaço de imagens?

ii. Qual será ou deverá ser a dimensão do subespaço formado pelas faces?

Um exemplo proposto por Matthew Turk em [34] deixa claro que mesmo

para uma imagem binária de tamanho 8 × 8, no qual gera um espaço

64-dimensional contém 264 pontos e uma busca exaustiva por uma face

específica necessitaria de séculos mesmo para um computador capaz de

processar um bilhão de imagens por segundo. Dessa forma, técnicas de

análise de subespaços para reconhecimento facial são baseadas no fato de

que uma classe de padrões de interesse, tais como a face, reside em um

subespaço do espaço de imagem de entrada. Diante de todas essas possíveis

combinações e configurações no espaço de imagens, apenas alguns pixels são

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 17

relativos às faces. Desse modo, a representação de uma face pode ter sua

dimensão reduzida quando estamos interessados apenas nas mesmas [35].

3.2.1 EigenFaces

Métodos de reconhecimento de padrões em geral que trabalham

diretamente sobre um espaço de alta dimensão possuem algumas

desvantagens geralmente relacionadas ao alto custo computacional e

principalmente a maldição da dimensionalidade [36]. Abordagens baseadas no

EigenFaces são desenvolvidas com o objetivo de contornar esses problemas,

melhorando tanto performance como eficiência. Em reconhecimento facial

baseado em subespaços lineares é razoável começarmos com alguns

pressupostos [34]:

Imagens de uma face em particular sobre várias transformações ocupam

uma parte pequena, mas distinta do espaço de imagens;

Faces diferentes ocupam diferentes regiões do espaço de imagens;

Todas as classes de faces continuam ocupando relativamente uma

pequena região distinta do espaço de imagens.

O método EigenFaces [2, 37, 38] nos forneceu uma maneira de iniciarmos

a análise desses dois subespaços. É necessário analisarmos a forma e a

dimensão do espaço formado por um único indivíduo, assim como sua melhor

representação para a tarefa de reconhecimento. De importância equivalente

é a forma e a dimensão do espaço formado por todas as faces e como as

mesmas podem ser modeladas para distinguirmos faces de não-faces no

espaço de imagens. Por último, com igual valor devemos formar subespaços

suficientemente separados a fim de formamos classes para cada indivíduo.

Originalmente, o método de reconhecimento facial EigenFaces envolvia

duas partes principais. Criação do autoespaço (eigenspace) e reconhecimento

usando as autofaces (eigenfaces). A primeira parte é um procedimento de

inicialização off-line, ou seja, é apenas realizado no início do processo, sendo

necessário um novo cálculo somente quando o conjunto de dados muda.

Derivando o método EigenFaces

Vamos revisar os passos principais para um sistema de reconhecimento

facial baseado no EigenFaces. O primeiro passo consiste em compreender

como as características de uma imagem facial são representadas. A Análise

de Componentes Principais (PCA) [39, 40] é uma técnica usada na redução

de dimensionalidade, que fornece uma maneira eficiente de representar uma

coleção de pontos em um espaço de alta dimensão. Geometricamente, trata-se

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 18

de projetar vetores de dimensão maior em um subespaço de dimensão menor,

permitindo reexpressar os dados através de cobinações lineares, modificando

os dados originais intercorrelacionados em um novo conjunto de dados não

correlacionados, diminuindo assim a quantidade de informação redundante

de um sinal/imagem em cada dimensão.

Seja X = ximi=1 um conjunto de imagens faciais vetorizadas xi ∈ Rn de

vários indivíduos, que é representado ou organizado em forma matricial X

X = [x1 x2 . . . xm] ∈ Rn×m, (3.1)

em que n é o número de pixels da imagem, ou seja, a dimensão do espaço das

imagens que contém xi. A diferença entre a média amostral x e a matriz X é

X = [(x1 − x) (x2 − x) . . . (xm − x)] (3.2a)

= [x1 x2 . . . xm] (3.2b)

em que x = 1m

∑m

i=1 xi.

Considere que o número de amostras é menor que a dimensão do espaço

das imagens, m ≤ n. A PCA consiste em determinar um conjunto de m − 1

vetores ortogonais vi que melhor descreve a distribuição dos dados de entrada,

de forma a minimizar o erro quadrático médio. Dito de outra forma, o erro

entre a projeção euclideana e o vetor é minimizado. Uma maneira eficiente de

calcular as componentes principais é encontrando os autovetores da matriz

de covariância C,

C =1

m

m∑

n=1

xix⊤i =

1

mXX⊤. (3.3)

Sem perda de generalidade, podemos ignorar o fator 1m

, resultando em

C = XX⊤. (3.4)

Como n é a dimensão do espaço das imagens, n×n geralmente é uma grande

matriz, impossibilitando o cálculo dos seus autovetores. Note que existem

apenas m − 1 autovalores diferentes de zero associados a matriz C, os quais

podem ser obtidos através da matriz

D = X⊤X (3.5)

Pela própria definição de autovetores e autovalores, dado o autovalor λi e seu

autovetor associado vi temos

Cvi = λivi (3.6)

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 19

Esses autovalores/autovetores estão diretamente relacionados aos

autovalores σi e seus autovetores associados wi da matriz D, implicando em

Dwi = σiwi (3.7a)

X⊤Xvi = λivi

XX⊤Xwi = λiXwi

C(Xwi) = σi(Xwi) (3.7b)

Cvi = λivi

em que,

vi = Xwi (3.8a)

λi = σi (3.8b)

Em outras palavras, somos capazes de calcular os autovetores da matriz C

de alta dimensão através da projeção dos autovetores da matriz D pela matriz

de dados X. Os autovalores de C são idênticos aos autovalores de D. Uma

vez que os autovetores desejados tenham sido calculados, são ordenados de

acordo com seus correspondentes autovalores em ordem decrescente. Observe

que um valor alto para o autovalor significa que uma maior variância dos

dados é representada pelo autovetor associado, ou componente principal.

Parte da eficiência do método EigenFaces está associada ao passo seguinte,

que consiste em eliminar m − k autovetores associados aos m − k menores

autovalores. Ao fazermos isso, estamos representando o espaço das faces

com k autovetores (componentes principais) que melhor descrevem o conjunto

de dados. Em resumo, as autofaces são construídas de um conjunto

inicial de faces (conjunto de treinamento) aplicando-se o PCA no conjunto

de faces de média zero. A saída é um conjunto de autofaces e seus

autovalores correspondentes. Somente k autofaces correspondentes aos k

maiores autovalores são mantidas, definindo assim os espaço das faces. Para

cada indivíduo do conjunto de treinamento, a face média é calculada, a qual é

projetada no espaço das faces. Desta forma, cada indivíduo ou classe possui

um "centróide" que o representa nesse espaço.

A segunda parte consiste no procedimento de reconhecimento. Quando há

uma imagem de teste a face média do conjunto de treinamento é subtraída

e o resultado projetado no espaço das faces. Esse procedimento produz um

valor escalar para cada autoface no espaço das faces. Esse novo vetor é então

utilizado na classificação através da métrica euclideana, por exemplo.

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 20

3.2.2 TensorFaces

A álgebra multilinear oferece uma abordagem natural para a análise de

imagens com estrutura multifatores. O método TensorFaces [7, 8] consiste

em realizar uma modelagem tensorial sobre um conjunto de imagens faciais

que são vetorizadas e organizadas como um tensor. Nessa abordagem os

pressupostos acerca do conjunto de imagens, a saber, o espaço das imagens

e o espaço das faces são perfeitamente válidos. De fato, são levados em

consideração os fatores que influenciam a formação das imagens faciais:

posição, iluminação e expressão. O conjunto de fatores multimodais formam

um conjunto de espaços vetoriais. Dados multimodais que são modelados

como tensores de ordem superior devem obedecer um ordenamento, uma lei

de formação para os tensores. Para fins de ilustração, considere um tensor

de dados de ordem 4, a saber A ∈ R3×3×3×3. Se considerarmos o modo-4 como

sendo o espaço de parâmetros, ou seja, as colunas de A(4) são os padrões,

teríamos de organizar os dados conforme ilustrado na Figura (3.2). Essa

organização está diretamente relacionada com a maneira em que matriciamos

um tensor e vice-versa. Esses espaços estão intrinsecamente relacionados

através do produto tensorial entre os mesmos, onde cada elemento do espaço

tensorial é uma instância do conjunto de dados que pode ser decomposto

através da HOSVD. No método tensorial TensorFaces são considerados 5

espaços:

Espaço dos indivíduos;

Espaço relacionado às posições faciais;

Espaço das expressões faciais;

O espaço das condições de iluminação;

Espaço das faces ou pixels.

Dessa forma, através da ordenação dos dados devemos construir o tensor

de ordem N = 5:

D ∈ RNpe ×Nv ×Ni ×Ne ×Np

em que Npe, Nv, Ni, Ne e Np representam o número de pessoas, posições

faciais, condições de iluminação, expressões faciais e pixels respectivamente,

referente a cada fator constituinte na formação da imagem:

pessoa︸ ︷︷ ︸

modo 1

× posição︸ ︷︷ ︸

modo 2

× iluminação︸ ︷︷ ︸

modo 3

× expressão︸ ︷︷ ︸

modo 4

× pixels︸ ︷︷ ︸

modo 5

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 21

Figura 3.2: Modelo tensorial de ordem 4, onde cada coluna representa um padrão.

Dessa maneira, o tensor D pode ser decomposto aplicando-se o HOSVD

conforme Algoritmo 1, obtendo-se:

D = Z ×1 Upe︸︷︷︸

U1

×2 Uv︸︷︷︸

U2

×3 Ui︸︷︷︸

U3

×4 Ue︸︷︷︸

U4

×5 Up︸︷︷︸

U5

(3.9)

onde Z possui as mesmas dimensões e ordem de D, as matrizes fatores

Upe, Uv, Ui, Ue e Up possuem dimensões Npe × Npe, Nv × Nv, Ni × Ni, Ne × Ne

e Np ×Np, respectivamente.

Matematicamente, assumir multilinearidade é assumir linearidade, ou

seja, no contexto de reconhecimento facial, o método EigenFaces [2] baseado

na análise de componentes principais é parte constituinte do TensorFaces,

onde cada coluna de Up é uma autoface, pois os mesmos foram calculados

executando-se o SVD no modo-5 matriciado D(5) = D(p) ∈ RNp ×NeNiNvNpe do

tensor D.

É importante notar que o modo-5 é o modo de medidas dos pixels, o

qual não é relevante para a geração das imagens. Sendo assim, em vez

de calcularmos diretamente o tensor núcleo Z, podemos aplicar a HOSVD

reduzida (veja Alg. 2.2) em relação a esse modo:

D = T ×1 Upe ×2 Uv ×3 Ui ×4 Ue (3.10)

em que T = Z ×5 Up é denominado o tensor núcleo aumentado [9].

No modelo multilinear (3.10), estamos recuperando o tensor de dados a

partir de sua decomposição HOSVD. Podemos ser mais específicos quanto

a informação a ser recuperada, por exemplo, todas as faces de um único

indivíduo, ou todas as faces de uma única pessoa em uma posição facial

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 22

específica. De maneira mais geral, uma amostra específica de um indivíduo i1

na posição i2 em uma dada condição de iluminação i3 na expressão facial i4

pode ser recuperada pela equação

D(i1, i2, i3, i4) = T ×1 u⊤pe,i1×2 u

⊤v,i2×3 u

⊤i,i3×4 u

⊤e,i4, (3.11)

em que u⊤n,j é a linha j da matriz fator Un.

Observe que D′ = D(i1, i2, i3, i4) ∈ R1×1×1×1×Np e que a amostra desejada

d = D′(5). Se quisermos recuperar todas as imagens de um indivíduo i1, temos

D(i1, :, :, :) = T ×1 u⊤pe,i1×2 Uv ×3 Ui ×4 Ue.

Existem outras informações desejadas que podem ser recuperadas.

imagens na expressão i4:

D(:, :, :, i4) = T ×1 Upe ×2 Uv ×3 Ui ×4 u⊤e,i4

;

imagens na condição de iluminação i3:

D(:, :, i3, :) = T ×1 Upe ×2 Uv ×3 u⊤i,i3×4 Ue;

imagens na posição facial i2:

D(:, i2, :, :) = T ×1 Upe ×2 u⊤v,i2×3 Ui ×4 Ue;

Na equação (3.11), fomos capazes de recuperar uma amostra específica de

um indivíduo i1. O vetor linha Upe,i1 sempre será usado quando for necessário

recuperar qualquer imagem facial do indivíduo i1. Assim a matriz Upe é a base

do espaço de parâmetros das pessoas, em que cada pessoa na base de dados

pode ser representada por um único vetor [7], no qual contém os coeficientes

com respeito as bases que serão extraídas do tensor:

B = T ×2 Uv ×3 Ui ×4 Ue (3.12)

com as mesmas dimensões de Z. Note que:

D = B ×1 Upe ⇒D(pe) = UpeB(pe) (3.13)

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3.2. Reconhecimento Facial baseado em subespaços lineares 23

em que D(pe) e B(pe) ∈ RNpe ×NpNeNiNv . Ainda mais:

d1 = D(p)(:, 1) = D⊤(pe)( 1, 1 : Np) (3.14)

é a primeira imagem do tensor D. De maneira mais geral temos que

d(i1, i2, i3, i4) é a (i1i2i3i4)-ésima imagem da pessoa i1, na posição facial i2, com

condição de iluminação i3 e expressão i4, onde i1 = 1, 2, . . . , Npe, i2 = 1, 2, . . . , Nv,

i3 = 1, 2, . . . , Ni e i4 = 1, 2, . . . , Ne. A partir da Equação (3.13) obtemos

d(i1, i2, i3, i4) = B⊤(pe)(i2, i3, i4)u(i1) (3.15)

em que u(i1) é a i1-ésima coluna de U⊤pe, e B(pe)(i2, i3, i4) é uma fatia de B, de

dimensões Npe ×Np, obtido pela fixação dos índices i2, i3, i4.

Dado uma imagem de teste dt utilizaremos as bases B⊤(pe)(i2, i3, i4) no modo

pessoa para projetar dt no espaço de parâmetros das pessoas:

upe(i2, i3, i4) = (B⊤(pe)(i2, i3, i4))

†dt (3.16)

O reconhecimento da imagem dt como sendo a pessoa i∗1 consiste em

minimizar:

i∗1 = arg mini1,i2,i3,i4

‖ upe(i2, i3, i4)− u(i1) ‖2 (3.17)

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Capítulo 4

Reconhecimento Facial com

Wavelets de Gabor via Álgebra

Multilinear

A transformada de Fourier tem sido a ferramenta predominante para

análise de sinais [41]. Entretanto quando há necessidade de localizarmos

qual instante de tempo uma determinada frequência ocorre, tal ferramenta

se torna problemática. Uma maneira natural de analisarmos esse tipo de

fenômeno é utilizando funções elementares localizadas tanto em frequência

quanto no tempo, ou, no caso de imagens, no domínio do espaço. Mesmo

com o grande progresso em técnicas de reconhecimento facial, ainda existem

grandes problemas a serem resolvidos, dentre os quais destacamos aqueles

advindos de distorções causadas por mudanças na iluminação, expressão

facial e posição facial. É de conhecimento geral que características locais são

mais robustas a essas distorções e uma análise espaço-frequência é de grande

importância para a extração dessas características. Com boas características

de localização no espaço e na frequência, as wavelets são uma escolha certa

para esse propósito [42].

4.1 Wavelets

O fato das wavelets estarem localizadas no tempo (ou espaço) torna-as

ideais para analisar sinais não estacionários (sinais com transitoriedades),

tornado-se uma ferramenta essencial em algumas áreas de processamento de

sinais. Para que uma função ψ ∈ L2(R) seja denominada wavelet, ou wavelet

básica, a mesma deve satisfazer duas condições:

24

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4.1. Wavelets 25

Condição de admissibilidade [43]:

Cψ =

∫ ∞

−∞

|ψ(ω)|ω

dω <∞ (4.1)

em que ψ é a transformada de Fourier de ψ.

A função ψ deve ter energia unitária [44], isto é,

∫ ∞

−∞

|ψ(t)|2dt = 1. (4.2)

Se ψ(0) = 0 e ψ é diferenciável, então a condição (4.1) é satisfeita [44].

Adicionalmente, se ambas ψ e ψ satisfazem a condição (4.1), logo [43]

∫ ∞

−∞

ψ(t)dt = 0, (4.3)

garantindo que a função ψ tenha uma forma oscilatória com média zero [45].

A segunda condição garante que a função ψ tenha suporte compacto e um

decaimento rápido de amplitude, garantindo a localização espacial [45].

4.1.1 Transformada Wavelet

Uma família de wavelets é obtida escalonando a wavelet mãe ψ por um

fator s e transladando-a por um fator u:

ψu,s(t) =1√sψ(t− us

) (4.4)

As funções ψu,s também são chamadas de átomos [44], esses átomos são

funções normalizadas, satisfazendo ‖ψu,s‖ = 1.

Definição 16 (Transformada Wavelet) A transformada wavelet de uma

função f ∈ L2(R) em um instante de tempo u numa escala s é definida como

Wf(u, s) = 〈f, ψu,s〉 =∫ ∞

−∞

f(t)1√sψ∗(

t− us

)dt (4.5)

Proposição 1 A transformada wavelet Wf(u, s) = 〈f, ψu,s〉 de f ∈ L2(R) é

equivalente a um filtro passa banda.

Prova 4 A prova pode ser encontrada na página 79 de [44].

A proposição (1) é derivada diretamente da definição (16), a transformada

wavelet Wf(u, s) pode ser escrita como f ∗ ψu,s.

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4.2. Wavelets de Gabor 26

4.2 Wavelets de Gabor

As wavelets de Gabor têm-se mostrado ótimos extratores de características

locais em reconhecimento facial, por diversas razões [46]:

Motivação biológica: a forma das wavelets de Gabor são similares aos

campos receptivos de células simples do córtex visual primário [47].

Motivação matemática: as wavelets Gabor são ideais para a medição de

frequências espaciais locais [48].

Motivação empírica: as wavelets Gabor provaram-se tolerantes

a distorções em outras tarefas, tais como segmentação [49] e

reconhecimento de impressões digitais [50].

A teoria das wavelets de Gabor tiveram início em 1946 quando Dennis

Gabor pesquisava funções seno e cosseno janeladas por uma gaussiana [51],

hoje conhecidas como gaussianas moduladas por exponenciais complexas.

Seja as funções,

ψR(x) =α√πe−α

2x2 cos(2πfxx), (4.6)

ψI(x) =α√πe−α

2x2 sin(2πfxx), (4.7)

em que fx é a frequência central, na qual o filtro possui sua maior resposta

em frequência. Sua forma complexa pode ser facilmente obtida como

ψ(x) = ψR(x) + jψI(x) (4.8a)

=α√πe−α

2x2 cos(2πfxx) + jα√πe−α

2x2 sin(2πfxx) (4.8b)

=α√πe−α

2x2[cos(2πfxx) + j sin(2πfxx)] (4.8c)

=α√πe−α

2x2ej2πfxx (4.8d)

Na década de 1980, Daugman estendeu o filtro de Gabor para duas

dimensões [47,52], resultado também obtido através de um produto tensorial

de dois filtros de Gabor 1D:

ψ(x) = ψR(x) + jψI(x) (4.9a)

=α√πe−α

2x2ej2πfxx (4.9b)

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4.2. Wavelets de Gabor 27

ψ(y) = ψR(y) + jψI(y) (4.10a)

=α√πe−α

2y2ej2πfyy (4.10b)

Assim, a partir de (4.9) e (4.10) definimos ψ(x, y) como,

ψ(x, y) = ψ(x)ψ(y) (4.11a)

= [ψR(x) + jψI(x)][ψR(y) + jψI(y)] (4.11b)

= ψR(x)ψR(y)− ψI(x)ψI(y) + j[ψR(x)ψI(y) + ψI(x)ψR(y)] (4.11c)

Desenvolveremos cada termo da Equação (4.11) separadamente.

Primeiramente, temos:

ψR(x)ψR(y) = [α√πe−α

2x2 cos(2πfxx)][α√πe−α

2y2 cos(2πfyy)] (4.12a)

=αβ

πe−(α2x2+β2y2)[cos(2πfxx) cos(2πfyy)]. (4.12b)

Como os parâmetros α e β são fixos, e fazendo

φ(x, y) =αβ

πe−(α2x2+β2y2), (4.13)

fica fácil ver pelas Equações (4.12) e (4.13) que,

ψR(x)ψR(y) = φ(x, y)[cos(2πfxx) cos(2πfyy)]. (4.14)

De forma análoga a partir das Equações (4.11) e (4.13), cada termo restante é

escrito como

ψR(x)ψI(y) = φ(x, y)[cos(2πfxx) sin(2πfyy)], (4.15)

ψI(x)ψR(y) = φ(x, y)[sin(2πfxx) cos(2πfyy)], (4.16)

ψI(x)ψI(y) = φ(x, y)[sin(2πfxx) sin(2πfyy)]. (4.17)

A Equação (4.11) pode ser reformulada como

ψ(x, y) = ψ(x)ψ(y) (4.18a)

= φ(x, y)[(cos(2πfxx+ 2πfyy) + j sin(2πfxx+ 2πfyy)) (4.18b)

=αβ

πe−(α2x2+β2y2)ej2π(fxx+fyy). (4.18c)

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4.2. Wavelets de Gabor 28

Figura 4.1: Eixos principais da gaussiana.

A forma das wavelets de Gabor é definida pela agudeza da gaussiana e pela

sua invariância à variação da frequência f = (fx, fy) [46] e, consequentemente,

invariante a variações em suas componentes fx e fy. Para que isso ocorra,

uma wavelet de Gabor ψu(x, y) em uma dada escala u deve ser dependente

da frequência fu mantendo as razões ξ =fu

αe κ =

fu

βconstantes. Mantemos a

notação fx, fy para evitar abuso no uso dos índices, ficando claro pelo contexto

que essas componentes de frequências são referentes à frequência fu = (fx, fy),

ou seja, fx = fu cos θ e fy = fu sin θ onde θ é o ângulo entre os eixos x′ e x. Assim,

substituindo essa restrição na Equação (4.18) temos

ψ(x, y) =f 2u

πξκe−

f 2u

ξ2x′t

2+f 2u

κ2y′t

2

ej2πfu(x cos θ+y sin θ). (4.19)

Observe que as coordenadas x e y na segunda exponencial complexa são

transformadas para as coordenadas x′ e y′ quando rotacionamos a onda plana

por θ. Essa mesma transformação deve ser feita na gaussiana a fim de

obtermos versões rotacionadas da wavelet de Gabor [53]. As coordenadas

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4.3. Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial 29

x′ e y′ podem ser representadas (ver Figura 4.1) em termos de x e y como:

x′ = (x cos θ, y sin θ), (4.20a)

y′ = (−x sin θ, y cos θ). (4.20b)

Pelo teorema de Pitágoras, x′t2 e y′t

2 na Equação (4.19) torna-se:

x′t2= (x cos θ)2 + (y sin θ)2, (4.21a)

y′t2= (−x sin θ)2 + (y cos θ)2. (4.21b)

Comof 2u

ξ2=

f 2u

κ2na Equação (4.19), pois estamos mantendo a forma da

gaussiana constante nas múltiplas escalas. Rotacionado a gaussiana por θ

implica

−(f 2u

ξ2x′t

2+f 2u

κ2y′t

2

)

= −(f 2u

ξ2((x cos θ)2 + (y sin θ)2) +

f 2u

κ2((−x sin θ)2 + (y cos θ)2)

)

(4.22a)

= −(f 2u

ξ2((x cos θ)2 + (y sin θ)2) +

f 2u

ξ2(2xy cos θ sin θ)−

−f2u

κ2(2xy cos θ sin θ) +

f 2u

κ2((−x sin θ)2 + (y cos θ)2)

)

(4.22b)

= −(f 2u

ξ2(x cos θ + y sin θ)2 +

f 2u

κ2(−x sin θ + y cos θ)2

)

(4.22c)

Assim, chegamos à definição comumente usada [53], em que as wavelets

de Gabor são filtros autossimilares:

ψ(x, y) =f 2u

πξκe−

f 2u

ξ2(x cos θ+y sin θ)2+

f 2u

κ2(−x sin θ+y cos θ)2

ej2πfu(x cos θ+y sin θ), (4.23)

ou, de uma forma mais compacta [53–56]:

ψ(x, y) =f 2u

πξκe−

f 2u

ξ2λ21+

f 2u

κ2λ22

ej2πfuλ1 . (4.24a)

λ1 = x cos θ + y sin θ. (4.24b)

λ2 = −x sin θ + y cos θ. (4.24c)

4.3 Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial

Faremos uso das wavelets de Gabor em uma forma holística, onde

toda a face é usada na extração de características. Iremos extrair um

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4.3. Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial 30

Figura 4.2: Wavelets de Gabor com 5 escalas e 8 rotações. Fonte própria.

vetor de características aumentado, a resultante da concatenação de cada

convolução da imagem com a família de wavelets de Gabor. Consistindo

de toda a informação extraída de diferentes frequências, orientações e

localizações, essa representação pode produzir características discriminantes

para reconhecimento. As wavelets de Gabor são autossimilares sendo possível

gerar qualquer filtro ψu,v(x, y) a partir de uma wavelet mãe ψ(x, y). É fato

que a família de wavelets descrita na Equação (4.24) satisfaz a condição de

admissibilidade com energia unitária [53].

Para a extração de características de uma dada imagem é usado um banco

de filtros, a saber, a família de wavelets de Gabor com diferentes frequências

e rotações:

ψu,v(x, y) = ψ(fu,θv)(x, y) tal que fu =fmax√2u, θv =

v

8π (4.25)

em que u = 0, 1, . . . , 4; v = 0, 1, . . . , 7. Ou seja, teremos um conjunto de 40

wavelets divididas em 5 diferentes frequências (escalas) com 8 rotações para

cada escala, como pode ser visto na Figura 4.2.

4.3.1 Representação de uma imagem nas Wavelets de Gabor

A representação das wavelets de Gabor de uma imagem é a convolução da

mesma com a família descrita em (4.24). Seja I (x, y) uma dada imagem, a

convolução da imagem I com a wavelet ψu,v é definida como

ϕu,v(x, y) = I(x, y) ∗ ψu,v(x, y), (4.26)

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4.3. Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial 31

em que ∗ é o operador de convolução e ϕu,v(x, y) é o resultado da convolução da

imagem I (x, y) com a wavelet de Gabor ψu,v(x, y) em uma escala u e uma dada

rotação v. Assim o conjunto G = ϕu,v(x, y) : u = 0, 1, . . . , 4; v = 0, 1, . . . , 7 forma

a representação das wavelets de Gabor da imagem I (x, y) [57]. Aplicando o

teorema da convolução [58], podemos obter via transformada de Fourier o

resultado desejado:

Fϕu,v(x, y) = FI(x, y)Fψu,v(x, y), (4.27)

implicando em

ϕu,v(x, y) = F−1FI(x, y)Fψu,v(x, y) (4.28)

em que F e F−1 são a transformada de Fourier e sua inversa, respectivamente.

Note que fmax é a maior frequência que as wavelets de Gabor podem

assumir. Os parâmetros de ψ(fu,θv)(x, y) devem ser escolhidos de forma que

a extração de características forneça a maior quantidade de informação

possível, assim fmax deve assumir valores de baixa frequência, devido imagens

faciais possuírem sua informação concentrada em baixas frequências. Os

valores comumente usados [54] são fmax = 0, 25, ξ = κ =√2, mantendo a razão

entre a frequência e o formato da gaussiana constante.

Com o intuito de agregar todos os resultados das convoluções de uma única

imagem, são realizadas a vetorização e concatenação das respostas, gerando

um vetor de características aumentado. Esse vetor torna-se rapidamente

muito grande. Por exemplo, se tomarmos uma imagem 64 × 64, seu vetor

aumentado teria dimensão 64.64.40 = 163840, o que é computacionalmente

intratável. Assim, antes de realizarmos a vetorização de ϕu,v(x, y) é aplicado

um fator de downsampling para diminuirmos a dimensão gerando ϕu,v(x, y)

como mostrado na Equação (4.29). Em seguida, então normalizamos para

média zero com variância unitária [57].

gu,v = vec(ϕu,v(x, y)) (4.29)

Assim, geramos o conjunto

Gvec = vec[ϕu,v(x, y)] : u = 0, 1, . . . , 4; v = 0, 1, . . . , 7 (4.30)

de vetores intermediários para formar o vetor de características aumentado

g = (g⊤0,0 g

⊤0,1 . . . g

⊤4,7)

⊤. (4.31)

Os modelos tensoriais aqui tratados levam em consideração aspectos

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4.3. Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial 32

relativos à formação da imagem, ou seja, fatores multimodais. Um dado

vetor de características aumentado g proveniente do processo de extração de

características descrito acima, ainda tem sua origem em uma dada imagem, à

qual foi afetada, em sua formação, por um conjunto de fatores.

De uma forma mais geral podemos ver o vetor g como g(i1, i2, i3, i4), ou seja,

o resultado da aplicação da família das wavelets de Gabor em uma imagem

facial do individuo i1, na posição facial i2, em uma condição de iluminação

i3 com uma certa expressão facial i4. Dessa maneira, podemos construir um

modelo tensorial fundamentado no fato da natureza multimodal do conjunto

de imagens faciais não ter sido afetada pelas transformações a elas aplicadas,

logo o modelo consiste em

G ∈ RNpe ×Nv ×Ni ×Ne ×Nf

formado pela permutação ou organização de todas as g(i1, i2, i3, i4), em que

i1 = 1, 2, . . . , Npe, i2 = 1, 2, . . . , Nv, i3 = 1, 2, . . . , Ni e i4 = 1, 2, . . . , Ne. Observe que,

Nf = 40(Np)2

2é a dimensão do espaço de características das wavelets. Para

separar os espaços vetoriais relacionados a cada fator multimodal imerso no

tensor G realizaremos a HOSVD deste tensor:

G = Z ×1 Upe ×2 Uv ×3 Ui ×4 Ue ×5 Uf (4.32)

Como Uf é a base do espaço de parâmetros e estamos particularmente

interessados na decomposição nos espaços de fatores, então podemos

modificar a HOSVD na Equação (4.32) para sua forma reduzida:

G = V ×1 Upe ×2 Uv ×3 Ui ×4 Ue (4.33)

em que V = Z ×5 Uf .

Através desse método híbrido de extração de características, estamos

obtendo através das wavelets de Gabor a maior quantidade de informação

possível [10], separando seus fatores multilineares constituintes através da

HOSVD, tais como posição facial, iluminação e expressão facial. Como

no TensorFaces, assumimos uma mistura probabilística do PCA, que é

análogo a métodos de separação de subespaços baseados em posição facial

[59, 60]. Logo, para cada posição no modelo tensorial existe uma gaussiana

multidimensional [7].

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4.3. Wavelets de Gabor imersas em um Modelo Tensorial 33

Algoritmo 4.1 Classificação com o TenWav1: procedure TENWAV(Imgs,gtest) ⊲ Conjunto de imagens.2: for I ∈ Imgs do3: Filtrar a imagen I com as wavelets Gabor

4: downsample todos gu,v do fator δ

5: gI ← (g0,0 g0,1 . . . g4,7)⊤

6: end for7: Construa G(5) com todos gI8: Remodelar G(5) para um tensor G9: A← 5

10: V,Upe,Up,Ui,Ue ← reducedHOSVD(G, A)11: W ← V ×2 Up ×3 Ui ×4 Ue

12: gpe(i2, i3, i4)← [W⊤(pe)(i2, i3, i4)]

†gtest13: i∗1 ← argmini1,i2,i3,i4 ‖ gpe(i2, i3, i4)− g(i1) ‖214: return i∗115: end procedure

Múltiplas Projeções Lineares no Espaço das Wavelets de Gabor

Cada indivíduo no conjunto de imagens pode ser representado por um

vetor de coeficientes na matriz de autovetores do espaço de pessoas Upe. Este

vetor de coeficientes é relativo ao espaço gerado pelas projeções das wavelets

de Gabor em cada fator multimodal (posição, iluminação e expressão). Da

mesma forma que podemos pensar em uma assinatura do individuo no modelo

TensorFaces, para o modelo tensorial com wavelets de Gabor podemos pensar

em uma assinatura multiescala da pessoa no modelo tensorial. Ou seja,

W = V ×2 Up ×3 Ui ×4 Ue (4.34)

implica em

gpe(i2, i3, i4) = [W⊤(pe)(i2, i3, i4)]

†gtest (4.35)

em que a operação de classificação é realizada através da distância euclideana

para cada base relativa aos fatores multimodais:

i∗1 = arg mini1,i2,i3,i4

‖ gpe(i2, i3, i4)− g(i1) ‖2 (4.36)

Uma vez que a dimensão do vetor de características tenha sido reduzida

e a habilidade de discriminação tenha sido aumentada por algum método

de análise de subespaços, podemos usar simplesmente o classificador naive

bayes com a distância euclidiana como medida usada na classificação.

Classificadores mais complexos podem ser usados, tais como Support Vector

Machine e Nearest Feature Space. Entretanto o esforço computacional não

valeria o ganho na taxa de acerto [46].

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Capítulo 5

Validação Cruzada Modo-n

5.1 Validação Cruzada

A Validação Cruzada (VC) ou estimação rotacionada tornou-se um método

padrão na análise de desempenho de algoritmos e modelos em machine

learning e reconhecimento de padrões. Seja S = (xi,yi)ni=1 um conjunto

de dados, um dataset, em que X = xini=1 são amostras aleatórias de certos

padrões rotulados Y = yini=1 de um conjunto finito de classes, ou seja, os

rótulos tomam valores de Ω = ωici=1. O procedimento na realização da

VC consiste em particionar aleatoriamente o dataset S em k folds (partes)

mutuamente exclusivas de tamanhos aproximadamente iguais, em outras

palavras:

S =k⋃

i=1

Si em que Si ∩ Sj = ∅ para todo i 6= j. (5.1)

Assim um classificador η(., .) baseado em um modelo classificação é

treinado no conjunto S\Si e testado em Si, k vezes [61], também denominada

k-fold VC. Para um dado padrão (x,y), o erro de classificação da amostra x

como sendo da classe y de uma dada parte Si é definida como em [62],

δ[y,η(S\Si,x)] =

1 y 6= η(S\Si,x)0 caso contrário.

(5.2)

Como não sabemos a distribuição da taxa de erro ε do classificador η(., .),

é necessário estimarmos a mesma ε:

ε =1

n

k∑

i=1

(x,y)∈Si

δ[y,η(S\Si,x)] (5.3)

A estimativa ε de ε possui alguns problemas causados devido aos dados

que são usados mais de uma vez em treinamento e/ou pequenas quantidades

34

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5.2. Validação Cruzada Modo-n 35

de amostras para treino. É possível ver esse efeito na alta variância da

distribuição de ε. Uma maneira de diminuirmos esse tipo de problema é

através da k-fold VC estratificada, no qual definimos [61],

Definição 17 (VC estratificada) Quando cada fold é construído com a mesma

proporção de padrões para cada classe do conjunto de dados original, dizemos

que a validação cruzada é estratificada.

Outro problema que surge na k-fold VC devido essa alta variância na

taxa de erro é sua baixa replicabilidade, ou seja, se realizarmos dois

experimentos idênticos, isto é, mesmos dados e teste de hipótese, mas com

diferentes particionamentos do conjunto de dados, iremos obter resultados

muito diferentes [63]. Para aumentarmos a replicabilidade e melhorarmos

a estimativa da taxa de erro ε devemos repetir a k-fold VC em diferentes

particionamentos do conjunto de dados. A nova estimativa εr em que a VC

é repetida r vezes é obtida como

εr =1

r

r∑

j=1

εj (5.4)

Para cada repetição da VC é necessário um novo particionamento aleatório

do dataset. Para o conjunto de dados S sua cardinalidade é dada por o(S) = n.

Da mesma forma que o(Si) = ni (i = 1, . . . , k) representa a cardinalidade de cada

parte em um dado particionamento de S. É claro quek∑

i=1

ni = n, de forma que

o número de partições ρ possíveis é

ρ =n!

n1!n2! . . . nk!(5.5)

Cada partição Pi do conjunto de todas as partições Φ = Piρi=1 corresponde

à uma validação cruzada específica com k folds. Observe que a estimativa

da taxa de erro εP resultante da VC na partição Pi é uma estimativa de εr.

Ao realizarmos a repetição para todos os particionamentos no conjunto Φ

teremos uma boa estimativa do erro verdadeiro ε. Mas devido a aspectos

computacionais geralmente repetimos a validação 100 vezes, ou ainda de

uma forma mais sistemática através de algoritmos como Fixed Confidence

Interval (FCI) ou Two Step Estimation (TSE) para avaliarmos a quantidade de

repetições necessárias [64].

5.2 Validação Cruzada Modo-n

Dados multimodais modelados como tensores de ordem superior devem

obedecer um ordenamento, uma lei de formação para os tensores. Modelos

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5.2. Validação Cruzada Modo-n 36

como TenWav e TensorFaces não são exceção, os mesmos devem seguir uma

ordem baseada nos fatores multimodais. Neste caso, as imagens vetorizadas

devem ter uma ordem pré-definida em sua forma matriciada no modo em

que os padrões estão localizados. Para fins de ilustração considere um

tensor de dados com ordem 4, a saber A ∈ R3×3×3×3. Se considerarmos o

modo-4 como sendo o espaço de parâmetros, ou seja, as colunas de A(4)

são os padrões, teríamos de organizar os dados conforme é ilustrado na

Figura (3.2). Essa organização está diretamente relacionada com a maneira

utilizada para matriciar o tensor. Assim, vemos que modelos tensoriais

em que os dados são organizados como um único tensor possuem um alto

grau de dependência em sua estrutura interna, não sendo possível dividir os

dados para teste e treinamento de uma forma totalmente aleatória. Faz-se

necessária uma maneira sistemática seguida de um estágio de aleatoriedade

para assegurarmos os resultados da estimação do erro.

No contexto de regressão para algoritmos em modelos Tucker3,

D.J.Louwerse et al. [65] propuseram dois métodos para validação cruzada: VC

EM-Tucker3 e VC Leave-bar-out (LBO) Tucker3. Essas duas abordagens não

são apropriadas para um problema de classificação em que o padrão desejado

está localizado em um modo, também não sendo aplicáveis no contexto de

classificação em modelos baseados em HOSVD. De fato, o primeiro método

combina os algoritmos Tucker3 e EM fazendo uso da natureza iterativa dos

mesmos, impossibilitando seu uso com HOSVD. Com o método LBO, o mesmo

padrão aparece mais de uma vez no conjunto de treinamento, o que induz

dependência entre as estimativas da taxa de erro de cada rodada na validação

cruzada, fazendo com que sua estimação não seja válida [66].

A validação cruzada tradicional toma partições aleatórias do conjunto

de padrões S = (xi,yi)ni=1 com seus respectivos rótulos. Uma maneira

equivalente consiste em tomar partições aleatórias do conjunto de dados

X = xini=1 e depois seus rótulos do conjunto Y = yini=1. Para os modelos

tensoriais considerados, iremos realizar a validação cruzada no conjunto X que

está organizado como as colunas do espaço de medidas (imagens vetorizadas)

D(p), em que o tensor D contém a totalidade dos dados.

Propomos uma nova abordagem para a validação cruzada baseada nessa

nova estrutura do dataset. Para isso, vamos definir alguns conceitos

importantes para o desenvolvimento do trabalho.

Definição 18 (modelo tensorial) Um modelo tensorial D sobre um conjunto

multimodal X é uma permutação dos elementos de X.

Definição 19 (espaço de padrões ou dos parâmetros) O espaço gerado pela

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5.2. Validação Cruzada Modo-n 37

matriciação modo-p, onde cada coluna de D(p) é um padrão, é denominado

espaço de padrões.

Definição 20 (espaço das classes) O espaço gerado por D(ω) ou analogamente

Uω onde estão os vetores que discriminam as classes ωi ∈ Ω é denominado

espaço das classes ou categorias do modelo tensorial.

Para o nosso caso, estamos permutando os elementos de X para formar

D(p), a matriz de padrões resultante da matriciação do tensor D no modo-p.

Por sua vez, podemos denotar a matriz Up como sendo análogo ao espaço

D(p), pois a mesma gera o mesmo espaço. Em reconhecimento facial usamos

a notação Upe para Uω, como a referência as classes serem diretamente

relacionadas as pessoas do banco de imagens faciais.

Definição 21 (modo interno) Seja D um modelo tensorial de um conjunto

multimodal X. Os espaços ou modos relacionados aos fatores multimodais

diferentes de D(p) e D(ω) denominamos modos internos ao modelo tensorial D.

Essa definição deixa claro que o posicionamento do espaço de padrões D(p)

e do espaço de classes D(ω) não estão fixados. De fato, D(p) já foi utilizado

no TensorFaces como modo-5 e modo-1 [7, 9]. Essa propriedade é inerente

da álgebra multilinear onde cada espaço linear associado ao espaço tensorial

é independente dos demais. Agora consideramos a concatenação de dois ou

mais tensores em um dado modo-n.

Definição 22 (soma direta modo-n) A soma direta modo-n dos tensores A ∈RI1 × ...× In−1 × J1 × In+1 × ...× IN e B ∈ RI1 × ...× In−1 × J2 × In+1 × ...× IN denotada por A⊕nBé um tensor C ∈ RI1 × ...× In−1 × (J1+J2)× In+1 × ...× IN em que as colunas cj de C(n) são

iguais a soma direta aj ⊕ bj dos vetores colunas aj ∈ A(n) e bj ∈ B(n).

Pelo Teorema (1) a nova dimensão do modo-n é J1 + J2. Estimadores

com resampling, caso em que a validação cruzada se enquadra, sofrem de

um problema: o desempenho do classificador é estimado por classificadores

substitutos que são obtidos a partir dos dados de treinamento S\Si (i = 1, . . . , k)

retirados do conjunto S. Se S\Si for muito diferente de S o classificador η(S\Si, .)pode ser muito diferente de η(S, .) resultando em uma estimativa ε distante de

ε [67]. Esse problema também foi notado em [61] no contexto da estabilidade

dos classificadores η(., .), que propôs a validação cruzada estratificada como

solução. Assim, somos motivados a distribuir as amostras nos folds de

uma forma estratificada, ou seja, além de folds com tamanhos aproximados

estes devem possuir uma mesma proporção de amostras de cada classe ou

indivíduo.

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5.2. Validação Cruzada Modo-n 38

O método da validação cruzada com k-folds no modo-n ou simplesmente

k-VC modo-n consiste em selecionar os folds dos modos internos IN\Iω, Ipatravés de uma função escolha

In = π( IN\Iω, Ip), (5.6)

em que π(.) seleciona um determinado modo de acordo com a necessidade, por

exemplo, π(.) = max(.),min(.) dentre outros. O modo-n escolhido tem dimensão

In, assim, existem dois casos que devemos considerar: k | In e k ∤ In.

Caso em que k divide In

Quando k | In dividimos o tensor D em k subtensores Di ∈RI1 × ...× Ii−1 × In

k× Ii+1 × ...× IN , que serão nossos folds no k-VC modo-n. Como

foi dito anteriormente o tensor é o próprio dataset, então o conjunto de

treinamento D\Di ∈ RI1 × ...× In−1 × In(1−1k)× In+1 × ...× IN é construído de acordo com

a Equação (5.7), e testamos em Di ∈ RI1 × ...× In−1 × Ink

× In+1 × ...× IN .

D\Di = D1 ⊕n . . .⊕n Di−1 ⊕n Di+1 ⊕n . . .⊕n Dk, (5.7)

A Figura 5.1 ilustra um particionamento hipotético de um tensor em

um dado modo, cada Di pode ser utilizado para teste e os demais para

treinamento. Observe que com a Equação (5.8) a seguir, podemos reconstruir

o modelo tensorial original a partir dos subtensores.

D = D1 ⊕n . . .⊕n Di−1 ⊕n Di ⊕n Di+1 ⊕n . . .⊕n Dk. (5.8)

O método k-VC modo-n fornece uma validação cruzada estratificada. É bem

verdade que exceto pelo modo-n que agora possui dimensão Ink

, todos os modos

mantiveram a mesma dimensão do tensor original após o particionamento.

Para o cálculo da taxa de erro considere A = D1,D2, . . . ,Dk e seus

respectivos rótulos Y = Y1, Y2, . . . , Yk. Seja Di ∈ A e Wi = (x,y);x ∈ Di,y ∈ Yi,assim a estimativa ε é calculada de forma análoga à Equação (5.3):

ε =1

m

k∑

i=1

(x,y)∈Wi

δ[y,η(D\Di,x)], (5.9)

em que,

m =

N∏

j=1j 6=p

Ij . (5.10)

O método k-VC modo-n forma k subtensores (folds) de D. Observe que

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5.2. Validação Cruzada Modo-n 39

D

Di−2 Di−1

Usado para Teste

Di

Di+1 Di+2

Figura 5.1: O tensor total é particionado no modo-n para formar os folds.

cada Di, (i = 1, . . . , k) pode ser visto como a soma direta modo-n de Ink

=

λ ∈ N subtensores E j ∈ RI1 × ...× In−1 × 1× In+1 × ...× IN , (j = 1, . . . , λ) escolhidos do

conjunto E l ∈ RI1 × ...× In−1 × 1× In+1 × ...× IN , (l = 1, . . . , In) dos In subtensores de D

obtidos fixando-se o índice in de 1 até In. Assim,

D = E1 ⊕n E2 ⊕n . . .⊕n E l ⊕n . . .⊕n EIn.

O fato de extrairmos λ elementos do conjunto E = EiIni=1 para formar uma

parte Di de um particionamento P do tensor D induz um conjunto de partições

em que cada uma de suas partes tem exatamente o mesmo tamanho. Dessa

forma o número de partições ρ é

ρ =In!

(λ!)k=In(In − 1) . . . (λ+ 1)

(λ!)k−1. (5.11)

A possibilidade do particionamento do conjunto de dados em um modelo

tensorial proporciona a repetição do k-VC modo-n, possibilitando uma melhor

estimativa ε da taxa de erro ε.

Exemplo 1 Considere um tensor de dados D ∈ R12× 20× 15× 180, no qual iremos

aplicar a validação cruzada com 10 folds. Nesse exemplo o modo-1 e modo-4 são

reservados para o espaço das classes e espaço dos padrões, respectivamente.

Dentre os modos internos 2 e 3 usaremos o modo-2 para a construção dos folds.

Assim,In

k=

20

10= 2, os subtensores Di de mesma ordem que D terá dimensão 2

no modo-2. A formação dos tensores Di é realizada de uma maneira aleatória:

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5.2. Validação Cruzada Modo-n 40

dividimos o tensor original D em 20 subtensores E i ∈ R12× 1× 15× 180, então,

escolhemos dois subtensores Er e Es para formar o i-ésimo fold Di = Er ⊕n Es.A cada repetição da validação cruzada o processo é repetido. O Algoritmo 5.1

lista a sequência de passos principais para extração de folds nos dois casos:

k | In e k ∤ In.

Caso em que k não divide In

Quando k ∤ In dividimos o tensor D em k + 1 subtensores, sendo

k tensores Di ∈ RI1 × ...× Ii−1 × ⌊ Ink⌋ × Ii+1 × ...× IN (i = 1, ..., k), e um Dk+1 ∈

RI1 × ...× In−1 × In−⌊ Ink⌋k × In+1 × ...× IN , para manter a simplicidade define-se γ =

In − ⌊ Ink ⌋k, em que 1 ≤ γ ≤ k − 1.

Para formamos folds com tamanhos aproximados e estratificados vamos

dividir o tensor Dk+1 em γ subtensores E i ∈ RI1 × ...× In−1 × 1× In+1 × ...× IN , e

adicioná-los aos tensores Di para i ≤ γ, como mostrado na equação a seguir

F i = E i ⊕n Di (i = 1, . . . , γ), (5.12)

em que F i ∈ RI1 × ...× In−1 × ⌊ Ink⌋+1× In+1 × ...× IN ,.A equação seguir permite a

reconstrução do dataset, i.e.:

D = F 1 ⊕n . . .⊕n Fγ ⊕n Dγ+1 ⊕n . . .⊕n Dk. (5.13)

Para o cálculo da taxa de erro, considere A = F1, . . . ,Fγ,Dγ+1, . . . ,Dk como

sendo o conjunto dos folds extraídos do modelo tensorial D. Para cada fold

Ai ∈ A existe um conjunto de rótulos associados, a saber Yi, de tal forma que

Y =⋃k

i=1 Yi. Ora, seja Ai ∈ A e Wi = (x,y);x ∈ Ai,y ∈ Yi então a nova estimativa

da taxa de erro pode ser calculada como,

ε =1

m

k∑

i=1

(x,y)∈Wi

δ[y,η(D\Ai,x)], (5.14)

em que m é calculado conforme a Equação (5.10).

Da mesma forma que foi possível repetirmos o k-VC modo-n no caso em

que k | In, podemos fazer uma análise similar para o caso k ∤ In. Existem dois

conjuntos de subtensores a serem considerados, F = F iγi=1 onde γ = In−⌊ Ink ⌋ke D = Djk−γj=1 . O tensor F i é formado escolhendo α = ⌊ In

k⌋+1 subtensores de E,

enquanto Dj é formado escolhendo β = ⌊ Ink⌋ subtensores de E. Assim o número

de partições ρ do modelo tensorial D é dado por

ρ =In!

(α!)γ(β!)k−γ=In(In − 1) . . . (α + 1)

(α!)γ−1(β!)k−γ. (5.15)

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5.3. Validação cruzada com fusão de modos 41

Algoritmo 5.1 Validação cruzada com k folds no modo-n1: procedure EXTRAIFOLDS(D , k) ⊲ Tensor de dados e número de folds.2: Escolhe o modo n que será realizado a validação

3: Divide D em In subtensores E i no modo-n

4: if k | In then

5: λ← In

k6: for i ∈ 1, 2, . . . , k do7: Escolhe λ tensores dos E i’s aleatoriamente.

8: Di ← E1 ⊕n E2 ⊕n . . .⊕n Eλ9: end for

10: return D1,D2, . . . ,Dk

11: else12: λ← ⌊In

k⌋

13: for i ∈ 1, 2, . . . , k do14: Escolhe λ tensores dos Ei’s aleatoriamente.

15: Di ← E1 ⊕n E2 ⊕n . . .⊕n Eλ16: end for

17: for i ∈ 1, 2, . . . , In − ⌊In

k⌋k do

18: Escolhe um tensor Ei não utilizado, aleatoriamente.

19: F i ← Di ⊕n E i20: end for21: return F1,F2, . . . ,Fλ,Dλ+1,Dλ+2, . . . ,Dk

22: end if23: end procedure

5.3 Validação cruzada com fusão de modos

Já é de conhecimento que a validação cruzada com 5 ou 10 folds nos

fornece uma boa estimativa da taxa de erro e do quanto nosso modelo pode

ser generalizado [61]. Para k-VC modo-n também podemos assumir que os

valores 5 e 10 para k são satisfatórios , pois estamos realizando uma validação

cruzada estratificada. Mas em muitos casos os modos internos relativos aos

fatores multimodais possuem dimensão In < 5, ou seja, no conjunto de dados

o fator multimodal possui baixa variabilidade, assim, a aplicação do método

torna-se inviável. Propomos a seguir uma fusão nos modos internos do modelo

tensorial, mais especificamente nos modos vizinhos internos ao tensor, o que

nos leva às seguintes definições:

Definição 23 (modos aninhados) Seja A ∈ RI1×I2×...×IN , dizemos que o

modo-(n+1) está aninhado ao modo-n no modelo A se A(p) ∈ RIp × Ip−1...InI(n+1)...IN ,

onde Ip × Ip−1 . . . InI(n+1) . . . IN não representa apenas o número de colunas

de A(p), mas também sua organização na matriciação. Quando A(p) ∈RIp × I(p−1)...In...I(n+k)...I(n+l)...IN dizemos que tanto o modo-(n+k) quanto o modo-(n+ l)

estão aninhados ao modo modo-n.

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5.3. Validação cruzada com fusão de modos 42

modo-i

modo-j

modo-ij

Fusao

Figura 5.2: Fusão do modo-i com o modo-j formando um novo modo-ij.

Definição 24 (modos vizinhos) Quando o modo-m está aninhado ao modo-n

de um dado tensor A e ao mesmo tempo o modo-m não é aninhado a nenhum

dos modos aninhados do modo-n, então dizemos que modo-m é vizinho do

modo-n, da mesma forma o modo-n é vizinho do modo-m.

Essas duas definições estão diretamente conectadas à maneira em

que os índices do tensor A foram organizados. Por exemplo, se A ∈RI1 ×I2 ...× In × I(n+1) × ...×× I(n+k) ×...× IN , então os modos n+1 e n+k estão aninhados

ao modo-n, mas apenas o modo-(n + 1) é vizinho do modo-n. Agora

denotaremos a fusão do modo-n com o modo-m simplesmente por modo-nm.

Definição 25 (modo-nm) Sejam o modo-n e modo-m vizinhos em um tensor

A ∈ RI1 × I2 × ...× In × Im × ...× IN . A fusão do modo-m no modo-n consiste em uma

soma direta modo-m dos In subtensores Bi ∈ RI1 × I2 × ...× 1× Im × ...× IN obtidos

fixando-se o índice i = in de 1 até In. O novo tensor H é dado por:

H = B1 ⊕m B2 ⊕m . . .⊕m Bi ⊕m . . .⊕m BIn , (5.16)

em que H ∈ RI1 × I2 × ...× 1× InIm × ...× IN .

Observe que o tensor H ∈ RI1 × I2 × ...× 1× InIm × ...× IN realmente não é de

interesse devido o modo-n ter dimensão 1, o que nos conduz à seguinte

proposição:

Proposição 2 O tensor A ∈ RI1 × I2 × ...× I(n−1) × 1× I(n+1) × ...× IN pode ser

identificado como o tensor B ∈ RI1 × I2 × ...× I(n−1) × I(n+1) × ...× IN .

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5.3. Validação cruzada com fusão de modos 43

Prova 5 Basta definirmos a bijeção

ϕ : RI1 × I2 × ...× I(n−1) × 1× I(n+1) × ...× IN −→ RI1 × I2 × ...× I(n−1) × I(n+1) × ...× IN

tal que, ϕ(xi1i2...in−11in+1...iN ) = xi1i2...in−1in+1...iN .

Em outras palavras, se o modo-n e modo-m tem dimensões In e Im

respectivamente, o novo modo que substituirá os dois tem dimensão InIm (veja

Figura 5.2). Essa abordagem nos fornece um fator multimodal híbrido em um

dado modelo tensorial e ao mesmo tempo diminui a complexidade do modelo,

no sentido de que a ordem do tensor é decrescida, fazendo com que seja

eliminado o cálculo de uma SVD em um dos estágios da HOSVD. No contexto

de reconhecimento facial em um conjunto de imagens faciais multimodais,

podemos construir novos modos híbridos combinando fatores como condições

de iluminação, posição facial e expressões faciais, por exemplo:

pos-ilum Combinando posição facial com condição de iluminação,

pos-exp Combinando posição facial com expressão facial e

ilum-exp Combinando condição de iluminação com expressão facial.

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Capítulo 6

Avaliação de Desempenho

Um dos problemas recorrentes na análise do desempenho de um estimador

é o dilema viés-variância. Existem alguns aspectos a serem considerados

relativos a variância de nossa estimativa. Primeiramente ε é uma função

do conjunto de treinamento (que é escolhido aleatoriamente). Segundo, a

aleatoriedade na escolha dos k folds no particionamento do nosso dataset

usado na validação cruzada é outro fator integrante na formulação de ε como

uma variável aleatória. É desejável que nosso estimador possua bias zero e

uma variância baixa. É um fato conhecido que a estimativa do erro ε na Eq. 5.3

baseado em validação cruzada, é um estimador baseado em contagens de

erros, onde a função erro δ(., .) na Eq. 5.2 conta o número de erros. É contado

o número de erros em n classificações das amostras do conjunto de dados e

dividido por n para estimarmos a taxa de erro para aquele particionamento.

Logo, a estimativa muda em incrementos 1n, caracterizando uma unidade de

variância irredutível [67].

A validação cruzada repetida é menos afetada por essa variação irredutível,

pois realizamos o k-fold VC r vezes. Outro aspecto relativo à variância diz

respeito ao fato de que consideramos ε como uma estimativa da taxa de

erro incondicional, o que pode ser controverso, pois as amostras D\Ai não

são amostras independentes da distribuição conjunta de características e

labels [68]. Essa variância é agravada quando o número k de folds é grande.

Nesta situação, é recomendado o uso de valores moderados para k, a fim

de reduzirmos essa variância, correndo o risco de aumentar o bias [61]. No

trabalho de Kim em [69] foi mostrado que a validação cruzada repetida com

10 folds possui baixa variância, principalmente em modelos que melhor se

adaptam ao conjunto de dados, como é o caso do TensorFaces e TenWav.

Dado o classificador η(S, .) construído sobre um determinado dataset S,

existem ρ k-fold VC estimadores ε(i)ρ (i = 1, . . . , ρ), onde sua média ερ pode ser

considerada uma boa estimativa da taxa de erro ε. Como o número ρ é muito

44

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6.1. Simulações e Resultados 45

n Número de partições ρ15 ≈ 1, 68× 108

20 ≈ 3, 06× 1011

25 ≈ 1, 37× 1018

Tabela 6.1: Número de partições para 5-fold VC estratificado com n amostras

grande (ver Tab. 6.1) torna-se computacionalmente inviável executar todos

os k-fold VC para cada amostra do conjunto de todas as partições. Assim,

selecionamos r amostras aleatórias do conjuntos de todas as partições P de S,

segue que a média εr das r amostras do conjunto ε(i)ρ é uma estimativa de

ερ. Observe que quanto maior o número de partições r utilizadas, melhor será

nossa estimativa εr de ερ, e consequentemente de ε.

Seja εn a verdadeira taxa de erro condicional, ou seja a taxa de erro

dado que o classificador η(Sn, .) foi construído com base no conjunto de

treinamento Sn e a estimativa εn foi calculada com amostras independentes

das de treinamento. Foi verificado que para estudarmos o desempenho de um

estimador ε, seja ele resultante da validação cruzada ou da validação cruzada

repetida, é correto examinarmos a distribuição ε − εn em vez da distribuição

de ε, denominada distribuição do desvio [67,69]. Como ε − εn é uma variável

aleatória segue que

E[(ε− εn)2] = V ar(ε− εn) + [E(ε− εn)]2. (6.1)

Como não temos acesso a estimativa εn, pois não temos uma grande

quantidade de amostras independentes do conjunto de treinamento, iremos

analisar o comportamento da distribuição do desvio de ε(i)r − εr, fazendo

transparecer o comportamento de uma única execução ε(i)r em relação a

estimativa εr de ε. Assim

E[(ε(i)r − εr)2] = V ar(ε(i)r − εr) + [E(ε(i)r − εr)]2 (6.2)

nos mostra o quanto ε(i)r pode se afastar de nossa estimativa εr.

6.1 Simulações e Resultados

Em nossos experimentos utilizamos dois bancos de imagens faciais:

Weizmann Face Image Database [70]. Foi utilizado parte do banco

consistindo de 24 indivíduos em 5 posições faciais, 3 condições de

iluminação e 3 expressões faciais, totalizando 1080 imagens, na Figura

6.1 temos exemplo de um individuo que compõe esse banco de faces.

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6.1. Simulações e Resultados 46

Extended Yale Face Image Database [71]. Foi utilizado parte do banco

consistindo de 27 indivíduos em 9 posições faciais, 15 condições de

iluminação, totalizando 3645 imagens.

Para teste foram consideradas quatro situações específicas:

Sem ruído;

Com ruído gaussiano de média zero e variância 0, 01;

Com ruído "sal e pimenta" com densidade 0, 01;

Com ruído "speckle" (ruído multiplicativo): M = I + nI, em que n é uma

variável aleatória uniformemente distribuída com média zero e variância

0, 03.

6.1.1 Experimentos no Weizmann Face Image Database

Para os experimentos nesse banco de faces os fatores multimodais

considerados são: posição facial, condição de iluminação e expressão facial.

Ainda são componentes do modelo tensorial o número de indivíduos e a

dimensão de cada imagem facial vetorizada para o modelo TensorFaces

e a dimensão de cada resposta (resultante da filtragem das faces com o

banco de filtros das Wavelets de Gabor) para o TenWav. Dessa forma,

para a construção dos modelos tensoriais TensorFaces e TenWav devemos

organizar nosso dataset como um tensor D ∈ R24× 5× 3× 3×Np de ordem 5 onde

cada modo tem correspondência biunívoca com os fatores multimodais que

compõem o banco de imagens Weizmann. O espaço de medidas ou espaço

dos pixeis tem dimensão Np, que pode assumir valores variáveis conforme a

necessidade, e. g., uma operação de redimensionamento da imagem original,

o fator de downsampling no modelo TenWav, dentre outras operações de

preprocessamento desejado. No modelo TensorFaces é possível visualizarmos

Figura 6.1: Imagens de um indivíduo em uma dada condição de iluminação,expressão facial e nas posições −34o,−17o, 0o,+17o,+34o,respectivamente.

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6.1. Simulações e Resultados 47

Figura 6.2: "Autofaces" relativas as múltiplas projeções Uv,Ui e Ue. Especificamente,5 posições faciais, 3 condições de iluminação, 1 expressão facial de umúnico indivíduo.

as múltiplas projeções provenientes da decomposição HOSVD, como pode ser

visto na figura 6.2.

Para o tensor D mencionado acima, temos que o fator multimodal de

maior dimensão é a posição facial com tamanho 5. Experimentos anteriores

com TensorFaces foram realizados com essa configuração [7–9], onde foi

considerado 4 posições para treino e uma para teste. O problema nessa

abordagem é evidente, uma vez que a taxa de acerto e consequentemente a

taxa de erro apresentada não resulta de um experimento fidedigno. Ainda se

fosse utilizada uma abordagem sistemática como 5-fold VC nesse modo, devido

à dimensão ser igual ao número de folds na validação cruzada, teríamos

apenas uma possibilidade para a configuração das partições, sendo possível

apenas uma repetição do 5-fold VC. Uma abordagem mais apropriada a fim de

contornar esses problemas consiste em realizar uma fusão modo-n para dois

fatores multimodais , produzindo um tensor com fator multimodal híbrido de

dimensão elevada.

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6.1. Simulações e Resultados 48

012

4

12

15

17

1921

24

Tax

a de

Err

o

TensorFaces TenWav

−4−3−2−1

0123

Métodos

Dis

trib

uiçã

o do

Des

vio

Figura 6.3: Taxa de erro e estimativa da distribuição do desvio, resultantes de 8500repetições do 10-fold VC no modo híbrido pos-ilum de dimensão 15, semruído.

pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× posição︸ ︷︷ ︸

modo 2

× iluminação︸ ︷︷ ︸

modo 3

× expressão︸ ︷︷ ︸

modo 4

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 5

⇓pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× pos-ilum︸ ︷︷ ︸

modo 2

× expressão︸ ︷︷ ︸

modo 3

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 4

Figura 6.4: Representação pictográfica da estrutura interna do modelo tensorial comfusão nos modos posição e iluminação.

Fusão nos modos posição facial e iluminação

No próximo experimento, realizamos a fusão dos modos posição facial e

iluminação, criando um tensor D ∈ R24× 15× 3×Np de ordem 4. Ao fazermos

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6.1. Simulações e Resultados 49

TensorFaces TenWav0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Métodos

Tax

a de

Err

o

Sem ruídoRuído gaussianoRuído sal & pimentaRuído multiplicativo

Figura 6.5: Taxa de erro e estimativa da distribuição do desvio, resultantes de 100repetições do 10-fold VC no modo híbrido pos-ilum de dimensão 15,considerando cenários com ruído.

isso, estamos diminuindo a complexidade do modelo, no sentido do número

de parâmetros a ser calculado, ou seja, uma SVD a menos para ser calculada.

Como pode ser visto na representação da Figura 6.4.

O novo modo pos-ilum de dimensão 15 foi escolhido para a realização do

10-fold VC modo-n., tal que, ⌊1510⌋ = 1 e γ = 15 − ⌊15

10⌋10 = 5. Assim, temos cinco

folds Di ∈ R24 × 2× 3×Np e cinco Fi ∈ R24× 1× 3×Np. O número total de partições é

ρ = 15!2!2!2!2!2!

≈ 4, 08×1010, tornando o cálculo de todos ε(i)ρ (i = 1, . . . , ρ) dispendioso.

O objetivo principal nesse primeiro experimento é analisar o desempenho do

10-fold VC modo-n a longo prazo. Escolhemos 8500 amostras aleatórias do

total de ρ partições, ou seja, repetimos o experimento 8500 vezes.

Como podemos ver na Figura 6.3, a distribuição de ε(i)r −εr não sofre de uma

alta variância, i.e., uma estimativa única do 10-fold VC estará próxima de εr,

o que confirma a viabilidade da VC modo-n. Ambos os métodos TensorFaces

e TenWav apresentam baixa variância, principalmente o TenWav.

A Figura 6.3 apresenta ainda a taxa de erro estimada, onde fica evidente

que o TenWav é mais adequado que o TensorFaces quando os fatores

multimodais posição facial e condição de iluminação são variados no conjunto

de faces. Os resultados apresentados relativos à estimação do erro e

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6.1. Simulações e Resultados 50

TensorFaces TenWav2

4

6

8

10

12

14

Metodos

Tem

po d

e um

a ex

ecuç

ão d

a V

C 1

0−fo

ld

Figura 6.6: Tempo médio de cada validação cruzada em 8500 repetições do 10-fold VCno modo pos-ilum de dimensão 15 .

distribuição do desvio de ε(i)ρ em relação a ερ, mostra-nos que se tomarmos

amostras de tamanho menor, tais como 10, 50 ou 100, teremos ainda boas

estimativas da taxa de erro.

Na Figura 6.5 temos os resultados das taxas de erro considerando cenários

com ruído (foram realizadas 100 repetições). De uma maneira geral os

métodos TensorFaces e TenWav não foram afetados pela presença do ruído

na imagem de teste (mantendo-se uma menor taxa de erro para o TenWav).

Outros dois experimentos foram realizados a fim de se verificar o

comportamento dos métodos TenWav e TensorFaces. Para o experimento

Fusão nos modos posição facial e expressão foram realizadas 100 repetições

do 10-fold VC modo-n. No segundo experimento Fusão nos modos iluminação

e expressão foram realizadas 1000 repetições do 5-fold VC modo-n.

Análise do tempo de execução

É também de interesse estimarmos o desempenho dos modelos tensoriais

quanto ao tempo de execução, em específico o tempo da HOSVD em cada

modelo. Primeiramente, analisamos o tempo médio de uma execução do

10-fold VC modo-n do experimento pos-ilum. Na Figura 6.6, pode-se concluir

que o tempo médio de execução do TenWav é menor que o TensorFaces.

Isso ocorre devido ao fato do modo pixel possuir dimensão Np reduzida, essa

redução é devido ao fator de downsampling . De fato, para uma imagem

I ∈ Rn×n, temos que vec(I) ∈ Rn2. No modelo TensorFaces temos Np = n2,

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6.1. Simulações e Resultados 51

Experimento Número de repetições TensorFaces TenWavpos-ilum 8500 ≈ 7.08× 104 ≈ 3.97× 104

ilum-exp 1000 ≈ 3.41× 103 ≈ 1.89× 103

pos-exp 100 ≈ 1.29× 103 ≈ 7.76× 102

Tabela 6.2: Tempo total em segundos da HOSVD nos modelos TenWav e TensorFaces

enquanto que para o TenWav temos N∗p =

uv

2n2. Segue que

uv

2≤ 1 na maioria

dos casos de aplicações práticas. No nosso caso u = 5, v = 8 e = 8, de forma

que N∗p = 0.625Np. Na Tabela 6.2 vemos o tempo total para cada um dos três

experimentos realizados sobre a base Weizmann.

Fusão nos modos posição facial e expressão

Neste experimento observamos como a variação conjunta dos fatores

posição facial e expressão afetam a taxa de erro dos modelos considerados.

Para isso é necessária fusão dos modos correspondentes a esses fatores.

Primeiramente devemos fazer uma mudança na estrutura interna do tensor

original D ∈ RNpe ×Nv ×Ni ×Ne ×Np para um novo tensor D∗ ∈ RNpe ×Nv ×Ne ×Ni ×Np

de forma que os modos posição facial e expressão tornem-se vizinhos,

possibilitando sua fusão, conforme é representado na Figura 6.7.

Após a fusão, o tensor resultante D ∈ R24× 15× 3×Np com o novo modo

pos-exp de dimensão 15 foi escolhido para a realização do 10-fold VC modo-n.

Realizando a mesma análise quanto aos folds que podem ser construídos,

vemos que temos cinco folds Di ∈ R24 × 2× 3×Np e cinco Fi ∈ R24× 1× 3×Np com

o mesmo número de partições ρ do experimento anterior. Na Figura 6.8,

apresentamos um sumário dos resultados desse experimento, considerando

cenários com ruídos, onde vemos taxas de erros próximas (diferença de 0.1%),

com o TenWav apresentando um melhor desempenho.

pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× posição︸ ︷︷ ︸

modo 2

× iluminação︸ ︷︷ ︸

modo 3

× expressão︸ ︷︷ ︸

modo 4

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 5

⇓pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× posição︸ ︷︷ ︸

modo 2

× expressão︸ ︷︷ ︸

modo 3

× iluminação︸ ︷︷ ︸

modo 4

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 5

⇓pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× pos-exp︸ ︷︷ ︸

modo 2

× iluminação︸ ︷︷ ︸

modo 3

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 4

Figura 6.7: Representação pictográfica da mudança da estrutura interna do modelotensorial com fusão nos modos posição e expressão.

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6.1. Simulações e Resultados 52

TensorFaces TenWav

0.7

0.8

0.9

1

1.1

1.2

1.3

1.4

Métodos

Tax

a de

Err

o

Sem ruídoRuído gaussianoRuído sal & pimentaRuído multiplicativo

Figura 6.8: Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 10-fold VC no modopos-exp de dimensão 15.

pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× posição︸ ︷︷ ︸

modo 2

× iluminação︸ ︷︷ ︸

modo 3

× expressão︸ ︷︷ ︸

modo 4

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 5

⇓pessoas︸ ︷︷ ︸

modo 1

× posição︸ ︷︷ ︸

modo 2

× ilum-exp︸ ︷︷ ︸

modo 3

× pixeis︸ ︷︷ ︸

modo 4

Figura 6.9: Representação pictográfica da estrutura interna do modelo tensorial comfusão nos modos iluminação e expressão.

Fusão nos modos iluminação e expressão

Nesse experimento analisamos os efeitos causados por mudanças nos

fatores iluminação e expressão. Segue que as dimensões desses modos são

ambas 3, logo o fator híbrido ilum-exp possui dimensão 9 (ver Fig. 6.9),

impossibilitando o uso do 10-fold VC modo-n. Como alternativa viável

consideramos o 5-fold VC modo-n com 1000 repetições para o primeiro

experimento em um cenário sem ruído. Na Figura 6.9 podemos ver a

representação da estrutura interna do modelo tensorial com fusão nos modos

iluminação e expressão. Desse modo é possível criar quatro tensores Di ∈R24× 5× 2×Np e um Fi ∈ R24× 5× 1×Np. Os resultados podem ser visualizados

na Figura 6.10, a qual nos indica que dois modelos possuem taxas de erros

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6.1. Simulações e Resultados 53

TensorFaces Tenwav0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

Metodos

TaxadeErro

Figura 6.10: Resultados da taxa de erro para 1000 repetições do 5-fold VC no modoilum-exp de dimensão 9, sem ruído.

TensorFaces TenWav0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

Métodos

Tax

a de

Err

o

Sem ruídoRuído gaussianoRuído sal & pimentaRuído multiplicativo

Figura 6.11: Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 5-fold VC no modoilum-exp de dimensão 9, considerando cenários com ruído.

próximas. Consideramos ainda outro experimento com 100 repetições em um

cenário com ruído. A Figura 6.11 com as taxas de erros correspondentes ao

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6.1. Simulações e Resultados 54

TensorFaces TenWav0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

Métodos

Tax

a de

Err

o

Sem ruídoRuído gaussianoRuído sal & pimentaRuído multiplicativo

Figura 6.12: Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 5-fold VC no modoposição facial de dimensão 9 para a base Extended Yale Face Image,considerando cenários com ruído.

segundo experimento, comprovam que os fatores multimodais iluminação e

expressão quando variam em conjunto não afetam os modelos TensorFaces e

TenWav.

6.1.2 Experimentos no Extended Yale Face Image Database

A base de dados Extended Yale Face Database B contém 16128 imagens de

28 indivíduos em 9 posições faciais e 64 condições de iluminação. Para os

nossos experimentos foram utilizados 27 indivíduos em 9 posições faciais e 15

condições de iluminação. Foram realizados três experimentos (cenários com

ruído) com 100 repetições do k-fold VC:

O primeiro experimento consiste em realizar 5-fold VC modo-n sobre o

modo posição facial, fazendo-se uso de quatro tensores Di ∈ R27× 2× 15×Np

e um tensor Fi ∈ R27× 1× 15×Np.

O segundo experimento consiste em realizar 5-fold VC modo-n sobre o

modo iluminação, fazendo-se uso de cinco tensores Di ∈ R27× 9× 3×Np.

O terceiro experimento consiste em realizar 10-fold VC modo-n sobre o

modo iluminação, fazendo-se uso de cinco tensores Di ∈ R27× 9× 2×Np e

cinco tensores Fi ∈ R27× 9× 1×Np.

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6.1. Simulações e Resultados 55

TensorFaces TenWav0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Métodos

Tax

a de

Err

o

Sem ruídoRuído gaussianoRuído sal & pimentaRuído multiplicativo

Figura 6.13: Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 10-fold VC no modoiluminação de dimensão 15 para a base Extended Yale Face Image,considerando cenários com ruído.

TensorFaces TenWav0

2

4

6

8

10

12

14

Métodos

Tax

a de

Err

o

Sem ruídoRuído gaussianoRuído sal & pimentaRuído multiplicativo

Figura 6.14: Resultados da taxa de erro para 100 repetições do 5-fold VC no modoiluminação de dimensão 15 para a base Extended Yale Face Image,considerando cenários com ruído.

Os resultados do primeiro experimento podem ser vistos na Figura 6.12,

onde fica evidente que o TensorFaces teve uma aumento na taxa de erro devido

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6.1. Simulações e Resultados 56

à variação das posições faciais, efeito também visto no TenWav de forma mais

amena. Da mesma forma que foi observado na base de dados Weizmann, os

resultados não foram afetados com a presença de ruído na imagem de teste.

Nas Figuras 6.13 e 6.14 apresentamos os resultados dos experimentos 2 e 3.

Observe que a iluminação é o fator multimodal que menos afeta o desempenho

dos modelos tensoriais. A diferença entre esses dois experimentos é a

quantidade de folds em cada validação cruzada, possibilitando uma análise

da melhor divisão do dataset na VC. Observa-se que, embora a mesmo a VC

com 5 folds seja "mais estratificada" (tensores do mesmo tamanho) é preferível

utilizar o 10-fold VC, pois a quantidade de outliers é reduzida.

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Capítulo 7

Conclusões e Perspectivas

Nessa dissertação, o desempenho de algoritmos para reconhecimento

de padrões, em específico o reconhecimento facial, baseados em álgebra

multilinear foi investigado. Foram investigados também métodos de estimação

da taxa erro para modelos tensoriais baseados em validação cruzada. Foi

proposto um método de reconhecimento facial, TenWav, que explora a

natureza multilinear das imagens faciais fazendo uso das wavelets de Gabor.

A extração de características ocorre em dois estágios. Primeiramente, as

wavelets de Gabor são aplicadas. No segundo estágio, a HOSVD é utilizada

para a separação dos fatores multimodais. O método TenWav obteve uma

menor taxa de erro do que o TensorFaces, mostrando-se mais robusto a

variações na formação da imagem. Foi realizada uma série de experimentos

com duas bases de imagens faciais: Weizmann Face Database e Extended

Yale Face Database. Nos experimentos em que se considerou a fusão nos

modos posição facial e iluminação, os resultados mostram que esses dois

fatores afetam consideravelmente a taxa de acerto do TensorFaces, fato que

não ocorre no TenWav, tornando-o uma escolha óbvia em aplicações práticas.

Propusemos também um método para validação e estimação da taxa de

erro em modelos nos quais os dados são organizados em um tensor. A

validação cruzada com k folds no modo-n de um dado tensor de dados é

baseada na validação cruzada tradicional, fazendo-se uso da estrutura interna

dos tensores. O método k-fold VC modo-n mostrou-se útil na validação do

TensorFaces e TenWav podendo ser utilizado em outras aplicações que fazem

uso de modelos tensoriais.

Como uma primeira perspectiva futura temos a aplicação da validação

cruzada modo-n para validação de outros tipos de modelos tensoriais.

Objetivamos ainda construir um modelo de estimação da taxa de erro

em estruturas tensoriais a partir do holdout com repetição e classes de

equivalência no espaço tensorial considerado.

57

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58

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