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José Saporiti, ISA, novembro 2019
Tecnologia Produtos Florestais
Comportamento mecânico da madeira
José Saporiti MachadoEng. Florestal
Investigador Auxiliar /Laboratório Nacional de Engenharia Civil
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Tecnologia Produtos Florestais Comportamento mecânico da madeira
1. A madeira como material estrutural de natureza biológica
2. Comportamento mecânico da madeira
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
4. Caracterização mecânica da madeira
5. Normalização aplicável
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Contéudo
José Saporiti, ISA, novembro 2019
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
Flexão estática
Dureza
Compressãoaxial
Massa volúmica
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Orientação geral das fibras da madeira em relação ao eixo longitudinal da peça
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
Inclinação do fio da madeira
José Saporiti, ISA, novembro 2019
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
Porção de ramo inclusa na madeira
Nós
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Alteração local (maior ou menor
extensão) da direcção das
fibras
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
Nós
José Saporiti, ISA, novembro 2019
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Teor de água
A madeira é um material higroscópico
absorvendo ou perdendo moléculas de
água em função do ambiente em que
se encontra exposto
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Efeito de teor em água
Propriedade Variação
(%)
Compressão // 5
Compressao 5
Tracção // 2,5
Tracção 2
Corte // 3
Flexão estática 4
Mód. elasticidade 1,5
Fonte: STEP1. A4
Teor de água
3. Fatores que afetam o comportamento mecânico da madeira
José Saporiti, ISA, novembro 2019
4. Caracterização mecânica da madeira
Ensaios sobre provetes limpos de defeitos
Ensaios sobre provetes de dimensão estrutural
Ensaio de compressão axial
5x5x15cm3 – norma ASTM
2x2x6cm3 – norma NP
Dimensão em função secção transversal do elemento
EN 408
Comprimento 6x a menor das dimensões transversais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
4. Caracterização mecânica da madeira
Ensaio de flexão estática
5x5x76cm3 – norma ASTM
2x2x34cm3 – norma NP
Dimensão em função da secção transversal do elemento
EN 408
Comprimento 19x a altura da viga
José Saporiti, ISA, novembro 2019
4. Caracterização mecânica da madeira
Ensaio de corte
NP 618
José Saporiti, ISA, novembro 2019
4. Caracterização mecânica da madeira
Ensaios sobre provetes de dimensão estrutural
Propriedades de referência
• Tensão de rotura à flexão
• Módulo de elasticidade à flexão
• Massa volúmicaEN 338 ou EN 384
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Regulamento dos Produtos da Construção
http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/12318?locale=enhttp://www.lnec.pt/pt/documentos/qualidade-de-produtos-e-empreendimentos/
» As disposições relativas à utilização prevista
de um produto de construção num Estado
Membro, destinadas a cumprir os requisitos
básicos das obras de construção, determinam
as características essenciais cujo
desempenho deverá ser declarado.
» A marcação CE permite a livre circulação no espaço interno europeu
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Requisitos Básicos das obras de Construção
1. Resistência mecânica e estabilidade
2. Segurança contra incêndio
3. Higiene, saúde e ambiente
4. Segurança e acessibilidade na utilização
5. Proteção contra o ruído
6. Economia de energia e isolamento térmico
7. Utilização sustentável dos recursos naturais
Regulamento dos Produtos da Construção
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Regulamento dos Produtos da Construção
a conformidade do produto de construção com o desempenho
declarado criando condições para a livre circulação em todo o Espaço
Económico Europeu e na Turquia
Quando o fabricante apõe a marcação CE a um produto significa:
A Declaração de Desempenho (DoP) ajuda os clientes e utilizadores finais a
comprovar o desempenho do produto e a compará-lo com o de outros produtos
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Produto destinado à construção
Abrangido por uma normaharmonisada
Documento Europeu de Avaliação (EAD)
NÃO
SIM
EN .........Anexo ZA
Avaliação Técnica Europeia(ETA)
Marcação obrigatória Marcação voluntária
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Regulamento dos Produtos da Construção
http://ec.europa.eu/growth/single-market/european-standards/harmonised-standards/index_en.htm
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Nas últimas duas décadas o desenvolvimento de novos produtos foi ainda acompanhado
em Portugal de uma alteração muito profunda ao nível do:
1. Panorama normativo
EN (harmonizada ou não) European Assessment Document
239
19
Total de normasNormas de produto
29
EAD
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
5. Normalização aplicável
Instituto Português da Qualidade
Comissão Técnica CT 14 Madeiras
SC1 - Madeira redonda e serrada
SC2 – Placas de derivados de madeira
SC3 - Proteção da madeira
SC4 – Estruturas de madeira
SC5 - Nemátode
CEN/TC175
CEN/TC112
CEN/TC38
CEN/TC124
CEN – Comissão Europeia de Normalização
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Norma Europeia
harmonizada Título
EN 13986 Placas de derivados de madeira para uso na construção
EN 14080 Estruturas de madeira - Madeira lamelada colada - Requisitos
EN 14081-1
Estruturas de madeira - Madeira
com secção rectangular classificada segundo a resistência
EN 14229 Madeira para estruturas - Postes de madeira para linhas aéreas
EN 14342 Revestimentos de piso em
madeira
EN 14374 Estruturas de Madeira - Madeira micro lamelada colada
EN 14915
Lambris e painéis de madeira maciça
Qualificação de madeira maciçapara fins estruturais
5. Normalização aplicável
José Saporiti, ISA, novembro 2019
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Madeira material estrutural
1. Material de origem natural
2. Cada peça é única (aparência e propriedades)
3. A sua resistência é função da sua estrutura e dos defeitos
que apresenta (nós, fio inclinado,…)
4. Absorve e liberta moléculas de água (higroscópico)
5. Incha e retrai em função da sua higroscopicidade
6. Passível de degradação física, mecânica e biológica
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Fonte: Wood Handbook
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Variabilidade
(propriedades físicas e mecânicas)
Classificação
Mecânica Visual
Madeira
comercialmente
disponívelClasse A
Classe B
Distribuição dos valores
de resistência
A B
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Classificação de madeira com base na resistência
José Saporiti, ISA, novembro 2019
EN 338
C18
Resistência (N/mm2)
Flexão 18
Tracção paralela 11
Tracção perpendicular 0,5
Compressão paralela 18
Compressão perpendicular 2,2
Corte 2,0
Rigidez (kN/mm2)
Mód. elasticidade paralelo médio 9
5º Mód. de elasticidade paralelo 6
Mód. de elasticidade perpendicular médio 0,3
Módulo de distorção 0,56
Classificação visual sem relação com resistência
mecânica
CRC14C16C18...C50
D30D35D40D50D60D70
Resistência mecânica
Classificação visual relacionada com
resistência mecânica(NP 4305: 1995)
Classe E
Classe EE
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Utilização Estrutural
Eurocódigo 5 (EN 1995-1-1) – Introdução do conceito de classes de resistência
Classe de resistência: Classe representada por um conjunto de propriedades físicas e
mecânicas tendo em vista a sua utilização no projeto de estruturas de madeira
Madeira maciça e madeira lamelada colada
José Saporiti, ISA, novembro 2019
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Dimensões preferenciais para madeira serrada de Resinosas
Largura (mm)Espes-
sura
(mm)
Dimensões preferenciais
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Re
sist
ên
cia
da
mad
eir
a
Medula
Anel de crescimento
Cerne
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Medula
A presença de medula por si só não
interfere nas propriedades mecânicas.
No entanto à volta da medula existe o
designado lenho juvenil caracterizado
por uma resistência inferior ao do dito
lenho adulto.
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Laboratório Nacional de Engenharia Civil
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Resistência a flexão (N/mm2)
We
ibu
ll D
istr
ibu
içã
o d
e p
rob
ab
ilid
ad
e
Classe P1 JW
Classe P1 MW
Classe P2
Primeiros 7 a 10 anéis de crescimento
Impossibilidade de ser detectado visualmente
Implicações na estabilidade dimensional (empenos)
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Medula
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Anéis de crescimento
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Laboratório Nacional de Engenharia Civil
)(m Volume -
(kg) Massa -
)(kg/m volúmicaMassa -
3
3
V
m
V
m
0
10
0
20
0
30
0
40
0
50
0
60
0
70
0
80
0
90
0
10
00
11
00
12
00
13
00
Bal
sa
Pin
ho
bra
vo
Lign
um
vit
ae
Distribuição de Pinho bravoDist. Normal
Re
sist
ên
cia
da
mad
eir
a
Massa volúmica
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Massa volúmica – Taxa de crescimento
Avaliação
anéis de nº
R
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
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Massa volúmica – Taxa de crescimento
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
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Teor em água - Empenos
Deformação da peça de madeira função da variação do seu teor em água e da anisotropia da madeira
Problemas:
1. Dificuldades de aplicação em obra
2. Funcionais
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Empenos
Avaliação
Empeno em meia-cana Empeno em hélice
Empeno em arco de face Empeno em arco de canto
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Descontinuidades no material que associadas a:
1. outros defeitos
2. tipo de esforço
3. localização em obra
podem reduzir significativamente o desempenho mecânico do elemento, nomeadamente junto a ligações estruturais
Um dos tipos mais comuns são fendas de secagem, as quais são geralmente consideradas como irrelevantes para o comportamento global de um elemento de madeira
Fendas
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
Dimensão correspondente à distância entre duas linhas que a delimitam, sensivelmente perpendiculares à direcção das fibras
Fendas
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
Fio = BC/AC
Fio da madeira
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Fio da madeira
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Pelo padrão de difusão de azulamento na madeira
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Nó aderente Nó soltadiço
Nós
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
Nós
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
KAR – Projecção dos nós na secção transversal
Nós
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
Fibras não recuperam a sua orientação geral
Nós agrupados no mesmo KAR
Fibras recuperam a sua orientação geral
Nós considerados separadamente em termos de KAR
Nós
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Nós
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
Avaliados como fendas
Na proximidade de nós, devem ser contabilizados na avaliação do KAR
Bolsas de resina e casca inclusa
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Porção remanescente da
superfície do toro que deu
origem à peça esquadriada
Diminuição localizada da secção transversal
(diretamente relacionável com resistência)
Dificuldades de aplicação (apoio) e ligação a outros
elementos
Descaio
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Diminuição localizada da secção transversal
(diretamente relacionável com resistência)
Dificuldades de aplicação (apoio) e ligação a outros
elementos
Descaio
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Fonte: Design of timber structures - Structural aspects oftimber construction. Vol. 1. Swedish Forest Industries Federation.
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Avaliação
a
VV
a
V 321 ou
b
KK
b
Kb 3212 ou
Face Canto
Descaio
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Azulamento
Borne manchada em tons de azul devido a fungos cromogéneos
Lenho de compressão Madeira de estrutura anatómica “anormal” constituída em resultado de acções mecânicas permanentes ou cíclicas
Outros defeitos
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Árvore em péApós abate – Azulamento pronunciado
Madeira por aplicar – considera-se inaceitável os seguintes tipos de
deterioração
Após abate
Podridões
Caruncho pequeno
Caruncho grande
Térmitas
Ardido
ou
cardido
Defeitos que implicam a rejeição de peças para fins estruturais
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Phellinus pini
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Tipo de classificação
Visual
Fabricante
Madeira seca (teor de água < 20%)
Norma harmonizadaClasse de resistência
Número de identificaçãoDeclaração de desempenho
Madeira maciça de secção retangular para fins estruturais - EN 14081 partes 1 a 3
Exemplo de marcação CE na peça
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Equipamento – Machine Timber Grader (MTG)
Input de informação • Dimensões• Massa• Teor de água• Espécie• Origem
Colocação da viga sobre suportes
Leitura da frequência própria de vibração
ClassificaçãoClasse de resistência
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Classificação mecânica
José Saporiti, ISA, novembro 2019
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Classificação mecânica
José Saporiti, ISA, novembro 2019
COMB. 1C24 Rejeitado
94,7% 5,3%
COMB. 2C35 C24 C18 Rejeitado
67,7% 9,6% 19,0% 3,7%
COMB. 3C40 C24 C18 Rejeitado
51,6% 27,0% 17,0% 4,4%
Classes de resistência para madeira de resinosas (pinho, espruce, abeto, etc.)
C14 C16 C18 C20 C22 C24 C27 C30 C35 C40 C45 C50
Resistência à flexão(MPa)
14 16 18 20 22 24 27 30 35 40 45 50
Classificação mecânica
Visual
MTG – Possíveis outputs em função dos settings da máquina
6. Qualificação da madeira para fins estruturais Classificação mecânica
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Limitações
Os elementos devem possuir:
• Teor de água entre 10% a 25%
• Dimensões compreendidas entre:
• Espessura - e: 36 a 110mm
• Altura – h : 63 a 242 mm
• Comprimento: 1500 a 8000 mm
Necessidade de conhecer a espécie de madeira e a sua origem geográfica
Necessidade de cumprir alguns requisitos
Necessidade do elemento estar isolado, permitindo minimizar a influência da transmissão de outras vibrações para o elemento
h
e
Necessidade de obter a massa do elemento (em obra poderá ser um problema para peças de grande dimensão)
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Classificação mecânica
José Saporiti, ISA, novembro 2019
Classe de serviço (CS) – EC5
CS 1 – Interior
30% < HR < 65%
Teor de água 12%
CS 2 – Interior húmido e exterior
abrigado
65% < HR < 85%
12% < Teor de água 20%
CS 3 – Exterior não abrigado
Teor de água > 20%
Resis
tên
cia
Teor de água (%)
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
José Saporiti, ISA, novembro 2019
6. Qualificação da madeira para fins estruturais
Fonte: Design of timber structures - Structural aspects oftimber construction. Vol. 1. Swedish Forest Industries Federation.