54
Planeamento pré-operatório para cirurgia conservadora da anca Sofia Ruivo Marecos Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em Tecnologias Biomédicas Orientadores: Professor Jorge Manuel Mateus Martins Doutor Paulo Amaral Rego Júri: Presidente: Maria Margarida Fonseca Rodrigues Diogo Orientador: Jorge Manuel Mateus Martins Vogal: Pedro Daniel Dinis Teodoro Dezembro 2016

Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

Planeamento pré-operatório para cirurgia conservadora da anca

Sofia Ruivo Marecos

Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em

Tecnologias Biomédicas

Orientadores:

Professor Jorge Manuel Mateus Martins

Doutor Paulo Amaral Rego

Júri:

Presidente: Maria Margarida Fonseca Rodrigues Diogo

Orientador: Jorge Manuel Mateus Martins

Vogal: Pedro Daniel Dinis Teodoro

Dezembro 2016

Page 2: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

ii

Page 3: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

iii

Agradecimentos

A presente dissertação foi desenvolvida no âmbito do Mestrado em Tecnologias Biomédicas

lecionado conjuntamente pelo Instituto Superior Técnico e pela Faculdade de Medicina da

Universidade de Lisboa. Instituições às quais agradeço, na figura dos seus docentes, por todo o apoio

dado, em especial ao Professor Jorge Manuel Martins.

Por outro lado, foi no seio do laboratório de engenharia mecânica que este projeto começou a ganhar

forma, não podendo deixar de reconhecer todo o apoio prestado pelo professor Pedro Teodoro, que

tornou este projecto possível, sem a sua ajuda este caminho tinha sido impossível de concluir, tendo

sido a sua disponibilidade e maneira de ser, uma grande inspiração.

Deixo aqui o meu muito obrigada aos meus chefes do hospital da luz, Ana Filipa Graça e Rúben

Teixeira, que acreditaram neste projecto e se disponibilizaram em ajudar, de forma a que fosse

possível realizar este mestrado e trabalhar ao mesmo tempo.

Para finalizar, quero também agradecer a todos aqueles que têm estado ao meu lado ao longo desta

viagem. Aos meus colegas do MTBiom, sem dúvida que a partilha de experiências das nossas vastas

áreas foi muito enriquecedora! Aos meus amigos e colegas de trabalho que me encorajaram a não

desistir quando tudo parecia impossível de finalizar e ao meu namorado e amigo que foi das pessoas

mais importantes para que conseguisse finalizar este projecto.

Por fim, um muito obrigada aos meus pais que financiaram este ciclo de estudos e me ajudaram em

tudo como sempre.

Page 4: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

iv

Page 5: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

v

Abstract

The objective is the development of a tool, based in Statistical Shape Models (SSM), which allows a

planning before surgery of individuals with this type of pathology.

The used methodology was grounded on a mathematical basis where SSM was developed, which

started by collecting a population of healthy samples. So any pathological femur can be approximated

by a composition of the average femur with the main ways of decomposition in singular values of the

covariance matrix. Thus, the main resulting differences between the compound femur and the

pathological femur are due to pathology.

After a SSM validation as statistical femur model, it is shown that its use, in the determination of the

pathology in a pathological femur, was effective, by using the first 5 decomposition eigenvectors in

singular values of covariance matrix.

Nowadays the evaluation of FAC is only performed through image, being MR the main method.

Through this tool the surgeon can determine more accurately and in a plane that he is used to work,

the location of pathology.

So the objective is to decrease the variables associated to the method each surgeon uses to perform

this technique, having as main focus the individual decision about the region to be intervened and his

performing level.

Palavras Chave: Ressonância Magnética, Conflito Femoro-Acetabular,Tomografia Computorizada,

SSM(Statistical Shape Models).

Page 6: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

vi

Resumo

O objetivo é o desenvolvimento de uma ferramenta, baseada em modelos estatísticos de forma (SSM

– Statistical Shape Models), que permite um planeamento pré - cirúrgico, de indivíduos com este tipo

de patologia.

A metodologia utilizada, tem como fundamento uma base matemática onde se desenvolveu o SSM,

processo iniciado pela recolha de uma população de amostras saudáveis. Qualquer fémur patológico

pode assim ser aproximado por uma composição do fémur médio com os modos principais da

decomposição em valores singulares da matriz de covariância. Assim, as principais diferenças

resultantes entre o fémur composto e o fémur patológico são devidas à patologia.

Após uma validação do modelo SSM, como modelo estatístico do fémur, verifica-se que a sua

utilização, na determinação da patologia num fémur patológico, sendo esta eficaz, recorrendo aos

primeiros 5 vetores próprios da decomposição em valores singulares da matriz de covariância.

Hoje em dia, a avaliação do CFA é realizado apenas através dos meios de imagem, sendo a RM o

método principal. Através desta ferramenta o cirurgião consegue determinar com maior precisão e

num plano a que está habituado a trabalhar, a localização da patologia.

Cirurgiões com menos experiência poderão encontrar nesta ferramenta, uma linha de orientação

inicial.

Deste modo, o objetivo é diminuir as variáveis que estão associadas ao método que cada cirurgião

utiliza na realização desta técnica, tendo como principal foco a decisão individual da região a ser

intervencionada e o seu grau de atuação.

Keywords: Magnetic Resonance, Femoral Acetabular Conflict, Computerized Tomography, SSM

(Statistical Shape Models).

Page 7: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

vii

Conteúdos

Agradecimentos ....................................................................................................................................... iii

Abstract.....................................................................................................................................................v

Resumo ................................................................................................................................................... vi

Lista de Figuras ..................................................................................................................................... xix

Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... xi

Lista de Acrónimos .................................................................................................................................. xi

1. Introdução ............................................................................................................................................ 1

1.1 Enquadramento Teórico .................................................................................................................... 1

1.2 Conflito Femoro-Acetabular .............................................................................................................. 1

1.3 Anatomia Anca .................................................................................................................................. 2

1.4 Classificação ..................................................................................................................................... 3

1.5 Epidemiologia .................................................................................................................................... 6

1.6 Estrutura da Dissertação ................................................................................................................... 6

1.7Contributos ......................................................................................................................................... 7

2 Patologia em Estudo ............................................................................................................................ 9

2.1 Diagnóstico Clínico ............................................................................................................................ 9

2.2 Diagnóstico por Imagem.................................................................................................................... 9

2.2.1 Radiografia Convencional .............................................................................................................. 9

2.2.2 Ressonância Magnética ............................................................................................................... 11

2.3 Terapêutica ...................................................................................................................................... 15

2.4 Artroscopia da Anca ........................................................................................................................ 15

2.5 Contra-indicações para a Artroscopia ............................................................................................. 18

2.6 Posicionamento do Paciente ........................................................................................................... 19

3. Modelo Estatístico do Fémur (SSM) ................................................................................................. 21

3.1 Casos Clínicos ................................................................................................................................. 21

3.2 Característica da Amostra ............................................................................................................... 21

3.3 Protocolo realizado na RM Coxo-Femoral ...................................................................................... 23

3.4 Segmentação do fémur em exames de TC e RM ........................................................................... 23

3.5 Tratamento base dados em exames de exames de TC ................................................................. 25

4. Resultados ......................................................................................................................................... 27

4.1 Validação do modelo estatístico do fémur ...................................................................................... 27

4.2 Modelo estatístico do fémur vs fémur patológico ............................................................................ 30

4.3 Validação do modelo SSM com caso real....................................................................................... 32

4.4 Validação final com caso real .......................................................................................................... 33

5. Conclusões finais .............................................................................................................................. 37

5.1 Trabalhos futuros ............................................................................................................................. 38

6. Referencias Bibliográficas ................................................................................................................. 39

Page 8: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

viii

Page 9: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

ix

Lista de Figuras Figura 1-Anatomia da articulação coxo-femoral...................................................................................... 3 Figura 2-Anatomia da articulação coxo-femoral...................................................................................... 3 Figura 3-Conflito femoro-acetabular CAM ............................................................................................... 4 Figura 4-Conflito femoro-acetabular PNICER ......................................................................................... 4 Figura 5-Esquema conflito femoro-acetabular ....................................................................................... 5 Figura 6-Testes clínicos realizados para diagnosticar patologia ............................................................ 9 Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia..................................................................................... 10 Figura 8-Radiografia antero-posterior da anca ..................................................................................... 10 Figura 9-Radiografia antero-posterior da anca patológica .................................................................... 10 Figura 10-Radiografia cross-table view da anca ................................................................................... 11 Figura 11-Relaxação longitudinal e transversal em Ressonância Magnética ...................................... 12 Figura 12-Sequência Axial DP FS, anca com alterações quísticas .................................................... 123 Figura 13-Medição ângulo alfa, anca não patológica ........................................................................... 13 Figura 14-Medição ângulo alfa, anca patológica .................................................................................. 13 Figura 15-Conflito femoro- acetabular em imagem RM ........................................................................ 14 Figura 16-Artroscopia da anca .............................................................................................................. 16 Figura 17-Artroscopia do compartimento central .................................................................................. 17 Figura 18-Instrumentação no compartimento periférico ....................................................................... 18 Figura 19-Sistema de posicionamento para artroscopia ....................................................................... 19 Figura 20-Imagens obtidas pela Tomografia Computorizada ............................................................... 24 Figura 21-Modelo SSM com 2 valores próprios .................................................................................... 27 Figura 22-Modelo SSM com 3 valores próprios .................................................................................... 28 Figura 23-Modelo SSM com 4 valores próprios .................................................................................... 28 Figura 24-Modelo SSM com 5 valores próprios .................................................................................... 29 Figura 25-Modelo SSM com 2 valores próprios .................................................................................... 30 Figura 26-Modelo SSM com 3 valores próprios .................................................................................... 31 Figura 27-Modelo SSM com 4 valores próprios .................................................................................... 31 Figura 28-Modelo SSM com 5 valores próprios .................................................................................... 32 Figura 29-Modelo fémur ........................................................................................................................ 33 Figura 30 Contorno médio fémur não patológico .................................................................................. 34 Figura 31 Modelo SSM vs modelo patológico fémur ........................................................................... 34 Figura 32Validação após cirurgia. ......................................................................................................... 35

Page 10: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

x

Page 11: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

xi

Lista de tabelas

Tabela 1- Base de dados amostra modelo SSM .................................................................................. 22 Tabela 2- Dados do Caso clínico real .................................................................................................. 22

Lista de Acrónimos

CFA – Conflito Femoro-acetabular

RM – Ressonância Magnética

B0 – Campo magnético estável

B1 - Campo magnético variável

T1 – Relaxação longitudinal

T2/T2* - Relaxação transversal

TC – Tomografia Computorizada

SSM – Modelo estatístico do fémur

PCA – Análise de componentes principais

Page 12: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

xii

Page 13: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

1

1. Introdução

1.1 Enquadramento Teórico

O conflito femoro-acetabular (CFA) é definido como um conjunto de sinais e sintomas

resultantes de um contacto anormal, entre a cabeça e colo femoral com o acetábulo,

provocando, dependendo do padrão morfológico, alterações do tipo degenerativo. E

caracterizado por um contacto patológico durante o movimento da articulação da anca, entre as

proeminências ósseas do acetábulo e do fémur, limitando assim a capacidade fisiológica de

movimentação da anca, tipicamente a flexão e rotação interna.

Este conflito pode ser, tanto no complexo “labrum” acetabular, como na cartilagem articular,

quando a anca é submetida a movimentos de flexão, abdução e rotação interna. [1]

Hoje em dia, a degeneração precoce da articulação da anca é uma patologia de ganhou um

aumento significativo na população idosa e em alguns grupos de indivíduos mais jovens. Em

1979, Demarais e Lequesne descreveram a dor na anca como estando associada a

deformidades estruturais do colo do fémur, em atletas de hóquei, futebol, artes marciais e ténis.

Em 2003, Granz et al. descreveu o CFA como o mecanismo mecânico responsável pela

osteoartrose da anca, em casos de deformidades subtis do acetábulo e/ou do fémur proximal.

Desenvolvendo, em seguida uma técnica cirúrgica com realização de luxação da anca sem

risco de necrose avascular, permitindo o acesso ao local de lesão. [2]

Hoje em dia e em doentes mais jovens, a artroscopia da anca apresenta-se como uma forma

de tratamento bastante promissora, visto ter-se vindo a desenvolver em larga escala nos

últimos anos. Em 1931, Burman afirmou ser possível inserir uma agulha entre a cabeça do

fémur e o acetábulo, tendo sido desde então uma técnica cada vez mais desenvolvida, ao

ponto que hoje ser a mais utilizada especialmente em indivíduos jovens. [3

1.2 Conflito Femoro-Acetabular

O conflito femoro-acetabular (CFA) é uma das principais causas da osteoartrite precoce da

anca, especialmente em pacientes jovens e ativos. É caracterizada por um contacto patológico

durante o movimento da articulação da anca, entre as proeminências ósseas do acetábulo e do

fémur. [4]

Vários autores têm citado a relação entre a coxartrose e o desvio da cabeça femoral,

denominando essa relação como deformidade em “pistol-grip”. Nessas circunstâncias, a

redução do espaço que normalmente existe nesta articulação, pode causar impacto

principalmente em movimentos como a flexão e, particularmente, em rotação interna da anca.

[2]

Page 14: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

2

Dependendo dos achados clínicos e imagiológicos identificados, pode distinguir-se dois tipos

de impactos, do tipo Pincer e do tipo Cam, sendo este último o avaliado por esta tese. A

maioria dos pacientes (86%), têm uma combinação de ambas as formas de impacto. [4]

1.3 Anatomia Anca

A articulação da anca é composta pela cabeça do fémur e pela cavidade do acetábulo, sendo

classificada como sinovial esferóide e permitindo movimentos amplos em todos os eixos de

rotação, adução, abdução, flexão e extensão.

A cabeça do fémur é composta por uma cartilagem articular que cobre completamente a

superfície articular com a exceção da fóvea, onde o ligamento redondo está conectado.

Revestindo parcialmente o acetábulo, pode encontrar-se uma cartilagem em forma de

semicírculo que recobre apenas a face semilunar do mesmo. Nessa face verifica-se a

existência de uma depressão que não está coberta por essa mesma cartilagem, sendo

preenchida por tecido gorduroso envolto pela membrana sinovial.

Os ligamentos que unem esta articulação são:

Ligamento iliofemoral: é um feixe fibroso muito resistente que se origina da espinha ilíaca

antero-superior e caminha em direção a linha intertrocantérica.

Ligamento pubofemural: origina-se da crista obturatória e do ramo superior do pubis.

Ligamento isquiofemural: é uma fita triangular de tecido fibroso denso que se inicia no ísquio

distal e caminha em direção a cápsula articular.

Ligamento redondo da cabeça do fêmur: é um ligamento intra-articular que fixa a fóvea da

cabeça do fêmur à incisura do acetábulo. [4]

Page 15: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

3

Figura 1 - Anatomia da articulação coxo-femoral.[4]

1.4 Classificação

Existem dois tipos de CFA, dependendo estes da localização da alteração morfológica

existente, podendo ser do tipo CAM (fémur) ou do tipo PINCER (acetábulo). Quando estes

ocorrem em simultâneo pode dizer-se que estamos na presença de um CFA misto. [5]

Figura 2 - Anatomia da articulação coxo-femoral. [4]

Page 16: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

4

O tipo CAM caracteriza-se pelo conflito causado por uma região não esférica da cabeça-colo

do fémur, estando esta região normalmente localizada no quadrante antero-superior. Para que

a anca realize o movimento de flexão, sem impacto, a cabeça do fémur deve ser perfeitamente

esférica e deve haver um espaço adequado na junção cabeça-colo femoral. Se, por sua vez, a

cabeça femoral for não esférica, não se verifica um deslocamento femoral cabeça-pescoço

adequado, levando a que a cartilagem na região acetabular sofra uma pressão anormal,

durante a flexão da anca, causando posteriormente lesões a este nível.[6] [7]

O tipo PINCER caracteriza-se por um excesso de cobertura acetabular sobre o fémur, onde em

situações em que se verifique uma anca profunda ou um acetábulo em retroversão cranial,

existe uma maior probabilidade de existir uma compressão tipo PINCER.[5]

Figura 3: Na figura superior verifica-se que a

primeira anca diz respeito a uma anca com o

espaço normal a nível da cintura femoral,

acomodando a borda acetabular em toda a gama

de movimentos.

A anca apresentada a baixo apresenta uma

protuberância óssea, causando uma alteração na

esfericidade da na cabeça do fémur, identificada

pela seta azul. A rota de movimentos nesta anca

causa lesões ao nível da cartilagem hialina

adjacente, culminando numa lesão labral,

identificada pela seta vermelha. [7]

Figura 4: Na imagem observa-se o impacto tipo

pincer. Verifica-se uma proeminência do bordo

acetabular identificado pela seta azul. Existindo

locais de impacto com o fémur essencialmente

durante a flexão e rotação interna da anca,

resultando numa degeneração labral e danos ao

nível da cartilagem, identificados pelo asterisco.

Normalmente estes danos na cartilagem ocorrem

após uma lesão labral, inicialmente limitada a

uma estreita faixa ântero-superior e mais tarde

envolvendo áreas maiores, póstero-inferiores

exemplificado pela seta vermelha. [7]

Figura 3

Figura 4

Page 17: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

5

Lesões ao nível do labrum acetabular devem-se normalmente devido à mudança degenerativa

da anca em 50% dos casos e a trauma em 20% dos casos.

Quando se verifica uma lesão ao nível da cartilagem esta verifica-se devido ao facto do lábio

acetabular ser submetido a condições de carga anormais e repetitivas, onde o líquido articular

é bombeado sob a cartilagem acetabular, causando laminação da cartilagem. Como resultado,

existem trocas de fluido eventualmente debaixo do osso subcondral formando um quisto.

Lesões labiais por trauma acontecem normalmente na presença de uma anatomia anormal ao

nível do fémur proximal ou no acetábulo. [7]

Figura 5: Em cima anca com configuração normal com espaço suficiente que permite uma gama

ilimitada de movimentos. No centro da imagem observa-se o tipo PINCER onde a cobertura

excessiva do acetábulo sobre o fémur, leva a uma degeneração do labrum e lesões ao nível da

cartilagem. O tipo CAM em baixo, porção ântero-superior do fémur alterada colidindo no

acetábulo. [8]

Figura 5

Page 18: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

6

1.5 Epidemiologia

O CFA pode ocorrer em indivíduos com alterações morfológicas do acetábulo e/ou fémur

proximal, mas também em indivíduos sem alterações que submetem a articulação a

movimentos repetitivos. Independentemente da origem, esta patologia induz lesões ao nível do

labrum e da cartilagem acetabular. [2]

Estima-se que a prevalência de CFA seja de 10%-15% na população em geral, tendo no

entanto, mais prevalência sobre o sexo masculino, numa proporção de 10% para 2% no sexo

feminino. Esta patologia tem maior incidência em adolescentes e adultos jovens, normalmente

entre os 20 e os 55 anos de idade, sendo a maior causa de osteoartrose precoce da anca e,

em indivíduos ativos a principal causa de dor, reduzindo a amplitude articular da articulação

coxo-femoral e de diminuição da performance em desportistas.

Hoje em dia, sabe-se que a coxartrose em indivíduos com idade inferior a 55 anos é causada

por este tipo de conflito em 60 a 70% dos casos. Considerando que 2 em cada 3 casos de

CFA, praticam atividade física, fazendo assim sentido que os desportistas sejam considerados

um grupo de risco.

Estima-se que 36% dos atletas profissionais de nível olímpico já foram submetidos a

artroscopia da anca entre setembro de 2000 e Abril de 2005 necessitando de correção devido a

este conflito. [2]

1.6 Estrutura da Dissertação

A presente dissertação está organizada em 6 capítulos principais, os quais se dividem em

vários subcapítulos. Tenciona-se com esta estruturação que o leitor se consiga integrar com o

tema e assim facilitar a interpretação dos resultados finais.

No primeiro capítulo é introduzido o tema do trabalho, explicitando os conceitos básicos do

mesmo e o seu grau de envolvimento na sociedade atualmente. Seguidamente, no segundo

capítulo, explora-se o método de diagnóstico desta patologia com foco principal para o

diagnóstico baseado na aquisição de imagem através de técnicas como a Radiografia

Convencional e a Ressonância Magnética.

Após identificação deste tipo de patologia através de um diagnóstico, ainda neste capítulo

apresenta-se uma abordagem relativamente aos métodos terapêuticos utilizados hoje em dia,

apresentando as suas contraindicações assim como o posicionamento do doente neste tipo de

intervenções.

Finalmente, são expostos os resultados no capítulo terceiro e quarto, sendo os mesmos

validados no mesmo capítulo. Apresentados e discutidos os resultados, o quinto capítulo

destina-se às conclusões retiradas e à sugestão de trabalhos futuros. Por último é exposta a

lista de referências bibliográficas, na qual se apoia toda a pesquisa teórica e onde são

referidos outros estudos que ajudam a interpretar os resultados aqui obtidos.

Page 19: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

7

1.7 Contributos

Pode identificar-se como principal contributo fornecido por esta dissertação, o desenvolvimento

de uma ferramenta com elevado potencial, para ser utilizada em planeamento pré-cirurgico da

patologia de conflito femoro-acetabular. Visto esta identificar através dos exames clínicos de

imagem, realizados hoje em dia, a região patológica existente. Este contributo, para médicos

em início de funções é bastante vantagoso, já que se torna um auxiliar valioso nestas

intervenções.

Referida a importância deste tipo de desenvolvimentos em áreas como a medicia, onde ainda

existe muito para explorar, foi apresentado o tema desta dissertação no 36º Congresso

Nacional de ortopedia e traumatologia – SPOT, no mês de Outubro de 2016, com uma

comunicação livre.

Page 20: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

8

Page 21: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

9

Figura 6

2 Patologia em Estudo

2.1 Diagnóstico Clínico

O diagnóstico de conflito femoro-acetabular é feito normalmente com base na clínica, onde os

pacientes com esta patologia, apresentam sintomatologia específica. Esta pode apresentar-se

como dor durante a realização do movimento de flexão da anca, assim como a realização de

rotação interna do membro inferior. A apresentação de limitação na realização destes

movimentos deve normalmente, ser um apontador para o diagnóstico de CFA. [2]

Este tipo de pacientes pode ainda apresentar dor ao nível da região inguinal (virilha) quando

realizam a rotação interna da anca, desconforto ao permanecer muitas horas na posição

sentada, ou ainda durante e após a realização de atividades desportivas. A sintomatologia

apresentada pode restringir-se à região trocantérica ou pode também irradiar para a região

lateral da coxa.

Nestes casos, este tipo de pacientes tem consciência da sua mobilidade limitada, mesmo antes

de os sintomas mais agravados aparecerem.

Em exame clínico, os pacientes com CFA, têm como referido anteriormente, um leque restrito

de movimentos, apresentando um sinal positivo para este tipo de patologia, podendo ser

detetada se na rotação/adução forçada interna e flexão a 90%, apresentar dor. [8]

2.2 Diagnóstico por Imagem

2.2.1 Radiografia Convencional

A radiografia convencional apresenta-se como um método de diagnóstico de primeira linha,

avaliando ou não os primeiros sinais de deformidade desta patologia.

Através de uma radiografia antero-posterior consegue identificar-se uma deformidade típica

“pistol-grip” representando falta de uma concavidade normal da cintura femoral, ou seja uma

Figura 6: Testes clínicos realizados para avaliar existência ou não de impacto femoro-

acetabular. [8]

Page 22: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

10

cabeça femoral não esférica. Na figura 7 à esquerda o contorno da cabeça do fémur sai fora

dos limites de uma circunferência perfeita, verificando-se a sua forma não esférica. Pode

concluir-se, que não estamos na presença de uma cabeça femoral saudável, levando nestas

condições, ao tipo de conflito estudado por esta tese (CAM). [2]

Figura 7: Radiografia antero-posterior da bacia, observando-se características CFA em ambas as ancas.[2]

Figura 8: Observam-se alterações relacionadas

com a patologia tipo CAM, demonstrado pela seta.

IIL refere-se à linha ílio-isquiática, AW à parede

anterior e PW à parede posterior do acetábulo,

sendo F a fossa. Nesta radiografia pélvica antero-

posterior observa-se a configuração acetabular

regular. [8]

Figura 9: Demonstra através da seta alterações

relacionadas com a patologia tipo CAM. IIL refere-

se à linha ílio-isquiática, AW à parede anterior,

PW à parede posterior e F à fossa. Nesta

incidência verifica-se existência de coxa profunda,

verificando-se a versão do acetábulo que parece

ser maior do que a parede anterior, sendo este -

projetado no sentido medial. [8]

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Page 23: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

11

A patologia tipo CAM é a causa do impacto femoro-acetabular, onde a porção não esférica da

cabeça do fémur entra em conflito com a articulação. Estas protuberâncias ósseas podem levar

a alterações da cabeça/colo do fémur, que em radiografias, pode ser medido como o ângulo

alpha. Este é uma medida validada para quantificar a deformidade anatómica em pacientes

com CFA, onde uma medição superior a 50% é indicador dessa deformidade. [9] [10]

Através da incidência de “cross-table view”, observada na figura 10, consegue em caso de

dúvida, esclarecer a morfologia do fémur proximal, avaliando se apresenta ou não de risco de

compromisso.

Contudo apenas a avaliação radiológica pode, em alguns casos, não se apresentar suficiente,

especialmente quando o caminho a seguir passar por uma correção cirúrgica.

Para uma avaliação mais completa de lesões ao nível desta articulação, a Ressonância

Magnética (RM) é o método de excelência. [9]

2.2.2 Ressonância Magnética

A Ressonância Magnética baseia-se na interação de núcleos com spin nuclear não nulo com

um campo magnético intenso e estável (B0). Sendo o corpo humano composto por cerca de

65% de água, fonte de hidrogénio, possibilita que o protão deste elemento seja elemento de

estudo pela RM. [11]

Cada protão, sendo uma partícula carregada e com momento angular (spin), funciona como um

pequeno íman que, normalmente, se orienta de uma forma aleatória. Quando se aplica um

campo magnético exterior B0, os spins precessam em torno do mesmo com uma frequência

característica dependendo da intensidade do B0 aplicado.

Ao se aplicar um campo variável B1, este irá excitar os núcleos que tenham uma frequência

natural igual à sua, experimentando o spin uma nova orientação. No momento em que o campo

B1 é desligado os protões regressam ao seu estado de energia inicial, sendo que a este

Figura 10: Radiografia cross-table view da anca. [2]

Figura 10

Page 24: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

12

processo se dá o nome de relaxação. Para que ocorra relaxação completa, tem que haver

relaxação Longitudinal e Transversal (Figura 10). [12]–[13]

A Relaxometria consiste num método de medição do tempo de relaxação das imagens de RM,

através do qual é possível estimar o tempo da relaxação longitudinal (T1) e da relaxação

transversal (T2/T2*), utilizando sequências e parâmetros apropriados. [14], [15]

A relaxação T1 envolve a perda de energias dos protões para a sua rede circundante e a

relaxação T2 envolve a perda de coerência de fase (relação entre a fase de cada spin). Por

outro lado, a perda da coerência de fase ocorre por dois mecanismos –T2 e T2*. [16]

O desenvolvimento da RM nos últimos anos, permitiu que esta se tornasse no método padrão

de referência no acompanhamento de anomalias ósseas e de tecidos moles envolventes,

mostrando-se uma técnica eficaz na deteção de lesões ao nível da anca.

Esta técnica permite uma distinção perfeita dos constituintes do acetábulo, realizando a

delineação entre o labrum, a cartilagem envolvente, assim como o componente ósseo,

fornecendo uma avaliação importante na avaliação das lágrimas labrais e perda de cartilagem

hialina. [7], [16]

A avaliação realizada pela RM é dirigida a ambos os tipos de conflitos, quer este seja a nível do

fémur ou do acetábulo. Outro fator identificado no decorrer deste exame e que pode estar

relacionado com o CFA é a existência de um quisto na junção cabeça-colo do fémur. Estes são

encontrados em 33% dos pacientes com FAI e existe uma probabilidade elevada de relação

causal, podendo conter material fibroso ou gelatinoso. [7]

Figura11: Relaxação longitudinal e transversal em Ressonância Magnética. [12]

Figura 11

Figura 12

Page 25: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

13

A articulação da anca é formada por superfícies articulares, sendo elas, a cabeça do fémur

correspondendo a uma esfera de aproximadamente 45 mm de diâmetro e o acetábulo como

uma cavidade semi-circular com a forma de uma ferradura fechada inferiormente pelo

ligamento transversal. Estes são cobertos por uma cartilagem articular de espessura de 1-3

mm, exceto no centro do acetábulo e, ao nível da fóvea, onde está inserido o ligamento

redondo da cabeça do fémur. O lábio acetabular é constituído por fibrocartilagem de forma

triangular inserido na periferia do acetábulo, aumentando a profundidade do mesmo,

apresentando-se mais espesso na região póstero-superior quando comparado com a região

antero-inferior. A cápsula articular forma então uma manga fibrosa em redor de toda a

articulação entre a base do labrum e do colo do fémur. Havendo uma pequena reentrância

perilabral entre o lábio e a cápsula, normalmente visualizada com a administração do meio de

contraste. [16]

Nas imagens obtidas pela RM, analisando-as no plano axial, consegue avaliar-se a anormal

morfologia do fémur proximal, confirmando a mesma com a medição do valor do ângulo alfa (α)

numa imagem artrográfica em T1 com supressão de gordura.

Figura 12: Sequência Axial DP FS

(densidade de protões e supressão de

gordura), demonstra através das setas

azuis uma região de conflito na face

anterior da transição cabeça-colo do fémur,

característica do conflito tipo CAM.[16] Este

conflito neste caso acontece e é mais

facilmente detetado devido à existência de

alterações quísticas, identificadas pela seta

amarela. [7]

Figura 13: Medição ângulo alfa, anca não patológica em imagem RM. [17]

Figura 14: Medição ângulo alfa, anca patológica em imagem RM. [17]

Figura 13

Figura 14

Page 26: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

14

A medição do ângulo alfa, pode realizar-se iniciando a marcação de uma linha (a) traçada

perpendicularmente ao colo do fémur no seu ponto mais estreito. Seguindo-se uma segunda

linha (b) traçada perpendicularmente a este ponto, que atravessa todo o colo do fémur, sendo

posteriormente desenhado um círculo, de forma, a que se ajuste da melhor forma à cabeça

femoral. O ângulo α é assim calculado, como o ângulo formado entre a linha b e o ponto em

que a cabeça do fémur na região anterior fica saliente para o círculo.

Um ângulo que apresente valores iguais ou superiores a 55 ° é considerado anormal,

fornecendo assim informação em que medida é que a cabeça do fémur se afasta do seu

contorno esférico normal. [18]

A figura 14 é obtida em artro RM também ela no plano axial, paralelo ao colo do fémur em

ponderação T1 com saturação de gordura. Observando-se alteração no contorno da junção da

cabeça-colo do fémur, denunciando possíveis

problemas de impacto femoro-acetabular. O ângulo

medido α é de 78°, visualizando-se uma alteração

também a nível do labrum ântero-superior (seta),

quando comparada com a imagem 12 que apresenta

medições normais.

A figura 15 apresenta uma imagem obtida em Artro RM,

no plano axial com ponderação em T1 com saturação

de gordura, visualizando-se uma compensação anterior

anormal da cabeça do fémur e colo do fémur,

representada pela seta mais curta e uma lágrima labral

tendo uma localização ântero-superior, representada

pela seta mais longa.

Embora a RM padrão seja bastante específica, também esta tem algumas limitações, sendo

estas muitas vezes resolvidas pela Artro RM.

Esta é uma técnica que envolve duas etapas: a primeira realiza uma injeção de contraste intra-

articular sob o controlo de fluoroscopia, seguindo-se a realização da Ressonância Magnética.

[16] O acesso intra-articular da fase anterior à RM, é realizado com o doente em decúbito

dorsal, com o membro inferior em 10 a 15 graus de rotação interna, onde após a aplicação de

uma anestesia local, é inserido sob controlo de fluoroscopia uma agulha de calibre 22, através

da qual é administrado mais ou menos 12 ml de contraste iodado. O local de acesso é

encontrado lateralmente aos vasos femorais e sob o ligamento inguinal. A injeção na região

superior ou média do colo do fémur pode no entanto, provocar alguma dor. Através deste

contraste intra-articular, existe uma separação as estruturas intra-articulares, proporcionando

um contraste interno para delinear o labrum e a cartilagem como entidades distintas. Embora a

morfologia da cabeça do fémur possa ser medida sem contraste intra-articular, a cartilagem

associada e deformidades a nível do labrum são mais difíceis de diagnosticar, sem a utilização

desta técnica. [16]

Figura 15: Conflito femoro- acetabular em imagem RM. [17]

Figura 15

Page 27: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

15

2.3 Terapêutica

Nos últimos anos, têm sido desenvolvidas novas técnicas cirúrgicas e ferramentas para

melhorar os resultados obtidos no tratamento conservador da anca. Procedimentos

minimamente evasivos como os utilizados hoje em dia, onde se incluem a laparoscopia e a

artroscopia, reduzem em larga escala a probabilidade de lesão dos tecidos envolventes quando

comparadas com a cirurgia aberta convencional.

Neste tipo de procedimentos verifica-se uma redução significativa do trauma, da perda de

sangue durante a cirurgia, sendo a cicatrização mais rápida e eficaz, conseguindo-se melhores

resultados estéticos e um tempo de recuperação pós-cirúrgico menor, com menores riscos de

complicações secundárias. [19]

Existem assim, diferenças que devem ser tidas em conta quando se opta pela realização de

uma cirurgia aberta ou por uma cirurgia onde se realiza uma técnica laparoscópica ou

artroscópica.

Na cirurgia aberta o cirurgião tem um elevado grau de liberdade e trabalha em sintonia com o

eixo visual. Existe assim nestes casos uma visão direta e tridimensional e o feedback é tátil e

direto.

No segundo caso, existe apenas uma visão laparoscópica com uma visão bidimensional

existindo uma perda de perceção da profundidade, em certa medida. Verifica-se um efeito de

fulcro com realce ao tremor, existindo apenas quatro graus de liberdade, sendo uma das

principais limitações, a visão não estar sob o controlo do cirurgião.

Verifica-se assim que o principal fator relacionado com as capacidades que possam estar

relacionadas com a eficiência do cirurgião é a dissociação entre os eixos visuais e motores.

Outro fator que deve ter sido em conta é que neste tipo de procedimentos o cirurgião apresenta

uma posição praticamente estática durante toda a cirurgia, ergonomicamente falando, podendo

esse facto contribuir para uma menor eficiência. [20]

O desenvolvimento da robótica na área médica combinada com a capacidade de orientação de

imagem médica obtida em fase pré-operatória, tem contribuído para uma evolução no sentido

de aumentar a eficácia dos cirurgiões em cirurgia baseada na artroscopia, como é o caso da

cirurgia corretiva da patologia tipo CAM.

Com base nas imagens obtidas em fase pré-operatória, por exemplo na RM, o cirurgião pode

interagir com essas imagens no plano 3D e realizar uma simulação 2D da cirurgia que irá

posteriormente acontecer, prevendo o resultado pós-operatório. Nos dias de hoje esta

capacidade de realização da cirurgia virtual, em fase anterior à realização da mesma, ainda

está em desenvolvimento e é nesse campo que esta tese está a operar. [21]

2.4 Artroscopia da Anca

A artroscopia da anca representa hoje em dia um procedimento cirúrgico seguro, com baixo

risco de complicações, indicado em indivíduos com sintomas de dor mecânica e dor

persistente. [22]

Page 28: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

16

Esta é uma técnica que tem como objetivo restaurar a morfologia da superfície articular normal,

eliminando o conflito existente e restabelecendo o mecanismo articular normal.

O procedimento atual inclui: osteocondropatia da cabeça femoral para restaurar a sua

esfericidade característica e que não está presente neste tipo de patologia. Remoção do

excesso de cobertura do acetábulo para aumentar a mobilidade articular e correção do choque

entre o colo do fémur e o labrum com reparação das suas estruturas.

Neste tipo de procedimentos o planeamento pré-operatório tem uma importância muito

elevada, contemplando uma avaliação da gama de movimentos que o paciente consegue

realizar.

A radiografia antero-posterior fornece informação na maioria dos casos insuficiente em relação

à dimensão real do conflito tipo CAM. Nos casos clínicos que seguem para cirurgia

artroscópica, é importante normalmente ter uma percepção 3D da zona que irá ser

intervencionada, sendo isso possível através da RM.

O exame de Arto-RM é então, como referido anteriormente, realizado de forma a mapear a

região do osso que irá ser extraída.

O acesso e manuseamento do artroscópio é o sistema que envolve uma elevada perícia de

controlo por parte do cirurgião, devido à anatomia da anca ser bastante complexa no que toca:

à alta densidade dos tecidos moles, à proximidade com dois importantes feixes

neurovasculares, à forte cápsula articular que apresenta um pequeno volume intra-articular,

dificultando a introdução de qualquer dispositivo no interior da mesma.

Esta cirurgia exige a navegação em dois compartimentos distintos, denominados por

compartimento central e periférico.

O compartimento central denominado por Dorfman e Boyer (19) foi então definido como

incluindo a fossa acetabular, o ligamento redondo do fémur e a superfície articular da cabeça

do fémur.

Figura 16: Artroscopia da anca. [23]

Figura 16

Page 29: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

17

O compartimento periférico é composto pela área da cartilagem femoral, bursas sinoviais e

cápsula articular com os seus ligamentos associados.

A aplicação desta técnica, permite o deslocamento da articulação durante o ato cirúrgico,

conseguindo-se realizar a introdução do artroscópio até à região do compartimento central.

Nesta fase da cirurgia, a cartilagem articular que envolve a superfície da cabeça do fémur é

observada quando o cirurgião executa a rotação interna e externa da anca. A porção da

cápsula articular perto da lesão é então extraída através da utilização de uma lâmina e de um

instrumento de radiofrequência, para expor a deformidade da região antero-superior do fémur.

O tamanho da lesão Cam vai definir a extração da cápsula articular. Ao realizar a artroscopia

do compartimento central é fornecido um espaço intra-articular de forma a visualizar a

deformidade da cabeça do fémur. Após a conclusão da artroscopia do compartimento central,

os instrumentos são retirados e a tração aliviada. [24]

Na artroscopia do compartimento periférico, a anca é posicionada com uma flexão aproximada

de 40 graus, abdução e rotação externa. Este posicionamento permite um relaxamento da

região anterior da cápsula articular, contribuindo para o aumento do espaço intra-articular na

região do colo e cabeça do fémur. [24]

Por fim é utilizado pelo cirurgião uma broca esférica artroscópica com 5,0 milímetros a 6000

revoluções por minuto, para realizar a osteocondroplastia femoral. Durante a remoção do osso

na região da deformação o cirurgião utiliza a fluoroscopia para verificar a quantidade de

extração de osso necessáira a eliminar. [25]

Figura 17: Artroscopia do compartimento central.

Page 30: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

18

O sistema de posicionamento do paciente, pode ajudar a otimizar a tração do membro e do

acesso à articulação da anca. Nesta técnica o compartimento periférico é melhor observado

sem tração. [23]

2.5 Contra-indicações para a Artroscopia

A artroscopia da anca é contra-indicada na presença de patologias como a anquilose ou

artrofibrose muito avançada.

Situações que possam comprometer o tecido mole, quer por patologia já existente, trauma ou

alguma cirurgia que tenha sido realizada anteriormente e que possam comprometer a

passagem de instrumentos na articulação da anca. Desta forma o compromisso ósseo, quer da

arquitetura comum ou que tenha sido provocado por alguma situação patológica anterior

podem comprometer a utilização desta técnica, devido às forças de distração necessárias de

aplicar nesta cirurgia.

Outro fator de risco é a obesidade grave que pode comprometer a capacidade dos

instrumentos alcançarem a articulação para realizar a intervenção necessária.[23]

Figura 18: Instrumentos localizadas no compartimento periférico para corrigir a deformidade da cabeça do fémur.

Page 31: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

19

2.6 Posicionamento do Paciente

Na artroscopia da anca, o modo de conseguir aceder ao espaço intra-articular durante o

procedimento cirúrgico, pode realizar-se com o paciente em posição de decúbito dorsal ou

decúbito lateral. Normalmente, este depende das preferências do cirurgião.

Nas cirurgias observadas e de onde foram obtido o caso analisado nesta tese, o cirurgião

executou a técnica de artroscopia com o paciente em decúbito dorsal. A mesa utilizada neste

tipo de cirurgia tem de oferecer condições específicas permitindo a colocação de um dispositivo

de posicionamento da anca. Para a posição observada na figura 16, o cirurgião utiliza um

sistema de tração realizado por Smith e Nephew.

Este dispositivo permite a realização de tração da anca, necessário para este tipo de cirurgia.

Quando o paciente é posicionado neste sistema consegue-se realizar o movimento de flexão,

adução e abdução, da anca, permitindo a utilização do sistema de fluoroscopia de braço em C,

fornecendo uma rápida transição entre a flexão e a extensão.

Figura 19: Sistema de posicionamento para artroscopia da anca. [26]

Figura 17

Page 32: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

20

Page 33: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

21

3. Modelo Estatístico do Fémur (SSM)

3.1 Casos Clínicos

Após aprovação por parte da chefia do Serviço de Imagiologia do Hospital da Luz no

recrutamento de imagens clínicas obtidas em exames de Tomografia Computorizada (TC) e

RM da anca. As imagens foram avaliadas quanto à sua qualidade, ou seja se o cliente foi ou

não cooperante durante o exame obtendo um resultado favorável para diagnóstico. Foi ainda

analisado o relatório que acompanhava o exame recrutado, confirmando assim a presença e

local da patologia em estudo.

Para os casos saudáveis, os casos foram obtidos através de exames de TC dos membros

inferiores, onde a patologia em estudo dizia respeito a um estudo vascular e não a patologia

óssea. Sendo assim e não se documentando nenhum achado no relatório desses exames, os

fémures presentes serão considerados não patológicos por esta tese.

3.2 Característica da Amostra

Os casos clínicos utilizados como base de dados para testar e validar os algoritmos propostos

e apresentados nos próximos capítulos, são apresentados na tabela 1. O banco de dados

utilizado consiste num total de 24 fémures capturados através da valência de tomografia

computorizada. Os indivíduos incluídos neste estudo variam numa média de idade entre os 23

e 84 anos.

A tabela 1 apresenta a base de dados utilizada, referenciando o fabricante do equipamento de

TC utilizado em cada indivíduo. Dependendo da origem do exame, do sexo e idade, é criada

uma identificação única para cada indivíduo. A primeira variável ID diz respeito à origem da TC

em que L corresponde ao Hospital da Luz, em Lisboa, O representa os exames pertencentes

ao repositório da Osirix DICOM.

As restantes variáveis dizem respeito ao sexo do indivíduo, onde M representa masculino e F

significa feminino, o equipamento utilizado em cada caso, referenciando o modelo e fornecendo

assim os cortes de aquisição.

Embora o fabricante e o respetivo modelo para o paciente OM63, não seja conhecido, visto que

os dados são provenientes do mesmo repositório Osirix a tecnologia multicorte é pelo menos

16 cortes. [28]

Page 34: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

22

Tabela 1

ID Sexo Idade Origem Equipamento Modelo Cortes Voxel

LF59 F 59 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.68,

0.68, 1.0)

LF79 F 76 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.71,

0.71, 1.0)

LM49 M 49 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.88,

0.88, 1.0)

LM51 M 51 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.72,

0.72, 1.0)

LM57 M 57 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.80,

0.80, 1.0)

LM58 M 58 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.78,

0.78, 1.0)

LM65 M 65 Luz Siemens Somaton

Definition

64 (0.74,

0.74, 1.0)

OF34 F 34 Osirix Siemens Sensation16 16 (0.98,

0.98, 1.5)

OF84 F 84 Osirix Siemens Sensation64 64 (0.58,

0.58, 1.0)

OM43 M 43 Osirix Siemens Sensation16 16 (0.74,

0.74, 1.0)

OM63 M 63 Osirix Unknown Unknown (0.83,

0.83, 1.4)

OM68 M 68 Osirix Siemens Sensation64 64 (0.96,

0.96, 0.8)

O caso clínico de RM, utilizado para validar o modelo criado por esta tese dizem respeito a um

indivíduo do sexo masculino tendo sido as imagens obtidas num equipamento 3 Tesla modelo

Verio do Hospital da Luz. A tabela 2 apresenta os dados mais pormenorizados deste indivíduo.

Tabela 2

ID Sexo Idade Origem Equipamento Modelo

LM M 39 Luz Siemens Verio

Page 35: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

23

3.3 Protocolo realizado na RM Coxo-Femoral

O protocolo utilizado na aquisição das imagens dos exames utilizados neste estudo foi o

apresentado abaixo:

- T1_tse_axial;

-dp-tse-cor-p2-fs (paralelo ao colo do fémur);

-dp_tse_sag_colo_fs (perpendicular ao colo do fémur);

-dp_tse_sag_acetabulo_fs;

-dp_tse-cor;

-dp_tse_tra_fs_fov100_2,5mm;

-T2_star_radial_24_4mm_TR1000;

-Dp-radial_fs;

-T2_tse_tra_fs_bilateral;

3.4 Segmentação do fémur em exames de TC e RM

No desenvolvimento da aplicação de otimização, para o planeamento pré-cirúrgico da anca,

existiu a necessidade de recriar os modelos 2D dos fémures saudáveis, tendo como meio de

partida as imagens clínicas presentes nos exames de Tomografia Computorizada (TC).

A tomografia computadorizada (TC) é, na verdade, a modalidade de imagem de predileção

para a cirurgia ortopédica, onde conhecer o modelo 3D do osso a ser intervencionado é

fundamental. Esta modalidade adquire imagens de raios-x numa secção transversal (lado

esquerdo da Figura 19) a partir do volume da região de interesse, que são, em seguida,

somados a fim de se obter uma imagem em 3D do osso (meio da Figura 20). [28]

Page 36: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

24

Figura 20: Imagens obtidas pela Tomografia Computorizada. [28]

Muitas abordagens diferentes têm sido propostas pela comunidade científica, a fim de obter

uma segmentação válida do fémur. Esta é uma tarefa difícil para a segmentação semi

automática e automática, devido à distribuição da densidade mineral alta não homogénea ao

longo de todo o osso e às regiões de oclusão existentes, como a articulação da cabeça do

fémur com o acetábulo, assim como as regiões corticais de pequenas dimensões na região

central do fémur. [28]

Assim, a primeira ferramenta utilizada nesta tese diz respeito à interface de software já

existente e testado através do desenvolvimento de uma tese de doutoramento defendida no

IST, que permite uma segmentação automática do fémur através de imagens de tomografia

computorizada.[28]

Através deste software, conseguiu-se de uma forma muito eficaz obter um modelo 3D dos

fémur saudáveis que iriam ser utilizados e que serviriam de base para criação de um modelo

estatístico da geometria do fémur (SSM).

A segunda ferramenta utilizada diz respeito a um software idêntico ao primeiro, no entanto

utilizando imagens adquiridas em exames de Ressonância Magnética (sequências radiais),

permitindo apenas uma segmentação manual.

Com base no caso selecionado, foi realizada uma segmentação manual, definindo as regiões

de limite ósseo do fémur através da marcação de ROI. Através deste software, o utilizador

consegue posicionar os pontos de controlo ao longo da imagem que são interpolados com o

objetivo de apresentar um contorno suave sobre os limites do fémur. Depois de posicionar

todos os pontos, o utilizador clica perto do primeiro que marcou de forma a finalizar o contorno,

Figura 18

Page 37: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

25

podendo posteriormente reajustar algum dos pontos que não tenham ficado no local

pretendido. [29]

3.5 Tratamento base dados em exames de exames de TC

Tendo como ponto de partida as imagens de TC dos 12 pacientes, segmentadas

automaticamente. Foi definido um corte 2D em plano coronal para cada fémur sendo cada um

deles constituído por 130 pontos, tendo-se iniciado o tratamento dos dados através do seu

processamento em MATLAB.

O tratamento destes dados tem como ponto de partida a soma de todos os pontos, dos 12

fémures existentes, de forma, a que se realize o cálculo da média e se obtenha um fémur

médio Xm.

Com base nesse valor e no cálculo da covariância irá ser possível avançar para a análise de

componentes principais (pca). [29]

A análise de componentes principais é uma técnica da estatística multivariada que consiste em

transformar um conjunto de variáveis originais num outro conjunto de variáveis com a mesma

dimensão denominadas de componentes principais. Estes componentes principais apresentam

propriedades importantes, onde cada componente principal é uma combinação linear de todas

as variáveis originais, são independentes entre si, estimados com o propósito de reter, em

ordem de estimação, o máximo de informação, em termos da variação total contida nos dados

(pca). [30]

A ideia principal desta análise está associada com a redução de massa de dados, com menor

perda possível da informação. Realiza-se uma transformação em que o primeiro componente

principal tem a maior variância possível sendo ele responsável pelo máximo de variabilidade

dos dados e os componentes seguintes têm a máxima variância sob a restrição de serem

ortogonais.

Para realizar esta análise é necessário o cálculo da média dos dados como foi referido acima,

de seguida subtrair a média a todos os itens de dados e por último calcular a matriz de

covariância usando todas as subtrações. Ela é o resultado da média do produto de cada

subtração por ela mesma e terá a dimensão nxn.

Com estes resultados temos a possibilidade de avançar para o cálculo dos auto vetores e auto

valores da matriz de covariância, acabando por ser eles que correspondem à variação que

cada componente principal realiza.

(equação 1)

(equação 2)

Page 38: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

26

Os vetores ortogonais coluna da matriz U (equação3), correspondem aos vetores próprios que

têm influência na variação de forma do fémur médio, enquanto a matriz diagonal D armazena

os valores próprios correspondentes, que representam as amplitudes das variações de forma.

Estes são ainda ordenados de acordo com a percentagem da variação total, utilizando-se

apenas os que têm maior influência, normalmente os primeiros 3 a 5 valores próprios, que

representam um subconjunto e é escolhido de modo a preservar um mínimo de 95% do

total.[29]

Qualquer nova forma de s, em seguida, pode ser decomposto em termos de os valores

próprios usando a equação 5 e novas formas podem ser gerados através da variação do

parâmetro vetor b na equação 4.

O modelo SSM é assim obtido com base na análise de componentes principais (PCA), onde ao

modelo de fémur médio se soma os valores próprios que representam pequenas alterações ao

fémur médio, alcançando assim o fémur de referência/modelo estatístico geométrico a ser

utilizado (SSM). [29]

(equação 3)

(equação 4)

(equação 5)

Page 39: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

27

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo SSM vs fémur saudavel de outro banco de dados

Femur Bom

Modelo SSM

4. Resultados

4.1 Validação do modelo estatístico do fémur

Tendo por base o modelo médio do fémur e avaliando os valores próprios que o influenciam,

verifica-se que apenas os primeiros 5 valores apresentam influência na sua variação de forma.

Analisando a variável latent obtêm-se os seguintes resultados:

latent =1.0e+06 *Tabela3

Segundo os resultados apresentados, pode concluir-se que os primeiros três valores próprios,

têm influência significativa na variação de forma de s, estando ordenados de forma

decrescente.

De seguida, são demonstradas as opções de construção do modelo estatístico a utilizar, caso

se aplique a influência de 2,3,4 ou 5 valores próprios na sua construção.

2 valores próprios:

Valor de f: 670,6418

f= fmin_teste_pca(x,Xref,Xm,q1,l1,q2,l2)

f = sum((Xref-X).^2);

2.1884

0.1446

0.0369

0.0291

0.0035

0.0008

0.0002

0.0001

Figura 21: Modelo SSM com utilização 2 valores próprios.

Figura 19

Page 40: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

28

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo SSM vs fémur saudavel de outro banco de dados

Femur Bom

Modelo SSM

3 valores próprios:

Valor de f: 347,1190

f= fmin_teste_pca(x,Xref,Xm,q1,l1,q2,l2,q3,l3)

f = sum((Xref-X).^2);

4 valores próprios:

Valor de f: 305,6505

f= fmin_teste_pca(x,Xref,Xm,q1,l1,q2,l2,q3,l3,q4,l4)

f = sum((Xref-X).^2);

Figura 22: Modelo SSM com utilização 3 valores próprios.

Figura 23: Modelo SSM com utilização 4 valores próprios.

Figura 20

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo SSM vs fémur saudavel de outro banco de dados

Femur Bom

Modelo SSM

Page 41: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

29

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo SSM vs fémur saudavel de outro banco de dados

Femur Bom

Modelo SSM

5 valores próprios:

Valor de f: 300,9866

f= fmin_teste_pca(x,Xref,Xm,q1,l1,q2,l2,q3,l3,q4,l4,q5,l5)

f = sum((Xref-X).^2);

No estudo apresentado acima, o modelo de validação utilizado (Femur Bom), é referente a um

fémur esquerdo posteriormente invertido, que não foi incluído na base de dados para criação

do modelo estatístico (SSM). Desta forma, o modelo de validação apresentará um grau de

diferenciação superior e irá conseguir determinar com maior fiabilidade a capacidade de ajuste

do modelo estatístico desenvolvido.

Ao avaliar os dados apresentados, pode concluir-se, que caso se opte pela utilização de 2

valores próprios para criação do modelo estatístico SSM, esta não apresenta resultados

satisfatórios, pois se tivermos como base dois pontos localizados na mesma região do fémur,

um no modelo de validação e outro no modelo estatístico, verifica-se que a distância entre

esses dois pontos, não diminui consideravelmente não havendo um ajuste significativo do

modelo criado ao modelo de validação.

No entanto, quando se realiza o mesmo exercício para a utilização de 3 valores próprios na

criação do modelo SSM, esta distância diminui consideravelmente passando o resultado da

função f de 670,6418 para 347,1190.

No que diz respeito à decisão de utilizar 3, 4 ou 5 valores próprios, esta já requer uma análise

mais cuidada, pois apesar de em qualquer uma das passagens, a distância entre os pontos do

fémur utilizado para validar o modelo e os pontos do modelo estatístico ir decrescendo, o ajuste

especialmente na utilização de 4 valores próprios para 5 não é muito significativa, passando a

função f de 305,6505 para 300,9866. Neste caso verifica-se que não existe vantagem em

introduzir estes valores próprios no modelo, pois leva a um processamento mais demorado

para o programa e o resultado final não melhora significativamente.

Figura 24: Modelo SSM com utilização 5 valores próprios.

Figura 21

Page 42: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

30

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo Optimizado para femur patologico

Femur Patologico

Modelo Optimizado

regiao a ser operada

Através desta análise conclui-se que para construir o modelo estatístico do fémur pode utilizar-

se 3 valores próprios ou no máximo 4, visto que este quando validado por um fémur não

patológico obtém um resultado positivo.

4.2 Modelo estatístico do fémur vs fémur patológico

Após validação do modelo SSM como modelo estatístico do fémur, pretende-se agora validar a

sua utilização na identificação de patologia existente em fémures não saudáveis.

No caso apresentado abaixo e de forma a verificar se o modelo estatístico desenvolvido

funcionava, foi realizada uma análise de um fémur com patologia manipulada, servindo este

como caso de estudo.

O método de validação do modelo SSM utilizado para identificação da patologia existente, foi

baseado no mesmo princípio apresentado acima, realizando-se uma análise idêntica à

apresentada no capítulo 8.3.

Assim, observando a figura 25 apresentada abaixo verifica-se que a utilização de 2 valores

próprios mais uma vez, não se apresenta suficiente, pois o ajuste do modelo estatístico com o

modelo patológico não é satisfatório para determinar com a melhor exatidão a região patológica

existente.

2 valores próprios:

Figura 25: Modelo SSM com utilização 2 valores próprios.

Figura 22

Page 43: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

31

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo Optimizado para femur patologico

Femur Patologico

Modelo Optimizado

regiao a ser operada

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Modelo Optimizado para femur patologico

Femur Patologico

Modelo Optimizado

regiao a ser operada

3 valores próprios:

4 valores próprios:

Figura 26: Modelo SSM com utilização 3 valores próprios.

Figura 27: Modelo SSM com utilização 4 valores próprios.

Figura 23

Figura 24

Page 44: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

32

-50 0 50 100

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120Modelo Optimizado para femur patologico

Femur Patologico

Modelo Optimizado

regiao a ser operada

5 valores próprios:

Com os dados apresentados verifica-se que ao realizar a aplicabilidade do modelo SSM

desenvolvido, para determinar patologia num fémur não saudável, ao contrário do que se

passava no caso não patológico, a utilização de 3 valores próprios, não se verifica suficiente.

Nesta análise existiu a necessidade de utilização de pelo menos 5 valores próprios para

criação do modelo SSM onde o ajuste ao modelo patológico é mais específico. Visto que o

objetivo é determinar a alteração patológica, caso ela exista e qual a sua dimensão, para que

posteriormente possa ser submetida a intervenção cirúrgica. Esse objetivo para ser atingido é

necessário um modelo com maior precisão.

4.3 Validação do modelo SSM com caso real

Para que a ferramenta desenvolvida seja considerada uma mais-valia no planeamento da

cirurgia conservadora da anca, foi elaborada uma análise da sua utilização num caso

patológico real, verificando a sua utilidade.

O caso clínico em questão, baseia-se em imagens de RM antes e após a realização da

intervenção cirúrgica. Desta forma, é possível verificar se o planeamento quantitativo realizado

pelo nosso modelo se sobrepõe ao pós cirúrgico, podendo assim concluir se que esta reúne as

condições para se tornar uma possível mais-valia.

Uma vez que a segmentação das imagens obtidas na RM é efetuada manualmente e não de

forma automática, existiu a necessidade de se utilizar um corte axial em vez de um corte

coronal do fémur demonstrando igualmente o local da patologia em estudo.

Foram utilizados os 12 fémures esquerdos existentes na base de dados para formar a curva

base SSM.

Figura 28: Modelo SSM com utilização 5 valores próprios.

Figura 25

Page 45: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

33

150 200 250 300 350 400

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

São determinadas todas as distâncias entre os vários pontos existentes e definidas quatro

regiões (quadrantes) centrais do fémur. Cada quadrante terá de apresentar o mesmo número

de pontos entre si de tal forma que essa representação seja idêntica em todos os casos em

estudo.

Para que isso aconteça, o conjunto de pontos disponíveis em cada fémur, vão ser classificados

e analisados, realizando-se uma interpolação dos mesmos. Posteriormente realiza-se um

controlo direto sobre o número de pontos que irá existir em cada quadrante estando estes

linearmente espaçados.

4.4 Validação final com caso real

Para realizar a validação final com um caso clínico real, foi desenvolvido o modelo estatístico

do fémur SSM, da forma idêntica ao desenvolvido no plano coronal, tendo sido todo esse

processo explicado no capítulo 8.3.

Após se obter uma curva média com base nos casos clínicos da base de dados utilizada (figura

30), o modelo SSM vai ser desenvolvido novamente com recurso aos valores próprios que o

influenciam. Com base no teste realizado no capítulo 8.4, concluiu-se que em casos

patológicos, o modelo considerado ótimo a ser utilizado, será com a influência de 5 valores

próprios, tendo sido esse o modelo desenvolvido para identificar a patologia existente.

Figura 29: Modelo fémur

Figura 26

Figura 27

Page 46: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

34

-100 -50 0 50 100 150

-50

0

50

100

Base dados Femur + Femur medio

-50 0 50 100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

Femur optimizado para Cirurgia

Antes Cirurgia

Femur Optimizado

Regiao a ser operada

Após o desenvolvimento do modelo SSM, realizou-se a comparação do mesmo com o caso

clínico real e patológico, de forma a verificar se o mesmo identificava a região a ser

intervencionada. De realçar, que a região da cabeça e colo do fémur foi a segmentada com

maior pormenor visto ser nessa zona que normalmente se situa a patologia.

Pode verificar-se que toda a região de interesse se sobrepõe quase na perfeição com o modelo

SSM à exceção da região patológica, sendo esta a zona a ser removida em cirurgia (figura 31).

Figura 30: Contorno médio de um fémur não patológico.

Figura 31: Modelo SSM vs modelo patológico fémur.

Figura 28

Page 47: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

35

-50 0 50 100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

Resultado apos cirurgia VS Femur optimizado

Apos cirurgia

Femur optimizado

Visto este caso clínico se basear em imagens de RM após a intervenção cirúrgica, voltou a

segmentar-se o corte axial do fémur já intervencionado, de forma a validar o planeamento

cirúrgico sugerido pelo modelo desenvolvido.

Através da figura 32 verifica-se que a cirurgia correspondeu com o planeamento efetuado pela

ferramenta desenvolvida podendo assim esta ser considerada uma mais valia neste tipo de

patologias.

Figura 32: Validação após cirurgia do planeamento pré-cirúrgico realizado pelo modelo SSM desenvolvido.

Figura 29

Page 48: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

36

Page 49: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

37

5. Conclusões finais

A tese desenvolvida tinha como propósito inicial desenvolver uma ferramenta que servisse de

auxiliar a todos os procedimentos cirúrgicos realizados à articulação da anca com o tipo de

patologia tipo CAM. Visto hoje em dia, esta patologia ser intervencionada maioritariamente com

recurso à utilização da artróscópia e esta ser de complexidade elevada e operador dependente.

Existe a necessidade de desenvolvimento de uma ferramenta que estabelecesse uma análise

quantitativa da problemática. Assim, será possível determinar em fase pré-cirurgica a

localização e extensão da lesão.

Com o recurso a essa ferramenta o cirurgião terá a hipótese de definir em fase anterior à

cirurgia, qual será a sua melhor abordagem para levar à remoção óssea, apenas numa

determinada zona, identificada pela ferramenta desenvolvida.

Com a passagem desta informação para a robótica, o objectivo será a criação de graus de

liberdade limitados que possibilitem a cirurgiões com menos experiência a remoção óssea

apenas na região definida pela ferramenta. Será ainda possivel, visto a análise ser quantitativa

determinar a quantidade de osso a remover para que não seja retirado nem mais nem menos,

dependendo essa decisão de cirurgião para cirurgião.

O objectivo será com este desenvolvimento de investigação e robótica levar a procedimentos

cada vez mais optimizados e uniformizados, de forma a que os resultados finais sejam cada

vez mias positivos e satisfatórios para pacientes com este tipo de patologia.

Esta tese iniciou esta investigação com o desenvolvendo da ferramenta descrita numa

avaliação 2D, pois extistem ainda muitos cirurgiões a ter preferência pela avaliação da

estrutura em estudo apenas com recurso ao plano biplanar, sendo por vezes mais fácil para a

sua orientação.

Como limitações desta investigação pode identificar-se o facto da base de dados utilizada

necessitar de imagens diagnósticas de fémures não patológicos, tendo as mesmas de ser

obtidas através de pacientes que estejam a realizar exames a essa região anatómica, mas em

que a causa da patologia não seja óssea.

Posteriormente, para validar a ferramenta desenvolvida em casos reais essa validação foi

realizada apenas num caso real visto serem poucos os pacientes que realizam RM antes e

após a intervenção cirúrgica.

No entanto, pode concluir-se que esta é uma área de desenvolvimento em crescimento e que

tem uma elevada importancia numa sociedade em que práticamente todos os individuos jovens

praticam desporto devido ao aumento do pensamento do “culto do corpo” e serem estes um

dos grupos de risco desta patologia.

Page 50: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

38

5.1 Trabalhos Futuros

Sugerem-se assim como trabalhos futuros e que enrriqueçam esta investigação o

desenvolvimento desta ferramenta mas num plano triplanar, de forma a que a avaliação da

localização e extensão desta patologia seja mais especifica e precisa.

Outro contributo importante está relacionado com o aumento da base de dados utilizada de

forma a desenvolver o modelo estatístico, que seja cada vez mais sensivel, determinando

assim patologias de estádio inical com maior sensibilidade.

Page 51: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

39

6. Referencias Bibliográficas

[1] Feteira, R. (2011). Síndrome do Conflito Femoro-acetabular

[2] Labronici, P. J., Alves, S. D., Silva, A. F. Da, Giuberti, G. R., Hoffmann, R., Azevedo Neto, J.

N. De, & Penedo, J. L. M. (2009). Estudo anatômico do terço proximal do fêmur: impacto

femoroacetabular e o efeito cam. Revista Brasileira de Ortopedia, 44(2), 120–124.

http://doi.org/10.1590/S0102-36162009000200006

[3]paulo_rego @ www.cirurgiaconservadoraanca.com. (n.d.). Retrieved from

http://www.cirurgiaconservadoraanca.com/pt/paulo_rego

[4] Beck, M., Kalhor, M., Leunig, M., & Ganz, R. (2005). Hip morphology influences the pattern

of damage to the acetabular cartilage: femoroacetabular impingement as a cause of early

osteoarthritis of the hip. The Journal of Bone and Joint Surgery. British Volume, 87(7), 1012–

1018. http://doi.org/10.1302/0301-620X.87B7.15203

[4]Auladeanatomia @ www.auladeanatomia.com. (n.d.). Retrieved from

http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-articular/diartroses/quadril/

[5] Street, F. (n.d.). Femoroacetabular Impingement (FAI) of the Hip Phone : 713-790-3311

Compliments of : The Methodist Hospital System.

[6] Ganz, R., Leunig, M., Leunig-Ganz, K., & Harris, W. H. (2008). The etiology of osteoarthritis

of the hip: An integrated mechanical concept. Clinical Orthopaedics and Related Research,

466(2), 264–272. http://doi.org/10.1007/s11999-007-0060-z

[7] Bodor, Daniel. (2011). Femoroacetabular Impingement: MRI Web Clinic. Radsource @

http://radsource.us/femoroacetabular-impingement/

[8] Tannast, M., Siebenrock, K. A., & Anderson, S. E. (2007). Femoroacetabular impingement:

Radiographic diagnosis - What the radiologist should know. American Journal of

Roentgenology, 188(6), 1540–1552. http://doi.org/10.2214/AJR.06.0921

[9] Toogood, P. A., Skalak, A., & Cooperman, D. R. (2009). Proximal femoral anatomy in the

normal human population. Clinical Orthopaedics and Related Research, 467(4), 876–885.

http://doi.org/10.1007/s11999-008-0473-3

[10] Rakhra, K. S., Sheikh, A. M., Allen, D., & Beaul, P. E. (2009). Comparison of MRI alpha

angle measurement planes in femoroacetabular impingement. Clinical Orthopaedics and

Related Research, 467(3), 660–665. http://doi.org/10.1007/s11999-008-0627-3

Page 52: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

40

[11] C. Westbrook and C. Roth, MRI in Practice, 2 edition. 2013.

[12] A. Webb, Introduction to Biomedical Imaging, 1 edition. Wiley - IEEE Press, 2002

[13] J. P. Ridgway, “Cardiovascular magnetic resonance physics for clinicians: part I.,” J.

Cardiovasc. Magn. Reson., vol. 12, no. 1, p. 71, Jan. 2010.

[14] E. M. Haacke and J. R. Reichenbach, Eds., Susceptibility Weighted Imaging in MRI.

Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons, Inc., 2011.

[15] A. Webb, Introduction to Biomedical Imaging, 1 edition. Wiley - IEEE Press, 2002

[16] Aubry, S., Bélanger, D., Giguère, C., & Lavigne, M. (2010). Magnetic resonance

arthrography of the hip: technique and spectrum of findings in younger patients. Insights

into Imaging, 1(2), 72–82. http://doi.org/10.1007/s13244-010-0023-x

[17] Kassarjian, A., Yoon, L. S., Belzile, E., Connolly, S. A., Millis, M. B., & Palmer, W. E.

(2005). Triad of MR Arthrographic Findings in Patients with Cam-Type Femoroacetabular.

[18] Dubs, L. (2003). The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of

anterior impingment: Commentary. Praxis, 92(11), 475–477. http://doi.org/10.1024/0369-

8394.92.11.475

[19] J. Clohisy, J. McClure,“Treatment of anterior femoroacetabular impingement with combined

hip arthroscopy and limited anterior decompression”, The Iowa Orthopaedic Journal, Vol 25,

164-171, 2005

[20] C. Diulus, V. Krebs, G. Hanna, W. Barsoum, “Hip arthroscopy: technique and indications”,

J. Arthroplasty, Vol. 21 (4), 68-73, 2006.

[21] ] H. Dorfmann, T. Boyer, “Hip arthroscopy utilizing the supine position”, Arthroscopy, 12, pp.

264-267, 1996.

[22] Osório, D. F. R. (2013). Robotic Assisted Arthroscopy for Hip Preserving Surgery.

Biomedical Engineering Examination Committee, Instituto Superior Técnico, (December), 52–

54.

[23]Arthroscopy @ www.smith-nephew.com (n.d) Retrieved from: http://www.smith-

nephew.com/patient/treatments/hip-treatments/hip-arthroscopy/

[24] T.G. Sampson, “Techniques in hip arthroscopy and joint preservation surgery: Lateral

approach to hip arthroscopy”, Saunders, pp. 95-104, 2011.

Page 53: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

41

[25] L. Bond, et al, “The 23-point arthroscopic examination of the hip: basic setup, portal

placement, and surgical technique”, Arthroscopy, Vol. 25, pp. 416-429, 2009.

[26] M. A. Yaffe, M. A. Terry, “Recent and upcoming innovation in the technology of hip

arthroscopy”, Oper Tech in Orthop, 20, pp. 242-247, 201

[27] J. Byrd, “Hip arthroscopy: principles and application”, Smith & Nephew, 2007.

[28] Teodoro, P. (2015). Robust Surface Reconstruction and US Bone Registration for Hip

Resurfacing Surgery, Instituto Superior Técnico, 2015.

[29] Manuel, D., & Tavares, G. (2012). MRI / TRUS data fusion Prostate cancer diagnostic and

focal treatment . Biomedical Engineering, Instituto Superior Técnico, (October), 112.

[30] Carlos, & Varella, A. (2008). Análise de Componentes Principais, Alberto, C.

Page 54: Tecnologias Biomédicas - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2.6 Posicionamento do Paciente ... Figura 7-Radiografia antero-posterior da bacia ... Figura 10-Radiografia cross-table view

42