68
© 1997-2009 www.guiarioclaro.com.br - 15.000 exemplares - distribuição gratuita O seu www.guiarioclaro.com.br de bolso! ano 3 número 25 - novembro 2009

TELMO KEIM

Embed Size (px)

DESCRIPTION

MAGAZINE ,FASHION ,ARTPORTRAITS

Citation preview

Page 1: TELMO KEIM

© 19

97-2

009

ww

w.gu

iario

clar

o.co

m.b

r - 1

5.00

0 ex

empl

ares

- d

istrib

uiçã

o gr

atui

ta

O seu www.guiarioclaro.com.br de bolso!

ano 3 número 25 - novembro 2009

Page 2: TELMO KEIM

2

Vivendo....

Page 3: TELMO KEIM

3

Page 4: TELMO KEIM

Drops é a versão de bolso do Guia Rio Claro Internet

Editor-executivo: Carlos Marques

MTB 56.683 - [email protected]

Editora-assistente: Lilian Cruz

[email protected]

Redação: Daniel Marcolino, Gilson Santulo,

Marcos Abreu e Rafael Moraes [email protected]

Criação: Leonardo Hutter e Silvia Helena

[email protected]

Atendimento: Angela Amaral, Otília Zanini

[email protected]

Tecnologia da Informação: Elton Hilsdorf Neves

[email protected]

Financeiro: Neliane Favaretto

[email protected]

Cadastro: Jair Senne

[email protected]

Edição e Produção: enfase - assessoria & comunicação

Avenida Sete, 540 - Primeiro Andar 13500-370 - Rio Claro/SP

Fone: 19 2111.5057

Impressão: Gráfica Mundo www.graficamundo.com.br

Tiragem: 15.000 exemplares

Distribuição gratuita e dirigida a moradores de condomínios de Rio Claro, Araras e Piracicaba,

lojas de conveniência, clientes, parceiros comerciais do Guia Rio Claro Internet, bancas

de revistas, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço.

E-mails

O rosa e a janelaResgatar o olhar para coisas que manifestam a nossa história é saber conduzir os olhos para o belo. Parabéns pelo ensaio fotográfico na Escola Prof. Armando Bayeux. Vocês conseguiram aliar a beleza da modelo Larissa à estética rosa do casarão centenário em um trabalho cheio de charme. Como o Bayeux, existem outras construções que dariam excelentes ensaios. Ousem!

Alex Ribeiro da Cunha - Rio Claro

Instituto Ayrton SennaComo professora e educadora, quero parabenizá-los pela entrevista com a Viviane Senna sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto (Ayrton Senna). Vocês foram capazes de revelar de forma clara o que o Estado insiste em não ver: educação de qualidade deve ser acompanhada por instrumentos de medição e qualificação, e isto só se torna possível por meio do trabalho coletivo e orientado.

Léa Brito - Limeira

Olá Olha, agora vocês estão em apertos... Recebi pelo correio o volume 24 da Drops. Puxa, fiquei surpreso! Que acabamento, beleza e conteúdo. Eu não tinha ideia da qualidade do trabalho. Agora, se vocês não me mandarem o nº 23, estarão em apertos! Quero guardá-los aqui em nossa biblioteca.George Barbosa - São PauloDiretor Científico do Instituto de Pesquisas e Desenvolvi-mento Pessoal e pesquisador da Sociedade Brasileira de Resiliência.

Escreva para a Drops. Envie sugestões para novas pautas e temas a serem abordados nas próximas edições. Queremos uma revista com a sua cara.

FALE CONOSCO - [email protected]

Page 5: TELMO KEIM

5

Page 6: TELMO KEIM

SumárioBazar ................................................8

Entrevista ........................10 a 16Panis at circensis ........19 a 25

Arte ................................................26Estética .......................................31Moda .................................37 a 41

Veículos .......................................44Casa & Cia ....................48 a 54 Turismo ................................... 56

Gastronomia ...............60 a 65Contraponto .......................... 66

Editorial

Carolina Ferranti na Unicirco, em Campinas.

Fotos: Telmo Keim

Capa

Alegria, alegria...O circo chegou!Chegou e já se foi... E este é o grande segredo da ale-

gria: ser passageira. Se é assim, por que alguém decide ser na vida palhaço? Que graça tem despertar nas pes-soas algo que se esvai com tanta facilidade?

Em busca de respostas a essas e outras perguntas, a Drops 25 mergulhou no Circo para conversar com gente jovem, alegre e despojada; gente que, por hora e meia, despertam a magia ao levar adultos e crianças da apreensão ao sorriso, da piada à gargalhada.

Ainda no circo, conversamos com a bailarina Debo-rah Colker ao tornar-se a primeira mulher a assinar uma coreografia do Cirque du Soleil. Circo onde a também brasileira Xuxu alcançou seu sonho circense ao integrar o corpo de acrobatas. Em campinas, Marcos Frota fala sobre o projeto Unicirco, um espaço social para revelar novos talentos, como a acrobata Xuxu.

Do circo para as ruas, a street art ganha status de arte sem perder seu contorno social, seja em práticas coletivas ou manifestações individuais ao conquistar capas de revista e mostras internacionais. Do mundo para a cidade, conversamos com gente que busca ex-pressar injustiças e ideias críticas sobre o urbano em seus próprios contornos.

Nos Trópicos, e logo abaixo dele, cada vez mais no-vembro se torna verão, com temperaturas acima dos trinta graus. Em meio a tanto calor, vestimos maiôs e voltamos ao picadeiro para registrar o ensaio fotográfi-co da estreante Carolina Ferranti. Sem comentários.

Para não fugir à alegria do mar, fomos à culinária me-diterrânea experimentar aromas e sabores da comida que desde muito tempo é responsável pela longevidade, bem-estar e alegria de um povo que aprendeu a viver e comer bem ao respeitar o frescor dos alimentos.

Entre estas e outras paixões, destacamos o prazer de ter as unhas bem cuidadas, o orgulho de possuir um carango de época... Enfim, pequenas alegrias que nos movem e nos faz sentir vivo. Boa leitura!

Carlos Marques

Page 7: TELMO KEIM
Page 8: TELMO KEIM

Bazar

Para relaxar

Piscina, pra quê te quero

No prenúncio da estação mais quente do ano e embaixo do sol escaldante do hemisfério Sul, os acessórios de verão são essenciais para garantir conforto, estilo e autenticidade.

A espreguiçadeira Las Vegas oferece a chance de deleite a céu aberto. Feita de alumínio e tela sling importada, é resistente e oferece um ano de garantia. O design moderno complementa a decoração da área de lazer.

A partir de R$ 1.075,00 Garden Cerri 19 3024.3382

Proteja as ideias

Preserve os cabelos do sol no melhor estilo cowgirl de areia. Feito com algas marinhas, o chapéu Marcatto segue a tendência fashion sem perder a elegância.

A partir de R$ 69,00Mar e Fit 19 3532.2954

Chá para acalmar a pele

A loção hidratante corporal com Chá Verde tem efeito antioxidante e sua hidratação intensiva auxilia no preparo da pele para o bronzeado do verão, evitando ressecamento.

A partir de R$ 8,90Ouroderma 19 3534.9227

8

Page 9: TELMO KEIM

Olhos na vitrine

Se os radares indicam alta incidência de raios ultra-violeta, o óculos de sol é a alternativa que combina proteção e estilo. Os modelos Romeo e Juliet da Oakley garantem segurança com muito charme.

A partir de R$ 1.500,00Óticas Carol 19 3524.8719

A linha de camisetas Dry Fit da Lupo alia bom gosto em várias cores e a avançada tecnologia têxtil, que garante a absorção da umidade, proporcionando total conforto. Prática, não precisa ser passada a ferro após as lavagens.

A partir de R$ 59,90Lupo 19 3523.8722

Tecnologia e praticidade

9

Page 10: TELMO KEIM

Entrevista

O trapezista da arteEntrevista: Lilian Cruz | Fotos: Divulgação

Guaxupé, sul de Minas, década de 60. O garoto de 10 anos se depara com um circo instalado em sua cidade natal. A estrutu-ra imponente o emociona. Ao chegar em casa, ajoelha-se próximo à cama e ora: “Quando crescer quero ser um artista, um grande artista”.

O tempo passa e a lona retorna a Guaxupé. Desta vez ela volta estampada com o nome e sobrenome do menino que teceu suas pre-ces no passado. No tradicional carro de som, o locutor anuncia em voz possante ao res-peitável público: “Não perca o espetáculo do grande Marcos Frota Circo Show”.

O público definitivamente não perde. Por onde quer que a lona se erga, há visitan-tes fiéis. As crianças arrastam os adultos e

estes, fingem arrastar as crianças. E Marcos Frota se deixa levar, na toada do sonho de menino, que ao agir com paixão pela arte, transformou a realidade do circo brasileiro.

Prestes a comemorar 25 anos de carreira circense, Marcos declara-se vocacionado para a missão de ceder o picadeiro para no-vos artistas. Seu sacerdócio foi disseminado por meio da primeira Universidade Livre do Circo no Brasil, a Unicirco. Seus alunos, ca-tequizados no amor à arte, se apresentam aos pulos e risos, debaixo da lona que um dia inspirou uma oração.

De joelhos bem eretos, hoje Marcos é pai de quatro filhos, ator de televisão, cinema, teatro e circo. O homem de negócios é in-tenso e no intervalo entre uma reunião com

Homem de negócios de espírito juvenil. Em seu habitat, Marcos Frota é ator de si mesmo

10

Page 11: TELMO KEIM

um de seus parceiros oficiais – a Petrobrás – e a próxima sessão da Unicirco em Cam-pinas, Marcos falou com a Drops sobre seu elixir predileto, o circo. Confira.

Em tempos de tantas opções de entretenimento e diametralmente, com tanto individualismo acentuado, como posicionar o circo como um negócio atrativo?O circo é um negócio que se paga. Por ser itinerante, ele causa frisson aonde chega, despertando curiosidade do público naquela praça, naquele espaço e em toda a região onde ele ergue sua lona. Desperta o interesse momentâneo e direciona o olhar das pessoas para essa forma de arte, justamente por sair do cotidiano do local e isso movimenta o público. Sinto sim que o circo está vivo, onde quer que ele vá. O Marcos Frota Circo Show é um projeto calcado nas famílias tradicionais do circo, ele ampara, acolhe, dá dignidade ao oferecer espaço de trabalho a um grupo de profissionais circenses e o resultado disso tudo é muito positivo.

A aposta no projeto social Unicirco,

formador de novos talentos artísticos, surgiu como?A Unicirco se caracteriza por uma atitude amplamente social. O projeto surgiu pela inquietude de muitas pessoas, de uma equipe de trabalho, indivíduos voluntariosos que não se acomodaram ao ver a lona ociosa durante alguns momentos. A partir dessa energia, criamos métodos de treinamento, e deixamos o picadeiro aberto com oficinas livres. As pessoas começaram a se aproximar do espaço. E apostamos no desenvolvimento artístico dessas pessoas e a síntese de tudo isso é o espetáculo da Unicirco em Campinas: a apresentação da nova geração do circo. São profissionais da dança, da acrobacia, do trapézio... Enfim, toda a arte circense reunida em um local nobre. Neste projeto contamos com o apoio da Petrobrás e do Hopi Hari, que iniciou todo o processo conosco.

“Percebo o Brasil atuando com uma pele mais robusta na ação cultural. E isso permite uma diversidade muito

grande de ações.”

11

Page 12: TELMO KEIM

Entrevista

Observa-se que o governo do Canadá é parceiro do Cirque du Soleil, fortalecendo a identidade cultural do país, afinal onde quer que o Soleil vá, a bandeira canadense o acompanha. Você percebe a falta desta consciência no Brasil ao deixar de apostar na arte como identidade cultural? Quando falamos de países de primeiro mundo como o Canadá, é evidente que há uma atitude diferenciada em relação à cultura. Eles já superaram problemas sociais graves como ainda temos no Brasil. Isso permite uma outra ação cultural. Mas eu percebo o Brasil atuando com uma pele mais robusta na ação cultural. E isso permite uma diversidade muito grande de ações. A manifestação da cultura popular brasileira do circo hoje está maravilhosa. Vivemos e atuamos um momento especial do circo, com sincronismo entre artes plásticas e dança contemporânea. Eu sinto que o circo, no Brasil, vive seu melhor momento na história.

E no mundo?Acabo de chegar de um grande encontro internacional em Roma, na Itália, onde discutimos a atuação do circo. É saliente, o

circo tem seu espaço consolidado e é palco de atitudes inovadoras em relação à sua gestão. E como instrumento social, pode estar lado a lado com outros tantos seguimentos discutindo a cultura. O mundo todo descobriu o circo como estrutura de promoção social. Estou muito esperançoso e otimista em relação ao circo.

Você é ator da maior empresa de entretenimento do país, a TV Globo. Também é um gestor da mais tradicional arena de expressão artística do mundo, o circo. Como é dividir-se entre um ofício e outro? Em alguns momentos, uma tarefa conflita com a outra?Com certeza enfrento conflitos. Hoje, tenho que lutar muito para reconquistar meu espaço dentro da TV Globo, empresa que trabalho há 30 anos. O circo me impõe desafios constantes e com horas extensas. São prestações de contas, relatórios, negociações e coordenação da equipe. E tenho a responsabilidade de manter o picadeiro sempre vivo e sempre com qualidade. A Unicirco, por exemplo, é referência e não posso apresentar espetáculos abaixo dos níveis de excelência que alcançamos. O

“Hoje tenho que lutar muito para reconquistar meu espaço dentro da TV

Globo, empresa que trabalho há 30 anos.”

Page 13: TELMO KEIM
Page 14: TELMO KEIM

14

Page 15: TELMO KEIM

Entrevista

Marcos Frota Circo Show também já alcançou um patamar de qualidade que nos permite ocupar espaços nobres em todas as cidades que visitamos. Então, essa dedicação, de certa maneira, prejudica meu espaço na TV. Felizmente e por conta da minha história dentro da Globo, eu conto com a compreensão de um grupo de diretores e atores que conhecem meu trabalho. Sou contratado da Globo até 2012 e acho isso maravilhoso, porque é uma empresa espetacular para se trabalhar, afinal, é a empresa que transformou o Brasil referência em teledramaturgia.

Seu sucesso na TV impulsiona a bilheteria do circo? Sem dúvida minha exposição em novelas aumenta o público do circo. Gera nos telespectadores a curiosidade natural do personagem que estou vivendo nas telas, e eles vão até o circo conferir. No início da história do circo essa relação era mais forte. Antes, estar no ar despertava mais interesse do público. Mas, hoje vejo um amadurecimento do público, porém, sem dúvida há um crescimento de bilheteria nas apresentações. Outro ponto é que, quando estou presente em uma novela, facilita a atração de patrocínios para o circo.

Personagens marcantes como o surdo-mudo Tomás (1989-Sexo dos Anjos), o autista Tonho da Lua (1993-Mulheres de Areia) e o cego Jatobá (2005-América) fazem parte de sua história. Parece que os autores reservam para você personagens com sensibilidade aguçada e com a missão de incitar reflexões sociais. Para interpretá-los, você optou por preparações especiais, como laboratórios, estudos aprofundados, discussões psicológicas? Quais os caminhos

para atuações tão marcantes e elogiadas pela crítica?Além da técnica da pesquisa, prezo pela construção do universo do personagem por meio da compreensão da proposta do autor e, após isso, me recolho. Me recolho através do silêncio e permito-me reservar um espaço interno para uma outra vida nascer dentro da minha vida. Faço meditação, caminhadas e fico em silêncio. Geralmente abdico da minha vida social, diminuo meu ritmo e encontro, dentro de mim, espaços e energia de sensibilidade e leitura do universo que vou abraçar. É simples assim. Não pode ter muitas firulas, não posso chegar no estúdio com a verdade absoluta. Acredito no trabalho coletivo. Não é a minha verdade, há a verdade do câmera-man, do cenógrafo, do diretor. Eu permito que esse recheio faça parte da construção do meu trabalho. Se você chega armado demais, com uma verdade absoluta, perde a oportunidade de interagir e isso empobrece o personagem.

“Tenho uma proximidade espiritual com o circo e convivo com essa alegria toda, essa alegria jovem, leve e simples. É um estado de espírito desapegado dos bens materiais

e uma felicidade possível.”

15

Page 16: TELMO KEIM

Entrevista

Procuro ficar internamente disponível e completamente aberto ao sentimento e à emoção da história que vou contar em um personagem.

Você continua se apresentando no trapézio? Ainda sente frio na barriga antes do espetáculo?Não, já não subo no trapézio. Hoje, com 54 anos me limito aos outros trabalhos dentro do circo. Como estou envolvido na parte administrativa, nos projetos, nos contratos, não tenho tempo para o treinamento constante que o trapézio exige de qualquer praticante. Desde que abrimos o Festival Internacional de Teatro, em março de 1999, não tenho disponibilidade para o treinamento que o trapézio requer. Mas na comemoração dos 25 anos da Unicirco, em 2010, estou pensando seriamente em me preparar para algumas apresentações especiais. Nesta celebração de 25 anos do circo quero apresentar grandes espetáculos nesta lona. A comemoração deve começar pelo Unicirco Taquaral, em Campinas, e talvez um roteiro entre Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. E, nestes espetáculos especiais, quem sabe estarei novamente no trapézio.

No vídeo apresentado antes do espetáculo de sua equipe circense, você conta que quando menino, em Guaxupé, rezou para ser um artista de sucesso. Hoje, quais são suas preces?Vivo em estado de prece. Com certeza o conteúdo maior de minhas preces é a gratidão. Sou grato não somente pelos sonhos realizados, mas por perceber que vivo uma dádiva muito grande que se manifesta no circo, no picadeiro, vendo a alegria das crianças. Por isso digo que vivo em estado de prece.

Você se declarou católico praticante, porém, com pensamentos mais contemporâneos

e libertadores. No seu dia-a-dia, antes de entrar em cena, de assinar um contrato, da gravação, quais os rituais que leva consigo?(Marcos fica em silêncio) Além das preces constantes, tenho um ritual que pratico nas aberturas e fechamentos de ciclos da minha vida. Sempre quando me aproximo de ciclos grandes ou pequenos, procuro uma cachoeira. Não tenho rituais místicos, mas com muita simplicidade procuro esse lugar para pensar um pouco, direcionar minha energia para um novo trabalho, para um novo desafio.

Aos 54 anos, respirar o ar do circo, com sua história nômade e destemida e acompanhar a formação de artistas, que despertam a magia do universo infantil, fazem você ver a vida com o olhar de menino?Com certeza o circo influencia o meu jeito de ser. Ao longo dos anos tornei-me observador do olhar puro da criança e, principalmente, do olhar sincero que a criança deposita no circo. Um sentimento constante de admiração pela vida, pelo belo, pelo simples. Vejo meus colegas de teatro e até dentro da Globo crescendo na carreira. E eu, permaneci no circo, atentamente e intensamente no circo. Esse estado de circo, é claro, tem um reflexo em minha vida. Porque nos alimentamos do que somos e eu me aprofundo nesse sentimento. Sinto-me um grande privilegiado do olhar infantil, encharcando o meu coração de pureza, esperança e emoção. A criança tem um olhar para a vida de forma sempre bonita, sempre colorida e divertida. Esse meu comportamento surpreende as pessoas, sou bastante juvenil, não somente no aspecto físico, mas na minha maneira de ser. Tem o lado do homem que comanda uma equipe com mais de 80 pessoas, busca parcerias de trabalho, fecho contratos e preservo minha imagem pública. Mas esse espírito simples me permite lidar de forma diferente com os agrupamentos de pessoas, resolvendo as dificuldades do mundo moderno. Tenho uma proximidade espiritual com o circo e convivo com essa alegria toda, essa alegria jovem, leve e simples. É um estado de espírito desapegado dos bens materiais e uma felicidade possível.

“Se você chega armado demais, com uma verdade absoluta, perde a oportunidade de interagir e isso

empobrece o personagem.”

16

Page 17: TELMO KEIM

17

Page 18: TELMO KEIM

18

Page 19: TELMO KEIM

Panis at circensis

O espaço aonde nada havia senão grama e areia, em poucas horas começa a ser to-mado por um mundo de gente. Todos fre-néticos, ocupados com as tarefas e muito experimentados na arte de montar e des-montar. São caminhões, carretas, amarras, desamarras, pregos e lonas. Uma suntuosa construção rapidamente se levanta. Mas de que vale a construção? O importante é ser resistente, ampla, colorida, ter muitos as-sentos e diversas luzes tremulantes. Porque as crianças adoram o brilho das luzes e é necessário agradá-las.

Eis a razão existencial de um circo: agra-dar as crianças. Todos que atendem por esta categoria, a de “criança”, são mais que convidados para compartilhar das ma-

gias e mistérios reservados em uma úni-ca e ousada visita ao circo. E dentro desta fantasia, muitos personagens são impres-cindíveis para o espetáculo. Na realidade, os personagens é que são as atrações do lugar. De sobressalto, mesmo o mais mal-humorado, acaba rendido pelos gracejos daqueles que parecem transportar o públi-co para outras atmosferas.

Ofício equilibristaTexto: Daniel Marcolino | Fotos: Telmo Keim

Transversais no tempo, artistas de circo resistem a um mundo cheio de “novas” formas de diversão, mantendo a chama. Com força na peruca e uma boa

maquiagem, eles provocam a alegria gratuita do público, aonde quer que passem

Todo serelepe, o palhaço Spirro consegue arrancar muitas gargalhadas do público

19

Page 20: TELMO KEIM

Panis at circensis

Que o diga o palhaço Spirro, veterano de incontáveis risadas, autor de suas próprias palhaçadas. Para ele, todos possuem um pa-lhaço dentro de si, basta dar vazão à comici-dade existente na natureza humana. “Sou o palhaço de mim mesmo, sempre fui. Resolvi assumir esse meu lado e estou muito bem re-solvido nesta profissão há mais de dez anos”, revela Jacimar Wernique de Oliveira, 43, - o homem que escondia o palhaço.

Sentada no meio do picadeiro, no centro do silêncio excruciante de que é tomado um circo nos momentos de descanso de plateias, a contorcionista Andreza de Fáti-ma Caetano, 31, planeja novos movimentos. “Eu mesma preparo meus números. Preci-samos impressionar o público: estou sem-

pre criando algo novo e diferente. Tem sido assim desde que comecei, com 7 anos, meus primeiros ensaios em Pernambuco”, ressalta a artista que se declara plenamente realiza-da na carreira profissional que escolheu.

O circo tem várias caras. Sotaques de dife-rentes partes do Brasil se misturam. A lingua-gem da arte circense, no entanto, é universal: dispensa a palavra. Muita força e resistência precisou o carioca Daniel Marins, 25, para ser aprovado na admissão da Escola Nacional do Circo. Agora acrobata e trapezista formado, Dank – como é chamado –, viaja todo país com o Marcos Frota Circo Show. “Os núme-ros aéreos, os saltos acrobáticos parecem de-safiar a gravidade. Foi isso que me atraiu no picadeiro”, salienta o artista.

Seja pelas acrobacias, trapézios, trampo-lins, globo da morte ou por tantos outros números, o fato é que cada personagem é fruto secreto de outro. É fruto de um en-contro inesperado entre o artista e a crian-

20

Page 21: TELMO KEIM

ça, que na sua pequenez deseja a grandeza do personagem que surpreende e rouba risos. E a alegria está para a vida como o cir-co está para o público: de passagem. Quem puder, quem tiver coragem, que se atreva a se divertir absurda-mente. É por isto que o circo balan-ça, mas não cai. É justamente por isto que o show de todo artista tem que continuar.

21

Page 22: TELMO KEIM

Panis at circensis

Danielle Sodelli, nas lentes da telinha do celular

Em comemoração aos 25 anos do Cirque du Soleil, o império global da área de entretenimento apresen-ta shows simultâneos em dezenas de países. Com mais de 3.500 empregados de 40 nacionalidades, o Cirque, fundado pelo canadense Guy Laliberté, coloca uma brasileira como a primeira mulher do mundo a dirigir um espetáculo com a marca Soleil.

À carioca Deborah Colker foi confiada a criação, as coreografias e a direção do espetáculo OVO, em cartaz no Canadá e depois nos EUA. O título curto e em português resume cenas da vida dos insetos, com ênfase em seus movimentos de sobrevivência. “Meu

O Soleil dos brasileirosTexto: Lilian Cruz | Fotos: Acervos pessoais e divulgação

Elementos circenses, arte contemporânea e perfeição técnica atraem o sotaque tupiniquim. No picadeiro e na plateia

Deborah Colker, coreógrafa do espetáculo Ovo, que estreiou em setembro

22

Page 23: TELMO KEIM

O Soleil dos brasileirosTexto: Lilian Cruz | Fotos: Acervos pessoais e divulgação

trabalho no Soleil é uma mistura de cores, ritmos e dinâmicas. No meu show tem 53 pessoas, gente da Rússia, Japão, China, Bra-sil, Bélgica, enfim, várias culturas. É circo, é outro mundo”, descreve Deborah.

Conquista profissional de Deborah Colker; sonho de menina da goiana Gracilene de Moura Nevius, a acrobata Xuxu. “Entrar no Cirque du Soleil foi a realização de um proje-to de vida. Foi muito difícil conseguir a vaga. Participei de três testes e esperei mais de cin-co anos”, relembra Xuxu, que além da per-sistência, se focou em treino constante para aprimorar a técnica de caminhar nas alturas.

A excursão com a trupe Soleil pelo Brasil tem algumas capitais no trajeto e o núme-ro Quidam no picadeiro. A acrobata Xuxu destaca a principal diferença entre o grupo e as produções nacionais. “Infelizmente, os circos brasileiros esbarram em baixo inte-resse do público e pouco patrocínio, afinal, talento e criatividade temos de sobra no país”, comenta a artista.

Para o produtor executivo do Marcos Frota Circo Show, André Felipe, no Brasil a arte circense sobrevive com dificulda-des. “Temos público, porém, há escassez de parceiros estatais e privados. Algumas empresas nacionais, por exemplo, optam por destinar verbas a eventos internacio-nais em detrimento dos grupos locais”, revela o profissional engajado há 23 anos em projetos circenses.

Mesmo com castings diversificados e es-palhados em vários continentes, o esmero com o artista continua impregnado na ação do Soleil e este preciosismo e planejamento meticuloso parecem preservar a qualidade técnica em suas diversas apresentações. “O processo de criação do OVO entre concep-ção, roteiro e preparação levou um ano. De-pois, mais oito meses de ensaios. No Brasil, em minha companhia, por exemplo, eu faço tudo ao mesmo tempo”, conta Deborah.

Gracilene de Moura Nevius é a acrobata Xuxu. “Acreditei no meu sonho e com muito trabalho, treino e pensamento positivo estou no Cirque du Soleil”.

23

Page 24: TELMO KEIM

Panis at circensis

Espetáculo de marcaCuidado com o profissional da arte, ino-

vação, riqueza de detalhes e organização de trabalho como uma empresa multifuncional. Esses atributos são observados por espec-tadores que já visitaram as tendas azuis e amarelas montadas pelo Cirque du Soleil em vários cantos do planeta.

A administradora Silvia Helena Demarchi Scatolin assistiu ao espetáculo La Nouba em setembro deste ano, durante seu passeio a Or-lando, Estados Unidos. “Tive a impressão que o Cirque du Soleil é uma marca que remete à magia, emoção e fantasia”, relembra. De souvenirs como chaveiros e bolsas de couro estampado com a marca circen-se, tudo parece lembrar o bom gosto e elegância do espetáculo.

Durante a apresentação, Silvia conta que se emocionou diversas vezes e ficou impressionada com a perfeição das cenas exibidas diante de seus olhos. “No La Nouba tem um

corcunda que participa de vários números e mantém-se curvado o tempo todo, mesmo quando executa movimentos específicos. A maquiagem, as roupas, a música; tudo é muito envolvente”, descreve.

Page 25: TELMO KEIM

Mais informações em www.cirquedusoleil.com

Agenda Cirque du Soleil no Brasil

No Brasil, o Cirque du Soleil abre temporada com o espetáculo Quidam.• 27 de novembro de 2009 – Curitiba• 8 de janeiro de 2010 – Rio de Janeiro• 19 de fevereiro de 2010 – São Paulo• 27 de maio de 2010 – Porto Alegre

Música e movimentoDeborah trilhou trajetória ímpar na dança contemporânea brasileira para alcançar o topo do espetáculo circense. Nascida em 1961 em uma família de músicos, começou a estudar piano com oito anos de idade. Intensa e criativa, se enveredou pelos esportes e cursou faculdade de Psicologia. Na década de 80 começou a dançar profissionalmente e não parou mais.

De coreografias para escolas de samba a prêmios no exterior, Deborah criou identidade própria para a dança contemporânea brasileira, à frente do grupo de dança batizado com seu nome. Vasos de porcelana, rodas gigantes e facas foram alguns dos instrumentos utilizados em seus espetáculos. Em outubro de 2009, Deborah comandou o número 4x4, no New York City Center, na cidade que nunca dorme.

Em uma breve definição, a própria artista se descreve: “Trabalho, busca, inquietação, pesquisa, prazer, encontrar respostas, caminhar no escuro, encontrar um corpo novo e novos movimentos”.

De fato, o Soleil cumpre a premissa nasci-da com o circo na Roma Antiga - quando as atrações incluíam corridas de bigas e shows com animais adestrados -, a intenção de fa-zer o público esquecer que o mundo além da tenda continua a existir, com seus prazeres e mazelas. E mergulhar, ao menos por alguns instantes, em um universo que enfeitiça, re-pleto de alegria e devaneios infantis.

Silvia recomenda: “Durante o espetáculo, não ouse deixar de comprar o combo com pipoca e refrigerante. Você corre o risco de ser a única pessoa da plateia de mãos vazias”.

Page 26: TELMO KEIM

Arte

Arte a céu abertoTexto: Daniel Marcolino | Fotos Divulgação

Com múltiplas cores e formas, o graffiti conquistou reconhecimento nos principais circuitos artísticos do mundo e ganha status de arte “cool”

26

Page 27: TELMO KEIM

Uma das suas principais características é a inevitável atração que ele exerce sobre o público. De súbito, em qualquer espaço co-tidiano, as pessoas são levadas a observar sua expressividade através dos muitos mu-ros, paredões e plataformas que sustentam e expõem a chamada “arte das ruas”. E esta forma de expressão remete não somente à criatividade dos grafiteiros, mas também às questões sociais e culturais.

Vandalismo ou arte? Há muito que as dúvidas sobre a legitimidade artística do graffiti aparentam estar resolvidas. O gra-ffiti está cada vez mais presente nas paisa-gens urbanas, seja das grandes metrópoles ou nas pequenas cidades. O estilo atraiu olhares, quebrou paradigmas, valorizou-se, e hoje goza do status de arte contemporâ-nea, com direito a exposições nas principais galerias do mundo.

Ícone do movimento no país, o grafiteiro Paulo César Silva, 37, viaja os quatro can-tos do mundo realizando diversos trabalhos com graffiti e artes visuais. “Speto”, como é conhecido, já desenhou para revistas como Vogue RG, Venice e Trip. Além de participar de bienais e mostras internacionais, Speto colaborou com a criação de inúmeras capas de discos para artistas brasileiros e interna-

cionais. “Estou sempre ligado às novidades gráficas: experimento muito nas minhas ilustrações”, revela.

No que tange à antiga discussão sobre o reconhecimento artístico do graffiti, Speto é enfático: “Isto já está mais que superado. A sociedade, inclusive, compra nossa arte para exibi-la em ambientes de prestígio. E cada artista usa elementos bastante pecu-liares nos seus trabalhos. Eu, por exemplo, incorporei a linguagem do cordel, pois sem-pre fui apaixonado por gravuras. Uma res-salva: não confundir graffiti com pichação”, dispara Speto.

Para o designer e grafiteiro Leonardo de Campos Patrocínio, 23, o graffiti é uma for-ma de inclusão social, já que muitos pra-ticantes estão inseridos nas camadas mais pobres da população. “É uma forma de expressar injustiças, ideias e críticas. É uma proposta sem igual de democratização da arte”, ressalta Patrocínio, que realiza ofici-nas sobre o tema para jovens em Rio Claro.

Não existem, porém, competições de gra-ffiti. “Realizamos encontros e muitos artis-tas são convidados a participar, a contribuir com uma pintura coletiva ou mostrando suas obras. Nosso grupo – DCO, formado por cinco grafiteiros –, já representou Rio Claro em inúmeros eventos nacionais e in-ternacionais; entre eles o“Meeting of styles Brazil”, realizado na cidade do Rio de Janei-ro, em 2006”, destaca Patrocínio.

Graças ao seu talento e criatividade, os trabalhos de Speto podem ser visto em

vários países do mundo

27

Page 28: TELMO KEIM

28

Page 29: TELMO KEIM

ControvérsiasDe acordo com uma tese defendida pelos

americanos James Wilson e George Kelling, na década de 80, a deterioração da paisa-gem urbana, seja por graffiti ou pichações, contribui para o aumento da criminalida-de e insegurança na sociedade. A chama-da “teoria das janelas quebradas” buscou atestar que quanto mais lixo e graffiti nas paisagens urbanas, maiores são as probabi-lidades de vandalismo e assaltos.

Embasada nessa teoria, a prefeitura de Nova York removeu, em 1990, todas as gra-fitagens dos metrôs. A evidente diminuição da criminalidade serviu de estopim para a implantação da política de “tolerância zero”, logo depois. Outros países como Ho-landa, Inglaterra e África do Sul adotaram medidas semelhantes. Contudo, no meio acadêmico, a teoria das janelas quebradas provocou inúmeras discussões sobre sua legitimidade e eficácia.

Evolução históricaGraffiti ou grafito é o nome dado às inscrições feitas em paredes desde o Império Romano. Por muitos anos, o graffiti sofreu retaliação pela sociedade. Atualmente, é considerado como uma das vertentes das artes visuais, mais precisamente da street art ou arte urbana. Surgiu a partir do movimento contracultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político.

A prática do graffiti expandiu-se em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão dos simples rabiscos (como uma espécie de demarcação de território), até grandes murais executados em espaços especialmente designados. O graffiti está fortemente associado à diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop.

O mais célebre de todos os grafiteiros é o artista Jean-Michel Basquiat que, no final dos anos de 1970, despertou a atenção da imprensa novaiorquina, sobretudo pelas mensagens poéticas que deixava nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan. Posteriormente, Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século 20.

As oficinas são realizadas anualmente, no Centro Cultural Roberto Palmari, todas abertas à comunidade. A duração aproximada é de 24 horas /ulas.

Os trabalhos de Patrocínio, que coordena oficinas de graffiti, estão espalhados por Rio Claro

29

Page 30: TELMO KEIM

30

Page 31: TELMO KEIM

A década new wave é a musa inspiradora para as ten-dências desta primavera-verão. Enquanto ombreiras e saias balonês invadem os guarda-roupas, as cores fluo-rescentes marcam as pontas dos dedos. “Cores cítricas, vibrantes e bem cintilantes são as vedetes da estação”, confirma a manicure Euzi Freitas.

Mergulhe nos tons fluo, começando pelas mãos ,com os esmaltes da temporada

Os anos 80 na ponta dos dedosTexto: Lilian Cruz | Fotos: Telmo Keim

Estética

Polegar: Azul Royal – ColoramaIndicador: Red C – BorgheseMédio: Noite Quente – ColoramaAnelar: Garota Verão – ColoramaMínimo: So Laque – Bourjois

Polegar: Batida de Coco – ColoramaIndicador: Capri Coral – BorgheseMédio: Menta – RisquéAnelar: Arábia – RisquéMínimo: Grão de Café – Risqué

Mãos de Junia Babone Saraiva

31

Page 32: TELMO KEIM

Pintar as unhas, desde quando?Se hoje os esmaltes são resultantes de

uma variação química, da mesma reação da tinta usada em pinturas de carros, as pri-meiras tinturas para as unhas eram feitas de uma mistura de goma arábica, cera de abelha, clara de ovo e gelatina.

De acordo com pesquisas realizadas pela esteticista Maria Inês Simionato, “As primei-ras unhas pintadas surgiram provavelmente na China, por volta de 3.000 a.C”, aponta. As cores do esmalte estariam relacionadas com a posição social do indivíduo – os membros da família real eram os únicos que usavam dourado ou prateado. “Mais tarde, as cores das unhas da realeza mudariam para ver-melho e preto”, complementa a esteticista.

Ao redor do ano 30 a.C. pintar as unhas passou a ser costume dos egípcios, que mergulhavam os dedos na tintura de hena. Mulheres das classes menos favorecidas só estariam autorizadas a pintar as unhas com tons claros. “No reinado de Cleópatra, só ela usava o vermelho para colorir as unhas. Quem desobedecia ao protocolo, sofria pu-nições severas”, descreve Maria Inês.

Cuidados especiais

As unhas podem ser ponto de alarme de problemas orgânicos. A esteticista Maria Inês relaciona o aspecto das unhas com fatores internos:

• Com riscos brancos - Indica a falta de cálcio, o que impede o crescimento uniforme da unha. Para a medicina tradicional chinesa, indica a alteração na circulação de energia vital no baço e no pâncreas;

• Com manchas brancas - Falta de zinco ou de vitamina A. Os chineses relacionam esse sintoma à fraqueza energética no pulmão, podendo indicar uma baixa de imunidade em consequência de infecções ou inflamações, períodos prolongados de angústia e tristeza;

• Sem brilho - A causa pode ser a anemia ou algum problema hepático. Para os chineses, tem a ver com o desequilíbrio no fígado, órgão que acumula a raiva não expressada;

• Lascadas ou quebradiças - Deficiência de energia dos rins. A causa pode ser o estresse emocional, que leva à perda da resistência orgânica e afeta os rins.

Estética

Eliminar as cutículas, hidratar e esmaltar as unhas são procedimentos de rotina para as manicures do Studio Gloss no Boulevard dos Jardins, Rio Claro.

32

Page 33: TELMO KEIM

33

Page 34: TELMO KEIM

34

Page 35: TELMO KEIM
Page 36: TELMO KEIM

Moda

36

Page 37: TELMO KEIM

O Circo MísticoNão Não sei se é um truque banalSe um invisível cordãoSustenta a vida real

Cordas de uma orquestraSombras de um artistaPalcos de um planetaE as dançarinas no grande final

Page 38: TELMO KEIM

Chove tanta florQue, sem refletirUm ardoroso espectadorVira colibri

Membro de um elencoMalas de um destinoPartes de uma orquestraDuas meninas no imenso vagão

Page 39: TELMO KEIM

Moda

Page 40: TELMO KEIM

Moda

Negro refletorFlores de organdiE o grito do homem voadorAo cair em si

Não sei se é vida realUm invisível cordãoApós o salto mortal

Page 41: TELMO KEIM

Modelo: Carolina FerrantiFotos: Telmo Keim Make-up: Cristina MairaMaiôs: Mar e Fit SportCalçados e acessórios: Specchio per le donne Edição: Carlos Marques Música: Chico Buarque Locação: Unicirco - Campinas

Page 42: TELMO KEIM

42

Page 43: TELMO KEIM

43

Page 44: TELMO KEIM

Veículos

Carango ou carro antigo?Texto: Rafael Moraes & Gilson Santulo | Fotos: Telmo Keim

Os carros sempre foram objeto de desejo. Sejam possantes, bonitos ou mais antigos, o que vale mesmo é a paixão pelo ronco

dos motores e o prazer de viver entre a graxa e o pistão

Dos modelos mais populares aos mais luxuosos, os automóveis são parte inte-grante e motor da história nos últimos 100 anos. Meio de transporte para alguns, objeto de desejo para outros, os carros es-tão intimamente ligados às necessidades e paixões do homem.

É por isso que o Antigo Auto Clube de Rio Claro oferece um deleite para os olhos. Modelos de épocas passadas, possan-

tes esportivos e modelos incomuns são apenas alguns dos veículos “colecionados” por seus associados.

Os carros mais antigos e os clássicos têm mais prestigio, como por exemplo, o Diplomat DeSoto 1952, modelo fabricado pela Chrysler de 1928 até 1961, de um dos membros do clube. Assim como o “vovô” do clube, um Ford 1928, em ótimo estado de conservação.

Outros destaques ficam por conta do DKW Candango 4, de 1961, ou do Mustang Hard Top 1966. É claro que o Chevrolet Kingswood 1959 também desperta olhares curiosos, sem falar do Camaro Type LT 1974 Limited edition, V8, com seus 350 HP.

Mas nem só de carros vive o clube. Um dos membros é dono de uma Lambretta L.I 1962, restaurada e 100% funcional, a motoneta chama a atenção por onde passa devido ao seu estado impecável de conservação.

Chevrolet Kingswood 1959

Motor: 4.6 • 6 cilindros • 120 HP • Manual 3 marchas

44

Page 45: TELMO KEIM

Mais que um hobby, uma paixãoPara ter um carro classificado como an-

tigo, e, portanto, ostentar a placa preta de colecionador, não é tão fácil assim. Em pri-meiro lugar é preciso que o carro tenha sido fabricado há pelo menos 30 anos e apre-sente 80% de originalidade.

Mas para que o carro alcance essa ava-liação, em Rio Claro, ele deve passar pelas mãos de Vagner Luiz Letízio, diretor técnico do Auto Clube. Engenheiro mecânico, Letí-zio é responsável por emitir o Certificado de Originalidade, documento que indica para o Departamento Nacional de Transporte (De-natran) os carros que passam no teste e se enquadram na categoria.

Mesmo que o carro apresente um alto grau de originalidade, é preciso levar em consideração alguns detalhes. Ao valer-se

DKW Candango 4, de 1961Motor 2 tempos: 1.0 • 3 cilindros • 50 HP • 4x4

45

Page 46: TELMO KEIM

46

Page 47: TELMO KEIM

Veículos

Clube dos apaixonadosQuem passa em frente à praça Fausto Santomauro, localizada na Avenida 26 com a Avenida Visconde do Rio Claro, no coração da cidade azul, logo percebe uma edificação inusitada, que destoa das construções ao seu redor.Imponente no centro da praça, o Castelinho, como é referenciado pelos moradores da cidade, abriga o Antigo Auto Clube de Rio Claro. Fundado em 28 de março de 1988 o AACRC conta com aproximadamente 50 associados.O principal requisito para fazer parte do Antigo Auto Clube Rio Claro é simples: basta gostar de carros antigos e valorizar suas lembranças. Mesmo para aqueles que não possuem um modelo de colecionador, o clube oferece espaço para debate, conversas e para reunir amigos com um interesse em comum.

do bom senso, o avaliador pode conside-rar como motivo para desqualificar o carro, detalhes como a alteração de qualquer fun-cionalidade/aparência básica, como moto-rização, rodas, embreagem, pintura, faróis, entre outros.

Depois de receber a esperada “placa pre-ta”, o carro passa a ser isento do controle de emissão de gases tóxicos e ruídos, bem como do uso de itens de segurança que não existiam na época da fabricação do respectivo modelo.

Letízio deixa claro que “o gostoso do carro é reformar, esperar e garimpar as peças. Dei-xar o carro original é um desafio e se trans-forma em prazer”. Além do carro que usa no dia-a-dia, Letízio tem também um Karmann Ghia TC 1974, da Volkwagen, que ele mesmo reformou, e um Miura, modelo esportivo na-cional em fase final de restauração.

Colecionadores, aficionados, maníacos por carro. Não importa o rótulo, a única coisa que une pessoas distintas sob uma mesma bandeira é a paixão pelos motores e a ferrugem que corre nas veias. O amor pelos carros é quase como uma religião, arregimenta seguidores sem restrição de idade, etnia ou credo.

Mustang Hard Top 1966

Motor 302: 4.7 • V8 • 225 HP • Manual 3 marchas

47

Page 48: TELMO KEIM

Casa & Cia

Refresque-se, é verãoTexto: Rafael Moraes | Fotos: Telmo Keim

Além de valorizar o imóvel, as piscinas são fontes de diversão, conforto, lazer e esporte. Com design arrojado ou traços tradicionais, o importante

é não ficar de fora quando o verão chegar

O calor intenso não perdoa. O céu, azul até onde a vista alcança, não oferece con-forto, muito menos frescor. Quando o alto verão chega, há dias em que sorvetes, su-cos, ventiladores ou ar-condicionado não surtem efeito.

Mas não se preocupe, essa é a tempora-da ideal para investir em uma piscina, que além de indispensável no calor brasileiro, é parte integrante da decoração. Sem contar o lado esportivo e o conforto proporciona-do pelo espelho d’água.

48

Page 49: TELMO KEIM

O arquiteto Beto Gallo afirma que, “os principais motivos para se construir uma piscina, comercialmente falando, é valo-rizar o imóvel. Além do conforto, o bem-estar da família e as reuniões com os amigos, a piscina deixa o ambiente mais agradável, mais bonito”.

Na hora de projetar ou reformar sua pis-cina, é possível se valer de inúmeras novi-dades, como novos tipos de revestimento, iluminação, formatos e artifícios para ino-var e criar ambientes, ao utilizar luzes, for-mas e cores distintas.

Com linhas orgânicas, a prainha oferece conforto neste projeto de Beto Gallo

49

Page 50: TELMO KEIM

50

Page 51: TELMO KEIM

Na onda das formasQuando o assunto é revestimento, a pri-

meira coisa que deve ser avaliada é qual o valor destinado a essa fase de acabamento, pois as opções disponíveis no mercado são variadas, assim como a escala de preços. No display de estilos estão pastilhas de vidro e porcelana, azulejos de variados tamanhos, cores e formas e o fundo em vinil.

Gallo conta que o estilo de piscina mais tradicional, retangular, deixou de ser obri-gatório. Com a valorização cada vez maior do lazer em família, a piscina com ‘prainha’, por exemplo, aceita que espreguiçadeiras sejam colocadas dentro da água. Perfeitas para quem gosta de estender-se ao sol.

No viés do design contemporâneo, a pisci-na com fundo infinito favorece a percepção de um espaço mais amplo e natural. Para quem gosta de combinar elementos, a alter-nativa do deck permite integração de outros elementos à água, como o piso de madeira ou spa conectado à piscina. Outra novida-de é a raia, que otimiza espaços estreitos e atende os amantes da natação.

Para a decoração ficar completa, há al-ternativas de móveis em alumínio e fibra sintética, assim como tecido náutico, que não são afetados pela ação do tempo. Na iluminação, a fibra ótica começa a ser uti-

lizada, pois substitui, assim como o LED (Light Emitting Diode), as antigas lâmpadas, geralmete grandes e incô-modas na hora da troca.

Para quem busca o máximo de conforto, alguns projetos preveem pla-cas de aquecimento solar para a água da pis-cina. Entretanto, Gallo alerta: “não recomen-do o aquecimento solar, assim como aquele que utiliza o ar-condicionado invertido, pois ambos ainda são caros e pouco eficientes”.

Redondas, retangulares, ovais ou irregu-lares é a praticidade e a funcionalidade da piscina que deve determinar o projeto. O essencial é que ela se integre à arquitetu-ra e ao paisagismo e ofereça um oásis de frescor debaixo do céu quente dos dias e noites de verão.

Ao aliar o design da piscina com o projeto paisagístico da casa, Gallo utiliza o deck para criar uma ambiente mais informal

Foto

s: di

vulg

ação

51

Page 52: TELMO KEIM

Casa & Cia

52

Page 53: TELMO KEIM

53

Page 54: TELMO KEIM

Casa & Cia

Para ter uma piscina que impressione os convidados e que se possa usar sem problemas para a saúde, é necessário cuidar da qualidade da água com tarefas que devem se tornar periódicas.

A Drops conversou com piscineiro José Carlos Jacometti para saber o que é importante e deve se tornar rotina na manutenção de qualquer piscina, independente do seu tamanho:

Diariamente• Verificar o nível da água• Remover os detritos à tona da água

Duas vezes por semana• Verificar o nível de pH• Verificar o nível do cloro (ou substituto)

• Esvaziar o cesto do skimmer• Aspirar a piscina

Semanalmente• Esvaziar o cesto da bomba• Verificar a pressão do filtro• Escovar paredes e fundo da piscina• Limpar a linha de água

Mensalmente• Verificar níveis de dureza cáustica• Verificar níveis de alcalinidade• Verificar níveis da totalidade de sólidos dissolvidos

Cuidados com o filtro Limpar o filtro todo mês; em áreas suscetíveis a poeira e queimada de cana, a limpeza deve ser feita de 15 em 15 dias.

Para mais informações sobre os cuidados com a piscina envie e-mail para [email protected]

Foto

: div

ulga

ção

Como cuidar

54

Page 55: TELMO KEIM

55

Page 56: TELMO KEIM

Turismo

Uma ilha cosmopolitaTexto: Daniel Marcolino e Rafael Moraes | Fotos: Divulgação

Terra do Bono Vox. O vocalista da banda U2 tornou-se a principal referência quando o assunto é Irlanda. Localizado no norte do Oceano Atlântico, o país nasceu da divisão política ocorrida em 1921, quando se separou politicamente da Irlanda do Norte. Trata-se de uma ilha com destinos mil: belas florestas, montanhas, rios, lagos, parques e penínsulas que se abrem diretamente para o mar.

A Irlanda é conhecida como Ilha Esmeral-da devido às muitas chuvas que deixam sua planície com aspecto verde. Uma nação

forte, de grande expressividade, seja por suas riquezas naturais

ou por sua literatura, nas obras de

escritores como James Joyce, Oscar Wilde e Samuel Becket ou o clássico Drácula, de Abraham ‘Bram’ Stoker.

Até o início da década de 1990 o país era extremamente pobre. Recuperou-se de for-ma meteórica graças a investimentos pesa-dos em educação e à abertura de seus mer-cados para o capital estrangeiro e, em 2005, passou a ocupar a posição de terceira eco-nomia mais próspera da Europa, ganhando o apelido de Tigre Celta.

Com um clima chuvoso, mas temperado, a Irlanda oferece temperaturas que variam de 5ºC no inverno a 20ºC no verão, o que favorece um clima moderadamente frio du-rante o inverno e o outono, e suave durante o verão e primavera.

Grandes cidades, como Dublin e Cork, são paradas obrigatórias para turistas do

mundo todo. No entanto, não se deve dispensar uma visita

aos pequenos vila-

Terra dos pequenos duendes leprechauns e dos trevos de três folhas

Entre duendes, martelos poderosos, vikings, castelos medievais, paisagens de tirar o fôlego, centros urbanos modernos e cervejarias centenárias, em 2008, a Irlanda

foi eleita o país mais amigável do mundo

56

Page 57: TELMO KEIM

rejos rurais, à famosa Achill Island ou à cida-dezinha Keel Beach. “Existem muitos lugares para serem vistos. As ruínas da cidade celta em Wicklow, o Castelo de Malahide, ao norte de Dublin, e o marcante Cliffs of Moher, no Condado de Galway, são meus lugares fa-voritos”, ressalta a profissional de relações públicas Maria Cecília Valadares Zitto.

ReceptividadeDurante oito meses em 2005, Cecília este-

ve em contato direto com os hábitos e cos-tumes dos irlandeses. “Foram dias incríveis. O que mais me impressionou foi a civilidade e alegria das pessoas. Diferentemente dos ingleses, os irlandeses são irreverentes, sim-páticos, divertidos e acolhedores. Para eles, todos são pessoas boas até que se prove o contrário. No Brasil ocorre o oposto”, revela.

Destino de viajantes de todo o mundo, o país comporta uma rede hoteleira completa e oferece conforto e requinte para todos os bolsos. Uma ressalva especial para os hostels ou albergues e também para a oportunidade

de um contato mais próximo com os locais, a chamada de “bed-and-breakfast” (cama e café-da-manhã, em português), modalidade de hospedar-se em casas de família.

O cristianismo é a doutrina religiosa pre-dominante na Irlanda. Uma das grandes comemorações se dá em 17 de março, dia nacional do padroeiro do país, São Patrício. Neste dia há desfiles pelas ruas das grandes cidades irlandesas. As pessoas vestem-se de verde e pintam a face com o amuleto nacio-nal: trevos de três folhas.

Aos amantes da noite, a Irlanda reserva uma série de pubs e casas noturnas. “A bala-

57

Page 58: TELMO KEIM

How about your english?Com uma postura mais receptiva para estrangeiros, a Irlanda tornou-se referência para quem quer aprender o Inglês em terras europeias. Com cerca de 110 escolas de idiomas, estima-se que, em 2008, mais de seis mil brasileiros optaram pelas salas de aulas irlandesas.

Entre as vantagens, está o custo da estadia que é inferior ao praticado na Inglaterra, principal referência em ensino da língua inglesa. Mesmo sem visto de entrada, o estudante pode desembarcar na Irlanda e receber um visto provisório no aeroporto, que deve ser trocado na sequência por um definitivo após comprovar o destino da viagem.

Se precisar trabalhar para se manter, é possível fazê-lo de forma legal. Para isso, basta estar matriculado e já ter quitado um curso de inglês com duração mínima de 25 semanas. Os cursos que permitem trabalho no país são fiscalizados pelo Departamento de Ciência e Educação.

Mais informações sobre a Irlanda em www.discoverireland.ie

da irlandesa é animadíssima, porém termina muito cedo, às 2h da manhã. Os pubs Temple Bar, The Mezz, as danceterias The Village e

Fitzsimons são imperdíveis”, salienta Cecília. O famoso whiskey e a cerveja Guinness são as bebidas mais tradicionais e requisitadas pelos turistas, bem como a lendária Meade, consumida pelos antigos Vikings.

Para saciar a fome, a Irlanda é rica em di-versidade. Contudo, quando se fala em culi-nária irlandesa, é impossível não incluir um item: batatas. “Gastronomia naquele país é sinônimo de batatas. Fritas, assadas, cozidas, amassadas, não importa. Mas também há outros pratos como o Irish Stew, um guisado muito popular”, explica Cecília, cliente fiel do restaurante Botticelli Italian, em Dublin.

Dublin, capital da Irlanda, é um dos centros mais badalados e procurados da Europa

58

Page 59: TELMO KEIM

59

Page 60: TELMO KEIM

Gastronomia

O calor abafado da noite expande o chei-ro do herbário, que permanece aberto para que as ervas sejam colhidas minutos antes de se tornarem parte integrante dos pra-tos. A mesa, estrategicamente posicionada ao lado da cozinha proporciona uma visão singular do movimento em torno do fogão da chef e uma das proprietárias do Mero Restaurante, Cassiana Brumati.

A entrada, um Antepasti de Frutos do Mar com torradas italianas, tem um sabor fres-co e especial graças ao acre adocicado do tomate e das ervas recém-colhidas, coadju-vantes dos camarões, anéis de lula, mariscos e polvo, levemente refogados e adornados com um suculento camarão rosa.

Diego Foca, sommelier e sócio-proprietá-rio, harmoniza com um espumante, o Chan-don Reserve Brut, com paladar cítrico, suave e aromático. Os sabores e aromas do prato se sobressaem, mas não rivalizam com os fru-tos do mar, qualidade necessária à culinária Mediterrânea, identidade da casa.

Com o pensamento e o estômago ainda vidrados na entrada, é servido um Chardon-nay da Vinícola Chilena Concha Y Toro, o Winemaker´s Lot 65, para acompanhar o pri-meiro prato da noite, o Insalata de Salmão. O vinho de sabor intenso e enigmático, guarda em seu bouquet um tom amadeirado mais jovem que perdura no paladar.

Pluralidade à mesaTexto: Rafael Moraes | Fotos: Telmo Keim

A região mediterrânea, que se estende da costa africana ao oeste da Ásia,

inspira sabores e texturas europeias na cozinha e revela o gostinho do Velho

Mundo nos dias atuais

Antepasti de Frutos do Mar

Insalata de Salmão

Confit de Pato

60

Page 61: TELMO KEIM

A delicadeza do salmão grelhado com os cogumelos shitake e shimeji, são a sín-tese de uma combinação perfeita que se vale da cremosidade do cream cheese para trazer ao paladar uma sensação singular. A acidez acentuada do vinho casa com a sa-lada de folhas que inclui broto de girassol e alfafa, elementos que conferem um leve azedinho à receita.

Clássico da culinária francesa, o Confit de Pato, guarnecido com molho de vinho do porto e purê de batatas é o prato escolhido como segunda iguaria da noite.

O sabor forte e reconfortante do pato tem no purê de batatas seu contraponto cremoso, leve e de sabor delicado. Ao ser cozida na gordura, a carne da ave oferece um toque mais robusto, o que comprova a primorosa execução.

Para acompanhar o pato, um vinho tinto de tanino marcante e encorpado oferece um bouquet frutado e com leve aroma de especiarias que penetra no paladar, o fran-cês Château Bois Pertius, um Bordeaux de 2006 de Bernarde Magrez, exclusividade da Grand Cru.

E como forma de representar uma das principais vertentes da culinária mediterrâ-nea, a italiana, o último prato da noite, o Tornedô (corte alto de filé mignon mal pas-sado) ao pesto de rúcula, servido com um aveludado risoto de presunto Parma.

Para os apreciadores de carne, nada mais saboroso e suculento que um pedaço ma-cio e repleto de suco, acompanhado de um molho bem executado. O sommelier deixa claro que o pesto composto por rúcula não

61

Page 62: TELMO KEIM

Gastronomia

harmoniza com o vinho tinto, pois desenca-deia um amargor dominante no paladar.

A cremosidade e o sabor delicado do ri-soto se funde com o presunto parma ao agregar textura e um paladar suave ao pra-to, sem dispensar a unidade formada pelo Tornedô, ao completar o conjunto da noite.

O golpe de misericórdia vem na forma de uma deliciosa combinação de calda de bananas com avelãs coberta com um sofis-ticado e delicado sorvete de canela.

Na hora da sobremesa, o acompanha-mento de um vinho licoroso e doce, um típico Jerez, faz toda a diferença. O rótulo destaca a grife Fernando de Castilla Pre-mium Cream Sherry, os aromas de frutas secas, as especiarias e o carvalho finali-zam o banquete e confortam o paladar.

Elementos do Grande MarSão os detalhes que chamam a atenção

no ambiente. Na base da parede com o teto, bandejas de refeitório feitas de metal e com repartições definidas para os alimentos transferem um ar jovial ao salão.

Ao mesmo tempo, blocos de concreto unidos por ladrilhos hidráulicos remetem ao clássico das trattorias italianas. Reflexo do perfeccionismo de Eugênia Serra, sócia-proprietária e administradora do Mero.

Pratos bem servidos e porções genero-sas dão o tom na cozinha mediterrânea. A variedade de ingredientes, influências e sa-bores agradam ao paladar mais exigente e ao mais sofisticado, regados a bons vinhos, sem abrir mão de ótimas companhias.

Pesto e Parma

Plátano y avellana

Mero Cozinha MediterrâneaRua 5 nº 530 - Centro19 3533.1145 - www.mero.com.br

62

Page 63: TELMO KEIM

63

Page 64: TELMO KEIM

Enogastronomia

por Hugo Baungartner e Marcelo Picka

A nova e a velha África do Sul

A convite da importadora Grand Cru e da vinícola Glen Carlou viajamos à África do Sul. No total éramos 14 no grupo. Emmanuel Bassoleil, Erick Jackin, Fred Frank, Roberto Ravioli, chefs renomados, e ainda donos de outros tantos restaurantes de destaque como Cantaloup, Piseli, Kinoshita, Don Pepe di Napoli, Dinho’s Place e o próprio proprie-tário da Grand Cru, Mariano Levy.

Cape Town, ou Cidade do Cabo, foi o nosso destino. Cidade gran-de, limpa, com muitos investimen-tos e quase pronta para a Copa do Mundo de 2010. Prontamente fomos recebidos pelo staff da viní-cola. Já no quarto de hotel a rotina de vinhos começa com garrafas, camisetas e abridores personali-zados de presente. Um jantar foi preparado de boas-vindas em um belo restaurante no Waterfront.

Para quem pensa que a África do Sul tem uma história recente no mundo vitivinícola, está muito enganado. No ano de 1650 fo-ram prensadas as primeiras uvas, provavelmente Chenin Blanc (principal uva branca do país) e Muscat de Alexandria. Mas, ao mesmo tempo que existe uma larga experiência, o vinho sul africano chegou ao mercado internacional apenas em 1990 quando o regime do apartheid encon-tra o seu fim. Portanto, estão engatinhando em termos de concorrência mundial e ainda aprendendo com tudo isso.

Um safári já estava programado e passa-mos um final de semana entre girafas, leões, zebras, guepardos e jantares preparados es-

pecialmente para serem harmonizados com os vinhos. Esta foi a maneira de nos aproxi-marmos daquela África que sempre imagina-mos e tínhamos em nosso subconsciente. O que veríamos a seguir jamais imaginávamos encontrar, ou seja, vinícolas e restaurantes absolutamente modernos, dignos das mais diferentes experiências europeias.

Com base na Suiça, o grupo Hess, proprietário da vinícola Glen Carlou, entrou no mercado de vinho em 1978 com um único objetivo: fazer vinhos premium. Hoje contam com vinícolas nos EUA, Austrália, Argentina além da África do Sul.

Arco Laarman preparou uma programação intensa, com visi-tas aos vinhedos, visita à sala de barricas, degustação vertical de três vinhos (Syrah, Chardonnay e Grand Classique) e degustação de toda a linha de vinhos. Com um belo restaurante dentro da vinícola e um chef à nossa dis-posição, almoçamos por lá. A grata surpresa ficou a cargo de

um ótimo Burguer de Carneiro e que per-feitamente harmonizamos com o Grand Classique, um clássico corte bordalês (ca-bernet sauvignon, merlot, cabernet franc, malbec e petit verdot).

Ir e vir pelas principais regiões vinícolas ao redor de Cape Town é uma delícia. Passa-mos de Paarl para Stellenbosch e de lá para Franschhoek ou vice versa em no máximo 20 minutos. Na paisagem montanhas e mais montanhas e videiras a perder de vista. Foi em

Vertical de Syrah

64

Page 65: TELMO KEIM

Franschhoek (que quer dizer cantinho francês) que encontramos o Le Quartier Français. Um hotel pertencente ao grupo Relais&Châteaux e como 37º Melhor Restaurante do Mundo, o The Tasting Room. Sob o comando da chef holandesa Margot Janse, que fez questão de receber o grupo, pudemos escolher entre um menu de cinco ou oito pratos e, ainda, se esse menu seria ou não harmonizado com um vi-nho para cada prato.

Durante a viagem também conseguimos visitar a pequena e charmosa Remhoogte. Sob o comando do caçador Murray Bous-tred, a vinícola é muito familiar. O enólogo é seu filho e a relações públicas é sua filha.

O diferencial é a consultoria dada pelo flying winemaker Michel Rolland.

Nosso jantar de despedida foi marcado para o melhor restaurante da África do Sul, o Rust en Vrede. Sob o comando de David Higgs, o que mais impressionou foi o perfei-to serviço e, pela primeira vez, provamos o Vin de Constance, um dos vinhos doces mais famosos do mundo e apreciado desde Napo-leão Bonaparte.

De volta a Cape Town, beber um fresco Chenin Blanc na praia de Camp’s Bay, mais parecia que estávamos em Miami Beach e não na África do Sul.

Saúde!

Rust en VredeBurguer de Carneiro

65

Page 66: TELMO KEIM

Contraponto

O senso comum e alguns velhos pensa-dores nos dizem que depender emocional-mente é a dinâmica de relacionamento en-tre um sujeito “frágil” em sua constituição psíquica e outro, considerado “forte”. Assim, teríamos um vínculo onde o mais fraco pas-saria a depender do mais forte por não ter como viver a realidade ou a legitimidade de seus sentimentos e emoções. Essas relações acontecem nos vínculos pais-filhos, namo-rado-namorada, amigos, casamentos e até em relacionamentos com ídolos.

Graças à evolução do pensamento psi-canalítico e aos estudos psicológicos de grupos e famílias, hoje associamos a depen-dência emocional como uma relação doente pela precariedade da autoestima do sujeito. Autoestima é a possibilidade de um sujeito ser tão bem cuidado pelos seus responsá-veis ou mesmo ser resiliente, a ponto de não depender, em nenhum momento, dos valo-res impostos por uma estética social.

Numa sociedade que se fundou no pen-samento estético e não ético, tornou-se realmente muito difícil viver sua própria personalidade. Mas, apesar dessa pressão, alguns poucos conseguem atingir sua au-tonomia (não-dependência), pois possuem uma história que lhes possibilitou a estru-turação de um “eu” capaz de autoestima. Cuidado; é necessário não confundir auto-estima com narcisismo, que faz parte de um quadro também doente, a psicopatia.

Autoestima é poder suportar as frustra-ções e achar um caminho para refazer o de-sejo não consumado; é poder cuidar daqui-lo que foi escolhido como objeto de amor

(uma outra pessoa – filhos, namorada, ca-samento – ou mesmo um animalzinho ou uma responsabilida-de com o trabalho); é poder cuidar das coi-sas mais imediatas e tirar prazer delas e é, fundamentalmente, não usar o outro como objeto de prazer.

A dependência emocional torna-se um estado psicológico onde temos duas ins-tâncias fundamentais: a precariedade da noção de si mesmo – autoestima – e a permanência de um sentimento crônico de autopiedade (pena de si), tornando o sujeito vazio de desejos claros e fazendo-o refém dos desejos e sentimentos dos outros. Sem um objetivo de vida: fica difícil escolher uma profissão, conservar um vínculo afeti-vo saudável ou mesmo satisfazer-se com a roupa que acabou de vestir para sair.

É muito difícil para um sujeito sem autoes-tima conseguir a superação ou a cura da de-pendência e muitas vezes é necessário ajuda profissional. No entanto, sabemos de casos onde a perda, a decepção ou a dor serviu como estímulo para mudanças positivas.

A escola vista como um lugar de educação (para a vida), junto com a família, poderia ser um composto terapêutico para crianças e adolescentes que estão em sofrimento por estarem infelizes consigo mesmos numa louca tentativa – frustrada quase sempre – de serem mais altos, mais magros, mais fortes fisicamente, mais espertos, mais con-quistadores, sem conseguirem compreen-der quem realmente são e o que realmente desejam de sua vida.Ivan Roberto Capelatto é psicólogo clínico, psicoterapeuta, professor universitário e coautor com o pediatra José Martins Filho do livro “Cuidado, Afeto e Limites-Uma combinação possível”

O deficiente afetivo: dependência emocionalPor Ivan Roberto Capelatto

66

Page 67: TELMO KEIM

67

Page 68: TELMO KEIM

68