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© 1997-2010 www.guiarioclaro.com.br - 22.000 exemplares - distribuição gratuita ano 3 número 32 - junho 2010

TELMO KEIM

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FASHION ART PORTRAITS

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ano 3 número 32 - junho 2010

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Atitude faz diferença!

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Prefeitura de SÃO PEDRO

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Editor-executivo: Carlos Marques

MTB 56.683 [email protected]

Editora-assistente: Lilian Cruz

[email protected]

Redação: Gilson Santulo, Marcos Abreu

e Rafael Moraes [email protected]

Criação: Leonardo Hutter e Silvia Helena [email protected]

Atendimento: Thais Cuba

[email protected]

Tecnologia da Informação: Elton Hilsdorf Neves

[email protected]

Financeiro: Neliane Favaretto

[email protected]

Cadastro: Jair Senne

[email protected]

Edição e Produção: enfase - assessoria & comunicação

Avenida Sete, 540 - Andar Superior 13500-370 - Rio Claro/SP

Fone: 19 2111.5057

Impressão: Gráfica Mundo www.graficamundo.com.br

Tiragem: 22.000 exemplares

Distribuição gratuita nas cidades de Rio Claro, Araras, Piracicaba, Limeira,

Santa Gertrudes e Cordeirópolis.

E-mails

O futuro continuará a passar por aquiEscrevo em nome de toda a equipe Bayeux. Obrigada pela beleza do texto, colocando nos-sa escola numa realidade que nem nos damos conta. Saiba que, sem exagero, foi a melhor reportagem sobre o Bayeux. Sua fluência e delicadeza no trato da língua portuguesa tam-bém são impressionantes. Ainda ontem (19/05), recebi telefonema de Limeira comentando a reportagem. Mais uma vez, obrigada e conte conosco sempre.

Forte abraço,

Angela Ragnane e comunidade do Bayeux

Pelos caminhos de BrusqueConheci a revista Drops através da Internet e achei bem bonita, bem diagramada. Gostei do foco no humano que pude observar em algu-mas matérias, tipo de redação que me atrai. Percebi que desde seu lançamento, há mais de dois anos, a linha editorial e visual se manteve, o que considero um projeto bem concebido, vo-cês estão de parabéns! Moro em Santa Catarina, Brusque, próximo a Blumenau, terra da pronta entrega. Sou fotógrafa e jornalista. Em parceria com Gisele Zambiazi, estaremos em São Fran-cisco Xavier, no Festival Damantiqueira de Lite-ratura e estaremos produzindo algum material para revista. Se vocês tiverem interesse neste assunto nos colocamos à disposição para trocar ideias. Assim como para pensarmos em outras pautas possíveis aqui da nossa região para se fazer uma troca cultural com Rio Claro. Minha parceira é daqui, mas mora em São Paulo, em Santa Bárbara, e colabora com várias revistas nacionais.

Grande abraço

Miriam Prado - Santa Catarina

Escreva para a Drops. Queremos uma revista com a sua cara: [email protected]

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SumárioBazar ................................................8

Entrevista ...................................10Responsabilidade Social ....18Arte ................................................24Poder ......................................... 28

Comportamento ....................32

Ensaio ....................................... 38Hobby ....................................... 46Tecnologia .............................. 48

Casa & Cia .............................. 50Contraponto .......................... 54

Editorial

Giovanna Giorgetti em While My Guitar Gently Weeps.

Foto: Telmo Keim

Ora bolas!É hora do apito. Com ele, o sucesso daqueles que su-

peraram desigualdades em um país de muitas cores e, na Copa, se resume a duas: verde e amarelo. Para o fanático, o mundo para. Para outros, 23 representam o sucesso que alija multidões nas arquibancadas.

Mas será essa a única função da bola no ‘país’ do fute-bol? Há quem acredite que ela possa superar barreiras ao impor à realidade cruel das periferias união, harmonia e determinação.

Para além da Copa das televisões, a Drops foi conver-sar com gente que vê na bola oportunidade de supera-ção. Com o Doutor, relembramos a ‘democracia’ que ainda não ganhou nenhuma Copa, mas ajudou a estabelecer o fim da ditadura; com seu irmão, conhecemos a prática de transformar a dura e concreta realidade das periferias em acolhimento e esperança.

E não é à toa que entre tantos contratempos chegamos somente até aqui, já que ainda não aprendemos como colocar a teoria em prática. Isentos de criticidade, muitos preferem seguir acreditando que é possível isolar a violên-cia com câmeras e muros altos. Triste fim teve O Alienista de Machado de Assis, não?

Enquanto isso, a passagem da infância ao mundo adul-to se manifesta cada dia mais cedo. E por quê? Talvez por-que abreviamos o tempo acreditando que, diante de tantas oportunidades, não precisamos mais fazer escolhas sem pagar o preço da covardia sobre aquilo que nos espelhe experiência e sabedoria.

No fugaz mundo midiático que estamos envolvidos, um pouco mais de surrealismo não faz mal a ninguém, ainda mais quando nos leva a questionar o mistério que nos faz ouvir o que aparentemente seria ‘velho’ e que insiste em permanecer ‘atual’, como o som de uma guitarra que gen-tilmente chora.

Da Copa do Mundo ao mundo real, em pouco tempo a bola estará mesmo é com você. Entre tantas e tão poucas escolhas, faça valer seu voto pelos próximos quatro anos agindo como cidadão que se dá o respeito ao exigir efici-ência para além de qualquer resultado. Ora bolas, agora é com você, boa leitura!

Carlos Marques

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BazarO ritmo de Copa do Mundo contamina e fica difícil fazer outra coisa no horário do jogo a não ser, torcer pelo gol verde e amarelo.

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Entrevista

“Telê ou Dunga? Tá de brincadeira?

Vamos falar do Telê Santana! ”

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Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira nasceu em São Paulo, em fevereiro de 1954. O Doutor, ou simplesmen-te Magrão, é referenciado como um dos me-lhores jogadores de futebol brasileiro e um dos maiores ídolos do Corinthians ao lado de Roberto Rivellino, Neto e Marcelinho Carioca. Hoje, Magrão exerce a medicina, além de ser articulista da revista CartaCapital e comen-tarista do programa Cartão Verde, na TV Cul-tura. O ano do seu nascimento foi marcado pelo otimismo brasileiro e da Copa do Mun-do na Suíça, enquanto o mundo vivia o início da Guerra Fria.

Por aqui, sua família deixava São Paulo para residir em Ribeirão Preto, naquele que foi um ano atípico para o esporte. O Corin-thians conquistara o título paulista para amargar outros 23 anos na fila até ser no-vamente campeão.

Exatamente no Paulistão de 1977, o time do Botafogo de Ribeirão Preto tinha no gol o argentino Aguilera, na lateral esquerda Mi-neiro e no meio de campo o veterano Lorico. No ataque, o ponta Zé Mário, que chegou a ser convocado para a seleção de Cláudio Coutinho e um rapaz alto, que mais parecia jogador de basquete, com um toque de cal-canhar que fez história. E como era difícil tirar a bola daquele moço, um estudante de me-

dicina que se tornaria desejado por grandes clubes. Nos pés e na inteligência, um nome para grego nenhum botar defeito, Sócrates.

Marcante na Copa da Espanha, em 1982, de barba e com seu jeito elegante de tocar na bola, o capitão daquela Seleção fez gols e jogadas ensaiadas com Zico, Falcão, Toni-nho Cerezzo, Junior e Éder, sob o comando do mestre Telê Santana, para quem futebol era para artistas da bola.

Na opinião de diversos cronistas brasilei-ros e europeus, a Seleção de 1982 foi me-lhor do que as de 1958 e 1962, com Pelé e Garrincha, e a de 1970 no tricampeonato do México. Pitacos à parte, foi o grupo que mais despertou emoções e se destacou pelo talen-to e pela criatividade, ainda sem o peso e a responsabilidade do resultado exigido pelo patrocinador.

Em clima de Copa do Mundo, a equipe da Drops foi até a sala vip da Fundação Padre Anchieta, em São Paulo, e bateu um bolão com o Doutor. Com a sutileza de um toque de calcanhar e a simplicidade de um sábio, Sócrates abusa da inteligência que sempre esteve presente nos gramados e aponta por-que o futebol também é um fato político, dis-farçado de emoção e catarse. Para Sócrates, depois de Dunga e da África do Sul, a bola vai estar mesmo é com você, eleitor.

Sócrates Brasileiro, futebol para político ficar espertopor Gilson Santulo e Carlos Marques | fotos Telmo Keim

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Sócrates, o Congresso chegou a vetar a reivindicação de 1.300 milhões de brasileiros que queriam o projeto Ficha Limpa. Era essa a democracia que você sonhava nos anos 80 e que ajudou a esboçar no Corinthians?Claro que não. Brasília envelheceu, ficou um pouco mais amarga. O mesmo aconteceu com as Diretas Já, em 1984. A gente achava que iria encontrar um país com um processo diferente. Historicamente o Brasil é assim mesmo, e a preocupação maior deve ser sempre com a cidadania. O Congresso não tem nenhum compromisso com a cidadania brasileira porque ainda somos um país jovem, politicamente falando. Mas é até bom, porque a própria classe política se choca com essa falta de critérios. Eu não lembro de uma outra pauta que tenha partido da vontade popular. Você se lembra de alguma outra? [pergunta ao editor da revista]. Nós ainda temos limitações na participação popular, embora a Constituição nos dê a possibilidade de colocarmos pautas como essa para o Congresso Nacional votar. Talvez o Ficha Limpa seja a primeira de uma série que incentivará a manifestação da vontade popular. No momento em que conseguirmos ter mais pessoas participando e demonstrando sua vontade em pautar questões para o Congresso, começaremos a viver a democracia.

Você presenciou algo parecido ao jogar na Fiorentina, Itália?A estrutura política na Itália é parecida com a nossa. Lá, a elite econômica também toma conta do Congresso. Embora eles tenham uma cultura política um pouco diferente da nossa, mais participativa, a formação do Congresso italiano não é muito diferente. O problema é que o brasileiro é mais volátil, muda muito de opinião. Na prática, a ação política funciona na Itália. Eles têm uma noção diferente da nossa enquanto nação. Por isso, o que na Europa é reivindicado na teoria sempre se transforma em prática. E essas reivindicações são cotidianas.

Sócrates, você assinou contrato profissional aos 20 anos,

Entrevista

quando ainda era estudante de Medicina. Hoje, você reconhece que a prioridade dada à Educação ofereceu oportunidades ou adiou sua carreira enquanto jogador?Na verdade o futebol nunca foi prioridade para mim. Eu tinha que me formar antes de seguir adiante na carreira. Foi quando aconteceu a contratação pelo Corinthians, no início do segundo semestre de 1978. O futebol foi um acidente de percurso. Minha formação universitária era o que eu tinha como proposta de vida. Quando aconteceu o futebol, que veio a ser algo fascinante e que mudou o rumo da minha vida, mesmo assim não me deixei levar, em nenhum segundo sequer, pela ilusão de ser ídolo. Com o futebol, tive que conviver com um mundo diferente, um mundo de fantasia. Era como uma atração à parte ao que havia planejado e aparentemente não tinha porque estar nesse mundo. Aconteceu antes que eu pudesse prever meu destino. Mas, como eu já disse, o futebol é um mundo fascinante,

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porém perigoso. Extremamente popular, têm todos os ingredientes para enlouquecer qualquer ser humano que se envolve com sua política, com altos contratos e muito dinheiro.

Aproveitando o lado ‘político’ do futebol, aquele time do Botafogo de Ribeirão Preto que tinha você, Lorico, Mineiro, o Zé Mário e na reserva o João Traina (que é de Rio Claro), por que vocês não chegaram à final do Paulistão naquele ano, já que era um timaço?Na verdade tínhamos um time, não tínhamos um elenco. Além disso, havia a força política dos grandes. O Corinthians foi campeão naquele ano pela pressão de ficar 23 anos sem o título paulista e para isso usou da sua força de ‘time grande’. A força política é fundamental nesses campeonatos. Claro que a Internacional de Limeira foi um capítulo à parte pelo título paulista em 1986 contra o Palmeiras. Mas, normalmente, é a força política dos grandes times de São Paulo que determina um Campeonato Estadual realizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Geralmente não é a qualidade técnica que faz um artista virar expoente.

Por que você não foi convocado para a Copa da Argentina em 1978? Foi porque a mídia carioca falava que o Doutor era lento em campo?A imprensa e toda a mídia era contra minha presença na Copa da Argentina. Como podia um estudante de medicina, que gostava de tomar cerveja e boêmio estar na Seleção? Eu era o oposto do atleta que o Heleno Nunes, presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) hoje CBF, queria colocar no time para aquela Copa. Estávamos em plena ditadura militar e seria impossível eu estar naquela seleção. Você tá louco! [se referindo ao jornalista Gilson Santulo, com toque de bom humor]. Eu sempre fui visto como um tumor em um ambiente degradado, e era um tumor mesmo. Não que não fosse algo bom, eu era diferente, algo que de alguma forma penitenciava esse ambiente por ele mesmo, chamava atenção. Isso tem tudo a ver com aquilo que vivi, onde nasci, de onde eu vim. Minha família não tinha nada. Foi através de um

esforço gigantesco e genial do meu ‘velho’ que conseguimos chegar lá, e para isso sempre tive uma formação marcada pela política desse país. A primeira imagem política que tenho é meu pai queimando livros em 1º de abril de 1964. Um cara que fez sua vida por meio dos livros e que não estudou. Meu pai é um autoditada que conquistou tudo pelo seu esforço pessoal. Eu sou o mais velho dos filhos e o Raí é uma prova viva desse esforço. Em meio ao futebol, que é uma bela história na minha vida, reproduzi experiências que aprendi com meu pai e que foram importantes para seguir carreira nos times pelos quais passei ao conviver com gente de várias camadas sociais e, infelizmente, existem muitas histórias tristes nesse meio, um ambiente que lhe dá muita informação.

No início dos anos setenta, antes da Democracia Corintiana, Afonsinho, que atuou no Botafogo do Rio, contestou a Lei do Passe

Entrevista

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e a profissão de jogador. De alguma forma ele foi inspiração?O caso do Afonso foi diferente, foi uma briga individual, ele estava brigando pelo direito do cidadão. Nós estávamos em 1983, a Democracia Corintiana foi uma ação de um grupo e um grupo é mais forte do que alguém sozinho, principalmente para poder suportar a pressão contrária, a reação. De qualquer forma, simbolicamente foi a mesma coisa, só que um grupo é sempre mais forte.

Enquanto jogador você discutiu questões relativas aos salários de jogador. Hoje, o que mudou em relação aos cartolas?

O que mudou? Nada! O que pode ser mudado? A sociedade é sempre mutável, mas existe um processo ideológico que sempre busca se manter, mas isso vai acabar ou, então, vai mudar para pior. Esse poderio dos cartolas faz parte do jogo, raramente eles vão se convencer que a oportunidade deve ser interessante para todos. Infelizmente, o ser humano sempre quer passar por cima de outros, ou de muitos.

Hoje, existe no futebol muito individualismo? Afinal, o futebol é um esporte coletivo, isto é, ainda se pressupõe um time?Totalmente, eu concordo com isso e nunca esse esporte é valorizado num processo ideológico. E a mídia tem o mesmo compromisso dos interesses dos diretores dos times. Um exemplo, você nunca assiste a um programa de qualidade na televisão em horário nobre. Assisto TV às 5h da manhã, horário que tem

programação boa na televisão. Não estão discutindo a sociedade como ela é, e sim gente que não tem conteúdo, falando nada.

Para terminar, Telê Santana ou Dunga? O que você espera da Seleção nesta Copa?[Sócrates solta um palavrão] Telê ou Dunga? Tá de brincadeira? Vamos falar do Telê Santana, que foi um técnico que nos deu liberdade em 1982, que permitia o jogador opinar até sobre a escalação. Tenho recordações muito boas do Telê e daquele grupo.

A produção do programa avisa que o programa vai entrar no ar. O Doutor comenta com a equipe da Drops: “tenho que fazer o programa, aguenta aí que depois fazemos uma reunião de pauta. Tem um boteco perto daqui que é bom de papo”.

Entrevista

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Responsabilidade Social

A banca de jornal é o ponto de encon-tro com o ídolo de Kevin Antony Florêncio Manoel, 13 anos. É no pacotinho de figu-rinhas da Copa da África que Kevin espera encontrar a foto de Daniel Alves, ala direita da Seleção Canarinho e titular do time do Barcelona. A vida de Daniel Alves inspira o garoto franzino que almeja um dia chegar aos campos de grandes clubes brasileiros.

Hoje, Kevin enxerga o futebol como la-zer, chance de profissão e paixão. Mas, para José Marcos de Jesus, professor de Educa-ção Física e coordenador do projeto social do qual Kevin participa, o esporte significa

uma ferramenta de transformação social. “Queremos tirar as crianças do risco da marginalidade e oferecer uma alternativa saudável aliada ao

desenvolvimento intelectual“, afirma. Batizado como Amor (Associação de Mo-

radores do bairro São Miguel), o projeto foi criado há cinco anos para oferecer alterna-tivas às crianças de bairros da periferia de Rio Claro. “O nome pode parecer romântico, mas ele sintetiza nossa intenção de dedicar amor às crianças que podem seguir cami-nhos melhores que àquelas que optam pe-las drogas ou pelo crime”, pontua Marcos.

Além do objetivo de afastar essas crian-ças da marginalidade e de ameaças como a pedofilia, o nome do bairro onde a criança

Ação social e futebol formam uma tabelinha de resultados positivos quando o propósito é colaborar para um mundo melhor, com benefícios na formação do indivíduo e do coletivo

Gol de atitudepor Gilson Santulo e Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

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mora está estampado nos uniformes para despertar a valorização do seu espaço de convívio e o desenvolvimento da cidadania.

O projeto Amor faz parte do programa PPI (Programa de Prevenção Infantil) e con-ta com as parcerias das Secretarias Munici-pais de Educação e Esportes e da Faculdade Asser, que oferecem atividades esportivas e aulas de inclusão digital. Os treinos de fute-bol ocupam três dias da semana e as lições de informática ocorrem duas vezes por se-mana nos laboratórios da parceira Asser, no centro de Rio Claro.

Do outro lado da cidade, no Cervezão, um dos bairros mais populosos de Rio Claro, o futebol é orientado por André Luís Teixeira da Silva, o Bolinha, e seu trabalho assiste

94 crianças divididas em três faixas etá-rias. Para fazer parte dos times, as crianças devem estudar nas escolas do bairro e os treinos ocorrem três vezes por semana. Se-gundo André, o apoio dos comerciantes do bairro é fundamental para que a iniciativa prospere. Além deles, a Guarda Civil Muni-cipal também faz um trabalho de aproxi-mação com as crianças, oferecendo lanches durante os treinos.

“Com o esporte se aprende disciplina, comprometimento e virtudes que são es-tendidas para a vida. Com a exigência que os garotos continuem estudando, ofere-cemos chances reais de desenvolvimento profissional em qualquer área do mercado”, conclui Marcos do projeto Amor.

O garoto Kevin Antony Florêncio Manoel, 13 anos, divide-se entre a paixão pela bola e a consciência que os estudos fazem parte de um futuro promissor.

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Um garoto que sonhaKevin tem 14 irmãos de pais diferentes.

O mais velho tem 30 anos e o caçula, nove. Seu pai o abandonou e sua mãe trabalha como cozinheira para sustentar os filhos pequenos, “porque os mais velhos já têm vida própria”. Morador de uma região que registra altos índices de violência, Kevin é um dos 120 meninos que fazem parte do projeto Amor.

Com rotina disciplinada, Kevin cursa a sétima série da Escola Estadual Heloísa Ma-rasca. Pega o ônibus escolar às 6h20 e volta para casa depois das 12h. Com boas notas, Kevin geralmente recebe elogios dos pro-fessores. “Tenho que estudar para que meu futuro seja bom”.

Além da consciência da importância do

estudo, Kevin não tem motivos para aban-donar a escola. “Os times de futebol Den-te de Leite e de Futsal são formados pelos meninos do Amor que apresentem bom rendimento escolar e participação discipli-nada nos treinos”, ressalta o professor de futebol.

Ao assistir a uma partida do Campeonato Dente de Leite da Liga Municipal de Futebol, nota-se que Kevin tem habilidade com a bola nos pés. Assim como seu ídolo, a lateral direita é seu reduto e da mesma forma que um dia Daniel Alves jogou em um campo de periferia da Bahia, Kevin almeja novos gra-mados e um futuro possível.

Responsabilidade Social

Em referência ao bairro que moram , os garotos do Dente de Leite vestem a camisa da Família CVZ , sigla do bairro Cervezão

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Responsabilidade Social

A Revolução Francesa do século 18 foi o estopim para os pensamentos sobre Liber-dade, Igualdade e Fraternidade. A popula-ção francesa nunca mais foi a mesma após os acontecimentos sintetizados pela frase de Jean Jacques Rousseau. E foi em Paris, cidade berço dos ideais da Revolução, onde nasceu a inspiração de um dos projetos so-ciais mais respeitados do Brasil: A Fundação Gol de Letra.

Quando Raí, camisa 10 da seleção Tetra Campeã de 1994, jogou no Paris Saint Ger-main, entre 1993 e 1998, a realidade fran-cesa despertou nele alguns questionamen-tos. “Minha filha estudava na mesma escola que a filha da nossa faxineira. Na época, eu e o Leonardo (lateral da seleção do Tetra e ex-técnico do Milan), que também esta-va no Paris Saint Germain, ficamos muito impressionados com o sistema educacional francês”, reflete o ex-atleta quando comen-ta sobre o princípio da igualdade.

Ao apostar em uma organização que ofe-rece às crianças e jovens da periferia uma perspectiva de futuro, diferente daquela determinada pelo meio em que nasceram e foram criados, Raí e Leonardo pensam em algo concreto, que traria frutos para o indivíduo e, consequentemente, para a so-ciedade. “Sem que para isso dependa de um talento especial, como acontece em poucos casos no futebol”, lembra Raí.

Do desejo para a realidade, a Fundação Gol de Letra nasceu em 1998 com um for-mato inspirador para ações regionais e que comprovadamente transcende os campos de futebol. Reconhecida pela Unesco como modelo mundial de apoio às crianças em situação de vulnerabilidade social, tem uni-dades de atuação na capital paulista e no

Rio de Janeiro, onde são oferecidos cursos complementares à grade pública de ensino, como oficinas de arte e comunicação, além de esportes de diversas modalidades, entre eles, o futebol. Atualmente, desenvolve pro-gramas de educação integral para mais de 1.200 crianças, adolescentes e jovens de 7 a 21 anos.

Raí e Leonardo, fundadores da Gol de Letra que não foram indiferentes às condições de educação discrepantes entre o Brasil e a França

Craques da ação

Na regiãoEm Piracicaba o futebol é instrumento do Projeto Desporto de Base nos Centros Comunitários próximos à Vila Rezende e Jupiá e atende 400 crianças.

Araras tem parceria entre a Secretaria de Esportes e as categorias de base do União São João, onde 60 crianças, divididas em seis núcleos, são formadas nas escolinhas de futebol de bairros próximos do estádio Hermínio Ometto para disputar os Jogos Escolares.

Em Limeira, o projeto social com crianças de baixa renda cadastradas pela Secretaria de Esportes promove a integração de nove centros esportivos. Porém, ao invés do futebol, cerca de 5 mil crianças praticam natação.

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Não. Não é uma tarefa fácil apelar para o reino das palavras com intuito de ten-tar mostrar quão vasta e ilimitada é a arte da dança. É uma verdade universalmente conhecida que até mesmo quem dança encontra dificuldades para expressar em letras a efusão que só o corpo é capaz de trazer à tona – um lado humano tão mais primitivo, antigo e genuíno –, com o recur-so indispensável da música.

Dançar tem sido uma das necessida-des vitais da Associação dos Benfeitores e Amigos de Meninos Bailarinos-Atores (Abamba), de Campinas, que foi criada por duas razões centrais: a falta de bailarinos masculinos no mercado da dança e a ocio-sidade de jovens da periferia com perfil artístico. Desde sua fundação, em 1997, os atores Lima Duarte e Cláudia Raia tor-naram-se padrinhos do projeto. Diversos espetáculos foram encenados pelos “Me-ninos do Barão” – como são conhecidos – dentro e fora de Campinas.

Para o idealizador do projeto, o coreó-grafo e professor Beto Regina, a Abamba é uma entidade pioneira no país, tanto na formação de meninos bailarinos-atores

Da queda, um passo de dançapor Daniel Marcolino | fotos Divulgação

Projeto usa a dança como instrumento de inclusão social para jovens de várias

regiões da periferia de Campinas

Arte

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Da queda, um passo de dançapor Daniel Marcolino | fotos Divulgação

quanto na inclusão social através da arte. “Sempre observei garo-tos com um excepcional porte físico para dança va-gando pelas ruas de Campinas. Tive o insight de criar o projeto, que começou sem a menor estrutura física e hoje forma bailari-nos profissionais para o Brasil e para o mun-do”, relembra Beto.

O curso possui duração de seis anos e cerca de 700 horas de aulas. A grade multidiscipli-nar inclui técnicas de dança (clássica, moder-na, contemporânea, jazz, street), teatro, circo, música, artes visuais, aulas teóricas de ana-tomia, cidadania, técnicas de comunicação, educação vocal, entre outras disciplinas. Aos 20 alunos matriculados, a Abamba proporcio-na, além das aulas, apoio psicológico e sócio-familiar, e estimulos para que os “Meninos do Barão” se desenvolvam enquanto indivíduos e cidadãos.

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Na dança, importa muito mais fa-zer do que pensar, sentir do que falar. “A dança nos abre perspectivas total-mente inovadoras. Todo adolescente tem suas dúvidas, medos, frustra-ções... Cada um, a seu modo, procura um ponto de fuga ou um escape. Quando danço, me transporto para

outros níveis de sentidos, de cor-po, de movimento, de espaço

e tempo”, explica o ex-aluno da Abamba, Clay Ferreira

de Oliveira, 24 anos, bai-larino profissional.

Os meninos ingres-sam na Abamba a

partir dos 12 anos e, muitas vezes,

lá ficam até atingirem a maioridade. “Este é um projeto ímpar no Brasil e está justamente no interior de São Paulo. Nunca soube de uma institui-ção que articulasse arte com inclusão social e familiar. É um trabalho com-pleto que faz toda a diferença para a carreira de muitos jovens”, salienta Oliveira.

O bailarino afirma que, depois que aprendeu os primeiros passos, jamais parou de dançar frente às adversida-des, às tristezas, às alegrias e incertezas da vida. “Não se dança só quando se está bem ou feliz. Costumo aproveitar cada movimento de uma coreografia e, acreditem, em uma dança, nenhum instante é igual ao outro. Nenhum”.

No compasso, a vida

O grupo conta com trabalho voluntário de 4 a 5 horas por semana

nas áreas de ballet, teatro e circo

Para saber mais www.abamba.org.br

Arte

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Num país onde a saúde pública permane-ce longe do ideal e, muitas vezes, distante do cidadão, permitir que farmácias e drogarias prestem serviços de inalação e aferição de pressão arterial pode salvar vidas. Incenti-var o uso de sacolas retornáveis e priorizar a utilização do asfalto ecológico – que em sua produção consome até mil pneus usa-dos para cada quilômetro asfaltado – são iniciativas que dão consequência prática aos discursos em defesa do meio ambiente.

Propostas como essas, aparentemente simples, mas que abrangem os mais de 42 milhões de paulistas, poderiam partir de qualquer cidadão consciente de seus direitos e deveres. Porém, para que ganhem força de

A experiência como fiel da balança

lei e passem a refletir diretamente na vida das pessoas e das comunidades é preciso que um longo e complexo caminho seja percorrido.

Tudo tem início com o voto do eleitor ao selecionar aqueles que, escolhidos pela von-tade das urnas, farão parte da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Lá, um

Ocupar os mais altos cargos de comando da Assembleia Legislativa é um sonho compartilhado por muitos, porém é uma conquista de poucos

por Marcos Abreu | fotos Telmo Keim

Poder

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novo processo de seleção se impõe para determinar a ascensão e o poder de influên-cia de cada deputado no maior e mais po-deroso parlamento estadual do Brasil. Para isso, experiência, capacidade de articulação, liderança e coerência se estabelecem como critérios.

Ocupar os mais altos cargos de comando da Casa é um sonho compartilhado por mui-tos, mas que se torna uma conquista de pou-cos. É meta difícil de ser alcançada e exige credibilidade, necessária para angariar con-fiança dos aliados e respeito dos adversários em cada lance do jogo político. A recom-pensa é o reconhecimento pela autoridade conquistada, que abre portas, agiliza e torna íntimo o relacionamento com as últimas ins-tâncias de decisão dos poderes Executivo e Judiciário.

Garantir um assento junto à mesa diretora da Alesp é ter voz ativa – e toda responsabi-lidade advinda desta posição – no colegiado de elite que assume, por dois anos, o controle

Dos 645 municípios paulistas, apenas 30 possuem representantes no Palácio 9 de Julho, sede do maior e mais poderoso parlamento estadual

de uma máquina cuja grandiosidade se ex-pressa pelo orçamento atual de R$ 680 mi-lhões, por um quadro funcional formado por 3.100 servidores e uma frota de 166 veículos oficiais que dão suporte à atuação dos 94 de-putados estaduais.

Excluindo-se os deputados eleitos pela capital, dos 645 municípios paulistas, apenas cerca de 30 estão representados na Assem-bleia. Ou seja, somente este restrito e seleto grupo de municípios possui representantes que vivem o dia-a-dia dos moradores de sua cidade e região de origem. Sobre estes recai a esperança pelo comprometimento através da atividade parlamentar, na busca de soluções para problemas e carências das comunidades em que possui ou estabelece vínculos.

A cidade de Rio Claro está incluída neste contexto e ocupa posição de destaque pela atuação do deputado Aldo Demarchi (DEM), atual segundo secretário da mesa da Assem-bleia. Araras e as demais cidades da região – dentro de um perímetro que vai de Limeira a São Carlos, pela Rodovia Washington Luiz, e até Ribeirão Preto, pela Anhangüera – tam-bém são privilegiadas pelo desempenho do

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legislador rio-clarense, eleito pela pri-meira vez com quase 28 mil votos em 1994, e que em seu quarto mandato consecutivo, em 2006, turbinou sua votação para perto de 71 mil votos.

“A coerência na política é funda-mental e determinante para fazer com que você tenha mais que um mandato”, sentencia ao se reportar à saudosa figura do pai, “seo” Isidoro Demarchi, definido pelo parlamentar como um homem de poucas palavras e ações efetivas. “Com ele aprendi que uma ação vale mais do que mil palavras... foi meu grande exemplo para a vida pública” – comenta.

Aldo tem raizes familiares em San-ta Gertrudes. Conhecida como “Capital da Telha” e hoje integrante do maior polo cerâ-mico do país, foi lá que na infância e parte da adolescência adquiriu pela política do pai, que foi vereador por cinco mandatos e fiel cabo eleitoral do ex-deputado José Felício Castellano (Gijo). “Ainda criança compartilhei em casa e com meu pai de visitas de figuras de expressão da história política estadual e nacional, como Jânio Quadros e Carvalho Pinto” – rememora Demarchi.

Ex-seminarista, técnico formado pela Es-cola Industrial – atual ETEC “Prof. Armando Bayeux da Silva” – e pela Getúlio Vargas,

graduado em Administração de Empresas e goleiro dos bons na juventude, além de car-regar consigo a herança parlamentar, Aldo Demarchi subiu em 1995 pela primeira vez a rampa de acesso do Palácio 9 de Julho, após ter sido vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito e de ter exercido o cargo de prefeito de Rio Claro por duas vezes.

Passados 15 anos, ao caminhar a passos largos pelo labirinto de corredores da Alesp para mais uma reunião da mesa diretora re-alizada na tarde de 25 de maio último, o de-putado rio-clarense define sua trajetória na Casa. “Agora percebo o quanto cresci, che-guei engatinhando e hoje caminho com mi-nhas próprias pernas” – resume ao vincular sua ascensão a “uma questão de experiência”, em que até mesmo os revezes proporcionam mais segurança para a tomada de decisões na vida pública.

Ainda novato no Parlamento Paulista, ocupou a vice-presidência da Comissão de Finanças e Orçamento e presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Presídios,

Deputado com quatro mandatos, para Aldo Demarchi ter coerência é fundamental para conquistar mais de uma reeleição

Poder

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onde foi identificada a fac-ção criminosa que mais tarde se tornaria conhecida como PCC – Primeiro Co-mando da Capital. A par-ticipação em outras duas CPIs (das Financeiras e dos Combustíveis) engrossa o currículo de Demarchi, que até março do ano passa-do presidiu a Comissão de Transportes e Comunica-ções da Assembleia, cargo para o qual foi alçado, para surpresa de muitos, com apoio do PT.O parlamentar consolidou

seu status diferenciado na Casa a partir de 2005 ao coordenar com sucesso a estraté-gia que culminou na eleição do deputado Rodrigo Garcia que, aos 31 anos, se tornou um dos mais jovens presidentes da Alesp. O êxito do posicionamento político impôs uma nova realidade ao Executivo estadual que, mesmo tendo a maior bancada, pela primeira vez não conseguiu fa-zer a presidência da Assembleia. “Foi uma quebra de paradigma que fortaleceu o Legislativo ao realçar sua independência e, ao mesmo tempo, evidenciou ao Executivo a necessidade de en-tendimento, o que é a base do regime democrático” – relembra Demarchi com indisfarçável ar de triunfo.

Aos 66 anos, por valorizar a experiência acumulada ao longo da vida pessoal e política como fator decisivo para ocupar hoje um dos principais postos de

comando do Parlamento Paulista, Demar-chi vê com preocupação o que considera um paradoxo. ”Para dar acesso ao mercado de trabalho a um jovem, exigi-se dele uma experiência que ainda não tem; aos mais experientes, no auge de seus 40 ou 45 anos, descarta-se pelo que se considera excesso de idade” – diz.

No Brasil de tantos contrastes e contra-dições, como a exposta pelo deputado, recai sobre os legisladores de todas as esferas a responsabilidade pela formatação de leis capazes de conciliar o incentivo aos jovens – através da educação, formação profissional, esporte e inclusão social – com a valorização do conhecimento.

Isto é o que fazem há tempos os países que se tornaram potências mundiais. Exem-plos consagrados de vida não faltam, como o de Henry Ford (1863/1947) – fundador da Ford Motor Company - a quem se atribui a consideração de que “a única segurança verdadeira de independência consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência”.

Eles comandam a Alesp: Aldo Demarchi (2º Secretário), Barros Munhoz (Presidente) e Carlinhos Almeida (1º Secretário)

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“Eu rezava para não menstruar, porque todo mundo falava que se você começa a menstruar para de crescer, e eu queria crescer bastante. Aí pensava: tomara que venha lá pelos 13, pra que eu fique mais alta ainda”. Contudo, as glân-dulas de Paula não ouviram suas preces e ela menstruou aos 11 anos.

O relato, catalogado na tese de mestrado da psicóloga Viviane Namur Campagna traça o perfil de adolescentes que cada vez mais cedo deixam a infância e mer-gulham na puberdade. Se na década de 70, o ciclo menstrual iniciava-se entre 13 e 15 anos, hoje, dificilmente passa dos 12 anos. “Das 20 meninas que entrevistei, a maioria tinha mens-truado pela primeira vez aos 11”, analisa Viviane, cuja tese rendeu o livro “A identidade feminina no início da adolescência”.

Especulações sugerem a carne do frango como es-tímulo para a puberdade adiantada dada a suposta quantidade de hormônio que faz um frango ir para o abate em quarenta dias. Há quem desconfie da água ou produtos con-

Cada vez mais cedo , a puberdade traz à tona a falta de sincronicidade entre corpo e mente. Porém, será que

hoje a menina vira “mocinha” quando tem a primeira menstruação?

Ainda ontem era uma meninapor Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

Comportamento

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Ainda ontem era uma meninapor Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

taminados por estrógenos. No entanto, a escassez de estudos conclusivos condiciona à ciência a silenciar rumores sobre as causas da maturidade adiantada. O médico especialista em adolescentes, hebiatra Mauricio de Souza Lima, sinaliza que os jovens adiantados são, na verdade, uma tendência devido à alimentação e às condições de vida.

“Em 1900, época em que não havia as mesmas condições nutricionais de hoje, a menarca – termo para a primeira menstruação – ocorria aos 16 anos. Com o acesso facilita-do à alimentação, a estrutura biológica das pessoas está se aproximando de seus potenciais genéticos”, conclui o pro-fissional que coordena um dos ambulatórios do Hospital da

USP e é membro das Diretorias das Associações Paulista e Brasileira de Adolescência.

Além da dieta hiper protéica entendida como fator determinante para a antecipação da menarca, outras possibilidades são estudadas como possíveis estímulos à

abreviação da infância. A maior incidência de luz solar nos países tropicais e as horas de sono reduzidas são algumas das suspeitas.

Embora ainda não seja consenso, o bombar-deio de imagens com apelo sexual nos meios

de comunicação também suscitam discus-sões sobre precocidade da maturidade.

A ginecologista e obstetra Anna Clau-dia Gilbertoni, especialista há 17 anos na saúde da mulher, chama atenção para o comportamento da sociedade. “Na minha opinião, a

erotização precoce das meninas deve ser observada e controlada pelos pais,

uma vez que não é saudável, independente de adiantar ou não a menarca”, comenta.O alarme para os pais deve soar quando

os sinais da puberdade nas meninas aparecerem

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SincronicidadeO período de transformação, chamado

de puberdade, pode durar de dois a três anos e a menina ganha em média 17 quilos nesse período. A boca se alarga, o queixo se pronuncia, desenvolve-se a linha da cintu-ra, alargam-se ombros e quadris. Ocorrem mudanças na voz e na textura dos cabe-los. Internamente, há transformações no sistema digestivo, circulatório, endócrino e respiratório. Os ovários e o útero crescem e amadurecem e na companhia dessas mudanças vem o sangramento menstrual. Em nenhum outro momento do desenvol-vimento, a não ser no primeiro ano de vida, acontecem tantas mudanças físicas em tão pouco tempo.

Entretanto, muitas vezes as mudanças emocionais não avançam na mesma rapidez. “Frente às pressões biológicas, que ocorrem cada vez mais cedo, e as pressões sociais que, entre outros fatores, se traduzem por uma valorização exacerbada da sexualidade e da aparência na sociedade contemporânea, as adolescentes parecem estar vivendo um momento de muita fragilidade, baixa auto-estima e solidão”, revela a psicóloga Viviane.

No turbilhão de transformações, o hu-mor varia constantemente e o estopim da irritabilidade é sensível demais. Além disso, a concentração se esvai e o mau desempenho acadêmico causa desgastes. “É interessante

que, ao mesmo tempo em que se sen-tem despreparadas para assumir um

status de adolescente com a che-gada da menstruação, também

não se permitem mais brincar livremente e buscam, na apa-rência e no comportamento dos adultos, um lugar de per-tinência social”, completa a psicóloga.

por volta dos seis ou sete anos, acarretando a menstruação antes dos nove anos. Como fatores genéticos podem estar interliga-dos, especialmente os relacionados ao eixo endócrino-hipotálamo-hipófise-ovariano, existem tratamentos capazes de retardar o processo. “A principal preocupação com a primeira menstruação antes dos nove anos é com a estatura das meninas, que tem uma desaceleração após a menarca. No momento ainda não há relação com menopausa pre-coce ou esterilidade”, conclui a ginecologista Anna Claudia.

Comportamento

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Ao procurarem apoio na família, há ga-rotas que se deparam com a insegurança na postura, especialmente por oscilar entre o universo adulto e o infantil. Angustiadas, refugiam-se nos grupos de amigos, em re-des sociais ou isolam-se em casulos por não saberem exatamente o que está acontecen-do com o corpo ou por não compreenderem um suposto reposicionamento na família e nas relações sociais.

Nesse cenário, o papel da família é vis-to como essencial pelo hebiatra Mauricio. “Os pais devem dar suporte e se mostrar presentes. Abrir canais de diálogo e com-preender que o momento de transição existe e gera certa insegurança. Se as ga-rotas procuram os amigos, é preciso vigiar e observar. Concessões devem ser repen-sadas pelos pais, desde que limites sejam estabelecidos. Apoiá-las no momento do crescimento também representa aumento de responsabilidade e inserção na comuni-dade”, recomenda.

Dentre as ações dos pais estão listadas conversas sobre higiene íntima, postura e principalmente comportamento. Uma vez que a chegada da maturidade do cor-

po, prematuramente ou não, faz a menina exercer maior atração sexual e a incompati-bilidade entre aparência e consciência pode configurar certa vulnerabilidade a abusos e gravidez precoce.

E os meninos, como ficam?Além do descompasso entre o ritmo biológico e o psicológico, as meninas ainda enfrentam a diferença com os garotos de sua idade. “Se para a menina a menarca ocorre aos 12 anos na média, para os meninos a transformação acontece um ano mais tarde”, explica o hebiatra Mauricio.

Os primeiros sinais de transformação masculina são o aumento dos testículos “e não do pênis”, como revela o hebiatra. O nascimento de barba e o aparecimento de pelos na região pubiana, pernas, braços e peito também simbolizam a entrada na puberdade. Nessa fase, o interesse sexual começa a dar sinais em resposta à ação da testosterona. Tudo um ano mais tarde e em um ritmo mais lento que o desenvolvimento das meninas.

E se um ano representa uma série escolar, não é um desaforo proposital das meninas da sétima série a preferência pelos garotos da oitava. É culpa do relógio biológico.

Comportamento

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Modelo Giovanna GiorgettiFotos Telmo KeimMake up & Hair Tandi SteinleProdução Thais Ferreira Cuba

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Eu olho para todos e vejo que o amor está dormindoEnquanto minha guitarra gentilmente chora

Eu olho para o chão e vejo que precisa ser limpoEnquanto minha guitarra gentilmente chora

While My Guitar Gently WeepsEnquanto Minha Guitarra Chora

by George Harrisonwww.youtube.com/watch?v=t7qpfgvud8c

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Eu não sei porque ninguém te disseComo desdobrar seu amor

Eu não sei como alguém te controlouEles compraram e venderam você

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Eu não sei como você foi distraídaVocê também foi corrompida

Eu não sei como você foi invertidaNinguém te alertou

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Eu não sei como você foi distraídaVocê também foi corrompida

Eu não sei como você foi invertidaNinguém te alertou

Eu te olho inteira, vejo o amor que aí dormeEnquanto minha guitarra gentilmente chora

Eu olho para todosMinha guitarra gentilmente ainda chora

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Eu vejo de fora que você está se entediandoEnquanto minha guitarra gentilmente chora

Assim como estou sentado apenas envelhecendoAinda minha guitarra gentilmente chora

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Guitarras - Jog Music 19 3522.3888 - www.jogmusic.com.br

Looks - M. Officer 19 3532.2181 - www.mofficer.com.br/site

Calçados - Via Uno 19 3532.6397 - www.viauno.com.br Carmen Steffens -19 3533.5663 - www.carmensteffens.com.br

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São mais de 15 milhões delas circulando por aí, informa a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Desde os modelos mais simples e com poucas cilin-dradas, até as mais invocadas com motores potentes como canhão. Meio de transporte para muitos, instrumento de trabalho para outros e objeto de desejo para os apaixona-dos, as motocicletas se encaixam em qual-quer cenário, seja ele urbano ou rural, em pistas de corrida ou em fileiras intermináveis nas grandes cidades.

Devido ao amplo número de ‘motocas’ em movimento, há um trunfo para transformar cada uma delas em única: a customização. Incrementar a possante com um visual mais intimista, alterar configurações, acrescentar acessórios e destacar elementos que destoe da frota padrão é uma vertente para quem quer uma companheira autêntica e valiosa.

Porém, não é só o visual que conta. O prazer de garimpar acessórios, descobrir elementos e testar ideias inovadoras ou pré-concebidas pode se tornar hobby, revelando um novo universo ao motoqueiro.

Desde a simples troca de espelhos, setas, escapamentos e estofado até uma modifica-ção completa, onde o motor também pode ser alterado, o produto final da customiza-ção é exclusivo e garantido devido à infi-nidade de variáveis aplicáveis em qualquer tipo de moto.

Para José Orosa Vilariño, o Pepe, dono de uma oficina de customização em Campinas, a arte de incrementar uma moto é “fazer por encomenda qualquer modificação que saia do padrão original. Tanto faz o modelo da moto, sejam elas touring (motos estradeiras, para viagens) ou esportivas”, conclui o pro-fissional que há 30 anos faz parte do merca-do que modifica detalhes das motocicletas.

Easy Rider *por Rafael Moraes | foto Divulgação

O ronco dos motores e a estrada como companhia. A paixão que move entusiastas das motocicletas transparece nos modelos customizados que exibem estilo e arte sobre duas rodas

* Título original do filme “Sem Destino”

Hobby

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É possível classificar as modalidades da customização em três diferentes níveis: a simples, que comporta mudanças em deta-lhes como trocar cor e retrovisores; a media-na, como a substituição de rodas e pneus; e a pesada, que mantém apenas o motor da moto original e todo o resto é personaliza-do, incluindo rodas, guidom, quadro, pintura,

manoplas e pedais.Não importa o modelo, desde que

garantida a autenticidade e, acima de tudo, a seguran-

ça. Pepe salienta que o maior cuidado que se

tem durante a mo-dificação, é nunca alterar o veículo de forma a causar riscos à segurança dos motociclistas

e não comprometer a funcionalidade dos

componentes, como freios e ângulos do chassi, salvo quando a mudan-ça traga melhorias ao desempenho. Afinal, antes de bonita, a moto tem que ser segura e eficiente.

O programa “American Chopper”, exibido pelo canal pago People & Arts, colocou a customização sob os holofotes do entretenimento. Com personagens marcantes e motos iradas, trouxe à tona muitas nuances dessa prática e seus resultados espetaculares

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Final de campeonato. Uma roubada de bola possibilita ao seu time um contra-ataque que pode garantir o título, mas o apito estridente do juiz paralisa a jogada e sinaliza que o atacante estava impedido ao receber o cruzamento. Como é de praxe, todo torcedor – você inclusive – contesta a razão do juiz no lance e os protestos ga-nham forma de gritos e clamores.

Para quem assiste à partida pela televisão, é hora de entrar em cena um instrumento infalível, o famoso ‘tira-teima’, mecanismo privilegiado que se vale de intervenções di-gitais inseridas nos lances mais polêmicos. No impedimento em questão, o atacante estava realmente avançado em relação ao marcador. Convencido o torcedor, cessam os protestos.

A junção de imagens reais do jogo com linhas e outros mecanismos digitais em tempo real é conhecida como Realidade Aumentada (RA). A tecnologia mistura ima-gens reais a gráficos gerados por computa-dor em tempo real e cria uma sobreposição singular e totalmente nova para vislumbrar o mundo, aliando recursos digitais à análise do universo físico.

Para o pesquisador do Instituto Nokia de Tecnologia, que desenvolve estudos na área da realidade aumentada, Marlon Luz, 29 anos, a tecnologia RA é definida como “um aumento da realidade ao adicionar objetos ou informações virtuais no mundo real e em tempo real”.

Outras aplicações interessantes da RA

podem ser encontradas em dispositivos como os aparelhos de GPS (Global Position System) que contam com câmera. Ao indi-car a localização do usuário em qualquer ponto do globo, o sistema compila infor-mações de um software de reconhecimen-to de prédios históricos que, ao terem sua imagem capturada pelas lentes da câmera, disparam informações complementares so-bre a construção.

O pesquisador Luz estabelece um paralelo entre a fusão do real e do virtual ao definir o funcionamento dessa tecnologia em suas palavras. “Essa justaposição é feita basica-mente com dois dispositivos: uma câmera de vídeo e um monitor ou tela de vídeo. A câmera captura o vídeo do mundo real, esse vídeo é processado por um micro processa-dor, de onde as informações são extraídas e reorganizadas, e se fundem entre o real e o virtual em uma única tela”, explica.

Realidade sem fronteiraspor Rafael Moraes | ilustrações Charles Rubin

A imagem do mundo, tão habitual aos nossos olhos, pode ultrapassar o concreto com a realidade aumentada e comprovar que não há limites

para a interação entre o real e o virtual

Tecnologia

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Caso queira visualisar o Pé Grande em tamanho maior, basta imprimir o PDF

fornecido pelo site e posicionar a folha em frente da webcam. Lembre-se de

manter a superfície onde se encontra o símbolo impresso bem reta

Mundo mais amploDevido à limitação dos códigos de barra

em armazenar e carregar diversos formatos de informações através da interpretação de sua imagem, um novo tipo de código em duas dimensões foi desenvolvido para permitir o armazenamento de uma gama maior de dados e expandir as fronteiras da interatividade.

A área de saúde pode contar com bene-fícios dessa tecnologia, como softwares de apoio à tarefas complexas, como em deter-minadas cirurgias médicas, onde um pro-grama pode fornecer informações adicio-nais como tabelas, legendas informativas ou instruções para facilitar o procedimento.

Outra aplicação que em breve estará ao alcance do público é o denominado “Project Natal”, periférico que, ao ser acoplado ao vi-deogame Xbox 360 da Microsoft, irá permitir a interação do jogador com o mundo virtual sem a necessidade de um controle específi-co, com o próprio corpo será possível uma interação maior do real com o virtual.

O limite para aplicação desta tecnologia é a própria imaginação humana, condicio-nada pela velocidade dos processadores. Desde usos mais triviais, como campanhas de marketing e inserções de recursos para facilitar e aprofundar a compreensão de diversas situações, como jogos de futebol, operações médicas e produções industriais, a realidade aumentada é uma tecnologia que veio para ficar.

Para entender melhor como a realidade aumentada funciona:

Acesse a Internet e digite:www.livingsasquatch.com

Certifique-se que sua webcam esteja ligada

Posicione o símbolo da pegada na frente da webcam e divirta-se com o swing do Pé Grande

Clique em Get Started

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A lareira compõe o cenário perfeito para dias e noites aconchegantes, especialmente quando as temperaturas externas vencem os agasalhos mais robustos. Seja na cidade, na casa de campo, no refúgio da praia ou na montanha. Atualmente, há modelos que atendem qualquer estilo de ambiente, do mais rústico ao mais moderno. “Com coerên-cia e equilíbrio, é possível instalar lareiras em espaços amplos ou reduzidos. Há projetos que podem atender espaços de 15 m2”, ex-plica a arquiteta Catia Cilene Degasperi Vitti, que há dez anos se dedica ao planejamento de obras, arquitetura e urbanismo.

Ecologicamente correta, a lareira elétrica consome pouca energia e poupa o corte de árvores. O calor é produzido por uma resis-tência e transmitido para o ambiente por uma ventoinha que sopra ar quente e, por não provocar o fogo, preserva o lugar de vestígios de monóxido de carbono. Ganha

destaque por sua praticidade de instalação e pode ser projetada para espaços pequenos ou amplos. Para não parecer artificial, um tipo de fibra cerâmica pode ser iluminada como se fosse madeira queimando.

Quem opta pela elegância do modelo con-vencional, a construção de alvenaria exige ti-jolos refratários. A recomendação é que nada seja feito de improviso. “A construção merece mão-de-obra especializada para evitar erros de estrutura que causem refluxo de fumaça no ambiente”, aponta a arquiteta. Além disso, se faltar entrada de ar exterior, a lareira tende a consumir o ar do ambiente e estimular a substituição por ar vindo das frestas de por-tas e janelas, o que pode provocar correntes de ar frio. Para a queima, madeireiras e em-pórios oferecem lenha de reflorestamento.

Considerada uma releitura do modelo tra-dicional, a lareira fechada preserva a visão da lenha queimando, porém minimiza a perda de

O crepitar da lenha já não é o único som ambiente de uma sala com lareira. Opções contemporâneas reservam espaços para o silêncio, o bate-papo agradável da reunião familiar ou os sussurros de um encontro romântico

Para abrandar o frio por Lilian Cruz

Casa & Cia

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Para abrandar o frio por Lilian Cruz

calor e o retorno de fumaça ou fuligem para o ambiente. O aquecimento, neste caso, não se dá por irradiação, mas por convecção, isto

é, o ar entra pela parte inferior da lareira e é aquecido em volta de um recuperador de calor. Ao subir, fica armazenado em uma caixa e só então sai para o am-biente, oferecendo temperatura homogênea. O sistema permite maior economia de combustível, embora o vidro, quando fechado, reduza entre 10% e 15% o calor irradiado.

A lareira a gás tem atraído cada vez mais adeptos devido à sua manutenção. O modelo tem funcionamento semelhante ao de um fogão. Com as chamas alimentadas por queimadores a gás, sua instalação requer ape-nas um ponto de gás, que pode vir da cozinha ou contar com kits apropriados ao projeto. Como dispensa o uso de madeira, não há necessidade de se limpar as cinzas. Com dispositivos que medem o nível de oxigênio do

ambiente, possibilita acendimento e desliga-mento automático.

Para quem não pretende encarar uma

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Não importa se é a gás, elétrica ou a lenha: ter uma lareira em casa é um bom motivo para reunir a família e os amigos

Dicas quentes• Recuperadores de calor podem ser acoplados

às lareiras e conduzir o ar quente para outros ambientes da casa;

• Evite instalar televisores ou ar condicionado próximos às lareiras, pois o calor pode danificar sistemas eletroeletrônicos;

• Evite tapetes, cortinas e sofás próximos às lareiras à lenha, pois faíscas podem provocar incêndios;

• Placas de cobre aplicadas nas laterais do ‘forno’ podem refletir o brilho das chamas;

• Mármores sobrepostos e lâminas de pedras conferem requinte às lareiras;

• Tintas foscas e inox são elementos contemporâneos;

• Luminárias embutidas em nichos nas paredes reforçam o clima aconchegante do ambiente;

• Após longo período sem utilização, é aconselhável verificar se a chaminé está livre de gravetos e ninhos de pássaros;

• Toda lareira precisa de limpeza em seu interior, paredes e na coifa;

• A parede do fundo da lareira deve ser inclinada em 45º para frente para que o ar quente entre no ambiente e a fumaça suba pela chaminé;

• Nunca utilize lenha verde ou molhada, ela libera cheiros desagradáveis e maior volume de fumaça;

• Para quem quer fugir das obras, a salamandra é considerada por alguns como uma espécie de lareira, mas consiste em um aparelho que pode utilizar como combustíveis, lenha, gás ou até mesmo diesel.

reforma, a lareira metálica é uma boa alter-nativa, pois precisa apenas de um duto para a saída de fumaça e pode ser instalada em diversos ambientes, até mesmo no centro da sala. Elas têm a opção da queima da lenha em seu ‘berço’ e oferecem bom aquecimento por irradiar calor através do metal, que pode ser de aço carbono pintado, escovado, inox, latão, chapa naval, além de pintura eletros-tática.

Diante de tantas propostas, vale lem-brar que lareira não é depósito de revistas. “Quando vou fazer um projeto de lareira, minha primeira pergunta é como o cliente pretende usufruí-la. Se ele acenderá o fogo ou ‘ligará’ o sistema, ou se pretende deixar o espaço como decoração. Ou melhor, se ele possui os dois desejos, funcionalidade e de-coração. Essa resposta é essencial para que a instalação atenda seus anseios”, descreve a arquiteta.

Pela tendência das casas estarem entre as primeiras opções de lazer das famílias, as lareiras começam a sair das pranchetas mesmo em um país tropical como o Brasil, pois mesmo ao sul do Equador, um friozinho sempre há de chegar.

Casa & Cia

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Não tive tempopor Jorge Forbes

Não tive tempo: de te ver, de te respon-der, de concluir a apresentação, de entregar o artigo, de cumprir o prazo, de viajar, de ir ao banco, de consertar a luz. Não tive tempo nem de te explicar que não teria tempo, pois, quando vi, já era, já tinha passado o tempo.

Não tive tempo, me explicaram: estou es-tressado. Começa assim, a gente se esquece dos amigos, deleta alguns (isso até que é sa-dio), fica sem dormir, tem um pouco de azia, agride de repente, ri de repente, quando viu, já foi. Depois piora: vem a úlcera, a angina, o esquecimento repetido. E tudo se conclui na paralisia generalizada, dos órgãos e da vida. Deram até nome de doença para isso: “burnout”. Engraçado, outro dia uma jor-nalista de um grande diário ligou para me entrevistar sobre a Síndrome de Burnault (pronuncia-se Burnô), famoso psiquiatra francês. Estava em dia de humildade e disse não o conhecer – para pasmo da moça, que sabia da minha formação na França, mas prometia pesquisar. Um pouco decepciona-da, ela me conferiu 30 minutos. Sempre o tempo. “Googlei” e nada. Falei com colegas e nada. Esgotado o prazo, um pouco enver-gonhado, liguei para ela e confessei minha ignorância. Foi aí então que ela, consterna-da por meu estado, resolveu dar mais ele-mentos, que me fizeram reconhecer que o grande psiquiatra francês, doutor Burnault, inventor da síndrome com o seu nome, não passava do fenômeno descrito pelos ame-ricanos como “burnout”. Convenhamos, se for para inventar nome que nos acalme pela falta de tempo, até que é mais criativo o “Burnault” que o “burnout”.

Não tive tempo é o que dizemos quando

temos que optar. A grande oferta atual nos obriga à opção, a escolhas incessantes, uma vez que uma das principais características do laço social na globalização é a falta de um modelo único com capacidade de hie-rarquizar as oportunidades. Estresse, nesse contexto, nada mais é que covardia da es-colha, pois não há escolha sem risco. Melhor colocado assim, na responsabilidade da pes-soa. Estresse deve ser tratado com escolha, ponto. É muito perigoso pensar que não se precisa escolher, que se pode fazer tudo ou ficar com tudo: aí, é infarto na certa. Dizer que a pessoa está estressada porque tem muita coisa para resolver, ou escolher, é se-melhante a afirmar que alguém está gordo porque só almoça em restaurante de bufê e come todos os pratos por diplomacia. Não ficaria bem comer só a picanha de boi, des-prezando a pobre galinha e não dando bola para o porquinho à pururuca.

Não tive tempo é o que diz o presun-çoso conferencista: “Senhores e senhoras, desculpem-me, mas não tive tempo para lhes falar mais...”. Claro, do contrário, teria revelado todos os segredos da humanida-de. Sejamos honestos e, se for para pedir desculpas, que seja mais ou menos assim: “Senhoras e senhores, desculpem-me, mas não tive tempo para ser mais breve”.Jorge Forbes é psicanalista e médico psiquiatra. Preside o Instituto de Psicanálise Lacaniana e dirige a Clínica de Psicanálise do Genoma Humano da USP

Contraponto

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A genteacredita em ummundo melhor

A Gráfica Mundo acredita em um mundo mais consciente. Por isso mesmo está fazendo a sua

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e economicamente viável, e outras fontes controladas, confirmando o nosso

compromisso com o meio ambiente e com a sociedade.

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