Temas Comentados - Grupo 1

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TEMAS COMENTADOS - Grupo 1

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ATUALIDADES COMENTADAS

01. GEOPOLTICA

QUAIS SO E O QUE QUEREM OS TERRITRIOS QUE BRIGAM POR INDEPENDNCIA?3No de hoje que territrios e pases em diferentes partes do mundo buscam independncia. O ano de 2014 foi agitado neste quesito. Da Crimeia, que foi recentemente anexada Rssia em um controverso processo, Esccia, que desejava a independncia em relao ao Reino Unido, assim como Irlanda do Norte e Pas de Gales, Catalunha, na Espanha, vrios movimentos tentaram obter ou persistem na ideia de separao.

Os movimentos separatistas surgem por diferentes motivos. Podem ter cunho poltico, tnico ou racial, religioso ou social. Em sua maioria, trata-se de colnias ou territrios pequenos que se sentem desvalorizados pelos governos principais de seus pases e buscam na independncia uma forma de valorizar e garantir mais direitos e investimentos sua populao.

A Europa o continente que mais vivencia essa situao de desejo de independncia. Tal situao preocupa a Unio Europeia, que teme que caso um grupo separatista ganhe a causa provoque um efeito cascata nos demais movimentos.

Quando uma regio ou territrio se torna independente mudam-se fronteiras, alianas, relaes econmicas e blocos, e os novos pases tm que iniciar uma srie de reformas, criando instituies prprias como Banco Central, Foras Armadas, entre outras, e o novo pas precisa ser reconhecido por outros pases.

Conhea os principais territrios e pases que, atualmente, desejam a separao ou ainda buscam o reconhecimento de sua independncia, e os objetivos de cada um.

REINO UNIDO

O Reino Unido um pas europeu formado por Inglaterra, Esccia, Pas de Gales e Irlanda do Norte. Sua capital Londres, a mesma da Inglaterra, o que j aponta uma liderana desse pas no bloco. Essa liderana, enxergada como favorecimento por uns, um dos motivos do surgimento de movimentos separatistas nos demais pases.

Esccia:Em 2014, a Esccia realizou um plebiscito para se tornar independente em relao ao Reino Unido. Em um dia histrico, 53% dos 3,6 milhes de eleitores votaram pelo no. Os partidrios da independncia, liderados pelo SNP (Partido Nacional Escocs), maioria no parlamento, buscam mais liberdade constitucional e autonomia fiscal, o que, segundo os crticos, esto centralizadas demais na Inglaterra. Outro objetivo criar um fundo de reserva com o valor obtido na explorao de petrleo do Mar do Norte, cerca de 1 bilho, ou US$ 1,6 bi, de acordo com os clculos da ala favorvel separao.

Pas de Gales:Tambm deseja se separar do Reino Unido. Em um referendo em 2011, 63,49% dos eleitores votaram a favor da atribuio de maiores poderes Assembleia Nacional de Gales. O partido Plaid Cymru um dos principais promotores da ideia de separao. O objetivo da campanha construir um Estado Nacional Autnomo.

Irlanda do Norte:Os irlandeses devem realizar um plebiscito sobre a independncia em relao ao Reino Unido em at quatro anos. Em 1921, aps a guerra de independncia irlandesa contra o Reino Unido, Londres assinou uma trgua com Dublin e, dois anos depois, fundou o Estado Livre Irlands. Nesse processo, o governo britnico ficou com seis dos nove condados que compem a regio do Ulster, provncia irlandesa. O objetivo da independncia juntar esses seis territrios Repblica da Irlanda. A independncia tambm uma das principais bandeiras do IRA (Exrcito Republicano Irlands).

ESPANHA

O pas convive h anos com os desejos de independncia dos catales e bascos, motivados, principalmente, pelo desejo de manter suas tradies culturais.

Catalunha:Um referendo sobre a independncia acontece em novembro de 2014; a Espanha j declarou que o referendo inconstitucional. O movimento de independncia catalo antigo. A Catalunha se considera um territrio a parte. uma comunidade autnoma, tem autossuficincia legislativa e competncias executivas, alm de ter o prprio idioma, o catalo. Com a independncia querem mais autonomia e o fortalecimento da sua cultura. Caso isso ocorra, Barcelona, uma das principais cidades tursticas da Espanha, se tornar a capital do novo pas.

Pas Basco:Localizado no norte da Espanha, a oeste da Frana, busca separao desde 1959, quando nasceu o grupo separatista ETA (sigla para Pas Basco e Liberdade). O grupo propagou pela luta armada o desejo de independncia, o que o fez ser considerado uma organizao terrorista pela Unio Europeia e EUA. Em 2011, o ETA anunciou o fim da luta armada, mas segue em busca da separao. Com lngua prpria e um Parlamento desde 1980, os bascos ainda no tm territrio. Embora a regio tenha autonomia desde a constituio espanhola de 1978, os separatistas querem que Espanha e Frana reconheam a independncia do Pas Basco que compreende os territrios de lava, Guipzcoa, Vizcaya, Navarra e Baixa Navarra, Lapurdi e Zuberoa, esses trs ltimos, territrios do Pas Basco Francs.

EX-UNIO SOVITICA

Muitos movimentos separatistas que existem hoje na rea da antiga Unio Sovitica (composta pelos pases Rssia, Ucrnia, Bielorrssia, Transcaucsia, Estnia, Litunia, Letnia, Moldvia, Gergia, Armnia, Azerbaijo, Cazaquisto, Uzbequisto, Turcomenisto, Quirguizo e Tadjiquisto) ainda remontam da poca do final do pas, em 1991, que deu regio uma nova configurao, com novos pases. Muitos territrios ainda brigam pelo reconhecimento de sua independncia.

Osstia do Sul (Gergia):Com o fim da URSS essa rea foi entregue Gergia. A partir da, uma srie de conflitos ocorreu entre russos e georgianos pelo controle da regio. A Osstia do Sul declarou independncia em 2008, reconhecida apenas por Rssia, Venezuela, Nicargua, Nauru e Tuvalu. EUA, UE (Unio Europeia) e ONU no reconhecem a separao. Os ossetianos do sul querem se juntar Osstia do Norte, uma repblica autnoma dentro da federao russa. A independncia valorizaria mais a tradio dos ossetianos, que tm identidade e cultura diferentes dos georgianos e uma lngua prpria.

Abecsia (Gergia):A Abecsia se considera um Estado independente desde a derrota das foras georgianas na guerra de 1992-1993. No entanto, sua independncia no foi reconhecida pela ONU.

Nagorno-Karabakh (Azerbaijo):Em Nagorno-Karabakh a maioria da populao armnia. O territrio declarou sua independncia em relao ao Azerbaijo, mas esta no foi reconhecida por nenhum pas. O desejo dos separatistas unir-se ao territrio da Armnia.

Transdnstria (Moldvia):Localizada na fronteira da Ucrnia com a Moldvia, a regio do Leste Europeu declarou independncia do governo moldvio em 1990. Moscou, apesar de no reconhecer a independncia deu apoio econmico e poltico. Em um referendo de 2006, a regio reiterou sua vontade de se separar e de uma eventual anexao Rssia -- quase metade da populao de etnia russa. A Transdnstria tem sua prpria moeda, Constituio, Parlamento e bandeira, mas quer ser reconhecida como um Estado independente e a anexao Rssia.

OUTRAS PARTES DA EUROPA

Flanders (Blgica):Com uma populao de 6,4 milhes de habitantes, Flandres busca sua independncia completa da Blgica. A causa defendida por partidos da ala conservadora, como o Vlaams Belang. A crise econmica que abala o pas desde 2009 ajudou esses partidos a reforarem a necessidade da separao. O objetivo instituir a Repblica de Flandres, que seria composta pelas regies de Flandres, Bruxelas e Valnia.

Ilha de Crsega (Frana):Na terra natal de Napoleo Bonaparte a vontade de tornar-se um territrio independente existe desde 1976. Quem mais difunde esse ideal a FLNC (Frente de Libertao Nacional da Crsega), movimento poltico nacionalista e de luta armada. Os moradores da ilha tem seu prprio idioma e se referem ao resto da Frana como continente. Em 2013 o FLNC reiterou que continuar sua luta pela separao. Os nacionalistas querem mais autonomia em relao Frana, que consideram enxergar a ilha apenas como reduto turstico e de explorao imobiliria.

Padania (Itlia):A unificao da Itlia na segunda metade do sculo 19 no eliminou as diferenas regionais de seus territrios. Desde 1991 a Liga Norte (Lega Nord), grupo criado pelo poltico Umberto Bossi, defende a separao de uma rea da regio norte chamada de 'Padania'. Para o grupo, a regio sul atrapalharia o progresso no norte do pas. De acordo com a proposta, a Padania seria constituda por onze regies da atual Itlia (Lombardia, Veneto, Piemonte, Emilia-Romagna, Ligria, Friuli, Trentina, o vale de Aosta, mbria, Marcas e Toscana), com uma populao de 34 milhes de pessoas.

Kosovo (Srvia):Declarou sua independncia da Srvia em 2008, reconhecido por vrios pases, mas no membro da ONU. Srvia, Rssia, China e outros pases tambm no reconhecem a separao. Por esse motivo, sua independncia no tida como bem-sucedida. A separao visa preservar e garantir direitos e liberdades para a majoritria populao albanesa do Kosovo, que no era vista com bons olhos pelo governo srvio, que operou vrias ofensivas militares contra o territrio.

OUTRAS PARTES DO MUNDO

Quebc (Canad):O movimento de independncia liderado pelo PQ (Parti Qubcois). No entanto, contra eles pesam os resultados de dois referendos sobre a questo, um em 1980 e outro em 1995, onde o no saiu vitorioso. Mesmo assim, o PQ quer convocar um terceiro referendo. A principal motivao cultural. A maioria da populao da provncia do Quebc descende de franceses - o que faz do francs a lngua principal-, ao contrrio das outras provncias, onde a maioria descende de ingleses ou escoceses. A forte influncia francesa tornaria a provncia sensivelmente diferente do resto do pas. Os separatistas consideram ainda que a provncia no beneficiada economicamente pelo governo canadense.

Tibete (China):O Tibete manteve o status de pas independente entre 1911 e 1950. A situao mudou com a chegada de Mao Ts-tung ao poder. Em 1963, a regio foi nomeada Regio Autnoma e hoje tem um governo apoiado pela China, que no abre mo de controlar o territrio. Os que defendem a independncia consideram que a regio est em atraso em relao s demais provncias costeiras chinesas, embora a China alegue ter levado progresso e benefcios materiais ao Tibete. Alm disso, a populao local enfrenta uma forte concorrncia por emprego com os chineses e veem na dura poltica chinesa uma ameaa s tradies religiosas e a liberdade.

Repblica Turca do Chipre do Norte (Chipre):Parte do territrio da ilha de Chipre que se considera independente desde 1983 e vive de acordo com as prprias leis sem, no entanto, ter sua independncia reconhecida pela comunidade internacional. A regio foi invadida pela Turquia em 1974 aps um golpe militar greco-cipriota. A independncia reconhecida apenas pela Turquia, o que impossibilita a entrada do pas na Unio Europeia, grupo do qual o Chipre faz parte.

Curdisto (Iraque):Considerada a rea mais estvel do Oriente Mdio, o Curdisto iraquiano j uma regio autnoma, mas ainda busca sua plena independncia. Alm do Iraque, a rea do Curdisto se distribui pela Turquia, Ir, Sria, Armnia e Azerbaijo. Os curdos so um grupo tnico com sua prpria lngua e cultura, diferentes das populaes rabe, persa e turca predominantes na regio. As diferenas culturais, a estabilidade econmica (a rea rica em petrleo) e a viso no to radical da religio motiva os curdos iraquianos a desejarem a independncia.02. QUEDA DO MURO DE BERLIM

25 ANOS DEPOIS, SAIBA MAIS SOBRE ESTE E OUTROS "MUROS"

1989 foi um ano em que o mundo mudou. O Brasil realizava sua primeira eleio direta para presidente depois da ditadura; nascia a World Wide Web (www), que s seria difundida para os usurios quatro anos mais depois; o mundo se despedia de figuras de referncia como Samuel Beckett e Salvador Dal. Mas nada marcaria mais o ano como a queda do Muro de Berlim.Em 1961, a Alemanha viveu uma experincia at ento indita em outros pases: viu sua capital, Berlim, ser dividida em dois lados por um muro, com cada lado governado por regimes politicamente contrrios simbolizando a diviso do mundo entre os blocos capitalista e socialista, uma herana da Guerra Fria.A diviso era resultado do final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a Alemanha foi invadida por todos os lados e ficou dividida em dois pases: a Alemanha Ocidental (ou Repblica Federal da Alemanha, a RFA), capitalista e ocupada pelas tropas de Inglaterra, Frana e Estados Unidos, e a Alemanha Oriental, chamada tambm de Repblica Democrtica Alem (RDA) - governada pelos comunistas e Unio Sovitica.Como consequncia, a capital, Berlim, tambm acabou dividida. A cidade ocupava uma posio estratgica, no centro da parte oriental da Alemanha. Por isso, os Aliados pressionaram para que ela fosse dividida em quatro setores, sendo o russo o maior de todos.Berlim ocidental, apoiada pelos Estados Unidos, tornou- se capital da RFA, enquanto Berlim oriental, com apoio sovitico, era capital da RDA. Como o lado ocidental apresentava melhores ndices econmicos e de prosperidade, o governo da RDA temia uma fuga em massa dos moradores do lado sovitico e decidiu separar a cidade. Primeiro com um arame farpado, depois erguendo um muro de cimento. O resto da histria conhecido.At 1989, o muro permaneceu dividindo a cidade e s cairia no dia 9 de novembro daquele ano, representado o fim do regime socialista no pas. Fato que 25 anos aps a queda e a unificao do pas, ocorrida em 3 de outubro de 1990, a Alemanha saiu de pas partido para se tornar lder na Europa, embora ainda veja as regies leste e oeste divididas economicamente.Desde a queda do muro, a atividade econmica do leste no acompanha o oeste. Vale lembrar que, logo aps o final da 2 Guerra, os Estados Unidos lanaram o Plano Marshall, plano de ajuda econmica aos aliados o ps-guerra, ao que beneficiou a Alemanha ocidental.Hoje, o PIB (produto interno bruto) da rea que antes formava a Alemanha Oriental corresponde a 67% da produo do lado ocidental. Outros nmeros corroboram o descompasso das regies: o ndice de desemprego, um tero mais alto no leste, e o salrio, 20% mais alto na regio oeste. Para especialistas da rea econmica, embora o leste tenha apresentado certos progressos, essas diferenas ainda so uma herana da diviso do pas.Naquela poca, o fim do regime socialista representou o desemprego de 2 milhes de pessoas e enfraqueceu a atividade econmica. Embora algumas cidades do leste tenham apresentado uma evoluo -- como, por exemplo, Leipzig, que hoje tem negcios de empresas como Amazon e BMW --, elas so uma exceo. Segundo o governo federal, apenas 10% das grandes empresas instaladas no pas oferecem emprego na regio leste.

Tentando diminuir esse "atraso", o governo federal da Alemanha criou um plano de apoio, o Pacto de Solidariedade. Hoje em sua segunda fase, que se estender at 2019, o plano prev o repasse de 156 bilhes de euros para o leste. A continuidade e a ampliao deste pacto geram divergncias entre as autoridades e ainda no foi definida.Outra questo que coloca os dois lados em ritmos opostos a idade da populao. Como muitos jovens saram da Alemanha oriental para buscar melhores empregos e condies de vida no lado ocidental, houve um envelhecimento do outro lado. Com isso, estima-se que at 2030 um tero dos moradores do leste tenham mais de 65 anos de idade.Alemanha: de pas dividido ao mais forte da Europa

No ano da queda do muro, a ento primeira-ministra britnica, Margaret Thatcher, fez uma comentrio que podemos chamar de profecia: "Vencemos os alemes em duas oportunidades e aqui esto eles de volta". A declarao, dada aps a queda do Muro de Berlim em 1989, fazia referncia ao receio de que a reunificao resultasse no predomnio da Alemanha na Europa.Hoje, o pas liderado pela presidente Angela Merkel (que veio da antiga Alemanha oriental), visto como o lder do continente, especialmente pela forma como reagiu crise econmica de 2008 e crise do euro e ainda seu posicionamento frente aos conflitos na Lbia, quando se absteve de votar a favor da interveno militar, e na Ucrnia, onde o ministro do exterior interveio para evitar uma guerra civil.A instabilidade de outros pases tambm permitiu que a Alemanha assumisse este papel, como uma Frana mergulhada em uma crise econmica, o Reino Unido desinteressado pela Unio Europeia e que enfrenta pedidos de separao de uma parte de seu territrio, e at mesmo Itlia e Espanha, o primeiro com baixos ndices de crescimento e o segundo tentando minimizar os efeitos da crise econmica.Desde 2005, a economia alem cresceu 11,6% e o pas tem uma das mais baixas taxas de desemprego do continente: 5,5%. Como disse o canal de TV alemo Deutsche Welle, um dos mais importantes canais do pas, "a Alemanha deixou de ser uma 'criana problema' da Europa, como ainda era vista na virada do milnio, para se tornar o aluno modelo do continente".Os outros Muros de Berlim

A queda do muro na Alemanha no foi o fim de cidades ou pases divididos por um concreto. Erguer outros muros foi a soluo que muitos pases encontraram para, por exemplo, tentar impedir a entrada de imigrantes em seus territrios ou representar a diviso ideolgica de um pas.Naregio da Cisjordniah um muro de concreto sendo construdo por Israel. Segundo as autoridades israelenses, a barreira fsica seria uma medida de segurana, mas na prtica separa os palestinos dos israelenses. O muro tem 8 metros de altura e cercas eltricas e a passagem feita apenas em postos militares israelenses. Segundo um relatrio da ONU, 62% do muro j foi construdo, o que inclui 200 quilmetros. Em 2004, a Corte Internacional de Justia alegou que a construo ilegal e violaria o direito internacional. Ela apelou a Israel para destruir o muro, sem sucesso.A imigrao ilegal tambm levou construo de muros. No caso dosEstados Unidos, a imigrao mexicana sempre foi um problema para o pas. O muro construdo pelos norte-americanos na fronteira, com 1.130 quilmetros, visa aumentar o controle em relao imigrao e narcotrfico, alm de coibir as aes dos chamados coiotes, que atravessam clandestinamente pela fronteira.Conhecido como o muro que divide a Europa do Oriente, o muro construdo em 2012 pelaGrcia na fronteira da Turquiatambm visa coibir a entrada de imigrantes ilegais. Segundo estimativas, cerca de 90% dos imigrantes que ingressam de forma ilegal na Unio Europeia o fazem por meio dessa fronteira.

O Estreito de Gilbratar uma separao natural entre o Mar Mediterrneo e o Oceano Atlntico. Os enclaves espanhis de Ceuta e Melilla fazem fronteira com o Marrocos, no norte da frica. Ali a Espanha construiu o que ficou conhecido como Muro de Ceuta, que separa Ceuta e Melilla do Marrocos. As cercas buscam aumentar a segurana e impedir a imigrao ilegal de africanos Unio Europeia. So 8 km de cercas em Ceuta, e 11 em Melilla.

Outra situao dediviso persiste entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Fruto da Guerra Fria (o norte comunista e o sul capitalista), o muro que divide a pennsula coreana em dois pases tem 250 quilmetros de extenso. A separao tambm ideolgica. O norte comunista um dos locais mais fechados do mundo, enquanto o sul capitalista uma potncia econmica. No terreno onde fica a linha de demarcao, esto enterradas mais de trs milhes de minas. a fronteira mais vigiada do mundo.

03. PAPA POP

FRANCISCO LEVA TEMAS TABUS PARA DENTRO DA IGREJA CATLICA E REFORA SUA ATUAO INTERNACIONAL

COMENTEDesde que assumiu o posto de chefe daIgreja Catlica, no incio de 2013, o papa Francisco, 77, chamou a ateno. Uma vez eleito, no quis usar a cruz de ouro nem o papa-mvel e quebrou o protocolo diversas vezes. Para os que o admiram, ele trouxe uma liderana mais humana, humilde e prxima da populao.O que mais chama a ateno no Papa que ele parece no ter medo de tocar em assuntos tradicionalmente polmicos para a instituio. Seus comentrios nesses quase dois anos de papado mostram um pontfice tolerante com os gays, casais divorciados e com a teoria do Big Bang, que no coloca em lados totalmente opostos cincia e religio e ainda insere na agenda de declaraes que buscam a humanizao das relaes entre os pases que vivem em situao de conflito ou oposio, como o caso de Israel e Palestina e EUA e Cuba.Com esse perfil, Francisco tornou-se um papa pop -- e polmico. Estaria ele buscando um caminho para uma Igreja Catlica mais acolhedora?H quem concorde com esse ponto de vista.Uns acreditam que, embora as palavras dopapaFrancisco valorizem o perdo ao prximo, na prtica, no provocaro mudanas dogmticas na religio.A aceitao dos gays, a entrega da comunho a pessoas divorciadas que se casaram de novo, aborto, o uso de preservativos, a ordenao de mulheres e o fim do celibato entre padres, temas que j foram alvo dos comentrios de Francisco, so marcos morais do Catolicismo e dificilmente sofrero mudanas em breve.Para outros, a preocupao nestes primeiros anos do pontificado deve ser com uma reforma estrutural e tica do Vaticano. Em 2012,a Cria Romana, rgo administrativo da Santa S, foi alvo de denncias de corrupo, nepotismo e abusos de poder, no escndalo conhecido como Vatileaks.Neste aspecto, Francisco promoveu mudanas nos cargos e implantou rgidos processos contra a lavagem de dinheiro visando dar mais transparncia s aes. Uma das aes foi a divulgao do primeiro balano financeiro do Banco do Vaticano, algo at ento indito. No final de 2014, em uma de suas mensagens, ele chamou a Cria de lepra do papado e pediu que os Bispos e cardeais mudassem sua postura na conduo da Igreja.Com uma presena constante no noticirio, o papa Francisco tornou-se pop e respeitado at por quem no segue a religio catlica, distanciando-se de uma imagem de poder, reconhecendo os erros da Cria e falando sobre temas tabus para a Igreja Catlica.Religio mais prxima da poltica

Francisco um dos papas que mais aproximaram a religio da poltica. Constantemente fala sobre os conflitos entre Israel e Palestina. Ele defende a criao de um Estado Palestino e ofereceu o Vaticano para sediar um acordo de paz entre representantes dos pases, fato indito.Na recente abertura anunciada pelos EUA (um pas de maioria protestante) a Cuba, o presidente norte-americano Barack Obama fez um agradecimento ao Papa: Agradeo especialmente ao papa Francisco, por seu exemplo moral, mostrando ao mundo como deveria ser, em vez de simplesmente se conformar com o mundo como .

Nos bastidores, cartas do papa Francisco abriram caminho para acordo entre os dois pases. O pontfice pediu a Obama e Ral Castro, presidente cubano, que "resolvessem questes humanitrias de interesse comum, incluindo a situao de alguns prisioneiros, para dar incio a uma nova fase nas relaes".O Papa chegou a dar declaraes como a de que todo catlico deve se envolver com a poltica e de que no adianta colaborar financeiramente com a Igreja e roubar do Estado.Maquiavel (1469-1527), autor do livro O Prncipe, dizia que o que confere valor a uma religio no a importncia de seu fundador, o contedo dos ensinamentos, a verdade dos dogmas ou a significao dos mistrios e ritos, e sim sua funo e importncia para a vida coletiva. A religio ensina a reconhecer e a respeitar as regras polticas a partir do mandamento religioso.Evolucionismo e teoria do Big Bang

A origem do homem e da vida so grandes questes da humanidade e sempre foram um embate entre cincia e religio, por isso, nem sempre foram vistas com bons olhos pelos papas.A Teoria da Evoluo (evolucionismo) afirma que todos os seres vivos atuais descendem dos primeiros organismos celulares que evoluram ao longo de bilhes de anos, e que o principal mecanismo responsvel pelo surgimento das caractersticas desses seres a seleo natural. O principal cientista ligado ao evolucionismo foi o ingls Charles Robert Darwin (1809-1882), que publicou, em 1859, a obra A Origem das Espcies.J a Teoria do Criacionismo a explicao crist para a criao do homem e afirma que o Universo to complexo que no foi gerado ao acaso. A histria da criao do universo por Deus contada no livro de Gnesis. Segundo a Bblia, depois que Deus criou cu e terra, ele criou o homem a partir do barro.Nos Estados Unidos, alguns municpios com comunidades religiosas mais fundamentalistas ensinam o criacionismo nas escolas e repudiam o ensino da teoria de Darwin nas aulas de cincias. O governo do Reino Unido, por outro lado, proibiu o ensino do criacionismo como teoria.Para o papa Francisco possvel a coexistncia das teorias do criacionismo e evolucionismo, uma postura rara entre pontfices e catlicos em geral. Durante uma assembleia da Pontifcia Academia de Cincias, no Vaticano, o pontfice disse que a Teoria do Big Bang (segundo a qual uma exploso h 15 bilhes de anos teria originado o universo) no se ope ideia de um criador divino, j que ela exigiria um criador. Da mesma forma, a evoluo das espcies exigiria que os seres tivessem sido criados antes.Sobre as interpretaes da Bblia, Francisco afirmou que no se deve fazer uma leitura literal e que quando lemos a respeito da criao em Gnesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mgico, com uma varinha capaz de fazer tudo. Mas isso no assim.Outros papas se mostraram tolerantes a essas teorias, como Pio 12 (1876-1958) e Joo Paulo 2 (1920-2005), que chegou a declarar que a evoluo era um "fato comprovado". Bento 16, o antecessor de Francisco, no desconsiderava a teoria, mas tinha a crena de que era preciso um elemento maior para colocar o universo em ordem. Para ele, existiria um "design inteligente" na evoluo, ou seja, a mo de Deus.Abertura da igreja para os gays e divorciados

Outros temas j comentados por Francisco e que encontram resistncia na ala mais conservadora da Igreja Catlica so a relao com homossexuais e divorciados."Se uma pessoa gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julg-la?", disse Francisco a um grupo de jornalistas aps a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Depois, afirmou que a igreja tem o direito de expressar suas opinies, mas no deve "interferir espiritualmente" na vida de gays e lsbicas.Em outubro de 2014, noSnodo dos Bispos, convocado pelo Papa para discutir temas relacionados famlia com autoridades religiosas, foram aprovadas propostas de se estudar um caminho para que os divorciados que se casaram de novo pudessem receber os sacramentos e de que "os homens e as mulheres com tendncias homossexuais devem ser amparados com respeito e delicadeza" e que se "evitar qualquer marca de discriminao".No caso dos gays, o fato de no serem reconhecidos como uma famlia legtima ainda a principal barreira a ser vencida, j que os bispos enfatizaram "que no se podem estabelecer analogias, nem remotas, entre as unies homossexuais e o desenho de Deus sobre o casamento e a famlia".Tolerncia religiosa

Os ataques sede do jornal de stiras Charlie Hebdo (cujas charges ironizam o Isl assim como outras religies) e a um mercado judeu em Paris, na Frana, mostraram como a rejeio crena de outras pessoas pode levar deteriorao da sociedade e provocar violncia e morte.Francisco j condenou diversas vezes os combatentes do Estado Islmico que mataram ou expulsaram muulmanos xiitas, cristos e outros na Sria e no Iraque, por no compartilharem a ideologia do grupo.Em janeiro deste ano, ele declarou que as crenas religiosas nunca devem ser alvos de abusos causados pela violncia e pela guerra", pregando que a tolerncia entre as religies e que a liberdade de expresso no d direito de insultar a f do prximo.Outro passo importante de seu pontificado foi sua aproximao com os judeus ao declarar que eles so como "irmos mais velhos" do rebanho catlico. No entanto, ele ter novos desafios em manter essa boa relao devido ao processo de beatificao do Papa Pio 12.Para lderes religiosos judeus e historiadores, o papa Pio 12 foi passivo ante o Holocausto nazista. Eles pedem que seu processo de beatificao seja interrompido ao menos por uma gerao em considerao aos sobreviventes ainda vivos. Representantes da igreja alegam que o no embate e a falta de crticas ao regime nazista era uma forma dos padres poderem ajudar mais judeus.04. ESTADO ISLMICO

JOVENS OCIDENTAIS SO ATRADOS PARA O TERRORISMO NA SRIA E IRAQUE2A ofensiva anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contra o Estado Islmico (EI)no Iraque endossou a viso de outros governos ocidentais a respeito do grupo extremista: eles so a maior ameaa segurana nacional desde o surgimento daAl Qaeda, de Osama Bin Laden. O motivo? Pregam uma nova forma deterrorismosem fronteiras e esto atraindo a ateno de muitos jovens muulmanos ocidentais, dispostos a se alistarem ao grupo.Em sua origem, o Estado Islmico nasceu no Iraque, em 2003, e atuava como um brao da Al Qaeda. Aps romperem relaes, em 2013, o EI se juntou a um grupo jihadista srio, criando o Estado Islmico do Iraque e Levante, ISIS (Islamic State of Iraq and the Levant) na sigla em ingls. Presentes na Sria e Iraque, os militantes jihadistas buscam instalar um Estado pan-islmico.

Islamismo e grupos radicais

OIslamismose refere a diversos tipos de ativismo poltico do mundo mulumano. Existe uma variedade de correntes ideolgicas islamistas contemporneas, entre moderadas, extremistas e religiosas. Todas buscam a construo de um Estado islmico, tendo a religio Isl como elemento fundamental da poltica e da vida social.Desde o incio do sculo 20, aps a independncia dos pases rabes da colonizao europeia, diversos grupos fundamentalistas islmicos surgiram e muitos se organizaram militarmente. Alguns deles so classificados pelos EUA como terroristas. No Egito, o movimento Irmandade Mulumana, fundado em 1928, considerado por muitos analistas como o precursor do islamismo militante moderno e disputou eleies legislativas.No Ir, arevoluo xiitade 1979 levou o lder religioso Khomeini a se tornar o Lder Supremo de uma nao teocrtica. No Lbano, em reao invaso ao pas por Israel nos anos 1980, o grupo armado xiita Hezbolhah fez uso de ataques suicidas e sequestros. Em 1996, no Afeganisto, a milcia radical do Talib utilizou tticas de guerrilha e ataques de homem-bomba para tomar o poder.Na Palestina, o grupoHamas reconhecido pelas prticas violentas pela independncia da regio e foi considerado o primeiro grupo islmico no mundo rabe a conquistar o poder democraticamente. Outro grupo militante palestino o Jihad Islmico,apontado como o grupo armado palestino mais radical e que cometeu diversos atentados terroristas contra Israel. Surgiu na dcada de 1970 e considera a luta contra os israelenses como uma Guerra Santa.Apesar de tticas parecidas, esses grupos sempre tiveram uma atuao mais local do que internacional. A partir da dcada de 1990, no contexto daglobalizao, um novo tipo de fenmeno emerge: o terrorismo transnacional, relacionado ascenso da organizao terrorista conhecida como Al-Qaeda, fundada por Osama Bin Laden e que pregava uma luta contra o Ocidente. Os jihadistas ganharam maior visibilidade aps osataques de 11 de setembro de 2001, quando militantes da Al-Qaeda lanaram avies contra o World Trade Center, em Nova York, e com a posterior invaso do Iraque pelos EUA, em 2003.O jihadismo

Uma das correntes mais radicais e com maior visibilidade a jihadista, que acredita que a sociedade mulumana foi corrompida pela modernidade e pelos valores morais do Ocidente e por isso necessrio um retorno ao Isl original da poca de Maom.Ela no acredita na luta poltico-partidria ou na participao nas instituies polticas tradicionais, pois no estariam de acordo com a sharia, o conjunto de leis baseadas na interpretao do Alcoro (o livro sagrado do Islamismo) e na vida do profeta Maom, o fundador do Isl.Os jihadistas consideram o jihad como uma obrigao de qualquer mulumano, onde a violncia e a luta armada seria um recurso legtimo. Na interpretao desses grupos, ojihadseria uma obrigao individual dos militantes, uma revoluo permanente contra os inimigos do Isl e os governantes infiis.Os jihadistas do Jihad Islmico do Egito, por exemplo, buscam derrubar o governo e formar um estado islmico no pas. J os jihadistas do EI buscam restaurar umcalifado(tradicional sistema de governo rabe) com carter global e que unificaria as terras mulumanas, tendo o Ocidente como inimigo. Tambm querem impor sociedade o que consideram o modo de vida verdadeiramente islmico.Existe uma corrente chamada salafismo jihadista, que foi idealizado por Abu Muhammad al Maqdisi e por Abu Qatada al Filistani, na Londres islmica dos anos 1990. Maqdisi a descreve como sendo um movimento global que admite a existncia de diversas frentes jihadistas, como no Afeganisto, Bsnia e Chechnia. Ele foi mentor espiritual de Abu Musab al Zarqawi, um dos fundadores da Al Qaeda no Iraque e que influenciou os militantes do EI.O termo rabe jihad est presente no Alcoro e significa um esforo no caminho de Deus. Os telogos mulumanos dividem a jihad em dois tipos: o esforo individual de luta contra si mesmo para conquistar um bom caminho espiritual e a luta para levar o Isl para outras pessoas. Segundo o Alcoro, quem entrar nessa luta participar da felicidade no paraso.A palavra frequentemente associada Guerra Santa. Isso porque ao apelo do jihad, pode-se adotar a defesa ou o ataque militar para instaurar a Lei de Deus contra os inimigos. nessa corrente que o islamismo violento se instaura.Um termo muito usado pelos radicais a palavra mujahidin, que se refere a aquele que busca o jihad, combatentes dispostos ao sacrifcio da prpria vida em nome de Deus. Segundo o Alcoro, o guerreiro que se entregasse ao martrio alcanaria a glria da morte em combate e seria recompensado com a beno e o paraso.A associao do termo guerra pelos extremistas criticada por muitos mulumanos como uma interpretao errada do conceito. Para alguns lderes religiosos, existem regras do que seria um jihad justo e ela tambm poderia acontecer por meios pacficos, sendo que o Isl jamais aceitaria a morte de inocentes ou atos de crueldade.Bin Laden e o jihadismo transnacional num mundo globalizado

A segunda gerao de jihadistas, dos anos 2000, foi inspirada pela ideologia terrorista de Bin Laden, mas eles no necessariamente fazem parte da rede. Existem diversos grupos e clulas dispersas, muitas com autonomia e sem qualquer ligao entre si, mas que tm como referncia comum o ideal do Jihad e a volta a um passado mtico. Existem tambm os jihadistas solitrios, seduzidos pela ideologia, mas que no fazem parte de nenhum grupo.Hoje, os combatentes e militantes so formados por pessoas de diferentes nacionalidades, atradas pelo discurso antiocidental e que esto dispostas a se colocarem a servio de um nova guerra santa em qualquer lugar do mundo. Na Chechnia, provncia da Rssia de maioria mulumana sunita, durante o conflito das duas guerras para a separao (1996 e 1999), jihadistas islmicos estrangeiros ligados Al-Qaeda viajaram ao pas em apoio aos rebeldes, na tentativa de instaurar um estado islmico.A recente guerra civil da Sria, que se iniciou em 2011, com protestos da populao contra o regime do presidente Bashar al-Assad, ganhou o apoio de milhares de jovens estrangeiros jihadistas. So homens (e tambm mulheres) que entraram ilegalmente pela fronteira sria para lutar no pas ao lado dos rebeldes.Diversos grupos extremistas viram o conflito como uma oportunidade para derrubar o Estado e, posteriormente, impor a islamizao a toda a sociedade. Na Sria, grupos radicais islmicos j cometeram inmeras atrocidades e controlam territrios onde governam atravs de tribunais da Sharia.Muitos dos jihadistas estrangeiros que lutaram ao lado dos rebeldes srios foram para o Iraque e se juntaram s brigadas do Estado Islmico, que tomou grande parte do territrio norte e oeste do pas. O grupo extremista autoproclamou um Califado e aspira tomar o territrio de outros pases islmicos, a comear pelo Oriente Mdio. Outros possveis alvos seriam os EUA e pases da Europa.Segundo dados do Observatrio Srio para os Direitos Humanos, com sede em Londres, o EI contaria hoje com um exrcito de 50.000 homens apenas na Sria. Desses, 20.000 seriam estrangeiros, principalmente de outros pases rabes, do Norte da frica e da Europa. Outros 30.000 homens no Iraque completam o efetivo.

Os nmeros so imprecisos. Os EUA calculam em cerca de 2 mil o nmero de combatentes ocidentais na Sria, incluindo mais de 200 norte-americanos. A Frana estima que mais de mil franceses tenham se juntado ao Estado Islmico na Sria e Iraque. O Reino Unido contabiliza pelo menos 500 britnicos que viajaram para os dois conflitos e a Austrlia, cerca de 60 cidados. A Alemanha relatou a ida de 60 alemes para o Egito depois de treinados na Somlia.A maioria desses jovens ocidentais so filhos ou netos de mulumanos. Analistas avaliam que o racismo, o desemprego e a crise de identidade influenciam jovens mulumanos a buscar o jihadismo. Atrados pela propaganda dos militantes por um novo caminho de vida, eles so recrutados por amigos prximos e pela internet, em fruns virtuais e redes sociais. Ingleses chegaram a postar selfies e fotos do front de batalha na Sria, vangloriando-se de seus feitos como se fossem atos heroicos.Foi justamente oreconhecimento do sotaque britnico de um jihadista que aparece no vdeo da execuo de um jornalistapor militantes do EI que gerou o sinal de alerta sobre o alistamento de estrangeiros no grupo. Divulgado em agosto deste ano, o chocante vdeo mostra a decapitao do norte-americano James Foley. Segundo o servio secreto britnico, o algoz do jornalista seria um cidado britnico.A atuao radical do Estado Islmico no Iraque no reconhecida por pases do Oriente Mdio como Lbano, Jordnia, Ir e Arbia Saudita. O autodeclarado Califado no territrio iraquiano visto como uma ameaa segurana por esses pases e tambm por comunidades muulmanas moderadas.Embora alguns desses jovens estrangeiros tenham manifestado o desejo de sair do grupo, os pases temem que os combatentes que voltarem pra casa cometam atos terroristas. No incio de setembro, especialistas do King's College, em Londres, sugeriram que o governo britnico iniciasse um "programa de desradicalizao" j que alguns cidados britnicos teriam se mostrado arrependidos de se juntar ao ISIS e manifestaram vontade de retornar ao seu pas. No entanto, o primeiro-ministro britnico David Cameron prope condenar por cerca de 30 anos quem estiver ligado ao grupo extremista.05. EXTREMA DIREITA

ELEIES NO PARLAMENTO EUROPEU REFLETEM AVANO DO CONSERVADORISMO

COMENTEPeste o nome dado a uma epidemia descontrolada, que se espalha rapidamente entre um grande nmero de pessoas e que, quase sempre, letal. assim que opositores vm chamando a ascenso dos partidos ultraconservadores na Frana: peste brune -- em francs, Vague brune--, ou praga marrom, expresses que retomam o modo como os franceses se referiam aonazismodurante aSegunda Guerra Mundial, uma aluso cor do uniforme dos soldados alemes.

A onda de ascenso dos partidos de extremadireitaacontece no s na Frana, mas em boa parte da Europa. O resultado das eleies para o Parlamento Europeu de 2014, que aconteceram em maio e cuja nova legislatura comea em julho, confirmou essa tendncia e lanou um alerta: o crescimento expressivo da extrema direita e dos eurocticos (que so contra a existncia da Unio Europeia) no continente.

O Parlamento Europeu uma instituio responsvel por elaborar as leis, propostas e o oramento da Unio Europeia, o maior bloco econmico do mundo e que adotou o euro como moeda nica. O rgo possui 751 parlamentares oriundos dos 28 Estados-membros.

Os partidos de extrema direita da Europa diferem em poucas posies. Com inclinaes nazifascistas ou nacionalistas, a maioria defende o fim da moeda do euro, o fortalecimento da unidade e identidade dos pases, polticas mais radicais para imigrantes, criticam o resgate financeiro de pases em crise, so contra direitos LGBT, aborto, liberalismo e globalizao, e combatem o que

chamam de islamizao.

Principais legendas: Partido Nacional Democrata Alemo (NPD), Partido dos Verdadeiros Finlandeses, Aurora Dourada (Grcia), Partido da Independncia do Reino Unido (UKIP), Frente Nacional (Frana), Partido da Liberdade da ustria (ustria), Jobbik (Hungria), Partido Popular da Dinamarca.Com os resultados das eleies deste ano, os partidos de centro-direita vo compor a maior bancada. Os socialistas esto em segundo e registraram queda em relao aos anos anteriores. O maior destaque o grupo de eurocticos radicais, que ganharam cadeiras no parlamento. Neste grupo, alinhado extrema direita, destacam-se os partidos Ukip (Partido da Independncia do Reino Unido), a Frente Nacional, da Frana, e o Movimento 5 Estrelas, da Itlia. Entre os pases com maior adeso do eleitorado a legendas mais conservadoras esto Frana, Inglaterra e Dinamarca (entre 25% e 30% de votos). Sua e ustria tambm apresentam nmeros altos, com mais de 20% de votos.

De modo geral, esses partidos ultraconservadores e eurocticos defendem ideias como o fim da Unio Europeia e da moeda do euro, que para eles so responsveis pela perda de soberania e identidade nacional dos pases do bloco, e o controle mais rgido de imigrao, colocando nas costas dos imigrantes a culpa pelo desemprego e pelo aumento da violncia. Apesar de defenderem a extino do bloco, o motivo de se candidatarem a vagas no Parlamento Europeu seria uma forma de obter visibilidade poltica.

Um detalhe importante que alguns desses novos partidos compem o que especialistas chamam de nova extrema direita, e no buscam se associar quela extrema direita fascista. Se por um lado, na agenda econmica, esses partidos no so muito diferentes do que propem as legendas de direita, algumas legendas diferem em alguns pontos nas agendas poltica e social. Isso pode ser visto em algumas propagandas desses partidos negando o racismo e reforando que so a favor da pluralidade racial.

Analistas avaliam que entre os principais motivos da ascenso dos partidos conservadores estariam a atual crise financeira (o que no se aplica a pases como Espanha, Portugal e Grcia, muito afetados pela crise, mas onde os partidos de extrema direita so mais fracos) e a falta de confiana dos mercados financeiros internacionais com relao ao bloco.

Com a crise econmica que atinge a Europa desde 2008, os pases-membros da UE em crise tiveram que cumprir metas de austeridade fiscal e efetuar cortes nas contas pblicas. Com mais de 25 milhes de desempregados no continente, o ressentimento e a descrena da populao nos polticos aliado a vontade de mudanas pode fortalecer partidos com agendas conservadoras.

Desde 2011, um grupo de pesquisadores britnicos do British Thinktank Demos estuda esse avano de legendas conservadoras. O que chama ateno nas projees feitas a crescente adeso dos jovens europeus a movimentos nacionalistas, principalmente atravs da internet. Segundo o estudo, os jovens revelam-se cada vez mais crticos para com os seus governantes e a Unio Europeia, preocupados com o futuro (emprego e educao), a identidade cultural e a influncia islmica na Europa.

Historicamente, a extrema direita perdeu espao na Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Com a criao da Unio Europeia, ela reapareceu, batendo na tecla de antigas bandeiras como o resgate da identidade dos pases europeus, a imigrao e o combate ao desemprego.

Os partidos de extrema direita na Frana, Reino Unido e Itlia

Na Frana, o partido de extrema-direita FN (Frente Nacional), liderado por Marine Le Pen, tornou-se a maior fora poltica do pas e obteve 26% dos votos nas eleies (contra 6% nas anteriores), enquanto o Partido Socialista, do atual presidente francs Franois Hollande, teve apenas 14%. Seus apoiadores defendem a sada da Frana da Unio Europeia, o fim do euro e leis rgidas contra aimigrao, um problema frequente entre os franceses.

Marine Le Pen famosa pelo discurso antiestrangeiro e j declarou que preciso proteger a Frana e suas fronteiras dos imigrantes. Em 2013, ela causou polmica ao comparar a presena de mulumanos no pas invaso nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, presidente honorrio e primeiro lder do partido, recebeu crticas ao declarar, recentemente, que ovrus fatal ebolapode ajudar a "resolver" o problema do crescimento demogrfico e da imigrao na Frana.

O baixo desempenho da economia francesa e o alto ndice de desemprego, hoje em 10%, tambm influenciou o resultado eleitoral, assim como a absteno em massa dos eleitores socialistas nas eleies, que deixaram de votar como forma de protesto contra o atual governo de Hollande.

Na Inglaterra, o britnico Nigel Farage, lder do Ukip (Partido da Independncia do Reino Unido), a grande estrela das eleies. O partido tambm defende o fim da Unio Europeia e o controle mais rgido de imigrao e afirma que a nica maneira do Reino Unido evitar o aumento da entrada de estrangeiros abandonar a UE e as regras de livre circulao do bloco. Pesquisas avaliaram que o Ukip atraiu eleitores de outros partidos explorando essa questo da imigrao.

Do lado italiano, o nome de Beppe Grillo, ex-comediante, est por trs da ascenso dos conservadores. Em 2009, ele criou um partido poltico denominado M5S (Movimento 5 Estrelas), que tem feito bastante sucesso no eleitorado italiano. Ele se denomina como oposio a todos os partidos italianos e ao atual governo do primeiro-ministro Matteo Renzi. O M5S ficou em segundo lugar nas eleies europeias na Itlia e elegeu 17 eurodeputados. Ao lado do Ukip, formou o bloco EFD (Europa da Liberdade e Democracia), que no parlamento tentar bloquear qualquer medida que aumente a integrao entre os pases do bloco.

Na Alemanha, um dos mais importantes pases do bloco da UE, o partido dos democrata-cristos liderados pela atual chanceler Angela Merkel alcanou a maioria dos votos (35,3%). No entanto, esse o pior resultado do partido desde 1979. J os eurocticos da AfD (Alternativa para a Alemanha), fundado em 2013, obtiveram um importante resultado, conquistando 7% dos votos. Um ndice pequeno, mas que mostra que uma legenda que antes no tinha relevncia no jogo poltico, comea a atrair ateno.06. APARTHEID

20 ANOS APS SEU FIM NA FRICA DO SUL, ELE "SOBREVIVE" EM OUTROS PASES11No Brasil e em boa parte do mundo, opreconceitode raa, cor e etnia considerado crime. Mas o amparo da legislao no impede episdios de racismo como o dacliente que recentemente recusou ser atendida por uma profissional negra, em Braslia, ou de pessoas que no permitem negros em seus estabelecimentos e negam qualquer tipo de direito ao outro devido sua cor.Superar essa diferena racial foi um obstculo importante para alguns pases. Um deles em especial, africa do Sul, que durante quatro dcadas adotou um regime de segregao racial que privilegiava a elite branca. O fim deste regime conhecido comoapartheidcompleta 20 anos em 2014 e teve como um de seus principais nomes o do ex-presidenteNelson Mandela (1918-2013).

Oapartheid - palavra africner que significa separao -foi um regime de segregao racial estabelecido aps as eleies gerais de 1948, quando o Partido Nacional Reunido e o Partido Africner venceram com a promessa de acentuar a separao entre brancos e negros --herana do perodo colonial de ocupao holandesa e britnica. Unidas, as legendas formaram o Partido Nacional, que governaria o pas at 1994, quando Mandela chegou presidncia nas primeiras eleies livres.A segregao imposta pelo governo afetou todos os espaos e relaes sociais. Negros no podiam se casar com brancos, no podiam ocupar o mesmo transporte coletivo usado pelos brancos, no podiam morar no mesmo bairro e nem realizar o mesmo trabalho, nem comprar e alugar terras, entre outras restries. A discriminao se estendia tambm aoscoloured(mestios), indianos e brancos sul-africanos.Novas formas de apartheid

Ao longo de toda a histria, diversos povos tradicionais e grupos tnicos sofreram perseguio. Durante a colonizao das Amricas, osindgenas e negros foram as grandes vtimas da escravido. Na Europa, os judeus e ciganos foram discriminados e expulsos de muitos pases, em diferentes perodos, da Inquisio na Idade Mdia ao sculo 20, com o nazismo alemo.O apartheid sul-africano foi uma das leis mais recentes de separao de grupos. Duas dcadas aps o fim dessa poltica, o apartheid vai sendo recriado em outras formas. Atualmente, entre os povos que mais sofrem discriminao esto osciganosque vivem na Europa, oriundos em sua maioria do Leste Europeu, de pases como Romnia e Bulria. A Unio Europeia estima que haja seis milhes de ciganos nos pases do bloco. A maioria vive em guetos e em situao de pobreza extrema.Na Frana, onde moram cerca de 20 mil ciganos, a poltica anti-imigrao iniciada com o governo de Nicolas Sarkozy e seguida por Franois Hollande j desmantelou acampamentos e expulsou centenas de ciganos para seu pas de origem. Em 2008, o premi italiano Silvio Berlusconi j havia iniciado uma expulso em massa dos ciganos do pas.Na Grcia e Irlanda, o governo j retirou crianas de casais ciganos que no se pareciam com os pais. Em Portugal, dezenas de famlias de ciganos foram removidas para assentamentos s para ciganos. Na Itlia, causou polmica a criao do bairro La Barbuta, construdo nos arredores de Roma. O local rodeado de cercas e cmeras e tende a isolar as famlias ciganas.Na Repblica Checa, onde vivem 200 mil ciganos, criaram-se escolas especiais para as crianas ciganas, que em alguns casos dividem a sala de aula com crianas incapacitadas. H bairros que renem apenas essa populao, separados do resto e sem acesso aos mesmos direitos, e muitos restaurantes probem a entrada de "romenis", na Polnia, Romnia, Eslovquia, Eslovnia e Bulgria.Os mulumanos tambm constituem outra parcela da populao de imigrantes, estigmatizada e alvo de xenofobia na Europa. As famlias de estrangeiros vivem concentradas nas periferias das grandes cidades.A crise econmica dos pases europeus e o aumento do desemprego tm levado os governos a desmantelar aos poucos, o antigo modelo do Estado de bem-estar social, que garante assistncia social aos desempregados. Como consequncia, os polticos tm adotado medidas mais duras contra a imigrao. E com o crescimento da extrema direita na Europa, a situao tende a piorar.O apartheid sul-africano

O apartheid na frica do Sul o nico caso histrico de um sistema poltico onde a segregao racial chegou ao mbito institucional. Mesmo com maioria de no-brancos, o pas tinha no histrico decises que beneficiavam a minoria branca. Trs anos aps sua independncia, em 1913, a frica do Sul aprovou a Lei de Terras, forando os negros africanos a viverem em reservas e proibindo-os de trabalharem como meeiros. As vendas ou aluguel de terra para negros tambm ficaram proibidas, limitando a ocupao dos negros em 80% da frica do Sul.Os opositores da lei formaram o Congresso Nativo Nacional Sul-Africano, que se tornaria o partido Congresso Nacional Africano (CNA), banido mais tarde pela poltica do Partido Nacional. Os efeitos da Grande Depresso de 1929 e da Segunda Guerra Mundial acarretaram problemas econmicos para a frica do Sul, convencendo o governo a aumentar essa separao de cores.Entre os anos 1970 e 1980, o apartheid provocou muita violncia, tanto por parte dos que se manifestavam contra o regime quanto por parte dos soldados, que repreendiam os protestos, alm da priso de lderes antiapartheid, como aconteceu com Mandela. Um episdio marcante ocorreu em 1976 quando crianas negras de Soweto, reduto pobre nos arredores de Johanesburgo, foram alvejadas com balas de borracha e gs lacrimogneo enquanto protestavam contra o ensino da lngua africner.Como resultado, a frica do Sul sofreu uma srie de embargos de outros pases e ficou proibida de sediar eventos esportivos mundiais, encerrando de vez a iluso de que o apartheid trouxe paz e prosperidade para a nao.Em 1989, Frederic. W. de Klerk assumiu a presidncia, naquele que seria o ltimo mandato do Partido Nacionalista. Em 1990, o novo presidente ps fim ao apartheid. Neste mesmo ano, Mandela, que desde 1964 cumpria pena de priso perptua, foi posto em liberdade. Nas primeiras eleies livres, em 1993, Mandela foi eleito presidente da frica do Sul pelo CNA, e governou de 1994 a 1999.Passadas duas dcadas do fim dessa poltica, o pas ainda tenta igualar os padres de vida entre brancos e no-brancos. Hoje, com uma populao acima de 50 milhes de habitantes (Censo 2012), o desemprego afeta 4,5 milhes de pessoas, um quarto da fora de trabalho, e o pas lidera a lista das naes com grande desigualdade de renda, com 50% da populao vivendo na linha de pobreza, a maioria negra.Somam-se a isso problemas como o difcil acesso ao mercado de trabalho e tambm educao pelas camadas mais pobres e a epidemia daAids. O pas o mais afetado do mundo pelo vrus, o que afeta diretamente a economia do pas, ainda governado pelo partido que levou Mandela ao poder e que, ao longo dos anos, acumulou denuncias de corrupo.

07. ENERGIA

ENTENDA POR QUE O PETRLEO EST NO CENTRO

ATUAIS DISPUTAS POLTICAS NO MUNDO4Gerar energia uma das necessidades fundamentais do mundo industrializado. Nos sculos 18 e 19, o carvo foi importante fonte de energia para a Primeira Revoluo Industrial. No sculo 20, a utilizao dopetrleoe seus derivados substituiu o carvo como base da matriz energtica mundial, um recurso natural no renovvel.Os combustveis fsseis envolvem questes econmicas, ambientais e tambm polticas a manuteno da segurana energtica e a disputa pelo controle do petrleo so frequentemente associadas a fatores de conflitos em diversos pases.

A regio do Oriente Mdio, por exemplo, detentora das maiores reservas de petrleo em terra do mundo. A abundante matria-prima sustenta o PIB (Produto Interno Bruto) de pases como Arbia Saudita, Iraque, Ir, Kuwait, Qatar e Emirados rabes.

Anos atrs, essa riqueza foi um dos grandes motivos de conflitos que aconteceram na regio, principalmente no Golfo Prsico, como aGuerra do Iom Kipur(1973) entre rabes e israelenses, aGuerra Ir-Iraque(1980-1988) e aGuerra do Golfo(1991), quando o Iraque invadiu o Kuwait e sofreu interveno dos EUA.

Na sia, a Rssia a grande produtora de petrleo e gs e exerce influncia sobre as rotas de exportao dos recursos energticos produzidos na regio do Cucaso. Alm de ser um dos maiores fornecedores de hidrocarbonetos para a Unio Europeia, parte de seu territrio funciona como corredor de gasodutos que tambm passam por ex-repblicas soviticas, como a Ucrnia.A Europa importa 67% do gs que consome e praticamente a metade vem da Rssia. O atualconflito entre Ucrnia e Rssia, que anexou o territrio ucraniano da Crimeia, impacta diretamente o mercado de energia. O gigante sovitico ameaou fechar as torneiras de gasodutos caso sofra sanes econmicas da Unio Europeia, que considera que a Rssia est incentivando o separatismo na Ucrnia.

Na frica, o Sudo do Sul, pas criado em 2011 aps a separao do Sudo, vive h cinco meses em uma guerra civil que j deixou milhares de mortos e uma legio de refugiados. O motivo a disputa de poder entre tropas do governo e rebeldes, que acirra a tenso entre grupos tnicos no pas. AONUe organizaes humanitrias alertam sobre o risco de uma epidemia de fome capaz de deixar o pas ainda mais vulnervel.Um dos panos de fundo do conflito o controle dos dividendos do petrleo, base da economia do pas, um dos mais empobrecidos do mundo. Em abril deste ano, as foras rebeldes tomaram o controle de poos petrolferos. A matria-prima representa 98% das receitas de exportao do Sudo do Sul e seria o principal potencial de desenvolvimento econmico do pas.Em 2012, o clima j era tenso na regio. A maior parte das reservas se situa na fronteira com o vizinho Sudo, que com a perda de divisas, viu a economia piorar aps a independncia. O pas do sul se recusou a pagar taxas pelo uso dos gasodutos no norte e, como retaliao, o Sudo impediu a passagem de navios petroleiros e o sul fechou poos de perfurao.Na Amrica Latina, aVenezuela o nico pas sul-americano a integrar a OPEP (Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo), e suas reservas petrolferas so a maior fonte de renda do pas. Os EUA so o principal comprador do petrleo venezuelano. Em abril deste ano, o presidente Nicols Maduro declarou a um jornal britnico que osrecentes protestosda oposio no pas esto sendo apoiados pelos norte-americanos, que teriam interesse em derrubar o governo para ter mais liberdade no mercado de hidrocarbonetos.Em maio, o Congresso americano elevou a presso pela imposio de sanes Venezuela, com o argumento de que o pas estaria violando direitos humanos na represso a opositores e protestos contra o governo. Entre as sanes propostas, estaria o bloqueio importao de petrleo.Histria do petrleo no Brasil

No Brasil, o petrleo nunca chegou a gerar um conflito armado, mas sua explorao sempre foi estratgica para o Estado. Desde o final do sculo 20, o Brasil aumentou progressivamente a produo de petrleo encontrado nos oceanos.Por anos o pas buscou a meta da autossuficincia em petrleo. O objetivo foi alcanado pela primeira vez em 2006. Outro marco foi a descoberta dos campos de pr-sal, que prometem triplicar a produo brasileira. Hoje, o pas se destaca pelo domnio da tecnologia de explorao do petrleo em guas profundas.

Aps aSegunda Guerra Mundial, o Brasil iniciou um projeto de desenvolvimento industrial que buscava reduzir a dependncia das importaes e a conquista da soberania econmica brasileira. J havia poos de petrleo na Bahia, mas a produo era em pequena escala.

Durante o segundo governo deGetlio Vargas(1951-1954), o presidente exerceu uma poltica econmica nacionalista e de investimentos em setores estratgicos, criando estatais nas reas de minerao, ao e energia. O petrleo nosso!" foi o lema da campanha no incio dos anos 1950. Em 1953, Vargas promulgou a Lei 2.004 que criava a Petrobras, empresa estatal responsvel pela explorao do petrleo no territrio brasileiro e encarregada do monoplio da atividade no setor.

No governoJuscelino Kubitschek(1956-1961), sob o slogan de 50 anos de desenvolvimento em 5, o governo continuou a apostar na expanso do mercado interno e na industrializao com incentivos a diversos setores e abertura a investimentos estrangeiros, como a implantao da indstria automobilstica, que teve um forte crescimento no perodo.Durante oRegime Militar(1964-1985), o governo continuou a expanso da produo de petrleo e investiu em pesquisas geolgicas. Em 1968, ocorreu a primeira descoberta de petrleo no mar, dado origem ao campo de Guaricema, em Sergipe.

Em 1973, OPEP triplicou os preos do produto. A crise se estendeu at 1980 e fez o preo do barril disparar em todo o mundo, e os gastos com importao acabaram influenciando a balana comercial e a recesso econmica do Brasil. Na Europa, a crise e a corrida armamentista daGuerra Fria(1945-1989) impulsionaram o investimento em usinas de energia nuclear, enquanto o Brasil buscava uma fonte alternativa para os combustveis.

Nesse perodo, em 1975, o Governo Federal instituiu o Prolcool (Programa Nacional do lcool), incentivo produo de biocombustvel, que substituiu a gasolina pelo etanol derivado da cana-de-acar e que teria papel estratgico na economia na dcada seguinte.O monoplio estatal em relao ao petrleo chegaria ao fim em 1997, quando o governo Fernando Henrique Cardoso promulgou a Lei 9.478, que passou a permitir a produo, o refino, o transporte e a importao de petrleo por empresas diferentes da Petrobras.No mesmo ano, o Brasil comeou a incrementar o peso do gs natural na sua matriz energtica com a construo do gasoduto Brasil-Bolvia. Em 2006, quando Evo Morales foi eleito presidente da Bolvia, ele nacionalizou empresas estrangeiras de explorao de hidrocarbonetos, como a brasileira Petrobras, que passou a pagar royalties mais caros pelo produto.Na poca, o exrcito boliviano ocupou todos os campos de petrleo e gs natural do pas e o fato provocou um atrito diplomtico com o Brasil. Depois, o presidente Lula reconheceu que o pas tinha direito a soberania. Hoje, somos o principal comprador do gs boliviano.Em 2007, o anncio da descoberta do pr-sal em reas ocenicas mudou o panorama do setor de petrleo no Brasil. Com a descoberta e aexplorao das reservas do pr-sal, os royaltiesadvindos dessa fonte tornaram-se alvo de disputas entre governos estaduais e municipais. A disputa se acirrou no final de 2012, em funo de novas regras para o setor votadas no Congresso Nacional.

08. CRISE NA UCRNIAUM PAS DIVIDIDO ENTRE A RSSIA E A UNIO EUROPEIA

3Nem sempre os polticos calculam bem as consequncias de suas decises. No caso do presidente afastado da Ucrnia, sua ltima escolha lhe custou o cargo e a tranquilidade de toda a populao ucraniana que hoje est no centro de um conflito com a Rssia. Acrise naUcrniacomeou em novembro.

Tudo comeou em novembro de 2013, quando o ento presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, decidiu abandonar um acordo de livre comrcio com aUnio Europeiapara se alinhar Rssia, pas que dominou aUcrniapor geraes quando esta fazia parte daUnio Sovitica. O acordo estratgico com os russos inclua uma ajuda financeira, descontos no preo dogsproduzido pela Rssia e comprado pela Ucrniae a promessa de uma zona de comrcio livre.

Desejando a integrao com a Unio Europeia e temendo a influncia russa, parte dos ucranianos foi s ruas para se manifestar contra a deciso. A quebra do acordo foi o estopim para um governo que j sofria desgastes com problemas como a economia sem crescimento, corrupo endmica e a falta de reformas polticas.

Ogs naturalproduzido pelaRssiatem papel relevante na crise. Hoje, aEuropaimporta 30% do gs russo, nmero que j foi de 45%. A Ucrnia est entre os dez pases que mais consomem gs natural no mundo e tambm redistribui o produto. Em seu territrio, passam 80% do gs russo vendido aos europeus por meio de seus gasodutos.No controle dos preos do gs natural, os russos com frequncia ameaam suspender seu fornecimento aos ucranianos. Em2006 e em 2009 os dois pases entraram em crise devido a um desentendimento no valor do gse a suspeitas de que a Ucrnia havia desviado o gs destinado a pases vizinhos. Neste cenrio, o desconto de US$ 2 bilhes anuais no preo do gs natural oferecido pelo presidente russo Vladimir Putin para o governo ucraniano abandonar o acordo com a Unio Europeia funcionou como atrativo.

A violenta represso policial s manifestaes fez crescer o movimento e as crticas ao governo, e alterou a pauta de reivindicaes: os protestos no pediam apenas o alinhamento Unio Europeia, mas tambm a sada do presidente. Houve invaso de prdios pblicos e os confrontos entre manifestantes e policiais deixaram um saldo de dezenas de mortes.

Aps trs meses de protestos, o Parlamento votou pela destituio do presidente Viktor Yanukovich e anunciou eleies presidenciais antecipadas para 25 de maio. Aleksandr Turchinov, presidente do Parlamento, assumiu como presidente interino. Pases da Unio Europeia prometeram uma ajuda financeira para a Ucrnia empreender reformas econmicas e planejar as eleies presidenciais. Refugiado na Rssia, Yanukovich defende que continua sendo presidente do pas.

Seria o fim da crise? No exatamente. Enquanto o Ocidente apoiava o novo governo, a Rssia criticou o pas vizinho e o governo provisrio, prometendo sanes econmicas como retaliao.

Na Crimeia, repblica autnoma da Ucrnia, confrontos entre militantes prs e antirrussos acirraram o conflito. A Rssia, que mantm uma base naval no litoral da Crimeia, no sul, enviou tropas militares para executarem manobras na fronteira. O nmero de soldados russos no local chegou a 30 mil.

Localizada estrategicamente ao lado do mar Negro, a Crimeia um Estado autnomo e 60% da populao de origem russa. A influncia do pas sovitico forte no apenas na pennsula, mas tambm nas regies leste e sul da Ucrnia, que mantm a lngua e a cultura.

No final de fevereiro, o Parlamento em Simferopol (capital da Crimeia) foi invadido por separatistas com bandeiras da Rssia. Os parlamentares da Crimeia criaram um referendo para a populao decidir se deseja pertencer Ucrnia ou Rssia. Historicamente, a regio nunca pertenceu de fato Ucrnia e foi anexada durante a Guerra Fria porque a Unio Sovitica controlava as duas regies. Se aprovado pela Rssia, o referendo deve ser votado no dia 16 de maro.

Para o presidente interino da Ucrnia, a ao ilegal, pois pela constituio ucraniana, a deciso de rever fronteiras s poderia ser examinada com um referendo nacional. Turchinov ainda alertou para a atuao similar da Rssia durante a interveno na Gergia no conflito separatista da Abkhzia e da Osstia do Sul, que tm uma grande populao de etnia russa, em 2008. A guerra com a Gergia durou cinco dias, e a Rssia permanece no controle da Abkhzia e da Osstia do Sul at hoje, mesmo que a ONU e a maioria dos pases considere-os como parte da Gergia.

Um pas com um passado de lutas

AUcrnia uma nao em processo de mudana. Com 46 milhes de habitantes, o segundo maior pas da Europa tem um territrio maior do que a Frana e foi palco de intensos conflitos ao longo da histria.No sculo 19, a Ucrnia foi anexada ao Imprio Russo. No sculo 20, aps a Segunda Guerra Mundial, o pas pertenceu Unio Sovitica e era um dos seus principais produtores agrcolas. A regio leste sempre foi mais prxima da Rssia e a oeste, aos poucos foi se alinhando ao Ocidente.

Em 1991, aps o colapso da Unio Sovitica, a Ucrnia manteve relaes prximas com a Rssia e permitiu que sua frota naval operasse em guas ucranianas. A Ucrnia tambm rota para os gasodutos russos que exportam gs natural para a Europa.

Em 2004, os ucranianos fizeram seu primeiro grande levante popular devido s suspeitas de fraude nas eleies que colocaram o presidente afastado, Viktor Yanukovitch, no cargo. As fraudes foram comprovadas pela justia, e um segundo pleito deu a vitria a Victor Yushchenko na primeira eleio presidencial democrtica do pas. Durante as eleies, o candidato chegou a ser envenenado e sobreviveu.

Quando o antigo regime tentou anular a eleio, milhares de pessoas foram s ruas da capital e acamparam na Praa Maidan, em Kiev. O risco de uma guerra civil entre a parte ocidental do pas e a oriental (reduto da Rssia) era real. O levante pacfico foi chamado de Revoluo Laranja. O ponto de encontro tambm foi a Praa da Independncia de Kiev. A mesma que hoje v uma nova gerao de jovens clamarem por novos tempos.09. ENERGIA

EXPLORAO DE GS E PETRLEO DE XISTO DEVE MUDAR CENRIO GLOBALO xisto betuminoso uma rocha sedimentar e porosa, rica em material orgnico. Em suas camadas, possvel encontrar gs natural semelhante ao derivado do petrleo, que pode ser destinado para o uso como combustvel de carros, gerao de eletricidade, aquecimento de casas e para a atividade industrial. Por se encontrar comprimido, o processo de extrao do gs complexo e requer alta tecnologia para a perfurao de zonas profundas, geralmente a mais de mil metros de profundidade. Mas nos ltimos anos, os Estados Unidos, o maior consumidor de energia do mundo, tm investido na melhoria da tecnologia de extrao, o que promete provocar uma revoluo na matriz energtica do pas e no mundo.O movimento dos EUA em busca de outra fonte de energia no futuro caminha na direo de estudos que apontam uma queda aguda na produo mundial projetada de petrleo e um aumento na dependncia das fontes de combustveis considerados fsseis no convencionais (areias oleosas, petrleo de guas ultra-profundas, leo de xisto) e no convencionais renovveis, como os bicombustveis.Em 2000, a produo norte-americana de gs de xisto era praticamente zero. Desde 2006 as empresas comearam a usar a tcnica da fratura hdrica, ou fracking, que consiste na injeo de toneladas de gua, sob altssima presso, misturada com areia e produtos qumicos, com o objetivo de quebrar a rocha e liberar o gs nela aprisionado. Com a nova tecnologia e investimentos, o gs hoje representa 16% da demanda de gs natural. Somente em 2008, os EUA ampliou a oferta em 50% e est investindo em novos poos e na produo em larga escala. Em 2035, o pas pode tornar-se autossuficiente com ajuda do xisto.A reserva americana de gs de xisto foi estimada em 2,7 trilhes de metros cbicos pela agncia de Informao Energtica dos EUA. Essa quantidade suficiente para abastecer o mercado por mais de 100 anos. Os EUA tambm pretendem aumentar a produo de petrleo no fundo do mar. Isso graas ao avano na tcnica de extrao a partir do xisto betuminoso, o chamado shale oil hoje, a Rssia o pas que mais possui reserva desse xisto, com 75 bilhes e barris.A extrao tambm deve mudar o cenrio global de energia. H mais de 50 anos, o maior fornecedor de recursos petrolferos do mundo o Oriente Mdio, fato que determinou em grande parte as relaes polticas entre os pases membros da Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo (Opep) e outros pases rabes com alta produo de petrleo com os EUA e Europa.Essa nova realidade est barateando o preo dos combustveis nos EUA e j causa impacto nos mercados econmicos. A produo norte-americana de petrleo de xisto far com que o Brasil reduza em 60% as exportaes da Petrobras para o pas em dois anos. Em 2013, a empresa vendeu mais para a China do que para os EUA, que durante anos foi seu maior comprador.Riscos ambientais so altos

O xisto considerado o combustvel fssil que menos emitedixido de carbono. Mas, assim como o petrleo, a explorao do xisto tambm oferece riscos ambientais e seus problemas ainda no so totalmente conhecidos. Embora parea ser o caminho da autossuficincia energtica para os EUA, por exemplo, sua tcnica de extrao est proibida em pases como Frana, Bulgria e Irlanda.A tcnica de extrao por fratura hdrica utiliza uma grande quantidade de gua e gera resduos poluentes. A atividade envolve uma frmula contendo mais de 600 componentes qumicos e emite gs metano (um dos causadores do efeito estufa e aquecimento global). Um dos riscos mais graves a contaminao do solo e da gua subterrnea.Neste processo, pode ocorrer vazamento e as toneladas de gua utilizadas podem retornar para a superfcie contaminadas por metais e compostos qumicos usados para facilitar a extrao. A ingesto de metano diludo em gua, por exemplo, pode causar srios problemas de sade.Outros riscos so a possibilidade de abalos ssmicos, exploses e incndios. A controvrsia ambiental levou diversos pases a proibir por lei o uso do mtodo, como a Frana, Bulgria, Irlanda, Irlanda do Norte e alguns estados norte-americanos.Brasil avana na explorao de xisto

No pas, a tcnica mais comum de extrao de combustveis fsseis a perfurao de poos tradicionais em terra ou em alto-mar. A grande aposta brasileira para aumentar a oferta da matriz energtica a explorao da camada depr-salno litoral, o que promete levar o pas a autossuficincia de petrleo e gs.No Brasil, a explorao do gs xisto j existe em pequena escala, pela tcnica de fraturao. O pas detm grandes reservas da camada de rocha e, segundo a agncia de Informao Energtica dos EUA, temos a 10 maior reserva de gs xisto do mundo, com 6,9 trilhes de metros cbicos, atrs da China, que tem as maiores jazidas globais, Argentina, Arglia, Estados Unidos, Canad, Mxico, Austrlia, frica do Sul e Rssia. J a Agncia Nacional de Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP) estima que o pas tenha 14,6 trilhes de metros cbicos de reserva de shale oil.Em novembro de 2013, a ANP leiloou blocos destinados ao mapeamento e extrao em 12 Estados (Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piau, Mato Grosso, Gois, Bahia, Maranho, Paran e So Paulo). A arrecadao total foi de R$ 165 milhes, e as atividades de explorao devem comear em 2014. O Governo Federal est avaliando o impacto ambiental da tecnologia de fraturao. Uma das reservas brasileiras de maior potencial situa-se no Paran, prxima ao Aqufero Guarani, um dos maiores reservatrios subterrneos de gua potvel do mundo. Enquanto a explorao de xisto no Brasil ainda est no comeo, no curto prazo, especialistas no setor avaliam que a explorao do pr-sal poderia ser afetada pela queda de preos produzida pelo gs.

10. FRONTEIRAS

TRAGDIAS AGRAVAM O PROBLEMA DA IMIGRAO NA EUROPAEm 8 de outubro de 2013, umbarco que levava cerca de 500 imigrantes africanos com destino Itlia naufragou perto de Lampedusa, ilha localizada entre o norte da frica e a Itlia. O saldo foi de 360 mortos. Cinco dias depois,87 pessoas morreramquando uma embarcao com 230 imigrantes afundou na costa de Malta, tambm na Itlia.

Dias depois dessas duas tragdias,mais de 80 corpos de nigerianosforam achados no deserto do Saara. Eles morreram de sede enquanto tentavam caminhar do Nger para a Arglia, de onde partiriam para um porto no marMediterrneocom destino Europa.

Os recentes acontecimentos trazem tona a discusso sobre a entrada de imigrantes em territrio europeu, movimento que vem aumentando consideravelmente nos ltimos anos, especialmente aps aPrimavera rabe.Por sua localizao estratgica no mar Mediterrneo, Lampedusa, Malta e Siclia se transformaram em destino em potencial dos africanos que desejam fugir da pobreza e de conflitos civis.

Segundo a Acnur (agncia da ONU para refugiados),at setembro de 2013, 31 mil imigrantes chegaram Itliaem embarcaes vindas do norte da frica, pelo Mediterrneo. A maioria parte da Eritreia (7,5 mil), da Sria, (7,5 mil) e da Somlia (3 mil). O nmero duas vezes maior do que o registrado em todo o ano de 2012, quando 15.000 imigrantes sados do norte da frica chegaram ao territrio italiano pelo mar.

Chamadas de "rotas da morte", h trs caminhos que passam pelo Mediterrneo (a oriental, a central e a ocidental). Segundo a Organizao Internacional de Migrao (OIM), desde 1988, 20 mil pessoas morreram na travessia do mar entre a frica e o sul da Europa, uma mdia de 800 mortes por ano.Violncia, pobreza e guerras estimulam a imigrao

Desde 2011 aEuropa viu o nmero de imigrantes africanos subir devido Primavera rabe. Pases como Lbia, Tunsia e Egito, localizados no norte continente africano, e a Sria enfrentam perodos de instabilidade poltica e social, combinados com confrontos entre manifestantes e foras dos governos. O mesmo ocorre em pases da sia, como Afeganisto e Paquisto.Na Eritreia, localizada no Chifre da frica, a violncia que motiva as pessoas a deixarem o pas. AONUconstatou que o servio militar obrigatrio a principal razo de eritreus migrarem para o sul da Itlia. Tanto os homens quanto as mulheres, mesmo menores de 18 anos, so recrutados para o exrcito, instituio acusada de cometer graves violaes de direitos humanos, como tortura e deteno em condies desumanas. As mulheres apontam a falta de proteo das autoridades e abusos sexuais cometidos por policiais como intimidadores.No caso da Lbia, a instabilidade e a falta de autoridades permitiram o incio de um novo negcio: o transporte ilegal de imigrantes feito por quem atua no trfico de pessoas. ALbiaserve assim, de sada para quem vem da Eritreia e Somlia, por exemplo.A maioria dos imigrantes busca encontrar moradia e emprego nos pases europeus, para ajudar a famlia e sair da pobreza, como o caso de quem sai da Somlia, Arglia, e de outros pases africanos.No entanto, os pases europeus enfrentavam seus prprios problemas devido crise econmica,sem estrutura para receber os imigrantes. A Grcia outra porta de entrada muito usada para chegar ao continente europeu. Como resposta, o governo grego intensificou a segurana nas fronteiras com a Turquia.As principais rotas de entrada na Europa

Para mapear as rotas mais utilizadas pelos imigrantes para entrar na Europa, a Frontex (agncia europeia de fronteiras) e o Centro Internacional para Desenvolvimento de Polticas Migratrias produziram um relatrio com uma srie de mapas que identificaram as principais rotas de fuga usadas pelos migrantes que partem da frica e da sia em direo Europa, com base em nmeros de 2012.

Alguns pases da Europa firmaram oAcordo de Schengen,que liberou a circulao de pessoas entre pases participantes. Com o intenso fluxo de imigrao, em 2013, alguns pases acusaram a Itlia de facilitar a entrada de imigrantes, principalmente os vindos da Lbia, o que permitiu que eles circulassem livremente pelos pases daUnio Europeia (UE). Tal fato desagradou a Alemanha e outros pases do bloco.

De outro lado, pases como Grcia, Itlia e Malta reclamam das regras da Conveno de Dublin, que rege o sistema de asilo na UE. Instituda em 1990 e abrangendo pases do bloco e outros signatrios, a conveno estipula que os pedidos de asilo de imigrantes sejam processados pelo primeiro pas a receb-los, mesmo que eles tenham se estabelecido em outro. Os pases alegam que outro rgo deveria se encarregar desse procedimento. A Conveno est sendo revista, mas ainda no h previso de mudanas.

Enquanto isso, para reforar a segurana das fronteiras terrestres na Europa, a Bulgria decidiu levantar um muro de trs metros de altura e 30 quilmetros de extensoem sua fronteira com a Turquia. Este ser o terceiro muro levantado na Europa na tentativa de impedir ou reduzir o acesso dos imigrantes.O primeiro muro foi construdo na Espanha, em 1996, em seus enclaves de Celta e Melila, para impedir a entrada de imigrantes vindos do Marrocos, e chamado pelos prprios espanhis de muro da vergonha. Mas ele no intimida os que tentam entrar no pas. O segundo muro foi erguido no final de 2012, na Grcia, na fronteira com a Turquia.AONU alertou para que os pases europeus abram os olhos com a questo e tentem dar solues mais humanitrias ao problema. Mas com os problemas internos de cada pas, a questo no parece uma prioridade.