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Tempo (Maputo), no.313, 3 de Outubro de 1976, pág.52-56

Tempo (Maputo), no.313, 3 de Outubro de 1976, pág.52-56 · lações do Jardim com o dr. Banda, Presidente do Malawi, ... LmO surge agora como inimigo declarado do Povo moçambicano

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Tempo (Maputo), no.313, 3 de Outubro de 1976, pág.52-56

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riltÃ-YLs A RA,0i0rnANsMÌriu^o

MNNATIBIQUE

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iAFIICAPAM

Quando há alguns meses começou a, ser ouüdano nosso País a chamada <<Voz da Ãfrica Livre> muÍ-ta gentti começou

'a interrogar-se. sobre os seus ob-

jectivos, a,perguntar que interesses se escondem pordetrás desta nova emissora reaccionária e a quemservem as suas mentiras. Mas também houve logoquem a identificasse com & voz do inimigo por saberque está instalada na terra do Smith.

Na realidade, a chamada <Voz da Âfrica Livre>representa a voz do inimigo. Mas que inimigo ? Aprimeira resposta que nos surge é que este inimigose chama imperialismo. PIas dizer só gue é o imperia-lismo é muito vago. Todos sabemos gue q imlrerialis-mo é um sistema, que é o estâdio sunerior do capita-lismo, e que tem os seus agentes, que precisa de agen-tes que o,sustentem. E, neste caso da chamada <Vozda Ãfrica Livre> os principais agentes do imllerialis-mo são o engenheiro Jorge Jardim e dr. DomingosArouca.

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, Certamente não é por acaso queo engenheiro Jorge Jardim e Do-mingos Arouca aparecem ligadosà chamada <Voz da Ãfrica Livre>.Eles gão mesmo os principais res-ponsáìeis pelo funcionamènto da-

:quela qmissora montada pelo im-perialismo em Gwelo, próximo deSalisbúria, capital da colónia bri-tânica ;da Rodésia do Sul. E por-quê ? Porque os interesses de' Jar-dim e Arouca defendem, são os in-teresses do imperialismo.

O engenheiro Jorge, Jardim êbem conhecido do Povo moçambi-cano desde o tempo colonial emque se 'definiu c o in o salazaristaconvicto e tentou travar a Luta deLibertação Nacional formando oseu exército pessoal, os tristemen-te famosos <GE's> e <GEP's>>. -OArouca é um ambiiioso latifundiá-'rio da fegião dei Inhambane ondepossuía' grande extensão de terrasque foi obrigado a abandonar porimposição das populações, após avitória da FRELIMO sobre o colo-

nialismo português, o que o levoua abandonar o País.. Mas, para compreendermos me-lhor as posições destes agentes doi n i m i go, para compreendermosquais os objectivos que pretendematingir c o m as suas mentiras, épreciso conhecermos um pouco dosgu passado, é preciso .satermosporque é que aqueles dois homensque ainda não há muito tempo di-ziam estar do lado do Povo mo-çambicano atacam agora todas asconquistas da nossa Revolução.

JARDIM:,-uM HOMEM DA ESCOLA'pE

SALAZAR

O engenheiro Jardim é um ho-mem com uma formação fascista,que adquiriu nos bancos da eseolae foi cúltivando ao longo dos pri-meiros anos da sua ça.rreira polí- '

tica até chegar a sub-secretário deEstado, cargo que desem;renhoudurante o regime de Salazar. Mes-,

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Imo depois de ter abandonado aque-le posto governamental e quandojâ se encontrava em Moçambiqueas suas relações com o velho dita'dor, que oprimiu o Povo portuguêsdurante meio século, foram sem-pre amistosas. O próprio JorgeJardlm ainda hoje faz questão emrecordar esta amizade, talvez porsaber melhor do que ninguém queSalazar sempre foi homem quet e v e p o u c o s c o l a b o r a d o r e s . e mquem confiasse abertamente.

LJma vez em Moçambique, ondeaparece ligado a grandes interes-ses económicos como mais adianteveremos, Jorge Jardim revelou'sedos'mais acérrimos defensores daguerna colonial. As suas ligações

P o derá parecer estranho quetenham surgido eontradições entreJardim e Caetano, quando se sabeque ambos defendiam os interessesd o c a p i t a l i s m o e d a b u r g u e s i amundial, isto é, do imperialismo.Mas, a explicação é simples: Cae-tano que nunca tinha conseguidolibertar-se da política'traçada pelo<mestre>> Salazar estava completa-mente ultrapassado pelos aconteci-mentos e já não servia os interes-ses do imperialisrr.o norte-america-no e europeu, em virtude de nãoconsegu i r uma Èo lução para o<problema colonialrr; Jardim apre'senta-se nessa ocasião como um(progressista>>, como o homem ca-paz de pôr em práüca uma <solu-

1e)), rÌâ mesma época, precônizav*também a for;nação da <Comuni-dade Lusíada> ao defender umasolução neocolonial para as ex-co-lónias portuguesas.

Com isto fiea bem claro que osinteresses defendidos por Jardimsão os mesmos que os defendidospor Spínola. Um estava em Mo-çambique e o outro na Guiné-Bis-scau mas ambos desempenhavam(como ainda desempenham) o pa-_pel de agentes do imperialismo, deque à chamada <Yoz da ÃfricaLivre> é apenas a porta-voz.

AS LIGAÇÕES CAPITALISTASDE JARDIM

Ao aparecer por detrás da cha-mada <<Yoz da Ãfrica Livre>>, Jor-ge Jardim procura criar a confusãoe dividir o Povo moçambicano paratentar de novo regressar a Moçam-bique. Mas, ele não quer voltar sópor gostar muito desta terra, co-mo diz. Não. O que ele quer é re-cuperar os seus privilégios nas de-zenas de empresas a que se eneon-trava ligado, quer por nelas ter in-vestido dinheiro, quer por represen-tar os capitalistas que estavam emPortugal para onde eram enviadosos lucros obtidos à custa da explo-ração dos trabalhadores moçam-bicanos.

De facto, o engenheiro Jardimencontrava-se ligado a dezenas deempresas. Após ter deixado de ser-vir os interesses do grupo Bulhosaele aparece ligado ao grupo Cham-palimaud, ao grupo Abecassis e ao^grupo Sá Alves

Entre outras empresdg, ao pri-meiro daqueles grupos pertencíamo Banco Pinto e Sotto Mayor, Companhia de Cimentos de Moçambi-tque, Cifel, Companhia dê SegurosMundial e ConfiatrÇâ, Consul; Mo-beira, Organízação Técnica de In-vestimentos Moçambicanos, Parce-ría Marítima do Xai-Xai, QuímicaGeral, Sociedade de Estudos e In-vestimentos, Somoque, etc. l

Ao grupo Abecassis pertenciama Ermoque e a Lusalite de Moçam-bique e ao grupo Sá Alves a Auto- ,-Viação do Sul do Save, Centro Tu-rístico de Moçambique, Silva e Monteiro, Lda. Tempogrâfica, UniãoComercial de Moçambique, Empre-endimentos Comerciais e Industri-ais de Moçambique, Sobrauto, etc.Mas, o qngenheiro Jardim estavaainda ligado à Açucareira de Mo-çambique, Notíeias da Beira e Com-

com os generais do exército colo-nial são bem conhecidas, esPecial'mente com Kaúlza de Arriaga, ou'tro fascista da escola de Salazar.

Porém,, a evolução da Luta Arma-da de Libertação Nacional condu-zida pela FRELIMO levou-o a com-preender que Portugal não tinhaqualquer hipótese de sair vitoriosode uma guerra que nunca quis evi'tar. É então que começaln a surgirdivergências com Marcelo Caetano

, outro homem que tinha sido minis-tro no tempo de Salazar, cuja po-tí t iea seguiu cegamente até serdermbado em 25 cle Abril de 1974.

çã'ou negobiada (leia-se neocolo,nial), como interessava ao impe-riaÌismo, tentando vender o seuplano que viria a ficar conhecidocomo o <Programa de Lusaka>.

Caetano não aceitou esta hipó-tese, o que muito desgostou Jar-dim, como se depreende na leiturado livro que recentemente editouem Lisboa com o título <Moçam-bique Terra Qeimada>> onde a de-terminado passo manifesta a suamágoa por se ter desprezado a<Comunidade Lusíada>. Reeorde-sea propósito, que jâ Spínola ao eS-crever o seu <Portugal e o Futu-

A PRÁTICA DA MENTIRA

No passado dia 26 foram divulgadas as resoluções dos presiden-tes dos países da linha da frente sobre as propostas conjuntas doimperialismo norte-americano, dos colonialistas ingleses e do regimeitegal de Smith para a capifuta4ão deste e entrega do poder à maio-ria africana da Rodésia-

As resoluções foram bem claras e inequívocÍìs, a linguagem emque foram divulgadas clara e inequívoca. Dada a sua importância noeontexto internacional pertenceram-lhe o desta,que de primeira no-tícia em todos os noticiârios internacionais

Pois, até essa notícia as vozes quizumba üveram a desfaçatezde deturpar. Por exemplo a notícia dada pelos reaccionários da cha-

mada <<Yoz da América>r (no seu noticiário (para os países de ex-

pressõo porfuguesa> das 00.30 hora^s locais do dia 27) -que apesar

tlisso também abria o noticiârio - foi que (o congresso americano

s€ congrafulava com a decisão dos países negros do sul de Âfrica

terem aceite as propostas de Kissinger e Smith>. Mais adiante eram

também deturpadas declarações do Presidente Nyerere.

Para manter a prâtica de mentir, calunia,m as decisões dos cinco

presidentes, ealuniam e põem a ridÍculo o próprio Congresso america-

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ffiEngmhetro Jorge Jardlm (ao lado) pertgoso agente do lmperialtsmo saído üescola de Salazer, pressntemente ligado à chamad,a <<Voz da Álrica Liare> ondetrabalham pides e comandos que assaltarom o entõ,o RtÍdio Clube de Moçam-bique em 7 de Setembro de 1974 (loto de cimo), acção que lozio parte de umplano com o apoio de Spínola para instaurar em Moçambique urn gouernone iloniat mhontó'rio oonli,f

oÍ" #ínfoi'l:f itr mantém na cotónio brito'

pâr- -râ Editora de Moçambique, decujo conselho editorial fazia partejuntamente com Miguel Murupa,dr .rtor da FRELIMO e hoje tam-bc--. ligado à chamada <Yoz daÃfrica Livre>.

São também conhecidas as re-lações do Jardim com o dr. Banda,Presidente do Malawi, com oficiaisreaccionários portugueses eomoAlpoim Galvão, Casanova F errei-ra, Spínola, e mais recentementecom os principais <dirigentes> dospartidos fantoches formados emMoçambique depois da vitória daFRELIMO, especialmente o GUMOde Joana Simeão.

A DUPLA JARDIM.AROUCA

Habituado como estava a mobi-lizar as atenções dos que o rodea-

vam, para o que montou todo um<esquemar> publicitário à volta in-cluindo a organizagã.o dos concur-sos de <misses>> para obter maisprestígio internacional, Jardim con-tinua a ter boa qaceitaçãor na im-prensa reaccionária, principalmen-te a portuguésa e sul-africana, quepreenchem largos espaços com assuas declarações fantasiosas. Nãocontente com tudo isto, ele surgeagora também ügado ao ex-latifun-diârios de Inhambane, dr. Domin-gos Arouca, outra controversa fi-gura política que depois de se defi-nir como lutador anti-fascista e,posteriormente, defensor da FRE-LmO surge agora como inimigodeclarado do Povo moçambicanopor ter compreendido que já não

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tinha qualquer possibiüdade de con-ünuar a explopação a que se tinhahabituado Do tempo colonial.

Após o 26 de Abril em Portugal,Arouca não esconde a sua simpatiapela FRELIMO. Numa alocução|roferida através do eátão RâãioClube de Moçambique, ele afirma,eyn 18 dç Agosto de-L974: <Só aseiva revolucionária da FRELü/ÍOpodera conduzir o nosso povo à reconstrução da terra e, por esse m<>tivo, urge proceder honestamentee sem subteúúgios à imediatatrans. '

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missão de poderes parrô aquolesque verdadeiramentê servem oqihteresses do povo mogambicano>.É sempre dentro desta linha depensa.r+entô que Arouca fala vári-as vezëS na rádio e em reuniõespúhlicas, pois <a nação jâ se es-eolheu a si própria - e escolheu aFRELIMO>. Porém, as coisas co-meçam a correr mal, Arouca hãoconsegue <intensificar a plantação.

, de coqueiros Da minha proprieda-,de>, como tinha projectada fazer,e em Novem.brn de 1974 denloea-

-se a PoÉugal, nunca mais regreÍl-sandoaMoçambique. : .

Desde aquela data, DomingosArouca pa.sÊa a ser objecto da cu-riosidade da imprensa reaccionâ-ria portu_guesa que passa_ publiearas suas declarações, as suas pala-vras de hostilidade à vanguarda doPovci Moçambicano-a FRELIMO.Ele rião tinha conseguido com assuas palawps de apoio à FRELLMO continuar a ser <senhoru deterras, não tinha conseguido pôrem prática o seu, plano pãssoal

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ra continuar a exploração em Moçambique. Por isso passou-se parao lado do inimigo, passou-se pqrio lado dos exploradores, juntou-sea Jor(e Jardim e a outros reaccionários na chamada <Voz da Áfri-ca Livre>.- .

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OS OUTROS AGEÌ{TtsS . '

DO IMPERHLISMO' . . . .'

uardirc e' Arouca são dois dos"^agentes do imperialismo que estão'prlr rletú.s <ìa ehamarla <Yoz ds

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Ãfrica Liwe>. Mas com e!gs, solirdârios nas suas campanhas' dementiras, de boatos e de calúnias,estão outras figuras bem conheci--das como Gwengere e Mumpa, quedepois de desertarem da FRELI:MO se aüaram ao colonialismo por-tuguês. Pires de Carvalho, exdire-ctor da Mina de Mavúsi, em Tete,também fiel serrridor do colonial--fascismo, além de ex-pides e co-mandos directamente implicado'sna tomada d'o então Rádlo üubéde Moçambique, em 7 de Setembrode 1974. Um dos locutores do pro-grama é João Maria T\rdela, quesaiu de Moçambique em 196õ, € serevelou um dos homens de confian-ça de Jorge Jardim, cujos interes-ses defendeu em üsboa, antes deser gìí,pulso de Portugal pelo COPCON que o acusou de ligagões coma ex-PIDE/DGS.

Mas, estes são apenas os agen-tes visíveis do imperialismo, os répresentantes directos do imperia-lismo norte-americano. Por detrásdeles está a CIA, financiando a.chamada <Voz da Ãfrica Liwere executando os planos das emis- '

sões que os referidos agentes põepem prática.

Mas, o que pretende esta emis-Bor& reaccionária ao atacar o Presidente da FRELIMO e da Rep['büca Popular de Moçambique, oEmembrps do Comité rCentral e doGoverno, as Aldeias Comunais, asnacilpalizações, a Informação mo-çambican&, oÁr Gmpgs Dinamizado-res e todas as conquistas do Povo moçambicano, assim como ospresidentes e personalidades depaíses amigos que.çempre nos aju*daram durante a Lyta de LibeÉe-,gão Nacional e nos apoiam agorana fase de Reconstmção Nacional?

Como está bem provado, preten-de apenas criar a confusão junto ddPovo, criar o descrédito dos goveÍ1nantes, provocar a sua separaçãodag massas, abrir brechas no nos'so seio para poder infiltrar os.geus agentes.---estes mesmos agen;tes que já identificamos e gue es-tão <triste* por terem perdido osseus priülégios, as suas empresas,os çeus prálios, &s suas terras. Eeles estão a tentar dividir'nos, e$fraquecer-nos,

' para poderem r.e

gressar e continuarem a sua ex-floração. :

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