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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 07 de Outubro de 2021 |Ano XIV | nº 974 50,00MT E Z Sai às quintas ONDE A NAÇÃO SE REENCONTRA AMBEZ Comercial TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2021 MAIS INFORMAÇÕES Cell: (+258) 82 30 73 450 | (+258) 84 56 23 544 Email: [email protected] ZAMBEZE 2.300,00MT 2.900,00MT 4.450,00MT PERÍODO TRIMESTRAL SEMESTRAL ANUAL Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar Incumprimento de regras sanitárias Governo dá banho a banhistas Comboio de passageiros volta a apitar Sul, Centro e Norte

Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

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Page 1: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 07 de Outubro de 2021 |Ano XIV | nº 97450,00mt

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O n d e a n a ç ã O S e r e e nc O n t r aambEz

Comercial

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trimestral semestral aNUal

Tenda da BO em alvoroço

Espião inibido de falar

Incumprimento de regras sanitárias

Governo dá banho a banhistas

Comboio de passageiros volta a apitar

Sul, Centro e Norte

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António Carlos Do Rosário é uma bomba relógio

Deixe-me falar das dívidas ocultas

antónio Carlos do rosário, à data dos factos director da inteligência económica do serviço de informação e segu-rança do estado - sise, volta esta quinta-feira a sentar-se no banco dos réus para responder sobre a sua participação no escândalo financeiro que levou o país a contratar uma divida ilegal de cerca de 2 mil milhões de meticais.

Na última terça-fe i ra a audição de António Carlos Do

Rosário foi caracterizada por um clima de tensão, o que le-vou ao Ministério Público a requerer a interrupção da audi-ência. Aliás, o juiz da causa foi obrigado a interromper a sessão para permitir que o réu tivesse um breve encontro com o seu advogado, Alexandre Chivale, para acalmar o seu constituinte. É que as perguntas do Ministé-rio Público incomodavam Do Rosário que no seu entender o tribunal está a entrar naquilo que chamou de “joguinhos” esquecendo de falar das dívi-das ocultas propriamente ditas.

“Vocês gostam de arrastar assuntos. Estou aqui há mais de 20 minutos a responder a perguntas sobre empresas que não estão relacionadas com as dívidas ocultas. Deixem--me falar das dívidas ocultas porque é isso que o povo quer

ouvir”, terá dito o réu o que precipitou a intervenção do juiz da causa ameaçado em extrair cópias das suas declarações que serão mais tarde envi-das para o Ministério Público para procedimentos criminais.

Depois da concertação, António Carlos Do Rosário regressou a tenda das audiên-cias aparentemente calmo e respondeu parte das 200 per-guntas preparadas pelo Minis-tério Público. Já por volta das 21 horas, o Ministério Público voltou a confrontar o réu com o relatório de auditoria produ-zida pela Kroll o que precipitou outro ataque de nervos do réu.

“Não estão a ser justos. O Ministério Público não pode fazer perguntas base-adas no relatório da Kroll sem citar o contraditório que apresentamos. Isso é bási-co. Não estão a fazer justiça”.

Entretanto, com esta inter-venção do espião do SISE, o caldo entornou-se o juiz ficou visivelmente com nervos a flor

de pele e puxou galões para falar das sua qualidades acadé-micas tendo chegado ao ponto de dizer que o réu não estava em condições de ensinar nada sobre Direito porque ele apren-deu com os melhores professo-res deste país. Ademais, o juiz disse na audiência que o réu mesmo que estudasse Direito não estaria em condições de ensinar porque “não é qual-quer um que pode me ensinar”.

“Se o juiz admitiu ou não com nota alta não lhe autoriza a faltar respeito com o réu. Está a perder tempo e devia estar a tratar de assuntos das dívidas ocultas. É melhor ditar logo a sentença. Eu falei da justiça e o senhor está a falar do Direito. Eu estou a lutar pelos meus di-reitos há anos. O senhor está a mentir descaradamente. Solici-to que dite logo a sentença”, terá dito António Carlos do Rosá-rio, visivelmente transtornado e sem respeitar o tribunal o que levou o juiz a tomar medidas mais drásticas que consistiu na extracção de cópias para poste-riores procedimentos criminais.

Juiz censura comportamento do réu

Após o episodo anormal

numa audiência de julgamen-to, o advogado de António Carlos Do Rosário chamou atenção do juiz para o facto de as audiências levarem muito tempo pode levar ao compor-tamento do seu constituinte.

Entretanto, o juiz respon-deu que entende que o tem-po que se leva no julgamento pode de facto desgastar os réus e levar a alteração do seu comportamento não é o caso do António Carlos Do Rosá-rio. Segundo ele, desde a sua chegada mostrou um compor-tamento inadequado fazendo gestos que preferia não imitar.

Na verdade, a chegada de Do Rosário na tenda da BO atraiu atenções de todos. Ace-nou para os jornalistas, pousou nas câmaras num à vontade de assustar para quem vai ser questionado com probabili-dade de sair do tribunal com pena pesada. Dentro da sala de audiência, Do Rosário mais uma vez fez show. Aproveitou--se da ausência do juiz na sala de audiência para mais uma vez levantar o braço a estilo Samora Machel quando em vida gritava: Viva FRELIMO, Viva! Ou seja, fez sinal de luta o que por si já indiciava que o dia não seria fácil para o juiz.

Aberta a audiência, o mo-mento da identificação do réu também trouxe mais um momento cómico. É que Do Rosário diz estar casado com mais do que uma mulher, e por isso pediu ao juiz da cau-sa, Efigénio Baptista, para que fosse registado em acta que ele vive num casamento polígamo.

Julgamento centrou-se na Txopela Investments.

Entretanto, o primeiro dia de audição de António Carlos Do Rosário esteve centrado na empresa Txopela Investments, criada em Setembro de 2013 e que tinha como accionistas oficiais do SISE. O Ministério Público quis saber detalhes so-bre a sua constituição, sócios e percentagens das acções.

O réu disse que foi ele quem mandou criar a empresa Txope-la Investments como uma em-presa de cobertura operativa criada com objectivos de captar investimento privado estran-geiro para Moçambique e como Inteligência Económica, era usada realizar as actividades.

“Hoje já não me lembro dos nomes dos outros accionistas porque estava mais interessado com questões operativas. Mas

Quinta-feira, 07 de Outubro de 20212 | zambeze

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| destaques |

Juiz prefere burocracia mas Boutani quer via directa

PGR leva um mês para enviar uma carta

O cérebro das dívidas ocul-tas, o cidadão franco-libanês Jean Boustani informou, atra-vés de um ofício, ao Juiz Efigé-nio Baptista que está disponível

para qualquer dia, hora ou lugar esclarecer o que de facto terá acontecido para que Moçambi-que contratasse ilegalmente cer-ca de 2 mil milhões de dólares.

A audição de Jean Bousta-ni, como declarante, foi soli-citada pelo advogado Alexan-dre Chivale que entende que deve ser ouvido pelo facto de ter sido várias vezes referen-ciado pelos réus como quem esteve em frente, em repre-sentação do grupo Prinvivest na concepção do projecto de protecção da Zona Económi-ca exclusiva de Moçambique.

Aliás, no processo em que foi julgado e ilibado em Nova York terá dito que ele subornou as autoridades moçambicanas para fazer passar o seu projecto.

Na correspondência en-viada ao tribunal através dos escritórios de seus advoga-dos em Moçambique, Bous-tani colocou-se na disposi-ção no dia e na hora que o tribunal achar conveniente.

Entretanto, o juiz Efigé-nio Baptista aceitou o reque-rimento do Boustani em ser

também não iria citar nomes por questões de segurança. Não me recordo da sede social da Txo-pela nem dos órgãos sociais. Só sei que um dos administradores é Doutor Alexandre Chivale”.

Do processo não consta o nome de António Carlos do Rosário como accionista da Txopela Investments. O réu disse que nunca exerceu fun-ções na Txopela Investments, mas deu instruções ao antigo

administrador Bilal Sidat para realizar certas operações. Disse que transmitiu as suas acções na Txopela Investments, mas já não se lembrava a quem.

Um dos accionistas da Txo-pela Investments é estrangei-ro, nomeadamente a empresa IRS - Infrastructures, Resour-ces and Services. O certifica-do de registo da IRS mostra que a empresa foi criada no Líbano no dia 12 de Feverei-

ro de 2015. O Ministério Pú-blico questionou como é que a empresa IRS foi membro fundador da Txopela Invest-ments se ela não existia juridi-camente, ao que o réu respon-deu que não tinha explicação.

Um dos representantes da IRS tinha ligações com Pri-vinvest chegou foi dirigente de uma das empresas do gru-po Privinvest e foi ele quem terá autorizado a ordem de

transferência de 13 milhões de dólares para pagar despesas das actividades da ProIndicus.

Perguntado se a sua par-ticipação nas empresas tinha sido reportada ao Director- Geral do SISE, conforme manda a lei, António Car-los do Rosário respondeu que teve autorização para criar a Indico Property.

Em relação à Jociro Inter-nacional e Informática Mania,

disse que se tratava de empre-sas de cobertura operacional autorizadas pelo Director-ge-ral do SISE. Disse conhecer o jurista de nome Imran Ahmad Adam Issa e foi ele quem criou a Txopela Investments, como colaborador da Inteligência Económica do SISE. Conhece Tayob da Silva Cadango des-de a infância em Quelimane.

À pergunta se Tayob da Sil-va exerce algum cargo na Txo-pela Investments, o réu disse que não sabia. Em relação a Nordine Aboobacar, o réu dis-se tratar-se de um amigo des-de o ensino secundário, mas não sabe se ele exerceu fun-ções na Txopela Investments.

Confirmou as palavras de Gregório Leão de que a Txo-pela Investments foi criada no âmbito do projecto de pro-tecção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique.

“Às vezes funciona-va como veículo operativo para servir os accionistas na sua relação com terceiros, onde se incluem entidades ligadas ao projecto de pro-tecção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique”.

Confirmou que o seu ad-vogado Alexandre Chivale é colaborador do SISE e que é nessa qualidade que exer-ce as funções de administra-dor da Txopela Investments.

ouvido via vídeo conferencia mas não nas condições que ele propõe. Entende que juiz que devem ser usados meios e ca-nais oficiais para evitar que ele falte respeito com o tribunal.

“Não pode ser como o se-nhor Boustani. Ele até pode estar num quarto e fazer gestos que ofendem o tribunal saben-do que nada vai acontecer. Ele deve ir a uma instituição pú-blica e ser ouvido e a PGR está

a cuidar disso”, disse o juiz.No final da audiência da

última terça-feira, a magis-trada do Ministério Público, Ana Sheila Marregula, re-meteu um requerimento ao tribunal no qual confirmava que o Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros e Coo-peração tinha dado entrada junto a Procuradoria do Lí-bano a carta rogatória para a audição de Jean Boustani.

zambeze | 3Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

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Perda de receitas do GNL para Governo com Investimento via Dubai

a decisão de retoma das obras de construção do comple-xo de gás natural (lNG) de afungi resulta da estabilização gradual das condições de segurança na província de Cabo delgado no último mês, na sequência da intervenção das tropas ruandesas, actualmente compostas por cerca de 4.000 militares e polícias. O recurso a apoio militar externo foi im-posto pela total, contando com o envolvimento do pr francês emmanuel macron, perante a incapacidade das Forças de defesa e segurança moçambicanas e meses de hesitações por parte do Governo do pr Filipe Nyusi.

A continuação dos ataques de grupos armados de inspiração is-

lâmica na província teria como resultado provável o abando-no do projecto pelo consórcio. Perante este cenário, Maputo aceitou as condições dos fran-ceses, abrindo espaço à inter-venção do Ruanda, cujas rela-ções com o Governo de Filipe Nyusi são próximas, e, por ar-rastamento, da própria Comu-nidade para o Desenvolvimen-to da África Austral (SADC).

O agravamento da situação de segurança levou à quebra da barreira de segurança do “hub” do gás na península de Afungi nos últimos dias de Dezembro de 2020, obrigando a Total a retirar todo o pessoal não es-sencial para Pemba e Maputo a partir de 01 de Janeiro. Em de 24 Março, no próprio dia em que a Total emitia um co-municado reiterando o seu em-penhamento na aceleração do projecto, era desencadeado um ataque dos insurgentes a Palma, situada a menos de uma deze-na de quilómetros do “site” de GNL. No dia seguinte, a Total

decidiu suspender a operação e retirar os últimos 200 funcioná-rios ainda no local. Em Abril, a Total encetou negociações com o consórcio CCS, tendo em vista a suspensão dos con-tratos por “motivos de força maior” confirmando-se então que o projecto não teria mais desenvolvimentos em 2021. As denúncias contratuais prosse-guiram com outras empresas de forma a poderem ser reactiva-das de forma relativamente ágil.

Martin Deffontaines, novo representante da Total em Moçambique, que substituiu RONAN BESCOND após o passo em falso do comunicado de Março, será agora o respon-sável pela gestão do processo e pela preparação da retoma das operações, não devendo haver alterações significati-vas entre os principais prove-dores de serviços da Área 1.

As estimativas oficiais rela-tivas às receitas dos projectos de gás natural em Afungi (Área 1 e Área 4), cujos contratos de concessão e exploração fo-ram assinados em 2006 e 2007 respectivamente, são crescen-temente postas em causa por analistas do sector. Os valores

estimados pelo governo em 2018 rondam os USD 49.400 milhões de receita na duração total dos projectos: 30 anos a partir da data de aprovação do plano de desenvolvimento, com eventual extensão de 2 anos (2048 ou 2050), mas os atrasos dos projectos devido às condi-ções de segurança e ao contexto internacional do sector poderão atirar as receitas reais para me-nos de metade e atrasar signifi-cativamente a maior parte das receitas para depois de 2040.

Os custos de exploração e de desenvolvimento dos pro-jectos da Área 1 (Total, Mitsui, ENH, ONGC Videsh, Beas, BPRL) e da Área 4 (ExxonMo-bil, ENI, CNPC, GALP, ENH, Kogas) deverão rondar, res-pectivamente, USD 26.300 mi-lhões e USD 11.700 milhões.

Ao aumento dos custos, soma-se a perspectiva de des-cida do preço do petróleo (e do gás natural) no mercado internacional. A estimativa de receitas do governo moçambi-cano foi feita tendo por base preços do petróleo/ gás de 2018, que entretanto recuaram com a pandemia – c. USD 6.3/ 6.7. Também a procura inter-nacional de GNL, em resulta-do das políticas de transição energética, deverá cair a partir de finais da década de 2030.

A externalização das sedes fiscais dos consórcios atra-vés de veículos financeiros (Special Purpose Vehicles), constituídos no Dubai e Sin-gapura para beneficiar de uma taxa de 0% sobre juros e divi-

dendos, implicará ainda uma perda de receitas por via de impostos directos, evitando a taxa de 20% prevista no re-gime fiscal em Moçambique.

A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), a em-presa pública moçambicana que detém 15% da Área 1 e 10% da Área 4, terá ainda de encontrar financiamentos ex-ternos para investir conforme a respectiva participação. A ENH deverá necessitar c. USD 16 mil milhões de crédito, com taxas de juro elevadas devido ao aumento do “risco-país” e ao agravamento das condições do crédito, em resultado das circunstâncias de “default” da dívida pública (dívidas ocultas). O lucro do respecti-vo envolvimento no projecto poderá revelar-se inexistente.

Tendo por base o cenário de preço mais conservador de USD 5-6 mmbtu, um dos três cenários previstos pelo gover-no através do Instituto Nacio-nal do Petróleo, as receitas do gás para o Estado cairão dos USD 49 mil milhões para USD 18,4 mil milhões. Quase 2/3 das receitas surgirão apenas após 2040 e até essa data o país não deverá receber mais do que USD 7.000 milhões (ilíquidos).

Parte da perda em relação às estimativas iniciais é atri-buída ao facto de o país ter um acordo de dupla tributação com os Emirados Árabes Unidos, o que significa que os líderes dos consórcios responsáveis pelos projectos de GNL pagarão im-postos no Dubai. Deste recur-

so resulta menos USD 5.300 milhões de impostos recebidos pelo Estado moçambicano.

As estimativas agora pro-duzidas, que concluem por uma baixa de receitas geral, onde se incluem os consórcios e o governo, são reconhecidas como realistas por fontes liga-das aos projectos de GNL. Os efeitos da revisão das contas nos planos de investimento e exploração estão ainda por se confirmar, em particular na Área 4, cuja decisão final de in-vestimento no Rovuma LNG se mantém em aberto, mantendo--se o desenvolvimento no Coral Sul FLNG e início de produção em 2022. A Área 1 mantém por agora os planos de retoma do projecto de construção do site de Afungi para 2022. Apesar da reduzida margem negocial pe-rante as multinacionais respon-sáveis pelos projectos de GNL, devido às perdas causadas a estas com a incapacidade de o Governo criar condições de se-gurança para o desenvolvimen-to do projecto, as perspectivas de forte quebra das receitas fis-cais deverão motivar uma inter-venção por parte do executivo de Filipe Nyusi. O Governo terá sido surpreendido pelo recurso ao Dubai para redução da factu-ra fiscal, mas espera-se, em par-ticular, que exija o cumprimento por parte das multinacionais das suas obrigações fiscais em Mo-çambique. Tal poderá levar a um compromisso entre as duas par-tes, não tão negativo para Mapu-to como o actual cenário indica.

africa monitor / Zambeze

Quinta-feira, 07 de Outubro de 20214 | zambeze

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Transporte ferroviário de passageiro deve ser retomado

Governo recua e interdita praias

Autoridade Tributária apreende heroína disfarçada em 247 botões

o ministro dos transportes e Comunicações, Janfar ab-dulai, considera que estão criadas as condições para a retoma gradual do transporte ferroviário de longo curso de passagei-ros interrompido há mais de um ano no quadro das medidas de contenção da pandemia da CoVid-19, para atender às necessidades das populações.

O t r a n s p o r t e ferroviário de passageiros vinha sendo um dos meios

usados, principalmente pela po-pulação pobre, para transporte nos principais corredores do país. No entanto, em Março de 2020 quando eclodiu a pandemia da covid-19 no país, uma das medidas tomadas foi interrupção deste meio de transporte vital para a população. Entretanto, numa altura em que a situação tende a ser controlada o ministro dos Transportes e Comunicações entende que é momento de re-duzir o sofrimento dos moçam-bicanos restabelecendo o trans-porte ferroviário de passageiros.

“O transporte ferroviário de passageiros, nas carreiras de lon-go curso, interrompido, precisa

de ser gradualmente retomado. Exortamos a empresa Portos e Caminhos de Ferro a atender esta necessidade que preocupa a nos-sa população, principalmente nas linhas férreas de Limpopo, Sena, assim como no ramal Cuam-ba Lichinga”, disse o ministro.

Janfar Abdulai falava há dias, no Bilene, no encerra-mento do Conselho Coordena-dor do ministério que dirige. Na mesma ocasião o ministro referiu-se igualmente ao caos que tem acontecido nas estra-das nacionais, no transporte de carga que pode ser resolvi-da pelo transporte ferroviário.

“Constatámos estarem cria-das as necessárias condições para a prossecução dos projectos em curso para a transferência gradual da carga, tradicional-mente ferroviária que tem vindo

a ser escoada por via rodoviá-ria, situação que se revela mais crítica na EN4 - Corredor de Maputo e na EN6 - Corredor da Beira”, disse Janfar Abdulai.

Para a materialização do desiderato o ministro acredita que com a reabilitação da linha férrea de Machipanda e as in-tervenções em curso na linha de Ressano Garcia, incluindo a construção do Terminal Adu-aneiro de Ressano Garcia, são alguns Projectos que vão incre-

Ministro dos Transportes e Comunicações

mentar a carga ferroviária nos corredores de Maputo e Beira.

Entretanto, na componente do manuseamento Portuário, as perspectivas, segundo o

ministro, apontam para o au-mento da carga manuseada, dos cerca de 41 milhões de toneladas métricas manusea-das nos portos moçambicanos, em 2020, para cerca de 84 mi-lhões de toneladas projectadas para até o final do presente quinquénio, como resultado na melhoria do ambiente eco-nómico e dos investimentos que temos vindo a realizar na reabilitação, ampliação e modernização dos portos de Maputo, Beira e Nacala.

“A consolidação da cabota-gem marítima constitui um dos desafios identificados neste encontro, devendo prosseguir o trabalho em curso para atrair mais carga e operadores deste modo de transporte”, concluiu.

O conselho de ministro reuni-do nesta quarta-feira, na sua 34.ª Sessão Ordinária, decidiu aprovar o Decreto que revê o Decreto n.º 76/2021, de 24 de Setembro, so-bre as medidas para a Contenção da Propagação da Pandemia da COVID 19, enquanto vigorar a Situação de Calamidade Publica.

O Decreto visa determinar o encerramento por um período de 15 dias, das praias da Costa do Sol e Catembe, na Cidade de Maputo, Ponta d’Ouro e Macaneta, na Pro-víncia de Maputo, Bilene e Xai--Xai, na Província de Gaza, Barra, Tofo e Guinjata, na Província de Inhambane, Estoril, Macuti e Ponta

Gêa, na Cidade da Beira, Zalala, na Cidade de Quelimane, Fernão Ve-loso, na Cidade de Nacala e Wim-be, Marrenganhe, Sagal e Inos, na Província de Cabo Delgado, tendo em conta os níveis de desobediên-cia do Decreto em vigor, no que respeita a frequência às praias, enquanto se aprimoram os meca-nismos de facilitação pelas Auto-ridades Administrativas Locais, conforme previsto na legislação.

O aviso já tinha sido feito na última semana através do porta--voz do Conselho de Ministros,

Filimão Suázi, que explicou que o comportamento de alguns cidadãos, em quase todas as

praias do país, contraria as expec-tativas do governo e de muitos cidadãos e de grupos de organi-zações que estão empenhados em erradicar a doença, no país.

“O governo constatou com profunda preocupação o facto de alguns cidadãos violarem o decre-to sobre as mediadas de prevenção da covid-19, consumindo álcool nas praias, usando para o efeito as mais variadas tácticas, desde o enterro de colmans na areia da praia, o uso de copos plásticos e outros, como forma de ludibriar as autoridades policiais e municipais. E este respeito gostaríamos, pois, de chamar a atenção para o facto de que a continuação destes com-portamentos ilegais, negativos, irresponsáveis e absolutamente evitáveis, poderá resultar no recuo em relação a algumas medidas de alívio. Praias reabertas sim, mas álcool nas praias e aglomerações, assim como música trazida por via de viaturas nas margens das praias, não, não e não”, disse.

Através da equipe especial de controlo de mercadorias no Aeroporto Internacional de Ma-valane a Autoridade Tributária de Moçambique abortou a ex-portação de heroína para Canadá.

A droga seguia disfarçada em botões de capulana que estavam em processo de envio através do serviço de correio para uma ci-dadã que responde por Jacqueli-ne Brenda residente no Canadá.

A Autoridade Tributária De Moçambique desconfiando do

volume em que seguia a heroína disfarçada em botões, solicitou exames ao Serviço Nacional de Investigação Criminal que veio a provar tratar se de heroína.

Neste momento decorrem diligências para o esclarecimen-to do caso bem como a respon-sabilização dos seus actores.

Recorde-se que no mês pas-sado a mesma entidade abor-tou a entrada de droga vinda do Brasil através do Aeropor-to Internacional de Mavalane.

zambeze | 5Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 6: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

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Grafismo: NOVOmedia, SARLFotografia: José Matlhombe Revisão: AM

Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 84-7714280(PBX) 82-307 3450Publicidade: Egídio Plácido Cell: 82-5924246 | 84-7710584 [email protected]ão: Sociedade do Notícias S.A

Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584(E-mail. [email protected])

Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido, Elton da Graça, Silvino Miranda

Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá

Colaboradores: Kelly Mwenda (Manica), Crizalda Vilanculos, Jordane Nhane

Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544(E-mail: munguambe2 @hotmail.com

Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002

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Alto-Maé - Maputo

Cell: 82-307 3450 (PBX)[email protected]

O “ r i b á ” é terminantemente p r o i b i d o n o Isslam, seja qual for a forma em

que se apresente. Refira-se que o termo “ribá” significa “excesso ou adição ao capital emprestado”, cobrindo tanto o juro como a usura.

De acordo com os juristas isslâmicos, “juro” significa “ e x c e s s o o u a d i ç ã o n o empréstimo produtivo”, e “usura” significa “excesso ou adição no empréstimo não produtivo”.

Aliás, qualquer quantia estipulada para ser dada ou recebida acima do que uma pessoa adianta ou recebe como empréstimo, é considerada ribá, independentemente de a operação ser feita entre dois singulares, ou junto a uma instituição bancária, e até mesmo junto a qualquer outra organização.

O juro não está confinado ao dinheiro, mas também a todos os outros tipos de bens em que exista a ideia de aumento estipulado quando é dado ou tomado por empréstimo.

Sendo o juro a estrutura sobre a qual o capitalismo moderno assenta, é oposto ao Zakaat, pois enquanto este contribui para que a riqueza flua do rico para o pobre, o juro e a usura tiram a riqueza do pobre para o rico, daí que o Isslam proíba todas as transacções que envolvam juro, pois este não é nem comércio, nem lucro, mas sim um meio de exploração e concentração de riqueza.

C o n s t a n o Q u r ’ á n , C a p . 3 , V e r s . 1 3 0 :

“Ó crentes! Não consumais o r i b á ( j u r o , u s u r a ) , duplicando e multiplicando (o empréstimo). Temei a Deus para que possais prosperar”.

E c o n s t a a i n d a n o C a p . 2 , Ve r s . 2 7 8 - 2 7 9 :

“Ó crentes! Temei a Deus e

abandonai o que falta receber do ribá se sois crentes. Mas se não o fizerdes, então escutai (a declaração de) guerra por parte de Deus e Seu Mensageiro”.

A q u i a q u e s t ã o q u e naturalmente surge é: por que razão o Isslam proibiu o juro de forma tão enérgica”? A resposta é: este tipo de transacção é suja e resulta de mentalidades depravadas, criando muitos males morais, sociais e económicos.

O juro torna a pessoa que o pratica, egoísta e avarenta, males estes que corroem o seu coração retirando-lhe o sentimento de humanismo e fraternidade, pois ela fica irredutível no que acha ser seu direito na porção do juro, independentemente da difícil situação em que o devedor possa estar

A usura era uma prática muito comum nas sociedades árabe antes do ressurgimento do Isslam, tendo sido abolida pelo Profeta Muhammad (S.A.W.).

O Qur’án reconhece o comércio como uma actividade lícita e moralmente louvável, mas proíbe a prática do ribá em qualquer que seja a operação comercial, pois o Isslam não permite que os muçulmanos ganhem o seu sustento recorrendo a meios repugnantes, pelo que impôs restrições nas fontes de ganho.

Tais restrições têm efeitos saudáveis na vida económica no seu todo, pois encoraja a sã actividade comercial, já que todas as práticas que não resultem numa livre e justa troca de bens e serviços são proibidas.

O Qur’án proíbe por exemplo o suborno (Cap. 2, Vers. 188), o roubo (Cap. 5, Vers. 38), a fraude no peso e na medida (Cap. 83, Vers. 3), todas as práticas indecentes e obscenas (Cap. 7, Vers. 33), as receitas provenientes do meretrício e libertinagem (Cap. 24, Vers.

2-33), a produção, destilação, transporte, distribuição e venda de bebidas alcoólicas (Cap. 5, Vers. 90), todos os tipos de jogos de azar como a lotaria, o loto, as apostas mútuas desportivas (totobola), etc. (Cap. 5, Vers. 90), a prática de adivinhação, prestidigitação e cartomancia (Cap. 5, Vers. 90), os juros (Cap. 1, Vers. 275 – 280), etc., etc., etc.

Portanto, todos os esquemas de extorsão e desonestidade no comércio são proibidas no Isslam.

Mas por outro lado Deus promete que o comerciante que exerce a sua actividade de forma justa e honesta estará na companhia dos profetas, dos santos e dos mártires no Dia da Ressurreição.

As economias modernas estão tão ligadas aos juros, que muita gente pensa ser impossível evitá-los.

A situação é de facto muito complexa, mas porque há um decreto divino cumpre-nos tentar ao máximo contornar estas práticas nefastas, pois nas restrições impostas por Deus não há absolutamente nada que seja de observância impossível. O que tem que haver é vontade sincera para tal, pois uma economia isenta de juros sempre é benéfica para todos.

O juro é um mal monstruoso na vertente social humana, já que produz uma classe parasitária que vive na base do suor alheio.

No campo económico ele cria ciclos de depressão comercial que provocam prejuízos incalculáveis à toda a estrutura económica, com todos os resultados desastrosos daí advenientes, na forma de desemprego em massa e contracção no volume de investimentos.

Os juros concorrem para a concentração da riqueza em algumas mãos, criando grandes disparidades nas receitas de diferentes classes da sociedade,

o que por sua vez favorece a ocorrência de conflitos de classes e outros males que vemos no mundo moderno. Na vertente moral os juros desumanizam as pessoas transformando-as em “animais económicos” que classificam tudo sob o ponto de vista de ganhos materiais.

Não há dúvidas que o Homem necessita de pão para viver, mas também não tem que viver só de pão, conforme um dito de Jesus Cristo (que a paz esteja com ele).

Isto quer dizer, que ganhar e gastar dinheiro é essencial para a nossa vida, mas não temos necessariamente que viver apenas disto. Na vida temos outros objectivos, muito maiores que o dinheiro. Somos “khalifas” (administradores) de Deus na Terra, e não só temos o corpo, mas temos também a alma e a consciência, pelo que sem estes dois elementos não passaremos de simples animais.

O objectivo dos princípios económicos do Isslam é estabelecer uma sociedade justa, em que cada um tenha responsabilidade e honestidade, não nos portando como raposas manhosas em que cada uma luta pela maior porção de algo, e sem que se tenha presente a honestidade, a veracidade, a decência e a responsabilidade.

O Isslam está de acordo que quem investe o seu capital tem direito à sua porção no lucro, razão pela qual encoraja a prática de comércio na base de “mudaraba” e “mudharaka”, mas tomou medidas para garantir que, se o investidor tem direito à sua porção em caso de lucro, então também deve estar preparado para partilhar o fardo de prejuízo no caso de o comércio sofrer perdas. No Isslam não existe o conceito de “lucro garantido”.

O s r i c o s a o i n v é s d e

acumularem riquezas somente para si, devem pelo menos conceder por emprés t imo parte destas aos outros, para que a partir desta ajuda estes possam ganhar o seu sustento.

Caso os destinatários desta ajuda não estejam devidamente p r e p a r a d o s , devem c r i a r com eles parcerias comerciais partilhando tanto os lucros como os prejuízos resultantes da actividade que abraçarem.

Esta afigura-se ser a solução mais fácil do problema, pois elimina muitos dos males da economia capitalista.

A proibição que nos é imposta pelo Qur’án aplica-se também à usura, qualquer que seja a sua forma.

No Isslam nem sempre o consenso entre as partes justifica uma certa transação ou acordo.

Se por exemplo uma mulher propositadamente se deixa assediar e assaltar, tal atitude não iliba o assaltante do seu crime. Mesmo no caso de fornicação que alguns consideram assunto de foro privado, o consenso mútuo entre as partes não pode inocentar os criminosos da sua culpa.

O Profeta Muhammad (S.A.W.) condenou a prática de juro, e amaldiçoou tanto o que paga, como o que recebe, e até mesmo o que intermedeia e o que regista, considerando-os prevaricadores p o r i g u a l . ( M u s s l i m )

Devorar juros é prática dos descrentes, sendo considerada guer ra cont ra Deus e seu Mensageiro, conforme consta do Cap. 2, Vers. 279 do Qur’án.

Rogo a Deus que dê força aos muçulmanos para conduzirem os seus negócios, seja no comércio, na agricultura, na indústria ou noutras actividades, na estrita observância dos preceitos isslâmicos, pois será nisso que encontraremos a p r o s p e r i d a d e e t e r n a

AlmAdinA Sheikh Aminuddin Mohamad

A proibição de “Ribá”

Conselho de AdministraçãoArminda Janfar

Quinta-feira, 07 de Outubro de 20216 | zambeze

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RAndUlAni

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Com esta s é r i e de arti-gos que nos pro-

pomos partilhar doravante,pretendemos tra-zer aquilo que é nossa per-cepçãoe sobretudo a nossa incompreensão sobre como estão sendo tratados estes assuntos de harmonização ortográfica das nossas lín-guas, a chamada “Padro-nização da Ortografia de Línguas Moçambicanas”. Nos nove artigos publica-dos neste mesmo espaço, com a entrada – As Sen-síveis Questões das Nos-sas Línguas: Padronizar a Ortografia desta Língua e não evitar os CICOPI’s de secessão – debruçamo-nos essencialmente sobre as consequências decorrentes dos referidos Seminários, nomeadamente a existência de Dois Padrões de Orto-grafia da língua dos Timbi-leiros e do M’saho, e dan-çarinos de Makhara, dos fabricantes de M’tona e de Arco grande para flechar, o TXITXOPI e o CICOPI.

Portanto, nesta série de artigos que estamos inau-gurando, procurar-se-á trazer uma fotografia, uma imagem dos fóruns, rotula-dos como seminários, mas que no final de contas são

(uma espécie de) um Le-gislativo Linguístico Na-cional. Como ficou bem vincado na última série de artigos, nem nós nem ninguém estamos contra a padronização ortográfica das nossas línguas, mas é, quanto a nós, questio-nável e reprovável definir um único padrão de orto-grafia para cerca de vinte línguas particulares, cada uma com sua história de escrita já enraizada ao lon-go dos tempos e gerações.

Talvez começássemos por refrescar a nossa luci-dez sobre a palavra semi-nário; os dicionários con-sultados são convergentes em afirmar que este termo deriva do contexto agrí-cola (do campo), semear (para germinar algo que venha beneficiar a mui-tos); dela, por metáfora, surgiram dois significados, comumente conhecidos, o religioso e o científico-cul-tural, isto é, um estabele-cimento de ensino onde se preparam candidatos para o sacerdócio e um reunião científica ou cultural para expor e discutir determi-nado assunto ou problema. Tanto numa acepção quan-to na outra, está assente a ideia de lançar (semente) ideias, saberes, valores que posteriormente vão ou

podem vir a ser úteis ou proveitosos para muitos.

Do último significado, o científico-cultural, e tendo em atenção tantos outros seminários que acompa-nhamos ou deles somos participantes, lembramo--nos todos que o fim último é colher opiniões, sensibi-lidades, consensos ou sim-plesmente ouvir alguém autorizado a dissertar sobre uma determinada matéria contextualmente oportuna. Nesta linha de pensamento, um ouvinte inocente perce-beria, no caso dos seminá-rios em alusão, tratar-se de um fórum interessado em colher várias ideias, várias opiniões e várias sensibili-dades sobre as ortografias das línguas moçambicanas, como cada língua escreve ou como os seus falantes gostariam que escrevesse.

Mas não tem sido o caso destes seminários, que iniciaram nos finais da década de oitenta, pre-cisamente em 1988; es-tes seminários têm uma vantagem de funcionarem como um Legislativo Lin-guístico Nacional (com mandato?), que já decidi-ram, com ousem consen-timento dos falantes ou comunidades linguísticas, os padrões da ortografia que devem ser usados. Na

verdade, os seminários em referência são para le-gitimar o que foi consen-sualizado em fóruns que ainda se desconhecem; há os que envolvem ciên-cia nisto, mas a ciência da escrita e da ortografia passa pela sincera e fran-ca articulação coerente e consensual com o povo falante de cada língua.

O que tem acontecido nos seminários,do primei-ro até ao último, decorri-do em Maio de 2018? A priori pode considerar-se um exercício comum, que ocorre por aí além em nou-tras instituições ou organi-zações, mas há um detalhe interessante, de critérios, que procuraremos escla-recer adiante. O que mais chama atenção e semeia barulho nas mentes como as nossas é ter-se na mes-ma sala falantes das vinte e tal línguas faladas nes-te território nacional para decidir como em TXI-TXOPI, em RHONGA, em YAO, NYUNGWE… deve escrever-se o som x? E esta é a questão que não pode calar nem hoje nem sempre porque ela nunca se manteve calada. Como é que um CHANGANE, um YAO, um SENA…vai decidir sobre como um MATSWA, um TXO-

PI, um MAKONDE deve escrever e deixar de es-crever este e aquele som?

A ideia ou a concepção seja tradicional seja mo-derna do Bantu ou línguas Bantu precisa ser repensa-da sob ponto de vista de alguns domínios, e nes-te caso das ortografias. É bem sabido que as nossas línguas, e ninguém se opõe nem se discute isso, são aparentadas como são apa-rentadas outras tantas, mas esse facto natural não nos deve nem pode criar entre nós problemas e conflitos, porque cada língua é uma entidade única, a pesar de existência deste e daquele traço partilhado. Bleek, o linguista alemão que terá introduzido este termo para designar as nossas línguas, terá assim proce-dido por mero raciocínio, que se cingiu na observa-ção atenta dos vocábulos designativos de pessoa ou gente, e daí avançou com uma proposta que viria a ser aceite e assumida, Línguas Bantu, e ninguém discute esse mérito. Mas sabemos também que exis-tem outras línguas com particularidades similares, mas os linguistas de lá de-ram outras propostas de designação, e é assim nesse campo chamado ciência.

“Seminário(s) Sobre a Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas” ou Um

Legislativo Linguístico Nacional? (1)

zambeze | 7Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

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MaputadasF r a n c i s c o r o d o l F o

Para quando Moçambique vai editar livros escolares?...

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Quinta-feira, 07 de Outubro de 20218 | zambeze

Comemoramos no dia 25 de Se t embro de 2021, mais um a n i v e r s á r i o

desde que em Chai, Alberto Chipande, fez o primeiro tiro, naquela província portentosa de Cabo Delgado, estendendo-se a luta às demais províncias, que se espalhou ao longo dos 10 anos, desde o Rovuma até ao Maputo, tendo sido mortos pela PIDE/DGS, muitos moçambicanos.

As comemorações do “25 de Setembro de 2021”, dia das FAM (Forças Armadas de Moçambique) tiveram lugar em Pemba, capital de Cabo Delgado, com programa que já foi largamente divulgado pela media nacional e internacional, incluindo a “Conferência de Imprensa”, com destaque a presença para a poderosa Al Jazera, essa televisão do mundo asiático, que faz furor a outra poderosa CNN (dos EUA).

Nas comemorações esteve presente como “Convidado Especial”, o Presidente do Ruanda, Paul Kagamé, que deu uma lição, não só à SADC, à África, mas também ao Mundo Inteiro: “Quando a casa do vizinho está a arder, somos os primeiros a ir acudir, incondicionalmente”, com risco de o fogo atingir a nossa…”

Essas palavras, deviam ser extraídas pela “Imprensa Militar” e não só e colocado nos Gabinetes e instalações das FADM e outras FDS, porque a guerra também se ganha no campo de “guerra ideológica”. Vão dizer: “Ah, oh Rodolfo, isso é dos regimes “Comunistas” …

Foram aquelas sábias palavras que disse, em suma o “Convidado Especial”de Filipe NYUSI, Paul Kagamé que encontrou, quando subiu ao poder, uma Ruanda, um país “prenhe” de guerras intermináveis entre utus e tutsis inculcado por aqueles que sempre quiseram que Ruanda não saísse da miséria. A exemplo de Moçambique, que ens inam nas nossas universidades, até nas públicas: “que a guerra em Cabo Delgado é entre kmuwanes, macondes e macuas” e “que a guerra é entre as religiões”, e “devido é devido às assimetrias”, como se nós todos fossemos “meninos d a c r e c h e ” : i n g é n u o s …

É esse Paul Kagamé, que vem-nos dar lições, mas que internamente em Moçambique tem alguns inimigos, alguns ruandeses que fugiram de lá e estabeleceram aqui e desenvolvem os seus negócios e que, já têm raízes profundas, chegando a “tomar alguns copos” com jornalistas de meia tigela,

que hoje até queriam que Paul Kagamé não enviasse o Exército, com 1000 valorosos homens para combater os bandidos armados de Cabo Delgado (chamemos “terror is tas”) , mas cujos cabecilhas deviam ser julgados não só no Tribunal Internacional de Haia, mas aqui em casa, onde já reclamamos: “que se criem Tribunais Militares”.

Temos a Assembleia da República, dirigida pela Dr.ª Esperança Nhuane Bias, com aquele corpo de nossos ilustre representantes do povo (250 Deputados) ali na Av. 24 de Julho, que em vez de voltarem lá, para mais uma série de análises dos 24 pontos, não deveria vir perder mais tempo com:“para vinda dos Ruandeses para Cabo Delgado” o Presidente da Republica deveria primeiramente ter ido ao Parlamento (parlamentar), dar o “Plano para ser autorizado”. Ir pedir, esperar, enquanto a “tenda está a arder”. Veja só, tamanha ousadia. Ver se há “Orçamento para cobrir, esperando os “Pareceres” das “Comissões Especializadas”, em Outubro. Brincadeira tem l imite…

Quer dizer, algumas dessas afirmações são feitas nas nossas televisões, incluindo as públicas, em DIRECTO ou AO VIVO, como gostam de dizer os nossos irmãos brasileiros, mas que

no fim do dia, afirmam: “Não há liberdade de Imprensa em Moçambique”.Afirmam isso de Maputo: com populações a viver ao relento e eles numa boa aqui na capital…

Questiono se poderiam, mesmo ousar fazê-lo nalguns p a í s e s , p o i s , p o d e r i a m acordar com os jornalistas presos, ou com os interesses económicos que poderiam comprar essas televisões ou os jornais ou estações de rádios.

Estamos satisfeitos, pela bravura das tropas ruandesas, mas também das FADM e da SADC, que puseram ponto final as acções macabras dos terroristas, que não querem o d e s e n v o l v i m e n t o d e Moçambique: “exploração de gás em Afungi, Cabo Delgado, caminho andado, para que Moçambique possa trilhar para a libertação económica”.

Mas , a maka de ho je , depois da rea l ização do Conselho Coordenador do Ministério da Educação e do Desenvolvimento Humano é: Para quando Moçambique vai editar livros escolares?

Esta maka vou protelando de semana a semana, para que quem de direito me esclareça: porque os livros escolares, de 1ª às 5ª classes não podem ser editados em Moçambique?

Vão esclarecer os ilustres porta-vozes, quer do Governo de Moçambique, quer do Ministério da Dr.ª Carmelita Namashilua: “que os doadores só aceitam fazer concurso público internacional”; “que essa é a condição sine qua non para libertar a “mola”; “que as tipografias moçambicanas mesmo trabalhando noite e dia não i r iam garant i r o fornecimento a tempo e horas e coisas de semelhante jaez…

Vejam:Temas que deviam ser ensinados nas primeiras classes: “queimadas descontroladas” e “regras de trânsito”, por exemplo não podem ser introduzidos nas primeiras classes, com a devida cautela, porque a exemplo do livro da 5ª Classe, só chegou em Moçambique em Junho (com aulas iniciadas em Janeiro ou Fevereiro).

O que falta ao ministro de Indústria e Comércio, Dr. Carlos Mesquita, “apelar” para que os empresários se “juntem” para que este chorudo “negócio”, que dá lucro a outros países b e n e f i c i e M o ç a m b i q u e ?

É a velha mania de que os moçambicanos, nem sempre gostam de “se juntar” (parceria) entre empresas moçambicanas.

Quem põe o guizo ao gato, Dr. Carlos Agostinho de Rosário, nosso Primeiro Ministro?

z Temas que deviam ser ensinados nas primeiras classes: “queimadas descontroladas” e “regras de trânsito”

z Quem está atrapalhado com o “trabalho” das tropas de Paul Cagamé, em Cabo Delgado?..

Page 9: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

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douglas Madjila

EditorialD. Alexandre, a homenagem

que se impõeA esta altura em que estaríamos apenas preocupa-dos com a paz em resultado da Vitória alcançada nos acordos da machava, o vigésimo terceiro dia esclareceu-nos o teatro, ou melhor, a derrota sem fugir a verdade. Enquanto nos animávamos com a

tentativa de resolução do genocídio económico perpetrado pela burguesia nacional, o famoso juiz exterminador colidia com o rugido do leão da inteligência e para nossa infelicidade, o rei da selva estava certo ainda que temendo a armadura do exterminador.

Não venceremos de forma alguma, nada está a ser feito no sentido de resolver o problema tanto que vale tudo para desfocar o povo, inclusive uma miscelânea de papéis em que se vê o tribunal a esgrimir esforços desempenhando o papel da defesa e do ministério público em simultâneo expondo aquilo que é a sua missão ao ridículo. Toda aquela valentia que se confundia com uma tentativa de imposição de justiça, não passava de mera continuidade da justiça política, tal como foram presos os desnecessários do processo para o teatro político--justiceiro da majestade, era também necessário um juiz de estimação para embelezar o filme, desde que fosse um bom actor e este o foi, até ao vigésimo terceiro dia. Dia em que este revelou-se não só uma boa marionete, mas também um péssimo actor, um julgador parcial, desiludiu a todos, ao povo e ao seu patronado, a mascara lho caiu o suficiente para se notar de quem se tratava e qual era a sua missão, enganar o povo, e origem, departamento jurídico da ponta vermelha, ficando apenas a dúvida da sua ala, se é que existem, sendo que, ambas as máximas presidenciais são defendidas ao detalhe por este.

Para o juiz da tenda não é nenhum absurdo assumir que não se trata do julgamento das dívidas ocultas, pois, ele próprio revelou, fazendo papel que não lhe cabe, visto que, seria do ministério público, que não se está ali a discutir a ilegalidade da contratação da dívida mas sim, numa missão de perseguição pessoal por meio de rastreamen-to de contas, e com essa mísera preocupação pode-se aferir que a questão do calote como um processo corrupto de um governo, nem se quer será discutida, o réu que disso saiba alguma coisa, e tente esclarecer ao povo, é do próprio tribunal que recebe a sentença de silêncio, em defesa dos mutiladores económicos, tal como sucedeu ao vigésimo terceiro dia do espectáculo com o réu chefe da inteligência.

O tribunal é a defesa dos mentores do calote e chega a morder--se no seu exercício para essa defesa pois, alega que o rei da selva só está lá pelas movimentações bancárias da sua rainha com que então, o cachimbo da paz tem o príncipe com as contas bem en-volvidas, segundo os autos, mas está em seu sofá vendo-o como os defende, a si e ao imune novo homem, ridículo. O vigésimo terceiro dia fez-nos crer na tese dos réus, a da coação aplicada pelo agora procurador, crer ainda que não se queira, na defesa que questionou essa promoção, duvidar também da rejeição dos requerimentos que apontam para uma chamada mais estreita ao esclarecimento do calote.

T r i s t e o u n ã o , m a s é t u d o q u e p e n s a m o s a n -tes de tudo isso, isso não passa de um teatro para ultra-passar tudo isso. Exijamos então o verdadeiro julgamento.

O vigésimo terceiro dia

Há homens (incluindo mulheres claro está) que pela nature-za do seu contributo nas lidas das sociedades não morrem. Apenas desaparecem fisicamente, pois o seu legado passa de geração em geração, constituindo-se em verdadeira escola da

aprendizagem humana. Os nomes são inúmeros, e cada país tem os seus registos. Em Moçambique, a lista engloba várias figuras, de entre acadé-micos, políticos, empresários e tantos outros. Hoje, a homenagem cabe ao Arcebispo D. Alexandre José, um homem na verdadeira acepção da palavra, um enviado de Deus, que pelo seu empenho na disseminação da palavra do Senhor cativou milhares de corações e almas na orientação católica.

Morreu aos 103 anos, o que é obra. Obra que também é o legado que deixa para os crentes da católica, bem como para todos os cidadãos, uma vez que os seus horizontes não alimentavam distanciamentos de natureza alguma. Era um homem de todos e para todos, à procura do bem-estar. As homenagens pelo seu desaparecimento falam por si. Desde o PR a outras individualidades que não quiseram deixar passar o momento da sua partida para endereçar calorosos sentimentos pela sua partida para junto dos anjinhos. Sim. Para junto dos anjinhos porque D.Alexandre merece esse lugar no paraíso. Por tudo isto e mais, o ZAMBEZE deixa registada parte da sua rica biografia.

Alexandre José Maria dos Santos nasceu em Zavala, a 18 de Março de 1918 Maputo. Iniciou os seus estudos no Seminário Menor Franciscano de Amatongas, no Seminário Missionário da África de Niassalândia, hoje Malawi e no Seminário Franciscano de Varatojo, em Lisboa. Juntou-se à Ordem dos Frades Menores, fazendo a sua profissão temporária em 1948 e a sua profissão solene em 1951. Foi ordenado padre em 25 de Junho de 1953, em Lisboa por Dom Teófilo José Pereira de Andrade. Exerceu o seu ministério pastoral nas missões franciscanas de Inhambane entre os anos de 1954 e 1972. Conselheiro, liderou a custódia franciscana de Moçambique e tornou-se reitor do Seminário Menor em Vila Pery, actual Chimoio, até 1974.

Em 23 de Dezembro de 1974, foi nomeado arcebispo de Lourenço Marques pelo Papa Paulo VI. Foi ordenado em 9 de Março de 1975, no Pavilhão de Desportos do Maxaquene, tendo como sagrante principal o Cardeal Dom Agnelo Rossi, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, auxiliado por Laurean Rugambwa, arcebispo de Dar-es-Salaam e Dom Edu-ardo André Muaca, bispo de Malanje. Fundou e foi o primeiro presidente da Caritas de Moçambique, no momento da Independência de Moçambique. Promoveu relações mais estreitas com as comunidades eclesiásticas das ex--colónias portuguesas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Em 22 de Agosto de 1981, fundou um instituto religioso africano para meninas moçambicanas com o objectivo de fazer a vida religiosa flo-rescer no país, as “Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Mãe da África”.

Em 29 de Maio de 1988, o Papa João Paulo II anunciou a criação de novos cardeais, entre os quais Dom Alexandre dos Santos. Assim, no Consistório Ordinário Público de 28 de Junho, foi criado cardeal-presbítero de São Fru-mêncio ai Prati Fiscali. Em 22 de Fevereiro de 2003, resignou do arcebispado, tornando-se arcebispo-emérito de Maputo. Foi o principal sagrante de Dom Alberto Setele, Dom Júlio Duarte Langa, Dom Adriano Langa, Dom Ernes-to Maguengue e de Dom Lucio Andrice Muandula. Fundou a Universidade São Tomás de Moçambique em 2007.Foi o primeiro arcebispo e cardeal nativo de Moçambique. Morreu a 29 de Setembro de 2021, no Instituto de Coração de Maputo. Humula kwati Tata! Descanse em paz, homem de Deus!

douglas Madjila

zambeze | 9Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 10: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| naCionaL |

MISA Moçambique detecta regressão da acessibilidade de informação nas instituições públicas em 2021

o estudo sobre instituições abertas e fechadas (2021): Os desafios de Acesso a Informação e Cons-trangimentos de 2021, realizado pelo misa moçam-bique, detectou recuos quanto ao acesso à informa-ção nas instituições públicas, comparativamente a 2020.

Das dez ins-t i t u i ç õ e s t e s t a d a s (Ministério da Saúde,

Ministério da Economia e Finanças, Ministério da Cul-tura e Turismo, Ministério da Educação e Desenvolvimen-to Humano, Instituto Nacio-nal de Gestão e Redução do Risco de Desastres, Agência Metropolitana de Maputo, Conselho Municipal da Ci-dade da Matola, Empresa de Transporte, Multiplexação e Transmissão – TMT, Mo-çambique Telecom, SA (TM-CEL), Instuto de Algodão e Oleaginosas de Moçambi-que), apenas duas responde-ram aos pedidos de informa-ção, uma positivamente, o Ministtério da Saúde, e outra, a TMCEL, negativamente.

A ausência de um siste-ma de arquivo devidamen-te organizado, o despreparo dos departamentos de co-municação e marketing para responder e disponibilizar informações solicitadas pe-los cidadãos, a persistência de uma forte hierarquização para a disponibilização da informação, constituem os principais factores apontados pelo estudo, a par das difi-culdades de organização da informação nas instituições.

Um dos avanços, de acordo com o estudo, pren-de-se com a provisão de

informação através das pla-taformas digitais, especial-mente as páginas web, um cenário motivado, em parte, pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19.

Para inverter o cenário, o estudo recomenda o desen-volvimento de acções de trei-namento das instituições em gestão e provisão de infor-mação, que inclui a capacita-ção das lideranças das orga-nizações para actuarem como agentes de mudança relativa-mente à disponibilização de informação. Há, igualmen-te, a necessidade, conforme recomenda o estudo, de in-tentar acções de reforço de mecanismos de transparência das instituições, bem como de intensificação de campa-nhas sobre a importância de disponibilização da infor-mação de interesse público.

No acto de apresentação dos resultados do estudo, esta Terça-feira (28.09.2021), du-rante a conferência alusiva ao Dia Mundial do Direito à Informação, em Xai-Xai, Província de Gaza, o MISA Moçambique destingiu, o Ministério da Saúde, no âm-bito da avaliação realizada no Estudo do MISA, como a instituição mais aberta e o Instituto do algodão e Ole-aginosas de Moçambique como a mais fechada. Pesou para esta decisão, o facto de o MISAU ter demonstrado

Comercial

mais flexibilidade na dis-ponibilização de informa-ção solicitada no quadro da avaliação efectuada, tendo respondido atempadamente ao pedido e sem quaiquer questionamentos. Por ou-tro lado, a página web deste ministério dispõe de conte-údo actualizado e relevante sobre as suas actividades.

No sentido inverso, ob-servou-se a ausência de or-ganização e proactividade na provisão da informação no Instituto do Algodão e Ole-aginosas de Moçambique.

Quinta-feira, 07 de Outubro de 202110 | zambeze

Page 11: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| ComerCiaL |

O Exército de Ruanda: uma luz de vela para combater as trevas

Existe uma frase famosa em um filme clássico dos anos 40 intitulado “Casablanca” que diz: “acho que este é o início de uma bela amizade”. Essa linha vem à mente quando se pensa em ruanda e moçambique.

A actual li-derança do exército da R e p ú b l i c a D e m o c r á -

tica de Congo (RDC) foi treinada em Ruanda. O ex--presidente Joseph Kabila era guarda-costas júnior de um general ruandês e a maio-ria dos residentes do leste da RDC recebe atendimento médico, serviços financeiros, educação, residência e, às vezes, asilo no vizinho Ru-bavu, um distrito de Ruanda.

Dito isso, os sentimen-tos de Ruanda em relação a Paul Kagame, o Exército e a Polícia de Ruanda, são mais bem observados através do prisma de seu desdobramen-to pessoal e de seu exército e polícia fora de Ruanda.

Sobre o desdobramen-to pessoal de Paul Kaga-me: Ele foi nomeado para reformar a União Africana desde 2016 e eleito seu Pre-sidente para o ano de 2018.

Portanto, fica mais fácil explicar o que significa ter um presidente como Paul Ka-game, quando outros também tiveram a chance de ‘experi-mentar’ a liderança de Paul Kagame. No ano em que Paul Kagame foi Presiden-te da União Africana (UA), seu auto financiamento au-mentou 17% de 43-60%. Em 2016, quando foi nome-ado para liderar as reformas da UA, as contribuições dos Estados africanos eram de 36 por cento do seu orça-mento total. Por meio dessas reformas, um mecanismo de autofinanciamento foi ado-tado pela UA, estabelecendo uma taxa de 0,2 por cento sobre as importações elegí-veis no Continente Africano. Foi denominada “Decisão de Kigali sobre o financia-mento da União”, em home-nagem à capital de Ruanda.

Antes de Kagame ser cha-mado, a União Africana havia conseguido apenas 36% da auto sustentação. Como resul-

tado, nossa união foi motivo de piedade para outros blocos continentais e motivo de cha-cota da juventude africana.

E o imposto possibilitou um salto dramático de 24 por cento no auto financiamen-to pelos Estados africanos e espera-se que gere cerca de 1,2 bilhões de dólares anu-ais e cubra a maioria das atividades da UA, incluin-do programas, operações e missões de paz e segurança - como a de Cabo Delgado.

Sobre a África, histórias de desgraça abundam, mas as de luz distorcidas ou si-lenciadas. As pessoas que lêem a mídia ocidental pen-sam que os ruandeses são loucos ou coagidos a manter Kagame como presidente. Eles também suspeitam que os médicos do governo de Ruanda cifram e frequente-

mente mentem sobre suas estatísticas impressionantes. Até hoje, a mídia ocidental se recusa a registrar que Ruan-

da reduziu a dependência da ajuda pela metade a cada dez anos (de 86 por cento em 2000 para 45 por cento em 2010 para 16 por cento em 2017). Eles ainda relatam 40 por cento, porque isso é inédito.

Mas há um ditado Kinya-rwanda que diz: “Isuku igira Isoko”. (Traduzido literal-mente: milhares de velas podem ser acesas com uma única vela.) O caráter de Ka-game se reflete nas tropas ruandesas que são implanta-das em toda a África e além para proporcionar paz. Como Paul Kagame, seu exérci-to e polícia se saem nesses países fala por si, e aqueles que eles protegem, são aque-les que sabem como nós, ruandeses, nos sentimos.

Sobre o desdobramen-to do Exército de Ruanda: A história de Cabo Delgado não é diferente da história

da África como continente. Após a independência, en-quanto Kwame Nkrumah cla-mava por uma unidade ime-

diata, outras figuras africanas estavam enumerando um conjunto de pré-requisitos para nossa união, até agora.

Também em Cabo Delga-do havia sempre um papel a assinar, uma preparação de última hora a fazer, informa-ções a recolher - até à data.

O Exército de Ruanda não opera assim. Eles têm uma história amarga de hesitação. Quando vidas de civis estão em jogo, a hora de agir é ago-ra! Eles não vão deixar o povo de Cabo Delgado na mão.

Ao contrário do que di-zem os críticos, é impossível para uma polícia, um exército ser gentil uma vez implanta-do no exterior e não fazer o mesmo em casa. Vimos isso com muitos exércitos, que, embora elogiados por sua mí-dia e celebrizados por suas indústrias cinematográfi-cas, revelaram seus métodos

violentos enquanto servin-do em países estrangeiros.

Na verdade, as tropas ruandesas são conhecidas como a força mais profis-sional e disciplinada tanto na União Africana quanto nos mecanismos de manu-tenção da paz da ONU em todo o mundo. Eles foram repetidamente condecora-dos por seus serviços, aqui está uma pequena amostra na República Centro-Africana, Sudão, Sudão do Sul, Hai-ti, Costa do Marfim e Mali, para citar apenas alguns.

Os ruandeses são sem-pre enviados com uma mis-são: você não deve dei-xar o que aconteceu em Ruanda acontecer novamen-te em qualquer lugar. A vida das pessoas está em suas mãos, não as decepcione.

Nenhum soldado da paz foi morto, a operação foi um sucesso - e como resul-tado, as tropas ruandesas foram escolhidas entre todas as forças de manutenção da paz no CAR, para fornecer proteção à ex-presidente, Catherine Samba Panza, ao novo presidente, Austin--Archange Touadéra e outros VIPs , até a presente data.

O meu exército então, é uma garantia para o povo de Cabo Delgado. Com o exér-cito ruandês a seu lado, eles logo irão recuperar o sono. Logo as armas ficarão silen-ciosas e a paz e a segurança retornarão à sua província. O exército e a polícia ruan-deses servirão a eles como se estivessem servindo aos seus próprios - os ruandeses.

Por terem menospreza-do Paul Kagame e o Ruanda durante anos, os repórteres ocidentais ou sul-africanos não sabem disso. Ao contrá-rio dos discípulos de João Batista, eles não vão relatar o que vêem ou ouvem em Cabo Delgado, pois isso contradiz o que vêm pregando há anos.

No entanto, o povo de Mo-çambique e o povo de África não devem enganar ou assus-tar com isso, devem confiar na realidade no terreno, de-vem falar ao povo de Cabo Delgado e ao povo de África.

Uma breve introdução dos ruandeses aos moçambicanos

zambeze | 11Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 12: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

Consumo de álcool preocupa profissionais da saúde

| Centrais|

Hábito antigo de difícil correcção

CrizaLda ViLanCuLosInfelizmente, é um hábito antigo e de difícil correcção.

as pessoas continuam a procurar tardiamente os serviços de saúde quando se sentem acometidas com determinada doen-ça, sendo esta uma realidade que se regista em todo o territó-rio nacional. este sentimento foi registado pela médica sénior em gastrenterologia, regina Victor, do Hospital Central de maputo.

Não fugido desta rea-lidade, os serviços de g a s t r e n t e -

rologia do Hospital de Central de Maputo, a maior unidade sanitário do país, continuam vivenciando este cenário triste.

Os profissionais da saúde reiteram ser este, um problema sério, em relação ao qual as pes-soas precisam tomar outro tipo de atitude, buscando sempre os serviços de apoio de pessoas especializadas, logo que no-tarem ou verem algo anormal.

Tendo em conta que é atra-vés do álcool que as pessoas podem desenvolver doenças do foro carcinoma hepáticos celular ou seja (cancro do fí-gado, o nosso jornal conver-sou com a médica sénior em gastrenterologia do Hospital Central de Maputo, Regina Victor para falar do carcino-

ma hepático celular ou mesmo (cancro do fígado), tendo logo de inicio falado da necessi-dade da abstinência total do consumo de bebidas alcoóli-ca que na sua opinião podem causar deficiência no funcio-namento adequado do fígado.

Segundo Regina, o fígado é o segundo maior órgão do cor-po humano, mas também é a maior glândula que uma pessoa possui no seu organismo. Além, disso, ainda na visão de Regina Victor, “o fígado produz várias substâncias nutrientes, partici-pa na função do metabolismo de gordura e colesterol” disse.

De acordo com a espe-cialista em gastrenterologia, esta patologia é caracterizada por um tumor primário do fí-gado que ocorre como o úl-timo estágio de uma doença hepático crónica que vêem ocorrendo há bastante tempo.

No entanto, segundo esta,

naquela instituição são diag-nosticados com carcinoma hepático celular ou (câncer do fígado), pacientes com 21 até 40 anos de idade.

Segundo esta profissional os jovens são os mais que de-senvolvem o câncer do fígado.

Questionada porque os jo-vens são mais propensos ao câncer do fígado, Regina res-pondeu que, “ é facto de alta prevalência da infecção da hepatite B, e também o auto consumo de bebidas alcoó-licas na faixa etária jovem”.

Ainda na senda de dados,

narrou igualmente que nos úl-timos cincos anos, de 2015 a 2020, as estáticas referem que neste período de cinco anos, foram atendidos nos servi-ços da gastro, cerca de 697 pacientes confirmados com carcinoma hepático celular.

Em relação a faixa etária, referiu que dos zero aos 20 anos de idade, houve nove ca-sos, dos 21 á 40 anos de idade houve 312 casos, dos 41 á 60 anos de idade houve 246 casos e dos 61 á 80 anos de idade ti-veram 112 casos, e posterior tiveram pacientes acima de 80

anos de idade tiveram 12 ca-sos, confirmados de carcinoma hepático celular. De referir que os pacientes do sexo masculi-no estão a liderar a lista com carcinoma hepático celular.

Regina frisou igualmen-te que casos de crianças com carcinoma hepático celular são raros e que, até neste mo-mento só tiveram um caso de criança de doze anos de idade, que tinha um tumor de gran-de propensão no fígado e que a mesma goza de boa saúde.

Portanto, esta doen-ça tem várias causas. Refe-re que geralmente no nosso meio é causada pela infecção do vírus da hepatite (B) que é uma infecção crónica.

Porém,ao surgir de forma crónica pode posterior vir a desencadear doença do foro carcinoma hepático celular.

No nosso meio a cau-sa mais frequente é infecção pelo vírus da hepatite (B), e outra causa não menos im-portante é o consumo exces-sivo de bebidas alcoólicas.

Mas também, é do co-nhecimento de todos que o álcool sofre metabolização no fígado, ressalvou Victor.

Neste caso, o fígado que está frequentemente ex-posto ao álcool vai sofren-

Quinta-feira, 07 de Outubro de 202112 | zambeze

Page 13: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| Centrais|

do danos e algumas alte-rações que no seu inicio é chamado de hematose hepática.

Explicou que a hemato-se hepática é um depósito de gordura a nível do fígado, que vai progredindo para uma fi-brose, cirrose e por fim pode também, sugerir para um car-cinoma hepático celular que é um tumor primário do fígado.

Diz que no nosso meio, estas são as causas mais fre-quentes de câncer do fígado, acrescentando que quanto aos sintomas, o paciente vai apre-sentar-se com sinais de descom-pensação de doenças crónicas.

Sustenta que uns dos si-nais do câncer do fígado são de muita dor abdominal, esta dor normalmente centra-se no lado direito do abdómen onde está localizado o fígado.

Ressalvou porém que o paciente tem dores intensas que interferem nas activida-des diárias da pessoa até mes-mo na dificuldade ao dormir.

Além dessas dores inten-sas que a médica fez menção, o paciente apresenta-se com as inteiriças, que é coloração amarelada dos olhos, urina escurecida por conta das al-terações que normalmente acontecem. Neste caso, o fí-gado já não consegue exer-cer as suas funções normais.

Quando se chega no es-tágio de não exercer devida-mente as suas funções nor-mais, vai fazer com que certos produtos que normalmente o fígado ajuda para que se-jam encriptados do corpo, não sejam mais encriptados.

Acrescenta que além dos sinais que fez menção, o pa-ciente vai apresentar cor ama-relada dos olhos, vai também desenvolver inchaço da bar-riga que é chamado de aicite, edemas nos membros inferio-

res ou seja, inchaços nos pés.

Diagnóstico do carcinoma hepático celular (cancro do

fígado)

“ Infelizmente no nosso meio os pacientes procuram ajuda dos profissionais num estado avançado da doença”, disse Regina Victor médica sénior em gastrenterologia do hospital central de Maputo.

Ainda na intervenção da nossa fonte, referiu que após o diagnóstico histológico do pa-ciente, é feito a pafi, que é feito na base de aspirativas com agu-lha fina no fígado e posterior estas amostras são encaminha-das para atonomia patológica.

De acordo com a nossa interveniente, neste caso se faz uma ecografia abdomi-nal para aferir se o paciente apresentar alta suspeita do carcinoma hepático celular.

Regina apontou o exemplo de nódulos em todo o parente hepático ou seja o fígado com-pletamente afectado pelos nó-dulos. Posterior a confirmação dos resultados o paciente é en-caminhado para o departamen-to da oncologia, onde é feito o tratamento em quimioterapia.

Para esta médica, um e outro paciente posterior a qui-mioterapia tem vindo a ter me-lhorias. Acrescenta que neste

momento o hospital não dispõe de tratamento definitivo para tratamento do câncer do fígado.

“O que acontece no nosso meio, é a chega-da tardia dos doentes nos hospitais, num estado avan-çado com múltiplos nódulos.

Afirma igualmente que no

estado avançado da doença não é possível fazer a devida avalia-ção ou mesmo a cirurgia, por-que já há um compartimento de todo parente hepático, e neste caso os pacientes são internados na enfermaria dos serviços da gastro onde é feito o questioná-rio sobre o consumo de bebidas alcoólicas. De acordo com esta

especialista este questionário vai ajudar no que diz respeito ao diagnóstico do mesmo paciente.

Diante do cenário se for confirmado que o pacien-te tem histórico do consumo excessivo do álcool é segui-do do aconselhamento para que o mesmo diminua o con-

sume destas substâncias.Alias, Regina Victor, afir-

ma que estes pacientes devem ter a completa abstinência do consumo excessivo de bebi-das alcoólicas, pois segun-do estudos estes confirmam que estas substáncias danifi-cam completamente o fígado.

Ressalvou, que a abstinên-cia do consumo de bebidas al-coólicas pode concorrer para que o fígado volte para o seu normal e exercer devidamen-te as suas funções, e se o pa-ciente continuar no consumo abusivo do álcool, a doença vai progredir com presença de gordura no fígado, fibrose, cir-rose e posteriormente vai de-sencadear o carcinoma celular.

Para Regina Victor, um pa-ciente com histórico de consu-mo crónico de bebida alcoólica

há mais de dez anos, este tem alta propensão ou seja, tem alta susceptibilidade de desenvolver a doença de hepatite, referindo que tem certos pacientes com um estilo de vida inadequado, e apontou o exemplo de sexo desprotegido, transfusão de sangue que não foi examinado para hepatite (B) ou (C), dai que estes pacientes têm tam-bém maior probabilidade de contrair infecções pelo vírus.

Sobre os maus hábitos ali-mentares que podem desenca-dear o cancro do fígado sus-tentou que não havia graves consequências e segundo ela das coisas que pode ajudar a diminuir doenças do foro carci-noma hepático celular é o café.

Medidas para colmatar o índice de carcinoma hepático celular

ou (câncer do fígado)

De acordo com a nossa en-trevistada o serviço da gastren-terologia do hospital central de Maputo tem se engajado no esforço para colmatar o desen-cadeamento do cancro do fíga-do. Regina Victor avançou que todas as quinta-feiras são feitos

consultas de hepatite B ou C frisando várias vezes durante a sua alocução, que é muito im-portante fazer um bom contro-lo ou seguimento dos pacientes com diagnóstico de hepatite (B) ou (C), para poder evitar que os mesmos evoluam para o carcinoma hepático celular.

Entretanto, disse que os pacientes têm feito aná-lises e controle frequente-mente dependendo da gra-vidade e de como o paciente se apresenta nas consultas.

De acordo com a nossa fon-te é muito importante informar a sociedade das complicações da patologia do carcinoma hepático celular. E apela a sociedade para abstinência total de bebidas al-coólicas para evitar doenças do foro carcinoma hepático celular ou mesmo cancro do fígado.

zambeze | 13Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 14: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

14 | zambeze | naCionaL |

Dom Alexandre, o combatente pela liberdade religiosa

o termo combatente designa, geralmente, aquele que enfrenta o governo e o estado, em busca da liberdade do seu povo por isso, para alguns, pode ser parecer estranho, porque alguns pode não se recordar de alguns aspectos tristes vividos, quase na primeira década da nossa independência nacional, que fizeram de Dom Alexandre um combatente pela liberdade religiosa. por isso, importa que se recue no tem-po, para se recordar e/ou se perceber o valor deste homem de deus que acaba de nos deixar, para mais apreciarmos o quanto lhe devemos nas liberdades religiosas de que hoje desfrutamos, além da sua actuação nos campos educacional e social.

Desde a nossa independên-cia até aos princípios da década 90,

com a aprovação duma consti-tuição multipartidária, o povo, o governo e o estado, liderados pelo partido Frelimo, foram su-jeitos a orientações fundamen-tadas no Marxismo-Leninismo, que se assumia ser servir de base para a construção do so-cialismo científico e do comu-nismo, tendo no Materialismo--Dialético e Histórico, também assumido pelos governantes

marxistas-leninistascomo as únicas e exclusivas verdades científicas na interpretação de todos os fenómenos: sociais, materiais, políticos, religiosos, etc.Constituíam disciplinas incontornáveis nos currículos escolares. Durante a vigência da governação baseada nestas visões materialistas, a religião foi assumida como um activo-valor anticientífico e antisso-cial, por isso, combatida por todos os meios. As práticas re-ligiosas eram desaconselhadas, referindo-se, constantemente, a religião como “ópio do povo”,

um instrumento ao serviço go-verno colonial e dos explora-dores. Nesse período, muitos religiosos foram considerados reaccionários e enviados para os campos de reeducação. Os crentes das Testemunhas de Jeová que,tendo como um dos seus preceitos não levantar o braço em saudação aos dirigen-tes do estado e governo e não participam em muitas outras actividades politicas, foram le-vados para os campos de reedu-cação. Nessa altura, as igrejas andavam quase vazias e os re-ligiosos eram desprestigiados, necessitando-se de alguma co-ragem para o ser publicamen-te. Os dias religiosos oficiais, como o dia 25 de Dezembro (Natal) eram desconsidera-dos e, mais tarde, somente aos crentes confessos e praticantes era lhes dava a oportunida-de, em tolerância, de deixar o serviço, para ir os comemorar. Mais tarde, o 25 de Dezembro é que foi, oficialmente, decre-tado como Dia de Família. Os oficiais (altos) funcionários do estado deviam assumir publi-camente a sua adesão ao Mar-

xismo-Leninismo, por isso, não praticantes de alguma outra re-ligião. Diz-se outra, pois, como se pode verificar, negando--se outras formas religiosas, o Marxismo-Religioso é que julgava e se impunha para ser adorada, em substituição de ou-tras religiões tradicionais como o Islamismo e o Cristianismo.

O falecido Dom Jaime Gon-çalves, Bispo da Beira, na sua obra, elucida sobre esta triste realidade religiosa, apontando que, numa reunião com o Pre-sidente da República, Samora Machel, em 1988, onde os re-ligiosos tiveram a oportunidade de se pronunciarem directa-mente ao Chefe de Estado, es-creve que “1. Pedimos: Garan-tias e facilidade do exercício do direito e liberdade de a Igreja formar o seu pessoal; reconhe-cimento e efectivação da liber-dade de escolha vocacional dos candidatos ao serviço da Igreja e facilidade de entrada de for-madores no país. 2. Pedimos: Livre acesso e livre exercício da liberdade religiosa em todos os lugares de cada província tais como aldeias comunais,

zonas libertadas, centros de reeducação. 3. Pedimos: rea-bertura das igrejas encerradas; restituição de edifícios ou justa compensação, na impossibili-dade de restituição, e autori-zação de construção de novos lugares de culto e para outras actividades da igreja; que aos trabalhadores da função públi-ca, se efective o livre exercício do direito de liberdade religio-sa”. Já nas matas de Gorongo-sa, no prenúncio da pacificação em Moçambique, de que Dom Alexandre foi parte activa, o mesmo prelado (Dom Jaime), perguntando a Dhlakama, um cristão confesso e praticante, sobre as razões da guerra, este respondeu-lhe “de memória” que “queremos liberdade reli-giosa para os moçambicanos; … Não queremos guias de mar-cha; queremos abrir todas as igrejas fechadas”. Noutra oca-sião, Dhlakama observa, so-bre este assunto religioso, que “os curandeiros eram mortos, acusados de feitiçaria. Os reli-giosos eram proibidos de rezar (pois) a Frelimo chegava a dizer que Deus era dos portugueses”.

aLberto Lote tCheCo

Quinta-feira, 23 de Setembro de 202114 | zambeze

Page 15: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| naCionaL |

as pequenas e médias empresas devem continuar a apostar nas novas tecnologias de modo a gerar soluções aos desafios que o contexto da pandemia da covid19 impõe, este é o posicionamento do presidente da associação das pequenas e médias empresas, Feito tudo male que falava no decurso da inauguração de uma oficina de manutenção de viaturas multimarcas em maputo.

O empreendi-mento vai aliviar a de-p e n d ê n c i a dos cidadãos

moçambicanos que vezes sem conta tinham de ir a vizinha África do Sul para adquirir e ou reparar suas viaturas.

Segundo Feito Tudo Male a aposta em novas tecnologias vai contribuir para amainar as possibilidades de colapso do mercado interno que está a concorrer de igual com outros players que operam no sector.

“Como associação de pe-quenas e médias empresas logramos esta iniciativa que já de antemão é uma solu-ção não apenas para a cida-de de Maputo, mas para o país no geral”adiciona Feito Tudo Male acrescentando, que é um feito que vem por bem para Moçambique todo.

“Olhando para os inves-timentos feitos que estão aci-

ma de um milhão de dólares significa que é um ganho para o país não só olhando para p ganho no concernente a pres-tação de serviços. É também um ganho porque vai assegurar empregabilidade aos nossos irmãos e o Estado” ressalvou

As PMEs vão longe , prog-nostica Feito Tudo Male para quem há outras empresas que prestam serviços similares, no país e porque há inclusão al-gumas empresas interessam-se em firmar parcerias porque não adianta ser pequena empresa. É preciso caminhar com os outros.

A oficina é um balão de oxi-génio que não existia. Se uma chave de uma viatura fábrico alemão acabava o prazo , o usu-ário devia ficar no máximo 35 dias a espera da nova chave. E o que nós vimos aqui é que há equipamentos e tecnologias o que encurta a distância e custos.

Para além do custo de fábrico, havia custos rela-

tivos ao desalfandegar as chaves e com esse empreen-dimento há soluções interna-mente e o país sai a ganhar.

Reduzir distâncias e custos

Viemos trazer soluções que não tinhamos disse o in-vestidor turco Mahomed que

salienta que a oficina traz soluções de manutenção e fábrico de acessórios para viaturas multimarcas.

A covid 19 conforme alude Mahomed veio trazer uma nova forma de viver, por exemplo, o confinamento a que sujeitou muitos países re-sultou em consequências se-

veras no concernente a sua economia e é nesse desiderato que o país precisa de apostar em tecnologias por forma a assegurar o seu crescimento.

“Muita coisa vai mudar para nosso o país. Temos recursos humanos competentes para o tipo de viaturas que apostamos na manutenção” sublinhou

Novas tecnológias são a tábua de salvação das PMEs no contexto da Covid19

Defende Feito Tudo Male

Infelizmente, e como sem-pre, para que este ambiente de terror religioso mudasse, foi necessário que algumas pesso-as e instituições se revoltassem e o combatessem e, entre as instituições e pessoas religiosas que, heroicamente, se bateram contra aquele estado de coisas, promovido pelo próprio esta-do e governo, foram a Igreja

Católica Romana e a pessoa do Cardeal Dom Alexandre, como padre e depois Bispo. Enquanto o presidente Samora, nos muitos e longos comícios, gritava sobre os males da reli-gião, da Igreja católica e dos seus servidores como agentes do colonialismo, chamando-os de diabos de batina, Dom Ale-xandre, do púlpito (da igreja),

evangelizava cada vez mais, denunciava os abusos das au-toridades contra as liberdades religiosas. Através das Cartas Pastorais das Conferências Episcopais, a Igreja Católica de Moçambique, heroicamen-te, divulgava, aos seus crentes, as suas posições críticas sobre os males socioecónomicos e políticos, o que encolerizava a

direcção política do país e rea-gia por mais críticas e ameaças à mesma e aos seus dirigentes. Eram acusados de servir inte-resses estrangeiros, vendo-se no Vaticano, o estado papal, um tentáculo do imperialismo.

Estas realidades aqui des-critas foram vividas. Infeliz-mente, como já se afirmou, aos males perpetrados por homens, outros homens têm de se sacri-ficar para que os mesmos (ma-les) deixem de existir. Nunca desapressem por si próprios e muito menos por vontade de quem os promova. São sem-pre necessários sacrifícios de outros homens e mulheres de-terminados em servir o povo como foi o caso de Dom Ale-xandre, dispostos a sacrificar, se necessário, a própria vida.

Felizmente, pelos seus es-forços e sacrifícios e de ou-tros, foi possível demover os males que outros homens per-petravam em nome de outras doutrinas e, no país, temos a liberdade religiosa e muitos

dos que, durante aquele perí-odo nebuloso, haviam deixado de entrar numa igreja, hoje são praticantes assíduos nas mes-mas. Foram, afinal, igualmen-te, libertos pois, como afirma o sábio e reconciliador Nel-son Mandela: “o opressor tem que ser libertado, assim como o oprimido. Um homem que priva o outro homem de sua liberdade é prisioneiro de seu ódio; está trancado atrás das grades de seus preconceitos”.

Estas realidades da nossa História devem permanecer vivas na memória para ser-virem de lições para a pre-venção do mesmo mal, sob pena de, esquecendo-as, seja repetidas por algum tirano com a capa de cordeiro ser-vidor de alguma causa popu-lar quando, efectivamente, é um lobo que engorda à cus-ta do sangue dos cordeiros.

“Servir e não ser ser-vido”, eis o lema e a vida que foi a de Dom Alexan-dre, a “Que Deus o tenha”.

zambeze | 15Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 16: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

O n d e O n e g ó c I O S e r e e nc O n t r a

No leito do grande rioCARMA cria novas ferramentas de Social Listening

Access Bank apoia idosos em Maputo, Beira e Nampula No âmbito do Dia Interna-

cional do Idoso, assinalado a 1 de Outubro, o Access Bank Mozambique doou bens alimen-tares e material diverso a insti-tuições de solidariedade social em Maputo, Beira e Nampula.

Ao todo foram abrangidos cerca de 200 idosos e jovens institucionalizados do Lar Nos-sa Senhora dos Desamparados, em Maputo; Centro de Apoio à Velhice, na Beira; e Centro de Apoio à Velhice, em Nampula.

Em Maputo, o Lar Nossa Senhora dos Desamparados re-cebeu produtos alimentares que incluíram arroz, massa, feijão e xima, beneficiando 90 idosos

e 12 raparigas assistidas na-quele centro de acolhimento.

Na cidade da Beira, provín-cia de Sofala, a doação também

consistiu na entrega dos mesmos bens alimentares a 55 idosos e 19 adolescentes do Centro de Apoio à Velhice de Nhangau.

as empresas já podem conhecer, de uma forma mais aprofundada, a opinião dos utilizadores no universo digital. a Carma, empresa multinacional especialista em media intelligence, dispõe agora de novos serviços de interpretação mediática que combinam monitorização e análises quantitativas com insights qualitativos dos consu-midores sobre as marcas e empresas nos diferentes espec-tros do universo digital.

As análises mediát icas da CAR-MA, que já reuniam

informações sobre media tra-dicionais e online, englobam agora outras informações sobre redes sociais: owned e earned media (canais de comunicação próprios e conteúdos gerados por terceiros, respetivamen-te), nomeadamente reflexões sobre os temas mais falados e respectivos índices de favora-bilidade relativos à presença da marca nas diferentes esfe-ras digitais, tais como grupos fechados nas redes sociais, blogs, fóruns, entre outros.

Tradicionalmente, as ferra-mentas existentes para o efeito são automáticas e monitorizam apenas a mediatização ao nível quantitativo. No entanto, ao combinar as soluções SaaS com análises e curadorias feitas pela sua equipa de Media Analysts, a CARMA utiliza uma aborda-gem híbrida que junta a reco-lha automática de dados com a recolha manual de mais con-

teúdos, revisão e classificação manual dos mesmos, de forma a disponibilizar análises neces-sárias para tomadas de decisão que impactam directamente a estratégia digital das marcas e o negócio das empresas. Em ter-mos práticos, os novos social media dashboards da CARMA permitem saber, por exemplo, no caso de uma marca de gran-de consumo, quais os produtos mais falados e as respectivas críticas feitas por utilizadores ou potenciais compradores.

Para fazer face às limita-ções de acesso a conteúdos impostas por plataformas como o Facebook e o Instagram, a CARMA tem agora equipas de Media Analysts que analisam e recolhem, manualmente, os resultados das várias platafor-mas cujo conteúdo não é iden-tificado automaticamente. São, assim, monitorizados e anali-sados não apenas os conteúdos publicamente disponibilizados nas redes sociais, mas também os resultados de pesquisas fei-tas em esferas digitais privadas.

Após o processo de reco-

lha e classificação de dados, os mesmos são objecto de análise e estruturados em relatórios de análise quantitativa e/ou quali-tativa, podendo incluir insights, comentários e narrativas que destaquem determinados indi-cadores e chamem a atenção para as principais referências da marca, permitindo uma útil e rápida análise e tomada de de-cisão por parte de cada cliente.

Apesar de existirem solu-ções automatizadas para ges-tão, pesquisa e identificação de conteúdo nas diferentes redes sociais, Luís Garcia, Managing

Director da CARMA em Mo-çambique, sublinha que “a mo-nitorização de conteúdos por essas plataformas é feita ape-nas de forma automática” e que “desde o escândalo da Cambrid-ge Analytica com o Facebook, as redes sociais têm sido mais reguladas e fecharam grande parte dos seus conteúdos, como é o caso dos grupos privados”.

O representante reforça, ainda, que “a monitorização automática das redes sociais apoia, mas não consegue subs-tituir a pesquisa e curadoria realizada por analistas de me-

dia capazes de obter um co-nhecimento mais profundo e classificar o conteúdo de acor-do com o tema, sentimento e favorabilidade em contextos públicos ou em discussões mais privadas como em fóruns de acesso limitado”. “As em-presas e marcas necessitam de software de monitorização em tempo real e visualizações di-nâmicas de dados para facilitar a detecção rápida de conteúdos, mas acima de tudo precisam de Insights e informações que apoiem a formulação de estra-tégias”, conclui Luís Garcia.

Já em Nampula, foram abrangidos os 15 idosos que são acolhidos pelo Centro de Apoio à Velhice daquela cidade e que é gerido pelo Instituto Nacio-nal de Acção Social. Também a esta instituição foram doados bens de primeira necessidade.

Tarcísio Mahanhe, Director de Risco do Access Bank Mozambi-que, acompanhou a entrega de ali-mentos em Maputo, destacando a importância das instituições que acolhem pessoas idosas. “Este apoio é fundamental no combate ao isolamento e à marginalização a que são votadas muitas vezes as pessoas mais velhas. O apoio aos idosos é uma responsabilida-

de de todos, por isso, o Access Bankquis associar-se a este dia, prestando também o seu contribu-to”, referiu aquele responsável.

Socialmente responsável, o Access Bank está atento às necessidades das comunidades mais frágeis e carenciadas. O Banco assinalou, assim, o Dia Internacional do Idosoassocian-do-se a instituições de apoio aos mais velhos que muitas vezes carecem da ajuda. O ob-jectivo passou por incorporar uma maior sensibilidade para esta temática e de contribuirpa-ra um maior conforto dos ido-sos abrangidos pelos donativos, em diferentes zonas do país.

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O n d e O n e g ó c I O S e r e e nc O n t r a

No leito do grande rio

dominik stillhart, director de operações do CiCV irá fazer uma visita à província de Cabo Delgado de 7 a 9 de outubro, para avaliar a situação humanitária, acompa-nhar as atividades humanitárias do CiCV e reunir-se com as autoridades em pemba.

“A falta d e

acesso a água potável e sane-amento tornou-se uma grande preocupação humanitária e pode acarretar consequências significativas para a saúde pú-blica”, disse Stillhart. “Reitero o nosso compromisso de traba-lhar com as autoridades locais e ajudar a melhorar as condi-ções de vida de pessoas que perderam tudo quando tive-

ram que fugir das suas casas.” Mais de 800.000 pessoas

em Cabo Delgado, um terço de toda a população da provín-cia, que fugiram das suas casas como resultado da dramática intensificação do conflito desde o início deste ano, enfrentam condições de vida difícil. Mui-tas cidades e aldeias tiveram que absorver um número signi-ficativo de pessoas deslocadas, o que sobrecarregou a infraes-trutura pública, especialmente as instalações de saúde e água.

O CICV está a trabalhar

com as autoridades locais para reabilitar as infraestruturas existentes e construir novas

BCI e UEM lançam cartão multifuncional

Falta de água potável e saneamento é uma grande preocupação humanitária

Foi lançado, na terça-feira (05), no Campus da Univer-sidade Eduardo Mondlane, em Maputo, o Cartão de Es-tudante Universitário-UEM, com valências distintas, no quadro das relações de parce-ria existentes entre o BCI e a mais antiga instituição de en-sino superior em Moçambique.

Os benefícios do Cartão são inúmeros, sendo de destacar a componente de identificação que inclui dados académicos dos estudantes, dos docentes e funcionários da instituição, com fotografia do titular; a componente bancária, que as-socia a solução a uma conta de-pósitos à Ordem do BCI, e per-mite o pagamento de propinas, matrículas e outras taxas, assim como a compra de recargas te-lefónicas, energia, e outros ser-viços; a componente acessos, garantindo o acesso com segu-rança aos espaços e instalações dos diversos Campus Univer-sitários através do sistema de controlo disponível no recinto estudantil; para além do aces-so à rede de parceiros do BCI.

E como referiu o adminis-trador do BCI, Rogério Lam,

“este cartão é dos mais moder-nos do ponto de vista de tecno-logias de sistemas de pagamen-to ao nível mundial. O BCI e a UEM estão, pois, na vanguarda da evolução tecnológica, para assegurar o melhor serviço aos estudantes universitários e funcionários da UEM”. Rogé-rio Lam congratulou-se com

a natureza alargada da parceria entre as duas instituições que “está bem longe de se resumir à vertente da nossa actividade principal como prestador de ser-viços financeiros. Ela atravessa áreas tão importantes como o ensino, a cultura, o desporto, demonstrando que o BCI é um Banco particularmente focado

infraestruturas de água, como bombas manuais e poços nas ilhas do Ibo e em Montepuez, a fim de melhorar o acesso a água potável e prevenir a pro-pagação de doenças mortais,

tanto nas comunidades des-locadas como nas anfitriãs. Esperamos abranger cerca de 30.000 pessoas em 2021. Em parceria com o município de Montepuez, o CICV apoia-rá também a construção de um novo sistema de abaste-cimento de água para atender às necessidades dos 100.000 residentes da cidade, dos quais 20.000 são deslocados.

Desde o início deste ano, o CICV está a reabilitar oua construir sete novos centros de saúde em Pemba, Montepuez e nas Ilhas do Ibo para aten-der cerca de 176 mil pessoas, incluindo os recém-chegados deslocados. O CICV lançou a construção de um novo hospi-tal na Ilha do Ibo, que será o únicoestabelecimento de saúde do distrito, atendendo mais de 30.000 pessoas no arquipélago.

Cabo Delgado:

às causas mais relevantes do desenvolvimento económico e social sustentado de Moçam-bique e dos moçambicanos”.

Já o director do Registo Aca-

démico da UEM, Betuel Ca-nhanga, salientou que “as cola-borações institucionais que hoje testemunhamos são o reflexo de uma acção estratégica da UEM em diversificar as suas parce-rias, com o propósito exclusivo de melhorar a oferta formativa, considerando todas as dimensões que, integradas, contribuem para

o desempenho e sucesso acadé-mico dos nossos estudantes”. E acrescentou: “para além de de-vidamente identificados, os estu-dantes da UEM terão acesso a um

portfólio de serviços disponibili-zados pelo BCI. Este passo dado pela Universidade e pelo Banco faz parte do contributo destas duas instituições para a educação financeira, porque vai de certeza contribuir para o encorajamento, as boas práticas de poupança, e a organização pessoal das fi-nanças dos nossos estudantes”.

zambeze | 17Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 18: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| eConomia|

Moçambique não fez pedido ao FMI sobre sustentabilidade da dívida

Mina de ouro produz 270 quilos de ouro em Tete

Com 18 milhões de meticais em prémios, o standard Bank lançou, quarta-feira, 29 de setembro, em maputo, o concurso acelere o seu Negócio, destinado a impulsionar o desenvolvi-mento de pequenas e médias empresas (pme) moçambicanas.

Com esta iniciati-va, o banco pre-tende aproxi-mar-se às PME moçambicanas,

demonstrando de forma inclusi-va e abrangente o seu propósito de contribuir para o crescimento do negócio, através do forneci-mento de fundos de investimento de capital, sem contrapartidas.

O concurso prevê a atribui-ção de três prémios, cabendo ao 1º classificado nove milhões de meticais, ao segundo 7 milhões e ao 3º classificado dois milhões. A premiação inclui ainda um robus-to programa de mentoria empre-sarial, visando a execução de um plano de crescimento do negócio.

Trata-se, segundo referiu João Guirengane, director da Banca de Clientes Comerciais do Stan-dard Bank, de um dos maiores e mais abrangentes concursos para as PME em Moçambique.

“O Standard Bank vê este concurso como uma resposta cabal aos desafios impostos às

PME pela pandemia do novo coronavírus, que, nos últimos anos, tem estado a comprometer o crescimento do negócio”, fri-sou João Guirengane, ajuntando que as PME constituem a espi-nha dorsal da economia, dada à quantidade de mão-de-obra que empregam, bem como à relevân-cia dos serviços que oferecem.

O Standard Bank, conforme destacou, acredita que este seg-mento empresarial deve ser aca-rinhado e apoiado para continuar a ser relevante para a economia moçambicana, através da capa-citação, geração de oportunida-des e disponibilização de fundos para sustentar o seu crescimento.

Habilitam-se a participar no concurso todas as Pequenas e Médias Empresas, que operam há pelo menos cinco anos, com ges-tores moçambicanos e empregan-do, no mínimo, dez colaboradores.

Após testemunhar o lança-mento da iniciativa, o director executivo da Associação de Co-mércio, Indústria e Serviços de

Moçambique (ACIS), Edson Chichongue, considerou não ha-ver dúvidas que o concurso vai, efectivamente, ajudar na recu-peração das PME, acelerando o crescimento do negócio, particu-larmente no contexto da crise sa-nitária, ocasionada pela Covid-19.

“Chamou-me à atenção, o facto de o Standard Bank reco-nhecer a existência de problemas estruturais nas nossas empre-sas, relacionadas com a gestão,

Standard Bank lança “Acelere o Seu Negócio”

O Ministério da Economia e Finanças de Moçambique diz que não pediu ao Fundo Mone-tário Internacional (FMI) que os rácios de endividamento exclu-am títulos específicos para paí-ses em conflito militar, indicou hoje em nota enviada à Lusa.

“Não há e não houve ne-nhum pedido de Moçambique sobre a iniciativa em debate”, na quarta-feira, durante o quar-to Fórum sobre a Resiliência em África, organizado na In-ternet pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), esclarece - ou seja, o FMI não rejeitou qualquer solicitação

de Moçambique sobre aná-lise da sustentabilidade da dívida, porque não a houve.

Em causa está o anúncio pelo BAD de que está a prepa-rar emissão de dívida especifi-camente para países afetados por conflitos, como é o caso de Moçambique, para que pos-sam financiar-se para relançar as economias, particularmen-te nas regiões mais atingidas.

Num painel de debate em que também participava Abebe Selassie diretor do departamen-to africano do FMI, o ministro da Economia e Finanças mo-çambicano “questionou o par-

ceiro de painel sobre qual seria o tratamento das SIIBs (o ins-trumento anunciado pelo BAD) na avaliação de sustentabilida-de da dívida”, feita pelo FMI.

“O director do FMI para África respondeu” e o mi-nistro moçambicano, Adria-no Maleiane, “concordou com a explicação dada”, sem qualquer pedido, conclui a mesma nota do Ministério.

O debate tinha por tí-tulo “O nexo entre segu-rança, crescimento eco-nómico e investimento”.

Já na parte final, dedica-da a perguntas rápidas entre os participantes, Adriano Ma-leiane perguntou a Abebe Se-lassie: “Como é que isto (este novo instrumento) vai ser tra-tado em termos de análise de sustentabilidade da dívida?”.

“A minha primeira reac-ção, conceptualmente, é que se o instrumento cria dívida e risco, tem de ser tratado como tal, e não ser encarado assim é tentar encobrir a dívida e não enfrentar a realidade”, res-pondeu o diretor do departa-mento africano do FMI.(Lusa)

A EMPRESA mineira MMC Resources Limitada, que se de-dica à exploração de ouro, na região de Cassossole, distrito de Macanga, na província de Tete, produziu nos últimos dois anos, cerca de 270 quilogramas deste minério, extraído em duas ga-lerias subterrâneas com profun-didades de 120 a 160 metros.

A empresa que iniciou as actividades em meados de No-vembro de 2018, abriu várias ga-lerias no subsolo e pretende, nos próximos dois anos, iniciar a ex-tracção de ouro a céu aberto com a projecção de uma produção média anual de 4000 gramas de minério, nos primeiros dois anos.

De acordo com Ovídeo Carlos Jamice, representante da minera-dora, o projecto é economicamen-te viável e em conformidade com as projecções, na fase da sua im-plantação, espera-se que o produ-to final seja de boa qualidade para a joalharia e indústria electrónica.

“A nossa produção, de acor-do com os estudos de viabilidade económica previamente efectua-dos, destina-se a mercados inter-no e externo”, garantiu Jamice.

Com a produção, o projecto de exploração de ouro da MM-CResource conseguiu contribuir para os cofres do Estado, cer-ca de 38.677.943,83 meticais.

O projecto de exploração de ouro da MMCResource com a li-cença n.o 9040, engloba os distri-tos de Macanga, Angónia e Tsan-gano, abrangendo cerca de 150 famílias que beneficiam de activi-

dades de responsabilidade social, nomeadamente, infra-estruturas sociais como escola, unidade sa-nitária e fontes de abastecimento de água potável bem como de postos de emprego. A empresa conta com 250 trabalhadores, dos quais 80% são jovens nativos.

Entretanto, Bacciro Ngiayé, um dos sócios da minerado-ra MMCResource, revelou ao nosso Jornal que está em pers-pectiva a rede nacional de ener-gia eléctrica numa extensão de cerca de 120 quilómetros.

A energia eléctrica, além de beneficiar a empresa também será alargada às comunidades vizinhas. O trabalho já foi ad-judicado à empresa Electrici-dade de Moçambique (EDM). Igualmente está em perspectiva a construção da estrada princi-pal que liga a área operacional ao cruzamento de Nsembedzi, junto à Estrada Nacional nú-mero 7, Mussacama-Cálomuè, num troço de 30 quilómetros.

“Para o nosso trabalho gas-tamos cerca de 100 mil litros de diesel por semana. Já temos um acordo com a EDM para levar-mos a energia da rede nacional ao nosso acampamento, zona de produção e nas comunidades circunvizinhas”,disse Ngiayé.

A fonte acrescentou ainda que devido a dificuldades de comunicação de voz e dados, a empresa já contactou a telefonia móvel Vodacom para a instala-ção de uma antena para a zona.

(lusa)

contabilidade organizada, entre outros, e mesmo assim focali-zar o concurso na perspectiva do negócio promissor, fazendo com que sejam praticamen-

te elegíveis todas as PME”, realçou Edson Chichongue.

Por sua vez, a presidente do Pelouro de Empreendedo-rismo Feminino da Associação das Pequenas e Médias Em-presas (APME), Taússe Daniel Remane, disse que a iniciativa do banco surgiu numa altura em que as micro, pequenas e médias empresas precisam de assistência nas suas operações.

“Nós funcionamos também como uma incubadora e iremos fazer de tudo para divulgar este concurso, incentivando as em-presas a participar, com vista a beneficiar do valor dos pré-mios e da mentoria”, indicou.

Importa realçar que o anún-cio dos vencedores está pre-visto para 15 de Dezembro do corrente ano, sendo que a atribuição dos prémios terá iní-cio a 21 de Janeiro de 2022.

Quinta-feira, 07 de Outubro de 202118 | zambeze

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| eConomia|

Eni Rovuma Basin e Standard Bank lançam programa de capacitação para Pequenas e Médias Empresas

Mesquita desafia Limak Cimentos a diversificar e investir em zonas onde abunda matéria-prima

a eni rovuma Basin, em nome dos parceiros da Área 4, promove em parceria com a incubadora de Negócios do standard Bank, o primeiro programa de apoio ao empreen-dedorismo, denominado iCreate. este programa, que é imple-mentado no âmbito do plano de conteúdo local do projecto Coral sul FlNG, destina-se a pequenas e médias empresas (pme) que estejam a operar no mercado há mais de dois anos.

O p r o g r a m a iCreate, com a duração de 12 semanas, tem como objecti-

vo o fortalecimento das PME já estabelecidas no mercado e com alto potencial para crescer, de modo a torná-las mais competiti-vas e sustentáveis a longo prazo.

Trata-se de uma iniciativa que, para além da capacitação, inclui mentoria e apoio em con-sultoria empresarial ajustada às necessidades das empresas, que serão, também, expostas a opor-tunidades de mercado e de finan-ciamento. O programa oferece, ainda, acesso a uma variedade de serviços de suporte de negó-cios, assim como a conteúdos de parceiros e especialistas de diversos sectores de actividade.

Durante a capacitação, serão abordados diversos temas impor-tantes para a sustentabilidade e crescimento das Pequenas e Mé-dias Empresas, dos quais se desta-cam “Oportunidades para PMEs”, “Gestão em Tempo de Crise”, “Marketing Digital”, “Negócios à Prova do Futuro”, “Evolução do

Modelo de Negócios”, “Finanças para não Financeiros”, “Soluções de Importação e Exportação’’, “Riscos e Seguros” e “Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho”.

Intervindo na cerimónia de abertura, o administrador dele-gado do Standard Bank, William Le Roux, explicou que o banco se associou a esta iniciativa por acre-ditar que as Pequenas e Médias Empresas, a par do empreende-dorismo, desempenham um papel fundamental no fomento do cres-cimento económico real em todo o continente africano, mais es-pecificamente em Moçambique.

Ao apoiar o iCreate, em par-ceria com a Eni Rovuma Basin, o Standard Bank espera contri-buir para a criação de empre-sas moçambicanas sustentáveis a longo prazo, e que estas, por sua vez, possam proporcionar mais oportunidades de em-prego para os moçambicanos.

Por isso, “estamos empenha-dos em promover o empreende-dorismo e, mais especificamente, os objectivos de conteúdo local através das várias iniciativas que apoiamos por via da nossa Incu-

badora e como organização em geral. O nosso objectivo é apoiar e permitir que cada uma das empre-sas participantes possa reforçar a sua capacidade e competitividade como PME neste país e não só”.

Por seu turno, o director--geral da Eni Rovuma Basin, Giorgio Vicini, realçou que o iCreate visa enriquecer os co-nhecimentos e habilidades do empresariado local, em particu-lar as PME. “Serão 12 semanas inteiramente dedicadas à par-tilha de informação e conhe-cimento através de workshops e masterclasses ministrados por pessoas especializadas”.

Na ocasião, o administrador para o Pelouro de Desenvolvi-mento Institucional e Empresa-rial no Instituto Nacional de Pe-

tróleo (INP), Milissão Bernardo Milissão, considerou que inicia-tivas como o iCreate reforçam a capacidade das PME, melhoran-do, dessa forma, a sua competiti-vidade no mercado, em particu-lar na indústria de petróleo e gás.

Para Milissão Bernardo Milissão, há necessidade de dinamizar as actividades de promoção da participação das empresas e da força de trabalho nacionais neste segmento de in-dústria, daí a relevância do iCre-ate pois “vai contribuir para que as PME acedam às oportunida-des de negócio geradas pelas multinacionais, e estabeleçam ligações comerciais entre elas”.

“Incentivamos e promove-mos a participação de empresas moçambicanas nas actividades

da indústria de petróleo e gás no País, quer seja através da pres-tação e fornecimento de bens e serviços, quer seja da parti-cipação da força de trabalho nacional nos referidos projec-tos para, desta forma, garantir a maximização dos benefícios gerais na indústria de petróleo em Moçambique”, disse o ad-ministrador do INP, entidade reguladora do sector de hidro-carbonetos em Moçambique.

Para a primeira edição do iCreate, foram seleccionadas 25 PME, de um total de 121 empre-sas que participaram nos pro-gramas de imersão empresarial #Ideate Bootcamp organizados, também, pela Incubadora de Ne-gócios e pela Eni Rovuma Basin, ao longo dos anos 2019 e 2020.

O ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita de-safiou, na província de Maputo, os gestores da unidade fabril, Limak Cimentos, durante as visitas de monitoria do sector que dirige, a diversificar e in-vestir em zonas onde abunda a matéria-prima, sobretudo nas regiões norte e centro do País.

Trata-se de uma acção en-quadrada no Programa Na-cional Industrializar Moçam-bique, lançado recentemente pelo Presidente da República.

A unidade fabril, Limak Cimentos, é uma indústria lo-calizada na província de Ma-puto. No primeiro semestre de 2021, cresceu cerca de 10 por cento comparativamente ao ano passado e em termos de impacto, contribuiu para

a indústria transformado-ra em cerca de 20 por cento.

Na ocasião, Carlos Mesqui-ta explicou que o Ministério da Indústria e Comércio, periodi-camente, junta-se aos parceiros

empresariais do sector privado, para auscultar e compreender toda a dinâmica de produção, os desafios e as expectativas que pretendem desenvolver, face aos planos de desenvol-

vimento do Programa Quin-quenal do Governo (PQG).

“Nós desafiamos aqui esta entidade a olhar para a di-versificação da sua acção em Moçambique e também ex-plorar todo o território nacio-nal. Em Cabo Delgado, por exemplo, podemos encontrar enormes reservas de calcário, que é a matéria-prima essen-cial para iniciar esta activida-de”, referiu Carlos Mesquita.

Num outro desenvolvimen-to, o governante indicou ser importante que para a estabili-zação do preço do cimento nas zonas centro e norte do País, as indústrias passassem a usar a via marítima com efectivida-de, o que vai resultar num cus-to mais acessível do produto.

“É importante que a cabo-

tagem marítima, um serviço criado para facilitar as trocas comerciais, esteja a funcionar de forma efectiva. Este meio de transporte marítimo é mais barato que o transporte ter-restre e esta é a capitalização que temos que fazer no mar. Nós só precisamos de mobi-lizar os meios que já estão ao serviço da cabotagem e tra-zer, de facto, esta dinâmica para que o cimento chegue a preços acessíveis ao norte” concluiu Carlos Mesquita.

Importa referir que o mi-nistro da Indústria e Comércio indicou ainda que estão em curso estudos com investido-res nacionais e estrangeiros para a instalação de uma uni-dade fabril de ferro de constru-ção a custos mais acessíveis.

zambeze | 19Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

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|naCionaL|

Distúrbios do plexo braquial necessitam de ginástica

Yashira de Farida seventine, residente no bairrokumbeza, contraiu patologia de plexo braquial, segundo avançou o seu pai Afiado Seventine. A sua esposa teve um parto com certas complicações porque a filha tinha excesso de peso.

Em conversa com a espe-cialista em m e d i c i n a física e rea-

bilitação no Hospital Psiqui-átrico do Infulene, Eufrásia Massango,plexo branquial (PB), é caracterizado por fraqueza e perda de sensa-ção de um braço ou uma perna total ou parcialmente.

De acordo com Massan-go, se a causa for uma lesão, a recuperação tende a ser len-ta, por vários meses. Acres-centando igualmente que algumas lesões graves cau-sam fraqueza permanente.

Quanto aos sintomas podem incluir um braço flácido ou paralisado, per-da de controle muscular no ombro, braço, mão ou punho e falta de sensibili-dade ou sensação no braço ou na mão, referiu a fonte.

“As lesões geralmen-te ocorrem após acidentes veiculares, lesões despor-tivas, ferimentos a bala ou cirurgias “disse a fonte.

De referir que muitas lesões do plexo braquial ocorrem durante o nasci-mento, se os ombros do bebê forem impactados durante o processo de nas-cimento (chamado distor-cia do ombro), causando o estiramento ou ruptura dos nervos do plexo braquial.

De acordo com a nossa entrevistada, o tratamento para lesões do plexo braquial inclui fisioterapia ou terapia ocupacional e, em alguns casos, cirurgia. Mas também afirma que o local e o tipo de lesão do plexo braquial determinam o prognóstico.

No entanto, Massango refere que a região cervical até a axilar, os elementos do plexo braquial fica sujeitos a

diversos tipos de lesão por tracção ou compreensão.

Para esta profissional, uma vez verificada a anoma-lia, a lesada precisa de uma estimulação. Acrescenta re-ferindo que a fisioterapia visa fazer a estimulação do nervo para voltar a sua função de movimento e sensibilidade.

A fonte explica igual-mente que a procura tardia dos cuidados dos profissio-nais da saúde pode provocar grandes sequelas futuras, e apontou o exemplo de deixar sequelas na vida do paciente.

“Sendo assim, é impor-tante logo que receber a criança por parte de profis-sionais após parto, verificar, ou seja, prestar mais atenção no que diz respeito aos movi-mentos, choros e outros sin-tomas, “ aconselha a fonte.

Segundo contou a fisio-terapeuta, o que tem acon-tecido é que alguns pais não se apercebem logo das lesões nas crianças, acres-centando que os profissio-

nais que assistem podem também de alguma forma

não se aperceber ou mesmo não dar informação inerente a estes sintomas ou sinais.

A fonte referiu igual-mente que é importante também os profissionais que assistem as mulheres no momento do parto pres-tar mais atenção em algu-mas situações no sentido de se evitar a procura tardia dos serviços da fisioterapia.

De referir que o prognos-tico é bom quando mas cedo iniciar o processo de reabi-litação, no entanto, a demo-ra no processo da reabilita-ção tem suas implicações.

Para terminar a sua nar-ração Massango, apela aos pais que tem crianças que de alguma forma precisam de fazer a fisioterapia, para não ter vergonha do seu fi-lho, e afirma que não é fá-cil ter um familiar que tem

uma patologia especial.Paciente com pato-

logia de plexo braquialAlfiado Seventine, resi-

dente no bairro de kumbeza, segundo contou ao jornal a sua esposa teve compli-cações no parto, e Farida Seventine sua filha nas-ceu com excesso de peso.

Por conta disso, a peque-na Yashira de sete meses de vida, teve lesão do plexo bra-quial, isto e, é uma paralisia do herbe, ou seja, o membro inferior ficou paralisado.

De acordo com o seu pai, percebeu que algo não estava bem com a sua filha, porque esta tinha dificulda-de para mexer o braço, logo procurou ajuda dos pro-fissionais da saúde.Dada a ocorrência, foi aconselhado a procurar ajuda na medi-cina física de reabilitação.

No entanto, afirma que semanalmente junto da sua esposa tem acompanhado a sua filha a fisioterapia.Com o sorriso no rosto Alfiado diz estar satisfei-to com a evolução da sua filha, por que esta já con-segue gradualmente me-xer o seu braço mesmo que seja de forma tímida.

ˮ Já é um avanço para nós como pais, não é fácil ter uma criança que tem uma deficiência porque esta criança precisa de uma atenção a dobrar, ˮ disse a fonte e com muita satisfação.

Contudo afirma que esta evolução de forma tímida se deve ao facto deste ter um acompanhamento de muita paciência para levar a sua fi-lha semanalmente para fazer os exercícios necessários de acordo com sua patologia.

No caso especifico da pa-ciente em alusão, Massan-go, disse que está a registar melhoria porque os pais es-tão a colaborar juntos com os profissionais da fisiote-rapia, quando a criança não vai ao hospital os pais de-vem continuar em casa com aqueles exercícios básicos.

CrizaLda ViLanCuLos

Quinta-feira, 07 de Outubro de 202120 | zambeze

Page 21: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

Comercial

Criada comissão organizadora do CAN de Futebol de Praia

Mexer vai capitanear Mambas

|desporto|

Sem Zainadine Jr. e mais três

Já está constituída a Comissão Organizadora do Cam-peonato africano de Futebol de praia, prova que vai ter lugar, definitivamente, na cidade turística de Vilankulo, na no próximo ano de 2022. o facto foi avançado à margem da visita do secretário de estado do desporto, Carlos Gilberto mendes, que desde sexta-feira trabalha neste ponto da pro-víncia de Inhambane.

A visita de Men-des que, se faz acompanhar por quadros seniores do seu

pelouro, tal é o caso do Director Nacional do Desporto de Rendi-mento, Francisco da Conceição, do Inspector Geral do Desporto, Sidónio Chavisse, da Directora do Fundo de Promoção Despor-tiva, Amélia Cabral, bem como pelo Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat, serviu para confirmar que Vilankulo será,de facto, a sede deste Campeonato Africano que

será o primeiro a ser acolhido pelo país na modalidade de futebol.

“Está decidido e como já ha-via sido definido o CAN-2022 de futebol de praia vai ter lugar em Vilankulos, tivemos aqui o encontro da Comissão Organi-zadora do Campeonato que vai envolver diversas estruturas tanto de nível central como provincial, bem como a própria Federação Moçambicana de Futebol e es-tamos satisfeitos pela abertura demonstrada tanto pelo Gover-no da província, do Distrito e do Município de Vilankulos, agora é só lançamos mãos à obra uma

vez que estão harmonizadas todas questões que ainda não tinham sido devidamente anali-sadas”, disse Gilberto Mendes.

Em Vilankulos a comitiva de Mendes visitou alguns dos locais que vão acolher o CAN-2022 tal como o espaço que vai albergar a arena principal dos jogos que será instalada no actual campo poli-valente do Conselho Municipal da Cidade de Vilankulo que vai ser requalificado e a obra consis-

tirá na ampliação das bancadas, alargamento do rectângulo de jogos, construção de balneários e instalação de sistema de cana-lização de água e eléctrico. Por outro lado, perspectiva-se a cons-trução de campos de treinos no espaço já identificado próximo a Escola Secundária de Vilankulo.

Para além da visita aos locais que vão acolher os jogos, Men-des reuniu-se com as autorida-des locais como o Governador de Inhambane, Daniel Chapo, do Administrador do Distrito de Vilankulo, Galiza Matos Júnior, e do Presidente do Município, William Tuzine, para a ava-liação do caderno de encargos

que contém todos os termos de referência da organização do CAN de Futebol de Praia 2022.

“O Secretário de Estado e o Presidente da Federação de Fu-tebol vieram ao terreno aperce-ber-se das condições criadas na província de Inhambane e em Vilankulo para acolher está prova aperceber-se das condições reais existentes. Está visita representa a competência e a responsabilida-de que estas duas entidades têm para com esta missão que o país recebeu”, disse Daniel Chapo.

Lembre-se que há semanas certa imprensa avançou a ideia de que seria retirada a Vilankulos a organização do CAN 2022 de Futebol de Praia por não reunir algumas das condições exigidas no caderno de encargos, uma das quais relacionada com a unidade sanitária para acolher os partici-pantes em caso de emergência, porém nesta visita de alto nível constatou-se que o Hospital Ru-ral de Vilankulos tem condições condizentes com as exigidas pela Confederação Áfricana de Futebol (CAF). (LANCEMZ)

Os jogadores Zainadine, Witi, Kamo-Kamo (em dúvida devido a questões burocráticas) e César Machava desfalcam Mambas para o duplo confronto com Ca-marões que a selecção nacional de futebol vai disputar nos próxi-mos dias 8 e 11 de Outubro, em Douala e Tanger. O combinado nacional cumpriu esta terça--feira o único treino em território nacional, antes de partir para a capital económica camaronesa.

A selecção nacional de fu-tebol Mambas deixou quarta--feira, 6 de Outubro, Maputo, com destino a Doualá, onde no

dia 8 deve defrontar os Camarões para a terceira jornada do Grupo D de qualificação ao Campeo-nato do Mundo, Qatar 2022. Os jogadores Zainadine Júnior (do Marítimo), Witi (do Nacional), Kamo-Kamo (do Vitória de Se-túbal) todos actuando em Portu-gal, e César Machava (do Ferro-

viário da Beira) serão baixas no combinado nacional. O facto foi confirmado pelo seleccionador nacional, Horácio Gonçalves.

Mexer Sitoi e Reinildo Man-dava, que jogam em França, deverão juntar-se aos Mambas em Douala. Face a ausência de Zainadine Júnior que capitaneou

A decorrer em Vilankulos

os Mambas nos jogos contra a Costa do Marfim e Malawi, a braçadeira será entregue a Mexer Sitói, segundo afiançou Horácio Gonçalves que revelou que o critério para tal está relacionado com o facto de ser o jogador com mais anos de selecção no seio do grupo seleccionado para este du-plo confronto com os Camarões.

Os Mambas realizaram na tar-de desta terça-feira o único treino em território nacional antes da dupla jornada diante dos Cama-rões. O Seleccionador Nacional Horácio Gonçalves trabalhou com os jogadores que militam no Moçambola, bem como os que actuam no continente afri-

cano e outros vindos da Europa.Do conjunto que seguiu

viagem a Douala destaca-se o regresso de alguns jogadores que não estiveram na primei-ra convocatória, tal é o caso de Manuel Kambala, que alinha no Baroka FC da África do Sul, que dá conta que o estado de es-pírito no seio do grupo é bom.

Recordar que os Mambas vão receber os Camarões para a quarta jornada da qualificação ao Mundial 2022 em Tanger, no Marrocos, devido a indisponi-bilidade do Estádio Nacional do Zimpeto que não foi aprovado pela Confederação Africana de Futebol (CAF). (LANCEMZ)

zambeze | 21Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 22: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| CuLtura|

A pandemia tem trazido mudanças que optimizam o processo de produção e consumo da cultura

miih roque pseudónimo de mildred Cláudio samuel, nascida na Província de Maputo, residente em Matola--rio, Boane, de 19 anos de idade, é estudante e escrito-ra. dedica-se actualmente ao género literário romance, mas tem uma ficção adolescente e uma ficção histórica.

Para si, a arte de escrever consiste na criação de vi-das que possam ser vividas por

quem as lê, levando por uma viagem inflada de géneros e que estimule a capacidade de ver o mundo com olhos mais abran-gentes. Basicamente, onde o es-critor tem espaço para expressar o que não cabe em sua própria vida e por onde guia seus leitores rumo ao festival de sentimentos.

“Eu considero importante que se impulsione esta arte por-que, para além de ajudar na ex-pressão, o que toda a arte faz, ajudaria a ampliar as opções de vidas dos leitores no geral, apresentando-lhes soluções que funcionem nas suas vidas reais. Actualmente, a leitura e escrita seriam de grande valia em contra-mão de alguns pro-blemas enfrentados, principal-mente pelos jovens. Investir na arte é sempre a melhor forma de esquivar-se de problemas”.

Em seus livros sempre busca transmitir o máximo que pode sobre amor, fidelidade às ideias,

traz a ideia de que é possível pas-sar por cima de situações ruins e mesmo assim seguir em frente, e que os melhores romances tam-bém podem existir em nosso solo.

Para Miih a literatura e a escrita, assumiram um grande papel em sua vida. Serviu para drenar alguns dos seus senti-mentos ruins, permitiu evoluir psicologicamente, tirou-a da zona de conforto para interpre-tar as coisas de várias perspec-tivas, e trouxe pessoas incríveis.

A artista começa a praticar esta arte em 2017, partindo de pe-quenos rabiscos que fazia quando entrava em crises de depressão e ansiedade. No início era superfi-cial, fazia somente por necessi-dade de fazer algo que aliviasse a dor que sentia, mas ao longo do tempo a paixão pelo que fazia foi crescendo de tal forma que não só ajudou a tirar do quase fim do poço, como tambémfez escrever sobre várias coisas boas que e gostavae que viessem à vida real.

“Creio que ainda não me sinto pronta para falar sobre os motivos das depressões, apenas descrever o que eu sentia. Quan-

do entrava em crises não pen-sava nem sentia nenhuma coisa positiva. Aos prantos, repetia para mim mesma que não havia espaço para mim no mundo, que eu era dolorosamente insignifi-cante e não digna das coisas boas que normalmente as meninas da minha idade tinham. Em casos mais extremos, pensava em al-guma forma de me ferir fisica-mente para fazer desaparecer a dor no coração e a tortura que era me abominar a cada exalar”.

“Meu maior desejo como escritora é ter minhas histórias avaliadas e publicadas, para que, de alguma forma, possa distrair

alguém de seus desencantos”.Infelizmente a escritora não

conta com nenhum livro pu-blicado ate ao momento. Tem apenas textos na plataforma Wattpad. Tem três livros finali-zados (dentre os quais, um está em revisão), e esta a escrever o quarto. Tem dois contratos pendentes com mais duas plata-formas: GoodNovel e Dreame.

“Até aqui, nenhuma difi-culdade que vá além de alguns bloqueios, falta de inspiração, entre outros obstáculos que preciso enfrentar para garantir a originalidade de minhas his-tórias, com os quais tenho con-

seguido lidar cada vez melhor. Brevemente, quando tiver reu-nido devidamente meus traba-lhos e tiver que correr atrás de atenção, creio que poderei falar de dificuldades mais concretas”.

Em resposta a pergunta sobre o cenário actual da lite-ratura em Moçambique tendo em conta a pandemia da Co-vid-19, a escritora traz apenas a opinião de que o cenário está um pouco menos frouxo que o de sempre, desde que começou a acompanhá-lo.

“Creio que a pandemia tem trazido mudanças que optimizam o processo de pro-dução e consumo de que tem tal cultura plantada em si”.

“A sua conquista de espaço implica que a sociedade acolhe vozes e pensamentos vívidos do género feminino, que afron-tando certos princípios antigos, provam que há certos traços desenhados errados pela socie-dade. Toda a forma pacífica de cobrança de espaço e voz é váli-da, e isto, fundido com a arte da literatura, ajuda a corrigir os er-ros ditados de forma criativa”.

Jovens artistas, façam de sua arte a melhor forma de es-capulir entre as fendas de seus desencantos, inovem, errem, acertem, tentem sempre, e, mais importante, levem suas lindas expressões aos olhos ou ouvidos do mundo, aconselha a escritora.

siLVino miranda

Comercial

*serviço de inteligência exclusivo para assinates, com publicações regulares sobre politica e economia africana*arquivo de inteligência sobre empresas, negócios e individualidades desde década 1980*relatórios a pedido (“tailoe-made”), de acordo com necessidades de pesquisa e analise de clientes individuas

(verificação de historial, “due dIIIIgence”, consultoria)

Para mas informação, contacte: Patrícia Dias, +351 936 307 183 (Tel/Whatsapp) ou [email protected]

Quinta-feira, 07 de Outubro de 202122 | zambeze

Page 23: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

| CuLtura|

O Hip-Hop nunca vai extinguir porque é o quinto poder sobre as massas

armando casal ribeiro, mais conhecido pelo seu nome artístico Matador Inocente é um jovem rapper moçam-bicano, também trabalhador na empresa ernst & Young Global Limited na área de manutenção de edifício, gos-ta das cores preto e branco, tem como hobbyconversar tro-car ideias aprender e ensinar. se fosse pra fazer outro tipo de arte seria cinema, pois acha que seria um bom actor.

Para si, a cul-tura Hip--hop repre-senta a cruz que sempre

carregou e carregaráaté a sua morte.Armando Ri-beiro já pensou em desis-tir da sua carreira artística e até hoje pensa, todavia, ira contribuir de qualquer forma para a ascensão d cultura moçambicana.

“Não se surpreenda se um dia eu dar o fim a mi-nha carreira, penso em desistir mas não deixar de contribuir por algo porque amamos esta arte, mas o amor também é o assassino mais perigoso do mundo”.

“ Não esforço a inspira-ção quando ela não vem, fico com ciúmes porque deve estar com outra pessoa”.

O artista teve o seu pri-meiro contacto com o hip--hop aos 14 anos de idade, o seu enquadramento apartir deste momento no mundo do rap é na vertente tradi-cional que é o bumbap, onde este consegue expressar melhor os seus sentimentos.

O seu pseudónimo “ma-tador inocente” foi atri-buído na sua ingenuida-de deu nome o nome sem perceber a dimensão que isto ia causar no mundo artístico, mas que no en-tanto hoje faz todo sentido.

“Aqui entrevistas o ino-cente porque o matador está no estúdio sempre a ma-tar niggas e beats (risos) “.

A sua primeira faixa foi gravada em 1999 na Lys es-túdio quem produziu o beat foi o Mister Dino e quem nos captou foi o falecido Faftine e esta falava sobre as dro-gas e a última faixa a gra-var fala sobre o inimigo que

não tem rosto (covid-19). “Não me recordo exac-

tamente quantas faixas já gravei mas aproxi-mo a trezentas faixas”.

O artista conta ate ao momento com dois álbuns e uma EP, um álbum a solo e outro com o colec-tivo PCU e uma EP intitu-lada “Coincidência Cós-mica”. Para este ano esta prevista o lançamento de duas Eps, uma será lança-da em Novembro e o seu álbum para o ano 2022.

O rapper conta que a internet tem um papel fun-damental nos últimos dois anos, porque através dela o artista já lançou mais e 8 músicas e uns 3 vídeos, e com ela mantém aproxima-

ção dos seus fãs e adeptos. Questionado se o artis-

ta já vivenciou algum tipo e violência domestica, o artista afirma que sim e ficou contra tanto que al-gumas musicas suas são fundamentadas neste tema, para sensibilização da so-ciedade sobre este mal.

“ Já vivenciei e sempre fui contra, há uma frase que eu sempre digo aos casais amigos e não só “é preciso ter castidade nas palavras”.

São vários os artistas que o rapper pode colocar como os seus favoritos, mas o artista refere apenas 5, sendo eles, Budahso-moker, Goktaz, Pharaodru-mz, Wrongmind e slaveboy.

Goktaz e pharaho porque foram eles que produziram maior parte do seu álbum,

Budah porque pro-duziu para si a mais de 15 anos atrás e sempre mantiveram o contacto.

“Actualmente Wrong-mind é o produtor do meu mundo subterrâneo e sla-veboy é o produtor do meu mundo superficial”.

Matador Inocente refere que não ultrapassou mui-tas dificuldades ao longo deste percurso, mas a falta

de empresários sérios para investir em sua carreira ainda é dilema, portanto, ao lançar o seu segundo ál-bum vai dar uma relaxada.

No seu entender, a che-

gada desta pandemia afec-tou muito a cultura hip-hop, porque o movimento deixou de existir, Mas acrescenta ter sido um mal que veio por bem pois, após a pande-miahaverá mais valorização por esta arte discriminada.

“O hip-hop nunca vai extinguirporque é o quin-to poder sobre as massas depois do poder judiciário, executivo, legislativo e a mídia, a seguir e o hip-hop”.

“Para quem singrar neste movimento o meu conselho é: conheça a sua história, seus fundamen-tos e respeita o seu pró-ximo. Para os manos em Cabo delgado a mensa-gem que eu deixo é nunca é tarde para recomeçar”

siLVino miranda

“O hip-hop nunca vai extinguirporque é o quinto poder sobre as massas depois do poder judiciário, executi-vo, legislativo e a mídia, a seguir e o hip-hop”

“Para quem singrar neste movimento o meu conselho é: co-nheça a sua história, seus fundamentos e respeita o seu próxi-mo. Para os manos em Cabo delgado a mensagem que eu deixo é nunca é tar-de para recomeçar”

zambeze | 23Quinta-feira, 07 de Outubro de 2021

Page 24: Tenda da BO em alvoroço Espião inibido de falar

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jaiMe nogueira pinto

O Aukus e a aliança Transatlântica

O e n c a r r e -gado da p o l í t i c a e x t e r n a europeia,

o socialista espanhol Josep Borrel, foi claro a afirmar que a União Europeia estava ao lado da França na ques-tão da ruptura de Paris com os signatários do novo pacto AUKUS – Australia, United Kingdom, United States.A crise resultava de Camberra ter denunciado o contrato de compra de doze submarinos franceses, propulsionados por motores a diesel. Os Aus-tralianos optaram por subma-rinos nucleares americanos.

As razões desta ruptura podem ser múltiplas: uma tem a ver com a opção nucle-ar ser uma decisão técnico--estratégica, já que os subma-rinos eléctricos obrigariam, nas suas deslocações da Aus-trália para eventuais zonas de conflito no Pacífico, a longos trajectos, parte dos quais têm de ser feitos à superfície para recarregar as baterias. E aí, à superfície, os submarinos são mais vulneráveis. Além disso, os submarinos atómi-cos têm inegáveis vantagens na recolha de inteligência ou transporte de forças especiais.

Eram doze submarinos, num contrato que os fran-ceses tinham ganho em 2016. O valor total do con-trato era de 66 mil milhões de Dólares americanos e a Austrália já tinha gasto 1,8 mil milhões no projecto.

Quer o Primeiro-minis-tro Scott Morrison, quer o

Chefe das Forças Armadas australianas, o general An-gus Campbell, justificaram a quebra do acordo pela mudança do risco edo desa-fio na região, querendo com isso subentender a subida do perigo de confrontação. Com quem? Presume-se que com a República Popular da China, devido à escalada das actividades da Marinha de Guerra chinesa no Mar do Sul da China, com provo-cações ao Japão e a Taiwan.

Numa clara alusão, Peter Jennings, do think tankAus-tralian Strategic Policy Ins-titute, foi dizendo que “o primeiro submarino da nova categoria devia chamar--se “Xi Jinping”, já que o Presidente chinês e a sua estratégia são os responsá-veis por esta decisão aus-traliana de fazer o upgra-de da sua frota submarina.

Nos últimos meses, os media australianos reprodu-ziram queixas várias sobre o trabalho do grupo empre-sarialNaval Group, que era criticado quer por atrasos, quer por alterações de preço. Mas recentemente Camberra tinha sossegado Macron e os ministros dos Estrangei-ros e da Defesa franceses.

Foi assim um grande cho-que, que levou à represália de chamar de volta os embaixa-dores em Washington e Cam-berra. Por um lado, a França tem interesses importantes na zona do Indo Pacífico, que procura dinamizar em coope-ração com a Austrália e com a Índia. Por outro, para o Na-

val Groupfrancês, que neste momento tem em constru-ção submarinos para a Índia e para o Brasil,e tinha cerca de 650 pessoas a trabalhar no projecto australiano, o con-trato representava 10% da sua carteira de negócios. Va-lor importante, mas não deci-sivo para o futuro da empresa

A reacção do Governo francês veio sobretudo do Mi-nistro dos NegóciosEstran-geiros, Jean-Yves Le Drian, que parece nesta história ter o papel de “bad cop”, deixando a Macron o de “good cop”. O Primeiro Ministro austra-liano defendeu-se, alegando que a França já sabia que a Austrália tinha “profundas e graves reservas” quanto à capacidade dos submarinos franceses responderem às necessidades australianas.

O debate e o conflito es-tão abertos. Por um lado, o AUKUS, ligando os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália, é um arranjo diplo-mático que junta os anglo--saxónicos no Pacífico,num tratado estratégico-militar.Pode ter lesado, pelo ca-minho, a ligação à Europa da UE e prejudicado uma empresa francesa queespe-ra ser ressarcida, mas pe-sou mais a preocupação de Washington se afirmar, na região, face a Pequim.

Por outro, deixa – ou me-lhor, adensa – uma sombra na cooperação transatlân-tica que era suposto Biden vir reparar. Na verdade, nos múltiplos comentários e crí-ticas à situação, mais uma

vez sobrou para Donald Trump, a quem a condu-ta de Biden foi comparada.

Pequim também se pro-nunciou, e a sua embaixada em Washington emitiu um comunicado em que qualifica o AUKUS como “acordo ex-tremamente irresponsável”, explicitando que “a coopera-ção entre os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Austrália, em matéria de submarinos nucleares, abala gravemente a paz e a estabilidade regio-nais, intensifica a corrida aos armamentos e compromete os esforços internacionais para a não-proliferação nuclear”.

O golpe político-diplomá-tico grave dá-se na coopera-ção Estados Unidos / União Europeia, com os países da UE a solidarizarem-se com os franceses, pela voz de Borrel.

A resposta francesa foi, efectivamente, radical. E também eram múltiplos os agravos e as questões mal resolvidas com Londres: Ma-cron estivera activo na rejei-ção pela UE das segundas encomendas da vacina ingle-sa AstraZeneca pela União Europeia; os ingleses tinham sido excluídos do Satélite Galileo pela European Space Agency; a RAF tinha apoia-do os franceses no Mali, sem compensação ou retorno; e na questão da Irlanda do Nor-te, Macron aproximou-se do Primiero Ministro irlandês, Michael Martin, de um modo que irritou Boris Johnson.

Daqui a reacção de Bo-ris Johnson, ainda agravada por Macron chamar ao reino

Unido “um Estado vassalo da América”, ao mesmo tempo que ameaçava a unidade da NATO e que se declarava pronto a negociar unilateral-mente com a China e a Rússia.

A China, aliás, parece ser o nó do problema. Embora nem Biden nem os Ingleses e australianos mencionas-sem a China, a verdade é que Pequim faz o papel do elefante na sala nas razões destes pactos da Anglos-fera. De qualquer modo, a exclusão da França e as suas consequências na re-lação euro-atlântica vão pesar num futuro próximo. Biden, e nisto continua a política de Trump, está consciente da importância da Austrália como poder de equilíbrio na Ásia Pací-fico. Isso já acontecera há oitenta anos, no tempo da Segunda Guerra Mundial, quando a Austrália e o Mar de Coral foram as barrei-ras que o Império japonês não conseguiu passar na sua guerra relâmpago. Faz, pois, sentido, ainda mais depois do desastre de Ca-bul, que Washington queira dar garantias aos aliados da Ásia-Pacífico – Japão, Ín-dia, Coreia do Sul e Taiwan, que aqui estará firme.

Até porque as tradicio-nais regras da Geopolítica e do inimigo principal estão de pé e, apesar da prolifera-ção da retórica multilateral, são elas que governam um mundo onde os interesses nacionais persistem e domi-nam a política dos Estados.