Tensao Superficial

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aula sobre tensao superficial

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  • Tenso Superficial

    INTRODUO

    Fenmenos de superfcie tm interesse multidisciplinar e so importantes tanto para a Fsica

    quanto para a Qumica, a Biologia e as Engenharias. Alm disso, h vrios efeitos observados no

    dia-a-dia, que esto relacionados s propriedades da interface entre duas fases por exemplo,

    gros de areia, clipes de papel e outros objetos pequenos podem flutuar sobre a superfcie da gua,

    mesmo sendo mais densos que ela; algumas espcies de insetos conseguem andar sobre a superfcie

    da gua sem se molhar; na extremidade de um conta-gotas, um lquido sai na forma de gotas, e no

    como um filete contnuo.

    Para entender esses fenmenos, considere a interface de um lquido com seu prprio vapor

    ou com o ar, como representado na Figura 1. Cada molcula no interior do lquido atrada pelas

    demais molculas igualmente, em todas as direes, enquanto as molculas que esto na superfcie

    so atradas para o interior do lquido mais fortemente que em direo ao ar. Ocorre, ento, uma

    contrao espontnea da superfcie. No interior do lquido, as foras de coeso atuam no sentido de

    estabilizar o sistema, reduzindo a energia potencial de cada molcula. Porm, por no ter o mesmo

    nmero de vizinhas, uma molcula na superfcie apresenta maior energia potencial que as no

    interior do lquido. Portanto, para aumentar a superfcie de um lquido, devem-se transferir

    molculas de seu interior para a interface, e isso requer certa energia.

    FIGURA 1 - Uma molcula no interior do lquido atrada pelas demais molculas, igualmente, em todas direes, enquanto as molculas, na superfcie so atradas para o interior do lquido mais fortemente que em direo ao ar.

  • Define-se a tenso superficial como a razo entre o trabalho externo W, necessrio para aumentar de A a rea da interface do lquido, e essa rea, ou seja,

    AW . (1)

    As foras na interface de um lquido so semelhantes quelas que mantm pelculas elsticas

    de slidos esticadas, por exemplo, em membranas e bales de borracha. No entanto, como a tenso

    superficial independe da rea da superfcie do lquido, esses sistemas so muito diferentes de

    pelculas elsticas slidas. Quando a rea dessas pelculas modificada, o nmero de molculas na

    superfcie permanece constante, no entanto, as foras e as distncias entre as molculas se alteram.

    Por outro lado, uma alterao na rea de uma interface ocorre por meio da variao do nmero de

    molculas, mas a distncia mdia entre elas e a fora permanecem praticamente constantes.

    A existncia de foras na superfcie de um lquido pode ser demonstrada com o dispositivo

    representado na Figura 2, em que um lao de linha fina tem suas extremidades amarradas a um

    arame dobrado em forma de anel. Mergulhando-se esse conjunto em uma soluo de gua com

    sabo, forma-se uma pelcula na parte interna do anel onde o lao de linha flutua livremente, sem

    forma definida. Nessa situao, as molculas do lquido, tanto na parte interna quanto na parte

    externa do lao, exercem foras sobre a linha, permitindo que ela fique em equilbrio. Quando a

    pelcula na parte interna do lao destruda, o lao assume uma forma circular. Isso ocorre devido

    s foras radiais exercidas pelas molculas sobre a superfcie da pelcula.

    anel de arame

    lao de linhapelcula de sabo

    (a) (b) FIGURA 2 - Em (a), forma-se uma pelcula em um anel mergulhado em uma soluo de gua com sabo e um lao de linha, preso no anel, flutua nessa pelcula; em (b), removendo-se a pelcula do interior do lao, este assume uma forma circular.

    A tenso superficial de um lquido pode ser determinada medindo-se a fora por unidade de

    comprimento necessria para aumentar a rea da superfcie desse lquido. Considere, por exemplo,

    um fio dobrado em forma de U, sobre o qual um outro fio, de comprimento , pode deslizar sem

    atrito, como mostrado na Figura 3.

  • fiopelcula

    fiomvel

    F

    F

    x

    a)

    b)

    FIGURA 3 - Em (a), o fio mvel mantido em equilbrio pela fora F, de mesmo mdulo e com sentido oposto fora exercida pelas molculas do interior do lquido; em (b), o trabalho realizado sobre o fio aumenta a rea de cada face da pelcula de x.

    Esse conjunto imerso em uma soluo de gua com sabo e, em seguida, retirado.

    Deslocando-se o fio mvel, forma-se uma pelcula de gua com sabo, como mostrado na Figura 3.

    Se esse fio for solto, observa-se que ele puxado pelo lquido devido tenso superficial que tende

    a minimizar a superfcie do lquido. Seja F a fora necessria para deslocar o fio de x com velocidade constante. Nessa situao, a energia para mover as molculas do interior do lquido para

    a superfcie da pelcula igual ao trabalho realizado pela fora externa sobre o fio. Como a pelcula

    tem duas superfcies, o aumento de sua rea de 2x. Utilizando-se a equao 1, obtm-se

    2F x

    x ou 2

    F . (2)

    Esse resultado utilizado, atualmente, nos principais mtodos para se medir a tenso

    superficial de lquidos. Neste experimento, ser utilizado o Mtodo de Du Nouy, tambm conhecido

    como Mtodo do Anel. Nele, um anel metlico circular suspenso em uma balana de preciso

    dinammetro de toro , e uma base de altura ajustvel usada para levantar o lquido a ser

    medido at que entre em contato com o anel. Em seguida, o recipiente novamente abaixado para

    esticar a pelcula de lquido que se forma em torno do anel, como mostrado no detalhe da Fig. 4a. O

    mdulo F da fora que o lquido faz sobre esse anel, devido tenso superficial, dado por

    2 (2 )cosF r ,

  • em que 2r o permetro do anel, o ngulo de contato do lquido e o fator 2 se deve s duas pelculas que se formam uma na parte interna e outra na parte externa do anel, como

    representado na Figura 4a.

    Quando o anel est em equilbrio, a balana exerce uma fora sobre ele, cujo mdulo F

    4 cosF r P P ,

    em que P o peso do anel e P o peso do lquido que levantado junto com ele. Na Figura 4b,

    essa fora est representada em funo do deslocamento do anel a partir da superfcie do lquido.

    anelmetlico

    F

    F F

    lquidoar

    for

    a (m

    N)

    F

    distncia acima da superfcie (mm)

    pelcula serompe

    5

    00 1 2 3 4 5 6

    10

    Fmax

    a)

    b)

    FIGURA 4 - Em (a) apresenta-se o mtodo utilizado a se medir a tenso superficial de um lquido: um anel circular imerso no lquido e, em seguida, retirado lentamente; nesse caso, a tenso superficial calculada a partir da medio da fora mxima para levantar o anel; em (b) apresenta-se o grfico da fora exercida sobre o anel em funo de sua distncia at a superfcie do lquido.

    Quando o mdulo dessa fora mximo, Fmax, ela tem direo vertical; nesse momento, o

    ngulo de contato = 0o. Desprezando-se o peso P do lquido que fica retido no anel e tarando-se a balana para descontar o peso do anel, a tenso superficial , ento, dada por

  • max

    4F

    r . (3)

    Na Tabela 1, esto relacionados os valores da tenso superficial de alguns lquidos em

    contato com o ar.

    Tabela 1.

    Tenso superficial de alguns lquidos com o ar. Os erros so menores que 3%.

    Lquido Temperatura (oC) Tenso superficial

    (103 N/m) lcool etlico 20 22,3

    Glicerina 20 63,1

    Mercrio 20 465

    gua 0 75,6

    gua 20 72,8

    gua 60 66,2

    gua 100 58,9

    Oxignio -193 15,7

    Hlio -269 0,12

    PARTE EXPERIMENTAL

    Objetivo

    Determinar a tenso superficial da gua e de uma soluo de gua com sabo.

    Material utilizado

    Dinammetro de toro com sensibilidade de 104 N, anel metlico com dimetro de ~2,0 cm,

    base elevatria, recipiente para lquido com dimetro maior que 10 cm, gua destilada, lcool,

    paqumetro, detergente.

    Procedimentos

  • Mea o dimetro do anel e calcule seu permetro. Em seguida, limpe-o, cuidadosamente, com

    lcool para remover qualquer resduo de gordura existente nele, enxge-o com gua destilada e

    seque-o com uma toalha de papel limpa. Isso feito, no toque mais no anel.

    Lave o recipiente com gua corrente, limpe-o com uma toalha de papel embebida em lcool,

    enxge-o e seque-o bem.

    Pendure o anel no dinammetro e, em seguida, tare a balana ou seja, ajuste sua leitura em

    zero, de forma a eliminar o peso do anel na medida de fora.

    Coloque o recipiente com gua destilada sobre a base elevatria e ajuste sua altura para que o

    anel fique completamente submerso. Em seguida, abaixe-a, lenta e gradualmente, e, ao mesmo

    tempo, nivele o brao do dinammetro a cada passo. Faa isso at o instante em que o anel se

    desprende da superfcie do lquido. Nessa situao, a leitura, na balana, igual fora mxima

    da gua sobre o anel, dada pela equao 3.

    Repita essa medida vrias vezes e determine o melhor valor dessa fora, com sua respectiva

    incerteza. Determine, ento, a tenso superficial da gua, tambm com a respectiva incerteza.

    Em seguida, deve-se medir a tenso superficial de uma soluo de gua com sabo. Para isso,

    acrescente 5 a 10 gotas de detergente gua do recipiente. Homogeneze a mistura obtida e

    repita o procedimento descrito para se medir a fora mxima do lquido sobre o anel.

    Calcule, ento, a tenso superficial da soluo de gua com detergente, com sua respectiva

    incerteza.

    Compare os resultados obtidos com aqueles mostrados na Tabela 1.