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Querigma primitivo Na Liturgia - essencialmente a celebração do batismo e da eucaristia, centrados no mistério de Cristo. As homologias - que são breves fórmulas de fé cristológica, e os hinos, composições poéticas mais amplas e articuladas. Homologia = Repetição de palavras, conceitos, figuras e outros elementos do discurso no mesmo texto. Tanto as homologias como os hinos têm um duplo objetivo: “crer”, quer dizer expressar a fé em Jesus Cristo e “confessá-lo”.

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Querigma primitivo

Na Liturgia - essencialmente a celebração do batismo e da eucaristia, centrados no mistério de Cristo.

As homologias - que são breves fórmulas de fé cristológica, e os hinos, composições poéticas mais amplas e articuladas.

Homologia = Repetição de palavras, conceitos, figuras e outros elementos do discurso no mesmo texto.Tanto as homologias como os hinos têm um duplo objetivo: “crer”, quer dizer expressar a fé em Jesus Cristo e “confessá-lo”.

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No começo o acontecimento que abarca toda a “fé” e a consequente “confissão” foi somente a ressurreição. (cf. Rm 10,9).

Duas formas de homologias: a aclamação e a “fórmula-pistes”

Aclamação: “…todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também.” (1Cor 8,6).

A aclamação é uma fórmula nominal que contém e proclama um ou mais títulos cristológicos.

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A formula-pistes - “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele”. (1Ts 4,14).

Como vimos o núcleo morte-ressurreição foi ampliado “retrospectivamente”: da missão, ao nascimento de Jesus e sua preexistência; e se projeta adiante: sua exaltação e a parusia.

Homologia verbal formada por uma breve frase predicativa.A citada Fórmula-pistes acima sintetiza a morte e a ressurreição de Jesus.

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Os hinos. Estes manifestam com eficácia a proclamação entusiasta de Jesus Cristo, Senhor e Salvador universal da humanidade e do cósmos.

Os hinos representam uma cristologia desenvolvida.

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O Quérigma (Kerigma).

Um primeiro sumário do querigma apostólico se encontra em 1Cor 15,3-7: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo m o r re u p o r n o s s o s p e cad o s, s e g u n d o a s E s c r i t u ra s ; q u e f o i s e p u l t a d o; q u e f o i ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;”

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Elementos essenciais do primitivo querigma cristão:

1. As profecias se cumpriram e começou uma nova época com a vinda de Cristo;

2. Ele nasceu da estirpe de Davi;

3. Morreu segundo as Escrituras para nos libertar do mal da era presente;

4. Foi sepultado;

5. Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras;

6. Foi exaltada à direita de Deus, como Filho de Deus e Senhor dos vivos e dos mortos;

7. Virá de novo juiz e salvador da humanidade.

Assim, temos que o mistério pascal da morte e ressurreição de Jesus, constitui o centro do querigma. A ressurreição assinala a entrada de Jesus no estado escatológico e sua exaltação como Senhor. Tudo isso é anunciado como Boa Nova, porque unido íntima e totalmente a Deus, Jesus nos abriu o caminho.

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Observamos no anúncio da Boa Nova que o Jesus pré-pascal e o Cristo ressuscitado formam a realidade de um só anúncio.

O n ú c l e o m a i s a n t ig o d a p r i m e i ra re f l e x ã o cristológica parte da chamada “cristologia da exaltação”.

A partir desta cristologia da exaltação, começa a reflexão sobre o Jesus terreno e sobre sua diferente condição como Cristo celeste.

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Se Jesus, por sua ressurreição se tornou Messias, Senhor e Salvador, sua própria existência terrena o preparou para tanto. E é isso que o querigma primitivo vai proclamar:

Que Ele nasceu da estirpe de Davi, segundo a carne, constituído Filho de Deus com potência segundo o Espírito… (cf. Rm 1,3-4).

Em conclusão à luz do querigma primitivo a Páscoa é ação de Deus em Jesus, em nosso favor.

A cristologia do querigma primitivo era funcional. Consistia numa reflexão sobre Jesus, contemplado em suas funções em nosso favor. Mais tarde, por um processo orgânico, ela se transformará em cristologia “ontológica”. Assim, podemos dizer que a consideração dos dois modos ou âmbitos da existência de Jesus (terreno e celeste) se converteu depois na base para sua explicitação ontológica e para a doutrina patrística das duas naturezas.

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Cristologia do quérigma primitivo: o Senhor Ressuscitado, sentado à direita do Pai.

Várias fases de uma cristologia do “Filho de Deus”

Da cristologia “de baixo” para a cristologia “do alto”

Cristologia de baixo (descendente): “Jesus “pre-existia” estava com Deus e em Deus, desde toda a eternidade.

Não pode o homem tornar-se Deus, mas Deus pode tornar-se homem. E o fez em Jesus Cristo.

Da proclamação do Ressuscitado à confissão do Filho de Deus.

Cristologia do alto: “Jesus “pre-existia” estava com Deus e em Deus, desde toda a eternidade, independente e antes de sua aparição corporal, visto que o homem não pode se tornar Deus nem mesmo pode se tornar tal por obra de Deus.Não

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Mc 1,1, 8,27-9,13 - Jesus como “Filho de Deus”, título principal de Jesus no Ev de Marcos.

O “segredo messiânico”; indica que o mistério de Jesus só pode ser compreendido por quem tem fé e segue sua vida até a cruz.

A cristologia do Ev. de Marcos

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O título cristológico prevalente em Mt é o de “Senhor”.

A chave inte rp retativa: o cu mp rime nto das escrituras em Jesus de Nazaré, e por isso ele é o Salvador prometido.

É insistente a importância dada à relação de Jesus com o Pai.

A cristologia do Ev. de Mateus

Mateus coloca o Filho no mesmo nível do Pai, apresentando sua igualdade com Deus, em termos dinâmicos e funcionais.

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Cristo para Lucas é o centro do tempo e da história da salvação. Com João Batista termina o AT e com Jesus começa o NT.

Destaca-se em Jesus tanto a plena humanidade como a inegável filiação divina desde seu nascimento terreno.

Lc destaca a dimensão da misericórdia de Deus em relação aos pecadores.

No Ev e nos Atos Lucas coloca em estreita relação o Jesus prepascal com o Cristo glorificado pela ressurreição-Pentecostes.

A cristologia do Ev. de Lucas

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Nestas duas cristalologias estão presentes todas as dimensões essenciais de Jesus Cristo: sua pré-existência, sua existência terrena, sua glorificação-exaltação e sua dimensão escatológica.

A cristologia desenvolvida de Paulo e João

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Três níveis:

1. Primeiro (1-2 Ts e segunda parte de 1Cor). Centrado na parusia e na ressurreição de Jesus, como primícias da nossa.

2. Segundo (Rm, Gl, 1-2 Cor). Intresse na eficácia atual da ressurreição e na morte de Cristo como novo princípio religioso.

A cristologia paulina

No segundo nível há uma antítese ao Judaísmo e à cultura grega.

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3. Terceiro (Ef, Fl, Cl). O centro de interesse está na ideia do mistério. Cristo revela os mistérios de Deus escondidos desde toda eternidade. Assim em sua pessoa, Cristo unifica a comunidade dos homens, judeus e pagãos e as potências cósmicas.

Os títulos cristológicos mais importantes são “Cristo” e “Senhor”

A cristologia paulina

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A reflexão de São João representa o ápice da inteligência de Cristo no NT.

João começa seu Ev narrando a vivência eterna do Verbo.

No Ev d e Jo ã o v e m o s s i n t e t i z ad o o s d o i s movimentos da cristologia do NT: descendente e ascendente.

A cristologia de João

A reflexão de São João representa o ápice da inteligência de Cristo no NT, porque une harmonicamente cristologia e soteriologia, eternidade e história, Jesus histórico e Cristo pascal.

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O prólogo de São João - “archē” exprime o ser eterno do Logos, sua particularíssima proximidade ontológica junto de Deus, sua divindade, e sua pre-existência .

O versículo 3 expressa o conceito da ação criadora do Verbo.

Os versículos de 4-12 definem o Verbo como vida e luz dos homens.

Nos versículos 13-14 se sublima a encarnação do Verbo.

A cristologia de João

Nesta realidade “de cima” está o fundamento da autoridade absoluta de Jesus na terra. “Tudo” se refere a toda obra “ad extra” de Deus, e portanto, não somente a criação, mas também a história da salvação. O versículo 14 é o ponto culminante do prólogo.

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A multiplicidade de modelos cristológicos significa a impossibilidade de expressar mediante um só esquema a riqueza da pessoa e da obra salvífica de Jesus Cristo.

Não sao modelos fechados e, mas aberto e complementares.

Conclusões

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Continuidade no desenvolvimento Cristológico, está assegurada por três fatores:

1. Fidelidade à tradição histórica de Jesus por parte da comunidade primitiva.

2. Princípio de seleção e interpretação.

3. Concentração cristológica: no sentido de que a reflexão sobre Deus, sobre o homem, sobre a Igreja e sobre a escatologia começa em Cristo e volta à Ele como o acontecimento de que recebe sua iluminação definitiva.

Conclusões