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Teologia Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas

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Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos

Cursos 24 Horas.

Você está investindo no seu futuro!

Esperamos que este seja o começo de

um grande sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

Em caso de dúvidas, contate-nos pelo

site

www.Cursos24Horas.com.br

Atenciosamente

Equipe Cursos 24 Horas

Sumário

Introdução.....................................................................................................................3

Unidade 1 – Contextualização Histórica........................................................................4

1.1 – História de Israel .............................................................................................5

1.2 – Palestina em tempos de Jesus.......................................................................... 10

1.3 – História da Igreja ............................................................................................ 16

1.4 – História da igreja medieval ............................................................................. 20

1.5 – História da igreja no Brasil ............................................................................. 22

Unidade 2 – Introdução aos Estudos Religiosos .......................................................... 26

2.1 – A igreja contemporânea.................................................................................. 27

2.2 – Introdução à teologia ...................................................................................... 31

2.3 – Teologia nas religiões..................................................................................... 34

2.4 – Bíblia ............................................................................................................. 39

2.5 – Idiomas da bíblia ............................................................................................ 48

2.6 – Antigo testamento........................................................................................... 52

2.7 – Novo testamento............................................................................................. 54

2.8 – Dogmas .......................................................................................................... 58

Conclusão do Módulo I............................................................................................... 61

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Introdução

Olá!

Seja bem-vindo(a) ao Curso de Teologia!

Neste curso, estudaremos o povo antigo, que justamente através dos registros

divinos do Antigo Testamento tratam os israelitas como o povo escolhido de Deus.

Veremos brevemente a história de Israel, as contribuições do povo judeu e todos os

fatores que precedem o nascimento do culto cristão. Trataremos das complexas relações

ocorridas na Palestina nos tempos de Jesus Cristo. Abordaremos as transformações da

instituição Igreja, desde a antiguidade, perpassando pela igreja medieval, chegando à

igreja contemporânea e seus desdobramentos sociais e culturais, no Brasil.

Daremos introdução à disciplina teológica propriamente dita, falando dos

estudos teológicos em suas mais diversas religiões e das suas formas de se relacionar

com Deus. Em um segundo momento, adentraremos aos ensinamentos bíblicos, onde

mostraremos as importantes reflexões e pensamentos que figuram na bíblia, observando

isso sob uma perspectiva filosófica, ou seja, sugerindo possíveis interpretações da

palavra divina. Posteriormente, estudaremos a língua utilizada na maioria dos rituais

cristãos, o latim.

Veremos também uma síntese do Antigo Testamento, livro este, base para os

mulçumanos. Em seguida, abordaremos importantes episódios do Novo Testamento de

Cristo, bem como os impactos de sua filosofia e de sua doutrina na sociedade daquela

época, em alguns momentos, até revolucionária, se considerarmos o contexto sócio-

histórico em que foram enunciados seus ensinamentos. Os dogmas serão

pormenorizadamente estudados, veremos como se criam os dogmas, e como estes

controlam o imaginário das sociedades.

Bom estudo!

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Unidade 1 – Contextualização Histórica

Olá!

Nesta unidade veremos o panorama histórico de Israel, lugar este que é berço da

religião monoteísta. Posteriormente analisaremos a história da Palestina em tempos de

Jesus.

Trataremos da igreja antiga, seus rituais mais significativos e de que forma

exercia influência sobre a sociedade daquela época. Também falaremos da história da

igreja medieval e seu aspecto dogmatizador, bem como a história da igreja no Brasil.

Analisaremos quais os caminhos da igreja contemporânea, igreja está inserida

em um contexto sócio-histórico bem distinto de outrora, ou seja, a sociedade mudou e a

igreja teve que acompanhar estas transformações.

Por fim, veremos as noções básicas de teologia, tanto do cristianismo quanto nas

religiões de um modo geral.

Bom curso!

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1.1 – História de Israel

A história de Israel remonta aos primórdios das civilizações. A cidade nasceu

num ambiente histórico de três mil anos. Neste período, as nações antigas começavam a

desenvolver suas culturas e contavam com uma vasta produção literária.

Anteriormente a este período histórico, as crenças se baseavam no animismo,

isto é, a manifestação das religiões por meio dos elementos inanimados da natureza. A

partir daí, começa-se a se desgarrar deste dogma, passando aos sistemas politeístas de

religião. Foi neste ambiente politeísta que a religião em Israel teve sua origem. Sob a

orientação de Moisés, como o profeta de Yahweh, a fé de Israel rompe definitivamente

com a crença politeísta, resultando finalmente no monoteísmo dos profetas.

Após diversos estudos e discussões acerca das narrativas bíblicas sobre a

libertação dos israelitas da escravidão no Egito, muito se sabe. De um modo geral, os

estudiosos e historiadores não têm mais indagações a respeito da veracidade dos fatos

narrados. É muito difícil entender o Antigo Testamento, sob o novo conhecimento das

ciências bíblicas, sem levar em conta o momento de transformação da religião, ou seja,

sem considerar as experiências dos israelitas no processo de libertação do povo no

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Egito. Essa libertação foi comandada por Moisés, segundo a bíblia, a fé e a confiança no

seu povo permitiram ao profeta liderar o povo judeu a caminho da tão sonhada

liberdade.

Os escritores da bíblia admitiram que a fé de Abraão teve grande

representatividade, entretanto, o fato mais relevante ocorre no concerto de Javé com o

povo de Israel, evento ocorrido no Monte Sinai. Foi justamente nesta ocasião que o

povo de Israel fora escolhido por Deus.

Este sentimento peculiar, a fé do povo de Israel, é o que distingue a religião do

Antigo Testamento de todas as outras. De acordo com os escritores bíblicos, a religião

era algo com que o fiel se relacionaria pelo resto da vida.

A libertação dos israelitas do Egito juntamente com a formação da vida nacional

deste povo se estabeleceram solidamente sedimentadas em suas tradições religiosas.

Neste sentido, a Páscoa fora guardada em suas tradições com o intuito de lembrar a

libertação do povo judeu.

As doutrinas teológicas dos israelenses nasceram das suas relações com o Deus

todo poderoso, e nestas experiências religiosas, Deus era quem tomava a iniciativa, isto

é, dava as direções certas. Por trás da história de Moisés, havia a orientação maior do

poder do Senhor. A decisão de Deus em tornar Israel o povo santo, foi anunciada por

Moisés, o mensageiro de Deus.

Resumo da história de Israel

Abraão foi chamado de “Ur dos Caldeus”, o primeiro judeu. Deus fez promessas

a ele, a respeito da terra de Canaã, e sua semente. Ele morreu sem ter recebido estas

promessas.

Isaac era filho de Abraão do qual estava preparado para oferecer o seu filho em

sacrifício. Abraão era fiel, e Deus confirmou Sua promessa feita a ele por um

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juramento. A vontade de Isaac de morrer em obediência ao mandamento de seu pai é

como se fosse a imitação de Cristo. As promessas foram renovadas a Isaac (Gen.26:3-5)

Jacó era filho de Isaac. As promessas foram repetidas para ele também. Ele teve

12 filhos, Rúben era o mais velho, Benjamin o mais novo. Levi foi aquele de quem os

sacerdotes descendiam e José era o favorito.

José tinha dois irmãos. Eles ficaram com ciúmes e o venderam como escravo

para o Egito. Lá ele se tornou um governante e organizou a conservação de milho para

ser usado durante sete anos de fome que afligia a região.

Durante este tempo, Jacó e seus filhos vieram morar com José no Egito. Eles e

seus descendentes viveram em Goshen, no Egito. Um faraó, tempos depois, perseguiu o

povo de Israel, tornando-os escravos.

Moisés nasceu neste tempo. O bebê estava escondido em juncos, depois

encontrado pela filha do faraó e adotado por ela. Quando era jovem, matou um egípcio

que estava batendo em um israelita. Moisés fugiu para Midiã, onde trabalhou por 40

anos, como pastor. Deus então apareceu para ele em uma sarça ardente. Foi-lhe dito

para ir até o faraó e exigir a libertação de Israel. Ele fez milagres para provar que ele era

realmente enviado de Deus.

No entanto, o faraó não abriria mão de Israel, portanto, dez pragas foram

enviadas sobre o Egito, por exemplo, rãs, escuridão, granizo e, finalmente, matar todos

os primogênitos.

Os israelitas tiveram que matar um cordeiro e aspergir o sangue na porta de suas

casas. Isto apontava para a forma como o sangue de Jesus pode nos salvar da morte.

Esta festa se tornou conhecida como a Páscoa.

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Êxodo

Os israelitas foram finalmente autorizados a deixar o Egito. Eles viajaram

guiados por um anjo de Deus em uma coluna de nuvem durante o dia, e uma coluna de

fogo de noite. O exército do faraó os perseguiu até o Mar Vermelho.

As águas se abriram milagrosamente para deixar as pessoas passarem e em

seguida as águas voltaram ao normal, afogando os egípcios. O povo de Israel viajou

pelo deserto rumo à terra prometida de Canaã. Deus deu-lhes água para beber de uma

rocha e pão em forma de maná, e isso, foi fornecido todas as manhãs.

Quando eles chegaram ao Monte Sinai, Deus lhes deu os dez mandamentos da

Lei de Moisés. Eles foram então denominados Reino de Deus e ordenados a fazer uma

tenda especial, chamada de tabernáculo, local em que Deus podia ser adorado.

Receberam um sumo sacerdote e sacerdotes que poderiam oferecer seus sacrifícios a

Deus. Todos os elementos do tabernáculo e do sacerdócio apontavam para Jesus.

A Terra Prometida acabou sendo alcançada. Doze espiões foram enviados, dez

dos quais voltaram dizendo que era muito difícil tomar a terra de Canaã. Os outros dois

espiões, Josué e Calebe disseram a verdade, a terra poderia ser possuída por eles, se

tivessem fé nas promessas de Deus.

Pelo fato das pessoas compartilharem da mesma atitude dos dez espiões, Israel

teve que vagar pelo deserto por 40 anos, até que todos os que tinham mais de 20 anos

quando saíram do Egito, já estivessem mortos.

Josué foi o sucessor de Moisés, e levou Israel à terra de Canaã. A primeira

cidade a ser tomada foi Jericó, onde viveu Raabe, e depois Ai. Uma vez que eles

estavam estabelecidos na terra, foram governados por juízes de forma intermitente,

embora Deus fosse seu rei real. Estes incluíam homens como Gideão, Jefté e Sansão.

Eles todos haviam libertado Israel de seus inimigos, quando se arrependeram de pecar

contra Deus.

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A história de Israel está repleta de exemplos do povo sendo desobediente a

Deus, em seguida sendo punido por invasões de nações vizinhas, arrependendo-se de

seus pecados, então Deus os liberta e novamente o povo de Israel volta a pecar. O

último juiz foi Samuel. Em seu tempo, o povo de Israel rejeitou a Deus como seu rei,

pedindo um rei humano, como nas nações ao redor deles.

Reis

Seu primeiro rei foi Saul, que apesar de começar bem, acabou por ser um

homem mau, ele era desobediente aos mandamentos de Deus, e perseguira David.

Depois de sua morte, David tornou-se o próximo rei, e foi um dos melhores de Israel.

Deus fez grandes promessas para ele.

Depois dele, veio seu filho Salomão, que depois de um bom começo foi

afastando-se da verdadeira fé, justamente pelas muitas esposas que ele tinha tomado das

nações vizinhas.

Após sua morte, o reino dividiu-se em dois, dez tribos formaram o reino de

Israel, inicialmente sob Jeroboão; das outras duas tribos, Judá e Benjamin, formou-se o

reino de Judá, inicialmente sob o comando de Roboão, filho de Salomão.

O Reino de Israel (as dez tribos), não teve bons reis. Eles estavam sempre

rebeldes contra Deus que enviou-lhes muitos profetas a rogar em seu favor para se

arrependerem, mas os fiéis não cediam ao arrependimento. Portanto, os Assírios os

invadiram, e os levaram para o cativeiro. Eles estavam espalhados por todo o mundo.

O Reino de Judá (as duas tribos) teve alguns reis bons (por exemplo, Ezequias),

mas, também, eram geralmente desobedientes a Deus. Os babilônios foram, portanto,

enviados para invadi-las, e os mantiveram em cativeiro na Babilônia, por 70 anos. E

eles nunca mais tiveram um rei.

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Após 70 anos, alguns voltaram para a terra de Israel, sob a liderança de Esdras,

Neemias, Josué (o Sumo Sacerdote na época) e Zorobabel, o governador. Eles foram

governados primeiro pela Pérsia, depois pela Grécia e, finalmente, por Roma. E estavam

sob o comando de Roma quando Jesus nasceu.

Como resultado da rejeição dos judeus, Deus enviou os romanos para destruir

Jerusalém em 70 d.C. Por fim, todos os judeus foram expulsos da terra de Israel.

Nos últimos anos, os judeus começaram a voltar para a terra, em cumprimento

parcial das profecias do Antigo Testamento. O renascimento do Estado de Israel é um

sinal certo de que em breve Jesus voltará para restabelecer o Reino de Israel, como o

Reino de Deus.

1.2 – Palestina em tempos de Jesus

A Palestina não era nem um pouco semelhante com o que é hoje, e não era um

lugar muito agradável para se viver. A política era muito diferente, o Mar da Galiléia e o

Mar Morto eram maiores – o aquecimento global e o assoreamento do Mar Morto, hoje

em dia, têm diminuído essas águas nos últimos anos.

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O Mar da Galiléia estava propenso a tempestades como ainda hoje, mas muito

mais nos tempos em que era maior. O clima é quente durante o dia e frio extremo, em

especial nas áreas de deserto, à noite. Chuvas eram raras, mas quando chegavam, eram

torrenciais.

Politicamente, os judeus tinham o seu próprio “rei” (Herodes), embora ele não

fosse mais do que um “fantoche” governante, sob o jugo do Império Romano. O

governador da região no tempo de Jesus, especialmente no momento da crucificação, foi

Pôncio Pilatos.

Pilatos não teria sido particularmente bem respeitado pelo imperador romano

caso não tivesse agido daquele jeito. A Palestina, mais especificamente a área da Judeia,

foi tida como um ponto problemático por causa da insurgência religiosa e propensa a

tumultos.

Os judeus se ressentiam com os romanos por terem ocupado e governado seu

país, e muitos grupos de insurgentes apareciam para resistir a eles. O ressentimento foi,

em parte, devido ao fato de que os romanos adoravam muitos "deuses" e também

adoravam o imperador como "divino", para grande desgosto dos judeus que adoravam o

único e verdadeiro Deus.

Um desses grupos de insurgentes foram os zelotes, um dos quais, Simão, o

Zelote, tornou-se um discípulo de Jesus. Foi neste clima que Jesus viveu e realizou sua

missão. Quando ele chegou à Jerusalém, montado em um jumento, ele foi aclamado

como o "Rei dos Judeus", como uma profecia no Antigo Testamento predisse: “O

Messias prometido, cavalgando para Jerusalém e montado em um jumento, em vez de

um cavalo guerreiro”.

No entanto, pelo fato do paraíso prometido por Jesus estar no céu, seu "reino"

não era deste mundo e não seria ele quem libertaria os judeus dos romanos pela força

militar, como muitos esperavam que o Messias fosse.

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Ele era alguém muito mais importante do que isso, um libertador dos nossos

próprios pecados para o mundo inteiro, e não apenas para os judeus. Não é de se

admirar, que as autoridades judaicas facilmente persuadissem as pessoas crédulas a se

voltarem contra ele e a exigirem sua execução logo em seguida.

Ambiente cultural / vida diária

Jesus passou a maior parte de sua vida em torno da área agrícola de Nazaré.

Semelhante a muitas aldeias agrícolas em todo o mundo, a vida foi se transformando

após tradições, papéis e rituais transmitidos de muitas gerações passadas. Vejamos:

� População: a área da vila de Nazaré foi povoada em sua maioria por judeus,

mas também com alguma diversidade de sírios, gregos e romanos. A maior

cidade da Palestina foi Jerusalém, que era mais cosmopolita e continha maior

diversidade étnica.

� Idioma: o idioma comum no Império Romano era o grego. No entanto, no

momento em que era comum para os judeus também usarem o hebraico, o

aramaico e o latim. O idioma diário usado por Jesus era o aramaico.

� Vila: o centro de uma vila era o mercado e as lojas. E para uma aldeia judaica, a

sinagoga era um lugar de encontro central e também tinha a sede do governo

judaico local.

� Habitação: as casas eram muito parecidas e formadas por um ou dois cômodos

quadrados, com piso de terra, telhados planos, portas baixas e estreitas, e portas

frontais de madeira. Muitas vezes, as pessoas dormiam em telhados planos

durante as noites quentes. As casas foram dispostas em torno de um pátio central

compartilhado, onde os vizinhos realizavam tarefas diárias, como lavar, cozinhar

etc, sempre em conjunto. A água era conseguida a partir de um poço público e

armazenada num reservatório localizado no pátio.

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Vejamos alguns aspectos peculiares daquele período:

Iluminação

Era fornecida por lâmpadas de barro com óleo. As pessoas dormiam em esteiras

e possuíam poucos objetos pessoais.

Alimentação

O trabalho diário da mulher incluía preparar a comida para sua família, por

exemplo, elas moíam os grãos, assavam pães, tiravam o leite dos animais e fabricavam

queijo.

Normalmente, uma família comia duas refeições: café da manhã (pequena

porção de alimentos leves) e jantar (uma refeição grande com queijo, vinho, frutas,

legumes e ovos).

Quanto à carne, o peixe era mais comum, seguido de frango ou aves. A carne

vermelha (carne de cordeiro) era servida apenas em ocasiões especiais, a carne de porco

ou os crustáceos eram absolutamente proibidos.

A maioria dos alimentos era cozido ou refogado em uma panela grande e

temperados com sal, cebola, alho, cominho, coentro, hortelã, endro e mostarda.

Alimentos eram adoçados com mel silvestre ou xaropes de uva. Os alimentos eram

geralmente servidos em uma tigela comum e comidos com as mãos.

Roupas

A roupa de baixo era chamada de "túnica". O vestuário exterior era chamado de

"manto" do qual consistia em uma roupa longa, solta e com franjas, amarradas por uma

fita azul.

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Os homens usavam um cinto de couro, com aproximadamente 10 centímetros de

largura ou um pano amarrado em lugar do cinto. Se alguém estava vestindo apenas a

roupa de baixo, então se dizia estar "nu" ou "despido".

As pessoas também usavam sandálias em seus pés e um pano branco sobre a

cabeça, até a altura dos ombros para que se protegessem contra o sol.

Físico

A maioria dos judeus era bastante baixa em estatura, de pele clara, mas

bronzeada do sol. Uma grande parte da população tinha cabelo preto ou castanho e era

bem comprido, e os homens usavam barba.

Estrutura familiar

O marido era o chefe espiritual e a autoridade da casa. Ele era responsável por

alimentar, abrigar e proteger a família. As crianças eram orientadas desde muito cedo a

honrar os seus pais.

A família judia vivia sob rigorosas regras morais, sociais e religiosas. Pais, filhos

solteiros, um filho casado e o/a cônjuge, muitas vezes viviam todos sob o mesmo teto.

O papel da mulher

No século primeiro, as mulheres israelitas eram consideradas cidadãs de segunda

classe, semelhantes aos escravos.

O fato de que elas são mencionadas como ávidas seguidoras de Jesus, é

incomum, tanto que elas seriam autorizadas a segui-lo com os seus discípulos. Os

autores de biografias de Jesus raramente mencionam cenas em que as mulheres

pudessem fazer parte.

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A vida em família

José, pai de Jesus, era um carpinteiro, tornando a sua família uma parte da classe

média. Maria (mãe de Jesus) era uma adolescente que foi "prometida" por seus pais a se

casar com José (no momento em que Jesus foi considerado milagrosamente concebido).

Após seu casamento e o nascimento de Jesus, especula-se que Maria e José

tiveram outros filhos depois de Jesus.

Definição religiosa

Líderes judeus lutaram pela pureza de sua crença em um Deus, na face do

conflito das religiões estrangeiras. No entanto, ao mesmo tempo, os judeus foram se

fragmentando em seitas, divididos por variações da lei judaica.

O povo judeu acreditava em um único Deus (monoteísmo), que era invisível e

não poderia ser retratado. Em contraste, as culturas circundantes acreditavam em muitos

deuses (politeísmo), que podiam ser representados por imagens ou ídolos.

A tradição judaica foi centrada no Sabbath, o dia começa na sexta-feira ao pôr

do sol e termina no pôr do sol de sábado. O Sabbath é iniciado com uma oração, as

velas são acesas pela mulher da casa, seguido de um jantar alegre na sexta-feira.

Este dia santo é (e a tradição permanece inalterada) considerado um dia de

descanso e adoração, onde tudo o que se fazia era em honra de Deus.

O povo judeu estava buscando um "Messias" ou salvador. Eles esperavam o

líder que Deus havia prometido que, de acordo com a sua compreensão, lhes traria

renovação espiritual e liberdade política de séculos de opressão estrangeira, a partir do

Império Romano.

16

A cultura da Israel do primeiro século era muito interessada no sobrenatural, era

comum que as pessoas acreditassem em maldições e fossem controladas por

superstições. O feriado religioso mais importante durante o ano judaico é a festa da

Páscoa, celebrando a libertação do povo judeu da escravidão no Egito.

Durante a Páscoa, muitos judeus iam viajar à Jerusalém para celebrar na cidade

santa. É por isso que Jesus e seus discípulos viajaram até Jerusalém para sua última ceia

juntos, eles estavam celebrando a Páscoa. Esta é também a tradição que fez com que

tantos judeus estivessem presentes em Jerusalém no momento da prisão de Jesus, em

seu julgamento e sua crucificação.

1.3 – História da Igreja

Neste tópico falaremos da complexidade de se estudar fatos relacionados à

igreja. Também mencionaremos algumas formas de se obter um estudo mais esclarecido

da teologia.

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Qual é a história da igreja?

É o mesmo que perguntar: O que é a Igreja? Foi a igreja que prometeu ser uma

unidade externa e visível? Se assim for, é preciso ter a visão católica da história da

igreja de alguma forma.

Seria a igreja, por outro lado, o nome para a sociedade inteira (invisível) de

crentes reais? E as igrejas individuais, como são constituídas? Esta seria a visão mais

protestante, e como tal, a história da igreja tende a ser levada para todas essas direções.

O ponto de vista sobre esta questão irá impactar diretamente a nossa visão da

história da igreja, assim como veremos no contorno dos períodos históricos a seguir.

Sob o ponto de vista dos protestantes, há uma tendência de se concentrar mais em

reforma e menos sobre o progresso institucional.

Como os conservadores protestantes, pode-se colocar menos ênfase, por

exemplo, no Movimento Ecumênico. Os protestantes conservadores independentes

viam reformas anteriores como sendo incompletas, uma vez que acreditavam que os

fiéis mantiveram o princípio da igreja do Estado vivo.

Nossa visão neste curso será ampla, ou seja, falaremos sob os dois pontos de

vista: o ecumênico e o conservador (ou congregacional), e também das várias formas de

protestantismo (ou independentes).

Nós certamente teríamos alguns problemas se levássemos este ponto de vista por

apenas uma vertente. Por exemplo: Como tratar as outras tradições da igreja? Ou, como

explicar e enfrentar o rápido afastamento da “verdade”, em várias áreas de ensino da

igreja primitiva?

Para que possamos ter um olhar crítico acerca dos estudos teológicos devemos,

primeiramente, ter em mente algumas questões que são de suma importância para que

aproveitemos nosso curso da melhor maneira:

18

� Por que estudar a igreja?;

� O crescimento espiritual;

� Compreender as questões do nosso dia;

� Buscar conhecimento de como a Escritura veio a ser escrita;

� Atentar sempre para as ferramentas teológicas que permitem avaliar e evitar

erros;

� Ferramentas práticas que você pode não ter ouvido falar antes;

� Conhecimento de como a tradição da igreja veio a ser estabelecida;

� Humildade, perspectiva e caridade;

� Cuidado quando se confrontar com "novas" ideias (para que nunca se faça um

julgamento parcial);

� Por que o tema “julgamento” não pode nunca ser totalmente esclarecido, uma

vez que devemos respeitar todos os pontos de vista?

Como a história da igreja pode ser conhecida?

Atualmente, em virtude da tecnologia e das facilidades da internet, a história da

igreja pode ser pesquisada através de diversas fontes. Contudo, temos alguns materiais

que inspiram maior segurança quanto a sua veracidade, vejamos quais são:

� Fontes históricas;

� Bíblia;

� Inscrições;

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� Documentos;

� Obras de Arte;

� Livros etc.

Formas de interpretar a história

Naturalmente que tratando-se de escrita, podemos ter várias interpretações de

um único enunciado, justamente porque a linguagem nos permite criar possibilidades de

entendimento, acerca de determinado assunto. O fato é que ao longo do tempo, o

homem interpretou as escrituras (bíblia) sob os seguintes pontos de vista:

Interpretação otimista: o homem veio para melhorar de forma constante.

Interpretação pessimista: sem um Deus para organizar a história, não há nada para se

fazer, mas apenas "desconstruir" o passado. Possivelmente a história é sem sentido.

História nada mais é que uma luta de poder em que as diferentes facções tentam

arrancar do passado “provas” para servir a seus propósitos atuais.

Leitura católica: Deus supervisionou o desenvolvimento de sua igreja e tem nos dado,

até os dias de hoje, os santos e os papas.

Leitura protestante: A igreja sempre foi dividida em várias facções. A total unidade da

igreja nunca foi realmente alcançada. Sempre houve diferentes doutrinas, tanto do lado

católico quanto do lado protestante.

Observamos que muitos fatores influenciam no entendimento da história da

igreja. Certo é que os estudos teológicos estão em auxílio do homem na compreeensão

desses fatos. Como citamos acima, um estudo amplo da igreja necessita de um conjunto

de fontes de informações seguras e imparcialidade para interpretar os fatos históricos e

bíblicos.

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1.4 – História da igreja medieval

O cristianismo foi um fator unificador

importante entre Europa Ocidental e Oriental antes

das conquistas árabes, mas a conquista da África

do Norte separou as ligações marítimas entre essas

áreas.

Cada vez mais a Igreja Bizantina, que

posteriormente se tornou a Igreja Ortodoxa, difere

na linguagem e nas práticas litúrgicas da igreja

ocidental, que se tornou a igreja católica. A igreja

oriental utilizava o grego em vez do latim ocidental.

Diferenças teológicas e políticas também surgiram pelo início a meados do

século VIII, questões como iconoclastia, casamento clerical e controle estatal da igreja

tinham aumentado o suficiente para que as diferenças culturais e religiosas fossem

maiores do que as semelhanças.

O rompimento formal veio em 1054, quando o papado e o patriarcado de

Constantinopla discordaram sobre a supremacia papal e, então, foram mutuamente

excomungados. Este fato levou à divisão do cristianismo em duas igrejas: a Igreja

Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental.

A estrutura eclesiástica do Império Romano sobreviveu às invasões bárbaras no

oeste, ficando quase intacta, mas o papado foi pouco requisitado. A atenção dos bispos

estava voltada para uma posição maior: almejavam a posição de bispos de Roma,

obtendo assim grande liderança religiosa ou política.

A maioria dos papas anteriores ao ano de 750 estava mais preocupada com os

assuntos bizantinos e orientais do que com preocupações teológicas. Alguns

documentos e cartas arquivadas do Papa Gregório, o Grande, (papa 590-604) foram

pequisadas. Nas mais de 850 cartas, encontrou-se a prova de que a grande maioria dos

21

clérigos (membros do papado) estava preocupada com os assuntos na Itália, ou em

Constantinopla.

A única parte da Europa ocidental onde o papado teve influência foi na Grã-

Bretanha, local em que Gregório tinha enviado a missão gregoriana de 597, para

converter os anglo-saxões ao cristianismo.

Outros esforços missionários foram levados pelos irlandeses, que entre os

séculos V e VII, foram os missionários mais ativos na Europa Ocidental, indo primeiro

para a Inglaterra e Escócia, e mais tarde para o continente.

O início da Idade Média testemunhou a ascensão do “monaquismo” no

Ocidente, que era o modo de vida daquele que deixa os assuntos do mundo e se devota

aos assuntos religiosos. A forma do monaquismo europeu foi determinada por tradições

e ideias que se originaram nos desertos do Egito e da Síria.

O estilo do “monaquismo” que incide sobre a experiência da comunidade da

vida espiritual é chamado cenobitismo, iniciado por Pacômio, no século IV. Os ideais

monásticos propagaram-se do Egito para a Europa ocidental nos séculos V e VI, através

da literatura hagiográfica.

Os monges e os mosteiros tiveram um efeito profundo sobre a vida política e

religiosa do início da Idade Média, em vários casos, atuando como fiadores de terras

para as famílias poderosas, centros de propaganda e apoio real em regiões recém-

conquistadas, além de servirem também como bases para as missões.

Não obstante, eles foram os principais postos de educação e alfabetização, uma

vez que a escrita não era acessível a maioria da população, talvez por isso a igreja

concentre um número enorme de documentos e relíquias históricas.

Muitos dos manuscritos sobreviventes dos clássicos romanos foram copiados

em mosteiros no início da Idade Média. Os monges foram também os autores de obras

novas, incluindo tratados de teologia, história e outros assuntos relacionados à igreja.

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Como podemos notar, a história da igreja possui diversos fatos que ainda são polêmicos

se discutidos sob um ponto de vista único.

Vale ressaltar mais uma vez, que para se estudar teologia ou qualquer assunto

voltado para as religiões, antes de qualquer coisa, é necessário manter uma visão

pluralizada, ou seja, capturar informações de diferentes fontes.

Lembramos ainda que os estudos teológicos fazem parte da história de cada

povo, e que dependemos de documentos históricos para fazermos um levantamento

coerente acerca dos estudos voltados à igreja e às religiões. Para tanto, é necessário um

olhar mais focalizado nesses detalhes que dão contornos únicos para os estudos

teológicos, de acordo com o local e os costumes culturais de cada etnia.

1.5 – História da igreja no Brasil

A Igreja Católica Apostólica

Brasileira (ICAB) é uma igreja

independente criada em 1945, pelo

brasileiro bispo Dom Carlos Duarte

Costa, um ex-bispo católico romano

de Botucatu.

A ICAB tem 58 dioceses e possui

cerca de 7 milhões de membros, em

17 países. Seu principal comandante

era o patriarca Dom Luis Fernando

Castillo Mendez, membro do

Conselho Mundial de Igrejas

Católicas Apostólicas, uma comunhão de igrejas espalhadas por 14 países.

23

A ICAB observa sete sacramentos:

� batismo;

� eucaristia;

� confirmação (ou crisma);

� penitência;

� unção dos enfermos;

� ordenação;

� matrimônio.

A ICAB propõe estas práticas para todos os cristãos que reconhecem a presença

real de Cristo na Eucaristia. A igreja reconhece o divórcio como uma realidade da vida e

permitido na Sagrada Escritura, e reconhece o casamento com pessoas divorciadas após

o processo eclesiástico de Investigação.

A igreja católica permite o batismo de filhos de pais divorciados ou solteiros.

Também ensina que o controle da natalidade é aceitável em certas circunstâncias (por

exemplo, para a prevenção de doenças).

Ela se opõe ao aborto, à eutanásia, à pena de morte e qualquer outra forma de se

tirar a vida humana. A igreja tem três ramos administrativos, de acordo com a

concepção de um Estado:

1. Executivo (Conselho Episcopal);

2. Legislativo (Conselho Nacional);

3. Judicial (Superior Tribunal Eclesiástico).

Em 1949, o governo brasileiro, temporariamente, proibiu o funcionamento

público da ICAB, afirmando que a semelhança de sua liturgia e vestimentas com os da

Igreja Católica Romana, resultaria em confusão e traria decepção do público.

24

No entanto, alguns meses depois, as igrejas foram autorizados a reabrir, desde

que a sua liturgia não duplicasse a liturgia católica romana e seu clero deveria usar traje

clerical cinza, em contraste com a roupa preta usada pelo clero católico.

Dom Carlos Duarte Costa começou a implementar uma série de reformas na

ICAB que ele via como problemas na Igreja Católica Romana, como por exemplo, a

abolição do celibato clerical. Algumas regras para a reconciliação dos divorciados e

recasados foram implementadas.

A liturgia foi traduzida para o vernáculo, o clero deveria viver e trabalhar entre o

povo, e sustentar a si e seus ministérios, mantendo o emprego secular, ou seja, próximo

ao povo. Logo após a fundação da igreja, Dom Carlos Duarte Costa ordenou a mais dois

bispos, Salomão Barbosa Ferraz (1945), e o venezuelano Luis Fernando Castillo

Mendez (1948), que fortalecessem os laços da comunidade com a igreja.

Dom Salamão Ferraz atuou como co-consagrador para Dom Castillo Mendez.

Estes três bispos passaram a estabelecer igrejas autônomas semelhantes a Católica

Apostólica Brasileira, em vários outros países da América Latina. Duarte Costa,

pessoalmente, serviu como consagrador ou co-consagrador de 11 bispos adicionais,

cada um dos quais tiveram um papel de liderança em outras igrejas do Brasil.

Em 1958, o bispo Ferraz deixa a ICAB e volta para a Igreja Católica Romana

onde sua consagração episcopal foi aceita como válida. Pouco tempo depois, em 1961,

Dom Carlos Duarte Costa falece e o ICAB sofre vários anos de tumulto como a falta de

entendimento, as cismas e os múltiplos pretendentes para o trono patriarcal deixaram a

igreja em desordem.

Após este curto período, a Igreja encontrou estabilidade e crescimento sob o

falecido Patriarca Castillo Mendez. Algumas fontes indicam que o bispo Luis Castillo

Méndez assumiu a liderança da ICAB após a morte de Duarte Costa. Em 1982, Castillo

Méndez foi eleito presidente do Conselho Episcopal. Ele foi designado Patriarca de

ICAB em 1988, e Patriarca de ICAN (a comunhão internacional), em 1990.

25

Após este período, o Conselho de Bispos havia votado contra reunir a Igreja

Católica Romana. Os bispos afirmaram que muito sofrimento e tortura haviam sido

infligidos em grande parte, a pedido da Igreja Católica Romana. A sucessão apostólica é

um fator defendido pela ICAB. A igreja cita o caso de Salomão Barbosa Ferraz, como

prova de que sua sucessão apostólica é válida, mesmo para os padrões católicos.

Pouco mais de um mês após a fundação da igreja, em 15 de agosto de 1945,

Dom Duarte Costa presidiu como o celebrante principal na consagração episcopal de

Salomão Barbosa Ferraz. Treze anos mais tarde (em 1958, sob o comando do Papa João

XXIII), Ferraz reconciliado com a Igreja Católica Romana, foi integralmente

reconhecido como bispo, mesmo já sendo casado na época. Ferraz não foi ordenado

novamente, no entanto, ele não foi nomeado para uma diocese imediatamente.

No final do século XX, um movimento da igreja (teologia da libertação), que

incide sobre os pobres como os principais destinatários da mensagem de Cristo, primou

pela busca de justiça social. A igreja passou a se organizar em Comunidades Eclesiais

de Base em todo o país, para trabalhar nas causas sociais e em nível local.

Os católicos, em seguida, viram a ascensão do movimento de Renovação

Carismática, como forma de compensar o rápido crescimento do protestantismo

pentecostal no país. Um conselho mundial da comunhão foi realizado no Brasil, em

2005. Houve ainda outro conselho nos Estado Unidos, em junho de 2009, em Fort

Worth, no estado do Texas.

A intenção desses conselhos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos da

América, além de promover a unificação da igreja por todo o mundo, também tem a

intenção de trazer todos os membros da igreja para uma mesma linha de foco: o social,

que parece ser a nova e universal preocupação dos religiosos, de qualquer doutrina

religiosa.

26

Unidade 2 – Introdução aos estudos religiosos

Olá!

Nesta unidade, trataremos da história da igreja contemporânea, isto é, a igreja

enquanto instituição. Posteriormente abordaremos os princípios básicos que nos

introduzirão aos primeiros estudos teológicos.

Trataremos da Teologia das religiões, fazendo uma leitura panorâmica acerca

dessa prática social ancestral. Também analisaremos, pormenorizadamente, algumas

passagens da bíblia, fazendo uma leitura imparcial acerca dos fatos históricos,

ressaltando suas metáforas e linguagem.

Estudaremos de maneira superficial a língua do latim, idioma este que serviu de

base para boa parte dos textos litúrgicos daquele período. Veremos o antigo e o novo

testamento, levando em conta o contexto sócio-histórico dos quais os textos foram

produzidos.

Por fim, analisaremos os dogmas, bem como eles surgem e influenciam

comportamentos e práticas sociais. Em outras palavras, mostraremos como os aspectos

socialmente convencionais afetam o “modus vivendi” do homem moderno.

Bom curso!

27

2.1 – A igreja contemporânea

Neste tópico, falaremos sobre alguns

aspectos gerais do culto cristão contemporâneo

em congregações ocidentais. O culto

contemporâneo é uma forma de adoração

cristã que surgiu, inicialmente, no

protestantismo ocidental evangélico no século

XX.

Ele foi originalmente confinado ao

movimento carismático, mas agora é

encontrado em graus diferentes em uma ampla gama de igrejas, incluindo muitas que

não se subscrevem sob uma teologia carismática.

A igreja contemporânea conhecida em alguns países como templos de “adoração

contemporânea”, geralmente tem os cultos caracterizados pelo uso de música de

adoração contemporânea em um ambiente informal. O culto contemporâneo é praticado

em igrejas com uma tradição litúrgica.

Os termos de culto, adoração ou culto litúrgico são, por vezes, usados para

descrever as formas de adoração convencionais e distingui-los de adoração

contemporânea.

Cobriremos alguns aspectos sobre como surgiu a igreja contemporânea e

algumas controvérsias que apareceram (e que ainda aparecem) sobre a nova roupagem

deste tipo de culto, que atrai principalmente o público mais jovem.

28

História

Historicamente, o fenômeno de adoração contemporânea surgiu a partir do

Movimento de Jesus na América do Norte, na década de 1960, e do "movimento de

renovação carismática" na Austrália e na Nova Zelândia, durante os anos 1970 e 1980.

A função da música nos cultos, o estilo, o seu desempenho, a teologia explícita

das letras e da teologia implícita nestes aspectos distinguem a "adoração

contemporânea" do culto tradicional na prática.

As músicas de adoração contemporânea são parte significativa do serviço da

igreja. Repetições de frases reforçam o conteúdo teológico deste serviço litúrgico. O

impacto é intensificado e as orações formais são raramente usadas.

Teologicamente, música de adoração contemporânea são influenciadas por

teologias pentecostais e evangélicas. No entanto, o fenômeno tem influenciado todas as

principais denominações em algum grau. Há uma grande variedade, na prática, entre as

igrejas. Adoração contemporânea é intrínsecamente relacionada com a indústria da

música cristã contemporânea.

Controvérsia

A mudança para o culto contemporâneo tem sido uma fonte de controvérsia

significativa, às vezes chamado de "guerras de adoração", em muitas igrejas. Apesar de

algumas divergências que resultaram, principalmente, de uma resistência às mudanças

no estilo de adoração ao qual estavam acostumados. O estilo musical de adoração

contemporânea é muito influenciado pela música popular e o uso de instrumentos

modernos é comum.

Aqueles que criticam o aparecimento deste novo tipo de adoração, dizem que

este estilo de música é 'mundano' e associado a um estilo de vida imoral. Um pequeno

29

número de teólogos se opõe aos cultos contemporâneos e principalmente ao uso da

música no estilo jovem.

As principais controvérsias a partir do conteúdo lírico da música de adoração

contemporânea, vão de encontro aos hinos tradicionais e que muitas vezes refletem uma

teologia carismática. A crescente influência da música é vista, pelos mais

conservadores, como a introdução de ensinamentos carismáticos pela porta dos fundos.

Além disso, a crítica tem sido feito acerca da formulação de muitas canções de

adoração contemporânea, que segundo estes críticos religiosos mais ortodoxos, são

produções “banais” e sem profundidade.

Finalmente, os críticos têm argumentado que os cultos contemporâneos são, na

verdade, “entretenimento”, alegando que os valores mais elevados deste tipo de música

(muitas vezes tocada por uma banda) e a falta de intercessão, criam uma atmosfera

artificial. Opositores ao culto contemporâneo, isto é, o culto carismático, têm feito

profundas ressalvas à ala mais conservadora da igreja evangélica, esta por sua vez,

também se opõe ao movimento carismático.

Fato é que esta forma de culto vem crescendo cada dia mais. Não obstante é

possível observar o gênero musical gospel, produto este, criado em razão da alta

aceitação do culto carismático. Para melhor entendermos o sucesso deste novo culto

religioso é preciso analisar aspectos secundários como:

Bloco de adoração

A adoração contemporânea normalmente inclui um número de canções cantadas

em sequência. Nas formas mais tradicionais de culto, seria normal que hinos fossem

intercalados com orações, leituras, ítens litúrgicos etc. A prática tradicional é muitas

vezes referida como "louvor e adoração".

30

Líder de adoração

Uma característica notável do culto contemporâneo é o líder de adoração. Um

líder de adoração normalmente é um músico (muitas vezes um guitarrista ou pianista),

com capacidade de cantar bem, cujo papel é o de conduzir o canto congregacional.

Muitos compositores de canções de adoração contemporâneos são também

líderes. O líder de adoração tem um papel de destaque nos cultos contemporâneos e é

responsável por grande parte da direção espiritual da reunião. Muitas vezes é ele quem

vai escolher as músicas que serão cantadas.

Isto pode ser contrastado com as igrejas tradicionais, onde todo serviço é

normalmente liderado por um membro do clero, isto é, um padre ou diácono. Além

disso, em muitos casos o líder de adoração é responsável pelo recrutamento de outros

músicos para compor uma banda de culto.

A maioria das igrejas que está adotando a adoração contemporânea, tem uma

banda de culto e louvor tocando músicas durante o rito. Em outros termos, como equipe

de louvor, grupo de louvor ou grupo de música também são utilizados.

Bandas de culto são mais comuns em denominações evangélicas, mas também

podem ser encontradas entre outras denominações cristãs. A maioria das bandas de

culto é baseada na doutrina da própria igreja.

No entanto, algumas bandas de música cristã contemporânea também atuam

como bandas de culto para eventos. Esses conjuntos musicais têm diferentes

composições e usam uma variedade de instrumentos não-tradicionais da igreja, como

guitarra elétrica, bateria, cavaquinho, tambores etc.

Hoje em dia, a influência do gênero musical rock nas igrejas é generalizada e o

uso de instrumentos elétricos aumentou. Uma banda de culto pode criar um som

contemporâneo para a adoração que os fiéis mais jovens podem se identificar. Bandas

31

de culto também podem ser utilizadas com agentes captadores de fiéis, sobretudo os

jovens, uma vez que constituem uma forma de entretenimento.

O movimento carismático também resultou em um grande número de canções

sendo escritas. Desta forma, tornou-se impraticável para igrejas usar hino ou livros de

música, já que neles figuravam apenas os velhos sermões e não as novas canções

religiosas contemporâneas.

A adoração contemporânea, muitas vezes, inclui outros elementos não

encontrados em formas convencionais de adoração. Cada dia mais vemos novas igrejas

aumentando seu patrimônio maior, isto é, seus fiéis.

2.2 – Introdução à teologia

O primeiro estudioso acerca dos estudos

teológicos foi Agostinho de Hipona (354-430),

teólogo Latino. Suas escritas sobre o livre-arbítrio

e o pecado original permanecem incrivelmente

influentes na cristandade ocidental. Ele definiu o

equivalente latino, teologia, como um "raciocínio

ou discussão a respeito da Divindade".

Outro grande personagem foi Alberto

Magno (1193/1206-1280), padroeiro dos teólogos

católicos romanos. Já neste período, começa-se a

explorar outros campos do conhecimento, interseccionando saberes filosóficos,

etnográficos, históricos, espirituais etc, para ajudar a compreender, explicar, defender

ou promover qualquer miríade de temas religiosos.

O termo “teologia” vem de “Θεός” palavra grega que significa "Deus", e

“λόγος”, isto é, logia, que significa "estudo de”, portanto, é o estudo sistemático e

32

racional da religião e suas influências, bem como o estudo da natureza das verdades

religiosas. Entre os objetivos dos estudos teologicos destacam-se:

A palavra grega theologia (θεολογια) foi usada com o significado de "discurso

sobre Deus", no século IV a.C., por Platão na República Ch, Livro II, 18 anos.

Aristóteles dividiu a filosofia teórica em três partes: mathematike, physike e theologike.

Este último aproxima-se muito à metafísica, que, para Aristóteles, incluía discurso sobre

a natureza do divino. Com base em fontes gregas, o escritor latino Varrão distingue três

formas de discurso como:

� Míticos: quanto aos mitos dos deuses gregos;

� Racionais: análise filosófica dos deuses e da cosmologia;

� Civis: sobre os ritos, deveres de público e observância religiosa.

Estudiosos, estreitamente relacionados com teologia, aparecem em alguns

manuscritos bíblicos, como por exemplo, no título do livro de Apocalipse: apokalypsis

ioannoy theologoy, "a revelação de João Theologos”.

Alguns autores latino-cristãos, como Tertuliano e Agostinho, este último

veremos com frequência no decorrer deste curso, estão entre os outros que já percebiam

a necessidade de se criar uma ciência religiosa. Criou-se um consenso geral sobre o

raciocínio ou discussão a respeito da divindade.

Em outra instância, teologia poderia referir-se estritamente ao conhecimento

devoto e inspirado de ensinar sobre a natureza essencial de Deus. Em algumas fontes

medievais gregas e latinas, a teologia poderia simplesmente referir-se ao estudo da

Bíblia.

O autor Latino Boécio, ao escrever no início do século VI, usava a teologia para

denotar uma subdivisão da filosofia como um objeto de estudo acadêmico, que lida com

33

a realidade, imóvel e incorpórea (ao contrário da física, que trata de realidades corporais

e do movimento).

Nas escolas latinas, o termo passou a designar o estudo racional das doutrinas da

religião cristã, ou, mais precisamente, a disciplina acadêmica que investigou a

coerência, as implicações da linguagem, as reivindicações da Bíblia e da tradição

teológica (este último muitas vezes representada nas sentenças de Pedro Lombardo, um

livro de extratos dos Pais da Igreja).

Somente a partir do século XVII, tornou-se também possível a utilização do

termo "teologia" para se referir ao estudo das ideias religiosas e ensinamentos que não

são especificamente cristãos.

O termo "teologia" pode agora também ser usado em um sentido derivado para

significar “um sistema de princípios teóricos”. Uma ideologia, impraticável ou rígida,

dos estudos religiosos.

Em círculos acadêmicos teológicos há debates discutindo se a teologia é uma

atividade peculiar à religião cristã, de tal forma que a palavra "teologia" deve ser

reservada para a teologia cristã, bem como as palavras utilizadas para nomear discursos

análogos dentro de outras tradições religiosas.

Isso é visto por alguns críticos como um único termo apropriado para o estudo

das religiões que adoram uma divindade (theos), e pressupõe a crença na capacidade de

falar e raciocinar sobre esta divindade (logia).

Desta forma, sendo menos apropriada em contextos religiosos que são

organizados de forma diferente, bem como as religiões sem uma divindade ou que

negam que tais assuntos possam ser estudadas logicamente.

34

Neste sentido, a palavra "Hagiografia" tem sido proposta como um termo

substituto e mais genérico para designar a mesma ciência que a teologia, contudo sob

um prisma mais abrangente.

Algumas investigações acadêmicas dentro do Budismo, dedicados à investigação

racional de um entendimento budista do mundo, preferem a designação de filosofia

budista à teologia budista, já que o budismo não tem a mesma concepção de um theos.

Neste sentido, o budismo é ateológico, rejeitando a noção de Deus. Entretanto,

se observarmos por outra perspectiva, notaremos que a filosofia budista, está presente

nos mesmos pressupostos que há nas igrejas convencionais.

O fato é que Deus está presente em todas as religiões e correntes filosóficas,

mesmo que estas não admitam a existência de uma consciência onipresente, geradora do

cosmos.

2.3 - Teologia nas religiões

35

Como observamos, a teologia consiste num vasto campo de estudo, que não se

limita apenas a uma religião. Pelo contrário, os estudos religiosos e teológicos são

aplicáveis em qualquer corrente religiosa.

Na filosofia hindu, por exemplo, há uma tradição sólida e antiga de especulação

filosófica sobre a natureza do universo de Deus (chamado de "Brahman" em algumas

escolas de pensamento hindu) e do “Atman” (alma). A palavra sânscrita para as várias

escolas de filosofia hindu é Darshana (que significa"vista" ou "ponto de vista").

A teologia vaishnava tem sido um tema de estudo para muitos devotos, filósofos

e estudiosos na Índia durante séculos, e nas últimas décadas também foi tomada por um

número de instituições acadêmicas com forte influência na Europa.

A discussão teológica islâmica, que se assemelha à discussão teológica cristã é

chamada de "Kalam", termo derivado da frase Kalam Allah, em árabe: "palavra de

Deus", que se refere ao Alcorão.

No judaísmo, a ausência histórica da autoridade política fez com que a reflexão

teológica acontecesse dentro do contexto da comunidade judaica, em vez de dentro das

instituições acadêmicas especializadas.

No entanto, a teologia judaica, historicamente, tem sido altamente significativa

para a teologia cristã e islâmica, trazendo profundas colaborações no que se refere à

interpretação das escrituras sagradas.

A teologia no universo acadêmico

A história do estudo da teologia em instituições de ensino superior é tão antiga

quanto a história de tais instituições. Naturalmente que desde o início, a ciência

teológica cristã foi um componente central nestas instituições, como também foi no

estudo da igreja ou no direito canônico.

36

As universidades desempenharam um papel importante na formação de pessoas

para cargos eclesiásticos. Elas ajudaram a igreja na busca do esclarecimento em defesa

do seu ensino, no apoio jurídico à igreja contra os governos e nos sistemas econômicos

seculares.

Durante a alta idade média, a teologia era, portanto, o tema final em

universidades, sendo nomeado "A Rainha das Ciências" e servindo como ponto crucial

para os jovens estudarem.

Isso significava que as outras disciplinas, incluindo psicologia e filosofia,

existiam principalmente para ajudar o pensamento teológico. Com seu lugar de

destaque, a teologia cristã começou a ser contestada durante o Iluminismo europeu,

especialmente na Alemanha.

Desde o início do século XIX, várias abordagens diferentes surgiram no

Ocidente propondo a teologia como disciplina acadêmica. Muito da teologia foi posto

em debate em universidades e centros de ensino superior.

Em alguns contextos, a teologia foi taxada como uma disciplina acadêmica sem

filiação formal a qualquer igreja em particular, embora os membros individuais da

equipe pudessem muito bem ter filiação a igrejas diferentes. Nesta época, os estudos

religiosos eram normalmente vistos como a exigência da verdade ou a constatação de

falsidade das tradições religiosas estudadas.

Os estudos religiosos que envolvem pesquisas e práticas históricas ou

contemporâneas, bem como as ideias dessas tradições usando ferramentas intelectuais

não ligadas a nenhuma tradição religiosa, logo são entendidos como uma leitura neutra

ou laica. A amplitude da teologia acaba por aumentar seu campo de atuação, onde

destacam-se:

� Antropologia da religião;

37

� Religião comparada;

� História das religiões;

� Filosofia da religião;

� Psicologia da religião;

� Sociologia da religião.

Perspectivas teológicas

Como é observável, a teologia das religiões se refere ao ramo da teologia cristã

que tenta teologicamente e biblicamente avaliar os fenômenos das religiões. Três

escolas importantes neste campo são:

O pluralismo

Trata-se, basicamente, da crença de que as religiões do mundo são verdadeiras e

igualmente válidas em sua comunicação da verdade sobre Deus, o mundo e a salvação.

Esta é a visão popular de que todas as religiões levam ao mesmo Deus, e todos

os caminhos levam para o céu. Neste sentido, o cristianismo não é o único caminho da

salvação, mas um entre vários.

O inclusivismo

O inclusivismo é a crença de que Deus está presente em religiões não-cristãs

para salvar adeptos através de Cristo.

A visão inclusivista deu origem ao conceito do cristão anônimo, que é

compreendido como um adepto de uma religião, em particular a quem Deus salva

38

através de Cristo, mas que pessoalmente não conhece o Cristo da Bíblia, nem se

converteu ao cristianismo bíblico. Esta posição foi popularizada no início do século XX.

Sob esta perspectiva, uma religião não-cristã é uma religião lícita. Além disso, a

religião está incluída no plano de Deus. A corrente teologica inclusivista tem um grande

apelo nas pessoas por causa da sua abordagem simpática à religião.

O exclusivismo

Exclusivismo é a posição teológica que sustenta a finalidade da fé cristã em

Cristo. A finalidade de Cristo significa que não há salvação em religiões não-cristãs.

Baseado no conceito aristotélico da verdade, muitos exclusivistas consideram

todas as outras reivindicações religiosas como falsas e inválidas, exceto se a revelação

cristã for por elas aceita como verdade.

Os exclusivistas acreditam que a salvação é pelo Cristo. É através de uma

experiência pessoal de compromisso com Cristo que se recebe a garantia de salvação.

Os não-crentes não podem receber tal garantia, uma vez que não são nem conscientes da

singularidade de Cristo, e também não reconhecem seu senhorio.

O exclusivista apoia-se à bíblia, como a fonte de todo o conhecimento sobre a

espiritualidade e salvação. A bíblia é o critério de toda a verdade religiosa, ela relata a

história de redenção, dá uma base para a fé pessoal, sendo um guia da comunidade

cristã, e fala sobre o futuro do mundo que liga toda a história, vida e serviço com

significado e propósito.

O exclusivismo, assim, estabelece a singularidade e identidade do cristianismo

entre as religiões do mundo. Exclusivismo pode assumir tanto uma perspectiva

extremista quanto um ponto de vista moderado:

– A visão extremista concebe todas as religiões não-cristãs como demoníacas e

inimigas do verdadeiro cristianismo.

– A visão moderada vê algumas religiões não-cristãs como aceitáveis.

39

A visão exclusivista vê a exclusividade da bíblia em seu anúncio de Cristo como

o único caminho da salvação. A bíblia também fala de Deus envolvido na história das

nações e dos povos antigos.

Estas correntes integram, de certa forma, outras tradições religiosas ligadas ao

cristianismo e tentam responder questões sobre a natureza de Deus e da salvação. O fato

é que enquanto ciência, a teologia tem se mostrado eficiente e esclarecedora acerca das

relações humanas com a Divindade. Muito ainda deve ser estudado, mas o caminho da

compreensão está sendo trilhado a cada dia, por todos nós.

2.4 – Bíblia

A Bíblia (do grego koiné τὰ

βιβλία, lê-se /ta bíblia/, designa "os

livros") é uma coleção de textos

considerados canônicos. É um livro

sagrado no judaísmo ou no

cristianismo.

A Bíblia Hebraica, ou Tanakh,

contém 24 livros divididos em três

partes: os cinco livros do Torá

("ensino" ou "lei"), o Nevi'im

("profetas"), e os Ketuvim ("escritos").

A primeira parte da bíblia cristã é o Antigo Testamento, que contém os 24 livros

da bíblia hebraica, divididos em 39 livros. Estes livros são ordenados de forma diferente

na bíblia hebraica.

A igreja católica e as igrejas cristãs orientais também possuem certos livros

deuterocanônicos, isto é, livros e partes de livros bíblicos do Antigo Testamento e do

40

Novo Testamento que foram utilizados por um grande número de cristãos ao longo da

história do cristianismo, sendo considerados apócrifos no judaísmo e pelos sucessores

da reforma durante o século XX, iniciada por Lutero e Calvino no século XVI.

A segunda parte é o Novo Testamento, que contém 27 livros, os quatro

evangelhos canônicos, Atos dos Apóstolos, 21 epístolas, ou cartas, e o livro do

Apocalipse.

Por volta do século II a.C., grupos de judeus haviam chamado o conjunto de

livros da bíblia de livros santos. Hoje em dia, os cristãos chamam os livros do Antigo e

do Novo Testamento da bíblia cristã de "Bíblia sagrada", (τὰ βιβλία τὰ ἅγια) ou

"Sagradas Escrituras" (Αγία Γραφή). Muitos cristãos acreditam que todo o texto

canônico da bíblia foi divinamente inspirado e escrito por pura iluminação de Deus.

A bíblia foi dividida em capítulos no século XIII, por Stephen Langton, e

posteriormente em versos no século XVI, pelo francês Robert Estienne. A bíblia tem

vendas anuais que ultrapassam 25 milhões de cópias, e tem sido uma grande influência

sobre a literatura e a história, especialmente no Ocidente, onde foi primeiramente

impressa.

Etimologia

A palavra Bíblia vem do Latim e do grego koiné τὰ βιβλία, ta biblia

"os livros" (biblion βιβλίον singular). O substantivo “bíblia” gradualmente

passou a ser considerado como um substantivo feminino singular (biblia,

gen. bibliae) em latim, no período medieval, e assim a palavra foi

emprestada para as línguas vernáculas da Europa Ocidental e para as línguas

derivadas do latim.

A palavra βιβλίον tinha o significado literal de "papel" ou

"pergaminho" e passou a ser usada como a palavra comum para "livro". É o

41

diminutivo de βύβλος, lê-se /bublos/ e significa “papiro egípcio”.

Possivelmente chamada por conta do nome dos fenícios de Byblos,

referindo-se ao mar do porto (também conhecido como Gebal) de onde o

papiro egípcio foi exportado para a Grécia.

O termo grego “ta bíblia” (pequenos livros de papiro) foi uma

expressão judia usada para descrever os livros sagrados (Septuaginta).

Estudos bíblicos observam que Crisóstomo, parece ser o primeiro escritor

(em suas Homilias sobre Mateus) a usar a frase grega ta bíblia (os livros)

para descrever tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos juntos.

Bíblia cristã

A bíblia cristã é um conjunto de livros que uma denominação cristã considera

como divinamente inspiradas e constituindo, assim, as sagradas escrituras, estas por sua

vez, são as próprias vontades de Deus.

Embora a igreja primitiva usasse a Septuaginta ou os Targuns aramaico entre os

falantes de idiomas diversos, os apóstolos não deixaram um conjunto definido de novas

escrituras, em vez disso o cânon do Novo Testamento, desenvolvido ao longo do tempo,

foi sua maior herança.

Grupos dentro do cristianismo incluem livros diferentes como parte das

escrituras sagradas mais proeminentes. Entre os quais estão os apócrifos bíblicos ou

livros deuterocanônicos, como já mencionados antes.

Abaixo temos um interessante texto, reproduzido da internet, a respeito das

escrituras sagradas. Nele têm-se curiosidades sobre alguns fatos descritos na bíblia.

Trata-se de uma leitura bem humorada, contudo, bem verdadeira dos episódios bíblicos,

observe:

42

Top – 5 pragas:

I. Quando os hebreus eram escravos no Egito, o Senhor enviou

dez pragas contra os opressores do povo escolhido. A primeira delas foi

transformar toda a água do país em sangue. (Êxodo 7:21)

II. Como o faraó não libertava os hebreus, o Senhor radicalizou:

matou, numa só noite, todos os primogênitos do Egito. “E houve grande

clamor no país, pois não havia casa onde não houvesse um morto”.

(Êxodo 12:30)

III. Desgostoso com os pecados de Sodoma e Gomorra, Deus

destruiu as duas cidades com uma chuvarada de fogo e enxofre. (Gênesis

19:24)

IV. Para punir as desobediências do rei Davi, o Senhor enviou

uma doença não identificada, que matou 70 mil homens e 200 mil

mulheres e crianças. (2 Samuel, 24: 1-13)

V. Quando a nação dos filisteus roubou a arca da Aliança, onde

estavam guardados os dez mandamentos, o Senhor os castigou com um

surto de hemorróidas letais. “Os intestinos lhes saíam para fora e

apodreciam”. (1 Samuel 5:9)

43

Os possíveis autores:

1200 a.C. – Moisés

Segundo uma lenda judaica, a Torá (obra precursora da Bíblia)

teria sido escrita por ele. Mas há controvérsias, pois existe um trecho da

Torá que diz: “Moisés morreu e foi sepultado pelo Senhor próximo a

Fegor”. Ora, se Moisés é o autor do texto, como ele poderia ter relatado a

própria morte?

1000 a.C. – Javista

Viveu na corte do rei Davi, no antigo reino de Israel, e era um

aristocrata. Ou, quem sabe, uma aristocrata: para o crítico Harold Bloom,

Javista era mulher. Isso porque os personagens femininos da Bíblia (Eva

e Sara, por exemplo) são muito mais elaborados que os masculinos.

Século IV a.C. – Esdras

Líder religioso que reformou o judaísmo e possível editor do

Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia). Vários trechos bíblicos

editados por ele pregam a violência: “Derrubareis todos os altares dos

povos que ides expropriar, queimareis as casas, e mudareis os nomes

desses lugares”.

Século I – Paulo

Nunca viu Cristo pessoalmente, mas foi o primeiro a escrever

sobre ele. Nascido na Turquia, Paulo viajou e fundou igrejas pelo Oriente

44

Médio. Ele escrevia cartas para essas igrejas, contando a incrível

aventura de um tal Jesus – que foi crucificado e ressuscitou.

Século I - Maria Madalena

Estava entre os discípulos favoritos de Jesus e, diferentemente do

que o Vaticano sustentou durante séculos, nunca foi prostituta. Pelo

contrário: tinha influência no cristianismo e é a suposta autora do

Apócrifo de Maria, um livro em que fala sobre sua relação pessoal com

Jesus e divulga os ensinamentos dele.

Século I – João

Escreveu o 4º evangelho do Novo Testamento (João) e o Livro do

Apocalipse, o último da Bíblia. Para ele, Jesus não é apenas um messias,

é um ser sobrenatural, a própria encarnação de Deus. Essa interpretação

mística marca a ruptura definitiva entre judaísmo e fé cristã.

Século V – Jerônimo

Nascido no território da atual Hungria, este padre foi enviado a

Jerusalém com uma missão importantíssima: traduzir a Bíblia do grego

para o latim. Cometeu alguns erros, como dizer que o profeta Moisés

tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na

verdade significa “raio de luz”).

Século XVI - William Tyndale

Possuir trechos da Bíblia em qualquer idioma que não fosse o

latim era crime. O professor Tyndale não quis nem saber, traduziu tudo

para o inglês, e acabou na fogueira. Mas seu trabalho foi incrivelmente

45

influente: é a base da chamada “Bíblia do Rei James”, até hoje a tradução

mais lida nos países de língua inglesa.

Top – 5 satanagens:

I. Após a destruição de Sodoma, os únicos sobreviventes eram Ló e suas

duas filhas. As filhas de Ló embebedaram o pai e tiveram com ele a noite

mais incestuosa da Bíblia. (Gênesis 19:31).

II. O Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão, é altamente erótico.

Um dos trechos: “Teu corpo é como a palmeira, e teus seios, como cachos

de uvas”. (Cânticos 7:7)

III. Os anjos do Senhor tiveram chamegos ilícitos com mulheres mortais.

“Vendo os Filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas,

tomaram-nas como mulheres tantas quanto desejaram”. (Gênesis 6:2).

IV. A Bíblia diz que os antigos egípcios eram muito bem-dotados. Após a

fuga para Canaã, a judia Ooliba tem saudades dos tempos em que se

prostituía no Egito. Tudo porque “seus amantes (...) ejaculavam como

cavalos”. (Ezequiel 23:20).

V. O hebreu Onã casou com a viúva de seu irmão, mas não conseguia

fazer sexo com ela – preferia o prazer solitário. Do nome dele vem o

termo “onanismo”, que significa masturbação. (Gênesis 38:9)

46

As história da história: Como o livro sagrado evoluiu ao longo dos

tempos.

Tanach – Século V a.C.

É a Bíblia judaica, e tem três livros: Torá (palavra hebraica que

significa “lei”), Nebiim (“profetas”) e Ketuvim (“escritos”). É parecida

com a Bíblia atual, pois os católicos copiaram seus escritos. Contém as

sementes do monoteísmo e da ética religiosa, mas também pregações de

violência. A primeira das bíblias tem trechos ambíguos e misteriosos,

algumas passagens dão a entender que Javé não é o único deus do

Universo.

Septuaginta – Século III a.C.

O Oriente Médio era dominado pelos gregos e pelos

macedônios. Muitos judeus viviam em cidades de cultura grega, como

Alexandria, e desejavam adaptar sua religião aos novos tempos. Diz a

lenda que Ptolomeu, rei do Egito, reuniu um grupo de 72 sábios judeus

para traduzir a Tanach , e fizeram tudo em 72 dias. Por isso, o resultado

é conhecido como Septuaginta. Inclui textos que não constam da

Tanach.

Novo Testamento – Século I

A língua do Antigo Testamento é o hebraico, mas o Novo

Testamento foi escrito num dialeto grego chamado coiné. Contêm os

relatos sobre vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus, os

evangelhos. Em alguns trechos, vai deixando evidente a divergência

entre cristianismo e judaísmo. É o caso, por exemplo, do Evangelho de

João, em que Jesus é descrito como uma encarnação de Deus (coisa na

qual os judeus não acreditavam).

47

Católica – Século IV

Seus autores decidiram incluir sete livros que os judeus não

reconheciam. São os chamados Deuterocanônicos: Tobias, Judite,

Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Macabeus 1 e 2 (mais trechos dos

livros Daniel e Ester). A Bíblia católica bate na tecla do monoteísmo: a

palavra hebraica Elohim, usada na Tanach para designar a divindade, é

o plural de El, um deus cananeu. Mas foi traduzida no singular e virou

“Senhor”.

Ortodoxa – Por volta do século IV

É baseada na Septuaginta, mas também inclui livros

considerados apócrifos por católicos e protestantes: Esdras 1, Macabeus

3 e 4 e o Salmo 151. A tradução é mais exata (nesta Bíblia, Moisés

nunca teve chifres, um erro de tradução introduzido pela Bíblia latina),

e os escritos não são levados ao pé da letra: para os ortodoxos, o que

conta são as interpretações do texto bíblico, feitas por teólogos ao longo

dos séculos.

Protestante – Século XVI

Ao traduzir a Bíblia para o alemão, Martinho Lutero excluiu os

livros Deuterocanônicos e mudou algumas coisas. Um exemplo é a

palavra grega metanoia, que na Bíblia católica significa “fazer

penitência”, uma referência à confissão dos pecados, um dos

sacramentos católicos. Já Lutero traduziu metanoia como “reviravolta”.

Para ele, confessar os pecados era inútil. O importante era transformar a

vida pela fé.

48

Top – 5 milagres

I. O maior de todos os milagres divinos foi o primeiro: a Criação do

mundo, pelo poder da palavra. “E Deus disse: que haja luz. E houve

luz”. (Gênesis 1:3)

II. Para dar-lhe uma amostra de seus poderes, o Senhor leva Ezequiel a

um campo cheio de esqueletos, e os traz de volta à vida. “O vento do

Senhor soprou neles, e viveram”. (Ezequiel, 37; 1-28)

III. Graças à benção divina, o herói Sansão tinha a força de muitos

homens. Certa vez, foi atacado por um leão. “O espírito do Senhor deu-

lhe poder, e Sansão destroçou a fera com as próprias mãos, como se

matasse um cabrito”. (Juízes 14:6)

IV. Josué liderava uma batalha contra os amalequitas, mas o Sol estava

se pondo. Como não queria lutar no escuro, o hebreu pediu ajuda

divina, e o Sol ficou no céu. (Josué 10:13)

V. Para fugir do Egito, os hebreus precisavam atravessar o mar

Vermelho. E não tinham navios. Moisés ergueu seu bastão e as águas

do mar se dividiram. Após a passagem dos hebreus, o profeta deixou

que as ondas se fechassem sobre os exércitos do faraó. (Êxodo 14; 21-

30)

Fonte: http://super.abril.com.br/religiao/quem-escreveu-biblia-447888.shtml

49

2.5 – Idiomas da Bíblia

As línguas originais da bíblia são três: hebraico, aramaico e grego. Se alguém

deseja ser um estudante cuidadoso das Escrituras, vai querer fazer alguma pesquisa

sobre as línguas bíblicas, sempre tendo em mente que o Senhor escolheu palavras como

meio de sua revelação especial para a humanidade. Tanto que na bíblia diz:

“... no princípio era o verbo e o verbo era Deus, e

o verbo estava com Deus” (Jo 1:1) “ e o verbo se

fez carne e habitou entre nós.” (Jo 1:14).

Como observamos, este período da história abrigou muito dos idiomas seculares,

que de certa forma, deram origem à maioria das línguas modernas. Vejamos algumas

especificidades dos idiomas mais utilizados naquele período:

Hebraico

O hebraico do Antigo Testamento é uma língua semítica, assim chamada em

virtude de seu patriarca de nome Sem, filho mais velho de Noé. Hebraico e aramaico são

parte dessas línguas e foram empregadas principalmente na Síria, Líbano e Israel.

Acredita-se que Hebreo veio da língua cananéia, oriunda do povo de Canaã.

O Antigo Testamento se refere à linguagem e aos idiomas. Ela é chamada de

"língua de Canaã" (Isaías 19:18). Não é referido como "hebreu" até por volta de 130

a.C., prólogo do eclesiástico apócrifo. No Novo Testamento é chamado de "hebreu" em

João 5:2; 19:13, e Atos 21:40.

O hebraico foi escrito em um roteiro composto de 22 consoantes (da direita para

a esquerda), e estende-se até 1500 a.C. A maioria dos nomes hebraicos, verbos,

adjetivos e advérbios são compostos por apenas três consoantes.

50

Antes do término do primeiro milênio d.C., o texto do Antigo Testamento foi

escrito sem vogais ou sinais diacríticos. Eventualmente, porém, as vogais foram

adicionadas porque os antigos estavam com medo de perder a capacidade de pronunciar

o som das palavras.

Justamente porque a linguagem se tornou mais clássica e os textos já não eram

os de uma língua viva falada. Alguns bons exemplos de escrita hebraica são encontrados

em manuscritos bíblicos originais.

Devido ao fato de que o original hebraico era estritamente consonantal, algumas

palavras são difíceis de definir com exatidão. Por exemplo, o registro de Gênesis diz:

"Israel amava a José mais do que todos os seus filhos, porque ele era o filho de sua

velhice: e fez-lhe uma túnica de várias cores" (Gênesis 37:3).

A primeira palavra utilizada foi claramente "casaco". Estudiosos têm sugerido

que isso pode significar um obstáculo e também uma nova possibilidade de

interpretação das escrituras.

O fato é que o imaginário da língua hebraica é largamente retirado das atividades

e coisas da vida cotidiana. Ele está repleto de uma variedade de figuras comuns da

oralidade, parábolas, metáforas etc.

Tal como acontece com outras línguas semíticas, o hebraico contém frequentes

expressões antropomórficas (por exemplo, os "olhos do Senhor"). Qualquer tentativa de

literalizar estes números (como escritores mórmons fazem quando sugerem que Deus é

um "homem") é reflexo de um grande equívoco.

Aramaico

O aramaico é uma língua cognata, na verdade, um grupo de dialetos semitas que

se aproxima do hebraico, embora fosse a língua "sagrada" dos judeus, que como outras

51

no Oriente Médio, começaram a usar o vernáculo aramaico para conversação diária e

para a escrita, algum tempo depois do século VI a.C., ela ganhou amplitude.

No primeiro século d.C., o aramaico era a língua comum diária dos judeus da

Palestina, porém é provável que muitos judeus também falassem em hebraico e grego.

Nas epístolas do Novo Testamento há várias palavras em aramaico, como Abba (Gálatas

4:6) e Maranatha (Coríntios 16:22). Algumas porções menores do Antigo Testamento

foram escritas em aramaico (Esdras 4:08-6:18; 7:12-26, Jeremias 10:11, Daniel 02:46 -

07:28, e duas palavras em Gênesis 31:47) .

Estudiosos liberais afirmaram que o aramaico da Bíblia é de data recente, por

isso, as obras do Antigo Testamento que contém este dialeto (principalmente Daniel e

Esdras) foram compostas muito mais tarde do que os períodos tradicionalmente

atribuídos a elas.

De passagem podemos notar que há também algumas "palavras de empréstimo”,

dentro de certos contextos históricos apropriados, que parecem ter sido emprestadas de

outras línguas. O termo "mágicos", hartummim, em Gênesis 41:8, parece ser um termo

egípcio. Ele provavelmente se refere “a certos” sacerdotes que tinham aprendido

escritos sagrados e rituais nas escolas do templo.

Grego

A língua grega passou por vários grandes períodos de mudança. O Novo

Testamento foi composto durante essa era conhecida como a idade koiné. Este foi um

período onde a cultura grega predominava. O grego foi livremente falado em todo o

mundo antigo, aproximadamente em 330 a.C. a 330 d.C., koiné era a língua utilizada em

Roma, Alexandria, Atenas e Jerusalém.

Quando os romanos finalmente conquistaram os gregos, era a influência grega

que corria por todo o império. Augusto, o imperador de Roma, escreveu seu selo em

52

grego. Paulo escrevendo aos santos em Roma, a capital do império, enviou sua

mensagem em grego e não em latim.

A língua grega, como vemos, era o meio mais ideal para a comunicação do

Evangelho em toda a região do Mediterrâneo Oriental, Egito e do Oriente Médio. O

idioma permitia maior expressão e grande força retórica, além de ser mais utilizado nas

práticas sociais daquele período.

No século XVII, algumas autoridades afirmaram que a linguagem do Novo

Testamento foi o grego do período clássico. Mais tarde, alguns estudiosos argumentam

que do Novo Testamento grego foi um, de uma variedade de escrituras, oriundas de

outro idioma ainda desconhecido.

Em conclusão, pode-se notar que havia influências históricas e também

determinada orientação na formação dos livros das Sagradas Escrituras. Aqueles que

gastam tempo e energia, que investigam estas questões, serão muito recompensados por

sua diligência.

Estudar os assuntos bíblicos consiste em ampliar seu horizonte interpretativo

acerca de si e do mundo que o cerca, mas sobretudo é ampliar sua interpretação do

cosmos e de Deus.

2.6 – Antigo testamento

O Velho Testamento é um termo

cristão para uma coleção de escritos

religiosos da antiga Israel, que formam a

seção principal das Bíblias cristãs, em

contraste com o Novo Testamento cristão

que trata explicitamente do século primeiro,

a partir do nascimento de Cristo.

53

Algumas dessas escrituras variam consideravelmente entre as diferentes

denominações cristãs. Os protestantes aceitavam somente o cânon da Bíblia hebraica.

Eles dividiram em 39 livros, enquanto os católicos, ortodoxos da igreja oriental, entre

outras igrejas reconheceram como uma coleção consideravelmente maior.

Os livros podem ser amplamente divididos em Pentateuco, que conta como Deus

escolheu Israel para ser seu povo escolhido, os livros de história, que contam a história

dos israelitas, de sua conquista de Canaã, de sua derrota e do exílio na Babilônia.

Para os israelitas, que foram os autores e leitores desses livros, as escrituras

tratam de sua própria relação com Deus e com o mundo, mas a natureza messiânica do

cristianismo levou os cristãos, desde o início da fé, a verem o Antigo Testamento como

uma preparação para a Nova Aliança, isto é, o Novo Testamento.

A diferença de sete livros entre os católicos e protestantes decorre do fato de que

os cristãos primitivos usavam uma tradução grega das escrituras judaicas, chamados

Septuaginta. As igrejas protestantes mais tarde caíram e aqueles livros que não foram

aceitos pelos judeus também foram postos em desuso.

O Velho Testamento é composto por cinco livros onde figuram: Gênesis, Êxodo,

Levítico, livro de Números e Deuteronômio - compõe o Torá, bem como a história de

Israel desde a narrativa da criação em Gênesis até a morte de Moisés. O Antigo

Testamento enfatiza a relação especial entre Deus e seu povo escolhido, Israel, mas

inclui instruções para os prosélitos (convertidos) também. Esta relação se expressa na

aliança bíblica, que consistiu num contrato entre os dois e que foi recebido por Moisés.

Os códigos de lei em livros como Êxodo e Deuteronômio são especialmente os

termos do contrato: Israel jura fidelidade ao Senhor, e Deus jura ser protetor especial de

Israel e seu defensor.

Outros temas do Antigo Testamento incluem salvação, redenção, juízo,

obediência, desobediência, fé, fidelidade, entre outros.

54

Há uma forte ênfase na ética e pureza do qual Deus exige, embora alguns dos

profetas e escritores parecessem questionar isso, argumentando que Deus exige justiça

social acima da pureza religiosa, e talvez nem sequer se preocupem com a pureza

plenamente.

O código moral do Antigo Testamento ordena a justiça, a intervenção em nome

do vulnerável, e o dever de quem está no poder para administrar a justiça com retidão.

Ele proíbe o suborno, o assassinato, a corrupção, o comércio enganoso e muitos delitos

sexuais. Toda a moralidade é direcionada a Deus, que é a fonte de todo o bem.

A questão do mal tem um grande papel no Antigo Testamento. O problema que

os autores do Antigo Testamento enfrentaram foi o de que um Deus bom deve ter tido

apenas uma razão, para trazer desastres sobre o seu povo. O tema é pouco estudado,

bem como as histórias de Reis e Crônicas, dos profetas como Ezequiel e Jeremias, além

de Jó e Eclesiastes.

O nome "Velho Testamento" reflete a compreensão do cristianismo de si

mesmo, como o cumprimento da profecia de Jeremias, a uma Nova Aliança para

substituir o pacto existente entre Deus e Israel (Jeremias 31:31).

2.7 – Novo testamento

O Novo Testamento, como é

habitualmente concebido nas igrejas cristãs, é

composto de 27 diferentes livros atribuídos a

oito diferentes autores, dos quais seis são

numerados entre os apóstolos (Mateus, João,

Paulo, Tiago, Pedro e Judas) e duas entre os

seus discípulos imediatos (Marcos e Lucas).

55

Se considerarmos apenas o conteúdo e a forma literária desses escritos, podemos

dividi-los em: livros históricos (Evangelhos e Atos), livros didáticos (Epístolas), e um

livro profético (Apocalipse).

Antes do nome de Novo Testamento, os escritores da segunda metade do século

II costumavam dizer: "Evangelho e Escritos Apostólicos", ou simplesmente "O

Evangelho e Apóstolo", ou seja, o Apóstolo São Paulo.

Os evangelhos são subdivididos em dois grupos, os que são comumente

chamados sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), porque suas narrativas são paralelas e o

quarto Evangelho (o de São João), o que, de certa forma, completa os três primeiros.

Todos eles dizem à respeito da vida e do ensino pessoal de Jesus Cristo.

Os Atos dos Apóstolos, como se entende pelo título, relata a pregação e os

trabalhos dos Apóstolos. Narra a fundação das igrejas da Palestina e da Síria, fazendo

menção a Pedro, João, Tiago, Paulo e Barnabé, depois, o autor dedica capítulos de 16 a

28 para as missões de São Paulo aos greco-romanos.

Há 13 Epístolas de São Paulo, e talvez 14, se atribuirmos a autoria da Epístola

aos Hebreus. As sete epístolas que se seguem (Tiago, I, II Pedro, I, II, III João e Judas)

são chamados de "Católica", porque a maioria delas é dirigida aos fiéis da igreja

católica em geral.

O Apocalipse dirigido às sete igrejas da Ásia Menor (Éfeso, Esmirna, Pérgamo,

Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia) assemelha-se em alguns aspectos, a uma carta

coletiva. Ele contém uma visão que João teve em Patmos, sobre o estado das

comunidades acima mencionadas, a luta da Igreja com a Roma pagã e o destino final da

Nova Jerusalém.

56

Origem

O Novo Testamento não foi escrito de uma só vez. Os livros que o compõem

apareceram um após o outro no espaço de 50 anos, ou seja, na segunda metade do

primeiro século.

Escrito em países diferentes e distantes dirigido às Igrejas independentes, o

Novo Testamento levou algum tempo para se espalhar por toda a cristandade, e muito

mais tempo para ser aceito. Ainda pode-se dizer que a partir do terceiro século, ou

talvez antes, a existência de todos os livros que hoje formam o nosso Novo Testamento,

seria conhecido em todos os lugares, ou se não poderia ser universalmente admitido,

pelo menos como canônico.

No entanto, a uniformidade existiu no Ocidente a partir do século IV, mas o

Oriente teve de aguardar o século VII. Nos primeiros tempos, as questões da

canonicidade e autenticidade não foram discutidas separadamente, ou de forma

independente uma da outra.

Temos que chegar até o século XVI para ouvirmos novamente a pergunta, se a

Epístola aos Hebreus foi escrita por São Paulo, ou as chamadas Epístolas Católicas

eram na realidade compostas pelos Apóstolos, cujos nomes são portadores.

Alguns humanistas, como Erasmo e Caetano Cardeal, reavivaram as objeções

mencionadas por São Jerônimo, que são baseados no estilo desses escritos. Para este,

Lutero acrescentou a inadmissibilidade da doutrina, quanto à Epístola de São Tiago. No

entanto, eram praticamente somente os luteranos que procuravam diminuir a Canon

tradicional, que o Concílio de Trento definiu somente em 1546.

Foi reservada para os tempos modernos, especialmente para nossos dias, a

disputa e negação da verdade, e da opinião recebida dos antigos sobre a origem dos

livros do Novo Testamento.

57

Esta dúvida e a negação que os autores tiveram, sendo sua causa primária a

incredulidade religiosa do século XVIII. As testemunhas de uma religião já não

acreditavam se era verdade o que elas tinham visto e ouvido.

Pouco tempo foi necessário para encontrar os indícios de sua origem. Foram as

conclusões da escola de Tübingen, que trouxeram até ao século II, as composições de

todo o Novo Testamento, exceto as quatro Epístolas de São Paulo.

Quando à crise de incredulidade, esta já tinha passado. O problema do Novo

Testamento começou a ser examinado com mais calma e, especialmente, com mais

afinco.

A partir dos estudos críticos da contemporaneidade, podemos tirar a seguinte

conclusão, que agora suas linhas gerais são admitidas por todos. Foi um erro ter

atribuído a origem da literatura cristã a uma data posterior, essa precisão de se

estabelecer eventos cronologicamente, acaba por dificultar a compreensão dos fatos.

Esses textos, em geral, datam da segunda metade do primeiro século,

consequentemente eles são o trabalho de uma geração que contava com um bom

número de testemunhas diretas da vida de Jesus Cristo. A questão da origem do Novo

Testamento inclui, ainda, outro problema literário sobre os Evangelhos, especialmente,

a respeito de quem produziu o texto. Neste sentido, não foram elucidadas ainda questões

como:

1. São esses escritos independentes um do outro?

2. Se um dos Evangelistas utilizou o trabalho de seus antecessores, como vamos

supor que isso aconteceu?

3. Mateus foi quem usou Marcos ou vice-versa?

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Depois de 30 anos de estudos constantes, a pergunta foi respondida apenas por

conjecturas. Entre estas, devem ser incluídos na teoria documental, a admissão de outros

pontos de vista. O ponto de partida desta teoria, ou seja, a prioridade de Marcos e a

utilização dele por Mateus e Lucas, embora se tenha tornado um dogma na crítica para

muitos, não pode ser considerado mais do que uma hipótese.

Nenhuma das soluções propostas foi aprovada por todos os estudiosos, que são

realmente competentes na matéria, porque todas essas soluções, ao responder algumas

das dificuldades, deixam outras tantas sem resposta. Se, então, devemos nos contentar

com a hipótese, devemos preferir a mais satisfatória e coerente delas.

2.8 – Dogmas

Dogma é o sistema oficial de

crença ou doutrina realizado por uma

religião, por um determinado grupo

ou organização. Ele serve como parte

principal de um sistema de ideologia

ou crença, e não pode ser alterado ou

descartado sem afetar o próprio

paradigma do sistema, ou a ideologia

religiosa em si.

Embora geralmente tenha como referência as crenças religiosas, que são aceitas

independentemente de provas, pode referir-se às opiniões aceitáveis de filósofos, das

escolas filosóficas etc.

O termo deriva do grego δόγµα "o que parece uma opinião ou crença" e que a

partir de δοκέω (dokeo), "a pensar, supor, imaginar", dogma passou a significar leis ou

decretos julgados, impostos aos outros a partir do primeiro século.

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O plural é dogmas ou dogmata, de δόγµατα, oriunda do grego. O termo

“dogmático” é usado como sinônimo de teologia sistemática, como no livro de Karl

Barth, “Definição de neo-ortodoxia dogmática”.

Dogmas são encontrados em religiões como o cristianismo, o judaísmo e o

islamismo, onde são considerados princípios fundamentais que devem ser sustentados

por todos os crentes dessas religiões.

O Dogma se distingue da opinião teológica sobre as coisas consideradas menos

conhecidas. Eles podem ser esclarecidos e elaborados, mas não contradizem os novos

ensinamentos. Em alguns casos, a rejeição do dogma pode levar à expulsão de um

grupo religioso.

No cristianismo, crenças religiosas são definidas pela Igreja. Acredita-se que

esses dogmas vão levar os seres humanos para a redenção e, assim, os "caminhos que

levam à Deus".

Para o catolicismo oriental e o cristianismo ortodoxo, os dogmas estão contidos

no Credo de Nicéia, bem como nas leis canônicas dependendo da igreja.

Estes princípios são resumidos por São João de Damasco em sua obra,

“Exposição Exata da Fé Ortodoxa”, que é o terceiro livro de sua obra principal,

intitulada “A Fonte de Conhecimento”.

Neste livro, ele tem uma abordagem dupla para explicar cada artigo da fé: um

para os cristãos, onde ele utiliza citações da Bíblia e, ocasionalmente, de obras de outros

Padres da Igreja, e a segunda direcionada a não cristãos (mas que, no entanto, mantêm

algum tipo de crença religiosa) e aos ateus, para quem emprega a lógica aristotélica e a

dialética.

No Islã, os princípios dogmáticos estão contidos no aqidah. Dentro de muitas

denominações cristãs, o dogma é referido como "doutrina".

60

O que é o dogmatismo?

Uma possível reação ao ceticismo, o dogmatismo é

um conjunto de crenças ou doutrinas que são estabelecidas,

sem dúvida, na verdade. Eles são considerados como

verdades relativas acerca da natureza e da fé.

O termo “dogmático” pode ser usado,

pejorativamente, para se referir a qualquer crença que é

mantida em razão da desinformação e da crença

demasiada.

61

Conclusão do Módulo I

Olá, aluno(a)!

Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso curso de Teologia,

oferecido pelos Cursos 24 horas.

Neste módulo pudemos aprender um pouco mais sobre a história de Israel e o

surgimento do cristianismo; vimos a história da igreja em um panorama geral, passando

pela sua formação até a contemporaneidade; falamos também sobre a bíblia e os

dogmas por trás das religiões etc.

Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar uma avaliação

referente a este módulo já estudado. A avaliação encontra-se em sua sala virtual. Fique

tranquilo(a) e faça sua avaliação quando se sentir preparado(a)!

Desejamos um bom estudo, boa e sorte e uma boa avaliação!

Até logo!