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CULPABILIDADE 1. CONCEITO não foi conceituada no CP Doutrina Majoritária crime = fato típico, antijurídico e culpável A culpabilidade pode ser conceituada então como a reprovação pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita em determinadas circunstâncias em que se podia atuar conforme as exigências do ordenamento jurídico. Enquanto a ilicitude é um juízo de desvalor sobre um fato típico, a culpabilidade é um juízo de censura ou de reprovação pessoal endereçado ao agente por não ter agido conforme a norma, quando podia fazê-lo. Prof: Dr. Luís Roberto Zagonel TEORIA DA CULPABILIDADE

TEORIA DA CULPABILIDADE CULPABILIDADE · 4.3 Exigibilidade de conduta diversa Prof: Dr. Luís Roberto Zagonel TEORIA DA CULPABILIDADE IMPUTABILIDADE (art. 26 CP) 1. ... POTENCIAL

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CULPABILIDADE

1. CONCEITO não foi conceituada no CP

Doutrina Majoritária crime = fato típico, antijurídico e

culpável

A culpabilidade pode ser conceituada então como a reprovação pessoal

pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita em determinadas

circunstâncias em que se podia atuar conforme as exigências do

ordenamento jurídico.

Enquanto a ilicitude é um juízo de desvalor sobre um fato típico, a

culpabilidade é um juízo de censura ou de reprovação pessoal endereçado

ao agente por não ter agido conforme a norma, quando podia fazê-lo.

Prof: Dr. Luís Roberto Zagonel

TEORIA DA CULPABILIDADE

CULPABILIDADE

1. CONCEITO

“A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação ou

omissão típica e ilícita. Assim, não há culpabilidade sem tipicidade e ilicitude,

embora possa existir ação típica e ilícita inculpável. Devem ser levados em

consideração, além de todos os elementos objetivos e subjetivos da conduta

típica e ilícita realizada, também, suas circunstâncias e aspectos relativos à

autoria.” (Luiz Régis Prado)

Parcela da Doutrina defende que o crime, do ponto de vista

analítico, comporta apenas dois elementos, a tipicidade e a

antijuridicidade, sendo a culpabilidade somente um pressuposto

de aplicação da pena.

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2. TEORIAS OU CONCEPÇÕES DOGMÁTICAS DA

CULPABILIDADE 2.1 Teoria psicológica

Para esta teoria a culpabilidade era o vínculo psicológico que unia o

autor ao resultado produzido.

Impossibilidade de configurar um conceito superior da

culpabilidade que abrangesse as suas duas formas, dolo e culpa,

especialmente a culpa inconsciente, foi efetivamente a maior

dificuldade dessa teoria.

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2.2 Teoria psicológica-normativa

O fundador desta teoria foi Reinhard Frank. O momento

psicológico que se exprime no dolo ou na culpa não esgota todo o

conteúdo da culpabilidade, que também precisa ser censurável.

Neste sentido o estado normal das circunstâncias em que o autor

atua é elemento da culpabilidade. Circunstâncias anormais

afastariam a reprovabilidade. Assim, a culpabilidade passava a ser, ao

mesmo tempo, uma relação psicológica e um juízo de reprovação.

Para esta teoria, são os seguintes elementos da culpabilidade: 1)

imputabilidade; 2) elemento psicológico - dolo ou culpa; 3)

exigibilidade de conduta diversa.

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2.3 Teoria normativa pura

Com o finalismo de Hans Welzel, na metade do século XX,

retiraram-se todos os elementos psicológicos da culpabilidade e ela

se tornou, enfim, puramente normativa, como puro juízo de valor,

de reprovação.

Segundo esta teoria, a culpabilidade contém apenas

elementos normativos, destituídos de elementos

psicológicos. São eles: a) imputabilidade; b) potencial

conhecimento do injusto; c) exigibilidade de conduta

diversa.

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3. FUNÇÕES DA CULPABILIDADE:

3.1 Fundamentos da pena aplicação da pena a um agente autor

de um fato típico e antijurídico, já que se torna imprescindível a

reprovação do ordenamento jurídico.

3.2 Limite da pena artigo 29, do Código Penal - referido

dispositivo reflete o princípio da individualização da pena, permitindo a

mensuração da reprovabilidade que recai sobre o agente.

3.3 Fator de graduação a culpabilidade é considerada como circunstância judicial, no artigo 59, do Código Penal, ou seja, na primeira fase da dosimetria penal. Nesta, o juiz deverá levar em conta o grau de reprovabilidade da conduta ou aquilo que se entende por posição do agente frente ao bem jurídico ofendido.

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TEORIA DA CULPABILIDADE

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CULPABILIDADE

4. ELEMENTOS (REQUISITOS) DA CULPABILIDADE:

4.1 Imputabilidade

4.2 Potencial conhecimento do injusto

4.3 Exigibilidade de conduta diversa

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IMPUTABILIDADE (art. 26 CP)

1. CONCEITO capacidade de entender o caráter ilícito do

fato e determinar-se de acordo com esse entendimento.

“Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou

desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da

ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito

do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”

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IMPUTABILIDADE

2. SISTEMAS/ MÉTODOS / CRITÉRIOS DE INIMPUTABILIDADE

2.1 Sistema Biológico ou Etiológico leva em consideração a doença mental,

enquanto patologia clínica, ou seja, o estado anormal do agente.

2.2 Sistema Psicológico ou Psiquiátrico considera apenas as condições

psicológicas do agente à época do fato.

2.3 Sistema Biopsicológico ou Misto - *** ADOTADO PELO BRASIL

atende tanto às bases biológicas que produzem a inimputabilidade como

suas consequências na vida psicológica ou anímica do agente. É a fórmula do

artigo 26 do Código Penal Brasileiro.

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IMPUTABILIDADE

2.3 REQUISITOS DA INIMPUTABILIDADE PELO

CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO (adotado pelo Brasil – art.

26, CP):

causal - o agente tem que ser portador de doença mental ou

desenvolvimento mental retardado/incompleto ou embriaguez;

consequencial - efeito - em razão da doença, deve o autor ser

inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.

cronológico – atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa

(teoria da atividade).

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IMPUTABILIDADE

3. CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE

3.1 Doença Mental

3.2 Desenvolvimento Mental Incompleto ou Retardado

3.3 Menoridade

3.4 Embriaguez Proveniente de Caso Fortuito ou Força

Maior

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3. CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE

3.1 Doença Mental É uma alteração mórbida de saúde mental,

independentemente de sua origem. Exemplos: paralisia cerebral,

esquizofrenia, demência senil, etc.

3.2 Desenvolvimento Mental Incompleto ou Retardado

defeito ou parada de desenvolvimento cerebral. Exemplos: a

idiotia (defeito congênito do desenvolvimento); imbecilidade

(parada do desenvolvimento); psicopatia; surdo-mudez; silvícola

(índio) não integrado.

3.3. Menoridade art. 27 do CP

“Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente

inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação

especial.” (ECA – Lei nº 8.069/90)

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EMBRIAGUEZ

Modalidades de Embriaguez Não Acidental: (não excluem a imputabilidade)

Voluntária, dolosa ou intencional (art. 28, inciso II CP)

o agente ingere a substância alcoólica ou de efeitos análogos com

a intenção de embriagar-se. “Hoje vou tomar todas”.

Culposa o agente quer ingerir a substância, mas sem a

intenção de embriagar-se, contudo, isso vem a acontecer em

virtude da imprudência de consumir doses excessivas.

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EMBRIAGUEZ

A embriaguez pode ser:

Completa a embriaguez voluntária e a culposa podem ter como

consequência a retirada total da capacidade de entendimento e vontade

do agente, que perde integralmente a noção sobre o que está

acontecendo.

Incompleta ocorre quando a embriaguez voluntária ou a culposa

retiram apenas parcialmente a capacidade de entendimento e

autodeterminação do agente, que ainda consegue manter um resíduo de

compreensão e vontade.

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Embriaguez Preordenada (teoria da actio libera in causa)

a embriaguez não acidental JAMAIS exclui a imputabilidade do

agente, seja voluntária, culposa, completa ou incompleta. Isso porque

o agente, no momento em que ingeria a substância, era livre para decidir se

devia ou não o fazer. A conduta, mesmo quando praticada em estado de

embriaguez completa, originou-se de um ato de livre-arbítrio do sujeito, que

optou por ingerir a substância quando tinha possibilidade de não o fazer. A

ação foi livre na sua causa, devendo o agente, por essa razão ser

responsabilizado. É a teoria da actio libera in causa (ações livres na

causa).

Por fim, importante salientar é circunstância agravante a

embriaguez preordenada com a finalidade de encorajamento do

agente para o cometimento do crime. (Art. 61, II, “l”, do CP).

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3. CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE

3.4 Embriaguez Proveniente de Caso Fortuito ou Força Maior

Somente exclui a imputabilidade em caso de embriaguez acidental

completa (art. 28, II §, CP). A doutrina tem equiparado a esta, a

embriaguez patológica (art. 26, caput, CP).

ACIDENTAL (art. 28, II, § 1, CP) a pessoa é levada a beber, não sendo

voluntária ou culposa

PATOLÓGICA (art. 26, caput, CP) A Embriaguez Patológica se

distingue da normal pelo fato do indivíduo, naquela, mesmo com pequenas

quantidades de bebida alcoólica ingerida, apresentar um estado de ânimo

exageradamente excitado, desinibição excessiva, descargas comportamentais

agressivas e graves, enfim, manifestar ações que diferenciam muito de sua

personalidade quando sóbrio.

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3. CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE

EQUIPARAÇÃO À EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA

Conforme artigo 45, caput, da Lei 11.343/2006 (Lei de

Drogas), é isento de pena o sujeito que em razão da

dependência, ou sob efeito proveniente de caso

fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da

ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender

o caráter ilícito do fato.

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IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA OU ATENUADA Pode-se entender também por imputabilidade diminuída ou atenuada a

redução da capacidade de culpabilidade Constitui uma área intermediária, situada entre a perfeita saúde mental

e a insanidade.

1. SISTEMA VICARIANTE aplica-se ao agente semi-responsável. Pena reduzida - art. 26, § único do CP:

“Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o

agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por

desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente

capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo

com esse entendimento.”

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IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA OU ATENUADA

É o caso também do sujeito que “drogado”, ao tempo da ação

ou da omissão, não tinha a plena capacidade de entender o

caráter ilícito do fato. Nesse caso, sua pena poderá ser

reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). É o que

preceitua o art. 46 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas).

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TEORIA DA CULPABILIDADE

IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA OU ATENUADA

MEDIDAS DE SEGURANÇA São medidas aplicadas aos

inimputáveis e semi-imputáveis que cometem um delito penal com

internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico e, na

falta desse, em outro estabelecimento adequado ou sujeição a

tratamento ambulatorial

Inimputável imposição da medida de segurança. Se fato

criminoso for punível com detenção poderá substituir por

tratamento ambulatorial (art. 97 do CP).

Semi-inimputável possibilidade da substituição da pena

privativa de liberdade por medida de segurança (art. 98 do CP).

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MEDIDAS DE SEGURANÇA

Prazo indeterminado, enquanto não for averiguada, mediante perícia

médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1

a 3 anos.

Tanto o STF quanto o STJ entendem que, sendo vedado pela CFR/88, penas de

caráter perpétuo (art. 5º, XLII, b), a medida de segurança – sendo espécie do

gênero sanção penal – deve sim sujeitar-se a um período máximo de duração.

- Para o STF, o prazo máximo de duração da medida de segurança é de 30 anos,

previsto no art. 75 do CP, 1ª Turma, HC 107432, j. 24/05/2011; 2ª Turma, HC

97621, j. 02/06/2009);

- Para o STJ o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o

limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado (6ª

Turma, HC 174342, j. 11/10/2011; 5ª Turma, REsp 964247, j. 13/03/2012).

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IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA 2. EMOÇÃO E PAIXÃO

A emoção e a paixão, salvo quando patológicas não excluem a

imputabilidade penal. (art. 28, inciso I, do CP).

Entretanto caso ocorra emoção violenta, provocada por ato injusto da vítima: Circunstância de atenuação de pena (art. 65, inciso III, alínea “c” do CP).

Causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3 no homicídio

privilegiado (art. 121, §1º, CP).

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POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

1. CONCEITO possibilidade de o agente poder conhecer o

caráter ilícito de sua ação – consciência potencial (não real) da

ilicitude.

2. CAUSA EXCLUDENTE DO POTENCIAL CONHECIMENTO

DO ILÍCITO

2.1 Erro de proibição (art. 21 do CP) ocorre quando há

ausência desse elemento “potencial consciência da ilicitude”. É

aquele que incide sobre a ilicitude do comportamento (sobre a

relação de contradição entre o fato e a norma).

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TEORIA DA CULPABILIDADE

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

Formas de Erro de Proibição: a) Direto o agente atua com a convicção de que sua ação não está proibida pela ordem normativa – erro sobre a ilicitude da conduta. Ex: furto de coisa de pequeno valor – o agente crê ser tal conduta permitida. b) Indireto ou erro de permissão designa o erro sobre uma norma permissiva. O agente pensa que sua ação é lícita por estar amparado por uma excludente da ilicitude que, na verdade, não é reconhecida pelo direito Ex: homicídio piedoso – o agente mata o enfermo terminal, não resistindo aos seus pedidos. c) Mandamental ocorre nos crimes omissivos próprios ou impróprios. Ex: alguém que deixa de prestar socorro acreditando que não está obrigado a fazê-lo porque não tem vínculo com a vítima e porque não concorreu para o perigo.

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TEORIA DA CULPABILIDADE

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

2.1 Erro de Proibição:

O erro de proibição inevitável exclui a culpabilidade, por falta

de potencial consciência da ilicitude; e o evitável poderá

diminuir a pena de 1/6 a 1/3 (art. 21 do CP).

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EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

Para que a ação do agente seja reprovável, é indispensável que se

lhe possa exigir comportamento diverso do que teve. Isso significa

que o conteúdo da reprovabilidade repousa no fato de que o autor

devia e podia adotar uma resolução de vontade de acordo com o

ordenamento jurídico.

EXCLUDENTES (art. 22, CP):

“Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita

obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico,

só é punível o autor da coação ou da ordem”.

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EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

EXCLUDENTES (art. 22, CP):

1. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (artigo 22, 1º parte,

CP) constitui uma causa de inculpabilidade por inexigibilidade

de conduta diversa. Trata-se da coação moral feita através da grave

ameaça, em que a vontade do coacto não é livre, mas viciada, sendo

punível o autor da coação (autoria mediata)

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EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

EXCLUDENTES (art. 22, CP):

Exemplo 1: O sujeito que sequestra os filhos da gerente do banco para

exigir que a mesma vá até a agência, abra o cofre e recolha todo o dinheiro

para ele. A gerente será isenta de pena tendo em vista a coação moral

irresistível.

Exemplo 2: O sujeito que, mediante grave ameaça, exige que determinado

médico lhe dê um atestado médico falso para o fim de ausentar-se das aulas

da Universidade. O médico será isento de pena e o aluno responderá por

falsidade de atestado médico (art. 302 do CP).

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TEORIA DA CULPABILIDADE

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

ATENÇÃO PARA A DIFERENÇA:

Na coação física irresistível ocorre a inexistência de

vontade do agente, desta maneira exclui-se a ação

típica.

Na coação moral irresistível o coagido pratica conduta

típica e antijurídica, mas inculpável, já que a vontade

para a prática da conduta se deu de maneira viciada.

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1. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL

1.1 Requisitos: irresistibilidade da coação e como regra as

figuras do coactor, coacto e vítima.

a) Irresistibilidade da coação significa que o constrangimento

deve ser impossível de ser vencido pelo coagido. O mal de que é

ameaçado deve ser grave, certo e inevitável, de modo a não permitir

que se conduza conforme o Direito.

Importante destacar que sendo a coação moral resistível,

beneficia o coacto a circunstância atenuante (art. 65, inciso III,

alínea “c”, do CP)

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1. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL

1.1 Requisitos:

b) Coactor, coacto e vítima através da coação moral irresistível,

o coator obriga o coacto a praticar um delito contra um terceiro

(vítima), suprimindo-lhe a capacidade de resistência pela ameaça.

Importante destacar que a ação ou omissão perpetrada pelo coacto é

ilícita, podendo dar lugar à legítima defesa por parte da vítima. Em

regra, a coação moral apresenta essas três figurantes: coator,

coato e vítima. Pode, entretanto, apresentar dois apenas: Ex.

João coage Pedro a praticar ato obsceno ao público.

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EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

2. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (artigo 22, 1º parte, CP)

a obediência hierárquica é caso de inexigibilidade de conduta

diversa, só sendo punível o superior hierárquico, autor da ordem

(mediata), salvo se esta for manifestamente ilegal, quando responde,

também, o inferior hierárquico.

O subordinado só será responsabilizado se percebe que a ordem

constitui um ato ilícito, diante das circunstâncias por ele

conhecidas.

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EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

2. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (artigo 22, 1º parte, CP)

Quando o subordinado não se dá conta da ilegalidade da ordem, mas

está em condições de fazê-lo, não será abarcado por essa causa de

inculpabilidade, desde que presentes indícios suficientes que lhe

permitiriam suspeitar da ilicitude do mandado. Na hipótese em que

o descumprimento causa sérias consequências negativas ao

subordinado, pode este beneficiar-se de uma circunstância atenuante

(art. 65, inciso III, alínea c, 2º parte do CP).

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TEORIA DA CULPABILIDADE

2. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA 2.1 Requisitos:

a) Relação de subordinação hierárquica fundada no Direito Público

a ordem deve advir de uma autoridade pública, dentro da organização do

serviço público, o que também inclui os cidadãos, nos casos em que atuam por

ordem dessas autoridades. Excluem-se, portanto, os casos de subordinação

doméstica ou privada.

b) Ordem de acordo com as formalidades legais e não

manifestamente ilegal é preciso que a ordem se refira às relações

habituais existentes entre aquele que manda e quem obedece, estando dentro

da esfera de competência do primeiro. Assim, se o subordinado, depois de

avaliar a licitude da ordem e constatar a competência da autoridade que o

obriga, não tem razões para suspeitar de irregularidades e cumpre o mandado,

estará acobertado por essa excludente de culpabilidade.

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TEORIA DA CULPABILIDADE

2. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

Todavia, se a ordem extrapola a esfera de competência do superior

hierárquico, ou sua ilegitimidade ou ilicitude apareçam evidentes, o

inferior não está amparado por essa excludente, posto que seu dever

de obediência não pode ser maior que o seu dever profissional (ex: o

policial que entra em domicílio alheio sem autorização judicial,

motivado apenas pela ordem verbal de seus superiores, responderá

pelo delito de invasão de domicílio – art. 150 do CP).

Dentre as hipóteses de manifesta ilegalidade da ordem, pode-se

enumerar: 1. Quando emanada de autoridade incompetente; 2.

Quando não reúne a ordem os requisitos formais necessários à sua

exteriorização; 3. Quando é obviamente ilícita.

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2. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

2.1 Requisitos:

c) Estrita obediência da ordem é necessário que o

cumprimento da ordem do superior fique adstrito aos limites do

que nela se contém. É clara a linguagem do Código ao falar em

“estrita obediência a ordem”. Caso contrário, há excesso, e

desaparece a exculpação do ato praticado.

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