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Teoria das Representações sociais Profª Drª Elza Maria Techio UFBA 2011

Teoria das representações sociais

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Page 1: Teoria das representações sociais

Teoria das Representações sociais

Profª Drª Elza Maria TechioUFBA2011

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OrigemDécada de 60Serge MoscoviciLa psychanalyse: son image et son public (1961)

Esta obra lançou uma problemática: específica

Como é que o conhecimento científico é consumido, transformado e utilizado pelo homem comum (leigo)

geral Como constrói o homem a realidade

Novo movimento teórico e metodológico.Teoria das representações sociais começa com o

estudo acerca das RS da psicanálise na França

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Contextualização da teoria (I)O problema da sociedade pensante:

Wundt e a volkerpsichologieLe Bon e o comportamento das multidõesDurkheim e as representações coletivas

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Contextualização da teoria (II)Henri Tajfel & Serge Moscovici:

O problema da relevância social e do individualismo nos estudos da psicologia social

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Objetivo de MoscoviciDescrever como ocorreu a apropriação e

socialização da T. psicanalítica por diferentes grupos;

Como a T. psicanalítica era:absorvida, transformada e utilizada pelo

homem comum para classificar as pessoas, condutas e eventos da vida diária

Como os conceitos psicanalíticos reelaborados se entre mesclavam nos processos de comunicação e de intercambio social

Como a teoria era transformada em uma RS.

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Na época MoscoviciEnfatizou as diferenças entre os modelos

científicos e os não científicos no que se refere a psicanáliseAbordando o deslocamento de sentido de um

modelo ao outro

No deslocamento do modelo científico para o não científico que as RS aparecem como saber “ingênuo” em oposição ao saber produzido pela ciência

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Representação socialResgate do socialNovo modelo teórico e metodológicoDiferente da Psicologia social predominante

nos EUACaráter individual,IdeológicoCentrado nos processos psicológicosDissociados do social e doContexto histórico

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Definição“Um conjunto de conceitos, proposições e explicações criado na vida cotidiana no decurso da comunicação interindividual. São o equivalente, na nossa sociedade, dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais, podem ainda ser vistas como a versão contemporânea do senso comum” (Moscovici, 1981, p. 181).

Sua principal função é tornar familiar o não-familiar

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Representações Sociais“forma pelos quais o senso comum expressa seu pensamento (Jodelet, 1993)

Não seria uma resposta individual emitida em relação a um estímulo social,

Mas a maneira como os grupos sociais constroem e organizam diferentes significados dos estímulos do meio social e as possibilidades de respostas que podem acompanhar esses estímulos.

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Representações SociaisAto de pensamento na qual o sujeito se relaciona

com o objeto (pessoa, idéia, evento social ou natural)

Como:Através de operações mentais (atenção, percepção

e memória) esse objeto é substituído por um SÍMBOLO que se faz presente quando o objeto está ausente. O objeto fica representado simbolicamente na

mente dos indivíduos.

RS não é uma simples reprodução do objeto implica sua transformação ou construção

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A natureza social das RSSão sociais em vários sentidos:

São aspectos socialmente significativos;São sociais em sua origem;São compartilhadas pelos grupos sociais,

porém não são homogêneas para a sociedade;

São construções simbólicas da realidade;São forma e conteúdoSão convencionais e prescritas e ao mesmo

tempo são dinâmicas.

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São sociais em sua origemSãos construídas nos processos de interação e

comunicação social. Devido ao significado para os grupos sociais as RS:

Circulam nos meios de comunicação de massa; Nas conversas entre as pessoas e; Se cristalizam nas condutas

Os meios de comunicação: levam a informação a população;

Nas relações interpessoais trocam-se opiniões, se reafirmam conceitos e

idéias, se debate e se consolida o processo de comunicação sobre o objeto.

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São compartilhadas, mas não homogêneas para a sociedadeRS podem variar de um grupo para outro;

Origem da variação:Complexidade social;Diversidade de categorias

Valores, posição social;Experiência com o objeto da RS;

Contexto histórico, cultural e social dos grupos.

As RS se vinculam a sistemas de pensamentos mais amplos, ideológicos ou culturais, a um estado de conhecimento científico, como a condição social e a esfera de experiências prévias e afetivas dos indivíduos (Jodelet, 1991)

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RC (Durkheim, 1898) ≠ RS (Moscovici, 1984)RC= religião e o mito são compartilhadas porque são:

homogêneas para todos os membros da sociedade;São transmitidas de uma geração a outraExistem fora e independentemente do indivíduo;Força os indivíduos a uniformizar sua conduta e pensamento;Processos estáticos, resistentes a mudança.

RS= se adaptam mais a complexidade e a dinâmicas das sociedades

Variam dependendo do contexto socialDos grupos sociaisAs mudanças se dão em paralelo aos que sofrem a sociedade

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Construções simbólicas da realidadeAs RS implicam um significado comum de

objetos ou eventos sociais para os membros de uma comunidade;

Os significados dependem das: normas sociais valores da história comum da comunidade.

Um objeto é imediata e simultaneamente percebido e conceitualizado em termos de sua simbólica e significativa realidade.

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São forma e conteúdoO conteúdo das RS podem variam de um:

Grupo a outroCultura a outraÉpoca a outra

A lógica ou a maneira com se pensa também depende do contexto sócio-cultural

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Síntese: Por que as RS são sociais?Critério quantitativo: são compartilhadas

por um grande número de pessoas e grupos.

Critério genético: são construídas socialmente.O pensamento social é construído nas e pelas

interações sociais;Portanto, o objeto da PS é o “Social

Critério funcional: são guias para a comunicação e para a ação.

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Funções das RSSão evidentes quando se compreende sua natureza

social;As RS permitem que os indivíduos transformem

uma realidade estranha, desconhecida em uma realidade familiar;

As RS permitem a comunicação entre os indivíduos;Quando as pessoas dividem significados sobre

eventos e objetos existe a possibilidade de que se estabeleçam relações entre eles;

As RS guiam a ação social;As RS servem para justificar as decisões, posições e

condutas adotadas diante de um evento.

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Elementos formadores das RS

Dois processos: objetivação e ancoragem

Processos ligados e modelados pelos fatores sociais

Objetivação: forma como se organizam os elementos constituintes da representação e ao percurso através do qual tais elementos adquirem materialidade.

Processo que se transforma o abstrato em concreto.

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ObjetivaçãoTrês etapas:

Construção seletiva: seleção, descontextualização e simplificação (normas e crenças) Parte da informação disponível é retida Processo depende das normas e valores grupais

Esquematização: estruturação das relações dos elementos da representação

Naturalização: aquisição da materialidade Os conceitos tornam-se equivalentes à realidade O abstrato torna-se concreto através da expressão em

imagens e metáforas

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Elementos formadores das RSAncoragem: processo de assimilação do novo

ao que já existe

Precede e/ou situa-se na seqüência da objetivaçãoPrecede: qualquer tratamento da informação

exige pontos de referênciaA partir das experiências e dos esquemas já

estabelecidos que o objeto da R é pensadoSegue: função social das representações

Permite compreender a forma como os elementos representados contribuem para exprimir e constituir as relações sociais

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Ancoragem Serve à instrumentação do saber

conferindo-lhe um valor funcional para a interpretação e gestão do ambiente.

Tem afinidades com o conceito de: Categorização:

ambos funcionam como estabilizadores do meio e

Redutores de novas aprendizagens

Assimilação e acomodação (Piaget)

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Tipos de representações sociaisHegemônicas: compartilhadas por todos os

membros de um grupo altamente estruturado (um partido, uma nação, etc.) sem terem sido produzidas pelo grupo.

Ex.: RS do indivíduo como uma entidade autônoma e livre.

Emancipadas: são compartilhadas por membros de diferentes grupos que estão em contato.

Ex.: RS sobre a loucura compartilhadas por diferentes profissionais.

Controversas: são geradas a partir do conflito entre os grupos.

Ex.: RS sobre as cotas raciais na universidades públicas.

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Funções sociais das RS (Doise)

Seletiva: traduz-se na seleção dos conteúdos que são centrais para o encontro entre grupos e indivíduos.

Justificadora: serve para justificar o tipo de relação que será desenvolvida.

Antecipatória: serve para descrever e prescrever o tipo de relação ou comportamento que será desenvolvido.

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Modelos de análise

Representações sociais plurais

Diversidade metodológica

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1. Culturalista ou antropológicaEstuda a articulação entre as dimensões

sociais e culturais que regem as construções do conhecimento coletivo.

Aprender o discurso dos indivíduos e dos grupos que mantêm as RS ligando-os com o comportamento e práticas socais pelas quais essas RS se manifestam.

Estratégias: exame de documentos e registros pelos quais esses comportamentos e práticas são institucionalizados

Serge Moscovici e Denise Jodelet

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2. O núcleo central e o sistema periféricoEstrutura das representações Núcleo central: estrutura que dá coerência e

sentida à Representação- “duro” e resistente às mudanças.

Tem duas funções: a) geradora e transformadora de significadosb) organizadora, determinando as relações

existentes entre os elementos de uma representação.

Elementos periféricos: protegem o núcleo central das mudanças. Esse processo ocorre por meio da incorporação de novos elementos.

Jean-Claude Abric

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3. Análise dos princípios organizadoresRS princípios que organizam as variações

sistemáticas dos posicionamentos individuais nos diversos elementos que formam o campo representacional

Análise dos princípios organizadores

Ancoragem desses princípiosPsicológica: nas atitudes individuaisSociológica: nas pertenças sociaisPsicossocial: discursos ideológicos

Willem Doise e colegas

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ConclusõesGrande popularidade do conceito porque

pode ser utilizado para investigar diferentes fenômenos sociais:Na saúdeNo trânsitoNo processo de exclusão-inclusão socialEtc.