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Universidade do Sul de Santa Catarina
Palhoça
UnisulVirtual
2007
Teoria Geral do TurismoDisciplina na modalidade a distância
teoria_greal_turismo.indb 1teoria_greal_turismo.indb 1 13/4/2007 17:17:3813/4/2007 17:17:38
Campus UnisulVirtualRua João Pereira dos Santos, 303Palhoça - SC - 88130-475Fone/fax: (48) 3279-1541 e3279-1542E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br
Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira
Vice-Reitor e Pró-Reitor AcadêmicoSebastião Salésio Heerdt
Chefe de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro
Pró-Reitor AdministrativoMarcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira
Campus SulDiretor: Valter Alves Schmitz NetoDiretora adjunta: Alexandra Orsoni
Campus NorteDiretor: Ailton Nazareno SoaresDiretora adjunta: Cibele Schuelter
Campus UnisulVirtualDiretor: João VianneyDiretora adjunta: Jucimara Roesler
Equipe UnisulVirtual
AdministraçãoRenato André LuzValmir Venício Inácio
BibliotecáriaSoraya Arruda Waltrick
Cerimonial de FormaturaJackson Schuelter Wiggers
Coordenação dos CursosAdriano Sérgio da CunhaAloísio José RodriguesAna Luisa MülbertAna Paula Reusing PachecoCátia Melissa S. Rodrigues (Auxiliar)Charles Cesconetto
Diva Marília FlemmingItamar Pedro BevilaquaJanete Elza FelisbinoJucimara RoeslerLilian Cristina Pettres (Auxiliar)Lauro José BallockLuiz Guilherme Buchmann FigueiredoLuiz Otávio Botelho LentoMarcelo CavalcantiMauri Luiz HeerdtMauro Faccioni FilhoMichelle Denise Durieux Lopes DestriMoacir HeerdtNélio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrícia AlbertonPatrícia PozzaRaulino Jacó BrüningRose Clér E. BecheTade-Ane de Amorim(Disciplinas a Distância)
Design Gráfi coCristiano Neri Gonçalves Ribeiro (Coordenador) Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierEvandro Guedes MachadoFernando Roberto Dias ZimmermannHigor Ghisi LucianoPedro Paulo Alves TeixeiraRafael PessiVilson Martins Filho
Gerência de Relacionamentocom o MercadoWalter Félix Cardoso Júnior
Logística de Encontros PresenciaisMarcia Luz de Oliveira(Coordenadora) Aracelli AraldiGraciele Marinês LindenmayrGuilherme M. B. PereiraJosé Carlos TeixeiraLetícia Cristina BarbosaKênia Alexandra Costa HermannPriscila Santos Alves
Logística de MateriaisJeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador)Eduardo Kraus
Monitoria e SuporteRafael da Cunha Lara (Coordenador)Adriana SilveiraCaroline MendonçaDyego RachadelEdison Rodrigo ValimFrancielle ArrudaGabriela Malinverni BarbieriJosiane Conceição LealMaria Eugênia Ferreira CeleghinRachel Lopes C. PintoSimone Andréa de CastilhoTatiane SilvaVinícius Maycot Serafi m
Produção Industrial e SuporteArthur Emmanuel F. Silveira (Coordenador)Francisco Asp
Projetos CorporativosDiane Dal MagoVanderlei Brasil
Secretaria de Ensino a DistânciaKarine Augusta Zanoni(Secretária de Ensino)Ana Luísa Mittelztatt Ana Paula Pereira Djeime Sammer Bortolotti Carla Cristina SbardellaFranciele da Silva BruchadoGrasiela MartinsJames Marcel Silva RibeiroLamuniê SouzaLiana Pamplona Marcelo PereiraMarcos Alcides Medeiros JuniorMaria Isabel AragonOlavo LajúsPriscilla Geovana PaganiSilvana Henrique SilvaVilmar Isaurino Vidal
Secretária ExecutivaViviane Schalata Martins
TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Júnior(Coordenador)Ricardo Alexandre BianchiniRodrigo de Barcelos Martins
Equipe Didático-pedagógica
Capacitação e Apoio Pedagógico à TutoriaAngelita Marçal Flores(Coordenadora)Caroline BatistaEnzo de Oliveira MoreiraPatrícia MeneghelVanessa Francine Corrêa
Design InstrucionalDaniela Erani Monteiro Will (Coordenadora)Carmen Maria Cipriani PandiniCarolina Hoeller da Silva BoeingDênia Falcão de BittencourtFlávia Lumi MatuzawaKarla Leonora Dahse NunesLeandro Kingeski PachecoLigia Maria Soufen TumoloMárcia LochViviane BastosViviani PoyerNúcleo de Avaliação da AprendizagemMárcia Loch (Coordenadora)Cristina Klipp de OliveiraSilvana Denise Guimarães
Pesquisa e DesenvolvimentoDênia Falcão de Bittencourt (Coordenadora)Núcleo de AcessibilidadeVanessa de Andrade Manoel
CréditosUnisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educação Superior a Distância
teoria_greal_turismo.indb 2teoria_greal_turismo.indb 2 13/4/2007 17:17:4413/4/2007 17:17:44
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Teoria Geral do
Turismo.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma,
abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma
linguagem que facilite seu estudo a distância.
Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará sozinho.
Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também
será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da
UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua
aprendizagem é nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
teoria_greal_turismo.indb 3teoria_greal_turismo.indb 3 13/4/2007 17:17:4513/4/2007 17:17:45
Victor Henrique Moreira Ferreira
Palhoça
UnisulVirtual
2007
Design instrucional
Carmen Maria Cipriani Pandini
Teoria Geral do TurismoLivro didático
2a edição revista
teoria_greal_turismo.indb 5teoria_greal_turismo.indb 5 13/4/2007 17:17:4513/4/2007 17:17:45
Copyright © UnisulVirtual 2007 N enhum a parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer m eio sem a prévia autorização desta instituição.
Edição --- Livro Didático
Professor Conteudista Victor Henrique Moreira Ferreira
Design Instrucional Carm en Maria Cipriani Pandini Ligia Maria Soufen Tumolo
ISBN 978-85-60694-22-8
Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual
Diagram ação Duarte Miguel Machado Neto Vilson Martins Filho (2ª Edição) Alex Xavier (Atualização)
Revisão Ortográfi ca Heloísa Martins Mano Dornelles
338.4791 F44 Ferreira, Victor Henrique Moreira Teoria geral do turismo : livro didático / Victor Henrique Moreira Ferreira ; design instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini, Ligia Maria Soufen Tumolo. – 2. ed. rev. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 218 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-60694-22-8 1. Turismo. I. Pandini, Carmen Maria Cipriani. II. Tumolo, Ligia Maria Soufen. III. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03Palavras do professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – O surgimento e a evolução do fenômeno turístico . . . . . 17UNIDADE 2 – Impactos da atividade turística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45UNIDADE 3 – O Sistema de turismo e os meios de transportes . . . . . . . 75UNIDADE 4 – Turismo e organizações turísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107UNIDADE 5 – Administrando o turismo para o mercado . . . . . . . . . . . . 155
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 213
Sumário
teoria_greal_turismo.indb 7teoria_greal_turismo.indb 7 13/4/2007 17:17:4513/4/2007 17:17:45
Palavras do professor
A todos os alunos e alunas com quem estarei
compartilhando informações, conhecimentos e
experiências...
Quero dizer que a possibilidade de poder trabalhar o
conteúdo que versa sobre a importante atividade que é
o turismo, certamente se caracteriza uma experiência
ímpar para todos nós.
Se considerarmos que a sociedade industrial moderna
nos impõe determinadas regras e exigências é importante
pensar também que temos a necessidade de priorizar um
tempo para que possamos descansar, viajar, divertir e
entreter, enfi m, como se diz no popular, “recarregar as
baterias”.
Estou certo que muitos de vocês já aproveitaram,
aproveitam e ainda hão de aproveitar o tempo livre.
Também tenho certeza de que muitas viagens serão
realizadas, independentemente da destinação, do atrativo
ou da época do ano. Em outras palavras, sempre tiveram
a oportunidade de “atuar” como verdadeiros turistas o
farão.
Esta disciplina possibilitará um contato mais estreito
com o que podemos considerar como sendo “o outro lado
do turismo”, ou seja, o lado em que estaremos atuando
como os verdadeiros prestadores de serviços turísticos. E
para que isto seja possível há a necessidade de que noções
e conceitos teóricos da atividade sejam aprendidos e
compreendidos.
A apresentação dos conteúdos por meio da sistematização
das unidades foi pensada para que você possa realizar
teoria_greal_turismo.indb 9teoria_greal_turismo.indb 9 13/4/2007 17:17:4513/4/2007 17:17:45
um elo ou um “link”, na linguagem virtual, com as necessidades
atuais do turismo.
Pretende-se com esta disciplina contribuir para uma
sensibilização acerca da importância e do signifi cado que o
turismo possui em nível local, regional, nacional e mundial.
Assim sendo, só me resta agora, convidá-lo/a a “embarcar”
nesta fantástica “viagem” através do conhecimento e das novas
descobertas que a atividade turística poderá lhe proporcionar.
Vamos juntos!
Desejo a todos uma excelente “viagem” por meio da
aprendizagem!
Professor Victor Henrique Moreira Ferreira.
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Plano de estudo
O plano de estudos visa a orientar você no
desenvolvimento da Disciplina. Ele possui elementos
que o ajudarão a conhecer o contexto da Disciplina e a
organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual
leva em conta instrumentos que se articulam e se
complementam, portanto, a construção de competências
se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das
diversas formas de ação/mediação.
São elementos desse processo:
O Livro didático.
O EVA (Espaço UnisulVirtual de
Aprendizagem).
Atividades de avaliação (complementares, a
distância e presenciais).
Ementa
Noções básicas dos fundamentos teóricos do turismo.
Conceitos, defi nições e tipologia. Contextualização
histórica do lazer e do turismo. Principais impactos do
fenômeno turístico. Motivações e fatores condicionantes.
Ciclo de vida das destinações turísticas. Escala de Doxey.
Segmentação do trabalho dentro da atividade turística,
atendendo às mudanças exigidas pela sociedade pós-
industrial.
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Carga horária
60 horas-aula.
Objetivos da disciplina
GeralCompreender os elementos e processos do Turismo, sua evolução
e suas aplicabilidades.
Específi cosDestacar os princípios básicos da administração do
turismo.
Conhecer a evolução destes princípios.
Identifi car as principais características, classifi cações e
tipologia turística.
Evidenciar as principais tendências e correntes do
pensamento administrativo turístico.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o Livro Didático desta
Disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao fi nal de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.
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Unidades de estudo: 5
Unidade 1 – O surgimento e a evolução do fenômeno turístico
Nesta unidade, apresenta-se uma breve evolução histórica do
turismo com intuito de mostrar a relação existente entre as
várias civilizações e as necessidades de viagens. Além disso,
será possível conhecer as várias defi nições de turismo e também
reconhecer a divisão do tempo e a importância que isto teve para
os viajantes e a necessidade de se classifi car os viajantes (turista,
excursionista e visitante).
Unidade 2 – Impactos da atividade turística
Nesta unidade você vai ter a oportunidade de entender como
ocorrem os impactos dentro da atividade turística. Os temas
abordados tratarão de fazer com que você conheça como ocorre
a medição do turismo. Também será possível entender os
principais impactos econômicos do turismo, além de reconhecer
os principais aspectos culturais e sociais do turismo.
Unidade 3 – O Sistema de turismo e os meios de transportes
Nesta etapa do livro são abordados assuntos relativos à
necessidade de se compreender as bases que perfazem o sistema
de turismo, ferramenta básica, para que se tenha percepção da
atividade turística como um sistema. Será possível por meio
do estudo desta unidade distinguir o que é oferta turística e
demanda turística. Você também deverá conhecer os principais
meios de transportes turísticos e sua importância para a
atividade.
Unidade 4 – Turismo e organizações turísticas
Como são formadas as principais organizações turísticas nos
principais níveis de atuação: mundial, nacional, estadual e
municipal será o assunto tratado nesta unidade. Será ainda
necessário você reconhecer os princípios básicos que norteiam a
planejamento turístico, além de compreender a importância e a
aplicabilidade do marketing para a atividade turística e isto será
discutido na unidade 4.
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Unidade 5 – Administrando o turismo para o mercado
Os temas abordados nesta unidade versam sobre o
reconhecimento e o signifi cado vital exercido pelo meio ambiente
em relação ao turismo. Aqui você poderá conhecer os princípios e
as práticas para que o turismo possa ser considerado sustentável.
Também verá a importância e a necessidade de se identifi car
a tipologia turística e o seu amplo espectro, além de entender
algumas das principais características e tendências da atividade
turística na atualidade.
Agenda de atividadesVerifi que com atenção o “EVA”, organize-se para acessar
periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos
seus estudos depende da priorização do tempo para a
leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e
da interação com os seus colegas e tutor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço
a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades
relativas ao desenvolvimento da Disciplina.
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Cronograma de estudo
Atividades de Avaliação
Demais atividades (registro pessoal)
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UNIDADE 1
O surgimento e a evolução do fenômeno turístico
Objetivos de aprendizagem
Compreender a relação entre as várias civilizações e as necessidades de viagens.
Conhecer as várias defi nições de turismo.
Reconhecer a divisão do tempo e a importância que este teve para os viajantes .
Entender a classifi cação dos viajantes.
Seções de estudo
Seção 1 História e evolução do turismo.
Seção 2 Conceitos básicos de turismo.
Seção 3 Divisão do tempo e os viajantes: classifi cações.
1
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Você certamente já ouviu ou leu notícias e dados estatísticos
acerca da atividade turística − importante, por sinal. A mesma
gera milhões ou até bilhões de dólares em receitas, é uma
ferramenta excepcional para gerar empregos e desenvolvimento
de cidades, estados e países. Todavia há a necessidade de
se conhecer, sob uma perspectiva histórica, como se deu o
desenvolvimento da atividade e principalmente quais os impactos
que ela gera na sociedade atual.
É interessante que você perceba que a atividade turística é
composta de várias áreas do conhecimento, sendo motivo de
estudos e pesquisas praticamente no mundo inteiro.
Assim, convidamos você a conhecer, nesta unidade, como
surgiu esse fenômeno chamado “Turismo”, qual a importância
da divisão do tempo para o Turismo e também como são
classifi cados os viajantes. Sinta-se nosso “visitante” e venha
conhecer um pouco mais sobre a área de Turismo.
Vamos ao estudo das unidades?
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
SEÇÃO 1 - História e evolução do turismo
O que você sabe sobre o turismo? Você sabe como começou? Que características assumiu no decorrer da história? A que serve?
Registre no espaço abaixo “histórias de turismo”... Depois vamos criar um espaço no EVA para publicá-las. Que tal? Vamos começar? Registre uma, ou sua história, depois publique no EVA na ferramenta “Exposição” para socializar com seus colegas. Vamos criar nosso primeiro “registro coletivo”.
Bem, agora que já escreveu a sua história, socializou com seus
colegas de turma, vamos à narrativa sobre a história desta
atividade. Perguntamos novamente: como surgiu?
Podemos dizer que não há um consenso entre os mais diversos
autores do tema, sejam eles brasileiros ou mesmo estrangeiros,
sobre quando efetivamente se deu o início da atividade turística.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Alguns consideram o seu surgimento na Antigüidade, outros
na Grécia Antiga, outros durante o período de existência do
Império Romano e outros, ainda, consideram o seu surgimento
na época dos Fenícios. Existem também aqueles que consideram
o surgimento do Turismo há milhões de anos!
Como não há uma data defi nida e acordada para o início do
Turismo, elaboramos nesta seção um resumo cronológico sobre o
surgimento da atividade que, segundo a nossa ótica, é de maior
importância para uma melhor contextualização do Turismo.
Acompanhe, a seguir, a evolução do turismo na ordem
cronológica, seguida, inclusive, de contextualizações conceituais.
a) O Turismo ao longo da históriaO conceito de turismo surge no século XVII na
Inglaterra.
A palavra TOUR é de origem francesa.
Tour quer dizer VOLTA, tem seu equivalente em inglês
como sendo Turn, e em latim utiliza-se a expressão
Tornare.
O pesquisador suíço Arthur Haulot acredita que a
origem da palavra está no hebraico TUR, que aparece na
Bíblia, com signifi cado de viagem de reconhecimento.
Viajar implica voltar. Há, portanto, um deslocamento.
São condições essenciais (entre várias outras) para que
ocorra Turismo: sujeito, deslocamento e motivação.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
Você sabia?
Que existem diversos autores que consideram diferentes variáveis para que ocorra o Turismo? Que dentre elas se destacam: dinheiro, tempo livre, prazer, informação, comércio, descobertas, etc?
Que os Romanos contribuíram de forma decisiva para o surgimento de viagens, através da construção de estradas? As famosas Pax Romana.
b) Surgimento das viagens obrigatórias (Séculos II – X d.C.)No século V, os Bárbaros dominavam a Europa, o que
resultou numa signifi cativa diminuição das viagens,
diante do perigo que elas representavam para os povos
europeus dominados.
Entre os séculos II e III ocorrem intensas peregrinações
a Jerusalém, assim como no século IX religiosos se
deslocam para a região onde se encontrava o sepulcro de
Santiago de Compostela.
Em 1140 o peregrino francês Aymeric Picaud escreveu
05 volumes com histórias do apóstolo Santiago e com um
roteiro de viagem de como se chegar até lá a partir da
França. Considera-se esse o 1º guia turístico impresso.
A partir de 1282, inicia-se o intercâmbio de professores e
alunos entre as universidades européias.
Você sabia?
Que as grandes navegações, realizadas principalmente pelos espanhóis e pelos portugueses, contribuíram de maneira signifi cativa para o desenvolvimento do Turismo? A descoberta do “Novo Mundo” gerou uma curiosidade enorme nas pessoas que sentiam vontade de se deslocar e conhecer as novas terras.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
c) Ocorrências anteriores ao Turismo moderno – Turismo Barroco (Séculos XVI – XVIII)
No século XVI, ocorrem muitas viagens não ofi ciais
realizadas por jovens acompanhados de seu professor
particular (que geralmente viajava antes para conhecer
os hábitos e costumes locais, além do idioma), que
possuía algumas características marcantes, tais como:
eram realizadas por uma classe privilegiada, de elite;
eram consideradas um tour de aventura; eram feitas
majoritariamente pelas pessoas do sexo masculino; eram
esporádicas e com duração aproximada de três anos.
Nessa mesma época, já se constata o turismo na França,
Alemanha, Itália, Países Baixos, Inglaterra e Espanha.
No século XVI, surge o considerado “1º hotel do
mundo”, de nome Wekalet Al Ghury no Cairo – Egito
– para atender mercadores;
No século XVII, ocorre uma melhoria nos transportes de
então, que eram feitos em lombo de cavalo ou puxados
por carroças e carruagens. Inventa-se a Belina (um tipo
de carruagem mais rápida, de duas poltronas), e também
a diligência;
Surgem as primeiras linhas regulares de diligências
entre Frankfurt e Paris e entre as cidades de Londres a
Oxford;
Após a Revolução Industrial (que altera de maneira
signifi cativa as relações de trabalho e de divisão do
tempo), o turismo passa a ser educativo, com interesse
cultural.
Você sabia?
Que existem diversos autores que consideram diferentes variáveis para que ocorra o Turismo? Que dentre elas se destacam: dinheiro, tempo livre, prazer, informação, comércio, descobertas, etc?
Que os Romanos contribuíram de forma decisiva para o surgimento de viagens, através da construção de estradas? As famosas Pax Romana.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
d) O Turismo Moderno (século XIX)Em 1830, a ferrovia Liverpool – Manchester foi a 1ª a se
preocupar mais com os passageiros do que com a carga.
Essa é a “Era da ferrovia”, que foi determinante para o
desenvolvimento do turismo;
Surge o “Pai do Turismo moderno”: Th omas Cook – em
1841 ele andou 15 milhas para um encontro de uma liga
contra o alcoolismo em Leicester.
Já para um encontro em Loughborough, alugou um trem
para levar outros colegas. Juntou 570 pessoas, comprou e
revendeu os bilhetes. Esse fato é considerado como sendo
um marco na história do Turismo, pois se caracterizou
como a 1ª viagem agenciada.
Além disso, Th omas Cook organizou o 1º package
(pacote) – excursão organizada.
Em 1865, editou um guia chamado: Conselhos de Cook
para excursionistas e turistas.
Em 1867, instituiu o voucher hoteleiro.
O Turismo no século XX se utiliza do trem como
meio de transporte em nível nacional e navios em nível
internacional;
Os principais fatores que impulsionaram o turismo no
século XIX foram: segurança, salubridade e alfabetização
crescente.
O passaporte surge em 1915, como um mecanismo para
realizar o controle do tráfego de turistas pelo mundo.
As décadas compreendidas entre 1920 e 1940 são
consideradas como a “Era do transporte terrestre”.
Em 1929, foi construído o 1º Free Shop no aeroporto de
Amsterdã (Holanda).
teoria_greal_turismo.indb 23teoria_greal_turismo.indb 23 13/4/2007 17:17:4813/4/2007 17:17:48
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Universidade do Sul de Santa Catarina
e) O Turismo Contemporâneo
A atividade turística fi cou paralisada durante a II Grande
Guerra, ocorrida entre os anos de 1939 a 1945.
Em 1945, deu-se a criação da IATA (International Air
of Transport Association), que visa a regular o direito
aéreo e que caracteriza uma nova importante era para o
Turismo: A “Era do avião”;
Em 1949, ocorre a venda do primeiro pacote aéreo.
Já na década de 1960, começaram a existir as operadoras
turísticas, que ofereciam pacotes partindo do
norte da Europa, Escandinávia, Alemanha
Ocidental e Reino Unido para as costas do
Mediterrâneo.
Datam desta década também signifi cativas
e importantes transformações nos meios de
hospedagens. Os hotéis, que anteriormente
possuíam uma atmosfera familiar ou de
hospedaria, passaram para uma fase de
profi ssionalização, com o surgimento das
primeiras escolas profi ssionais na Suíça. Os
Estados Unidos contribuíram também de
forma decisiva para esse desenvolvimento, com
a construção de importantes cadeias ou redes
hoteleiras padronizadas, internacionais.
f) O Turismo no BrasilNo Brasil o turismo como fenômeno social começou
depois de 1920.
O turismo surgiu vinculado ao lazer e nunca teve cunho
de aventura ou educativo, como se pôde verifi car na
Europa.
A partir da década de 1950, um grande número de
pessoas passa a viajar, todavia esse movimento não se
caracteriza como sendo um turismo de massa, pois não é
toda a população que pode usufruir de tal atividade.
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25
Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
De uma maneira geral o turismo é mais acessível à
camada de alto poder aquisitivo da população, que realiza
viagens de médias e grandes distâncias, sendo que o
transporte mais utilizado é o aéreo.
Já as camadas de menor poder aquisitivo da população,
que não têm acesso irrestrito às atividades turísticas,
muito por causa da situação econômica do país, fazem
uso do transporte rodoviário para as suas excursões de
pequena e média distâncias.
Saiba mais
Para aprofundar o estudo sobre esta unidade:
Leia o texto a seguir extraído dos livros:
LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
REJOWSKI, M (organizadora). Turismo no percurso do tempo. São Paulo: Aleph, 2002.
Thomas Cook (1808-1892) foi marceneiro e um jovem pregador batista da cidade de Loughborough, na região inglesa de Midlands. Com 32 anos, vivia modestamente escrevendo e distribuindo publicações, enaltecendo as virtudes da temperança.
Thomas Cook lançou o primeiro pacote de turismo em 1841, mas naquela época as próprias ferrovias já ofereciam viagens de excursão para um movimento que elas, originalmente, não esperavam ter. O primeiro objetivo foi o carregamento de carga e o segundo, a provisão de um transporte mais rápido para os, então, viajantes de mala-posta a preços nem um pouco baratos. Não se esperava a popularidade das tarifas baratas de excursões para eventos especiais.
Kemball Cook (1947) declarou em seu livro que no Dia de Derby (importante dia em que se realizam corridas de cavalo na Inglaterra), em 1838, pediu-se que oito trens saíssem do terminal Nine Elms.
As autoridades estavam perplexas com 5.000 excursionistas indo para a estação.
teoria_greal_turismo.indb 25teoria_greal_turismo.indb 25 13/4/2007 17:17:4813/4/2007 17:17:48
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Em 1851, 774.910 passageiros saíam de Londres e chegavam a Londres levados por trens de excursão pela ferrovia de Londres e North Western. Na segunda metade de 1844, 360.000 passageiros viajaram de Londres para Brighton; houve, portanto, um aumento de mais de dez vezes em apenas sete anos devido às ferrovias.
Entretanto, a contribuição excepcional de Thomas Cook foi a organização da viagem completa – transporte, acomodação e atividade ou “satisfação” em um novo e desejado destino – o verdadeiro produto do turismo. Como agente dos principais fornecedores de transporte e acomodação, ele conseguiu atender uma demanda específi ca de mercado. Ele inventou um serviço essencial: um pacote ou excursão individual. Sua invenção foi copiada em todo o mundo. Com essa invenção, ele, mais do que qualquer outro empresário, contribuiu para mudar a imagem das viagens: de uma atividade necessária e nem um pouco aprazível, de uma tarefa árdua e voltada para a educação, para um prazer, um entretenimento e um novo conceito: “férias”.
Thomas Cook e sua empresa se expandiram rapidamente. Ele levou 165.000 excursionistas só de Yorkshire para a Grande Exposição de Londres em 1851, e organizou a primeira excursão ao Continente Europeu em 1856, e aos Estados Unidos em 1865.
Na verdade, Cook estabeleceu os principais fundamentos das viagens organizadas, introduzindo o conceito de pacote turístico (package tour), desenvolvendo o cooperativismo entre as empresas e outros componentes do mercado turístico (agência de viagens, hotéis, transportadoras, restaurantes, atrações, etc).
Fonte: adaptado das obras - LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo. Rio de Janeiro: Campus, 2000; e REJOWSKI, M (organizadora). Turismo no percurso do tempo. São Paulo: Aleph, 2002.
Quadro 1.1: Thomas Cook: o pai do turismo moderno
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
Para que você possa ter uma compreensão mais contextualizada
da importância e do signifi cado que Th omas Cook exerceu para
o desenvolvimento do turismo moderno, apresentamos, a seguir,
uma tabela contendo algumas das suas principais realizações.
Tabela 1.1: Principais realizações de Thomas Cook a partir de 1845
ANO REALIZAÇÕES
1845Lançou o Handbook of the Trip, primeiro itinerário descritivo de viagem preparado de forma profi ssional para o uso de turistas, por ocasião da excursão de Leicester a Liverpool.
1846 Realizou um tour com a participação de guias de turismo, o primeiro com essas características, chegando a levar 350 pessoas à Escócia.
1850 Formalizou contrato com a Great Easter Railway para a venda mínima de bilhetes de trem por ano, que vendeu em um mês.
1851 Levou cerca de 165 mil pessoas à Primeira Exposição Mundial realizada em Londres, oferecendo transporte e alojamento.
1856 Realizou a primeira excursão ao continente (Grã- Bretanha).
1862 Introduziu o “Individual Inclusive Tour”– IIT.
1863 Realizou a primeira excursão à Suíça, popularizando esse país como destino turístico de inverno.
1865 Realizou a primeira excursão para os Estados Unidos.
1867 Criou o primeiro cupom de hotel (voucher), documento que permitia sua utilização em hotéis para o pagamento dos serviços contratados em sua agência.
1869 Realizou o primeiro tour ao Oriente Médio.
1872 Realizou a primeira volta ao mundo com nove pessoas, que durou 222 dias.
1872 Inaugurou a primeira agência de viagens no continente americano, em Nova York.
1873-1874 Criou a circular note (antecessora do traveller check), que era aceita por bancos, hotéis, restaurantes e casas comerciais em várias partes do mundo.
1875 Realizou tours para a Escandinávia, incluindo a “Viagem para o Sol da Meia-Noite” no Cabo Norte.
1878 Levou 75 mil pessoas para visitar a Exposição Mundial de Paris.
1892Morreu no momento em que sua agência era a mais importante do mundo, com 84 escritórios e 85 agências em vários países do mundo, empregando mais de 1.700 pessoas.
Fontes: Fuster, 1974; Acerenza, 1986; Witney, 1997; Khatchikian, 2000; Lickorish e Jenkins, 2000; Montaner Montejano, 2001, in REJOWSKI, Mirian (org.). Turismo no percurso do tempo, 2002.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A história e evolução do turismo são componentes essenciais
para a compreensão da atividade. O profi ssional da área necessita
dessas noções para contextualizar a atividade na história, assim,
terá maiores possibilidades de identifi car as necessidades e as
demandas da área em cada momento e espaço.
Você teve a oportunidade de verifi car, mediante uma cronologia,
alguns dos principais desenvolvimentos dessa atividade através
dos tempos.
Agora que você conheceu um pouco da história e evolução do
Turismo, a próxima seção lhe convida a conhecer os conceitos
básicos do Turismo. Vamos lá?
SEÇÃO 2 - Conceitos básicos de turismo
Nesta seção, serão abordados os conceitos básicos do turismo.
Este estudo faz-se necessário para que haja uma boa percepção
e um bom entendimento sobre como ocorreram as diversas fases
evolutivas no sentido de se conceituar o turismo. Nesse sentido, o
estudo cronológico é um componente também importante.
Veja que as questões estão articuladas: uma abordagem
está inserida na outra; isso implica um estudo progressivo
e cumulativo, somente assim você terá a possibilidade
de compreender e entender a atividade do turismo, seu
funcionamento e suas variáveis em relação à conceituação.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
Você já refl etiu não só sobre os impactos econômicos da atividade turística, mas sim sobre a importância social que essa atividade exerce sobre as populações locais que recebem os turistas? Os grandes fl uxos de turistas interferem nas tradições locais e regionais? Use o espaço a seguir para registrar suas impressões.
Desde que se estuda o turismo de forma sistêmica, sempre houve
grande controvérsia por parte dos autores em conceituar este
fenômeno. A seguir você será apresentado a algumas defi nições
de Turismo, que são aceitas e comumente utilizadas pelos
diversos autores da área, seja em nível nacional, seja em nível
internacional. Veja quais são:
A Organização Mundial do Turismo (OMT) defi ne-o como:
“...o deslocamento para fora do local de residência por período
superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões
não-econômicas.” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO
TURISMO, 2001)
Todavia esta defi nição sofreu aperfeiçoamento em 1994. Desta
data em diante, a OMT passou a considerar que:
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“...o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e
permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante
não mais do que um ano consecutivo, negócios ou outros fi ns.”
(OMT, 2001)
É importante destacar que o uso do termo ambiente usual tem
por fi nalidade excluir as viagens dentro da área habitual de
residência, as viagens freqüentes ou regulares entre o domicílio e
o lugar de trabalho e outras viagens dentro da comunidade com
caráter de hábito. Tal defi nição serve para padronizar o conceito
de turismo nos vários países-membros dessa organização, mas
não para defi nir a real magnitude desse fenômeno.
Por essa defi nição, o turismo é um fenômeno que envolve quatro
componentes com perspectivas diversas:
o turista que busca diversas experiências e satisfações
espirituais e físicas;
os prestadores de serviços, que encaram o turismo como
uma forma de obter lucros fi nanceiros;
o governo, que considera o turismo como um fator de
riqueza para a região sobre sua jurisdição;
a comunidade do destino turístico, que vê a atividade
como geradora de empregos e promotora de intercâmbio
cultural.
Toda vez que um turista se desloca, por exemplo, para as Cataratas do Iguaçu, no Estado do Paraná, ele está em busca de novas experiências, sejam elas espirituais ou físicas (desejos). Toda a infra-estrutura existente no local está preparada para atender a estes desejos e os prestadores de serviços (hotéis, locadoras, transportes, lojas para compras, espaços de entretenimento, etc) devem obter um lucro apropriado para tal. Da mesma forma, as autoridades governamentais (sejam elas locais ou regionais) disponibilizam serviços de apoio, tais como, energia elétrica, saneamento básico, rodovias de acesso, comunicações, entre outros. E o ciclo se “fecha” quando todas estas atividades e prestações de serviços benefi ciam a comunidade local, seja através da geração de empregos diretos e indiretos, seja na geração de impostos e também na oportunidade que o cidadão local tem para interagir com turistas de outras regiões.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
O turismo é fenômeno recente como objeto de estudos e, embora
antigo como fato socioeconômico e político-cultural, são raros e
defi cientes os estudos a respeito da sistemática de sua fi losofi a e
de sua aplicação às diferentes realidades. Os poucos estudos em
profundidade destinam-se apenas à análise e à sistematização de
aspectos econômicos, cambiais e legais.
De acordo com Barreto (1996, p. 09 - 13), vários foram e são
os autores que conceituaram e que continuam conceituando
a atividade turística. Estaremos a partir de agora verifi cando
algumas delas. Já em 1910, o economista austríaco Herman von
Schullard defi nia o turismo como:
“...a soma das operações, especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionadas com a entrada, a permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região.”
Na década de 1920 surgiu a Escola de Berlim, que estudou o
turismo nos seus aspectos econômicos. Arthur Bormann defi niu-
o como:
“...o conjunto de viagens que tem por objetivo o prazer ou motivos comerciais, profi ssionais ou outros análogos, durante os quais é temporária sua ausência da residência habitual. As viagens realizadas para locomover-se ao local de trabalho não constituem em turismo.”
Já na década de 1940, alguns autores evoluíram a conceituação da
Escola de Berlim. Hunziker e Krapf conceituaram turismo como:
“...o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem como consequência das viagens e das estadas de forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma atividade produtiva.”
Robert McIntosh defi niu-o assim:
“Turismo pode ser defi nido como a ciência, a arte e a atividade de atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas necessidades e desejos.”
Jafar Jafari apresenta uma defi nição mais holística do turismo:
“É o estudo do homem longe de seu local de residência , da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos , ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural da área receptora.”
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Fuster, mais recentemente, assim o defi niu:
“Turismo é, de um lado, o conjunto de turistas; de outro, os fenômenos e as relações que essa massa produz em conseqüência de suas viagens.”
Segundo Oscar de la Torre:
“ O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas, interrelações de importância social, econômica e cultural.”
Para José Vicente de Andrade:
“Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento, a promoção e a execução de viagens e os serviços de recepção, hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos, fora de suas residências habituais.”
E, por último, trazemos a defi nição que recentemente foi
proposta por McIntosh, Goeldner e Ritchie, professores da escola
americana, que defi niram turismo como sendo:
“... a soma dos fenômenos e relações que surgem da interação de turistas, empresas prestadoras de serviços, governos e comunidades receptivas no processo de atrair e alojar estes visitantes.”
Veja que o turismo é uma combinação de atividades, serviços
e indústrias que se relacionam com a realização de uma
viagem: transportes, alojamento, serviços de alimentação, lojas,
espetáculos, instalações para atividades diversas e outros serviços
receptivos, disponíveis para indivíduos ou grupos que viajam para
fora de casa. O turismo engloba todos os prestadores de serviços
para os visitantes ou para os relacionados com eles. O turismo
é toda uma indústria mundial de viagens, hotéis, transportes e
todos os demais componentes, incluindo o marketing turístico
que atende às necessidades e desejos dos viajantes.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
Com base na realidade turística existente na
sua cidade de residência ou de nascimento,
tente pensar no que signifi ca a atividade
turística para este município. Pense em como
são desenvolvidas as atividades de turismo.
Há profi ssionalismo? A população local está
preparada para receber o turista? Qual o nível
de interesse das pessoas sobre a preservação da
infra-estrutura local e dos atrativos naturais?
Tente elaborar respostas para as questões
formuladas anteriormente. Escreva sobre o que
você conhece ou percebe. Se você já trabalha
na área de turismo, pode escrever sobre algum
projeto, alguma lei, alguma iniciativa e/ou
atitude que vem favorecendo o turismo como
um todo! Faça uso do espaço abaixo.
Como você teve a oportunidade de ver pela ampla diversidade
das defi nições, o turismo é um fenômeno complexo. A maioria
das defi nições exclui dele as viagens desenvolvidas por motivos
de negócios. Contudo, são elas as responsáveis por grande
parte da ocupação dos meios de transportes, dos hotéis, da
estrutura de entretenimento, das locadoras de veículos e dos
espaços de eventos. Todos esses elementos são considerados
empreendimentos turísticos. Não é por outra razão que se
desenvolveram os termos turismo de negócios ou turismo de
eventos.
Muitas são as defi nições ou conceitos sobre o turismo, você
concorda, não é? Mas ressaltamos que o importante é que você
possa refl etir, para selecionar a mais adequada à sua percepção
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Universidade do Sul de Santa Catarina
em relação à atividade turística. Isso vai depender também do
contexto, das expectativas das pessoas, das necessidades do
espaço. Você concorda? Então, nesse sentido, os componentes
estudados até aqui são importantes para a seqüência dos seus
estudos.
A próxima seção fará você se familiarizar com conceitos sobre as
seguintes palavras: turistas, excursionistas e visitantes! Preparem
suas malas e até a próxima parada! Boa viagem.
...a soma das operações, especialmente as de natureza
econômica, diretamente relacionadas com a entrada,
a permanência e o deslocamento de estrangeiros
para dentro e para fora de um país, cidade ou região.
(BARRETO, 1996, p. 26).
SEÇÃO 3 - A divisão do tempo e os viajantes
Você consegue identifi car o que você vai estudar na
seqüência lendo apenas o título? Não? Então, vamos
fazer uma breve contextualização, como uma espécie
de introdução da correlação (estreita, por sinal)
existente entre a ocorrência da Revolução Industrial,
a conseqüente nova divisão do tempo e a necessidade
de classifi carmos o que são turistas, excursionistas e
visitantes.
Vamos lá! um pouco mais de história!
Com o advento da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra
nos primórdios do século XIX, o modo de produção alterou-
se drasticamente, pois, as pessoas que viviam em áreas rurais,
passaram a buscar, com uma crescente intensidade, um modo
de vida, vinculado aos centros urbanos. Locais esses, que se
desenvolviam e que necessitavam de mão-de-obra para os novos
inventos e para a operação de máquinas cada vez mais modernas
e mais complexas.
Os avanços verifi cados no que diz respeito ao transporte
ferroviário, a partir principalmente de 1850, foram determinantes
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
para o desenvolvimento do turismo, pois, como já vimos, um
dos pressupostos básico para que ocorra tal fenômeno é o
deslocamento.
Você sabia?
Que as relações de trabalho entre empregadores e empregados eram bastante críticas nos primórdios da industrialização? Á época da Revolução Industrial, não havia legislação que regulamentasse os direitos e deveres dos empregados. Era muito comum que mulheres grávidas, crianças, idosos e até defi cientes físicos fossem submetidos a jornadas diárias de trabalho de até 18 horas! Os direitos relativos a férias, descanso semanal, horas extras, licença maternidade, auxílio desemprego, entre outros, eram totalmente ignorados e de certa forma desconhecidos.
Para efeito de continuidade dos seus estudos sobre este
importante tópico, faz-se necessário uma pequena divisão e
distinção sobre o que consideramos importante sobre a divisão do
tempo e sobre o conceito de turista, excursionista e visitante.
À medida que o homem passa a viver nas cidades densamente povoadas, mais ele se ressente da necessidade de um tempo livre para pôr o seu corpo e a sua mente novamente em ordem. A obtenção de um tempo livre maior passou a ser uma luta abraçada pelos trabalhadores do mundo inteiro. As longas jornadas de trabalho, registradas no início da era industrial, não davam lugar ao tempo livre. Posteriormente, os trabalhadores, mediante seus sindicatos, concentraram as suas lutas por redução da idade para a aposentadoria e por melhores salários, condições necessárias para poderem desfrutar melhor do tempo livre. Atualmente , o tempo livre é um direito conquistado, embora nem todos os trabalhadores tenham as mesmas oportunidades para aplicá-lo à prática do lazer diário, semanal e anual. Pela evasão semanal e anual (fi nais de semana e férias) procura-se viver novas experiências, conhecer novas formas de vida, novas culturas e povos e descobrir um mundo diferente daquele que se é forçado a viver!
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a) Divisão do tempo
O quadro a seguir defi ne os diferentes tipos de tempo que estão
intimamente relacionados com a atividade turística:
a) TEMPO LIVRE − Diz-se tempo livre para diferenciá-lo de outras modalidades do tempo. Livre por oposição ao tempo preso, ocupado, obrigado. Tempo livre compreende aquela parcela de tempo ocupada com atividades específi cas, fora do tempo de trabalho, a partir de uma decisão tomada livremente.
b) TEMPO MORTO − É um tempo livre que não é ocupado nem com atividades de lazer nem com compromissos ou afazeres complementares de ordem econômica, social ou política. É um tempo livre adquirido por lei, mas totalmente estagnado e marcado pelo aborrecimento. As pessoas que consomem este tempo o fazem não por uma livre decisão, mas porque não possuem outra escolha.
c) TEMPO COMPROMETIDO − Nem todo tempo livre é consagrado ao lazer. Parte dele é ocupado com atividades igualmente obrigatórias, tais como: afazeres domésticos, compromissos familiares, trabalhos complementares (bicos). O tempo ocupado com essas atividades é um tempo livre, mas desperdiçado, na expressão de R.C. Boullión. É um tempo livre, mas comprometido com um conjunto de atividades que, apesar de não fazerem parte do tempo de trabalho, também se revestem de caráter obrigatório.
d) TEMPO DE LAZER − O lazer, na era moderna, “fi rmou-se não somente como uma possibilidade atraente, mas, também, como um valor”. Valor, porque o lazer não é a negação do trabalho. O trabalho é vital para o homem, sendo considerado por Karl Marx como a “necessidade primeira do homem”.
Quadro 1.2: Modalidades da divisão do tempoFonte: Adaptado de CATELLI, Geraldo. Turismo: atividade marcante (1996).
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
A divisão do tempo é de fundamental importância para todos nós. Com base no que você pôde verifi car sobre essa divisão, tente pensar como ela ocorre para você numa base semanal, por exemplo. Pense em como você divide o seu tempo. Essa divisão é a mais adequada? Você tem dedicado tempo para o lazer e o entretenimento? As suas obrigações de trabalho são levadas para casa para serem feitas nos fi nais de semana? Você tem alocado um tempo para fazer atividades com a sua família e seus amigos? Tente elaborar respostas para as questões colocadas anteriormente. Escreva sobre o que você conhece ou sobre o que você percebe! Faça uso do espaço abaixo.
b) Classifi cação dos viajantes
Os viajantes são consumidores de serviços turísticos, quaisquer
que sejam as motivações. Porém, de acordo com a Organização
Mundial do Turismo (OMT), esses consumidores podem ser
classifi cados em turistas, excursionistas e visitantes.
Aqui cabe um exemplo, analise.
Um turista qualquer que viaja para o Vaticano acaba sempre por consumir serviços turísticos. Ao se hospedar em um hotel, ao apanhar um ônibus para se deslocar, ao fazer suas refeições, ao utilizar serviços de guias, ao comprar mapas; enfi m, ao interagir na destinação turística, ele é considerado um consumidor de serviços turísticos.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Turista, na conceituação tradicional, é aquele que viaja com
objetivo de recreação. Já em 1954, segundo a Organização das
Nações Unidas (ONU):
Toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua e
religião, que ingresse no território de uma localidade
diversa daquela em que tem residência habitual e nele
permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo
de seis meses, no transcorrer de um período de 12
meses, com fi nalidade de turismo, recreio, esporte,
saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações
religiosas ou negócios, mas sem propósitos de imigração.
(IGNARRA, 2003, p. 15).
Quando o visitante não pernoita em uma localidade turística, ele
é tido excursionista. Aquele que viaja e permanece menos de 24
horas em local que não seja o de sua residência fi xa ou habitual,
com as mesmas fi nalidades que caracterizam os turistas, mas sem
nele passar uma noite, é considerado excursionista ou turista de
um dia.
Costumou-se designar os participantes de cruzeiros marítimos
ou fl uviais que visitam uma localidade, mas que pernoitam nas
embarcações, com o termo visitante, embora este enquadre tanto
turistas como excursionistas. Por similaridade, alguns autores
o têm utilizado para designar aqueles que se hospedam em
residências secundárias ou em casas de parentes.
Você não é um praticante assíduo de turismo? Que tipo de turismo você mais gosta ou tem mais condições de praticar?
Veja, a seguir, quais as classifi cações de turismo. De acordo com
a amplitude das viagens, o turismo pode ser classifi cado em:
a) Local; quando ocorre entre municípios vizinhos.
b) Regional; quando ocorre em locais em torno de 200 a 300 km
de distância da residência do turista.
c) Doméstico; quando ocorre dentro do país de residência do
turista.
d) Internacional, quando ocorre fora do país de residência do
turista (intracontinental ou intercontinental).
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
Se considerarmos uma pessoa que reside em Florianópolis e se desloca para Balneário Camboriú (distante 75 Km), ela está realizando um turismo local. No caso dessa mesma pessoa se deslocar para Curitiba (300 Km), ela está praticando um turismo regional. Agora, se a viagem se estender para o Rio de Janeiro, podemos dizer que se trata de um turismo doméstico. E, fi nalmente, se esta pessoa viajar até a Itália, fi ca caracterizado o turismo internacional.
Conforme a direção do fl uxo turístico, ele pode ser classifi cado
como:
a) Turismo emissivo − fl uxo de saída de turistas que residem em
uma localidade;
b) Turismo receptivo − fl uxo de entrada de turistas em um
determinado local.
Quando eu viajo da minha localidade de residência fi xa, para fazer turismo, estou caracterizando o turismo emissivo. Por outro lado, quando os turistas chegam a uma cidade, este fl uxo de entrada é chamado de turismo receptivo.
Cohen, em 1979, propôs nova classifi cação para os turistas,
conforme descrito a seguir:
TIPOS DE TURISTAS CARACTERÍSTICAS
Existenciais Buscam a paz espiritual pela quebra de sua rotina.
Experimentais Querem conhecer e experimentar modos de vida diferentes.
Diversionários Procuram recreação e lazer organizados, preferencialmente em grandes grupos.
Recreacionais Buscam entretenimento e relaxamento para recuperação de suas forças psíquicas e mentais.
Quadro 1.3: Tipos de turistas de acordo com Cohen (1979)Fonte: Adaptado de IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. (2003)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
McIntosh (1993) os classifi ca em:
TIPOS DE TURISTAS CARACTERÍSTICAS
AlocêntricosTêm motivos educacionais e culturais, políticos ou de divertimentos caros, como jogos de azar, e viajam individualmente.
Quase alocêntricos São motivados por eventos esportivos, religiosos, profi ssionais e culturais.
Mediocêntricos São motivados pela busca do descanso, quebra da rotina, aventuras sexuais e gastronômicas e tratamento de saúde.
Quase psicocêntricos Viajam em busca de status social.
Psicocêntricos São motivados por campanhas publicitárias.
Quadro 1.4: Tipos de turistas de acordo com Mcintosh (1993) Fonte: Adaptado de IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. (2003)
Em face de um mercado cada vez mais moderno e com ofertas
diferenciadas, além de uma postura muito mais exigente por
parte dos consumidores dos produtos e dos serviços turísticos, é
de suma importância você ter uma boa noção sobre os diferentes
tipos de turistas e o que eles buscam para a sua satisfação.
Perceber e distinguir o perfi l do turista, adequando a prestação
de serviços para as suas necessidades, pode signifi car uma
vantagem competitiva enorme, diante de um mundo globalizado,
onde as informações são oferecidas de forma muito veloz.
Leia a síntese da unidade e retome os pontos centrais Realize,
a seguir, as atividades de auto-avaliação e aprofunde seus
conhecimentos, consultando o saiba mais. É sempre muito
importante que você interaja no EVA, para trocar idéias com os
colegas e desenvolver as atividades propostas.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
Síntese
Nesta unidade, você estudou a história e evolução do turismo,
através de uma seqüência cronológica histórica em que foram
relatados os principais fatos e ocorrências que contribuíram
para o desenvolvimento da atividade. Foi possível também obter
informações sobre Th omas Cook, considerado pelos estudiosos
e pesquisadores o “Pai do Turismo moderno”. As contribuições
feitas por esse empreendedor foram signifi cativas e muitas de suas
criações são utilizadas até os dias atuais.
Em seguida estudou alguns dos principais conceitos do Turismo,
o que possibilitou observar diferentes autores e suas respectivas
conceituações em diferentes épocas, e também em diferentes
países. Importante destacar o conceito fundamental oferecido
que é o da Organização Mundial do Turismo. Pela enorme
abrangência, pelo caráter multidisciplinar da atividade turística e
pela estreita relação com diversas áreas de conhecimento (como,
por exemplo, a história, a geografi a, a sociologia, a economia, a
arqueologia, a administração, o direito, entre outras), concentrar-
se em um único conceito torna-se uma tarefa praticamente
impossível.
A última parte desta unidade versou sobre a divisão do tempo
e sobre as classifi cações dos viajantes. É importante lembrar a
estreita correlação existente entre o surgimento da Revolução
Industrial e a conseqüente necessidade de uma divisão do tempo.
Afi nal, as relações e o modo de produção e de trabalho foram
enormemente alterados. O surgimento do tempo livre propiciou
a oportunidade de utilizá-lo para o lazer, para o descanso e
também para “fazer” turismo.
A classifi cação dos viajantes caracteriza-se como sendo um
tópico de destaque, pois possibilita uma percepção clara do
que efetivamente são: turistas, excursionistas e visitantes. A
importância dessa classifi cação assume proporções signifi cativas,
quando tratamos de cálculo de receitas, de dados estatísticos e de
movimento de turistas em determinada região, estado ou país.
Vários foram os autores e estudiosos que criaram classifi cações
com o intuito de facilitar a abordagem e a forma de se prestar
serviços aos turistas de uma maneira geral.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize as atividades propostas.
1) Contextualize o conceito da palavra turismo. O que ela signifi ca? Como ela surgiu e onde?
2) Quem é considerado o “pai” do turismo moderno? Cite pelo menos quatro de suas principais contribuições para a atividade turística.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 1
3) Qual a importância do desenvolvimento do transporte ferroviário para a atividade turística?
Saiba mais
Caso você tenha se interessado em conhecer mais detalhes acerca
dos conteúdos desta unidade, sugerimos algumas obras para
pesquisa:
BARRETTO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo.
8. ed. Campinas: Papirus, 1995.
CASTELLI, G. Turismo: atividade marcante. Caxias do Sul:
EDUCS, 2001.
LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo.
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
IGNARRA, L.R. Fundamentos do turismo. São Paulo:
Pioneira Th omson Learning, 2003.
Para conhecer uma base de informações gerais, incluindo artigos
e notícias do Turismo na Internet, sugerimos:
www.etur.com.br
Para conhecer dados estatísticos, informações gerais sobre o
turismo brasileiro e sobre a política nacional atual, entre outros,
sugerimos:
www.embratur.gov.br
teoria_greal_turismo.indb 43teoria_greal_turismo.indb 43 13/4/2007 17:17:5113/4/2007 17:17:51
2UNIDADE 2
Impactos da atividade turística
Objetivos de aprendizagem
Conhecer como ocorre a medição do turismo.
Entender os principais impactos econômicos do turismo.
Reconhecer os principais aspectos culturais e sociais do turismo.
Seções de estudo
Seção 1 A medição do turismo.
Seção 2 Impactos econômicos do turismo.
Seção 3 Aspectos culturais e sociais do turismo.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Para que você possa seguir adiante no estudo da atividade
turística, é importante que tenha uma boa compreensão sobre
como ocorre e qual a importância de se mensurar ou medir a
atividade turística. E cabe perguntar: Quais são as ferramentas
mais adequadas para tal? Quais as variáveis que devem ser
levadas em consideração ao serem medidos, de forma efetiva
os fl uxos turístico? O que isto signifi ca na geração de divisas e
receitas? Bem, essas são algumas questões a serem estudadas
nesta unidade.
É também importante conhecer um pouco sobre quais os
impactos econômicos gerados pelo turismo e o que isso signifi ca
para uma localidade, para uma região ou mesmo a um país.
Como se dá a união entre essas diferentes áreas de conhecimento,
turismo e economia, e quais são os impactos resultantes?
Devemos lembrar que a atividade turística não pode ser vista
ou analisada somente pela perspectiva econômica, como na
maioria das vezes acontece; há a necessidade de se compreender
que existem aspectos culturais e sociais do turismo que geram
impactos signifi cativos e contribuem para construção do
fenômeno nos diversos espaços. Você concorda? Então, vamos lá!
SEÇÃO 1 − A medição do turismo
Então, como podemos medir o turismo?
Esta é, sem dúvida, uma das maiores difi culdades quando o
assunto é turismo. Como podemos saber o quanto ele representa
na produção de um país ou de uma localidade?
Como aumentar o volume de empregos gerados
e a arrecadação de impostos propiciados por ele?
De uma forma geral, de que maneira medimos a
importância do turismo para a economia? E, mais, de
que forma podemos dimensionar a atividade diante das
perspectivas humanas?
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Você certamente já pensou em como medir a satisfação de um
turista ao fotografar a Ponte Hercílio Luz em Florianópolis ou
o Empire State em Nova York? Quanto vale um banho na praia
de Copacabana no Rio de Janeiro? E um “friozinho” na cidade
da Gramado no Rio Grande do Sul? Quanto vale a alegria do
carnaval de Salvador ou o prazer de degustar um vinho colonial
na Festa da Uva em Caxias do Sul? Como podemos “contar”
tudo isso? Como saber o quanto isso infl uencia a economia dessas
regiões, do país e do mundo?
Que relação pode haver entre a economia gerada pelo turismo e a satisfação humana? Em que momento elas se complementam? Como elas se articulam?
Na economia tradicional (neoclássica), o valor está na utilidade
dos bens e serviços produzidos. Mas será que isso mobiliza
o deslocamento das pessoas? Podemos dizer que a satisfação
dos turistas é uma variável qualitativa e microeconômica. Na
seqüência, vamos analisar algumas variáveis macroeconômicas
que dimensionam o setor, que pode ser:
pelo número de pessoas que procuram essas satisfações
nessas localidades;
pelo quanto elas gastam durante o seu deslocamento e
sua permanência;
pela natureza de seus gastos e por quanto isso gera de
impostos;
pelo número de empregos gerados;
pela quantidade de divisas que entram e saem do país por
meio de gastos turísticos.
O setor turístico possui uma cadeia de atividades econômicas,
que podemos defi nir como o conjunto de fornecedores e
produtores fi nais, que arrecadam com os gastos dos turistas.
Algumas atividades são tipicamente voltadas para turistas,
como a venda de passagens aéreas e de estada em hotéis, mas
outras são voltadas para os habitantes, e também são desfrutadas
a)
b)
c)
d)
e)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
pelos turistas. Mesmo em cidades turísticas, como saber qual a
arrecadação dos bancos com serviços prestados a turistas, quantos
cortes de cabelo foram feitos, quantos produtos industriais
e artesanais foram vendidos a turistas, qual a quantidade de
alimentos consumida por turistas no país ou quantos móveis
foram comprados da indústria moveleira pelos hotéis?
Chega-se à conclusão de que existe muita difi culdade em
mensurar os fatores que compõem o consumo turístico, conforme
o seguinte:
alguns são absolutamente abstratos (grau de beleza dos
recursos naturais);
os recursos da natureza já estão prontos, portanto, não
geram empregos e renda em sua produção (somente na
sua utilização);
outros recursos estão nos setores primário e secundário e
não no terciário;
muitos operam na economia informal e não aparecem em
nenhum registro;
é difícil o controle; por exemplo: quantas famílias viajam
com seu próprio automóvel e se hospedam em casas de
amigos e parentes?
diversos gastos dos turistas não são registrados, como:
farmácias, postos de gasolina, máquinas de fi lmar e
fotografar, etc.
Mas, mesmo com todas essas difi culdades de mensuração,
apontadas anteriormente (da letra a até f), o turismo é computado
no setor de serviços, na produção nacional de todos os países.
Você sabia?
Que, independentemente dos cálculos econômicos ou para colaborar com estes, vários estudos podem ser feitos sobre o turismo, tanto quantitativos como qualitativos? Que as medições de fl uxo turístico, saída e entrada de turistas, vêm sendo realizadas há muitos anos?
a)
b)
c)
d)
e)
f)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Aliás, a produção nacional é medida por meio do valor de todos
os bens fi nais e serviços produzidos por fatores próprios de
produção, no decorrer de um dado período, estado ou região,
o que é chamado de PNB (Produto Nacional Bruto). Existe
também o PIB (Produto Interno Bruto), que é o valor dos bens
fi nais e serviços produzidos durante um período em um País.
A diferença entre os dois é que o PNB inclui todas as entradas de
receitas obtidas no exterior por indivíduos e empresas brasileiras,
e são deduzidas as saídas de recursos obtidos por estrangeiros e
empresas estrangeiras no Brasil. Perceba que a produção de um
país é a representação do somatório do trabalho social realizado
em determinado período.
Você sabe o que é Teorometria? Vamos
descobrir?
Nos anos 1970, Fernandez Fuster denominou as estatísticas
do turismo de teorometria. Atualmente, o termo está sendo
empregado, no Brasil, de forma diferente, para designar um
estudo mais ampliado. Rabahy (1990, p.35 apud BARRETO,
1998, p.99) defi ne teorometria como “técnica de aplicação dos
métodos econométricos à investigação do fenômeno turístico.”
E a econometria, você sabe o que signifi ca?
A econometria une a teoria econômica às medições reais.
A econometria é a soma de teoria econômica, matemática e
estatística. É o ramo das ciências econômicas encarregado de
verifi car as hipóteses e teorias formuladas pela ciência econômica,
utilizando-se dos instrumentos dados pela matemática e pela
estatística.
Observe que, para realizar uma análise econométrica, devem ser
analisados diferentes aspectos do turismo, tais como, fl uxo de
turistas estudados em anos anteriores, infra-estrutura turística
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do local e condicionantes socioeconômicos (fatores determinantes
como preços, câmbio, questões político-sociais, etc).
As estatísticas de turismo: as mesmas difi culdades que se apresentam para as pesquisas de teorometria colocam-se para a confecção das estatísticas de turismo: custo das pesquisas, falta de pesquisadores bem treinados, falta de confi abilidade das fontes secundárias, falta de unifi cação da terminologia.
Atualmente, utilizam-se dois sistemas de controle para elaborar
estatísticas:
fi chas e controle de fronteiras para controlar a entrada de
turistas estrangeiros;
movimento dos hotéis para controlar o turismo interno.
Todos os métodos têm falhas e a única forma de fazer algo sem
incomodar os turistas é por meio de amostragem.
Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de
turistas, seriam necessários, no mínimo, os seguintes dados: total
de visitantes em cada núcleo, classifi cação por nacionalidade e
local de residência, classifi cação por poder aquisitivo, duração das
estadas.
Uma das possibilidades para as estatísticas de turismo interno
são as fi chas dos hotéis e a amostragem aleatória nos lugares
turísticos das cidades.
a)
b)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Figura: 2.1: Modelo de fi cha nacional de registro de hóspedes – FNRHFonte: CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. EDUCS: Caxias do Sul, 2001.
Para fazer estatísticas de turismo internacional por amostragem,
é necessário fazer uma pesquisa determinando o número de
pessoas a serem consultadas, selecionando o portão de entrada.
É necessário classifi car o turismo de acordo com o meio de
transporte utilizado, pela duração das estadas, pelo objetivo da
viagem, pela despesa diária e pelos locais visitados.
A teorometria, tanto no conceito de estatística como no de econometria aplicada ao turismo, contribui para o remanejamento das correntes turísticas, pela via do planejamento, visando incrementar o fl uxo nas baixas temporadas e realizar um marketing adequado para manter um turismo sustentado nas altas temporadas.
Como você estudou na seção 1, as medições apresentadas são
importantes, mas é importante destacar que uma boa mensuração
da atividade turística em determinada localidade, região ou país,
passa necessariamente pelo estudo das tendências passadas, como
forma de planejar o turismo no futuro imediato ou a médio e
longo prazo.
Na próxima seção, você entrará em contato com os principais
impactos econômicos do turismo, além de poder conhecer
um importante conceito, que é o da multiplicidade do
turismo. Alguns autores consideram este conceito como “fator
multiplicador do turismo”. Vamos a eles, então?
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 - Impactos econômicos do turismo
Ao iniciar o estudo dessa seção precisamos ter claro o conceito de
impacto econômico, uma vez que o turismo é uma atividade que
possui forte impacto econômico nas localidades receptivas. Esses
impactos são de várias origens. Para que possamos descrevê-los,
faz-se necessário inicialmente apresentarmos um conceito básico
de economia:
Segundo Samuelson (1999 apud IGNARA 2005, 2005, p.144):
... economia é o estudo de como os seres humanos e a
sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos
que poderiam ter aplicações alternativas, para produzir
várias mercadorias, ou seja, bens e serviços, e distribuí-
las para consumo, agora e no futuro, entre as diversas
pessoas e grupos da sociedade.
As sociedades produzem e consomem riquezas. Produzi-las
signifi ca suprir essas sociedades dos elementos importantes para
atendimento de suas necessidades em termos de alimentação,
vestuário, moradia, entretenimento, etc. A produção signifi ca
criar riquezas, e o consumo, satisfação das carências humanas por
meio da utilização dessas riquezas.
O homem possui várias necessidades, que podem ser classifi cadas
em: primárias ou básicas e secundárias ou supérfl uas.
Alimentação, habitação, saúde, auto-estima e segurança são
básicas. Passear, viajar, fumar são secundárias e só satisfeitas
depois que as primárias o forem.
A organização econômica do turismo compreende a defi nição do que produzir, já que os fatores de produção são escassos. Entretanto, devem-se produzir hotéis de luxo ou pequenas pousadas? Parques temáticos ou naturais? Pacotes de turismo de sol e praia ou de turismo rural? Investir em aeroportos ou em terminais rodoviários?
Considera-se riqueza o conjunto de coisas materiais e imateriais que são escassas na natureza. Os bens e os serviços constituem a riqueza econômica e têm duas características básicas: possuem utilidades para os indivíduos e são escassos. O turismo é um desses serviços que têm utilidades para os indivíduos e uma oferta limitada.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Outras questões devem ser consideradas:
Como produzir − É questão que tem de ser tratada pela
organização econômica do turismo. É preciso constituir
grandes operadoras que trabalhem com grandes
volumes e, com isso, consigam preços competitivos, ou
trabalhar com um grande número de pequenas agências
de turismo, que prestarão um serviço muito mais
personalizado?
Para quem produzir − Os produtos turísticos devem ser
produzidos para os estrangeiros ou para os domésticos?
Para os de alta renda ou para os de baixa renda? Para os
jovens ou para os idosos?
Quando produzir − Está relacionada com o controle da
sazonalidade dos produtos turísticos, com a produção de
curto, médio e longo prazo, com a capacidade de carga
dos destinos turísticos.
Onde produzir − Próximo dos mercados consumidores
ou dos recursos turísticos? Nas regiões subdesenvolvidas
ou nas mais desenvolvidas?
O Turismo é constituído por um conjunto de prestadores de serviços que possuem grande impacto na economia mundial. O seu faturamento anual supera a casa dos 3,5 trilhões de dólares. Quando se pensa na sua importância econômica, imaginam-se países como Espanha, México, Itália, etc. Na verdade, o turismo possui grande participação no PIB desses países. No entanto, observa-se que o setor de viagens e turismo é um dos principais em termos de geração de renda e emprego nos EUA, no Japão, na Alemanha e na França, os quatro mais ricos do mundo!
As três tabelas seguintes nos fornecem uma idéia do que
representa a atividade turística, de acordo com estimativas
mundiais elaboradas pela OMT – Organização Mundial de
Turismo –, o número de turistas internacionais mundiais e
também as entradas advindas do turismo mundial.
a)
b)
c)
d)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Tabela 2.1: Estimativas mundiais em turismo (1996-2006).Ações relacionadas ao turismo 1996 2006 Crescimento Real
Trabalho 255 milhões 385 milhões 50,1 %
Trabalho (% total) 10,7% 11,1% -
“Output” US$ 3,6 quatrilhões US$ 7,1 quatrilhões 48,7%
PIB 10,7% 11,5% 49,6%
Investimentos US$ 766 trilhões US$ 1,6 quatrilhões 51,3%
Exportações US$ 761 trilhões US$ 1,5 quatrilhões 51,2%
Impostos US$ 653 trilhões US$ 1,3 quatrilhões 49,6%Fonte: WTTC (World Travel and Tourism Council), 1996.
Tabela 2.2: Número de turistas internacionais mundiais (valores arredondados)
AnosTuristas internacionais
(em milhões)Porcentagem deacréscimo anual
1950 25 -
1960 69 10,6
1961 75 8,7
1962 81 8
1963 90 10,7
1964 105 16,1
1965 113 7,9
1966 120 6,3
1967 130 8,2
1968 131 1,1
1969 143 9,4
1970 166 15,5
1971 179 7,9
1972 189 5,8
1973 199 5,2
1974 206 3,4
1975 222 8,1
1976 229 3
1977 249 8,9
1978 267 7,2
1979 283 6
1980 288 1,7
1981 290 0,8
1982 289 -0,2
Continua
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
AnosTuristas internacionais
(em milhões)Porcentagem deacréscimo anual
1983 293 1,1
1984 321 9,4
1985 330 3,3
1986 337 3,4
1987 362 7,4
1988 393 8,5
1989 424 8
1990 456 7,4
1991 462 12
1992 501 8,6
1993 519 3,3
1994 545 5,2
1995 564 3,3
1996 595 5,4Fonte: Organização Mundial de Turismo (OMT) – 2001.
Tabela 2.3: Entradas advindas do turismo mundial (valores arredondados)
Anos
Entradas por turismo internacional(em bilhões)
Porcentagem deacréscimo anual
1950 2 −
1960 7 12,6
1961 7 6,1
1962 8 10,2
1963 9 10,7
1964 10 13,4
1965 12 15,2
1966 13 15
1967 14 8,4
1968 15 3,7
1969 17 12,1
1970 18 6,6
1971 21 16,5
1972 25 18,1
Continua
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Universidade do Sul de Santa Catarina
AnosEntradas por turismo
internacional(em bilhões)
Porcentagem deacréscimo anual
1973 31 26,1
1974 34 8,9
1975 41 20,3
1976 44 9,2
1977 56 25,2
1978 69 23,7
1979 83 21,1
1980 104 24,2
1981 106 2
1982 99 -6,7
1983 101 2,1
1984 110 9,8
1985 117 4,4
1986 142 21,1
1987 175 22,7
1988 203 15,9
1989 219 8,3
1990 266 21,2
1991 273 2,4
1992 314 15,3
1993 321 2,1
1994 352 9,4
1995 399 13,6
1996 425 6,4
Fonte: Organização Mundial de Turismo (OMT) – 2001.
Para que você possa conhecer mais dados sobre as estatísticas mundiais do turismo, sugerimos o seguinte endereço eletrônico: www.world-tourism.org
Agora que você teve acesso a alguns indicadores importantes,
você vai estudar o conteúdo relativo aos multiplicadores do
turismo, que são fundamentais para que haja uma melhor
percepção de quão grande é o envolvimento da atividade em
termos econômicos.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
A importância da atividade se deve a algumas características
particulares do turismo. O produto turístico é constituído por
um conjunto enorme de diferentes serviços, os quais, por sua vez,
possuem um grande número de fornecedores.
A seguir apresentamos um quadro onde é possível visualizar o
efeito multiplicador do turismo, mediante exemplo fornecido pela
OMT – Organização Mundial de Turismo.
Organograma 2.1: O efeito multiplicador Fonte: Papiers de Tourisme, nº 16, pág. 19. in OMT (2001).
Se você tomar como exemplo, na seqüência, os equipamentos e
serviços utilizados pelos organizadores de eventos, você pode ter
uma idéia do efeito multiplicador do setor turístico.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Tomemos como exemplo: A cidade de Florianópolis (localizada no Estado de Santa Catarina, irá sediar um importante congresso de turismo em novembro de 2006. Se imaginarmos a organização deste evento, teremos necessariamente que pensar em diversos itens e tópicos, para que o mesmo seja realizado com sucesso. O quadro a seguir nos mostra alguns desses itens.
Empilhadeiras Fogos de artifício e raio laser Maquetes e cenografi a
Telefone e fax Serviços de marketing direto Agência de promoção
Mobiliário e acessórios Transporte de passageiros e de carga Coberturas e barracas
Condicionadores de ambiente Microcomputadores Serviços de animação de shows artísticos
Serviços de computação gráfi ca e videotexto
Montagem de palcos, passarelas e estruturas metálicas
Serviços de fotografi a
Uniformes Serviços de copa e cozinha Assistência médica
Datashow Adesivos, serigrafi a e pastas Assessoria de imprensa
Placas, troféus e medalhas Cabine de tradução simultânea Sistema de sinalização, painéis e displays
Fotocópias Serviços de agência de viagem Decoração e paisagismo
Transcrição de fi tas Projetos e montagens de estandes Limpeza
Locação de veículos Equipamentos audiovisuais Serviços de segurança
Letreiros, luminosos, placas e faixas
Convites, diplomas, cartões e crachás Restaurantes e bufês
Quadro 2.1: Exemplo do efeito multiplicador em eventosFonte: Adaptado de (SPC&VB, Sebrae. Capacitação de cidades paulistas para captação e promoção de eventos. São Paulo, 1998) in IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 149.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Note que, além dos serviços apresentados no quadro anterior,
os organizadores de eventos contratam vários serviços de
autônomos, tais como:
secretárias;
offi ce-boys;
relações públicas;
chefes de cerimonial;
recepcionistas;
manobristas;
tradutores e intérpretes;
garçons.
Como você teve a oportunidade de ver, apenas um dos subsetores
do turismo possui um efeito multiplicador enorme na economia
local. O mesmo exercício pode ser feito para outros subsetores. A
hotelaria, por exemplo, é grande consumidora de:
alimentos e bebidas;
material de limpeza;
material de higiene pessoal;
material de papelaria;
móveis;
louças e vidros;
roupas de cama, mesa e banho;
talheres;
equipamentos de informática;
equipamentos de recreação;
equipamentos de cozinha;
equipamentos de lavanderia;
equipamentos de ar-condicionado;
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Universidade do Sul de Santa Catarina
serviços de transportes de hóspedes;
serviços de segurança.
Da mesma forma que na organização de eventos, inúmeros
são os profi ssionais demandados; na hotelaria também existe
uma relação enorme de cargos, o que faz desse setor grande
empregador de mão-de-obra.
Em um hotel, por exemplo, são encontrados os seguintes profi ssionais: telefonistas, camareiras, recepcionistas, lavadeiras, passadeiras, seguranças, manobristas, offi ce-boys, porteiros, garçons, commins, garde manger, auxiliar de cozinha, cozinheiro, maître, assistente de manutenção, faxineiras, governanta, controller, chefe de recepção, promotor de vendas, jardineiros, barmens, etc.
Em razão desse relacionamento com inúmeros fornecedores e da
intensiva utilização de mão-de-obra, o turismo possui um fator
de multiplicação de renda muito elevado.
Para compreender melhor o “efeito multiplicador” no setor de
turismo, conheça os multiplicadores econômicos utilizados:
MULTIPLICADORES UTILIZADOS REPRESENTAÇÃO
Multiplicador de Renda. Representa as variações de renda interna, em decorrência da variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador do Emprego. Mostra as variações do número de empregos, conforme a variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador do Produto. Apresenta as variações do produto, de acordo com a variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador de Importações.Apresenta o valor agregado das importações de bens e serviços, em decorrência da variação dos gastos dos turistas.
Multiplicador de Impostos.Representa o montante ampliado de receitas do governo, em razão da variação dos gastos dos turistas.
Quadro 2.2: Multiplicadores econômicos Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 149.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Qual a defi nição de “efeito multiplicador”?
A relação entre o dinheiro que entra por conceito de turismo e
sua repercussão fi nal no PIB (Produto Interno Bruto) chama-se
efeito multiplicador, que é defi nido como o coefi ciente que mede
a quantidade de ingresso gerado por cada unidade de despesa
turística.
O efeito multiplicador é produzido pela sucessão de despesas
que têm origem no gasto do turista e que benefi ciam os setores
ligados diretamente e os ligados indiretamente ao fenômeno
turístico. A unidade monetária recebida passa por diversas
transações, cujo número depende do círculo consumo-renda de
cada localidade, região ou país.
Os benefi ciários diretos do efeito multiplicador são os locais de alojamento, alimentação, souvenirs, profi ssionais de turismo.
Já os benefi ciários indiretos, são, por exemplo, correios, bancos, clínicas, profi ssionais liberais, entre outros.
Como forma de uma melhor visualização e mais adequado
entendimento, na tabela a seguir, relacionamos o que se considera
como sendo os principais impactos econômicos do turismo, sejam
eles positivos ou negativos.
IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS
1. Aumento da renda no destino turístico. 1. Efeito infl acionário.
2. Estímulo aos investimentos. 2. Dependência exclusiva em determinadas regiões da atividade turística.
3. Poder de redistribuição de renda. 3. Desestímulo aos investimentos em infra-estrutura básica.
Quadro 2.3: Impactos econômicos do turismo Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato.Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 152.
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Esta seção procurou formular de maneira objetiva os impactos
econômicos que a atividade turística pode gerar. Lembramos
a você que o conteúdo ora apresentado foi resumido e pontual.
É importante destacar que esses assuntos por si só (economia
e turismo) possuem uma abrangência muito grande e têm sido
motivo de estudos e de pesquisas por parte de diversos autores e
especialistas.
A percepção e a conseqüente compreensão dos conceitos
apresentados sobre economia, sobre o efeito multiplicador e,
fi nalmente, sobre quais efetivamente são os impactos econômicos
do turismo, certamente auxiliarão você na formação de uma
opinião mais clara sobre a importância do Turismo como um
todo.
Lembramos a você, caro estudante, que os impactos gerados
pela atividade turística não são somente de ordem econômica.
A seção 3, a seguir, vai ilustrar de forma otimizada, os impactos
culturais e sociais que são gerados pela atividade. Observe que,
quanto mais informações sob diferentes ângulos você pode ter,
melhor será a sua percepção e entendimento sobre esta fantástica
atividade.
- Portanto, preparem-se, e boa viagem até a nossa próxima escala de
conhecimentos!
SEÇÃO 3 − Aspectos culturais e sociais do turismo
A abordagem que será feita a partir de agora sobre os aspectos
culturais e sociais do Turismo não visa a discutir estes impactos,
e sim demonstrar, de uma forma contextualizada, os efeitos
que eles podem causar na sociedade e os problemas que deles
decorrem.
Conforme você pôde observar nas duas seções anteriores, até
meados da década de 1970, grande parte dos estudos sobre o
turismo era concentrada na medição dos benefícios econômicos,
sendo que pouca atenção era dada a uma característica
fundamental do turismo internacional: a interação entre turistas e
a comunidade local.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
Podem-se defi nir efeitos não-econômicos todos aqueles em que não ocorre uma relação de troca entre bens e serviços e uma unidade monetária qualquer (reais, dólares, euros, por exemplo). Os efeitos não-econômicos são abrangentes e tratam especifi camente das relações que ocorrem entre os turistas e a população autóctone de um núcleo receptor de turismo, na esfera sócio-cultural. Não há envolvimento de valores monetários.
Todavia, a partir de meados dessa mesma década de 1970,
mais estudiosos e profi ssionais do turismo passaram a dar mais
atenção ao relacionamento entre os turistas e a população local, e
principalmente, aos efeitos não-econômicos induzidos por esse
relacionamento.
Muitos dos efeitos sociais e culturais do turismo são retratados
como sendo essencialmente negativos, pois estudos recentes feitos
por diversos autores − e citamos Kadt (1976) e O’Grady (1981),
(apud Lickorish e Jenkins, 2003) −, detalharam casos em que o
turismo causou mudanças profundas nas estruturas, nos valores e
nas tradições de sociedades.
É interessante notar que existem debates contínuos sobre isso
– se essas mudanças são benéfi cas ou não, pois os interesses da
sociedade e do indivíduo não são necessariamente os mesmos.
Há pouca dúvida, contudo, quanto aos locais em que o turismo
internacional tem alguma importância para um país. Já se
sabe que, nesses espaços, o turismo se torna um “elemento
modifi cador” importante.
Estas mudanças ocorrem porque os turistas, em geral,
permanecem no país visitado por um curto período. Eles trazem
consigo suas tradições, valores e expectativas. Você concorda, não
é mesmo?
Você sabia ?
Que em muitos países os turistas não são sensíveis aos costumes, às tradições e aos padrões locais? Que às vezes podem se ofender diante de algo não intencional? Que, de certa forma, os visitantes estrangeiros não se integram na sociedade, mas se confrontam com ela? E que, quando um grande número de turistas, em geral de uma mesma nacionalidade, chega a um país, há uma reação inevitável?
Veja, a seguir, os efeitos sobre os valores e comportamentos
sociais, uma variável destacada e que ocorre freqüentemente,
quando um núcleo receptor de turismo recebe fl uxos
signifi cativos de turistas de outras origens.
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De acordo com Lickorish e Jenkins (2000), quando os turistas
chegam a um país de destino, eles não se limitam a trazer consigo
seu poder de compra e a fazer com que se instalem comodidades
para serem por eles desfrutadas. Acima de tudo, eles trazem
um tipo diferente de comportamento, o qual pode transformar
profundamente os hábitos sociais locais, mediante a remoção e a
perturbação das normas já estabelecidas da população residente.
Quem já não presenciou, ou leu em algum jornal local, os
efeitos do turismo em determinada localidade? Ou, ainda, quem
não soube através de outros que, durante a temporada de turismo,
a população local tem que aceitar os efeitos da superlotação, os
quais talvez possam não existir em outras épocas do ano como
algo inerente ao desenvolvimento econômico, ou como inerente
às mudanças sociais e econômicas de um determinado país ou
grupo social?
A infra-estrutura e as condições básicas de oferta de produtos
e serviços se alteram drasticamente, quando da alta temporada
(independentemente se ela ocorre no verão ou no inverno). É fato
é que começam a se formar fi las e mais fi las, seja para utilização
de um serviço bancário, seja para compras na padaria, no
jornaleiro, no supermercado, entre outras atividades.
Para muitas destinações turísticas consolidadas e na rota de
preferências de uma dada população, a falta de infra-estrutura
adequada, acarreta em, por exemplo, longos períodos de
espera para se chegar a uma praia ou um atrativo qualquer. E
a população que reside ou habita nesse lugar é envolvida nesse
conjunto de expectativas e interesses, sejam eles individuais,
coletivos ou econômicos.
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Unidade 2
O que você acha disso?
Participe do fórum e discuta a questão:
A “coexistência” entre população local e turistas “invasores” nem sempre é fácil. Em geral, leva à xenofobia, à tensão social particularmente notada em áreas turísticas muito populares em locais onde a população, por motivos psicológicos, culturais ou sociais, não está pronta para ser submetida a essa “invasão”.
Compartilhe com seus colegas de turma.
Ainda de acordo com Lickorish e Jenkins (2000), naturalmente
a mudança nos valores sociais leva a uma alteração nos valores
políticos, às vezes com conseqüências desordenadas. Um
declínio nos valores morais e religiosos também é comum e pode
ser observado pelo aumento do nível de criminalidade. Não
são apenas as atitudes locais que se modifi cam, mas também
os objetivos e oportunidades para a atividade criminal. É
interessante pensar nisso, não é?
As relações humanas são importantes, já que o excesso de
turismo pode ter repercussões problemáticas, como, por exemplo,
transformar a hospitalidade típica de muitos países em práticas
comerciais, o que pode levar os fatores econômicos a suplantarem
o relacionamento pessoal. Os efeitos posteriores podem ser o
aparecimento do comportamento consumista, o declínio da
moral, a mendicância, a prostituição, o consumo de drogas, a
perda da dignidade e a frustração de não poder satisfazer suas
necessidades.
No entanto, seria errado culpar o turismo por todos esses
problemas, que também estão ligados às mudanças sociais que
afetam as comunidades no processo de modernização. O turismo
acelera o processo, mas não o cria.
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As relações que se verifi cam entre os mais diversos tipos de turistas e as comunidades locais, quando da ocorrência principalmente da chamada “alta temporada”, muitas vezes é caracterizada por alguns “confl itos”. Tendo em mente a realidade turística existente na sua cidade de residência ou de nascimento, tente lembrar se você já presenciou ou mesmo conheceu um “choque cultural”, ocorrido entre turistas e residentes locais. Com a chegada de grupos de turistas, os valores e as crenças da comunidade local são afetadas? A população local está preparada para receber o turista de forma cordial? Elabore respostas para as questões acima. Você também pode escrever sobre o que você conhece ou percebe, acerca dessa realidade!
Faça uso do espaço abaixo.
O turismo pode gerar custos sociais, em geral difíceis de estimar,
mas que nem por isso são menos importantes. Um exemplo é
a ameaça aos hábitos tradicionais de cada país e, muitas vezes,
de regiões específi cas. Entretanto, o turismo pode se tornar
o elemento que irá garantir a manutenção de certas tradições
originais que atraem os turistas.
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Unidade 2
É de suma importância proteger e manter a herança cultural, além de lidar com os problemas sociais relacionados, como, por exemplo: o comércio ilegal de objetos históricos e animais; pesquisas arqueológicas não ofi ciais; a erosão de valores estéticos (de paisagem) e de um certo know-how (conhecimento) técnico; o desaparecimento de pessoas com habilidades manuais altamente qualifi cadas, entre outros.
A comercialização de eventos da cultura tradicional pode levar
à criação de uma pseudocultura, um folclore artifi cial para o
turista, sem valor cultural algum para a população local nem
para os visitantes. O mesmo se aplica, por exemplo, aos artesãos.
A questão é o confl ito potencial entre os interesses econômicos
e culturais, sendo que a cultura acaba sendo sacrifi cada em favor
da promoção do turismo, ou seja, a criação de valores econômicos
adicionais ao preço da perda do valor cultural.
Em um nível social, o turismo bem organizado pode favorecer
contatos entre turistas e a população local, estimular o
intercâmbio cultural, levar a um entrosamento amigável e
responsável e, por fi m, aumentar as ligações entre os países.
Como forma de sumarizarmos os impactos sociais e culturais
do turismo, na seqüência você visualiza dois quadros com
os aspectos socioculturais positivos e aspectos socioculturais
negativos. Assim, você poderá fazer uma comparação entre eles,
tirando sua próprias conclusões.
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Veja os aspectos positivos:
1. Desenvolvimento e promoção
O turismo constitui um método de desenvolvimento e promoção de regiões pobres ou não-industrializadas onde as atividades tradicionais estão em declínio, como, por exemplo, o turismo que substituiu o cultivo de cana-de-açúcar em muitos países do Caribe.
2. Acentuação de valores sociais
O turismo acentua os valores de uma sociedade, dando maior importância ao lazer e ao relaxamento, atividades que exigem um ambiente de alta qualidade, como nos países da Escandinávia.
3. Conservação de áreas naturais
Com o gerenciamento adequado, o turismo pode garantir a conservação, em longo prazo, de áreas de beleza natural que possuem valores estéticos e/ou culturais, como os Parques Nacionais dos estados Unidos.
4. Renovação da arquitetura
O turismo pode renovar as tradições de arquiteturas locais, na condição de que as peculiaridades regionais, a herança ancestral e o ambiente cultural são respeitados. Pode também servir como um trampolim para a renovação de áreas urbanas, antes decadentes, como no Pelourinho em Salvador e no centro histórico de Recife.
5. Renascimento das artes e da cultura
O turismo contribui para o renascimento das artes locais e das atividades culturais tradicionais, em um ambiente natural protegido, como em Highland Games, na Escócia.
6. Reativação da vida social e cultural
No mais favorável dos casos, o turismo pode até mesmo oferecer uma forma de reativar a vida social e cultural da população residente, revitalizando, assim, a comunidade local, estimulando contatos no país, atraindo jovens e favorecendo as atividades da região.
Quadro 2.4: Impactos sócioculturais positivos do turismoFonte: Adaptado de: LICKORISH L. J.; JENKINS, C.L. introdução ao Turismo. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p. 109.
A seguir, você vê um quadro que sumariza os impactos
sócioculturais negativos do turismo.
Analise os aspectos negativos apresentados:
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1. Imitação
Existe um comportamento psicossocial em que as comunidades mais tradicionais, ao terem contato com povos de países mais desenvolvidos, procuram imitá-los. O jovem da cidade pequena tende a imitar o jovem dos grandes centros urbanos no que se refere a suas roupas, músicas, seus hábitos, etc.
2. Artesanato
A demanda existente por determinados tipos de artesanatos faz com que seja preciso aumentar a oferta. Essa exigência pode fazer com que processos produtivos sejam alterados, para satisfazer a necessidade de atender o crescimento da demanda.
3. Infl uência da demanda
Há uma tendência de padronização do artesanato e produtos locais típicos, de acordo com a procura. Assim, o mesmo artesanato é encontrado nas regiões mais diferentes do Brasil, com formações culturais as mais diversas.
4. Manifestações culturais tradicionais
O desfi le de carnaval é um dos exemplos de como a demanda pode alterar essas tradições. Em nome de uma visibilidade melhor, o desfi le veio se alterando ao longo do tempo para ser mostrado para as arquibancadas ou para fi car mais plasticamente apresentável na televisão.
5. Arquitetura tradicional
A arquitetura tradicional local também pode se transformar a partir de uma demanda turística. O turista quer se hospedar em uma edifi cação típica do lugar visitado, mas também quer o conforto de sua casa. Desta forma, a arquitetura passa a incorporar estes quesitos de conforto.
6. Especulação imobiliária
A especulação imobiliária expulsa o pescador para longe do mar. O veranista quer construir sua residência secundária o mais próximo possível do mar, exatamente nos locais ocupados pelos pescadores.
Quadro 2.5: Impactos sócioculturais negativos do turismoFonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 181/2.
Como se pôde verifi car por meio dos exemplos ilustrados nos
quadros e, ainda, de acordo com o que você estudou nesta
unidade, os impactos culturais vão se intensifi cando à medida que
o volume de turistas se amplia. Segundo Smith (1978), eles se
ampliam à medida que ocorrem sete ondas distintas de tipos de
turistas, de acordo com o que será apresentado a seguir.
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Tipo de Turista Número de Turistas Impacto sobre a Comunidade
1. Explorador2. Elite3. Excêntrico4. Fora do comum5. Massa incipiente6. Massa7. Vôo fretado
Muito limitadoRaramente vistoIncomum, mas vistoOcasionalFluxo regularInfl uxo contínuoChegada maciça
Aumentando rapidamente
Quadro 2.6: Os impactos do turismo de acordo com os tipos de fl uxos turísticosFonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 180.
As preocupações sobre o relacionamento anfi trião/hóspede se
tornaram mais comuns na literatura atual sobre o turismo. Os
planejadores da atividade estão se tornando mais conscientes
da necessidade de considerar o desenvolvimento do turismo em
uma perspectiva em longo prazo. Não é mais sufi ciente abordar
o desenvolvimento do turismo em simples termos de custo/
benefício. Tem-se dado cada vez mais atenção à aceitabilidade
do tipo e da escala do desenvolvimento do turismo por parte da
comunidade anfi triã.
Não se pode mais pensar em planejamento turístico, em
desenvolvimento da atividade sem levar em consideração a
necessidade de conhecimento sobre os possíveis impactos
sócioculturais que o turismo gera .Você concorda, não é mesmo?
Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades e confi ra suas
respostas no fi nal do livro. Aprofunde seus conhecimentos fazendo as
leituras complementares indicadas no saiba mais.
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Unidade 2
Síntese
Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar sobre a
mensuração do turismo, por meio de alguns conceitos em que
foi descrita a difi culdade que os pesquisadores e autores do
assunto têm para, especifi camente, “medir” o turismo. Vimos
também que é fundamental ter conhecimentos sobre economia e
a sua dinâmica, para uma compreensão mais contextualizada da
atividade turística. Do contrário, não seria possível elaborar uma
pesquisa de demanda.
Você percebeu que a década de 1970 é considerada como
sendo aquela em que houve o “pontapé” inicial para estudos
nesse âmbito, conheceu o signifi cado de teorometria e qual sua
aplicabilidade quando se quer mensurar o turismo.
Na seção 2, você teve contato com os impactos econômicos do
turismo, uma área de conhecimento que também teve iniciados
seus estudos mais aprofundados na década de 1970. Importante
destacar que a maioria esmagadora das pessoas comuns e também
muitos empresários da atividade só a “enxergam” sob este prisma:
o turismo é uma atividade meramente econômica! Foi possível
visualizar o movimento de turistas internacionais e o impacto
que a atividade gera em termos econômicos. Seguindo a seção,
conceituamos o que signifi ca “efeito multiplicador do turismo”.
Este é um conceito signifi cativo, pois possibilita compreender
a abrangência que o turismo possui em termos econômicos. A
seção 2 apresentou também os principais impactos econômicos
positivos e negativos.
A última parte desta unidade versou sobre os impactos
sócioculturais resultantes da atividade turística. Pudemos
demonstrar que turismo não só gera impactos na economia,
mas que os impactos gerados no âmbito social e cultural de
determinado núcleo receptor são também signifi cativos. Você
percebeu que não podemos mais pensar em planejamento do
turismo, em organização do setor, sem levarmos em conta as
características e as necessidades das comunidades que recebem os
turistas.
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As relações interpessoais e o respeito para com as tradições
e os costumes locais foram igualmente destacados, por meio
de tabelas e quadros. Verifi que isso, atentamente, sempre que
necessitar.
E, fi nalmente, você estudou que o turismo gera impactos
positivos e negativos no espectro social e cultural. Essa seção
foi muito importante, pois exigiu de você, aluno, a habilidade
de construir conhecimentos básicos em outras áreas e também
habilidade para refl exão.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades propostas.
1) Explique o que signifi cam as siglas PNB e PIB e diga qual a diferença entre elas.
2) Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas, seriam necessários, no mínimo quais dados?
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 2
3) Defi na o que é o “efeito multiplicador” do turismo.
Saiba mais
Para conhecer mais detalhes acerca dos conteúdos desta unidade,
sugerimos algumas obras:
IGNARRA, L.R. Fundamentos do turismo. São Paulo: Pioneira
Th omson Learning, 2003.
LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo.
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
Para conhecer uma base de informações gerais, incluindo artigos
e notícias do Turismo na Internet, sugerimos:
http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigos/
artigos.htm
Para conhecer dados estatísticos, informações gerais do
turismo mundial, os impactos econômicos e a movimentação
internacional de turistas atual, entre outros, sugerimos:
http://www.world-tourism.org/
Observação: este site é disponível em francês, espanhol e russo!
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3UNIDADE 3
O Sistema de Turismo e os meios de transportes
Objetivos de aprendizagem
Compreender as bases que perfazem o Sistema de Turismo.
Distinguir o que é oferta e demanda turística.
Conhecer os principais meios de transportes turísticos e sua importância para referida atividade.
Seções de estudo
Seção 1 Estrutura do Sistema de Turismo.
Seção 2 Oferta turística e demanda turística.
Seção 3 Empresas de transportes turísticos.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Para que a atividade turística possa ocorrer de forma sustentada,
ordenada em princípios de gestão profi ssional, tendo cuidados
com a preservação ambiental e, principalmente, para que ela
possa ser atrativa para as comunidades receptoras do Turismo,
existem determinadas condições que devem ser observadas e ser
de conhecimento dos estudantes da área.
Faz-se necessário, portanto, que nesta unidade sejam abordados
aspectos que levem você ao conhecimento sobre Sistema de
Turismo, ao entendimento sobre oferta e demanda no Turismo e
a um bom conhecimento sobre os principais meios de transportes
turísticos. Um dos objetivos também é poder familiarizá-lo com
esses importantes e indispensáveis tópicos, que, geralmente, não
são levados em consideração, quando se aborda a estruturação de
projetos na área turística.
Dessa forma, conhecer como está estruturada a atividade turística
é uma importante etapa para o seu conhecimento no escopo da
disciplina de Teoria Geral do Turismo. Sinta-se à vontade para
“viajar” pelas próximas páginas, aproveitando o que é de bastante
relevância para um bom entendimento técnico e científi co do
Turismo. ,
SEÇÃO 1 – Estrutura do Sistema de Turismo
Na década de 1950, um grupo de cientistas propôs o conceito
de sistema que causou um impacto considerável, afetando
diversos campos do conhecimento humano. Surgiram múltiplas
referências, nas mais variadas áreas do conhecimento, com
abordagem sistêmica.
Mas o que é um sistema? O que lhe vem à mente quando pensa nessa palavra? Que relação ela pode ter com as atividades do turismo?
A natureza da atividade turística é um resultado complexo
de inter-relações entre diferentes fatores que precisam ser
(ANSARAH, M.G.R. (org). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: Ed. SENAC, 2001)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
considerados conjuntamente, numa ótica sistemática, isto é, como
um conjunto de elementos inter-relacionados entre si que se
desenvolvem dinamicamente.
Para a OMT – Organização Mundial do Turismo – distinguem-
se quatro elementos básicos no conceito da atividade turística:
A demanda, que é formada pelo conjunto de
consumidores ou possíveis
consumidores – de bens e
serviços turísticos.
A oferta, que é composta pelo
conjunto de produtos, serviços
e organizações envolvidos
ativamente na experiência
turística.
O espaço geográfi co, que é a
base física onde tem lugar a
conjunção ou encontro entre a
oferta e a demanda e onde se situa a população residente;
pode ser ao mesmo tempo um destino turístico.
Os operadores de mercado, que são empresas e
organismos cuja função principal é facilitar a inter-
relação entre a oferta e a demanda. Entram nessa
consideração as agências de viagens, os meios de
transporte e organismos públicos e privados, que,
mediante seu trabalho profi ssional, são artífi ces da
ordenação e promoção do turismo.
A ciência do turismo ainda está em construção, mas alguns
estudiosos já arriscam mencionar, principalmente na Europa,
a “ciência social das viagens”. Parte desses estudos consiste
na elaboração de teorias sobre o funcionamento do fato e do
fenômeno e de modelos explicativos sobre o funcionamento do
mercado turístico.
Uma das teorias mais difundidas atualmente é a dos sistemas,
adotada e divulgada no Brasil, pelo professor Mário Carlos Beni
em 1997 e, em outros países, por Neil Leiper, em 1979, Sergio
Molina, em 1991, entre outros.
a)
b)
c)
d)
(ANSARAH, M.G.R. (org). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: Ed. SENAC, 2001)
(OMT, Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001)
(ANSARAH, M.G.R. (org). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: SENAC, 2001)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
De acordo com Beni (1997), “o Turismo, na linguagem da Teoria Geral de Sistemas, deve ser considerado um sistema aberto que [...] permite a identifi cação de suas características básicas, que se tornam os elementos do sistema. Essa abordagem facilita estudos multidisciplinares a partir de várias perspectivas com ponto de referência comum [...]”
Para que seja facilitado o aprendizado e a compreensão do
Sistema de Turismo, observe algumas funções inerentes à
natureza da atividade de Turismo, segundo os estudos realizados
pelo professor Beni:
o conjunto de fatores que geram as motivações de viagens
e a escolha das áreas de destinação turística;
o deslocamento de indivíduos no contínuo espaço/tempo;
os equipamentos de transporte oferecidos ao tráfego de
pessoas;
o tempo de permanência na área receptora;
a disponibilidade e a solicitação não só de equipamentos
de alojamento hoteleiro e extra-hoteleiro, mas também
de equipamentos complementares de alimentação.
a disponibilidade e a solicitação de equipamentos e
instalações de recreação e entretenimento;
a fruição dos bens turísticos;
o processo de produção e distribuição desses bens e
serviços;
o comportamento de gastos do turista.
Desse repertório de funções primárias e inerentes à atividade,
derivam funções que ampliam e consolidam o contexto em que
ela se processa, contidas nas seguintes áreas:
ambiente natural;
ambiente cultural;
ambiente social e econômico;
a)
b)
c)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
nas funções de organização e operacionalização.
Dessa maneira, Beni (1997) divide sua teoria de sistemas em três
grandes conjuntos:
Relações ambientais, que agrupam os subsistemas
ecológico, social, econômico e cultural.
Organização estrutural, que apresenta a superestrutura
(ordenamento jurídico-administrativo) e a infra-estrutura
(serviços urbanos, saneamento básico, sistema viário e de
transportes).
Ações operacionais, que englobam os subsistemas de
produção, distribuição e consumo do mercado turístico.
(Os dois primeiros conjuntos englobam a oferta, e o terceiro, a
demanda).
Mas afi nal, qual a defi nição de Sistema Turístico?
Veja que de uma forma bem simples, podemos afi rmar que
Sistema Turístico é um conjunto complexo de inter-relações de
diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente
sob uma ótica sistemática, ou seja, um conjunto de elementos
inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica e cujos quatro
elementos básicos são: a demanda, a oferta, o espaço geográfi co e os
operadores de mercado.
No caminho da sua “viagem”, você vai encontrar maiores detalhes
sobre demanda turística e o que signifi ca e caracteriza a oferta
turística. Aproveite, então, mais uma etapa da viagem para
aprimorar seus conhecimentos.
d)
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SEÇÃO 2 – Oferta turística e demanda turística
Nesta seção você terá a oportunidade de conhecer o que é oferta
e demanda turística, dois componentes essenciais da atividade
turística. Vamos a eles?
Oferta TurísticaConhecer a oferta turística é de grande importância para que
haja uma melhor compreensão do fenômeno turístico; apresenta
características próprias, que são relevantes, quando se têm em
mente os crescentes fl uxos turísticos internacionais.
A oferta turística de uma localidade é constituída da soma de todos os produtos e serviços adquiridos ou consumidos pelo turista durante a sua estada em uma destinação. É importante ressaltar que esses produtos e serviços são oferecidos por uma gama de produtores e fornecedores diferentes que, apesar de atuarem de forma individual, são entendidos pelo turista como um todo que integra a experiência vivencial da viagem. (RUSCHMANN, 1997, p.138).
Por isso, o planejamento da oferta turística de núcleos receptores
deve considerar o desempenho isolado de cada um, integrado
a um objetivo geral e cooperado – voltado para a qualidade
total dos produtos e serviços oferecidos. A característica mais
marcante da oferta turística é sua heterogeneidade, que se
constitui da justaposição de bens e serviços oferecidos aos turistas
e consumidos por eles.
De modo geral, pode-se dizer que a oferta é a quantidade de bens
e serviços que uma empresa, ou conjunto de empresas, está apta e
disposta a produzir e colocar no mercado por determinado preço,
determinada qualidade, determinado local e determinado período
de tempo. No curto prazo, as relações de mercado são regidas por
uma lógica denominada Lei da Oferta e da Procura. Diz esta lei
que, quando os consumidores querem comprar um determinado
produto em maior quantidade do que a disponível no mercado, o
preço tende a subir. Do contrário, quando existe pouca demanda,
os ofertantes tendem a reduzir o preço desse produto.
Em economia a Lei da Oferta e da procura é a lei que estabelece a relação entre a demanda de um produto, ou a procura de um produto, e a quantidade que pode ser oferecida, ou que o produtor deseja oferecer. Em períodos que temos grande oferta de um determinado produto, o seu preço cai. No entanto se o que tem é uma
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
Por conseguinte, a quantidade que as empresas se dispõem a
colocar no mercado varia na mesma direção do preço. Quanto
maior o preço, maior tende a ser a oferta, e vice-versa.
A oferta turística, sob o prisma de um dos mais importantes
autores a respeito de sistema de turismo no Brasil, professor
Mário Carlos Beni, é defi nida conforme se pode observar a
seguir:
Em linhas gerais, sem levar em consideração os atrativos
naturais das regiões que motivam, numa primeira etapa,
a criação de fl uxos turísticos, pode-se defi nir a oferta
básica como o conjunto de equipamentos, bens e serviços
de alojamento, de alimentação, de recreação e lazer,
de caráter artístico, cultural, social ou de outros tipos,
capaz de atrair a assentar numa determinada região,
durante um período determinado de tempo, um público
visitante. Como é evidente, os valores que a natureza
oferece sem necessidade da interferência do homem (sol,
praias, montanhas, paisagens) são as fontes de atração que
sustentam os deslocamentos de pessoas com fi nalidades
especifi camente turísticas. Não há dúvida de que esses
elementos imprescindíveis, por natureza não-reguláveis,
escapam totalmente de um tratamento econômico e
fi cam à margem do que se pode entender por “oferta” no
sentido estrito da palavra. (BENI, 1998, p.153)
A oferta em turismo pode ser concebida como o conjunto dos
recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem
a matéria-prima da atividade turística porque, na realidade,
são esses recursos que provocam a afl uência de turistas. A esse
conjunto agregam-se os serviços produzidos para dar consistência
ao seu consumo, os quais compõem os elementos que integram a
oferta no seu sentido amplo, numa estrutura de mercado.
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O quadro que se apresenta a seguir serve como exemplo de oferta
turística de um país.
Hotéis 9.436Acampamentos 928Restaurantes 50.055Agências de Viagens (centrais e sucursais) 4.450Instalações náuticas 335Estações de esqui 30Campos de golfe 127Parques aquáticos 31Parques de diversões 6Estações termais 96Cassinos 20
Quadro 3.1: Oferta turística na EspanhaFonte: Secretaria Geral de Turismo, 1993 in OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
Sumarizar ou sintetizar a oferta turística requer cuidados, para
não se incorrer na possibilidade de uma compreensão equivocada.
Contudo, podem-se elencar algumas características que são
fundamentais a essa atividade:
Complementaridade – Certamente, em um núcleo
receptor, ninguém oferta turismo isoladamente. Diversas
empresas e o Estado complementam, cada qual com suas
parcelas, a quantidade de oferta. O turismo, portanto,
requer organização entre esses agentes para que a oferta
possa existir.
Estática – Necessariamente, apesar do “turismo virtual”,
o turismo se dá em um espaço defi nido. A oferta está
em um local, em um destino turístico. Nesse sentido, os
investimentos perdem em mobilidade. O local escolhido
para o negócio deve ser muito bem analisado. Por outro
lado, por ser estática, a oferta não pode ser exportada
nem importada, permitindo um menor grau de variações
concorrenciais em curto prazo. Ou seja, uma empresa só
entra em um mercado se estiver localizada nele.
a)
b)
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Unidade 3
Diversifi cação – Pelo fato de o produto turístico ser
heterogêneo, a oferta turística apresenta um grande leque
de alternativas diferentes, o que difi culta mensurá-lo em
uma totalização; por outro lado, propulsiona a economia
desse setor.
Sazonalidade - Um dos grandes problemas do turismo
é o seu vínculo com as estações climáticas do ano. Logo,
a possibilidade de oferta está restrita a temporadas, o
que faz gerar ciclos em que se alternam altas e baixas
produções.
Absorção – Uma das grandes vantagens do turismo é que
a oferta agregada é maior do que a produção. Em quase
todas as atividades produtivas humanas, o resultado
– a oferta colocada no mercado – requer transformação
laborativa. No caso do turismo, ofertam-se o clima e as
belezas naturais, que não foram produzidas pelo homem.
Assim também são os atrativos culturais, históricos,
arquitetônicos e sociais, que são criados com outras
intenções e depois são convertidos em produto turístico.
Dessa forma, o turismo absorve recursos disponíveis e
converte-os em oferta. Portanto, tem-se que a quantidade
ofertada é maior que a quantidade produzida. Assim, o
turismo requer menores investimentos que os resultados
econômicos obtidos.
Tendo visto o conteúdo até o momento sobre oferta turística, é chegado o momento de perguntar: qual é a sua defi nição, então?
Segundo a Organização Mundial de Turismo, oferta turística é
“o conjunto de produtos turísticos e serviços postos à disposição
do usuário turístico num determinado destino, para seu desfrute
e consumo”. (OMT, 2001).
Ao avançarmos um pouco mais sobre o tema da oferta turística,
optamos por apresentar uma série de quadros e tabelas que,
certamente, ilustrarão de forma mais clara a composição da
oferta.
c)
d)
e)
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Sabemos que a oferta turística é composta por um conjunto de
elementos que podem ser divididos conforme a seguir:
atrativos turísticos;
serviços turísticos;
serviços públicos;
infra-estrutura básica;
gestão;
imagem da marca;
preço.
Comecemos com os atrativos turísticos:
Como defi nir o termo e o que ele compreende?
O seu conceito é complexo, dado que a atratividade de certos
elementos varia de forma acentuada de um turista para outro.
Um museu sobre o fundador de uma cidade pode ter grande
importância para os seus habitantes e nenhuma para os visitantes.
Um outro exemplo é que um determinado santuário religioso
pode ter grande atratividade para adeptos de uma religião e
nenhuma para outras.
Devemos destacar que existem categorias diferentes já elaboradas
sobre atrativos turísticos. Para efeito de nossos estudos,
adotaremos a divisão simples (que, inclusive, é a mesma adotada
pela EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo): atrativos
turísticos naturais e atrativos turísticos culturais.
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
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Unidade 3
Os atrativos naturais podem ser divididos conforme segue:
TIPOS SUBTIPOS
Montanhas
PicosSerrasMontes/morros/colinasOutros
Planalto e Planícies
Chapadas/tabuleirosPatamaresPedras/tabularesVales/rochedos
Costas ou Litoral
PraiasRestingasManguesBaías/enseadasSacosCabos/pontasFalésias/barreiraDunasOutros
Terras InsularesIlhasArquipélagosRecifes/atóis
Hidrografi a
RiosLagos/lagoasPraias fl uviais/lacustresQuedas d’água
PântanosFontes hidrominerais e/ou termaisParques e reservas de fl ora e faunaGrutas/cavernas/furnasÁreas de caça e pesca
Quadro 3.2: Tipos de atrativos naturaisFonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 55.
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Os atrativos turísticos culturais também podem ser classifi cados
em tipos e subtipos.
TIPOS SUBTIPOS
Monumentos
Arquitetura civilArquitetura religiosa/funeráriaArquitetura industrial/religiosaArquitetura militarRuínasEsculturasPinturasOutros legados
SítiosSítios históricosSítios científi cos
Instituições e Estabelecimentos de Pesquisa e Lazer
MuseusBibliotecasArquivosInstitutos históricos e geográfi cos
Manifestações, Usos e Tradições Populares
Festas/comemorações/atividades religiosasFestas/comemorações populares efolclóricasFestas/comemorações cívicasGastronomia típicaFeiras e mercados
Realizações Técnicas e Científi casContemporâneas
Exploração de minériosExploração agrícola/pastorilExploração industrialAssentamento urbano e paisagísticoUsinas/barras/eclusasZoológicos/aquários/viveirosJardins botânicos/hortosPlanetáriosOutros
Acontecimentos Programados
Congressos e convençõesFeiras e exposiçõesRealizações desportivasRealizações artísticas/culturaisRealizações sociais/assistenciaisRealizações gastronômicasOutros
Quadro 3.3: Tipos de atrativos turísticos culturaisFonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 60.
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Unidade 3
Como já é do seu conhecimento, o produto turístico é composto,
além dos atrativos (conforme as duas tabelas anteriores), pelos
serviços turísticos. Para poder usufruir deste atrativo, o turista
necessita consumir uma série de serviços. Alguns desses,
por atenderem exclusiva ou preferencialmente turistas, são
classifi cados como turísticos.
TIPOS SUBTIPOS
Meios de Hospedagem
HotéisMotéisFlatsPousadasPensõesPensionatosLodgesHospedariasAlbergues da juventudeBed & BreakfastCruzeiros marítimosCampingsAcantonamentosColônias de fériasImóveis de aluguel
Alimentação
RestaurantesLanchonetesSorveterias/doceriasCafés/casas de sucos/casas de cháCervejariasQuiosques de praias
AgenciamentoAgências emissivasAgências receptivas
Transportes Turísticos
AéreoRodoviárioFerroviárioAquático
Locação de Veículos e Equipamentos
CarrosMotosBicicletasEmbarcaçõesEquipamentos esportivos
Você encontrará diversos endereços úteis na seção “Saiba Mais”, no fi nal desta unidade.
Continua
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TIPOS SUBTIPOS
EventosOrganizadores de eventosFornecedores de produtos e serviços
Espaços de Eventos
Centros de convençõesBufêsCentros de feirasÁreas de exposição e de rodeiosÁreas de eventos culturais
Entretenimentos
BaresBoatesDanceteriasClubes/estádios/ginásiosCasas de espetáculosCinemas/teatrosParques de diversõesParques aquáticosParques temáticosBolichesPistas de patinaçãoBilharesCampos de golfeTerminais de turismo socialHipódromosVelódromosAutódromos/kartódromosMarinasMirantes/belvederes
Informação Turística
Guias/mapasPostos de informações/centrosde informações turísticasCentrais de informações turísticasJornais e revistas especializadas
PasseiosCavaloHelicópteroBarco
Comércio Turístico
SouvenirsJoalheriasArtesanatoProdutos típicos
Quadro 3.4: Tipos de serviços turísticosFonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 64.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
Outro elemento que merece destaque sobre a oferta turística é
o conjunto de serviços públicos necessários ao ato do consumo
turístico. Não adianta uma localidade possuir bons atrativos e
bons serviços se não coloca à disposição do turista alguns serviços
básicos, como transportes públicos, por exemplo.
TIPOS TIPOS
Transportes
TáxiÔnibusMetrôTeleféricoBondeTremTransporte AquáticoAeroportoEstação ferroviáriaEstação rodoviáriaEstação portuária
Serviços BancáriosAgências bancáriasCaixas eletrônicosServiços de câmbio
Sérvios de Saúde
FarmáciasProntos-socorrosHospitaisClínicasMaternidades
Serviços de SegurançaPolícia turísticaServiços de salva-vidasCorpo de bombeiros
Serviços de Informação
Posto de informações turísticasSinalização turísticaMapas e guias turísticos locais
Serviços de Comunicações
Postos telefônicosOrelhõesRádio e televisãoDisponibilidade de fax e Internet
Continua
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TIPOS TIPOS
Serviços de Apoio a Automobilistas
Postos de abastecimentoOfi cinas mecânicasBorracheirosLojas de autopeças
Comércio TurísticoLojas de conveniênciasLojas de artesanatoLojas de produtos típicos
Serviços BancáriosAgências bancáriasCaixas eletrônicosServiços de câmbio
Quadro 3.5: Serviços públicos de apoio ao turismoFonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 68.
A infra-estrutura básica de uma destinação turística também
é elemento fundamental para viabilização da atividade. A
sua implantação em determinada localidade depende da
disponibilidade de alguns insumos básicos. Um resort, por
exemplo, a ser implantado em uma praia deserta precisará
levar até lá a energia elétrica, a rede de esgoto, etc. Sem esses
elementos básicos, o empreendimento torna-se inviável.
A seguir, o último quadro desta série, que apresenta alguns tipos
de infra-estrutura básica.
TIPOS TIPOS
Acessos
RodoviasFerroviasFluvioviasTerminais de passageiros, aéreos, rodoviários; ferroviários, marítimos, fl uviais
SaneamentoCaptação, tratamento e distribuição de águaColeta, tratamento e despejo de esgotosColeta e tratamento de lixo
Energia Produção e distribuição de energia
Continua
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TIPOS TIPOS
Comunicações
Rede de telefonia comum e celular, antenas de captação de rádio e televisão, serviços de correios, agências telegráfi cas, postos telefônicos
Vias urbanas de circulação Implantação, conservação, sinalização
Abastecimento de gás Distribuição
Controle de poluição Ar, água, som
Capacitação de recursos humanos Formação e aperfeiçoamento de mão-de-obra
Quadro 3.6: Infra-estrutura básicaFonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 72.
Essa listagem, apresentada pelas tabelas, de forma alguma
esgota todos os quesitos necessários e classifi cados como “oferta
turística”. O turismo depende de uma infi nidade de serviços
especializados, os quais, por sua vez, dependem de uma
infi nidade de profi ssionais com as mais variadas especializações.
Na seqüência, você vai estudar outro importante componente do
produto turístico que é a demanda! Vamos lá?
Demanda TurísticaPor demanda turística pode-se entender: a quantidade de bens e
serviços que um consumidor e/ou turista está apto e disposto a adquirir
por determinado preço, com determinada qualidade, por determinado
período de tempo e em determinado local.
A demanda por turismo vem apresentando tendências bastante
interessantes nos últimos anos. Primeiro, as pessoas estão
viajando mais em todo o mundo; segundo, o transporte aéreo
de passageiros também apresenta a mesma tendência; terceiro,
a duração das viagens e o tempo de permanência nos locais
visitados vêm diminuindo para uma semana ou dez dias; quarto,
as pessoas fazem mais viagens durante o período de um ano;
e quinto, há uma mudança de turismo de massa para turismo
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de nichos, ou seja, os turistas estão buscando uma forma de
diferenciação e diversifi cação de suas viagens, o que obriga as
empresas a saciarem demandas específi cas.
Você sabia?
Que as diversas formas de classifi cação da demanda não são excludentes? Podemos compor o tipo de demanda que analisamos. Assim, por exemplo, podemos ter uma demanda turística nacional, com vôo fretado, para a participação em uma feira, com cinco dias de permanência, numa viagem intermediada por uma agência e destinada a um grupo de adultos. De outra forma, temos um perfi l muito diferente em uma demanda internacional, com ônibus turístico, para a participação num show de rock, em um fi nal de semana, organizada por uma operadora, para um grupo de jovens. (LEMOS, 2001, p.74).
Observem que as especifi cações das demandas supracitadas
compõem um perfi l de comportamento econômico bastante
variado. No primeiro exemplo, tem-se um perfi l profi ssional e,
caso se agreguem serviços de entretenimento para esse grupo, eles
podem ser desnecessários. No segundo grupo, o entretenimento
é o objetivo e, caso se agreguem serviços mais elaborados, eles
somente elevariam os custos da viagem.
Certamente, as empresas e as localidades se aprimoram em criar
serviços para nichos cada vez mais específi cos.
Existem hotéis que se especializam em prestar serviços para executivos; outros vão mais longe e prestam serviços especifi camente para mulheres executivas.
O mercado de turismo é um setor de concorrência monopolística,
o que signifi ca a busca de um monopólio específi co em um nicho
de mercado. Todas as operadoras e agências concorrem entre
si, mas uma delas pode ser especializada, por exemplo, em um
destino, em uma faixa etária etc.
De acordo com Lemos (1983 apud apud FELLINI, 2001, p.75),
a classifi cação da demanda turística pode ser assim apresentada:
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Unidade 3
a) Quanto ao espaço: I) Nacional ou Doméstico.
II) Internacional.b) Quanto ao meio de transporte utilizado: I) Automóvel particular.
II) Automóvel alugado.III) Carona.IV) Trem.V) Ônibus rodoviário.VI) Ônibus turístico.VII) Vôo comercial.VIII) Vôo fretado.IX) Marítimo.X) Misto.
c) Quanto ao motivo da viagem: I) Descanso e lazer.
II) Tratamento médico ou terapêutico.III) Participação em congressos, cursos e seminários.IV) Participação em feiras e exposições.V) Cultural.VI) Religioso.VII) Esportivo.VIII) Comercial ou de negócios (Business- tourism).IX) Profi ssional.X) Ecológico.XI) Visitas a parentes e/ou amigos.
d) Quanto ao tempo de permanência Sem caracterização
e) Quanto à forma de organização: I) Por agências e operadoras.
II) Sem agências e operadoras.
f) Quanto à quantidade de pessoas: I) Excursões (grupos).
II) Família.III) Casal.IV) Individual.
g) Quanto à idade: I) Turismo infantil.
II) Turismo para jovens.III) Turismo para adultos.IV) Turismo para terceira idade.
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As demandas dos diferentes mercados turísticos são variadas,
de acordo com os tipos de ofertas turísticas. Todas, no entanto,
em menor ou maior grau de intensidade, possuem as seguintes
características: a elasticidade, a sensibilidade e a sazonalidade.
a) A elasticidade – O turismo é um fenômeno dinâmico
marcado por contínuos movimentos de crescimento e
diminuição em sua demanda, em fl uxos irregulares,
motivados pelos diferentes graus de sensibilidade às
mudanças provocadas pela oscilação das condições
fi nanceiras e econômicas do mercado. Instabilidade que
infl ui na própria formação das estruturas de preços ao
empresário e ao consumidor.
b) A sensibilidade – as alterações ou mutações nos campos
diversos da atividade humana criam situações individuais
e grupais tão diversifi cadas e profundas que tornam
instáveis as realidades e os relacionamentos turísticos.
Repugna ao turismo conviver com riscos ou incertezas,
situações instáveis e problemas sociais de porte
signifi cativo ou de expressiva gravidade, pois é sensível a
qualquer tipo de fl utuação capaz de afetar tanto a oferta
como a demanda, visto que uma não existe sem a outra.
c) A sazonalidade – As épocas das temporadas ou as
estações altas ou mais apreciadas do ano, cada qual com
suas características próprias, também se constituem
em fatores importantes de infl uência no volume e na
qualidade da demanda turística. As condições climáticas
favoráveis e as épocas reservadas às férias escolares
(quando as famílias, em geral, podem viajar completas),
tanto quanto os feriados prolongados e os fi ns de
semana, concentram os grandes fl uxos de demanda que,
nas demais épocas e circunstâncias do ano, costumam
diminuir de forma muito sensível.
Desta forma, ao chegar até aqui, você completou todas as
etapas necessárias a um conhecimento indispensável sobre duas
destacadas características do produto turístico: a oferta e a
demanda. Parabéns pela conquista!
(ANDRADE, José Vicente. Turismo: fundamentos e dimen-sões. São Paulo:Ática, 2002)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
Seguimos adiante com o início da seção 3, que vai nos
familiarizar com os transportes turísticos.
SEÇÃO 3 – Empresas de transportes turísticos
Como você viu na unidade 1, na evolução histórica do turismo
salientamos que não havia um consenso sobre quando,
efetivamente, se deu o início da atividade turística; o mesmo
ocorre com os transportes.
Não há registros sobre quem e quando se inventou o meio mais
antigo de se transportar coisas de um lugar para outro.
Por esse fato, elaboramos nesta seção um resumo cronológico
sobre a evolução dos transportes, que, segundo a nossa opinião,
são os de maior importância para que você possa se familiarizar
com o contexto da relevância e do signifi cado que eles têm para o
Turismo.
Se considerarmos que “o turismo implica
o deslocamento de pessoas, os meios de
transporte são um componente essencial”, o
que isso representa na cronologia histórica
apresentada?
Veja como o transporte se transformou no tempo e no espaço, e
sob que variáveis:
a) Historicamente
O homem primitivo dispunha somente de suas
próprias forças para deslocar-se e carregar o que
desejava transferir de local.
A domesticação de animais de grande porte, para
monta e tração a trenós rústicos, foi o passo inicial
de uma áspera luta do peso contra o espaço.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A utilização do meio líquido com dispositivos
fl utuantes, talvez o mais remoto sistema utilizado
pelo homem, assumiu um valor extraordinário
desde seu início.
A invenção da roda (Mesopotâmia com os Assírios,
na 2ª metade do 1º milênio a.C.) é o marco milenar
da penosa caminhada do ser humano em busca
do domínio da técnica do transporte terrestre;
assinalou o limiar de uma era de expansão e
desenvolvimento em toda a superfície da Terra.
b) Império Romano
Registra-se a existência da Carruca Dormitoria,
uma espécie de ônibus leito que servia para
transportar os viajantes, mais abastados, inclusive
durante a noite, por volta de 250 a.C., no Império
romano.
Para as pessoas mais simples do Império Romano,
era utilizado o lombo do cavalo, além das “bigas”,
um meio de transporte bastante difundido na
época.
Os Romanos foram decisivos para a evolução
dos meios de transportes terrestres, uma vez que
construíram um conjunto de estradas, espalhadas
pelo império, que fi caram conhecidas com a PAX
ROMANA. Muitos trechos deste conjunto de
estradas ainda são possíveis de serem visitados,
principalmente na Itália, como a Via Apia (que
tinha 560 km e ligava Roma a Nápoles) entre
outras.
c) Revolução Industrial
O transporte moderno, como o conhecemos
atualmente, deu-se a partir de 1840 com o
advento da Revolução Industrial, na Inglaterra e o
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
conseqüente desenvolvimento das linhas férreas. Os
transportes vivenciaram um impulso jamais antes
verifi cado.
A aplicação comercial do motor se deve ao
engenheiro alemão Daimler, que construiu várias
motocicletas entre 1884 e 1886 e fundou, depois, a
Daimler Motoren Gesellschft. Sem nenhuma dúvida,
foi o pesquisador de maior relevância, seguido por
Benz, que fabricou seu primeiro carro em 1884; a
partir de 1914 as fábricas se uniram.
O passo decisivo para a conquista do ar deu-se
em 21/07/1976, quando a Air France inaugurou
a 1ª rota internacional para transporte regular de
passageiros com o SSC – Super Sonic Concorde, cuja
velocidade é duas vezes maior que a velocidade do
som.
Em todos os tempos, para cumprir suas essenciais
fi nalidades, o transporte necessitou organização
aprimorada, objetivando oferecer um mínimo de
segurança, rapidez, regularidade, pontualidade,
prestação de serviços, economia e conforto.
Querermos destacar que o objetivo desta seção não é o de
apresentar de forma detalhada e aprofundada toda a evolução
histórica e o conseqüente desenvolvimento dos transportes. Isso
não seria possível numa única seção.
Sendo assim, na continuação do conteúdo, faremos referência,
de forma signifi cativamente resumida e simplifi cada, ao que
consideramos ser relevante para o seu entendimento sobre os
transportes. Relacionamos quatro meios de transportes que
efetivamente são os mais utilizados e de maior signifi cado,
quando o assunto é turismo. Vamos a eles?
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Universidade do Sul de Santa Catarina
I) TRANSPORTE FERROVIÁRIOO trem foi o grande impulsor inicial do turismo regional
e do internacional até 1957.
O transporte ferroviário em alguns países europeus
continua prestando substancial apoio ao tráfego de
turistas.
Destacam-se também:
1980 – França – Trem TGV – 300 Km/h
1986 – Alemanha – Trem ICE – 340 Km/h
1994 – Japão – Trem Bala – 550 Km/h
O Eurotúnel, sob o Canal da Mancha, ligando o
continente europeu à ilha da Grã-
Bretanha, já faz parte de nosso presente.
E o Brasil, o que apresenta?
Não apresenta tradição quanto ao uso do trem como
transporte turístico, e toda política de transporte
de massa foi colocada na rodovia e na indústria
automobilística.
A rede ferroviária nacional não foi sensível ao utilizar o
trem como meio de transporte para o turismo de massa.
II) TRANSPORTE MARÍTIMO, FLUVIAL E LACUSTREO tráfego turístico marítimo apresenta-se hoje bem
diferenciado e segmentado em sua demanda.
Marcou época no passado com transatlânticos muito
luxuosos, que se caracterizavam como verdadeiros hotéis
fl utuantes.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
Atualmente, a navegação marítima para o turismo, com
o desaparecimento da grande maioria das rotas regulares,
limita-se a cruzeiros com navios amplos e modernos.
Em 1994, 4,6 milhões de passageiros passaram suas
férias nos navios. Em 2006, de acordo com as previsões,
serão 12 milhões de passageiros.
A navegação fl uvial e lacustre (hidroviária) é muito
difundida na Europa e nos Estados Unidos, com
equipamentos modernos que trafegam em rotas
tradicionais, como a do Reno, na Europa, e a do
Mississippi, nos Estados Unidos.
O Brasil, que tem a maior rede fl uvial do mundo,
subutiliza a hidrovia para transporte de carga e a
despreza como meio de deslocamento para o turismo.
Isso por não ter tradição e equipamentos e muito
menos infra-estrutura adequada, construção de eclusas,
drenagem e apoio.
Os transportes turísticos na Amazônia, apesar da grande
demanda, ainda são realizados com equipamentos
obsoletos, readaptados, sem as mínimas condições
de higiene e conforto para uma exploração em escala
econômica e em nível internacional.
III) TRANSPORTE RODOVIÁRIOA indústria automobilística brasileira tem grande
impulso sob o governo de JK (1955 -1960), quando
é instalada no país a primeira fábrica nacional de
automóveis (a Volkswagen).
O automóvel foi a causa básica da expansão de estradas,
vias de acesso, auto estradas, anéis, trevos, e foi o
Turismo que incrementou substancialmente o uso desse
veículo.
O transporte terrestre de turistas também é feito por
ônibus. Essa modalidade reduz consideravelmente o
custo da viagem e, no Brasil, ela é muito difundida.
Pode-se dizer que o ônibus representa para os brasileiros
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Universidade do Sul de Santa Catarina
o mesmo que o trem para os europeus. Assim é que
são criadas, além das linhas regulares, linhas de ônibus
especiais para o transporte exclusivamente turístico.
IV) TRANSPORTE AÉREOO transporte aéreo é importante conquista do século
passado. Hoje o avião é um meio de transporte de massa.
Uma viagem que há trinta anos ainda era uma aventura
agora é segura, rápida e confortável.
O transporte aéreo, pelas vantagens que oferece, exerce
importante papel no desenvolvimento do Turismo,
sobretudo naquele praticado a longas distâncias.
Contudo, ainda existem sérios problemas no que tange
à localização dos grandes aeroportos brasileiros. Alguns
distam até trinta quilômetros dos centros urbanos. O
tempo que se ganha no deslocamento aéreo é geralmente
perdido nas operações de embarque e desembarque e de
deslocamento até as cidades.
Além dos vôos regulares que transportam milhares
de pessoas, há uma modalidade específi ca que atende
primordialmente ao tráfego turístico: os vôos charter,
que ganharam uma importância tão grande que chegam,
em alguns países, a suplantar os vôos regulares em
volume de turistas.
Como você teve a oportunidade de ver, esses são os principais
meios de transportes utilizados pela atividade turística. Não
podemos esquecer que ainda existem outros meios de transporte,
como, por exemplo, o transporte turístico espacial, atualmente
uma realidade tecnicamente possível, porém fi nanceiramente
inaccessível a grande maioria das pessoas.
Todos os meios de transportes têm suas vantagens e suas
desvantagens. A seguir, apresentamos um quadro em que será
possível a você, estudante de turismo, realizar uma comparação
dos diferentes meios.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
Por rodovias(automóveis)
Controle do itinerário e das paradas no caminho.Controle das horas de saída.Possibilidade de levar muitas malas.Possibilidade de usar o veículo como alojamento.Privacidade.Mobilidade no destino.Aproveitamento por parte do usuário de preços baixos.
Trens
Segurança.Possibilidade de desfrutar da paisagem.Possibilidade de andar pelos vagões.Chegada ao destino descansado.Conforto.Não sofre engarrafamentos.
Aéreos
Velocidade.Flexibilidade.Serviços em terra (facilidades em terminais) sofi sticados.Incentivos aos usuários fi éis (bônus de quilometragem)Vôos fretados (charter): preço.
MarítimosRelativamente seguro.Barato.Cruzeiros: diversão e entretenimento.
Quadro 3.7: Análise comparativa dos diferentes meios de tansportesFonte: Adaptado de Cooper et al., 1993, p.183-186 in OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
O que está achando arte aqui? Está gostando do conteúdo? Em
seguida passemos a um exercício. Refl ita a questão a não passe
adiante sem colocar seu ponto de visa.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Os meios de transportes desempenham um papel crucial para o desenvolvimento contínuo da atividade turística. Contudo, a realidade da nossa infra-estrutura turística nacional é extremamente inadequada. Sabedor que és da realidade turística existente na sua cidade de residência ou de nascimento, descreva o que você lembra em termos de infra-estrutura de transportes existente. Você a considera adequada para receber turistas? Pense em termos de: higiene e limpeza, segurança, acesso, disponibilidade de sanitários, de locais para alimentação, entre outros, nessas estruturas. Será que as autoridades municipais e a população local levam em consideração estas necessidades para os turistas? O que deveria ou pode ser feito? Elabore respostas para as questões acima. Faça uso do espaço abaixo.
A seção 3 nos possibilitou um “encontro” com as principais
modalidades de transporte que estão disponíveis para os turistas.
A grande refl exão, que é necessária se fazer, diz respeito à nossa
parca infra-estrutura disponível em todo o território nacional.
Não podemos nos esquecer de que se considerarmos o
deslocamento como um ingrediente fundamental para que ocorra
a atividade turística, então temos que ter uma outra abordagem
e uma outra visão, para que possamos melhorar a infra-estrutura
disponível.
Lembramos que você, enquanto acadêmico de turismo, tem
a responsabilidade e, de certa forma, até o dever de não fi car
esperando que as autoridades (em seus diferentes níveis) se
responsabilizem pelas iniciativas. Os nossos governantes têm a
responsabilidade por tal, mas muitas vezes a sua simples iniciativa
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
pode desencadear uma mudança e, até mesmo, uma melhoria
signifi cativa em termos gerais e na criação de infra-estrutura
turística.
Síntese
Ao estudar esta unidade, foi possível você ter um contato mais
próximo com mais alguns conceitos fundamentais da atividade
turística. Na seção 1, você estudou o que é um sistema e qual
a sua aplicabilidade para as diversas ciências, entre as quais o
turismo. Foi importante também verifi car que o turismo não é
defi nitivamente uma atividade isolada e, para que este fenômeno
ocorra, há a necessidade de interação de uma série enorme de
outras áreas de conhecimento, que, somadas, perfazem um
sistema.
Na seção 2, você estudou dois tópicos de extrema relevância,
que são: a oferta e a demanda, dois pressupostos básicos que
não podem coexistir um sem o outro. Você também teve
contato com o conjunto de elementos que compõem a oferta
turística e viu que ela pode ser dividida em algumas categorias.
A inserção de quadros ilustrativos, para essas categorias, teve o
objetivo explícito de fazer com que você pudesse ter uma melhor
visualização, para uma melhor compreensão do tema. Não se
esqueça dos diferentes tipos de demanda que nós estudamos, e,
ainda, tenha sempre em mente as variáveis que a afetam de forma
signifi cativa. Sabemos que a época do ano, a estabilidade social, o
bom andamento da economia, entre outros fatores, exercem uma
infl uência enorme sobre a demanda.
Já a seção 3 desta unidade, trabalhou com os meios de transportes
turísticos. A exemplo da história e evolução do turismo, que
você estudou na Unidade 1, seção 1, não existe um consenso
sobre como se deu o início dos transportes e tampouco quem
o inventou. Ficou patente que, se uma das premissas básicas
para que ocorra o turismo é o deslocamento, então já podemos
imaginar o signifi cado e a importância dos transportes para a
atividade.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Vimos, por meio de uma cronologia histórica, os quatro
principais meios de transporte utilizados pelo turismo. Também
está implícita, nessa seção, a enorme carência que algumas
cidades possuem em termos de infra-estrutura de transportes.
Não é mais possível conceber que um país de dimensões
continentais, como é o Brasil, continue sofrendo com um baixo
número de visitantes anualmente, por causa principalmente da
modestíssima infra-estrutura que possuímos. Como estudante
de turismo, você é mais um importante aliado na reversão deste
quadro.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades propostas.
1) Para a OMT – Organização Mundial do Turismo, existem quatro elementos básicos no conceito da atividade turística. Cite quais são estes elementos.
2) Explique o que signifi ca Sistema Turístico.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 3
3) Conceitue: oferta turística. Qual a importância dela?
Saiba mais
Para que você conheça mais detalhes acerca dos conteúdos desta
unidade, sugerimos algumas obras para pesquisa:
BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo:
SENAC, 1997.
OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
Para conhecer uma base de dados importantes e bastante
interessantes sobre diversos itens relacionados na seção 2 desta
Unidade, basta acessar:
Motéis – www.hilton.com
Lodges – www.terrayalodge.com
Albergues da juventude – www.hostel.org.br
Bed & Breakfast – www.innandtravel.com
Lanchonetes – www.franchise.org
Agências emissivas – www.itn.com
Transporte ferroviário – www.railpass.com
Centros de feiras – www.anhembi.com.br
Parques temáticos – www.themeparks.mininco.gov
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
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4UNIDADE 4
Turismo e organizações turísticas
Objetivos de aprendizagem
Entender como são formadas as principais organizações turísticas nos principais níveis de atuação: mundial, nacional, estadual e municipal.
Reconhecer os princípios básicos que norteiam a planejamento turístico.
Compreender a importância e a aplicabilidade do marketing para a atividade turística.
Seções de estudo
Seção 1 Organizações turísticas.
Seção 2 O planejamento turístico.
Seção 3 Marketing turístico.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade você terá a oportunidade de estudar e de se
familiarizar com tópicos importantes que apresentam estreita
ligação com o turismo ou a relação com a sua estruturação
organizacional. Qual o nível e o grau de atuação do governo em
relação ao turismo? Quais são as organizações responsáveis pelo
fomento e pelo desenvolvimento pleno da atividade?
Vai estudar também nesta unidade o tópico que versa sobre o
planejamento turístico. A palavra planejamento por si só, nos
induz a uma série de correlações e é de fundamental importância
para um bom gerenciamento das atividades relacionadas ao
turismo. Serão abordados alguns aspectos de destaque desta
“necessidade” vital, em termos de desenvolvimento turístico.
Por último, será feita uma abordagem sobre o marketing,
envolvendo seu conceito, sua evolução e, principalmente, suas
tendências. Afi nal, vivemos em um mundo globalizado, onde as
informações trafegam em alta velocidade, exigindo cada vez mais
dos estudiosos e profi ssionais da área um acompanhamento, uma
percepção e respostas imediatas para as constantes mudanças. No
âmbito da atividade turística, esta é uma exigência vital para os
profi ssionais que almejam o sucesso.
Assim sendo, você está convidado para entrar em contato com
estes tópicos e esperamos sinceramente que os mesmos possam
ser signifi cativos e relevantes para a sua formação acadêmica.
Começaremos pelas organizações turísticas.
SEÇÃO 1 - Organizações turísticas
Certamente você já ouviu falar muito no termo “organização”,
e sabe que existem muitos tipos de organizações, não é mesmo?
Mas como defi nir uma “organização de turismo”? Quais os
elementos que a compõem? O que entra na defi nição deste
termo? E mais... O que entra na composição da estrutura da
organização de turismo?
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Você tem as respostas? Não? Ou, não tem certeza se estão
corretas suas defi nições? Não se preocupe... Aos poucos você
mesmo vai estruturando um conceito adequado de “Organização
de Turismo” e conseguindo compreender como elas funcionam
na prática? Acompanhe, então!
Uma introdução ao estudoNesta unidade serão abordados
elementos para compreender quais as
funções das organizações de turismo
e o que lhes cabe como organismos
de prestação de serviços no conjunto
de políticas públicas e privadas.
Sendo assim, será uma espécie de
introdução para oferecer uma base ao
entendimento de um todo, que é “sistêmico” e interligado a outros
setores e áreas, como vimos na unidade anterior. Comecemos
com as contribuições de Mário Carlos Beni (1997).
Segundo o ele, as Organizações de Turismo têm a
responsabilidade de implementar a chamada “Política de
Turismo” de um país, de um estado, de uma região ou mesmo
de um município. Sustenta o autor que as políticas de turismo
devem combater os vários tipos de poluição e atuarem em defesa
da paisagem, do ar, das águas, dos espaços livres, da vegetação,
que são tão indispensáveis, quanto à conservação da memória
histórica e cultural do país.
Sua formulação deverá, por conseguinte, estar fortemente
ancorada nos valores nacionais: nos traços culturais, que
cumprem manter; no aspecto físico, que é imperativo
conservar. Ambos constituem partes iguais do
patrimônio nacional, que as gerações futuras têm direito
de reclamar.
Deve-se entender por “política de turismo” o conjunto
de fatores condicionantes e de diretrizes básicas que
expressam os caminhos para atingir os objetivos globais
para o Turismo do país; determinam as prioridades da
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Universidade do Sul de Santa Catarina
ação executiva do Estado; facilitam o planejamento das
empresas do setor quanto aos empreendimentos e às
atividades mais suscetíveis de receber apoio estatal.
A função específi ca dos órgãos institucionais públicos
de Turismo deverá ser a determinação de prioridades,
a criação de normas e a administração de recursos e
estímulos. O governo dará as diretrizes e proverá as
facilidades.
Aos órgãos públicos federais de turismo cabem a
formulação das diretrizes e a coordenação dos planos de
âmbito nacional e dos que se projetem para o exterior.
Aos órgãos estaduais e municipais cabem, com apoio
federal, a concepção dos programas e a execução dos
projetos regionais e locais. Da mesma forma, e com igual
apoio, compete a eles a iniciativa dos melhoramentos e
equipamentos necessários ao uso público das áreas de
interesse turístico.
O papel que o poder público possui no desenvolvimento do turismo é assunto de extenso debate entre os profi ssionais da área. Embora muitos estudiosos incluam o turismo entre os setores econômicos na organização administrativa do Estado, na prática isso não ocorre na totalidade dos países. Essa difi culdade em defi nir o setor econômico representativo do turismo pode ser observada quando se analisa a estrutura governamental do turismo nos vários países. A hierarquia de organismo é a mais variada possível: ministério, secretaria, departamento, diretoria, escritório público, comissão e serviço.
A seguir, vamos a uma breve evolução histórica das organizações
de turismo.
Os estudos de Mário Carlos Beni (1997) nos remetem a
uma compreensão do ponto de vista histórico, importante ao
entendimento contextualizado da organização turística. Observe
a cronologia e os fenômenos que lhe são pertinentes:
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
O planejamento formal do turismo por parte do Estado
é recente, iniciando-se em fi ns da década de 1940,
com a elaboração do Primeiro Plano Qüinqüenal do
Equipamento Turístico Francês, para o período de 1948
a 1952.
Outro país pioneiro em apresentar o planejamento em
nível nacional é a Espanha que, em 1952, apenas um ano
após a criação de Ministério de Informação e Turismo,
realizou as primeiras experiências nesse sentido e
elaborou o Anteprojeto do Plano Nacional de Turismo.
Não obstante essas primeiras manifestações sobre o
planejamento por parte do Estado, foi somente na
década de 1960 que a atividade começou a se generalizar,
quando a maioria dos países europeus com vocação
e interesses turísticos elaborou seus primeiros planos
nacionais de desenvolvimento do Turismo e começou a
formular os primeiros planos em nível regional.
Com relação ao continente americano, a intenção
de planejar o turismo em nível nacional começou no
México, em 1961, quando o poder executivo daquele
país encarregou o departamento de turismo de elaborar
o plano nacional, promulgado somente em 1968. Nesse
mesmo ano a Argentina começou os preparativos para a
elaboração do seu plano, com a celebração de convênio
entre a Secretaria de Difusão e Turismo, a ONU e o
Centro de Investigação da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O papel do poder público pode abranger inúmeras atividades, conforme o grau de intervenção que o Estado possui na atividade econômica. A seguir alguns exemplos dessas áreas:
a) planejamento do fomento da atividade;
b) controle de qualidade do produto;
c) promoção institucional da destinação;
d) fi nanciamento dos investimentos da iniciativa privada;
e) capacitação de recursos humanos;
f) controle do uso e da conservação do patrimônio turístico;
g) captação, tratamento e distribuição da informação turística;
h) implantação e manutenção da infra-estrutura urbana básica;
i) prestação de serviços de segurança pública;
j) captação de investidores privados para o setor;
k) desenvolvimento de campanhas de conscientização turística;
l) apoio ao desenvolvimento de atividades culturais locais, tais como, artesanato, folclore, gastronomia típica, etc.;
m) implantação e manutenção de infra-estrutura turística voltada para a população de baixa renda;
n) implantação e operação de sistemas estatísticos de acompanhamento mercadológico;
o) captação de divisas estrangeiras.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Organizações de turismoAgora é momento de analisar competências
e concepções ligadas às organizações de
turismo, bem como conhecer como
são classifi cadas e caracterizadas no
contexto mundial. Vamos lá?
De acordo com Beni (1997) e Castelli
(1998):
a Conferência das Nações Unidas, realizada em Roma,
em 1963, diz que cabe aos Organismos Nacionais de
Turismo a tarefa de estimular e coordenar as atividades
nacionais referentes ao turismo;
para tanto, recomenda que sejam dados aos organismos
de turismo a competência e os meios necessários, para
que possam agir efi cazmente em prol do desenvolvimento
e promoção do turismo nacional e internacional.
Entende-se por Órgão Nacional de Turismo – ONT – a
instituição motora suprema em matéria de turismo, tendo
como missão: formular, orientar e executar a política turística
geral do país. Atualmente a maioria dos países possui seus
Órgãos Ofi ciais de Turismo, os quais se fundamentam em três
concepções:
órgãos estatais: Argentina, França, Espanha, Itália,
Brasil, etc.;
órgãos mistos: Dinamarca, Suíça, Suécia, etc.;
órgãos privados: Áustria, Alemanha, etc.;
Quando um Órgão Nacional de Turismo adota a forma de
entidade ofi cial (estatal), ele pode ser de dois tipos:
Centralizado − Criado pelo Estado dentro de sua própria
estrutura administrativa, pode ocupar diferentes posições
e hierarquias na estrutura organizacional. Logicamente
tem a vantagem de permitir uma melhor adaptação
das políticas de condução do setor às políticas gerais de
desenvolvimento econômico e social do país.
a)
b)
c)
a)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Em contrapartida, deve-se dizer que a própria
centralização traz implícito o risco da infl uência
burocrática a que estão expostos todos os órgãos públicos,
e pode tender a diminuir sua efi ciência, em conseqüência
da lentidão que caracteriza o processo de tomada de
decisões pelo setor público.
Descentralizado − Constituído pelo próprio Estado
através de lei, tem personalidade jurídica e goza de
autonomia técnica e administrativa, embora mantenha
vínculo de subordinação a um ministério ou secretaria
de Estado. Pode ser uma comissão, um instituto, uma
empresa ou uma corporação de turismo.
Órgãos Ofi ciais de Turismo:
a) Argentina: Dirección General de Turismo.
b) Bélgica: Commissariat Géneral au Tourisme.
c) Canadá: Canadian Government Travel Bureau.
d) Estados Unidos: US Travel Service.
No caso do Brasil, em nível federal, o orgão ofi cial de turismo é
formado pelo Ministério do Turismo, e subordinado a ele estão
a Secretaria Nacional do Turismo e o Instituto Brasileiro de
Turismo – EMBRATUR.
Em nível estadual, a estrutura organizacional que foi sendo
assuminda não seguiu uma padronização: surgiram Secretarias
de Turismo; Secretarias de Educação, Cultura e Turismo;
Secretarias de Educação, Esportes e Turismo; Companhias
mistas; Companhias mistas vinculadas à Secretaria de Indústria e
Comércio, entre várias outras formas e modalidades.
b)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Órgãos Ofi ciais de Turismo em nível estadual:
PARATUR: Companhia Paraense de Turismo.
EMCETUR: Empresa Cearense de Turismo.
BAHIATURSA: Empresa de Turismo da Bahia S/A.
SANTUR: Santa Catarina Turismo S/A
No que se refere ao nível municipal também não houve uma
padronização com relação aos nomes dos órgãos responsáveis pela
política ofi cial de Turismo. Alguns exemplos da imensa variedade
de nomenclaturas atualmente encontradas no vasto território
nacional:
Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Recreação.
Secretaria Municipal de Turismo e Divulgação.
Secretaria Municipal dos Negócios, da Educação, da Cultura, Esportes e Turismo.
Secretaria Municipal de Expansão Econômica e Turismo.
Existe, atualmente, um número signifi cativo de organizações
nacionais não-governamentais que tem por objetivo agregar
grupos de pessoas e de atividades específi cas que lutam em prol
do desenvolvimento turístico deste país.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Organizações Nacionais Não-Governamentais:
ABIH: Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
ABAV: Associação Brasileira de Agências de Viagens.
AGTURB: Associação Brasileira de Guias de Turismo do Brasil.
ABBTUR: Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo.
ABRAJET: Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores de Turismo.
ABTH: Associação Brasileira dos Tecnólogos em Hotelaria.
ABEOC: Associação Brasileira das Empresas organizadoras de Congressos e Convenções.
O quadro a seguir oferece uma relação dos principais organismos
internacionais ligados ao turismo, seguido de uma breve
descrição, quando aplicável.
NOME DO ORGANISMO BREVE DESCRIÇÃO (QUANDO APLICÁVEL)
Organização Mundial do Turismo (OMT)
É a única organização que representa os interesses turísticos de organizações governamentais e ofi ciais. Essa instituição é reconhecida como consultora do Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas. Entre os seus membros estão 138 países e territórios e mais de 350 fi liados, representando governos locais, associações turísticas, instituições educacionais e empresas do setor privado, incluindo companhias aéreas, grupos hoteleiros e operadoras turísticas. Sua sede fi ca em Madri.
World Travel and Tourism Council (WTTC)
É constituído por uma coalizão global dos cem mais importantes executivos de todos os componentes do setor turístico (grupos hoteleiros, empresas de catering, de cruzeiros marítimos, de entretenimento e recreação, de transportes e demais serviços relacionados a viagens).
Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA)
É a entidade internacional que congrega a quase totalidade das companhias aéreas do mundo. Sua principal função é simplifi car e acelerar o movimento de pessoas e bens de qualquer ponto do sistema aéreo mundial para outro. As suas resoluções abrangem a validade dos bilhetes, os itinerários e as regras de transporte de bagagens.
Continua
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
NOME DO ORGANISMO BREVE DESCRIÇÃO (QUANDO APLICÁVEL)
Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO)
É uma organização de governos voltada para promover a aviação civil em escala mundial.
Alliance International du Tourisme (AIT)
Associación Internacional de Hoteles (AIH)
Federación Universal de Asociaciones de Agentes de Viajes (FUAAV)
International Association of amusement Parks and Attractions (IAAPA)
Visite o site: www.iaapa.org
International Hotel and Restaurant Association (IHRA) Visite o site: www.ih-ra.com
Quadro 4.1: Principais organismos internacionais ligados ao turismoFonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 191 - 192.
As informações compiladas e apresentadas sobre as organizações
turísticas nesta seção são signifi cativas e importantes, contudo
não contemplam o enorme espectro de diversos outros
organismos que interagem ou que estão associados ao turismo.
Como vimos, existem organizações turísticas em diversos
e diferentes níveis de atuação, de acordo com a política de
cada país, cada região e até mesmo, cada localidade. O que
é importante você fi xar, diz respeito à necessidade de uma
participação efetiva e construtiva por parte dos governos,
independentemente de seu nível hierárquico.
A seção seguinte vai poder lhe oferecer muitas informações sobre
o planejamento turístico, uma área interessante, dinâmica e
essencial para o seu conhecimento.
Pronto para o novo embarque? Venha, vamos descobrir porque o
planejamento turístico é tão importante...
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SEÇÃO 2 - O planejamento turístico
O que é planejar? Em que práticas você costuma realizar um planejamento? Existem diferentes formas de planejar? Pense nisso! Registre suas considerações. Acompanhe atentamente o texto e procure formular um conceito para expressá-lo no fi nal da seção. Vamos lá?
Observe, em primeiro lugar, que tão importante quanto defi nir
“planejar” é situar o planejamento turístico no contexto de
sua utilização de elementos, como: a necessidade de considerar
esta prática no desenvolvimento de atividades, a compreensão
do conceito de forma signifi cativa no universo teórico e
metodológico da ação.
Vamos a eles?
A importância do planejamentoO ato de planejar vem ganhando cada vez mais destaque
dentro das organizações, sejam elas públicas, privadas,
pequenas ou gigantes de mercado. Isto se deve ao
retorno positivo que o planejamento pode proporcionar.
“O planejamento é importante dentro de qualquer ação
humana da qual se esperam resultados.” (RUSCHMANN
e WIDMER, 2001, p. 71)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Em países desenvolvidos, como, por exemplo, os Estados Unidos
e o Japão, o assunto planejamento é levado a sério e ensinado para
a maior parte dos habitantes desde cedo, tanto em casa quanto
nas escolas. Essa prática, além de elevar o nível de conhecimento
do povo, contribui para o sucesso empresarial e econômico de
toda uma nação.
Entretanto, o Brasil é um país conhecido pela falta de
planejamento em diversas áreas. O empirismo é inerente à
cultura brasileira e vem prejudicando o país ao longo dos anos.
Entrando especifi camente no ramo empresarial, em que o
planejamento é considerado como um dos principais fatores
para o sucesso ou para a manutenção no mercado, a maioria dos
empreendedores deixa de lado a etapa do planejamento.
Objetivando uma melhor compreensão do assunto, tomaremos
como base o exemplo das micro e pequenas empresas no Brasil.
O surgimento desse tipo de empresa tem sido cada vez maior,
transformando-as em verdadeiras alavancas do setor empresarial
e da economia nacional.
Você sabia?
Que o primeiro plano econômico registrado foi elaborado no Japão, no fi nal do século XIX?. Na década de 1930 começa a surgir o planejamento empresarial, nos Estados Unidos, mediante Henri Fayol.
Para saber mais leia: BARRETTO, Margarita. Planejamento e organização em turismo. Campinas: Papirus, 1996, p. 89.
Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), o crescimento do setor em
menos de uma década foi superior a 500% (aumentando de 665
mil, para 3,5 milhões). Igualmente de acordo com o Sebrae, “as
micro e pequenas empresas são responsáveis por 52% do Produto
Interno Bruto do País.”
Home page do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Apesar do sucesso e do crescimento expressivo que os números
refl etem, é importante ressaltar que, em média, 80% das micro e
pequenas empresas fracassam antes de completar cinco anos. Tal
fato se deve principalmente à falta de planejamento e defi nição
concreta de metas e objetivos.
Podemos observar que a maioria dos brasileiros, ao iniciar um
negócio ou atividade, não defi ne concretamente as metas e
objetivos, e o planejamento será, na maioria das vezes, incipiente,
visto que “ele, de forma geral, consiste em um conjunto de
atividades que envolvem a intenção de estabelecer condições
favoráveis para alcançar objetivos propostos.” (RUSCHMANN e
WIDMER, 2001, p. 66)
Ao processo de decisão dos objetivos da empresa, das mudanças
nesses objetivos, dos recursos utilizados para alcançá-los e das
políticas que deverão governar a aquisição, utilização e disposição
desses recursos dá-se o nome de planejamento.
Você sabia?
Que o planejamento é um instrumento que direciona e controla a empresa, subsidiando o estabelecimento dos meios mais adequados para que se obtenha retorno fi nanceiro?
Que com a ferramenta do planejamento a empresa determina suas metas e traça seus objetivos?
Que, além disso, essa ferramenta deve proporcionar um aprimoramento nos métodos de trabalho, com alternativas criativas para cada ramo de atividade?
“A falta de planejamento desperdiça mão de obra, recursos
materiais e tempo, elevando os custos de produção, gerando
perdas de mercado e desemprego. Através do planejamento a
empresa ganha fl exibilidade e consegue se prevalecer de seus
pontos fortes tanto para atender às necessidades e desejos de
seus clientes quanto para conquistar os clientes da concorrência.”
(FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997, p. 151)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Uma das principais barreiras que atuam contra a atividade do
planejamento é a falta de recursos fi nanceiros e a alegação de que
planejar requer muito dinheiro. Justamente quando se dispõe de
menos recursos fi nanceiros, materiais e humanos, mais necessário
se torna saber como aplicá-los e direcioná-los.
Todos os aspectos aqui citados demonstram claramente a
importância e a necessidade da ferramenta que é o planejamento
para o sucesso de qualquer atividade.
Quais os conceitos, tipos e objetivos do planejamento? Estabelecendo-se uma conexão com a
importância do planejamento, se faz
necessária uma breve abordagem de alguns
conceitos gerais de planejamento.
Devido à sua diversidade e dinamismo,
podemos encontrar muitas defi nições para o
conceito de planejamento. Essas características
também fazem com que seja difícil defi nir a
atividade com exatidão ou de forma única e
fechada.
Segundo Ruschmann (1997, p. 83), “o planejamento é uma
atividade que envolve a intenção de estabelecer condições
favoráveis para alcançar objetivos propostos”. Os objetivos e as
condições necessárias para que estes sejam atingidos variam de
acordo com diversos fatores, sendo consenso que os objetivos são
mais facilmente atingidos quando há um planejamento correto.
De acordo com Baptista (1981, p. 13 apud BARRETTO, 1996,
p.11), “planejamento se refere ao processo permanente e metódico
de abordagem racional e científi ca de problema.”
Já Ackoff (1967, p. 3 apud BARRETTO, 1996, p.11) afi rma
que “o planejamento serve para que se consiga atingir um estado
desejado.”
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Como forma de complemento, citamos Newmann (1985, p. 36
apud BARRETTO, 1996, p.12), que diz que “planejar é decidir
antecipadamente o que deve ser feito. O planejamento é uma
linha de ação preestabelecida.”
Conforme Ruschmann e Widmer (2001, p. 66), existem
outros conceitos equivalentes e/ou complementares que serão
apresentados a seguir:
sistema de idéias organizado racionalmente para
determinar mentalmente o que fazer depois de
examinadas as circunstâncias concorrentes;
processo de determinação de objetivos e dos meios para
consecução destes;
mecanismo orientado para o futuro;
projeto de um futuro desejado e dos meios efetivos de
torná-lo realidade;
processo contínuo de pensamento sobre o futuro, de
determinação de estados futuros desejados e dos cursos
de ação para que tais estados sejam alcançados.
Analisando todos os conceitos mencionados anteriormente,
podemos perceber que o ato de planejar está intimamente ligado
com a ordenação e coordenação de diversos fatores e ações.
O processo de planejar envolve, além de recursos materiais
e humanos, métodos e técnicas que possibilitem o correto
direcionamento para os objetivos propostos.
Planejamento turístico Conforme comentado anteriormente, o planejamento é uma
ferramenta indispensável para o sucesso das atividades humanas.
Com a atividade turística não ocorre de maneira diferente. Se
desejarmos “colher bons frutos” do turismo devemos planejá-lo
corretamente. “O turismo não pode organizar-se e desenvolver-
se sem que haja planejamento e defi nição de objetivos a serem
alcançados.” (OLIVEIRA, 2001, p. 161). De acordo com a
Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 174), o
a)
b)
c)
d)
e)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
reconhecimento da importância de planejar o desenvolvimento
turístico cresceu consideravelmente durante os últimos vinte
anos.
O planejamento turístico pode ser entendido como “um processo que ordena as ações do homem sobre uma determinada localidade turística, direcionando a construção de equipamentos e infra-estrutura de uma maneira adequada. Esse direcionamento impede ou minimiza os efeitos negativos que a atividade turística pode trazer, destruindo ou afetando a atratividade de um local ou região.”
Ruschmann e Widmer (2001, p.67) conceituam planejamento
turístico como “o instrumento fundamental na determinação e
seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da atividade
turística, determinando suas dimensões ideais para que, a partir
daí, se possa estimular, regular ou restringir sua evolução.”
De acordo com Beni (1998, p.108), “planejar o turismo é
raciocinar sobre como a atividade alcançará uma posição desejada
e pré-estabelecida. Os pontos básicos para chegar a esse estado
são: estabelecer objetivos, defi nir cursos de ação e determinar as
necessidades dos recursos.”
Quais as competências e atribuições no planejamento turístico? No turismo, cabe ao Estado zelar pelo planejamento através de
políticas e da legislação necessárias ao desenvolvimento da infra-
estrutura básica, que proporcionará o bem-estar da população
residente e dos turistas. Além disso, deve cuidar da proteção
e conservação do patrimônio ambiental, aí compreendidos
os ambientes natural, psicossocial e cultural, bem como criar
condições que facilitem e regulamentem o funcionamento
dos serviços e equipamentos nas destinações, necessários ao
atendimento das necessidades e anseios dos turistas, geralmente a
cargo de empresas privadas.
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Assim, com relação ao planejamento turístico, pode-se nomear
as competências e atribuições de órgãos públicos e da iniciativa
privada de acordo com o quadro a seguir:
CABE AO ESTADO CABE A INICIATIVA PRIVADA
1. Estabelecer diretrizes e políticas para o desenvolvimento do setor.
1. Observar leis e regulamentos, bem como mecanismos de fi scalização e controle.
2. Estabelecer normas e regulamentos de preservação ambiental, bem como para abertura e funcionamento de equipamentos e serviços turísticos.
2. Atuar no desenvolvimento da infra-estrutura turística.
3. Criar mecanismos de fi scalização e controle.
3. Planejar cuidadosamente o funcionamento de suas atividades e equipamentos para atender com qualidade às necessidades e desejos do turista.
4. Promover o desenvolvimento da infra-estrutura básica (vias de acesso, saúde, saneamento, etc).
4. Utilizar-se de mão-de-obra capacitada.
5. Promover o desenvolvimento turístico nos níveis nacional, estadual e municipal.
5. Desenvolver associações, com vistas à troca de experiências e informações bem como para melhor articulação na criação e defesa de interesses perante empresariado e/ou governo.
6. Criar condições para a captação de recursos, promover facilidades na obtenção de créditos e fi nanciamentos e estimular o desenvolvimento da atividade na esfera privada.
6. Manter-se atualizado quanto às tendências do turismo.
7. Realizar pesquisas e estatísticas sobre o turismo, bem como promover e incentivar a capacitação profi ssional, etc.
7. Elaborar pesquisas com clientes, acompanhando a funcionalidade e a qualidade de seu estabelecimento, etc.
Quadro 4.2: Competências e atribuições no planejamento turísticoFonte: Adaptado de RUSCHMANN, Doris, in ANSARAH, M.G.R (org). Turismo: como aprender – como ensinar. São Paulo: SENAC, 2001, p. 68.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Quais os objetivos do planejamento turístico?
Os objetivos do planejamento turístico podem indicar aonde se
pretende chegar – geralmente visando ao crescimento econômico
aliado à sustentabilidade. Os objetivos do planejamento da
atividade turística podem envolver desde a pequena localidade
receptora até um país ou continente inteiro, aglutinando tanto
empresas privadas (grandes ou pequenas) como órgãos públicos
– além da comunidade local. A seguir serão apresentados alguns
dos objetivos gerais do planejamento turístico.
defi nir políticas e processos de implementação de
equipamentos e atividades e seus respectivos prazos;
coordenar e controlar o desenvolvimento espontâneo;
prover os incentivos necessários para estimular a
implantação de equipamentos e serviços turísticos, tanto
para empresas públicas como privadas;
maximizar os benefícios socioeconômicos e minimizar os
custos (tanto os de investimentos como os de operação),
visando o bem-estar da comunidade receptora e a
rentabilidade dos empreendimentos do setor;
garantir que os espaços necessários ao desenvolvimento
turístico não sejam utilizados para outras atividades
econômicas;
evitar defi ciências ou congestionamentos onerosos por
meio de uma determinação cuidadosa das fases do
desenvolvimento;
minimizar a degradação dos locais e recursos sobre os
quais o turismo se estrutura e proteger aqueles que são
únicos;
cientifi car a autoridade política responsável pela sua
implantação de todas as implicações do planejamento;
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentável: A proteção do meio ambiente. Campinas, SP: Papirus, 1997, p. 85.
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capacitar os vários serviços públicos para a atividade
turística, a fi m de que se organizem e correspondam
favoravelmente quando solicitados;
garantir que a imagem da destinação se relacione com
a proteção ambiental e com a qualidade dos serviços
prestados;
atrair fi nanciamentos nacionais ou internacionais e
assistência técnica, para o desenvolvimento do turismo e
a preservação ambiental;
coordenar o turismo com outras atividades econômicas,
integrando seu desenvolvimento aos planos econômicos e
físicos do país.
Conforme já foi abordado, cabe dizer que se elaborarmos um
planejamento detalhado, levando em conta os diversos fatores
impostos pela natureza e a complexidade do turismo como
atividade econômica e observarmos atentamente os objetivos (e
meios a serem utilizados para atendê-los), conseguiremos evitar
muitos problemas. Você não concorda?
Atualmente, devido à grande competitividade e concorrência
entre os destinos turísticos, o planejamento surge como
ferramenta indispensável tanto para a conquista de turistas como
para a manutenção ou fi delização de viajantes a um destino.
A elaboração de um planejamento bem sucedido passa pela
satisfação das necessidades de todos os envolvidos no processo de
oferta e consumo dos produtos turísticos.
i)
j)
k)
l)
RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentável: A proteção do meio ambiente. Campinas: Papirus, 1997, p. 85.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Faça uma pequena pausa neste momento e tente ordenar as informações, às quais você teve acesso até agora, sobre planejamento e planejamento turístico. Antes de continuar a leitura, refl ita sobre “planejamento” e a sua dimensão quando você leva em consideração o meio em que vive (não importa aqui, se você vai considerar, um bairro, um município, um atrativo, uma região, etc!). Você consegue “enxergar” o planejamento traduzido em algum atrativo dessa localidade? O quanto você planeja as suas ações cotidianas? Será que, no meio em que você está inserido, as pessoas pensam e comentam sobre a imperiosa necessidade de realizarmos planejamento? O espaço abaixo foi destinado para que você possa “dar um breque” na leitura e escrever algo sobre o acima proposto. Vamos lá?
A seguir, você visualiza uma fi gura que destaca as necessidades
envolvidas em um planejamento turístico.
Observe com atenção o sistema apresentado e perceba a relação
entre setores e processos.
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Figura 4.1: Hierarquia das necessidades para elaboração de um planejamento de turismo. Fonte: Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 175)
A fi gura apresentada anteriormente refl ete a complexidade
do planejamento da atividade turística, dada a variedade de
fatores envolvidos e que devem, obrigatoriamente, ser analisados
profundamente. Também é possível observar, na mesma fi gura, a
importância conferida às necessidades e anseios da comunidade
local. Conforme BENI (2000, p. 165), o planejamento “deve
refl etir a vontade da população em seu efetivo envolvimento e
participação nas atividades de planejamento e desenvolvimento
em sua desejada sustentabilidade.”O enfoque do planejamento turístico
O enfoque do planejamento turístico pode variar dependendo
do nível em que se realiza. Por convenção, os níveis são: local,
regional, nacional e internacional.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Observe que de acordo com a Organização Mundial do Turismo
(OMT, 2001, p. 177), a planifi cação da atividade turística nos
níveis supracitados permite um melhor aproveitamento dos
recursos. Isto faz com que as vantagens econômicas, ambientais e
sociais sejam exacerbadas e auxilia na diminuição de problemas e
custos.
Em nível local, o planejamento busca a regulamentação para
o uso do solo, oferecer infra-estrutura básica (saneamento,
iluminação, segurança, etc.), fazendo com que a região ganhe
destaque em nível local.
Já em nível regional, a ênfase é dada à obtenção da coordenação
das entidades locais para que se atinja patamares razoáveis de
infra-estrutura de transportes e comunicações.
Quando se trata de planejamento em nível nacional, a busca
da promoção interna e externa é o aspecto mais importante.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001,
p. 177), o planejamento nesse nível objetiva também, “o
estabelecimento de normas turísticas necessárias de categoria
superior e a cooperação com os organismos mundiais”.
As informações estatísticas sobre o turismo,
as tendências de mercado, a coordenação
das legislações internacionais e a promoção
do tráfego turístico mundial são aspectos
ligados diretamente ao planejamento em nível
internacional.
O planejamento do turismo local deve contemplar
o contexto regional, nacional e internacional.
O conhecimento de uma vasta gama de fatores em todos esses
níveis pode fazer com que o planejador local obtenha melhores
resultados em seu trabalho.
As infl uências externas são constantes no turismo, e os exemplos
devem ser adaptados a cada realidade como forma de se obter
sucesso. Oliveira (2001, p. 165) cita o exemplo de Cancún, no
México, que aliou infra-estrutura, alta qualidade de hospedagem,
consumo, divertimento, riqueza gastronômica, conservação de
patrimônio histórico e cultural e ocupação total do tempo livre
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dos turistas. Essa combinação de fatores rendeu quase 3 milhões
de visitantes no ano 2000.
Prazos do planejamento turísticoToda a complexidade da atividade de planejar o turismo faz
com que seja necessário tomar uma série de decisões e implantar
ações, que somente surtirão efeito se forem empreendidas dentro
de um esquema metodológico minucioso. Visto que as propostas
e decisões têm importâncias distintas e impactos peculiares,
convencionou-se aplicar o planejamento em três prazos
diferentes: longo, médio e curto prazo.
Do que se trata e o que prevê o planejamento de longo prazo?
O planejamento de longo prazo vai desde a atualidade até o fi nal
da capacidade potencial de um equipamento ou empreendimento
turístico. Os planos de longo prazo estão voltados para metas e
objetivos específi cos predeterminados. Seu período de duração
depende muito dos acontecimentos e da dinâmica turística em
todos os níveis. Beni (2000, p. 165) estima que o tempo de
duração para o planejamento em longo prazo deve ser de 10
a 15 anos, podendo diminuir ou se estender. O mesmo autor
comenta que esse tempo é necessário para “implementar a política
e estruturar os planos” para que se atinja o desenvolvimento
almejado.
Do que se trata e o que prevê o planejamento de medio prazo?
O objetivo principal do planejamento turístico em médio prazo
é implantar as ações propostas em longo prazo, visando atender
aos desejos e necessidades da demanda turística. A subordinação
ao plano de longo prazo deve ser observada sob pena de se
arruinar todo o planejamento de uma localidade. De acordo com
Ruschmann (1997, p. 93 − Sic), “o horizonte do planejamento
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Unidade 4
a médio prazo costuma ser fi xado em cinco anos para as
destinações turísticas que se deseja recolocar adequadamente, e
também para núcleos novos.”
Do que se trata e o que prevê o planejamento de curto prazo?
A fase inicial da hierarquia na implantação de equipamentos e
no desenvolvimento de atividades em locais turísticos é chamada
de planejamento em curto prazo. Segundo Beni (2000, p. 165),
esse tipo de projeto “está mais direcionado à identifi cação e
solução de questões imediatas para mudar rapidamente situações
futuras e enfrentar legal e institucionalmente as transformações
necessárias.”
A Política Nacional de Turismo iniciou em 1966, com a criação do Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) – hoje o Instituto Brasileiro de Turismo, sob a mesma sigla. Esse atraso no início das políticas para a organização e planejamento do turismo vem afetando a atividade até os dias de hoje. “O que foi planejado e realizado abordou o turismo apenas como um fenômeno econômico gerador de divisas.” (BARRETTO, 1996, p. 99)
Você, acadêmico de turismo, precisa entender que o turismo é
muito mais que um fator de incremento do PIB (Produto Interno
Bruto). A política e as diretrizes para o planejamento do turismo
no Brasil e no mundo devem, obrigatoriamente, observar o
caráter social e humano da atividade e suas implicações nas
comunidades residentes nos núcleos receptores.
Voltemos ao início: O que é planejar? Agora, você já tem uma
defi nição, depois de tudo o que estudou, aliado ao que você já
tinha de conhecimentos prévios, não é mesmo?
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Então, como forma de você contar com uma “ferramenta”
facilmente disponível, quando o assunto for planejamento,
lembre-se também do seguinte:
O QUE É PLANEJAR?
planejar é pensar no futuro;planejar é controlar o futuro;planejar é tomar decisões;planejar é tomar decisões de maneira integrada;planejar é formalizar (decompor, articular e racionalizar) um processo visando a produzir um resultado articulado em forma de um sistema integrado de tomada de decisões.Planejar também é... (acrescente seu ponto de vista)
Você viu, portanto, nesta seção 2, alguns signifi cados do
planejamento e a extrema importância deste no setor; ele exige,
não só das autoridades governamentais, mas também do setor
privado e de todas as comunidades receptoras de turismo.
Passaremos para a seção 3 desta unidade, onde estaremos
entrando no “mundo fantástico e dinâmico” do marketing.
Prepare-se, organize-se e junte-se a nós para mais uma jornada
de conhecimentos.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
SEÇÃO 3 – Marketing turístico
Marketing! Que palavra é essa? Certamente não é nenhum termo estranho, não é mesmo?
Vamos avançar um pouco? Como você fi cou sabendo do Curso de Turismo? Que espécie de atrativo motivou você a cursá-lo? Quem o infl uenciou? De que forma?
Será que isso tem a ver com “marketing”?
Vamos ver? Acompanhe com atenção, pois no fi nal deste tópico você vai utilizar esses conhecimentos para realizar uma atividade. Já imagina qual é, não é? Então concentre-se, e mãos à obra!
Bem, o turismo é um produto intangível que depende muito do
marketing para aproximar produtores a consumidores, ainda mais
considerando-se que estes estão distantes do produtor.
Veja algumas defi nições de marketing e a sua trajetória histórica,
além de todos os itens que compõem o denominado “ambiente
de marketing”, antes de abordarmos especifi camente o marketing
turístico. Estas foram compiladas por Bonduki (2003, p. 9 - 11)
a intangibilidade aqui se refere à impossibilidade de tocar, sentir, cheirar e mesmo escutar o turismo
“Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos/serviços de valor com outros.” (KOTLER, 2003)
“Marketing é um sistema global de atividades comerciais interatuantes destinados a planifi car, calcular preços de venda , promover e distribuir produtos/serviços que satisfaçam a uma necessidade de compradores atuais e futuros.” (STANTON, apud BONDUKI, 2003)
“Marketing é o conjunto de atividades que visa levar ao consumidor um produto ou serviço que venha ao encontro de suas necessidades, no momento e no local certos, por um preço justo, através de canais de distribuição e meios de comunicação adequados, a fi m de obter, para a empresa, um lucro apropriado”. (CASTELLI, apud BONDUKI, 2003).
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A melhor maneira de defi ni-lo está na sua tradução. Market
em inglês quer dizer mercado (substantivo) ou comercializar
(verbo). O ing, normalmente, representa um verbo quando
aplicado no gerúndio. Portanto, o mercado em ação, ou
simplesmente comercializando, seriam as defi nições literais
mais próximas. Como o mercado defi ne-se como o espaço
onde ocorre o fenômeno da troca (intercâmbio entre oferta
e procura), o marketing passa a ser nada mais do que a busca
constante da compreensão deste ambiente, para que a oferta
(organizações) possa satisfazer as necessidades e desejos
constantes da demanda (clientes efetivos e potenciais).
(ANDRADE, 1998, p.12)
Um pouco de história... Evolução ou transformação?
Para efeito dessa abordagem, nesta seção 3, optou-se por explorar
melhor a idéia de marketing através da análise da evolução das
forças e da evolução dos diversos estágios de desenvolvimento
econômico.
a) Evolução das forças − O homem, para produzir, inicialmente
utilizava a sua força física. Para obter-se produção, os métodos
aplicados eram aqueles relacionados com o castigo, com o
sofrimento e o medo. Isto é facilmente perceptível ao longo da
história pelo advento da escravidão, que evidencia o processo
evolutivo da produção. A força muscular foi utilizada por
centenas de anos e sabe-se hoje, através da psicologia, que o
processo de coação limita ou mesmo elimina a criatividade. Têm-
se exemplos clássicos do uso dessa força muscular: as obras das
pirâmides do Egito, da muralha da China, entre outros que ainda
se fazem presentes.
“Marketing são as atividades sistemáticas de uma empresa, voltadas à busca e realização de trocar com seu meio ambiente, visando benefícios específi cos.” (RICHERS, apud BONDUKI, 2003)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Saiba mais?
Que a Revolução Industrial veio substituir a força muscular pela força das máquinas?
Que, com o aumento gradativo das invenções, as máquinas passaram a exercer 90% da força para a produção de bens de consumo em detrimento da força muscular?
Que o consumo dessa época, ou seja, os anseios, gostos e necessidades dos clientes não eram considerados, uma vez que a preocupação dos comerciantes era simplesmente a de vender e distribuir aquilo que era produzido?
Que a demanda superava a oferta, comprava-se o que era colocado no mercado e o nível de vida predominante na época era muito baixo?
Que, no entanto, com o passar do tempo, a produção igualou-se e eventualmente superou a demanda, fazendo surgir então a necessidade de técnicas apropriadas para a conquista de novos mercados?
Podemos afi rmar que, a partir desse ponto, chega-se ao início da
concepção básica de marketing moderno: “produzir aquilo que o
consumidor deseja”.
Os empresários começaram a voltar suas atenções para as
necessidades e anseios desses consumidores, objetivando garantir
sua produção. A produção tomou um ímpeto vertiginoso
de proporções complexas, que fez surgir a força cibernética,
caracterizada pelo advento da informática, em que a máquina
controla a produção com vistas a incrementar a produtividade.
b) Evolução dos estágios de desenvolvimento econômico − A
análise deste enunciado também facilita a idéia do marketing.
Apesar de não apresentarem uma característica cronológica,
esses estágios demonstram a dependência do marketing com as
características da economia.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
As sociedades primitivas, em geral, executavam em comum as
tarefas econômicas, não havia trocas, que é a base do conceito
de marketing. A simples troca de produtos entre consumidores
introduziu a base para a formulação do conceito de marketing.
Após as trocas efetuadas entre consumidores, registrou-se o
estágio dos mercados, no qual os produtos eram expostos para
serem comercializados. De acordo com Kotler (1994, p.27), “o
aparecimento da especialização na venda ampliou o conceito de
marketing: marketing era o processo de troca de bens econômicos
e o conjunto de instituições especializadas que facilitavam a
troca.”
O estágio da economia monetária (com a respectiva introdução da moeda) é alcançado quando se fi rma o processo de trocas e instituições especializadas.
Na seqüência, passou-se para o estágio do capitalismo inicial, em que a produção não era somente vista como fator de sobrevivência, mas também como possibilidade de ganho. Iniciou-se a troca de bens e serviços em excesso pelo trabalho de outros homens, fazendo surgir daí as classes dos proprietários, dos trabalhadores e dos comerciantes.
Após o capitalismo primitivo, surgiu o estágio da produção em massa, conseqüência lógica do crescimento populacional, do desenvolvimento dos grandes centros urbanos, da melhoria da qualidade de vida, etc. A produção em grande escala tomou forma, fazendo com que os empresários passassem a se preocupar com seus mercados. Várias atitudes modernas de marketing surgiram nesse período, como, por exemplo, atribuição de marca, uso de embalagem, publicidade, promoção de vendas, entre outros.
De acordo com Kotler (1994, p.32), “em uma economia de
produção em massa, marketing tornou-se o nome para toda
a variedade de atividades empresariais, levada a efeito pelos
vendedores, a fi m de que fosse melhorado e estimulado o fl uxo de
bens e serviços desde os produtores até os consumidores.”
Dentro do processo evolutivo dos estágios de desenvolvimento
econômico, chega-se fi nalmente à sociedade afl uente. Esta é a
situação em que nos encontramos; em outras palavras, situação
na qual a oferta de bens e serviços é maior que a demanda.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
A sociedade afl uente é “aquela constituída por pessoas que têm um excedente em dinheiro em relação as suas necessidades biológicas básicas e elas constituem um mercado considerável para bens e serviços que procuram satisfazer necessidades e desejos psicológicos, sociais e culturais. Em tal sociedade, os produtores e vendedores de serviços têm que pesquisar com profundidade a questão do que as pessoas desejam, ao invés do que elas necessitam, e ajustar as suas capacidades produtivas e suas linhas de produtos com vistas a atender estes desejos interpretados.” (KOTLER, 1994, p. 32-3 −Sic).
Segundo, ainda, Kotler (1994, p.36), “marketing é o conjunto
de atividades humanas que tem por objetivo facilitar e consumar
relações de troca.”
Nessa defi nição, Kotler chama a atenção para alguns aspectos:
o marketing está localizado especifi camente no campo
das atividades humanas;
o marketing visa a facilitar e a realizar trocas;
a defi nição não especifi ca o que está sendo trocado: são
coisas de valor;
a defi nição evita assumir o ponto de vista quer do
comprador, quer do vendedor;
a defi nição de marketing deve inserir três elementos
essenciais:
duas ou mais partes que estão potencialmente
interessadas em trocas;
cada uma das partes contém coisas de valor para a
outra;
cada uma das partes é capaz de comunicação e de
entrega.
1.
2.
3.
4.
5.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Em seguida você terá oportunidade de analisar um quadro
em que se resume a transformação do marketing na história,
bem como uma defi nição. A partir daí prosseguimos com os
principais componentes do estudo do marketing. Vamos lá?
(...) como uma disciplina, é um fenômeno do século XX e da cultura norte americana. Por volta de 1915, marketing começou a ser reconhecido e justifi cado como uma disciplina. De 1915 a 1930, os conceitos, fatos e idéias de marketing começaram a ser integrados e os primeiros livros de marketing básico foram escritos; cursos foram, também, estruturados nas áreas de comércio atacadista, pesquisa em marketing, gerência de vendas, crédito e cobrança, varejo, propaganda e venda pessoal; de 1930 a 1940, continuou a solidifi cação e institucionalização do marketing. Após a Segunda Guerra Mundial, a grande novidade foi a implantação do enfoque da Gerência de Marketing. Nessa fase, a atenção foi dirigida à orientação para o cliente e para os aspectos da tomada de decisão em marketing. Nos anos de 1950, surgiu o conceito de empresa orientada para o cliente (“Costumer Oriented Enterprise”), segundo o qual uma empresa diz-se orientada para o cliente, ou para marketing, quando a sua existência e todas as suas atividades são regidas pelas necessidades e pelos desejos do cliente e do cliente potencial. Nos anos de 1960, nasceu o campo de estudo do comportamento do consumidor, o qual pertence a marketing. Nos anos de 1970, verifi cou-se um grande impulso nas pesquisas em marketing devido ao desenvolvimento da computação eletrônica. Nos anos de 1980, veio à tona uma maior preocupação com a ética e os aspectos sociais do marketing. Nos anos de 1990, o Marketing Global, atendendo à globalização, transações interculturais. (MAYA, 1995, p. 2).
Quadro 4.3: O estudo do marketingFonte: Adaptado de MAYA, 1995, p. 2
O processo de marketingSegundo KOTLER E ARMSTRONG (1999, p.29), “o processo
de marketing consiste em analisar as oportunidades de marketing,
selecionar os consumidores-alvo, desenvolver o mix de marketing
e administrar o esforço de marketing.” De acordo com a citação,
pode-se perceber que é durante esse processo que se defi nide a
missão da empresa, os objetivos gerais a serem alcançados e as
estratégias que serão utilizadas.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Nessa perspectiva, os consumidores-alvo são considerados a
parte central dentro deste processo, e é na total satisfação desses
clientes, que devem estar voltadas todas as forças da empresa, no
sentido de conhecer as suas necessidades e desejos. As estratégias
de marketing a serem utilizadas devem estar totalmente adaptadas
a estas necessidades e devem se sobressair às estratégias utilizadas
pelos concorrentes, no intuito de oferecer uma força maior do seu
produto em relação aos demais que estão no mercado.
Para desenvolver o mix de marketing, a empresa deve planejar
ações que possam infl uenciar a demanda do seu produto
propriamente dito, levando em conta o perfi l do próprio
produto, seu preço, e os locais em que ele será disponibilizado
e, fi nalmente, a maneira pela qual ele será divulgado para este
mercado especifi camente.
Administrar os esforços de marketing consiste em analisar o mercado como um todo, planejando detalhadamente as ferramentas que serão utilizadas para atingir os objetivos e metas da empresa, colocar essas estratégias em prática, não esquecendo no entanto de controlar constantemente, ao longo do processo, se essas estratégias continuam com a mesma efi cácia que tinham no momento de sua implantação.
O processo de marketing nada mais é do que uma análise
aprofundada de cada um dos componentes do ambiente de
marketing, levando-se em consideração todas as variáveis,
controláveis e incontroláveis presentes no mercado, que serão
mais bem detalhadas a seguir. Pense nisso!
O Ambiente de Marketing
O ambiente de marketing é composto de forças e fatores que
alteram a maneira da empresa interagir com seu mercado alvo
de forma efi caz. Estão contidas dentro desse ambiente ameaças
e oportunidades, e as empresas devem levar em consideração
a importância destas forças e estar adaptada a elas a fi m de
conquistar o sucesso de seu empreendimento.
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“Ambiente de marketing é constituído de atores e forças externas ao marketing que afetam a capacidade da administração de desenvolver e manter bons relacionamentos com seus consumidores.” KOTLER E ARMSTRONG (1999, p. 46)
O ambiente de marketing pode ser dividido em microambiente e
macroambiente. Vamos conhecer cada um deles:
a) Microambiente de marketing
O microambiente de marketing é composto por forças próximas
à empresa e sobre as quais a empresa tem algum controle,
motivo pelo qual podem ser chamadas de variáveis controláveis.
Compõem o microambiente de marketing:
o ambiente interno da empresa, onde se percebe a
necessidade de uma total integração do departamento de
marketing com todos os demais, sejam eles de fi nanças,
compras ou administração, entre outros, em busca de um
maior sucesso da organização;
os fornecedores, pois deles dependem os suprimentos
necessários para a produção dos bens ou serviços a que a
empresa se destina;
os intermediários de marketing, que são outras
instituições que ajudam a empresa a colocar o seu
produto no mercado, tais como, pontos de distribuição,
instituições fi nanceiras e qualquer outra empresa que, de
maneira direta ou indireta, colabore para o sucesso da
empresa;
os consumidores, que são os clientes que irão consumir o
produto ou serviço. A eles a empresa deve destinar uma
atenção especial, levando em consideração, que para cada
segmento diferente, deve ser aplicada uma estratégia
também diferente;
os concorrentes, pois signifi cam um enorme ponto
estratégico para a empresa. Os produtos e estratégias
adotadas pela concorrência devem ser exaustivamente
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
examinados, para que a empresa consiga alcançar
estratégias mais efi cientes do que as adotadas pela
concorrência;
os públicos, que são formados por quaisquer grupos que
tenham interesse ou possam infl uenciar nas estratégias
adotadas pela empresa para alcançar seus objetivos,
tais como, canais de mídia, segurança e legalidade do
produto, a imagem da empresa perante o público, entre
outros.
b) Macroambiente de marketing
O macroambiente é formado por fatores que infl uenciam todos os
componentes do microambiente, e a empresa não tem condições
de alterá-los nem de agir sobre eles. Por esse motivo esses fatores
são chamados de variáveis incontroláveis; são elas:
o ambiente demográfi co, pois o crescimento
populacional infl uencia diretamente o desempenho do
mercado, devendo então as organizações estar atentas a
todas as mudanças e às tendências do mercado como um
todo;
o ambiente econômico, pois as transformações neste
ambiente afetam diretamente o poder de compra dos
consumidores;
O ambiente natural, que atualmente é considerado
um fator preponderante para o sucesso de muitas
organizações por sua infl uência direta na administração
da empresa, como escassez de matéria prima, custo de
energia, aumento de poluição entre outros;
o ambiente tecnológico, que atualmente talvez signifi que
a maior força que pode agir sobre uma empresa; os
avanços na área de tecnologia geram inúmeras novas
oportunidades de mercado;
o ambiente político, composto por leis, atos
governamentais ou grupos de pressão que podem limitar
ou coibir o sucesso da empresa;
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o ambiente cultural, em que todos os aspectos culturais
da sociedade como um todo têm demonstrado uma
menor lealdade a uma determinada organização, maior
patriotismo e conservadorismo e valorização da natureza
em busca de valores signifi cativos e duradouros.
Como se percebe o ambiente de marketing é amplo e complexo,
mas as infl uências
que emanam de seus aspectos são decisivos para o êxito de
qualquer atividade de marketing que a empresa pretenda
adotar. As características do ambiente de marketing são parte
preponderante dentro do planejamento de marketing, conforme
poderemos observar na continuação.
Planejamento de marketingPlanejamento de marketing é um documento no qual se
especifi cam as decisões a serem adotadas em relação ao
mercado; ao tipo de produto; aos canais de distribuição que serão
utilizados para que o produto chegue ao consumidor; aos preços
que serão aplicados e às atividades de promoção e vendas que
serão desenvolvidas no processo de comercialização.
“O planejamento de marketing implica decidir quais estratégias de marketing devem ser usadas para a empresa atingir seus objetivos estratégicos gerais.” (KOTLER e ARMSTRONG, 1999, p.33)
Deve-se iniciar o processo de planejamento com um resumo
executivo, contendo as metas e recomendações a serem seguidas,
a fi m de facilitar que sejam detectados os principais pontos do
plano.
Logo a seguir, deve ser defi nido o mercado-alvo e a posição da
empresa dentro dele, contendo análise do mercado, um profundo
exame do produto, a identifi cação dos concorrentes e, fi nalmente,
devem ser analisadas as tendências de vendas e dos canais de
distribuição.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Um estudo das ameaças e oportunidades do produto também
deve fazer parte do planejamento de marketing, a fi m de que
sejam evitados, ou pelo menos reduzidos, possíveis impactos que
elas possam causar dentro da empresa. Logo em seguida devem
ser traçados os objetivos ou as metas a serem alcançados com o
planejamento.
Só então devem ser defi nidas as estratégias de marketing a serem
utilizadas, especifi cando-se segmentos de mercados a serem
focados, priorizando-se os mais vantajosos no ponto de vista da
concorrência.
Essas estratégias de marketing deverão se transformar em um
plano de ação que demonstre: o que será feito; quem será o
responsável; e qual será o custo desta ação. Com base no plano de
ação deverá ser criado um orçamento de marketing, em que serão
relacionados os lucros e as perdas que este planejamento poderá
ocasionar.
Por fi m, um planejamento de marketing deverá conter ferramentas
de controle, a fi m de que sejam monitorados os progressos do
produto dentro do mercado.
Você sabia ?
Que muitos administradores acham que “fazer coisas da forma certa” (implementação) é tão importante ou até mesmo mais importante do que “fazer as coisas certas” (estratégia)? A verdade é que ambas são vitais para o sucesso, mas as empresas podem ter vantagens sobre seus concorrentes através de uma implementação efi caz. Uma fi rma pode ter basicamente a mesma estratégia que a outra, mas ganhar mais mercado em razão de uma execução mais rápida ou melhor. Porém a implementação é difícil; é sempre mais fácil pensar em boas estratégias de marketing do que executá-las. (KOTLER e ARMSTRONG, 1999, p.35)
No entanto, planejar é apenas o começo do processo, é necessário
que todas estas estratégias sejam colocadas em prática. A
implementação mercadológica irá transformar as estratégias e
planos de marketing em ações de marketing, para que os objetivos
propostos sejam atingidos.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Marketing e Estratégias
“Estratégia de marketing é a lógica pela qual a unidade de
negócios espera atingir seus objetivos de marketing.”
(KOTLER E ARMSTRONG, 1999, p.35)
Mas você pode perguntar: O que isso signifi ca? Veja:
As estratégias de marketing devem ser traçadas de modo
que estejam adaptadas aos seus consumidores, detalhando os
segmentos de mercado a serem atingidos, suas necessidades e
desejos, de modo que façam frente às estratégias adotadas pelos
concorrentes.
Outro fator preponderante a ser observado, quando traçadas
as estratégias mercadológicas, são as variáveis controláveis de
marketing, que a empresa pode utilizar para obter a resposta que
deseja junto ao público-alvo.
Para atingir tal objetivo a disciplina de marketing desenvolveu a tipologia dos quatro Pês (produto, preço, promoções e ponto de distribuição) servindo de alicerce teórico aos profi ssionais do ramo responsáveis pela elaboração das estratégias que venham ao encontro dos anseios de seus consumidores efetivos e potenciais. A identifi cação do melhor produto, a estipulação do melhor preço, a escolha dos melhores canais de distribuição e a elaboração das melhores táticas promocionais (promoção de vendas, venda pessoal, propaganda, relações públicas, marketing direto e merchandising), formam juntas o grande desafi o do marketing. (ANDRADE, 1998, p.12)
Essas variáveis são conhecidas como os “quatro Ps”: produto,
preço, praça e promoção:
Produto − Reunião de bens ou serviços que são
oferecidos no mercado;
Preço − Valor monetário a ser pago pelo produto;
a)
b)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Praça − Localidade em que o produto estará à disposição
dos consumidores;
Promoção − Forma como serão divulgadas as
peculiaridades do produto e como os consumidores-alvo
serão persuadidos a adquirir o produto.
Devem ser levadas em consideração também as variáveis
incontroláveis, que são aquelas sobre as quais a empresa não pode
agir nem modifi car, mas que interferem diretamente no sucesso
das estratégias adotadas. A importância de conhecer o mercado
como um todo, pode ser verifi cada conforme a seqüência.
Entretanto, para que tais estratégias sejam confeccionadas,
é preciso que a empresa obtenha continuamente um volume
signifi cativo de informações sobre o mercado. A coleta constante
de dados sobre os consumidores, concorrência e sobre o ambiente
que o cerca, servirão para a formação do Sistema de Informações
de Marketing (SIM), que auxiliará na tomada de decisões
estratégicas da empresa. Surge então algumas outras ferramentas
fundamentais para o marketing, como a pesquisa mercadológica
e o sistema de atendimento ao cliente. Elas têm por objetivo
captar dados junto ao mercado consumidor e transformá-lo em
informações úteis para o processo de tomada de decisões da
empresa. Uma vez identifi cadas as necessidades e desejos dos
consumidores, as características dos concorrentes e as tendências
gerais do mercado, a empresa está apta a elaborar estratégias de
marketing efi cazes, tornando-se assim competitiva no mercado.
(ANDRADE, 1998, p.12)
Marketing TurísticoDe acordo com Kotler (1994, p. 403) “um serviço é qualquer ato
ou desempenho que uma parte pode oferecer a outra e que seja
essencialmente tangível e não resulta na propriedade de nada. Sua
produção pode ou não estar vinculada a um produto físico.”
As características especiais normalmente atribuídas aos
serviços, e aqui se encontra o turismo, − inseparabilidade,
intangibilidade, perecibilidade e heterogeneidade − fazem com
que um “marketing de sucesso” dos serviços seja mais difícil
c)
d)
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do que aquele de bens físicos e, portanto, um tipo diferente de
marketing é necessário. (KOTLER, 1999, p.54)
Inseparabilidade signifi ca que o produtor do serviço se
torna parte de um serviço total, assim como um caixa
de banco se torna parte de uma experiência bancária.
Além disso, inseparabilidade signifi ca que produção e
consumo de um serviço ocorrem simultaneamente, e não
seqüencialmente.
Intangibilidade signifi ca que os serviços não podem ser
erguidos, transportados, sentidos ou vistos. Portanto a
qualidade dos serviços é muito mais difícil de se avaliar
do que a qualidade para os bens. Equilíbrio entre oferta e
demanda torna-se mais difícil, haja vista que os serviços
não podem ser estocados. E preços são mais difíceis
de defi nir, uma vez que os consumidores acham difícil
determinar uma relação entre preço e valor.
Perecibilidade relaciona-se com a natureza efêmera dos
serviços. Ou eles estão disponíveis e são consumidos
de certa forma simultaneamente, ou eles são perdidos.
Como resultado, eles não podem ser inventariados para
uso após produção.
Heterogeneidade signifi ca que os serviços nunca são os
mesmos de uma experiência de consumo com outra. Um
corte de cabelo, mesmo que feito pelo mesmo cabeleireiro
na mesma hora e no mesmo dia da semana, será diferente
do corte anterior. Portanto, padronização do produto
serviço e, conseqüentemente, controle de qualidade, é
difícil de alcançar. Profi ssionais de marketing turístico
são consideravelmente desafi ados para administrar as
características dos serviços a fi m de permitir que os
mesmos sejam comercializados através de fronteiras
nacionais.
a)
b)
c)
d)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Devido a um bem ser algo físico, ele pode ser visto e tocado. Você pode experimentar uma camisa Benetton, folhear o último número da revista People, sentir o cheiro do café colombiano no momento em que for preparado. Um bem é um item tangível. Quando você o compra, passa a possuí-lo. Geralmente, é muito fácil você ver exatamente o que acabou de comprar. Por outro lado, serviço é uma ação desempenhada por uma parte a outra. Quando você fornece um serviço a um consumidor, ele não pode conservá-lo. Pelo contrário, um serviço é experimentado, usado ou consumido. Os serviços não são físicos, são intangíveis. Você não pode carregar um serviço e pode ser difícil saber, exatamente, o que obterá quando comprá-lo. (DAHRINGER, 1990, p. 15)
Defi nição de marketing turísticoBem, para Jost Krippendorf (1991), “Marketing é a adaptação
sistemática e coordenada da política das empresas de turismo,
assim como da política turística privada e do Estado,
sobre o plano local, regional, nacional e internacional,
visando a plena satisfação das necessidades de grupos
determinados de consumidores, obtendo-se com isto um
lucro apropriado.”
No entanto, após abordar os elementos que diferenciam o
marketing turístico (ou de serviços), do marketing de produtos,
deve-se ressaltar a necessidade de um planejamento estratégico
e de marketing que faça uso das ferramentas mercadológicas
adequadas ao sucesso, seja do produto ou do serviço a que estas
estratégias se destinem.
Para efeito de estudo desta seção, iremos ressaltar a importância
da utilização da ferramenta de marketing promocional no
segmento turístico.
Promoção, segundo Acerenza (1991, p.34), “é uma atividade
destinada à informação, persuasão e infl uência sobre o cliente”, da
qual fazem parte as seguintes atividades:
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Propaganda − Técnica de divulgação das qualidades,
preços, benefícios proporcionados e necessidades
atendidas pelo produto ou serviço. Dentro do segmento
turístico tem a fi nalidade de popularizar e divulgar
a localidade turística, fazendo uso de mensagens
adequadas e utilizando a mídia mais apropriada (TV,
rádio, jornal, etc.).
Promoção de Vendas − Atividade que envolve algum
tipo de vantagem ao consumidor, com o propósito de
chamar sua atenção, para que posteriormente ele venha a
consumir o serviço. Pode-se fazer uso de sorteio, brindes,
descontos, etc., ou qualquer tipo de incentivo para que o
público-alvo conheça a localidade turística e os serviços
nela prestados.
Vendas − É a comercialização propriamente dita,
desempenhada pelas empresas relacionadas com a
atividade turística da localidade, operadoras, agentes de
viagens, etc..
Relações Públicas − Atividade que oferece informações e
elementos capazes de divulgar a localidade e reforçar sua
imagem. Atuam junto com os diversos tipos de mídia,
como reforço da atividade de venda, participando de
feiras e congressos ou atuando como patrocinadores e
colaboradores de forma institucional.
Como se percebe, todas as ferramentas de marketing promocional
estão interligadas, e em todas elas são utilizados os chamados
materiais de apoio como:
folder;
cd-rom;
folhetos explicativos;
vídeos;
mala direta;
stands;
workshops.
a)
b)
c)
d)
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Para que haja uma boa harmonia dentro do marketing turístico,
deverá ocorrer um entrosamento entre os atrativos turísticos, as
facilidades turísticas e os serviços prestados.
BENS E PRODUTOS PRODUTO TURÍSTICO
São materiais, tangíveis e podem ser avaliados previamente por uma amostra.
É material e intangível, podendo ser visto antes da compra por meio de sua imagem.
A produção ocorre, em geral, anteriormente ao consumo e em local distinto.
A produção e o consumo ocorrem no mesmo lugar.
Em geral, podem ser transportados. É necessário que o turista se desloque até o produto, que não pode ser transportado.
Podem ser estocados e vendidos a posteriori. Não pode ser estocado. Se não for vendido, é perdido.
Passíveis de controle de qualidade. Difi cilmente sua qualidade pode ser controlada.
Não há, necessariamente, complementaridade entre os produtos.
Existe complementaridade entre os elementos que compõem o produto turístico.
Demonstram ocorrência menor de sazonalidade. É mais suscetível à sazonalidade.
São mais fáceis de serem adaptados às alterações do público consumidor.
É estático, ou seja, é impossível mudar sua localização e é difícil alterar suas características.
São passíveis de transferência por venda ou doação a outro consumidor.
Uma vez adquirido, não pode ser vendido novamente pelo turista.
Passam a ser uma propriedade do consumidor.Não passa a ser propriedade do consumidor pela compra. O turista, por exemplo, não leva consigo o hotel, mas sim fotos e recordações.
Quadro 4.4: Comparação entre bens e produtos gerais e produtos turísticos Fonte: Bacal e Rejowski, apud Moraes (1999, p. 25) In: Ansarah (1999).
Conforme o expresso no quadro, o produto turístico tem
características especiais que devem ser levadas em conta quando
se estabelecem as estratégias de segmentação.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Com o uso dessas estratégias, torna-se possível conhecer os
principais destinos geográfi cos, os tipos de transporte, o perfi l
do turista (faixa etária, capacidade de compra, condições sociais,
escolaridade, ocupação, estado civil, motivações, etc.), o ciclo de
vida do produto, a elasticidade no preço da oferta e da demanda,
facilitando o atendimento dos desejos dos turistas.
Portanto, com a apresentação das características que diferenciam
os produtos dos serviços, vamos encerrando a seção 3 desta
Unidade 4. Devemos destacar que o estudo do marketing é
bastante complexo e envolve uma série de conhecimentos, que
são disponíveis, a partir do estudo mais aprofundado de outras
áreas. De toda forma, ao que mais devemos nos ater, em relação
ao marketing turístico, é que necessitamos de conhecimentos
básicos do “fenômeno” marketing, para então poder aplicá-lo
adequadamente ao “fenômeno” turístico.
Lembra-se do que foi mencionado no início do livro? sobre a
elaboração uma atividade? Pois é, chegou o momento de exercitar
seus conhecimentos de marketing.
Você tem acompanhado as campanhas relacionadas ao turismo? Qual seu ponto de vista? As que você conhece o que expressam? Fazem sentido? São coerentes? Atraiam o turista para seu objetivo? Expressam a realidade? E sua criatividade como está? Vamos verifi car?
Nesta unidade você conheceu as possibilidades de marketing turístico e verifi cou que as ferramentas de marketing promocional estão interligadas, e em todas elas são utilizados os chamados materiais de apoio como: folder; cd-rom; folhetos explicativos; vídeos; mala direta; stands; workshops.
Pense numa campanha publicitária utilizando as ferramentas que atendem seus objetivos. Destaque o título da sua campanha, descreve a fi nalidade e a justifi cativa para sua veiculação.
Visualize sua campanha, planeje sua “arte publicitária” e invista na sua criatividade! Projete no seu pensamento o possível resultado, pense no produto fi nal e para que obtenha o sucesso desejado dedique-se ao máximo na atividade!
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
Síntese
Nesta Unidade você verifi cou que as organizações de Turismo
têm por obrigação implantar as políticas de turismo para as
regiões. Elas podem ser entidades públicas, centralizadas ou
descentralizadas, podem ser privadas ou mistas, mas todas têm
por fi nalidade o planejamento e o fomento ao desenvolvimento
do turismo.
Também foi possível verifi car que estas organizações são bastante
jovens, em todo o mundo. Isto signifi ca que muito ainda deverá
ser feito. No Brasil, existem também órgãos em nível federal,
estadual e municipal, sendo que nos dois últimos níveis não existe
uma nomenclatura padronizada.
Foi ainda possível verifi car que existem diversas organizações
não-governamentais que se preocupam com o planejamento e
com o desenvolvimento do turismo. Estas organizações buscam
sempre fazer com que as políticas de desenvolvimento turístico
sejam sempre alimentadas pela presença constante de pessoas
e entidades que manifestam a preocupação com o turismo
sustentável.
Já na seção 2, abordamos de forma bastante objetiva o
planejamento turístico, sendo que na primeira parte explicamos
primeiro o que é efetivamente planejamento e quais as variáveis
que o compõem, tais como: objetivos, enfoques, prazos, entre
outros. O domínio dessas variáveis é muito importante para
você, estudante de turismo, pois, como bem sabemos, existe uma
enorme carência de profi ssionais graduados na área que atuam
especifi camente com o planejamento turístico. Destacamos
ainda um quadro com as principais atribuições tanto por parte
do Estado quanto da iniciativa privada, em se tratando de
planejamento turístico.
A última seção desta Unidade tratou especifi camente do
marketing. Como forma de facilitar o seu entendimento optamos
por uma apresentação do conteúdo de forma a possibilitar uma
melhor percepção: vimos os conceitos, tratamos brevemente
da evolução histórica, destacamos a relação da economia com
o mercado (através dos modos de produção), trabalhamos o
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Universidade do Sul de Santa Catarina
ambiente de marketing e, ao fi nal, conceituamos marketing
turístico. Não podemos nos esquecer da importância do
planejamento de marketing, e também das ferramentas utilizadas
para uma promoção.
Quando ocorre uma “simbiose” ajustada entre o turismo e o
marketing, vários são os benefícios gerados, principalmente
para as comunidades receptoras de turismo. E, para fi nalizar,
você não pode esquecer que, na atual velocidade em que se dão
as mudanças, a atualização constante nesta área específi ca de
marketing é pressuposto básico, para que você seja um profi ssional
de qualidade.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência, as atividades propostas.
1) Explique quais as principais atribuições das organizações de turismo.
2) Em qual nível, você acredita, que as organizações turísticas são mais importantes: nível federal, estadual ou municipal? Justifi que sua resposta.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 4
3) Descreva o que é planejamento turístico.
Saiba mais
Para conhecer mais detalhes acerca dos conteúdos desta unidade,
sugerimos algumas obras para pesquisa:
ACERENZA, M.Á. Promoção turística: um enfoque
metodológico. São Paulo: Pioneira, 1991.
BLACKWELL, R.; ENGEL J.; Miniard, P. Comportamento
do consumidor. 8. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científi cos Editora S.A.
CASTELLI, G. Administração hoteleira. Caxias do Sul:
EDUCS, 2001.
KOTLER, P. Administração de marketing: análise,
planejamento, implementação e controle. 5.ed. São Paulo: Atlas,
1998.
KOTLER,P; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio
de Janeiro: LTC, 1999.
KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar,
conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999.
McKEENA, R. Marketing de relacionamento. Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
RUSCHMANN, D. Marketing turístico: um enfoque
promocional. Campinas: Papirus, 1991.
Para conhecer uma base de informações gerais, incluindo artigos
e notícias do turismo na Internet, sugerimos:
http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigos/artigos.htm
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5UNIDADE 5
Administrando o turismo para o mercado
Objetivos de aprendizagem
Reconhecer o signifi cado vital exercido pelo meio ambiente em relação ao Turismo.
Conhecer os princípios e as práticas para que o Turismo possa ser considerado sustentável.
Identifi car a tipologia turística e o seu amplo espectro.
Entender algumas das principais características e tendências da atividade turística na atualidade.
Seções de estudo
Seção 1 O turismo e o meio ambiente.
Seção 2 Turismo e desenvolvimento sustentável.
Seção 3 Tipologia turística.
Seção 4 O turismo na atualidade.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudoNesta unidade você terá a oportunidade de entrar em contato
com áreas muito interessantes da atividade turística. Sabemos do
papel vital que o meio ambiente exerce sobre as nossas vidas como
um todo e que a atividade turística não tem se caracterizado
como uma atividade em que a noção de conservação e
preservação ambiental é levada em consideração.
Como forma de complementar a abordagem inicial que será feita
sobre turismo e meio ambiente, trataremos de desenvolvimento
sustentável. Uma das premissas básicas para ter um turismo
realizado de forma sustentável é justamente a ordenação correta
das ações do homem sobre o meio ambiente.
Não menos importantes são as tipologias do turismo. Nesta
unidade você terá a possibilidade de conhecer os mais variados
tipos de turismo, que são reconhecidos e realizados diariamente
pelo mundo todo. Além de ser é um universo enorme e bastante
interessante é imprescindível o estudo a respeito.
Você também terá a possibilidade de conhecer e se posicionar em
relação à atividade turística na atualidade. Várias são as nuances
e as dinâmicas que caracterizam esta atividade nos dias atuais.
Será a possibilidade de você exercer o seu potencial refl exivo e
crítico, pois lhes serão oferecidos textos para que possa interagir
e debater.
Preparados? Então vamos embarcar nesta nova viagem de
descobertas e de curiosidades que permeiam o fantástico mundo
do turismo!
SEÇÃO 1 − O turismo e o meio ambiente
Você deve concordar que, com as transformações que vêm
ocorrendo no nosso planeta, não são poucas as referências feitas
à expressão “meio ambiente”, não é mesmo? Mas alguma vez
refl etiu criticamente sobre o que realmente este termo signifi ca?
Que sentidos ele assume nos diferentes contextos? O que você
pode associar a ele?
Vamos pensar sobre isso? Ou melhor... Podemos perguntar
também: O que é meio? O que é ambiente? E, ainda,... Que
Essa é uma tarefa muito difícil e pouquíssimos são os exemplos de núcleos receptores de turismo no mundo todo, que alcançaram tal condição!
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
relação tem o turismo com o meio ambiente? Tem relação?
Ah! É claro que agora você vai responder bem rapidinho: Ora,
não dá para separar o meio do turismo, dá? Um está no outro,
imbricado... Lembre o conjunto de elementos que se interligam
e se entrelaçam quando se trata do turismo... São fatores sociais,
culturais, econômicos e agora de ordem ambiental.
Veja como vamos agregando elementos e compondo um
“sistema”.
Não há como conceber o turismo longe do meio e do ambiente.
Concordamos nesse ponto, certo? Mas antes de discutir
essa questão, vamos a algumas noções básicas sobre o que
efetivamente constitui o meio ambiente.
Buscamos em Doris Ruschmann uma contribuição signifi cativa.
Acompanhe e veja o que ele aborda:
Como meio ambiente entende-se a biosfera, isto é, as
rochas, a água e a arquitetura que envolve a
Terra, juntamente com os ecossistemas que
eles mantêm.
Esses ecossistemas são constituídos de
comunidades de indivíduos de diferentes
populações (bióticos) que vivem numa
área juntamente com seu meio não vivente
(abiótico) e se caracterizam por suas inter-
relações, sejam elas simples ou mais complexas.
A inter-relação do turismo e do meio ambiente é
incontestável, uma vez que este último constitui-se a
“matéria prima” da atividade.
A deterioração das condições de vida nos grandes
conglomerados urbanos faz com que um número cada
vez maior de pessoas procure, nas férias e nos fi ns de
semana, as regiões com belezas naturais.
O contato com a natureza constitui, atualmente, uma das
maiores motivações das viagens de lazer, tanto no Brasil
como no exterior.
Adaptado de: RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável. Campinas: Papirus, 1997.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O meio ambiente é extremamente sensível (como,
por exemplo, praias e montanhas), portanto deve
necessariamente ser avaliada a intensidade do fl uxo
turístico de massa nestes locais.
O homem urbano, agredido em seu próprio meio, passa
a agredir os ambientes alheios. Trata-se de um círculo
vicioso que é preciso romper por meio de planejamento
dos centros urbanos e de medidas enérgicas que visem à
conscientização para a preservação dos meios naturais,
promovendo a sua conservação e perenização.
Agora que você já teve a possibilidade de conhecer um pouco
mais sobre conceitos e aspectos ligados ao meio ambiente e
um pouco mais da relação existente com a atividade turística,
passemos aos tópicos principais, os quais você deverá
compreender como maneira de poder formar uma opinião sobre
esta “interação” – turismo/meio ambiente.
Breve histórico de ecoturismo
Você já deve ter percebido que a história está
sempre presente nas nossas discussões, não é?
Mas o que seria do presente sem o passado? o
que fariam os homens se não considerassem as
práticas dos que vieram antes? Então vamos
lá. Comecemos com os ecoturistas. Quem
eram eles? Mas você sabe o que signifi ca ecoturismo? Falaremos
sobre isso, não se preocupe. Acompanhe.
Os primeiros ecoturistas foram os visitantes que
chegaram em massa aos parques nacionais de Yellowstone
e Yosemite, os viajantes que adentraram por Serengeti, na
África, há 50 anos, e os caminhantes que acamparam em
Anapurna, no Himalaia 25 anos mais tarde.
No século XX ocorreu uma modifi cação nas viagens
a áreas naturais. No início desse século, os safáris na
África eram utilizados para caça e captura de grandes
animais. Por volta da metade do século XX, os safáris
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
fotográfi cos eram mais populares do que os de caça. Em
meados de 1970 o turismo de massa e individual passou a
desrespeitar o habitat dos animais selvagens.
Há alguns anos a palavra ecoturismo e seus princípios não
existiam. Havia viajantes naturalistas, como Humboldt,
Darwin, Bates e Wallace. Mas suas experiências não
trouxeram nada de concreto, como, por exemplo, a intenção
na preservação de áreas naturais e nem vantagens no âmbito
sócio-econômico.
De acordo com Lindberg e Hawkins (1995, p.25), “foi
somente com o advento da viagem aérea a jato, com a
enorme popularidade dos documentários televisivos sobre
a natureza e sobre viagens, e com o interesse crescente
em questões ligadas à conservação e ao meio ambiente,
que o ecoturismo passou a ser verdadeiramente um
fenômeno característico do fi nal do século XX e, tudo
leva a crer, do século XXI,”
Desde 1990, muitas conferências e simpósios sobre
o ecoturismo estão sendo realizados. As instituições
públicas e privadas estão interessadas no tema. É o
momento de colocar em prática projetos concretos
que comprovem os benefícios sócio-econômicos que o
ecoturismo pode produzir.
Conceito de Meio AmbienteSe antes você viu o que está ligado ao meio ambiente, do que ele
é composto, os fenômenos que o agridem, entre outros aspectos,
agora vamos conceituá-lo ou tentar dar-lhe uma defi nição, com
base em conhecimentos científi cos e com a contribuição de
estudiosos da área. Vejamos:
Meio ambiente é a expressão usada para designar a interação
entre o conjunto das condições naturais, os organismos vivos
e os seres humanos com suas múltiplas e mútuas infl uências.
Concorda?
O meio ambiente, o sistema ecológico ou ainda o ecossistema
constituem-se num conjunto de elementos e fatores indispensáveis
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Universidade do Sul de Santa Catarina
à vida; isso é inegável, não é? Qualquer unidade que inclua
todos os organismos (a comunidade) de uma determinada área,
interagindo com o meio físico, constitui um sistema ecológico
ou ecossistema, onde há um intercâmbio de matérias vivas e não
vivas.
Segundo Souza e Corrêa (2000, p.99) o meio ambiente é “o conjunto de todas as condições e infl uências externas circundantes que interagem com um organismo, uma população ou uma comunidade, e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem”.
De acordo com Ely (1986, p. 03), o meio ambiente contém três
elementos chaves:
Meio Exterior: signifi ca que o meio ambiente é
tudo aquilo que cerca um organismo (o homem é um
organismo vivo), seja o físico (água, ar, terra, bens
tangíveis feitos pelo homem), seja o social (valores
culturais, hábitos, costumes, crenças), seja o psíquico
(sentimentos do homem e suas expectativas, segurança,
angústia, estabilidade);
Organismo: o conceito não especifi ca o organismo,
mas trata dos organismos bióticos (vivos), tais como, as
plantas e animais, entre os quais se destaca o homem;
Integral Desenvolvimento: os meios físico, social e
psíquico são os que dão as condições interdependentes
necessárias e sufi cientes para que o organismo vivo
(planta ou animal) se desenvolva na sua plenitude, sob o
ponto de vista biológico, social e psíquico.
Conforme o conceito anterior, o meio ambiente efetivo é todo
o meio exterior ao ser vivo. Esse meio exterior inclui os fatores
abióticos (não vivos) da terra: água, atmosfera, clima, sons,
odores e gostos; os fatores bióticos dos animais, plantas, bactérias
e vírus; os fatores sociais de estética e os fatores culturais e
psicológicos.
a)
b)
c)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
Conceito de ecoturismoAgora vamos ao conceito de ecoturismo? Vamos tomar dois
institutos importantes para oferecer a você uma defi nição
coerente. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Renováveis) e a EMBRATUR (Instituto
Brasileiro de Turismo) defi nem o ecoturismo como sendo
o turismo desenvolvido em localidades com potencial
ecológico, de forma conservacionista, procurando
conciliar a exploração turística com o meio ambiente,
harmonizando as ações com a natureza, bem como
oferecendo aos turistas um contato íntimo com os
recursos naturais e culturais da região, buscando a
formação de uma consciência ecológica. O ecoturismo
visa igualmente o desenvolvimento das regiões em que
se insere, devendo ser um instrumento para a melhoria
da qualidade de vida as populações que acolhem essa
atividade.
Ainda de acordo com o Ibama, o Brasil está entre os três países
de maior diversidade biológica do mundo. Aproximadamente
4% do território nacional é formado por áreas de proteção
ambiental ou Unidades de Conservação de uso indireto, as quais
são destinadas à pesquisa científi ca, à educação ambiental e à
recreação, o que inclui o turismo.
Você sabia ?
Que o ecoturismo pode e deve se transformar em uma das grandes ferramentas de luta para a preservação e educação ambiental no planeta? Se conseguirmos levar o indivíduo a “preservar para sobreviver”, ou seja, criar um mercado, gerar empregos e transformar o turismo em principal atividade econômica das comunidades dos locais com potencial ecológico, a preservação passa a ser uma questão de sobrevivência; preservar e fazer preservar passam a ser sinônimos de mais renda e não há como negar que esta é a melhor maneira de “conscientizar” o ser humano, fazê-lo sentir a necessidade de conservar, para benefício próprio e imediato, para sua subsistência.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A atividade do ecoturismo deve abranger, em sua conceituação,
a dimensão do conhecimento da natureza, a experiência
educacional interpretativa, a valorização das culturas tradicionais
locais, promovendo o bem-estar das populações envolvidas e a
promoção do desenvolvimento sustentável.
De acordo com Lindberg e Hawkins (1995 p.34), “os custos
potenciais são a degradação do meio ambiente, as injustiças
e instabilidades econômicas, as mudanças sócio-culturais
negativas. Os benefícios potenciais são a geração de receita para
áreas protegidas, a criação de empregos para pessoas que vivem
próximo a essas áreas e a promoção de educação ambiental sobre
a conservação.”
Deve-se procurar uma forma de minimizar os custos e maximizar os benefícios buscando um elo de ligação entre o ecoturismo, a conservação e o desenvolvimento.
As linhas mestras do turismo ecológico apontam, atualmente,
para uma visão administrativa moderna, de longo prazo e com
uma postura responsável diante da integridade do meio ambiente,
mediante uso sustentável dos recursos naturais.
Tipologia do ecoturismoPara Serrano (2001, p. 224), “o ecoturista pode ser escrito como
explorador, mochileiro, especialista, de interesse genérico, de
massa”. A caracterização de cada um desses tipos é a que segue:
Explorador: individualista, não requer facilidades
especiais. Pode pagar por alguns serviços, mas
prefere não gastar. Inclui caminhantes, escaladores e
observadores de aves. Idade: 25 a 45 anos.
Mochileiro: faz viagens longas, com orçamento
limitado. Utiliza transporte coletivo local, acomodações
baratas, etc.; privilegia mais a experiência da viagem
que a cultura local, embora aprecie o exotismo. Aprecia
a)
b)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
caminhadas e paisagens, embora normalmente não visite
áreas mais remotas devido ao custo da viagem. Necessita
de serviços de baixo custo. Idade: 18 a 25 anos.
Turista especialista: dedica-se a hobbies particulares,
é pouco aventureiro, dispõe-se a pagar por serviços e
auxílio logístico. Pode ter pouco interesse pela cultura.
Exige facilidades especiais e serviços, por exemplo,
barcos guias, etc. Aceita desconfortos e longas viagens,
se necessários para atingir seus objetivos. Pode ter
participação ativa, por exemplo, em projetos de
recuperação ambiental. Inclui pesquisadores e prefere
grupos pequenos. Idade: 20 a 70 anos.
Turista de interesse genérico: em geral, prefere a
segurança dos grupos ou programas personalizados. Tem
bom nível de renda, interessa-se por cultura e pela vida
silvestre, desde que não seja necessário muito esforço
para apreciá-la. Muitos são ativos e apreciam a atividade
de aventura sem risco, como caminhadas e rafting. Não
se sujeita a viajar longas distancias sem que haja grandes
atrativos. Requer muitas facilidades, embora possa aceitar
condições rústicas por curtos períodos. Idade: 35 a 65
anos.
Turista de massa: prefere viajar em grandes grupos; pode
ter bom nível de renda; interessa-se superfi cialmente
por alguns aspectos da cultura local; aprecia paisagens
naturais e vida silvestre se o acesso for fácil; requer
muitas facilidades e viaja apenas com condições muito
confortáveis. Inclui passageiros de cruzeiros. Idade: 40 a
90 anos.
Inter-relação entre turismo e meio ambienteA inter-relação do turismo e do meio ambiente
é indiscutível, visto que o meio ambiente é
matéria-prima da atividade turística. O modo de
vida conturbado das grandes metrópoles induz
c)
d)
e)
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cada vez mais pessoas a procurarem, em seu período de férias e
fi ns de semana, regiões com belezas naturais.
Porém, esse fl uxo de turistas traz conseqüências negativas ao meio
ambiente. A urbanização e ocupação das áreas naturais faz com que
se torne poluído pela presença em massa dos turistas. No litoral, a
alta concentração de turistas e a sazonalidade estimulam a poluição
das águas e o acúmulo de detritos deixados na areia; a poluição
visual provocada pela especulação imobiliária, construção de hotéis,
restaurantes, descaracterizam a paisagem. Essas conseqüências devem
ser avaliadas e minimizadas antes que a degradação desse patrimônio
natural se torne irreversível.
O que fazer então? Há o que fazer?
Sim, claro que há o que fazer! E você deve ter presente que o
planejamento é necessário. Lembra-se da importância dessa
prática, não é? E isto está diretamente ligado ao que chamamos de
“desenvolvimento sustentável”! Esse tópico será estudado mais
adiante.
Portanto, para que as conseqüências sejam minimizadas, é
necessário defi nir diretrizes para uma política de turismo voltada
para o meio ambiente, determinando os limites suportáveis e
compatíveis para cada espaço.
A razão pela qual o homem agride a natureza é o fato de ele
estar sendo agredido em seu próprio meio em manifestações, tais
como, a violência e a poluição sonora e atmosférica.
O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: 1− o conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade; 2− a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (...). (http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_conceito.html)
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Contudo, a atividade turística não causa somente danos ao meio ambiente. Proporciona algumas vantagens, tais como:
a criação de programas de conservação de áreas naturais e de sítios arqueológicos;empreendedores turísticos visam a manter a atratividade dos recursos naturais;valorização e conhecimento de determinadas regiões através do turismo ecológico;a arrecadação de impostos taxas e ingressos, faz com que a infra-estrutura turística seja ampliada;ocorre o intercâmbio cultural entre turistas e a comunidade local; na economia ocorre o aumento e melhoria da distribuição de renda; percebe-se a racionalização dos espaços e do convívio com a natureza.
Ainda de acordo com Ruschmann (1999, p.82), “o relacionamento
do turismo com o meio ambiente está longe de ser simples.
Numerosas situações de confl ito são registradas e, diante de sua
fragilidade, cada medida ou precaução pode gerar um efeito
perverso, difícil de controlar. O desafi o reside em encontrar o
equilíbrio entre o desenvolvimento da atividade e a proteção
ambiental.”
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Para saber mais sobre desenvolvimento sustentável, leia:
BURSZTYN, Marcel. Para Pensar o Desenvolvimento Sustentável. In: Cavalcanti, Clóvis (org.). Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma Sociedade Sustentável. 2a ed. São Paulo, 1993.
HOGAN, Daniel J. e Vieira, Paulo Freire (org.). Dilemas Socioambientais e Desenvolvimento Sustentável. ed. Unicamp, 1992.
MAY, Peter Herman e Serôa da Motta, Ronaldo (org.). Valorando a Natureza: Análise Econômica para o Desenvolvimento Sustentável. Campus: Rio de Janeiro, 1994.
ou acesse:
Links:
International Institute for Sustainable Development (IISD): http://iisd1.iisd.ca/
The WWW Virtual Library: http://www.ulb.ac.be/ceese/sustvl.html - permite o acesso a inúmeros outros sites sobre Desenvolvimento Sustentável, inclusive da ONU, com os documentos da Rio 92.
•
•
Fases do relacionamento entre turismo e meio ambienteComo se vê, a relação entre o turismo e o meio ambiente não tem
sido muito harmoniosa. Mas, atualmente, aparecem vestígios de
que sua interação seja crescente e vantajosa para ambos.
Vários estudos desenvolvidos na França (Ministère de
L’Environnement/Tourisme, 1992, p.16) apresentam quatro fases
do relacionamento do turismo e do meio ambiente.
A primeira fase ocorreu no século XVIII e se
caracterizou pela descoberta de natureza e das
comunidades receptoras. Suas motivações eram o
convívio em lugares onde a industrialização ainda não
havia chegado ou de ambientes turísticos expandidos
à beira-mar para bronzear-se e banhar-se. É a fase do
relacionamento e dos primeiros equipamentos turísticos.
a)
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Na segunda fase ocorreu um turismo de elite no fi nal
do século XIX e início do século XX. Nessa época
a especulação imobiliária se intensifi cou devido ao
aumento da demanda turística, originando os centros
turísticos mais antigos da Europa, muito conhecido
atualmente. Não havia a preocupação com a conservação
do meio ambiente, haja vista o crescimento da construção
civil.
A terceira fase corresponde ao turismo de massa e
ocorreu a partir de 1950, tendo seu apogeu nos anos
de 1970 e 1980. Foi um período catastrófi co para a
conservação ambiental; é caracterizado pelo domínio
do turismo sobre a natureza, pois nessa fase a demanda
turística cresceu assustadoramente. Mas as cidades não
cresceram na mesma proporção: foram urbanizadas,
porém sem o devido planejamento e não à medida que
a demanda necessitava. O crescimento foi desordenado,
faltava saneamento básico e tratamento de esgoto e a
infra-estrutura turística, como a criação de marinas,
portos e de estações de inverno, fi cou a desejar.
A quarta fase ocorreu na metade da década de 1980, quando o
turismo ecológico se propaga nas localidades turísticas, evitando
a ocupação de todos os espaços. Aparecem esportes como, o
rafting, o mountain bike e uma série de novos esportes que
necessitam de uma natureza preservada.
Trata-se da renovação do turismo, que busca a tranqüilidade, a aventura, a preservação, a educação e o conhecimento aprofundado das regiões visitadas.
O conteúdo a ser apresentado a seguir contém uma abordagem
específi ca sobre o turismo ecológico e uma gama bastante
signifi cativa de informações estreitamente relacionadas com
a prática do turismo em áreas naturais protegidas. Vamos em
frente?
b)
c)
Rafting: Descida em botes infl áveis nas corredeiras dos rios.
Montain bike: Passeios de bicicletas em trilhas
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Turismo ecológico em áreas naturais protegidasNo processo de planejamento das áreas naturais protegidas,
está prevista a elaboração de um Plano de Manejo para cada
Unidade de Conservação, de tal forma que o mesmo passe a se
constituir num instrumento de gestão que apoiará a defi nição
e administração das atividades, que poderão ou não ser
desenvolvidas dentro de cada uma delas.
a) Zoneamento
Conforme Pires (1996, p. 28), “o zoneamento é uma das
primeiras providências tomadas durante a elaboração de Plano
de Manejo de uma Unidade de Conservação. Consiste na divisão
do território da Unidade de Conservação em partes homogêneas
atendendo a critérios ecológicos e de destinação de uso”. A
categoria de manejo Parque Nacional é, atualmente, a única a
ter um Plano de Manejo contendo uma proposta de zoneamento
e um programa de manejo já elaborado para várias Unidades
de Conservação no país. O zoneamento adotado tem sido o
seguinte:
TIPOS DE ZONAS CARACTERÍSTICAS
a) Zona Intangível. Deverá estar pouco ou não alterada e permanecerá intacta e com uso proibido.
b) Zona Primitiva. Deverá estar pouco alterada e de uso restrito e eventual.
c) Zona de Uso Extensivo. Apresenta algumas alterações e é uso restrito à circulação e a atividades esparsas.
d) Zona de Uso Intensivo. Pode ser signifi cativamente alterada e concentrar a maior parte dos serviços e atividades da Unidade de Conservação.
e) Zona de Uso Especial. É destinada à moradia, serviços de administração, manutenção e proteção da Unidade de Conservação.
f) Zona Histórico-Cultural. Quando ocorrerem sítios especiais que abriguem características pertinentes.
g) Zona de Recuperação. Quando existem áreas que precisam ser recuperadas. São zonas temporárias.
Quadro 5.1: Tipos de zoneamento em unidades de conservaçãoFonte: Adaptado de PIRES (1997).
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
Todas as atividades previsíveis numa Unidade de Conservação devem fazer parte dos programas de manejo. Se uma determinada área contempla nos seus objetivos de manejo as atividades de turismo, então deverá ser desenvolvido um capítulo específi co no programa de manejo destinado a detalhar e normatizar tal atividade.
Categorias de Manejo que permitem o ecoturismoDentre as nove categorias de manejo propostas para o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, destacamos as sete
categorias cujos objetivos de manejo permitem a prática do
ecoturismo. De acordo com Pires (1997), temos:
Parque Nacional
São áreas terrestres e/ou marinhas extensas, contendo
um ou mais ecossistemas naturais preservados ou
pouco alterados pela ação humana, dotados de
atributos naturais ou paisagísticos notáveis e contendo
ecossistemas ou sítios geológicos de grande interesse
científi co e educacional.
É permitida a visitação sob controle, porém condicionada
a atividades específi cas relativas às atividades culturais,
educativas e turísticas.
Os parques devem contar com um Plano de Manejo
cujo zoneamento defi na, entre outras, uma área
de preservação integral vedada ao público e áreas
destinadas à recreação e educação ambiental, com trilhas
interpretativas e centro de visitantes.
Monumento Natural
São áreas terrestres e/ou marinhas, contendo um ou
mais sítios com características abióticas naturais de
importância relevante que, por sua singularidade,
raridade, beleza ou vulnerabilidade, corram o risco de se
tornarem ameaçados e necessitarem de proteção.
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A área deve conter, em condições naturais, formações
geológicas pouco comuns, sítios arqueológicos e,
eventualmente, sítios históricos.
As atividades turísticas podem ser desenvolvidas sob
controle. As alterações do ambiente, as instalações e vias
de acesso devem ser limitadas ao mínimo, sem prejuízo
das características a preservar e sempre em proveito
exclusivo dos objetivos de manejo. As atividades de
pesquisa devem ser sempre devidamente autorizadas.
Refúgio da Vida Silvestre
São áreas terrestres e/ou marinhas em que a proteção
e o manejo são necessários para assegurar a existência
e a reprodução de determinadas espécies de animais e
vegetais, ou comunidades de fauna e fl ora, residentes ou
migratórias, de importância signifi cativa.
A visitação pública pode ser permitida, ou não,
dependendo das condições particulares de cada
caso, devendo sempre prevalecer as necessidades de
conservação da natureza.
Reserva de Fauna
São áreas contendo populações de espécies animais
nativas e habitats adequados para a produção de proteínas
de origem animal, ou para a observação da fauna.
A utilização dos recursos da fauna será sempre feita
mediante manejo cientifi camente conduzido e sustentado
e sob permanente controle governamental.
É permitido o acesso controlado ao público, segundo
critérios a serem estabelecidos pela autoridade
responsável pela área.
O turismo de manejo desta categoria inclui a oferta de
turismo ecológico.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
b) Área de Proteção Ambiental
São áreas terrestres e/ou marinhas de confi guração e
tamanhos variáveis, submetidas a modalidades diversas
de manejo, podendo compreender ampla gama de
paisagens naturais, seminaturais ou alteradas, com
características notáveis e dotadas de atributos bióticos,
estéticos ou culturais, que exijam proteção para que
possam assegurar o bem-estar das populações humanas,
conservar ou melhorar as condições ecológicas locais
ou preservar paisagens e atributos naturais e culturais
importantes.
O conceito amplo de Área de Proteção Ambiental admite
que esta categoria se aplique á proteção paisagística e
ecológica de faixa de terras ao longo de estradas e rios,
com atributos naturais importantes e valor panorâmico,
cultural, educativo e recreativo.
As atividades turísticas são admitidas desde que se
harmonizem com os objetivos específi cos de cada área de
proteção ambiental.
c) Floresta Nacional
São áreas extensas com cobertura fl orestal de espécies,
predominantemente, nativas que ofereçam condições
para a produção sustentável de madeira e de outros
produtos fl orestais, proteção de recursos hídricos, manejo
de fauna silvestre e recreação ao ar livre. A característica
fundamental é o uso múltiplo dos recursos.
O acesso ao público é permitido, subordinados aos
objetivos de manejo e de acordo com cada situação,
conforme estabelecido no Plano de Manejo.
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d) Reserva Extrativista
São áreas naturais ou pouco alteradas, ocupadas por
grupos sociais que tenham como fonte de sobrevivência
a coleta de produtos da fl ora nativa e que a realizem
segundo formas tradicionais de atividade econômica
puramente extrativista e de acordo com plano de manejos
previamente estabelecidos. A característica fundamental
desta categoria é facultar, através do uso sustentado, a
manutenção de populações que vivam do extrativismo,
compatibilizando-a com a conservação de extensas áreas
naturais.
Além da extração de produtos nativos, notadamente,
látex, resinas e frutos, somente serão toleradas atividades
de subsistência, para o que são permitidas alterações
antrópicas em até 5% da área, sendo proibida a extração
comercial de madeira.
É permitido o turismo educativo, para mostrar como a
atividade extrativista se harmoniza com o ambiente e
com a riqueza de produtos, que podem ser obtidos da
natureza.
Atrativos ecoturísticos da natureza Atrativos ecológicos e paisagísticos existem em
toda parte e não somente em área protegida por lei,
até porque estas procuram preservar e representar
apenas uma amostra dos diferentes ambientes
naturais e de seus ecossistemas. Por outro lado,
isto não quer dizer que as áreas com tais atributos
e que não se encontram legalmente protegidas, ou
que não pertençam a um Sistema de Unidades de
Conservação, devam ser exploradas inadequadamente e de forma
destrutiva.
Para Pires (1996, p.35), “uma das alternativas economicamente
mais promissoras, ecologicamente mais saudáveis e socialmente
mais desejáveis para a utilização de boa parte dessas áreas, é a sua
destinação para o turismo ecológico.”
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
Existem inúmeros lugares que abrigam atrativos com um
potencial latente para o ecoturismo e que pertencem, geralmente,
a proprietários particulares, a posseiros ou ainda se encontram
em terras devolutas do Estado.
Podem ser citadas como atrativos paisagísticos e ecológicos que se
enquadram perfeitamente nesta condição, os seguintes:
TIPOS DE ATRATIVOS CARACTERÍSTICAS
a) Morros, montanhas.
A altura de determinados morros e montanhas se constitui num forte apelo para a prática do montanhismo, para a observação panorâmica da paisagem, para a observação da vegetação natural exclusiva destas áreas e para a prática de saltos de vôo livre entre outros.
b) Cavernas.
Foram formadas ao longo de milhares de anos pela ação das águas sobre as fraturas de rochas que com o desgaste contínuo, provocaram a abertura de espaços e canais de diversas dimensões no seu interior. As cavernas contêm galerias e salões em cujo interior cursos d’água formam uma complexa drenagem subterrânea. Dependendo do estágio de desenvolvimento das cavernas, formam-se as estalagmites e as estalactites de grande efeito ornamental. A ausência de luz faz com que os animais ali existentes apresentem formas de vida totalmente exclusivas, como a falta de pigmentação, a ausência de visão ou visão atrofi ada, longas antenas e patas.
c) Cachoeiras e saltos.
Constituem-se sempre em uma grande atração pela movimentação que acrescentam à paisagem, pelo seu potencial de aproveitamento recreativo em banhos e mergulhos.
d) Lagos e lagoas.
A água presente nesses locais, juntamente com as formas vegetais naturais que se desenvolvem junto às margens, acrescentam qualidade visual à paisagem. Esses ambientes proporcionam condições para a prática de pesca esportiva e de passeios e esportes náuticos de baixo impacto.
e) Praias.
Desfruta-se do contato saudável com o sol e o mar e também se descobrem aspectos da natureza, exclusivos desses ambientes e cada vez mais raros, como a vegetação pioneira da areia e das dunas, com sua característica única de adaptação ecológica, ou a vegetação de restinga, com espécies de bromélias.
Continua
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TIPOS DE ATRATIVOS CARACTERÍSTICAS
f) Dunas.
Constituídas pela areia que, com a ação dos ventos vão formando montes sucessivos e podem atingir dimensões surpreendentes. Ao se formarem junto às praias, e à medida que vão se estabilizando com o auxílio da vegetação pioneira, que consegue se adaptar às condições ecológicas adversas, se instalam sobre as dunas, passando a oferecer uma verdadeira proteção natural contra os ventos e a erosão, fato este de grande importância para a proteção das áreas mais para o interior do continente. A vegetação pioneira das dunas, embora resistente ao sol, à salinidade e à extrema aridez da areia, é frágil e não resiste quando pisoteada, devendo, portanto, ser protegida. Além desta importante função ecológica, as dunas também proporcionam o isolamento de muitos recantos praianos, aspecto de grande apelo estético e emocional para os viajantes.
g) Ilhas.
Em função do seu isolamento geográfi co, impõe características muitas vezes singulares à fauna e à vegetação, adaptadas às condições especiais de vida existente nestes locais. As ilhas oceânicas se encontram mais distantes do continente e, geralmente, são topos emersos na superfície do mar de grandes montanhas submarinas. É o caso das ilhas de Fernando de Noronha e Trindade. As ilhas mais próximas ao litoral são partes do continente que se separam deste devido à elevação do nível do mar. As ilhas abrigam espécies de aves migratórias e da fauna aquática, que ali encontra a proteção adequada para a sua alimentação e reprodução. Além da oportunidade de presenciar todos esses aspectos, as pessoas podem desfrutar de banhos e mergulhos de contemplação sub-aquáticos.
h) Baías.
São áreas formadas por planícies baixas onde o mar adentra para o continente e, ao mesmo tempo, estuários receptores dos rios que nelas deságuam sua água doce. Em razão disso, formam um ecossistema exclusivo para o desenvolvimento da vegetação mangue e de uma fauna que faz desse ambiente o seu único habitat para a procriação e alimentação, gerando a cadeia alimentar de grande parte da vida marinha. As baías são ecossistemas frágeis e em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, já sofreram o processo de urbanização com a conseqüente descaracterização de sua naturalidade. Em regiões litorâneas onde ainda existem baías com alto nível de preservação e naturalidade, pode ser planejado o turismo ecológico voltado para a contemplação e conhecimento da fauna e da fl ora típicas, para a pesca esportiva e para o contato cultural com as populações ribeirinhas.
Continua
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
TIPOS DE ATRATIVOS CARACTERÍSTICAS
i) Rios e ribeirões.
Oferecem oportunidades para a navegação ou caminhadas de observação da natureza, onde os cursos d’água representam um elo de ligação entre os diferentes ambientes e ecossiste-mas que ocorrem desde a sua nascente até a desembocadura em outro rio, lagoa ou mar. Nos grandes rios do centro-oeste e norte do Brasil se formam bancos de areia nas suas margens.
j) Sítios arqueológicos
São colônias remanescentes de antigas culturas humanas que ainda preservam em grande parte suas características originais, manifestadas no folclore, nas atividades agrícolas de subsistência.
k) Florestas naturais.
Nas suas diferentes formações podem ser percorridas por trilhas ou por cursos d’água, em grupos monitorados por guias capacitados. Nas fl orestas naturais há um contato direto com a diversidade e riqueza de sua fl ora e fauna e a oportunidade de observar aspectos do equilíbrio ecológico do ambiente, através das associações de mútua dependência entre plantas, animais, solo e clima.
Quadro 5.2: tipos de atrativos paisagísticos e ecológicos que permitem o ecoturismoFonte: Adaptado de PIRES (1997).
Esses e outros atrativos quase sempre não ocorrem isolados da
forma como foram relacionados, e sim compondo ambientes e
ecossistemas com variados graus de complexidade e diversidade
paisagística e ecológica. Muitos deles estão presentes nas próprias
unidades de conservação e constituem a razão principal de sua
criação.
Os proprietários ou ocupantes das terras onde ocorrem
tais atrativos, juntamente com os agentes promotores do
turismo na região, podem e devem explorá-los turisticamente
com perspectivas de amplas vantagens para ambos e,
conseqüentemente, para a economia da região.
Tal iniciativa, entretanto, deve ser aprovada pelos órgãos
governamentais responsáveis pela gestão ambiental e
turística, a fi m de que se garanta a aplicação dos princípios do
desenvolvimento conservacionista pelo uso turístico sustentado
dos recursos naturais.
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Áreas naturais protegidas (unidades de conservação)São áreas que, por possuírem importantes recursos naturais
ou culturais, devem ser mantidas na forma silvestre e
adequadamente manejadas. De uma maneira geral são terrenos
não utilizados para fi ns urbanos, agropecuários ou industriais,
podendo ser fl orestas, mangues, montanhas, campos, desertos ou
pântanos, que trazem mais benefícios se forem conservados no
estado em que se encontram.
Segundo o IBAMA apud PIRES (1996, p.19), “unidades de
conservação são porções do território nacional, incluindo as águas
territoriais, com características naturais de relevante valor, de
domínio público ou propriedade privada, legalmente instituídas
pelo poder público, com objetivos e limites defi nidos, sob regime
especiais de administração e às quais se aplicam as garantias de
proteção.”
Impactos positivos e negativos do ecoturismo em unidades de conservação
De acordo com Serrano (apud ANSARAH 2001, p. 217-218), os
impactos positivos são:
sustentação econômica da unidade de conservação;
integração da unidade de conservação com as populações
locais;
circulação de informações sobre o meio ambiente;
aumento da oferta de atividade de lazer e recreação;
ampliação da capacidade de fi scalização;
controle sobre grupos organizados;
divulgação da unidade de conservação.
Veja, agora, segundo o mesmos autor os impactos negativos:
pisoteamento, compactação, erosão e abertura de atalhos
em trilhas;
depredação da infra-estrutura e de atrativos e elementos
naturais;
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
Estresse e desaparecimento da fauna em razão da
presença humana (provocados por barulho, cheiro e cores
estranhos ao ambiente);
aumento e/ou deposição inadequada do lixo;
necessidade de “sacrifício” de áreas para a instalação de
infra-estrutura;
aumento do risco de incêndios.
Esta seção abordou a inter-relação existente entre a atividade
turística e o meio ambiente. Você conseguiu ter uma visão
abrangente sobre o conteúdo?
Na próxima seção, você terá a oportunidade de estudar as
dimensão do turismo sustentável a partir dos seus conceitos.
Com o estudo do próximo tópico, você verá o quão complexo
é atingir um grau considerado razoável de sustentabilidade,
para as comunidades ou núcleos receptores de turismo, face aos
diversos “atores” envolvidos no processo. Em outras palavras, a
sustentabilidade depende da ação adequada e de uma postura
correta e ética dos diversos setores e agentes que compõem o
“cenário” turístico. Vamos a eles, então?
SEÇÃO 2 − Turismo e desenvolvimento sustentável
A indústria do turismo, como
pudemos verifi car em unidades e
seções anteriores, está fragmentada em
subsetores, como hotelaria, transporte,
serviços de alimentação, entre outros,
e é extremamente competitiva em
escala nacional e internacional.
O setor turístico, marcado por um
grande dinamismo e como eixo
importante da economia de muitos
países, gera lucros importantes na economia. Apesar disso, é um
setor que não administra a maioria dos produtos e atividades
que vende. Em lugar disso, os gestores turísticos transportam
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Universidade do Sul de Santa Catarina
os indivíduos para que conheçam os traços naturais, as atrações
culturais, as atividades econômicas e os estilos de vida dos povos
de todo o mundo.
Ou seja, ao contrário de outras empresas, o turismo leva os
consumidores ao produto e não o produto aos consumidores.
Isso faz do turismo uma indústria particularmente frágil, vulnerável às mudanças do entorno natural, cultural e econômico, assim como a qualquer variação e incidente que aconteça nos limites de uma região. Por exemplo: a poluição de uma praia ou um ato criminal de grande cobertura jornalística podem ter conseqüências devastadoras sobre o próprio local.
Apenas recentemente, foi reconhecido que o turismo se
desenvolve em lugares que têm limites próprios. Com freqüência
foram sendo descobertos os limites de um desenvolvimento
turístico quando a indústria turística sofreu prejuízos muito
graves ou irreversíveis, pela ação dos gestores turísticos e/ou dos
próprios turistas.
Mais recentemente, os turistas têm devastado a vegetação dos campos mais acessíveis das Montanhas Rochosas, no Canadá, como conseqüência dos efeitos cumulativos de suas caminhadas sobre as espécies vegetais, de grande fragilidade, sendo a paisagem vítima de sua própria beleza.
Outro exemplo refere-se aos centros turísticos de praia: é o território compreendido entre os Grandes Lagos e o Mar Negro, onde a poluição produzida pela população, com os detritos não tratados procedentes das cidades vizinhas, tem feito com que suas águas sejam incertas para a natação e a pesca, além de serem impróprias para o consumo.
Mas a indústria do turismo não só é vulnerável às mudanças do
meio ambiente natural, como também às do entorno cultural.
Esta unidade tem por base a obra: OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
A atividade turística está sujeita às inter-relações entre os
habitantes locais e os próprios turistas, com interação nos dois
sentidos, conforme pudemos ver na unidade 2, seção 3. Muitas
vezes, essas inter-relações, são confl itantes e conturbadas.
Se levarmos em consideração esse pequeno cenário descrito, surge
naturalmente uma questão crucial: é possível chegar ao crescimento
da atividade turística, em que sejam potenciados os efeitos positivos
do próprio negócio turístico, sem que os efeitos negativos produzam
deterioração irreversível?
Em resposta a essa pergunta, se desenvolveu uma teoria
amplamente aceita, sobre o crescimento turístico sustentável
entendido como uma necessidade para qualquer destino turístico.
Turismo sustentávelO ponto de partida do conceito de turismo sustentável está
dentro das teorias referidas ao desenvolvimento sem degradação
nem esgotamento dos recursos. Podemos afi rmar que é a
conservação dos recursos para que a geração presente e as futuras
possam desfrutar deles.
Nesse sentido, defi ne-se o conceito de sustentabilidade de acordo
com Brudtland (1987), que consiste em “satisfazer as necessidades
presentes sem comprometer a possibilidade de satisfações das
gerações futuras.”
Outro conceito de desenvolvimento sustentável é da World Conservation Union (WCU), que afi rma ser “o processo que permite o desenvolvimento sem degradar ou esgotar os recursos que tornam possíveis o mesmo desenvolvimento.”
O conceito de crescimento sustentável tem sido ligado,
tradicionalmente, ao conceito de meio ambiente, mas atualmente
é um conceito mais global, que inclui numerosos campos de
interação dentro do conceito de sustentabilidade, como aspectos
econômicos e sócio-culturais.
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O conceito de sustentabilidade está ligado a três fatos
importantes: qualidade, continuidade e equilíbrio. De uma
maneira ou de outra o turismo sustentável é defi nido como
modelo de desenvolvimento econômico projetado para:
melhorar a qualidade de vida da população local, das
pessoas que vivem e trabalham no local turístico;
prover experiência de melhor qualidade para o visitante;
manter a qualidade do meio ambiente, da qual depende a
população local e os visitantes;
a efetivação de aumento dos níveis de rentabilidade
econômica da atividade turística para os residentes locais;
assegurar a obtenção de lucros pelos empresários
turísticos. Em suma, o negócio turístico tem de ser
rentável; caso contrário, os empresários esquecerão o
compromisso de sustentabilidade e o equilíbrio será
alterado.
Princípios do Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento do turismo sustentável implica a tomada
de decisões políticas, que podem ser severas e que requerem
uma visão em longo prazo, principalmente na hora de efetivar
o processo de planejamento. O planejador local pode usar os
princípios estabelecidos no quadro a seguir, como linhas básicas
quando tentar incorporar essa visão do turismo às políticas
adotadas.
a)
b)
c)
d)
e)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
O planejamento do turismo e seu desenvolvimento devem
ser parte das estratégias do desenvolvimento sustentável
de uma região, estado ou nação. Esse planejamento
deve envolver a população local, o governo, as agências
de turismo, etc., para que consiga os maiores lucros
possíveis.
Agências, associações, grupos e indivíduos devem
seguir princípios éticos que respeitem a cultura e o meio
ambiente da área, da economia e do modo tradicional de
vida, do comportamento da comunidade e dos princípios
políticos.
O turismo deve ser planejado de maneira sustentável,
levando em consideração a proteção do meio ambiente.
O turismo deve distinguir os lucros de forma eqüitativa
entre os promotores de turismo e a população local.
É essencial facilitar boa informação sobre a natureza
do turismo, especialmente para os moradores do local,
dando prioridade para um desenvolvimento duradouro,
que envolve a realização de uma análise contínua e um
controle de qualidade sobre os efeitos do turismo.
A população deve se envolver no planejamento e no
desenvolvimento dos planos locais junto com o governo,
os empresários e outros interessados.
Ao se iniciar um projeto, há necessidade de se realizar
análise integrada do meio ambiente, da sociedade e da
economia, dando-s enfoques distintos aos diferentes tipos
de turismo.
Os planos de desenvolvimento do turismo devem
permitir que a população local se benefi cie deles ou que
possa explicar as mudanças que se produzam naquela
situação.
Quadro 5.3: Princípios do desenvolvimento sustentávelFonte: Conferência de Globo’90 Brasil, disponível em OMT. Introdução ao turismo. São Paulo: ROCA, 2001, p 246.
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Campos de atuação que infl uem no turismo sustentávelO processo de desenvolvimento turístico sustentável é a
conjunção de três fatores que se inter-relacionam de forma
dinâmica, com o objetivo de conseguir um equilíbrio fi nal: a
sustentabilidade do sistema turístico. Esses fatores são:
Sustentabilidade econômica: Assegura um crescimento
turístico efi ciente; o emprego e os níveis satisfatórios de
renda, junto com um controle sobre os custos e benefícios
dos recursos, que garante a continuidade para as gerações
futuras (McIntyre, 1993).
Sustentabilidade ecológica: Assegura que o
desenvolvimento turístico é compatível com a
manutenção dos processos biológicos.
Sustentabilidade sócio-cultural: Garante o
desenvolvimento turístico compatível com a cultura e os
valores das populações locais, preservando a identidade
da comunidade.
Você sabia que, diretamente ligado ao conceito de desenvolvimento sustentável, encontra-se o de capacidade de carga, enfatizando que os destinos têm limites no volume e na intensidade do desenvolvimento turístico que podem ser suportados por uma determinada região, antes que os danos sejam irreparáveis?
Vamos verifi car, então, um conceito sobre capacidade de carga?
Capacidade de carga: O máximo uso que se pode fazer dele
sem que causem efeitos negativos sobre seus próprios recursos
biológicos, sem reduzir a satisfação dos visitantes ou sem que se
produza efeito adverso sobre a sociedade receptora, a economia
ou a cultura da área.
Nessa defi nição global, fi cam marcados os seguintes conceitos
paralelos aos fatores de sustentabilidade já mencionados:
a)
b)
c)
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
capacidade de carga ecológica, que se defi ne como o número
máximo de visitantes que um lugar pode receber, que,
se superado, não poderá assegurar um desenvolvimento
compatível com os recursos naturais;
capacidade de carga social, que faz referência ao nível
máximo de atividade turística, que, se superado,
produzirá uma mudança negativa na população local;
capacidade de carga do turista, entendida como o nível
máximo que garante a satisfação do turista;
capacidade de carga econômica, que faz referência ao nível
de atividade econômica compatível com o equilíbrio
entre os benefícios econômicos que proporciona o
turismo e os impactos negativos que a atividade turística
gera sobre as economias locais (infl ação, manutenção das
estruturas, etc.).
Conheça, segundo McIntyre (2001, p. 251-252), as ações dos
governos, o papel das comunidades e as funções das indústrias no
desenvolvimento de um turismo sustentável.
a) Ações que os governos devem realizar em favor do
desenvolvimento turístico sustentável
Trabalhar conjuntamente os empresários no
estabelecimento de políticas sustentáveis.
Proporcionar uma política de incentivos que favoreça o
crescimento equilibrado.
Elaborar um programa de avaliação de impactos sobre os
destinos turísticos.
Controlar sua capacidade de carga.
Criar auditorias de qualidade ambiental.
Incluir o turismo nos planos do governo.
a)
b)
c)
d)
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b) Papel das comunidades locais no desenvolvimento
sustentável
Proporcionar interações culturais entre a comunidade
local e os visitantes.
Proporcionar serviços ao visitante.
Capacitar os produtos locais.
Tomar decisões sobre a elaboração de projetos.
Ter iniciativas com respeito às ações.
Participar com os custos dos projetos.
Proteger as normas culturais
c) O que deve fazer a indústria turística?
Eliminar o uso de agrotóxicos.
Desenvolver o uso equilibrado do solo, da água e da
mata.
Tratar dos resíduos sólidos e líquidos.
Adotar técnicas efi cientes de energia.
Realizar práticas de marketing verde.
Minimizar riscos de intoxicações.
Proporcionar um guia ou informações aos turistas, com
a fi nalidade de orientá-los para um comportamento
responsável.
Incorporar valores meio ambientais nos processos de
decisão empresarial.
Gerar auditorias meio ambientais próprias.
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d) O que podem fazer os turistas?
Escolher destinos com responsabilidade ambiental.
Integrar-se nas comunidades receptoras.
Não perturbar as populações nativas.
Realizar suas atividades com pouco impacto.
Apoiar as atividades de conservação do meio ambiente.
e) O que podem fazer as Ongs?
Participar dos comitês de controle meio ambiental.
Criar ações de apoio ao desenvolvimento sustentável.
Contribuir para os planos de educação sobre a
importância do turismo sustentável.
Controlar os impactos nas comunidades locais.
Portanto, uma maneira de assegurar que os desenvolvimentos
turísticos sejam controlados é mediante a participação de todos
os agentes envolvidos no processo de desenvolvimento sustentável
dos destinos, formando parcerias, orientadas para a execução dos
objetivos planejados.
Benefícios do desenvolvimento do turismo sustentávelA maioria dos locais turísticos, na atualidade, dependem de
ambiente limpo, meio ambiente protegido
e cultura específi ca. Os locais que não
oferecem esses atributos verifi cam uma
baixa na qualidade e no uso do turismo.
Em qualquer tipo de desenvolvimento,
torna-se essencial manter o sentido
histórico, cultural e de identidade da
população do local em que esse se produz.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Efetivamente, em desenvolvimento turístico isso pode ser
conseguido; então vejamos:
o turismo sustentável incentiva o entendimento entre os
impactos do desenvolvimento turístico na natureza, na
cultura e no comportamento humano;
o turismo sustentável assegura a distribuição mais justa
dos custos e dos benefícios;
o turismo gera emprego local tanto no setor de turismo
como em outros setores;
o turismo estimula indústrias domésticas (hotéis,
restaurantes, transportes, serviços de guias, etc.);
o turismo gera intercâmbios com o exterior e injeta
capital e dinheiro novo na economia local;
o turismo diversifi ca a economia local, particularmente
nas áreas rurais onde o emprego na agricultura é
esporádico ou insufi ciente;
o turismo sustentável realiza a tomada de decisões
incluindo todos os segmentos da sociedade e contando
com a população local, para que tanto a indústria
turística como os demais usuários dos recursos
possam coexistir. Assim, incorpora o planejamento
e a regionalização que asseguram a boa relação entre
o desenvolvimento do turismo e a capacidade do
ecossistema;
o turismo estimula melhorias nos transportes locais, as
comunicações e outras infra-estruturas básicas;
o turismo cria regiões de lazer que podem ser utilizadas
pela população local e pelos turistas. Também incentiva
e ajuda economicamente a preservação de sítios
arqueológicos, assim como edifícios e bairros históricos;
o turismo rural incentiva o uso produtivo de terras
improdutivas para a agricultura.
o turismo cultural proporciona à população local maior
entendimento de outras culturas;
o turismo sustentável demonstra a importância dos
recursos naturais e culturais.
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Unidade 5
Dessa forma fi ca registrado de forma patente e inequívoca a
importância que o desenvolvimento sustentável da atividade
turística pode vir a proporcionar para os núcleos receptivos de
turismo.
A próxima seção, vai tratar especifi camente da tipologia do
turismo. Isso quer dizer que você terá a oportunidade de se
familiarizar com os principais “tipos” de turismo que a nossa
literatura atual registra.
Uma boa leitura e boa continuação dos seus estudos!
SEÇÃO 3 − Tipologia turística
Os principais tipos de turismo, que podemos encontrar
facilmente nos livros e na literatura sobre turismo, atualmente
disponíveis, são os que nós relacionamos abaixo e que certamente
serão de interesse específi co, pois apresentam uma diversidade
enorme e alguns são bastante curiosos.
Turismo hidrotermal ou de termas
Refere-se ao deslocamento de turistas a núcleos
receptores cujo principal produto turístico é constituído
pela qualidade terapêutica do clima, das águas e/ou das
termas.
Turismo cultural
Refere-se à afl uência de turistas a núcleos receptores que
oferecem como produto essencial o legado histórico do
homem em distintas épocas, representado a partir do
patrimônio e do acervo cultural, encontrado nas ruínas,
nos monumentos, nos museus e nas obras de arte.
Turismo religioso
Refere-se ao grande deslocamento de
peregrinos, portanto turistas potenciais,
que se destinam a centros religiosos,
motivados pela fé em distintas crenças.
Esses peregrinos assumem um
Elaborado pelo Prof Victor Ferreira a partir das obras Análise Estrutural do Turismo – Mário Carlos Beni; Turismo e Desenvol-vimento – Antônio Pereira de Oliveira e Dicionário Enciclopédico de Ecologia & Turismo – Américo Pellegrini Filho.
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comportamento de consumo turístico, pois utilizam
equipamentos e serviços com uma estrutura de gastos
semelhantes à dos turistas convencionais.
Turismo desportivo
Neste caso, o principal produto turístico é o esporte.
Refere-se à demanda específi ca de turistas que,
afi cionados pelas distintas modalidades de esportes,
afl uem a núcleos esportivos tradicionais, com calendário
fi xo de eventos, ou a núcleos que, eventualmente, sejam
sede de olimpíadas, competições e torneios.
Turismo folclórico e artesanal
Refere-se à demanda específi ca por áreas receptoras
em que se realizam periódicas festividades de cultura
popular, com eventos tipicamente folclóricos, combinados
com exposições e feiras de produtos artesanais.
(Tipologia citada apenas por Beni, ano 2001).
Turismo científi co
Refere-se ao deslocamento de turistas potenciais que se
dirigem a grandes centros universitários com manifesta
atuação no setor de pesquisa e desenvolvimento.
Turismo empresarial ou de negócios
Refere-se ao deslocamento de executivos e homens de
negócios, portanto turistas potenciais, que afl uem aos
centros empresariais a fi m de efetuarem transações
e atividades profi ssionais, comerciais e industriais,
empregando seu tempo livre no consumo de recreação e
gastronomia típica, além da utilização da infra-estrutura
de hospedagem local.
Turismo de eventos
Refere-se às realizações constantes de calendários de
eventos fi xos, como feiras, exposições, festas regionais
e nacionais, já consolidadas, como Fenasoft, UD, Festa
do Peão de Boiadeiro, Oktoberfest, Bienal do Livro, entre
outros.
Podem ocorrer eventos em nível regional, gerando
competitividade entre municípios e organizações que se
situem dentro da mesma área de atuação, como Festa das
Flores (Holambra – SP), Feiras de Móveis, entre outros.
Ainda ocorrem eventos, em diversos níveis, que
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Unidade 5
acontecem de acordo com as oportunidades
do mercado, como moda, decoração, hotelaria,
entre outros.
Existem também os eventos monotemáticos,
que são dirigidos a subsegmentos do mercado,
como o Festival de Cinema de Gramado,
dirigido ao meio artístico.
Turismo de incentivos
Refere-se a viagens programadas oferecidas
como prêmios e recompensas a colaboradores de grandes
empresas, por merecimentos obtidos em seu desempenho
profi ssional, tais como, superação de metas de trabalho,
índices de produtividade, entre outros.
Turismo da terceira idade ou melhor idade
Refere-se ao fl uxo turístico que tem como principais
características a não sazonalidade (dispõe de mais
tempo livre e são avessos a grandes aglomerações)
e a necessidade de optar por destinos que ofereçam
equipamentos/serviços adaptados às condições de saúde
desses turistas.
Turismo de mega eventos
Refere-se aos grandes eventos culturais, desportivos e
religiosos que, por suas características internacionais,
catalisam a atenção nacional e maciço fl uxo turístico
como as Olimpíadas, Copa do Mundo, Jogos Pan-
Americanos, Fórmula 1, Prêmio Oscar, entre outros.
(Tipolologia citada por Beni, ano 2001)
Turismo urbano
Refere-se aos passeios que os turistas fazem na oferta
diferencial urbana das grandes cidades. Enquanto
essa oferta diferencial é lazer urbano para os
moradores locais, uma vez que os mesmos
não efetuam viagens para utilizá-los, para
os turistas são atrativos turísticos de caráter
sócio-cultural, como o bairro da Liberdade em
São Paulo ou o Chinatown em São Francisco.
Podem ser incluídos também os shoppings, as
ruas onde se pode encontrar grande variedade
de comércio, casas noturnas etc. (Tipolologia
citada por Beni, ano 2001).
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Turismo educacional
Refere-se à organização de viagens culturais com
acompanhamento de professores da própria instituição
de ensino, com programa de aulas e visitas a pontos
históricos ou de interesse para o desenvolvimento
educacional dos estudantes.
Encontra-se também nessa modalidade o chamado
turismo de intercâmbio, pelo qual os jovens buscam
cursos no exterior a fi m de aprender um novo idioma e
vivenciar uma cultura diferente.
Turismo de saúde
Já foi classifi cado como turismo termal, mas atualmente
foi diferenciado para caracterizar o deslocamento de
pessoas com fi ns terápicos específi cos e/ou alternativos
voltados à estética, fi sioterapia ou à terapia do sistema
nervoso, desenvolvidos em spas e fi tness centers.
Turismo esotérico ou esoturismo
Refere-se a grupos de pessoas que se deslocam para
visitar cidades ou lugares egrégoras (concentração de
energia), como Machu Pichu no Peru e São Tomé das
Letras, em Minas Gerais. (Tipolologia citada por Beni,
ano 2001)
Turismo de recreação e entretenimento
Refere-se ao deslocamento de grande contingente de
pessoas em roteiros não programados, num raio nunca
superior a 100 km de suas residências, portanto no
entorno de centros urbanos, em busca de atividades
de lazer, como pesca (pesque-pague), rodeios, parques
temáticos (Beto Carrero World).
Turismo rural
Refere-se ao deslocamento de pessoas a espaços rurais,
em roteiros programados ou espontâneos, com ou
sem pernoite para a fruição dos cenários e instalações
rurículas, ou seja, o turista se desloca para vivenciar
o lazer e a recreação no campo, em propriedades não
produtivas que possuem amplas instalações receptivas,
adaptadas para a atividade turística, que, por sua vez,
passa a constituir o principal meio de sobrevivência da
propriedade. Aqui são inseridas colônias/acampamentos
de férias, hotéis-fazenda, entre outros.
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Agroturismo
Refere-se ao deslocamento de pessoas a espaços rurais,
em roteiros programados ou espontâneos, com ou sem
pernoite para a fruição dos cenários e observação,
vivência e participação nas atividades agropastoris.
Destacam-se dois aspectos que distinguem esse segmento
do turismo rural: a produção agropastoril, que é o
principal rendimento da propriedade, e o
turismo, que é a receita complementar; e por
isso mesmo a atividade turística obedece a
parâmetros de ocupação conforme a capacidade
de suporte das atividades produtivas da
propriedade.
Turismo hedonista
Fruição da viagem pelo prazer de viajar. Os
turistas que praticam este tipo de turismo
vivenciam todas as expressões dos ambientes
e das culturas visitadas, com um grau de
liberdade bastante fl exível, principalmente
no que se refere ao tempo disponível e à utilização dos
equipamentos.
Turismo cívico institucional
Praticado pelos visitantes em instalações de monumentos
pátrios e órgãos governamentais, como verifi cado em
Brasília/DF e Washington/USA. (Tipolologia citada por
Beni, ano 2001)
Turismo de compras
Refere-se às viagens destinadas a refazerem estoques
de comerciantes estabelecidos e/ou a manterem um
microcomércio informal. Exemplos são as viagens ao
Paraguai e a cidade de São Paulo.
Turismo de cruzeiros marítimos
Antigamente era praticado apenas na Grécia com seu
tradicional “Cruzeiro pelas Ilhas Gregas” e restrito às
classes mais ricas da sociedade mundial. Atualmente
há um “boom” nesse segmento da atividade turística
devido aos altos investimentos em navios, efetuados
pelas empresas do setor, e os investimentos em infra-
estrutura portuária, efetuados por alguns governos.
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Além da locomoção por locais de natureza exuberantes,
as viagens de navios proporcionam aos turistas diversos
equipamentos de entretenimento e lazer, como lojas,
piscinas, pistas de cooper, spas, salões para shows,
biblioteca, boates, restaurantes e cafés, centros de
eventos, entre outros.
Turismo étnico e nostálgico
Praticado por pessoas que visitam seus próprios lugares
de origem ou de seus antepassados.
Turismo gltbs (gays, lésbicas, trans-sexuais, bissexuais
e simpatizantes)
Segmento em rápido crescimento mundial, em que
os prestadores de serviços da atividade turística têm
se estruturado para atender esse público, formado por
gays, lésbicas e simpatizantes; é de máxima excelência
na qualidade da prestação de serviços, uma vez que as
principais características desse público são: exigência
máxima nos serviços prestados e gastos médios muito
superiores aos dos turistas tradicionais.
Turismo para singles
Segmento relativamente novo no mercado, caracterizado
inicialmente pelas pessoas solteiras que não possuem
companhia para viajar. Atualmente, também estão
buscando esta alternativa aquelas pessoas que não
possuem companhia para o período de férias,
independentemente do estado civil. Além de buscar
novas amizades (ou romances), o turista que busca este
tipo de viagem procura também baratear seu custo.
Assim, no que se refere à tipologia turística, ou “tipos” de
turismo, essa é a relação dos principais, que são classifi cados e
utilizados por diversos autores. Faz-se necessário lembrar que,
praticamente numa base diária, as pessoas comuns e que não
estão familiarizadas com a atividade turística, poderão “criar”
novas tipologias que se ajustem às suas realidade. Devemos
ter muitos cuidados com essa “desenfreada” mania de rotular
qualquer atividade como sendo turística!
A próxima seção ilustra o turismo na atualidade, sendo que se
dará ênfase especial ao turismo em termos de Brasil.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
SEÇÃO 4 - O turismo na atualidade
Os especialistas afi rmam que o turismo é o setor que apresenta
maior expansão no mundo dos negócios, porém divergem
entre si sobre a taxa de crescimento e quando ele
ocorrerá. O futuro apresenta inúmeras oportunidades,
mas também muitos desafi os. Algumas áreas,
certamente, crescerão no mercado turístico e outras,
provavelmente, entrarão em declínio.
De uma forma geral o turismo começou a se desenvolver
de maneira menos empírica e mais profi ssional no Brasil
depois dos anos 1970. Antes disso, o único pólo brasileiro
de turismo conhecido no exterior era a cidade do Rio de Janeiro,
que possuía uma infra-estrutura razoável e recebia signifi cativo
número de turistas.
Portanto, até recentemente, em nosso país, a participação no
turismo internacional e mesmo nacional estava restrita a uma
elite que dispunha de tempo e dinheiro para fazer viagens.
Atualmente a realidade é outra, pois se constata que um número
signifi cativo de pessoas de outras classes têm conseguido realizar
suas viagens com maior freqüência. Pesquisas demonstram que
a ampliação do costume de viajar é resultado da socialização do
turismo, ocorrido não só no Brasil, mas também em quase todo
o mundo, onde os centros turísticos, as companhias aéreas e os
prestadores de serviços oferecem tarifas acessíveis a uma grande
parcela da população.
Este fato é estimulado pela concorrência acirrada, que domina os
mencionados setores e também os destinos turísticos.
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Você sabia?
Que na atualidade, o turismo é uma das principais atividades econômicas geradoras de renda e emprego? Segundo Naisbitt (1994, p. 115), “para muitos países ele é, de longe, a maior fonte de renda e o setor mais forte no fi nanciamento da economia nacional.”
Que dados recentes afi rmam que o turismo pode ser considerado uma das mais importantes atividades econômicas do mundo, sendo responsável por 195 milhões de empregos, número que deverá aumentar para 251,9 milhões até o ano 2010? (OMT, 2000)
Portanto, podemos afi rmar que essas cifras não são só o resultado
exclusivo do aumento da oferta de destinos e oportunidades, mas
também o resultado da valorização do turismo, enquanto prática
social efetiva e aspiração do indivíduo contemporâneo, agora não
mais exclusivo de camadas privilegiadas da população.
Infelizmente nosso país ainda não tem uma participação efetiva
nas cifras indicadas, uma vez que as pesquisas, realizadas a partir
de 1996, demonstram que o Brasil detém somente 0,05% deste
mercado, além de uma posição inferior na recepção de turistas
estrangeiros.
Na verdade, há duas décadas, o turismo começou a se expandir
e a se desenvolver no país como atividade econômica de fato.
Anteriormente, ele era limitado a algumas localidades que
dispunham de infra-estrutura bem dimensionada e potencial
de atratividade, o que lhes conferia renome em outras partes do
mundo, atraindo um número considerável de turistas que aqui
vinham para passar suas férias. É o caso das cidades do Rio de
Janeiro, São Paulo e poucas cidades no sul do país, como Foz do
Iguaçu e Florianópolis; as últimas em razão da proximidade das
fronteiras com a Argentina e Paraguai.
Por volta de 1995, de acordo com a nova mentalidade, o próprio
presidente da EMBRATUR declarou num de seus discursos que
o tempo de centralização em duas ou três destinações turísticas
já tinha passado e que quanto mais desconcentrado for o turismo,
menor é o risco de a exploração provocar danos ao meio ambiente
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
e maior será sua contribuição na geração de renda e emprego.
Após seu pronunciamento, diversos esforços foram empreendidos
no sentido de promover a valorização do turismo em nosso país,
tanto pelos órgãos federais como pelos estaduais.
Nesses últimos anos, a importância dada ao turismo pelos governantes é justifi cável, não só pela necessidade de regulamentar e reorganizar o que já vem sendo explorado de forma predatória, mas também pela capacidade que essa atividade tem de gerar recursos fi nanceiros.
Considerado o detentor de uma das maiores biodiversidades do
planeta, o Brasil tem como vocação o turismo voltado à natureza
e, no entanto, as estatísticas indicam que o país responde apenas
por 0,03% do mercado do ecoturismo mundial, que representa
10% das viagens em todo o mundo.
Faz-se necessário lembrar que os fl uxos migratórios em função
do turismo nacional só serão efetivados perante uma situação
política favorável.
O turismo no Brasil vem crescendo consistentemente. Segundo
dados da EMBRATUR, o cenário otimista que se desenhava
para o ano 2002, com expectativa do aumento do fl uxo de
turistas estrangeiros, foi frustrado diante dos acontecimentos de
11 de setembro de 2001, que desencadearam uma crise mundial
sem precedentes nas companhias aéreas e operadoras de viagem.
Esse quadro foi agravado pela crise econômica da Argentina,
importante pólo emissivo para o Brasil.
No tocante ao turismo interno, as difi culdades da economia
brasileira impediram um crescimento mais expressivo das viagens
domésticas, embora estas tenham evoluído em relação aos anos
anteriores, pois a alta do dólar fez com que muitos brasileiros
trocassem destinos no exterior por destinos no Brasil.
Disponível em: <http://www.jornaldocommercio.com.br/especial/aniversario175/site_175/turismo.htm>.
Disponível em: <http://www.embratur.gov.br>.
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Uma coisa é certa: para obter um turismo de qualidade o Brasil precisa mudar sua imagem no exterior, pois uma das principais razões responsáveis pela diminuição do número de turistas estrangeiros no Brasil é sua má fama com as crises na segurança pública, as histórias de corrupção, a violência nas principais capitais, o conhecido “Turismo Sexual”, entre outros motivos.
Todos nós sabemos que o Brasil tem um imenso potencial
turístico e que, se o mesmo for adequadamente planejado e
voltado para uma gestão de qualidade, é possível incrementar
essa atividade de tal maneira que não se precise constatar, pelos
meios de comunicação, por exemplo, que muitos brasileiros estão
passando fome! Precisamos, sim, é encarar a nova realidade do
turismo, com profi ssionalização contínua e investimentos em
infra-estrutura.
Realize, agora as atividade de auto-avaliação, faça a leitura
cuidadosa da síntese, registre o mais importante e consulte,
sempre que possível, as sugestões do “Saiba-mais”. Nesse item
você encontra um texto complementar que irá subsidiá-lo no
aprofundamento dos conhecimentos trados nesta unidade. Você o
encontra logo abaixo das indicações bibliográfi cas, nesta unidade.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
Síntese
O estudo desta Unidade nos possibilitou conhecer os quatro
importantes componentes da atividade turística.
Na seção 1 foi possível estar em contato com o tópico sobre
turismo e meio ambiente. Vimos a conceituação de meio
ambiente e sua inter-relação com o turismo, a evolução histórica
do ecoturismo, as possibilidades do ecoturismo as áreas de
conservação e ainda nos foi possível conhecer um pouco sobre o
plano de manejo em áreas de conservação.
Já, na seção 2, você teve contato com o tópico que abordou
o turismo e o desenvolvimento sustentável. Ressaltamos que
existe uma estreita correlação entre as duas seções. O mesmo foi
conceituado, contextualizando os mais importantes princípios,
o seu campo de atuação e os benefícios que o turismo sustentável
pode gerar para um núcleo receptor de turismo, para uma
comunidade, localidade, região, estado ou mesmo país. Você
conheceu também as ações dos diversos “atores” do “cenário”
turístico.
A seção 3, que tratou especifi camente da tipologia do turismo,
pudemos ter a oportunidade de conhecer 25 diferentes tipologias,
que são as mais importantes e consideradas pelos diversos autores
e especialistas da área. Algumas são mais freqüentes, ou seja, são
de melhor percepção e de maior ocorrência, para alguns. Outras
são mais complexas e de menor ocorrência. Contudo, destacamos
que todas são importantes.
Por último, a seção 4 nos apresentou uma síntese, cujo foco foi o
turismo brasileiro, acerca da sua ocorrência na atualidade. Nessa
seção, pudemos notar que muito ainda tem que ser feito em
termos de adequação de infra-estrutura, melhorias na divulgação
e comercialização dos produtos, no treinamento da mão-de-
obra, na sensibilização e conscientização sobre a importância
da preservação ambiental, entre outros tantos aspectos, para
que possamos, quiçá, em curto espaço de tempo, podermos
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afi rmar que a atividade turística caminha para um modelo de
sustentabilidade. Não esqueçamos que o turismo só é bom para o
turista quando ele é bom para a população de um núcleo receptor.
Atividades de auto-avaliação
Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades propostas.
1) A inter relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui-se a “matéria prima” da atividade. O conteúdo desta frase é verdadeiro? Porque?
2) Cite e explique de forma resumida, quantas e quais foram, as fases de relacionamento do turismo com o meio ambiente.
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Unidade 5
3) Explique o que é meio ambiente.
Saiba mais
Para conhecer mais detalhes acerca dos conteúdos desta unidade,
sugerimos algumas obras para pesquisa:
a) Na área de Turismo e Meio Ambiente:
BARRETO, Margarita. Turismo e legado: as possibilidades do
planejamento. Campinas: Papirus, 2001.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo:
Senac, 2000.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Dicionário Enciclopédico
de Ecologia & Turismo. São Paulo: Manole, 2000.
RUSCHMANN, Dóris. Turismo no Brasil: Análise e
Tendências. São Paulo: Manole, 2002.
TRIGO, Luis Gonzaga Godói. Turismo e qualidade:
tendências contemporâneas. Campinas: Papirus, 2000.
YÁZIGI, Eduardo. A alma do lugar: turismo, planejamento, e
cotidiano em litorais e montanhas. São Paulo: Contexto, 2001.
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Conduta Consciente em Ambientes Naturais: www.mma.gov.br
b) Na área de Turismo e Desenvolvimento Sustentável:
ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões.
São Paulo: Ática, 1995.
BAPTISTA, Mario. Turismo: competitividade sustentável. Lisboa:
Verbo, 1997.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, cultura e turismo.
Campinas: Papirus, 2000.
PETROCCHI, Mario. Gestão de pólos turísticos. São Paulo:
Futura, 2001.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável. São Paulo: Aleph,
2000.
c) Na área de Tipologia do Turismo:
ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões.
São Paulo: Ática, 1995.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo:
Senac, 2000.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, cultura e turismo.
Campinas: Papirus, 2000.
d) Na área Turismo na Atualidade:
FUSTER, Luis Fernández. Introducción a la teoría y técnica del
turismo. Madrid: Alianza, 1991.
FURTADO, Laura Isabel. Introdução ao turismo no Brasil. Rio de
Janeiro: IBPI, 2000.
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MOESCH, Marutschka. A produção do saber turístico. São Paulo:
Contexto, 2000.
TRIGO, Luis Gonzaga Godói. A sociedade pós-industrial e o
profi ssional em turismo. Campinas: Papirus, 2000.
TRIGO, Luis Gonzaga Godói. América e outras viagens.
Campinas: Papirus, 2002.
Não deixe de consultar também:
EMBRATUR: disponível em: www.embratur.gov.br
OMT: disponível em: www.world-tourism.org
Uma leitura complementar!
Como forma de corroborar com o exposto sobre o turismo na
atualidade, elegemos o artigo a seguir como ferramenta, para
que você, após cuidadosa leitura, possa parar e refl etir sobre a
atividade turística como um todo e sobre as nossas, por vezes,
simples e às vezes complexas, intervenções.
Turismo no BrasilO turismo é a maior indústria mundial na geração de
divisas, empregos e recursos. Representa 13% dos gastos dos
consumidores de todo o mundo.
Movimenta pessoas pelos mais variados motivos, para os mais
variados lugares. Alguns países perceberam o potencial do
turismo como gerador de emprego e renda. Há tendências
claras que projetam o turismo como uma das principais
atividades humanas deste século. O aumento do tempo livre,
o barateamento do transporte aéreo, a melhoria do mercado
turístico focalizada na preferência das pessoas, a melhoria nas
tecnologias de comunicação, a conversão de elementos das
localidades para produtos turísticos, a diminuição do número de
Autor: Flávio de Faria Alvim Administrador de Empresas e Professor de Turismo Urbanova - São José dos Campos – SP Maio de 2005.
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pessoas nas famílias, a juvenilização dos mercados e outros tantos
fatores propulsionaram essa atividade.
O motivo das pessoas viajarem apenas foi estudado
cientifi camente após a Segunda Guerra Mundial, quando o
movimento turístico começou a ganhar força econômica e a
estruturar suas dimensões atuais. Na década de 50, as pesquisas
apontavam o prestígio social (status) como a motivação principal
para as viagens turísticas, demonstrado pela distância viajada,
os cartões postais enviados e o bronzeado apresentado na volta.
Atualmente, esse fator ainda aparece na motivação pelas viagens
turísticas, porém tem sido superado pela vital fuga do cotidiano,
entendida como compensação para o dia-a-dia vazio e cansativo.
O Brasil, eternamente chamado de país do futuro, precisa fazer
acontecer. O turismo, em duas palavras, nada mais é do que
diferenças culturais. Será que existe algum lugar com maior
pluralismo de etnia, religião e cultura do que no Brasil? Será que
existe um povo mais hospitaleiro do que o brasileiro?
Que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não
mede esforços para atendê-los bem.
Temos que cultivar o autêntico, o que é local precisa ser
valorizado. Há lugares hoje que são tão turistifi cados, ou seja,
fabricados, que fi cam sem nenhuma identidade local. Eles não
têm referência para o turismo; hoje todos os grandes hotéis se
parecem com um aeroporto, e os shoppings parecem que são os
mesmos em todos os lugares.
Reparem como o adolescente brasileiro de posses se veste
identicamente ao adolescente americano. Antes, queria-se fazer
turismo no Brasil, acreditando-se que Deus era brasileiro, que
o país era abençoado e bonito por natureza. E descobrimos
que precisávamos cuidar do saneamento básico, de estradas, do
patrimônio histórico e capacitar pessoas. Só agora o governo
começa, ainda com atraso, a encarar o turismo como produto de
exportação.
Em terras isentas de guerras, terrorismo, catástrofes e de inverno
rigoroso, litoral com mais de 8.000 km com belas praias e clima
tropical fazem do Brasil um grande destino turístico que não é
só o melhor no samba e no futebol. Somos apenas o 30º destino
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Unidade 5
turístico do mundo. Claro que sabemos do imenso problema de
insegurança (aliás, os privilegiados se protegem com segurança
privada, que já é muito maior que a segurança pública no Brasil),
de a educação necessitar de tempo para sentir refl exos; sabemos
que temos uma das piores distribuições de renda do mundo,
que 80% (segundo a OMT) das viagens são de curta distância e
que não temos vizinhos tão prósperos como os países da Europa
mas, não justifi ca termos apenas 1% do PIB representado pelo
turismo, enquanto na Argentina isso representa 11% e 10%
do PIB mundial. Temos ou não potencial para melhorar isso?
Lembram-se do repugnante preconceito que havia do Nordeste?
Diziam pejorativamente aquela cor era baiana ou aquela roupa
de paraíba. Baiano e Paraíba com orgulho, sim, senhor. O
nordeste brasileiro se apresenta com os melhores potenciais de
desenvolvimento além do seu povo maravilhoso. São 7 novos
aeroportos, novos complexos hoteleiros, 25mil metros quadrados
de patrimônio histórico restaurado, são quase U$ 6 bilhões de
dólares apenas nos últimos anos.
Quantas pessoas você já ouviu dizer que sonha morar em alguma
cidade do Nordeste? Sim, podemos transformar o Brasil!
Será que teremos um planejamento vitorioso, como foi o projeto
para Cancún ou dos parques temáticos americanos, ou até mesmo
pautado nos exemplos dos shoppings no Brasil, que não param
de multiplicar? Os pólos turísticos brasileiros mais conhecidos,
como o Rio de Janeiro e Bahia, são menos visitados que Cancún,
que vinte anos atrás nem constava no mapa.
Normalmente os planejadores não querem ouvir, e as respostas
são simples, pois é a própria comunidade local que sabe a
solução. Exemplifi cando, será o pescador a saber do clima, das
marés, da reprodução dos peixes por épocas do ano, etc. Nossos
serviços têm melhorado muito, mas ainda estamos aquém das
necessidades de uma boa qualifi cação nos sistemas receptivos e,
no Brasil, ainda pagamos as mais caras tarifas de transporte aéreo
do mundo.
Somos 170 milhões de brasileiros, mas apenas trinta milhões
fazem turismo, e ainda 80% destes só fazem em apenas
duas épocas do ano, que são nas férias escolares. Precisamos
desconcentrar o fl uxo turístico.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Há muito tempo está no Congresso Nacional uma proposta
de alteração na Lei de Diretrizes Básicas de Ensino (LDB),
que propõe as férias repartidas na quais, resumidamente, os
estudantes teriam uma semana de férias por mês, o que reduziria
a sazonalidade dos destinos turísticos, além das maiores chances
de a família estar junta nas férias, de o empresário dividir o
pagamento das férias, do décimo terceiro, de o funcionário ter
também o imposto de renda descontado em parcelas.
Outro dado importante é que, apesar do crescimento, os vôos
charter equivalem a apenas 7% do total do Brasil. Na Europa,
56% do movimento aéreo é feito com vôos fretados e nos EUA
40%.
Antigamente o governo acreditava que um país forte só precisaria
de uma grande economia e de crescimento. Chegou-se a oitava
economia, mas também com a pior distribuição de renda do
mundo. Hoje existe o discernimento de que um país forte é
aquele que é desenvolvido economicamente, não é só ter um
grande PIB (Produto Interno Bruto), ele precisa ter um PIB per
capita (a riqueza distribuída na população). Aí está a justifi cativa
dos grandes investimentos do governo nos últimos anos na
promoção do turismo, além das condições naturais e climáticas
extremamente propícias, e a sua imensa capacidade empregadora
e distribuidora de renda fazem do turismo e das pequenas e
médias empresas o importante papel da distribuição de renda no
país.
Parece que o nosso problema é mais de gestão do que de
qualquer outra coisa. Cada vez mais o governo tem o seu poder
de infl uência na sociedade diminuído; o poder econômico
é quem dita as regras. Se não contribuirmos para a solução,
seremos parte do problema. Qual a nossa escolha? De que lado
fi caremos? Tender para o lado seguro e fazer negócios como de
costume ou enfrentar os desafi os e buscar soluções alternativas?
Compreendendo assim, pode, sim, o turismo, com o seu enorme
potencial, ser um meio extraordinário de transformação. Muitos
só sobrevivem por causa da fuga que o turismo proporciona; é
a chave espetacular da cura e transformação do ser humano. É
notório que, enquanto está tudo tão materializado, racional e
técnico, o ser humano tem buscado a espiritualidade.
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Teoria Geral do Turismo
Unidade 5
Como podemos contribuir? Assumindo responsabilidades
econômicas, sociais, ecológicas e ainda, lutar para implementar
o turismo sustentável em todos os níveis, promover a inclusão
social. Tudo isso parece tão distante de nossa realidade? Não!
Se cada um refl etir em todas suas atitudes, teremos uma vida
melhor. Desde a abdicação da mesquinhez e rispidez na disputa
de espaço no trânsito, o papel que não jogamos mais no chão,
humanizando o “bom dia” amarelo e mecanizado com que
“saudamos” os outros, até a respeitabilidade igualitária para
com todos os seres humanos durante as 24 horas do dia, num
mundo que se interessa mais pela velocidade e pelo número
de informações do que pela qualidade ou profundidade
delas. Tenhamos fé na infi ndável saúde mental dos seres
humanos racionais que somos, que se permite amar e viver
harmonicamente em sociedade. Assim teremos como transformar
o mundo.
Note que existe um verdadeiro “mosaico” de opiniões, mas
que, de forma geral, pelo que pudemos estudar nesta seção, a
maioria das opiniões convergem para duas necessidades vitais,
como forma de atingirmos a plenitude da realização da atividade
turística: a conservação e a preservação do meio ambiente e a
utilização do planejamento para as ações.
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Para concluir o estudo
Caro aluno,
Ao concluirmos nossa “viagem” realizada por meio da Teoria Geral do Turismo, espero que você tenha aproveitado cada detalhe dessa “aventura” e se apropriado dos conceitos mais importantes tratados na disciplina. Espero, igualmente, que ao “andar” pelas searas do turismo, você tenha percebido o quanto é interessante e encantadora esta “paisagem. Porém você sabe que esta caminhada não pára por aqui; certamente, abre as “fronteiras” para as demais fases do curso.
Mas antes de falar sobre conteúdos e temas tratados gostaria de perguntar, porque sei que agora você terá condições de responder: “O que é um turismólogo?” Como ser um bom profi ssional considerando o espaço, as atividades alheias, o ambiente, as necessidades políticas e econômicas da sociedade e as expectativas do turista?
Você viu que existem variáveis importantes a ser consideradas, mas como disciplina introdutória foi possível “trilhar” por diversos caminhos, principalmente aqueles que se referem à importância da conservação e preservação ambiental, pois sem um ambiente equilibrado é incoerente pensar em ações que satisfazem os objetivos do turismo e do turista, entre os quais está o bem-estar, equilíbrio natural e social, o crescimento econômico regional, a valorização da cultura local nas várias partes do planeta Estes por si sós, demonstram a necessidade do planejamento turístico, consciente e responsável.
Você teve oportunidade de verifi car como se deu o surgimento e como ocorreu o desenvolvimento da atividade turística e os conceitos básicos desta atividade. A Revolução Industrial foi um fator determinante para que ocorresse uma nova divisão do tempo, o que acabou redundando numa “nova ordem” em relação ao tempo
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comprometido, ao tempo de trabalho e ao tempo de lazer, entre outros. Daí surgem, então, os principais movimentos turísticos, com a classifi cação de viajantes e turistas e principalmente pelo grande impulso que as ferrovias tiveram no continente europeu, facilitando assim o incremento da atividade turística.
Ficou patente que há uma necessidade básica no sentido de se mensurar ou medir os movimentos turísticos. Esta defi nitivamente não é uma tarefa fácil, diante da faceta multidisciplinar do turismo, e a unidade 2 apresentou este tema, bem como discorreu sobre os impactos econômicos, culturais e sociais da atividade turística. A partir do momento em que fi caram evidentes estes impactos, você teve a oportunidade de se familiarizar com a uma abordagem sobre o Sistema de Turismo, ou também denominada SISTUR. Esta correlação de sistemas, assim bem como os conceitos de oferta e demanda turística, possibilitaram uma visão panorâmica do “fenômeno” turístico, retratados na unidade 3.
Sendo assim você pôde perceber o quão complexo e diferenciado é o turismo. A importância do planejamento turístico, bem como o entendimento da sua estruturação em forma de organizações, sejam elas, municipais, estaduais, regionais, nacionais e internacionais, e as estratégias mercadológicas analisadas por meio do estudo de aspectos do marketing turístico, foram os temas tratados na Unidade 4.
Ao fi nal, você aprendeu que o desenvolvimento pleno da atividade turística passa, necessariamente, pela preservação de todos os recursos naturais disponíveis. Portnato, ser um turismólogo é ter plena consciência da necessidade de se obedecer as leis, de promover o desenvolvimento sustentável, de preservar os recursos sócio-culturais e principalmente de ser um “propagador” da importância de aprimorar os estudos com afi nco e determinação, pois esta atividade é, ainda, incipiente em nosso país.
Estou certo que esta disciplina reuniu um série de elementos que serviram como “base” de entendimento para que você possa lograr êxito nas disciplinas seguintes!
Desejo a você muito boa sorte nas próximas etapas do Curso.
Bons estudos!
Prof. Victor Ferreira
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Sobre o professor conteudista
Victor Henrique Moreira Ferreira é graduado em
Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI). Especialista em Planejamento, Gestão e
Marketing do Turismo também pela Universidade do
Vale do Itajaí (UNIVALI).
Mestre em Administração pela Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Trabalha como professor
das disciplinas de Empresas de Turismo, Turismo
Alternativo e Teoria Geral do Turismo no Curso de
graduação de Turismo da Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL). Também é professor no Curso de
Graduação de Turismo e Hotelaria da Universidade do
Vale do Itajaí (UNIVALI) nas disciplinas de Marketing
e Promoção de Vendas em Hotelaria e Administração
Hoteleira. Ministra aulas de Gestão Estratégica de
Marketing para o Curso de Pós Graduação (lato sensu)
em Gestão de Eventos da Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI). Esteve sempre envolvido também com
orientações de trabalhos de conclusão de curso (TCC)
nas áreas de turismo, hotelaria, marketing, planejamento
turístico, eventos, ecoturismo e hospitalidade. Já
ministrou diversas disciplinas em cursos de graduação
na área de Turismo e Hotelaria no Centro Superior de
Estudos em Turismo e Hotelaria (CESETH), Unidade
Catarinense de Ensino Superior (ÚNICA), tendo
trabalhado com autorização de cursos de graduação
em Turismo no Estado de Santa Catarina, Paraná e
Maranhão. É consultor em planejamento turístico e
hoteleiro com experiência em países onde trabalhou e
atuou seja profi ssionalmente ou na realização de estágios,
tais como, África do Sul, Estados Unidos, Itália e
Escócia. Desempenhou diversas atividades na hotelaria
nas áreas de hospedagem e eventos no Caesar Park (RJ) e
no Fischer Hotel e Convenções em Balneário Camboriú
(SC).
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Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação
Unidade 1
1) Contextualize o conceito da palavra turismo. O que ela signifi ca? Como ela surgiu e onde?
R. A palavra turismo em sua forma geral é originária do termo francês TOUR, que quer dizer volta. Tem seu equivalente em inglês (turn) e em latim (tornare). A mesma surgiu em meados do século XVIII na França e indicava um deslocamento com retorno.;”
2) Quem é considerado o “pai” do turismo moderno?
Cite pelo menos quatro de suas principais contribuições para a atividade turística.
R. Thomas Cook. Dentre as suas principais contribuições destacamos:
a) Criou a primeira viagem agenciada do mundo;
b) Inventou o “voucher” que é um coupom de hotel;
c) Realizou uma “volta ao mundo” levando 9 passageiros em 111 dias;
d) Criou a “Circular Note”, antecessora do Traveller’s Check.
3) Qual a importância do desenvolvimento do transporte ferroviário para a atividade turística?
R. O transporte ferroviário foi decisivo para o incremento da atividade turística, uma vez que a partir de 1840 na Inglaterra, as empresas de transporte ferroviário começaram a se preocupar mais com os passageiros do que com a carga. Tendo em mente que para que o turismo ocorra, há a necessidade de três fatores (sujeito, deslocamento e motivação), a possibilidade de deslocamento por vias férreas, ajudou o desenvolvimento da atividade turística.
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Unidade 2
1) Explique o que signifi cam as siglas PNB e PIB e diga qual a diferença entre elas.
R. PNB significa Produto Nacional Bruto e PIB signifi ca Produto Interno Bruto. A diferença entre os dois é que o PNB inclui todas as entradas de receitas obtidas no exterior por indivíduos e empresas brasileiras e são deduzidas as saídas de recursos obtidos por estrangeiros e empresas estrangeiras no Brasil. Perceba que a produção de um país é a representação do somatório do trabalho social realizado em determinado período.
2) Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas, seriam necessários, no mínimo quais dados?
R. Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas, seriam necessários, no mínimo, os seguintes dados: total de visitantes em cada núcleo, classificação por nacionalidade e local de residência, classificação por poder aquisitivo, duração das estadas.
3) Defi na o que é o “efeito multiplicador” do turismo.
R. A relação entre o dinheiro que entra por conceito de turismo e sua repercussão final no PIB (Produto Interno Bruto) chama-se efeito multiplicador, que é definido como o coeficiente que mede a quantidade de ingresso gerado por cada unidade de despesa turística.
Unidade 3
1) Para a OMT – Organização Mundial do Turismo, existem quatro elementos básicos no conceito da atividade turística. Cite quais são estes elementos.
R.
a) A demanda: formada pelo conjunto de consumidores ou possíveis consumidores – de bens e serviços turísticos.
b) A oferta: composto pelo conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidos ativamente na experiência turística.
c) O espaço geográfico: base física onde tem lugar a conjunção ou encontro entre a oferta e a demanda e onde se situa a população residente; pode ser ao mesmo tempo um destino turístico.
d) Os operadores de mercado: são empresas e organismos cuja função principal é facilitar a inter-relação entre a oferta e a demanda. Entram nessa consideração as agências de viagens, os meios de transporte e organismos públicos e privados, que, mediante seu trabalho profissional, são artífices da ordenação e promoção do turismo
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2) Explique o que signifi ca Sistema Turístico.
R. Um conjunto complexo de inter-relações de diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente sob uma ótica sistemática, ou seja, um conjunto de elementos inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica e cujos quatro elementos básicos são a demanda, a oferta, o espaço geográfico e os operadores de mercado.
3) Conceitue: oferta turística. Qual a importância dela?
R. A oferta turística de uma localidade é constituída da soma de todos os produtos e serviços adquiridos ou consumidos pelo turista durante a sua estada em uma destinação. É importante ressaltar que esses produtos e serviços são oferecidos por uma gama de produtores e fornecedores diferentes que, apesar de atuarem de forma individual, são entendidos pelo turista como um todo que integra a experiência vivencial da viagem. A importância da oferta turística se dá pelo fato dela se constituir como a base de oferta diferenciada que irá atrair os turistas a uma determinada destinação.
Unidade 4
1) Explique quais as principais atribuições das organizações de turismo.
R. As Organizações de Turismo têm a responsabilidade de implementar a chamada “Política de Turismo” de um país, de um Estado, de uma região ou mesmo de um município. As políticas de Turismo devem combater os vários tipos de poluição, a defesa da paisagem, do ar, das águas, dos espaços livres, da vegetação, que são tão indispensáveis, quanto à conservação da memória histórica e cultural do país.
2) Em qual nível, você acredita, que as organizações turísticas são mais importantes: nível federal, estadual ou municipal? Justifi que sua resposta.
R. Apesar de os três níveis serem bastante significativos e importantes, não há dúvida de que o nível municipal é de suma importância pois trata da atividade turística em sua base essencial. Isto quer dizer que, a poluição encontrada nas areias de determinada praia, não é responsabilidade das esferas estaduais ou federais e sim do município, onde a mesma se localiza.
3) Descreva o que é planejamento turístico.
R. Um processo que ordena as ações do homem sobre uma determinada localidade turística, direcionando a construção de equipamentos e infra-estrutura de uma maneira adequada. Esse direcionamento impede ou minimiza os efeitos negativos que a atividade turística pode trazer, destruindo ou afetando a atratividade de um local ou região.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 5
1) A inter relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui-se a “matéria prima” da atividade. O conteúdo desta frase é verdadeiro? Porque?
R. Sim. Porque o meio ambiente é a essência de todas as formas de vida Que podemos encontrar em nosso planeta. É principalmente no meio ambiente que iremos encontrar a esmagadora maioria dos atrativos turísticos.
2) Cite e explique de forma resumida, quantas e quais foram, as fases de relacionamento do turismo com o meio ambiente.
R.
a) A primeira fase, ocorreu no século XVIII, se caracterizou pela descoberta de natureza e das comunidades receptoras. Suas motivações eram o convívio em lugares onde a industrialização ainda não havia chegado ou de ambientes turísticos expandidos à beira-mar para bronzear-se e banhar-se. É a fase do relacionamento e dos primeiros equipamentos turísticos.
b) Na segunda fase ocorreu um turismo de elite, no final do século XIX, e início do século XX. Nessa época a especulação imobiliária se intensificou devido ao aumento da demanda turística, originando os centros turísticos mais antigos da Europa, muito conhecido atualmente. Não havia a preocupação com a conservação do meio ambiente, haja vista o crescimento da construção civil.
c) A terceira fase, corresponde ao turismo de massa e ocorreu a partir de 1950 e teve seu apogeu nos anos de 1970 e 1980. Foi um período catastrófico para a conservação ambiental, é caracterizado pelo domínio do turismo sobre a natureza, pois nessa fase a demanda turística cresceu assustadoramente. Mas as cidades não cresceram na mesma proporção, foram urbanizadas, porém, sem o devido planejamento e não na medida que a demanda necessitava. O crescimento foi desordenado, faltava saneamento básico e tratamento de esgoto, a infra-estrutura turística, como a criação de marinas, portos e de estações de inverno ficou a desejar.
d) A quarta fase ocorre na metade da década de 1980, onde o turismo ecológico se propaga nas localidades turísticas, evitando a ocupação de todos os espaços. Aparecem esportes como, o rafting, que é a descida em botes infláveis nas corredeiras dos rios, o mountain bike que são passeios de bicicletas em trilhas e uma série de novos esportes que necessitam de uma natureza preservada.
3) Explique o que é meio ambiente.
R. Como meio ambiente entende-se a biosfera, isto é, as rochas, a água e a arquitetura que envolve a Terra, juntamente com os ecossistemas que eles mantém.
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