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Davi Andr Costa Silva
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
TEORIA GERAL DO CRIME
Neste mdulo
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DO CRIME
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Estrutura do crime na teoria finalista
Conduta (objetiva e subjetiva) resultado naturalstico nexo causal tipicidade (adequao tpica)
Fato tpico
Crime
ilicitude
culpabilidade
contrariedade ao direito
Imputabilidade (pressuposto) Exigibilidade de conduta diversa Potencial conscincia da ilicitude
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO INCIDENTES NO
FATO TPICO
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DA
CONDUTA
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Excluso da conduta
Coao fsica irresistvel Atos reflexos
Estados de inconscincia
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Coao fsica
irresistvel (vis
absoluta):
Estado de
inconscincia:
Neste caso a conduta independe de vontade humana, como ocorre
nas hipteses de sonambulismo, mal sbito e de hipnose profunda.
No caso da hipnose, o hipnotizador autor mediato (ou indireto) de
crime doloso, tratando-se de fato atpico para o hipnotizado.
Ocorre quando algum dominado por outro que, com fora
corporal superior sua, fica sem possibilidade de oferecer
resistncia (por isso irresistvel), perdendo o domnio do prprio
corpo (ex.: obrigar fisicamente a colocar a impresso digital para
autorizar a abertura do cofre). Como no h vontade (elemento
volitivo = dolo) o coacto no responde pelo crime, sendo
responsabilizado apenas o coator.
Atos (ou
movimentos)
reflexos:
So reaes a estmulos internos (ex.: espirro, convulso epiltica,
susto etc.) ou externos (ex.: susto, descarga eltrica, picada de
insetos etc.) que se exteriorizam por reflexo de forma involuntria.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE LIMITAO DO
NEXO CAUSAL
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Limitao do nexo causal
Causalidade adequada Imputao objetiva
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Causalidade
adequada:
Imputao
objetiva:
um resultado causado pelo agente s deve ser imputado como sua
obra e preenche o tipo objetivo unicamente quando o
comportamento do autor cria um risco no permitido para o objeto
da ao (1), quando o risco se realiza no resultado concreto (2) e
este resultado se encontra dentro do alcance do tipo (3).
A supervenincia de causa relativamente independente exclui a
imputao quando, por si s, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou (art. 13, 1, CP).
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
classificao
evento normal e
esperado
dependentes independentes
evento anormal e
inesperado
Concausas
independentes
no decorrem da
conduta do agente
absolutamente relativamente
decorrem da conduta do
agente
preexistentes concomitantes supervenientes
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DA
TIPICIDADE
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Princpio da
adequao social Princpio da
insignificncia
Tipicidade
conglobante
Excluso da tipicidade
Imunidade
parlamentar
Consentimento
do ofendido
Arrependimento
eficaz Desistncia
voluntria
Crime impossvel
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Princpio da
insignificncia:
Adequao social: Vincula-se ideia da aceitao ou tolerncia da conduta pela sociedade, como o caso,
por exemplo, de colocao de brincos em meninas recm-nascidas, trotes acadmicos,
leses desportivas etc. Assim, embora formalmente tpico, resta afastada a tipicidade
material.
A insignificncia constitui causa excludente de tipicidade (atipificante), tendo em vista que,
caracterizada a bagatela, opera-se apenas a tipicidade formal (juzo de subsuno entre o fato praticado e a norma penal incriminadora), no havendo, entretanto, tipicidade material
(efetiva lesividade ao bem jurdico), quando preenchidos requisitos de ordem objetiva e
subjetiva.
Imunidade
parlamentar:
Nos termos do art. 53, caput, CRFB Os Deputados e Senadores so inviolveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opinies, palavras e votos
Consentimento do
ofendido:
atipificante quando o dissenso (no-consentimento) da vtima elementar do crime,
como no caso da invaso de domiclio (entrar ou permanecer contra a vontade...) e do
estupro (constranger algum...), crimes dos artigos 150 e 213 do Cdigo Penal.
Tipicidade
conglobante:
Zaffaroni entende que se a conduta aparentemente proibida pela norma penal admitida
por outra norma, que a ordena, autoriza ou fomenta, isto , incentiva sua realizao, no haver tipicidade penal.
Desistncia
voluntria e
arrependimento
eficaz:
So institutos que afastam a tipicidade do crime tentado, restando apenas
responsabilizao pelos atos j praticados.
Crime impossvel: Segundo o artigo 17 do Cdigo Penal, no se pune a tentativa quando, por ineficcia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o
crime. No se pune a tentativa impossvel, pois, do contrrio, estar-se-ia diante de punio
do nimo, da mera inteno irrealizvel, sem consequncias lesivas para o bem
jurdico tutelado.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Consentimento
do ofendido
atipificante justificante
Recai sobre
elemento tpico
No recai sobre
elemento tpico
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Art. 150 - Entrar ou permanecer, CLANDESTINA OU
ASTUCIOSAMENTE, OU CONTRA A VONTADE EXPRESSA OU
TCITA DE QUEM DE DIREITO, em casa alheia ou em suas
dependncias.
Art. 213. CONSTRANGER algum, mediante violncia ou grave
ameaa, a ter conjuno carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso
Exemplos de consentimento do ofendido atipificante
Expresses que indicam o dissenso (no-consentimento) da vtima.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, CONTRA A VONTADE DO
PROPRIETRIO OU POSSUIDOR, coisa alheia mvel.
Exemplo de consentimento do ofendido justificante
Observe que no h qualquer expresso que indique o dissenso
(no-consentimento) da vtima.
Se o tipo fosse assim, consentimento do ofendido seria atipificante.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSA DE EXCLUSO DO
DOLO
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Espcies de erro de tipo
Incriminador
Art. 20, caput
Permissivo
Art. 20, 1
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceito
Erro de tipo: Nos termos do art. 20, caput, CP, quando o erro for considerado
invencvel, ou seja, aquele que qualquer pessoa, na situao em que
se encontrava o agente, incidiria, restam excludos dolo e culpa, mas,
quando vencvel, assim entendido aquele que o agente no teria sido
cometido se adotado mais cautela, afasta-se somente o dolo,
respondendo a ttulo de culpa, se houver previso de crime culposo
para o fato. Observa-se, portanto, que nos dois casos, invencvel e
vencvel, ocorre ausncia de dolo, porque o agente no atua com
conscincia e vontade de delinquir, como no exemplo clssico do
caador que mata seu companheiro imaginando que, atrs da moita,
estava uma fera. Verifica-se, portanto, que tanto no erro invencvel
quanto no vencvel o dolo resta afastado.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
consequncias
invencvel
Excluso de dolo e culpa
vencvel
Excluso s de dolo, subsistindo
responsabilidade culposa, se houver
previso
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
invencvel
Exclui dolo e culpa
vencvel
Exclui dolo, subsistindo
responsabilidade por homicdio
culposo
SE
Caador x homicdio
Dolo
conscincia vontade
matar
algum
animal
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
SE
Portanto, em qualquer caso no
haveria responsabilizao criminal.
invencvel
Exclui dolo e culpa
vencvel
Exclui dolo, mas no h trfico
culposo
transportador x trfico
Dolo
conscincia vontade
transportar
droga
farinha
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DA
CULPA
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Excluso da culpa
Infelicitas facti Falha da cincia
Princpio da confiana Erro de tipo invencvel
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Infelicitas facti : Se o advento decorre de caso fortuito ou fora maior (vtima se lana na
frente do veculo visando o suicdio) haver a excluso da culpa e o fato ser
atpico. No caso, afirma-se ter ocorrido a infelicitas facti ou acidente
imprevisvel, que quando o evento no podia ser previsto ou evitado pelo
agente e que ocorreria com qualquer outro em seu lugar.
Falha da cincia : A culpa pelo resultado no do agente, mas da cincia que se demonstra
insuficiente para evit-lo. No se confunde com a impercia, pois nesta a falha
do agente que deixa de observar as regras de profisso, arte ou ofcio.
Princpio da
confiana:
Parte da ideia de que, em atividades coletivas ou compartilhadas, como o
caso das relaes no trnsito ou de trabalhos em equipe (intervenes
mdicas, p.ex.), cada agente agir dentro de padres de normalidade, ou
seja, de forma prudente e razovel, no se exigindo que o indivduo tenha
previso perante aes descuidadas de terceiros.
Erro de tipo
invencvel:
aquele que qualquer pessoa, na situao em que se encontrava o
agente, incidiria, e, por isso, restam excludos dolo e culpa, de acordo
com o art. 20, caput, CP.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO INCIDENTES NA
ILICITUDE
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Classificao das excludentes de ilicitude
Estado de necessidade Legtima defesa Estrito cumprimento do dever legal Exerccio regular de direito
gerais
legais
especficas Aborto art. 128, I-II, CP Honra art. 142, I-III, CP Constrangimento ilegal art. 146, 3, I-II, CP Invaso de domiclio art. 150, 3, I-II, CP Crime ambiental art. 37, I, L. 9.605/98
Consentimento do ofendido
supralegal
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO INCIDENTES NA
CULPABILIDADE
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Elementos da culpabilidade
imputabilidade
exigibilidade de conduta diversa
potencial conscincia da ilicitude
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DA
IMPUTABILIDADE
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Des. mental
incompleto Doena mental Des. mental
retardado
Excluso da imputabilidade
Embriaguez
acidental Menoridade Dependncia de
drogas
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Doena mental:
Desenvolvimento
mental
incompleto:
o que possuem os silvcolas no adaptados vida em sociedade. A capacidade
plena alcanada quando o agente alcana a maioridade penal e, nos caso dos
silvcolas, quando adaptados vida em sociedade.
toda a enfermidade que afeta as capacidades intelectiva (de entender o carter
ilcito de sua conduta) ou volitiva (de se determinar de acordo com esse
entendimento) do agente.
Desenvolvimento
mental retardado: o que possuem os oligofrnicos (idiotas, imbecis e dbeis mentais) e os surdos-
mudos. Os surdos-mudos adaptados vida social so imputveis.
Menoridade: Tanto a CRFB (art. 228) quanto o Cdigo Penal (art. 27) presumem, de forma
absoluta, que a pessoa menor de 18 anos no tem capacidade de entender o carter
ilcito do fato (capacidade intelectiva) ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento (capacidade volitiva), em face de seu desenvolvimento mental
incompleto.
Embriaguez
acidental: a que decorre de caso fortuito ou fora maior. Nos termos do art. 28, 1, CP, somente a acidental completa isenta o agente de pena.
Dependncia ou
influncia de
drogas
A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) prev regramento especfico no que diz respeito
inimputabilidade absoluta ou relativa decorrente de dependncia ou de efeito de
droga, proveniente de caso fortuito ou fora maior.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DA
POTENCIAL CONSCINCIA DA ILICITUDE
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
espcies
direto indireto
consequncias
invencvel
Iseno de pena
vencvel
Reduo da pena
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Erro de
proibio direto:
o que recai sobre o contedo proibitivo da norma penal. Assim, o agente
acredita ser lcita sua conduta quando, na realidade, proibida pelo
ordenamento jurdico.
Erro de proibio
indireto:
o que ocorre nas chamadas descriminantes putativas por erro de proibio.
Caracteriza-se nas seguintes hipteses:
Erro quanto existncia de excludente de ilicitude: Quando o agente sabe
que o fato criminoso, mas supe estar ao abrigo de uma causa excludente
de ilicitude no reconhecida pelo ordenamento jurdico. Ex.: acreditando
constituir a eutansia uma excludente de ilicitude, o agente, por piedade,
desliga as mquinas que mantm viva a vtima, portadora de doena
incurvel, com terrvel sofrimento ou em estado terminal, mas que ainda no
foi desenganada pelos mdicos.
Erro quanto aos limites de excludente de ilicitude: Quando o agente se
engana sobre os limites da causa excludente de ilicitude que reconhecida
pelo ordenamento jurdico. Ex.: acreditando estar acobertado pelo estrito
cumprimento do dever legal, o sentinela efetua um disparo de fuzil na cabea
do preso que empreendia fuga, pelas costas, no momento em que este
escalava o muro.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
CAUSAS DE EXCLUSO DA
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Legais
Coao moral
Obedincia hierrquica
Excesso exculpante
Excesso acidental
Inexigibilidade de conduta diversa
stricto sensu
Objeo (imperativo) de conscincia
Coculpabilidade extrema
Supralegais
Excluso da E.C.D.
ESTUDOS DE DIREITO PENAL AVANADO
Conceitos
Coao moral:
Obedincia
hierrquica:
Somente na hiptese de ordem no manifestamente ilegal que apenas o superior hierrquico
pratica o crime, em autoria mediata, ficando excluda a culpabilidade do subordinado, nos
termos do art. 22 do Cdigo Penal.
O agente que atua sob coao moral resistvel responde pelo crime praticado, com a pena
atenuada nos termos do art. 65, inc. III, c, do Cdigo Penal. O coator tem sua pena agravada na forma do art. 62, inc. II, do mesmo diploma legal. Coator e coacto respondem pelo crime em
concurso de pessoas. Em caso de coao moral irresistvel, fica afastada a culpabilidade do
coacto e apenas o coator responde pelo crime.
Excesso
exculpante:
Ocorre quando o agente pratica o fato por pnico, medo, susto, consternao, fadiga ou terror.
A doutrina e jurisprudncia brasileira, diante da falta de previso legal na legislao comum,
costuma considerar o excesso exculpante como uma causa supralegal de excluso da
culpabilidade.
Excesso acidental
(fortuito):
Ocorre quando o agente observa os limites da causa de justificao, mas um resultado mais
gravoso decorre de um caso fortuito ou fora maior.
Inexigibilidade de
conduta diversa
stricto sensu:
Ocorre quando o agente invoca tese defensiva no prevista em lei para afastar a culpabilidade.
Nos crimes de sonegao fiscal, por exemplo, a prova de dificuldades financeiras, e consequente inexigibilidade de outra conduta, nos crimes de omisso no recolhimento de
contribuies previdencirias (Smula 68 do TRF da 4 Regio).
Objeo
(imperativo) de
conscincia:
Trata-se da hiptese em que o agente se recusa a cumprir certas obrigaes legais alegando
convico ideolgica, filosfica, poltica ou religiosa.
Coculpabilidade
extremada:
A expresso coculpabilidade traduz a ideia de diviso ou compartilhamento de
responsabilidades entre o agente que praticou o crime e o Estado que no lhe propiciou as condies mnimas. Em casos extremos, ou seja, quando evidenciado que a prtica delitiva foi, definitivamente, determinada pela falta de condies e oportunidades, pode-se pensar em
excluir a culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.