Ter Um Filho

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  • 7/23/2019 Ter Um Filho

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    crnica porque sim

    Ter um filho

    Daniel Sampaio

    Antes dos trs anos bom reduzir ao mnimo a televiso e o computador,porque o tempo de eplorar o mundo real

    O discurso sobre a baixa natalidade em Portugal esquece como difcil decidir ser pai ou me nos dias de hoje. Asociedade actual promove um discurso crtico sobre a parentalidade, ao comentar, com preocupante ligeirea, qualquer

    deciso menos consensual nas famlias! e os medos dos pais, alimentados por uma comunica"o social sempre pronta a

    veicular as notcias tr#gicas, cresceram de forma significativa nos $ltimos trinta anos% as crian"as de hoje no brincam narua, receiam muitas vees o contacto com os adultos e no se desembara"am com facilidade perante qualquer interac"o

    social mais complexa.

    Os pais de hoje, centrados no trabalho ou na ang$stia face ao desemprego, mostram, contudo, uma preocupa"o face aos

    filhos sem paralelo nos $ltimos cem anos% basta lembrar que na primeira metade do sculo && as crian"as e adolescentes no

    tinham vo, nem se sabia grande coisa sobre o seu desenvolvimento. 'uitos progenitores actuais t(m alguns problemas com oexerccio da autoridade, o que agravado pelo constante discurso em defesa do )no) e dos )limites), to do agrado de alguns

    justiceiros da actualidade! mas, na maior parte dos casos, conseguem uma rela"o de afecto e de disciplina que se mantm

    est#vel por muitos anos.

    As polticas sociais deveriam centrar*se em ac"+es de apoio aos pais de crian"as at aos tr(s anos, no permitindo que seexercesse presso para um regresso demasiado cedo ao trabalho e tendo preocupa"o com a detec"o precoce de dificuldades

    graves no exerccio das fun"+es parentais. quipas da #rea psicossocial deveriam estar disponveis nos infant#rios e jardins*

    de*inf-ncia, de modo a providenciarem apoio aos pais com maiores perplexidades ou hesita"+es, fomentando, ao mesmo

    tempo, a troca de experi(ncias com outros progenitores em situa"+es semelhantes.nquanto estas medidas * j# em pr#tica nalguns pases nrdicos * no se realiam entre ns, urgente criar uma din-mica de

    desmistifica"o da condi"o de ser pai e me, porque essa experi(ncia enriquecedora e mais intuitiva do que muitos tericospretendem faer crer. /uando se complexifica o exerccio da parentalidade atravs de um discurso psicologiante emoraliador, agravam*se os medos dos pais e prejudica*se a sua espontaneidade e a aprendiagem transgeracional na famlia.

    A todos aqueles que vo ter o primeiro filho ou se decidem pelo segundo 0o que cada ve mais raro1, importa dier coisas

    simples e pr#ticas. Por exemplo, bom que o casal se interrogue sobre se a deciso em ter um descendente surge no momentomais adequado da rela"o conjugal, porque um filho nunca salva um mau casamento. 2nteressa tambm assegurar que a

    crian"a possa ter o maior contacto possvel com outros adultos capaes de conversar com os mais novos, faendo*os participar

    da sua vida% a aprendiagem e o conhecimento dos objectos e situa"+es do quotidiano das famlias so uma fonte inesgot#vel

    para o crescimento dos mais novos. 3ustifica*se tambm faer com que a crian"a no permane"a demasiado em casa e possaconhecer o exterior, brincando com #gua, terra e areia, subindo e descendo escadas de acordo com a sua idade e com a

    vigil-ncia dos adultos% a explora"o do territrio fora de casa promove a autonomia e a auto*confian"a e a sujidade nas roupas

    no factor de risco.

    4ada ve vale menos a pena gastar muito dinheiro em brinquedos caros. As crian"as preferem o fa*de*conta, ou gostammais de ouvir contar estrias sobre a inf-ncia dos pais, por isso bom falar e estar atento 5s suas quest+es. tambm no h#

    pressa em coloc#*los frente a um ecr, porque a electrnica bastante intuitiva e eles aprendero depressa% antes dos tr(s anos

    bom reduir ao mnimo a televiso e o computador, porque o tempo de explorar o mundo real. 6

    Psiquiatra

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    !" #A$osto !%&% ' ()blica

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