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JUNHO 2012 Actividade física na terceira idade Projecto Tecnológico A GRUPAMENTO DE ESCOLAS ANTÓNIO NOBRE Docente: Cirilo Marinho Discente: Bruno Manuel Alves Gonçalves

Terceira Idade e Actividade Física

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A minha tese no 12º ano, sobre Terceira Idade e Actividade Física. Todos os autores na tese, estão identificados na bibliografia

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Page 1: Terceira Idade e Actividade Física

Junho 20121

JUNHO 2012

Actividade física na

terceira idade Projecto Tecnológico

A G R U P A M E N T O D E E S C O L A S A N T Ó N I O N O B R E

Docente: Cirilo Marinho

Discente: Bruno Manuel Alves Gonçalves

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Agradecimentos

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Aos meus pais por todo o incentivo e ajuda que me deram durante o

meu percurso académico, mesmo que por vezes tenham existido momentos

menos bons. Um muito obrigado.

À Paula por me ter acompanhado durante uma grande parte da minha

escolaridade e pela sua ajuda e empenho pra comigo, que sem dúvida foram

cruciais.

Ao professor/orientador Cirilo Marinho por toda ajuda que me deu na

organização deste trabalho.

Ao Paulo Melo, Ricardo Ferreira e Nuno Lopes que me ajudaram na

elaboração deste trabalho.

A todos os inquiridos pela sua disponibilidade no preenchimento do

questionário.

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Índice 1. Introdução ............................................................................................................................ 6

2. Tese ...................................................................................................................................... 8

3. Revisão Bibliográfica........................................................................................................ 10

3.1. Envelhecimento ............................................................................................................ 11

3.2. Envelhecimento Biológico ........................................................................................... 13

3.3. Envelhecimento Psicossocial ..................................................................................... 17

3.4. Qualidade a nível fisiológico ....................................................................................... 20

3.5. Qualidade de vida a nível social ................................................................................ 23

3.6. Qualidade de vida a nível psicologia ......................................................................... 25

3.7. Autonomia ...................................................................................................................... 27

3.8. Auto-estima ................................................................................................................... 29

3.9. Alterações ocorridas na aptidão física com o envelhecimento ............................. 32

3.9.1. Força muscular ..................................................................................................... 33

3.9.2. Flexibilidade ........................................................................................................... 36

3.9.3. Agilidade/Equilíbrio ............................................................................................... 36

3.9.4. Coordenação e velocidade de reacção............................................................. 38

3.9.5. Resistência cardiovascular ................................................................................. 39

3.9.6. Composição corporal ........................................................................................... 40

3.10. Treinos /Programas .................................................................................................. 43

3.11. Factores de influência da actividade física na terceira idade ............................ 46

3.11.1. Variáveis intrapessoais .......................................................................................... 48

3.11.1.1. Factores socioeconómicos ............................................................................. 48

3.11.1.2. Factores ambientais ........................................................................................ 49

3.11.1.3. Percepção dos benefícios da actividade física ........................................... 50

3.11.1.4. Atitude dos idosos face à actividade física .................................................. 51

3.11.1.5. Interesse na actividade praticada .................................................................. 52

3.11.2. Factores interpessoais ........................................................................................... 53

3.11.2.1. Passado desportivo ......................................................................................... 53

3.11.2.2. Imposições sociais e culturais ....................................................................... 54

3.12. A actividade física no idoso .................................................................................... 57

4. Material e Métodos ........................................................................................................... 60

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5. Apresentação e discussão dos resultados ................................................................... 62

6. Conclusão .......................................................................................................................... 85

7. Bibliografia ......................................................................................................................... 87

8. Anexos ............................................................................................................................... 89

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1. Introdução

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O envelhecimento é um factor que assiste ao ser humano, podendo ser

positiva ou negativa.

A etapa final da vida está associada a um vasto conjunto de alterações,

que se verificam ao nível biológico, psicológico e social (Spirduso, 1995). A

nível da acção motora, ocorrem modificações marcantes na postura corporal,

bem como, uma diminuição da capacidade de combinação dos movimentos,

que se tornam torpes, pesados lentos e contidos (Meinel e Schnabel, 1984).

As alterações também são patentes a nível do sistema nervoso central.

Este é o principal regulador do organismo humano (Hollmann e Struder, 2004).

Com estas alterações o idoso não conseguirá desenvolver as tarefas

quotidianas, caso não pratique exercício físico, pois com a prática do mesmo

poderá regenerar as áreas que estão mais fragilizadas, como a parte física,

social e psicológica. Com estas partes beneficiadas, o idoso aumentará a auto-

estima e a autonomia.

Actualmente existe uma maior divulgação dos benefícios da actividade

física, mas mesmo assim não existe uma grande aderência por parte dos

idosos, esta falta de aderência pode ter a ver com diversas razões como, falta

de conhecimentos, autonomia, complexos de inferioridade.

Na maior parte das vezes os idosos inserem-se na actividade física por

recomendação médica, pois provavelmente só assim é que conseguem

perceber o quão estão desajustados com o seu organismo.

Para os idosos as actividades mais indicadas são, pilates, dança, yoga,

caminhada, hidroginástica, pois estas regeneram as áreas mais afectadas com

o envelhecimento.

Nesta tese irei abordar vários temas sobre a terceira idade, para

perceber como é o desenvolvimento da terceira idade. Irei procurar estas

informações em teses de mestrados e em vários sites, vou apresentar um

questionário a pessoas de idades de 17 aos 25 e dos 40 aos 60 anos, para

perceber o que acham da actividade física no idoso e se existe alguma

divergência de opiniões, relativamente à diferenças de idades.

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2. Tese

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A tese do meu trabalho é “Será que a actividade física na terceira idade,

ajuda a reintegração do idoso na sociedade?”

O tema abordado nesta tese é sobre a terceira idade, onde irei abordar

diferentes temas, os benefícios da actividade física, a remodelação de vários

níveis na saúde do idoso, treinos que os idosos poderão desenvolver e os

diversos factores de influência da actividade física na terceira idade.

A actividade física é um factor importante na regeneração do organismo do

idoso, pois com o envelhecimento há uma decadência do organismo,

dificultando o seu dia-a-dia.

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3. Revisão Bibliográfica

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3.1. Envelhecimento

Nascer, crescer, amadurecer e envelhecer são

características de todos os seres vivos, sendo o

envelhecimento uma parte integral e natural da vida.

A forma como envelhecemos e experimentamos este

processo, não depende apenas da nossa constituição

genética, mas também do que fazemos ao longo da

vida (Heikkinen, 2003), cit. por Azevedo (2008).

Segundo a mesma autora, o envelhecimento é

comum a todos os membros de uma espécie, é

progressivo e compreende mecanismos que afectam a nossa capacidade de

executar diversas funções. Contudo o envelhecimento varia de pessoa para

pessoa, dependendo não só da genética, mas também dos hábitos

alimentares, o exercício físico, o meio social.

De acordo com Spirduso (1995), cit. por Azevedo (2008), o

envelhecimento pode ser entendido como o processo ou grupo de processos

que ocorrem nos organismos vivos que, com o passar do tempo, levam a uma

perda de adaptabilidade, diminuição de capacidade funcional, associado a

alterações físicas e fisiológicas e por fim à morte. Assim, podemos dizer que a

actvidade física, irá ajudar o idoso a reestruturar o organismo, conseguindo

atrasar o processo de deterioração. Com isto o idoso vai ter uma melhor

vivência no seu dia-a-dia,

Similarmente Zambrana e Rodriguez (1992),

cit. por Azevedo (2008), ressalvam que o

envelhecimento é um processo de degeneração

biológica que tem uma evolução contínua e que é

acompanhada, entre outros aspectos, pela limitação

das capacidades de adaptação do indivíduo e pelo

aumento das probabilidades de morrer. Visto que o

ser humano não pode “lutar” contra o

envelhecimento, pode tentar ter uma vida mais

longa, mas para isso, deve ter uma vida activa no

âmbito da actividade física.

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Também Simões (1992), cit. por Azevedo (2008), considera o

envelhecimento um fenómeno universal referente a todos os organismos, o

qual se inicia com a concepção e termina com a morte.

Para Ramilo (1994), cit. por Azevedo (2008), o envelhecimento é um

processo evolutivo e irreversível que ocorre, de forma distinta, de pessoa para

pessoa e é caracterizado pela diminuição da capacidade de resposta aos

estímulos, a diferentes níveis. Visto isto, é necessário saber que as pessoas

não são todas iguais, assim necessitam de vários tipos de motivação,

exercícios.

Sabendo que existem diferentes conceitos de envelhecimento, todos

eles partilham a ideia de que é comum a todos os seres vivos, onde há perda

de funcionalidade de forma gradual ao longo da idade, há um incremento da

susceptibilidade e incidência de doenças, aumentando assim a probabilidade

de morte (Heikkinen, 2003; Mota, Figueiredo e Duarte, 2004), cit. por Azevedo

(2008).

Para Robert (1995), cit. por Azevedo (2008), o envelhecimento resulta

da incapacidade dos organismos para se manterem num estado funcional igual

ou inalterado, que possibilite a regeneração contínua de todos os elementos do

organismo, à medida que se degradam.

Já Matsudo e Matsudo (1993), cit. por Azevedo (2008), mencionam que

o envelhecimento é um processo fisiológico que não ocorre obrigatoriamente

em paralelo com a idade cronológica e que ostenta uma elevada variação

individual.

Para Santos (2005), cit. por Azevedo (2008), o envelhecimento deve ser

compreendido como um processo múltiplo e complexo de continuidades e

transformações ao longo da vida, com reduções e perdas, mas também com

incrementos e reestruturações de carácter funcional e estrutural. Além disso

envolve também o conceito de qualidade de vida influenciado pela inclusão de

agentes sociais e comportamentais.

Em suma, podemos dizer que o envelhecimento é um processo que

decorre em todos os seres vivos, levando a uma perda de capacidade no

organismo, mas varia de ser vivo para ser vivo, dependendo do meio em que

habita, das suas características físicas, dos hábitos alimentares, se pratica ou

não exercício físico.

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3.2. Envelhecimento Biológico

Mckenzie (1980), cit. por Azevedo (2008), refere-se ao envelhecimento

como um conjunto de mudanças anatomofisiológicas que ocorrem ao longo do

tempo, nos vários sistemas do organismo, tais como, sistema nervoso,

digestivo, reprodutor, muscular, ósseo, cardiovascular, respiratório e excretor,

entre outros. Estão, ainda incluídas as mudanças nas estruturas celulares e

moleculares dos tecidos, imunidade, hormonas, metabolismo, enzimas e

incidências na patologia dos tecidos, imunidade, hormonas, metabolismo,

enzimas e incidências na patologia física.

O envelhecimento biológico, vai alterando o nosso organismo. Por isso é

de realçar a importância da actividade física na terceira idade, pois não

podendo alterar este processo, podemos atrasa-lo, sendo benéfico para o

idoso, assim poderá desenvolver as tarefas do quotidiano sem muitas

dificuldades.

O processo de degeneração biológica aparece muito antes daquilo que

entendemos por velhice e vem associado a limitações das capacidades de

adaptação do indivíduos e, infelizmente, de um aumento das possibilidades de

morrer (Zambrana, 1992), cit. por Azevedo (2008).

Há que ter em atenção que a idade real do indivíduo nem sempre

corresponde ao estado funcional do seu organismo, ou seja, a idade biológica.

Um indivíduo com 70 anos pode

apresentar-se como um indivíduo de 50

anos, e vice-versa (Soares, 2002), cit. por

Azevedo (2008). Aqui, podemos ter

inúmeros exemplos de pessoas, como

por exemplo, as celebridades, que

consomem drogas e outras substâncias

prejudiciais ao organismo. Pode-se falar também no tipo de alimentação,

genética, sexo (género), cultura, estatuto sócio-económico

O envelhecimento fisiológico é o resultado de um processo contínuo de

mudanças irreversíveis, ao longo da vida. Portanto, não é um factor estático ou

determinado por uma única causa específica. O envelhecer de cada indivíduo

relaciona-se com o próprio passar dos anos, em interacção com múltiplos

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aspectos ambientais, além dos factores genéticos. (Beauvoir, 1983), cit. por

Azevedo (2008). Nem sempre é verdade, mas conseguimos reparar nas

pessoas mais idosas, as que se encontram melhor no meio social e com um

organismo mais reajustado, pois têm uma vida mais activa quer social quer

física, do que os outros idosos que estão praticamente o dia todo em casa

sentados no sofá a ver televisão.

Com o envelhecimento, surgem proeminências ósseas e calcificações

das cartilagens e dos ligamentos, em especial das vértebras. Verifica-se, como

repercussão, uma perda da elasticidade e da amplitude articular (Gonçalves

1993), cit. por Azevedo (2008). As articulações tornam-se menos flexíveis,

perdem a sua mobilidade e a sua elasticidade e, em geral, a estatura diminui,

devido à compressão das vértebras e o esmagamento dos discos

intervertebrais (Soares, 2002), cit. por Azevedo (2008). Visto isto, é importante

salientar, mais uma vez, que a actividade física irá ajudar o idoso a reajustar o

seu corpo, tornando assim mais lento a perda de várias faculdades.

As alterações degenerativas da

coluna vertebral que decorrem do processo

de envelhecimento afectam a postura. Com

a idade os discos intervertebrais tornam-se

progressivamente menos espessos e com

maior rigidez. O caminhar, levantar, subir

escadas, constituem-se importantes factores

de stress para estas vértebras mal

posicionadas. Para além disto, o desgaste contínuo ao longo da vida, as lesões

e a má postura podem induzir diferenças no comprimento dos membros

inferiores, as quais podem provocar compensações posturais que, por sua vez,

aumentam o risco de quedas (Spirduso, 1995) cit. por Azevedo (2008).

Uma das causas da morbidez, e até mesmo da mortalidade no idoso, é a

osteoporose, que conjuntamente com outras alterações músculo-esqueléticas,

modifica as cabeças das articulações, beneficiando o desgaste e aumentando

a probabilidade de fraturas (Gonçalves, 1993), cit. por Azevedo (2008). A

marcha torna-se mais lenta e as passadas mais curtas e menos seguras. Sabe-

se, também, que os sujeitos idosos são mais lentos a realizar adaptações

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posturais perante uma perda inesperada de equilíbrio (Spirduso, 1995), cit. por

Azevedo (2008).

Com o envelhecimento, verifica-se também, uma deterioração do

aparelho respiratório, uma perda da elasticidade torácica, pois devido a

processos degenerativos a nível ósteo-articular, a caixa torácica torna-se mais

rígida. A superfície alveolar diminui, bem como a superfície total destinada ao

intercâmbio de gases durante a respiração é menor, o qual se justifica pela

redução da área capilar. Ao mesmo tempo, as vias aéreas, fundamentalmente

os brônquios de menor tamanho, tendem para a obstrução. Assim, haverá um

menor fluxo de ar e uma menor adaptação respiratória ao esforço. O idoso,

para conseguir a mesma quantidade de oxigénio, terá que realizar um trabalho

respiratório maior (Géis, 1996), cit. por Azevedo (2008). Assim é de prevenir os

idosos a não praticarem exercícios de grande intensidade, pois não têm a

mesma capacidade respiratória.

O passar dos anos repercute-se também no aparelho cardiovascular,

onde se verificam limitações na capacidade funcional do coração,

espessamento do ventrículo esquerdo, as pressões sistólicas e diastólica

elevam-se, a frequência cardíaca máxima diminui, o volume sistólico diminui, a

circulação sanguínea diminui. A diminuição do volume sistólico deve-se não só

à diminuição da pré-carga, mas também ao aumento das resistências

periféricas, à diminuição da capacidade ventricular e ao maior período de

tempo necessário para que o coração consiga atingir a sua força contráctil

máxima (Spirduso, 1995), cit. por Azevedo (2008).

Segundo Géis (1996), cit. por Azevedo (2008), com o avanço da idade

há uma diminuição da contractilidade da musculatura cardíaca, sendo

frequentes transtornos eléctricos cardíacos com diferentes graus de bloqueio e

arritmia. Assim sendo devem ser acompanhados por terceiros, pois nesta altura

o idoso já não é tão autónomo como antigamente e precisa de ajuda, por

vezes, negam esta ajuda, pois ou não querem incomodar ou então não se

querem sentir “fracos”, sem autonomia.

A diminuição da sensibilidade a nível dos sentidos relaciona-se,

intimamente, com o envelhecimento do sistema nervoso (Weineck, 1992), cit.

por Azevedo (2008). Como é normal o sistema nervoso vai perdendo alguns

neurónios, o que vai dificultar a faculdade dos sentidos nos idosos.

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Com o envelhecimento há uma perda do número de neurónios sobre

todos os lóbulos frontais e temporais, observando-se transferências

degenerativas e, consequentemente, atrofia do córtex cerebral e dilatação

ventricular (Géis, 1996), cit. por Azevedo (2008).

No que se refere à capacidade mental do ancião, quanto mais elevado

for o nível intelectual do individuo, mais lento é o decréscimo das suas

faculdades mentais. Se ele continuar a exercitar o seu raciocínio e inteligência,

pode conservá-la intacta (Beauvoir, 1983), cit. por Azevedo (2008).

Com esta citação podemos concluir que os idosos que conseguiram e

continuam a desenvolver um trabalho mais rigoroso a nível intelectual, poderão

manter as suas capacidades mentais. Caso sejam idosos analfabetos,

dificilmente manterão a sua faculdade mental.

Pode-se afirmar, que no envelhecimento existe uma degradação do

organismo, mas se o idoso fizer regularmente exercício físico, tem mais

facilidades em diferentes níveis do que outros que ficam em casa maior parte

do dia. Mesmo o idoso que pratica actividade física tem um decréscimo em

todos os aspectos no seu organismo, mas só que é um decréscimo mais

retardado, e consegue defender-se melhor contra certas doenças provenientes

desta idade.

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3.3. Envelhecimento Psicossocial

O envelhecimento psicológico reporta-se às modificações relacionadas

com a idade na conduta e nos processos mentais, como no funcionamento

cognitivo, personalidade e psicopatologia (Bergeman, 1997), cit. por Azevedo

(2008).

De acordo com o mesmo autor, a insegurança, o medo, a tensão e as

dificuldades de adaptação são consequências da alteração do papel familiar e

social a que o idoso é sujeito na nossa sociedade. Estes aspectos muitas

vezes são expressos através de irritabilidade, acomodação ou indiferença,

dependendo da sua intensidade ou continuidade, o que pode levar o ancião ao

isolamento e ao sentimento de inutilidade e, consequentemente afectar a sua

própria personalidade. Nesta fase é importante o seio familiar, assegurar a

importância do idoso, dizendo-lhe que tem um papel a cumprir, em vez de o

colocar fora dos planos familiares e não o colocando em tensão, pois isto irá

ser prejudicial para o ancião.

Spirduso et al. (2005), cit. por Azevedo (2008), referem que a diminuição

das habilidades cognitivas é uma consequência inevitável do envelhecimento.

No entanto, esta diminuição não está directamente associada ao

envelhecimento primário, mas sim ao envelhecimento secundário, ou seja, a

patologias e a um estilo de vida menos saudável. Podemos dizer que não é só

um estilo de vida menos saudável, que vai diminuir as habilidades cognitivas,

pode-se referenciar, também o meio social, o factor económico, auto-estima.

Assim se o idoso praticar exercício físico regularmente, certamente irá

enquadrar-se mais com a sociedade e se o meio social for favorável, podemos

afirmar segundo a teoria supra citada, que o idoso vai ter uma menor

diminuição das habilidades cognitivas.

Segundo Norman (1995), cit. por

Azevedo (2008), o envelhecimento é

frequentemente acompanhado por

depressões, perda de auto-estima e

sensação de isolamento social. O mesmo

refere que os factores psicológicos podem

ter um papel importante no declínio da saúde física, mesmo não havendo

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quaisquer razões fisiológicas para que tal aconteça, considerando-os, também,

um dos mais importantes preditores de saúde e de longevidade. No entanto,

sendo também o processo de envelhecimento psicológico caracterizado pela

diminuição das capacidades intelectuais e estando em estreita relação com as

modificações biológicas e sociais, se o estado de saúde se agravar, se

aumentar o isolamento, a perda de autonomia e as limitações do espaço de

vida dos idosos, também o seu estado mental se vai ressentir negativamente

(Bento, 1999) cit. por Azevedo (2008). Com isto podemos referir, que os

factores psicológicos têm um papel importantíssimo, mesmo que o idoso

mantenha regularmente uma vida activa no âmbito da actividade física. Caso o

individuo tenha problemas no foro psicológico este pode querer o isolamento e

assim provavelmente irá deixar lentamente o exercício físico, seguidamente

leva ao isolamento social e por fim a morte.

O envelhecimento demográfico é acompanhado pelo envelhecimento da

estrutura etária e pelo aumento do número de indivíduos reformados. Segundo

Fernandes (1997), cit. por Azevedo (2008), este cenário é visto como uma

preocupação para cientistas e dirigentes, dadas as dificuldades relacionadas

com o esgotamento dos sistemas de reforma, com os encargos dos idosos

sobre as gerações futuras, com custos que o seu grande número representante

e com a escassez de vitalidade e dinamismo que tal envelhecimento irá

determinar para as sociedades da posterioridade. Passadas menos de duas

décadas podemos afirmar, através de publicações em jornais, canais

televisivos, que cada vez existem mais idosos a morrer sozinhos em casa sem

qualquer auxílio de terceiros e por vezes são encontrados passado alguns dias

depois. Na minha opinião deveria de haver uma ajuda do estado, ou até

mesmo da própria família, pois estas pessoas não têm a mesma autonomia e

necessitam de ajuda.

Após as apreciações antecedentes, infere-se que o envelhecimento para

além de ser um processo biológico, é também um processo social, uma vez

que a velhice não se encaixa na classe cognominada na nossa sociedade

industrial, de produtiva. Vangloria-se a juventude, a vivacidade, a desenvoltura,

a rapidez, de entre outros valores preponderantes na sociedade

contemporânea e dá-se a entender que ser velho é antiquado, débil,

improdutivo e pouco atractivo (Marques, 1996), cit. por Azevedo (2008). Este

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estereótipo, de que só os jovens é que são bons para trabalhar e os idosos não

servem, tem de acabar pois diminuiu a auto-confiança, motivação, auto-estima

do idosos, o que leva a ter problemas sociais e psicológicos.

Examinado este facto social sob outra perspectiva, hoje em dia os

idosos estão a ser encarados de forma mais positiva, resultado das

organizações e projectos que vão propiciando actividades que fomentam não

só a ocupação dos seus tempos livres, mas também a sua inclusão na

sociedade. Nesta óptica, o desporto assume uma função importante,

evidenciando o “velho” como um grupo a revalorizar (Ligeiro, 2002), cit. por

Azevedo (2008). Actualmente vê-se cada vez mais idosos inseridos no meio

social, através de várias áreas, uma delas é o desporto, entre, caminhadas,

aulas com acompanhamento técnico.

Neste âmbito, a literatura considera a origem de uma nova política para

a terceira idade, baseada numa outra concepção de saúde, toda ela assente

não apenas no bem-estar físico, mas também no bem-estar psíquico e social

do indivíduo. Esta nova concepção ultrapassa os limites terapêuticos,

justificando medidas ligadas à melhoria da qualidade de vida do idoso

(Shepard, 1986), cit. por Azevedo (2008).

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3.4. Qualidade a nível fisiológico

Os principais benefícios fisiológicos da actividade física, a curto prazo,

referem-se à melhor regulação dos níveis de glucose no sangue, à estimulação

dos níveis de adrenalina, noradrenalina e à quantidade e qualidade do sono. A

longo prazo, ocorre a melhoria substancial em quase todos os aspectos do

funcionamento cardiovascular, força,

flexibilidade, equilíbrio, coordenação

e velocidade dos movimentos, o que

permite aos idosos realizar as

actividades do dia-a-dia de forma

independente (World Health

Organization (WHO), 1996), cit. por

Almeida, (2007). Como é

referenciado pela (WHO), a actividade física melhora, o organismo do ser

humano, ajudando assim a retardar o processo de envelhecimento. Verificamos

que a actividade física melhora e reestrutura o organismo do idoso.

O melhor programa de exercício para diminuir a morbilidade, a

mortalidade e manter a funcionalidade nos idosos é aquele que inclui

exercícios de resistência, força, equlibrio e flexibilidade (Spirduso et al., 2005),

cit. por Almeida, (2007). Os exercícios mais indicados para os idosos, são a

dança, caminhada e hidroginástica, que diminuem morbilidade e a mortalidade.

A prática regular de actividade física pode proteger os idosos de um

declínio adicional da aptidão física (King et al., 2000; Worm et al., 2001 citado

por Chang et al., 2003), cit. por Almeida, (2007). O American College of Sports

Medicine (ACSM, 1998), cit. por Almeida, (2007), tem desenvolvido estudos

que demonstram que a actividade física em idades avançadas pode ajudar a

manter algumas das componentes da aptidão física, tais como o VO2máx, a

força, o tempo de reacção e a flexibilidade.

Segundo Seguin et al., (2003), cit. por Almeida, (2007), o treino de força,

feito regularmente (2 a 3 vezes por semana) desenvolve a força muscular,

massa muscular e preserva a densidade óssea.

Estudos realizados concluíram que os efeitos da AF, na população

idosa, permitem aumentar a resistência ao esforço, a força e massa muscular,

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assim como a funcionalidade e a estabilidade da marcha, evitando risco de

queda (Chodzko-zaiko, 1999; Dias & Duarte, 2005), cit. por Almeida, (2007).

Estes estudos, realçam a reestruturação do organismo do idoso, como

verificamos o aumento da resistência ao esforço, massa muscular.

Relativamente ao sistema cardiovascular o envelhecimento e o desuso

degradam-no, no entanto, a actividade física, o exercício sistemático melhora-

o. Por exemplo, a caminhada

parece ser uma opção atractiva

para os idosos na medida em que,

tem benefícios cardiovasculares e

neuromusculares e pode ter um

efeito positivo na estrutura óssea

(Spirduso e tal., 2005), cit. por

Almeida, (2007). Por isso é que é

necessário manter actividade

física para conservar o sistema

cardiovascular, evitando assim o

envelhecimento.

Segundo Sallis (2003), cit. por Almeida, (2007), o treino de força, do

equilíbrio e actividades que visam desenvolver o sistema cardiovascular são

prioritárias para os indivíduos idosos, na medida de que, cada dimensão da

actividade física está ligada a condições médicas e funcionais específicas, que

produzem grandes impactos na morbilidade, mortalidade e qualidade de vida.

Estudos mostraram que o programa de treino de endurance de longa

duração e moderada a alta intensidade leva a aumentos no VO2máx. (Spirduso

et al., (2006), cit. por Almeida, (2007), onde os idosos, após a aplicação de um

programa de caminhada, melhoram significativamente o VO2máx. os sujeitos

da amostra que realizaram a caminhada com essa prescrição melhoraram a

sua capacidade máxima aeróbia medida pelo VO2máx, em média de 10,2% (p

< 0,001).

Para além do ponto de vista funcional, a prática de exercício aeróbio

regular tem demonstrado efeitos na redução da pressão sanguínea de idosos.

Imediatamente após ter começado o exercício a pressão sistólica de pessoas

hipertensas desce dos valores pré-exercidos cerca de 20 a 30 mmHg e em

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

22

pessoas com tensão normal cerca de 8 a 12 mmHg (Spirduso et al., 2005), cit.

por Almeida, (2007).

Segundo Krinski et al., (2006), cit. por Almeida, (2007), um programa

regular de intensidade leve a moderada possui efeitos positivos na redução da

pressão arterial, diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular

periférica, contribuindo para uma maior eficácia no transporte e captação de

insulina, aumentando o metabolismo basal, ajudando na perda de peso,

auxiliando no tratamento e na redução do risco de desenvolver diabetes e

hipertensão arterial sistémica.

Num estudo realizado por Cambri e Santos (2005), cit. por Almeida,

(2007), foi aplicado um programa de exercícios de força com pesos em

indivíduos sedentários portadores de diabetes tipo II com idades

compreendidas entre os 47 e os 58 anos de idade. Estes verificaram que o

programa aplicado fez diminuir os niveis de glucose na maioria das sessões

analisadas. Em função destes resultados foi concluído que este tipo de

programa é particularmente útil a longo prazo, na medida em que, aumentam a

massa muscular e como consequência, aumentam a quantidade de tecido a

captar a glucose, inclusive em repouso, ajudando a manter o controlo

adequado da glicemia.

Segundo Seguin et al., (2003), cit. por Almeida, (2007), o treino de força,

realizado sistematicamente, permite reduzir o risco de osteoporose e os

sintomas de inúmeras doenças crónicas, tais como doenças cardíacas, artrite,

diabetes do tipo II, para além de facilitar o sono e reduzir a depressão.

Como vimos todas estas citações revelam que, a actividade física

melhora todas as faculdades do organismo, prevenido assim doenças que são

típicas desta idade, atrasando o envelhecimento.

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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3.5. Qualidade de vida a nível social

Como os benefícios sociais, a participação em actividade física

apropriada pode ajudar a tornar os idosos mais dinâmicos e a possibilitar-lhes

um papel mais activo na sociedade. Além disso as actividades em grupo

aumentam as interacções sociais

e inter-culturais, permitindo a

formação de novas amizades,

diminuído os estados de solidão

que, geralmente, lhes são

característicos. Permite também a

aquisição de um novo papel o

aumento da actividade

intergeracional (WHO, 1996), cit. por Almeida, (2007). O exercício físico

proporciona ao individuo a interação no meio social, deixando-o assim com a

auto-estima provavelmente reforçada.

Segundo (Spidurso et al., 2005), cit. por Almeida, (2007), a optimização

da aptidão física dos idosos tem três consequências positivas, sendo que duas

trazem benefícios individuais e uma acarreta benefícios à sociedade. A

primeira e talvez a mais importante é relativa ao facto da actividade física

permitir aumentar o bem-estar e a satisfação, o que contribui para o aumento

da qualidade de vida dos idosos. A segunda refere-se ao aumento significativo

do número de pessoas com vida saudável o que tem um enorme impacto na

redução de despesas com a saúde. Por fim, a terceira refere-se ao facto dos

idosos saudáveis e aptos serem mais capazes de se envolverem com a família,

amigos, comunidade e de interagir com as pessoas que são importantes para

eles e para o seu bem-estar. Assim, os idosos não irão sentir-se uma “peça” a

mais na família, participando activamente em várias tarefas, pois sentem-se

com capacidades para tal.

Os resultados de estudo dedicados à avaliação de efeitos psicossociais

da actividade física nos idosos apontam para a melhoria do sentimento de

auto-estima e do bem-estar geral, o reforço da consciência da necessidade de

actividade, a diminuição de medos e receios, a reposição da disponibilidade

para a comunicação, para a convivialidade e para a recreação, a estabilidade

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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emocional e para a redução de estados de depressão e agressividade (Bento,

2001), cit. por Almeida, (2007).

Segundo Faria Júnior (2001), cit. por Almeida, (2007). vários trabalhos

têm evidenciado a importância da actividade física no processo de socialização

dos idosos e na ampliação das suas relações interpessoais. Muitos idosos

referem que o maior factor motivador para a participação em programas de

actividade física é encontrar pessoas, ajudando-as a enfrentar problemas de

solidão.

Para Bento (2004), cit. por Almeida, (2007). o desporto exerce um papel

importante dado que os seus efeitos na dimensão corporal, espiritual e social

encerram a possibilidade de retirar os idosos de situações de isolamento e

afastamento.

Actualmente, vê-se muitos idosos a fazer caminhadas, corridas com

outros idosos, certamente, é por ser em grupo que muitos idosos praticam

exercício físico, não só por que melhora o organismo mas também tem uma

grande influência a nível social.

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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3.6. Qualidade de vida a nível psicologia

Relativamente aos benefícios na dimensão psicológica, a prática regular

de exercício, leva a melhorias em quase todos os aspectos de funcionamento

psicológico. Verifica-se melhorias na capacidade de relaxamento, na regulação

de stress e da ansiedade, no estado de humor, melhorias de várias doenças

mentais.

Afirma-se que os benefícios psicológicos da prática da actividade física

são muitos e inegáveis. Os indivíduos idosos, assim como os de outras faixas

etárias, experimentam alterações positivas nos estados de ânimo, na auto-

estima, na auto-eficácia, obtendo recursos pessoais para enfrentar as

situações de stress e do desfio do quotidianos (Miranda e Godeli, 2003), cit. por

Almeida, (2007). Tendo isto como exemplo, podemos afirmar, que a activdade

física proporciona ao idoso um melhoramento na parte psicológica, assim o

idoso sentir-se-á com mais auto-estima para enfrentar o mundo exterior.

Segundo Berger & Mclnman (1993, citado por Cruz et al., 1996), cit. por

Almeida, (2007), o exercício na terceira idade parece estar associado a

importantes benefícios psicológicos reflectidos sobre as características da

personalidade: promoção e melhoria da auto-eficácia, da satisfação com a vida,

da felicidade geral com reflexos sobre a diminuição dos níveis de tensão,

ansiedade e depressão e na melhoria do bem-estar e da qualidade de vida.

As pessoas fisicamente activas têm um risco mais baixo de desenvolver

sintomas depressivos do que as pessoas sedentárias. Indivíduos que

aumentam o seu nível de actividade físca durante longo período de tempo

diminuem o risco de desenvolver depressões e os que diminuem a actividade

física ou mesmo param de praticar aumentam o risco de desenvolver sintomas

(Spirduso et al., 2005), cit. por Almeida, (2007).

Segundo os mesmos autores, outro dos benefícios da actividade física

reside no impacto que esta tem ao nível da auto-eficácia, sendo este

observado mesmo em pacientes com doenças cardiovasculares osteoartrite e

em doentes crónicos de obstrução pulmonar.

Segundo Vieira e Waltrick (2005), cit. por Almeida, (2007), o exercício

físico é uma das formas de prevenção e de reabilitação mais barata e eficaz

em várias doenças, actuando como coadjuvante no tratamento de distúrbios

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Actividade física na terceira idade

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depressivos independentemente do sexo e da faixa etária. Segundo estas

citações podemos perceber, que a actividade física é importante na vida do ser

humano, pois previne diversos distúrbios, doenças.

No entanto, a actividade física não é como uma vacina que dura por

vários anos. É necessário manter um estilo de vida sempre activo para que se

possa retirar os benefícios inerentes a este. Torna-se fundamental que a

pessoa se mantenha activa em todas as idades, principalmente nas mais

avançadas, para combater o ciclo vicioso negativo que habitualmente se instala

entre o sedentarismo, a deterioração de saúde, a perda de faculdades físicas e

da funcionalidade (Barata e tal., 2003) cit. por Almeida, (2007). É necessário

que o idoso tenha uma vida activa em termos de actividade física, pois como

refere o autor supra citado, é necessário combater certas doenças e algumas

questões negativas que os idosos têm, para isso nada melhor que a actividade

física.

Constata-se assim que a actividade física, é das principais áreas que

ajuda o ser vivo a manter-se saudável em diversos níveis, ajudando na

reintegração do mesmo.

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Actividade física na terceira idade

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3.7. Autonomia

São várias as abordagens do conceito autonomia, verificando-se

perspectivas mais ou menos positivas, conforme o autor consultado. Por

exemplo, Farinatti (1996), cit. por Faria (2009), refere que é comum associar

autonomia a uma ausência de incapacidades e que, por isso mesmo, se torne

uma abordagem negativa e limitava do conceito. Assim, surgem outras

referências, como a de Barros (1993) ou mais recentemente Mazo et al.,

(2004), cit. por Faria (2009), que associam a autonomia a uma capacidade de

autogestão, de cuidar de si mesmo. Esta relação de autonomia é bem retratada

por Peixoto Veras (cit. Por Júnior 1999, p.38), cit. por Faria (2009), quando

refere que, “uma forma de procurar quantificar a qualidade de vida de um

indivíduo é através do grau de autonomia com o que o mesmo desempenha as

tarefas do dia-a-dia”. Podemos então afirmar, que a autonomia é a capacidade

que a pessoa tem para cuidar de si, ou para realizar as tarefas do quotidiano

sem qualquer dificuldade.

A autonomia surge, então, como um sinónimo de independência na

realização das tarefas diárias, resultando num maior bem-estar quanto maior

for a sua capacidade de concretização. É com o sentido de preservação e

melhoria desta capacidade que grande parte da população idosa se inscreve e

pratica actividades físicas. Assim, como refere Carvalho (1999), cit. por Faria

(2009), as actividades físicas para esta população devem ter como objectivos

manter e melhorar a sua independência e autonomia, bem como possibilitar o

aumento da sua sociabilização, apresentando ainda como função prioritária o

desenvolvimento de capacidades que facilitem o idoso na realização das suas

actividades de vida diária.

Ao longo da vida o ser humano vai

perdendo autonomia, mas, se o indivíduo

conseguir manter uma vida activa a nível

físico, irá ser mais fácil nesta última etapa,

pois, no geral os idosos não conseguem

fazer algumas tarefas que antigamente as

faziam quotidianamente e com o avançar

da idade tornaram-se mais complicadas como calçar uns sapatos, tomar

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Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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banho, vestir-se. Assim se o Homem conseguir manter bons níveis de exercício

físico, irá contribuir para o retardamento das suas capacidades, mantendo

assim a sua autonomia e contribui também para a sua felicidade, aumentando

a sua auto-estima, melhorando também as faculdades físicas, sociais e

psicológicas.

Para o idoso possuir autonomia e independência funcional, significa ter

capacidade de realizar as actividades do dia-a-dia, sem ajuda de terceiros,

considerado um aspecto essencial para uma vida com qualidade. A falta de

autonomia resulta do facto do individuo não conseguir responder às

necessidades com que se depara diariamente e, sobretudo, não ter capacidade

de se movimentar.

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Actividade física na terceira idade

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3.8. Auto-estima

Nos últimos anos o domínio da auto-estima tem sido objecto de variados

estudos devido à sua influência determinante no desenvolvimento psicológico

do indivíduo (Cidália de Freitas, 2008).

A motivação é a avaliação que o sujeito tem de si, podendo ser mais ou menos

favorável. Como refere Rosenberg (1979), cit. por Freitas (2008), a auto-estima

é avaliação que o indivíduo faz a respeito do seu próprio valor. Para ele, a

auto-estima divide-se em três componentes: “o Eu existente”, que é a forma

como cada pessoa se visualiza a si própria; o “Eu desejado”, que é a maneira

como a pessoa gostaria de ser; e o “Eu revelado”, que corresponde à maneira

como o indivíduo se tenta mostrar ou dar a conhecer aos outros. Em 1986, o

autor refere duas formas de interpretação da auto-estima: a maneira como as

pessoas se vêm quando olham para si próprias e a maneira como se

descrevem nas suas várias dimensões.

Na terceira idade a variável auto-estima é considerada essencial face à

aquisição e manutenção de um nível satisfatório da qualidade de vida (Costa,

2000), cit. por Freitas (2008). Pois só com a auto-estima elevada é que o

sujeito pode/consegue realizar determinadas tarefas.

Na terceira idade é muito importante o idoso ter uma auto-estima

elevada, pois só assim conseguirá passar os seus problemas com maior

facilidade, caso contrário poderá sentir-se uma pessoa à parte, não tendo

nenhuma preocupação consigo e com isto poderá ter menos capacidade a

nível psicológico, para “lutar” com os problemas/doenças dessa idade.

Bandura (1986), cit. por Freitas (2008), refere que a auto-estima é

também influenciada pelas informações que se obtêm de experiências actuais,

comparações com um modelo, persuasão verbal dos outros e pelo seu próprio

estado psicológico. Assim, independentemente da idade e das alterações

fisiológicas, o indivíduo que se sente com capacidades e encare com

naturalidade as mudanças que vão ocorrendo na vida, poderá manter os seus

níveis de auto-estima.

O meio social também é importante, não só para aumentar a auto-estima

mas também para a rebaixar, pois uma pessoa constrói a sua auto-estima

através de vários comentários, os que podem ser favoráveis com

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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desfavoráveis. A personalidade do individuo é que o vai definir sua auto-estima,

como refere Spirduso (1995), cit. por Freitas (2008), a auto-estima é o respeito

e a apreciação que os indivíduos fazem deles mesmos, ou como a dimensão

dos sentimentos positivos acerca deles próprios. A auto-estima é claramente

um constructo multidimensional, dado que inclui a visão que os indivíduos

fazem deles mesmos em todas as dimensões da sua vida, sejam elas

psicológicas, social, fisiológicas ou física.

Vaz Serra (1987), cit. por Freitas (2008), considera que a auto-estima é

o juízo que o sujeito faz acerca de si próprio, que pode ser positivo ou negativo,

perante acontecimentos ou aspectos considerados importantes. A auto-estima

encontra-se, deste modo, associada aos fenómenos de compensação ou

descompensação emocional do individuo.

Na terceira idade a variável auto-estima é considerada essencial face à

aquisição e manutenção de um nível satisfatório da qualidade de vida (Costa,

2000), cit. por Freitas (2008).

Bandura (1986), cit. por Freitas (2008), refere que a auto-estima é

também influenciada pelas informações que se obtêm de experiencias actuais,

comparações com um modelo, persuasão verbal dos outros e pelo seu próprio

estado psicológico. Assim, independentemente da idade e das alterações

fisiológicas, o indivíduo que se sente com capacidades e encare com

naturalidade as mudanças que vão ocorrendo na vida, poderá manter os seus

níveis de auto estima.

Se o idoso não conseguir encarar estas decadências, pode levar a uma

diminuição da auto-estima, o que pode ser prejudicial para esta ultima fase da

sua vida.

O meio social é importante, pois como citei Bandura (1986),

“comparações com um modelo”, estes modelos podem ser os nossos ídolos,

amigos, parentes, sendo assim, queremos ser como eles e se o objectivo for

cumprido, a auto-estima subirá.

Falando mais sobre a parte desportiva, Sonstroem (1984), cit. por

Freitas (2008), conclui que a participação em programas de exercício está

relacionada com o aumento do score dos sujeitos nos testes de auto-estima,

apresentado explicações para o facto de auto-estima aumentar positivamente

com a actividade física. Deste modo, o aumento da aptidão física, o facto de os

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Actividade física na terceira idade

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participantes sentirem que conseguem atingir os objectivos dos exercícios

propostos e as experiências sociais proporcionadas pelo exercício são factores

que contribuem decisivamente para o aumento da auto-estima

Sonstroem (1994), cit. por Freitas (2008), referiu que as percepções em

relação às capacidades físicas estão mais directamente relacionadas com a

auto-estima do que as próprias habilidades motoras dos indivíduos.

Concluímos que, o mais importante é sentirmo-nos bem com o que estamos a

fazer, do que tentar ser o melhor.

A auto-estima de uma pessoa idosa pode aumentar, caso esta pratique

exercício físico, pois, com isto vai reajustar diversas áreas do seu organismo,

que estavam mais fragilizadas e certamente que a auto-estima subirá,

sentindo-se mais integrado na sociedade e com mais saúde. Ou então,

também pode descer, mesmo que pratique exercício físico, isto depende das

expectativas do individuo, por exemplo, se um idoso estiver num ginásio e

tentar atingir níveis elevados e não conseguir atingir, o idoso certamente que

irá sentir-se desmotivado, o que pode baixar a sua auto-estima.

MacAuley (2001), cit. por Freitas (2008), analisou os efeitos

psicossociais de um programa de exercícios físicos de seis meses em pessoas

da terceira idade. Os exercícios aumentaram o nível de auto-estima, auto-

eficácia e bem-estar das pessoas envolvidas no programa e melhoram as

funções cognitivas como atenção, concentração e memória.

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3.9. Alterações ocorridas na aptidão física com o

envelhecimento

Com o envelhecimento ocorrem diversas alterações ao nível de vários

sistemas do organismo, que induzem o declínio progressivo das capacidades

físicas e cognitivas do ser humano (Spirduso, 2005), cit. por Oliveira (2006).

Dentro do âmbito da aptidão fisica relacionada com a saúde, Bouchard e

Sephard (1994), cit. por Oliveira (2006), enumeram cinco componentes e vinte

e dois factores, salientando que um perfil favorável dos últimos, representa

uma nítida vantagem em termos de saúde.

1. Componente morfológica

Índice ponderal;

Composição corporal;

Distribuição de gordura subcutânea;

Gordura visceral abdominal;

Densidade óssea;

Flexibilidade.

2. Componente muscular

Força;

Resistência;

Potência.

3. Componente perceptivo-Cinética

Agilidade;

Equilíbrio;

Coordenação;

Velocidade de movimento.

4. Componente cárdio-respiratória

Capacidade de exercício sub-máxima;

Potência aeróbia máxima;

Função cardíaca;

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Função pulmonar;

Tensão arterial.

5. Componente metabólica

Tolerância à glicose;

Sensibilidade à insulina;

Metabolismo lipídico e lipoprotéico;

Características de oxidação de substratos.

Cristina Maria Moura (2006), cit. por Oliveira (2006), refere que apesar

do envelhecimento ser um facto inevitável, as alterações fisiológicas e motoras

decorrentes deste processo são extremamente variáveis de indivíduo para

indivíduo, estando condicionados por factores intrínsecos, tal como genética e

extrínsecos, tal como o meio físico e social, os quais assumem uma

importância fundamental.

Assim, estas modificações têm efeitos negativos para o idoso nomeadamente

ao nível da mobilidade funcional, limitando a sua capacidade de realizar as

mais variadas taefas do quotidiano (Rogers e Evans, 1993; Puggard et al.,

1994; Taunton et al., 1997; Shephard, 1997; ACSM, 1998; Morey et al., 1998;

Rikli e Jones, 1999, 2001), cit. por Oliveira (2006).

Na terceira idade o exercício físico é essencial para uma melhoria a

vários níveis, prevenindo doenças, reintegrando o idoso na sociedade,

melhorando o organismo. Neste escalão etário a aptidão física é extremamente

importante, uma vez que é através desta que o idoso consegue realizar as

actividades do seu dia-a-dia e manter a sua qualidade de vida adquirida (Kinner

e Ojam 1994), cit. por Oliveira (2006).

3.9.1. Força muscular

Com o envelhecimento podemos constatar que a força muscular vai

degenerando, necessitando assim de vários tipos de treinos, mesmo não

podendo parar esta diminuição, podemos atrasá-la. Assim, com a prática de

exercício físico o idoso pode manter as tarefas do dia-a-dia, como a lida da

casa, tomar banho descer e subir escadas.

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Actividade física na terceira idade

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Dentro das alterações sofridas com o processo de envelhecimento a

força é aquela que tem sido alvo de várias pesquisas (Rogers e Evans, 1993),

cit. por Oliveira (2006).

É considerada por inúmeros investigadores como sendo a componente

fundamental da aptidão física (Taylor e Tucker, 1996; Allsen et al., 1993), cit.

por Oliveira (2006), daí estar associada ao estado de saúde funcional dos

humanos (Bouchard et al., 1994; ACSM, 1995), cit. por Oliveira (2006).

Dos níveis de força muscular, depende a possibilidade do idoso executar

um vasto conjunto de tarefas quotidianas, tais como ir às compras, subir e

descer escadas, levantar-se de uma cadeira ou sair do carro e que muitas

vezes, se encontram comprometidas nos idosos, tornando-os dependentes e

limitados no seu dia-a-dia (Barata, 1997), cit. por Oliveira (2006).

A literatura é consensual no que concerne à diminuição da força e

massa muscular com o envelhecimento, verificando-se aos 80 anos, por

comparação com a idade de adulto jovem, uma perda superior a 40 % para os

homens, e 30% para as mulheres (Veríssimo et al., 2001), cit. por Oliveira

(2006). Esta perda, é mais marcada para as fibras rápidas ou tipo II, devido à

diminuição preferencial do número de neurónios que as enervam. Atendendo a

este factor, a velocidade é das primeiras capacidades a sofrer alterações com o

processo de envelhecimento (Pereira, 1997; Welle, 2002), cit. por Oliveira

(2006).

Outras das alterações que ocorrem é a diminuição do número e diâmetro

das fibras musculares e os músculos atrofiam, sendo parcialmente preenchidos

por tecido adiposo e tecido conjuntivo fibroso (colagénio), o que os torna não

apenas mais fracos mas igualmente menos flexíveis (Péronnet, 1985), cit. por

Oliveira (2006). Vários têm sido os factores implicados em todo este processo,

entre os quais os fenómenos de desnervação/reinervação têm assumido

relevância especial (Daley e Spinks, 2000), cit. por Oliveira (2006). Com o

envelhecimento e/ou desuso ocorre a desnervação das fibras musculares

devido á degeneração da placa motora, ocorrendo atrofia e diminuição do

número de fibras bem como perda de eficácia da sua capacidade de gerar

energia a contração muscular, dada a diminuição de proteínas contrácteis e o

aumento do volume do reticulo sarcoplasmático (Daley e Spinks, 2000), cit. por

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Actividade física na terceira idade

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Oliveira (2006). Podemos verificar que um idoso inactivo fisicamente tem mais

possibilidade de passar por isto.

Tal como referido anteriormente, a idade é um factor que influencia os

níveis da força muscular, à medida que a idade aumenta os níveis de força

tendem diminuir (Hortobágyi e DeVita, 2000; Hortobágyi, 2001), cit. por Oliveira

(2006). A perda dos índices de força ao nível dos músculos superiores do

tronco, aumenta o risco de acidentes durante o desempenho de tarefas da vida

diária como o levantar, empurrar, puxar efectuar as limpezas de casa, cozinhar

e comer (Thompson, 1994), cit. por Oliveira (2006).

Muitas vezes os idosos não praticam desporto com medo das sensações

negativas que poderão aparecer, como quedas, incapacidade para

acompanhar os restantes membros, assim o idoso fica resignado, perdendo

assim a sua auto-estima.

De acordo com Rantanen et al., (2000), cit. por Oliveira (2006), a força

muscular é um importante predictor de sobrevivência e que os indivíduos

enfraquecidos têm aumento do risco de mortalidade e inaptidão, quando

comparados a indivíduos da mesma faixa etária e possuidores de maiores

graus de força muscular.

No sentido de minimizar as

alterações advindas da perda de força, o

treino desta capacidade produz inúmeros

benefícios nos idosos tais como:

diminuição da percentagem de gordura

principalmente intra-abdominal, aumento

da força muscular, redução dos factores

que causam quedas, redução da resistência à insulina, melhoria da postura

corporal, manutenção ou melhoria da densidade mineral óssea, normalização

dos seus níveis de pressão sanguínea, melhoria da auto-estima e da auto-

imagem (Hurley e Roths, 2000), cit. por Oliveira (2006). Em suma podemos

dizer que todas estas actividades irão atrasar o desenvolvimento negativo que

está presente nos idosos, podendo assim melhorar a sua auto-estima,

autonomia.

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Actividade física na terceira idade

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3.9.2. Flexibilidade

A flexibilidade é considerada como uma capacidade física responsável

pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máximo, por

uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos,

sem o risco de provocar lesão (Llano et al., 2002), cit. por Oliveira (2006).

Esta capacidade é influenciada pelo envelhecimento e a idade,

principalmente a partir dos 55 anos de idade, com reflexo sobre o aumento da

dificuldade na locomoção, na realização de diferentes tarefas diárias e no

aparecimento de problemas da coluna vertebral (Mota e Carvalho, 2002), cit.

por Oliveira (2006). Para que haja um menor declínio na flexibilidade é

necessário que o individuo pratique regularmente exercício físico, mesmo que

não pare irá retardar este processo. Assim podemos afirmar que a pouco

utilização das articulações, irá causar um maior declínio em termos da

flexibilidade. Os mecanismos de doenças como a artrite, osteoporose,

arteriosclerose, contribuem para um

decréscimo significativo da função

neuromuscular e da flexibilidade (Holland et al.,

2002), cit. por Oliveira (2006).

A flexibilidade é uma componente da

aptidão física funcional que está associada à

qualidade de vida dos idosos. A perda desta

com o envelhecimento está associada a dificuldades em andar, subir escadas,

levantar-se de uma cadeira ou de uma cama (Cristina Maria Moura, 2006).

Neste sentido, a implementação regular de um programa de exercícios

de flexibilidade justifica-se nos seus diferentes efeitos na funcionalidade,

autonomia e saúde dos idosos (Carvalho e Mota, 2000), cit. por Oliveira (2006).

3.9.3. Agilidade/Equilíbrio

Equilíbrio dinâmico é a capacidade de manter a posição do corpo sobre

a sua base de sustentação. Caracteriza-se pela utilização constante de

informações internas e externas, no sentido de reagir a perturbações da

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Actividade física na terceira idade

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estabilidade e activar os músculos para trabalharem coordenados, antecipando

as alterações do equilíbrio (Spirduso, 1995), cit. por Oliveira (2006).

O mesmo autor refere que as alterações degenerativas da coluna vertebral, a

falta de força nos membros inferiores, influenciam negativamente o equilíbrio

estático e dinâmico.

Transferir objectos de um sítio para o outro, abrir portas e tocar a

campainha, constituem tarefas que fazem com que os idosos se desloquem

lateralmente, para a frente e para trás, apelando de forma contínua à

expressão do seu equilíbrio dinâmico. Estas tarefas diárias podem tornar-se

num verdadeiro desafio se esta capacidade diminuir ou estiver limitada com o

avançar da idade (Mota e Carvalho, 2002), cit. por Oliveira (2006). Isto

acontece porque os idosos tiveram uma vida pouco activa no âmbito do

desporto, assim isto causar-lhes-á estes tipos de problemas. Os idosos que

durante a vida praticaram exercício físico, terão uma maior facilidade a estes

níveis.

À medida que o individuo envelhece, a deambulação é

progressivamente dificultada, surgindo uma variedade de tremores e perdas de

equilíbrio (Melo et al., 2003), cit. por Oliveira (2006). O envelhecimento, está

também associada uma deterioração progressiva da visão tais como redução

do campo visual, dificuldades de focagem, dificuldade em distinguir cores, e

diminuição da acuidade visual, que também afectam negativamente a

capacidade de equilíbrio (Berger, 1995), cit. por Oliveira (2006).

Assim, o equilíbrio torna-se essencial neste

escalão etário, já que o seu, mau funcionamento é

uma das principais causas que levam às quedas,

podendo implicar fracturas que podem conduzir o

individuo a grandes períodos de imobilização, o que

provoca uma aceleração nos processos

degenerativos que acompanha o processo de

envelhecimento (Appell e Mota, 1992), cit. por

Oliveira (2006).

De acordo com Skelton (2001), cit. por Oliveira (2006), a prática de

actividade física é importante para o controlo do equilíbrio, tanto para corrigir de

um desequilíbrio (músculo mais fortes e melhor equilíbrio, aumento da

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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coordenação e da velocidade de reacção), como na percepção do desequilíbrio

(através do aumento da amplitude articular, particularmente ao nível do

tornozelo e aumento da proprioceptividade). Tipicamente os programas de

actividade física, com o objectivo de melhorar o equilíbrio e prevenir quedas,

incluem exercício posturais e de equilíbrio de coordenação, de força, de

flexibilidade e exercicio aeróbio (DeVito et al., 2003), cit. por Oliveira (2006).

3.9.4. Coordenação e velocidade de reacção

Podemos entender como coordenação, a acção de influência reciproca

entre o sistema nervoso e o sistema muscular, durantes a realização de um

determinado movimento (Appell e Mota, 1992), cit. por Oliveira (2006).

De acordo com Spirduso (1995), cit. por Oliveira (2006), existem dois

mecanismos psicológicos dos quais dependem a coordenação nos idosos: a

motivação e a ansiedade. Estes mecanismos podem dificultar a coordenação e

a aprendizagem a nível muscular nos idosos.

Dentro deste âmbito, a velocidade de reacção, assume também um

papel importante. De acordo com Spirduso (1995), cit. por Oliveira (2006), a

velocidade de reacção é definida como o intervalo de tempo que vai desde a

apresentação de um estímulo ate ao início de uma resposta volitiva, e

consoante o número de estímulos e a complexidade de situação.

As alterações na velocidade de movimento dos idosos levam a uma

lentificação de reacções motoras, das funções mentais e na execução de

movimentos gerais. Estas alterações combinadas com outras associadas ao

envelhecimento, tais como da coordenação, da força muscular, da amplitude

do movimento disponível, levam a limitações da capacidade de executar

actividades tão simples como o comer conduzir um automóvel, bem como a um

aumento significativo do risco de ocorrerem quedas (Cho et al., 1998;

Henriksson e Hirschfeld, 2005), cit. por Oliveira (2006).

Deste modo torna-se importante realçar a prática de actividade física

regular, incluindo exercício que solicitem a memória, atenção e concentração,

de forma a melhorar a integridade do tecido cerebral, a manter a capacidade de

atenção e concentração, que determinam o mecanismo através do qual o

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

39

sistema nervos central prepara o processamento do estímulos, tempo de

reacção e de movimento (Mota e Carvalho, 2002), cit. por Oliveira (2006).

3.9.5. Resistência cardiovascular

À medida que a idade avança, observa-se uma diminuição de aptidão

cardiovascular, provavelmente devido à diminuição da frequência cardíaca,

diminuição acentuada do volume sistólico máximo, bem como da capacidade

dos músculos para utilizarem o oxigénio, e da incapacidade de conduzir o

sangue para os diferentes músculos (Spirduso, 1995). cit. por Oliveira (2006).

Durante um esforço de caracterisiticas gerais submáximas, esta

capacidade motora é determinada principalmente pela capacidade de

transporte de oxigénio aos tecidos hiperfuncionantes (componente central) e

acessoriamente, pela utilização periférica de oxigénio para a re-sintese de ATP

muscular (componente periférica). Os indivíduos com fracos índices de

tolerância a esforços sub máximos, revelam fatigabilidade fácil e precoce, com

repercussões significativas nas actividades de vida diária (Pereira, 1998), cit.

por Oliveira (2006). Visto isto, podemos afirmar que o individuo que pratique

regularmente exercício físico, terá uma vida mais facilitada na terceira idade.

Com o avançar da idade, no sistema cardiovascular, ocorrem

modificações evidentes. Uma das mudanças importantes, é a diminuição da

capacidade máxima do coração, verificando-se perda da contractilidade do

músculo cardíaco, com ligeiro espessamento do endocárdio e das válvulas

cardíacas.

O envelhecimento não leva a alterações significativas do batimento

cardíaco de repouso, mas a um declínio do batimento cardíaco máximo

(McArdle, et al., 1994), cit. por Oliveira (2006). Isto pode prejudicar o idoso,

quando este praticar alguma actividade física e não esteja habituado.

Este decréscimo da frequência cardíaca máxima está relacionado com

as modificações intrínsecas onde se observa uma perda de contractilidade do

coração, tornando-se mais rígido e, responde menos à acção das

catecolaminas (Cristina Maria Moura, 2006).

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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Deste modo podemos aferir que a diminuição da capacidade aeróbia

relaciona-se com alterações da função cardiovascular, respiratória e da

musculatura esquelética, que surgem com o envelhecimento e principalmente

devido a factores patológicos e estilos de vida menos saudáveis (Mota e

Carvalho, 2002), cit. por Oliveira (2006).

No sentido de atenuar a diminuição da capacidade aeróbia a actividade

física desempenha um papel importante, contribuindo para elevar do volume

sistólico, o que ajuda na manutenção do rendimento cardíaco (Cristina Maria

Moura, 2006).

Para Rikli e Jones (1999), cit. por Oliveira (2006). a manutenção de uma

adequada resistência aeróbia em idosos é importante para prevenir a

fragilidade e a perda de independência.

3.9.6. Composição corporal

A composição corporal é um todo resultante da disposição das suas

partes constituintes, que são a água, as proteínas, a gordura e os minerais

(Matsudi, 2001), cit. por Oliveira (2006).

Como refere Maia et al (1999), cit. por Oliveira (2006), as três maiores

componentes estruturais são: a massa muscular, massa gorda e massa óssea.

Uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da

idade cronológica é a mudança nas dimensões corporais. Com o processo de

envelhecimento, existem mudanças, principalmente na estatura, no peso e na

composição corporal (Spirduso, 2005), cit. por Oliveira (2006). Apesar do

elevado valor da componente genética, no peso e estatura dos indivíduos,

outros factores como a dieta, a

actividade física, factores psico-

sociais e doenças, entre outros, estão

envolvidos nas alterações destes dois

componentes durante o

envelhecimento (Shepard, 1995 e

Pereira, 1998), cit. por Oliveira

(2006).

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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Com o envelhecimento ocorre diminuição na estatura do idoso, devido a

alterações na estatura dos discos intervertebrais, ao enfraquecimento dos

músculos do tronco, à degeneração fisiológica ou patológica das vértebras

(Shepard, 1995), cit. por Oliveira (2006).

O aumento do peso corporal e a acumulação de gordura corporal,

parecem resultar de um padrao programado geneticamente, de mudanças na

dieta e no nível de actividade física relacionado com a idade, ou a uma

interacção entres estes factores. Embora a taxa metabólica de repouso diminua

aproximadamente 10% por década, essas alterações metabólicas per si não

explicam o aumento da gordura com a idade (Spirduso, 1995), cit. por Oliveira

(2006).

Ainda no âmbito da composição corporal, a massa óssea também sofre

alterações. O funcionamento mecânico do sistema ósteo-músculo-articular, é

encarado como um meio de protecção do organismo, nomeadamente na

manutenção da mobilidade (Pereira, 1997; Scopacasa, 2002), cit. por Oliveira

(2006).

Esta perda, está relacionada não somente com o envelhecimento mas

também, com a genética, estado hormonal, nutricional e o nível de actividade

física do individuo (Shepard, 1995), cit. por Oliveira (2006).

A diminuição do tecido ósseo com alterações na sua massa, densidade

e arquitectura, favorece o desenvolvimento da osteoporose, existindo maior

facilidades de fracturas (Barata, 1997; Baptista, 2000), cit. por Oliveira (2006).

Através destas citações podemos concluir que, a actividade física é

realmente importante para ajudar o idoso a envelhecer com mais benefícios,

sem dificultar o dia-a-dia deles.

As modificações da composição corporal associadas ao envelhecimento

têm sido reportadas como tendo inicio a partir da segunda década de vida,

sendo que a forma ideal para contrariar esta evolução seria praticar exercício

físico, desde a idade jovem, no entanto vários são os estudos que têm vindo a

demonstrar que o exercício físico, mesmo quando iniciado numa fase tardia da

vida (terceira idade), se pode opor aos efeitos do envelhecimento, que se

reflectem na composição corporal, contribuindo desta forma para a

manutenção da capacidade funcional, saúde, independência e bem-estar dos

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Actividade física na terceira idade

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idosos Cartmel, e Moon (1992); Washburn et al (1993) e Veríssimo et al (2001),

cit. por Oliveira (2006).

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Actividade física na terceira idade

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3.10. Treinos /Programas

É fundamental que haja a criação de programas/treinos para os idosos,

pois como se pode verificar, (sem necessitar de qualquer comprovação),

começa por haver uma decadência na saúde do ser humano, na terceira idade,

por isso é muito importante a criação de programas/treinos para esta classe.

American College of Sports Medicine (ACSM), 1998, refere que os objectivos

do exercício na população idosa incluem-se a manutenção da independência

funcional, redução do risco de doença cardiovascular, retardar a progressão

das doenças crónicas, a promoção de um bem-estar psicológico e a criação de

oportunidades para a interacção social.

Segundo o mesmo autor, uma sessão de

actividade física em que o principal objectivo seja a

manutenção da independência funcional, deve incluir

actividades de resistência aeróbia (marcha, corrida,

bicicleta, natação ou actividades em grupo como a

dança, basquetebol, etc.), com a duração que pode

variar entre os 15 e os 60 minutos de exercícios de

reforço muscular dependendo das necessidades,

interesses individuais e do estado de saúde.

Os exercícios que os idosos devem praticar,

para melhorar as suas condições a nível global são:

exercícios aeróbios, que incluem caminhadas, fazer

bicicleta, ou hidroginástica; exercícios com peso, como

musculação; alongamentos, onde os idosos praticam

yoga, pilates, estas últimas promovem uma maior

flexibilidade e mobilidade articular (Valéria Alvin

Igayara de Souza, 2006).

Uma actividade que os idosos poderão gostar mais (dependendo do seu

passado) é a dança. Nesta actividade consegue-se trabalhar o físico, o mental

e o social. Através da dança os idosos poderão integrar-se mais facilmente na

sociedade, pois, é uma actividade realizada em grupo. Com isto os idosos

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Actividade física na terceira idade

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poderão sentir-se mais motivados para o seu dia-a-dia. Como refere Robatto

(1994) citado por Leal e Haas (2006), a dança pode ter seis funções, auto-

expressão, comunicação, diversão e prazer, espiritualidade, identificação

cultural, ruptura e revitalização da sociedade.

Segundo Weineck (1991) e o ACSM (2000), devem estar incluídos num

programa de exercícios para idosos, o treino da força muscular, da mobilidade

articular e da resistência.

Estes treinos, irão ajudar os idosos a ter mais facilidades nas tarefas do

dia-a-dia, prevenindo e atrasando diversas doenças provenientes desta idade.

As recomendações da ACSM (2002), referem que os idosos deverão

realizar entre uma a três séries de cada exercício, e cada série deverá ser

composta por 10 a 15 repetições com cargas de 60% a 70% da repetição

máxima individual.

Deve haver uma fase inicial de aquecimento e uma fase final de

arrefecimento com duração de cerca de 5 a 10 minutos cada (ACSM, 1991;

ACSM, 1998).

Devemos ter em conta que nem todas as pessoas são iguais, por isso,

nem todas devem fazer os mesmos exercícios, assim sendo, no treino de cada

pessoa deve-se ter em conta o número de repetições, tempo e cargas, como

refere a ACSM, que devem existir diversos parâmetros. Os parâmetros a ter

em conta na elaboração de um programa de actividade física são a

intensidade, duração, frequência e progressão das sessões de treino

(ACSM,1998).

Segundo Geis e Rubi (2003), a actividade física bem estruturada e

elaborada para os idosos, pode recuperar o ritmo e a expressividade do corpo,

agilizar os reflexos e adequar os gestos a diferentes situações.

É importante promover uma parte social, após uma actividade física,

porque contribui para que os alunos permaneçam integrados, participantes e

motivados em todos os acontecimentos. A diferença não é tanto em relação

aos conteúdos e aos tipos de actividade, mas sim em relação à estrutura, a

forma de apresentar e realizar a actividade em si e o planeamento que é

utilizado. O lazer e socialização devem integrar um programa bem sucedido.

Para que tal ocorra, as actividades devem ser sempre que possível em grupo e

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variadas. Segundo o trabalho “Seniores Activos” da Câmara Municipal de

Évora.

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Actividade física na terceira idade

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3.11. Factores de influência da actividade física na terceira

idade

Nos dias de hoje é normal ver os

idosos a correr, caminhar nas ruas,

andar de bicicleta nas ciclovias, vão com

mais regularidade ao ginásio, contudo

existem aqueles idosos que preferem

não fazer qualquer tipo de exercício

físico, ficando em casa a ver televisão

ou a falar com o vizinho.

Podemos dizer que existem outros processos que influenciam o gosto ou

não pela actividade física, como refere Isaura da Costa Almeida (2007), que a

actividade física é um comportamento complexo, dinâmico e influenciado por

múltiplos factores. Para compreender a adesão ou as barreiras à actividade

física é necessário ter em conta a importância de variáveis biológicas,

psicossociais e ambientais. Então podemos dizer que estas varáveis irão

influenciar o idoso na vida física.

Sallis (2003), cit. por Almeida (2007), refere que a investigação mais

eficaz é aquela que trabalha em vários domínios, afirmando que o modelo

ecológico do comportamento está relacionado com o facto dos

comportamentos tais como a actividade física, serem influenciados por uma

vasta variedade de factores: biológicos, psicológicos, sociais, culturais, políticos

e ambientais. A intervenção mais eficaz é aquela que trabalha em todos estes

níveis.

Para Gobbi (1997), cit. por Almeida (2007), as barreiras à prática de

actividade física pelos sujeitos mais velhos são: falta de informação sobre a

actividade fisica e o envelhecimento (entre os idosos, entre os membros da

família, entre os responsáveis pelos cuidados básicos, na sociedade), a

imagem estereotipada do envelhecimento, baixo suporte social, condições

ambientais inadequadas para a prática de actividade fisica (transportes,

acessos, planeamento urbano), experiências negativas na actividade física,

atitude negativa face a actividade física.

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Actividade física na terceira idade

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Segundo Carvalho (2006), cit. por Almeida (2007), as barreiras à prática

de actividade física podem ser de diversa ordem desde insegurança dos

idosos, problemas culturais e de educação, falta de hábitos desportivos na

idade adulta, falta de oferta de locais apropriados, até à falta de professores

especializados.

Para Cohen-Mansfield et al., (2003), cit. por Almeida (2007), as barreiras

e motivações para a prática de exercício físico podem ser consideradas como

internas, tal como falta de saúde, falta de motivação, dor, cansaço e não gostar

de fazer exercício ou, externas tais como: falta de tempo devido a outras

obrigações e clima inapropriado.

Resnick (2001), cit. por Almeida (2007), observou que os idosos que

apresentavam os níveis mais elevados de actividade física eram os que

estavam mais expostos às informações acerca dos benefícios do exercício. O

estudo realizado por Clark (1999), cit. por Almeida (2007), vem corroborar

estes resultados, na medida em que, no seu estudo, os idosos que

apresentavam níveis baixos de actividade física apresentavam também

reduzidos conhecimentos acerca dos benefícios da actividade fisica. Este autor

num estudo com pacientes de cuidados primários com 55 ou mais anos de

idade chegou a três factores principais que constituíam barreiras à prática de

actividade física: ambientais (insegurança, tempo e inexistência de passeios ou

de locais para se sentarem), motivacionais (a falta de vontade, de interesse ou

de tempo) e sintomas (medo da dor ou falta de respiração e falta de energia).

No estudo realizado por Velardi e Miranda (2004), cit. por Almeida

(2007), foram encontradas quatro categorias relativas à adesão dos idosos à

prática de actividades físicas: influências sociais, aspectos relacionados com a

saúde, gosto pela prática e aspectos psicológicos.

O Canadian Physical Activity Benchmarks Report indicou que as maiores

barreiras para a prática de actividade física são o tempo, a falta de enregia, a

motivação, a doença, o medo/injúria e a falta de habilidade (Lawrence et al.,

2003), cit. por Almeida (2007).

Assim podemos referir que o idoso tem vários factores que o ajuda ou

não à prática de actividade física, por vezes o idoso quer ter uma vida activa a

nível físico, mas pode encontrar “problemas” que o impeçam, como por

exemplo, a sociedade, medo de não conseguir atingir as metas que outros

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Actividade física na terceira idade

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consigam, assim o idoso começa a sentir-se inferior, o que o leva a não praticar

exercício físico.

Também é necessário uma continuidade da prática de exercício físico.

No estudo realizado por Manz e Duarte (1999), cit. por Almeida (2007), com

idosos que praticam actividade física pelo menos à 6 meses, no sentido de

identificar os motivos que os levam a manter a sua prática. Verificou-se que no

geral, os motivos mais valorizados pelos idosos se relacionavam com aspectos

ligados à saúde e ao bem-estar físico e psicológico. Foram identificados quatro

factores fundamentais: promoção da saúde, efeito terapêutico, bem-estar geral,

bem-estar social.

Para o desenvolvimento de políticas relevantes e intervenções eficazes,

é necessário identificar os factores que podem ser alterados para influenciar os

comportamentos activos. Tais factores têm sido classificados em sete

domínios: demográfico e biológico, psicológico, cognitivo e emocional,

atributos, comportamentais e habilidades, social e cultural, ambiente físco e

características da actividade física (Humpel et al., 2002), cit. por Almeida

(2007).

3.11.1. Variáveis intrapessoais

3.11.1.1. Factores socioeconómicos

O estatuto socioeconómico ou classe social referem-se, geralmente, à

estratificação horizontal da população com base em factores como a profissão,

rendimentos, prestígio social, instrução e grupo de filiação (Mota e Saliis,

2002), cit. por Almeida (2007).

Crespo et al., (2000), cit. por Almeida (2007), mostram que o estado civil,

o estatuto socioecónomico (ESE) e a raça são factores condicionantes para a

actividade fisica e revelou que as pessoas casadas, de ESE baixo e de

minorias étnicas apresentam os índices mais reduzidos de actividade física.

Segundo Eyler et al., (2003), cit. por Almeida (2007), as pessoas com

níveis educacionais menores têm maiores dificuldades em ultrapassar os

obstáculos culturais e étnicos.

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Actividade física na terceira idade

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Segundo vários autores, podemos afirmar que as pessoas de ESE, têm

mais dificuldades em praticar exercício físico, pois têm de gerir de forma mais

controlada o seu dinheiro, deixando assim de parte a actividade física, como

referem Seefedt et al., (2002), cit. por Almeida (2007), consideram que as

pessoas de ESE baixo enfrentam diversas barreiras para praticarem actividade

fisica, tendo maiores dificuldades em aceder regularmente a este tipo de

actividades e ao sistema de saúde, na medida em que, vivem sob condições

ambientais inseguras e pouco apelativas a o aumento da actividade fisica.

Estes autores referem que condições ambientais que reflectem um ESE baixo

afectam os níveis de participação, tais como as dificuldades de transporte,

vizinhança com segurança reduzida, horários de trabalho pouco flexíveis e

responsabilidades familiares acrescidas.

3.11.1.2. Factores ambientais

É importante considerar as características do envolvimento físico, pois

estas podem facilitar ou colocar barreiras à prática da activida física, por vezes

acontece que o idoso compreende os benefícios de praticar actividade física e

está motivado para tal, no entanto, os factores ambientais criam barreiras que

resultam na impossibilidade de participação dos idosos (Sallis, 2003), cit. por

Almeida (2007).

Existem alguns idosos que não praticam exercício físico no exterior, por

não lhes proporcionar um bom relaxamento, motivação, sendo assim umas

barreiras para os idosos, como refere Sallis (2003), cit. por Almeida (2007),

dizendo que existem diversas barreiras como: sinais pedestres não

concederem tempo suficiente para os idosos atravessaram as ruas, falta de

rampas, falta de bancos, falta de manutenção dos passeios e excesso de

velocidade do trânsito. Consequentemente, depois de identificadas as

barreiras, existe a oportunidade para os investigadores interessados na

actividade física para idosos, se juntarem aos profissionais de outras disciplinas

no sentido de analisarem os factores ambientais que têm uma relevância

elevada para os idosos.

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Actividade física na terceira idade

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Actualmente já existem mais locais para os idosos praticarem exercício

físico, sendo ciclovias, passeios mais estruturados para corridas, caminhadas,

consegue-se ter melhores condições perto das praias, que é um bom local para

descontrair e reforçar diversas áreas.

3.11.1.3. Percepção dos benefícios da actividade física

Segundo Bandura (2004, citado por Santos, 2006), cit. por Almeida

(2007), as pessoas podem transformar os acontecimentos pessoais em

oportunidades ou barreiras à actividade física, em função da sua informação

sobre a saúde, dos seus auto-esquemas com uma vida activa e com novas

experiências. A motivação dos indivíduos para o envolvimento em estilos de

vida saudáveis passa, na maioria das vezes, por ajudar o individuo a constatar

o quanto a mudança de hábitos se pode tornar vantajosa.

O estudo realizado por Okimura e Okuma (2006), cit. por Almeida

(2007), acerca da importância do conhecimento sobre os efeitos do estímulo de

cada capacidade física (aeróbia, flexibilidade, resistência muscular) ou

neuromotora (equilíbrio, agilidade, tempo de reação e movimento), favoreceu a

atribuição de novos significados à prática da actividade física experimentada

pelos idosos antes da participação no programa. Com este estudo podemos

verificar, que a actividade física ajuda em grande parte o ser humano e com

grande importância os idosos, pois melhora as partes do corpo e as

capacidades que estavam mais fragilizadas.

Alguns idosos pensam que a actividade física é uma tarefa que os

desgastante a todos os níveis, para obter resultados favoráveis ao organismo,

como refere Lawrence et al., 2003), cit. por Almeida (2007), efectivamente, o

desconhecimento e incompreensão da relação entre a prática de exercício

moderado e a saúde parecem ser uma barreira relevante. A ideia errada de

que a actividade física tem de ser energética ou desconfortável para produzir

benefícios na saúde, ou mesmo a falta de conhecimentos de que uma

actividade física regular e moderada pode beneficiar a saúde, constituem

barreiras à prática de actividade física.

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Actividade física na terceira idade

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Neste sentido, é importante alterar a forma de pensar e educar os idosos

de modo a favorecer uma vida mais activa, realçando sempre os benefícios

associados à actividade física e alterar para os perigos do sedentarismo

(Carvalho, 2006), cit. por Almeida (2007).

Simultaneamente parece ser determinante fazer entender que o

exercício físico não tem de ser necessariamente intenso e desagradável para

ser benéfico para a saúde. (Isaura da Costa Almeida, 2007)

O objectivo é que os idosos se apercebam que o exercício físico não é

uma tarefa a mais nas suas vidas, mas sim uma grande ajuda na

reestruturação do seu organismo, podendo combater doenças típicas desta

idade. Nos dias que correm e com a visão futurística que existe, deveria haver

mais a divulgação do bem da actividade física, pois como vimos, alguns idosos

pensam que ter uma vida física activa é muito cansativa, aborrecida e que não

ajuda o ser humano, sendo claramente o contrário.

3.11.1.4. Atitude dos idosos face à actividade física

As actividades e crenças sobre o exercício, nos idosos, exercem

influência sobre o seu nível de activdade e o seu tipo de comportamento (Rich

e Rogers, 2001), cit. por Almeida (2007).

Segundo o estudo realizado

por Santos (2006), cit. por

Almeida (2007), verifica-se a

existência de uma entre a adesão

aos programas de actividade

física e a atitude face à mesma.

Neste estudo, o grupo de idosas

praticantes expressaram atitudes

mais positivas face à actividade

física do que idosas não

praticantes. No estudo realizado por Rich e Rogers (2001), cit. por Almeida

(2007), observou-se que os idosos activos têm atitudes positivas acerca do

exercício, enquanto aqueles que são inactivos têm uma atitude mais negativa.

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Actividade física na terceira idade

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Podemos concluir que os idosos inactivos na vertente da actividade

física têm um pensamento menos positivos dos que praticam exercício físico,

por isso é necessário que haja uma maior divulgação dos benefícios da

actividade física, como referi em cima, para que o idoso compreenda que o

bem de uma vida física activa e que haja uma estimulação, das pessoas que

estão ao redor do idoso.

3.11.1.5. Interesse na actividade praticada

Este é um factor de grande relevância, pois, o idoso tem de se sentir

motivado para praticar exercício físico ao seu melhor nível, como refere Brito

(1994), cit. por Almeida (2007), o prazer reforça o impulso e justifica a

persistência na actividade. O prazer de exercício físico interiorizado pode

contribuir para alimentar um novo impulso que prolongue o desejo e a

satisfação relativos à actividade. Torna-se fulcral que os idosos tenham gosto

na actividade física, de forma a iniciar a prática e manter a continuidade na

mesma. Só assim, se consegue obter a motivação para a prática,

desenvolvendo uma prática física à medida de cada pessoa, tendo em conta a

diversidade das procuras sociais (Callede, 1991), cit. por Almeida (2007).

O desporto para o idoso é, na maioria das vezes, apresentado como um

fenómeno sociocultural, não associado à performance, mas sim relacionado à

educação e reeducação dos movimentos, à melhora da auto-estima e auto-

imagem, à superação de desafios, à disciplina, respeito e tolerância e a

participação de todos, não sendo recomendado por muitos autores exercícios

do tipo competitivo.

No entanto, segundo Marques (1999), cit. por Almeida (2007), a

utilização de exercícios do tipo competitivo pode ser uma motivação

fundamental em muitos indivíduos para a criação de um envolvimento regular e

sistemático com as actividades, fundamentalmente em indivíduos que já

praticaram uma modalidade desportiva.

Segundo Santarém (2001), cit. por Almeida (2007), os profissionais de

saúde devem estimular as pessoas a adoptarem um estilo de vida mais activo,

mas a escolha da actividade física deve ser feita em bases individuais,

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Actividade física na terceira idade

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considerando-se um aspecto importante a preferência pessoal. Qualquer

actividade física só será útil para a saúde quando for constante sistemática, e a

aderência depende do prazer que a pessoa sente com ela.

Assim é fundamental proporcionar práticas com base nos interesses

culturais dos idosos, propiciando-lhe o desenvolvimento da motivação

intrínseca, possibilitando a melhoria da auto-estima, desenvolvimento cognitivo,

social e autonomia funciona (Soares, et al., 2006), cit. por Almeida (2007).

3.11.2. Factores interpessoais

3.11.2.1. Passado desportivo

Uma das grandes razões de não termos idosos a praticarem desporto,

deve-se ao facto das suas aprendizagens de pequenos, pois quando eram

crianças provavelmente não praticavam desporto sendo assim não

desenvolveram o “bichinho” pela actividade física, como referem (Barry e

Eathorne 1994), cit. por Almeida (2007), os idosos de hoje não foram educados

no sentido de adoptarem estilos de vida activos enquanto crianças, jovens e

adultos e, por isso, antecedentes em actividade física são difíceis de transpor.

Antigamente as pessoas eram educadas para trabalhar e formar família,

deixando de parte a actividade física. Provavelmente os futuros idosos da

minha e algumas gerações anteriores, deverão ser mais activos no desporto,

pois desde pequenos que somos inseridos, como na natação, futebol e outros

desportos, sendo assim haverá idosos mais saudáveis.

É importante ajudar as pessoas a encontrar uma forma agradável de

praticar actividade física logo desde a idade jovem, porque esses irão gostar

mais de praticar actividade física quando idosos e existe uma maior

probabilidade de se sentirem motivados e não susceptiveis às barreiras que

são hoje mais comuns (Cohen-Mansfield et al., 2003), cit. por Almeida (2007).

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

54

3.11.2.2. Imposições sociais e culturais

Outro aspecto a considerar para compreender a reduzida participação

de idosos em actividades físicas e a sua manutenção depois de a iniciarem são

as influências do ambiente cultural. Apesar dos benefícios normalmente

associados à prática de actividade física, a maioria dos idosos prefere adoptar

estilos de vida mais sedentários, devido a factores sociais e culturais, onde o

exercício é ainda visto como inadequado para este escalão etário (Carvalho e

Mota, 2002), cit. por Almeida (2007).

Os idosos que nos rodeiam foram habituados a trabalhar e a constituir

família deixando de lado o exercício físico, como refere Simões (1998), cit. por

Almeida (2007), a população de hoje viveu grande parte das suas vidas num

contexto sócio-cultural voltado para o trabalho, onde não era valorizada a

prática de actividade física.

O mesmo autor refere que, o constrangedor sentimento de inutilidade faz

com que o idoso se volte às realizações do passado, tornando-se fechado às

inovações, supondo-se incapaz para realizar novas actividade, entre as quais o

exercício físico, perdendo qualquer expectativa para mudar o estado das

coisas. E refere ainda que os adultos de há 30 ou 40 anos atrás são agora os

idosos da nossa sociedade. Estes não conviveram, nem conhecerem a

actividade física como uma forma de lazer, muito menos de prevenção de

doenças. Viveram durante um período em que a valorização da prática

desportiva era muito reduzida.

Assim, é necessário que haja uma maior divulgação do desporto,

referindo o bem que faz, quer nível físico, psicológico, social. Segundo

Carvalho (2006), cit. por Almeida (2007), é importante aumentar a consciência

e a participação das crianças, adolescentes, adultos e idosos em programas

regulares de actividade física.

Torna-se fulcral que, desde cedo, nas escolas se transmita às crianças e

adolescentes a importância da actividade física como algo permanente ao

longo das suas vidas, como um hábito salutar e como prevenção de doenças

(Dias e Lopes, 1998), cit. por Almeida (2007). Os dados sugerem que, em

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

55

particular, a natureza das experiências dos participantes quando jovens tem

implicações para actividade física permanente (Kluge, 2002), cit. por Almeida

(2007).

Outras variáveis relacionadas com o ambiente cultural que podem

influenciar a participação dos idosos em actividades físicas referem-se às

influências externas, tais como a família, o género e as opiniões que os outros

têm acerca dos idosos. Estes aspectos têm bastante significado nas vidas dos

participantes. Neste aspecto as influências externas devem sempre apoiá-lo e

incitando-o na incrementação e continuação da actividade física. Bento (2004),

cit. por Almeida (2007), refere que os factores determinantes tanto do

absentismo como da participação desportiva têm muito a ver com o círculo

familiar, em função dos interesses, dos hábitos e motivos que nele reinam.

Actualmente existem várias pessoas que não considerem que a

actividade física seja essencial para a reestruturação do idoso, vendo isto o

idoso como é sensível e guia-se muito pela sociedade deixa-se ir abaixo e não

pratica desporto, sendo esta uma grande barreira na adesão ao desporto por

parte do idoso. Segundo Lawrence (2003), cit. por Almeida (2007), a prescrição

de actividade física para o idoso deve envolver necessariamente a mudança de

comportamentos. As reticências dos idosos face à actividade física são

compreensíveis quando consideradas as barreiras que estes têm de enfrentar

e pelo facto da cultura e da sociedade reforçar essas barreiras. A influência

dessas forças nos idosos complica o processo de alteração dos

comportamentos.

A comunidade cultural afecta a personalidade, os modelos de interacção

familiar e de amizade, a forma como as pessoas lidam e como se adaptam às

perturbações do seu meio envolvente (Spirduso et al., 2005), cit. por Almeida

(2007).

Segundo os mesmos autores o sedentarismo no idoso é, na

generalidade, mais o resultado de imposições sociais e culturais do que por

incapacidade funcional da sua sustentação.

Um dos grandes e verdadeiros problemas desta faixa etária é a

influência que os estereótipos negativos exercem sobre os idosos. Num

sistema económico, assente no princípio da concorrência, o decréscimo da

capacidade de rendimento conduz à falta de vivências de sucesso, à perda de

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

56

prestígios social e a várias formas de discriminação negativa, levando o idoso a

adoptar uma atitude de resignação e de demissão (Bento, 2001), cit. por

Almeida (2007).

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

57

3.12. A actividade física no idoso

No limiar do Séc. XXI a OMS considerou que um dos primeiros

objectivos de investigação das ciências da vida deveria ser conseguir aumentar

a expectativa de vida activa, ao contrário do objectivo anterior, que foi o de

aumentar a esperança média de vida. O envelhecimento saudável, isto é o

envelhecimento normal, sem patologias ou com mínimo de patologias, é

diferente de senescência e das condições patológicas quase inerentes ao

idoso. Não é o envelhecimento por si só que conduz à incapacidade e à

doença, à que compatibilizar o envelhecimento com uma qualidade de vida que

permita envelhecer com sucesso (Pinto, 2001), cit. por Santos (2006).

Segundo Carvalho e Mota (2002), cit. por Santos (2006), a

independência funcional e a autonomia são aspectos fundamentais da

qualidade de vida e podem ser um factor determinante nas percepções que o

indivíduo faz de si mesmo. Quanto mais o idoso se sente independente e

autónomo, mais elevada será a imagem postiva de si mesmo, resultante da

percepção de ser capaz de atingir os objectivos pessoais.

A actividade física na terceira idade ajuda e muito o idoso na

reintegração na sociedade, melhora o organismo, previne doenças típicas

dessa idade, tem capacidade para alargar e esperança média de vida, não

sendo assim muito necessário gastar dinheiro nas farmácias, para comprar

remédios necessários que combatem certas doenças, como refere o (ACSM,

2000), cit. por Santos (2006), a prática regular de actividade física orientada e

realizada regularmente, especialmente para idosos, pode contribuir para

melhorar a longevidade, reduzir os índices de morbilidade e mortalidade,

reduzir o número de medicamentos prescritos, prevenir o declínio cognitivo,

reduzir a frequência de quedas e fracturas, manter a independência e

autonomia e beneficiar a nível psicológico como por exemplo, melhorar a auto-

estima e a integração social e de satisfação pessoal. No entanto, num estudo

realizado por Schoenborn e Barnes (2002), cit. por Santos (2006), as taxas de

participação em actividade físicas regular são mais baixas nos idosos do que

nos jovens, sendo as mulheres idosas o segmento mais inactivo da população

(Pate et al., 1995), cit. por Santos (2006). No caso das mulheres podemos

afirmar, que é normal que as idosas pratiquem menos exercício que os

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

58

homens, pois independentemente do homem não ter sido educado para a

prática de exercício físico, ainda praticava algum, mas ao contrário a mulher no

passado tinha era de ser boa mãe, cuidar da lida da casa e cozinhar, por isso

deixou sempre o desporto para segundo plano, por isso é que verificamos que

as mulheres idosas não praticam tanto desporto como os homens idosos.

A investigação sugere que 50% da incapacidade dos idosos é passível

de ser prevenida e até mesmo revertida (O’Brien Cousins, 1998), cit. por

Santos (2006), com níveis adequados de actividade física diária (ACSM, 1998).

Estudos realizados por Rydwik et al., (2004) e McMurdo e Rennie (1993), cit.

por Santos (2006), verificaram que até os idosos institucionalizados,

nomeadamente aqueles que apresentam multidiagnósticos e um significativo

nível de dependência, beneficiam com a participação em programas de

actividade física ao nível da sua capacidade funcional. Em conformidade com

estes resultados estão também os estudos realizados por Spirduso (2001), cit.

por Santos (2006), onde se verificou que o tempo de prática de actividade física

está relacionado com um aparecimento mais tardio da incapacidade em idosos

com mais de 85 anos.

Podemos dizer que o estilo de vida saudável previne doenças, reduz os

gastos em farmácias, como refere McPherson (1994), cit. por Santos (2006),

que refere que do ponto de vista económico, é também de referir que os estilos

de vida sedentários estão a tornar-se uma questão de saúde pública na medida

em que aumentam os gastos na área da saúde com doença “desnecessária” e

morte prematura.

Muitos idosos sabem dos benefícios que o exercício físico proporciona,

mas independentemente destes benefícios os idosos, não praticam exercício,

por pensarem ser cansativa, pouca motivação, como referem (Oliveira, 1999;

O’Brien Cousins e Gills, 2004), cit. por Santos (2006), a resistência consciente

dos idosos à actividade física, apesar de concordarem que a prática de

actividade física é importante. A investigação evidencia que muitos idosos não

estão interessados em praticar actividade física apesar da ideia geral de que

isso é importante.

Os idosos tendem a ver o exercício como consumidor de tempo e numa

vertente recreativa, em vez de uma terapia, médica. Esta situação verifica-se

porque os profissionais de saúde orientam os idosos de forma muito vaga

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

59

quando recomendam a prática de exercício. Para além disso, os idosos

geralmente percebem os sintomas associados ao exercício como negativos

considerados alguns, que o exercício é mais perigoso do que favorável (Chao

,et al., 2000), cit. por Santos (2006).

Num estudo realizado por Resnick (2001), cit. por Santos (2006),

verificou-se que, as amostras de idosos que apresentavam níveis mais

elevados de actividade física eram aqueles em que os idosos estavam mais

expostos a informação sobre vantagens do exercício. De igual forma, num

estudo realizado por Clarck (1999), cit. por Santos (2006), verificou-se que os

idosos que apresentavam níveis mais baixos de actividade, apresentavam

também baixa pontuação nos conhecimentos acerca dos benefícios da

actividade física, e não referiam que alguma vez tivesse sido abordada a

questão da prática de actividade física com o seu médico de família. É de

grande importância que haja uma boa divulgação dos benefícios da actividade

física, pois assim iremos ter uma população idosa com maior longevidade e

com melhores condições de vida. Contudo Dishman (1982), cit. por Santos

(2006), considera que o nível de conhecimento não se traduz numa adesão a

longo prazo. Sentimentos de prazer e satisfação parecem influenciar de forma

mais significativa o nível adesão.

O nível de educação parece também influenciar a adesão à actividade

física, verificando-se que os indivíduos mais instruídos se envolvem mais na

prática da actividade física (Amstrong, 2000; Kolt et al., 2004), cit. por Santos

(2006).

Vários estudos realizados, apontam também para a importância das

expectativas da auto-eficácia, das expectativas de resultado e das auto-

percepções do envelhecimento, considerando que quanto mais positivos forem

os valores destes indicadores maior será a probabilidade do idoso se envolver

e manter num programa de actividade física (Cohen-Mansfiel et al., 2003,

Resnick, B, et al., 1999; 2001), cit. por Santos (2006).

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

60

4. Material e Métodos

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

61

Como o tema da minha tese é sobre a terceira idade, foi-me proposto pelo

meu orientador que eu elaborasse um questionário e que este se dirigisse para

as pessoas de idades compreendidas dos 17 aos 25 e dos 40 aos 60 anos.

Como referi em cima os questionários foram elaborados para jovens

adultos e a adultos, entreguei 46 questionários, dividindo pelas duas classes 23

para cada uma. O principal objectivo desta análise é comparar os resultados

obtidos de cada classe, verificando assim se existe alguma ideia divergente

das mesmas.

Os questionários foram entregues as pessoas para os preencherem a

partir do dia 18 a 31 de Maio, foram entregues na FADEUP, a vários pais dos

meus colegas de turma, às empregadas da escola, a uma professora da escola

e no ginásio onde eu ando.

A elaboração do questionário foi baseada na minha revisão bibliográfica,

pois é onde deve ser centralizado este estudo.

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

62

5. Apresentação e discussão

dos resultados

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

63

Questão 1: Considera que a actividade física na terceira idade, ajuda na

reintegração do idoso na sociedade?

Nesta análise constata-se que os jovens têm uma opinião mais

reforçada sobre a actividade física, pois mais de metade dos jovens inquiridos

respondeu que a actividade física ajuda muito (5) na reintegração do idoso na

sociedade, oito jovens inquiridos responderam que a actividade física ajuda

significativamente (4), apenas um respondeu que a actvidade física ajuda (3)

na reintegração. No caso dos adultos já existe um maior equilíbrio entre as

opiniões, havendo umas pequenas divergências, mas existindo um maior

equilíbrio se compararmos com os jovens. Dez dos adultos inquiridos

responderam que a actividade física ajuda muito (5) na reintegração, neste

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2

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6

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17-25 anos

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40-60 anos

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Actividade física na terceira idade

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gráfico o que se deve realçar é que seis dos adultos responderam que a

actividade física ajuda na reintegração (3).

Na minha opinião as respostas com que me identifico mais são as dos

jovens, pois sou da mesma geração e considero que a actividade física é muito

importante na reintegração do idoso na sociedade, tenho esta opinião também

por praticar exercício físico já há algum tempo e considero o exercício físico.

Mesmo assim é de referir que os adultos consideram que a actividade física

essencial ao idosos.

Provavelmente os adultos do futuro irão pensar mais positivamente dos

benefícios da actividade física, do que estes do presente.

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

65

Questão 2: Actualmente, acha que os idosos estão integrados na actividade

física?

Nestes gráficos podemos observar que existe uma unificação das

respostas, onde a média dos gráficos dos jovens é 2,65 e a dos adultos é 2,87.

Verifica-se assim que existe uma diferença mínima em relação a estes

dois gráficos.

Apesar dos resultados serem similares, concordo com as respostas dos

jovens, pois cada vez existem mais idosos integrados na actividade física, isto

encontra-se mais nas cidades, pois nas aldeias ainda encaram o exercício

físico como negativo, não o praticando, assim considero que existem poucos

0

2

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17-25 anos

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40-60 anos

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Actividade física na terceira idade

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idosos integrados na actividade física. Os idosos não estão integrados como

deveriam estar na actividade física talvez pelo seu passado desportivo ser

inexistente, visto isto, podemos referir que provavelmente os jovens de hoje,

idosos do futuro, serão mais activos a nível de exrcicio físico, pois quase todos

os adolescentes e jovens praticam desporto, o que poderá ser mais fácil na

reintegração da actividade física na terceira idade.

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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Questão 3: Sente que a actividade física no idoso é importante para

reestruturar o nível social, físico e psicológico?

Nestes gráficos constatamos que os jovens inquiridos têm quase a

mesma opinião, de que a actividade física é muito importante (5) para a

reestruturação de vários níveis, o que varia nos adultos, estes têm quase a

mesma opinião que a actividade física tem uma importância significativa (4) e é

muito importante (5) na reestruturação do idoso a nível social, físico e

psicológico.

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Neste caso concordo com as respostas de ambas as classes, pois são

muito aproximadas à verdade, o exercício físico reforça os vários níveis que

com o envelhecimento estão “deteriorados”.

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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Questão 4: Acha que a actividade física aumenta a auto-estima do idoso?

Podemos observar que nestes gráficos existe a mesma resposta de que

a actividade física aumenta muito (5) a auto-estima no idoso, é de referir que

dois dos adultos questionados em contrário dos jovens colocaram que a

actividade física ajuda no aumento da auto-estima (3).

Dos dois gráficos presentes, o que se encaixa na minha opinião é o dos

jovens (mesmo não havendo grande disparidade entre os dois gráficos), pois

considero que a actividade física é muito importante para um cresciemento da

auto-estima. Quando o idoso começa a compreender e saber executar

0

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diferentes tarefas relacionadas com o desporto, este irá sentir-se bem pois

sente que pode voltar a ajudar alguém ou até mesmo ajudar-se na sua

reestruturação.

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Actividade física na terceira idade

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Questão 5: Acha que actividade física aumenta a autonomia do idoso?

Constata-se nestes gráficos que a maior parte dos jovens considera que

a actividade física aumenta muito (5) a autonomia do idoso, ainda neste gráfico

é de realçar que, um inquirido respondeu que a actividade física não aumenta

muito (2) a autonomia do idoso. No caso dos adultos, onze deles referem que a

actividade física tem um papel significativo (4) no aumento da autonomia.

Concordo outra vez com gráfico dos jovens, apesar de haver lá um

“senão”, o caso de que a actividade física ajuda muito pouco (2) no aumento da

autonomia, pois eu considero que a actividade física aumenta a autonomia do

0

2

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40-60 anos

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Actividade física na terceira idade

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idoso, pois com o desenvolver da mesma o idoso regenera o organismo,

facilitando assim as tarefas, sendo assim não precisa de tanta ajuda no seu

dia-a-dia.

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Actividade física na terceira idade

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Questão 6: Quais as principais razões dos idosos serem inactivos a nível de

exercício físico?

18%

24%

4% 13%

2%

9%

17%

13%

0%

17-25 anos

Falta de conhecimentos

Falta de autonomia/capacidade

Dificuldade na integração do meio social

Complexos de inferioridade

Poucos espaços livres

Poucas academias/ginásios com (fracas) condições para os idosos

Não consideram a actividade física importante

Custo elevado de ginásios/academias

Outra/Qual

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Actividade física na terceira idade

Bruno Manuel Alves Gonçalves 12º TD2

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Nesta comparação dos gráficos, encontra-se apenas uma afirmação que

os inquiridos responderam quase com a mesma percentagem, que foi a de

“Falta de conhecimento”. Os jovens realçam que a “Falta de

autonomia/capacidade” é principal factor dos idosos não estarem inseridos na

actividade física e o factor que atribuem menos significado é, “poucos espaços

livres”. No caso dos adultos atribuem o facto de os idosos serem inactivos a

nível por causa do “Custo elevados dos ginásios” e o factor que dão menor

relevância é que os “Não consideram a actividade física importante”.

Na minha opinião os idosos actualmente não estão inseridos em grande

número na actividade física como deviam, por não a considerarem importante,

sentindo por vezes complexos de inferioridade, dificuldade na integração do

meio social e falta de autonomia.

17%

11%

7%

9%

11%

15%

4%

26%

0%

40-60 anos

Falta de conhecimentos

Falta de autonomia/capacidade

Dificuldade na integração do meio social

Complexos de inferioridade

Poucos espaços livres

Poucas academias/ginásios com (fracas) condições para os idosos

Não consideram a actividade física importante

Custo elevado de ginásios/academias

Outra/Qual

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Actividade física na terceira idade

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Questão 7: Quais as razões que poderõ levar o idoso a praticar exercício

físico?

7%

39%

2%

9%

0%

43%

0%

17-25 anos Identificação com o desporto/actvividade física em causa

Incentivo de terceiros

Por curiosidade

Realização pessoal

Simples acaso

Recomendação médica

Outra/Qual

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Actividade física na terceira idade

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76

Nestes gráficos podemos observar que apesar da divergência de

algumas ideias, as percentagens não andam muito distantes umas das outras.

Em relação aos jovens, indicam que a razão mais pertinente que poderá levar o

idoso a praticar exercício físico é, “Recomendação médica” e que a menos

pertinente é, de os idosos praticaram actividade física por um “Simples acaso”.

Similarmente os adultos também atribuem o facto da “Recomendação média”

ser o factor mais importante dos idosos praticarem actividade física e o factor

que atribuem menor importância é de se inserirem na actividade física “Por

curiosidade”.

Na minha opinião o factor que pode levar o idoso à prática de exercício

físico é a recomendação médica, realização pessoal e incentivo de terceiros.

Provavelmente o factor que pode mudar a consciência do idoso para a

prática desportiva é a recomendação médica, pois o estereótipo que está

incutido nos médicos é o de sabedoria, assim os idosos deixam-se levar mais

facilmente pelos médicos do que por exemplo a sua família, começando por

vezes uma vida activa a nível desportivo.

13%

30%

0%

7% 4%

46%

0%

40-60 anos

Identificação com o desporto/actvividade física em causa

Incentivo de terceiros

Por curiosidade

Realização pessoal

Simples acaso

Recomendação médica

Outra/Qual

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Actividade física na terceira idade

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Questão 8: Que tipo de exercício é que os idosos deverão praticar?

Neste gráfico verifica-se que os jovens inquiridos, dão nota positiva

sobre a caminha e a hidroginástica para a prática de exercício físico dos

idosos, deixando de lado as aulas de yoga e de bicicleta. De igual forma os

adultos referem que o exercício mais recomendado para os idosos são a

hidroginástica e caminhada.

Na minha opinião considero que a hidroginástica e a dança, são mais

favoráveis, pois com estas actividades consegue-se inserir os idosos no meio

social, aumentar a auto-estima e também a autonomia.

35%

2% 41%

5%

2%

4% 11%

17-25 anos

Caminhada/Corrida

Bicicleta

Hidroginástica

Musculação

Yoga

Pilates

Dança

44%

0%

39%

0%

0% 0%

17%

40-60 anos

Caminhada/Corrida

Bicicleta

Hidroginástica

Musculação

Yoga

Pilates

Dança

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Actividade física na terceira idade

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78

Questão 9: Na sua opinião onde é que o idoso deve praticar actividade física?

Neste gráfico podemos observar que não existe grandes diferenças. Os

jovens e os adultos reforçam que o idoso deve praticar exercício físico “Na

natureza, ao ar livre”.

Na minha opinião acho que os idosos devem praticar exercício físico em

piscinas e na natureza, pois serve para aliviarem as pressões e stress do dia-a-

4%

31%

28%

20%

17%

0%

17-25 anos

Num ginásio

Na natureza, ao ar livre

Piscina

Com acompanhamento técnico

Com determinado grupo de parceiros

Outra/Qual

15%

28%

24%

24%

9%

0%

40-60 anos

Num ginásio

Na natureza, ao ar livre

Piscina

Com acompanhamento técnico

Com determinado grupo de parceiros

Outra/Qual

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Actividade física na terceira idade

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79

dia e ainda conseguem fazer novas amizades, reintegrando-se assim na

sociedade.

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Actividade física na terceira idade

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80

Questão 10: Considera que actualmente, a quantidade de estabelecimentos

existentes, oferecem boas condições para a prática de actividade física na

terceira idade, e julga que as condições externas existentes são apropriadas

para a prática de exercício físico?

Quer os jovens quer os adultos, referem que as condições são razoáveis

(3), seis dos dos adultos inqueridos referem que não existem grandes

condições (2) para os idosos praticarem exercício físico no ginásio, ou no

exterior.

0

2

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6

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18

1 2 3 4 5

17-25 anos

0

2

4

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1 2 3 4 5

40-60 anos

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Na minha opinião quer os ginásios quer as condições externas, ainda

não estão com qualidade para o idoso desenvolver actividade física. Para que

os idosos tenham uma qualidade de vida melhor da que têm actualmente, o

estado, as juntas de freguesias deveriam investir em ginásios apropriados para

idosos com todas as condições que merecem e também, melhorar as ruas para

que os idosos que não gostem de praticar exercício físico em ginásios

podessem fazer caminhadas ou talvez corridas.

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Questão 11: O exercício físico deveria estar ao acesso de todos, tendo em

conta a evolução que se tem dado nos últimos anos?

Após a observação deste gráfico podemos referir que ambas as classes

têm a frequência de respostas muito aproximadas.

Na minha opinião, considero que o exercício físico deveria estar ao

acesso de todos tendo em conta a evolução que se tem dado neste últimos

anos, pois faria bem não só aos idosos como adultos e jovens, assim no futuro

os idosos seriam provavelmente mais activos. Provavelmente os idosos só

precisam de um estimulo para começarem ou recomeçarem a actividade física.

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Questão 12: Actualmente, acha que os idosos estão bem informados sobre os

benefícios da actividade física?

Neste gráfico podemos constatar que não existe uma grande

concordância, ambas as classes referem que os idosos estão informados (3)

sobre os benefícios da actividade física. Duas dos vinte e três adultos referem

que os idosos estão muito bem informados (5) sobre os benefícios da

actividade física.

Possivelmente os idosos estão significativamente informados sobre os

benefícios da actividade física, mas alguns não gostam de a praticar, porque

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não sabem os sentimentos que esta desperte, talvez por no seu passado não

terem desenvolvido o “bichinho” da actividade física. Por isso concordo mais

com o gráfico dos adultos, pois acho que os idosos estão informados sobre os

benefícios da mesma.

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6. Conclusão

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Com a elaboração deste trabalho, posso confirmar a minha tese, pois a

actividade física ajuda na reintegração do idoso na sociedade, pois a actividade

física tem esta “receita”, quem estiver activo a nível da actividade física, muito

provavelmente se irá sentir rejuvenescido, com “força” para que consiga

resolver os seus problemas do dia-a-dia, conseguirá formar novos amigos e

novas barreiras a nível de exercício físico.

Um factor que se devia ter em especial atenção é as condições existentes

quer em ginásios quer em nível externo, pois actualmente as condições destes

não são favoráveis para a prática de actividade físca. O governo, juntas de

freguesias e até por vezes as empresas podiam ajudar na reestruturação dos

ginásios e das ruas para que os idosos se sintam mais em “casa” quando

praticam exercício físico. Como questionei no meu inquérito, se o exercício

físico deveria estar ao acesso de todos tendo em conta a visão futurística, pois

não é só evoluir em certos aspectos (e alguns menos interessantes) e deixar

outros fundamentais para o melhor aproveitamento da vida humana.

Considero que actualmente existe uma boa divulgação dos benefícios da

actividade física, mas como se tem visto os idosos não têm sido tao receptivos

a esta ideia, pois mesmo tendo vários a praticarem exercício físico, não estão

em grande número, assim os médico deverião ser mais assertivos nestes

temas, pois têm a capacidade de influenciar as pessoas pelo seu estatuto na

sociedade.

Os resultados auferidos possibilitam referir que, os jovens e os adultos têm

uma divergência na opinião, pois actualmente os jovens praticam mais

exercício físico, tendo assim um gosto maio pela mesma, ao contrário de

alguns adultos que, quando eram mais jovens não praticavam tanto actividade

física. Assim como os jovens estão mais inseridos na actividade física, têm

uma opinião mais formada do que alguns adultos, conhecem as suas

vantagens e desvantagens, mas também existem algumas questões onde os

adultos provavelmente sentiram mais facilidades para responder do que os

jovens.

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7. Bibliografia

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Azevedo, A. (2008). Velocidade de reacção e destreza manuais em idosos,

estudo comparativo entre idosos praticantes e não praticantes de actividade

física.

Faria, A. (2009). Programa de exercício físico sua influência e percepções de

desempenho nas actividades da vida diária de idosos.

Freitas, C. (2008). Efeitos de um programa de hidroginástica na aptidão física,

na coordenação motora, na sua auto-estima e na satisfação com a vida, em

idosos de centros de dia.

Oliveira, C. (2006). Envelhecimento, aptidão física e qualidade de vida,

diferenças entre idosos activos e não-activos da comunidade e utentes do

concelho de Santa Maria da Feira.

Almeida, I. (2007). Factores de influência da prárica da actividade física na

terceira idade.

Santos, S. (2006). Motivação para a prática de activivdade física em mulheres

idosas, estudo com idosas em lares e centros de dia.

http://www.slideshare.net/agemais/conceitos-bsicos-2134776

http://www2.cm-

evora.pt/desportosaudeelazer/Documentos/Programa%20de%20Actividade%20F%C3%ADsica

%20na%203%C2%AA%20Idade.pdf

http://cyberdiet.terra.com.br/atividade-fisica-para-terceira-idade-3-1-2-165.html

http://laridosos.blogspot.pt/2011/04/os-beneficios-da-danca-na-terceira.html

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8. Anexos

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Questionário sobre a terceira idade

Gostaria de pedir a sua colaboração no preenchimento deste

questionário, que visa esclarecer alguns factores relacionados com a

terceira idade.

Os resultados obtidos farão parte de um Projecto Tecnológico,

que engloba a tese que estou a desenvolver. E a tese é: “Será que a

actividade física na terceira idade, ajuda a reintegração do idoso na

sociedade?”

Idade:______

1. Considera que a actividade física na terceira idade, ajuda na

reintegração do idoso na sociedade?

Ajuda pouco Ajuda muito

1 2 3 4 5

2. Actualmente, acha que os idosos estão integrados na actividade física?

Pouco integrados Muito integrados

1 2 3 4 5

3. Sente que a actividade física no idoso é importante para reestruturar o

nível social, físico e psicológico?

Pouco importante Muito importante

1 2 3 4 5

4. Acha que actividade física aumenta a auto-estima do idoso?

Não aumenta Aumenta muito

1 2 3 4 5

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5. Acha que actividade física aumenta a autonomia do idoso?

Não aumenta Aumenta muito

1 2 3 4 5

6. Quais as principais razões dos idosos serem inactivos a nível de exercício

físico? (indique as duas afirmações mais pertinentes)

Falta de conhecimentos

Falta de autonomia/capacidade

Dificuldade na integração do meio social

Complexos de inferioridade

Poucos espaços livres

Poucas academias/ginásios com condições para os idosos

Não consideram a actividade física importante

Custo elevado de ginásios/academias

Outra/Qual _______________

7. Quais as razões que poderão levar o idoso a praticar exercício físico?

(indique as duas afirmações mais pertinentes)

Identificação com o desporto/actividade em causa

Incentivos de terceiros

Por curiosidade

Realização pessoal

Simples acaso

Recomendação médica

Outra/Qual _______________

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8. Que tipo de exercícios é que os idosos deverão praticar? (indique as

duas afirmações mais pertinentes)

Caminhada/Corrida

Bicicleta

Hidroginástica

Musculação

Yoga

Pilates

Dança

9. Na sua opinião, onde é que o idoso deve praticar actividade física?

(indique as duas afirmações mais pertinentes)

Num ginásio

Na natureza, ao ar livre

Piscina

Com acompanhamento técnico

Com determinado grupo de parceiros

Outra/Qual _______________

10. Considera que actualmente, a quantidade de estabelecimentos

existentes, oferecem boas condições para a prática de actividade

física na terceira idade, e julga que as condições externas existentes são

apropriadas para a prática de exercício físico?

Fracas condições Excelentes condições

1 2 3 4 5

11. O exercício físico deveria estar ao acesso de todos, tendo em conta a

evolução que se tem dado nos últimos anos?

Pouco acesso Muito acesso

1 2 3 4 5

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12. Actualmente, acha que os idosos estão bem informados sobre os

benefícios da actividade física?

Pouco informados Muito informados

1 2 3 4 5

Bruno Alves

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