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DISCIPLINA: FUNDAMENTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS II PROFESSORA: MARIA LÚCIA OUTUBRO, 2014 TERESÓPOLIS: A CRISTALIZAÇÃO DA PERSPECTIVA MODERNIZADORA

Teresópolis

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Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora

Disciplina: Fundamentos Tericos Metodolgicos IIProfessora: Maria Lcia Outubro, 2014 Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O Documento de Arax tem caractersticas diversas, realizado em 1970 no Rio de Janeiro;Posio de 33 profissionais;Segundo Netto os trabalhos foram muito distintos do anterior;Os profissionais tiveram um reflexo prvia sobre o documento centralizado na necessidade de um estudo sobre a metodologia do SS face realidade brasileira;

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O texto de Terespolis o que se tem o coroamento do transformismo: nele o moderno triunfa completamente sobre o tradicional cristalizando-se operativa e instrumentalmente, deixando na penumbra a tenso de fundo produzido em Arax;

No documento de Terespolis, o dado relevante, que a perspectiva modernizadora se afirma no apenas como concepo profissional geral, mas sobretudo como pauta interventiva. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora H mais que continuidade entre os dois documentos: no de Terespolis, o moderno se revela como a consequente instrumentao da programtica (desenvolvimentista ) que o texto de 1967 avanava. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Enviou-se roteiro de trabalho para 103 profissionais dividido em 4 temticas:

1)Teoria do Diagnstico e da Interveno Social A Interveno em Servio Social;

2)Diagnstico e Interveno em Nvel de Planejamento, incluindo situaes globais e problemas especficos;

3)Diagnstico e Interveno em Nvel de Administrao;

4)Diagnstico em Nvel de Prestao de Servios Diretos a Individuais, Grupos, Comunidades e PopulaesTerespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O seminrio desenvolveu-se nas seguintes etapas:1 Apresentao da proposta sobre a Pesquisa em Servio Social no Brasil;

2 Anlise e debate em plenrio de 3 documentos sobre o tema;

3 Diviso em 2 grupos de trabalho A e B Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Um dos textos se refere a Teoria de diagnostico e da interveno em Servio Social, da autora Costa (1978) que se estrutura sobre uma perspectiva que oferece um claro contraponto ao que fora hegemnico em Arax e se consolidaria em Terespolis;

A autora se recusa a pensar no SS sem remete-lo problemtica de funda das cincias sociais e ao questionamento da sua constituio histrica;Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Assume criticas que extradas da rica anlise de Mills condensou em A imaginao sociolgica, punham em xeque o caldo conservador em que se moviam as prprias propostas modernizantes;

Para Costa haveria a necessidade de entendimento de conceitos para que se possa avanar seriamente no rumo da reconstruo do Servio Social. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Outro texto debatido, Base para a reformulao da metodologia do SS, de Soeiro, possuindo traos diversos, onde uma srie de planitudes se conjuga com formulaes equvocas ou mesmo errneas. Nada acrescenta s formulaes at ento desenvolvidas, exceto adies laterais e perfunctrias. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Nenhum destes autores citados estava sincronizado ao momento de maturao do processo de renovao do SS no Brasil: Costa, porque tendiam mesmo que de forma discreta, problematizar a linha evolutiva sinalizada desde Arax, Soeiro porque no atendia as demandas j imposta pelo desenvolvimento que vinha em 67. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Propicio ao momento tem-se a reflexo encetada por Jos Lucena Dantas A teoria metodolgica do Servio Social, atendo-se ao tema central objeto do seminrio,

Dantas, ofereceu ao debate uma concepo articulada e compatvel com a perspectiva modernizadora, se mostrou como um perfeito produto da modernizao do SS, influindo na sua cristalizao. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Dantas, parte da prtica profissional do SS como um modo organizado e sistematizado de prestao de servios;

Ele considera que a questo da metodologia de ao, constitui a parte central e atual da Teoria Geral do Servio Social e afirma que a definio de um modelo de prtica do SS adequado a problemtica social brasileira depende, grandemente, da soluo do seu problema metodolgico. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Dantas procura oferecer uma Introduo metodologia do Servio Social voltada para que a prtica profissional se desenvolva e adquira um nvel de cientificidade.

Sustentava que a a teoria metodolgica da prtica profissional do SS tem dois nveis de formulao: o da teoria cientfica e da teoria sistemtica.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Dantas garante que o mtodo profissional do Servio Social se constitui de duas categorias bsicas de operaes: Diagnostico e interveno planejada .

A filiao do pensamento de Dantas tradio neopositivista de fcil registro, verificando-se quando relata entre perspectiva cientifico-pragmtica e perspectiva-sistemtica.

Para ele o mtodo no passa de um jogo de ordenaes formais, envolvendo o ordenao a essa matria. Igualmente vinculada a racionalidade. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Dantas forneceu as mais adequadas respostas a duas demandas que poca amadureciam no processo renovador: a requisio de uma fundamentao cientifica para o Servio Social e a exigncia de alternativas para redimensionar metodologicamente as prticas profissionais. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora No documento de Arax observa-se a ausncia de uma explicita concepo terica acerca da profisso.

nesta lacuna que Dantas contribui: a imediata e direta relao que estabelece entre mtodo cientifico e mtodo profissional (reduzidos, ambos a operaes de ordenaes formal) vem subsidiar a alocao de uma credibilidade cientifico sistemtica ao Servio Social. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Dantas, oferece a profisso que carecia de um novo universo simblico uma legitimao terico-metodolgica, pretensamente ancorada numa cientificidade sistemtica, decorrente da aplicao das Cincias;

Consiste na recuperao dos mtodos profissionais tradicionais (caso, grupo e comunidade), redefinidos segundo as variveis de interveno;

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O procedimento engenhoso: Dantas nesta redefinio, conserva a legitimao das prticas tradicionais, mas as amplia largamente, inserindo no seu marco (e/ou possibilitando a iseno de) prticas suscetveis de serem comandadas pelas exigncias do processo da modernizao conservadora.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Dantas, ao conduzir ao transformismo a perspectiva modernizadora, ele conferiu a esta uma organicidade (terica: de fundo estrutural- funcionalista, sem prejuzo do seu ecletismo; ideolgica: com vis da modernizao conservadora embasando inteiramente a angulao desenvolvimentista, na qual o papel profissional est enquadrado pela dominncia tecnocrtica) antes ausente. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora A cristalizao da perspectiva modernizadora, tal como se verifica no Documento de Terespolis, seria impensvel sem a sua contribuio.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Analisando o prprio documento, este compe-se de dos relatrios dos dois grupos (A e B) de profissionais que se concentram-se na reflexo sobre os temas:

Concepo cientifica da prtica do Servio social; Aplicao da metodologia do Servio social.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O grupo A : construiu um quadro geral de 7 nveis a partir de: necessidades bsica e necessidades gerais, para classificar os fenmenos mais observados na prtica do servio social, identificar e localizar as funes profissionais a ela pertinentes.

O grupo insiste na considerao da globalidade e do inter-relacionamento das necessidades humanas, em que certos condicionantes bsicos para a prtica do SS no decorrem de cada um dos nveis encarados isoladamente mas das caractersticas centrais da sociedade brasileira. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O grupo B: assentada numa inspirao distinta no entanto desenvolvimentista, construiu um quadro de fenmenos variveis segundo o critrio das necessidades problemas, com ambas as dimenses referidas a nveis de vida e sistemas de relaes.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Ex: baixos nveis sanitrios, carncia e m utilizao de recursos, dificuldade de acesso aos recursos existentes. No que toca a situao do SS, o grupo vai mais longe que o A:

supe trs nveis de atuao (prestao direta de servios, administrao de servios sociais e planejamento deles, depois listam o conjunto de disciplinas sociais que podem subsidiar a interveno em cada um deles.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora O grupo procura identificar os conhecimentos para, em e sobre o SS, instrumentalizveis na prtica profissional e novamente apresenta uma listagem de disciplinas;

Diante das situaes sociais-problema, o grupo sugere a adoo de procedimentos lgicos, tanto em fases predominantes de conhecimento como de ao. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Nos dois relatrios malgrado as suas diferenas, h um denominador comum:

A concepo cientifica da prtica do SS assumida como uma interveno:

Sobre elemento intelectual categorizados da empiria social; Ordenada a partir de variveis de constatao imediata; e Direcionada para generalizar a integrao na modernizao.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Nos dois textos, a resultante dessa concepo cientifica uma pauta interventiva cujo andamento pode ser objeto de acompanhamento, vigilncia e avaliao por parte de hierarquias institucional-organizacionais de corte tecnoburocrtico. Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora Apreciando o 2 tema aplicao da metodologia do SS o grupo A formula uma sequncia do procedimento a prpria metodologia genrica do SS encontrada em qualquer forma de atuao.

Terespolis: a cristalizao da perspectiva modernizadora J o grupo B define a metodologia ao nvel de planejamento depois de administrao, operando com o binmio diagnostico/interveno.

Concluiu com a prescrio das seguintes operaes que configuram a aplicao metodolgica no diagnstico: identificar e descrever; classificar; explicar e compreender; prever tendncias; na interveno; preparao da ao; execuo; avaliao.

Reflexo A maturao do processo de renovao do SS, no marco da perspectiva modernizadora, alcana nestas formulaes o seu ponto mais alto. H um ntido avano nos resultados que o documento de Arax consagrou:

Em Arax coroa-se uma indicao do sentido sociotcnico do SS;Em Terespolis cristaliza-se a operacionalidade deste sentido;

Reflexo Mesmo que se levem em conta os cuidados dos profissionais reunidos em Terespolis , nenhum outro documento brasileiro conhecido do SS se alcanou um nvel similar de discriminao, classificao e categorizao de situaes social problemas e de procedimentos tcnicos para enfrenta-las.

O que se cristalizou, sem sombra de dvida, foi a determinao precisa do papel do profissional como de um real funcionrio do desenvolvimento, em detrimento da retrica que o situava como agente deste processo.

Reflexo As formulaes de Arax, possuem um trplice significado no processo de renovao do SS no Brasil:

apontam para a requalificao do assistente social;Define o perfil sociotcnico da profisso; e A inscreve conclusivamente no circuito da modernizao conservadora.

Reflexo O desempenho das funes que se atribuem no documento ao SS implica um tcnico capaz de mover com uma familiaridade mnima entre disciplinas acadmicas como: o Planejamento, a administrao , a estatstica, a politica social, a economia, os mais diversos ramos da sociologia, Etc.

Reflexo As exigncias contidas no poderiam ser atendidas pela formao tradicional, nem pelos assistentes sociais nela forjados; o padro de requisies instrumentais suposto em Terespolis determinava uma requalificao profissional, com uma pondervel modificao nos seus quadros os intelectuais de referncia.

Reflexo

O documento de Terespolis equivale plena adequao do SS ambincia prpria da modernizao conservadora conduzida pelo Estado ditatorial em beneficio do grande capital e s caractersticas socioeconmicas e politico-institucionais do desenvolvimento capitalista ocorrente em seus limites.

Referncia bibliogrfica Netto, Jos Paulo . Ditadura e Servio Social: uma anlise do Servio Social no Brasil ps 64. So Paulo: cortez, 2011.