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“É aquela terra onde tudo está à venda e não há nada que não se possa comprar, seja água ou madeira, cocos ou macacos. Mas o que mais lá se vende são homens, que trocam-se por qualquer mercadoria e são comprados com as mais diversas moedas.” (Terra Papagalli - Mandamento 4) Fragmento do filme Caramuru, a invenção do Brasil http://www.youtube.com/watch?v=NV04QJ93pwU

Terra Papagalli Analises

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Análise de Terra Papagalli de Torero e Pimenta

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Page 1: Terra Papagalli Analises

“É aquela terra onde tudo está à venda e não há nada que não se possa comprar, seja água ou madeira, cocos ou macacos. Mas o que mais lá se vende são homens, que trocam-se por qualquer mercadoria e são comprados com as mais diversas moedas.”

(Terra Papagalli - Mandamento 4)

Fragmento do filme Caramuru, a invenção do Brasil http://www.youtube.com/watch?v=NV04QJ93pwU

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“Naquele pedaço de mundo, senhor conde, não se deve confiar em ninguém, pois se no sábado nos juram eterna fidelidade, no domingo nos enfiam uma espada pela garganta. A verdade é que lá tudo se rege pela conveniência, e sendo preciso, troca-se de bandeira como as mulheres trocam de pano em dia de regra.”

(Terra Papagalli -Mandamento 7)

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O poema de Jacome Roiz – a relação com a Canção do exílio do Romantismo: o degredado frente ao Brasil – terra do exílio.

Esta terra tem palmeiras, onde canta o sabiá

as aves que aqui gorjeiam, não existem em Portugá.

Este céu tem mais estrelas, estas almas, menos dores,

estes bosques têm mais vida, estas gentias, mais amores.

Não permita Deus que eu morra,

em outras terras que não cá; sem que desfrute dos amores

que não encontro por lá;

sem qu’inda aviste as palmeiras e cozinhe um sabiá.

Intertextualidade

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Texto 01 O Canto do Guerreiro [...] Valente na guerra Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me; - Quem há, como eu sou? [...] Quem tantos imigos Em guerras preou? Quem canta seus feitos Com mais energia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me: -Quem há, como eu sou?

Gonçalves Dias

Texto 02 [...] Em nome da verdade, tenho que admitir que não me portei como grande militar e, por muito ser o meu medo, muito chorei naquela noite, que pensava ser a última que andava sobre a terra dos vivos. Ouvindo aquele barulho, Piquerobi foi até a minha oca saber o que acontecia e, para não parecer covarde, disse que era um costume da minha gente prantear os homens que iria matar. Piquerobi acreditou tão prontamente no que lhe disse e achou aquilo de tal maneira astucioso, que foi para a sua oca e lá se pôs a chorar por duas horas. [...] Piquerobi estava orgulhoso da vitória e passeava muito altanado pela aldeia. Quando pôde falar comigo, disse ter gostado da nova forma de lutar que eu havia criado e gostaria de usá-la em outras guerras, mas à noite, depois de beber dois goles de cauim, já dizia ter sido ele o inventor daquela estratégia, sendo por isso muito reverenciado por todos. [...].

Terra Papagalli

O índio – a discussão sobre identidade

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“No ano 2000, em Porto Seguro, bombas de gás lacrimogêneo, tiros com balas de borracha e cassetetes atingiram pessoas indefesas, numa bestialidade da Polícia Militar contra os índios pataxós de Coroa Vermelha, impedidos por barricadas de se deslocar até Porto Seguro, onde o presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Antonio Carlos Magalhães e uma comitiva de políticos e empresários comemoravam os 500 anos do Descobrimento.

Era uma festa, sem direito à contestação dos indígenas, que não aceitaram o papel de figurantes e, apoiados pelo movimento negro e pelos estudantes, decidiram mostrar ao mundo que o que as autoridades chamavam de descobrimento poderia ser entendido também como ocupação ou usurpação.” http://danielthame.blogspot.com/2009/05/ programa-de-indio.html

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Exercícios de Fixação

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1. Considerando as variedades linguísticas apresentadas pelo livro “Terra Papagalli”, por meio das falas dos personagens e escritos produzidos por eles: a) Os autores reproduziram que tipos de

variedades linguísticas no livro? b) Foi possível fazer isso da maneira como

queriam os autores? Por quê?

Resolução: a) Os autores mostraram que a variação linguística ocorre com o passar do tempo. No período de Pero Vaz de Caminha (escritor da primeira carta), falava-se de uma maneira (satirizada pelo livro). b) Certamente, não há meios de se reproduzir uma língua de maneira perfeita e ideal. Afinal, trata-se de uma reprodução, de uma tentativa de “imitar” maneiras, usos particularizados, expressões subjetivas.

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2. Quais foram os dois portos fundados por Cosme Fernandes no Brasil (de acordo com o livro)?

3. Qual foi o motivo que levou Cosme Fernandes ao degredo no Brasil?

Paraíso e Cananéia

Cosme, que era um seminarista, envolve-se com Lianor, a filha de um nobre português.

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4. Dos mandamentos abaixo, assinale quais se relacionam aos “gentios” (índios) do Brasil em que vivemos I. Primeiro Mandamento: Na Terra dos Papagaios é preciso saber dar presentes com generosidade e sem parcimônia, porque os gentios que lá vivem encantam-se com qualquer coisa, trocando sua amizade por um guizo e sua alma por umas contas. II. Oitavo Mandamento: Na terra que se chama dos Papagaios, cada um cuida de si e Deus que cuide de todos, pois pouco se faz por um irmão, nada por um primo e menos que coisa nenhuma por um amigo, de modo que cada um só quer saber do seu nariz e, se alguém faz algo por outrem, é a troco de paga ou medo. III. Nono Mandamento: Naquelas paragens, quando se alevantam alguns, o melhor modo de quietá-los é dar-lhes emprego ou título, porque os daquela terra muito prezam serem chamados de senhores e não há um que troque honradez por honraria.

Todos os três mandamentos.

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5. Analise as afirmações seguintes, acerca de Terra Papagalli, assinalando as Verdadeiras. I. Recusando qualquer traço de inocência, os autores ironizam, ridicularizam, subvertem e desconstroem fatos históricos que,ficcionalmente, perdem seu caráter mítico para assumirem um caráter trivial. II. A trivialidade atribuída a esses fatos somada aos recursos satíricos utilizados nas narrativas literárias, faz com que o romance seja um poderoso e eficaz instrumento de delação das mazelas sociais que existiam – e continuam persistindo – no Brasil. III. Podemos então afirmar que os desvios de caráter dos índios da Terra dos Papagaios, são, na verdade, desvios pertinentes aos brasileiros de nossa atual sociedade, os quais, semelhantemente aos índios do romance, assumem atitudes mesquinhas, interesseiras e perniciosas.

Todos as três afirmações.