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Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

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Page 1: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

Território, indicadores e exclusão social na cidade de

São Paulo

Pedro Aguerre

Tomás Wissenbach

Maio de 2010

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Estrutura

Apresentação Indicadores sociais

O que são e como são coletados Como podem ser usados Propriedades

Desigualdade e território em SP Desigualdade dos indicadores no território

Dinâmica da população Infra-estrutura Economia e sociedade

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Objetivos

Auxiliar a leitura da cidade articulando os indicadores e o processo de exclusão e segregação

Promover o debate sobre a desigualdade/ exclusão e a questão urbana a partir das cartografias de São Paulo

Conectar as experiências vividas e as intervenções específicas a uma visão global do que ocorre na cidade

Refletir sobre a importância dos indicadores para análises de conjuntura e para o ciclo de implantação de políticas sociais (formulação, implementação e avaliação de políticas públicas)

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Território e desenvolvimento

O lugar que ocupamos na cidade diz muito sobre quem somos, sobre a nossa condição

Expressa a desigualdade social Reforça e agrava a exclusão Estabelece grande parte do nosso universo de

relações horizontais a partir do qual podemos construir as mudanças

Quando lutamos por melhorias locais o que está em jogo são mudanças estruturais das políticas urbanas e a questão da cidadania e dos direitos humanos

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Indicadores sociais

Indicar - descobrir, apontar, anunciar, revelar algo ou estimar

Os indicadores devem cumprir três funções: Simplificação: os indicadores devem abordar fenômenos

complexos de forma mais simples e direta que as estatísticas complexas.

Quantificação e categorização: devem transmitir informação quantificada para que sua interpretação seja mais evidente.

Comunicação: devem ser usados para melhorar a comunicação da informação com o público.

Fonte: PSMP. Agenda 2012, 1º Relatório Semestral – www.agenda2012.com.br

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Indicadores sociais

Entre os critérios para a seleção dos indicadores mais importantes, destacam-se: Validade científica: indicador deve estar baseado no conhecimento científico do

sistema ou seus elementos, devendo ter atributos e significados fundamentados. Representatividade: a informação do indicador deve ser representativa Sensibilidade às transformações: os indicadores devem ser capazes de apontar

transformações, bem como tendências a curto e médio prazo. Confiabilidade: os dados devem ser os mais fiéis possíveis e de boa qualidade. Relevância: o indicador deve fornecer informação de relevância para avaliar

objetivos e metas. Compreensíveis: o indicador deve ser simples, claro e de fácil compreensão para

os que vão fazer uso do mesmo. Permitem prognósticos: os indicadores devem proporcionar sinais de alerta

prévia sobre transformações futuras no sistema analisado. Comparabilidade: os indicadores devem ser apresentados de tal forma que

permita comparações entre regiões ou países. Cobertura geográfica: os indicadores devem basear-se em várias escalas de

nível territorial. Custo eficiente: o indicador deve ser eficiente em termos de custo para sua

obtenção.

Fonte: PSMP. Agenda 2012, 1º Relatório Semestral – www.agenda2012.com.br

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Pirâmide da informação

Quantidade total de informação

Indicadores para cientistas / analistas

Estatísticas extraídas da pesquisa

Dados primários da pesquisa

Indicadores para desenvolvimento de políticas

Indicadores para o público

Agregação

(crescente consistência de dados)

Fonte: PSMP. Agenda 2012, 1º Relatório Semestral – www.agenda2012.com.br

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Indicadores sociais

Coleta e organização das informações públicas

Censo

Pesquisa por amostragem

Registros

Análise/ Leituras

No tempo (tendências); no espaço; magnitude e proporção

Desmembrando em categorias (gênero, faixa etária, raça/cor;

rendimentos; caracterização Socioeconômica)

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Dinâmica da população

Dinâmicas demográficas: Migração – representa fluxos pelo território, relacionados à

urbanização (campo-cidade); desigualdades regionais e movimentos intra-urbano

Natalidade – representa os cuidados com segmentos mais vulneráveis da população; planejamento familiar, mudanças sociais e comportamentais

Mortalidade – onde, como, quando e porque se está morrendo; como estamos nos cuidando ao longo da vida

Atributos da população: Faixa etária Gênero Raça/ Cor

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Dinâmica da população

Queda acentuada na migração. A partir de 90 passa a ter um saldo

migratório negativo. No entanto os não-naturais representam quase 1/3 da

população atual.

A migração pendular (principalmente por motivos de trabalho cresce). 12%

da população da RMSP com 15 anos ou mais trabalha e estuda em outros

municípios.

A taxa de crescimento populacional em São Paulo se reduz drasticamente

para 0,5% ao ano a partir de 2000.

A migração internacional, principalmente de Bolivianos, passa a ser um

fenômeno relevante que já coloca a questão da “exclusão da exclusão” no

centro da cidade.

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Migrações pendulares

Fonte: Aranha, V. Mobilidade Pendular na Metrópole Paulista. http://www.seade.gov.br/produtos/spp/v19n04/v19n04_06.pdf

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Cai a taxa de natalidade e aumenta a idade média da mãe paulistana Queda expressiva na taxa de fecundidade: em 1997 eram 2,2 filhos por mulher; em 2007 a

média caiu para 1,8 filhos por mulher. Essa queda se reflete internamente ao território de São

Paulo e se distribui diferentemente por faixa etária.

As mães com menos de 18 anos: representavam apenas 3,3% do total dos nascimentos

em 1980; em 1998, chegam a 7,6%; em 2007, representam, em 2007, 6,2% do total de

nascimentos.

Já as mães com mais de 35 anos de idade aumentaram sua participação, passando de

9,2%, em 1980, para 13,8% em 2007.

Essa mudança de composição etária das mães indica uma elevação na idade média ao

ter os filhos.

De fato, a idade média atual da mãe paulistana, de 26,7 anos, é uma das mais altas do

Estado e certamente sofre influência do alto nível educacional de significativa parcela

desta população, uma vez que 20% das mães tinham 12 anos ou mais de estudo.

Fonte: SP demográfico, Dezembro de 2007. http://www.seade.gov.br/produtos/spdemog/mai2009/spdemog_maio2009.pdf

Page 13: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

Queda na taxa de fecundidade ocorre em todo município

Fonte: SP demográfico, Maio de 2009. http://www.seade.gov.br/produtos/spdemog/mai2009/spdemog_maio2009.pdf

Page 14: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

Distribuição por faixa etária ainda é muito desigual nas Subprefeituras

Fonte: SP demográfico, Maio de 2009. http://www.seade.gov.br/produtos/spdemog/mai2009/spdemog_maio2009.pdf

Page 15: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

População fica mais velha, quais os desafios?

Fonte: SP demográfico, Dezembro de 2007. http://www.seade.gov.br/produtos/spdemog/mai2009/spdemog_maio2009.pdf

Page 16: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

Periferias já vivem a transição demográfica

Fonte: SEMPLA/ IBGE - http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/infocidade

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Infra-estrutura

A infra-estrutura urbana envolve diferentes dimensões: Saneamento básico Coleta de lixo Equipamentos sociais (saúde, educação, esporte, cultura

etc.) Equipamentos urbanos Transporte público Habitação

Mas também da forma como isso é apropriado

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Mercado imobiliário se apropria da cidade Grande quantidade de terrenos ociosos em

1991 foi ocupado por empreendimentos imobiliários: 400 mil novos apartamentos em 15 anos Entre 2006 e 2008, 30 mil novos apartamentos

por mais de 500 mil reais Parte nobre da cidade se verticalizou, mas a

densidade demográfica caiu. Isso porque: Mais área ocupada por famílias menores Crescimento da atividade econômica

Fonte: Wissenbach, T. A cidade e o mercado imobiliário. São Paulo, 2008.

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E os mais pobres seguem confinados População que vive em assentamentos precários (favelas)

cresceu de 1,5 milhão para cerca de 3 milhões em quase 10

anos;

No entanto a área ocupada por essas pessoas permaneceu

praticamente inalterada (fruto do controle urbano, sobretudo dos

mananciais). Ou seja a densidade demográfica aumentou

substancialmente.

Enquanto no Itaim Bibi a densidade demográfica diminuiu de

116 mil hab/km² para 81 mil hab/km²; no Capão Redondo

aumentou de 140 mil hab/km² para 200 mil hab/km²

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Assentamentos precários em SP 892.245 domicílios para uma população residente

estimada de 3.448.233 pessoas: em favelas, 377.236 domicílios e 1.539.271 pessoas; em loteamentos irregulares, 484.239 domicílios e

1.783.561 pessoas; em núcleos urbanizados, 30.770 domicílios e 125.401

pessoas. A participação dessa população no total da população do

Município de São Paulo é de 31,8%, considerada a projeção populacional da Fundação Seade para 2007, de 10.834.244 pessoas.

Fonte: SEHAB/ FSEADE. Atualização de dados censitários de favelas e loteamento irregulares no Município de São Paulo. 2007. http://www.habisp.inf.br/download/files/rel_Sehab_produto7.pdf

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Assentamentos precários em SP Antes de residir no atual assentamento, casas ou apartamentos não

localizadas em favelas ou cortiços eram a principal alternativa das famílias pesquisadas (86,9%). Este comportamento foi ainda mais freqüente entre as moradoras em loteamentos (90,3%) em relação às das favelas (83,3%) e dos núcleos urbanizados (77,2%)

Para a quase totalidade dos domicílios, o material utilizado é apropriado, ou seja, alvenaria (97,5%).

Entre os serviços de infra-estrutura urbana, o esgotamento sanitário é o que apresenta maior diversidade, com menor cobertura entre os domicílios em favela (47,7%), indicando sua flagrante desvantagem em relação aos do núcleo urbanizado (91,8%) e de loteamento irregular (79,8%).

A família dos assentamentos pesquisados é mais numerosa – média de 3,8 pessoas – do que a média das famílias metropolitanas – de 3,2 pessoas –,7 mas é similar entre eles, apesar do tamanho ligeiramente mais elevado nas favelas (4,0 pessoas) e núcleos urbanizados (4,0 pessoas) do que nos loteamentos (3,7 pessoas).

Os assentamentos caracterizam-se por estrutura etária rejuvenescida: 38,4% dos moradores têm no máximo 19 anos, 54,8%, entre 20 e 59 anos e 6,8%, 60 anos ou mais.

Fonte: SEHAB/ FSEADE. Atualização de dados censitários de favelas e loteamento irregulares no Município de São Paulo. 2007. http://www.habisp.inf.br/download/files/rel_Sehab_produto7.pdf

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Mobilidade urbana

Em 2007, observou-se uma inversão na tendência de aumento do transporte individual em detrimento do coletivo. O coletivo passou a ser o principal 55% das viagens contra 45% do transporte individual.

Essa mudança provocada pela implantação do Bilhete Único e sua integração com o sistema sob trilhos, verificou-se em todas as regiões. Inverteu-se, portanto, o processo verificado entre 1997 e 2002 no qual o uso do carro cresceu, sobretudo nas periferias.

Mobilidade x renda: Quanto menor a renda, menor o número de viagens, maior o tempo

médio de viagens, maior a proporção de viagens cujo motivo é trabalho. Quanto maior a renda, maior o número de viagens, menor o tempo

médio das viagens e maior a proporção de viagens cujo motivo é lazer.

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Fonte: Metro. Pesquisa OD 2007. Síntese das informações.

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Renda e mobilidade

Fonte: Vasconcellos, E. A. Mobilidade urbana e atividade econômica. In: SEMPLA, CEBRAP.

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Impactos da mobilidade

Fonte: Vasconcellos, E. A. Mobilidade urbana e atividade econômica. In: SEMPLA, CEBRAP.

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Uso de automóveis cresce na periferia

Fonte: CET a partir de dados do metrô OD 1997 e mini OD 2002.

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Passageiros transportados por dia útil

Fonte: SPTRANS, Expresso Tiradentes.

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Passageiros transportados x frota

Fonte: SPTRANS, Expresso Tiradentes.

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Economia e sociedade

Novo ciclo de crescimento econômico: quais desafios? A concentração de renda caiu substancialmente entre 2002 e

2008, porém índice ainda coloca o Brasil entre os mais desiguais do mundo.

Rendimento domiciliar dos 10% mais pobres cresce em ritmo chinês – 8% ao ano entre 2001 e 2008. 15% entre 2007 e 2008.

Progresso extremamente acelerado: acesso à escola, acesso à informação e redução no trabalho precoce.

Progresso acelerado: acesso à água, acesso a saneamento e mortalidade precoce.

Progresso lento: conclusão e progressão no ensino fundamental e taxa de conclusão no ensino médio

Retrocesso: desemprego juvenil e gravidez precoce Carga tributária: pobres pagam mais

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Cai a desigualdade de renda

Fonte: PNAD 2008: primeiras análises. Comunicado da presidência. IPEA, 2009. A partir da PNAD 2008.

Page 31: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

Renda dos mais pobres cresce a 10% ao ano.

Fonte: PNAD 2008: primeiras análises. Comunicado da presidência. IPEA, 2009. A partir da PNAD 2008.

Page 32: Território, indicadores e exclusão social na cidade de São Paulo Pedro Aguerre Tomás Wissenbach Maio de 2010

Pobres pagam mais impostos

Fonte: Comunicado da presidência. IPEA, 2008.

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Economia e sociedade

Concentração espacial da atividade econômica

ainda é muito alta: menos de 5% da área do

município concentra 70% da atividade econômica.

Taxa de desemprego juvenil resiste à queda e é

muito alta nas áreas periféricas.

Questões de gênero e raça/cor ainda persistem no

mercado de trabalho e se superpõem ao território

reproduzindo e agravando o fenômeno.

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ReferênciasEstatísticas públicas na internet

IBGE – www.ibge.gov.br IPEA – www.ipea.gov.br SEADE – www.seade.gov.br SEMPLA/ Infocidade -

http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/infocidade/