TESE DE DOUTORADO JOSÉ RIBAMAR DA SILVA SANTOS · Determinar o estado eletrônico, a energia total e o nível de Fermi para os estados de spin tripleto, quinteto e septeto dos clusters

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  • MODELO MOLECULAR PARA O MAGNETISMO EM FERRO, COBALTO

    E NQUEL

    TESE DE DOUTORADO

    JOS RIBAMAR DA SILVA SANTOS

    Orientador: Dr. Antonio Carlos Pavo

    Coorientador: Dr. Carlton A. Taft

  • CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    DEPARTAMENTO DE QUMICA FUNDAMENTAL

    TESE DE DOUTORADO

    MODELO MOLECULAR PARA O MAGNETISMO EM FERRO, COBALTO

    E NQUEL

    JOS RIBAMAR DA SILVA SANTOS

    TESE APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE

    QUMICA FUNDAMENTAL DO CENTRO DE CINCIAS EXATAS

    E DA NATUREZA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO TTULO DE

    DOUTOR EM QUMICA.

    rea de concentrao: Fsico-Qumica

    Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Pavo

    Coorientador: Dr. Carlton A. Taft

    Recife Janeiro/2009

  • Santos, Jos Ribamar da Silva Modelo molecular para o magnetismo em ferro, cobalto e nquel / Jos Ribamar da Silva Santos. - Recife : O Autor, 2009.

    X, 197 folhas : il., fig., tab. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco. CCEN. Quimica Fundamental, 2009. Inclui bibliografia. 1.Fsico-qumica. 2. Magnetismo. 3. Clculo de orbitais moleculares. 4.

    Bandas de energia . I. Ttulo.

    541.3 CDD (22.ed.) FQ2009-07

  • I

    NDICE GERAL

    Resumo III

    Abstract

    Objetivo geral e Objetivos especficos

    Lista de figuras

    Lista de figuras

    Lista de tabelas

    IV

    V

    VI

    VII

    VIII

    Lista de tabelas

    Agradecimentos

    IX

    X

    1. Histrico e Fundamentos do magnetismo

    1.1. Aplicaes do magnetismo

    1

    4

    1.2. O magnetismo da matria 18

    1.2. Magnetismo em Fe, Co e Ni 30

    1.3. Teorias e Modelos sobre o Ferromagnetismo 36

    1.3.1. O modelo de campo molecular de Pierre Weiss 37

    1.3.2. O modelo de Hubbard 44

    1.3.3. O modelo de Mary Beth Stearns 50

    1.3.4. A teoria de Linus Pauling

    1.3.5. O critrio de Stoner

    2. PROCEDIMENTO TERICO

    54

    60

    63

    2.1. A importncia da mecnica quntica

    2.2. A funo de onda

    2.3. A equao de Schrdinger

    2.4. Aproximao de Born-Oppenheimer

    2.5. Mtodos Tericos

    63

    64

    67

    71

    73

    2.6. Teoria do Funcional de Densidade

    2.6.1. Energia Potencial

    2.6.2. Energia Cintica

    2.7. Funes de Base de Slater e Gaussianas

    75

    77

    77

    82

    2.8. Metodologia

    3. RESULTADOS E DISCUSSES

    83

    84

  • II

    3.1. Introduo ao modelo de cluster M2

    3.2. Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi dos estados tripleto,

    quinteto e septeto dos clusters Fe2, Co2 e Ni2

    3.3. Saturao dos clusters Fe2, Co2 e Ni2 com tomos de hidrognio

    mtodo da abordagem do tomo ligado

    3.5. Larguras de bandas, desdobramento de spin e diagramas de energia

    3.6. O momento magntico em Fe2, Co2 e Ni2

    3.7. Proposio de um modelo para o magnetismo em Fe, Co e Ni

    4. CONCLUSES

    PERSPECTIVAS

    REFERNCIAS

    84

    96

    123

    128

    157

    165

    176

    180

    183

  • III

    RESUMO

    Nesta tese de doutorado, propomos um modelo molecular para o magnetismo em

    Fe, Co e Ni. Para atingir nosso objetivo, realizamos clculos ab-initio de orbitais

    moleculares usando os funcionais de densidade UB3LYP, UBLYP, UBHLYP, UBP86,

    UBP386, UB3PW91, PBE1PBE e LSDA. Tambm fizemos uso dos mtodos: UHF,

    CIS e MP4. As funes de bases utilizadas foram 6-311G(d,p), LanL2DZ e LanL1mb.

    Os clculos computacionais que realizamos, utilizando o programa Gaussian, dizem

    respeito aos estados de spin tripleto, quinteto e septeto dos clusters Fe2, Co2 e Ni2. Em

    nossa proposta de trabalho, focamos o modelo para o cristal em que o estado de spin

    quinteto representa muito bem o estado magntico desses trs metais de transio. No

    tivemos a pretenso de estudar as molculas diatmicas. Para cada um dos clusters Fe2,

    Co2 e Ni2 fizemos a anlise da configurao eletrnica, da energia total, da largura da

    banda d, do desdobramento de spin, da profundidade da banda s, da populao orbital

    total do estado quinteto e das energias HOMO (nvel de Fermi). Dentre outros

    fundamentos, utilizamos as teorias de Stoner e Pauling para o ferromagnetismo.

    Constatamos que o nosso modelo molecular, apresentado nessa tese de doutorado, nos

    conduz a uma boa compreenso do magnetismo 3d.

    Esse trabalho est dividido em quatro captulos. No primeiro captulo, tecemos

    algumas consideraes sobre o histrico e fundamentos do magnetismo. No segundo

    captulo, descrevemos o procedimento terico que utilizamos nesse trabalho. No

    terceiro captulo, apresentamos nossos resultados e discusses. Finalmente, no quarto

    captulo encontram-se nossas concluses e nossas perspectivas no caminho da

    construo de um modelo simples e eficiente para o magnetismo.

    Palavras chaves: Magnetismo; qumica quntica; clculo de orbitais moleculares.

  • IV

    ABSTRACT

    We have proposed a molecular model to magnetism in Fe, Co e Ni. To we carried

    through molecular orbital ab initio calculations using the density functionals UB3LYP,

    UBLYP, UBHLYP, UBP86, UBP386, UB3PW91, PBE1PBE e LSDA. We, also use the

    methods UHF, CIS and MP4.

    The basis used were 6-311G(d,p), LanL2DZ e LanL1mb. The computacional

    calculations mention the states to it triplet, quintet and septet of the Fe2, Co2 e Ni2

    clusters. We did not consider we self to study the isolated molecule Fe2, Co2 e Ni2, and

    yes a model for our crystal. We analyze for each in the distance interatomic system, the

    total energy, the width of bands, exchange splittings magnetic and energies HOMO in

    the level of Fermi (EF). We point out the fact of that Stoner stops, the ferromagnetism is

    conditional to the presence of strong antibonds states in the level Fermi ( EF) and this

    was evidenced in our research. Finally, we verify that the molecular model pointed out

    we show a good understanding of the 3d magnetism.

    This work is organized in four chapters. In the chapter, we consider the historic

    and the fundamentals of the magnetism. In the second chapter, we describe the

    theoretical procedure that we utilized in this work. In the third chapter, we presented our

    results and discussions. Lastly in the last chapter, we pointed out ours conclusions that

    are quite relevants in respect to this study, our perspectives, and the references.

    Keywords: Magnetism; quantum chemistry; molecular orbital calculation.

  • V

    OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECFICOS

    Objetivo Geral:

    Elaborao de um modelo molecular para o magnetismo em Fe, Co e Ni. Objetivos Especficos:

    Descrever o modelo para o magnetismo em ferro, cobalto e nquel metlicos.

    Determinar o estado eletrnico, a energia total e o nvel de Fermi para os estados

    de spin tripleto, quinteto e septeto dos clusters diatmicos Fe2, Co2 e Ni2, sem saturao

    e com saturao com tomos de hidrognio, com os funcionais de densidade, mtodos e

    funes de base descritos no item anterior.

    Calcular a largura da banda d, o desdobramento de spin e a profundidade da

    banda s para o estado de spin quinteto dos clusters diatmicos Fe2, Co2 e Ni2, sem

    saturao e com saturao com tomos de hidrognio, utilizando-se o programa

    Gaussian para a realizao de clculos ab-initio de orbitais moleculares com os

    funcionais de densidade UB3LYP, UBLYP, UBHLYP, UBP86, UBP386, UB3PW91,

    PBE1PBE, LSDA e dos mtodos UHF, CIS e MP4. As funes de bases utilizadas

    foram 6-311G(d,p), LanL2DZ e LanL1mb.

    Determinar o momento magntico para estado de spin quinteto dos clusters

    diatmicos Fe2, Co2 e Ni2 com as funes de base e os funcionais de densidade e

    mtodos descritos no primeiro item.

    Propor um modelo para descrever o magnetismo em ferro, cobalto e nquel

    metlicos.

    Os objetivos especficos citados acima esto contidos e claramente explicados

    nos itens 3.1 ao 3.6 que fazem parte do captulo trs de nossa tese.

  • VI

    Lista de Figuras 1.1 William Gilbert fazendo uma demonstrao para a rainha Elisabeth I 1

    1.2 Tabela Peridica dos Elementos Qumicos 2

    1.3 Im de geladeira 4

    1.4 Grade magntica 4

    1.5 Filtro magntico 5

    1.6 Pina magntica 5

    1.7 Gerador 6

    1.8 Transformador 6

    1.9 Pig 8

    1.10 Sensor magntico 8

    1.11 Bssola 15

    1.12 Diviso de um im 16

    1.13 O sistema solar 18

    1.14 Linhas de induo de um campo magntico 18

    1.15 Ciclo de histerese 21

    1.16 Eltron gerando um momento magntico ao descrever uma rbita de raio r 22

    1.17 Momento angular de uma partcula em relao a um ponto o 23

    1.18 Estrutura cristalina dos elementos 34

    1.19 Estrutura ccc (Fe) 35

    1.20 Estrutura cfc (Ni) 35

    1.21 Estrutura hcp (Co) 35

    1.22 Funo de onda espacial simtrica 39

    1.23 Funo de onda espacial antissimtrica 39

    1.24 Estado fundamental dos cristais ferromagnticos 40

    1.25 Estado fundamental dos cristais antiferromagnticos 41

    1.26 Estado fundamental dos cristais ferrimagnticos 41

    1.27 Diagrama ilustrando o movimento de carga negativa (um eltron) oriunda do

    ctodo para o nodo por meio de sucessivas ressonncias da ligao covalente

    59

    1.28 Critrio de Stoner para o ferromagnetismo 61

    2.1 Um ponto no espao representado em termos de coordenadas cartesianas

    ),,( zyx e em coordenadas esfricas polares ),,( r

    68

  • VII

    Lista de Figuras

    2.2 Sistema de coordenadas para um tomo com dois eltrons

    69

    3.1 Estrutura cbica de corpo centrado para o -Fe 85

    3.2 Estrutura hexagonal compacta para o Co 86

    3.3 Estrutura cbica de face centrada para o Ni 87

    3.4 Formao de bandas de energia em slidos 129

    3.5 Diagrama de energia 5Fe2 B3PW91/Lanl2dz 136

    3.6 Diagrama de energia para o 5Ni2 B3PW91/Lanl2dz 136

    3.7 Diagrama de energia para o 5Fe2 B3P86/Lanl2dz 137

    3.8 Diagrama de energia para o 5Co2 B3P86/Lanl2dz 137

    3.9 Diagrama de energia para o 5Ni2 B3P86/Lanl2dz 138

    3.10 Diagrama de energia para o 5Fe2 B3LYP/6-311G(d,p) 138

    3.11 Diagrama de energia para o 5Co2 B3LYP/6-311G(d,p) 139

    3.12 Diagrama de energia para o 5Ni2 B3LYP/6-311G(d,p) 139

    3.13 Diagrama de energia para o 5Fe2 B3LYP/Lanl1mb 140

    3.14 Diagrama de energia para o 5Co2 B3LYP/Lanl1mb 140

    3.15 Diagrama de energia para o 5Ni2 B3LYP/Lanl1mb 141

    3.16 Diagrama de energia para o 5Fe2 B3P86/6-311G(d,p) 141

    3.17 Diagrama de energia para o 5Co2 B3P86/6-311G(d,p) 142

    3.18 Diagrama de energia para o 5Ni2 B3P86/6-311G(d,p) 142

    3.19 Diagrama de energia para o 5Fe2 MP4/6-311G(d,p) 143

    3.20 Diagrama de energia para o 5Co2 MP4/6-311G(d,p) 143

    3.21 Diagrama de energia para o 5Ni2 MP4/6-311G(d,p) 144

    3.22 Espectros de fotoeltron de ngulo resolvido para o desdobramento de spin

    ferromagntico para superfcies de cristal isolado de Ni

    154

    3.23 Relao de aproximadamente 1eV/B entre o exchange splitting magntico

    dos estados 3d e o momento magntico local

    156

    3.24 Dois spins paralelos em cada centro atmico do cluster M2 166

    3.25 Dois spins paralelos, sendo um em cada centro atmico do cluster M2 168

  • VIII

    Lista de Tabelas

    1.1 Distribuio de momentos magnticos de Spin26 para os ons Fe2+ e Fe3+ em uma

    clula unitria de Fe3O4 14

    3.1 Distncias interatmicas experimentais em ngstrom utilizadas no modelo de cluster

    M2 97

    3.2 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto e

    septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UB3LYP, UBLYP e UBHLYP. Base 6-

    311G(d,p) 98

    3.3 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto e

    septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UB3LYP, UBLYP e UBHLYP com quebra de

    simetria. Base 6-311G(d,p) 101

    3.4 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto e

    septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UB3LYP, UBLYP e UBHLYP. Uso da base

    Lanl1mb 103

    3.5 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto e

    septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UB3P86, UBP86 e LSDA. Uso da base 6-

    311G(d,p) 105

    3.6 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto

    e septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UB3P86, UBP86 e LSDA. Uso da base

    Lanl1mb 107

    3.7 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto

    e septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UB3LYP, UBLYP e UBHLYP. Uso da base

    Lanl2dz 109

    3.8 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto

    e septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso dePBE1PBE, UBP386 e UBP86. Uso da base

    Lanl2dz 111

    3.9 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto

    e septeto do Fe2, Co2 e Ni2 com o uso de UHF, CIS e MP4. Base 6-311G(d,p) 113

    3.10 Coordenadas do Cluster Fe2H14 124

    3.11 Coordenadas do Cluster Co2H6 124

    3.12 Cluster Ni2H8 com as coordenadas em angstrom 125

  • IX

    Lista de tabelas

    3.13 Estado eletrnico, energia total e nvel de Fermi para os estados tripleto, quinteto e

    septeto do Fe2H14 Co2H6 e Ni2H8. Funcionais UB3LYP, UBLYP e UBHLYP e base 6-

    311G(d,p) 126

    3.14 Largura da banda d ocupada, desdobramento de spin magntico e fundo da banda

    s em eV para o Fe2 atravs dos funcionais UB3P86, UB3PW91 e PBE1PBE. A funo

    de base Lanl2dz 144

    3.15 Largura da banda d ocupada, desdobramento de spin magntico e fundo das banda

    s em eV para o Fe2, Co2 e Ni2 atravs dos funcionais UB3LYP e LSDA e funes de

    base 6-311G(d,p) e Lanl1mb 145

    3.16 Largura da banda d ocupada, desdobramento de spin magntico e fundo da banda s

    em eV para o Fe2, Co2 e Ni2 atravs dos funcionais UBP86, UBHLYP e do mtodo

    MP4. As funes de base usadas so Lanl1mb e 6-311G(d,p) 146

    3.17 Largura da banda d ocupada, desdobramento de spin magntico e fundo da banda

    s em eV para o Fe2, Co2 e Ni2 atravs dos funcionais UB3LYP/6-311G(d,p), UBLYP/6-

    311G(d,p), UBHLYP/6-311G(d,p) e funo de base 6-311G(d,p) com quebra de

    simetria 147

    3.18 Largura da banda d ocupada, desdobramento de spin magntico e fundo das banda

    s em eV para o Fe2H14, Co2H6 e Ni2H8 atravs dos funcionais UB3LYP, UBLYP e

    UBHLYP e UB3P86 e funo de base 6-311G(d,p) 149

    3.19 Populao de spin s e d e momento magntico em magneton de Bohr calculado e

    experimental para os clusters Fe2, Co2 e Ni2 161

    3.20 Populao de spin s e d e momento magntico em magneton de Bohr calculado e

    experimental para os clusters Fe2, Co2 e Ni2 162

  • X

    AGRADECIMENTOS

    Ao nico que digno de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e fora, e honra,

    e glria, e aes de graas. Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do que

    foi feito se fez.

    Ao Dr. Antonio Carlos Pavo, pelas suas ricas orientaes, pela sua sabedoria,

    pelo seu admirvel profissionalismo e pelos seus prestimosos incentivos.

    A todos os docentes da ps-graduao do DQF, sem exceo de nenhum deles.

    Reconheo que, so inteligentes, profissionais competentes, responsveis e prestativos.

    Tenho para mim, que so como pontes fortes e resistentes, vencendo as intempries do

    tempo, ajudando-nos a chegar do outro lado. Deixo agradecimentos especiais ao Dr.

    Oscar Loureiro Malta, ao Dr. Ricardo Longo, ao Dr. Severino Alves Jnior e ao Dr.

    Joo Bosco.

    Ao Dr. Fernando Machado, do Departamento de Fsica da UFPE e ao Dr. Alfredo

    Arnbio da Gama, do Departamento de Qumica fundamental da UFPE, pelas ricas

    sugestes que deram quando participaram da banca na minha qualificao ao doutorado.

    Alm disso, testemunho o fato que das vezes em que procurei o Dr. Fernando Machado

    para ouvir e aprender com ele algo mais sobre o nosso modelo, ele foi muito receptivo e

    amigvel.

    Ao Dr. Ivan Oliveira, do CBPF, e ao Dr. Miguel A. C. Gusmo, do Instituto de

    Fsica da UFRGS, pelas suas orientaes que foram teis para que eu dirimisse algumas

    dvidas.

    A todos os funcionrios do DQF, principalmente a Maurlio e a Patrcia.

    Aos bibliotecrios, de modo especial Joana e Ana.

    A todos os colegas da ps-graduao do DQF. Destaco os meus colegas do grupo

    do Dr. Antonio Carlos Pavo, at mesmo porque convivemos mais tempo com eles.

    Cito ento: Joacy Vicente Ferreira, Cristiano Bastos, Jos Carlos, Jorge Manso, Gerson

    Paiva, Karina Barros, Marconi Bezerra e Priscila Sobreira.

    minha famlia, pela compreenso e apoio.

    Ao professor Raul Duarte, pela sua colaborao.

    Ao CNPq, pelo suporte financeiro que foi bastante relevante.

  • 1

    CAPTULO 1

    1. Histrico e Fundamentos do Magnetismo

    O Primeiro relato cientfico sobre magnetismo foi feito pelo filsofo grego Thales

    de Mileto, quem, no sculo seis antes de Cristo, estudou a atrao de materiais tais como o

    ferro pela magnetita1, o constituinte dos ims naturais.

    William Gilbert (1544-1603) nascido em Colchester, cidade localizada a 90 Km a

    nordeste de Londres, influenciou bastante a cincia de seu tempo. Alm de sua atuao na

    medicina, onde chegou a ser mdico da rainha Elizabeth I, destacou-se brilhantemente nos

    estudos concernentes aos fenmenos eltricos e magnticos entre o final do sculo XVI e

    incio do sculo XVII. Em 1600, publicou o seu livro sobre magnetismo e eletricidade,

    mais conhecido como De magnete. Na verdade, o ttulo completo desse livro De magnete

    magneticisque corporibus et de magno magnete tellure physiologia nova. Nesse livro, ele

    discorre sobre o im2, corpos magnticos e sobre a terra, o im gigante. Esse livro

    constituiu-se na base firme de sua fama duradoura. Suas pesquisas ao longo de cerca de

    dezoito anos, podem parecer amplas para ocupar o lazer de um eminente fsico. A figura

    1.1 mostra William Gilbert fazendo uma demonstrao para a rainha Elizabeth I.

    Figura 1.1 William Gilbert e a rainha Elizabeth I

    Apesar do magnetismo ter atrado, inicialmente, numerosos filsofos e,

    posteriormente fsicos, a sua explicao fsica, s foi possvel com o desenvolvimento da

    mecnica quntica. O magnetismo das substncias (materiais) no pode ser separado da

    mecnica quntica, uma vez que um sistema clssico em equilbrio trmico no pode

    possuir um momento magntico diferente de zero, mesmo quando submetido a um campo

    magntico externo.

  • 2

    O magnetismo um efeito puramente quntico, que surge das propriedades do

    spin do eltron3. Nesse fenmeno, uma carga em movimento exerce uma fora sobre outras

    cargas tambm em movimento, sendo a interao mediada por um campo produzido por

    uma e sentido pelas outras. A fora sentida por uma carga em movimento em um campo

    magntico perpendicular velocidade da partcula e ao campo magntico, sendo

    proporcional componente da velocidade perpendicular ao campo.

    Na tabela peridica dos elementos qumicos, figura 1.2, os metais que apresentam

    esse fenmeno so principalmente Fe, Co, Ni e Gd.

    Figura 1.2 Tabela Peridica dos Elementos Qumicos

    Embora os metais de transio 3d, 4d e 5d apresentem os estados d localizados

    no ocupados, apenas certos metais 3d formam slidos magnticos, como o caso do

    ferro, cobalto e nquel. tomos de mangans e cromo possuem elevados momentos

    magnticos, 5B e 6B, respectivamente. No slido, tanto o mangans como o cromo esto

  • 3

    antiferromagneticamente ordenados4 abaixo de suas respectivas temperaturas de Nel, cujo

    valor de 95 K e 312 K. Nenhum dos slidos 4d ou 5d so magnticos. No entanto, esses

    elementos so caracterizados por significante acoplamento spin-rbita e se eles pudessem

    ser magnticos, eles estabeleceriam uma nova classe de materiais magnticos com

    aumentada anisotropia cristalina. O acoplamento spin-rbita uma interao magntica

    entre os momentos magnticos do spin e do momento angular orbital. Quando os

    momentos angulares so paralelos entre si, os momentos magnticos apresentam

    alinhamento desfavorvel. Se os momentos angulares forem opostos entre si, os momentos

    magnticos tero alinhamento favorvel. O acoplamento spin-rbita responsvel pela

    diviso de uma configurao em nveis. Por outro lado, Anisotropia significa que um

    determinado material possui diferentes propriedades em diferentes direes. A anisotropia

    magnetocristalina a preferncia dos ims atmicos se orientarem de acordo com certos

    eixos cristalinos do material. Por exemplo, o ferro devido cristalizar no sistema cbico,

    possui trs eixos cristalogrficos dados pelos seguintes ndices de Miller: [001] que a

    direo preferencial (eixo fcil), [110] e [111] que a direo menos favorvel (eixo

    difcil). necessria uma grande quantidade de energia quando os ims atmicos so

    movimentados da direo preferencial para a direo que menos favorvel. A diferena

    de energia para a magnetizao do cristal nessas duas direes chamada energia de

    anisotropia magnetocristalina. A anisotropia cristalina responsvel pela dificuldade na

    rotao dos momentos atmicos e como conseqncia acontece reteno da magnetizao

    em certos materiais. A origem de anisotropia magntica em filmes magnticos ultrafinos

    um tpico de interesse atual5, 6.

    Os elementos rdio e paldio no so magnticos. Porm, pequenos clusters

    (aglomerados) de rdio e tambm pequenos clusters de paldio so ferromagnticos7,8.

    Esse ferromagnetismo desaparece quando os clusters, aglomerados de tomos, contm

    cerca de cem tomos9. Foi demonstrado atravs da descoberta de momentos induzidos

    gigantes em paldio que possvel magnetizar grupos de tomos 3d. Foi demonstrado que

    impurezas 3d implantadas em paldio induzem a hospedagem da polarizao de spin

    estendendo-a at a quarta camada de tomos de paldio. Para impurezas de ferro, esses

    domnios magnticos tm um momento magntico gigante que fica em torno de 10 B a 12

    B.

    Duas quantidades de importncia no estudo de magnetismo so os momentos

    magnticos em cada posio atmica e a natureza de seus acoplamentos. Estes so

    governados pela simetria, dimensionalidade e nmeros de coordenao local, os quais tem

  • 4

    conduzido para o aumento dos momentos magnticos de clusters sobre seus

    correspondentes valores de bulk em ferro, cobalto e nquel. Esses clusters equivalem a seus

    bulk, permanecendo ferromagnticos. Est bem estabelecido que o momento magntico

    por tomo aumenta quando o tamanho do sistema ou a sua dimensionalidade diminuda.

    Isto ocorre porque ambos os fatores reduzem o nmero de coordenao e portanto reduzem

    a largura da banda. Consequentemente, a densidade de estados prxima energia de Fermi

    aumentada originando um aumento no momento magntico. Experimentos com clusters,

    nanoestruturas e filmes ultrafinos apiam essa descrio qualitativa.

    Um dos resultados mais controversos sobre magnetismo, em materiais bulk no

    magnticos, acontece em clusters de vandio. Por exemplo, um nmero de clculos

    tericos com vrios graus de aproximao tm vaticinado que monocamadas de vandio

    so magnticas. Porm, existem resultados experimentais conflitantes. Enquanto medidas

    de fotoemisso de spin-polarizado no demonstram nenhuma evidncia para o

    ferromagnetismo de vandio sobre Ag (001), magnetismo de camadas de vandio

    imprensadas em camadas de prata tem sido observado usando-se um magnetmetro

    SQUID10. O estudo de magnetismo de clusters de vandio livres, tambm sofrem dessa

    mesma controvrsia. Um experimento confirmou que pequenas partculas de vandio

    contendo de 100 a 1000 tomos so magnticas. No entanto, um outro experimento no

    detectou nenhuma evidncia de magnetismo em clusters de vandio livre contendo como

    uns nove tomos. Essa discordncia entre os dois resultados experimentais, talvez seja em

    virtude das diferentes tcnicas experimentais usadas na preparao das amostras. Por outro

    lado, a discordncia entre resultados tericos menos severa. Todos os clculos realizados

    para clusters de vandio, tendo sido esses clusters confinados para a estrutura cristalina

    cbica de corpo centrado do bulk e tambm levando-se em conta o espaamento inter-

    atmico no bulk, previram que pequenos clusters de V so magnticos, embora tenha-se

    encontrado diferentes magnitudes para os momentos magnticos onde estes dependem das

    aproximaes usadas10.

    1.1 APLICAES DO MAGNETISMO

    O magnetismo exerce fascnio e seduo. Para comprovar tal afirmao,

    lembremo-nos dos materiais magnticos. Em nossas casas podem existir peas e partes de

    utenslios domsticos que utilizam algum material magntico para o seu funcionamento.

    Poderemos encontr-los em etiquetas de calendrios colados geladeira, em alto-

  • 5

    falantes da televiso e dos aparelhos de som, em interfone, em porto automtico, em

    disquetes de computador, em fitas de gravadores, em motores de eletrodomsticos, em

    brinquedos, em fechaduras, em alarmes. S para citar mais um exemplo, um automvel

    moderno emprega cerca de 200 peas contendo materiais magnticos11.

    As figuras 1.3 a 1.11 representam aplicaes do magnetismo.

    Figura 1.3 Im de geladeira Figura 1.4 Grade magntica

    Figura 1.5 Filtro magntico Figura 1.6 Pina magntica

    Nas aplicaes tradicionais, como em motores, geradores e transformadores, os

    materiais magnticos, so utilizados em trs categorias principais. A primeira categoria a

    dos ims permanentes. A segunda categoria a dos materiais magnticos doces que

    tambm so chamados de materiais permeveis. A terceira categoria a gravao

    magntica. Ims permanentes so dispositivos usados para criar um campo magntico

    estvel em uma dada regio do espao, sendo a mais antiga aplicao dos materiais

    magnticos. Eles exercem um papel importante na tecnologia moderna, sendo amplamente

    usados em dispositivos eletromagnticos (motores, geradores etc.), dispositivos acsticos

    (alto-falantes, fone, agulhas magnticas etc.), equipamentos mdicos (sistemas de

    ressonncia magntica nuclear, marca-passos etc.), instrumentos cientficos, entre outros.

    Como por exemplo, os ims utilizados em um carro moderno. E como materiais

    magnticos doces (permeveis), que so magnetisados e desmagnetisados com facilidade e

    produzem um campo magntico muito maior ao que seria criado apenas por uma corrente

  • 6

    enrolada na forma de espira. Sobre a terceira grande categoria de aplicao, a chamada

    gravao magntica, ela adquiriu grande importncia nas ltimas dcadas. Essa

    propriedade baseada na propriedade que o cabeote de gravao tem de gerar um campo

    magntico em resposta a uma corrente eltrica. Com esse campo, possvel alterar o

    estado de magnetizao de um meio magntico prximo, o que possibilita armazenar nele a

    informao contida no sinal eltrico. A recuperao (ou a leitura) da informao gravada

    realizada pelo processo inverso. Isto , a mdia magnetisada e em movimento sobre o

    cabeote de leitura induz nele uma corrente eltrica. Hoje, alm do fenmeno de induo,

    tambm so utilizados novos materiais estruturados artificialmente, formados por

    multicamadas magnticas conhecidas como vlvulas de spin. A gravao magntica

    essencial para o funcionamento de gravadores de som e vdeo, bem como de inmeros

    equipamentos acionados por cartes magnticos, como caixas eletrnicos de banco11.

    Figura 1.7 Gerador Figura 1.8 Transformador

    O mercado mundial em gravao magntica estimado em torno de US$ 100

    bilhes por ano e vem se expandindo a uma taxa prxima a 17% ao ano12. Nos materiais

    magnticos so utilizados mais recursos em todo o mundo do que a fabricao de

    semicondutores, materiais bsicos usados na construo de circuitos integrados e chips de

    computadores.

    Os materiais magnticos cristalinos possuem uma ordem magntica de longo

    alcance para os seus tomos que o constituem. Por outro lado, eles podem ser totalmente

    desordenados no que diz respeito aos momentos magnticos como verificado nas

    solues slidas dos elementos magnticos em que as posies atmicas so fixadas pela

    estrutura cristalina enquanto a magnitude dos momentos magnticos sofre uma variao

    no peridica e randmica13.

    Nos materiais magnticos amorfos os tomos esto distribudos randomicamente.

    Nesses materiais, possvel encontrarmos uma ordem magntica de longo alcance. Isto ,

  • 7

    os momentos magnticos esto ordenados de forma peridica. As principais aplicaes

    desses materiais esto apoiadas na alta magnetizao de saturao, no baixo campo

    coercivo e na alta permeabilidade magntica, que so as suas caractersticas magnticas

    doces. Tais caractersticas so devidas, principalmente, a ausncia de uma anisotropia

    cristalina13.

    Nos ltimos anos, a pesquisa em materiais magnticos foi grandemente

    impulsionada devido s descobertas realizadas com estruturas artificiais de filmes muito

    finos14. A evoluo das tcnicas de alto vcuo proporcionaram a fabricao de filmes

    ultrafinos com espessuras de 1nm. Por sua vez, considera-se como filme fino uma

    camada obtida mediante a deposio tomo por tomo (ou molcula por molcula), de

    uma dada substncia sobre um substrato slido14. Atualmente, possvel a fabricao de

    estruturas que apresentam propriedades magnticas bastante diferentes das tradicionais

    podendo ser realizada fazendo-se a deposio de um filme sobre outro filme, sendo que

    ambos apresentam composies qumicas diferentes entre si. Tais estruturas

    compreendem filmes simples de uma nica camada magntica sobre um substrato, ou

    filmes magnticos e no magnticos intercalados. Podem tambm compreender

    estruturas com mais de uma dimenso na escala nanomtrica denominadas nano

    estruturas magnticas de maiores dimenses.

    O efeito magneto-resistncia gigante (GMR)15, que a dependncia de resistncia

    de um sistema magntico com o ngulo relativo entre momentos magnticos de

    camadas vizinhas ou gros, descoberto em 198816-17, revolucionou os meios acadmicos

    e tecnolgicos. Usando estruturas formadas por sanduches de ferro "recheados" com

    uma camada de trs tomos de cromo, os pesquisadores mediram a resistncia eltrica

    do sistema, para diferentes campos magnticos aplicados. Quando as camadas de fora

    do sanduche esto com alinhamento magntico contrrio um ao outro, o dispositivo

    tem resistncia eltrica alta. Entretanto, quando o alinhamento paralelo (gerado pelo

    campo magntico externo), a resistncia menor, da ordem da metade da configurao

    anterior (50 %). A surpresa residia no fato de que, at ento, uma variao mxima de

    cerca de 3 % era conhecida e, portanto, o fenmeno ganhou o adjetivo "gigante".

    Convm ressaltar que um eltron ao atravessar um filme grosso que possui espessura de

    um micrmetro ou mais, devido vrias colises no seu deslocamento, o eltron ter a

    perda da memria de seu spin. Por outro lado, se o eltron atravessar um filme de

    espessura nanomtrica a orientao original de seu spin ser preservada e como

    conseqncia surgem propriedades de nano-estruturas que ainda no eram conhecidas

  • 8

    nos materiais. Baseadas no efeito de magneto-resitncia gigante, foram introduzidas no

    mercado cabeas magneto-resistivas que causaram um avano na tecnologia de leitura

    magntica. Toda uma nova rea da fsica, conhecida como eletrnica de spin, ou

    spintrnica, tem se desenvolvido a partir dessa descoberta. Na spintrnica o que importa

    no a carga dos eltrons, os personagens centrais de todos os circuitos eltricos

    inventados pelo homem, desde as lmpadas incandescentes at os chips de

    computadores. Na eletrnica de spin temos que considerar o spin, uma propriedade

    intrnseca do eltron. Com relao memria spintrnica, o chip filtra eltrons que

    tm spin no mesmo sentido, podendo gravar magneticamente os dados permanentes e os

    temporrios16-17.

    O grupo de magnetismo e materiais magnticos18 do Departamento de Fsica da

    Universidade Federal de Pernambuco construiu um sensor magntico, capaz de detectar

    falhas em dutos de petrleo baseado na magnetoimpedncia gigante (GMI) que foi

    descoberta em 1992 pelo pesquisador Machado19, pertencente mesma universidade.

    Este pesquisador e seus colaboradores, publicaram resultados obtidos sobre a variao

    da resistncia com campo magntico externo em fitas amorfas de composio Co70,4

    Fe4,6 Si15 B10 com 1,5 cm de comprimento, 1,5 mm de largura e 50 m de espessura19. O

    fenmeno da magnetoimpedncia gigante (GMI) normalmente investigado em

    sistemas metlicos ferromagnticos que incluem estados cristalinos e amorfos20. A

    magnetoimpedncia gigante faz com que os materiais magnticos amorfos sejam

    capazes de conduzir mais ou conduzir menos corrente eltrica alternada quando um

    campo magntico (H) aplicado a esses materiais. Mesmo que os campos magnticos

    aplicados sejam pequenos, as variaes de corrente so importantes podendo chegar a

    mais de 200 %. O sensor magntico faz parte de um equipamento em forma de mssil

    que mede de dois a trs metros de comprimento utilizado para prevenir vazamentos de

    petrleo. O dispositivo sofre deslocamento ao ser impulsionado pelo prprio petrleo e

    em virtude de chegar sujo ao final do duto recebeu o nome pig. O sensor magntico gera

    um sinal que depende do valor da sua magnetoimpedncia gigante. Esse valor

    determinado pelo campo magntico do lugar em que o sensor magntico est. As reas

    do duto com algum tipo de falha apresentam campo magntico diferente das demais,

    devido a diminuio da espessura do duto. Por isso, quando o sensor magntico passa

    de uma regio sem falhas para uma com falhas, h mudanas no campo magntico.

    Dessa forma, a magnetoimpedncia gigante muda e o sinal gerado pelo sensor

    magntico tambm muda.

  • 9

    Figura 1.9 Pig18 Figura 1.10 Sensor Magntico18

    O sensor magntico apresenta maior preciso que os sensores a base de ultra-som

    que so bastante usados na deteco de defeitos de dutos de petrleo18.

    Os sensores de proximidade magntica21, devido o seu custo reduzido podem ser

    utilizados com vantagem na substituio de chaves fim de cursos para acionamento direto,

    desde os contatores mais pesados, at os rels mais sensveis. Sendo a sua sada do estado

    slido, pode ser utilizado em ambientes que contenham gases, poeira explosivos ou

    vapores. Esses sensores magnticos so indicados especialmente para indstrias de

    alimentos, farmacutica e de processos qumicos. Detectores de nvel infra-vermelho que

    possuem instalados atrs de sua placa frontal sensores magnticos funcionam como chave

    fim de curso para limitar o movimento da plataforma giratria dos recipientes que contm

    materiais neles contidos tais como: ps, granulados, rao animal, farelo, farinhas, cereais,

    cimento, cal, caf e acar21. Tambm so controlados materiais molhados, pastosos ou

    lquidos como lama, gua suja, lodo, combustveis, produtos qumicos e espuma. Esses

    equipamentos fazem parte de sistemas onde j esto em operao: controle de nvel de

    farelos e farinhas em fbricas de rao animal, controle de nvel em ensacadeiras

    automticas, controle da espuma das dornas em usinas de acar e lcool, controle do

    bagao de cana na alimentao de caldeiras de usinas de acar e termoeltricas, controle e

    operao de silos, deteco da presena de lodo-gua nas tubulaes do sistema de

    decantao da cachaa para proteo da bomba nemo e deteco da presena de massa ou

    mel em usinas de acar.

    Um aparelho de leitura magntica22, um sensor magntico, desenvolvido na

    Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto (FFCLRP) da USP, permite

    que sejam feitos, sem interveno cirrgica, exames para detectar o excesso de ferro no

    fgado de pessoas submetidas a seguidas transfuses de sangue, como hemoflicos e

  • 10

    portadores de talassemia e anemia falciforme. O exame muito importante no diagnstico

    de diversas doenas decorrentes do acmulo de ferro no organismo.

    O equipamento, desenvolvido pelo grupo de Biomagnetismo da FFCLRP, utiliza um

    sensor que mede o campo magntico produzido pelo ferro no fgado. Durante o exame, a

    pessoa fica deitada em uma cama construda de material no metlico e no condutor para

    no interferir. "Depois de localizar o fgado com um ultra-som, o paciente posicionado

    mantendo a regio central do fgado prximo do sensor magntico. O sensor fica

    aproximadamente a dois centmetros do tecido sem toc-lo, e a medida realizada em

    torno de cinco minutos", de acordo com o fsico Carneiro, autor do projeto22.

    Pacientes submetidos a transfuso precisam ter o ferro no organismo quantificado

    para controlar a sua remoo e evitar o acmulo nos tecidos. Geralmente, esta medida

    feita por uma estimativa do nvel de ferritina no plasma sanguneo, mas esse mtodo nem

    sempre preciso. Um segundo mtodo aplicado a bipsia, ou seja, a retirada de um

    pedao do fgado para exame, porm, essa tcnica muito invasiva e invivel quando tem

    de ser aplicada periodicamente, colocando em risco a vida do paciente. O aparelho da

    USP22 capaz de quantificar o ferro no tecido, sem a necessidade de interveno cirrgica.

    utilizado o fgado por ser o rgo que mais acumula este metal. O aparelho, nico em

    funcionamento no Pas, j foi utilizado com sucesso no Hemocentro de Ribeiro Preto, mas

    somente para pesquisa. Mesmo mais barato do que os similares estrangeiros, seu custo

    ainda alto. "L fora eles j comercializam equipamentos parecidos, mas no iguais. O

    aparelho nacional custa cerca de US$ 100 mil enquanto os similares estrangeiros

    ultrapassam US$ um milho", conta o professor Baffa, coordenador do projeto. "Seria

    timo instalar uma ou duas mquinas no Brasil.", diz o professor, que no v interesse em

    patentear a tecnologia, devido ao seu alto custo para comercializao22.

    O ferro, assim como os outros elementos que representam cada um menos que 0,01

    % do peso total do organismo humano, um micromineral (oligoelemento). Os

    macrominerais so os elementos que representam, cada um, mais que 0,01% do peso total

    do organismo humano. O ferro o mais abundante dos microminerais, existindo de 3 a 5g

    no organismo humano, sendo que cerca de 70 % do total encontram-se ligados

    hemoglobina, protena que transporta oxignio dos pulmes aos tecidos, e mioglobina,

    protena que transporta e armazena oxignio no msculo. Os 30 % restante de ferro

    encontram-se armazenados no fgado, no bao e na medula ssea. Esse micromineral

    apresenta funes fisiolgicas tais como: transporte de oxignio, proteo do organismo e

    produo de energia. Sua deficincia provoca anemia microctica hipocrmica, sendo que

  • 11

    concentraes sangunea de ferritina abaixo de 15mcg/dl podem ser consideradas

    perigosas. Por outro lado, o ferro pode provocar toxicidade23. A hemosiderose, acmulo

    crnico de ferro no organismo mais comum em homens que em mulheres j que estas no

    perodo pr-menopausa encontram-se protegidas pela perda sangunea proveniente da

    menstruao. Fadiga, anorexia, perda de peso, cefalia, nuseas, vmitos e colorao

    escura da pele so sintomas da hemosiderose. A hemocromatose, doena gentica com

    acmulo patolgico desse mineral nos tecidos, provoca cirrose, diabetes, insuficincia

    cardaca e colorao bronzeada da pele por armazenagem excessiva no fgado, pncreas,

    corao e epiderme, respectivamente.Concentraes sanguneas da protena ferritina acima

    de 200 mcg/dl so excessivas, podendo provocar estresse oxidativo23.

    O fgado a maior glndula do organismo. Elabora a secreo biliar e substncias

    destinadas ao metabolismo. Tem por funo armazenar glicdios, reduzir e conjugar

    hormnios adrenais e gonodais, alm de elaborar protenas plasmticas.O excesso de ferro

    no organismo humano realizado pela dosagem de ferritina no sangue ou pela retirada de

    um pedao do fgado para exame, a bipsia. O primeiro mtodo nem sempre possui

    preciso e o segundo coloca em risco a vida do paciente23.

    xidos magnticos so utilizados na preparao de filmes finos porque possuem vasta

    aplicabilidade como sensores magnticos em virtude de apresentarem grande variao da

    resistividade eltrica () com aplicao de um campo magntico (H). O entendimento

    desse fenmeno tem por base o modelo de dupla troca que foi proposto por Zener24. Os

    xidos magnticos apresentam uma transio metal-isolante Tp prxima da transio ferro-

    paramagntica Tc. A resistividade eltrica sofre maior variao em virtude da aplicao de

    um campo magntico (H), em torno da transio metal-isolante Tp. A aplicao de um

    campo magntico diminui bastante a resistividade e desloca TP para temperaturas mais

    elevadas. A magnetoimpedncia mxima prxima a Tp. Poderemos at mesmo fazer uso

    de um material amorfo em vez de usarmos um filme fino, mas a importncia desse

    grande. Basta lembrarmos que existem muitas tcnicas de tratamento de superfcie bem

    estabelecidas e tradicionalmente utilizadas industrialmente. As caractersticas de um corpo

    slido so determinadas por suas propriedades de superfcie. O coeficiente de atrito, a

    fadiga, a resistncia corroso e ao desgaste de uma pea metlica podem ser

    convenientemente controlados mediante tratamentos adequados de superfcie. Alguns

    desses tratamentos consistem na deposio de um filme fino de uma dada substncia sobre

    a pea a ser tratada. Combinando-se as propriedades caractersticas de certos materiais com

  • 12

    propriedades especficas de filmes finos, podem-se obter vrios tipos de dispositivos como

    por exemplo, sensores14.

    Os sensores magnticos mais comuns21 como os que so utilizados em portas, janelas

    e articulaes tm como principal objetivo gerar um alarme quando uma de suas partes se

    afasta da outra, sendo que uma sempre fica fixa, geralmente no batente, e a outra na parte

    mvel da porta ou da janela. Os que so utilizados em veculos e so ligados ao cabo do

    velocmetro ou roda ou ao card geram pulsos eltricos que so convertidos em

    quilometragem. Nas motos eles so conectados diretamente ao cabo do velocmetro.Os

    sensores magnticos utilizados para detectar abertura de portas e janelas, so constitudos

    de duas partes, uma pequena caixa plstica que possui no seu interior um mbolo de vidro

    onde existem duas lminas metlicas milimetricamente afastadas, que quando sofrem ao

    de um campo magntico se fecham, permitindo a circulao de corrente. O campo

    magntico obtido utilizando-se um m de tamanho prximo do sensor (8 x 8 x 40 mm)

    tambm encapsulado em uma caixa plstica com abas para sua fixao. A caixa com o reed

    switch colocada em um ponto fixo da porta ou janela e tem seus terminais ligados com

    fios central de alarme, enquanto o m fixado na parte mvel da porta ou janela.

    Quando a porta est fechada o m fica com o contato fechado. Quando a porta aberta o

    contato se abre e informa a central que dispara o alarme. Existem vrios formatos de ms

    e encapsulantes para sensores magnticos utilizados para detectar abertura de portas e

    janelas, sendo os mais comuns os de sobrepor conforme explicado acima, o de embutir,

    que tem as partes encapsuladas em dois cilindros redondos e o para porta de ao, que

    composto de um m maior e permite que a porta possa balanar ou ter jogo sem que o

    sensor seja acionado21.

    A sia menor localizada entre o Mar Negro, o Egeu e o Mediterrneo era

    constituda de importantes cidades: feso, Esmirna, Prgamo, Sardes, Tiatira, Filadlfia,

    Laodicia, Tarso, Antioquia e Magnsia. A cidade de Magnsia notabilizou-se pelo fato de

    ser encontrado, com mais freqncia em seus termos, uma pedra que possua a propriedade

    de atrair pequenos pedaos de ferro. Em homenagem cidade de Magnsia, essa pedra

    recebeu o nome de magnetita. A magnetita, o constituinte dos ims naturais tambm

    chamados ims permanentes, o xido duplo de ferro, cuja frmula Fe3O4. Esse xido

    apresenta-se como se fosse formado pelos xidos ferroso, FeO, e Frrico, Fe2O3, onde o

    ferro apresenta-se com nmero de oxidao 2+ e 3+, respectivamente.

    Fe3O4 = FeO . Fe2O3

  • 13

    magnetita xido ferroso xido frrico A magnetita faz parte de uma classe de xidos, muito importante para a

    eletrnica, denominada ferritas, cuja frmula geral pode ser representada por MFe2O4, em

    que M um on metlico de nmero de oxidao igual a 2+. As ferritas apresentam

    estrutura cristalina semelhante ao xido duplo de magnsio e alumnio, MgAl2O4 ou ainda

    MgO. Al2O3, em que esse mineral relativamente abundante tambm conhecido pelo

    nome de espinlio natural ou apenas espinlio. O grupo dos espinlios compreende muitos

    minerais isomorfos com o espinlio. A magnetita, Fe3O4, e a cromita, FeO . Cr2O3, que o

    principal minrio de cromo fazem parte desse grupo.

    O Bulk Fe3O4 tem uma estrutura de espinlio invertido cbica temperatura

    ambiente onde os nions O2- formam uma rede cbica de face centrada (fcc), um tero dos

    ons Fe (Fe3+) ocupam interstcios tetradricos (posies A) e os outros dois teros dos

    ons Fe (metade Fe3+ e metade Fe2+) esto localizados nos interstcios octadricos

    (posies B). Vendo atravs da face (001) do cristal, a clula unitria do bulk pode ser

    descrita por quatro pares de subcamadas atmicas alternando-se, as quais esto deslocadas

    no plano da camada com respeito a cada uma outra. Dentro de um par, uma subcamada

    composta dos ctions Fe3+ da posio A e a outra subcamada composta de ctions Fe2+ e

    Fe3+ da posio B e nions O2-. Modernamente, um nmero significante de tentativas tem

    sido realizados para compreender as mudanas estruturais tomando lugar na superfcie de

    Fe3O4 (001). Mas os resultados experimentais at agora no conduziram para uma

    determinao consistente do arranjo atmico da camada da superfcie25. No Fe3O4, a ferrita

    prottipo, os momentos de spin de todos os ons Fe3+ localizados nas posies octadricas

    esto alinhados paralelamente uns aos outros. Entetanto, eles esto posicionados em

    direo oposta dos ons Fe3+ localizados nas posies tetradricas, os quais tambm esto

    alinhados. Isso resulta do pareamento antiparalelo de ons ferro adjacente. Dessa forma, os

    momentos de spin de todos os ons Fe3+ se cancelam uns aos outros, no dando qualquer

    contribuio lquida para a magnetizao do slido. Todos os ons Fe2+ possuem os seus

    momentos alinhados na mesma direo, cujo momento total responsvel pela

    magnetizao lquida do slido, conforme mostra a tabela 1.1 onde cada seta representa a

    orientao do momento magntico para um dos ctions26. Portanto, esse xido na frmula

    ideal [Fe3+] {Fe2+, Fe3+}O4 contm uma mistura igual de ons Fe2+ e Fe3+ nas posies B

    octadricas da rede de espinlio cbica27. Um tero restante que de ons frrico est

    localizado nas posies A tetradricas. Ao compararmos a configurao eletrnica dos ons

  • 14

    ferrosos (Fe2+ = [Ar] 3d6) com a dos ons frricos (Fe3+ = [Ar] 3d5), verificamos que

    aqueles possuem um eltron a mais que estes no subnvel d. temperatura ambiente, esse

    eltron salta entre todos os ncleos frricos que esto localizados nas posies B com um

    tempo de flutuao de carga28 da ordem de 10-12 s, dando magnetita a sua caracterstica

    de cor negra e aproximadamente condutividade metlica ( ~ 10-4 m). Os eltrons de

    conduo ocupam uma banda estreita de spin polarizado29-31, onde a massa efetiva

    aumentada ainda mais pela formao de polaron.

    Tabela 1.1 Distribuio de momentos magnticos de Spin26 para os ons Fe2+ e Fe3+ em uma clula

    unitria de Fe3O4

    Ctions Stio octadrico do

    retculo

    Stio tetraadrico do

    retculo

    Momento magntico

    lquido

    Fe3+

    Cancelamento

    completo

    Fe2+

    Filmes finos de ferritas32-35 apresentam importncia tecnolgica como

    catalisadores, anticorrosivos e dispositivos magnticos. Em particular, magnetita como um

    material quase metlico, um candidato atrativo para aplicaes em eletrnica de spin e

    gravao de ims. Em aplicaes de magnetita em filmes magnticos finos a morfologia

    das camadas assim como a estrutura e composio da superfcie so fatores cruciais para a

    funcionalidade. Neste aspecto, o conhecimento da estrutura da superfcie em uma escala

    atmica importante para o entendimento do comportamento eletromagntico de filmes

    finos de Fe3O4. A respeito desse fato, ainda existe um grande nmero de controvrsia a

    respeito da terminao e da estrutura da superfcie (001) de Fe3O433 - 43.

    Compsitos Magnticos44 para Aplicao em Despoluio Ambiental, o nome

    de um projeto elaborado por um grupo de pesquisadores do Ncleo de Fsica Aplicada da

    Universidade de Braslia, coordenado pelo professor Paulo Csar de Morais, cuja execuo

    j est sendo realizada para minimizar os estragos provocados pelo derramamento de

    petrleo em alto mar. Nanopartculas magnticas foram agregadas a polmeros tratados

    quimicamente para se comportar de forma hidrofbica. Assim, quando o material jogado

    na gua, ele foge da fase aquosa e se une ao leo. E como magntico, pode ser retirado da

    gua por meio de ims carregando consigo a poluio. De maneira geral, as

    nanopartculas magnticas so constitudas por magnetita, Fe3O4, e tm a superfcie

  • 15

    externa recoberta por algum agente estabilizante, ou surfactante, para evitar a coagulao

    espontnea induzida pela interao dos dipolos magnticos. Na forma bem subdividida, em

    torno de 10 nm, o lquido com as nanopartculas magnticas comporta-se como um

    ferrofluido, e tem outras aplicaes tecnolgicas muito importantes. usado, por exemplo,

    como lquido de refrigerao de bobinas magnticas, onde melhora a transmisso de calor.

    Outra aplicao que desperta muito interesse a utilizao das nanopartculas magnticas

    como agente transportador de drogas, direcionado pela aplicao de ims44.

    Os gregos, h 2.800 anos, observaram que friccionando-se sempre no mesmo

    sentido uma barra de ao com a magnetita, a barra de ao adquiria a propriedade de atrair

    pedaos de ferro semelhantemente ao im natural. Assim surgiram os primeiros ims

    artificiais. Atualmente, os ims artificiais possuem poder de atrao imensamente maior

    em magnitude que os antigos.

    A bssola foi o primeiro dispositivo magntico. Provavelmente inventada por

    vrias culturas independentemente e primeiro documentada na literatura chinesa no sculo

    onze depois de Cristo3. Aps descobrirem que suspendendo uma barra imantada, a barra

    sempre apontava na mesma direo. As primeiras bssolas eram rudimentares, atualmente

    elas consistem de uma agulha de ao magnetizada (a agulha da bssola um im) capaz de

    girar livremente ao redor de um eixo vertical. Quando a agulha se orienta, figura 1.11,

    dizemos que ela est alinhada com o campo magntico da terra e denominamos Plo

    Norte a extremidade da agulha que est apontando para o norte geogrfico e a outra

    extremidade de Plo Sul porque est apontando para o sul geogrfico. A bssola ao

    indicar a direo norte-sul est ao mesmo tempo orientando os outros pontos cardeais.

    Figura 1.11 Bssola

  • 16

    A terra um im gigante que gera um campo magntico que possui a capacidade

    de orientar uma agulha imantada. Devido o Plo Norte da agulha apontar para o norte

    geogrfico, teremos nessa regio o Plo Sul magntico e como o Plo Sul da agulha aponta

    para o sul geogrfico, teremos nessa regio o Plo Norte Magntico. Vale a pena salientar

    que, rigorosamente os plos magnticos da terra no coincidem perfeitamente com os

    plos geogrficos.

    O magnetismo de qualquer im mais acentuado em duas regies opostas entre si,

    denominada de plos magnticos.

    Ao aproximarmos dois ims, os mesmos podero atrarem-se ou repelirem-se. A

    fora magntica ser atrativa entre plos magnticos opostos e repulsiva entre plos

    magnticos de mesmo nome. Assim como a fora eltrica, a fora magntica uma fora

    cuja atrao acontece distncia. Isso nos leva a entend-la como uma fora de campo.

    O princpio da inseparabilidade dos plos magnticos baseado no fato de que

    dividindo-se um im surgir um novo im com dois plos magnticos contrrios entre si.

    Isso perfeitamente compreensvel se admitirmos que cada molcula de um metal

    magntico apresenta um comportamento de um im diminuto em tamanho e em poder

    atrativo. A figura 1.12 representa o que acabamos de afirmar.

    Figura 1.12 Diviso de um im

    A discusso de fenmenos eltricos45, geralmente feita obedecendo-se a seguinte

    ordem: carga eltrica, fora eltrica e campo eltrico, respectivamente. Era de se esperar

    que na discusso do magnetismo obedecessemos a sequncia: carga magntica, fora

    magntica e campo magntico, respectivamente. Porm, nunca foi observada

    experimentalmente a existncia de uma carga magntica apesar de j ter sido relatado a

    deteco da mesma45. Apesar de alguns indcios para a sua existncia atravs do campo da

    fisica quntica, monoplos magnticos, isto , plos magneticos isolados sem um parceiro,

  • 17

    permanecem evasivos aps dcadas de pesquisa. Ser que eles existem de fato no mundo

    real? C. Castelnovo, R. Moessner e S. L. Sondhi46 defendem que sim, e S. T. Bramwell e

    M. J. Gingras47 afirmam: monopolos so existentes e desejveis em uma classe extica de

    material magntico conhecido como spin ice. Em seu estudo terico, Castelnovo e seus

    colaboradores, encontraram o primeiro caso de tal coisa como uma excitao com uma

    carga magntica diferente de zero. Em certas condies, esses magnetos comportam-se

    como um gs de plos magnticos independentes. Existe uma fase de transio em que um

    vapor fino desses monopolos condensa dentro de um lquido denso48.

    A criao de um monopolo49 em um mundo de dipolos magnticos pode ser

    entendido considerando-se um anel unidimensional que feito arranjando-se minsculos

    dipolos. Neste caso, um dipolo desalinhado isolado d orgem a duas cargas magnticas

    independentes que podem ser deslocadas como fragmentos pelo preo de alguma energia

    dentro do sistema. Os monopolos que aparecem so limites, isto , fronteiras separando

    regies com dipolos perfeitamente alinhados. Esses defeitos topolgicos, conhecidos como

    domnios de paredes tm sido estudados em nanofios magnticos49.

    O aparecimento de monopolos magnticos livres48 um fenmeno conhecido como

    fracionalizao: o comportamento coletivo de muitas partculas em um sistema

    condensado de matria mais efetivamente descrito em termos de fraes das partculas

    originais. Fracionalizao frequentemente vinculado a defeitos topolgicos50 e comum

    em sistemas de uma dimenso, como o anel cuja criao foi descrito anteriormente.

    Os monopolos em spin ice48 so anlogos magnticos de defeitos carregados

    eletricamente de H3O+ e OH- em water ice. O movimento desses defeitos atravs da water

    ice causa conduo de eletricidade quando um campo eltrico aplicado atravessando-o.

    1.2 O MAGNETISMO DA MATRIA:

    Campo magntico )(Hr

    , induo magntica )(Br

    e magnetizao )(Mr

    , so as

    trs quantidades macroscpicas usadas para descrever o magnetismo da matria.

    Campo magntico toda regio do espao em que se verifica efeitos magnticos.

    Assim, prximo de um im existe um campo magntico que cada vez mais intenso

    medida que estivermos mais prximo dos plos. A visualizao do campo magntico de

    um im pode ser feita utilizando-se limalha de ferro. Esta deve ser colocada sobre uma

    folha de cartolina que por sua vez colocada sobre o im. Ento, devemos bater levemente

    na folha de cartolina at a limalha de ferro se orientar. A limalha de ferro, por ser

  • 18

    magnetizada com a presena do campo magntico, se alinha com as linhas do campo

    magntico do im.

    Planetas, galxias e quasares (os objetos mais brilhantes conhecidos), possuem

    campo magntico. A figura 1.13 mostra uma representao do sistema solar com os

    planetas: 1-mercrio, 2-vnus, 3-terra, 4-marte, 5-jpiter, 6-saturno, 7-urano e 8-netuno.

    Figura 1.13 O sistema solar

    O campo magntico da terra, na regio entre os plos e o Equador, varia de 3 x 10-5

    T a 7 x 10-5 T, aproximadamente 0,5 G (1 T = 10.000 G).

    A variao de um campo magntico pode ser representada pelas linhas de induo

    que so linhas imaginrias. A figura 1.14 mostra que as linhas de induo so linhas

    fechadas. No exterior do im, as linhas de induo saem do plo norte e entram no plo sul

    e suas densidades relacionam-se com a intensidade do campo magntico.

    Figura 1.14 Linhas de induo de um campo magntico

  • 19

    O campo magntico pode ser expresso pelo vetor induo magntica Br

    e pelo

    vetor intensidade de campo magntico Hr

    . O primeiro est na dependncia da corrente que

    gera o campo e da magnetizao do meio. O segundo s depende da corrente.

    Ao medirmos o campo magntico de uma regio, cada ponto da regio ter associado a

    si um vetor induo magntica Br

    que tangente linha de induo e que aponta no mesmo

    sentido dela. Na realidade, as linhas de induo representam graficamente a variao do

    vetor induo magntica Br

    em uma regio onde se faa presente um campo magntico.

    Sendo o campo magntico uniforme, o vetor induo magntica Br

    ser constante em

    mdulo, direo e sentido. o que acontece com ims em formato de ferradura. O vetor

    induo magntica Br

    o responsvel pela determinao do fluxo magntico . Este,

    atravs de uma superfcie aberta S dado por51:

    = SB AdnBrr

    r (1.1)

    Sendo Adr

    um vetor normal superfcie em cada ponto. A unidade do fluxo magntico T

    m2, chamada weber (Wb) em homenagem ao fsico alemo W. E. Weber, o primeiro que

    definiu a unidade de corrente eltrica.

    Em termos macroscpicos a relao entre o vetor induo magntica Br

    e o vetor

    intensidade de campo magntico Hr

    dada no sistema SI por

    )(0 MHBrrr

    += (1.2)

    sendo 0 a permeabilidade magntica do vcuo e tendo por valor 4 x 10-7 N/A2. M

    r o

    vetor magnetizao. Esse vetor representa o estado magntico de um material e definido

    como sendo o momento de dipolo magntico r

    por unidade de volume. Em outras

    palavras, magnetizao a quantidade de momentos magnticos por unidade de volume do

    material. Sua expresso matemtica :

    =

    i

    iv V

    M rr 1

    lim0

    (1.3)

    A magnetizao pode ser espontnea ou induzida. O primeiro caso ocorre em

    determinados materiais mesmo que eles estejam na ausncia de um campo magntico

  • 20

    externo. Nesses materiais, atravs de mecanismos de interao entre os seus momentos

    magnticos, produzido um campo magntico interno. Por outro lado, a magnetizao

    induzida acontece quando um material colocado na presena de um campo magntico

    externo.

    No sistema C.G.S a relao entre Br

    e Hr

    dada por,

    MHBrrr

    4+= (1.4) nesse sistema, na ausncia de materiais magnticos, .HB

    rr=

    A relao entre o vetor induo magntica Br

    e o vetor de campo magntico Hr

    ou

    a relao entre Mr

    e um desses vetores relevante na resoluo de questes sobre teoria

    magntica52. Para os materiais isotrpicos e lineares,

    HM = (1.5)

    em que denominada susceptibilidade magntica. Ela uma grandeza escalar

    adimensional que indica a medida da fora exercida pelo campo magntico sobre a unidade

    de massa do corpo. O seu valor est relacionado com o nmero de eltrons

    desemparelhados por mol em determinado material. Isto , por unidade de massa do

    material.

    O ciclo de histerese53 de um material magntico, mostra o quanto um material se

    magnetiza sob a influncia de um campo magntico e o quanto de magnetizao

    permanece nele depois que o campo desligado. Esse ciclo representado pelo grfico da

    magnetizao M do material em funo do campo externo aplicado H , como mostra a

    figura 1.15. Esse ciclo obtido quando sobre um material magntico aplica-se um campo

    magntico e mede-se a sua magnetizao. O campo inicialmente nulo e aumentado

    gradativamente (linha tracejada), at o material no mudar mais sua magnetizao com a

    aplicao de campo (magnetizao de saturao). Depois, ele reduzido at atingir o valor

    nulo novamente. Entretanto, aps a aplicao do campo, geralmente o valor da

    magnetizao no o mesmo da magnetizao inicial , sendo chamada magnetizao

    remanente )( RM ou simplesmente remanncia. O sentido do campo ento, invertido e

    vai sendo aumentado mais uma vez. O campo reverso necessrio para fazer com que a

    magnetizao retorne ao valor nulo conhecido como campo coercivo ou coercividade

    )( CH . O campo continua sendo aumentado at, novamente, o material alcanar o valor de

    saturao no sentido inverso. O campo posteriormente reduzido e invertido novamente,

    at fechar o ciclo53.

  • 21

    Figura 1.15 Ciclo de histerese53

    Quanto mais largo e mais alto for o ciclo de histerese, melhor ser o im

    permanente, pois ele ter coercividade )( CH , o valor do campo magntico externo

    necessrio para desmagnetizar um im, e magnetizao remanente )( RM elevadas. Alguns

    materiais, mesmo quando o campo magntico aplicado sobre eles praticamente nulo,

    permanecem com magnetizao elevada, gerando um campo magntico aprecivel em

    torno deles. Esse o caso dos ims convencionais que conhecemos um dos exemplos so

    os chamados ims de geladeira, atualmente muito empregados no campo da

    publicidade53.

    Um ciclo de histerese muito estreito indica um bom material magntico doce,

    tambm chamado permevel, suave ou mole. Esses materiais so caracterizados por uma

    baixa coercividade e por uma alta permeabilidade magntica. Isto , se desmagnetizam

    com facilidade e retm uma magnetizao elevada a partir de um campo aplicado de baixa

    intensidade, respectivamente. Bons exemplos de materiais magnticos doces, alm de ligas

    clssicas como permalloy, so as ligas ferromagnticas amorfas como o vidro, s que

    metlicos. Essas ligas, tambm descobertas na dcada de 1960, podem ser produzidas na

    forma de fitas, fios, filmes e, mais recentemente, at como estruturas macias53.

    Produto energtico mximo (BHmax) a mxima energia magntica armazenada

    por unidade de volume. Essa grandeza corresponde rea do maior retngulo que pode ser

    inscrito no segundo quadrante localizado na regio superior e esquerda do ciclo de

    histerese53.

    O magnetismo da matria em virtude principalmente do movimento orbital

    dos eltrons (momento angular orbital) e do momento angular de spin do eltron.

  • 22

    -e

    Apesar da existncia do momento magntico nuclear, ele torna-se desprezvel ao

    ser comparado com o momento magntico do eltron.

    O movimento do eltron ao redor do ncleo do tomo, figura 1.16, semelhante a

    uma corrente i que percorre uma espira circular. criado um dipolo magntico em que o

    momento magntico corresponde a,

    2. riAi == (1.6)

    L v

    Figura 1.16 Eltron gerando um momento magntico ao descrever uma rbita de raio r.

    O momento magntico se estiver na presena de um campo magntico sofre um torque

    cuja representao feita pela equao 1.7 dada a seguir:

    rr

    =T x Hr

    (1.7)

    Em mecnica clssica o momento angular de uma partcula, corpo pontual, de

    massa m deslocando-se com velocidade v relativo a um ponto o origem das coordenadas

    definido como o produto vetorial,

    rLrr

    = x pr

    (1.8)

    onde rr

    o vetor de posio da partcula em relao ao ponto o que a origem das

    coordenadas e pr

    o vetor quantidade de movimento54.

    r

  • 23

    r

    m

    o

    v

    A figura 1.17 mostra que o momento angular Lr

    um vetor perpendicular ao

    plano da rbita determinado por r e v, tendo sua origem no centro da rbita e direo

    indicada pela regra da mo direita. Teta o ngulo entre r e v.

    L

    Figura 1.17 Momento angular de uma partcula em relao a um ponto o54.

    Sendo mp =r

    vr

    , e partindo da equao 1.8 chegaremos a,

    mL =r

    rr

    x vr

    (1.9)

    O momento angular, Lr

    , tem como componentes as grandezas yx LL , e zL

    definidas pelas expresses,

    yzx zPyPL = (1.10)

    zxy xPzPL = (1.11)

    xyz yPxPL = (1.12)

    e mdulo,

    222zyx LLLL ++=

    r (1.13)

    A definio quntica de momento angular dada pelas equaes 1.14 e 1.15 que so equaes de autovalores.

    ),()1(),( ,2

    , ll mlml YllYL += 2

    h (1.14)

    ),(),( ,, ll mllmlz YmYL h= (1.15)

    Pela notao de Dirac, as duas equaes de autovalores sero:

    >+>= ll mlllmlL ,|)1(,|22

    h (1.16)

    >>= lllz mlmmlL ,|,| h (1.17)

  • 24

    A equao 1.14 mostra que a magnitude do momento angular orbital de um eltron

    ( L ) determinada pelo nmero quntico orbital l , enquanto a equao 1.15 mostra que a

    magnitude de sua componente z, representada por ( zL ) determinada por lm .

    Se o spin um momento angular, ele deve satisfazer tambm a definio quntica.

    >+>= ss msssmss ,|)1(,|22

    h (1.18)

    >>= sssz msmmss ,|,| h (1.19)

    Para um momento angular total )(L e )(S :

    ii

    lLrr

    = e isrr

    = S (1.20)

    >+>= LL MLLLMLL ,|)1(,|22

    h (1.21)

    >>= LLLz MLMMLL ,|,| h (1.22)

    >+>= ss MSSSMSS ,|)1(,|22

    h (1.23)

    >>= sssz MSMMSS ,|,| h (1.24)

    pela equao 1.8 e 1.9 vimos a expresso matemtica do momento angular de acordo com

    a mecnica clssica. Porm, do ponto de vista quntico, a quantidade de movimento que

    diz respeito a um eltron est associado ao operador gradiente (). Desse modo:

    =r

    hr

    ip riLr

    hr

    = xr

    (1.25)

    Sendo Jr

    , um momento angular qualquer, ele tambm dever satisfazer a definio

    quntica de momento angular.

    >+>= JJ MJJJMJJ ,|)1(,|22

    h (1.26)

    >>= JJJZ MJMMJJ ,|,| h (1.27)

    O momento angular resultante, Jr

    , deve comutar com o hamiltoniano do sistema.

    Portanto:

    0],[ 22 == HJJHJH

  • 25

    >>= JJ MJEMJH ,|,| (1.28)

    0],[ == HJJHJH ZZZ

    Se dois operadores comutam, eles tm o mesmo conjunto de autofunes. Em um

    tomo se Jr

    o momento angular total, J2, Jz comutam com H.

    Vamos buscar as autofunes do hamiltoniano atravs das autofunes do momento

    angular Jr

    . Conhecendo essas funes LML, , sMS, como construir as autofunes

    de JMJ , ? Para isso devemos conhecer as seguintes restries:

    ,lml = ,1+ l ... ,0 ... ,1l l

    ,sms = ,1+ s ... ,0 ... ,1s s

    ,LM L = ,1+ L ... ,0 ... ,1L L

    ,SM s = ,1+ S ... ,0 ... ,1S S

    ,JM J = ,1+ J ... ,0 ... ,1J J

    Se 2=L existiro cinco funes do tipo >LML,|

    Se 3=J existiro sete funes do tipo >JMJ ,| Generalizando:

    Sejam 1Jr

    e 2Jr

    dois momentos angulares orbitais ou de Spins. Se eles so momentos

    angulares devero satisfazer a definio quntica de momento angular. Isto :

    >+>=11 111

    21

    21 |)1(| JJ MJJJMJJ h (1.29)

    >>=111 111

    || JJJZ MJMMJJ h (1.30)

    >+>= 22222

    2222 |)1(| MJJJMJJ h (1.31)

    >>= 222222 || MJMMJJ Z h (1.32)

    Vamos imaginar que existe uma interao que acople 1Jr

    e 2Jr

    , ento o momento

    angular resultante ser dado por:

    21 JJJrrr

    += (1.33)

  • 26

    >+>= ii JMJJJMJ |)1(| 1122

    1 h (1.34)

    >>= iii JMMJMJ Z ||1 h (1.35)

    Conhecendo-se as autofunes de 1J e 2J poderemos construir as autofunes de J. Para

    escrevermos as funes JJM em termos de 11MJ e 22MJ devemos fazer uma soma

    dupla sobre os nmeros qunticos 1M e 2M . Todas essas funes devem ser

    ortonormalizadas. Ento, o que temos que fazer escrever essas funes como uma

    combinao linear:

    >>>= 221121,,

    ||),,,(,|21

    21

    MJMJMJJJCMJ MMMM

    (1.36)

    como existem limitaes, os coeficientes de Clebesch-Gordan apresentam as seguintes caractersticas: 1) 2121 || JJJJJ + (1.37)

    2) 21 MMM += (1.38)

    Para um tomo ou on isolado, o clculo do momento magntico feito aplicando-

    se as regras de Hund para a determinao da configurao eletrnica do estado

    fundamental e os valores de S, L e J correspondentes. As regras de Hund afirmam que: os

    eltrons ocupam os estados de modo a maximizar a componente z do spin total, S = ms,

    sem violar o princpio de excluso de Pauli; os eltrons ocupam orbitais que resultem no

    mximo valor de L = ml, em acordo com a regra anterior e com o principio de excluso

    de Pauli; o valor do nmero quntico da magnitude do momentum angular total J = |LS|

    se a camada possuir menos da metade do nmero de eltrons que ela suporta, e J = |L + S|

    se a camada estiver com mais da metade do nmero de eltrons que ela pode conter. Essas

    regras so vlidas com exatido apenas para os eltrons presentes em tomos ou em ons

    isolados porque neles o campo eltrico visto pelos eltrons tem simetria esfrica. Porm, se

    um on formado por um elemento da camada 3d fizer parte de um cristal, os eltrons da

    camada 3d sero influenciados pelo campo eltrico cristalino que produzido pelos ons

    vizinhos. Nesse caso, os orbitais atmicos presentes nos subnveis 1s,2s,3s, 3p e 3d no so

    auto-estados do Hamiltoniano cristalino55. Os auto-estados so formados aproximadamente

    por combinaes lineares de orbitais atmicos com nmeros qunticos lm+ e lm .

    Conseqentemente, o momentum angular efetivo dos ons do grupo 3d nos slidos, L ,

  • 27

    aproximadamente igual a zero. Tal fenmeno nomeado supresso do momentum angular

    e ele faz com que os materiais que possuem ons 3d tenham momentos magnticos que

    depende quase que totalmente do spin dos eltrons.

    A componente z do momento magntico total referente a um on magntico livre

    calculada, aproximadamente, pela equao 1.39.

    z = - g B mJ (1.39)

    Consolidando os comentrios feitos tomemos alguns exemplos:

    Fe2+ = [Ar] 3d6

    SM = - = S = 2

    LM = 2 1 0 -1 -2 2 = L = 2

    J = L + S = 2 + 2 = 4

    Portanto, o estado fundamental do on Fe2+ representa-se por: 5D4

    Co2+ = [Ar] 3d7

    SM = - - = S = 3/2

    LM = 2 1 0 -1 -2 2 1 = L = 3

    J = L + S = 3 + 3/2 = 9/2

    Ento, o estado fundamental do on Co2+ representado por 4F9/2

    Ni2+ = [Ar] 3d8

    SM = - - - = S = 1

    LM = 2 1 0 -1 -2 2 1 0 = L = 3

    J = L + S = 3 + 1 = 4

    Desse modo, o estado fundamental do on Ni2+ representado por 3F4.

    Existe uma lei fundamental em mecnica clssica e em mecnica quntica em que o

    momento angular total de um sistema deve ser conservado em ausncia de torques

    externos. No processo de magnetizao de femtosegundo56-59, o sistema envolve uma rede,

    os spins dos eltrons, os orbitais dos eltrons e ftons. A variao do momento angular

    total Jr

    em que:

    0=+++= eeredefton SLLLJrrrrr

    (1.40)

  • 28

    Na expresso acima, eeredefton SLLLrrrr

    ,,, so os momentos do fton, da rede, do

    orbital do eltron e do spin do eltron, respectivamente. A variao de spin pode ser dada

    por

    eredefton LLLSrrrr

    = (1.41)

    Na escala de tempo ultra-rpida60 quando ,0=Lr

    teremos eftone LLSrrr

    = .

    Em slidos, em virtude da simetria translacional, eLr

    parcialmente debelado (quenched),

    mas a quantidade de debelamento no conhecida classicamente. Por outro lado, se o

    momento angular orbital for completamente debelado, ftonz LSrr

    = proveria uma

    explicao simples de como o spin trocado no magnetismo de femtosegundo de laser

    induzido61-67. Esta equao tambm sugere dois resultados incorretos: primeiro, sem o

    acoplamento spin-rbita a magnetizao pode ser mudada. Segundo, luz acoplada ao

    spin. Esses dois resultados contradizem resultados da mecnica quntica68.

    A investigao da influncia do momento angular total com relao ao magnetismo

    de femtosegundo em laser induzido tem sido mostrado analiticamente que se o momento

    angular total um bom nmero quntico, a mudana de magnetizao no possvel para

    luz polarizada linearmente. O surgimento da simetria rotacional completa uma condio

    necessria para a mudana de magnetizao. Assim como uma conseqncia, o momento

    de spin e o momento orbital de diferentes momentos angulares se misturam e o momento

    total muda com o tempo69.

    Classificando-se os elementos qumicos de acordo com a configurao eletrnica,

    os elementos que terminam em ns1 ou 2 ou em ns2 np1 a 6 so denominados elementos

    representativos, como por exemplo: Na, Mg e Br. Os elementos que terminam em ns2 (n-

    1)d1 a 10 so chamados elementos de transio simples, como o caso do Fe, Co e Ni, e os

    que terminam em ns2 (n-1)d0 ou 1 (n-2)f1 a 14 so elementos de transio interna, como Gd,

    Dy, Cf e Fm. Portanto, a tabela peridica dos elementos qumicos pode ser dividida em

    blocos. Isto , bloco s, bloco p, bloco d e bloco f. A rigor, a expresso elementos de

    transio aplica-se a um elemento que contm uma subcamada d ou f parcialmente

    preenchida, o que exclui os elementos com configuraes d0, d10, f0 ou f14. Entretanto,

    conveniente incluir o cobre, a prata e o ouro nesta classificao, j que normalmente estes

    elementos formam ons cujas subcamadas d se encontram parcialmente preenchidas.

  • 29

    Argumentos semelhantes podem ser usados para incluir tambm o itrbio e o noblio nesta

    classificao. A configurao eletrnica da camada de valncia dos seus tomos f14 s2,

    porm no faz sentido exclu-los da srie dos elementos de transio, j que ambos formam

    ctions com carga 3+ com configurao eletrnica f13. Embora os tomos e os ctions com

    carga 2+ estveis do zinco, cdmio e mercrio tenham configurao eletrnica d10, estes

    elementos so frequentemente considerados em conjunto com os elementos de transio

    fazendo parte do bloco d. As propriedades magnticas, pticas e de transferncia de

    eltrons so caractersticas importantes dos elementos de transio, responsveis pelo seu

    emprego em vrias aplicaes70.

    Os elementos de transio interna so constitudos pelos lantandeos e actindeos.

    Os lantandeos vo do crio ao lutcio e como o lantnio apresenta qumica semelhante a

    eles, normalmente o lantnio includo nos lantandeos. Os actindeos vo do trio ao

    laurncio, e como a qumica do actneo semelhante a dos actindeos, ele includo entre

    os actindeos.

    A qumica dos lantandeos dominada pelos ons Ln3+. Os eltrons 4f de um on

    lantandeo so internos, uma vez que esto localizados na antepenltima camada e

    consequentemente recebem uma blindagem realizada pelos eltrons que esto localizados

    nas subcamadas 5s e 5p, todas totalmente preenchidas com a sua capacidade mxima que

    2 e 6 eltrons, respectivamente. Essa blindagem impede que os ons lantandeos sejam

    diretamente afetados pelas interaes do seu meio ambiente. Por isso mesmo, os estados

    oriundos das configuraes 4fn, permanecem praticamente invariantes para um

    determinado on lantandeo em todos os seus complexos. Essas configuraes 4fn,

    apresentam nveis discretos de energia que so caracterizados pelo nmero quntico

    momento angular orbital (L), pelo nmero quntico momento angular de spin total (S) e

    pelo nmero quntico de momento angular total J ( J= L+S, L+S-1, ...L-S), que so

    descritos pelo smbolo 2S+1LJ.

    Quando um on lantandeo est situado em um ambiente qumico, os nveis de

    energia de um determinado nmero quntico J, que compem um multipleto de

    degenerescncia 2J+1, so desdobrados de acordo com a simetria da vizinhana do on

    nesse meio ambiente. O campo ligante quebra a degenerescncia contida no nmero

    quntico J. Esse o conhecido efeito Stark, que depende da simetria ao redor do on71.

    1.2. Magnetismo em Ferro, Cobalto e Nquel

  • 30

    Em virtude, fundamentalmente, da distribuio eletrnica de valncia dos metais

    ferro, cobalto e nquel ser extremamente complexa o estudo da origem do magnetismo

    nesses metais e em suas ligas tem se tornado um assunto fascinante.

    Muitas representaes de estruturas eletrnicas relativas ao ferro, cobalto e nquel

    j foram apresentadas. Algumas obtiveram xito e outras foram deixadas de lado. O

    mago da discusso tem consistido em saber se os eltrons magnticos, isto , os eltrons

    d, so eltrons localizados ou eltrons itinerantes72. O estado desses eltrons torna-se

    especialmente complicado em sistemas que apresentam gap pequeno ou transferncia de

    carga negativa73-75. Dependendo da estrutura cristalina e magntica, tais sistemas podem

    ser ambos metais e isolantes. Seu estado metlico pode frequentemente ser conectado com

    o fenmeno de autodopagem76. Em particular, isto parece ser o caso em CrO2, formalmente

    contendo Cr em um estado, preferivelmente, com elevado nmero de oxidao, Cr4+.

    Outros materiais contendo ons Cr4+ so de interesse definitivo. Seu estudo e comparao

    com o CrO2 pode revelar tendncias gerais e a sistemtica da aparncia de estado

    localizado ou de estado itinerante em sistemas com pequeno gap ou com transferncia de

    carga negativa em diferentes situaes.

    Nem o modelo do eltron localizado, nem o modelo do eltron itinerante, foi

    totalmente capaz de explicar minuciosamente o magnetismo nos metais de transio Fe,

    Co e Ni, uma vez que muitas evidncias experimentais contradizem os mesmos.

    O modelo de eltrons d localizados foi defendido por Heisenberg (1929) e van

    Vleck (1932). Por outro lado, o modelo de eltrons d itinerantes foi definido por Bloch77

    (1929), sendo que vrias teorias foram elaboradas por pesquisadores tais como Linus

    Pauling78-81 (1931,1938, 1949, 1953), Slater82,83 (1936,1953), Stoner84-86 (1938,1948,

    1951), Wohlfarth87 (1953) e Friedel88,89 (1955, 1958). A reviso de tais teorias foi feita por

    Mott90 (1964), Herring91 (1966), Beeby92 (1967), Shimizu93 (1981) e por Coutinho e

    Mota94 (1985).

    No modelo localizado, cada eltron permanece localizado sobre um tomo. As

    interaes intra-atmicas eltron-eltron, medidas aproximadamente por uma interao

    coulombiana intra-atmica mdia, so fortes e determinam os momentos atmicos sobre

    cada posio da rede. As interaes de exchange inter-atmicas, medidas pelos overlaps

    atmicos ou pela largura da banda, so muito fracas e competem com a desordem trmica

    para definir a ordem magntica (ferromagnetismo, antiferromagnetismo)95. Portanto,

    devido a essa interao de exchange direta que acontece entre tomos adjacentes com spins

    paralelos que ocorre diminuio na energia do sistema.

  • 31

    Evidncias experimentais tais como: comportamentos dos momentos magnticos

    em ligas, espalhamento de nutrons, ondas de spin e entropia associada com as transies

    ferromagnticas confirmam o modelo de eltrons d localizados. Por outro lado, evidncias

    experimentais como: em temperaturas baixas, os calores especficos do ferro, cobalto e

    nquel assumem valores altssimos. Essa elevao no provocada apenas pelos eltrons

    de conduo do tipo s, mas tambm por outros tipos de eltrons de conduo. Uma outra

    evidncia experimental, que os momentos magnticos do ferro, cobalto e nquel no so

    valores inteiros. Os valores fracionrios correspondem a 2,219 B,1,76 B e 0,604 B por

    tomo, respectivamente.

    No modelo de eltrons d itinerantes, tambm chamado modelo de banda, cada

    transportador magntico itinerante. Esse transportador se move no campo mdio dos

    outros eltrons e ons, e os nveis dos eltrons formam bandas de energia; as fracas

    interaes eltron-eltron estabilizam os estados magnticos ordenados, os quais so

    caracterizados pelos nmeros diferentes de spins up e spins down.

    medida que o tempo foi passando, tanto o modelo do eltron localizado como o

    modelo de eltron d itinerante foi sofrendo aperfeioamento a tal ponto que um abraou

    caractersticas imprescindveis do outro. Por exemplo, o modelo de eltron d itinerante

    para explicar ondas de spin e outros fenmenos, compreensveis apenas atravs do modelo

    de eltron d localizados, teve que usar efeitos de correlao. J o modelo de eltron d

    localizado passou a permitir que os eltrons magnticos pa