Tese Final Mauricio Novaes

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MAURCIO NOVAES SOUZA

DEGRADAO E RECUPERAO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

VIOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2004

MAURCIO NOVAES SOUZA

DEGRADAO E RECUPERAO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Tese apresentada Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias do Programa de PsGraduao em Cincia Florestal, para obteno do ttulo de Magister Scientiae.

VIOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2004

Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Catalogao e Classificao da Biblioteca Central da UFV T S729d 2004 2004. xviii, 371p. : il. ; 29cm. Orientador: James Jackson Griffith. Dissertao (mestrado) - Universidade Federal de Referncias bibliogrficas: p. 340-371. 1. Recursos naturais - Conservao. 2. Degradao ambiental. 3. Impacto ambiental - Avaliao. 4. Desenvolvimento sustentvel. 5. Solo - Uso - Aspectos ambientais. 6. Recursos hdricos - Conservao. 7. Revegetao. I. Universidade Federal de Viosa. II.Ttulo. CDD 20.ed. 333.72 Viosa. Souza, Maurcio Novaes, 1959Degradao e recuperao ambiental e desenvolvimento sustentvel / Maurcio Novaes Souza. Viosa : UFV,

MAURCIO NOVAES SOUZA

DEGRADAO E RECUPERAO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Tese apresentada Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias do Programa de PsGraduao em Cincia Florestal, para obteno do ttulo de Magister Scientiae.

APROVADA: 26 de maro de 2004.

______________________________ Prof. Haroldo Nogueira de Paiva (Conselheiro)

_______________________________ Prof. Elias Silva (Conselheiro)

_________________________________ Prof. Larcio Antnio Gonalves Jacovine

___________________________ Prof. Jlio Csar Lima Neves

______________________________________ Prof. James Jackson Griffith (Orientador)

... a vida continua em seu eterno ciclo, e para se perpetuar, o homem deve incluir-se nele e dele participar, mantendo-o. JOS GALZIA TUNDISI

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minha amada esposa Anglica Aos meus filhos queridos Clarissa, Rodrigo e Gabriela minha me Nely Com todo amor e carinho Dedico

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AGRADECIMENTOS

Universidade Federal de Viosa, ao Departamento de Engenharia Florestal e Fundao de Amparo Pesquisa (FAPEMIG), pela oportunidade e pela ajuda financeira. Ao Prof. James Jackson Griffith, pelo profissionalismo, competncia, disposio, pacincia e pela forma franca de orientao demonstrados durante a execuo deste trabalho, com sugestes fundamentais para o seu desenvolvimento. Ao Prof. Maurinho dos Santos, pela hospitalidade e primeiro estmulo para a tomada de deciso em realizar o Curso de Mestrado, abrindo as portas da UFV: inclusive, com a permisso do uso da senha Maurinho. Ao Prof. Oswaldo Ferreira Valente, pelo convite para participar do projeto de pesquisa sobre recuperao de nascentes, tendo despertado o interesse que atualmente dedico a essa rea. s Profas Rita Gonalves e Denise, e ao Prof. Eduardo, pela apresentao e recomendaes ao Prof. Griffith, dando incondicional apoio ao meu ingresso no Departamento de Engenharia Florestal. Ao Prof. Sebastio Teixeira Gomes, pela sua orientao nas disciplinas Economia do Agronegcio Brasileiro e Desenvolvimento Agrcola, fornecendo subsdios formao dos princpios scio-econmicos, fundamentais aos procedimentos de Recuperao Ambiental. Ao Prof. Lus Eduardo Dias, pela brilhante conduo da disciplina Recuperao de reas Degradadas, consolidando os conceitos fundamentais para comporem a viso holstica necessria para o desenvolvimento deste trabalho.

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Aos Profs. e Conselheiros Elias Silva e Haroldo Nogueira de Paiva, pelas importantes sugestes e apoio na fase final de elaborao da Dissertao. Aos Profs. Nairam e Sebastio Venncio, pela conduo brilhante de suas disciplinas. Aos Profs. Larcio Jacovine e Jlio Csar Lima Neves, por aceitarem prontamente o convite para participao da Banca de Defesa, alm das contribuies durante todo o curso. Aos amigos Profs. Everardo Mantovani e Evandro Melo, pelo apoio constante. Aos funcionrios do Departamento de Engenharia Florestal, em particular Ritinha e ao Frederico. Aos amigos de curso Camila, Climene, Andria, Luis Carlos, Ins, Leonardo, Alexandre, Josuel, Claudinha, Juliana, Eduardo, Neiva, Alcia, Danilo, Walter, Wellerson, Andreza, Isabela, Eliete, Valmir, Elzimar, Maria Dalva, Elton, Ronaldinho, Rose, Wanderlia, Patrcia, Telma, Paulinho, pela satisfao de t-los conhecidos e poder ter desfrutado to intelectual e agradvel companhia. Ao amigo de 28 anos Maurinho, da Livraria Nobel, pela sua grande pacincia aos financiamentos propostos por mim, e prontamente concedidos por ele. Aos amigos Z do Presto Pasta e Ita Baio, pela amizade sempre sincera e constante ao longo desses 26 anos de convivncia. Tia Snia, pelas inmeras contribuies e estmulos durante todo esse perodo. s cunhadas Ftima e Olinda e aos concunhados amigos Richard e Webster, pelo apoio e fornecimento de material para pesquisas, particularmente o Bitten, da EMBRAPA-RO. A minha irm Cristina e sobrinha Daniela, pela torcida, pelo apoio e pelo fornecimento de material para pesquisas. memria do meu pai Bil, que deve estar do cu se divertindo e se deliciando com esse momento, pois este era o seu sonho para mim. minha me Nely, eterna incentivadora e admiradora do meu talento, no medindo esforos e sacrifcios para que eu atingisse esse objetivo. Aos meus filhos Clarissa, Rodrigo e Gabriela, que so o motivo principal para justificar os sacrifcios e a luta constante na busca de um futuro melhor. Anglica, minha esposa que amo profundamente, pelo amor e dedicao sem limites durante todos estes 23 anos bem vividos, no questionando em nenhum momento a revoluo em nossas vidas, nesses dois ltimos anos.

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BIOGRAFIA

MAURCIO NOVAES SOUZA, filho de Antnio Souza e Silva e Nely Novaes Silva, nasceu no municpio de Castelo-ES, no dia 25 de abril de 1959. Iniciou os estudos bsicos no Grupo Escolar Nestor Gomes e o ginasial no Colgio Estadual Joo Bley, em Castelo-ES. O segundo grau foi iniciado no Colgio Princesa Isabel, Rio de Janeiro, e concludo no COLUNI, UFV, Viosa. No ano de 1977 iniciou o curso de graduao em Agronomia, na Universidade Federal de Viosa, graduando-se em 1981. Foi administrador da Agropecuria Fim do Mundo, em Castelo-ES, no perodo de 1982 a 1988. Membro do Conselho Fiscal e do Conselho de Administrao da Cooperativa Agrria de Castelo-ES, no perodo de 1982 a 1988. Instrutor e colaborador em diversos cursos, palestras e dia de campo em parceria com a EMATER - Castelo, ES. Exerceu atividades empresariais em diversas reas da indstria e do comrcio, no perodo de 1986 a 2001. Em 2002 iniciou o curso de Mestrado em Cincia Florestal na Universidade Federal de Viosa, concentrando seus estudos na rea de Recuperao de reas Degradadas - Impactos Ambientais.

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CONTEDO

Pginas LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................. LISTA DE QUADROS............................................................................................................ RESUMO.................................................................................................................. ABSTRACT............................................................................................................................ 1. INTRODUO.................................................................................................................... 2. OBJETIVOS....................................................................................................................... 2.1. Objetivos gerais........................................................................................................... 2.2. Objetivos especficos................................................................................................... 3. MATERIAIS E MTODOS.................................................................................................. 3.1. Etapas da pesquisa bibliogrfica................................................................................. 3.1.1. Estabelecimento de linhas mestras e pesquisa exploratria............................. 3.1.2. Levantamento e seleo de material................................................................. 3.1.3. Organizao dos temas e assuntos.................................................................. 3.1.4. Redao e organizao das informaes bibliogrficas................................... 3.1.5. Reviso do texto................................................................................................ 3.1.6. Elaborao do texto final................................................................................... 3.1.7. Concluso.......................................................................................................... 3.1.8. Recomendaes................................................................................................ 3.1.9. Introduo.......................................................................................................... 3.2. Estudo de Caso.......................................................................................................... 3.2.1. Introduo......................................................................................................... 3.2.2. O Estudo de Caso como estratgia de pesquisa............................................. 3.2.3. Caractersticas do Estudo de Caso.................................................................. 3.2.4. Aplicaes do Estudo de Caso........................................................................ 3.2.5. Critrios para julgar a qualidade do delineamento do Estudo de Caso........... 3.2.6. Preparao para a conduo de um Estudo de Caso..................................... 3.2.7. Fontes de evidncias....................................................................................... 3.2.7.1. Princpios para a coleta de dados................................................................. 3.2.7.2. Anlise das evidncias.................................................................................. 3.2.8. Composio do relato do Estudo de Caso....................................................... 3.2.9. Mtodo de um Estudo de Caso misto (usado nesse trabalho) ........................ 4. RESULTADOS E DISCUSSO.......................................................................................... Captulo I ............................................................................................................................... 4.1. A degradao ambiental pelo fator antrpico.............................................................. 4.1.1. Objetivo.............................................................................................................. 4.1.2. Introduo.......................................................................................................... 4.1.3. O capital natural................................................................................................. 4.1.4. As funes ambientais de ordem econmica e a ruptura do equilbrio............. xii xiii xv xvii 01 05 05 05 07 08 09 09 10 10 10 10 11 11 11 12 12 12 13 13 13 14 14 14 15 15 15 17 17 17 17 17 22 23

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4.1.4.1. Externalidades............................................................................................. 4.1.4.2. Custos privados e sociais............................................................................ 4.1.4.3. Considerao final....................................................................................... 4.1.5. Fatores de desequilbrio.......................................................................................... 4.1.5.1. Poltica Agrcola........................................................................................... 4.1.5.2. O modelo de pesquisa................................................................................. Estudo de Caso 4.1.5.2. (1) A pesquisa e o modelo de oferta e demanda de um bem pblico no Brasil....................................................................... 4.1.5.3. O xodo rural e a urbanizao.................................................................... 4.1.5.4. Extenso rural acesso informao e ao livre mercado......................... 4.1.5.5. Difuso de tecnologia e a interinstitucionalidade......................................... 4.1.5.5.1. O clima organizacional brasileiro.............................................................. 4.1.5.5.2. Relaes entre organizaes................................................................... 4.1.5.5.3. Difuso de tecnologia efetiva................................................................... 4.1.5.5.4. Adoo da tecnologia............................................................................... Estudo de Caso 4.1.5.5. (2) Degradao nas pastagens da Zona da Mata Mineira.............. 4.1.5.6. Os modelos de produo agropecurio e florestal...................................... 4.1.5.6.1. Modelo tradicional ou familiar................................................................... 4.1.5.6.2. Modelo convencional ou agroqumico...................................................... 4.1.5.6.3. A importncia dos modelos no mundo atual e os desafios para o futuro. 4.1.5.6.4. A sustentabilidade do sistema familiar..................................................... 4.1.5.6.5. A sustentabilidade do sistema agroqumico............................................. 4.1.5.6.6. O direcionamento da pesquisa ................................................................ 4.1.6. Impactos Ambientais................................................................................................ 4.1.6.1. Aspectos scio-econmicos........................................................................ 4.1.6.2. Aspectos culturais....................................................................................... 4.1.6.3. Aspectos biolgicos..................................................................................... 4.1.6.4. Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) ....................................................... 4.1.6.4.1. Atributos principais dos impactos ambientais........................................... 4.1.6.4.2. Mtodos de Avaliao de Impactos Ambientais....................................... 4.1.6.4.3. Estudo de Impacto Ambiental (EIA).......................................................... 4.1.6.4.4. Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA) .................................................. 4.1.6.4.5. Necessidade de Estudo de Impacto Ambiental........................................ 4.1.6.4.6. Medidas preventivas e aes estratgicas cabveis para evitar impactos ambientais............................................................................... 4.1.6.4.7. Consideraes finais................................................................................ 4.1.7. Classificao das fontes antrpicas de degradao ambiental...................... 4.1.7.1. Classificao temporal................................................................................. 4.1.7.2. Classificao quanto atividade................................................................. 4.1.8. Consideraes finais...................................................................................... Captulo II............................................................................................................................... 4.2. Recuperao Ambiental.............................................................................................. 4.2.1. Objetivo.............................................................................................................. 4.2.2. Introduo.......................................................................................................... 4.2.3. Histrico............................................................................................................. 4.2.4. Definies e objetivos da recuperao ambiental............................................. 4.2.5. A justificativa da necessidade de recuperao ambiental................................. 4.2.6. Abordagens para a caracterizao de rea degradada.................................... 4.2.6.1. Abordagem segmentada....................................................................... 4.2.6.1.1. Caracterizao segmentada considerando o componente solo......... 4.2.6.1.2. Indicadores de qualidade do solo....................................................... 4.2.6.2. Abordagem no segmentada................................................................ 4.2.7. A construo de cenrios................................................................................. 4.2.7.1. Cenrio pr-degradao........................................................................ 4.2.7.2. Cenrio ps-degradao....................................................................... 4.2.8. Importncia da revegetao para a sustentabilidade dos procedimentos de recuperao....................................................................................................... 4.2.8.1. Estratgias de revegetao................................................................... 4.2.8.2. O uso do topsoil..................................................................................

26 28 29 30 30 33 33 36 38 39 40 41 41 43 44 52 52 54 55 56 57 58 60 61 62 63 69 71 72 74 77 78 79 81 82 82 83 87 90 90 90 90 93 94 96 98 99 99 101 103 106 106 108 110 110 112

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4.2.8.2.1. Ajuste das condies fsicas e qumicas dos meios substitutos........ 4.2.8.2.2. Proteo do topsoil.......................................................................... 4.2.8.3. O acmulo de matria orgnica............................................................ 4.2.8.3.1. Processos de degradao e o manejo em florestas plantadas.......... 4.2.8.3.2. Ciclagem de nutrientes....................................................................... 4.2.8.3.2.1. Ciclo geoqumico............................................................................. 4.2.8.3.2.2. Ciclo bioqumico.............................................................................. 4.2.8.3.2.3. Ciclo biogeoqumico........................................................................ 4.2.8.3.3 Perspectivas para mitigao de impactos em florestas plantadas...... 4.2.8.4. A biota do solo e o restabelecimento do ciclo do carbono ................... 4.2.8.5. O uso da serapilheira e a seleo de espcies..................................... 4.2.8.6. Recuperao de voorocas................................................................... 4.2.9. Procedimentos para o sucesso da recuperao............................................... Estudo de Caso 4.2.9. (3) A recuperao de reas degradadas por atividades minerrias 4.2.9.1. Introduo.............................................................................................. 4.2.9.2. A regulamentao do setor minerrio................................................... 4.2.9.3. A recuperao de reas mineradas...................................................... 4.2.9.4. A mitigao dos impactos na vida selvagem......................................... 4.2.9.5. Drenagem cida.................................................................................... 4.2.9.6. Observaes complementares.............................................................. 4.2.9.7. Possibilidades de uso resultante do processo de recuperao............ 4.2.9.8. Quadro atual e perspectivas para a atividade minerria....................... 4.2.10. Alteraes climticas e a estabilidade de encostas de reas recuperadas.... 4.2.10.1. Eroso: importncia, necessidade de quantificao e preveno...... 4.2.10.2. Mtodos preditivos de eroso............................................................. 4.2.11. Recuperao de pastagens em reas de relevo acidentado.......................... 4.2.12. Recuperao e conservao de nascentes..................................................... Estudo de Caso 4.2.12. (4) As pastagens e a recuperao de nascentes: o caso de Viosa, MG............................................................................. 4.2.13. Recuperao de canais................................................................................... 4.2.13.1. Reduo de enchentes........................................................................ 4.2.13.2. Recuperao de matas ciliares e a estabilizao das margens.......... 4.2.14. Recuperao de bacias hidrogrficas............................................................. 4.2.14.1. Mitigao e recuperao de ecossistemas aquticos eutrofizados.... 4.2.14.2. Mtodos ecotecnolgicos para aplicao no ecossistema aqutico... 4.2.14.3. A necessidade de priorizao de recuperao dos recursos hdricos 4.2.14.4. Uso da gua: a viso holstica da paisagem....................................... 4.2.14.5. Recursos hdricos e a legislao......................................................... 4.2.14.6. Gesto dos recursos hdricos.............................................................. 4.2.15. Quadro atual e sugestes em pesquisas para recuperao ambiental........... 4.2.15.1. A necessidade da interdisciplinaridade na formao de disciplinas.... 4.2.15.2. As contribuies das diversas cincias............................................... 4.2.16. Consideraes finais....................................................................................... Captulo III.............................................................................................................................. 4.3. O Desenvolvimento Sustentvel ................................................................................. 4.3.1. Objetivo.............................................................................................................. 4.3.2. Introduo.......................................................................................................... 4.3.3.Conceitos............................................................................................................ 4.3.4. Anlise conceitual: divergncias e propostas alternativas................................ 4.3.5. Questes ambientais atuais.............................................................................. 4.3.6. Diretrizes necessrias....................................................................................... 4.3.6.1. Poltica pblica...................................................................................... Estudo de Caso 4.3.5.1. (5) A poltica agrcola atual, a pesquisa e o meio ambiente............ 4.3.6.2. Viso e postura do setor produtivo........................................................ 4.3.6.3. Aspectos sociais - liderana e viso compartilhada.............................. 4.3.6.4. Condies ticas................................................................................... 4.3.7. Perspectivas para o desenvolvimento sustentvel............................................ 4.3.8. Procedimentos necessrios para atingir o desenvolvimento sustentvel......... 4.3.9. Tecnologias apropriadas e o desenvolvimento sustentvel..............................

112 113 114 115 116 116 117 118 119 122 124 126 127 128 128 129 131 135 135 137 138 139 144 147 149 151 158 162 165 167 168 170 171 173 174 175 177 177 178 178 179 183 186 186 186 186 189 190 193 194 197 202 204 206 207 209 210 211

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4.3.9.1. Atributos e critrios das tecnologias apropriadas.................................. 4.3.9.2. Gesto da tecnologia............................................................................. 4.3.10. Gesto Ambiental e Desenvolvimento Sustentvel......................................... 4.3.10.1. Definio.............................................................................................. 4.3.10.2. Objetivos.............................................................................................. 4.3.10.3. Postura das empresas com relao aos recursos.............................. 4.3.10.4. Sistema de Gesto Ambiental: oportunidades e riscos....................... 4.3.10.4.1. Melhoria da imagem institucional..................................................... 4.3.10.4.2. Melhoria do desempenho ambiental................................................ 4.3.10.4.3. Melhoria e maior aproveitamento das oportunidades de negcios.. 4.3.10.5. Implantao do Sistema de Gesto Ambiental................................... 4.3.11. Licenciamento ambiental................................................................................. 4.3.11.1. Sistemtica de licenciamento ambiental............................................. 4.3.11.2. Perspectivas para o licenciamento ambiental em Minas Gerais......... 4.3.12. Consideraes finais....................................................................................... Captulo IV............................................................................................................................. 4.4. Propostas de modelos de produo sustentveis....................................................... Objetivos...................................................................................................................... 4.4.1. O capitalismo natural......................................................................................... Estudo de Caso 4.4.1. (6) Recuperao ambiental de reas contaminadas por agroqumicos e metais pesados.......................................... 4.4.1.1. Objetivos......................................................................................................... 4.4.1.2. Introduo....................................................................................................... 4.4.1.3. A necessidade da recuperao e sua caracterizao.................................... 4.4.1.4. Prticas de remediao e recuperao de reas contaminadas por metais pesados.......................................................................................................... 4.4.1.4.1. Tcnicas de engenharia.............................................................................. 4.4.1.4.2. Fitorremediao .......................................................................................... 4.4.1.4.2.1.Fitoextrao............................................................................................... 4.4.1.4.2.2. Fitoestabilizao....................................................................................... 4.4.1.5. Prticas agrcolas rotineiras para recuperao por fitorremediao.............. 4.4.1.5.1. Calagem ..................................................................................................... 4.4.1.5.2. Gessagem .................................................................................................. 4.4.1.5.3. Fertilizao e matria orgnica ................................................................... 4.4.1.6. Medidas auxiliares para a identificao de impactos ambientais e de recuperao................................................................................................... 4.4.1.6.1. Utilizao de bioindicadores........................................................................ 4.4.1.6.2. Equipamentos de preciso e a reduo dos impactos ambientais.............. 4.4.1.7. Ferramentas auxiliares para a recuperao ambiental.................................. 4.4.1.7.1. Utilizao de composto de reciclagem de resduos orgnicos.................... 4.4.1.7.1.1. Efeito corretivo.......................................................................................... 4.4.1.7.1.2. Descrio do processo de compostagem................................................. 4.4.1.7.2. Microorganismos simbiontes: fixao biolgica de Nitrognio.................... 4.4.1.7.3. Agricultura orgnica..................................................................................... 4.4.1.7.4. Plantas halfitas ......................................................................................... 4.4.1.7.5. Regenerao natural e sucesso................................................................ 4.4.1.8. Componentes interligados - a sustentabilidade da recuperao.................... 4.4.1.8.1. A fauna silvestre.......................................................................................... 4.4.1.8.2. Os ecossistemas aquticos......................................................................... 4.4.1.8.2.1. A influncia da eroso sobre os ecossistemas aquticos........................ 4.4.1.8.2.2. A qualidade da gua e o manejo da irrigao.......................................... 4.4.1.8.2.3. A poluio hdrica e a ecotoxicologia....................................................... 4.4.1.8.2.4. Medidas para a recuperao de ecossistemas aquticos........................ Estudo de caso 4.4.1.8.2.4 .(7) Propostas para a recuperao do rio Mogi-Guau............... 4.4.1.9. Consideraes finais...................................................................................... 4.4.1.10. Recomendaes........................................................................................... 4.4.2. Cincia Generativa............................................................................................

213 215 215 216 217 217 220 221 222 224 225 225 226 229 231 235 235 235 236 239 239 239 241 245 246 246 247 248 249 249 249 249 250 250 252 253 253 254 255 257 260 261 262 263 263 264 265 266 270 271 272 274 275 276

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Estudo de Caso 4.4.2. (8) A destinao dos resduos slidos urbanos: reciclagem, aterro sanitrio e recuperao ambiental de reas degradadas por lixes - o caso de Viosa, MG..................................................... 4.4.2.1. Objetivos......................................................................................................... 4.4.2.2. Introduo....................................................................................................... 4.4.2.3. O lixo no Brasil................................................................................................ 4.4.2.3.1. O lixo no municpio de Viosa..................................................................... 4.4.2.3.2. A usina de reciclagem de Viosa................................................................. 4.4.2.3.2.1. Aspectos econmicos............................................................................... 4.4.2.3.2.2. Aspectos sociais....................................................................................... 4.4.2.3.2.3. Aspectos legais......................................................................................... 4.4.2.4. Recuperao de reas degradadas por lixes............................................. 4.4.2.5. Consideraes finais...................................................................................... 4.4.2.6. Recomendaes............................................................................................. 4.4.3. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo........................................................... Estudo de Caso 4.4.3. (9) Os sistemas agroflorestais (SAFs) e a recuperao ambiental como externalidade benfica....................................................... 4.4.3.1. Objetivos......................................................................................................... 4.4.3.2. Introduo....................................................................................................... 4.4.3.3. Conceitos e definies.................................................................................... 4.4.3.4. Caracterizao de Sistemas Agroflorestais.................................................... 4.4.3.5. Princpios ecolgicos: orientando a sustentabilidade dos SAFs.................... 4.4.3.6. Manejo e processos sucessrios nos SAFs.................................................. 4.4.3.6.1. Sucesso orientada..................................................................................... 4.4.3.6.2. Manejo por meio de podas: ativao de processos.................................... 4.4.3.7. Aspectos econmicos dos SAFs................................................................... 4.4.3.7.1. Produo comercializvel............................................................................ 4.4.3.7.2. Rentabilidade econmica............................................................................ 4.4.3.7.3. Fomento florestal......................................................................................... 4.4.3.8. Sistemas agroflorestais como tcnica de recuperao ambiental.................. 4.4.3.8.1. Sistemas silvipastoris: recuperao, seqestro de carbono e o clima........ 4.4.3.8.1.1. O solo e a imobilizao de CO2................................................................ 4.4.3.8.1.2. Os sistemas silvipastoris e o clima........................................................... 4.4.3.8.1.3. Manejo de regenerao natural em pastagens........................................ 4.4.3.8.1.4. Enriquecimento de pastagens com rvores de uso mltiplo.................... 4.4.3.8.2. SAFs e a fruticultura tropical....................................................................... 4.4.3.8.3. Opes alternativas de prticas florestais: agroflorestas............................ 4.4.3.8.3.1. Cercas vivas............................................................................................. 4.4.3.8.3.2. Arborizao de pastagens........................................................................ 4.4.3.8.3.3. Alley cropping forrageiro........................................................................ 4.4.3.8.3.4. Florestas produtoras de forragem............................................................ 4.4.3.8.3.5. Sistema agrcola rotativo (Sistema Taungya)........................................ 4.4.3.9. Monitoramento................................................................................................ 4.4.3.9.1. Sustentabilidade em SAFs.......................................................................... 4.3.9.2. Definies de princpios, critrios, indicadores e verificadores...................... 4.4.3.9.3. Seleo e monitoramento............................................................................ 4.4.3.10. Os SAFs e as reas de Preservao Permanente (APP) e de Reserva Legal (ARL)................................................................................................. 4.4.3.11. Funes, servios e externalidades ambientais promovidas pelos SAFs... 4.4.3.12. Fatores limitantes dos SAFs..................................................................... 4.4.3.12. Consideraes finais.................................................................................... 4.4.3.13. Recomendaes...........................................................................................

284 284 284 286 287 288 288 289 290 293 296 297 298 302 302 303 306 307 308 309 310 310 311 311 312 312 314 316 317 318 319 319 319 320 320 321 321 322 322 323 323 323 325 326 327 328 328 330

5. CONCLUSES................................................................................................................... 331 6. OBSERVAES FINAIS................................................................................................... 335

7. SUGESTES...................................................................................................................... 337 8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................. 340

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LISTA DE FIGURAS

Pginas FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 FIGURA 5 FIGURA 6 FIGURA 7 FIGURA 8 FIGURA 9 Comparao entre custos privados e sociais da produo de madeira...... ndices dos preos reais dos produtos da cesta bsica.............................. Modelo de oferta e demanda de um bem pblico....................................... Representao simplificada do processo de degradao da pastagem cultivada....................................................................................................... Teores de nutrientes do primeiro centmetro de Latossolo VermelhoAmarelo lico (LVa), em diversas posies de uma toposseqncia......... Diagrama representativo das vrias fontes de poluio do solo e da gua............................................................................................................. Alteraes da fertilidade de um solo............................................................ Estratgia de duas fases............................................................................. Representao esquemtica dos ciclos de nutrientes em espcies florestais...................................................................................................... 29 31 34 48 49 65 105 111 118 119 123 139 156 179 280 290 309 316

FIGURA 10 - Ciclos de nutrientes em povoamentos florestais......................................... FIGURA 11 - Decomposio dos resduos vegetais e ciclagem dos constituintes da matria orgnica.......................................................................................... FIGURA 12 - Nveis de recuperao de reas degradadas pela minerao e usos possveis...................................................................................................... FIGURA 13 - Balano entre produo e consumo da forrageira....................................... FIGURA 14 - Campo de pesquisas sobre o meio ambiente e recuperao..................... FIGURA 15 - Modelo conceitual de inter-relao entre degradao e recuperao ambiental que abrange os sistemas fsico e social..................................... FIGURA 16 - Sociograma da Usina de Reciclagem de Viosa......................................... FIGURA 17 - Componentes, funes e mtodos de manipulao da biodiversidade em agroecossistemas........................................................................................ FIGURA 18 - Efeitos das rvores sobre o agroecossistema circundante.........................

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LISTA DE QUADROS

Pginas QUADRO 1 QUADRO 2 QUADRO 3 QUADRO 4 QUADRO 5 QUADRO 6 QUADRO 7 QUADRO 8 QUADRO 9 QUADRO 10 QUADRO 11 QUADRO 12 QUADRO 13 QUADRO 14 QUADRO 15 QUADRO 16 QUADRO 17 QUADRO 18 QUADRO 19 QUADRO 20 QUADRO 21 Crescimento da populao mundial.......................................................... Tempo necessrio para acrescentar mais 1 bilho populao mundial...................................................................................................... Populao, tempo necessrio para a sua duplicao e suprimento de gua.......................................................................................................... Drenagem pluvial anual per capita de 10 pases em 1983, com projees para 2000.................................................................................. Distribuio da populao brasileira em 1970, 1980 e 1990.................... Participao da populao na renda nacional em 1960, 1970 e 1980..... Processo de minifundizao no Brasil no perodo de 1960 a 1985.......... Quantificao das classes de uso e cobertura vegetal natural da rea estudada.................................................................................................... Principais diferenas entre o modelo familiar e agroqumico.................... Classificao dos poluentes e os elementos de impacto na paisagem.... Classificao, caractersticas, magnitude e importncia dos impactos ambientais e fontes de degradao.......................................................... Principais atividades agrcolas, pecurias e florestais com potencial de degradao............................................................................................... Tamanho das partculas do solo............................................................... Efeito do tipo de uso do solo sobre as perdas por eroso........................ Perdas de nutrientes que podem ocorrer anualmente em uma pastagem................................................................................................... Indicativos de limitaes........................................................................... Quantidade de N fixada pelo guandu em pastagens (Kg/ha/ano)............ Espaamento entre terraos de acordo com a declividade...................... Concentraes totais de elementos consideradas excessivas do ponto de vista de fitotoxicidez............................................................................. Gerenciamento ecotecnolgico locais para lagos, rios e represas........... Fontes naturais e antropognicas de alguns metais pesados para o ambiente................................................................................................... 18 18 19 19 36 36 37 45 59 69 82 86 100 147 153 155 158 162 172 174 242

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QUADRO 22 QUADRO 23 QUADRO 24 QUADRO 25 QUADRO 26 QUADRO 27 QUADRO 28 QUADRO 29 QUADRO 30 QUADRO 31 QUADRO 32 QUADRO 33 QUADRO 34 -

Concentraes totais de elementos consideradas excessivas do ponto de vista de fitotoxicidez............................................................................. Plantas acumuladoras de metais pesados e outros elementos................ Principais nutrientes minerais, disponibilidade nos solos tropicais e teor/necessidade das plantas em sistemas naturais................................ Relao Carbono/Nitrognio de alguns resduos orgnicos..................... Impactos ambientais associados ao nitrognio........................................ Estimativas de fixao de nitrognio em leguminosas (Kg/ha/ano ou ciclo).......................................................................................................... Concentrao mdia de nutrientes (dag/Kg) na massa fresca de estercos de animais.................................................................................. Teores de Cd, Pb, Cr, Co, e Ni, em profundidade, das amostras de um Cambissolo irrigado, por sulcos de infiltrao........................................... Benefcios do uso de materiais reciclveis............................................... Destinao dos R.S.U. coletado e tratado no Brasil, na cidade de So Paulo (SP), nos Estados Unidos (EUA) e no Japo................................. Totais globais das vendas de material reciclvel da Usina de reciclagem de Viosa, MG........................................................................ Resduos urbanos e agroindustriais e medidas compensatrias.............. Largura da faixa de vegetao ciliar a ser preservada ou recuperada de acordo com a legislao............................................................................

243 247 250 256 259 260 261 267 285 286 289 296 326

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RESUMO

SOUZA, Maurcio Novaes, M.S., Universidade Federal de Viosa, maro de 2004. Degradao e recuperao ambiental e desenvolvimento sustentvel. Orientador: James Jackson Griffith. Conselheiros: Elias Silva e Haroldo Nogueira de Paiva. A humanidade enfrenta problemas de degradao ambiental que remontam no tempo. O meio ambiente, que sempre desempenhou sua funo depuradora com eficincia, encontrase hoje excessivamente sobrecarregado pelas atividades antrpicas: sofre o risco de exausto dos seus recursos, no conseguindo em determinadas situaes, recuperar-se por si s, necessitando o auxlio do homem. Porm, considerando os atuais modelos de produo e desenvolvimento que priorizam a maximizao econmica em detrimento conservao ambiental, a soluo definitiva dessas questes parece estar distante de ser encontrada. Recentemente, essa preocupao ganhou adeptos em todo o mundo e, efetivamente, existe uma maior conscientizao s causas ambientais, incluindo casos de sucesso nos procedimentos de recuperao e propostas viveis para o desenvolvimento sustentvel. Porm, sendo a Recuperao Ambiental uma cincia nova e esse modelo de desenvolvimento ainda encontrar-se no estgio de compromisso em formao, apresentam lacunas que precisam ser preenchidas, ampliando as chances para que os resultados sejam mais efetivos e duradouros. O corpo deste trabalho est dividido em quatro captulos: o captulo I, faz uma anlise da origem da degradao ambiental e quais os fatores de desequilbrio que mais influenciaram para a acelerao deste processo; caracteriza os principais modelos de produo agropecurios e florestais, a sua importncia no mundo atual e os desafios para o futuro; inclui a avaliao de impactos ambientais; identifica as principais atividades e os fatores de degradao ambiental. Introduz Estudos de Caso por representarem um importante instrumento didtico, sendo este um dos objetivos deste trabalho: nos Estudos de Caso, a teoria adquire vida por ser aplicada ao entendimento dos fatos da realidade. O captulo II, analisa o processo da recuperao ambiental: suas dificuldades, suas limitaes e seu potencial; define rea degradada e as abordagens para a sua caracterizao; discute sobre a importncia da elaborao de cenrios, e por fim sugere e delineia os passos essenciais para que o sucesso desses procedimentos sejam duradouros, por meio de um Estudo de Caso sobre a recuperao de reas mineradas e outro sobre a recuperao de pastagens e nascentes em reas de relevo acidentado. No captulo III, conceituado desenvolvimento

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sustentvel, visando sua integrao posterior aos conceitos de degradao e recuperao, sob a tica econmica, ecolgica, tica e social, evidenciando suas caractersticas, princpios e perspectivas. So apresentadas algumas propostas para que este seja consolidado, gerando emprego e renda com maior eqidade social; identifica polticas ambientais a) estruturadoras, como o licenciamento ambiental, e b) indutoras de comportamento, como a educao, certificao e gesto ambiental. Estas podem funcionar como ferramentas teis preveno e ao policiamento da agresso e explorao de forma predatria imposta ao meio ambiente, evitando novos casos de degradao, como tambm auxiliando na gesto e no monitoramento dos procedimentos de recuperao ambiental, garantindo a sua sustentabilidade. No captulo IV, os conceitos sobre desenvolvimento sustentvel so reforados no contexto da recuperao ambiental, com a apresentao de trs propostas que j vm sendo implementadas em vrias partes do mundo, com relativo sucesso, evidenciadas pelos seguintes Estudos de Caso: 1) Recuperao ambiental de reas contaminadas por agroqumicos e metais pesados: como caracteriz-las; as prticas de remediao e recuperao; as medidas e ferramentas auxiliares para a identificao de impactos ambientais; e os componentes interligados ao processo de recuperao, como a fauna silvestre e os ecossistemas aquticos, para a garantia da sua sustentabilidade; 2) Os sistemas agroflorestais (SAFs) e a recuperao ambiental como geradores de externalidades benficas: sua caracterizao, importncia para a produo de madeira e as externalidades positivas; so identificados os princpios ecolgicos que orientam sua sustentabilidade; sendo discutidos: a) manejo e processos sucessrios; e b) o monitoramento e os indicadores de sustentabilidade - e como utiliz-los para projetos de seqestro de carbono do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e em procedimentos de recuperao ambiental; e 3) A destinao dos resduos urbanos: reciclagem, aterro sanitrio e recuperao de reas degradadas por lixes - o caso de Viosa, MG: identifica o problema do lixo nas reas urbanas brasileiras, responsvel em grande parte pela alterao da paisagem e instabilidade das encostas, causando poluio e assoreamento dos cursos dgua; aponta a reciclagem como uma atividade que possibilita a reduo desse problema, sendo necessria, entretanto, a conscientizao das comunidades para a reduo na utilizao dos recursos naturais e no seu descarte, podendo ser conseguida por meio da educao ambiental; e procedimentos de remediao e recuperao, utilizando-se de mtodos como a compostagem e disposio final dos resduos no-reciclveis, em aterros sanitrios. Na concluso, poder-se- observar crticas e sugestes, porm no sentido de converter essas novas idias e conceitos em ao. Sugere-se mudana do atual modelo de produo agropecurio, florestal e industrial, dada a visvel insustentabilidade verificada at o presente momento. Por ltimo, algumas recomendaes, que apesar de seu conhecimento testado e comprovado, tm passado despercebidas, sendo de extrema importncia para a) evitar novos casos de degradao; b) favorecer os procedimentos de recuperao ambiental; e c) promover o desenvolvimento sustentvel. Cada um dos temas revisado tem o seu contedo pormenorizado, com recomendaes e concluses.

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ABSTRACT

SOUZA, Maurcio Novaes, M.S., Universidade Federal de Viosa, maro de 2004. Degradation and environmental reclamation and sustainable development. Adviser: James Jackson Griffith. Committee Members: Elias Silva and Haroldo Nogueira de Paiva. From times past, humanity confronts problems of environmental degradation. The environment, which always performed efficiently its function of cleansing, today finds itself excessively overburdened by human activities: it suffers the risk of exhausting its resources, not being able in certain situations to recuperate itself and needing the help of man. However, considering the present models of production and development that prioritize economic maximization, finding definitive solutions for these matters seems distant. Recently this concern has won supporters in the entire world, and there effectively exists a greater consciousness for environmental causes, including successful cases in reclamation procedures and viable proposals for sustainable development. However, environmental reclamation is a new science, this model of development still finding itself in the stage of developing commitment, presenting gaps, which need to be filled and expanding chances so that results will be more effective and lasting. The body of this study is divided into four chapters: Chapter 1 analyzes the origin of environmental degradation and identifies which are the most influential factors of disequilibrium that accelerate this process. It characterizes the principal models of farm and forest production, their importance in the world today and the challenges for the future. Included is evaluation of environmental impacts. It identifies the principal activities and principal factors of environmental degradation. It introduces case studies as representing an important teaching instrument, this being one of the thesis objectives: in case studies, theory acquires life by being applied to the understanding of the facts of reality. Chapter 2 analyzes the process of environmental reclamation: difficulties, limitations and potential. It defines degraded area and the theoretical approaches for its characterization. The importance of elaborating scenarios is discussed, and steps which are ultimately essential are suggested and delineated so that the success of these procedures is lasting. This is done by means a case study about reclamation of mined-out areas and another about reclaiming pastures and springs in an area of rough terrain. In Chapter 3, sustainable development is conceptualized, keeping in view its later integration into the concepts of degradation and recuperation, within economic, ecological, ethical and social visions, making evident its characteristics, principles and perspectives. Several proposals are

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presented to consolidate this, to generate employment and income with more social equality. It identifies environmental policies: a) structured policies such as environmental licensing and b) inducers of behavior, such as education, certification and environmental management. These are able to function as useful tools for prevention and for policing aggression and predatory exploitation imposed on the environment, avoiding new cases of degradation, as well as helping in the management and monitoring of environmental recuperation procedures, guaranteeing its sustainability. In Chapter 4, the concepts about sustainable development are reinforced within the environmental recuperation context with the presentation of three proposals that are already being implemented in various parts of the world, with relative success, as shown by three case studies: 1) environmental recuperation in areas contaminated by agrochemicals and heavy metals (how to characterized them, practices of remediation and recuperation, measures and auxiliary tools for identification of environmental impacts, and the components interlinked to the recuperation process, such as wildlife and aquatic ecosystems, to guarantee their sustainability); 2) Agro forestry systems (AFSs) and environmental recuperation as generators of positive externalities (their characterization, importance for wood production and for positive externalities, identification of ecological principles which direct their sustainability, and discussions of a) management of sucessional processes and b) monitoring and indicators of sustainability - how to use them for environmental recuperation processes) and; 3) the destiny of urban residues (recycling, sanitary landfill and recuperation of lands degraded by city garbage dumps; the case of Viosa, Minas Gerais - identify the garbage problem in Brazilian urban areas, responsible in large for landscape alteration and slope instability, causing pollution and sedimentation of streams, point to recycling as a activity which makes possible the reduction of this problem, consciousness-raising being necessary in the communities for the reduction of natural resources use and disposal, capable of being obtained by means of environmental education, and procedures of remediation and recuperation, utilizing methods such as composting and final deposition of non-recyclable residues in sanitary landfills). In the conclusion, criticisms and suggestions may be observed, yet these are presented in the sense of converting these new ideas and concepts into action. Changes are suggested for the present models of farm, forestry and industrial production, given the observable lack of sustainability verified up until now. Finally, some recommendations, despite their knowledge having been tested and proven, have not yet been perceived, but they are very important to a) avoid new cases of degradation b) favor environmental reclamation procedures and c) promote sustainable development. Each one of the reviewed themes has had its content detailed and has recommendations and conclusions.

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1. INTRODUO

Em 1992, durante as reunies preparatrias para a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, ocorreram intensas discusses sobre as atividades e mecanismos econmicos especialmente impactantes para o meio ambiente e capazes de depauperar os recursos naturais. O documento denominado Agenda 21 resultante dessas discusses, contendo inmeras recomendaes, inclusive aquelas que enfatizam a importncia dos governos e organismos financeiros internacionais priorizarem polticas econmicas para estimular a sustentabilidade por meio da taxao do uso indiscriminado dos recursos naturais, da poluio e despejo de resduos, da eliminao de subsdios que favoream a degradao ambiental e da contabilizao de custos ambientais e de sade (ELDREDGE, 1999; PULITANO, 2003). Em agosto de 2002, em Johannesburgo, na frica do Sul, ocorreu a reunio da Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel (Rio + 10), onde 189 pases se reuniram para fazer um balano de uma dcada de iniciativas para conservar os ambientes do planeta e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes, como tambm para traar novos rumos para alcanar o desenvolvimento sustentvel. Porm, constatou-se nessa reunio, que no s os indicadores ambientais esto piorando, de florestas ao clima, mas que o movimento para o desenvolvimento sustentvel est enfraquecido por uma crise globalizada, delineada por uma relativa distenso das relaes internacionais, permeada pela perplexidade e o novo conhecimento que as transformaes

geopolticas impem (CAPOBIANCO, 2002;

PULITANO, 2003). Os indicadores mundiais referentes s questes ambientais, tais como florestas, biodiversidade, gua, efeito estufa, consumo de energia, terras cultivadas, pobreza e populao, so alarmantes. Estima-se, que desde a metade do sculo passado, o mundo perdeu uma quinta parte da superfcie cultivvel e um quinto das florestas tropicais (RELATRIO..., 1991). Alguns dados, compilados de HARRISON e PEARCE (2000), complementados por informaes de outros autores, confirmam esse fato: Em 1990, havia 3,960 bilhes de hectares (ha) de florestas nas diversas regies do planeta; em 2000, a rea de florestas havia cado para 3,866 bilhes. Estima-se, de acordo com o RELATRIO...(1991), que a cada ano so perdidos 20 milhes de ha de florestas e

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25 bilhes de toneladas de hmus por efeito da eroso, desertificao, salinizao e outros processos de degradao do solo; Em 1992, estimava-se que cerca de 180 espcies de animais haviam sido extintas e outras mil estavam ameaadas de extino; desde 1992, 24 espcies (considerando apenas os vertebrados) foram extintas e 1.780 espcies de animais e 2.297 de plantas esto ameaadas; Em 1990, a populao do planeta usava cerca de 3.500 km3 de gua doce por ano; em 2000 o consumo total anual chegou a 4.000 km3 (crescimento de 12,5%). Esse problema, de acordo com TUNDISI (2003), torna-se mais preocupante em face da reduo do suprimento global de gua com o aumento da populao e dos usos mltiplos e com a perda dos mecanismos de reteno de gua (remoo de reas alagadas e das matas de galeria, desmatamento, perda de volume por sedimentao de lagos e represas); Em 1990, a humanidade lanava 5,827 bilhes de toneladas de CO2 na atmosfera, acentuando o aquecimento global; em 1999 as emisses tinham subido para 6,097 bilhes de toneladas (nos pases ricos, de acordo com o PNUD (2003), as emisses de dixido de carbono per capita so de 12,4 toneladas (t) - enquanto nos pases de rendimento mdio so de 3,2 t e nos pases de rendimento baixo, de 1,0 t); Em 1992, o consumo de energia no planeta era equivalente a 8,171 trilhes de toneladas de petrleo por ano; em 2000 o consumo subiu para o correspondente a 9,124 trilhes de toneladas de petrleo por ano; Em 1987, a rea da Terra usada para a agricultura era de 14,9 milhes de km2 (297 ha/1.000 pessoas); em 1997, o nmero subiu para 15,1 milhes de km2 (ou seja, cada grupo de mil pessoas passou a contar com apenas 259 ha). De acordo com o RELATRIO...(1991), apenas por conta da salinizao, uma quarta parte da superfcie irrigada do mundo est comprometida, aumentando os problemas relacionados fome; Em 1992, o planeta tinha 5,44 bilhes de habitantes; em 2000 a estimativa de 6,24 bilhes (um crescimento de 13% sobre 1992); e O nico dado que apresentou uma ligeira melhora, refere-se a renda, porm ainda nada otimista: em 1992, o nmero de pessoas vivendo com at US$ 1 por dia (a chamada pobreza absoluta) era de 1,3 bilho; hoje, 1,2 bilho de pessoas vivem com US$ 1 por dia. Entretanto, de acordo com o PNUD (2003), dos 67 pases considerados com baixo ndice de desenvolvimento humano (IDH), aumentaram as taxas de pobreza em 37, de fome em 21 e a mortalidade infantil em 14. Tambm, dos 125 pases em desenvolvimento, em 54 o rendimento per capita diminuiu. Diante desse atual quadro de degradao e da conscincia de que os recursos naturais so escassos, evidencia-se a urgncia da busca por uma nova postura ambiental. Por essas questes, a tomada de deciso deve ser direcionada com vistas produtividade dos recursos: a ecoeficincia. O seu conceito foi desenvolvido principalmente entre as empresas do setor privado para designar aperfeioamento no uso do material e reduo do impacto ambiental causados durante os processos produtivos. Harmonizar as metas ecolgicas com as

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econmicas exige no s a ecoeficincia, mas tambm a observncia a trs princpios adicionais, todos interdependentes e a reforarem-se mutuamente, sendo considerados importantes em iguais propores, os aspectos: a) econmicos; b) ambientais; e c) sociais (HAWKEN et al., 1999). Essas consideraes so de extrema importncia, posto que a interao do homem com o meio ambiente, quer seja ela de forma harmnica ou no, provoca srias mudanas em nvel global. A busca do crescimento econmico protegendo o meio ambiente - o ecodesenvolvimento - visando assegurar a sobrevivncia das geraes futuras, na prtica, tem sido um objetivo extremamente difcil de ser alcanado. Essa deve ser a busca constante, podendo ser atingida por meio das propostas do desenvolvimento sustentvel, cuja definio, mais abrangente, explicita conceitos de ecoeficincia e ecodesenvolvimento (ACIESP, 1987): modelo de desenvolvimento que leva em considerao, alm de fatores econmicos, aqueles de carter social e ecolgico, assim como as disponibilidades dos recursos vivos e inanimados e as vantagens e os inconvenientes, a curto e em longo prazos, de outros tipos de ao. Entretanto, na prtica, esse modelo de difcil implementao, diante da complexidade econmica e ecolgica atuais, pois tanto as consideraes scio-econmicas como as ecolgicas por parte da sociedade, empresas e governos, so individualizadas. Dessa forma, no h como chegar a um objetivo consensual, considerando haver fatores e objetivos sociais, legais, religiosos e demogrficos divergentes, que tambm interferem na aplicao de consideraes e diretrizes ecolgicas s finalidades e processos de desenvolvimento (RESENDE et al., 1996). Apesar de todas essas divergncias, j existe um nmero considervel de exemplos animadores da experincia empresarial em desenvolvimento tecnolgico, econmico e comercial sustentvel. Emerge nos mais diversos setores, tais como: no transporte, na construo civil, na indstria, nas exploraes florestais, na agropecuria e na minerao. Porm, em um ritmo ainda abaixo do desejvel e necessrio. Na verdade, a hiptese fundamental sobre as causas estruturais da crise do meio ambiente, afirmam que as modalidades de desenvolvimento predominantes nas sociedades de corte liberal ou estatista, considerando-se as curvas exponenciais de crescimento demogrfico, no estariam favorecendo uma internalizao efetiva das vrias dimenses do meio ambiente no contexto das polticas pblicas: a) de um lado, o meio ambiente pensado como fornecedor de recursos naturais, receptor de dejetos provenientes das atividades de produo e consumo, e espao onde se do as interaes entre processos naturais e socioculturais; e b) por outro, o meio ambiente pensado como qualidade de habitat. Neste segundo caso, trata-se da dimenso que corresponde infra-estrutura fsica e scio-institucional capaz de influenciar as condies gerais de vida das populaes em termos de habitao, trabalho, recreao e autorealizao existencial (Godard e Sachs, 1975; Sachs, 1980; CIRED, 1986; Sachs et al., 1981 apud VIEIRA e WEBER, 1997).

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Os sistemas de clculo para avaliao do progresso econmico, via de regra, utilizam dados de desvalorizao de mquinas e equipamentos; entretanto, no consideram a desvalorizao do capital natural, renovveis ou no, como o petrleo, eroso do solo e desmatamento (RESENDE et al., 1996). Existe a necessidade de um projeto integrado que contemple ao mesmo tempo, em cada nvel: a) dos dispositivos tcnicos aos sistemas de produo e s empresas; b) aos setores econmicos, s cidades e s sociedades de todo o mundo (HAWKEN et al., 1999). Dessa forma, para que sejam atendidas essas premissas, precisam ser analisados os dois enfoques: o econmico e o biolgico, ou seja: a) o do produto nacional bruto e o de indicadores biolgicos; e b) o de crescimento econmico e o de desenvolvimento e sustentabilidade da qualidade de vida (RESENDE et al., 1996). Portanto, a busca de alternativas para o desenvolvimento sustentvel, deve estar direcionada: a) ecorreestruturao dos sistemas produtivos, com nfase nas necessrias transformaes sociais, econmicas e tecnolgicas, onde a mxima prioridade poltica deve ser aumentar a eqidade e no s o crescimento econmico; b) ao estudo da capacidade de absoro de impactos negativos pelos ecossistemas, devido interveno humana; c) aos acidentes naturais e suas inter-relaes; e d) s questes relativas governabilidade ambiental, no que trata de normas, processos e instituies pelas quais a sociedade civil, o estado e os pases possam administrar o desenvolvimento de forma sustentvel (GUNTER, 1999; PNUD, 2003). Dessa forma, um novo equilbrio poder ser alcanado e reduzir-se-o as chances de origem de novos focos de degradao ambiental. Considerando a) a quantidade de reas degradadas ou em processo de degradao existentes; e b) o aumento da populao e a conseqente necessidade de maior produo de alimentos para atender a essa demanda crescentes, faz-se necessrio a recuperao dessas reas. Evitar-se- que funcionem como focos de impactos ambientais/degradao e, principalmente, para que possam ser reincorporadas ao processo produtivo, evitando a abertura de novas fronteiras agropecurias e a persistente reduo dos ecossistemas naturais. Portanto, os modelos de produo e de desenvolvimento devem ser revistos, para que o desenvolvimento sustentvel torne-se realidade. Finalmente, necessrio uma ltima advertncia sobre a conceituao e origem do termo sustentvel que vem se generalizando desde a dcada passada, consagrado na CNUMAD, na ECO - 92, sendo em alguns casos mal interpretados. Sustentabilidade significa conservao do capital ambiental oferecido pela natureza, definido como os possveis usos ou funes de nosso entorno fsico, contudo, com o entendimento que devem existir questes ticas a serem respeitadas. Nesse contexto, para atingir o desenvolvimento sustentvel, h que se considerar o homem como parte integrante desse ecossistema, de forma holsticosistmica, onde sejam atendidas as suas necessidades bsicas. Deve-se, portanto, garantir a qualidade de vida das geraes atuais e, tambm, das geraes futuras (HUETING e REIJNDERS, 1998). Para TUNDISI (2003), a vida continua em seu eterno ciclo. Entretanto, para se perpetuar, o homem deve incluir-se nele e dele participar, recuperando-o e mantendo-o.

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2 . OBJETIVOS

No Brasil, cada vez mais existe a preocupao de se formular pensamentos para a conscientizao da necessidade de recuperao ambiental e, principalmente, evitar o surgimento de novas incidncias de reas degradadas. 2.1. Objetivo geral Com o intuito de auxiliar nos procedimentos de capacitao em recuperao ambiental, este estudo objetiva, principalmente, descrever a questo da degradao e recuperao ambiental no Brasil, com vistas ao desenvolvimento sustentvel. Sero referenciadas as principais prticas e ferramentas utilizadas atualmente nos procedimentos de recuperao, as instituies de pesquisa envolvidas e as suas limitaes, possibilitando tornar visveis lacunas existentes, indicando diretrizes bsicas para novas pesquisas e maior cooperao entre elas. A partir dessa realidade, pretende-se elaborar material didtico sobre recuperao ambiental, atualizado e com informaes sobre os problemas ambientais brasileiros. 2.2. Objetivos especficos Agrupar informaes abrangentes sobre degradao e recuperao ambiental, posto tratarse de uma cincia ainda jovem e o material existente encontrar-se disperso; Disponibilizar material didtico em recuperao ambiental, auxiliando na formao acadmica com a introduo de estudos temticos e os seus fundamentos bsicos; Oferecer alguma contribuio que possa ser til aos pesquisadores, professores e extensionistas, servindo de orientao no estudo, na divulgao e na investigao dessa

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cincia, favorecendo pesquisas especializadas sobre problemas pendentes de soluo nesse campo, de uma maneira didtica e cientfica; Possibilitar a elaborao, a partir desse material didtico, de um manual resumido, porm abrangente, com aplicaes prticas e atualizadas, destinado aos rgos de extenso, para suprir a carncia de informaes sobre recuperao ambiental; Apresentar Estudos de Caso sobre questes atuais com o objetivo de mostrar determinadas prticas de recuperao, evidenciando o seu aspecto multidisciplinar; Identificar as inter-relaes existentes entre degradao, recuperao ambiental e desenvolvimento sustentvel; e Propor modelos de desenvolvimento capazes de no causarem degradao e auxiliarem nos procedimentos de recuperao ambiental de maneira sustentvel, gerando emprego e renda com eqidade social, conservando os recursos naturais e a capacidade de regenerao dos ecossistemas, ou seja, promover o desenvolvimento sustentvel.

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3. MATERIAIS E MTODOS

A pesquisa cientfica a realizao concreta de uma investigao planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela cincia. o mtodo de abordagem de um problema em estudo que caracteriza o aspecto cientfico de uma pesquisa (RUIZ, 1996). Existem diversas espcies de pesquisa cientfica, sendo que para cada uma delas existe a metodologia mais indicada. O comeo de um projeto se d pela escolha de um problema ou assunto para estudar. Ao selecionar o problema, geralmente pouco conhecido, deve ser feita a sua delimitao, identificando a parte que ser focalizada. Essa etapa consiste de uma pesquisa exploratria, cujo objetivo a caracterizao inicial do problema, a sua classificao e a sua reta definio. A partir desse momento, iniciado o projeto de pesquisa. Constitui, dessa forma, o primeiro estgio de toda pesquisa cientfica, no tendo por objetivo resolver de imediato um problema, mas detect-lo e caracteriz-lo. Desde as contribuies de Einsten, de acordo com RUIZ (1996), acredita-se que mais importante para o desenvolvimento da cincia saber formular problemas do que encontrar solues (CERVO e BERVIAN, 1972; RUIZ, 1996). Como o nmero de publicaes cientficas vem sofrendo um aumento exponencial desde o incio do sculo 20, torna-se necessrio que qualquer cientista, por mais simples que seja o seu projeto, procure saber a literatura disponvel relacionada ao assunto do seu problema de pesquisa. Para isso, na fase inicial da sua elaborao, necessrio fazer a reviso bibliogrfica do assunto, com os seguintes objetivos (SERRANO, 1996; SENA, 2003): Saber se algum j publicou as respostas questo em pauta, para decidir da pertinncia de repetir uma investigao com objetivos idnticos; Adquirir conhecimento bsico e atualizado sobre o assunto objeto da pesquisa; Saber quais os mtodos utilizados em investigaes similares, para decidir sobre o melhor mtodo a utilizar; e Quando se pretende enveredar por um estudo de desenho experimental ou analtico, no qual lanam-se hipteses sobre a associao entre variveis, a reviso bibliogrfica permite enquadrar o estudo num modelo de causalidade e, assim, diferenciar quais sero as variveis de exposio, de resposta e, sobretudo, as variveis interferentes.

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Fazer uma boa reviso bibliogrfica exige certa experincia e familiaridade com a rea pesquisada, principalmente com os autores que mais publicam sobre o assunto investigado, suas instituies e os principais peridicos onde divulgam suas pesquisas (SENA, 2003). A pesquisa bibliogrfica consiste no exame do manancial de livros, artigos e documentos, para levantamento e anlise do que j se produziu sobre determinado assunto que assumido como tema da pesquisa cientfica (RUIZ, 1996). Considerando ser este trabalho uma reviso bibliogrfica, respeitados os cuidados ora discutidos, sero apresentados os passos aqui utilizados. 3.1. Etapas da pesquisa bibliogrfica O primeiro passo foi a escolha do assunto, recuperao ambiental (RA), em face da carncia de material especfico nessa rea. Ao contrrio de outras cincias, que dispem de inmeras obras para pesquisa, em recuperao ambiental os trabalhos ainda esto bastante dispersos e fragmentados, com muitas lacunas carentes de informaes. Para orientar os passos seguintes, o assunto foi delimitado e determinado o aspecto sob o qual receberia o foco principal. Para isso, foram considerados alguns critrios e princpios relevantes (CERVO e BERVIAN, 1972; RUIZ, 1996): Tempo - considerando o perodo disponvel, fundamental administr-lo para fazer uma boa reviso bibliogrfica. Deve ser despendido, criteriosamente, procurando, selecionando e lendo diversos artigos, que incitem novos questionamentos e incrementem o projeto e a sua importncia. Contatos iniciais - inicialmente, devem ser procurados pesquisadores da rea escolhida que forneam sugestes teis para o direcionamento da pesquisa. Nos cursos de psgraduao, a medida que as disciplinas selecionadas comecem a ser cursadas, os professores e conselheiros passam a auxiliar sobre quais obras consultar. A participao em seminrios, palestras e cursos de grupos que trabalham com o mesmo assunto, bem como a utilizao da internet, til para o enriquecimento da pesquisa. Biblioteca - as bibliotecas pesquisadas contribuem no somente com os peridicos, mas tambm com os recursos necessrios reviso bibliogrfica. Atualmente, os principais recursos esto na internet e, com o auxlio de ndices, permitem um sistema de busca de artigos por meio de palavras-chave de obras publicadas em vrias partes do mundo. Para a melhor eficincia da pesquisa bibliogrfica, deve-se utilizar uma forma seqencial de busca, com palavras-chave de termos especficos, evitando prejudicar a objetividade do trabalho. O acervo de textos escrito dividido em duas classes de obras (CERVO e BERVIAN, 1972; RUIZ, 1996):

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Fontes - so os textos originais ou textos de primeira mo sobre determinado assunto. A partir desses textos, pela importncia que tiveram ou que lhes atriburam, gerou toda a literatura, mais ou menos ampla; e Bibliografia ou trabalhos - o conjunto das produes escritas para esclarecer as fontes, ou seja, qualquer estudo cientfico com o objetivo de divulg-las, analis-las, refut-las ou para estabelec-las. Logo, toda a literatura originria de determinada fonte ou a respeito de determinado assunto. Este trabalho, o que deve ser uma regra para toda a pesquisa bibliogrfica, abrangeu fontes e bibliografias sobre o assunto em exame. Tendncias e preferncias pessoais - os assuntos devem ser escolhidos de acordo com a necessidade e tambm satisfazendo a linha de tendncias e preferncias pessoais. Esse aspecto fundamental para a motivao, a dedicao, o empenho, a perseverana e a deciso para superar obstculos e promover os ajustes necessrios ao assunto. Relevncia - devem ser escolhidos os assuntos de maior relevncia, que possam trazer contribuio efetiva para a rea pesquisada. Visar-se-o contribuies objetivas para esclarecer melhor o problema, buscando cobrir lacunas existentes no tema considerado relevante, pelo seu contedo e pela sua atualidade. 3.1.1. Estabelecimento de linhas mestras e pesquisa exploratria Por meio de literatura especfica e de qualidade reconhecida, elaborou-se as linhas mestras da pesquisa, de forma a evidenciar as lacunas existentes. Essa parte corresponde a uma leitura exploratria, para uma anlise preliminar. Uma seleo inicial foi feita pela leitura do ttulo, do seu resumo ou abstract, e por uma reviso rpida de suas figuras, tabelas e concluses. A partir desta seleo, observou-se quais peridicos publicam mais freqentemente os artigos de maior relevncia. A quantidade de artigos disponveis sobre assuntos ambientais quase inesgotvel; portanto, analisou-se apenas as obras estritamente relacionadas ao tema proposto do trabalho. 3.1.2. Levantamento e seleo de material Apesar da pouca quantidade de material escrito, na lngua portuguesa, especfico sobre recuperao ambiental, fez-se um levantamento do existente. A reviso bibliogrfica, inicialmente, foi efetuada nos livros de texto e tratados, obras de referncia que auxiliem na conceituao, ou seja, na definio de termos tcnicos e que dem uma viso geral sobre o tema. Foi lido o que h de mais atual sobre o assunto, tais como edies recentes de revistas e peridicos e, por meio da consulta teses de mestrado e de doutoramento, ainda no divulgadas por meio de artigos cientficos. Para identificar esses artigos, tambm foi feita a pesquisa nas fontes secundrias (publicaes que indexam a informao bibliogrfica de inmeros artigos, por assunto,

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palavras-chave,

autores,

revistas,

peridicos

estrangeiros,

relatrios

e

documentos

governamentais e de empresas, entre outros). As pesquisas em computador tambm foram utilizadas. Essas fontes secundrias incluem os resumos dos artigos, o que possibilita obter uma idia sobre aqueles promissores, mediante um critrio prvio de seleo. Finalmente, usou-se a estratgia de pesquisa bibliogrfica em rvore, que segundo SERRANO (1996), quando num artigo interessante verificado que existem referncias bibliogrficas sobre um determinado assunto, tenta-se ascender aos artigos citados. Este mtodo pode clarificar aspectos e pormenores importantes, evitando-se, entretanto, o defeito de depender demasiadamente da pesquisa bibliogrfica de um s artigo ou autor. 3.1.3. Organizao dos temas e assuntos Aps a seleo completa dos assuntos e feita toda a coleta de material, organizou-se o contedo em captulos, equilibrando os diversos temas de enfoque, delimitando-os provisoriamente. 3.1.4. Redao e organizao das informaes bibliogrficas O processo de redao dos captulos, incluindo bibliografia, ttulos e assuntos, foi criterioso. Uma referncia errada ou incompleta no ter valor para quem quiser utiliz-la aps ler a reviso bibliogrfica na introduo de um trabalho, podendo comprometer a prpria imagem de pesquisador. Dessa forma, os dados bibliogrficos foram cuidadosamente checados. 3.1.5. Reviso do texto Alm da reviso ortogrfica, mereceu destaque a reestruturao e o aperfeioamento final. Nessa fase, ao reler o material, na linha das idias principais e dos detalhes importantes, estabelecidos pelo primeiro projeto da pesquisa, para descobrir lacunas, definiu-se, nesse trabalho, a introduo de Estudos de Caso, para melhor visualizao dos procedimentos de recuperao ambiental, alm de funcionar como recurso didtico. 3.1.6. Elaborao do texto final Uma vez acumuladas informaes suficientes na reviso bibliogrfica, organizou-se um texto que proporcionou em ordem cronolgica, uma perspectiva histrica do que aconteceu nessa rea. Pela complexidade do tema, buscou-se organizar, tambm em tpicos, a reviso bibliogrfica. Depois, foi distribuda para cada tpico a informao acumulada nas fichas dos artigos. Em seguida, foram feitas as conexes necessrias para que o produto final fosse transformado em um texto consistente e interessante.

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3.1.7. Concluso A concluso a foz da pesquisa, conseqentemente, todos os passos da anlise, da discusso, da demonstrao convergiram nessa direo, para a incorporao final dos objetivos propostos. A concluso foi breve, condizente com o corpo do trabalho e exposta espontaneamente. A idia principal teve por finalidade reafirmar sinteticamente a idia principal e os detalhes mais importantes j citados, sem maiores anlises ou comentrios, ressaltando o alcance e as conseqncias dos esclarecimentos prestados pela pesquisa e os mritos dos achados, com indicaes e aberturas para novas pesquisas. 3.1.8. Recomendaes As recomendaes seguiram anlises e entendimentos pessoais, adquiridos por meio da pesquisa e da vivncia, algumas capazes de criar polmicas e sugerirem as propostas de transformaes necessrias. Esse um dos objetivos de uma reviso bibliogrfica: estimular a criatividade, porm ancorada na realidade descrita no corpo do trabalho. 3.1.9. Introduo Definido o texto final, aps vrias leituras e correes em seu corpo, foi feita a introduo. Esta teve por finalidade apresentar o problema estudado, acenando para o seu estgio de desenvolvimento e para a relevncia da pesquisa realizada. De acordo com RUIZ (1996), deve conter os seguintes itens: Apresentao do estgio de desenvolvimento do assunto mediante ao que j se escreveu sobre ele; Referncia s possibilidades de contribuio da pesquisa agora desenvolvida, contudo sem enunciar solues ou concluses chegadas; Enfoque da idia central que gerenciou a pesquisa e do roteiro obedecido para atingir este propsito; Destaque das fontes e bibliografia fundamentais pesquisadas; e Delimitao clara do campo da pesquisa e colocao das partes componentes do corpo do trabalho, com breves justificativas. Apesar de aparecer no incio do trabalho, a ltima parte a ser definitivamente redigida. Deve ser extremamente bem elaborada e bem cuidada, tendo como caractersticas principais a brevidade, a segurana e a modstia, acenando para o histrico da questo, sem reconstitu-lo. Deve despertar confiana com relao seriedade e validade da pesquisa. Por meio dessa primeira imagem do trabalho, que os leitores e examinadores tero o interesse desperto pelo contedo.

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3.2. Estudo de Caso A teoria adquire vida quando aplicada ao entendimento dos fatos da realidade. Os estudos de caso fundamentados na metodologia proposta por YIN (1988), distribudos pelos captulos, foram os mais importantes instrumentos didticos da dissertao. A inteno, ao adicionar esses estudos, foi garantir a visualizao da aplicao da teoria pratica. 3.2.1. Introduo O Estudo de Caso um dos vrios modos investigatrios de realizar uma slida pesquisa cientfica. Outros modos incluem: a) experimentaes vivenciadas; b) histrias; e c) a anlise de informaes de arquivos. Cada estratgia tem vantagens e desvantagens que dependem de trs condies: 1) do tipo de foco da pesquisa; 2) do controle que o investigador tem sobre eventos comportamentais atuais; e 3) do enfoque no contemporneo ao invs de fenmenos histricos. Em geral, Estudos de Caso se constituem na estratgia preferida quando o "como" e, ou, o "por que" so as perguntas centrais, em casos onde o investigador tenha um reduzido controle sobre os eventos, e quando o enfoque est em um fenmeno contemporneo dentro de algum contexto que ocorreu na realidade. O Estudo de Caso pode ser a) exploratrio; b) descritivo; c) ou explanatrio (causal). So mais freqentes aqueles com propsitos exploratrio e descritivo. A estratgia de pesquisa depender: a) do tipo de questo da pesquisa; b) do grau de controle que o investigador tem sobre os eventos; c) ou do foco temporal (eventos contemporneos versus fenmenos histricos). 3.2.2. O Estudo de Caso como estratgia de pesquisa Como uma estratgia de pesquisa, o Estudo de Caso usado nas mais diversas reas. A meta geral ajudar os investigadores a lidar com algumas das perguntas mais comuns - e por vezes difceis de serem apontadas - tais como: a) definir o alvo do Estudo de Caso; b) determinar os dados pertinentes a serem coletados; e c) que tipo de tratamento deve ser dado aos dados uma vez coletados. Em todas estas situaes, a estratgia de Estudos de Caso pode contribuir para aumentar o entendimento de fenmenos sociais complexos. Em resumo, o Estudo de Caso permite uma investigao das caractersticas significantes de eventos vivenciados, visando apreender uma determinada situao por meio de tcnicas de coleta de informaes variadas, tais como observaes, entrevistas e documentos. Geralmente, o Estudo de Caso usado e preferido quando: O tipo de questo de pesquisa da forma interrogativa; O controle que o investigador tem sobre os eventos muito reduzido; ou O foco temporal est em fenmenos contemporneos dentro do contexto de vida real.

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A necessidade de se utilizar a estratgia de pesquisa Estudo de Caso deve nascer do desejo de entender um fenmeno social complexo. Assim, um Estudo de Caso uma pesquisa fundamentada em coleta objetiva de dados e informaes que investiga: Um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto real; As fronteiras entre o fenmeno e o contexto no so claramente evidentes; e As mltiplas fontes de evidncias que podem ser utilizadas.

3.2.3. Caractersticas do Estudo de Caso Permitir evidenciar a validade e a confiabilidade do estudo; Procurar generalizar proposies tericas (modelos) e no proposies sobre populaes; Procurar descobrir novos problemas e possibilita sugerir hipteses fecundas; Geralmente qualitativo na coleta e no tratamento dos dados; e Nem sempre necessrio recorrer a tcnicas de coleta de dados que consomem tempo demasiado, a no ser que sejam visadas particularidades especficas, incluindo suas relaes e suas variaes, sendo necessrio recorrer a mtodos quantitativos. A essncia de um Estudo de Caso, ou a tendncia central de todos os tipos de Estudo de Caso, que eles tentam esclarecer uma deciso ou um conjunto de decises: a) Por que elas foram tomadas?; b) Como elas foram implementadas?; e c) Quais os resultados alcanados? 3.2.4. Aplicaes do Estudo de Caso Explicar ligaes causais em intervenes ou situaes da vida real que so complexas demais para tratamento por meio de estratgias experimentais ou de levantamento de dados; Descrever um contexto de vida real no qual uma interveno ocorreu; Avaliar uma interveno em curso e modific-la com base em um Estudo de Caso ilustrativo; e Explorar aquelas situaes nas quais a interveno no tem clareza no conjunto de resultados. 3.2.5. Critrios para julgar a qualidade do delineamento do Estudo de Caso Validade Interna: estabelecer o relacionamento causal que explique que em determinadas condies (causas) levam a outras situaes (efeitos). Deve-se testar a coerncia interna entre as proposies iniciais, desenvolvimento e resultados encontrados. Validade Externa: estabelecer o domnio sobre o qual as descobertas podem ser generalizadas.

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Confiabilidade: mostrar que o estudo pode ser repetido obtendo-se resultados assemelhados. O protocolo do Estudo de Caso e a base de dados do estudo so fundamentais para os testes que indicam confiabilidade.

3.2.6. Preparao para a conduo de um Estudo de Caso Capacitar o investigador - para garantir que o investigador tenha as habilidades desejadas para extrair do caso as informaes relevantes por meio de procedimentos fortemente baseados na percepo e na capacidade analtica; Adquirir ou aperfeioar conhecimentos sobre os assuntos que esto sendo estudados como a coleta e a anlise ocorrem ao mesmo tempo, atua-se como um detetive que trabalha com evidncias convergentes e inferncias. O investigador deve ter uma postura de neutralidade para evitar a introduo de vieses ou de noes preconcebidas. Dessa forma, sempre que possvel, deve-se documentar os dados coletados. O protocolo do Estudo de Caso mais que um instrumento: contm os procedimentos e as regras gerais que devero ser seguidas. A sua funo aumentar a confiabilidade da pesquisa, servindo como guia para o investigador ao longo das atividades do estudo. O protocolo deve ser composto das seguintes sees: Viso geral do projeto de Estudo de Caso: devem apresentar, de forma sumria, informaes sobre o background terico que sustenta o estudo; e O corao do protocolo consiste em um conjunto de questes que refletem as necessidades da pesquisa. Essas questes diferem daquelas formuladas para um levantamento por duas razes: a) as questes so formuladas para o investigador; e b) cada questo deve vir acompanhada por uma lista de provveis fontes de evidncia. Essas fontes podem incluir entrevistas individuais, documentos ou observaes. A associao entre questes e fontes de evidncia extremamente til na coleta de dados. 3.2.7. Fontes de evidncias Documentos: a pesquisa documental deve constar do plano de coleta de dados. O material coletado e analisado utilizado para corroborar evidncias de outras fontes e, ou, acrescentar informaes. Registros em arquivos: alm dos instrumentos j enunciados para evidenciar a realidade que se deseja estudar, tem-se: a) a observao direta; b) observao participante; e c) o uso de artefatos fsicos. 3.2.7.1. Princpios para a coleta de dados Usar mltiplas fontes de evidncia; Construir, ao longo do estudo, uma base de dados; e Formar uma cadeia de evidncias.

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3.2.7.2. Anlise das evidncias A anlise das evidncias o menos desenvolvido e mais difcil aspecto da conduo de um Estudo de Caso. O sucesso depende muito da experincia, perseverana e do raciocnio crtico do investigador para construir descries e interpretaes que possibilitem a extrao cuidadosa das concluses. O papel da estratgia geral ajudar o investigador a escolher entre diferentes tcnicas e a completar com sucesso a fase analtica da pesquisa. H duas maneiras de se formatar a estratgia geral: a) basear-se nas proposies tericas referencial terico; ou b) desenvolver uma criativa descrio do caso. 3.2.8. Composio do relato do Estudo de Caso A redao do caso exige esforo e habilidade de redigir. Um bom relato comea a ser composto antes da coleta de dados. Na verdade, vrias decises envolvendo a redao devem ser tomadas nas fases anteriores, para que se aumente a chance de produo de um estudo de qualidade. O formato do relatrio advindo do Estudo de Caso, tais como monografia ou dissertao, no carece de ser apresentado do modo tradicional: introduo, questo de pesquisa, objetivo, hiptese, reviso da bibliografia, metodologia, anlise dos resultados e concluses. No h um formato nico. O estilo de se construir o relatrio depender da criatividade e engenhosidade do autor. 3.2.9. Mtodo de um Estudo de Caso misto (usado nesse trabalho) Preparao - dentre as etapas que sero vistas, a Preparao de grande importncia, na medida que construi-se um alicerce slido do estudo, no sendo permitido falhas. No Estudo de Caso, se a preparao no for suficientemente slida e falhas forem apontadas sem serem tratadas, todo estudo comprometer-se-. Desenvolvimento da teoria - o Estudo de Caso uma construo apropriada sob vrias circunstncias: 1) anlogo a um experimento, e muitas das mesmas condies que tambm justificam uma experincia justificam um Estudo de Caso, tanto na simplicidade, quanto em passos para uma construo positiva. Assim, uma razo para se adotar um Estudo de Caso quando se deseja representar uma pea cuidadosamente testada em uma teoria bem formulada. Dessa forma, o caso pode ser usado para determinar se as proposies de uma teoria esto corretas, ou se algum jogo alternativo de explanaes poderia ser mais pertinente. Seleo do caso e preparao para seleo de dados - diante dos objetivos j traados, a seleo do caso requer um cuidado muito grande, pois no se trata simplesmente de um