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Marcos Souza Lima AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO SOBRE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SÃO PAULO São Paulo 2011 Dissertação apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Radiologia Clínica e Ciências Radiológicas.

Tese Marcos Sousa Lima

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Tese de Mestrado Doutor Marcos Sousa Lima

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Page 1: Tese Marcos Sousa Lima

Marcos Souza Lima

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO SOBRE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM UM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO DE SÃO PAULO

São Paulo 2011

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de São Paulo – Escola Paulista

de Medicina para obtenção do Título de

Mestre em Ciências pelo Programa de

Pós-Graduação em Radiologia Clínica e

Ciências Radiológicas.

Page 2: Tese Marcos Sousa Lima

Marcos Souza Lima

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO

SOBRE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SÃO PAULO

São Paulo 2011

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ajzen

Co-Orientador: Profa. Dra. Maria Isabel S. Carmagnani

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de São Paulo – Escola Paulista de

Medicina para obtenção do Título de

Mestre em Ciências pelo Programa de

Pós-Graduação em Radiologia Cínica e

Ciências Radiológicas.

Page 3: Tese Marcos Sousa Lima

Lima, Marcos Souza

Avaliação do conhecimento do enfermeiro sobre ressonância magnética em um hospital universitário de São Paulo / Marcos Souza Lima. -- São Paulo, 2011.

xii, 91f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Radiologia Clínica e Ciências Radiológicas.

Título em inglês: Assessment of nurses´ knowledge about magnetic resonance imaging in a university hospital in Sao Paulo

1. Avaliação em enfermagem. 2. Diagnóstico por Imagem. 3. Ressonância Magnética.

Page 4: Tese Marcos Sousa Lima

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Sérgio Ajzen.

Coordenador do Programa de Pós-Graduação: Prof. Dr. Giuseppe D´Ippolito.

Page 5: Tese Marcos Sousa Lima

iv

Marcos Souza Lima

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO SOBRE

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SÃO PAULO

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Antonio Fernandes Costa Lima

____________________________________________________________

Profa. Dra. David Carlos Shigueoka

____________________________________________________________

Profa. Dra. Elisa Harumi Kozasa

____________________________________________________________

Dra. Luiza Hiromi Tanaka

____________________________________________________________

Page 6: Tese Marcos Sousa Lima

v

A meus pais Florisval Siqueira Lima e Olívia Amado de Souza Lima e a meus

irmãos Manoel, Marta, Maria de Fátima e em especial a

minha querida irmã Marise, por sua generosidade e

pelo carinho que dedicou a nossa mãe!

Page 7: Tese Marcos Sousa Lima

vi

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Giuseppe D´Ippolito, coordenador do Curso de Pós-Graduação do

Depto de Diagnóstico por Imagem da UNIFESP, pela oportunidade oferecida.

Ao Prof. Dr. Sergio Ajzen, chefe do Depto de Diagnóstico por Imagem da UNIFESP,

pela oportunidade, apoio e orientação.

À Profa. Dra. Maria Isabel Sampaio Carmagnani, Diretora de Enfermagem do

Hospital São Paulo, pela amizade e importante colaboração neste estudo.

Ao Prof. Dr. Davi Shigueoka, médico do Depto de Diagnóstico por Imagem da

UNIFESP, pelas orientações técnicas e valiosas sugestões.

À Enfa. Dra. Bete Salvador Graziosi, Assessora de Informática da Diretora de

Enfermagem do Hospital São Paulo, pela formatação do texto e elaboração das

referências bibliográficas.

À Enfermeira Vânia Teresa Troyano, pelas sugestões e colaboração.

À Enfermeira Ieda Aparecida Carneiro, pelo incentivo e colaboração.

À Maria Luzia Silva, secretária da Diretora de Enfermagem do Hospital São Paulo,

pela digitação do material.

À secretária Patrícia Leão Bonomo, do Curso de Pós-Graduação do Depto de

Diagnóstico por Imagem da UNIFESP pela atenção.

Aos secretários Rita Bozzo e Ernandes Rodrigues, do Depto de Diagnóstico por

Imagem da UNIFESP, pela colaboração.

À Márcia Mattos Marques, secretária da Pós-Graduação da UNIFESP, pelas

orientações fornecidas.

Ao Prof. Dr. Hélio Egydio Nogueira, pelo incentivo à minha carreira em todos estes

anos.

À Dra. Dalva Souto Maior, pelo acolhimento, apoio e estímulo à minha carreira.

Page 8: Tese Marcos Sousa Lima

vii

Ao Prof. Dr. José Roberto Ferraro, Superintendente do Hospital São Paulo, pelas

oportunidades oferecidas.

Ao Prof. Dr Antonio Carlos Lopes, pelo incentivo.

Ao Dr. Antonio Carlos Zechinatti, pela amizade e incentivo.

À amiga Profa. Dra. Luiza Hiromi Tanaka, por me ouvir sempre.

À amiga Cleide Cecília de Macedo, pelo entusiasmo pela vida e parceria.

Ao amigo Edmilson José da Fonseca por todo apoio.

Ao Renan Hiagon, bibliotecário do Departamento de Diagnóstico por Imagem, pela

gentileza em corrigir, de forma, impecável, a formatação e referências deste estudo.

Page 9: Tese Marcos Sousa Lima

viii

Nem sempre podemos escolher os acontecimentos do dia, mas

podemos escolher as nossas reações diante delas.

“Autor desconhecido”

Page 10: Tese Marcos Sousa Lima

ix

SUMÁRIO

Dedicatória v

Agradecimentos vi

Listas x

Resumo xiv

1. INTRODUÇÃO 01

1.1 Objetivo 03

2. REVISÃO DA LITERATURA 04

3. MÉTODOS 22

3.1 Local da pesquisa 22

3.2 População / amostra 23

3.3 Instrumento de coleta de dados 24

3.4 Procedimento de coleta de dados 25

3.5 Tratamento dos dados 25

4. RESULTADOS 26

5. DISCUSSÃO 33

6. CONCLUSÕES 42

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

8. ANEXOS 44

9. REFERÊNCIAS 56

Abstract

Page 11: Tese Marcos Sousa Lima

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. O equipamento de RM para obtenção de imagens. 7

Figura 2. O próton de hidrogênio pode ser visto como uma pequena esfera. 9

Figura 3. Imagem de Ressonância Magnética do corte coronal. 10

Figura 4. Imagem turbo spin eco ponderada. 11

Figura 5. Sala do computador que manipula as imagens de RM. 12

Figura 6. Sala da Ressonância Magnética. 13

Figura 7. 14

Figura 8. Angiorressonância Magnética de Alto Campo. 16

Figura 9. RM mamária em paciente com carcinoma ductal invasivo na mama direita. 17

Figura 10. Ressonância nuclear magnética de uma criança. 18

Figura 11. RM fetal. 19

Figura 12 - Enfermeiros do Hospital São Paulo por turno de trabalho. São Paulo, 2009. 26

Figura 13 - Enfermeiros do Hospital São Paulo, segundo a área de trabalho. São Paulo, 2009. 26

Figura 14 - Enfermeiros do Hospital São Paulo, segundo a faixa etária. São Paulo, 2009. 27

Figura 15 - Enfermeiros do Hospital São Paulo, segundo o ano que terminaram a graduação. São Paulo, 2009. 27

Figura 16 - Enfermeiros do Hospital São Paulo, segundo o nível de pós-graduação. São Paulo, 2009. 28

Page 12: Tese Marcos Sousa Lima

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Áreas de especialização dos enfermeiros que participaram deste

estudo. São Paulo, 2009. 28

Tabela 2 – Indicações Clínicas para solicitação dos exames de RM, segundo os

enfermeiros do HSP. Hospital São Paulo, 2009. 29

Tabela 3 – Método de funcionamento da RM, segundo o enfermeiro do HSP.

Hospital São Paulo, 2009. 30

Tabela 4 – Orientações para o paciente / família que vai ser submetido à RM

segundo, os enfermeiros do HSP. Hospital São Paulo, 2009. 30

Tabela 5 – Contraindicações para se realizar o exame de RM, segundo os

enfermeiros do HSP. Hospital São Paulo, 2009. 31

Tabela 6 – Temas sobre a RM que os enfermeiros gostariam de conhecer.

Hospital São Paulo, 2009. 32

Page 13: Tese Marcos Sousa Lima

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

TC – Tomografia Computadorizada.

RM – Ressonância Magnética.

RNM – Ressonância Nuclear Magnética.

T1 – Tempo de relaxamento Longitudinal.

T2 – Tempo de relaxamento Transversal.

HCFMUSP – Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo.

CNRMN – Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear.

MHz – Mega Hertz.

T – Tesla.

RF – Radiofreqüência.

H – Hidrogênio.

G – Gauss.

Gd – Gadolínio.

RMF – Ressonância Magnética Funcional.

BOLD – Blood Oxygeneration Level Dependent effect.

HIV – Human Immunodeficiency Virus.

ACS – American Cancer Society.

USPIO – Ultrasmall Super-paramagnetic Iron Oxide.

ELT – Epilepsia do lobo temporal.

HSP – Hospital São Paulo.

UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.

SUS – Sistema Único de Saúde.

Page 14: Tese Marcos Sousa Lima

xiii

DDI – Departamento de Diagnóstico por Imagem.

APAC – Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade / Custo.

APA – Ambulatório de Pré-Anestesia.

UTI – Unidade de Terapia Intensiva.

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa.

MEC – Ministério da Educação e Cultura.

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior.

RNCB – Radiologie Nursing Certification Board.

ARNA – American Radiological Nurses Association.

PET-CT – Positron Emission Tomography – Computed Tomography

MPR – Multi Planar Reconstrucion

FDG – Fluordeoxiglucose.

FSN – Fibrose Sistêmica Nefrogênica.

TFG – Taxa de Filtração Glomerular.

USA – United State of América.

EUA – Estados Unidos da América.

ELT – Epilepsia do lobotemporal.

Page 15: Tese Marcos Sousa Lima

xiv

RESUMO

Objetivos: Identificar o perfil acadêmico e o nível de conhecimento dos enfermeiros

de um hospital universitário em Ressonância Magnética (RM) e verificar se eles

adquiriram esse conhecimento nos cursos de graduação ou pós-graduação.

Métodos: Estudo descritivo e exploratório utilizando um questionário em uma

amostra de 90 enfermeiros escolhidos por sorteio. O instrumento de coleta de dados

possuía questões investigando a especialização acadêmica do enfermeiro e o seu

conhecimento sobre RM, sendo respondido na presença do investigador.

Resultados: a maior parte dos enfermeiros tinha especialização lato sensu, mas

não tinham nenhum conteúdo programático sobre o assunto nos cursos que fizeram.

Demonstraram ter maior conhecimento sobre o preparo do paciente para RM e as

principais contra-indicações. Tinham pouco conhecimento sobre o funcionamento do

aparelho e ambiente de exame. Conclusões: Os enfermeiros possuíam regular

conhecimento sobre o exame de RM e adquiriram esse conhecimento na prática

profissional, pois o hospital possui esta modalidade de exame. Demonstraram

interesse em conhecer melhor o ambiente de exame e fatores relacionados à

prevenção de incidentes com pacientes.

Page 16: Tese Marcos Sousa Lima

1

1 INTRODUÇÃO

A Ressonância Magnética (RM) é um dos maiores avanços na área de

diagnóstico por imagem. Embora seja um exame não invasivo e não utilize contraste

iodado, requer um bom preparo do paciente, seja no rastreamento dos objetos

metálicos externos e internos ou na orientação quanto ao ambiente do exame. O

aspecto do aparelho (quando fechado), o ruído insistente e o tempo em que a

pessoa deverá ficar imóvel, podem ser um fator limitante a pacientes ansiosos,

agitados que possuem dor crônica, crianças e, sobretudo, a portadores de

claustrofobia.

A importância da RM como exame de imagem, o aumento de sua aplicação

em diversas áreas da medicina, o fato de ser custeada pelo Sistema Único de Saúde

(SUS) e ser um procedimento praticamente isento de riscos para o paciente indica a

necessidade de orientação prévia, com o objetivo de diminuir a impressão negativa,

a ansiedade e o medo que os pacientes, em geral, sentem pelo exame. A maior

parte dos pacientes, quando bem preparados, não precisam de sedação e

anestesia. São mais colaborativos, não sendo necessário adiar o término do exame.

Ainda como vantagens, aumentam a qualidade do exame e a otimização do

aparelho de ressonância.

A educação continuada em Radiologia para a enfermagem é ainda incipiente

em nosso País, uma vez que nos Estados Unidos da América (EUA) e Europa foi

maior a profundidade de conhecimento do tema, podendo ilustrar este avanço a

certificação em enfermagem em Radiologia pelo Radiology Nursing Certification

Board(1).

Considerando a escassa literatura sobre as orientações de enfermagem para

pacientes que serão submetidos a exame de RM, o autor deste estudo, que é

enfermeiro em um Serviço de Diagnóstico por Imagem e participou da implantação

do Setor de Ressonância Magnética do hospital, decidiu estudar este tema,

procurando saber, o que os enfermeiros do hospital conhecem sobre RM e se estão

preparados para orientar os clientes.

Page 17: Tese Marcos Sousa Lima

2

Acredita-se que os profissionais de enfermagem, sobretudo o enfermeiro, das

diversas áreas devem estar instrumentalizados com informações científicas

relacionadas aos exames de RM, da mesma forma que o fazem rotineiramente no

preparo de cirurgias e intervenções invasivas.

O autor deste estudo espera que ele possa colaborar, incentivando

enfermeiros da instituição campo de estudo, e os de fora, na melhoria dos protocolos

de atendimento ao paciente, que devem ser realizados no momento da marcação do

exame; na inclusão desse tema em cursos de educação continuada para

enfermeiros; nos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação e, no

aumento do interesse em pesquisa nessa área, por parte dos enfermeiros.

Page 18: Tese Marcos Sousa Lima

3

1.1 Objetivos

1. Verificar o perfil acadêmico dos enfermeiros do Hospital São Paulo (HSP);

2. Identificar qual o conhecimento dos enfermeiros do HSP sobre RM;

3. Verificar se esses enfermeiros tiveram informações sobre RM na graduação ou

pós-graduação;

4. Identificar, o que eles gostariam de aprender sobre a RM.

Page 19: Tese Marcos Sousa Lima

4

2 REVISÃO DA LITERATURA

A descoberta dos raios X (RX) por Roentgen, em 1895, representou a

primeira possibilidade de visibilização do corpo humano de forma não invasiva. Na

década de 1970, o diagnóstico por imagem mostrou um grande avanço com a

descoberta da Tomografia Computadorizada (TC) por Hounsfield e das experiências

de alguns cientistas que começaram a utilizar o fenômeno da RM (RM) para obter

imagens de seres vivos(2).

O primeiro experimento bem sucedido de Ressonância Magnética (RNM) foi

realizado, em 1946, por dois cientistas de forma independente, Félix Block, da

Universidade de Stanford e Edward Purcell, da Harward. Concluíram que alguns

núcleos quando colocados em Campos Magnéticos absorviam energia dentro de

uma faixa de rádiofrequência do espectro eletromagnético.

Na época, foi chamada de Ressonância Nuclear Magnética Nuclear, porque

apenas os núcleos de alguns átomos reagiam dessa maneira, Magnética porque é

necessário um campo magnético para concretizar o fenômeno e Ressonância pela

dependência da frequência dos campos magnéticos e da radiofrequência. Hoje, a

técnica é mais conhecida no meio científico por RM apenas, para não confundir o

termo nuclear com uso de substâncias radioativas(3). Bloch e Purcell receberam o

Prêmio Nobel de física em 1952, por essa descoberta.

Na década de 1970, a RM foi desenvolvida como uma ferramenta diagnóstica.

Raymond Damadian, um médico americano, mostrou que um parâmetro tissular da

RM (T1) era significativamente maior em tecidos cancerosos do que nos normais.

Passou então a estudar a construção de um aparelho de RM.

Em 1972, Paul Lauterbur utilizou um protótipo semelhante ao da Tomografia

Computadorizada (TC) na construção de imagens por RM e publicou o estudo na

revista Nature em 1973(4).

Em 1976, Peter Mansfield e colaboradores criaram as primeiras imagens de

uma parte do corpo, um dedo. Nesse evento, foi desenvolvida a transformação de

Fourrier, na qual a origem geométrica das ressonâncias emitidas pelos núcleos

Page 20: Tese Marcos Sousa Lima

5

transformados é detectada e calculada por uma análise matemática. Em 2003, o

Prêmio Nobel em Fisiologia foi concedido a Paul Lauterbur e Peter Mansfield pelas

descobertas que levaram ao desenvolvimento do método de imagem por RM(2).

O primeiro aparelho para fins diagnósticos foi instalado no Departamento de

Radiologia da Universidade de Manchester, construído pela companhia Picker com a

contribuição de cientistas de universidades inglesas.

No Brasil, o primeiro centro de RM de um hospital público nacional foi

inaugurado em 1990. Com esta conquista, o Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) tornou-se, na época, o hospital

da rede pública mais equipado do País(5).

Em 1998, foi instalado o Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear

(CNRM), no Centro de Ciências da Saúde sob a responsabilidade do então

Departamento de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Este Centro funciona como uma unidade multiusuária para a resolução de estruturas

de macromoléculas estudadas no Brasil e América do Sul por RM(6).

O Centro possui diversos equipamentos de ponta e recursos do Programa de

Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, para a aquisição dos

espectrômetros de RM de alta resolução, um de 600 MHz e outro de 400 MHz. Os

dois aparelhos possuem todos os acessórios necessários para experimentos de

determinação estrutural de macromoléculas e à estrutura química de compostos

orgânicos. Estes equipamentos foram os primeiros a serem instalados no País, com

a finalidade de determinação da estrutura de macromoléculas. O Projeto CT-infra

financiou também um aparelho de 800 MHz, o primeiro da América Latina e o

terceiro no Hemisfério Sul.

Em razão de sua alta tecnologia, as instalações são utilizadas por

pesquisadores do Brasil e de outros países, o que tem sido fundamental para a

formação de uma nova geração de jovens cientistas na área de Biologia Estrutural.

O trabalho realizado no Centro resultou em diversas publicações nas áreas de

estrutura de proteínas, enovelamento protéico, glicobiologia e produtos naturais(6).

Page 21: Tese Marcos Sousa Lima

6

O aparelho de Ressonância Magnética é composto pelos seguintes

elementos(7).

• Magneto – é o componente principal, produz o campo magnético e é medido

em Tesla (T) – unidade de medida de indução magnética. Existem três tipos

de magnetos no sistema: resistivos permanentes e supercondutores. São

usados para campos magnéticos altos e médios, e suas bobinas estão

voltadas para materiais criogênicos, o hidrogênio liquido (-195,8º) e o hélio

liquido (-268º);

• Bobinas de Gradiente – são formadas por três conjuntos e localizam-se no

magneto. Cada conjunto é ligado a um amplificador de gradiente e controlado

pelo computador, o que possibilita a geração de gradientes em qualquer

direção. Tem por finalidade gerar uma diferenciação espacial nos sinais

emitidos da área que está sendo examinada;

• Bobinas de Radiofrequência (RF) – funcionam como antenas para receber

e emitir ondas de RF. As principais são a bobina de corpo que circunda

totalmente o paciente, incluindo a mesa e as bobinas de superfície usadas

para envolver a parte do corpo a ser examinada;

• Sistema de controles e aquisição – este sistema localiza-se entre o

computador, o reconstrutor e os sistemas de gradiente e RF. É responsável

pela execução do método programado, aquisição e modulação dos sinais de

RM, transportando-os para o reconstrutor;

• Reconstrutor – executa todas as funções matemáticas, sendo necessário

para aumentar a velocidade nas reconstruções das imagens;

• Computador – é o elemento de controle dos “scans”, imagens e arquivos; e

• Mesa de exames – acionada por controles automáticos.

O equipamento de RM para obtenção de imagens contém várias bobinas para

produção de campos magnéticos. O campo principal é produzido por um solenóide

(o tubo roxo) e atua sobre os spins dos prótons do corpo, gerando um momento

Page 22: Tese Marcos Sousa Lima

7

magnético líquido na direção do campo. As bobinas de Helmholtz (as largas tiras

azuis) criam um campo adicional que varia ao longo da direção z (pés-cabeça). As

bobinas em sela (os pares de retângulos alaranjados e amarelos) produzem campos

adicionais que variam ao longo das direções x (direita-esquerda) e y (em cima -

embaixo). Estes campos superpostos fazem com que cada ponto do espaço tenha

um campo magnético que o identifique sem ambiguidades. Sinais de radiofrequência

produzidos por bobinas (fios verdes) para excitar os prótons do hidrogênio do corpo,

que, após a excitação, relaxam até sua condição inicial. Nesse processo, emitem

sinais de radiofrequência durante um intervalo de tempo que depende dos tecidos

de onde provêem. A frequência de excitação (ressonância) é proporcional ao valor

do campo local, bem como a frequência emitida pelo próton relaxando. Como cada

ponto do espaço tem um valor único de campo, é possível identificar de onde vêm

os sinais e reconstruir a imagem (Figura 1).

aFigura 1. O equipamento de RM para obtenção de imagens.

a Silva NC. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Físicas e Matemáticas. Departamento de Física. 2010.

Page 23: Tese Marcos Sousa Lima

8

Os acessórios componentes da RM são: máquina processadora de filmes,

negatoscópio, filmes radiográficos especiais, disco laser para arquivo e monitor

cardíaco.

O aparelho de RM é um túnel largo que funciona como um imã que cria um

campo magnético(8). Normalmente, este campo é orientado aleatoriamente, isto é,

não apresenta uma orientação específica. Para efetuar o exame, o paciente deverá

ser colocado em uma mesa móvel que o leve para dentro do tubo magnético. Este

faz com que os prótons do corpo se orientem a favor ou contra a direção do campo

magnético do aparelho. Pulsos curtos de radiofrequência são enviados para a área

que se pretende examinar, fazendo com que altere a orientação dos prótons. Dessa

forma, o corpo emite sinais que são transformados pelo computador, por meio de

uma operação algorítima em imagens digitais.

A descrição especifica do funcionamento da RM envolve técnicas que se

fundamentam em três etapas: alinhamento, excitação e detecção de

radiofrequência(3,8).

O alinhamento refere-se à propriedade magnética dos núcleos de alguns

átomos, que tendem a se orientar paralelamente a um campo magnético (como uma

bússola em relação ao campo magnético da Terra). Por razões físicas e pela sua

abundância no corpo humano, o núcleo de hidrogênio (próton) é o elemento utilizado

para produzir imagens. Assim, para que esses átomos sejam orientados em uma

certa direção, é necessário um campo magnético intenso. Quanto à excitação,

compreende-se que um núcleo de hidrogênio “vibra” em uma determinada

frequência proporcional ao campo magnético onde está localizado. Enfim, o

aparelho emite também uma onda eletromagnética na mesma frequência, existindo

uma transferência de energia da onda emitida pelo equipamento para os átomos de

hidrogênio, fenômeno conhecido como ressonância.

As imagens são produzidas na terceira etapa: detecção de radiofrequência.

Quando os núcleos de hidrogênio (H) recebem a energia, tornam-se instáveis. Ao

retornar ao estado habitual, emitem ondas eletromagnéticas na mesma frequência

(faixa de ondas de rádio). O equipamento detecta essas ondas e determina a

Page 24: Tese Marcos Sousa Lima

9

posição no espaço e a intensidade da energia, que é mostrada como “brilho” na

imagem, sendo utilizada a nomenclatura “intensidade de sinal”. Dependendo da

forma e do tempo, os átomos são excitados, as imagens poderão ser mais sensíveis

a diferentes propriedades dos tecidos.

bFigura 2. O próton de hidrogênio pode ser visto como uma pequena esfera (1), que possui um

movimento de giro, ou spin, em torno de seu próprio eixo (2); por ser uma partícula carregada po-

sitivamente (3), gerará um campo magnético próprio a seu redor (4), comportando-se, como um

pequeno dipolo magnético (4) ou como um imã (5), com um momento magnético (µ) associado.

A unidade padrão para medir a força de um campo magnético é a Tesla (T), é

a unidade de fluxo magnético ou indução magnética. Uma T corresponde a 10.000

gauss (G), que é a unidade de medida da densidade do fluxo magnético. O campo

magnético da Terra equivale a 0,5 gauss(9).

Os aparelhos de RM podem ter campo magnético a partir de 0,2 T, podendo

chegar a 3T, e os aparelhos de menor campo são de menor custo e têm melhor

aparência para os pacientes com claustrofobia porque possuem um túnel mais

aberto e curto. Em contrapartida, têm menor resolução espacial e resultados(10)

inferiores aos de alto campo.

A maioria dos aparelhos de RM utiliza alto campo magnético de 1,5 T, mas

alguns centros de assistência e pesquisa já possuem aparelhos com campo de 3 T.

As vantagens desses equipamentos são maiores avanços na qualidade das imagens

e melhor resolução temporal(11). Em outros paises, existem estudos avançados

b Mazzola AA. Ressonância magnética: princípios de formação da imagem e aplicações sem imagem funcional. Revista Brasileira de Física Médica. 2009; 3(1):117-29.

Page 25: Tese Marcos Sousa Lima

10

avaliando o equipamento de RM com campo magnético três vezes mais forte (8 a 9

T) que os equipamentos convencionais (até 3 T). Isso possibilitará aos cientistas a

captura de sinais não só das moléculas que contêm hidrogênio, mas também de

outros elementos responsáveis pelo metabolismo do cérebro: sódio, fósforo,

carbono, nitrogênio e átomos de oxigênio. As imagens detalhadas deverão ajudar os

médicos a detectarem sutis mudanças na química do cérebro que precedem certas

doenças, permitindo assim tratamento antecipado. Especialistas em proteção

radiológica não ionizante avaliam os riscos para os pacientes em exposição a

campos magnéticos tão potentes(12).

Para aumentar a sensibilidade e especificidade desse procedimento

diagnóstico, em algumas situações, utiliza-se o contraste paramagnético que possui

como elemento ativo o gadolínio (Gd). Seu mecanismo de ação se dá pelo

encurtamento do tempo de relaxamento dos prótons da água, acelerando a

velocidade do alinhamento entre os prótons e o campo magnético principal, obtendo-

se um sinal mais ampliado de RM(13), (Figura 3).

cFigura 3. Imagem de RM em corte coronal ponderado em T1 com contraste, mostrando massa

tumoral na região do clívus, destruindo a sela turca e o seio esfenoidal, crescendo assimetricamente

mais à E e comprimindo à face medial do lobo temporal E.

c Mazzola AA. Ressonância magnética: princípios de formação da imagem e aplicações sem imagem funcional. Revista Brasileira de Física Médica. 2009;3(1):117-29.

Page 26: Tese Marcos Sousa Lima

11

Esse produto possui baixa possibilidade de provocar reações anafiláticas

quando comparado aos iodados utilizados nos exames tomográficos. Pode ocorrer

uma reação de hipersensibilidade tardia com presença de náusea, vômito, urticária e

dispnéia. O gadolínio deve ser evitado quando possível para gestantes e sua

indicação para pacientes com doença renal crônica avançada é limitada pelo risco

de desenvolvimento da fibrose nefrogênica sistêmica(14-16).

.

dFigura 4. Imagem turbo spin eco ponderada em T2, mostrando na imagem ampliada a resolução de

contraste obtida em razão das diferenças nos tempos T2, entre os tecidos envolvidos.

Obrigatoriamente, a RM requer estrutura física especializada para seu

funcionamento(7). Deve ser composta dos seguintes ambientes: área de detecção de

metais, sala de indução e recuperação anestésica, posto de enfermagem e serviços,

sala de exames de RM, sala de comando, sala de laudos e interpretação, sala de

componentes técnicos (computadores, compressor, hélio) e vestiário com sanitários. d Mazzola AA. Ressonância magnética: princípios de formação da imagem e aplicações sem imagem funcional. Revista Brasileira de Física Médica. 2009;3(1):117-29.

Page 27: Tese Marcos Sousa Lima

12

Deve ter outros ambientes comuns a outros serviços de saúde, como sala de espera

para pacientes e acompanhantes, expurgo e depósito de materiais de limpeza,

secretaria e sanitários.

A sala de exames de RM deve ser provida de blindagem magnética

para restringir o campo e evitar sua propagação às áreas vizinhas. Preconiza-se

também a blindagem da radiofrequência que pode ser interna ao magneto ou

externa, uma sala blindada (Figuras 5 e 6).

eFigura 5. Sala do computador que manipula as imagens de RM do Hospital São Paulo (HSP).

e Sala da Ressonância Magnética do Hospital São Paulo, São Paulo. 2010.

Page 28: Tese Marcos Sousa Lima

13

fFigura 6. Sala da RM.

A RM trouxe maior compreensão para elucidação de muitos diagnósticos,

sendo mais sensível que a tomografia para diagnosticar certas doenças e lesões,

tais como: esclerose múltipla, tumores na hipófise e no cérebro, infecções no

cérebro, medula espinhal ou articulações; visibilizar ligamentos ou tendões rompidos

no punho, joelho, tornozelo; lesões no ombro, na articulação temporomandibular;

avaliar massas nos tecidos moles do corpo, cistos e hérnias de disco na coluna,

tumores ósseos e acidentes vasculares em seus estágios iniciais(17).

As imagens de RM têm maior capacidade de demonstrar mínimas alterações

em doenças desmielizantes e diferenciar a substância branca e cinzenta do cérebro

em regiões do cerebelo e núcleos de base, daí sua importância para a psiquiatria(18).

A evolução de magnetos supercondutores das bobinas de pulso, capazes de

gerar gradientes elevados e com boa homogeneidade de campo, permitiu que a

RMF (Ressonância Magnética Funcional) se estabelecesse, como uma das

ferramentas mais rápidas e eficazes no campo da neurociência. Descrito por

Bellineau et al., em 1991, surgiu como um método não invasivo capaz de mapear f Sala de aparelho de ressonância magnética do laboratório Delboni Auriemo. São Paulo. 2010.

Page 29: Tese Marcos Sousa Lima

14

funcionalmente as áreas corticais. Com a utilização de técnicas especiais, como a

sequência BOLD, podem ser observadas pequenas variações da intensidade do

sinal pela ativação cerebral. Entre os assuntos mais estudados nessas imagens,

destacam-se a percepção visual, o movimento voluntário, o controle motor, a

atenção e a memória, tendo sido empregada nas doenças mentais, como a

esquizofrenia, Alzheimer e outras(18-19) (Figura 7).

gFigura 7. Doença de Alzheimer: dramática redução volumétrica temporal mesial bilateral,

envolvendo os hipocampos e giros para-hipocampais, com alargamento compensatório dos cornos

temporais dos ventrículos laterais, o que é desproporcional à redução volumétrica do restante do

parênquima cerebral.

A utilização da RM intraoperatória é um grande avanço para tratamento de

gliomas cerebrais, especialmente, os gliomas encefálicos e os tumores da hipófise.

A técnica permite monitorar em tempo real o processo cirúrgico, mostrando com

exatidão as estruturas cerebrais relacionadas com a lesão. O HC da FMUSP, em

convênio com a Secretaria da Saúde, criaram um centro cirúrgico com RM onde têm

sido realizadas cirurgias para ressecção de neoplasias cerebrais(20).

Outra nova técnica bastante útil em neurorradiologia é a espectroscopia de

prótons. As imagens são apresentadas por gráficos e demonstram picos de diversos

g Fleury – Medicina e Saúde. 2010

Page 30: Tese Marcos Sousa Lima

15

metabólitos no cérebro, que apresentam radiofrequência e intensidades diferentes.

Para que uma substância seja detectada pela espectroscopia de prótons, deve ter

concentração maior que 0,5 – 1,0 mmd/l e, portanto, a maioria dos

neurotransmissores e os aminoácidos essenciais não são detectados. No entanto, é

possível fazer diagnósticos de várias situações, como: encefalopatias hepáticas

subclínicas, pré-transplante hepático, diagnóstico diferencial de síndromes

demenciais, monitorização de neoplasias cerebrais, hipóxia neonatal, erros inatos do

metabolismo e encefalite por HIV(21-23).

A recente publicação do Consenso Americano sobre Ressonância Magnética

Cardíaca refere que a RM tem inúmeras vantagens na área da Cardiologia, sendo a

primeira delas, a ausência de radiação ionizante; a segunda, é sua capacidade de

avaliar todo o corpo humano e a terceira, pode demonstrar, tanto os aspectos

anatômicos e os funcionais como o fluxo sanguíneo(24).

É recomendada na avaliação de pacientes com insuficiência cardíaca, na

doença arterial coronariana, na doença cardíaca congênita simples e complexa. Em

pacientes com doença valvar, é considerado o método de imagem de primeira linha

por sua habilidade em mensurar de forma precisa o volume e a fração

regorgitante(25).

A avaliação do sistema vascular incluindo a detecção da doença da aorta

também é demonstrada pela RM, sendo outras aplicações na área da Cardiologia:

avaliação de doenças pericárdicas, identificação e caracterização de massas

cardíacas. Dentre as modalidades diagnósticas não invasivas, a RM é considerada o

padrão de preferência pela sua alta eficácia e reprodutibilidade. Não é operador

dependente nem apresenta limitação da janela acústica como, na ecocardiografia(26-

28) (Figura 8).

Page 31: Tese Marcos Sousa Lima

16

hFigura 8. A Angiorressonância Magnética de Alto Campo 1,5 T e Supercondutor 3,0 T também são muito precisos no diagnóstico dos aneurismas.

O exame de RM das mamas vem sendo utilizado, como método

complementar à mamografia, sobretudo nos casos de mamas radiograficamente

densas. Tem sido apontado como um método promissor, tanto no diagnóstico como

no estadiamento do câncer de mama, sendo capaz de detectar o câncer mamário

oculto por métodos convencionais, como a mamografia e o ultrassom(29).

Embora não seja o exame de imagem mais especifico para diagnosticar essa

doença, é o método mais sensível e foram identificadas diversas indicações em

casos de lesões mamárias, como rastreamento da mama contralateral em mulher

com câncer de mama lobular invasor, na procura de lesão primária oculta em

mulheres com metástases axilares, na detecção de achados duvidosos na

mamografia e ultrassonografia, para verificar a presença e extensão de doença

residual, para avaliar a resposta à quimioterapia neoadjuvante e na avaliação de

implantes mamários. Recentemente, a ACS (American Câncer Society) recomendou

h Kuntz KM, Fleischmann KE, Hunink MG, Douglas PS. Cost-effectiveness of diagnostic strategies for patients with chest pain. Ann InternMed 1999;130:709-18.

Page 32: Tese Marcos Sousa Lima

17

que mulheres com alto risco para câncer de mama devem reduzir o intervalo entre

os exames preventivos, incluindo a RM com a mamografia(29-30) (Figura 9).

iFigura 9. RM mamária em paciente com carcinoma ductal invasivo na mama direita.

Na avaliação do abdome e pelve, algumas indicações da RM coincidem com

as da TC, por exemplo, na área de oncologia. A caracterização tecidual é uma

vantagem da RM, podendo-se destacar a avaliação da esteatose hepática ou

tumores, contendo gordura intra ou extracelular, sobrecarga de ferro, entre outras. A

colangio RM e a uro RM proporcionam imagens semelhantes aos estudos

contrastados tradicionais, porém, sem a necessidade de agentes de contraste. Na

avaliação da pelve, podemos citar o estudo da neoplasia de reto e das fístulas

anorretais que são avanços recentes. Também as doenças ginecológicas como

tumores uterinos e ovarianos e a endometriose têm se beneficiado da RM. No

homem, a RM da próstata com bobina endorretal constitui uma ferramenta para o

estadiamento das neoplasias. Novos agentes de contraste, como o USPIO

(Ultrasmall Superparamagnetic Iron Oxide) e novas técnicas como a difusão, bold e

espectografia são promissoras e encontram-se em estágio de pesquisa(31-33).

A RM também é utilizada em pediatria e engloba desde o recém-nascido de

400g até o adolescente. A natureza claustrofóbica do aparelho, o ambiente pouco

familiar do exame, a necessidade de manter-se durante um longo tempo imóvel

representam um desafio para a enfermagem e técnicos de radiologia. Por esse i Alvares BR, Michell M. O uso da ressonância magnética na investigação do câncer mamário. Radiol Bras [online]. 2003, 36(6): 373-8

Page 33: Tese Marcos Sousa Lima

18

motivo, muitas vezes, o exame é feito sob sedação ou anestesia, o que exige maior

tempo de preparo no setor de radiologia e uma equipe de enfermagem bastante

treinada, seja do ponto de vista físico ou emocional(34).

A maior indicação de RM em crianças são os exames da cabeça e medula, e

uma das causas mais comuns de solicitação de RM é a epilepsia do lobotemporal

(ELT), responsável por crises convulsivas complexas parciais, doenças da hipófise,

tumores intracranianos, hidrocefalia e exames de angiorressonância magnética que

permitem uma ótima visibilidade de pequenos vasos, permitindo o diagnóstico de

anomalias vasculares congênitas. Nos exames de coluna, as indicações são as

lesões congênitas, escoliose, doenças degenerativas, inflamatórias e lesão

obstétrica do fluxo branquial. As indicações músculoesqueléticas são relacionadas

às anomalias congênitas, tumores e trauma. No corpo, a RM é utilizada para

diagnósticos de anormalidades congênitas do sistema reprodutor, anomalias

congênitas do coração e grandes vasos, anormalidades vasculares, tumores e ânus

imperfurado(34) (Figura 10).

jFigura 10. Ressonância nuclear magnética de uma criança. O cariótipo evidenciou mosaicismo

cromossômico com uma linhagem normal.

j Almeida AS, Cechin WE, Ferraz J, Rodriguez R, Moro A, Jorge R, Rosa LC. Hipomelanose de Ito - relato de um caso. J Pediatr (Rio J) 2001;77(1):59-62

Page 34: Tese Marcos Sousa Lima

19

Em obstetrícia, o emprego da RM vem crescendo progressivamente, desde a

primeira vez que foi utilizada em 1983. As principais indicações para seu emprego

são: oligoidrâmnio com suspeita de anomalia fetal, estudo do crescimento fetal,

placenta prévia, acretismo, incompetência istmocervical, estudo da anatomia

materna, prenhez ectópica e, sobretudo, confirmar a detecção de anomalia fetal pela

ultrassonografia ou modificações dos órgãos e tecidos maternos(35-36).

Estudo realizado em gestantes com diagnóstico ultrassonográfico de

malformação fetal, a fim de estabelecer benefícios e limites diagnósticos

proporcionados pela RM, obtiveram resultados que os estudos complementares com

a RM trouxeram informações adicionais em 60% dos casos. Os maiores benefícios

foram aumento do campo de avaliação, maior resolução tecidual e aumento da

sensibilidade em pacientes obesos e com oligoidrâmnio. Os limites foram no estudo

do coração e esqueleto fetal e na avaliação do movimento fetal e do fluxo

sanguíneo(37).

A gravidez não é contraindicação para RM, mesmo no primeiro trimestre, mas

não deve ser utilizada com meio de contraste(38).

kFigura 11. RM fetal. Cortes sagitais e axiais “fast” spin-eco ponderados em T2, sagitais ponderados

em T1 e cortes sagitais e axiais gradiente-eco ponderados em T1. Aspectos observados: líquido

amniótico aumentado de volume, placenta única inserida na parede anterior e dois fetos unidos pelas

porções anteriores do tórax e do abdome.

k Teixeira AC, Julio H, Mazer S, Urban BLAD. Gemelidade imperfeita: avaliação pelos métodos de imagem. Radiol Bras 2003;36(1):57–60

Page 35: Tese Marcos Sousa Lima

20

A qualidade da imagem da RM está diretamente proporcional à idade da

gestação. A anatomia fetal é melhor descrita em gestações mais avançadas,

sobretudo a partir da 24ª semana. É importante ressaltar que a RM no diagnóstico

pré-natal é considerada um método complementar à ultrassonografia(37).

De forma geral, as restrições absolutas para o exame nos pacientes são

obesidade mórbida que impeça a entrada no túnel do aparelho e o uso de marca-

passo cardíaco. São contraindicações relativas os grampos intracranianos de

aneurisma, implantes cocleares, implantes oculares, estimuladores neurocutâneos,

próteses cardíacas, implantes penianos e esfíncteres artificiais, dependendo da data

de manufatura e composição da órtese ou prótese. Pacientes com corpos estranhos

metálicos dentro da cavidade orbitária ou cujo objeto esteja posicionado em uma

estrutura neural, vascular ou de tecidos de partes moles também não devem se

submeter à RM, assim como pacientes que se submeteram à cirurgia recente e com

colocação de grampos cirúrgicos vasculares (menos de 2 meses). Pacientes com

prótese ortopédica ou ferimento por arma de fogo podem submeter-se ao exame,

exceto se for na região da prótese ou projétil. Pacientes com filtro em veia cava

podem se submeter ao exame, desde que o filtro tenha sido colocado há mais de 6

semanas. Os cateteres venosos centrais de Swanganz, sondas nasogástricas e

dispositivos venosos não metálicos não apresentam problemas(17).

No entanto, é necessário o preenchimento correto dos formulários que fazem

o rastreamento de objetos e dispositivos metálicos que serão avaliados pelo

radiologista. Existe literatura disponível, como manuais e consensos com vasta lista

de dispositivos utilizados em implantes externos ou internos que podem ser

identificados por ano de fabricação, marca comercial, materiais de composição e se

forem compatíveis com a RM(38-40).

Pacientes sob ventilação mecânica podem ser submetidos ao exame de RM,

utilizando aparelhos compatíveis com o equipamento de ressonância, com

componentes não ferromagnéticos e com filtros(17).

Alguns requerem sedação ou anestesia geral como: recém-nascidos,

crianças, adultos com confusão mental, portadores de claustrofobia ou síndrome do

pânico e pacientes que vão ser submetidos a procedimentos cirúrgicos na RM.

Page 36: Tese Marcos Sousa Lima

21

Embora seja um procedimento não invasivo, a RM pode provocar alguns

desconfortos e ansiedade em pacientes, estes devem ficar completamente imóveis

por longos períodos que podem durar de 20 a 60 minutos, podendo ser um tempo

ainda maior. O menor movimento da parte do corpo que está sendo examinada pode

fazer com que as imagens fiquem distorcidas e tenham de ser refeitas. A máquina

faz muito barulho, produzindo sons de batidas continuas e rápidas, que podem ser

desconfortáveis, embora os pacientes recebam protetores de ouvido para diminuir o

barulho.

Estudos realizados sobre os desconfortos provocados em pacientes pelo

exame de RM relatam que a imobilidade e o pequeno espaço do túnel onde fica o

paciente, produziu em alguns sensação de estar em um caixão funeral e estas eram

piores nos portadores de fobia(41-42).

Haddad et al43, citam que a enfermagem deve estar habilitada para orientar os

pacientes que vão ser submetidos a exame de RM, com o objetivo de reduzir a

ansiedade e o estresse, tornando a assistência mais humanizada. Acreditam ser

necessário oferecer informações e apoio emocional aos pacientes; essa atitude ética

vem sendo resgatada por profissionais, atentos aos desejos e necessidades dos

clientes. Outros autores enfatizam que a importância da avaliação de forma

planejada e individualizada irá favorecer o uso de estratégias e intervenções,

visando à garantia da segurança do paciente, um exame tranquilo e a qualidade das

imagens(44-47).

Compreende-se, portanto, a necessidade de favorecer a capacitação do

enfermeiro em relação a como ocorre um exame de RM, os possíveis desconfortos e

fobias que podem provocar nas pessoas, evitando assim estresse e incidentes

durante o exame(46-47).

Page 37: Tese Marcos Sousa Lima

22

3 MÉTODOS

Para atender aos objetivos deste estudo, foram utilizados os métodos

descritivo e exploratório. Os estudos descritivos usam um desenho para buscar

informações precisas sobre instituições, situações, grupos de pessoas ou sobre a

frequência de ocorrência de um fenômeno, quando não se tem muitas informações

sobre este e usam os dados para justificar as condições e práticas atuais ou para

fazer planos de mudanças(48).

3.1 Local da pesquisa

O local da pesquisa foi o HSP - Universidade Federal de São Paulo -

UNIFESP. Trata-se de um hospital universitário geral, de porte especial que atende

pelo SUS, possui menos de 5% de leitos de convênios, sendo referência para

atendimentos especializados em uma extensa região da cidade de São Paulo.

Possui 743 leitos com 15% do total de terapia intensiva, um Pronto Socorro aberto

que atende a todas as especialidades médicas e um ambulatório com mais de 160

subespecialidades que atende cerca de 5.000 pessoas / dia.

O Departamento de Diagnóstico por Imagem (DDI) do Hospital São Paulo faz

2.600 exames por dia, sendo 68 de RM. O setor de RM fica no 2º subsolo do prédio,

nº 800 da Rua Napoleão de Barros. Funciona 24 horas ao dia, de segunda a sexta-

feira. Cerca de 40% dos exames são de pacientes internados, sendo o restante

agendado para o Pronto Socorro, Ambulatório e parceria com a Secretaria da Saúde

do Município.

O setor tem dois aparelhos de RM, sendo o primeiro da marca Philips modelo

Gyroscam, adquirido em 1998. O outro mais moderno, da marca Siemens, modelo

Sonata, foi adquirido em 2003 e ambos são 1,5 T.

No setor, trabalham quatro recepcionistas e escriturários, uma enfermeira,

oito técnicos de enfermagem, 15 técnicos de radiologia, médicos, residentes,

preceptores e professores.

Page 38: Tese Marcos Sousa Lima

23

O agendamento do exame é realizado na Secretaria do Setor, mediante

solicitação médica e o preenchimento da Autorização para Procedimentos de Alta

Complexidade (APAC). Nesse momento, o paciente recebe as orientações escritas

para o exame. Caso seja necessário anestesia, ele será encaminhado para uma

avaliação pré-anestésica no APA (ambulatório de pré-anestesia), e orientado a

trazer o formulário do anestesista.

Para o agendamento dos pacientes internados também são necessárias a

solicitação médica e a autorização para procedimentos de alta complexidade que,

em geral, são encaminhadas ao setor de RM pelo Serviço de Enfermagem. Os

exames são agendados, conforme a urgência; e a enfermagem da RM avisa à

enfermagem das unidades, comunicando a data, o horário e o preparo necessário.

Todos os protocolos de preparo e orientações para o exame na instituição estão

agrupados no anexo 1. No dia do exame, o paciente responde a um questionário

com dados pessoais, informações sobre sua saúde, uso de prótese e objetos

metálicos e assina o Termo de Consentimento para o exame. (Anexo 2).

3.2 População / Amostra

A população do estudo compreendeu 445 enfermeiros que correspondiam ao

quadro de enfermeiros do HSP, na época da pesquisa.

A Diretoria de Enfermagem divide-se em 11 serviços compostos por unidades

com especialidades médicas semelhantes, e cada uma possui uma gerente de

enfermagem. São eles: Serviço de Enfermagem em Emergência, Serviço de

Enfermagem de Apoio ao Pronto Socorro, Serviço de Enfermagem em

Anestesiologia (UTIs de pós-operatório), Serviço de Enfermagem em Clinicas

Especializadas, Serviço de Enfermagem Cirúrgica, Serviço de Enfermagem Médico-

Cirúrgica, Serviço de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Serviço de Enfermagem em

Saúde Suplementar, Serviço de Enfermagem em Pediatria e Obstetrícia, Serviço de

Enfermagem em Meios Diagnósticos, Serviço de Enfermagem do Paciente Externo,

além da Coordenadoria de Ensino e Pesquisa que conta com 9 enfermeiros que

Page 39: Tese Marcos Sousa Lima

24

atuam na seleção, treinamento e capacitação de funcionários. O número de

enfermeiros por serviço varia, conforme seu tamanho e complexidade.

Para compor a amostra foram calculados 20% do total de enfermeiros sendo,

portanto, 90 profissionais. O método de amostragem probabilística foi usado, tendo

como método o sorteio para escolha dos sujeitos. A seleção aleatória ocorre quando

cada elemento da população tem chance igual e independente de ser incluído na

amostra(48).

Do sorteio, foram excluídos os enfermeiros do DDI e os do Centro Cirúrgico.

Os primeiros por possuírem conhecimento diferenciado das técnicas de exames por

imagem, e os segundo por não fazerem encaminhamento de pacientes para

exames. Foram excluídos também os enfermeiros que estavam de licença-médica

prolongada ou licença -maternidade.

Para a realização do sorteio, todos os nomes dos enfermeiros foram

transcritos em pequenos papéis avulsos nos quais constavam também sua unidade

e turno de trabalho. Foram escolhidos 90 papéis e o restante ficou guardado para

ser realizado novo sorteio, caso não fosse possível completar os 90 nomes. O

sorteio foi feito pelo pesquisador e a co-orientadora do estudo.

3.3 Instrumento de coleta de dados

Um instrumento para coleta de dados foi construído, contendo dados de

identificação, duas questões sobre a aquisição de conhecimentos a respeito da RM

na graduação ou pós-graduação e em quais disciplinas e cinco perguntas abertas,

questionando o conhecimento do enfermeiro sobre o assunto: indicações clínicas

para o exame, funcionamento do aparelho, orientações para exame e

contraindicações. Finalizando, foi questionado se ele achava importante conhecer

mais sobre a RM, e o que considerava importante aprender (Anexo 3).

O instrumento foi testado por nove enfermeiros do Hospital que, na época,

trabalhavam como assessores da Diretoria de Enfermagem ou Coordenadoria de

Ensino e Pesquisa. Embora nenhum deles trabalhasse diretamente com o paciente,

Page 40: Tese Marcos Sousa Lima

25

todos já foram enfermeiros assistenciais e tiveram oportunidades de encaminhar e

orientar pacientes para exame de RM.

Após a aplicação do teste, os enfermeiros que participaram, disseram que

precisavam de, pelo menos, 20 minutos para responder às questões e sugeriram

que a devolução do questionário fosse feita de forma imediata para o pesquisador.

Sugeriram também o acréscimo da última questão, pois as outras não esclareciam

se achavam importante ou não conhecer o exame.

3.4 Procedimento de coleta de dados

A coleta de dados ocorreu nos meses de agosto, setembro e outubro de

2009, depois da aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

UNIFESP/EPM. (Anexo 4). O pesquisador procurou os enfermeiros sorteados no

horário de trabalho e explicou-lhes os objetivos do estudo, apresentando o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 5). Muitos enfermeiros estavam muito

ocupados e preferiram agendar dia e horário mais apropriados, uma vez que o

questionário deveria ser respondido na presença do investigador.

Ao receber o questionário de volta, o pesquisador certificava com o

participante se ele não havia esquecido de responder alguma questão. Alguns

enfermeiros estavam de férias ou licença, e o investigador teve de voltar algumas

vezes ao seu lugar de trabalho. Outros não aceitaram responder, alegando pouco

tempo e excesso de questionários de pesquisa na instituição. Para o preenchimento

de 90 entrevistas, foram realizados mais dois sorteios pela co-orientadora e

pesquisador.

3.5 Tratamento dos dados

Os resultados das questões fechadas foram inseridos em um banco de

dados, e tratados com estatística descritiva. Os dados das questões abertas foram

agrupados por semelhança em tabelas e analisados quantitativamente.

Page 41: Tese Marcos Sousa Lima

26

4 RESULTADOS

Participaram do estudo 90 enfermeiros do HSP, sendo 71 (79%) do sexo

feminino e 19 (21%) do masculino.

Para verificar se a amostra teve representatividade nos diversos turnos de

trabalho e nos serviços de enfermagem, os enfermeiros foram divididos por turno e

área de trabalho. Estes dados estão demonstrados nas Figuras 12 e 13.

Figura 12 - Enfermeiros do HSP, por turno de trabalho. São Paulo, 2009.

Figura 13 - Enfermeiros do HSP, segundo área de trabalho. São Paulo, 2009.

A faixa etária dos participantes variou de 22 a 56 anos de idade e serão

apresentadas por faixa etária nos dados da Figura 3.

39%

29%

32%

ManhãTardeNoturno

23%

19%

16%13%

11%

6%12%

Clínica Médica

Clínica CirúrgicaTerapia Intensiva

EmergênciaPediatria e Obstetrícia

ConvêniosAmbulatórios

Page 42: Tese Marcos Sousa Lima

27

Figura 14 - Enfermeiros do HSP, segundo a faixa etária. São Paulo, 2009.

O ano de graduação dos enfermeiros variou de 1976 a 2008 e está

demonstrado nos dados da Figura 4.

Figura 15 - Enfermeiros do HSP, segundo o ano que terminaram a graduação. São Paulo, 2009.

Verificou-se também, quais dos participantes do estudo tinham cursado pós-

graduação: 2 enfermeiros tinham doutorado; 7 mestrado; 59 especialização e 22 não

tinham nenhum curso. Quatro ainda estavam terminando o curso de especialização

e optou-se por considerá-los, como curso concluído. Estes dados estão

apresentados na Figura 15.

6% 6%

10%

12%

18%26%

22% 1976-19811976-19811982-19871988-19931993-19981999-20042004-2008

2% 8%

25%

29%23%

9%

8% 6%

22-27 anos

28-33 anos

34-39 anos

40-45 anos

46-51 anos

> que 51 anos

Page 43: Tese Marcos Sousa Lima

28

Figura 16 - Enfermeiros do HSP, segundo o nível de pos graduação. São Paulo, 2009.

Quanto à área de pós-graduação, uma enfermeira fez o Doutorado no

Departamento de Cirurgia da Medicina (Cirurgia Plástica) e outra no Departamento

de Medicina (Clínica Médica). Cinco enfermeiras fizeram o curso de Mestrado na

Escola Paulista de Medicina em disciplinas de Clinica Médica e duas na Escola

Paulista de Enfermagem em Enfermagem Pediátrica. Dos 59 que fizeram ou

estavam cursando especialização, 55 (93,2%) fizeram na Escola Paulista de

Enfermagem, e 6 possuíam dois cursos de especialização. As áreas estão

representadas nos dados da Tabela 1.

Tabela 1 – Áreas de especialização dos enfermeiros que participaram do estudo.

São Paulo, 2009.

Áreas de especialização Nº

Cardiologia

Gerenciamento em Enfermagem

Terapia Intensiva

Emergência

Centro Cirúrgico

Infectologia

Pediatria

Obstetrícia

Nefrologia

15

13

11

09

05

05

04

02

02

Legenda:

Nº = número.

2% 8%

66%

24%

DoutoradoMestradoEspecializaçãoNão tem

Page 44: Tese Marcos Sousa Lima

29

Quando questionados sobre o fato de terem recebido orientação sobre a RM

nos cursos de graduação ou pós-graduação, os 90 participantes (100%)

responderam não conhecer.

Quanto ao conhecimento sobre as indicações clinicas do exame de RM,

pouco mais da metade, 51 (56,5%), responderam que tinham e 39 (43,4%) não. As

indicações clínicas citadas pelos respondentes estão descritas nos dados da Tabela

2.

Tabela 2 – Indicações Clínicas para a solicitação de exames de RM, segundo os

enfermeiros do HSP. Hospital São Paulo, 2009.

Indicações Clínicas da RM Nº de citações

Diagnóstico e estadiamento de tumores Confirmação diagnóstica de imagens da tomografia Imagens músculoesqueléticas Imagens do SNC Estudo detalhado de estruturas ósseas Imagens da coluna Exame de fluxo cardíaco Situações de rebaixamento de consciência sem causa metabólica Pesquisa de sangramentos Imagens da cavidade abdominal Pancreatites Quando o paciente for alérgico a contraste Pacientes com esquizofrenia

19

17

13

11

08

06

04

04

04

03

02

02

01

Legenda:

Nº = número.

O questionário também abordava se o enfermeiro conhecia o mecanismo de

funcionamento da RM. Apenas 27 (30%) responderam que conheciam e 63 (70%)

não conheciam. As explicações sobre o funcionamento da RM foram muito sucintas

e estão descritas nos dados da Tabela 3.

Page 45: Tese Marcos Sousa Lima

30

Tabela 3 – Método de funcionamento da RM, segundo enfermeiro do HSP. Hospital

São Paulo, 2009.

Modo funcionamento da RM Nº de citações

Por meio de ondas eletromagnéticas

Por meio de um campo de forças magnéticas

Por meio de raios magnéticos

Utiliza radiofrequência e ondas eletromagnéticas

Não utiliza raios ionizantes

10

07

06

02

02

Legenda:

Nº = número.

Quanto ao conhecimento dos enfermeiros em relação às orientações para o

paciente que seria submetido ao exame, a maior parte 63 (70%) respondeu que

conhecia e 27 (30%) não conhecia. Os dados da Tabela 4 mostram as orientações

citadas.

Tabela 4 – Orientações para o paciente / família que vai ser submetido à RM,

segundo enfermeiros do HSP. Hospital São Paulo, 2009.

Orientações Nº de citações

Retirar objetos de metal antes do exame

Jejum de 4 horas

Jejum se necessário

Explicar o ambiente do exame

Explicar que não pode se mexer durante o exame

Explicar que o aparelho faz barulho

Informar o paciente quando o exame for feito sob anestesia

Retirar próteses dentárias

Avisar o médico da RM quando o paciente tem Insuficiência Renal

Explicar a finalidade do exame

Solicitar que vá com acompanhante

Avisar o médico / enfermagem que o paciente é agitado

Solicitar para aumentar a ingestão de líquidos

54

47

21

19

13

11

09

07

05

04

03

01

01

Legenda:

Nº = número.

Page 46: Tese Marcos Sousa Lima

31

Na abordagem do conhecimento do enfermeiro sobre contraindicações do

exame, mais da metade 56 (62,3%) respondeu conhecer e 34 (37,7%) não. As

contraindicações citadas são apresentadas nos dados da Tabela 5.

Tabela 5 – Contra indicações para se realizar o exame de RM, segundo os

enfermeiros do HSP. Hospital São Paulo, 2009.

Contraindicações Nº de citações

Portadores de marca-passo

Pacientes com claustrofobia grave

Uso de próteses metálicas ou clipes de aneurismas

Gravidez

Sobrepeso

Alergia ao contraste

Agitação

Pacientes sob ventilação mecânica

Pacientes com drogas em bomba de infusão

Insuficiência renal

Portadores de epilepsia

Ter aparelho dentário fixo

Ter sido operado recentemente

Distúrbios psiquiátricos

Portador de tatuagem

43

37

36

23

11

08

07

05

03

02

02

02

02

01

01

Legenda:

Nº = número.

A última pergunta questionava o enfermeiro, se ele tinha interesse em

aumentar seus conhecimentos sobre a R.M. A maior parte 71 (78,9%) respondeu

“sim” e 19 (21,1%) “não”. Os temas mais citados pelos que responderam “sim”

estão descritos nos dados da Tabela 6.

Page 47: Tese Marcos Sousa Lima

32

Tabela 6 – Temas sobre a RM que os enfermeiros gostariam de conhecer. Hospital

São Paulo, 2009.

Temas sobre a RM que gostariam de conhecer Nº de citações

Ambiente e condições do exame

Contraindicações que podem causar acidentes

Possibilidade e condições do exame em doente grave sob ventilação

mecânica

Indicações clínicas em paciente psiquiátrico

Funcionamento do aparelho

Custo do exame

41

29

05

03

02

02

01

Legenda:

Nº = número.

Page 48: Tese Marcos Sousa Lima

33

5 DISCUSSÃO

A maior parte dos enfermeiros que participou deste estudo, era do sexo

feminino. Embora o número de enfermeiros do sexo masculino tenha aumentado

nas duas últimas décadas, a porcentagem de mulheres na enfermagem ainda é

grande. Alguns autores referem que, atualmente, os enfermeiros ocupam mais

postos administrativos e políticos do que puramente assistencial. Quando trabalham

na assistência, dão preferência às áreas de emergência e terapia intensiva onde

predominam os avanços tecnológicos e a valorização da equipe multiprofissional(49-

50).

A amostra teve representação nos três turnos de trabalho, sendo um pouco

menor à tarde e no serviço noturno. É importante ressaltar que os enfermeiros do

plantão noturno também encaminham muitos pacientes para exames de RM, que na

instituição funciona 24 horas de 2ª a 6ª feira, sendo o período noturno reservado

para a maior parte dos pacientes internados. Todas as unidades do hospital foram

representadas no sorteio dos enfermeiros, sendo o único serviço com menor

representatividade quando comparado ao total do número de enfermeiros foi o de

Enfermagem em Pediatria e Obstetrícia.

A média de idade dos enfermeiros foi de 33 anos. Apenas 23% dos

participantes tinham mais de 40 anos, este resultado sugere um alto grau de

rotatividade de profissionais na instituição, fenômeno comum nos hospitais

universitários que, muitas vezes, funcionam como um trampolim para profissionais

recém-formados alcançarem uma vaga nos serviços privados, que exigem tempo de

experiência como pré-requisito. Por representarem uma população jovem, 60%

formaram-se depois de 1994, quando já estava estabelecida no País a RM, como

método diagnóstico por imagem.

Quanto à pós-graduação, 66% dos entrevistados referiram ter especialização

lato sensu e 10%, strictu sensu. Apenas 24% não possuíam nem estavam fazendo

nenhuma especialização.

Os cursos lato sensu não são avaliados pelo Ministério da Educação e

Cultura (MEC) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino

Page 49: Tese Marcos Sousa Lima

34

Superior (CAPES), possuem curta duração quando comparados ao strictu sensu e

são voltados à melhoria da prática profissional e atendem às diversas áreas de

atuação. Embora não forneçam titulo de mestre ou doutor, são muito valorizados no

mercado de trabalho(51). Como se podem observar nos dados da Tabela 1, a maioria

dos enfermeiros entrevistados tinha especialização em áreas de emergência, terapia

intensiva, cardiologia e gerenciamento. A preferência ocorre por dois fatores

fortemente associados: primeiro, pela exigência do mercado de trabalho de uma

metrópole como São Paulo; segundo, pela ampla oferta desses cursos de

especialização pelas Escolas de Enfermagem, com o objetivo de atender à demanda

dos hospitais especializados e dar suporte à função administrativa do enfermeiro,

muito valorizada atualmente.

O número de enfermeiros com título de mestre e de doutor, não foi

expressivo, levando-se em conta a parceria com a universidade. No entanto, não é

esperado que o enfermeiro com título de mestre, sobretudo de doutor mantenha-se

por muito tempo na prática hospitalar. A tendência é migrarem para as universidades

e seguirem a carreira acadêmica.

Neste estudo, houve a oportunidade de se verificar segundo os enfermeiros

que a área de diagnóstico por imagem e seus principais exames não fez parte do

conteúdo programático dos cursos de graduação ou pós-graduação. Nenhum dos

enfermeiros questionados referiu ter tido conteúdo sobre RM nos cursos que fez,

mesmo os mais novos que terminaram os estudos recentemente.

A justificativa para essa falta de informação nos cursos de enfermagem pode

ser a alta complexidade desse tipo de exame, a falta de cursos de especialização

para enfermeiros nessa área ou por ser um método diagnóstico sofisticado e ainda

pouco disponível nos hospitais, de forma geral.

Estudo de enfermeiros discute a necessidade de especialização para a

enfermagem em diagnóstico por imagem e radioterapia uma vez que o conteúdo

desses assuntos é pouco abordado na graduação(52).

Nos Estados Unidos da América, existe um programa de acreditação para

enfermeiros que trabalham com radiologia e outros métodos de diagnósticos por

imagem. É destinado a enfermeiros que trabalham há, pelo menos, 3 anos na área.

Page 50: Tese Marcos Sousa Lima

35

O titulo de especialista é dado por 4 anos e depois há nova prova para

recertificação. É uma titulação voluntária, administrada pela Radiologie Nursing

Certification Board Inc, (RNCB), que é subsidiada pela American Radiological

Nurses Association (ARNA)(1) .

Todas as informações que os enfermeiros participantes do estudo dispunham

sobre a RM ocorreram na prática, uma vez que o HSP possui RM desde 1998. Estas

informações vieram dos protocolos do serviço de Diagnóstico por Imagem, em

especial, os de orientação para exames; de um livro publicado pelo grupo de

enfermagem do serviço de diagnóstico por imagem em 1999(7) e pela curiosidade de

cada um, em particular, dos enfermeiros das unidades onde os médicos solicitam

mais esses exames, como: neurologia, neurocirurgia, ortopedia, UTIs, mais

recentemente, as unidades de cardiologia.

A respeito das indicações clínicas para RM, apenas 56,5% dos participantes

responderam ter conhecimento, 43,4% nem se arriscaram a responder. Houve 19

citações a respeito de diagnóstico e estadiamento de tumores e 17 citações com

referência a ser um exame complementar à Tomografia Computadorizada (TC).

É importante ressaltar que tanto a TC como a RM podem ser realizadas no

corpo todo. Os dois métodos têm indicações clínicas distintas, pois determinados

órgãos ou sistemas são mais bem estudados por um ou por outro método. Em

alguns casos, a investigação pode ser feita por qualquer um dos equipamentos,

como no caso da avaliação vascular ou da hepática: a RM apresenta sensibilidade e

especificidade superior para estudos neurológicos, das mamas e

músculoesquelético, enquanto a TC é superior nas investigações do pulmão, ossos

e alças intestinais(53-54).

A TC também oferece importante contribuição na investigação de câncer,

sobretudo os equipamentos de última geração. Os equipamentos helicoidais

denominados multislice (multicorte) podem possuir 2, 4, 6, 8, 16, 32, 64 e até 320

canais que fornecem múltiplas imagens com maior eficácia e agilidade na execução

do exame. Esta nova tecnologia pode realizar reconstruções 3D, MPR (Multi Planar

Reconstrucion) e até mesmo mensurar perfusões sanguíneas(55).

Page 51: Tese Marcos Sousa Lima

36

Outra modalidade de exame por imagem que associa medicina nuclear e

tomografia é o PET-CT, tomografia por emissão de pósitrons que permite o

mapeamento de diferentes substâncias químicas no organismo, como 2[F18] –

fluoro-2-deoxi-glicose chamada de FDG, introduzida no País, em 1998, sendo um

importante método diagnóstico de câncer em várias partes do corpo, entretanto

trata-se de um exame caro que não é ressarcido pelo SUS(56).

Quando vai solicitar o exame, o médico deve saber reconhecer a

sensibilidade e especificidade de cada um desses equipamentos, inclusive, a

relação custo-beneficio. Com relação a outros exames de imagem, a RM tem se

mostrado na prática como exame complementar à mamografia, à últrassonografia de

mamas e ao Doppler ecocardiografia(17,34).

Dentre as indicações clínicas citadas, observa-se que os enfermeiros usaram

como referência a clínica e especialidade onde trabalharam. As citações sobre o

estudo detalhado das estruturas ósseas foi um erro cometido por alguns

respondentes, talvez por sua associação com a ortopedia, uma das especialidades

que mais utiliza a RM nas investigações músculoesqueléticas.

Os enfermeiros mostraram pouco conhecimento sobre o mecanismo de ação

da RM no corpo do paciente e o resultado esperado na formação das imagens.

Apenas 30% dos participantes disseram conhecer o funcionamento. As explicações

basearam-se na citação de ondas eletromagnéticas (a maioria), na utilização de

radiofrequência e ondas eletromagnéticas (duas pessoas), e no fato de não utilizar

raios ionizantes (duas pessoas).

Este resultado não surpreende mais, pois a técnica do exame de RM exige o

reconhecimento de fenômenos da física e é extremamente complexa, precisando de

tempo e concentração para ser assimilada(8).

Na RM, as imagens são formadas baseadas na interação de alguns prótons

com um potente magneto. Isso ocorre porque certos prótons são sensíveis ao

magnetismo e capazes de entrar em ressonância. Nos seres biológicos, o núcleo de

hidrogênio é o próton utilizado para obtenção de imagens.

Ao receber um potente campo magnético, alguns prótons alinham-se na

direção do campo com movimento e velocidade conhecidos. O aparelho de RM

Page 52: Tese Marcos Sousa Lima

37

emite uma onda eletromagnética na mesma frequência. Ocorre uma transferência de

energia da onda emitida para os prótons de hidrogênio, fenômeno esse chamado de

ressonância com ondas de radiofrequência. Quando os núcleos de hidrogênio

recebem essa energia, ficam instáveis e ao retornarem a seu estado padrão emitem

ondas eletromagnéticas na mesma frequência. O aparelho detecta estas ondas e

constrói a imagem apoiado em uma escala de sinal em que os extremos são o preto

(menor valor) e o branco (maior valor).

O tempo necessário, para que os prótons voltem ao repouso, é característico

para cada estrutura de tecido. O tempo de relaxamento é medido entre dois

parâmetros T1 e T2. Em algumas situações, usa-se contraste paramagnético para

provocar alteração do tempo de relaxamento de certas estruturas, possibilitando a

detecção de anormalidades, como o processo inflamatório, fazer diferenciação de

massas císticas ou sólidas e fazer estimativa de fluxo sanguíneo(8).

O conhecimento dos enfermeiros relacionado às orientações para o paciente

e familiares que são submetidos à RM, foi mais satisfatório; 70% disseram que

sabiam como orientá-los. A maior parte deles fez, pelo menos, três tipos de

orientações, sendo as mais citadas: retirar objetos metálicos, jejum e explicar ao

paciente o ambiente de exame.

Além dessa citação pontual sobre objetos metálicos e manter jejum, outras

orientações foram relacionadas para explicar o ambiente de exame; como o fato de

não poder se mexer durante o exame e o nível de ruído. Seis orientações

relacionavam-se ao uso de contraste, e referiam ser necessário avisar ao

radiologista quando o paciente tivesse insuficiência renal, além de recomendar que

aumentasse a ingestão de líquidos.

Alguns lembraram da necessidade de se retirar às próteses dentárias, avisar

ao radiologista, quando o paciente é agitado e solicitar que vá com acompanhante

(os de ambulatório). Apenas quatro pessoas citaram que deveriam explicar a

finalidade do exame ao paciente.

O papel do enfermeiro nas orientações ao paciente e família, que vai ser

submetido a qualquer intervenção diagnóstica ou terapêutica, é muito importante,

seja do ponto de vista emocional ou para obter maior colaboração do paciente na

Page 53: Tese Marcos Sousa Lima

38

hora da intervenção. Outros autores que trabalham na área de diagnóstico por

imagem com RM partilham dessa opinião e acreditam que o paciente previamente

orientado sobre o ambiente e tempo de exame estará menos ansioso, mais

colaborativo e a experiência da realização do exame será livre de traumas e

posteriores fobias(57-59).

Na década de 1990, Melendez e Mc Crancke(41) realizaram estudo e relataram

que 42% dos pacientes declararam não ter tido nenhuma orientação prévia ao

exame, sobretudo a respeito do espaço limitado do túnel magnético e a necessidade

de ficar imóvel.

Quando a orientação é realizada minutos antes do exame pela equipe de

enfermagem do setor, há tendência de aumentar o nível de ansiedade do paciente,

uma vez que ele não vai ter tempo para tirar todas suas dúvidas e ficar mais

tranquilo. Haddad et al(43) realizaram um estudo com 100 pacientes submetidos a

exame de RM, e perguntaram sobre as dificuldades encontradas no exame e se

estavam satisfeitos da orientação prévia realizada pela equipe de enfermagem. Os

pacientes aprovaram as orientações, 23% queixaram da necessidade de

permanecerem imóveis, 23% acharam o barulho desconfortável e 14% disseram que

o formato do túnel provocou claustrofobia. Apenas 3% não conseguiram realizar o

exame por esse motivo, e outros 3% relataram que a imobilidade provocou intenso

desconforto, porque aumentou a dor que sentiam.

No presente estudo, mais da metade dos respondentes, 62,3% disseram

conhecer as contraindicações do exame e 37,7% não conheciam. As causas mais

citadas foram o uso do marca-passo cardíaco, implante de próteses metálicas e

claustrofobia grave.

O principal aspecto de segurança de um paciente em um centro de RM é a

segurança magnética(34,38-39). É fundamental que todo paciente e acompanhante só

entrem na sala de exame, após serem minuciosamente rastreados. O fato de não o

realizar pode provocar sérios acidentes com o acompanhante ou com funcionários

do setor.

Devem ser retirados jóias, relógios, moedas, cartões de crédito, removidas as

próteses dentárias e outros dispositivos dentais móveis. Os acessos venosos que

Page 54: Tese Marcos Sousa Lima

39

não contêm nenhum metal podem ser mantidos, mas a bomba de infusão deve ser

retirada. Os cilindros de oxigênio, macas e cadeiras de metal devem ficar do lado de

fora da sala(17,34).

Os serviços de RM dispõem de um formulário de rastreamento que pacientes

ou parentes devem preencher, antes de entrar no campo magnético. Em geral, é

questionado se o paciente é portador de marca-passo, se possui clipes de

aneurisma, corpos estranhos intraoculares, dispositivos ou prótese metálica,

implantes cocleares, implantes metálicos para dentes. Solicitam também a respeito

de doenças prévias, tratamentos recentes como cirurgia, quimioterapia e

radioterapia, sobre claustrofobia e alergias(34).

O uso de marca-passo cardíaco é contraindicação absoluta. Os outros itens,

que deixam dúvidas, devem ser avaliados pelo radiologista. No caso de implantes, é

importante saber sua localização precisa, sua composição e época em que foi

implantado. O rastreamento é feito pela equipe de enfermagem do setor e validado

pelo radiologista. É importante lembrar que a responsabilidade dessa checagem, em

geral, recai sobre quem conduz o paciente até o campo(34).

Embora muitos enfermeiros tenham respondido que gravidez é

contraindicação; atualmente, não há restrição nem para gestantes nos 3 primeiros

meses, pois não existem evidências de prejuízo ao feto. Já o uso de contraste é

contraindicado em qualquer idade gestacional(13).

Quanto ao uso de contraste em mães que estão amamentando, não é

contraindicado, porque apesar de ser deglutido pelo bebê por meio do leite materno,

a quantidade é pouca, e o risco de reação adversa é quase nulo(13). Entretanto, caso

a mãe não se sinta segura, pode estocar previamente o leite materno e só voltar a

amamentar 48 horas, depois de ter recebido o contraste.

O tamanho do paciente pode ser fator limitante para a realização do exame, e

os aparelhos mais modernos são viáveis para pessoas com até 200 kilos(17).

Pacientes agitados, portadores de doença mental ou epiléticos, em geral, são

submetidos ao exame com sedação oral ou anestesia. Alguns com claustrofobia não

conseguem se submeter ao exame ou não chegam ao final, precisando muitas

vezes de sedação.

Page 55: Tese Marcos Sousa Lima

40

A claustrofobia é a limitação da RM mais bem estudada na literatura. Muitos

autores interessaram-se por esse fenômeno e existem várias pesquisas que

descrevem sua ocorrência em pacientes submetidos ao exame(41-47).

Estudos mostram a ocorrência de claustrofobia em pacientes, provocando a

necessidade de antecipação do término e a diminuição da qualidade do exame, com

presença de artefatos produzidos pela movimentação do paciente. Referem que a

claustrofobia grave ocorre entre 5% a 10% da população(41-43).

As causas de temor e ansiedade mais apontadas pelos autores são

relacionadas à falta de espaço e ao aspecto do aparelho, à necessidade de ficar

imóvel por mais de 30 minutos e o ruído. A esses desconfortos, somam-se a dor

crônica de muitos pacientes, a expectativa com o resultado do exame e as

experiências anteriores desagradáveis(41-43). Outros estudos sinalizam como maiores

causas de claustrofobia, o tipo de aparelho (fechado), o local de exame (cabeça) e a

posição do paciente dentro do aparelho que referem que a posição supina é mais

desconfortável do que a prona(44,46).

Os estudos demonstram a importância da orientação prévia sistematizada e a

necessidade de se detectar pacientes com alto nível de ansiedade ou referência de

claustrofobia. Para esses pacientes, recomendam desde técnicas de relaxamento à

sedação ou anestesia, dependendo da situação(45-46). Para os pacientes de uma

forma geral, recomendam orientação / aconselhamento, permissão para ficarem com

acompanhante na sala de exames, música ambiente, contato verbal com a equipe

de apoio do setor; que deve conversar com a paciente e explicar-lhe, o que está

sendo feito e, sempre que possível, mantê-lo na posição prona dentro do

aparelho(46,58-59).

A presença da bomba de infusão com drogas vasoativas ou ventilação

mecânica não é contraindicação absoluta. As salas de exames possuem

equipamentos de ventilação e bomba de infusão apropriadas para estas situações.

Os equipamentos são trocados antes do paciente ser encaminhado à sala de

exame. O médico intensivista deve acompanhar o paciente(17,34).

Page 56: Tese Marcos Sousa Lima

41

Quanto à citação de dois enfermeiros sobre a cirurgia recente, apenas

pacientes com cirurgia em que foram colocados grampos cirúrgicos vasculares há

menos de 6 semanas, não devem se submeter à RM(13,17).

Um enfermeiro citou a presença de tatuagem como contraindicação para a

RM, pois a tatuagem no membro que deve ser examinado pode prejudicar a

qualidade do exame, mas não impede sua realização(38). O que ocorre é o risco de

aquecimento, quando a tatuagem apresentar pigmentos de ferro, o que pode ser

amenizado com a colocação de compressas frias no local. O mesmo ocorre com

maquiagem definitiva.

A maior parte dos enfermeiros (78,9%), afirmou que gostaria de aumentar

seus conhecimentos sobre a RM. Os dois temas mais citados foram sobre o

ambiente e as condições de exame e as contraindicações que podem causar

acidentes.

Os dados obtidos sugerem que muitos pacientes das unidades e do

ambulatório do HSP só conhecerão detalhes sobre o ambiente de exame, no setor

de Diagnóstico por Imagem, minutos antes de seu inicio, quando forem orientados

pelo enfermeiro do setor.

Acredita-se que os resultados do presente estudo possam ser semelhantes

em outras instituições, sobretudo, nos serviços que não possuem equipamento de

RM.

Nesta perspectiva, compreende-se que as informações contidas no capítulo

Revisão da Literatura, possam ser utilizadas para a capacitação dos profissionais de

enfermagem em cursos de graduação e treinamento, considerando-se um conteúdo

de fácil leitura, estimulando também, outras pesquisas na área de Enfermagem

Radiológica.

Page 57: Tese Marcos Sousa Lima

42

6 CONCLUSÕES

Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que:

1. Os enfermeiros do HSP são, na maioria, do sexo feminino, têm idade entre 22

e 39 anos e possuem curso de pós-graduação lato sensu.

2. Os enfermeiros possuem conhecimento limitado sobre exames de RM,

comprometendo as orientações que fornecem aos pacientes sobre o preparo

e as principais contraindicações.

3. As informações que os enfermeiros possuem sobre RM são provenientes da

prática profissional. Eles não referiram terem tido conteúdo teórico ou prático

nos cursos de graduação ou pós-graduação.

4. A maior parte dos enfermeiros mostrou interesse em aumentar seus

conhecimentos sobre a RM, em especial, os relacionados ao ambiente de

exame e prevenção de incidentes na sala de exames.

Page 58: Tese Marcos Sousa Lima

43

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. Deve ser melhorado o ensino de exames de imagem na graduação e pós-

graduação.

2. A Educação Continuada nos hospitais deve se preocupar com esse tema.

3. Seria importante abrir cursos de especialização em meios de diagnóstico por

imagem voltado para o campo de atuação de enfermeiros.

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44

8 ANEXOS

Anexo 1. Orientações para o paciente. Diagnóstico por Imagem. Hospital São Paulo, 2011.

ORIENTAÇÕES GERAIS PARA PREPARO DE EXAME DE RM

Unidade: 000062 – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Endereço: Rua Napoleão de Barros, 800 RO 2º subsolo, 4024002

Cód. Pac. RHHSP Paciente Data exame Hora

exame

Preparo

Adulto – jejum de 4 horas

Crianças de 0 a 18 anos com anestesia: alimentação com leite materno (jejum de 4 horas); outros alimentos (jejum de 8 horas).

Se no dia do exame a criança estiver resfriada, seu exame será desmarcado.

Chegar 1 hora antes do horário marcado (adulto e criança)

Orientações necessárias para realização de Ressonância Magnética

1 – O exame de RM pode ser feito em qualquer pessoa?

• É expressamente vetada a entrada de pacientes portadores de marca-passo

cardíaco no interior da sala, uma vez que esses aparelhos param de

funcionar. É necessária a orientação médica para pacientes portadores de

“clips” metálicos (de aneurisma), implantes cocleares e próteses metálicas.

H O S P I T A L S Ã O P A U L O

S P D M – A S S O C I A Ç Ã O P A U L I S T A P A R A D E S E N V O L V I M E N T O D A M E D I C I N A

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E S Ã O P A U L O

D E P A R T A M E N T O D E D I A G N Ó S T I C O P O R I M A G E M

Page 60: Tese Marcos Sousa Lima

45

2 – O que fazer no dia do exame?

• Você deverá dirigir-se à recepção da RM para entregar o pedido de exame.

• Aguardar a chamada na sala de espera.

• O funcionário de enfermagem fará checagem do questionário entregue na

marcação, após encaminhará para sala de preparo para colocar avental e

retirar o relógio, cartões magnéticos, grampos de cabelo, fivelas, bips,

aparelho de surdez, próteses móveis que contenham metal, jóias, elásticos de

cabelo, e ticket de metrô, entre outros, pois esses materiais podem ser

desmagnetizados ou atraídos para o interior do magneto, colocando em risco

o paciente.

• Para pacientes que farão exames de cabeça, indica-se retirada da

maquiagem, pois suas substâncias podem causar artefatos na imagem e

queimaduras na pele.

• Será encaminhado para uma sala onde o campo magnético e a temperatura

da sala é controlada por ar condicionado e fica em torno de 10 a 22o C (fria).

Ele pedirá para você se deitar na mesa de exame e colocará uma bobina

apenas na área que vai ser examinada.

• Existe um sistema de intercomunicação com a equipe que pode ver e ouvir o

paciente durante todo o procedimento e ajudá-lo em caso de necessidade.

• O exame dura em média 30 minutos.

• O aparelho emite sons no momento da aquisição das imagens. O paciente

deverá permanecer imóvel, para que o exame tenha boa qualidade.

• Para estudo de algumas lesões, pode ser necessário o uso de contraste EV

que raramente provoca reações adversas. Após o término do exame, poderá

voltar às atividades normais.

Page 61: Tese Marcos Sousa Lima

46

Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina ================================================================================================ DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

PREPARO PARA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CORAÇÃO

Data: _________/___________/_________ Horário: _________:__________Hr Preparo:

24h anteriores:

• Não fumar, não consumir bebidas alcoólicas, café preto ou mate, chocolate,

refrigerante.

No dia do exame:

• 4h de jejum (inclusive de água)

Obs: Conversar com seu médico se é necessária a suspensão de medicação para

realização do exame.

Page 62: Tese Marcos Sousa Lima

47

Anexo 2. Ressonância Magnética – Formulário de Segurança

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA – FORMULÁRIO DE SEGURANÇA O equipamento de ressonância é dotado de um campo magnético de alta intensidade, objetos metálicos nas roupas ou mesmo implantados no organismo podem causar acidentes e interferências nas imagens. Para a sua segurança preencha este formulário antes de entrar na sala de exame. Nome: _________________________________________________________________

Data de nascimento: ___________________________ Peso: _______

Já realizou este exame anteriormente? __________________________

Quantas horas vocês esta em jejum? ___________________________

Usa Marca-passo? Sim ( ) Não ( )

Fez clipagem de aneurisma? Sim ( ) Não ( ) Há quanto

tempo? ____

Já foi ferido com arma de fogo? Sim ( ) Não ( ) Há quanto

tempo? _____

Região atingida:

_________________________________________________________________

Usa prótese metálica? Sim ( ) Não ( ) Região:

Implante de ouvido ou coclear? Sim ( ) Não ( )

Implantes metálicos para dentes (prótese)? Sim ( ) Não ( )

Trabalhou ou trabalha com esmeril? Sim ( ) Não ( )

Se possuir qualquer outro objeto ou artefato metálico no corpo, descreva-o

abaixo.____________________________________________________________Te

m claustrofobia? Sim ( ) Não ( )

Que problemas levaram a procurar o médico? ___________________________

Há quanto tempo os sintomas iniciaram?

___________________________________________

Sofre alguma doença crônica (diabetes, hipertensão arterial, cirrose, outras)____

Qual(is)? ____________________________________________________

Faz uso de medicação? _______ Qual(is)? _____________________________

H O S P I T A L S Ã O P A U L O

S P D M – A S S O C I A Ç Ã O P A U L I S T A P A R A D E S E N V O L V I M E N T O D A M E D I C I N A

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E S Ã O P A U L O

D E P A R T A M E N T O D E D I A G N Ó S T I C O P O R I M A G E M

Page 63: Tese Marcos Sousa Lima

48

É alérgico a algum tipo de medicamento ou alimento? ______

Qual(is)?__________________

Foi submetido a algum tipo de cirurgia? _______________ Qual(is)?

___________________

Fez / Faz quimioterapia ou radioterapia? ________ Há quanto tempo? ________

Li e compreendi as informações acima. Estou ciente das implicações do procedimento ao qual serei

submetido.

Assinatura _____________________________________ São Paulo ____

Observações Técnicas. Preenchimento exclusivo de serviço. Médico _________Técnico ( ) Qde. de filmes ( ) Philips ( ) Siemens ( ) Disco/CD n. ( )

Enfermagem: __________________________ OBS. ____________________________________________

Reconvocar para: ______________________________________

Reconvocação solicitada pelo médico _____________________________ em ________/______/_______

Reconvocação realizada pelo técnico ( ) em _____/_____/_______ gravada no Disco/CD nº (_________)

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Pertences do paciente: Brincos ( ) Colar ( ) Corrente ( ) Pulseira ( ) Relógio ( ) Anéis ( ) Aliança

( ) Chaves ( ) Carteira ( ) Celular ( ) Quantia em dinheiro (R$ _____________________)

Outros – especificar _________________________________________________________________

Ass. do paciente ___________________________________________________

Page 64: Tese Marcos Sousa Lima

49

Formulário de Segurança – RM das Mamas.

Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina ================================================================================================

DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE MAMA

Nome: _______________________ Data _________/___________/_______ Fone(s) para contato ________________________________________

• Tem ou teve alguém na família com câncer de mama? Sim ( ) Não ( )

Grau de parentesco _______________________________________

• Faz uso de hormônio? Sim ( ) Não ( ) Qual? _______________

• Teve algum trauma na mama? Sim ( ) Não ( )

• Tem próteses mamárias? Sim ( ) Não ( ) Há quanto tempo? _____

• Já fez trocas das próteses? Sim ( ) Não ( ) Direita ( ) Esquerda ( )

• Tem algum problema na mama? Sim ( ) Não ( )

Nódulo ( ) Local – Direita ( ) Esquerda ( ) Calcificação ( ) Local – Direita ( ) Esquerda ( ) Outros: _______

• Fez punção na mama? Sim ( ) Não ( ) Local: Direita Esquerda. Quando? _________

• Fez biópsia de mama? Sim ( ) Não ( ) Local: Direita

Esquerda. Quando? ____________________ Resultado da biópsia: Benigno ( ) Maligno ( )

• Fez cirurgia na mama? Sim ( ) Não ( ) Qual o motivo? __________ Quando? ____________________________Qual mama? D ( ) E ( )

• Qual da data da última menstruação? __________/________/______ Assinatura: _________________________________________________________________

Médico / Enfermagem: ________________________________________________________________

Page 65: Tese Marcos Sousa Lima

50

Anexo 3. Questionário para Enfermeiros sobre Ressonância Magnética.

QUESTIONÁRIO

1. Unidade de trabalho: _____________________________________________

2. Sexo: F ( ) M ( )

3. Formação: _____________________________ Ano de Conclusão _________

4. Especialização: Sim ( ) Não ( )

Área : _______________________________________ Ano ______________

5. Mestrado: Sim ( ) Não ( )

Área: _______________________________________ Ano ______________

6. Doutorado: Sim ( ) Não ( )

Área: _______________________________________ Ano ______________

7. Durante a graduação ou pós-graduação você recebeu conhecimento sobre o

funcionamento dos aparelhos de Ressonância Magnética (RM)?

Sim ( ) Não ( )

8. Durante a graduação ou pós-graduação, você recebeu conhecimento sobre os

cuidados de enfermagem a pacientes submetidos à RM?

Sim ( ) Não ( )

9. Você sabe quais indicações clinicas do exame de RM?

Sim ( ) Não ( ) Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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51

10. Você sabe como funciona o aparelho de RM? Em caso positivo, explique

resumidamente.

Sim ( ) Não ( )

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

11. Você sabe as principais orientações para o paciente que será submetido à RM?

Sim ( ) Não ( ) Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

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52

12. Você sabe citar as principais contraindicações para a realização de RM?

Sim ( ) Não ( )

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

13. Você gostaria de aprender mais sobre o exame de RM?

Sim ( ) Não ( )

Se responder que sim, cite os temas que você tem interesse?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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53

Anexo 4. Carta resposta de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Federal de São Paulo.

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54

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55

Anexo 5. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. São Paulo, 2010.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Ao enfermeiro ____________________________________Coren: ____________

Este estudo tem como objetivo obter e analisar o perfil dos enfermeiros do Hospital

São Paulo e seu conhecimento sobre Ressonância Magnética e os respectivos

cuidados de enfermagem.

De posse destes dados, será possível propor mudanças que auxiliem os enfermeiros

no cumprimento de suas funções.

Será entregue, a cada enfermeiro, um questionário aberto sobre Ressonância

Magnética e os respectivos cuidados de enfermagem. O resultado é confidencial e

quando divulgado não identificará o participante, sendo utilizado para fins

educativos.

O participante terá conhecimento dos resultados, bem como de sua futura utilização.

Não haverá despesas para o participante.

Acredito ter sido suficientemente esclarecido em relação à participação neste estudo

e concordo voluntariamente em participar.

_____________________________________ Data ______/_____/______

Assinatura do enfermeiro

_____________________________________ Data ______/_____/______

Assinatura do enfermeiro

Page 71: Tese Marcos Sousa Lima

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Page 78: Tese Marcos Sousa Lima

63

ABSTRACT

Aims: To identify the academic profile and level of knowledge of nurses in a

university hospital in Magnetic Resonance and verify that they acquired this

knowledge in undergraduate or postgraduate level. Methods: Descriptive and

exploratory study using a questionnaire in a sample of 90 nurses chosen by lot. The

data collection instrument had questions investigating the academic expertise of

nurses and their knowledge about MR being answered in the presence of the

researcher. Results: Most nurses had lato sensu, but had no syllabus on the subject

in the courses they did. Showed greater knowledge about the preparation of patients

for CABG and major contraindications. They had little knowledge about the

functioning of the device and environment examination. Conclusions: Nurses had

knowledge of the regular MRI and acquired this knowledge in practice, because the

hospital has this type of examination. Demonstrated interest in learning more about

the exam environment and factors related to prevention of incidents with patients.