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ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DINÂMICA DE EDIFÍCIOS COM ESTRUTURAS ESBELTAS. Túlio do Valle Moreira TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: Prof. Ronaldo Carvalho Battista, Ph. D. Prof a . Eliane Maria Lopes Carvalho, D. Sc. Prof. Eduardo de Miranda Batista, D. Sc. Prof a . Michèle Schubert Pfeil, D. Sc. Prof. Pedro Afonso de Oliveira Almeida, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL DEZEMBRO DE 2002

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS ... · conduta de honestidade e responsabilidade. À Profa. Eliane Carvalho que desde o mestrado tem colaborado,

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ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DINÂMICA DE

EDIFÍCIOS COM ESTRUTURAS ESBELTAS.

Túlio do Valle Moreira

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS

EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

Prof. Ronaldo Carvalho Battista, Ph. D.

Profa. Eliane Maria Lopes Carvalho, D. Sc.

Prof. Eduardo de Miranda Batista, D. Sc.

Profa. Michèle Schubert Pfeil, D. Sc.

Prof. Pedro Afonso de Oliveira Almeida, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2002

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MOREIRA, TÚLIO DO VALLE

Análise da Sensibilidade Dinâmica de

Edifícios com Estruturas Esbeltas [Rio de Janeiro] 2002

XIV, 241 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D. Sc. ,

Engenharia Civil, 2002)

Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE

1. Sensibilidade Estrutural Dinâmica

2. Propagação de Ondas

3. Painéis de Alvenaria

4. Modelagem Estrutural

I - COPPE/UFRJ II - Título (Série)

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À minha filha, Carolina.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, em primeiro lugar, por conceder-me o privilégio de compartilhar o

mesmo espaço físico ocupado por pessoas amigas e corretas (colegas, professores,

funcionários, etc), e o orgulho de estar em meio a um seleto grupo que participa com

aquilo que há de melhor em pesquisa. Apesar das dificuldades pude, com esse trabalho,

fazer parte deste universo.

Aos meus pais, Arnaldo e Therezinha, que têm participação fundamental na

formação do meu caráter e que continuam cumprindo um papel importante de incentivo,

não deixando que jamais desanimasse de meus próprios sonhos. Obrigado por serem

brilhantes nesta e muitas outras tarefas que lhes foram atribuidas. E aos meus irmãos

Arnaldo e Emerson para que tenham fé e determinação em seus sonhos também.

À minha esposa, pelo apoio incondicional me dando sempre traquilidade para

que eu pudesse insistir no meu ideal e que em muitos momentos pudemos compartilhar

alegrias e preocupações.

Ao meu orientador, Prof. Ronaldo Battista, que além de contribuir para o êxito

deste trabalho soube também ajudar-me a crescer espiritualmente, pela sua própria

conduta de honestidade e responsabilidade.

À Profa. Eliane Carvalho que desde o mestrado tem colaborado, em gesto de

gratuidade, inúmeras vezes, se mostrando sempre disposta a ajudar-me.

A todos os meus colegas, pela convivência sadia, honesta e descontraída, que no

decurso desta caminhada contribuíram para tornar mais ameno o penoso dia a dia da

pesquisa. Citando alguns como Adriano, Márcio, Silvestre, Marco (baiano), Norma,

Patrícia, Beth, Natália, Rosângela, Assis, Zé Mário, Eduardo e demais companheiros de

Labest e B-103.

A todas as pessoas que de alguma forma, com orações e pensamentos positivos,

também contribuiram para o êxito deste trabalho.

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Resumo da Tese apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D. Sc.)

ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DINÂMICA DE

EDIFÍCIOS COM ESTRUTURAS ESBELTAS

Túlio do Valle Moreira

Dezembro/2002

Orientador: Ronaldo Carvalho Battista

Programa: Engenharia Civil

Apresenta-se neste trabalho um estudo da sensibilidade estrutural de edifícios

residenciais urbanos em concreto armado a várias fontes de perturbações de

características estáticas e, principalmente, dinâmicas. Tal estudo é feito sob critérios de

conforto humano e de danos que podem ocorrer em edifícios com certas concepções

estruturais quando sob efeito de vibrações excessivas e recalques diferenciais. Algumas

estruturas típicas residenciais têm seus comportamentos investigados quando sob ações

dinâmicas tais como as produzidas pelo tráfego de veículos pesados, explosões

subterrâneas, impactos produzidos pela cravação de estacas em terrenos vizinhos e

também pela ação de vento. São desenvolvidos modelos simplificados 2D para obtenção

de respostas dinâmicas da estrutura sob tais ações, incluindo o modelo de propagação de

ondas no solo produzidas por cargas dinâmicas aplicadas no terreno em pontos distantes

das fundações do edifício.

Modelos tridimensionais são usados para determinar as propriedades modais da

estrutura, necessárias para desenvolvimento dos modelos simplificados de análise modal

nos domínios do tempo e da freqüência. Aspectos práticos relacionados à modelagem

numérica-computacional de concepções estruturais típicas são tratados no presente

trabalho. Considerada-se a influência dos painéis de vedação externas e divisórias

internas (paredes) no enrijecimento da estrutura, demonstrando-se que essas têm

participação efetiva principalmente em estruturas esbeltas e pouco travejadas. Nesse

contexto propõe-se um modelo simplificado para simular o mecanismo promovido pela

parede confinada em quadros viga-coluna.

As respostas às ações dinâmicas são validadas por meio de correlação com

medições experimentais realizadas em estruturas existentes de edifícios residenciais

urbanos.

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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D. Sc.)

SENSITIVITY DYNAMIC ANALYSIS OF

BUILDINGS WITH SLENDER STRUCTURES

Túlio do Valle Moreira

December/2002

Advisor: Prof. Ronaldo Carvalho Battista

Department: Civil Engineering

The present work presents a study of the sensitivity of reinforced concrete

structures of urban residential buildings to various sources of perturbations either of

static or, particularly, dynamic characteristics. This study is carried out under the

criteria of human comfort and damages that may occur in buildings of a kind of

structural conception, when under the effect of excessive vibrations or differential

settlements. Some typical residential building’s structures have their behaviour

investigated when under the action of dynamic loadings induced by the traffic of heavy

vehicles, underground blastings, pile driving in neighbouring lots and also by winds.

Two-dimensional simplified models both for the structure and the wave

propagation in soil stractum are developed to obtain the dynamic response of the

structures under the mentioned loadings. Three-dimensional models of the structures are

used to determine their modal properties which are needed to formulate the simplified

modal analysis in both time and frequency domains.

Practical aspects related to the numerical-computational modeling of typical

structural conceptions are discussed in this work. Moreover it is considered the

influence of the masonry panels on the overall stiffness of the reinforced concrete

structure, particularly on the most slender and less braced structures. Within this context

it is proposed herein a simplified modeling to take into account the stiffning mechanism

produced by the wall panels confined in frameworks formed by columns and beams.

The proposed theoretical-numerical models are validated through correlations

between the obtained dynamic responses and their experimental counterparts obtained

from measurement campaigns carried out on existing structures of urban residential

buildings.

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ÍNDICE

I – INTRODUÇÃO, 1

I.1 – Motivação para o trabalho de pesquisa, 1

I.2 – Histórico, 3

I.3 – Escopo, 6

II – AÇÕES DINÂMICAS SOBRE EDIFÍCIOS URBANOS, 10

II – Panorama Geral, 10

II.1 – Vibrações Induzidas por Tráfego de Veículos, 17

II.2 – Compactação por Vibração, 23

II.3 – Cravação de Estacas, 24

II.3.1 – Registros Históricos, 24

a) Cravação por Vibração, 25

b) Cravação por Percussão, 26

II.3.2 – Detalhes do Modelo a Percurssão Empregado, 28

II.4 – Explosões Superficiais ou Subterrâneas, 30

II.4.1 – Registros Históricos, 30

II.4.2 – Detalhes do Modelo Empregado, 33

II.5 – Vibrações Induzidas por Máquinas, 35

II.6 – Vibrações Induzidas por Vento, 37

II.6.1 – Aspectos Gerais Envolvidos, 38

II.6.2 – Modelagem Estatística, 39

II.6.3 – Detalhes do Modelo Empregado, 43

II.7 – Vibrações Induzidas por Atividade Humana, 46

III – MODELO MATEMÁTICO PARA PROPAGAÇÃO DE ONDA NO TERRENO, 48

III.1 – Introdução, 48

III.2 – Equação Unidimensional da Onda, 49

III.2.1 – Onda Longitudinal (Onda Compressional), 50

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III.2.2 – Onda Torcional, 52

III.3 – Equação Tridimensional da Onda, 55

III.3.1 – Ondas-P e Ondas-S, 55

III.3.2 – Soluções das Equações de Ondas-P e Ondas-S, 58

III.4 – Ondas Rayleigh em um Semi-espaço Elástico, 60

III.5 – Modelo de Propagação de Ondas Rayleigh, 63

III.5.1 – Equações de Ondas em Coordenadas Cilíndricas, 63

III.5.2 – Função de Transferência para Onda Rayleigh, 67

III.6 - Comentários Adicionais, 70

III.6.1 – O Movimento das Partículas no Meio, 70

III.6.2 – Características da Propagação, 71

IV – MODELAGEM ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO DE MÚLTIPLOS

ANDARES, 73

IV.1 – Introdução, 73

IV.2 – Análise Comparativa das Modelagens 3D, 79

IV.3 – Análise Comparativa das Respostas dos Modelos Estruturais, 87

IV.3.1 – Respostas Dinâmicas dos Modelos Induzidas por Impactos devidos a

Cravação de Estacas, 87

IV.3.2 – Respostas Dinâmicas dos Modelos Induzidas pela Ação do Vento, 89

IV.4 – Avaliação Final, 91

V – MODELO SIMPLIFICADO PARA REPRESENTAR AS PAREDES DE

ALVENARIA, 93

V.1 – Introdução, 93

V.2 – Registros Históricos, 94

V.3 – Influência dos Painéis de Alvenaria – Modelo Matemático, 97

V.4 – Modelos com Diagonais – Modelo Matemático, 108

V.5 – Módulo de Rigidez Cisalhante G dos painéis de Alvenaria, 110

V.5.1 – Modelo Simplificado dos Painéis de Alvenaria, 110

V.5.2 – Rigidez Axial EA de Elementos Diagonais, 111

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a) Modelo Elástico Linear, 111

b) Variação de G com a Geometria dos Painéis, 113

c) Determinação das Propriedades da Diagonal Equivalente, 116

V.6 – Modelo Completo x Modelo Simplificado, 117

V.6.1 – Modelo Bidimensional, 117

V.6.2 – Modelo Tridimensional, 119

VI – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE – MODELO 1, 122

VI.1 – Introdução, 122

VI.2 – Descrição Sumária da Estrutura e Fundações, 124

VI.3 – Modelos Computacionais da Estrutura, 127

VI.3.1 - Modelo Tridimensional da Estrutura em Concreto Armado, Fundações e

Alvenarias, 127

VI.3.2 - Modelos Simplificados para Respostas Dinâmicas, 131

VI.4 - Análise de Sensibilidade da Estrutura e Alvenarias a Recalques Diferenciais

das Fundações, 132

VI.4.1 – Sensibilidade das Alvenarias a Recalques das Fundações, 132

VI.4.2 – Sensibilidade da Estrutura de Concreto Armado a Recalques das

Fundações, 135

VI.5 - Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por Equipamentos

de Construção, 135

VI.5.1 – Característica de Cravação da Estaca, 135

VI.5.2 - Características Elásticas do Solo, 136

VI.5.3 - Respostas Dinâmicas da Edificação à Cravação de Estacas, 138

VI.6 - Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por Tráfego de

Veículos, 145

VI.6.1 - Características da Superfície do Pavimento e do Solo Natural, 145

VI.6.2 - Respostas Dinâmicas da Edificação ao Tráfego de Veículos, 146

VI.7 - Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por

Vento, 151

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VI.7.1 - Características Locais do Vento Atuante, 151

VI.7.2 - Respostas Típicas, 152

VI.8 - Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por Explosão, 153

VI.8.1 - Escavação para Construção de Tunel e Estação Subterrânea, 153

VI.8.2 – Resultados das Medições Experimentais de Vibração, 154

VI.8.3 - Respostas Aceleração x tempo, 156

VI.9 – Comentários Adicionais, 159

VII – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE – MODELO 2, 161

VII.1 – Introdução, 161

VII.2 – Descrição Sumária da Estrutura e Fundações, 164

VII.3 – Modelos Computacionais da Estrutura, 167

VII.3.1 – Modelo Tridimensional da Estrutura em Concreto Armado, Fundações e

Alvenarias, 168

VII.3.2 – Modelos Simplificados para Respostas Dinâmicas, 172

VII.4 – Análise de Sensibilidade da Estrutura e Alvenarias a Recalques Diferenciais

das Fundações, 173

VII.4.1 – Sensibilidade das Alvenarias a Recalques das Fundações, 173

VII.4.2 – Sensibilidade da Estrutura de Concreto Armado a Recalques das

Fundações, 176

VII.5 - Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por

Equipamentos de Construção, 176

VII.5.1 – Característica de Cravação da Estaca, 176

VII.5.2 – Características Elásticas do Solo, 176

VII.5.3 – Respostas Dinâmicas da Edificação à Cravação de Estacas, 178

VII.6 – Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por Tráfego de

Veículos, 186

VII.6.1 – Características da Superfície do Pavimento e do Solo Natural, 186

VII.6.2 – Respostas Dinâmicas da Edificação ao Tráfego de Veículos, 187

VII.7 – Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por

Vento, 193

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VII.7.1 – Características Locais do Vento Atuante, 193

VII.7.2 – Respostas Típicas, 193

VII.8 – Análise de Sensibilidade Estrutural a Vibrações Induzidas por Explosão,

195

VII.10 – Comentários Adicionais, 196

VIII – ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS, 197

VIII.1 – Introdução, 197

VIII.2 – Recalques Diferenciais das Fundações, 200

VIII.2.1 – Sensibilidade das Alvenarias , 200

VIII.2.2 – Sensibilidade da Estrutura de Concreto Armado, 200

VIII.3 - Cravação de Estacas, 201

VIII.3.1 – Movimento Transversal, 201

VIII.3.2 – Movimento Vertical , 205

VIII.4 – Tráfego de Veículo, 207

VIII.4.1 – Movimento Transversal, 207

VIII.4.2 – Movimento Vertical, 210

VIII.5 – Explosão, 212

VIII.6 – Vento, 213

IX – CONCLUSÕES E SUGESTÕES, 214

IX.1 – Conclusões, 214

IX.2 – Sugestões, 215

ANEXO A, 217

ANEXO B, 234

ANEXO C, 236

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 240

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Simbologia Capítulo II:

Ar Coeficiente de rugosidade (m3/ciclo), função da qualidade do pavimento e de

ω0.

F(ω) Densidade espectral da força de impulsão no solo.

He(ω) FRF da estrutura.

Hfy (ω) FRF das forças aplicadas na rodovia.

Hxy (ω) FRF do modelo veículo-solo.

M0( ) θ& Força momento.

SFF(ω) Densidade espectral da força de vento.

Sf(ω) Densidade espectral da força dinâmica do veículo sobre o pavimento.

Sx (ω) Densidade espectral de resposta.

Sy (k) Densidade espectral da rugosidade do pavimento em função do no de onda.

Sy (ω) Densidade espectral da rugosidade do pavimento em função da freq. angular.

Z&& (ω) Aceleração média ponderada.

cD Coeficiente de arrasto do vento.

cL Coeficiente de sustentação do vento.

cM Coeficiente de torção, ou de momento do vento.

cP Coeficiente de pressão de um fluido.

f Freqüência de vibração (Hz).

k Número de onda em um regime espacial.

v Velocidade de eixo ou do veículo.

w Ondulabilidade da pista – valor tabelado.

λ Comprimento de onda (mm) das irregularidades do pavimento.

ω Freqüência angular (rad/s).

ω0 Freqüência angular inicial em qq ponto entre ω = 0 → ∞ do espectro Sy(ω),

igual a 1m-1.

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Capítulo III:

A Seção transversal de um elemento de barra.

Ap Amplitude da onda compressional.

C1, C2,

C3 e C4 Constantes.

Cx, Cy e

Cz Amplitudes das componentes da onda rotacional.

D Amplitude da onda de Rayleigh.

E Módulo de elasticidade longitudinal.

G Módulo de elasticidade transversal.

Huf (ω) FRF do solo para propagação de onda na direção x.

Hwf (ω) FRF do solo para propagação de onda na direção z.

IP Momento de inércia polar.

T Torque.

U Amplitude de vibração na barra.

c Velocidade de propagação de uma onda.

cS Velocidade de propagação da onda rotacional.

cP Velocidade de propagação da onda compressional.

cR Velocidade de propagação da onda de Rayleigh.

e Quantidade escalar para deformação volumétrica.

g Aceleração da gravidade.

i Define parcela imaginária.

k Número de onda em um regime espacial.

t Variável tempo.

u Deslocamento longitudinal do elemento de barra infinitesimal.

u, v e w Deslocamentos nas direções x, y e z, respectivamento.

lx, ly e lz Cossenos diretores.

mx,my e

mz Cossenos diretores

up,vp e

wp Componentes de deslocamento para ondas P

xiii

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us,vs e

ws Componentes de deslocamento para ondas s

r Distância da excitação até o ponto de observação.

s Direção qualquer de propagação definida pelos cossenos diretores.

ΦΨ Funções potenciais para dilatação e rotação, respectivamente.

Ω Quantidade vetorial rotacional.

γ Peso específico.

ϕψ

λ Constante de Lamé.

θ Ângulo de torção da barra longitudinal.

ρ Massa específica.

σx Tensão de tração uniforme em uma seção do elemento de barra.

τ Tensão cisalhante.

∇ Operador laplaciano.

xiv

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Capítulo I

Introdução

I.1 – MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO DE PESQUISA

Em geral, muito se discute mas pouco se esclarece sobre as verdadeiras causas

dos colapsos, parcial ou total, de estruturas, principalmente as de edifícios residenciais

ou comerciais de múltiplos andares, com distintas concepções estruturais e, muitas

vezes, caracterizados por reduzido grau de redundância ou hiperestaticidade interna.

Pressupostamente construídas com toda segurança para durar longos anos, estas

edificações, que constituem patrimônios individuais, familiares e coletivos, têm

sofrido, prematuramente, as conseqüências de variadas falhas construtivas e

projetivas, especialmente as oriundas de uma concepção estrutural deficiente. Este

quadro tem tido lamentável crescimento nas últimas duas décadas, e tem despertado a

atenção e apreensão do meio técnico da engenharia civil e principalmente dos

proprietários e usuários destas edificações. A crescente consciência da existência

dessas falhas por parte da sociedade civil, tem recentemente impulsionado os

construtores numa busca por maior qualidade técnica e conseqüente aumento de

segurança e de conforto, obrigando-os juntamente com os projetistas a reavaliar seus

projetos segundo os critérios de segurança e de utilização da estrutura prescritos nas

normas de projetos vigentes. Entretanto, não é rara a ocorrência de problemas de

estabilidade, vibrações excessivas, recalques, etc, nestas edificações, demonstrando

que esses critérios de projeto não são em geral atendidos, por questões ainda

associadas às deficiências originais de concepção estrutural.

É voltado a essas questões que o estudo desenvolvido no presente trabalho

procura de maneira racional contribuir para reverter este quadro preocupante de

deficiências crescentes.

1

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As discussões sobre casos de colapso estrutural se prendem muitas vezes a

questões relativas a utilização de materiais de má qualidade ou inadequados à

construção, esquecendo por vezes, as questões relativas às falhas de projeto e as

concepções estruturais perigosas, com travejamento reduzido e esbeltez e leveza

excessivas.

Um estudo prévio de sensibilidade estrutural, se incluído como uma das fases

de projeto, aumentaria a confiabilidade da concepção estrutural perante as condições

variáveis relativas aos materiais (degradação, resistência) das fundações, além das

prováveis ações ambientais as quais estaria submetida ao longo de sua vida útil. A

investigação da capacidade da estrutura de redistribuir esforços, na eventualidade de

recalque de apoios, a avaliação da sensibilidade humana a vibrações causadas por

fontes externas e internas à edificação, são problemas que podem ser contornados

ainda durante a fase de projeto, reavaliando-o e tomando medidas corretivas que, pelo

menos, atenuem estes problemas.

Uma boa modelagem computacional da estrutura do edifício é essencial para

que se possa assegurar credibilidade aos resultados numéricos e conseqüentemente às

análises e a busca de soluções. São inúmeras as situações práticas de análise e

soluções incorretas decorrentes de problemas de modelagem da estrutura, seus

componentes e fundações. Para contornar alguns destes problemas, foram

desenvolvidos modelos simplificados de análise. Um deles, para representar os

painéis de alvenaria, buscando esclarecer algumas dúvidas sobre o grau de influência

imposto por elas ao comportamento estrutural global. Outros modelos analíticos

foram elaborados ou adaptados para levar em conta a propagação de ondas no solo,

ajudando a investigar a sensibilidade global da edificação quando sujeita a vibrações

transmitidas através das fundações. Tais ferramentas permitem uma verificação mais

ampla, muito embora simples, capaz de auxiliar no dia a dia da prática da engenharia

de estruturas.

Adotado como uma fase projetiva importante, a análise de sensibilidade

permite, entre outras coisas, identificar falhas na concepção estrutural que

potencialmente poderiam levar a danos e transtornos futuros. Permite também

identificar a necessidade de se aumentar o travejamento ou a rigidez de certos

2

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componentes estruturais ou, ainda, a adoção de sistemas especiais de atenuação de

vibrações aumentando a segurança estrutural e o conforto dos ocupantes de uma

edificação.

Em resumo este trabalho tem uma proposta prática e racional, mas com base

técnica-científica utilizada no desenvolvimento de ferramentas simplificadas de

modelagem e análise estrutural.

I.2 – Histórico

Nota-se, ao longo das últimas décadas, uma crescente preocupação de

pesquisadores que dedicam boa parte de seus estudos a encontrarem ferramentas

numéricas (meios) que os auxiliem na identificação e compreensão de

comportamentos estruturais com respeito a solicitações estáticas e dinâmicas. As

análises visam tanto o ponto de vista de danos estruturais quanto de desconforto

humano. Grande parte dos problemas tem origem neste último caso. Forte impulso

nas pesquisas nesta área de ação teve curso nas décadas de 60 e 70 com o surgimento

dos edifícios altos construídos com materiais leves.

Em seu trabalho Chang (1967), demonstra que a preocupação inicial, com

respeito à análise de sensibilidade de edifícios altos, estava relacionada mais

especificamente a ação do vento. Chang (1967) faz uso de normas de projeto e

recomendações técnicas (The boeing Co.,1961) para avaliar os níveis de perturbações

a que estariam submetidos os ocupantes de tais edifícios. As normas de projetos

usualmente definem faixas de valores, baseados em níveis de deslocamento,

velocidade e acelerações impostas à estrutura, que delimitam as diferentes reações

humanas relacionadas à sensibilidade ao tempo de exposição às vibrações impostas.

Inúmeros trabalhos se sucederam, nesta mesma época, como os de Chang

(1973) e Hansen (1973) ambos nessa linha de edifícios altos, apresentando novos

estudos e abordagens. Chang (1973) cita estudos como o de Rathbun (1940),

problemas de deflexão sob ação de vento no Empire State Building, ou como o de

Field (1971) no World Trade Center, que relatam problemas de conforto dos

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ocupantes sob vibrações induzidas pelo vento. Outros, que embora com o mesmo

intuito (sensibilidade humana e conforto), foram surgindo motivados por outras áreas

de aplicação, tais como automobilísticas, aeronáuticas, naval, etc, com vibrações de

diferentes intensidades, largura de faixa de freqüências e origens, para em fim darem

subsídios ao surgimento das recomendações internacionais propostas pela ISO 2631-1

(1985), que por sua vez evoluiu para ISO 2631-2 (1989).

Goldberg (1985) investiga as formas modais de vibrações de diversas

estruturas de edifícios sujeitos a excitações de base provocadas por explosões no solo.

Além dos prováveis distúrbios nos ocupantes, Goldberg (1985) estuda também os

problemas relativos a danos estruturais e cita as propostas da ISO DP-4866 (1975) e

DP-4866 (1983), as quais avaliam categorias de danos na avaliação de vibrações em

edifícios.

Em um estudo mais recente de um comitê técnico do CEB (Boletim 209,

1991) algumas categorias dos possíveis danos provocados por vibrações de grande

intensidade impostas às edificações por atividades construtivas vizinhas são

relacionados aos diferentes níveis (ou faixas) de vibrações medidas em unidades de

velocidade (picos) ou acelerações.

No que diz respeito aos critérios de avaliação, estes acima citados, dentre

outros, são muito bem aceitos no meio técnico especializado e, portanto, são

utilizados no presente trabalho. Já no que diz respeito à forma de avaliação

propriamente dita dos níveis de vibrações impostas às edificações, estes evoluem a

cada dia. Há uma crescente preocupação dos usuários destas edificações e isto vêm

valorizando e incentivando novos projetos de melhor qualidade. E a sensibilidade das

edificações existentes tem sido cada vez mais questionada tendo em vista uma maior

conscientização dos proprietários e usuários que requerem, respectivamente,

construções mais seguras e duradouras e uma melhor qualidade de vida.

A tarefa de uma investigação mais realista possível, dos níveis de vibrações a

que uma estrutura está sujeita, deve levar em conta inúmeros fatores. O primeiro deles

é a fonte de excitação, que deve ser bem caracterizada em função da energia que ela

produz. Em segundo lugar é se esta energia utiliza-se de algum meio, por exemplo

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solo, para chegar até a estrutura. Neste caso o fator propagação de onda (transmissão

de energia elástica) deve também ser bem estudado. E finalmente representar bem a

estrutura num modelo computacional, respeitando toda a sua concepção e incluindo,

por exemplo, a participação dos painéis de alvenaria na rigidez de edificações com

componentes esbeltos. A cada um destes fatores se associa uma literatura própria

(apresentada nos próximos capítulos) e que, em parte, foi inserida no presente

trabalho para compor uma ampla investigação que engloba as contribuições de

inúmeros trabalhos.

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I.3 – Escopo

Nos capítulos II a V que se seguem discorre-se a respeito dos modelos

matemáticos e da metodologia empregada na análise de sensibilidade estrutural a ser

apresentada neste trabalho. O objetivo principal é estabelecer parâmetros para

avaliação da sensibilidade de algumas concepções estruturais atuais quando sujeitas a

excitações diversas típicas de regiões urbanas. Sempre que possível, faz-se um elo de

ligação entre as inúmeras formas modais de vibração e os prováveis efeitos

produzidos nas estruturas, fazendo uso de modelos teórico-numérico-computacionais.

Finalmente, com base nas amplitudes das respostas dinâmicas da estrutura, são feitas

avaliações dos possíveis danos na estrutura e/ ou componentes construtivos e

arquitetônicos, segundo critérios e recomendações apresentadas no Anexo A.

A determinação experimental, com precisão, da fonte de excitação a qual está

submetida uma determinada estrutura não é tarefa trivial. Isto porque é grande a

probabilidade de ocorrência de diversas fontes atuando simultaneamente e as quais a

estrutura é sensível. Entretanto em algumas situações excepcionais pode-se

identificar, por simples observação ou com instrumentações mais elaboradas, que uma

determinada fonte ocorre com maior evidência. A própria sensibilidade humana é

capaz de notar mudanças de comportamento após o surgimento de uma nova

ocorrência. Isso facilita as análises e as interpretações, pois permite que se faça um

tratamento direcionado e objetivo para um caso específico de solicitação, como por

exemplo, explosão, cravação de estaca, aumento acentuado dos níveis de tráfego

viário, ou ferroviário, etc. Quando não for possível apontar uma fonte única causadora

de perturbações excessivas, o caminho é fazer-se um estudo de sensibilidade, sempre

tomando como base algumas ações consideradas prováveis para aquela região.

O capítulo II é importante, então, pois reúnem algumas informações extraídas

da literatura, consideradas relevantes para a pesquisa em questão. Enfoca, com breves

históricos, algumas metodologias teóricas clássicas ou recentes que visam representar

de forma aproximada todo contexto envolvido em cada ação. Demonstra-se, com isto,

a preocupação e o empenho da pesquisa em tais assuntos. Sempre que possível são

utilizados na análise de sensibilidade, modelos analítico-computacionais simplificados

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para simularem as respostas modais do edifício nos domínios do tempo ou da

freqüência.

O Capítulo III abre um parêntese para incluir os casos em que as ações

dinâmicas são impostas à estrutura através das suas fundações, e a estas transmitidas

através de ondas elásticas propagadas no solo. Apresentam-se algumas definições

importantes relativas aos modos de propagação das ondas elásticas em meio contínuo

qualquer, bem como algumas características de propagação e atenuação destas ondas

especificamente no solo. Como se pretende estudar estruturas civis com problemas de

sensibilidade estrutural a vibrações induzidas, próximas à superfície do solo, as ondas

de maior interesse são as ondas de superfície. É indispensável então uma breve

descrição do modelo analítico clássico de propagação de ondas de Rayleigh,

apresentado por Lamb (1904), o primeiro a estudar profundamente estes modos de

propagação de ondas na superfície. Tal modelo será empregado, neste trabalho, como

parte integrante do modelo computacional simplificado, representando a FRF (Função

de Transferência) do solo para casos em que a ação se dá afastada do edifício.

Os modelos computacionais simplificados para representar ações dinâmicas

originadas pelo tráfego de veículos pesados, bate-estacas e explosões, são

desenvolvidos com expressões analíticas que levam em conta as características

específicas de propagação e atenuação conforme a distância da fonte ao edifício

analisado e também as características físicas das camadas de solo.

Os capítulos II e III contribuem, assim, para elaboração de modelos elásticos

analítico-computacionais simplificados, apoiados na técnica de análise modal,

necessários para empreender uma avaliação da sensibilidade dinâmica estrutural de

edifícios submetidos a diferentes fontes de excitação típicas de regiões urbanas. O

domínio inteiro de tais modelos abrange um sistema dinâmico composto pela fonte de

vibração, pela estrutura afetada e, eventualmente, pela interação solo-estrutura,

quando a excitação tiver origem em algum ponto do terreno perto da superfície e

próximo à estrutura. Supõe-se, por simplicidade mas sem perda de generalidade, que a

propagação no maciço de terreno em torno do edifício representa um problema axi-

simétrico, com raio definido pela distância entre a fonte de excitação e o edifício.

Resultados numéricos deste modelo via análise modal no domínio do tempo em

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termos de aceleração, velocidade e deslocamento, são apresentados e discutidos à luz

dos critérios dos estados limites. No capítulo IV alguns aspectos relacionados à

modelagem tridimensional de um edifício urbano, com estrutura típica aporticada, são

apresentados e discutidos.

Alguns resultados experimentais são também disponibilizados para calibrar

um modelo refinado tridimensional discretizado em elementos finitos de uma

estrutura de concreto armado, o qual é usado posteriormente para obtenção das

propriedades modais, necessárias para elaborar o modelo simplificado.

Para auxiliar na modelagem tridimensional refinada, o mais fiel possível à

estrutura real, o capítulo V traz um estudo mais detalhado sobre os modelos analíticos

para analisar o comportamento, principalmente em serviço, dos painéis de parede em

alvenaria de tijolos cerâmicos. Destaca a importância da participação da parede na

rigidez de pórticos planos e principalmente na rigidez global de edifícios modernos e

aqueles com concepções estruturais pouco travejadas e com reduzida redundância.

Historicamente, inúmeros estudos têm sido realizados para avaliar o

comportamento em serviço e na ruptura de painéis de alvenaria. Diversos modelos

simplificados foram desenvolvidos ao longo das últimas décadas para representar os

painéis de parede. Uma representação simplificada, com uso de diagonais

equivalentes, reproduzindo a rigidez cisalhante da parede, é proposta para a

modelagem numérica tridimensional de edifícios. São efetuadas comparações entre as

repostas dinâmicas obtidas com o presente modelo e com outros modelos numéricos

de diversos autores e também com modelo experimental para demonstrar a eficiência

da modelagem simplificada na tentativa de se diminuir o esforço computacional

exigido por um modelo 3D refinado. Outro aspecto relacionado à modelagem da

parede, tal como a interação painel-pórtico, também é tratado.

Os três modelos principais utilizados com exemplos de aplicação - Modelo 1

descrito no Capítulo VI, e Modelo 2 descrito no Capítulo VII e Modelo 3 (Capítulo

IV) são estruturas reais analisadas inicialmente em cada um destes capítulos,

isoladamente, isto é, preservando todas as condições reais de suas estruturas de

concreto armado, suas fundações e solo, além das localizações urbanas em que se

8

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encontram. Mais adiante, no Capítulo VIII, sem interferir nas características reais da

concepção estrutural propriamente dita de cada modelo, e também nas condições de

solo e fundações, tomam-se algumas respostas típicas para as mesmas ações

dinâmicas, com o intuito de se fazer uma análise comparativa direta entre as respostas

de cada uma das edificações. Isto favorece uma análise crítica com respeito às

características individuais de cada uma das três concepções estruturais, que embora

aparentem muita semelhança, apresentam algumas diferenças intrínsecas

demonstradas pelas respostas dinâmicas obtidas.

Finalmente, no Capítulo IX, apresentam-se algumas conclusões extraídas do

presente trabalho e, também, sugestões para continuidade desta linha de pesquisa.

O Anexo A resume as normas, padrões e critérios que comumente são tomados

como suporte para avaliações e pareceres técnicos, no que diz respeito a danos

estruturais prováveis e também a sensibilidade humana às vibrações.

O Anexo B apresenta as características gerais das edificações dos modelos sob

análise, contendo propriedades dos materiais de seus componentes.

O Anexo C apresenta as alguns detalhes sobre a modelagem estrutural

adotadas no presente trabalho.

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Capítulo II

Ações Dinâmicas sobre Edifícios

Urbanos

II. Panorama Geral

São cada vez mais freqüentes os problemas de vibrações ou oscilações

excessivas, fissuração em elementos estruturais e outros danos em elementos

arquitetônicos, além do desconforto humano, causados por ações dinâmicas (Fig.II.1),

nas edificações residenciais e comerciais especialmente nos edifícios altos e esbeltos.

Em alguns casos, graças ao aprimoramento das técnicas computacionais e

experimentais e, equipamentos e sensores, tem-se buscado desenvolver trabalhos de

pesquisa que resultem em modelos matemático-numéricos e técnicas experimentais,

com ensaios tanto no laboratório (com modelos reduzidos) quanto no campo (i.e., em

edificações existentes), para propor soluções que eliminem os problemas ou pelo

menos os atenuem. Na fase de projeto estes modelos numérico-computacionais,

validados através de correlações experimentais anteriores, podem ser utilizados para

prever eventuais problemas de vibrações ao longo da esperada vida em serviço do

edifício.

Entretanto, na grande maioria das vezes, a análise de sensibilidade da estrutura

a ações dinâmicas, não é realizada durante as fases de projeto e o problema dinâmico-

estrutural somente se torna evidente já na fase de utilização da edificação. Em outros

casos o problema se evidencia por alguma alteração nas ações dinâmicas externas

idealizadas no projeto ou por uma eventual mudança na destinação e uso desta

edificação. Os efeitos das ações dinâmicas sobre as edificações são ainda mais

pronunciados em decorrência das próprias características estruturais, como por

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exemplo, edificações muito esbeltas, com estruturas pouco redundantes e pouco

travejadas.

Máquinas

Explosãona rocha

Atividadehumana

Superfíciedo terreno

Corte imaginário paravisualizaçãoRocha

Irregularidadesno pavimento

Tráfego deveículos

Bate-estaca

depressãoacentuada

Vento

Fundaçãodo prédio

Superfíciedo terreno

Máquinas

Explosãona rocha

Atividadehumana

Superfíciedo terreno

Corte imaginário paravisualizaçãoRocha

Irregularidadesno pavimento

Tráfego deveículos

Bate-estaca

depressãoacentuada

Vento

Fundaçãodo prédio

Superfíciedo terreno

Fig.II.1 – Situações típicas de vibrações a que ficam submetidas as edificações

urbanas.

Uma condição básica para ocorrência de problemas de vibrações estruturais se

deve à superposição das faixas de freqüência da excitação com as freqüências naturais

da estrutura.

As edificações urbanas, em geral, estão submetidas a fontes de excitação

dinâmica de diversas origens e intensidades. Incluem-se tanto aquelas que atuam

diretamente sobre a estrutura como aquelas transmitidas às fundações por ondas

propagadas através do solo.

Dentre essas fontes de excitação podem ser citadas ações ambientais, tais

como, sismos e ventos, ou ainda as ações originadas por explosões para desmonte de

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rocha superficiais ou subterrâneas para construção de túneis, ou ainda originadas por

máquinas ou equipamentos de construção em sítios vizinhos, tais como bate-estacas

que causam fortes impactos, tráfego de veículos pesados em vias vicinais, ou mesmo

ações dinâmicas produzidas por atividades humanas de ocupação. Os efeitos

produzidos por estas ações devem ser analisados, portanto, sob critérios de segurança

e de conforto dos usuários. Projetos arquitetônicos mais esbeltos, arrojados e com

estruturas pouco travejadas, tornam as edificações mais flexíveis, com baixas

freqüências fundamentais de vibração (0-10 Hz) e, portanto, na maioria dos casos

susceptíveis a excitações devidas a várias fontes também de baixa freqüência,

comumente encontradas nas regiões urbanas. Outras fontes de excitação, com maior

densidade espectral em freqüências mais altas, são responsáveis pelas vibrações

observadas em componentes não estruturais.

Os modelos analíticos dessas fontes de energia devem reproduzir suas

principais características dinâmicas com uma formulação matemática simplificada,

porém, sem prejuízo dos resultados das análises estruturais dinâmicas. O ideal,

sempre que possível, é fazer observações experimentais para identificar a ação, que

em geral poderá ser representada por formas analíticas de excitação como aquelas

mostradas na Fig.II.2.

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Força

Força

Força

Força

Tempo

Tempo

Tempo

Tempo

Freqüência

Freqüência

Freqüência

Freqüência

- Harmônicas:

- Periódicas:

- Transientes:

• Aleatórias:

• Determinísticas:

T = 1/f

f

T = 1/f

f 2f 3fT

Força

Força

Força

Força

Tempo

Tempo

Tempo

Tempo

Freqüência

Freqüência

Freqüência

Freqüência

- Harmônicas:

- Periódicas:

- Transientes:

• Aleatórias:

• Determinísticas:

T = 1/f

f

T = 1/f

f 2f 3fT

Fig.II.2– Formas de excitação no tempo e na freqüência.

A observação e medições experimentais podem ser utilizadas tanto para

identificar as características dinâmicas da estrutura afetada, quanto para identificar

qualitativa e quantitativamente as resultantes das ações dinâmicas. Modelos

matemáticos e computacionais podem ser, então, elaborados e calibrados a partir

destes resultados experimentais para se iniciar uma análise dinâmica do problema. Faz

parte deste trabalho a utilização de alguns modelos analítico-matemáticos

simplificados, descritos mais adiante, como forma de auxiliar nas análises e previsões

do grau de sensibilidade da estrutura a determinadas ações dinâmicas. A Fig.II.3

exemplifica simbolicamente o procedimento adotado nos modelos simplificados,

usando análise espectral, idealizados com objetivo específico de obter respostas

dinâmicas de edificações sujeitas a excitações diversas (exemplo simbólico da Fig.II.3

- excitação de base provocada por fontes afastadas das fundações).

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=x

x=

(?)

ω ( rad / s)

| H(ω) | 2 (m 2 s -4 / kN 2)

F (kN)

t (s)

t (s)

(m/s2)

SF (ω) (kN 2

s)

(m 2 / s 3)

S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&

S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&

X&&

Impacto (freq) FRF - Solo Aceleração(freq)

Aceleração(freq) FRF - Estrutura

Resposta(freq)

Resposta no Tempo(Transf. Inversa

da Resp. em Freq)

Impacto (tempo)

=x

x=

(?)

ω ( rad / s)

| H(ω) | 2 (m 2 s -4 / kN 2)

F (kN)

t (s)

t (s)

(m/s2)

SF (ω) (kN 2

s)

(m 2 / s 3)

S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&

S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&

X&&

=x =x

x=

x=

(?)

ω ( rad / s)

| H(ω) | 2 (m 2 s -4 / kN 2)

F (kN)

t (s)

t (s)

(m/s2)

t (s)

(m/s2)

SF (ω) (kN 2

s)

(m 2 / s 3)

S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&

S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&S (ω) ( m 2 / s 3 )x&&

X&&

Impacto (freq) FRF - Solo Aceleração(freq)

Aceleração(freq) FRF - Estrutura

Resposta(freq)

Resposta no Tempo(Transf. Inversa

da Resp. em Freq)

Impacto (tempo)

Fig.II.3 – Produtos de Funções Espectrais.

Para o estudo de sensibilidade estrutural, que aqui se propõe, busca-se,

portanto, representar da maneira mais aproximada possível as características e o

comportamento dinâmico da edificação urbana afetada. Para isto, utiliza-se

inicialmente uma modelagem mais complexa, tridimensional, da estrutura do edifício

e seus componentes (estruturais e não-estruturais).

Em virtude da complexidade do modelo tridimensional, no que diz respeito à

aplicação das cargas e a obtenção das respostas dinâmicas, o estudo de sensibilidade

estrutural às ações, simuladas pelas funções típicas Fig.II.2, é auxiliado por modelos

simplificados unifilares, extraídos do modelo 3D, que exigem menor esforço

computacional. Com a utilização de técnicas de análise modal pode-se reduzir a

estrutura tridimensional a modelos unifilares representativos, com os quais as análises

estruturais dinâmicas podem ser completadas por programas menos sofisticados,

desenvolvidos tanto no domínio do tempo quanto no domínio da freqüência,

simplificando a aplicação das diferentes cargas dinâmicas e a obtenção das respostas.

Com esses novos modelos matemático-numéricos simplificados, utilizados para

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representar as estruturas, suas fundações e a interação com o solo, critérios de estado

limite de utilização e de conforto humano podem ser observados.

O estudo de sensibilidade tem por objetivo principal apontar falhas nas

concepções estruturais modernas, onde estruturas esbeltas consideradas atraentes sob

o ponto de vista econômico, podem representar riscos ou gerar futuros problemas (de

estabilidade estrutural, de vibrações excessivas ou de desconforto humano) se não

forem adequadamente analisadas sob o ponto de vista dinâmico.

Para auxiliar no estudo de sensibilidade, são apresentados a seguir alguns

modelos matemáticos simplificados para descrição de ações que se encontram,

comumente, em regiões urbanas. Cada uma dessas ações possui diversas abordagens e

modelos teóricos tal como encontrados na literatura técnica. Para fins práticos, é

necessário se definir, para cada ação, o modelo teórico mais adequado e também

vantajoso sob o ponto de vista computacional, possibilitando que seu algoritmo seja

facilmente implementado em computadores pessoais. O programa computacional

permite a solução do problema dinâmico através de análise modal do sistema

estrutural, tanto no domínio do tempo com a integração numérica das equações de

movimento quanto no domínio da freqüência, obtendo-se, por superposição modal, as

histórias no tempo e os espectros de respostas em termos das acelerações e

deslocamentos.

Algumas ações sobre uma estrutura se fazem através das suas fundações e têm

origem em fontes de excitação distantes, que se propagam no maciço de terreno

atingindo as fundações rasas ou profundas. O modelo analítico, da ação cuja origem

se dá afastada da edificação analisada, deverá incluir funções de transferência

representativas do comportamento dinâmico do solo à transmissão de tal energia

oscilatória, desde a fonte até as fundações do edifício.

Com respeito ao solo, é necessário ressaltar que apesar da diversidade de

parâmetros relacionados às suas características, tais como, granulometria, estrutura do

solo em camadas, densidade, resistência individual dos grãos, etc, seu comportamento

à propagação, pode ser em grande parte representado por modelos simplificados. O

solo, em geral, assume comportamento elástico devido à natureza súbita da ação que

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no caso corresponde à transmissão de energia entre as partículas desse solo. A coesão

entre partículas tem participação fundamental nesse processo, o que torna a argila

mole o exemplo de solo mais susceptível à propagação de ondas elásticas.

Os canteiros de obra constituem ambientes geradores de variadas fontes de

vibração e se instalam costumeiramente entre edifícios existentes. Merecem, por isso,

uma investigação especial. Compactação por vibração, escavação por equipamentos

pesados, estaqueamento, veículos pesados, explosões, etc, são alguns exemplos de

atividades construtivas que causam níveis consideráveis de vibração nas regiões

próximas. E uma das principais formas de indução ocorre por propagação de ondas

elásticas através do solo chegando até os edifícios através das fundações. Novamente

o interesse da investigação é saber o que acontece com a estrutura a uma certa

distância da fonte excitadora, descobrindo como a energia de movimento é

transmitida em cada caso e como as estruturas são afetadas. A transmissão de energia

de movimento através de um meio contínuo consiste no estudo que trata das

propagações de ondas cisalhantes, de compressão e de superfície (por exemplo, ondas

Rayleigh). E a investigação sobre como a estruturas são afetadas compreende o estudo

de sensibilidade estrutural.

As vibrações por atividades construtivas afetam principalmente paredes, lajes,

coberturas, elementos secundários desses edifícios existentes, que apresentem sua

freqüência principal na faixa entre 10-30 Hz. Provocam também efeitos em pessoas,

como distúrbio e irritabilidade devido à transmissão das vibrações pelo solo.

Mais adiante, em um capítulo específico (Capítulo III) , será dada ênfase aos

modelos de propagação da energia gerada numa fonte afasta, que se transmite por

ondas elásticas através do solo.

A equação para modelagem numérica de movimento de uma estrutura excitada

por aceleração de base e discretizada por elementos finitos pode ser escrita como:

(t)P y M y K y C y M ef0 ==++ &&&&& (II.1)

M, C e K são matrizes de massa de amortecimento e rigidez, respectivamente;

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, e y são vetores de aceleração, velocidade e deslocamento dos pontos nodais,

respectivamente;

y&& y&

0y&& é o vetor de aceleração de base induzido por explosão;

y M (t)P 0ef &&= é a força efetiva aplicada na base da estrutura.

O método da superposição modal da análise dinâmica, aplica uma

transformação de coordenadas e o sistema de N equações de movimento acopladas (N

é o número de graus de liberdade do modelo) fica representado por M (<<N) equações

desacopladas, onde M é o número de modos de vibração que compõem a resposta

dinâmica. As equações modais de movimentos desacopladas são dadas por:

M1,......, i ; (t)P y ω y ω ξ 2 y ii2ii

2iii ==++ &&& (II.2)

onde:

(t) P y m (t)P efTi0i

Tii φ=φ= && é a i-ésima força modal;

onde os parâmetros do i-ésimo modo extraídos do modelo 3D são:

M m iTii φφ= ; massa modal;

m ω ξ 2 C c iiiiTii =φφ= ; amortecimento modal sendo ξi a razão de

amortecimento tomado como proporcional à massa;

m ω k i2ii = ; rigidez modal sendo ωi a freqüência circular.

II.1. Vibrações Induzidas por Tráfego de Veículos

Segue-se uma descrição resumida de um modelo analítico de vibração do solo,

induzida por tráfego de um veículo, proposto por Chiostrini (1995) e que será tomado

como base para o modelo matemático-numérico a ser utilizado, posteriormente, no

estudo de sensibilidade estrutural.

A excitação produzida pelas irregularidades ao longo do pavimento, percorrido

com certa velocidade pelo veículo, é gerada a partir do espectro de potência de

irregularidades da via. Desenvolve-se um modelo computacional em linguagem

Fortran para aplicações práticas, utilizando expressões provenientes destas deduções

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analíticas, da teoria de propagação de onda em solo e de análise modal. O intuito é se

estimar os efeitos dinâmicos, nas edificações urbanas vizinhas.

Esta seção restringe-se, tão somente, a descrever a fonte de energia vibratória

correspondente ao modelo do veículo e sua interação com a superfície do solo, ou

seja, a força que o veículo aplica sobre o solo.

Para compor o modelo numérico, apresenta-se nos próximos parágrafos desta

seção, o desenvolvimento analítico dos seguintes elementos básicos:

• Perfil de irregularidades na superfície de rodagem que se opõe à passagem do

veículo;

• Características mecânicas e velocidade do veículo; leva-se em conta um

veículo padrão representado por um modelo dinâmico de eixo simples com 2

graus de liberdade.

a) Irregularidades do Pavimento

Chiostrini (1995) apresenta a classificação das ondulações da superfície do

pavimento de acordo com o comprimento de onda (λ) como especificado em

Pottinger (1986):

1. λ > 50 m ondulações topográficas;

2. 10 cm < λ < 50 m rugosidade do leito do pavimento;

3. 0,5 mm < λ < 10 cm macro textura;

4. λ < 0,5 mm micro textura.

O comprimento de onda se insere como um padrão de medida para

periodicidade do perfil de irregularidades ao longo da superfície na trilha de rodagem.

A freqüência temporal de vibração (f), dada em Hz, é obtida considerando o pneu do

veículo atravessando o pavimento com uma certa velocidade e se relaciona com o

comprimento de onda pela expressão:

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λν

=f (II.3)

sendo ν a velocidade de eixo, λ comprimento de onda da ondulação.

linha de eixo da rua (mm)

Am

plitu

de d

e on

dula

ção

do p

avim

ento

(mm

)

linha de eixo da rua (mm)

Am

plitu

de d

e on

dula

ção

do p

avim

ento

(mm

)

Fig.II.4 – Perfil de rugosidade do pavimento. Chiostrini (1995).

Nota: as Figs.II.4, 5, 7 e 8, que se seguem, são ilustrações que exemplificam o

desenvolvimento do modelo e estão reproduzidas conforme Chiostrini (1995).

A rugosidade da superfície de rodagem fornece um perfil de ondulações à

passagem dos veículos, é responsável pela sua oscilação. Esse perfil de perturbação é

obtido diretamente por medições realizadas em campo.

Conforme se pode observar na Fig.II.4, o perfil de pavimento, composto por

lajotas de pedras, representativo também do calçamento de Ouro Preto, em Minas

Gerais (Battista, 1996), é uma variável aleatória.Usualmente o perfil do pavimento

(superfície de contato do pneu) é tratado como um processo estacionário e ergódico.

Deve-se, portanto, descrevê-la estatisticamente, em termos da variância das elevações

em relação à média ou em termos de outras quantidades estatísticas mais complexas

como as Funções de Densidade Espectral de Potência (FDEP). Observa-se na Fig.II.4,

sobre o eixo dos x o eixo longitudinal da estrada e sobre o eixo y a ordenada do perfil

de irregularidades com medidas em milímetros. Procedendo-se a transformada de

Fourier sobre os dados das irregularidades do perfil da Fig.II.4, obtém-se a densidade

espectral do movimento vertical , que é função do número de onda k em um

regime espacial representativo da rugosidade da superfície da estrada. O número de

onda k pode ser definido como:

)(kS y

19

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λπ

=νω

=2k (II.4)

onde ω é a freqüência circular;

b) Densidade Espectral de Potência do Perfil

Tomando-se o espectro de potência das irregularidades do pavimento, em

função do número de onda , e dividindo-se pela velocidade do veículo ν,

obtém-se o espectro de potência em função da freqüência circular ω (conduzindo a

análise para um regime temporal), visto na Fig.II.5, ou seja:

)(kS y

(k)S ν1 )(S yy =ω (II.5)

Frequência angular ω (rad/s)

S y(ω

) (m

m2 s

)

Fig.II.5 – Espectro do perfil de rugosidade. Chiostrini (1995).

A densidade espectral da rugosidade do pavimento pode ser definida como: w

ry AS−

ωω

=ω0

)(

(II.6)

Onde os seguintes valores se referem às condições existentes no local (Wang,

1992):

20

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Ar = (256,0 a 512,0) x 10-6 m3/ciclo, segundo recomendação da ISO (ISO/TC108)

para pavimentos com irregularidades média e muito ruim, respectivamente.

w = 2 ; ondulabilidade da pista.

ω0 = freqüência inicial em qualquer ponto entre ω = 0 → ∞ do espectro Sy(ω), igual a

1m-1.

c) Modelo do Veículo

x2

x1Mov. doVeículo

Corpo doVeículo

Suspensão

Roda e eixo

Pneu

Perfil da Superfície

c1 k1

k2c1

m1 = massa do veículo

m2 = massa do conjunto(eixo, rodas e

k1 = rigidez da suspensão

k2 = rigidez dos pneusc2 = amortecimento dos pneus

c1 = amortecimento da suspensãoDesl. daRoda

m1

m2

pneus)

y

x2

x1Mov. doVeículo

Corpo doVeículo

Suspensão

Roda e eixo

Pneu

Perfil da Superfície

c1 k1

k2c1

m1 = massa do veículo

m2 = massa do conjunto(eixo, rodas e

k1 = rigidez da suspensão

k2 = rigidez dos pneusc2 = amortecimento dos pneus

c1 = amortecimento da suspensãoDesl. daRoda

m1

m2

pneus)

y

Fig.II.6 – Modelo do veículo.

Considere o veículo representado por um único eixo, porém, com 2 graus de

liberdade, Fig.II.6, sendo m1 a massa do veículo (chassis, carroceria, motor, carga,

etc) e m2 a massa do conjunto eixos, rodas e pneus (sendo m1 + m2 a massa total).

Basicamente são dois os parâmetros que caracterizam o conjunto da suspensão:

rigidez e o amortecimento. Assim observa-se que, no esquema da suspensão, as

massas m1 e m2 estão interligadas por sistema de mola elástica e amortecimento linear

viscoso. Complementa-se com um esquema semelhante para reproduzir o pneu, que

pode ser visto na Fig.II.6, entre a massa m2 e o solo.

Considerando as equações diferenciais de movimento do sistema acima, tem-se:

222222211211

11211211xm- )y - x(c y)-(xk )x - x(c - )x - (xk-

xm- )x - x(c )x - (xk&&&&&&

&&&&

=++=+

(II.7)

onde y(t) é o desnível da superfície, e xi(t) são deslocamentos do veículo. De

uma maneira geral, para um perfil harmônico de dados do pavimento y(t) = Y(ω) e i ω t

21

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resulta uma saída harmônica do tipo xi(t) = Xi(ω)e i ω t, sendo que a função de resposta

em freqüência (FRF) desse modelo assumirá a forma:

)(Y)(X

)(H ixy ω

ω=ω

A função de resposta em freqüência Hfy(ω) das forças aplicadas na rodovia

, assumirá: )(xm)(f iii tt &&=

)(Y)(F)(H yf ω

ωω =

Especificamente, para forças aplicadas sobre a superfície da rodovia por um

veículo modelado com 2 graus de liberdade sem amortecimento, Chiostrini (1995)

apresenta uma FRF (Fig.II.7)como sendo simplesmente o produto da massa total do

veículo pelo termo de aceleração, que é dado pela aceleração média ponderada : )(Z ω&&

++

+=ωω

=ωω

=ω)m (mXm Xm )m (m

)Y()(Zm

)Y()F( )(H

21

221121fy

&&&&&& (II.8)

Este resultado é também válido quando o modelo do veículo inclui

amortecimento (Hunt (33)).

Frequência angular ω (rad/s)

|Hfy

(ω)|2 (N

2 /s4 )

Fig.II.7 – FRF dos movimentos y(t) para as forças aplicadas no pavimento.Chiostrini

(1995).

d) Espectro da Força Dinâmica do Veículo sobre o Pavimento

22

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Finalmente a densidade espectral das forças no solo Sf(ω) (Fig.II.8) é obtida

por:

)(S)(H )(S y2

fyf ωω=ω (II.9)

Frequência angular ω (rad/s)

S f(ω

) (N

2 mm

2 /s2 )

Fig.II.8 – Densidade espectral para forças dinâmica no solo. Chiostrini (1995).

Além dos veículos de transportes urbanos, outros veículos e máquinas pesados

(terraplenagem, retro-escavadeira, tratores de esteira, etc) utilizados em canteiros de

construção também impõem vibrações ao solo. Outras atividades construtivas podem

também induzir vibrações em edifícios vizinhos; e serão apresentados nos itens a

seguir.

II.2. Compactação por Vibração

Os trabalhos de compactação nas construções podem ser desempenhados por

rolos vibratórios de compactação. Os modelos normalmente usados com peso estático

abaixo de 20 a 30 kN não necessitam de precauções especiais, entretanto, impõem-se

alguns limites de segurança em função do tipo de solo ou tipo de estrutura próxima.

Fortíssimas vibrações no solo podem ser encontradas em solo aluvião e argilosos com

nível d’água próximo à superfície (Bachmann, 1995).

O fenômeno de ressonância pode aumentar o risco de danos em edificações

com materiais sob grandes tensões, caso freqüente de paredes de edificações

históricas, onde qualquer variação pequena de tensão pode causar danos.

23

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II.3. Cravação de Estacas

II.3.1. Registros Históricos

Tem sido cada vez mais freqüente o surgimento de problemas de vibrações

que seriam induzidas pela propagação de ondas, próximas à superfície do terreno,

causadas por equipamentos de percussão ou vibratório, utilizados em construções,

para cravação de estacas. Por isso, ultimamente, alguns autores têm se dedicado à

investigação de problemas ocasionados por tais fontes de vibração. A seguir,

apresenta-se um breve histórico do desenvolvimento de alguns trabalhos recentes,

nesta área de estudo, destacando-se suas partes mais relevantes.

Em seu trabalho, nota-se que Athanasopoulos e Pelekis (2000), já demonstram

preocupação com os efeitos da cravação de estacas, com relação tanto à segurança das

estruturas quanto ao conforto dos ocupantes. Destacam que tais origens de vibrações e

seus efeitos sobre estruturas constituem-se objetos de grande interesse para dinâmica

de solos e tem recebido considerável atenção durante as últimas décadas. Ressaltam

que a intensidade destas vibrações pode causar fissuras nas paredes e lajes de edifícios

vizinhos. Podem induzir deformações permanentes (adensamento) em solos de areia,

os quais podem ser seguidos por recalques de fundações. Mais provável ainda que a

ocorrência de danos estruturais são o desconforto de ocupantes de edifícios afetados,

as interrupções de atividades comerciais e os danos em equipamentos de precisão. Os

autores apresentam comparações a códigos, padrões e diretrizes referentes aos efeitos

causados a estruturas e em pessoas.

Pode-se observar ainda que grandes esforços têm sido empreendidos com o

intuito de descrever desde as características dos equipamentos de cravação (seu

mecanismo) até os efeitos produzidos nas edificações e pessoas, passando por

interação solo-estaca, propagação e atenuação das ondas no solo. De uma maneira

geral, existem na literatura diversos modelos simplificados que indicam a propagação

e atenuação das vibrações no solo para diversas formas de vibração.

Em resumo, as estacas podem ser cravadas por equipamentos leves ou pesados

e a propagação de onda, proveniente da ação dinâmica, que pode afetar a vizinhança,

24

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depende do peso do equipamento de cravação, da velocidade de impacto, da duração

do impacto, da forma da estaca, do solo circundante, da seção transversal da estaca, da

direção obliqua ou excêntrica da pancada. Toda essa literatura de suporte demonstra e

confirma a crescente preocupação dos engenheiros e pesquisadores em relação aos

inúmeros casos que envolvem danos causados especificamente pela ação de bate-

estacas.

a) Cravação por Vibração

Kim e Lee (1999), por exemplo, estudaram as características de propagação e

atenuação de vibrações no solo para diversas fontes excitadoras, dentre elas a

cravação de estacas com o uso de martelo vibratório. Deixam claro que ambas

características dependem da fonte e das propriedades geotécnicas do solo, sugerindo

expressões para atenuação das amplitudes de vibração. Apresentam sinais de

medições que foram monitoradas com emprego de geofones verticais e geofones 3D

durante algumas cravações de estacas, em perfis de solos específicos. Apresentam

também características de atenuação típicas para movimento de partícula, conforme a

distância da fonte de vibração. As amplitudes são investigadas para vários tipos de

vibração do solo, no tempo e na freqüência. Comprovam que, especificamente, para o

caso de cravação de estacas, a energia de vibração proveniente do pé da estaca

compõe-se por ondas elásticas de interior e, com maior intensidade, por ondas de

superfície, cujo movimento da partícula descreve uma elipse retrógrada mostrada nas

Figs.II.9 e II.10 (as chamadas ondas de Rayleigh).

25

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Onda - S

MARTELO VIBRATÓRIO

MOVIMENTO DA PARTÍCULA

(Compressão na Estaca)Onda - R

Onda - P

Radial

MOVIMENTO DA PARTÍCULA(Cisalhamento no Solo)

Onda - S

Onda Refletida

Transferência da

Estaca para Solo

por Cisalhamento

Frente de onda

Cisalhante

Onda - S

MARTELO VIBRATÓRIO

MOVIMENTO DA PARTÍCULA

(Compressão na Estaca)Onda - R

Onda - P

Radial

MOVIMENTO DA PARTÍCULA(Cisalhamento no Solo)

Onda - S

Onda Refletida

Transferência da

Estaca para Solo

por Cisalhamento

Frente de onda

Cisalhante

Fig.II.9 - Esquema de cravação de estacas. Kim e Lee (1999).

Fig.II.10 – Movimento da partícula de Onda Rayleigh, Elipse Retrógrada.

Kim e Lee (1999).

b) Cravação por Percussão

Com o propósito de definir, através de um modelo analítico, as características

da cravação de estaca, tais como tipo de fonte e da onda induzida, destaca-se o

trabalho de Deeks e Randolph (1993). Neste trabalho descrevem-se alguns testes com

modelos de cravação de estacas, por impacto de martelo, buscando quantificar a força

que emana da cabeça da estaca. Esse estudo é importante principalmente quando se

pretende definir um tamanho apropriado e um tipo de martelo adequado para

cravação, de uma dada estaca, sem que gere compressão excessiva ou tração sobre

ela.

26

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Fig.II.11. – Modelos Analíticos de Martelos. Deeks e Randolph (1993).

Modelos simples já seriam capazes de determinar com precisão o sinal da

força no tempo para a ação de impacto (Fig.II.11.a). Entretanto, Deeks e Randolph

(1993) desenvolvem novas soluções analíticas para o modelo do martelo.

Representando outros tipos de modelos mais complexos (Figs.II.11 b,c,d), mas de

maneira tal que o efeito da força do martelo sobre a cabeça da estaca tenha sempre a

forma, no tempo, vista na Fig.II.12.

Fig.II.12 – Sinal no tempo para ação de impacto do martelo. Deeks e Randolph

(1993).

Posteriormente, Liyanapathirana (1998) juntamente com Deeks e Randolph

realizam um trabalho, com desenvolvimento numérico em elementos finitos, já

voltado para o mecanismo da interação solo-estaca, comparado-o com um modelo

simplificado unidimensional de estaca e solo chegando a bons resultados nesta

comparação.

27

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II.3.2. Detalhes do Modelo a Percussão Empregado

Analisando toda essa teoria que aborda questões relativas a cravação de estaca,

alguns detalhes específicos não serão aqui considerados. Isto se deve ao fato de que

tais pormenores aumentam a complexidade do modelo e no presente estudo de

sensibilidade não há a necessidade de grande precisão nos resultados. Logo, o modelo

que se reproduz neste trabalho leva em conta o seguinte: uma função triangular, como

uma representação comumente utilizada na prática para a ação de impacto do martelo

de bate-estaca; não considera os efeitos da interação solo-estaca; o modelo considera

apenas a propagação de ondas Rayleigh, já que os casos de análise ocorrem próximo à

superfície, onde tais ondas são predominantes em relação às ondas de interior. A

função triangular (Fig. II. 13) é uma representação simplificada da força, mas as

respostas com ela obtidas são muito semelhantes às respostas no tempo dos modelos

mais complexos para impactos de cravação de estacas vistos em Deeks e Randolph

(1993) Fig.II.12. As expressões de propagação e atenuação adotadas, no modelo deste

trabalho, serão descritas no capítulo sobre propagação de ondas no solo, mais adiante.

As vibrações são rapidamente amortecidas em solos não coesivos, como areia,

mas propagam-se a grandes distâncias do local da obra em solos coesivos, como a

argila.

A ação dinâmica provocada pelo martelo de bate-estacas, adotada nos modelos

aqui desenvolvidos, impõe a cada segundo uma força de impacto (i.e. uma impulsão

com curtíssima duração, de aproximadamente 0,02 segundo) da ordem de 2000 kN

sobre uma estaca de concreto armado ou de aço. A estaca tem comprimento variando

de acordo com a resistência que se deseja alcançar, e pode atravessar diferentes tipos

de solos, próximo das fundações de uma edificação vizinha. As Figs.II.13 e 14

mostram, respectivamente nos domínios do tempo e da freqüência, o modelo da força

de impacto causada por um equipamento bate-estacas.

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0,02 0,021,0

tempo (s)

2000 kN

F(t)

0,02 0,021,0

tempo (s)

2000 kN

F(t)

Fig.II.13 – Força de Impacto Causada pelo Bate-Estacas X Tempo.

0.00E+00

1.00E-01

2.00E-01

3.00E-01

4.00E-01

5.00E-01

6.00E-01

7.00E-01

0.00E+00 5.00E+02 1.00E+03 1.50E+03 2.00E+03 2.50E+03

Frequência Angular (rad/s)

F (

)

Fig.II.14 – Espectro em Freqüência correspondente a Força de Impacto no Solo com

intensidade de 2000 kN produzida por um Bate-Estacas.

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II.4. Explosões Superficiais ou Subterrâneas

II.4.1. Registros Históricos

Para atender a requisitos de projeto, em algumas circunstâncias, é necessária a

utilização de explosões subterrâneas. Perfuração de túneis ou desmonte de rochas são

alguns exemplos de atividades construtivas que impõem o uso de explosivos. Na

maioria das vezes as explosões ocorrem próximo a estruturas existentes obrigando a

se estabelecer níveis de vibrações permissíveis, ditadas por limites de sensibilidade de

tais estruturas e seus ocupantes.

Respostas humanas a vibrações causadas por explosão são um problema para

gerentes de construções. É muito comum, que pessoas residentes na vizinhança das

operações de explosão se sintam tão irritadas que resolvem tomar medidas drásticas a

fim de interromper o projeto, especialmente quando este se prolonga por longo tempo.

Por isso, em muitos projetos localizados em áreas urbanas os limites de vibração

devem ser tomados mais em função das respostas humanas do que da probabilidade

de danos ou prejuízos estruturais. A resposta humana, entretanto, depende de

inúmeros fatores naturais e características populacionais, às vezes sem conexão direta

com a intensidade de vibração ou freqüência.

Em geral, há inúmeras formas de respostas das variadas estruturas de edifícios

devido às vibrações do solo causadas por explosão. Logo, além de cada edifício

responder com uma amplificação específica, há que se levar em conta a variação

estatística da velocidade de vibração do solo para uma dada carga de explosivos, a fim

de reduzir a probabilidade de danos ao edifício e perturbações aos seus ocupantes.

Os problemas de vibração são agravados pela geometria da área de explosão,

pelo desempenho dos explosivos, pela velocidade de detonação, pelo acoplamento

entre explosivos e a rocha e pela distribuição espacial das cargas de explosivos, além

das características físicas da rocha quanto a sua capacidade de propagar energia

proveniente da explosão.

30

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De uma maneira geral as vibrações causadas por explosões, têm sido

investigadas por análise do movimento da partícula. Portanto, para identificar as

características de propagação e atenuação é essencial medir o movimento 3D da

partícula. E necessária a monitoração das vibrações tanto na superfície quanto no

interior do solo, visto que as fontes de vibrações como explosão e até mesmo

cravações de estacas (seção anterior) são locadas a uma certa profundidade no solo.

Os distúrbios causados pela carga de explosão serão transmitidos pelas três

principais ondas sísmicas. Duas delas propagam-se confinadas no solo: são as ondas

de compressão e cisalhamento. A terceira, com maior intensidade de propagação na

superfície, é a onda Rayleigh. Através da monitoração de pontos a grandes distâncias

da origem da explosão, Goldberg (1985) pode notar que as ondas de compressão e

cisalhamento possuem, na superfície do semi-espaço (solo), amplitudes menores do

que as ondas Rayleigh. Em presença de inúmeros obstáculos há refração e reflexão

das ondas propagadas, e o movimento das partículas de solo é na verdade 3D. Logo

para monitorar a vibração na superfície deve-se tomar as três direções coordenadas

para determinar o movimento real. Há equipamentos adequados para realizar estas

medidas, como os sismógrafos ou geofones 3D.

Monta-se um sistema de medições de vibrações 3D usando 3 geofones

cobrindo as direções vertical, longitudinal e transversal no interior do solo. Kim e Lee

(1999), utilizando este sistema de medições, realizaram algumas explosões como teste

antes da construção de um túnel para trem de alta velocidade, para que fossem feitas

medições das vibrações induzidas. Os testes foram realizados num terreno com 12m

de profundidade sobre rocha, com perfil geotécnico composto por camadas de aterro e

solo resistente (Fig.II.15a). As explosões foram executadas no interior da rocha a

cerca de 28 ~ 44 m de profundidade usando entre 1 a 3 kg para carga detonada

(Fig.II.15b). As vibrações medidas tanto na superfície quanto no interior do solo

indicam que a velocidade da partícula varia significantemente com a carga dinamitada

e, a uma distância horizontal de aproximadamente 32 m da fonte, estes valores

situam-se numa faixa entre 1,5 a 2,5 cm/s (Fig.II.15c). Os resultados obtidos, nestas

medições, revelaram que, nas direções longitudinal e vertical, as ondas P são

dominantes, enquanto que a energia das ondas S é maior na direção transversal.

Concluiu-se também que a maior intensidade da energia de vibração induzida por

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explosão se encontra numa faixa de freqüência até cerca de 50 Hz e que o espectro de

energia na direção longitudinal tem maior intensidade que os outros (Fig.II.15d).

Ponto de explosãoGeofone Vertical 4,5 HzGeofone 3D

Aterro

Soloresistente

RochasãPr

ofun

dida

de (m

)

Tempo (s) Freqüência (Hz)0,0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 1 10 1000100

Transversal

Longitudinal

Vertical

Transversal

Longitudinal

Vertical

Vel

.par

tícul

a (c

m/s

)

PSD

(cm

/s)2

Rocha

Ponto de explosãoGeofone Vertical 4,5 HzGeofone 3D

Aterro

Soloresistente

RochasãPr

ofun

dida

de (m

)

Tempo (s) Freqüência (Hz)0,0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 1 10 1000100

Transversal

Longitudinal

Vertical

Transversal

Longitudinal

Vertical

Vel

.par

tícul

a (c

m/s

)

PSD

(cm

/s)2

Rocha

Fig.II.15 – Registro de vibrações induzidos por explosões (Kim e Lee, 1999).

Como revela Goldberg (1985), para grandes distâncias as ondas Rayleigh

predominam sobre as ondas de interior, visto que estas últimas decaem mais

rapidamente do que as primeiras. Considera-se que a modelagem geométrica para

uma explosão no interior de uma rocha, por exemplo, leva em conta uma fonte

pontual gerando ondas de interior. Ao atingir a superfície as inúmeras reflexões

produzem as ondas Rayleigh.

As explosões podem causar, pela vibração induzida, recalque diferencial bem

como vibrações transmitidas às estruturas e principalmente a painéis paredes como

lajes e paredes de alvenaria e também a componentes da arquitetura secundária, como

azulejos, vidros das janelas e outros.

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A Tab.II.1 apresenta resultados de registro das respostas em termos de

velocidade de partícula em dois pontos das paredes de um edifício excitado por uma

explosão.

Tab.II.1– Exemplo de amplificações em edifício devido a explosão – Goldberg

(1985).

Velocidade Máxima da Partícula (mm / s) Carga

(kg)

Distância

(m) Solo Parede 3o. andar Parede 10o. andar

230 1396 0,35 0,7 1,38

Amplificação 2 4

II.4.2. Detalhes do Modelo Empregado

Apresenta-se nesta seção alguns detalhes do modelo empregado por Carvalho

e Battista (2002), e também utilizado no presente trabalho, para obtenção de respostas

induzidas por explosões e a correlação destes com as respostas medidas

experimentalmente numa estrutura real de um edifício residencial.

Alguns autores definem expressões analíticas para representar a propagação e

atenuação da energia de vibrações em função do movimento da partícula. Rigas e

Sebos (1999) apresentam a propagação de ondas compressional e cisalhante

produzidas por explosão simuladas por um modelo analítico cuja velocidade e

aceleração de base são dadas pelas seguintes expressões, adotadas por Carvalho e

Battista (2002):

dt-t

00 e y (t) y =& (II.10)

dt-t

0d

0 e y t1 - (t) y =&& (II.11)

para n

31

n-0

w

R s 2,52 48,2 y−

= (II.12)

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onde 0y = velocidade pico da partícula (m/s); s = fator de acoplamento solo –

explosivo, ou seja, a fração da energia diretamente transferida para o solo; w = carga

equivalente de trinitrotolueno (TNT) (kg); R = distância da explosão; n = coeficiente

de atenuação que leva em conta a influência do solo, td = R/c = tempo de chegada; c =

velocidade de propagação da onda no solo.

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II.5. Vibrações Induzidas por Máquinas

Máquinas e motores instalados no interior e próximos às edificações geram

energia de vibração capaz de afetar diferentes partes da estrutura como fundações ou

membros estruturais. Tais ações são conduzidas até a estrutura através de propagação

de ondas, quando estas derivam de máquinas instaladas diretamente no solo em meio

às edificações, ou são geradas na própria estrutura através de componentes estruturais

projetados para suportar estas máquinas. Geradores, bombas, elevadores, aparelhos de

ar condicionado, etc, são alguns dos exemplos de fontes de vibrações mais

comumente conhecidos. As diferentes formas de vibração dependem de fatores tais

como: condições de operação, estado de manutenção, detalhes de sua configuração

mecânica, etc. Estas condições implicam no tipo de movimento que a máquina

desenvolve, e poderá ser rotativo, oscilatório ou de impacto natural. A força dinâmica

produzida pela máquina pode ser periódica ou não-periódica. Em alguns casos em que

a função do tempo não puder ser descrita por uma aproximação matemática

determinística deverá ser eficientemente descrita por aproximação estatística.

Ação Dinâmica

Peças rotativas, por exemplo, causam forças dinâmicas indesejáveis, se não

estiverem suficientemente equilibradas ou se existirem campos eletrodinâmicos

presentes. Tal desequilíbrio é devido ao fato de que o centro de massa da peça rotativa

não coincide com o eixo de rotação. Como exemplos de máquinas

predominantemente rotativas pode-se citar aparelhos de ar condicionado, ventiladores,

máquinas de lavar, bombas centrífugas, geradores de energia elétrica, etc.

Já as peças oscilatórias se identificam por apresentarem movimentos causados,

predominantemente, por translações e rotações de pequeno ângulo, ou por

combinação de ambos, conferindo-lhe movimento pendular. São exemplos, motores a

diesel (geradores de energia de emergência), compactador vibratório, etc.

E finalmente máquinas com peça de impacto causam grande força dinâmica

intermitente. São exemplos de máquinas desse tipo, bate-estaca (estaqueamento -

seção II.3).

35

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Funções de tempo, como as da Fig.II.2 neste capítulo, são adotadas para

representar as forças de excitação ou usadas como critério de regulagem (calibragem e

avaliação) da vibração. Tais funções de tempo são baseadas no pressuposto de

conhecimentos anteriores com máquinas semelhantes. Conseqüentemente os mais

variados tipos de forças induzidas por máquinas recaem em funções de tempo

periódica, transiente ou aleatória.

Como medida preventiva é necessário fazer com que a freqüência fundamental

da estrutura ou membro estrutural e a freqüência operacional da máquina não

alcancem valores coincidentes ou próximos um do outro. Caso não seja possível

manter tais freqüências afastadas, a solução será adotar algum sistema de

amortecimento e controle de vibrações da estrutura afetada.

36

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II.6. Vibrações Induzidas por Vento

Esta seção, como as demais deste capítulo, destina-se a apresentar também um

modelo simplificado, de acordo com a linha de interesse estabelecida para esta tese,

que visa uma proposta de uso prático, sem desconsiderar o conhecimento científico. A

intenção aqui não é trazer toda teoria básica sobre a ação do vento, mas apenas

despertar interesse para os pontos de maior relevância em torno do assunto,

principalmente nos aspectos que se referem à modelagem estatística. Maiores detalhes

podem ser amplamente discutidos e pesquisados nas inúmeras publicações na

literatura especializada (Blessmann, 1998, Simiu E. & Scanlan R.,1996 ).

Para aplicação no projeto de novas concepções de edifícios, a análise dinâmica

sob ação do fluxo de vento, incluindo o efeito da turbulência, torna-se necessária para

controlar as respostas em termos de deslocamento, velocidade ou aceleração das

edificações. Deve-se incluir testes, através de modelos numéricos, com aplicação de

perfis de velocidade média do vento (vide perfil de vento na Fig.II.16) e/ou rajadas

leves e fortes com excitações em freqüências abaixo de 1 Hz.

e

Excentricidade daresultante de vento

Posição originaldo eixo

Posição finaldo eixo

Estrutura submetida amomento torsional

e

Excentricidade daresultante de vento

Posição originaldo eixo

Posição finaldo eixo

Estrutura submetida amomento torsional

Fig.II.16 –Exemplo de perfil de velocidade do vento com excentricidade na aplicação

da resultante.

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II.6.1. Aspectos Gerais Envolvidos

A consideração de cargas de vento, no projeto de edifícios altos, é uma medida

imperiosa, tanto para uma verificação de estabilidade estrutural quanto para analisar

os níveis de vibração impostos à estrutura. Em alguns casos, se necessário, pode ser

exigido o uso de modelos reduzidos submetidos a túneis de vento, para uma melhor

observação.

A ação do vento numa estrutura envolve uma série de fatores com variáveis

temporais e muitas vezes específicos para cada caso isoladamente. Isso torna a

descrição rigorosa do problema uma tarefa complicada.

Alguns fatores são evidentes peculiaridades como as condições de vento que

variam de região para região em função das correntes térmicas, implicando

diretamente no intervalo de recorrência. A forma geométrica da seção transversal da

estrutura tem reflexos sobre o tipo de movimento global que a mesma estabelece.

Outro fator diz respeito às incertezas quanto a face perpendicular à direção de ação do

vento. Há também a influência local da rugosidade superficial circunvizinha,

constituídos por todos os obstáculos naturais ou criados pelo homem: florestas,

árvores isoladas ou em forma de quebra-vento, montanhas, morros, ilhas, ondas,

plantações, edificações, etc.

Há ainda a formação de turbilhões gerados por essa rugosidade superficial com

dimensões variadas. Os turbilhões originam as rajadas de vento que ocorrem em uma

seqüência aleatória de freqüências e intensidades. Sem falar que há uma superposição

de inúmeros turbilhões.

Somando-se a tudo isso o fato de que a vida útil de um edifício é muito longa,

pode-se concluir que somente um tratamento via teoria da probabilidade é capaz de

estabelecer valores médios e máximos na descrição do fenômeno. A aparente

divergência dos registros de um processo aleatório pode apresentar alguma

regularidade no sentido estatístico se o número de amostras for suficientemente

grande, o que permitiria uma análise mais realista do problema a ser enfrentado.

38

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II.6.2. Modelagem Estatística

O processo de análise da resposta da estrutura sob ação dinâmica do vento

inicia-se com a caracterização do vento no que diz respeito aos gradientes de

velocidades e pressões. A modelagem estatística do vento define a seguinte expressão

para velocidade total:

( ) ( ) ( )tz,VzV tz,V tot += (II.13)

onde V tot – velocidade total do vento;

V – velocidade média do vento;

V – flutuação de velocidade;

z, t , respectivamente, altura acima do terreno e tempo.

Nota-se na descrição da expressão (II.13) que os valores variam com o tempo

e/ou com a altura acima do terreno, com o que se conclui que a mesma pode ter uma

interpretação vetorial ao se substituir a variável z por pontos discretizados ao longo da

altura da edificação:

tot V = V + V (II.14)

onde

totV - vetor de velocidade total ao longo da altura (em termos de z);

V - vetor de velocidades médias ao longo da altura;

V - vetor de flutuações que também depende da altura.

A velocidade média V da expressão (II.13), como visto, varia com a altura e

sua determinação envolve fatores relativos à rugosidade superficial da região

circundante bem como da recorrência pretendida. Já V representa as flutuações

aleatórias da velocidade em torno da média.

Buscando entender as fases de obtenção da força e momento atuantes na

estrutura induzida pelo fluxo de vento, levando-se em conta seu caráter aleatório,

inicia-se a seguir uma breve dedução.

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Denomina-se pressão dinâmica q de um fluido a seguinte quantidade (Simiu

E. & Scanlan R.,1996 ):

2V2

q ρ= (II.15)

onde

ρ - é a massa específica do ar (1,2 kg/m3 sob temperatura normal).

V é a velocidade do fluído.

Imaginando-se um corpo imerso em um fluxo de velocidade V, este deverá

desenvolver pressões dinâmicas locais sobre esse corpo de tal maneira que satisfaça a

equação de Bernoulli (válida para fluidos incompressíveis):

constpVρ21 2 =+ (II.16)

sendo

2Vρ21 - a pressão dinâmica;

p – a pressão estática; onde AN lim p

0A ∆∆

=→∆

, ∆N a força exercida normalmente a uma

superfície plana de área ∆A.

Na eq.II.16 a constante se mantém válida ao longo das linhas de corrente onde

V representa a velocidade sobre a linha de corrente na camada imediatamente anterior

à superfície de contorno do corpo.

Para descobrir as componentes de forças e momento resultantes da ação do

fluxo sobre o corpo imerso, basta integrar a expressão II.16 ao longo da superfície,

que se opõe ao fluxo, do corpo imerso. Orientando-se por um sistema de eixos

perpendiculares sobre o plano das correntes, a ação do fluxo produz componentes com

resultantes de forças na direção do fluxo e perpendicular a ele, podendo haver uma

terceira componente relativa ao momento. Os valores dessas resultantes são

obviamente afetados pela forma prismática do corpo, bem como pelo número de

Reynolds.

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Antes, porém, de se concluir o entendimento sobre as forças e momento

resultantes, cabe neste instante abrir-se um parêntese para a definição de alguns

coeficientes aerodinâmicos.

É usual referir-se a toda pressão medida em uma superfície estrutural através

de uma pressão dinâmica padrão calculado com a velocidade V do fluxo em um

ponto a barlavento e distante da estrutura (por exemplo, acima dela e fora da camada

de contorno onde a corrente não é perturbada pela presença da edificação). Toma-se

experimentalmente um valor adimensional de referência chamado coeficiente de

pressão CP, definido como:

20

pVρ2

1pp

C−

= (II.17)

onde V é um valor da velocidade do vento e (p-p0) representa a diferença de pressão

local e pressão contra corrente afastada.

Tal forma não dimensional permite transferir resultados de modelos

experimentais, estendendo-os a um universo mais amplo, e os valores de referência

assim obtidos são catalogados. Isto permite correlacionar as propriedades

aerodinâmicas a outros modelos levando-se em conta apenas sua forma geométrica.

Assim, considerando as direções: ao longo do fluxo de vento e perpendicular a

ele, tomam-se as forças (por unidade de comprimento) devidas às pressões do vento

relacionadas adimensionalmente pelos coeficientes CD e CL da seguinte forma:

BVρ21

FC

2D

D = coef. de arrasto (II.18)

BVρ21

FC

2L

L = coef. de sustentação (II.19)

onde B é uma dimensão característica; FD e FL são respectivamente as forças na

mesma direção e na direção perpendicular ao vento. Para momento (FM) induzido pelo

vento, o coeficiente correspondente é:

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22M

MBVρ2

1F

C = coef. de torção (II.20)

onde

FM – o momento torsional dado por FM = F∑=

N

i 1i xi.

xi é a excentricidade da aplicação da força Fi na estrutura.

A ação de vento causa torção (momento) na estrutura quando o ponto de

aplicação da força resultante produzida pela distribuição de pressão no entorno da

seção transversal do edifício rígido não coincide com o centróide daquela seção

transversal (vide Fig.II.16).

Estes coeficientes quando não dependem do movimento da estrutura são

chamados coeficientes aerodinâmicos, e quando dependem são chamados coeficientes

aeroelásticos.

Pode-se entender que conforme a direção de incidência do fluxo, sobre a

estrutura, resultarão forças decompostas na direção do fluxo FD, perpendicular ao

fluxo FL, cujos valores podem ser obtidos explicitando tais quantidades das

expressões II.18 e II.19, e podendo atuar também um momento torsional FM

(eq.II.20).

Quando se deseja avaliar determinados movimentos da estrutura, pode-se, de

maneira simplificada, tomar tais forças independentes. Assim as equações dinâmicas

associadas a movimentos de translação (y) e rotação (θ), induzidos pela ação do

vento, podem ser descritas como:

L2

21

D2

21

y

C B V ρ

C B V ρ

y kym2ym =+ωξ+ &&& (II.21)

ou

M22

θθθθθ CBVρ21θkθωξI2θI =++&& (II.22)

Onde : m e Ιθ são componentes de massa e inércia, respectivamente;

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ξ é o amortecimento.

Quando se pretende obter respostas de edifícios altos sujeitos a flutuações de

vento adota-se um modelo estatístico para representar a variação da força imposta.

A força de vento em um ponto da estrutura é obtida a partir da velocidade total

do vento neste ponto e dada pela relação:

2zzpz VAρC

21F = (II.23)

onde Fz – força variável com a altura do edifício;

Cp – coeficiente de pressão média;

ρ - densidade do ar;

A z – Área tributaria na altura z;

Vz – Velocidade total na altura z.

Levando-se em conta a parcela de turbulência somada à velocidade média, a

força Fz pode ser descrita por um espectro de potência que indica a distribuição em

freqüência da energia cinética contida nesta força. A adoção, portanto, funções

espectrais para representar a flutuação do vento turbulento.

A Fig.II.17 mostra um exemplo da densidade espectral da força de vento.

Frequência (Hz)

S (f)

Fig.II.17 – Exemplo para densidade espectral para força de vento.

II.6.3. Detalhes do Modelo Empregado

Quando ocorrem flutuações no fluxo devido à turbulência, obviamente,

momentos e forças irão variar aleatoriamente com o tempo, implicando na adoção de

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distribuições espectrais para estas quantidades, bem como valores médios para os

coeficientes de forças. Trabalhos de inúmeros autores mostram distribuições

espectrais adotadas para provisões de cargas de vento em projetos de edifícios. Estas

distribuições empregam a teoria de vibrações aleatórias para simplesmente determinar

o valor médio quadrático da resposta da estrutura. São distribuições espectrais

resultantes de estudos e deduções analíticas como aquelas por Harris e Davenport

(1961), comumente adotadas para predição de respostas de estruturas sujeitas à ação

de vento turbulento. Para o emprego destes modelos estatísticos é necessário

considerar certas hipóteses básicas tais como a de vibrações de pequenas amplitudes e

principalmente que o fluxo é sempre um processo aleatório, estacionário e ergódigo.

Além de se adotar a teoria de vibração aleatória é necessário avaliar bem as condições

locais que influenciariam diretamente as características médias das distribuições de

pressões. Dentre tais condições pode se mencionar a freqüência de mudança da

velocidade média do vento, a altura de medição, a forma prismática da estrutura e as

condições de rugosidade da região situada no entorno.

Balendra (1995) em seu trabalho sobre análise de torres com sistema de

controle considera a torre modelada como um sistema simples com um grau de

liberdade generalizado reduzindo a equação de movimento a uma função de

transferência para representar a estrutura. Balendra (1995) adotando o espectro de

Harris, escreveu a densidade espectral ou distribuição espectral da força do vento na

direção do fluxo é dada por:

( ) 652

2

z

1000FF

X2

XVV

ωF kπ4

S+

= (II.24)

10

x

V2l X

πω

= ; 2Z0000 V C A F ρ=

onde k0 = 0,03 é o coeficiente de arrasto na superfície do solo, lx é o comprimento de

onda tomado igual a 1200, ρ0 é a densidade do ar, C0 é o coeficiente de arrasto, A0 a

área frontal da estrutura e V10 e Vz são as velocidades de vento a 10m e à altura z,

respectivamente.

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Analogamente, se o movimento que interessa é a torção da estrutura pode-se

considerar a expressão II.24 substituindo F0 por M0 (e a notação SFF por SMM ) que é

definido como se segue:

( ) ( ) α

= M

220 Cb2V ρ

21 θM & (II.25)

ou

( ) ( )

=

VbCb2V ρ

21 θM M

220

θ&& (II.26)

onde: ( ) θM0& é o momento;

θ é o ângulo de torção da estrutura;

b é uma dimensão característica;

CM coeficiente de momento.

Finalmente, se a estrutura é representada por uma FRF – He(ω) para um grau

de liberdade generalizado, a resposta em freqüência é descrita como:

( ) MM2

ex S ω H S = (II.27)

Sx o espectro de resposta;

He (w) a função de transferência da estrutura;

SMM a função densidade espectral de Momento;

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II.7. Vibrações Induzidas por Ação Humana

Dentre as ações dinâmicas sobre edifícios residenciais e comerciais urbanos,

talvez a mais comum seja aquela induzida por pessoas em atividades normais sobre as

lajes de pisos nos edifícios residenciais ou comerciais. Tornam-se ainda mais

relevantes quando as ações são de pulo, corrida ou dança. Sobremaneira, neste três

últimos, alguns fatores podem intensificar tais ações, como por exemplo, configuração

das repartições, mobílias, cargas concentradas, forma geométrica das áreas das lajes,

etc. Essas ações são mais intensas ainda na medida em que deixam de ser causadas

por uma pessoa apenas e passam a ter origem em grupos de pessoas que praticam

movimentos sincronizados e com ações localizadas. É sabido que todos estes fatores

são capazes de afetar não somente a forma modal e a freqüência natural das lajes, mas

como também o seu amortecimento. Como se pode notar a observação e os cálculos

racionais para as amplitudes de vibração induzidas por estas forças dinâmicas são, por

vezes, tarefas complicadas.

Ação Dinâmica

A ação dinâmica, ao caminhar, é atribuída a cada passo que uma pessoa

realiza. Testes indicam uma média, para cálculos, de cerca de 2 passos por segundo,

mas uma faixa entre 1.6 a 2.4 Hz pode ser considerada.

Do ponto de vista estrutural, há estruturas que são vulneráveis a estas ações

dinâmicas especialmente aquelas em que freqüência natural esteja entre 4 e 6 Hz,

como é o caso das lajes em edifícios que têm grandes vãos. Experiências têm

mostrado que estruturas com laje de concreto e vigas de aço, cuja primeira freqüência

natural é menor ou igual a 7 ou 8 Hz, são susceptíveis ao desconforto causado por

vibrações induzidas pela ação do caminhar. Estas vibrações são ainda mais intensas

do que nos pavimentos construídos com vigas e laje ambos de concreto e que tenham

a primeira freqüência natural também menor ou igual a 7 ou 8 Hz.

Já os efeitos sobre a pessoa são aqueles de incômodo, apreensão quanto à

segurança estrutural do edifício, perda de concentração mental, e ocasionalmente,

sensações de indisposição semelhante ao enjôo. Porém, os valores toleráveis ainda

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dependem do tipo de ocupação do edifício, tendo em vista a atividade exercida e o

tempo de exposição.

Modelos para Descrição do Carregamento Humano

Para o carregamento dinâmico que envolva pulos, a função do tempo pode ser

representada por uma seqüência de forças de impacto simulada por um certo intervalo

de duração (contato dos pés com a laje) seguido por um intervalo em que a força é

nula, relativo ao tempo em que os pés deixam de ter contato com o piso. A função de

carregamento para este tipo de atividade pode ser descrita através de uma série de

Fourier de “n” harmônicos Magluta (1993):

( ) ( )∑=

φ−πα+=n

1iiTistst tfi2sen GGtF (II.28)

onde G st – Densidade de carga (Força por unidade de área);

f T – Freqüência de excitação da força (freqüência fundamental da atividade

humana);

φ i – Fase relativa da força de excitação;

α i – Coeficientes da série.

A Tab.II.2 apresenta as faixas de freqüências fundamentais de várias

atividades, associadas ao primeiro harmônico da força, bem como os três primeiros

coeficientes desta série, sendo os demais desprezados.

Tab.II.2 – Coeficientes para a série da eq.(II.28).

Atividades Freqüência (Hz) α1 α2 α3

Andar 1,6 - 2,4 0,4 0,1 0,1

Correr 2,0 – 3,5 1,6 0,7 0,2

Pular 1,8 – 3,4 1,8 1,3 0,7

Dançar 1,5 - 3,0 0,5 0,15 0,1

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Capítulo III

Modelo Matemático para Propagação de Ondas no Terreno

III.1. INTRODUÇÃO

As equações que regem a propagação de ondas em meios contínuos são em geral

complexas. Apresentam refinadas expressões matemáticas, principalmente, quando a

transmissão de energia se dá em meios tridimensionais. A compreensão do fenômeno,

facilmente observável no dia a dia, parece muito natural, já que uma fonte que gera uma

energia intensa causa oscilações em uma região próxima ao seu ponto de aplicação.

Porém, a descrição exata de tal fenômeno terá que refletir uma série de implicações, pois

dependerá das propriedades físicas do meio uni, bi ou tridimensional, da fonte estar

situada no seu interior ou na superfície, distante ou próxima do ponto de observação, da

sua intensidade, da forma e direção de propagação da onda, enfim, um sem número de

fatores, encontrados na literatura, que são necessários para uma boa tradução matemática.

Por outro lado, no decorrer desse trabalho pretende-se destacar e comprovar a

importância de certas simplificações, algumas já consagradas pela prática. Tais

simplificações compreendem tanto as de caráter puramente matemático quanto as de

caráter técnico-prático, que visam facilitar a busca pelas respostas.

O texto a seguir aborda, portanto, o assunto de propagação de onda. Inicia-se por

um estudo preliminar que introduz conceitos de propagação em sistema unidimensional,

bem como suas atribuições físicas e matemáticas.

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É importante se compreender inicialmente a teoria de propagação sob uma visão

unidimensional, pois além de fornecer ferramentas fundamentais de análise, permite fácil

desenvolvimento das expressões e interpretação física direta.

Sabe-se que à luz da análise espectral é possível notar uma proximidade muito

forte entre propagação de onda e vibração. Logo, muitas das teorias desenvolvidas para

vibrações e análise modal são também aplicáveis para análise espectral de onda. O que

torna indispensável considerar a teoria de vibração como parte integrante da teoria

elementar de propagação de onda.

III.2. EQUAÇÃO UNIDIMENSIONAL DA ONDA

Como já dito anteriormente, qualquer estudo de propagação de onda, em qualquer

meio elástico, terá como suporte a teoria de vibração, pois uma onda nada mais é do que

um sinal, harmônico por exemplo, que possui uma certa propagação, caracterizada por

uma certa velocidade de fase, viajando em uma dada direção no meio.

Seja uma barra considerada um meio contínuo, isotrópico, homogêneo de material

perfeitamente elástico. Em seguida considere que uma ação, cuja origem inicialmente não

é de interesse, esteja situada neste meio em ponto bem distante do ponto de observação.

Considere que tal ação seja capaz de provocar uma perturbação em algum ponto do meio

e que a partir dele haja uma transmissão de energia de movimento (não há transferência

de massa) sucessivamente entre elementos adjacentes. São as ondas de tensão e

deformação que são irradiadas da região carregada com velocidade finita de propagação.

Como já se sabe essa irradiação não se dá instantaneamente, é necessário um tempo até

que pontos ainda não perturbados sejam alcançados pela onda em uma dada direção.

Portanto, conclui-se que o estudo de propagação de ondas necessita que se conheça

parâmetros de tempo, direção e velocidade de propagação.

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III.2.1. Onda Longitudinal (Onda Compressional)

Tomando como ponto de partida a teoria de vibração, Richart (1970) considera

uma barra em vibração livre (Fig.III.1), com seção transversal A, Módulo de Young E e

peso unitário γ.

u + ux

dx∂∂

u

x + dxx

σ ∂ σ∂x

x+x

dxσ x

Fig.III.1 - Elemento infinitesimal de barra com deformação longitudinal.

Supondo que cada seção permaneça plana durante o movimento e que a tensão é

uniforme sobre a seção, obtém-se a seguinte equação de equilíbrio (diagrama de corpo

livre):

F=Ax)x

+(+A xxx ∆

∂∂

−σσσ (III.1)

Ao se considerar um movimento na direção x, eixo da barra, e o deslocamento do

elemento designado por “u”, sua equação de movimento deduzida conforme a segunda lei

de Newton fica:

2

2x

xx tu

gAx=Ax

x+A+A

∂∂

∆∆∂∂

−γσσσ

que, após simplificações, se reduz a:

2

2x

tu

gx ∂∂

=∂

∂ γσ (III.2)

Por outro lado, a derivada parcial, em relação a x, a partir da relação tensão-

deformação fica:

50

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2

2x

xuE

x ∂

∂=

∂∂ σ (III.3)

Observa-se que os segundos membros das eq. (III.2) e (III.3) devem se igualar (usando a

massa específica ρ γ= g):

2

2

2

2

tu

xuE

∂=

∂ ρ (III.4)

Denominando-se ρ=Ep2c , sendo cp a velocidade de fase da onda compressional, vem

que:

2

22p2

2

xu

tu

∂∂

=∂∂ c (III.5)

é a equação da onda longitudinal. Verifica-se que se trata de uma equação diferencial

parcial que admite as soluções nas formas e/ou que representam

formas de onda viajando com a mesma velocidade c

t)-f(x pc t)+h(x pc

p nos sentidos positivo de x e

negativo de x, respectivamente. As funções f e h são arbitrárias e dependem da forma da

onda. E a solução da equação pode ser a combinação linear das funções acima:

t)+h(x + t)-f(x=u pp cc (III.6)

Inicialmente uma pequena zona entre as seções x e x + ∆x, Fig.III.1, pode “sentir”

as tensões causadas pelo deslocamento “u”, mas com o passar do tempo uma grande zona

experimenta estas tensões. O resultado será uma onda de tração viajando na direção

negativa de x e uma onda de compressão viajando na direção positiva de x.

Outra conclusão básica, que se deve conhecer desde já, é a diferença entre

velocidade de propagação da onda ou velocidade de fase cp, e velocidade das partículas &u

na zona tencionada ou comprimida (Fig.III.2).

51

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cp t

σx

x

Zona comprimida

cp t

σx

x

Zona comprimida

Fig.III.2 – Zona comprimida em barra com onda longitudinal.

A velocidade de fase cp depende das propriedades do material:

ρE=cp (III.7)

Já a velocidade u das partículas na zona comprimida (Fig.III.2), vide dedução em

Timoshenko (1970), depende da intensidade da tensão:

&

ρ

σ=

σ

p

xpx

cEc

=u& (III.8)

III.2.2. Onda Torcional

No mesmo trabalho, Richart (1970) determina uma expressão para onda torcional

conforme transcrição a seguir. A expressão que define o torque, em uma seção

transversal circular de uma barra produzindo um ângulo de rotação θ, é:

xIGT p ∂

∂=

θ (III.9)

onde G = Módulo de elasticidade transversal

Ip = Momento de inércia polar da seção transversal

x∂

∂θ = ângulo de torção por unidade de comprimento da barra

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L

T

∆ xx

T

∆ x

(a)

(b)

TTx

x+∂∂

∆∆θ

θ

Fig.III.3 - Elemento infinitesimal de barra com deformação distorcional.

Observando a Fig.III.3, aplica-se a segunda lei de Newton em um elemento de

comprimento ∆x e com um torque devido a sua inércia rotacional, vem:

2

2p

txI)x

xTT(T

θ∂∆ρ=∆

∂∂

++− (III.10)

que após simplificações e substituindo-se o valor de T (eq. III.9) em eq.III.10, chega-se

em:

2

22S2

2

xc

t ∂∂

=∂

θ∂ θ (III.11)

ρ=

GcS (III.12)

sendo, cS a velocidade de propagação da onda rotacional.

Obs.: a) Mais adiante, ao se considerar um espaço tridimensional, estas duas formas

deduzidas de propagação de onda, em meios elásticos, serão denominadas ondas P (de

compressão), e ondas S (de cisalhamento), respectivamente ondas longitudinal e

torcional.

b) Considere uma barra de comprimento finito:

53

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L

x Fig.III.4 - Barra elástica de comprimento finito

Antes de se estudar meios infinitos ou semi-infinitos, sobre os quais será

imperioso o uso de funções exponenciais para descrever os deslocamentos das ondas

nesse tipo de meio, inicia-se por considerar um meio com comprimento finito (Fig.III.4).

Por simplicidade de desenvolvimento, adota-se expressões, para respostas das equações

de onda, na forma de série trigonométricas. Seja portanto, a seguinte expressão, no

domínio do tempo, que descreve a forma geral de deslocamento de uma barra vibrando

sob a frequência natural ωn:

)tsenCtcosC(Uu n2n1 ωω += (III.13)

Sendo: U a amplitude de vibração na barra;

C1 e C2 constantes.

Substituindo-a diretamente, por exemplo, na equação da onda (III.5), produz-se a

seguinte equação diferencial ordinária:

0Ucxd

Ud2p

2n

2

2

+ (III.14)

Trata-se de uma equação diferencial ordinária linear a coeficientes constantes que

descreve a variação da amplitude de deslocamento U ao longo de x, e cuja solução é :

xc

senCxc

cosCUp

n4

p

n3

ω+

ω= (III.15)

Que substituindo em (III.13), produz:

)tsenCtcosC(xc

senCxc

cosCu n2n1p

n4

p

n3 ω+ω

ω+

ω= (III.16)

54

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Nessa expressão (III.16) faz-se p

n

ck

ω= , onde k é chamado de número de onda.

Sabe-se que o parâmetro que representa a vibração é a frequência ωn . Já em propagação

de ondas espera-se que um novo parâmetro, além desse que exprime vibração, possa

refletir a energia de vibração viajando ao longo do meio, atribuída pela velocidade de

fase . Assim, procurando reunir estes dois parâmetros em apenas uma variável, surge o

número de onda (k), que dá ao mesmo tempo características de vibração e propagação.

Nota-se que pela expressão (III.17), a seguir, a variação da amplitude de deslocamento U

na direção de x é determinado por k. Isto porque, assim como a freqüência atua como

fator de escala para o tempo, o número de onda k atua como fator de escala para a

posição. Posteriormente, se notará que o número de onda terá papel ainda mais destacado

em uma abordagem tridimensional.

cv

x senCx cosCU 43 kk += (III.17)

III.3. EQUAÇÃO TRIDIMENSIONAL DA ONDA

III.3.1. – Ondas-P e Ondas-S

τ∂τ∂xz

xzz z+ ∆

σ∂τ∂x

xx

x+ ∆

τ∂τ∂xy

xy

yy+ ∆

∆y

∆z

∆x

y

x

z

1

23

4

5

6

5

3

1

τ∂τ∂xz

xzz z+ ∆

σ∂τ∂x

xx

x+ ∆

τ∂τ∂xy

xy

yy+ ∆

∆y

∆z

∆x

y

x

z

1

23

4

5

6

5

3

1 Fig.III.5 – Elemento infinitesimal tridimensional.

55

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A abordagem anterior sobre ondas, em um meio unidimensional, não só se

constitui numa teoria própria com vasta aplicação em materiais que apresentem uma de

suas dimensões muito maior que as demais (barra, treliça, haste, tubo...), mas como

também serve para estimular a compreensão de certos conceitos que, a primeira vista, na

análise tridimensional se torna uma tarefa complicada. No entanto, seja considerar um

meio tridimensional elástico infinito, homogêneo e isotrópico, sobre o qual é válida a

teoria da elasticidade. A equação de movimento de um elemento infinitesimal (Fig.III.5),

sujeito a uma excitação harmônica, pode facilmente ser obtida considerando parcelas de

forças de inércia adicionadas às equações de equilíbrio em cada direção. Supondo

ausência de peso, tem-se:

0tuuG

xe)G( 2

22 =

∂−∇+

∂∂

+ ρλ (III.18a)

0tvvG

ye)G( 2

22 =

∂−∇+

∂∂

+ ρλ (III.18b)

0twwG

ze)G( 2

22 =

∂−∇+

∂∂

+ ρλ (III.18c)

onde G = módulo de elasticidade transversal;

λ = constante de Lamé.

Nesta equação a quantidade escalar “e” (III.19) representa a deformação

volumétrica e o símbolo ∇2 (III.20) representa o operador laplaciano:

zw

yv

xue

∂∂

+∂∂

+∂∂

= (III.19)

2

2

2

2

2

22

zyx ∂

∂+

∂+

∂=∇ (III.20)

Ainda sobre as expressões (III.18a,b,c) nota-se que, embora não estejam em uma

forma totalmente explicita, o primeiro e o segundo termos de cada uma das eqs. acima

representam componentes volumétricas e distorcionais, respectivamente.

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Considerando-se as igualdades: ( − ) , ( ) , ( ) e

identificado o primeiro termo como volumétrico e o segundo rotacional (III.18), é

possível, conforme Wolf (1985), se obter expressões independentes para regerem ondas

volumétricas ou rotacionais semelhantes àquelas obtidas para sistemas unidimensionais.

uu2 &&=ω vv2 &&=ω− ww2 &&=ω−

A expressão seguinte rege ondas volumétricas:

ec

e 2p

22 ω

−=∇ (III.21)

também chamada equação escalar de onda, onde

ρλ G2c 2

p+

= (III.22)

e cp é a velocidade da onda volumétrica.

Já a expressão abaixo rege ondas distorcionais:

c

2s

22 Ω

ω−=Ω∇ (III.23)

também chamada de equação vetorial da onda onde

ρGc 2

s = (III.24)

e cs é a velocidade da onda rotacional.

Sabendo-se que “e” representa uma quantidade volumétrica e Ω uma

quantidade vetorial rotacional, ambas formas de onda podem coexistir, em alguns meios,

independentemente uma da outra. Cada uma propaga com velocidade específica,

respectivamente cp e cs. Em virtude dessa análise, por simplicidade, se justifica o estudo

de tais formas de onda em separado, conforme se segue.

57

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III.3.2. - Soluções das Equações de Ondas-P e Ondas-S

Considerando um meio tridimensional infinito é conveniente se utilizar funções

exponenciais para as funções teste como solução das equações da onda.

Para as chamadas ondas-P, ou ondas primárias, ou ondas dilatacionais, ou ainda,

ondas volumétricas, a solução para a equação (III.21) tem a forma:

)]zlylxl(c

[

pp

zyxpeA

ce

−−−−=

ωω

ii (III.25)

A interpretação da expressão acima demonstra que a parcela exponencial

complexa reproduz uma onda com movimento harmônico onde a partícula se desloca

paralelamente a uma dada direção s (definida pelos cossenos diretores lx, ly e lz) com

velocidade de fase cp. Ainda sobre a parcela exponencial pode se dizer que a mesma não

significa necessariamente decaimento, o que só ocorrerá se os cossenos diretores forem

complexos.

Sendo a direção s é definida por:

zlylxls zyx ++= (III.26)

as correspondentes componentes de amplitude de deslocamentos serão:

)]zlylxl(c

[

pxpzyx

peAlu−−−

=

ωi

(III.27a)

)]zlylxl(c

[

pypzyx

peAlv−−−

=

ωi

(III.27b)

)]zlylxl(c

[

pzpzyx

peAlw−−−

=

ωi

(III.27c)

Para ondas P o vetor deslocamento resultante da onda coincide com a direção de

propagação.

58

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Já para as chamadas ondas-S, ou ondas secundárias, ou ainda, ondas rotacionais, a

solução exponencial para a equação (III.23) tem a forma:

)]zmymxm(c

[

s

zyxSeC

2c

−−−−=Ω

ωω

ii (III.28)

A interpretação da expressão acima demonstra que a parcela exponencial

complexa reproduz uma onda com movimento harmônico onde a partícula se desloca na

direção perpendicular a uma dada direção t (sendo t a direção de propagação definida

pelos cossenos diretores mx, my e mz) com velocidade de fase cs.

Sendo a direção t é definida por:

zmymxmt zyx ++= (III.29)

As correspondentes componentes de amplitude de deslocamentos são:

)]zmymxm(c

[

zyyzt

zyxse)CmC(mu

−−−ω

−=i

(III.30a)

)]zmymxm(c

[

xzzxt

zyxse)CmC(mv

−−−ω

−=i

(III.30b)

)]zmymxm(c

[

yxxyt

zyxse)CmC(mw

−−−ω

−=i

(III.30c)

Para ondas-s o vetor deslocamento resultante da onda se coloca sobre um plano

perpendicular à direção de propagação.

Em geral o vetor deslocamento de ondas-S pode ser decomposto em uma

componente horizontal com amplitude ASH e em uma componente vertical com amplitude

ASV ,esta última situando-se em um plano que contenha o eixo global z e a direção de

propagação t. Na seção seguinte, esta observação terá importância.

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III.4. ONDAS RAYLEIGH EM UM SEMI-ESPAÇO ELÁSTICO

A definição para onda tridimensional estabelecida na seção anterior apresenta

duas formas de ondas, ondas dilatacionais e rotacionais, que se propagam em meio

elástico infinito. São deduzidas a partir das equações de movimento (III.18) para um

meio elástico homogêneo e isotrópico. Porém, considerando-se um semi-espaço, é

possível encontrar uma terceira forma de onda cujo movimento é confinado em uma

região próxima do seu contorno ou superfície (Fig.III.6). Conhecida por onda de

Rayleigh, por ter sido primeiro estudada por Lord Rayleigh (1885), sua principal

característica é que seu movimento decai rapidamente com a profundidade.

Fig.III.6 – Fonte Doyle (1997).

A justificativa matemática para o surgimento das ondas planas que apresentam o

comportamento acima tem origem nas mesmas equações (III.18), porém sendo estas

estabelecidas sob apropriadas condições de contorno como se segue: superfície livre do

semi-espaço representada pelo plano x-y e origem do eixo-z posicionada no extremo livre

e direção positiva apontada para baixo.

Ao contrário da dedução realizada na seção anterior, desta vez não se estabelecerá

o desacoplamento dos movimentos compressional e dilatacional antes da imposição das

condições de contorno, conforme Ewing (1957), pois, primeiro a forma particular de

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onda depende das condições de contorno e, segundo, o deslocamento final da partícula

para onda de Rayleigh, encerra uma influência direta de deformações associadas a

dilatação (Φ) e a rotação (Ψ), na superfície livre.

Portanto, sejam os deslocamentos u e w, respectivamente na direção x e z

(Fig.III.6), em termos das funções potenciais Φ, para dilatação, e Ψ, para rotação:

zx

u∂

Ψ∂+

∂Φ∂

= e xz

w∂

Ψ∂−

∂Φ∂

= (III.31)

É necessário que Φ e Ψ satisfaçam as equações de movimento (III.18) além, é

claro, das condições de contorno em z = 0, isto é, tensões σz = 0 e τxz = 0. E por razões já

justificadas, é necessário que haja também uma variação na amplitude da onda em função

da profundidade e as funções Φ e Ψ terão a seguinte forma:

)xct(ike)z(f −=Φ e )xct(ike)z(g −=Ψ (III.32)

Notar que as expressões (III.32) acima e as (III.27 e III.30), têm a mesma função

para o termo em x e para o termo em z. Espera-se apenas que (III.32) represente também

o comportamento requerido para onda Rayleigh, ou seja, amplitude decrescente com a

profundidade.

Assim se pode entender porque as formas das expressões de Φ e Ψ serão:

−+−−

=Φx)ik(ctz1

cc

1

2P

2R

eA (III.33a)

−+−−

=Ψx)ik(ctz1

cc

2

2S

2R

eA (III.33b)

Sendo A1 e A2 constantes arbitrárias. E cR, cP e cS, respectivamente as velocidades

de propagação de ondas Rayleigh, compressional e cisalhante.

Sejam as condições de contorno σz = 0 e τxz = 0:

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0zxzx

2G 2

2

2

22z =

Ψ∂−

Ψ∂+

∂∂Φ∂

=σ (III.34a)

0zxz

G22

2

22

zx =

∂∂Ψ∂

+∂

Φ∂+Φ∇λ=τ (III.34b)

E substituindo-se (III.33) em (III.34) pode se chegar, por artifícios matemáticos, à

equação de Rayleigh:

03

323

568 2

2

4

4

6

6

=−+−S

R

S

R

S

R

cc

cc

cc (III.35)

Uma equação cúbica, cuja relação é 22SR cc , que produz três raizes, 22

SR cc =

4, 2 + 32 e 2 - 32 . Somente a última delas é capaz de satisfazer as condições que

assegurem que as expressões (III.33) representem ondas planas de superfície. Para a

relação 22SR cc consistente, obtém-se:

β= 9194,0cR (III.36)

Logo pela condição (III.36) pode-se estabelecer os seguintes deslocamentos, a

partir de (III.31) e (III.33):

( ) ( )xctksen0,5773ee D u 0,3933kz0,8475kz −−= −− (III.37a)

( ) ( )xctkcose1,4679e8475,0 Dw 0,3933kz0,8475kz −+−= −− (III.37b)

Sendo: D é a amplitude para onda Rayleigh.

As equações (III.37) governam o movimento de uma partícula descrevendo uma

elipse retrógrada. Na superfície, prevalece cerca de 2 / 3 da transmissão de energia

elástica entre as partículas é atribuída à onda Rayleigh. Visto que Ewing (1957) prova

que esta decai à razão de 1/ r , enquanto que as outras duas formas de onda

(compressional e rotacional) decaem mais rapidamente, à razão de 1 / r2 na superfície do

semi-espaço (r é a distância desde a origem da excitação). Logo, para grandes distâncias

da fonte de perturbação, ondas compressional e rotacional, que serão vistas próximas à

superfície, terão amplitudes muito menores que as ondas Rayleigh. A onda Rayleigh é,

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portanto, de grande interesse para obras de engenharia na superfície ou próxima dela,

como, por exemplo, fundações.

III.5. MODELO DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS RAYLEIGH

Para o caso específico de propagação de ondas Rayleigh na superfície do solo,

cujos efeitos em pontos distantes da fonte se pretendem determinar, será adotado um

modelo simplificado, apresentado a seguir, como função de transferência do solo. A

análise de onda Rayleigh será desenvolvida em coordenadas cilíndricas, alternativamente,

ao estudo de onda, das seções anteriores, que foram baseados em coordenadas

cartesianas.

III.5.1. Equações de Ondas em Coordenadas Cilíndricas

O desenvolvimento a seguir é parte do trabalho realizado por Lamb (1904) e serve

para a compreensão da origem da função de resposta em frequência que será de grande

utilidade para o estudo de propagação de ondas Rayleigh.

Seja um sistema em coordenadas cilíndricas (Fig.III.7), onde se definem r um

comprimento radial, z uma profundidade e χ um parâmetro angular. O semi-espaço é

definido pela superfície correspondente a z = 0. Considerando ainda, a origem “O” a

fonte pontual e A o ponto de observação.

z

x

χ

x

z

A

r

Fig.III.7 –Sistema em coordenadas cilíndricas.

63

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Considerando um desenvolvimento para o caso particular onde a fonte pontual

esteja localizada na superfície de um semi-espaço, assumindo simetria em relação ao

eixo-z tem-se as seguintes relações:

22 z x r += qrx u = q

rz w = (III.38)

Considere as variáveis u e w os deslocamentos, respectivamente, perpendicular e

paralelo ao eixo-z, representados em termos dos potenciais de translação, ϕ, e rotação, ψ:

rzr u

2

∂∂ψ∂

+∂

ϕ∂= e

rr1

rz w 2

2

∂ψ∂

−∂

ψ∂−

∂ϕ∂

= (III.39)

O parâmetro χ não aparece nas expressões acima por causa da simetria. ϕ e ψ

satisfazem as equações:

( ) 0k22 =ϕ+∇ α e ( ) 0k22 =ψ+∇ β (III.40)

onde kα e kβ são números de onda assim definidos:

Pck ω=α ; cP é a velocidade de propagação para onda de compressão.

Sck ω=β ; cS é a velocidade de propagação para onda cisalhante.

para uma simetria axial:

2

2

2

2

zrr1

r ∂

∂+

∂∂

+∂

∂=∇

Admite-se a solução particular das funções potenciais com as seguintes formas:

( rkJeA 0zν−=ϕ ) e ( )rkJeB 0

z'ν−=ψ (III.41)

onde 222 kk α−=ν

222 kk' β−=ν

k = ω/cR ; k é um número de onda definido para onda Rayleigh.

Jn (kr) é uma função de Bessel de ordem n.

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A e B são coeficientes constantes.

Substituindo (III.41) em (III.39), vem:

( ) ( )krJeB'keAk u 1z'z ν−ν− ν−−= (III.42a)

( ) ( )krJeBkeA w 0z'2z ν−ν− +ν−= (III.42b)

e sendo as tensões no plano z = 0

( )[ ( )krJBkk2kAk2Grw

zuG]τ[ 1

220rz β−−ν=

∂∂

+∂∂

= ] (III.43a)

( )[ ( )krJB'k2Akk2GzwG]σ[ 0

2220z ν−−=

∂∂

+∆λ= β ]

)

(III.43b)

Onde ∆ é a deformação expancional;

λ é a Constante de Lamé;

G é o módulo de elasticidade transversal.

Para obter a solução para uma fonte pontual considere uma força por unidade de

área atuando normalmente na superfície livre. As condições de contorno

apropriadas para esse caso são:

(krJ Z 0

0]τ[ 0zrz == e ( )rkJZ]σ[ 00zz == (III.44)

Que levadas as expressões (III.43) obtém-se o seguinte sistema:

( )( ) 0Bkk22

GZB'k2Akk2

22

222

=−+ν−

=ν−

β

β

A

- (III.45)

cuja solução é:

GZ

F(k)kk2

A22β−

= (III.46a)

GZ

F(k)ki2B ν

= (III.46b)

65

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onde é a função de Rayleigh; ( ) 'k4kk2F(k) 2222 νν−= β-

Para considerar o caso de carga concentrada na superfície se faz π−= 2kdkL Z

em (III.44)e (III.46) e os deslocamentos (III.42) em qualquer ponto da superfície z = 0,

integrado com respeito a k de - a +∞ ∞ , podem ser escritos:

( )dk(kr)J

F(k)'2kk2k

G2L u 1

222

o ∫∞+

∞−

β νν−−

π= (III.47a)

dk(kr)JF(k)

kkG2

L w 0

2

o ∫+∞

∞−

β ν

π−= (III.47b)

Após desenvolvimento das funções de Bessel nas equações (III.47), a fim de obter

uma forma cuja avaliação das integrais definidas seja facilitada, apresenta-se as

expressões equivalentes a seguir:

( )dke

F(k)'2kk2k

duu cosh G2

L uucoshrki222

02o

−∞+

∞−

β∞

∫∫νν−−

π−= (III.48a)

dkeF(k)

kkdu

G2iL w

ucosh r ki2

02o

−∞+

∞−

β∞

∫∫ν

π−= (III.48b)

Através de métodos de resolução das integrais das equações (III.48), cujo

desenvolvimento não é de interesse do presente trabalho, produz-se a solução (III.49) que

representa o movimento das partículas em um ponto distante da fonte, devido à

propagação de ondas Rayleigh no primeiro termo, e compressional e cisalhante nos

demais termos:

( )

( )[ ]

( )

( )( )[ ]

( )L++

−=

∞ −ω

β

∞ −ω

α

π

−−ω

β

α

duu

duu

urkt

urktrti

0

coshi

0

coshi4

k

21

23

21

23

cosh

e

rk

N

cosh

e

rk

Mekr2

1G

ikLHu0

(III.49a)

66

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( )

( )[ ]

( )

( )( )[ ]

( )L++

=

∞ −ω

β

∞ −ω

α

π

−−ω

β

α

duu

duu

urkt

urktrti

0

coshi1

0

coshi14

k

23

23

23

23

cosh

e

rk

N

cosh

e

rk

Me

kr21

GkLKw

0

(III.49b)

Onde k = ω/cR ;

H e K são constantes que representam o meio pelo qual a onda se propaga.

Salientando somente a parcela do movimento que se refere apenas à propagação

de ondas Rayleigh (1o. em ambas equações), tem-se na superfície livre os deslocamentos:

( ) ( ) ti210 ekrH

2GikHLu ω= (III.50a)

( ) ( ) ti200 ekrH

2GikKLw ω−= (III.50b)

Onde considera-se a transformação vista adiante em (III.54).

Sabendo-se que a partir da definição da função de Hankel tem-se a seguinte relação:

( ) ∫∞

−π

=0

u coshr ki(2)0 duei2krH (III.51a)

( ) ( )( ) ']krH[krH 20

(2)1 −= (III.51b)

III.5.2. Função de Transferência para Onda Rayleigh

A descrição resumida anterior tem por finalidade ilustrar a origem da função de

resposta em frequência para uma porção de solo sujeita a propagação de ondas Rayleigh

horizontal (u) e vertical (w) apresentadas em Hunt (1991) e reproduzidas respectivamente

abaixo:

67

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ω

ω≅ω

R

(2)1

Ruf c

rH cG 2

- )r,(H H (III.52a)

ω

ω≅ω

R

(2)0

Rwf c

rH cG 2K- )r,(H para

Rcrω >> 1. (III.52b)

Onde r – é a distância entre a fonte de excitação e o ponto de observação;

ω – é a frequência de excitação;

cR – é a velocidade de propagação da onda Rayleigh;

H e K são as constantes que dependem do coeficiente de Poisson do solo;

G – é o módulo de elasticidade transversal do solo;

Hn(2) – é a função de Hankel definida em (III.51).

Muitos experimentos indicam que o amortecimento em solo é do tipo histerético,

mas em outros trabalhos experimentais, realizados por Hunt, foram observados um

comportamento com amortecimento viscoelástico D(ω).

A versão amortecida para expressões da função de resposta em frequência acima,

onde o solo é suposto com pequeno amortecimento para baixas amplitudes de vibração, é

a seguinte:

ω

ρω

≅ω

ω

R

(2)1

c2r-D

3R

uf crHe

c 2- )r,(H R

2

H (III.53a)

ω

ρ

ω≅ω

ω

R

(2)0

c2rD-

3R

wf cr He

c 2 )r,(H R

2

K (III.53b)

Onde ρ é a massa específica do solo.

O desenvolvimento da função de Hankel a partir de uma combinação das funções

de Bessel na forma complexa abaixo, não apresentou convergência satisfatória no seu

algoritmo computacional, dificultando a obtenção das curvas:

68

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( )( ) ( ) ( )xYixJxH nn2

n −=

sendo Jn (x) – função de Bessel de primeira espécie.

Yn (x) – função de Bessel de segunda espécie.

Uma simplificação matemática facilita a obtenção das curvas das funções de

resposta em frequência horizontal e vertical substituindo as funções de Hankel pelo

primeiro termo de uma expansão assintótica, como se segue:

( ) ( ) ( )42pzi2p e

z2zH

π−π−−

π≅ ∞→π<<π− z,2arg2 (III.54)

E a representação gráfica a partir das expressões (III.53) pode ser vista na Fig.III.8,

segundo os parâmetros do solo dados a seguir:

ρ = 2000 kg/m3 G = 100 MPa

cR = 214 m/s D(ω) = 0,00035

cP = 1500 m/s K = 0,103

cS = 224 m/s H = 0,0575

0.00E+002.00E-084.00E-086.00E-088.00E-081.00E-071.20E-071.40E-071.60E-07

0 20 40 60

Frequência ( Hz )

Am

plitu

de

FRF - horizontalFRF - vertical

Fig.III.8 – Funções de resposta em frequência para solo típico, horizontal e vertical.

69

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III.6. COMENTÁRIOS FINAIS

III.6.1. O Movimento das Partículas no Meio

A Fig.III.9 ilustra os modelos simplificados de movimento das partículas

característicos das três principais formas de propagação de ondas: (a) para onda Rayleigh;

(b) para onda cisalhante, vertical e horizontal; (c) para onda compressional. Diversas

propriedades de cada uma delas podem ser encontradas em Barkan (1962).

|q0|

|w0|

z

x

. Ondas - POndas - SV

Direção dePropagação

SH

Movimento das partículas(a)

(b)

(c)

Superfície do semi espaço

Fig.III.9 – Esquema para o movimento das partículas próximo à superfície.

A seguir são enumeradas algumas delas:

(a) Reportando-se à seção III.4, ficou demonstrado que as equações (III.37) regem o

movimento de partícula descrevendo uma elipse retrógrada, como uma função do

tempo na superfície livre do semi espaço. Da mesma forma, na seção III.5.1, as

equações III.50 também devem estabelecer o mesmo tipo de movimento, já que se

referem à primeira parcela do deslocamento global (eq. III.49), aquela atribuída à

onda Rayleigh (demais parcelas da equação (III.49) representam as ondas cisalhante e

compressional). O movimento da partícula assegura que o deslocamento vertical é

cerca de 1,5 vezes o deslocamento horizontal na superfície. Portanto, os efeitos sobre

as edificações são mais pronunciados na direção vertical quando estiverem sujeitos à

onda Rayleigh.

70

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(b) Nas ondas-S, que envolvem deformação distorcional, o movimento da partícula se

coloca em um plano perpendicular à direção de propagação. Este movimento pode ser

decomposto em onda horizontal (onda-SH) e onda vertical (onda-SV), com

velocidades de propagação independentes entre si. Na superfície, uma incidência de

onda-SH reflete com onda-SH com mesma amplitude. Já uma onda-SV é refletida

nesta forma se a onda incidente for SV ou mesmo ondas-P (a seguir), para qualquer

ângulo de incidência. Obs.: Num meio contínuo, a velocidade de fase das ondas de

interior, inclinadas em relação à superfície, é comumente projetada na direção de

propagação horizontal (Fig.III.9).

(c) Para ondas-P, que envolve somente deformação volumétrica, o movimento da

partícula coincide com a direção ao longo da qual a onda propaga. Na superfície, uma

incidência de ondas-P reflete como ondas-P e SV com velocidades de fase comuns.

III.6.2. Características da Propagação

Estudos realizados por diversos autores e aqui apresentados na seção III.3

mostram que ondas compressional e cisalhante podem propagar no interior dos sólidos

isotrópicos e homogêneos. Por outro lado, as seções III.4 e III.5 demonstram que ondas

de superfície podem propagar ao longo da superfície livre bem como no interior do

corpo. Neste capítulo pode ser visto também que ondas de interior (onda-P e S) podem

propagar próximo à superfície livre, embora com energia de irradiação menor que aquela

se fosse propagada para o interior do semi espaço. Sob uma condição de impacto vertical,

as equações III.49 regem uma dispersão em forma de um sistema de ondas com simetria

anelar, cujo deslocamento final é composto pelas três formas de propagação de onda:

rotacional, compressional e Rayleigh. Entretanto, será interessante conhecer que tipo de

onda predominará em específicas condições de ocorrência.

Há algumas características individuais que podem influenciar nas análises. Sabe-

se, por exemplo, que a onda Rayleigh tem velocidade de propagação menor que a

71

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velocidade da onda cisalhante e que, a grandes distâncias, decai à razão de 1/ r (sendo r

a distância da fonte) enquanto que as ondas cisalhante e compressional decaem à razão de

1/r2, logo a onda Rayleigh predomina nestas condições.

A pequenas distâncias, onde as equações III.49 não se aplicam, pode-se concluir

inicialmente que o tipo de movimento predominante dependerá da forma de aplicação da

força e do meio em que ela atua. Isso ficará claro com a explicação a seguir.

A onda de Rayleigh é, sobretudo, uma combinação de ondas compressional e

rotacional, portanto pode ser produzida por fontes com ambos os tipos. Porém, mesmo

sob estas condições a onda Rayleigh não ocorrerá para uma fonte muito próxima da

superfície e com distâncias horizontais curtas. Fica estabelecido, desde já, que há uma

distância mínima para o surgimento de pulsos de Rayleigh e que para uma fonte situada

no interior do semi espaço próximo à superfície é de: (vide Fig.III.10)

2R

2S

R

cc

hc EP−

⟨ (III.54)

onde cS = velocidade de propagação para onda cisalhante;

cR = velocidade de propagação para onda Rayleigh;

h = profundidade da fonte;

O = origem da fonte.

cR t

cS t

E P

h

θ

Superfície livre

O

cR t

cS t

E P

h

θ

Superfície livre

O Fig.III.10 –Distância mínima para pulso de ondas Rayleigh.

Para distâncias inferiores a EP a forma da fonte é que irá definir entre os outros tipos de

propagação compressional, cisalhante ou ambos.

72

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Capítulo IV

Modelagem Estrutural de um Edifício

de Múltiplos Andares

IV.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo alguns aspectos relevantes da modelagem tridimensional de um

edifício residencial urbano são apresentados e discutidos. Utiliza-se para tanto a

estrutura típica de um edifício cujo croquis da elevação e a planta do pavimento tipo são

ilustradas, respectivamente, nas Fig.IV.1 e Fig.IV.2.

A estrutura em concreto armado do edifício é uma estrutura aporticada

convencional, sendo constituída de uma torre com 10 pavimentos tipo (Fig.IV.2) e 01

pavimento de uso comum – PUC. As Figs.IV.1 a IV.6, apresentadas mais adiante,

ilustram a estrutura principal. No Anexo B pode ser encontrada uma ficha técnica

contendo os materiais de seus componentes e as características gerais da edificação.

A estrutura do edifício tem fundações profundas constituídas de blocos de

concreto armado sobre estacas pré-moldadas de concreto armado com profundidade

média de 25 m e diâmetros de 350 mm, 400 mm e 520mm, atravessando uma espessa

camada superficial de argila mole, indicando que as estacas foram cravadas para

alcançar as negas na camada de solo resistente. Os blocos são ligados por cintas de

seção transversal 0,15 x 0,50 m conferindo pouca rigidez à estrutura nas duas direções

ortogonais, pois não há laje estrutural no nível das cintas.

Foram desenvolvidos para esta estrutura vários modelos tridimensionais,

conforme descritos na seção IV.2, com distintos graus de refinamentos e discretizações,

73

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sendo posteriormente avaliados através de análise comparativa dos espectros de

freqüências de vibração livre.

Dois destes modelos foram submetidos a ações estáticas e dinâmicas comuns em

região urbana e suas respostas no tempo, em termos de deslocamentos, permitiram

elaborar conclusões sobre os aspectos mais relevantes destas modelagens estruturais 3D.

Outras análises tais como a da influência das alvenarias nas respostas dinâmicas serão

apreciadas no capítulo VIII, por meio de análises comparativas com as respectivas

respostas dos dois outros modelos analisados nos capítulos VI e VII.

(1o Pav.)

(3o Pav.)

(2o Pav.)

(4o Pav.)

(5o Pav.)

(6o Pav.)

(7o Pav.)

(8o Pav.)

(9o Pav.)

(cobertura)

c. de máquinas+ reservatórios

argila orgância moleEstacas em C.A.

camada resistente de solo

+28,2 m

+25,4 m

+22,6 m

+19,8 m

+17,0 m

+14,2 m

+11,4 m

+8,6 m

+5,8 m

+3,0 m

+0,0 m

~ 25 m

(Térreo)

Z

Y(1o Pav.)

(3o Pav.)

(2o Pav.)

(4o Pav.)

(5o Pav.)

(6o Pav.)

(7o Pav.)

(8o Pav.)

(9o Pav.)

(cobertura)

c. de máquinas+ reservatórios

argila orgância moleEstacas em C.A.

camada resistente de solo

+28,2 m

+25,4 m

+22,6 m

+19,8 m

+17,0 m

+14,2 m

+11,4 m

+8,6 m

+5,8 m

+3,0 m

+0,0 m

~ 25 m

(Térreo)

Z

Y

Fig. IV.1 – Croquis da Elevação.

74

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Fig. IV.2 – Planta de Forma do Pavimento Tipo (medidas em cm)

75

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O modelo estrutural completo adotado para análise estática e de vibrações da

estrutura do edifício, cujo pavimento tipo pode ser visto na Fig.IV.2, é mostrado nas

Figs.IV.3 a IV.6. As vigas, pilares e estacas foram simulados por elementos de pórtico e

as lajes por elementos planos de casca. As contribuições como travejamentos dadas pela

caixa de elevador, as escadas e painéis de alvenarias (conforme Anexo C devem ser

considerados apenas os painéis de alvenaria confinados em quadros viga-coluna, sem

abertura ou com uma apenas – por exemplo: vão de porta) para o acréscimo da rigidez

global da estrutura aporticada tridimensional foram simuladas através de elementos

diagonais de pórtico com rigidez cisalhante da parede equivalente (Moreira, 1996). O

modelo ficou, então, constituído de 8000 elementos de pórticos e 9600 elementos de

casca, resultando num sistema com 79000 equações. Todos os componentes de concreto

armado da estrutura foram considerados íntegros para cálculo das propriedades

geométricas e elásticas das seções transversais. As condições de contorno impostas às

fundações profundas pelo solo foram consideradas de acordo com os módulos de

reações laterais das camadas de solo existentes.

As análises estruturais de vibrações livres e das respostas às cargas dinâmicas

foram feitas com o modelo tri-dimensional da estrutura discretizada em elementos

finitos, utilizando o SAP-2000 (Wilson, 1996) e outros programas de propriedade do

Laboratório de Estruturas da COPPE/UFRJ.

76

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z

yx

z

yx

Fig. IV.3 – Modelo Tri-dimensional da Estrutura do Edifício e suas fundações,

discretizada em elementos finitos.

Eixo de torção1o. modo

Ponto A - onde são tomadosos deslocamentos transversais

~ 20,00 m

Torção

z

yx

Eixo de torção1o. modo

Ponto A - onde são tomadosos deslocamentos transversais

~ 20,00 m

Torção

z

yx

Fig. IV.4 – Vista em perspectiva do Modelo do Pavimento Tipo, discretizado em

elementos finitos de casca plana.

77

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z

x

z

x

Fig. IV.5 – Vista Longitudinal do Modelo Tri-dimensional da Fig.IV.3.

y

z

y

z

Fig. IV.6 – Vista Transversal do Modelo Tri-dimensional da Fig.IV.3.

78

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IV.2. ANÁLISE COMPARATIVA DAS MODELAGENS 3D

A seguir são avaliadas algumas modelagens usuais sob critério comparativo dos

espectros de freqüências naturais. São todos modelos tridimensionais com modelagens

um tanto distintas entre si, que buscam avaliar o melhor desempenho dentre tais

modelos.

As modelagens são:

• Tipo A (Fig.IV.7): - Estrutura de Pórtico 3D (seções das vigas conforme projeto

original);

- Não leva em conta a discretização das lajes em elementos

finitos de cascas, considerando apenas compatibilidade de

deslocamento por andar;

- Não inclui a rigidez dos painéis de paredes confinados.

Escadas modeladas por elementos diagonais

Vigas modeladas conforme projeto original

s

Fig.IV.7 – Representação Tridimensional do Mode • Tipo B: - Idem Tipo A (seções das vigas levando

das lajes, considerando-as como vigas T

• Tipo C (Fig.IV.8): - Idem Tipo B + Paredes de alvenaria

79

Cinta

Fundações modeladas conforme detalhes vistos na Fig.IV.11

lo Tipo A.

em conta a contribuição

e L)

confinadas entre vigas e

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colunas representadas por modelo simplificado de diagonal

equivalente.

Vigas modeladas conforme projeto original

Diagonais simulando os Painéis de Alvenaria de Tijolos Cerâmicos

Fig.IV.8 – Representação Tridimensional do Modelo Tipo C.

• Tipo D (Fig.IV.9): - Idem Tipo A (considerando discretização de lajes em

elementos de casca, eliminando a compatibilidade de desl.

por andar).

Lajes discretizadasem elementos de cascas

Fig.IV.9 – Representação Tridimensional do Modelo Tipo D.

Tipo E (Fig.IV.10): - Idem Tipo D + Paredes de alvenaria confinadas entre vigas e

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colunas representadas por modelo simplificado de diagonal

equivalente.

Z

X

Fig.IV.10 – Vista Longitudinal do Modelo Tridimensional Tipo E.

• Tipo F: - Idem Tipo E, sem as fundações profundas.

81

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Tabelas com as características modais dos Modelos

a) Tipo A

Tabela IV.1 – Freqüências Naturais Teóricas – Modelo Tipo A.

Modo Freqüências Formas Modais Teórica

Teórica (Hz) 1 0,47 1o T 2 0,48 1o FT 3 0,54 1o FL 4 1,55 2o T 5 1,70 2o FT 6 1,83 2o FL 7 2,95 3o T 8 3,77 3o FT 9 4,55 4o T 10 4,97 3o FL

Notação: FT – Modo de Flexão Transversal da Estrutura Aporticada; FL – Modo de

Flexão Longitudinal da Estrutura Aporticada; T – Modo de Torção da Estrutura

Aporticada; A – Modo Axial da Estrutura Aporticada.

b) Tipo B

Tabela IV. 2 – Freqüências Naturais Teóricas – Modelo Tipo B.

Modo Freqüências Formas Modais Teórica

Teórica (Hz) 1 0,52 1o T 2 0,54 1o FT 3 0,59 1o FL 4 1,74 2o T 5 1,89 2o FT 6 2,05 2o FL 7 3,34 3o T 8 4,17 3o FT 9 5,07 4o T 10 5,22 3o FL

82

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c) Tipo C

Tabela IV. 3 – Freqüências Naturais Teóricas – Modelo Tipo C.

Modo Freqüências Formas Modais Teórica

Teórica (Hz) 1 0,62 1o T 2 0,67 1o FL 3 0,68 1o FT 4 2,48 2o T 5 2,79 2o FL 6 2,86 2o FT

d) Tipo D

Tabela IV. 4 – Freqüências Naturais Teóricas – Modelo Tipo D.

Modo Freqüências Formas Modais Teórica

Teórica (Hz) 1 0,48 1o T 2 0,50 1o FT 3 0,56 1o FL 4 1,57 2o T 5 1,75 2o FT 6 1,89 2o FL 7 3,00 3o T 8 3,84 3o FT 9 4,55 4o T 10 4,75 3o FL

83

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e) Tipo E

Tabela IV. 5 – Freqüências Naturais Teóricas – Modelo Tipo E.

Modo Freqüências Formas Modais Teórica

Teórica (Hz) 1 0,60 1o T 2 0,66 1o FL 3 0,67 1o FT 4 2,33 2o T 5 2,70 2o FL 6 2,75 2o FT 7 4,83 3o T 8 7,14 1o A 9 7,18 2o A 10 7,42 3o FT

f) Tipo F

Tabela IV. 6 – Freqüências Naturais Teóricas – Modelo Tipo F.

Modo Freqüências Formas Modais Teórica

Teórica (Hz) 1 0,90 1o T 2 1,38 1o FT 3 1,65 1o FL 4 3,11 2o T 5 4,44 2o FT 6 4,76 2o FL 7 8 4,83 3o T 9 5,31 3o FL 10 5,50 4o T

Observando os resultados obtidos para freqüências naturais de vibração livre

apresentados nas Tabelas IV.1 a IV.6 para os diversos modelos estruturais pode-se tirar

algumas conclusões que serão a seguir comentadas.

Inicialmente destaca-se o modelo Tipo A como o mais simples em termos de

modelagem, pois se trata de um modelo composto apenas de elementos de pórtico (para

representar vigas, colunas e estacas). Neste modelo, as lajes não são representadas, mas

são simuladas como sendo um diafragma (membrana) rígido em seu próprio plano,

84

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impondo uma condição de compatibilidade de deslocamentos horizontais no nível de

cada pavimento. A rigidez das paredes também não é representada, porém suas massas

juntamente com as massas de lajes são concentradas nos nós viga-coluna no nível de

cada pavimento. Por outro lado o modelo mais refinado é o Tipo E, no qual se

consideram além das lajes discretizadas em elementos de cascas as paredes de

alvenarias confinadas entre vigas e colunas representadas por diagonais equivalentes

(modelo simplificado a ser descrito no Capítulo V). Os demais modelos estruturais

apresentam condições de modelagem intermediárias a estes 2 modelos A e E, conforme

descrito no início desta seção.

As análises de desempenho das várias modelagens serão feitas através da

comparação entre os resultados de freqüências (Tabela IV.5) e modos de vibração

obtidos para o modelo mais refinado (Tipo E) que, em geral, como será visto mais

adiante nos Capítulo VI e VII, se compara bem com os resultados experimentais.

Em termos de freqüências o modelo Tipo A (Tabela IV.1), embora tenha a

vantagem de ser o modelo mais simples, mostra-se claramente pouco adequado para

uma modelagem com a qual se busca maior precisão nos resultados. Os valores das

freqüências são inferiores em cerca de 25% ou mais, em relação àquelas

correspondentes aos modos no modelo Tipo E (Tabela IV.5). Excetuando-se esta

ressalva, por maior precisão nas freqüências, a seqüência inicial nas formas modais se

mostra quase idêntica à do modelo Tipo E.

Nota-se que há uma deficiência na rigidez global, constatado pelos baixos

valores de freqüências, e considera-se que esta deficiência pode residir no fato de as

vigas não contarem com a contribuição das lajes, sem portanto uma pequena parcela de

rigidez. Logo, numa tentativa de melhorar o modelo Tipo A, adota-se no modelo Tipo B

o conceito de vigas T e L além de se manterem os deslocamentos uniformes ao nível de

cada pavimento. Assim nota-se pela Tabela IV.2 um aumento nas freqüências (pelo

acréscimo de rigidez) nos modos correspondentes, porém ainda inferiores cerca de 15%

ou mais, em relação aos respectivos modos do modelo Tipo E. Numa nova tentativa de

aumentar a rigidez global do pórtico 3D, inclui-se no modelo Tipo C as paredes

confinadas entre vigas e colunas. Desta vez, nota-se, num comparativo entre as

freqüências e formas modais entre as Tabelas IV.3 e IV.5 que há uma boa aproximação

85

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de resultados a até pelo menos o 6o modo. Acima do 6o modo o problema notado com

relação às freqüências é que, como o modelo Tipo C se constitui apenas de elementos de

pórticos, há grande ocorrência de modos locais de vigas, na realidade inexistentes

devido à presença das lajes. Excetuando-se esta ressalva, o modelo Tipo C, com rigidez

de vigas T e L e rigidez das paredes confinadas, é o modelo (dentre os que não contam

com lajes discretizadas em elementos de cascas) com resultados mais satisfatórios.

O modelo Tipo D serve apenas para mostrar que, mesmo com as lajes

discretizadas em elementos de casca, a não consideração dos painéis de paredes

confinadas, representados simplificadamente por elementos de diagonal, pode conduzir

a resultados sub dimensionados em termos de freqüências (comparação observada entre

os valores de freqüências nas Tabelas IV.4 e IV.5).

Já o modelo Tipo F aproveita o Tipo E engastando-se os pilares no nível dos

blocos das estacas. Pela comparação entre as Tabelas IV.5 e IV.6 nota-se a necessidade

de se considerar no modelo estrutural as fundações e a resistência lateral oferecida pelo

solo. A modelagem das fundações faz-se representando o conjunto de estacas em cada

bloco por elementos de pórticos em estaca única equivalente (rotulados ou engastados

no pé da estaca) e do solo representado pela rigidez de mola (Anexo C) nos nós dos

elementos de pórticos (vide Fig.IV.11).

Extratos do solo de

fundação

Elementos elásticos de

interação

Y

Z

X

Extratos do solo de

fundação

Elementos elásticos de

interação

Y

Z

X Fig.IV.11 – Detalhes da Modelagem das Fundações.

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IV.3. ANÁLISE COMPARATIVA DAS RESPOSTAS DOS MODELOS

ESTRUTURAIS

Apresentam-se a seguir respostas de dois desses modelos 3D investigados – o

mais simplificado Tipo A e o mais refinado Tipo E – sob ações dinâmicas oriundas de

fontes externas de excitação tais como: impactos gerados por equipamento de cravação

de estacas a percussão e fluxo de vento.

IV.3.1. Respostas Dinâmicas dos Modelos Induzidas por Impactos devidos a Cravação

de Estacas

As Figs.IV.12 e IV.13 mostram as respostas no tempo dos deslocamentos

transversais no topo do edifício obtidos, respectivamente com os modelos Tipo A e E,

para vibrações induzidas, através da propagação de ondas no solo, por equipamento de

cravação de estacas a percussão posicionado a 50m de distância do edifício. Ambas as

respostas em deslocamentos levam em conta o acoplamento de dois modos de vibração,

um de torção e outro de flexão transversal com freqüências muito próximas. Estas

respostas no tempo referem-se aos deslocamentos transversais (direção y) tomados na

aresta do edifício mais afastada em relação ao centro de torção (ver ponto A Fig.IV.4).

-1.50E+01

-1.00E+01

-5.00E+00

0.00E+00

5.00E+00

1.00E+01

1.50E+01

2.00E+01

0 5 10 15 20 25 30 35

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

Fig.IV.12 – Deslocamento transversal x tempo no topo do Edifício (ponto A Fig.IV.4)

induzido por cravação de estacas. Modelo Tipo A.

87

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Observa-se que o amortecimento estrutural foi tomado como sendo proporcional

à massa e que para a taxa de amortecimento do 1o modo de vibração foi adotado o valor

2%.

As respostas transientes mostram um pico próximo a 1,5 cm, para o modelo Tipo

A (Fig.IV.12), e um pico próximo a 0,9 cm, para o modelo Tipo E (Fig.IV.13). Atribui-

se a esta diferença, duas importantes contribuições de rigidez presentes no modelo Tipo

E: uma é a parcela de rigidez agregada às vigas devido às lajes, discretizadas em

elementos de cascas, e outra pela inclusão da rigidez das paredes confinadas entre

colunas e vigas, representadas no modelo E pelas diagonais equivalentes. Nota-se ainda

na Fig.IV.12, que por terem freqüências muito próximas, 0,47 Hz para o 1o.modo (1o.

modo de torção) e 0,48 Hz para o 2o.modo (1o. modo de flexão transversal), a

amplitude de respostas destes modos no modelo Tipo A se somam quase sem

defasagem. Já a Fig.IV. 13 demonstra que a maior defasagem na associação das

respostas entre os modos de torção (0,60 Hz) e o de flexão transversal (0,67Hz)

contribui para que na soma algébrica haja menores amplitudes.

-9.00E+00

-6.00E+00

-3.00E+00

0.00E+00

3.00E+00

6.00E+00

9.00E+00

0 5 10 15 20 25 30 35

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

Fig.IV.13 - Deslocamento transversal x tempo no topo do Edifício (ponto A, Fig.IV.4)

induzido por cravação de estacas. Modelo Tipo E.

88

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IV.3.2. Respostas Dinâmicas dos Modelos Induzidas pela Ação do Vento

As Figs.IV.14 e IV.15 apresentam as respostas no tempo dos deslocamentos

transversais no topo do edifício, respectivamente para os modelos Tipo A e E, para

vibrações induzidas pela ação de vento com velocidade de projeto de 24,15 m/s

(considerando a edificação situada numa região do Brasil cujo mapa de isopletas da

NBR 6123, 1990 indica velocidade básica em torno de 35 m/s). Tais respostas foram

obtidas no domínio da freqüência considerando a adaptação do trabalho de Balendra

(1995) apresentada na sub-seção II.6.3. Assim como na sub-seção IV.3.1., as respostas

em deslocamentos levam em conta o acoplamento de dois modos de vibração, um de

torção e outro de flexão transversal com freqüências muito próximas. Estas respostas no

tempo referem-se aos deslocamentos transversais (direção y) tomados na aresta do

edifício mais afastada em relação ao centro de torção (ver ponto A, Fig.IV.4).

-1.00E+00-8.00E-01-6.00E-01-4.00E-01-2.00E-010.00E+002.00E-014.00E-016.00E-018.00E-01

1.00E+00

0 50 100 150 200 250

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

Fig.IV.14 - Deslocamento transversal x tempo no Topo do Edifício (ponto A, Fig.IV. 4)

induzido pelo vento. Modelo Tipo A.

89

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-5.00E-01-4.00E-01-3.00E-01-2.00E-01-1.00E-010.00E+001.00E-012.00E-013.00E-014.00E-015.00E-01

0 50 100 150 200 250

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

Fig.IV.15 - Deslocamento transversal x tempo no Topo do Edifício (ponto A, Fig.IV. 4)

induzido pelo vento. Modelo Tipo E.

Nota-se nas respostas apresentadas nas Fig.IV.14 e IV.15 que, embora as

amplitudes de deslocamento tenham valores absolutos pouco significativos, há uma

sensível diferença entre as amplitudes das respostas obtidas com os modelos A e E,

demonstrando a importância de se modelar tanto as lajes, que contribuem para o

aumento da rigidez a flexão das vigas, quanto as paredes confinadas entre colunas e

vigas, modeladas por meio de diagonais equivalentes.

90

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IV.4. AVALIAÇÃO FINAL

Do estudo desenvolvido nas sub-seções precedentes, algumas questões

referentes às hipóteses e aproximações usualmente adotadas para modelagem de

elementos estruturais (vigas, lajes e fundações) ou não estruturais (paredes de alvenaria)

de edifícios esbeltos, puderam ser avaliadas. Tem esta seção como objetivo avaliar a

importância efetiva destes elementos na composição da rigidez global do modelo.

O modelo mais refinado Tipo E é o que melhor traduz as características físicas e

geométricas do edifício modelado, visto que os resultados de tal modelagem melhor se

correlacionam com os resultados experimentais; e isto se confirmará nos Capítulos VI e

VII onde são incluídas medições experimentais realizados em edifícios residenciais

urbanos. Em recente trabalho sobre modelos de edifícios em alvenaria estrutural,

Gonchorovski e La Rovere (2000) também afirma que um modelo tridimensional,

semelhante ao Tipo E, que conte com lajes e paredes estruturais modeladas por

elementos finitos de casca seria o modelo ideal e mais realista. Portanto, considerando

como válida esta hipótese, algumas análises e conclusões puderam ser extraídas sempre

comparando os demais modelos em relação ao modelo Tipo E. Em seu modelo de 4

pavimentos, Gonchorovski e La Rovere (2000) faz apenas uma ressalva quanto à

ocorrência, neste caso, de um excessivo número de graus de liberdade, exigindo maior

esforço computacional.

Uma das diferenças entre o modelo mais refinado estudado por Gonchorovski e

La Rovere (2000) e o modelo Tipo E, do presente trabalho, é que o primeiro se refere a

edifícios em alvenaria estrutural e o segundo se refere a edifícios em estrutura

aporticada de concreto armado. Para o primeiro representar as lajes restringidas por

deslocamentos diafragmas é tido como satisfatório para modelos de edifício de

alvenaria estrutural, já o mesmo procedimento para o segundo, modelos de edifícios

aporticados, somente será aceitável se as vigas forem modeladas como vigas T e L,

conforme modelo Tipo C que inclui ainda a representação, por modelo simplificado de

diagonal equivalente, dos painéis de alvenaria confinadas entre vigas e colunas.

91

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No modelo estudado por Gonchorovski e La Rovere (2000) interessa que as

paredes estejam discretizadas em elemento finitos de casca ou em estado plano, pois se

procura analisar a distribuição de tensões nestes painéis quando submetidos às cargas,

principalmente as laterais. Daí a consideração das lajes por restrições de deslocamentos

tipo diafragma se tornar interessante, pois diminui o número de graus de liberdade. No

presente estudo os painéis de paredes não necessitam estarem discretizados em

elementos de casca já que o interesse é avaliar o comportamento global da estrutura,

mostrando-se vantajoso o modelo diagonal simplificado. Assim, modelar as lajes como

elementos de cascas, neste caso, não seria tão penoso quanto se pode imaginar, pois se

evitaria calcular todas as vigas T e L (modelo Tipo C), conforme o engastamento entre

as respectivas lajes, além do que atualmente já se pode contar com um mercado de

“softwares” que oferece inúmeras opções, vantagens e facilidades computacionais.

Logo o modelo tridimensional completo para estruturas de edifícios (Tipo E) torna-se

muito atrativo.

Ressalta-se o efeito importante das paredes de alvenaria na alteração das

freqüências, modos de vibração e amplitude de respostas (comparar resultados vistos

nas Tabelas IV.1 e IV.5, Figs.IV.12 e IV.13). O estudo destes efeitos e da modelagem

simplificada das paredes são apresentados e discutidos no próximo capítulo.

Conclui-se também, comparando-se os resultados de freqüência para os modelos

Tipo E e F (mostrados respectivamente nas Tabelas IV.5 e IV.6), sobre a necessidade da

modelagem das fundações de maneira satisfatória, tal como representar o conjunto de

estacas em cada bloco por elementos de pórticos em estaca única equivalente (rotulados

ou engastados no pé da estaca) e também do solo, cuja reação lateral oferecida às

estacas é representada pela rigidez das molas conectadas nos nós dos elementos de

pórticos que discretizam as estacas (vide Fig.IV.11).

92

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Capítulo V

Modelo Simplificado para Representar as

Paredes de Alvenaria

V.1. INTRODUÇÃO

Alvenarias, de diversos materiais, constituem uma prática construtiva muito comum

no mundo inteiro, que, inclusive em muitos casos, não exige técnica apurada para seu

emprego. É uma alternativa econômica e eficiente em estruturas aporticadas quando se

busca solução para preenchimento e vedação, isolando ou separando ambientes.

Consideradas componentes não estruturais sua influência no comportamento estrutural sob

determinadas condições de solicitação, tem sido objeto de estudo em um crescente número

de trabalhos que buscam um melhor entendimento da contribuição dos painéis de alvenarias

– confinados entre vigas e pilares de uma estrutura aporticada – para o enrijecimento global

do edifício.

O comportamento de pórticos de concreto armado com painéis de vedação em

alvenaria de tijolos cerâmicos até o colapso da estrutura tem sido analisado em diversos

trabalhos, alguns dos quais (e.g., Tomazevic (1997)) trazem alguns aspectos relevantes

sobre paredes de alvenaria aproveitados no desenvolvimento deste trabalho. Tais aspectos

tratam do comportamento da estrutura sob ação de cargas de serviço, incluindo.

O estudo do comportamento e da resistência de painéis de alvenaria em pórticos,

desenvolvido nesses trabalhos (e.g., Gambarotta (1997)) tem, em geral, por finalidade

93

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maior, a investigação dos danos nas estruturas de concreto e/ou nas próprias paredes sob

solicitação sísmica; e utilizam modelos não-lineares de propagação de fissuras que

correspondem à fase inelástica do comportamento global destes modelos. Entretanto, muito

se esclarece nesses trabalhos sobre a fase precedente, a fase elástica, onde concentra-se o

interesse principal do presente trabalho, que se restringe à investigação das respostas da

estrutura de um edifício sob vibrações induzidas por várias fontes de excitação comumente

encontradas nas regiões urbanas.

Em toda a literatura encontram-se trabalhos que, como forma simplificada de

representar o painel de alvenaria, desenvolvem micro-modelos (Fig.V.1a- homogeneização

com elementos planos para modelos contínuos) ou macro-modelos (Fig.V.1b - diagonais

equivalentes), tendo em vista que a parede constitui-se de uma composição heterogênea,

complexa de se representar, formada por lajotas em meio a argamassa de assentamento.

θθ’

h’

α c h

’(1−α

c)h’

(b)

(a)

θθ’

h’

α c h

’(1−α

c)h’

θθ’

h’

α c h

’(1−α

c)h’

(b)

(a) Fig.V.1 – Exemplos de modelos de parede. (a) homogeinização (Gambarotta, 1997) e

(b) diagonais equivalentes (Madan, 1997).

V.2. REGISTROS HISTÓRICOS

Diferentemente de materiais como aço e concreto, a parede de alvenaria constitui-se

de material não homogêneo, tornando complexa a análise do seu comportamento quando

submetida aos esforços, principalmente, no seu próprio plano. Visando facilitar a

compreensão desse comportamento, pesquisadores buscam determinar, através de técnicas

de homogeneização, modelos numéricos com propriedades ortotrópicas equivalentes. Tais

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técnicas se resumem em desenvolver procedimentos que buscam determinar o módulo de

elasticidade equivalente da alvenaria e utilizá-los em modelos contínuos de elementos

planos.

Seible (1990) desenvolve um modelo analítico de material ortotrópico para a parede

de alvenaria estrutural submetida a um estado bi-axial de tensões, compatibilizando seu

comportamento aos efeitos de uma estrutura sob confinamento. Ainda, em seu trabalho,

desenvolve um estudo paramétrico em que pesquisa a sensibilidade dos resultados

numéricos para tensões ao refinamento da malha de elementos finitos. Seible (1990)

demonstra, através de gráficos força-deslocamento, que a malha mais refinada torna, como

esperado, o modelo menos rígido. Destaca que elementos finitos de ordem mais baixa são

preferíveis a elementos de ordem superior devido a maior estabilidade da solução numérica.

Lee (1994) e (1997) faz um estudo comparativo de algumas dessas técnicas de

homogeneização comparando-as com outro modelo mais elaborado, com análise em

elementos finitos com malha muito refinada, onde cada bloco da alvenaria e as argamassas

de assentamento são individualmente discretizados. Para representar o comportamento

global do painel, Lee (1997) propõe ainda um modelo de propagação de fissura e

desenvolve dois testes: um com controle de tensão outro com controle de deformação.

Gambarotta (1997) analisa a resposta de paredes de alvenaria submetidas a estado

de tensões cisalhante semelhante àqueles induzidos por eventos sísmicos. Para tanto utiliza

modelos constitutivos que levam em conta o comportamento mecânico de cada

componente, lajota e argamassa, e de suas interfaces, conduzindo a um modelo contínuo

representativo da parede.

Ambos autores, i.e., Lee (1994) e Gambarotta (1997), utilizam seus modelos

constitutivos incorporados a códigos de elementos finitos bi e tri- dimensional,

respectivamente.

95

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Diversos autores têm se preocupado em compreender também o comportamento

mecânico da interface entre o painel de alvenaria e o pórtico (Fig.V.2), e estabelecem

propostas e discussões em torno de modelos para elementos de ligação. Kwan (1982) e

Singh (1998) usam modelos analíticos, incorporados a elementos finitos, que levam em

conta coeficientes de interação entre pórtico e painel, tanto para forças normais quanto

cisalhantes, simulando, respectivamente, separação e deslizamento na interface,.

Painel Interface Eixo do PórticoPainel Interface Eixo do Pórtico Fig.V.2 – Modelos de interface para representar a ligação pórtico-painel.

Muito embora se consiga bons resultados numéricos para interpretar o

comportamento de painéis de alvenaria aporticada submetida a estado plano de tensões, os

micro-modelos desenvolvidos, por estes e alguns outros autores, consomem muito tempo

de análise, principalmente para grandes estruturas (Gonchorovski e La Rovere, 2000).

Alternativamente, macro-modelos têm permitido um tratamento completo de um painel de

alvenaria substituindo-o por uma estrutura unitária equivalente. Neste contexto Holmes

(1961) propõe substituir o painel por uma estronca diagonal equivalente com extremidade

rotulada do mesmo material do painel e largura 1/3 do comprimento desta diagonal.

Stafford Smith e Carter (1969) propõem uma relação teórica para determinar a largura da

diagonal, tal qual um parâmetro de rigidez do painel aporticado, λh (onde h é a altura da

coluna entre os eixos das vigas). Mainstone (1971) introduz uma formulação empírica em

termos de λh para a mesma relação.

Recentemente, Saneinejad e Hobbs (1995) desenvolveram um método baseado em

diagonais equivalentes, para análise e projeto de pórticos em aço ou concreto armado com

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vedação de painéis de alvenaria ou concreto submetidos a um estado plano de tensões. O

método leva em conta um comportamento elasto-plástico do material composto do painel

aporticado. Saneinejad (1995) apresenta alguns resultados que levam em conta variações na

relação largura/altura do painel, ou ainda variações na resistência e rigidez de vigas e

colunas. O autor registra que pode se estender a análise de um painel isolado para painéis

múltiplos. Cita a necessidade de se reformular códigos internacionais considerando os

painéis de parede como fator de contribuição diferencial no conjunto de dados necessários

para cálculos sísmicos. Inclui ainda em seu trabalho um estudo preliminar desse modelo

simplificado de diagonal equivalente, submetido a uma combinação de cargas de serviço.

Examina também uma combinação destas cargas com carregamento lateral de vento.

Em todos estes estudos, notadamente aqueles que fazem comparações também com

modelos experimentais, concluem que os painéis de vedação, quando em fase elástica,

atuam essencialmente como uma diagonal equivalente comprimida. E os efeitos de

enrijecimento de pórticos, produzidos por estes painéis de vedação em alvenaria de tijolos

cerâmicos, só devem ser considerados para pequenas deformações sob cargas de serviço,

por se tratar de material muito frágil.

V.3. INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DOS PAINÉIS DE ALVENARIA – MODELO

MATEMÁTICO

Empenhando-se em conhecer as influências, produzidas por algumas das

características físicas e geométricas dos componentes de um pórtico singular com vedação

em material de alvenaria de tijolos cerâmicos, no comportamento global, iniciou-se, neste

trabalho, um estudo paramétrico apresentado a seguir.

Toma-se, inicialmente, três modelos de pórticos com vãos respectivamente 2, 3 e 7

metros (Fig.V.3), mas que são equivalentes entre si, tanto em termos de massa quanto em

termos de rigidez à flexão lateral no plano do quadro. Primeiramente, para garantir a

equivalência de massa basta que se acrescente massas concentradas nos nós, dos modelos

com 2 e 3 metros de vão, correspondente à diferença da perda de massa na viga devido ao

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encurtamento do respectivo vão, em relação ao modelo com 7 metros de vão. Em seguida,

para manter a equivalência de rigidez nos três modelos (já que há um acréscimo natural de

rigidez à flexão no plano do quadro, devido aos respectivos encurtamentos de vão para 3 e

2 metros), optou-se por fazer uma redução compensadora na inércia das vigas, nos modelos

com vãos menores. Posteriormente, para confirmar a equivalência de rigidez, foi aplicada

uma carga horizontal unitária, no topo de cada modelo, e observaram-se valores muito

próximos para o deslocamento lateral dos três pórticos (vide Tab.V.1).

Vazio

FF

VazioVazio

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Pórtico CPórtico BPórtico A

MM M

MM M

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M

M

Vazio

FF

VazioVazio

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Pórtico CPórtico BPórtico A

MM M

MM M

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M

M

Fig.V.3 – Pórticos Vazios.

Tab. V.1 – Deslocamento horizontal no topo dos pórticos sujeita a força unitária F = 1 kN.

Modelo Pórtico A Pórtico B Pórtico C

Deslocamento (m) 2,638 x 10-4

(0,264 mm)

2.588 x 10-4

(0,259 mm)

2.583 x 10-4

(0,258 mm)

Assegurada a equivalência entre os três pórticos (considerando o mesmo

deslocamento nos três pórticos – Tab.V.1 ), ao se introduzir em cada modelo numérico um

painel composto de elementos finitos planos, com propriedades da alvenaria de tijolos

cerâmicos, qualquer acréscimo na rigidez do conjunto pórtico-painel deverá ser atribuída

exclusivamente à presença da parede de alvenaria. A Fig.V.4 ilustra os três pórticos-painéis

que da mesma forma mantêm entre si a equivalência de massa e rigidez e também de massa

entre os painéis de alvenaria. A Fig.V.4 aponta um detalhe que pode ser visto na Fig.V.5

sobre a ligação pórtico-painel . Na Tab.V.2 nota-se que surge uma leve diferença nos

deslocamentos laterais entre os modelos já com painéis. Isso indica que a relação

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geométrica base/altura do painel influi diretamente na rigidez do conjunto, despertando-se a

necessidade de se estabelecer uma relação direta entre estes parâmetros geométricos e o

comportamento do painel. Esta relação será estabelecida na seção V.4 a seguir.

FF

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Parede CParede BParede A

M+mM+m M+m

M+mM+m M+m

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M+m

M+m

Elementos de conexão entre todos os nós de ligação Pórtico/Painelm - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos dos painéis em relação à Parede A

ligaçãoPórtico/painel

painelpainel painel

Detalhe A

FF

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Parede CParede BParede A

M+mM+m M+m

M+mM+m M+m

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M+m

M+m

Elementos de conexão entre todos os nós de ligação Pórtico/Painelm - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos dos painéis em relação à Parede A

ligaçãoPórtico/painel

painelpainel painel

Detalhe A

Fig.V.4 – Modelos compostos de pórtico e painel interligados com elementos de mola.

Tab.V.2 – Deslocamentos horizontal no topo dos modelos Pórtico-Painéis.

Modelo Port/painel A Port/painel B Port/painel C

Deslocamento (m) 2,792 x 10-5

(0,028 mm)

1,681 x 10-5

(0,017 mm)

2,285 x 10-5

(0,023 mm)

Os modelos numéricos se compõem de: elementos de barra para o pórtico,

elementos quadriláteros planos de membrana para o painel e, também, elementos especiais

de ligação (mostrados na Fig.V.5) entre os nós do pórtico e os nós do painel com

propriedades elásticas de rigidezes normal e cisalhante (e com rigidez à flexão nula).

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Molas com coeficientes de rigideznormal e cisalhante

Elemento dePórtico

Elemento Plano de Membrana

Detalhe A

Molas com coeficientes de rigideznormal e cisalhante

Elemento dePórtico

Elemento Plano de Membrana

Detalhe A

Fig.V.5 – Elementos de Ligação entre elementos de pórtico e painel. (Detalhe A, Fig.V.4)

A tarefa de considerar a separação do pórtico com o painel, descrita por

Thiruvengadam(1985) como uma modelagem muito complexa, dadas as inúmeras

abordagens necessárias para a completa descrição do fenômeno, não será aqui utilizada.

Eventualmente, sob cargas de serviços, é possível que não haja separação entre pórtico e

painel e, portanto, o modelo descrito acima, que não inclue tal separação, será utilizado

para interpretar o aumento excessivo de tensão nos cantos do painel, como sendo regiões

afetadas pela referida separação. Como o modelo de elementos finitos empregado não

permite análise de estado de fissuração, pois trata-se apenas de um modelo para análise

linear elástica, entende-se então que tal falha (início de separação) ocorrerá se as tensões

principais excederem às tensões de resistência do material da parede.

A análise sistemática das características dinâmicas básicas de qualquer modelo

numérico, tais como freqüência natural e formas modais de vibração livre, contribuem de

forma clara e decisiva para o estudo paramétrico. Além disso, dependendo da necessidade,

pode-se construir e ensaiar em laboratórios, modelos experimentais cujos sinais dinâmicos

das respostas são medidos por sensores, permitindo confrontar e calibrar tanto

estaticamente quanto dinâmicamente (em termos de freqüências, modos e amortecimentos

modais) os modelos matemáticos-computacionais, melhorando assim a precisão e

confiabilidade de seus resultados numéricos.

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Após uma investigação dinâmica dos modelos anteriormente descritos, constatou-se

acréscimo na freqüência fundamental de vibração associada ao 1o. modo de flexão lateral

nos modelos com parede, em relação àqueles sem parede, conforme mostra a Tab.V.3. Esta

análise de vibrações revela também uma considerável influência dos painéis de alvenaria no

comportamento e na rigidez no próprio plano dos modelos pórtico-painel.

Tab.V.3 – Freqüências Fundamentais de vibração por flexão lateral nos modelos pórticos

vazios e com painel.

Freqüência (Hz)

Modelo Pórtico A Pórtico B Pórtico C

Sem painel 8,91 8,95 8,95

Com painel 23,59 22,52 19,34

A primeira linha de dados da Tab.V.3 mostra que a freqüência do 1o. modo em

torno de 8,95 Hz, para os três pórticos, confirma a requerida equivalência (citada no início

desta seção) entre rigidezes e massas dos três pórticos sem painel, embora com vãos

distintos. Na segunda linha de dados da mesma Tab.V.3, destaca-se um sensível decréscimo

nas freqüências dos modelos A a C, indicando uma dependência das relações geométricas

dos painéis.

Avançando no estudo paramétrico, os três modelos A, B e C tornam-se a partir de

agora, respectivamente, A1, B1 e C1 (cujos dados estão realçados na Tab.V.4). Assim,

foram criados mais 4 novos modelos a partir de cada um desses: chamados A2, A3, A4 e

A5, além de B2, B3, B4 e B5, e ainda C2, C3, C4 e C5. Esses novos modelos foram

estabelecidos com variações nas inércias das vigas do seu respectivo modelo de origem

(A1, B1 e C1), conforme esclarece a Tab.V.4. Posteriormente, cada pórtico também foi

preenchido com elementos finitos planos, cujo refinamento da malha foi previamente

definido por uma análise de convergência, representativos das paredes de alvenaria de

tijolos cerâmicos. O objetivo é verificar a sensibilidade das respostas, não só dos modelos

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pórticos mas sobretudo nos modelos pórtico-painel, observando a influência da parede em

decorrência da variação na inércia das vigas.

Tab.V.4 – Momentos de Inércias das Vigas objetivando manter a correlação entre os

modelos A, B e C.

Grupo A Grupo B Grupo C

Pórtico Inércia Viga (m4) Pórtico Inércia Viga (m4) Pórtico Inércia Viga (m4)

A2 3,375 B2 1,44 C2 0,963

A3 0,03357 B3 1,44 x 10-2 C3 9,58 x 10-3

A1 3,38 x 10-4 B1 1,44 x 10-4 C1 9,63 x 10-5

A4 3,43 x 10-6 B4 1,47 x 10-6 C4 9,83 x 10-7

A5 5,12 x 10-8 B5 2,20 x 10-8 C5 1,47 x 10-8

Observando as colunas da Tabela V.4, vê-se que os valores das inércias decrescem

de cima para baixo, o que quer dizer que: os pórticos do grupo 2 são os que possuem vigas

com maior inércia e os pórticos do grupo 5 são os que possuem vigas com menor inércia.

Por outro lado, observando-se as linhas horizontais, nota-se que os valores das inércias

decrescem da esquerda para a direita, o que quer dizer que: como os pórticos dos grupos B

e C possuem vãos menores que o seu correspondente no grupo A, é necessário que se

diminua a inércia das vigas daqueles, proporcionalmente aos coeficientes de rigidez a

flexão, para que se tornem equivalentes aos respectivos pórticos do grupo A.

102

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Tab.V.5 – Correspondência das freqüências fundamentais dos modelos estudados.

Grupo A Grupo B Grupo C

Freqüência (Hz) Freqüência (Hz) Freqüência (Hz) Pórtico

s/painel c/painel Pórtico

s/painel c/painelPórtico

s/painel c/painel

A2 17,70 31,06 B2 17,51 28,25 C2 17,27 23,36

A3 17,18 30,12 B3 17,03 27,70 C3 16,78 23,04

A1 8,91 23,59 B1 8,95 22,52 C1 8,95 19,34

A4 5,66 21,65 B4 6,21 20,70 C4 6,21 17,79

A5 6,16 21,55 B5 6,17 20,66 C5 6,17 17,73

As diferenças entre freqüências fundamentais (vide colunas da Tab.V.5) dos

pórticos com painel e o seu correspondente sem painel, indicam que o aumento na rigidez à

flexão lateral se deve atribuir, exclusivamente, à presença da parede. Pode-se notar ainda

que, independente do grupo ser A, B ou C, esta diferença aumenta para menores inércias

das vigas, tal como mostram as colunas desta tabela correspondentes a cada grupo, de cima

para baixo. Portanto, pode-se concluir que a participação da parede na rigidez global do

conjunto é maior nos modelos que apresentam vigas de menor inércia.

Deve-se ressaltar aqui, porém, que apesar de comprovado e quantificado os efeitos

de enrijecimento de pórticos com painéis de vedação em alvenaria de tijolos cerâmicos, tais

efeitos só devem ser considerados para pequenas deformações sob cargas de serviço. Isto

por ser muito frágil o material que constitui estas alvenarias.

Em trabalho recente Chaker (1999) realiza um estudo semelhante, onde também

destaca um sensível acréscimo nas características de rigidez e vibração, em cuja análise

leva em conta a influência dos painéis de alvenaria de preenchimento e vedação internos e

externos, em análise dinâmica experimental. Chaker (1999) usa dois modelos experimentais

de edifícios de três pavimentos constituídos de pórticos típicos de concreto armado, sendo

103

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apenas um deles composto com painéis de alvenaria de tijolos cerâmicos. Por meio das

medições experimentais em vibração livre comprova que a edificação aporticada com

painéis de vedação em alvenaria de tijolos cerâmicos apresenta acentuada diminuição no

período fundamental em relação ao modelo aporticado sem painéis de alvenaria. Esses

modelos físicos testados em laboratório, demonstraram que a rigidez lateral pode aumentar

em 7 vezes na edificação com paredes em relação àquela com pórticos vazios.

Retornando-se à análise paramétrica, toma-se agora apenas um dos modelos pórtico-

painel descritos anteriormente, por exemplo o modelo B1, que possui relação base/altura

igual a unidade. Com este modelo foi realizada uma pequena simulação para demonstrar os

efeitos produzidos pelo descolamento da parede com o pórtico e suas prováveis

consequências. Ao invés de atribuir um carregamento horizontal no topo do modelo

pórtico-painel, toma-se como solicitação apenas um recalque de 10 mm na base da coluna

esquerda, conforme ilustrado na Fig.V.6. Haverá como conseqüência uma deformação

cisalhante no modelo. Para intensificar tais efeitos, impediu-se o deslocamento no canto

superior oposto ao recalque na base. Assim a deformação por flexão do elemento de pórtico

contribui para o fenômeno de separação nos cantos sujeitos a fortes tensões. A visualização

de tal fenômeno não pode ser feita, com o programa em elementos finitos, utilizando

análise linear elástica.

3 m

painel

recalquede apoio

A B

3 m

3 m

painel

recalquede apoio

A B

3 m

Fig.V.6 – Modelo de Pórtico-Painel com recalque.

104

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Fig.V.7 – Detalhes de abertura simulada na Ligação Pórtico-Painel após recalque de apoio.

Entretanto, como na interface pórtico-painel são utilizados elementos fictícios de

ligação com coeficientes axial e cisalhante e inércia a rotação nula, o efeito simulado da

separação pode ser obtido liberando-se a rigidez axial sucessivamente a partir dos cantos de

maiores trações. Seus efeitos podem ser conferidos nas Figs V.7 e V.8, que ilustram

respectivamente, a configuração deformada e as distribuições sucessivas de tensões no

painel.

A medida que se observa os estágios 1, 2, 3 e 4 da Fig.V.8 (representando uma

seqüência dos efeitos de descolamento na interfase pórtico-painel a partir de extremos

opostos), nota-se que as maiores tensões tendem para o centro do painel. Isto pode justificar

a formação de fissuras que comumente se observa nas paredes de estruturas aporticadas

submetidas a um recalque diferencial: surgimento de trincas inclinadas no centro do painel

e não nos cantos do mesmo; formadas pela tração indireta perpendicular a biela diagonal

comprimida, numa alusão aos modelos tradicionais de biela-tirante da teoria de ruptura de

painéis ou almas de vigas de concreto por esforço cortante.

105

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1) 2)

3) 4)

Fig.V.8 – Distribuição de tensões de modelos simulando a evolução da abertura Pórtico-

Painel. Unidade: kN/m (baseado em Fmax/m)

Outro fato que se deseja investigar está relacionado aos efeitos produzidos nos

painéis quando se leva em conta variações na inércia das vigas. Os quadros 1, 2, 3 e 4 da

Fig.V.9 representam quatro modelos pórtico-painéis, com valores decrescentes da inércia

das vigas, respectivamente, sujeitos a uma solicitação de recalque na base da coluna

esquerda. Nota-se nos quadros 1 e 2 uma melhor distribuição de tensões em relação aos

quadros 3 e 4 onde há maiores concentrações de tensões nos cantos. De certa forma, isto

106

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confirma as conclusões tiradas dos resultados apresentados na Tab.V.5, onde a participação

da parede é maior nos modelos que têm vigas de menor inércia.

Fig.V.9 – Efeitos sobre os paineis da diminuição da inércias das vigas. Unidade: kN/m

(baseado em Fmax/m)

1) 2)

3) 4)

107

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V.4. MODELOS COM DIAGONAIS – MODELO MATEMÁTICO

Pela relevante função que as paredes têm desempenhado na construção civil, ainda

desconhecida por muitos, é fácil perceber que a elaboração deste capítulo justifica-se, uma

vez que a função das alvenarias em estruturas de edifícios vai muito além de simples

vedação ou mesmo divisão de ambientes. Talvez fosse, então, a hora de se dar mais atenção

a este fato. Quem sabe até mesmo não mais ignorá-las nos cálculos, na medida em que as

recomendações se tornem claras para que sejam consideradas como elementos estruturais,

principalmente em regime de solicitações de serviço. No entanto, é preciso que tais

procedimentos contemplem modelos simplificados para representar as características

estáticas ou dinâmicas das alvenarias. Isto porque a modelagem por elementos finitos de

casca torna a análise uma tarefa árdua, principalmente para grandes estruturas. Por isso esta

seção apresenta um método simplificado de análise, para estruturas bi ou tri-dimensionais,

que inclui as características físicas das paredes.

Se o painel, representado pelo quadro da Fig.V.10, é considerado em cisalhamento

perfeito, pode-se deduzir um modelo analítico em que a rigidez imposta por diagonais

produza efeito de travejamento equivalente àquele que seria imposto pelo painel de

alvenaria. Segue, portanto, a referida dedução:

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

h

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

h

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

h

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

h

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

b

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

b

a

.

L ∆L

c

α−θ

α

α

h

a

θ

h

V

L +∆L

Fh

h

a

.

Fig.V.10 - Painel elementar com uma diagonal. Quadro indeformado (tracejado) e quadro

deformado (traço cheio).

108

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Onde: a – largura do painel;

h – altura do painel;

L – comprimento da diagonal equivalente;

α - ângulo que a diagonal forma com a horizontal;

θ - ângulo entre a diagonal deformada e sua posição original;

Fh – força horizontal aplicada no topo do painel;

∆L – deslocamento longitudinal da diagonal;

∆h ∆V – respectivamente, deslocamentos horizontal e vertical.

Inicialmente, considerando pequenas deformações, e fazendo ∆V = 0, assim tem-se:

( )∆ ∆L h cos -= ⋅ α θ (V.1)

e para c, tem-se:

( ) ( )c = sen - sen sen cosh h∆ ∆⋅ = ⋅ ⋅ − ⋅α θ α θ θ αcos (V.2)

Na hipótese das pequenas deformações sencos

θ θθ

≅≅ 1

ficando: ( )c sen - coh s≅ ⋅∆ α θ α

para c = Lθ , resulta

( )θ α θ αL = sen -h∆ ⋅ cos

para um deslocamento unitário na horizontal, ∆h = 1 tem-se que:

( )sen = L + cosα θ α

e logo:

( )θα

α=

senL + cos

(V.3)

Considerando a força horizontal Fh , temos a seguinte relação carga - deslocamento: F kh h h= ⋅ ∆

e na direção da diagonal FL:

F kL L L= ⋅ ∆ (V.4)

109

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para:

kEALL = (V.5)

projetando FL na horizontal, tem-se:

( )FF

cos -Lh=

α θ (V.6)

substituindo (V.1),(V.5) e (V.6) em (V.4), tem-se:

( )( )F

cos -E A

Lcos -h

hα θα θ= ∆

tendo θ a expressão (V.7),vem:

FE A

Lcos -

senL + cosh

2h=

⋅α

αα

∆ (V.7)

e sendo:

( )kE A

Lcos -

senL + cosh

2=

α

αα

(V.8)

V.5. MÓDULO DE RIGIDEZ CISALHANTE “G” DOS PAINÉIS DE ALVENARIA

V.5.1. Modelo Simplificado dos Painéis de Alvenaria

Apresenta-se, nesta seção, em continuidade à seção anterior, um estudo que objetiva

representar a função de rigidez estrutural atribuída aos painéis de alvenaria substituindo-a

pela rigidez EA de elementos de barra diagonal. A finalidade é, principalmente, simplificar

a elaboração dos modelos tridimensionais de edifícios, já que a inclusão dos painéis de

parede tem se mostrado [(e.g., Battista(1999) e (2001)) –trabalhos de consultoria

COPPETEC e artigos] requisito indispensável para o enrijecimento global da edificação, e

a sua modelagem por elementos finitos de casca aponta para uma malha muito refinada e

conseqüentemente, muito trabalhosa e onerosa, tanto do ponto de vista da modelagem como

do ponto de vista computacional.

110

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V.5.2. Rigidez axial EA de elementos diagonais

a – Modelo Elástico Linear

Antes de seguir com a análise numérica em busca da determinação da rigidez

cisalhante G, com características específicas de material de alvenaria, faz-se aqui uma

breve referência ao que trata a teoria da elasticidade sobre o assunto. Tal teoria aborda

casos semelhantes à presente investigação e aproveitando-se desse estudo pode-se mostrar

que a deformação cisalhante(Fig.V.11) neste caso é interpretada da seguinte forma:

γ

δ

h

F

a Fig.V.11 – Elemento Plano sujeito a cisalhamento.

GeaF

G=

τ=γ (V.9)

onde: γ – deformação cisalhante;

τ – tensão cisalhante;

G – módulo de elasticidade transversal;

a – largura do painel;

e – espessura do painel.

A teoria estabelece que a expressão (V.9) apenas seja empregada quando se

considera o painel submetido a cisalhamento puro.

111

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A deflexão lateral δ pode então ser definida como sendo:

hγδ = (V.10)

Timoshenko (1961) apresenta um estudo sobre tensões cisalhante em painéis, onde

demonstra a seguinte curva da variação da deformação cisalhante (Fig.V.12) com a

variação da largura “a” do painel:

Fig.V.12- Forma típica de curva para distorção de painel.

A tensão cisalhante aplicada à expressão (V.10) conduz à curva de deflexão lateral

(Fig.V.13) com a seguinte forma:

γ

ah

δ

ah

Fig.V.13- Forma típica de curva para consequente deflexão lateral.

Considerando a forma da curva mostrada na Fig.V.12 e que a rigidez cisalhante “G”

é uma função inversa da deformação cisalhante γ, conforme equação (V.9), é de se esperar

que a curva de “G” (Fig.V.14) tenha a seguinte forma:

112

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ah

G

Fig.V.14 - Forma típica de curva para correspondente rigidez cisalhante de painel.

Retornando-se ao estudo numérico e utilizando-se das expressões (V.9) e (V.10) de

Timoshenko pode-se deduzir uma expressão para o cálculo da rigidez cisalhante “G” e

obter-se uma curva (item b- a seguir) para os painéis de alvenaria investigados, via MEF,

em função da variação da largura do painel e da deflexão lateral.

δeaFh G =

onde; h – altura do painel.

b – Variação de G com a Geometria dos Painéis

Considerando que possa ser adotado, para a expressão (V.8), o módulo de

elasticidade E dos elementos de barra diagonais, simulando o efeito dos painéis de

alvenaria, valores característicos do concreto ou do aço, a obtenção da rigidez axial EA de

cada barra se resumirá, portanto, em se determinar a área da seção transversal. O método

descrito a seguir se baseia primeiramente na obtenção da rigidez cisalhante G para um

painel de alvenaria com suas características geométricas. Deve-se levar em conta as

propriedades específicas dos materiais envolvidos, e como forma de descrever o método

será tomado o seguinte exemplo:

Seja o modelo do painel de alvenaria constituído por lajotas cerâmicas com 10

furos, cuja resistência à compressão fpk = 10 MPa. Considere 2 modelos distintos: um

painel sem furo (porta), e outro painel com furo (porta), sujeitos às condições de vinculação

e carga conforme esboço mostrado na Fig.V.15. O módulo de elasticidade longitudinal do

113

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painel de alvenaria é dado pela fórmula empírica V.11 (Hendry et all, 1997), obtido a partir

da resistência a compressão da lajota cerâmica.

fpk . 700 Ep = (V.11)

h

aa

F F

h

aa

F F

Fig.V.15 – Modelos matemático-numéricos de painéis de alvenaria com e sem furo,

sujeitos a cisalhamento.

Onde: h = 3,0 m;

e = 0,15 m;

F = ∑ fi = 10 kN;

a = variável

Tab.V.6 - Variação do comprimento “a” e do no. de elementos de casca em cada modelo

Modelos A B C D E F G H I J

a(m) 1,5 2,0 3,0 4,5 6,0 7,0 9,0 10,5 12,0 15,0

No.elem. 4608 6144 2304 13824 4608 5376 6912 8064 9216 11520

Para construir as curvas de G dos painéis com e sem porta, tomou-se 10 modelos em

elementos finitos de casca variando-se o comprimento do vão “a”, conforme medidas

anotadas na Tab.V.6. Os demais parâmetros são mantidos constantes. O refinamento da

malha é definido segundo um número de elementos de tal forma que conduza a adequada

convergência de deslocamentos. Foram observadas as seguintes curvas para deslocamentos

tomados no topo dos painéis após esses modelos serem analisados via MEF (Fig.V.16).

114

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0

0.0005

0.001

0.0015

0.002

0.0025

0.003

0.0035

0.004

0 1 2 3 4 5 6

a/h

(m) painel s/porta

painel c/porta

Fig.V.16 – Deslocamentos no topo dos painéis.

Assim para painéis de alvenaria com porta e sem porta foram encontradas as

seguintes curvas de G (Fig.V.17):

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

0 1 2 3 4 5 6a/h

G(x

106 ) painel s/porta

painel c/porta

Fig.V.17 – Curvas de Módulos de Elasticidade Transversal “G”.

Tais curvas são comprovadas pelo estudo analítico desenvolvido por Timoshenko e

representados respectivamente nas Figs.V.13 e V.14.

115

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c - Determinação das Propriedades da Diagonal Equivalente

Finalmente para determinação da área da seção transversal da diagonal equivalente

utilizou-se a expressão (V.8) para obter:

( )

α+

α−α

=

cosLsencos

LEk

A2conc

diag onde: heaGk diag = (V.12)

a

h

F/2 F/2

Fig.V.18 – Modelo representando elementos diagonais equivalentes.

Buscando confirmar a metodologia acima descrita, os resultados de deslocamentos

para os painéis de alvenaria, utilizando malha de elementos finitos de casca para detalhar o

painel, foram comparados aos resultados de deslocamentos de estruturas compostas de

diagonais equivalentes Fig.V.18. O resultado da comparação pode ser visto nas curvas do

gráfico (Fig.V.19) a seguir para painéis com porta e sem porta. Nota-se que a simulação por

diagonais segundo o método é bastante boa.

0

0.0005

0.001

0.0015

0.002

0.0025

0.003

0.0035

0.004

0 1 2 3 4 5 6

a/h

m

diag s/portpnel s/portdiag c/portpnel c/port

Fig.V.19 – Correlação entre os modelos com painel e diagonal equivalente.

116

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V.6. MODELO COMPLETO X MODELO SIMPLIFICADO

V.6.1. – Modelo Bidimensional

Para verificar o método da diagonal equivalente, as respostas dos modelos pórtico-

painéis da seção V.3, que utiliza elementos finitos planos de casca para representar

numericamente o painel (Fig.V.20), foram comparadas às respostas dos modelos dos

mesmos pórticos, porém utilizando diagonal equivalente (Fig.V.21) no modelo numérico.

FF

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Parede CParede BParede A

M+mM+m M+m

M+mM+m M+m

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M+m

M+m

Elementos de conexão entre todos os nós de ligação Pórtico/Painelm - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos dos painéis em relação à Parede A

ligaçãoPórtico/painel

painelpainel painel

FF

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Parede CParede BParede A

M+mM+m M+m

M+mM+m M+m

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M+m

M+m

Elementos de conexão entre todos os nós de ligação Pórtico/Painelm - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos dos painéis em relação à Parede A

ligaçãoPórtico/painel

painelpainel painel

Fig.V.20 – Modelos matemático-numéricos de pórtico-painéis.

FF

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Pórtico CPórtico BPórtico A

M+mTM+mT M+mT

M+mTM+mT M+mT

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M+mT

M+mT

mT

mTmT

mT

mT - massas concentradas correspondente à Parede A

FF

7 m 3 m 2 m

F

1m3

m

Pórtico CPórtico BPórtico A

M+mTM+mT M+mT

M+mTM+mT M+mT

Obs.: M - massas concentradas correspondentes às diferenças nos comprimentos das vigas em relação ao Pórtico A

M+mT

M+mT

mT

mTmT

mT

mT - massas concentradas correspondente à Parede A Fig.V.21 – Modelos matemático-numéricos de pórticos com diagonais equivalentes.

117

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A boa comparação entre resultados obtidos com os modelos pode ser constatada a

seguir através da Tab.V.7, que apresenta a comparação para freqüência, e Tab.V.8, para

deslocamento.

Tab.V.7 - Correspondência das freqüências fundamentais dos modelos estudados.

Grupo A Grupo B Grupo C

Freqüência (Hz) Freqüência (Hz) Freqüência (Hz) Pórtico

c/painel c/diag. Pórtico

c/painel c/diag. Pórtico

c/painel c/diag.

A2 31,06 35,97 B2 28,25 29,32 C2 23,36 21,74

A3 30,12 34,97 B3 27,70 28,73 C3 23,04 21,46

A1 23,59 23,98 B1 22,52 21,93 C1 19,34 17,67

A4 21,65 22,83 B4 20,70 20,70 C4 17,79 17,04

A5 21,55 22,67 B5 20,66 20,75 C5 17,73 17,04

Tab.V.8 - Correspondência dos deslocamentos horizontais dos modelos estudados.

Grupo A Grupo B Grupo C

Deslocamento(m) Deslocamento(m) Deslocamento(m) Pórtico

c/painel c/diag. Pórtico

c/painel c/diag. Pórtico

c/painel c/diag.

A2 6,1 x10-6 3,4 x10-6 B2 1,1 x10-5 8,6 x10-6 C2 1,6 x10-5 1,8 x10-5

A3 1,6 x10-5 3,5 x10-6 B3 1,1 x10-5 8,9 x10-6 C3 1,7 x10-5 1,9 x10-5

A1 2,8 x10-5 9,4 x10-6 B1 1,7 x10-5 1,3 x10-5 C1 2,3 x10-5 2,5 x10-5

A4 3,1 x10-5 1,1 x10-5 B4 1,9 x10-5 1,3 x10-5 C4 2,7 x10-5 2,6 x10-5

A5 3,1 x10-5 1,1 x10-5 B5 2,0 x10-5 1,3 x10-5 C5 2,7 x10-5 2,6 x10-5

118

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Nota-se na Tab.V.8 que em termos de deslocamento a diagonal equivalente deixar

de representar bem o modelo de painel cujo comprimento de vão é maior que sua altura

(caso do Grupo A).

V.6.2. – Modelo Tridimensional

O modelo tridimensional escolhido foi extraído do artigo de Chaker(1997), que

além de apresentar resultados obtidos de um modelo experimental, faz também uma

comparação com resultados apresentados por outros autores, que utilizam métodos

baseados na diagonal equivalente para representação das paredes de alvenaria. O modelo

experimental segue características de construções típicas para prédios de apartamentos, cuja

arquitetura pode ser vista na Fig.V.22. A modelagem numérica-computacional conta com

elementos de pórtico tridimensional, para vigas e colunas, e elementos finitos planos de

casca, para as paredes de alvenaria de tijolos cerâmicos; a argamassa de ligação dos tijolos

não é considerada.

370 420 370420250

30 30 30303030

40

306

40

306

40

306

40

100

370

370 30

30

30

370 420 370420250

30 30 30303030

40

306

40

306

40

306

40

100

370

370 30

30

30

Fig.V.22 – Pórtico tridimensional experimentado por Chaker (1997).

119

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Para obter as característica de rigidez EA da diagonal deve-se seguir os passos

indicados na seção V.5.2c construindo inicialmente o gráfico da rigidez cisalhante G , que

leva em conta a geometria do quadro, com as propriedades do painel de alvenaria do

modelo experimental. O gráfico da rigidez cisalhante G correspondente ao painel de

alvenaria de tijolos cerâmicos, utilizados na construção do modelo experimental

apresentado por Chaker (1997), encontra-se desenhado na Fig.V.23.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0 1 2 3 4 5 6

a/h

G (x

106 ) painel s/porta

painel c/porta

Fig.V.23 – Curva “G” para o painel de alvenaria usada no modelo experimental de Chaker

(1997).

A comparação entre as respostas do modelo experimental apresentado por Chaker

(1997) e as do modelo teórico, com parede e sem parede (esqueleto estrutural), proposto

neste trabalho, é resumida na Tab.V.9. Nota-se, nesta tabela, que tanto o modelo numérico-

computacional do esqueleto estrutural quanto o modelo numérico-computacional do

edifício aporticado com painel (elemento finito plano) apresentam boa correlação com os

resultados experimentais (formas e freqüências modais).

120

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Tab.V.9 - Correlação de freqüências modais entre modelos de pórticos tridimensionais.

Edifício aporticado (esqueleto estrutural) Edifício aporticado com painéis

Freqüência (Hz) Freqüência (Hz)

Chaker experimental

Presente trabalho

Forma modal Chaker experimental

Presente trabalho

Forma modal

2,50 2,53 Flexão Transversal 5,75 6,36 Flexão Transversal

2,62 2,62 Flexão Long. 6,875 6,93 Flexão Long.

2,875 2,90 Torção 9,125 7,67 Torção

Já a Tab.V.10 traz um resumo comparativo mais geral, que engloba também

resultados para o modelo com diagonal equivalente, para representar os painéis de parede,

obtidos por outros autores. Nota-se que o modelo matemático-numérico com diagonais

equivalentes apresentado neste trabalho é o que mais se aproxima dos resultados

experimentais (formas e freqüências modais).

Tab.V.10 - Correspondência de freqüências modais entre modelos de pórticos

tridimensionais

Modelo com diagonal equivalente Modo

Tahar Thiruvengadam Ciongradi Presente trabalho

Modelo c/ elemento

plano

Resultado ExperimentalChaker (1997)

1o. Long. 3,723 3,489 3,738 5,83 6,93 6,875

1o.Transv 4,731 4,097 4,781 5,68 6,36 5,750

1o.Torção 5,923 5,082 5,995 6,30 7,67 9,125

121

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Capítulo VI

Análise de Sensibilidade

Modelo 1

VI.1. INTRODUÇÃO

Apresentam-se neste capítulo os resultados mais relevantes da análise de

sensibilidade estrutural de um edifício residencial (Modelo 1) a várias ações externas.

Para isso utiliza-se um modelo tridimensional completo, calibrado em termos de

freqüências e modos de vibração com resultados obtidos de medições experimentais.

Com este modelo faz-se um estudo para investigar as propriedades modais de vibração

da estrutura e para avaliar a sensibilidade dos painéis de alvenarias e componentes

estruturais a danos oriundos de prováveis recalques diferenciais em alguns pilares de

fundação. Com as propriedades modais, obtidas do modelo 3D, alguns modelos

analítico-computacionais simplificados, elaborados segundo os métodos descritos no

Capítulo II, são utilizados para simular respostas no tempo em termos de aceleração,

velocidade e deslocamento. Estes modelos simplificados fornecem estimativas das

amplitudes de respostas das estruturas a tais ações dinâmicas. Respostas estas que

devem ser analisadas por critérios associados aos estados limites último e de utilização,

incluindo desde os critérios relativos a danos excessivos nos componentes não-

estruturais do edifício, até aqueles associados ao conforto dos ocupantes da edificação.

O exemplo prático aqui explorado foi alvo de um trabalho de consultoria técnica

(Battista, 1997) motivado pelos danos sofridos pela edificação decorrentes de recalques

das fundações devidos ao rebaixamento do lençol d’água e às vibrações induzidas pelas

122

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explosões para desmonte de rocha e escavações para construção de uma estação

subterrânea e túnel num trecho de uma linha de metrô localizado num terreno vizinho à

edificação. O rebaixamento do lençol d’água e os efeitos das vibrações no solo, sob as

sapatas de fundação, induzidas pelas explosões, podem ter provocado o adensamento

das camadas de solo arenoso-siltoso ou residual sob as quais o prédio foi assentado.

Outro dano, igualmente importante, que se pode destacar, deveu-se à energia de

vibração, que transmitida à estrutura por propagação de ondas nas camadas do solo,

tornou-se perceptível aos seus ocupantes em níveis elevados de desconforto.

Em novo Relatório Técnico (Battista, 2001), o mesmo edifício é investigado

com uma visão preventiva focada num futuro próximo; simulam-se os efeitos deletérios

que a provável construção de um prédio num terreno vizinho poderia causar ao edifício.

Foram considerados os efeitos de recalques nas fundações devidos ao rebaixamento do

lençol d’água para construção, por exemplo, de garagens subterrâneas e os efeitos

devido à cravação de estacas por impacto de martelo. Tais simulações tiveram como

objetivos principais a elaboração de um parecer técnico sobre a integridade e segurança

atual da estrutura do edifício e a elaboração de recomendações técnicas para tomada das

necessárias providências num futuro breve.

123

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VI.2. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DA ESTRUTURA E FUNDAÇÕES A estrutura em concreto armado do edifício é uma estrutura aporticada

convencional, sendo constituída de 02 blocos principais separados por uma junta

transversal de dilatação térmica. Cada um desses blocos tem uma meia-torre com 10

pavimentos tipo (vide planta na Fig.VI.1), 01 pavimento de uso comum - PUC e mais

02 pavimentos inferiores de garagem; estes três últimos com área projetada maior do

que a da torre. Além desses 02 blocos principais há, a partir do nível do PUC para

baixo, um terceiro bloco separado por uma outra junta de dilatação térmica paralela a

primeira e passando junto a um dos bordos de uma piscina. Este bloco, também com

estrutura de concreto armado, contém, além da piscina, uma área de lazer com

jardineiras e, uma extensão das garagens, área das lojas e as rampas de acesso do prédio,

para pedestres e para automóveis em níveis inferiores. A Fig. VI.2 mostra alguns

detalhes da elevação destes três blocos e as Figs. VI.3 a VI.5 ilustram a estrutura de um

desses blocos principais.

No Anexo B pode ser encontrada uma ficha técnica contendo os materiais de

seus componentes e as características gerais da edificação.

# Fundações do Edifício

O bloco do fundo tem fundações diretas rasas em blocos de concreto armado

sobre rocha. O bloco da frente tem fundações diretas pouco profundas em sapatas de

concreto armado dentro das camadas de terreno existente. As fundações do terceiro

bloco são também rasas, em sapatas de concreto armado dentro das camadas

superficiais de terreno existente.

A profundidade mínima da cota de assentamento dessas fundações em solo

residual, foi estimada em torno de 1,50 m abaixo da superfície final do terreno (i.e após

escavações e terraplenagens do terreno cuja parte do fundo atingia a cota + 19,0

metros).

124

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Fig.VI.1 – Planta de Forma do Pavimento Tipo (bloco frontal).

125

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Rocha

Solo Residual

Rua

Bloco do FundoBloco Frontal

Junta de Dilatação Térmica (JDT)

JDT

RochaX

Z

10 Andares Residenciais

G2

G1

PUC

110,0 m

+ 9,0 m

+ 49,0 m

Rocha

Solo Residual

Rua

Bloco do FundoBloco Frontal

Junta de Dilatação Térmica (JDT)

JDT

RochaX

Z

10 Andares Residenciais

G2

G1

PUC

110,0 m

+ 9,0 m

+ 49,0 m

Fig.VI.2 – Croquis da Elevação (Carvalho&Basttista, 2002).

# Terreno de Fundação do Edifício

Com os perfis de todos os furos de sondagem notou-se as seguintes

características dos extratos de terreno sob as áreas projetadas dos 02 blocos principais

do edifício separados por juntas de dilatação térmica:

a) Área do Bloco do Fundo

− Extratos variados de terreno (iniciando, desde a superfície, por fina camada de aterro

arenoso, seguido de camadas de areias argilosas compactas com pedregulhos) com

profundidades entre 2,0 e 5,0 metros, assentes sobre solo residual ou rocha pouco

alterada a sã (Gnaise).

b) Área do Bloco da Frente

− Extratos variados de terreno - os mesmos já descritos em (a) - com profundidades

maiores variando entre 6,0 e 15,0 metros acima da camada de solo residual ou rocha

pouco alterada a sã (Gnaise).

126

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VI.3. MODELOS COMPUTACIONAIS DA ESTRUTURA

Duas diferentes ferramentas computacionais foram utilizadas para simular o

comportamento da edificação submetida a diversas ações: (i) um modelo tridimensional

em elementos finitos para realizar análises de vibração livre e obter as freqüências e

formas modais de vibração, e também para realizar análises de tensões nos componentes

da estrutura sujeita a recalques diferenciais; (ii) alguns modelos 2D em elementos

finitos usados para obter respostas no tempo da estrutura excitada por diferentes fontes

de vibração.

VI.3.1. Modelo Tri-dimensional da Estrutura em Concreto Armado, Fundações e

Alvenaria

O modelo estrutural completo adotado para análise estática e de vibrações livres

da estrutura do edifício, cujo pavimento tipo pode ser visto na Fig.VI.1 (representativo

apenas do bloco frontal do edifício), é mostrado nas Figs. VI.3 a VI.5. As vigas e pilares

foram simulados por elementos de pórtico e as lajes por elementos planos de casca. A

contribuição dada pela caixa de elevadores, escadas e painéis de alvenarias para a

rigidez local e global da estrutura aporticada tridimensional foi simulada através de

elementos diagonais de pórtico, equivalentes a contribuição de rigidez cisalhante das

paredes de alvenaria (Moreira, 1996). O modelo ficou, então, constituído de 4829

elementos de pórticos e 4224 elementos de casca, resultando num sistema com 31707

equações. Todos os componentes de concreto armado da estrutura foram considerados

íntegros para cálculo das propriedades geométricas e elásticas das seções transversais.

As fundações rasas foram modeladas levando-se em conta a rigidez vertical e lateral

imposta pelo solo existente; e quando sobre rocha modeladas como sendo

completamente rígidas (i.e. engastadas na rocha).

Resultados experimentais (Tomazevic, 1997) e teóricos (Moreira, 1996) foram

usados para calcular as rigidezes equivalentes das paredes de alvenaria e inserí-las no

modelo estrutural. Na análise foram consideradas, portanto, duas situações de

modelagem:

1. estrutura sem travejamento

127

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2. estrutura com travejamento conferido pelos painéis de alvenaria (com rigidez

estimada com base nos dados experimentais) confinados e bem apertados contra as

lajes e pilares e sem aberturas significativas.

A segunda dessas duas modelagens melhor aproxima a situação real, mas os

resultados obtidos com ambos os modelos serviram para estimar valores extremos das

amplitudes de vibração. Para analisar a sensibilidade da estrutura a recalques

diferenciais das fundações, foi feito, no modelo tri-dimensional, um refinamento via

discretização com elementos de casca dos painéis de alvenaria vizinhos ao pilar

recalcado. Nesta oportunidade foram investigados: a intensidade de tensões impostas às

alvenarias nos níveis inferiores do prédio, bem como o acréscimo nos esforços, sofridos

por pilares e vigas, na região do recalque.

As análises de vibrações livres, feitas com o modelo tri-dimensional da estrutura,

foram realizadas com um programa de computador que utiliza o método dos elementos

finitos, de propriedade do Laboratório de Estruturas da COPPE/UFRJ.

Z

X

Fig. VI. 3 Modelo Teórico-Numérico Tri-dimension

128

Y

al

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3o Pav.

2o Pav.

1o Pav.

P1

P3 P4 P6 P7

P2

Y

Z

Fig. VI.4 Modelo Teórico-Numérico Tri-dimensional. Vista Longitudinal

Z

P1 P20 P35 P54

1o Pav

2o Pav

3o Pav

4o Pav

Diagonais simulando os Painéis de Alvenaria de Tijolos Cerâmicos

X

Fig. VI.5 Modelo Teórico-Numérico Tri-dimensional. Vista Transversal

129

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Maiores detalhes sobre a calibração do modelo tri-dimensional e a correlação

entre os resultados teóricos e experimentais para freqüências naturais dos blocos frontal

e do fundo do edifício, podem ser apreciados em Carvalho e Battista (2002). Observa-se

na Tabela VI.1 a boa correlação entre os valores de freqüências experimentais obtidas

das campanhas de medições e os seus correspondentes valores teóricos obtidos do

modelo computacional da estrutura. A Fig.VI.6 mostra o primeiro modo de vibração

(torção com freqüência de 1,46 Hz).

Tabela VI.1 - Correlação entre Freqüências de Vibração Experimentais e Teóricas – Computacionais

Freqüências Modo Experimental (± 0,4 Hz) Teórica (Hz)

Formas Modais Teóricas (*)

1 - 1,46 T 4 4,80 4,87 1o FT 5 11,20 11,45 A 6 12,80 12,35 A + FT 8 16,40 15,70 FT + T + A 9 16,80 16,67 FL

(*) T = torção axial; FT = flexo-torção; FL = flexão lateral; A = axial

Ponto A onde são tomados os deslocamentos transversais

Eixo de torção– 1o. modo

~ 27,43 m

FachadaFrontal

Plano daJDT

Torção

Eixo de torção– 1o. modo

~ 27,43 m

FachadaFrontal

Plano daJDT

Torção

Fig.VI.6 – 1o. Modo de Vibração (TorçãoAxial) com Detalhe da Maior Distância ao

Eixo de Rotação.

130

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VI.3.2. Modelos Simplificados para Respostas Dinâmicas

Para o cálculo das amplitudes de resposta da estrutura – em termos de

acelerações e deslocamentos – às ações dinâmicas produzidas por equipamentos de

cravação de estacas a percussão, tráfego de veículos, ação do vento e explosão

subterrânea, foram elaborados modelos simplificados da estrutura do bloco frontal do

edifício assente sobre fundações diretas (sapatas em C.A.) relativamente rasas. Para a

maioria dos edifícios altos em geral é suficiente uma modelagem estrutural com apenas

um grau de liberdade generalizado; representando o modo fundamental de resposta às

cargas laterais. A utilização destes modelos simplificados para representar respostas

dinâmicas de edifícios com a geometria e proporções do presente modelo 01, não

encontra impedimento técnico, podendo-se comprovar a boa correlação, entre respostas

teóricas e experimentais para algumas ações.

Foram consideradas a propagação e atenuação, até as fundações do edifício, das

ondas vibratórias no terreno para os problemas de vibrações induzidas por bate-estacas,

tráfego de veículos e explosão subterrânea.

As propriedades modais da estrutura tri-dimensional foram obtidas com o

modelo descrito no item VI.3.1 anterior e, juntamente com os autovetores, ou modos de

vibração, utilizados para construir as aproximações unifilares dos modelos

simplificados; estes modelos descrevem isoladamente os graus de liberdade

generalizados de flexão lateral e longitudinal, torção axial e de deformação vertical (ou

de flexão das lajes) da estrutura do bloco frontal com uma torre de 10 andares.

Os resultados obtidos com esses modelos simplificados são apresentados e

analisados nas seções VI.5,6,7 e 8, para forças dinâmicas que simulam a cravação de

uma estaca por impacto do martelo, tráfego de veículo pesado, ação do vento e explosão

subterrânea, respectivamente.

131

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VI.4. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA ESTRUTURA E ALVENARIAS A

RECALQUES DIFERENCIAIS DAS FUNDAÇÕES

Apresentam-se a seguir os resultados mais relevantes obtidos da análise de

sensibilidade da estrutura e das paredes de alvenaria (do bloco frontal sobre fundações

diretas em sapatas) para recalques diferenciais de algumas sapatas de fundação que

podem ser produzidos pelos efeitos combinados do rebaixamento do lençol d’água e da

cravação de estacas para construção de um edifício com garagem subterrânea num

terreno vizinho. A escolha das sapatas de fundação para simulação dos recalques foi

feita com base tanto nos resultados do cálculo das pressões de contato no solo exercido

por cada uma das sapatas, quanto na localização da fundação com relação ao terreno

vizinho. Foram selecionadas duas sapatas de fundação: as dos pilares P1 e P38 (vide

localização na Fig.VI.1).

VI.4.1. Sensibilidade das Alvenarias a Recalques das Fundações

As Tabelas VI.2 e VI.3 apresentam, respectivamente, as tensões máximas de

tração e de compressão nos painéis de alvenaria de tijolos cerâmicos vazados, induzidas

por recalques diferenciais unitário e máximo nas fundações diretas dos pilares P1 e P38.

As localizações dessas paredes de alvenaria estão indicadas na primeira coluna destas

Tabelas.

As modelagens 3D das paredes nos 3 primeiros andares de apartamentos, em

elementos finitos de casca, são ilustradas como exemplos nas Figs. VI.7 e VI.8; esta

última ilustrando também a distribuição de tensões principais máximas nos painéis das

paredes situadas entre os pilares P1 e P20 (vide primeira linha das Tabelas VI.2 e VI.3).

O que se conclui a partir dos resultados apresentados nas Tabelas VI.2 e VI.3 é que a

ocorrência de recalques diferenciais, mesmo que relativamente pequenos (∆v ≅ 1,0 mm)

na fundação do pilar P1, pode causar trincas por tensões de tração nas paredes de

alvenaria no primeiro andar de apartamentos. Conforme Battista (2001), constata-se que

a fundação deste pilar P1 é muito menos susceptível a recalque do que a do pilar P38

que apresenta a maior taxa de compressão no terreno. Entretanto, conforme condições

132

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mostradas nas Tabelas VI.2 e VI.3, se o pilar P38 sofresse recalque diferencial, as

tensões de tração e compressão nestas mesmas paredes não causariam trincas.

1o Pav.

3o Pav.

2o Pav.

4o Pav.

P1 P20 P35 P54

Z

X

Fig. VI.7 Modelo com Painéis de Alvenaria de Tijolos Cerâmicos Furados (c/ furos na direção horizontal) para Cálculo das Tensões devidas a um recalque diferencial de δ = 1,0 mm na fundação do Pilar P1.

Fmax= 141 kN/m

P1 P20

2o Pav.

3o Pav.

1o Pav.

Fig. VI.8 Gráfico da Distribuição de Tensões Principais Máximas nos Painéis de

Alvenaria de Tijolos Cerâmicos em 03 Andares Consecutivos devido ao recalque diferencial no pilar P1.

133

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Tabela VI.2 Tensões Máximas de Tração nas Paredes de Alvenaria de Tijolos

Cerâmicos Vazados induzidas por Recalques nas Fundações dos Pilares

P1 e P38.

Valores de Tensões (MPa) no 1o. Pavimento Residencial Recalques no Pilar P1

Recalques no Pilar P38

Posição das Paredes representadas por

elementos de casca ∆v = 1,0 mm* ∆v = 6,0 mm** ∆v = 1,0 mm* ∆v = 1,21 mm**

Parede: P1 – P20 1,41 8,46 - - Parede: sobre laje

(paralela a P1 – P20) 0,56 3,36 - -

Parede: P38 – P57 - - 0,13 0,15 Parede: P37 – corr (sobre viga V64b) - - 0,16 0,19

Parede: corredor (sobre viga V31c) - - 0,03 0,036

Parede: P39 (sobre viga V35) - - 0,32 0,39

Notas: Tensão Admissível de Tração para os painéis de alvenaria: 0,75 MPa.

Tabela VI.3 - Tensões Máximas de Compressão nas Paredes de Alvenaria de Tijolos

Cerâmicos Vazados induzidas por Recalques nas Fundações dos Pilares

P1 e P38.

Valores de Tensões (MPa) no 1o. Pavimento Residencial

Recalques no Pilar P1

Recalques no Pilar P38

Posição das Paredes representadas por

elementos de casca ∆v = 1,0 mm* ∆v = 6,0 mm** ∆v = 1,0 mm* ∆v = 1,21 mm**

Parede: P1 – P20 0,13 0,78 - -

Parede: sobre laje (paralela a P1 – P20) 0,04 0,24 - -

Parede: P38 – P57 - - 0,05 0,06

Parede: P37 – corr (sobre viga V64b) - - 0,02 0,024

Parede: corredor (sobre viga V31c) - - 0,05 0,06

Parede: P39 (sobre viga V35) - - 0,01 0,012

Notas: Tensão Admissível de compressão para os painéis de alvenaria: 1,5 MPa. * - recalque unitário. ** - recalque máximo; capacidade resistente nula da sapata.

134

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VI.4.2. Sensibilidade da Estrutura de Concreto Armado a Recalques das Fundações

A sensibilidade da estrutura de concreto armado a recalques diferenciais nas

fundações dos pilares P1 e P38 foi examinada através do cálculo e superposição dos

esforços de flexão nos nós entre vigas e pilares dos pórticos associados contendo um

desses dois pilares.

O detalhamento desta análise pode ser encontrado em Battista (2001), onde se

concluiu que a superposição dos esforços promovidos pelas cargas permanentes e

acidentais aos esforços causados por um recalque máximo não produzirá danos

estruturais severos, já que haverá uma adequada distribuição de esforços para os

componentes estruturais (vizinhos ao pilar com recalque) e para as paredes de alvenaria

intertravadas entre vigas e pilares.

VI.5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES INDUZIDAS POR EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO

Considerando as características obtidas “in loco” para análise de sensibilidade

do edifício Modelo 1, tais como condições do solo e distância de terrenos vizinhos,

apresenta-se a seguir uma avaliação das amplitudes das vibrações que seriam induzidas

pela propagação de ondas no terreno causadas por equipamentos de percussão utilizados

em construções como, por exemplo, pelo martelo para cravação de estacas em terrenos

vizinhos.

VI.5.1. Características de Cravação da Estaca

Considera-se que o martelo dos bate-estacas cause a cada segundo uma força de

impacto (i.e. uma impulsão com curtíssima duração, de aproximadamente 0,02 segundo)

da ordem de 2000 kN sobre uma estaca de concreto armado com diâmetro de 40 cm e

comprimento de cerca de 30 metros, sendo cravada em camada de solo argiloso rijo, a

distâncias de 15 a 100 metros das fundações dos pilares do bloco frontal do edifício.

135

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As Figs. VI.9 e VI.10 mostram, respectivamente nos domínios do tempo e da

freqüência, a força de impacto causada por um equipamento bate-estacas.

0,02 0,021,0

tempo (s)

2000 kN

F(t)

0,02 0,021,0

tempo (s)

2000 kN

F(t)

Fig.VI.9– Força de Impacto X Tempo Causada pelo Bate-Estacas.

0.00E+00

1.00E-01

2.00E-01

3.00E-01

4.00E-01

5.00E-01

6.00E-01

7.00E-01

0.00E+00 5.00E+02 1.00E+03 1.50E+03 2.00E+03 2.50E+03

Frequência Angular (rad/s)

F (

)

Fig.VI.10 – Espectro em Freqüência correspondente a Força de Impacto no Solo com

intensidade de 2000 kN produzida por um Bate-Estacas.

VI.5.2. Características Elásticas do Solo

A Fig. VI.11. ilustra as funções de transferência (FRF- Funções de Resposta em

Freqüência), a partir da eq. III.53, do solo para acelerações vertical e horizontal, na

superfície do terreno, devidas à propagação de ondas de Rayleigh induzidas por um

impacto vertical dado a uma distância de 15 metros, num semi-espaço constituído por

uma camada espessa de argila rija, com as seguintes propriedades:

− espessura média da camada de argila: 20,0 m

− massa específica do solo ρ= 2,0 ton /m3

136

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− módulo elástico aparente Es = 40 MPa

− coeficiente de Poisson, ν = 0,3

− módulo elástico transversal do solo, G = 16 MPa

− amortecimento, d < 0,001

− velocidade de propagação das ondas de superfície, cR = 85 m/s (Anexo C)

0.00E+00

1.00E-02

2.00E-02

3.00E-02

4.00E-02

5.00E-02

6.00E-02

7.00E-02

8.00E-02

0 20 40 60 80 100 120

Freqüência (Hz)

F(f) Horizontal

Vertical

Fig.VI.11 – Funções de Transferência do Solo (Argila Rija) para Acelerações

Horizontais e Verticais.

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0 50 100 150

Freqüência (Hz)

Ampl

itude

F(f)

15 m50 m100 m

Fig.VI.12 – Espectros de Aceleração tomados no solo (argila rija) junto à fundação.

137

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A Fig. VI.12 mostra os espectros de respostas em termos de aceleração

horizontal na superfície do terreno no local do edifício, causadas pelos bate-estacas com

as características descritas na seção VI.5.1 operando a distâncias de 15, 50 e 100 metros.

Primeiramente, nota-se na Fig.VI.12 que, de acordo com expectativa natural, quanto

maior a distância menor a intensidade da ação, conseqüência do amortecimento material

do solo ao longo da distância. Segundo, que quanto mais próxima do prédio estiver a

ação, uma faixa mais ampla de freqüências ou modos de vibração desta edificação

estará sujeita aos efeitos do impacto. Inversamente quanto maior a distância entre a ação

e o prédio, um menor número de formas modais de vibração será excitado. Deve-se

considerar, entretanto, que as maiores intensidades de energia, oriundas da cravação de

estacas, ocorrem para baixas freqüências, como mostram as Figs.VI. 9 e VI.10. Assim,

pode-se argumentar que os modos fundamentais de vibração da estrutura é que serão

mais excitados e, por isso, as respostas dinâmicas podem ser aproximadamente

representadas tomando-se apenas os primeiros modos.

VI.5.3. Respostas Dinâmicas da Edificação à Cravação de Estacas

As Figs. VI.13 e VI.14 mostram, respectivamente, nos domínios da freqüência e

do tempo, as respostas dinâmicas em termos da aceleração na direção transversal no

topo do edifício, para a excitação causada por um bate-estaca operando próximo (15

metros) à linha limítrofe do terreno vizinho, bem como operando a distâncias maiores

como 50 e 100 m.

Todas as respostas correspondem à combinação dos modos de torção, freqüência

de 1,48 Hz, e de flexão transversal, freqüência de 4,89 Hz. Nota-se nos espectros de

freqüências apresentados na Fig.VI. 13 que as amplitudes de aceleração para o modo de

flexão transversal (f = 4,89 Hz) são, em geral, maiores que aquelas para o modo de

torção (f = 1,48). Em termos de deslocamentos a Fig.VI.15 mostra a predominância

esperada nas amplitudes do modo fundamental de torção (f = 1,48) sobre o modo de

flexão transversal (f = 4,89 Hz). Nota-se ainda, nestes gráficos, que a energia de

vibração, proveniente de impactos para cravação de estacas, é transmitida em maior

quantidade àquelas fundações com menores distâncias da fonte de excitação.

138

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Em resumo, das análises obtidas para aceleração (Figs. VI.13 e VI.14) e

deslocamento (Figs.VI.15 e VI.16), conclui-se que o modo de flexão transversal,

embora apresente maiores amplitudes de aceleração para distâncias menores, em termos

de deslocamento horizontal no topo do edifício suas amplitudes são menores do que as

relativas ao modo de torção, para quaisquer distâncias da fonte de excitação.

Tais análises podem ser determinantes para decisões a serem tomadas com

respeito à necessidade de reforço estrutural ou utilização de atenuadores passivos

(Sistemas Dinâmicos de Atenuadores Sincronizados) ou ativos como saída para

contornar problemas de vibrações excessivas.

1.48

4.89

0.00E+00

5.00E-02

1.00E-01

1.50E-01

2.00E-01

2.50E-01

0 2 4 6 8 10

Freqüência (Hz)

Am

plitu

de F

(f)

15 m

50 m

100 m

Fig.VI.13 – Espectro de resposta para aceleração horizontal no topo do edifício.

-3.00E+00

-2.00E+00

-1.00E+00

0.00E+00

1.00E+00

2.00E+00

3.00E+00

0 1 2 3 4

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

Fig.VI.14 – Resposta no tempo para aceleração horizontal no topo do edifício.

139

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1.48

4.89

0.00E+002.00E-044.00E-046.00E-048.00E-041.00E-031.20E-031.40E-031.60E-031.80E-03

0 2 4 6 8

Freqüência (Hz)

Ampl

itude

F(f

)15 m50 m100 m

Fig.VI.15 - Espectro de resposta para deslocamento horizontal no topo do edifício.

-8.00E+00

-6.00E+00

-4.00E+00

-2.00E+00

0.00E+00

2.00E+00

4.00E+00

6.00E+00

8.00E+00

0 1 2 3 4 5

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

Fig.VI.16 – Resposta no tempo para deslocamento horizontal no topo do edifício.

140

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A Tabela VI.4 apresenta as amplitudes máximas de deslocamentos e acelerações

horizontais (direção transversal) no nível da cobertura (em dois pontos: no eixo de

torção, próximo à junta de dilatação e numa fachada frontal da torre de apartamentos, na

posição indicada pelo ponto A na Fig.VI.6), obtidas para a estrutura sob condições de

travejamento conferido pelas paredes de alvenaria (vide item VI.3.1) e sendo excitada

pela propagação de ondas no solo até suas fundações, produzidas pela ação de um bate-

estacas situado a distâncias de 15, 50 e 100 metros. As respostas no tempo tomadas na

fachada frontal no topo da torre, cujos valores pico estão descritos na coluna C da

Tabela VI. 4, podem ser vistas nas Figs.VI.14 e VI.16, respectivamente, em termos de

aceleração e deslocamento.

Deve-se notar também que a estrutura apresenta deslocamentos pequenos porque

a freqüência natural associada aos primeiros modos de vibração da estrutura tem valores

baixos (em torno de 1,4 Hz o modo fundamental), sendo, portanto, pouco excitada pelas

acelerações horizontais induzidas nas fundações (Fig. VI.12) cujos picos de densidade

espectral ocorrem para freqüências em torno de 10-15 Hz (p/100 metros), 15-20 (p/50

metros) e 30-40 Hz (p/15 metros).

As Figs. VI.17(a,b) e VI.18(a,b) mostram, respectivamente, nos domínios da

freqüência e do tempo, as respostas dinâmicas em termos de aceleração e deslocamento

verticais no topo do edifício, para a excitação produzida por um bate-estacas operando a

15, 50 e 100 m de distância da edificação.

141

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Tab.VI.4 – Amplitudes máximas de deslocamento (m) e aceleração (m/s2) para os 1os. modos na direção transversal, tomadas no topo do

edifício, produzidas pela propagação de ondas no solo induzidas por cravação de estacas a uma distância d (m).

Torção = A Flexão Transversal = B Combinação = C

Deslocamentos (mm)

Acelerações (m/s2) no topo do edifício

Deslocamentos (mm)

Acelerações (m/s2) no topo

do edifício

Deslocamentos (mm)

Acelerações (m/s2) no topo

do edifício Local

Deslocamento Horizontal

Aceleração Horizontal

Deslocamento Horizontal

Aceleração Horizontal

Deslocamento Horizontal

Aceleração Horizontal

d = 15 2,02 x 10-1 1,73 x 10-2 3,14 2,57 2,92 2,61d = 50 3,20 x 10-2 2,70 x 10-3 4,80 x 10-1 4,32 x 10-1 4,71 x 10-1 4,30 x 10-1

Próximo à junta de dilatação d = 100 1,74 x 10-2 1,50 x 10-3 6,92 x 10-2 6,00 x 10-2 7,59 x 10-2 5,22 x 10-2

d = 15 5,04 4,31 x 10-1 3,14 2,57 6,06 2,77d = 50 7,85 x 10-1 6,72 x 10-2 4,80 x 10-1 4,32 x 10-1 9,50 x 10-1 4,63 x 10-1

Fachada frontal da

Torre d = 100 4,38 x 10-1 5,13 x 10-2 6,92 x 10-2 2,57 x 10-2 4,21 x 10-1 7,31 x 10-2 Nota: A + B = C – soma dos sinais das colunas A e B para deslocamento e aceleração.

142

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-0.20

0.20.40.60.8

11.21.41.6

0 100 200 300 400 500

Freqüência (rad/s)

F() 15 m

50 m100 m

Fig.VI.17(a) - Espectro de Resposta para Aceleração Vertical tomado no Topo do

Edifício a 15, 50 e 100 metros do bate-estacas.

-1.50E+01

-1.00E+01

-5.00E+00

0.00E+00

5.00E+00

1.00E+01

1.50E+01

0 0.5 1 1.5 2

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

Fig.VI.17(b) - Respostas no Tempo para Aceleração Vertical tomadas no Topo do

Edifício.

143

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-0.00005

0

0.00005

0.00010.00015

0.0002

0.00025

0.0003

0.00035

0 100 200 300

Freqüência (rad/s)

F() 15 m

50 m100 m

Fig.VI.18(a) – Espectro de Resposta para Deslocamento Vertical tomado no Topo do

Edifício a 15, 50 e 100 metros do bate-estacas.

-3.00E+00

-2.00E+00

-1.00E+00

0.00E+00

1.00E+00

2.00E+00

3.00E+00

0 0.5 1 1.5 2

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

Fig.VI.18(b) – Respostas no Tempo para Deslocamento Vertical tomadas no Topo do

Edifício.

144

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VI.6. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES INDUZIDAS POR TRÁFEGO DE VEÍCULOS

Investigam-se agora as vibrações no topo do Modelo 1 induzidas por tráfego de

veículos nas vizinhanças do edifício. É importante observar que, em geral, dentro do

perimetro urbano, tais fontes de vibrações induzem amplitudes de resposta

relativamente pequenas, mas que, entretanto pelo efeito contínuo de um tráfego intenso,

podem provocar danos em elementos arquitetônicos e agravar ainda mais os problemas

de desconforto dos usuários. Isto vale tanto para as estruturas de estilo moderno, que já

apresentam danos ou algum tipo de deterioração anterior, quanto para edificações

históricas. É bom lembrar que a edificação do Modelo 1 (com estilo moderno) já

apresentava formação de trincas e deteriorações em componentes estruturais (Battista,

1997). O efeito deletério continuado do tráfego de veículos pode causar ainda a redução

da resistência dos painéis de alvenaria devido à deterioração da argamassa de

assentamento e seu desligamento das lajotas.

Veículos pesados, tais como, ônibus e caminhões, trafegando em vias a cerca de

15, 50 e 100 m da edificação, podem induzir vibrações na estrutura através de

propagação de ondas nos extratos do solo até atingir as fundações do referido edifício.

A intensidade dessas vibrações depende da qualidade das superfícies do pavimento de

rolamento.

VI.6.1. Características da Superfície do Pavimento e do Solo Natural

O modelo matemático utilizado é aquele descrito na seção IV.4

(Chiostrini,1995). Leva em conta a função de transferência relativa ao terreno,

representando-o simplificadamente como extrato único e sem levar em conta a

contribuição de outras estruturas na área submetida ao comportamento dinâmico. Para

um veículo trafegando numa via frontal a uma das fachadas do edifício, essas

simplificações são plenamente válidas.

145

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O modelo analítico-computacional simplificado considera as irregularidades

num pavimento asfáltico definidas pela densidade espectral da rugosidade do pavimento

dada por (ISO/TC108): w

ry AS−

ωω

=ω0

)( (VI.1)

Onde os seguintes valores representam as condições existentes no local (Wang, 1992):

Ar = (256,0 a 512,0) x 10-6 m3/ciclo, segundo recomendação da (ISO/TC108) para

pavimentos com irregularidades média e muito ruim, respectivamente.

ω = 2 π v/λ = freqüência angular

λ = 1,0 e 10,0 (Chiostrini,1995) = comprimentos de ondas das irregularidades do

pavimento.

V = velocidade do veículo. Para a obtenção do espectro foi considerada uma faixa de

velocidades do veículo de 10 km/h a 80 km/h.

VI.6.2. Respostas Dinâmicas da Edificação ao Tráfego de Veículos

As Figs. VI.19 e VI.20 mostram, respectivamente, no domínio do tempo,

respostas típicas da estrutura em termos das acelerações e deslocamentos horizontais no

topo do edifício induzidas por tráfego de veículo em vias situadas a cerca de 15, 50 ou

100 metros.

A Tabela VI.5 apresenta, para a estrutura travejada pelas paredes de alvenaria,

um resumo das respostas obtidas para amplitudes pico de aceleração e deslocamento

horizontais, no nível do último pavimento (no centro do edifício), induzidos por

veículos trafegando a distâncias de 15, 50 e 100 metros. Todas as respostas foram

obtidas no domínio da freqüência, via técnica da superposição modal dos primeiros

modos de vibração (modos de torção, f = 1,48 Hz e flexão transversal, f = 4,89 Hz).

Nota-se, como já esperado, que as amplitudes de respostas, em termos de deslocamentos

e aceleração, devido ao tráfego de veículos (Tabela VI.5) são relativamente menores

que aquelas atribuídas à ação de bate-estacas (coluna C, Tabela VI.4).

146

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Tabela VI.5 –Amplitudes máximas de deslocamentos e acelerações no último

pavimento induzidas por tráfego de veículos* a uma distância d (m).

• massas dos veículos: 10 a 20 toneladas (ônibus urbanos e caminhões de 3 eixos)

Local Desl. Horiz. no último

pav. (mm)

Acel. Horiz. no último

pavimento (m/s2)

d = 15 2,16 x 10-3 3,43 x 10-3

d = 50 1,60 x 10-3 2,15 x 10-3

Centro do

Edifício

d = 100 3,34 x 10-4 9,78 x 10-3

147

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-4.00E-03

-3.00E-03

-2.00E-03

-1.00E-03

0.00E+00

1.00E-03

2.00E-03

3.00E-03

4.00E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

-2.50E-03-2.00E-03-1.50E-03-1.00E-03-5.00E-040.00E+005.00E-041.00E-031.50E-032.00E-032.50E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

(a) (b)

-1.50E-03

-1.00E-03

-5.00E-04

0.00E+00

5.00E-04

1.00E-03

1.50E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

(c)

Respostas Tomadas no Topo na Fachada Frontal:

(a) de aceleração transversal a 15m da ação; (b) de aceleração transversal a 50m da ação; (c) de aceleração transversal a 100m da

ação; (d) correlação entre as três respostas.

-4.00E-03

-3.00E-03

-2.00E-03

-1.00E-03

0.00E+00

1.00E-03

2.00E-03

3.00E-03

4.00E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

(d)

Fig.VI.19 - Resposta no tempo para aceleração horizontal no topo do edifício.

148

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-2.50E-03-2.00E-03-1.50E-03-1.00E-03-5.00E-040.00E+005.00E-041.00E-031.50E-032.00E-032.50E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

-2.00E-03

-1.50E-03

-1.00E-03

-5.00E-04

0.00E+00

5.00E-04

1.00E-03

1.50E-03

2.00E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

(a) (b)

-4.00E-04

-3.00E-04

-2.00E-04

-1.00E-04

0.00E+00

1.00E-04

2.00E-04

3.00E-04

4.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

(c)

Respostas Tomadas no Topo na Fachada

Frontal:

(a) de deslocamento transversal a 15m da

ação;

(b) de deslocamento transversal a 50m da

ação;

(c) de deslocamento transversal a 100m da

ação;

(d) correlação entre as três respostas.

-2.50E-03-2.00E-03-1.50E-03-1.00E-03-5.00E-040.00E+005.00E-041.00E-031.50E-032.00E-032.50E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

(d)

Fig.VI.20 - Resposta no tempo para deslocamento horizontal no topo do edifício.

149

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As Figs.VI.21 e VI.22 apresentam, respectivamente, as respostas em termos de

aceleração e deslocamento na direção vertical tomados no topo do edifício, devidas ao

tráfego de veículos em vias a 15, 50 e 100 m de distância de uma fachada do edifício.

Nota-se que as respostas alcançam valores significativos principalmente em termos de

aceleração. Essas acelerações atingem valores próximos do limiar da percepção humana

e se aproximam da fronteira do desconforto, para exposições prolongadas

correspondentes a cerca de 5 minutos de tráfego intenso de veículos pesados.

-8.00E-02

-6.00E-02

-4.00E-02

-2.00E-02

0.00E+00

2.00E-02

4.00E-02

6.00E-02

8.00E-02

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

Fig.VI.21 - Respostas no Tempo para Acelerações Verticais tomadas no Topo do

Edifício.

-1.00E-02-8.00E-03-6.00E-03-4.00E-03-2.00E-030.00E+002.00E-034.00E-036.00E-038.00E-031.00E-02

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

Fig.VI.22 - Respostas no Tempo para Desloc. Verticais tomadas no Topo do Edifício.

150

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VI.7. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES INDUZIDAS POR VENTO

Apresenta-se a seguir uma avaliação das amplitudes de vibrações que seriam

induzidas pela ação do vento atuando na direção transversal de uma das torres do

edifício Modelo 1. O modelo matemático empregado é aquele descrito na seção II.6.3.

Leva em conta um fluxo de vento cuja velocidade desenvolvida corresponde à soma da

velocidade média (V) e de pequenas flutuações (v) em torno do valor médio. É

recomendado por normas de projeto (NBR 6123, 1990) que estruturas que apresentem

freqüência fundamental baixa (inferiores a 1 Hz) quando expostas à ação do vento

devem ser cuidadosamente analisadas. Esta recomendação se justifica, pois a densidade

espectral das velocidades de vento é mais intensa a baixas freqüências decaindo

rapidamente para valores mais altos de freqüência (em torno de 1,0 Hz).

Embora o Modelo 1 apresente freqüência fundamental superior a 1 Hz, ainda

assim a análise dinâmica foi conduzida neste trabalho, pois além de comprovar o fato

acima, onde se espera que as amplitudes de respostas sejam pequenas, pretende-se

também realizar algumas comparações com outros modelos, que possuem freqüências

fundamentais abaixo de 1 Hz.

VI.7.1. Características Locais do Vento Atuante

Em estruturas isoladas, com plantas assimétricas, a distribuição de pressões pode

criar um significante momento torsional, se a distância do centro elástico do edifício e

seu centro aerodinâmico ou ponto de aplicação da resultante das forças de vento é

grande. No presente modelo o primeiro modo corresponde ao modo de torção. Isto leva

a definir o modelo matemático a ser empregado como aquele descrito na seção II.6.3.

Considerando a edificação situada numa região do Brasil cujo mapa de isopletas

indica a velocidade básica em torno de 35 m/s segundo NBR 6123 (1990), encontra-se

para este caso uma velocidade de projeto de V10 = 24,15 m/s. Segundo outros valores

encontrados na norma brasileira de vento NBR 6123 (1990) com relação às isopletas e

Nakamura (1975), tem-se os seguintes dados:

151

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- ρ = 1,2 x 10-3 kN s2/m4 – densidade do ar;

- V10 = 24,15 m/s – velocidade de projeto;

- p = 0,23 – expoente p dependente da Categoria de rugosidade do terreno.

- CM = 0,1 – coeficiente para momento em modo específico de torção.

- α = 10o – ângulo de ataque do vento sobre uma fachada lateral da estrutura,

correspondente a 0,175 rad.

VI.7.2. Respostas Típicas

As respostas correspondem à combinação dos modos de torção (freq.= 1,48 Hz)

e flexão transversal (freq.= 4,89 Hz). As Fig.VI.23 e 24 mostram, respectivamente, as

respostas típicas da estrutura em termos de aceleração e deslocamento horizontais

transversais, tomadas no topo do edifício junto à fachada frontal. Notam-se amplitudes

de resposta em termos de aceleração com valores da ordem de 10-4 m/s2 (10–5 g),

tomadas no ponto em que se espera maiores amplitudes. Por este fato dificilmente serão

perceptíveis pelos seus ocupantes, visto que ficam muito aquém do limiar de percepção

humana (Harris and Crede, 1976) da ordem de 10-2 g para baixas freqüências.

-1.50E-03

-1.00E-03

-5.00E-04

0.00E+00

5.00E-04

1.00E-03

1.50E-03

0 20 40 60 80 100

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

Fig.VI.23 – Resposta no Tempo para Aceleração Horiz. na Fachada Frontal da Torre.

-2.00E-02

-1.50E-02

-1.00E-02

-5.00E-03

0.00E+00

5.00E-03

1.00E-02

1.50E-02

2.00E-02

0 20 40 60 80 10

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

0

Fig.VI.24 – Resposta no Tempo para Deslocamento Horiz. na Fachada Frontal da Torre.

152

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VI.8. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES INDUZIDAS POR EXPLOSÃO

As informações contidas nesta seção fazem parte dos estudos de Carvalho e

Battista (2002) e serão aqui reapresentados. Os três primeiros modos de vibrações das

estruturas aporticadas das torres gêmeas do presente modelo têm freqüências naturais

abaixo daquelas de uma faixa dominante de freqüências com intensa energia de

vibração no espectro de aceleração (Fig.VI.25). Por essa razão os modos fundamentais

não são todos facilmente excitados por vibrações induzidas por explosão, propagadas

através dos extratos do solo até as fundações.

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

0,012

0,014

0 20 40 60 80 1

Freqüência (Hz)

Den

sida

de E

spec

tral (

m2 /s

3 )

00

4,8

Hz

16,8

Hz

19,2

Hz

34,4

Hz

44,0

Hz

52,8

Hz

57,6

Hz

64,0

Hz

70,4

Hz

77,6

Hz

12,8

Hz

23,2

Hz

28,4

Hz

37,6

Hz

48,0

Hz 50

,4 H

z

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

0,012

0,014

0 20 40 60 80 1

Freqüência (Hz)

Den

sida

de E

spec

tral (

m2 /s

3 )

00

4,8

Hz

16,8

Hz

19,2

Hz

34,4

Hz

44,0

Hz

52,8

Hz

57,6

Hz

64,0

Hz

70,4

Hz

77,6

Hz

12,8

Hz

23,2

Hz

28,4

Hz

37,6

Hz

48,0

Hz 50

,4 H

z

Acelerômetro AC4 – Direção Transversal – Bloco do fundo

Fig.VI.25 – Densidade Espectral das Acelerações medidas no local

Carvalho & Battista (2002).

VI.8.1. Escavação para Construção de Túnel e Estação Subterrânea

As escavações para construção de túnel e estação subterrânea num terreno

vizinho ao edifício, atingiram profundidade abaixo do nível de 11,5 m. As escavações

foram feitas parcialmente em rocha na parte mais funda (junto à base de uma colina no

fundo do edifício); e parcialmente em solo residual na parte menos profunda. Ao longo

de 110 m na linha de bordo (Fig.VI.2) entre os planos de escavação e do edifício, os

níveis da superfície do terreno têm cotas variando de +3,9 m até 22,0 m no fundo do

153

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plano da edificação. Para a escavação em solo residual foram construídas paredes de

contenção com a cravação de perfis metálicos H em camadas de solo firme. As vigas de

perfil metálico foram estabilizadas por meio de tirantes ancorados no solo do terreno

vizinho.

VI.8.2. Resultados das Medições Experimentais de Vibração

A Tabela VI.6 resume os valores pico para acelerações medidas por 6 sensores,

tal como ilustram as Figs VI.26 (Carvalho & Battista, 2002), onde se observa que:

− as maiores amplitudes de acelerações (m/s2) ocorreram, como esperado, na direção

transversal no topo do edifício ( veja acelerômetros AC2 e AC4);

− as amplitudes de aceleração transversal medidas com AC4 (vide espectro Fig.VI.25)

no topo do bloco do fundo (com fundações ancoradas em rocha) são ligeiramente

maiores que as amplitudes obtidas com AC2 instalado no topo do bloco frontal (

com fundações rasas no solo residuais). Este resultado era também esperado devido

ao maior amortecimento atribuído ao solo residual em relação àquele dado pelo leito

de rocha existente;

− as amplitudes de aceleração vertical x tempo obtidas com AC3, instalado no topo do

bloco frontal, são ligeiramente menores que as amplitudes das acelerações

transversais obtidas com AC2, instalado no mesmo lugar;

− as amplitudes de acelerações x tempo obtidas com AC5 e AC6, instalados no plano

da base do bloco estrutural são cerca de 2,5 a 4,0 vezes menores que aqueles

medidos no topo do edifício.

O espectro de freqüência foi obtido aplicando-se a Transformada Rápida de

Fourier (FFT) sobre os valores de resposta aceleração x tempo medidos. Fig. VI.25

mostra o espectro de sinais medido a partir do acelerômetro AC4. Pode ser observado

neste espectro a ampla faixa de freqüências associadas aos modos naturais da estrutura

excitados por vibrações induzidas por explosão.Todos estes sinais gravados e valores

medidos tiveram importância fundamental na calibração de modelo numérico

matemático no domínio da freqüência e obtenção de respostas no tempo.

154

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a) Esquema da InstrumentaçãoSeção Transversal Vertical-SS(parallela ao plano YZ)

do bloco frontalDireção dos Acelerômetros

AC1 - LongitudinalAC2, AC4 - Transversal

Junta de Dilatação Térmica (veja Fig. VI.2)

C62A

C59

Bloco do Fundo

AC6

AC 5.

Bloco Frontal

Lado Direito do Edifício(lado da excavação)

Bloco do Fundo

Bloco Frontal

AC1

AC4

AC3AC2

AC3, AC5, AC6 - Vertical

b) Instrimentação do Nível de CoberturaPlano de Cobertura-Detalhe c) Instrumentação do Nível de Garagem G1

Plano de vista G1

Pare

de d

e bo

rdo

Bordo c/ paredes de alvenaria02 Micro-acelerômetros

Equipamentos p/ aquisições desinais

Cabos protegidos

G2

G1

PUC

Cobertura

04 Micro-acelerômetros

Tirantesp/ ancoragens

Túnel

Excavações do Metrô

Paredes de contenção com vigas soldadas

Cabos protegidos

2o-1

1oan

dar t

ípic

o

SS

+9,0 m

+49,0 m

Rocha

+8,55 m +60,0 m

+18,0 m

+8,80 m

a) Esquema da InstrumentaçãoSeção Transversal Vertical-SS(parallela ao plano YZ)

do bloco frontalDireção dos Acelerômetros

AC1 - LongitudinalAC2, AC4 - Transversal

Junta de Dilatação Térmica (veja Fig. VI.2)

a) Esquema da InstrumentaçãoSeção Transversal Vertical-SS(parallela ao plano YZ)

do bloco frontalDireção dos Acelerômetros

AC1 - LongitudinalAC2, AC4 - Transversal

Junta de Dilatação Térmica (veja Fig. VI.2)

C62A

C59

Bloco do Fundo

AC6

AC 5.

Bloco Frontal

Lado Direito do Edifício(lado da excavação)

Bloco do Fundo

Bloco Frontal

AC1

AC4

AC3AC2

AC3, AC5, AC6 - Vertical

b) Instrimentação do Nível de CoberturaPlano de Cobertura-Detalhe c) Instrumentação do Nível de Garagem G1

Plano de vista G1

Pare

de d

e bo

rdo

Bordo c/ paredes de alvenaria02 Micro-acelerômetros

Equipamentos p/ aquisições desinais

Cabos protegidos

G2

G1

PUC

Cobertura

04 Micro-acelerômetros

Tirantesp/ ancoragens

Túnel

Excavações do Metrô

Paredes de contenção com vigas soldadas

Cabos protegidos

2o-1

1oan

dar t

ípic

o

SS

+9,0 m

+49,0 m

Rocha

+8,55 m +60,0 m

+18,0 m

Rocha

+8,55 m +60,0 m

+18,0 m

+8,80 m

Fig.VI.26 – Plano de Instrumentação (Carvalho&Battista, 2002).

155

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VI.8.3. Respostas Aceleração x tempo

A Fig.VI.27(a) mostra a resposta de aceleração transversal (direção y) numérico-

teórica x tempo no topo do edifício (cobertura do bloco do fundo) e a Fig. VI. 27(b)

mostra a correspondente resposta experimental obtida com o acelerômetro AC4

(acelerômetro posicionado no topo na direção transversal) para a maior de quatro

explosões registradas. As respostas teóricas foram obtidas usando a contribuição de

quatro modos de vibração com intensidade alta de energia de vibração no espectro do

acelerômetro AC4: 210 modo (f=34,13 Hz), 280 modo (f=42,34 Hz), 340 modo (f =

53,86 Hz), 370 modo (f = 58,48 Hz); veja Fig.VI.25. Os parâmetros modais (freqüências

e massas) foram obtidos a partir do modelo numérico 3D com análise de vibrações

livres, enquanto que as respostas no tempo sob explosão foram obtidas a partir de

análise de superposição modal de modelo unifilar 2D equivalente tomado a partir do

modelo 3D.

As respostas no tempo mostradas na Fig. VI.27(a) e Figs.VI.28(a) e (b) foram

obtidas usando o método da superposição modal (equação (II.9)) juntamente com as

equações (II.11 e II.12), onde os parâmetros relacionados ao solo são s = 0.22; n = 2.50

e c = 100 m/s.

Os valores pico e RMS para aceleração horizontal no topo do edifício, obtidos

com as respostas numérica (Fig.VI. 27 (a)) e experimental (Fig.VI. 27 (b)), são

apresentadas na Tabela VI.7.

O que pode ser realmente notado nas Figs. VI. 27(a) e (b) e Tabela VI.7 é a

favorável correlação entre respostas aceleração x tempo numérico e experimental, tanto

qualitativamente em termos do padrão dos sinais temporais quanto, quantitativamente,

em termos de valores pico e RMS.

As Fig.VI.28(a) e 28(b) mostram, respectivamente, resposta teórico-numérica

aceleração x tempo e velocidade x tempo na direção transversal (direção y) no topo do

edifício, para explosão (w = 9,36 kg; R = 40,00m) típica daquelas que ocorreram no

início dos trabalhos de escavação para construção da estação subterrânea. Pode-se notar

156

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que as acelerações pico da Fig.VI.28(a) são 10 vezes maiores que as da Fig.VI. 27 (a),

mostrando claramente a maior intensidade das primeiras explosões.

Tabela VI.6 – Valores Pico Experimental de Aceleração

Acelerômetro Valores Pico p/Aceleração (m/s2) AC1 0,17 AC2 0,34 AC3 0,25 AC4 0,40 AC5 0,07 AC6 0,11

Notas: Carga do Explosivo: 1.44 kg (Data da Explosão: 30/06/97)

Distância da fonte de vibração ≅ 50 m

Tabela VI.7 – Resultados Experimental e Teórico para Aceleração Horizontal no Topo

do Edifício

Aceleração (m/s2)

Valor Pico Valor RMS

Experimental 0,40 0,0756

Teórico 0,39 0,0777

157

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-0,6-0,4-0,2

00,20,40,6

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tempo (sec)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

-0,6-0,4-0,2

00,20,40,6

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tempo (sec)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

(a) – Aceleração transversal (direção y) numérico-teórica x tempo no topo do edifício.

-0,4-0,3-0,2-0,1

00,10,20,30,40,5

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tempo (sec)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

-0,4-0,3-0,2-0,1

00,10,20,30,40,5

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tempo (sec)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

(b) – Resposta experimental obtida com o acelerômetro AC4.

Fig.VI.27 – Carvalho & Battista (2002).

-5-4-3-2-1012345

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tempo (sec)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

-5-4-3-2-1012345

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tempo (sec)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

(a) Aceleração (direção y) numérico-teórica x tempo no topo do edifício para carga de

explosão igual a 9,36 kg.

-25-20-15-10

-505

101520

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Tempo (sec)

Vel

ocid

ade

(mm

/sec

)

3-25-20-15-10

-505

101520

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Tempo (sec)

Vel

ocid

ade

(mm

/sec

)

3

(b) Aceleração (direção y) numérico-teórica x tempo no topo do edifício para carga de

explosão igual a 9,36 kg. Fig. VI.28 – Carvalho & Battista (2002).

158

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VI.9. COMENTÁRIOS ADICIONAIS

Das análises criteriosas de todos os resultados obtidos das simulações e

modelagens computacionais realizadas, pode-se fazer os seguintes comentários

particulares da estrutura do Modelo 1:

a) Construções vizinhas a um edifício urbano podem causar pequenos recalques

nas fundações (principalmente se fundações diretas em sapatas), pequenos danos

em alguns painéis de alvenaria (paredes de tijolos cerâmicos) e, eventualmente,

em alguns elementos estruturais (notadamente ligação entre vigas e pilares). A

possibilidade de ocorrência de danos é mais forte se for realizado rebaixamento

de lençol d’água para escavações; por exemplo, para executar fundações diretas

sobre extrato de terreno resistente, garagem subterrânea, poços de elevadores,

etc.

b) A cravação de estacas de fundações por meio de equipamentos de percussão (por

exemplo, bate-estacas) em construções vizinhas, pode provocar recalques e

causar danos a componentes estruturais e arquitetônicos do edifício, além de

sérios transtornos aos seus ocupantes. Estes transtornos têm origem nos efeitos

acústicos e de vibrações induzidas por esse processo convencional de cravação

de estacas.

c) Tráfego de Veículos:

O tráfego normal de veículos nas proximidades da edificação não traz problemas

de desconforto humano. A vibração mais expressiva está associada à aceleração

vertical, que atinge valores pico considerados apenas como perceptíveis.

d) Vento:

Para ação de vento com uma velocidade de projeto (V0 = 24,15 m/s) não há

chance que ocorra problemas de desconforto para os ocupantes desta edificação.

159

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e) Explosão Subterrânea:

Cargas elevadas de explosivos podem causar sérios transtornos aos ocupantes da

edificação; e a resultante velocidade pico de cerca de 15 mm/s, a baixas

freqüências, indica provável ocorrência de danos principalmente nos

componentes arquitetônicos e decorativos.

f) A integridade e segurança das estruturas e fundações do edifício dependem,

então, do eficaz controle das causas e atenuação dos efeitos associados às

atividades de uma nova construção num terreno vizinho.

160

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Capítulo VII

Análise de Sensibilidade

Modelo 2

VII.1. INTRODUÇÃO

Nesse capítulo são apresentados os resultados mais relevantes da análise de

sensibilidade estrutural de um outro edifício residencial (Modelo 2), submetido a

vibrações induzidas por diversas ações externas. Os critérios usados nesta análise

versam sobre danos causados a estrutura de concreto armado, aos componentes não

estruturais do edifício, bem como o conforto de seus ocupantes. São apresentados os

resultados teóricos obtidos de modelos 2D e 3D (como no capítulo anterior) que

simulam, o mais fielmente possível, uma estrutura real, conforme descrita na seção

VII.2, a qual foi objeto de campanhas de medições experimentais. A seqüência de

análises é a mesma estabelecida no capítulo anterior para o Modelo 1; parte dos

resultados dessas análises são extraídas do relatório técnico de consultoria realizado por

Battista et al (1999).

Com base nas estimativas das amplitudes das respostas dinâmicas, obtidas via

modelagem computacional da estrutura e simulações das ações dinâmicas, são feitas

avaliações, tanto dos estados limites de segurança e de utilização da estrutura, quanto do

conforto de seus usuários.

161

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Fig.VII.1 – Planta de Forma do Pavimento Tipo (medidas em cm).

162

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Fig.VII.2 – Planta de Forma dos Blocos de Fundação e Vigas de Equilíbrio (medidas em cm).

163

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VII.2. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DA ESTRUTURA E FUNDAÇÕES

A estrutura de concreto armado do edifício tem, a partir do nível dos blocos de

fundações, 11 tetos estruturais (vide Fig. VII.4):

− o teto da garagem no subsolo (pavimento térreo que se estende além da área

projetada em planta do edifício de apartamentos residenciais)

Obs: Não há estrutura de piso (lajes e vigas de concreto armado) ou cintamento

para travejamento horizontal dos blocos de fundações mais internos (vide

Fig.VII.2).

− teto do térreo (piso do PUC – pavimento de uso comum)

− teto do PUC (piso do 1o pavimento arquitetônico do edifício de apartamentos)

− 7 tetos tipo: (tetos do 2o ao 8o pavimentos arquitetônicos dos apartamentos – vide

Fig.VII.1)

− 8o teto (cobertura) e acima a casa de máquinas e reservatórios d’água.

A Fig. VII.1 mostra uma cópia da planta de formas do teto tipo (2o ao 8o

pavimento) cujas dimensões externas são 16,0m x 44,0m, i.e. a área projetada em planta

da torre do edifício. A estrutura do teto do PUC (1o pavimento) tem dimensões e

componentes similares aos do teto tipo, com maiores seções transversais das vigas. O

teto do 8o pavimento é semelhante ao teto do térreo, destacando-se a adição de vigas

para apoio das caixas d‘água. Em todos os tetos a espessura das lajes é de 12 cm. Os

pilares indicados na planta da Fig.VII.1 se elevam até o 8o teto (cobertura).

# Fundações do Edifício

As fundações são constituídas de blocos de concreto armado sobre estacas

metálicas: perfis de aço para trilhos ferroviários com várias seções transversais (TR57,

TR50 e TR45). A Fig. VII.2 mostra uma cópia da planta de formas dos blocos de

fundação e vigas de equilíbrio (nível do piso do subsolo). Destaca-se nesta figura a

projeção dos pavimentos elevados. No contorno, entre o nível dos blocos de fundação e

o teto do subsolo, há um muro de CA com 2,0 m de altura (para contenção de terreno)

ligado aos pilares de periferia deste nível conforme ilustrado em detalhe na Fig.VII.2.

164

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Observa-se que não há laje estrutural no piso do subsolo. O teto do subsolo é composto

de painéis de lajes contínuas apoiadas em vigas, sendo estas vigas apoiadas nos pilares

mostrados na planta da Fig.VII.2. Ainda nesta figura observa-se, na região contida pela

projeção dos pavimentos elevados, a inexistência de cintas nas direções longitudinal e

transversal ligando os pilares; existindo apenas poucas cintas ligando os pilares mais

centrais (P11-P12-P9, P24-P25-P20-P30, P13-P26). Os pilares localizados nos limites

do terreno, os quais se elevam somente até o piso do PUC, estão ligados entre si, no

nível do subsolo, através de paredes de contenção em uma direção; e nos demais níveis

através de vigas. O mesmo se repete no teto tipo (ver a Fig. VII.1): não existência de

pórticos contínuos para travejamento dos pilares nas direções longitudinal e transversal.

Este arranjo confere à estrutura do edifício uma flexibilidade indesejável nas duas

direções ortogonais.

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

2

Argila orgânica com fragmentos deConchas, mole e muito mole, cinzaesverdiado

Idem, muito mais

Areia ( fina e média ) pouco argilosa,Compacta e medianamente compacta

Idem, fofa

Argila arenosa: fina, rija, cinza

10 20 30

10 3020No. de golpes

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

2

Argila orgânica com fragmentos deConchas, mole e muito mole, cinzaesverdiado

Idem, muito mais

Areia ( fina e média ) pouco argilosa,Compacta e medianamente compacta

Idem, fofa

Argila arenosa: fina, rija, cinza

10 20 30

10 3020No. de golpes

Fig.VII.3 – Perfil de Sondagem Típico do Solo de Fundação do Modelo 2.

# Terreno de Fundação do Edifício

Os perfis de sondagem, representados pela Fig.VII.3, mostram uma espessa

camada superficial de argila mole e muito mole, indicando que as estacas metálicas

165

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foram cravadas, para alcançar as negas adequadas, até profundidades em torno de 25,0 a

30,0 metros, onde se encontra a camada de solo resistente.

Z

Y

Fig.VII.4 – Vista em Elevação do Modelo 2.

166

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VII.3. MODELOS COMPUTACIONAIS DA ESTRUTURA

Assim como no capítulo VI, as análises se desenvolvem utilizando-se duas

ferramentas computacionais para simular o comportamento da edificação quando

submetida a diversas ações: um modelo tridimensional e alguns modelos unifilares 2D

equivalentes.

No modelo numérico refinado tridimensional da estrutura e suas fundações em

estacas, descrito mais adiante no item VII.3.1, foram adotadas as seguintes hipóteses e

simplificações:

− considera-se que as estacas metálicas foram cravadas, para alcançar as negas

adequadas, até profundidades em torno de 25,0 a 30,0 metros, onde se encontra a

camada de solo resistente.

− As estacas foram modeladas com seus comprimentos efetivos de engastamento

dentro do terreno e admitidas rotuladas nos blocos de fundação, em função do

detalhamento usual da ligação entre esses componentes. Esta simplificação foi

adotada após verificação numérica de sua validade física.

− A reação lateral do solo foi considerada através das rigidezes equivalentes,

calculadas a partir dos perfis de sondagem (Fig.VII.3) e dos correspondentes

coeficientes volumétricos de reação lateral das camadas do terreno das fundações.

− A espessa camada de argila mole foi considerada saturada, de acordo com o nível do

lençol freático indicado nas sondagens.

− Modelagem analítica simplificada para levar em conta o efeito das paredes de

alvenaria sobre a rigidez lateral da estrutura, vibrando com pequenas amplitudes de

deslocamento. O verdadeiro efeito só pode ser avaliado por meio de ensaios

experimentais dinâmicos do edifício sobre vibrações forçadas. Pode-se, entretanto,

dizer que promove, em geral, um acréscimo de rigidez por meio de travejamento. A

efetividade desse travejamento depende, no entanto, de diversos fatores, tais como:

tipo dos blocos ou tijolos cerâmicos utilizados, execução e aperto dessas alvenarias

contra as lajes e pilares, dimensões das aberturas (portas e janelas) existentes, etc.

Resultados experimentais existentes (Moreira, 1996 e Tomazevic, 1997) foram

usados para calcular as rigidezes equivalentes das paredes de alvenaria e inseri-las

167

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no modelo estrutural. Na análise foram consideradas, portanto, duas situações de

modelagem:

1. estrutura sem travejamento

2. estrutura com travejamento conferido pelos painéis de alvenaria (com rigidez

estimada com base nos dados experimentais) confinados e bem apertados contra as

lajes e pilares e sem aberturas significativas.

Nota-se que as alvenarias existentes no pavimento PUC são restritas a uma certa

área central; e as poucas existentes nos pavimentos de garagem são insuficientes para

travejamento e, portanto, estas últimas foram desprezadas. Pode-se adiantar aqui que foi

pequena a influência das alvenarias na rigidez global do edifício aos movimentos

laterais e, portanto, os valores intermediários das amplitudes de vibração obtidas com as

duas modelagens são muito próximos.

VII.3.1. Modelo Tridimensional da Estrutura em Concreto Armado, Fundações e

Alvenaria

O modelo estrutural completo adotado para análise de vibrações do edifício é

mostrado nas Figs. VII.5 a VII.7. As vigas, pilares, estacas e travejamentos conferidos

pelas alvenarias foram simulados por elementos de pórtico e as lajes por elementos de

casca. A reação lateral do terreno foi considerada através do comprimento equivalente

das estacas e de elementos de mola nos blocos de fundações e nas paredes de contenção.

O modelo ficou, então, constituído de 6.500 elementos de pórticos e 9.750 elementos de

casca, resultando num sistema com 68.200 equações.

Para análise de vibrações verticais das lajes foi utilizado um modelo, mostrado

na Fig. VII.8, considerando apenas um teto tipo. As rigidezes rotacionais dos pilares

foram consideradas através da discretização dos pilares, até a metade da altura do pé

direito estrutural, abaixo e acima do teto tipo; simulando as seções de momento nulo

nos pilares para cargas de gravidade das lajes e vigas do pavimento.

168

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As análises estruturais de vibrações livres, feitas com o modelo tri-dimensional,

foram realizadas através de programa de computador que utiliza o método dos

elementos finitos, de propriedade do Laboratório de Estruturas da COPPE/UFRJ.

Y X

Z

Fig.VII.5 – Modelo Teórico-Numérico Tri-dimensional.

Z

X

Fig.VII.6 – Modelo Teórico-Numérico Tri-dimensional. Vista Longitudinal.

169

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Conexões nos Pilares P1A e P31A

Fig.VII.7 - Modelo Teórico-Numérico Tri-dimensional. Vista Transversal.

Fig

Y

Z

Ponto A - onde são tomados os deslocamentos transversais Eixo de torção

1o. modo

Torção

.VII.8 – Vista em Perspectiva do Teto Tipo

Y Z

X

170

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Maiores detalhes sobre a instrumentação experimental, calibração do modelo tri-

dimensional e correlação entre os resultados teórico e experimental para freqüências

naturais dos blocos frontal e do fundo, do presente edifício, podem ser apreciados no

Relatório Técnico (Battista, 2000). A Tabela VII.1 mostra a correlação entre os valores

obtidos das campanhas de medições experimentais e os seus correspondentes valores

teóricos obtidos do modelo computacional 3D da estrutura.

Pode-se observar, com os resultados mostrados na Tabela VII.1, que há uma boa

correlação entre valores experimentais e teóricos para freqüências associadas aos quatro

primeiros modos de vibração. Enfatiza-se aqui que para alcançar esta boa correlação a

modelagem ajustada precisou apenas considerar todas as condições de restrição ao

movimento observadas nas vistorias técnicas realizadas, além do efeito de enrijecimento

conferido pelas paredes de alvenaria de tijolos cerâmicos leves, executadas sobre lajes

flexíveis de concreto armado.

Tabela VII.1 - Correlação entre Freqüências de Vibração Experimentais e Teóricas – Computacionais (com modelo Estrutural Ajustado)

Freqüências (Hz) Experimentais

(±0,10Hz) Teóricas (Hz)

Descrição do Modo de Vibração

1 0,60 0,76 Torção Axial (c/

centro de torção próx. Fachada traseira)

2 1,07 1,03 Flexão Lateral +

Torção (c/centro próx. Fachada dianteira)

3 1,60 1,34 Flexão Longitudinal

4 2,10 2,46 Flexão Lateral + Torção Axial

171

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VII.3.2. Modelos Simplificados para Respostas Dinâmicas

Para a estimativa das amplitudes de resposta da estrutura – em termos de

acelerações e deslocamentos – às ações dinâmicas produzidas por equipamentos de

cravação de estacas por percussão, tráfego de veículos, ação do vento e explosão

subterrânea, foram elaborados modelos simplificados da estrutura do edifício assente

sobre fundações profundas em estacas. Para a maioria dos edifícios altos é, em geral

suficiente uma modelagem estrutural com apenas um grau de liberdade generalizado,

representando o modo fundamental de resposta a cargas laterais.

Foram consideradas a propagação e atenuação, até as fundações do edifício, das

ondas vibratórias no terreno para os problemas de vibrações induzidas por bate-estacas,

tráfego de veículos e explosão subterrânea.

As propriedades modais da estrutura tri-dimensional foram obtidas com o

modelo descrito no item VII.3.1 anterior e, juntamente com os autovetores, ou modos de

vibração, utilizadas para construir aproximações unifilares dos modelos simplificados;

os quais descrevem isoladamente os graus de liberdade generalizados de flexão lateral e

longitudinal, torção axial e de deformação vertical (ou de flexão das lajes) da estrutura

do bloco frontal com uma torre de 10 andares.

Os resultados obtidos com esses modelos simplificados são apresentados e

analisados nas seções VII.5,6,7 e 8, para forças dinâmicas que simulam a cravação de

uma estaca por impacto do martelo, tráfego de veículo pesado, ação do vento e explosão

subterrânea, respectivamente.

172

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VII.4. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DA ESTRUTURA E ALVENARIAS A

RECALQUES DIFERENCIAIS DE FUNDAÇÕES

Apresentam-se a seguir os resultados mais relevantes obtidos da análise de

sensibilidade da estrutura e das paredes de alvenaria para recalques diferenciais de

algumas fundações. Foram selecionadas as fundações de dois pilares: P16 e P38 (vide

localizações na Fig.VII.1).

VII.4.1. Sensibilidade das Alvenarias a Recalques das Fundações

As Tabelas VII.2 e VII.3 apresentam, respectivamente, as tensões máximas de

tração e de compressão nos painéis de alvenaria de tijolos cerâmicos vazados, induzidas

por recalques diferenciais unitário e máximo nas fundações diretas dos pilares P16 e

P38. As localizações desses painéis/paredes de alvenaria são indicadas na primeira

coluna destas Tabelas e mostradas na Fig. VII.9.

As modelagens 3D das paredes dos 3 primeiros andares de apartamentos, em

elementos finitos de casca, são ilustradas como exemplos nas Figs. VII.9 e VII.10; esta

última ilustrando também a distribuição de tensões principais máximas nos painéis das

paredes situadas entre os pilares P15 e P16 (vide primeira linha das Tabelas VII.2 e

VII.3).

173

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1o Pav.

2o Pav.

3o Pav.

Teto PUC

P15 P16 P17 P18 P19

1o Pav.

2o Pav.

3o Pav.

Teto PUC

P15 P16 P17 P18 P19

Fig.VII.9 Modelo com Painéis de Alvenaria de Tijolos Cerâmicos Furados (c/ furos na direção

horizontal) para Cálculo das Tensões devidas a um recalque diferencial de δ = 1,0

mm na fundação do Pilar P16.

Fmax =94 kN/m

1o Pav.

2o Pav.

3o Pav.

Teto PUC

P15 P16

Escala de cores

Fmax =94 kN/m

1o Pav.

2o Pav.

3o Pav.

Teto PUC

P15 P16

Escala de cores

Fig.VII.10 Gráfico da Distribuição de Tensões Principais Máximas nos Painéis de Alvenaria de

Tijolos Cerâmicos em 03 Andares Consecutivos. (em kN/m)

174

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Tabela VII.2 Tensões Máximas de Tração nas Paredes de Alvenaria de Tijolos

Cerâmicos Vazados induzidas por Recalques nas Fundações dos Pilares

P16 e P38.

Valores de Tensões (MPa) no 1o. Pavimento Residencial

Recalques

no Pilar P16

Recalques

no Pilar P38

Paredes

representadas por

elementos de casca ∆v = 1,0 mm* ∆v = 8,0 mm** ∆v = 1,0 mm* ∆v = 12,0 mm**

Parede: P15 – P16 0,94 7,52 - -

Parede: sobre laje (junto à viga entre P4-P17)

1,50 12,0 - -

Parede: P38 – P23 - - 0,51 6,12

Notas: Tensão Admissível de Tração para os painéis de alvenaria: 0,75 MPa. * - recalque unitário. ** - recalque máximo; capacidade resistente nula das estacas.

Tabela VII.3 - Tensões Máximas de Compressão nas Paredes de Alvenaria de Tijolos

Cerâmicos Vazados induzidas por Recalques nas Fundações dos Pilares

P16 e P38.

Valores de Tensões (MPa) no 1o. Pavimento Residencial

Recalques

no Pilar P16

Recalques

no Pilar P38

Paredes

representadas por

elementos de casca ∆v = 1,0 mm* ∆v = 8,0 mm** ∆v = 1,0 mm* ∆v = 1,21 mm**

Parede: P15 – P16 0,13 1,04 - -

Parede: sobre laje (junto à viga entre P4-P17)

0,15 1,20 - -

Parede: P38 – P23 - - 0,12 1,44

Notas: Tensão Admissível de compressão para os painéis de alvenaria: 1,5 MPa. * - recalque unitário. ** - recalque máximo; capacidade resistente nula das estacas.

175

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VII.4.2. Sensibilidade da Estrutura de Concreto Armado a Recalques das Fundações

A sensibilidade da estrutura de concreto armado a recalques diferenciais nas

fundações dos pilares P16 e P38 foi examinada através do cálculo e superposição dos

esforços de flexão nos nós entre vigas e pilares dos pórticos associados contendo um

desses dois pilares.

Dos resultados numéricos analisados pode-se concluir que a superposição dos

esforços promovidos pelas cargas permanentes e acidentais aos esforços causados por

um recalque máximo poderá levar a danos estruturais significativos, já que não há, neste

modelo, uma adequada distribuição de esforços para os componentes estruturais

(vizinhos ao pilar com recalque), e as paredes de alvenaria intertravadas entre vigas e

pilares ficarão sujeitas a tensões incompatíveis com sua função.

VII.5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES

INDUZIDAS POR EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO

Apresenta-se a seguir uma avaliação das amplitudes das vibrações no Modelo 2

induzidas pela propagação de ondas no terreno causadas por equipamentos de percussão

utilizados em construções, tais como: pelo martelo para cravação de estacas em terrenos

vizinhos.

VII.5.1. Características de Cravação da Estaca

São adotadas as mesmas condições e características, no que se refere à cravação

de estacas, já apresentadas na seção VI.5.1.

VII.5.2. Características Elásticas do Solo

A Fig. VII.11 mostra as funções de transferência do solo para acelerações

vertical e horizontal na superfície do terreno, devidas à propagação de ondas de

Rayleigh induzidas por um impacto vertical dado a uma distância de 100 metros, num

176

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semi-espaço constituído por uma camada espessa de argila mole, com as seguintes

propriedades:

− espessura média da camada de argila mole: 20,0 m

− massa específica do solo ρ= 1,8 ton /m3

− módulo elástico aparente Es = 25 Mpa

− coeficiente de Poisson, ν = 0,3

− módulo elástico transversal do solo, G = 10 Mpa

− amortecimento, d < 0,001

− velocidade de propagação das ondas de superfície, cR = 70,8 m/s (Anexo C)

0.00E+00

1.00E-04

2.00E-04

3.00E-04

4.00E-04

5.00E-04

6.00E-04

7.00E-04

0 10 20 30 40Frequência (Hz)

H a

cel.

(m/s2 /k

N)

dir.verticaldir. horizontal

Fig.VII.11 – Função de Transferência do solo para Aceleração devido a um bate-estaca

operando a uma distância de 100m.

A Fig. VII.12 mostra os espectros de respostas em termos de aceleração

horizontal na superfície do terreno no local do edifício, causadas pelos bate-estacas com

as características descritas na seção VI.5.1 operando a distâncias de 15, 50 e 100

metros. A Fig.VII.12 mostra os espectros de aceleração tomados no solo junto à

fundação do edifício, considerando distâncias de 15, 50 e 100 m a partir do ponto de

aplicação da carga de impacto do bate-estacas.

177

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00.0050.01

0.0150.02

0.0250.03

0.0350.04

0.045

0 20 40 60 80 100 120

Freqüência (Hz)

Ampl

itude

F(f

)15 m50 m100 m

Fig.VII.12 – Espectros de Respostas de Aceleração no Solo junto à Fundação.

VII.5.3. Respostas Dinâmicas da Edificação à Cravação de Estacas

As Figs. VII.13 e VII.14 mostram, respectivamente, nos domínios da freqüência

e do tempo, as respostas dinâmicas em termos da aceleração na direção transversal no

topo do edifício, para a excitação causada por um bate-estaca operando a 15 m da linha

limítrofe do terreno vizinho, bem como operando a 50 e 100 m.

Todas as respostas correspondem à combinação dos dois primeiros modos,

ambos de torção com freqüências de 0,80 Hz e de 1,027 Hz. Nota-se que os modos de

torção têm freqüências próximas, e que apenas na resposta de aceleração transversal em

freqüência a 15 m, Fig VII.13, um dos modos não predomina sobre o outro. Nas

respostas em freqüência Fig VII.13, respectivamente tomados a 50 e 100 m, há uma

alternância no predomínio entre as duas formas modais de torção consideradas. Na

resposta a 50 m predomina a 2a forma modal de torção e a 100 m predomina a 1a forma

modal de torção.

Observando-se as equivalentes respostas transientes de aceleração transversal no

tempo (a 15, 50 e 100m – Figs.VII.14), nota-se um decaimento nas amplitudes máximas

de cerca de 2 ordens de grandeza (ao longo da distância), comparando-se as amplitudes

de respostas para 15 e 100 metros, como conseqüência do amortecimento atribuído ao

solo. A Fig.VII.17 ilustra este decaimento nas acelerações pico, resumindo o que

178

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também pode ser constatado na Fig.VII.14. Nota-se também uma sensibilidade muito

grande para ocorrências de cravação de estacas próximas à linha limítrofe da edificação.

A Fig VII.14 mostra uma amplitude máxima transiente de 1.5 m/s2 (1.5 g; g –

aceleração da gravidade) para bate-estacas operando a 15m, decaindo, devido ao

amortecimento estrutural, rapidamente em apenas 15 segundos, em cerca de 1 ordem de

grandeza na amplitude. Considerando que há um impacto a cada segundo, estes valores

atingem um nível que, segundo a literatura técnica internacional (Harris & Crede,

1976), é considerado como acima do intolerável (que prevê um tempo de exposição de 5

a 20 minutos).

0

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

0 1 2 3 4

Freqüência (Hz)

Ampl

itude

F(f

)

15 m50 m100 m

Fig.VII.13 – Espectro de Aceleração Transversal tomado no Topo do Edifício.

-2.00E+00

-1.50E+00

-1.00E+00

-5.00E-01

0.00E+00

5.00E-01

1.00E+00

1.50E+00

2.00E+00

0 5 10 15

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

Fig.VII.14 – Acelerações Transversais Tomados no Topo do Edifício.

179

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0.00E+001.00E-042.00E-043.00E-044.00E-045.00E-046.00E-047.00E-048.00E-049.00E-04

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

Freqüência (Hz)

Ampl

itide

F(f

)15 m50 m100 m

Fig.VII.15 – Espectro de Deslocamento Transversal tomado no Topo do Edifício.

-6.00E+01

-4.00E+01

-2.00E+01

0.00E+00

2.00E+01

4.00E+01

6.00E+01

0 5 10 15Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

Fig.VII.16 - Deslocamentos Transversais Tomados no Topo do Edifício.

Um cenário muito parecido com o de aceleração pode ser encontrado para a

análise de deslocamentos correspondentes. A Fig.VII.15 ilustra os espectros de

respostas de deslocamentos transversais para impactos às distâncias indicadas. A

Fig.VII.16 mostra os sinais correspondentes no domínio do tempo e a Fig.VII.18 o

decaimento dos valores picos das respostas, em termos de deslocamento, com acréscimo

da distância entre a fonte de excitação e a estrutura.

180

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Aceleração (m/s2)

00.20.40.60.8

11.21.41.6

0 20 40 60 80 100 120

Distância (m)

Ampl

itude

de

Resp

osta

Fig.VII.17 – Decaimento das acelerações com a distância entre a fonte de excitação e a

estrutura.

Deslocamento (mm)

0.00E+00

1.00E+01

2.00E+01

3.00E+01

4.00E+01

5.00E+01

6.00E+01

0 20 40 60 80 100 120Distância da ação (m)

Ampl

itude

de

Resp

osta

Fig.VII.18 - Decaimento de deslocamentos com a distância entre a fonte de excitação e

a estrutura.

181

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A Tabela VII.4 apresenta as amplitudes máximas de deslocamentos e

acelerações horizontais (direção transversal), no nível da cobertura (no centro e numa

aresta do edifício, posição indicada na Fig.VII.8), obtidas para a estrutura sob condições

de travejamento conferido pelas paredes de alvenaria (vide item VII.3), e sendo excitada

através de suas fundações por espectros de acelerações horizontal e vertical dos tipos

mostrados na Fig.VII.12, correspondentes às distâncias de 15, 50 e 100 metros. Essas

respostas foram obtidas no domínio da freqüência via técnica da superposição modal

dos primeiros modos de vibração (dados na Tabela VII.1). As respostas no tempo

tomadas na fachada frontal da torre, cujos valores picos estão apresentados na coluna C

Tabela VII. 4, são mostradas nas Figs. VII.14 e VII.16, respectivamente em termos de

aceleração e deslocamento.

Deve-se notar também que a estrutura apresenta deslocamentos significativos,

embora as freqüências naturais associadas aos primeiros modos de vibração da estrutura

tenham valores próximos a 1,0 Hz, enquanto os espectros da Fig.VII.12 apresentam

picos para freqüências de excitação em torno de 10 a 30 Hz. Esta grande amplificação

dinâmica na resposta da estrutura se deve a sua grande esbeltez e ao pouco

travejamento. As Figs.VII.19 (a) e (b) mostram as respostas, respectivamente, em

termos de aceleração e deslocamentos transversais, tomadas no topo e na base do

edifício (considerando o sinal obtido na fundação) causadas por um bate-estacas

operando a apenas 15 metros de distância das fundações.

-2.00E+00

-1.50E+00

-1.00E+00

-5.00E-01

0.00E+00

5.00E-01

1.00E+00

1.50E+00

2.00E+00

0 5 10 15

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

Acel.TopoAcel.Base

-6.00E+01

-4.00E+01

-2.00E+01

0.00E+00

2.00E+01

4.00E+01

6.00E+01

0 5 10 15

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

Desl.TopoDesl.Base

(a) Acelerações (b) Deslocamentos Fig.VII.19 –Tomadas no Topo e na Base (no nível das fundações) do Edifício.

182

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Tabela VII.4 – Amplitudes máximas de deslocamento (mm) e aceleração (m/s2) para os 1os. modos na direção transversal, tomadas no topo

do edifício, produzidas pela propagação de ondas no solo induzidas por cravação de estacas a uma distância d (m).

Torção = A Flexão Transversal = B Combinação = C

Deslocamentos (mm)

Acelerações (m/s2) no topo do edifício

Deslocamentos (mm)

Acelerações (m/s2) no topo

do edifício

Deslocamentos (mm)

Acelerações (m/s2) no topo

do edifício Local

Deslocamento Horizontal

Aceleração Horizontal

Deslocamento Horizontal

Aceleração Horizontal

Deslocamento Horizontal

Aceleração Horizontal

d = 15 1,01 2,60 x 10-2 6,60 x 10+1 2,56 x 10-2 1,43 4,38 x 10-2 d = 50 5,00 x 10-2 1,26 x 10-3 8,82 3,58 x 10-3 1,38 x 10-1 4,54 x 10-3

Próximo à junta de dilatação d = 100 3,94 x 10-2 9,29 x 10-4 1,53 5,29 x 10-4 4,96 x 10-2 1,30 x 10-3

d = 15 3,42 x 10+1 8,41 x 10-1 2,60 x 10+1 1,01 x 10-0 5,05 x 10+1 1,63d = 50 2,00 3,81 x 10-2 3,53 1,43 x 10-1 4,96 1,71 x 10-1

Fachada frontal da

Torre d = 100 1,18 2,75 x 10-2 6,11 2,11 x 10-2 1,60 4,38 x 10-2 Nota: A + B = C – soma dos sinais das colunas A e B para deslocamento e aceleração.

183

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As Figs. VII.20(a,b) e VII.21(a,b) mostram, respectivamente, nos domínios da

freqüência e do tempo, as respostas dinâmicas em termos de aceleração e deslocamento

verticais no topo do edifício, para a excitação produzida por um bate-estacas operando a

cerca de 15, 50 e 100 metros das fundações da torre de apartamentos.

0

0.5

1

1.5

2

2.5

0 100 200 300 400

Freqüência (Hz)

Ampl

itude

F(f

)

15 m50 m100 m

Fig.VII.20(a) – Espectro de Aceleração Vertical no Topo do Edifício.

-2.00E+01

-1.50E+01

-1.00E+01

-5.00E+00

0.00E+00

5.00E+00

1.00E+01

1.50E+01

2.00E+01

0 0.5 1 1.5 2

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

Fig.VII.20(b) – Acelerações Verticais Tomadas no Topo do Edifício.

184

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00.00010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.00080.0009

0 100 200 300

Freqüência (Hz)

Ampl

itude

F(f

)

15 m50 m100 m

Fig.VII.21(a) - Espectro de Deslocamento Vertical no Topo do Edifício.

-5.00E+00-4.00E+00-3.00E+00-2.00E+00-1.00E+000.00E+001.00E+002.00E+003.00E+004.00E+005.00E+00

0 0.5 1 1.5 2

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

Fig.VII.21(b) - Deslocamentos Verticais Tomadas no Topo do Edifício.

185

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VII.6. ANÁLISE DE SENSIBLIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES

INDUZIDAS POR TRÁFEGO DE VEÍCULOS

Veículos pesados, tais como ônibus e caminhões, trafegando nas vias próximas

podem induzir vibrações na estrutura de um edifício através de suas bases ou fundações.

Assim como no caso de impactos produzidos por um bate-estacas (vide a seção

VII.5) as vibrações são transmitidas por meio de propagação de ondas no solo. As

mesmas funções de transferências relativas ao terreno (exemplo da Fig. VII.11 definida

para 100 m) foram usadas para determinação dos espectros de respostas às vibrações

induzidas por veículos.

VII.6.1. Características da Superfície do Pavimento e do Solo Natural

Assim como no capítulo anterior foi usada a mesma descrição matemática

(Chiostrini, 1995), dos espectros de freqüência típicos das forças de excitação e das

acelerações verticais e horizontais induzidas nas fundações do prédio pela passagem, a

uma certa distância do edifício, de veículos pesados sobre pavimento asfáltico.

A densidade espectral da rugosidade do pavimento dada por ISO/ 1972: w

ry AS−

ωω

=ω0

)( (VII.1)

onde:

Ar = (256,0 a 512,0) x 10-6 m3/ciclo, segundo recomendação da ISO/ 1972 para

pavimentos com irregularidades média e muito ruim, respectivamente.

ω = 2 π v/λ = freqüência angular

λ = 1,0 e 10,0 (Chiostrini, 1995) = comprimentos de ondas das irregularidades do

pavimento.

v = velocidade do veículo. Para a obtenção do espectro foi considerada uma faixa de

velocidade do veículo de 10 km/h a 80 km/h, conduzindo a picos de freqüência

principal em torno de 20 a 30 Hz.

186

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VII.6.2. Respostas Dinâmicas da Edificação ao Tráfego de Veículos

As Figs. VII.22 e VII.23 mostram, respectivamente, no domínio do tempo,

respostas típicas da estrutura em termos de acelerações e deslocamentos horizontais no

topo do edifício.

A Tabela VII.5 apresenta, para a estrutura travejada pelas paredes de alvenaria,

um resumo das respostas obtidas para amplitudes máximas de deslocamentos

horizontais e verticais, no nível do último pavimento (no centro do edifício), induzidos

por veículos trafegando a distâncias de 15, 50 e 100 metros. Todas as respostas foram

obtidas no domínio da freqüência via técnica da superposição modal dos primeiros

modos de vibração (dados na Tabela VII.1).

Tabela VII.5 -Amplitudes máximas de deslocamentos e acelerações no último

pavimento induzidas por tráfego de veículos* a uma distância d (m).

Deslocamentos no último pav. (mm)

Acelerações no último pavimento (m/s2) Local

Desl. Horiz. Acel. Horiz. d = 10 3,04 x 10-4 3,06 x 10-4

d = 50 1,31 x 10-4 5,94 x 10-6 Centro do Edifício

d = 100 1,69 x 10-4 3,59 x 10-6 * massas dos veículos: 10 a 20 toneladas (caminhões de 3 eixos e ônibus urbanos)

Nota-se, prontamente, nesta Tabela os valores muito pequenos de

deslocamentos, os quais segundo Harris (1988) não são perceptíveis pelos ocupantes.

Acelerações da ordem de 10-4 m/s2 (10-5 g), encontradas para fontes de excitação

aleatória produzida pelo tráfego de veículos pesados na própria rua da edificação, não

alcançam, segundo a mesma referência (Harris, 1988), o limiar da percepção humana

para exposições prolongadas em torno de 5 minutos.

187

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-4.00E-04-3.00E-04-2.00E-04-1.00E-040.00E+001.00E-042.00E-043.00E-044.00E-045.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

-8.00E-06

-6.00E-06

-4.00E-06

-2.00E-060.00E+00

2.00E-06

4.00E-06

6.00E-06

8.00E-06

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

(a) (b)

-5.00E-06-4.00E-06-3.00E-06-2.00E-06-1.00E-060.00E+001.00E-062.00E-063.00E-064.00E-06

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

(c)

Respostas Tomadas no Topo do Edifício:

(a) de aceleração horizontal a 15m da ação;

(b) de aceleração horizontal a 50m da ação;

(c) de aceleração horizontal a 100m da ação;

(d) correlação entre as três respostas.

-4.00E-04-3.00E-04-2.00E-04-1.00E-040.00E+001.00E-042.00E-043.00E-044.00E-045.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

(d)

Fig.VII.22 - Acelerações Transversais Tomadas no Topo do Edifício.

188

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-4.00E-04

-3.00E-04

-2.00E-04

-1.00E-04

0.00E+00

1.00E-04

2.00E-04

3.00E-04

4.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

-1.50E-04

-1.00E-04

-5.00E-05

0.00E+00

5.00E-05

1.00E-04

1.50E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

(a) (b)

-2.00E-04

-1.50E-04

-1.00E-04

-5.00E-05

0.00E+00

5.00E-05

1.00E-04

1.50E-04

2.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

(c)

Respostas Tomadas no Topo do Edifício:

(a) de desloc. horizontal a 15m da ação;

(b) de desloc. horizontal a 50m da ação;

(c) de desloc. horizontal a 100m da ação;

(d) correlação entre as três respostas.

-4.00E-04

-3.00E-04

-2.00E-04

-1.00E-04

0.00E+00

1.00E-04

2.00E-04

3.00E-04

4.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

(d)

Fig.VII.23 - Deslocamentos Transversais Tomados no Topo do Edifício.

189

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Alguns sinais, registrados durante as medições experimentais (Battista, 2000),

foram obtidos em horários de tráfego intenso nas vias circunvizinhas e são apresentados

na Tabela VII.6. Observando nesta tabela, os valores RMS de aceleração relativos a

movimentos transversais no topo, nota-se a boa correlação com aqueles obtidos

numericamente mostrados na Tabela VII.5.

Tabela VII.6 Valores RMS das Acelerações nos pontos de medições experimentais

(vide posicionamento dos acelerômetros na Fig. VII. 24 - Battista, 2000).

Acelerômetro RMS Aceleração (m/s2) Direção/Localização AC1 5 x 10-5 Vertical/Pilar P31a/Subsolo AC2 10 x 10-5 Transv./Pilar P32/Subsolo AC3 2 x 10-4 Transv./Topo/fachada traseira

AC4 10 x 10-5 Long./Topo/fronteira do terço central

AC5 6 x 10-4 Transv./Topo/junto à casa de máquinas

AC6 2 x 10-4 Transv./Topo/fachada frontal

As Figs.VII.25 e VII.26 apresentam as respostas respectivamente em termos de

aceleração e deslocamento na direção vertical tomados no topo do edifício, devidas ao

tráfego de um veículo pesado a 15, 50 e 100 m de distância do edifício. Nota-se que as

respostas alcançam valores significativos em termos de aceleração, particularmente para

o tráfego de veículos pesados na própria rua da edificação. Os picos de aceleração

atingem o limiar da percepção humana até para maiores distâncias da fonte de excitação

e alcançam valores que se aproximariam da fronteira do desconforto, para exposições

prolongadas em torno de 5 minutos (i.e. para tráfego intenso continuado).

190

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Fig.VII.24 – Plano de Instrumentação.

191

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-1.50E-01

-1.00E-01

-5.00E-02

0.00E+00

5.00E-02

1.00E-01

1.50E-01

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

15 m50 m100 m

Fig.VII.25 - Acelerações Verticais Tomados no Topo do Edifício.

-3.00E-02

-2.00E-02

-1.00E-02

0.00E+00

1.00E-02

2.00E-02

3.00E-02

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

15 m50 m100 m

Fig.VII.26 - Deslocamentos Verticais Tomados no Topo do Edifício.

Os resultados aqui apresentados corroboram alguns comentários feitos na

literatura técnica, i.e que as forças dinâmicas aleatórias produzidas por veículos

pesados, trafegando em pavimentos asfálticos com pequenas irregularidades a distâncias

superiores a 100 m, são suficientemente pequenas para não induzirem amplitudes

significativas de vibração nas camadas do terreno atravessadas pelas estacas.

192

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VII.7. ANÁLISE DE SENSIBLIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES

INDUZIDAS POR VENTO

Apresenta-se a seguir uma avaliação das amplitudes de vibrações que seriam

induzidas por ação do vento atuando na direção transversal de uma das torres do

edifício Modelo 2.

VII.7.1. Características Locais do Vento Atuante

No presente Modelo 2 o primeiro modo corresponde ao modo de torção. Isto

leva a definir o modelo matemático a ser empregado como aquele descrito na seção

II.6.3. Considerando a edificação situada numa região do Brasil cujo mapa de isopletas

indica a velocidade básica em torno de 35 m/s segundo NB 599 (1987), encontra-se para

este caso uma velocidade de projeto de V10 = 24,15 m/s.

Segundo valores encontrados na norma brasileira de vento (NB 599, 1987) com

relação às isopletas e Nakamura (1975), tem-se os seguintes dados:

- ρ = 1,2 x 10-3 kN s2/m4 – densidade do ar;

- V10 = 24,15 m/s – velocidade de projeto;

- p = 0,23 – expoente p dependente da Categoria de rugosidade do terreno.

- CM = 0,1 – coeficiente para momento em modo específico de torção.

- α = 10o – ângulo de ataque do vento sobre uma fachada lateral da estrutura,

correspondente a 0,175 rad.

VII.7.2. Respostas Típicas

As respostas obtidas para o presente modelo correspondem à combinação dos

modos de torção com as freqüências 0,80 Hz e 1,027 Hz. As Fig.VII.27 e 28 mostram,

respectivamente, as respostas típicas da estrutura, em termos de aceleração e

deslocamento horizontais transversais, tomadas no topo do edifício junto à fachada

frontal. Notam-se amplitudes de respostas em termos de aceleração com valores da

ordem de 10-4 m/s2 (10–5 g), tomadas no ponto de maiores amplitudes. Por este fato,

193

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serão dificilmente perceptíveis pelos ocupantes do edifício, visto que ficam muito

aquém do limiar de percepção humana (Harris, 1988), da ordem de 10-2 g para baixas

freqüências.

-1.50E-03

-1.00E-03

-5.00E-04

0.00E+00

5.00E-04

1.00E-03

1.50E-03

0 20 40 60 80 10

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

0

Fig.VII.27 – Acelerações Transversais Tomados no Topo do Edifício.

-4.00E-02

-3.00E-02

-2.00E-02

-1.00E-02

0.00E+00

1.00E-02

2.00E-02

3.00E-02

4.00E-02

0 20 40 60 80 10

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

0

Fig.VII.28 – Deslocamentos Transversais Tomados no Topo do Edifício.

Comparando-se a resposta dinâmica vista na Fig.VII.27 (que leva em conta 2

modos transversais), em termos de aceleração, com os valores limites para diversos

níveis de percepção humana especificos (Saul, 1976) para vibrações em edifícios

devidas ao vento, constata-se que a aceleração assim produzida é também

imperceptível.

O deslocamento transversal de 4,60 x 10-4 m no topo do edifício, obtido segundo

os procedimentos de cálculos definidos na NB-599/87, é pouco superior ao valor pico

da resposta dinâmica visto na Fig.VII.28, da ordem de 1,2 x 10-4 m. Deve-se observar

que na solução proposta pela norma NB-599/87 a ação de vento é aplicada conforme

194

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critérios do Item 9 – Modelo discreto. Alguns dados usados para cálculo segundo a

norma são: S1 = 1,0; S3 = 1,0; V0 = 35 m/s; Vp= 24,15 m/s; Categoria IV.

VII.8. ANÁLISE DE SENSIBLIDADE ESTRUTURAL A VIBRAÇÕES

INDUZIDAS POR EXPLOSÃO

A Fig.VII.29 mostra a resposta teórico-numérica aceleração x tempo na direção

transversal (direção y), tomada no topo do edifício, induzida por explosão (w = 9,36 kg;

R = 40,00 m). A resposta foi obtida usando a equação (II.9) juntamente com as

equações (II.11 e II.12). Os parâmetros modais obtidos a partir do modelo numérico 3D

são apresentados na Tabela VII.7.

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

Fig.VII.29 – Acelerações Transversais Tomados no Topo do Edifício.

As análises desta resposta são apresentadas na seção seguinte em Comentários

adicionais.

Tabela VII.7 – Parâmetros Modais dos quatro Modos de Vibrações usados no Modelo

2D-unifilar equivalente

Freqüência (Hz)

Freqüência Circular (rd/sec)

Coeficiente de Amortecimento

ξ (%)

Massa Modal

(ton) 9,32 58,56 1,36 3200 13,79 86,64 0,92 1070 62,50 392,70 0,22 3410

195

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VII.9. COMENTÁRIOS ADICIONAIS

Das análises criteriosas de todos os resultados obtidos das simulações e

modelagens computacionais realizadas, pode-se fazer ainda os seguintes comentários

particulares a estrutura do Modelo 2:

a) A cravação de estacas de fundações por meio de equipamentos de percussão

(por exemplo, bate-estacas) em construções vizinhas, pode provocar aceleração

de recalques e causar danos a componentes estruturais e arquitetônicos do

edifício, além de sérios transtornos aos seus ocupantes. Estes transtornos têm

origem nos efeitos acústicos e de vibrações induzidas por esse processo

convencional de cravação de estacas.

b) Tráfego de Veículos:

O tráfego normal de veículo nas proximidades da edificação, não traz problemas

de desconforto humano. A vibração mais expressiva esta associada à aceleração

vertical, que atinge valores pico considerados apenas perceptíveis.

c) Vento:

Para ação de vento para uma velocidade de projeto (V0 = 24,15 m/s) há pouca

chance que ocorra problemas de desconforto para os ocupantes desta edificação.

d) Explosão Subterrânea:

Cargas elevadas de explosivos podem causar sérios transtornos aos ocupantes da

edificação; e sendo as vibrações numa faixa de baixas freqüências, torna-se

provável a ocorrência de danos, principalmente nos componentes arquitetônicos.

e) A integridade e segurança das estruturas e fundações do edifício dependem,

então, do controle eficaz das causas e atenuação dos efeitos associados às

atividades de uma nova construção num terreno vizinho.

196

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Capítulo VIII

Análise Comparativa entre

os Modelos

VIII.1. INTRODUÇÃO

Apresenta-se neste capítulo uma análise comparativa das respostas dinâmicas, a

um mesmo padrão de excitações, obtidas dos 03 modelos de edifícios com concepções

estruturais um tanto distintas, tal como descritas nos capítulos IV, VI e VII. A avaliação

do grau de sensibilidade, às ações dinâmicas externas, dessas três concepções estruturais

para edifícios de concreto armado, é feita através da comparação direta (qualitativa e

quantitativas para amplitudes) das suas respostas no tempo, induzidas por: cravação de

estacas e explosão subterrânea em terreno vizinho, tráfego de veículos em ruas vicinais

e ação turbulenta de vento. Na seção VIII.2 apresenta-se uma análise suscinta dos

esforços em alguns componentes das estruturas destes modelos de edifícios, causados

por recalques diferenciais nas fundações.

As respostas dinâmicas, aqui agrupadas, são algumas daquelas já apresentadas

nos capítulos IV, VI e VII, e aqui são também analisadas à luz dos critérios do estado

limite de utilização.

Nos gráficos apresentados a seguir, as respostas dinâmicas de cada modelo dos

capítulos IV, VI e VII estão associadas, respectivamente, às denominações Palácio

(Modelo do Capítulo IV), St. Marcel (Modelo do Capítulo VI), e La Villette (Modelo do

Capítulo VII). Nesses gráficos são mostradas curvas referentes a estes 3 modelos, que

representam a variação, com a distância da fonte de excitação, das amplitudes de

respostas em termos de deslocamento e aceleração. Com base nessas curvas pode-se

concluir que o modelo do edifício Palácio é o que apresenta, em geral, maior

sensibilidade estrutural às ações dinâmicas impostas. Por outro lado, o modelo do

197

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edifício St. Marcel é o que apresenta a menor sensibilidade. Isto já permite se apontar

algumas diferenças de características e comportamento dos 3 modelos (condições

externas e concepções estruturais distintas). Como condições externas poder-se-ia

apontar o tipo de solo de fundação em cada caso: argila orgânica mole e argila rija. Uma

outra característica é o tipo de fundação (fundações em estacas ou sapatas) e finalmente

a concepção estrutural propriamente dita, em particular o grau de redundância

(hiperestaticidade interna) e o travejamento.

Como outros fatores relacionados às concepções estruturais dos 3 modelos

podem-se citar: cintamento reduzido, ineficaz ou inexistente dos blocos das fundações;

a grande esbeltez e dimensões de vigas e pilares; grandes vãos de lajes e vigas aliados a

pequena formação de pórticos (quadros viga-coluna) em direções ortogonais.

Uma boa análise requer identificação, em cada modelo, de algumas

características que separadamente possam ter influência decisiva nas respostas,

acentuando as amplitudes ou atenuando-as. Algumas dessas características, já

identificadas nos capítulos anteriores, são aqui destacadas:

Tabela VIII.1 – Características individuais dos modelos.

Fundação

Faixa de Freqüências com amplitudes

máximas nos espectros FRFs do

solo (Hz)

Modo de Vibraçao

Transversal (Hz)

Massa Modal (t)Modelo

Altura do

Prédio (m)

Solo Tipo Prof. 15 m 50 m 100 m 1o. 2o.

Modo de Vibração

Axial

1o. 2o.

PL 28,2 argila mole

estaca C.A. 25 m 25-30 15-20 10-15 0,60 0,67 10,34 4,33

x105 2,35 x105

LV 31,31 argila mole

perfis Aço. 20 m 25-30 15-20 10-15 0,80 1,03 8,22 5,33

x105 8,75 x105

SM 39,8 argila rija

sapatas C.A. 1,5* 35-40 20-25 10-15 1,48 4,89 10,03 2,16

x105 4,33 x103

* profundidade mínima adotada para fundação direta (sapatas). Nota: PL – Palácio; LV – La Villette; SM – St.Marcel.

Nota-se na Tabela VIII.1 que o modelo St. Marcel possui maior altura, entre 9 e

11 metros mais alto do que os outros dois e área em planta da torre menor que os demais

modelos (vide Anexo B). Uma diferença que para concepções estruturais convencionais

levaria tal modelo a apresentar as maiores amplitudes de respostas. Mas conforme

198

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mostrado nas comparações feitas nas seções seguintes esta expectativa não é

confirmada. Nota-se também o solo de argila rija é presente apenas na fundação do

modelo St.Marcel (nos demais a camada sobrejacente do solo é argila mole).

Comparando-se os espectros de aceleração de base, Fig.VI.17 (p/ argila rija) e

Fig.VII.15 (p/ argila mole), notam-se maiores amplitudes induzidas nas fundações em

argila rija. As forças modais de excitação de base são obtidas do produto entre a

aceleração de base e as massas modais. A rigidez modal, de cada modelo é obtida do

produto da massa modal pelo quadrado da freqüência modal (em radianos por segundo).

Destes valores, obtidos na Tab. VIII.1, chega-se às seguintes rigidezes modais (1o

modo): St. Marcel igual a 1,867 x 107 kN/m, La Villette igual a 1,346 x 107 kN/m e

Palácio igual a 6,15 x 106 kN/m. Nota-se que a rigidez modal é decrescente,

respectivamente para os modelos St.Marcel, La Villette e Palácio. Tais condições

contribuem para que em geral St. Marcel e La Villette sejam menos susceptíveis às

solicitações dinâmicas que o modelo Palácio. Foi adotado amortecimento proporcional à

massa, considerando um amortecimento para o 1o.modo de 2,5% e para 2o. modo de

1,5% obtido pela expressão (VIII.1).

ω=ξ

2a (VIII.1)

onde ξ = taxa de amortecimento;

ω = freqüência modal (rad/s);

a = fator de amortecimento.

199

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VIII.2. RECALQUES DIFERENCIAIS DAS FUNDAÇÕES

Nas Tabelas VI.4 e VII.5 um recalque máximo corresponde a uma situação de

perda total da capacidade resistente das estacas ou sapatas. Os valores desses recalques

são, respectivamente, de 6 mm para o St.Marcel, 8 mm para o La Villette e para o

Palácio 12 mm para as fundações dos pilares mais susceptíveis a recalque. Observando

as estruturas dos 3 modelos, nota-se um maior número de pórticos múltiplos no St.

Marcel, com menores vãos e vigas um pouco mais robustas em relação aos outros 2

modelos de estruturas, contribuindo para uma melhor e mais efetiva redistribuição de

esforços na eventualidade de recalques diferenciais nos pilares.

VIII.2.1.Sensibilidades das Alvenarias

Para os recalques máximos de uma fundação, em cada uma das 3 estruturas, a

análise comparativa das tensões entre os painéis de paredes vizinhas aos pilares

submetidos a recalque fica prejudicada, pois os painéis envolvidos em cada caso

possuem distintos vãos e vigas com distintas seções transversais que formam os quadros

de confinamento dos painéis. Entretanto, considerando, em cada caso, os valores de

tensões relativos a recalques unitários, pode-se notar que estrutura do St. Marcel possui

maior capacidade de redistribuição de esforços. Consequentemente, para este edifício,

os painéis de parede confinados próximos ao pilar de recalque estarão sujeitos a

menores tensões. Já nos Modelos La Villette e Palácio os painéis de parede confinados

próximos ao pilar de recalque estarão sujeitos a maiores tensões, pois apresentam pouca

capacidade para redistribuição de esforços.

VIII.2.2.Sensibilidade da Estrutura de Concreto Armado

O estudo de sensibilidade a recalques diferenciais de fundações dos três modelos

revela que os esforços, assim acrescidos à estrutura de concreto armado, poderão

provocar, no modelos La Villette e Palácio, sérios danos estruturais. Isto se conclui, pois

os mesmos possuem pouca capacidade de redistribuição de esforços, fato observado por

apresentarem expressivos valores para recalques máximos (obtidos considerando

capacidade resistente nula nas estacas do respectivo pilar). No modelo St. Marcel tais

valores são menos expressivos portanto menos susceptível a danos estruturais.

200

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VIII.3. CRAVAÇÃO DE ESTACAS

VIII.3.1. Movimento Transversal

Comparam-se a seguir as respostas das três estruturas, respectivamente, em

termos de aceleração e deslocamento x tempo, no topo dos edifícios, devidas à cravação

de estacas a uma distância de 15 metros das fundações. As Figs VIII.1 e VIII.2 dão uma

idéia de como se compõem as respostas finais de cada modelo, resultantes da

combinação dos dois primeiros modos de vibração, em função de suas respectivas

freqüências modais. As taxas de amortecimentos modais são as mesmas para os três

modelos.

-3.00E+00

-2.00E+00

-1.00E+00

0.00E+00

1.00E+00

2.00E+00

3.00E+00

0 2 4 6 8 10

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

St.MarcelPalácioLaVillette

Fig.VIII.1 - Comparação de resposta de aceleração transversal no topo do edifício a

15m da ação.

-5.00E+01-4.00E+01-3.00E+01-2.00E+01-1.00E+010.00E+001.00E+012.00E+013.00E+014.00E+015.00E+01

0 2 4 6 8 10

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

PalácioLa VilletteSt.Marcel

Fig.VIII.2 - Comparação de resposta de deslocamento transversal no topo do edifício a

15 m da ação.

201

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Com as respostas combinadas dos 2 primeiros modos transversais, nos três

modelos, nota-se na Fig.VIII. 1 que a aceleração modelo St. Marcel, embora

inicialmente maior, decai rapidamente, enquanto que a aceleração x tempo para o

Palácio tem um decaimento mais lento. Já na Fig.VIII.2 a resposta em termos de

deslocamento do Palácio é destacadamente maior que a resposta dos outros 2 modelos.

Justifica-se este fato observando-se que as freqüências do 1o. e 2o. modos do modelo

Palácio são muito próximas tendo portanto, pequena defasagem no ângulo de fase das

respostas, quase coincidindo suas amplitudes máximas.

-6.00E-02

-4.00E-02

-2.00E-02

0.00E+00

2.00E-02

4.00E-02

6.00E-02

0 2 4 6 8 10

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

St.MarcelPalácioLaVillette

Fig.VIII.3 - Comparação de resposta de aceleração transversal no topo do edifício a

100m da ação.

-2.10E+00

-1.40E+00

-7.00E-01

0.00E+00

7.00E-01

1.40E+00

2.10E+00

0 2 4 6 8 10

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.4 - Comparação de resposta de deslocamento transversal no topo do edifício a

100 m da ação.

202

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Observa-se nas Fig.VIII.3 e VIII.4 o mesmo panorama nas respostas,

respectivamente em termos de aceleração e deslocamento, devido à cravação de estacas

a 100 m do edifício.

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

0 20 40 60 80 100 120

Distância da ação (m)

Acel

.pic

o (m

/s2 )

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.5 – Comparação do decaimento de valores pico de aceleração transversal com

o acréscimo da distância entre a fonte de excitação e o edifício.

-1.00E+01

0.00E+00

1.00E+01

2.00E+01

3.00E+01

4.00E+01

5.00E+01

0 50 100

Distância da ação (m)

Desl

oc. p

ico

(mm

)

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.6 - Comparação do decaimento de valores pico de desloc. transversal com o

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e o edifício.

As respostas em termos de aceleração x tempo (Figs.VIII.1 e VIII.3), e em

termos de deslocamento x tempo (Figs.VIII.2 e VIII.4) estão resumidas, através de seus

correspondentes valores picos, nas Figs.VIII.5 e VIII.6 para um bate-estacas operando a

distâncias variando de 15 a 100 m da estrutura. Pode-se fazer com essas figuras as

mesmas considerações já feitas anteriormente sobre a importância da combinação modal

nas amplitudes de resposta.

203

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Sob critérios de estado limite de utilização faz-se a seguir algumas

considerações. Analisando-se os valores da coluna C (combinação entre os 2 primeiros

modos transversais) nas Tabelas VI.4 e VII.4, notam-se os baixos valores dos

deslocamentos horizontais. Entretanto, com esses resultados pode-se fazer, com auxílio

de outros trabalhos das referências (ISO 2631/1-2, 1985; Harris, 1988), a seguinte

avaliação:

− impactos de curta duração produzidos a cada segundo por um bate-estacas do porte

considerado, operando em terreno próximo ao do edifício, induzem vibrações

perceptíveis com amplitudes de deslocamentos laterais, ao longo da altura do

edifício, na faixa de 10-3 mm.

− as correspondentes vibrações laterais na fachada do bloco frontal do edifício e, em

particular no último pavimento, seriam as mais facilmente perceptíveis.

Notam-se, ainda, nas Tabelas VI.4 e VII.4, os valores significativos das

acelerações horizontais (coluna C). Com esses resultados pode-se fazer, com auxílio da

referência (ISO 2631/1-2, 1985, Harris, 1988), a seguinte avaliação:

− impactos de curta duração produzidos a cada segundo por um bate-estaca, ou outro

qualquer equipamento pesado de percussão, operando em terreno próximo ao

edifício, induzem acelerações consideradas desagradáveis, da ordem de 1x100 m/s2

(ou 10-1 g, sendo g a aceleração da gravidade) ou, pelo menos, induzem acelerações

facilmente perceptíveis, da ordem de 10-1 m/s2 (ou 10-2 g).

− essas acelerações horizontais em torno de 10-1g, nas direções transversal e vertical

do edifício, e ao longo de toda a sua altura, são mais acentuadas no topo do edifício.

Finalmente, deve-se observar que, devido às características da resposta

transiente produzida por impulsões de curta duração, os amortecimentos adicionais (tal

como o promovido pelas paredes de alvenaria) teriam, se considerado no modelo de

análise, efeitos desprezíveis nos valores pico para deslocamentos e acelerações.

Tomando-se as funções de transferência do solo utilizadas na análise como

aproximações satisfatórias para cálculos, as estimativas feitas para amplitudes de

204

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deslocamentos e acelerações podem ser adotadas para um parecer técnico sobre as

vibrações induzidas na estrutura pela cravação de estacas.

VIII.3.2. Movimento Vertical

-2.00E+01-1.50E+01-1.00E+01-5.00E+000.00E+005.00E+001.00E+011.50E+012.00E+012.50E+01

0 0.5 1 1.5 2

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.7 - Comparação de resposta de aceleração vertical no topo do edifício a 15 m

da ação (modo axial).

-5-4-3-2-1012345

0 0.5 1 1.5 2

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.8 - Comparação de resposta de deslocamento vertical no topo do edifício a 15

m da ação (modo axial).

Do ponto de vista do movimento vertical, os efeitos da ação de bate-estacas são

mais intensos. As respostas em termos de aceleração e deslocamento verticais revelam a

mesma tendência de susceptibilidade já analisada anteriormente entre os modelos

investigados. Em outras palavras, o modelo Palácio está sujeito às maiores

205

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amplificações de respostas a movimentos verticais, talvez pela ocorrência de painéis

maiores de laje e vigas de menor seção transversal. As Figs.VIII.7 e VIII.8 mostram as

respostas transientes em termos de aceleração e deslocamento verticais tomados no topo

dos edifícios modelos, induzidos por impacto a 15 m de distância. As Figs.VIII.9 e 10

resumem, através dos valores picos, as respostas em termos de aceleração e

deslocamentos verticais para bate-estacas atuando a distâncias variando de 15 a 100 m

da estrutura.

0.00E+00

5.00E+00

1.00E+01

1.50E+01

2.00E+01

2.50E+01

0 20 40 60 80 100 120

Distância da ação (m)

Acel

.pic

o (m

/s2 )

PalácioLaVilleteSt.Marcel

Fig.VIII.9 - Comparação do decaimento de valores pico de aceleração vertical com o

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e o edifício.

00.5

11.5

22.5

33.5

44.5

0 20 40 60 80 100 120

Distância da ação (m)

Desl

oc.p

ico

(mm

)

PalácioLa VilletteSt.Marcel

Fig.VIII.10 - Comparação do decaimento de valores pico de desloc. vertical com o

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e o edifício.

206

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VIII.4. TRÁFEGO DE VEÍCULO

VIII.4.1. Movimento Transversal:

Embora as amplitudes de deslocamentos tranversais da ordem de 10-4 de mm

(Fig.VIII.12), encontradas nas análises para tráfego de veículos a 15 m, não sejam

significativas do ponto de vista da sensibilidade humana, o caráter aleatório e contínuo

pode induzir ou acentuar possíveis danos estruturais. Tal conclusão é reforçada se

considerarmos ainda as acelerações da ordem de 10-3 m/s2 (Fig.VIII.11).

-4.00E-03

-3.00E-03

-2.00E-03

-1.00E-03

0.00E+00

1.00E-03

2.00E-03

3.00E-03

4.00E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

St.MarcelPalácioLaVillette

Fig.VIII.11 - Comparação de resposta de aceleração transversal no topo do edifício a

15m do tráfego de veículo.

-2.50E-03-2.00E-03-1.50E-03-1.00E-03-5.00E-040.00E+005.00E-041.00E-031.50E-032.00E-032.50E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(mm

)

St.MarcelPalácioLaVillette

FigVIII.12 - Comparação de resposta de deslocamento transversal no topo do edifício a

15 m do tráfego de veículo.

207

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-1.50E-03

-1.00E-03

-5.00E-04

0.00E+00

5.00E-04

1.00E-03

1.50E-03

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

St.MarcelPalácioLaVillette

Fig.VIII.13 - Comparação de resposta de aceleração transversal no topo do edifício a

100 m do tráfego de veículo.

-4.00E-04

-3.00E-04

-2.00E-04

-1.00E-04

0.00E+00

1.00E-04

2.00E-04

3.00E-04

4.00E-04

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

St.MarcelPalácioLaVillette

Fig.VIII.14 - Comparação de resposta de deslocamento transversal no topo do edifício a

100m do tráfego de veículo.

As respostas tomadas a 100 m revelam deslocamentos (Fig.VIII.14) um pouco

menores que a 15 m, na mesma ordem de grandeza. Com respeito às acelerações

(Fig.VIII.13) nota-se que St.Marcel se mostra mais susceptível a este tipo de excitação.

Ao contrário do que já foi analisado com respeito a efeitos da ação de bate-

estacas nas estruturas, o modelo St. Marcel é o mais susceptível à tráfego de veículos

para quaisquer distância da ação em relação aos modelos La Villette e Palácio (Fig.VIII.

208

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11-VIII.14). Esta característica de maior sensibilidade do modelo St. Marcel pode

residir no fato de que o mesmo apresenta suas primeiras freqüências modais maiores

que as correspondentes nos demais modelos. Por ter maiores freqüências, os modos de

vibração estrutural do modelo 1 estariam sujeitos a faixas de freqüências de excitação

com as maiores amplitudes de aceleração no solo, oriunda da energia de propagação

elástica, em todas as 3 distâncias analisadas (vide Tabela VIII.1).

As Figs.VIII.15 e 16 também fazem um resumo com os valores picos em termos

de aceleração e deslocamento, respectivamente, considerando tráfego de veículos em

vias a distâncias entre 15 a 100 m. Nota-se ainda nestas figuras que como os modelos 02

e 03 possuem fundações e solo semelhantes suas respostas são parecidas.

-1.00E-03

0.00E+00

1.00E-03

2.00E-03

3.00E-03

4.00E-03

0 20 40 60 80 100 120

Distância da Ação (m)

Acel

.pic

o (m

/s2 )

PalácioLa VilletteSt.Marcel

Fig.VIII.15 - Comparação do decaimento de valores pico de aceleração transversal com

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e a estrutura.

0.00E+00

5.00E-01

1.00E+00

1.50E+00

2.00E+00

2.50E+00

0 20 40 60 80 100 120

Distância da ação (m)

Desl

oc.p

ico

(mm

)

PalácioLa VilletteSt.Marcel

Fig.VIII.16 - Comparação do decaimento de valores pico de desloc. transversal com

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e a estrutura.

209

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VIII.4.2. Movimento Vertical

Do ponto de vista do movimento vertical, os efeitos da ação de tráfego de

veículo são também mais intensos do que para movimentos horizontais. Novamente o

modelo Palácio volta a apresentar as maiores amplitudes (Fig.VIII.17 e VIII.18) para

vias a 15 m da estrutura. Este panorama pode ser modificado com o aumento da

distância da via (Fig.VIII.19 e VIII.20) ao edifício. Mas considerando as distâncias

investigadas, o modelo St. Marcel é o que apresenta as menores amplitudes de

respostas.

-1.50E-01

-1.00E-01

-5.00E-02

0.00E+00

5.00E-02

1.00E-01

1.50E-01

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.17 - Comparação de resposta de Aceleração vertical no topo do edifício a 15 m

da ação (modo axial).

-3.00E-02

-2.00E-02

-1.00E-02

0.00E+00

1.00E-02

2.00E-02

3.00E-02

0 50 100 150 200

Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

LaVillettePalácioSt.Marcel

Fig.VIII.18 - Comparação de resposta de deslocamento vertical no topo do edifício a

15m da ação (modo axial).

210

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0.00E+00

2.00E-02

4.00E-02

6.00E-02

8.00E-02

1.00E-01

1.20E-01

1.40E-01

0 20 40 60 80 100 120

Distância da ação (m)

Acel

. pic

o (m

/s2 )

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.19 – Comparação do decaimento de valores pico de aceleração vertical com

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e a estrutura.

0.00E+00

5.00E+00

1.00E+01

1.50E+01

2.00E+01

2.50E+01

3.00E+01

0 50 100 150

Distância da ação (m)

Desl

oc. p

ico

(mm

)

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.20 - Comparação do decaimento de valores pico de desloc. vertical com

acréscimo da distância entre a fonte de excitação e a estrutura.

211

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VIII.5. EXPLOSÃO

-2-1.5

-1-0.5

00.5

11.5

22.5

0 1 2 3

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

PalácioLa VilletteSt Marcel

Fig.VIII.21 - Comparação de resposta de Aceleração transversal no topo do edifício a

40 m da explosão subterrânea.

Considerando uma mesma carga de explosão (w = 9,36 kg) para os 3 modelos,

nota-se claramente com as histórias no tempo mostradas na Fig.VIII.21 que o modelo

Palácio é destacadamente o mais susceptível a ter problemas relacionados ao conforto

humano, bem como a ocorrência de danos estruturais. Atribui-se tal fato a problemas de

concepção estrutural no modelo Palácio, como componentes estruturais esbeltos e

pouco travejados.

212

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VIII.6. VENTO

Observa-se nas Figs.VIII.22 e VIII.23 que, embora nenhuma estrutura aponte

para que ocorram problemas relativos à percepção humana causados pela ação do vento,

a comparação das respostas dinâmica entre os três modelos revela mais um vez que o

modelo Palácio pode ser considerado o mais susceptível, sendo o menos susceptível o

modelo St. Marcel, tanto com respeito a aceleração quanto a deslocamento. Atribui-se

tal fato ao mesmo motivo dado no caso anterior a esta maior susceptibilidade do modelo

Palácio em relação ao demais modelos, ou seja, problemas de concepção estrutural

principalmente.

-6.00E-03

-4.00E-03

-2.00E-03

0.00E+00

2.00E-03

4.00E-03

6.00E-03

0 20 40 60 80 100

Tempo (s)

Acel

eraç

ão (m

/s2 )

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.22 - Comparação de resposta de Aceleração transversal no topo do edifício.

-5.00E-04-4.00E-04-3.00E-04-2.00E-04-1.00E-040.00E+001.00E-042.00E-043.00E-044.00E-045.00E-04

0 20 40 60 80 100

Tempo (s)

Desl

ocam

ento

(m)

PalácioLaVilletteSt.Marcel

Fig.VIII.23 – Comparação de resposta de Deslocamento transversal no topo do edifício

213

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Capítulo IX

Conclusões e Sugestões

IX.1. CONCLUSÕES

Os resultados apresentados neste trabalho revelam a importância de uma análise

detalhada e criteriosa da sensibilidade estrutural estática e dinâmica de edifícios

residenciais típicos de regiões urbanas. Tal análise pode contribuir para a tomada de

decisões quanto a reforço estrutural (aumento de rigidez) ou elaboração de projetos para

redução e controle de vibrações excessivas, com adoção de atenuadores como medida

prática para controlar os problemas de vibrações (em termos de deslocamento ou

aceleração) acima de limites inaceitáveis.

Revela-se ainda, que um estudo de sensibilidade mais detalhado pode destacar

prováveis deficiências nas concepções estruturais dos edifícios, já construídos e em

pleno uso. Por outro lado, se adotado como uma fase de projeto, a análise de

sensibilidade permite reformular a concepção projetiva original, caso identificado,

dentre as prováveis fontes de vibrações, alguma capaz de excitar o edifício causando

desconforto aos ocupantes/usuários e até mesmo danos aos componentes arquitetônicos

e estruturais.

Pode se enfatizar aqui os resultados satisfatórios obtidos com os modelos

simplificados na avaliação da sensibilidade estrutural. Observa-se também a

necessidade da inclusão da rigidez cisalhante associadas aos painéis de alvenaria,

principalmente nas concepções estruturais com componentes muito esbeltos.

214

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Deve-se notar e enfatizar que estes resultados teóricos, para respostas dinâmicas

das estruturas sob ação de vários carregamentos, foram comprovados por medições

experimentais realizadas em edifícios existentes.

Considerando aquelas fontes de vibrações que ocorrem na superfície do solo ou

próxima dela, no que diz respeito à transmissão da energia elástica, comprova-se

também o predomínio das ondas Rayleigh para as distâncias investigadas, dada a boa

correlação entre as respostas numéricas (que levam em conta apenas ondas Rayleigh) e

as experimentais. As respostas experimentais ratificam também a ocorrência de

movimentos verticais e horizontais estimulados pelas componentes do movimento das

partículas do solo característicos da referida onda.

Por todas as análises e conclusões relacionadas fica clara a importância de uma

análise de sensibilidade estrutural de edificações esbeltas às ações estáticas e dinâmicas.

IX.2. SUGESTÕES

Como sugestões para continuidade desse trabalho pode-se citar:

• Estudar a propagação de ondas através da estrutura de concreto armado ou

metálica induzidas tanto por ações externas quanto por aquelas originadas

em algum ponto na própria estrutura, tais como as associadas o operação de

aparelhos de ar condicionado, de elevadores, além do tráfego de veículo em

edifícios garagem, etc.

• Analisar novos modelos de estruturas reais com dimensões e concepções

diferentes daquelas já estudadas, sobre as quais possam ser realizadas

medições experimentais.

• Investigar o aumento da rigidez aparente das vigas devido à ocorrência de

paredes confinadas, com o objetivo de melhorar os modelos aporticados

tridimensionais para edifícios residenciais em concreto armado ou estruturas

metálicas.

• Aprimorar as rotinas dos modelos computacionais simplificados para

possibilitar a associação de múltiplos graus de liberdade na obtenção das

respostas dinâmicas.

215

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• Reunir as diversas rotinas (aquelas já desenvolvidas com outras que por

ventura sejam elaboradas) de cada fonte de excitação em um programa único

dando ao usuário a oportunidade de optar por qualquer das análises.

• Investigar a questão da sensibilidade a recalque diferencial de fundação

principalmente no que se refere à abertura de fissuras nos painéis de

alvenaria, podendo utilizar modelos de análise que levem em conta a não

linearidade física do material.

• Investigar a questão da sensibilidade da estrutura quanto a fenômenos

reológicos e perda de seção transversal de componentes estruturais –

particularmente pilares - por deterioração dos materiais.

• Investigar a possibilidade de introduzir funções de propagação de onda em

solos representados por elementos finitos tridimensionais em programas

comerciais para análise tridimensional de estruturas.

• Incluir na análise de sensibilidade de edifícios o efeito P-delta nas colunas.

216

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ANEXO A

217

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Anexo A Avaliação do Comportamento Estrutural sob Critérios dos Estados Limites A.1. AVALIAÇÃO SOB CRITÉRIO DE DANOS

É importante salientar que normas técnicas, recomendações e critérios de projeto

devem ser sempre observados pelos engenheiros, e usados como guias práticos,

auxiliando-os na tomada de decisões. Entretanto, em certos casos, como por exemplo,

de danos estruturais provocados por diversas fontes de vibrações, são inúmeros os

critérios aplicáveis. Cabe então ao engenheiro projetista usar seu próprio discernimento

para avaliar as condições existentes e aplicar os critérios mais apropriados. Baseado em

experiências anteriores, engenheiros pesquisadores têm, nas últimas décadas, buscado

metodologias e critérios racionais que permitam avaliar as condições mais prováveis de

danos estruturais. Valores de aceleração, estimados teoricamente ou medidos

experimentalmente, acima ou abaixo de limites superiores ou inferiores prescritos em

normas técnicas não implicam necessariamente na ocorrência de danos, ou tampouco na

total integridade da estrutura ao longo da vida em serviço. Grande acúmulo de

experiência em atividades construtivas e um grande banco de dados obtidos com

medições de vibrações e correlações com vários tipos de danos são necessários para que

se possa recomendar valores limites adequados e realistas para os níveis de vibrações.

Alguns trabalhos técnicos (Bachmann,1995) alertam para a importância de se realizar

primeiro uma inspeção visual cuidadosa da estrutura sob investigação, para então

estimar, sob critérios apropriados, a sensibilidade do edifício e de suas fundações às

fontes diversas de vibração.

218

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Na grande maioria dos casos, as vibrações induzidas por fontes de excitação

típicas do meio urbano não são suficientemente intensas para causar sérios danos às

estruturas dos edifícios residências e comerciais. Entretanto, seus efeitos podem

promover a degeneração dos pisos sobre as lajes e, principalmente, de componentes

arquitetônicos estruturais secundários tais como paredes de alvenaria, painéis divisórias,

ou ainda ampliar danos que por ventura já tenham sido provocados por falhas

construtivas ou projetivas. As vibrações induzidas por atividades construtivas nas

vizinhanças do edifício sob análise têm considerável efeito sobre tais elementos

estruturais secundários, principalmente aqueles com freqüências naturais de vibração

numa faixa entre 10 e 30 Hz, para a qual é maior a probabilidade de sofrerem excitações

próximas da ressonância. Numa faixa de freqüências entre 10 a 20 Hz elementos

estruturais secundários, especialmente lajes, e equipamentos podem ser excitados

próximos da ressonância. Exceto em casos excepcionais, ocorrerão danos estruturais

severos que impliquem em risco e comprometam a estrutura global do edifício.

Algumas pequenas fissuras podem ocorrer nos cantos das lajes, danos estes usualmente

confundidos com outros causados pelos efeitos combinados de retração e de variação de

temperatura ambiente e insolação das fachadas do edifício.

Outra fonte importante, mas indireta, de danos é o efeito das vibrações induzidas

no terreno (por exemplo por cravação de estacas, explosões subterrâneas,...etc) sobre o

estado de tensões nas camadas de solo sob a edificação. Estas vibrações podem causar

compactação de subsolos fofos produzindo recalques que podem resultar em

subseqüentes danos estruturais nos edifícios.

Na literatura técnica Bachmann (1995) certas faixas de amplitudes (estimadas ou

medidas) das respostas, em termos de aceleração, velocidade ou deslocamento, são

correlacionadas com prováveis danos nas estruturas e seus componentes. Na maioria

dos casos, os critérios de danos estão também associados ao tipo da fonte de excitação

dinâmica e, ocasionalmente, quantidade de energia embutida na ação geradora de

vibrações. Os critérios e identificação dos tipos de danos nas estruturas têm sido, em

geral, expressos em termos da velocidade pico de resposta, ou, no caso de vibrações

induzidas por propagação de ondas no solo, pela velocidade pico da partícula de solo.

219

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As tabelas A1 a A5 e Fig. A1 a seguir apresentam resultados extraídos de

Bachmann (1995), que resumem experiências e medições realizadas por diversos

autores. Alguns são valores de velocidade pico para serem usados na avaliação das

vibrações no nível das fundações, outros devem ser aplicados à superfície do terreno

próximo ao edifício envolvido.

Tab.A.1 –Valores limites superiores de velocidade vertical Vmp (mm/s) de partícula de

solo recomendados para compactador vibratório de terreno (Bachmann,1995). Velocidade vertical

máxima da partícula [mm/s] Tipos de danos nos Edifícios

2 Risco de danos para ruínas e edificações de grande valor histórico

5 Risco de rachadura em edifícios residenciais com tetos e paredes rebocadas

10 Risco de danos em edifícios residenciais (sem tetos e paredes rebocadas)

10 – 40 Risco de danos para edificações em concreto, prédios industriais, etc.

Tab.A.2 – Valores máximos esperados de velocidade vertical Vme(mm/s) de partícula imposta por estaqueamento, compactação vibratória e tráfego (Bachmann,1995).

Classe das Edificações

Faixa de fre-quência onde o valor padrão é aplicável [Hz]

Velocidade resul-tante máxima, vi

[mm/s]

Velocidade má-xima estimada da partícula, vma

[mm/s] 1. Edificações industriais em concreto armado, construções em aço 10 – 30

30 – 60 12

12 – 18 7,2 – 12 7,2 – 18

2. Edifícios sobre fundações de concreto. Paredes em concreto ou de alvenaria

10 – 30 30 – 60

8 8 – 12

4,8 – 8 4,8 – 12

3. Assoalhos de andares superiores em feixes de madeira 10 – 30

30 – 60 5

5 – 8 3 – 5 3 – 8

4.Edifícios especialmente sensíveis e prédios históricos 10 – 30

30 – 60 3

3 – 5 1,8 – 3 1,8 – 5

220

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Tab.A.3 - Valores limites superiores de velocidade vertical de partícula de solo Vmp(mm/s) imposta por tráfego de veículos recomendados para evitar danos na estrutura (Bachmann,1995).

Tipos de Edificações e fundações Velocidade vertical re-comendada, vmax [mm/s]

Edificações especialmente sensitivas e de valor histórico e cultural 1

Edificações recem construídas e/ou fundações sobre 2

Edificações sobre estacas de coesão 3

Edificações sobre estacas portantes ou estacas de atrito lateral 5

Tab.A.4 – Níveis de segurança para velocidade vertical de partícula Vseg (mm/s)

induzidas por vibrações devidas à explosão subterrânea para evitar danos em estruturas residenciais típicas (Bachmann,1995).

Vibração no solo – velocidade max da partícula, vmax [mm/s] Tipo de Estrutura

A baixa frequência* < 40Hz A alta frequência > 40HzCasas modernas, divisórias de interior 19 51

Casas velhas, revestimento em madeira, ripa para paredes de interior

13 51

* Todo espectro de valores pico dentro de 6 dB de amplitude da frequência predominante deve ser analisada.

Tab.A.5 – Risco de danos avaliado através de velocidade máxima vertical de partícula

Vmp(mm/s) induzida por vibrações em casas residenciais típicas sobre condições variadas de terreno (Bachmann,1995).

Velocidade máxima da partícula [mm/s] Areia, pedregulho, argila

Pedra ardósia, pedra calcário

Granito, arenito, gneiss Efeitos

18 35 70 Fratura não permssível

30 55 110 Fissura e ruína de argamassa

40 80 160 Fratura

60 115 230 Fratura grave

221

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A Fig.A.1 apresenta valores de velocidade pico da partícula medidos no nível do

terreno em um ponto perto da estrutura e avaliados em termos de valores limites,

velocidade vertical máxima de partícula de solo, V, para danos a estrutura devido à

vibração. São diagramas que estabelecem valores limiares como função da freqüência

de vibração segundo 4 códigos: U.S. Office of Surface Mining (OSM), Deutsches

Institut für Normung (DIN), British Standards Institution (BSI) e Swiss Association of

Highway Engineers (SN).

Fig.A.1 – Resumo (Kim e Lee, 2000) das prescrições de normas de projeto para a

variação de velocidade pico da partícula (mm/s) com a freqüência (Hz) de

excitação.

222

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A.2.. AVALIAÇÃO SOB CRITÉRIO DE CONFORTO DOS USUÁRIOS

Para atender a requisitos de conforto dos ocupantes de uma edificação é

imperativo abordar o problema sobre uma base racional. É necessário estudar as causas

de desconforto humano do ponto de vista fisiológico e psicológico. Nota-se que são

pontos de vista que por si só apontam para características marcadamente individuais (o

corpo humano já é suficientemente complexo). Detalhes como porte físico, sensações de

natureza psíquicas, estado de envolvimento com o meio, o próprio meio, a capacidade

individual de suportar uma condição adversa, posição do corpo, direção da vibração,

duração da vibração, etc, afetam as reações humanas.

O problema é muito complexo e os fatores também numerosos. Embora algumas

reações humanas sejam mais comuns, não há um único critério para avaliar conforto

humano que contenha todas as variações possíveis. Existem alguns critérios de

tolerância que levam em conta situações particulares, podendo-se citar a ISO 2631/1 –

2, BSI 6472, ANSI 53-29-1993 e NBR 8800 anexo K.

O assunto tratado na presente seção esta relacionado aos efeitos prejudiciais a

pessoas causados essencialmente por ações dinâmicas nas edificações. Questões de

conforto humano discutidos nesta seção serão posteriormente considerados na avaliação

das respostas em termos de aceleração, velocidade e deslocamento para os modelos

investigados. Na literatura as grandes motivações que conduzem os estudos sobre

conforto humano estão fundamentados principalmente em aspectos ligados à dinâmica

dos solos (propagação e atenuação) i.e. aos terremotos, e também, por vezes, tratam da

questão específica das vibrações induzidas nas estruturas pelo vento.

A.2.1. Avaliação sob Critérios da ISO 2631/1 – 2 para Conforto dos Usuários

Toda uma ampla variedade de influências e efeitos torna bastante difícil

quantificar de modo objetivo os níveis de aceleração para as quais uma pessoa

experimenta a sensação de desconforto. A noção de conforto ou desconforto de uma ou

mais pessoas submetidas a acelerações em certas direções passa a ser uma questão

muito mais subjetiva gerando uma série de controvérsias quanto aos valores aceitáveis

das acelerações impostas. Há apenas um ponto de indiscutível concordância: a fronteira

223

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da percepção em que o ser humano passa a perceber as acelerações induzidas na

estrutura sobre a qual ele se encontra.

Mas para procurar caracterizar as faixas de parâmetros práticos para avaliação

do conforto humano surgiu a ISO 2631/1, a qual define três limites ligados à sensação

humana, relacionadas ao tempo de exposição e nível de aceleração a que uma pessoa

fica exposta.

I – Limite do conforto reduzido – está relacionado com o nível de aceleração a

partir do qual as pessoas sentem-se incomodadas pela vibração, tendo mais dificuldades

para executar tarefas que exigem certa concentração, tais como comer, ler e escrever.

II – Limite de queda de eficiência – define o limite além do qual a exposição

prolongada à vibração pode trazer um significativo risco de queda de eficiência na

atividade desenvolvida pela pessoa, particularmente fadiga, quando tal exposição é

demasiadamente prolongada. O limite associado à queda de eficiência é definido pela

ISO 2631/1 como sendo três vezes maior que o limite associado ao conforto reduzido.

III – Limite de tolerância – é o limite em termos de valores máximos de

aceleração que uma pessoa pode tolerar de modo seguro, para qualquer faixa de

frequência, duração e direçãoda vibração. Este limite de tolerância é estimado em duas

vezes superior ao limite de queda de eficiência.

São apresentadas algumas curvas da ISO 2631/1 na Fig.A.3, relacionadas ao

limite de queda de eficiência para acelerações az, conforme as direções definidas na

Fig.A.2, sendo todas elas função do tempo de exposição e o do nível de aceleração. As

ordenadas do gráfico na Fig. A.3 se referem à raiz média quadrática – RMS (root mean

square), e podem ser convertidas em valores pico utilizando a expressão:

Λ

Γ=

smrm

a a (A.1)

onde a m – pico máximo de aceleração admissível;

a r m s – RMS admissível da aceleração obtida através das curvas da ISO;

Γ - constante que depende do caso analisado, sendo definida para cada

limite:

31=Γ limite I;

224

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limite II; 1=Γ

limite III.; 2=Γ

Λ - constante para conversão do valor RMS para o valor de pico para um

harmônico simples, sendo:

22=Λ

Obs.: Nota-se que o Limite de Conforte Reduzido é o que apresenta menores valores e

que portanto é o que mais facilmente pode ser atingido.

Já ISO 2631/2 faz uma nova consideração, quanto ao conforto humano, muito

menos rigorosa que a estabelecida pela ISO 2631/1. Muito embora esta última seja

ainda útil para os casos em que o tempo de exposição deva ser levado em conta, nota-se

que os valores para picos de aceleração, tomados no limite de conforto reduzido (limite

I), são elevados se comparados com aqueles obtidos a partir da curva básica (associada

ao limiar da percepção humana às vibrações) na ISO 2631/2. Essa considera que grande

parte dos problemas na engenharia, relativos a conforto humano, ocorrem logo quando o

limiar da percepção humana é ultrapassado. Para confirmar esta comparação seguem as

Figs.A.3 e 4, para limite de queda de eficiência (ISO 2631/1), e as Figs.(A.5 e 6), curva

básica para percepção humana (ISO 2631/2). Correspondem as Figs.A.3 e 5 a valores de

aceleração segundo a direção longitudinal Z (Fig.A.2), assim como, correspondem as

Figs.A.4 e 6 a valores de aceleração ambas segundo as direções X e Y. Apesar da

fronteira ou limiar da percepção humana ser mais adequada sua determinação é muito

variável sendo necessário a multiplicação da aceleração obtida nas respectivas curvas

básicas por fatores segundo certas ocorrências conforme Tab.A.6.

A diferença básica entre os critérios da ISO 2631/1 e da ISO 2631/2 é que o

primeiro corresponde a limites que levam em conta o tempo de exposição e apresenta 3

diferente limites de tolerância. Por sua vez, o segundo demonstra estar preocupado

simplesmente com a tatilidade do movimento, ou seja, o limiar da percepção humana,

por considerar que a grande demanda de ações judiciais movidas por problemas de

conforto são relativas a este limite.

225

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Fig.A.2 –Direções do sistema de coordenadas.

De um modo geral para estipular critérios de conforto é importante observar a

posição dos ocupantes em relação ao tempo de exposição, usando a ISO 2631/1, em que

estes estejam submetidos às oscilações em uma dada direção relevante (segundo modos

de resposta global ou local da estrutura) ou até mesmo uma combinação delas. Por

exemplo, determinadas ocupações em que exigem que a pessoa fique parada sobre a laje

(de pé ou sentada) torna-a perceptível à amplitude de oscilação vertical de movimento

de flexão da laje. Tal movimento pode originar-se no caminhar de outras pessoas na

própria laje, ou na ação de bate-estaca próximo à estrutura do prédio, ou por tráfego de

veículos nas proximidades, ou por explosão, etc. O desconforto pode ainda se destacar

por oscilações na direção horizontal, considerando a pessos na posição deitado, cujas

causas podem surgir dos efeitos da ação do vento nos andares superiores dos edifícios

altos, ou por qualquer outro tipo de ação que desperte algum movimento lateral global

do edifício.

A.2.2. Exemplo de Aplicação

Como forma de ilustrar a utilização das curvas de tolerância de ambos critérios

da ISO 2631, aproveita-se para reiterar, no exemplo a seguir, que valores pico de

aceleração, por exemplo, na direção Z (Fig. A.3), classificados apenas como conforto

reduzido (limite I) podem superar em 40%, no mínimo, o limiar de percepção humana.

226

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Seja uma freqüência fundamental próxima de 6,3 Hz. Para obter o valor da

aceleração pico com o qual se poderia constatar uma condição de conforto reduzido

para um tempo de exposição de 1 min, basta, a partir da 1a. curva da Fig.A.3 (curvas

para perda de eficiência), obter sobre a ordenada o valor da aceleração correspondente a

6,3 Hz e dividi-lo por 3,15. Como se segue:

ISO 2631/1

Tempo de Esposição: 1 min

Freqüência fundamental: 6,3 Hz

Aceleração na direção Z para limite de perda de eficiência (Fig.A. 3): 2,8 m/s2.

Aceleração para limite de conforto reduzido:

AC = 2,8/3,15 = 0,89 m/s2

Se fosse considerada a mesma freqüência 6,3 Hz, levando em conta uma

situação que se pudesse esperar o menor rigor possível, sob o ponto de vista da ISO

2631/2, ou seja, os ocupantes de uma oficina, por exemplo, já estariam em condições de

perceber vibrações para acelerações bem menores que a obtida acima, conforme se

segue.

Na Fig.A.5, o valor da aceleração 5 x10-3 m/s2, que corresponde a ordenada da

curva para uma freqüência 6,3 Hz, deve ser multiplicado pelo fator de correção 128,

referente a oficina em período diurno numa faixa de vibrações transientes com diversas

ocorrências por dia (conforme Tab.A.6), conduzindo a uma aceleração final de 0,64

m/s2. Constata-se então que tal valor é quase 40% menor que aquele obtido pela ISO

2631/1,ou seja, 0,89 m/s2 para 1 min de exposição. Conclui-se que, levando em conta

que a simples percepção de vibrações é responsável por grande parte das ações judiciais

capazes de paralizar de forma definitiva ou interromper temporariamente as atividades

da fonte causadora de vibração, a ISO 2631/2 é um bom critério a ser adotado por

engenheiros e projetista a fim de se tomar medidas que tentem controlar ou minimizar o

transtorno causado por vibrações excessivas.

227

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Tab.A.6 – Faixa de valores multiplicativos das acelerações obtida da curva básica.

Locais Horário de

utilização

Vibração contínua

Ou intermitente

Vibr. Transiente com

diversas ocorrências por dia

Áreas críticas de trabalho

(hospitais lab.precisão,etc)

Diurno

Noturno 1 1

Residência Diurno

Noturno

2 – 4

1,4

30 – 90

1,4 - 20

Escritório Diurno

Noturno 4 60 – 128

Oficinas Diurno

Noturno 8 90 – 128

228

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Ace

lera

ção

Dire

ção

Z (v

alor

RM

S –

m/s

2 )

Freqüência (Hz)

Fig.A.3 – Limites de tempos de exposição relativo a perda de eficiência. Aceleração az.

ISO 2631/1

Ace

lera

ção

Dire

ção

X e

Y

(val

orR

MS

–m

/s2 )

Freqüência (Hz)

Fig.A.4 – Limites de tempos de exposição relativo a perda de eficiência. Aceleração na

direção x e y. ISO 2631/1.

229

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Ace

lera

ção

Dire

ção

Z (v

alor

RM

S–

m/s

2 )

Freqüência (Hz)

Fig.A.5 – Curva de aceleração az da percepção do ser humano. ISO 2631/2.

Ace

lera

ção

Dire

ção

X e

Y

(val

or R

MS

– m

/s2 )

Freqüência (Hz)

Fig.A.6 - Curva de aceleração, na direção x e y da percepção do ser humano. ISO

2631/2.

230

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A.2.3. Avaliação sob Critérios da BSI e ANSI

As recomendações levam em conta diferentes aspectos de sensibilidade humana.

Estas apresentam-se sob critérios baseados na freqüência, na duração da vibração e

podem ser expressas em termos de aceleração [Shock and Vibration], velocidade

[ASCE], ou deslocamento [Inst.Civil.Engrg]. A Fig.A.7 apresenta um resumo destes

diferentes valores e recomendações internacionais a cerca dos limites de intensidades de

vibrações que norteiam as avaliações de níveis de desconforto humano (incluindo BSI e

ANSI). Tem-se, para as avaliações em termos de aceleração, que o tempo de exposição

é da ordem de 5 a 20 minutos.

Fig.A.7 – Resumo de critérios de conforto tendo valores dados em PPA, PPV e PPD

com base em freqüência (Hz). Kim e Lee (2000)

A.3. CONFORTO HUMANO NAS EDIFICAÇÕES SOB AÇÃO DO VENTO

O movimento estrutural causado pela ação dinâmica do vento nos edifícios altos

tem despertado nos projetistas uma crescente preocupação quanto ao conforto de seus

ocupantes. Experiências têm sido realizadas em edifícios altos existentes para testar

alguns critérios de conforto humano. É muito difícil estabelecer um critério para

conforto dos ocupantes, já que as reações às oscilações laterais variam não somente

entre os indivíduos, mas também com a sua posição (i.e. direção da espinha dorsal)

dentro da edificação. Alguns fatores relevantes podem afetar a percepção ao movimento

e, portanto, o conforto dos ocupantes do edifício, tais como a altura, o deslocamento

lateral, velocidade, aceleração, a razão de variação na aceleração, a aceleração angular

231

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ou a frequência do movimento. Podem ser considerados ainda a duração do movimento,

o seu período de recorrência e principalmente, como já mencionado, a direção de

vibração em relação a espinha dorsal. Todos estes fatores tornam o assunto bastante

complexo, o que exige grande disponibilidade de dados experimentais.

Quanto à ação do vento sobre edifícios pode-se considerar que seus efeitos

dependem de fatores específicos como altura e largura da edificação e ainda fatores ou

taxas de amortecimento. Edifícios mais altos, obviamente, têm, em geral, um maior

nível de sensibilidade às vibrações. A rigidez lateral da estrutura dos edifícios altos

pode, portanto, ser fator decisivo no conforto dos ocupantes. A partir da altura do

edifício pode-se estimar através da eq. A.2 a frequência fundamental do modo de flexão

lateral segundo o plano de menor inércia ou rigidez. A Fig.A.8 apresenta alguns

resultados para frequências fundamentais extraídos de medições experimentais ou

estimativas teóricas via programas computacionais complexos para análise de vibração

livres de edifícios altos, comparados com valores dados pela equação A.2.

Hz][h46 f e = , onde h é a altura [m]. (A.2)

Frequência de translação fundamental (Hz)

Altu

ra d

o ed

ifíci

o (m

) fe = 46/h

Fig.A.8 – Frequências fundamentais para edifícios altos. Bachmann (1995).

A percepção e aceitabilidade das pessoas são dadas em termos de valores limites

para aceleração em termos de g (aceleração da gravidade). A tabela A.7 a seguir fornece

alguns valores usados para aceleração:

232

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Tab.A.7 –Percepção humana para vibrações em edifícios devido a vento. Percepção Limites de Aceleração

Imperceptível a < 0,005 g Perceptível 0,005 g < a < 0,015 g Incomodo 0,015 g < a < 0,05 g

Muito Incomodo 0,05 g < a < 0,15 g Intolerável a > 0,15 g

g – aceleração da gravidade

233

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ANEXO B

234

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Tab.B.1 - Características gerais dos Modelos

Mod01 (St.Marcel) Mod02 (La Villette) Mod03 (Palácio)

Dimensões (m) do térreo (em planta) 36,83 x 33,85 23,88 x 38,60 17,44 x 38,69

Dimensões (m)da torre (em planta) 31,00 x 16,00 15,22 x 44,05 17,44 x 38,69

No Pav.(garagem/uso comum) 2/1 2/1 1

Pé direito (m) 2,80/4,65 2,70/2,80 2,80

No Pav. residenciais 10 8 9

Pé direito (Pav.Tipo - m) 2,95 2,85 2,80

Total de pav.(m) 13 11 10

Altura do prédio 39,80 31,31 28,2

Tipo de Fundação Fundação Direta Perfis Metálicos, Trilhos Estaca de C.A.

No de sapatas 57 sapatas 59 blocos 36 blocos

No de colunas do térreo 57 59 36

No de colunas da torre 35 40 36

Massa (ρ − ton/m3) 2,5 2,5 2,5

Concreto Pp (γ − kN/m3) 25 25 25

Módulo de Elasticidade (kN/m2) 3,00 x 107 2,80 x 107 3,82 x 107

235

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ANEXO C

236

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Anexo C Critérios de Modelagem Apresenta-se a seguir alguns detalhes sobre a modelagem estrutural adotadas no

presente trabalho:

• Para seleção dos painéis de vedação em alvenaria de tijolos cerâmicos, substituídos

por diagonais equivalentes, foram considerados somente aqueles confinados em

quadros fechados formados por vigas e colunas. Este critério foi aplicado tanto para

os painéis sem aberturas quando os com apenas uma abertura (por exemplo área

equivalente a uma porta padrão 0,80m x 2,10 m).

• Para representar a rigidez da mola representando, em cada nó da discretização, a

reação lateral do solo sobre as estacas de fundação, adotou-se a expressão:

isolomola L . p . d . k K =

onde Kmola = rigidez de mola (kN/m);

ksolo = coeficiente volumétrico de reação lateral do solo (kN/m3);

d = diâmetro aparente da estaca (m);

p = profundidade (m) referente ao nó da discretização MEF onde existe um

elemento mola;

Li = comprimento do trecho (m).

• O amortecimento do solo é desconsiderado por falta de dados na literatura técnica

da geotecnia e fundações.

• A escolha dos modos fundamentais, para composição das respostas no tempo em

termos de aceleração e deslocamento da edificação, deve levar em conta o espectro

237

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de energia da força de excitação e/ou a densidade de energia, além da função de

transferência do meio (solo).

a) A escolha dos 4 modos (21o modo; 28o modo; 34o modo; 37o modo), para a

composição das respostas no modelo St. Marcel (modelo 01) sob excitação de base

devido à explosão subterrânea, deveu-se a alta intensidade de energia de vibração

observada na densidade espectral de potência com a característica de banda larga.

(Fig.VI.25). Para os outros dois modelos estruturais (La Villette e Palácio), na

ausência de dados experimentais, foram tomados na análise os modos cujas

freqüências fossem próximas daquelas dos modo dominantes do modelo St. Marcel.

b) Quanto menor a distância entre a ação e o prédio maior a intensidade de energia

de vibração, e portanto uma faixa mais ampla de freqüências ou modos de vibração

desta edificação ficará sujeita ao efeitos do impacto. Deve-se considerar, entretanto,

que as maiores intensidades de energia, oriundas da cravação de estacas, ocorrem

para baixas freqüências, como mostram as Figs.VI. 9 e VI.10. Assim, pode-se

argumentar que os modos fundamentais de vibração da estrutura é que serão mais

excitados e, por isso, as respostas dinâmicas podem ser aproximadamente

representadas tomando-se apenas os primeiros modos.

• O critério de modelagem da excitação de base num prédio com fundações em

estacas, adotado nos modelos analíticos simplificados, leva em conta que os modos

de vibração extraídos do modelo tridimensional já incluem os efeitos das próprias

estacas e interação como o solo. Portanto as propriedades dinâmicas do sistema

estrutural já estão todas consideradas na modelagem, sendo o ponto de aplicação da

força de excitação imaterial num modelo que utiliza graus de liberdade

generalizados, i.e. modo de vibração.

• Características de propagação das ondas Rayleigh:

A velocidade de propagação cR da onda Rayleigh depende das propriedades do

meio (solo). Considerando os exemplos dos solos analisados, argila mole e argila

238

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rija, as propriedades são as seguintes:

Argila Mole

Es = 25 Mpa 30,0=ν

)1(2EG s

s ν+= = 107 N/m2

ρ = 1800 kg/m3 ρ

= s2

Gc = 74,5 m/s

cR = 0,95 c2 = 70,81 m/s onde Es = módulo de elasticidade longitudinal do solo;

Gs = módulo de elasticidade transversal do solo;

ν = coeficiente de Poisson;

ρ = massa específica do solo;

c2 = velocidade de propagação da onda cisalhante;

cR = velocidade de propagação da onda de Rayleigh.

Argila Rija

Es = 40 Mpa 30,0=ν

)1(2EG s

s ν+= = 15,38 x 106 N/m2

ρ = 2000 kg/m3 ρ

= s2

Gc = 87, 69 m/s cR = 0,95 c2 = 84,16 m/s

239

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