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TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017 CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017 Página 0 | 102

TESES XXVI Convenção Nacional maio/2017 - ANFIP · § Vice-presidente de Cultura Profissional e Relações Interassociativas ... O concurso de teses é destinado apenas aos associados

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Comissão de Interesse Público e de Classe (Teses), Diretrizes e Moções Instituída pela Resolução CE Nº 014 – 2015/2017 de 26 de outubro de 2016

Conselho Executivo da ANFIP

Titulares: § Vice-presidente de Assuntos da Seguridade Social - Décio Bruno

Lopes; § Vice-presidente de Cultura Profissional e Relações

Interassociativas – Creusa Dantas Gama; § Vice-presidente de Assuntos Fiscais – Miguel Arcanjo Simas

Nôvo; e § Vice-presidente de Comunicação Social - Leila Souza de Barros

Signorelli de Andrade.

Suplentes: § Vice-presidente de Política de Classe – Floriano Martins de Sá

Neto; e § Vice-presidente de Política Salarial – Antonio Silvano Alencar de

Almeida.

Coordenação: Vice-presidente de Assuntos da Seguridade Social - Décio Bruno Lopes.

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CONSELHO EXECUTIVO DA ANFIP RESOLUÇÃO ANFIP/CE N.º 016 – 2015/2017

Assunto: Aprova os Regulamentos de

Teses e de Propostas de Reformas e/ou alterações no Estatuto da ANFIP.

O Conselho Executivo da ANFIP, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 54, I, do Estatuto;

CONSIDERANDO os trabalhos que serão desenvolvidos para a realização da XXVI Convenção Nacional, que ocorrerá no período de 20 a 23 de maio de 2017, em Brasília-DF;

CONSIDERANDO a deliberação do Conselho Executivo em Reunião Ordinária, realizada nos dias 07 e 08 de dezembro de 2016, na sede da ANFIP, em Brasília-DF; R E S O L V E: Art. 1º. Aprovar, na forma da redação anexa, a presente Resolução, as normas regulamentadoras para a apresentação de Teses e de Propostas de Reformas e/ou alterações no Estatuto da ANFIP à XXVI Convenção Nacional, nos termos do art.29, II e IV do Estatuto; Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data da sua aprovação, revogando as disposições anteriores.

Brasília, 08 de dezembro de 2016.

VILSON ANTONIO ROMERO Presidente do Conselho Executivo da ANFIP

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ANEXO DA RESOLUÇÃO ANFIP/CE N.º 016-2015/2017, DE 08 DE DEZEMBRO DE 2016

REGULAMENTO DE TESES

O concurso de teses é destinado apenas aos associados da ANFIP efetivos e quites com suas mensalidades. TESE é a elaboração de trabalho de dissertação escrita, intelectual, técnica ou científica, sendo o texto apresentado em linguagem clara e objetiva, desde que se observem as condições previstas nos itens 1 a 3 deste Regulamento. 1. REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO GRÁFICA

a) Configuração da página: A4 (21cm x 29,7cm); b) Orientação da página: retrato para o texto e paisagem para ilustrações e tabelas que requeiram largura maior; c) Margem: esquerda e superior de 3 cm, direita e inferior de 2 cm; d) Espaçamento entrelinhas: 1,5 cm; e) Fonte: Arial 12.

2. ESTRUTURAÇÃO 2.1. CABEÇALHO

a) Título; b) Identificação do(s) autor(es); c) Identificação do(s) Estado(s) que representa(m); d) Demais dados pessoais que desejar.

2.2. ENUNCIADO Deverá ser sucinto e objetivo (de 3 a 6 linhas), que permita a compreensão do trabalho apresentado para fins de divulgação.

2.3. INTRODUÇÃO De 1 a 2 laudas, contendo a exposição do objetivo principal, os

problemas abordados e as medidas de que necessitem de adoção à normatização ou à solução definitiva.

2.4. DESENVOLVIMENTO De 2 a 8 laudas, contendo a exposição do histórico, com base em

dados, documentos e situações, os fatos, as comprovações apuradas e a pesquisa efetuada.

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2.5. CONCLUSÃO De 1 a 2 laudas, nas quais o(s) autor(es) deverá(ão), apresentar,

objetivamente, as providências a serem tomadas, justificando e indicando claramente quem as deverá adotar, quais os atos oficiais ou associativos que deverão ser alterados, elaborados ou editados, além de outras propostas que entender devam ser objeto da ação governamental ou associativa.

3. TEMAS/ASSUNTOS 3.1. Deverão versar sobre assuntos constantes do art. 3º, § 2º, "a" a "e”, da proposta de Regimento Interno das Convenções Nacionais, abaixo descritos:

a) a ANFIP, seus órgãos e competências; b) a unidade da classe, a harmonia, a coesão e a solidariedade entre

associados e entidades filiadas; c) a representação política, judicial e administrativa, interna e externa e

suas estratégias de ação e atividades; d) o quadro associativo e sua representação política; e) as Associações Estaduais e ANFIP Estaduais, as entidades de classe

e as atividades interassociativas; 3.2. Poderão, também, tratar sobre os seguintes temas:

I. A importância da fiscalização previdenciária para o fortalecimento da Previdência Social;

II. A necessidade de fiscalização previdenciária nos órgãos de Poder Público, nos Clubes de Futebol, profissional e nas obras de construção civil como forma de incrementar a receita previdenciária;

III. A racionalização de procedimentos na ação fiscal; IV. Planejamento tributário abusivo; V. Consequência das novas formas de remuneração aos segurados

empregados; VI. Compensações tributárias abusivas;

VII. Presunção legal de omissão de receitas; VIII. Evasão tributária e mecanismos eficazes de combate;

IX. Efeitos da Lei dos Crimes Tributários sobre a evasão, a fraude e a sonegação;

X. Imunidades, isenções, remissões e renúncias de tributos e contribuições sociais;

XI. A segurança jurídica na constituição do crédito tributário; XII. Simples Nacional: possibilidade de crescimento da empresa e de

incremento na formalização das relações de trabalho ou instituição do nanismo tributário?;

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XIII. Desonerações tributárias e os seus impactos na arrecadação do Governo Federal;

XIV. A desoneração da folha de pagamento e as suas consequências para a Seguridade Social;

XV. Possibilidade de transação tributária no ordenamento jurídico nacional;

XVI. Reforma tributária e justiça fiscal; XVII. Programas de recuperação de créditos: eficácia na arrecadação ou

incentivo à sonegação?; XVIII. Filantropia: necessidade de mecanismos de controle pelo Estado;

XIX. Qualidade do gasto público: uma opção para a redução da carga tributária;

XX. Educação fiscal: importância de sua efetividade na RFB; XXI. Perspectivas da Previdência Social pública no Brasil e no mundo;

XXII. A Seguridade Social como política de desenvolvimento social; XXIII. O Orçamento Fiscal e o Orçamento da Seguridade Social: importância

da sua distinção; XXIV. Eficácia do Fator Acidentário de Prevenção – FAP na redução de

acidentes; XXV. Manutenção da vinculação do piso do benefício previdenciário ao

salário mínimo; XXVI. Redução da informalidade e formas de ampliação da cobertura

previdenciária; XXVII. Previdência complementar dos servidores públicos: consequências

jurídicas da filiação automática na FUNPRESP; XXVIII. Sustentabilidade dos Regimes Próprios de Previdência nos estados e

municípios; XXIX. A importância do MEI (Micro Empreendedor Individual) para a

redução da informalidade; XXX. Fundos Previdenciários – RGPS/RPPS: receitas para sua

implementação nos termos dos arts. 249 e 250 da Constituição Federal;

XXXI. Possibilidade jurídica de pagamento de parcela extra a servidor público com remuneração por subsídio;

XXXII. As consequências da PEC 287/2016 – Reforma da Previdência – na vida dos cidadãos;

XXXIII. Outros temas de interesse específico da categoria; XXXIV. Outros temas de interesse da administração tributária federal, da

Seguridade Social, da administração pública em geral e dos servidores públicos;

XXXV. Decadência e Prescrição das Contribuições Previdenciárias: necessidade de tratamento distinto do CTN em face da carência para os benefícios previdenciários.

3.3. Os trabalhos deverão ser inéditos, isto é, não terem sido apresentados pelo autor em outras convenções da ANFIP, em concursos de monografias ou

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outros eventos promovidos por entidades ligadas à categoria de AFRFB, devendo tal requisito ser declarado pelo participante na introdução do trabalho. 4. FORMAS DE ENCAMINHAMENTO O encaminhamento dos trabalhos poderá ser efetuado por meio magnético para o e-mail [email protected], ou por meio postal, devendo a correspondência ser encaminhada à ANFIP (Endereço: SBN Quadra 1, Bloco H, Edifício ANFIP, CEP 70040-907, Brasília-DF), sob registro postal ou entregue diretamente ao protocolo da ANFIP, mediante recibo, em meio papel, contento também o arquivo magnético gravado em CD, em formato Word. 5. PRAZO DE ENCAMINHAMENTO As TESES serão remetidas obrigatoriamente ao Conselho Executivo da ANFIP, para fins de registro, reprodução e divulgação entre os convencionais, observados os seguintes prazos: 5.1 INÍCIO: na data de divulgação deste regulamento. 5.2 FINAL: Até 23h59 do dia 20 de abril de 2017. 6. DA DESCLASSIFICAÇÃO 6.1 Poderão desclassificar o trabalho por falta de cumprimento dos requisitos

previstos neste Regulamento: a) a Comissão de TESES que funcionará junto ao Conselho Executivo; b) o Coordenador-Geral da Mesa Diretora da Convenção Nacional; c) o Coordenador ou o Subcoordenador da Comissão a que o trabalho for

distribuído; 6.2 Caso o trabalho apresentado não preencha as condições previstas nos itens 1 a 3 deste Regulamento, para ser tecnicamente classificado como TESE, o mesmo será desclassificado de pleno pela Comissão de Teses que funcionará junto ao Conselho Executivo. 6.3 Quando o trabalho for encaminhado fora do prazo previsto no item 5.2, o mesmo não será aceito nem mesmo analisado pela Comissão prevista no item 6.2 acima. 6.4 Os trabalhos não aceitos nos termos do item 6.3 acima poderão ser analisados ou não pela Comissão a que forem distribuídos na Convenção

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Nacional, cabendo tal decisão ao respectivo coordenador e/ou ao subcoordenador. 6.5 As TESES encaminhadas ou entregues fora do prazo previsto no subitem 5. não poderão ser aceitas pela Comissão Organizadora da Convenção Nacional, nem pela Mesa Diretora ou pelas comissões. 6.6 Os trabalhos desclassificados e/ou não aceitos serão encaminhados à Mesa Diretora da Convenção Nacional para dar conhecimento ao Plenário das razões da não aceitação ou desclassificação e posterior ciência ao(s) autor(es). 7. PREMIAÇÃO Serão sorteados 05 (cinco) Tablets Ipad mini 4.32 Gb ao(s) autor(es) das TESES aprovadas pelo Plenário da Convenção, sendo vedada a premiação cumulativa ao autor já premiado neste concurso. 8. DISPOSIÇÕES GERAIS

A ANFIP, quando da entrega da credencial (art. 4º, da Proposta de RI), juntará a relação das TESES apresentadas nos prazos do item 5.2 e os demais documentos encaminhados à Convenção Nacional (art. 3º, I, “a“, "d" e “e”, da Proposta de RI).

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ÍNDICE

Nº Título/Autor Pág.

1. A Importância da Fiscalização Previdenciária para o Fortalecimento da Previdenciária Social Carlos Alberto Barbosa (PR)

12

2. Decadência e Prescrição das Contribuições Previdenciárias. Décio Bruno Lopes (MG)

18

3. Limites para Financiamento do Estado com Recursos da Seguridade Social João Eudes da Silva (PR)

28

4. Perspectivas da Previdência Social Pública no Brasil e no Mundo José Avelino Neto (PB)

37

5. Seguridade Social. Déficit ou Superávit! José Tibúrcio Tabosa (PE)

44

6. Uma Questão de Justiça Fiscal Marville Taffarel (RS)

52

7. A Previdência Social Merece Respeito Sandra Tereza Paiva Miranda (SP)

56

8. Diretrizes para Atuação da ANFIP Vilson Antonio Romero (RS)

68

9. Prioridade à Reforma Tributária Vilson Antonio Romero (RS)

70

10. Defesa da Reoneração da Folha de Salários Vilson Antonio Romero (RS)

77

11. Educação Fiscal na Base Nacional Comum Curricular Zaira Ramos Benítez (SC)

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Relatório da Comissão de Interesse Público e de Classe (Tese),

Diretrizes e Moções

A ANFIP recepcionou e a Comissão de Interesse Público e de Classe

(Tese), Diretrizes e Moções, instituída pela Resolução CE Nº 014 – 2015/2017 de 26

de outubro de 2016, do Conselho Executivo da ANFIP, analisou 10 (dez) Teses e 1

(uma) Diretriz apresentadas por associados para serem apreciadas na XXVI

Convenção Nacional da ANFIP, no período de 20 a 23/05/2017, em Brasília/DF.

Após análise dos trabalhos, conforme o disposto no Regulamento de

Teses - anexo da Resolução ANFIP/CE nº 016 – 2015/2017, de 08/12/2016, a

Comissão concluiu pela APROVAÇÃO de 9 (nove) Teses e de 1 (uma) diretriz,

recomendando, ainda, a apreciação de um trabalho como MOÇÃO.

Seguem os comentários decorrentes da análise:

Nº Autor(es) UF Título Comentários

1. Carlos Alberto Barbosa PR

A Importância da Fiscalização Previdenciária para o Fortalecimento da Previdenciária Social

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação.

2. Décio Bruno Lopes MG

Decadência e Prescrição das Contribuições Previdenciárias.

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação.

3. João Eudes da Silva PR

Limites para Financiamento do Estado com Recursos da Seguridade Social

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação.

4. José Avelino Neto PB

Perspectivas da Previdência Social Pública no Brasil e no Mundo

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação. Entretanto, o autor não definiu quais providências deverão ser tomadas pela ANFIP.

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5. José Tibúrcio Tabosa PE Seguridade Social. Déficit ou

Superávit!

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação. No entanto, no entendimento da Comissão a Tese perdeu o objeto em decorrência da instalação da CPI da Previdência.

6. Marville Taffarel RS Uma Questão de Justiça Fiscal

Apresentada dentro do prazo, mas em razão do não cumprimento dos requisitos previstos no Regulamento de Teses, a Comissão entendeu pela desclassificação como tal. Entretanto, em virtude da relevância do assunto abordado a Comissão sugere o encaminhamento para apreciação como Moção.

7. Sandra Tereza Paiva Miranda SP A Previdência Social Merece

Respeito

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação. Recomenda-se a elaboração de errata em virtude de erro de grafia na identificação numérica da PEC.

8. Vilson Antonio Romero RS Diretrizes para Atuação da

ANFIP

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação.

9. Vilson Antonio Romero RS Prioridade à Reforma

Tributária

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação

10. Vilson Antonio Romero

RS Defesa da Reoneração da Folha de Salários

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação.

11. Zaira Ramos Benítez SC Educação Fiscal na Base

Nacional Comum Curricular

Apresentada dentro do prazo e cumpridos os requisitos para aprovação.

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Teses desclassificadas

Durante a análise dos trabalhos apresentados, dois deles foram

desconsiderados: um, do associado Paulo Sérgio Ramos Nicolao/ES, que solicitou

a retirada antes da análise desta Comissão, e o outro, de autoria do associado

Antenor Batista/SP que, reportando-se à parte de sua TESE, já aprovada em

Convenção anterior, apenas comunicava que a mesma estava sendo apreciada

pelo Deputado Arnaldo Farias de Sá (PTB/SP).

Finalmente, a Comissão sugere que o Regulamento de Teses para as

próximas Convenções estabeleça que os trabalhos sejam encaminhados nos

formatos Word e PDF, para maior segurança do autor e da Comissão, considerando

a ocorrência de possíveis desconfigurações quando o aplicativo é usado em

versões mais atuais.

Creusa Dantas Gama Leila Souza de Barros Signorelli de Andrade

Miguel Arcanjo Simas Nôvo Décio Bruno Lopes – Coordenador

Comissão de Interesse Público e de Classe (Tese), Diretrizes e Moções

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TESE Nº 1

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA FISCALIZAÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA O FORTALECIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL AUTOR: AFRFB CARLOS ALBERTO BARBOSA – MATRÍCULA SIAPE 0980800

ESTADO QUE REPRESENTA: PARANÁ

ENUNCIADO: A DESVALORIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO PREVIDENCIÁRIA COM O ADVENTO DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL.

INTRODUÇÃO

Visando atender o princípio da eficiência (art. 37, “caput” da CF) e a centralização

tributária, foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), que, na prática,

implicou a incorporação da Secretaria da Receita Previdenciária na estrutura da

Secretaria da Receita Federal.

Passados mais de dez anos de existência da RFB, já é possível fazer uma análise

crítica sobre essa decisão governamental e seus efetivos efeitos na cultura

organizacional “interna corporis” da Receita Federal e repercussões no âmbito da

previdência social.

Como crítica mais contundente, pode-se apontar a completa dissassociação entre as

finalidades das contribuições previdenciárias para custeio da seguridade social, e da

previdência social em particular, com os denominados tributos internos e aduaneiros

tratados, até então, pelos auditores fiscais da Receita Federal.

A cúpula diretiva do Ministério da Fazenda e da Secretaria da Receita Federal do

Brasil não conseguem se desvencilhar da sanha fiscalista com mero intuito finalístico

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arrecadatório, pois compreendiam, e continuam, compreendendo como apenas uma

necessidade econômico-financeira fiscal, sem qualquer entendimento e valorização

do efeito social das contribuições previdenciárias.

Este é um texto inédito sobre a abordagem citada no enunciado do mesmo.

1. A EFICIÊNCIA DA SECRETARIA DE RECEITA PREVIDENCIÁRIA

Durante décadas foram sendo fiscalizadas as contribuições previdenciárias por

servidores de carreira, especializados nesta matéria, e, principalmente, conscientes

da finalidade de tais contribuições, qual seja, prover caixa para pagamento dos

benefícios previdenciários.

Tem-se como embrião os Institutos de Aposentadorias e Pensões, e, na sequência o

IAPAS, de tal sorte que em 1990 houve a sua fusão com o INPS, surgindo então o

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com competências precípuas para

arrecadação e fiscalização das contribuições previdenciárias e concessão e

manutenção dos benefícios previdenciários.

Durante esse período formaram-se verdadeiros especialistas em matéria de

contribuição previdenciária, com uma forma de agir diretamente na linha de frente,

tais como: fiscalizações externas, operações porta a porta, plantões fiscais

eficientes, forte presença fiscal etc.

Havia uma aproximação maior com os servidores da área de benefícios, e isto

implicou um entendimento comum do cunho social da previdência social.

E tudo isto independentemente de ingerências políticas ocorridas nas nomeações

para Ministro da Previdência Social. Houve, em parte, obediência ao mandamento

constitucional que prescreve o agente fiscal como integrante de carreira de Estado,

e, por isso, gozando de prerrogativas em seu mister funcional.

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Até que, inicialmente por medida provisória, e depois pela Lei nº 11.457, de 16 de

março de 2007, que em seu art. 2º, § 4º, determinou legalmente a extinção da

Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social.

Portanto, houve na verdade uma incorporação, e não fusão, da Secretaria da

Receita Previdenciária pela Secretaria da Receita Federal, com o surgimento da

Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB.

2. A INEFICIÊNCIA DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA

A cultura organizacional ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos e crenças

estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados

por todos os membros da organização. Ela refere-se ao sistema de significados

compartilhados por todos os membros e que distingue uma organização das demais.

No âmbito da antiga Secretaria da Receita Federal, a cultura organizacional era, e

continua sendo, voltada para tributos com finalidade fiscal, onde busca-se

precipuamente arrecadar, carrear recursos para os cofres públicos. Assim é com o

imposto de renda e o IPI, por exemplo, e, mesmo nos casos das contribuições

COFINS, CSLL e PIS. Portanto, não há qualquer preocupação com a finalidade

social da exação tributária. E, neste contexto, criou-se e subsiste toda uma cultura

burocrática caracterizada por um emaranhado de normas infralegais – decretos,

portarias, instruções normativas, atos declaratórios etc – que ao invés de facilitar a

arrecadação e fiscalização, acabam penalizando os contribuintes com obrigações

acessórias desnecessárias, sem razoabilidade, o que aumenta o denominado “Custo

Brasil”, e que cada vez mais consagra o “carnaval tributário”, expressão tão bem

designada pelo ilustre e saudoso tributarista Alfredo Augusto Becker.

Desde o surgimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a administração

central, as superintendências, delegacias e inspetorias simplesmente ignoraram e

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não entendem a importância da previdência social. Houve um esvaziamento da

fiscalização previdenciária, inclusive com aposentadorias precoces de muitos

auditores-fiscais extremamente qualificados em matéria previdenciária, além de

praticamente inexistir qualquer apoio e treinamento aos então auditores-fiscais da

Secretaria da Receita Federal no assunto. Isto é decorrente da sanha arrecadatória

criada na mente dos servidores da antiga Secretaria da Receita Federal, que gerou

uma cultura corporativa de arrecadar, arrecadar e arrrecadar. Esta realidade

desmontou toda uma estrutura fiscalizatória das contribuições previdenciárias, além

de outras decisões políticas errôneas, tais como desoberações sobre a folha de

salários, ampliação do simples nacional e MEI, bem como aumento da DRU.

3. RECOMENDAÇÕES PARA VALORIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

Erros e desacertos servem como balizas para correções e ajustes, e à guisa de

sugestões para a revalorização e importância da fiscalização das contribuições

previdenciárias no âmbito da RFB, podem ser implementadas as seguintes

recomendações:

a) novos concursos para auditores-fiscais podem trazer em seus editais

segmentação por áreas de atuação, como já ocorreu no passado, sendo possível ter

três áreas para os candidatos decidirem no momento da inscrição, a saber: aduana,

tributos internos e contribuições previdenciárias;

b) os novos concursos públicos terem duas fases, ambas eliminatórias e

classificatórias, sendo a primeira englobando as provas e a segunda o programa de

formação, este contemplando também módulo específico sobre contribuições

previdenciárias e sua importância social;

c) no período de estágio probatório, o servidor atue nas três áreas de atuação:

aduana, tributos internos e contribuições previdenciárias. Isto acabará com a

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mentalidade até então vigente no âmbito da RFB, em que cada servidor não quer se

envolver com outros tributos diferentes daqueles que está acostumado;

d) comprometimento da cúpula diretiva da RFB quanto à importância das

contribuições previdenciárias, tendo ou mantendo Secretario-Adjunto em matéria

previdenciária, Secretarias e Coordenações específicas em matéria previdenciária,

Serviços Regionais e Locais em matéria previdenciária, bem como vÍdeos com

treinamentos, palestras informativas e educativas sobre a importância das

contribuições previdenciárias para a seguridade social, e, em especial, para a

previdência social brasileira.

4. CONCLUSÃO

É fato que inexiste pela administração da Secretaria da Receita Federal do Brasil

interesse e entendimento da importância das contribuições previdenciárias para a

seguridade social. Isto decorre da mentalidade fiscalista que estavam acostumados

na antiga Secretaria da Receita Federal.

No mapa estratégico da Receita Federal consta que a missão da mesma é “exercer

a administração tributária e aduaneira com justica fiscal e respeito ao cidadão, em

benefício da sociedade”, demonstrando a preocupação exclusiva com o viés

arrecadatório, sem ciência de sua responsabilidade social, com a mudança para

Secretaria da Receita Federal do Brasil, incluindo como sua competência tributária

as contribuições previdenciárias.

Simplesmente os burocratas fazendários não se atém a grande importância dos

dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS relativos a

vínculos, remunerações e contribuições, pois valem como prova de filiação à

previdência social, tempo de contribuição e salários-de-contribuição, e sua

repercussão na concessão e manutenção dos benefícios previdenciários.

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A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – ANFIP,

com a credibilidade e expertise que possui, tem condição de recomendar, e até

mesmo divulgar ou exigir, mais respeito e valoração da fiscalização das

contribuições previdenciárias, com uma estruturação específica pela administração

da RFB para esses tributos, em face de sua enorme finalidade social.

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TESE Nº 2

Decadência e Prescrição das Contribuições Previdenciárias.

Autor: Décio Bruno Lopes Estado: Minas Gerais

ENUNCIADO

O debate sobre o tema decadência e prescrição se faz necessário,

principalmente no momento atual em que o Brasil discute uma mudança estrutural

na Previdência Social Brasileira trazida pela PEC nº 287/2016, baseada em dois

pilares básicos: demografia e rombo da previdência social. Assim, não justifica a

decadência das contribuições previdenciárias ocorrer em 05 anos para um período

de carência proposto de 25 anos de contribuição.

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INTRODUÇÃO

O Direito Previdenciário é uma questão mal resolvida no Estado Brasileiro.

Trata-se de uma disciplina que nem sempre compõe a grade curricular nas

Faculdades de Direito e nas Universidades, fato este que leva a um quase total

desconhecimento da matéria por parte da sociedade, inclusive no meio jurídico e no

Poder Judiciário.

Dada esta deficiência nos cursos de Direito, o mundo jurídico torna-se carente

de informações sobre a Previdência Social, situação esta que se multiplica pelas

organizações da Sociedade Civil, sindicatos e associações que, quase nunca se

preocupam em propor ciclos de estudos e debates sobre previdência com seus

filiados, o que ratifica o desconhecimento dos mais básicos conceitos de previdência

social.

Esse estado de coisas acaba por dividir o direito previdenciário em duas

grandes áreas: benefícios e custeio. Pelo lado dos benefícios, com o passar dos

anos a advocacia previdenciária cresceu e se desenvolveu e pugna pelo pagamento

do melhor benefício, ainda que não tenha havido contribuição. Pelo lado do custeio

atua a advocacia tributária por onde sempre trilhou a tese de que as contribuições

previdenciárias nada mais são do que uma espécie tributária. A advocacia tributária

pugna pelos mais fervorosos princípios de defesa dos contribuintes defendendo a

tese de que um período de decadência e prescrição além dos cinco anos propostos

pelo Código Tributário Nacional – CTN afronta o princípio da Segurança Jurídica.

O fato de a doutrina e a jurisprudência não tratarem o direito previdenciário

por inteiro, possibilita as ações judiciais de benefícios cujas decisões se baseiam na

máxima do Direito do Trabalho “in dubio pro mísero”, enquanto nas ações de

cobrança de contribuições, a maioria das vezes as decisões se baseiam nos

princípios de garantia do contribuinte, protegidos pelo manto das limitações

constitucionais ao poder de tributar, de onde emana o princípio da segurança

jurídica.

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Essa situação faz surgir um descompasso entre receitas e despesas

previdenciárias que, por sua vez acarreta uma maior necessidade de financiamento

da previdência social, vez que o Estado, enquanto sujeito ativo da relação jurídica de

custeio previdenciário se vê impedido de constituir os créditos previdenciários pelo

lançamento, mas enquanto sujeito passivo da obrigação previdenciária se vê

obrigado a pagar o benefício de aposentadoria, que é direito do segurado, contando

com um período de 15 a 35 anos de contribuição, que nem sempre se efetivou.

Assim, a legislação deverá tratar distintamente a decadência das

contribuições previdenciárias e das demais espécies tributárias de forma a

compatibilizar a efetividade da arrecadação com o período de carência exigido para

concessão dos benefícios previdenciários.

Por fim, vale esclarecer que este trabalho não tem o objetivo de esgotar o

assunto, mas apenas apresentar as linhas mestras para a proposição legislativa que

discipline o assunto à luz do Direito Previdenciário.

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1 – A decadência e a prescrição das contribuições previdenciárias no ordenamento jurídico antes da Constituição de 1988

Para falar de decadência e prescrição das contribuições previdenciárias,

preliminarmente faz-se necessária a conceituação desses dois institutos jurídicos.

Ampla maioria da doutrina tributarista conceitua a decadência como perda do direito

de a fazenda pública constituir o crédito tributário mediante lançamento e com

prescrição, a perda do direito de cobrar ou promove ação de cobrança do crédito

constituído, ambos por decurso de prazo. São pois, formas de extinção do crédito

tributário.

Antes da Constituição de 1988, os prazos de decadência e prescrição eram

distintamente disciplinados pela Lei nº 5.172/66 que dispôs sobre o Sistema

Tributário Nacional e instituiu normas gerais de direito tributário aplicáveis à União,

Estados e Municípios, lei esta denominada de Código Tributário Nacional – CTN. O

CTN passou então a definir como tributos as seguintes espécies tributárias: imposto,

taxa e contribuição de melhoria.

Em relação às contribuições previdenciárias, o assunto já era disciplinado

pela Lei nº 3.807/60, que dispunha sobre a Lei Orgânica da Previdência Social –

LOPS.

O CTN assim dispunha sobre a decadência e prescrição dos impostos taxas e

contribuições de melhoria:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário

extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: (grifo nosso)

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento

poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,

por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se

definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data

em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela

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notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória

indispensável ao lançamento.

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco

anos, contados da data da sua constituição definitiva.

A LOPS, por sua vez, assim disciplinava o assunto:

Art. 144. O direito de receber ou cobrar as importâncias que lhes sejam

devidas, prescreverá, para as instituições de previdência social, em trinta

anos. (grifo nosso).

É Importante verificar que o Decreto-Lei nº 27, de 14/11/66 acrescentou ao

CTN o art. 214, com a seguinte redação, que, posteriormente, foi alterada por

legislação subseqüente:

Art. 217. As disposições desta Lei, notadamente as dos arts 17, 74, §

2º e 77, parágrafo único, bem como a do art. 54 da Lei 5.025, de 10 de

junho de 1966, não excluem a incidência e a exigibilidade: (Incluído

pelo Decreto-lei nº 27, de 1966)

I - da "contribuição sindical", denominação que passa a ter o imposto

sindical de que tratam os arts 578 e seguintes, da Consolidação das

Leis do Trabalho, sem prejuízo do disposto no art. 16 da Lei 4.589, de

11 de dezembro de 1964; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 1966)

II - das denominadas "quotas de previdência" a que aludem os arts

71 e 74 da Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960 com as alterações

determinadas pelo art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro de 1965,

que integram a contribuição da União para a previdência social, de que

trata o art. 157, item XVI, da Constituição Federal; (Incluído pelo

Decreto-lei nº 27, de 1966) (Vide Ato Complementar nº 27, de 1966)

III - da contribuição destinada a constituir o "Fundo de Assistência" e

"Previdência do Trabalhador Rural", de que trata o art. 158 da Lei

4.214, de 2 de março de 1963; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de

1966)

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IV - da contribuição destinada ao Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço, criada pelo art. 2º da Lei 5.107, de 13 de setembro de

1966; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 1966)

V - das contribuições enumeradas no § 2º do art. 34 da Lei 4.863, de

29 de novembro de 1965, com as alterações decorrentes do disposto

nos arts 22 e 23 da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966, e outras de

fins sociais criadas por lei. (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 1966).

Como se observa, o CTN passou a fazer referência a fontes de custeio que

não eram as contribuições incidentes sobre a folha de pagamentos, que eram

disciplinadas nos art, 69 da LOPS. Daí se depreende que não foi objetivo do

legislador considerar as contribuições incidentes sobre a folha de pagamentos como

uma espécie tributária à qual se aplicasse os preceitos do referido código, mas

apenas aquelas denominadas de cotas de previdência e as decorrentes de concurso

de prognósticos. Entretanto, este não era o entendimento dos tributaristas que

passaram a advogar junto à justiça, o entendimento de que o prazo de decadência e

de prescrição de todas as contribuições previdenciárias deveria ser aquele previsto

no CTN.

2 – A Constituição de 1988 e a nova disciplina jurídica

Com a promulgação da Constituição de 1988, continuaram vigendo as duas

leis, o CTN e a LOPS, cada uma tratando a decadência no âmbito de suas

abrangências.

Ocorre que a Constituição Federal passou a tratar diretamente o assunto,

prevendo que tais institutos jurídicos deveriam ser disciplinados por lei

complementar, nos seguintes termos:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a

União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,

especialmente sobre:

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a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos

impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos

geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas

sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as

microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive

regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art.

155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da

contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Como se observa, a Constituição de 1988 disciplinou a questão em matéria

de Direito Tributário, estabelecendo que fosse regulamentada por lei complementar,

mas silenciou em relação ao Direito Previdenciário. Assim, pelo lado tributário, a

doutrina e a jurisprudência passaram a entender que, pela Teoria da Recepção, o

CTN, lei ordinária na origem, foi recepcionado pela constituição como lei

complementar.

E a LOPS, pela mesma forma, não teria também, sido recepcionada pela

Constituição como lei complementar em relação a decadência e prescrição em

matéria de contribuição previdenciária? Não foi esse o entendimento da doutrina

nem da jurisprudência.

Com a edição da Lei nº 8.212, de 24/07/91, que dispõe sobre a organização

da Seguridade Social e instituiu o Plano de Custeio, a decadência e a prescrição das

Contribuições Previdenciárias (Contribuições incidentes sobre a folha de

pagamentos), agora inseridas na Seguridade Social, foram tratadas da seguinte

forma:

Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos

extingue-se após 10 (dez) anos contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito

poderia ter sido constituído;

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II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,

por vício formal, a constituição de crédito anteriormente efetuada.

Art. 46. O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social,

constituídos na forma do artigo anterior, prescreve em 10 (dez) anos.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal, ao Julgar o Recurso Extraordinário

nº 556664-1, em 12/06/2008, declarou inconstitucional os arts. 45 e 46 da Lei nº

8.212/91 com o fundamento de que as contribuições para a seguridade social são

espécies tributárias, cuja decadência e prescrição são reservadas à lei

complementar, nos termos da Constituição e tal lei seria o CTN que fora

recepcionado como tal pelo texto constitucional. Por meio desse julgamento, foi

emitida a Súmula Vinculante nº 08 que assim estabelece:

“São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº

1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da

prescrição e decadência do crédito tributário. ”

A partir de então, a decadência e a prescrição das contribuições

previdenciárias passaram a se vincular ao CTN, acarretando assim uma grande

perda para a previdência social que viu seus créditos se esvaírem, muito embora

tenha continuado com a obrigação de observar um período de carência de 15 a 35

anos, ainda que a contribuição não tenha se efetivado e tenha decaído por decurso

de prazo.

Mas se o governo se interessasse pelo fortalecimento da arrecadação da

previdência social deveria, imediatamente ter apresentado proposta de lei

complementar para disciplinar o assunto no âmbito previdenciário. Entretanto, pelo

contrário, tratou de editar a Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008 para ampliar a

possibilidade de empresas optarem pelo SIMPLES e conceder outros benefícios

fiscais e aproveitou para revogar os arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, sepultando, de

vez, essa possibilidade de constituição dos créditos previdenciários após decorrerem

5 anos sem o seu lançamento. Assim estabelece a Lei Complementar nº 128/2008:

Art. 13. Ficam revogados:

I – a partir da data de publicação desta Lei Complementar:

a) os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; (...)

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Como se percebe, nos últimos tempos os governos não tem se preocupado

em fortalecer a previdência social e torna-la mais sólida, pelo contrário tem

promovido os mais diversos meios para enfraquece-la e assim promover as reformas

que interessam ao mercado, propondo redução e extinção de benefícios,

terceirização e reforma trabalhista.

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CONCLUSÃO

Como se percebe, a Previdência Social, ao longo da sua história nem sempre

contou a compreensão e o entendimento da sua importância por parte dos Poderes

Legislativo, Executivo e Judiciário.

Como o maior sistema de distribuição de renda, a previdência não pode

prescindir de seus recursos para fazer face aos benefícios que se propõe a pagar.

No entanto, o seu plano de custeio, cada vez mais, vem sendo fragilizado, o que

acaba por levar, cada dia mais, a uma necessidade crescente de financiamento, o

que contribui para o discurso dos governos a respeito da sua insustentabilidade.

Como forma de efetividade de arrecadar os recursos previdenciários

necessários ao pagamento de benefícios, faz-se necessário a apresentação pelo

governo, de projeto de lei complementar que estabeleça prazos de decadência e

prescrição compatíveis com o período mínimo de carência estabelecido pelo

governo para concessão de aposentadoria aos 65 anos de idade ou seja, um prazo

de decadência de 25 anos.

Tal proposta se justifica em decorrência da imensa sonegação provocada por

caixa dois, pela falta de formalização das relações de emprego e de trabalho, por

falta de contingente fiscal compatível com a necessidade de fiscalização e mesmo,

em obediência ao princípio da precedência do custeio previsto no § 5º do art. 195 da

Constituição Federal, segundo o qual “Nenhum benefício ou serviço da seguridade

social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de

custeio total”.

Nesse sentido, propõe-se que a ANFIP desenvolva ações junto à Receita

Federal do Brasil, ao Ministério da Fazenda, à Casa Civil e aos parlamentares para

que seja encaminhado ao Poder Legislativo projeto de lei complementar que

estabeleça prazos de decadência e prescrição compatíveis com o período de

carência para concessão de aposentadoria.

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TESE Nº 3

LIMITES PARA FINANCIAMENTO DO ESTADO COM RECURSOS DA SEGURIDADE SOCIAL

TEMA: XXXIV

Autor: JOÃO EUDES DA SILVA

Estado do Paraná

ENUNCIADO

A presente tese pretende despertar o debate sobre a necessidade de criar um

instrumento capaz de diminuir o apetite voraz do Estado na utilização indiscriminada

dos recursos vinculados à saúde, previdência e assistência social do cidadão. Para

isso propõe que a ANFIP apresente ao Congresso Nacional um projeto de Lei que

resulte em um dispositivo legal capaz de proteger o equilíbrio financeiro da

Seguridade Social.

1. INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 ao designar as fontes de custeio da

Seguridade Social, indicou, também, como consequência as suas destinações.

No entanto, logo na primeira revisão constitucional em 1994 foi instituído o

Fundo Social de Emergência com o objetivo de propiciar a reparação financeira da

União e promover a estabilidade econômica. Essas emendas foram prorrogadas de

maneira ininterrupta até a atualidade. Todas elas com o objetivo de desvincular as

receitas arrecadadas pela União de suas finalidades específicas para serem

utilizadas como reservas para o orçamento da União ou serem colocadas à

disposição do equilíbrio das contas públicas.

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É fato notório que o governo antes de aprovar as reformas pretendidas para

o sistema referente à saúde, previdência e assistência social, garantiu a

desvinculação de uma boa parte dessas receitas para o financiamento de outras

demandas não previstas no Orçamento. Por isso, não só prorrogou a emenda

constitucional com validade até 2015, como majorou a sua alíquota que passou de

um percentual de 20% para o total de 30% até o ano de 2023.

A aprovação dessa emenda foi concretizada sem considerar as severas

críticas por parte da sociedade organizada. As críticas estavam fundamentadas no

fato de a desvinculação se aplicar a toda arrecadação, inclusive às contribuições

sociais.

Daí, a necessidade de inaugurar um dispositivo legal capaz de exercer a

função de trava para o financiamento das demandas do Estado com recursos

vinculados à Seguridade Social.

Nesse sentido, a tese ora apresentada é inédita na sua pretensão. Mas, é

de suma importância compreender que se trata de uma lacuna legislativa a ser

preenchida. A breve fundamentação desenvolvida a seguir está permeada de um

grande clamor popular e pretende abrir espaço para uma discussão doutrinária que

deverá expandir nos meios econômicos, políticos e sociais.

Sabe-se que tal iniciativa não pode prescindir de uma discussão política. Por

isso, a ANFIP pode se apresentar como a mais qualificada representante dos

direitos sociais dos cidadãos. Essa missão não pode ser um trabalho solitário.

Deve necessariamente envolver toda a sociedade organizada e todas as forças

políticas que acreditam na função típica do Estado, o qual não existe como um fim

em si mesmo, mas como protetor e responsável pela consecução do bem comum.

2. SEGURIDADE SOCIAL: FINANCIAMENTO E POSSIBILIDADES. A questão do Financiamento da Seguridade Social é tema importantíssimo

em todos os estudos promovidos pela ANFIP. Em todos os esclarecimentos

destinados à sociedade, ela não se cansa de definir o conceito do sistema de

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proteção e assistência social, assim como detalhar todas as suas fontes de

custeio. Tudo fundamentado nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal do

Brasil.

Ocorre que, quando se discute o financiamento do Estado, vários membros

do Poder Executivo e do Poder Legislativo não admitem a doutrina divulgada nos

vários estudos amplamente divulgados nos diversos escritos da ANFIP. Por isso,

nas varias emendas à Constituição Federal, conseguem flexibilizar tais princípios.

Com isso, conseguem transmitir a ideia de que sendo o Estado o próprio

responsável pela arrecadação e aplicação dos recursos, pode administrá-los

conforme as várias demandas e necessidades.

Assim, admitem as várias possibilidades de utilização dos recursos para em

seguida promover seu repasse ou sua reposição num futuro próximo, ou mesmo,

longínquo. Reposição essa destinadas as várias e funções típicas do Estado

ligadas à Seguridade Social. No entanto, tais recursos são usados para outras

demandas do governo, inclusive para pagamento de juros da dívida externa.

Na verdade, o fato é que os governantes assumem uma postura na época

das eleições como candidato. Nessa ocasião todos adotam como prioridade de sua

plataforma o projeto de proteção social. Uma vez eleitos, a primeira providência

que tomam é a diminuição das responsabilidades do Estado frente à satisfação das

necessidades básicas do cidadão. Delegam o máximo de serviços à iniciativa

privada. E isto principalmente nas atividades ligadas à Saúde, Educação e

Previdência.

Ora, é importante ressaltar que o Estado existe para proteger os seus

cidadãos, principalmente os mais fracos. Nisto consiste a sua finalidade a qual se

torna mais eficaz na medida em que faz avançar a harmonia coletiva e ameniza a

sorte dos desfavorecidos economicamente. De fato, nenhuma sociedade quer

conviver em meio a injustiças e conflitos, mas buscar constantemente o bem-estar

e a felicidade coletiva.

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Acontece que a cada reforma pretendida, voltam à tona as discussões sobre

o tamanho ideal do Estado. A principal delas gira em torno dos Regimes de

Previdência. De início, a mais acalorado refere-se a manutenção de um Regime

Geral de Previdência. No entanto, para qualquer tipo de reforma é importante

destacar que só o Estado pode dar suporte e sustentação a uma Previdência

Social Pública.

3. RECEITAS VINCULADAS À SEGURIDADE SOCIAL: Tendo como base a justificativa sobre a urgência e a necessidade de uma

ação que possa garantir o equilíbrio, a continuidade e a estabilidade do sistema de

Seguridade Social para as gerações presentes e futuras, o governo promove a

reforma da Previdência Social com a Proposta de Emenda a Constituição n°

287/2016. Ressalta como principal motivo: o fato de que a Previdência é deficitária.

Quando no Brasil foi criado o primeiro sistema de proteção social com o

Decreto N° 4.682, de 24 de janeiro de 1923, a conhecida Lei Eloy Chaves, com o

surgimento da caixa de aposentadorias e pensões para os empregados de

empresas de estrada de ferro, o qual significou um grande avanço para os

trabalhadores, este sistema era superavitário. Neste período não se poderia falar

em qualquer déficit financeiro.

O mesmo aconteceu durante a formação do sistema de seguridade que se

consolidou ao longo da evolução da democracia brasileira. Nota-se que no período

de ditadura há uma utilização em maior proporção dos recursos sociais para as

demandas do Estado.

Vale lembrar que o governo usou recursos da Seguridade Social para

financiar vários projetos e empreendimentos nacionais com o objetivo de alavancar

o desenvolvimento do país. A crítica a essa atitude foi minimizada pela suposição

lógica de que tais recursos, certamente, seriam realocados conforme a

necessidade do Sistema ou após o equilíbrio das contas públicas. Tal fato não se

concretizou.

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Ora, todo regime previdenciário nasce superavitário. Assim nasceu a

Previdência Social Pública, assim nascem os Regimes Próprios de Previdência e o

mesmo ocorre com os planos de Previdência Privada. Não é por acaso que não

houve dificuldade para os vários sistemas financeiros pleitearem o patrocínio da

Previdência Complementar dos Servidores Públicos.

É importante destacar que a previdência complementar instituída pelas leis

Complementares n° 108 e n° 109, de 29 de maio de 2001 vieram para

regulamentar o Artigo 202 da Constituição Federal, conforme segue:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.

Assim, esse artigo da CF/88 não deixa nenhuma dúvida que a Previdência

Privada não pode substituir a Previdência Pública, mas apenas complementá-la.

Por isso, não se pode conceber nenhuma previdência social sem a participação do

Estado.

4. PROPOSTA SOBRE AS RECEITAS VINCULADAS.

Com a aprovação das emendas Constitucionais que estabelecem a

Desvinculação das Receitas da União – DRU, o governo pretende, em primeiro

lugar, formação de superávit primário. Em seguida, justifica o fato de que tal

recurso será usado para cobrir eventuais desajustes no Orçamento Fiscal da

União. “Este mecanismo tem custado muito caro para a Seguridade Social, pois

esses recursos que são transferidos para outros fins poderiam ser utilizados em

maiores investimentos em saúde, assistência e previdência social”. (Nota Técnica

n° 34)

Daí a necessidade de criar um mecanismo que tenha a função de contrapor

essas constantes reedições de Emenda Constitucional que rapidamente resultarão

na destruição do sistema de Seguridade Social.

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É preciso urgentemente organizar a defesa da Previdência Social Pública,

em seguida inibir a desconstrução dos Regimes Próprios e enfatizar a atividade

primordial do Estado na proteção e assistência social do cidadão.

A maneira de realizar tal intento consiste em apresentar para apreciação do

Congresso um relatório substitutivo de Reforma da Previdência Social.

A coordenação do Projeto ficará a cargo da Fundação ANFIP que entre os

pontos principais apresentará três proposições principais: a) Contabilização das

Receitas e Despesas vinculadas à Seguridade Social; b) Distinção entre os

recursos destinados ao Regime Geral e ao Regime Próprio Previdência. e c) Definição de receitas mínimas vinculadas à Previdência Social.

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5. CONCLUSÃO.

Todo estudante de Direito Tributário tem a obrigação de memorizar e

compreender o conceito de tributo, assim como as distinções relativas às

Contribuições Sociais e suas receitas vinculadas. No entanto, na organização

política todo esse conceito cai por terra, uma vez que um projeto de lei pode

encontrar dispositivos para remanejar recursos ou fundamentar sua desvinculação.

Ora, o Regime Geral de Previdência quando criado para dar proteção ao

trabalhador em caso de necessidade, estabeleceu as fontes de custeio e definiu os

benefícios constantes na Lei 8212/91 e Lei 8213/91, respectivamente.

É certo que o regime financeiro de repartição, próprio da previdência pública

em algum momento necessitaria de ajustes tendo em vista o envelhecimento da

população e ao mesmo tempo o aumento da expectativa de vida. No, entanto, tal

assertiva não pode ser suficiente para sua substituição pelo regime financeiro de

capitalização próprio da previdência privada. A solução seria um regime misto para

contemplar, ao mesmo tempo, princípio da solidariedade e a segurança individual.

Por isso, na tese ora apresentada, discorremos sobre a importância da

presença do estado na Previdência Social Pública e alertamos para as constantes

tentativas de vários governos em diminuir a presença estatal nos seus encargos

relativos ao sistema de Seguridade Social como um todo.

As justificativas são sempre pautadas na necessidade de um equilíbrio

financeiro e no constante débito da Previdência Social devido a demanda do

pagamento de benefícios em desproporção com os recursos referentes ao custeio

do sistema previdenciário.

Ocorre que qualquer tentativa de solucionar essa questão da Seguridade

Social e preservar a função típica de Estado deve-se levar em conta a conjugação

de três aspectos fundamentais, a saber:

Em primeiro lugar, é urgente que se faça um acerto contábil entre as

despesas utilizadas para financiar as demandas do Estado às receitas

provenientes de recursos vinculados à Seguridade Social.

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Em seguida, é preciso uma definição clara de todos os gastos relativos aos

pagamentos de benefícios com os filiados ao Regime Geral da Previdência Social.

E por fim, surge a grande necessidade de se colocar uma trava no

montante dos recursos retirados da Seguridade Social. Daí a necessidade de

elaboração de um projeto substitutivo para a reforma da Previdência a cargo da

ANFIP a qual pode oferecer grande contribuição para o resgate da Previdência

Social Pública no Brasil.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ANFIP. Frente Parlamentar Mista em defesa da Previdência social. Brasília 2016.

2. FUNDAÇÃO ANFIP. Previdência Social: Regime Geral, Legislação atualizada,

remissões e notas, Brasília -2014.

3. CORREIA, Marcos Orione Gonçalves. Previdência Privada: Doutrina e

comentários à lei Complementar n 109/01. LTR. São Paulo – 2004.

4. SINDIFISCO NACIONAL. Nota técnica n° 34: A reforma do sistema de

Seguridade social da PEC 287/2016. Brasília – 2017.

5. CESARINO JUNIOR, Antonio Ferreira. Direito Social: São Paulo: LTR, 1980, p.

46.

6. BRANT, Roberto. Reforma da Previdência em Ambiente Democrático. In. Revista

Conjuntura Social. Brasília: MPAS, Vol. 12, nº 2, abr-jun 2001, pág. 82.

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TESE Nº 4 PERSPECTIVAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL PÚBLICA NO BRASIL E NO MUNDO Autor: José Avelino da Silva Neto Estado: Paraíba- PB

João Pessoa – 2017

Perspectivas da Previdência Social Pública no Brasil e no Mundo

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Autor: José Avelino da Silva Neto Estado: Paraíba- PB Esta tese tem como propósito enfocar algumas variáveis que têm correlação direta

ou indireta com a Previdência Social: evolução da taxa de desemprego, diminuição

da taxa de natalidade, redução da mortalidade e envelhecimento da população.

Introdução:

O país vem, desde 2014, com queda contínua do PIB, aumento da taxa de

desemprego, queda de arrecadação, sem falar de vários outros indicadores sociais e

da atividade econômica, alcançando níveis indesejáveis pela sociedade no ano de

2016.

Do ponto de vista da demografia, verificam-se mudanças significativas, em

razão do ascendente crescimento populacional. O processo de transição

demográfica no Brasil, segundo o IBGE, é fruto do avanço da urbanização e das

alterações do padrão de vida e saúde da população.

No estudo das perspectivas da Previdência Social, temos que ter clareza no

seguinte:

O cenário para os anos a partir de 2017 não são confortáveis. Fala-se em

reformas previdenciária, trabalhista, tributária e política, no imaginário de que tudo

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será resolvido e o país voltará a crescer se realmente todas essas reformas forem

aprovadas na forma que o atual Governo Federal deseja.

Senão vejamos: a reforma da previdência tão defendida pelo governo traz em

seu bojo uma injustiça com as pessoas mais pobres, com redução de direitos e de

conquistas obtidas pelos trabalhadores ao longo da vida com muitas lutas e

sacrifícios.

A reforma trabalhista que ainda não sabemos o tamanho e o alcance social e

as consequências negativas para a massa de trabalhadores; a tributária, que

resultaria na simplificação ou racionalização do sistema tributário com redução de

encargos e não apenas mudanças pontuais para resolver problemas de caixa do

Governo Federal, além disso, com partilha de recursos entre os Estados e

Municípios.

A reforma política, a mais importante, principalmente neste momento de

turbulência na esfera governamental, viria para realinhar os novos rumos de se fazer

política no Brasil. Contudo, haveríamos de ser muito otimistas para acreditar que,

neste governo, se consiga aprovar quatro reformas num espaço de tempo tão curto.

O que nos parece é que o governo busca uma saída para as dificuldades

econômicas e políticas que, na verdade, foram geradas, pela corrupção

desenfreada, péssima gestão de seus dirigentes e falta de transparência na

aplicação dos recursos públicos a um custo social elevadíssimo para uma grande

parcela da sociedade, que não tem nenhuma culpa por esta crise instalada no Brasil.

Neste momento, vamos nos debruçar na análise dos indicadores que

impactam direta ou indiretamente no sistema Previdenciário por acreditar que os

mesmos não têm sido amplamente debatidos, ao menos com a profundidade que

estes requerem.

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Desenvolvimento:

O Brasil passa por um momento muito delicado em virtude de condutas

vergonhosas de autoridades envolvidas em escândalos e corrupções que quase

diariamente são noticiados pela imprensa. A esperança que temos é na Justiça, que

atua de forma implacável com aqueles que comprovadamente cometeram delitos.

Do ponto de vista econômico, o governo tenta sair da crise instalada nos

últimos anos com a PEC 241/55, o Ajuste Fiscal, proposta jamais vista neste país,

na qual se manterão constantes as despesas públicas, em termos reais, por 20

anos.

Segundo o governo, o objetivo da proposta de limitar o crescimento das

despesas é reequilibrar as contas públicas e impedir que a dívida do setor público

cresça em níveis ainda mais elevados, contudo a resistência de vários setores da

sociedade foi grande, bem como de políticos da oposição que afirmavam que a

proposta nada mais é do que o congelamento dos investimentos sociais.

O governo apostou na sua proposta, o Ajuste Fiscal, e conseguiu aprovação

no Congresso Nacional, contrariando os interesses da maioria da população

brasileira e dos movimentos sociais organizados (sindicatos, associações de classe

e federações de trabalhadores e outros).

O país precisa buscar caminhos para superar a crise. Torna-se urgente

buscar um Projeto de Desenvolvimento Sustentado, com um padrão de

desenvolvimento virtuoso, que traga esperança para o povo com geração de

emprego e renda, fomentando, assim, condições favoráveis ao parque industrial

brasileiro para se expandir e absorver a mão-de-obra desocupada em razão da crise

de emprego gerada nos últimos anos, trazendo de volta esperança para os

trabalhadores que perderam seus empregos.

A produção industrial, especialmente, nas pequenas e médias empresas,

favorece o aumento da empregabilidade. Além disso, os benefícios da produtividade

conduzirão o Brasil para o caminho da saída da recessão, caso contrário, corre-se

sério risco de aumentar a crise e aprofundar os problemas sociais.

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Gráfico 1

Fonte: PNAD Contínua Trimestral (IBGE/SNIPC)

A população brasileira ativa conviveu com uma taxa de desemprego de 9% em

dezembro de 2015 (9.073 milhões de pessoas) e passou para outra de 12% em

dezembro de 2016 (12.342 milhões de pessoas). Gráfico 1.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) mostrou o

crescente aumento da taxa de desemprego no Brasil, o que comprova a recessão

que enfrenta a população brasileira.

Outro aspecto a ser abordado trata-se da mudança na pirâmide populacional.

No Brasil, é comum as pessoas falarem que nosso país é jovem, o que é verdadeiro,

no entanto, conforme estudo representado na Tabela 1, ocorrerá uma significativa

mudança no perfil da população com uma redução do quantitativo de jovens e um

aumento no número de idosos.

Tabela 1

Projetos de Sociedade e Demografia Brasil Faixa Etária População

2010 2040 - Projeção

Até 14 anos 49,9 35,4

Ativos 15 a 59 anos 126,0 138,5

Idosos 60 a 90 ou mais 19,6 54,2 Fonte: Pochmann, Márcio - IE/UNICAMP-março/2017 (Desafios e Perspectiva da Previdência Social).

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A projeção da população para o ano de 2040 revela que o quantitativo de

jovens decresce, enquanto o de idosos cresce em ritmo acelerado. Isso ocorre por

redução de fecundidade, causada por mudanças nos padrões familiares, tendo em

vista que os casais vêm optando por uma família menor, repercutindo no perfil

demográfico. Tabela 1.

No tocante à taxa de natalidade tem diminuído, vejamos: na década de 1950-

1960 uma mulher tinha de 4 a 6 filhos, em média; hoje em dia, um ou dois filhos, em

média.

Por outro lado, a taxa de mortalidade também decresce, provocando mudanças

na pirâmide etária. A expectativa de vida aumentou. Na década de 1990, a

expectativa era de 66 anos, já em 2016, subiu para 75,5 anos, segundo o IBGE.

Felizmente, a longevidade vem aumentando no Brasil em função de vários

fatores: qualidade de vida da população, campanhas de vacinação em massa,

avanços na medicina, saneamento básico e outros. O mesmo vem ocorrendo no

mundo. Nos últimos 50 anos, a expectativa de vida da população mundial aumentou

cerca de 20 anos, segundo o IBGE.

Os países desenvolvidos, geralmente, apresentam expectativa de vida acima

de 80 anos. Naturalmente, tudo tem correlação com a qualidade de vida da

população, já os países pobres apresentam índices de expectativa de vida baixos,

com menos de 50 anos.

O processo de envelhecimento, acompanhado com a longevidade, é o caminho

natural nos países desenvolvidos e nos emergentes. Em breve, o Brasil atingirá o

parâmetro internacional que define as sociedades como envelhecidas.

O Brasil já deveria ter uma discussão maior e mais profunda sobre o

envelhecimento da população, como já ocorre em outros países e não por tangente,

quando se fala ou debate reforma de Previdência.

Conclusão

A crise econômica que o país enfrenta, acompanhada de taxas de

desemprego crescentes comprometem a estabilidade das finanças públicas, assim

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como diminui os recursos destinados à base de sustentação da maior distribuidora

de renda deste imenso Brasil: a Previdência Social.

As reformas visadas pelo governo estão atreladas a questões politicas e em

benefícios de grandes empresas e, principalmente, do mercado financeiro.

Medidas têm que ser tomadas, pelo Governo Federal, para reverter este

processo recessivo que reduz receitas, porém sem trazer consequências danosas à

sociedade e, em particular, à população mais carente.

A Previdência Social precisa realmente ser fortalecida com campanhas

publicitarias para estimular e motivar os trabalhadores da informalidade a serem

contribuintes e beneficiários deste sistema de previdência que tanto contribui para

reduzir as desigualdades sociais no Brasil.

Também não poderia deixar de registrar o impacto da mudança demográfica

na Previdência Social. As taxas de natalidade vêm diminuindo e os idosos vivendo

mais. As taxas de mortalidade também estão reduzindo, o que não obstante

signifique melhoria na qualidade de vida da população brasileira, é motivo de

preocupação dos que estudam o sistema previdenciário.

O processo de envelhecimento populacional no Brasil e no mundo também é

um grande desafio para os governos e os órgãos responsáveis pelos estudos

demográficos.

Na verdade, estamos diante de uma realidade com mudanças no perfil

demográfico que também exige mudanças nas políticas públicas que venham

garantir e assegurar o bem estar social.

O presente trabalho é uma contribuição do autor, sendo uma modesta

provocação aos que gostam, estudam e debatem Previdência Social. O trabalho

após a Convenção Nacional deverá ser encaminhado ao Conselho Executivo da

ANFIP que adotará as providências que couber.

João Pessoa, 18 de abril de 2017.

JOSÉ AVELINO DA SILVA NETO

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TESE Nº 5

SEGURIDADE SOCIAL. DÉFICIT OU SUPERÁVIT?

Autor: José Tibúrcio Tabosa

Estado: Pernambuco

ENUNCIADO:

Observa-se significativa divergência entre os dados da Seguridade Social

apontados pela ANFIP, proclamando a plena normalidade do sistema, em

situação de superávit, e aqueles divulgados pelo governo, tendo como

insustentável a Previdência Social por supostos déficits. Inverossímil a

discrepância, partindo-se do princípio de que o orçamento, seja na esfera

pública ou na iniciativa privada, não comporta ilações ou subjetividade.

Necessidade de criação de uma CPI, a fim de que seja esclarecido o real

contexto da Seguridade Social, mediante criterioso e independente exame

de suas receitas e despesas, de cujo resultado se inteirando a sociedade.

INTRODUÇÃO

De antemão, ressalte-se que o presente trabalho é inédito, não tendo sido

apresentado pelo autor em outras Convenções da ANFIP, em concursos de

monografias ou outros eventos promovidos por entidades ligadas à categoria de

AFRFB.

Feita essa ressalva, segue-se a análise do tema objeto da presente tese.

Trata-se de situação controversa entre pólos que não se compartilham.

De um lado, a ANFIP, com conhecimento de causa e ancorada em estudos de

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especialistas em Seguridade Social, assegurando a plena normalidade do sistema,

em situação de superávit. De outro, o governo, levado pela mão de sua equipe

econômica, reputando a Previdência Social como insustentável nos moldes atuais, à

vista de déficits que aponta.

Sem uma análise mais acurada do que dissemina, o governo vai

repisando a assertiva da existência de elevados déficits previdenciários, com isso

buscando sedimentar argumentos à aprovação da PEC 287, de 2016, que propõe

drástica reforma na Previdência Social. De difícil viabilidade, nos termos inicialmente

propostos, quer por impingir brutal retirada de direitos dos trabalhadores, quer em

face de, tratando-se de alteração constitucional, necessitar de quorum mínimo de

três quintos dos congressistas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, com

votações sob a forma de dois turnos em ambas as Casas legislativas.

Assim, o governo, pela mão de sua equipe econômica, vai tocando a sua

cantilena, na sub-reptícia intenção de minar a concepção de especialistas arredios à

ideia de inviabilidade do sistema previdenciário, dentre estes os pertinazes

representantes da ANFIP. Rechaçada por estes, no entanto, a repetitiva

propagação, qual mensagem sublimar, acaba respingando em meio ao grande

público, a caso vulnerável a investidas dessa ordem.

Tome-se o trabalhador que, durante toda sua vida laboral manteve-se

confiante de que, na idade avançada, quando lhe faltarem forças para prover seu

sustento e o de sua família, ou em casos fortuitos, por certo contaria com o oportuno

amparo previdenciário. De momento, porém, acorrem-lhe dúvidas e incertezas,

quanto a que, contrariamente às suas expectativas, se teria embarcado em canoa

furada levada a esmo por águas turvas sem porto seguro.

Eis o reflexo que uma deletéria disseminação do caos pode provocar em

dados momentos e circunstâncias, mais ainda se no âmbito da Previdência Social,

provedora por excelência da subsistência de milhões de brasileiros.

Saliente-se que, para prosperar e alcançar seus fins, é de bom alvitre que

qualquer organização conte com o imprescindível otimismo e a determinação de

seus administradores. Se a fé move montanhas, é com fé e esperança que eles

devem se munir no cumprimento de suas responsabilidades, mais ainda aqueles

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que, nas hostes da Seguridade Social, congregam milhões de almas, dentre as

quais aquelas que mourejam nas camadas populacionais mais carentes da

sociedade, e reclamam por políticas públicas mais efetivas. É desse modo que terão

de se haver, e não se incutindo do desânimo e da descrença, que aniquila a fé e

conduz à falta de perspectivas.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO

Funda-se o orçamento público em lei especifica, reputando-se

instrumento de planejamento e execução das finanças, no atendimento às

demandas da sociedade. Tenha-se a Constituição Federal, cujo art. 165, § 5º,

preconiza que a lei orçamentária anual compreenderá o orçamento da Seguridade

Social, abrangendo entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou

indireta, bem assim fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

No Executivo, o orçamento segue etapas como: a) elaboração da

proposta orçamentária pelo órgão competente; b) apreciação e votação da proposta

pelo Legislativo: c) execução orçamentária; d) controle consubstanciado no

acompanhamento e avaliação da execução orçamentária.

Incorpora-se o orçamento público de preceitos básicos, elaborado em

face de orientações contábeis que não comportam ilações ou subjetividade.

Partindo-se dessa premissa, é inverossímil que no âmbito público vicejem

discussões antagônicas acerca da Seguridade Social, como as que se travam entre

a ANFIP, proclamando a plena vitalidade do sistema, em situação de superávit, e o

governo alardeando a inviabilidade da Previdência Social, a menos que se aprove

rigorosa reforma em andamento.

Na iniciativa privada, seria como:

No primeiro momento, a empresa opera em equilíbrio financeiro, com

capital de giro suficiente a prover suas necessidades, havendo-se de manter

adimplente com pagamento a empregados e prestadores de serviços, e no

cumprimento de obrigações sociais.

De outro, essa mesma organização se encontra em precárias condições,

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à beira de falência, suscitando recuperação judicial, a fim de salvaguardar seu já

combalido equilíbrio financeiro e honrar compromissos.

Qual dessas acepções seria a mais plausível?

O imbróglio se desvendaria com o exame do contexto da empresa,

mediante auditoria independente, definindo-se por uma ou outra concepção, ou até

mesmo, por uma terceira vertente mais perceptiva.

Na situação presente, tendo-se em conta que ANFIP e governo cuidam de

fatores de idêntica natureza e espécie, no caso receitas e despesas, adiante-se que

o descompasso entre esses elementos possa advir da maior ou menor seletividade

de partes a compor o todo. A propósito, os informes do governo deixam transparecer

que os déficits previdenciários que apontam decorrem do cotejo de receitas de

folhas de salários e despesas com benefícios.

No entanto, a Seguridade Social não se adstringe a esses meros pontos.

O sistema se compreende em dois grandes blocos: a receita, em amplo leque de

ramificações que se especificam no art. 195 da Constituição Federal; e a despesa,

assentada em três pilares básicos: saúde, Previdência Social e Assistência Social,

constantes dos arts 196, 201 e 203 da Carta Magna, a que, no plano

infraconstitucional, se aliam os arts. 2º a 4º da Lei nº 8.212/91, arts. 1º e 2º da Lei nº

8.213/91 e Regulamento da Previdência Social, Decreto nº 3.048/99. Menção se

faça ainda à Lei nº 8.742/93, da Assistência Social.

Acresce-se que, como conjunto integrado de ações de iniciativa dos

Poderes Públicos e da sociedade, a Seguridade Social se corporifica no art. 194 da

Constituição, cujo parágrafo único assinala que compete ao Poder Público, nos

termos da lei, organizá-la com base em objetivos que elenca, entre estes a

universalidade da cobertura e do atendimento, irredutibilidade do valor dos

benefícios e diversidade da base de financiamento.

No que tange ao financiamento da Seguridade Social, avoque-se o art.

195 da Constituição, especificando suas fontes de custeio a seguir discriminadas, a

que se tecem rápidos comentários, como:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de

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forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos

orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das

contribuições que enumera:

Do que se extrai que cumpre aos entes federados dotarem seus

orçamentos da rubrica Seguridade Social, com vistas a órgãos de suas

administrações. Sabido que tais apropriações quando efetivadas por Municípios,

Estados e Distrito Federal, lhes constituem em atividade orçamentária própria.

Quanto aos incisos que tratam das contribuições sociais, observem-se:

Inciso I, na redação da Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998:

- Contribuições do empregador, da empresa e da entidade a ela

equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

Alínea “a” – folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos

ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem

vínculo empregatício;

Alínea “b” – a receita ou o faturamento, no caso a COFINS -

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, sobre a receita bruta,

destinada aos fundos de previdência e assistência social e da saúde pública;

Alinea “c” - o lucro, caso da CSLL – Contribuição sobre o Lucro Liquido;

Inciso II – Contribuição do trabalhador e dos demais segurados da

Previdência Social, não incidindo sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo

Regime Geral de Previdência Social de que trata o art. 201, redação da Emenda

Constitucional nº 20, de 1998.

Inciso III – Contribuição sobre a receita de concursos de prognósticos,

de acordo com o art. 26, § 1º, da Lei nº 8.212/91, todos e quaisquer concursos de

sorteios de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas,

nos âmbitos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal;

Inciso IV – Contribuição do importador de bens ou serviços do exterior,

ou de quem a lei a ele equiparar, acrescentado pela Emenda 42, de 19/12/2003.

Já as ações da Seguridade Social, assim se compreendem, nos termos

da Constituição Federal e legislação correlata:

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I – Saúde, direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros

agravos, com acesso universal e igualitário às suas ações e serviços, pelas

populações para sua promoção e proteção, cujas ações e serviços reputam-se de

relevância.

II - Previdência Social, de caráter contributivo e filiação obrigatória,

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, atendendo à

cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, idade avançada, proteção à

maternidade e ao trabalhador em situação de desemprego involuntário, benefícios

substitutos do salário de contribuição ou rendimento do trabalho não inferior ao

salário mínimo, bases de cálculo corrigidas monetariamente e reajuste de benefícios

de modo a preservar valores reais.

III - Assistência Social prestada a quem dela necessitar

independentemente de contribuição, objetivando a proteção à família, à

maternidade, à infância e à velhice; garantia de um salário mínimo de beneficio

mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que não possuir meios de

prover sua manutenção ou tê-la provida por familiares; organizada em

descentralização político – administrativa, com participação da população na

formulação e controle das ações.

O contexto aqui abordado especifica as fontes de financiamento da

Seguridade Social frente aos abrangentes encargos sociais de suas ações nas

camadas populacionais da sociedade. Realidade que contradiz a sistemática do

governo em mensurar déficits previdenciários apenas pelo cotejo entre receitas

decorrentes de folhas de salários e despesas com benefícios. Espécie de análise

tecnicista daqueles conquanto possam despontar como luminares em outras áreas,

vez por outra se ressentem da falta de uma visão mais ampla, humana e solidária da

Seguridade Social, no atendimento às camadas sociais mais carentes, seu contexto

sua essência.

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CONCLUSÃO

Causa desconforto que a Seguridade Social fique em meio a discussões

quanto a que se há déficits ou superávits em seu contexto, interminável prática

discursiva entre a ANFIP, por seus eméritos colaboradores, e o governo trazidos

pelos seus asseclas da área econômica.

Dissensões que constrangem a tantos quantos, de uma forma ou de

outra, compõem a Seguridade Social, inestimável patrimônio, construído e

aprimorado ao longo de décadas, a serviço dos brasileiros ao ensejo de melhores

condições de vida.

Tais discussões tendem a dividir a sociedade entre aqueles que

corroboram o entendimento da ANFIP e os que se fiam na versão governamental, o

que se não conduz ao repentino descrédito da Previdência Social, ao menos

contribui para desestimular novas filiações, levando os mais aquinhoados a buscar a

previdência privada, ávida por este filão de receitas.

Na iniciativa privada, situações questionáveis normalmente se apropriam

a auditoria independente que, de forma criteriosa, as examina e define

posicionamento. Ocorrendo similitudes delas na esfera pública, impõe que se

recorram às Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI, criadas pelos

congressistas, com conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público

para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores, na forma da

Constituição Federal, cujo art. 58, § 3º, estatui:

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de

investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos

regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e

pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de

um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,

sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que

promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

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Nestes termos, tendo em vista os posicionamentos diametralmente

opostos, objeto deste trabalho, cumpre que a ANFIP articule-se com congressistas

adeptos de sua causa no sentido de ser criada uma CPI, a fim de que proceda a

criterioso e independente exame do contexto da Seguridade Social em face da

totalidade de suas receitas e despesas, de cujo resultado se inteirando a sociedade.

Ressalte-se que, em sendo aprovada a presente tese, e a final

alcançado o seu objetivo, se elucidarão posturas até então conflitantes, continuando

a Seguridade Social, sem atropelos, a prover sua destinação, especialmente em prol

das camadas populacionais menos favorecidas, razão de sua existência.

Caruaru (PE) 22 de março de 2017

José Tibúrcio Tabosa Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil

Matrícula n° 0902450

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TESE Nº 6

TÍTULO: UMA QUESTÀO DE JUSTIÇA FISCAL AUTOR: MARVILLE TAFFAREL ESTADO: RIO GRANDE DO SUL

EQUIPARAÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO AOS DEMAIS EMPREGADORES NA LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA

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INTRODUÇÃO

A Emenda Constitucional nº 72, de 2 de abril de 2013 e a Lei Complementar

nº 150, de 01/06/2015, estabeleceram o regramento legal do trabalho do empregado

doméstico, seus direitos e obrigações.

O empregador comum tem as despesas com seus empregados lançadas em

sua contabilidade e conseqüentemente deduzidas de sua receita diminuindo a

incidência de impostos, inclusive do Imposto de Renda.

O empregador doméstico não tem o mesmo tratamento, pois apenas abate

em sua declaração anual os valores pagos à Previdência Social relativos a esse

empregado.

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DESENVOLVIMENTO O empregado doméstico, aquela pessoa que presta serviços no âmbito

familiar, teve seus direitos e obrigações regulados pela Emenda Constitucional nº

72/2013 e Lei Complementar nº 150, de 2015.

Essa Legislação, sem dúvida um avanço nos direitos sociais, submete o

empregador doméstico a uma série de providências e custos. Estabelece normas

para o contrato de trabalho tais como: duração da jornada de trabalho,

compensação deste horário, horas extras, salário família, remuneração, férias, etc.

Estende aos empregados o direito ao FGTS, com acréscimo de 40% em caso

de demissão, seguro desemprego, auxilio creche e seguro de acidentes do trabalho.

Assim, o empregador comum (comércio, indústria, serviços, etc.) cujos

empregados tem os mesmo direitos e vantagens deduz essas despesas de seu lucro

e conseqüentemente diminui a incidência de impostos.

Atualmente as esposas que, no passado, se limitavam ao trabalho doméstico,

passaram ao mercado de trabalho o que criou a necessidade de contratar pessoas

para as tarefas domésticas (refeições, limpeza, cuidados, etc.) Também o cuidado

com os filhos, muitas vezes criou a necessidade de contratar “babás” pela família.

Outro trabalho executado por empregados domésticos é o cuidado de

doentes e pessoas incapacitadas, os chamados “cuidadores”. Dependendo da

necessidade há casos de mais de um “cuidador” por família.

Todas as despesas do empregador doméstico são cobertas por seus

rendimentos (salário, vencimentos, proventos, pensões, etc.) Há, na prática uma

transferência de renda do empregador para o empregado.

Para que haja justiça fiscal essa despesas deveriam ser abatidas pelo

empregador na ocasião de sua declaração anual do imposto de renda.

Poderia ser invocado, até mesmo, o principio da igualdade de direitos,

perante a lei. Se o empregador em geral, com sua atividade lucrativa tem direito a

essas deduções, porque o empregador doméstico, numa atividade não lucrativa não

tem o mesmo direito?

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CONCLUSÃO

A proposição é que seja reconhecido ao empregador doméstico o direito de

reduzir TODAS AS DESPESAS com seus empregados domésticos de seus

rendimentos tributáveis em sua declaração anual do imposto de renda.

As despesas referidas podem ser comprovadas através de documentos

próprios obrigatórios: carteira profissional, folhas e recibos de pagamento, guias de

recolhimento do e-social, recibo de pagamento do vale-transporte, etc.

Se corrigido esse problema não teríamos apenas feito justiça ao empregador

doméstico, mas também haveria certamente incremento na contratação de pessoas

para essas tarefas bem como a regularização de situações irregulares,

Propomos que a ANFIP encaminhe à Receita Federal, Casa Civil da

Presidência da República e Congresso Nacional, sugestão de alteração na

legislação, assegurando ao empregador doméstico equiparação ao empregador em

geral quanto às deduções propostas.

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TESE Nº 7 A PREVIDÊNCIA SOCIAL MERECE RESPEITO AUTORA: SANDRA TEREZA PAIVA MIRANDA ESTADO: SÃO PAULO DADOS PESSOAIS DO AUTOR: Graduada em Direito e Administração de Empresas

Pós-graduação em Gestão Tributária

Pós-graduação Gerência Administrativa

Pós-graduação Financeira, e de Controle Interno

MBA em Gestão de Pessoas/FGV.

ENUNCIADO: A PEC 257 é um projeto criminoso que coloca em risco o Sistema de Previdência

Social Público, devendo ser combatido de forma objetiva e contundente com ações

eficazes de denuncia pública e criminalização de seus agentes, pois se trata de

desrespeito explicito contra o direito e a condição social e humana do cidadão

brasileiro, contrariando a Constituição Federal que preceitua a gestão da Seguridade

Social.

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INTRODUÇÃO

O Brasil passa por um momento difícil e triste, que após o fim do governo

Dilma por um processo de impeachment, estamos sob a égide de um governo

tampão, que deveria concluir seu período administrando o país de forma

responsável, mas, no entanto o mesmo busca continuar atendendo a outros

interesses e do nada, com a ajuda de um Congresso Nacional viciado, busca fazer

reformas em áreas de suma importância para o país, em detrimento ao direito social

do cidadão e do trabalhador brasileiro.

O governo Temer demonstra com esta atitude total desconhecimento da

realidade do país que governa, e com o teor das reformas da Previdência e

Trabalhista registra a sua incompetência, a sua má fé.

Cabe a toda a sociedade organizada buscar de forma independente a

defesa de seus direitos e exigir um debate amplo, transparência e a participação de

todos, contra esta agressão de grandes proporções e com consequências nefastas e

irreversíveis para todos sem distinção.

A Reforma da Previdência nominada PEC 257 é um verdadeiro saco de

maldades, em face da quantidade de absurdos que traz e com o único propósito de

destruir e acabar com a Previdência Social Pública.

Esse governo foge de sua responsabilidade de proteger o cidadão em

seus direitos sociais, e o penaliza de forma vil, com os erros e desmandos dos

governos irresponsáveis que o Brasil teve até então e se mantém até o momento.

O cidadão não pode e não deve ser vitima de um processo atroz que

através da PEC 257 tenta de forma injusta prejudicá-lo de morte com relação a sua

dignidade humana, pois traz em seu bojo a insegurança jurídica, e subestima sua

capacidade, tratando-o como um ignorante e um ser desprovido de conhecimento

mínimo do que é certo e errado.

Esse governo para aprovar a PEC 257 tem feito gastos vultosos e

absurdos para divulgação pela mídia e pela grande imprensa comprometida com os

recursos que recebe do governo, para a divulgação ampla de informações falsas,

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mentiras e inconsistências, com a intenção de convencer a sociedade de que este

projeto maquiavélico não prejudicará o cidadão, o trabalhador.

Essas ações conjuntas do governo e das lideranças do Congresso

Nacional devem ser denunciadas, pois caracterizam irresponsabilidades do

Executivo e do legislativo desse país contra toda a sociedade brasileira.

Precisamos lutar contra tudo isso que está ocorrendo, pois a Previdência

Social tem em sua finalidade a segurança jurídica de seus beneficiários, segurados

da Previdência Social, e isso tem que ser diante da necessidade de transparência

para uma compreensão maior e mais justa, pois a Previdência Social é Patrimônio

do trabalhador.

A Sociedade brasileira precisa se organizar mais e fazer o governo recuar

nesta PEC 257, diante de tantas inconsistências e desrespeitos a todos sem

distinção, pois cabe ao Estado a proteção do cidadão e não o seu prejuízo, e a sua

falta de proteção social, e devemos exigir que o Estado cumpra o seu real papel que

é trabalhar em prol do bem comum e da solidez dos diretos sociais dos

trabalhadores.

A PEC 257 é a maior agressão a toda a sociedade brasileira e acarretará

um caos social de dimensões inimagináveis, pois ocasionará a quebra de confiança

com o Estado e a insegurança jurídica dentro outros, a saber:

• Prejuízos a toda a sociedade brasileira:

• Acaba com a organização social do país;

• Não levam em consideração as diferenças sociais entre os gêneros

• Iguala realidades distintas

• Rompe com o amparo do Estado na velhice;

• Determina o fim da previdência pública

• Torna quase impossível a aposentadoria integral;

• Aumenta a exclusão feminina;

• Aumento da miséria na população

• Aumento da evasão escolar, fome e criminalidade;

• Propicia o exoto rural;

• Promove impacto na economia;

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FALTA DE CONSISTÊNCIA DA PEC 257

A necessidade de desmascarar essa PEC 257 na sua integralidade é

emergencial e para isso temos que buscar maior união de todos, para atacar a falta

de exposição de motivos com elementos técnicos e atuarias que justifiquem o teor

da PEC 257, pois a mesma é inconsistente na sua integralidade.

Quando falamos em reforma devemos sempre pensar em evolução e

aperfeiçoamento do sistema e não em prejuízos e perdas como propõe o governo

Temer.

O governo federal busca justificar a URGÊNCIA da aprovação da PEC

257 em cima de premissas falsas e manipuladas, pois insiste em dizer que a

Previdência Social é deficitária, e para buscar o equilíbrio das contas do sistema

previdenciário, se faz necessário essa reforma absurda, em face de levar em conta

apenas o que lhe interessa.

O governo Temer ao analisar o custeio destinado a Seguridade Social

como um todo, manipula os dados e não leva em conta toda receita arrecadada pela

Previdência Social, pois de forma errônea, busca fazer nestes cálculos contabilizar

apenas a contribuição, para chegar de forma forçada ao resultado que quer, e

defende como certo, ou seja, o suposto déficit.

Esta premissa é falsa e facilmente podemos desestabilizá-la com dados e

análises sérias, confiáveis e incontestáveis feitas pela ANFIP - Associação Nacional

dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, em vasto trabalho divulgado.

O governo Temer ignora de forma irresponsável que o financiamento da

Previdência segue o modelo tripartite, que consiste na participação do custeio com

parcela financiada pela empresa, pelos empregado e pelo Estado. A constituição

Federal de 1988 previu a atribuição à sociedade em geral do financiamento da

seguridade social, conforme previsto no art. 195, que preceitua que a seguridade

social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta mediante

recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e

das contribuições sociais, e instituiu novas fontes de financiamento por parte do

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Estado, como a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social

(Cofins), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), as Receitas de

concursos de prognósticos (Loterias); Contribuições do importador de bens ou

serviços do exterior, ou de quem a Lei a ele equiparar.

Em hipótese alguma pode se desprezar o que diz a nossa Carta Magna,

pois na verdade quando se analisa de forma correta e isenta, contabiliza-se esse

total de contribuição por parte do Estado, e o resultado para a Previdência é

superavitário desde 2007, sendo que somente no ano passado (2016) o superávit foi

de R$ 11 bilhões, segundo os dados da Anfip.

Essa prática mercenária de manipulação dos dados referentes a

Seguridade Social vem ocorrendo no Brasil de forma constante desde a

promulgação da Constituição Federal de 1988, pois desde 1989, todos os governos

sem exceção buscam sempre contabilizar apenas as contribuições dos

trabalhadores e dos empresários, com a finalidade de criar e justificar através desse

cálculo a construção do suposto “rombo” ou déficit da Previdência Social.

O governo Temer insiste nessa linha autoritária, desestimular o sistema

previdenciário brasileiro e com isso coloca em risco a credibilidade do mesmo, que

hoje sustenta em torno de 33 milhões de beneficiários, que se sentem

desprotegidos, sem falar nos futuros aposentados que passam a ver essa

possibilidade de forma insegura e cada vez mais distante, com estes obstáculos

colocados na PEC 257.

INSEGURANÇA JURÍDICA Vivemos em um país livre e no estado de direito, com regime democrático

e nos orgulhamos disso, e temos que ter em mente sempre o Princípio da

Segurança Jurídica, pois se encontra diretamente relacionado aos direitos e

garantias fundamentais do nosso Estado Democrático de Direito.

Assim sendo, quando nos deparamos com a PEC 257, vemos que o

governo ignora o Princípio de Segurança Jurídica, pois este governo tenta sempre

adequar seu plano de governo, oferecendo propostas de reformas constitucionais

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que está afetando direitos já consagrados, provocando o descontentamento, pois a

sociedade como população vai insurgir contra essas medidas exigindo a

preservação dos seus direitos desrespeitados.

Temos a nossa Carta Magna e devemos sempre nos primar pelo respeito

ma a nossa constituição e assim assegurar o Princípio da Segurança Jurídica, não

podendo em hipótese alguma que o governo de ocasião ignore isso e tente sob

qualquer justificativa sobrepor seus interesses aos interesses e direitos dos

segurados da previdência, dos trabalhadores e do cidadão brasileiro.

Concluindo, a segurança jurídica é a forma que o cidadão como individuo

tem a garantia necessária para o desenvolvimento de suas relações sociais, tendo,

no Direito, a certeza das consequências dos atos praticados.

NEGLIGÊNCIA E IRRESPONSABILIDADE DA RFB NA FISCALIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

Destacamos que desde a criação da chamada “Super-Receita” pela Lei n°

11.457, de 16/03/2007, nome dado a criação da Secretaria da Receita Federal do

Brasil, cuja finalidade maior foi unificar a administração do sistema.

Tributário nacional, especificamente no que tange à cobrança, arrecadação e

fiscalização de tributos federais, incluindo neste contexto as contribuições sociais,

pois a partir de então os auditores fiscais, tanto os do antigo INSS, quanto os da

antiga Receita Federal, passaram a ter competência tributária comum, ou seja, o

poder para fiscalizar, cobrar e autuar os contribuintes em geral seja fazendários

como do INSS.

Mas a realidade, depois de tantos anos de unificação, tem sido cruel, pois

os auditores fiscais oriundos do INSS foram na sua grande maioria alocados em

setores com deficiência de Recursos Humanos na área fazendária e a Receita

previdenciária está sendo subestiumada e colocada de lado, pois a fiscalização das

contribuições antes prioritária no INSS ficou em ultimo plano na RFB, e hoje de

forma irresponsável e criminosa é negligenciada e abandonada, pela falta de visão

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da sua importância tanto em potencial arrecadatório como pela sua finalidade

constitucional social.

Precisamos de forma emergencial fazer a apuração da queda da

fiscalização após a unificação, através de uma auditoria, e após exigir o fiel

cumprimento do tratamento à altura da fiscalização das contribuições

previdenciárias, na medida em que deve ser feito, em razão da sua importância

constitucional e social, e caso não o seja, devemos denunciar e tornar pública tal

ingerência.

RENUNCIAS DESVIOS E A DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS Estamos vivendo um período triste e cruel, pois os desvios orçamentários

advindos do não cumprimento dos preceitos constitucionais que, ocorre há décadas,

continuam e se enraizaram.

O impacto nos números da previdência social são significativos, quando

falamos na ação negativa do governo federal que abriu mão de mais de R$ 40

bilhões em receitas da Previdência Social em 2015 por conta de renúncias de

impostos concedidas ao bem prazer para as micro e pequenas empresas, entidades

filantrópicas e exportadores agrícolas.

A necessidade urgente de uma revisão das isenções concedidas pelo

governo é uma premissa a ser defendida, pois estas isenções trazem um rombo de

grandes proporções.

As renuncias atingem maciçamente o SIMPLES NACIONAL, pois

contempla cada dia mais empresas, pois se amplia em proporções absurdas e

irreais, sendo que se faz necessário rever isto e pensar em cobrar também dos

microempresários o seguro acidente de trabalho para financiar os benefícios

previdenciários referentes a acidentes, priorizando a segurança do trabalhador que

foi relaxada pelas empresas. E tem incentivada a informalidade.

Quanto às isenções as mesmas atingem as filantrópicas e deve ser

revista, pois a realidade das filantrópicas hoje está longe da filantropia no seu

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conceito original, pois as mesmas em sua grande maioria cobram pelos seus

serviços.

Quanto a renuncias as mesmas contemplam em grande parte os

exportadores agrícolas e muitas delas vendem para o exterior o que desvirtua a sua

finalidade original.

Esses descumprimentos que ocorrem, de forma corriqueira, por falta de

uma revisão, geram os desvios que resultam nas renúncias fiscais, na desoneração

e na desvinculação de receitas da Seguridade Social, que hoje através da DRU -

Desvinculação de Receitas da União, aprovada em 1994 em 20% e aumentada em

2016 para 30%, chegou ao máximo do abuso, pois busca roubar de forma legal o

que pertence a Seguridade Social, e desviar das sua finalidades constitucionais.

A DRU - Desvinculação de Receitas da União, nada mais é do que uma

prova de que o sistema previdenciário não é deficitário e sim superavitário, pois não

se justifica a retirada da DRU em 30%, se o governo afirma ser deficitário.

Este rombo consequência da renuncia a receitas já somam R$ 271

bilhões, e desse total, R$ 142,9 bilhões são recursos da seguridade social, conforme

dados do Ministério da Fazenda, em favor de empresas, e para atender o

denominado superávit primário, realiza o pagamento das dívidas públicas geradas

pelo Estado ao longo dos anos. caracterizando uma verdadeira inversão de valores,

pois empresas são beneficiadas e trabalhadores punidos.

DÍVIDAS NÃO COBRADAS

O governo Temer busca aprovar a PEC 257, a qualquer custo, mas

negligencia e despreza a verdade dos fatos e dos números. Ignora de forma

descarada a existência de uma dívida a ser cobrada que remonta R$ 426 bilhões, e

é de conhecimento público e significa em torno de três vezes o chamado déficit da

Previdência, estimado em R$ 149 bilhões de acordo com o Ministério da Fazenda.

O governo insiste em punir o trabalhador e não cumpre o seu papel

buscando de forma eficaz fazer a cobrança dessa dívida, que representa a soma

das contribuições descontadas dos salários dos trabalhadores e recolhidas pelas

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empresas, mas que não são repassadas ao Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS), caracterizando, entre outros o crime de apropriação indébita, mas que se

arrasta, favorecendo seus devedores.

De acordo com dados e estimativas da PGNF, 3% das empresas

devedoras correspondem por mais de 63% da dívida previdenciária. E dentre estes

devedores encontramos grandes companhias, diversos bancos públicos e privados,

como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, empresas

públicas, privadas, fundações, governos de Estados e prefeituras todos com dívidas

milionárias.

O que vemos diante deste impasse é que este governo não se empenha,

não tem nenhum interesse, e trata com descaso esta dívida, para favorecer seus

devedores, pois deste montante um índice ínfimo de 0,32% foi cobrado, o que

demonstra uma gestão pífia e incompetente.

O governo Temer não aparelha as Procuradorias, e as mesmas não

podem agir com eficácia e aperfeiçoar a cobrança de mais de 50% do estoque de

dívidas da Previdência que são de fácil recuperação pelo governo federal.

Precisamos exigir transparência e uma auditoria para que possamos

cobrar de forma contundente que o estado cumpra o seu papel e aja de forma mais

eficaz nestas cobranças, e caso continue neste ínterim, devemos denunciar este

governo pela ingerência fiscal.

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CONCLUSÃO

O direito da seguridade do social foi inserido na Constituição Brasileira de

1988 após o sacrifício e intensas lutas da classe trabalhadora e da sociedade em

geral.

Estes dispositivos são elencados no art. 195 da Constituição Federal de

1988 que descreve, dentre outras coisas, que o empregador, o trabalhador e o

próprio Estado têm a responsabilidade de manter a seguridade social.

O Estado aventa essa falácia em torno da existência de um déficit da

previdência social, que nada mais é do que uma manobra do próprio governo para

justificar suas reais intenções.

Este trabalho tem como objetivo expor de forma simples e clara que a

Previdência Social não é deficitária e o governo mente manobra e manipula dados

contra toda a sociedade, a fim de prová-la uma PEC cujos objetivos são atender ao

mercado financeiro e não o trabalhador brasileiro.

A Previdência social merece respeito e exige respeito, e cabe a cada um

de nós denunciarmos esta ingerência do governo Temer ao remeter para o

Congresso Nacional a PEC 257 para prejudicar o cidadão brasileiro.

O cidadão brasileiro, diante deste contexto, é o principal prejudicado, haja

vista que deixa de gozar dos direitos e garantias expressos na Carta Magna, tais

como, salário justo, moradia, emprego e, dentre outros, educação de qualidade.

Assim sendo, temos que agir e de forma mais contundente, pois estamos

lidando com direitos e com vidas humanas e todos tem que ser respeitados e para

tanto sugerimos as seguintes ações de forma imediata.

Não podemos ficar eternamente nesta luta desigual, tendo como inimigo

um governo que se sente dono do pais, dos seus direitos e da vida do cidadão e não

se comporta como um gestor público, e nossos representantes no Congresso

Nacional que se esquecem de seus eleitores e dos prejuízo que essa PEC 257 trará

para toda a sociedade, cujas consequências são irreparáveis e irreversíveis.

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AÇÕES 1- Arquivamento da PEC 257 pelas inconsistências e ausência de exposição

de motivos técnicos e atuariais;

2- Denuncia pública das ações conjuntas do governo e das lideranças do

Congresso Nacional, pois caracterizam irresponsabilidades do Executivo e do

legislativo desse país contra toda a sociedade brasileira, ao negociar cargos

para a aprovação da PEC 257;·.

3- A apuração da queda da fiscalização após a unificação, através de uma

auditoria, e após exigir o fiel cumprimento do tratamento à altura da

fiscalização das contribuições previdenciárias, na medida em que deve ser

feito, em razão da sua importância constitucional e social, e caso não o seja,

devemos denunciar e tornar pública tal ingerência;

4- Revisão das isenções, das renuncias concedidas pelo governo, e o fim da

DRU - Desvinculação de Receitas da União;

5- Transparência e uma auditoria para que possamos cobrar de forma

contundente que o estado cumpra o seu papel e aja de forma mais eficaz nas

cobranças das dívidas não cobradas, e caso continue neste ínterim, devemos

denunciar este governo pela ingerência fiscal.

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BIBLIOGRAFIA

• CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL DE 1988

• BALERA, Wagner; FERNANDES, Thiago D’Ávila. Sistema de Seguridade

Social. São Paulo: Ler, 2015,

• FAGNANI, Eduardo. Mudança na Previdência prejudica trabalhadores

para favorecer, capital. 2016.

• FRENTE PARLAMENTAR MISTA EM DEFESA DA PREVIDENCIA

SOCIAL – DESMISTIFICANDO O DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA

• FUNDAÇÃO ANFIP/ANFIP, ANÁLISE DA SEGURIDADE SOCIAL 2015,

09/2016 16ª Edição.

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TESE Nº 8

ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXVI CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

DIRETRIZES PARA ATUAÇÃO DA ANFIP

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS

1. Defesa intransigente do princípio constitucional da paridade entre servidores

ativos e inativos, com manutenção das Emendas Constitucionais que

garantam estes direitos;

2. Luta constante e incondicional pela consolidação das prerrogativas, direitos

e conquistas dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil;

3. Trabalho incessante e profissional pela agilização da execução e pagamento

das ações judiciais transitadas em julgado, com pagamento em curto prazo

das parcelas incontroversas;

4. Formulação de propostas e estudos envolvendo a reforma tributária, na

direção da equidade, do equilíbrio, da redução da carga tributária e da

justiça fiscal;

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5. Prioridade na atuação em defesa da Seguridade Social, da Previdência

Social e de todo o sistema de proteção social brasileiro;

6. Trabalho incessante pela recuperação das perdas salariais da categoria,

como um todo, em especial na manutenção de remuneração digna de

integrantes de Carreira de Estado.

7. Atuação parlamentar proativa em defesa da regulamentação do Direito de

Greve do servidor público e da negociação coletiva, nos termos da

Convenção 154, da Organização Internacional do Trabalho;

8. Aperfeiçoamento das formas assistenciais, melhoria do atendimento e

consolidação dos planos de saúde ofertados ao quadro social, permitindo

maior qualidade na assistência médica e odontológica, a custos razoáveis;

9. Ampliação dos convênios e prestações de serviço nas áreas de venda de

veículos, seguros, turismo, farmácias, assistência jurídica e atendimento em

geral que facilitem a vida dos associados; e

10. Atuação participativa e integrada ao movimento dos trabalhadores da

iniciativa privada e do serviço público, ativos e inativos, combatendo

propostas restritivas de direitos destes trabalhadores.

Brasília (DF), maio de 2017.

AUTOR VILSON ANTONIO ROMERO Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil Porto Alegre - RS Siape 0926034 Fone: (51) 99815788 E-mail: [email protected]

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TESE 9

ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXVI CONVENÇÃO NACIONAL

TESE PRIORIDADE À REFORMA TRIBUTÁRIA

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS ENUNCIADO: O autor propõe que a ANFIP constitua Grupo de Trabalho supra-associativo para

formular propostas e contribuir para o debate direcionado ao aperfeiçoamento da

estrutura tributária brasileira, com enfoque na justiça fiscal e social.

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ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXVI CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

PRIORIDADE À REFORMA TRIBUTÁRIA

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS INTRODUÇÃO: A Constituição Federal completa neste ano 29 anos de existência. De 1988 até o

momento atual, foram editadas 95 Emendas Constitucionais e mais de 5,2 milhões

de normas, o que representa cerca de 764 regras por dia útil, entre leis, medidas

provisórias, instruções normativas, emendas constitucionais, decretos, portarias,

instruções normativas, atos declaratórios, entre outras.

O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação

(IBPT), que detectou que no que diz respeito à matéria tributária, foram editadas

352.366 normas, a maioria exigente em excesso, e responsável por exaurir os

contribuintes, confundindo-os e exigindo de pessoas físicas e jurídicas um trabalho

infinito para a compreensão e o cumprimento de todas as regras.

Segundo o estudo, neste período, foram criados inúmeros tributos, entre eles:

Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF); Contribuição para

o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); Contribuição de Intervenção no

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Domínio Econômico (Cide); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

Programa de Integração Social Importação (PIS Importação); Cofins Importação; e

Imposto sobre Serviços Importação, além da Contribuição Previdenciária sobre a

Receita Bruta (CPRB).

Segundo especialistas, “a legislação brasileira, especialmente a tributária, é um

verdadeiro pandemônio, que atormenta a vida do cidadão, inibe investimentos e

torna insegura a atividade empresarial”.

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DESENVOLVIMENTO: No âmbito federal, foram editadas 161.582 normas desde a promulgação da

Constituição Federal, o que representa cerca de 16,39 normas federais por dia ou

23,55 normas federais por dia útil nestes 27 anos. Já os estados foram responsáveis

por publicar 1.363.073 normas e os municípios 3.717.259 legislações. Dessas,

30.680 são normas tributárias federais; 103.867 estaduais e 217.819 das cidades. E neste cipoal normativo, cada vez mais se agravou a guerra fiscal num manicômio

tributário que abrange as três esferas de governo.

Sempre houve iniciativas, propostas, grupos de trabalho que se dedicaram a analisar

o tema e formular alternativas.

Mais recentemente, podemos registrar a iniciativa do Centro de Cidadania Fiscal

(CCiF) cujo foco é encontrar consenso para uma tributação mais racional para

facilitar a atuação das empresas e também mais progressiva.

Na avaliação do CCiF “o sistema tributário brasileiro se tornou totalmente

disfuncional e está roubando muitos pontos do PIB”. Por conta da complexidade, do

enorme contencioso tributário, que gera insegurança jurídica. Há ainda o custo de

pagar imposto, e não estou falando do valor dos impostos: só para conseguir apurar

e pagar há um custo enorme por conta das grandes distorções que o sistema

tributário provoca.

Os especialistas da instituição reconhecem que, na maior parte dos países do

mundo, os bens e serviços são alcançados por um imposto sobre valor adicionado, o

IVA.

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No Brasil há quatro: IPI, PIS/Cofins, ICMS e ISS. Desta forma, se encontra em

elaboração uma proposta de mudança gradativa na estrutura tributária.

Ao mesmo tempo, temos a iniciativa desenvolvida na Comissão Especial da

Reforma Tributária, criada em julho de 2015, no âmbito da Câmara do Deputados

que já realizou audiências públicas, promoveu seminários e debates e hoje há um

relatório divulgado.

Inicialmente sobre o comando do deputado federal Hildo Rocha (PMDB/MA), com

relatoria do deputado federal André Moura (PSC/CE), depois substituído pelo

deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), a Comissão ainda não deliberou

sobre o parecer apresentado.

Entre as mudanças estão a extinção e unificação de tributos e a criação de uma

nova contribuição sobre movimentação financeira.

A ideia de Hauly é dividir a reforma em dois tempos: em um primeiro momento,

serão feitas as mudanças constitucionais, que não alteram o montante arrecadado.

Depois, serão feitas as modificações nas leis complementares, que é onde se tratará

das alíquotas dos tributos.

O parlamentar também defende a criação de um novo tributo nos moldes da CPMF e

disse que parte da arrecadação poderá ser utilizada para a Previdência Social.

O projeto apresentado por Hauly prevê a extinção do ISS, ICMS, IPI, PIS, Cofins,

CIDE e Salário Educação e, em troca, seriam criados o Imposto sobre Valor

Agregado (IVA) e o Imposto Seletivo Monofásico. Esse último incidiria sobre setores

específicos, como energia elétrica, combustíveis, transportes,

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cigarros, bebidas, veículos, comunicações, minerais, autopeças, eletroeletrônicos e

eletrodomésticos.

Além disso, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido será fundida com o Imposto

de Renda. Uma nova contribuição sobre movimentação financeira (Cofins)

substituirá o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e as contribuições

previdenciárias de empregados e empregadores teriam a alíquota reduzida,

compensada com a arrecadação da nova contribuição.

Não haveria mudanças nos tributos que incidem sobre a propriedade (IPTU, ITR,

IPVA, ITCMD e ITBI), mas as alíquotas serão uniformizadas.

O relator propõe ainda a criação de uma "Super Receita Estadual", que seria

responsável pela arrecadação do novo IVA, que seria cobrado no destino e

repassado aos Estados por meio de créditos financeiros, acabando com a guerra

fiscal.

Por aí se percebe que temos amplo campo de debate sobre assunto que afeta a

vida de todos os cidadãos, em especial, dos contribuintes pessoas físicas e jurídicas

e administração tributária como um todo.

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXVI CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

PRIORIDADE À REFORMA TRIBUTÁRIA

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS CONCLUSÃO: Como se percebe, pelo apresentado, há que, efetivamente conciliar interesses de

proponentes, entes federativos, contribuintes pessoas físicas e jurídicas.

Por todas as razões expostas, o autor defende que o Plenário da XXVI Convenção

Nacional da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil

autorize o Conselho Executivo a constituir um Grupo de Estudos Especial supra-

associativo, integrado por representações de contribuintes (entidades

representativas e empresariais, autoridades tributárias, parlamentares, tributaristas e

representantes da academia) com o especial fito de, num prazo máximo de 180 dias,

integrar ou auxiliar a integração dos diversos interesses envolvidos e propostas em

debate, na busca de avançar na formulação de alternativas sobre a matéria. AUTOR VILSON ANTONIO ROMERO Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil Porto Alegre - RS Siape 0926034 Fone: (61) 981174488 E-mail: [email protected]

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TESE Nº 10

ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA

FEDERAL DO BRASIL

XXVI CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

DEFESA DA REONERAÇÃO DA FOLHA DE SALÁRIOS

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS ENUNCIADO:

O autor propõe que a ANFIP e os Auditores-Fiscais defendam as iniciativas que

visem à reoneração da folha de salários, reduzindo os efeitos nefastos da política

implementada desde 2011, que altera a forma de tributação sobre a massa salarial,

impactando os recursos destinados ao pagamento de benefícios do Regime Geral

de Previdência Social.

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ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXIII CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

DEFESA DA REONERAÇÃO DA FOLHA DE SALÁRIOS

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS INTRODUÇÃO:

O governo federal colocou em prática ao longo dos últimos anos uma das medidas

mais reivindicadas pelos setores empresariais: a desoneração da folha de salários,

substituindo a contribuição sobre este fato gerador pela contribuição sobre a receita

bruta.

Até o presente momento, dezenas de setores empresariais são beneficiados pela

possibilidade de recolher as contribuições previdenciárias sobre a receita bruta, num

evidente movimento de redução de custos e simplificação da sua base arrecadatória.

Porém, esta política tem dois focos perniciosos: o primeiro, ao gerar um desequilíbrio

nas contas do programa social previdenciário, pelo não aporte imediato ou reposição

célere dos valores reduzidos na arrecadação direcionada ao pagamento de

aposentadorias, pensões e outros benefícios através do Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS).

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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O segundo, pelo volume expressivo da renúncia previdenciária ou gasto tributário na

arrecadação tributária federal, já constatado pelos próprios órgãos governamentais.

E terceiro, por esta política não trazer nenhuma modalidade ou exigência de

contrapartida por parte do empresariado para manter o nível de formalidade no

emprego ou atingimento de metas de registro em carteira, com efeitos imediatos na

massa salarial, principal fonte de financiamento das políticas de seguro social.

No desenvolvimento deste trabalho, refutamos a mudança, que, no nosso entender,

em nada ou muito pouco contribui para a redução da paquidérmica carga tributária

brasileira, além de agravar o desequilíbrio financeiro no fluxo de caixa do Instituto

Nacional do Seguro Social (INSS).

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXIII CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

• DEFESA DA REONERAÇÃO DA FOLHA DE SALÁRIOS

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS DESENVOLVIMENTO:

Com o objetivo de alavancar o crescimento econômico e enfrentar a crise econômica

mundial, o Governo Federal instituiu o Plano Brasil Maior para incentivar o ganho de

produtividade na indústria, desenvolvimento da tecnologia nacional e incremento do

comércio exterior.

As medidas adotadas no bojo do Plano foram anunciadas em duas oportunidades,

em agosto de 2011 e em abril de 2012. Dentre elas, encontram-se as medidas de

desoneração da folha de pagamentos.

Em 2 agosto de 2011 foi publicada a Medida Provisória n° 540. Dentre outras

determinações, a MP alterou a incidência das contribuições previdenciárias,

restringindo-se, quanto a isto, aos setores de Tecnologia da Informação, Tecnologia

da Informação e Comunicação, confecções, calçados e móveis.

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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Com as alterações introduzidas pela MP n° 540/2011, a Contribuição de Seguridade

Social à carga da empresa, com alíquota de 20% sobre o total das remunerações

pegas, devidas ou creditadas a qualquer título aos segurados ou trabalhadores

avulsos que lhe prestem serviços (Lei n° 8.212/1991, art. 22, inc. I e III), teve seu

cálculo alterado, passando sua base a ser a receita bruta e a alíquota a ser

determinada de acordo com o setor de atividade econômica considerado, podendo

ser de 2,5% ou 1,5%, conforme o caso.

Em 14 de dezembro de 2011, já no bojo do segundo pacote de medidas anunciadas

para a implementação do Plano Brasil Maior, foi publicada a Lei n° 12.546 que

convertia a MP n° 540 em norma permanente do legislativo. Dentre outras previsões,

a Lei n° 12.546 - e suas alterações posteriores - ampliou o programa de

desoneração da folha de pagamentos para outros setores da economia, instituindo

alíquotas de 1 ou 2% sobre a receita bruta de acordo com a área de atuação das

empresas atingidas pela medida.

Dentre os setores incluídos no programa de desoneração da folha encontra-se o de

construções civil pesada (art. 7º, inc. VII), com uma alíquota prevista em 2%.

A desoneração da folha de pagamentos não foi adotada como medida facultativa

para as empresas, mas sim obrigatória. Trata-se, na verdade, da alteração na base

de cálculo e na alíquota da Contribuição de Seguridade Social. Com efeito, a base

de cálculo transfere-se das folhas de pagamentos para a receita bruta das empresas

e a nova alíquota instituída, no caso das empresas de construção civil pesada, é de

2%.

Regramento no âmbito da RFB

A Lei 12.546, de 14 de dezembro de 2011, instituiu a denominada "Desoneração da

Folha de Pagamento", que substitui a cota patronal incidente sobre a folha de

pagamento de salários pela receita bruta ajustada.

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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Referida desoneração foi regulamentada e normatizada pelo Decreto 7.828/2012 e

pela Instrução Normativa RFB 1.436/2013.

Com isto, a partir de 01.12.2015, por força da Lei 13.161/2015, a aplicação da

desoneração seria facultativa, ou seja, o contribuinte poderia escolher qual forma de

tributar a folha é mais em conta, se pela forma tradicional (contribuição sobre a folha

de pagamento) ou se pela forma desonerada (contribuição sobre a receita).

Forma de Opção A opção pela tributação substitutiva será manifestada mediante o pagamento da

contribuição incidente sobre a receita bruta relativa a janeiro de cada ano, ou à

primeira competência subsequente para a qual haja receita bruta apurada, e será

irretratável para todo o ano calendário.

Excepcionalmente, para o ano de 2015, a opção pela tributação substitutiva foi

manifestada mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a receita bruta

relativa a dezembro de 2015, ou à primeira competência subsequente para a qual

haja receita bruta apurada, e será irretratável para o restante do ano.

Atividades com Alíquotas Distintas A opção pela tributação, no caso de empresas que contribuem simultaneamente

com as contribuições previstas com alíquotas diferenciadas, valeu para todas as

contribuições, e não foi permitido à empresa fazer a opção apenas com relação a

uma delas.

Obras de Construção Civil Para as empresas do setor de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432,

433 e 439 da CNAE 2.0, a opção deu-se por obra de construção civil e foi

manifestada mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a receita bruta

relativa à competência de cadastro no CEI ou à primeira competência subsequente

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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para a qual haja receita bruta apurada para a obra, e seria irretratável até o seu

encerramento.

Atividades com Alíquotas Distintas No caso de empresas que se dediquem a atividades ou fabriquem produtos sujeitos

a alíquotas sobre a receita bruta diferentes, o valor da contribuição foi calculado

mediante aplicação da respectiva alíquota sobre a receita bruta correspondente a

cada atividade ou produto.

Reavaliação Em 2014, o governo avaliou a redução dos custos produtivos das empresas e a

oportunidade de expansão de postos de trabalho em razão das medidas de

desoneração da folha de pagamento. Existiam, na oportunidade, 56 setores e

segmentos beneficiados pelas medidas de desoneração da folha de pagamento

adotadas pelo governo.

Começou-se então a surgir especulações de que setores mercado estariam se

preparando para serem excluídos dos benefícios da desoneração.

Já estava consolidada a situação trazida pela Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de

2011, também constituída de duas medidas complementares. Em primeiro lugar, o

governo estava eliminando a contribuição previdenciária sobre a folha e adotando

uma contribuição previdenciária sobre a receita bruta (CPRB) das empresas

(descontando as receitas de exportação), em consonância com o disposto nas

diretrizes da Constituição Federal.

Em segundo lugar, essa mudança de base da contribuição contemplava uma

redução da carga tributária dos setores beneficiados, porque a alíquota sobre a

receita bruta foi fixada em um patamar inferior àquela alíquota que manteria

inalterada a arrecadação – a chamada alíquota neutra.

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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A desoneração não alcançava todas as empresas, apenas as que se enquadraram

nas atividades econômicas ou que fabricarem produtos industriais listados na

legislação.

De toda a sorte, se percebeu que, apesar de haver determinação de imediata

recomposição dos eventuais gastos tributários com a substituição da forma

contributiva, surgiram inúmeros obstáculos, inclusive dificultando o trabalho de

auditoria fiscal exercido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Segundo o que consta do Anexo IV da Lei de Diretrizes Orçamentárias há previsão

de gastos tributários da ordem de R$ 17 bilhões para 2017 e de R$ 18,63 bilhões

para 2018.

Valores por demais expressivos que comprometem efetivamente o volume de

recursos destinados ao seguro social brasileiro, diante das anunciadas dificuldades

de financiamento do sistema.

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

XXIII CONVENÇÃO NACIONAL

TESE

DEFESA DA REONERAÇÃO DA FOLHA DE SALÁRIOS

AUTOR: VILSON ANTONIO ROMERO ESTADO: RS CONCLUSÃO: Por todas as razões expostas, o autor defende que o Plenário da XXVI Convenção

Nacional da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil

defenda a integridade dos recursos destinados ao pagamento das aposentadorias e

demais benefícios mantidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),

refutando formas de contribuição que somente onere as contas previdenciárias, sem

contrapartidas de manutenção dos níveis de emprego.

Da mesma forma, a entidades e seus associados devem utilizar todos os

instrumentos ao seu dispor para esclarecer parlamentares e sociedade em geral

sobre os efeitos perniciosos da desoneração da folha de salários ao equilíbrio do

sistema de previdência social que se pretende pública e solidária.

AUTOR VILSON ANTONIO ROMERO Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil Porto Alegre - RS Siape 0926034 Fone: (61) 981174488 E-mail: [email protected]

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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TESE Nº 11

Título: Educação Fiscal na Base Nacional Comum Curricular Autora: Zaira Ramos Benítez Estado: Santa Catarina

ENUNCIADO

Este estudo trata do envolvimento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da

Receita Federal do Brasil (ANFIP) com a criação de Grupos de Estudo na

elaboração da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do

Ensino Infantil e Fundamental, no que se refere à Educação Fiscal como tema

transversal a ser trabalhado nas disciplinas obrigatórias, de modo a contribuir na

defesa e consolidação deste importante programa, formando cidadãos mais

conscientes e participantes na construção dos destinos da Sociedade.

INTRODUÇÃO

O objetivo principal desta tese é o envolvimento da Associação Nacional dos

Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP) , reconhecida como entidade

forte, inovadora e efetiva na preservação e ampliação de direitos e conquistas, na

elaboração da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do

Ensino Infantil e do Fundamental, no que se refere à Educação Fiscal como tema

transversal a ser trabalhado nas disciplinas obrigatórias, criando grupos específicos

de estudo. Esta ação é de suma importância, porque salta aos olhos o profundo

desconhecimento da população brasileira no que se refere à importância dos

tributos, qual sua destinação, a importância do controle social dos gastos públicos e

da eficácia e transparência na aplicação de recursos, muito embora esta situação

não seja novidade para Órgãos e Autoridades competentes, que há muito vêm

debatendo esta problemática, empreendendo milhares de ações em diversas

esferas da sociedade por meio de inúmeros instrumentos. Mais especificamente,

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

CADERNO DE TESES - XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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desde o CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária), de 1997 que aprovou

a criação do Grupo de Educação Fiscal- GEF, (oficializado em 1998) no Ministério da

Fazenda, que tem promovido e coordenado as ações necessárias à elaboração de

um programa nacional permanente de educação fiscal e acompanhado as atividades

do Grupo de Educação Fiscal nos Estados. Entre 2005 e final de 2009 as atividades

foram conduzidos pela Fundação Getúlio Vargas. A partir de então foi criado o

Programa de estudos da ESAF - (Escola Superior de Administração Fazendária) no

Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros (FFEB). Neste contexto, entre outras ações já

foram realizados concursos de monografia sobre o tema, programas de pesquisa,

diversos fóruns, prêmios de desenvolvimento, elaboração de cadernos de finanças

públicas, observatório de política fiscal, apoio a diversos projetos escolares, páginas

na internet, cartilhas, eventos musicais, eventos com escoteiros, criação do

leãozinho com histórias para compreensão das crianças, diversos grupos de estudo,

núcleos especializados, entre outros. Desse modo, mesmo reconhecendo que muito

tem sido feito no que tange à Educação Fiscal, que paulatinamente vem modificando

esta realidade, e que os resultados obtidos até agora com tanto esforço sejam

louváveis, nada se compara ao resultado global e efetivo que se obterá quando a

Educação Fiscal efetivamente fizer parte da Base Nacional Comum Curricular

(BNCC). Cabe ressaltar que acordo com especialistas na área do estudo cognitivo, é

de suma importância aproveitar as janelas de oportunidades do aprendizado, já que

os primeiros anos do desenvolvimento humano estabelecem a arquitetura básica e a

função do cérebro. Enfim, não há dúvida de que a introdução do ensino nas escolas

do programa de consciência tributária é fundamental para despertar nos jovens a

prática da cidadania, o respeito ao bem comum e a certeza de que o bem-estar

social. É realmente incontestável que a educação é a principal estratégia para a

formação de um cidadão com estrutura intelectual para fazer face às exigências do

pluralismo social e político. Ora, se dentre as funções do Estado, cabe à educação

garantir às novas gerações o domínio da sua cultura, como processo de

apropriação, nada mais sábio que os agentes governamentais envolvidos instituam

definitivamente o tema Educação Fiscal como prática pedagógica implantada de

forma permanente, no sistema educacional, preparando os pequenos brasileiros

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para uma nova cidadania, os quais necessitam de familiarização com as contas

públicas, bem como conhecer e julgar as ações dos governantes, no que se refere

aos erros e acertos na gestão de recursos públicos. Neste contexto e momento tão

gratificante para a educação brasileira, nada mais pertinente do que a ANFIP deixar

sua marca registrada nesta importante consolidação, já que esta nobre entidade tem

como missão a ampliação de direitos e conquistas na construção de uma sociedade

justa, desenvolvida e solidária.

DESENVOLVIMENTO

1 - A Práxis Pedagógica

Práxis pedagógica pressupõe as ações e práticas de ensino, em que o professor

coloca seus saberes em ação com o fim de transformar o meio, bem como aqueles

que estão nele inseridos, possibilitando deste modo o elo entre humanização e

educação. O grande educador Paulo Freire aprofunda o conceito de práxis no

universo pedagógico, como sendo a capacidade do sujeito de atuar e refletir, isto é,

de transformar a realidade de acordo com as finalidades delineadas pelo próprio ser

humano. Para ele, a educação, está ligada às concepções de consciência e

conscientização, criticidade, prática da liberdade, dialogicidade, politicidade e

cognoscibilidade. Assim sendo, todos estes atributos elencados por Paulo Freire são

ideais para despertar o interesse das crianças para a importância dos tributos e a

necessidade de fiscalizar sua correta aplicação. Ora, logo, é obrigação do Estado

compartilhar estes conhecimentos e interagir com a sociedade sobre a origem,

aplicação e controle dos recursos públicos.

Uma das origens da debilidade da educação formal brasileira, é que desde a

expansão do pós-guerra até hoje, o governo do Brasil centrou seus investimentos na

educação superior em detrimento da assistência aos ensinos básico e médio. Nos

dias atuais, há um esforça para melhorar a educação pública oferecida em fases

anteriores e buscar manter os padrões mais altos das universidades públicas.

Outro fato a destacar é que quando as escolas se voltam para a preparação do

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educando para o mundo produtivo acabam por se perderem em prol de outros

interesses, que não o do alargamento cultural e da formação da cidadania. De fato,

existem muitas controvérsias quanto aos os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) que muitas vezes deixam a desejar ou revelam questões dúbias quanto à

contextualização. Outro ponto negativo é que muito do que se promete não é

colocado em execução, como também uma carga curricular ampla e pesada, que

acaba por resultar desinteressante e cansativa. Na verdade Os PCNs trazem em

seu bojo uma reforma curricular em que alguns aceitam e outros rejeitam. No

entanto, o que mais importa é pensar a respeito, debater, procurar novas

propostas e torná-las produtivas e eficazes na vida escolar.

A educação brasileira é regulamentada pelo Governo Federal através do Ministério

da Educação (MEC) , que define os princípios orientadores da organização de

programas educacionais. Os governos locais são responsáveis por estabelecer

programas educacionais estaduais e seguir as orientações utilizando os

financiamentos oferecidos pelo Governo Federal. O Conselho Federal de Educação

define uma grade curricular .A Lei 9.394 de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, de 20 de dezembro de 1996 (LDB 9.394/96) de 20 de dezembro de 1996

é a que estabelece a finalidade da educação no Brasil, como esta deve estar

organizada, quais são os órgãos administrativos responsáveis, quais são os níveis e

modalidades de ensino, entre outros aspectos em que se define e se regulariza o

sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição.

São estes os órgãos responsáveis pela educação, nos níveis federal, estadual e

municipal, são:

Ministério da Educação (MEC)

Conselho Nacional de Educação (CNE).

Secretaria Estadual de Educação (SEE),

Conselho Estadual de Educação (CEE),

Delegacia Regional de Educação (DRE) ou Subsecretaria de Educação.

Secretaria Municipal de Educação (SME)

Conselho Municipal de Educação (CME).

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A Educação Básica(Constituição Federal e LDB –Lei 9.394/96) é obrigatória e

gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade

Pré-escola – educação infantil (creche – 0 a 3 anos e pré-escola até 5 (cinco)

anos de idade

Ensino Fundamental – duração de 9 (nove) anos iniciando-se aos 6 (seis)

anos de idade até 14 anos

Ensino médio – duração mínima de três anos (15 aos 17 anos) –

Cabe, neste contexto, incluir os Temas Transversais, já que aparecem como forma

de trabalho. Eles caracterizam-se por um conjunto de assuntos que aparecem

transversalizados em áreas determinadas do currículo, constituindo-se na

necessidade de um trabalho mais significativo e expressivo de temáticas sociais na

escola. Os temas transversais atuam como eixo unificador, em torno do qual

organizam-se as disciplinas, devendo ser trabalhados de modo coordenado e não

como um assunto descontextualizado nas aulas. São constituídos pelos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN's) e compreendem seis áreas: Ética , Meio Ambiente ,

Saúde , Pluralidade Cultural Trabalho e Consumo . Os temas transversais

expressam conceitos e valores básicos à democracia e à cidadania e obedecem a

questões importantes e urgentes para a sociedade contemporânea. Na verdade,

não são disciplinas autônomas, mas temas que permeiam todas as áreas do

conhecimento, e estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas

comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São

temas que envolvem um aprender na realidade, buscando igualmente interferir nesta

realidade, com o fim de transformá-la. O que importa na verdade é que os os alunos

possam construir significados e dar sentido ao que aprendem. Com efeito, o papel

da escola ao trabalhar temas transversais é facilitar e integrar as ações através da

interdisciplinaridade e transversalidade, buscando não fragmentar em blocos rígidos

os conhecimentos, para que a Educação realmente constitua o meio de

transformação.

TESES XXVI Convenção Nacional – maio/2017

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2 - Educação Fiscal & Cidadania

A Educação Fiscal trata da compreensão do que é o Estado, suas origens, seus

propósitos e importância e se expressa como um desafio educacional

contemporâneo de grande relevância, considerando sua abordagem sobre aspectos

presentes na vida cotidiana dos educadores e educandos e do controle da

sociedade sobre o gasto público, através da participação de cada cidadão,

concorrendo para o fortalecimento do ambiente democrático. Portanto, o

conhecimento da questão dos impostos permite o fomento da cidadania,

proporcionando os conhecimentos e habilidades que capacitam a compreensão do

mundo e a atuação consistentemente na melhoria da realidade social, constituindo-

se em um processo educacional que norteia a construção de um sistema tributário

mais harmônico e mais justo . O fato é que sem o pagamento dos impostos, torna-

se impossível a realização dos próprios direitos fundamentais: não há como

imaginar uma sociedade sem impostos. Porém, para que ocorra uma efetiva

mudança de comportamento na sociedade, com o despertar da consciência de

cidadania, torna-se imprescindível uma ação educativa permanente e sistemática,

voltada para o desenvolvimento de hábitos, atitudes e valores, com a participação

individual e coletiva dos cidadãos com ações concretas de intervenção nas práticas

sociais. Daí, a importância de estabelecer uma relação dialógica entre o Estado e a

sociedade civil, já que cabe ao Estado garantir educação às novas gerações e o

domínio da sua cultura.

3- Programa de Educação Fiscal coordenado pela Escola de Administração Fazendária (ESAF)

Diante da complexidade e das exigências social e política, a educação emerge

como a principal estratégia para a formação de um cidadão. O Programa Nacional

de Educação Fiscal (PNEF) tem por objetivo sensibilizar os cidadãos quanto à

importância e o papel dos tributos na sociedade e economia, bem como quanto à

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relevância do controle social dos gastos públicos e da transparência na aplicação

dos recursos. O Programa de estudos Esaf - Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros

(FFEB) resultou da acolhida de proposta apresentada pelo FFEB à Esaf no final de

2009. Entre 2005 e 2009 o programa foi conduzido pela Fundação Getúlio Vargas A

partir de 2010, o programa de Educação Fiscal passou a ser coordenado pela ESAF,

que juntamente com o Ministério da Educação coordenam o programa, em parceria

com a Secretaria da Receita Federal do Brasil, Secretarias Estaduais de Fazenda e

de Educação, Prefeituras, Secretaria do Tesouro Nacional e Controladoria Geral da

União. Assim, passaram a promover, realizar e divulgar estudos sobre temas ligados

às finanças públicas, fortalecendo as relações federativas no Brasil, bem como

aprofundando o conhecimento sobre os temas de interesse para apoio às

Secretarias da Fazenda, Finanças e Tributação dos Estados e do Distrito Federal.

Além disso, passou a apoiar a formação e desenvolvimento de assessorias de

estudos fiscais nas secretarias da Fazenda, finanças e tributação dos Estados e do

Distrito Federal por meio da promoção de estudos e pesquisas sobre tópicos

considerados relevantes, identificados a partir de levantamento conjunto com o

Fórum dos Estados. Sem dúvida, a ESAF possui as condições essenciais para

instrumentalizar os estudos solicitados pelo Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros,

tanto do ponto de vista pedagógico quanto metodológico, promovendo o diálogo, a

cooperação e o intercâmbio de experiências entre os Estados e a União em

questões de grande importância para o Brasil, e consequentemente fortalecer a

criação e a transmissão do conhecimento. Uma das diretrizes do PNEF é a

educação, com o exercício de uma prática educativa na perspectiva de formar um

ser humano socialmente consciente. E seguindo esta diretriz a Educação Fiscal

inclui as crianças, orientando e direcionando para o conhecimento desta área.

Desde a criação do PNEF diversas ações já foram implementadas nos estados

brasileiros objetivando a divulgação e o estímulo a prática da cidadania. Neste

sentido, o Ministério da Fazenda e o Ministério da Educação, alinhados com o

pensamento dominante na maioria dos estados brasileiros decidiram pela

implantação deste movimento nacional do poder público brasileiro nos três níveis do

governo, atuando como pólo gerador de conhecimentos em educação fiscal,

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promovendo diversas ações, além de contribuir para a consolidação definitiva da

Educação Fiscal na prática pedagógica implantada de forma permanente, no

sistema educacional do país e no centro das discussões que permeiam a sociedade

civil.

4 - Educação fiscal & Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

O Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF), a Escola de Administração

Fazendária (ESAF), entre outros órgãos governamentais e entidades parceiras do

programa, são os responsáveis pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do

Ensino Infantil e do Fundamental, que estabelece conteúdos e competência

essenciais. Em síntese, é o que todo estudante deve saber na educação básica,

incluindo a Educação Fiscal como um dos temas transversais a ser trabalhado em

todas as disciplinas obrigatórias. Deste modo, os currículos vão estar alinhados com

a nova Base, de modo a cumprir as diretrizes gerais que compõe as etapas de

aprendizagem e que devem ser seguidas por todas as escolas. Após a entrega da

Base ao Conselho Nacional de Educação (CNE), este realizará audiências dentro

do CNE objetivando a homologação. Portanto, é condição sine qua non que os

currículos estejam sintonizados com a nova BNCC, cumprindo as diretrizes gerais

que consagram as etapas de aprendizagem que devem ser seguidas por todas as

escolas. Está previsto para meados do segundo semestre deste ano a conclusão da

avaliação do documento. A definição de uma base comum curricular é uma das

estratégias que constam no Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 13.005/2014.

O PNE estabelece metas e estratégias para os próximos dez anos, de modo a

melhorar a educação. A proposta preliminar da BNCC está sendo construída por

uma comissão de 116 especialistas que será colocada para consulta. Depois de

consolidada, a proposta da base será enviada ao Conselho Nacional de Educação

(CNE) para avaliação, e posterior homologação e implementação. Uma vez

aprovada pelo Conselho e homologada pelo MEC, a BNCC será referência

obrigatória nos currículos das 190 mil escolas públicas e particulares do país. A

BNCC entrará nas salas de aula por meio dos currículos, com dois anos de prazo

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para implementação. Haverá uma Base e muitos currículos, já que estados,

municípios e o Distrito Federal manterão sua autonomia, o que significa que poderão

acrescentar conteúdos e competências. O próximo passo é a Base passar por um

processo de avaliação dentro do Conselho Nacional de Educação (CNE) , mas

estará aberta às contribuições da sociedade. Com este intuito serão realizadas

cinco audiências públicas, uma em cada região do Brasil, de junho a setembro. O

que se espera é que a Base Nacional Comum Curricular ajude a superar a

fragmentação das políticas educacionais, propicie o fortalecimento do regime de

colaboração entre as três esferas de governo e contribua para melhoria da qualidade

da educação, garantindo o direito do aluno a aprender e a se desenvolver, abrindo

um leque maior de opções para uma vida mais promissora.

5 - Plataforma da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Já está no ar o portal que o Ministério da Educação (MEC) lançou da Base Nacional

Comum Curricular (BNCC) . Esta plataforma irá receber sugestões de organizações,

redes de ensino e da sociedade em geral para a definição do que os alunos do

ensino básico devem aprender ano a ano. No dia 16 de setembro, o MEC divulgará

oficialmente a proposta preliminar para, a partir dela, coletar sugestões até o dia 15

de dezembro no site http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Recomenda-se que as

redes de ensino, os movimentos sociais, entidades classistas e demais grupos

enviem propostas já organizadas. As contribuições individuais serão consolidadas

pelo MEC. O site permite que os colaboradores enviem arquivos e que professores

compartilhem, por exemplo, aplicações em sala de aula.

A primeira versão do documento foi disponibilizada para consulta pública entre

outubro de 2015 e março de 2016. Nesse período, ela recebeu mais de 12 milhões

de contribuições – individuais, de organizações e de redes de educação de todo o

País –, além de pareceres analíticos de especialistas, associações científicas e

membros da comunidade acadêmica. Publicada em maio de 2016, a segunda

versão da BNCC passou por um processo de debate institucional em seminários

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realizados pelas Secretarias Estaduais de Educação em todas as Unidades da

Federação, sob a coordenação do Conselho Nacional de Secretários de Educação

(Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).Os

seminários estaduais aconteceram entre 23 de junho e 10 de agosto de 2016 e

contaram com a participação de mais de 9 mil professores, gestores, especialistas e

entidades de educação, encerrando o ciclo de consulta previsto para a segunda

versão. Seus resultados foram sistematizados e organizados em relatório produzido

por um grupo de trabalho. A segunda versão da BNCC foi examinada também por

especialistas do Brasil e de outros países.

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CONCLUSÃO

Uma vez apresentado o percurso destas ideias e fatos e considerando-se os prazos

previstos, entende-se ser urgente formar grupos de trabalho na ANFIP específicos

para esta atividade. De fato, autoridades, ministérios, órgãos públicos e

profissionais de diversas áreas , no ensejo de solucionar esta importante questão,

vêm promovendo uma relação dialética entre a população e o Estado com o intuito

de despertar o interesse das pessoas para a importância dos tributos e da

necessidade de fiscalizar sua correta aplicação. O tributo é um instrumento que

pode e deve ser utilizado para promover as mudanças e reduzir as desigualdades

sociais. O cidadão, consciente da função social do tributo, como forma de

redistribuição da renda nacional e elemento de justiça social, é capaz de participar

do processo de arrecadação, aplicação e fiscalização do dinheiro público. Enfim,

sem prejuízo das milhares e louváveis ações que vêm sendo empreendidas por

vários órgãos oficiais e pela sociedade, não há dúvida de que a introdução do

ensino nas escolas do programa de consciência tributária é a ação mais efetiva para

despertar nos jovens a prática da cidadania, o respeito ao bem comum e a certeza

de que o bem-estar social somente se consegue com a conscientização de todos. É

realmente incontestável que a educação é a principal estratégia para a formação de

um cidadão com estrutura intelectual para fazer face às exigências do pluralismo

social e politico. Um relevante fato que não pode ser esquecido é que intervenções

de alta qualidade na primeira infância têm efeitos duradouros sobre a aprendizagem

e a motivação, bem como sobre a construção de conhecimentos específicos sobre

os direitos e deveres dos cidadãos. A compreensão de uma cidadania ativa,

participativa e solidária, mediante a existência dos direitos fiscais, especialmente da

adequada gestão do gasto público por parte dos governantes, assim como de

obrigações fiscais, são passos importantes no contexto de socialização dos

tributos. Sendo assim, conclui-se, que a importância da Educação Fiscal nas

escolas, estimula nova postura diante das questões fiscais, desenvolve no jovem a

consciência da função socioeconômica do tributo, a ter um espírito mais

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participativo, como também a participar de discussões em fóruns, associações

comunitárias, teatros, sindicatos e Conselhos Municipais. Por tudo isso, este

conhecimento adquirido contribuirá para estabelecer melhor controle social sobre o

desempenho dos administradores públicos, bem como para a formação de

cidadãos mais conscientes. Na verdade, formar indivíduos que se realizem como

pessoas, cidadãos e profissionais exige da escola muito mais do que a simples

transmissão e acúmulo de informações, pois ela deve desenvolver as

potencialidades em diversos campos do saber e da cultura. Daí, a importância de

investir nas crianças bem pequenas para maximizar seu futuro, melhorarando o

aprendizado básico e as habilidades de socialização, pois este período de vida

determinará que tipo de adulto teremos no futuro. O que se espera com este

investimento permanente e intensivo na Educação Fiscal é que no futuro possamos

alcançar a situação ideal desejada pelo Estado e pela sociedade, que é a

arrecadação próxima do patamar máximo e evasão próxima do patamar mínimo.

Ante o exposto, sugerimos que a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da

Receita Federal do Brasil (ANFIP) , participe ativamente deste momento ímpar da

Educação, momento em que finalmente a Educação Fiscal vai fazer parte do dia a

dia das Escolas Brasil afora. Sem demora, um grupo de trabalho deverá ser

formado, especificamente para realizar estudos e posteriormente enviar para a

Plataforma da Base Nacional Comum que já se encontra no ar no portal do

Ministério da Educação (MEC), sugestões para a definição do que os alunos do

Ensino Básico (Infantil e Fundamental) devem aprender ano a ano no que diz

respeito à Educação Fiscal como Tema Transversal a ser trabalhado nas disciplinas

obrigatórias. A partir de 16 de setembro até 15 de dezembro o MEC estará

coletando as sugestões de grupos de trabalhos que aprofundem o conhecimento em

questão. Para finalizar, fica aqui como sugestão para trabalhos futuros, a inserção

da Educação Fiscal na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio.

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